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6639 A RESPONSABILIDADE PRÉ-CONTRATUAL E PÓS-CONTRATUAL COM VISTAS AO DIREITO DE PERSONALIDADE NAS RELAÇÕES DE TRABALHO LA RESPONSABILIDAD PRE-CONTRACTUAL Y POS-CONTRACTUAL CON LAS VISTAS AL DERECHO DE PERSONALIDAD EN LAS RELACIONES DE TRABAJO Leda Maria Messsias da Silva Christiane Singh Bezerra RESUMO A tutela dos direitos de personalidade é uma das grandes conquistas da sociedade contemporânea, contudo, é também instituto permeado de muitas discussões, especialmente na esfera do direito do trabalho, onde diversos fatores contribuem para possíveis ofensas aos direitos de personalidade do empregado, especialmente em razão da subordinação existente na relação.Essa ampla possibilidade de ofensa aos direitos de personalidade permeia o contrato de trabalho antes mesmo de sua efetivação, gerando a possibilidade de reparação do dano na modalidade de responsabilidade pré-contratual, cuja natureza jurídica e competência para julgamento ainda gera muitas controvérsias na seara trabalhista.O mesmo é possível dizer com relação à possibilidade de responsabilização pós-contratual nas relações trabalhistas, haja vista que em razão da sistemática da responsabilidade civil no direito pátrio bem como em nome da boa-fé e função social que deve informar todos os contratos no ordenamento jurídico, há que se resguardarem também os direitos acessórios à relação contratual que perduram após o término do contrato. PALAVRAS-CHAVES: CONTRATOS, BOA-FÉ, FUNÇÃO SOCIAL, PERSONALIDADE E TRABALHO. RESUMEN La tutela de los derechos de personalidad, es una de las grandes conquistas de la sociedad contemporánea, sin embargo, es también escenario de muchas discusiones, especialmente en la esfera del derecho laboral, donde diversos factores contribuyen para posibles ofensas a los derechos de personalidad del empleado, especialmente debido a la subordinación existente en la relación.Esa amplia posibilidad de ofensa a los derechos de personalidad afecta el contrato de trabajo, antes mismo de su efectividad, generando Trabalho publicado nos Anais do XVII Congresso Nacional do CONPEDI, realizado em Brasília – DF nos dias 20, 21 e 22 de novembro de 2008.

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A RESPONSABILIDADE PRÉ-CONTRATUAL E PÓS-CONTRATUAL COM VISTAS AO DIREITO DE PERSONALIDADE NAS RELAÇÕES DE

TRABALHO

LA RESPONSABILIDAD PRE-CONTRACTUAL Y POS-CONTRACTUAL CON LAS VISTAS AL DERECHO DE PERSONALIDAD EN LAS

RELACIONES DE TRABAJO

Leda Maria Messsias da Silva Christiane Singh Bezerra

RESUMO

A tutela dos direitos de personalidade é uma das grandes conquistas da sociedade contemporânea, contudo, é também instituto permeado de muitas discussões, especialmente na esfera do direito do trabalho, onde diversos fatores contribuem para possíveis ofensas aos direitos de personalidade do empregado, especialmente em razão da subordinação existente na relação.Essa ampla possibilidade de ofensa aos direitos de personalidade permeia o contrato de trabalho antes mesmo de sua efetivação, gerando a possibilidade de reparação do dano na modalidade de responsabilidade pré-contratual, cuja natureza jurídica e competência para julgamento ainda gera muitas controvérsias na seara trabalhista.O mesmo é possível dizer com relação à possibilidade de responsabilização pós-contratual nas relações trabalhistas, haja vista que em razão da sistemática da responsabilidade civil no direito pátrio bem como em nome da boa-fé e função social que deve informar todos os contratos no ordenamento jurídico, há que se resguardarem também os direitos acessórios à relação contratual que perduram após o término do contrato.

PALAVRAS-CHAVES: CONTRATOS, BOA-FÉ, FUNÇÃO SOCIAL, PERSONALIDADE E TRABALHO.

RESUMEN

La tutela de los derechos de personalidad, es una de las grandes conquistas de la sociedad contemporánea, sin embargo, es también escenario de muchas discusiones, especialmente en la esfera del derecho laboral, donde diversos factores contribuyen para posibles ofensas a los derechos de personalidad del empleado, especialmente debido a la subordinación existente en la relación.Esa amplia posibilidad de ofensa a los derechos de personalidad afecta el contrato de trabajo, antes mismo de su efectividad, generando

Trabalho publicado nos Anais do XVII Congresso Nacional do CONPEDI, realizado em Brasília – DF nos dias 20, 21 e 22 de novembro de 2008.

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la posibilidad de reparación del daño en la modalidad de responsabilidad precontractual, cuya naturaleza jurídica y competencia, para juzgamiento, todavía genera muchas controversias en el ambiente laboral.Lo mismo es posible decir en relación con la posibilidad de responsabilidad poscontractual, en las relaciones laborales, debido a que en virtud de la sistemática de la responsabilidad civil en el derecho patrio, así como, en nombre de la buena fe y función social que debe integrar todos los contratos en el ordenamiento jurídico, también deben ser protegidos los derechos accesorios de la relación contractual, que persistan, después del término del contrato.

PALAVRAS-CLAVE: CONTRATOS, BUENA FE, FUNCIÓN SOCIAL, PERSONALIDAD Y TRABAJO.

1. Introdução

O presente estudo objetiva verificar, à luz dos direitos da personalidade, as situações que envolvem a responsabilidade pré e pós-contratual, no âmbito das relações laborais.

Preliminarmente, justifica-se tal abordagem em razão das evoluções sociais, tecnológicas e científicas, experimentadas pela sociedade na contemporaneidade e a relação dessa evolução com o desenvolvimento das relações de trabalho.

Para tanto é necessário analisar de forma breve o conceito dos chamados direitos de personalidade e os reflexos desses no contrato de trabalho, de acordo com os preceitos legais que norteiam o referido instituto.

Na seqüência verificar-se-á de forma prevê as principais características do instituto da responsabilidade civil e seus pressupostos nas relações trabalhistas, com vistas especialmente as modalidades de responsabilidade pré-contratual, destacando seus elementos essenciais, e sua natureza jurídica, inclusive com relevo ao aspecto controvertido da classificação de referida modalidade de responsabilidade, que implica ainda em diversas discussões doutrinárias.

Igualmente se procederá com relação à responsabilidade pós-contratual, destacando as hipóteses de ocorrência, nas relações trabalhistas, e sua relação com os direitos de personalidade, natureza jurídica atribuída a essa modalidade de responsabilidade, bem como os conflitos doutrinários sobre o tema.

Finalmente, será feita uma verificação da competência para processar e julgar as causas que envolvam a responsabilidade pré-contratual e pós-contratual no direito do trabalho, a luz do preceito encartado no artigo 114 da Constituição Federal, e suas alterações decorrentes da Emenda Constitucional número 45, bem como em razão do entendimento consagrado pelos tribunais pátrios.

