A Parceria Estratégica Entre o Brasil e a União Europeia- Convergências e Divergências Da Agenda Blaterial

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    A PARCERIA ESTRATGICA ENTRE O BRASIL E A UNIO EUROPEIA: CONVERGNCIAS E DIVERGNCIAS DA AGENDA BILATERAL

    Prof. Dr. Karine de Souza Silva

    Resumo: Este artigo objetiva apresentar a parceria estratgica como o mais importante foro de interlocuo entre os dois scios. Para tal, parte-se da perspectiva histrica que evidencia os caminhos de aproximao entre a Europa comunitria e o Brasil. O item seguinte aborda o conceito de parceria estratgica e, na seqncia, sero relatadas as motivaes que estimularam a cooperao bilateral. Por fim, no ltimo tpico, a ateno se concentra na agenda de negociaes, evidenciando as convergncias e divergncias da empreitada conjunta. Palavras-chaves: Parceria Estratgica; Brasil; Unio Europeia Introduo

    Em julho de 2007, o Brasil e a Unio Europeia selaram o compromisso de estabelecer uma parceria estratgica. As duas partes manifestaram o desejo de formar uma aliana garantidora de mtuas convenincias que as projete para uma posio de destaque no cenrio mundial.

    A parceria estratgica reflete interesses comuns de instituir uma cooperao empenhada na promoo da paz, no respeito pela democracia, pelos direitos humanos e pelo Estado democrtico de Direito. Por outro lado, a colaborao bilateral proporcionar aos parceiros a formao de uma liderana positiva em instncias multilaterais, regionais e globais.

    O mecanismo, institucionalizado atravs do sistema de Cpulas, representa um canal aberto por onde fluem os contatos fundados em torno um vnculo particular que congrega parceiros que compartilham histria, cultura e valores.

    Este artigo objetiva apresentar a parceria estratgica como o mais importante foro de interlocuo entre os dois scios. Para tal, parte-se da perspectiva histrica que evidencia os caminhos de aproximao entre a Europa comunitria e o Brasil. O item seguinte aborda o conceito de parceria estratgica e, na seqncia, sero relatadas as motivaes que estimularam a cooperao bilateral. Por fim, no ltimo tpico, a ateno se concentra na agenda de negociaes, evidenciando os termos e os desafios da empreitada conjunta.

    Histrico das relaes entre o Brasil e a Unio Europeia

    O Brasil recebeu com pouco entusiasmo a notcia do nascimento da Comunidade Econmica Europeia (CEE) nos idos de 19571. A nao temia ser afetada por prejuzos financeiros decorrentes de um possvel decrscimo no nvel das exportaes de produtos agrcolas como o caf e o cacau, em favor de acordos firmados entre a parte Europeia e os pases africanos. De fato, os artigos 131 a 136 do Tratado de Roma2 abriam as portas

    Karine de Souza Silva Professora de Relaes Internacionais da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Brasil. Pesquisadora Produtividade Cientfica do Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientfico e Tecnolgico (CNPq). CNPq. E-mail: [email protected] 1 LESSA, Antnio Carlos. Dos entusiasmos de emergncia singularizao do dilogo: as relaes Brasil-Unio Europeia no marco da construo da parceria estratgica. Paper apresentado no ABRI-ISA Joint International Meeting, na Pontifcia Universidade Catlica do Rio de Janeiro, 22/07/2009. p. 05. 2 Consultar artigos 131 a 136 do antigo Tratado de Roma.

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    para o estabelecimento de uma associao comercial com os pases e territrios ultra-marinhos, que englobavam as ex-colnias africanas, com previso de eliminao dos direitos aduaneiros para importao e a concesso de benefcios extensveis a todos os Estados-membros comunitrios, entre os quais se encontravam a Alemanha e a Itlia que eram os principais importadores de produtos brasileiros na poca.

    Assim, a formao da CEE ocasionou o surgimento de uma fratura nas relaes bilaterais comerciais em decorrncia de conflitos em matria de acesso ao mercado europeu e barreiras tarifrias. Tais disputas se materializaram em contenciosos no mbito do Acordo Geral de Tarifas e Comrcio (GATT). Esse estranhamento se prolongou at a dcada de 1990 quando nasceu formalmente o MERCOSUL. Segundo Lessa nesse longo perodo no h que se falar em cooperao poltica uma vez que a Amrica Latina em geral constitua um ngulo cego das prioridades internacionais da Europa comunitria.3

    Por outro lado, foi tambm nesse perodo que ocorreram importantes aproximaes polticas e econmicas entre os Estados da Europa Ocidental e os setores nacionais, fortemente impulsionados pela poltica externa do governo do General Ernesto Geisel, na dcada de 1970, que visava servir de escape das tenses do relacionamento bilateral com os Estados Unidos, mas no sobreviveu mudana da conjuntura poltica e econmica internacional da dcada de setenta. 4

    Cabe enfatizar que as relaes do Itamaraty com a Europa Ocidental se deram em dois diferentes graus: a) com notada intensidade do ponto de vista binacional com Alemanha, Blgica, Espanha, Frana, Gr-Bretanha, Holanda, Itlia e Portugal; b) frgeis com do ponto de vista comunitrio. Estas ltimas se estabelecem formalmente na dcada de 1960 com a abertura da misso diplomtica do Brasil junto CEE e avanou muito lentamente nas duas dcadas seguintes.

    O fim do sistema de Bretton Woods, no ano de 1971, e a crise do petrleo, em 1973, provocaram uma forte recesso nos pases da CEE, ocasionando altos ndices de inflao e desemprego. Nesse momento, os lderes comunitrios perceberam as vulnerabilidades da regio e optaram por uma aproximao das regies perifricas do globo na tentativa de assegurar o abastecimento com fontes alternativas de matrias-primas, de alargar os investimentos e de franquear o acesso de seus produtos aos mercados do alm-mar.

    nesse momento que a Amrica Latina, que at ento ocupava uma posio completamente marginal na pirmide de interesses comunitrios, comea a ser percebida como uma regio estratgica. Esse , portanto, o contexto da origem dos acordos de primeira gerao5 que objetivavam garantir a abertura dos mercados latinos para os produtos europeus.

    O primeiro acordo de cooperao comercial bilateral entre a Repblica Federativa do Brasil e a antiga CEE foi firmado em 1973 e entrou em vigor em 1 de janeiro de 1974. Tratava-se, ento, de um acordo de primeira gerao, baseado no artigo 113 do Tratado da Comunidade Europeia que estabelecia relaes de carter

    3 LESSA, Antnio Carlos. Dos entusiasmos de emergncia singularizao do dilogo: as relaes Brasil-Unio Europeia no marco da construo da parceria estratgica. p. 06. 4 LESSA, Antnio Carlos. Dos entusiasmos de emergncia singularizao do dilogo: as relaes Brasil-Unio Europeia no marco da construo da parceria estratgica. p. 06. 5 So trs as principais caractersticas desses acordos: 1) Contemplavam relaes comerciais, de carter no-preferencial. 2) Foram firmados com naes latino-americanas consideradas como de relevante potencial econmico; 3) Foram assinados bilateralmente entre um Estado e a CEE, ou seja, ainda no h, nesse perodo o nascimento de acordos entre a CEE e os modelos integrao regional latino-americanos.

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    estritamente comerciais, de carter no-preferencial, ou seja, no garantia quaisquer vantagens seno aquelas decorrentes do Acordo Geral de Tarifas e Comrcio (GATT)6.

