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ESCOLA SUPERIOR DE GUERRA MARIA ALICE BARROS MARTINS AMORIM A PROBLEMÁTICA DA SEGURANÇA PÚBLICA NA FRONTEIRA BRASIL E BOLÍVIA COM FOCO NO ESTADO DO MATO GROSSO Rio de Janeiro 2012

a problemática da segurança pública na fronteira brasil e bolívia

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ESCOLA SUPERIOR DE GUERRA

MARIA ALICE BARROS MARTINS AMORIM

A PROBLEMÁTICA DA SEGURANÇA PÚBLICA NA FRONTEIRA BRASIL E BOLÍVIA COM FOCO NO ESTADO DO

MATO GROSSO

Rio de Janeiro 2012

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MARIA ALICE BARROS MARTINS AMORIM

A PROBLEMÁTICA DA SEGURANÇA PÚBLICA NA FRONTEIRA BRASIL E BOLÍVIA COM FOCO NO ESTADO DO

MATO GROSSO Trabalho de Conclusão de Curso – Monografia apresentada ao Departamento de Estudos da Escola Superior de Guerra como requisito à obtenção do diploma do Curso de Altos Estudos de Política e Estratégia. Orientador : Cel Aviador Carlos Alberto Grassani.

Rio de Janeiro 2012

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C2012 ESG

Este trabalho, nos termos da legislação que resguarda os direitos autorais, é considerado propriedade da ESCOLA SUPERIOR DE GUERRA (ESG). É permitido a transcrição parcial de textos do trabalho, ou mencioná-los, para comentários e citações, desde que sem propósitos comerciais e que seja feita a referência bibliográfica completa. Os conceitos expressos neste trabalho são de responsabilidade do autor e não expressam qualquer orientação institucional da ESG.

Assinatura do autor

Biblioteca General Cordeiro de Farias

Amorim, Maria Alice Barros Martins A problemática da segurança pública na fronteira Brasil e Bolívia com foco no Estado do Mato Grosso: Delegada de Polícia Maria Alice Barros Martins Amorim. Rio de Janeiro: ESG, 2012.

97 f: il. Orientador: Coronel-Aviador Carlos Alberto Grassani

Trabalho de Conclusão de Curso – Monografia apresentada ao Departamento de Estudos da Escola Superior de Guerra como requisito à obtenção do diploma do Curso de Altos Estudos de Política e Estratégia (CAEPE), 2012.

1. Segurança Pública. 2. Fronteira Brasil – Bolívia. 3. Integração dos OSP com as Forças Armadas. I, Título.

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Aos meus filhos, que perdoaram a minha

ausência e ao meu esposo que tanto me apoiou

e compreendeu o

sacrifício por estarmos afastados em razão

das atividades desenvolvidas no decorrer do

CAEPE.

.

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AGRADECIMENTOS

Ao Corpo Permanente da ESG e aos demais professores e palestrantes do

CAEPE 2012, pela contribuição valiosa no meu aprendizado, permitindo-me

compreender a realidade e fazer uma avaliação mais profunda da conjuntura

de nosso país.

Aos colegas da Turma Programa Antártico Brasileiro - PROANTAR (CAEPE

2012), pela amizade, pelo convívio harmonioso e principalmente, pela valiosa

troca de experiências durante todo o período do curso.

Ao meu orientador, Coronel-Aviador Carlos Alberto Grassani, pela paciência e

pelas orientações objetivas na elaboração deste trabalho.

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“A democracia... é uma constituição agradável, anárquica e variada, distribuidora de igualdade indiferentemente a iguais e a desiguais.” Platão

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RESUMO

O presente TCC teve como objetivo apresentar uma avaliação acerca da problemática que envolve a segurança pública na fronteira Brasil e Bolívia. Para retratar a realidade, promovemos pesquisas na doutrina e legislação em vigor, recorremos a encartes, jornais, revistas e realizamos pesquisas de campo através de questionários e entrevistas encaminhadas via email a autoridades especialistas em segurança pública. Demonstramos o abandono a que vivem as fronteiras brasileiras. A falta de políticas públicas, combinado com o rigor legal, impõe o cidadão local à exclusão social. Grupos criminosos da Bolívia aproveitam a fragilidade da fronteira para ingressar com drogas em território brasileiro, este fato incorre no agravamento da criminalidade e violência nos centros urbanos. Veículos são roubados no Brasil e trocados por drogas na Bolívia. O Departamento da Polícia Federal, Receita Federal e Polícia Rodoviária Federal não contam com meios para promoverem a segurança pública das fronteiras. O Governo do Mato Grosso criou o Grupo Especial de Fronteira, com o objetivo coibir e reprimir a prática de crimes transnacionais na fronteira Brasil e Bolívia. O Governo Federal por sua vez instituiu o Plano Estratégico de Fronteiras e em seguida editou o programa denominado Estratégia Nacional de Fronteiras, que vêem sendo implementados com eficácia pelo Estado do Mato Grosso. O Ministério de Defesa vêm coordenando operações pontuais em toda a fronteira brasileira, tais ações são realizadas pelas Forças Armadas em conjunto com os órgãos federais e estaduais de segurança pública. A sociedade começa a ver a presença do Estado na fronteira.

Palavras chave: Segurança Pública. Brasil. Bolívia. Forças Armadas

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ABSTRACT

This paper aimed to provide an evaluation about problems revolving public safety in the border between Brazil and Bolivia. In order to better portray the current reality between the Brazilian and Bolivian borders, we promote this research in current doctrine and legislation, went through newspapers, magazines and conducted field research through interviews and questionnaires sent via email to authorities specialized in public safety. It also highlights the situation of abandonment at the Brazilian borders. The lack of public policies combined with the legal thoroughness that the boundary zone is subjected force the local citizen to social exclusion. Criminal groups from Bolivia use the porous border to import the drugs into the country, and this fact increases crime and violence within urban centers. Vehicles are stolen in Brazil and exchanged for drugs in Bolivia. The federal institutes, Federal Police Department, Internal Revenue Service and the Federal Highway Police do not have ways to guarantee public safety at borders. The Government of Mato Grosso created the Special Frontier Group (GEFRON), with the objective to restrain and prosecute transnational border crimes within the Brazilian and Bolivian borders. The Federal Government established the Strategic Plan for Borders and after that it reviewed its National Strategy plan for Borders, which has been effectively carried by the State of Mato Grosso. The Ministry of Defense has been coordinating some operations along borders which are carried by the Armed Forces in conjunction with federal and state public safety agencies. The society begins to see the presence of the State at the border.

Keywords: Public Safety. Brazil. Bolivia. Armed Forces.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 Cenário da Fronteira Brasileira 11 Figura 2 Faixa de Fronteira Brasileira 15 Figura 3 Estados da Faixa de Fronteira 15 Figura 4 Esquema Conceito de Cidades Gêmeas 19 Figura 5 IDH 1991-2000 Municípios do Mato Grosso situados na Faixa de

Fronteira 25 Figura 6 Mapa de índices de IDH nos Estados Brasileiros 25 Figura 7 Zona de Fronteira Brasil Bolívia 26 Figura 8 Rota Tráfico de Drogas Fronteira Brasil e Bolívia 27 Figura 9 Municípios do Mato Grosso situados na Faixa de Fronteira 28 Figura 10 Estradas Brasil e Bolívia – “cabriteiras” 32 Figura 11 Gráfico de Homicídios por motivação em Cuiabá e Várzea Grande 35 Figura 12 Mapas de apreensões do GEFRON retirados do site da SESP/MT 38 Figura 13 Cenário Ágata 3 46 Figura 14 Quadro de Apreensões da Operação 3 no Estado do Mato Grosso 46

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABIN Agência Brasileira de Inteligência

CF Constituição Federal

COMDABRA Comando de Defesa Aeroespacial Brasileiro

DEC Decreto

DO Diário Oficial

DPF Departamento de Polícia Federal

ENAFRON Estratégia Nacional de Fronteira

FFAA Forças Armadas

FUNAI Fundação Nacional do Índio

GEFRON Grupo Especial de Fronteira

IAGRO Instituto Agropecuário

IBAMA Instituto Brasileiro de Meio Ambiente

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

IDH Índice de Desenvolvimento Humano

IICA Instituto Interamericano de Cooperação para Agricultura

INDEA Instituto de Defesa Agropecuária do Estado do Mato Grosso

LC Lei Complementar

MI Ministério da Integração Social

MS Mato Grosso do Sul

MT Mato Grosso

ONU Organização das Nações Unidas

SEJUSP Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública

SENASP Secretaria Nacional de Segurança Pública

SESP/MT Secretaria de Estado de Segurança Pública do Mato Grosso

SISBIN Sistema Brasileiro de Inteligência

SISFRON Sistema de Vigilância de Fronteira

SSDPF/RJ Sindicato dos Servidores do Departamento da Polícia Federal do

Rio de Janeiro

PF Polícia Federal

TCC Trabalho de Conclusão de Curso

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO........................................................................................... 11 2 FAIXA DE FRONTEIRA, MARCO LEGAL, VULNERABILIDADES E SEUS REFLEXOS NA CRIMINALIDADE E VIOLÊNCIA DOS CENTROS URBANOS ............................................................................... 14 2.1 FRONTEIRA, FAIXA DE FRONTEIRA E MARCO LEGAL ......................... 14 2.2 VULNERABILIDADE DA FAIXA DE FRONTEIRA BRASILEIRA ............... 18 3 A FRONTEIRA BRASIL E BOLÍVIA .......................................................... 24 3.1 FRONTEIRA BRASIL E BOLÍVIA: ASPECTOS HISTÓRICOS ................. 24 3.2 FRONTEIRA BRASIL E BOLÍVIA: SEUS ASPECTOS GERAIS ............... 26 3.3 FRONTEIRA BRASIL E BOLÍVIA: ASPECTOS INERENTES AO ESTADO DO MATO GROSSO. .................................................................29 4 SEGURANÇA NA FRONTEIRA BRASIL E BOLÍVIA – GRUPO ESPECIAL DE FRONTEIRA (GEFRON) E FORÇAS ARMADAS ........... 37

4.1 GEFRON.....................................................................................................37 4.2 FORÇAS ARMADAS...................................................................................44 4.3 PESQUISA DE CAMPO..............................................................................51 5 CONCLUSÃO ............................................................................................ 55 REFERÊNCIAS .......................................................................................... 61

ANEXO I QUESTIONÁRIOS APLICADOS ÀS AUTORIDADES

DE SEGURANÇA PÚBLICA. ....................................................................67 ANEXO II ENTREVISTA COM O CHEFE DO ESTADO-MAIOR

CONJUNTO DAS FORÇAS ARMADAS EXMO. SR. GENERAL- DE-EXÉRCITO JOSÉ CARLOS DE NARDI.......... ...............................97

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1 INTRODUÇÃO

O Brasil possui uma área de 16.886 km de fronteira, a área representa 27%

do território nacional, esta região abriga dez milhões de habitantes espalhados em

588 cidades de onze estados e é lindeira com dez países da América do Sul a

exceção do Chile e do Equador (BRASIL,2011).

Figura 1: Cenário da Fronteira Brasileira Fonte: Plano Estratégico de Fronteiras

As baixas densidades demográficas, combinadas com a vasta diversidade

geográfica e as dificuldades de deslocamento e comunicação, fizeram com que as

fronteiras brasileiras ficassem à margem das políticas centrais de desenvolvimento e

fiscalização e, por conseguinte, férteis à proliferação de crimes transnacionais,

especialmente aqueles relacionados ao contrabando, descaminho e tráfico de

drogas e armas.

No segundo capítulo, faremos uma abordagem acerca da faixa de fronteira

brasileira, seu marco legal e suas vulnerabilidades, bem como, espelharemos a

opinião de especialistas em segurança pública no Brasil, profissionais estes que

atribuem ao ingresso de drogas e armas através das fronteiras brasileiras, o

combustível que alimenta a criminalidade e a violência nos centros urbanos.

No terceiro capítulo, abordaremos a Fronteira Brasil e Bolívia, cuja área

apresenta pouca densidade demográfica, é irrigada por estradas vicinais e possui

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singular hostilidade geográfica. Fatores que, combinados à deficiência de recursos

humanos, impossibilitam o eficiente combate ao tráfico de drogas, armas e pessoas.

A realidade da fronteira Brasil e Bolívia impulsiona a incidência de crimes

correlatos ao tráfico de drogas nos municípios situados nas proximidades das

regiões de fronteira, bem como nos maiores centros populacionais do Estado do

Mato Grosso, o que poderemos ver com os dados estatísticos fornecidos pela

Secretaria de Segurança Pública do Estado.

As ações criminosas vêm utilizando a faixa de fronteira para promover o

intercambio de produtos furtados ou roubados em território brasileiro, fator que

exerce reflexo negativo para a segurança pública do Estado do Mato Grosso, uma

vez que reflete diretamente nos crimes contra o patrimônio praticados nos centros

urbanos.

Com o objetivo de prevenir e reprimir os crimes transnacionais na fronteira

oeste, o Estado através do Decreto 1215/2003 criou o Grupo Especial de Fronteira

órgão subordinado à Secretaria de Estado de Segurança Pública do Mato Grosso.

Buscaremos apresentar no quarto capítulo um panorama da Segurança na

fronteira Brasil e Bolívia diante do trabalho realizado pelo Grupo Especial de

Fronteiras e pelas Forças Armadas. Através de estudo de campo, buscaremos

reproduzir a problemática da fronteira Brasil e Bolívia a partir da opinião de

profissionais que atuam diretamente na região, como estes profissionais vêm

realizando o seu trabalho, os meios disponíveis e suas reais dificuldades.

O governo federal entendeu por bem incrementar as ações de combate à

prática delituosa nas fronteiras através da LC 136/2010 (BRASIL, 2010), a qual

concedeu às Forças Armadas, o poder de polícia para atuarem nas fronteiras por

meio de ações repressivas e preventivas inerentes à atividade da polícia judiciária

civil.

Ocorre que, apesar do advento ter respaldado as ações de polícia das

FFAA nas fronteiras, a Lei não revogou o preceito constitucional capitulado no artigo

144 § 1 que destina a Polícia Federal como sendo a responsável por exercer a

polícia marítima, aeroportuária e de fronteira.

A LC 136/2010 busca respaldar a atividade de polícia exercida pelas FFAA

para que estas tenham segurança jurídica nas atividades de combate aos crimes

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transnacionais, podendo assim, atuarem com independência e sem subordinação às

Polícias Federais ou estaduais que atuam na região.

No quarto capítulo abordaremos também o trabalho desempenhado pelas

FFAA na fronteira Brasil e Bolívia, sob a ótica da Segurança Pública e da Lei

Complementar 136/2010. Seus efeitos sobre as atividades operacionais realizadas

pelas FFAA em ações conjuntas e isoladas, praticadas no combate aos crimes

transnacionais na Fronteira Brasil Bolívia.

O trabalho de conclusão de curso faz a análise e avaliação de informações

obtidas através de pesquisas bibliográficas e publicações em mídia, procurando

abordar o tema a luz da doutrina e legislação em vigor e confrontando com as

informações obtidas a partir de pesquisas de campo.

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2 A FAIXA DE FRONTEIRA, MARCO LEGAL, VULNERABILIDADES E SEUS

REFLEXOS NA CRIMINALIDADE E VIOLÊNCIA DOS CENTROS URBANOS

2.1 FRONTEIRAS, FAIXA DE FRONTEIRA E MARCO LEGAL

Buarque de Holanda (FERREIRA,1999) define fronteira como sendo o

“Limite de um país ou território no extremo onde confina com outro”. Entende-se por

limites os pontos divisórios entre determinada extensão superficial, as extremidades

das regiões que se caracterizam divisores políticos entre governos, as divisões

territoriais. Os limites internacionais possuem um caráter especial por que

representam o divisor entre países onde prevalecem suas maiores autoridades

políticas (WARF, 2006).

Para o embaixador Marcos Henrique Camillo Côrtes (2005) “Fronteira

Jurídica é o limite legal entre as soberanias de dois Estados”, segundo ele, esta

definição tradicional é perfeitamente correta e serve de fundamento para o

planejamento de ações governamentais que tenham como objetivo preservar a

incolumidade do território nacional.

A área de domínio de um Estado é determinada por seus limites e estes

indicam até onde vai o território sobre o qual se exerce a soberania. A sua

demarcação, indicação e manutenção de seus limites denomina-se fronteira e é de

responsabilidade do Estado.

A área de fronteira se caracteriza por uma descontinuidade, administrativa e

social, razão pela qual exige análise cuidadosa e complexa das relações cotidianas

sociais, comerciais e econômicas. Os padrões sociais entre os países limítrofes se

divergem, o que trás a região de fronteira um sentimento de biparidade próprio dos

países em desenvolvimento e sem a plena integração. Nesse sentido, Oliveira

(1998) afirma que a fronteira é um espaço bipolar e multiforme, um meio geográfico

que exige uma quase necessidade de se transpor seus limites, fazendo alusão que

os habitantes fronteiriços coexistem em ambientes de delicados fenômenos que só

ali se desenvolvem.

As áreas limítrofes dos países possuem características peculiares que as

tornam um espaço de tensões e simultaneamente uma região de estabelecimento

de integração. Essa dualidade revela a necessidade de se estabelecer limites,

observar as diferenças culturais, preservar a soberania dos países e de se exercitar

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práticas sociais e trocas comuns. Fronteira é ao mesmo tempo, área de separação e

de aproximação, linha de barreira e espaço polarizador (CASTELLO, 1995).

As fronteiras são regiões naturalmente distantes dos grandes centros e das

políticas estatais, além de estarem expostas a grande influência estrangeira. Assim

precisam ser tratadas como áreas estratégicas, voltadas à preservação do

nacionalismo e a segurança nacional.

O país possuiu vasta faixa lindeira e limita-se com todos os países da

América do Sul, exceto com o Equador e com o Chile, por este motivo precisa se

submeter à severa vigilância na zona limítrofe, o que se traduziu, em concreto, no

estabelecimento de colônia militar ou postos de observação, desde a época imperial

(BRASIL,2010).

Figura 02: Faixa de Fronteira Brasileira Fonte: IBGE 2008

Lista dos Estados pertencentes a Faixa de Fronteira, número de municípios por Estado e população.

Estados População 2010 População 2007 Número de municípios

Brasil 190.732.694 183.987.291 5.565

Faixa de Fronteira 11.333.159 10.392.201 588

1) Acre (AC) 732.793 655.385 22

2) Amazonas (AM) 456.468 456.222 21

3) Amapá (AP) 766.843 92.317 8

4) Mato Grosso do Sul(MS) 1.074.290 1.002.355 44

5) Mato Grosso (MT) 479.001 457.606 28

6) Pará (PA) 206.777 202.785 5

7) Paraná (PR) 2.372.846 2.369.598 139

8) Rondônia (RO) 928.415 850.182 27

9) Roraima (RR) 451.227 395.725 15

10) Rio Grande do Sul (RS) 3.036.122 3.113.148 197

11) Santa Catarina (SC) 828.377 796.878 82

Figura 03: Estados da Faixa de Fronteira – Contagem populacional 2007 e resultados do Censo 2010. Fonte: IBGE 2012

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Para resguardar pela preservação da nacionalidade brasileira e pela defesa

e segurança nacionais, desde o Brasil colônia, o país vem procurando dar um

tratamento diferenciado à fronteira. Por esta razão, com o fim de preservar pela

soberania nacional, foi reservado uma faixa interna de terras ao longo da fronteira

terrestre brasileira. Esta faixa, considerada de destacada importância para a

segurança do território nacional, denomina-se faixa de fronteira.

A ideia de faixa de fronteira surgiu, inicialmente, como área geográfica com

regime jurídico particular no final do século XIX, pela Lei nº 601, de 18 de setembro

de 1890, que reservou uma faixa 10 léguas (66 km), ao longo do limite do Território

Nacional.

Após a década de 1930, a faixa de fronteira foi sendo sucessivamente

ampliada de 66 km para 100 km, e depois para 150 km, tendo como gestor o

Conselho de Segurança Nacional, criado pelo artigo 162 da Constituição de 1937.

Considerada área estratégica para a segurança nacional, a faixa de fronteira

foi regulamentada pela Lei 6.634/79 que estabeleceu como área de segurança

nacional 150km de faixa interna paralela a toda a fronteira terrestre brasileira, região

cuja exploração da propriedade se regula por legislação específica. O texto legal

subordinou a ocupação e a utilização das terras situadas na faixa de fronteira, sejam

elas privadas, públicas ou devolutas, ao interesse nacional. (OLIVEIRA SOBRINHO,

1991).

O artigo 1o da Lei Federal n.º 6.634/79, estabelece que:

[...] é considerada área indispensável à Segurança Nacional a faixa interna de 150 Km (cento e cinquenta quilômetros) de largura, paralela à linha divisória terrestre do território nacional, que será designada como Faixa de Fronteira.

