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Feitiçaria, Bruxaria Tradicional e Moderna quarta-feira, 8 de julho de 2015 Samuel Oliveira 35 anos, nascido em Avaré, interior de São Paulo. Estudante e praticante de Bruxaria Tradicional, Bruxaria Moderna e ocultismo a 20 anos, iniciado originalmente num sistema de feitiçaria brasileira semelhante à algumas tradições de Stregheria, com maior ênfase em conjurações e feitiços, pouco focado em armas mágicas formais. Nome mágico: Janus Arthan. Visualizar meu perfil completo Quem sou eu 2015 (1) Julho (1) Os Instrumentos da Arte Segue agora uma lista desc... 2014 (1) 2013 (3) 2012 (7) Arquivo do blog Minha lista de blogs BALKAN'S ARCANE BINDINGS Há 5 semanas SOUTHERN CROSS Há um ano Bruxaria Tradicional Há 2 anos Via Tortuosa Há 3 anos Seventeen thirty-four Witchcraft A Pedra das Bruxas http://apedradasbruxas.blogspot.com.br/ 1 de 17 12/10/2015 20:52

A Pedra Das Bruxas

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Feitiçaria, Bruxaria Tradicional e Moderna

quarta-feira, 8 de julho de 2015

Samuel Oliveira

35 anos, nascido em Avaré,interior de São Paulo.Estudante e praticante de

Bruxaria Tradicional, Bruxaria Moderna eocultismo a 20 anos, iniciado originalmentenum sistema de feitiçaria brasileira semelhanteà algumas tradições de Stregheria, com maiorênfase em conjurações e feitiços, poucofocado em armas mágicas formais. Nomemágico: Janus Arthan.

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wiccanos associam a varinha ao

elemento ar, assim como alguns

magos teúrgicos. É usada para

evocações e invocações, feitiços,

alguns wiccanos usam para mexer

poções e demais preparos no

caldeirão, lançar o circulo mágico e

traçar símbolos no ar.

Tradicionalmente a varinha deve ser

confeccionada em madeira, mas em

realidade pode ser feita em

qualquer material, sendo também substituída por muitos wiccanos por um Dorje ou bastão

atlante. Isto por que na verdade não necessitamos de uma varinha se tivermos treino

adequado para dirigir nossa vontade, e isso não se aplica somente a varinha, mas a todo o

resto, podendo o trabalho ser feito apenas com a mentalização, sem a necessidade de fazer

um único gesto. No hermetismo isto é chamado de magia astral. Mas as ferramentas facilitam

em muito o nosso trabalho, depois de consagradas adquirem poder mágico, e quanto mais

forem usadas, mais este poder aumenta, melhores resultados serão obtidos, e menos energia

será exigida do operador.

Uma coisa interessante sobre o material usado na confecção de varinhas e bastões, é a

unanimidade da família das betuláceas, como carvalho, bétula, aveleiras e demais árvores

desta espécie, tendo associações próprias para cada tradição, mas sendo usada por todas

elas.

Segundo o ramo moderno da Arte, as varinhas devem ter o comprimento que vá do cotovelo

até a ponta do dedo indicador de seu proprietário, mas já vi varinhas com dez centímetros de

comprimento que funcionavam muito bem. As varinhas de uso geral são feitas de salgueiro

(no Brasil esta árvore é popularmente conhecido como chorão) cortado em noite de lua cheia.

As de fins específicos são feitas dos seguintes tipos de madeira:

Macieira - amor

Nogueira - sabedoria, adivinhação

Freixo - cura

Bétula - purificação

Sabugueiro - evocação e exorcismo de entidades

Carvalho - trabalhos solares.

Alguns wiccanos brasileiros fazem uso também da madeira da goiabeira. Nei Naiff uma vez

me sugeriu que fizesse cetros e varinhas com galhos de seringueira. Franz Bardon fazia seus

bastões furados de uma ponta à outra, para que pudesse acrescentar um núcleo (seus

condensadores fluídicos). Na Golden Dawn, os bastões ou varas do fogo como eram

chamados, também eram ocos, para colocar um vareta magnética que ficava 15mm fora da

extremidade traseira do bastão.

Essas são algumas formas tradicionais de fazer uma varinha, mas fique a vontade para fazer

a sua, o material e o tamanho não importa, o fato de ser oca possibilita colocar um núcleo em

especial, por exemplo, numa varinha feita para fins curativos poderia ser posto um núcleo a

base de sangue de dragão...mas como eu disse, fique a vontade. Esculpa, pinte, entalhe,

depois de consagrada funcionará independente de ser feita de ouro, prata ou madeira.

O Athame é a faca mágica ou punhal cerimonial da

Wicca, sendo geralmente um punhal ou faca de fio

duplo de cabo preto com a lâmina cega, usado para

direcionar a energia gerada durante os ritos e não como

instrumento de corte. Também é usado para lançar o

circulo demarcando o espaço sagrado e traçar símbolos

no ar. O uso de espadas na Wicca não é incomum,

devido à grande influência da Magia Erudita e literatura

Arthuriana no ramo moderno da Arte, sendo

consideradas como facas grandes, diferenciando-se no

fato de que no hermetismo a espada é o símbolo da

autoridade do mago sobre as entidades (geralmente

demônios). O Athame é comumente associado ao elemento Ar e ao ponto cardeal leste,

sendo também um objeto sagrado ao Deus devido sua natureza fálica e poder de causar

mudanças, alguns bruxos o associam ao elemento fogo.

O Bolline é a faca de cabo branco usada para trabalhos gerais como cortar ervas, entalhar

símbolos e demais tarefas que não seriam apropriadas com a faca de cabo preto. Geralmente

é consagrada, mas não para uso ritual como o Athame, mas para os fins já explicados. O

nome bolline vem da pequena foice usada pelos druidas celtas para colher ervas, sendo

O Athame

Bolline

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Page 3: A Pedra Das Bruxas

também usada por alguns membros da Arte em sua

forma moderna no lugar da faca de cabo branco.

Tido por muitos como o instrumento da bruxa por

excelência, o caldeirão é uma peça imbuída em mistério

e tradição mágica. Acredita-se no ramo moderno que é

no caldeirão que ocorrem as transformações mágicas.

A Wicca vê o caldeirão como o símbolo da Deusa, a essência

da feminilidade e fertilidade, o útero cósmico. É também o

símbolo do elemento água. Geralmente o caldeirão é o ponto

central do ritual.

Nos ritos de primavera é preenchido com água e flores, no

inverno o fogo é aceso dentro do caldeirão representando o

retorno do sol (o Deus) vindo do caldeirão (a Deusa). O

caldeirão idealmente deve ser de ferro e com três pés, com a

boca menor que o corpo, não importando o tamanho.

Já o cálice, não há muito do que se comentar, é um caldeirão de

vidro apoiado num pé só. Idem ao caldeirão simboliza a Deusa.

É usado para conter o elemento água no altar durante os ritos,

ou também a bebida ritual. Pode ser feito de praticamente qualquer material como ouro, prata,

bronze, cristais, barro...

O pentáculo, no caso da Wicca, o

pentagrama consiste em uma

estrela de cinco pontas feito em

ouro, prata, madeira, cera ou

cerâmica. Representa o elemento

terra, sendo usado para evocar ou

invocar entidades e como objeto de

proteção, sendo também adequado

à consagração de amuletos,

talismãs e outros objetos.

A Vassoura

Dentro do ramo moderno, a

vassoura é um objeto sagrado tanto

à Deusa quanto ao Deus.

Associada ao elemento água, é tida como um objeto de purificação psíquica e proteção.

