A Razão

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A Razão: Os principios racionais, os vários sentidos da palavra razão, principio da identidade, principio da não-contradição e principio do terceiro excluido.

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  • NIDADE

    A razo

    CAPiTULO 1

    A razo

    Os vrios sentidos da_____________ palavra razo

    Naparte introdutria deste trabalho, insistimos na afir-mao de que a Filosofia se realiza como conhecimento ra-cional da realidade natural e cultural, das coisas e dos se-res humanos. Dissemos que ela confia na razo eque, hoje,ela tambm desconfia da razo. Mas, at agora, no disse-mos o que a razo, apesar de ser ela to antiga quanto a Fi-losofia.

    Em nossa vida cotidiana usamos a palavra razo emmuitos sentidos. Dizemos, por exemplo, "eu estou com a ra-zo" ou "ele no tem razo" para afirmar que nos sentimosseguros de alguma coisa ou que sabemos com certeza al-guma coisa. Tambm dizemos que, num momento de friaou de desespero, "algum perde a razo", como se a razofosse alguma coisa que se podeterou no ter, possuir e per-der, ou recuperar, como na frase "Agora ela est lcida, re-cuperou a razo".

    Falamos tambm frases como "Se voc me disser suasrazes, sou capaz de fazer o que voc me pede", querendodizer com isso que queremos ouvir os motivos que algumtem para querer ou fazer alguma coisa. Fazemos pergun-tas como "Qual a razo disso?", querendo saber qual a cau-sa de alguma coisa e, nesse caso, a razo parece ser algu-

    ma propriedade que as prprias coisas teriam, j que te-riam uma causa.

    Assim, usamos razo para nos referirmos aos motivosde algum e tambm para nos referirmos s causas de al-guma coisa, de modo que tanto ns como as coisas pare-cemos dotados de razo, mas em sentido diferente.

    Esses poucos exemplos j nos mostram quantos sen-tidos diferentes a palavra razo possui: certeza, lucidez,motivo, causa. E todos esses sentidos encontram-se pre-sentes quando a Filosofia fala na razo.

    Por identificar razo e certeza, a Filosofia afirma que averdade racional; por identificar razo e lucidez (no ficarou no estar louco), a Filosofia chama nossa razo de luz eluz natural (pois a palavra lucidez vem de luz); por identifi-car razo emotivo, por considerar que sempre agimos e fa-lamos movidos por motivos, a Filosofia afirma que somosseres racionais e que nossa vontade racional; por identi-ficar razoecausa e por julgar que a realidade opera de acor-do com relaes causais, a Filosofia afirma que a realidade racional.

    muito conhecida a clebre frase de Pascal, filsofofrancs do sculo XVII: "O corao tem razes que a razodesconhece". Nessa frase, as palavras razes e razo notm o mesmo significado, indicando coisas diversas. "Ra-zes" so os motivos do corao, enquanto "razo" al-go diferente de "corao"; este o nome que damos paraas emoes e paixes, enquanto "razo" o nome que da-mos conscincia intelectual e moral.

    Ao dizer que o corao tem suas prprias razes, Pas-cal est afirmando que as emoes, os sentimentos ou aspaixes so motivos e causas de muito do que fazemos,dizemos, queremos e pensamos. Ao dizer que a razo des-

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    conhece "as razes do corao", Pascal est afirmandoque a conscincia intelectual e moral diferente das pai-xes e dos sentimentos e que ela capaz de uma ativida-de prpria no motivada nem causada pelas emoes,mas que possui seus motivos e causas ou suas prpriasrazes.

    Assim, a frase de Pascal pode sertraduzida da seguin-te maneira: nossa vida emocional possui causas emotivos(as "razes do corao"), que so as paixes ou os senti-mentos, e diferente de nossa atividade consciente, denossa razo, seja como atividade intelectual, seja como ati-vidade moral.