    Em 1980 foi assinado um Acordo de Cooperao que entrou em vigor em 1982, ou seja, mesmo antes da entrada de Portugal e Espanha nas Comunidades Europeias. Ainda que o seu contedo seja considerado restrito porque objetivava aprofundar e diversificar relaes comerciais e econmicas, este pacto foi o responsvel pela abertura do dilogo interinstitucional7. Tratava-se de um convnio de segunda gerao porque extrapolava o contedo eminentemente comercial e alcanava o terreno poltico, mas ainda resguardava a ndole no-preferencial8.

    Esse tratado encontrou fundamentao no Regulamento (CEE) no 442/81 do Conselho, de 17 de Fevereiro de 1981 que possibilitava mecanismos de apoio tcnico e financeiros a pases terceiros e substituiu o Acordo de 1974 conforme dispunha o artigo 5 do Acordo Quadro de Cooperao.

    O artigo 4 do Acordo estabeleceu a criao de uma Comisso Mista de Cooperao, composta por representantes de ambas as partes, que era incumbida de encorajar e de acompanhar as diferentes atividades de cooperao comercial e econmica previstas entre o Brasil e as Comunidades Europeias. As reunies da Comisso deveriam ser anuais, entretanto, a primeira s ocorreu em 1984 e a segunda em 1987, que teve como principal mrito o de constituir o Conselho Empresarial Brasil-CEE.

    De fato, os contatos entre 1980 e 1987 foram bastante superficiais. Isso se deveu a fatores como crise financeira que assolou o Brasil, ao processo de distenso democrtica e a diminuio das importaes brasileiras, fatos que criaram um clima de incertezas quanto aos passos futuros da economia nacional9.

    Em 1986 a Espanha e Portugal, pases com quem a Amrica Latina possui laos histricos profundos, aderiram s Comunidades Europeias. Essa nova situao conferiu 6 Na mesma dcada foram assinados Tratados de cooperao comercial com vrios pases latino-americanos: Argentina (1971), Uruguai (1973), Mxico (1975), e Chile (1978). 7 Consultar: ACORDO-QUADRO DE COOPERAO ENTRE A REPBLICA FEDERATIVA DO BRASIL E A COMUNIDADE ECONMICA EUROPEIA. O GOVERNO DA REPBLICA FEDERATIVA DO BRASIL, de uma Parte, e O CONSELHO DAS COMUNIDADES EUROPEIAS, de outra, (...); CONSTATANDO que a Repblica Federativa do Brasil e a Comunidade Econmica Europeia desejam estabelecer um lao direto entre si a fim de manter, completar e ampliar as relaes existentes entre a Repblica Federativa do Brasil e os Estados membros da Comunidade Econmica Europeia; DECIDIDOS a consolidar, aprofundar e diversificar suas relaes comerciais e econmicas em toda a extenso proporcionada por sua crescente capacidade, a fim de satisfazer s respectivas necessidades tendo em vista um benefcio mtuo e explorando as complementaridades de suas economias num contexto dinmico; CONSCIENTES do fato de que as relaes comerciais mais dinmicas desejadas pela Repblica Federativa do Brasil e a Comunidade Econmica Europeia implicam uma cooperao que abranja as atividades comerciais e econmicas; CONSCIENTES de que uma tal cooperao realizada entre parceiros iguais, embora tendo em considerao os respectivos nveis de desenvolvimento econmico e o fato de o Brasil pertencer ao Grupo dos "77";(...); DESEJANDO, por outro lado, contribuir para o desenvolvimento do comrcio mundial, a fim de promover um crescimento econmico e um progresso social mais slidos; RECONHECENDO a utilidade de um acordo quadro para a promoo dos objetivos de desenvolvimento e de crescimento econmico dos dois parceiros; DECIDIRAM concluir um acordo quadro de cooperao entre a Repblica Federativa do Brasil e a Comunidade Econmica Europeia. Disponvel em: http://www2.mre.gov.br/dai/b_cee_04_4219.htm. Acesso em 13 out 2009. 8 Nessa fase so assinados os primeiros acordos de segunda gerao com os blocos de integrao latino-americanos. 9 MEDEIROS, Marcelo de Almeida; LEITO, Natlia. Bridge over trouble waters: Brasil entre o Mercosul e a Unio Europeia Metamorfoses institucionais de uma relao assimtrica (1980-2008). Paper apresentado no ABRI-ISA Joint International Meeting, na Pontifcia Universidade Catlica do Rio de Janeiro, 22/07/2009. p. 07.

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    uma nova tonalidade s relaes entre a CEE e a Amrica Latina e, particularmente, com o Brasil.

    Nesse contexto, a entrada em vigor do Ato nico Europeu, em 1986, assinalou uma nova fase para a cooperao bilateral. Entre os anos de 1988 e 1997, apenas no mbito do Programa European Community Investment Partners, conhecido pela designao ECIP, foram aprovados financiamentos para 147 (cento e quarenta e sete) projetos brasileiros, totalizando num valor de 16.741.347 Ecus10.

    Desta forma, no final da dcada de 1980, a ex-CEE se transforma no principal parceiro comercial do Brasil. Mesmo assim, cabe ressaltar que apesar do crescente volume de intercmbio, ainda certo que a Europa comunitria um mercado altamente relevante para o Brasil, mas o pas ainda figura em uma posio marginal para a Comunidade.

    O Tratado de Maastricht, que criou a Unio Europeia (UE), descortinou as possibilidades para a celebrao, em 29 de junho de 1992, do Acordo-Quadro de Cooperao entre a Comunidade Europeia e a Repblica Federativa do Brasil11. Esse convnio de terceira gerao12 estava abrigado no marco de regulamento 443/92 do Conselho13 e entrou em vigor em 1 de novembro de 1995. Suas disposies abrangiam a cooperao em diversos nveis, e destinavam fomentar, em especial, o comrcio, os investimentos, as finanas e a tecnologia. Em especfico, a cooperao se fundava nas searas econmica, cientfica e tecnolgica e engloba setores como energia, transportes, minerao, telecomunicaes, turismo, meio ambiente, agricultura sade pblica, democracia, combate s drogas, informao e cultura.

    O artigo 29 do Acordo dispe sobre a deciso das partes contratantes de manterem a Comisso Mista estabelecida pelo Acordo de Cooperao assinado em 1982, que tem por principais atribuies assegurar o bom funcionamento do pacto e coordenar as atividades, os projetos e as aes concretas relacionadas com seus objetivos centrais14. Essa comisso bilateral promoveu encontros bianuais at o ano de 200715.

