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187 A REPETÊNCIA ESCOLAR A repetência escolar gera o atraso na escola, representando um sério problema da educação. A repetência tem mais impacto na queda do rendimento escolar do que os fatores socioeconômicos. Aluno fora da faixa etária da série que cursa estaciona ou regride, comprovam as avaliações. Os alunos com defasagem idade/série rebaixam a auto-estima, o conceito que têm de si mesmos, comprometendo a aprendizagem. A criança, à medida que fica com mais idade, vai mudando o comportamento, diferenciando-se das demais que estão na mesma sala. No processo de ensino-aprendizagem, além da cognição, é preciso levar em conta o desenvolvimento do corpo e das emoções, que podem, inclusive, bloquear a aprendizagem, levar em conta as fases específicas do desenvolvimento mental. Crianças de idades diferentes aprendem diferentemente, as mais novas não alcançam, por exemplo, a abstração, o raciocínio hipotético. O que se constata é que os ciclos, na progressão continuada, criados para evitar a repetência, não foram, ainda, devidamente implementados. A lógica da programação dos trabalhos continua a mesma; a reorganização curricular, que os ciclos supõem, continua praticamente a mesma; muitas escolas ainda não a introduziram. A forma pela qual o conhecimento é transmitido e articulado entre as matérias não pode deixar de ser considerado pelo professor. É uma visão que o sistema de ciclos impõe a quem ensina. Alunos, que repetem com freqüência o ano, carregam o estigma da inferioridade, acabando por levá-lo a uma situação de exclusão social.

A repetência escolar

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A REPETÊNCIA ESCOLAR

A repetência escolar gera o atraso na escola, representando um

sério problema da educação. A repetência tem mais impacto na queda

do rendimento escolar do que os fatores socioeconômicos. Aluno fora

da faixa etária da série que cursa estaciona ou regride, comprovam as

avaliações.

Os alunos com defasagem idade/série rebaixam a auto-estima, o

conceito que têm de si mesmos, comprometendo a aprendizagem. A

criança, à medida que fica com mais idade, vai mudando o

comportamento, diferenciando-se das demais que estão na mesma

sala.

No processo de ensino-aprendizagem, além da cognição, é preciso

levar em conta o desenvolvimento do corpo e das emoções, que

podem, inclusive, bloquear a aprendizagem, levar em conta as fases

específicas do desenvolvimento mental. Crianças de idades diferentes

aprendem diferentemente, as mais novas não alcançam, por exemplo,

a abstração, o raciocínio hipotético.

O que se constata é que os ciclos, na progressão continuada,

criados para evitar a repetência, não foram, ainda, devidamente

implementados. A lógica da programação dos trabalhos continua a

mesma; a reorganização curricular, que os ciclos supõem, continua

praticamente a mesma; muitas escolas ainda não a introduziram. A

forma pela qual o conhecimento é transmitido e articulado entre as

matérias não pode deixar de ser considerado pelo professor. É uma

visão que o sistema de ciclos impõe a quem ensina.

Alunos, que repetem com freqüência o ano, carregam o estigma da

inferioridade, acabando por levá-lo a uma situação de exclusão social.

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Na aprendizagem não se pode deixar de considerar o ambiente em que

o aluno vive. Segundo o relatório do Sistema Nacional de Avaliação da

Educação Básica (Saeb) de 2001, divulgado em dezembro de 2002, os

alunos das escolas rurais têm desempenho inferior aos das urbanas,

fato tido como dificuldade de acesso a uma maior variedade de bens

culturais, assim como de ter pais analfabetos sou semi-analfabetos.

O professor, antes de reprovar o aluno, deve considerar as

diferentes variáveis e optar, preferentemente, por uma mudança de

metodologia, por diferentes abordagens do conhecimento, descobrindo

no educando suas tendências, suas aptidões. Considerar o perfil do

aluno, visto que alunos de origens e formações diferentes têm,

conseqüentemente, reações diferentes. Experiência de vida e

amadurecimento pessoal contam muito na assimilação dos conteúdos

das disciplinas do currículo. A repetência acaba tirando o pobre da

escola.

O professor deve, também, reformular-se quanto ao sentido de erro.

Deve entender que a tentativa de acertar e errar, muitas vezes, é a

essência do processo de aprendizagem. Não ver o erro como falha, não

repreendê-lo de tal forma que acaba por desanimar o aluno. Deve, sim,

ser visto como oportunidade de identificar necessidades de reforço.

Ninguém aprende, ninguém cresce, sem nunca errar; o erro é

trampolim para uma maior elucidação do assunto, para se atingir uma

aprendizagem mais plena.

São vários os fatores que permitem ao professor avaliar com rigor a

evolução da aprendizagem, que é específica em cada aluno. São várias

as possibilidades de levá-lo à aprendizagem, evitando a sua repetência

escolar.

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