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Alexsandro Batista Tavares Guimarães A POLÍCIA MILITAR DO MEIO AMBIENTE E A FISCALIZAÇÃO DE POSTOS DE COMBUSTÍVEIS Belo Horizonte – MG APM/CEG Outubro de 2008

A Policia Militar Do Meio Ambiente e a Fiscalização de Postos de Combustiveis Alexsandro Batista Tavares Guimarães

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Alexsandro Batista Tavares Guimarães

A POLÍCIA MILITAR DO MEIO AMBIENTE

E A FISCALIZAÇÃO DE POSTOS DE COMBUSTÍVEIS

Belo Horizonte – MG APM/CEG

Outubro de 2008

1

Alexsandro Batista Tavares Guimarães

ANÁLISE DA CAPACITAÇÃO TÉCNICA DO 1º PELOTÃO DA

COMPANHIA DE MEIO AMBIENTE DE BELO HORIZONTE

PARA FISCALIZAÇÃO DE POSTOS DE REVENDA

Monografia apresentada à Academia de Polícia Militar de Minas Gerais, Centro de Ensino de Graduação (CEG), como requisito para a aprovação no Curso de Formação de Oficiais da Polícia Militar e para a obtenção de Graduação em Ciências Militares, com ênfase em Defesa Social. Orientador: Cap PM Valmir José Fagundes

Belo Horizonte – MG APM/CEG

Outubro de 2008

2

CENTRO DE ENSINO DE GRADUAÇÃO

SEÇÃO DE ORIENTAÇÃO PSICOPEDAGÓGICA

ATA FINAL DE AVALIAÇÃO DO TRABALHO ESCRITO E

ORAL DA MONOGRAFIA

ORIENTANDO: ____________________________________________________ DATA DA APROVAÇÃO: _______/_______/2008 NOTA: ___________________________________ BANCA EXAMINADORA:

___________________________________________________________ AVALIADOR

___________________________________________________________ ORIENTADOR

___________________________________________________________ AVALIADOR MEDIADOR

Observações:________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

3

AGRADECIMENTOS

Agradeço à Deus por ter ouvido minhas

orações, acalentado meu espírito e me

inspirado a realizar tão nobre tarefa.

Aos meus tantos parentes, principalmente à

avó Lia, ao tio Dênis, às tias Cida e Joana,

pessoas que me deram a chance de estudar

desde menino, em meio às dificuldades, para

hoje estar realizando um dos maiores sonhos

que é estar concluindo o primeiro dentre

muitos trabalhos científicos.

Ao meu orientador, Sr. Cap PM Valmir, por

ter me guiado no caminho certo dentre longos

devaneios meus. Por ter sido paciente nas

minhas demoradas respostas até a concretude

deste trabalho.

Aos meus amigos Ruanlemberg, Reis e Thiago

Rocha, convivas de longa data, por terem

contribuído para o enriquecimento deste

trabalho.

4

“A terra pode oferecer o suficiente para satisfazer as necessidades de todos os homens,

mas não a ganância de todos os homens”.

(Mahatma Gandhi)

5

RESUMO

A atividade dos postos de combustíveis, considerada potencialmente poluidora do meio

ambiente, requer fiscalização constante por parte de órgãos ambientais, devido à gravidade

dos efeitos na saúde humana e no meio ambiente causados por vazamentos de combustíveis

dos tanques subterrâneos instalados nesses postos. A participação da Polícia Militar do Meio

Ambiente (PM MAMB) na fiscalização de postos de combustíveis, chamados tecnicamente

de postos de revenda (PRs), proporciona um controle ambiental da mais eficiente, devido a

sua presença em todos os municípios de Minas Gerais. Mas, para uma correta fiscalização,

requer treinamentos e cursos, por meio de exposição teórica e prática de legislação e normas

técnicas específicas. Esta pesquisa tem por objetivo analisar a capacidade técnica de policiais

militares do meio ambiente no que se refere à fiscalização ambiental de PRs, tendo-se em

vista a complexidade das normas técnicas e legislação relacionados ao assunto. Postulou-se a

hipótese básica de que os policiais militares do 1o Pelotão da Companhia de Polícia Militar de

Meio Ambiente (CIA PM MAMB) da cidade de Belo Horizonte não têm capacidade técnica

para fiscalizar os PRs. A pesquisa é descritiva e baseou-se em questionário e entrevistas para

obtenção de dados empíricos, além de pesquisa documental e bibliográfica. Foram

pesquisadas normas técnicas da ABNT, Resoluções do CONAMA e Deliberações Normativas

do COPAM para subsidiar esta pesquisa. Foi utilizado o método hipotético-dedutivo e os

métodos de procedimento monográfico e o estatístico. Os resultados obtidos na pesquisa

demonstram que os policiais militares do meio ambiente do 1o Pelotão da CIA PM MAMB

não têm capacidade técnica para fiscalizar PRs. Verificou-se que há necessidade de que a

FEAM ministre mais treinamento teórico e prático aos policiais, e que o treinamento tenha

continuidade e seja estendido a todas as frações de PM MAMB no Estado de Minas Gerais.

Palavras-chave: posto de combustível, atividade potencialmente poluidora, fiscalização, posto

de revenda, Polícia Militar do Meio Ambiente, treinamento, legislação

ambiental, normas técnicas, ABNT NBR 13786, capacidade técnica, proteção

ambiental, FEAM, PMMG, RCONAMA 273/00, DN COPAM 74/04,

contaminação, tanques subterrâneos de armazenamento, convênio, poder de

polícia ambiental, Belo Horizonte.

6

ABSTRACT

The gas stations activity, considered potentially polluting the environment, requires constant

monitoring by environmental agencies because of the severity effects on human health and on

environment caused by fuel leaks from underground tanks installed at them. The participation

of the Environment Military Police (PM MAMB) in surveillance of gas stations, technically

called resale of post (PRs), provides more efficient environmental control, due to its presence

in all municipalities of Minas Gerais. But to correct an oversight, require training and courses,

through exposure to theoretical and practical laws and technical standards specific. This

research aims to analyze the technical capacity of environment military police with regard to

environmental monitoring of PRs, having in mind the complexity of technical standards and

legislation related to the subject. The basic assumption was suggested that the military police

of the 1st Platoon from Environment Military Police Company (CIA PM MAMB) located at

Belo Horizonte do not have technical capacity to monitor the PRs. The research is descriptive

and was based on questionnaire and interviews for obtaining empirical data, in addition to

desk research and literature. Were researched technical standards of ABNT, the CONAMA

Resolutions and Regulatory Decisions from COPAM to subsidize the research. It uses the

hypothetical-deductive method and the monographic and statistical procedure methods. The

results of the research show that environment military police from CIA PM MAMB, 1st

Platoon do not have the technical capability to supervise PRs. It was found that they need

from FEAM to give more theoretical and practical training to police, and that this training

must be continued and extended to all the fractions of PM MAMB in the state of Minas

Gerais.

Key words: post of fuel, potentially polluting activities, supervision, post retail, Environment

Military Police, training, environmental law, technical standards, ABNT NBR

13786, technical capacity, environmental protection, FEAM, PMMG,

RCONAMA 273/00, DN COPAM 74/04, contamination, underground storage

tanks, agreement, power of environmental police, Belo Horizonte.

7

LISTA DE GRÁFICOS

GRÁFICO 1 Sensação de capacidade ou segurança de policiais militares do meio

ambiente em fiscalizar postos de revenda de combustível .........................

L

83

GRÁFICO 2 Existência de reciclagem do curso de fiscalização de postos de revenda

ministrada pela Fundação Estadual de Meio Ambiente (FEAM)

.....................................................................................................................

K

K

85

GRÁFICO 3 Nível de conhecimento a respeito de equipamentos ou sistemas de

proteção ambiental existentes num posto de revenda .................................

K

86

GRÁFICO 4 Grau de conhecimento do policial militar do meio ambiente sobre a

fiscalização ambiental de postos de revenda de combustível .....................

K

87

8

LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1 Caixa separadora de água e óleo .................................................................... 59

FIGURA 2 Canaleta de contenção de água e óleo de um posto de revenda ..................... 59

FIGURA 3 Corrosão num tanque subterrâneo de combustível ........................................ 60

FIGURA 4 Tanque subterrâneo de armazenamento de combustível de camada dupla .... 61

FIGURA 5 Diagrama em recorte de posto com equipamentos ambientais instalados ..... 62

FIGURA 6 Em destaque tanque subterrâneo de armazenamento de combustível ............ 63

FIGURA 7 Esquema de um Sistema de Abastecimento Subterrâneo de Combustível

(SASC) ...........................................................................................................

Sl

64

9

LISTA DE SIGLAS

AAF Autorização Ambiental de Funcionamento

ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas

AF Auto de Fiscalização

AI Auto de Infração

AIA Avaliação de Impacto Ambiental

AMDA Associação Mineira de Defesa do Ambiente

APA Área de Proteção Ambiental

CA Capacidade de Armazenamento

CERH Conselho Estadual de Recursos Hídricos

CETESB Companhia Estadual de Tecnologia e de Saneamento Ambiental (São Paulo)

CGFAI Comitê Gestor da Fiscalização Ambiental Integrada

COMAM Conselho Municipal de Meio Ambiente

CONAMA Conselho Nacional do Meio Ambiente

CONSEMA Conselho Estadual do Meio Ambiente

COPAM Conselho Estadual de Política Ambiental

CTN Código Tributário Nacional

DMAT Diretoria de Meio Ambiente e Trânsito da Polícia Militar

DN Deliberação Normativa

EIA Estudo de Impacto Ambiental

EIV Estudo de Impacto de Vizinhança

EPIA Estudo Prévio de Impacto Ambiental

FEAM Fundação Estadual do Meio Ambiente

GCFAI Grupo Coordenador de Fiscalização Ambiental Integrada

IBAMA Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Renováveis

10

IEF Instituto Estadual de Florestas

IGAM Instituto Mineiro de Gestão das Águas

LCA Lei de Crimes Ambientais

LI Licença de Instalação

LO Licença de Operação

LP Licença Prévia

NBR Norma Brasileira

PA Posto de Abastecimento

PM MAMB Polícia Militar do Meio Ambiente

PMMG Polícia Militar de Minas Gerais

PNMA Política Nacional do Meio Ambiente

RCONAMA Resolução do Conselho Nacional do Meio Ambiente

RIMA Relatório de Impacto Ambiental

RIVI Relatório de Impacto de Vizinhança

SAAC Sistema de Abastecimento Aéreo de Combustíveis

SAO Caixa Separadora de Água e Óleo

SASC Sistema de Abastecimento Subterrâneo de Combustível

SBAC Sistema Brasileiro de Avaliação da Conformidade

SEMA Secretaria Estadual do Meio Ambiente

SEMAD Secretaria de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável

SEMA-PR Secretaria do Meio Ambiente da Presidência da República

SISEMA Sistema Estadual de Meio Ambiente

SISNAMA Sistema Nacional do Meio Ambiente

SMMA Secretaria Municipal de Meio Ambiente

SUPRAM Superintendência Regional de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável

11

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................14

2 POLÍTICA NACIONAL DE MEIO AMBIENTE ...........................................................17

2.1 Avaliação de impacto ambiental .....................................................................................19

2.2 Princípio da Prevenção ....................................................................................................22

2.3 Princípio da Precaução ....................................................................................................23

2.4 Licenciamento ambiental .................................................................................................24

2.4.1 Licenças ambientais ........................................................................................................27

2.5 Órgão competente para licenciamento ambiental .........................................................28

3 SISTEMA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE ............................................................30

3.1 Estrutura do Sistema Nacional do Meio Ambiente .......................................................30

3.1.1 Órgãos integrantes do Sistema Nacional do Meio Ambiente..........................................31

3.2 Sistema Estadual de Meio Ambiente ..............................................................................35

3.2.1 Órgãos integrantes do Sistema Estadual de Meio Ambiente ..........................................36

3.2.3 Comitê Gestor de Fiscalização Ambiental Integrada .....................................................40

3.2.4 Superintendências Regionais de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável ..........41

3.3 Sistema Municipal de Meio Ambiente ............................................................................41

4 A POLÍCIA MILITAR DO MEIO AMBIENTE NAS CONSTITUIÇÕES..................43

4.1 A Polícia Militar do Meio Ambiente na Constituição Federal de 1988 .......................43

4.1.1 Ordem Pública Ambiental ...............................................................................................43

4.2 A Polícia Militar do Meio Ambiente na Constituição Estadual de 1989 .....................44

4.3 Poder de Polícia Ambiental .............................................................................................45

4.3.1 Infração administrativa ...................................................................................................47

5 POSTOS DE REVENDA DE COMBUSTÍVEIS COMO ATIVIDADES

POTENCIALMENTE POLUIDORAS ................................................................................49

5.1 Atividades potencialmente poluidoras............................................................................49

5.1.1 Definição .........................................................................................................................49

5.1.2 Lista de atividades potencialmente poluidoras com obrigatoriedade de EIA/RIMA......50

5.2 Definição e classificação dos postos de combustíveis.....................................................54

12

5.2.1 Definição .........................................................................................................................54

5.2.2 Classificação de um posto revendedor como atividade potencialmente poluidora ........55

5.2.3 Classificação de um posto revendedor de acordo com o entorno...................................57

5.3 Principais sistemas ou equipamentos de proteção ambiental em postos de revenda .58

6 POLUIÇÃO..........................................................................................................................65

6.1 Poluição hídrica ................................................................................................................65

6.2 Crime de poluição.............................................................................................................67

6.3 Infrações administrativas relativas à atividade dos postos de revenda.......................68

6.4 Poluição causada por postos de revenda de combustível e seu impacto na saúde do

homem e no meio ambiente ...................................................................................................70

6.4.1 Contaminação humana....................................................................................................71

6.4.2 Impacto ambiental ...........................................................................................................72

6.4.3 Riscos de explosão...........................................................................................................72

7 COMPANHIA DE MEIO AMBIENTE DE BELO HORIZONTE................................74

7.1 Área de atuação ................................................................................................................74

7.1.1 Sede..................................................................................................................................74

7.1.2 Articulação ......................................................................................................................74

7.1.3 Características da sub-área de atuação da Companhia de Polícia Militar do Meio

Ambiente ...................................................................................................................................75

7.2 Capacitação: treinamento dos policiais militares do 1o Pelotão da Companhia de

Polícia Militar do Meio Ambiente para fiscalização de postos de revenda.......................75

7.2.1 Significado dos termos “capacidade” e “capacidade técnica” .....................................75

7.2.2 Curso/treinamento para fiscalização de postos de revenda............................................76

8 METODOLOGIA................................................................................................................78

8.1 Método de abordagem do tema .......................................................................................78

8.2 Método de procedimento .................................................................................................78

8.3 Técnica de coleta de dados...............................................................................................79

8.4 Tipo de Pesquisa ..............................................................................................................79

8.4.1 Quantos aos objetivos da pesquisa..................................................................................80

8.4.2 Quanto ao conceito operativo da pesquisa .....................................................................80

8.4.3 Quanto à natureza da pesquisa .......................................................................................80

8.4.4 Delimitação do universo..................................................................................................80

13

8.4.5 Pesquisa Amostral ...........................................................................................................81

9 ANÁLISE DOS DADOS E RESULTADOS DA PESQUISA..........................................83

9.1 Análise do resultado do questionário aplicado .............................................................83

9.2 Análise das informações coletadas das entrevistas.......................................................87

CONSIDERAÇÕES FINAIS.................................................................................................91

REFERÊNCIAS .....................................................................................................................94

APÊNDICE “A” – QUESTIONÁRIO APLICADO AO 1º PEL DA CIA PM MAMB .101

APÊNDICE “B” – ENTREVISTA À DMAT ....................................................................103

APÊNDICE “C” – ENTREVISTA AO NUCOM..............................................................104

ANEXO “A” – RCONAMA 273/00 ....................................................................................105

ANEXO “B” – TERMO DE REFERÊNCIA PARA FISCALIZAÇÃO – POSTO DE

COMBUSTÍVEL ..................................................................................................................111

14

1 INTRODUÇÃO

Meio ambiente é tema de infindáveis pesquisas. Sua vastidão e complexidade o

torna desafiador para qualquer pesquisador. Realizar uma pesquisa cujo tema envolva meio

ambiente é realizar uma pesquisa de si mesmo. Meio ambiente não se resume apenas em

animais, em florestas, em mares, mas, em homens, cujos únicos seres têm consciência de sua

própria existência e a capacidade de decidir, a cada segundo, seu próprio destino.

Os homens deveriam poder sentir o meio ambiente como algo que o integra e o

completa, como se fosse um único ser. Poder sentir que o que fizer de ruim à natureza estaria

afetando a si mesmo.

O homem, movido pela ganância e poder, vem degradando o meio ambiente de

formas tão variadas que somente a imaginação pode entrever. Década após década, a natureza

e forçosamente o homem, vêm sofrendo as conseqüências dessa degradação. Diversos

animais, dantes abundosos, hoje, perfazem minguados ou extintos. De mar, de terra, de

floresta, o que resta é alvo de premente disputa. É a degradação do próprio homem.

Postos de combustível ou postos de gasolina, chamados nesta pesquisa de postos

de revenda, são considerados atividades potencialmente poluidoras. Os danos que o

combustível, derivado do petróleo, pode causar ao meio ambiente e à saúde do homem são

bastantes sérios. Uma das causas de contaminação de lençóis freáticos é a ocorrência de

vazamentos de combustíveis dos tanques presentes nos postos de revenda, os quais ficam

abaixo do nível do solo.

O interesse pela pesquisa surgiu de uma experiência deste pesquisador, em que

houve a deparação com o seguinte problema: lançamento de resíduo de água e óleo em via

pública por funcionários de um posto de revenda, o que ensejou na escolha do tema desta

pesquisa “A Polícia Militar do Meio Ambiente e a fiscalização de postos de combustíveis”.

A justificativa para a elaboração desta pesquisa leva em conta diversos fatores: a

gravidade dos danos ambientais à saúde humana e ao meio ambiente, em decorrência de

vazamentos de combustível dos tanques instalados no subsolo dos postos; a importância da

fiscalização ambiental, seja da polícia militar do meio ambiente, seja de técnicos ambientais

de órgãos estatais, como forma de controle de poluição ambiental, principalmente das águas

subterrâneas e do solo, e, principalmente, o interesse geral e difuso pela preservação

ambiental, com vistas à garantia da sadia qualidade de vida das presentes e futuras gerações.

15

O objetivo desta pesquisa será analisar a capacidade técnica de policiais militares

do meio ambiente no que se refere à fiscalização ambiental de postos de revenda de

combustível. No decorrer desta pesquisa o leitor será levado a conhecer a legislação e normas

técnicas que regem uma atividade como a dos postos de revenda.

A partir de perguntas objetivas se auferirão informações que serão suficientes para

responder à pergunta: “os policiais militares do 1o Pelotão da Companhia de Polícia Militar do

Meio Ambiente têm capacidade técnica de fiscalizar postos de combustíveis, considerando

seu nível de conhecimento acerca da legislação e normas técnicas que regem o assunto?”.

Nesta pesquisa serão trabalhados com bastante profundidade as principais resoluções e regras

que regulamentam a atividade de um posto de revenda, assim como sua fiscalização.

A Fundação Estadual do Meio Ambiente (FEAM) é personagem de grande

importância no contexto da fiscalização ambiental, pois, através de seus cursos/treinamentos,

é que houve a inserção da Polícia Militar do Meio Ambiente na atividade direta de

fiscalização ambiental de postos de revenda. O curso ministrado à Polícia Militar Ambiental

tem como conteúdo legislação e normas técnicas atinentes à atividade de fiscalização de

postos de revenda de combustível.

A hipótese inicial desta pesquisa é a de que os policiais não tem capacidade

técnica para fiscalizar postos de revenda. A partir dessa hipótese inicial insere-se outra,

secundária: houve interrupção do curso/treinamento da FEAM para fiscalização de postos de

revenda para a PM MAMB.

Objetivos específicos foram delineados nesta pesquisa: verificar se há

fiscalização ambiental em postos de revenda em Belo Horizonte, e, identificar os principais

motivos da incapacidade técnica dos policiais militares do 1o Pelotão da CIA PM MAMB em

fiscalizar postos de revenda.

A linguagem usada nesta pesquisa, apesar de existir muitos termos técnicos, é

bastante acessível a qualquer leitor, até mesmo ao leigo.

As divisões desta pesquisa, chamadas seções, estão estruturadas e organizadas da

seguinte forma:

A Seção 2, logo após esta Introdução, trata sobre a Política Nacional de Meio

Ambiente e suas implicações nos estados. Também trabalha dois princípios do Direito

Ambiental: o princípio da prevenção e o princípio da precaução, dentre outros assuntos.

A Seção 3 trata sobre a composição do Sistema Nacional do Meio Ambiente,

tanto a nível federal quanto a nível estadual. Órgãos ambientais como a FEAM, são tratados

nessa seção.

16

A Seção 4 faz menção à Polícia Militar do Meio Ambiente explanando sua missão

à luz das Constituições Federal e Estadual.

A Seção 5 trata, com bastante propriedade, sobre os postos de revenda de

combustíveis sob três ramificações: atividade potencialmente poluidora, classificação e

principais equipamentos ou sistemas de proteção ambiental em postos de revenda.

A Seção 6 é a que mais causa impressão ao leitor, devido à exposição de fatos e

provas da capacidade que o derivado de petróleo tem em provocar danos à saúde humana e ao

meio ambiente, além de revelar uma estatística oficial sobre as áreas contaminadas de Minas

Gerais, a qual implica diretamente às atividades dos postos de revenda.

A Seção 7 traz explicações sobre a estrutura organizacional, articulação e

características da sub-área de atuação da Companhia de Polícia Militar do Meio Ambiente da

cidade de Belo Horizonte. Também traz resumidas palavras sobre o curso/treinamento em que

a Companhia realizou, sob coordenação da FEAM.

A Seção 8 refere-se a estruturação metodológica adotada por esta pesquisa,

indicando os caminhos percorridos e a técnica utilizada para a elaboração desta monografia.

A Seção 9 representa o resultado mais concreto desta pesquisa, a qual analisa os

dados coletados em campo, por meio de questionário e entrevistas, vindo a subsidiar às

conclusões deste pesquisador.

Completam a estrutura desta pesquisa as considerações finais, as referências

utilizadas durante a pesquisa e, anexos/apêndices.

17

2 POLÍTICA NACIONAL DE MEIO AMBIENTE

Para se entender como se chegou à Lei Federal 6.938, de 31.08.81, que dispõe

sobre a Política Nacional do Meio Ambiente (PNMA), é preciso voltar anos antes de sua

implantação, mais precisamente em 1972, ano em que ocorreu a Declaração da Conferência

das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente Humano1, em Estocolmo, Suécia.

O mundo estava voltando suas atenções para questões ambientais principalmente

a partir dessa Conferência. Segundo Buglione (1999)2, a maioria das leis ambientais que

vigoram até hoje no Brasil foram editadas no período da década de setenta, quando o país

estava voltado para o crescimento econômico. A Conferência de Estocolmo ocorreu no

momento em que o Brasil estava em pleno regime militar, período conhecido como “milagre

econômico”.

Milaré (2007, p. 309), ao se referir à participação do Brasil na Conferência de

Estocolmo, informa que o Brasil expressou a oposição entre o Hemisfério Norte, rico e já

preocupado com a proteção ambiental, e o Hemisfério Sul, pobre e preocupado com seu

enriquecimento, e complementa ao dizer que o Brasil defendeu o desenvolvimento econômico

a qualquer preço, causando grande mal-estar e controvérsia.

Milaré (2007, p. 309) diz ainda que, mesmo que o Brasil não se interessasse por

editar normas ambientais de proteção mais eficazes, devido ao momento econômico em que o

Brasil estava passando, estados mais industrializados como o Rio de Janeiro e São Paulo

tiveram a preocupação de editar leis e instituir órgãos para controlar a poluição. Minas Gerais,

em 09 de setembro de 1980, publicou a Lei Estadual nº 7.772/80, que dispõe sobre a proteção,

conservação e melhoria do meio ambiente em Minas Gerais.

No âmbito federal o Brasil estava pressionado, segundo Buglione (1999)

“principalmente da sociedade civil e internacional”, culminando, em 31 de agosto de 1981, no

surgimento da primeira lei genérica de proteção ambiental, a Lei Federal nº 6.938. Essa lei

veio apenas sistematizar as leis específicas já existentes.

Nasce, então, a Política Nacional de Meio Ambiente através da aprovação da Lei

Federal nº 6.938/81, conhecida como Lei da PNMA, a qual traz em seu artigo 2º o objetivo

maior: preservação, melhoria e recuperação da qualidade ambiental. Milaré (2007, p. 310) diz

1 Disponível em <http://www.vitaecivilis.org.br/anexos/Declaracao_Estocolmo_1972.pdf>. Acesso em 29 set.

2007, 16 e 25 out. 2008. 2 BUGLIONE, Samantha. As flores não resistem a canhões. O desafio de tutelar o meio ambiente. 1999.