A referida lei foi regulamentada pelo Decreto Federal n.º 85.064, de 26 de

agosto de 1980 e permanece até os dias atuais, vez que foi avalizado pelo artigo 20

§ 2◦ da Constituição da República Federativa do Brasil promulgada em 05/10/1988,

o qual ratifica a existência da faixa de fronteira dentro do capítulo que trata dos bens

da União, ficando assim estabelecido:

Art. 20. § 2 ◦A faixa de até cento e cinquenta quilômetros de largura, ao longo das fronteiras terrestres, designada como faixa de fronteira, é considerada fundamental para defesa do território nacional, e sua ocupação e utilização serão regulamentadas em lei.

Apesar da faixa de fronteira ser regulamentada no capítulo que trata dos

bens da União, a doutrina dominante entende que a faixa de fronteira apesar de

sofrer as restrições estabelecidas na Lei 6.634/79, preserva a sua natureza jurídica

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de domínio privado. Franco Sobrinho (1991) afirma que o possuidor de área na

região de faixa de fronteira, tem uma propriedade relativa e seu interesse será

tutelado pelo Decreto 85.064/80.

O Decreto Lei 9.760/46 define os bens considerados, bens da união e não

discrimina como sendo terras de propriedade da União, aquelas localizadas na faixa

de fronteira tão somente por estarem ali localizadas, sendo certo que, somente será

de propriedade da União a faixa de fronteira onde estiverem os terrenos marginais

de rios e ilha. Senão vejamos:

Art. 1º Incluem-se entre os bens imóveis da União c) os terrenos marginais de rios e as ilhas nestes situadas na faixa da fronteira do território nacional e nas zonas onde se faça sentir a influência das marés;

Manoel de Oliveira Franco Sobrinho (1991) afirma que o preceito

constitucional quando fala de faixa de fronteira, “não discrimina terras públicas ou

privadas e o domínio particular relativiza-se”.

Apesar da faixa de fronteira não ser de domínio público, o poder de

propriedade fica limitado posto que, as atividades comerciais e inerentes ao direito

de propriedade ficam cerceadas pelo Estado. Tratando-se de bem de uso especial

da União, tem influência na defesa do país contra o inimigo e para tal sua utilização

deverá ser regulamentada por lei. (CRETELLA JÚNIOR, 1991).

O Decreto Federal n.º 85.064, de 26 de agosto de 1980, regulamenta o

exercício de atividades específicas na área de fronteira como os serviços de

radiodifusão, as atividades de mineração, o loteamento de áreas rurais, transação

de imóveis rurais envolvendo estrangeiro, bem como a participação de estrangeiros

em pessoa jurídica brasileira.

Apesar de tratar-se de uma região propícia à integração dos países

limítrofes, a legislação em vigor inibe a participação do capital estrangeiro e, por

conseguinte, diminuem as possibilidades de investimentos e desenvolvimento da

região, o que recrudesce a economia informal e propicia a prática de ilícitos penais

na região.

2.2 VULNERABILIDADES DA FAIXA DE FRONTEIRA BRASILEIRA

A Lei Federal n.º 6.634/79 ao identificar a faixa de fronteira como região

estratégica ao Estado, compreende aproximadamente 27% do território nacional

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com, 16.886km de extensão, abriga cerca de 10 milhões de habitantes de 11

estados brasileiros e é lindeira a 10 países da América do Sul. (BRASIL, 2010).

O Ministério da Integração Nacional, em relatório destinado a apresentar

bases para uma proposta de desenvolvimento e integração da faixa de fronteira

constatou que a baixa densidade demográfica, associada às grandes distâncias dos

centros urbanos e a falta de comunicação, constituem entraves para o

desenvolvimento da região, uma vez que ficam à margem das políticas

desenvolvimentistas.

Não existem políticas públicas que levem em conta as demandas das

populações locais, fato que reflete diretamente nas áreas de segurança, saúde,

educação e assistência. (BRASIL, 2010).

Em pesquisa realizada pelo Programa de Desenvolvimento da Faixa de

Fronteira conduzido pela Secretaria de Desenvolvimento Regional do Ministério da

Integração, (2005 apud Guia ENAFRON Volume II, 2011e) se conclui que, em vinte

e sete por cento do território nacional, onde vivem dez milhões de habitantes:

[...] a ameaça do Estado reside, isto sim no progressivo esgarçamento do tecido social, na miséria que condena importantes segmentos da população ao não exercício de uma cidadania plena, no desafio cotidiano perpetrado pelo crime organizado e na falta de integração com os países vizinhos.

A faixa de fronteira apresenta características singulares como o hibridismo

cultural provocado pela proximidade com outros países, principalmente nas regiões

próximas as “cidades gêmeas”, característica que se apresenta em vinte e oito

municípios dos municípios de fronteira e em razão de suas especificidades e

quantidade populacional, carecem de atenção especial. (BRASIL,2011e)

Para Machado (2005 apud MAX, 2008. Revista OIDLES – v. 2, n. 5) as

chamadas cidades gêmeas, são regiões constituídas por adensamentos

populacionais e cortadas pelos limites fronteiriços possuem potencialidades de

integração econômica e cultural assim como problemas exclusivos característicos e

peculiares da região.

Page 20: a problemática da segurança pública na fronteira brasil e bolívia

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Figura 4: Esquema conceito de cidades gêmeas Fonte: MI/SPR/DPFF/2005

As regiões de fronteira, principalmente as cidades gêmeas possuem uma

organização própria e em razão da rigorosa subordinação legal que acoberta as

atividades comerciais e o uso de propriedade, constituem regiões com índice

crescente de atividades informais e propícia para a proliferação de atividades ilegais

nas relações sociais de produção. (IICA, 2010).

Esses aglomerados fronteiriços podem ampliar ou reduzir os níveis de

interação e de problemas entre si. Machado (2005 apud MAX, 2008. Revista

OIDLES – v, 2, n. 5) afirma que as complementaridades das trocas são

características ímpares dos meios geográficos onde estão localizadas as cidades

gêmeas, o que implica no encorajamento de seu desenvolvimento e na possibilidade

de uma sustentabilidade para uma nova divisão transfronteiriça de trabalho.

Em estudo realizado pelo MI concluiu-se que, o governo federal dispensa

pouca atenção a faixa de fronteira e quando o faz, não atende as necessidades

locais. As ações além de serem desconexas, não apresentam continuidade no

processo de implementação de políticas públicas e os órgãos que lá atuam,

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desconhecem as ações dos outros, provocando a superposição de ações em

determinada região, em detrimento de outras áreas mais carentes dentro da faixa de

fronteira. (BRASIL, 2010)

A carência de políticas públicas eficazes e contínuas, combinada com as

especificidades da região de fronteira, faz com que a área seja abundante em

atividades ilícitas.

Para o Instituto Interamericano de Cooperação para Agricultura, a Lei

7.170/83 penaliza a região de faixa de fronteira, uma vez que coíbe o investimento

de capitais estrangeiros em solo brasileiro, sem, contudo impor recíproca. Este fator

impede o desenvolvimento, uma vez que prejudica a livre circulação de capitais nas

cidades gêmeas e propicia o surgimento de uma zona nebulosa decorrente de um

sistema de produção local situado entre o legal e o ilegal. (IICA, 2010).

O disposto no artigo 144 §1◦ da Constituição da República Federativa do

Brasil de 1988 instituiu a Polícia Federal como responsável legal por promover a

segurança das fronteiras. Assim dispondo:

§ 1º A polícia federal, instituída por lei como órgão permanente, organizado e mantido pela União e estruturado em carreira, destina-se a: II - prevenir e reprimir o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o contrabando e o descaminho, sem prejuízo da ação fazendária e de outros órgãos públicos nas respectivas áreas de competência; III - exercer as funções de polícia marítima, aeroportuária e de fronteiras;

A simples extensão territorial das fronteiras brasileiras já impossibilita que a

Polícia Federal, com os recursos humanos que possui, promova com eficácia e

eficiência a repressão e prevenção de crimes na faixa de fronteira brasileira.

Recentemente em palestra ministrada pelo Delegado Federal Fabiano André

Lopes aos estagiários do CAEPE/2012 realizada na cidade de Foz do Iguaçu, este

afirmou que a Delegacia de Polícia Federal de Foz do Iguaçu, é responsável por

todo o policiamento da tríplice fronteira, para tanto, possui uma estrutura de

superintendência, mas conta com um efetivo de apenas 400 (quatrocentos)

servidores, dentre contratados e policiais concursados.

O palestrante apontou que apesar da vasta fronteira, com a especificidade

de possuir o Lago Itaipu com extensão de 170 km, área usada com abundancia por

quadrilheiros especializados em contrabandear armas, munições e drogas, uma vez

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que a área lacustre favorece a travessia ilegal e dificulta a fiscalização. A polícia

federal possui somente quatorzes policiais operacionais, para trabalharem na região.

Ao apresentar uma grande quantidade de apreensões de armas, munições e

drogas referentes a trabalhos realizados nos anos de 2010 e 2011, o delegado

afirmou que as apreensões não representam parcela considerável do que

efetivamente adentra ao território nacional pela fronteira brasileira, uma vez que a

Polícia Federal não possui os meios necessários para coibir o ilícito penal na região.

Em todo o território compreendido na faixa de fronteira, dados retirados do

site oficial do Departamento da Polícia Federal demonstram que, existem apenas

vinte e nove Postos de Fiscalização do Tráfego Internacional Terrestre, o que

compreende dizer que existe um posto de fiscalização da PF para cada porção de

aproximadamente 344.827 (trezentos e quarenta e quatro mil, oitocentos e vinte e

sete) habitantes, fator que impossibilita o trabalho e favorece a propagação do crime.

(POLÍCIA FEDERAL, 2012a).

A falta de pessoal, combinada com o posicionamento geográfico da faixa de

fronteira, abundância de estradas vicinais, pouca densidade demográfica, falta de

políticas públicas, distanciamento dos centros políticos, aproximação intercultural e

complexidade legal, formam o conjunto de fatores que fazem a região de fronteira

uma zona fértil à criminalidade.

O relator Aroldo Cedraz em auditoria operacional no sistema nacional de

políticas públicas sobre drogas, realizado pelo Tribunal de Contas da União no ano

de 2010, afirmou:

[...] O trabalho permitiu concluir que o Departamento de Polícia Federal (DPF), órgão constitucionalmente incumbido de efetuar o combate ao tráfico de drogas na região de fronteira, possui várias limitações para execução de suas atividades. A fronteira do Brasil com outros países é de mais de 16 mil km, e o DPF conta apenas com 1.439 policiais nessa região, destacando-se a dificuldade de fixação do efetivo policial nessas localidades, que costumam ser inóspitas e de baixo desenvolvimento socioeconômico. Em 76% das delegacias fronteiriças, o tempo médio de permanência de um policial é de 3 anos, o que significa que a política de incentivos existente na Polícia Federal é insuficiente para garantir a permanência do efetivo policial na região de fronteira. Além disso, as deficiências na infraestrutura de várias delegacias de fronteira, aliadas à carência de equipamentos e recursos (coletes balísticos, veículos, barcos, scanners etc) fazem com que os policiais enfrentem grandes dificuldades no combate ao narcotráfico.

Em matéria vinculada pelo Sindicato dos Policiais Federais do Rio de

Janeiro em vinte de fevereiro de 2012, foi retratado a falta de condições de trabalho

Page 23: a problemática da segurança pública na fronteira brasil e bolívia

22

da instituição, onde se menciona a falta de meios e pessoal e no qual se critica a

efetividade do Plano Estratégico de Fronteiras. O plano teria sido lançado pelo

Governo Federal em junho de 2011 com anúncio de investimento de R$ 37 milhões,

mas não demonstrava nenhuma efetividade. (POLÍCIA FEDERAL, 2012b)

A matéria noticia ainda a criação de 3.036 postos criados pela PF, os quais

não foram ocupados, apesar de uma promessa da instituição em preencher 1.200

vagas de policiais e pleitear ao governo a abertura de concurso periódico e anual.

(POLÍCIA FEDERAL, 2012b).

2.3 REFLEXOS DA FRAGILIDADE DAS FRONTEIRAS NA CRIMINALIDADE E

VIOLÊNCIA DOS CENTROS URBANOS

Recentemente o país assistiu ao Estado retomar a sua condição na cidade

do Rio de Janeiro, quando então a Secretaria de Segurança Pública, juntamente

com as Forças Armadas adentraram ao morro do Alemão e expulsaram os

traficantes que aterrorizavam e dominavam a região. Em entrevista concedida à

revista Veja em 31/11/2010 às 21:35 horas e disponível no site da revista, o

Secretário de Segurança do Estado do Rio de Janeiro, Exmo Sr. José Mariano

Beltrame afirmou:

[...] Tudo o que vocês viram na imprensa hoje – as armas, as drogas -, nada daquilo é produzido no Rio. Basicamente, entram pelo Paraguai e pela Bolívia. Temos problemas sérios com relação à dimensão da nossa fronteira. São 16 mil quilômetros de fronteira seca. Não vai nenhuma crítica aqui a nenhuma instituição. O que eu acho é que a sociedade deve cobrar que dêem condições para a Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal, Receita Federal, ou seja lá quem for, para cobrir essas fronteiras. Porque, senão, daqui a pouco as coisas começam a acontecer novamente. Espero que a sociedade cobre soluções rápidas para isso. (BELTRAME,2010)

Na opinião de José Mariano Beltrame, um dos maiores especialistas em

Segurança Pública do país, a política de segurança pública hoje aplicada, ainda não

atacou o cerne do problema. Apesar da eficácia apresentada pelas autoridades no

Estado do Rio de Janeiro, todo o trabalho de revitalização da autoridade estatal

apresentado e apoiado pela sociedade brasileira, se tornará inócuo se o problema

não for atacado em sua origem. O tráfico ilícito de entorpecentes e armas, bem

como a lavagem de dinheiro continuam sendo alimentados pela inexistência de

políticas eficazes de combate a criminalidade nas fronteiras brasileiras.

Page 24: a problemática da segurança pública na fronteira brasil e bolívia

23

Segundo relatório da subcomissão especial de fronteiras da Comissão de

Relações Exteriores e Defesa Nacional da Câmara Federal, elaborado em seis de

abril do ano de 2011, grande parte dessas faixas encontram-se em regiões de selva

amazônica, ou são cortadas por extensa malha hidroviária que servem como

escoadouro de embarcações clandestinas que entram no Brasil carregando grandes

quantidades de drogas.

Na fronteira Brasil e Bolívia, muitos locais não possuem a presença mínima

do Estado e se encontram embrenhados na floresta amazônica ou na região Centro-

Oeste, local em que os marcos fronteiriços desaparece em meios a terras

particulares das grandes fazendas de gado e soja.

O relatório mundial de drogas publicado pela ONU em junho de 2012, revela

que o Brasil vem apresentando um crescimento no consumo de cocaína e “cannabis

sativa” oriunda principalmente do Peru e da Bolívia. Estes países se tornaram as

fontes mais importantes de cocaína para mercados ilícitos no Brasil e na América do

Sul. A droga produzida por eles e não consumida em território nacional, passa pelo

Brasil para serem contrabandeadas para a África com destino a Europa. (ONU,

2012).

Com a entrada da droga em território nacional o mercado do tráfico aumenta

a sua fluência interna, refletindo diretamente na quantidade de homicídios de

natureza violenta, furtos e roubos de pessoas, residências e veículos, aumentando

desta forma o sentimento de insegurança do cidadão.

Page 25: a problemática da segurança pública na fronteira brasil e bolívia

24

3 A FRONTEIRA BRASIL E BOLÍVIA

3.1 FRONTEIRA BRASIL E BOLÍVIA: ASPECTOS HISTÓRICOS

O processo de demarcação dos limites entre o Brasil e a Bolívia foi marcado

por grandes períodos de inatividade e um breve período de intensos conflitos. Até

1867, os limites corresponderam àqueles oriundos dos impérios de Portugal e da

Espanha, estabelecidos pelo tratado de Santo Ildefonso, em 1777. (SILVA, 2010).

Após a independência dos dois países, os limites entre Brasil e Bolívia não

foram objeto de preocupação, somente sendo observados por ocasião do período

máximo da exploração da borracha.

As disputas pelo território do Acre culminaram no acordo de Petrópolis de

1903, onde foi revista toda a demarcação dos limites entre os dois países e se

estabeleceu a responsabilidade brasileira pela construção da ferrovia Madeira-

Mamoré (FIFER, 1966).

Historicamente, a fronteira Brasil e Bolívia foi marcada pelo isolamento em

relação aos respectivos centros políticos. Este fato refletiu na estruturação territorial

da zona de fronteira entre os dois países. As dificuldades na implementação de um

povoamento estável e duradouro, tornaram essa área pouco aproveitada no

desenvolvimento de atividades econômicas relevantes (BRUSLÈ, 2007).

Em razão do isolamento e afastamento da fronteira Brasil e Bolívia dos

centros políticos, desde a época da colonização, as necessidades mútuas de

sobrevivência e acesso a bens criaram um ambiente de intensas trocas e contatos

entre portugueses e espanhóis, depois entre brasileiros e bolivianos. (VOLPATO,

1987).

A estruturação da fronteira Brasil e Bolívia foi marcada pelo isolamento dos

respectivos centros políticos. As dificuldades na implementação de um povoamento

estável e duradouro, tornaram essa área pouco aproveitada no desenvolvimento de

atividades econômicas relevantes. Razões que constituíram um grande desafio para

a consolidação e demarcação dos limites dos Estados nacionais na América do Sul

(BRUSLÉ, 2007).

O isolamento e a falta de infraestrutura prejudicaram a estruturação da

região e impossibilitaram a implementação de atividades comerciais que

proporcionassem a inclusão social. A falta de oportunidades e a ausência de

Page 26: a problemática da segurança pública na fronteira brasil e bolívia

25

políticas de repressão aos ilícitos transnacionais foram fatores que incentivaram a

propagação de atividades ilícitas inerentes ao contrabando e ao tráfico de drogas na

região.

A fronteira Brasil e Bolívia, se caracteriza por um perfil com baixos padrões

de desenvolvimento, marcada pela dificuldade de acesso aos bens e serviços

públicos, baixa densidade demográfica e baixo Índice de Desenvolvimento Humano

(IDH), precárias condições de cidadania e estagnação econômica.

Grandes Regiões,

taxa de

urbanização IDH IDH

Unidades da Federação 2010 1991 2000

e

municípios

Mato Grosso 0,819 0,756 0,767

Faixa de Fronteira 0,64 0,63 0,72

Araputanga 0,79 0,68 0,76

Barão de Melgaço 0,45 0,55 0,67

Barra do Bugres 0,83 0,62 0,72

Cáceres 0,87 0,65 0,74

Campos de Júlio 0,8 0,73 0,85

Comodoro 0,69 0,66 0,72

Conquista D'Oeste 0,61 - -

Curvelândia 0,59 - -

Figueirópolis D'Oeste 0,53 0,6 0,71

Glória D'Oeste 0,68 0,65 0,73

Indiavaí 0,74 0,67 0,71

Jauru 0,59 0,58 0,68

Lambari D'Oeste 0,53 0,58 0,69

Mirassol d'Oeste 0,85 0,66 0,74

Nossa Senhora do Livramento 0,37 0,57 0,66

Nova Lacerda 0,55 0,58 0,72

Poconé 0,73 0,63 0,68

Pontes e Lacerda 0,84 0,67 0,75

Porto Esperidião 0,38 0,6 0,7

Porto Estrela 0,4 - 0,65

Reserva do Cabaçal 0,63 0,58 0,68

Rio Branco 0,82 0,64 0,7

Salto do Céu 0,56 0,58 0,7

São José dos Quatros Marcos 0,76 0,65 0,74

Sapezal 0,84 0,74 0,8

Tangará da Serra 0,9 0,68 0,78

Vale de São Domingos 0,23 - -

Vila Bela da Santíssima Trindade 0,36 0,65 0,71

Figura 5: IDH 1991-2000 Municípios do Mato Grosso situados na Faixa de Fronteira Fonte: IBGE 2012, em parceria com os órgãos Estaduais de Estatística.

Page 27: a problemática da segurança pública na fronteira brasil e bolívia

26

Figura 6: Mapa de índices de IDH nos Estados Brasileiros Fonte: IDH – Índice de Desenvolvimento Humano – Estados Brasileiros

As figuras 05 e 06 demonstram que os índices de desenvolvimento humano

apresentados nos municípios situados na faixa de fronteira são inferiores à média da

região centro oeste, equiparando-se aos menores índices de IDH do país.

A falta de políticas públicas que incentivem a inclusão social através do

exercício de atividades regulares de criação de renda leva a população da região de

fronteira à situação de miséria. A miséria é real motivação que impulsiona brasileiros

e bolivianos residentes em áreas fronteiriças a compactuarem e até mesmo

participarem de atividades ilícitas.

3.2 FRONTEIRA BRASIL E BOLÍVIA: SEUS ASPECTOS GERAIS

O Brasil é o país que possui a maior extensão de fronteira com a Bolívia,

esta fronteira atinge 3.423,2 km, ou seja, 20% da linha divisória continental do Brasil

com os países vizinhos. Desse total, 751 km compreendem fronteira seca e 2.672

km é compreendida por rios, lagos e canais, a região possuí 438 marcos

demarcatórios. (IBGE, 2012).

A zona de fronteira formada pelos dois países, engloba faixas fronteiriças

pertencentes à quatro estados brasileiros (Acre, Rondônia, Mato Grosso e Mato

Page 28: a problemática da segurança pública na fronteira brasil e bolívia

27

Grosso do Sul) e três departamentos bolivianos (Pando, Beni e Santa Cruz de la

Sierra).