Usa-se a vassoura para limpar ritualisticamente o covenstead (área escolhida para os ritos) ou

proteger a casa. Como os demais utensílios rituais, deve ser usada apenas para este

propósito. A vassoura pode ser tanto artesanal como comprada, mas para a segunda

alternativa, aconselha-se que seja arredondada no total de suas cerdas, vassouras horizontais

não surtem o mesmo efeito.

Geralmente dentro dos covens (grupo de bruxos{as} modernas) há o hábitos de usar

vestimentas próprias para os fins rituais. Normalmente são robes ou túnicas simples, mas já vi

covens que usavam túnicas arthurianas e mantos cerimoniais extremamente elaborados, mas

isto vai de acordo com as condições dos praticantes, e principalmente com sua afinidade com

esta regalia. Muitos preferem realizar seus ritos completamente nus, o que é muito comum no

mundo da magia, sendo a forma mais natural que se pode ficar. O uso de uma roupa própria

para o ritual tem como simbologia principal despir-se da personalidade cotidiana e vestir a

personalidade mágica. Para os que pretendem fazer uso de vestimentas rituais segue uma

lista de cores usadas pelo ramo moderno e seus significados:

Amarelo – para rituais de adivinhação

Roxo – para trabalhos com o poder divino puro ou sintonizar-se com as divindades.

Azul – para curandeiros que trabalham com sua consciência psíquica, ou para sintonizar-se

com a Deusa em seu aspecto oceânico.

Índigo – para rituais climáticos, astronômicos e viagens no tempo.

Verde – para ritos herbalistas.

Marrom – para os que têm ligações com os animais ou que lançam encantamentos através

deles.

Branco – simboliza purificação e espiritualidade pura, é usado para meditação e rituais de

purificação, rituais da lua cheia e acessar a Deusa.

Laranja – para rituais de proteção e conectar-se ao Deus em seu aspecto solar.

Vermelho – para rituais que envolvem questões corporais, poder e zoologia.

Roxo – rituais que trabalhe as emoções: amor, ódio, raiva, medo,êxtase...

Preto – simboliza a noite, o universo e a ausência de falsidade. Também protege os chakras.

Costuma ser a cor mais usada.

O caldeirão e o Cálice

O Pentáculo

As Vestimentas

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Na Wicca o altar fica no centro do

círculo, é um local de poder

reservado para colocar as

ferramentas

rituais e as representações do Deus

e da Deusa. A parte esquerda e

dedicado a Deusa e seus objetos

sagrados são depositados ali, como

o cálice, o pentagrama, cristais e o

caldeirão, uma estatueta da Deusa

ou uma vela branca para

representá-la. O lado direito do altar

é dedicado ao Deus, e desse lado

são depositados o athame, o boline

, a varinha, o incensário e uma representação do Deus, como uma estatueta ou uma vela

preta. O altar pode ser redondo para representar a Deusa e a espiritualidade, pode ser

quadrado para representar os quatro elementos, pode ser uma pequena mesa com uma

toalha, pode ser um toco de árvore ou uma pedra plana, e nos ritos a céu aberto pode ser

substituído por uma fogueira. Alguns wiccanos enfeitam o altar ainda com flores, frutas e

bolotas de carvalho.

O cetro ou varinha na Arte

tradicional não tem atribuições

muito diferentes das demais formas

de magia, sendo um extensor da

mão do bruxo, projetor da vontade e

forças numinosas. É usado para

traçar símbolos, Compassos e

enfeitiçar. É tradicionalmente feito

de bétula, carvalho, aveleira,

sorveira, teixo, freixo, sabugueiro, salgueiro e abrunheiro, mas como não moramos no país do

freixo e do espinheiro, faça com a madeira que achar correta, que deve ter o comprimento que

vá de seu cotovelo ate seu dedo médio.

Ao entrar na mata (supõe-se que é onde vá procurar a matéria prima para confecção do

objeto) peça autorização e a benção do Deus Arddhu, hoje mais conhecido como Homem

Verde, pois não só as matas e florestas, como toda a natureza são de seu domínio. Ao achar

o galho ideal, peça autorização a Dríade da árvore para colher um de seus galhos, e após

fazê-lo, agradeça a Dríade e deixe uma oferta de sangue para ela, furando seu dedo mínimo e

pingando uma gota no local onde havia o galho. Leite, mel e vinho podem também ser

vertidos em libação nas raízes da árvore como parte da oferta. Ao sair da mata, agradeça

Arddhu (lembre-se de sempre agradecer, ingratos não chegam a lugar algum). Recomenda-se

que o corte do galho seja feito no dia e hora de Mercúrio, num único golpe, acho isto um

pouco impossível de fazer como um boline ou arthame, a não ser que tenha uma força

descomunal, então pelo menos faça de uma forma rápida. Após ter o ramo para confeccionar

a varinha, corte-o no tamanho correto, descasque e deixe-o secar por aproximadamente um

mês. Para dar acabamento você pode lixar para deixá-lo mais liso, e depois pintar ou entalhar

sigilos, runas ou símbolos mágicos no corpo da varinha. Para envernizar use cera de abelha

derretida, assim que secar bem é só lustrar com uma flanela para dar brilho. Você também

pode optar por colocar um cristal de quartzo (amplificador de energia) na ponta da varinha. Se

decidir por fazê-lo, prenda o cristal a varinha com resina de pinheiro derretida. Há uma

infinidade de maneiras de manufaturar uma varinha, e diversos tipos também, esta é apenas

uma das formas tradicionais de fazê-lo.

Obs: o nome Dríade é de uso geral para se referir as ninfas da floresta, na realidade, Dríade é

o nome das ninfas que habitam nos carvalhos, as ninfas que habitam nos demais tipos de

árvore são chamadas de Hamadríade.

Arthame é o nome dado ao punhal ou faca cerimonial na Arte Tradicional. Assim como no

ramo moderno, é um punhal, ou uma faca de dois gumes. Alguns acreditam que o nome

O Altar

Ferramentas da Bruxaria Tradicional

O Cetro ou Varinha

O Arthame

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Arthame venha de Arthana, forma

como a faca de cabo preto é

referida em “As Chaves de

Salomão” (mas a faca referida

nesse grimoire é de fio simples e

não duplo, o punhal de fio duplo

recebe outro nome), já Andrew

Chumbley e Sayed Idres Shah

defendem que o termo venha da

palavra Al-dhamme ou Adh’amme,

faca ritual utilizada no culto

marroquino de feitiçaria Dhu’lqarnen

(Senhor de Dois Chifres), que

significa letra de sangue,

salientando que diferente da Wicca

conservamos sua lâmina afiada. O

Arthame é um objeto de conjuração e controle de diversos tipos de espíritos, é usado também

para traçar o Compasso (círculo mágico), signos no ar, extrair oferendas de carne e sangue.

Para algumas vertentes da Arte dos Sábios a faca não só é associada à espada como são

consideradas sinônimas. Elas detém os atributos da precisão, incisividade, penetração e

iluminação simbolizada pela “espada relâmpago” de Arthur, Calad Vwlch, hoje conhecida

como Excalibur. Para outras é tido como o arado de Caim. Não é um objeto usado por todas

as tradições, mas é tido como um dos mais importantes dos objetos para as tradições que o

usam.

O caldeirão é o emblema do renascimento, da

abundância e da fonte de sabedoria. É o símbolo da

Deusa Galesa Cerridwen, a Deusa do Caldeirão, sendo

a fonte de todo nutrimento, nascimento, regeneração e

transformação, onde ela destila a essência tripla da

inspiração onisciente por um ano e um dia.