2. Breves considerações sobre os direitos da personalidade

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O contrato de trabalho no mundo contemporâneo passa por diversas transformações, alias as relações sociais, passam por um período de evolução extremamente rápido, os valores sofrem alterações e isso sem dúvida interfere nas relações de trabalho.

Uma das características indelével da sociedade contemporânea é exatamente essas constantes transformações, que atingem os mais variados seguimentos. Os avanços científicos, o constante desenvolvimento de novas técnicas de produção, a massificação das relações de consumo e até mesmo a criticada, porém, notória flexibilização das relações de trabalho, impõe aos indivíduos uma busca incessante por aperfeiçoamento, que consequentemente criam uma concorrência sem precedentes no mercado de trabalho.

Ante essas mudanças, o contrato de trabalho que sempre se caracterizou em razão da supremacia do empregador em relação ao empregado, tornou-se ainda mais delicado, sendo campo fértil para situações que contrariam preceitos de ordem pública como os consagrados direitos de personalidade.

Seja na vigência do pacto laboral, após sua finalização ou até mesmo antes da sua real efetivação, rotineiramente percebe-se conflitos nas relações de emprego, que via de regra, culmina com afronta aos direitos de personalidade do empregado, parte hipossuficiente e vulnerável da relação.

O homem é um ser essencialmente social, essa característica, conforme ensina San Tiago Dantas,[1] faz com que ele se, “torne sujeito ativo e passivo de diversas modalidades de relações jurídicas”, tais relações jurídicas, implicam não só em obrigações, mas também, como pondera o autor, em aquisição de “direitos extra-corpóreos ou imateriais e que lhe são próprios, inatos, da sua essência, denominados comumente por direitos fundamentais, personalíssimos, de humanidade ou, mais propriamente, da personalidade”.

Referidos direitos exercem papel relevante nesse estágio da sociedade, uma vez que colocam o indivíduo em papel de evidência, onde, resguardar os interesses individuais, proteger a pessoa contra abusos, que no mundo contemporâneo tornaram-se constantes em razão das transformações sociais, configuram deveres primordiais.

Na esfera do direito do trabalho, não é diferente, especialmente porque a relação trabalhista, em sua essência já se caracteriza por uma desigualdade e, portanto, maior necessidade de uma tutela efetiva aos direitos do trabalhador, que é consagradamente hipossuficiente nesta relação.

Sendo o instrumento que viabiliza a relação trabalhista, um contrato, indiscutivelmente esse contrato, assim como todos os demais existentes no ordenamento jurídico pátrio, deve pautar-se por algumas premissas, dentre elas, a observância das consagradas cláusulas gerais, da boa-fé e função social que se encontram intimamente ligadas com os direitos de personalidade.

Sopesar tais preceitos, na relação trabalhista é tarefa de grande dificuldade, pois assim como no direito do consumidor o direito do trabalho é marcado por um desequilíbrio

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natural, que se justifica de um lado na necessidade de o empregador, fiscalizar e orientar a prestação do serviço e de outro pela condição vulnerável em que se encontra o trabalhador.

A atenção a referidos preceitos tem por escopo, equilibrar as relações decorrentes do contrato de trabalho e assim, resguardar os direitos individuais do trabalhador, especialmente aqueles de cunho personalíssimo.

Com relação aos direitos personalíssimos ou direitos da personalidade, Arnold Wald[2], menciona que, “... são direitos absolutos, aos quais correspondem deveres jurídicos de todos os membros da comunidade, cujo objeto está na própria pessoa do titular.”

Assim, seja ele um trabalhador ou não, todos são igualmente tutelados no que respeita aos seus direitos da personalidade, fato, inclusive, que os garante também ao empregador.

Ao tratar da personalidade, Maria Helena Diniz[3], aponta que, “não é um direito, de modo que seria errôneo afirmar que o ser humano tem direito à personalidade.” A personalidade consiste em verdade em um atributo, no qual se “apóia os direitos e deveres que dela irradiam, é objeto de direito, é o primeiro bem da pessoa”.

Os direitos da personalidade caracterizam-se especialmente por serem intransmissíveis e irrenunciáveis, não podendo o seu exercício sofrer limitação voluntária[4]. A ameaça ou a lesão a direito da personalidade, poderá resultar em reclamação de perdas e danos, sem prejuízo de outras sanções previstas em lei. Nesse sentido prescreve o Código Civil, aplicado subsidiariamente as relações trabalhistas[5].

Ante a amplitude e a importância dos chamados direitos da personalidade, não resta dúvida que a proteção desses, na seara do direito do trabalho deve ocorrer de forma ampla, abrangendo inclusive as chamadas negociações preliminares, que podem dar ensejo a eventual contrato de trabalho, assim como a tutela de tais direitos deve perdurar, mesmo após o término do contrato de trabalho, momento que normalmente ocorrem ofensas à honra e imagem dos empregados.

Qualquer afronta, decorrente da não observância de referidos direitos deve ser objeto de responsabilização, de acordo com as regras de responsabilidade civil e do disposto no artigo 422 do mesmo diploma, conforme se passará a verificar.

3.Lineamentos da responsabilidade civil nas relações trabalhistas

Em relação ao Direito do Trabalho, a responsabilidade civil[6] apresenta-se como cenário ideal para diversas discussões, especialmente em razão da tutela dos direitos da personalidade consagrada pela Constituição Federal de 1988, em função dos princípios que a norteiam e pelo Código Civil vigente.

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Na seara laboral verificam-se situações extremamente delicadas, que envolvem o empregado e o empregador, em virtude da natureza peculiar e delicada do contrato de trabalho, que é naturalmente desequilibrada, marcada pela vulnerabilidade e hipossuficiência do empregado e pelo poder econômico do empregador.

No que tange a responsabilidade na esfera do direito do trabalho, vale destacar as lições de Paulo Eduardo V. de Oliveira[7], segundo o qual a “responsabilidade, (...) é um termo polissêmico e, (...) aplicado a todos os ramos do direito, guardando em cada um deles suas características próprias”.

Assim, pode-se perceber na responsabilidade civil decorrente das relações de trabalho, diversas semelhanças com a responsabilidade civil, especialmente no tocante a configuração da responsabilidade pré e pós contratual, haja vista que essas sempre têm como fundamento o art. 422 do Código Civil, que nesse particular é aplicado subsidiariamente nas relações de cunho laboral.

Neste sentido merece destaque os ensinamentos de Fernando Gaburri e Vaneska Donato de Araújo[8]. De acordo com os referido autores:

Os efeitos da relação contratual podem ser delineados em três principais momentos, a saber: 1. o que antecede a formação de vontades ou momento das tratativas, ou ainda fase pré-contratual; 2. o momento da conclusão contratual, em que convergem a vontade com a aceitação, pelo oblato, da proposta formulada pelo policitante; e 3. o momento posterior a sua conclusão, em que normalmente surte importantes efeitos.

