Upload
others
View
0
Download
0
Embed Size (px)
Citation preview
1
A RELAÇÃO DO MARKETING COM A SUSTENTABILIDADE
Flávio Solano Machado*
RESUMO
O surgimento de novas tendências que alteram constantemente as tendências do mercado e a mudança de perfil de um consumidor que vive conectado. Neste contexto, este artigo apresenta a origem e a evolução do marketing e qual a sua relação com o mercado sustentável. No cenário do mundo conectado, o consumidor sustentável ganhou um importante papel com um novo nicho de negócios e oportunidades. E quais são as tendências das empresas para este novo conceito de promoção verde? Em sua evolução, o marketing deixou de focar apenas no produto e vendas, e começou a abranger os consumidores, entender suas necessidades, comportamentos e maneiras de capitalização e fidelização. O artigo demonstra de maneira clara e objetiva o contexto histórico de vendas, e as novas maneiras de atingir o mercado. Demonstra o perfil de consumidores conscientes, e empresas sustentáveis, que tem responsabilidade social e ambiental, que impulsiona vendas através da imagem de marca carregada pelo conceito verde e qual a participação do marketing em relação ao conceito de economia circular.
Palavras-chave: Marketing, Marketing Verde, economia circular.
*Graduado em Administração pela Universidade de Sorocaba/SP (Uniso)
Pós-graduado (especialização) em Gestão Estratégica de Compras pela Faculdade UNIBF
E-mail: [email protected]
2
INTRODUÇÃO
Marketing verde é abordado, no mundo dos negócios, como um
movimento das empresas para criarem e colocarem no mercado produtos e
serviços responsáveis com relação ao meio ambiente. Comprometidas, as
empresas “verdes” tentam não apenas contribuir para um ambiente saudável,
mas também evitar a poluição (2002)
Para a melhor compreensão do marketing verde é necessário entender
seus conceitos e a sua evolução até chegarmos nos padrões que são praticados
atualmente. Algumas teorias definem marketing como mercado em ação, Kotler
(2017) afirma que o termo marketing em seu desdobramento poderia ser escrito
como ‘market-ing’ visto que, na língua inglesa, ‘market’ tem o significado de
mercado e ‘ing’ indica que uma ação está em curso, ou seja, um mercado em
constante ação.
A conectividade é um agente relativamente considerável em relação às
evoluções do marketing. Em um mundo altamente conectado com constantes
avanços tecnológicos, surgiram novos padrões de comportamento dos
consumidores que se tornaram agentes influenciadores do mercado. Os
consumidores buscam aceitação e inclusão social de tal forma que, em algumas
ocasiões, o desejo de conformidade social é mais relevante que as preferências
individuais ao se adquirir um produto. Entre os consumidores, surgiram os
consumidores sustentáveis, que se preocupam com o meio ambiente e buscam
por produtos que têm menor impacto sobre a natureza e desempenham um
papel imprescindível em relação ao desenvolvimento do marketing sustentável.
A sustentabilidade é um tema de ampla abrangência, nas empresas visa
o equilíbrio entre as responsabilidades sociais, econômicas e ambientais. A
gestão ambiental é um modelo de negócio que tende a ser reconhecido e
amplamente praticado nas organizações. Com a finalidade de atender às novas
demandas o marketing verde ganhou reconhecimento dentro das empresas
responsáveis que visam oferecer produtos com qualidade ambiental e valor ao
cliente, além de divulgar as suas ações sociais.
No cenário atual, criou-se legislações e certificações que garantam a
veracidade de uma empresa sustentável. Mas além de cumprir com as normas
exigidas por leis e conseguirem as certificações é imprescindível que as
3
empresas ajam ecologicamente para minimizar os danos já causados ao meio
ambiente. Diante deste cenário buscaremos compreender a relação entre
economia circular e marketing ambiental.
