189
UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS FACULDADE DE LETRAS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ESTUDOS LINGUÍSTICOS Regina Célia Esteves dos Santos Tormin Botelho A TERMINOLOGIA NÁUTICA NO DICCIONARIO DA LINGUA BRASILEIRA DE LUIZ MARIA DA SILVA PINTO Belo Horizonte 2011

A TERMINOLOGIA NÁUTICA NO DICCIONARIO DA LINGUA … · Diccionario da Lingua Brasileira (DLB), de Luiz Maria da Silva Pinto. Publicado na cidade de Ouro Preto, Minas Gerais, na Typografia

  • Upload
    others

  • View
    16

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: A TERMINOLOGIA NÁUTICA NO DICCIONARIO DA LINGUA … · Diccionario da Lingua Brasileira (DLB), de Luiz Maria da Silva Pinto. Publicado na cidade de Ouro Preto, Minas Gerais, na Typografia

UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS

FACULDADE DE LETRAS

PROGRAMA DE POacuteS-GRADUACcedilAtildeO EM

ESTUDOS LINGUIacuteSTICOS

Regina Ceacutelia Esteves dos Santos Tormin Botelho

A TERMINOLOGIA NAacuteUTICA NO

DICCIONARIO DA LINGUA BRASILEIRA

DE LUIZ MARIA DA SILVA PINTO

Belo Horizonte

2011

Regina Ceacutelia Esteves dos Santos Tormin Botelho

A TERMINOLOGIA NAacuteUTICA NO

DICCIONARIO DA LINGUA BRASILEIRA

DE LUIZ MARIA DA SILVA PINTO

Dissertaccedilatildeo apresentada ao Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo

em Estudos Linguiacutesticos da Faculdade de Letras da

Universidade Federal de Minas Gerais como requisito

parcial para a obtenccedilatildeo do tiacutetulo de Mestre em Linguiacutestica

Teoacuterica e Descritiva

Aacuterea de concentraccedilatildeo Linha B ndash Linguiacutestica teoacuterica e

Descritiva

Linha de pesquisa Estudo da Variaccedilatildeo e Mudanccedila

Linguiacutestica

Orientador Maria Cacircndida Trindade Costa de Seabra

Belo Horizonte

Faculdade de Letras da UFMG

2011

Dissertaccedilatildeo aprovada em 05072011 pela Banca Examinadora constituiacuteda pelos

Professores Doutores

_______________________________________________________

Profa Dra Maria Cacircndida Trindade Costa de Seabra ndash UFMG

Orientadora

_______________________________________________________

Profa Dra Ana Paula Antunes Rocha ndash UFOP

_______________________________________________________

Prof Dr Aderlande Pereira Ferraz ndash UFMG

Dedico este trabalho

aos meus pais in memorian Oswaldo e Madalena seres muito especiais

ao Virgiacutelio cumplicidade e inspiraccedilatildeo

aos meus filhos Tomaacutes e Tuacutelio amores de minha vida

Agradecimentos

A Deus que tem cuidado dos meus caminhos tem me orientado e abenccediloado permitindo-me

alcanccedilar mais uma conquista

Aos meus pais que foram exemplos de vida para mim

Agrave Profordf Dra Maria Cacircndida Trindade Costa de Seabra orientadora na plena acepccedilatildeo da

palavra ao seu apoio incondicional constante e seguro com quem o estudo e o trabalho satildeo

experiecircncias gratificantes e extremamente enriquecedoras

Aos meus irmatildeos e irmatildes pela compreensatildeo e suporte durante toda a minha vida

Agraves minhas amigas itabiranas Ritinha Graccedila Andrade e Karine pela amizade e presenccedila o

meu carinho e gratidatildeo

Agrave Fernanda amiga querida a quem eu admiro pelo incentivo e confidecircncias nos momentos

difiacuteceis

Agrave Antocircnia pela presenccedila apoio disponibilidade e por cuidar dos meus filhos quando estive

ausente

Ao Paulo Araujo pessoa iacutempar que sempre atendeu com a maacutexima gentileza e

disponibilidade todas as solicitaccedilotildees que lhe fiz durante a pesquisa

Agrave Profordf Graccedila Lima pelo seu constante incentivo e abertura de horizontes intelectuais

Aos professores do Mestrado pelo profissionalismo sempre presente em todas as atividades

desenvolvidas

Meus agradecimentos especiais agrave Suely Perucci coordenadora do Museu dos Inconfidentes de

Ouro Preto e ao Dr Joseacute Mendonccedila Telles Coordenador do Centro de Cultura Goiana pela

disponibilidade e atenccedilatildeo as minhas solicitaccedilotildees

Agrave Elizabete e ao Joel por me acolherem carinhosamente em sua casa em Satildeo Joseacute do Rio

Preto ao participar do Seminaacuterio de Terminologia na UNESP

Enfim a todos vocecircs que fizeram diferenccedila nesta etapa de minha vida deixo registrado um

carinhoso muito obrigada

Chamam por mim as aacuteguas

Chamam por mim os mares

Chamam por mim levantando uma voz corpoacuterea os longes

As eacutepocas mariacutetimas todas sentidas no passado a chamar (Ode Mariacutetima Aacutelvaro de Campos)

Resumo

O presente trabalho tem como objetivo o estudo dos termos naacuteuticos constantes no

Diccionario da Lingua Brasileira (DLB) de Luiz Maria da Silva Pinto Publicado na cidade

de Ouro Preto Minas Gerais na Typografia Silva no ano de 1832 dez anos depois de

proclamada a independecircncia do Brasil esse dicionaacuterio eacute hoje considerado o primeiro

dicionaacuterio impresso nesse paiacutes De tamanho pequeno tem 1111 paacuteginas nos moldes atuais de

um ldquodicionaacuterio portaacutetilrdquo o DLB eacute um livro raro Para a realizaccedilatildeo desta pesquisa utilizamo-

nos do volume em formato digital da ediccedilatildeo microfilmada da obra realizada pelo Arquivo

Puacuteblico Mineiro localizado na capital mineira Belo Horizonte Inicialmente fizemos

levantamento das unidades leacutexicas que remetem ao mundo da navegaccedilatildeo observando as

ldquomarcas de usordquo que se referem agrave terminologia naacuteutica Partimos portanto de um corpus

dicionariacutestico de terminologia naacuteutica composto de 153 termos constituiacutedos de 117

substantivos 03 adjetivos 32 verbos e 1 adveacuterbio Em uma segunda etapa os dados foram

organizados em fichas lexicograacuteficas Para cada um dos termos construiacutemos uma ficha

lexicograacutefica que nos indica se o termo ocorreu ou natildeo no Brasil desde o periacuteodo colonial ateacute

os dias de hoje aleacutem de mostrar origens e outras informaccedilotildees importantes para anaacutelise

linguiacutestica Para os conceitos de leacutexico lexicologia apoiamo-nos em Haensch Biderman

Krieger e Finatto para a Terminologia em Barros Para a anaacutelise dos dados ao longo do

tempo tomamos como base norteadora a concepccedilatildeo de Linguiacutestica Histoacuterica tal como

apresentada por Bynon e Cohen Como partimos de um tema ou seja da terminologia

naacuteutica trabalhamos com o percurso ldquodo conceito agrave palavrardquo nos moldes do meacutetodo

onomasioloacutegico Em seguida estendemos nossa anaacutelise agrave palavra ou ao signo linguiacutestico -

percurso semasioloacutegico Nossa anaacutelise apontou uma terminologia de base europeia pouco

representativa da realidade mariacutetima brasileira pouco descritiva e bastante prescritiva

Palavras-chave Lexicografia Terminologia Liacutengua Brasileira Liacutengua Portuguesa

Minas Gerais

Abstract

This paper aims the study of nautical terms contained in the Brazilian Language Dictionary

(Diccionario da Lingua Brasileira) (DLB) Luiz Maria da Silva Pinto It was published in

Ouro Preto in Minas Gerais at Typography Silva in 1832 ten years after the proclamation of

the independence of Brazil This dictionary is now considered the first printed dictionary in

that country Its size is small but there are 1111 pages in the current pattern of a portable

dictionary The DLB is a rare book In the presented study we have used the volume in

digital format of the microfilm edition undertaken by the Arquivo Puacuteblico Mineiro that is

located in the capital of Minas Gerais Belo Horizonte At first we surveyed the lexical words

referring to the world of navigation noting the tags of use which refers to nautical

terminology We started the paper from a dicitionary corpus of nautical terminology

composed of 153 terms consisting of 117 nouns 03 adjectives 32 verbs and an adverb In a

second step the data were arranged in lexicographic forms In each of the words we wrote a

lexical form that shows us if the word was used or not in Brazil since the colonial era to the

present day besides showing the origins and other important information for linguistic

analysis We based ourselves on Haensch Biderman Krieger and Finatto for the concepts of

lexicon and lexicology and on Barros for the Terminology For data analysis we took as the

basis guiding the development of Historical Linguistics as presented by Cohen and Bynon As

we started from nautical terminology we worked towards ldquothe concept to word similar to the

method onomasiological Next we extended our analysis to the word or the sign language - a

route semasiology Our analysis revealed an European terminology and unrepresentative of

the Brazilian maritime context rather descriptive and prescriptive

Key-words Lexicography Terminology Language Brazilian Portuguese Minas Gerais

ABREVIATURAS E SIGLAS

Adj ndash adjetivo

Adv ndash adveacuterbio

Cf ndash Confira

DLB ndash Diccionario da Lingua Brasileira

DPB ndash Dicionaacuterio Portuguecircs-Brasiliano

LI ndash Liacutengua Indiacutegena

LP ndash Liacutengua Portuguesa

ne ndash natildeo encontrado

naacuteut ndash naacuteutico

p ndash Paacutegina

PDHPB ndash Projeto Dicionaacuterio Histoacuterico do Portuguecircs do Brasil

s ndash substantivo

sf substantivo feminino

sm ndash substantivo masculino

TN ndash Traduccedilatildeo nossa

v ndash verbo

VLB ndash Vocabulaacuterio na Liacutengua Brasiacutelica

lt ndash Procede de

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 ndash Classificaccedilatildeo morfoloacutegica dos dados analisados161

Tabela 2 ndash Classificaccedilatildeo do gecircnero dos dados analisados162

Tabela 3 ndash Quadro comparativo dos termos naacuteuticos164

LISTA DE GRAacuteFICOS

Graacutefico 1 ndash Unidades lexicais encontradas em dicionaacuterios e banco de dados163

Graacutefico 2 ndash Unidades lexicais destacadas como termo naacuteutico168

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 ndash Relaccedilatildeo Triaacutedica23

Figura 2 ndash Triacircngulo de Ogden e Richards adaptado por Biderman24

Figura 3 ndash Ficha lexicograacutefica57

Figura 4 ndash Ficha lexicograacutefica preenchida58

LISTA DE FOTOS

Foto 1 ndash Diccionario da Lingua Brasileira 32

Foto 2 ndash Detalhe da capa do Diccionario 33

Foto 3 ndash Casa de Silva Pinto em Ouro Preto35

Foto 4 ndash Localizaccedilatildeo da casa de Silva Pinto em Ouro Preto35

Foto 5 ndash Notiacutecia de Jornal37

Foto 6 ndash Diccionario Brasileiro (1832)38

Foto 7 ndash Prologo do Diccionario da Lingua Brasileira39

LISTA DE IMAGENS

Imagem 1 ndash Lista de abreviaturas proposta pelo Diccionario da Lingua Brasileira40

Imagem 2 ndash Primeira Esquadra brasileira46

Imagem 3 ndash Marinha Imperial48

Imagem 4 ndash Documentaccedilatildeo da obra digitalizada55

Imagem 5 ndash Obra consultada digitalizada pelo APM56

Imagem 6 ndash O Vocabulario de Bluteau60

Imagem 7 ndash O Diccionario de Moraes Silva61

Imagem 8 ndash Grande e Noviacutessimo Dicionaacuterio da Liacutengua Portuguesa de Laudelino Freire62

Imagem 9 ndash Unidades lexicais natildeo marcadas como termo naacuteutico171

LISTA DE MAPAS

Mapa 1 ndash As grandes navegaccedilotildees43

Mapa 2 ndash Terra Brasilis45

Sumaacuterio

Introduccedilatildeo 14

Capiacutetulo 1 ndash O Leacutexico em foco 17

11 Lexicologia 17

111 Leacutexico 19

1111 Leacutexico e Referecircncia 22

12 Lexicografia 25

121 Dicionaacuterio 26

1211 Os Dicionaacuterios na eacutepoca do Brasil Colocircnia 27

12111 Dicionaacuterios Bilingues29

12112 Dicionaacuterios Monolingues30

13 Terminologia 31

14 O Diccionario da Lingua Brasileira de Luiz Maria da Silva Pinto 32

Capiacutetulo 2 ndash Contextualizaccedilatildeo histoacuterica 42

21 As grandes navegaccedilotildees 42

22 As navegaccedilotildees na eacutepoca do Brasil Colocircnia 44

23 As navegaccedilotildees na eacutepoca do Brasil Impeacuterio 47

24 Consideraccedilotildees 48

Capiacutetulo 3 ndash Procedimentos Metodoloacutegicos 51

31 Objetivos 52

32 Caracteriacutesticas do Diccionario da Lingua Brasileira 54

33 Meacutetodos e Procedimentos 55

332 Fichas Lexicograacuteficas 57

332 Sobre os dicionaacuterios consultados 59

333 Sobre o Banco de Dados 63

Capiacutetulo 4 Apresentaccedilatildeo e descriccedilatildeo dos dados 65

Capiacutetulo 5 - Anaacutelise e discussatildeo dos resultados 161

51 Quanto agrave classificaccedilatildeo gramatical dos termos 161

52 Quanto agrave forma e gecircnero dos termos naacuteuticos do DLB 162

53 Quanto ao nuacutemero de unidades lexicais presentes em obras de referecircncia 163

54 Descriccedilatildeo e Comparaccedilatildeo dos Dados 168

55 Sobre a marca de uso termo naacuteutico 170

551 Variaccedilatildeo no Diccionario de Lingua Brasileira 170

552 Variaccedilatildeo em outros dicionaacuterios 171

56 Quanto agrave origem 172

Capiacutetulo 6 ndash Consideraccedilotildees Finais 180

Referecircncias 184

13

Introduccedilatildeo

14

Introduccedilatildeo

Conforme postulam Krieger e Finatto (2004 p 24) tomando como referecircncia

Rondeau (1984 p1) qualquer histoacuteria sobre as linguagens especializadas natildeo pode deixar de

lembrar que

A terminologia natildeo eacute um fenocircmeno recente Com efeito tatildeo longe quanto se

remonte na histoacuteria do homem desde que se manifesta a linguagem nos

encontramos em presenccedila de liacutenguas de especialidade eacute assim que se encontra a

terminologia dos filoacutesofos gregos a liacutengua de negoacutecios dos comerciantes cretas os

vocaacutebulos especializados da arte militar etc

Certamente a terminologia entendida como o leacutexico dos saberes teacutecnicos e

cientiacuteficos eacute uma praacutetica antiga Seu interesse deixa de estar restrito aos especialistas quando

as pessoas necessitam dominar o vocabulaacuterio especiacutefico de seus campos de competecircncia Isso

se daacute sobretudo em eacutepocas de grandes transaccedilotildees comerciais entre as naccedilotildees quando os

termos ultrapassam o acircmbito comercial expandindo-se para o mundo cientiacutefico tecnoloacutegico e

cultural

Integrando em uma proporccedilatildeo maior ou menor o cotidiano das pessoas esses

termos passam a ser inscritos em dicionaacuterios de liacutengua Consequentemente ampliam-se o

contato e o uso das terminologias mesmo com alteraccedilotildees denominativas e perdas conceituais

efeitos proacuteprios da divulgaccedilatildeo do conhecimento em grande escala

Todo esse conjunto de fatores sociais linguiacutesticos e culturais em torno do termo

despertou nosso interesse em pesquisar a terminologia naacuteutica no primeiro Diccionario da

Lingua Brasileira de Luiz Maria da Silva Pinto publicado na cidade mineira de Ouro Preto

no ano de 1832 Levaram-nos a propor esta pesquisa questotildees como i) quais seriam os

primeiros termos que fizeram parte de um dicionaacuterio que se intitula brasileiro ii) por que

eles seriam selecionados essa terminologia naacuteutica fazia parte realmente do leacutexico

brasileiro ou era ldquoidealrdquo que fizesse

Nossas discussotildees se dividiratildeo em 6 capiacutetulos

No capiacutetulo I intitulado O Leacutexico em foco abordaremos o estudo do leacutexico

como a aacuterea da liacutengua responsaacutevel por registrar o conhecimento do universo enfocando

principalmente os estudos realizados por Biderman Discorreremos acerca da lexicologia e da

lexicografia de seus pressupostos teoacutericos desenvolvidos por Matoreacute Haensch Biderman

Krieger e Finatto Discorreremos tambeacutem sobre os Dicionaacuterios na eacutepoca do Brasil Colocircnia

destacando as obras biliacutengues e monolingues A Terminologia seraacute enfocada neste capiacutetulo

15

com pressupostos definidos por Barros Ainda neste capiacutetulo trataremos do dicionaacuterio em

estudo e de seu impressor Luiz Maria da Silva Pinto

No capiacutetulo II Contextualizaccedilatildeo histoacuterica versaremos sobre as grandes

navegaccedilotildees destacando as navegaccedilotildees nas eacutepocas do Brasil Colocircnia e do Brasil Impeacuterio

No capiacutetulo III denominado Procedimentos metodoloacutegicos apresentaremos os

meacutetodos utilizados nas vaacuterias etapas do nosso estudo Enfocaremos os procedimentos

adotados para a coleta dos dados a construccedilatildeo do corpus a metodologia para a confecccedilatildeo das

fichas lexicograacuteficas que seratildeo apresentadas no capiacutetulo 4 e tambeacutem os criteacuterios empregados

para a seleccedilatildeo dos dicionaacuterios consultados Neste capiacutetulo baseando-nos em Murakawa

(2010) faremos um breve relato do Banco de Dados do Projeto Dicionaacuterio Histoacuterico do

Portuguecircs do Brasil ndash seacuteculos XVI XVII XVIII base de dados usada como consulta neste

trabalho

No capiacutetulo IV intitulado Apresentaccedilatildeo e descriccedilatildeo dos dados apresentaremos

o nosso corpus referente agrave terminologia naacuteutica coletado na obra Diccionario da Lingua

Brasileira de Luiz Maria da Silva Pinto Os dados retirados do corpus seratildeo apresentados na

forma de fichas lexicograacuteficas contendo a) a transcriccedilatildeo do verbete selecionado b) registros

em dicionaacuterios c) abonaccedilatildeo do termo em Banco de Dados d) comentaacuterios e) origens Essas

informaccedilotildees serviratildeo de subsiacutedio para nossa anaacutelise linguiacutestica

No capiacutetulo V designado como Anaacutelise e discussatildeo dos resultados

apresentaremos anaacutelises quantitativas e discussatildeo de resultados

No capiacutetulo VI abordaremos algumas Consideraccedilotildees finais sobre nossa

pesquisa quando seratildeo relembrados nossos objetivos e as conclusotildees decorrentes das anaacutelises

propostas

16

Capiacutetulo 1

17

Capiacutetulo 1 ndash O Leacutexico em foco

Segundo Biderman (1998 p 11) o leacutexico de uma liacutengua constitui uma forma de

registrar o conhecimento do universo Atraveacutes de um processo criativo de organizaccedilatildeo o

homem rotula seres e objetos e os classifica simultaneamente identificando semelhanccedilas e

distinguindo traccedilos estruturando o mundo que o cerca Assim se processa a geraccedilatildeo do leacutexico

ou seja atraveacutes de atos sucessivos de cogniccedilatildeo da realidade e de categorizaccedilatildeo da

experiecircncia cristalizada em signos linguiacutesticos as palavras

Em vista disso o leacutexico que integra uma liacutengua conserva uma estreita relaccedilatildeo com

a histoacuteria soacutecio-cultural de uma comunidade jaacute que sintetiza a sua maneira de ver o mundo

recortando realidades e tambeacutem fatos de cultura Evidencia-se portanto como um espaccedilo de

produccedilatildeo de significaccedilatildeo articulado pelos elementos de ordem focircnica morfoloacutegica semacircntica

e gramatical como atesta Lepschy (1984 p 156) Todo o funcionamento da liacutengua em seus

vaacuterios niacuteveis parece constar de sistemas que giram agrave volta da palavra

Contemporaneamente em trecircs grandes aacutereas se divide o estudo da palavra ou o

estudo do leacutexico a Lexicologia a Lexicografia e a Terminologia De acordo com Biderman

(1998 p 7-8)

Embora complementares entre si essas aacutereas possuem objeto de estudo

metodologia e pressupostos teoacutericos distintos Enquanto a primeira ocupa-se dos

problemas teoacutericos que embasam o estudo do leacutexico a segunda estaacute voltada para as

teacutecnicas de elaboraccedilatildeo dos dicionaacuterios para o estudo da descriccedilatildeo da liacutengua feita

pelas obras lexicograacuteficas Jaacute a terceira aacuterea tem como objeto de estudo o termo a

palavra especializada os conceitos proacuteprios de diferentes aacutereas de especialidades

O notoacuterio desenvolvimento que se vem observando nessas duas uacuteltimas deacutecadas

nas aacutereas de lexicologia lexicografia e terminologia tem evidenciado a importacircncia das

pesquisas que estatildeo sendo empreendidas nesse campo bem como suscitado reflexotildees a

respeito de seus campos de atuaccedilatildeo

11 Lexicologia

A Lexicologia eacute consensualmente definida como o estudo cientiacutefico do leacutexico em

suas relaccedilotildees linguiacutesticas pragmaacuteticas discursivas histoacutericas e culturais conforme afirma

Finatto (2004 p44) Essa ciecircncia estaacute intimamente relacionada agrave complexidade bem como agrave

multiplicidade de facetas e abordagens que a palavra encerra e permite Por isso configura-se

como um campo de conhecimento de caraacuteter transdisciplinar dado que a palavra eacute um lugar de

encontro e interesse particular de muitas ciecircncias embora tenha sido na ciecircncia linguiacutestica

que essa aacuterea se estabeleceu

18

Haensch (1982 p 91) mostra que essa disciplina cientiacutefica inscrita na aacuterea da

linguiacutestica pode ser concebida de diversas maneiras por diversos autores desse modo

segundo ele torna-se legiacutetimo ser fiel a uma definiccedilatildeo ao tratar do objeto de estudo

Entretanto entre essas diversas definiccedilotildees existem pontos em comum jaacute que se define sempre

como leacutexicolsquo um conjunto de significantes verbais ou de signos (na concepccedilatildeo bilateral de

signo)1 Haensch (1982 p 92-93) chama de lexicologia a descriccedilatildeo do leacutexico que se ocupa

das estruturas e regularidades dentro da totalidade do leacutexico de um sistema individual ou de

um sistema coletivo2

Assim definida a lexicologia pode ter seu enfoque tanto a partir do leacutexico total de

um sistema individual quanto no leacutexico de um sistema coletivo examinando em ambos os

casos as estruturas e as regularidades que podem neles se encontrar

Nessa aacuterea conhecida como Lexicologia estrutural desenvolveram-se estudos

correlacionando leacutexico e sociedade Enquadram-se aqui as pesquisas desenvolvidas por

George Matoreacute (1953) inscritas na obra La meacutethode en lexicologie Para Matoreacute (1953 p37)

a palavra analisa e objetiva o pensamento individual assumindo um valor coletivo haacute uma

socialidade proacutepria da liacutengua A partir dessa obra os linguistas passam a considerar os

aspectos sociais no estudo do leacutexico o que fez com que a Lexicologia comeccedilasse a ser vista

como uma disciplina de caraacuteter socioloacutegico Defendia esse linguista como princiacutepio teoacuterico

que o leacutexico eacute testemunha de uma sociedade de uma eacutepoca seus elementos satildeo palavras-

testemunhas ndash mots teacutemoins elementos particularmente importantes em funccedilatildeo dos quais a

estrutura lexicoloacutegica se hierarquiza e se coordena3 (traduccedilatildeo nossa) Em sua abordagem

social da Lexicologia Matoreacute (1953) informa que

ao constatar a impossibilidade de dissociar na linguagem a forma do conteuacutedo a

Lexicologia se fundamentara natildeo sobre formas isoladas mas sobre conjuntos de

noccedilotildees a estrutura e as relaccedilotildees sendo explicadas pelos fatos sociais dos quais os

fatos do vocabulaacuterio satildeo ao mesmo tempo o reflexo e a condiccedilatildeo4 (TN)

1 [] se define siempre como bdquoleacutexico‟ um conjunto de significantes verbales o de signos (em la concepcioacuten

bilateral de signo) 2 [] a la descripcioacuten del leacutexico que se ocupa de latildes estructuras y regularidades dentro de la totalidad del leacutexico

de um sistema individual o de um sistema coectivo 3 [] des eacuteleacutements particuliegraverement importants em fonction desquels la structure lexicologique se hieacuterarchise et

se coordonne Nous proposons pour deacutesigner ces eacuteleacutements caracteacuteristiques l‟expression de mots-teacutemoins

(Matoreacute 1953 65) 4 [] constatant l‟impossibiliteacute de dissocier dans le langage la forme du contenu la lexicologie se fondera non

pas sur des formes isoleacutees mais sur des ensembles de notions la structure et les relation eacutetant espliqueacutees par les

faits sociaux dont les faits de vocabulaire sont agrave la fois le reflet et la condition (MATORE 1953 p 94)

19

Corroborando a afirmaccedilatildeo assumida por Matoreacute Biderman (1981 p 132)

acrescenta que

eacute pela palavra (pela nomeaccedilatildeo) que o homem exerce a sua capacidade de abstrair e de

generalizar o individual o subjetivo A palavra cristaliza o conceito resultante dessa

operaccedilatildeo mental possibilitando a sua transmissatildeo agraves geraccedilotildees seguintes

Sobre os limites e o alcance da Lexicologia muito se tem discutido Pergunta-se

i) quais deveriam ser os limites dessa disciplina cientiacutefica ii) quais as causas dos inuacutemeros

desencontros no que se refere agrave natureza da Lexicologia Satildeo questotildees bastante pertinentes

pois sendo o leacutexico o uacutenico domiacutenio da liacutengua que constitui um sistema aberto diversamente

dos demais que constituem sistema fechados (fonologia morfologia e sintaxe) eacute

reconhecidamente o niacutevel da liacutengua mais resistente agrave sistematizaccedilatildeo tendo em vista seu

caraacuteter dinacircmico

111 Leacutexico

Estudar o leacutexico de uma liacutengua eacute enveredar pela histoacuteria costumes haacutebitos de um

povo ou de uma sociedade Sem duacutevida as palavras podem ser consideradas como forte

elemento de coesatildeo social constituindo elos entre os indiviacuteduos dando-lhes consciecircncia de

que pertencem a uma comunidade (tambeacutem linguiacutestica)

Conforme afirmam Mussalim e Bentes ( 2001 p 21-47)

A relaccedilatildeo leacutexico e sociedade eacute mais profunda do que se imagina A proacutepria liacutengua

como sistema acompanha de perto a evoluccedilatildeo da sociedade e reflete de certo modo

os padrotildees de comportamento que variam em funccedilatildeo do tempo e do espaccedilo

Inversamente pode-se supor que certas atitudes sociais ou manifestaccedilotildees do

pensamento sejam influenciadas pelas caracteriacutesticas que a liacutengua da comunidade

apresenta

Um dos estudos mais antigos sobre o leacutexico remonta a Panini ao seacuteculo IV aC

na Iacutendia Em sua gramaacutetica Panini estudou o sacircnscrito e definiu elementos significativos

dessa liacutengua

No Ocidente devemos aos gregos as primeiras reflexotildees conhecidas sobre o

leacutexico Tivemos tambeacutem a contribuiccedilatildeo dos latinos Esses desenvolveram estudos

gramaticais mostrando a oposiccedilatildeo entre sistema (gramaacutetica da liacutengua) e norma (uso social

efetivo)

20

Do Renascimento ateacute o seacuteculo XVIII podemos dizer que o estudo do leacutexico se

desenvolveu basicamente em torno de dois eixos i) confecccedilatildeo de dicionaacuterios ii) estudo da

palavra numa perspectiva filosoacutefica

Com relaccedilatildeo aos primeiros apesar de existirem desde tempos remotos com as

antigas listas lexicais como ideogramas chineses lista de palavras aparentadas ou ainda

listas de palavras biliacutengues ndash as listas mais conhecidas satildeo o Appendix Probi (anocircnimo) o

glossaacuterio de Reicheneau (seacuteculo VII) o glossaacuterio de Caacutessel (seacuteculo IX) ndash foi no seacuteculo XVI

no Ocidente que sistematicamente se iniciam os estudos de descriccedilatildeo ordenada do leacutexico

Isso se daacute com a invenccedilatildeo da imprensa quando surgiram os dicionaacuterios monoliacutengues e

pluriliacutengues

Os estudos filosoacuteficos por sua vez acabaram por influenciar o pensamento dos

gramaacuteticos da eacutepoca que procuravam definir os fatores constitutivos da linguagem e das

liacutenguas

No seacuteculo XIX haacute mudanccedilas no foco de estudo da Lexicologia a palavra passa a

ser vista como uma forma cuja natureza foneacutetica e fonoloacutegica deveria ser observada Os

estudiosos da eacutepoca deixam de se preocupar com a relaccedilatildeo pensamento e palavra e o interesse

passa a ser a comparaccedilatildeo das formas linguiacutesticas marca predominantemente deste seacuteculo

Surge o meacutetodo da Gramaacutetica Comparada lanccedilado por Franz Bopp enquanto aumentam o

interesse pelos textos medievais despertados na eacutepoca do Romantismo

Nos finais desse seacuteculo com a marca triunfal da Geografia Linguiacutestica e

consequentemente o florescimento da Onomasiologia o interesse linguiacutestico passa pouco a

pouco da investigaccedilatildeo foneacutetica para o estudo dos problemas lexicais No VII Congresso

Internacional de Linguiacutestica em 1952 na cidade de Londres os conceitos linguiacutesticos gerais

satildeo elaborados sobre uma base fenomenoloacutegica significando um sistema de referecircncias

extralinguiacutestico Ateacute entatildeo os dicionaacuterios satildeo sistematizados sem relacionarem as definiccedilotildees

com os sinocircnimos existentes

A partir da deacutecada de 50 com a obra La meacutethode em lexicologie de Georges

Matoreacute (1953) seguindo a linha estruturalista os linguistas passam a considerar os aspectos

sociais no estudo do leacutexico enfocando a palavra natildeo como um objeto isolado mas como parte

de uma estrutura social responsaacutevel por nomear e exprimir o universo de uma sociedade

Postura que ateacute hoje encontra-se bastante recorrente nos estudos sobre a palavra conforme

mostra o dizer de Seabra (2006 p 7)

21

[] o leacutexico encontra-se arraigado na histoacuteria tradiccedilatildeo e costumes de um povo

estando por isso em constante processo de expansatildeo alteraccedilatildeo e contraccedilatildeo Devido

a essas caracteriacutesticas eacute considerado o subsistema mais dinacircmico da liacutengua

Podemos dizer que a histoacuteria da formaccedilatildeo do leacutexico natildeo corresponde a um

processo linear continuado Ela decorre de vaacuterios estados de produccedilatildeo do saber linguiacutestico e

das transformaccedilotildees sofridas pelas unidades lexicais ao longo dos processos histoacutericos as

palavras se submetem a bloqueios desvios apagamentos deslocamentos enquanto

constroem redes de memoacuteria e filiaccedilotildees soacutecio-histoacutericas Sem duacutevida alguma o movimento

de uma cultura leva ao movimento de palavras Essa eacute a maneira como a liacutengua se ajusta agrave

evoluccedilatildeo da sociedade

Biderman (1978 139) ao tratar de questotildees inerentes agrave relaccedilatildeo leacutexico e

sociedade argumenta que o universo semacircntico se estrutura em torno de dois polos opostos

o indiviacuteduo e a sociedade Dessa tensatildeo em movimento se origina o leacutexico De acordo com

essa linguista podemos ver o leacutexico como

o patrimocircnio social da comunidade por excelecircncia juntamente com outros

siacutembolos da heranccedila cultural Dentro desse acircngulo de visatildeo esse tesouro leacutexico eacute

transmitido de geraccedilatildeo para geraccedilatildeo como signos operacionais por meio dos quais

os indiviacuteduos de cada geraccedilatildeo podem pensar e exprimir seus sentimentos e ideias5

Atraveacutes do universo vocabular a liacutengua reflete a cultura da sociedade servindo de

meio de expressatildeo e interaccedilatildeo social para mundo que a cerca por isso o leacutexico se expande se

altera e agraves vezes se contrai Sobre essa questatildeo Biderman (2001 p 179) assim se

manifesta

As mudanccedilas sociais e culturais acarretam alteraccedilotildees nos usos vocabulares daiacute

resulta que unidades ou setores completos do Leacutexico podem ser marginalizados

entrar em desuso e vir a desaparecer Inversamente poreacutem podem ser ressuscitados

termos que voltam agrave circulaccedilatildeo geralmente com novas conotaccedilotildees Enfim novos

vocaacutebulos ou novas significaccedilotildees de vocaacutebulos jaacute existentes surgem para

enriquecer o Leacutexico

O leacutexico classifica de maneira uacutenica as experiecircncias humanas de uma cultura natildeo

apresentando deste modo apenas um conjunto de palavras mas uma espeacutecie de ponte entre

os falantes de uma liacutengua em suas condiccedilotildees reais de uso A criatividade lexical dos falantes

possibilita que eles criem e recriem de acordo com suas necessidades sociointeracionais

Guilbert6 ressalta que o leacutexico ao contraacuterio da gramaacutetica sofre transformaccedilotildees

muito mais raacutepidas visto que natildeo se constitui de natureza puramente linguiacutestica Para ele o

5 BIDERMAN 1981 p 132

6 GUILBERT 1992 p 30

22

leacutexico participa da estrutura linguiacutestica da liacutengua e tambeacutem espelha nessa liacutengua as

diversidades sociais e culturais

Predominantemente de origem latina a histoacuteria do leacutexico portuguecircs reflete

tambeacutem a histoacuteria da liacutengua portuguesa e os contatos de seus falantes com as mais

diversificadas realidades linguiacutesticas

1111 Leacutexico e Referecircncia

Caracteriza-se a liacutengua para Saussure como um produto social da faculdade da

linguagem isto eacute a liacutengua eacute um fato social no sentido de que eacute um sistema convencional

adquirido pelos indiviacuteduos no conviacutevio social Esse grande mestre da linguiacutestica estruturalista

concebe a liacutengua como um sistema de signos que por si soacute datildeo conta da significaccedilatildeo No

capiacutetulo ldquoImutabilidade e mutabilidade do signordquo da obra Cours Saussure afirma que a

comunidade linguiacutestica impotildee ao falante um significante e que o ldquosigno linguiacutestico escapa agrave

nossa vontaderdquo isto eacute seja qual for o momento histoacuterico em que focalizarmos o idioma a

liacutengua evidencia-se sempre como uma heranccedila de eacutepocas anteriores Ao conceituar o que eacute

signo ele deixa marcada a distinccedilatildeo entre entidades psiacutequicas (que constituiriam o signo) e

fiacutesicas (que lhe seriam estranhas)