Para o presente estudo, interessa especificamente a fase pré-contratual e o momento posterior à conclusão, no qual pode ocorrer a responsabilidade pós-contratual.

Antes, porém, é importante destacar que em matéria de reparação de danos, a legislação brasileira apresenta a seguinte divisão: o dano pode ser material, quando em razão de seu caráter objetivo é melhor delineado pela legislação, já o dano moral, que é aquele que decorre de ofensa a honra ou à imagem do indivíduo, devido ao seu caráter subjetivo e a dificuldade, em alguns casos da sua real comprovação, a doutrina mostra-se bastante controvertida[9].

As características da relação laboral, especialmente em face da subordinação, existente, facilita a prática de atos atentatórios aos direitos de personalidade do empregado, conseqüentemente, surgem diversas situações passíveis de indenização por danos morais.

O contrato de trabalho consagra sem dúvida diversas limitações, a esse direito, que decorrem inclusive do poder diretivo do empregador e que quando exercido de modo razoável, não implica em ofensas aos direitos de personalidade.

Tais situações ocorrem não apenas no curso do contrato de trabalho, mas também na fase que antecede o efetivo contrato, caracterizando a chamada responsabilidade pré-contratual[10], bem como após o término do contrato, sendo referida situação fundamento para a responsabilização pós-contratual[11].

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Evidente, que durante a vigência do contrato de trabalho, também existem diversas situações que ensejam a reparação de danos, haja vista que comumente constata-se afronta aos direitos de personalidade do trabalhador, seja com relação à sua intimidade, seja com relação a sua dignidade ou integridade física, contudo, nesse momento a eventual reparação se dá pelas regras da responsabilidade contratual.

No tocante aos direitos de personalidade do trabalhador, merece destaque a opinião de Edwin Kräutler e Ivan Dias Motta[12], segundo os quais,

Os direitos da personalidade, muitas vezes, sucumbem aos interesses econômicos e, desta forma, no direito do trabalho, enfrentam especial dificuldade, porque a visão funcionalista do direito vê o trabalhador como portador do trabalho, dissociado do próprio trabalho.

É justamente em decorrência dessa visão que se percebe as diversas afrontas aos direitos da personalidade do trabalhador que dão ensejo às possibilidades de reparação por danos morais decorrentes da não observância do significado da expressão dignidade humana[13].

Corroborando tal entendimento destaca-se o posicionamento do Tribunal Regional do Trabalho da Nona Região:

TRT-PR-07-03-2008 DANO MORAL. OFENSAS NO AMBIENTE DE TRABALHO. INDENIZAÇÃO

“Comprovado que a empregada era submetida a tratamento ofensivo e constrangedor em seu ambiente de trabalho, não se concebendo que uma pessoa possa ser chamada costumeiramente de “porca”, “relaxada”, preguiçosa”, sequer de brincadeira e nem como forma de cobrar serviços executados, tem-se por configurado ato ilícito a importar lesão aos direitos da personalidade, cujos efeitos e conseqüências extrapatrimoniais, nesta hipótese, são inegáveis e indenizáveis, na forma dos arts. 186, 187 e 927 do Código Civil, e 5º, V e X, da Constituição Federal. Recurso da Reclamada a que se dá provimento apenas parcial, apenas para diminuir a indenização por danos morais de R$ 10.000,00 para R$ 3.000,00.

TRT-PR-13659-2003-005-09-00-0-ACO-06814-2008 - 1A. TURMA – Relator: UBIRAJARA CARLOS MENDES – Publicado no DJPR em 07-03-2008[14]

No caso em comento, resta amplamente demonstrado dano moral, e conseqüente necessidade de rigor jurídico na tutela dos direitos do trabalhador, especialmente, em relação à observância de seus direitos de personalidade, mais precisamente, no que respeita a honra do empregado e a sua dignidade[15].

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Assim como o TRT da Nona região, em relação à proteção da dignidade do trabalhador, o Tribunal Regional do Estado de São Paulo tem adotado o seguinte posicionamento:

EMENTA – RECURSO ORDINÁRIO. CPTM. RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA. CONTRATO DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS. Princípios constitucionais da dignidade da pessoa humana e dos valores sociais do trabalho. A valorização do trabalho humano é esteio da ordem econômica, a qual tem o fim de assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social. Súmula 331. RECURSO ADESIVO. INTERVALO INTRAJORNADA. ART. 71, § 3º/CLT. Norma de ordem pública, destinada à salvaguarda da higidez física e mental do trabalhador. Ineficácia de cláusula de norma coletiva em contrário em face do art. 9º da CLT. Natureza jurídica salarial TST-RR-623.838/2000.5, DJU 14.5.04 e paga integral. OJ 307. A não-concessão do intervalo, integralmente, desconsidera o disposto na legislação específica e resulta na paga integral[16].

Importante frisar, que referidos danos, não ocorrem apenas, durante a vigência do pacto laboral, sendo que é muito comum que mesmo antes da vigência do contrato de trabalho ou após seu término, ocorram situações que firam a dignidade do trabalhador, tais situações, embora tuteladas pelo direito, são de difícil comprovação, porém passíveis de gerar a devida reparação em face da tutela consagrada no ordenamento jurídico contemporâneo.

4. Incidência da responsabilidade pré e pós-contratual nas relações de trabalho

Antes de tratar das questões pertinentes a responsabilidade pré e pós-contratual, se faz necessária algumas abordagens introdutórias acerca do instituto da responsabilidade civil.

De acordo com Carlyle Popp,[17] “a responsabilidade civil é instituto jurídico de grande relevância em todo o sistema jurídico privado, tem natureza ética e visa a conduzir à paz social”.

Nos dias hodiernos, indiscutivelmente, referido instituto tem ocupado papel de destaque, na medida em que permite maior tutela dos interesses meta individuais e dos direitos da personalidade, seja em razão da responsabilidade objetiva ou subjetiva. Nesse particular, faz-se necessário alguns comentários sobre tais espécies de responsabilidade.

Conforme lições de Carlos Roberto Gonçalves[18], “na responsabilidade extracontratual, o agente infringe um dever legal e, na contratual, descumpre o avençado, tornando-se inadimplente”

Conforme lições de Romualdo Baptista dos Santos[19]:

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A responsabilidade civil está ligada à conduta que provoca dano às outras pessoas. Devemos nos conduzir na vida sem causar prejuízos às outras pessoas, pois se isso acontecer ficamos sujeitos a reparar os danos. Por outro lado, as pessoas têm o direito de não serem injustamente invadidas em suas esferas de interesses, por força de nossa conduta, pois caso isso aconteça tem elas o direito de serem indenizadas na proporção do dano sofrido.