4
1. MARKETING – CONCEITOS E EVOLUÇÃO
Antigamente, as transações eram realizadas à base de trocas de
mercadorias. Também conhecida como escambo, a troca de mercadoria foi, por
muito tempo, o método mais utilizado para adquirir produtos, mas com o passar
do tempo notou-se que este processo de troca era inviável em algumas
transações, surgindo assim a necessidade de criar uma forma de pagamento: a
moeda. A moeda também foi evoluindo, se transformou em papel moeda
(dinheiro) e depois chegou aos padrões atuais em que, muitas vezes, se utiliza
a moeda virtual e não a moeda física.
Ao longo dos anos as transações evoluíram, mas a essência das
transações continua a mesma: suprir necessidades. Para auxiliar essas
transações e gerenciar a oferta e demanda, a prática do marketing também
passou por evoluções até chegar aos padrões atuais.
Kury (2013) afirma que por meados da década dos anos 60 o marketing
foi incorporado na gestão administrativa das empresas, e desde então suas
descrições também passaram por uma evolução para acompanhar a constante
mutação do mercado e compreender as necessidades dos consumidores.
Entre tantas definições de marketing, está a definição como ações
mercadológicas. Mesmo antes da definição como marketing, estas ações são
praticadas pela sociedade há muito tempo e são tão antigas como as primeiras
transações de troca e vendas. Kotler (1998) afirma que o marketing desempenha
um papel de socialização e gerenciamento, de modo que as pessoas supram os
seus desejos e as suas necessidades por meio de transações. Essas transações
não visam somente a comercialização de produtos e serviços, mas também a
troca de valores.
Entre as funções do marketing está o relacionamento com os clientes, e
compreendê-lo para atender às suas necessidades é um dos seus principais
desafios, visto que as suas necessidades variam constantemente.
Com a revolução industrial no século XVII, o uso das máquinas fez com
que a produção artesanal fosse substituída pela produção mecanizada. Assim,
a produção em grande escala fez com que os produtos se tornassem mais
acessíveis, tanto pela quantidade que eram produzidos quanto pelos preços que
começaram a ser comercializados. Nesta época não havia muitos fornecedores
5
e os consumidores tinham poucas opções de escolha. A partir de então o estudo
do mercado começou a ser realizado pelo marketing, Boone e Kurtz (1998) divide
a história do marketing em três fases:
I. Era da produção – (até 1925) o foco dos fabricantes era na
produção que acreditavam que o produto se venderia sozinho;
II. Era das Vendas – (1925 a 1950) o aumento da concorrência fez
com que os fabricantes começassem a investir em propaganda e
vendas criativas para convencer o consumidor;
III. Era do Marketing – (1950) período em que o marketing começou a
ganhar importância nas empresas como uma ferramenta para
compreender as necessidades e satisfazer os consumidores.
Kotler (2017) afirma que, desde então o marketing se manteve em
evolução para acompanhar o dinamismo do mercado em que está inserido,
dividindo-se em novas eras:
I. Marketing (1.0) – por volta dos anos 60, onde as suas práticas eram
centradas nos produtos e o seu objetivo era vende-los. Teoria que
um produto bom se venderia sozinho.
II. Marketing (2.0) – voltado para o consumidor e em suas satisfações.
Conhecido como a era dos consumidores.
III. Marketing (3.0) – surgiu com o objetivo de melhorar o ambiente,
pensando no ser humano. Kotler (2010) menciona que nesta era,
as ações do marketing são modeladas baseadas nos
consumidores, nas suas atuações no mercado.
IV. Marketing (4.0) – com o surgimento de novas tendências
tecnológicas, as práticas do marketing foram afetadas. Conforme
Kotler (2017), buscando um consumo personalizado, de tal forma
que seja transmitida a sensação de exclusividade ao cliente, o
marketing se adaptou aos clientes altamente conectados com
grande capacidade de influência. As empresas precisaram ser
mais flexíveis pois os mercados são remodelados o tempo todo.