    A conscincia a razo. Corao e razo, paixo ousentimentos e conscincia intelectual ou moral so dife-rentes. Se algum "perde a razo" porque est sendo ar-rastado pelas "razes do corao". Se algum "recuperaa razo" porque o conhecimento intelectual e a conscin-cia moral se tornaram mais fortes do que as paixes. A ra-zo, como conscincia moral, avontade racional livre queno se deixa dominar pelos impulsos passionais, mas rea-liza as aes morais como atos corretos, ditados pela in-teligncia ou intelecto.

    A cientista Marie Curie, que pesquisou a radioatividadena Frana entre 1900 e 1910. A cincia um exemplode emprego da razo objetiva.

    Alm da frase de Pascal, tambm ouvimos outras queelogiam as cincias, dizendo que elas manifestam o "pro-gresso da razo". Aqui, a razo colocada como capacida-de puramente intelectual para conseguir o conhecimentoverdadeiro da natureza, da sociedade, da histria, e isso considerado algo bom, positivo, um "progresso".

    Por ser considerado um "progresso", o conhecimentocientfico visto como se realizando no tempo e como do-tado de continuidade, de tal modo que a razo concebidacomo temporal tambm, isto , como capaz de aumentarseus contedos e suas capacidades atravs dos tempos.

    Algumas vezesouvimos um professor dizer aoutro: "Fu-lano trouxe um trabalho irracional; era um caos, uma confu-so. Incompreensvel. Jo trabalho de beltrano era uma be-leza: claro, compreensvel, racional". Aqui, a "razo", ou"racional", significa clareza de idias, ordem, resultado deesforo intelectual ou da inteligncia, seguindo normas eregras de pensamento e de linguagem. Ao contrrio, "irra-cional" significa confuso, desordenado, sem seguir as re-gras e normas do pensamento e da linguagem corretos.

    Todos esses sentidos constituem a nossa idia de ra-zo. Ns a consideramos a conscincia moral que observaas paixes, orienta a vontade e oferece finalidades ticaspara a ao. Ns avemos como atividade intelectualde co-nhecimento da realidade natural, social, psicolgica, his-trica. Ns a concebemos segundo o ideal da clareza, daordenao e do rigor e preciso dos pensamentos e das pa-lavras. "Razo" designa, portanto, as leis do pensamentoe as leis da ao refletida.

    Paramuitos filsofos, porm, a razono apenas aca-pacidade moral e intelectual dos seres humanos, mas tam-bm uma propriedade ou qualidade primordial das prpriascoisas, existindo na prpria realidade. Paraesses filsofos,nossa razo pode conhecer a realidade (natureza, socieda-de, histria) porque esta racional em si mesma. Razode-signa, agora, a ordenao necessria das prprias coisas.

    Fala-se, portanto, em razo objetiva (a realidade ra-cional em si mesma) e em razo subjetiva (a razo uma ca-pacidade intelectual e moral dos seres humanos). A razoobjetiva a afirmao de que o objeto do conhecimento oua realidade racional; a razosubjetiva aafirmao dequeosujeito do conhecimento e da ao racional. Paramuitosfilsofos, a Filosofia o momento do encontro, do acordo eda harmonia entre as duas razes ou racionalidades.

    _____ O-'--TI__' gelll da 12alavra razo

    Nacultura da chamada sociedade ocidental, a palavrarazo origina-se de duas fontes: a palavra latina ratio e apalavra grega lgos. Essasduas palavras so substantivos

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  • Desde o comeo da Filosofia, a origem da palavra ra-zo fez com que ela fosse considerada oposta a quatro ou-tras atitudes mentais:

    =z2JIIII'I1'L- ~A~ra=z~o:= - ::OS de dois verbos que tm um sentido muito pare-:: :::0 em latim e em grego.

    Lgosvem do verbo Jegein, que quer dizer contar, reu-nir, juntar, calcular. Ratio vem do verbo reor, que quer dizercontar, reunir, medir, juntar, separar, calcular.