Os termos implicados no signo linguiacutestico satildeo ambos psiacutequicos e estatildeo unidos em

nosso ceacuterebro por um viacutenculo de associaccedilatildeo [] O signo linguiacutestico une natildeo uma

coisa e um palavra mas um conceito e uma imagem acuacutestica Esta natildeo eacute o som

material coisa puramente fiacutesica mas a impressatildeo psiacutequica desse som a

representaccedilatildeo que dele nos daacute o testemunho de nossos sentidos [] O signo

linguiacutestico eacute pois uma entidade psiacutequica de duas faces [] Esses dois elementos

estatildeo intimamente unidos e um reclama o outro (SAUSSURE 1970 p 79-80)

Essa dicotomia saussuriana (significadosignificante) usada para distinguir as

duas faces psiacutequicas e indissociaacuteveis do signo linguiacutestico desde entatildeo foi analisada na

literatura linguiacutestica resultando na expansatildeo e substituiccedilatildeo pela forma triaacutedica formulada por

Charles K Ogden e Ivor A Richards

A figura triangular de Ogden e Richards (1956) ganhou respeito entre os

estudiosos por representar em um de seus veacutertices a figura do referente isto eacute da ldquocoisardquo

extralinguiacutestica que os autores distinguiam claramente de referecircncia (o conceito o

significado) e de signo (o nome a palavra o significante) Esse triacircngulo foi reaplicado por

Lyons (1977 p 85) sendo a partir dessa eacutepoca bastante utilizado em estudos lexicoloacutegicos e

semacircnticos A relaccedilatildeo triaacutedica sugerida pelos autores citados pode ser assim representada

23

FIGURA 1 Relaccedilatildeo triaacutedica7

As linhas que ligam o nome ao sentido e este uacuteltimo ao referente satildeo contiacutenuas

representando relaccedilotildees diretas Jaacute a linha pontilhada ligando o nome ao referente indica uma

relaccedilatildeo indireta que deve necessariamente ser mediada pelo sentido ou seja a identificaccedilatildeo

do referente passa pelo sentido do nome Cabe salientar que a presenccedila do referente foi

durante muito tempo ignorada pelos linguistas que se ocuparam fundamentalmente da

gramaacutetica e de questotildees sintaacuteticas Contudo o chamado ldquotriacircngulo da significaccedilatildeordquo reavivou

o interesse de inuacutemeros teoacutericos

A reformulaccedilatildeo do triacircngulo de Ogden e Richards (1956) adaptado por Biderman

(1998 p 116) busca ilustrar a dimensatildeo linguiacutestica da palavra ou seja evidenciando

justamente o lado direito do triacircngulo o lado em que se coloca o referente jaacute como uma

transformaccedilatildeo da realidade como parte integrante do signo linguiacutestico

7 Haacute discordacircncia entre vaacuterios autores quanto aos termos utilizados e tambeacutem quanto agraves definiccedilotildees para cada

termo Entretanto natildeo eacute objetivo deste trabalho entrar nessa questatildeo

24

FIGURA 2 Triacircngulo de Ogden e Richards adaptado por Biderman

Nesse quadro teoacuterico visto como modelo e modelador de cultura o estudo sobre

o leacutexico permite compreender conceitos e ocorrecircncias da vida cotidiana Eacute importante

ressaltar que agrave realidade (parte acrescentada por Biderman) diz respeito o ambiente e

tambeacutem a cultura herdada A transmissatildeo do repertoacuterio lexical de geraccedilatildeo em geraccedilatildeo atraveacutes

da educaccedilatildeo informal e formal exerce papel importante na categorizaccedilatildeoconceptualizaccedilatildeo do

universo ao fornecer ao indiviacuteduo um estoque de nomes jaacute codificados nessa cultura

conforme bem mostra Biderman (1998 p 104)

Eacute preciso lembrar ainda que o vocabulaacuterio natildeo eacute criado (ou recriado) pelo indiviacuteduo

mas que ele eacute adquirido atraveacutes do processo social da educaccedilatildeo De fato atraveacutes do

processo de educaccedilatildeo social o homem adquire tanto a liacutengua da sua comunidade

como o seu vocabulaacuterio Nessa aprendizagem o falante-aprendiz recebe da sociedade

um produto acabado ndash a liacutengua ndash que vem a ser o produto da experiecircncia acumulada

historicamente na cultura da sua sociedade Essa cristalizaccedilatildeo da experiecircncia social

tanto cultural como linguiacutestica eacute o ponto de partida e o fundamento tanto do

pensamento como da linguagem individual

Liacutengua e cultura formam pois um todo indissociaacutevel que natildeo eacute ensinado em

nenhum lugar especial mas adquirido ao sabor dos acontecimentos cotidianos e o

vocabulaacuterio siacutembolo verbal da cultura perpetua a heranccedila cultural atraveacutes dos signos

verbais8

8 BIDERMAN 1998 p5

25

12 Lexicografia

As ciecircncias da linguagem constituiacutedas pelo saber linguiacutestico resultam do

aparecimento da escrita 3000 aC Segundo Nunes (1996 p 34) o advento da escrita

constitui a primeira grande revoluccedilatildeo tecnoloacutegica dessas ciecircncias A segunda revoluccedilatildeo seria

a da ldquogramatizaccedilatildeordquo isto eacute o processo pelo qual se descreve e se instrumenta uma liacutengua

atraveacutes de duas tecnologias9 ndash a gramaacutetica e o dicionaacuterio

Objeto de nossa pesquisa a palavra bdquodicionaacuterio‟ segundo Cunha (2007 p 263)

tem sua origem provavelmente do francecircs dictionnaire derivado do latim medieval

dictiōnārĭum de dictĭo-ōnis ou seja livro de dictiones ldquolivro de expressotildees e palavrasrdquo O

dicionaacuterio eacute visto geralmente como um objeto de consulta que apresenta os significados das

palavras com a certitude do saber de um especialista e eventualmente desse modo como uma

obra de referecircncia agrave disposiccedilatildeo dos leitores nos momentos de duacutevida e de desejo de saber

Se entendermos que todo o conhecimento humano estaacute condensado em palavras

entenderemos que essa necessidade de estruturaccedilatildeo do leacutexico eacute algo inerente ao espiacuterito ou

ceacuterebro humano que diante de um novo ser ou fato vecirc-se compelido a processar o novo a

partir daquilo que jaacute sabe ou conhece Nesse processo de categorizaccedilatildeo percepccedilatildeo e

comparaccedilatildeo do novo com referentes similares eacute que se daacute a nomeaccedilatildeo ndash o homem identifica

as propriedades distintivas e caracteriacutesticas do referente para nomeaacute-lo E na medida em que o

denomina sente tambeacutem que o domina Uma vez designado o referente passa a integrar ao

menos parcialmente o conjunto de nossos domiacutenios cognitivos possibilitando sua

apropriaccedilatildeo e transmissatildeo agraves geraccedilotildees seguintes

Por consistir nesse espaccedilo imaginaacuterio de certitude sustentado pela acumulaccedilatildeo e

pela repeticcedilatildeo o dicionaacuterio constitui um rico material para anaacutelise dos modos de dizer de uma

sociedade Nele as significaccedilotildees natildeo satildeo aquelas que se singularizam em um texto tomado

isoladamente mas sim as que se sedimentam e que se apresentam traccedilos significativos de uma

eacutepoca

De acordo com Krieger (2006 p 173-187)

o dicionaacuterio de liacutengua ndash a mais prototiacutepica das obras lexicograacuteficas ndash constitui-se no

uacutenico lugar que reuacutene de modo sistemaacutetico o conjunto dos itens lexicais criados e

utilizados por uma comunidade linguiacutestica permitindo que ela reconheccedila-se a

si mesma em sua histoacuteria e em sua cultura Aleacutem de se constituir em espelho da

memoacuteria social da liacutengua o dicionaacuterio desempenha o papel de legitimar o leacutexico

9 Entende-se neste texto tecnologia como conjunto de teacutecnicas especiacuteficas de determinado domiacutenio

26

E como tal alcanccedila o estatuto de um coacutedigo normativo que define paracircmetros

orientadores dos usos lexicais Converte-se portanto no testemunho por excelecircncia da

constituiccedilatildeo histoacuterica do leacutexico de um idioma bem como da identidade linguiacutestico-cultural de

comunidades Nessa medida atribui coesatildeo agraves sociedades e projeccedilatildeo agraves suas culturas10

121 Dicionaacuterio

Como disciplina linguiacutestica a Lexicografia contemporacircnea divide-se em duas

grandes aacutereas Lexicografia praacutetica e Lexicografia teoacuterica A primeira se ocupa da descriccedilatildeo

do leacutexico e tem como um de seus principais objetivos produzir obras de referecircncia como

dicionaacuterios vocabulaacuterios e glossaacuterios Jaacute a Lexicografia teoacuterica ou Metalexicografia dedica-

se a todas as questotildees ligadas aos dicionaacuterios como histoacuteria problemas de elaboraccedilatildeo

anaacutelise uso

Os dicionaacuterios podem registrar uma parcela maior ou menor do leacutexico total de

uma liacutengua ou podem se restringir a um determinado tema ou ainda se referir a uma

determinada regiatildeo ndash satildeo os dicionaacuterios regionais Podem se dedicar aos fraseologismos

(expressotildees idiomaacuteticas proveacuterbios etc) agrave liacutengua escrita agrave giacuteria agrave liacutengua falada Podem ser

descritivos registrando como os itens lexicais satildeo usados na realidade ou prescritivos ndash

determinando de que maneira palavras e expressotildees deveriam ser empregadas ou criticando

seu uso Podem ser monoliacutengues (uma soacute liacutengua) biliacutengues (duas liacutenguas) triliacutengues (trecircs

liacutenguas) ou multiliacutengues

Como trazem sempre informaccedilotildees que interessam ao consulente Biderman (1998

p 15) assinala a importacircncia do dicionaacuterio de liacutengua como porta-voz da norma lexical

corrente na sociedade jaacute que esses manuais fazem uma descriccedilatildeo do vocabulaacuterio da liacutengua em

questatildeo buscando registrar e definir os signos lexicais que referem os conceitos elaborados e

cristalizados na cultura Eacute fato que essas obras exercem desde eacutepocas antigas funccedilotildees

normativas e informativas na sociedade

Aleacutem de estabilizar conceitos o dicionaacuterio normativiza a liacutengua no que concerne agrave

ortografia e agraves variaccedilotildees morfossintaacuteticas Ele tambeacutem informa sentidos vocabulares

operados no seio de uma dada comunidade num dado periacuteodo de tempo ndash comporta portanto

a memoacuteria das sociedades de diferentes eacutepocas

10

LARA citado por KRIEGER 2006 p173-187

27

1211 Os dicionaacuterios na eacutepoca do Brasil Colocircnia

O saber lexicograacutefico se inicia no Brasil com os primeiros escritos sobre o paiacutes

Nesse sentido surge juntamente com a etnografia (conhecimento de povos indiacutegenas) a

economia (mercantilismo) e a geopoliacutetica (expansatildeo territorial das naccedilotildees europeias) Os

relatos de viajantes colonos e missionaacuterios estatildeo pontuados por citaccedilotildees de termos indiacutegenas

de modo que eacute formada uma constelaccedilatildeo de comentaacuterios lexicais Os comentaacuterios dos

viajantes se direcionam para as coisas do Novo Mundo de maneira que a questatildeo da

referecircncia torna-se importante Ao descrever as novidades do paiacutes esses falantes colocam em

evidecircncia os referentes Fala-se de lugares animais plantas nunca vistos fala-se de coisas

natildeo idecircnticas mas semelhantes constata-se a existecircncia ou inexistecircncia de coisas Nessas

circunstacircncias a organizaccedilatildeo dos espaccedilos lexicais estaacute intimamente relacionada com a

geografia e a economia com os interesses de conquista e de comeacutercio

Biderman (2002 p 65) acrescenta ainda que nos primeiros seacuteculos da

colonizaccedilatildeo processa-se lentamente a aculturaccedilatildeo dos nativos por meio do idioma portuguecircs

quando os jesuiacutetas ensinavam os iacutendios a falar portuguecircs Contudo nesses primeiros seacuteculos a

liacutengua portuguesa encontrara em terras brasileiras um forte concorrente o Tupi uma liacutengua

franca empregada em grande parte do territoacuterio brasileiro Essa liacutengua geral falada em toda

costa brasileira ldquoera simples e de reduzido material morfoloacutegico natildeo possuiacutea declinaccedilatildeo nem

conjugaccedilatildeordquo (SILVA NETO 1976 p 50) Os jesuiacutetas usaram-na como instrumento de

evangelizaccedilatildeo dos indiacutegenas Portanto o contexto brasileiro nesse periacuteodo eacute marcado pela

descriccedilatildeo de liacutenguas indiacutegenas nos iniacutecios da colonizaccedilatildeo11

Quanto agrave gramatizaccedilatildeo afirma Horta (2002 p 72)

[] nesse periacuteodo atingiu apenas trecircs liacutenguas indiacutegenas o tupinambaacute (ou tupi) que

era falado na costa o kariri e o manau aleacutem das chamadas liacutenguas gerais Destacam-

se as gramaacuteticas do tupi de Anchieta (1595) e de Figueira (1621) e do kariri de

Mamiani (1699) bem como o Vocabulaacuterio na Liacutengua Brasiacutelica Este uacuteltimo deve ter

sido composto durante a segunda metade do seacuteculo XVI e no iniacutecio do XVII

11

Ateacuteo fim do seacuteculo XVIII tinham sido publicado as duas gramaacuteticas e dois catecismos em tupinambaacute aleacutem de

observaccedilotildees gramaticais textos e palavras dessa mesma liacutengua em obras francesas e uma gramaacutetica e dois

catecismos em kariri liacutengua do interior da Bahia e SergipeSomente isso Ineacuteditos que natildeo se perderam incluem

um dicionaacuterio e outros documentos do tupinambaacute e um catecismo na liacutengua amazocircnica manau aleacutem de muitos

documentos sobre a Liacutengua Geral Amazocircnica e um sobre a Liacutengua Paulista (ambas formas do tupi antigo

assumidas no uso dos mesticcedilos) Perderam-se entretanto muitos escritos certamente importantes como os

dicionaacuterios das liacutenguas Maromimim (ou Guarulho) e kariri e os catecismos em sete liacutenguas amazocircnicas feitos

pelo Pe Antocircnio VieiraEm resumo em trecircs seacuteculos da colonizaccedilatildeo do Brasil soacute nos ficaram documentos sobre

trecircs liacutenguas nativas tupinambaacute kariri e manau (RODRIGUES 1993 v 8 p86)

28

Contudo a decadecircncia da liacutengua geral comeccedilara a intensificar-se nos setecentos

por causa de maciccedila imigraccedilatildeo de portugueses para o Brasil atraiacutedos pela descoberta das

minas gerais e tambeacutem em decorrecircncia das determinaccedilotildees e ordens do Marquecircs de Pombal

para que na Colocircnia soacute se falasse a liacutengua portuguesa

Ao longo de sua histoacuteria conforme afirma Krieger12

o Brasil jamais contou com

uma poliacutetica linguiacutestica que levasse agrave valorizaccedilatildeo de alguma obra lexicograacutefica a despeito do

projeto da Academia Brasileira de Letras De toda forma os primeiros dicionaacuterios que por

diferentes razotildees e interesses passam a contemplar a realidade linguiacutestica do Brasil

desempenharam tambeacutem o papel de fixar a unidade e a pluralidade do portuguecircs aqui falado

A identificaccedilatildeo das estrateacutegias lexicograacuteficas de fixaccedilatildeo de nosso leacutexico contribui para a

histoacuteria da identidade do Portuguecircs Brasileiro tema em torno do qual muita polecircmica jaacute se

estabeleceu

Eacute importante explicitar que entendemos o processo de dicionarizaccedilatildeo como a

descriccedilatildeo e instrumentaccedilatildeo de uma liacutengua no dicionaacuterio Nunes (2006 p 43) salienta que

Considerar o dicionaacuterio como um instrumento linguiacutestico implica concebecirc-lo com

uma alteridade para o sujeito falante alteridade que se torna uma injunccedilatildeo no

processo de identificaccedilatildeo nacional educaccedilatildeo e divulgaccedilatildeo de conhecimentos

linguiacutesticos [] Assim o dicionaacuterio se apresenta como uma exterioridade para o

sujeito e interfere na relaccedilatildeo que ele entreteacutem com a liacutengua em determinadas

conjunturas

Ressalta Nunes (2002 p100) que a compreensatildeo da historicidade da

dicionarizaccedilatildeo traz elementos para abordar questotildees de eacutetica e de poliacutetica linguiacutestica levando-

se em conta o processo de produccedilatildeo dos dicionaacuterios com os diversos fatores soacutecio-histoacutericos

aiacute envolvidos

Como aparece um saber dicionariacutestico no Brasil Esta questatildeo suscita uma seacuterie

de apontamentos conforme um ou outro criteacuterio Se considerarmos a unidade da palavra

conforme Biderman (2005 p47) desde os primeiros relatos de viajantes temos um saber que

se volta para os termos empregados no Brasil sejam as nomeaccedilotildees em liacutengua portuguesa

desde Caminha (1500) sejam termos indiacutegenas traduzidos e comentados desde Pigafeta em

1519 como aponta Neiva (1940) Se considerarmos a forma acabada do dicionaacuterio os

biliacutengues portuguecircs-tupi foram os primeiros a aparecer na Eacutepoca Colonial (seacutec XVI-XVII)

Segundo Horta (2002 p72) o processo de dicionarizaccedilatildeo brasileiro pode ser

visualizado nas seguintes etapas i) transcriccedilatildeo alfabeacutetica de termos indiacutegenas ii) citaccedilotildees

12

Alfa Satildeo Paulo 50 (2) 173-187 2006

29

comentaacuterios traduccedilotildees de termos indiacutegenas diaacutelogos iii) listas temaacuteticas de palavras LI-LP

(Liacutengua Indiacutegena e Liacutengua Portuguesa) e LP-LI iv) dicionaacuterios biliacutengues LP-LI v)

dicionaacuterios biliacutengues LI-LP vi) dicionaacuterios monoliacutengues de LP no Brasil

12111 Dicionaacuterios Biliacutengues

Os jesuiacutetas desde sua chegada em 1549 no Brasil estabeleceram uma orientaccedilatildeo

para os estudos de liacutengua indiacutegena com fins catequeacuteticos da qual resultou a triacuteade gramaacutetica-

dicionaacuterio-doutrina Satildeo portanto os primeiros dicionaacuterios alfabeacuteticos brasileiros concebidos

por missionaacuterios obras biliacutengues (portuguecircs-indiacutegena)

O Vocabulaacuterio na Liacutengua Brasiacutelica (VLB) anocircnimo circulou pelas missotildees e

coleacutegios jesuiacutetas do Brasil na segunda metade do seacuteculo XVI e nos seacuteculos XVII e XVIII Satildeo

conhecidos vaacuterios manuscritos desse dicionaacuterio que natildeo foi publicado integralmente senatildeo

em 1938 por Pliacutenio Ayrosa Essa obra traz a representaccedilatildeo de uma unidade do espaccedilo

linguiacutestico brasileiro a chamada ldquoliacutengua brasiacutelicardquo a que Anchieta se refere tambeacutem como ldquoa

liacutengua mais falada na costa do Brasilrdquo e foi elaborado com o interesse praacutetico de ensinar aos

missionaacuterios a liacutengua indiacutegena a fim de converter os nativos

Outro dicionaacuterio bastante importante na eacutepoca colonial eacute o Dicionaacuterio Portuguecircs-

Brasiliano (DPB) publicado em Lisboa em 1795 O percurso que vai desde o manuscrito do

DPB ateacute sua ediccedilatildeo reflete a substituiccedilatildeo da praacutetica jesuiacutetica banida do paiacutes em 1759 pela

praacutetica editorial e de arquivo que vem marcar o final do seacuteculo XVII e iniacutecio do XVIII Esta

acentuaria com a chegada da imprensa ao Brasil e com a poliacutetica linguiacutestica promovida pelo

Impeacuterio

Outro momento de destaque na histoacuteria dos dicionaacuterios biliacutengues no Brasil foi o

aparecimento do primeiro dicionaacuterio (liacutengua indiacutegena-liacutengua portuguesa) Ainda na forma

manuscrita encontram-se dois dicionaacuterios o manuscrito do Dicionaacuterio Brasiliano-Portuguecircs

(DBP) de Frei Veloso e o manuscrito do Vocabulaacuterio na Liacutengua Geral (VLG- Poranduba) de

Frei Prazeres do Maranhatildeo(1826)

Alguns estudiosos brasileiros (Gonccedilalves Dias Ferreira Franccedila Prazeres do

Maranhatildeo) e estrangeiros (Martius Platzman) realizaram compilaccedilotildees de dicionaacuterios dos

jesuiacutetas no Brasil acrescentando ou suprimindo termos atualizando o corpo dos verbetes

introduzindo comentaacuterios gramaticais ou mesmo reduzindo os dicionaacuterios de caraacuteter

enciclopeacutedico a glossaacuterios termo a termo Podemos incluir dentre as obras produzidas nesse

contexto a Chrestomathia da Liacutengua Brasiacutelica de Ferreira Franccedila (Leipzig 1859) e o

30

Dicionaacuterio da liacutengua geral Brasiacutelica portuguecircs e alematildeo inserido na Glossaria Linguarum

Brasiliensium de Martius (1863)

12112 Dicionaacuterios Monoliacutengues

Publicado em Lisboa pela Typographia Lacerdina o primeiro dicionaacuterio

monoliacutengue do portuguecircs o Dicionaacuterio da Liacutengua Portuguesa datado de 1789 elaborado

pelo brasileiro Antocircnio de Moraes Silva constitui um marco na histoacuteria da lexicografia

brasileira A obra de Moraes preencheu o horizonte metalinguiacutestico ao longo dos seacuteculos XIX

e XX como um verdadeiro siacutembolo natildeo soacute da lexicografia mas da liacutengua em geral e da

cultura portuguesa

Moraes tomou por base o Vocabulaacuterio Portuguecircs e Latino de Raphael Bluteau e

resumiu os oito volumes daquele a apenas dois mantendo a orientaccedilatildeo de seu antecessor de

exaltar os grandes autores de liacutengua portuguesa A obra teve oito reediccedilotildees no seacuteculo XIX

(1813 1823 1831 1844 1858 18771878 1891 9a ed sd)

Na segunda ediccedilatildeo de 1813 Moraes acrescenta nos textos introdutoacuterios uma

gramaacutetica filosoacutefica aos moldes da Gramaacutetica de Port Royal o que mostra a filiaccedilatildeo agraves

concepccedilotildees racionalistas da eacutepoca

Em 1922 recebeu uma ediccedilatildeo comemorativa do centenaacuterio da Independecircncia no

Brasil a qual reproduz a segunda ediccedilatildeo de 1813 a primeira em que Moraes inclui seu nome

como autor Uma ediccedilatildeo ampliada foi publicada pela Editora Confluecircncia em 1949-59

organizada por Augusto Moreno Cardoso Juacutenior e Joseacute Pedro Machado

O Dicionaacuterio da Liacutengua Portuguesa ou o Dicionaacuterio de Moraes eacute considerado

pelos lexicoacutegrafos uma obra fundadora da lexicografia de liacutengua portuguesa servindo de base

para a confecccedilatildeo de outros dicionaacuterios em Portugal e no Brasil

Na eacutepoca do Brasil Colocircnia no que diz respeito aos dicionaacuterios monolingues

referentes agrave Liacutengua Portuguesa a partir do seacuteculo XVIII aleacutem do dicionaacuterio de Moraes

(1789) satildeo considerados representativos o Novo Dicionaacuterio da Liacutengua Portugueza (1855) de

Eduardo de Faria o Diccionario Manual Etymologico da Lingua Portugueza de Francisco

Adolfo Coelho e o Diccionario Contemporaneo da Liacutengua Portugueza de Francisco Caldas

Aulete publicado em 1881

Em se tratando de obras consideradas brasileiras os estudiosos apontam os

primeiros dicionaacuterios datados do seacuteculo XIX a saber o Diccionario Brazileiro para Servir de

Complemento aos Diccionarios de Lingua Portugueza (1853) de Costa Rubim o Diccionario

31

Brazileiro da Lingua Portugueza (1888) de Macedo Soares e o Diccionario de Vocabulos

Brazileiros (1889) de Beaurepaire-Rohan

Em todas essas trecircs obras citadas acima observam-se palavras tiacutepicas do Brasil

chamadas ldquobrasileirismosrdquo Essas obras contribuiacuteram para se questionar ldquoo caraacuteter normativo

do dicionaacuterio dando-lhe uma caracteriacutestica mais descritivardquo13

13 Terminologia

A Terminologia pode ser definida segundo Barros (2007 p 11) como o estudo

cientiacutefico dos termos usados nas liacutenguas de especialidade ou melhor empregados em

discursos e textos de aacutereas teacutecnicas cientiacuteficas e especializadas

O termo eacute entendido como ldquodesignaccedilatildeo por meio de uma unidade linguiacutestica de

um conceito definido em uma liacutengua de especialidaderdquo (ISO 1087 1990 p5) O termo eacute

portanto uma unidade lexical que designa um conceito de um domiacutenio de especialidade Eacute

tambeacutem chamado de unidade terminoloacutegica O conjunto de termos de uma aacuterea especializada

chama-se conjunto terminoloacutegico ou terminologia

O campo de pesquisa proacuteprio da Terminologia satildeo as chamadas liacutenguas de

especialidade entendidas como ldquosistemas de comunicaccedilatildeo oral ou escrita usados por uma

comunidade de especialistas de uma aacuterea particular do conhecimentordquo (PAVEL NOLET apud

BARROS 2007 p11)

Apesar de a Terminologia ser a mais contemporacircnea das ciecircncias do leacutexico o

reconhecimento formal de vocabulaacuterios especiacuteficos de determinadas aacutereas de conhecimento

especializado datam de mais de trecircs seacuteculos quando jaacute vinham com ldquomarcas de usordquo em

dicionaacuterios de liacutengua

Obra monoliacutengue o denominado dicionaacuterio geral de liacutengua consiste na referecircncia

primeira do fazer lexicograacutefico na diversificada tipologia de obras dicionariacutesticas Tal tipo de

dicionaacuterio registra o leacutexico geral de um idioma reunindo seu conjunto de palavras e locuccedilotildees

da forma mais abrangente possiacutevel Alguns desses dicionaacuterios incluem tambeacutem terminologias

em seus repertoacuterios entendendo que essas integram o componente lexical das liacutenguas Nessas

obras entende-se por terminologia o conjunto de palavras marcadas pela temaacutetica de uma

aacuterea de especialidade por exemplo a terminologia da fiacutesica quacircntica da medicina da

informaacutetica a terminologia juriacutedica ou a terminologia naacuteutica ndash essa uacuteltima nosso objeto de

estudo

13

DIAS BEZERRA 2006 p 30

32

Usamos a liacutengua comum no dia-a-dia mas usamos a linguagem especializada

quando falamos sobre uma aacuterea do conhecimento e empregamos palavras que dentro dessa

aacuterea tecircm um significado particular Assim sendo para noacutes neste objeto de estudo os termos

satildeo acima de tudo unidades lexicais que tecircm a particularidade de ocorrer em discursos

especializados assumindo neles significaccedilotildees especiacuteficas e podendo em consequecircncia

denominar conceitos cientiacuteficos eou teacutecnicos

14 O Diccionario da Lingua Brasileira de Luiz Maria da Silva Pinto

Sobre os primoacuterdios da lexicografia brasileira voltamos nossos olhares para

aquela que teria sido a primeira obra escrita editada e impressa no Brasil ndash o Diccionario da

Lingua Brasileira de Luiz Maria da Silva Pinto

FOTO 1 Diccionario da Lingua Brasileira

Fonte acervo pessoal

Praticamente desconhecida dos pesquisadores ateacute fins do seacuteculo XX por

iniciativa do professor Joatildeo Mendonccedila Teles ndash do Instituto Histoacuterico e Geograacutefico Brasileiro

ndash essa obra foi reeditada em ediccedilatildeo fac-siacutemile com patrociacutenio da Caixa Econocircmica Federal

pela Sociedade Goiana de Cultura e pelo Centro de Cultura Goiana da Universidade Catoacutelica

de Goiaacutes do qual Teles era coordenador em 1996

33

FOTO 2 Detalhe da capa do Diccionario

Fonte acervo pessoal

Sabemos que a histoacuteria da imprensa no Brasil tem seu iniacutecio oficial em 1808 com

a chegada da famiacutelia real portuguesa Antes dessa eacutepoca toda atividade de imprensa -

publicaccedilatildeo de jornais livros ou panfletos ndash era proibida conforme Carta Reacutegia de 1706 que

mandava sequestrar e destruir qualquer modalidade de atividade tipograacutefica que fosse

encontrada como tambeacutem punir seus proprietaacuterios Mesmo assim em caraacuteter clandestino

algumas impressotildees foram realizadas em Minas dentre elas citamos o poema laudatoacuterio

escrito por Diogo Pereira Ribeiro de Vasconcelos intitulado Canto Encomiaacutestico publicado

por Padre Viegas14

Padre Viegas ou o Padre Joaquim Viegas de Menezes em funccedilatildeo dos

conhecimentos especializados que possuiacutea dirigiu em 1820 em Ouro Preto juntamente com

o artiacutefice portuguecircs Manuel Joseacute Barbosa Pimenta e Sal e alguns operaacuterios a construccedilatildeo da

primeira tipografia mineira a Tyipografia Patriacutecia assim denominada em referecircncia agrave paacutetria

Daacute-se nessa tipografia o iniacutecio da imprensa perioacutedica em Minas Gerais com a circulaccedilatildeo do

jornal Compilador Mineiro em 13 de outubro de 182315

encerrada em 9 de janeiro de 1824

Apenas trecircs dias apoacutes o seu desaparecimento surgiu impresso na mesma tipografia e com o

objetivo expresso de substituir o Compilador o perioacutedico A Abelha do Itaculumy (1824-

1825)

Ainda nesse periacuteodo em 8 de abril de 1822 o goiano que residia em Ouro Preto

o major Luiz Maria da Silva Pinto propotildee a iniciativa de um plano para a instalaccedilatildeo da

primeira tipografia oficial do Estado aleacutem da publicaccedilatildeo de uma folha como porta-voz dos

atos governamentais Esse major foi o principal impressor de Ouro Preto durante vaacuterios anos

14

SEABRA 2008 p 151 15

COSTA FILHO A Imprensa Mineira no Primeiro Reinado

34

tornando-se o administrador do estabelecimento real A graacutefica real estreia tipos e prelos com

a produccedilatildeo dos impressos avulsos do poder oficial da Capitania e das diversas reparticcedilotildees

puacuteblicas aleacutem de papeis de encomenda particular

Luiz Maria da Silva Pinto nasceu em Pilar de Goiaacutes em 15 de marccedilo de 1775 e

faleceu em 20 de dezembro de 1869 em Vila Rica hoje Ouro Preto aos 94 anos de idade Era

filho de Joseacute Pinto da Silva e de Joaquina Maria Zunega Iniciou seus estudos em Goiaacutes

completando-os em Ouro Preto cidade para onde se transferiu em companhia de sua matildee e

irmatilde Em Ouro Preto eacute crismado por Tomaacutes Antocircnio Gonzaga e sob a proteccedilatildeo de Frei

Domingos da Encarnaccedilatildeo Pontevel Silva Pinto avanccedila em seus estudos Foi secretaacuterio do

Palaacutecio do Governo nomeado por Visconde de Barbacena e mais tarde por promoccedilatildeo ao

cargo de oficial-mor e logo em seguida major Foi tambeacutem Deputado Provincial

Procurador Fiscal da Mesa de Rendas de Minas tendo sido nomeado vice-diretor geral da

Instituiccedilatildeo Segundo Teixeira de Freitas16

Silva Pinto pode ser considerado o pai da

estatiacutestica geral mineira uma vez que quando secretaacuterio da Proviacutencia promoveu um

inqueacuterito estatiacutestico-cronograacutefico em 23 de julho de1825 aleacutem de um levantamento por ele

organizado em 1854 por ordem do Presidente de Proviacutencia Francisco D Pereira de

Vasconcellos Freitas afirma que vaacuterios satildeo os documentos que demonstram esforccedilos

repetidos da administraccedilatildeo mineira em prol da estatiacutestica geral17

Entre suas obras destaca-se

ainda O Mapa Geodeacutesio de Minas Gerais editado em 1825 Silva Pinto foi ainda membro

do Instituto Histoacuterico e Geograacutefico Brasileiro patrono da cadeira nuacutemero 29 da Academia de

Letras de Goiaacutes18

16

Diretor Geral de Informaccedilotildees Estatiacutesticas e Divulgaccedilatildeo do Ministeacuterio da Educaccedilatildeo em 1931 17

FREITAS 1940 18

MAPA Disponiacutevel em lthttpacademiagoianadeletrasorgmembroluiz-maria-da-silva-pintogt Acesso em 1

abr 2011

35

FOTO 3 Casa de Silva Pinto em Ouro Preto19

Fonte acervo pessoal

FOTO 4 Localizaccedilatildeo da casa de Silva Pinto em Ouro Preto -

Vista de Vila Rica 1820 de Armand Julien Palliegravere

Fonte acervo pessoal

Sobre as impressotildees causadas pelo Diccionario da Lingua Brasileira no meio

intelectual e ainda sobre seu autor o goiano Luiz Maria da Silva Pinto destacamos as vozes

de

a) Joseacute Pedro Xavier da Veiga ndash nas Efemeacuterides Mineiras em data de 19 de setembro de

1869 Xavier da Veiga registra o oacutebito de Luiacutes Maria da Silva Pinto consagrando-lhe uma

19

Localizada na Rua Claacuteudio Manuel nordm 129 Centro Atualmente Repuacuteblica Maracangalha propriedade da

Escola de Farmaacutecia e Bioquiacutemica de Ouro Preto UFOP

36

paacutegina biograacutefica em que aponta os seus relevantissimos serviccedilos agrave administraccedilatildeo puacuteblica de

Minas Gerais desde a uacuteltima fase do govecircrno colonial e durante meio seacuteculo Dizendo-o

homem muito inteligente extraordinariamente trabalhador e dotado de espiacuterito de organizaccedilatildeo

e de pesquisa Xavier da Veiga (1897 p 47-52) afirmando nunca ter visto o dicionaacuterio

disserta

Tambeacutem durante muitos anos o major Luiacutes Maria da Silva Pinto possuiu e dirigiu

oficinas tipograacuteficas em Ouro Precircto editando nelas muitos livros alguns bem

volumosos e em tempos difiacuteceis para a imprensa no interior do paiacutes Entre os

aludidos livros figura um dicionaacuterio portuguecircs de sua proacutepria composiccedilatildeo ao qual

deu o tiacutetulo de Dicionaacuterio da liacutengua brasileira e cujos exemplares satildeo hoje

rariacutessimos

b) Affonso E de Taunay20

ndash na obra Inopia cientiacutefica e vocabular dos grandes dicionarios

portuguezes (1932 p 147) Taunay destaca

Quarenta annos apoacutes o apparecimento do Diccionario de Moraes novo tentame de

igual natureza ao do lexicographo fluminense se daria no Brasil muito embora delle

resultase obra de mediocre valor hoje quasi totalmente esquecido o Diccionario da

