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A SUPERVISAO DE ESTAGIO EM PSICOLOGIA HOSPITALAR NO CURSO DE GRADUAÇAO: RELATOS DE UMA EXPERIENCIA O artigo relata a experiência de supervisão de estágio em psicologia hospitalar no curso de graduação, que durou de março de 2003 a março de 2005, na cidade de Resende, no estado do Rio de Janeiro. Foi baseado nas observações das condutas e nas falas dos estagiários durante as supervisões. Esses estágios ocorrem semestralmente, os alunos a partir do oitavo período tem a opção de escolher a psicologia hospitalar. Os alunos podem realizar até três períodos no mesmo estágio após completar um semestre o aluno tem a opção de continuar mais um semestre na mesma área ou não. As supervisões são realizadas com os estagiários na própria universidade, onde os alunos relatam os atendimentos clínicos, debatem sobre os projetos referentes ao estágio, trocam experiências, abordam as suas dificuldades e questões relacionadas a vivencia na instituição. Ao longo do período de março de 2003 a março de 2005, foram observadas as condutas e as falas recorrentes de 26 estagiários durante as supervisões, os quais apresentaram quatro grandes dificuldades no processo do estágio: Inserção no contexto hospitalar Contato com o paciente Atuação junto aos familiares Relacionamento com a equipe de saúde A primeira dificuldade é quando o aluno se depara com a realidade de saúde publica: a pobreza, a miséria, as filas para esperar atendimento, são situações que chocam profundamente. Além do sofrimento físico do doente, o contato com a dor, o sangue, a morte e os maus odores decorrentes da doença. Apesar de já terem cursado disciplinas de psicologia hospitalar, quando iniciam um estágio essa realidade é tão impactante que os estagiários começam a faltar ao estágio e a supervisão. A estratégia utilizada para lidar com esse fato e entrar em contato com

A Supervisao de Estagio Em Psicologia Hospitalar No Curso de Graduaçao

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A SUPERVISAO DE ESTAGIO EM PSICOLOGIA HOSPITALAR NO CURSO DE GRADUAAO: RELATOS DE UMA EXPERIENCIA

O artigo relata a experincia de superviso de estgio em psicologia hospitalar no curso de graduao, que durou de maro de 2003 a maro de 2005, na cidade de Resende, no estado do Rio de Janeiro. Foi baseado nas observaes das condutas e nas falas dos estagirios durante as supervises. Esses estgios ocorrem semestralmente, os alunos a partir do oitavo perodo tem a opo de escolher a psicologia hospitalar. Os alunos podem realizar at trs perodos no mesmo estgio aps completar um semestre o aluno tem a opo de continuar mais um semestre na mesma rea ou no.

As supervises so realizadas com os estagirios na prpria universidade, onde os alunos relatam os atendimentos clnicos, debatem sobre os projetos referentes ao estgio, trocam experincias, abordam as suas dificuldades e questes relacionadas a vivencia na instituio.

Ao longo do perodo de maro de 2003 a maro de 2005, foram observadas as condutas e as falas recorrentes de 26 estagirios durante as supervises, os quais apresentaram quatro grandes dificuldades no processo do estgio:

Insero no contexto hospitalar Contato com o paciente Atuao junto aos familiares Relacionamento com a equipe de sade

A primeira dificuldade quando o aluno se depara com a realidade de sade publica: a pobreza, a misria, as filas para esperar atendimento, so situaes que chocam profundamente. Alm do sofrimento fsico do doente, o contato com a dor, o sangue, a morte e os maus odores decorrentes da doena. Apesar de j terem cursado disciplinas de psicologia hospitalar, quando iniciam um estgio essa realidade to impactante que os estagirios comeam a faltar ao estgio e a superviso. A estratgia utilizada para lidar com esse fato e entrar em contato com o aluno, atravs de um telefonema ou pessoalmente para que ele retorne a superviso, podendo lidar melhor com essa dificuldade. Falando sobre isso em superviso, pode tambm ouvir relatos de outros companheiros que passaram pelas mesmas dificuldades e conseguiram super-las e seguir em frente. Foi tambm usado como estratgia a monitoria de estagio, onde os alunos mais experientes deveriam assessorar os novos em sua prtica. Porm depois de alguns semestres foi visto que esse tipo de estrutura estimulava a dependncia e a imitao de estilo do terapeuta, e quando era necessrio que os estagirios novos tomassem a frente muitos ficavam inseguros. Foi visto que apesar de todas as tticas desenvolvidas para que os alunos se adaptassem ao trabalho nessa instituio, alguns no conseguiram estabelecer vinculo no estgio e ao fim do semestre de 26 estagirios, 14 desistiram, ou seja, 54% dos alunos.

Segundo problema encontrado foi o contato com o paciente. O espao institucional no permite a privacidade que se tem no modelo da clnica tradicional e tampouco os seus atendimentos duradouros. Ento foi levantado algumas questes: Como realizar um atendimento eficaz? Como ser um psiclogo num ambiente onde no h nenhum tipo de privacidade e cujo o atendimento no tem continuidade? Como saber se estou fazendo uma interveno psicolgica ou se apenas estou conversando com o paciente?

O trabalho que possvel ser feito em psicologia hospitalar requer um desvencilha mento do padro de atendimento clinico tradicional; necessrio romper com essas referncias, sobretudo em relao a espacialidade e a temporalidade. Quando o aluno entende esse aspecto permitido que o mesmo reinvente e estabelea a sua prpria forma de exercer a clnica. O terceiro ponto o acompanhamento aos familiares. A famlia ao receber a notcia da doena e/ou hospitalizao de um de seus membros, desequilibra-se, at mesmo podendo desenvolver algum tipo de patologia em decorrncia do stress, dessa forma deve ser assistida e acompanhada pelo psiclogo. O estagirio que no consegue romper com o modelo clinico tradicional, tem dificuldade em abordar os familiares: normalmente os seus atendimentos so exclusivamente centrados no paciente. A estratgia utilizada na superviso incentiva-la a ir nos horrios de visita, onde poder se deparar com diversos grupos de familiares, se colocando a disposio desses familiares se necessitarem falar desse momento de hospitalizao e a doena de seu parente.

O relacionamento com a equipe de sade o quarto aspecto gerador de impactos para o aluno. Acreditamos que esse tema possa ser mais ou menos polmico, dependendo da insero da psicologia no hospital geral. Assim o estagirio estimulado semanalmente a realizar trocas com a equipe de sade, um atendimento eficaz no hospital no pode dar-se sem essa rede de pessoas envolvidas com o paciente. O grande impasse ainda o profissional da medicina, seu foco ainda a doena e no o doente. preciso incentivar o estagirio a comunicao com o mdico, interessante que ele pea informaes e esclarecimentos sobre procedimentos mdicos e medicamentosos acerca do paciente, e que, assim, possa deixar uma abertura para que o profissional de medicina tambm esclarea questes relativas aos aspectos psicolgicos do doente.

A formao do psiclogo se d num trip:

Estudo terico Analise pessoal Superviso Conclui que, o estudo terico a respeito do campo escolhido nos dar embasamento para realizarmos a nossa pratica. A anlise pessoal nos auxiliara a fazer um trabalho de qualidade com um bom aproveitamento. E a superviso e um instrumento essencial para a formao, que possibilitara a superao das dificuldades apresentadas no estgio, a pratica supervisionada possibilita reverter impasses e fazer possvel um trabalho que por vezes se mostrava quase impossvel. A superviso passa a ser um espao alm de educativo um lugar onde o aluno pode falar abertamente sobre suas expectativas e frustraes a respeito de sua clnica.