Tradicionalmente deve ser de ferro e com três pés, o

tamanho vai conforme a necessidade do praticante. O

caldeirão é também usado por muitos bruxos e bruxas

como oráculo para adivinhação e como chave para

vários ritos.

São várias as pedras usadas na Arte, as mais famosas

são a Hagstone, uma pedra com um orifício natural

causado pela erosão das águas de rios e mares, usada

para divinação e tida como o amuleto mais valioso. A

Troystone, uma pedra achatada que possui um labirinto

gravado num de seus lados, usada para meditação e

atingir estados alterados de consciência. Também são

usadas pedras simples para afiar os objetos cortantes

da Arte, e na Stregheria, a Bruxaria Tradicional italiana,

fala-se da pedra redonda que ao ser encontrada numa

estrada deve ser consagrada ao Follettino Russo, traduzido como Gnomo Vermelho no livro

Aradia- O Evangelho das Bruxas, mas que ao pé da letra seria Goblin Vermelho.

A vassoura é símbolo do vôo extático das bruxas e feiticeiras, é também

símbolo da purificação e renascimento sacro. É através dela que os bruxos e

bruxas realizam o vôo do espírito para as dimensões do Sabbat. A vassoura

nas Ilhas Britânicas tradicionalmente é feita de três madeiras: freixo para o

cabo, ramos de bétula para as cerdas, e os galhos flexíveis do salgueiro para

amarrar as cerdas. Mais isto é feito nas Ilhas Britânicas, nos moramos no

Brasil, use o que estiver à disposição. Com certeza é preferível o uso de uma

vassoura artesanal, que não é difícil de fazer, mas uma industrial de palha pode

ser usada também. A vassoura é usada em diversos feitiços, para consagrar o

Compasso e muitas outras práticas.

O Caldeirão

As Pedras

A Vassoura

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Postado por Samuel Oliveira às 14:45 Nenhum comentário:

O Stang é um cajado bifurcado, o ícone Maximo do Deus das

bruxas, é o mastro estandarte de Owld Hornie. É um cetro

cerimonial, que na falta do Magister (líder do clã), ou em trabalhos

solitários deve ser fincado na extremidade Norte do Compasso,

simbolizando o Deus das bruxas. O Stang tem infinitas aplicações

dentro da Arte, pode ser usado como cavalo no lugar da vassoura,

pode ser usado para girar o Compasso, objeto de divinação, ponte

para as divindades e espíritos a serem evocados, etc...

O Stang originalmente é feito de freixo, mas pode ser

manufaturado em qualquer tipo de madeira, seguindo as mesmas

orientações para confecção da varinha. A altura do Stang

geralmente varia de 1 metro a 1,5 metro. Lembrando que quando é

fincado no solo, uma vela é fixada no meio da bifurcação,

representando a iluminação (sabedoria) transmitida por Owld

Hornie, e para fazê-lo melhor, um prego deve ser posto na

bifurcação, que tem como função o ato de manter o poder da

consagração dentro do Stang. Nem só de um galho bifurcado pode

ser feito um Stang, ele pode ser uma estaca com o crânio de bode,

cervo, boi, ou apenas os chifres destes animais fixados na estaca. Para os concílios que

fazem uso desta ferramenta, esta é a peça mais importante da Arte dentro de um ritual.

Vestimentas especiais na arte tradicional não foram muito usadas nos tempos antigos, visto

que a bruxaria sendo um esoterismo/ocultismo popular, tinha o povo como seus principais

adeptos, que nunca foram muito abonados. Como explicaria ao ser pego por oficias, ou

mesmo vizinhos e amigos, usando um manto cerimonial, ou uma roupa fora do comum ao dia

a dia. Mas hoje os tempos são outros e quem tem condições com certeza tem a sua túnica ou

manto de uso exclusivo para suas práticas. Mas muitos conservam os costumes seculares,

que são o uso de roupas comuns, ou o rito praticado totalmente nu.

Estes são alguns dos objetos da Bruxaria Tradicional que por serem usados por muitas

tradições, pode-se dizer que são “objetos formais”. Outras tradições ainda fazem uso de itens

como o sal, que representa o elemento terra e age como catalisador e purificador de energia,

vinho, cerveja, trigo, etc.

Mas isto é uma coisa que varia muito de tradição para tradição e de bruxo para bruxo como

dito na introdução do post.

A consagração dos objetos, tanto pelo ramo moderno quanto pelo tradicional, será exposta

num post futuro.

Janus Arthan

Imbolc 2015 E.C

O Stang

Vestimenta

domingo, 9 de março de 2014

A Bruxa de Évora

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Page 7: A Pedra Das Bruxas

A feiticeira ou bruxa de Évora é uma das personagens mais populares e misteriosas do folclore

e das lendas da magia, especialmente na esfera da cultura popular. Sua biografia é dispersa,

incerta, cheia de contradições. Até onde conduzem as pesquisas, não pode ser considerada

figura histórica; no entanto, sua fama é suficiente para considerá-la arquétipo mítico de um

certo tipo de bruxa, de feiticeira.

Sobre uma Bruxa de Évora, como pessoa localizada em um tempo, sua identidade primeira e

verdadeira, sobre isso não há, nenhum registro que possa ser considerado como Histórico,

documental, de fonte confiável. Documentos referentes à Bruxa simplesmente inexistem.

É difícil até mesmo determinar a época em que viveu. A maioria dos textos/livros sobre uma

Bruxa de Évora afirma que ela viveu no século... Outros, dizem que viveu em meados da Idade

Média. Todavia, um único de texto de referência permite supor que, na verdade, essa Bruxa é

mais antiga, e que poderia perfeitamente ter vivido em pleno século III d.C..

Mítica, é possível que a primeira bruxa de Évora tenha sido tão poderosa e influente que seu

nome tornou-se sinônimo para praticantes da bruxaria que vieram muito depois e também

fizeram fama desde o antigo oriente Médio, Ásia Menor. Uma idéia de bruxa que alcançou não

somente a Península Ibérica mas também toda a região costeira do Mar Mediterrâneo, os

Bálcãs, as ilhas do mar Mediterrâneo: ao longo de séculos, a expressão "Bruxa de Évora",

tornou-se algo como um título.

A BRUXA & O SANTO FEITICEIRO

As pesquisas sobre esta feiticeira indicam que boa parte de sua fama nasce junto com a fama

de um outro mago negro controverso: CIPRIANO DE ANTIOQUIA que viveu no século III da

Era cristã (anos 200). Este, depois de uma vida dedicada à magia negra, converteu-se ao

Cristianismo e foi até canonizado passando fazer parte da história Cristã como São Cipriano.

Segundo as lendas, pois as biografias desses personagens não têm registros históricos

precisos, o nome "Bruxa de Évora" [ou Bruxa de Yeborath – Iebora, em árabe یعبره

significando Cruzado, cruzamento, encruzilhada] aparece pela primeira vez, no contexto do

estudo da História da Bruxaria, ligado ao nome do Santo feiticeiro. Ela teria sido uma das

mestras do mago e ele, seu discípulo mais prestigiado, herdeiro de seus feitiços.

BABILÔNIA:

FEITICEIRAS DE ENCRUZILHADAS

NOS PRIMÓRDIOS DA BRUXARIA

A migração da mítica da Bruxa de

Évora:

da Babilônia até a Península

Ibérica

Porém, esse encontro NÃO

ACONTECEU na península Ibérica,

como sugere o termo designativo,

distintivo da Bruxa, Évora que é

uma cidade histórica de Portugal.

Segundo a biografia do feiticeiro

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Page 8: A Pedra Das Bruxas

Cipriano, seu encontro com a Bruxa aconteceu na Mesopotâmia, na Babilônia, [atual Iraque]

onde se reuniam os ocultistas que estudavam a magia dos antigos Caldeus [sobretudo

Astrologia].