Lingua Brasileira Pela terceira vez creio apparecia o nosso patronymico nacional aacute

portada dos diccionarios da lingua Fizera Bluteau garbo de que o seu tambem

[seria] brasilico entre numerosos outros predicados E Moraes como bom brasileiro

timbrara em lembrar que o seu lexico recolhera milhares de palavras de sua terra

Mas Silva Pinto fora adiante redigira um diccionario da lingua brasileira

Infelizmente poreacutem natildeo lhe correspondeu a obra aacute altissonacircncia do programma

constante do patriotico titulo Deve ter sido composto por homem inteligente e lido

que se valeu natildeo ha duvida e muito dos trabalhos de Moraes mas nem por isto

deixou de levantar em homenagem aacute riqueza vocabular da liacutengua luso-brasileira ateacute

hoje tatildeo deficiente tatildeo mesquinhamente invetariada Eacute um tanto obscura a

biographia deste nosso segundo diccionarista Luiz Maria da Silva Pinto

c) Eduardo Frieiro ndash no artigo um velho dicionaacuterio impresso em Minas21

(1955) destacamos

as impressotildees de Frieiro

Acham-se vinculados aos primeiros tempos da Tipografia em Minas trecircs nomes que

natildeo podem ser esquecidos o do mineiro Padre Viegas de Meneses o do portuguecircs

Manuel Joseacute Barbosa Pimenta e Sal e o do goiano Luiacutes Maria da Silva Pinto []

Administrava a oficina provincial o major Luis Maria da Silva Pinto que durante

vaacuterias deacutecadas foi o principal impressor de Ouro Precircto jaacute como gerente do

estabelecimento oficial jaacute como editor particular proprietaacuterio da Tipografia de

Silva cuja marca tenho encontrado em diversas obras dadas a lume de 1827 a 1848

Algumas eram de autoria do operoso Silva Pinto que chegou mesmo a publicar um

Diccionario da lingua brasileira portaacutetil de 1132 paacuteginas para remediar a penuacuteria

de vocabulaacuterios ocorrente na Proviacutencia Era o Dicionaacuterio uma compilaccedilatildeo apressada

feita pelo proacuteprio impressor que tambeacutem editou para uso das escolas de primeiras

letras numerosos voluminhos dos quais posso citar os tiacutetulos de alguns que possuo

a saber Ortografia ou Arte de escrever (1829) Aritmeacutetica ou Arte de contar (1831)

Princiacutepios da Moral cristatilde (1846) e Gramaacutetica brasileira ou Arte de falar conforme

20

TAUNAY 1932 p182 21

FRIEIRO 1955 p390-397

37

as regras da Manuel Borges Carneiro (1847) Embora se intitulasse Dicionaacuterio da

liacutengua brasileira nada tinha que ver com a fala dos aboriacutegenes nem com os

particularismos da liacutengua corrente no Brasil Era um pequeno leacutexico da liacutengua

portuguecircsa com alguns escassos brasileirismos colhidos provagravevelmenle em Moraes

Silva O caso eacute que naquela eacutepoca achando-se os Brasileiros ainda na lua de mel da

independecircncia nacional o espiacuterito nativista entatildeo muito alvoroccedilado natildeo se

contentava unicamente com a autonomia poliacutetica almejava romper todos os laccedilos

que ainda nos atavam agrave repudiada Metroacutepole inclusive o liame infrangiacutevel da liacutengua

materna Como natildeo era possiacutevel fabricar uma com peccedilas totalmente novas

chamava-se brasileira agrave liacutengua que sem deixar de ser portuguesa eacute de qualquer

forma tambeacutem a nossa

d) L G ndash que assina a nota do recorte do jornal22

(sem data) abaixo apresentado

FOTO 5 Notiacutecia de jornal

Fonte acervo pessoal

e) Paulo Mario Beserra de Araujo ndash neste iniacutecio de seacuteculo XX quando a ciecircncia linguiacutestica se

volta para a anaacutelise de dicionaacuterios e as versotildees digitais de obras se encontram disponibilizadas

na internet Araujo (2009) realizou um ldquoensaio metalexicograacutefico analiacutetico comparativo e

criacuteticordquo do Diccionario de Silva Pinto publicado com o tiacutetulo Um diccionario sem auctor

versus hum auctorlsquo com diccionario Esse pesquisador buscando estudar o que motivou

Silva Pinto a delimitar a macroestrutura de seu dicionaacuterio (cf Araujo 2009 p 9-10) mostra

inuacutemeras semelhanccedilas da obra desse autor ndash o Diccionario da Lingua Brasileira com a obra

22

Recorte encontrado na contra-capa do volume do Diccionario do Museu da Inconfidecircncia em Ouro Preto

poreacutem natildeo haacute informaccedilotildees sobre a autoria

38

ldquosem autor declarado pelo editor impressor e livreiro Francisco Rollandrdquo23

denominada

Novo Diccionario da Liacutengua Portugueza ediccedilatildeo de 1806 ldquodisponiacutevel desde 23 de fevereiro

de 2007 no website booksgoogle obtida do original existente na Taylor Institution Library

da Oxford University Oxford Inglaterrardquo24

Apoacutes um cuidadoso estudo Arauacutejo conclui que a

ldquoanaacutelise comparativa efetuada permite constatar que a semelhanccedila entre as duas obras estaacute

aleacutem do que pode ser classificado como compilaccedilatildeordquo25

Apresentamos a seguir a folha de rosto do Diccicionario da Liacutengua Brasileira

FOTO 6 Diccionario da Lingua Brasileira (1832) Fonte acervo pessoal

Diferentemente de seu colega editor responsaacutevel pela obra similar portuguesa

Silva Pinto assina a obra brasileira Com esse comportamento o consulente entende que cabe

a ele aleacutem da ediccedilatildeo a autoria do dicionaacuterio Entretanto no proacutelogo apresentado esse autor

se coloca como impressor natildeo como autor ndash ldquome suggerio o projecto de imprimir este

auxiliante da Grammatica e da Orthographiardquo deixa claro tambeacutem que a obra ao ser editada

jaacute contava com um nuacutemero de leitores ou ldquoassignantesrdquo mais do que suficientes para sua

confecccedilatildeo Isso nos leva a refletir que Silva Pinto realizou um trabalho de ediccedilatildeo de uma obra

portuguesa de faacutecil manuseio visando atender aos brasileiros Salientamos que apesar do

23

ARAUJO 2009 p 13 24

Ibidem p 10 25

Ibidem p 78

39

tiacutetulo se referir agrave variante do portuguecircs brasileiro esse dicionaacuterio tem um caraacuteter normativo

ateacute mesmo preconceituoso conforme podemos inferir no trecho do proacutelogo em que

destacamos a preocupaccedilatildeo do autor em mostrar que no nosso leacutexico havia palavras da liacutengua

portuguesa e natildeo somente dlsquoaquellas que proferem os Iacutendios Posiccedilatildeo conservadora sem

duacutevida

FOTO 7 Prologo do Diccionario da Lingua Brasileira

Fonte acervo pessoal

Mais do que descrever o leacutexico brasileiro dos primeiros anos dos oitocentos com

certeza o Diccionario da Lingua Brasileira do goiano Luiz Maria da Silva Pinto tinha como

objetivo ser prescritivista conduta bastante comum nessa eacutepoca

Publicado dez anos depois da Independecircncia do Brasil o dicionaacuterio nesse

contexto constitui-se como um instrumento de divulgaccedilatildeo da nova naccedilatildeo e da posiccedilatildeo

poliacutetica de seu editor diante dos acontecimentos histoacutericos Como homem respeitado na

sociedade local em um periacuteodo em que o Brasil acabava de ser tornar independente de

Portugal Silva Pinto se preocupava com os rumos que a liacutengua portuguesa poderia tomar e

40

como editor colocou-se como ldquoprotetorrdquo do portuguecircs lusitano ldquobem faladordquo em terras

brasileiras

A imagem que apresentamos a seguir destaca a paacutegina do dicionaacuterio que trata

das abreviaturas da obra com a inserccedilatildeo de vaacuterias terminologias dentre elas a terminologia

naacuteutica objeto de anaacutelise desta Pesquisa

IMAGEM 1 Lista de abreviaturas proposta pelo Diccionario da Lingua Brasileira

Dada a estreita relaccedilatildeo entre cultura e leacutexico abordaremos no proacuteximo capiacutetulo as

grandes navegaccedilotildees destacando a navegaccedilatildeo portuguesa em terras brasileiras

41

Capiacutetulo 2

42

Capiacutetulo 2 ndash Contextualizaccedilatildeo histoacuterica

21 As grandes navegaccedilotildees

A aventura mariacutetima portuguesa natildeo foi um marco isolado Ela se fez no contexto

de uma das maiores aventuras expansionistas empreendidas pelo homem e se tornou

conhecida como grandes navegaccedilotildees De costas para Castela e de frente para o mar a uacutenica

forma de Portugal expandir seus domiacutenios era enfrentar as aacuteguas desconhecidas

Desde 1385 com a ascensatildeo de D Joatildeo I ao trono apoacutes a Revoluccedilatildeo de Avis

antes de qualquer outro paiacutes europeu Portugal jaacute possuiacutea um Estado centralizado apoiado por

uma burguesia mercantil forte e disposta a investir na expansatildeo a fim de ampliar suas

possibilidades de lucros Construiacuteram caravelas principal meio de transporte mariacutetimo e

comercial do periacuteodo desenvolvidas com qualidade superior agraves de outras naccedilotildees Neste paiacutes

tambeacutem houve a preocupaccedilatildeo com os estudos naacuteuticos pois os portugueses chegaram a criar

ateacute mesmo um centro de estudos a Escola de Sagres Nesse centro o Infante Dom Henrique

filho do Rei Dom Joatildeo I reuniu numerosos pilotos cartoacutegrafos e astrocircnomos cujos trabalhos

favoreceram o avanccedilo da arte de navegar e impulsionaram a expansatildeo mariacutetima portuguesa A

partir daiacute com o aprimoramento da cartografia ndash em especial com o desenvolvimento das

cartas naacuteuticas ndash e com o avanccedilo das teacutecnicas de navegaccedilatildeo recorrendo ao que havia de mais

novo no campo cientiacutefico tais como a ampliaccedilatildeo dos conhecimentos sobre correntes

mariacutetimas o uso do astrolaacutebio e da buacutessola que permitia navegaccedilotildees mais seguras

privilegiando a situaccedilatildeo geograacutefica de seu paiacutes os portugueses partiram para as grandes

expediccedilotildees mariacutetimas

Entre os grandes obstaacuteculos vencidos para que fossem aleacutem do conhecido mar

Mediterracircneo estavam o medo e vaacuterias preacute-concepccedilotildees Foi necessaacuterio um longo processo de

mudanccedilas para que o povo europeu apostasse na teoria da esfericidade da Terra e se

ldquoconvencesserdquo de que havia alguma possibilidade de ir aleacutem das aacuteguas jaacute navegadas desde

muito tempo

Durante os seacuteculos XV e XVI os europeus principalmente portugueses e

espanhoacuteis lanccedilaram-se nos oceanos Paciacutefico Iacutendico e Atlacircntico com dois objetivos

principais descobrir uma nova rota mariacutetima para as Iacutendias e encontrar novas terras Este

periacuteodo ficou conhecido como a Era das Grandes Navegaccedilotildees e Descobrimentos Mariacutetimos

O iniacutecio da expansatildeo portuguesa deu-se em 1415 com a conquista da cidade de

Ceuta no norte da Aacutefrica na costa do atual Marrocos importante centro comercial da eacutepoca ndash

ponto de convergecircncia de caravanas de comerciantes aacuterabes Depois de Ceuta os portugueses

43

continuaram suas conquistas contornando a Aacutefrica em um trajeto conhecido como peacuteriplo

africano A expansatildeo portuguesa incluiu a ilha da Madeira os Accedilores Cabo Verde a

ultrapassagem do Cabo Bojador (grande obstaacuteculo para a continuaccedilatildeo da viagem e muito

temido pelos navegadores por causa das fortes ondas e dos nevoeiros comuns na regiatildeo)

Senegal e Serra Leoa

Durante o peacuteriplo africano os portugueses desenvolveram a caravela um tipo de

barco adaptado agrave navegaccedilatildeo em mar aberto e comeccedilaram a esboccedilar o audacioso plano de

contornar o sul da Aacutefrica e chegar agraves Iacutendias

MAPA 1 As grandes navegaccedilotildees26

A chegada dos portugueses ao litoral da Ameacuterica em 1500 foi portanto uma

consequecircncia da expansatildeo ultramarina anteriormente realizada em vaacuterios cantos do mundo

As grandes navegaccedilotildees transformaram Portugal em um impeacuterio respeitado em

toda agrave Europa o interesse despertado pelas viagens transoceacircnicas natildeo soacute permitiu a expansatildeo

dos conhecimentos naacuteuticos com o desenvolvimento da buacutessola do astrolaacutebio das

embarcaccedilotildees e de mapas rudimentares denominados portulanos mas tambeacutem por ser o

primeiro paiacutes europeu a iniciar a expansatildeo ultramarina teve seu comeacutercio ampliado dominou

povos e terras impocircs um sistema de colonizaccedilatildeo imprimindo aiacute sua soberania religiatildeo

cultura e liacutengua

26

NAVEGACcedilOtildeES Disponiacutevel em lthttpwwwgooglecombrsearchhl=ptgt Acesso em 1 Abr 2011

44

O desenvolvimento do comeacutercio europeu nos seacuteculos XV XVI e XVII

favorecido pelas praacuteticas mercantilistas das monarquias absolutistas foi tambeacutem chamado de

revoluccedilatildeo comercial A revoluccedilatildeo comercial caracterizou-se pela integraccedilatildeo da Ameacuterica

Aacutefrica e Aacutesia agrave economia europeia atraveacutes da navegaccedilatildeo pelo Oceano Atlacircntico pelo

aumento da circulaccedilatildeo de mercadorias e de moedas pela criaccedilatildeo de novos meacutetodos de

produccedilatildeo de manufaturas pela ampliaccedilatildeo dos bancos dos sistemas de creacutedito seguros e

demais operaccedilotildees financeiras O crescimento da agricultura da mineraccedilatildeo da metalurgia da

navegaccedilatildeo da divisatildeo do trabalho do comeacutercio colonial promoveu uma grande acumulaccedilatildeo

de capital preparando a Europa para avanccedilos importantes na produccedilatildeo o corridos a partir do

seacuteculo XVIII

22 As navegaccedilotildees na eacutepoca do Brasil Colocircnia

A primeira exploraccedilatildeo do litoral do territoacuterio descoberto foi feita pela proacutepria

esquadra de Cabral que seguiu paralelamente agrave costa em direccedilatildeo norte procurando um porto

onde os navios ficassem abrigados A partir daiacute nos primeiros trinta anos o contato com as

terras brasileiras ficou limitado ao envio de algumas expediccedilotildees de reconhecimento e defesa

do litoral e outras com o objetivo de explorar o pau-brasil uacutenico artigo que poderia ser

convertido em lucros para Portugal

Em 1530 Dom Joatildeo III enviou ao Brasil a expediccedilatildeo de Martim Afonso de Sousa

cujos principais objetivos eram verificar a existecircncia de metais preciosos explorar e patrulhar

o litoral e estabelecer os fundamentos da colonizaccedilatildeo do Brasil Martim Afonso percorreu

quase todo o litoral brasileiro de Pernambuco enviou dois barcos para explorar o litoral

norte organizou expediccedilotildees rumo ao sertatildeo partindo de Cabo Frio e de Cananeia chegou ateacute

a foz do rio da Prata e depois retornou ao litoral paulista onde fundou a vila de Satildeo Vicente

(1532) Ali se organizaram alguns povoados iniciou-se o plantio da cana e foram construiacutedos

os primeiros engenhos da colocircnia Comeccedilava assim a colonizaccedilatildeo efetiva do Brasil apoiada

inicialmente na produccedilatildeo de accediluacutecar para o mercado externo

O aproveitamento sistemaacutetico dos recursos da terra brasileira em benefiacutecio da

metroacutepole portuguesa permitiu a fixaccedilatildeo de populaccedilotildees europeias na regiatildeo o que contribuiu

para a incorporaccedilatildeo dos modelos sociais culturais e religiosos europeus no Novo Mundo

45

MAPA 2 ldquoTerra Brasilisrdquo27

A busca de colocircnias constituiacutea um dos principais objetivos dos paiacuteses

mercantilistas europeus As aacutereas coloniais eram um excelente mercado consumidor dos

manufaturados europeus e fornecedor de mateacuterias-primas e produtos agriacutecolas tropicais

As colocircnias eram vistas como instrumentos de poder das metroacutepoles Por isso a

produccedilatildeo foi organizada de acordo com a poliacutetica econocircmica do mercantilismo tendo como

objetivo o fortalecimento do Estado nacional e a acumulaccedilatildeo de riquezas monetaacuterias nas matildeos

das burguesias europeias Cada metroacutepole preocupava-se fundamentalmente e manter a posse

de suas colocircnias como bem mostra Caacuteceres (1993 p 19)

A administraccedilatildeo colonial estava centralizada na metroacutepole e tinha por finalidade

baacutesica garantir que as colocircnias gerassem produtos para a metroacutepole a baixos custos e

consumissem os manufaturados metropolitanos a preccedilos mais altos O elemento

mais importante desse sistema era o monopoacutelio comercial das metroacutepoles sobre as

colocircnias cuja economia girava em torno das necessidades econocircmicas

metropolitanas e de sua burguesia

Ateacute mesmo as formas de produccedilatildeo das colocircnias eram organizadas de acordo com

as necessidades metropolitanas No Brasil colocircnia por exemplo foi introduzida a escravidatildeo

a fim de se obter uma produccedilatildeo em larga escala necessaacuteria agrave economia europeia Essas

colocircnias em aacutereas tropicais que produziam para o mercado externo eram chamadas colocircnias

de exploraccedilatildeo28

Sua economia era baseada na grande propriedade na monocultura e no

trabalho compulsoacuterio isto eacute obrigatoacuterio

Com o estado portuguecircs no Brasil aumentaram tanto as exportaccedilotildees quanto as

importaccedilotildees e consequentemente a necessidade de um satisfatoacuterio transporte mariacutetimo

27

TERRA BRASILIS Disponiacutevel em lthttpswwwmarmilbrdhndhnhistoricohtmlgt Acesso em 1 Abr 2011 28

CAacuteCERES 1993 p 19

46

Durante o seacuteculo XVI e iniacutecio do seacuteculo XVII o Brasil tornou-se o maior produtor de accediluacutecar

do mundo e o responsaacutevel pela riqueza dos senhores de engenho da Coroa e de comerciantes

portugueses poreacutem foi soacute com a vinda da famiacutelia real portuguesa para o Brasil que a

navegaccedilatildeo brasileira se intensificou

A chegada ao Rio de Janeiro do Priacutencipe Regente D Joatildeo e da Rainha D Maria I

fugindo das guerras napoleocircnicas na Europa foi um marco na histoacuteria da marinha brasileira

Nessa eacutepoca a marinha portuguesa encontrava-se decadente mas sua capacidade foi ampliada

para poder apoiar a ldquoEsquadra Realrdquo e os navios estrangeiros jaacute que o fluxo aumentou

consideravelmente em virtude da abertura dos portos brasileiros ao comeacutercio com outras

naccedilotildees Podemos dizer que a transmigraccedilatildeo da Famiacutelia Real portuguesa foi fundamental para

que mais tarde ocorresse a independecircncia unificada de todo o territoacuterio de colonizaccedilatildeo

portuguesa na Ameacuterica A cidade do Rio de Janeiro tornou-se sede do governo portuguecircs o

que gerou um surto de progresso em vaacuterios setores da sociedade colonial

IMAGEM 2 Primeira esquadra brasileira29

Posteriormente com as tentativas das Cortes de fazer D Pedro regressar para a

Europa iniciou-se a cisatildeo da Marinha de Portugal Desde o princiacutepio de 1822 alguns

comandantes de navios passaram a obedecer somente ao Priacutencipe e o apoiaram nas ocasiotildees

em que houve ameaccedilas de uso de forccedila Comeccedilava nesse periacuteodo a se formar o embriatildeo da

marinha do Brasil

29

ESQUADRA Disponiacutevel em lthttpwwwgooglecombrsearch3Fq3D2522Marinha2BImperial

2BBrasileiragt Acesso em 1 Abr 2011

47

23 As navegaccedilotildees na eacutepoca do Brasil Impeacuterio

Com a independecircncia do Brasil o primeiro governo encontrou a difiacutecil tarefa de

unificar o extenso territoacuterio brasileiro em cujo litoral encontravam-se os principais centros

urbanos ou seja era emergencial que o Estado possuiacutesse uma Esquadra e estabelecimentos de

apoio para manter a unidade nacional Para eliminar os focos de resistecircncia interna agrave

autoridade do novo Imperador que eram mais fortes nas proviacutencias da Bahia Maranhatildeo

Gratildeo-Paraacute e Cisplatina e rechaccedilar qualquer tentativa de recolonizaccedilatildeo por parte da antiga

metroacutepole foi necessaacuterio o aprestamento de forccedilas terrestres e principalmente o preparo de

uma forccedila naval capaz de obter o domiacutenio do mar interceptar a vinda de reforccedilos portugueses

bloquear as posiccedilotildees inimigas e manter livres as comunicaccedilotildees mariacutetimas do novo Impeacuterio

garantindo a unidade nacional Era preciso aleacutem da Esquadra possuir a capacidade de reparar

os navios existentes e construir outros

Segundo Bittencourt30

em fins de 1822 ldquoo material flutuante ainda era muito

escasso com navios que tinham sua origem na Marinha de Portugal e que passaram a constituir o

primeiro nuacutecleo da Esquadra brasileira composto pelas Fragatas Uniatildeo e Real Carolina Corvetas

Maria da Gloacuteria e Liberal Brigue Real Pedro Brigue-Escuna Real 13 escunas ndash das quais sete

encontravam-se estacionadas no Prata ndash e de aproximadamente 20 navios-transportes e

canhoneiras Os outros navios estacionados no Rio de Janeiro somente trecircs eram utilizaacuteveis a

Nau Martins de Freitas a Fragata Sucesso e o Brigue Reino Unido os quais foram prontamente

reparados no Arsenal de Marinha A Nau Priacutencipe Real que trouxe D Joatildeo VI ao Brasil soacute pocircde

ser utilizada como navio-prisatildeo devido ao peacutessimo estado que se encontravardquo

De acordo com Vale (1971 p 10)

[] a princiacutepio parecia natildeo haver falta de oficiais para a nova Marinha 160 tinham se

estabelecido no Brasil desde 1808 mas a maioria era de portugueses e tornou-se

necessaacuterio verificar primeiro sua lealdade Com esta finalidade Cunha Moreira

estabeleceu uma comissatildeo em 5 de dezembro de 1822 para perguntar a cada oficial se

ele desejava servir ao Brasil ou voltar para Portugal Ficou logo claro que a grande

maioria aderia agrave causa brasileira e quando foram retirados os nomes dos mais velhos e

dos incapazes restou um total de 94 Era evidente que o Brasil tinha oficiais superiores

em nuacutemero suficiente mas a quantidade de oficiais inferiores dava apenas para

guarnecer os navios jaacute em comissatildeo nos estabelecimentos de guerra

Nesse periacuteodo a Marinha Imperial Brasileira possuiacutea em seus quadros

profissionais oriundos de diversos grupos sociais O engajamento e o recrutamento de pessoal

30

MARINHA IMPERIAL Disponiacutevel em lthttpwwwmarmilbrdiversosArtigos_selecionadosDocumentos

marinha_imperialpdfgt Acesso em 25 Abr 2011

48

para a marinhagem ocorriam de forma voluntaacuteria por contrato (geralmente estrangeiros) ou

pelo recrutamento agrave forccedila (vagabundos e criminosos) e posteriormente em decreto emitido

em fevereiro de 1823 permitiu-se a admissatildeo de escravos na Marinha Muitos eram oriundos

da Marinha de Portugal despertavam portanto desconfianccedila Outros tantos natildeo tinham

experiecircncia no mar Apesar desses problemas o governo imperial conseguiu unificar a

marinha brasileira da eacutepoca

IMAGEM 3 Marinha Imperial31

Eacute consenso que o instrumento decisivo para alcanccedilar a Independecircncia do Brasil

certamente foi a feliz decisatildeo do Governo Imperial de aprestar uma Esquadra capaz de

garantir o controle no mar negando-o aos portugueses possibilitar o deslocamento de tropas

de maneira mais raacutepida cortar as linhas de recebimento de suprimento e reforccedilo do inimigo

pelo mar

24 Consideraccedilotildees

Como se sabe os marinheiros envolvidos nas viagens mariacutetimas portuguesas

eram fundamentalmente gente do povo pouco instruiacuteda natildeo lhes sendo acessiacutevel portanto

o domiacutenio de uma terminologia muito elaborada Mesmo assim ela existe eacute dicionarizada e

merece ser estudada Podemos dizer que ao desenvolvimento das ciecircncias e teacutecnicas naacuteuticas

em Portugal correspondeu o florescimento de toda uma terminologia vernaacutecula herdada no

Brasil

31

MARINHA IMPERIAL Disponiacutevel em lt httpswwwmarmilbrmenu_hnoticias0609201002htmlgt

Acesso em 25 Abr 2011

49

Depois dessa breve exposiccedilatildeo acerca das grandes navegaccedilotildees que rudimentares

nos seacuteculos XIV e XV ultrapassaram o niacutevel da praacutetica rotineira jaacute nos primeiros anos do

seacuteculo XVI passamos a apresentar os procedimentos metodoloacutegicos adotados nesta pesquisa

50

Capiacutetulo 3

51

Capiacutetulo 3 ndash Procedimentos metodoloacutegicos

Como jaacute apontado na Introduccedilatildeo nossa pesquisa insere-se na aacuterea do leacutexico mais

especificamente do leacutexico especializado referente aos termos naacuteuticos Em nosso entender o

leacutexico especializado ou a terminologia e suas unidades ndash os termos ndash natildeo se separam

artificialmente do resto da liacutengua mas encaixam-se fazendo parte integrante dela Nessa

perspectiva natildeo concebemos a terminologia nem os termos seus objetos de anaacutelise como um

mundo agrave parte da realidade linguiacutestica de uma liacutengua Ao contraacuterio acreditamos que as

terminologias presentes em um dicionaacuterio satildeo constituiacutedas de subsistemas ndash tais como termos

meacutedicos termos da arquitetura termos naacuteuticos dentre muitos outros ndash que interagem dentro

de um sistema maior que eacute o leacutexico geral

Sobre esse tema Murakawa (2002 p 21) discorre

[] o leacutexico de uma liacutengua se compotildee de dois grupos de unidades lexicais num 1ordm

grupo as unidades satildeo compreendidas e empregadas do mesmo modo por todos os

membros da sociedade num 2ordm grupo as unidades satildeo apenas compreendidas e

empregadas por parte maior ou menor dessa sociedade e satildeo usadas no seu emprego

correto pelos membros de um grupo particular

De acordo com essa linguista por necessidade de se compor uma terminologia as

pessoas buscam na liacutengua comum unidades leacutexicas que passaratildeo a ter daiacute por diante um

significado especiacutefico

Nessa visatildeo seguimos as propostas teoacutericas defendidas por Cabreacute (1999) no

acircmbito da teoria comunicativa da terminologia Segundo essa terminoacuteloga os termos satildeo

unidades lexicais de fato que assumem significados especializados quando usadas em

determinados acircmbitos de especialidade Assim sendo podemos encontrar inuacutemeros termos

que tecircm por base unidades da liacutengua corrente que migram para registros linguiacutesticos

especializados como tambeacutem encontramos unidades lexicais terminoloacutegicas formadas por

estruturas morfoloacutegicas comuns agraves estruturas de palavras que encontramos no leacutexico da liacutengua

corrente

Sabemos que nos uacuteltimos anos os estudos terminoloacutegicos conheceram um

desenvolvimento notaacutevel com os avanccedilos da Linguiacutestica em geral e da lexicologia em

particular tendo-se hoje em dia uma visatildeo muito mais ampla da unidade lexical de uma

linguagem especializada

Neste estudo partimos de um tema ou de um ldquoassuntordquo ndash ou seja da terminologia

naacuteutica trabalhamos pois com o percurso ldquodo conceito agrave palavrardquo ou ldquoda ideia ao signordquo

nos moldes do meacutetodo onomasioloacutegico

52

Por onomasiologia entende-se um aspecto particular da pesquisa linguiacutestica que

partindo de uma determinada ideia examina as vaacuterias maneiras com as quais essa

ideia encontrou expressatildeo na palavra32

Em seguida estendemos nossa anaacutelise agrave palavra ou ao signo linguiacutestico ndash percurso

semasioloacutegico e voltamos ao onoma

Para os conceitos de leacutexico lexicologia lexicografia terminologia adotamos

como base teoacuterica Matoreacute (1953) Biderman (1978 1991 1998 1999 2001) Cabreacute (1999)

Barros (2007 2009) Krieger e Finatto (2004) Krieger (2006)

Para a anaacutelise dos dados ao longo do tempo tomamos como base norteadora a

concepccedilatildeo de Linguiacutestica Histoacuterica tal como apresentada por Bynon (1977 p 1-2) e Cohen

(1996 p3) que postulam

A Linguiacutestica Histoacuterica procura investigar e descrever a maneira pela qual as liacutenguas

mudam ou conservam suas estruturas atraveacutes do tempo seu domiacutenio eacute portanto a

liacutengua no seu aspecto diacrocircnico

As limitaccedilotildees do trabalho diacrocircnico satildeo tantas que natildeo se pode abrir matildeo de

informaccedilotildees que possam nos facilitar o acesso agrave liacutengua antiga

31 Objetivos

Nosso objetivo geral nesta pesquisa eacute realizar um estudo sincrocircnico e diacrocircnico

do leacutexico correspondente agrave terminologia naacuteutica presente no Diccionario da Lingua

Brasileira de Luiz Maria da Silva Pinto publicado na cidade de Ouro Preto no ano de 1832

Como objetivos especiacuteficos almejamos

1) estudar as origens dos termos naacuteuticos Sabemos que ao desenvolvimento das ciecircncias

e teacutecnicas naacuteuticas em Portugal correspondeu o florescimento de toda uma

terminologia vernaacutecula mas haacute outros termos provenientes de liacutenguas como o catalatildeo

o italiano e o aacuterabe

2) conferir se os termos selecionados se encontram presentes em obras lexicograacuteficas de

referecircncia nos seacuteculos XVIII XIX XX e se os mesmos mantiveram seus

significados e ainda se constam como ldquotermos naacuteuticosrdquo

3) consultar o corpus do Projeto DHPB CNPq com o objetivo de verificar se os termos

constantes no Diccionario da Lingua Brasileira integraram no passado o nosso

leacutexico e se havia variantes ortograacuteficas da palavra nos textos escritos dos seacuteculos

XVI XVII XVIII

4) o Brasil eacute composto por numerosas culturas que se vecircem refletidas em nossas escolhas

vocabulares atraveacutes do tempo inclusive no campo das liacutenguas de especialidade A

32

BERTOLDI citado por Babini 2006 p 38

53

exploraccedilatildeo econocircmica das terras americanas constitui um episoacutedio da Histoacuteria que se

refletiu de maneira significativa natildeo soacute na incorporaccedilatildeo de novas palavras no

Portuguecircs do Brasil mas na progressiva modificaccedilatildeo semacircntica e lexical de diversos

termos no fluir do tempo Assim temos como um dos objetivos analisar o repertoacuterio

textual concernente agrave navegaccedilatildeo econocircmica da colocircnia em documentos e textos

originais o que constitui uma das fontes primaciais para a compreensatildeo de nossa

proacutepria trajetoacuteria histoacuterica

5) verificar se a terminologia naacuteutica presente no Diccionario da Lingua Brasileira

descreve a realidade brasileira nessa aacuterea ou se faz parte desse dicionaacuterio somente com

o objetivo de enriquecer nosso leacutexico

6) apontar os termos naacuteuticos do dicionaacuterio Aureacutelio ndash seacuteculo XX Comparar esses termos

com o primeiro dicionaacuterio impresso no Brasil ou seja o Diccionario da Lingua

Brasileira verificando se houve manutenccedilatildeo expansatildeo ou mudanccedila nesse leacutexico de

especialidade

7) eacute notoacuterio que os marinheiros envolvidos nas viagens e na empresa dos

Descobrimentos eram fundamentalmente gente do povo gente simples que tripulava

os navios e executava a maioria das operaccedilotildees necessaacuterias agrave manobra do barco natildeo

lhes sendo acessiacutevel portanto o domiacutenio de uma terminologia elaborada Supomos

que a terminologia usada por estes profissionais teria de ser forccedilosamente simples (ou

simplificada) constituiacuteda por muitos termos provenientes da liacutengua corrente que lhes

permitissem conceitualizar realidades especializadas (como as relacionadas com a

navegaccedilatildeo com as manobras envolvidas neste processo com as partes do navio e com

os instrumentos que dele fazem parte) Esse leacutexico estaacute presente no Diccionario da

Lingua Brasileira e ou no Aureacutelio ndash seacuteculo XX

8) contribuir para o desenvolvimento da investigaccedilatildeo histoacuterica na aacuterea da Terminologia

disponibilizando um estudo da aacuterea de especialidade devidamente analisado

54

32 Caracteriacutesticas do Diccionario da Lingua Brasileira

Em termos de microestrutura o Diccionario da Lingua Brasileira apresenta

basicamente a entrada e a classe morfoloacutegica seguida da definiccedilatildeo Quando recebe ldquomarcas

de usordquo essas vecircm entre parecircnteses depois da classificaccedilatildeo morfoloacutegica e antes da definiccedilatildeo

se o vocaacutebulo soacute tem uma acepccedilatildeo como mostra o verbete em destaque

Poucas vezes o Diccionario da Lingua Brasileira apresenta duas acepccedilotildees como

em abotoadura raras vezes apresenta trecircs como em arruela e nunca apresenta abonaccedilotildees

Algumas vezes realiza pequenos comentaacuterios

Quando apresenta duas ou mais acepccedilotildees a ldquomarca de usordquo vem sempre antes de

cada definiccedilatildeo como eacute o caso do termo arruela que eacute definida pelo autor como termo de

armaria termo naacuteutico e termo de ourives

55

33 Meacutetodos e procedimentos

Para a realizaccedilatildeo deste trabalho utilizamo-nos do volume digital da ediccedilatildeo

microfilmada iniciada no ano de 1982 pelo Arquivo Puacuteblico Mineiro localizado na cidade

de Belo Horizonte Minas Gerais certificado pela documentaccedilatildeo apresentada a seguir

IMAGEM 4 Documentaccedilatildeo da obra digitalizada

Realizamos primeiramente a leitura do Diccionario da Lingua Brasileira e

fizemos o levantamento das unidades lexicais que remetem ao mundo da navegaccedilatildeo

Observamos inicialmente para proceder a essa seleccedilatildeo as ldquomarcas de usordquo que se referem agrave

terminologia naacuteutica Em uma segunda etapa lemos todos os outros verbetes uma vez que

temos consciecircncia de que muitas terminologias dentre elas a naacuteutica natildeo se encontram

marcadas Partimos portanto como jaacute mencionamos de um corpus dicionariacutestico referente agrave

terminologia naacuteutica que se intitula da liacutengua brasileira do iniacutecio do seacuteculo XIX e

posteriormente organizamos um corpus composto por 153 unidades leacutexicas constituiacutedo de

117 substantivos 3 adjetivos 32 verbos e 1 adveacuterbio

Feita a recolha os dados foram organizados em fichas lexicograacuteficas

56

IMAGEM 5 Obra utilizada digitalizada pelo APM

57

331 Fichas lexicograacuteficas

Para sistematizar e analisar os dados elaboramos uma ficha que chamamos de

lexicograacutefica para cada unidade leacutexica selecionada Nesta seccedilatildeo apresentaremos a

constituiccedilatildeo dessa ficha

(Nuacutemero da ficha)