Contudo, o ordenamento jurídico não tutela apenas as duas situações acima mencionadas, haja vista, que em razão do disposto no art. 422 e dos valores fundantes do Código Civil brasileiro (operabilidade, sociabilidade e eticidade), restou igualmente protegida as chamadas negociações preliminares, que por força do art. 422 do Código civil, ensejam responsabilidade pré-contratual e a fase posterior à finalização do contrato, que por força do mesmo dispositivo legal, tutela a responsabilidade pós-contratual.

Assim, antes de celebrar um contrato, normalmente, ocorre uma fase de negociações, na qual as partes discutem termos, limites e condições do contrato a ser celebrado.

Segundo Carlyle Popp,[20] trata-se “daquelas situações em que o negócio jurídico não se firmou (revogação da proposta; rompimento das negociações preliminares).”

No contrato de trabalho, não poderia ser diferente, antes da efetiva contratação há uma fase preliminar, na qual as partes dão início às tratativas, acertam questões pertinentes ao salário, função a ser exercida, expectativa sobre o trabalho a ser realizado e tantas outras situações que sinalizam a conclusão do contrato.

Essa fase preliminar é necessária para garantir o equilíbrio entre as partes, bem como satisfação dos envolvidos, trata-se de uma situação inerente à celebração de qualquer negócio jurídico, que se inicia inclusive, com a manifestação de vontade e observância dos requisitos do artigo 104 do Código Civil Brasileiro.

Contudo, existem casos que em que pese toda essa fase preliminar, em razão da impossibilidade de conciliarem-se os interesses das partes envolvidas ou em alguns casos, por força do desinteresse de uma das partes, o contrato, deixa de ser celebrado, frustrando as expectativas dos envolvidos.

De acordo com as lições de Délio Maranhão[21], a fase que antecede a celebração do contrato de trabalho, ou seja, as negociações preliminares, são também, de cunho trabalhista, uma vez que eventual dano, ocorre em razão da possibilidade de formação do contrato e, conforme ensina Paulo Eduardo V. Oliveira[22], “não se confunde a fase de seleção com a puntuação” (...), em que pese, segundo o autor, “a maioria dos contratos de trabalho, sendo de adesão, formam-se ‘instantaneamente,’ sem distinção das etapas que se interpretam”.

Atualmente, essa situação tornou-se ainda mais delicada, dentre outros motivos, em virtude da acirrada concorrência existente no mercado de trabalho, bem como da

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agilidade com que novas técnicas e serviços surgem no contexto social exigindo cada dia mais especialidades do trabalhador.

Cumpre destacar, que as negociações preliminares quando amparadas pela boa-fé, em regra não geram vinculação para as partes.[23]Contudo, caso a não realização do contrato decorra, de culpa ou dolo de uma das partes, nasce então à possibilidade de responsabilização, ou seja, surge à chamada responsabilidade pré-contratual[24].

Para Serpa Lopes[25], a fase que prescinde a real celebração do contrato pode ser dividida de duas formas:

(...) a discussão pura e simples das bases do futuro contrato, período de pura negociação, ou então um contrato preliminar, em que as bases do futuro contrato já ficam antecipadamente fixadas, obrigando-se apenas os promitentes contratantes a outorgarem a escritura definitiva de acordo com o previamente definido no contrato preliminar. No primeiro caso, temos as proposições, os acordos preparatórios; no segundo, há uma situação contratual definitiva, embora o seu objetivo seja um contrahere futuro.

Conforme já foi dito anteriormente, é de fundamental importância, que se faça uma distinção das duas figuras citadas pelo autor, haja vista que são situações bastante distintas, sendo que, não se deve confundir, o chamado pré-contrato, com as negociações preliminares.

A guisa de exemplo destaca-se a seguinte situação: na fase de negociações ficou estabelecida que em tal data o empregado trouxesse seus documentos para a efetivação do contrato de trabalho, ao chegar à empresa é surpreendido com a informação de que a vaga já foi preenchida porque apareceu um candidato com perfil mais próximo daquele desejado pela empresa.

Ora, a situação em tela além da expectativa, a promessa impediu que o trabalhador verificasse outras possibilidades de empresa, em função de ter se comprometido com aquele empregador, não resta dúvida que houve um dano a parte que aguardava a celebração do contrato. Sendo evidentemente passível de reparação, em razão dos preceitos de boa-fé e função social do direito, bem como afronta aos direitos de personalidade do pretenso empregado, que em razão de toda a expectativa depositada no futuro emprego, teve sua honra subjetiva afetada.

Ainda, quanto ao dano, destaca-se que ele pode ter sido experimentado por qualquer uma das partes, sendo sempre passível de reparação, desde que evidentemente estejam presentes os pressupostos inerentes a responsabilidade civil[26].

Com relação á esfera trabalhista, evidentemente o mais normal é que o dano seja experimentado pelo empregado, em virtude da sua hipossuficiência na relação e principalmente em razão da subordinação que muitas vezes extrapola o limite do razoável resultando em afronta aos direitos de personalidade do trabalhador.

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Assim, quanto à boa-fé, destacamos que a exigência de uma conduta em atenção aos ditames do referido princípio se manifesta com o cumprimento dos deveres laterais, também conhecidos como "deveres acessórios de conduta." Estes, embora não constituam o cerne do contrato de trabalho, garantem a sua execução de modo que a prestação possa ser cumprida sem afronta aos direitos do empregado, garantindo o respeito à boa-fé[27], e função social que os contratos devem resguardar para manutenção do equilíbrio e econômico da sociedade

Para vislumbrar a responsabilidade pré-contratual, há que se verificar a confiança na seriedade das tratativas, ou seja, à medida que as negociações avançam, é certo que também a confiança recíproca das partes aumenta, caminhando sempre no sentido da certeza da efetivação do contrato[28].

Tal avaliação, certamente, deve pautar-se não só pela boa-fé, mas principalmente pela razoabilidade, haja vista, que a intenção do instituto é primar pelo equilíbrio e pacificação das relações sociais tuteladas pelos direitos.

Evidente que a prova nesses casos geralmente é bastante difícil, ante a apenas expectativa com relação à celebração do contrato. Contudo, restando demonstrada a real possibilidade da contratação e o prejuízo decorrente da não ocorrência da mesma, como por exemplo, a perda de outra vaga de emprego, o fato torna-se passível de reparação na modalidade pré-contratual.