    10 Esses financiamentos tm por objetivo a transferncia de tecnologias e know-how para pequenas e mdias empresas para promover o desenvolvimento regional e so direcionados a diversos setores como agricultura, pesca, manufaturados, energia, servios, etc. Disponvel em: http://aei.pitt.edu/6661/01/003641_1.pdf . Acesso em 13 agosto 2009. p. 196. 11 Nesse sentido, consultar DECRETO N 1.721, DE 28 DE NOVEMBRO DE 1995 promulgado pelo Presidente Fernando Henrique Cardoso. Disponvel em: http://www2.mre.gov.br/dai/b_cee_14_4232.htm . Acesso em 13 agosto 2009. 12 Uma de suas caractersticas capitais a incluso, por um lado, da clusula democrtica, a qual condiciona a parceria institucional ao respeito dos princpios polticos pluralistas e dos direitos humanos e, por outro lado, da clusula evolutiva, que permite s partes de ampliar as reas de aplicao do acordo sem a necessidade de renegoci-lo integralmente. Sem embargo, para regimes polticos recm sados de experincias autoritrias, esta condicionalidade contribui para a consolidao da democracia na Amrica Latina, de forma geral e, no Brasil, de forma particular. Ainda, a flexibilidade introduzida pela clusula evolutiva dos acordos de terceira gerao oferece CEE a possibilidade de adaptar os incrementos dos referidos acordos segundo o ritmo de amadurecimento poltico-econmico dos seus parceiros. MEDEIROS, Marcelo de Almeida; LEITO, Natlia. Bridge over trouble waters: Brasil entre o Mercosul e a Unio Europeia Metamorfoses institucionais de uma relao assimtrica (1980-2008). p. 09. 13 REGULAMENTO (CEE) N.o 443/92 DO CONSELHO de 25 de Fevereiro de 1992 relativo ajuda financeira e tcnica e cooperao econmica com os pases em desenvolvimento da Amrica Latina e da sia. JO L 52 de 27.2.1992, p. 1. 14 Consultar o artigo 29 do Acordo-Quadro de Cooperao entre a Comunidade Europeia e a Repblica Federativa do Brasil. DECRETO N 1.721, DE 28 DE NOVEMBRO DE 1995 promulgado pelo

    alidaNotaincio de fato com a UE

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    Na seqncia, em 19 de dezembro de 1994 foi assinado o Acordo Quadro de Cooperao Financeira entre a Repblica Federativa do Brasil e o Banco Europeu de Investimento16 que tem como principal escopo a concesso de emprstimos para financiamentos de projetos pblicos.

    Em 19 de janeiro de 2004, na cidade de Braslia, foi firmado o Acordo de Cooperao Cientfica e Tecnolgica entre o Governo da Repblica Federativa do Brasil e a Comunidade Europeia.17 Ainda sob a gide do Acordo de 1992, esse novo convnio nasceu com o objetivo de incentivar, desenvolver e facilitar as atividades de cooperao nas reas de interesse comum em que realizem ou apiem atividades de investigao e desenvolvimento cientfico e tecnolgico. Segundo o disposto no artigo 4, o pacto abarca as seguintes reas: biotecnologia; tecnologias da informao e das comunicaes; bioinformtica; espao; microtecnologias e nanotecnologias; investigao de materiais; tecnologias limpas; gesto e uso sustentvel dos recursos ambientais; biossegurana; sade e medicina; aeronutica; metrologia, normalizao e avaliao de conformidade; e cincias humanas18.

    Alm disso, necessrio enfatizar que o Brasil subscreveu junto a outros pases da Amrica Latina - seja atravs do Mercosul, da Associao Latino-americana de Integrao (ALADI), ou Associao Estratgica entre a Amrica Latina, o Caribe e a Unio Europeia (ALC-UE) - vrios Tratados com a UE, a exemplo do Acordo-quadro inter-regional de cooperao entre a Comunidade Europeia e os seus Estados-membros, por um lado, e o Mercado Comum do Sul e os seus Estados- partes, por outro - Declarao conjunta relativa ao dilogo poltico entre a Unio Europeia e o Mercosul19 assinado no ano de 2005.

    Entretanto, cabe observar que no perodo compreendido entre os anos de 1960 a 2006 no houve uma visita de um Presidente da Comisso Europeia ao Brasil, nenhum presidente brasileiro visitou oficialmente a Comisso Europeia em Bruxelas. Mas este ritmou se alterou e as relaes ganham um novo impulso a partir de 2007 quando a UE

    Presidente Fernando Henrique Cardoso. Disponvel em: http://www2.mre.gov.br/dai/b_cee_14_4232.htm. Acesso em 13 agosto 2009. 15 LESSA, Antnio Carlos. Dos entusiasmos de emergncia singularizao do dilogo: as relaes Brasil-Unio Europeia no marco da construo da parceria estratgica. p. 06. 16 Disponvel em: http://www2.mre.gov.br/dai/b_cee_17_4235.htm. Acesso em 13 agosto 2009. 17 Acordo de Cooperao Cientfica e Tecnolgica entre o Governo da Repblica Federativa do Brasil e a Comunidade Europeia. Disponvel em: http://www2.mre.gov.br/dai/b_cee_21a_5278.htm. 18 As atividades de cooperao podem assumir as seguintes formas: a) Projetos conjuntos de IDT; b) Visitas e intercmbio de cientistas, investigadores e peritos; c) Organizao conjunta de seminrios, conferncias, simpsios e workshops cientficos, bem como a participao de peritos nessas atividades; d) Aes concertadas, tais como agrupamentos de projetos de IDT j executados de acordo com os procedimentos aplicveis aos programas de IDT de cada Parte, e redes temticas; e) Intercmbio e uso conjunto de equipamentos e materiais; f) Intercmbio de informaes sobre as prticas utilizadas, a legislao, a regulamentao e os programas relevantes para efeitos da cooperao no mbito do presente Acordo, incluindo a troca de informaes sobre polticas no domnio da cincia e tecnologia; g) Quaisquer outras modalidades recomendadas pelo Comit Diretivo, previsto no Artigo VI, e que estejam em conformidade com as polticas e procedimentos aplicveis em ambas as Partes. Acordo de Cooperao Cientfica e Tecnolgica entre o Governo da Repblica Federativa do Brasil e a Comunidade Europeia. Disponvel em: http://www2.mre.gov.br/dai/b_cee_21a_5278.htm. 19 COMISSO EUROPEIA. Acordo-quadro inter-regional de cooperao entre a Comunidade Europeia e os seus Estados-membros, por um lado, e o Mercado Comum do Sul e os seus Estados- partes, por outro - Declarao conjunta relativa ao dilogo poltico entre a Unio Europeia e o MERCOSUL. Jornal Oficial n L 069 de 19/03/1996 p. 0004 0022. L 112 29/04/1999. P. 66. Disponvel em: http://eur-lex.europa.eu/LexUriServ/LexUriServ.do?uri=CELEX:21996A0319(02):PT:HTML. Acesso em 13 setembro 2010.

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    props o lanamento de uma parceria estratgica com o Brasil, destinada a aprofundar os laos entre as duas partes.

    O conceito de parceria estratgica

    As parcerias estratgicas da Unio Europeia (UE) nascem paralelamente formatao da poltica externa comunitria e denotam o aprofundamento da integrao regional. Tal mecanismo diplomtico objetiva firmar laos especiais com potncias globais visando promoo conjunta do multilateralismo, ao tratamento dos principais temas da agenda internacional e realizao de interesses de ndole bilateral.20

    A adjetivao estratgica nunca foi utilizada de maneira rigorosa nem muito recorrente pelas Instituies comunitrias. Embora a Comisso Europeia nunca tenha conceituado de maneira precisa do termo parceria estratgica, a diplomata Eugnia Barthelmess conclui que se trata do relacionamento poltico bilateral singularizado, de caracterstica privilegiada que a Unio Europeia estabelece com cada um dos integrantes de um determinado grupo de terceiros pases, definidos em funo da importncia do papel que desempenham no cenrio internacional.21

    As primeiras menes a esse tipo de parceria so datadas do ano de 2001 quando alguns scios comearam a ser qualificados como estratgicos, enfatizando, inclusive, as relevantes relaes j existentes e que passaram ser entendidas como prioridades para a poltica externa da UE. Atualmente, so oito os parceiros: Brasil, Canad, China, Estados Unidos, ndia, Japo, Mxico e Rssia.