18

que a Lei da PNMA atribuiu aos estados a responsabilidade maior na execução das normas

protetoras do meio ambiente, o que foi bem aceito pelos estados mais industrializados, que,

além de assumirem essa responsabilidade de proteção ambiental, estabeleceram normas

próprias, “O Estado de São Paulo, de modo especial, instituiu várias áreas protegidas, com

restrições ao uso do solo.”

De acordo com o § 1º, do art. 6o dessa Lei, na esfera de suas competências e nas

áreas de sua jurisdição, os estados e os municípios poderão elaborar normas supletivas e

suplementares e padrões relacionadas ao meio ambiente, observados os que forem

estabelecidos pelo Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA), que, segundo Milaré

(2007, p. 295) é o órgão maior do Sistema Nacional do Meio Ambiente (SISNAMA) com

funções consultivas e deliberativas.

Para compreender o sentido do § 1º, do art. 6º da Lei da PNMA, no que se refere

às competências dos estados em legislar sobre matéria de meio ambiente e sobre a

observância aos padrões estabelecidos pelo CONAMA, será realizada uma análise do art. 24

da Constituição Federal de 1988 (CF/88), e seus parágrafos.

O “caput” do art. 24 é o seguinte: “Compete à União, aos Estados e ao Distrito

Federal legislar concorrentemente sobre:”. Antunes (2004, p. 89) esclarece que o art. 24 da

CF/88 trata de uma competência legislativa própria para os estados, e que cada estado pode

estabelecer as suas próprias normas ambientais. No art. 24 é mencionada a competência

concorrente entre a União e Estados em legislar, dentre outros itens, sobre a proteção do meio

ambiente e controle da poluição. Como é explicada por Antunes (2004, p. 88), essa

competência não é puramente administrativa, mas é a capacidade de legislar sobre

determinadas matérias (ambientais).

Há situações em que os estados podem legislar sobre matéria ambiental: a

primeira, como o próprio Antunes (2004, p. 89) alude, é o caso de inexistir norma federal de

tutela ambiental conferindo aos estados competência legislativa plena sobre matéria

ambiental, e, conforme o § 3º do art. 24, da CF/88, essa competência legislativa plena é para

atender as peculiaridades dos estados.

A outra situação é quando existe norma geral elaborada pela União, o qual limita a

competência legislativa dos estados tornando-a suplementar, ou seja, os estados só poderão

legislar de forma suplementar, respeitadas as normas gerais ambientais elaboradas pela União.

Antunes (2004, p. 89) bem esclarece que a legislação estadual suplementar perde eficácia se

contrariar norma geral federal existente, e Machado (2007, p. 108) acrescenta dizendo que

“não se suplementa a legislação que não exista”.

19

Antunes (2004, p. 90) entende ser inequívoco que tanto a União, os Estados e os

Municípios sejam dotados de amplas competências ambientais. Na prática não há ação

coordenada entre esses entes.

Levando em consideração o art. 24, em seu § 1º3 e § 2º4, da CF/88, que trata sobre

a limitação da União em estabelecer somente normas gerais ambientais, e sobre a

competência suplementar dos estados, o § 1º do art. 6º da Lei da PNMA se torna mais

compreensível. Seguinte é o teor do § 1º do art. 6º dessa Lei: “Os Estados (...) elaborarão

normas supletivas e complementares e padrões relacionados com o meio ambiente,

observados os que forem estabelecidos pelo CONAMA”. O CONAMA, segundo Antunes

(2004, p. 100), pode e deve estabelecer os padrões federais que devem ser tidas como normas

gerais a serem observadas pelos estados e municípios.

Voltando ao art. 2o da Lei da PNMA, menciona, como primeiro inciso, o termo

“ação governamental”. Segundo Milaré (2007, p. 310), não existe um efetivo plano de ação

governamental em andamento, visando à preservação do meio ambiente, integrando as três

esferas da Administração Pública: União, Estados e Municípios. O que se tem, segundo

Milaré (2007, p. 310), é um esboço de um início de Política Ambiental, mas, apenas limitada

à observância das normas técnicas editadas pelo CONAMA.

Antunes (2004, p. 90) sedimenta dizendo que os três níveis da administração

pública, na prática, não agem coordenadamente, e que é urgente a elaboração de Lei

Complementar federal sobre normas gerais, para que a proteção do meio ambiente possa ser

feita de forma harmônica e integrada entre os estados.

2.1 Avaliação de impacto ambiental

Prevista no inc. III do art. 9º da Lei da PNMA, a Avaliação de Impacto Ambiental

(AIA) é instrumento da PNMA, e, segundo Antunes (2004, p. 299), a Lei da PNMA não traça

as formalidades de como deveriam compor a AIA. Conforme o art. 1º, inc. III da Resolução nº

237, de 19.12.1997, do CONAMA, a AIA “trata sobre a licença ambiental para

3 Art. 24, § 1º, CF/88 – “No âmbito da legislação concorrente, a competência da União limitar-se-á a estabelecer

normas gerais”. 4 Art. 24, § 2º, CF/88 – “A competência da União para legislar sobre normas gerais não exclui a competência

suplementar dos Estados”.

20

empreendimentos e atividades consideradas efetiva ou potencialmente causadoras de

significativa degradação do meio”.

O Decreto Federal nº 99.274/90, ao regulamentar a Lei da PNMA, segundo Milaré

(2007, p. 356), vinculou a AIA aos sistemas de licenciamento, outorgando ao CONAMA a

competência de fixar critérios que exigirão estudos de impacto ambiental5 para fins de

licenciamento.

Foi a partir dessa vinculação, como Milaré (2007, p. 356) complementa, que o

CONAMA “vem regulamentando o licenciamento de obras e atividades mediante avaliação

de impacto ambiental”. Essa regulamentação se dá através de Resoluções CONAMA

(RCONAMA), sendo que, dentre as diversas RCONAMA editadas, a mais importante no

campo das AIA, segundo Antunes (2004, p. 299), é a RCONAMA 001, de 23.01.1986, pois

buscou dar uma regulamentação, a mais completa possível.

Antunes (2004, p. 300) explica que a efetivação da AIA foi em decorrência da

realização de Estudo de Impacto Ambiental (EIA) e respectivos Relatórios de Impacto

Ambiental (RIMA). Muitos estudiosos do assunto, segundo Milaré (2007, p. 356), chegaram a

considerar que a AIA se limitava à figura do EIA/RIMA. Antunes (2004, p. 300)

complementa dizendo que o termo Estudo de Impacto Ambiental vem se popularizando de tal

forma que foi consagrado na CF/88, no seu art. 225, § 1º, IV: “exigir, na forma da lei, para

instalação de obra ou atividade potencialmente causadora de significativa degradação do meio

ambiente, estudo prévio de impacto ambiental, a que se dará publicidade.” (Grifo do autor).

Segundo Antunes (2004, p. 359), o Estudo de Impacto Ambiental é prévio. Tal

afirmativa é cimentada pela própria Lei Maior, em seu art. 225, § 1º, inc. IV, ao se referir ao

Estudo de Impacto Ambiental (EIA) como sendo Estudo Prévio de Impacto Ambiental

(EPIA).

EIA e RIMA, apesar de serem considerados vulgarmente como sinônimos,

segundo Milaré (2007, p. 363), são, na verdade, documentos distintos. Machado (2007, p.

229) explica que o estudo é mais abrangente que o relatório, englobando este. O Estudo

compreende o levantamento da literatura científica e legal, pesquisa de campo, análise de

laboratório e a própria redação do Relatório. Já o Relatório (RIMA), é a parte documental,

refletindo, segundo Machado (2007, p. 229), nas conclusões do EPIA, como é adotado pelo

Machado (2007, p. 228), e consagrado na CF/88 (art. 225, § 1º, inc. IV).

5 Antunes (2004, p.271): “resultado da intervenção humana sobre o meio ambiente”.

21

Segundo Milaré (2007, p. 400), embora o EIA/RIMA seja o instrumento da

Avaliação de Impacto Ambiental mais conhecido e utilizado, dispondo de legislação e normas

detalhadas, eles não exaurem todo o espectro da AIA. Milaré (2007, p. 400) cita como

exemplo o Estudo de Impacto de Vizinhança (EIV) e seu respectivo Relatório (Relatório de

Impacto de Vizinhança-RIVI). O EIV e o RIVI, conforme Milaré (2007, p. 399) preconiza,

são instrumentos da Política Nacional do Meio Ambiente, apesar de não constar

explicitamente na lei com esse nome. É um desdobramento da AIA a ser aplicado para estudo

de impactos urbanos localizados. Milaré (2007, p. 399) ainda esclarece que o EIV/RIVI não

dispensa o EIA/RIMA. O termo EIV/RIVI encontra-se no art. 36 da Lei Federal nº

10.257/2001, conhecida como Estatuto da Cidade.

Como a própria CF/88 declara, em seu art. 225, § 1º, IV, para a exigência de EPIA

é necessário que o empreendimento potencialmente poluidor possa causar significativa

degradação do meio ambiente. Sirvinskas (2003, p. 73) entende da mesma forma quanto à

exigência de EPIA para o empreendimento que for potencialmente causador de significativa

degradação ambiental. Essa exigência foi consubstanciada na RCONAMA nº 237/97 em seu

art. 3º: “a licença ambiental para empreendimentos e atividades consideradas efetiva ou

potencialmente causadoras de significativa degradação do meio dependerá de prévio estudo

de impacto ambiental e respectivo relatório (...)”.

O CONAMA baixou a Resolução 237, de 19.12.1997, (RCONAMA 237/97),

dando, segundo Milaré (2007, p. 361), maior originalidade e uniformidade ao sistema de

licenciamento ambiental. No art. 1º, inc. III, a RCONAMA 237/97 chama a AIA de “Estudos

Ambientais”, segundo Milaré (2007, p. 361), este é gênero, em que são espécies todos e

quaisquer estudos relativos aos aspectos ambientais, englobando o relatório ambiental, plano

de manejo, dentre outros, apresentados como subsídio para a análise da licença ambiental.

Nenhum outro instrumento, segundo Milaré (2007, p. 364), encarna tão bem o

conceito de prevenção do que o EIA, que, aliás, é prévio, conforme a própria Lei Magna, o

qual é exigido antes de se iniciar atividade ou obra que venha causar significativa degradação

ambiental.

Segundo Milaré (2007, p. 393), para que um empreendimento potencialmente

causador de impacto ambiental possa ser licenciado é preciso que ele atenda a um requisito: se

submeter a uma AIA. E o instrumento que a AIA utilizará será o EIA/RIMA. Na mesma linha

de raciocínio, Antunes (2004, p. 337) diz que o EIA é parte integrante do processo de

licenciamento.

22

De acordo com Antunes (2004, p. 336), a responsabilidade e custeio para a

realização dos estudos necessários ao processo de licenciamento (EIA/RIMA) é do

empreendedor de atividade potencialmente poluidora o que, em seguida, levará o estudo à

apreciação do órgão licenciador. No art. 11 da RCONAMA 237/97 é expressa essa exigência.

2.2 Princípio da Prevenção

De acordo com Milaré (2007, p. 766), a aplicação princípio da prevenção se dá

quando o perigo é certo e quando se tem elementos seguros para afirmar que uma determinada

atividade é efetivamente perigosa. No mesmo sentido, Machado (2007, p. 64) afirma que a

aplicação do princípio da prevenção é incontestável diante da obrigação de prevenir ou evitar

o dano ambiental quando puder ser detectado antecipadamente. Machado (2007, p. 84) diz

ainda que, não há prevenção sem pesquisa e informação organizada.

Para Milaré (2007, p. 767), o princípio da prevenção, na prática, tem como

objetivo impedir que danos ao meio ambiente ocorram, para isso, são impostas medidas

acautelatórias, como o EPIA, antes da implantação de empreendimentos e atividades

consideradas efetiva ou potencialmente poluidoras. O princípio da prevenção, segundo

Machado (2007, p. 83), é medida de antecipação, solucionando problemas ambientais em seu

nascedouro.

O ato de prevenir foi interpretado por Machado (2007, p. 84) como sendo um agir

antecipadamente, mas, para que essa ação ocorra, segundo ele, é preciso que se forme um

conhecimento do que venha a ser prevenido. Esse conhecimento advém de medidas

acautelatórias como o EPIA, e, conforme alude Antunes (2004, p. 37), o principal instrumento

de prevenção de danos ambientais é o licenciamento ambiental, seguindo a mesma linha de

raciocínio, Milaré (2007, p. 767) completa ao dizer que o estudo (prévio) de impacto

ambiental é um exemplo típico desse direcionamento preventivo.

Segundo Machado (2007, p. 74), uma característica do princípio da prevenção é a

existência de certeza de dano ambiental, o qual se deve prevenir, conforme apregoa o

princípio da prevenção. Como foi dito antes, para se prevenir de que algum dano ocorra deve-

se buscar conhecimento através de um estudo, como o EIA.

Deve-se buscar, conforme Milaré (2007, p. 766), “elementos seguros para afirmar

que uma determinada atividade é efetivamente perigosa”, sendo necessário, no caso de certeza

23

de dano ambiental, que haja demonstração, comprovação. Esse também é o entendimento de

Machado (2007, p. 74). Esses “elementos” ditos por Milaré (2007, p. 766), e o

“conhecimento” dito por Machado (2004, p. 84), são conseguidos através do Estudo de

Impacto Ambiental.

2.3 Princípio da Precaução

E no caso de se não ter certeza que um dano ambiental possa ocorrer? Segundo

Antunes (2004, p. 36), diante de uma incerteza científica, a prudência é o melhor caminho.

Também é o entendimento de Machado (2007, p. 74) quando diz que, deve-se agir

prevenindo, no caso de incerteza.

Mas, essa característica, o da incerteza científica, integra o princípio da precaução

e não o princípio da prevenção. Segundo Milaré (2007, p. 767), o princípio da precaução se

situa no campo das possibilidades, da “incerteza dos saberes científicos”. Milaré (2007, p.

765) diz que há juristas que usam ambas as expressões como se não houvesse diferença entre

elas.

De acordo com Milaré (2007, p. 766), enquanto que o princípio da prevenção trata

de riscos ou impactos já conhecidos pela ciência, o princípio da precaução trata de riscos

desconhecidos. Este se preocupa com o perigo abstrato e aquele com o perigo concreto.

O princípio da precaução, de acordo com Antunes (2004, p. 36), ganhou

reconhecimento internacional quando foi inserido na Declaração do Rio, em 1992, (Princípio

nº 15), transcrito a seguir:

Com o fim de proteger o meio ambiente, os estados devem aplicar amplamente o critério de precaução conforme às suas capacidades. Quando haja perigo de dando grave ou irreversível, a falta de uma certeza absoluta não deverá ser utilizada para postergar-se a adoção de medidas eficazes em função do custo para impedir a degradação do meio ambiente.

Machado (2007, p. 77) cita o termo in dubio pro salute ou in dubio pro natura em

sua obra Direito Ambiental Brasileiro, ao dizer que, em caso de dúvida, se adia ou não uma

medida de precaução, a opção é a proteção imediata do ser humano e conservação do meio

ambiente. Para Milaré (2007, p. 769), o princípio da precaução obriga levar em conta a

variável ambiental em qualquer ação ou decisão que possa causar algum impacto negativo

sobre o meio ambiente.

24

Segundo Machado (2007, p. 78), a Administração Pública que não procura

prevenir danos ao homem e ao meio ambiente, deixando de exigir e praticar medidas de

precaução, afeta diretamente os princípios da eficiência, legalidade e moralidade, expressos

no art. 37 da CF/88.

2.4 Licenciamento ambiental

De acordo com o art. 1º, inc. I, da RCONAMA nº 237/97, licenciamento

ambiental é definido como sendo “procedimento administrativo pelo qual o órgão ambiental

competente licencia a localização, instalação, ampliação e a operação de empreendimentos e

atividades (...) consideradas efetiva ou potencialmente poluidoras (...)”.

O principal documento que trata sobre licenciamento ambiental, segundo Antunes

(2004, p. 142), é o Decreto Federal nº 99.274, de 06.06.90. Esse decreto regulamenta a Lei

6.938/81, que trata da PNMA.

De acordo com o art. 10 da Lei nº 6.938/81, o licenciamento ambiental é exigido

no caso de funcionamento, construção, ampliação e instalação de atividades consideradas

potenciais poluidoras, bem como empreendimentos capazes de causar degradação ambiental.

Segundo Antunes (2004, p. 143), o órgão responsável para o licenciamento ambiental é

aquele de nível estadual, integrante do SISNAMA.

Outro termo que será mencionado nesta pesquisa é “licença ambiental”, cuja

definição é diferente da do termo licenciamento ambiental. Conforme o art. 1º, II, op. cit.,

licença ambiental significa:

Ato administrativo pelo qual o órgão ambiental competente, estabelece as condições, restrições e medidas de controle ambiental que deverão ser obedecidas pelo empreendedor, (...), para localizar, instalar, ampliar e operar empreendimentos ou atividades (...) consideradas efetiva ou potencialmente poluidoras (...).

Para Sirvinskas (2003, p. 80), licença ambiental “é a outorga concedida pelo

Poder Público a quem pretende exercer uma atividade potencialmente nociva ao meio

ambiente”.

Machado (2007, p. 273) emprega em sua obra os termos licença ambiental e

autorização ambiental como equivalentes, devido a uma interpretação que faz do Texto

25

Constitucional, art. 170, parágrafo único, que diz: “É assegurado a todos o livre exercício de

qualquer atividade econômica, independentemente de autorização de órgãos públicos, salvo

nos casos previstos em lei” (grifo do autor). Machado (2007, p. 273) conclui que, conforme

entendimento do Texto Constitucional, o sistema de licenciamento ambiental deve-se

processar pelo sistema de autorizações.

Antunes (2004, p. 139) esclarece que a licença ambiental não pode ser entendida

no mesmo sentido que a licença administrativa. Tendo-se em vista que uma vez concedida

uma licença administrativa, passa à condição de direito adquirido ao titular.

A licença administrativa, segundo Antunes (2004, p. 137), tem caráter definitivo,

sendo revogado, mediante indenização, por interesse público ou se violar uma lei. Ao passo

que a autorização administrativa é revogável a qualquer momento pelo Poder Público. A

licença e autorização administrativas mantêm relação intensa e contraditória com a

licença/autorização ambiental.

O Tribunal de Justiça de São Paulo, TJSP6 (1993, apud MACHADO, 2007, p.

273) analisou a letra da Lei da PNMA, especificamente o art. 10 e seu § 1º7, em que surge o

termo licenciamento. É de entendimento do Tribunal de que, para o Direito Ambiental,

licença ambiental tem natureza jurídica de autorização, o que é comprovado quando o

legislador escreveu “sua renovação”, ao se referir à licença ambiental.

É também o entendimento de Sirvinskas (2003, p. 81) quando diz que a licença

ambiental tem prazo de validade preestabelecido, devendo ser obedecido e respeitado.

Extinguindo o prazo da licença o empreendedor da atividade deve requerer sua renovação.

Interessante notar que, conforme Sirvinskas (2003, p. 82), essa renovação

periódica da licença ambiental de um empreendimento, tem por objetivo um

acompanhamento dessa atividade, constatando-se se ela está cumprindo as determinações

legais.

Conforme Sirvinskas (2003, p. 84), ao lançar mão do art. 18 da RCONAMA

237/97, o prazo de validade da licença prévia (LP) não pode ser superior a cinco anos, no

máximo; para a licença de instalação (LI), o prazo não pode ser superior a seis anos; e, para a

licença de operação (LO), o prazo de validade será de quatro anos no mínimo, e de dez anos

no máximo.

6 TJSP, 7ª C., AR de Ação Civil Pública 178.554-1-6, rel. Des. Leite Cintra, j. 12.5.1993 (Revista de Direito

Ambiental 1/200-203, janeiro-março de 1996). 7 Lei 6.938/81, art. 10, § 1º: “Os pedidos de licenciamento, sua renovação e a respectiva concessão serão

publicados no jornal oficial do Estado, bem como em um periódico regional ou local de grande circulação”.

26

Sirvinskas (2003, p. 82) não considera a licença ambiental como sendo uma

autorização, senão o Poder Público poderia revogar ou cassar a licença a qualquer momento,

ficando, o empreendedor, à mercê de mudanças políticas ou da vontade da Administração

Pública. O cumprimento ou o respeito ao prazo da licença ambiental é assegurado ao

empreendedor, como explicado anteriormente, dando a ele segurança, devido ao alto

investimento na construção da empresa. Sirvinskas (2003, p. 82) explica que a revogação da

licença ambiental, mesmo que ainda vigente, se dá de duas formas: pelo descumprimento de

norma legal ou regulamentar, ou se a atividade estiver causando prejuízo à saúde humana ou

danos ao meio ambiente.

Para Antunes (2004, p. 140), mesmo que o sentido de licenciamento ambiental

seja o de uma autorização ambiental, a licença ambiental não pode ser relegada a uma simples

autorização, em face dos elevados gastos numa implantação de um empreendimento utilizador

de recurso ambiental. Ele explica que, enquanto que a licença ambiental for vigente o

empreendedor não será obrigado a mudar seus padrões ambientais, pois, já estará legalmente

licenciado e atendendo aos padrões exigidos para tal. Mas, cessada a vigência da licença, os

novos padrões ambientais são imediatamente exigíveis.

Segundo Milaré (2007, p. 421), a licença ambiental assegura ao empreendedor,

durante sua vigência, estabilidade meramente temporal e não o direito de operar ad aeternum.

Mas, se no período em que vige a licença houver nocividade do empreendimento ao ambiente,

há a previsão legal, conforme Milaré (2007, p. 421), em que se permite ao órgão ambiental

modificar, suspender ou cancelar a licença ambiental. Essa previsão está no art. 19 da

RCONAMA 237/978.

Antunes (2004, p. 137) diz o que licenciamento ambiental é o mais importante

dentre todos os mecanismos de controle das atividades econômicas potencialmente

degradadoras do meio ambiente. É o que afirma Milaré (2007, p. 406) ao dizer que, por meio

do licenciamento ambiental a Administração Pública exerce o necessário controle sobre as

atividades humanas que interferem nas condições do meio ambiente.

8 “O órgão ambiental competente, mediante decisão motivada, poderá modificar os condicionantes e as medidas

de controle e adequação, suspender ou cancelar uma licença expedida, quando ocorrer: I – violação ou inadequação de quaisquer condicionantes ou normas legais; II – omissão ou falsa descrição de informações relevantes que subsidiaram a expedição da licença; III – superveniência de graves riscos ambientais e de saúde”.

27

2.4.1 Licenças ambientais

Segundo Antunes (2004, p. 144), as licenças ambientais basicamente se encerram

em duas licenças preliminares: Licença Prévia (LP)9 e Licença de Instalação (LI)10, e uma

final: Licença de Operação (LO)11. Conforme Machado (2007, p. 283), as licenças guardam

entre si relação de dependência.

Para se ter a licença final o empreendedor dependerá do cumprimento das

exigências estabelecidas nas licenças preliminares. Somente após o cumprimento das

exigências das fases anteriores, através de vistoria de órgão público ambiental competente, é

que será concedida a LO.

Conforme Milaré (2007, p. 433), as licenças ambientais, previstas no Decreto

Federal nº 99.274/90 e na RCONAMA 237/97, expressam regras gerais que disciplinam o

procedimento licitatório ordinário.

Para Milaré (2007, p. 433) determinados empreendimentos, em razão de suas

características específicas (porte, localização, natureza), ou devido ao pequeno impacto

ambiental que o empreendimento possa causar, licenças específicas são exigidas, rebelando-se

ao trâmite normal de licenciamento. Antunes (2004, p. 144) complementa dizendo que, em

diversas hipóteses são necessárias outras licenças além daquelas mencionadas. Conforme

Milaré (2007, p. 433), o CONAMA cuidou de prever a possibilidade de edição de normas

ambientais específicas12.

Milaré (2007, p. 434) cita diversos exemplos de resoluções específicas que o

CONAMA editou, dentre elas as de números, 273/00 (postos de combustíveis e serviços),

279/01 (empreendimentos elétricos com pequeno potencial de impacto ambiental), etc.

De acordo com o art. 1o da RCONAMA 273/00, o licenciamento ambiental é

obrigatório para os postos de revenda de combustível (PRs).

9 Art. 19, inc. I, Decreto Federal nº 99.274/90: “Licença Prévia – LP, na fase preliminar do planejamento da

atividade, contendo requisitos básicos a serem atendidos nas fases de localização, instalação e operação, observados os planos municipais, estaduais ou federais de uso do solo”.

10 Inc. II: “Licença de Instalação – LI, autorizando o início da implantação, de acordo com as especificações constantes de Projeto Executivo aprovado”.

11 Inc. III: “Licença de Operação – LO, autorizando, após as verificações necessárias, o início da atividade licenciada e o funcionamento de seus equipamentos de controle de poluição, de acordo com o previsto nas Licenças Prévias e de Instalação”.

12 Art. 9º, RCONAMA 237/97: “O CONAMA definirá, quando necessário, licenças específicas, observadas a natureza, características e peculiaridades da atividade ou empreendimentos e, ainda, a compatibilização do processo de licenciamento com as etapas de planejamento, implantação e operação”.