Novos estudos, com novas tendências visam a chegada de mais uma era,
o marketing 5.0 que apoia as causas da responsabilidade social e ambiental
buscando atingir o lado emocional dos clientes.
6
2. MUDANÇA NO COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR
Para a compreensão do comportamento das necessidades dos
consumidores, pode-se utilizar a teoria da hierarquia das necessidades de
Maslow, conforme pirâmide ilustrada na figura a seguir:
Figura 1: Pirâmide da Teoria das Necessidades de Maslow.
Fonte: Robbins, 2002.
Conforme descrito por Robbins (2002), a pirâmide divide em cinco grupos
as necessidades humanas:
I. Fisiológicas – necessidades básicas para a sobrevivência de um
indivíduo, como: alimentação, repouso, sono, água, entre outros;
II. Segurança – necessidades que buscam a proteção contra
ameaças do indivíduo, da família, saúde;
III. Sociais – necessidades de associação, participação, aceitação
com pessoas, amigos, família;
IV. Estima / Status – necessidades relacionadas à autoestima,
confiança, respeito, aprovação social;
V. Autorrealização – necessidades mais elevadas, relacionadas com
o desenvolvimento e realização pessoal.
Para Kotler (2003) as necessidades dos consumidores se elevaram até o
nível da autorrealização, pois vivem em uma sociedade baseada na informação
que sofre com influências do mercado global. Em decorrência disso, os
7
consumidores visam adquirir produtos que supram além das suas necessidades
básicas, mas produtos que os satisfaçam de acordo com suas ideologias e
crenças, produtos e marcas que transmitam aceitação, aprovação social,
realização ou que forneçam status. Kotler (2017) defende a ideia de aceitação e
revela que como os consumidores estão conectados, suas avaliações e opiniões
sobre as marcas têm peso elevado e fácil aceitação. Estas influências, podem
até mudar a imagem que uma empresa ou marca tenta transmitir para o mercado
O marketing atua para influenciar e estudar os consumidores, seus
costumes e seus hábitos. É notável como cresceu a exposição de produtos aos
consumidores e isto é resultado do aumento de investimento às ações de
marketing. Estas ações estão por todos os lados, em algumas vezes atuam de
forma inconsciente. Em uma simples caminhada, por exemplo, é possível se
deparar com placas, cartazes, fachadas de lojas ou ser abordado por pessoas
que queiram vender ou divulgar um produto ou uma marca. Atualmente, não é
necessário nem sair de casa para estar exposto às ações de marketing, ao
acessar um site, entrar em uma rede social ou para usar um aplicativo de
mensagens, é possível receber algum tipo de divulgação.
O consumo está em ascensão, resultado do aumento populacional, da
industrialização, da durabilidade dos produtos e, principalmente, do avanço
tecnológico. O mercado tornou-se dinâmico com as novas tecnologias que se
adaptaram e evoluíram para suprir esta demanda. É possível notar que o
marketing também evoluiu, adaptou-se com o tempo e, além disso, utilizou o
avanço tecnológico como uma ferramenta para se aproximar e estar mais
presente dos seus consumidores.
O aumento do consumo e da comercialização traz muitos benefícios para
a economia. Mas, o consumo desenfreado de recurso naturais e o aumento
excessivo de resíduos gerados pelo consumo de produtos e serviços deixaram
a sociedade alerta. O meio ambiente sofreu com a negligência da sociedade e
das organizações e, para minimizar os danos já causados, surgiu uma nova
filosofia: o consumo consciente. Com este novo comportamento dos
consumidores, o marketing verde, também conhecido como marketing
sustentável ou ambiental, começou a ser utilizado pelas organizações em
conjunto da gestão ambiental. As ações do marketing sustentável demonstram
a responsabilidade social e ambiental das empresas:
8
Recentemente, é possível notar que a questão ambiental está cada vez mais integrada ao planejamento das organizações, as quais têm contribuído para o desenvolvimento sustentável por meio da utilização de algumas estratégias como a adoção de certificações socioambientais, a adoção dos sistemas de gestão ambiental e a elaboração de programas de responsabilidade socioambientais. (LOPES; PACAGNAN, 2013, p.5)
Dento deste cenário as empresas começaram a aderir à prática do
marketing verde. Essa prática varia de empresa para empresa, de acordo com
as suas necessidades, suas meras e seus compromissos sociais e ambientais.