    Tais naes compartilham algumas caractersticas que lhes conferem uma posio de destaque na pirmide dos interesses da Europa comunitria: grande dimenso territorial e/ou demogrfica; importncia econmica; denotada influncia poltica nas arenas regional e global. Observa-se tambm que a manuteno de relaes comerciais de elevado grau umas a principais motivaes que incita a UE a conferir tal status a determinados pases. Note-se que a UE a principal parceira comercial de quase todos os Estados com os quais subscreveu acordos desta natureza exceo do Canad e do Japo22.

    Eugnia Barthelmess assevera que independentemente dos objetivos especficos que estabelecem o tom, por assim dizer, de cada uma das parcerias estratgicas, para a Unio Europeia estas servem a um fim mais abrangente, que o da expanso de sua presena poltica internacional e do estabelecimento de um contrapeso influncia norte-americana. Por outro lado, exceo dos Estados Unidos, os distintos scios objetivam promover interesses especficos, melhorar a visibilidade, garantir maior insero no cenrio mundial e contribuir para a efetivao da multipolaridade no sistema internacional.

    Nessa linha, Antnio Carlos Lessa observa que os pases reconhecidos como parceiros estratgicos da UE so de fato interlocutores polticos privilegiados da UE, com estaturas diferenciadas, mas reconhecidamente importantes para a realizao dos 20 PELANT, Mtyas. A parceria estratgica entre o Brasil e a Unio Europeia. In: SILVA, Karine de Souza. As relaes entre a Unio Europeia e a Amrica Latina: convergncias e divergncias da agenda birregional. Florianpolis: Ed UFSC/Boiteux, 2011. p. 127-140. 21 BARTHELMESS, Eugnia (2008). Brasil e Unio Europeia: a construo de uma parceria estratgica. Tese apresentada ao LIII Curso de Altos Estudos do Instituto Rio Branco Ministrio das Relaes Exteriores. Brasilia: mimeo, 2008. p. 37. 22 O principal parceiro comercial do Canad so os Estados Unidos, e a UE fica em segundo lugar. Os principais parceiros comerciais do Japo so os Estados Unidos e China, e a UE ocupa terceiro lugar na lista. BARTHELMESS, Eugnia (2008). Brasil e Unio Europeia: a construo de uma parceria estratgica. p. 69.

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    interesses da ao internacional da Europa23. Os parceiros, at ento designados, possuem um elevado grau de relevncia no cenrio internacional: a) Canad, Estados Unidos, Japo e Rssia so partes do Grupo dos Oito (G-8), ou seja, o conjunto dos pases mais industrializados do mundo; b) Estados Unidos, China e Rssia so membros permanentes do Conselho de Segurana das Naes Unidas (CSNU), enquanto que Japo, ndia e Brasil so candidatos a um assento permanente; c) Brasil, China, ndia e Rssia formam parte dos BRIC (Building Better Global Economic Brics), que so o grupo de naes consideradas como as principais economias emergentes do mundo.

    Vale ressaltar que as instituies Europeias no seguiram uma cartilha, ou um plano nico para definio e consubstanciao de cada uma dessas parcerias. Ou seja, a operacionalizao das parcerias no uniforme, dependendo de caso a caso, mas todas tm sido construdas sobre uma base de redes de foros institucionalizados e dilogos temticos, que abrangem, desta maneira, desde trabalhos tcnicos at reunies de chefes de Estado,24 e instrumentos de governana.

    Com relao ao Brasil, so muitos os motivos que concorreram para a sua elevao como Estado prioritrio na pirmide de interesses da Poltica Externa da Unio Europeia, como ser verificado na seqncia.

    Os interesses comuns da parceria estratgica com o Brasil

    O dilogo entre o Brasil e a Unio Europeia esteve, durante muitos anos, adstrito s relaes com o Mercosul. Entretanto, o congelamento das negociaes com a parte mercosulina, o crescente desempenho do Brasil no cenrio internacional, a liderana em mbitos como energias renovveis e as condies econmicas e geogrficas brasileiras favoreceram o interesse da Comisso Europeia em elevar o Brasil ao posto de parceiro estratgico da UE.

    necessrio sublinhar que a Cooperao Bilateral fundamenta-se no Documento de Estratgia para o pas, o Country Strategic Paper Brazil (CSP). O segundo CSP se encontra em vigncia desde 14 de maio de 2007 e orienta a cooperao no perodo de 2007-2013.25 O CSP expe os fatores que, segundo o CSP, conduziram a Unio Europeia opo brasileira.

    23 LESSA, Antnio Carlos. Dos entusiasmos de emergncia singularizao do dilogo: as relaes Brasil-Unio Europeia no marco da construo da parceria estratgica. p. 06. 24 BARTHELMESS, Eugnia (2008). Brasil e Unio Europeia: a construo de uma parceria estratgica. p. 37. (...) Com os Estados Unidos e o Canad, contatos polticos baseados em reunies de Cpula e em nvel ministerial, bem como canais de coordenao em diferentes reas foram estabelecidos pelas respectivas Declaraes Transatlnticas, ambas de 1990. No caso dos EUA, entendimentos adicionais em 1995 (a Nova Agenda Transatlntica) e 1998 (a Parceria Econmica Transatlntica) vieram completar a complexa estrutura do relacionamento bilateral; Com o Japo, uma Declarao Conjunta de 1991 deu incio a reunies de Cpula e ministeriais; foi apenas em 2001, no entanto, altura da dcima Cpula, que um Plano de Ao estabeleceu metas comuns e transformou o conjunto de contatos em uma estrutura organizada; Com a China, o canal poltico de alto nvel foi estabelecido em 1994, por Notas Reversais; a estrutura regular do relacionamento, desde as reunies ministeriais at os dilogos setoriais, s veio a ser definida em 2002, novamente por Troca de Notas; As reunies de Cpula e em nvel ministerial com a Rssia, bem como os canais tcnicos temticos, tiveram incio em 1997, por meio de um Acordo de Parceria e Cooperao. Este foi complementado pela criao, em 2003, dos chamados espaos comuns, que atriburam profundidade adicional ao relacionamento; No caso da ndia, as reunies de Cpula precederam o estabelecimento da parceria estratgica, formalizada apenas por ocasio da quinta Cpula. Um Plano de Ao, adotado pela sexta reunio de Cpula (2005), definiu os temas centrais da parceria e organizou os contatos institucionais. 25 Consultar: EUROPEAN COMMISSION. BRAZIL. COUNTRY STRATEGY PAPER 2007-2013. Disponvel em: http://www.eeas.europa.eu/brazil/csp/07_13_en.pdf. Acesso em 25 jun 2011.

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    O Brasil uma democracia estvel dotada de um sistema poltico e institucional estruturado26. A situao geogrfica, as dimenses territoriais e o crescente nvel de desenvolvimento econmico fazem do pas uma liderana na Amrica do Sul, na Amrica Latina e no MERCOSUL. Alm disso, Braslia est envidando esforos significativos para o aprofundamento da Unio de Naes Sul-americanas (UNASUL).

    A nao brasileira rica em recursos naturais, tem reconhecida excelncia cientfica e acadmica, dona de um grande e diversificado parque industrial e possui um mercado interno vasto27. importante fornecedor mundial de produtos agrcolas e matrias-primas e lder global na produo de combustveis renovveis e ambientalmente sustentveis. Os problemas que precisam ser sanados como as fraturas sociais28, as acentuadas disparidades internas, as brutais diferenas de rendas, so desafios que abrem um campo frtil para a cooperao e o dilogo com o bloco europeu. A UE, no CSP, reconhece o esforo efetivo de Braslia na melhora dos indicadores sociais, e enfatiza o xito de programas como o Bolsa Famlia, o Fome Zero e na luta contra a AIDS e para a reduo das desigualdades sociais29.