28

2.5 Órgão competente para licenciamento ambiental

Milaré (2007, p. 415), ao interpretar a RCONAMA 237/97, que trata sobre

licenciamento ambiental, diz que o critério para se identificar qual órgão é o responsável para

o licenciamento ambiental é determinado pela área de influência direta do impacto ambiental.

A área que venha a sofrer diretamente um impacto ambiental definiria qual órgão

teria competência, dentre os níveis federal, regional e municipal. Essa resolução, segundo

Milaré (2007, p. 415), ao estabelecer os impactos ambientais por área (nacional, regional e

local), tem como objetivo definir as competências para licenciamento.

Para Milaré (2007, p. 413), o licenciamento ambiental pode ser disciplinado pelos

três níveis de governo: federal, estadual e municipal. Machado (2007, p. 275) fortalece o

escólio de Milaré ao dizer que os três níveis têm competências para licenciamento ambiental.

Essa argumentação se depreende, conforme Machado (2007, p. 275), da interpretação do art.

23, inc. VI, da CF/88, que trata sobre a competência comum dos governos federal, estadual e

municipal na proteção do meio ambiente.

Antunes (2004, p. 146), fazendo alusão às palavras do legislador ordinário,

expressas no “caput” do art. 4º da RCONAMA 237/9713, diz que, sem qualquer base legal

esse legislador estabelece a competência de licenciamento ao Instituto Brasileiro de Meio

Ambiente e Recursos Renováveis (IBAMA), para atividades com significativo impacto

ambiental, de âmbito nacional ou regional.

Milaré (2007, p. 412) completa o raciocínio dizendo que a RCONAMA 237/97,

ao especificar critérios para o exercício da competência para licenciamento, baseados no

alcance dos impactos ambientais, fica eivada de inconstitucionalidade. Conforme Milaré

(2007, p. 412), a Resolução usurpa da CF/88 a competência que esta atribui aos entes

federados. É também o entendimento de Antunes (2004, p. 146) quando se refere à inversão

ilegal de competência que a RCONAMA 237/97 provoca, em termos de licenciamento

ambiental.

Ao se referir ao parágrafo único do art. 23 da CF/88, Antunes (2004, p. 90)

externa a urgência de se elaborar Lei Complementar com o fim de resolver esses conflitos de

atribuições e competências.

13 RCONAMA237/97, art. 4º, caput: “Compete ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos

Naturais Renováveis – IBAMA, órgão executor do SISNAMA, o licenciamento ambiental, a que se refere o

29

Segundo Machado (2007, p. 278), a amplitude dos termos “impacto ambiental de

âmbito nacional ou regional”, expressos no art. 4º, da Lei da Política Nacional do Meio

Ambiente (Lei 6.938/97), deixam incerta a atividade licenciadora do IBAMA, órgão

ambiental federal.

Conforme Machado (2007, p. 278), os estados, frente à União, não se obrigam a

abdicar de competências ambientais, contudo, podem agir de forma cooperada. É o

entendimento de Antunes (2004, p. 144) ao se tratar da finalidade do SISNAMA, o qual

estabelece que seus órgãos integrantes devem agir de forma cooperada e harmônica.

Como visto anteriormente, em relação à inconstitucionalidade de atribuição de

competência aos estados e municípios, Milaré (2007, p. 416) é bem esclarecedor ao dirimir

esse conflito de competência que a RCONAMA 237/97 traz, dizendo que o instituto do

licenciamento se vincula ao interesse público e não à titularidade do bem, tampouco a

competência para o licenciamento é determinada pela área de influência direta do impacto

ambiental.

artigo 10 da Lei 6.938, de 31 de agosto de 1981, de empreendimentos e atividades com significativo impacto ambiental de âmbito nacional ou regional (...)”.

30

3 SISTEMA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE

O Sistema Nacional do Meio Ambiente (SISNAMA), segundo Milaré (2007, p.

293), é formado por um conjunto de órgãos e instituições do Poder Público com a finalidade

da proteção ambiental. Sirvinskas (2003, p. 93) é de mesmo entendimento ao dizer que o

SISNAMA é uma rede de agências ambientais com a finalidade de cumprir a previsão

constitucional e infraconstitucional. Conforme Sirvinskas (2003, p. 93), as instituições do

Poder Público, que compõem o SISNAMA, são os poderes Executivo, Legislativo e

Judiciário, cada qual incumbido de uma determinada função, no âmbito do direito ambiental.

Segundo Sirvinskas (2003, p. 93), ao Poder Executivo cabe a fiscalização e o

controle ambiental das atividades potencialmente poluidoras, a concessão de licenças

ambientais, a exigência de Estudo Prévio de Impacto Ambiental, etc. Ao Poder Legislativo

cabe a incumbência da criação de leis. Ao Poder Judiciário cabe o julgamento de ações

ambientais, a revisão de atos administrativos e controle da constitucionalidade de normas. O

Ministério Público (MP) entra nesse contexto, de acordo com Sirvinskas (2003, p. 94), com a

função de promover ação civil pública (art. 129, CF/88) e instauração de inquérito civil e

criminal.

Segundo Milaré (2007, p. 297), o SISNAMA representa uma articulação de

diversos níveis da Administração Pública, tendo como principal fluxo, a informação, que flui

nos dois sentidos: da cúpula para os escalões inferiores, e destas para o alto. O SISNAMA não

possui identidade, não ocupa um espaço, ele existe por meio de suas ramificações, quais

sejam: órgãos com poder de polícia (IBAMA) e órgãos seccionais (órgãos e secretarias

estaduais) e locais (órgãos e secretarias municipais).

3.1 Estrutura do Sistema Nacional do Meio Ambiente

Resumidamente Antunes (2004, p. 98) cita a composição da estrutura do

SISNAMA em: órgão superior, órgão consultivo e deliberativo, órgão central, órgãos

setoriais, órgãos seccionais e órgãos locais. Antunes (2004, p. 98) se baseou no art. 6º da Lei

6938/81, Lei da PNMA para estruturar o SISNAMA nesses sete níveis político-

administrativos.

31

Quando Antunes (2004, p. 99) se refere aos órgãos formadores do SISNAMA ele

quer informar que esses órgãos fazem parte de uma estrutura administrativa, ou estrutura

político-administrativa, nas palavras de Milaré (2007, p. 295).

3.1.1 Órgãos integrantes do Sistema Nacional do Meio Ambiente

3.1.1.1 Órgão Superior

Conforme Sirvinskas (2003, p. 94), o órgão superior é constituído pelo Conselho

de Governo, o qual assessora diretamente o Presidente da República na elaboração da política

nacional do meio ambiente, nas diretrizes governamentais e nos recursos naturais. Segundo

Antunes (2004, p. 100), o Conselho de Governo é composto por todos os Ministros de Estado,

pelos titulares dos órgãos essenciais da Presidência da República e pelo Advogado Geral da

União.

Milaré (2007, p. 94) explica melhor, do que seja órgão superior, dizendo que,

apesar da previsão legal de órgão assessor do presidente, até o momento não houve atuação de

fato, desse Conselho, na elaboração de diretrizes governamentais do meio ambiente.

O Conselho de Governo, segundo Milaré (2007, p. 295), possui apenas existência

formal. Na prática é o CONAMA quem atua concretamente na formulação de diretrizes

governamentais do meio ambiente no lugar do Conselho de Governo.

3.1.1.2 Órgão Consultivo e Deliberativo

De acordo com Milaré (2007, p. 295), o CONAMA é o órgão maior do Sistema,

com funções consultivas e deliberativas.

Conforme Machado (2007, p. 157), as competências consultivas e deliberativas

estão bem marcadas. Como função consultiva o CONAMA assessora, estuda e propõe ao

Conselho de Governo as diretrizes governamentais de meio ambiente e recursos naturais.

32

Como função deliberativa o CONAMA estabelece normas e padrões compatíveis com o meio

ambiente.

O CONAMA, de acordo com Milaré (2007, p. 295), é presidido pelo Ministro do

Meio Ambiente e se compõe de representantes dos Governos Estadual, do Distrito Federal e

Municipal, representantes de Ministérios, inclusive um representante de cada Comando

Militar do Ministério da Defesa. E, conforme Antunes (2004, p. 104), representantes da

sociedade civil organizada também integram o CONAMA.

Antunes (2004, p. 106) cita ainda a participação do Conselho Nacional de

Comandantes Gerais das Polícias Militares e Corpos de Bombeiros Militares no CONAMA.

Também são membros, convidados e sem direito a voto, um representante do Ministério

Público Federal e outro Estadual, e um representante da Comissão de Defesa do Consumidor.

A competência legal do CONAMA, conforme Antunes (2004, p. 102), está

prevista no art. 7º do Decreto Federal nº 99.274/90, que regulamenta a Lei da PNMA, com

nova redação dada pelo Decreto Federal nº 3.942/01. Dentre as atribuições do CONAMA

têm-se: estabelecer, mediante proposta do IBAMA, normas e critérios para licenciamento

ambiental de atividades potencialmente poluidoras, a ser concedido pela União, Estados,

Distrito Federal e Municípios e supervisionada pelo referido Instituto; determinar a realização

de estudos das alternativas e das possíveis conseqüências ambientais de projetos, requisitando

aos órgãos dos três níveis do Poder Executivo as informações indispensáveis para apreciação

do EIA/RIMA, no caso de obra ou atividade com significativa degradação ambiental;

deliberar sobre normas e padrões compatíveis com o meio ambiente ecologicamente

equilibrado.

Machado (2007, p. 158) esclarece que o IBAMA não propõe normas e critérios

para licenciamento, ele apenas opina.

3.1.1.3 Órgão Central

Segundo Sirvinskas (2003, p. 95), o Órgão Central é constituído pelo Ministério

do Meio Ambiente. Este ministério tem a competência de preservar, conservar e fiscalizar o

uso racional dos recursos naturais renováveis e implementar os acordos internacionais na área

ambiental. Antunes (2004, p. 109), por seu turno, esclarece que a competência do Ministério

33

do Meio Ambiente, Órgão Central do SISNAMA, é planejar, coordenar, supervisionar e

controlar, como órgão federal, a política nacional do meio ambiente14.

De acordo com Antunes (2004, p. 109), a pasta do Ministério do Meio Ambiente

passou por diversas mudanças ao longo de sua existência. Em 1990 essa pasta tinha o nome

de Secretaria do Meio Ambiente da Presidência da República (SEMA-PR). Em 1992 passou a

ser chamado de Ministério do Meio Ambiente. Em 1993 mudou seu nome para Ministério do

Meio Ambiente e da Amazônia Legal. Por força da Medida Provisória nº 1.795/99, passou a

se denominar Ministério do Meio Ambiente.

Conforme Machado (2007, p. 156), quatro Conselhos integram o Ministério do

Meio Ambiente: o próprio CONAMA, o Conselho Nacional da Amazônia Legal, o Conselho

Nacional dos Recursos Naturais Renováveis e o Comitê do Fundo Nacional do Meio

Ambiente.

Conselho Nacional da Amazônia Legal – de acordo com Machado (2007, p. 160),

esse Conselho está empobrecido, pois, não há representação permanente da sociedade civil

nesse colegiado.

Comitê do Fundo Nacional do Meio Ambiente – tem como prioridade, segundo

Machado (2007, p. 159), aplicar recursos financeiros em projetos nas seguintes áreas:

unidades de conservação; pesquisas e desenvolvimento tecnológico; educação ambiental;

manejo e extensão florestal; controle ambiental, etc. Aos projetos de atuação na área da

Amazônia Legal será dada prioridade na aplicação de recursos do Fundo, sem prejuízo das

ações de âmbito nacional.

3.1.1.4 Órgão Executor

O Órgão Executor é constituído pelo IBAMA, e, conforme Sirvinskas (2003, p.

95), trata-se de autarquia federal vinculada ao Ministério do Meio Ambiente, assessorando-o

na formulação e coordenação, bem como executar e fazer executar a política nacional do meio

ambiente, preservação, conservação e uso racional, fiscalização, controle e fomento dos

recursos naturais. Segundo Machado (2007, p. 172), uma das tarefas atribuídas por lei ao

IBAMA é a de fazer proposições ao CONAMA.

14

Lei 6.938/81 (PNMA), art. 6º, inc. III.

34

De acordo com Machado (2007, p. 172), o IBAMA tem como finalidade exercer o

poder de polícia ambiental e executar, a nível federal, ações relativas ao licenciamento

ambiental, dentre outras funções previstas no art. 2º, da Lei Federal nº 7.735/8915. Antunes

(2004, p. 111) enumera diversas ações federais do IBAMA concluindo que não há uma

definição clara quanto às tarefas a serem desenvolvidas pelo Instituto, havendo superafetação

de atribuições ao IBAMA. Em contrapartida, elogia o IBAMA por conseguir congregar num

só organismo diversas entidades, agregando força política ou econômica.

3.1.1.5 Órgãos Setoriais

Conforme Sirvinskas (2003, p. 95), os órgãos setoriais são aqueles voltados à

proteção do meio ambiente, compreendendo as entidades da administração pública direta,

indireta e fundacional. Exemplo de órgãos setoriais: Ministério da Agricultura, da Fazenda, da

Marinha, das Minas e Energia, da Saúde, da Ciência e Tecnologia etc. Segundo Milaré (2007,

p. 296), esses órgãos são integrantes natos e estáveis do SISNAMA.

3.1.1.6 Órgãos Seccionais

Segundo Sirvinskas (2003, p. 95), são órgãos ou entidades estaduais responsáveis

por programas ambientais e pela fiscalização das atividades modificadoras do meio ambiente.

De acordo com Milaré (2007, p. 296), os órgãos seccionais são o esteio do SISNAMA, pois, à

eles, segundo Antunes (2004, p. 119), competem a maior parcela de controle ambiental.

Sirvinskas (2003, p. 95) menciona, como exemplo de órgãos seccionais do Estado de São

Paulo, a Companhia Estadual de Tecnologia e de Saneamento Ambiental (CETESB), a

Secretaria Estadual do Meio Ambiente (SEMA) e o Conselho Estadual do Meio Ambiente

(CONSEMA). Em Minas Gerais há a Secretaria de Meio Ambiente e Desenvolvimento

Sustentável (SEMAD) como exemplo de órgão seccional do SISNAMA.

15 Dispõe sobre a extinção de órgão e de entidade autárquica, cria o IBAMA e dá outras providências.

35

Da mesma forma que há um Sistema Nacional de Meio Ambiente, torna-se

desejável, conforme Milaré (2007, p. 298), a criação de Sistemas Estaduais de Meio Ambiente

(SISEMA) e Sistemas Municipais de Meio Ambiente (SISMUMAS), a nível local.

3.1.1.7 Órgãos Locais

Segundo Milaré (2007, p. 297), órgãos locais são órgãos ou entidades municipais

responsáveis pela gestão ambiental no respectivo território. Sirvinskas (2003, p. 96)

complementa dizendo que os órgãos locais poderão aplicar sanções administrativas, interditar

ou fechar o estabelecimento. De acordo com Antunes (2004, p. 119), a fiscalização ambiental

local é feito por órgãos da esfera estadual ou federal, devido, na maioria das vezes, à escassez

de recursos dos municípios.

3.2 Sistema Estadual de Meio Ambiente

O Sistema Estadual de Meio Ambiente (SISEMA) foi instituído pela Lei

Delegada Estadual nº 125, de 25.01.07, em seu art. 7º, que diz:

Fica instituído o Sistema Estadual de Meio Ambiente – SISEMA, com a finalidade de regionalizar as medidas emanadas do Sistema Nacional de Meio Ambiente, criado pela Lei Federal nº 6.938, de 31 de agosto de 1981, por meio da articulação coordenada do órgão e das entidades que o integram.

A sugestão de Milaré (2007, p. 298) se materializou em Minas Gerais, no que se

refere à criação de SISEMAS.

O SISEMA é formado por um conjunto de órgãos e instituições do Poder Público

Estadual, com a finalidade da proteção ambiental. Conforme a Assessoria de Comunicação

(Ascom) on-line16, o SISEMA é formado pela SEMAD, pelos Conselhos Estaduais de Política

Ambiental (COPAM), pelos Conselhos Estaduais de Recursos Hídricos (CERH) e pelos

16 http://www.semad.mg.gov.br/

36

órgãos vinculados: Fundação Estadual do Meio Ambiente (FEAM), Instituto Estadual de

Florestas (IEF) e Instituto Mineiro de Gestão das Águas (IGAM).

Comparativamente ao CONAMA, de esfera federal, o COPAM, de esfera estadual

(Minas Gerais), exerce atribuições semelhantes. De acordo com a Lei Delegada Estadual nº

178, de 29.01.07, no art. 2º, o COPAM é órgão consultivo e deliberativo, subordinado à

SEMAD, competindo-lhe, conforme o art. 4o da Lei Delegada Estadual nº 178/07, estabelecer

normas técnicas e padrões de proteção do meio ambiente; licenciar a implantação e operação

de atividades potencialmente poluidoras, etc.

3.2.1 Órgãos integrantes do Sistema Estadual de Meio Ambiente

3.2.3.1 Conselho Estadual de Política Ambiental

Conforme o art. 2º da Lei Delegada Estadual nº 17817, de 29.01.07, o COPAM “é

órgão normativo, colegiado, consultivo e deliberativo, subordinado à SEMAD”. A finalidade

do COPAM está expresso no art. 3º da referida lei, e, nas mesmas palavras no art. 3º do

Decreto Estadual nº 44.66718, de 03.12.07:

O COPAM tem por finalidade deliberar sobre diretrizes, políticas, normas regulamentares e técnicas, padrões e outras medidas de caráter operacional, para preservação e conservação do meio ambiente e dos recursos ambientais, bem como sobre a sua aplicação pela Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, pelas entidades a ela vinculadas e pelos demais órgãos locais.

Dentre as diversas competências do COPAM, enumeradas pelo art. 4º, inc. I ao

XXVII, do Decreto Estadual nº 44.667/07, destacam-se as expressas nos incisos II, IV, V, VI,

VIII, XXIII e XXV.

Baseado nesses incisos as competências do COPAM se resumem em: estabelecer

normas técnicas e padrões de proteção e conservação do meio ambiente; compatibilizar

planos ou projetos de empreendimentos potencialmente modificadores do meio ambiente com

as normas e padrões estabelecidos em legislação vigente; estabelecer diretrizes para

17

Dispõe sobre a reorganização do COPAM e dá outras providências.

37

integração dos municípios na aplicação das normas de licenciamento e fiscalização ambiental;

estabelecer diretrizes de ações de fiscalização e de exercício de poder de polícia

administrativa dos órgãos ambientais estaduais; licenciar, com apoio dos órgãos seccionais do

COPAM, a implantação e a operação de atividade potencialmente poluidora, determinando

igualmente a suspensão ou o encerramento dessas atividades; orientar os interessados e o

público em geral quanto à aplicação de normas e padrões de proteção ambiental e divulgar

relatório sobre qualidade ambiental e; promover, em conjunto com o CERH, a integração

entre as políticas de proteção ao meio ambiente e a de recursos hídricos.

O COPAM se utiliza de Deliberação Normativa19 para estabelecer os critérios

para classificação dos empreendimentos ou atividades potencialmente poluidores,

especificando quais serão passíveis de Licenciamento Ambiental ou de Autorização

Ambiental de Funcionamento (AAF). A deliberação que versa sobre os critérios de

classificação é a Deliberação Normativa (DN) COPAM nº 7420, de 09.09.04.

Exemplificativamente, as atividades dos postos de gasolina, chamados

tecnicamente de Postos Revendedores (PRs)21, são classificados, conforme seu potencial

poluidor, nas classes22 1, 3 ou 5, dependendo de seu porte (capacidade de armazenamento) e

sua potencialidade de poluição (considerando os possíveis efeitos no ar, na água e no solo).

Essa classificação será mais detalhada na subseção 5.2.2.

Os membros principais que compõem a estrutura do COPAM são a presidência, o

plenário e as câmaras temáticas. A presidência é exercida pelo Secretário de Estado de Meio

Ambiente e Desenvolvimento Sustentável; o plenário, órgão superior de deliberação do

COPAM, como representante da Polícia Militar (PM), o Chefe do Estado Maior23 e; as

câmaras temáticas, que são unidades de discussão e proposição de políticas, normas e ações

do COPAM.

3.2.3.2 Secretaria de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável

18 Dispõe sobre a reorganização do COPAM, de que trata a Lei Delegada Estadual nº 178/07. 19 Art. 3º, do Decreto Estadual nº 44.844, de 25.06.2008. 20 DNCOPAM 74/04 – “estabelece critérios para classificação, segundo o porte e potencial poluidor, de

empreendimentos e atividades modificadoras do meio ambiente passíveis de autorização ambiental ou de licenciamento ambiental no nível estadual, determina normas para indenização dos custos de análise de pedidos de autorização ambiental e de licenciamento ambiental, e dá outras providências”.

21 Art. 2º, DNCOPAM 108/07. 22 Art. 16, DNCOPAM 74/04. 23 Art. 20, I, alínea “o”, Decreto Estadual nº 44.667/07.

38

A SEMAD atuará como órgão seccional do SISNAMA, no âmbito do Estado, nos

termos da Lei da PNMA, conforme o parágrafo único do art. 2º, da Lei Estadual nº 11.903/95.

Segundo a Ascom do SISEMA on-line24, a SEMAD é responsável pela

coordenação do SISEMA, planejamento, execução, controle e avaliação das ações do

Governo Estadual de Minas Gerais relativas à proteção ambiental e à defesa do meio

ambiente. Para isso, a SEMAD dispõe de diversos órgãos sob seu âmbito de competência: o

COPAM, o CERH, a FEAM, o IGAM e o IEF. Esses órgãos, que integram a área de

competência da SEMAD, figuram no art. 4º, da Lei Delegada Estadual nº 125/07.

As competências da SEMAD estão estabelecidas no art. 2º da Lei Delegada nº

125, de 26.01.2007, e dentre elas se destacam: formular a política estadual de meio ambiente;

coordenar a gestão integrada entre os órgãos integrantes do SISEMA, visando atuação

sinérgica; fazer cumprir as deliberações do COPAM; fiscaliza o cumprimento da legislação

ambiental, aplicando sanções administrativas previstas em lei.

Uma atribuição muito importante da SEMAD é a expressa no art. 2º, XXI, da Lei

Delegada nº 125 de 2007, é promover a fiscalização ambiental integrada no Estado, por meio

do Comitê Gestor da Fiscalização Ambiental Integrada (CGFAI), do qual faz parte a Polícia

Militar do Meio Ambiente (PM MAMB).

3.2.3.3 Fundação Estadual do Meio Ambiente

A FEAM é pessoa jurídica de direito público25 integrada à área de competência da

SEMAD, possuindo autonomia administrativa e financeira, e sua sede é na capital do Estado.

De acordo com a Ascom on-line26, a Fundação tem a finalidade de executar a

proteção ambiental e controlar a degradação ambiental das atividades degradadoras do meio

ambiente. A FEAM é responsável pelo licenciamento, monitoramento e fiscalização dos

empreendimentos industriais, minenários e de infra-estrutura, considerados modificadores do

meio ambiente. A fiscalização visa cumprir a legislação e metas de controle ambiental das

atividades da Agenda Marrom, da qual a FEAM é responsável. Durante a fiscalização é

24 http://www.semad.mg.gov.br/ 25 Art. 2º do Decreto Estadual nº 44.819, de 28.05.2008. 26 http://www.feam.br/

39

gerado o Auto de Fiscalização (AF), e, se constatado alguma irregularidade, é registrado o

Auto de Infração (AI).

O papel da PM MAMB entra nesse contexto de fiscalização ambiental a partir da

previsão legal, expresso no art. 6º da Lei Estadual nº 15.972, de 12.01.06, o qual cria o Grupo

Coordenador de Fiscalização Ambiental Integrada (GCFAI)27 do qual a PM MAMB faz parte.

3.2.3.4 Instituto Estadual de Florestas

O IEF, de acordo com a Ascom on-line28, é autarquia vinculada à SEMAD,

propõe e executa as políticas florestais, de pesca e de aqüicultura sustentável. Responsável

pela preservação e a conservação da vegetação, pela pesquisa em biomassas e biodiversidade,

pelo mapeamento da cobertura vegetal do Estado. Promove e apoia o florestamento e o

reflorestamento. É responsável pela Agenda Verde.

3.2.3.5 Instituto Mineiro de Gestão das Águas

Conforme a Ascom on-line29, o IGAM, vinculada à SEMAD, integra a o Sistema

Estadual de Meio Ambiente (SISEMA) e o Sistema Estadual de Gerenciamento de Recursos

Hídricos (SEGRH).

O IGAM é o órgão responsável pela Agenda Azul. Segundo Ascom on-line, o

IGAM é responsável pela preservação da quantidade e da qualidade de águas em Minas

Gerais, assim como a concessão pela sua utilização. Em relação às águas subterrâneas30,

também é competência do IGAM sua gestão, monitoramento e fiscalização, havendo previsão

legal através da Lei Estadual nº 13.771, de 11.12.00.