3. MARKETING VERDE E SUSTENTABILIDADE
As organizações passaram a assumir um compromisso com a sociedade
em que está inserida, se preocupando com os meios e com as pessoas que o
integram. Este compromisso é conhecido como responsabilidade social e se
tornou importante dentro das instituições. Para Neto e Froes (2001) a
responsabilidade social de uma empresa de estar claramente especificada em
suas visões, definindo os objetivos e a importância de suas responsabilidades
de modo geral.
A responsabilidade social é considerada uma atitude sustentável que faz
diferença na qualidade de vida da sociedade. Mas não é só a sociedade que se
beneficia das atitudes sustentáveis, o gerenciamento adequado deste processo
pode reduzir custos, agregar valor, minimizar impactos ambientais e melhorar a
qualidade do trabalho dos seus funcionários. Para Quadros e Tavares (2014),
uma empresa precisa integrar a sustentabilidade em seus processos, pois no
futuro será uma exigência do mercado. Para que uma empresa continue
competindo no mercado, é preciso que estas práticas sustentáveis sejam
adotadas
Para Munk e Souza (2009) a responsabilidade social empresarial divide-
se em três pilares: Responsabilidade econômica, Responsabilidade social e
Responsabilidade ambiental, conforme imagem abaixo:
9
Figura 2: Sustentabilidade Organizacional
Fonte: Munck e Souza (2009)
Este é o tripé da sustentabilidade e a tratativa adequada destes três
pilares irá resultar na sustentabilidade organizacional e este pode ser um
diferencial para o mercado em que os clientes visam empresas responsáveis.
Tachizawa (2008), adverte sobre esta tendência: os consumidores estão
buscando fornecedores que trabalhem com responsabilidade social e ambiental.
Neste cenário, dão preferência e visam interagir com estas empresas no
momento de suas escolhas.
O marketing que era visto como uma ferramenta para induzir o consumo
de bens e serviços, precisou se remodelar para agir de forma sustentável. Assim
as empresas começaram a investir no marketing verde, divulgando as suas
responsabilidades sociais, investindo no consumo consciente de produtos
sustentáveis com a finalidade de oferecer um diferencial, cumprir com suas
obrigações e fidelizar clientes.
O tema marketing sustentável, também conhecido como marketing verde,
surgiu nos anos 70, neste período surgiram as organizações não
governamentais (ONGs) que defendiam a bandeira ecológica e os movimentos
ambientalistas. Segundo Kotler (2003), o novo comportamento dos clientes foi
fundamental para que o marketing verde ganhasse força e investimentos nas
organizações:
10
No marketing verde, os consumidores desejam encontrar a qualidade ambiental nos produtos e serviços que adquirem. Percebemos assim, que nenhum esforço por parte das empresas tem sentido, se os consumidores insistirem em continuar consumindo determinados bens que agridam a natureza. (KOTLER, 2003, p.94)
Dias (2009) salienta a importância de ter uma visão macro do processo
de marketing sustentável e de compreender a relação entre consumidor,
empresa e meio ambiente. Desta forma, não se pode concentrar as suas ações
apenas na comercialização de produtos e serviços sustentáveis. O autor afirma
também que as ações sustentáveis não devem ser focadas apenas nos
consumidores, mas também que abranjam os seus colaboradores.
Neste mesmo conceito, Alves (2017), destaca que o marketing ambiental
mudou a maneira das empresas fazerem negócio pois está elencada com a
responsabilidade ambiental. O marketing ambiental visa disponibilizar produtos
que satisfaçam a necessidade dos consumidores e minimizar os impactos
ambientais, além de orientá-los de como melhor utilizar os produtos adquiridos,
incluindo ações de descarte, reciclagem e reparação.