Figura 7- Zona de Fronteira Brasil Bolívia Fonte: PEF, 2012.

Devido sua grande extensão, esta fronteira, atualmente, é dividida

metodologicamente pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em

três partes: norte – desde a foz do rio Yaverija, ponto tripartite Brasil-Bolívia-Peru,

até o rio Madeira (Estados do Acre e Rondônia no Brasil e Departamento de Pando

na Bolívia); central – região dos rios Madeira, Mamoré e Guaporé (Estados de

Rondônia e Mato Grosso no Brasil e Departamento do Beni e Santa Cruz na Bolívia)

e sul - desde a foz do rio Verde (no rio Guaporé), até a Baía Negra (no rio Paraguai),

ponto tripartite Brasil-Bolívia- Paraguai (Estados do Mato Grosso e Mato Grosso do

Sul no Brasil e Departamento de Santa Cruz na Bolívia).

Na fronteira da Bolívia com o Brasil, do lado boliviano, estão as

reminiscências das missões jesuíticas, os "pueblos" de San Ignacio, Santa Ana, San

Rafael e San Miguel e, do lado brasileiro, Cáceres, Porto Espiridião e Pontes e

Lacerda onde se estabelecem redes de relacionamento e de parentesco.

Segundo dados Departamento de Polícia Federal, a Bolívia é a terceira

maior produtora mundial de cocaína, sua droga tem como principal destino o

mercado interno brasileiro. Os produtores de cocaína bolivianos aproveitam-se da

fragilidade das fronteiras brasileiras, para proporcionar facilmente acesso às drogas

Page 29: a problemática da segurança pública na fronteira brasil e bolívia

28

ao solo brasileiro. A Bolívia utiliza a fronteira com o Pantanal, para levar a droga via

aérea e terrestre para Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. (MATO GROSSO,

2012b).

Figura 8: Rota Tráfico de Drogas Fronteira Brasil e Bolívia Fonte: Plano Estadual de Enfrentamento às Drogas

Dados divulgados pelas autoridades brasileiras indicam que 59% da

cocaína apreendida no Brasil no primeiro semestre de 2010 são de origem boliviana.

Em audiência realizada no Congresso Nacional em três de agosto do

corrente ano o Delegado Federal Luiz Fernando Correa afirmou:

[...] 59% da cocaína confiscada este ano no Brasil era procedente da Bolívia. Das 11 toneladas de cocaína confiscadas pelas autoridades brasileiras nos sete primeiros meses do ano, 6,5 toneladas foram produzidas na Bolívia. (Polícia Federal, 2010)

3.3 FRONTEIRA BRASIL E BOLÍVIA: ASPECTOS INERENTES AO ESTADO DO

MATO GROSSO

O Estado do Mato Grosso possui uma extensão de 983 Km de faixa de

fronteira , sendo 750 Km de área seca e 233 Km fluviais, tendo uma área de 178.143

Km², que abrangem 28 municípios, com um contingente populacional na ordem de

413.800 habitantes, cuja base econômica é a produção agropecuária. (GEFRON,

2012).

Page 30: a problemática da segurança pública na fronteira brasil e bolívia

29

Page 31: a problemática da segurança pública na fronteira brasil e bolívia

30

Figura 9: Municípios do Mato Grosso situados na Faixa de Fronteira Fonte: Encontro do Comitê Estadual da Faixa de Fronteira - Casa Civil do Mato Grosso

Além da extensão compreendida pela faixa de fronteira, a região carece de

infraestrutura, possui uma vasta biodiversidade, apresenta propriedades rurais em

franca expansão e pouca densidade demográfica. Estes fatores concorrem com a

carência de políticas públicas e favorecem o aparecimento de atividades irregulares,

uma vez que não existe incentivo à inclusão social, e nem tampouco a fiscalização

ou ações preventivas de combate a ilícitos penais.

O aparato do governo federal não se faz presente no local. Convidado a

participar do painel, Fronteira e Segurança, realizado pela Subcomissão Permanente

da Amazônia e da Faixa de Fronteira, em 24 de maio de 2011, o secretário adjunto

de segurança do Estado do Mato Grosso, Alexandre Bustamante, revelou a

fragilidade da fronteira Brasil e Bolívia quando disse:

[...] o principal acesso ao país é uma rodovia federal na qual não há patrulhamento da Polícia Rodoviária Federal. Ademais, o estado tem novecentos quilômetros de fronteira seca e apenas uma delegacia da Polícia Rodoviária Federal. Há também duzentos quilômetros de fronteira em áreas alagadiças que não são patrulhadas por ninguém.

Page 32: a problemática da segurança pública na fronteira brasil e bolívia

31

O Estado não se faz presente na faixa de fronteira Brasil e Bolívia. E quando

ali se apresenta, o faz de forma acanhada, a exemplo do que foi constatado em

relatório do Tribunal de Contas da União, no qual o relator Aroldo Cedraz afirma:

Nas visitas in loco a delegacias localizadas na região de fronteira (Ponta Porã/MS, Dourados/MS, Tabatinga/AM, Epitaciolândia/AC, Guaíra/PR, Cáceres/ MT e Foz do Iguaçú/PR), a equipe de auditoria constatou que o trabalho policial de combate ao tráfico de drogas é realizado em locais, por vezes, de difícil acesso, distantes e isolados, e em condições pouco satisfatórias, dada a especificidade dessa região. A fronteira do estado do Paraná com o Paraguai, por exemplo, separada em toda a sua extensão pelo lago de Itaipu é uma área crítica, por ser utilizada sistematicamente para o contrabando de mercadorias e tráfico de drogas e armas. A fronteira do Mato Grosso e Mato Grosso do Sul com o Paraguai e Bolívia, por sua vez, é uma área extensa e pouco habitada abrangida pelo pantanal, cujo tráfico de entorpecentes ocorre por meio de aeronaves que invadem o espaço aéreo e por veículos e pessoas que trafegam na fronteira seca transportando drogas. Os demais estados fronteiriços com a Bolívia, Peru e Colômbia, por estarem circundadas pela densa floresta amazônica, têm como característica o tráfico de entorpecentes realizado por meio de embarcações que navegam nas áreas drenadas pelas bacias dos rios amazônicos, ou por via aérea.

A insuficiência de pessoal e recursos retratados no capítulo 2, inerente às

fronteiras de uma forma geral, se ratifica na fronteira Brasil Bolívia. A estrutura

existente para promover o combate aos ilícitos transnacionais na região, é

compreendida por cinco unidades do Departamento da Receita Federal, uma

unidade na capital e as demais nos municípios de Alta Floresta, Alto Araguaia, Barra

do Garças e Cáceres (PF, 2012a).

Além das unidades da RF supramencionadas, o Estado do Mato Grosso

possuí uma Superintendência da Polícia Federal, que se divide em um posto de

plantão no aeroporto Marechal Rondon na cidade de Cuiabá e quatro Delegacias da

Polícia Federal, situadas nos municípios de Barra do Garças, Rondonópolis,

Cáceres e Sinop (PF,2012a)

Resta claro, que apesar de possuir o atributo constitucional de zelar pelas

fronteiras brasileiras, a Polícia Federal também no Estado do Mato Grosso não

possui o aparato necessário para cumprir com o seu dever.

Também em Mato Grosso. A fronteira, assim como nas demais regiões do

país, fragiliza a segurança do estado, uma vez que permite o acesso aos crimes

transnacionais. E numa via de mão dupla, proporciona a evasão de res ilícitas e a

fuga de meliantes, que porventura possam estar atuando no país.

Page 33: a problemática da segurança pública na fronteira brasil e bolívia

32

Em razão da fragilidade das fronteiras refletir diretamente na segurança dos

cidadãos matogrossenses, o governo estadual vem implantando políticas de

prevenção e combate ao tráfico de drogas na região.

Há dez anos, o Estado do Mato Grosso escolheu combater a criminalidade

nas fronteiras integrando as forças estaduais de segurança pública através do Grupo

Especial de Fronteira, criado pelo Decreto 3994/2002. O disposto legal prevê a

atuação conjunta de policiais militares, civis e corpo de bombeiro militar, no combate

e prevenção ao tráfico de drogas na fronteira Brasil e Bolívia.

Atualmente, o policiamento da região de fronteira conta com

aproximadamente cem policiais estaduais e uma quantidade inexpressiva de

autoridades bolivianas. Estes policiais são os responsáveis por exercerem o

policiamento de aproximadamente 750 km de fronteira seca, irrigados por estradas e

rodovias que ligam as cidades Brasileiras com as bolivianas.

Além das estradas regulares, traficantes e contrabandistas com objetivo de

burlar a fiscalização nas rodovias, utilizam estradas no interior de fazendas,

denominadas “cabriteiras”. As “cabriteiras” são estradas construídas irregularmente

por traficantes que se aproveitam da ausência do Estado, para invadirem

propriedades rurais e abrirem estradas clandestinas com o objetivo de promoverem

o escoamento de produtos de origem delituosa.

A estrada sem policiamento é rota para levar à Bolívia carros e motos

roubados no Brasil.

Figura 10 – Estradas Brasil e Bolívia – “cabriteiras” Foto: Banco de imagem do Bom Dia Brasil 03/11/2011 08h52- Atualizado em 03/11/2011

09h50

Page 34: a problemática da segurança pública na fronteira brasil e bolívia

33

As estradas clandestinas são utilizadas como rota de traficantes para o

escoamento de carros roubados. Os veículos uma vez roubados ou furtados em solo

brasileiro são levados por estas estradas até tomarem solo boliviano, onde são

permutados por drogas.

Autoridades brasileiras afirmaram que as principais receptoras de carro

roubado são as cidades de San Matías e San Ignacio. Estas cidades, apesar de

terem sido avaliadas pela ONU como 39º 52º em IDH, respectivamente, possuem

baixa qualidade de vida. As cidades não possuem pavimentação, as casas denotam

parcos recursos e o efetivo policial é quase inexistente. (TREZENA, 2012).

Em entrevista concedida ao Jornal O Dia, publicada em 26/08/2012 o

prefeito de San Matias/Bolívia Carlos Velarde afirma que:

[...] sua cidade é esconderijo de bandidos. A maioria, diz ele, vem do lado Brasil da fronteira. Seria o caso dos brasileiros. [ ] . A fronteira sem polícia transformou o povoado em reduto para venda de veículos roubados ou sua troca por drogas.

Outro fator de extrema preocupação para as autoridades brasileiras foi a

regularização que o governo Boliviano concedeu aos carros de origem estrangeira

sem documentos ou com documentação irregular, os veículos importados antes do

advento da lei, ao ingressarem em território boliviano eram regularizados pelo

município no qual iriam circular e não podiam se ausentar da região circunscrita

àquela área.

Sob a justificativa de que estaria coibindo a entrada irregular de veículo

naquele país, em junho do ano de 2011, o governo Evo Morales autorizou a

nacionalização de veículos estrangeiros e manteve consigo o controle sob os

mesmos.

Em matéria disponível na Folha de São Paulo disponível no provedor UOL

foi noticiado que no primeiro dia de vigor da medida, o serviço aduaneiro da Bolívia

registrou 7.000 (sete mil) veículos.

As autoridades de segurança brasileiras estão muito preocupadas com a

decisão do governo Boliviano, em entrevista concedida a revista Veja o delegado da

Polícia Civil de Corumbá, Gustavo Vieira disse:

[...] não adianta criar uma lei nova se não houver fiscalização, [ ] Temos que esperar para ver se muda alguma coisa. Se tomarmos o montante de carros brasileiros irregulares que rodam por lá e o que já foi devolvido até agora, não adianta ficar muito animado.

Page 35: a problemática da segurança pública na fronteira brasil e bolívia

34

É histórica a comercialização de veículos roubados na Bolívia, naquele país,

não existem montadoras, a maioria dos veículos furtados e roubados no Brasil são

levados para a Bolívia e trocados por entorpecentes, o que acaba alimentando a

violência nos centros urbanos.

A população Boliviana conhece a natureza ilícita do veículo e ainda assim

adquire o bem, uma vez que receptação não constitui crime naquele país. O que

podemos ver em entrevista concedida também a revista Veja, pelo taxista boliviano

João Pedro de Jesus, revoltado com a nacionalização dos veículos, senão vejamos:

[...] Até sabia que o carro era roubado quando comprei, mas isso não era problema para rodar por aqui”, justifica. “Se eu levar meu Uno no posto de nacionalização, ele vai ser apreendido. Se não levar, vai ser apreendido na rua pela polícia.

É impossível coibir com eficácia a prática do roubo e furto de veículos, se os

veículos subtraídos no território nacional tem livre mercado na Bolívia, o país com a

finalidade precípua de arrecadar impostos, poderá incorrer na legalização de

veículos produto de ilícito em território brasileiro.

A prática do furto ou roubo do veículo ocorre como forma de alimentar o

tráfico de drogas, vez que o bem é subtraído em território nacional e levado para

solo boliviano, onde é trocado por substancia entorpecente. Se o veículo produto de

furto ingressar em território boliviano e tiver a possibilidade de ser legalizado por

aquele país, restará impossível coibir com eficácia a prática do roubo e furto de

veículos no território nacional.

Em encontro realizado em agosto do ano passado no Congresso Nacional o

procurador da República Raphael Perissé declarou:

[...] os carros roubados ou furtados no Brasil que seguem para a Bolívia são normalmente trocados por pasta base de cocaína. A droga, segundo ele, acaba entrando no Brasil - uma parte fica em território nacional e outra, alimenta o tráfico internacional

Segundo o governo boliviano, a nacionalização de veículos editada teve

como objetivo tão somente arrecadar receitas através da regularização de veículos

que tramitavam em solo nacional de origem estrangeira, sendo certo que tais

veículos quando detectados de origem ilícita serão restituídos para o país de origem.

Tal restituição somente chegará a êxito quando os países limítrofes encaminharem

ao governo Boliviano a relação de veículos roubados e furtados cuja recuperação é

reclamada.

Page 36: a problemática da segurança pública na fronteira brasil e bolívia

35

De Buenos Aires para a BBC do Brasil a presidente-executiva da Alfândega

da Bolívia, Marlene Ardaya, disse que “o país pretende devolver ao Brasil os carros,

motos e caminhões roubados que possam estar no território boliviano”.

Em encontro realizado em agosto do ano passado no Congresso Nacional

as autoridades brasileiras e bolivianas se reuniram com objetivo de buscar a

integração dos dois países no combate ao roubo e furto de veículos, nesta ocasião

foi mencionado que a Bolívia possui 128 mil automóveis de origem irregular oriundos

do Brasil ou Argentina (BRASIL, 2011f).

Outro grande problema social é a utilização de correios humanos ou “mulas”

que transportam a droga pela fronteira. Mulheres grávidas e crianças também são

usadas nos esquemas do tráfico internacional. A imprensa divulgou até mesmo a

impressionante história do cadáver de um menino boliviano de 4 anos que foi aberto

e recheado de cocaína a ser entregue no Brasil.

Page 37: a problemática da segurança pública na fronteira brasil e bolívia

36

4 SEGURANÇA NA FRONTEIRA BRASIL E BOLÍVIA – GRUPO ESPECIAL DE

FRONTEIRA (GEFRON) E FORÇAS ARMADAS

4.1 GEFRON

A fragilidade das fronteiras compromete sobremaneira a segurança do

Estado e, por conseguinte, transmite ao matogrossense uma sensação de

insegurança. O cidadão se sente inseguro porque o tráfico de drogas corrói todo o

ciclo de segurança dos centros urbanos, a droga alimenta as relações nas “bocas de

fumo” incrementando a dependência entre viciados e traficantes, seus fornecedores

e revendedores. Neste diapasão, cresce a disputa por espaço e poder, o que reflete

diretamente nos crimes violentos contra a pessoa.

O vício, noutra quadra, impele a prática dos crimes contra o patrimônio, a

quantidade de furtos aumenta e os roubos (furto com uso de violência ou grave

ameaça) são mais frequentes. Também os furtos e roubos de veículos têm seu

número incrementado na medida em que veículos brasileiros são moeda corrente

em solo boliviano, posto que ali são trocados livremente por droga.

O Plano Estadual de Segurança Pública demonstra a superioridade de

incidência dos crimes contra o patrimônio e violentos contra a pessoa com

motivação relacionada ao tráfico ou uso de drogas, senão vejamos:

Page 38: a problemática da segurança pública na fronteira brasil e bolívia

37

Figura 11: Gráfico de Homicídio por motivação em Cuiabá e Várzea Grande: Fonte: Plano Estadual de Segurança Pública/SESP-MT

Vislumbrando suprir a deficiência de segurança nas fronteiras e desta forma

coibir o ingresso de drogas em território matogrossense, o governo do Estado

entendeu por bem unir o seu aparato policial, em atividades operacionais sistêmicas

e integradas de combate ao tráfico de drogas nas fronteiras.

Nesta quadra, em treze dias do mês de março do ano de 2002 o governo do

Estado do Mato Grosso criou, através do Decreto 3994/2002 o Grupo Especial de

Fronteira. Um grupo subordinado à Secretaria de Segurança Pública do Estado do

Mato Grosso e constituído pela integração das forças estaduais de segurança

pública, com a missão de apoiar o governo federal na segurança da fronteira Brasil e

Bolívia, conforme assim disposto:

O GOVERNADOR DO ESTADO DO MATO GROSSO, no uso das atribuições que lhe confere o artigo 66, inciso III, da Constituição Estadual, e considerando a necessidade de desencadear na região de Fronteira Oeste operações sistemáticas de combate à criminalidade através de esforços conjuntos da Polícia Militar, Polícia Civil e Corpo de Bombeiros Militar, DECRETA

ART.1 Fica criado na estrutura da Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública, o Grupo Especial de Segurança de Fronteira- GEFRON.

Art. 2 O GEFRON será uma força integrada de repressão composta por 70 (setenta) policiais militares, 50 ( cinquenta) policiais civis e 20 (vinte) bombeiros militares que terão a formação e treinamento específico para atuação na fronteira oeste entre Mato Grosso (Brasil) e Bolívia.

Page 39: a problemática da segurança pública na fronteira brasil e bolívia

38

O GEFRON possui sede na cidade de Porto Esperidião e tem como princípio

básico promover atividades operacionais de natureza sistêmica, utilizando todos os

entes estatais de segurança pública para trabalharem de forma integrada e

cooperativa, respeitando suas respectivas especificidades, sem contudo, usurpar a

função das instituições instaladas e constituídas na região.

Segundo informação veiculada no site oficial da Secretaria de Segurança

Pública, o GEFRON, conta com três postos fixos avançados conhecidos como

AVIÃO CAIDO, VILA CARDOSO E MATÃO, bem como mantém patrulhamento

volante nos locais detectados como via de tráfego de “mulas humanas” (pessoas

que transportam drogas) e nos locais denominados “cabriteiras” (vias por onde

passam veículos roubados).

Informa o site que no decorrer destes dez anos de atuação na área de

fronteira, o GEFRON contribuiu para revitalizar a região. Proprietários rurais não

tinham coragem de adquirir propriedade ali, uma vez que suas propriedades eram

invadidas e saqueadas por delinquentes, bem como as estradas eram tomadas por

contraventores que abordavam motoristas e tomavam de assalto os veículos.

O sentimento de insegurança do cidadão que residia na região da fronteira

Brasil e Bolívia, mudou, pois a população respeita e confia no trabalho realizado pelo

GEFRON. Completando dez anos de existência exitosa, a Secretaria de Estado de

Segurança Pública do Mato Grosso publicou o depoimento de dois cidadãos que

moram na região de fronteira, senão vejamos (MATO GROSSO, 2012d):

Ozias Greve disse: “Antes do GEFRON começar a atuar eu tinha medo de comprar terras por aqui , pois os bandidos entravam nas fazendas, roubavam trator, amarravam os empregados, quando não matavam as pessoas. Mas depois que foi criado o GEFRON essa situação não existe mais.

O mecânico Valmir Cesar Barbosa disse:“Trabalho dia e noite prestando assistência mecânica em veículos de fazendeiros da região , já vivi momentos de pessoas me cercando na estrada. Hoje já ando tranquilo, sem nenhum problema com segurança.”

Apesar do Decreto governamental, os registros da Secretaria de Estado do

Mato Grosso demonstram que o GEFRON conta com apenas 90 (noventa) policias

militares para atuarem em uma área compreendida por 980 km, sendo 750 km de

limite seco e 230 Km limite aquático, nos quais estão estabelecidos 28 municípios na

Page 40: a problemática da segurança pública na fronteira brasil e bolívia

39

faixa de fronteira e uma população de cerca de 240.000 habitantes (MATO

GROSSO, 2012d).

Em questionário dirigido o Tenente João Fernando de Souza Assunção,

membro do GEFRON, informou que o grupo possui quatro postos fixos e atua em

auxilio aos funcionários do INDEA (Instituto de Defesa Agropecuária do Estado do

Mato Grosso) em outros sete postos, sendo que, cada equipe possui cinco policiais

militares. As equipes trabalham em regime de plantão, laboram sete dias por sete

dias de folga, estes mesmos policiais, concorrem com o plantão em auxilio as

atividades do Instituto de Defesa e Agropecuária de MT (INDEA), em combate à

febre aftosa.

