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UNIVERSIDADE DE LISBOA FACULDADE DE PSICOLOGIA A PERCEPÇÃO DO APOIO FAMILIAR NA ADAPTABILIDADE E PROJETOS VOCACIONAIS NA ADOLESCÊNCIA Francisca Falcão de Brito Fernandes MESTRADO INTEGRADO EM PSICOLOGIA (Secção de Psicologia da Educação e da Orientação) 2014

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UNIVERSIDADE DE LISBOA

FACULDADE DE PSICOLOGIA

A PERCEPÇÃO DO APOIO FAMILIAR NA

ADAPTABILIDADE E PROJETOS VOCACIONAIS NA

ADOLESCÊNCIA

Francisca Falcão de Brito Fernandes

MESTRADO INTEGRADO EM PSICOLOGIA (Secção de Psicologia da Educação e da Orientação)

2014

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UNIVERSIDADE DE LISBOA

FACULDADE DE PSICOLOGIA

A PERCEPÇÃO DO APOIO FAMILIAR NA

ADAPTABILIDADE E PROJETOS VOCACIONAIS NA

ADOLESCÊNCIA

Francisca Falcão de Brito Fernandes

Dissertação orientada por Professora Doutora Isabel Janeiro

MESTRADO INTEGRADO EM PSICOLOGIA (Secção de Psicologia da Educação e da Orientação)

2014

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iii

Agradecimentos

À Professora Isabel Janeiro, por ter sido um apoio incansável, pela disponibilidade

constante, pela força que sempre transmitiu e por acreditar sempre no desenvolvimento

deste trabalho;

Aos meus pais que sempre me mostraram a importância do trabalho, da dedicação e

por toda a motivação, apoio e amor que me deram.

À minha irmã Maria, pelo exemplo de perfeccionismo, de garra desmedida e por ser

sempre um modelo para mim.

Aos meus tios, por serem o reflexo de dedicação e por me ouvirem e aconselharem

todos os dias.

Ao Salvador, meu primo e irmão, pela forma como sempre me elogiou e me ouviu.

Às minhas amigas, que sempre me incentivaram, me deram força e sempre acreditaram

em mim.

Aos meus colegas de faculdade por toda a ajuda e motivação transmitidas.

À Camila, um agradecimento especial por ser a minha protectora e o meu anjo da

guarda.

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iv

Resumo

O contexto familiar tem sido designado como o principal influenciador do

desenvolvimento vocacional do jovem. A presente investigação insere-se no âmbito do

aconselhamento vocacional e tem como propósito adaptar para a língua portuguesa a

Family Influence Scale (FIS) e analisar a relação entre esta escala e os determinantes do

desenvolvimento vocacional Adaptabilidade de Carreira e Perspectiva Temporal, assim

como analisar a relação entre as diferentes sub-escalas da Adaptabilidade de Carreira e

o género.

Com vista a alcançar esse propósito, o presente estudo foi dividido em duas

partes. Numa primeira parte foi feita a adaptação para língua portuguesa da escala

americana Family Influence Scale sendo posteriormente explorada a relação entre esta

escala e os determinantes do desenvolvimento vocacional. Participaram nesta

investigação 151 estudantes que frequentavam o 9º ano de escolaridade numa escola

pública portuguesa. A análise de componentes principais apontou a presença de quatro

componentes com níveis de consistência interna adequados. Os resultados encontrados

apoiaram a relação existente entre determinadas dimensões familiares e alguns

indicadores de desenvolvimento vocacional.

Assim, a percepção do apoio informativo mostrou estar positivamente

relacionada com a preocupação de carreira e orientação para o futuro assim como com a

curiosidade de carreira. O apoio financeiro relacionou-se positivamente apenas com

uma orientação para o futuro. Por outro lado, as expectativas familiares

correlacionaram-se negativamente com as dimensões da preocupação, curiosidade, e

confiança de carreira. Por fim, a percepção das crenças e valores dos adolescentes

demonstrou estar relacionada positivamente com a sub-escala consulta da

adaptabilidade de carreira e relacionada negativamente com a sub-escala preocupação.

Por fim, a investigação concluiu que as raparigas demonstraram estar mais

preocupadas com o seu desenvolvimento vocacional do que os rapazes. Em termos

gerais, neste estudo discutem-se as implicações dos resultados para a intervenção

vocacional.

Palavras-chave: Adolescência, Desenvolvimento Vocacional, Escala de Influência

Familiar, Adaptabilidade de Carreira, Perspectiva Temporal.

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Abstract

The family context has always been designated as the primary influencer of

youth’s vocational development. This study aims to adapt the American Family

Influence Scale to Portuguese language and analyse the relationship between this scale

and the determinants involved in vocational development, career adaptability and

temporal perspective, as well as to analyse the relationship between different sub-scales

of career adaptability and variables such as gender. In order to achieve this purpose, this

study was divided in two parts. Firstly was made the translation of the American Family

Influence Scale to Portuguese language, and subsequently, the relationship between this

scale and the determinants of vocational development was explored. In this study

participated 151 students attending the 9th grade in a public Portuguese school.

Principal components analysis indicated the presence of four components with adequate

internal consistency, the same as in American version. The results supported the

relationship between certain family dimensions and some determinants of vocational

development.

Thus, the perception about informational support was positively related to career

concern and future orientation as well as curiosity. Financial support was related

positively only as an orientation to the future. On the other hand, family expectations

were negatively correlated with concern, curiosity and confidence. The perception of

the beliefs and values of adolescents demonstrated to be positively related to sub-scale

consultation in career adaptability and negatively related to sub-scale concern.

Finally, this research demonstrated that girls tend to be more concerned with

their vocational development than boys. This study discusses the implications of the

results for vocational intervention.

Keywords: Adolescence, Career Development, Family Influence Scale, Adaptability

Career, Temporal Perspective

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Índice

Introdução ......................................................................................................................... 1

Capítulo 1 – Enquadramento Teórico ............................................................................... 3

1.1. Desenvolvimento vocacional na adolescência ....................................................... 3

1.2. Teoria do desenvolvimento de Super ..................................................................... 5

1.3 Teoria da construção de carreira de Savickas ....................................................... 10

1.4 O papel da família no desenvolvimento de carreira............................................. .12

1.5. Influência das variáveis contextuais específicas no desenvolvimento de carreira:

apoio informativo; apoio financeiro; expectativas familiares; crenças e valores ....... 16

Capítulo 2 – Método ....................................................................................................... 20

2.1. Instrumentos ......................................................................................................... 20

2.1.1. Questionário de Dados Sócio-Demográficos ................................................ 20

2.1.2. Escala de Influência Familiar ....................................................................... 20

a) Versão Americana ............................................................................................... 20

b) Tradução e Adaptação para Português .............................................................. 21

2.1.3. Inventário de Maturidade de Carreira ........................................................... 21

2.1.4. Inventário de Perspectiva Temporal ............................................................. 22

2.2. Procedimentos ...................................................................................................... 22

2.2.1. Condições de Aplicação ................................................................................ 22

2.2.2. Participantes .................................................................................................. 23

Capítulo 3 – Resultados .................................................................................................. 24

3.1. Análise das Características Psicométricas da Escala de Influência Familiar ...... 24

3.1.1. Estatísticas Descritivas ao Nível dos Itens .................................................... 24

3.1.2. Análise Factorial ............................................................................................ 25

3.2. Análise das Características Psicométricas do CMI e do IPT e as suas correlações

com a FIS .................................................................................................................... 29

3.3. Comparação dos Resultados Médios segundo a Variável Sexo .......................... 30

Capítulo 4 – Discussão e Conclusão............................................................................... 31

Referências Bibliográficas .............................................................................................. 38

Índice de Tabelas ............................................................................................................ 46

Anexos ……………………………………………………………………………… 47

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1

Introdução

A literatura no campo da psicologia vocacional é, em geral, consensual quanto à

relevância do contexto familiar para o desenvolvimento vocacional. De facto, são

muitas as investigações que mencionam o contexto familiar como o contexto principal

ou de maior influência no desenvolvimento vocacional (Whiston & Keller 2004). No

entanto, os estudos empíricos que relacionam especificamente a influência parental com

o desenvolvimento de carreira têm apresentado resultados de alguma forma

contraditórios (Keller & Whiston, 2008). Segundo Hargrove, Inman e Crane (2005) e

Whiston e Keller (2004) os resultados inconsistentes nos estudos que pretendem

analisar a influência da família no desenvolvimento de carreira podem ser explicados

pela dificuldade na operacionalização dos conceitos, assim como pela utilização de

distintas variáveis e medidas na análise da influência da família no desenvolvimento de

carreira.

Tal como Hargrove, Creagh & Burgess (2002) referem, de modo a desenvolver o

conhecimento sobre a natureza da relação entre o contexto familiar e o desenvolvimento

de carreira, torna-se premente incentivar a utilização de dimensões familiares mais

facilmente operacionalizáveis na investigação como potenciais influenciadoras do

desenvolvimento vocacional.

A generalidade dos estudos que tem como propósito investigar a relação entre o

contexto familiar e o desenvolvimento de carreira foca-se preferencialmente na forma

como os pais influenciam os seus filhos, sendo que para autores como (Chope, 2005)

será fulcral focar a atenção igualmente na importância da influência família global na

compreensão da construção de carreira do indivíduo.

As investigações realizadas no campo vocacional têm dado um grande enfoque à

compreensão das dinâmicas da Adaptabilidade de Carreira e da Perspectiva Temporal,

como indicadores relevantes do desenvolvimento vocacional do adolescente. Por

conseguinte, julga-se pertinente que nesta investigação se analise a dinâmica existente

entre a dimensão familiar e os dois determinantes do desenvolvimento vocacional.

Desta forma, um dos objectivos da presente dissertação assenta na adaptação para

a língua portuguesa de um instrumento de avaliação da influência percebida da família

no desenvolvimento de carreira, a Family Influence Scale (FIS) com o intuito de avaliar

a percepção dos jovens acerca do apoio informativo, financeiro, das expectativas

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familiares e ainda das crenças e valores dos seus familiares, no seu desenvolvimento de

carreira.

Uma vez realizada a adaptação do instrumento para a língua portuguesa, outro dos

propósitos deste trabalho assenta também na exploração da relação existente entre as

dimensões percepcionadas através da FIS e a sua relação com os indicadores de

desenvolvimento vocacional: Adaptabilidade Vocacional e Perspectiva Temporal. Por

fim é feita uma comparação entre géneros no apoio familiar percebido e nas várias

dimensões da adaptabilidade de carreira.

Considerando os objectivos do estudo descritos anteriormente, o presente trabalho

de investigação apresenta-se distribuído em quatro capítulos diferenciados. O primeiro

capítulo refere-se ao enquadramento teórico, onde primeiramente se faz alusão a

algumas das teorias desenvolvimentistas e construtivistas referentes ao desenvolvimento

da carreira. Posteriormente é descrito o papel da família no desenvolvimento de carreira,

nomeadamente a sua ampla influência nas dimensões da Maturidade vocacional e da

Perspectiva Temporal. No final deste capítulo apresenta-se um referencial teórico

alusivo a um conjunto de variáveis contextuais familiares específicas e a sua influência

no desenvolvimento de carreira do sujeito.

De seguida, o segundo capítulo desta investigação refere-se à metodologia posta

em prática para o desenvolvimento do estudo, assentando na descrição dos instrumentos

utilizados, na referência aos procedimentos e condições de aplicação e à apresentação

dos participantes.

Por sua vez, o terceiro capítulo assenta na exposição dos resultados obtidos na

investigação fruto da aplicação de um Questionário Sócio-demográfico, da Escala de

Influência Familiar, do Inventário de Perspectiva Temporal e do Inventário de

Maturidade de Carreira.