    Que fazemos quando medimos, juntamos, separamos,contamos e calculamos? Pensamos de modo ordenado. Eque meios usamos para falar sobre essas aes? Usamospalavras (mesmo quando usamos nmeros estamos usan-do palavras, sobretudo os gregos e os romanos, que usa-vam letras para indicar nmeros).

    Por isso, Jgos, ratio ou razo significam pensar e falarordenadamente, com medida e proporo, com clareza e demodo compreensvel para outros. Assim, na origem, razo a capacidade intelectual para pensar e exprimir-se corre-ta e claramente, para pensar edizer as coisas tais como so.A razo uma maneira de organizar a realidade (medir, reu-nir, juntar, separar, contar, calcular) pela qual esta se tornacompreensvel. , tambm, aconfiana de que podemos or-denar e organizar as coisas porque so organizveis, orde-nveis, compreensveis nelas mesmas e por elas mesmas,isto , as prprias coisas so racionais ou esto ordenadase organizadas, esto articuladas e conectadas, so seme-lhantes ou diferentes, possuem identidade, etc., podendopor isso ser reunidas ou separadas, medidas e calculadas.

    Anatomia do sistema nervoso como se fosse umsistema de sinalizao eletrnica e do crebro comoum escritrio, onde as informaes so organizadas.

    1. ao conhecimento ilusrio, isto , ao conhecimento damera aparncia das coisas que no alcana a realidadeou averdade delas; para a razo, a iluso provm de nos-sos costumes, de nossos preconceitos, da aceitaoimediata das coisas tais como aparecem e tais como pa-recem ser. As iluses criam as opinies que variam depessoa para pessoa e de sociedade para sociedade. Arazo se ope mera opinio;

    2. semoes, aos sentimentos, s paixes, que so cegas,caticas, desordenadas, contrrias umas s outras, oradizendo "sim" a alguma coisa, ora dizendo "no" a essamesma coisa, como se no soubssemos o que quere-mos e o que as coisas so. A razo vista como ativida-de ou ao (intelectual e da vontade) oposta paixo;

    3. crena religiosa, pois, nesta, averdade nos dada pe-la f numa revelao divina, no dependendo do traba-lho de conhecimento realizado pela nossa intelignciaou pelo nosso intelecto. A razo oposta revelao epor isso os filsofos cristos distinguem a luz natural-a razo - da luz sobrenatural - a revelao;

    4. ao xtase mstico (dos santos, dos profetas), no qual oesprito acredita entrar em relao direta com o ser divi-no e participar dele, sem nenhuma interveno do inte-lecto ou da inteligncia, nem da vontade. Pelo contrrio,o xtase mstico exige um estado de abandono, de rom-pimento com aatividade intelectual ecom avontade, umrompimento com o estado consciente, a perda da cons-cincia da prpria individualidade para entregar-se aogozo ou ao prazer de participar do ser infinito, num co-nhecimento que s pode ser sentido e no pode ser ex-presso em pensamentos e palavras.

    Os princpios racionais

    Desde seus primrdios, a Filosofia considerou que arazo opera seguindo certos princpios que ela prpria es-tabelece e que esto em concordncia com a prpria rea-lidade, mesmo quando os empregamos sem conhec-losexplicitamente. Ou seja, o conhecimento racional obede-ce a certas regras ou leis fundamentais que respeitamosat mesmo quando no conhecemos diretamente quaisso e o que so. Ns as respeitamos porque somos seresracionais e porque so princpios que garantem que a rea-lidade racional.

    Que princpios so estes? So eles:

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    Princpio da identidade, cujo enunciado pode parecersurpreendente: "AA" ou "O que , ". Oprincpio da iden-tidade a condio do pensamento e sem ele no pode-mos pensar. Eleafirma que uma coisa, seja ela qual for (umser da natureza, uma figura geomtrica, um ser humano,uma obra de arte, uma ao), s pode ser conhecida e pen-sada se for percebida e conservada com sua identidade.