O Tenente afirmou que diariamente é feito policiamento nos pontos

estratégicos da fronteira com a finalidade de reprimir os crimes típicos da região, tal

policiamento é feito através de patrulhamento motorizado e se dá de forma

deficiente, em razão da falta de efetivo.

Quando constatada uma situação de flagrância, as equipes de plantão do

GEFRON definem a natureza do delito, para em seguida conduzirem o preso e a

apreensão à Delegacia da Polícia Federal afeta a circunscrição, ou então à

Delegacia da Polícia Civil mais próxima. Não existe, portanto, investigadores de

polícia ou delegado, civil ou federal imbuídos nas atividades operacionais inerentes

a polícia judiciária.

Em dez anos de trabalho o GEFRON logrou êxito em apreender:

Page 41: a problemática da segurança pública na fronteira brasil e bolívia

40

Figura 12: Mapas de apreensões do GEFRON retirados do site da SESP/MT Fonte: SESP/MT/2012c

O Guia de apresentação dos Projetos referente à Estratégia Nacional de

Fronteiras Vol II (BRASIL, 2011d), produzido pela SENASP trás o GEFRON como

exemplo de trabalho exitoso realizado na fronteira brasileira, senão vejamos o que

foi citado:

Um exemplo prático do potencial de impacto desta iniciativa sobre a situação de segurança no Brasil foi retratado por uma ação de policiamento de fronteira – GEFRON- executada pelo governo do Mato Grosso, contando com a participação de 90 policiais militares. Em 5 anos, esta açao levou ao incremento de 1.000% no volume de veículos recuperados, 3.300% no volume de drogas apreendidas e 400% no número de armas apreendidas na zona de fronteira do estado do Mato Grosso. Fora estes indicadores de aperfeiçoamento da eficácia da atuação policial, cabe salientar ainda alguns indicadores de impacto direto sobre a qualidade de vida da população residente na região de fronteira. Devido ã situação de insegurança que imperava antes da implantação do GEFRON, de 1996 a 2991, ocorreu uma redução de 10% na população residente nos municípios da região. Esse quadro de alterou após a implantação da ação, havendo inclusive o retorno de antigos moradores. Outro sinal positivo desta melhora na situação de segurança pública foi o aumento do preço do hectare de terra na região de fronteira. Segundo a Associação dos Proprietários Rurais do Estado do Mato Grosso, o hectare de terra na faixa de fronteira Oeste do Mato Grosso aumentou de R$ 700,00 para R$ 2.000,00 com a implantação do GEFRON.

A estrutura do GEFRON sofreu incremento após a edição do Plano Nacional

de Fronteiras instituído pelo Dec 7.496/2011 e posteriormente efetivado pela

Estratégica Nacional de Fronteira (ENAFRON), mas ainda assim falta recursos

humanos e meios para uma atividade eficaz e com efetividade no combate ao crime

transacional na região de fronteira. O Decreto Lei 3994/2002/MT precisaria ser

cumprido em sua essência para que desta forma as fronteiras brasileiras fossem

assistidas de uma forma eficaz.

Page 42: a problemática da segurança pública na fronteira brasil e bolívia

41

O Plano Nacional de Fronteiras prevê a implementação de ações

estruturantes para o fortalecimento da presença estatal nas regiões de fronteira,

desta forma a Secretaria Nacional de Segurança Pública instituiu a Estratégia

Nacional de Fronteira.

Com o advento da Estratégia Nacional de Fronteiras (ENAFRON) o

GEFRON e o aparato de segurança pública do estado e dos municípios fronteiriços

sofrerá uma melhora considerável, uma vez que, o programa instituído pela

Secretaria Nacional de Segurança (SENASP), com o foco nos órgãos estaduais de

segurança pública, visa o aprimoramento da segurança e a melhoria das condições

de vida do cidadão que vive na faixa de fronteira. Baseado nisso, conforme Portaria

12 de 16/03/2012 da SENASP, será designado ao Estado do Mato Grosso R$

13.006.838,70 (treze milhões, seis mil, oitocentos e trinta e oito reais e setenta

centavos) inerentes a recursos oriundos do Orçamento Geral da União e Fundo

Nacional de Segurança Pública. Este recurso será destinado ao estado para que

através de convênios a serem firmados com a União, promova o fortalecimento e a

manutenção em caráter permanente, das instituições de segurança pública nos

municípios situados na faixa de fronteira. (MATO GROSSO, 2012a).

Do Orçamento Fiscal da União relativo ao Programa de Trabalho

06.181.143.8855.0001 – Fortalecimento das Instituições de Segurança Pública –

Projetos Estruturantes de Fronteira – Nacional em implementação aos projetos

inerentes a ENAFRON.

A União por meio do Ministério da Justiça através da Secretaria Nacional de

Segurança Pública firmou o Convênio 761806/2011 o Estado do Mato Grosso

através da Secretaria Estadual de Segurança Pública, o qual prevê a designação de

R$ 4.422.730,11 (quatro milhões, quatrocentos e vinte e dois mil e setecentos e

trinta reais e onze centavos) para ser aplicado em três ações da Estratégia Nacional

de Segurança Pública nas Fronteiras; a primeira a Inteligência de Segurança

Pública, que compreende a instalação de núcleos integrados de Inteligência; a

segunda a Política Nacional Uniforme que compreende o reaparelhamento dos

centros integrados e ou unidades policiais civis, militares e perícias, bem como o

fortalecimento da segurança pública em vias hídricas e a terceira a integração

sistêmica e cooperação, que compreende a instalação dos Gabinete de Gestão

Integrada de Fronteira ou Câmara Temática de Fronteira. (BRASIL, 2011d).

Page 43: a problemática da segurança pública na fronteira brasil e bolívia

42

A implementação da ENAFRON sem dúvida dará um fôlego novo ao Estado

do Mato Grosso, uma vez que reaparelhará as unidades de segurança pública que

atuam na fronteira, bem como possibilitará a criação de núcleos de inteligência na

região. Ocorre que, tais medidas estarão fadas ao insucesso se juntamente com elas

não houver um incremento considerável em recursos humanos.

Não há como se falar em comprar equipamentos e criar unidades, se não

houver profissional capacitado para operar tais equipamentos e dar funcionalidade a

tais unidades. É necessário que saiba, que sem o profissional de segurança pública,

não se faz Segurança Pública.

Somente incrementando o potencial de servidores da segurança pública é

que o Estado poderá efetivamente cumprir em sua essência o Decreto 3994/2002,

qual seja, integrar civis e militares em ações operacionais de combate ao crime

transacional. Se o GEFRON compreendesse de fato com um grupo de policiais

militares, fazendo o trabalho ostensivo; policiais civis, fazendo o policiamento

repressivo; um grupo de bombeiros, promovendo o monitoramento das estradas, rios

e vicinais; uma equipe de peritos criminais, realizando os levantamentos periciais em

tempo real e uma equipe de papiloscopistas, auxiliando na identificação de pessoas,

naturalmente haveria a efetiva repressão aos crimes transnacionais.

Na busca de um trabalho eficaz seria necessário incrementar as unidades

operacionais com recursos humanos, cães farejadores e cursos de aperfeiçoamento.

Não resta dúvida que o trabalho assim realizado, não poderia suprimir as

atividades inerentes à Polícia Federal e Receita Federal. A fronteira precisaria de

equipes especializadas no trabalho de fronteira, com políticas específicas de

aperfeiçoamento e incentivo aos servidores para que estes se fixassem na região.

Além das equipes da Polícia Federal e Receita Federal que estariam em

caráter permanente nas fronteiras, entendemos por necessário, que o trabalho do

GEFRON fosse integrado a um corpo operacional e de inteligência das FFAA, uma

vez que elas possuem meios e perícia para promoverem a vigilância e policiamento

do espaço aéreo e de áreas alagadas.

Este corpo operacional teria ações de natureza contínua e sistemática, com

o objetivo de promover o monitoramento do espaço aéreo da região de fronteira e a

fiscalização e destruição de estradas e pistas clandestinas, bem como o

acompanhamento da Bacia do Prata e da Bacia Amazônica, regiões frequentemente

Page 44: a problemática da segurança pública na fronteira brasil e bolívia

43

utilizadas por quadrilhas para escoamento de drogas, armas, munições e

contrabando.

4.2 FORÇAS ARMADAS

A Constituição da República Federativa do Brasil dividiu no seu texto legal

as atribuições inerentes à fronteira brasileira, designando as FFAA como

responsáveis pela defesa do território nacional e à Polícia Federal responsável por

prevenir e reprimir o tráfico ilícito de entorpecentes, contrabando e descaminho, bem

como responsável por exercer a função de polícia marítima aeroportuária e de

fronteira.

Dispõe os artigos 142 e 144 da CF:

Art. 142. As Forças Armadas, constituídas pela Marinha, pelo Exército e pela Aeronáutica, são instituições nacionais permanentes e regulares, organizadas com base na hierarquia e na disciplina, sob a autoridade suprema do Presidente da República, e destinam-se à defesa da Pátria, à garantia dos poderes constitucionais e, por iniciativa de qualquer destes, da lei e da ordem.

Art. 144. § 1º A polícia federal, instituída por lei como órgão permanente, organizado e mantido pela União e estruturado em carreira, destina-se a:(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)

I - apurar infrações penais contra a ordem política e social ou em detrimento de bens, serviços e interesses da União ou de suas entidades autárquicas e empresas públicas, assim como outras infrações cuja prática tenha repercussão interestadual ou internacional e exija repressão uniforme, segundo se dispuser em lei;

II - prevenir e reprimir o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o contrabando e o descaminho, sem prejuízo da ação fazendária e de outros órgãos públicos nas respectivas áreas de competência;

III - exercer as funções de polícia marítima, aeroportuária e de fronteiras; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)

IV - exercer, com exclusividade, as funções de polícia judiciária da União.

Estaria resolvido o problema das fronteiras, se a Constituição Federal

estivesse sendo cumprida em sua íntegra. Ocorre que, o Departamento da Polícia

Federal não possui meios e homens necessários para promover a repressão e

Page 45: a problemática da segurança pública na fronteira brasil e bolívia

44

prevenção aos ilícitos transnacionais. Este fato reflete diretamente na criminalidade

e violência dos estados com fronteira.

Os Estados, por sua vez, não possuem a atribuição legal para zelarem pelas

fronteiras, nem tampouco, possuem recursos para tal. Na tentativa de não serem

suprimidos pela violência decorrente do tráfico ilícito de entorpecentes oriundos das

fronteiras, eles são obrigados a buscarem soluções pontuais, conforme narrado

linhas acima.

A fim de tornar mais robusta a repressão e prevenção aos crimes

transnacionais nas fronteiras brasileiras, o Governo Federal editou a Lei

Complementar Nº 97, DE 9 DE JUNHO DE 1999 modificada pela lei complementar

117/2004, as quais atribuem às FFAA a competência para promoverem ações

inerentes a polícia judiciária em caráter subsidiário de maneira isolada ou em

cooperação com outros órgãos.

Nesta mesma quadra, o governo federal buscou de forma contundente

erradicar o tráfico de drogas através do uso de aeronaves, quando em julho de 2004

regulamentou através do Decreto 5.144/2004 procedimentos que permitem a Força

Aérea Brasileira a promover medidas coercitivas de averiguação, intervenção e

persuasão de aeronaves que em espaço aéreo brasileiro sejam suspeitas de

estarem sendo utilizadas para o tráfico de drogas.

O decreto governamental autorizou que a Força Aérea Brasileira dispare

contra uma aeronave suspeita, que porventura esteja adentrando em espaço aéreo

brasileiro e ao ter sido advertida com medidas coercitivas emanadas da Força

Aérea, não interrompeu sua entrada. Assim prevê o artigo 4◦ e 5◦ do decreto:

Art. 4o A aeronave suspeita de tráfico de substâncias entorpecentes e drogas afins que não atenda aos procedimentos coercitivos descritos no art. 3º será classificada como aeronave hostil e estará sujeita à medida de destruição.

Art. 5o A medida de destruição consiste no disparo de tiros, feitos pela aeronave de interceptação, com a finalidade de provocar danos e impedir o prosseguimento do vôo da aeronave hostil e somente poderá ser utilizada como último recurso e após o cumprimento de todos os procedimentos que previnam a perda de vidas inocentes, no ar ou em terra.

Apesar das atribuições outorgadas às Forças Armadas, estas não tinham

respaldo legal para promoverem o exercício de polícia judiciária, o que prejudicava

Page 46: a problemática da segurança pública na fronteira brasil e bolívia

45

sobremaneira as atividades operacionais realizadas na fronteira brasileira. Desta

forma, a fim de respaldar o exercício operacional realizado pelas FFAA em atividade

repressiva inerente à polícia judiciária, o Governo Federal editou a Lei

Complementar 136/2010, senão vejamos:

Art. 16-A. Cabe às Forças Armadas, além de outras ações pertinentes, também como atribuições subsidiárias, preservadas as competências exclusivas das polícias judiciárias, atuar, por meio de ações preventivas e repressivas, na faixa de fronteira terrestre, no mar e nas águas interiores, independentemente da posse, da propriedade, da finalidade ou de qualquer gravame que sobre ela recaia, contra delitos transfronteiriços e ambientais, isoladamente ou em coordenação com outros órgãos do Poder Executivo, executando, dentre outras, as ações de: (Incluído pela Lei Complementar nº 136, de 2010).

I - patrulhamento; (Incluído pela Lei Complementar nº 136, de 2010).

II - revista de pessoas, de veículos terrestres, de embarcações e de aeronaves; e (Incluído pela Lei Complementar nº 136, de 2010).

III - prisões em flagrante delito. (Incluído pela Lei Complementar nº 136, de 2010).

O disposto legal permitiu então que as autoridades pertencentes a uma

das três forças que estiverem em exercício de atividades operacionais na região de

fronteira tenham a atribuição legal para atuarem como polícia judiciária, podendo

realizar busca e apreensão, revista de pessoas e veículos e prender em flagrante

delito.

Em campanha eleitoral, a então candidata à presidência da República

Sra. Dilma Rousseff, utilizou como um dos projetos prioritários em sua plataforma, o

fortalecimento das fronteiras. Assim, tão logo eleita, fez inserir na agenda do

governo como prioridade, o fortalecimento da segurança pública na fronteira

brasileira. Em junho do ano de 2011 o Governo Federal instituiu através do Decreto

7.496/2011 o Plano Nacional de Fronteiras, o qual trás como diretriz a integração

dos órgãos de segurança pública federais, estaduais e municipais, bem como a

Receita Federal, no combate e prevenção aos crimes transnacionais nas fronteiras

brasileiras. Dispõe o texto legal:

[...] a atuação integrada dos órgãos de segurança pública, da Secretaria da Receita Federal do Brasil e das Forças Armadas; e

Page 47: a problemática da segurança pública na fronteira brasil e bolívia

46

Art.3o..a integração das ações de segurança pública, de controle

aduaneiro e das Forças Armadas da União com a ação dos Estados e Municípios situados na faixa de fronteira; II - a execução de ações conjuntas entre os órgãos de segurança pública, federais e estaduais, a Secretaria da Receita Federal do Brasil e as Forças Armadas; III - a troca de informações entre os órgãos de segurança pública, federais e estaduais, a Secretaria da Receita Federal do Brasil e as Forças Armadas; IV - a realização de parcerias com países vizinhos para atuação nas ações previstas no art. 1

o; e

V - a ampliação do quadro de pessoal e da estrutura destinada à prevenção, controle, fiscalização e repressão de delitos na faixa de fronteira. [...]

A implementação do Decreto 7.496/2011 iniciou-se em dezembro deste

mesmo ano, quando o Governo Federal instituiu o Programa denominado Estratégia

Nacional de Fronteiras, conceituado pela SENASP como sendo o conjunto de

políticas e projetos do Governo Federal instituídos com a finalidade de fortalecer o

aparato de segurança pública na fronteira brasileira. O disposto tem como princípio

integrar as FFAA, os órgãos federais e estaduais de segurança pública e receita

federal, com a finalidade de compartilharem informações, planejarem e executarem

de forma integrada e em conjunto, ações operacionais de segurança pública, de

forma a coibir com eficácia e efetividade os crimes transnacionais nas fronteiras.

Alusivo à fronteira oeste, localizada no Estado do Mato Grosso, além do

Convênio mencionado linhas acima, o Ministério da Defesa através das Forças

Armadas vêm se fazendo presente em diversas ações tais como: as Operações

denominadas “Operação Cadeado” e “Operação Ágata 3” , as quais contaram com a

participação integrada da ABIN ( Agência Brasileira de Informação) , Departamento

da Polícia Federal, IBAMA ( Instituto Brasileiro do Meio Ambiente) , da Receita

Federal, da FUNAI ( Fundação Nacional do Índio) , da Polícia Militar do MS e MT,

IAGRO (Instituto Agropecuário) e da Secretaria de Saúde do Mato Grosso do Sul.

(questionário Cel. Bochi)1.

Registro do site oficial do Exército, apontam que as Operações Ágata 3 e

Cadeado compreenderam a maior operação conjunta das FFAA, por extensão,

realizada pelo Ministério da Defesa . As operações foram coordenadas pelo Estado-

Maior Conjunto das Forças Armadas e contou com seis mil e quinhentos militares da

Marinha, Exército e Aeronáutica os quais em ação conjunta combateram ilícitos

1 Informações prestadas pelo Cel. Newton Cléo Bochi Luz em questionário Anexo I

Page 48: a problemática da segurança pública na fronteira brasil e bolívia

47

penais em 6.977 Km de fronteira do Peru, Bolívia e Paraguai, região que

compreende a uma faixa de fronteira nos estados do Mato Grosso, Mato Grosso do

Sul, Rondônia e Acre. O quadro abaixo fornecido pelo oficial Cel Bochi, membro

ativo da Operação Ágata 3, especifica os resultados do Mato Grosso.

Figura 13: Cenário da Ágata 3 Fonte: Apresentação do Cel Bochi sobre a experiência na Operação Ágata 3

Page 49: a problemática da segurança pública na fronteira brasil e bolívia

48

Veículos leves 10

Motos 27

Caminhões / Ônibus 5

Embarcações 8

Cocaína / pasta base (Kg) 17,8

Contrabando (R$) 55.870,00

Descaminho (R$) 297.563,00

Armas 34

Divisas (R$) 114.438,00

Veículos leves 10

Motos 27

Caminhões / Ônibus 5

Embarcações 8

Cocaína / pasta base (Kg) 17,8

Figura 14: Quadro de Apreensões da Operação Ágata 3 no Estado do Mato Grosso

Fonte: Apresentação do Cel Bochi sobre a experiência na Operação Ágata 32

Estas operações demonstram de forma clara que os crimes transnacionais

somente ocorrem, porque o Estado não se faz presente. Informações advindas do

setor de inteligência das FFAA demonstram que até mesmo o preço das drogas

sofreram alta, por ocasião da realização da Operação Ágata 3.

Nos três estados abrangidos pelas Operações Cadeado e Ágata 3, as

atividades propiciaram a destruição de estradas clandestinas, apreensão de

aproximadamente 1 tonelada de drogas e ainda apreensão de veículos e armas. A

presença do Estado na região de fronteira além de inibir a prática delituosa,

essencialmente propiciou ao cidadão o sentimento de segurança e a esperança de

dias melhores. É o que conta o governador do Mato Grosso do Sul em entrevista

postada na rede mundial de computadores enviada por Centro de Comunicação

Social do Exército em 08/02/2011. (BRASIL, 2011)

2 Material apresentado pelo Cel de Exército Newton Cléo Bochi da Luz em apresentação da Operação Agata 3,

realizada em Mato Grosso

Page 50: a problemática da segurança pública na fronteira brasil e bolívia

49

As ações realizadas pelas FFAA são efetivas e extremamente eficazes, mas

são pontuais. Não existem meios e nem mesmo previsão para que tais ações se

transformem em rotineiras, até porque as FFAA não podem deixar a sua atividade

principal de zelar pela defesa e segurança da soberania nacional.

O Brasil precisa que as FFAA estejam focadas na Defesa do território e

soberania nacional, não é possível que as mesmas tenham sua atividade precípua

de segurança nacional, prejudicada. As FFAA podem e devem contribuir com a

segurança das fronteiras, sem prejuízo, contudo, de sua atividade fim, qual seja

Defesa. Basta que haja efetivamente uma interação de forças operacionais e de

inteligência, FFAA e órgãos estaduais e federais de segurança pública trabalhando

integrados.

Tal interação precisa começar com o cumprimento do artigo 3º inciso III da

Lei 7.496/11 a qual determina “a troca de informações entre os órgãos de segurança

pública, federais e estaduais, a Secretaria da Receita Federal do Brasil e as Forças

Armadas; (Redação dada pelo Decreto nº 7.638, de 2011)”. Havendo a interação da

atividade de inteligência, através do Sistema Nacional de Inteligência (SISBIN), as

ações serão otimizadas e consequentemente os órgãos despenderão de menos

recursos para efetivarem com maior celeridade, economia, eficiência e eficácia o

combate ao crime transacional na fronteira Brasil e Bolívia.