Por fim, o quarto e último capítulo do trabalho apresentam a discussão dos

resultados obtidos, as conclusões retiradas, bem como nas limitações da investigação.

Em jeito de conclusão são ainda apresentadas potenciais implicações práticas e

investigativas que permitirão dar continuidade às temáticas abordadas em investigações

futuras.

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Capitulo 1 – Enquadramento Teórico

1.1 - Desenvolvimento vocacional na adolescência

De acordo com as perspectivas desenvolvimentistas (Gottfredson, 1981; Super,

1957; Vondracek, Lerner & Schulenberg, 1986), o desenvolvimento vocacional pode

ser compreendido como um processo contínuo que se estende ao longo de toda a vida

do indivíduo, iniciando-se na infância e desenrolando-se até à velhice. Segundo

Gonçalves e Coimbra (2007), o desenvolvimento vocacional envolve a concepção,

implementação e reformulação de projectos de vida ao longo do ciclo de vida do

indivíduo.

O campo do desenvolvimento vocacional pautou-se desde sempre pela crença de

que as variáveis de ordem pessoal (e.g. os valores, as capacidades e os interesses) eram

as dimensões que exerciam a maior influência no desenvolvimento de carreira, em

detrimento de factores contextuais como é o caso da família de origem (Patton &

Machmahon, 1999). No entanto e, segundo Lent e colaboradores (2002) os factores

contextuais desempenham um papel relevante na forma como moldam a relação entre os

interesses do indivíduo, a construção dos seus objectivos profissionais e

consequentemente a sua escolha de uma carreira.

Bronfenbrenner (1986), na sua teoria sobre os sistemas ecológicos salienta a

importância dos múltiplos contextos em que os indivíduos estão inseridos, sublinhando

o facto do indivíduo e o contexto se influenciarem mutuamente na construção de

projectos de vida. De acordo com o autor, os sujeitos constroem os seus projectos

pessoais através da relação recíproca que estabelecem com diferentes sistemas,

destacando a família como o sistema de maior importância no desenvolvimento

individual. Na realidade, esta teoria foi umas das primeiras abordagens a encarar o

desenvolvimento de carreira como fruto de factores pessoais e contextuais na vida do

indivíduo (Patton & McMahon, 1999). Na mesma linha de pensamento, Vondracek,

Lerner e Schulenberg (1986), na sua teoria desenvolvimentista contextualista, definiram

o desenvolvimento de carreira como o produto de três componentes-chave: a pessoa, o

contexto, e a interacção entre estes, pressupondo mudanças ao longo da life span.

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Roe (1957) foi umas das autoras pioneiras no estudo das variáveis familiares e da

sua associação com o desenvolvimento de carreira. Fundamentada pela importância das

experiências precoces desenvolvidas pelas crianças com os pais e pelas atitudes

parentais diferenciadas, a teoria de Roe sustentava que as diferenças existentes nas

experiências e atitudes proporcionadas pelos pais para com as crianças, tendiam a

originar no futuro diferenças no processo orientação de carreira das crianças.

A adolescência é o estádio da vida com maior enfoque nos estudos do

desenvolvimento de carreira, uma vez que é durante este período que o indivíduo se

compromete a fazer as suas primeiras escolhas neste âmbito (Sharf, 2006). O 9º ano, a

par com o 12º ano de escolaridade, apresentam-se como duas das fases de transição

mais investigadas nos estudos preconizados no campo do desenvolvimento vocacional.

Focando a adolescência, Seligman (1994) define-a como um período de transição

marcado por oscilações comportamentais infantis e adultas e pelo desejo do indivíduo

em encontrar um significado para si e para as suas vidas, através de tentativas de

integração de valores, capacidades, interesses e emoções.

Durante esta fase de vida, o sujeito começa por desenvolver o seu pensamento

abstracto, adquirindo assim uma melhor capacidade para solucionar os seus problemas

e, consequentemente para iniciar o seu planeamento de carreira (Sharf, 2006). Embora

os seus planos de carreira sejam congruentes com o seu auto–conceito, os adolescentes

necessitam ainda de explorar as suas capacidades, identificar os seus interesses e o

mundo do trabalho, previamente a tomarem uma decisão de carreira (Seligman,1994).

O desenvolvimento da sua capacidade de planeamento permitirá que o

adolescente imagine no futuro diferentes possible selves, perspectivando a sua carreira

em termos de life span (Sharf, 2006).

O referencial teórico do desenvolvimento vocacional de Gottfredson (1981)

evidencia que no quarto e último estádio denominado por “ Orientação para o self

íntimo e único” (14 anos para cima) o indivíduo adquire uma maior consciência de si e

guia o seu comportamento na procura de uma ocupação que vá ao encontro do seu “eu

pessoal e psicológico”. Com este propósito, o sujeito tende a identificar quais as suas

alternativas preferenciais e mais facilmente alcançáveis, no grupo de opções que este

considera aceitáveis para si. Neste processo, o sujeito vai eliminando ocupações que

compreende ou percepciona como inadequadas para si, tendo em conta o seu “eu

pessoal e psicológico”. Estudos empíricos realizados com adolescentes constataram que

os estudantes que se sentem mais competentes e/ou capazes academicamente tendem a

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elevar as suas aspirações, contrariamente aos sujeitos que se percepcionam menos

competentes e/ou capazes que tendem a reduzir as suas aspirações de carreira

(Seligman, 1994).

1.2. Teoria do desenvolvimento de Super

Super (1990) foi um importante percursor no campo teórico e prático construído

ao longo dos tempos no âmbito do desenvolvimento vocacional (Patton & McMahon,

1999). O autor destacou-se primeiramente pela sua teoria intitulada de life span, life

space (Super, 1957, 1990; Super, Savickas & Super, 1996) que assentava em três

principais premissas: a passagem dos indivíduos por um conjunto de estádios

desenvolvimentistas marcados por tarefas que necessitavam ser ultrapassadas (life

span); o aglomerado dos principais papéis de vida desempenhados pelos indivíduos (life

space) e a implementação do auto-conceito do sujeito nesses papéis de trabalho e de

vida.

Caracterizada pelo seu carácter contínuo, dinâmico e contextual a teoria de Super

(1957,1990) defende que é através de pressupostos como a auto-observação, as

experiências vivenciadas pelo sujeito, as interacções sociais por este estabelecidas e o

feedback proporcionado por diversos agentes que o sujeito constrói um conjunto de

crenças sobre o self e sobre a forma como este actua em diferentes papéis de vida e em

distintas situações, por outras palavras, é a partir destes pressupostos que o sujeito

constrói o seu auto-conceito.

Na concepção de life-span que assenta no carácter desenvolvimentista da

construção de carreira, Super (1957,1990) faz referência a cinco estádios de

desenvolvimento caracterizados especificamente por um combinado de tarefas

determinadas pelas expectativas e responsabilidades decorrentes da sociedade.

Os estádios de desenvolvimento descritos por Super (1957, 1990) denominam-se

por: Crescimento, Exploração, Estabelecimento, Manutenção e Declínio. Neste trabalho

são referidos os dois primeiros estádios de desenvolvimento preconizados por Super,

uma vez que exclusivamente estes dizem respeito à fase da adolescência.

No primeiro estádio - estádio de crescimento ( dos 4 aos 14 anos) espera-se que o

sujeito construa e desenvolva o seu auto-conceito, influenciado fortemente pelos seus

modelos familiares. Deste ponto de vista, neste período desenvolvimentista, a dimensão

da família desempenha um papel relevante na criação do auto-conceito do sujeito,

nomeadamente na forma como guia o sujeito no início da sua actividade exploratória,

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influenciando o mesmo no desenvolvimento de papéis sociais (Super, Savickas &

Super, 1996).

Tendencialmente entre os 14 e os 24 anos o indivíduo encontra-se no estádio

exploratório. Na realidade, prevê-se que o indivíduo que se encontra neste estádio

esteja apto para escolher domínios de interesse e de competências vocacionais que são

consequência do seu auto-conceito e que, simultaneamente tendem a moldá-lo. Nesta

fase, o sujeito adquire igualmente a capacidade para implementar essas escolhas

vocacionais que vão ao encontro do seu “eu pessoal e psicológico” (Super, Savickas &

Super, 1996).

No seu referencial teórico Super (1990), preconiza que é a dimensão da

maturidade de carreira que permitirá ao indivíduo ultrapassar com sucesso o estádio em

que encontra e, por conseguinte, encaminhá-lo para o estádio seguinte.

Na sua teoria desenvolvimentista, Super (1955) considera a maturidade de carreira

como um constructo nuclear, sendo esta compreendida como o estado de prontidão do

indivíduo para ultrapassar as tarefas desenvolvimentistas próprias de cada estádio de

desenvolvimento com o qual este se depara ao longo do seu desenvolvimento

vocacional. Na teoria de Super (1957, 1990; Super et al., 1996) esta prontidão

individual associa-se particularmente à fase exploratória do indivíduo.

A maturidade de carreira, preconizada como um constructo fundamental no

desenvolvimento de carreira pressupõe dois domínios diferenciados. Quer isto dizer

que, num domínio atitudinal o indivíduo maduro deverá estar apto para planear a sua

carreira e para se envolver activamente na exploração de uma ocupação futura. Por sua

vez, apoiando-se numa dimensão de carácter mais cognitivo, o sujeito que apresenta

adequados níveis de maturidade vocacional deverá possuir conhecimento acerca de

possíveis ocupações futuras, bem como deve colocar em prática as suas decisões de

carreira de forma eficaz (Super, 1990).

Deste ponto de vista (Super,1990) afirma que a maturidade vocacional é o

resultado da interacção presente entre a pessoa e o meio, assente na componente

afectiva, física, social e cognitiva do indivíduo (Super, Savickas & Super, 1996).

Segundo Savickas e Porfeli (2011), um sujeito que apresenta níveis adequados de

maturidade vocacional tende a envolver-se activamente no processo de decisão de

carreira, explorando o seu “eu” e o mundo do trabalho. Este sujeito percepciona em si

capacidades para tomar decisões realistas, tendo em consideração factores interpessoais

na delimitação dos seus objectivos.

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Pelo que foi referido anteriormente, prevê-se deste modo que um indivíduo que

apresente um adequado grau de maturidade de carreira esteja psicologicamente

preparado para prosseguir com o seu desenvolvimento de carreira (Seligman,1994) e

tenda a construir uma carreira pautada pelo sucesso (Powell & Luzzo, 1998).

Para explicar o desenvolvimento da maturidade de carreira, Super (1990)

apresentou o modelo interactivo da pessoa-contexto das bases da Maturidade

Vocacional. Este modelo fundamenta-se na identificação de um conjunto de factores

que se interligam entre si e que concomitantemente influenciam o processo de tomada

de decisão de carreira do indivíduo (Super, 1950).

Este modelo assenta primeiramente no conceito de curiosidade como base e motor

no processo de tomada de decisão do indivíduo. Desta forma, e com o propósito de

satisfazer a sua curiosidade, o sujeito actua numa contínua exploração do seu “eu” e do

ambiente que o rodeia, possibilitando-lhe adquirir a informação necessária de que

necessita. As figuras-chave ou modelos, isto é, pessoas que são escolhidas pelas

crianças para serem imitadas representam uma fonte que propicia e fomenta a aquisição

de informação relevante acerca do mundo do trabalho (Super,1990).

