Embed Size (px)
Citation preview
CONSELHO NACIONAL DE PESQUISAS
INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA
BIBLIOTECA DO INPA
A PRESENÇA DE PALMATINA
NA ABUTA GRANDIFOLIA
ARNALDO IMBIRIBA DA ROCHA
■ KIYOSHI BESSHO
M. P. CAVA
*
Publicação n.° 11
QUÍMICA
Agosto de 1967
CONSELHO NACIONAL DE PESQUISAS
Av. Marechal Câmara, 350 (6° andar) — Telegrafias: PESQUISAS
RIO DE JANEIRO — GUANABARA
Presidente: Prof. Antonio Moreira Coucriro-
Vice-Presidente: Prof. Heitor Grillc
INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA
Rua Guilherme Moreira, 116 — Caixa Postal 478 — Telegramas: INAPA
MANAUS — AMAZONAS — BRASIL
Diretor: Dr. Djalma Batista
Divisão de Pesquisas de Recursos Naturais SeçõesOctavío Hamilton Botelho Mourão, lie. em Física (Diretor) EspectroquímicaArnaldo F. Imbiniba da Rocha, Q.l. Quimica-Raimundo Said "Heyrton Be^sa, lie. em Química "
* Harald Ungemach, Ph. D. Limnologia* Gottfried, Schmidt, Ph. D.* Wolfgang Junk, doutorando em Ciências Naturais "
* * Rolf Gheísier, Ph. D., Prof.Roberto F. Lobato, (1.1 Papel e celulose
Divisão de Pesquisas BiológicasMario A. P. Moraes, Médico (Diretor) PatologiaNelson L. Cerqueira, Entomólogo ZoologiaAfonso Nina, Ofiólogo "Samuel Aguiar, Médico Medicina TropicalVirgínia D. Rabelio, Médica (licenciada) " "M. B. Lira, Farmacêutico BioquímicaEdivar Fernandes, Farmacêutico "Regina Célia Pereira, Farmacêutica Parasitologia
Divisão de Pesquisas FlorestaisWilliam A. Rodrigues, lie. em História Nat. BotânicaJosé Elias de Paula, lie. em História Nat. "Byron Albuquerque, lie. em História Nat. "Marlene Freitas da Silva "Vivaldo Campbeli de Araújo, Eng.° Agrônomo SilvículturaAntenor Gonçalves Bastos F®, Eng® Florestal "Antonio Neto Vieira, Eng®. Florestal "José Cezario M. de Barros, Eng® Florestal "Arthur Araújo Loureiro, Agro-Técnico Anat de MadeirasHugo Menezes Santos, lie. em Matemática Climatologia
Setores anexos à Diretoria
Mario Ypiranga Monteiro, Advogado Ciências SociaisBenedito Bezerra, Médico " "José Maria Pinto, Economista " "Lucindo Fernandes, Sociólogo " "
Representação no Rio de JaneiroAv. Frankiin Rooseveit, 39 — saía 804 — Fone 52-4856
Classificação decimal Dewey:
547.92
Do Instituto Max-Planck de Limnologia, servindo no INPA.Da Universidade de Freibourg, realizando programa em colaboração com o INPA.
CONSELHO NACIONAL DE PESQUISAS -
INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA
I - "- . BISLIOTECAOOmM
A PRESENÇA DE PALAWTINA
NA ABUTA GRANDIFOLIA
\
Rk
i fvv Ui .
ARNALDO IMBIRIBA DA ROCHA
KIYOSHI BESSHO
P. CAVA
Publícosão n.® 11
QUÍMICA
Agosto de 1967
A PRESENÇA DA PALMATINA NA ABUTA GRANDIFOLIA
ARNALDO IMBIRIBA DA ROCHA *
-KIYOSHI BESSHO * *
M. P. CAVA * * *
Com a vinda do Prof. M. P. Cova a Manaus fnicfou-se um
trabalho em colaboração poro pesquiso sistemática de alcalóidesno flora amazônica.
IniciamTjs com a pesquisa qualitativa para alcalóides emespécimes existentes no herbário da Divisão de PesquisasFiorestais do INPA^ e assim nos informamos não somente dasespécies de valor para nossos estudos^ como também de sua.sprováveis iocolizações geográficas. Nasceu, dêsse modo, nossointerêsse pelo gênero Abuta, e especificamente pela Abutagrandífolia (Mart) Sandw. Kew. (1), uma Menispennoceaevulgarmente conhecida no Brasil como "obuta branco" ou"parreira brava branca", no Peru como "sonangd" e na Colombiacomo "colentura caspi", e usada extensivamente na medicinanativa, na forma de chá, no tratamento da malária, nas afecçõeshepáticas e como ontitérmico.
Trabalho do instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia, de Manaus, Brasil (Diretor:Dr. Djaima Batista) e do Departamento de Química da Wayne State UniVersIty,Detroit, Michigan, U.S.A. (Diretor: Professor M. P. Cava).
* Bolsista do Conselho Nacional de Pesquisas — Pesquisador-assistente do I.N.P.A.— Professor da Universidade do Amazonas.
