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A pobreza na concepção marxista Este será o primeiro de uma série de pequenos textos, sobre pobreza, que este blog pretende discutir. Diferentes concepções, posicionamentos, teorias e tudo mais que envolva a problemática social da pobreza. A intenção aqui não é defender perspectivas teóricas, mas tratar sobre cada uma de forma a explorar o que de melhor elas tenham a agregar a cerca dessa discussão. A pobreza na concepção marxista Para a perspectiva marxista, a pobreza jamais pode ser analisada separadamente da riqueza, pois se tratam de uma unidade contraditória de opostos. Para a tradição marxista a concentração de riqueza é uma categoria fundamental na análise da pobreza. Segundo Siqueira (2013), Para Marx, a pobreza não é apenas um aspecto marginal ou um problema de ordem colateral, trata-se de um momento central e fundante da acumulação capitalista. Para compreender a pobreza na sociedade capitalista, segundo essa perspectiva, é necessário conhecer determinações impostas historicamente pelas contradições próprias desse modelo de sociedade. Essas determinações constituem a realidade concreta na qual os sujeitos se encontram. A pobreza, no modo de produção capitalista não pode ser vista como algo isolado, distante da realidade posta por essa sociedade. A pobreza não é produto de um insuficiente desenvolvimento, ela é produto necessário do capitalismo que acumula riqueza ao mesmo passo que produz pauperização absoluta e relativa. Desse modo, o desenvolvimento sob a ótica capitalista não apenas produz a pobreza como também a amplia. A riqueza produzida na sociedade do capital não gera sua distribuição, mas sua acumulação nas mãos de poucos que se apropriam desta mediante a exploração. Dessa forma, segundo Siqueira (2013), a pobreza não se caracteriza como aspecto residual e transitório do capitalismo, é estrutural e resultado do seu próprio desenvolvimento. O capitalismo não anula nem a pobreza e nem a riqueza, pois a produção de ambas é orgânica.

A Probreza Na Visão Marxista

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Marx descreve a pobreza como resultado do próprio Capital

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A pobreza na concepo marxistaEste ser o primeiro de uma srie de pequenos textos, sobre pobreza, que este blog pretende discutir. Diferentes concepes, posicionamentos, teorias e tudo mais que envolva a problemtica social da pobreza. A inteno aqui no defender perspectivas tericas, mas tratar sobre cada uma de forma a explorar o que de melhor elas tenham a agregar a cerca dessa discusso. A pobreza na concepo marxistaPara a perspectiva marxista, a pobreza jamais pode ser analisada separadamente da riqueza, pois se tratam de uma unidade contraditria de opostos. Para a tradio marxista a concentrao de riqueza uma categoria fundamental na anlise da pobreza.Segundo Siqueira (2013), Para Marx, a pobreza no apenas um aspecto marginal ou um problema de ordem colateral, trata-se de um momento central e fundante da acumulao capitalista.Para compreender a pobreza na sociedade capitalista, segundo essa perspectiva, necessrio conhecer determinaes impostas historicamente pelas contradies prprias desse modelo de sociedade. Essas determinaes constituem a realidade concreta na qual os sujeitos se encontram.A pobreza, no modo de produo capitalista no pode ser vista como algo isolado, distante da realidade posta por essa sociedade. A pobreza no produto de um insuficiente desenvolvimento, ela produto necessrio do capitalismo que acumula riqueza ao mesmo passo que produz pauperizao absoluta e relativa. Desse modo, o desenvolvimento sob a tica capitalista no apenas produz a pobreza como tambm a amplia. A riqueza produzida na sociedade do capital no gera sua distribuio, mas sua acumulao nas mos de poucos que se apropriam desta mediante a explorao.Dessa forma, segundo Siqueira (2013), a pobreza no se caracteriza como aspecto residual e transitrio do capitalismo, estrutural e resultado do seu prprio desenvolvimento. O capitalismo no anula nem a pobreza e nem a riqueza, pois a produo de ambas orgnica.A pobreza formada pela lgica da acumulao da sociedade capitalista, pela produo do excedente e pela explorao capital/trabalho. Nas sociedades que antecedem o capital, a pauperizao existia de forma proporcional ao que se produzia, ou seja, era uma consequncia da escassez da produo provocada por um atraso no desenvolvimento das foras produtivas e no uma consequncia do excedente da produo, tal como ocorre na sociedade capitalista, ampliando cada vez mais a pobreza e, por conseguinte as contradies desse sistema.A pobreza absoluta, na perspectiva marxista, segundo Siqueira (2013), est relacionada diretamente com o desemprego (exrcito industrial de reserva) o pauperismo constitui o exrcito ativo dos trabalhadores e o peso morto do exrcito industrial de reserva, sendo, no entanto condio de existncia da produo capitalista, pois quanto maior o exrcito industrial de reserva maior a pobreza.A pobreza relativa nesta mesma perspectiva se caracteriza pela diferena quantitativa da diviso daquilo que produzido pelo trabalhador e dividido de forma desigual entre trabalhador e capitalista. Dessa forma, para Siqueira, mesmo podendo algum trabalhador ter um salrio satisfatrio comparado aos demais que lhe possibilite um nvel de vida elevado, o valor que ele recebe cada vez menor, comparado com o total da riqueza produzida e apropriada pelo capitalista. Sendo assim, o valor do salrio no anula a explorao controlada e necessria existncia do capital.A pobreza relativa para a tradio marxista nada tem a ver com indicadores geralmente utilizados para a medio da pobreza, sendo estas determinadas pela reduo da parte que cabe aos trabalhadores do total de valores criados, enquanto cresce a parte apropriada pelos capitalistas. O fato de produzir mais-valia apropriada pelo capital o que reproduz e funda na sociedade capitalista a pobreza relativa. Para uma anlise crtica sobre a pobreza numa perspectiva marxista, Segundo Siqueira (2013), preciso considerar o trabalho no em seu carter ontolgico, mas em seu carter abstrato, cuja relao estabelecida entre os indivduos sociais se baseiam na compra e venda da fora de trabalho e na apropriao privada nas mos de uma minoria. necessrio considerar a questo social como resultante da contradio entre capital e trabalho e, por fim, levar em conta a relao estreita entre pobreza contempornea e a questo social, compreendendo a primeira como uma manifestao da segunda e quepor tanto, tambm resulta da relao contraditria entre capital/trabalho, inerente ao modo de produo capitalista. Logo a pobreza no se trata de um problema de mercado, resultante do insuficiente desenvolvimento capitalista, mas se caracteriza como um produto do desenvolvimento desse sistema.No MPC (modo de produo capitalista), no precrio o desenvolvimento, mas o prprio desenvolvimento que gera desigualdade e pobreza. A riqueza e a pobreza so produzidas em escala proporcional. Desse modo, no a escassez que gera a pobreza, mas a abundncia acumulada nas mos de poucos que gera a desigualdade e a pobreza absoluta e relativa.Segundo Siqueira (2013), a compreenso da pobreza implica necessariamente o estudo da acumulao. Sem considerar os processos que fundam a acumulao no se pode caracterizar corretamente os fundamentos da pobreza. Assim, os estudos que desconsideram essa relao (pobreza/acumulao) fazem parte de uma anlise apenas descritiva da pobreza, sem ir aos seus fundamentos.Nesse mesmo sentido, para essa perspectiva, a interveno social nas manifestaes da questo social que apontam para a diminuio da pobreza, sem atentar para o processo e volume da acumulao, se caracteriza apenas como medidas emergenciais, mesmo que necessrias no contexto capitalista, para amenizar a pobreza sem impactar a estrutura fundante que a gera.