Através da actividade exploratória e da informação proporcionada pelos role

models (e.g. pais, professores e figuras públicas), a criança começa por desenvolver os

seus interesses individuais, identificando o que gosta e o que não gosta. O sucesso na

sua exploração e o efeito dos modelos tendem a favorecer o desenvolvimento de um

sentimento de controlo da criança sobre si mesma, sobre o seu futuro e sobre as

actividades que realiza. Este sentimento de controlo propiciará o indivíduo a

desenvolver uma noção de tempo, pensando em objectivos futuros e antecipando o

planeamento dos mesmos. A Perspectiva Temporal simultaneamente com o

desenvolvimento do auto-conceito serão responsáveis por determinar o planeamento de

carreira e por conseguinte, a tomada de decisão de carreira (Super, 1990).

Este conceito nuclear do campo vocacional viu-se posteriormente permutado pelo

constructo psicossocial designado por adaptabilidade de carreira (Savickas, 1997). Quer

isto dizer que, no campo do desenvolvimento de carreira, alargou-se o conceito de

maturidade de carreira (entendido como a necessidade de ultrapassar um conjunto de

tarefas de desenvolvimento previsíveis), de forma a compreender também a contínua

necessidade do indivíduo responder e de se adaptar a novas circunstâncias e

imprevisibilidades durante toda a carreira. Deste modo, o conceito de adaptabilidade de

carreira permitiu que a explicação do desenvolvimento de carreira não ficasse confinada

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apenas às crianças e adolescentes, mas também abrangesse a faixa etária dos adultos

(Savickas, 1997).

Não obstante a importância enquanto teoria, o modelo das bases da maturidade

vocacional demonstrou igualmente a sua viabilidade no desenvolvimento de novas

tipologias de intervenção vocacional, centradas na promoção dos diversos determinantes

do desenvolvimento vocacional, como é o caso da Perspectiva Temporal (Janeiro,

2010).

Como referido anteriormente, a literatura salienta a Perspectiva Temporal como

uma dimensão subjacente ao desenvolvimento da maturidade de carreira, uma vez que

este constructo desempenha um papel relevante no modo como propicia o

comportamento exploratório do sujeito e, por conseguinte, o seu planeamento de

carreira (Janeiro, 2008).

A Perspectiva Temporal tem vindo a ser considerada como a dimensão

psicológica responsável pela organização e codificação dos acontecimentos de vida do

indivíduo, assente em diferentes marcos temporais como o passado, presente e o futuro

(Boyd & Zimbardo, 2005).

A investigação tem notado que cada indivíduo tende a situar-se numa zona

temporal predominante, centrada no presente, passado ou futuro (Ortuño & Janeiro,

2010), todavia, Keough, Boyd & Zimbardo (1999) notam que uma perspectiva temporal

balanceada é aquela que mais se adequa ao desenvolvimento individual.

Diversas investigações têm sido levadas a cabo com o propósito de averiguar de

que forma diferentes orientações temporais se relacionam com a motivação e

determinados comportamentos do indivíduo.

Na vasta literatura acerca desta temática, a orientação temporal para o presente

tem sido associada a comportamentos de risco, tais como o consumo de substâncias e

álcool (Zimbardo Keough & Boyd , 1997), ao passo que a orientação para o futuro tem

sido relacionada com o investimento escolar (Peetsman, 2000). O estudo sobre a

perspectiva temporal de futuro tem revelado efectivamente grande pertinência para a

investigação nos campos da motivação e do comportamento humano (Janeiro, 2012;

Lens, Paixão, Herrera & Graber, 2012). Com efeito, a Orientação para o Futuro centra-

se especificamente na idealização de acontecimentos e expectativas passíveis de serem

concretizados no futuro, que se reflectem nas cognições, motivações e comportamentos

do indivíduo (Zimbardo & Boyd,1999).

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De acordo com Nurmi (1991), a Orientação Temporal de Futuro integra três

estádios psicológicos que envolvem a motivação, o planeamento e a avaliação da acção.

Explicitando esta dinâmica, é a motivação que compreendida como a força

impulsionadora, propicia o indivíduo a pensar acerca dos objectivos e desejos que visa

alcançar no futuro. Por conseguinte, esta motivação origina tendencialmente um

planeamento de carreira, que se reflecte na colocação prática de planos que o indivíduo

vai desenvolvendo para sua vida com o propósito de conseguir alcançar os seus

objectivos. Por último, o indivíduo centra-se na avaliação da situação de forma a

reflectir sobre a possibilidade de alcançar os seus objectivos e/ou reformulá-los.

Assente na ideia de Super (1990) que preconiza que uma orientação para o futuro

pressupõe um planeamento de carreira mais adaptado, depreende-se que os sujeitos que

se encontram mais orientados para o futuro tendem a tomar as suas decisões de carreira

de forma mais adequada. Diversos estudos empíricos têm vindo a confirmar esta

assumpção (Super,1990). Num estudo realizado com estudantes portugueses e com

recurso a modelos de equações estruturais, Janeiro (2010) confirmou a existência de

efeitos significativos e importantes da perspectiva temporal de futuro nas atitudes de

carreira, salientando assim a importância dos objectivos e de uma visão optimista do

futuro como determinante para o desenvolvimento do processo de exploração e

planeamento vocacional.

De igual modo, uma investigação empírica levada a cabo com adolescentes

italianos constatou que os jovens que demonstravam um maior envolvimento no seu

desenvolvimento vocacional apresentavam igualmente níveis de motivação mais

adequados e pareciam comprometer-se mais activamente na execução dos seus

objectivos futuros (Ferrari, Nota & Soresi, 2010).

Na mesma linha Paixão (2004) concluiu que os sujeitos que apresentavam um

comportamento exploratório mais adequado e que simultaneamente demonstravam uma

maior capacidade para se adaptar ao seu percurso vocacional tendiam a desenvolver

objectivos de carreira a longo prazo.

Dada a relevância inerente da dimensão da perspectiva temporal no campo da

psicologia vocacional, vários autores têm-se debruçado na investigação das diferenças

de género relativas à natureza da variável em questão. Deste modo, num estudo de

Janeiro (2006), a autora constatou que no 9º e 12ºanos as raparigas manifestavam

tendencialmente um maior número de atitudes de exploração de carreira,

comparativamente aos rapazes. Na mesma linha Walker e Tracey (2012) constataram

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10

que o sexo feminino demonstrava uma maior preparação e envolvimento no

planeamento e tomada de decisão de carreira quando comparada com o sexo masculino.

1.3. Teoria de construção de carreira de Savickas

A reestruturação das ocupações, as novas exigências no exercício da profissão,

bem como a instabilidade e imprevisibilidade do mundo do trabalho ilustram algumas

das mudanças quem têm surgido ao longo dos anos e que exigem uma nova visão do

conceito de desenvolvimento de carreira (Savickas, 2013). Uma vez que os moldes em

que a carreira se constrói e se desenvolve na actualidade diferem da forma como esta

era encarada e vivida no passado, surge a necessidade de se reflectir sobre novos

conceitos e abordagens que permitam explicar de que forma o indivíduo constrói a sua

carreira (Savickas, 2013).

Partindo dos contributos teóricos de Super (1990), Savickas (2013) apresenta

uma nova teoria de carreira que visa proporcionar uma maior compreensão da

construção de carreira na actualidade, assumindo que a mesma necessita ser

compreendida, de um ponto de vista contextualista e construtivista. A carreira,

anteriormente entendida como o conjunto de posições ocupadas pelo indivíduo desde a

escola até à reforma, é, segundo esta teoria, definida como um padrão das experiências

vividas pelo indivíduo, assim como o significado e importância atribuídos às mesmas

(Savickas, 2013).

O autor destaca na sua teoria o papel que a perspectiva diferencial,

desenvolvimentista e narrativa da psicologia apresentam no desenvolvimento do seu

corpo teórico. Atentando na perspectiva narrativa do aconselhamento vocacional, o

autor enfatiza o papel desempenhado pelas narrativas de identidade, compreendidas

como uma fonte de informação para o psicólogo acerca da forma como os sujeitos

lembram os acontecimentos, e apreendem as suas experiências. No seu referencial

teórico Savickas (2013), defende que esta dimensão proporcionará uma compreensão

acerca dos temas de vida dos indivíduos e o significado que lhes está subjacente.

Na perspectiva diferencial, Savickas (2013), salienta as diferenças individuais

atendendo aos valores, interesses e capacidades diferenciados, que possibilitam a

adaptação do sujeito a novos contextos e situações, permitindo por isso que o sujeito

invista em novas possibilidades ao longo do seu desenvolvimento de carreira.

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11

Para concluir, o autor aborda na sua teoria construtivista, a dimensão da

adaptabilidade de carreira, descrita como um constructo psicossocial marcado pela

capacidade para ultrapassar tarefas desenvolvimentistas, problemas e transições assim

como pressupõe adaptação a novos contextos e possibilidades (Savickas, 2013).

Com efeito, de acordo com Savickas (2013) é através desta capacidade do

indivíduo para transpor tarefas e problemas e para se adaptar aos imprevistos da sua

vida que o sujeito constrói a sua carreira. Ou seja, é a adaptabilidade de carreira

preconizada por um conjunto de estratégias colocadas em prática pelo sujeito que

permite que o sujeito implemente o seu auto-conceito nos diversos papéis ocupacionais

que desempenhará na sua vida, possibilitando-lhe a construção da sua carreira

(Savickas, 2013).

Como referido anteriormente, a adaptabilidade de carreira integra um conjunto de

estratégias e recursos que possibilitam que o sujeito construa a sua carreira,

ultrapassando desta forma as tarefas e problemas com que se depara e adaptando-se a

novas situações. Assim, as quatro dimensões que permitirão a construção de carreira do

sujeito comprometem atitudes, crenças e competências de carreira diferenciadas no

sujeito (Savickas, 2013).

A primeira e mais importante dimensão é definida como Preocupação de carreira

e como o próprio nome indica, caracteriza-se pela preocupação do sujeito em escolher

uma ocupação para o seu futuro. Efectivamente, estar preocupado com o

desenvolvimento de carreira pressupõe que o indivíduo desenvolva os seus planos de

forma consciente, atentando à necessidade de ultrapassar tarefas, transições e escolhas

que o conduzam para os seus objectivos futuros. Desta maneira, um sujeito preocupado

é aquele que se envolve em actividades e experiências propiciadoras das suas

competências de planeamento de carreira (Savickas, 2005).

A Curiosidade, por sua vez, é igualmente uma das dimensões da adaptabilidade

de carreira. Esta estratégia ou recurso encontra-se intimamente ligada a uma atitude

inquisitória por parte do sujeito, que tende a fomentar o seu comportamento

exploratório e que se caracteriza pela preocupação em adquirir informação ocupacional

(Savickas,2005). Por outras palavras, o indivíduo curioso é aquele que se questiona

sobre si e sobre o mundo, mostrando-se receptivo a novas experiências que lhe darão a

possibilidade de experimentar novos selves e papéis de vida. Através destas

experiências desenvolvidas o sujeito vai actualizando o seu auto-conceito.

(Savickas,2005).

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De modo a adaptar-se adequadamente às imprevisibilidades e possibilidades que

surgem ao longo do desenvolvimento de carreira, Savickas faz referência a uma

dimensão denominada de Confiança, referindo que esta estratégia se encontra associada

à crença que o indivíduo possui para decidir de forma eficiente (Savickas & Porfeli,

2011). Uma vez que as escolhas e decisões de carreira pressupõem à partida problemas

e desafios que necessitam de ser resolvidos e ultrapassados, o indivíduo confiante é

aquele que tenderá a antecipar eficazmente a solução para o seu problema (Savickas,

2005).

Por último, a Consulta é compreendida como a última dimensão da adaptabilidade

de carreira e aquela em que o indivíduo procura o aconselhamento de outros sujeitos

para o ajudar a colocar em prática as suas decisões de carreira. Os conselhos dados

pelos diversos agentes assentam fundamentalmente na forma como se devem

concretizar escolhas realistas e eficazes, em detrimento de uma escolha de uma

ocupação específica (Savickas & Porfeli, 2011).