* * Kyoto üniversity — Japão.
* * * Professor de Química da Wayne State Üniversity.
A. I. DA ROCHA et al — Palmatina na Abub grandífolía
Esta espécie, pelo foto de apresentar uma extraordinána
variação em seu caráter vegetativo, tal como comprimento do
pecíolo, tamanho e forma das folhas, foiüia e tamanho dosfrutos e comprimento do pedúnculo, deu origam o uma série dedenominações como Cocculos grandifolius, C. laevigata, C.urophylla, Abuta concolor, A. guíanensis, Trichoa concolor, R.guianensis, Anelasma concolor, A. gordneríanum, A. martí-níanum, A. spruceanum,«'A. palíídum, A. laurifoüum, A. urophyl-ium, Chomost-omum gordlnerí, sendo a combinação de Abutagrandífolía proposta por Sandwith e estendida à Coccuius laevigata, C. grandífolía, Abuta guianensis e A. concolor por B. A.Krukoff e H. N. Moldenke (2). Esta espécie ocorre em uma faixamuito larga, através de toda a bacia do Amazonas, no Peru,Colombía, Bolívia e Brasil, bem como nas três Gulanas e nosEstados de Goiás e Moto Grosso, no Brasil Central.
MATERIAL E MÉTODO
O material foi coletado no Reserva Florestal Ducke, co
Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia, nos arredores deManaus, Estado do Amazonas e identificado na Divisão cePesquisas Florestais, do mesmo Instituto, sendo registrado emseu herbário sob o número 5586.
Procedimento de isolamento do fração alcalóide
34,2 kg. de material sêco e finamente pulverizado foramextraídos em aparelhagem semi-industrial com álcool etílico,
tendo a extração completa do material tomado em média 70
horas para cada carga de 4 kg. colocada no extrator. O extratoobtido foi concentrado em banho de vapor para a eliminaçãodo álcool e tratado com acetato de etÜa, em meio amoniacal, àtemperatura de refluxo, por várias vezes, até obter-se uma reaçõolevemente positiva para alcalóides. A fração retirada pelo
INPA — Publicação n.® 11 — QUÍMICA
acetato de etllo foi extraída com solução aquosa de ácido suifúricoa-5%, e o solução ácido alcalinizadd com omônia e extraído :omclorofórmio, tendo o extrato clorofórmico, após concentração esecura pesado 80 g. -
*0 resíduo resultante«,da extração com acetato de etilo foitrotado com ácido océticò. E o extrato ácidi^, resultante, apósalcalinização com omônia, foi extraído com clorofórmio. Êste
extrato clorofórmico após evaporação e secura pesou 10,9g efoi misturado com os 80 g. acima referidas, pelo foto deapresentar resultados similares nos ensaios cromotogróficos
realizados em plqças de sílico e de olumino, em diversos sistemasde solventes.
OS)
A solução básico proveniente da alcalinização da fraçõoextraída com ácido ocético apresentou teste positivo para alcalóides quaternários.
As bases cruas foram dissolvidas em soluções clorídricas de
pH 3 e pH 1 - O e filtradas. Os filtrados foram aquecidos embanho de vapor e trotodòi com iodêto de sódio, resfriados òtemperatura ambiente e deixados sob refrigeração por 24 horas.
\ O precipitado obtido foi fijtrodo, lavado com álcool metílico, sêcc,pesado (29,5 g.) e recrlstolizodo de uma mistura de água-alco'^1metílico, produzindo cristais de côr amarelo-ouro em forma deagulhas.
Pesquiso do fillrodo
O filtrado resultante da separação do derivado iodado foiolcolinizodo com omônia e extraído com clorofórmio. O extraio
clorofórmico, após fracionamento, concentração e secura, foi-neceu um resíduo que pesou 1,0 g. no fração fenólica e 0,65 g.no fração não fenólica. Ensaios cromotogróficos realizadosnestas frações com olumino neutra, grau 2, utilizando benzeno
ffj
e clorofórmio em proporções voriádos, forneceram r»a fração
A. I. DA ROCHA et al — Palmatína na Abuta grandifolia
nõo-fenólica um material que cristalizou com a evaporaçãoexpontânea do solvente; entretanto o quantidade de cristaisobtida foi insuficiente poro se proceder ò identificação.
RESULTADOS
Ng investigação dos alcalóides existentes no^Abuto grandifolia (Mort.) Sandw. foram obtidos cristais por precipitação comiodêto de potássio, em meio ácido, que foram recristalizados deuma mistura de água-metanol, apresentavam coloração amorelo-ouro, formato de agulhas e foram identificados como sendo oiodêto do alcalóide PALMATÍNA por comparação dos espectrosno ultra-violeto e infra-vermelho e ponto de fusão (simples emisto) 239 — 240°C, com material pertencente ao estoque doProfessor Cavo.
Os pontos de fusão foram tomados em banho de óleo,utilizando-se capilares, em aparelho de fabricação de ThomasHoover. O espectro ao ultra-violeto foi realizado em meio neutroutilizando-se álcool etílico (95%) como solvente. O espectro aoinfra-vermelho foi realizado em fase de brometo de potássio.