Os dois personagens, já legendários: Cipriano, o Feiticeiro e supostamente, um de seus

Mestres, sendo uma certa Bruxa de Évora, parecem ser um caso de migração de mitos e

sincretismo cultural.

Ambos, Cipriano e a Bruxa, originalmente, parecem pertencer ao acervo das crenças e figuras

mitológicas que chegaram à península Ibérica em diferentes períodos históricos mas que

combinaram-se perfeitamente no universo da mítica do sobrenatural: primeiro, chega a lenda

Cipriano, já difundida no Martirológio cristão: o caso do Feiticeiro e sua misteriosa mestra de

Yeborath. O Bruxo que virou Santo.

Mais tarde, o juntamente com os Mouros sarracenos que invadiram e dominaram o território a

partir de 715 d.C., vieram as bruxas misteriosas do Oriente, quase ciganas, as bruxas das

Yeborath ou Iebora, das encruzilhadas, das agulhas.

E, se sobre a Bruxa não há registro históricos de espécie alguma, a não ser como arquétipo,

sobre Cipriano, o Santo Feiticeiro, existem, ao menos, um parcos documentos, como sua

Confissão depois da conversão ao Cristianismo.

Como foi dito, Cipriano – o Feiticeiro não somente encontrou uma certa Bruxa de Evora em

sua passagem pela Babilônia como dela teria herdado os livros, as poções, os segredos do

poderes de sua Mestra.

Considerando essa informação como fato possível, uma Bruxa ou feiticeira na/ou da Babilônia

seria, naturalmente, versada naquele tipo magia característica da cultura Mesopotâmica, aquela

normalmente classificada como magia das trevas, da mão esquerda, magia negra: Goecia,

necromancia, vidência, evocações, parcerias com demônios, envultamentos [encantamento à

distância: os bonecos de cera e as agulhas], oráculos.

Essas bruxas e bruxos foram aqueles que preservaram alguma coisa das tradições da magia

das tribos nômades e reino antigos de tempos ainda mais arcaicos entre os quais destacam-se

os Caldeus e os Assírios. Era uma Magia de sombras, freqüentemente desprovida de

escrúpulos, sem critérios éticos, que livremente associava-se com entidades não humanas e

pouco confiáveis: demônios, gênios, formas-pensamento, elementais, espíritos de pessoas

mortas.

Uma bruxa assim poderia, mesmo ter existido. E não somente uma, mas várias. As bruxas

de-ou-das Evoras seriam algo como uma categoria de feiticeiras. Voltando à etimologia da

palavra Évora, embora sejam encontradas raízes em solo europeu, não se pode desconsiderar

a Yeborath dos árabes que, como foi explicado tem como significado: Cruzado,

cruzamento, encruzilhada.

Uma etimologia que sugere a tradução do termo Bruxa de Évora para Bruxa de Encruzilhada

ou, bruxa que faz seus trabalhos em encruzilhadas, lugar de Pactos. [Lembrando uma

característica que lembra a divindade grega Hécate, senhora dos encantamentos e do mundo

dos mortos.]

Com uma pequena mudança gráfica e fonética, se Yeborath é dito Iebora, então o significado

muda para Agulha, agulhas e assim resulta, Bruxa das Agulhas. Ou seja, uma bruxa que

trabalha com agulhas [supõe este pesquisador, agulhas e bonequinho de cera. Meditemos]...

MAGIAS DE ÉVORA ANTES DE TUDO

Rastrear a trajetória geográfica da figura da "Bruxa de Évora" ao longo dos séculos passa,

necessariamente pelo conhecimento do histórico da localidade de Évora até porque, se o

folclore em torno desta personagem começa na Babilônia do século III d.C., a crença se

perpetua além Oriente-médio, alcança com toda força mítica a vasta região da península

Ibérica e, atravessando o Atlântico junto com os grandes navegadores portugueses e

espanhóis, encontrou seu lugar no imaginário dos povos latinos-nativos-afro-americanos.

Se, de fato, existiu uma bruxa de Évora cuja vida se cruza com a vida de São Cipriano, esta

personagem viveu [ou teria vivido] no século III, os anos 200 depois de Cristo. Nesta época,

Évora era uma cidade romana, a Libetalitas Julia, conquistada em 57 d.C..

Contudo, a palavra Évora, ao que tudo indica é a denominação popular da localidade, antes e

depois do domínio romano e, ainda, são várias as explicações para a origem deste nome.

Plínio, o Velho (23–79 d.C.) – filósofo e naturalista, cronista romano, em seu livro Naturalis

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Page 9: A Pedra Das Bruxas

Historia, chama o lugar de Ebora Cerealis, por

causa dos campos de trigo que dominavam a

paisagem.

OS CELTÍBEROS

Os povoamentos na região, cujo centro, hoje, é a

cidade Évora, abriga sítios arqueológicos que datam

da Idade do Bronze [1.800 a.C.] e outros ainda mais

antigos, do Paleolítico, Neolítico, Calcolítico [Idade do

Cobre, cerca de 3.000 a.C]; de muito antes da Era

Cristã. Sobre o passado remoto de Évora escreve J.

Saramago:

Chamaram-lhe Ebora os celtiberos, e como Ebora

Cerealis a tem nomeado Plínio, o Velho, na sua

História Natural, o que servirá para dar

testemunho de que as planuras transtaganas já

davam pão pelo menos dez séculos antes que os "alentejanos" (os que viveram e

vivem além do Tejo...) se tornassem portugueses (SARAMAGO, 2001).

Mitologia-folclore cristão-pagão e sarraceno [mouros] são apenas dois dos elementos que se

misturam na composição da lenda e das imagens relacionadas à Bruxa de Évora. Uma

influência ainda mais recuada repousa na história dos fascínios e medos dos povos que

habitaram a Península antes de romanos ou mouros.

São os bárbaros celtiberos, dos quais fala Saramago no texto acima e outras nações várias

que se miscigenaram com os supostos autóctones [nativos do local] lusitanos ou lusitani [em

latim] a maior das tribos ibéricas. Os lusitanos propriamente ditos são, geralmente,

considerados como proto-celtas, celtas primitivos, migrantes, provenientes do norte europeu,

mais especificamente os Célticos.

MAGIA DOS CELTÍBEROS

Uma xamã, ou feiticeira ibérica, [ou um xamã, o

gênero é incerto] figura central no culto da

Fertilidade, no Ocidente. É uma sacerdotisa. No

peitoral, sete símbolos do sol. British Museum.

Estes primeiros habitantes organizados em aldeias e

tribos da região, os celtiberos praticavam a magia

européia ocidental mais primitiva, ainda eivada de

crenças e práticas pré-históricas, como os sacrifícios

humanos, por exemplo.

Nesse contexto, o papel das mulheres tinha grande

relevância posto que exerciam o papel de Xamãs,

curandeiras que se utilizavam do conhecimento das

virtudes e das peçonhas fornecidos pela Natureza,

poções para o bem e para o mal extraídas de vegetais,

animais e minerais. No alvorecer da História, as bruxas

eram como médicas: do corpo, da alma; intermediárias

entre os homens e as forças da Natureza.

Foi essa magia primitiva que, aos poucos, transformou-se na Bruxaria da península Ibérica,

resultado da interação com saberes de outras nações: romanos pagãos, romanos cristãos,

bárbaros outros, pagãos originais ou romanizados; bárbaros cristianizados, Mouros

(muçulmanos, Sarracenos).