27 O art. 5º da Lei Delegada Estadual nº 125/07 altera o termo GCFAI para CGFAI (Comitê Gestor de

Fiscalização Ambiental Integrada). 28 http://www.ief.mg.gov.br 29 http://www.igam.mg.gov.br/ 30 “Águas encontradas no solo e no subsolo”. (Art. 1º, § 1º, Lei Estadual nº 13.771/00).

40

As ações descentralizadas do IGAM serão feitas de forma integrada com a

SEMAD, o IEF, a FEAM, a PM MAMB, e em articulação com os Comitês de Bacia

Hidrográfica, que gerenciam o desenvolvimento sustentável da região onde atuam.

O IGAM31 pode delegar à Polícia Militar de Minas Gerais (PMMG), por meio de

convênio, a execução das competências previstas no Art. 16-B32, I ao IV, da Lei Estadual nº

7.772, de 08.09.1980:

I - efetuar vistorias e elaborar o respectivo relatório; II – verificar a ocorrência de infração à legislação ambiental; III – lavrar os autos de fiscalização e de infração (...); IV – determinar, em caso de grave e iminente risco para vidas humanas, para o meio ambiente ou para os recursos econômicos do Estado, medidas emergências e a suspensão ou redução de atividades durante o período necessário para a supressão do risco. (Art. 16-B, I ao IV, da Lei Estadual nº 7.772, de 08.09.1980)

3.2.3.6 Polícia Militar do Meio Ambiente

A PM MAMB será tratada em tópicos específicos.

3.2.3 Comitê Gestor de Fiscalização Ambiental Integrada

Criado pela Lei Estadual nº 15.972/06 e estruturado pela Lei Delegada Estadual nº

125/07, O CGFAI tem a função de promover o planejamento e o monitoramento da

fiscalização ambiental integrada no Estado de Minas Gerais a ser executada pela FEAM, IEF,

IGAM com o apoio operacional a PM MAMB.

A principal função do CGFAI é planejar de forma integrada a fiscalização

ambiental no Estado, utilizando-se de técnicos dos órgãos vinculados à SEMAD (FEAM, IEF

e IGAM), com apoio operacional da PM MAMB, conforme preceitua o art. 5º dessa lei.

Conforme a Diretriz para Produção de Serviço de Segurança Pública (DPSSP)

10/2005-CG, que trata do emprego dos policiamentos de Meio Ambiente e Trânsito, é o

GCFAI quem elabora o planejamento estratégico do policiamento de meio ambiente.

De acordo com o art. 6º, § 2º da Lei Estadual 15.972/06, alterada pela Lei

Delegada nº 125/07, o CGFAI é composto pelos membros: o Secretário da SEMAD, que é seu

31 Art. 4º, § 4º, do Decreto Estadual nº 44.814/08. 32 Artigo acrescentado pela Lei Estadual nº 15.972, de 12.01.06.

41

Presidente; o Secretário Executivo do CGFAI e o Diretor de Meio Ambiente e Trânsito da

Polícia Militar de Minas Gerais (DMAT), que é seu coordenador operacional.

3.2.4 Superintendências Regionais de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável

De acordo com a Assessoria de Comunicação (Ascom) do SISEMA on-line33, as

Superintendências Regionais de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável

(SUPRAMs), dentro de suas áreas de abrangência territorial, têm a finalidade de planejar,

orientar, supervisionar e executar, de forma integrada com o COPAM, o CERH, a FEAM, o

IGAM e o IEF, órgãos que compõem a SEMAD, a política estadual de proteção ambiental e

de gerenciamento de recursos hídricos. As SUPRAMs subordinam-se administrativamente à

SEMAD, e tecnicamente à FEAM, ao IGAM, e ao IEF. De Acordo com o art. 1º, § 2º, da Lei

Delegada Estadual nº 178/07, as SUPRAMs exercerão funções de órgãos seccionais do

COPAM.

De acordo com a Ascom on-line34, o Estado possui nove SUPRAMs, localizadas

em diversas regiões, materializando o sistema de descentralização da gestão ambiental no

Estado de Minas Gerais. Em depoimento à Ascom, o Secretário do Meio Ambiente e

Desenvolvimento Sustentável do Estado diz: “esse sistema confere inteligência e agilidade à

gestão, pois respeita as diversidades regionais de Minas e facilita a vida de governos e

empreendedores”.

3.3 Sistema Municipal de Meio Ambiente

De acordo com o art. 14, da Lei Ambiental nº 4.25335, de 4 de dezembro de 1985,

do Município de Belo Horizonte, passa existir o Conselho Municipal de Meio Ambiente

(COMAM), cujas atribuições são: formular as diretrizes da Política Municipal do Meio

33 Cf. referência completa, p. 100. 34 http://www.semad.mg.gov.br/ 35 Dispõe sobre a política de proteção do controle e da conservação do meio ambiente e da melhoria da qualidade

de vida no Município de Belo Horizonte.

42

Ambiente; promover medidas destinadas à melhoria da qualidade de vida no Município;

dentre outros.

Conforme o art. 3o, da Lei nº 4.253/85, a Secretaria Municipal de Meio Ambiente

(SMMA) do Município de Belo Horizonte tem diversas competências, dentre as enumeradas

destacam-se duas principais: exercer a ação fiscalizadora (fiscalização ambiental) e decidir

sobre a concessão de licenças (LP, LI e LO). Para a Prefeitura de Belo Horizonte, por meio de

sua SMMA, licenciar e fiscalizar empreendimentos potencialmente poluidoras, é preciso que

tenha firmado convênio com o Estado.

De acordo com Teixeira36 (2007, p. 685), a FEAM delegou, por meio de

convênio, ao município de Belo Horizonte a prerrogativa do licenciamento ambiental dentro

de seus limites.

36 Anais do II Seminário Nacional – Movimentos Sociais, Participação e Democracia. (Cf. referência, p. 100).

Silmara Machado Teixeira é mestre em Sociologia pela Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Federal de Minas Gerais.

43

4 A POLÍCIA MILITAR DO MEIO AMBIENTE NAS CONSTITUIÇÕES

4.1 A Polícia Militar do Meio Ambiente na Constituição Federal de 1988

A CF/88, em seu art. 144, V, § 5º, trata genericamente a missão da PM como

sendo polícia ostensiva e de preservação da ordem pública:

Art. 144 – A segurança pública, dever do Estado, direito e responsabilidade de todos, é exercida para a preservação da ordem pública e para a incolumidade das pessoas e do patrimônio, através dos seguintes órgãos: (...); V – polícias militares (...); § 5º - Às polícias militares cabem a polícia ostensiva e a preservação da ordem pública (...).

De acordo com De Plácido e Silva (1975, apud FAGUNDES, 2007, p. 56) ordem

pública é o “estado de legalidade normal em que as autoridades exercem suas precípuas

atribuições e os cidadãos as respeitam e acatam, sem constrangimento ou protesto”. No

próximo tópico será trabalho no assunto ordem pública ambiental.

Conceito de ordem pública, conforme Moreira Neto (1994, apud MELE, 2008, p.

27): “uma situação de convivência pacífica e harmoniosa da população, fundada nos

princípios éticos vigentes na sociedade”. Moreira Neto (1994, apud MELE, 2008, p. 29) ainda

complementa ao dizer que ordem pública é o pré-requisito do sistema de convivência pública,

pois, viver em sociedade implica viver publicamente.

4.1.1 Ordem Pública Ambiental

Conforme Mele37 (2008, p. 48), ordem pública salienta a necessidade de

preservação do bem comum, da paz, da saúde, entre outros. De acordo com Mele (2008, p.

24), para se conceituar ordem pública ambiental, buscou-se a fusão do conceito de ordem

pública com os elementos do entendimento de uma ordem ambiental.

Para se chegar ao conceito de ordem pública ambiental Mele (2008) utiliza de

diversos elementos, tais como: estado de equilíbrio ou harmonia entre o homem e o meio; a

37 O Sr. João Leonardo Mele é coronel da reserva da Polícia Militar do Estado de São Paulo.

44

salvaguarda da vida de todos os seres vivos, especialmente a do homem, pois, conforme Mele

(2008, p. 53), “cada ser vivo desempenha um papel e uma função, dentro de um sistema, e no

espaço geográfico em que se encontra”. Outro elemento de ordem do meio ambiente utilizado

por Mele (2008, p. 56) é a dignidade humana, “como ressalta LAZZARINI, a dignidade

humana é alcançada quando satisfeitos os direitos, inclusive os ambientais”.

Mele (2008, p. 60) explica que ordem pública ambiental é uma modalidade de

ordem pública, e assim a conceitua da seguinte forma:

Ordem pública ambiental é um estado de equilíbrio socioambiental, que protege a relação do homem com o meio natural, artificial e social, assegurando a vida com qualidade, em todas as suas formas; a convivência harmoniosa e pacífica; a tranqüilidade; a salubridade e a segurança salvaguardando o bem comum e a dignidade da pessoa humana.

Ao considerar a ordem pública ambiental como derivada da ordem pública, Mele

(2008, p. 78) conclui que “cabe às polícias militares as atividades de prevenção e repressão

imediata dos delitos contra o meio ambiente, da mesma forma como o faz com os delitos

contra a pessoa e o patrimônio”.

4.2 A Polícia Militar do Meio Ambiente na Constituição Estadual de 1989

De acordo a DPSSP nº 10/2005-CG, a Constituição Estadual de Minas Gerais de

1989 (CE/89), através do art. 142, inc. I, insere atribuições à PMMG, competindo a polícia de

prevenção criminal de “florestas e de mananciais”, cujo termo em destaque se refere à

biodiversidade e às águas, e a garantia do exercício do poder de polícia dos órgãos de

proteção ambiental.

Conforme a DSSP nº 10/2005 – CG, a missão da PMMG, através da PM MAMB,

é o de executar o policiamento ambiental ostensivo preventivo e repressivo de delitos e

infrações administrativas, nas áreas urbanas e rurais, com a finalidade de melhorar a qualidade

de vida das comunidades e de reduzir o índice de degradação ambiental.

De acordo com Fagundes (2007, p. 59), “A PM M. Amb. é uma atividade

especializada da PMMG com competência para exercício da polícia ostensiva de prevenção

dos crimes ambientais em Minas Gerais (...)”.

45

Outro fator que vem proporcionar à PM MAMB maior participação na atuação de

prevenção criminal de “florestas e de mananciais” foi a partir do advento da Lei Delegada

Estadual nº 125, de 26.01.07, que, no art. 6º, passa integrar a PM MAMB ao SISEMA,

juntamente com a SEMAD, a FEAM, o IEF e o IGAM. No art. 5º dessa lei delegada a PM

MAMB passa a apoiar operacionalmente aqueles órgãos na execução do planejamento e o

monitoramento da fiscalização ambiental no Estado. É através de convênios firmados com

órgãos integrantes do SISEMA que a PM MAMB cumpre sua missão prevista no art. 142 da

CE/89.

Conforme Fagundes (2007, p. 62), “É de suma importância, para o sucesso das

operações, a perfeita integração entre a Polícia Militar e os demais órgãos de segurança,

serviços públicos e entidades diversas, atuantes em cada localidade”.

A fiscalização e aplicação de sanções por infrações às normas previstas na Lei

Estadual nº 7.772/8038, na Lei Estadual nº 14.309/0239, na Lei Estadual nº 14.181/0240, e na

Lei Estadual nº 13.199/9941, serão realizados pela SEMAD, através das SUPRAMs, pelo IEF,

pela FEAM, pelo IGAM e pela PMMG, por delegação.

As competências42 atribuídas à PMMG são: “(...) II - verificar a ocorrência de

infração à legislação ambiental; III - lavrar auto de fiscalização ou boletim de ocorrência e

auto de infração (...)”. Somente não será objeto de delegação à PMMG a aplicação de pena, de

multa simples ou diária em valor superior a cem mil reais por infração.

4.3 Poder de Polícia Ambiental

Conforme Antunes (2004, p. 121), o poder de polícia é o instrumento que o

Estado utiliza para limitar direitos individuais em prol de uma coletividade. Machado (2007,

p. 328) utiliza o conceito de poder de polícia, do art. 7843, do Código Tributário Nacional

(CTN), Lei Federal nº 5.172/66, para elaborar o conceito de poder de polícia ambiental:

38 Dispõe sobre a proteção, conservação e melhoria do meio ambiente no Estado de Minas Gerais. 39 Dispõe sobre as políticas florestal e de proteção à biodiversidade no Estado de Minas Gerais. 40 Dispõe sobre a política de proteção à fauna e à flora aquáticas e de desenvolvimento da pesca e da aqüicultura

no Estado de Minas Gerais. 41 Dispõe sobre a Política Estadual de Recursos Hídricos. 42 Art. 27, § 1º do Decreto nº 44.844/08. 43 Art. 78, CTN: “considera-se poder de polícia a atividade da Administração Pública que, limitando ou

disciplinando direito, interesse ou liberdade, regula a prática de ato ou abstenção de fato, em razão de interesse público concernente à segurança, à higiene, à ordem, aos costumes, à disciplina da produção e do mercado, ao

46

Poder de polícia ambiental é a atividade da Administração Pública que limita ou disciplina direito, interesse ou liberdade, regula a prática de ato ou a abstenção de fato em razão de interesse público concernente à saúde da população, à conservação dos ecossistemas, à disciplina da produção e do mercado, ao exercício de atividades econômicas ou de outras atividades dependentes de concessão, autorização/permissão ou licença do Poder Público de cujas atividades possam decorrer poluição ou agressão à natureza. (Machado, 2007, p. 328).

Tendo-se em vista que a CF/88 eleva o meio ambiente à “bem de uso comum do

povo”, conforme Antunes (2004, p. 121), necessária é a proteção desse bem, através do

estabelecimento de normas e instrumentos. E o poder de polícia ambiental é um dos principais

mecanismos de proteção que o Estado utiliza.

Sirvinskas (2003, p. 311) complementa ao dizer que a forma mais expressiva do

poder de polícia é através da aplicação de sanções administrativas, isso se deve ao fato de que

a coercibilidade, atributo do poder de polícia, materializa-se por meio de previsão legal e

consubstanciada pela aplicação concreta de penalidades administrativas por órgãos ambientais

competentes.

Hely Lopes Meirelles, (1991, apud SIRVINSKAS, 2003, p. 312) explica que os

atributos do poder de polícia são a coercibilidade (imposição coativa de sanção

administrativa), a auto-executoriedade (faculdade de executar diretamente uma decisão, ou

seja, aplicação e execução de sanção administrativa) e a discricionariedade (aplicação de

sanção administrativa, visando o interesse público, observadas a conveniência e

oportunidade).

Segundo Sirvinskas (2003, p. 312), o poder de polícia ambiental é exercido pelos

integrantes do SISNAMA. É também o entendimento de Fagundes (2007, p. 44) ao dizer que

os órgãos que compõem o SISNAMA têm atribuições para exercer todos os atos do poder de

polícia, como o licenciamento, autorização, aplicação e execução de penalidades.

Assim como o Órgão Executor (IBAMA) e os Órgãos Seccionais (secretarias

estaduais de meio ambiente) têm poder de polícia ambiental, os órgãos locais, ou seja, os

órgãos do poder público municipal, como as secretarias municipais de meio ambiente,

também têm esse poder de polícia. Como exemplo se cita a Secretaria Municipal de Meio

Ambiente (SMMA) do Município de Belo Horizonte, Minas Gerais:

exercício de atividades econômicas dependentes de concessão ou autorização do Poder Público, à tranqüilidade pública ou ao respeito à propriedade e aos direitos individuais ou coletivos”.

47

à Secretaria Municipal de Meio Ambiente – SMMA, como órgão central de implementação da Política Municipal de Meio Ambiente (...), compete-lhe: (...) exercer o poder de polícia nos casos de infração de lei de proteção, conservação e melhoria do meio ambiente e de inobservância de norma ou padrão estabelecido. (Art. 4o, IV, Decreto Municipal nº 5.983/88).

Interessante é a explicação de Dawalibi (1999, apud FAGUNDES, 2007, 46) em

relação ao exercício do poder de polícia no âmbito da União, Estados e Municípios. Ele

explica que o Município terá competência para exercer o poder polícia ambiental para aqueles

efeitos sobre o meio ambiente que ocorrerem em âmbito local. Caso o impacto ambiental

ultrapasse os limites de um município, atingindo outro, a competência para exercer o poder de

polícia ambiental será do Estado. E, se o impacto ambiental ocorrer em mais de um Estado, a

competência passa a ser de órgão ambiental da União.

4.3.1 Infração administrativa

Machado (2007, p. 316) e Sirvinskas (2003, p. 310) são de mesmo entendimento

quanto ao conceito de infração administrativa ambiental, os quais citam o art. 70, caput, da

Lei Federal nº 9.605/98, Lei de Crimes Ambientais (LCA), e o art. 2º do Decreto Federal nº

6.514, de 22.07.0844, respectivamente em suas obras. À guisa de exemplo toma-se emprestado

o conceito de infração administrativa ambiental do art. 1º do Decreto: “toda ação ou omissão

que viole as regras jurídicas de uso, gozo, promoção e recuperação do meio ambiente, sendo

punida com as sanções do presente diploma legal...”.

Machado (2007, p. 316) esclarece que na parte que a LCA trata de infrações

administrativas, ela pode ser suplementa pelos estados e municípios. Na parte em que a LCA

trata sobre crimes ambientais, a possibilidade de suplementação pelos estados e municípios

deixa de existir, por força constitucional (art. 22, I, CF/88), o qual estabelece competência

privativa à União em legislar sobre matéria penal.

A LCA, em seu art. 72, de acordo com Machado (2007, p. 318), traz um rol de

sanções para as infrações administrativas, tais como: advertência, multa simples, multa diária,

embargo de obra, suspensão parcial ou total de atividades, etc.

44 Revogou o Decreto Federal nº 3.179/99, que regulamentava a LCA.

48

As infrações administrativas e respectivas sanções, referentes às atividades

potencialmente poluidoras dos postos revendedores de combustíveis, serão tratadas em tópico

específico.

49

5 POSTOS DE REVENDA DE COMBUSTÍVEIS COMO ATIVIDADES

POTENCIALMENTE POLUIDORAS

5.1 Atividades potencialmente poluidoras

Deve-se esclarecer que a Resolução nº 273, de 29.11.2000, do CONAMA,

considera que “toda instalação e sistemas de armazenamento de derivados de petróleo e outros

combustíveis, configuram-se como empreendimentos potencialmente ou parcialmente

poluidores e geradores de acidentes ambientais”. Os PRs, conforme o exposto acima, são

atividades potencialmente poluidoras, e, como tal, dependerão de prévio licenciamento

ambiental45.

5.1.1 Definição

Tanto na CF/88, no art. 225, § 1o, inc. IV, quanto na CE/89, no art. 214, § 2o, há a

expressão “atividade potencialmente causadora de significativa degradação ambiental”.

Antes de procurar formas idênticas ou assemelhadas da expressão em outras

normas, deve-se cuidar de entender o que significa “degradação ambiental”. A resposta está

no art. 3o, II, da Lei nº 6.938/81: “degradação (...) ambiental, a alteração adversa das

características do meio ambiente”. Se a degradação ambiental for significativa, de acordo com

Sirvinskas (2003, p. 73), o meio ambiente passa a sofrer alteração substancial e negativa, de

forma a afetar até mesmo a saúde humana.

Em outras normas são encontradas expressões semelhantes, mas, de mesma

essência: “atividades efetiva ou potencialmente poluidoras”46, “atividades modificadoras do

meio ambiente”47, “empreendimentos e atividades (...) efetiva ou potencialmente

poluidoras”48, “empreendimento e atividades de impacto ambiental”49, “obras ou serviços

45 Art. 1º, RCONAMA 273/00. 46 Art. 9º, IV, da Lei nº 6.938/81. 47 Art. 2º, RCONAMA 001/1986. 48 Art. 1º, I, RCONAMA 237/97. 49 Art. 1º, I, RCONAMA 237/97.

50

potencialmente poluidores”50, “atividades modificadoras do meio ambiente”51, “atividades

potencialmente contaminadoras”52, “atividades de impacto”53.

Será adotada a expressão “atividades potencialmente poluidoras” por ser a mais

usada na legislação ambiental, especialmente nas Resoluções nº 0237/97 e 0273/00 do

CONAMA. A definição para as atividades potencialmente poluidoras ou contaminadoras

do meio ambiente é dada pela CETESB (2001, sç. 3100, p. 1): “aquelas onde ocorrem o

manejo de substâncias, cujas características físico-químicas, biológicas e toxicológicas podem

ocasionar danos aos bens a proteger”.

5.1.2 Lista de atividades potencialmente poluidoras com obrigatoriedade de EIA/RIMA

5.1.2.1 Resolução nº 001, de 26.01.1986, do Conselho Nacional do Meio Ambiente

Para se saber quais as atividades são consideradas potenciais poluidoras

ambientais e, consequentemente obrigados ao EIA, o legislador brasileiro, conforme Milaré

(2007, p. 369), usou o critério objetivo, ou seja, elaborou uma lista positiva enumerando as

atividades que efetivamente ou potencialmente possam causar significativa degradação

ambiental. Eis o teor do art. 2º da Resolução CONAMA 001/1986:

Dependerá de elaboração de estudo de impacto ambiental e respectivo relatório de impacto ambiental - RIMA, a serem submetidos à aprovação do órgão estadual competente, e do IBAMA e em caráter supletivo, o licenciamento de atividades modificadoras do meio ambiente, tais como: (...) III - Portos e terminais de minério, petróleo e produtos químicos; (...) VII - Obras hidráulicas para exploração de recursos hídricos, tais como: barragem para fins hidrelétricos, acima de 10MW, de saneamento ou de irrigação, abertura de canais para navegação, drenagem e irrigação, retificação de cursos d'água, abertura de barras e embocaduras, transposição de bacias, diques; VIII - Extração de combustível fóssil (petróleo, xisto, carvão); (...) X - Aterros sanitários, processamento e destino final de resíduos tóxicos ou perigosos; (...) (...) (grifo do autor).

50 Art. 60, LCA. 51 Art. 2º, RCONAMA nº 01/1986 e art. 1º, DNCOPAM nº 74/2004. 52 CETESB (2001, sç. 3000, p. 03). 53 Art. 1o da Lei Municipal nº 7.277, de 17 de janeiro de 1997, que dispõe sobre a licença ambiental no

Município de Belo Horizonte.

51

Apesar dessa lista, Milaré (2007, p. 369) ainda sustenta que a dúvida ainda

permanece em relação à demanda da obrigatoriedade do estudo prévio de impacto ambiental,

pelo fato de a lista ser meramente exemplificativa das atividades potencialmente poluidoras.

O douto menciona o termo em latim numerus clausus para explicar que a lista não é fechada,

justamente porque o legislador utilizou a expressão “tais como”, destacada na citação acima.

Conforme Milaré (2007, p. 370), “nada obsta que o órgão ambiental, defrontando-

se com atividade não constante no rol mencionado, mas capaz de sensível degeneração do

ambiente, determine a realização do EIA”. Quanto ao licenciamento ambiental, a Resolução

nº 0237/1997, do CONAMA, traz uma lista objetiva dos empreendimentos ou atividades

potencialmente poluidoras sujeitas ao licenciamento ambiental.

5.1.2.2 Resoluções nº 0237/1997 e 0273/2000, do Conselho Nacional do Meio Ambiente

A lista dos empreendimentos ou atividades sujeitas ao licenciamento ambiental,

está contida no Anexo 1 da RCONAMA 237/97. Nela figuram, por exemplo, as atividades de

extração e tratamento de minerais (lavra garimpeira), indústrias de produtos minerais não

metálicos (cimento, gesso, amianto e vidro), indústria metalúrgica, indústria de material

elétrico, eletrônico e comunicações (pilhas, baterias, computadores, eletrodomésticos),

indústria de madeira, indústria de papel e celulose, indústria química, indústria de produtos de

matéria plástica, indústria de produtos alimentares e bebidas, indústria de fumo, obras civis

(rodovias, barragens, etc.), serviços de utilidade (transmissão de energia elétrica, estações de

tratamento de água, etc.), terminais e depósitos produtos químicos e produtos perigosos), etc.

A RCONAMA 273/00 considera que a atividade dos PRs é de potencial poluidor,

por ter a característica de manusear e ter em depósito um produto perigoso54 ao meio

ambiente e à saúde humana. É importante mencionar a consideração que essa Resolução faz

acerca dos PRs: “os vazamentos de derivados de petróleo e outros combustíveis podem causar

contaminação de corpos d’água subterrâneos e superficiais, do solo e do ar”.

54 Art. 2º, X, Lei nº 9.966/00 - “substância nociva ou perigosa: qualquer substância que, se descarregada nas

águas, é capaz de gerar riscos ou causar danos à saúde humana, ao ecossistema aquático ou prejudicar o uso da água e de seu entorno”.