Apresentaccedilatildeo do termo selecionado da obra em formato digital

Apresentaccedilatildeo do termo digitado

______________________________________________________________________

Registro em dicionaacuterios

rarrCunha

rarrBluteau

rarrMoraes e Silva

rarrLaudelino Freire

rarrAureacutelio

Abonaccedilatildeo do termo em Banco de Dados

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Origem

Figura 3 Ficha Lexicograacutefica

a) Do lado esquerdo na parte de cima apresentamos o nuacutemero da ficha lexicograacutefica em

negrito

b) Na primeira divisatildeo da ficha na parte superior destacamos a unidade lexical que seraacute

analisada colando natildeo soacute o termo mas todo o verbete copiado da versatildeo digital da

obra em seguida no lado esquerdo esse verbete eacute digitalizado objetivando desse

modo facilitar a leitura

c) Na segunda parte da ficha destacamos como cada um dos cinco dicionaacuterios consultados

definem o termo Quando isso natildeo ocorre ou seja quando um dos dicionaacuterios natildeo

registra o termo indicamos ldquonerdquo (natildeo-encontrado) no espaccedilo seguinte ao nome do

autor

d) Quando o termo eacute abonado pelo Banco de Dados do Projeto Dicionaacuterio Histoacuterico do

Portuguecircs do Brasil ndash seacuteculos XVI XVII XVIII constituiacutedo por textos da eacutepoca do

Brasil Colocircnia copiamos a abonaccedilatildeo no espaccedilo abaixo da linha pontilhada

e) A uacuteltima parte da ficha eacute composta por comentaacuterios e aponta ainda a origem do termo

Por meio das fichas consultando os autores das obras lexicograacuteficas

correspondentes a periacuteodos diversos podemos visualizar se a unidade lexical em estudo eacute ou

natildeo dicionarizada por um ou mais autores ou por nenhum deles e tambeacutem podemos

conhecer sua origem A ficha aponta ainda se o termo ocorreu ou natildeo no Brasil no periacuteodo

58

colonial Aleacutem de analisar o termo coletado a ficha lexicograacutefica constitui uma boa

ferramenta para nos auxiliar no trabalho de quantificaccedilatildeo e comparaccedilatildeo dos dados

Segue o modelo de uma ficha preenchida

Ficha 43

Calmaria s f (T Naut) Falta de vento

______________________________________________________________________

rarrCunha calma sf bdquogrande calor atmosfeacuterico geralmente sem vento‟ XV bdquoserenidade

sossego‟ 1813 Do it calma derivado do latim tardio cauma e este do grego kauma bdquocalor

ardente chama‟ [] calmaria sf bdquocalma‟ XVI

rarrBluteau Calmaricirca Tanquilidade das aguas do mar Malacia amp Fem Amanheceo o dia

ſeguinte em huma terrivel Calmaria Queirograves Vida do Irmatildeo Baſto pag 351

rarrMoraes e Silva calmaria sf de Naut Tempo de calma no mar em que o navio natildeo surde

ldquoestar o mar em calmariardquo []

rarrLaudelino Freire sf De calma + aria Cessaccedilatildeo do vento e do movimento das ondas

[]

rarrAureacutelio [ De calma + aria] Sf 1 Ausecircncia de ventos eou do movimento das ondas

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq

[] por cinco ou seis dias tivemos grandes calmarias trovoadas e chuveiros tatildeo escuros e

medonhos e tatildeo fortes ventos que era cousa despanto e no meio dia ficavamos numa noite

mui escura

PADRE FERNAtildeO CARDIM (1980) [1583] III - INFORMACcedilAtildeO DA MISSAtildeO DO P

CHRISTOVAtildeO GOUVEcircA AacuteS PARTES DO BRASIL - ANNO DE 83 - OU NARRATIVA

EPISTOLAR DE UMA VIAGEM E MISSAtildeO JESUIacuteTICA[A00_0751 p 142]

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Somente Moraes e Silva define calmaria como termo naacuteutico mas todos os

outros dicionaacuterios em suas definiccedilotildees remetem o significado desse termo a tempo e

atmosfera Origem italiana lt latina

FIGURA 4 Ficha Lexicograacutefica preenchida

Nesta parte de construccedilatildeo das fichas nos apoiamos em dicionaacuterios e banco de

dados tomamos como referecircncia o dizer de Bluteau (1712 v1) quando afirma que

As palavras natildeo significam por sua natureza mas por instituiccedilam dos homens amp

cada Naccedilatildeo assim barbara como polida deu principio amp sentido agraves palavras de

que usa Daqui nace que natildeo temos outra prova da propriedade das palavras que o

uso dellas amp deste uso natildeo hatilde evidencia mais certa amp permanente que a q nos fica

nas obras dos Autores ou manuscritas ou impressas

59

332 Sobre os dicionaacuterios consultados

Para a anaacutelise das unidades leacutexicas coletadas contamos com obras lexicograacuteficas

consideradas de referecircncia a saber

a) Vocabulario Portuguez e Latino de autoria de P Raphael Bluteau (seacuteculo XVIII)

Selecionamos esse dicionaacuterio por ser uma obra que contempla grande parte do leacutexico

da liacutengua portuguesa ateacute iniacutecio do seacuteculo XVIII aumentando e atualizando

aproximadamente em cinco vezes o vocabulaacuterio ateacute entatildeo dicionarizado conforme

destaca Verdelho33

e principalmente por ser reconhecido pelos estudiosos da aacuterea

como uma obra de referecircncia nos estudos lexicograacuteficos de liacutengua portuguesa De

acordo com Murakawa (2007 p173) a obra de Bluteau ldquonatildeo eacute uma obra lexicograacutefica

que trata apenas das palavras mas tambeacutem trata de coisas e por isso deve ser

considerada um dicionaacuterio ou um vocabulaacuterio enciclopeacutedicordquo De acordo com a

mesma autora ldquona maioria das vezes a informaccedilatildeo enciclopeacutedica completa a

informaccedilatildeo linguiacutestica das entradas e neste aspecto o Vocabulario se transforma num

repositoacuterio da cultura portuguesa e tambeacutem da cultura universalrdquo34

Ainda sobre a

importacircncia de termos selecionado essa obra que se organiza em torno de um corpus

real de liacutengua apoiamo-nos dizeres em Murakawa (2007 p 187)

Entre os inuacutemeros e variados meacuteritos que o Vocabulario possui um deles merece ser

ressaltado o iniacutecio de uma lexicografia portuguesa baseada em um corpus de

referecircncia organizado a partir de obras dos seacuteculos XV ao XVIII pertencentes aacutes

mais diversas aacutereas de conhecimento do periacuteodo de setecentos e o registro dessas

obras acompanhando os exemplos no interior dos verbetes indicando volume

paacutegina paraacutegrafo foacutelio e quando existia ateacute mesmo a ediccedilatildeo consultada

A composiccedilatildeo do Vocabulario constituiu um longo e conturbado

empreendimento que ocupou quase 50 anos da vida de Rafael Bluteau Na dedicatoacuteria a D

Joatildeo V Bluteau lembra a necessidade de uma obra que fizesse justiccedila agrave grandeza da liacutengua

portuguesa de Portugal e sobretudo do seu rei ldquoobjectivos que conferem ao Vocabulario

uma dupla funccedilatildeo poliacutetica pois para aleacutem de contribuir para a afirmaccedilatildeo do portuguecircs no

panorama linguiacutestico europeu concorre para a construccedilatildeo da imagem de um monarca

ilustrado e mecenasrdquo35

33

VERDELHO 2002 p 23 34

MURAKAWA 2007 p 186-187 35

SILVESTRE 2001 p 2

60

IMAGEM 6 O Vocabulario de Bluteau

61

b) Diccionario da Liacutengua Portugueza de autoria de Antoacutenio de Moraes Silva (seacuteculo

XIX) Tomando como base o Vocabulaacuterio Portuguez e Latino Moraes constroi seu

dicionaacuterio utilizando-se tambeacutem de obras de vaacuterios autores acrescentando outros

mais que P Raphael Bluteau o que talvez por influecircncia do Tribunal do Santo Ofiacutecio

e ainda pela censura literaacuteria tenham sido deixadas por esse uacuteltimo conforme

destaca Murakawa36

Segundo ainda essa autora37

ldquoo Diccionario de Moraes pode

ser considerado como o primeiro dicionaacuterio de uso da liacutengua portuguesa porque os

que o antecederam natildeo podem ser classificados de tal maneirardquo Nesta pesquisa

utilizamos para consulta o volume digitalizado da ediccedilatildeo de 1813

IMAGEM 7 O Diccionario de Moraes Silva

36

MURAKAWA 2007 p31 37

Op cit p119

62

c) O Grande e Noviacutessimo Dicionaacuterio da Liacutengua Portuguesa de Laudelino Freire

(primeira metade do seacuteculo XX) foi escolhido como obra de referecircncia da primeira

metade do seacuteculo XX por tratar-se de um dicionaacuterio que apresenta grande riqueza

vocabular por incluir muitas locuccedilotildees expressotildees e brasileirismos Laudelino de

Oliveira Freire seu autor nasceu em Lagarto SE em 26 de janeiro de 1873 e faleceu

no Rio de Janeiro RJ em 18 de junho de 1937 Formou-se em Direito em 1902 Foi

advogado jornalista professor poliacutetico criacutetico e filoacutelogo Eleito em 1923 para a

Cadeira n 10 na sucessatildeo de Rui Barbosa como membro da Academia Brasileira de

Letras laacute organizou trabalhos em lexicografia tendo apresentado em 1924 um plano

de dicionaacuterio de liacutengua portuguesa A comissatildeo encarregada desse dicionaacuterio foi

dissolvida em 1934 A obra (1939-1944) eacute publicaccedilatildeo poacutestuma composta em cinco

volumes impressa pela editora A Noite com a colaboraccedilatildeo de J L de Campos Vasco

Lima e Antocircnio Soares Franco Juacutenior

IMAGEM 8 Grande e Noviacutessimo Dicionaacuterio da Liacutengua Portuguesa de Laudelino Freire

d) Novo Dicionaacuterio Aureacutelio da Liacutengua Portuguesa de Aureacutelio Buarque de Holanda

Ferreira (2004) Optamos por essa obra pelo fato de este ser considerado como um

dicionaacuterio padratildeo da sociedade brasileira apresentando um vasto repertoacuterio lexical

incluindo grande nuacutemero de brasileirismos Eacute um dicionaacuterio que embora conte com

limitaccedilotildees apresenta grande nuacutemero de abonaccedilotildees de obras variadas exemplificaccedilotildees

exemplos baseados em linguagem falada e escrita indicaccedilatildeo da variabilidade

linguiacutestica no territoacuterio nacional aleacutem de concisatildeo e clareza nas definiccedilotildees

e) Dicionaacuterio Etimoloacutegico Nova Fronteira da Liacutengua Portuguesa de autoria de Antocircnio

Geraldo da Cunha Consta em nossa ficha esse dicionaacuterio com o objetivo principal

esclarecer a origem dos vocaacutebulos e a dataccedilatildeo aproximada da sua entrada na liacutengua

63

portuguesa Outra finalidade da escolha desse dicionaacuterio foi a de identificar as formas

variantes que tais vocaacutebulos adquiriram ao longo do tempo podendo com isso verificar

se algumas dessas formas coincidiam com aquelas encontradas no nosso corpus

Apoacutes a consulta a essas obras visando constatar se os termos selecionados

encontravam-se ou natildeo presentes nelas observando ainda suas origens e as marcas de uso

passamos posteriormente a consultar o Banco de Dados do Projeto Dicionaacuterio Histoacuterico do

Portuguecircs do Brasil ndash seacuteculos XVI XVII XVIII

333 Sobre o Banco de Dados

O Banco de Dados PDHPB CNPq integra o Projeto Dicionaacuterio Histoacuterico do

Portuguecircs do Brasil ndash seacuteculos XVI XVII XVIII e eacute constituiacutedo por uma base informatizada

que reuacutene textos do portuguecircs do Brasil ou sobre o Brasil colonial dos mais variados gecircneros

escritos por autores brasileiros e portugueses radicados no paiacutes desde o seacuteculo XVI

O Projeto Dicionaacuterio Histoacuterico do Portuguecircs do Brasil ndash seacuteculos XVI XVII XVIII

(DHPB) do Programa Instituto do Milecircnio ndash CNPq com sede na Faculdade de Ciecircncias e

Letras da UNESP (Universidade Estadual Paulista) Campus de Araraquara foi idealizado e

construiacutedo pela linguista Maria Tereza Camargo Biderman e com seu falecimento em 2008

estaacute sendo coordenado pela tambeacutem linguista Clotilde de Almeida Azevedo Murakawa Eacute um

projeto de um dicionaacuterio histoacuterico diacrocircnico portanto documental que tem como objetivos

especiacuteficos

1) reunir numa obra de consulta o leacutexico da liacutengua portuguesa que no periacuteodo do

Brasil Colonial fixou um repertoacuterio lexical que veio a constituir o portuguecircs

brasileiro 2) registrar as unidades lexicais substantivos adjetivos e verbos que

compotildeem a nomenclatura do Dicionaacuterio Histoacuterico 3) extrair dos contextos

inseridos no banco de dados todas as acepccedilotildees que a palavra-entrada ou lema

possui acompanhadas do contexto e de completa informaccedilatildeo bibliograacutefica 4)

registrar a data mais antiga que a entrada apresenta no conjunto de todos os

documentos que compotildeem o banco de dados38

Utilizando dois programas computacionais ndash o Philologic e o UNITEX 20 o

Banco de Dados do DHPB foi construiacutedo no Laboratoacuterio de Lexicografia da UNESP sede do

Projeto estabelecido o ano de 1500 com a carta de Caminha a dataccedilatildeo documental mais

antiga e o ano de 1808 data da chegada da famiacutelia real ao Brasil sua dataccedilatildeo mais perto da

contemporacircnea

38

MURAKAWA 2010 p 331

64

Sobre os textos utilizados eles se constituem os mais variados possiacuteveis

conforme nos aponta Murakawa (2010 p334)

Com relaccedilatildeo agrave tipologia das obras escolhidas haacute que se ressaltar que tendo em vista

os objetivos especiacuteficos do DHPB elas foram as mais variadas possiacuteveis obras dos

missionaacuterios viajantes na sua maioria jesuiacutetas que vieram em missatildeo catequeacutetica e

no Brasil se fixaram diaacuterios de navegaccedilatildeo como o de Pero Lopes de Sousa irmatildeo

de Martim Afonso de Sousa cartas de sesmarias roteiros descritivos da flora e

fauna brasileiras descriccedilotildees geograacuteficas cartas e sermotildees do PeVieira pregados

aqui no Brasil e de outros oradores sacros que para aqui vieram obras e

documentos que tratam do Estado do Gratildeo Paraacute durante a era pombalina obras

sobre a nobiliarquia paulistana atos de cacircmaras municipais documentos cartoriais

autos de devassas feitos durante a Inconfidecircncia Mineira processos inventaacuterios

testamentos alvaraacutes posturas bandos atos de doaccedilotildees de terras casas e terrenos

cartas de ofiacutecio patentes cartas dos governadores gerais provisotildees documentos

forenses constituiccedilotildees dos bispados no Brasil regimentos militares obras sobre

medicina farmaacutecia agricultura etc e muitas outras num conjunto que pode ser

considerado ldquomonumentalrdquo para os fins a que foi proposto

Contando com aproximadamente 7 milhotildees e 500 mil ocorrecircncias esse Banco de

Dados por noacutes consultado permitiu que dele extraiacutessemos as unidades lexicais comuns aos

153 termos constantes no nosso corpus em estudo

A utilizaccedilatildeo do Banco de Dados do Projeto DHPB permitiu que conferiacutessemos se

os termos que compotildeem nosso corpus se encontram contextualizados em textos do periacuteodo

colonial brasileiro e ainda que observaacutessemos suas variaccedilotildees

Depois de explicitarmos as posiccedilotildees teoacutericas adotadas e os meacutetodos e

procedimentos de que lanccedilamos matildeo nesta pesquisa passemos no proacuteximo capiacutetulo agrave

descriccedilatildeo e anaacutelise dos dados catalogados em fichas lexicograacuteficas

65

Capiacutetulo 4

66

Capiacutetulo 4 ndash Apresentaccedilatildeo e Descriccedilatildeo dos Dados

Conforme jaacute relatado no Capiacutetulo 3 para cada um dos 153 termos marcados

como ldquotermo naacuteuticordquo no dicionaacuterio DLB construiacutemos uma ficha lexicograacutefica Essa ficha

nos daacute vaacuterias informaccedilotildees 1) transcreve o verbete selecionado do DLB 2) aponta sua origem

3) mostra se o dado selecionado eacute considerado ldquotermo naacuteuticordquo pelos lexicoacutegrafos a) Bluteau

(seacutec XVIII) b) Moraes e Silva (seacutec XIX) c) Laudelino Freire (seacutec XX) d) Aureacutelio (seacutec

XXI) 4) indica por meio de abonaccedilotildees se o termo em estudo ndash na forma apresentada pelo

dicionaacuterio em anaacutelise ou em suas variantes ortograacuteficas e foneacuteticas ndash consta no Banco de

Dados do Projeto Dicionaacuterio Histoacuterico do Portuguecircs do Brasil ndash seacuteculos XVI XVII XVIII

que reuacutene textos escritos por brasileiros ou sobre o Brasil durante o periacuteodo colonial 5)

realizam-se comentaacuterios com o objetivo de fornecer esclarecimentos para posterior anaacutelise

A seguir listamos essas fichas em ordem alfabeacutetica

A

Ficha 1

[]

rarrAba sf [] No plural (T naut) os lados dos machos e femeas em que gira o leme e que

estatildeo pregados no navio e no leme

________________________________________________________________ rarrCunha aba

1 sf bdquoparte pendente de um objeto‟l XIII abaa XIV l De origem duvidosa

talvez se filie ao lat ălăpa atraveacutes de uma forma ăpăla como se poderia depreender do port

ant abaa []

rarrBluteau Diz-ſe da extremidade ou de algum acrecentamento na extremidade de couſas

naturaes ou artificiaes como em obras de marcenaria carpintaria amp outras []

rarrMoraes e Silva natildeo consta com essa acepccedilatildeo

rarrLaudelino Freire sf [] 4 Os lados de uma cousa as metades as partes laterais as

bandas aba da focirclha da janela etc

rarrAureacutelio [] 3 Prolongamento ger dobraacutevel de tampo de mesa ou de outros moacuteveis []

8Fig Proteccedilatildeo amparo arrimo

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo existem ocorrecircncias de aba como termo

naacuteutico

_______________________________________________________________ Comentaacuterios nenhum dos dicionaacuterios define aba como termo naacuteutico Origem duvidosa

(latina)

67

Ficha 2

Abotoadura sf [] No plur (T naut) As peccedilas de ferro que estatildeo debaixo das mezas e

seguratildeo as enxarcias com suas bigotas Abotucaduras parece ser corrupccedilatildeo deste vocabulo ______________________________________________________________________

rarrCunha abotoado ndashadura -amento -ar rarr BOTAtildeO [] Do a francecircs AbotoADURA

1813 botoadura XIV

rarrBluteau Abotoadugravera (Termo de navio) Satildeo huns ferros que vem debaxo das mezas de

guarniccedilatildeo amp tem matildeo na enxarcia com ſuas bigotas

rarrMoraes e Silva abotoaduacuteras s f pl naut Peccedilas do navio de ferro que vem debaixo das

mezas de guarniccedilatildeo e tem matildeo na enxarcia com suas bigotas

rarrLaudelino Freire sf De abotoar + dura Ato de abotoar []Jocircgo de bototildees que se

tomam no aparelho do navio com linha alcatroada em forma de cruz etc ABOTOADURAS

sf pl O mesmo que abatocadurasABATOCADURAS sf pl De abatocar + dura ndash s Naacuteut

Nome geneacuterico que designa as cadeias chapas e cavilhas que seguram as mesas das enxaacutercias

reais contra o costado do navio Var morf Batocaduras

rarrAureacutelio [De abotoar + -dura] SF Marinh Conjunto de bototildees que ligam dois cabos ou

duas pernadas do mesmo cabo

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo existem ocorrecircncias de abotoadura

abotoaduras abotucaduras abatocaduras como termo naacuteutico

______________________________________________________________________

Comentaacuterios todos os dicionaacuterios consultados apresentam abotuadura(s) como termo

naacuteutico ou da marinha ou de navio Origem francesa

Ficha 3

Abroquelar va cobrir com broquel (T nau) Bracear por sota vento ao virar de bordo

depois de ter dado geito ao braccedilo do velaxo por barlavento

______________________________________________________________________

rarrCunha abroquelar BROQUEL sm bdquoescudo antigo redondo e pequeno‟bru- XVIDo a

francecircs bocler (hoje bouclier) de bocle bdquoguarniccedilatildeo de metal no centro do escudo‟ e este do

latim bŭcŭla dim de bucca bdquoboca‟ AbroquelAR XVII abru- XVI

rarrBluteau natildeo consta

rarrMoraes e Silva ABROQUELAacuteR vat Cobrir com broquel sect __se no f guardar-se

forrar-se emparar-se Arte de furtar p 322

rarrLaudelino Freire ABROQUELAR Naacuteut Bracear por sotavento ao virar de bordo depois

de ter dado jeito ao braccedilo do velacho por barlavento

rarrAureacutelio [De a-2 + broquel + -ar

2] [] 2 Resguardar ou cobrir com broquel ou escudo 3

Fig Proteger defender resguardar escudar []

68

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo existem ocorrecircncias de abroquelar como

termo naacuteutico

______________________________________________________________________

Comentaacuterios somente Laudelino Freire aponta abroquelar como termo naacuteutico Sua

definiccedilatildeo eacute idecircntica agrave do DLB Origem francesa

Ficha 4

[]

Accedilafratildeo sm ndashotildees no plur [] T Naut o largo do leme justo ao couce que serve para

facilitar o movimento delle

______________________________________________________________________

rarrCunha sm bdquoplanta da fam das iridaacuteceas‟ ccedilaffram XIV Do aacuterabe az-zafaran rarrBluteau AacuteCAFRAM [] do Arabico Zabafaran[] Accedilafratildeo (Termo de naacutevio) He o

largo do leme junto agrave patelha amp ſerve para facilitar o movimento do meſmo leme

rarrMoraes e Silva ACcedilAFRAtildeO sm t naut O largo do leme junto agrave patelha o qual serve

para facilitar o seu movimento

rarrLaudelino Freire ACcedilAFRAtildeO sm Aacuter Azzaferan Planta bulbosa da famiacutelia das iridaacuteceas

(Crocus sativus) Naacuteut Madeira exterior larga junto a palhecircta do leme ao qual facilita os

movimentos

rarrAureacutelio accedilafratildeo [Do aacuter az-zalsquofarăn do persa] Sm Bot Planta herbaacutecea da famiacutelia das

iridaacuteceas (Crocus sativus) de procedecircncia europeia e possuidora de um bolbo perene 2 Bot

A flor dessa planta accedilaflor 3 Bras V urucu1 (2)

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo apresenta ocorrecircncia para accedilafratildeo como

termo naacuteutico

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Aureacutelio e Cunha soacute definem accedilafratildeo como nome de planta Os outros

dicionaacuterios apontam accedilafratildeo como 1) nome de planta 2) termo naacuteutico Origem aacuterabe

Ficha 5

Agarruchar va (T naut) atar com garruchas

______________________________________________________________________

rarrCunha Garrocha gt garra ceacuteltico

rarrBluteau AGARROCHAR Ferir com garrocha Jaculo figere transfigegravere transverberare

Vid Garrocha

rarrMoraes e Silva AGARRUCHAR v at Naut Apertar atar com garruchas [] mesuraratildeo

as velas e agarruchaacuteratildeo os papafigos

rarrLaudelino Freire AGARROCHAR v tr dir De a + garrocha + ar Ferir com garrocha

farpear Instigar excitar incitar estimular AGARRUCHADO adj p p de agarruchar1

Naacuteut Apertado com garruchas AGARRUCHAR [] Ant Naacuteut Atar ou apertar com

garruchas

rarrAureacutelio agarruchar [De a-2+ garrocha + -ar

2 ] V td 1 Apertar ou atar com garrucha (2)

[Cf agarrochar e agarrunchar] agarrochar [De a-2

+ garrocha + -ar2

] Vtd 1 Ferir ou

picar com garrocha garrochar 2 Incitar estimular 3 Atormentar mortificar []

agarrunchar [] Vtd Ligar com garruncho []

69

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo apresenta ocorrecircncia para agarruchar

como termo naacuteutico

_____________________________________________________________________

Comentaacuterios Moraes e Silva e Laudelino Freire apontam agarruchar como termo naacuteutico

Origem duvidosa (ceacuteltico)

Ficha 6

Alcaxas sf (T naut) Espaccedilo entre cinta e cinta do navio

______________________________________________________________________

rarrCunha natildeo consta

rarrBluteau T de navio He tomado o vatildeo entre cinta amp cinta da banda de fora da nao

rarrMoraes e Silva sf pl t naut O vatildeo entre cinta e cinta pelo costado do navio

rarrLaudelino Freire ALCAXAS sf O mesmo que alcaichaALCAIXA Naacuteut 1 Espaccedilo

entre as cintas e verdugas por fora dos navios 2 Faixa branca pintada na altura da bateria

pela parte exterior 3 Uma ou mais ordens de debrum branco no colarinho das camisas dos

marinheiros

rarrAureacutelio natildeo constam os lemas alcaicha alcaxa alcaixa alcaxas

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo apresenta o termo alcaxas e suas

variantes

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Bluteau Moraes e Laudelino apresentam alcaxas como termo naacuteutico

Origem controvertida (Houaiss 2001)

Ficha 7

Aldrope sm (T nautico) cabo que se ata agrave manga da bomba V Gualdrope

Gualdrope sm Cabo que se ata no extremo da cana do leme e nas amuradas para o governar

melhor

______________________________________________________________________

rarrCunha aldrope- sm bdquocabo com que se puxa a picota da bomba a bordo ou se auxilia o

governo do leme‟l aldrope XVI gualdrope XVIII l Do ing guide-rope provavelmente

rarrBluteau ALDROPE (Termo de navio) Vid Gualdrope Sem largarem os Aldropes das

bombas das matildeos de dia nem de noite

rarrMoraes e Silva ALDROacutePE sm Cabo que se ata aacute manga da bomba para augmentar a

forccedila ou para poderem zonchar mais pessoas Couto 415sect Talvez se toma poacutelo manuacutebrio ou

manga e seraacute o mesmo que Gualdrope cabo que se ata ao leme para o segurar melhor e

governa-lo Idem 7103

rarrLaudelino Freire ALDROPE sm O mesmo que galdropeGaldrope sm Naacuteut Cabo

com que se puxa a picota da bomba a bordo ou se auxilia o governo do leme

rarrAureacutelio aldrope- (Galdrope [Do ing guide rope]) Sm Constr Nav Ant V gualdrope

Gualdrope [Var De galdrope lt ingl guide-rope] Sm Const Nav 1 Corrente cadeia ou

cabo de arame que transmite agrave cana do leme os movimentos da roda do leme [] 2 Nas

embarcaccedilotildees miuacutedas cada um dos cabos presos agraves duas pontas da meia-lua do leme para

manobra deste

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo constam aldrope e suas variantes

______________________________________________________________________

70

Comentaacuterios Em todas as obras consultadas aldrope e gualdrope satildeo termos ligados a arte

de navegaccedilatildeo Origem inglesa

Ficha 8

Alestar va Por lesto Ter prestes ccedilafar entre os naacuteuticos

______________________________________________________________________

rarrCunha alestar natildeo consta Lesto de origem obscura

rarrBluteau LESTO O meſmo que leſtes Vid No ſeu lugar (De maneira que ficou leſto o

navio Britto Viagem do Braſil pag 85) LESTES amp preſtes Preparado poſto em ordem

couſa prompta para algum fim Paratus a um Cic Vid Preſtes

rarrMoraes e Silva ALEacuteSTAR vat fazer lesto desembaraccedilar Amaral f51v mandou alestar

as peccedilas do leme que vinhatildeo recolhidas ieacute ter prestes safar se natildeo eacute erro por assestar

rarrLaudelino Freire ALESTAR vrv De a + lesto + ar Tornar lesto pronto ou

desembaraccedilado (tr dir pr) ldquoAlestar os empregadosrdquo ldquoMinerva o enrija e alestardquo (Odorico

Mendes) ldquoAleste-se

rarrAureacutelio ALESTAR [De a-2 + lesto + -ar

2] []1 Tornar(-se) lesto apressar(-se) ativar(-

se)

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq

Cinco dias se deteve a caravela em Cabo-Verde os quaes acabados levou ferro e se pocircz

lesta a seguir viagem aos 26 do mesmo Dezembro []

PADRE JOSEacute DE MORAES (1860) [1759] LIVRO III - ENTRADA DA COMPANHIA DE

JESUS NA CAPITANIA DO GRAtildeO-PARAacute - CAP X - FELIZ VIAGEM PARA A MISSAtildeO DO

MARANHAtildeO DO GRANDE PADRE ANTONIO VIEIRA GRANDE EMBARACcedilO QUE TEVE

ANTES DA SUA PARTIDA PODERES E MERCEcircS COM QUE O DESPEDIO O PIISSIMO E

SEMPRE AUGUSTO REI O SR D JOAtildeO IV [A00_0279 p 281]

______________________________________________________________________

Comentaacuterios nenhum dos dicionaristas apontam alestar como termo naacuteutico embora

Bluteau e Moraes apresentem abonaccedilotildees indicando que esse lexema remete ao universo

mariacutetimo Origem obscura

Ficha 9

[]

Alforge sm [] Alforges no Navio he a parte da poppa nos encontros e a reacute com humas

janellas para os lados que lhe servem de ornato

______________________________________________________________________

rarrCunha alforje sm ldquoduplo saco fechado nos extremos e aberto no meio‟ 1899 alforge

XVI alforja 1871 l Do ar Al- hurğ

rarrBluteau ALFORGE ou Alforges he huma eſpecie de ſacola de couro ou de outra mateacuteria

dividida em duas algibeiras em que ſe mete alguma proviſaotilde neceſſaria para a jornada amp nas

beſtas ſe potildeem nas ancas ou de huma amp outra parte do arccedilaotilde da ſella amp na gente de pegrave ſe

carrega nos ombros co hua parte ao peito amp outra agraves coſtas Derivaſe Alforge do Araacutebico

Ahfodia amp do verbo Ahfad que valo meſmo que guardar porque no Alforge guarda o

viandante o que leva para o ſeu ſuſtento []

rarrMoraes e Silva Apresenta alforje mas natildeo como termo naacuteutico

71

rarrLaudelino Freire ALFORJE sm Ar Al-khurj [] ALFORJES s m pl Naacuteut Saliecircncias

nos dois cantos da pocircpa

rarrAureacutelio alforge ou alforje- s m [Do aacuter al-hurğ] 1 Duplo saco fechado nas extremidades

e aberto no meio formando como que dois bornais que se enchem equilibradamente sendo a

carga transportada no lombo de cavalgaduras ou ao ombro de pessoas []

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo apresenta ocorrecircncias para alforje alforge

como termo naacuteutico

______________________________________________________________________

Comentaacuterios dentre os dicionaristas consultados somente Laudelino Freire aponta alforjes

(na forma plural) como termo naacuteutico Origem aacuterabe

Ficha 10

Almeida sm (T naut) O vatildeo por onde entra a cana do leme acima do cadaste

______________________________________________________________________

rarrCunha almeida sf bdquoabertura por onde entra a cana do leme‟ XVI De origem controvertida

rarrBluteau Almeida do leme ou almeida da nao He por onde entra a cana do leme por cima

do cadaſte Naotilde ſei que tenha nome proprio latino Calcule pella Almeida da nao abaixo em

bergantim Barros Decad 2 fol68 col2

rarrMoraes e Silva ALMEIDA sft de Naut O vatildeo por onde entra a cana do leme por cima

do cadaste A almeida do leme Barros

rarrLaudelino Freire ALMEIDA s f Ar Almayda Naacuteut Abertura ou vatildeo por onde entra a

cana do leme acima do cadaste parte cocircncava da popa do navio

rarr Aureacutelioalmeida S f Constr Nav 1 Parte curva do costado dos antigos navios de popa

quadrada logo abaixo do painel da popa e que com este forma acircngulo obtuso ou uma

curvatura

rarr Banco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo apresenta ocorrecircncias para almeida como

termo naacuteutico

______________________________________________________________________

Comentaacuterios todas as obras indicam almeida como termo naacuteutico Origem aacuterabe (Sousa

amp Moura)

Ficha 11

Amura sf (T naut) cabo grosso que prende nos punhos das vegravelas e se fixatildeo na amurada

______________________________________________________________________

rarrCunha muro sm Amura sf bdquotipo de cabo naacuteutico‟ XVI Der Regress De amurada

rarrBluteau Amugravera Termo de navio He hum cabo groſſo que vai do punho da vela grande amp

do traquete a borda da nao para eſtender as velas quando o vento he eſcaſſo Naotilde tem palavra

propria latina

rarrMoraes e Silva AMURA s f t naut A quadra de proa nas embarcaccedilotildees Cast 2 c 101 sect

it Cabo que prende em uma ponta da vela grande e a vem fixar na borda ou amurada da naacuteo

rarrLaudelino AMURA s f Cabo com que se mareiam os papafigos e as velas menores

cutelos e varredouras 2 Quadra da proa

rarrAureacutelio amura [Der regress de amurada] S f 1 Constr Nav Bochecha (3) 2Marinh

Cabo com que se puxa para vante o punho de barlavento de uma vela redonda de modo que

ela receba bem o vento 3 MarinhCabo com que se prende ao mastro ou na direccedilatildeo da proa

o punho da amura de uma vela latina

72

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo conteacutem o termo amura Origem

portuguesa lt latina

Ficha 12

Amurada s f (T naut) A parte exterior e interior do navio onde se fixatildeo as amuras

______________________________________________________________________

rarrCunha amura -ada ndash MURO sm bdquoparede forte que circunda um recinto ou separa um

lugar do outro‟ fig defesa proteccedilatildeo XIII Do latim murus ndashi Amura sf 1tipo de cabo

naacuteutico‟ XVI Der Regress de AmurADA sf 1face interna do costado de uma embarcaccedilatildeo‟

XVI []

rarrBluteau AMURADAS da nao caravela ou outra Embarcaccedilaotilde Saotilde mais altos da parte de

dentro Latera navis interiora Nas Amuradas das caravellas Damiaotilde de Goes Fol 70 col 3

rarrMoraes e Silva AMURAacuteDA s f A parte mais alta dos bordos da natildeo onde se fixatildeo as

amuras Goacutees Cron Man 70 sect O costado do navio pola parte de dentro ldquo encostar-se nas

amuradasrdquo correu o canhatildeo contra a amurada de bombordordquo

rarrLaudelino Freire AMURADA s f De amura + ada Prolongamento do costado do navio

acima da parede interna do casco

rarr Aureacutelio [F subst de amurado]S f 1 Constr Nav Face interna do costado de uma

embarcaccedilatildeo2 Constr Nav Prolongamento do costado da embarcaccedilatildeo acima do conveacutes

descoberto borda da embarcaccedilatildeo 3 P ext Muro de arrimo paredatildeo

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq

Muito conʃiderada ʃeragrave a eleiccedilatildeo dos Cabos para aʃsiʃtir agrave polvora trazer cartuxos apagar

fogo cudado da artelharia do arpeo amp ronda das amuradas com lenternas em vigia das

balas ao lume da agoa para as tomarem por dentro

FRANCISCO DE BRITO FREYRE (1655) [1655] SENHOR () [A00_2496 p 61]