Sobre a relação entre Évora e os celtíberos, estudos indicam que, a palavra e o lugar podem

estar ligados a uma antiga divindade celta cultuada na região: Eburianus cujo símbolo é a

árvore do Teixo. Houve tempo em que os lusitanos chamavam a atual localidade de Évora de

Eburobrittium (SÍMON, 2005).

ERA UMA VEZ... LAGARRONA-LAGARDONA

Segundo o livro de São Cipriano [o feiticeiro, século III d.C. anos 200], capa de Aço, no tempo

em que os mouros viviam na região portuguesa de Évora, o rei mouro Praxadopel ali construiu

um castelo, em Montemur.

Nesse lugar, hoje chamado Castelo de Giraldo [referência a Geraldo, o Sem Pavor – ... -1173?

herói da reconquista da terra lusa ocupada pelos mouros], transformado em ruínas pelo passar

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dos séculos, em meio às pedras, louvado nas noites escuras pelo uivo de lobos e chacais, no

fundo da propriedade, ocultos embaixo de montes de pedras, no Túmulo de Montemur, foram

encontrados os restos mortais de sete pessoas e pergaminhos escritos por Lagarrona, a

Feiticeira de Évora (também chamada Lagardona ou La Guardona).

* Os mouros, povos do oriente médio, somente poderiam ter ocupado a região depois

período de expansão dos domínios árabes em suas incursões em território europeu, em

uma época, portanto, pós-fundação do Islamismo. Porém as referências à uma bruxa de

Évora remontam aos primeiros séculos do Cristianismo, por volta do século III,

coincidindo com o período de vida de do bruxo Cipriano. Eis uma prova da dificuldade

de identificar a historicidade dessa feiticeira tão famosa.

FOLCLORE DA FEITICEIRA EM PORTUGAL

Ruínas das muralhas: Castelo do Giraldo, cidade Évora –

Portugal. O Castelo de Giraldo, mais que uma referência a

uma edificação, refere-se a toda uma região que, hoje, é um

sítio arqueológico de Portugal.

No tempo em que os mouros viviam na região portuguesa de Évora [e os mouros chamavam a

cidade de Yeborath a Liberalitas Julia da época da dominação romana], o rei mouro

Praxadopel ali construiu um castelo em Montemur [região vizinha de Évora cujo centro é a

cidade de Montemor].

Nesse castelo, hoje chamado Castelo de Giraldo, transformado em ruínas pelo passar dos

séculos, em meio às pedras, louvado nas noites escuras pelo uivo de lobos e chacais, que, no

fundo da propriedade, enterrada entre montes de pedras, está o Túmulo de Montemur. Nele

foram encontrados os restos mortais de sete pessoas e pergaminhos [supostamente] escritos

por LAGARRONA, a feiticeira de Évora.

Frei Antão de Sis, estudioso dos fenômenos mágicos e da feitiçaria, através dos pergaminhos,

encontrou a casa da bruxa, ainda em pé, apesar do tempo. Descreveu-a como uma casa

diabólica... No meio dela havia uma cova da altura de um homem. As paredes internas

estavam repletas de desenhos representando lagartos, cobras, lagartixas caracóis, rãs,

escaravelhos, símbolos egípcios, vespas, baratas e outros bichos peçonhentos.

Do lado de fora, havia quatro sapos e várias figuras de meninos tendo nas mãos molhos de

varinhas de ervas com os quais ameaçavam os sapos. Ainda dentro da casa, em dos cantos

dessa casa mal-assombrada havia a escultura de pedra de um cavalo-homem, como um

centauro. Noutro lugar, outra estátua, esta, a de uma mulher-serpente. Em certo ponto do chão

ladrilhado com cerâmica negra, uma inscrição:

O primeiro a abrir esta cova

Verá coisas jamais vistas

Cava por diante para que resistas [enfrentes]

ao grande temor que seu peito prova

Verás sortilégios mágicos que prendem os homens,

o filtro do amor que amarra as mulheres.

Não temas, não temas. Não mostres temor:

acharás sucessos, magia e amor

e, por certo, em tudo será vencedor.

Gran libro de San Cipriano o los tesoros del hechicero, 1985

A BRUXA DE ÉVORA NOS LIVROS

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Em Portugal A Bruxa de Évora é o modelo de bruxa. Mas não somente em Portugal: este

modelo de bruxa está na fantasia de toda a Península Ibérica e nos territórios que foram

descobertos e conquistados pelos grandes navegadores ibéricos da Idade Moderna.

É praticamente inexistente o material documental sobre a pessoa específica de uma Bruxa

relacionada, residente ou oriunda da região de Évora. Livros, biografias sobre essa

personagem são poucos e contém informações de fonte duvidosa e/ou desconhecida. Edições

de obras bem conhecidas não mencionam datas ou originais. Dois livros destacam-se nessa

bibliografia exígua: O Livro da Bruxa ou Feiticeira de Évora de Amadeo de Santander e A

Bruxa de Évora, de Maria Helena Farelli.

No primeiro, no que se refere à biografia da Bruxa, o que se encontra, logo no primeiro capítulo

é uma reprodução e/ou tradução de outro texto de autor praticamente desconhecido: capítulo

do Livro de São Cipriano, sabe-se lá em qual de suas repetitivas versões mas, muito

possivelmente da edição em espanhol Gran Libro de San Cipriano o los tesoros del

hechicero.

O capítulo, intitulado La Hechicera de Evora o Historia de La Siempre Novia (Siempre Novia,

referência uma das lendas mais difundidas sobre a Bruxa) teria sido, supostamente, extraído

[todo o capítulo] de um manuscrito cujo autor é um certo [ou incerto] Amador Patrício.

FEITIÇO DA COBRA GRÁVIDA

Outro supostamente episódio biográfico sobre a Bruxa relata o paradoxal encontro da Feiticeira

com o Bruxo Cipriano, já cristianizado mas ainda especialista em bruxedos. O caso é conhecido

com O Encontro de São Cipriano com a Bruxa de Évora. Neste encontro, Cipriano não

parece um discípulo diante de uma antiga mestra. Ao contrário, é a bruxa, já em avançada

idade que recorre ao novo cristão para realizar um feitiço que lhe renderia [a ela, bruxa] bom

dinheiro. Trata-se do feitiço da cobra grávida, para segurar marido.

O ex-bruxo propõe uma barganha: a conversão da bruxa ao Cristianismo em troca da fórmula

mágica. A bruxa aceita e eis a feiticeira de Évora transformada em penitente velhinha cristã. Ao

final, a receita profana, destinada a recuperar o marido da contratante, uma jovem senhora da

nobreza, pede o favor para a réptil gestante [a cobra grávida!] mas, isso em nome de Deus e da

Virgem Maria! Uma combinação extravagante de feitiço pagão e reza cristã.

Santander, autor deste livro, O Livro da Bruxa ou Feiticeira de Évora, este autor é tão difícil

de identificar e datar quanto a própria Bruxa de Évora. Ele começa sua obra sem qualquer

introdução, identificando o período de vida da personagem que dá nome ao livro com o tempo

da dominação Sarracena na península Ibérica, ou seja entre o século VIII e começo do século

XII.

Escreve Santander: No tempo em que os mouros viviam na região portuguesa de Évora...

E ao longo do capítulo descreve o que seriam os últimos anos de vida da Bruxa, claramente

qualificada como Moura, muçulmana. No relato, a feiticeira tem um filho adulto e mau.

Chamado Candabul, desejou possuir uma jovem donzela cristã. A bruxa ajuda no rapto da

moça, providencia a morte por enfeitiçamento todos os pretendentes dela. Mas o mal-feitor é

preso e condenado à morte. Mais uma vez a bruxa interfere e se empenha em produzir

mágicos meios de fuga para Candabul.