Neste sentido, Fernando Noronha[29] faz a seguinte colocação:

A parte que nas negociações preliminares procede deslealmente, viola deveres que são impostos pelo princípio da boa-fé objetiva e que impõe a não-interrupção injustificada das tratativas, a informação leal, o sigilo quanto a informações recebidas da contraparte e, em geral, a não indução desta em erro. Essa violação impede algumas vezes a realização do negócio; outras, justificam que este venha a ser invalidado. Tanto num caso como no outro, quando a outra parte, com o propósito de se preparar para cumprir o esperado contrato, tiver sido levada a realizar despesas (seja com estudos, projetos e pesquisas, seja até com a aquisição de máquinas específicas ou de elevada quantidade de matéria-prima), ou a abster-se de contratar com outras pessoas, ou mesmo a deixar de realizar outros negócios, terá de ser indenizada.

O grande problema da hipótese acima mencionada respeita a questão probatória, especialmente, por em regra a fase das negociações pautarem-se pela não vinculação das partes, contudo, uma vez provado que houve violação do princípio da boa-fé, nasce o dever de indenizar, seja pela violação dos direitos da personalidade ou até mesmo de direitos materiais.

Tal situação, nas relações de trabalho pode ser constatada de forma bastante clara no exemplo de Paulo Eduardo V. de Oliveira,[30]

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O candidato que recebe orientação para comparecer, não para trabalhar, mas para assinar o contrato, porque a empresa em sua política de admissão ao empregado não se admite sem contrato por escrito, é dos termos das cláusulas do instrumento que se pode deduzir se a execução do contrato inicia-se imediatamente, ou, quando já contratado, se o trabalhador começará trabalhar a partir de um termo indicado.

No caso, acima mencionado, havendo descumprimento de tal expectativa, resta configurada a responsabilidade pré-contratual.

Conseqüentemente verifica-se a ocorrência de afronta aos direitos de personalidade do candidato, pois o fato da não conclusão do contrato fere a sua dignidade, em razão de todo o desgaste emocional que foi exposto haja vista a expectativa gerada pela possível contratação.

De outra parte, mesmo após a conclusão e cumprimento do contrato, “ainda é possível surtir efeitos relevantes para o direito.” [31]

A responsabilidade pós-contratual mostra-se ainda um terreno pouco explorado pela doutrina, contudo, trata-se referida modalidade uma das prerrogativas que melhor representam o direito contemporâneo, especialmente por ser um instituto essencialmente fundado em uma cláusula geral, qual seja, a boa-fé.

As responsabilidades decorrentes do contrato de trabalho, não se exaurem com o cumprimento da obrigação que deu origem ao contrato, ele persiste em função dos deveres anexos a obrigação, especialmente aqueles pertinentes aos direitos da personalidade das partes contratantes.

Neste sentido, Paulo Eduardo V. Oliveira[32], apresenta exemplo bastante ilustrativo, destacando o caso das chamadas “listas negras”, que consistem em um rol de trabalhadores que reclamaram seus direitos perante a Justiça do Trabalho. Em tais listas constam “informações tendenciosas em que se aconselha sua não-admissão em outro emprego”.

Segundo Menezes Cordeiro, [33] a origem da responsabilidade pós-contratual, encontra-se na jurisprudência alemã da década de 20. De acordo com o autor:

As primeiras manifestações teriam sido no sentido de recusar reconhecimento ao fenômeno. (...) Mas, em 26 de setembro de 1925, ao decidir que, depois de consumada uma cessão de créditos, o cedente continua obrigado a não tolher a condição de cessionário, o Reichsgericht dá a base à nova doutrina, reforçando-a a 3 de fevereiro de 1926, com nova sentença pela qual, expirado um contrato de edição, o titular do direito de publicação fica obrigado a não fazer concorrência com o editor, procedendo à feitura de novas edições, antes de esgotadas as anteriores.

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Embora, em diversos pontos, a modalidade de responsabilidade pós-contratual assemelhe-se a responsabilidade pré-contratual, há algumas diferenças marcantes entres esses institutos, que merecem ressalva.

Em primeiro lugar, na responsabilidade pré-contratual, não existe um contrato, existe uma relação de negociações preliminares, que em tese não vinculam as partes, mas que, uma vez comprovado, que seu descumprimento se deu em razão de má-fé, gera a responsabilidade nos moldes do artigo 186 do Código Civil, sendo caracterizada a luz do ordenamento jurídico, como verdadeira responsabilidade extracontratual.

Contudo, na esfera do direito do trabalho a classificação da responsabilidade pré-contratual como extracontratual é controvertida, não havendo unanimidade em relação a sua natureza jurídica.

De forma diversa, na responsabilidade pós-contratual, há que se verificar que a indenização decorre da violação de deveres acessórios de conduta, especialmente da não observância dos preceitos de boa-fé e de razoabilidade.

Para Ademir de Oliveira Costa Junior[34], a responsabilidade pós-contratual, “seria uma espécie de responsabilidade civil fundada em vínculos específicos, consistentes de deveres das partes no tráfego negocial”. Tais deveres normalmente são de natureza absolutamente subjetiva, ligada a atributos da pessoa, portanto, resguardadas pelos chamados direitos da personalidade, ainda segundo o autor, são deveres, “calcados na boa-fé e não no dever geral de diligência”

Com relação ao contrato de trabalho, a responsabilização pós-contratual e a afronta aos direitos de personalidade, são situações que caminham em vias paralelas.

É o que ocorre, por exemplo, quando findo o contrato de trabalho, o empregador presta informações desabonadoras sobre seu ex-empregado comprometendo sua honra e boa fama.

E o faz, sem ter, por exemplo, se cercado de cuidados básicos durante a relação contratual, como inquérito para apuração de falta grave, advertências e até mesmo uma demissão por justa causa, assim, suas alegações, são desprovidas de elementos comprobatórios, o que as tornam simplesmente infundadas e, portanto, atentatórias aos direitos da personalidade do trabalhador.

Importante frisar, que o dever de observância dos direitos de personalidade não se encerra com o contrato de trabalho, ao contrário, deve permanecer além desse, sendo que qualquer atitude do ex-empregador, desprovida de fundamento, que cause prejuízo ao seu ex- empregado, deve ser punida e o mesmo deve se compelido a indenizar os prejuízos.

Tanto a doutrina quanto a jurisprudência têm se posicionado no sentido de que o princípio da boa-fé objetiva irradia deveres de conduta às partes, de proteção, lealdade e informação que iniciam se com as negociações preliminares e perduram mesmo após a extinção do contrato de trabalho.

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Desse modo, sempre que tais deveres forem ignorados, uma vez comprovada à má-fé e o prejuízo caberão indenização, com fundamento no art. 422 do Código Civil. Sendo competente a Justiça do Trabalho para julgar e instruir a caracterização do dano, da culpa e do nexo causal, bem como fixar o valor da reparação, conforme veremos adiante.

5. Quanto à competência para apreciação da ação de reparação em casos de responsabilidade pré e pós-contratual no âmbito do direito do trabalho

Importante frisar que, atualmente, a tormentosa questão da competência da Justiça do Trabalho, especialmente no tocante as indenizações por danos morais, restou pacificada, por força do art. 114 da Constituição Federal modificado pela Emenda Constitucional no 45 de 31.12.2004, bem como o art. 652 da CLT, ambos relatando ser competente a Justiça do Trabalho para julgar as demandas decorrentes da relação de trabalho, o que espanca definitivamente qualquer dúvida nesse sentido.