Importa ainda mencionar que existem estudos que demonstram que sujeitos com

menores níveis de preocupação, curiosidade, confiança e consulta tendem a demonstrar

uma maior dificuldade de adaptação às tarefas e imprevisibilidades que surgem ao longo

da carreira (Savickas, 2013).

1.4. Papel da Família no Desenvolvimento de Carreira

A família tem vindo a ser considerada desde sempre como um dos contextos mais

importantes na dinâmica do desenvolvimento vocacional (e.g. Gonçalves & Coimbra,

2007; Super 1950).

No entanto, o foco de investigação dos primeiros estudos referentes à dinâmica

familiar assentava sobretudo na importância de variáveis estruturais como o nível de

escolaridade ou nível ocupacional dos pais, destacando estes factores como sendo

preditivos do desenvolvimento vocacional do adolescente (Whiston & Keller, 2004).

Contudo, a generalidade das investigações realizadas nos últimos anos têm-se centrado

sobretudo no estudo da influência parental no desenvolvimento vocacional, através do

estudo dos sistemas familiares (Bratcher, 1982), dos tipos parentais (Baumrind,1966) e

dos estilos de vinculação (Blustein 1991, 1995, 2002).

Bratcher (1982) contribuiu com o seu referencial teórico para a investigação sobre

a influência da família na escolha de carreira, assentando a sua ideologia numa

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perspectiva psicológica e sociológica. O autor, baseando-se no corpo teórico dos

sistemas familiares, advoga que os princípios, as crenças e os mitos transmitidos na

família, ao longo de gerações influenciam o desenvolvimento de determinados

comportamentos e atitudes no sujeito. De acordo com a presente teoria, a construção

dos projectos de vida dos sujeitos é moldada pelas barreiras (internas ou externas)

percebidas pelos jovens.

Baseando-se na teoria dos sistemas familiares, Lopez e Andrews (1987)

constataram que a indecisão vocacional dos adolescentes poderá ser explicada pela

dinâmica familiar de determinados pais que se envolvem de modo excessivo nas

trajectórias vocacionais dos seus filhos, promovendo uma maior dificuldade de decisão

no sujeito no que respeita às suas escolhas vocacionais. Assim, os filhos ao

percepcionarem o exagerado comprometimento dos seus pais nos seus percursos

vocacionais tendem a manifestar um maior nível de indecisão de carreira que está

subjacente à dificuldade dos mesmos em decidirem escolher uma carreira que vai ao

encontro dos seus interesses, ou por outro lado, uma carreira que seja imposta pelos

seus familiares (Lopez & Andrews, 1987).

Outros autores como Whiston (1996) também se debruçaram sobre o estudo do

papel da família no desenvolvimento de carreira, nomeadamente na sua relação com a

auto-eficácia na decisão de carreira e com o sentimento de segurança percepcionado

pelo sujeito no momento da escolha de carreira. Na sua investigação, a autora constatou

que as raparigas pertencentes a um meio familiar controlado e organizado tendiam a

necessitar de um menor apoio familiar para tomar as suas decisões, uma vez que estas se

sentiam mais seguras e confiantes nas decisões que levavam a cabo.

Igualmente, Keller e Whiston (2008) constataram que os pais que consideram a

idiossincrasia dos seus filhos e, que por conseguinte, consideram os seus objectivos e as

suas opiniões, tendem a promover nos seus filhos maiores níveis de auto-eficácia na

tomada de decisão e níveis mais elevados de maturidade vocacional.

Blustein (1991, 1995, 2002) foi um dos autores mais emblemáticos nas

investigações sobre a relação entre a dimensão familiar e o desenvolvimento de carreira,

focando-se na perspectiva relacional como base para as suas investigações. O autor

fundamenta os seus estudos no campo teórico da teoria de vinculação de Ainsworth

(1989), nomeadamente na constatação que os laços afectivos ou de vinculação entre o

cuidador e a criança proporcionam um sentimento de segurança à criança que lhe

facilitará o desenvolvimento de uma actividade exploratória direccionada para o auto-

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conhecimento e meio envolvente, dinâmicas que se constituem como cruciais no

desenvolvimento de carreira (Blustein et al., 2002).

Este pressuposto teórico vai ao encontro da perspectiva de Grotevant e Cooper

(1988) que constatam que, uma vez que o sujeito se sente mais seguro e menos ansioso,

fruto da relação de vinculação estabelecida com o seu cuidador, tende a demonstrar uma

maior facilidade para enfrentar situações desafiantes, de tal forma que demonstra maior

propensão para enveredar por um comportamento exploratório.

Concretizando esta ideia, numa investigação realizada com estudantes, Ketterson

e Blustein (1997) constataram que a vinculação existente entre o cuidador e o

adolescente predizia o seu comportamento exploratório, salientando especificamente

que elevados níveis de vinculação afectiva e cognitiva com os pais encontravam-se

associados a um comportamento exploratório mais adequado e rico por parte do sujeito

e igualmente a um maior desenvolvimento do planeamento de carreira (Kenny,1990;

Lee & Hughey, 2001).

Na mesma linha, as investigações empíricas concretizadas por Blustein e seus

colaboradores (1991) apontam igualmente para a importância da vinculação no

comprometimento das escolhas de carreira, constatando que os indivíduos que

manifestam níveis mais elevados de vinculação com um dos cuidadores apresentam um

maior compromisso nas suas escolhas de carreira (Blustein et al., 1991).

Os autores como Choi, Hutchinson, Lernberger e Pope (2012) identificaram

diferenças significativas entre o sexo feminino e masculino no que concerne ao nível de

vinculação estabelecido com o cuidador e, consequentemente, nos níveis de maturidade

apresentados pelos adolescentes.

Constatou-se nesta investigação que as raparigas tendiam a apresentar níveis de

vinculação mais elevados na sua relação com os pais, assim como maiores níveis de

maturidade vocacional. Contrariamente, os rapazes constatavam níveis mais reduzidos

de vinculação com os mesmos e consequentemente níveis mais reduzidos de maturidade

vocacional. As conclusões extraídas desta investigação enfatizam o referencial teórico

descrito anteriormente, que nota que um maior nível de vinculação desenvolvido com o

cuidador tende a proporcionar níveis mais adequados de maturidade de carreira.

A teoria de Baumrind (1966) serviu igualmente de base para a investigação do

modo como os tipos parentais influenciam de forma diferenciada o desenvolvimento de

carreira dos adolescentes.

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Nesta teoria, a autora faz referência a diferentes tipos parentais, o tipo autoritário,

o tipo autoritativo e o tipo negligente. No campo empírico, num estudo com estudantes

alemães que frequentavam o 9º ano de escolaridade, Kracke (1997) constatou que o

estilo parental autoritativo se encontra positivamente relacionado com o

desenvolvimento de actividades auto-exploratórias e de exploração do mundo do

trabalho. Noutro estudo realizado por Koumoundourou, Tsaousis e Kounenou (2010) os

autores concluíram que os estilos parentais permissivos e autoritários contribuíam para

predizer dificuldades na tomada de decisão de carreira de indivíduos do sexo masculino.

Contrariamente no sexo feminino, as raparigas demonstravam que o estilo parental

autoritário parecia influenciar de forma positiva as suas decisões de carreira.

Esta mesma investigação constatou igualmente que existem diferenças entre

rapazes e raparigas no que respeita aos níveis de maturidade vocacional. Nesta linha, as

raparigas que apresentavam maiores níveis de maturidade vocacional eram aquelas que

tendencialmente eram oriundas de famílias marcadas por vínculos psicológicos de maior

consistência e por um sentimento de dependência recíproca. Esta constatação vem ao

encontro de uma investigação de Schultheiss e Blustein (1994), em que os autores

verificaram que as raparigas mais dependentes das atitudes dos seus pais e que

simultaneamente manifestavam um forte vínculo emocional com os mesmos tendem a

demonstrar níveis mais adequados de autonomia e facilidade na determinação de

objectivos académicos. A este propósito Seligman (1994) advoga também que um dos

determinantes mais importantes da maturidade de carreira no sexo feminino assenta na

dimensão da coesão familiar.

A relação entre a influência da família e o desenvolvimento da perspectiva

temporal de futuro foi analisada por Nurmi (1991). De acordo com este autor, a família

é um contexto que exerce significativa influência no modo como potencia a perspectiva

temporal de futuro dos jovens. O apoio e as atitudes de encorajamento dados pelos pais

parecem influenciar de forma determinante o planeamento e, por conseguinte, os

objectivos futuros dos adolescentes.

Todavia, para além dos aspectos relacionais, outros aspectos da influência familiar

parecem ser importantes no âmbito vocacional. Num estudo que pretendia avaliar a

relação entre o estatuto sócio-económico e a orientação para o futuro do indivíduo,

Nurmi (1991) concluiu que os indivíduos de estratos sócio-económicos mais

desenvolvidos tendencialmente demonstram um maior planeamento em tarefas de cariz

vocacional assim como uma maior orientação para o futuro. Na realidade, Freire,

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Gorman e Wessman (1980) evidenciaram igualmente nas suas investigações que os

sujeitos de estratos sócio-económicos mais elevados tendem a demonstrar uma maior

capacidade para adiar gratificações no presente, comparativamente aos sujeitos de

estratos sócio-económicos menos favorecidos.

.

1.5. Influência de variáveis/factores contextuais específicas no desenvolvimento de

carreira: expectativas familiares; apoio financeiro; apoio informativo; crenças e

valores

Fouad e Kantamneni (2008) adaptaram o modelo de Bronfenbrenner (1986)

desenvolvendo uma teoria que pretende compreender de que forma as influências

recíprocas do contexto influenciam o desenvolvimento vocacional dos indivíduos,

nomeadamente as suas decisões de carreira. Segundo este, o contexto é categorizado em

dois grupos distintos de factores, sendo um destes constituído por dimensões como o

género, a raça, a etnia, a classe social e a família, enquanto o outro factor é composto

pelas dimensões da aculturação e da cultura de origem. Por último, as dimensões

individuais compreendidas como as capacidades, interesses e valores do sujeito eram

intersectadas com os dois grupos distintos de factores de contexto descritos

anteriormente. Um exemplo ilustrativo desta relação entre as diversas dimensões, é a

constatação que os interesses dos sujeitos podem ser moldados pela expectativa dos

seus familiares e pela religião a que pertencem.

Fundamentados numa revisão de literatura consistente, e partindo da importância

da dinâmica familiar no desenvolvimento de carreira, os autores Fouad e colaboradores

(2010) desenvolveram a Escala de Influência Familiar Family Influence Scale com o

objectivo de avaliar a percepção de jovens e adultos na tomada de decisão de carreira,

através da análise da percepção do apoio financeiro, do apoio informativo, das

expectativas familiares e das crenças e valores de carreira concedido pelos seus

familiares.

De acordo com estes autores, a integração da dimensão do apoio financeiro na

escala referida é relevante uma vez que numa investigação conduzida com estudantes

asiáticos, constatou-se que a percepção que os sujeitos têm do apoio financeiro familiar

é uma das dimensões mais influenciadoras no processo de tomada de decisão de carreira

dos sujeitos. Segundo Fouad e colaboradores (2008) a percepção que os sujeitos têm do

apoio financeiro proporcionado pela família encontra-se fortemente relacionada com a

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obtenção de um grau académico que permita que o indivíduo escolha a carreira que

mais deseja e que vá ao encontro dos seus interesses.

