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2008/2009 Trabalho da Unidade Curricular 31126 Seminário - A Religião Egípcia A Religião Egípcia Paulo Raimundo Aluno n.º 700609 Santarém, Julho de 2009

A Religião Egípcia

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Page 1: A Religião Egípcia

2008/2009

Trabalho da Unidade Curricular 31126

Seminário - A Religião Egípcia

A Religião Egípcia

Paulo Raimundo Aluno n.º 700609

Santarém, Julho de 2009

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Figura de capa - Olho de Hórus ou Udjat,

significa protecção e poder por vezes colocado

nas faixas das múmias ou usado como colar.

Universidade Aberta

2008/2009

Trabalho da Unidade Curricular 31126

Seminário - A Religião Egípcia

2º Semestre

Ensaio sobre:

A RELIGIÃO EGÍPCIA

Agradecimento

Gostava de demonstrar o meu agradecimento ao professor José das Candeias Sales pela forma apaixonante com que nos

incutiu o estudo desta maravilhosa civilização e pelo excelente trabalho que tem realizado em torno dela. Lamento que

o tempo dedicado a esta cadeira não tenha sido o que realmente gostava, denotando-se várias lacunas reconhecidas na

elaboração deste trabalho, no entanto, e como o tema desde à muito me fascina, não será certamente a ultima vez que o

vou abordar e seguramente vou ter o prazer de conhecer pessoalmente o professor Sales.

Paulo Raimundo

Aluno n.º 700609

Santarém, 3 de Julho de 2009

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Índice

Índice ………………………………………………………………...…………. 3

Introdução ………………………………………………………………………. 4

Fontes …………………………………………………………………..………. 5

Culto aos Mortos ………………………………………………………….……. 6

Locais de Adoração ……………………………………………………………. 6

Humanos Deificados …………………………………………….……..………. 7

Animais Sagrados ……………………………………….………………...……. 7

Cosmogonias ………………………………………………………….….…..…. 8

Conclusão ………………………………………………………………………. 9

Bibliografia ……………………………………………………………………. 10

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Fig. 1 - Escaravelho alado, símbolo da ressurreição,

Museu do Cairo, Egipto.

Com mais de três milénios de história a

antiga civilização egípcia é a que mais fascínio

desperta de entre todas as civilizações antigas. O

mistério e a magia com que nos envolve é

surpreendente, múmias, tesouros e maldições,

tudo isto nos faz sonhar e imaginar com era na

realidade o quotidiano deste povo.

Evoluída sobre as margens do rio Nilo, a civilização e egípcia tem como seu

principal feito a invenção dos caracteres escritos - hieróglifos, que representavam

palavras, conceitos ou objectos, mas a magnificência dos seus monumentos e os registos

encontrados sobre as suas evoluções técnicas na área das ciências demonstram um

elevado conhecimento de tudo o que os rodeava, aguçando assim o nosso desejo de

compreender quem era o povo egípcio.

Um dos aspectos mais interessantes da antiga civilização egípcia era sem dúvida a

sua religião e a relação que esta tinha com todos os aspectos da sua vida quotidiana. Toda

a mitologia, cosmogonia, bem como toda a classificação hierárquica e antropomórfica ou

zoomórfica dos deuses egípcios assentava na observação da natureza e a sua

interactividade com o ser humano, ou seja, todos os fenómenos naturais, tais como as

cheias do rio Nilo, o amanhecer ou as características de determinado animal, estavam

directamente ligados com a vontade dos deuses bem como todos os aspectos sociais,

políticos e económicos e científicos e por este motivo existe um grande conjunto de

artefactos evocativos desta interacção que chegaram aos nossos dias e que continuam a

ser descobertos nas areias egípcias.

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Fontes

Só depois da descoberta da Pedra de Roseta, por soldados

do exército de Napoleão em 1799 e a sua decifração por Jean-

François Champollion, em 1822, bem como pelos restantes

estudiosos que o procederam, o mundo começou a compreender

e a redescobrir a antiga civilização Egípcia.