______________________________________________________________________

Comentaacuterios todas as obras consultadas apresentam amurada ou amuradas como termo

naacuteutico Origem portuguesa lt latina

Ficha 13

Anrique sm (T naut) Corda em que a boia se prende aacute ancora

______________________________________________________________________

rarrCunha consta ourinque sm bdquoespeacutecie de espinhel‟ l XVI ourinquis pl XV l O voc port

talvez se relacione com o cast orinque o a cat orri e o fr orin todos derivados do neerl

ooring bdquoanel que sutenta o cabo das embarcaccedilotildees‟

rarrBluteau ANRIQUE da Anchora He huma corda que ſe amarra na unha da Anchora amp

vem acima da agoa amp na ponta ſe lhe potildeem huma boya Serve paraq cortandoſe a amarra

com que a nagraveo eſta amarrada ſe vacirc depois buſcar a Ancora Naotilde tem palavra proacutepria latina Na

Historia de Fern Mendes Pinto fol 262 col2 eſta erradamente Ourique em lugar de

Anrique

rarrMoraes e Silva ANRIacuteQUE s m t de Naut Corda com que se prende a boya aacute unha da

ancora

rarrLaudelino Freire ANRIQUE s m Corda com que se prende a boacuteia agrave unha da acircncora

rarrAureacutelio arinque1 [Var de ourinque (q v)]Sm Marinh1Linha que prende o ferro a uma

boacuteia para indicar a posiccedilatildeo daquele quando se encontra fundeado ourinque anrique arinque2

S m Bras SC 1 Espeacutecie de espinhel

73

rarr Banco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo conteacutem o termo anrique

______________________________________________________________________

Comentaacuterios todos os dicionaacuterios apresentam anrique como termo naacuteutico Origem

castelhana (orinque) lt neerlandesa (ooring)

Ficha 14

Arfar va (T Naut) Metter o navio hora a proa hora a poppa

______________________________________________________________________

rarrCunha arfar vb bdquorespirar com dificuldade ansiar ofegar‟ XVI Talvez do lat vulg

arefāre (claacutess arefacegravere bdquosecar‟) arfANTE 1899

rarrBluteau ARFAR (Termo Nautico) Arfar a naacuteo Levantar a naacuteo com alternadas agitaccediloens

a popa amp a proa Arfa a nao [] A grande capitania que recebe Com aproa ogroſſo mar que

Arfando (bebePereira Ulyſſca Cant 5 oit 16Arfar []

rarrMoraes e Silva ARFAR v n Balancear erguendo-se e tombando ou pendendo a naacuteo

Euf 25 B 3 7 sect Arfar o cavalo empinar-se por-se em femeas sect fig Restituir-se a cima a

coisa elastica acurvada v g as tranccedilas da palmeira arfatildeo com algum peso

rarrLaudelino Freire ARFAR v r v Naacuteut Balancear ou oscilar o navio abaixando ora a

popa ora a proa jogar (intr) ldquoNo oceano arfam trecircs caravelasrdquo (Pocircrto Alegre) ldquoQue importa

a borrasca se a nau tem a prende-la os rijos dentes de ferro da acircncora

rarrAureacutelio arfar [Do lat vulg arefare ltlat arefacere secar poss] [] 4Mar Balouccedilar

oscilar (a embarcaccedilatildeo) no sentido longitudinal erguendo a proa []

rarr Banco de dados do Projeto DHPBCNPq

As naus entre montanhas de mar ainda quando arfavam mal se viam

JOSEacute ALVARES DE OLIVEIRA (1981) [nd] HISTOacuteRIA DO DISTRITO DO RIO DAS

MORTES SUA DESCRICcedilAtildeO DESCOBRIMENTO DAS SUAS MINAS CASOS NELE

ACONTECIDOS ENTRE PAULISTAS E EMBOABAS E CRIACcedilAtildeO DAS SUAS

VILAS[A00_0395p95]

______________________________________________________________________

Comentaacuterios todos os dicionaacuterios apresentam arfar tambeacutem como termo naacuteutico

Origem duvidosa (latim vulgar)

Ficha 15

Arriar v a (T Naacuteutico) Abaixar ou alargar a vela a bandeira etc

____________________________________________________________________

rarrCunha arriar vb bdquoabaixar descer ( o que estava suspenso ou levantado)‟ XVI Do cast

arriar deriv Do lat arrēdāre ldquopreparar dispor‟ Cp ARREAR

rarrBluteau ARRIAR ou Arrear (Termo Nautico) Alargar abater amp Arriar a eſcota He

alargar a ditta corda paraque naotilde tome a vela tanto vento Verjoriam laxare Arrias velas V

Amainar O que eſtiver de ſotavento Arrie o velacho Britto Viagem do Brazil pag 268

Arriar a bandeira Abaxalla Bellicum vexilium demittere (mitto ) pondolhe a proa com

a bandeira que Arriaracirc amp iſſaracirc com eſpaccedilo Britto Viagem do Braſil paacuteg 269

rarrMoraes e Silva ARRIAacuteR v at Abater amainar vg arriar as bandeiras velassect

Afroixar vg arriar as escotas para que a veacutela natildeo vaacute tatildeo enfunada sect Arriar-se segurar-se a

cabo para se alar para algum posto Cast 2 157

rarrLaudelino Freire ARRIAR vr 2ordf- Arriar eacute abaixar e em sua origem tecircrmo naacuteutico

Arriar a vela ( ad-retro ad-retrare cf francecircs cognato arriegravere)

74

rarrAureacutelioarriar [Do cat arriar] Verbo transitivo direto1Abaixar descer (o que estava

suspenso ou levantado) [] 4Marinh Deixar correr pouco a pouco (um cabo que aguenta um

peso)

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq

O que deʃcubrir vellas amp natildeo forem das noʃʃas tiraragrave hũa peʃʃa ʃeguindo-as com o farol aʃezo

para o acompanharem os mais Se as eʃtrangeiras paʃʃarem de duas tantas vezes como forem

as embarcaccedilotildees iʃʃaragrave amp arriaragrave hum farol de correr junto ao principal para advertirʃe que

eʃte movimento natildeo he do mar amp deʃparando hũa peʃʃa a Capitana volte aviʃala

FRACISCO DE BRITO FREYRE (1655) [1655] SENHOR [A00_2496 p 59]

______________________________________________________________________

Comentaacuterios todos os dicionaacuterio apesentam arriar entre outras acepccedilotildees como termo do

universo mariacutetimo acima consultados Origem castelhana

Ficha 16

[]

Arruella sf [] (T Nautico) Argolinhas de ferro

_____________________________________________________________________

rarrCunha arruela sf bdquochapa com furo circular pelo qual se introduz o parafuso a fim de que a

porca natildeo desgaste a peccedila que vai ser aparafusada‟ XV rroela XIV Do ant fr roelle (hoje

rouelle) deriv Do lat tard rotella dim De rǒta bdquoroda‟

rarrBluteau ARRUELAS Arruelas (Termo de Navio) Saotilde humas argolinhas de ferro que ſe

metem nas cavilhas ate ajuſtar o buraco para ſe lhe meter a chaveta Naotilde tem termo proprio

Latino

rarrMoraes e Silva (arrueacutella) [] t de Naut Arruellas satildeo argolinhas de ferro que se mettem

na cavilha ate ajustar o buraco para se lhe metter a chaveta aninas lhe chamatildeo nos engenhos

d‟assucar

rarrLaudelino Freire ARRUELA sf Fr Ant roele Circunferecircncia em forma de moeda em

escudos heraacuteldicos 3 Pedaccedilo redondo de prata que se obteacutem vazando a prata fundida no

tijolo 4 Chapa de ferro na ponta da cavilha 5 Arco de ferro para apertar ou reforccedilar

usado em construccedilotildees navais

rarrAureacutelio arruela [De ar-4 + ruela

2] sf 1Chapa redonda de accedilo com furo circular na qual

se mete o parafuso a fim de que a porca natildeo desgaste a peccedila que vai ser aparafusada 2Heraacuteld

Besante de brasatildeo roel 3Pedaccedilo de prata lavrado em tijolo

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq

As aſpas da Roda larga amp grande ſuſtentaotilde aos arcos o

interior da meſma Roda entre os dous arcos della aſſegurados cotilde muitas cavilhas de ferro amp

com ſuas arruellas amp chavetas meti

ſuas voltas ſegura

ANDREacute JOAtildeO ANTONIL (1711) [1711] LIVRO II - CAPITVLO I - DA EſCOLHA DA

TERRA PARA PLANTAR CANNAS DE AſſUCAR amp PARA OS MANTIMENTOS

NECEſſARIOS amp PROVIMENTO DO ENGENHO [A00_2577 P 48]

______________________________________________________________________

Comentaacuterios de todos os dicionaacuterios acima consultados soacute o Aureacutelio natildeo apresenta arruela

como termo naacuteutico Origem francesa

75

Ficha 17

Avencadura ou Ovencadura (T naut) Enxarcia real

______________________________________________________________________

rarrCunha Natildeo constam avencadura e ovencadura Consta oveacutem sm bdquo(Marinh) cordas

grossas de navio‟ 1813 Do a fr hobent (ou hobenc) deriv do escandinavo ant houmlfuđbendur

(pl de houmlfuđbenda) de benda bdquocorda‟ e houmlfuđ bdquocabeccedila‟

rarrBluteau AVENCADURA Avenccediladugravera (Termo de Marinhagem) Chamaotilde-lhe outros

Enxarcia Real Vid Ovencadura Qual voltando pela Avencadura Na antena mayor contra a

procella A vela grande quer ver amainada Inful De Man Thomas livro 2 oit 86

rarrMoraes e Silva AVENCADURA V Ovencadura Enxarcia real T de Naut

OVENCADUacuteRA (ovencaduacutera) s f t de Naut A enxarcia real o feixe ou totalidade dos

ovens OVEacuteM (oveacutem) s m t de Naut Nome commum a todo cabo que serve de ter matildeo nos

mastros descendo das gargantas dlsquoelles ate aacutes mesas de guarniccedilatildeo

rarrLaudelino Freire AVENCADURA s f Ant O mesmo que ovencadura

OVENCADURA s f Naacuteut Conjunto de oveacutens a enxarcia real OVEacuteM s m Antfr hauban

Naacuteut Cada um dos cabos que aguentam os mastros para a borda

rarrAureacutelio natildeo constam avencadura e ovencadura Consta oveacutem Oveacutem [Do escand ant

houmlfudbendur pelo fr ant hobent ou hobene] Substantivo masculino 1Constr Nav Cada

uma das pernadas da enxaacutercia Desarmam o toldo de lona agrave proa [] colhem os guardins as

enxaacutercias os oveacutens os brandais todo o cordame em suma capaz de ser tocado pela ramaria

do arvoredo debruccedilado na calha (Raimundo Moraes Na Planiacutecie Amazocircnica p 77)

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq

Que experimentamos jaacute quando noutra jornada do Braſil padecernos nelle hum horrivel

naufragio De preſente pela forccedila com que jugava ſurto na Ilha da Madeira abrio o calcegraves

por duas partes rebentando o eſtay mayor amp muita avencadura

FRANCISCO DE BRITO FREYRE (1655) [1655] SENHOR [A00_2496 p 14]

______________________________________________________________________

Comentaacuterios de todos os dicionaacuterios acima consultados soacute o Aureacutelio natildeo apresenta

avencadura ovencadura Os outros apresentam esse lexema como termo naacuteutico Origem

francesa

B Ficha 18

Banzeiro adj (T Naut) Diz-se do mar quando natildeo faz grandes ondas e do jogo que anda

igual para os parceiros

______________________________________________________________________

rarrCunha banzar bdquoespantar pasmar surpreender‟ 1813 Do lat bilanceare de bilancia

bdquobalanccedila‟ Do significado primitivo de bdquooscilar mover-se como balanccedila‟ passaria ao de

ondear‟ de que resultaria o de bdquoficar estonteado‟ [] banzeiro XVI

rarrBluteau BANZEIRO Inquieto Mal ſeguro Mar banzeiro nem quieto nem tormentoſo

[] Mas como o mar com a calamaria andave Banzeiro Barros I Decfol27colI []

rarrMoraes e Silva BANZEgraveIRO adj t de Naut Diz-se do mar que natildeo tem ondas mas que se

agita vagarosamente []

76

rarrLaudelino Freire banzeiro adj Diz-se do mar quando faz pequenas ondas e se agita

vagarosamente []

rarrAureacutelio Adjetivo 1 Diz-se do mar que se agita vagarosamente e em pequenas ondas []

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq

Os mesmos remos padeceratildeo tantas falhas no seu exerciacutecio quantas forem as inconstacircncias

assim no mar como dos navios inquietos e inclinados jaacute para um e para outro lado nos

mares banzeiros e muito mais nos alterados e assim muitas e muitas vezes natildeo chegaratildeo a

aacutegoa e circularatildeo em seco apontando os ares mas natildeo virando os mares

PADRE JOAtildeO DANIEL (1976) [1757] PARTE SEXTA - DO TESOURO DESCUBERTO NO

RIO MAXIMO AMAZONAS - CONTEacuteM INVENTOS UacuteTEIS E CURIOSOS PARA A MELHOR

FAZENDO NAVEGACcedilAtildeO PROacuteSPEROS TODOS OS VENTOS AINDA OS MAIS

PONTEIROS E CONTRAacuteRIOS E PARA FAZER NAS CALMARIAS BOA VIAGEM COM

NOVA INVENCcedilAtildeO DE REPRESAR AS MAREacuteS PARA MOEREM FAacuteBRICAS E INGENHOS

DE MOTO CONTIacuteNUO ACCRESCEM ALGUMAS OUTRAS IDEacuteAS DE INGENHOS

MANUAES PARA SERRAR MADEIRA FAZER ACcedilUacuteCAR E MUITOS OUTROS NAtildeO

MENOS CURIOSOS QUE UacuteTEIS A VIDA HUMANA - CAP 2deg - SOBRE A MESMA

MATEacuteRIA DO PRIMEIRO INVENTO [A00_1965 p 393]

______________________________________________________________________

Comentaacuterios todos os dicionaacuterio apesentam banzeiro entre outras acepccedilotildees como termo do

universo mariacutetimo Origem portuguesa lt latina

Ficha 19

Barbear va Fazer as barbas a algueacutem vn (T Naut) Estar prezo

______________________________________________________________________

rarrCunha barba ndash sf bdquocabelos do rosto do homem‟ XIII Do lat barba ndashae []

rarrBluteau BARBEAR Fazer a barba Cic Barbear (Termo Nautico) Barbeando os navios

ſobre as amarras trinta amp outo dias Britto Viagem do Braſil pag 180

rarrMoraes e Silva BARBEacuteAR vat Fazer as barbas a alguemsect vnt de Naut estar

abarbado preso vg barbeando os navios sobre a amarra Brito Viag

rarrLaudelino Freire BARBEAR vrv De barba + ear Fazer ou talhar as barbas a (tr dir

pr) [] 2 Abarbar (o cavalo) para medir a alccedilada (tr dir) [] 3Amarrar (tr dir)

rarr Aureacutelio barbear [De barba + -ear2] Verbo transitivo direto 1Fazer a barba a Verbo

pronominal2Fazer a proacutepria barba []

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq

Depois que com ſingular felicidade eſtiveratildeo ſem nenhum dano tantos navios barbeando

ſobre a amarra trinta amp oito dias no perigoſo ſurgidouro da Coſta do Recife aacute terccedila feira da

Semana Santa onze de Abril principiamos noſſa derrota

FRACISCO DE BRITO FREYRE (1655) [1655] SENHOR () [A00_2496 p 36]

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Bluteau e Moraes e Silva apresentam barbear como termo naacuteutico

significando ldquoprender estar presordquo Na 3ordf acepccedilatildeo desse verbo Laudelino Freire define-o

como amarrar mas natildeo o classifica como termo naacuteutico Origem portuguesa lt latina

77

Ficha 20

Barcolas sf plur (T Naut) As bordas onde encaixatildeo os quarteis de fechar as escotilhas

______________________________________________________________________

rarrCunha barc∙ o -ola rarr BARCA - bdquotipo de embarcaccedilatildeo‟ XIII Do lat tard barca de

origem hispacircnica [] barcOLA 1899

rarrBluteau BARCOLAS Barcocirclas (Termo de navio) Saotilde humas bordas mais altas em que

encaxatildeo os quarteis com que ſe cobrem as eſcotilhas amp deſpois ſe paſſa hum varatildeo ou cadeu

de ferro em que ficaotilde fechadas Naotilde temos palavras propria Latina

rarrMoraes e Silva BARCOacuteLAS (barcoacutelas) s f plur T de Naut As bordas onde encaxatildeo os

quarteis de fechar as escoltilhas

rarrLaudelino Freire BARCOLAS sf pl Naacuteut Bordas em que se encaixam os quarteacuteis de

fechar as escotilhas

rarrAureacutelio natildeo consta

rarr Banco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Aureacutelio natildeo apresenta o lexema barcola Em todos os outros dicionaacuterios esse

lexema eacute apresentado como termo naacuteutico Origem hispacircnica lt latina

Ficha 21

Barquilha sf Peccedila atada a hum cordel comprido com que os navegantes medem o espaccedilo

que o navio vence com certo vento

______________________________________________________________________

rarrCunha barca ndash do latim tardio barca de origem hispacircnica

rarrBluteau natildeo consta barquilha mas barquinha ndash [] He como um barco de pescar ordinario

mas com quilha alta amp torre por baixo que vem de proa ateacute popa amp os furos por onde vai a

corda com facilidade []

rarrMoraes e Silva BARQUIacuteLHA (barquiacutelha) s f t Naut Peccedila de madeira da feiccedilatildeo de um

quarto de circulo atada a um longo cordel a qual se lanccedila por popa e dando-se-lhe corda por

tempo medido pela ampolheta se recolhe para saber-se o espaccedilo que o navio vinga com certo

vento em certo tempo e isto pouco mais ou menos outros dizem barquinha

rarrLaudelino Freire BARQUILHA s f De barca + ilha Mar Peccedila de madeira de forma

triangular ou dum quadrante precircsa a um cordel que se lanccedila da pocircpa dum navio para avaliar a

velocidade da sua marcha barquinha

rarrAureacutelio natildeo consta barquilha consta barquinha ndash [Dim de barca] Substantivo

feminino[] 4Ant Naacuteut Dispositivo com que na eacutepoca dos descobrimentos mariacutetimos do

seacutec XV se determinava a velocidade do navio

rarr Banco de dados do Projeto DHPBCNPq

A praacutetica que usam os navegantes sobre a navegaccedilatildeo de Leste a Oeste eacute ordinariamente a

que chamam barquinha que eacute uma taboinha no fim de um comprido cordatildeo enrodilhado em

um rodiacutezio a qual taboinha largam sobre o mar da popa abaixo tendo na matildeo uma

ampulheta e segundo a velocidade com que o peso da barquinha levada das aacutegoas

desenrola o cordel do seu rodiacutezio inferem a velocidade ou andadura do navio para o que o

cordel tem sua conta que regulam pela ampulheta e dela foram seus caacutelculos e destes suas

ideacuteas de quanto anda em cada minuto em cada quarto em cada hora e em cada sangradura

78

Quatildeo sujeita seja a erros esta barquinha se pode logo inferir do seu cocircmputo e caacutelculo que

natildeo eacute outra cousa mais que uma conjectura ou estimativa tatildeo irregular e diversa como a

diversidade dos pilotos e navegantes

PADRE JOAtildeO DANIEL (1976) [1757] PARTE SEXTA - DO TESOURO DESCUBERTO NO

RIO MAXIMO AMAZONAS - CONTEacuteM INVENTOS UacuteTEIS E CURIOSOS PARA A MELHOR

FAZENDO NAVEGACcedilAtildeO PROacuteSPEROS TODOS OS VENTOS AINDA OS MAIS

PONTEIROS E CONTRAacuteRIOS E PARA FAZER NAS CALMARIAS BOA VIAGEM COM

NOVA INVENCcedilAtildeO DE REPRESAR AS MAREacuteS PARA MOEREM FAacuteBRICAS E INGENHOS

DE MOTO CONTIacuteNUO ACCRESCEM ALGUMAS OUTRAS IDEacuteAS DE INGENHOS

MANUAES PARA SERRAR MADEIRA FAZER ACcedilUacuteCAR E MUITOS OUTROS NAtildeO

MENOS CURIOSOS QUE UacuteTEIS A VIDA HUMANA - CAP 4deg - DE ALGUAS OUTRAS

ADVERTEcircNCIAS SOBRE A NAVEGACcedilAtildeO [A00_1967]

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Moraes e Silva e Laudelino Freire classificam barquilha como termo naacuteutico

Aureacutelio na 4ordf acepccedilatildeo para o lexema barquinha apresenta esse termo como naacuteutico

indicando ainda ser termo antigo No Banco de Dados consultado soacute encontramos a variante

barquinha Origem hispacircnica lt latina

Ficha 22

Bastardo sm Nome de huma uva Moeda que houve na Iacutendia de 10 soldos [T Nautico]

Cabo que se mette por meio das lebres e coccedilonros para atracar as vergas aos mastros

______________________________________________________________________

rarrCunha bastardo adj sm bdquoque nasceu fora do matrimocircnio‟ bdquodegenerado da espeacutecie a que

pertence‟ XIV Do a fr bastard hoje bacirctard [] AbastardAR vb bdquoalterar corromper‟ 1813

rarrBluteau Baſtardos (Termo de navio) Satildeo huns cabos que ſe metem pello meyo das lebres

amp coccedilouros com que ſe atra Atraccedilatildeo as vergas aos mattos [] Ficou a Galeacute Pheniz fem

Baſtardo Malaca conquiſt livro 1oit32

rarrMoraes e Silva BASTAacuteRDO (bastaacuterdo) s m [] Bastardos t de Naut Cabos que se

mettem por meyo das lebres e coccedilouros com que se atraccedilaotilde as vergas aos mastrossect Parece

ser veacutela que se mettia nas galeacutes quando queriaotilde fazer forccedila de veacutela B 4 107 e mettendo os

bastardos por o alcanccedilar

rarrLaudelino Freire BASTARDO adj Fr bacirctard [] 3 Cabo naacuteutico de atracar vecircrgas nos

mastros 4 Naacuteut Vela triangular de pequenas embarcaccedilotildees

rarrAureacutelio bastardo [Do fr ant bastart] [] 10Marinh Cada um dos cabos de que se

compotildeem os enxertaacuterios das vergas de gaacutevea 11Marinh Pequeno cabo munido de caccediloilos e

destinado a aguentar a boca de lobo da carangueja ou retranca de encontro ao mastro 12Mar

V vela de bastardo

rarr Banco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta como termo naacuteutico

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Aleacutem do significado mais conhecido todos os dicionaacuterios indicam bastardo e

bastardos tambeacutem como termo naacuteutico Origem francesa

79

Ficha 23

Beque sm (T naut) A extremidade da proa

______________________________________________________________________

rarrCunha beque1 sm bdquoestrutura saliente que forma a parte alta da proa dos navios antigos‟

XVI Do fr bec deriv do lat beccus bdquobico‟

rarrBluteau BEQUE Begraveque He na Proa do Baxel a ultima obra de madeira em que de

ordinario aſſenta a figura de algum animal ou monſtro marinho []

rarrMoraes e Silva BEacuteQUE (beacuteque) s m t de Naut A extremidade da proa onde o ordinario

vaacutei alguma figura Viriato 1720 O mar Tyrrbeno os beques vatildeo rasgando

rarrLaudelino Freire BEQUE s m Fr bec Extremidade superior da proa em forma de bico

2 Pop Nariz grande 3 Pop Parte posterior dos vestidos das mulheres Ant Giacuter Bocircca

rarrAureacutelio beque1 [Do fr bec us no fr ant em vez de avant] Substantivo masculino

1Constr Nav Estrutura saliente em geral inclinada para fora que forma a parte alta da proa

dos navios antigos a fim de servir de apoio ao gurupeacutes 2Pop V narigatildeo (2)

rarr Banco de dados do Projeto DHPBCNPq

As antigas tem como temos dito na circunferecircnc

bem largas e para se segurarem nas cavernas natildeo seratildeo necessaacuterios mais pregos do que as

de casco logo nesta parte ficaraacute quasi o mesmo poreacutem como estas taacutebuas vatildeo a rematar no

beque e fazer a proa ali poupam toda a ferramenta que levam de mais os cascos com o

accrescentamento das conchas e bochecas e nesta parte levam as taacuteboas menos pregos

PADRE JOAtildeO DANIEL (1976) [1757] QUINTA PARTE - DO TESOURO DESCUBERTO

NO RIO MAXIMO AMAZONAS - CONTEacuteM UM NOVO MEacuteTODO PARA A SUA

AGRICULTURA UTILIacuteSSIMA PRAXE PARA A SUA POVOACcedilAtildeO NAVEGACcedilAtildeO

AUGMENTO E COMEacuteRCIO ASSIM DOS IacuteNDIOS COMO EUROPEOS - CAP 9deg - DE

MELHOR MEacuteTODO PARA A FACTURA DAS CANOAS DO AMAZONAS [A00_1959 p

363]

______________________________________________________________________

Comentaacuterios todos os dicionaacuterios indicam beque como termo naacuteutico Origem francesa

Ficha 24

Bigotas sm plur (T Nautico) Satildeo como huns moitotildees com trecircs furos pelo meiochatos e

sem roldanas por onde se enfiatildeo os colhedores das velas

______________________________________________________________________

rarrCunha bigota ndash BIGA sf bdquocarro romano de duas ou quatro rodas puxado por dois

cavalos‟ 1844 Do lat bīga bigota sf bdquoantiga peccedila de embarcaccedilatildeordquo 1813

rarrBluteau BIGOTA de navio Bigocirctas (Termo de navio) ſaotilde huns paos redondos mas

chatos com tres buracos por onde paſſaotilde os colhedores para fazer a enxarcia

rarrMoraes e Silva BIGOacuteTAS (bigoacutetas) s f pl t de Naut Moitotildees chatos sem roldanas

aburacados pelo meyo com furos por onde passatildeo colhedores de veacutelas

rarrLaudelino Freire BIGOTAS s f Naacuteut Montatildeo chato sem roldana furado pelo meio para

dar passagem aos colhedores das velas e a cabos da enxaacutercia

rarrAureacutelio bigota [Do it bigotta] Substantivo feminino 1Marinh Ant Poleame surdo de

madeira de forma lenticular biconvexa com uma goivadura na orla para receber uma alccedila de

80

fixaccedilatildeo e trecircs furos de face a face usado aos pares com um colhedor ligando-os empregado

para tesar oveacutens brandais estais etc

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq

Fazem-se igualmente vigotas de 25 palmos de comprido e hum de grosso e seu preccedilo he de

500 atheacute 400 rs

LUIZ DOS SANTOS VILHENA (1921) [1801] CARTA VIGESIMA [A00_0846]

______________________________________________________________________

Comentaacuterios todos os dicionaacuterios indicam bigota como termo naacuteutico No Banco de Dados

consultado consta a variante vigotas Origem latina

Ficha 25

Bolinete sm (T Naut) He o paacuteo roliccedilo com hum vatildeo por onde joga o pinccedilote e fixo na

coberta de sorte que se move de bombordo a estibordo

______________________________________________________________________

rarrCunha molinete bdquoespeacutecie de cabrestante que sustenta a acircncora em navios pequenos‟

bdquomovimento giratoacuterio raacutepido que se faz com a espada com um pau etc‟ XVI Do fr Moulinet

bdquomoinho pequeno‟ []

rarrBluteau BOLINETE Bolinegravete (Termo de navio) He hum patildeo roliccedilo que eſtacirc fixo na

cuberta de maneira que ſe mova redondamente de Bombordo para Eſtibordo Tem hum

buraco por onde paſſa amp joga o Pinccedilote Natildeo temos palavra propria Latina

rarrMoraes e Silva BOLINEgraveTE (bolinegravete) s m t de Naut Paacuteo roliccedilo que estaacute fixo na

coberta de maneira que se mova e borneye de bombordo a estribordo tem um vatildeo por onde

joga o Pinccedilote

rarrLaudelino Freire BOLINETE s m Cilindro de madeira na coberta do navio o qual

serve de cabrestante para a manobra2 Bateia

rarrAureacutelio bolinete (ecirc) [De molinete (ecirc) poss] Substantivo masculino 1Constr Nav

Molinete 2Vaso de madeira para lavagem das areias auriacuteferas [Cf bulinete]

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo constam bolinete molinete com a acepccedilatildeo

naacuteutica

______________________________________________________________________

Comentaacuterios todos os dicionaacuterios indicam bolinete como termo naacuteutico ou referente a navio

Origem francesa

Ficha 26

Bombordo sm (T Naut) O lado esquerdo da nagraveo olhando da popa para a proa

______________________________________________________________________

rarrCunha bombordo sm bdquo(Mar) o lado esquerdo da embarcaccedilatildeo considerando-se a proa

como a sua frente‟ XVI babordo XV Do fr bacircbord deriv do neerl bakboord Com

visiacutevel influecircncia de BOM

rarrBluteau BOMBORDO (Termo de navio) He a parte eſquerda da natildeo eſtando huma peſſoa

com a cara para a proa Siniſtrum latus navis Faz tal pendor para Bombordo Queirograves Vida do

Irmaotilde Baſto fol 124 col1

81

rarrMoraes e Silva BOMBOacuteRDO (bomboacuterdo) s m t de Naut O lado da naacuteo opposto a

estriboacuterdo Naufr De Sep73

rarrLaudelino Freire BOMBORDO s m De bom + bordo Naacuteut 1- Lado esquerdo do navio

olhando-se para a proa 2 Tudo o que fica ao lado esquerdo do navio

rarrAureacutelio bombordo [Do neerl bak boord bordo das costas do dorso (do timoneiro

quando o governo da embarcaccedilatildeo se fazia com um comprido remo colocado a estibordo) pelo

fr babord talvez com infl de bom] S m 1Mar O lado esquerdo da embarcaccedilatildeo

considerando-se a proa como a sua frente [v estibordo e boreste]

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq

Da banda de bombordo me arrebataram os aparelhos com o jogar da nao

PEcircRO LOPES DE SOUSA (1968) [1530] DIAacuteRIO DA NAVEGACcedilAtildeO DE PEcircRO LOPES DE

SOUSA [A00_0078 p 55]

______________________________________________________________________

Comentaacuterios todos os dicionaacuterios indicam bombordo como termo naacuteutico ou referente a

mariacutetimo Origem francesa

Ficha 27

Botalograves sm (T naut) Paacuteos que tem nas pontas ferros de tres bicos e segundo a sua grossura

servem para largar ou os cutellos ou as varredouras ou para afastar o navio que vem

abordar

______________________________________________________________________

rarrCunha natildeo consta

rarrBluteau BOTALOS Botacirclos (Termo de Navio) Satildeo huns paos com huns ferros nas

pontas com tres bicos que ſe botatildeo pelos coſtados dos navios para ſe largarē os cutellos

para que com mais preſſa ſe chegue ao navio a que ſe dagrave caccedila E embaixo no coſtado ſe botatildeo

outros botalos mais groſſos em que ſe largatildeo outras velas a que chamatildeo Barredouras amp eſtes

Botalos ſervem tambeacutem para ſe fincarem no coſtado de outro navio para afaſtar para fora

Natildeo tem nome proprio Latino

rarrMoraes e Silva (botaloacutes) s m pl t de Naut Paacuteos com ferros de tres bicos nas pontas

que servem para se largarem os cutellos e sendo botaloacutes mais grossos para largar as

varredouras que vatildeo polo lados os botaloacutes afastam tambem o navio que vem abordar

rarrLaudelino Freire BOTALOacuteS (botaloacutes) s m pl Naacuteut Paus com ferros de trecircs bicos nas

pontas para vaacuterios serviccedilos a bordo

rarrAureacutelio botaloacute [De botar1 + a

3 + loacute

1] Substantivo masculino Mar 1Ant Pontalete com

que os navios afastavam os inimigos que tentassem abordaacute-los 2Pau que sai pela popa de

embarcaccedilatildeo de vela que usa catita para caccedilaacute-la

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta o termo botaloacutes

______________________________________________________________________

Comentaacuterios todos os dicionaacuterios indicam botalos como termo naacuteutico ou mariacutetimo

Origemonomatopaica - ldquoetim voc trissilaacutebico oxiacutetono formado de todo um segmento

fonoloacutegico que representava a oraccedilatildeo imperativa bota a loacute isto eacute bdquobota a vela da embarcaccedilatildeo

virada para captar o vento‟rdquo (Houaiss 2001)

82

Ficha 28

Bracear v n Mover os braccedilos v a (T Naut) Marear as velas _____________________________________________________________________________

rarrCunha bracear- consta no verbete de braccedilo - sm bdquocada um dos membros superiores do

corpo humano‟ XIII Do lat brac(c) hĭum [] bracEAR XVII

rarrBluteau Natildeo consta

rarrMoraes e Silva BRACEAacuteR (braceaacuter) v at Mover os braccedilossect t de Naut Bracear as

veacutelas H Naut Tom 3 mareaacute-las por meyo dos braccedilos []

rarrLaudelino Freire BRACEAR vrv De braccedilo + ear O mesmo que bracejar (intr) 2

Naacuteut Movimentar horizontalmente (as vecircrgas) em tocircrno do mastro por meio de cabos

chamados braccedilos (tr dir) ldquoAacuterduos penoacuteis braceia rebraceia teacute que o socircpro agrave feiccedilatildeo lhe

enfuna as velasrdquo (Odorico Mendes)

rarrAureacutelio bracear [De braccedilo + -ear2] Verbo transitivo direto 1Marinh Fazer girar (a verga)

no plano horizontal alando pelos braccedilos [v braccedilo (21)] para que a vela fique

convenientemente disposta em relaccedilatildeo ao vento []

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Bluteau natildeo dicionariza bracear Todos os outros dicionaristas indicam

bracear como termo naacuteutico ou remete ao universo naacuteutico Origem portuguesa lt latina

Ficha 29

Braccedilo sm membro do corpo humano desde o hombro ateacute a matildeo Pernas dianteiras do

cavallo e outros quadrupedes A parte do instrumento de cordas onde estas se titiliatildeo A peccedila

que atravessa o arco da cruz Peccedila da cadeira onde encosta os braccedilos quem estagrave sentado nelle

Porccedilatildeo de mar entre duas costas pouco apariadas No plur (T Naut) Cabos que vem da ponta

da verga e servem para marear de hum para outro bordo _____________________________________________________________________________

rarrCunha braccedilo sm bdquocada um dos membros superiores do corpo humano‟ XIII Do lat

brac(c)hĭum []

rarrBluteau Braccedilos (Outro termo de navio) ſatildeo huns cabos que vem da ponta da verga com

que ſe marea a hum bordo amp outro ſe poderagrave exprimir em Latim com circumlocuccedilatildeo

rarrMoraes e Silva BRAacuteCcedilO (braacuteccedilo) t de Naut Satildeo os pegatildeo em cavernas para levantar o

grosso navio e estes satildeo braccedilos primeiros sect Braccedilos segundos satildeo as ultimas partes que botatildeo

cavernas da quilha para cima sect Braccedilos satildeo cabos que vem da ponta da verga em que se

mareya de um bordo a outro quando braceyatildeo

rarrLaudelino Freire BRACcedilO s m Lat brachium Naacuteut Cabos fixos agraves extremidades das

vecircrgas e que servem para as fazer girar em tocircrno do mastro

83

rarrAureacutelio braccedilo [Do gr brachiacuteon pelo lat brachiu] Substantivo masculino Marinh Cada

um dos cabos singelos ou dobrados que presos aos laises das vergas redondas se destinam a

dar-lhes movimento no sentido horizontal e a aguentaacute-las para reacute ~ V braccedilos Braccedilo da

acircncora 1 Marinh Cada uma das duas partes recurvadas da acircncora no extremo inferior da

haste que formam a cruz e terminam pelas patas

Braccedilo da verga 1 Marinh Cada um dos cabos ou teques presos agraves extremidades da verga e

que servem para fazecirc-la girar no plano horizontal [Cf amantilho (2)]