Em entrevista concedida pelo Exmo. Sr. General-de-Exército José Carlos De

Nardi, Chefe do Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas, para realização do

presente trabalho , o general afirmou que o Brasil possui pessoal qualificado para

promover a segurança das fronteiras , mas detém poucos recursos e a tecnologia,

armamento e equipamentos não são de ultima geração. Afirmou que as FFAA vêm

participando da segurança pública das fronteiras em operações de caráter eventual

e pontual, sem o prejuízo da atividade fim das FFAA.

Perguntado ao General, se as FFAA estariam caminhando para a

sistematização de seu emprego no combate aos crimes transnacionais, respondeu

que “A sistematização que está ocorrendo é a de operações interagências, que

muito mais abrangente do que os crimes transnacionais”.

O Estado fisicamente está na fronteira, mas não possui nenhum dispositivo

que lhe auxilie no monitoramento e vigilância do espaço aéreo, bem como nos locais

onde eventualmente poderão estar havendo desmatamento para a abertura de

Page 51: a problemática da segurança pública na fronteira brasil e bolívia

50

estradas e pistas clandestinas. Estas informações podem ser visualizadas pelo

COMDABRA e futuramente pelo SISFRON, assim é necessário que as informações

captadas ali, sejam compartilhadas em tempo real com as unidades operacionais de

fronteira.

Perguntado ao General Luis Carlos De Nardi se haveria a possibilidade dos

Estados Federados firmarem convênio ou termos de cooperação com o

COMDABRA para o monitoramento do espaço aéreo brasileiro, este respondeu que:

“Não existem convênios com os governos dos estados, pois a competência é da PF

e COMDABRA, porém, caso os estados precisem de informações, bastaria solicitar

à PF ou ao COMDABRA”.

A informação oriunda do COMDABRA não pode ser eventual, ou apenas

quando solicitada, é o órgão quem possui o controle visual do espaço aéreo e,

portanto haveria de ter uma comunicação instantânea.

O país não tem como incrementar seu quadro de pessoal o suficiente para

resolver as questões de fronteira em tempo recorde e nem tampouco, os estados

podem relegar os seus cidadãos ao abandono. Uma solução tem que ser

perseguida.

Um sistema integrado de inteligência operacional me parece a solução mais

adequada e exequível em pouco espaço de tempo, além da presença contínua e

permanente de um Grupamento Operacional de Fronteira composto pelas três forças

Marinha, Exército e Aeronáutica sob o Comando do Estado-Maior de Ações

Conjuntas.

4.3 PEQUISA DE CAMPO E ANÁLISE

Com o objetivo de reproduzir a problemática de segurança pública inerente a

fronteira oeste do Brasil e Bolívia, realizamos uma pesquisa de campo,

entrevistando, através de questionário encaminhado via email, cinco autoridades

estratégicas responsáveis pela implantação das políticas de segurança pública do

Estado do Mato Grosso, um tenente que labora no Grupo Especial de Fronteira e

três oficiais do Exército Brasileiro oriundos do Ministério da Defesa que atuaram

direta ou indiretamente nas Operações Ágata 3 e Cadeado, ocorridas em três

estados brasileiros, dentre eles o Estado do Mato Grosso.

Page 52: a problemática da segurança pública na fronteira brasil e bolívia

51

Além da pesquisa de campo, objetivando conhecer as perspectivas de

investimento do Governo Federal nas ações de integração de segurança pública de

fronteira, previstas no Dec. 7638/2011, entrevistamos o Chefe do Estado-Maior

Conjunto das Forças Armadas.

Os questionários foram formulados com perguntas individualizadas e

respostas subjetivas, vez que o objetivo da pesquisa de campo era extrair a opinião

dos profissionais quanto à realidade da segurança na fronteira abstraída da

experiência pessoal de cada um deles.

A pesquisa de campo revelou que o combate aos crimes transnacionais na

fronteira oeste Brasil e Bolívia, não é satisfatório, uma vez que a segurança pública

desta fronteira é realizada tão pelo Grupo Especial de Fronteiras criado pelo Estado

do Mato Grosso. Este grupo, apesar de se fazer presente em caráter permanente na

fronteira, em razão de dificuldades próprias do local e da falta de contingente,

recursos e meios, não é capaz de coibir com eficiência e eficácia à prática de ilícitos

transnacionais na fronteira Brasil e Bolívia.

Para o Senhor Secretário de Segurança Pública do Estado do Mato Grosso,

após a instituição da Estratégia Nacional de Fronteiras, as diretrizes das FFAA se

voltaram para a segurança pública nas fronteiras, com a implantação de operações

regulares e atuação preventiva no combate ao tráfico ilícito de entorpecentes,

contrabando, descaminho e outros crimes característicos de nossa fronteira.

Os questionados informaram que as operações Cadeado e Ágata 3

promovidas pelo Ministério da Defesa e realizadas pelas FFAA, contaram com a

participação de órgãos de segurança pública dos estados, foram de grande eficácia,

mas são ações pontuais .

Aferimos que as FFAA não estão presentes na fronteira Brasil e Bolívia de

forma continua e frequente e nem tampouco, participam das atividades rotineiras de

combate ao tráfico de drogas na região. Este trabalho é realizado tão somente por

noventa policiais militares que compõem o GEFRON, os quais são responsáveis por

promoverem ações ostensivas de combate ao tráfico de drogas em 980 km de

fronteira.

Para o Secretário de Segurança, a cocaína oriunda da fronteira Brasil com a

Bolívia provoca sérios danos à sociedade matogrossense, uma vez que é

Page 53: a problemática da segurança pública na fronteira brasil e bolívia

52

comercializada nos centros urbanos e provoca o aumento dos homicídios, roubos e

furtos.

A Superintendente de Segurança Estratégica demonstrou de forma clara,

que a falta de políticas públicas que permitam a inclusão social, somada à

precariedade de condições de vida na região, levam os cidadãos residentes na área

de fronteira a optarem pela criminalidade. A pesquisada informa que o combate à

criminalidade na fronteira Brasil e Bolívia é dificultado pelo recrutamento ao crime

das famílias residentes no local.

O Delegado Geral da Polícia Judiciária do Mato Grosso, afirmou que apesar

dos esforços promovidos Governos Federal e Estadual na tentativa de minimizar o

problema das fronteiras, estes são insuficientes, porque não existe uma política

efetiva de revitalização da região de fronteira, nem tampouco uma política de

inclusão social através da geração de emprego.

Para o Secretário Adjunto de Segurança Pública, a resposta para segurança

pública na fronteira está na integração. Afirmou que a ENAFRON foi de suma

importância para o combate à criminalidade na fronteira Brasil e Bolívia, uma vez

que dotará as instituições de segurança pública com equipamentos e tecnologia

para atuação nas fronteiras.

O secretário adjunto afirmou ainda que, o patrulhamento das fronteiras é

essencial para a segurança pública do país, uma vez que os delitos em sua grande

maioria estão vinculados ao tráfico ilícito de entorpecentes e a maior parte da droga

encontrada em solo brasileiro entra pelas fronteiras.

Em entrevista concedida pelo Chefe do Estado-Maior Conjunto das FFAA,

João Carlos De Nardi, este ratificou as palavras do Secretário de Segurança ao

afirmar que as FFAA após a edição do Dec. 7496/11 vêm realizando um trabalho

mais voltado à segurança pública das fronteiras. Afirmou que as diretrizes da

Estratégia Nacional de Fronteiras combinado com a Lei Complementar 136/2011

permitiram que as FFAA se integrassem de forma mais ativa aos órgãos de

segurança pública, estaduais e municipais em prol do combate aos ilícitos praticados

na região de fronteira.

Foi questionado ao Chefe do Estado Maior se o Governo Federal dispõe de

aporte financeiro para implementar as ações propostas na Estratégia Nacional de

Fronteira, uma vez que tais ações incorrem em incremento tecnológico, estrutural e

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53

de recursos humanos para os seguimentos diretamente envolvidos em tal ação, este

respondeu que o Governo Federal tem prioridades e limitações e ainda que os

recursos são poucos.

O Chefe do Estado Maior Conjunto das FFAA afirmou que as FFAA

manterão ações pontuais de combate aos crimes transnacionais, sendo que tais

ações não prejudicam o exercício da atividade fim daquelas forças, não havendo

nenhum termo de cooperação de atuação conjunta entre as forças e os órgãos de

segurança pública do Estado do Mato Grosso.

Ainda solicitado sobre a possibilidade de uma parceria para a troca de

informações entre o COMDABRA e os órgãos de segurança pública do Mato Grosso

objetivando o monitoramento e detecção de pistas clandestinas e aeronaves

suspeitas de tráfico de drogas, este respondeu que esta comunicação deverá ser

feita através da Polícia Federal.

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54

5. CONCLUSÃO

O presente trabalho de conclusão de curso teve por objetivo reproduzir a

problemática de segurança que aflige a região de fronteira Brasil e Bolívia, bem

como demonstrar que, o governo brasileiro somente se preocupou com a fronteira

por ocasião da demarcação de suas divisas. Tão logo demarcadas as divisas, a

região foi relegada ao abandono.

A distância dos grandes centros e a baixa densidade demográfica da região,

fez com que o governo federal não investisse em políticas públicas que propiciasse a

criação de empregos e a fixação do cidadão na região.

O Decreto Lei 85.064/80 estabeleceu regras rigorosas para o uso da faixa de

fronteira, segundo autores trazidos ao trabalho, o uso de propriedade da faixa de

fronteira foi relativizado, uma vez que, determinadas atividades como a radiodifusão,

mineração, loteamento de áreas rurais, transação de imóveis rurais e constituição de

empresas, passaram a ser tuteladas pelo estado. A tutela do Estado não permite a

participação de participação de capital estrangeiro e, portanto, restringe a circulação

de capital na região.

O estudo demonstrou que, esta medida fez com que a região, que em tese

constituía uma área propícia à integração dos países lindeiros, se transformasse em

uma região sem possibilidade de integração para o País e prospera para a remessa

irregular de divisas. Se por um lado, nosso país não permite a participação de capital

estrangeiro, por outro, os países lindeiros não impedem a entrada de capital

brasileiro.

Assim, a falta de políticas públicas que incentive o cidadão a se fixar na

região, combinado com o rigor legal, impediu e ainda hoje, impedem investimentos e

o desenvolvimento da região. Estes fatores impelem a população regional a

sobreviver da atividade informal e por muitas vezes da atividade ilícita.

Demonstramos que, apesar da Polícia Federal ser a responsável

constitucional por coibir e reprimir a prática de ilícitos penais na fronteira brasileira,

não possuí meios e nem recursos humanos para realizar a tarefa a contento.

Informações retiradas do site oficial do DPF afirmam que, em todo o território

nacional existem apenas vinte e nove postos de fiscalização de tráfego terrestre

internacional.

Page 56: a problemática da segurança pública na fronteira brasil e bolívia

55

Estes são os fatores pelos quais concluímos que as fronteiras brasileiras

constituem a grande fragilidade para o Estado Brasileiro. Até o presente momento, o

governo não logrou êxito em promover com eficácia e eficiência o combate e a

repressão ao tráfico de drogas na região, o que reflete diretamente na segurança

pública dos estados federados.

Tomando como foco o Estado do Mato Grosso, observamos que a distância

dos grandes centros e a falta de políticas públicas, relegou a região ao ostracismo,

fato que somado a falta de infraestrutura, prejudicou a implementação de atividades

comerciais que propiciassem a inclusão do cidadão. A falta de condições de

manutenção legal, somado a ausência do aparato estatal de segurança pública que

propicie a repressão e a prevenção a ilícitos transnacionais, são razões pelas quais

a região de fronteira Brasil e Bolívia constitui uma zona fértil para a propagação de

atividades ilícitas.

O presente TCC demonstrou que os índices de IDH (índice de

desenvolvimento humano) das regiões compreendidas entre a fronteira Brasil e

Bolívia são compatíveis aos piores do país, a condição de miséria e a falta de

perspectivas das famílias que vivem na região levam os cidadãos a serem

cooptados pelo crime organizado, seja participando ativamente, seja coadunando

para que o crime aconteça.

Em questionário apresentado no presente estudo a Superintendente de

Inteligência da Secretaria de Estado de Segurança Pública do Mato Grosso, disse “a

falta de condições dignas de sobrevivência leva famílias inteiras a serem recrutadas

pelo crime organizado”.

Constatamos ainda, que a fronteira Brasil e Bolívia está irrigada por estradas

clandestinas, denominadas “cabriteiras”, bem como por pequenos rios que são

utilizados para o acesso dos grupos criminosos. As estradas clandestinas, assim

como pistas de pouso, são abertas em propriedades rurais sem a anuência do

proprietário, as fazendas são invadidas por grupos criminosos e os cidadãos de bem

são submetidos à violência de organizações.

Demonstramos que a fragilidade apresentada pela fronteira Brasil e Bolívia

propicia a entrada de droga no território brasileiro, o que reflete diretamente no

incremento dos índices de criminalidade e violência dos centros urbanos.

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56

Os índices apresentados pelas cidades de Cuiabá e Várzea Grande, as duas

maiores cidades do Mato Grosso, demonstram que a maioria dos crimes contra a

vida tem como motivação, o uso ou tráfico de drogas.

O tráfico de drogas reflete diretamente nos índices de criminalidade das

regiões metropolitanas, uma vez que impulsiona os crimes de natureza violenta e

alimenta o furto e roubo de bens e veículos.

Depoimentos trazidos ao presente estudo demonstram que os veículos

roubados em território brasileiro, são levados para a Bolívia através das estradas

clandestinas denominadas “cabriteiras” e ali são comercializados livremente como se

moedas correntes fossem.

O cidadão tem um sentimento real de insegurança, uma vez que os delitos

afetos ao tráfico de drogas chegam diretamente ao seio de sua família. Os objetos

utilizados como moeda de troca para o tráfico e consumo de drogas, são subtraídos

do trabalhador de bem.

Não é justo que o Estado não cuide de segurança de seu cidadão.

Pensando em assegurar as condições de vida do povo matogrossense, em

02 de junho do ano de 2002 o Estado do Mato Grosso criou o Grupo Especial de

Fronteira (GEFRON). Um grupo compreendido por todos os órgãos de segurança

estaduais com objetivo específico de coibir e reprimir o tráfico de drogas na fronteira

Brasil e Bolívia.

O decreto prevê a integração de policiais militares, civis, militares bombeiros,

peritos criminais e papiloscopistas no combate aos crimes transnacionais. As

informações apresentadas no presente trabalho mostram que apesar do GEFRON

possuir dez anos de vida, ainda não foi implementado em sua íntegra. Encontra-se

em atuação na fronteira Brasil e Bolívia tão somente noventa policiais militares.

Os dados e depoimentos apresentados no presente estudo demonstram que

apesar da polícia civil, bombeiros militares, papiloscopistas e peritos ainda não

compõem a equipe de combate aos crimes transnacionais na fronteira Brasil e

Bolívia. O GEFRON vem atuando de forma decisiva na revitalização da região e é o

responsável por propiciar a segurança necessária para que o cidadão regional

usufrua do seu direito de propriedade, mais ainda, os policiais devolveram ao

cidadão local a esperança de dias melhores.

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57

Noutra mesma quadra, o Governo Federal vislumbrando a necessidade de

propiciar condições dignas de sobrevivência ao cidadão que vive na fronteira, vem

propondo medidas de revitalização da região de fronteira por meio do Ministério de

Integração Social, o qual tem como objetivo preponderante, promover a inclusão

social, através de atividades licitas desenvolvidas pelas famílias residentes na

fronteira brasileira.

Viabilizar a fronteira compreende, em outra quadra, afugentar com o crime

organizado e o tráfico de drogas. Neste diapasão, com o princípio de integrar as

ações de segurança, de controle aduaneiro e das FFAA da União, com as ações dos

estados e municípios situados na faixa de fronteira, para o eficiente combate e

prevenção aos crimes transnacionais, o governo instituiu por meio do Decreto

7.496/11 o Plano Estratégico de Fronteiras.

O plano visa atacar pontos sensíveis na problemática das fronteiras, qual

seja a falta de comunicação entre as entidades de segurança pública, estaduais e

federais, a falta de ações conjuntas e correlatas nos países fronteiriços, bem como a

falta de recursos humanos e estrutura destinada a prevenção e combate ao tráfico

de drogas.

O Plano Nacional de Fronteiras foi editado em oito de junho de dois mil e

onze, após a tomada de decisão, foram realizadas no Estado do Mato Grosso e

outros estados da região norte e centro oeste, duas operações integradas de

combate e prevenção ao tráfico de drogas. Estas operações foram comandadas pelo

Estado Maior Conjunto das Forças Armadas e teve a participação dos órgãos de

segurança pública, federais e estaduais, bem como as FFAA, envolveram cerca de

seis mil policiais e logrou êxito em apreender aproximadamente uma tonelada de

droga.

O depoimento do governador do Mato Grosso do Sul, trazido ao corpo do

presente TCC, demonstra que o estado e o cidadão, confiam e querem a presença

das FFAA nas fronteiras.

Em Mato Grosso as ações surtiram efeito extremamente positivo, o tráfico de

drogas foi afugentado momentaneamente, autoridades de inteligência das FFAA

afirmaram que o valor comercializado da droga subiu, em razão da dificuldade de

acesso dos traficantes.

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58

O Plano Nacional de Fronteiras para ser implementado carece de aporte

financeiro, uma vez que além da realização de ações operacionais, este prevê o

incremento de pessoal e planos estruturantes para fronteira.

Em entrevista respondida pelo 3Exmo. Sr. General Sr. José Carlos De Nardi,

foi perguntado acerca do aporte financeiro para realização de tais medidas, e a

cronologia para sua realização de tais ações, este respondeu que, o Governo

Federal tem limitações e prioridades e a cronologia para as ações vão depender dos

recursos disponíveis, que não são muitos.

As Operações Cadeado e Ágata III realizadas em Mato Grosso foram

logradas de êxito, também em entrevista do General De Nardi, este afirmou que

estas são operações eventuais e que “o êxito das Operações Ágatas se deve ao

Sistema Brasileiro de Inteligência (SISBIN)”.

No decorrer do presente TCC apresentei o trabalho realizado Estado do

Mato Grosso através do GEFRON e o trabalho realizado pelo Governo Federal

através de operações integradas das FFAA. O primeiro possui uma estrutura de

caráter permanente nas fronteiras, mas não consegue combater o tráfico de drogas

de forma efetiva, porque não possui os meios e recursos humanos necessários para

realização do trabalho na extensa e árida região da fronteira Brasil e Bolívia; o

segundo realizou duas operações no Estado do Mato Grosso, tais operações

apresentaram alto grau de efetividade e eficácia, mas são efêmeras, são ações

pontuais e eventuais.

Portanto, nem o GEFRON apresenta condições para solucionar o problema

da fronteira Brasil e Bolívia, nem o Governo Federal implementou até o momento,

ações efetivas para consecução de tal solução .

A solução para fronteira passa por duas vias principais, a primeira a

revitalização da região de fronteira de forma a promover a inclusão social das

pessoas residentes na região, o cidadão que vive na região de fronteira, precisa ter

a possibilidade de trabalhar em condições legais e legítimas.

A segunda via, passa pelo Estado assumir o controle das fronteiras, que se

daria feito por dois eixos; o primeiro com o incremento de recursos humanos,

financeiros e tecnológico do GEFRON , de forma a povoar a região de fronteira com

unidades operacionais estatais compostas por policiais civis, militares , bombeiros,

33 Entrevista concedida pelo Chefe do Estado Maior Conjunto das Forças Armadas Exmo. SrR. José Carlos DE

Nardi , Anexo II.

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59

peritos e papiloscopistas, atuando de forma cooparticipativa e respeitando suas

respectivas competências . O segundo eixo seria um sistema integrado de

inteligência operacional, bem como a presença continua e permanente de um

Grupamento Operacional de Fronteira composto pela Marinha, Exército e

Aeronáutica sob o Comando do Estado Maior de Ações Conjuntas.

Existe solução palpável e acessível, basta que todos os profissionais

envolvidos nesta empreitada se dispam das vaidades e cooperem entre si, o

trabalho precisa de fato ser integrado, se todos os instrumentos de que o Governo

Federal e Estadual dispõem, dentro de sua medida, se imbuírem em busca da

solução do problema, com certeza a encontraremos.

O homem que está na fronteira à espera de uma possibilidade digna de vida,

também é brasileiro e, portanto, precisa ser tratado como tal.

Page 61: a problemática da segurança pública na fronteira brasil e bolívia

60

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Publication. 2006. VOLPATO, Luiza Rios Ricci. A conquista da terra no universo da pobreza:

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XAVIER, Lidia de Oliveira. Fronteira Oeste Brasileira: entre o contrate e a integração.2006.Tese da Universidade de Brasília. Brasília, DF. 2006. Disponível

em: http://www.ebah.com.br/content/ABAAAA7IoAH/fronteira-oeste-brasileira-entre-contraste-a-integracao acesso em 16 ago 2012 às 20:27h.