LA GUARDONA, O FANTASMA DA BRUXA

Caçada pelos agentes da Lei, depois de várias peripécias, ela acaba morrendo durante um

acidente na realização de um de seus feitiços, que fazia em uma tentativa desesperada de

escapar da Justiça. Quando chegaram os soldados, encontraram-na morta. Não foi sepultada.

Como punição post-mortem, foi pendurada na porta da própria casa e ali ficou apodrecendo e

sendo devorada pelos abutres e vermes. O cadáver, lentamente virando ossada, oscilando ao

sabor das ventanias, era uma visão macabra que parecia vigiar o lugar e a bruxa morta passou

a ser chamada de La Guardona [ou, as corruptelas, Lagarrona e Lagardona], algo como A

Guardiã... da casa, de suas ruínas e arredores. O local, naturalmente, passou a ser temido e

considerado como assombrado [Gran Libro de San Cipriano o los tesoros del hechicero, 1985].

Todavia, mais adiante, quando fala do encontro da feiticeira com o ex-mago negro, o autor

[Santander] ignora completamente os dados históricos que, se pouco dizem também sobre a

vida do bruxo Cipriano, ao menos bem determinam a data de sua morte, martirizado por ser

cristão em 304 d.C., muito antes, séculos antes, portanto, da Bruxa de Santander ter

protagonizado aquelas aventuras. No episódio do feitiço da cobra grávida, o fim da bruxa é

outro: cristianizada, bem aposentada com o ouro do último bruxedo que fez por contrato e

empregada como Aia [criada pessoal] de uma condessa.

LENDAS, FÓRMULAS & SEGREDOS

Torna-se claro que os relatos sobre a bruxa de Évora são de fato, um conjunto de lendas e seus

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supostos escritos são de origem desconhecida, excertos de Grimórios mais antigos de autoria

igualmente duvidosa. Alguns são atribuídos a este ou aquele mestre mais conhecido na esfera

do folclore, da cultura popular, como Alberto, o Grande, Papa Honório, bruxo Atanásio e o

próprio Cipriano, o feiticeiro.

Muitas das receitas dos Grimórios são fórmulas de remédios caseiros, acervo de um saber

muito útil em uma época em que a medicina dispunha de toscos recursos e médicos com

estudo eram poucos e para ricos. Muitos dos Segredos da Bruxa revelados no livro de

Amadeo de Santander fazem parte da sabedoria popular dos curandeiros e curandeiras de

linhagem imemorial, uma herança que durante muito tempo foi preservada e transmitida através

da cultura oral.

A própria Bruxa apresentada por A. de Santander em sua pretensa-original tradução-

reprodução do Único e autêntico manuscrito comprovado pelos sábios da Galícia extraído

do Flor Sanctorum, datado dos tempos dos mouros de Évora, a feiticeira comenta

revelando algo possivelmente verídico na vida de muitas Bruxas de Évora: que seus

conhecimentos foram-lhe ensinados pela mãe, segredos passados de geração em geração.

Explicando a Cipriano em que consiste o seu [dela] feitiço da Cobra Grávida Para Prender

Marido ela revela algo de recorrente na biografia dessas bruxas de Encruzilhadas:

É pele de cobra com flor de suage [ou sage, Artemisia vulgaris ou, ainda, flor-de-

são-joão, erva-de-são-joão, artemísia-verdadeira, losna, absinto. L.C.] e raiz de urze

[Erica Lusitanica ou torga e/ou Calluna vulgaris] que estou queimando em nome

de Satanás, para defumar as roupas do duque [o Grão Duque de Terrara] e ver se

o desligo daquela mulher [uma amante]. Esta mágica foi sempre infalível quando

minha mãe a praticava debaixo dessas abóbodas em que as mãos dos homens

não tomaram parte. Minha mãe desligou com ela [a tal magia] mancebais

[relações extraconjugais] de nobres e monarcas...

(SANTANDER, p 13)

O ENCANTAMENTO DA BRUXA

...a Bruxa de Évora foi vista voando em um bode preto...

voava... acompanhada por um veado e um javali alados...

(FARELLI, 2006 p 26)

Em A Bruxa de Évora, Maria Helena Farelli (2006) apresenta a personagem como arquétipo

folclórico luso-hispano-brasileiro, com ênfase nas raízes portuguesas da lenda, já devidamente

hibridizadas entre: 1. o druidismo celtíbero doméstico; 2. o culto romano à deusa Diana

[correspondente à grega Artemis], cujas ruínas do templo ainda podem ser visitadas em Évora;

3. a figura mítica da moura feiticeira, freqüentemente apresentada, simplesmente e

depreciativamente como a Moura Torta, um modelo de bruxa, tudo isso misturado ao – 4.

ritualismo cristão das orações e adoração dos santos e das relíquias e nome sagrados.

Em Farelli (2006), a narrativa passa, como é necessário, pela história da nação lusitana,

detendo-se em período em que a cultura popular mística-religiosa já tinha absorvido elementos

que ficaram como herança do tempo da dominação islâmica-sarracena em toda a península

Ibérica. Boa parte dessa herança consiste no universo misterioso na magia semita, caldaica,

mesopotâmica: dos magos-alquimistas, astrólogos, videntes, quiromantes, necromantes –

invocadores de gênios e espíritos dos mortos, magia-negra, também, sim, da mais antiga

tradição árabe, pré-Islã. Segundo Farelli a Bruxa de Évora era a ...guardadora dos segredos

dos feitiços do Oriente, a que voava em camelos alados... (FARELLI, 2006 – p 15).

Sobre o sincretismo no qual foi forjada a Bruxa de Évora, a autora escreve: ...o português

sempre acendeu uma vela para Deus e uma para o outro. Até na Igreja ele fazia

mirongas... Até os padres eram acusados desses feitos. Mas os considerados grandes

bruxos eram os mouros e os judeus... (Idem, p 29). E mais: ...segundo a lenda, a Bruxa de

Évora era moura... árabe ou mourisca... morena... (Ibid., p 29).

BRUXA ERUDITA

Em relação à aparência, A Bruxa de Évora (FARELLI, 2006) apresenta o arquétipo folclórico

da personagem em sua velhice. Esta esta é uma daquelas bruxas velhas e esquivas dos contos

infantis. Mas, ao contrário do modelo da curandeira intuitiva, analfabeta, camponesa ignorante

cujo conhecimento é todo proveniente de experiência pessoal e herança de tradições orais, em

Farelli (Idem) a bruxa de Évora é praticamente uma erudita. Alfabetizada, poliglota, ela fala, lê

e escreve em português [o gentílico da época], árabe e latim.

Sem citar sua fonte de informação, a autora enfatiza: Sabia matemática... reconhecia as

estrelas,... sabia ler a sorte nas areias... Ela conhecia a magia de seus ancestrais

muçulmanos* mas, vivendo no século XIII [anos 1200], também sabia [da magia] dos

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celtas... (FARELLI, 2006 – p 33). Todavia, a moura pagã era, ao mesmo tempo, devota cristã:

...a velha bruxa já tinha feito a peregrinação a Santiago de Compostela [tradição cristã]...

Já tinha ido à Sé de Braga, muitas vezes, pagar promessas... (Idem) ...E, ainda: ...a bruxa

de Évora não era uma herética. Era uma mulher que conhecia as rezas (Ibid., p 41).