As dificuldades que encontramos actualmente ao

analisarmos as evidências que este povo nos deixou prendem-se

não pela difícil tradução dos hieróglifos mas sim pela grande

quantidade de fontes que chegaram aos nossos dias. Contudo estas fontes (registos de reis

e de eventos tais como batalhas, objectos de uso comum, objectos de culto, papiros

sagrados, túmulos, monumentos e templos com belas decorações), que por vezes são

falsificadas com o fim de obter lucros, são de difícil intelecção devido à falta de textos

produzidos por historiadores dessa época, à deterioração provocada pelas forças da

natureza e pelos saques que tem ocorrido ao longo dos tempos, tornado extremamente

difícil a interligação de todos estes documentos.

Podemos distinguir dois tipos de fontes para o estudo da mitologia egípcia, as

fontes “profanas” - referentes aos objectos de uso comum onde o primeiro objectivo não

é o culto mas que evocam os deuses, como por exemplo as cartas de

negócios que invocam a protecção dos deuses ou a decoração de um

espelho com o rosto da deusa Hathor; e as religiosas - referentes aos

objectos e aos monumentos que estão directamente relacionados com o

culto. Existem grandes compilações de textos religiosos que

ornamentam as paredes dos túmulos de reis, rainhas e de cidadãos

particulares, bem como papiros encontrados nesses túmulos, como é o

caso dos Textos das Pirâmides, os Textos dos Sarcófagos, o Livro do

Mortos, o Livro do que está na Duat, o Livro de Amduat, os Livros das

Respirações, entre outros. Estes documentos e todos os objectos de uso comum que foram

encontrados pelo vasto território egípcio, revelam a forma como esta civilização

interpretava e “adorava” os seus deuses.

Também é de referir as referências contidas nos livros do Génesis, Êxodo e

Salmos da Bíblia, e as descrições dos autores gregos e romanos, tais como Hecateu de

Fig. 2 - Pedra de Roseta, Museu

Britânico, Londres.

Fig. 3 - Espelho com a

deusa Hathor.

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Mileto, Heródoto de Halicarnasso, Diodoro da Sicília, Estrabão, Virgílio, Plutarco, Lúcio

Apuleio, entre outros.

Culto aos Mortos

Como já referi, toda a cultura egípcia

rodava em torno da sua religião, crenças, culto às

divindades e culto aos mortos.

Os egípcios acreditavam na vida após a

morte e concebiam o homem como uma

combinação de vários elementos, tanto espirituais

como materiais, identificados como o ka (força

vital), o ba (alma) e keht (corpo), ao morrerem o ka e o ba precisavam do keht para se

unificarem no Além (Duat) onde para entrarem necessitavam de ser julgados pelas suas

acções na terra no tribunal de Osíris, onde o seu coração era pesado (ritual descrito no

Livro dos Mortos), dai a necessidade da prática da mumificação que tinha como função a

preservação do corpo físico para a conseguinte reunião.

Locais de Adoração

Os templos no Antigo Egipto eram

entendidos como a morada das divindades na

Terra e cada um era dedicado a uma delas, o

seu interior era apenas acessível ao faraó e os

sacerdotes, contudo a restante população

poderia através destes fazer oferendas e apelar

às vontades divinas.

Os Templos egípcios e os seus sacerdotes detinham grande poder e influência

sobre todos os aspectos do reino inclusive sobre o próprio faraó.

Caracterizados como grandes complexos gigantescos, mandados construir pelos

faraós, apelavam à felicidade e prosperidade não faltando grandes estátuas dos deuses a

que eram erigidos e festivais e procissões ao longo do ano.

É também de referir os túmulos dos reis e os pequenos santuários nas habitações,

sedo que os primeiros eram tratados como templos.

Fig. 4 - Secção do Livro dos Mortos de Nany.

Fig. 5 - Templo de Luxor

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Fig. 7 - Pirâmide de degraus, Sakara

Fig. 6 - Sarcófago em ouro do faraó

Tutankhamon, Museu do Cairo, Egipto

Humanos Deificados

Administrador do reino, chefe do exército e o

sacerdote supremo, o Faraó era mais que um simples rei,

era um ser divino que zelava pelo equilíbrio cósmico.

Considerado como um deus na terra e descendente

de Hórus que ao morrer se ia juntar a seus pais Ré e

Osíris, dando origem à adoração da sua pessoa tanto em

vida como na morte e levando-nos a concluir que os seus

palácios e túmulos eram considerados como templos de

adoração.

Contudo este estatuto de personalidade divina não

era apenas atribuído ao rei, alguns homens também ascenderam a essa categoria pelos

feitos realizados a bem da nação.