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta braccedilo como termo naacuteutico

______________________________________________________________________

Comentaacuterios todos os dicionaristas indicam braccedilo tambeacutem como termo naacuteutico ou da

marinha Origem portuguesa lt latina

Ficha 30

Braga sf Argola com cadea de ferro com que se prende alguem pela perna (T Naut) Cabo

de alar pipas e outras cousas No plur Calccedilas largas

______________________________________________________________________

rarrCunha braga sf ldquocalccedilatildeo geralmente curto e largo que se usava outrora‟ XV bdquogrilheta‟

XVI Do lat braccedila []

rarrBluteau Braga Argola de ferro que prende na perna com huma cadca que prende por

cima Pocircr a braga a hum negro Servo catenas injicere E para que experimente a ſujeiccedilaotilde

pezada lhe lanccedila a dura Braga carregada Lobo o Deſengan Paacuteg 135 Braga chamaotilde nos

navios a huma corbalas quando embarcatildeo []

rarrMoraes e Silva BRAacuteGA (braacutega) Cabo do navio com que alatildeo caixas pipas e outras

coisas pesadas [] sect Braga no sing Cast 5 c 59 ldquoLanccedilou-se a gente na agua que lhe dava

pela bragardquo

rarrLaudelino Freire BRAGA s f Lat braccedila Argola de ferro que cingia a parte inferior da

perna do condenado a trabalhos forccedilados prendendo-o a uma corrente de ferro atada agrave cintura

do mesmo ou agrave argola de outro condenado grilheta 2 Caacutelerea com que se iccedilam cousas

pesadas como caixas pipas etc 3 Cabo que serve para sustar o recuo de um canhatildeo 4

Muro que servia de tranqueira nas antigas fortificaccedilotildees 5 Lus Casta laia qualidade

BRAGAS s f pl Ant Calccedilas largas e curtas calccedilotildees 2 Lus Ceroulas

rarrAureacutelio braga [Do lat braca] Substantivo feminino Marinh Gato de escape ou manilha

com que se prende o chicote da amarra agrave paixatildeo2 (q v) no paiol da amarra

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta braga como termo naacuteutico

______________________________________________________________________

Comentaacuterios todos os dicionaristas indicam braga tambeacutem como termo naacuteutico ou da

marinha Origem portuguesa lt latina

84

Ficha 31

Bragueiro sm Funda de que usa o que he quebrado Especie de manteo para cobrir os

genitaes (T Naut) Cabo que atravessa o leme para segurallo na falta das femeas Cabo

encostado ao Castello da proa fixo em huma argola e com huma bigota de hum furo na ponta

e serve para impedir que natildeo se afaste nem corte a escota no costado Cabo de amarrar

______________________________________________________________________

rarrCunha natildeo consta

rarrBluteau Bragueiro (Outro termo de navio) He hum cabo fixo em huma argola encoſtado

ao caſtello da proa que tem na ponta hum bigota de hum olho amp ſerve paraque ſe natildeo a faſte

nem corte a eſcota no coſtado []

rarrMoraes e Silva BRAGUEacuteIRO (braguegraveiro) s m [] sect t de Naut Cabo que atravessa o

leme pelo meyom para que faltando as fecircmeas se natildeo perca F M G Tambeacutem se chama assim

outro cabo fixo em uma argola encostado ao Castello da proa que tem na ponta uma bigota

de um olho e serve para que natildeo affaste nem corte a escota no costado

rarrLaudelino Freire BRAGUEIRO sm De braga + eiro Cabo que atravessa o leme para o

segurar no caso de se quebrarem as fecircmeas2Braga de segurar a artilharia ou cousas

pesadas3 Cabo de atracar []

rarrAureacutelio bragueiro [De braga + -eiro] Substantivo masculino 1Cinta ou funda para

heacuternias e rupturas 2Cueiro fralda

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta o termo bragueiro

______________________________________________________________________

Comentaacuterios De todos os dicionaacuterios analisados soacute Aureacutelio natildeo apresenta bragueiro como

termo naacuteutico Origem portuguesa lt latina

Ficha 32

Brandaes sm (T Naacuteutico) Especie de cabos os grandes passatildeo da enxarcia dos mastareos

pelas gaveas e vem a fazer fixo nos ouvens da enxarcia grande Os de gavea vem das pontas

dos mastereos a fazer fixo no costado do navio

______________________________________________________________________

rarrCunha brandal sm bdquotipo de cabo usado a bordo‟ l ndashdaacutees pl 1813 l Do cat brandal

rarrBluteau BRANDAES (Termo de navio) Brandaes grandes ſaotilde huns cabos que paſſaotilde da

enxarcia dos maſtarcos pellas gaveas amp vem a fazer fixos ao redor dos ſouvēs da enxarcia

85

grande Brandaes da Gavea ſaotilde huns cabos que vem das pontas dos maſtarcos a fazer fixo ao

coſtado da nao Natildeo temos palavra propria Latina

rarrMoraes e Silva BRANDAacuteES splmasc t de Naut Brandaes grandes uns cabos que

passatildeo da enxaacutercia dos mastareacuteos pelas gaacuteveas e vem a fazer fixo ao redor dos ouvens da

enxaacutercia grandesect Brandaes da Gaacutevea cabos que vem das pontas dos mastareacuteos a fazer fixo

ao costado das naacuteos

rarrLaudelino Freire BRANDAL s m De brando + al Naacuteut Cada um dos cabos que

aguentam os mastareacuteus para a borda

rarr Aureacutelio brandal [Do cat brandal poss] Substantivo masculino Marinh 1Cada um dos

cabos que aguentam os mastareacuteus para um e outro bordo e um pouco para reacute 2Cada um dos

cabos que aguentam os mastros de embarcaccedilatildeo miuacuteda para um e outro bordo e um pouco para

reacute [Cf estai] ESTAI [Do fr ant estai estay (atual eacutetai)] Substantivo masculino 1Marinh

Qualquer dos cabos que aguentam a mastreaccedilatildeo para vante 2Marinh Qualquer cabo

destinado a suportar em posiccedilatildeo vertical um turco chamineacute balauacutestre ou qualquer outra peccedila

do equipamento da embarcaccedilatildeo 3Bras Constr Nav Haste metaacutelica geralmente ciliacutendrica

que serve para manter em posiccedilatildeo qualquer parte ou peccedila da embarcaccedilatildeo [Cf brandal]

rarr Banco de dados do Projeto DHPBCNPq

Por 5 Brandaes de 2 libras a 640 []

LUIZ DOS SANTOS VILHENA (1921) [1802] CARTA PRIMEIRA [A00_0404 p 71]

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Todos os dicionaacuterios analisados apresentam brandal brandaes como termo

naacuteutico ou da marinha Origem catalatilde

Ficha 33

Briol sm (T naut) Corda para ferrar e colher as velas

______________________________________________________________________

rarrCunha briol sm bdquotipo de cabo usado nas embarcaccedilotildees a vela‟ 1813 Do cast briol deriv

do a fr braivel (hoje breuil) dim de braie bdquobraga‟

rarrBluteau BRIOES (Termo de marinagem) Satildeo huns cabos com que ſe colhem as velas

quando ſe querem ferrar Funes contrabendis ou colligendis velis

rarrMoraes e Silva BRIOacuteES sm pl t de Naut Cordas que servem para ferrar e colher as

veacutelas (briyoes)

rarrLaudelino Freire BRIOL s m Cast briol Naacuteut Cabo de ferrar as velas 2 Giacuter Vinho

de qualidade inferior BRIOL adj Lus Becircbado eacutebrio

rarrAureacutelio briol [Do esp briol] Substantivo masculino 1Marinh Cada um dos cabos fixos

nas esteiras das velas redondas destinados a carregar o pano de encontro agraves vergas respectivas

[]

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta o termo briol

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Todos os dicionaacuterios analisados apresentam briol como termo naacuteutico ou da

marinha Origem castelhana lt francesa

Ficha 34

Buccedilardas sf (T Naut) pagraveos que atravessatildeo a roda da proa para reforccedilal-a

______________________________________________________________________

86

rarrCunha natildeo consta

rarrBluteau BUCARDAS Buccedilardas (Termo de navio) Satildeo huns paacuteos tortos que atraveſſaotilde a

roda de proa pella banda de dentro para fortificar amp em navios pequenos nellas aſſenta o

maſtro do traquete Naotilde tem palavra propria Latina

rarrMoraes e Silva BUCcedilAacuteRDAS sfpl t de Naut Satildeo uns paacuteos tortos que atravessatildeo a roda

de proa pela banda de dentro para a reforccedilarem sect Nos navios pequenos o mastro do traquete

assenta sobre as buccedilardas

rarrLaudelino Freire natildeo consta

rarrAureacutelio natildeo consta

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta

__________________________________________________________________

Comentaacuterios Soacute Bluteau e Moraes apresentam o verbete buccedilardas e o indicam como termo

naacuteutico ou da marinha Origem controvertida

Ficha 35

Burra sf A femea do burro Cofre para dinheiro (T familiar) Nome de uma corda da mezena

[ T Naut ]

______________________________________________________________________

rarrCunha burro ndash do latim burrus bdquoruccedilo vermelho‟

rarrBluteau Burra de Mezena He huma corda que ſerve na vela da popa

rarrMoraes e Silva BUacuteRRA s f Jumenta a femea do burro sect famil Cofre para dinheiro

ordinariamente chapeado e forrado sect Uma corda de mezena t de Naut

rarrLaudelino Freire BURRA s f Fecircmea do burro jumenta 2 Naacuteut Cabo de mezena []

rarrAureacutelio Burro [] Mar Cada uma das pequenas talhas engatadas nos lais da retranca e nas

alhetas do navio uma por bordo e destinadas a aguentaacute-la quando a vela estiver caccedilada []

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta

______________________________________________________________________

Comentaacuterios todos os dicionaacuterios apresentam burra burro tambeacutem como termo ligado agrave

vida mariacutetima Origem portuguesa lt latina

C Ficha 36

Cabresto sm Corda para prender as bestas na estribaria e que serve na falta de freio O freio

do prepucio No plr (T Naut) Cabos que vem do ldquoguropezrdquo a fazer fixo no costado em

humas argolas agrave proa

______________________________________________________________________

rarrCunha cabresto sm bdquoarreio freio‟ l XIII -bestro XIV l Do lat capĭstrum []

87

rarrBluteau Cabreſto (Termo de Mariagem) ſaotilde huns cabos que vem da ponta do gurupez a

fazer fixo em humas argolas que eſtaotilde no coſtado da nao agrave proa A falta do termo proprio

latino deſculparagrave aos que‟ fallarem por circumlocuccedilaotilde

rarrMoraes e Silva CABREgraveSTO s m [] t de Naut Cabos que vem da ponta do gurupeacutes a

fazer fixo em umas argolas que estatildeo no costado da naacuteo aacute proa []

rarrLaudelino Freire CABRESTOS s m Lat capistrum [] 2 Naacuteut Cabo grosso que

segura o gurupeacutes a argolas fixas no costado do navio 3 Corrente correia ou corda que

prende o cabeccedilalho agrave canga socairo

rarrAureacutelio cabresto (ecirc) [Do lat capistru com metaacutetese] Substantivo masculino Constr

Nav Cada uma das correntes de ferro que aguentam o gurupeacutes para a roda de proa Bras

Reforccedilo de linha ou de arame fino aplicado na extremidade da vara ou caniccedilo de pesca Bras

NE Ligamento de cordas que prendem os bancos agrave jangada []

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq

[] chegada a occasiatildeo de levar acircncora se lhe prende o cabresto e se larga ou solta a roda

a qual quanto mais tesa estiver tanto mais forccedila poraacute no cabresto e quando por si soacute natildeo

seja suficiente para a levantar o faraacute com muita brevidade ajudada com alguns poucos

serventes porque as cordas como violentadas hatildeo de buscar o seu natural

PADRE JOAtildeO DANIEL (1976) [1757] PARTE SEXTA - DO TESOURO DESCUBERTO NO

RIO MAXIMO AMAZONAS - CONTEacuteM INVENTOS UacuteTEIS E CURIOSOS PARA A MELHOR

FAZENDO NAVEGACcedilAtildeO PROacuteSPEROS TODOS OS VENTOS AINDA OS MAIS

PONTEIROS E CONTRAacuteRIOS E PARA FAZER NAS CALMARIAS BOA VIAGEM COM

NOVA INVENCcedilAtildeO DE REPRESAR AS MAREacuteS PARA MOEREM FAacuteBRICAS E INGENHOS

DE MOTO CONTIacuteNUO ACCRESCEM ALGUMAS OUTRAS IDEacuteAS DE INGENHOS

MANUAES PARA SERRAR MADEIRA FAZER ACcedilUacuteCAR E MUITOS OUTROS NAtildeO

MENOS CURIOSOS QUE UacuteTEIS A VIDA HUMANA - CAP 4deg - DE ALGUAS OUTRAS

ADVERTEcircNCIAS SOBRE A NAVEGACcedilAtildeO () [A00_1967 p 402]

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Todos os dicionaacuterios analisados apresentam cabresto como termo naacuteutico ou

de marinhagem Origem portuguesa lt latina

Ficha 37

Cachola sf (T baixo) Cabeccedila Fig Juizo Touticcedilo No plur (T naut) Pagraveos posticcedilos sobre o

calcez para engrossallo

______________________________________________________________________

rarrCunha cacho ndash provavelmente do latim vulgar cacculus [] cachOLA sf bdquopop Cabeccedila‟

XVIII []

rarrBluteau CACHOacuteLAS Cacholas (Termo de navio) Satildeo huns posticcedilos em cima do calcez

para o engroſſar quando naotilde tem groſſura proporcionada ao Navio Naotilde temos palavra propria

Latina

rarrMoraes e Silva CACHOgraveLAS t de Naut Paacuteos posticcedilos sobre o calcez para o engrossar

[]

rarrLaudelino Freire CACHOLA s f Mar Taacutebua que se prega no tocircpo do calcecircs de um

mastro afim de que a aacutegua se natildeo introduza entre os encaixes do madeiro2 Cavidade na

cabeccedila do leme onde se introduz a cana []

rarrAureacutelio [De cacho2 + -ola

1 poss] Substantivo feminino 1Pop V cabeccedila []

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo foram encontradas ocorrecircncias

______________________________________________________________________

88

Comentaacuterios Soacute Aureacutelio natildeo apresenta cachola como termo naacuteutico

Origemcontrovertida

Ficha 38

Calabre sm (T Naut) corda grossa

______________________________________________________________________

rarrCunha calabre cabre sm bdquo(Marinh) amarra de cabo‟ l cabre XVI caaure XIV l Do ant

port caabre deriv Do a fr caable e este provavelmente do lat tard capŭlum bdquocorda‟

rarrBluteau Calabre que ſe ata agrave ancora Funis ancorarius Cœfar Calabre com que ſe ata bdquoa

verga ao maſto Anquina œ Fem Penult long []

rarrMoraes e Silva CALAacuteBRE ( calaacutebre) smt de Naut Corda grossa amarreta para varios

usos

rarrLaudelino Freire CALABRE s m Corda grossa feita de piaccedilaba a que se prendem os

alcatruzes das noras 2 Naacuteut Cabo grosso amarra

rarrAureacutelio calabre [Do port ant caabre (v cabre) poss com infl do port ant calabre

catapulta] S m 1Corda grossa Diz Cristo que eacute mais faacutecil entrar um calabre pelo fundo

de a agulha que entrar um avarento no Reino do Ceacuteu (Pe Antocircnio Vieira Sermotildees II p

259) 2Marinh Amarra de cabo cabre 3Constr Cabo2 (4)

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq

Acham-se alguns de tal grossura que servem de calabres e amarras de embarcaccedilotildees

FRANCISCO XAVIER RIBEIRO DE SAMPAIO (1872) [1642] RELACcedilAtildeO GEOGRAPHICA

HISTORICA DO RIO BRANCO DA AMERICA PORTUGUEZA COMPOSTA PELO

BACHAREL FRANCISCO XAVIER RIBEIRO DE SAMPAIO () [A00_0713 p 262]

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Todos os dicionaacuterios analisados apresentam calabre como termo naacuteutico ou da

marinha Origem francesa lt latina

Ficha 39

Calabrote sm (T Naut) Calabre menos grosso Accediloute feito de hum pedaccedilo de calabrote

______________________________________________________________________

rarrCunha calabre cabre sm(Marinh) amarra de cabo‟ l cabre XVI caaure XIV l Do ant

port caabre deriv Do a fr caable e este provavelmente do lat tard capŭlum bdquocorda‟

calabrETE XV calabrOTE 1813

rarrBluteau CALABROTE Calabrocircte Vid Calabre Calabre pouco groſſo Com que a nao ſe

amarra em terra Com hum calabrote forte Jacinto Freire mihi pag 198 []

rarrMoraes e Silva CALABROacuteTE s m t de Naut Sorte de calabre menos grosso de um

pedaccedilo delle se faz accediloite donde se toma calabrote por accediloite de que usa o comitre ou

mestre para castigar a maruja

rarrLaudelino Freire CALABROTE s m De calabre + ote Calabre pouco grosso 2

Ponta de cabo de accediloute

rarrAureacutelio calabrote [De calabre + -ote1] Substantivo masculino 1Corda de pequena

grossura 2Marinh Cabo2 (6) de pequena bitola Atraacutes dos soldados chegaram marujos a

brandir calabrotes e chuccedilos (Xavier Marques O Sargento Pedro p 135)

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq

89

Mandarʃeha aos Meʃtres que cinjatildeo a enxarʃea levem area para as cubertas tomem boccedilas

nas vergas nas ancoras nas eʃcotas contra-eʃtais amp os bateis pela popa com dous

calabrotes hum mais baganagraveo do que outro

FRANCISCO DE BRITO FREYRE (1655) [1655] SENHOR () [A00_2496 p 61]

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Todos os dicionaacuterios analisados remetem calabrote a calabro ndash termo naacuteutico

ou de marinhagem Origem francesa lt latina

Ficha 40

Calafeto sm (T Naut) A estopa e breo com que se calafeta Acccedilatildeo de calafetar

______________________________________________________________________

rarrCunha Calafetar vb‟tapar vedar‟ XIII Do it calafatare provavelmente do ar qaacutelfat De

origem incerta o voc aacuterabe talvez derive do lat vulg calefare (claacutess calefacĕre‟) bdquoaquecer‟

por ser a operaccedilatildeo de derreter o alcatratildeo submetendo-o ao fogo uma das mais importantes

que pratica o calafate []

rarrBluteauCALAFETO Calafeto Couſa que ſe uſa para calafetar como eſtopa amp outra

couſa ſemelhante ou a acccedilaotilde de calafetar []

rarrMoraes e Silva CALAFEgraveTO s m t de Naut A estopa e breu com que se calafeta o

navio vg ldquo o navio cospia o calafetordquo A acccedilatildeo de calafetar

rarrLaudelino Freire s m De calafetar O mesmo que calafetagem [] 2 Estocircpa ou outra

substacircncia com que se calafeta calafecircto CALAFETAR v r v Ital Calafatare MarTapar

com estocircpa introduzida agrave forccedila (as junturas buracos ou fendas de uma embarcaccedilatildeo) e

embebendo de pez alcatratildeo para velar a aacutegua (tr Direto) ldquoEspalma as naves calafeta as

fendas repara as bordas o massame as velasrdquo (Pocircrto Alegre)

rarrAureacutelio calafeto (ecirc) [Dev de calafetar] Substantivo masculino1Calafetagem (2) [Pl

calafetos (ecirc) Cf calafeto do v calafetar] CALAFETAR [Do cat calafatar calafetar pelo

esp ant calafetar] Verbo transitivo direto 1Vedar com estopa alcatroada (as junturas

buracos ou fendas de uma embarcaccedilatildeo) 2Tapar vedar com pano papel massa etc (fenda ou

buraco de toneacuteis assoalhos tabiques etc) []

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq

E natildeo cause estranheza o calafetar das canoas porque pocircsto que aqui se fazem de um soacute pau

como no Brasil satildeo poreacutem abertas pela proa e pela pocircpa e acrescentadas pela borda com

falcas para ficarem mais altas e possantes e assim as costuras destas como os escudos ou

rodelas com que se fecham a proa e pocircpa necessitam de calafeto

ANTOacuteNIO VIEIRA (1925) [1654] CARTA LXV - AO PADRE PROVINCIAL DO BRASIL

1654 ()[A00_0157 p 373]

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Moraes e Silva apresenta calafeto como termo naacuteutico Laudelino Freire e

Aureacutelio apresentam acepccedilotildees que remetem ao universo da marinha Bluteau natildeo faz nenhuma

referecircncia Origem italiana

Ficha 41

Calcez sm (T naut) O pescoccedilo do mastro onde encapella a enxarcia real

______________________________________________________________________

90

rarrCunha calcecircs bdquo(Const Nav) parte da seccedilatildeo retangular no extremo superior de um mastro

ou mastareacuteu‟ l ndashceses pl XVI l Do it calceacutese deriv do lat tardio calcēse adaptaccedilatildeo do lat

carchēsium e este do gr karchēsion bdquovaso para beber‟ parte superior do mastro cesto da

gaacutevea‟

rarrBluteau CALCEZ Calcecircz (Termo de Navio) he o peſcoccedilo do maſtro para riba aonde

encapella a Enxarcia Real Falta palavra propria Latina Pela muita forccedila o Maſtareo abrio o

Calcez por duas partes BritoViagem ao Braſil pag 67 []

rarrMoraes e Silva CALCEgraveZ s m t de Naut O pescoccedilo do mastro para riba onde encapella

a enxarcia real F Mend c 7

rarrLaudelino Freire CALCEZ ou CALCEcircS s m Lat carchesium Naacuteut Parte quadrada do

mastro ou mastareacuteu desde a romatilde para cima e na qual encapela a enxaacutercia real

rarrAureacutelio calcecircs [Do it calcese lt lat vulg calcese lt lat claacutess carchesiu] Substantivo

masculino 1Marinh Parte de seccedilatildeo retangular no extremo superior de um mastro ou

mastareacuteu logo acima da romatilde [Pl calceses (ecirc)]

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Todos os dicionaacuterios analisados apresentam calcez como termo naacuteutico ou da

marinha Origem italiana

Ficha 42

Calma sf calor causado pelo sol (T naut) Falta de vento

______________________________________________________________________

rarrCunha calma sf bdquogrande calor atmosfeacuterico geralmente sem vento‟ XV bdquoserenidade

sossego‟ 1813 Do it calma deriv Do lat tardio cauma e este do gr kauma bdquocalor ardente

chama‟ []

rarrBluteau calma borralho Phraſe Nautica Emparelhado onde elle participa da outra linha da

coſta tranſversal [] Bonanccedila Por em calma ao mar Mare tranquillarem placare fedare

Vid Abonanccedilar Seus alterados mares punha em Calma Inful De Man Thomas liv 2

Oit69

rarrMoraes e Silva CAacuteLMA s f t de Naut tempo em que natildeo haacute a menor aragem nenhum

vento sect Calma entre os Nautas falta de vento calmarialdquo cahir em calma ldquoficar em

calmariardquo

rarrLaudelino Freire CALMA s f B lat cauma do gr kauma Hora do dia em que haacute mais

calor 2 Falta de vento cessaccedilatildeo de agitaccedilatildeo no mar bonanccedila calmaria []

rarrAureacutelio calma [Do gr kaucircma calor ardente pelo lat tard cauma] SF 1Grande calor

atmosfeacuterico em geral sem vento calmaria [] 3V calmaria (1) 4Fig Serenidade de acircnimo

sossego tranquilidade calmaria malacia []

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq

Este dia todo nom ventou vento senam choveo muita aacutegua e fazia tam grande calma que nom

se podia soportar

PEcircRO LOPES DE SOUSA (1968) [1530] DIAacuteRIO DA NAVEGACcedilAtildeO DE PEcircRO LOPES DE

SOUSA () [A00_0078 p 35]

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Nem todos os dicionaacuterios citam o termo como naacuteutico mas todos eles abonam

ou exemplificam o termo como relativo ao mar Origem italiana lt latina

91

Ficha 43

Calmaria s f (T Naut) Falta de vento

______________________________________________________________________

rarrCunha calma sf bdquogrande calor atmosfeacuterico geralmente sem vento‟ XV bdquoserenidade

sossego‟ 1813 Do it calma derivado do latim tardio cauma e este do grego kauma bdquocalor

ardente chama‟ [] calmaria sf bdquocalma‟ XVI

rarrBluteau CALMARIA Calmaricirca Tanquilidade das aguas do mar Malacia amp Fem []

Amanheceo o dia ſeguinte em huma terrivel Calmaria Queirograves Vida do Irmatildeo Baſto pag

351colI

rarrMoraes e Silva calmaria sf de Naut Tempo de calma no mar em que o navio natildeo surde

ldquoestar o mar em calmariardquo []

rarrLaudelino Freire sf De calma + aria Cessaccedilatildeo do vento e do movimento das ondas

[]

rarrAureacutelio [ De calma + aria] Sf 1 Ausecircncia de ventos eou do movimento das ondas []

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq

[] por cinco ou seis dias tivemos grandes calmarias trovoadas e chuveiros tatildeo escuros e

medonhos e tatildeo fortes ventos que era cousa despanto e no meio dia ficavamos numa noite

mui escura

PADRE FERNAtildeO CARDIM (1980) [1583] III - INFORMACcedilAtildeO DA MISSAtildeO DO P

CHRISTOVAtildeO GOUVEcircA AacuteS PARTES DO BRASIL - ANNO DE 83 - OU NARRATIVA

EPISTOLAR DE UMA VIAGEM E MISSAtildeO JESUIacuteTICA[A00_0751 p 142]

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Somente Moraes e Silva define calmaria como termo naacuteutico mas todos os

outros dicionaacuteriosem suas definiccedilotildees remetem a tempo e atmosfera Origem italiana lt

latina

Ficha 44

Canjar vs (T Naut) Ir avante

______________________________________________________________________

rarrCunha natildeo consta

rarrBluteau natildeo consta

rarrMoraes e Silva CANJAacuteR vr t de Naut Surdir aacute vante ldquo os ventos ponteiros faziatildeo

desandar o que o navio tinha canjadordquo i eacute os ventos abatiatildeo o que o navio tinha surdido

vingado Freire

rarrLaudelino Freire CANJAR v intran Ant Trocar de cocircr ou de rumo cambiar Canjar s

m Aacuter kandjar Espeacutecie de punhal de lacircmina comprida afiada dos dois lados alfanje

rarrAureacutelio natildeo consta

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Somente Moraes e Silva apresenta canjar como termo naacuteutico Origem

duvidosa (italiana) (Houaiss 2001)

92

Ficha 45

Carlinga sf (T Naut) He hum encaixe onde na sobrequilha da nagraveo ou navio assenta o pegrave

do mastro grande e do traquete por outro nome pia

______________________________________________________________________

rarrCunha carlinga sf bdquo(Constr Nav) ant forte peccedila de madeira fixa agrave sobrequilha com um

encaixe onde entra a mecha do peacute do mastro real‟ XVI (Aeron) cabina XX Do fr carlingue

deriv do a escand kerling bdquomulher‟ bdquocarlinga‟ por uma comparaccedilatildeo de ordem sexual

rarrBluteau CARLINGA (Termo de navio) He na ſobrequilha hum encaixo ou covaſinha

onde aſſentaotilde o maſto grande amp agraves vezes o do traquete Por outro nome chamotildelhe PiaO Padre

Filiberto Monet com termos Grego-Latinos chama a Carlinga Hiftodoche es Fem amp

Hiftopus odis Mafe O peacute do maſto ſe encaixa em hum buraco quadrado da Carlinga Pterna

mali ou peacutes mau ou talus mali inditur ftatuitur in quadro biftodoches cavo A Carlinga

ſerve de de baze ao maſto amp a quilha de pedeſtal Hiftodoche feumodius bafin dyrochus verograve

ftylobaten navali malo fubminiftratA agoa que a nao fazia era pola Carlinga Comentar De

Affonſo d‟Albuquerque pag 22

rarrMoraes e Silva CARLIacuteNGA s f t de Naut Na sobrequilha dos navios eacute um encaxe onde

assenta o peacute do mastro grande e do traquete aliaacutes se diz pia Comment dlsquo Albuq P22 Couto

6921

rarrLaudelino Freire CARLINGA s f Naacuteut Peccedila fixada na sobrequilha ou abertura nesta

praticada e em que encaixam os mastros sobrequilha 2 Aeron Lugar onde fica o pilocircto

3 Tabuleta com furos em baixo do banco da vela da jangada e na qual se prende o peacute do

mastro mudando-se de um furo para o outro conforme a conveniecircncia da ocasiatildeo carninga

rarrAureacutelio carlinga [Do fr carlingue] Substantivo feminino 1Ant Constr Nav Forte peccedila

de madeira fixa agrave sobrequilha e em cuja face superior haacute um encaixe de seccedilatildeo quadrangular

onde entra a mecha do peacute do mastro real 2Constr Nav Gola metaacutelica fixa no conveacutes (quando

o mastro natildeo vai ateacute agrave quilha) e onde se apoia o peacute do mastro As meias arrendadas foram

atiradas agrave carlinga do mastro (Xavier Marques Jana e Joel p 173) 3Cabina (3) 4Bras

NE Tabuleta com furos embaixo do banco da vela de uma jangada e na qual se prende o peacute

do mastro mudando-se de um furo para o outro segundo a conveniecircncia da ocasiatildeo [Var

carninga]

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Todos os dicionaacuterios apresentam carlinga como termo naacuteutico Origem

francesa

Ficha 46

Carregadeiras por outro nome Sirgideiras Sf plr (T Naut) Cabos delgados para colher ou

carregar as velas Dous moitotildees com cabo fixo no enxertario para arriar a verga

______________________________________________________________________

rarrCunha do latim carrus ndash carregadeira 1813

93

rarrBluteau CARREGADEIRAS ou Sirgideiras (Termo de Marinhagem) Carregadeiras da

mezena ſaotilde huns cabos delgados cotilde que ſe carrega a vela amp ſe colhe colligendo velo

poftico Carregadeiras (Outro termo de marinhagem) Satildeo dous moutoens com hũ cabo fixo

no enxertario que ſerve para arriar a verga a baixo quando faz tempo

rarrMoraes e Silva CARREGADEIRAS s f pl t de Naut ou Sirgideiras cabos delgados

com que se colhem ou carregatildeo as velassect Dois moitotildees com cabo fixo no enxertario para

arriar a verga quando faz tempo

rarr Laudelino Freire s f pl Lus Giacuter As pernas CARREGADEIRA s f De carregar +

deixara Cabo delgado com que se carregam ou colhem as velas dos navios []

rarrAureacutelio carregadeira [De carregar + -deira] Substantivo feminino 1Marinh Cabo

delgado com que se carregam ou colhem as velas []

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo constam carregadeiras nem sirgideiras

______________________________________________________________________

Comentaacuterios todos os dicionaacuterios apresentam carregadeiras como termo naacuteutico de

marinhagem ou do mar Origem portuguesa lt latina

Ficha 47

Cevadeira sf (T Naut) vela pequena agrave proa do navio Alforge de comida

______________________________________________________________________

rarrCunha do latim cibare

rarrBluteau CEVADEIRA Vela pequena que ſe potildeem na proa Proclinati ad proram mali

velum

rarrMoraes e Silva CEVAgraveDEIRA s f vela pequena de proa t de Naut sect Alforge de comer

Couto 5113 natildeo levatildeo mais que suas armas e cevadeiras com farinha de trigo Cont de

Trancoso sect Homem da minha cevadeira i eacute da minha conversaccedilatildeo Eufr 51 Hist Naut 1

456 ldquoSem alforge e cevadeirardquo os Apoacutestolos despedidos por J Christo Feo Sem De Nossa

Senhora das Neves p115 ldquoRumecan General com 7 ou 8 mil de cavallo da sua cevadeira

Couto 495

rarrLaudelino Freire CEVADEIRA s f de cevar + deira Naacuteut Pequena vela suspensa de

uma vecircrga que atravessa horizontalmente o gurupeacutes

rarrAureacutelio cevadeira [De cevada + -eira] Substantivo feminino 1Saco que se adapta ao

focinho das cavalgaduras para lhes dar a cevada ou outro alimento bornal embornal

2Marinh Ant Verga de cevadeira 3Marinh Ant Vela quadrangular que envergava na

verga do mesmo nome por baixo do gurupecircs [Cf sevadeira]

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq

Apartados os dous navios da ſombra da terra deſcubrioſe entatildeo da Armada que rendido o

noſſo do Pirata o levava aacute toa E metendolhe breviſlimamente vellas de eſtay cutellos

joanetes barredouras (aacutelem da meſena amp ſevadeira que lhe faltou) adiantava grande

caminho em pouco tempo fugindo a hum cortar para ſervirlhe o vento a todo pano o vento

a todo pano

FRANCISCO DE BRITO FREYRE (1655) [1655] SENHOR [A00_2496 p 42]

______________________________________________________________________

Comentaacuterios todos os dicionaacuterios apresentam cevadeira como termo naacuteutico ou relativo ao

mar Origem portuguesa lt latina

94

Ficha 48

Chapeleta sf (T Naut) Couro pregado sobre o pagraveo chamado de nabo O salto da pedra

atirada agrave superficie da agua

______________________________________________________________________

rarrCunha do a f chapel

rarrBluteau CHAPELETA Chapeleta (Termo de navio) He hum couro pregado em cima de

hum pagraveo redondo que chamaotilde Nabo Coriaceum tegumentum i Neut

rarrMoraes e Silva CHAPELETA s f t de Naut Coiro pregado sobre o paacuteo a que os

Nauticos chamatildeo Nabo da Bomba de esgotar o fundo dos navios

rarrLaudelino Freire CHAPELETA s f Cast chapelete Chapelinho 2 Vaacutelvula nas

bombas que se usam a bordo

rarrAureacutelio [De chapeacuteu1 (lt fr ant chapel) + -eta (ecirc) seg o padratildeo erudito] Substantivo

feminino 1V chapeacuteu1 (1) 2Vaacutelvula de bola (q v) usada nas bombas [v bomba (4)] 3V

ricochete (1) 4Mancha de rubor nas faces chapeacuteu1 [Do fr ant chapel atual chapeau]

Substantivo masculino 1Peccedila de feltro palha etc com copa e abas e destinada a cobrir a

cabeccedila [Aum chapelatildeo chapeiratildeo dim irreg chapelete chapeleta Sin (bras giacuter) tampa

e penante] Marinh A parte superior do cabrestante

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Embora natildeo conste em todos os dicionaacuterios como termo naacuteutico as definiccedilotildees

apresentadas remetem a esse termo Origem portuguesa lt francesa

Ficha 49

Chapiteo sm (T Naut) O remate mais alto da popa e proa No edifiacutecio Chapitel he o

rematte delle

______________________________________________________________________

rarrCunha natildeo consta

rarrBluteau CHAPITEO Chapiteo (Termo de navio Por quanto hum homem podia diviſar do