* Um equívoco comum do olhar superficial do Ocidente sobre o Oriente. Há muito tem-se

confundido cultura árabe com cultura de muçulmanos. A magia não poderia ser

praticada por uma muçulmana. O Islã proibiu, sujeitando a severas penas, a prática da

magia tradicional pré-islâmica. Na verdade, a famosa riqueza da cultura árabe precede o

Islã; uma riqueza que o Islamismo cuidou de mutilar ao longo de mais de um milênio e

declina, mais e mais, com a expansão e recrudescimento fundamentalista da fé no

Alcorão e sua teocracia – repressiva, opressora e regressora, baseada em leis

supostamente religiosas suplementares – as Sharias, diferentes para as diferentes seitas

muçulmanas, que ignoram até mesmo os preceitos estabelecidos no confuso livro

sagrado desses crentes.

Além disso, essa Bruxa de Évora era uma senhora em situação social e de comportamento

atípicos para sua época. Vivia bem [ou seja, não passava dificuldades financeiras, materiais].

Tinha dinheiro proveniente da prestação de seus serviços mágicos e/ou técnicos-científicos.

Porém, consciente do espírito dos tempos medievais, não ostentava riqueza ou poder. Era

discreta, sabiamente. Andava pobremente vestida, Era seu jeito de ficar invisível e evitar

confrontos com as autoridades religiosas.

O LIVRO DA BRUXA QUE NÃO É DA BRUXA

Flos Sanctorium ou Flos-Santorio: Flor

dosSantos

Como todo ocultista, seja leigo ou erudito,

considerando uma figura histórica da Bruxa como

precursora ou símbolo de um mito, a Bruxa de

Évora, alfabetizada que era possuía ou devia possuir

seu próprio Livro [ou livros] de estudos e anotações

contendo fórmulas de elixires, ungüentos, poções,

rezas, rituais e outros saberes. Nos meios

exotéricos, o livro de registros pessoais de uma

bruxa é chamado Livro das Sombras.

Um possível Livro da Bruxa de Évora seria – ou foi

e é, um objeto que, se autêntico, atraiu e atrai

curiosidade e cobiça proporcional à força lendária de

sua suposta autora. Um objeto digno de um Museu

de história da cultura ocidental. De fato, este Livro é

um dos elementos mais explorados do folclore em torno da Bruxa; explorado, inclusive, no

mercado editorial.

Porém, o texto que tem atravessado séculos e que Amadeo Santander reproduz em seu Livro

da Bruxa (s/data), este texto é uma mutação de autoria desconhecida o suficiente para ser

considerado de domínio público. Na folha de rosto de uma edição recente Santander e/ou a

editora [seja lá quem for este autor] declara que a obra reproduz o único e autêntico

manuscrito... [cópia] do original extraído dos Flos Sanctorum, datado do tempo dos

mouros de Évora.

Esta informação é uma encruzilhada na pesquisa: ocorre que o Flos Sanctorum [ou Florilégio

dos Santos, Flor dos Santos] a princípio, é Hagiografia: um livro que reúne biografias de

santos [?!]. E a situação se complica posto que o Flos Sanctorum, segundo estudos é, por sua

vez, reedição de um livro mais antigo, A Lenda Áurea ou A Legenda Áurea que também é,

essencialmente, coletânea de vidas de santos, escrito-compilado por Jacobus de Voragine

[1230-1298, italiano, religioso dominicano, arcebispo de Gênova], datado em em torno do ano

de 1260.

A questão é: como pode, o Livro da Bruxa apresentado por A. Santander ser extrato, derivação

de um Flos Sanctorum de qualquer século? Tudo indica que o Livro da Bruxa não é, de modo

algum derivado de manuscritos de uma Bruxa de Évora. O nome da Bruxa, nesse caso, tal

como no caso do penitente Bruxo Cipriano é usado como atrativo de mercado. Caso simples de

propaganda enganosa. Em ambos os casos, os Livros atribuídos aos lendários autores são

coletâneas de simpatias e receitas populares, tradicionais, resgatadas do acervo da cultura

oral, misturadas com rezas e saberes práticos destinados a solucionar os problemas do corpo e

da alma do Homem medieval.

MAGIA PRÁTICA, MUITO PRÁTICA

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comentário ao conteúdo de O Livro da Bruxa de A. Santander

No livro de A. Santander as receitas mágicas, feitiços, oráculos, começam no CAPÍTULO III

com uma técnica muito útil, atemporal! que pode funcionar em qualquer época, para as

mulheres se livrarem dos homens quando estiverem aborrecidas de os aturar. A seguir,

uma receita infalível para as mulheres não terem filhos, tão útil quanto anterior ou mais,

método bastante tradicional, utilizando esponjas do mar introduzidas na vagina antes do coito,

truque já usado no Egito Antigo, por exemplo. Há magias para sedução, rejeição e fidelidade,

para prosperar no trabalho honesto ou desonesto. Oferece proteção contra inimigos, oráculos

para saber do presente e do futuro, feitiços e contra-feitiços.

O CAPÍTULO IV resgata a figura do mago egípcio Janes [que, juntamente com seu parceiro,

Jambres], que confrontou Moisés e Arão diante do Faraó com uma disputa de poderes

mágicos. Este personagem, o mago egípcio Janes, pouco lembrado nos dias correntes,

também é citado nos Livros de são Cipriano, fortalecendo as alusões a uma ligação, mestra-

discípulo entre o Santo Bruxo e a Bruxa de Évora. Em uma das versões da fim da vida da

Bruxa, ela é convertida ao cristianismo por Cipriano e termina sua vida como devota católica e

aia [camareira pessoal] de uma aristocrata.

Neste capitulo,continuam sendo listadas magias relacionadas com questões

mundanas,cotidianas,incluem ainda, receitas de beleza: Para conservar a formosura, para

afinar, limpar e clarear a pele, tingir os cabelos. Em uma das formulas o mago Jambres

promete: ...Fazer sumir do corpo e do rosto as verrugas, manchas e outras excrescências

da pele.

O CAPITULO V é dedicado à Pastoromancia, denominação imprópria, refere-se à chamada,

por ocultistas como Eliphas Levi [Alphonse Louis Constant, 1810-1875] e Papus [Gérard

Anaclet Vincent Encausse, 1865-1916], magia dos campos, da tradição dos pastores da

Sicilia, Itália. E não são propriamente magias.

São receitas, mais especificamente, medicinais, parte do arsenal curativo popular dos precários

tempos medievais. São remédios e rezas para combater, solitária [Taenia solium, verme

platelminto], hemorróidas, lesões musculares, surdez, dor de dentes, feridas, úlceras,

hemorragias, queimaduras, picada de insetos e animais peçonhentos e, é claro, receita contra

calos e verrugas.

O CAPITULO VI promete revelar o segredo alquímico da arte de fazer ouro. Porém, como

sempre acontece nesse tipo de "literatura" o texto nada fornece de aproveitável sobre o tema.

Aliás, passa longe de qualquer fórmula de produzir ouro.

São mencionadas umas poucas substâncias muito usadas em outras operações mágicas

registradas em outros manuais do gênero. Tais substancias seriam ingredientes-chave da

transmutação de materiais ordinários no precioso metal. Escreve Santander: Não faltam nos

livros verídicos [?] exemplos que comprovem essa operação. E ainda: Esta arte é de

grande facilidade [!] mas exposta a graves perigos porque não se pode executar em a

cooperação do demônio (SANTANDER, p 59).

É o demônio quem prepara e fornece certos pós empregados na transmutação. Dois metais e

uma outra substância são mencionados como ingredientes essenciais: argenteo vivo

[possivelmente interpretável como Alumínio (Al) mas muito mais provável que seja redundância

esclarecendo o azougue como sendo e elemento Mercúrio cujo símbolo é Hg provém da

designação latina – hydrargyrum que significa prata líquida.