52

Oportuna é a frase de Sampat55 (2000, p. 35): “ao parar num posto para encher o

tanque, talvez não lhe ocorra que estará estacionado sobre uma das mais penetrantes ameaças

aos lençóis freáticos: um tanque subterrâneo de petróleo”. O douto pesquisador esclarece que

o petróleo é o contaminante mais comum encontrado em aqüíferos56 nos Estados Unidos.

Basta mencionar apenas um exemplo de acidente ambiental evolvendo posto de

revenda no Estado de Minas Gerais. De acordo com a Associação Mineira de Defesa do

Ambiente (AMDA) on-line57 técnicos da FEAM detectaram, no dia 2 de agosto de 2006, na

cidade de Arcos, Minas Gerais, a contaminação por óleo diesel, de um lençol freático e de

uma pequena nascente na zona rural. Essa contaminação foi proveniente de um vazamento

num posto de revenda de combustível daquela cidade. Segundo a AMDA on-line58, vestígios

de combustível foram encontrados em cisterna da casa de um morador da zona rural. Informa

ainda, que a FEAM retirou cerca de mil e duzentos litros de óleo diesel de um dos pontos de

contaminação.

De acordo com Sampat (2000, p. 23), a água subterrânea é a fonte principal de

água potável para um e meio a dois bilhões de pessoas, em todo o mundo, “quase 99% da

população rural dos Estados Unidos e 80% dos indianos rurais dependem da água subterrânea

para beber”.

5.1.2.3 Deliberação Normativa nº 074, de 09.09.2004, do Conselho Estadual de Política

Ambiental do Estado de Minas Gerais

A DN COPAM 074/2004 estabelece critérios para classificação, segundo o porte e

potencial poluidor, das atividades potencialmente poluidoras do meio ambiente passíveis de

licenciamento ambiental. Seguinte é o teor do art. 1º da DN COPAM 74/2004:

55 SAMPAT, Payal. Expondo a Poluição Freática. Disponível em <http://www.worldwatch.org.br/index.html>.

Acesso em 11 out. 2008. Payal Sampat é pesquisador associado e escritor do Worldwatch Institute, sediado em Washington, nos Estados Unidos. Esse Instituto busca atingir seus objetivos através de pesquisas interdisciplinares e apolíticas, montando cenários sobre as emergentes questões globais, e difundindo os resultados através de publicações, editadas em vários idiomas.

56 Segundo o Glossário de Termos Hidrogeológicos, Brasília, 1983; e Glossário de Termos Usuais em Ecologia, São Paulo, 1980, apud MACHADO (2007, p. 445), aqüífero é “formação porosa (...) de rocha permeável, areia ou cascalho, capaz de armazenar e fornecer quantidades significativas de água”.

57 Disponível em <http://www.amda.org.br/base/sp-nw?nid=116>. Acesso em 08 out. 2007. 12 out. 2008. 58 Idem.

53

Os empreendimentos e atividades modificadoras do meio ambiente sujeitas ao licenciamento ambiental no nível estadual são aqueles enquadrados nas classes 3, 4, 5 e 6, conforme a lista constante no Anexo Único desta Deliberação Normativa, cujo potencial poluidor/degradador geral é obtido após a conjugação dos potenciais impactos nos meios físico, biótico e antrópico (...). (Grifo do autor).

A DN COPAM 074/2004 apresenta, em seu Anexo Único, uma listagem de

atividades, com a apresentação de critérios para classificação dessas atividades modificadoras

do meio ambiente conforme seu porte e sua potencialidade em poluir. Logo adiante, no item

5.2.2, será explicado como é feita essa classificação.

5.1.2.4 Deliberação Normativa nº 050, de 28.11.2001, do Conselho Estadual de Política

Ambiental do Estado de Minas Gerais

De acordo com o art. 1o, da DN COPAM 050/2001, com nova redação dada pela

DN COPAM 108/2007, “a localização, construção, instalação, modificação, ampliação e

operação de postos revendedores, (...) dependerão de prévio licenciamento ambiental ou

Autorização Ambiental de Funcionamento – AAF (...)”. Dependendo da classificação da

atividade potencialmente poluidora, que pode variar da Classe 1 a Classe 6, essa atividade

poderá ser dispensada de licenciamento ambiental, ficando, dependendo do caso, da

obrigatoriedade de uma AAF. É que diz o art. 2º da DN COPAM 074/2004:

Os empreendimentos e atividades listados no Anexo Único desta Deliberação Normativa, enquadrados nas classes 1 e 2, considerados de impacto ambiental não significativo, ficam dispensados do processo de licenciamento ambiental no nível estadual, mas sujeitos obrigatoriamente à autorização ambiental de funcionamento. (Grifo do autor).

Nem toda atividade potencialmente poluidora exige prévio licenciamento,

conforme visto no art. 2o acima. Mas, segundo o art. 4o da DN COPAM 074/2004, a atividade

não passível de licenciamento no nível estadual poderá ser licenciado pelo município.

54

5.1.2.5 Deliberação Normativa nº 06159, de 20.02.2008, do Conselho Municipal de Meio

Ambiente de Belo Horizonte

De acordo com a DN COMAM nº 061/08, em seu art. 1o, as atividades dos postos

de revenda dependerão de prévio licenciamento ambiental junto à Secretaria Municipal

Adjunta de Meio Ambiente – SMAMA. E, em seu § 2o, do art. 1o, há a previsão de dispensa

de licenciamento para as instalações de abastecimento aéreo de combustíveis (Sistema de

Abastecimento Aéreo de Combustíveis – SAAC) com capacidade total de armazenagem

(CA)60 de até 15 m³ (quinze metros cúbicos). Mas, essa dispensa se refere àquelas instalações

destinadas para uso exclusivo do detentor delas, como é o caso das instalações presentes no

interior de Quartéis61 de Polícia Militar. Mesmo que haja dispensa de licenciamento,

conforme o § 2o, as instalações com SAAC devem atender à critérios técnicos e normas

técnicas da ABNT.

Ao se tratar de Avaliação de Impacto Ambiental (AIA), o art. 85, do Decreto

Municipal nº 5.893/88, esclarece que o licenciamento de projetos de obras ou atividades

modificadoras do meio ambiente, de iniciativa de privada, como é o caso dos PRs, ou de

iniciativa de atividade pública, dependem de elaboração prévia de EIA/RIMA.

No âmbito do Município a fiscalização de empreendimentos considerados fontes

poluidoras, neste caso os PRs, será exercida pelos agentes credenciados pela SMMA.

Interessante notar que o apoio policial militar, aos agentes credenciados, pode ser requisitado

pelo Secretário Municipal de Meio Ambiente, para que esses agentes possam realizar a

vistoria do empreendimento, entre outras competências.

5.2 Definição e classificação dos postos de combustíveis

5.2.1 Definição

59 Dispõe sobre o licenciamento ambiental de postos revendedores, postos de abastecimento, instalações de

sistemas retalhistas e postos flutuantes de combustíveis e dá outras providências. 60 DN COPAM 074/04: “Capacidade de armazenagem – É a capacidade máxima de armazenagem da instalação

considerada. A capacidade de armazenagem deverá ser expressa em metro cúbico”.

55

A RCONAMA 273/0062, em seu art. 2o, traz algumas definições a respeito de

“postos de gasolina”, destacando-se as dos incisos I e II:

I - Posto Revendedor-PR: Instalação onde se exerça a atividade de revenda varejista de combustíveis líquidos derivados de petróleo, álcool combustível e outros combustíveis automotivos, dispondo de equipamentos e sistemas para armazenamento de combustíveis automotivos e equipamentos medidores. II - Posto de Abastecimento-PA: Instalação que possua equipamentos e sistemas para o armazenamento de combustível automotivo, com registrador de volume apropriado para o abastecimento de equipamentos móveis, veículos automotores terrestres, aeronaves, embarcações ou locomotivas; e cujos produtos sejam destinados exclusivamente ao uso do detentor das instalações ou de grupos fechados de pessoas físicas ou jurídicas, previamente identificadas e associadas em forma de empresas, cooperativas, condomínios, clubes ou assemelhados. (Grifo do autor).

“Posto de gasolina”, termo normalmente usado pelos motoristas e pessoas em

geral, tem, como nome técnico, posto revendedor ou posto de revenda (PR). Caso haja um

“posto de gasolina” dentro de um condomínio, clube, empresa, etc, o nome que se dá é posto

de abastecimento (PA). A característica do PA é sua exclusividade de uso ao detentor das

instalações. O PR, entretanto, trata-se de revenda de combustível destinada a todas as pessoas

indiscriminadamente.

Outra definição para o termo “revenda” foi encontrada na Lei Federal nº

9.478/9763 (Lei do Petróleo), em seu art. 6º, inc. XXI: “revenda: atividades de venda a varejo

de combustíveis, lubrificantes e gás liqüefeito envasado, exercidas por postos de serviços ou

revendedores, na forma das leis e regulamentos aplicáveis”.

De acordo com a Norma Brasileira (NBR) 13786:2005, da Associação Brasileira

de Normas Técnicas (ABNT), PR também é chamado de posto de serviço, desde que tenha

serviços agregados, como troca de óleo, conveniência, etc. Para fins desta pesquisa

consideram-se iguais o PR e o posto de serviço.

5.2.2 Classificação de um posto revendedor como atividade potencialmente poluidora

61 Através da Lei Municipal nº 7.277/97, em seu art. 2o, § 1o, inc. V, “e” e “f”, são considerados

empreendimentos de impacto os presídios e os quartéis. 62 Cf. ANEXO “A” (cópia da RCONAMA 273/00). 63 Dispõe sobre a política energética nacional, as atividades relativas ao monopólio do petróleo, institui o

Conselho Nacional de Política Energética e a Agência Nacional do Petróleo.

56

Conforme a DN COPAM 074/2004, há critérios de correspondência que irão

estabelecer se uma atividade é mais ou menos potencialmente poluidora, dependendo de dois

critérios: o porte do empreendimento, nas categorias de grande porte, de médio porte e de

pequeno porte; e o nível de poluição que essa atividade possa causar ao meio ambiente, nas

variáveis ambientais: ar, solo e água.

O art. 16 dessa deliberação traz a seguinte classificação:

I – Pequeno porte e pequeno ou médio potencial poluidor: Classe 1; II – Médio porte e pequeno potencial poluidor: Classe 2; III – Pequeno porte e grande potencial poluidor ou médio porte e médio potencial poluidor: Classe 3; IV – Grande porte e pequeno potencial poluidor: Classe 4; V – Grande porte e médio potencial poluidor ou médio porte e grande potencial poluidor: Classe 5; VI – Grande porte e grande potencial poluidor: Classe 6.

Recorrendo à Lista de Atividade do Anexo Único da DN COPAM 074/2004, um

posto de revenda figura na Listagem F – Serviços e Comércio Atacadista, cujo código é F-06-

01-7 “Postos revendedores, postos de abastecimento, instalações de sistemas retalhistas e

postos flutuantes de combustíveis e postos revendedores de combustíveis de aviação”64.

De acordo com o código F-06-01-7, o potencial poluidor/degradador de um posto

revendedor é pequeno em relação ao ar, é grande em relação a água, e é médio em relação ao

solo, e, dependendo da CA, o empreendimento pode ser classificado como de pequeno porte,

médio porte ou grande porte. No QUADRO 1 é mostrado o enquadramento do

empreendimento conforme sua potencialidade poluidora ou degradadora do meio ambiente.

QUADRO 1

Classificação da Fonte de Poluição de um posto revendedor

Potencial poluidor: Ar: P Água: G Solo: M GERAL: M

Porte: CA ≤ 90m³ : Pequeno � Classe1 (AAF) 90m³ < CA ≤ 150m³ : Médio � Classe 3 (LO) CA > 150m³ : Grande � Classe 5 (LO)

Fonte: Anexo Único da DN COPAM 074/2004. (Modificado pelo autor).

64 Nova redação dada pela DN COPAM 108/2007.

57

No QUADRO 2 é exibida a relação entre o potencial poluidor e o porte do

empreendimento, para se chegar na classificação correta.

QUADRO 2

Determinação da classe do empreendimento a partir do potencial poluidor da atividade e do porte

Potencial poluidor/degradador

geral da atividade

P M G

P 1 1 3

M 2 3 5 Porte do Empreendimento

G 4 5 6

Fonte: Anexo Único, DN COPAM 074/2004.

Legenda: P – pequeno; M – médio; G – grande. Classes: 1 a 6.

5.2.3 Classificação de um posto revendedor de acordo com o entorno

A classificação do posto de serviço conforme o ambiente do entorno é dada pela

Tabela A.1 da NBR 13786 (ABNT, 2005), e, segundo Marques (2003, p. 4), essa NBR

classifica os empreendimentos em classes (de 0 a 3):

A classe é definida pela análise do ambiente no entorno do posto de serviço, num raio de 100um a partir do seu perímetro. O fator de agravamento neste ambiente, depois de identificado deve ser classificado no nível mais alto, mesmo que haja apenas um dos fatores desta classe.

Observe o QUADRO 3 abaixo:

58

QUADRO 3

Classificação do posto de serviço conforme o ambiente do entorno

Classe 0 Quando não possuir nenhum dos fatores de agravamento das classes seguintes.

Classe 1 Rede de drenagem de águas pluviais; rede subterrânea de serviços (água, esgoto, telefone, energia

elétrica etc.); fossa em áreas urbanas; edifício multifamiliar, até quatro andares.

Classe 2 Asilo; creche; edifício multifamiliar de mais de quatro andares; favela em cota igual ou superior à

do posto; edifício de escritórios comerciais de quatro ou mais pavimentos; poço de água, artesiano

ou não, para consumo doméstico; casa de espetáculos ou templo; escola; hospital.

Classe 3 Favela em cota inferior à do posto; metrô em cota inferior à do solo; garagem residencial ou

comercial construída em cota inferior à do solo; túnel construído em cota inferior à do solo;

edificação residencial, comercial ou industrial, construída em cota inferior à do solo; atividades

industriais e operações de risco; água do subsolo utilizada para abastecimento público da cidade

(independentemente do perímetro de 100m); corpos naturais superficiais de água, bem como seus

formadores, destinados a abastecimento doméstico, proteção das comunidades aquáticas,

recreação de contato primário (natação, esqui aquático e mergulho), irrigação; criação natural e/ou

intensiva de espécies destinadas à alimentação humana.

Fonte: NBR 13786 (ABNT, 2005). (Modificado pelo autor).

5.3 Principais sistemas ou equipamentos de proteção ambiental em postos de revenda

A DN COPAM 50/2001 traz exigências aos PRs a respeito de medidas de controle

ambiental. Conforme o § 2º do art. 3o dessa deliberação, para que os PRs possam obter a LO

devem cumprir algumas exigências, por exemplo: concretar a pista da área da troca de óleo e

da lavagem de veículos; instalar Caixa Separadora de Água e Óleo (SAO) na área de lavagem

de veículos e de troca de óleo; realizar a troca dos tanques subterrâneos de armazenagem de

combustível instalados há mais de 20 anos; etc.

Segundo a Alfa Equipamentos on-line65 o equipamento, exibido na FIG. 1, tem a

função de separar a água do óleo. Essa mistura oleosa é proveniente da lavagem de carros o

qual é contida e escoada por canaletas dispostos ao redor do PR. Após a água misturada com

óleo passar por essa caixa separadora ela pode ser descarregada diretamente na rede de

esgoto, atendendo as normas ambientais.

65 Disponível em <http://www.alfaequipamentos.com.br/produto_001.html>. Acesso em 12 out. 2008.

59

FIGURA 1 – Caixa separadora de água e óleo

Fonte: <www.controleambiental.com.br/img/sao.jpg>. Acesso em 12 out. 2008.

Deve-se mencionar que essa água misturada com óleo, para chegar à SAO, que

fica abaixo do nível do solo, é preciso que o PR tenha canaletas para contê-la e escoá-la,

conforme a FIG. 2 abaixo. De acordo com o Portal de Postos on-line66, as canaletas dispostas

ao redor de um PR têm a função de receber os efluentes da lavagem de carros, assim como

eventuais derramamentos de óleos e combustíveis, contê-los e escoá-los para o SAO.

FIGURA 2 – Canaleta de contenção de água e óleo de um posto de revenda

Fonte: <www.portaldepostos.com.br/imagens/canaleta.jpg>. Acesso em 12 out. 2008.

60

Conforme a CETESB on-line67 os tanques subterrâneos de armazenamento de

combustíveis68 convencionais possuem uma parede única simples fabricados com aço-

carbono, o que pode gerar ferrugem e conseqüente vazamento de combustível. A corrosão do

tanque, conforme a FIG. 3, está relacionada com o pH, a umidade e salinidade do solo onde os

tanques estão enterrados.

FIGURA 3 – Corrosão num tanque subterrâneo de combustível

Fonte: CETESB

A CETESB on-line explica que atualmente são fabricados tanques de parede

dupla, também chamados de jaquetados, e vem com um sensor especial integrado. O material

da parede interna do tanque é construído de aço-carbono e o material da parede externa é

construída com uma resina termofixa, que, de acordo com a CETESB on-line69, não sofre

corrosão, apesar de estar em contato com o solo.

De acordo com a Indústria e Comércio de Laminados (NORAÇO S.A.) on-line70,

“um tanque jaquetado é, na verdade, dois tanques, um por dentro do outro”. Entre as duas

paredes dos tanques, há um espaço chamado de espaço intersticial anular, o qual é preenchido

por um material separador. A CETESB on-line ainda explica que nesse espaço intersticial,

conforme a FIG. 4, há um tubo de monitoramento intersticial, que faz a comunicação entre

esse espaço e o meio externo, permitindo a instalação de um sensor eletrônico de

monitoramento de vazamentos.

66 Disponível em < http://www.portaldepostos.com.br/paginas/dica.ambiental.materia2.html>. Acesso em 12 out.

2008. 67 Disponível em <http://www.cetesb.sp.gov.br/emergencia/acidentes/postos/atendimento_invest_postos_c.asp>.

Acesso em 12 out. 2008. 68 Tanques instalados abaixo do nível do solo. NBR 13786 (ABNT, 2005). 69 Idem. 70 Disponível em <http://www.noraco.com.br/produtos.php>. Acesso em 12 out. 2008.

61

FIGURA 4 – Tanque subterrâneo de armazenamento de combustível de camada dupla

Fonte: <http://www.econtrol.com.br/sub5.htm>. Acesso em 12 out. 2008.

De acordo com o art. 15, § 2o, da DN COMAM nº 061/08, que trata sobre o

licenciamento de PRs a ser realizada pela Secretaria Municipal de Meio Ambiente “para os

SASC com tanque(s) de parede dupla (...), a substituição desses tanques deverá ocorrer

quando os mesmos atingirem 35 (trinta e cinco) anos de instalação”.

A ECONTROL on-line71 elaborou um diagrama, representado pela FIG. 5,

explicando quais são os principais equipamentos de proteção ambiental instalados num PR.

71 Disponível em: <http://www.econtrol.com.br/sub5.htm>. Acesso em 12 out. 2008. A Econtrol é uma empresa

que desenvolve soluções para monitoramento para áreas sensíveis e produtos perigosos.

62

FIGURA 5 – Diagrama em recorte de posto com equipamentos ambientais instalados

1 – válvula retentora de vapor;

2 – caixa separadora de água e óleo;

3 – tanque subterrâneo de parede dupla;

4 – poço de monitoramento de contaminação do solo;

5 – canaletas;

6 – piso de concreto.

Fonte: <http://www.econtrol.com.br/sub5.htm>. Acesso em: 12 out. 2008.

A válvula retentora de vapor, tecnicamente chamado de válvula de retenção de

esfera flutuante, conforme a NBR 13786 (ABNT, 2005), evita a passagem de combustível

para a linha do respiro, o que só permite a passagem de vapores. É instalada nos respiros dos

tanques de combustíveis.

A NBR 13786 (ABNT, 2005), em sua Tabela A.3, especifica quais os processos

de proteção e controle conforme o tipo de contaminação. Veja o resumo no QUADRO 4

abaixo:

63

QUADRO 4

Processos de proteção e controle conforme o tipo de contaminação

Contaminação devido a Processo de proteção e controle

1. Vazamento Monitoramento intersticial72 nos tanques subterrâneos

2. Derrame Caixa separadora de água e óleo; canaletes de contenção

3. Transbordamento

Dispositivo para descarga selada73; válvula antitransbordamento ou

válvula de retenção de esfera flutuante ou alarme de

transbordamento

4. Corrosão do SASC74 Tanque fabricado conforme NBRs 1331275, 1321276 e 1378577

Fonte: NBR 13786 (ABNT, 2005, p. 8). (Modificado pelo autor).

Através das FIG. 6 e 7, tem-se uma visão tridimensional clara e simplificada da

localização dos componentes do Sistema de Abastecimento Subterrâneo de Combustível

(SASC).

FIGURA 6 – Em destaque tanque subterrâneo de armazenamento de combustível

Fonte: <http://www.metalsinter.com.br/imprensa/Cartilha_Ambiental.pdf>. Acesso em 15 out. 2008.

72 Monitoramento efetuado entre o tanque primário e secundário, para detecção de vazamentos. NBR 13786

(ABNT, 2005, p. 2). 73 Conjunto de equipamentos que permite a operação estanque de descarregamento de combustível e fechamento

do bocal de descarga do tanque. NBR 13786 (ABNT, 2005, p. 2). 74 “Sistema de Abastecimento Subterrâneo de Combustível: conjunto de tanques, tubulações e acessórios,

interligados e enterrados”. NBR 13786 (ABNT, 2005, p. 2). 75 Construção de tanque atmosférico subterrâneo em aço-carbono. 76 Tanque atmosférico subterrâneo em resina. 77 Construção de tanque atmosférico subterrâneo de parede dupla, jaquetado.

64

FIGURA 7 – Esquema de um Sistema de Abastecimento Subterrâneo de Combustível (SASC):

1. Tanque de armazenamento subterrâneo de combustível;

2. Caixa de contenção (sump) de descarga selada;

3. Câmara de acesso à boca de visita;

4. Tubulação subterrânea de transporte de combustível;

5. Tubulação subterrânea de transporte de vapores;

6. Linha de respiro;

7. Unidade abastecedora;

8. Câmara de contenção sob a unidade abastecedora.

Fonte: Manzochi78 (2007, p. 37).

Como se vê nas figuras exibidas anteriormente, são diversos os equipamentos e

sistemas que compõem a estrutura de um PR. Para cada equipamento ou sistema há uma

norma técnica que o acompanha, sendo a mais importante a NBR 13786 (ABNT, 2005). A

fiscalização de um PR requer o conhecimento tanto de sua estrutura quanto das normas que a

regem, além da legislação ambiental pertinente.

78 Gerenciamento Ambiental de Postos de Serviços Automotivos: Contaminação e saneamento ambiental

em postos de revenda de combustíveis. I Seminário de Gestão de Riscos Ambientais. Belo Horizonte, 2007.

65

6 POLUIÇÃO

A Lei nº 6.938/81, que trata sobre a PNMA, em seu art. 3º, inc. III, define o termo

poluição da seguinte forma:

A degradação da qualidade ambiental resultante de atividades que direta ou indiretamente: a) prejudiquem a saúde, a segurança e o bem-estar da população; b) criem condições adversas às atividades sociais e econômicas; c) afetem desfavoravelmente a biota; d) afetem as condições estéticas ou sanitárias do meio ambiente; e) lancem matérias ou energia em desacordo com os padrões ambientais estabelecidos.

Uma dessas atividades é a de postos de revenda de combustível, considerada pela

RCONAMA 273/00 como atividade potencialmente poluidora. Na DN COPAM 074/04, lista

F-06-01-07, entre os recursos naturais água, solo e ar, a atividade de um PR tem uma

potencialidade maior em afetar as águas.

Segundo o art. 2º, Lei Estadual nº 7.772/8079, poluição é “qualquer alteração das

qualidades físicas, químicas ou biológicas do meio ambiente (...)”. Logo em seguida, no § 2º

do mesmo artigo, diz que “agente poluidor é qualquer pessoa (...) responsável por fonte de

poluição”. A Lei de PNMA e a Lei Estadual nº 7.772/80 vinculam poluição à atividade

humana. Elas dizem que agente poluidor, ou apenas poluidor, é qualquer pessoa física ou

jurídica.

Apesar de Sirvinskas (2003, p. 123) dividir o gênero poluição em cinco espécies:

poluição atmosférica; poluição hídrica; poluição do solo; poluição sonora e poluição visual,

em relação às atividades dos PRs. Será dado mais ênfase à poluição das águas. De acordo com

a DN COPAM 074/04, na lista F-06-01-07, as águas são os recursos que mais poderão ser

afetados por essa atividade. Recordando: a potencialidade ou potencial poluidor dos PRs, em

relação às águas é grande, enquanto que para o solo e ar são médio e pequeno,

respectivamente.

6.1 Poluição hídrica

79 Lei Estadual que dispõe sobre a proteção, conservação e melhoria do meio ambiente.

66

Um conceito bastante objetivo de poluição hídrica é dada por Sirvinskas (2003, p.

143) quando diz que “é a alteração dos elementos constitutivos da água, tornando-a imprópria

ao consumo ou à utilização para outros fins”.

