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À Rádio Melodia FM 97,3 Debate Melodia Amados irmãos em Cristo, A Paz do Senhor Jesus. Através da presente missiva gostaria de externar minha opinião sobre a questão do dízimo exigido pelas greis evangélicas de modo geral e que foi o assunto do debate de 29 Jun 07 – sexta-feira. Dentre outras colocações, foi dito e apoiado por todos os participantes que o dízimo deve ser dado por amor e não por obrigação. Isto é verdade e quebra o paradigma promulgado por alguns “pastores” evangélicos de que devemos pagar o dízimo. Ora, se vedo pagar já não é por amor, pois se pago o que devo isso é só minha obrigação. O amor é voluntário, espontâneo, parte de um coração dilatado, aberto a dar, a se doar. Isso sim é adoração de verdade. Gostaria de fazer ainda algumas observações pertinentes à questão: 1. Foi dito que Abraão deu o dízimo de tudo o que conquistou na batalha para Melquisedeque. Ora, todo estudioso das Escrituras Sagradas sabe que era costume de todos aqueles povos oferecer os despojos da guerra para alguma divindade. Atribuía-se a vitória na guerra a algum deus e dedicava-se os despojos a esse deus. Como Melquisedeque era sacerdote do Deus Altíssimo - Nwyle la ‘el ‘elyown, Abraão entendeu que Ele era o mesmo Deus que o chamou em Harã (Gn 11.32; 12.1-5). Assim sendo, faltou os amados debatedores esclarecer ao povo de Deus esse fato: O dízimo já existia de uma forma ou de outra entre outros povos. Não foi Abraão que o inventou e as Escrituras não dizem que Deus lhe ordenou fazer o que fez. 2. Foi dito ainda, sobre Jesus, que Ele não ab-rogou a Lei, mas veio cumpri-la, logo, a prática do dízimo não foi anulada (Pr. César de Andrade). Bem, todo bom evangélico gosta de afirmar o mesmo sobre a questão da guarda do sábado, só que em outro sentido. Já que Jesus cumpriu toda Lei, nós não estamos mais embaixo da Lei, não precisamos mais guardá-la, inclusive o sábado para o qual não há mandamento correspondente em o N.T. O

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À Rádio Melodia FM 97,3Debate Melodia

Amados irmãos em Cristo, A Paz do Senhor Jesus.

Através da presente missiva gostaria de externar minha opinião sobre a questão do dízimo exigido pelas greis evangélicas de modo geral e que foi o assunto do debate de 29 Jun 07 – sexta-feira. Dentre outras colocações, foi dito e apoiado por todos os participantes que o dízimo deve ser dado por amor e não por obrigação. Isto é verdade e quebra o paradigma promulgado por alguns “pastores” evangélicos de que devemos pagar o dízimo. Ora, se vedo pagar já não é por amor, pois se pago o que devo isso é só minha obrigação. O amor é voluntário, espontâneo, parte de um coração dilatado, aberto a dar, a se doar. Isso sim é adoração de verdade. Gostaria de fazer ainda algumas observações pertinentes à questão:

1. Foi dito que Abraão deu o dízimo de tudo o que conquistou na batalha para Melquisedeque. Ora, todo estudioso das Escrituras Sagradas sabe que era costume de todos aqueles povos oferecer os despojos da guerra para alguma divindade. Atribuía-se a vitória na guerra a algum deus e dedicava-se os despojos a esse deus. Como Melquisedeque era sacerdote do Deus Altíssimo - Nwyle la ‘el ‘elyown, Abraão entendeu que Ele era o mesmo Deus que o chamou em Harã (Gn 11.32; 12.1-5). Assim sendo, faltou os amados debatedores esclarecer ao povo de Deus esse fato: O dízimo já existia de uma forma ou de outra entre outros povos. Não foi Abraão que o inventou e as Escrituras não dizem que Deus lhe ordenou fazer o que fez.

2. Foi dito ainda, sobre Jesus, que Ele não ab-rogou a Lei, mas veio cumpri-la, logo, a prática do dízimo não foi anulada (Pr. César de Andrade). Bem, todo bom evangélico gosta de afirmar o mesmo sobre a questão da guarda do sábado, só que em outro sentido. Já que Jesus cumpriu toda Lei, nós não estamos mais embaixo da Lei, não precisamos mais guardá-la, inclusive o sábado para o qual não há mandamento correspondente em o N.T. O problema aqui é que também não consigo encontrar nenhum mandamento correspondente no N.T. que diga que devemos dar o dízimo, seja por amor ou por força da Lei. O que encontramos é o apóstolo Paulo agradecendo às greis fundadas por ele pela oferta de donativos levantados para outros irmãos (Fl 4.15,16) e que devemos contribuir para obra de Deus com alegria (2ª Co 9.6-8).

3. O grande problema que percebo é que realmente os evangélicos só utilizam do A.T. textos selecionados que sirvam aos seus interesses. Em outra ocasião o Pr. Marcos Andrade falou algo parecido com muita propriedade. Ora, sabemos que o dízimo foi estabelecido por Deus para Israel e não para Grei de Jesus. Por que então os pastores “evangélicos” condicionam o batismo, cuja única condição bíblica é a fé em Jesus e confissão de Seu nome, ao compromisso de pagar o dízimo? Isso é um abuso. É forçar a Bíblia a dizer o que não diz. Não é fruto de uma hermenêutica séria. Será que Filipe colocou tal condição para batizar o Eunuco de Candace? Não vemos nada parecido, nem em Samaria, nem com o eunuco, nem na casa de Cornélio e muito menos em Paulo.

4. O que vemos hoje de modo geral, é um crescimento da visão de mundo materialista entre os evangélicos. Falsa teologia da prosperidade, egoísmo, avareza, etc; tem sido a marca de muitos que se dizem “cristãos”, mas não são! O

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Neopentecostalismo veio dar sua contribuição ao fator apostasia dos últimos dias, com ênfase nos bens materiais, exorcismos, falta de santidade e compromisso com Deus e Sua palavra, etc. Verdadeiros adoradores dão muito mais que dízimo para Deus. Doam suas vidas, seu tempo, sua saúde, seus bens, enfim, pois tudo foi Ele que nos deu, e, é tudo Dele e nós também somos Dele. A Ele seja a glória hoje e eternamente. Amém!

5. Penso que deveria ser feito outro debate sobre esse tema. O de hoje - 29 Jun 07 começou bem, mas terminou muito mal. Tão mal que o Pr. Eliel do Carmo chegou a falar que não dizimar é roubar a Deus e ladrão vai para o inferno e os demais pastores apoiaram esse absurdo. Com isso voltaram para Lei, que dizia que quem guardasse a mesma mas faltasse em qualquer ponto era culpado de toda Lei. Bem, podemos dedicar toda nossa vida para Jesus, mas se não dermos dinheiro para sustentar o luxo de muitos pastores, não todos é claro, iremos no fim para o inferno de fogo e enxofre. Só faltou falarem explicitamente, porque ficou implícito, que somos salvos por darmos dízimos e não pelo sangue precioso de Jesus. Misericórdia.

6. Bem, certo de vossa compreensão, coloco-me ao seu dispor em Cristo,

Atenciosamente,

Eldo Carlos de Azevedo LimaPresbítero

Bacharel em Teologia