    O pas quitou, no ano de 2005, a dvida externa que detinha junto ao Fundo Monetrio Internacional (FMI) e atualmente apresenta um nvel de risco reduzido.

    O Brasil uma das dez principais potencias do mundo e tem um dos dez mais elevados PIB (Produto Interno Bruto) do mundo.

    O Estado exerce um papel protagonista em fruns multilaterais, atuando como representante de pases emergentes30. Ademais, participa do Grupo dos Quatro (G4), ao lado de Alemanha, Japo e frica do Sul, pases que se esforam significativamente pela reforma da Organizao das Naes Unidas (ONU) e pleiteiam um assento como membros permanentes no Conselho de Segurana. Alm disso, o Estado brasileiro articulou a fundao do Grupo dos Vinte (G20) junto Organizao Mundial do Comrcio (OMC) e, ainda, assumiu a chefia militar da MINUSTAH, operao de manuteno da paz no Haiti. Ultimamente, o Brasil tem figurado como um ator de peso, atuando positivamente na defesa dos interesses dos pases em desenvolvimento no seio das Naes Unidas e da OMC e o seu acelerado crescimento econmico lhe conferiu uma posio no grupo dos chamados BRICs (Brasil, Rssia, ndia e China).

    O Estado mantm relaes privilegiadas com pases fronteirios e guia-se pelo interesse em formar uma comunidade latino-americana de naes31. Alm disso, tem firmado acordos de grande relevncia com os blocos econmicos situados em territrio latino-americano.

    Braslia relaciona-se ativamente com outros continentes e suas potncias regionais como caso da ndia, China, Rssia, frica do Sul, e de vrios pases rabes e africanos32. Tambm tem conexes robustas com os Estados Unidos.

    26 EUROPEAN COMMISSION. BRAZIL. COUNTRY STRATEGY PAPER 2007-2013. Disponvel em: http://www.eeas.europa.eu/brazil/csp/07_13_en.pdf. Acesso em 25 jun 2011. 27 GUIMARES, Samuel Pinheiro. Desafios brasileiros na Era dos Gigantes. Rio de Janeiro, Contraponto, 2005. p. 431 e ss. 28 GUIMARES, Samuel Pinheiro. Desafios brasileiros na Era dos Gigantes. p. 344 e ss. 29 EUROPEAN COMMISSION. BRAZIL. COUNTRY STRATEGY PAPER 2007-2013. Disponvel em: http://www.eeas.europa.eu/brazil/csp/07_13_en.pdf. Acesso em 25 jun 2011. 30 EUROPEAN COMMISSION. BRAZIL. COUNTRY STRATEGY PAPER 2007-2013. Disponvel em: http://www.eeas.europa.eu/brazil/csp/07_13_en.pdf. Acesso em 25 jun 2011. 31 Consultar artigo 4, pargrafo nico da Constituio da Repblica Federativa do Brasil. 32 EUROPEAN COMMISSION. BRAZIL. COUNTRY STRATEGY PAPER 2007-2013. Disponvel em: http://www.eeas.europa.eu/brazil/csp/07_13_en.pdf. Acesso em 25 jun 2011.

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    O conjunto desses fatores posicionou o Brasil em um lugar de destaque junto aos interesses de Bruxelas. Aliado a tudo isso, observa-se que a Europa comunitria e a Amrica Latina possuem um vnculo particular, fundado em um dilogo poltico que privilegia a realizao de objetivos comuns. Os continentes compartilham histria, cultura e valores tais como o Estado de direito, a democracia, o respeito aos direitos humanos, o estmulo ao multilateralismo integrao para promover o desenvolvimento regional e o combate s alteraes ambientais. O protagonismo internacional do Brasil e a comunho de tais valores impulsionaram o estreitamento das relaes objetivando a construo de uma aliana garantidora de mtuas convenincias e a configurao de uma ordem mundial mais equilibrada.

    O Brasil e a Unio Europeia prezam pelo desenvolvimento sustentvel e defendem a integrao regional como meio de garantir a prosperidade e a paz. A persecuo do crescimento econmico com elevado nvel de justia social faz do Brasil um aliado vital da UE para fazer frente aos desafios da sociedade internacional.

    Esta, enfim a fotografia dos motivos que incitaram a UE a estabelecer uma parceria estratgica com o Brasil.

    A elevao do Brasil ao posto de parceiro prioritrio representa um reconhecimento por parte da UE do papel protagonista que o pas vem exercendo no mundo e da sua transformao em uma potncia de primeira ordem.

    As dificuldades na conduo das negociaes UE-Mercosul, nas quais o Brasil assume um papel de liderana, figuraram, tambm, como um importante elemento que conduziu o lanamento da parceria estratgica.

    A propsito, observa-se que a parceria brasileira com a Unio Europeia no foi muito bem recebida pelos demais pases-partes do Mercosul que temiam um enfraquecimento do bloco e um desvio das atenes e interesses brasileiros para o velho continente. Espanha e Alemanha tambm manifestaram certa oposio inicial que foi contornada posteriormente pelas Instituies comunitrias e pela voz atuante de Portugal nessa empreitada. Madri receava perder a posio de destaque no dilogo com a Amrica Latina e que a protuberncia do Brasil reduzisse a j inexpressiva importncia latina para a Poltica Externa Europeia. Ou seja, os espanhis temiam perder influncia, em favor de Portugal, na regio formada por suas ex-colnias. Os germnicos, por sua vez, sugeriam que a UE se concentrasse, naquele momento, nos graves problemas internos e nas negociaes tendentes aprovao do Tratado de Lisboa.

    O Brasil, de imediato, se posicionou informando aos scios do Mercosul que a parceria dinamizaria seu dilogo com a Europa sem prejuzo das relaes com o Cone Sul.

    O governo portugus e, em especial, a Presidncia portuguesa do Conselho de 2007, foi o grande patrocinador da parceria com o Brasil. A diplomacia lusada foi capaz de vencer todos os entraves suscitados nos processos de negociaes. Estrategicamente, a ascenso brasileira no cenrio internacional e na pirmide de interesses de Bruxelas o mesmo que elevar a posio de Portugal e da lngua portuguesa na Europa e no mundo.

    Na seqncia sero apresentados, brevemente, os principais contornos da parceria estratgica entre o Brasil e a UE.

    A formao da Parceria Estratgica com o Brasil

    A parceria estratgica entre o Brasil e a Unio Europeia foi oficialmente estabelecida durante a primeira reunio de Cpula, realizada em Lisboa, em julho de

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    2007, durante a presidncia portuguesa do Conselho. A partir deste momento, foi instalado um sistema de Reunies de Cpulas anuais do mais alto nvel de interlocuo conduzidas pelos presidentes do Brasil, do Conselho da Unio Europeia e da Comisso Europeia.

    A ocasio marcou o nascimento da parceria e o fortalecimento do dilogo poltico do mais alto nvel de interlocuo que inclui diversos temas no domnio das relaes polticas, comerciais e de cooperao tcnico-financeira que apresentam uma convergncia mundial, regional e bilateral. A parceria foi estruturada em torno dos seguintes eixos centrais: paz, multilateralismo, alteraes climticas, energias renovveis, luta contra a pobreza, integrao regional, cooperao nas reas da cincia, tecnologia e inovao, desenvolvimento sustentvel e estabilidade na Amrica Latina.