Poluição Hídrica, para Sirvinskas (2003, p. 143), “é a degradação da qualidade

ambiental resultante de atividade que direta ou indiretamente lance matérias ou energia nas

águas em desacordo com os padrões ambientais estabelecidos”. Em outras palavras,

Sirvinskas (2003, p. 143) diz que, se a água se tornar imprópria para consumo ou outros fins

devido a alguma alteração de seus elementos que a compõe, denomina-se poluição hídrica. O

citado autor exemplifica a influência na qualidade das águas quando ocorre lançamento de

esgoto doméstico ou disposição de resíduos sólidos nos cursos d’água.

Segundo Sirvinskas (2003, p. 143) os recursos hídricos abrangem águas

superficiais (rios, lagos, lagoas, baías), subterrâneas, do mar territorial e estuário (encontro de

águas do mar com rios). Comparando a situação do Brasil com a de outros países o Brasil se

encontra numa situação bastante confortável. Segundo Passos de Freitas (2000, apud

MILARÉ, 2007, p. 474) o Brasil detém cerca de 13,7% de água doce disponível no mundo.

Apesar desse percentual o Brasil vem se preocupando com a questão da escassez de água,

basta analisar a questão da escassez de água no nordeste brasileiro e a má qualidade da água

do sudeste brasileiro, apesar de abundante.

A água, para Antunes (2004, p. 796), está se tornando foco de conflitos

internacionais, basta saber que quase um e meio bilhão de pessoas não tem água potável e

quase dois bilhões não dispõem de instalações sanitárias. Sirvinskas (2003, p. 144) declara

que “a água é o bem mais importante para o homem continuar vivendo neste planeta”.

Como visto anteriormente, a atividade de um PR afeta principalmente as águas,

conforme se constata na classificação de potencial poluidor que a DN COPAM 074/04 traz.

De acordo com a CETESB on-line80, no Estado de São Paulo, no período de 1984 até agosto

de 2008, dos acidentes ambientais envolvendo postos de combustíveis, em suas mais diversas

modalidades, a causa principal desses acidentes se refere aos tanques de armazenamento de

combustível, respondendo por 29,4%. E, dentre as substâncias derivadas do petróleo a que

mais responde como produto causador dos acidentes é a gasolina, 70%.

80 Disponível em <http://www.cetesb.sp.gov.br/emergencia/estatisticas/estatisticas.asp>. Acesso em 12 out.

2008.

67

Recentemente a FEAM divulgou o “Relatório de Apresentação da Primeira Lista

de Áreas Contaminadas do Estado de Minas Gerais”. A lista, segundo a FEAM on-line81,

concluído em 27 de dezembro de 2007, contém 56 áreas contaminadas identificadas no

Estado. Das 56 áreas contaminadas, 55 foram causadas por postos de combustíveis.

Segundo o Relatório82 da FEAM, o levantamento das áreas contaminadas foi feito

por SUPRAM83, conforme o QUADRO 5 abaixo.

QUADRO 5

Distribuição das áreas contaminadas por SUPRAM

SUPRAM NÚMERO DE ÁREAS

CONTAMINADAS

Alto São Francisco – Divinópolis 2

Central – Belo Horizonte 12

Leste Mineiro – Governador Valadares 11

Norte de Minas – Montes Claros 8

Sul de Minas – Varginha 4

Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba – Uberlândia 8

Zona da Mata – Ubá 11

Fonte: FEAM (2007).

Como se observa no quadro acima, a área da SUPRAM Central é a que apresenta

o maior número de áreas contaminadas no Estado.

6.2 Crime de poluição

Segundo Milaré (2007, p. 225), o art. 54, caput, da LCA (Lei nº 9.605/98), que

dispõe sobre as sanções penais e administrativas em matéria ambientais, tipifica o crime de

poluição:

81 Disponível em <http://www.feam.br/index.php?option=com_content&task=view&id=354&Itemid=128>.

Acesso em 12 out. 2008. 82 FEAM. Relatório de apresentação da primeira lista de áreas contaminadas do Estado de Minas Gerais.

Belo Horizonte: 2007. Disponível em <http://www.feam.br/images/stories/arquivos/areas_contaminadas/ microsoft%2Bword%2B-%2Brelat%25c3%25b3rio%2Bac%2B%2Bpublicar%2B2007%5B1%5D.pdf>. Acesso em 12 out. 2008.

83 Superintendência Regional de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável.

68

Causar poluição de qualquer natureza em níveis tais que resultem ou possam resultar em danos à saúde humana, ou que provoquem a mortandade de animais ou a destruição significativa da flora: Pena – reclusão, de um a quatro anos, e multa. (...)

Machado (2007, p. 719) esclarece que a punibilidade desse crime será na forma

dolosa desde que o agente queira o resultado ou assuma o risco de produzi-lo.

Segundo Milaré (2007, p. 225), esse tipo penal pode se referir a qualquer

poluição. Bata lembrar que Sirvinskas (2003, p. 122) classifica poluição nas espécies:

poluição atmosférica, poluição hídrica, poluição do solo, poluição sonora e poluição visual.

Interessante é a forma qualificada do crime de poluição do art. 54 da LCA,

tipificada no inciso III: “causar poluição hídrica que torne necessária a interrupção do

abastecimento público”. Para Machado (2007, p. 719), para a consumação do crime de

poluição na forma qualificada, basta que o abastecimento de água de uma cidade, de um

bairro, de um quarteirão ou núcleo rural, seja suspenso, independentemente de que venha

causar danos à saúde humana.

Em relação à infração ambiental relativa ao crime de poluição tipificado no art. 54

da LCA, o Decreto Federal nº 6.514/08, no art. 61, estabelece uma a sanção administrativa de

multa, de R$ 5.000,00 (cinco mil reais) a R$ 50.000.000,00 (cinqüenta milhões de reais).

6.3 Infrações administrativas relativas à atividade dos postos de revenda

As infrações administrativas às normas de proteção, conservação e melhoria do

meio ambiente, são as tipificadas no Anexo I do Decreto Estadual nº 44.844/08. O QUADRO

6 exibe, resumidamente, as infrações administrativas e respectivas penas, constantes no

Anexos I desse decreto, que as atividades dos postos de revenda possam estar sujeitas:

69

QUADRO 6

Infrações administrativas e respectivas sanções relativos aos postos de revenda

Infração Administrativa Pena

1. Instalar, construir, testar, operar ou ampliar atividade

efetiva ou potencialmente poluidora ou degradadora do

meio ambiente sem as licenças de instalação ou de

operação, (...) se não constatada a existência de poluição

ou degradação ambiental.

- Multa simples;

- ou multa simples e

suspensão de atividades no

caso de empreendimento ou

atividade em operação ou

em instalação.

2. Instalar, construir, testar, operar ou ampliar atividade

efetiva ou potencialmente poluidora ou degradadora do

meio ambiente sem Licenças de Instalação ou de

Operação, se constatada a existência de poluição ou

degradação ambiental.

- Multa simples;

(...)

- ou multa simples e

suspensão da atividade;

(...)

3. Descumprir determinação ou deliberação do COPAM. Multa simples.

4. Obstar ou dificultar a ação fiscalizadora do COPAM ou

da SEMAD e suas entidades vinculadas.

Multa simples.

5. Causar poluição ou degradação ambiental de qualquer

natureza que resulte ou possa resultar em dano aos

recursos hídricos, às espécies vegetais e animais, aos

ecossistemas e habitats ou ao patrimônio natural ou

cultural, ou que prejudique a saúde, a segurança, e o bem

estar da população.

- Multa simples;

- ou multa simples e

embargo de obra ou

atividade;

- ou multa diária.

6. Deixar de comunicar a ocorrência de acidentes com

danos ambientais às autoridades ambientais competentes.

Multa simples.

7. Fabricar, transportar, comercializar ou armazenar

produtos em desacordo com as normas e padrões

ambientais vigentes, que impliquem dano à saúde

humana, meio ambiente ou recursos hídricos.

- Pena multa simples;

- ou multa simples,

suspensão de venda e

fabricação do produto e

destruição do produto.

Fonte: Decreto Estadual nº 44.844/08. (Modificado pelo autor).

70

6.4 Poluição causada por postos de revenda de combustível e seu impacto na saúde do

homem e no meio ambiente

Segundo Borsato (2005, p. 65), a poluição provocada por PR podem afetar as

águas superficiais e subterrâneas e o solo. De acordo com Borsato (2005, p. 65), os diferentes

tipos de resíduos, líqüidos ou sólidos, oriundos de PRs, “apresentam riscos à saúde a ao meio

ambiente, exigindo tratamento e disposições especiais em função de suas características de

inflamabilidade, corrosividade, reatividade e patogenecidade”. Borsato (2005, p. 65) esclarece

que os PRs produzem resíduos perigosos, classificados na Classe 1, conforme a NBR 10.004

(ABNT, 2004). Para Rocha, et al84 (2004, p. 5134) os resíduos perigosos dos PRs são: óleo

usado, areia contaminada com combustível, mantas e cordões absorventes, filtros de óleo

lubrificantes, impregnados de combustíveis de veículos, borra e combustível proveniente da

caixa separadora de água e óleo, vasilhame de óleo usado e estopas usadas. Borsato (2005, p.

66) aponta esses materiais impregnados com óleo como um fator de contaminação do solo,

pois são, muitas vezes, depositados em lixo comum e levados para um aterro público.

Para Corseuil, et al85 (1997, p. 2) “em um derramamento de gasolina, uma das

principais preocupações é a contaminação de aqüíferos que sejam usados como fonte de

abastecimento de água para consumo humano”. O douto explica que a gasolina, pouco

solúvel em água, quando presente no subsolo, inicialmente se apresenta numa fase não

aquosa86, por conter mais de uma centena de componentes. Mas, em contato com as águas

subterrâneas, a gasolina se dissolve rapidamente, isso, devido a maior solubilidade de um de

seus constituintes: os hidrocarbonetos monoaromáticos, benzeno, tolueno, etilbenzeno e os

três xilenos orto, meta e para, chamados compostos BTEX. Segundo o douto, são esses

componentes da gasolina que primeiro irão atingir o lençol freático.

Considerando os registros de vazamentos de petroleiros, conforme o texto para

Avaliação de Seleção - Mestrado em Meio Ambiente e Desenvolvimento Regional (2004-

84 Análise dos Impactos Ambientais causados pelos Postos de distribuição de combustíveis: uma visão

integrada. XXIV Encontro Nacional de Engenharia de Produção. 2004, Florianópolis. 85 Contaminação de águas subterrâneas por derramamentos de gasolina: problema é grave? Rev.

Engenharia Sanitária e Ambiental, 1997. Henry Xavier Corseuil é PhD em Engenharia Ambiental pela Universidade de Michigan. Professor Adjunto do Departamento de Engenharia Sanitária e Ambiental da Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis-SC.

86 Que contém água; da natureza da água; semelhante à água; áqüeo. Bueno (1996, p. 66).

71

2005, p. 61) da UNIDERP87, basta apenas um litro de petróleo para inutilizar cerca de um

milhão de litros de águas subterrâneas.

Para Corseuil, et al (1997, p. 2), “esses contaminantes são considerados

substâncias perigosas por serem depressantes (sic) do sistema nervoso central e por causarem

leucemia em exposições crônicas”.

A BRASKEM, petroquímica brasileira, referência mundial em resinas

termoplásticas (polietileno, polipropileno e PVC), publicou, em 2005, uma Ficha de

Informação de Segurança de Produto Químico (FISPQ)88, cujo produto analisado é a gasolina.

A FISPQ traz bastantes informações, das quais se destacam os efeitos que a gasolina causa na

saúde humana, no meio ambiente, principais sintomas, visão geral de ações de emergência,

medidas de primeiros socorros em casos de ingestão, inalação, contato com os olhos e pelo,

medidas de combate à incêndio, medidas de controle para derramamento e vazamento,

manuseio e armazenamento, controle de exposição e proteção individual, propriedades físico-

químicas, estabilidade e reatividade, informações ecológicas, etc.

Importante é o aviso da BRASKEM (2005, p. 17), ao se referir à medidas de

contenção nos casos de acidentes e derramamentos:

(...) o comprometimento à saúde da população do entorno, bem como à flora e fauna local, pode ser grande se medidas de contenção não forem tomadas com presteza e eficiência, evitando-se que concentrações elevadas se volatilizem ou atinjam o solo e corpos d’água.

Rocha, et al (2004, p. 5134) analisa o impacto ambiental dos PRs sob quatro

classificações: a) impacto causado pela contaminação humana por hidrocarbonetos; b)

impacto causado ao solo pelos hidrocarbonetos, provocado na maioria das vezes por

vazamentos; c) impacto causado quando em decorrência de incêndios e; d) impacto causado

por produtos perigosos gerados pelos PRs.

6.4.1 Contaminação humana

De acordo com Rocha, et al (2004, p. 5134) a contaminação humana pode ocorrer

por via respiratória, dermal e oral. Conforme Gomes (1981) e Mello (1991), citados por

87 Universidade para o Desenvolvimento do Estado e da Região do Pantanal.

72

Rocha, et al (2004, p. 5134), os funcionários dos PRs estão susceptíveis a adquirem doenças

de pele, câncer e leucemia. Segundo a BRASKEM (2005, p. 15), a gasolina provoca irritação

moderada na pele e mucosas, em contato direto com a pele ou pela exposição aos vapores,

provoca também tontura, cefaléia, visão turva, sonolência e incoordenação, decorrentes da

ação sobre o sistema nervoso central. “A exposição freqüente a elevadas concentrações, por

via inalatória, pode provocar hepatotoxicidade, nefrotoxicidade, neurotoxicidade, disfunção

pulmonar crônica e dermatite de contato”.

Em caso de ingestão a BRASKEM (2005, p. 3) informa que não é para provocar

vômito, "se a vítima estiver consciente deve ingerir 1-2 copos de água para diluir o material

no estômago”. Em geral, não se deve fazer respiração boca a boca nem friccionar os olhos,

quando em contato com a vítima exposta à gasolina. Entretanto, deve-se lavar a pele ou os

olhos com água por, pelo menos, quinze minutos.

6.4.2 Impacto ambiental

De acordo com Rocha, et al (2004, p. 5134), as atividades dos postos de serviços

(postos de revenda com serviços agregados), podem ocasionar contaminação do solo e de

águas subterrâneas, por meio de derramamentos de combustível no solo ou seu vazamento dos

tanques subterrâneos de armazenamento. A gravidade maior está na contaminação dos lençóis

freáticos, podendo se espalhar na vizinhança e contaminar poços, que são usados com

freqüência pela população como fonte de água.

6.4.3 Riscos de explosão

Segundo a BRASKEM (2005, p. 6 e 14), a gasolina é inflamável e muito perigoso

quando exposta ao calor excessivo, chamas, faíscas ou outras fontes de ignição, entretanto,

não é sensível ao impacto mecânico. De acordo com a Norma Regulamentadora (NR) nº 2389,

88 Disponível em <http://www2.braskem.com.br/upload/FISPQ_Gasolina-A_rev01.pdf>. Acesso em 15 out. 08. 89 BRASIL. Ministério do Trabalho e Emprego. Disponível em <http://www.mte.gov.br/legislacao/normas_regu

lamentadoras/nr_23.pdf>. Acesso em 15 out. 2008.

73

do Sistema Brasileiro de Avaliação da Conformidade (SBAC), que trata sobre a proteção

contra incêndios, apud Rocha, et al (2004, p. 5135), “os incêndios derivados das atividades

dos postos de combustível são classificados (...) com classe B e tem como método de extinção

mais indicado o abafamento e agente extintor: pó químico seco e dióxido de carbono”.

74

7 COMPANHIA DE MEIO AMBIENTE DE BELO HORIZONTE

7.1 Área de atuação

7.1.1 Sede

A Companhia de Meio Ambiente da Polícia Militar (CIA PM MAMB) se localiza

à Av. Jequitinhonha, nº 700, Vera Cruz, Belo Horizonte/MG.

7.1.2 Articulação

A Cia PM Mamb articula-se da seguinte forma:

QUADRO 07

Articulação da Cia PM Mamb e seu respectivo efetivo

EFETIVO

Previsto Existente

CIA PM MAMB 187 168

1o Pelotão – Belo Horizonte Grupamento PM Mamb – Lagoa Santa

96 83

2o Pelotão – Betim 24 22

3o Pelotão – Nova Lima Grupamento PM Mamb – Mariana Grupamento PM Mamb – Caeté

40 35

Fonte: Seção de Recursos Humanos da Companhia de Polícia Militar do Meio Ambiente

O 1o Pelotão da CIA PM MAMB, público alvo desta pesquisa, se compõe em

fração localizada na sede, e outra fação em Lagoa Santa.

75

7.1.3 Características da sub-área de atuação da Companhia de Polícia Militar do Meio

Ambiente

As informações a seguir constam do banco de dados da CIA PM MAMB,

atualizados até a presente data:

• Área total: 13.082km²;

• Municípios: 40;

• População estimada: 5.116.486 habitantes;

• Unidades de Conservação Federal: Parque Nacional da Serra do Cipó e Área de Proteção

Ambiental (APA) de Carste de Lagoa Santa, e APA Sul (abrange as cidades de Belo

Horizonte e Brumadinho);

• Unidades de Conservação Estadual: Parque Estadual da Serra do Rola Moça (Belo

Horizonte, Ibirité, Brumadinho e Nova Lima), Parque Estadual do Itacolomi (Ouro Preto e

Mariana), Parque Estadual do Sumidouro (em Lagoa Santa) e Reserva Biológica do Tripuí

(em Mariana), Parque Estadual da Baleia (Belo Horizonte);

• Mananciais de Abastecimento de Água: Sistema Rio Manso, Sistema Serra Azul e

Sistema Várzea das Flores;

• Área da Unidade inserida no: Quadrilátero Ferrífero e Circuito Histórico de Minas Gerais.

Segundo a Seção de Recursos Humanos (P1) da CIA PM MAMB, a área de

atuação do 1o Pelotão, relacionada à fiscalização de PR, são as cidades de Belo Horizonte,

Contagem e Ibirité, ou seja, todos os PRs dessas cidades são passíveis de serem fiscalizados

pelo 1o Pelotão.

7.2 Capacitação: treinamento dos policiais militares do 1o Pelotão da Companhia de

Polícia Militar do Meio Ambiente para fiscalização de postos de revenda

7.2.1 Significado dos termos “capacidade” e “capacidade técnica”

76

7.2.1.1 Capacidade

Segundo Galvão90, et al (1997, p. 230), capacidade ou maturidade de trabalho

“refere-se à capacidade de saber fazer alguma coisa, ou seja, está relacionada com o

conhecimento e a capacidade técnica”.

7.2.1.2 Capacidade técnica

Em relação à capacidade técnica, Pedra91 (2006) explica que está relacionada à

pessoa física, cuja responsabilidade é a execução de um serviço, por exemplo, a fiscalização

de um PR. Nas palavras do mestre “habilitação (capacidade) técnica (...) consiste no domínio

de conhecimentos e habilidades teóricas e práticas para execução do objeto a ser contratado”.

7.2.2 Curso/treinamento para fiscalização de postos de revenda

Segundo a Assessoria de Comunicação (Ascom) da SEMAD apud Ambiente

Brasil on-line92, a FEAM realizou na terça-feira, dia 11 de abril de 2006, em Belo Horizonte,

o IX Curso para Fiscalização em Postos de Combustíveis, direcionado para a PM MAMB.

“Cerca de 50 policiais participaram do treinamento”.

Conforme a Ascom o curso teve a duração de seis horas e teve como objetivo a

capacitação da Polícia Militar para a verificação do cumprimento das normas ambientais

relativas aos PRs. "Todos os postos devem seguir uma série de medidas de controle ambiental

para evitar a contaminação do solo e das águas subterrâneas", afirma o técnico da FEAM,

Eduardo Bacelar. Uma das exigências, segundo a Ascom, é a troca dos tanques subterrâneos

de armazenamento de combustíveis com mais de 20 anos.

90 Liderança Situacional: um modelo para aplicação na enfermagem brasileira. In: REVISTA ESCOLA DE

ENFERMAGEM DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO, 1997, São Paulo. 91 PEDRA, Anderson Sant'Ana. A habilitação técnico-operacional nas licitações públicas e o princípio da

razoabilidade. Teresina, 2006. 92 Disponível em <http://noticias.ambientebrasil.com.br/noticia/?id=24096>. Acesso em 12 out. 2008.

77

De acordo com a P1 da CIA PM MAMB, neste ano de 2008, até a data do dia 10

de outubro, após o Pelotão ter feito o curso com a FEAM, não efetuou, neste ano de 2008,

fiscalização em PR.

Na seção “Análise dos dados e resultados da pesquisa” será discutido o aspecto da

capacitação dos policiais militares do meio ambiente na fiscalização de PRs e a visão da

FEAM e da DMAT a respeito dessa nova atribuição da PM MAMB.

78

8 METODOLOGIA

Nesta seção buscou-se detalhar a metodologia utilizada no presente estudo e as

técnicas usadas para o levantamento de dados. Cumpre-se explicar sobre o método, que

corrobora com as hipóteses da pesquisa e leva o pesquisador a conhecer a realidade

investigada, alcançando seus objetivos.

8.1 Método de abordagem do tema

Toda pesquisa tem sua origem num problema para o qual se procura uma solução,

através de tentativas (conjecturas, hipóteses, teorias) e eliminação de erros.

Como método de abordagem, adotou-se o hipotético-dedutivo. A escolha se deu

pelo fato de que a investigação pretende partir de uma hipótese, para se chegar à conclusão

acerca da capacidade técnica do policial militar do meio ambiente em fiscalizar postos de

revenda.

Conforme Lakatos (2007, p. 137), uma das características básicas de uma hipótese

é que ela é provável, provisória e suposta. Ander-Egg (1978, apud LAKATOS, 2007, p. 137)

é esclarecedor ao dizer que “hipótese é uma tentativa de explicação mediante uma suposição

verossível, destinada a ser provada pela comparação dos fatos”. A hipótese desta pesquisa: o

policial militar do 1o Pelotão da CIA PM MAMB não tem capacidade técnica para fiscalizar

postos de revenda de combustível”.

Como são as assertivas apenas hipóteses do pesquisador, o que se pretende é

justamente comprovar a veracidade ou não das mesmas e, para tanto, o método hipotético-

dedutivo foi o mais indicado.

8.2 Método de procedimento

Adotou-se os métodos de procedimento monográfico e estatístico. Este, conforme

Lakatos (2007, p. 93), “os processos estatísticos permitem obter, de conjuntos complexos,

79

representações simples e constatar se essas verificações simplificadas têm relação entre si”.

Aquele, conforme Lakatos (2007, p. 92), permite a obtenção de generalizações de indivíduos,

profissões, instituições, grupos ou comunidades, como também respeita a totalidade solidária

dos grupos, mantendo uma unidade concreta, evitando-se, portanto, a dissociação de

elementos.

8.3 Técnica de coleta de dados

Optou-se pela documentação indireta (pesquisa documental e bibliográfica) e pela

documentação direta extensiva (questionários). Foram utilizados livros de autores renomados

como fontes doutrinárias do Meio Ambiente, como Édis Milaré (2007), Paulo de Bessa

Antunes (2004), Paulo Affonso Leme Machado e Luís Paulo Sirvinskas. Foram utilizados

trabalhos acadêmico-científicos (teses e dissertações) e artigos científicos, por tratarem

especificamente de postos de combustíveis. Resoluções CONAMA e Deliberações

Normativas COPAM foram usadas, por regularem sobre o assunto específico. Foram

utilizados leis e decretos federais, leis e decretos estaduais, normas técnicas da ABNT,

material de sites oficiais, como a CETESB, SEMAD, FEAM. Coletou-se informações

importantes de documentos trabalhados em congressos, seminários e revistas especializadas.

Material jornalístico de sites oficiais também foram utilizados.

Foi selecionada a PM MAMB, mais especificamente os policiais militares da sede

do 1o Pelotão da CIA PM MAMB de Belo Horizonte, como fonte para coleta de dados,

conforme preconiza o procedimento científico, aplicando-se-lhes questionário. Os dados

coletados foram tabulados e analisados usando-se de recursos gráficos.

Dentre os entrevistados estão: a DMAT, por meio de seu Assistente Técnico, a

NUCOM, por meio de sua coordenadoria, a FEAM, por meio de uma Analista Ambiental e

engenheira química, e a SMMA, por meio de seu Secretário Municipal de Meio Ambiente.

8.4 Tipo de Pesquisa

80

8.4.1 Quantos aos objetivos da pesquisa

Adotou-se a pesquisa na modalidade dos estudos descritivos. Descreveram-se os

resultados da análise dos dados obtidos por meio de questionário e entrevistas e interpretou-se

que os policiais militares do meio ambiente do 1o Pelotão da CIA PM MAMB, na sua

maioria, não se sentem capazes, tecnicamente, de fiscalizar um posto de revenda de

combustível.

