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TEXTO: JOHNNY OLIVEIRA E TAINÁ RIOS FOTOS: LEONARDO STÜRMER D epois de uma longa espera pela entre- ga do frete, finalmente chegou o gera- dor, e o dia de colocá-lo para funcionar. A compra feita em um site não muito confiável e de marca duvidosa foi o passo que faltava para pôr em prática o plano que vinha sendo pensado há algum tempo. Ao imaginar o barulho que o pequeno motor amarelinho de 20 quilos poderia fazer, preocuparam-se em não ligá-lo dentro dos quartos. Levaram o apa- relho para o pátio do apartamento. “Não deu 10 minutos de gerador ligado para os vizinhos começarem a reclamar desesperadamente para a gente desligar”, lembra Mario Arruda. “Qualquer lugar pode ser nossa casa.” Esse é o lema do trio formado por Mario, Maurício Maurição Pflug e Ricardo Harry Giacomoni. Moradores do bairro Bom Fim, na Capital, os estudantes de Jornalismo, Relações Públicas e Psicologia, respectivamente, decidiram levar arte para rua. “Começamos a fazer festas dentro de casa. Aumentaram tanto que levamos para fora”, diz Harry. Antes, o barulho dos instrumentos ligados aos amplificadores não era bem apreciado por todos os moradores do prédio número 321 da Rua Felipe Camarão. Em represália, os vizinhos preparavam armadilhas. “Colocaram um peixe dentro da nossa caixa de correio!”, lembra Ma- rio, apavorado. Não tinha jeito, eles necessitavam de um novo espaço. Foi então que decidiram levar al- guns objetos de casa para a calçada. Com um carrinho de supermercado, passaram a carre- gar notebook, caixas de som, amplificadores, violão e o gerador para lugares como corredor de ônibus em obras, rótulas e parques. Uma vez instalados, disponibilizam o material da festa e liberam o lugar do DJ contando com o bom sen- so dos frequentadores. Nascia assim o Geramor, uma das festas itinerantes que hoje tomam as ruas de Porto Alegre. Jovens transformam a via pública em ponto de encontro, com arte, festa e confraternização A RUA É NOSSA Segue na página 2 O Geramor abastece a alegria na Praça dos Açores e nas calçadas em frente ao bar Tutti Giorni PUBLICAÇÃO EXPERIMENTAL DO CURSO DE JORNALISMO DA UNISINOS PORTO ALEGRE - EDIÇÃO 2 - NOVEMBRO/2013 ABRIGO RESIDENCIAL PROTEGE VÍTIMAS DE RUPTURA FAMILIAR CRIANÇAS E JOVENS, RETIRADOS DO CONVíVIO DOS PAIS POR MAUS TRATOS E EM ALTA VULNERABILIDADE SOCIAL, CONTAM COM 20 ESTABELECIMENTOS NA CAPITAL E TEM + ESTUDANTES PODEM FICAR SEM CASA l JOGANDO E TRABALHANDO NA CLANDESTINIDADE QUEM CONHECE O PARQUE KNIJNIK? l OCULTO. ASSIM TONIOLO QUER FICAR AGORA COMO É SER VEGANO NA CAPITAL DO CHURRASCO l O QUE AS PROSTITUTAS NÃO EXPÕEM NAS RUAS FOTO: CINTIA FERNANDES

A rua é nossa_1

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Page 1: A rua é nossa_1

TEXTO: Johnny oliveira E Tainá riosFOTOS: leonardo sTürmer

Depois de uma longa espera pela entre-ga do frete, finalmente chegou o gera-dor, e o dia de colocá-lo para funcionar. A compra feita em um site não muito

confiável e de marca duvidosa foi o passo que faltava para pôr em prática o plano que vinha sendo pensado há algum tempo. Ao imaginar o barulho que o pequeno motor amarelinho de 20 quilos poderia fazer, preocuparam-se em não ligá-lo dentro dos quartos. Levaram o apa-relho para o pátio do apartamento. “Não deu 10 minutos de gerador ligado para os vizinhos começarem a reclamar desesperadamente para a gente desligar”, lembra Mario Arruda.

“Qualquer lugar pode ser nossa casa.” Esse é o lema do trio formado por Mario, Maurício Maurição Pflug e Ricardo Harry Giacomoni. Moradores do bairro Bom Fim, na Capital, os estudantes de Jornalismo, Relações Públicas e Psicologia, respectivamente, decidiram levar arte para rua.

“Começamos a fazer festas dentro de casa. Aumentaram tanto que levamos para fora”, diz Harry. Antes, o barulho dos instrumentos ligados aos amplificadores não era bem apreciado por todos os moradores do prédio número 321 da Rua Felipe Camarão. Em represália, os vizinhos preparavam armadilhas. “Colocaram um peixe dentro da nossa caixa de correio!”, lembra Ma-rio, apavorado.

Não tinha jeito, eles necessitavam de um novo espaço. Foi então que decidiram levar al-guns objetos de casa para a calçada. Com um carrinho de supermercado, passaram a carre-gar notebook, caixas de som, amplificadores, violão e o gerador para lugares como corredor de ônibus em obras, rótulas e parques. Uma vez instalados, disponibilizam o material da festa e liberam o lugar do DJ contando com o bom sen-so dos frequentadores. Nascia assim o Geramor, uma das festas itinerantes que hoje tomam as ruas de Porto Alegre.

Jovens transformam a via pública em ponto de encontro, com arte, festa e confraternização

a rua é nossa

Segue na página 2

O Geramor abastece a alegria na Praça dos Açores e nas calçadas em frente ao bar Tutti Giorni

PUBLICAÇÃO EXPERIMENTAL DO CURSO DE JORNALISMO DA UNISINOS PORTO ALEGRE - EDIÇÃO 2 - NOVEMBRO/2013

abrigo residencial proTegevíTimas de rupTura familiarCRIANÇAS E JOVENS, RETIRADOS DO CONVíVIO DOS PAIS POR MAUS TRATOS E EM ALTA VULNERABILIDADE SOCIAL, CONTAM COM 20 ESTABELECIMENTOS NA CAPITAL

E TEM+ ESTUDANTES PODEM FICAR SEM CASA l JOGANDO E TRABALHANDO NA CLANDESTINIDADE

QUEM CONHECE O PARQUE KNIJNIK? l OCULTO. ASSIM TONIOLO QUER FICAR AGORA

COMO É SER VEGANO NA CAPITAL DO CHURRASCO l O QUE AS PROSTITUTAS NÃO EXPÕEM NAS RUAS

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