Na mesma linha de investigação, um estudo empírico de Nelson e colaboradores

(2006) concluiu que os sujeitos de extractos sócio-económicos mais baixos tendiam a

deparar-se com um maior número de obstáculos aquando do prosseguimento de uma

educação de nível mais avançado. Concomitantemente Blustein e colaboradores (2002)

referem que a classe social a que o sujeito pertence pode restringir o acesso a

determinados recursos essenciais para a delimitação das aspirações e objectivos de

carreira do sujeito.

Por outro lado, o apoio informativo proporcionado pelos familiares aos seus filhos

desempenha igualmente um papel relevante no desenvolvimento vocacional. Kracke

(2002) constatou numa investigação com estudantes alemães do 9ºano que os pais que

se mostravam disponíveis para debater com os seus filhos sobre assuntos relativos à

carreira e que simultaneamente os auxiliavam a planear uma ocupação tendiam a

promover uma maior prontidão para um comportamento exploratório de carreira dos

seus filhos.

Para além do apoio financeiro e do apoio informativo, as expectativas familiares

demonstram também a sua relevância na construção dos projectos de vida dos sujeitos.

Assim sendo, Fouad e colaboradores (2008) definiram o conceito de expectativas

familiares como as expectativas que a família de um indivíduo apresenta no processo de

desenvolvimento de carreira do mesmo, baseadas no desejo que os familiares têm que

os jovens escolham uma carreira específica, na maioria das vezes de nível mais

avançado, de cariz prestigiante, bem como de elevado estatuto. Num estudo levado a

cabo com estudantes asiáticos constatou-se que as expectativas familiares parecem

determinar nos adolescentes o desenvolvimento dos seus interesses e valores e

consequentemente a construção dos seus objectivos individuais de carreira.

Importa ainda mencionar que, não raramente, muitos autores se debruçaram sobre

a importância da cultura de origem do sujeito no papel determinante como molda o

percurso educacional dos indivíduos e na forma como estes se comprometem a explorar

a sua carreira e influenciando-os na forma como estes vêem a carreira e qual o

significado que lhes dão (Fouad & Katamneni, 2008). Na mesma investigação Fouad e

colaboradores (2008) constataram que os valores partilhados pela família ou pela

cultura podem influenciar o leque de escolhas ocupacionais, limitando-o ou

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aumentando-o, uma vez que é a família que conduz o sujeito para a escolha de uma

ocupação onde este possa colocar em prática os valores preconizados pela família.

Em suma, os resultados e constatações retirados da breve amostra de

investigações e referencial teórico subjacente concluem que diversas teorias se têm

centrado na utilização de diferenciados constructos da dimensão familiar na previsão ou

associação dos diversos determinantes da maturidade vocacional e perspectiva temporal.

Objectivos e Hipóteses de estudo

O presente estudo tem como propósito fundamental tentar compreender qual a

percepção que os adolescentes têm acerca da influência dos seus familiares no seu

desenvolvimento vocacional. Mais especificamente, pretende-se analisar de que forma

os adolescentes experienciam esta influência familiar na sua trajectória vocacional,

nomeadamente no que toca ao apoio financeiro e informativo, às expectativas de

familiares e às crenças e valores.

Com esta investigação procurar-se-á de igual modo compreender qual a relação

existente entre as dimensões familiares, os determinantes do desenvolvimento

vocacional e o género.

Tendo por base os propósitos da investigação e a revisão de literatura, elaboraram-

se as seguintes hipóteses:

H1: Espera-se que a percepção do apoio familiar se relacione positivamente com a

adaptabilidade de carreira;

H2: Espera-se que a percepção do apoio familiar se relacione positivamente com a

Orientação Temporal de Futuro;

H3: Espera-se que existam diferenças entre géneros no apoio familiar percebido e

nas várias dimensões da adaptabilidade de carreira.

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Capítulo 2 – Método

No presente capítulo irão ser apresentadas as características metodológicas deste

estudo. Primeiramente será feita uma descrição dos instrumentos utilizados e a

caracterização dos procedimentos efectuados. Por fim, serão apresentadas as condições

de aplicação dos instrumentos e os participantes do estudo.

2.1. Instrumentos

No presente estudo foram utilizados quatro instrumentos: um Questionário de

dados sócio – demográficos, a Escala de Influência Familiar (FIS); o Inventário de

Maturidade de Carreira: Versão Adaptabilidade (CMI- C) e o Inventário de

Perspectiva Temporal (IPT).

2.1.1. Questionário de Dados Sócio-Demográficos

Este questionário foi elaborado com vista a obter informação exclusiva acerca da

idade e do sexo dos participantes.

2.1.2. Escala de Influência Familiar

a) Versão Americana

A Family Influence Scale foi desenvolvida por Fouad, Cotter, Fitzpatrick,

Kantamneni, Carter e Bernfeld (2010) e tem como propósito avaliar quais as percepções

de adolescentes e adultos sobre a forma como a família de origem influencia as suas

escolhas de carreira. O referencial teórico que partiu de base para a construção e

desenvolvimento desta escala baseou-se numa contínua e longa revisão de literatura. No

final, os autores identificaram quatro factores que correspondem às quatro escalas da

FIS. A Family Influence Scale é constituída por 22 itens que se dividem nas quatro

diferentes sub-escalas: Apoio informativo (8 itens); Expectativas familiares (6 itens);

Apoio financeiro (5 itens) e Crenças/Valores (3 itens). As respostas aos itens apoiaram-

se na utilização da escala de Likert de 6 pontos (1= Discordo Fortemente a 6= Concordo

Fortemente).

A Family Influence Scale apresenta coeficientes de precisão satisfatórios para os

quatro factores, variando entre .75 na sub-escala Crenças e Valores e os .89 na sub-

escala Apoio Informativo.

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Com efeito, as sub-escalas apresentam os seguintes índices de consistência

interna, Apoio Informativo (.89); Expectativas Familiares (.82), Apoio Financeiro (.82)

e Crenças e Valores (.75).

b) Tradução e adaptação para português

A tradução da escala assentou em primeiro lugar na tradução dos itens por parte

de dois peritos do campo da Psicologia Vocacional. Seguidamente foi pedida a

colaboração a uma tradutora de forma a poder proceder-se à tradução o mais fiel

possível dos itens da escala americana para a língua portuguesa.

Uma primeira versão da Escala de Influência Familiar foi aplicada a um grupo de

quatro rapazes que frequentavam o 9º ano de escolaridade numa escola diferente

daquela onde foi realizada a aplicação dos instrumentos. Esta aplicação visava

compreender se os itens eram facilmente percebidos pelos sujeitos. A aplicação piloto

realizada serviu para refinar a elaboração de alguns itens.

Tal como a versão americana, a versão portuguesa conta também com 22 itens.

2.1.3. Career Maturity Inventory (CMI - C)

O Career Maturity Inventory – Counseling Form C é um instrumento utilizado

com o objectivo de compreender as atitudes dos sujeitos relativamente à tomada de

decisão de carreira e ao estado de prontidão para fazer escolhas ocupacionais (Savickas

& Porfeli, 2011).

Concretamente, este inventário pretende avaliar de que forma os adolescentes

estão orientados e envolvidos no processo de decisão de carreira, nomeadamente na

exploração do mundo do trabalho e na procura de informação ocupacional. A confiança

que o indivíduo possui para realizar decisões de carreira acertadas e a forma como o

sujeito procura conselhos com outras pessoas para realizar as suas decisões de carreira

são igualmente dimensões avaliadas por este inventário (Savickas & Porfeli, 2011).

Este instrumento é constituído por 24 itens que se agrupam em quatro dimensões

da Adaptabilidade de Carreira: Preocupação (6 itens); Curiosidade (6 itens), Confiança

(6 itens) e Consulta (6 itens). Relativamente à sub-escala Consulta, os itens 8. “Quando

há dúvidas sobre o que quero fazer, pede-se conselhos aos pais e amigos”, 12. “Quando

se trata de escolher uma carreira, peço a outras pessoas que me ajudem”, 20. “É

importante trocar ideias com os amigos mais próximos antes de fazer uma escolha

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profissional” e 24. “Ao fazer escolhas de carreira deve-se ter em atenção os

pensamentos e sentimentos das pessoas da família” são inversamente codificados.

O formato de resposta aos itens do Inventário de Maturidade de Carreira assenta

nas denominações de “Concordo” e “Discordo”. As quatro escalas do inventário

apresentam adequados níveis de consistência interna,.62 na sub-escala Preocupação, .69

na sub-escala Confiança, .74 Curiosidade e .78 na sub-escala Consulta.

2.1.4. O Inventário de Perspectiva Temporal (IPT)

O Inventário de Perspectiva Temporal (IPT) é uma escala que tem como

objectivo avaliar a perspectiva temporal do indivíduo nos marcos temporais: passado,

presente e futuro (Janeiro, 2012). O Inventário de Perspectiva Temporal é constituído

por 32 itens que se agrupam em quatro sub-escalas: Orientação para o Futuro (16 itens);

Orientação para o Presente (8 itens); Orientação para o Passado (4 itens) e Visão

Ansiosa do Futuro (4 itens). As três primeiras sub-escalas são codificadas de forma

uniforme, à excepção da sub-escala Orientação Temporal de Futuro que apresenta

quatro itens inversamente codificados/cotados, o item 12. “Tenho poucas ideias sobre o

que quero fazer no futuro”; o item 20. “Quando penso no futuro tenho medo de vir a

fracassar”, o 22. “Não gosto de me imaginar num futuro distante” e 24. “ Tenho apenas

uma vaga ideia do que irei fazer no futuro”.

As respostas aos itens do IPT baseiam-se na escala de Likert de 7 pontos,

relativamente ao grau de concordância de cada sujeito em cada um dos itens

constituintes no Inventário. As escalas constituintes do Inventário apresentam níveis

satisfatórios de precisão, especificamente.50 na sub-escala Orientação Temporal para o

Passado, .70 na sub-escala Visão Ansiosa do Futuro, .76 Orientação Temporal para o

Presente e.86 na sub-escala de Orientação Temporal para o Futuro.

2.2. Procedimentos

2.2.1.Condições de Aplicação

Numa primeira fase procedeu-se ao preenchimento do Requerimento de

Aprovação de Projecto de Investigação (RAPI) sendo posteriormente submetido à

Comissão Especializada de Deontologia do Conselho Científico da Faculdade de

Psicologia da Universidade de Lisboa. O Requerimento teve a sua aprovação em Janeiro

de 2014.

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22

Numa fase posterior procedeu-se ao contacto com a instituição de ensino pública e

seguidamente foi pedido o consentimento à escola para se proceder à investigação.

Por último, estabeleceu-se o contacto com os directores de turma das turmas do 9º

ano de escolaridade com vista a entregar os pedidos de autorização aos alunos, de forma

a serem entregues aos encarregados de educação, para se proceder à marcação das

aplicações dos instrumentos.

As aplicações ocorreram ao longo de dois meses, desenrolando-se entre Março e

Abril e maioritariamente nas aulas de Formação Cívica. Foi explicado aos alunos que a

resposta aos questionários era voluntária, que estes poderiam desistir a qualquer

momento e que não existiam respostas correctas ou erradas. Apelou-se à sinceridade dos

participantes, salientando o carácter anónimo e confidencial dos dados obtidos. A

aplicação dos instrumentos teve uma duração média de 45 minutos. Os instrumentos

foram apresentados com a seguinte ordem: Questionário de Dados Sócio-demográficos,

Escala de Influência Familiar, Inventário de Perspectiva Temporal e Inventário de

Maturidade de Carreira.

2.2.2. Participantes

No estudo participaram 151 alunos que frequentavam o 9º ano de escolaridade de

uma escola pública de 2º e 3ºciclos e Ensino Secundário. A Tabela 2.1 apresenta a

distribuição por idades dos participantes.