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ANEXO I QUESTIONÁRIO APLICADO A AUTORIDADE DE SEGURANÇA PÚBLICA

Nome: DIÓGENES GOMES CURADO FILHO

Cargo: Secretário de Estado e Delegado de Polícia Federal Instituição: Secretaria de Segurança Pública do Estado do Mato Grosso 1-Nos dias de hoje, quais são as instituições que de fato, estão envolvidas no combate aos crimes transnacionais na fronteira Brasil e Bolívia?

Por atribuição legal poderíamos dizer que somente a Polícia Federal e as instituições do Ministério da Defesa. Na prática as instituições de segurança pública dos Estados trabalham de forma consistente na repressão a esses crimes. Em Mato Grosso a Polícia Judiciária Civil efetuou diversas operações de repressão ao tráfico de entorpecentes que, por consequência da investigação, foram processadas pela Justiça Federal em razão do enquadramento em tráfico internacional. O Estado do Mato Grosso criou também, há cerca de dez anos, uma ação integrada denominada Grupo especial de Fronteira - GEFRON, que exerce patrulhamento sistemático e regular na faixa de fronteira com a Bolívia. 2-As estruturas envolvidas são suficientes para combater com eficácia a prática dos crimes transnacionais? Em relação ao Estado do Mato Grosso, nenhuma instituição possui uma estrutura que seja suficiente para combater com eficácia os crimes transnacionais. Isso se deve a alta demanda das atividades de prevenção e repressão a esses crimes, aliada a extensa faixa de fronteira e as condições do terreno. 3-Quais sãos os crimes cometidos com maior frequência na fronteira Brasil e Bolívia? Isso varia conforme o estado. Em Mato Grosso impera o tráfico de cocaína, havendo também, em menor monta, o contrabando e descaminho. O crime de evasão de divisa também possui uma certa frequência, principalmente com a remessa de ativos para a Bolívia para aquisição do entorpecente. Existe também uma frequência de apreensão de veículos roubados ou furtados no território brasileiro que teriam destino a Bolívia, que é utilizado também como pagamento para aquisição da droga. 4-As Forças Armadas atuam no patrulhamento das fronteiras Brasil e Bolívia?

As Forças Armadas, principalmente o Exército, atuam de maneira regular no patrulhamento das fronteiras Brasil e Bolívia. Em Mato Grosso - e também Mato Grosso do Sul - o Exército mantém estruturas visando guardar nossas fronteiras. Com o ENAFRON – Estratégia Nacional de Segurança Pública para Fronteira – foi estabelecida uma diretriz de atuação mais voltada a segurança pública e não só a defesa da pátria, que é o principal fundamento das Forças Armadas. Essa diretriz

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vem reforçada pela Emenda Constitucional nº 136/2010, que deu atribuição de poder de polícia às Forças Armadas em nossa fronteira. 5-As FFAA atuam no combate aos crimes transnacionais na fronteira B/B? Conforme já foi afirmado, as Forças Armadas estão efetuado um trabalho mais voltada a segurança pública em nossas fronteiras, com operações regulares e atuação preventiva no combate ao tráfico de entorpecente, ao contrabando e descaminho e outros crimes característicos de nossa fronteira. 6-O poder de polícia atribuído às FFAA pelo EC 136/2010 influenciou ou poderá influenciar na atividade realizada pela FFAA na região B/B? Como? Influenciou. Com as novas atribuições e seguindo as diretrizes do Programa ENAFRON, as Forças Armadas tem uma atuação mais presente na fronteira, com seguidas operações voltadas exclusivamente para o combate aos crimes fronteiriços e, o que é positivo, de forma integrada às demais forças de segurança pública. 7-Os crimes transnacionais influenciam no aumento da criminalidade e violência na região urbana do Mato Grosso? A característica marcante do Estado do Mato Grosso em ser um país com fronteira com a Bolívia, um dos maiores produtores mundiais de cocaína, influencia muito no aumento da criminalidade nos municípios do Estado. A cocaína que entra pela fronteira é vendida nos centros urbanos com sérias consequências sociais, como o aumento dos homicídios, roubos e furtos, crimes geralmente ligados ao tráfico de droga. Como os veículos também são bens de valor, utilizados como moeda de troca pela droga na Bolívia, há também um alto índice de roubos e furtos de automóveis e motos no Estado. 8-Quais são as políticas de repressão aos crimes transnacionais existentes na região da fronteira Brasil e Bolívia? Um estado com as características do Mato Grosso não poderia obviamente deixar de possuir uma política consistente em relação à repressão aos crimes transnacionais. Não se fala somente da Unidade da Federação. O governo brasileiro também possui políticas consistentes nas fronteiras do Brasil com a Bolívia, como a já citada ENAFRON. A fronteira do Mato Grosso com a Bolívia é um dos principais capítulos do Plano Estadual de Segurança Pública, com ações do GEFRON e das Polícias Militar e Civil.

9-O que é o GEFRON? O Grupo Especial de Fronteira GEFRON, é uma ação integrada da Secretaria de Segurança Pública do Mato Grosso. Foi criado em 2002 com a missão de combater os crimes transfronteiriços do Mato Grosso com a Bolívia, apoiando as ações das Forças Armadas e da Polícia Federal, que constitucionalmente possuem atribuições de defesa e segurança pública das fronteiras do Brasil. 10-Qual é a composição do GEFRON?

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Atualmente o GEFRON é composto por 97 Policiais Militares. Dentro da unidade do GEFRON em Porto Esperidião também existe uma Delegacia de Polícia Judiciária Civil que apoia a unidade. Um delegado lotado na Delegacia de Repressão a Entorpecente de Cuiabá também tem atribuição atuar integrado ao GEFRON, sendo um elo de ligação daquela unidade especializada com o comando da ação integrada. 11-Como é feita a distribuição de tarefas no GEFRON ?

O GEFRON trabalha de forma permanente na fronteira distribuindo seu efetivo em quatro postos fixos (Matão, Avião Caído, Limão e Vila Cardoso) e várias denominadas barreiras móveis. Além disso, o GEFRON também presta apoio a INDEA na fiscalização do contrabando de gado, uma atividade que visa a prevenção do estado contra a febre de aftosa. 12-As FFAA atuam ou já atuaram em conjunto com o GEFRON ? As ações tiveram resultados?

Desde sua criação o GEFRON atua de forma integrada com as Forças Armadas. As várias operações, como Cadeado (Exército), Gênesis (GEFRON) e Ágata (Ministério da Defesa), foram feitas em conjunto e a cada ano tem se aprimorado mais a metodologia de atuação. Em uma dessas operações o GEFRON efetuou a maior apreensão de droga em uma mesma ação, 180 quilos de cocaína. Já é tradição que nos períodos de vigência das operações a droga fica represada na Bolívia, o que demonstra a necessidade de se estabelecer essas ações de forma mais permanente.

OBS: ESTE QUESTIONÁRIO FOI ENVIADO VIA EMAIL E RESTITUÍDO PELA AUTORIDADE. TEM NATUREZA DIDÁTICA E SERÁ UTILIZADA TÃO SOMENTE PARA EXECUÇÃO DO TRABALHO DE CONCLUSÃO DO CURSO CAEPE/12

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ANEXO I

QUESTIONÁRIO APLICADO A AUTORIDADE DE SEGURANÇA PÚBLICA

Nome: ALEXANDRE BUSTAMANTE DOS SANTOS

Cargo: Secretário Adjunto de Segurança do Estado do Mato Grosso Instituição: Secretária de Segurança Pública do Estado do Mato Grosso Instituição: Secretaria de Segurança Pública do Estado do Mato Grosso 1-) Nos dias de hoje, quais são as instituições que de fato, estão envolvidas no combate aos crimes transnacionais na fronteira Brasil e Bolívia?

r.: Nos dias de hoje a integração é uma tonica. O combate a criminalidade transfonteiriço no estado do Mato Grosso é desenvolvida por todas as instituições ligadas ou vinculadas a segurança publica e ordem publica. A competência constitucional cabe ao Departamento de Policia Federal que por deficiência de ordem pessoal e material permite, por convênios, a efetivação das demais instituições. A exemplo do patrulhamento ostensivo efetuado pelo GEFRON – Grupamento Especial de Fronteira. Este Grupamento tem a missão especifica de apoiar os órgãos federais responsáveis pela segurança na fronteira do Brasil com a Bolívia dentro do Estado do Mato Grosso. Alem do GEFRON temos a recente criação da Delegacia de Fronteira ligada diretamente a Delegacia de Repreensão a Entorpecente. Os trabalhos basicamente se restringem ao combate sistemático ao trafico internacional de drogas. Assim mais uma atribuição da Polícia Federal que residualmente é executada por órgãos do Estado do Mato Grosso. Já a Polícia Rodoviária Federal patrulha as estradas federais que margeiam a faixa de fronteira. Neste caso a apreensão é efetuada pela PRF e todos os crimes são apurados pela Polícia Federal. Quanto ao Ministério da Defesa, através do 2º Bfron, são realizadas algumas operações pontuais na fronteira, como as Operações Cadeado e Ágata, ficando responsável pelo combate a todos os crimes transnacionais, com participação efetiva de todos os órgãos que compõe o sistema de segurança. A Marinha timidamente, com poucas condições, patrulha o Pantanal, que é uma das partes alagadas da fronteira. 2-) As estruturas envolvidas são suficientes para combater com eficácia a prática dos crimes transnacionais?

r.: A situação especifica das fronteiras nunca terão estrutura suficiente. O maior exemplo são os investimentos que USA e Israel fazem e não conseguem com eficácia patrulhar sua divisas. Mas no que se refere a Mato Grosso, diversos avanços são sentidos através de alguns indicadores reais, como um aumento substancial na apreensão de drogas. Um dos principais projetos do Governo Federal é o ENAFRON – Estratégia Nacional de Fronteira. Um dos principais pilares é dotar

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as instituições de segurança de equipamentos e tecnologia para atuação nas fronteiras. O Estado do Mato Grosso por sua vez, alem de custear a maquina estadual na fronteira, reserva grande parte de recurso em investimentos e custeio de suas áreas vinculadas. 3-) Quais sãos os crimes cometidos com maior freqüência na fronteira Brasil e Bolívia? r.: O principal delito com certeza e o trafico de drogas. Mas na esteira de financiar o trafico, seguem o roubo de cargas e veículos. Outra vertente que aumenta substancialmente é o contrabando de insumos para agricultura. 4-) Forças Armadas atuam no patrulhamento das fronteiras Brasil e Bolívia? r.: comentado no item (1). “Quanto ao Ministério da Defesa, através do 2º Bfron, são realizadas algumas operações pontuais na fronteira, como as Operações Cadeado e Ágata, ficando responsável pelo combate a todos os crimes transnacionais, com participação efetiva de todos os órgãos que compõe o sistema de segurança. A Marinha timidamente, com poucas condições, patrulha o Pantanal, que é uma das partes alagadas da fronteira.” 5-) O poder de polícia atribuído às FFAA pelo EC 136/2010 influenciou ou poderá influenciar na atividade realizada pela FFAA na região B/B? Como ? As FFAA atuam no combate aos crimes transnacionais na fronteira B/B? r.: As FFAA ainda estão se estruturando para a efetiva fiscalização que lhes foi atribuída pela Lei Complementar 136/2010. Com a parceria das forças estaduais realiza a fiscalização, mas ainda sem nenhuma produção estatística que possa ser levado em conta. A Lei fala em patrulhamento; revista de pessoas, de veículos terrestres, de embarcações e de aeronaves; e prisões em flagrante delito, funções que aos integrantes das forças armadas, quando se trata da proteção da fronteira já era permitido. 6-) Os crimes transnacionais influenciam no aumento da criminalidade e violência na região urbana do Mato Grosso?

r.: O Brasil não é produtor de drogas. Tirando o polígono da maconha na região nordeste, toda a droga (Maconha, cocaína e derivados) encontrada no solo brasileiro vem das fronteiras do Brasil. Se considerarmos que a maioria dos crimes está vinculada ao trafico de drogas. O patrulhamento e policiamento da fronteira é fundamental para a diminuição da criminalidade brasileira. 7-) Os crimes transnacionais influenciam no aumento da criminalidade e violência na região urbana do Mato Grosso? r.: mesma resposta anterior. OBS: ESTE QUESTIONÁRIO FOI ENVIADO VIA EMAIL E RESTITUÍDO PELA AUTORIDADE. TEM NATUREZA DIDÁTICA E SERÁ UTILIZADA TÃO SOMENTE PARA EXECUÇÃO DO TRABALHO DE CONCLUSÃO DO CURSO CAEPE/12

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ANEXO I

QUESTIONÁRIO APLICADO A AUTORIDADE DE SEGURANÇA PÚBLICA

Nome: ANDERSON APARECIDO. DOS ANJOS GARCIA

Cargo: DELEGADO GERAL DA POLÍCIA JUDICIÁRIA CIVIL DO ESTADO DO MATO GROSSO Instituição: POLÍCIA JUDICIÁRIA CIVIL 1-Nos dias de hoje, quais são as instituições que de fato, estão envolvidas no combate aos crimes transnacionais na fronteira Brasil e Bolívia?

Nossa CF/88 em seu artigo 144, traz a competência de polícia fronteiriça à cargo da Polícia Federal. Todavia, a mesma por problemas de estrutura, bem como a gigantesca extensão fronteiriça que o Brasil possui, não permite que somente um órgão isolado proceda a todo policiamento da área. Assim, em MT, de fato, possuímos instituições federais e estaduais realizando o combate a crimes transnacionais, apesar da competência originaria ser de esfera federal, senão vejamos: Temos a PJC que ali possui uma Delegacia de Fronteira, a DEFRON, devidamente instituída por Lei cuja estrutura física esta em fase de planejamento para sua construção; temos a polícia militar a qual possui algumas companhias e destacamentos na região; temos a própria PF que encontra-se com uma base na cidade de Cáceres, além da PRF que possui algumas bases ao longos das estradas federais que inclusive interligam Brasil e Bolívia. As FFAA (exercito) possui um destacamento, salvo engano, na região do LIMÃO (caminho para a Bolívia), porém em primeiro turno, não destinado a combate a crimes na região, mas com absoluta certeza, prestam grande apoio logístico a demais instituições que ali laboram. Por fim, temos um órgão HIBRIDO, qual seja, o GEFRON, composto por PM e PJC, a qual tem como mister maior o patrulhamento na fronteira e combate a crimes naquela região. Poderia ainda agregar o MP e Judiciário, que dentro de uma cadeia de comando na persecução penal, igualmente exercem papeis fundamentais para o combate aos crimes fronteiriços. 2-As estruturas envolvidas são suficientes para combater com eficácia a prática dos crimes transnacionais?

Acredito que não. Nossas Fronteiras (brasileiras) são gigantescas, somos 27 estados federados, dentre os quais 11 (onze) possuem fronteiras com outros Países sulamericanos. No que tange a MT, temos cerca de 800 km de fronteira seca, sem sequer um mínimo divisor natural, ou seja um rio, um lago, uma montanha, um canion, etc. a vegetação regional (cerrado) não nos favorece neste sentido, havendo inclusive propriedades privadas (fazendas) com terras dentro do Brasil e da Bolívia. Assim sendo, com esta extensão e falta de divisores naturais, a colonização desorganizada na região, a falta de estrutura tanto de recursos humanos como

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materiais de todas instituições mencionadas anteriormente colaboram para não eficiência e eficácia no combate a estes delitos. A permeabilidade de nossa fronteira é algo muito preocupante, mas um dos fatores primordiais que reputo é a falta de políticas públicas para a segurança pública naquela região, apesar dos esforços desprendidos pelo governo federal como pelo governo estadual. 3- Quais sãos os crimes cometidos com maior frequência na fronteira Brasil e Bolívia? O principal é o TRAFICO DE DROGAS, dentre eles podemos destacar IMIGRAÇÃO ILEGAL DE ESTRANGEIROS (já temos histórico da apreensão de ônibus transportando chineses em direção a São Paulo), HOMICÍDIOS, CORRUPÇÃO ATIVA e PASSIVA, CRIMES AMBIENTAIS, CONTRABANDOS e DESCAMINHO, e ROUBOS E FURTOS DE CARGA E VEÍCULOS, em especial caminhões. Reputo estes delitos de forma direta a questão transnacional, mas não podemos esquecer de outros delitos que reputo estarem ligados mais a questões sociais e de infra estrutura das cidades locais, como por exemplo: roubo a residência, objetos, pequenos furtos, crimes de cunho mais locais. 4-As Forças Armadas atuam no patrulhamento das fronteiras Brasil e Bolívia? Creio que estão tentando dar sua parcela de contribuição, pois as FFAA vêm anualmente desenvolvendo operações junto as fronteiras brasileiras, em especial no MT com a operação CADEADO (nome atual). Nestas operações promovem a integração e interação entre outras forças federais e estaduais, com o cunho de auxilio logístico para o combate aos crimes de fronteira. Apesar de legalmente estarem revestido do poder de polícia na fronteira, ainda não agem de forma preventiva ou mesmo repressiva ao combate direto destes crimes. Creio que as FFAA estão se preparando para tal mister, visto que, com as operações mencionadas, aprendem o ofício e forma de realizar segurança pública, papel que prioritariamente não lhes compete e para o qual não são devidamente preparados ainda. 5-As FFAA atuam no combate aos crimes transnacionais na fronteira B/B? IDEM A ANTERIOR, acrescentando que não vejo atuação preventiva (patrulhamento), nem repressiva por parte das FFAA na fronteira Brasil/Bolívia, vejo o que já dito ações voltadas ao auxilio as demais instituições, fomento quanto a integração e atuação de outros órgãos, mas acredito que estão se preparando para ocupação deste mister. 6-O poder de polícia atribuído às FFAA pelo EC 136/2010 influenciou ou poderá influenciar na atividade realizada pela FFAA na região B/B? Como ?

Obviamente que sim. Uma vez legalmente amparado para realizar tal atividade, as FFAA planejarão metodologias de atuação nesta região. Já se comenta sobre a transferência de Brigadas e Batalhões da cidade de Cuiabá para cidades e localidades fronteiriças, o que de certa forma já ajudará e muito o deslocamento de pessoas, investimentos locais e regionais. A região de fronteira é uma área extensa, sendo que a realização de crimes TRANSNACIONAIS, como o contrabando e

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descaminho geram prejuízos econômicos irreparáveis ao Brasil, além de certa forma prejudicar o cidadão brasileiro no que tange a qualidade de produtos, ferindo muitas vezes o direito do consumidor brasileiro, pois estão desprovidos de mecanismos jurídicos para pleitearem um possível dano a bem tutelado. 7-Os crimes transnacionais influenciam no aumento da criminalidade e violência na região urbana do Mato Grosso?

SIM, muito. Os reflexos da criminalidade de fronteira,rompem distancias, o trafico de drogas ali cometido, possuem seus resultados em grandes centros metropolitanos, e nas regiões urbanas de MT não é diferente, estamos vendo um crescimento acentuado de uso de drogas pelos jovens mato-grossenses, residentes em Cuiabá, Cáceres, Barra, SINOP, e com certeza a droga usada pelos jovens não são produzidas no Brasil, são frutos destes delitos transnacionais. Como dito, a economia de grandes centros urbanos, também é atingida pelos delitos de contrabando e descaminho, o direito do consumidor violado, direitos autorais prejudicados, dentre outros. 8- Quais são as políticas de repressão aos crimes transnacionais existentes na região da fronteira Brasil e Bolívia?

Como acentuado, vejo uma necessidade maior de políticas para aquela região, principalmente por parte da esfera FEDERAL, cuja missão lhes compete; é muito simples querer transferir responsabilidades para outros entes (estados e Municípios). Somos sabedores de nosso comprometimento social neste fato, temos nossas responsabilidades, mas dever é da UNIÃO. Assim sendo, julgo procedente uma melhor política a nível federal, a SENASP vem envidando esforços para minimizar tal problema com a questão do ENAFRON, trazendo as instituições não só federais, mas também estaduais no que tange a reaparelhamento das instituições, qualificações de seus profissionais, etc. O Estado de MT, também vem tentando minimizar estes problemas como por exemplo com a criação do GEFRON, da DEFRON, há o PACTO DE ENFRENTAMENTO AS DROGAS, no qual a SESP também se inseri neste contexto, onde há vertente de combate ao trafico de drogas, dentre outros. Todavia, ainda é muito pequeno frente aos grandes problemas enfrentados; pois desconheço qualquer tipo de política social para aquelas cidades e população que ali residem, não vislumbro política de geração de emprego para a região, subsídios estatais para implantação de indústrias e ampliação de comércios regionais, etc. 9-O que é o GEFRON?

GRUPO ESPECIAL DE FRONTEIRA, criado com a função precípua de patrulhamento da área de fronteira, além de combates a delitos fronteiriços. Integrado pelas forças da PM e da PJC, cada qual realizando suas atividades institucionais. Porém, a PJC por questões de infraestrutura, parcos recursos humanos, além de sua missão primordial (elucidação de crimes) não estão atualmente presentes na sede do GEFRON, realizando este papel de forma integrada em suas ações, e não presentes fisicamente, ou seja, lado a lado. Entendo que integração hás de ser nas ações, na continuidade dos serviços e missões, e não necessariamente uma unificação, estar lado a lado, seguir regras de

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outras instituições, realizar atividades de outras instituições. Entendo que integração institucional se faz em ações, como por exemplo um motor de carro: ali possuímos várias peças autônomas entre si (bateria, vela, carburador, motor de arranque, etc), porém interdependentes, ou seja, se uma peça falhar compromete todo andamento do motor, e vezes o mesmo não chega sequer a funcionar, é assim que enxergo e vejo a integração entre as forças PM, PJC, MP e Judiciária na persecução de crimes. 10-Qual é a composição do GEFRON?