8.4.2 Quanto ao conceito operativo da pesquisa

Lançou-se mão da pesquisa bibliográfica, documental e de campo, por serem

excelentes ferramentas de captura de informação, estendendo, sobremaneira, a visão sobre o

objeto de estudo.

8.4.3 Quanto à natureza da pesquisa

A pesquisa quantitativa possibilitou ao pesquisador dimensionar a extração de

dados, bem como medir e explicar, as variáveis preestabelecidas. A dimensão qualitativa,

conexa à manifestação do público-alvo, favoreceu a compreensão da realidade da atividade de

fiscalização de postos de combustíveis por policiais militares perante o comprometimento de

seus superiores, de nível estratégico, e a participação da FEAM nesse processo.

8.4.4 Delimitação do universo

Delimitou-se ao 1o Pelotão da sede da CIA PM MAMB de Belo Horizente, como

universo a ser pesquisado, por ter as cidades de Belo Horizonte, Betim e Ibirité como áreas de

81

responsabilidade territorial para fiscalização ambiental de postos de revenda. Cidade esta que

compõe a área mais contaminada por postos de gasolina do Estado.

8.4.5 Pesquisa Amostral

Realizou-se a pesquisa amostral, dentro do universo de pesquisa delineado, que

contou com fontes precisas de informação.

Através da pesquisa de campo elaborada para subsidiar a pesquisa monográfica,

por meio de questionário e entrevistas, será apresentada uma análise e interpretação dos dados

obtidos. O questionário consta no APÊNDICE “A” e as entrevistas constam nos APÊNDICES

“B”, e “C” dessa pesquisa, sendo que a entrevista à Secretária Municipal do Meio Ambiente

não se seguiu um roteiro básico de perguntas, cuja classificação da entrevista é não

estruturada, e intencional.

Buscou-se, pela pesquisa de campo, coletar informações que irão determinar se os

policiais militares de meio ambiente do 1o Pelotão da CIA PM MAMB, que receberam o

treinamento da FEAM, têm a capacidade técnica de realizar fiscalização ambiental em postos

de revenda de combustíveis e postos de serviço de forma satisfatória, dada a quantidade de

normas técnicas, resoluções e deliberações normativas que regem o assunto.

O questionário foi aplicado aos policiais militares do 1o Pelotão, da sede da

Companhia de Meio Ambiente do Município de Belo Horizonte. Trata-se de um questionário

respondido por 18 (dezoito) policiais militares, de um universo de 24 (vinte e quatro)

militares. As respostas dos questionários foram tabulados e exibidos em forma de gráficos

para facilitar a análise dos dados coletados e a compreensão do leitor.

De acordo com a Seção de Recursos Humanos (P1) da CIA PM MAMB, o 1o

Pelotão se compõe de 76 policiais militares, dos setores administrativo e operacional,

desconsiderando o efetivo do grupamento de Lagoa Santa. Dos militares do setor operacional,

43 participaram, no dia 03 de julho de 2007, do curso/treinamento promovido pela FEAM

para fiscalização de postos de revenda. Os militares do setor operacional que participaram do

curso são em número atual de 24 militares, perfazendo o número de pessoas do universo

pesquisado.

A fórmula da amostra de STEVENSON (1981) foi utilizada para se determinar o

número dos elementos do univserso delimitado.

82

n : representa o valor da amostra a ser calculada.

N : representa a população.

P : percentagem com que o fenômeno ocorre, estima-se em 0,5.

Q = (P – 1) representa a percentagem complementar. Considera-se P = Q = 0,5.

Z: representa o nível de confiança.

e : representa o erro máximo permitido, que de modo geral situa-se entre 5 e 10%.

N = 24; Z = 1,65; e = 0,1 (10%); P = Q = 0,5; n = 18.

Foi realizada entrevista à Secretaria de Meio Ambiente do Município de Belo

Horizonte, com o fim de se buscar dados estatísticos quanto ao número de PRs, em

funcionamento, existentes em Belo Horizonte, assim como sua quantidade em processo de

licenciamento. Através da Secretaria Municipal de Meio Ambiente (SMMA) conseguiu-se

averiguar se a Prefeitura tem convênio firmado com o Estado para realizar fiscalização e

licenciamento ambiental para as atividades dos postos de revenda.

Foi realizada entrevista à Coordenadora do Núcleo de Combustível da FEAM, a

qual buscou-se informações a respeito do curso/treinamento ministrado à policiais militares de

meio ambiente e o motivo da inserção da PM MAMB no contexto de fiscalização de PRs. A

entrevista seguiu um roteiro de perguntas básicas, entretanto, foi realizada em molde de uma

conversa informal, qual revelou informações elucidativas da atual situação do andamento do

treinamento de policiais militares do meio ambiente nas demais cidades do interior do Estado.

Assim como a primeira entrevista, a segunda foi elaborada a fim de se obter

informações do alto comando da Polícia Militar Ambiental. A entrevista foi realizada com o

Assistente Técnico de Meio Ambiente da Diretoria de Meio Ambiente e Trânsito (DMAT),

oficial superior que representa o nível estratégico da Polícia Militar Ambiental do Estado.

83

9 ANÁLISE DOS DADOS E RESULTADOS DA PESQUISA

9.1 Análise do resultado do questionário aplicado

Foram aplicados dezoito questionários objetivando o índice de 90% de confiança

obtida pela fórmula da amostra de STEVENSON (1981), citada na seção anterior.

Primeiramente buscou-se saber sobre a capacitação técnica dos policiais militares

da sede do 1o Pelotão da CIA PM MAMB de Belo Horizonte em fiscalizar PRs. A primeira

pergunta do questionário aplicados para os policiais militares foi: “de acordo com o

conhecimento adquirido no treinamento você se sente capaz ou seguro para fiscalizar um

posto de revenda de combustível?”

GRÁFICO 1 – Sensação de capacidade ou segurança de policiais militares do meio ambiente em fiscalizar postos de revenda de combustível

Fonte: Dados da pesquisa

De acordo com o GRAF. 1, 83% dos policiais militares da sede do 1o Pelotão da

CIA PM MAMB, que participaram do treinamento da FEAM, não se sentem capazes ou

seguros em fiscalizar um PR. Para os militares que responderam “não” foi dada a

oportunidade de escreverem o principal motivo da insegurança e foram obtidas diversas

84

respostas. Muitas delas se referiram à insuficiência do treinamento, em relação à prática,

tempo insuficiente do curso, etc. Algumas das respostas foram trasncritas a seguir: “Porque há

uma complexidade muito grande nesse tipo de fiscalização. Seria necessário um

conhecimento mais amplo nessa área”; “Competência e complexidade de fiscalizações

inerentes à FEAM”; “Devido o tempo de treinamento ser muito curto e a quantidade de itens

para fiscalização do Posto ser muito grande”; “Devido o tempo do curso que foi muito pouco

tempo, não dando assim um amplo conhecimento tecnico”; “(...) foi muito vasto e superficial

praticamente teórico”; “necessito de mais treinamento teorico e pratico”; “falta mais

treinamento teorico e especificamente na pratica”; “Não realizei uma atividade específica de

fiscalização em Posto de Combustível. Sendo que só através destas vistorias que se alcança

segurança”; “Não é uma atividade corriqueira”; “Falta de experiencia”; “A palestra ocorreu há

mais de um ano e após esse tempo não fiscalizamos nenhum posto de combustível”.

Os motivos se resumem em: treinamento insuficiente, tanto teórico quanto prático,

tempo insuficiente do curso; falta de fiscalização de PRs; especificidade e complexidade na

fiscalização de um PR. Das respostas acima, destacam-se as relacionadas ao treinamento

insuficiente do curso ministrado pela FEAM, o que necessitaria reciclagem ou novas

instruções, para fixação e atualização de conteúdo, por parte da FEAM e também pela própria

CIA PM MAMB, o que contribuiria notadamente para uma habilitação ou capacitação técnica

adequados.

Como se pode averiguar na Seção 6 desta pesquisa “POSTOS DE REVENDA DE

COMBUSTÍVEIS COMO ATIVIDADES POTENCIALMENTE POLUIDORAS”, a

atividade relacionada à fiscalização de PRs requer grande conhecimento técnico e prático. São

diversas as normas técnicas e resoluções que regem essa atividade.

Um termo de referência93 para fiscalização de postos de combustíveis, chamado de

“check list”, foi elaborada pela FEAM para que os policiais tivessem em mãos um “roteiro” a

seguir, para saberem o quê fiscalizar num PR. Entretanto, mesmo com esse “roteiro” em

mãos, os policiais, na grande maioria, não se sentem seguros para fiscalizar um PR.

Na segunda pergunta do questionário aplicado aos policiais militares buscou-se

saber se houve reciclagem do assunto pós-treinamento da FEAM. Seguinte é a pergunta: “Foi

realizada alguma reciclagem pela CIA de Meio Ambiente depois de realizado o

treinamento?”.

93 Cf. ANEXO “B”.

85

GRÁFICO 2 – Existência de reciclagem do curso de fiscalização de postos de revenda ministrada pela Fundação Estadual de Meio Ambiente (FEAM)

Fonte: Dados da pesquisa

De acordo com o GRAF. 2 acima, 61% dos policiais militares responderam que

não houve uma reciclagem a respeito de fiscalização de PRs por parte da CIA PM MAMB. O

resultado apresentado pelo GRAF. 1, em que alguns policiais explicam o motivo da

insegurança na fiscalização de PR, ao dizerem que falta mais prática, que não é uma atividade

rotineira, leva a complementar o resultado apresentado pelo GRAF. 2. A falta de uma

reciclagem ou instrução periódica, tanto teórica quanto prática, sobre a fiscalização de PRs,

leva ao esquecimento do conteúdo aprendido.

Na terceira pergunta do questionário buscou-se averiguar o conhecimento do

policial militar solicitando-o que citasse quatro sistemas ou equipamentos que devam existir

num PR. Usou-se do seguinte critério para avaliar quantitativamente a resposta: se o policial

citasse quatro equipamentos ou sistemas de proteção ambiental o nível de conhecimento sobre

esses itens seria considerado satisfatório, se citasse dois ou três itens, seria considerado

parcialmente satisfatório e, se citasse apenas um item de proteção ambiental, seria

considerado insuficiente. Caso a questão fosse deixada sem resposta, o nível de conhecimento

do policial a respeito dos equipamentos de proteção ambiental seria considerado insuficiente.

O resultado é apresentado no GRAF. 3.

86

GRÁFICO 3 – Nível de conhecimento a respeito de equipamentos ou sistemas de proteção ambiental existentes num posto de revenda

Fonte: Dados da pesquisa

De acordo com o GRAF. 3 acima, 50% dos policiais citaram dois ou três itens

corretamente. Isso evidencia que o policial militar, em geral, conhece os equipamentos de

proteção ambiental que devam existir num PR. Considerando que os policiais passaram por

um curso/treinamento, a exigência era que soubessem pelo menos quatro itens, dada a

quantidade de equipamentos de proteção ambiental existentes num posto.

De acordo com a seção 6.3 “Principais sistemas ou equipamentos de proteção

ambiental em postos de revenda”, podem ser listados diversos itens: canaletas ao redor do

posto, piso de concreto, caixa separadora de água e óleo, parede dupla para os tanques

subterrâneos, equipamento para descarga selada para evitar transbordamento, caixas de

contenção (sump’s), sistema de monitoramento de vazamento através do sensor de

insterstício, etc.

Na quarta e mais importane pergunta, buscou-se evidenciar objetivamente o grau

de conhecimento do policial militar do meio ambiente acerca da fiscalização ambiental de

postos de revenda de combustível. Seguinte é a pergunta: “Como você avalia seu grau de

conhecimento na área de fiscalização ambiental de postos de revenda de combustível?”.

O resultado figura no GRAF. 4.

87

GRÁFICO 4 – Grau de conhecimento do policial militar do meio ambiente sobre a fiscalização ambiental de postos de revenda de combustível

Fonte: Dados da pesquisa

De acordo com o resultado apresentado no GRAF. 4 acima, 71% dos policiais

militares do meio ambiente do 1o Pelotão, que trabalham na sede da CIA PM MAMB, e que

participaram do curso/treinamento ministrado pela FEAM, consideram insuficientes o

conhecimento acerca da fiscalização de postos de revenda de combustível.

A última pergunta visou coletar sugestões ou dificuldades dos militares a respeito

da fiscalização dos postos de revenda. Os policiais sugeriram mais treinamento prático, uma

apostila passo a passo e fiscalização conjunta com técnicos da FEAM.

9.2 Análise das informações coletadas das entrevistas

Para se ter uma visão da participação da PM MAMB na atividade de fiscalização

ambiental de PRs, foi realizada uma entrevista à DMAT94, através do Assistente Técnico de

Meio Ambiente, oficial da PMMG responsável pela Polícia Militar Ambiental no Estado.

94 Diretoria de Meio Ambiente e Trânsito da PMMG.

88

Foi perguntado primeiramente a respeito da importância da PM MAMB na

fiscalização ambiental dos postos de revenda de combustível. Segundo a DMAT, é de extrema

relevância a participação da PMMG nessa atividade, que sua importância está na sua

capilaridade alcançada, a qual permite realizar vistorias em todos os postos do Estado. A

DMAT explicou que o trabalho inicial da PMMG é o da constatação quanto à adequação dos

estabelecimentos às normas técnicas e análise preliminar dos riscos ambientias, comunicando

à FEAM quanto às irregularidades, para providências subseqüentes. A DMAT explicou que é

um trabalho mais de conscientização e mudança de comportamento dos proprietários desses

estabelecimentos:

O trabalho da PMMG é de cunho educativo e preventivo. Novos postos, sabendo das ações fiscalizatórias, realizam projetos ecologicamente corretos para serem implantados e os antigos, dentro de um cronograma estabelecido pela FEAM estão se adequando. (DMAT, 2008).

A DMAT ainda revelou que a PMMG, em resposta à RCONAMA 273/00,

modernizou suas instalações em quase todos os Batalhões de Polícia Militar, instalando

tanques aéreos, respeitando as normas da ABNT. A DMAT ainda complementa com a

seguinte informação:

Existe um intenso trabalho de capacitação dos servidores empregados na atividade de meio ambiente, onde o militar adquire conhecimentos o suficiente para preencher um check-list95 da atividade, informações estas suficientes para atender a demanda do órgão ambiental.

Através da entrevista à DMAT possibilitou-se à pesquisa vislumbrar a visão, de

nível estratégico da PMMG, a respeito da fiscalização de PRs e seu total apoio à FEAM.

A partir de entrevista, não estruturada, realizada com a Secretaria Municipal de

Meio Ambiente (SMMA) de Belo Horizonte, chegou-se às seguintes informações: a SMMA

informou que a Prefeitura de Belo Horizonte, no âmbito de sua circunscrição e por meio de

convênio firmado com o Estado, realiza licenciamento e fiscalização de postos de revenda,

sendo de responsabilidade da FEAM, à nível estadual, a fiscalização e licenciamento dos PRs.

A SMMA informou que no município de Belo Horizonte existem 324 PRs em

funcionamento, 90 em renovação de licenciamento e 10 em processos novos de

licenciamento. Através desses dados é possível dizer que o 1o Pelotão da CIA PM MAMB

tem, como responsabilidade para executar fiscalização ambiental, pelo menos na Capital, em

95 Termo de Referência para Fiscalização – Posto de Combustível. (ANEXO “B”).

89

324 PRs. Nesta pesquisa, não se encontram disponíveis dados quantitativos de PRs das

cidades de Contagem e Ibirité, apesar destas duas cidades também serem de responsabilidade

do 1o Pelotão.

Como se verificou na revisão bibliográfica, a Prefeitura de Belo Horizonte tem o

poder de polícia ambiental para realizar fiscalização e licenciamento em postos de revenda. A

SMMA usa de seus próprios agentes credencidados para cumprir sua competência.

A partir de entrevista, não estruturada, realizada com a Coordenadora do Núcleo

de Combustível (NUCOM) da FEAM, setor responsável pelo curso ministrado à CIA PM

MAMB, foram obtidas respostas bastantes elucidativas a respeito do Núcleo, do curso voltado

para a PM MAMB e da continuidade do treinamento para os policiais militares do meio

ambiente em todo o Estado.

A primeira pergunta foi: “Qual é o papel que o NUCOM desempenha no contexto

ambiental?”. A coordenadora, engenheira química e analista ambiental da FEAM, revelou

primeiramente que o Núcleo está dissolvido atualmente. A analista explicou que o papel do

NUCOM foi extremamente importante no momento em que foi editada a RCONAMA 273 no

ano de 2000. A Resolução, segundo a analista, veio impor adequação dos postos às normas

técnicas da ABNT, e para isso previa a fiscalização dessas atividades potencialmente

poluidoras.

O NUCOM, quase um ano após a edição da Resolução, promoveu, segundo a

analista, a edição e publicação da DN COPAM 50, que trata dos procedimentos para

licenciamento ambiental dos PRs, e da DN COPAM 117, o qual convocou os PRs para que

fossem licenciados.

Para se compreender o contexto da presença da Polícia Militar do Meio Ambiente

(PM MAMB) nesse papel de fiscalizador de PRs, perguntou-se à analista: “Qual o motivo que

ensejou a inserção da PM MAMB na fiscalização de PR?” Revelou primeiramente que a

equipe de técnicos da FEAM para fiscalizar os PRs era insuficiente, pois, contava com apenas

cinco técnicos ambientais. Em contrapartida a Polícia Militar tem presença maciva em todo

território mineiro. Para atender à RCONAMA 273/00 exigiria uma equipe bastante grande e a

utilização da PM MAMB foi a alternativa encontrada para dar uma “resposta” rápida e

eficiente. A analista explicou que foi necessário estabelecer uma forma prática e rápida de

treinar os policiais do meio ambiente. A forma foi ministrar palestras ou seminários, com

duração de quatro a seis horas, os quais abordavam normas técnicas, resoluções e deliberações

normativas pertinentes à fiscalização de PRs.

90

A analista salientou que a resposta inicial da PM MAMB foi bastante satisfatória,

atendendo sobremaneira as expectativas da FEAM na fiscalização dos PRs. Os policiais do

meio ambiente, para a analista da FEAM, têm o papel de observar um PR e detectar alguma

infringência de norma técnica, relatando à FEAM as irregularidades "por meio de um ‘check

list’ o policial ia anotando as características do posto e as eventuais irrgularidades”.

A analisata explicou que, atualmente, a FEAM tem descontinuado o curso para as

polícias militares ambientais nas demais cidades, inclusive as do interior do Estado. Ela

explicou que um projeto da FEAM que previa a continuidade dos cursos para a PM MAMB

não entou na pauta do Governo mineiro.

91

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Buscou-se analisar a capacidade técnica dos policiais militares da sede do 1o

Pelotão da CIA PM MAMB para fiscalização de postos de revenda, objetivo geral desta

pesquisa.

Chegou-se ao resultado de que os policiais não têm capacidade técnica para

fiscalizar postos de combustíveis, conforme as respostas dos policiais analisadas na seção

anterior. Basta lembrar que capacidade técnica, item trabalhado na subseção 7.2.1.2, consiste

no domínio de conhecimentos e habilidades, tanto teóricas quanto práticas, com o fim de se

executar uma atribuição.

Para se chegar a essa conclusão final foram trabalhados diversos assuntos e

referenciados os mais diversos estudiosos: doutrinadores renomados como Édis Milaré, Paulo

de Bessa Antunes, Paulo Affonso Leme Machado e Luís Paulo Sirvinskas, doutos do Direito

Ambiental, caracterizando a teoria de base; pesquisadores e especialistas da área ambiental,

profissionais de carreira e estudantes diletantes, figurando como referência bibliográfica; e,

como subsídio principal para esta conclusão final, os dados coletados dos policiais militares

do meio ambiente, por meio de questionário, e dados advindos de entrevistas com a FEAM, a

SMMA e a DMAT.

Sites oficiais foram consultados, principalmente para se buscar informações gerais

e legislação correlata ao assunto pesquisado: CETESB, Senado Federal, Congresso, SEMAD,

Assembléia Legislativa de Minas Gerais, Câmara Municipal de Belo Horizonte.

Das seções trabalhadas destacam-se as de número 5 e 6 que tratam

respectivamente de postos de revenda e poluição, cujos itens envolveu pesquisa apurada e

estudo de diversas resoluções, deliberações normativas, leis e decretos federais, estaduais e

municipais, e de normas técnicas da ABNT, trazendo para o leitor leigo ou técnico uma visão

ampla e, ao mesmo tempo, bastante específica, no tocante aos PRs.

Foram enfatizados os efeitos na saúde humana e no meio ambiente das

contaminações provenientes de vazamentos de combustíveis dos tanques instalados nos PRs.

Utilizou-se o Relatório da FEAM em que divulga uma lista das fontes das áreas

contaminadas do Estado de Minas Gerais, expondo a atividade dos postos de revenda, diga-se

potenciais poluidores ambientais, como a principal fonte de contaminação, senão a única.

Para se entender a conclusão de que os policiais militares do 1o Pelotão não têm

capacidade técnica para fiscalizar postos de revenda serão resgatados alguns dados analisados.

92

Quando se perguntou aos policiais se eles se sentem capazes ou seguros para

fiscalizar um posto de revenda, cerca de 83% disse “não”, e os motivos foram muitos:

complexidade da fiscalização, não realização de operações de fiscalizações, falta de

experiência, treinamento teórico e prático insuficientes, curso muito vasto e superficial, etc.

Outra informação importante conseguida dos policiais através de questionário, foi

a de que 71% deles responderam que possuem um conhecimento insuficiente para fiscalizar

um posto de revenda, necessitando, como sugestões apresentadas, de mais treinamento

prático. Os policiais revelaram que se houvesse mais prática, por exemplo fiscalização

conjunta com técnicos da FEAM, o aprendizado seria maior. Como foi visto na revisão

bibliográfica, a capacidade técnica requer que a pessoa tenha conhecimentos teóricos e

práticos a respeito daquilo que é sua incumbência realizar. Os policiais revelaram que não têm

prática na fiscalização, e a teoria que foi apresentada no curso da FEAM é muito complexa

para ser aprendida em poucas horas. Portanto, a hipótese geral de que os policiais não têm

capacidade técnica para fiscalizar postos de revenda foi comprovada.

A hipótese secundária aludida no início da pesquisa que “houve interrupção do

curso/treinamento da FEAM para fiscalização de postos de revenda para a PM MAMB” foi

confirmada, na medida em que se evidenciou, através de entrevista realizada com a FEAM,

em que a Analista Ambiental, que coordenava a extinta NUCOM, explicou que era intenção

da FEAM promover o curso para PM MAMB em todo o Estado, mas, o projeto da FEAM

para continuação do curso/treinamento não entrou na pauta do Governo Estadual. Portanto, a

hipótese secundária de que houve interrupção do treinamento foi confirmada.

Em relação aos objetivos específicos: a) “verificar se há fiscalização ambiental em

postos de revenda em Belo Horizonte, e, b) “identificar os principais motivos da incapacidade

técnica dos policiais militares do 1o Pelotão da CIA PM MAMB em fiscalizar postos de

revenda”, foram alcançados.

Em relação ao primeiro objetivo específico, verificou-se que há fiscalização dos

PRs de Belo Horizonte, mas, executada pela Secretaria Municipal de Meio Ambiente

(SMMA) e não pela CIA PM MAMB, nem pela FEAM. Isso deve ao fato de que a FEAM

delegou à Prefeitura de Belo Horizonte, por meio de convênio, a atribuição de fiscalização de

postos de revenda. E, em relação ao 1o Pelotão, a CIA PM MAMB informou que não houve

operações de fiscalização até então.

Em relação ao segundo objetivo específico, foram identificados os principais

motivos da incapacidade dos policiais militares do 1o Pelotão. através do questionário

aplicados aos policiais. Conforme foi abordado nesta Seção, ao resgatar a análise dos

93

resultados do questionário, pode-se identificar os seguintes motivos principais: a) treinamento

teórico e prático insuficientes, ministrados pela FEAM, devido à abordagem superficial ao

assunto e carga horária reduzida, e; b) falta de experiência prática, por não serem

desencadeadas operações pela CIA PM MAMB.

A conclusão que se chega é que o objetivo inicial dos cursos foi causar um

impacto inicial aos proprietários de postos de combustíveis, por meio da mobilização do

Governo no processo de licenciamento e a utilização da PM MAMB, devido ao seu grande

respeito perante à sociedade e sua seriedade e legalidade nas ações. Como se vê, o NUCOM,

responsável pelos cursos então ministrados, atualmente se encontra dissolvido.

Esta pesquisa não se fecha em si mesma, pois, tratou de temas de interesse

coletivo, da saúde humana, da qualidade de vida que a sociedade almeja, para ela e para

outras gerações. As sugestões a seguir são apenas uma parte do que se pode extrair do

conteúdo desta pesquisa e representam o que mais de concreto se pode conseguir das

autoridades competentes.