Chapiteo da naacuteo Barr 2 Dec pag 186col2

rarrMoraes e Silva CHAPITEO Chapiteacutel V Chapiteacuteo Palm 3111Chapiteacuteo s m t de

Naut o chapiteacuteo da naacuteo Barros 2186 quanto um homem podia divisar do chapiteacuteo da naacuteo

Amaral 2 Eacute a parte mais alta em que se remata a popa e proa onde frequentemente havia

castellos e entatildeo o Chapiteo rematava os castellos bem como na arquitectura civil os

chapiteacuteis rematatildeo os edificios Seg Cerco de Diu f157 ―chapiteacuteos da Igreja M Pinto

6214

rarrLaudelino Freire CHAPITEacuteU s m De capitel A parte mais elevada da proa e da pocircpa

do navio

rarrAureacutelio natildeo constam chapiteacuteo chapiteacuteu

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq

Era tam grande o mar que agrave entrada da baiacutea em 9 braccedilas de fundo me deu o mar por riba

do chapiteacuteo e veo quebrar no conveacutes

PEcircRO LOPES DE SOUSA (1968) [1530] DIAacuteRIO DA NAVEGACcedilAtildeO DE PEcircRO LOPES DE

SOUSA [A00_0078 p 107]

95

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Aureacutelio natildeo lista chapiteo em seu dicionaacuterio Para os demais autores

consultados chapiteo eacute um termo de navio Origem natildeo encontrada

Ficha 50

Chaveta sf (T Naut) Ferro com que se bdquore em‟ as cavilhas fechando por cima das arruelas

Ferro no eixo que natildeo deixa saacutelvio o que estagrave enfiado nelle

_____________________________________________________________________

rarrCunha chaveta - do latim clavem

rarrBluteau CHAVETA Chaveta (Termo de navio) Chapa de ferro da largura de dous dedos

eſtreita para a ponta fecha por cima das arruelas para que ſe naotilde poacuteſſaotilde tirar as cavilhas

Clavorum retinaculum i Neut

rarrMoraes e Silva CHAVEgraveTA s f t de Naut Peccedila de ferro que fecha por cima das

arruellas para reter as cavilhas ou se mette no extremo de algum eixo paranatildeo sair o que estaacute

enfiado nelle

rarrLaudelino Freire CHAVEcircTA s f De chave Peccedila de ferro na extremidade de um eixo

para natildeo deixar sair as rodas ou peccedila que segura uma cavilha 2 Cavilha 3 Haste em que

jogam as dobradiccedilas 4 Lus O mesmo que chavelha

rarrAureacutelio chaveta (ecirc) [De chave + -eta (ecirc)] Substantivo feminino 1Peccedila na extremidade

dum eixo para fixar as rodas2Peccedila para segurar a cavilha 3Haste em que jogam as

dobradiccedilas 4Bras SP Peccedila de madeira que prende a canga agrave tiradeira [Pl chavetas (ecirc) Cf

chaveta e chavetas do v chavetar]

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq

[] e estas fontes como outros tantos Cyfoens enchem delivel com aagoa dorio aquellas

praccedilas logo que amachina se interrompe machina ha destas q consta de quatro centas

chapas deferro ecada chapa de oito Libras fora as cavilhas e chavetas do mesmo metal

[]

ANTONIO PIRES DA SILVA PONTES LEME (1896) [nd] MEMORIAS SOBRE A

EXTRACCcedilAtildeO DO OURO NA CAPITANIA DE MINAS GERAES () [A00_0761 P 420]

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Todos os dicionaacuterios apresentam o termo chaveta ligado ao mundo mariacutetimo

Origem portuguesa lt latina

Ficha 51

Cheleira sf (T naut) peccedila de madeira nas nagraveos junto aacutes portinholas com vatildeos onde se

mettem as balas

_____________________________________________________________________

rarrCunha natildeo consta

rarrBluteau natildeo consta

rarrMoraes e Silva CHELEgraveIRA s f Nas naacuteos de guerra eacute peccedila de madeira que corre ao

longo do costado junto aacutes portinholas e onde estatildeo as ballas vi uns vatildeos feitos para isso nas

cheleiras (do Inglez Shelf) Exame de Artilheiros

96

rarrLaudelino Freire CHELEIRA s f Lugar em que empilham as balas na bateria de um

navio 2 Peccedila de madeira em que a bordo se encaixam baldes

rarrAureacutelio natildeo consta

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Em suas acepccedilotildees os dicionaacuterios de Moraes e Silva e Laudelino Freire

apontam o termo como do universo naacuteutico Os demias dicionaristas natildeo citam o termo

Origem natildeo encontrada

Ficha 52

Ciar se va refl Ter ciumes (T Naut) vn Remar para traz em quanto outros rematildeo ao

contrario para voltar o baixel

______________________________________________________________________

rarrCunha ciar vb bdquoremar para traacutes‟ l cear XVI l Do cast ciacutear talvez deriv de cia bdquoquadril‟

pelo esforccedilo que faz esta parte do corpo ao ciar

rarrBluteau CIAR ou ciarſe ter ciumes Emulari Vid Ciume amp Ciofo Pois ſe Chriſto ſe Cia

tanto de morrer algum hoacutemem antes que elle morra pelos homens OP Ant Vieira

rarrMoraes e Silva CIAR-SE t de Naut Remar para traz ao tempo que os outros remeiros do

lado opposto rematildeo para diante para voltar a galeacute V Ciavoga Cast 2161 V Cear como

escrevem Barros e Castanheda CIAVOacuteGA s f t de Naut Volta em redondo que se daacute aacute

galeacute remando os de um lado e ciando os do outro Cast

rarrLaudelino FreireCIAR v intr Naacuteut Remar no sentido contraacuterio ao andamento para

recuar ou para voltar a embarcaccedilatildeo vogando a direito os remeiros do outro lado 2 Mover-

se para traacutesrdquo Cia a igara e reparte um silvo extensordquo (Pocircrto Alegre)

rarrAureacutelio ciar1 [Do esp ciar poss] Verbo intransitivo 1Remar para traacutes 2P ext Mover-se

para traacutes [Cf siar e cear]

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq

Vista jaacute posto que em sombras a pintura do corpo natural desta Regiatildeo a benevolecircncia do

seu clima a fermosura dos seus Astros a distancia das suas costas o curso cia sua

navegaccedilatildeo o movimento dos seus mares objectos que mereciaotilde mais vivos e dilatados

rascunhos []

SEBASTIAtildeO DA ROCHA PITTA (1878) [1730] LIVRO PRIMEIRO [A00_0567 p 13]

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Dentre os dicionaacuterios consultados somente o de Bluteau natildeo cita o termo ciar-

se como naacuteutico Origem castelhana

Ficha 53

Cifa sf Assim chamatildeo os ourives a aregravea de que enchem os frascos de moldar e vasar as

peccedilas (T Naut) untura que se dagrave nas embarcaccedilotildees

______________________________________________________________________

rarrCunha cifa sf bdquoareia que os ourives empregam para moldar‟ 1813 Do arsatildeifacirc

97

rarrBluteau natildeo consta

rarrMoraes e Silva CIFA sf eacute untura que se daacute aos navios feita de gordura ou azeite de

peixes ampc B 4816 ldquodaria 100 quintaacutees de Cifa ( que eacute azeite de peixe) ―Couto V de Lima

6 16 lhe mandassem municcedilotildees remos cifa cotonias []

rarrLaudelino Freire sf aacuter saifa Areia de que os ourives enchem os frascos de moldar e

vazar as peccedilas que eles depois tecircm de lavar

rarrAureacutelio cifa [Do aacuter sayf espada areia fina (sentido metafoacuterico)] Substantivo feminino

1Areia que os ourives empregam para moldar

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Somente Moraes e Silva abona o termo cifa como naacuteutico Origem aacuterabe

Ficha 54

Cifar va (T Naut) Dar cifa

______________________________________________________________________

rarrCunha de cifa sf bdquoDo arsatildeifacirc

rarrBluteau CIFAR Termo Nautico Mandou logo Cifar amp baſtecer trinta navios Jacinto

Freire mihi 322 Cinco navios varados amp Cifados para ſe lanccedilarem ao mar Couto 8 Dic 129

col1

rarrMoraes e Silva CIFAacuteR v at De Naut Dar cifa aos navios ldquocifar e alimpar os naviosrdquo

Cron F III P 3 c 77 mandou cifar e bastecer trinta navios Freire cinco navios varados e

cifados para se lanccedilarem ao mar Cast 8 fol I col I ldquocifados e ensevados os navios para

que ficassem mais ligeirosrdquo e a f 250 como as embarcaccedilotildees estavatildeo cifadas e enseyadas

prendeo logo o fogo nellas V Cifa

rarrLaudelino Freire CIFAR v tr dir De cifa + ar Ant Untar com cifa (os navios) 2

Aparelhar ou abastecer (embarcaccedilatildeo) para se lanccedilar agrave aacutegua

rarrAureacutelio natildeo consta

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Dos dicionaacuterios consultados natildeo citam o termo as obras de Aureacutelio e Cunha

Origem aacuterabe

Ficha 55

Cinta sf Faixa de apertar o corpo Cintura onde se aperta a cinta Peccedila das culumnas e

pedestaes (T Naut) Pagraveos de reforccedilar o forro do costado de popa agrave proa

______________________________________________________________________

rarrCunha cinta sf bdquofaixa para apertar a cintura‟ XIII Do lat cĭncta part De cĭngĕre cintAR

1881 cinto1

adj bdquocingido‟ XIV Do lat cinctus ndashūs part De cĭngĕre cinto2

sm bdquofaixa ou

tira que cinge o meio do corpo com uma soacute volta‟ XIII Do lat cinctus -ŭs cintura sf bdquoa

parte meacutedia do tronco humano situada abaixo do peito e acima dos quadris‟ l ccedilin- XIV ccedilim-

XV l Do lat cinctūra cintURAtildeO sm bdquocinto grande‟ 1813

rarrBluteau Cintas (Termo de navio) Saotilde huns paacuteos que cingem o navio da popa ateacute a proa

pela parte de fora abraccedilando toda aquella madeira em diſtancia huma da outra de palmo amp

meyo ou dous palmos de largo ou ſaotilde huns paacuteos q coacuterrem davante a Reacute ſobre as eſtacas que

ellas foraotilde correndo ao longo das Cintas do coſtados []

98

rarrMoraes e Silva [] t de Naut Paacuteos que vatildeo por fora do costado de popa aacute proa e servem

de reforccedilo ao taboado ou forro do costado Barros

rarrLaudelino Freire CINTAS s f pl Taacutebuas pregadas aos caibros junto agrave cumieira e

paralelas a esta de dois em dois metros mais ou menos para dar firmeza aos planos do

madeiramento 2 Pranchotildees que cingem o navio da pocircpa agrave proa

rarrAureacutelio cinta [Do lat cincta fem do part pass de cingere] Substantivo feminino

Constr Nav Fiada de chapas mais grossas dispostas de proa agrave popa no forro exterior do

costado de navios de ferro agrave altura do conveacutes da borda-livre com o fim de aumentar a

resistecircncia do casco e do proacuteprio costado cintado []1 Bras Mar G Dispositivo instalado

numa embarcaccedilatildeo de casco de ferro ou de accedilo e que atenua ou neutraliza a deformaccedilatildeo que o

magnetismo da embarcaccedilatildeo causa nas linhas de forccedila do magnetismo terrestre assim

reduzindo muito a eficaacutecia das minas e torpedos eletromagneacuteticos que se possam encontrar na

rota Cinta couraccedilada 1 Constr Nav Cinta de chapas de couraccedila para proteger navio

encouraccedilado e que se estende desde abaixo da sua linha de flutuaccedilatildeo ateacute pouco acima dela

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Todos os dicionaacuterios apresentam cinta como termo naacuteutico Origem

portuguesa lt latina

Ficha 56

Clara s f O branco glutinoso do ovo (T Naut) No beque do navio he hum pagraveo que vai por

baixo da curva e por cima do talhamar

______________________________________________________________________

rarrCunhaclara - Claro adj bdquoorig luminoso brilhante iluminado‟ fig niacutetido inteligiacutevel

manifesto‟ XIII Do lat clarus []

rarrBluteau [] Clara do Beque Palavra de Navio He hum paacuteo que vay por cima do

Talhamar amp por baxo da curva Chamaſe Clara porque tem ſeus vatildeos para por ella paſſar o

mar

rarrMoraes e Silva CLARA sf [] Clara do beque pao que vai por cima do talhamar e por

baixo da curva t de Naut

rarrLaudelino Freire CLARA sf [] 4 Abertura em algumas peccedilas do navio

rarrAureacutelio clara [F subst do adj claro] s f 4Mar V aberta (9) 5Constr Nav Designaccedilatildeo

comum a algumas aberturas existentes no casco ou no aparelho das embarcaccedilotildees []

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta

______________________________________________________________________

Comentaacuterios todas as obras apontam clara como termo de navio entre outras acepccedilotildees

Origem portuguesa lt latina

99

Ficha 57

Colhedor sm Que colhe as frutas das aacutervores No plur(T Naut) Cabos que para fortificar

os mastros passatildeo pelas bigotas fixas nas pontas dos bdquoovens‟ da enxarcia e nas que estatildeo fixas

na abotoadura

______________________________________________________________________

rarrCunha colhedor ndash de colher Do latim colligere

rarrBluteau Colhedocircres (Termo de navio) Saotilde huns cabos que paſſaotilde pelas bigotas que

eſtaotilde fixas nas pontas dos ovens da Enxarcia como tambem por aquellas que eſtaotilde fixas na

abotocadura para fortificar os maſtos Demandaotilde toda a forccedila amp vaotilde a poder de muyto cabo

[]

rarrMoraes e Silva sm [] t de Naut cabos que passatildeo pelas bigotas fixas nas pontas dos

ovens da enxaacutercia e por outras fixas na abotoadura para fortificar os mastros

rarrLaudelino Freire COLHEDOR adj E sm De colher + dor O que colhe o que recebe

Colhedores s m pl Cabos delgados que enfiando pelos buracos de duas bigotas ou sapatos

servem para tesar os oveacutens estais

rarrAureacutelio [De colher (ecirc) + -dor] Adjetivo Marinh Cabo com que se tesa um estai um

oveacutem etc e que gorne em um par de bigotas uma das quais eacute presa no chicote do cabo a

tesar e a outra num ponto apropriado do conveacutes do costado de um mastro etc

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta

______________________________________________________________________

Comentaacuterios todos os dicionaacuterios apontam colhedor como termo naacuteutico Origem

portuguesa lt latina

Ficha 58

Contrapunho sm [T Naut] cabo pegado na ponta da vela grande e do traquete para ajudar

a amarra

______________________________________________________________________

rarrCunha contra (latim) +punho (latim)

rarrBluteau (Termo de navio) He hum cabo que eſtaacute pegado na ponta da vella grande amp do

traquete que ſerve de ajudar a amarra Naotilde tem nome proprio Latino

rarrMoraes e Silva CONTRAPUacuteNHO s m t de Naut Cabo pegado na ponta da vela grande

e do traquete para ajudar a amarra

rarrLaudelino Freire CONTRAPUNHO s m De contra + punho Naacuteut Cabo fixo na ponta

da vela grande e do traquete para auxiliar a manobra

rarrAureacutelio contrapunho [De contra- + punho] Substantivo masculino 1Marinh Cabo ligado

agrave ponta da vela grande e do traquete e que serve para auxiliar a manobra

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta

______________________________________________________________________

Comentaacuterios todos os dicionaacuterios apontam contrapunho como termo naacuteutico Origem

portuguesa lt latina

100

Ficha 59

Corda sf fios torcidos de estopa etc entre si de diversas grossuras e para diversos usos Nos

Instrumentos musicos he de intestinos de animaes ou de arame No relogio he de accedilo

Cordilheria Extremidade do muscolo No plr (T Naut) Chapas de lata que vatildeo davante agrave regrave

nas cobertas

______________________________________________________________________

rarrCunha corda sf bdquocabo de fios vegetais unidos e torcidos uns sobre os outros‟ bdquofios de

vibra em alguns instrumentos‟ XIII Do lat chŏrda deriv Do gr chordē bdquotripa corda musical

feita com tripas‟ []

rarrBluteau CORDA Corda de navio Funis nauticus i Maſe Rudens tis Maſe Plauto faz

eſte nome do genero feminino mas melhor he fazelo do genero maſculino agrave imitaccedilaotilde de

Catullo Virgilio Oviacutedio Lucano Silio Italico amp Juvenal Vid Ancora Vid Calabre Cordas

com que ſe governaotilde as antenas Funes opiferi Corda com que ſe atta a antena ao maſto

Anquina e Fem Cinna Corda que puxa agrave firga []

rarrMoraes e Silva COacuteRDAS sf pl t de Naut Satildeo umas latas davante a re em todas as

cobertas

rarrLaudelino Freire CORDA s f Lat chorda Peccedila de fios unidos e torcidos uns socircbre os

outros e que serve para prender ou apertar[]

rarrAureacutelio corda [Do lat chorda] Substantivo feminino Constr Nav Ant Cada uma das

vigas longitudinais que nas naus galeotildees etc juntamente com os vaus e as latas aguentavam

os pavimentos 10Marinh Pedaccedilo de cabo ligado ao badalo do sino de bordo [Eacute este a bordo

o uacutenico cabo que tem o nome de corda Cf sicorda]

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq

Falta soacute a induacutestria de as ir puxando para diante para cada vez irem avanccedilando e eacute faacutecil

pondo na ponta de cada pao alguma roda ou reacutegoa entesada em cordas

um calabre cujas pontas vatildeo prender na extremidade dos acircngulos que seguram

PADRE JOAtildeO DANIEL (1976) [1757] PARTE SEXTA - DO TESOURO DESCUBERTO NO

RIO MAXIMO AMAZONAS - CONTEacuteM INVENTOS UacuteTEIS E CURIOSOS PARA A MELHOR

FAZENDO NAVEGACcedilAtildeO PROacuteSPEROS TODOS OS VENTOS AINDA OS MAIS

PONTEIROS E CONTRAacuteRIOS E PARA FAZER NAS CALMARIAS BOA VIAGEM COM

NOVA INVENCcedilAtildeO DE REPRESAR AS MAREacuteS PARA MOEREM FAacuteBRICAS E INGENHOS

DE MOTO CONTIacuteNUO ACCRESCEM ALGUMAS OUTRAS IDEacuteAS DE INGENHOS

MANUAES PARA SERRAR MADEIRA FAZER ACcedilUacuteCAR E MUITOS OUTROS NAtildeO

MENOS CURIOSOS QUE UacuteTEIS A VIDA HUMANA - CAP 12deg - DOS OUTROS TREcircS

MODOS DE SERRAR MADEIRA COM INGENHO PORTAacuteTIL [A00_1975 p 431]

______________________________________________________________________

Comentaacuterios todos os dicionaacuterios apontam corda como termo naacuteutico exceto Laudelino

Origem portuguesa lt latina lt grega

101

Ficha 60

Cossouro sm (T Naut] bola de ferro furada no meio onde se mette o mastro Na espora he

a roda com dentes

______________________________________________________________________

rarrCunha cossouro sm bdquoroseta de espora‟ 1813 De origem obscura

rarrBluteau COSSOUROS do navio Saotilde humas bolas de ferro furadas no meyo em que ſe

mete o maſto Servem para os Enxertarios []

rarrMoraes e Silva COSSOgraveUROS s m pl t de Naut Bolas de ferro furadas no meyo em

que se mette o mastro servem para os enxertarios sect Cossouro da espora roda que estaacute na puacutea

rarrLaudelino Freire COSSOURO s m Bola de ferro com orifiacutecio ao centro onde se embebe

o mastrosect 2 Roseta de espora

rarrAureacutelio cossouro [De or obscura] SM 1Roseta de espora [F paral cossoiro]

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta

______________________________________________________________________

Comentaacuterios todos os dicionaacuterios remetem o significado do termo cossouro ao mundo

naacuteutico Origem obscura

Ficha 61

[]

Costa sf Terreno que se levanta em ladeira Terra junta ao mar No plr costelas do corpo

(T Naut] curvas e outras peccedilas que sostecircm o costado []Dar aacute costa naufragar encalhar

[]

______________________________________________________________________

rarrCunha costa sf bdquo(no pl) espaacuteduas‟ XIII bdquocostela‟ XIII bdquolitoral‟ XIV Do lat cŏsta

bdquocostela ilharga lado flanco‟ []

rarrBluteau COSTA do mar ( chamada porque de ordinario he amp coſtumamos dizer A

coſta do monte ou porque a terra junto ao mar de ordinario he curva a modo de Correr a

coſta Navali excursione oram Deſpois de corrida toda a coſta Proximo laure Tacito

fallatildedo em huma armada Navegar coſta a coſta Luttus radere Vr V CoſtearDar agrave coſta

Allidi ad eram ou ad oram maritimam Com naacuteos deſtroccediladas tem quaſi agrave Coſta Chagas

Cart Eſpirit Tom 291 Fez fazer mytos navios para guardar a coſta Varias naves ad oram

maritimam tuendam

rarrMoraes e Silva COacuteSTA s f Terreno que se vaacutei erguendo e fazendo ladeira sect Ir coacutesta a

riba i eacute debaixo para cima e fig com difficuldadesect Correr a costa ir ao longo perto della

e assim navegar costa a costa sem se empeacutegar nem emmarar sect Dar agrave costa vir encalhar ou

naufragar nella com tormenta ou varar nella de proposito vg deu este navio aacute costa o tempo

forte deu elle aacute costardquo naacuteos lanccediladas aacute costardquo B 453

rarrLaudelino Freire COSTA s f Ant Anat Costela 2 Regiatildeo proacutexima do mar borda

do mar litoral praia 3 Porccedilatildeo de mar proacutexima da terra

102

rarr Aureacutelio [] 2Litoral (2) 3Porccedilatildeo de mar proacutexima da terra 4A costa da Aacutefrica em geral

[Nesta acepccedil figura em vaacuterios vocaacutebulos ou expressotildees como p ex pano da costa e sabatildeo-

da-costa] 5Encosta declive Dar agrave costa 1 Mar Encalhar (a embarcaccedilatildeo) no litoral por

acidente ou maacute visibilidade ou impelida por tormenta ir agrave costa 2 Fig Perder-se arruinar-se

Ir agrave costa 1 Mar Dar agrave costa (1)

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq

mar quebrar na costa

preto

PERO VAZ DE CAMINHA (1964) [1500] CARTA DE PERO VAZ DE CAMINHA

[A00_0335 p 01]

Sesta-feira 2 dias de Novembro veo a gente que tinha mandada em busca de Martim Afonso

e me disseram como a nao capitaina dera agrave costa por falta de amarras e que Martim Afonso

com toda a gente se salvaram todos a nado (sogravemente morreram sete pessoas seis afogados e

um que morreo de pasmo) e que o bragantim dera tambeacutem agrave costa e poreacutem que lhe nom

fizera nojo e o batel do galeam e da capitaina tinhatildeo satildeos []

PEcircRO LOPES DE SOUSA (1968) [1530] DIAacuteRIO DA NAVEGACcedilAtildeO DE PEcircRO LOPES DE

SOUSA] [A00_0078 p 73]

______________________________________________________________________

Comentaacuterios todas as obras indicam costas dentre outras acepccedilotildees como termo ligado agrave

vida mariacutetima Como termo naacuteutico o DLB apresenta tambeacutem a expressatildeo dar agrave costa

Origem portuguesa lt latina

Ficha 62

Cruzar va Por em forma de cruz Atravessar pelo meio Fig Sobmetter-se conformar-se (T

Naut) Pairar

______________________________________________________________________

rarrCunha cruzarrarr CRUZ [] Do lat crux crǔcis [] cruzAR vb bdquofazer cruzada‟ XIII

bdquopercorrer atravessar‟ XVII []

rarrBluteau CRUZAR Andar atraveſſando de huma parte a outra Cruzar o mar aſſi

como diz Cicero Andatildeo os Piratas cruzando o mar Pirate mareacute inſeſtum havent Ex Cicer

ou mareacute navibus interclu ou claufum tenent Outras duas velas Cruzaratildeo largo tempo o mar

Britt Viagem ao Braſil pag 56 Dos que Nos Eſtreytos do mar ſe levantatildeo as ondas

amp andatildeo os mares Cruzados Vieir Tom 6 pag 481

rarrMoraes e Silva CRUZAacuteR v at Pograver em cruz v g cruzatildeo as vergas Mousinho Afonso

Afric sect Andar bordejando pairar Brito Viag Braacutes P56 duas velas cruzaacuteratildeo largo tempo o

mar Vieira andatildeo os homens cruzando as cortes atravessando daqui para alli no mesmo

lugar Cruza este terreiro a cavalo cruza os mares

rarrLaudelino Freire CRUZAR v r v De cruz + ar Ocupar ou vigiar certa extensatildeo do mar

percorrendo-a em tocircdas as direccedilotildees (intr tr ind com prep em) ldquoAs esquadras federais

cruzaram veratildeo e inverno durante anosrdquo (Rui) ldquoUma esquadra destinada a cruzar no

Baacutelticordquo (Aulete)

rarrAureacutelio cruzar [De cruz + -ar2][]3Cortar atravessar A Avenida Rio Branco cruza a

Presidente VargasCruzam o firmamento as estrelas cadentes (Martins Fontes Veratildeo p

154) 4Passar por percorrer atravessar Lembrava-se bem do tempo em que cruzara aquelas

estradas5Transpor penetrar Saiu dizendo que jamais voltaria a cruzar aqueles

umbrais6Percorrer em diversos sentidos cruzar os mares cruzar estradas []

8Encontrar-se vindo em direccedilotildees opostascruzara com um caboclo espadauacutedo e rijo

(Herman Lima Garimpos p 142) [] 10Percorrer o mar em direccedilotildees diversas11Estar

103

atravessado colocar-se de traveacutes 12Encontrar-se vindo em direccedilotildees opostas cruzar-se []

Cruzar (16) Os navios cruzaram-se em pleno equador []

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq

Em que se declara o clima da Bahia como cruzam os ventos na sua costa e correm as aguas

GABRIEL SOARES DE SOUSA (1938) [1587] DESCRIPCcedilAtildeO TOPOGRAPHICA DA BAHIA

(PARTE SEGUNDA -TITULO 2) [A00_0178 p 133]

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Os dicionaacuterios consultados apresentam abonaccedilotildees que remetem ao termo

cruzar na acepccedilatildeo de mariacutetimo Origem portuguesa lt latina

Ficha 63

Cunho sm Instrumento com que se marca a moeda ou medalha Fig Uso pronunciaccedilatildeo

sentido que se daacute agraves palavras (T Naut) Pagraveos em torno do cabrestante com seus dentes em

que pegatildeo o linguete e as amarras Sem cruzes nem cunhos famil sem caracter certo vario

______________________________________________________________________

rarrCunha cunho sm ldquoplaca de ferro para marcar moedas medalhas etcrdquo XV Do lat cŭněus

ndashī

rarrBluteau Cunhos (Palavra de navio) Satildeo huns paacuteos pregados agrave roda do cabreſtante por

baxo com ſeus dentes em que pega o linguete amp as amarras quando viraotilde Natildeo temos

palavra propria Latina

rarrMoraes e Silva CUNHO Cunhos t de Naut paacuteos pregados aacute roda do cabrestante com

seus dentes em que pega o linguete e as amarras quando viratildeo

rarrLaudelino Freire CUNHO Cunhos s m pl Naacuteut Espaccedilo junto ao lais tendo aberto

perpendicularmente um gorne onde passam certos cabos que manobram a vela que lhes fica

superior 2 Naacuteut Paus pregados em tocircrno do cabrestante nos quais pelo linguete 3

Pedaccedilos de pau curtos pregados no lugar conveniente e que servem para dar volta aos cabos de

mareaccedilatildeo

rarrAureacutelio cunho [Do lat cuneu] Substantivo masculino1Constr Nav Peccedila de metal

incudiforme que se fixa na amurada das embarcaccedilotildees nos turcos ou nos lugares por onde

possam passar cabos de laborar para dar-lhes volta2Tip Cada uma das peccedilas de metal que

com o auxiacutelio de chave servem para apertar a focircrma na rama [Sin nesta acepccedil aperto e

(desus) cunha V enviesado]

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta

______________________________________________________________________

Comentaacuterios todos os dicionaacuterios apresentam cunho como termo de navio Origem

portuguesa lt latina

Ficha 64

104

Curva sf A parte interior do joelho No pl (T Naut) Os pagraveos curvos que pegatildeo na quilha e

onde se pregatildeo as taboas

______________________________________________________________________ rarrCunha curv ˙a -ado -ar -atura rarr CURVO Curva sf bdquoqualquer linha ou superfiacutecie curva‟

1500 bdquo(Geom) lugar geomeacutetrico de um ponto que se desloca no espaccedilo com um uacutenico grau de

liberdade‟ 1844curvADO-bado XIV Do lat curvātus part de curvāre []

rarrBluteau Curva (Termo de Navio) Curvas de cotildevez ſaotilde as chaves da naacuteo que fortificatildeo os

lados Parece que ſaotilde o que Plinio chama Navium coft amp arum Fem Plur Curva do falcatildeo

do Beque he huma curva particular em que prega o Talhamar A quilha eſtava podre podres

as Curvas ou cavernas Vieira Tom 10220 E dando entre duas ondas impetuoſas Taboas

rendeo amp as Curvas mais forccediloſas Malaca conquiſt livro 1 oit 35

rarrMoraes e Silva CUacuteRVA Curvas t de Naut as costas ou peccedilas de paacuteo curvas que

nascem da quilha nas quaes se pregatildeo as taacuteboas do costado cavernas Vieira sect Curva do

falcatildeo do beque eacute uma curva onde se prega o talhamar

rarrLaudelino Freire CURVAS sf pl Mar Madeiros arqueados que partem do costado do

navio

rarrAureacutelio curva [F subst de curvo] SF 1Geom Lugar geomeacutetrico de um ponto que se

desloca num espaccedilo com um uacutenico grau de liberdade linha curva [O conceito pode abranger

como caso particular a linha reta] Curva de giraccedilatildeo 1 Lus Mar Curva de giro (q v)

Curva de giro 1 Bras Mar A que o centro de gravidade duma embarcaccedilatildeo descreve quando

se manteacutem o leme carregado para um dos bordos curva de giraccedilatildeo

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq

A madeira eacute leve mas muito liada que natildeo fende de que se tiram curvas para barcos e que

se fazem vasos de sellas e destas folhas podem manter bichos de seda e os levarem a estas

partes

GABRIEL SOARES DE SOUSA (1938) [1587] DAS ARVORES MEANS COM

DIFFERENTES PROPRIEDADES DOS CIPOacuteS E FOLHAS UTEIS (PARTE SEGUNDA -

TITULO 9) [A00_0185 p 252]

______________________________________________________________________

Comentaacuterios todos os dicionaristas apresentam curva como termo naacuteutico Origem

portuguesa lt latina

Ficha 65

Curvatatildeo sm ndashotildees no plr (T Naut) Vatildeo onde assenta a gavea Entre os Ferreiros satildeo dous

pagraveos do folle onde se prega a bdquoperada‟

______________________________________________________________________

rarrCunha curvo Do latim curvus

rarrBluteau CURVATAM Curvataotilde (Palavra de Navio) Curvatatildeo do gurupez he donde ſe

poem o vatildeo para aſſentar a gavea Carchefij fulcimentum i Neut Curvatoens tambem ſaotilde

huns paacuteos fortes em que ſe pregatildeo as perchas do beque Curvatoens do folle em officina de

fundidor ſaotilde dous paacuteos em que ſe prega huma taacuteboa de madeyra a que chamaotilde Perada

rarrMoraes e Silva CURVATAtildeO s m t de Naut No Curvatatildeo do gurupeacutes estaacute o vatildeo para

assentar a gaacutevea sectCurvatotildees do folle de ferreiro satildeo dois paacuteos onde se prega uma taacuteboa

chamada perada

rarrLaudelino Freire CURVATAtildeO Curvatotildees s m pl Naacuteut Duas peccedilas do mastro acima

da romatilde nas quais assentam os vaus reais

rarrAureacutelio curvatatildeo [Do esp curvatoacuten lt cat corbatoacute] Substantivo masculino 1Constr Nav

Ant Cada uma das duas fortes peccedilas de madeira presas agrave romatilde do mastro ou mastareacuteu e sobre

as quais assenta o cesto da gaacutevea

105

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta

______________________________________________________________________

Comentaacuterios todos os dicionaristas apresentam curvatatildeo como termo naacuteutico Origem

portuguesa lt latina

Ficha 66

Cutegravelo sm Alfange Instrumento semi-circular de ferro de que servem os curtidores [T

Naut] Vela pequena que se ajunta as gaveas No plr Pennas da extremidade das azas do

falcatildeo

______________________________________________________________________

rarrCunhacutelo sm bdquofaca‟ coitello XIII coytelo XIII Do lat cŭltěllus []

rarrBluteau Cutelos (Termo de navio) Armando-lhe joanetes amp Cutelos que natildeo trazia

Britto Viagem do Braſil pag 120

rarrMoraes e Silva CUTEgraveLO s m Alfange [] Velas pequenas que se ajuntatildeo quando haacute

bom vento Britto Viagem Metter cutelos e varreduras

rarrLaudelino Freire CUTELOS s m pl Mar Pequenas velas quadrangulares que servem de

suplemento agraves outras e se desfraldam quando o vento eacute favoraacutevel 2 Pedaccedilos de lona ou

brim que saem do painel das velas quando estas se cortam

rarrAureacutelio cutelo1 [Do lat cultellu faquinha] S m 3Ant Marinh Cada uma das velas

suplementares quadrangulares caccediladas junto agraves testas do velacho e da gaacutevea quando o vento

era de feiccedilatildeo para aumentar a superfiacutecie do pano vela de cutelo

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta

______________________________________________________________________

Comentaacuterios todos os dicionaristas apresentam cutelo como termo naacuteutico Origem

portuguesa lt latina

D

Ficha 67

Drsquoavante adv (T naut-) por diante

______________________________________________________________________

rarrCunha natildeo consta dlsquoavante poreacutem haacute avante adj bdquoadiante para frente‟ XIII Do lat tard

ǎbantě [] auantal XIV vante sf bdquoa metade dianteira da embarcaccedilatildeo‟ XVI

rarrBluteau DAVANTE Em praſe Nautica vai tanto como por diante Fez tomar o navio por

Davante Barros Dec 4 fol 57 Saltaraotilde no Caſtello Davante Barros 1 Dec 116 col2

Antes de darem por Davante Britto Viagem do Braſil 284

rarrMoraes e Silva D‟AVANTE adv tde Naut V Avante Barros Surdir obedecer ao leme

ou governo e mareaccedilatildeo que se faz para fazer cabeccedila e navegar

rarrLaudelino Freire natildeo constad‟avante AVANTE sm Despor O mesmo que atacante

Avante Interj Voz que exprime incitamento e equivale a ldquovamos para dianterdquo Prossigamos

rarrAureacutelio natildeo consta d‟avante consta avante [Do lat vulg abante] Adveacuterbio 1Adiante

Mais avante comeccedilava a selva2Para adiante para a frente Marchemos avante

106

Interjeiccedilatildeo 3Para a frente rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq

