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Aula temáticaA Química e a História da
cana-de-açúcar no Brasil
Professores: Juliana
Marcelo
Abril de 2013
Breve contexto do cenário europeu no início da
Idade Moderna (séculos XV- XVIII):
• Formação dos estados nacionais europeus
com governo absolutistas;
• Expansão marítima europeia;
• Política econômica mercantilista.
Recorte espacial:
Portugal e o cultivo de cana-de-açúcar.
• A partir da segunda metade do século XIV
Portugal introduz com maior amplitude o
cultivo de cana-de-açúcar em suas colônias.
• Ilha da Madeira, Cabo Verde, São Tomé e
Príncipe e posteriormente na América
portuguesa (Brasil).
• Financiamento da produção: Países Baixos.
• Mão de obra: escrava.
Organização da produção açucareira na América
portuguesa
• Em 1533 foi estabelecido o primeiro engenho
da colônia (Brasil), na capitania de São
Vicente.
• No ano de 1610 já haviam sido construídos
aproximadamente 400 engenhos.
• A produção açucareira se concentrou na
região nordeste.
• O açúcar foi o principal produto exportado
pela colônia por mais de três séculos.
• Era uma especiaria muito valiosa no início do
século XV.
• Plantation: padrão de exploração agrícola
caracterizado pelo latifúndio monocultor, pela
mão de obra escrava e pela produção voltada
ao comércio externo.
Engenhos
• Os engenhos eram constituídos por extensas
áreas florestais, plantações de cana-de-açúcar,
casa grande, senzala e capela.
A cana-de-açúcar
• Nome científico (inicial): Saccharum officinarum
A cana-de-açúcar
• Matéria-prima da sacarose (açúcar comum)
– Carboidrato (sacarídeo): mono, di, oligo ou
polissacarídeo. Açúcares = mono e di.
– Função energética.
– Ribose e desoxirribose: RNA e DNA
– Sempre doces?
Mas o que é um carboidrato??
• São as biomoléculas mais abundantes do planeta!
• São biomoléculas: compostos químicos sintetizadospor seres vivos, e que participam da estrutura e do
funcionamento da matéria viva (vitaminas, lipídios,
proteínas, etc).
Química de Carboidratos
• Fórmula geral (CH2O)n
• Possuem as funções orgânicas:
– Álcool
– Aldeído
– Éter
– Cetonas
• Formam polímeros (CH2O)6 = C6H12O6
Exemplos de Carboidratos
Exemplos de Carboidratos
Polissacarídeos
Função estrutural nas plantas
Reserva energética nos animais (glicogênio) e plantas (amido).
Sacarose, um dissacarídeo!
• Constituída por duas unidades de monossacarídeos
diferentes.
• Ligação glicosídica
C6H12O6
C12H24O11
C6H12O6
Sacarose, um dissacarídeo
Etapas da produção do açúcar
• Plantação
• Cultivo
• Colheita
• Refinamento
• Dois produtos principais: etanol e açúcar.
Etapas da produção do açúcar
Cana-de-açúcar Colheita Moagem
CaldoAçúcar
MostoEtanol
Refinamento
Fermentação Filtragem
Destilação
EnergiaBagaço
Fermentação do caldo
• Presença de micro-organismos: Saccharomyces
cerevisiae; fermento de pão.
• Obtenção de glicose e frutose (enzima invertase)
e, posteriormente, transformadas em etanol e
dióxido de carbono.
1ª etapa
2ª etapa
Destilação do mosto
• Método de separação de misturas____________ de líquidos com diferentespontos de ebulição.
• Simples: produção de cachaça artesanal(álcool e outras substâncias).
• Fracionada: obtenção de compostos comelevado grau de pureza, ex: etanol industrial.
Destilação Simples
Destilação Fracionada
Os escravos na economia açucareira
• Escravidão moderna (séculos XVI a XIX)
• América portuguesa:
• No início: utilização da mão de obra indígena.
• Transição para a mão de obra escrava africana.
• Escravos capturados no continente africano.
• Tráfico de escravos: grandes lucros para as
grandes potências europeias.
• Os escravos chegavam à colônia aglomerados
nos porões dos tumbeiros (navios negreiros).
• “Segundo o historiador, Luís Felipe de Alencastro,
cerca de 40% dos negros morriam nos primeiros seis
meses subsequentes ao seu apresamento, a caminho
do litoral. Doze por cento dos sobreviventes morriam
durante o mês em que ficavam nos portos,
aguardando o transporte. Durante a travessia 9% dos
que embarcavam e metade dos que chegavam
morriam durante os quatro primeiros anos no Brasil.
Estima-se que até o século XIX, entre 10 e 15 milhões
de africanos vieram (capturados) para a América, dos
quais 40% vieram para o Brasil”. (DORIGO;
VICENTINO, 2008, p. 159.)
• O trabalho no cultivo da cana-de-açúcar:
• Trabalhadores especializados (feitor, mestredo açúcar, purgador) supervisionavam osescravos e conheciam procedimentosindispensáveis para a produção do açúcar.Eram livres e recebiam pagamento pelotrabalho.
• Já os escravos realizavam os trabalhos maispenosos e perigosos:
• derrubada de mata e limpeza do terreno,abertura de covas para plantar a cana,moenda, cozimento do caldo etc.
• Escravidão: perda da liberdade.
• Resistência: fugas, criação de quilombos,
suicídios.
• A partir dos anos 1980 várias pesquisas
ressaltam que os escravos, mesmo que
inseridos em uma condição escrava, foram
agentes ativos na construção de suas
histórias.
Trabalho escravo contemporâneo
• O cultivo da cana de açúcar produz dois tipos
de commodities:
• Açúcar e o etanol.