Muito embora outros cristais fossem obtidos no fração nãofenólica não foi possível identificá-los dada a insuficiência domaterial.
Esquemas analíticos : Ij " Da planta às bases cruas.Abuta grandifolia
(material sêco e pulverizado — 34, 2kg)
f
A
ext. alcoólico(2.4 kg)
resíduo(desprezado
acetato de etila (amoniacal)(temperatura de refluxo)
ext. acetato de etila
ácido suifúrico
resíduo
sol. acetato etila sol. sulfúrica resíduo(desprezada) (despre
ácido acético
sol. ác. acético
..
zado)
NH4.0H (pH 10)CHCI3
sol. aquosá(desprezada)
ext. clorof.(80 g)
Iext. clorof.
(10,9 g)
NH4.0H (pH 10)CKCI3
sol. aquosa(teste positivo paraalcalóides quater
nários).
2) Das basesj:ruas à palmatina. Pesquisa do filtrado.Bases cruas
(85 g)
- - I sol. clorídrica (pH 3)sol. clorídrica resíduo
sol. clorídrica (pH 1-0)
sol. clorídrica ..resíduo(desprezado)
íodêto de sódio
cioitat
precipitado
I Me.OH1
sol. aquosa
|nH4. OH (pH 10)ICHCI 3
precioitado(29,5 g)
irecristallzaçáoI (água Me. OH)
PALMATINA(lodeto)
lavado
ext. orgânico
evaporaçãobenzeno
sol. aquosa(desprezada)
ext. benzênico resíduo(desprezado)
' fenólicos,(1.0 g)
não-fenólicos(0,65 g)
A. I. DA ROCHA et al — Palmatina na Atiuta grandífolía
COMENTÁRIOS
A palmatina foi isolada pela primeira vez da Jateorhizapolmato, por J. Gadmer (3) e desde entoo tem sido encontraaaamplamente distribuída. E', entretanto, interessante menciona'*ter sido esta a primeira vez que êste alcalóide foi identificado no
gênero Ábuta. ^
A -palmatina lembra a berberina em suas propriedades,porém contém quatro grupos metoxilos e nenhum grupo
dioximetileno.
N ® X e
OCH?
0CH3
Hs CO
N © X e
berberíno palmatina
A fórmula da palmatina foi sugerida por K. Feist e G.Sandstede (4) e foi confirmada por Haworth, J. B. Koepfll e
Perkin (5) que sintetizaram o iodêto de palmatina.
RESUMO
Estudos realizados na Abut-a grandífolía (Mart.) Sandw. umaMenispermaceae amplamente espalhada na bacia do rio Amazonas, que atende por diversas denominações populares com%"obuta branca" e "parreira bravo bronca", no Brasil; "sanango".
8
INPA — Publicação n.° 11 — QUÍMICA
l
no Peru e "calentura cospi", na Colombra, revelaram a presença,quase que exclusiva, do alcalóide palmotíno. Alguns outros cristais
foram obtidos na fração nÕo-fenólÍca; entretanto, a quantidademínima dêste rriaterial tornou impossível a sua identificação.
, ABSTRACT
X.
Studies on Abuta grandifolia (Míirf.) Sandw., a Menispermaceacmdely spread in the Amazon valley which is known in Brazil iis
"parreira brava branca", in Peru as "sanango", and in Colotnbia ns
"calentura caspi"., and used in the native medicine for the treatment
of mataria and hepatic diseases, and as an antitermic, showed thepresence of the alkaloid PALMATINE. Some other material was
cristàlized from the non-phenolic fraction, but its identification ̂ vas
not possible because the amount we got was less than 20 mg.
AGRADECIMENTO
E' dever registrar nosso débito para com o Dr. DjalmaBatista (diretor do Í.N.P.A.), em quem encontramos sempreapôio e incentivo, bem como ao Departamento de Química da
Woyne State University, onde o primeiro autor realizou êste
trabalho.
BIBLIOGRAFIA
1) SANDWITH, N. Y. — Miscelaneous notes — Kew Buli. 1937:397. 1937, citado em KrukoffB. A. & Moldenske, H. N. — Brittonia 3 (1): 60 — 63, 1938 — 1940.
2) KRUKOFF, B. A. & Moldenske, H. N. — Brittonia 3 (1): 60 — 63, 1938 — 1940.
3) 6ADMER, J. — Arch, Pharm., 240, 450 (1920) citado em Manske, R. N; F. — TheAlkaloids — New York Academíc Press Inc. — 1954 — pgs. 92 — 93.
4) CAVA, M, P., Reed T. A, & Bei J. L. — An Efficient Separation of the Common Alkalomsof the Berberine Group; The Isolation and Characterization of the Coiumbamine —LIoydia 28 (1) March 1965.
5) RODO E. H. ed — Chemistry of Carbon Compounds — Amsterdan (etc.) EisevíerPublishing Co., — 1960 — vol. IV — pgs. 1925 — 1926.