Considerando o Relatório da Lista de Áreas Contaminadas no Estado divulgada

pela FEAM, relativo à 2007, que revela a predominância, como fonte causadora da

contaminação, as atividades dos postos de revenda;

considerando a grande possibilidade de irreversibilidade de recuperação e os

grandes custos operacionais de remediação e recuperabilidade de áreas contaminadas,

principalmente de lençóis freáticos, por meio de contaminação por derivado de petróleo;

considerando a utilização cada vez maior, pela população mundial, de águas

subterrâneas como fonte de abastecimento humano, sugere-se:

a) investimentos em novos cursos e treinamentos para a PM MAMB em todo o Estado;

b) treinamento da PM MAMB sob responsabilidade das SUPRAMs, aproveitando a

descentralização da SEMAD;

c) desencadeamento de operações de fiscalização em postos de revenda da PM MAMB de

forma conjunta com órgãos ambientais, e;

d) fiscalização rigorosa nos postos de revenda desta Capital pela SMMA, tendo-se em vista o

maior número de áreas contaminadas estarem localizadas em Belo Horizonte.

94

REFERÊNCIAS

ANTUNES, Paulo de Bessa. Direito Ambiental. 7. ed. rev., amp., at. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2004. 1160 p.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS - ABNT NBR 13786. Posto de serviço – Seleção dos equipamentos para sistemas para instalações subterrâneas de combustíveis. Rio de Janeiro, 2005.

BORSATO, Fabiano Hugo. Caracterização física das bacias de drenagem do município de Maringá e os postos de combustíveis como potenciais poluidores. 2005, 257 f. Dissertação (Mestrado em Geografia) – Universidade Estadual de Maringá, Maringá, 2005. Disponível em <http://www.pge.uem.br/pdf/fhborsato.pdf>. Acesso em 15 out. 2008.

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______. Lei n. 15.972, de 12 de janeiro de 2006. Altera a estrutura orgânica dos órgãos e entidades da área de meio ambiente que especifica e a Lei nº 7.772, de 8 de setembro de 1980, que dispõe sobre a proteção, conservação e melhoria do meio ambiente, e dá outras providências. Minas Gerais, Diário do Executivo. Poder Legislativo, Belo Horizonte, MG, 13 jan. 2006. Disponível em <http://www.almg.gov. br/>. Acesso em 16 out. 2008.

______. Lei n. 7.772, de 8 de setembro de 1980. Dispõe sobre a proteção, conservação e melhoria do meio ambiente. Minas Gerais, Diário do Executivo. Poder Legislativo, Belo Horizonte, MG, 09 set. 1980. Disponível em <http://www.almg.gov. br/>. Acesso em 16 out. 2008.

______. Decreto n. 44.470, de 8 de abril de 2008. Dispõe sobre a organização da Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável – SEMAD. Minas Gerais,

99

Diário do Executivo. Poder Executivo, Belo Horizonte, MG, 9 abr. 2008. Disponível em <http://www.almg.gov. br/>. Acesso em 16 out. 2008.

______. Decreto n. 44.667, de 03 de dezembro de 2007. Dispõe sobre a reorganização do Conselho Estadual de Política Ambiental – COPAM, de que trata a Lei Delegada nº 178, de 29 de janeiro de 2007. Minas Gerais, Diário do Executivo. Poder Executivo, Belo Horizonte, MG, 04 dez. 2007. Disponível em <http://www.almg.gov. br/>. Acesso em 16 out. 2008.

______. Decreto n. 44.814, de 16 de maio de 2008. Contém o regulamento do Instituto Mineiro de Gestão das Águas – IGAM. Minas Gerais, Diário do Executivo. Poder Executivo, Belo Horizonte, MG, 17 mai. 2008. Disponível em <http://www.almg.gov. br/>. Acesso em 16 out. 2008.

______. Decreto n. 44.819, de 28 de maio de 2008. Contém o Estatuto da Fundação Estadual do Meio Ambiente - FEAM. Minas Gerais, Diário do Executivo. Poder Executivo, Belo Horizonte, MG, 29 mai. 2008. Disponível em <http://www.almg.gov. br/>. Acesso em 16 out. 2008.

______. Decreto n. 44.844, de 25 de junho de 2008. Estabelece normas para licenciamento ambiental e autorização ambiental de funcionamento, tipifica e classifica infrações às normas de proteção ao meio ambiente e aos recursos hídricos e estabelece procedimentos administrativos de fiscalização e aplicação das penalidades. Minas Gerais, Diário do Executivo. Poder Executivo, Belo Horizonte, MG, 26 jun. 2008. Disponível em <http://www.almg.gov. br/>. Acesso em 16 out. 2008.

______. Lei Delegada n. 125, de 25 de janeiro de 2007. Dispõe sobre a estrutura orgânica básica da Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável - SEMAD - e dá outras providências. Minas Gerais, Diário do Executivo. Poder Executivo, Belo Horizonte, MG, 26 jan. 2007. Disponível em <http://www.almg.gov. br/>. Acesso em 16 out. 2008.

______. Lei Delegada n. 178, de 29 de janeiro de 2007. Dispõe sobre a reorganização do conselho estadual de política ambiental – COPAM - e dá outras providências. Minas Gerais, Diário do Executivo. Poder Executivo, Belo Horizonte, MG, 30 jan. 2007. Disponível em <http://www.almg.gov. br/>. Acesso em 16 out. 2008.

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STEVENSON, Willian J. Estatística aplicada à administração. São Paulo: Harbra, 1981. 495 p.

101

APÊNDICE “A” – QUESTIONÁRIO APLICADO AO 1º PEL DA CIA PM MAMB

Caro policial militar,

Sou aluno do Centro de Ensino de Graduação da Academia de Polícia Militar e

estou realizando uma pesquisa sobre a capacitação do policial militar de meio ambiente na

fiscalização de postos de revenda de combustível. Se for possível, conto com a vossa

colaboração respondendo este questionário com a finalidade de subsidiar nossa pesquisa.

A Polícia Militar é uma Instituição que trabalha para o povo e que se preocupa

com a qualidade de seus serviços. A área do meio ambiente é uma das mais nobres atividades

que o policial militar desempenha, pois, com a proteção ambiental proporcionada através de

fiscalizações ambientais, tem beneficiado a população como um todo, no presente, e,

garantindo para as futuras gerações um meio ambiente saudável.

Sua colaboração tem um valor imenso para todos nós. NÃO É NECESSÁRIO

SE IDENTIFICAR!

Desde já, muito obrigado!

Cad PM Alexsandro

QUESTIONÁRIO

Sua graduação: ____________________

Anos de serviço na PMMG: __________

Anos de serviço na Cia PM Mamb: ______

1) De acordo com o conhecimento adquirido no treinamento você se sente capaz ou seguro

para fiscalizar um posto de revenda de combustível?

( ) Sim ( ) Não

Caso a resposta seja “não”, escreva qual o principal motivo de sua insegurança:

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

102

2) Foi realizada alguma reciclagem pela Cia PM de Meio Ambiente depois de realizado o

treinamento?

( ) Sim ( ) Não ( ) Não sei.

3) Considerando o posto de revenda de combustível atividade potencialmente poluidora, você

é capaz de citar quatro equipamentos ou sistemas obrigatórios de proteção ambiental que

devam existir num posto de revenda?

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

4) Como você avalia seu grau de conhecimento na área de fiscalização ambiental de postos de

revenda de combustível?

( ) Ótimo

( ) Bom

( ) Regular

( ) Insuficiente

( ) Não sei

5) Escreva uma sugestão ou dificuldade relacionada à atividade do policial militar do meio

ambiente em fiscalizar postos de revenda:

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

103

APÊNDICE “B” – ENTREVISTA À DMAT

ENTREVISTA REALIZADA COM O ASSESSOR DE MEIO AMBIENTE DA

DIRETORIA DE MEIO AMBIENTE E TRÂNSITO DA POLÍCIA MILITAR DE

MINAS GERAIS

Sr. Assessor,

Sou aluno do Centro de Ensino de Graduação da Academia de Polícia Militar e

estou realizando uma pesquisa sobre a capacitação do policial militar de meio ambiente na

fiscalização de postos de revenda de combustível.

A Polícia Militar é uma Instituição que trabalha para o povo e que se preocupa

com a qualidade de seus serviços. A área do meio ambiente é uma das mais nobres atividades

que o policial militar desempenha, pois, com a proteção ambiental proporcionada através de

fiscalizações ambientais preventivas e atuações repressivas frente a delitos ambientais, têm

beneficiado a população como um todo, no presente, e, garantindo para as futuras gerações

um meio ambiente saudável.

É por isso que é muito importante contar com a v. sa. neste momento. Vossa

colaboração tem um valor imenso para todos nós.

Respeitosamente,

Cad PM Alexsandro Batista Tavares Guimarães

PERGUNTAS

Anos de serviço na PMMG: ________

Anos de serviço no DMAT: _________

Cargo atual: _____________________

1) Na visão da DMAT qual a importância da participação da PM MAMB nas fiscalizações

ambientais em postos de revenda de combustíveis?

2) Para as Companhias de Meio Ambiente que receberam o treinamento para fiscalizar postos

de revenda de combustível da FEAM, houve algum retorno por parte dessas Cias sobre os

resultados alcançados através das fiscalizações?

104

APÊNDICE “C” – ENTREVISTA AO NUCOM

ENTREVISTA REALIZADA COM A COORDENADORA DO NÚCLEO DE

COMBÚSTIVEL DA FUNDAÇÃO ESTADUAL DO MEIO AMBIENTE

Sra. Coordenadora,

Sou aluno do Centro de Ensino de Graduação da Academia de Polícia Militar e

estou realizando uma pesquisa sobre a capacitação do policial militar de meio ambiente na

fiscalização de postos de revenda de combustível.

A Polícia Militar é uma Instituição que trabalha para o povo e que se preocupa

com a qualidade de seus serviços. A área do meio ambiente é uma das mais nobres atividades

que o policial militar desempenha, pois, com a proteção ambiental proporcionada através de

fiscalizações ambientais preventivas e atuações repressivas frente a delitos ambientais, têm

beneficiado a população como um todo, no presente, e, garantindo para as futuras gerações

um meio ambiente saudável.

É por isso que é muito importante contar com a v. sa. neste momento. Vossa

colaboração tem um valor imenso para todos nós.

Desde já, muito obrigado!

Cad PM Alexsandro

PERGUNTAS À COORDENADORA DO NUCOM

Cargo atual: _____________________

Tempo de serviço no cargo: _________

1) Qual é o papel que o NUCOM desempenha no contexto ambiental?

2) Qual o motivo que ensejou a inserção da PM MAMB na fiscalização de PR?

3) As expectativas da FEAM quanto aos resultados das fiscalizações ambientais em PR

desenvolvidas pela PM MAMB foram realizadas?

105

ANEXO “A” – RCONAMA 273/00

CÓPIA DA RESOLUÇÃO CONAMA Nº 273, de 29 de novembro de 2000

O Conselho Nacional do Meio Ambiente-CONAMA, no uso das competências que lhe foram

conferidas pela Lei no 6.938, de 31 de agosto de 1981, regulamentada pelo Decreto no

99.274, de 6 de julho de 1990, e tendo em vista o disposto na Resolução CONAMA no 237,

de 19 de dezembro de 1997 e em seu Regimento Interno, e

considerando que toda instalação e sistemas de armazenamento de derivados de petróleo e

outros combustíveis, configuram-se como empreendimentos potencialmente ou parcialmente

poluidores e geradores de acidentes ambientais;

considerando que os vazamentos de derivados de petróleo e outros combustíveis podem

causar contaminação de corpos d'água subterrâneos e superficiais, do solo e do ar;

considerando os riscos de incêndio e explosões, decorrentes desses vazamentos,

principalmente, pelo fato de que parte desses estabelecimentos localizam-se em áreas

densamente povoadas;

considerando que a ocorrência de vazamentos vem aumentando significativamente nos

últimos anos em função da manutenção inadequada ou insuficiente, da obsolescência do

sistema e equipamentos e da falta de treinamento de pessoal;

considerando a ausência e/ou uso inadequado de sistemas confiáveis para a detecção de

vazamento;

considerando a insuficiência e ineficácia de capacidade de resposta frente a essas ocorrências

e, em alguns casos, a dificuldade de implementar as ações necessárias, resolve:

Art 1o A localização, construção, instalação, modificação, ampliação e operação de postos

revendedores, postos de abastecimento, instalações de sistemas retalhistas e postos flutuantes

de combustíveis dependerão de prévio licenciamento do órgão ambiental competente, sem

prejuízo de outras licenças legalmente exigíveis.

§ 1o Todos os projetos de construção, modificação e ampliação dos empreendimentos

previstos neste artigo deverão, obrigatoriamente, ser realizados, segundo normas técnicas

expedidas pela Associação Brasileira de Normas Técnicas-ABNT e, por diretrizes

estabelecidas nesta Resolução ou pelo órgão ambiental competente.

§ 2o No caso de desativação, os estabelecimentos ficam obrigados a apresentar um plano de

encerramento de atividades a ser aprovado pelo órgão ambiental competente.

106

§ 3o Qualquer alteração na titularidade dos empreendimentos citados no caput deste artigo, ou

em seus equipamentos e sistemas, deverá ser comunicada ao órgão ambiental competente,

com vistas à atualização, dessa informação, na licença ambiental.

§ 4o Para efeito desta Resolução, ficam dispensadas dos licenciamentos as instalações aéreas

com capacidade total de armazenagem de até quinze m3, inclusive, destinadas exclusivamente

ao abastecimento do detentor das instalações, devendo ser construídas de acordo com as

normas técnicas brasileiras em vigor, ou na ausência delas, normas internacionalmente

aceitas.

Art 2o Para efeito desta Resolução são adotadas as seguintes definições:

I - Posto Revendedor-PR: Instalação onde se exerça a atividade de revenda varejista de

combustíveis líquidos derivados de petróleo, álcool combustível e outros combustíveis

automotivos, dispondo de equipamentos e sistemas para armazenamento de combustíveis

automotivos e equipamentos medidores.

II - Posto de Abastecimento-PA: Instalação que possua equipamentos e sistemas para o

armazenamento de combustível automotivo, com registrador de volume apropriado para o

abastecimento de equipamentos móveis, veículos automotores terrestres, aeronaves,

embarcações ou locomotivas; e cujos produtos sejam destinados exclusivamente ao uso do

detentor das instalações ou de grupos fechados de pessoas físicas ou jurídicas, previamente

identificadas e associadas em forma de empresas, cooperativas, condomínios, clubes ou

assemelhados.

III - Instalação de Sistema Retalhista-ISR: Instalação com sistema de tanques para o

armazenamento de óleo diesel, e/ou óleo combustível, e/ou querosene iluminante, destinada

ao exercício da atividade de Transportador Revendedor Retalhista.

IV - Posto Flutuante-PF: Toda embarcação sem propulsão empregada para o armazenamento,

distribuição e comércio de combustíveis que opera em local fixo e determinado.

Art 3o Os equipamentos e sistemas destinados ao armazenamento e a distribuição de

combustíveis automotivos, assim como sua montagem e instalação, deverão ser avaliados

quanto à sua conformidade, no âmbito do Sistema Brasileiro de Certificação.

Parágrafo único. Previamente à entrada em operação e com periodicidade não superior a cinco

anos, os equipamentos e sistemas, a que se refere o caput deste artigo deverão ser testados e

ensaiados para a comprovação da inexistência de falhas ou vazamentos, segundo

procedimentos padronizados, de forma a possibilitar a avaliação de sua conformidade, no

âmbito do Sistema Brasileiro de Certificação.

Art 4o O órgão ambiental competente exigirá as seguintes licenças ambientais:

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I - Licença Prévia-LP: concedida na fase preliminar do planejamento do empreendimento

aprovando sua localização e concepção, atestando a viabilidade ambiental e estabelecendo os

requisitos básicos e condicionantes a serem atendidos nas próximas fases de sua

implementação;

II - Licença de Instalação-LI: autoriza a instalação do empreendimento com as

especificações constantes dos planos, programas e projetos aprovados, incluindo medidas de

controle ambiental e demais condicionantes da qual constituem motivo determinante;

III - Licença de Operação-LO: autoriza a operação da atividade, após a verificação do

efetivo cumprimento do que consta das licenças anteriores, com as medidas de controle

ambiental e condicionantes determinados para a operação.

§ 1o As licenças Prévia e de Instalação poderão ser expedidas concomitantemente, a critério

do órgão ambiental competente.

§ 2o Os estabelecimentos definidos no Art 2º que estiverem em operação na data de

publicação desta Resolução, ficam também obrigados à obtenção da licença de operação.

Art 5o O órgão ambiental competente exigirá para o licenciamento ambiental dos

estabelecimentos contemplados nesta Resolução, no mínimo, os seguintes documentos:

I - Para emissão das Licença Prévia e de Instalação:

a) projeto básico que deverá especificar equipamentos e sistemas de monitoramento, proteção,

sistema de detecção de vazamento, sistemas de drenagem, tanques de armazenamento de

derivados de petróleo e de outros combustíveis para fins automotivos e sistemas acessórios de

acordo com as Normas ABNT e, por diretrizes definidas pelo órgão ambiental competente;

b) declaração da prefeitura municipal ou do governo do Distrito Federal de que o local e o

tipo de empreendimento ou atividade está em conformidade com o Plano Diretor ou similar.

c) croqui de localização do empreendimento, indicando a situação do terreno em relação ao

corpo receptor e cursos d'água e identificando o ponto de lançamento do efluente das águas

domésticas e residuárias após tratamento, tipos de vegetação existente no local e seu entorno,

bem como contemplando a caracterização das edificações existentes num raio de 100 m com

destaque para a existência de clínicas médicas, hospitais, sistema viário, habitações

multifamiliares, escolas, indústrias ou estabelecimentos comerciais;

d) no caso de posto flutuante apresentar cópia autenticada do documento expedido pela

Capitania dos Portos, autorizando sua localização e funcionamento e contendo a localização

geográfica do posto no respectivo curso d'água;

e) caracterização hidrogeológica com definição do sentido de fluxo das águas subterrâneas,

identificação das áreas de recarga, localização de poços de captação destinados ao

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abastecimento público ou privado registrados nos órgãos competentes até a data da emissão

do documento, no raio de 100 m, considerando as possíveis interferências das atividades com

corpos d'água superficiais e subterrâneos;

f) caracterização geológica do terreno da região onde se insere o empreendimento com análise

de solo, contemplando a permeabilidade do solo e o potencial de corrosão;

g) classificação da área do entorno dos estabelecimentos que utilizam o Sistema de

Armazenamento Subterrâneo de Combustível-SASC e enquadramento deste sistema,

conforme NBR 13.786;

h) detalhamento do tipo de tratamento e controle de efluentes provenientes dos tanques, áreas

de bombas e áreas sujeitas a vazamento de derivados de petróleo ou de resíduos oleosos;

i) previsão, no projeto, de dispositivos para o atendimento à Resolução CONAMA no 9, de

1993, que regulamenta a obrigatoriedade de recolhimento e disposição adequada de óleo

lubrificante usado.

II - Para a emissão de Licença de Operação:

a) plano de manutenção de equipamentos e sistemas e procedimentos operacionais;

b) plano de resposta a incidentes contendo:

1. comunicado de ocorrência;

2. ações imediatas previstas; e

3. articulação institucional com os órgãos competentes;

c) atestado de vistoria do Corpo de Bombeiros;

d) programa de treinamento de pessoal em:

1. operação;

2. manutenção;

3. e resposta a incidentes;

e) registro do pedido de autorização para funcionamento na Agência Nacional de Petróleo-

ANP;

f) certificados expedidos pelo Instituto Nacional de Metrologia, Normatização e Qualidade

Industrial-INMETRO, ou entidade por ele credenciada, atestando a conformidade quanto a

fabricação, montagem e comissionamento dos equipamentos e sistemas previstos no Art 4o

desta Resolução;

g) para instalações em operação definidas no Art 2o desta Resolução, certificado expedido

pelo INMETRO ou entidade por ele credenciada, atestando a inexistência de vazamentos.

§ 1o Os estabelecimentos definidos no Art 2o que estiverem em operação na data de

publicação desta Resolução para a obtenção de Licença de Operação deverão apresentar os

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documentos referidos neste artigo, em seu inciso I, alíneas "a", "b" (que poderá ser substituída

por Alvará de Funcionamento), "d", "g", "h, "i" e inciso II, e o resultado da investigação de

passivos ambientais, quando solicitado pelo órgão ambiental licenciador.

§ 2o Os estabelecimentos abrangidos por esta Resolução ficam proibidos de utilizarem

tanques recuperados em instalações subterrâneas-SASCs

Art 6o Caberá ao órgão ambiental competente definir a agenda para o licenciamento

ambiental dos empreendimentos identificados no Art 1o em operação na data de publicação

desta Resolução.

§ 1o Todos os empreendimentos deverão, no prazo de seis meses, a contar da data de

publicação desta Resolução, cadastrar-se junto ao órgão ambiental competente. As

informações mínimas para o cadastramento são aquelas contidas no Anexo I desta Resolução.

§ 2o Vencido o prazo de cadastramento, os órgãos competentes terão prazo de seis meses para

elaborar suas agendas e critérios de licenciamento ambiental, resultante da atribuição de

prioridades com base nas informações cadastrais.

Art 7o Caberá ao órgão ambiental licenciador, exercer as atividades de fiscalização dos

empreendimentos de acordo com sua competência estabelecida na legislação em vigor.

Art 8o Em caso de acidentes ou vazamentos que representem situações de perigo ao meio

ambiente ou a pessoas, bem como na ocorrência de passivos ambientais, os proprietários,

arrendatários ou responsáveis pelo estabelecimento, pelos equipamentos, pelos sistemas e os

fornecedores de combustível que abastecem ou abasteceram a unidade, responderão

solidariamente, pela adoção de medidas para controle da situação emergencial, e para o

saneamento das áreas impactadas, de acordo com as exigências formuladas pelo órgão

ambiental licenciador.

§ 1o A ocorrência de quaisquer acidentes ou vazamentos deverá ser comunicada

imediatamente ao órgão ambiental competente após a constatação e/ou conhecimento, isolada

ou solidariamente, pelos responsáveis pelo estabelecimento e pelos equipamentos e sistemas.

§ 2o Os responsáveis pelo estabelecimento, e pelos equipamentos e sistemas,

independentemente da comunicação da ocorrência de acidentes ou vazamentos, deverão

adotar as medidas emergenciais requeridas pelo evento, no sentido de minimizar os riscos e os

impactos às pessoas e ao meio ambiente.

§ 3o Os proprietários dos estabelecimentos e dos equipamentos e sistemas deverão promover o

treinamento, de seus respectivos funcionários, visando orientar as medidas de prevenção de

acidentes e ações cabíveis imediatas para controle de situações de emergência e risco.

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§ 4o Os tanques subterrâneos que apresentarem vazamento deverão ser removidos após sua

desgaseificação e limpeza e dispostos de acordo com as exigências do órgão ambiental

competente. Comprovada a impossibilidade técnica de sua remoção, estes deverão ser

desgaseificados, limpos, preenchidos com material inerte e lacrados.

§ 5o Responderão pela reparação dos danos oriundos de acidentes ou vazamentos de

combustíveis, os proprietários, arrendatários ou responsáveis pelo estabelecimento e/ou

equipamentos e sistemas, desde a época da ocorrência.

Art 9o Os certificados de conformidade, no âmbito do Sistema Brasileiro de Certificação,

referidos no Art 3o desta Resolução, terão sua exigibilidade em vigor a partir de 1o de janeiro

de 2003.

Parágrafo único. Até 31 de dezembro de 2002, o órgão ambiental competente, responsável

pela emissão das licenças, poderá exigir, em substituição aos certificados mencionados no

caput deste artigo, laudos técnicos, atestando que a fabricação, montagem e instalação dos

equipamentos e sistemas e testes aludidos nesta Resolução, estão em conformidade com as

normas técnicas exigidas pela ABNT e, na ausência destas, por diretrizes definidas pelo órgão

ambiental competente.

Art 10. O Ministério do Meio Ambiente deverá formalizar, em até sessenta dias, contados a

partir da publicação desta Resolução, junto ao Instituto Nacional de Metrologia,

Normalização e Qualidade Industrial-INMETRO, a lista de equipamentos, sistemas e serviços

que deverão ser objeto de certificação, no âmbito do Sistema Brasileiro de Certificação.

Art 11. A cada ano, no segundo trimestre, a partir de 2003, o Ministério do Meio Ambiente

deverá fornecer ao CONAMA informações sobre a evolução de execuções das medidas

previstas nesta Resolução, por Estado, acompanhadas das análises pertinentes.

Art 12. O não cumprimento do disposto nesta Resolução sujeitará os infratores às sanções

previstas nas Leis nos 6.938, de 31 de agosto de 1981; 9.605, de 12 de fevereiro de 1998 e no

Decreto no 3.179, de 21 de setembro de 1999.

Art 13. Esta Resolução entra em vigor na data de sua publicação.

JOSÉ SARNEY FILHO

Presidente do CONAMA

JOSÉ CARLOS CARVALHO

Secretário-Executivo

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ANEXO “B” – TERMO DE REFERÊNCIA PARA FISCALIZAÇÃO – POSTO DE

COMBUSTÍVEL

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