    A segunda reunio de Cpula Brasil-Unio Europeia realizou-se na cidade do Rio de Janeiro em dezembro de 2008, e contou com a presena de lderes europeus que se reuniram sob a regncia do presidente Francs Nicolas Sarkozy.

    Na ocasio, as autoridades debateram assuntos globais, regionais e o fortalecimento das relaes bilaterais. Foi aprovado o Plano de Ao Conjunto33 Brasil-UE que orienta o dilogo de cooperao bilateral, estabelece as prioridades e enumera metas precisas para cada uma das reas temticas. As bases da ao sustentaro os esforos comuns destinados : promoo da paz e da segurana abrangente por meio de um sistema multilateral eficaz; promoo da parceria econmica, social e ambiental para o desenvolvimento sustentvel; promoo da cooperao regional; promoo da cincia, da tecnologia e da inovao; promoo do intercmbio entre os povos. Digno de nota que os objetivos desta parceria ultrapassam as fronteiras da cooperao econmico-comercial e invadem terrenos ainda pouco explorados pelos scios, como os da manuteno da paz e segurana internacionais, o que inclui preveno de conflitos e gesto de crises no marco das Naes Unidas, assistncia ps-conflito, sobretudo em pases lusfonos interessados na cooperao triangular, coordenao de esforos em operaes de manuteno da paz e de estabilizao no mbito da ONU, o intercmbio de lies aprendidas no Haiti e a realizao de estudos de viabilidade para o estabelecimento de uma cooperao tripartite para fazer repetir em outros Estados, como Guin Bissau, os xitos alcanados na Repblica Haitiana.

    A agenda de negociaes da reunio do Rio de Janeiro privilegiou a cooperao em esferas nas quais h interesses recprocos, como energia, transportes, cincia, tecnologia, sociedade da informao, cultura, educao, assuntos macroeconmicos e meio ambiente.

    A terceira Cpula ocorreu em outubro de 2009, na cidade de Estocolmo, e contou com a presena do sueco Fredrik Reinfieldt - que ocupava o cargo de presidente do Conselho Europeu na poca -, do presidente do Brasil Luiz Incio Lula da Silva e do presidente da Comisso Europeia Manuel Duro Barroso. Segundo informaes do Conselho Europeu34, durante a Cpula os lderes discutiram temas globais, regionais e internacionais e o fortalecimento das relaes bilaterais e, em particular, o estado de implementao do Plano de Ao Conjunto adotado na segunda cpula realizada no Brasil. Reafirmou-se o sucesso da parceria estratgica e enfatizaram-se as possibilidades

    33 O documento encontra-se disponvel em: http://www.mp.gov.br/secretarias/upload/Arquivos/seges/brasil_municipios/plano_acao.pdf 34 COUCIL OF THE EUROPEAN UNION. Third European Union-Brazil Summit. Joint Statement. Stockholm, 6 October 2009. 14137/09 (Presse 285). Disponvel em http://www.consilium.europa.eu/uedocs/cms_Data/docs/pressdata/en/er/110440.pdf . Acesso em 15 setembro 2010.

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    incluso de novas reas setoriais de interesses comuns que favoream os pases da Europa comunitria, o Brasil e os pases em desenvolvimento. No centro da agenda de negociaes estavam as questes atuais, nomeadamente, mudana climtica e crise financeira.

    Ainda na capital sueca, a UE e o Brasil reavaliaram o estgio das relaes bilaterais, reiteraram o compromisso com as disposies do Plano de Ao Conjunta e reforaram o multilateralismo, a defesa do meio ambiente, o compromisso em matrias de inovao tecnolgica, intercmbio comercial, apoio a pesquisa e intercmbio de conhecimentos.

    Nessa Cpula deu-se o sinal de partida para a abertura de dilogos setoriais em vrias esferas: assuntos macroeconmicos e financeiros; servios financeiros; educao e cultura; transporte martimo. Os dilogos pr-existentes em matria de Integrao Regional e Cincia e Tecnologia foram reforados.

    A cooperao bilateral tcnica e financeira tambm so regidas pelo CSP, j que este fruto de um processo de consultas aos representantes dos atores estatais e sociedade civil.

    O referido Documento apresenta duas prioridades35: a) estimular o adensamento das relaes bilaterais, atravs dos dilogos setoriais, da concesso de bolsas de estudos, da implementao do Instituto de Estudos Brasil-Europa36, da promoo de intercmbios e transferncias de know how entre a Unio e o Brasil. O objetivo destas trocas realizar projetos que visem melhorar os nveis de incluso social, atenuar as desigualdades internas e promover conhecimentos mtuos em alguns temas de interesses comuns; b) apoiar aes destinadas ao desenvolvimento sustentvel.

    As duas partes tambm se comprometeram a intensificar a cooperao na rea de pesquisa. Para tal, valem-se de um acordo de cooperao cientifica e tecnolgica, subscrito em janeiro de 2004, que abriu portas para a participao do Brasil nos programas-quadros de pesquisa da UE.

    A IV Cpula Brasil-Unio Europeia teve lugar na capital brasileira, em julho de 2010. Estiveram presentes o Presidente Luiz Incio Lula da Silva e o seu Ministro das Relaes Exteriores, Celso Amorim, o Presidente do Conselho Europeu, Herman Van Rompuy e o Presidente da Comisso Europeia, Jos Manuel Duro Barroso.

    Na reunio, os lderes demonstraram contentamento com o progresso significativo da implementao do Plano de Ao Conjunto, adotado durante a II Cpula, em 2008, e com os avanos obtidos atravs do Dilogo Poltico de Alto Nvel bilateral.

    Na agenda de debates constavam os temas de ordem global de mtuo interesse e aspectos destacados sobre as relaes bilaterais.

    No quesito dos desafios globais37, o Brasil e a UE reforaram a importncia de um sistema multilateral efetivo sustentado numa Organizao das Naes Unidas

    35 COUNTRY STRATEGY PAPER (CSP). Disponvel em http://ec.europa.eu/delegations/brazil/eu_brazil/index_pt.htm . Acesso em 15 setembro 2010. 36 O Instituto de Estudos Europeus (IEE) formado por um consrcio que congrega oito Universidades brasileiras (USP, UNICAMP, UFSC, UFG, UFMG, UNESP, UFPI, UFPA) e sete associadas Europeias (cole Nationale dAdministration; Universidade do Porto; Universit Libre de Bruxelles; Brunel University, Universit degli Studi La Sapienza; Karlstads Universitet ; Freie Universitt Berlin). http://www.ibe.usp.br/site/ 37 IV CPULA BRASIL-UNIO EUROPEIA. DECLARAO CONJUNTA BRASLIA, 14 DE JULHO DE 2010. Disponvel em: http://www.itamaraty.gov.br/sala-de-imprensa/notas-a-imprensa/declaracao-conjunta-brasil-uniao-europeia-mocambique-relativa-a-parceria-para-o-desenvolvimento-sustentavel-de-bioenergia. Acesso em 27 fevereiro 2010.

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    fortalecida e reformada; elogiaram os termos das reformulaes da regulao do mercado financeiro internacional, em resposta crise; reafirmaram o compromisso em matria de desenvolvimento sustentvel, combate s mudanas climticas, uso de energia renovveis e preservao da biodiversidade; expressaram uma viso coincidente sobre a importncia do dilogo intercultural e inter-religioso para a promoo da tolerncia, do respeito mtuo e da paz e ressaltaram o comprometimento com os objetivos e princpios da Aliana das Civilizaes das Naes Unidas.