No tocante a responsabilidade pré e pós-contratual, não há dúvida que em qualquer uma das situações, a relação de trabalho se faz presente, ainda que o contrato de trabalho, não tenha chegado a se formalizar.

Como exemplo de responsabilidade pré-contratual, podemos destacar a situação de uma entrevista de emprego, para a contratação de trabalhador, neste caso, embora, ainda não exista contrato de trabalho, não se pode olvidar que em caso de afronta aos direitos do candidato, seja, sua honra, imagem, integridade física ou psíquica, o dano só ocorre em razão da perspectiva de uma relação de emprego e das expectativas por ela criadas.

Nesse sentido merece destaque decisão proferida pelo Tribunal Regional do Trabalho de Minas Gerais:

A Justiça do Trabalho é competente para apreciar e decidir pedidos de reparação de dano causado pelo descumprimento da promessa de celebrar contrato de trabalho, por tratar-se de controvérsia decorrente de uma das partes. Embora refutada por muitos, existe a chamada responsabilidade pré-contratual, decorrente de ação ou omissão culposa ocorrida entre a proposta e a aceitação. Se a aceitação da proposta é manifestada no tempo oportuno, o contrato estará perfeito e acabado pelo simples acordo de vontades. Mas em se tratando de proposta que não exige aceitação imediata, pode o policitante retratar-se antes de manifestar o policitado sua vontade. Entretanto, se este foi ilaqueado em sua boa-fé e frustrado na sua esperança de contratar, tem ele direito à reparação dos prejuízos sofridos.

O dever de indenizar, no caso, explica-se segundo alguns, pela teoria da culpa in contraendo ou segundo outros, pelo abuso de direito, mesmo que nessa fase não se entende já existirem direitos. (TRT, 3ª. região, 4ª. turma, Rel. Luiz Otávio Linhares Renaut. Ac. 1383, RO 17739/00, DJMG 25/11/2001, p. 32.

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Tal posicionamento encontra-se abalizado pelo disposto na Constituição Federal a cerca da competência da Justiça do Trabalho.

Art. 114 – “Compete a Justiça do Trabalho, processar e julgar:

I – As ações oriundas da relação de trabalho, abrangidos os entes de direito público externo e da administração pública direta e indireta da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios;

Da leitura do artigo, resta claro que o legislador não restringiu a incidência do mesmo, tampouco fez ressalva à necessidade de existência de contrato de trabalho, limitou-se apenas a expressão “relação de trabalho”, o que permite entendimento extensivo, em face da própria amplitude do termo.

Com relação ao exemplo da entrevista, os comentários de José Affonso Dallegrave[35]:

No momento da entrevista na empresa ou das tratativas, não está presente a figura jurídica do “empregado,” vez que o contrato ainda não se firmou por inteiro, mas está presente a figura jurídica do trabalhador que tenciona o emprego. Tanto o empregado com vínculo aperfeiçoado, quanto o trabalhador com relação incipiente estão igualmente albergados pela competência da justiça do trabalho.

Assim, o que define a apreciação de eventual demanda pela Justiça do Trabalho, é a figura do trabalhador que tenciona o emprego, e não o contrato firmado pelas partes.

Já no caso da responsabilidade pós-contratual[36], menos questionamentos surgem, com relação à referida competência, uma vez que a relação de trabalho existiu e produziu inclusive seus efeitos, subsistindo, portanto, os direitos decorrentes do vínculo empregatício.

O que talvez, poderia trazer algum tipo de controvérsia, é a questão do lapso temporal em que o dano ocorreu, sendo assim, em se tratando de lesões perpetradas algum tempo depois do término da relação do trabalho, poderá haver quem argua tal limitação para o exercício do direito.

Em que pese à relação de trabalho existente, há quem entenda tratar-se de Competência da Justiça Comum, pois o referido dano atinge o cidadão e não mais o trabalhador.

Contudo, a orientação mais acertada nos parece, aquela mencionada anteriormente com relação à responsabilização pré-contratual.

Assim partindo-se do preceito encartado no art. 114 da Constituição Federal, conclui-se que em ambos os casos, seja na responsabilidade pré-contratual ou na responsabilidade

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pós-contratual, a apreciação do dano deve ser de competência da Justiça do Trabalho, em razão do nexo de causalidade presente na controvérsia.

Mormente em virtude de que, em ambas as situações o dano decorre da relação de trabalho, sendo que se não houve sequer expectativa de existência de referida relação não haveria entre as partes qualquer tipo de contato que eventualmente pudesse dar ensejo à reparação de dano.

6. Conclusão

Indiscutivelmente, o tema abordado é bastante polêmico, permeado de detalhes e opiniões polêmicas, que se devem à evolução das relações sociais, que nos dias hodiernos, são marcadas por proteção a valores metaindividuais e personalíssimos.

Especialmente, em razão das exigências da sociedade contemporânea, a pressão pela busca de novas técnicas e de atualização na prestação de serviço, impõe uma concorrência sem precedentes no mercado de trabalho somadas à flexibilização das relações de trabalho que inevitavelmente afrontam direitos da personalidade.

Toda essa sistemática, deságua na fragilidade do trabalhador na sua exposição a possíveis afrontas aos seus direitos personalíssimos, sendo que sua tutela inicia-se mesmo antes, da celebração do contrato e perduram até após sua conclusão.

Assim, a responsabilidade pré e pós-contratual ganha relevo nas relações trabalhistas, sendo o mecanismo hábil na proteção dos direitos e garantias da relação de trabalho e não apenas do empregado, já que as ofensas podem ocorrer ainda na fase das negociações preliminares.

Com relação às regras de competência dos referidos institutos, destaca-se que anteriormente à edição da Emenda Constitucional no 45 de 31.12.2004, o tema era palco de inúmeras controvérsias, tanto na doutrina como nos Tribunais. Contudo, após a referida emenda, o assunto restou pacificado, não havendo dúvidas quanto à competência da Justiça do Trabalho para processar e julgar as demandas que envolvam responsabilidade pré e pós-contratual em razão de envolver a relação de trabalho no seu aspecto mais delicado que é a tutela dos direitos personalíssimos.

Enfim, é importante que se frise, que a proteção aos direitos de personalidade: imagem, honra, integridade física e psíquica, dignidade, dentre outros, são valores fundantes do ordenamento jurídico contemporâneo e, portanto, tutelado em sua maior amplitude possível.

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[1] DANTAS, San Tiago. Clássicos da literatura jurídica. Direito civil – parte geral – 4ª tiragem, Rio de Janeiro: Editora Rio, 1979, p. 191.