• “Segundo dados do IBGE, as maiores áreas de
produção de cana-de-açúcar, entre 2000 e
2005, se localizam em áreas tradicionais: Zona
da Mata, interior de São Paulo, norte do
Paraná, Rio de Janeiro, Espírito Santo e em
regiões novas, como nos estados de Goiás e
Mato Grosso.” (Atlas do Trabalho Escravo,
2009, p. 41-42).
• Final do século XX: crescimento do trabalho forçado,
segundo dados da Organização Internacional do
Trabalho (OIT).
• Razões que explicam esse aumento da exploração do
trabalhador:
• Processos de globalização e modernização da
economia, sobretudo, no setor agrícola;
• Avanço da política neoliberal;
• Precarização das normas legais de proteção ao
trabalhador;
• Desregulamentação do mundo do trabalho.
Trabalho análogo a de escravo: por Angela de
Castro e Gomes
• Características dos trabalhadores aliciados:
• pessoas deslocadas de suas regiões de origem ou
não;
• com baixa ou nenhuma qualificação profissional e
instrução;
• vivendo em condições miseráveis e em busca de
uma oportunidade de trabalho.
• De acordo com Gomes:
• Esse novo tipo de exploração é realizada por grandes empresasprivadas e não mais pelos Estados nacionais.
• Trabalhadores sujeitos a duros mecanismos de controle: violência
física ou simbólica (endividamento) e vivendo em condições
degradantes e humilhantes para a pessoa humana.
• Condição que se tornou fundamental para a identificação desse
novo tipo de exploração.
• “No centro das atenções nos últimos tempos, em
função de seu crescimento acelerado, a produção de
cana de- açúcar pode ser também considerada como
um dos fatores econômicos de impulsão às
condições análogas ao trabalho escravo. Assunto
polêmico, pois, do ponto de vista formal, os
cortadores de cana têm carteira de trabalho assinada
e material para trabalhar, não sofrem cerceamento
da liberdade e nem estão submetidos a outras
irregularidades que caracterizam o trabalho
escravo(...)”. (Atlas do Trabalho Escravo, 2009, p. 41-
42).
• “ (...)Contudo, as condições subumanas de vida e de
trabalho às quais está submetido o trabalhador, a
duração irregular do tempo durante o corte de cana e a
estafa física e mental a que está sujeito, têm provocado
o debate entre segmentos da sociedade civil organizada
(entidades de representação dos trabalhadores,
academia, organizações de defesa dos direitos
humanos, etc,).” (Atlas do Trabalho Escravo, 2009, p. 41-
42).
Matéria publicada no jornal Folha de S.
Paulo
Usinas de cana-de-açúcar concentram trabalho degradante
• “No ano em que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva tornou
o álcool combustível uma de suas principais bandeiras,
alçando os usineiros a "heróis mundiais", mais da metade das
libertações de trabalhadores em condições degradantes ou
análogas à escravidão no Brasil ocorreu em usinas de cana-de-
açúcar. Em 2007, os grupos móveis do Ministério do Trabalho
resgataram em propriedades do setor sucroalcooleiro 3.117
pessoas em situação degradante --53% do total (5.877). O
restante foi resgatado em atividades como pecuária e
carvoaria.”
Ações no Brasil contra o trabalho escravo
• Vídeo: escravo, nem Pensar.
http://www.youtube.com/watch?v=4JKyJJIz1Jk
• Vídeo: A cana-de-açúcar no Brasil - PIBID-
Química e PIBID-História - UFSM
http://www.youtube.com/watch?v=wQNNxX0
tebg
• Referências:
• FARIA, Sheila de Castro. A colônia em movimento: fortuna e família no
cotidiano colonial. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1998, p. 290-294.
• GOMES, Angela de Castro. Trabalho análogo a de escravo:
• construindo um problema. In: História Oral, v. 11, n. 1-2, p. 11-41, jan.-dez.
2008.
• W. E. F. Junior. Carboidratos: Estrutura, Propriedades e Funções. Química
Nova na Escola, Nº 29, p. 8-13, Agosto 2008.
• M. E. F. Braibante, M. S. Pazinato, T. R. Rocha, L. S. Friedrich e F. C. Nardy. A
Cana-de-Açúcar no Brasil sob um Olhar Químico e Histórico: Uma
Abordagem Interdisciplinar. Química Nova na Escola, Vol. 35, N° 1, p. 3-10,
Fevereiro 2013.
• Théry, Hervé. Atlas do Trabalho Escravo no Brasil / Hervé Th éry, Neli
Aparecida de Mello, Julio Hato, Eduardo Paulon Girardi. São Paulo: Amigos
da Terra, 2009.
• VICENTINO, Cláudio; GIANPAOLO, Dorigo. História para o ensino médio:
história geral e do Brasil. São Paulo: Scipione, 2008.
Imagens e matérias:
• Fotos dos engenhos: Disponível em:
http://engenhodafotografia.blogspot.com.br/. Acesso em :
14/04/2013.
• Trabalhador cortador de cana : Disponível em:
http://g1.globo.com/Noticias/Economia_Negocios/0,,MUL418
110-9356,00-
OS+BIOCOMBUSTIVEIS+VAO+PRODUZIR+ESCASSEZ+DE+ALIM
ENTOS.html. Acesso em: 14/04/2013.
• Usinas de cana-de-açúcar concentram trabalho degradante.
Disponível em:
http://www1.folha.uol.com.br/folha/dinheiro/ult91u373154.s
html. Acesso em: 14/04/2013.
• Usina Vertente. Disponível em:
http://www.usinavertente.com.br/. Acesso em: 15/04/2013.