    As partes se propuseram a fortalecer o dilogo birregional externado atravs das Cpulas ALC-UE e do Dilogo Ministerial do Grupo do Rio com a UE. Alm disso, saudaram a retomada das negociaes do Acordo de Associao MERCOSUL-UE, ocorrida em maio de 2010. Do mesmo modo, expressaram seu compromisso de alcanar rapidamente a concluso da Rodada Doha.

    E, por fim, os scios manifestaram o interesse de dar seqncia cooperao na luta contra as drogas ilcitas, o crime organizado, a corrupo, o trfico de pessoas e em favor do desarmamento e da no-proliferao de armas nucleares.

    No tocante s questes bilaterais vrios pontos foram suscitados38. Primeiramente, os dois lados externaram especial satisfao com a concluso das negociaes dos Acordos sobre iseno de vistos de curta durao para portadores de passaportes ordinrios, diplomticos, de servio e oficiais. Os parceiros demonstraram contentamento em razo dos progressos dos dilogos na rea da poltica de transportes e logstica, atravs do fortalecimento da cooperao em matria de aviao civil no contexto do dilogo sobre transportes areos39.

    Os lderes tomaram nota, de maneira enftica, a respeito dos seguintes itens40: os avanos nas negociaes sobre poltica industrial e regulatria, nas reas de txteis e confeces, indstria de produtos florestais, ao, metais no-ferrosos e minerais; do progresso das negociaes em matrias sanitrias e fitossanitrias; a assinatura, em 2009, do Acordo de Cooperao entre a Euratom e o Brasil no campo da pesquisa da energia de fuso; a subscrio do Acordo Horizontal Brasil-UE que estabelece uma base legal para as relaes areas Brasil-UE e a assinatura do Acordo de Segurana Area Brasil-UE; a firma do Memorando de Entendimento sobre a cooperao na rea de poltica de concorrncia; a concluso do Memorando de Entendimento sobre cooperao estatstica entre os institutos de estatstica da Unio Europeia e do Brasil.

    Mereceram destaque a renovao do interesse comum nos projetos de cooperao triangular em benefcio de pases em desenvolvimento, e a adoo do Programa de Trabalho Conjunto que estabelece as bases sobre as quais Brasil e a UE cooperam na promoo do desenvolvimento dos pases de lngua oficial portuguesa na frica (PALOP), Timor Leste e Haiti. 38 IV CPULA BRASIL-UNIO EUROPEIA. DECLARAO CONJUNTA BRASLIA, 14 DE JULHO DE 2010. Disponvel em: http://www.itamaraty.gov.br/sala-de-imprensa/notas-a-imprensa/declaracao-conjunta-brasil-uniao-europeia-mocambique-relativa-a-parceria-para-o-desenvolvimento-sustentavel-de-bioenergia. Acesso em 27 fevereiro 2010. 39 ACORDO ENTRE A REPBLICA FEDERATIVA DO BRASIL E A UNIO EUROPEIA SOBRE CERTOS ASPECTOS DOS SERVIOS AREOS 2. ACORDO SOBRE A SEGURANA DA AVIAO CIVIL ENTRE O GOVERNO DA REPBLICA FEDERATIVA DO BRASIL E A UNIO EUROPEIA. Disponvel em: http://www.itamaraty.gov.br/sala-de-imprensa/notas-a-imprensa/atos-assinados-por-ocasiao-da-iv-cupula-brasil-uniao-europeia-brasilia-14-julho-de-2010. Acesso em 27 fevereiro 2010. 40 IV CPULA BRASIL-UNIO EUROPEIA. DECLARAO CONJUNTA BRASLIA, 14 DE JULHO DE 2010. Disponvel em: http://www.itamaraty.gov.br/sala-de-imprensa/notas-a-imprensa/declaracao-conjunta-brasil-uniao-europeia-mocambique-relativa-a-parceria-para-o-desenvolvimento-sustentavel-de-bioenergia. Acesso em 27 fevereiro 2010.

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    Nesta linha, ganha relevncia o anncio da cooperao em matria de desenvolvimento sustentvel da bioenergia em pases africanos interessados, como parte importante da cooperao triangular entre o Brasil, a UE e pases em desenvolvimento; e a assinatura do acordo de Parceria com Moambique para o desenvolvimento sustentvel da bioenergia41.

    No primeiro semestre de 2011 os negociadores do Brasil e da UE rubricaram um acordo relevante em matria de transportes areos. O acordo abre oportunidades para operadores europeus de transporte areo que trafegam no Brasil, franqueia s companhias areas europeias a livre explorao de vos diretos para qualquer parte do Brasil, saindo de qualquer ponto da Europa, haja vista a abolio de todas as restries de preos, rotas e periodicidade dos vos. Tal acordo se materializa tendo como pano de fundo um cenrio futuro de extrema importncia que a realizao, em terras brasileiras, da Copa do Mundo de futebol, em 2014, e dos Jogos Olmpicos, em 201642.

    Em abril do mesmo ano, a Comissria Androulla Vassiliou, responsvel pela Educao, Cultura, Multilinguismo e Juventude, visitou, em carter oficial, a nao brasileira com vistas a lanar um dilogo poltico UE-Brasil sobre ensino superior e cultura.

    O escopo do dilogo , por um lado, estimular a circulao de professores e estudantes e aprofundar a cooperao inter-univesitria; por outro lado, pretende-se reforar os vnculos culturais e econmicos, promover iniciativas destinadas a preservar o patrimnio cultural e colaborao no setor da indstria cinematogrfica43. As discusses sero retomadas na prxima Cpula que ter lugar na cidade de Bruxelas, no ms de outubro de 2011.

    Entretanto, alguns temas da parceria ainda experimentam uma evoluo muito tmida porque suscitam polmicas que as partes ainda no foram capazes de contornar, nomeadamente as migraes, barreiras comerciais, a Poltica Agrcola Comum da UE, o papel do Brasil no Mercosul e na UNASUL.

    A parte brasileira espera mais comprometimento dos europeus em relao a temas como migraes, barreiras comerciais e negociaes do setor agrrio. O lado comunitrio, por sua vez, reclama maior atuao do Brasil no eixo da cooperao triangular j que a voz de Braslia produz um impacto significativo nos pases africanos. Ademais, a experincia brasileira na luta contra a AIDS, na utilizao de tcnicas voltadas agricultura tropical e nas polticas de educao e desenvolvimento, pode servir de referncia a naes que buscam um modelo de desenvolvimento prprio. Os setores comunitrios afirmam que a liderana brasileira no manejo de biocombustveis em adequao aos critrios de sustentabilidade estabelecidos pelas diretivas comunitrias seria til para assessorar Estados africanos. Os pases da UE esto 41 DECLARAO CONJUNTA BRASIL - UNIO EUROPEIA - MOAMBIQUE RELATIVA PARCERIA PARA O DESENVOLVIMENTO SUSTENTVEL DE BIOENERGIA. Disponvel em: http://www.itamaraty.gov.br/sala-de-imprensa/notas-a-imprensa/declaracao-conjunta-brasil-uniao-europeia-mocambique-relativa-a-parceria-para-o-desenvolvimento-sustentavel-de-bioenergia. Acesso em 27 fevereiro 2010. 42 UNIO EUROPEIA. IP/11/327. Bruxelas, 18 de Maro de 2011. Avano importante nas negociaes entre a UE e o Brasil para a concluso de um acordo ambicioso no sector da aviao. Disponvel em: http://ec.europa.eu/transport/air/international_aviation/country_index/brazil_en.htm. Acesso em 25 jun 2011.