De fato, o Mercúrio assemelha-se a uma prata buliçosa e vívida [por sua consistência entre o

fluido e o gel]; daí também a denominação azougue [para o mercúrio], aludindo a algo buliçoso,

que não para quieto. Finalmente, entre os ingredientes da transmutação comentada em O Livro

da Bruxa é mencionado um misterioso pó de Resh [Veja box ao lado].

Galiza ou Galícia é uma comunidade autônoma espanhola, fronteira com Portugal, situada a

noroeste da Península Ibérica. Sua capital é Santiago de Compostela, na província da Corunha.

As informações sobre estes tesouros foram alegadamente extraídas de um pergaminho que

teria sido encontrado nas ruínas do castelo mourisco de Altamira [abaixo] no ano de 1065.

Sobre o paradeiro do pergaminho (no século XX) diz o autor (Santander) que encontra-se [ou

encontrava-se...] em Barcelos, [cidade portuguesa, norte do país], na Biblioteca Acadêmica

Peninsular Catalã.

Muito danificado, o pergaminho tem partes carcomidas e em alguns casos não se entende bem

(SANTANDER, p 63]. Na verdade, todo o texto sobre os supostos Tesouros da Galiza não se

entende nada bem, por exigüidade de informações e/ou por arcaísmos nas denominações

topográficas, medidas de distância e valores.

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Os termos usados nos textos dos

173 (cento e setenta três) segredos

estão repletos de termos muito

antigos. Exemplos: Encruzilhada de

Lobios, distância de 32 homens...

depositamos 500 cunhos, na

ponte do Poderoso, à profundeza

de dois homens... [na]...

residência de frei Tramudo... um

haver de prata em rama... entre

dois troncos de pinheiro, etc.

Deste modo, as dezenas de

segredos que deveriam revelar ou

fornecer chaves de localização de

tesouros, parecem nada significar;

de nada servir aos caçadores das

arcas e das botijas perdidas.

Todavia, se um crédulo ou teimoso arriscar apostar em algumas das 173 dicas vai precisar

estudar exaustivamente para decifrar/traduzir os nomes de localidades, que mudaram muitas

vezes, identificar personagens históricos, descobrir e converter para termos atuais valores das

distâncias e das supostas riquezas.

CAPÍTULO VIII – ORÁCULO DOS SEGREDOS

REVELADOS PELA FEITICEIRA DE ÉVORA

São 108 estes segredos que o autor (Santander) classifica como maravilhosos. Porém o

capítulo, na realidade apenas reúne mais receitas, cujo teor oscila entre a superstição e o

curandeirismo mais popular.

Pretender fornece fórmulas para uma miríade de problemas da condição humana: desde a

prática de proezas sobrenaturais, remédios caseiros para questões domésticas mais ou menos

ordinárias ou, ainda artifícios para alcançar desejos pouco louváveis e, certamente, nada

cristãos.

Em termos gerais trata da saúde e higiene básicas, das virtudes de certas substâncias e de

outras coisas, dos truques mágicos para obter vantagens, das operações consideradas

sobrenaturais, como a levitação. São outros exemplos desses segredos textos que tratam de

assuntos como:

Em saúde e higiene – Cura de dores de cabeça, evitar pulgas, carrapatos, percevejos, piolhos,

formigas, moscas; são remédios par lombrigas, tosse, catarro. diarréia, desinteira; para evitar a

sarna, para conhecer enfermidades pelo exame da urina, para manter a castidade, para cobrir

os cabelos brancos. Para manter a castidade...

Sobre virtudes de substâncias e de certas coisas – Do vinagre, da urina, do ovo, da

Genebra, da Artemísia, do Jacinto, do sono, de peles descartadas na muda das cobras. Para

conhecer as enfermidades pelo exame da urina. Sobre as virtudes do sono.

Prodígios – Tirar o sal da água do mar. Separar água e vinho. Para que um cavalo pareça

manco não sendo. Para não sentir tédio nem cansaço em uma jornada. Para o fogo não

queimar. Descobrir infidelidades. Fabricar uma lâmpada invisível.

CAPÍTULO IX – FRENOLOGIA, ANTROPOMETRIA & FISIOGNOMIA

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Page 16: A Pedra Das Bruxas

Trata-se de conhecer os indivíduos pelo

estudo ou leitura do Crânio [fenologia], das

Proporções e aspectos das partes do Corpo

[antropometria] e dos traços do rosto

[fisiognomia]. Capítulo bastante curioso que,

muito provavelmente, mistura sabedoria

popular com idéias científicas que

tornaram-se populares.

Além disso, esse tipo de conhecimento é

matéria essencial para qualquer magista

e/ou ocultista, uma tema especial entre

todos os tópicos dos estudos das Ciências

Humanas [no ocultismo].

Embora estas ciências tenham origens muito

antigas, o texto de Santander em O Livro da

Bruxa é fundamentado nos estudos do

médico alemão Franz Joseph Gall (1758-1828, que mapeou crânio e cérebro segundo suas

supostas funções):

Gall, o notável médico e fisionomista... é o autor deste engenhoso sistema, que ensina a

descobrir, por claríssimo modo, as inclinações, vícios, paixões e virtudes de todas as

pessoas pelo simples exame e configuração do crânio. ...Não se pode por em dúvida a

lógica desse sistema. ... Os homens mais notáveis, tanto por seus talentos como por

seus crimes, raras vezes apresentam cabeças regulares [SANTANDER].

Santander fornece a lista das faculdades cerebrais, que são trinta associadas a trinta regiões

crânio-cérebro, mas não apresenta o mapa concebido por F. J. Gall. A seguir passa a tratar da

fisiognomia, estudo dos traços e formas do rosto fornecendo algumas dicas sobre a leitura

dessas características: formato, tamanho dos olhos, nariz, testa, boca, dentes, queixo, orelhas,

mãos, pés.

Também fala dos tipos físicos como um todo, considerando altura, compleição, postura. Porém,

o estudo apresentado por Santander muito superficial se comparado a outros publicados por

ocultistas mais eruditos, como Papus [Gerard Anaclet Vincent Encausse, 1865-1916].

CAPÍTULO X – CARTOMANCIA

Neste penúltimo capítulo, mais uma vez, misterioso manuscrito revelaria a técnica da suposta

Bruxa de Évora no ofício oracular de ler o destino das pessoas nas cartas de um baralho

comum.

Na misérrima choça que abrigava a bruxa, sua última morada antes da condenação e

num falso compartimento que lhe servia de dormitório, foi achado um manuscrito esta

nova arte de deitar as cartas, a que demos o nome de cartomancia cruzada e, ao que

parece, [desta técnica] a feiticeira começou a fazer uso depois de ter-se indisposto com

Satanás [supostamente, a Bruxa converteu-se ao Cristianismo por influência do também

ex-feiticeiro Cipriano – [p 139].

Observação: Na cartomancia, as cartas podem deitadas [tiradas e postas na superfície de um

plano] em disposição linear, uma ao lado da outra, é muito comum. A forma cruzada dispõe as

cartas de modo a formarem a figura de uma cruz, com uma tiragem de cinco cartas, por

exemplo. Isso isentaria a prática de tirar a sorte do estigma do pecado que consiste,

justamente, em fazer uso de oráculos. Meditemos...

CAPÍTULO XI – SOBRE ASSOMBRAÇÕES

Finalizando o Livro, Santander apresenta uma pequena coleção de casos de assombrações,

sem faltar a célebre casa assombrada de Atenas e referências a personagens do folclore

histórico, especialmente da península Ibérica, como: o Frade da Mão Furada e a Velha nos

telhados das casas. Crenças que chegaram ao Brasil colônia como atestam pesquisas de

estudiosos do assunto.

Fonte: Site Sofá da Sala - http://www.sofadasala.com

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