Já mencionado PM e PJC, porém atualmente a PJC não se faz presente nas instalações do GEFRON realizando integração com a PM na fronteira através de uma integração de ações. 11-Como é feita a distribuição de tarefas no GEFRON ?

Pelo fato da PJC não estar presente fisicamente nas instalações do GEFRON, não tenho conhecimento das distribuições de tarefas internas daquele órgão. 12-As FFAA atuam ou já atuaram em conjunto com o GEFRON ? As ações tiveram resultados? Tenho ciência que sim, como já mencionado quando da realização das operações fomentadas pelas FFAA, como OPERAÇÃO CADEADO, há a participação do GEFRON na mesma, diante disso, a resposta é positiva. Quanto aos resultados, quando realizadas, e por serem de cunho eminentemente preventivas, ter grande visibilidade social, ampla publicidade, os índices de criminalidade obviamente caem durante aquele período, isso é bom, pois traz não só a presente estatal a localidade, mas como transmitem paz e segurança a população local.

OBS: ESTE QUESTIONÁRIO FOI ENVIADO VIA EMAIL E RESTITUÍDO PELA AUTORIDADE. TEM NATUREZA DIDÁTICA E SERÁ UTILIZADA TÃO SOMENTE

PARA EXECUÇÃO DO TRABALHO DE CONCLUSÃO DO CURSO CAEPE/12

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ANEXO I QUESTIONÁRIO APLICADO A AUTORIDADE DE SEGURANÇA PÚBLICA

Nome: WYLTON MASSAO OHARA

Cargo: Delegado de Polícia – Secretário Adjunto de Inteligência Instituição: Secretaria de Segurança Pública do Estado do Mato Grosso 1) Nos dias de hoje, quais são as instituições que de fato, estão envolvidas no combate aos crimes transnacionais na fronteira Brasil e Bolívia?

Polícia Civil, Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal, Polícia Militar, Exército. 2) As estruturas envolvidas são suficientes para combater com eficácia a prática dos crimes transnacionais? Não, para os crimes transnacionais serem combatidos com eficácia demandaria uma estrutura gigantesca, vez que o Brasil tem 23.086 km de fronteira, sendo 15.791 km terrestres e 7.367 km marítimas. Com exceção de Equador e Chile, todos os outros países da América do Sul fazem fronteiras com o Brasil, sendo a mais extensa com a Bolívia (3.423 km). 3) Quais sãos os crimes cometidos com maior frequência na fronteira Brasil e Bolívia?

Crime de Tráfico de Drogas. 4) As Forças Armadas atuam no patrulhamento das fronteiras Brasil e Bolívia?

Sim. 5) As FFAA atuam no combate aos crimes transnacionais na fronteira B/B?

Sim. 6) O poder de polícia atribuído às FFAA pelo EC 136/2010 influenciou ou poderá influenciar na atividade realizada pela FFAA na região B/B? Como ? Influenciou de forma positiva, na medida em que realizam em conjunto com outros órgãos o policiamento ostensivo. Levando-se em conta também a credibilidade da FFAA. 7) Os crimes transnacionais influenciam no aumento da criminalidade e violência na região urbana do Mato Grosso?

Influenciam diretamente no aumento da criminalidade em Mato Grosso, levando-se em conta que este Estado, pela posição geográfica que ocupa, passa a ser rota do

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tráfico de drogas, fazendo com que parte dessa droga transportada permaneça em cidades desse percurso.

8) Quais são as políticas de repressão aos crimes transnacionais existentes na região da fronteira Brasil e Bolívia? A criação da Delegacia Especializada de Fronteira pelo PJC, o GEFRON, a interiorização da inteligência policial (criação do C3i). 9) O que é o GEFRON?

O GEFRON é uma Força Integrada pelos órgãos de segurança do Estado do Mato Grosso, cuja missão é apoiar os órgãos federais responsáveis pela segurança na fronteira do Brasil com a Bolívia dentro do Estado do Mato Grosso. A vulnerabilidade da Fronteira Oeste representa fator considerável nas estatísticas criminais do Mato Grosso e de vários outros Estados da Federação. Daí a necessidade de uma intervenção imediata e intensa capaz de reduzir, a curto prazo, as atividades ilegais desenvolvidas na região.

Tem por objetivo principal desencadear, na região, operações sistemáticas de prevenção e repressão ao:

-tráfico de drogas; -contrabando e descaminho de bens e valores; -roubo e furto de veículos; -invasões de propriedades.

10) Qual é a composição do GEFRON?

O grupo Especial de Fronteira (GEFRON) foi criado no Estado do Mato Grosso no dia de 13 de Março de 2002, através do Decreto Estadual nº 3994. Nesse decreto, está previsto ainda o trabalho integrado da Polícia Militar, Polícia Civil e Corpo de Bombeiros Militar. A Polícia Civil disponibilizou 50 policiais, enquanto a Polícia Militar 70 e o Corpo de Bombeiros 20.

Atualmente, o GEFRON possui um efetivo em serviço de 97 policiais militares, e está aguardando a realização de uma capacitação para novos integrantes.

11) Como é feita a distribuição de tarefas no GEFRON ?

12) As FFAA atuam ou já atuaram em conjunto com o GEFRON ? As ações tiveram resultados? Foram realizadas várias operações em conjunto, dentre as quais: a) Operação Ágata: mais de 1.600 homens participaram da operação Ágata, deflagrada no dia 22 de novembro de 2011, em mais três estados brasileiros, com o objetivo de combater crimes na região de fronteira. A operação conta com a participação do Exército, Marinha, Aeronáutica, Polícias Civil e Militar, além do

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Centro Integrado de Operações Aéreas (Ciopaer), Grupo Especial de Fronteira (GEFRON) e Defesa Civil. A ação faz parte do Plano Estratégico de Fronteiras, lançado pelo Governo Federal, para fiscalizar e coibir os crimes de fronteira de forma integrada entre os órgãos da segurança estadual e federal. Além do Mato Grosso, a operação Ágata acontece nos estados do Mato Grosso do Sul, Rondônia e Acre. b) Operação Cadeado: O Exército Brasileiro em parceria com a antiga Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp) e pelo menos mais 30 instituições federais, estaduais e municipais realizou no dia 6 de novembro de 2010, a 6ª edição da Operação Cadeado, que tem como objetivo coibir crimes ambientais, contrabando, tráfico de drogas e armas nos 983 quilômetros de fronteira seca e alagada que divide o Brasil e a Bolívia. Ao todo 765 homens do Exército estavam atuando nos municípios da região de fronteira com apoio efetivo da Sejusp, que empregou homens da Polícia Militar, Grupo Especial de Segurança de Fronteira (GEFRON), Polícia Judiciária Civil, Perícia Oficial e Identificação Técnica (Politec) e Corpo de Bombeiros para apoiar as ações do Exército.

OBS: ESTE QUESTIONÁRIO FOI ENVIADO VIA EMAIL E RESTITUÍDO PELA AUTORIDADE. TEM NATUREZA DIDÁTICA E SERÁ UTILIZADA TÃO SOMENTE

PARA EXECUÇÃO DO TRABALHO DE CONCLUSÃO DO CURSO CAEPE/12

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ANEXO I QUESTIONÁRIO APLICADO A AUTORIDADE DE SEGURANÇA PÚBLICA

Nome: ALESSANDRA SATURNINO DE SOUZA COZZOLINO Cargo: Superintendente de Segurança Estratégica (Delegada de Polícia Civil do Mato Grosso) Instituição: Secretaria de Segurança Pública do Estado do Mato Grosso 1-Nos dias de hoje, quais são as instituições que de fato, estão envolvidas no combate aos crimes transnacionais na fronteira Brasil e Bolívia? Polícia Judiciária Civil, Polícia Federal e Polícia Militar 2-As estruturas envolvidas são suficientes para combater com eficácia a prática dos crimes transnacionais?

Não, especialmente porque o combate à esse tipo de crime deve envolver não somente as forças de segurança pública do estado, mas também ações de diversos setores, que convergem nas questões de violência e criminalidade, como por exemplo as sanitárias, econômicas, ambientais, sociais etc. Sabe-se que o recrutamento da população residente na região de fronteira, tanto no território nacional, quanto no boliviano, esbarra nas condições de vida da população. Ainda, agentes públicos, não somente policiais, encontram terreno fértil para se corromperem, dentre outros fatores, pelo enfraquecimento do sistema de justiça criminal, que acaba por tornar irrisório o risco do crime. 3-Quais sãos os crimes cometidos com maior frequência na fronteira Brasil e Bolívia? O principal é o tráfico de drogas, sendo que, por comum, os demais acabam sendo conseqüência daquele, como os crimes contra o patrimônio, onde veículos, em especial utilitários (caminhonetes), são enviados para o estado alienígena, seja para servir de moeda de troca do entorpecente, ou mesmo encomendados para atuação na zona rural. Ainda, contrabando e descaminho, apesar de não apresentarem indicadores agressivos, começa a crescer em número as apreensões. Em razão de algumas cifras negras e dificuldade em identificar indicadores mais robustos, há que se aprofundar quanto ao aumento do número de apreensões na fronteira, seja em relação a entorpecentes, produtos oriundos de crimes contra o patrimônio (roubo, furto, receptação), seja quanto a contrabando e descaminho, para se descobrir se houve aumento real, ou se o que de fato aumentou foram as apreensões (ou seja, as ações das forças de segurança pública tornaram-se mais eficientes e eficazes). 4-As Forças Armadas atuam no patrulhamento das fronteiras Brasil e Bolívia?

O patrulhamento, em regra, é realizado pelo Grupo Especial de Fronteira - GEFRON, sendo que as Forças Armadas atuam, geralmente, em situações pontuais, até por conta do efetivo existente na região. A Polícia Rodoviária Federal

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também vem aumentando sua atuação na região, em que pese não alcançar áreas sensíveis e estratégicas no combate ao crime transfronteiriço, uma vez que a PRF não pode atuar fora das rodovias federais, e a região é irrigada por estradas vicinais. 5-As FFAA atuam no combate aos crimes transnacionais na fronteira B/B?

Isso ocorre geralmente quando há alguma operação na fronteira, como no caso da Operação Agatha. 6-O poder de polícia atribuído às FFAA pelo EC 136/2010 influenciou ou poderá influenciar na atividade realizada pela FFAA na região B/B?Como?

Sim, no que pertine à legalidade das ações a serem desenvolvidas, bem como nas ações conjuntas que envolvam as forças de defesa e segurança pública do país. Porém, sem uma atenção especial, quanto ao aumento do efetivo operacional e uso de tecnologia apropriada para esse tipo de combate, bem como para emprego nessa região específica, a eficiência e eficácia da atuação poderão ser prejudicadas. 7-Os crimes transnacionais influenciam no aumento da criminalidade e violência na região urbana do Mato Grosso? Sim, em especial o tráfico de drogas, uma vez que a fronteira em questão é chamada de “porta principal” para a entrada de cocaína, em maior volume, no país, abastecendo não somente a região urbana do Mato Grosso, mas chegando a outros estados, tais como Goiás, Minas Gerais e Rio de Janeiro.

OBS: ESTE QUESTIONÁRIO FOI ENVIADO VIA EMAIL E RESTITUÍDO PELA AUTORIDADE. TEM NATUREZA DIDÁTICA E SERÁ UTILIZADA TÃO SOMENTE PARA EXECUÇÃO DO TRABALHO DE CONCLUSÃO DO CURSO CAEPE/12

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ANEXO I

QUESTIONÁRIO APLICADO A AUTORIDADE DE SEGURANÇA PÚBLICA

Tenente : JOÃO FERNANDO DE SOUZA ASSUNÇÃO

Cargo : Oficial de Operações e Instruções do – GEFRON

Instituição: POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DO MATO GROSSO 1-Quais são as políticas de repressão aos crimes transnacionais existentes na região da fronteira Brasil e Bolívia?

R: No que concerne ao GEFRON, desencadear na região operações sistemáticas de prevenção e repressão ao tráfico de drogas; contrabando e descaminho de bens e valores; roubo e furto de veículos; invasões de propriedades; tráfico de pessoas; tráfico de armas; ou seja, conter, reprimir e inibir os crimes transfronteiriços através do patrulhamento ostensivo motorizado e policiamento nos postos de fiscalização.

2-Qual é a atuação das polícias repressivas ?

R: é de promover o policiamento em pontos estratégicos da referida região de fronteira, fins de reprimir e inibir os crimes típicos desta região (transnacionais), como roubo e furto de veículos, evasão de divisas, tráfico de armas, tráfico de pessoas, contrabando e descaminho, é o carro chefe de todos, que é combater o tráfico de drogas. Isso é feito diariamente com o patrulhamento motorizado, porém o mesmo é bastante deficiente e a vezes também ausente pela falta de efetivo e policiamento nos postos do GEFRON e INDEA. Quando realizado operações conjuntas com forças federais e estaduais de segurança pública e o efetivo possibilita, também é realizado o policiamento fluvial, tendo em vista que, em razão de 233 km aproximadamente dos 980 km total, serem de vias fluviais de difícil localização, são muito utilizados pelos criminosos para o transporte de mercadorias ilícitas. 3-Qual é a composição do GEFRON?

R: Hoje o GEFRON é composto por aproximadamente 90 (noventa) Policiais Militares do Estado do Mato Grosso. 4-Como é feita a distribuição de tarefas do GEFRON ? R: 01 (um) Ten Cel PMMT – resp. pela coordenação do grupo; 01 (um) Maj PMMT – resp. pela inteligência e parte operacional do grupo; 03 (três) 1º Ten PMMT – resp. pelo serviço a cada jornada de 07 (sete) dias, exercem a função de Oficial de Operações, além de exercerem funções inerentes as seções de armamento, manutenção e aprovisionamento;

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Durante o serviço os policiais militares do grupo são designados para postos localizados em pontos estratégicos na região de fronteira, onde realizam policiamento nos postos realizando bloqueio e abordagens, e quando o efetivo possibilita, realizam patrulhamento em toda área de circunscrição daquele posto. Existem 04 (quatro) postos do GEFRON e 07 (sete) postos do INDEA onde os policiais militares atuam em parceria com os servidores do INDEA. Onde os policiais militares concorrem a uma escala de 07 (sete) dias de serviço por 07 (sete) dias de folga, sendo que, sete dias eles concorrem escala pelo INDEA (atuação conjunta) e sete dias concorrem escala pelo GEFRON. 5-Onde são lavrados os flagrantes ?

R: a área de atuação do GEFRON são de 980 km aproximados de fronteira, compreendendo 28 (vinte e oito) municípios do Estado do Mato Grosso, de acordo com o local da ocorrência, conduzimos quando tipificados como crime federal para delegacia de Polícia Federal que tenha aquela área sobre sua circunscrição, quando não tipificados com federais, são conduzidas para delegacia de Polícia Judiciária Civil que tenha aquela área sobre sua circunscrição. Ou seja, os flagrantes lavrados não são centralizados em um só local, mais feitos de acordo com o local da ocorrência e tipificação da mesma. 6-Qual é a atuação das Forças Armadas na repressão aos crimes transnacionais na fronteira Brasil e Bolívia?

R: Sinceramente não sei qual é atuação das Forças armadas na repressão aos crimes transnacionais. 7-As Forças Armadas promovem o patrulhamento de fronteira 'Brasil/Bolívia? R: nosso contato com as FFAA se restringe a operações em conjunto, sendo que, no que concerne a atuação e modus operandi dos mesmos, nos desconhecemos. 8-As Forças Armadas atuam com poder de polícia no patrulhamento de fronteira? R: Sim, as Forças Armadas atualmente detém o poder de polícia. 9-Já houve ações conjuntas entre as FFAA e o GEFRON, houve êxito na repressão aos crimes transnacionais ?

R:Sim, todo ano são realizadas operações conjuntas com as FFAA, a exemplo da Operação Cadeado e Operação Ágata. Os resultados são sempre positivos, com apreensões significativas e ao mesmo tempo inibi ações ilícitas que poderiam vir a ocorrerem. 10-As FFAA estão presentes na fronteira B/B? R: Sim, eles possuem diversos destacamentos em pontos estratégicos nessa região de fronteira B/B.

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OBS: ESTE QUESTIONÁRIO FOI ENVIADO VIA EMAIL E RESTITUÍDO PELA AUTORIDADE. TEM NATUREZA DIDÁTICA E SERÁ UTILIZADA TÃO SOMENTE PARA EXECUÇÃO DO TRABALHO DE CONCLUSÃO DO CURSO CAEPE/12

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ANEXO I

QUESTIONÁRIO APLICADO A AUTORIDADE DE SEGURANÇA PÚBLICA

Nome: NEWTON CLÉO BOCHI LUZ

Cargo: Oficial Superior do Exército Brasileiro, oriundo do Ministério da Defesa Instituição: Exército Brasileiro 1- Nos dias de hoje, quais são as instituições que de fato, estão envolvidas no combate aos crimes transnacionais na fronteira Brasil e Bolívia? Em conformidade com a Constituição Federal, o art. 144 prevê a Polícia Federal como órgão permanente, organizado e mantido pela União com destinação específica para: - apurar infrações penais contra a ordem política e social ou em detrimento de bens, serviços e interesses da União ou de suas entidades autárquicas e empresas públicas, assim como outras infrações cuja prática tenha repercussão interestadual ou internacional e exija repressão uniforme, segundo se dispuser em lei; - prevenir e reprimir o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o contrabando e o descaminho, sem prejuízo da ação fazendária e de outros órgãos públicos nas respectivas áreas de competência; - exercer as funções de polícia marítima, aeroportuária e de fronteiras; -exercer, com exclusividade, as funções de polícia judiciária da União. A extensão da fronteira e a dificuldade do combate aos crimes de tráfico, contrabando e descaminho proporciona ações comuns com os OSP federais, estaduais e municipais: Força Nacional – SENASP; Polícia Rodoviária Federal – PRF; Receita federal – RF; Polícia Civil – DENARC; Forças Armadas – FFAA; Policias Militares e Guardas Municipais entre outros, com os quais combate notadamente o tráfico ilícito de entorpecentes, armas, munições e medicamentos. Estas ações integradas foi inserida no DECRETO Nº 7.638, DE 8 DE DEZEMBRO DE 2011, que alterou o Plano Estratégico de Fronteiras estabelecido em 2010:

[...] Art. 3o O Plano Estratégico de Fronteiras terá como objetivos: I - a integração das ações de segurança pública, de controle aduaneiro e das Forças Armadas da União com a ação dos Estados e Municípios situados na faixa de fronteira; II - a execução de ações conjuntas entre os órgãos de segurança pública, federais e estaduais, a Secretaria da Receita Federal do Brasil e as Forças Armadas; III - a troca de informações entre os órgãos de segurança pública, federais e estaduais, a Secretaria da Receita Federal do Brasil e as Forças Armadas; [...]

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2-As estruturas envolvidas são suficientes para combater com eficácia a prática dos crimes transnacionais?

Não são suficientes para combater os ilícitos transfronteiriços pela infraestrutura deficiente, a falta de coordenação da inteligência entre os órgãos; e a profissionalização deficiente de recursos humanos para combater, conforme alguns dados: - Aumento do tráfico formiguinha (transporte de pequenas quantidades de droga, inclusive por meio de ingestão), cuja frequência põe a perigo constante a saúde pública da região. - Grande extensão de fronteira a ser policiada/fiscalizada. - Grande capacidade de articulação das facções criminosas transnacionais. - Alto poderio econômico dos criminosos transnacionais. - Dificuldade de relacionamento com autoridades civis e militares de país fronteiriço. - Absorção das repercussões provocadas pelas decisões tomadas no campo político e diplomático. - Grande assimetria com países fronteiriços.

3- Quais sãos os crimes cometidos com maior frequência na fronteira Brasil e Bolívia?

Segundo dados de inteligência para a coordenação do Plano Estratégico de Fronteiras, os principais são: TRÁFICO - drogas, armas e pessoas

FISCAL/FINANCEIRO - contrabando e descaminho / sonegação e

exportação ilegal de veículos

AMBIENTAIS

HOMICÍDIOS

4-As Forças Armadas atuam no patrulhamento das fronteiras Brasil e Bolívia?

A Estratégia Nacional de Defesa (END) preconiza a ação das FFAA de dissuadir a concentração de forças hostis nas fronteiras terrestres, nos limites das águas jurisdicionais brasileiras, e impedir-lhes o uso do espaço aéreo nacional. A LEI COMPLEMENTAR Nº 97, DE 9 DE JUNHO DE 1999 modificada pela lei complementar 117/2004 e 136/2010 estabelece:

....... Art. 17A. Cabe ao Exército, além de outras ações pertinentes, como atribuições subsidiárias particulares:

.... IV – atuar, por meio de ações preventivas e repressivas, na faixa de fronteira

terrestre, contra delitos transfronteiriços e ambientais, isoladamente ou em coordenação com outros órgãos do Poder Executivo, executando, dentre outras, as ações de:

a) patrulhamento; b) revista de pessoas, de veículos terrestres, de embarcações e de aeronaves; e c) prisões em flagrante delito. ............