    43 UNIO EUROPEIA. IP/11/392. Bruxelas, 1 de Abril de 2011. UE e Brasil lanam dilogo poltico sobre ensino superior e cultura. Disponvel em. http://eeas.europa.eu/delegations/brazil/press_corner/all_news/news/2011/20110404_01_en.htmAcesso em 25 jun 2011.

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    conscientes de que precisaro importar biocombustveis e, por isso, preferem negociar com a frica e o Brasil a ter de faz-lo com outras regies do planeta.

    As Instituies da UE ainda reivindicam do Itamaraty um maior comprometimento nas operaes de manuteno da paz na frica, especialmente, em Guin Bissau, e tambm no tocante ao desenvolvimento das polticas de segurana no contexto da UNASUL e ao combate ao trfico de drogas.

    Uma questo relevante que o Tratado de Lisboa patrocinou algumas reformas estruturais e criou um novo servio externo europeu. Agora, as Delegaes da Comisso Europeia transformaram-se em Delegaes da Unio Europeia. A representao externa do bloco no mais atravs das presidncias rotativas, e o formato de troika caiu em desuso. Em seu lugar, surgiu o Alto Representante para a Poltica Externa que, juntamente com o presidente permanente do Conselho, representa a UE externamente.

    Estes arranjos prticos objetivam conceder mais coeso e agilidade Poltica Externa da UE, fato que, futuramente, pode garantir mais fluidez relao com o Brasil e abrir alguns captulos antes mais reservados aos domnios dos Estados-membros (a exemplo das questes da segurana e no-proliferao nuclear). Mas isso depender muito da postura dos atores do novo servio externo no embate com os Estados-membros ao definir os temas que so de competncia domstica ou supranacional. Assim sendo, algumas questes ainda permanecero sem respostas. No se sabe ainda se os pases que possuem relaes privilegiadas com o Brasil, nomeadamente Portugal, Frana, Espanha, Itlia e Alemanha esto dispostos a ceder, efetivamente, alguns espaos para a Poltica Externa da UE. Alm disso, corre-se o risco de que os Estados se utilizem do servio externo comunitrio em nome dos interesses nacionais. Por outro lado, no est claro ainda se os Estados supramencionados perderam relevncia para Brasil em detrimento da nova voz do bloco. Mas, em todo caso, um dos problemas essenciais que apesar da reduo das assimetrias entre os parceiros, principalmente ps-crise financeira mundial, da atuao competente do Itamaraty e da ascenso brasileira no cenrio internacional, o Brasil ainda no ocupa uma posio to privilegiada na pirmide de interesses de Bruxelas.

    Sem embargo, mesmo que tais incgnitas ainda encontrem-se postas mesa, as partes coincidem que h importantes progressos nos mais de vinte dilogos setoriais existentes.

    Consideraes Finais

    A parceria representa um comprometimento da UE e do Brasil de se engajarem da forma protagonista nos cenrios global e regional.

    A construo da aliana garante mtuas convenincias e inmeras as vatangens para ambos os lados.

    Para a UE representa uma excelente oportunidade de desenvolver relaes privilegiadas com um Estado que desempenha papel de liderana nos mais importantes fruns regionais e mundiais.

    O lado brasileiro lucra ao se integrar ao pequeno rol de parceiros estratgicos da UE, formado, de um lado, por grades potncias (Canad, Estados Unidos e Japo) e de outro, por novos plos de poder (China, ndia e Rssia). A Europa comunitria a principal parceira comercial do Brasil, a maior investidora nos setores nacionais, e o principal destino das exportaes brasileiras. Alm disso, a UE a maior economia do mundo, constituda por algumas das mais importantes economias ocidentais, duas delas

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    Frana e Reino Unido possuem assentos permanentes no Conselho de Segurana da Organizao das Naes Unidas.

    A Unio Europeia tambm se beneficia com o adensamento de tais relaes. A parceria complementa os elos da UE com as potncias tradicionais e as emergentes e se traduz na realizao de suas aspiraes de expanso de sua atuao no tabuleiro internacional e sua transformao em grande potncia civil. As ligaes com o Brasil ajudar a valorizar o papel da ONU e a promoo do multilateralismo nas relaes internacionais.

    A UE encontrou um scio preferencial, um grande mercado consumidor e a oportunidade de exercer poderes nesse novo espao poltico historicamente disputado com a ambio hegemnica dos Estados Unidos. Afastar a Amrica Latina dos vizinhos do norte uma estratgia importante para quem aspira a ocupar uma posio de centralidade no sistema-mundo.

    A diplomacia brasileira poder atuar positivamente no fortalecimento dos dilogos entre a UE e os pases da Amrica Latina e do Caribe, o que pode acelerar a concluso do Acordo de Associao entre MERCOSUL e UE e a efetivao da agenda da Associao Estratgica birregional entre a Amrica Latina, Caribe e Unio Europeia (ALCUE).

    Por fim, o estreitamento das relaes bilaterais til para a implementao conjunta de Metas de Desenvolvimento do Milnio, para a promoo da paz, dos direitos humanos, do multilateralismo, da governana global e para a configurao de uma ordem mundial mais equilibrada.

    Referncias ACORDO DE COOPERAO CIENTFICA E TECNOLGICA ENTRE O GOVERNO DA REPBLICA FEDERATIVA DO BRASIL E A COMUNIDADE EUROPEIA. Disponvel em: http://www2.mre.gov.br/dai/b_cee_21a_5278.htm. ACORDO-QUADRO DE COOPERAO ENTRE A REPBLICA FEDERATIVA DO BRASIL E A COMUNIDADE ECONMICA EUROPEIA. Disponvel em: http://www2.mre.gov.br/dai/b_cee_04_4219.htm. Acesso em 13 out 2009. ACORDO QUADRO DE COOPERAO FINANCEIRA ENTRE A REPBLICA FEDERATIVA DO BRASIL E O BANCO EUROPEU DE INVESTIMENTO. Disponvel em: http://www2.mre.gov.br/dai/b_cee_17_4235.htm . Acesso em 13 agosto 2009. ACORDO DE COOPERAO CIENTFICA E TECNOLGICA ENTRE O GOVERNO DA REPBLICA FEDERATIVA DO BRASIL E A COMUNIDADE EUROPEIA. Disponvel em: http://www2.mre.gov.br/dai/b_cee_21a_5278.htm. ACORDO-QUADRO DE COOPERAO ENTRE A COMUNIDADE EUROPEIA E A REPBLICA FEDERATIVA DO BRASIL. DECRETO N 1.721, DE 28 DE NOVEMBRO DE 1995 promulgado pelo Presidente Fernando Henrique Cardoso. Disponvel em: http://www2.mre.gov.br/dai/b_cee_14_4232.htm. Acesso em 13 agosto 2009. ACORDO-QUADRO DE COOPERAO ENTRE A REPBLICA FEDERATIVA DO BRASIL E A COMUNIDADE ECONMICA EUROPEIA. O GOVERNO DA REPBLICA FEDERATIVA DO BRASIL, de uma Parte, e O CONSELHO DAS COMUNIDADES EUROPEIAS, de outra. Disponvel em: http://www2.mre.gov.br/dai/b_cee_04_4219.htm. Acesso em 13 out 2009. ACORDO ENTRE A REPBLICA FEDERATIVA DO BRASIL E A UNIO EUROPEIA SOBRE CERTOS ASPECTOS DOS SERVIOS AREOS 2. ACORDO

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