Tabela 2.1. Distribuição dos participantes por idades

Como se verifica pela observação da Tabela 2.1, os participantes do estudo

apresentavam idades compreendidas entre os 14 e os 18 anos, situando-se a média de

idade em 14.57 com desvio padrão.78. No que concerne ao género, 51% dos alunos

pertenciam ao sexo masculino e 49% ao sexo feminino.

N %

14 87 57.6

15 53 35.1

16 9 6.0

17 1 .7

18 1 .7

Total 151 100

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23

Capítulo 3 – Resultados

O presente capítulo destina-se à apresentação dos resultados obtidos da

investigação realizada, encontrando-se dividido em três partes: na primeira parte

encontra-se descrita a análise das características psicométricas da Escala de Influência

Familiar, onde se apresenta a análise em componentes principais e o estudo dos

coeficientes de precisão das sub-escalas. Na segunda parte é efectuado o estudo da

consistência interna dos outros instrumentos utilizados no estudo e efectuada a análise

de correlações entre as escalas do Inventário de Maturidade na Carreira (CMI), do

Inventário de Perspetiva Temporal (IPT) e Escala de Influência Familiar. Finalmente,

na terceira parte deste capítulo apresentam-se os resultados das comparações dos

resultados médios segundo o género dos participantes.

3.1. Análise das características Psicométricas da Escala de Influência Familiar

3.1.1. Estatísticas descritivas ao nível dos itens

A Tabela 3.1. indica as estatísticas descritivas dos resultados obtidos pelo total

dos participantes em cada item da presente escala.

Como se verifica na tabela 3.1. as respostas dadas pelos participantes aos itens da

escala variam entre 1 e 6 na maioria dos itens, à excepção dos itens 4 e 19 em que as

respostas variam entre os valores 2 e 6. O intervalo das médias de resposta varia entre

2.09 (item11) e 4.87 (item4). Os itens que apresentam resultados mais elevados

(resultados de maior concordância) são o item 4 e 18. Em termos de dispersão os itens

12 e 20 são aqueles que apresentam maior variabilidade de respostas.

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24

Tabela 3.1. Distribuição dos resultados dos itens

3.1.2. Análise factorial

Com o objectivo de testar a estrutura factorial da Escala de Influência Familiar,

efectuou-se primeiramente a análise de componentes principais ao nível dos itens.

Através da análise dos resultados do teste de Kaiser – Meyer-Olkin (.812) e do teste da

esfericidade de Bartlet (p< .001) concluiu-se que a amostra de participantes era

adequada para se poder realizar a análise factorial (Maroco, 2011).

Posteriormente procedeu-se à análise do Scree Plot e constatou-se que o ponto de

corte estaria entre os componentes 4 e 5. Uma vez que na escala original foram

extraídos 4 factores, decidiu escolher-se uma solução de análise de 4 componentes que

no total explicam 56,1% da variância dos resultados.

Item Mínimo Máximo Média Desvio Padrão

1 1 6 4.28 1.12

2 1 6 3.98 1.09

3 1 6 4.23 1.15

4 2 6 4.87 .97

5 1 6 4.26 1.23

6 1 6 3.96 1.20

7 1 6 4.44 1.25

8 1 6 4.48 1.25

9 1 6 3.95 1.45

10 1 6 2.62 1.50

11 1 6 2.09 1.34

12 1 6 3.03 1.67

13 1 6 2.41 1.37

14 1 6 2.29 1.35

15 1 6 3.40 1.34

16 1 6 4.25 1.23

17 1 6 2.41 1.30

18 1 6 4.75 1.18

19 2 6 4.69 1.09

20 1 6 2.60 1.56

21 1 6 2.91 1.51

22 1 6 2.75 1.54

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25

Na tabela 3.2. estão descritos os resultados da análise de componentes principais

(ACP) ao nível dos itens após rotação Varimax.

Tabela 3.2. Análise de componentes principais ao nível dos itens, Matriz após rotação

Varimax

Através da visualização da tabela é possível verificar que todos os itens

apresentam um peso factorial acima de .40 numa das 4 componentes, à excepção do

item 9 (“A minha família espera que eu escolha uma carreira que tenha um determinado

prestígio”) que apresentou índices de saturação abaixo deste valor critério nas quatro

componentes. No entanto, este item satura a .37 no componente 2.

Item Componente

1 2 3 4

1 ,46 -,06 ,11 -,01

2 ,48 -,10 ,12 ,06

3 ,79 -,06 ,08 ,09

4 ,69 ,01 -,21 ,14

5 ,69 -,08 ,04 ,14

6 ,64 ,06 ,17 ,2

7 ,79 ,06 ,02 ,19

8 ,48 ,00 -,03 ,44

9 ,18 ,37 ,07 ,07

10 -,25 ,67 ,29 ,07

11 -,33 ,50 ,36 -,12

12 -,05 ,70 ,12 -,07

13 ,05 ,67 ,52 -,10

14 ,19 ,62 ,36 -,16

15 ,11 ,72 -,12 -,09

16 ,26 ,12 -,00 ,74

17 -,08 ,32 ,13 -,59

18 ,12 -,06 -,05 ,86

19 ,26 -,20 -,17 ,71

20 -,05 ,09 ,84 -,03

21 ,10 ,12 ,72 -,07

22 ,07 ,20 ,81 -,13

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26

Desta forma, a análise da Tabela 3.2. permite constatar que a primeira

componente que explica cerca de 23% da variância dos resultados é definida pelos 8

primeiros itens que correspondem à sub-escala Apoio Informativo (e.g. “A minha

família partilha comigo informação sobre como encontrar um emprego”). A segunda

componente que explica cerca 19% da variância é constituída pelos itens de 9 a 15 que

dizem respeito à sub-escala Expectativas Familiares (e.g.” A minha família espera que

eu tome opções na carreira de modo a que não os envergonhe”),. Os 4 itens que

apresentam elevados níveis de saturação na terceira componente explicam cerca de 7%

da variância e correspondem à sub-escala Apoio Financeiro (e.g. “Como a minha

família me apoia financeiramente, posso-me focar no desenvolvimento da minha

carreira”). Por último, a quarta componente explica cerca de 6% da variância dos

resultados e é formada pelos itens 3 que apresentam a sub-escala Crenças e Valores

(e.g. “A minha família espera que eu tenha em consideração a minha religião/

espiritualidade aquando das minhas decisões de carreira”). No entanto, o item 8 satura

também na sub-escala do Apoio Financeiro e o item 13 satura igualmente na sub-escala

Crenças e Valores.

Tabela 3.3. Estatísticas descritivas das sub-escalas (N=151)

Apoio Informativo Expectativas familiares Apoio financeiro Crenças e Valores

Média 4.3 2.82 4.02 2.75

Moda 4.5 2.42 3.75 1

DP .82 .95 .64 1.28

Mínimo 1 1 2 1

Máximo 6 6 6 6

Quartis 25 3.75 2.14 3.75 1.25

50 4.3 2.82 4.02 2.75

75 4.87 3 4.5 4

Relativamente às sub-escalas, as médias variam entre 2,75 (na sub-escala Expectativas

Familiares) e 4,3 ( na sub-escala Apoio Informativo). A sub-escala do Apoio Financeiro

é aquela que apresenta menos variabilidade nos resultados, contrariamente à sub-escala

das Crenças e Valores que é aquela que apresenta maior variabilidade.

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27

A Tabela 3.4. indica os coeficientes de precisão das quatro sub-escalas com e

sem exclusão de um item, compreendendo assim a contribuição que cada um dos itens

na sub-escala específica.

Tabela 3.4. Coeficientes alfa por sub-escala e se excluído o item.

Apoio informativo

(α = .85)

Expectativas familiares

(α=.80)

Apoio financeiro

(α=.76)

Crenças e Valores

(α=.76) (α=.77)

Item Alfa Item Alfa Item Alfa Item Alfa

1 .84 9 .80 16 -.40 20 .66

2 .84 10 .73 17 .76 21 .77

3 .82 11 .76 18 -.40 22 .67

4 .84 12 .74 19 -.28

5 .85 13 .72

6 .84 14 .75

7 .82 15 .77

8 .84

Analisando os dados descritos na tabela verifica-se que os valores dos

coeficientes de alfa das quatro sub-escalas apresentam valores satisfatórios para todas as

sub-escalas. Concretizando, os alfas das sub-escalas apresentam os seguintes valores .76

na sub-escala Apoio Financeiro (se o item 17 for excluído), .77 na sub-escala Crenças e

Valores (se item 2 excluído), .80 na sub-escala Expectativas Familiares e por fim .85 na

sub-escala Apoio Informativo. Posteriormente à análise em componentes principais e à

análise da precisão decidiu excluir-se o item 17 para análises posteriores.

Tabela 3.5 Matriz de correlações (N=151)

Apoio informativo Expectativas

familiares

Apoio financeiro Crenças e Valores

Apoio informativo 1 .01 .30** .09

Expectativas Familiares .01 1 .18* .52**

Apoio financeiro .30** .18* 1 -.02

Crenças e Valores .09 .52** -.02 1

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28

Procedendo-se à análise da Tabela 3.5 verifica-se que existem dois pares de sub-escalas

que apresentam uma correlação significativa entre si. As sub-escalas Crenças e Valores

e Expectativas Familiares são as sub-escalas mais positivamente correlacionadas entre si

(r=.52). Apesar de apresentarem um índice de correlação mais baixo do que as

anteriores, as sub-escalas Apoio Financeiro e Apoio Informativo também se

correlacionam de forma significativa (r=.30). Por fim, as sub-escalas Apoio Financeiro

e Expectativas Familiares apresentam correlações mais baixas que as anteriores, apesar

de ainda significativas (r=.18).

3.2. Análise das características psicométricas do IPT e CMI e as suas correlações

com a FIS

Tabela 3.6 Matriz de correlações das três escalas e os respectivos alfas das sub-escalas

Apoio informativo Expectativas

familiares

Apoio financeiro Crenças e Valores

Preocupação

(α=.60) .32** -.23** .15 -.25**

Confiança

(α=.70) .16 -.24** .04 -.14

Curiosidade

(α=.67) .21** -.22** .11 -.14

Cooperação

(α=.42) .17 .12 .04 .21**

Orientação para o

Futuro

(α=.87)

.55** -.14 .26** -.15

Orientação para o

Presente

(α=.72)

-.11 .01 -.03 .05

Orientação para o

Passado

(α=.60)

.25** .06 .15 .05

Visão Ansiosa do

Futuro

(α=.65)

-.21* .12 -.08 .10

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29

A partir da observação da tabela 3.6 constata-se que os alfas encontrados nas

sub-escalas do CMI variam entre .42 na sub-escala Consulta e .70 na sub-escala

Confiança. Através da observação da tabela, conclui-se que as diferentes sub-escalas da

FIS e do CMI não se correlacionam todas significativamente. Como se observa as sub-

escalas Apoio Informativo e Preocupação são aquelas que se apresentam mais

fortemente relacionadas (r=.32) assim como as sub-escalas Apoio Informativo e

Curiosidade também se correlacionam de forma significativa (r=.21). Por sua vez, a

sub-escala Apoio informativo correlaciona-se negativamente com a subescala Visão

Ansiosa do Futuro (r=-.21). A escala das Expectativas Familiares correlaciona-se

negativamente e de forma significativa com as sub-escalas Preocupação (r=-.23);

Curiosidade (r= -.22) e Confiança (r=-.24). Por fim, verifica-se que a sub-escala

Crenças/ Valores correlaciona-se positivamente com a sub-escala Consulta (r=.21) e

negativamente com a sub-escala Preocupação (r=-.25).