Como estratégia para aumentar as vendas, muitas empresas fazem o uso
do marketing verde para conquistarem os clientes que são a favor da
sustentabilidade. Fazem o uso desta estratégia para conscientizar as pessoas e
afirmar que atuam de modo ecologicamente correto. Ottman apud Dias (2009)
defende a teoria de que é necessário criar políticas e éticas ambientais para que
as empresas, não somente divulguem suas ações sustentáveis, mas que
também sejam sustentáveis em suas ações:
Não é suficiente falar a linguagem verde; as companhias devem ser verdes. Longe da questão de apenas fazer publicidade que muitos comerciantes perceberam originalmente, a abordagem satisfatória de preocupação ambiental requer um esverdeamento completo que vai fundo na cultura corporativa. Somente por intermédio da criação e implementação de políticas ambientais fortes e profundamente valorizadas é que a maioria dos produtos e serviços saudáveis podem ser desenvolvidos. É só por meio da criação de uma ética ambiental que abranja toda a empresa que estratégias de marketing podem ser executadas (OTTMAN apud DIAS, 2009, p.142).
Para garantir que uma empresa é realmente sustentável, surgiram
diversos selos, certificados e legislações que garantam a autenticidade de uma
empresa sustentável. Outro fator importante e garantidor desta autenticidade é
o acesso que os consumidores têm às informações e aos meios de
comunicação, sendo mais difícil para uma empresa omitir a verdade em relação
11
aos seus produtos, seus ideais e aos danos ambientais causados por ela. Por
isso as empresas precisam ter transparência em seus processos, produtos e
informações que ela expõe.
4. A IMPORTÂNCIA DO MARKETING VERDE NA ECONOMIA
CIRCULAR
O consumo de produtos e serviços que geram resíduos em uma
proporção maior que o ambiente consegue absorver, além da preocupação com
o futuro esgotamento de recursos, fez com que o mercado busque novas
oportunidades. Para otimizar a produção e integrar sustentabilidade aos seus
processos, as empresas aderiram ao conceito de economia circular. A economia
circular é uma estratégia sustentável com o objetivo de melhor aproveitar os
recursos aumentando os seus níveis de utilidade e valor por meio de cadeias
produtivas integradas. A prática veio de contrapartida da economia linear, que
só visava o extrativismo (extrair, utilizar e descartar).
Figura 3: Esquema comparativo entre economia linear e economia circular
Fonte: Sauvé, Bernard e Sloan (2016)
A ilustração demonstra a diferença entre os dois sistemas de economia.
Na linear, o ciclo de um produto se encerra após o seu consumo, no descarte.
Já na economia circular, o processo torna-se mais complexo, visto que
12
processos são inseridos no ciclo de vida do produto para garantir um alto nível
de aproveitamento. A reciclagem e a reutilização de recursos são fundamenteis
neste fluxo que visa a redução materiais extraídos da natureza, além de
processos de remanufatura e reintegração de resíduos.
Conclui-se que a Economia Circular já traz muitas oportunidades para a economia e a indústria brasileira, agregando e recuperando valor de modo mais resiliente e sustentável. Mas, para que a Economia Circular ganhe escala e realize todo o seu potencial, é necessário criar as condições facilitadoras para essa transição, como educação de melhor qualidade, políticas públicas específicas, infraestrutura voltada a circularidade e tecnologias inovadoras. (CNI, 2018)
Diante deste cenário, as estratégias de marketing são imprescindíveis
para que as empresas alcancem seus objetivos, em especial as estratégias de
marketing verde. Além de despertar esta necessidade e vender a imagem de
uma empresa que tenha compromisso e trabalhe com responsabilidade social e
ambiental, o marketing verde também desenvolve um papel importante de
orientação em relação ao consumo como: formas inovadoras de consumo,
consumo consciente, redução de desperdício, consumir menos e melhor:
Amato Neto (2015) relata uma nova postura nas empresas, antigamente
só pensavam no fluxo para seus produtos e serviços que se encerravam com a
venda, não se importavam com o pós-venda, como o produto seria descartado.