Podemos distinguir como algumas

destas divindades humanas Sennefer,

governador de Tebas, Amenhotep, filho de

Hapu, vizir do faraó Amen-hotep III, e

Imhotep, o famoso arquitecto e médico do

faraó Djoser, a que lhe é atribuída a

construção da primeira pirâmide do Egipto -

a “pirâmide de degraus” em Sakara.

Animais Sagrados

Por todo o território egípcio existem animais sagrados que são associados às

principais divindades através dos seus atributos naturais, numa tentativa de definir um

poder divino global através de elementos concretos.

Podemos referir alguns desses animais, que muitas vezes eram mumificados e

oferecidos aos deuses ou sepultados com os mortos para os protegerem na Duat:

O crocodilo era associado a Sobek e Khentekhetai, o ganso ou o carneiro a Amon, o boi

Ápis para Ptah ou Osíris, o falcão para Hórus, entre outros.

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Fig. 8 - Hórus

Cosmogonias

Apesar da unificação de todo o Egipto por volta de 3100 a.C., cada província

mantinha a sua própria visão litúrgica com deuses e crenças diferentes, no entanto

existiam deuses comuns mas que poderiam ter representações diferentes. Podemos referir

como exemplo as diferentes cosmogonias de Elefantina, Tebas, Mênfis, a Ogdoáde de

Hermópolis e a Enéade de Heliópolis.

Com estas diferentes associações de deuses surgem, por conseguinte, várias

mitologias para as diversas crenças religiosas como é o caso da criação do mundo.

Na Enéade de Heliópolis a criação do mundo é

definida como:

“- No princípio havia Nun, que era as águas negras do caos.

- Um dia, das águas emergiu uma colina. Chamava-se benben.

- Nesta colina estava Atum, o primeiro deus.

- Atum, tossindo, cuspiu Chu, o deus do ar, Tefnut, a deusa da

humidade.

- Chu e Tefnut tiveram dois filhos: Geb, o deus da terra e Nut,

deusa do céu.

- Chu levantou Nut em forma de arco, formando a abóbada

celeste sobre Geb.

- Nut e Geb tiveram quatro filhos: Osíris, Isís, Set e Néftis, os

primeiros deuses humanos.

- Osíris era o bom rei da terra, e Ísis foi a rainha.

- Mas Set tinha inveja de Osíris, porque queria ser ele a governar. Por isso um dia matou-o.

- Osíris ficou então no mundo interior e o malvado Set tornou-se rei.

- Mas depois Ísis mumificou Osíris e este renasceu. Tiveram então um filho, Hórus.

- Hórus, quando cresceu, lutou contra Set para vingar o pai e ganhar o trono. E venceu.

- Hórus tornou-se então o senhor da terra e Osíris o senhor do outro mundo.”

Na Ogdoáde da cidade de Hermópolis, panteão era contituido por oito deuses

agrupados em quatro casais:

- Nun e Nunet, as águas primordiais e o espaço celeste sob o abismo;

- Hehu e Hehet, os espaços infinitos;

- Keku e Keket, as trevas;

- Amon e Amonet, o desconhecido;

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Fig. 9 - Akhenaton adorando Aton

Na cidade de Mênfis dominava um tríade

composta pelos deuses Ptah, a sua esposa Sekhmet e

o filho destes, Nefertum.

Em Tebas os sacerdotes incorpuraram

elementos importantes das outras cosmogonias como

é o caso de Amon, identificado como a força do

criador supremo, Nun, Ptah, Atum, Tot, Hórus,

Sobek, Hathor e Montu.

Por sua vez o rei Akhenaton, na tentativa de

retirar poder aos sacerdotes opta por intruduzir uma

religião monoteísta com Aton, o deus solar, no centro da sua religião. No entato esta

situção apenas se desenvolveu enquanto foi vivo.

Como podemos ver por esta pequena amostragem da civilização egípcia, a

complexidade da sua religião é extremamente rica e a forma como se encaixa no

quatidiano da vida deste povo veio a torna-lo em um dos mais, se não o mais, bem

sucedido da história da humanidade, com um conjunto de testemunhos de mais de três

milénios de civilização que continuam e vão continuar a fascinar as gerações vindoras.

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Bibliografia

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Lisboa, Editorial Estampa, 1999.

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(Arquitectura Universal da Taschen)

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