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O Programa 8032: Preparo e Emprego Conjunto das Forças Armadas, define a ação 6499 para a Intensificação da presença das Forças Armadas nas Áreas de Fronteira com as seguintes operações coordenadas pelo Ministério da Defesa:

1. A Operação Curare – Norte: com a finalidade de intensificar a presença das

Forças Armadas junto à faixa de fronteira oeste, reprimindo os delitos

transfronteiriços e ambientais, além de reforçar, junto à população regional, o

sentimento de nacionalismo e de defesa da Pátria.

2. Operação ATALAIA – Oeste: que visa coibir os crimes na fronteira e os delitos

ambientais. Durante a fiscalização, nas estradas denominadas "cabriteiras",

os militares do exercito promovem a fiscalização conferindo a documentação

dos motoristas e vistoriam os carros que passam pelas localidades da

Fronteira entre os dois países.

3. Operação CADEADO – Oeste: coibir os crimes na fronteira e os delitos

ambientais com a participação da ABIN, Polícia Federal, do IBAMA, da

Receita Federal, da FUNAI, da Polícia Militar do MS e MT, IAGRO e da

Secretaria de Saúde do Mato Grosso do Sul.

5- As FFAA atuam no combate aos crimes transnacionais na fronteira B/B?

Sim, em conformidade com os dados dos itens anteriores do Plano Estratégico

de Fronteiras e as Ações do Programa 8032 – Ação 6499 (ATALAIA, CADEADO e CURARE).

6-O poder de polícia atribuído às FFAA pelo EC 136/2010 influenciou ou poderá influenciar na atividade realizada pela FFAA na região B/B? Como ?

Cabe destacar que as ações na fronteira são de intensificar as ações governamentais e a presença do Estado, principalmente pela capilarização do Exército nas áreas fronteiriças e, principalmente, de cunho social pela participação de habitantes locais nas Organizações Militares do EB. Não há intenções de substituir os OSP estaduais, porém cooperar com os mesmos a fim de minimizar os impactos na sociedade dos crimes transnacionais. Todas as operações das ações 6499 e do PEF são coordenadas com as agências federais e estaduais, otimizando a participação dos mesmos em operações interagências.

7- Quais são as políticas de repressão aos crimes transnacionais existentes na região da fronteira Brasil e Bolívia?

São as preconizadas em leis, portarias e regulamentos federais e estaduais, envolvendo os OSP, particularmente DPF, SENASP e a Receita Federal. Cabe destacar que agentes fiscalizadores do IBAMA, IAGRO, etc são participantes de ações de delitos ambientais na faixa de fronteira.

8-O que é o GEFRON?

Considerações de especialistas serão oportunas para a finalização da pesquisa do TCC.

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9- Qual é a composição do GEFRON? Considerações de especialistas serão oportunas para a finalização da pesquisa do TCC.

10- Como é feita a distribuição de tarefas no GEFRON ?

Considerações de especialistas serão oportunas para a finalização da pesquisa do TCC.

11- As FFAA atuam ou já atuaram em conjunto com o GEFRON ? As ações tiveram resultados?

Considerações de especialistas serão oportunas para a finalização da pesquisa do TCC.

12- Existe algum Termo de Cooperação firmado entre as FFAA e o GEFRON ? Quais são os termos deste acordo?

Considerações de especialistas serão oportunas para a finalização da pesquisa do TCC.

13- Quais são os resultados concretos apresentados pelo trabalho de combate aos crimes transnacionais praticados pelo Estado do Mato Grosso?

Considerações de especialistas serão oportunas para a finalização da pesquisa do TCC.

14- A Polícia Federal tem alguma ação conjunta realizada com o GEFRON no combate aos Crimes de Contrabando e Tráfico de Drogas ?

Considerações de especialistas serão oportunas para a finalização da pesquisa do TCC.

16- Como é identificada a competência no combate aos crimes transnacionais realizados na região de fronteira Brasil e Bolívia?

Considerações de especialistas serão oportunas para a finalização da pesquisa do TCC.

OBS: ESTE QUETIONÁRIO FOI ENCAMINHADO POR EMAIL E RESTITUÍDO PELA AUTORIDADE. TEM NATUREZA DIDÁTICA E SERÁ UTILIZADO TÃO SOMENTE PARA EXECUÇÃO DO TRABALHO DE CONCLUSÃO DO CURSO CAEPE/12

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ANEXO I QUESTIONÁRIO APLICADO A AUTORIDADE DE SEGURANÇA PÚBLICA

Nome: CARLOS ANTONIO WUNDERLICH Cargo: Oficial Superior do Exército Brasileiro – Oriundo do Ministério da Defesa Instituição: Exército Brasileiro 1- Nos dias de hoje, quais são as instituições que de fato, estão envolvidas no combate aos crimes transnacionais na fronteira Brasil e Bolívia?

FFAA; OSP federais e estaduais; Receitas federais e estaduais; ANVISA; IBAMA. Além das instituições congêneres bolivianas (pesquisar). 2-As estruturas envolvidas são suficientes para combater com eficácia a prática dos crimes transnacionais?

Não, A fronteira é muito extensa e faltam meios em pessoal e material. Uma solução aponta no sentido de aumentar os meios de vigilância e controle de circulação de pessoas e veículos. (Tipo SISFRON, com VANT, câmeras, radares, etc) 3- Quais sãos os crimes cometidos com maior frequência na fronteira Brasil e Bolívia?

Se for igual ao sul, é o tráfico de drogas e o contrabando e descaminho, em menor grau. Deve haver crimes ambientais significativos (madeira, animais, etc) 4-As Forças Armadas atuam no patrulhamento das fronteiras Brasil e Bolívia? Sim. Existem vária operações instituídas e eventuais. 5- As FFAA atuam no combate aos crimes transnacionais na fronteira B/B? Sim. Existem vária operações instituídas e eventuais. 6-O poder de polícia atribuído às FFAA pelo EC 136/2010 influenciou ou poderá influenciar na atividade realizada pela FFAA na região B/B? Como ?

Sim. Permitiu a realização de mais operações como a Ágata. 7- Quais são as políticas de repressão aos crimes transnacionais existentes na região da fronteira Brasil e Bolívia? Não sei ...

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8-O que é o GEFRON?

Não sei bem ...

9- Qual é a composição do GEFRON?

Não sei 10- Como é feita a distribuição de tarefas no GEFRON ?

Não sei 11- As FFAA atuam ou já atuaram em conjunto com o GEFRON ? As ações tiveram resultados?

Não sei 12- Existe algum Termo de Cooperação firmado entre as FFAA e o GEFRON ? Quais são os termos deste acordo?

Não sei 13- Quais são os resultados concretos apresentados pelo trabalho de combate aos crimes transnacionais praticados pelo Estado do Mato Grosso? Não sei 14- A Polícia Federal tem alguma ação conjunta realizada com o GEFRON no combate aos Crimes de Contrabando e Tráfico de Drogas ?

Não sei 16- Como é identificada a competência no combate aos crimes transnacionais realizados na região de fronteira Brasil e Bolívia? Não sei OBS: ESTE QUESTIONÁRIO FOI ENVIADO VIA EMAIL E RESTITUÍDO PELA AUTORIDADE. TEM NATUREZA DIDÁTICA E SERÁ UTILIZADA TÃO SOMENTE PARA EXECUÇÃO DO TRABALHO DE CONCLUSÃO DO CURSO CAEPE/12

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ANEXO I

QUESTIONÁRIO APLICADO A AUTORIDADE DE SEGURANÇA PÚBLICA

Nome: EDUARDO ALBERTO COSTA SOUZA FALCÃO– Cel Eng EB

Cargo: Estagiário do CAEPE Instituição: Escola Superior de Guerra 1- Nos dias de hoje, quais são as instituições que de fato, estão envolvidas no combate aos crimes transnacionais na fronteira Brasil e Bolívia? Resposta: Polícia Federal, Receita Federal, Polícias Militares, Polícias Civis, Polícia Rodoviária Federal, Forças Armadas e Força Nacional de Segurança. 2-As estruturas envolvidas são suficientes para combater com eficácia a prática dos crimes transnacionais? Resposta: Não. 3- Quais sãos os crimes cometidos com maior frequência na fronteira Brasil e Bolívia?

Resposta: Contrabando, descaminho e tráfico de drogas. 4-As Forças Armadas atuam no patrulhamento das fronteiras Brasil e Bolívia?

Resposta: Não. 5- As FFAA atuam no combate aos crimes transnacionais na fronteira B/B?

Resposta: Sim, de forma episódica, quando acontecem as operações na Faixa de Fronteira. 6-O poder de polícia atribuído às FFAA pelo EC 136/2010 influenciou ou poderá influenciar na atividade realizada pela FFAA na região B/B? Como ?

Resposta: Não influenciará a atividade realizada pelas Forças Armadas na região B/B. O Exército quando empregado nesse tipo de operação sempre buscará estar acompanhado das polícias. 7- Quais são as políticas de repressão aos crimes transnacionais existentes na região da fronteira Brasil e Bolívia? Resposta: Não sei.

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8-O que é o GEFRON?

Resposta: Não sei.

9- Qual é a composição do GEFRON? Resposta: Não sei. 10- Como é feita a distribuição de tarefas no GEFRON ? Resposta: Não sei. 11- As FFAA atuam ou já atuaram em conjunto com o GEFRON ? As ações tiveram resultados?

Resposta: Não sei. 12- Existe algum Termo de Cooperação firmado entre as FFAA e o GEFRON ? Quais são os termos deste acordo? Resposta: Não conheço nenhum Termo de Cooperação. Não conheço os termos do mesmo. 13- Quais são os resultados concretos apresentados pelo trabalho de combate aos crimes transnacionais praticados pelo Estado do Mato Grosso? Resposta: Não sei. 14- A Polícia Federal tem alguma ação conjunta realizada com o GEFRON no combate aos Crimes de Contrabando e Tráfico de Drogas ?

Resposta: Não sei. 16- Como é identificada a competência no combate aos crimes transnacionais realizados na região de fronteira Brasil e Bolívia? Resposta: De acordo com a atribuição prevista para cada instituição. OBS: ESTE QUESTIONÁRIO FOI ENVIADO VIA EMAIL E RESTITUÍDO PELA AUTORIDADE. TEM NATUREZA DIDÁTICA E SERÁ UTILIZADA TÃO SOMENTE PARA EXECUÇÃO DO TRABALHO DE CONCLUSÃO DO CURSO CAEPE/12

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ANEXO II

ENTREVISTA PARA EXECUÇÃO DO TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO ENTREVISTA CONCEDIDA PELO EXMO. SR. JOSÉ CARLOS DE NARDI

CHEFE DO ESTADO-MAIOR CONJUNTO DAS FORÇAS ARMADAS 1-As fronteiras brasileiras constituem uma grande fragilidade para segurança pública em todo o território, o que, segundo especialistas, reflete diretamente nos índices de violência e criminalidade dos grandes centros. Pensando nisso, o governo editou a Estratégia Nacional de Fronteiras, a qual apresenta três fases em sua consecução: Ação Imediata (em Curto Prazo); O engajamento e integração Federativa e os Projetos Estratégicos. Qual seria efetivamente o prazo e o aporte financeiro necessários para que tais medidas fossem implementadas, uma vez que todas as instituições efetivamente envolvidas no projeto enfrentam graves problemas de recursos humanos e financeiros?

O Governo Federal instituiu, por meio do DECRETO Nº 7.496, DE 8 DE JUNHO DE 2011, o Plano Estratégico de Fronteiras,que tem como objetivos:

a. A integração das ações de segurança pública, de controle aduaneiro e

das Forças Armadas da União com a ação dos Estados e Municípios

situados na faixa de fronteira;

b. A execução de ações conjuntas entre os órgãos de segurança pública,

federais e estaduais, a Secretaria da Receita Federal do Brasil e as

Forças Armadas;

c. A troca de informações entre os órgãos de segurança pública, federais e

estaduais, a Secretaria da Receita Federal do Brasil e as Forças

Armadas;

d. A realização de parcerias com países vizinhos para atuação nas ações

previstas no art. 1o; e

e. A ampliação do quadro de pessoal e da estrutura destinada à prevenção,

controle, fiscalização e repressão de delitos na faixa de fronteira.

Se for feita uma comparação entre a fronteira dos Estados Unidos da América com o México e a do Brasil com seus 10 países limítrofes, poderemos inferir o seguinte:

- A extensão total da fronteira entre os EUA e o México é de 3141 km; já

a do Brasil é de 16.886 Km.

- Os EUA possuem tecnologia de ponta, recursos financeiros, armamento

e equipamentos sofisticados e pessoal treinado e qualificado; já o Brasil,

possui pessoal treinado e qualificado. Os recursos financeiros são

escassos, a tecnologia, o armamento e o equipamento não são de última

geração.

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Mesmo com todos esses fatores favoráveis aos EUA, eles ainda não

conseguiram evitar os crimes transfonteiriços.

A ENAFRON é um programa entre o Ministério da Justiça e as Secretarias de Segurança Pública dos Estados. Esta parceria depende de decisão política dos Governadores e do Governo Federal. Faz parte da Operação SENTINELA, do Ministério da Justiça (MJ), que é uma operação permanente de inteligência policial na fronteira. Com isso, fica muito difícil calcular o prazo e o aporte de recursos necessários para implementar todas as medidas necessárias. O que se pode, e já está sendo feito com as Operações ÁGATA, é diminuir esses crimes transfonteiriços.

2-De onde viria o recurso, qual a cronologia para tais ações?

O recurso vem do Governo Federal, que tem suas prioridades e limitações. A cronologia para as ações depende do volume de recursos disponíveis, que não é muito.

3-As Operações ÁGATAS demonstraram um grande engajamento das FFAA com as demais entidades de segurança pública do país. A organização e os meios das FFAA, combinado com o conhecimento pontual dos agentes de segurança e a simpatia popular, foram fatores preponderantes para que tais ações fossem logradas de êxito. Quando se fala em estabilização e enraizamento (segunda fase da ENAFRON), podemos pensar em uma política integrada pelas FFAA, PRF, PF e demais órgãos de segurança federal e estadual de forma sistêmica e definitiva nas fronteiras brasileiras? Como?

O êxito das Operações ÁGATA se deve ao Sistema Brasileiro de Inteligência (SISBIN). As Operações ÁGATA são de caráter eventual e temporário. Já a Operação SENTINELA do MJ é uma operação permanente. Esta sim tem o caráter de estabilização e enraizamento.

4-O que é possível ser feito em curto prazo?

O que é possível é o que está sendo feito, ou seja, operações ÁGATA eventuais e operação SENTINELA de forma permanente.

5-Como é do vosso conhecimento, o Estado do Mato Grosso há dez anos possui um Grupo Especial de Fronteira (GEFRON), que tem como objetivo integrar as forças de segurança estaduais e promover o combate aos crimes transnacionais na fronteira. Ocorre que, a exemplo dos demais órgãos de segurança, carece de recurso e faz o trabalho de maneira empírica e prejudicada. Por outro lado as FFAA possuem algumas ferramentas que em muito contribuiriam para a coação de crimes transnacionais. Hoje o que se

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pensa é na união de forças em ações operacionais pontuais propostas pelo MD. Existe algum termo de cooperação ou convênio que possibilite o trabalho integrado e cooperativo das FFAA e entes estaduais de segurança pública de MT no combate aos crimes transnacionais na fronteira BB de forma sistemática? Como o MD vê esta possibilidade?

A Constituição Federal (CF) e as leis devem ser seguidas em Estado Democrático de Direito, como é o caso do Brasil. A CF dispõe, no seu Art 142, que as Forças Armadas, constituídas pela Marinha, pelo Exército e pela Aeronáutica, são instituições nacionais permanentes e regulares, organizadas com base na hierarquia e na disciplina, sob a autoridade suprema do Presidente da República, e destinam-se à defesa da Pátria, à garantia dos poderes constitucionais e, por iniciativa de qualquer destes, da lei e da ordem. Já no seu Art 144, a CF prevê que a Polícia Federal é quem deve prevenir e reprimir o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o contrabando e o descaminho, sem prejuízo da ação fazendária e de outros órgãos públicos nas respectivas áreas de competência, bem como exercer as funções de polícia marítima, aeroportuária e de fronteiras. A Operação SENTINELA é executada pelo MJ, mas com apoio logístico e de inteligência do MD.

6-O senhor entende que o engajamento das FFAA nas ações operacionais de segurança das fronteiras prejudica a atividade fim (defesa nacional) das forças? Por que?

Da forma como as Operações ÁGATA vêm sendo realizadas, isto é, de FORMA EVENTUAL e pontual, não há prejuízo para a atividade fim das Forças Armadas. 7-O governo estaria acenando para uma sistematização do emprego das FFAA no combate aos crimes transnacionais?

A sistematização que está ocorrendo é a de operações interagências, que é muito mais abrangente do que os crimes transnacionais.

8-Autoridades da PF informam que grande parte da droga que adentra ao território brasileiro o faz através de aeronaves clandestinas , a PF e as autoridades estaduais não conseguem detectar as inúmeras pistas clandestinas que são construídas a cada dia , bem como não conseguem detectar a entrada das aeronaves em tempo hábil? Haveria uma sugestão do MD para esta problemática? O COMDABRA e o (pesquisar o nome do sistema que controla desmatamento ) não poderiam firmar convênios ou termos de cooperação com os Estados para troca de informação ?

Boa parte das pistas clandestinas já foram detectadas pela FAB, que mantém missões de reconhecimento com frequência, para atualizar as informações. Sempre que a FAB detecta uma nova pista clandestina, a informação é repassada para a

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Polícia Federal, a quem cabe tomar as providências. Quando solicitado pela PF, a FAB realiza a missão de interdição da pista, utilizando armamento real. A detecção de aeronaves clandestinas entrando em território nacional não é muito fácil, tendo em vista que essas aeronaves normalmente voam à baixa altura, justamente para evitar os radares brasileiros. Para se contrapor a isso, o COMDABRA, que mantém acordo operacional com a PF, realiza, com frequência, as Operações Porteira Fechada, as quais consistem em, com alguma informação de um possível tráfego, desloca aeronaves radar (que conseguem detectar aeronaves voando á baixa altura) e de interceptação para a localidade, visando a interceptação, e força a aeronave a pousar em uma pista onde há pessoal da PF para a apreensão. Não existem convênios com os governos dos estados, pois a competência é da PF e COMDABRA, porém, caso os estados precisem de informações, bastaria solicitar à PF ou ao COMDABRA.

9-A proposta da ENAFRON é suficiente para combater com eficácia a prática dos crimes transnacionais?

A ENAFRON é um programa entre o Ministério da Justiça e as Secretarias de Segurança Pública dos Estados. Esta parceria depende de decisão política dos Governadores e do Governo Federal. Faz parte da Operação SENTINELA, do Ministério da Justiça (MJ), que é uma operação permanente de inteligência policial na fronteira. O Ministério da Defesa não pode emitir juízo de valor a esse respeito por não ser da nossa competência. 10-Como se deu a ÁGATA 6 ( fronteira Brasil e Bolívia)? Qual a área de sua abrangência ? Quais foram as instituições envolvidas e quais foram os resultados? A ÁGATA 6 ocorrerá de 7 a 22 de outubro de 2012, tendo como abrangência o mapa a seguir:

4.216 Km de extensão

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Os Ministérios e Agências e convidados foram: Ministérios da Defesa, Justiça, Saúde, Relações Exteriores, Fazenda, Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Meio Ambiente, Integração, Minas e Energia, e ainda, o Gabinete de Segurança Institucional, Secretaria de Assuntos Estratégicos, Secretaria da Receita Federal, Agência Nacional das Águas e Agência Nacional de Aviação Civil, conforme organograma a seguir:

11-Quais sãos os crimes cometidos com maior frequência na fronteira Brasil e Bolívia? Os principais crimes cometidos são:

- Narcotráfico;

- Contrabando e descaminho;

- Tráfico de armas e munições;

- Crimes ambientais;

- Contrabando de veículos;

- Imigração ilegal; e

- Problemas indígenas.

12-As Forças Armadas atuam rotineiramente no patrulhamento das fronteiras Brasil e Bolívia?

Sim. O Brasil tem Unidades Militares dispostas ao longo da fronteira e rotineiramente desencadeia operações na fronteira, como as Operações Cadeado, Atalaia e Curare, dentre outras.

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13-Quais são as políticas de repressão aos crimes transnacionais existentes na região da fronteira Brasil e Bolívia? As questões políticas são da competência dos Governos Federal e Estadual. Portanto, não me sinto capacitado a explanar sobre este assunto.

OBS: ESTA ENTREVISTA FOI ENTREVISTA FOI ENVIADA POR EMAIL E RESTITUÍDA PELA AUTORIDADE. TEM NATUREZA DIDÁTICA E SERÁ UTILIZADA TÃO SOMENTE PARA EXECUÇÃO DO TRABALHO DE CONCLUSÃO DO CURSO CAEPE/12