Com a economia rotativa, o fluxo adquiriu novas etapas como remanufatura,
reciclagem, reutilização. Neste fluxo, além da viabilidade econômica com a
redução de custos, diminuição de materiais e energia utilizada, além da geração
de renda resultado dos empregos gerados.
Uma pesquisa feita pela CNI¹ (Confederação Nacional da Indústria) no
ano de 2019, estima que 76,4% das indústrias brasileiras desenvolvem algum
tipo de iniciativa de economia circular. Apesar desta adesão, 70% dos
entrevistados afirmaram desconhecer a economia circular antes da entrevista,
embora já praticassem inconscientemente os conceitos. Ao término da
pesquisa, 88,2% dos entrevistados consideraram importante ou muito importante
a economia circular para a indústria brasileira.
Pode-se notar que a economia circular já é praticada, mesmo que de
modo inconsciente, pois esta prática traz benefícios tanto para as empresas
(redução de custos, otimização de processos, valorização da marca, etc.) como
¹ Pesquisa CNI. Acesso em: 10/04/2020. Disponível em:
https://www.portaldaindustria.com.br/publicacoes/2019/9/pesquisa-sobre-economia-
circular-na-industria-brasileira/
13
para a sociedade também (na geração de resíduos, qualidade de vida das
pessoas, geração de renda, entre outros).
Outra pesquisa feita pela CNI (Confederação Nacional da Indústria) no
ano de 2020 para compreender o perfil do consumidor brasileiro, afirma que 62%
dos entrevistados já boicotaram marcas e empresas que não cumprem os seus
papéis com a sociedade e com o meio ambiente. Porém, só 31% aceitariam
pagar mais caro por um produto ecologicamente correto e 36% pagariam mais
caro por produtos orgânicos. Em relação a economia circular, a pesquisa estima
que 55% dos brasileiros contribuem com este processo fazendo a devida
separação dos resíduos reciclados. Estes números demonstram uma evolução
em relação aos anos anteriores na questão da sustentabilidade e economia
verde, mas, mesmo com a melhora, há um longo trabalho que precisa ser feito
tanto pelas empresas como também pelo poder público.
Diante deste cenário entende-se que o mundo necessita ter uma
preocupação maior com o meio ambiente. As grandes empresas, e os governos
precisam estar mais engajados com as causas sustentáveis. Apesar do custo
alto da implantação da economia circular, passa a ser um conceito primordial,
para atingir ainda mais o novo perfil de consumidor, que é mais consciente.
14
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este artigo retrata os fundamentos de Marketing, a sua evolução com o
passar do tempo e demonstra que o direcionamento principal passou a ser o
consumidor, atender as suas necessidades e expectativas. Este consumidor
também evoluiu com o tempo, hoje está exposto a uma quantidade elevada de
informações, é influenciado por fatores externos e que adquirem os produtos
pensando muito mais na aprovação social do que suprir suas necessidades.
Sobre o Marketing 4.0 retrata-se como a conectividade e o ambiente digital,
alavanca a produção de marketing conforme Kotler (2017). Pode-se verificar
que o consumo desenfreado e o esgotamento de recursos naturais destacou-se
com uma grande questão para as empresas e para os consumidores, e a
preocupação com o meio ambiente.
As empresas carregam a responsabilidade não apenas econômica, mas
também social e pelo meio ambiente. É notável que para obter uma estratégia
eficiente do Marketing Verde, as empresas precisam mudar totalmente a cultura
e agir fortemente na implantação das políticas sustentáveis, não é apenas falar
sobre e sim as atitudes, para se ter produtos e serviços saudáveis. A exemplo
de medidas sustentáveis, as empresas estão aderindo a economia circular.