    Esse princpio, cujo enunciado parece absurdo (poisachamos bvio que uma coisa seja idntica a si mesma), usado por nossa sociedade sem que percebamos. Onde usado? Na chamada "carteira de identidade" (o nosso RG)com a qual se afirma e se garante que "A A".

    O princpio da identidade a condio para que defi-namos as coisas e possamos conhec-Ias a partir de suasdefinies.

    Por exemplo, depois que amatemtica definiu o trin-gulo determinando sua identidade como figura de trs la-dos e de trs ngulos internos cuja soma igual somade dois ngulos retos, nenhuma outra figura a no ser es-sa poder ser chamada de tringulo. Uma vez estabeleci-da a identidade do tringulo, todos os teoremas e proble-mas que o matemtico demonstrar sobre essa figura spodero ser demonstrados se, a cada vez que ele disser"tringulo", soubermos a qual ser ou a qual coisa ele es-t se referindo.

    Princpio da no-contradio (tambm conhecido co-mo princpio da contradio), cujo enunciado "A A e impossvel que, ao mesmo tempo e na mesma relao, se-ja no-A". Assim, impossvel que a rvore que est dian-te de mim seja e no seja, ao mesmo tempo, uma manguei-ra; que o cachorrinho de dona Filomena seja e no seja, aomesmo tempo, branco; que o tringulo seja e no seja, aomesmo tempo, a figura geomtrica de trs lados e trs n-gulos; que o homem seja e no seja, aomesmo tempo, mor-tal; que o vermelho seja e no seja, ao mesmo tempo, ver-melho, etc.

    Sem o princpio da no-contradio, o princpio daidentidade no poderia funcionar. O princpio da no-con-tradio afirma que uma coisa ou uma idia da qual algo afirmado e negado ao mesmo tempo e na mesma relaoso coisas ou idias que se negam a si mesmas e que porisso se autodestroem, desaparecem, deixam de existir. Eispor que o princpio enuncia que isso impossvel, ou seja,afirma que as coisas e as idias contraditrias so irnpen-sveis e impossveis.

    No enunciado desse princpio devemos estar atentossduas condies nasquais h contradio. Defato, o prin-cpio enuncia que impossvel afirmar e negar a mesmacoisa de uma outra ao mesmo tempo e na mesma relao.Por que essas duas condies? Porque h coisas que po-

    dem mudar no correr de suas existncias ou no correr dotempo, de tal maneira que podero tornar-se diferentes doque eram eat mesmo opostas ao que eram. Por exemplo, contraditrio que, aqui e agora (neste tempo e nesta re-lao), uma criana seja e no seja, ao mesmo tempo, crian-a e no-criana; porm, no ser contraditrio dizer queesta criana uma criana e no ser uma criana, quandocrescer. A contradio existe para a afirmao e negaosimultneas, mas no para uma afirmao que poder sernegada num outro tempo. O cachorrinho de dona Hlorne-na, ao envelhecer, poder ficar cinzento: ele foi branco eno branco.

    Essas condies indicam tambm que as coisas queno esto submetidas ao tempo ou que no so temporais,justamente porque no mudam ou no se transformam,so aquelas para as quais o princpio de no-contradioopera sempre da mesma maneira. Assim, ser sempre con-traditrio dizer que o tringulo tringulo e no-tringulo,ou que o vermelho vermelho e no-vermelho, emborauma coisa triangular possa perder a forma com o correr dotempo ou com uma interveno humana e uma coisa ver-melha possa mudar de cor com o passar do tempo ou comuma interveno humana.