Relativamente ao Inventário de Perspectiva Temporal, os índices de precisão

mostraram variar entre.60 na sub-escala Orientação para o Passado e .87 na sub-escala

de Orientação Temporal para o Futuro. Apesar de o alfa de Cronbach apresentar um

nível mais modesto na sub-escala de Orientação para o Passado e Visão Ansiosa do

Futuro, os restantes alfas das sub-escalas apresentam índices de precisão satisfatórios.

Como se observa na tabela as diferentes sub-escalas da FIS e do IPT não se

correlacionam todas significativamente. Assim, o par de sub-escalas Apoio Informativo

e Orientação para o Futuro apresentam a correlação significativamente positiva mais

forte (r=.55). Igualmente as sub-escalas Apoio Financeiro e Orientação para o Futuro

correlacionam-se significativamente entre si (r=.26). Por fim, as escalas Apoio

Informativo e Visão ansiosa do Futuro apresentam uma correlação negativa mais baixa

(r= -.21). As restantes sub-escalas dos dois instrumentos não apresentam correlações

significativas entre si.

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30

3.3 Comparação dos resultados médios segundo a variável sexo

Com o propósito de se analisar o nível de desenvolvimento nas diferentes sub-escalas

conforme o sexo, realizou-se a estatística T-Student.

Tabela 3.7. Comparação dos resultados médios nas sub-escalas segundo a variável

Sexo

Masculino (N=77) Feminino (N=74) Masculino Vs

Feminino (N=151)

Sub-escalas Média DP Média DP T Sig

Apoio informativo 34.29 6.14 34.58 6.97 .28 .78

Expectativas familiares 17.05 6.75 15.70 4.87 1.40 .16

Apoio financeiro 19.49 3.15 19.50 2.68 .01 .99

Crenças e valores 8.65 3.98 7.85 3.67 1.28 .20

Preocupação 3.60 1.70 4.30 1.30 2.84 .01

Curiosidade 2.56 1.90 2.57 1.70 .06 .95

Confiança 2.80 1.76 2.53 1.84 -.91 .37

Cooperação 2.52 1.07 2,53 1.02 .04 .97

Visão ansiosa do Futuro 11.52 4.77 10.58 4.12 1.30 .19

Orientação para o Passado 18.65 4.78 18.24 5.25 -.50 .62

Orientação para o Presente 34.97 7.74 32.32 7.86 2.09 .04

Orientação para o Futuro 74.38 12.85 77.60 13.93 1.48 .14

Como se pode observar através da tabela nas sub-escalas Preocupação e

Orientação para o Presente encontraram-se diferenças significativas entre os dois

géneros. As raparigas apresentam resultados médios mais elevados na sub-escala

Preocupação; contrariamente à sub-escala Orientação para o Presente onde os rapazes

apresentam resultados médios mais elevados.

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31

Capítulo 4 – Discussão e Conclusão

Diversos autores têm assumido a importância da família como um contexto

preponderante no desenvolvimento vocacional dos adolescentes. Inúmeros estudos

empíricos têm constatado que os estilos parentais, os estilos de vinculação e os sistemas

familiares influenciam o desenvolvimento vocacional do indivíduo, designadamente no

processo de exploração vocacional (Kracke, 1997, 2002), no planeamento de carreira (

Kenny, 1990; Lee & Hughey, 2001), na auto-eficácia na tomada de decisão (Whiston,

1996) e na maturidade vocacional (Choi et al., 2012).

A presente investigação teve como objectivo primordial contribuir para o estudo

no campo do desenvolvimento vocacional na adolescência, nomeadamente através da

adaptação para português da Escala de Influência Familiar e da exploração da relação

existente entre a percepção dos jovens acerca do apoio familiar e os determinantes do

desenvolvimento vocacional: adaptabilidade de carreira e perspectiva temporal. Este

estudo averiguou também a diferenças de géneros entre as quatro dimensões da

adaptabilidade e do apoio percebido.

A Escala de Influência Familiar permite compreender a percepção da influência

da família nas escolhas vocacionais dos adolescentes através de um conjunto de quatro

dimensões operacionalizadas que pretendem abranger os diversos domínios de

influência familiar, centrando-se em variáveis processuais e psicológicas como o apoio

e as expectativas familiares.

A aplicação desta escala a um conjunto de 151 estudantes do 9º ano de

escolaridade permitiu observar que esta adaptação portuguesa possui características

psicométricas adequadas. Com efeito, através da análise de componentes principais

extraíram-se 4 componentes na versão portuguesa da escala, encontrando-se em

concordância com o mesmo número de componentes da versão original da Escala de

Influência Familiar (Fouad et al., 2010). As quatro sub-escalas encontradas designam-se

por: Crenças e Valores (α=.76); Apoio Financeiro (α=.76); Expectativas familiares

(α=.80) e Apoio Informativo (α=.85). Assim, verifica-se que a presente escala apresenta

índices de consistência interna adequados de acordo com o critério definido por

(Anastasi & Urbina, 1997).

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32

Relativamente à primeira hipótese avançada na presente investigação, foi possível

constatar que a mesma se confirma parcialmente, na medida em que os resultados

encontrados evidenciaram que apenas duas das quatro dimensões da sub-escala da

percepção do apoio familiar se correlacionavam positivamente com alguns dos

determinantes da adaptabilidade de carreira.

Desta forma, os resultados encontrados neste estudo apontam para uma correlação

positiva entre a percepção do apoio familiar e a preocupação de carreira (entendida

como uma orientação para o futuro) e entre o apoio familiar e a curiosidade de carreira

(compreendida como o envolvimento numa actividade auto-exploratória e de

exploração do meio envolvente). Tais evidências encontram sustentação teórica e

empírica no Modelo das Bases de Maturidade preconizado por Super (1957, 1990). Na

sua concepção, Super postula que os pais desempenham um papel importante na

trajectória vocacional dos seus filhos quando incitam o desenvolvimento de actividades

que lhes permitam explorar activamente a carreira, bem como quando se apresentam

como uma relevante fonte de informação. Os pais, ao fomentarem este padrão de

actividade exploratória nos seus filhos, permitem o desenvolvimento e a interiorização

de um sentimento de controlo sobre si e, consequentemente, sobre as suas acções, o que

tende a despertar no sujeito uma noção temporal e, por conseguinte, de preocupação

com o futuro.

Relativamente aos resultados referentes à percepção do apoio informativo e à sua

associação positiva com uma atitude curiosa e consequente comportamento

exploratório, os mesmos encontram suporte no intermédio do referencial teórico de

Kracke (1997, 2002). Com efeito, os resultados agora obtidos vão ao encontro dos

estudos dos resultados obtidos nos estudos conduzidos por Kracke (1997, 2002) que

constataram que os pais que conversam com os seus filhos acerca de assuntos

relacionados com a carreira e que, simultaneamente, os apoiam ao longo do processo de

planeamento, tendem a promover a curiosidade e exploração de carreira nos mesmos.

De referir que tal actividade exploratória decorre, em grande parte, de um sentimento de

preocupação com o futuro e de planeamento de carreira.

Na mesma linha de investigação, Dietrich, Kracke e Nurmi (2011) comprovaram

num estudo que os jovens que manifestavam um mais comportamentos exploratórios

eram os que percepcionavam maior fonte de suporte por parte dos pais, aliada a uma

maior abertura para o diálogo acerca desta temática.

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33

Por sua vez, a relação significativa constatada nesta investigação entre a

percepção da influência das crenças e valores da família no desenvolvimento de carreira

e a sub-escala consulta no âmbito da adaptabilidade de carreira demonstrou que os

estudantes que percepcionam uma maior influência das crenças e valores da sua família

no seu desenvolvimento vocacional tendem a pedir mais conselhos a outros agentes

quando realizam as suas escolhas de carreira. Efectivamente, em termos práticos,

indivíduos que mencionam ter em conta os valores, crenças e religião da sua família no

seu processo de desenvolvimento de carreira tendem a procurar conselhos no seio

familiar para perspectivar as suas escolhas de carreira.

Neste sentido, Gonçalves (2006) constatou que uma grande parte dos pais

transpõem para os seus filhos pressupostos (voluntária e involuntariamente) que

consideram ser fulcrais para que estes desenvolvam eficazmente a sua carreira. Tais

pressupostos envolvem a partilha de estereótipos e significações subjacentes a

determinadas profissões e actividades.

Por outro lado, os resultados da presente investigação constataram que uma maior

percepção da influência dos valores, crenças e religião no desenvolvimento de carreira

encontram-se negativamente associados a uma preocupação com a carreira. A presente

constatação é corroborada por Kracke e Noack (2005, cit in Dietrich, 2010) já que estes

autores concluíram que a imposição familiar de crenças e objectivos de carreira nas

trajectórias vocacionais dos filhos, quando não congruentes com os desejos destes

últimos, tendem a promover uma atitude de maior passividade no envolvimento e

preparação de carreira.

No que concerne à dimensão das expectativas familiares, comprovou-se neste

estudo que a percepção que os adolescentes têm acerca das expectativas dos seus

familiares no seu desenvolvimento de carreira relaciona-se negativamente com os três

domínios da adaptabilidade de carreira, nomeadamente a preocupação da construção da

carreira, a curiosidade para explorar activamente o meio ambiente e a “si” mesmo e, a

confiança para tomar decisões de forma eficaz.

Assente nestes resultados, poder-se-ão levantar algumas hipóteses explicativas

para estas constatações. Partindo do conhecimento que as percepções das expectativas

familiares de carreira nesta investigação se referem à percepção que os adolescentes têm

da influência dos familiares na escolha de uma carreira com um determinado prestígio,

que não envergonhe a família, que seja do seu agrado e que vá ao encontro do género do

adolescente, poder-se-á compreender estas expectativas como uma fonte de pressão para

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34

os adolescentes portugueses, em detrimento de um requisito que promova o seu

desenvolvimento vocacional. Este facto poderá estar associado às diferenças culturais.

Assim, níveis mais reduzidos no âmbito da percepção das expectativas familiares

poderão estar intimamente associados à pressão familiar percebida pelos jovens.

De salientar que, numa investigação com adolescentes asiáticos, Fouad e

colaboradores (2008) concluiu que os estudantes asiáticos apresentam uma tendência

para enveredar por determinadas carreiras com base nas expectativas que os seus

familiares idealizam para si, expectativas estas que são percepcionadas pelos jovens

enquanto apoio. Contrariamente, no presente estudo realizado com estudantes

portugueses, constatou-se que os que percepcionam uma menor pressão por parte dos

familiares para seguirem determinadas carreiras tendem a manifestar maiores níveis de

preocupação com a construção da sua carreira e, consequentemente, um maior

envolvimento em actividades exploratórias, bem como uma maior confiança em si

mesmos para tomarem as suas decisões. Autores como Whiston (1996) corroboram a

relação existente entre a dimensão familiar e o seu impacto nos diversos níveis de

maturidade de carreira. De facto, por intermédio das suas investigações, a autora

demonstrou que pais que promovem a expressão de opiniões relativas à carreira dos

seus filhos e que, cumulativamente, respeitam e valorizam os objectivos vocacionais por

estes delimitados, tendem a promover níveis mais adequados de maturidade de carreira

nos seus filhos, nomeadamente no que diz respeito à confiança na tomada de decisão.

Lopez e Andrews (1987) evidenciaram também nas suas investigações que os pais

que se envolvem de forma exacerbada nas trajectórias vocacionais dos seus filhos,

impondo os seus interesses, tendem a promover uma maior indecisão no que concerne

às escolhas de carreira. Esta indecisão poderá advir de uma dificuldade em optar por

enveredar ou pela carreira que desejam, ou pelo percurso que os seus pais idealizam

para si.