Pode-se então concluir que, o futuro das organizações está totalmente
incorporado a sustentabilidade. Neste contexto é de extrema importância
investir na economia circular, na teoria na redução, reutilização, reciclagem e
reintegração dos produtos. Os resultados demonstram que o marketing verde
tem trabalhado em pró a sustentabilidade tanto na divulgação de suas ações
sócias e ambientais, na venda de seus produtos verdes e também no trabalho
de conscientização dos consumidores, para que consumam melhor.
15
BIBLIOGRAFIA
ALVES, Ricardo R. Marketing ambiental: Sustentabilidade empresarial e mercado verde. Barueri: Editora Manole, 2016
BOONE, Louis E.; KURTZ, David L. Marketing contemporâneo. 8 ed. São Paulo: Livros Técnicos e Científicos, 1998. CONFEDERAÇÃO NACIONAL DA INDÚSTRIA. Economia circular: oportunidades e desafios para a indústria brasileira. Brasília: CNI, 2018. CONFEDERAÇÃO NACIONAL DA INDÚSTRIA. Pesquisa Economia Circular: Caminho estratégico para a Indústria Brasileira, São Paulo: CNI, 2019. CONFEDERAÇÃO NACIONAL DA INDÚSTRIA. Retratos da Sociedade Brasileira: Comportamento do Consumidor. Ano 9 n. 52. Brasília: CNI, 2020. DIAS, Reinaldo. Gestão Ambiental: responsabilidade social e sustentabilidade. São Paulo: Atlas, 2009. KOTLER, Philip. Administração de marketing: análise, planejamento, implementação e controle. 5ª. ed. São Paulo: Atlas, 1998. KOTLER, Philip; ARMSTRONG, Gary. Princípios de marketing. 9. ed. São Paulo: Pretice Hall, 2003. KOTLER, P; KARTAJAYA, H; STIAWAN, I; Marketing 3.0: As forças que estão definindo o novo marketing centrado no ser humano. 1. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010. KOTLER, P., KARTAJAYA, H., SETIWAN, I. Marketing 4.0: do tradicional ao digital. Rio de Janeiro: Sextante, 2017 KURY, Gal. Gestão de Marketing. Rio de Janeiro: Apostila IBMEC, 2013. LOPES, V. N.; PACAGNAN, M. N. Marketing verde e práticas socioambientais nas indústrias do Paraná. Rev. Adm. (São Paulo), São Paulo, v. 49, n. 1, p. 116-128, mar. 2013. MUNCK, Luciano; SOUZA, Rafael Borim de. Responsabilidade social empresarial e sustentabilidade organizacional: a hierarquização de caminhos estratégicos para o desenvolvimento sustentável. Revista Brasileira de Estratégia. v.2, n.2. Curitiba, 2009. NETO, F. M; FROES, C. Gestão da responsabilidade social corporativa: o caso brasileiro. Rio de Janeiro: Qualitymark, 2001. NETO, João A. A era do Ecobusiness: Criando negócios sustentáveis. Barueri: Editora Manole, 2015.
16
OTTMAN, J. A. As novas regras do marketing verde: Estratégias, ferramentas e inspiração para o brading. São Paulo: M. Books do Brasil, 2009. QUADROS, R.; TAVARES, A. N. A conquista do futuro: sustentabilidade como base da inovação de pequenas empresas. Ideia Sustentável, São Paulo, ano 9, n. 36, p. 30, jul. 2014. ROBBINS, Stephens P. Comportamento organizacional. 9.ed. São Paulo: Prentice Hall, 2002. SOUZA, Janaina Nascimento Simões; BENEVIDES, Rita de Cássia Alves. Marketing Verde: Comportamentos e atitudes dos consumidores. Educação ambiental: abordagens múltiplas. Porto Alegre: Artmed, p. 61-72, 2002 TACHIZAWA, T. Gestão ambiental e Responsabilidade Social Corporativa. Estratégias de Negócios focadas na Realidade Brasileira. São Paulo: Atlas, 2008.