    Princpio do terceiro excludo, cujo enunciado "A ou x ou ye no h terceira possibilidade". Por exemplo:"Ou este homem Scrates ou no Scrates"; "Ou fare-mos a guerra ou faremos a paz". Esteprincpio define a de-ciso de um dilema - "ou isto ou aquilo" - no qual asduas alternativas so possveis e cuja soluo exige queapenas uma delas seja verdadeira. Mesmo quando temos,por exemplo, um teste de mltipla escolha, escolhemos naverdade apenas entre duas opes - "ou est certo ou es-t errado" - e no h terceira possibilidade ou terceira al-ternativa, pois, entre vrias escolhas possveis, s h real-mente duas, a certa ou a errada.

    Princpio de razo suficiente, que afirma que tudo oque existe e tudo o que acontece tem uma razo (causa oumotivo) para existir ou para acontecer, e que tal razo (cau-sa ou motivo) pode ser conhecida pela nossa razo. Oprin-cpio de razo suficiente costuma ser chamado de princ-pio de causalidade para indicar que a razo afirma que paratudo o que existe ou acontece h uma causa (nada semcausa, costuma-se dizer para referir-se ao princpio de ra-zo suficiente). Ou seja, esse princpio afirma a existnciade relaes ou conexes internas entre as coisas, entre fa-tos, ou entre aes e acontecimentos. Pode ser enunciadoda seguinte maneira: "Dado A, necessariamente se darS". Etambm: "Dado S, necessariamente houve A".

    Isso no significa que a razo no admita o acaso ouaes e fatos acidentais, mas sim que ela procura, mesmo

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  • I 64 Itm"*f.para o acaso e para o acidente, uma causa-.Adiferena en-tre a causa, ou razo suficiente, e a causa casual ou aciden-tal est em que a primeira se realiza sempre, universal enecessria, enquanto acausa acidental ou casual svale pa-ra aquele caso particular, para aquela situao especfica,no podendo ser generalizada e ser considerada vlida pa-ra todos os casos ou situaes iguais ou semelhantes, pois,justamente, o caso ou a situao so nicos.

    A morte, por exemplo, um efeito necessrio e univer-sal (vlido para todos os tempos e lugares) da guerra e aguerra a causa necessria e universal da morte de pes-soas. Mas imprevisvel ou acidental que esta ou aquelaguerra aconteam. Podem acontecer ou no. Nenhumacausa universal exige que aconteam. Mas, se uma guerraacontecer, ela ter necessariamente causas (mesmo asmais absurdas e inaceitveis) e, se ela acontecer, ter ne-cessariamente como efeito mortes. Mas as causas dessaguerra so somente as dessa guerra e de nenhuma outra.Assim, o princpio de razo suficiente assegura que, se hou-ver guerra, houve causa para ela e que, havendo guerra, asmortes vo ocorrer.

    Diferentemente desse caso, o princpio de razo sufi-ciente est vigorando plenamente quando, por exemplo,Galileu demonstrou as leis universais do movimento doscorpos em queda livre, isto , no vcuo. Ou seja, quandodescobriu e demonstrou as causas naturais necessrias eos efeitos naturais necessrios do movimento dos corposem queda livre.

    Pelo que foi exposto, podemos observar que os prin-cpios da razo apresentam algumas caractersticas impor-tantes:

    no possuem um contedo determinado, pois so [or-mas: indicam como as coisas devem ser pensadas, masno nos dizem quais coisas so nem quais os contedosque devemos ou vamos pensar;

    possuem validade universal, isto , onde houver razo (nosseres humanos e nas coisas, nos fatos e nos acontecimen-tos), em todo tempo e em todo lugar, tais princpios soverdadeiros eempregados portodos (os humanos) eobe-decidos portodos (coisas, fatos, acontecimentos);

    so necessrios, isto , indispensveis para o pensamentoe para avontade, indispensveis para as coisas, os fatos eos acontecimentos. Indicam que algo assim e no podeser de outra maneira. Necessrio significa que impossvelque no seja dessa maneira e que possa ser de outra.

    4 Veja na Introduo, no tpico "O legado da Filosofia grega", a explicao sob

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