Em suma, a confirmação parcial da hipótese decorre do facto de não terem sido

encontradas correlações positivas significativas entre todas as dimensões da percepção

da influência familiar e da adaptabilidade de carreira. Atendendo aos resultados

encontrados, apenas a percepção do apoio informativo e das crenças e valores familiares

se correlacionavam positivamente com alguns indicadores da adaptabilidade de carreira.

Por outro lado, comprovou-se que a percepção das expectativas familiares se encontrava

relacionada negativamente com a maioria dos indicadores da adaptabilidade de carreira.

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35

Por fim, o apoio financeiro não demonstrou estar relacionado com nenhum indicador da

adaptabilidade de carreira.

Relativamente à segunda hipótese formulada, verificou-se que apenas a percepção

do apoio financeiro e do apoio informativo mostraram estar positivamente relacionadas

com uma visão orientada para o futuro. Tal constatação vai ao encontro das conclusões

obtidas por Nurmi (1991), que menciona que os indivíduos de estratos sócio-

económicos mais desenvolvidos tendem a demonstrar um maior planeamento em tarefas

de cariz vocacional, evidenciando assim uma maior orientação para o futuro.

Como seria expectável pela revisão de literatura efectuada, a percepção de um

maior apoio informativo demonstrou associar-se positivamente ao desenvolvimento de

uma orientação direccionada para o futuro. A título de exemplo, o Modelo das Bases da

Maturidade Vocacional preconizado por Super (1957, 1990) vem corroborar a presente

constatação. De acordo com o autor, os pais são percepcionados como modelos no

modo como potenciam a aquisição de informação relevante ao desenvolvimento

vocacional dos seus filhos. Os pais actuam assim como um estímulo que se traduz num

incentivo para que os filhos actuem e se envolvam activamente na procura de

informação que, por sua vez, lhes propicia um sentimento de controlo sobre as suas

actividades em particular e sobre a sua vida em geral. O sentimento de controlo do

sujeito promove a aquisição de uma noção temporal, que lhe permitirá idealizar e

arquitectar objectivos futuros. Em suma, os pais desempenham um papel fulcral na

forma como fomentam a construção de carreira dos seus filhos e, como tal, demonstram

ter um papel preponderante no desenvolvimento da concepção de tempo. Em jeito de

conclusão, importa ainda referir que não foram encontradas associações significativas

entre as restantes dimensões da percepção familiar e uma orientação para o futuro.

Partindo do referencial teórico existente sobre esta temática, seria expectável que

fossem encontradas diferenças entre géneros respeitantes às dimensões da percepção da

influência familiar e da adaptabilidade de carreira. Este pressuposto foi parcialmente

confirmado, na medida em que foram encontradas diferenças significativas entre os dois

géneros apenas a nível da dimensão relativa à preocupação. Assim, tais constatações

permitem inferir que as raparigas demonstram maiores níveis de preocupação e,

consequentemente, de envolvimento no desenvolvimento de carreira quando

comparadas aos rapazes. As presentes conclusões encontram sustentação no estudo de

Janeiro (2006), que constata que em anos de transição, como no caso do 9º e 12º anos,

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36

as raparigas tendem a demonstrar um maior número de atitudes de exploração de

carreira comparativamente aos rapazes.

Estudos futuros poderão averiguar a relação existente entre o apoio informativo e

uma orientação para o passado paralelamente ao estudo da relação entre a visão ansiosa

do futuro e o apoio informativo. Apesar destas associações não terem sido preconizadas

enquanto hipóteses deste estudo, foram encontrados resultados neste sentido. A presente

investigação evidenciou também que o sexo masculino parece possuir uma maior

orientação para o presente quando comparado com o sexo feminino.

Este estudo exploratório pretendeu contribuir para uma nova visão no âmbito da

influência contextual no desenvolvimento vocacional, nomeadamente através da

clarificação da importância dos vários domínios da família, como o apoio familiar e as

expectativas familiares. Fica justificada assim a importância de uma intervenção no

aconselhamento vocacional que vise a integração dos factores familiares como

influenciadores da carreira desenvolvida pelos sujeitos.

Podem-se apontar como limitações presentes nesta investigação o facto da mesma

incidir estritamente numa amostra com estudantes portugueses e/ou residentes em

Portugal. Como tal, seria pertinente ampliar e diversificar a amostra, com vista a

averiguar a expressão de diferentes culturas e a sua influência nas dimensões familiares

analisadas nesta escala. Neste estudo seria igualmente interessante analisar a dimensão

relativa ao nível sócio-económicos da família e do adolescente com o propósito de

compreender a influência desta variável no desenvolvimento vocacional.

Em estudos posteriores, seria relevante considerar a percepção da família acerca

da sua própria influência no desenvolvimento de carreira dos jovens, uma vez que, desta

forma, poder-se-ia observar as semelhanças e diferenças encontradas nas percepções da

família e dos próprios adolescentes no que concerne ao desenvolvimento de carreira dos

mesmos. Seria de igual modo importante debruçar-se sobre o estudo da (não)

intencionalidade do comportamento da família dada a importância do seu papel na

construção dos projectos de vida dos jovens.

De forma a compreender melhor a complexa dinâmica da influência contextual

nos indicadores de desenvolvimento vocacional (Perspectiva Temporal e

Adaptabilidade de Carreira) seria significativo se se realizasse um estudo longitudinal

visando compreender quais as diferenças constatadas ao longo dos tempos nos dois

determinantes do desenvolvimento vocacional.

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Seria igualmente pertinente abranger diferentes anos de escolaridade em estudos

posteriores, com vista à obtenção de resultados e conclusões mais ricas e latas acerca do

desenvolvimento vocacional.

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46

Índice de Tabelas

Tabela 2.1. Distribuição dos participantes por idades ................................................... 23

Tabela 3.1. Estatísticas descritivas ao nível dos itens ................................................... 25

Tabela 3.2. Análise de componentes principais ao nível dos itens ................................ 26

Tabela 3.3. Estatísticas descritivas das sub-escalas ....................................................... 27

Tabela 3.4 Coeficientes alfa por sub-escala e se item excluído .................................... 28

Tabela 3.5. Matriz de correlações das sub-escalas da Escala de Influência Familiar ... 28

Tabela 3.6. Matriz das três escalas e respectivos alfas das sub-escalas ....................... 29

Tabela 3.7 – Comparação dos resultados médios na adaptabilidade segundo o género 31

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47

Anexo I

Adaptação portuguesa do questionário Family Influence Scale:

1. A minha família partilha comigo informação sobre como arranjar um trabalho.

2. A minha família fala comigo sobre a minha carreira, desde cedo.

3. A minha família ensinou-me como ser bem-sucedido na escolha de uma carreira.

4. A minha família mostrou-me quais os aspectos mais importantes na escolha de uma

carreira.

5. Ver/Observar a minha família a trabalhar deu-me confiança na minha carreira.

6. A minha família guia-me na escolha das melhores carreiras para mim.

7. A minha família tem-me dado informação sobre como obter educação e formação

8. A minha família apoia/aprova-me fazendo-me questões relacionadas com a carreira.

9. A minha família espera que eu escolha uma carreira que tem um determinado

prestígio

10. A minha família espera que eu escolha uma carreira que não os envergonhe.

11. A minha família só está disposta a apoiar-me financeiramente, se eu escolher uma

carreira que eles aprovem.

12. A minha família espera que a escolha da minha ocupação, reflicta os seus

desejos/expectativas.

13. A minha família espera que pessoas pertencentes à nossa cultura escolham

determinadas carreiras.

14. As expectativas de carreira da minha família sobre mim, são baseadas no meu

género sexual/sexo.

15. A minha família espera que eu contribua financeiramente para a minha educação e

formação.

16. Porque os meus pais me apoiam financeiramente, eu posso-me focar no meu

desenvolvimento de carreira;

17. A minha família não tem sido capaz/ não tem conseguido, apoiar-me

financeiramente nas minhas decisões de carreira.

18. Se eu quisesse ter mais educação, depois do Ensino Superior, a minha família iria

dar-me apoio financeiro:

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19. Se eu vier a experimentar uma situação de carreira difícil, a minha família irá

apoiar-me financeiramente.

20. A minha família espera que eu considere a minha religião/espiritualidade aquando

das minhas decisões de carreira.

21. A minha família disse-me como é que os nossos valores/crenças são muito

importantes para a carreira.

22. A minha família espera que a minha carreira vá de encontro às nossas crenças e

valores de família.

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49

Anexo II

Lisboa,Janeiro de 2014

Exma. Senhora

Diretora da Escola,

O meu nome é Francisca Fernandes e venho por este meio pedir a sua cooperação para a

investigação que estou a realizar, sob a supervisão da Professora Doutora Isabel Janeiro, no

âmbito da minha dissertação de Mestrado em Psicologia, realizada na Faculdade de Psicologia

da Universidade de Lisboa, Portugal.

Este estudo tem como principal objetivo compreender de que forma os pais influenciam

os seus filhos na construção do seu projeto de vida e na adaptabilidade de carreira. Esta

investigação pretende recolher dados que permitam melhorar a actividade de orientação

vocacional bem como permite conhecer melhor o indivíduo na sua globalidade. Esta informação

será recolhida através do recurso a três instrumentos: Um questionário de Influência Parental,

um Inventário de Maturidade Vocacional e um Inventário de Perspectiva Temporal. O estudo

necessita da colaboração de cerca de 200 alunos que frequentam o 3º ciclo, mediante a

autorização dos seus Encarregados de Educação.

O preenchimento dos questionários tem a duração aproximada de 50 minutos e serão

aplicados apenas uma vez. As respostas serão anónimas e confidenciais, destinando-se

unicamente a fins de investigação científica. A participação dos alunos é voluntária, e os alunos

poderão abandonar a investigação quando o desejarem. Os resultados da investigação serão

disponibilizados à escola, aos próprios alunos e aos pais que assim o solicitem.

Agradeço desde já a sua atenção e disponibilidade, encontrando-me disponível para

qualquer dúvida que apresente. Com os meus melhores cumprimentos

____________________________________________

(Francisca Fernandes – [email protected]

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50

Anexo III

Consentimento informado para os Encarregados de Educação

Venho por este meio pedir a sua cooperação para a investigação que estou a

realizar, sob a supervisão da Professora Doutora Isabel Janeiro, no âmbito da minha

dissertação de Mestrado em Psicologia, realizada na Faculdade de Psicologia da

Universidade de Lisboa, Portugal.

Este estudo tem como principal objetivo compreender a relação entre o apoio

familiar percebido e a construção dos projectos de vida e adaptabilidade de carreira na

adolescência. Esta investigação pretende recolher dados que permitam melhorar a

actividade de orientação vocacional bem como permite conhecer melhor o indivíduo na

sua globalidade. Esta informação será recolhida através do recurso a quatro

instrumentos: Um questionário de dados sócio-demográficos, Um questionário de

Percepção da Influência Familiar, um Inventário de Maturidade Vocacional e um

Inventário de Perspectiva Temporal.

Desta forma, agradecia a participação do seu educando neste estudo. Caso aceite

a participação do seu educando nesta pesquisa, a recolha dos dados não deverá exceder

os 50 minutos e será feita presencialmente em contexto sala de aula na Escola do seu

educando. Existe a possibilidade de abandonar o preenchimento dos questionários em

qualquer momento do processo. As respostas são confidenciais e anónimas. Agradeço

desde já a sua ajuda e disponibilidade. Terei todo o prazer em apresentar-lhe os

resultados do estudo após a conclusão do mesmo, se assim o desejar. Encontro-me

disponível para responder a qualquer dúvida que lhe possa surgir.

Com os melhores cumprimentos,

Francisca Fernandes

(Contacto e-mail: [email protected])