[2] WALD, Arnold. Curso de direito civil brasileiro: Introdução e parte geral, 7ª ed., rev., e atual., com a colaboração de Álvaro Villaça de Azevedo. São Paulo: RT, 1995, p. 121 e 122.

[3] DINIZ, Maria Helena, Curso de direito civil brasileiro, v. 1. Teoria geral do direito civil. 18ª ed., atual., de acordo com o novo código civil (Lei no. 10.406, de 10-1-2002). São Paulo: Saraiva, 2002, p. 119.

[4] http://www.fdc.br/Arquivos/Mestrado/Dissertacoes/Integra/MarcoAurelioLopes.pdf, acesso em 31.03.2008.

[5] É o que prescreve o Código Civil (Lei n. 10.406/02) ao tratar dos direitos da personalidade no Capítulo II, arts. 11 a 21, de aplicação subsidiária ao direito do trabalho (CLT, art. 8º, parágrafo único). O mesmo diploma legal assegura que, aquele que por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito (art. 186); mais adiante, prescreve: aquele que, por ato ilícito (art. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo (art. 927).

Os direitos inerentes à personalidade podem ser lesados por atos ilícitos de agressão moral ou assédios moral e sexual, resultando em dano moral. (CORTES, Julpiano Chaves. Direitos da personalidade – Dano moral – Resolução contratual. http://www.jcortez.com.br/info04.php - acesso em 31.03.2008.

[6] Para Judith Martins-Costa, “versar a responsabilidade civil significa ingressar num vasto e fascinante universo – talvez o mais fascinante de todo o Direito Civil – no qual se emaranham aspectos do mais profundo significado ético atinente à própria condição humana, com aspectos práticos que perfazem imensa gama das questões cotidianamente tratadas na vida do foro”. (MARTINS-COSTA, Judith. Comentários ao Novo Código Civil, vol. V, Tomo II, Rio de Janeiro: Editora Forense, 2003, p. 92).

[7] OLIVEIRA, Paulo Eduardo V. O dano pessoal no direito do trabalho. São Paulo: LTR, 2002, p. 116.

[8] GABURRI, Fernando; ARAÚJO, Vaneska Donato de. Responsabilidade pré e pós contratual. In Responsabilidade Civil. Coord. ARAÚJO, Vaneska Donato de., São Paulo: RT, 2008, p. 216.

[9] “O dano moral advém da dor e a dor não tem preço. Sua reparação seria enriquecimento ilícito e vexatório, na opinião dos mais retrógrados”. SILVA, Teixeira Sônia Maria de. Breve estudo sobre o dano moral. http://www.advogado.adv.br/artigos/2002/soniamariateixeiradasilva/breveestudodanomoral.htm - acesso em 31.02.2008.

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[10] TRT-PR-22-06-2007 RESPONSABILIDADE PRÉ-CONTRATUAL DO EMPREGADOR. EXPECTATIVA DE CONTRATAÇÃO. BOA-FÉ OBJETIVA. DESPESAS EFETUADAS PELO EMPREGADO. DEVER DE REPARAÇÃO. Não mais se discute a existência de deveres que, autônomos em relação à obrigação principal, existem antes e perduram mesmo depois de extinto o contrato, seja qual for sua natureza. Parte-se da premissa de que os contratos, em geral, representam uma complexidade de obrigações e deveres, inter-relacionados e, ao mesmo tempo, autônomos, pautados na idéia de que a relação deve se desenvolver dentro de uma ordem de cooperação. Há, portanto, um núcleo principal, cercado de uma série de deveres acessórios ou secundários. No contrato de emprego, as obrigações principais são trabalho (empregado) e salário (empregador) e, em torno delas, há obrigações acessórias, como informações esclarecimentos sobre a função a ser desempenhada, impossibilidade de concorrência desleal, deveres de cooperação e auxílio, entre outros. Nessa esteira, se o empregador condiciona a contratação à aquisição de veículo, pelo empregado, é legítimo que este alimente a expectativa de ser contratado. Se, independente de sua vontade, o ajuste não vem a se concretizar, não é justo que suporte a diminuição patrimonial a que não deu causa. Recurso provido para manter a condenação ao pagamento de indenização.

TRT-PR-21629-2004-006-09-00-4-ACO-15699-2007 - 2A. TURMA – Relator: MARLENE T. FUVERKI SUGUIMATSU – Publicado no DJPR em 22-06-2007 – http://www.trt9.gov.br/internet_base/jurisprudenciasel.do# acesso em 01.04.08.

[11] EMENTA: RESPONSABILIDADE PÓS-CONTRATUAL-PRINCÍPIO DA BOA-FÉ OBJETIVA-DEVER DE INDENIZAR O EMPREGADO-A responsabilidade pós contratual engloba o dever de proteção de ambas as partes mesmo após o término da vigência do pacto laboral. Trata-se de corolário do princípio da boa-fé objetiva, que neste viés, busca a proteção do patrimônio dos contratantes, contra eventuais danos causados pelo outro. Neste passo, mesmo com a extinção do contrato de trabalho em razão da declaração da bancarrota, o advogado ex-empregado ao acompanhar a massa falida em alguns atos processuais, logo após à decretação da quebra observou fielmente os ditames da boa-fé objetiva, pois a atuação profissional ilibada, deixou de causar prejuízo ao patrimônio do ex-empregador. A ré não se pode furtar de realizar o pagamento devido, referente aos serviços profissionais prestados, em razão de que isto constituiria dano ao patrimônio do obreiro, que deve ser arredado em razão da responsabilidade pós-contratual. Publicado no DJPR em 28-01-2005 – 17044-2001-012-09-00-9(RO-06087-2004)-ACO-02199-2005 – Órgão Julgador: 2A. TURMA – Origem: 12ª VT CURITIBA-PR. http://www.trt9.gov.br/internet_base/publicacaoman.do?evento=Editar&chPlc=724276&procR=AAAMI7AAPAAFhSRAAJ acesso em 01.04.2008.Parte inferior do formulário

[12] KRÄUTLER, Edwin; MOTTA, Dias Ivan. O direito da personalidade nas relações de trabalho. I Revista Jurídica Cesumar, v. 6, no 1, p. 499-513, 2006.

[13] “Sendo a dignidade da pessoa humana qualidade integrante e irrenunciável da própria condição humana, pode e deve ser reconhecida, respeitada, promovida e protegida, no âmbito laboral”. (ÀVILA, Pedrotti Rosemari; AUGUSTIN, Sérgio. Assédio sexual nas relações de trabalho: agressão a direitos fundamentais. Revista Discurso Jurídico. Campo Mourão, v.3, n.1, p. 102-113, jan./jul. 2007.

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[14] http://www.trt9.gov.br/internet_base/jurisprudenciasel.do# acesso em 04.04.2008.

[15]Vale destacar, que a proteção dos direitos da personalidade do trabalhador, estão intimamente ligada à questão da dignidade, que segundo, Alexandre de Morais, “é um valor espiritual e moral inerente à pessoa, que se manifesta singularmente na autodeterminação consciente e responsável da própria vida”. Ou seja, que se consagra pelos seus atos do convívio social, o autor ainda menciona que a dignidade, encerra, “um mínimo invulnerável que todo estatuto jurídico deve assegurar, de modo que apenas excepcionalmente possam ser feitas limitações ao exercício dos direitos fundamentais”. (MORAES, Alexandre de. Constituição Brasileira Interpretada, 2ª ed., São Paulo: Atlas, 2003, p. 88)

[16] IDENTIFICAÇÃO DO ACÓRDÃO – TRIBUNAL: 2ª Região – ACÓRDÃO NUM: 20070127470 – DECISÃO: 27 02 2007 – TIPO: RO01 NUM: 00352 ANO: 2006 – NÚMERO ÚNICO PROC: RO01 - 00352-2005-383-02-00 – RECURSO ORDINÁRIO – TURMA: 11ª.

[17] POPP, Carlyle. Responsabilidade civil pré-negocial: o rompimento das tratativas. Curitiba: Juruá, 2001, p. 103.

[18] GONÇALVES, Carlos Roberto. Responsabilidade Civil, 3ª ed., São Paulo: Saraiva, 2008, p. 22.

[19] SANTOS, Romualdo Baptista dos. Teoria geral da responsabilidade civil. In Responsabilidade civil. coord. DONATO, Vaneska Araújo de. São Paulo: RT, 2008, p. 58.

[20] POPP, Carlyle. Responsabilidade civil pré-negocial: o rompimento das tratativas. Curitiba: Juruá, 2001, p. 103.

[21] MARANHÃO, Délio. Direito do trabalho. 4ª ed. Rio de Janeiro: FGV – Instituto de Documentação, 1976, p. 247.

[22] OLIVEIRA, Paulo Eduardo V. O dano pessoal no direito do trabalho. São Paulo: LTR, 2002, p. 141.

[23] GAGLIANO, Pablo Stolze; PAMPLONA, Rodolfo. Novo curso de direito civil, vol. IV: contratos, tomo I: Teoria geral, 4ª ed., rev. e atual. São Paulo: Saraiva: 2008, p. 85.

[24] "a verificação dos danos que por ocasião da formação do contrato tem lugar, dada a confiança depositada pelas partes na validade do negócio jurídico celebrado ou na sua celebração futura." (CAPPELARI, Récio Eduardo. Responsabilidade pré-contratual: aplicabilidade ao Direito brasileiro. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 1995, p. 32, 33).

[25] LOPES, Miguel Maria de Serpa. Curso de direito civil: fontes das obrigações, contratos, vol. III 7ª ed., rev. (pelo professor José Serpa de Santa Maria) Rio de Janeiro: Freitas Bastos, 2001, pp.91-92.

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[26] A responsabilidade civil exige a comprovação de três pressupostos, quais sejam, o ato ilícito ou conduta culposa, o nexo de causalidade e o dano. Diante da presença de tais requisitos, configurada está à responsabilidade, razão pela qual devida é a condenação do responsável em indenização àquele sofredor do dano. http://conjur.estadao.com.br/static/text/40908,1 acesso em 31.03.2008.

[27] ‘boa-fé objetiva’ se quer significar – segundo a conotação que adveio da interpretação conferida ao § 242 do Código Civil alemão, de larga força expansionista em outros ordenamentos, e, bem assim, daquela que lhe é atribuída nos países da common law – modelo de conduta social, arquétipo ou standard jurídico, segundo o qual ‘cada pessoa deve ajustar a própria conduta a esse arquétipo, obrando como obraria um homem reto: com honestidade, lealdade, probidade’. Por este modelo objetivo de conduta levam-se em consideração os fatores concretos do caso, tais como o status pessoal e cultural dos envolvidos, não se admitindo uma aplicação mecânica do standard, de tipo meramente subsuntivo." MARTINS-COSTA, Judith. A Boa-Fé no Direito Privado, 1ª ed., 2ª tiragem. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2000, p. 411.

[28] SLAWINSKI, Celia Barbosa de Abreu. Breves reflexões sobre a eficácia atual da boa-fé objetiva no ordenamento jurídico-brasileiro. In: TEPEDINO, Gustavo (Coord.). Problemas de direito civil-constitucional. Rio de Janeiro: Renovar, 2000, p. 77-110.

[29] NORONHA, Fernando. Direito das obrigações: fundamentos do direito das obrigações: introdução à responsabilidade civil. Volume 1. São Paulo: Saraiva. 2003, pág. 456

[30] OLIVEIRA, Paulo Eduardo V. O dano pessoal no direito do trabalho. São Paulo: LTR, 2002, p. 142.

[31] GABURRI, Fernando; ARAÚJO, Vaneska Donato de. Responsabilidade pré e pós contratual. In Responsabilidade Civil. Coord. ARAÚJO, Vaneska Donato de., São Paulo: RT, 2008, p. 224.

[32] OLIVEIRA, Paulo Eduardo V. O dano pessoal no direito do trabalho. São Paulo: LTR, 2002, p. 173.

[33] MENEZES, Cordeiro, Antonio Manoel da Rocha. Da pós-eficácia das obrigações. Estudos de direito civil. 2ª reimp. Coimbra: Almedina, 1984, p. 147-8

[34] COSTA JÚNIOR, Ademir de Oliveira. A responsabilidade "post factum finitum" no direito civil e do consumidor . Jus Navigandi, Teresina, ano 11, n. 1305, 27 jan. 2007. Disponível em: <http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=9434>. Acesso em: 07 set. 2008.

[35] DALLEGRAVE, José Afonso. Ato ilícito. Responsabilidade civil pré e pós-contratual no âmbito do direito do trabalho. Disponível em: http://jusvi.com/artigos/820 acesso em 12/09/2008 às 23h.

[36] E M E N T A – DANOS MORAIS E MATERIAIS – COMPETÊNCIA – JUSTIÇA DO TRABALHO – Pela dicção do art. 114 da Constituição Federal compete à Justiça do Trabalho a apreciação do dano moral ou material que seja decorrente da

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relação de emprego. Essa é a melhor interpretação que representa a mens legis, se a demanda tem sua gênese diretamente na relação de emprego desfeita. Mesmo que desfeito o contrato de trabalho, a competência da Justiça do Trabalho mostra-se inarredável se o dano, à evidência, mantém uma relação direta, de causa e efeito, com o contrato de emprego. Recurso Ordinário a que se dá provimento. TRT – RO – 1546/2000 – Ac. TP. N. 2323/2000. http://www.trt23.gov.br/acordaos/2000/Pb00040/RO001546.htm acesso em 04.04.2008.