Quinta-feira no quarto de alva me deu por davante o vento sudoeste levando as velas cheas

do vento nordeste que foi a mor afronta que nesta viajem noacutes tiacutenhamos visto E com o vento

sudoeste lanccedilaacutemos as naos ao pairo

PEcircRO LOPES DE SOUSA (1968) [1530] DIAacuteRIO DA NAVEGACcedilAtildeO DE PEcircRO LOPES DE

SOUSA [A00_0078 p 65]

______________________________________________________________________

Comentaacuterios somente Bluteau e Moraes e Silva indicam dlsquoavante como termo naacuteutico

Origem portuguesa lt latina

Ficha 68

Desaferrar va Soltar cousa preza com ferro ou a ferro Soltar largar o que estava prezo

Fig Tirar a forccedila das matildeos das unhas etc (T naut) Levantar ancora

______________________________________________________________________

rarrCunha des˙a˙ferr˙ar -olhar - FERRO sf bdquometal maleaacutevel e tenaz de numerosas aplicaccedilotildees

na induacutestria e na arte‟ XIII Do lat ferrum ndashi [] DESAferrAR XVI []

rarrBluteau DESAFERRAR Tirar alguma couſa do ferro com que eſtaacute preſo Aliquid ferreo

vinculo exfolvere Deſaferrar da maotilde dos dentes das garras unhas ampc he tirar por forccedila que

as ditas couſas tem aferrado Aliquid egrave manibus dentibus unguibus avellere evellere

revellere (vello vulfi vullere evellere revellere (vello vulfi vulfum) Ex Cic Deſaterrar do

Porto Levantar ferro Solvere egrave portu ou folvere navem Cic Deſpois de Deſaferrar do

Porto Ancoris folutis Cic Nem aſſi quizeraotilde Deſaferrar do Porto Jacinto Freyre mihi pag

27

rarrMoraes e Silva DESAFERRAR v at Soltar alguma coisa do ferro a que estava presa v

g desaferraratildeo a embarcaccedilatildeo inimiga a preza te desaferro Lobo Egl7 sect Desaferrar do

porto levantar ferro ancora

rarrLaudelino Freire DESAFERRAR v r v De des + aferrar Levantar ferro ou acircncora (o

navio) (intr tr ind com prep de) ldquo O navio desaferrourdquo ldquoA primeira esquadra agraves ordens de

Lencastre desaferrou do pocircrto de Woolwichrdquo (Rebecirclo da Silva)

rarrAureacutelio desaferrar [De des- + aferrar] Verbo transitivo direto 1Soltar (o que estava

aferrado preso com ferro) 2Soltar (o que estava seguro) Verbo transitivo direto e indireto

3Fazer desistir dissuadir Natildeo conseguimos desaferraacute-lo daquela ideia

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta como termo naacuteutico

______________________________________________________________________

Comentaacuterios todas as acepccedilotildees exceto as apresentadas por Aureacutelio remetem ao universo

naacuteutico Origem portuguesa lt latina

Ficha 69

Desancorar va (T naut) Levantar ancora

______________________________________________________________________

rarrCunha Do lat ancōra deriv do gr aacutegkyra

rarrBluteau DESANCORAR Levantar a ancora Anchoras toliere Vid Ancora

rarrMoraes e Silva DESANCORAacuteR v at Levantar a ancora o ferro do navio sect vn

Desaferrar

107

rarrLaudelino FreireDESANCORAR vrv De des + ancorar Levantar a acircncora de (tr dir)

2 Levantar acircncora (intr)

rarrAureacutelio desancorar [De des- + ancorar] Verbo td Desus 1Levantar a acircncora de

desancorar um barcoVerbo intransitivo 2Levantar acircncora desaferrar do porto

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta

______________________________________________________________________

Comentaacuterios todos os dicionaacuterios apresentam desancorar como termo naacuteutico Aureacutelio

acrescenta ldquotermo em desuso Origem portuguesa lt latina lt grego

Ficha 70

Descahir v n [T naut] Apartar-se do rumo por causa da corrente etc Soffrer decadencia de

bens de valimento etc Ir a mal o que estava bem Declinar

______________________________________________________________________

rarrCunha natildeo consta descair consta cair cair vb bdquocorresponder a tocar a‟ bdquoir ao chatildeo‟

XIV caer XIII Do lat caděre cadente adj 2g bdquoque vai caindo‟ bdquocadenciado ritmado‟

XVIII Do lat cadens -ēntis bdquoque tomba que cai‟ caIacuteDO 1572 -hi- XVI caIMENTO

-hi- XVIII DEcaIacuteDO decau- XIII DEcaiMENTO -cay- XV Decair XIII

DEScaIacuteDA -hi- 1813 DEScaIacuteDO XVI DEScaIMENTO XVI DEScair XVI

descayr XV queda sf bdquobaque tombo‟[]

rarrBluteau DESCAHIacuteR (Termo Nautico) He nas viagens por mar cotilde a forccedila do vento das

mares ou das correntes perder o rumo amp ſahir da derrota que ſe tem tomado itinere

ventorum ou aquarum vi de (Fleto flexi flexum) Como pairava podia Deſcahir com o

vento Britto viagem do Braſil 37 O Galeaotilde foy Deſcahindo com a correnteQueyros Vida do

Irmatildeo Baſto 311 col2 Deſcahir do valimento In principis offenſionem incurrere ou cadere

Cic

rarrMoraes e Silva DESCAHIR v n t de Naut Apartar-se do rumo por forccedila do vento

contrario de aguagens ou correntes B145 ldquonatildeo querendo o navio fazer cabeccedila (por tomar

vento d‟avante) comeccedilou de ir descahindo sobre hum baixo

rarrLaudelino Freire DESCAIR vrv De des+cair Naacuteut Desviar-se do rumo ou direccedilatildeo

derivar (intr) Abrandar amainar (intr) ldquoO vento comeccedila a descairrdquo (Aulete)

rarrAureacutelio [De des- + cair] V t d[] 4Mudar de rumo derivar (embarcaccedilatildeo) [] 9Estar

inclinado em (certa direccedilatildeo) []

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq

[] quando voltou encontrara huma armada de vinte naacuteos Hollandezes que lhe impediratildeo o

poder lanccedilar da sua gente a que pretendia no porto de Tamandareacute e por descahir muito com

as correntezas apenas podera tomar o porto dos Touros onde fizera dezembarcar o Mestre

de Campo Andreacute Vidal de Negreiros []

LUIZ DOS SANTOS VILHENA (1921) [1802] CARTA UNDECIMA [A00_0832 p 401]

______________________________________________________________________

Comentaacuterios todos os dicionaacuterios apresentam descahir como termo naacuteutico ou remete ao

universo mariacutetimo Origem portuguesa lt latina

108

Ficha 71

[]

Dobrar va voltar parte de alguma cousa sobre outra Fazer girar sobre o eixo fallando de

hum sino e de hum cabo (T Naut) Passar alem delle Curvar commover mover alguem

Amansar Accrescentar outro tanto Dobrar-se figldquoAugmentar-serdquo em dobro vnVoltar

______________________________________________________________________

rarrCunhadobrar vb‟duplicar aumentar tornar mais completo mais extenso‟‟curvar abater

domar‟ bdquomodificar passar aleacutem de torneando‟ XIII Do lattardio duplārede duplus

bdquodobro‟derivde duo bdquodois‟ []

rarrBluteauDOBRAR Dobrar hum cabo (Termo nautico) []

rarrMoraes e Silva DOBRAacuteR v at Voltar a porccedilatildeo ou parte de uma coisa sobre outra parte

v g um ramo do panno sobre outro a parte de uma folha de papel sobre outra a ponta de um

prego ou arame sobre o maissect Dobrar o Cabo t de Naut passar aleacutem delle navegando fig

ao dobrar de huma assomada Lobo Egl 5

rarrLaudelino Freire DOBRAR v r v Lat duplicare Passar aleacutem dando volta costeando ou

torneando (tr dir) ldquoAs primeiras navegaccedilotildees regulam-se pelas balizas que deixaram os

predecessores e pelos mesmos cabos que ecircles dobravamrdquo (Latino Coelho)

rarrAureacutelio dobrar [Do lat duplare] Verbo transitivo direto 1Tornar duas vezes maior

duplicar As chuvas dobraram o volume de aacutegua da represa4Voltar ou virar (um objeto) de

modo que uma ou mais partes dele se sobreponham a outra(s) Apoacutes a cerimocircnia os soldados

dobraram a bandeira5Fazer vergar curvar flexionar flectir dobrar os joelhos Ao redor de

noacutes o vento selvagem que dobra vergocircnteas ondeia cidreiras e despetala flores (Maacuterio da

Silva Brito Conversa Vai Conversa Vem p 12) 6Passar aleacutem de circundando Vasco da

Gama dobrou o cabo da Boa Esperanccedila em 1498 7Teatr Interpretar dois ou mais papeacuteis

numa mesma peccedila 8Vergar-se curvar-se 9Ceder transigir 10Pocircr-se (o Sol) 11Bras

Gorjear cantar (paacutessaro) 12Bras PA Proceder a uma dobraccedilatildeo (2) Verbo pronominal

13Tornar-se maior aumentar(-se) 14Curvar-se inclinar-se vergar15Afrouxar(-se) ceder

[Pres ind dobro etc Cf dobro (ocirc) s m]

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq

O vento era sueste que nos era escasso pera dobrar(e)mos o cabo de Santlsquo Agostinho As

aacuteguas nesta paragem correm a loeste com muita forccedila

PEcircRO LOPES DE SOUSA (1968) [1530] DIAacuteRIO DA NAVEGACcedilAtildeO DE PEcircRO LOPES DE

SOUSA () [A00_0078 P 36]

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Bluteau e Moraes e Silva apontam dobrar como termo naacuteutico Laudelino

Freire e Aureacutelio natildeo o fazem mas apresentam abonaccedilotildees que mostram o termo como do

universo mariacutetimo Origem portuguesa lt latina

109

Ficha 72

Dormenteadj Adormecido Entorpecido Que estaacute fixa fullando de huma ponte No pl (T

Naut) Diz-se de huns pagraveos que vatildeo fechar nas buccedilardas da proa e em que se assenta a coberta

Na atafona satildeo dois pagraveos em que descanccedilatildeo os emparamentos sobre que anda a moacute

______________________________________________________________________

rarrCunha dormente rarr DORMIR Dormir vb bdquodeixar de estar acordado descansar no sono‟

XIII Do lat dormīre AdormENTAR XIII dormentar XIVAdormir XIII dormEcircNCIA

XX dormENTE1

adj bdquoaquele que dorme‟ bdquodiz-se das plantas cujas folhas se enrolam ou se

desdobram de noite‟ bdquoentorpecido‟ bdquoque estaacute assentado firme‟ XIV Do lat dorm(i)ens ndash

(i)entis part pres de dormīre dormENTE2

sm bdquocada um dos paus da coberta de um navio‟

bdquotravessas em que se assentam os trilhos da linha feacuterrea‟ XVI O termo comeccedila a usar-se

nestas acepccedilotildees como oposto a elevadiccedilo moacutevel natildeo-fixo Assim ponte dormente eacute aquela

que eacute fixa em oposiccedilatildeo a ponte elevadiccedila daiacute o uso substantivado e sua expansatildeo

rarrBluteau Dormentes (Termo de navio) Saotilde os em que ſe forma a cobertaa amp vaotilde a fechar

em buccedilardas da Proa

rarrMoraes e Silva DORMEgraveNTES s m pl t de Naut Satildeo paacuteos em que se foacuterma a coberta e

vatildeo fechar nas buccedilardas da proa sect na Atafona Satildeo 2 paacuteos em que se descanccedilatildeo os

emparamentos nos Engenhos de assucar paacuteos em que assenta a ponte da moendasect Os Sete

Dormentes V C Flos Sanct De Fr Diogo do Rosario que traz a sua histoacuteria curiosamente

ldquoacordaratildeo os dormentesrdquo P d‟Aveiro c 91

rarrLaudelino Freire DORMENTE sm Naacuteut Cada um dos paus com que se forma a coberta

e que vatildeo fechar nas buccedilardas da proa2 Uma das peccedilas da atafona 3 cada uma das

travessas em que assentam os carriacutes das linhas feacuterreas

rarrAureacutelio dormente [De dormir + -ente] Substantivo masculino 1Peccedila fixa de marcenaria

ou de serralharia assim chamada em contraposiccedilatildeo a outras do mesmo tipo ou aparecircncia

poreacutem moacuteveis 2Peccedila da atafona 3Cada uma das peccedilas de madeira em que se pregam as

taacutebuas do soalho 4Constr Nav Cada uma das fortes vigas de madeira que correm de proa agrave

popa sobre o topo das balizas e sobre as quais se apoiam os topos dos vaus 5Constr Nav

Cada uma das vigas de madeira que correm de proa agrave popa presas agraves cavernas de embarcaccedilatildeo

miuacuteda um pouco abaixo do alcatrate e sobre as quais se apoiam as bancadas dos

remadores[]

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq

[ -

inconveniente no Amazonas por abundar tanto nele e nas suas matas a madeira mas ainda

que esta seja muita e esteja agrave escolha sempre custa a cortar e a conduzir e a lavrar de

sorte que chamando-se embarcaccedilotildees de um soacute pao inteiriccedilas necessitam de muitos mais

paos do que as embarcaccedilotildees ordinaacuterias um pao para fazer o casco outros dous paos para

tirar as duas cavernas outros dous para os dous talabardotildees e todos esses satildeos paos

grandes 4 paos famosos para construir as duas bochecas e as duas conchas da proa sem

falar nos muitos outros paos para dormentes bancos mastros e mais requisitos E por

ventura satildeo estas embarcaccedilotildees mais fortes e duraacuteveis que as ordinaacuterias

110

PADRE JOAtildeO DANIEL (1976) [1757] PARTE QUINTA - EM QUE MOSTRA UM NOVO E

FAacuteCIL MEacuteTODO DA SUA AGRICULTURA O MEIO MAIS UacuteTIL PARA EXTRAIR AS SUAS

RIQUEZAS E O MODO MAIS BREVE PARA DESFRUTAR OS SEUS HAVERES PARA

MAIS BREVE E MAIS FACILMENTE SE EFEITUAR A SUA POVOACcedilAtildeO E COMEacuteRCIO -

TRATADO 4deg - DA FACTURA DAS CANOAS OU EMBARCACcedilOtildeES DO AMAZONAS - CAP

2deg - DOS MUITOS INCONVENIENTES QUE TEM ESTA PRAXE DAS CANOAS [A00_1923

P 193]

______________________________________________________________________

Comentaacuterios todos os dicionaacuterios aprsentam dormente como termo naacuteutico Origem

portuguesa lt latina

Ficha 73

Driccedila sf (T Naut) Corda de iccedilar e marear as velas

______________________________________________________________________

rarrCunha natildeo consta

rarrBluteau DRICA Corda de roldana ou cabo com que ſe levantaotilde amp abaixaotilde as vergas

dos navios []

rarrMoraes e Silva DRICcedilA s f t de Naut Corda de iccedilar e marear as velas Couto 836

cortou a driccedila da vela Epanaforas H Naut 2134 enxarcea e driccedila fizeratildeo de huma linha de

pescar

rarrLaudelino Freire DRICcedilA s f ital drizza Corda com que se iccedilam pavilhotildees vecircrgas de

navio etc adriccedila ADRICcedilA s f De a + ital drizza Naacuteut Cabo para iccedilar velas ou bandeiras

nos mastros dos navios

rarrAureacutelio driccedila [Do it drizza pela f driccedila] S f 1Marinh Ant Adriccedila Adriccedila [De a-5 +

it drizza pela f ant driccedila] 1Marinh Cabo de laborar utilizado para iccedilar bandeira flacircmula

roupa maca e determinadas vergas e velas driccedila De improviso flutuaram todas [as canoas]

com rangidos de adriccedilas e palpitaccedilotildees do velame que o vento encopava e propelia (Xavier

Marques Jana e Joel p 53) A meia adriccedila 1 Marinh Diz-se de bandeira iccedilada ateacute 23 da

distacircncia vertical que vai do lais da verga ou do tope do mastro ao local de onde foi iccedilada a

meio 2 Mar Giacuter Um tanto embriagado tocado

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq

Do entrecasco de duas qualidades que ha de Imbira se fazem rijissimas cordas e ainda

amarras escotas driccedilas etc para as embarcaccediloens que navegatildeo pella costa e reconcavo

asim como estocircpa para calafates e outros uzos

LUIZ DOS SANTOS VILHENA (1921) [1801] CARTA VIGESIMA [A00_0846 p 762]

______________________________________________________________________

Comentaacuterios todos os dicionaacuterios apresentam driccedila como termo naacuteutico Origem italiana

E

Ficha 74

Embonar va (T Naut) Accrescentar o costado da embarcaccedilatildeo para ter mais bojo

______________________________________________________________________

rarrCunha em˙bon˙ar -o - bom boa adj bdquoque tem as qualidades adequadas agrave sua natureza ou

funccedilatildeo‟ bdquobeneacutevolo bondoso benigno‟ [] EMbonAR 1813 Do cast embonar EMbono

1813 Do cast embono

111

rarrBluteau (Termo Nautico) Embonar hum navio He ſobre o proprio madeyro com taboas

groſſas ou com novos madeyros amp com novo taboado dar bojo a hum navio que por falta

delle naotilde ſuſtenta a vela Navis latera lignis tabuliſque novis veſtire []

rarrMoraes e Silva EMBONAacuteR vatt de Naut |Acrescentar o costado do navio que fique

mais bojudo para aguentar melhor o panno

rarrLaudelino Freire EMBONAR v tr dir De embono + ar Naacuteut Reforccedilar exteriormente o

costado de (um navio)

rarrAureacutelio Embonar [Do esp embonar] Verbo transitivo direto 1Constr Nav Colocar

embono em (uma embarcaccedilatildeo)

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta

______________________________________________________________________

Comentaacuterios todos os dicionaacuterios apresentam embonar como termo naacuteutico ou naval

Origem castelhana

Ficha 75

Embono sm [T naut] Accrescentamento de bojo ao costado do navio

______________________________________________________________________

rarrCunha em˙bon˙o - BOM bom boa adj bdquoque tem as qualidades adequadas agrave sua natureza

ou funccedilatildeo‟ bdquobeneacutevolo bondoso benigno‟ [] EMbono 1813 Do cast embono

rarrBluteau Embocircno (Termo Nautico) Hagrave dous generos de embono Embono que ſe faz

ſobre o proprio madeyro deſcozendo o coſtado amp pondo o coſtado ſobre o embono Outro

embono faz ſobre o proprio coſtado com taboado groſſo Vid Embonar

rarrMoraes e Silva EMBOgraveNO s m Augmento de bojo que se daacute o costado do navio para

que possa aguentar melhor o panno faz-se sobre o antigo costado pondo-lhe outro

rarrLaudelino Freire EMBONO s m Naacuteut O bocircjo ou saliecircncia do costado de qualquer navio

embonado embonada EMBONOS s m pl Naacuteut Madeiras que servem para embonar o

navio2 Paus que fixam socircbre o costado para facilitar o desembarque

rarrAureacutelio [Do esp embono] S m 1Ant Constr Nav Revestimento de madeira aplicado

sobre o casco de embarcaccedilatildeo desde o fundo ateacute agrave linha-daacutegua quando ela mostra grande

tendecircncia para se inclinar 2Ant Constr Nav Revestimento suplementar com estrutura

celular que em navios metaacutelicos corria a um e outro bordo ao longo do costado desde um

pouco acima da linha-daacutegua ateacute certa profundidade e destinado a melhorar a proteccedilatildeo do

navio contra as explosotildees de torpedos ou minas contracarena [Cf nesta acepccedil coacuteferdatilde (2)]

3Bras N NE Grande viga de pau de jangada ou de outra madeira leve presa ao longo da

borda de algumas embarcaccedilotildees de boca estreita com o fim de aumentar-lhes a estabilidade e

amortecer-lhes o balanccedilo lateral

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta

______________________________________________________________________

Comentaacuterios todos os dicionaacuterios apresentam embono como termo naacuteutico Origem

castelhana

112

Ficha 76

Embornal sm O saco com cevada ou milho em que se mette o focinho da besta (T Naut)

Buracos no costado do navio para escovar a agua que cahe na coberta

______________________________________________________________________

rarrCunha embornal - bornal sm bdquosaco de pano utilizado para transportar provisotildees

ferramentas etc‟ 1813 De origem incerta Embornal 1813 Embornais sm Pl ldquo(Const Nav

) abertura que se faz no costado de embarcaccedilatildeo rente com o conveacutes para escoamento das

aacuteguas da baldeaccedilatildeo ou da chuva‟ 1813 Do it imbrunali

rarrBluteau Embornagravees (Termo de Navio) Saotilde huns buracos nos coſtados da naacuteo junto das

cubertas donde ſahe a lagoa dellas para o mar [] Haacute outros Embornaes nos Trin da

cuberta por onde a agoa vay para o poratildeo donde deſpois ſe tira com a bomba

rarrMoraes e Silva EMBORNAacuteL ou Ambornal s m Saco em que se daacute cevada ou milho aacutes

bestas mettendo-lho no focinhosect Embornaacutees t de Naut buracos no costado do navio ao livel

das cobertas por onde se escogravea a agua que caacutei nellas tem umas angas de pano alcatroado ou

oleado pelas taes se saacutei foacutera a agua Amaral 51 V orndes

rarrLaudelino Freire EMBORNAL s m De em + bornal Saco em que se daacute cevada ou

milho agraves becircstas para o que se lhe prende em tocircrno da bocircca cevadeirardquoEu vi vocecirc uma

bichinha cabia num embornal estaacute ouvindordquo (C Neto)

rarrAureacutelio embornal2 [Do cat ant embrunal poss pelo esp embornal] Substantivo

masculino 1Constr Nav Abertura que se faz no costado de embarcaccedilatildeo rente com o conveacutes

para escoamento das aacuteguas da baldeaccedilatildeo ou da chuva

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq

Eraotilde valeroſos ambos os Commandantes e tratando jaacute como deſempenho da ſua honra a

occaſiaotilde a que ella meſma os conduzia foy tanta a forccedila que pozeraotilde nos remos e fizeraotilde de

veacutela que na noite logo do dia 9 ſe meteraotilde de baixo das baterias inimigas com hum tal

deſprezo de chuveiros de balas que quando os Hollandezes ſe conſideravaotilde ſoacute acomettidos ſe

viraotilde entrados mas recobrando-ſe do primeiro ſuſto empenharaotilde de ſorte toda a ſua

conſtancia na oppoſiccedilaotilde da furia dos golpes que jaacute corria o ſangue pelos embornaes de hum

e outro bordo

BERNARDO PEREIRA DE BERREDO (1749) [1718] ANNAES HISTORICOS DO ESTADO

DO MARANHAOtilde - LIVRO V [A00_2517 p 183]

______________________________________________________________________

Comentaacuterios De todos os dicionaacuterios consultados somente o Laudelino Freire natildeo apresenta

embornal como termo naacuteutico Origem incerta (italiana)

Ficha 77

Encalamentos s m plur (T Naut) Peccedilas de madeira que atravessatildeo os braccedilos do navio para

o segurar

______________________________________________________________________

rarrCunha natildeo consta

rarrBluteau ENCALAMENTOS (Termo de navio) Satildeo os que atraveſſaotilde os braccedilos amp as

poſturas do navio para fortificar []

113

rarrMoraes e Silva ENCALAMEgraveNTOS s m pl t de Naut Peccedilas de madeira que atravessatildeo

os braccedilos e posturas do navio para as fortificar

rarrLaudelino Freire ENCALAMENTO s m Naacuteut Peccedila de madeira que fortalece o navio

atravessando-lhe os braccedilos

rarrAureacutelio natildeo consta

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Somente o Aureacutelio natildeo apresenta o termo naacuteutico encalamento Origem natildeo

encontrada

Ficha 78

Encapellar va Levantar a onda e fazella dobrar sobre si Vn (T Naut) vir caindo sobre a

calcez ategrave descanccedilar nos vatildeos

______________________________________________________________________

rarrCunha encapelar ndash CAPELO - sm bdquocapacete da armadura‟ XIII Do lat vulg cappěllus

ENcapelADO sm em- XV ENcapelAR -llar XIX

rarrBluteau Encapellar (Termo de Mariagem) Diz-ſe da enxarcia ou cordas que vem cahindo

pelo calcegravez ou peſcoccedilo do masto ateacute aſſentarem em cima dos vatildeos amp quando ſe tiratildeo diz-ſe

Deſencapellar

rarrMoraes e Silva ENCAPELLAacuteR v at Levantar encrespar e fazer dobrar o apice ou

lingua da onda sobre si mesma como succede andando o mar mui grosso o mar encapella as

ondas Mansinho f 35 sect ldquoassombrar as terras encapella os mares Barreto v do Evangelho

sect Encapellar n t de Naut vir caindo a enxarcia ou cordas pelo calcez ateacute assentarem sobre

os vatildeos []

rarrLaudelino Freire ENCAPELAR ou ENCAPELLAR vrv De em + capela + ar Naacuteut Ir

introduzindo a encapeladura da enxarcia alccedila etc pelo calcecircs ou lais de qualquer mastro

mastareacuteu ou vecircrga ateacute ficar assente socircbre os vaus ou cunhos dos madeiros (intr) 2 Agitar-

se e amontoar-se formando serras (falando do mar ou das ondas) (intr pr) ldquoVentos sopraram

o mar encapelourdquo Suacutebito encapelam-se as ondasrdquo (Paranapiacaba) 3 Levantar

encrespar (tr dir pr) ldquoO oceano encapelava as ondasrdquo (Pocircrto Alegre)

rarrAureacutelio encapelar2 [De en-

2 + capelo

1 + -ar

2] Verbo trans Dir [] 2Levantar erguer

encrespar (o mar as ondas etc)Verbo intransitivo 3Encrespar-se agitar-se (o mar as

ondas) encapelar-se 4Marinh Introduzir no calcecircs ou lais a enxaacutercia a alccedila etc Verbo

pronominal [] 6Encapelar (3) E as vagas do oceano que ameaccedilava tragaacute-los encapelavam-

se aos peacutes deles (A Herculano Lendas e Narrativas I p 147)

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq

Qual sereno mar que num instante As ondas sobre as ondas encapela

TOMAacuteS ANTOcircNIO GONZAGA (2000) [1863] CARTA 3a [A00_1215 p84]

______________________________________________________________________

Comentaacuterios todos os dicionaacuterios apresentam encapelar como termo naacuteutico Origem

portuguesa lt latina

Ficha 79

Encodar-se va refl [T Naut] Prender-se de poppa ou ficar com ella debaixo d‟agua

______________________________________________________________________

rarrCunha natildeo consta

114

rarrBluteau Natildeo consta

rarrMoraes e Silva ENCODAacuteR-SE v recipr t de Naut Encodar-se a naacuteo pender a popa ou

ficar com ella debaixo da agua (de coda Italiano) Cast 2 f 161

rarrLaudelino Freire ENCODAacuteR-SE v pr De em + coda + ar Inclinar a pocircpa ou metecirc-la

debaixo de aacutegua (o navio)

rarrAureacutelio natildeo consta encodar ou encodar-se Consta encodeamento [De encodear + -mento]

Substantivo masculino 1Accedilatildeo de encodear2Crosta cocircdea

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Moraes e Silva e Laudelino Freire apresentam encodar-se como termo naacuteutico

Origem italiana

Ficha 80

Enfrechadura sf (TNaut) Cabos que atravessatildeo os covens como escadas

______________________________________________________________________

rarrCunha [] do fr fleche de origem germacircnica [] frechal 1813

rarrBluteau Enfrechadugravera (Termo de Marianhagem) Satildeo huns cabos que atraveſſaotilde os ouveins

a modo de eſcadas formacirc transſverſa Scal nautic arum Fem Plur Virgilio lhe chama

Pontes Neſte ſentido entendem os Commentadores eſte verſo do livro da Eneida []

rarrMoraes e Silva ENFRECHADUacuteRA s f t de Naut Satildeo cabos que atravessatildeo os oveis a

modo de escadas

rarrLaudelino Freire ENFRECHADURA s f O mesmo que enfrechateEnfrechate s m De

enfrechar Naacuteut Cada um dos cabos paralelos e horizontais nos oveacutens das enxarcias

Enfrechar v tr De en + frecha + ar Naacuteut Pocircr enfrechates em

rarrAureacutelio enfrechadura s f1Constr Nav O conjunto de enfrechates duma enxaacutercia

Enfrechate s m1Constr Nav Cada um dos degraus feitos de cabo madeira ou ferro presos

aos oveacutens formando escada para que por ela possa subir ao mastro o pessoal empregado na

manobra de um veleiro

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta

______________________________________________________________________

Comentaacuterios todos os dicionaacuterios apontam enfrechadura como termo naacuteutico Origem

francesa lt germacircnica

Ficha 81

Enora sm (T Naut] Pagraveo de atochar o mastro

______________________________________________________________________

rarrCunha natildeo consta

rarrBluteau ENORAS (Termo de Navio) Saotilde dous paos a que antigamente chamavaotilde

Poſquetes ſervem de atochar o maſto

rarrMoraes e Silva ENOacuteRAS s f pl t de Naut Paacuteos de atochar o mastro V

PosquetesPosquegravetes s m pl t de Naut antiq V Enoras

rarrLaudelino Freire ENORA s f lat ora Naacuteut 1 Abertura nos vaacuterios pavimentos do

navio por onde os mastros vatildeo assentar na carlinga 2 Abertura circular no conveacutes agrave reacute por

onde se enfia a cabeccedila da madre do leme 3 Peccedila de madeira com que se atocha o mastro

rarrAureacutelio [De en-2 + lat ora extremidade cabo amarra] S f 1Constr Nav Abertura

feita num conveacutes e por onde enfurna um mastro ou eixo de um cabrestante

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta

115

______________________________________________________________________

Comentaacuterios todos os dicionaacuterios apontam enora como termo naacuteutico Origem

portuguesa lt latina

Ficha 82

Envergar va ndashguei (T Naut) Enrolar as velas com os envergues nas vergas Vergar

______________________________________________________________________

rarrCunha en˙ver˙ado -adura -ar - VERGA verga sf bdquovara flexiacutevel‟XIII virga XIIIDo

lat virgaENvergADO XVIIENvergADU˙RA 1844 ENvergAR XVII []

rarrBluteau natildeo consta

rarrMoraes e Silva ENVERGAacuteR v at t de Naut Atar e enrolar as velas nas vergas com os

envergues Couto 6921sect V Vergar vg envergar um prego sect Cobrir tapar com vergas

rarrLaudelino Freire ENVERGAR vrv De en +vergar Mar Enrolar e atar com os

envergues (as velas) nas vergas (tran dir) Ligar (o pano) agraves vergas ou aos estais para

servirem na manobra (tr dir)

rarrAureacutelio Envergar [De en-2 + verga + -ar

2] Verbo transitivo direto1Marinh Atar (vela) a

uma verga ou a um estai2Curvar arquear Envergou o bambu3Vestir trajar envergar um

fraqueVerbo intransitivoVerbo pronominal 4Vergar-se curvar-se [Conjug v largar]

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta como termo naacuteutico

______________________________________________________________________

Comentaacuterios todos os dicionaacuterios apontam envergar como termo naacuteutico exceto Bluteau

onde o termo natildeo foi encontrado Origem portuguesa lt latina

Ficha 83

Envergues sm plr (T Naut) Os cabos que atatildeo a vela por huns ilhograves aacute verga

______________________________________________________________________

rarrCunha verga sf bdquovara flexiacutevel‟XIII virga XIIIDo lat virgaENvergADO

XVIIENvergADU˙RA 1844 ENvergAR XVII []

rarrBluteau ENVERGUES (Termo de marinhagem) Saotilde huns cabos que fazem fixos ilhograves

com as vergas no gorotil Fumes quibus concraEtum velum alligatur ad antennas

rarrMoraes e Silva ENVEacuteRGUES s m pl t de Naut Cabos que fazem fixos e atatildeo as velas

por uns ilhoacutes aacutes vergas V Gorotil

rarrLaudelino Freire ENVERGUES s m pl de envergar Mar Amarrilhos gaxetas fixas nos

ilhoses do guratil das velas que as atam contra as suas vecircrgas ou vergueiros

rarrAureacutelio envergues [Dev de envergar] Substantivo masculino plural 1Marinh Cabos ou

cordas que prendem a vela agrave verga

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta

______________________________________________________________________

Comentaacuterios todos os dicionaacuterios apresentam envergues como termo naacuteutico Origem

portuguesa lt latina

116

Ficha 84

Escacear vn (T Naut) Ir faltando ou diminuindo va Dar com escaceza [ No primeiro

sentido se toma tambem figuradamente)

______________________________________________________________________

rarrCunha escasso adj bdquoparco avaro raro‟ XIII Do lat excarpsus part De excerpěre

escassEAR escacear XVI []

rarrBluteau ESCACEAR (Termo Nautico) Ir faltando Eſcacear o vento Remiffius flure

ventum O vento eſcacea Ventus remittit ou ſe remittit Por lhe Eſcacear o vento as naotilde

ſeguio Damiaotilde de Goes 221 Eſcacear Dizſe de outras que ſem largueza amp com

difficuldade ſe comunicaotilde Vendo a ambiccedilaotildecom que As chamas ſe arroja o peito Eſcacearaotilde

as luzes Por naotilde honrar nos reflexos Crift Dalma 117 Vid Eſcaſſear

rarrMoraes e Silva ESCACEAacuteR vnt de Naut Escacear os ventos natildeo os aproveitar

mettendo todas as velas ou levando-as enrisadas ou de outro modo que o vento natildeo faccedila

vingar o navio quanto pudera se fosse todo aproveitado H naut t 398

rarrLaudelino Freire ESCASSEAR vrv De escasso + ear Naacuteut Natildeo aproveitar toda a accedilatildeo

de (o vento) diminuindo o pano (tr dir)

rarrAureacutelio escassear [De escasso + -ear2] Verbo transitivo diretoVerbo transitivo direto e

indireto 1Dar com escassez com parcimocircnia natildeo prodigalizar Natildeo escasseia presentes S

M natildeo escasseia mercecircs aos que o servemVerbo intransitivo 2Fazer-se escasso tornar-se

diminuto minguar rarear []

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq

Deixa esta ilha entre si e o morro de Tinhareacute outra bahia mui grande com fundo e porto em

que poacutedem entrar naacuteos de todo o porte e tem grande ancoradouro e abrigada aacute sombra do

morro de que se aproveitam muitas vezes as naacuteos que vem do reino quando lhe escacea o

vento e natildeo podem entrar na bahia da ilha para dentro

GABRIEL SOARES DE SOUSA (1938) [1587] DA ENSEADA DA BAHIA SUAS ILHAS

RECONCAVOSRIBEIROS E ENGENHOS (PARTE SEGUNDA - TITULO 3) [A00_0179 p

146]

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Dos dicionaacuterios consultados soacute Aureacutelio natildeo apresenta o verbo escacear como

termo naacuteutico Origem portuguesa lt latina

Ficha 85

Escatelado adj (T naut) Furado na ponta

______________________________________________________________________

rarrCunha escatelADO 1881 sm bdquo(Constr Nav) fenda ou furo na extremidade de uma

cavilha para receber chaveta que natildeo a deixe sair do lugar‟ De origem controversa

rarrBluteau ESCATELADO (Termo de Navio) Cavilha Eſcatelada quer dizer furada na ponta

depois de paſſada a Abita amp a curva para ſe fechar atraveſſſandolhe a chaveta em cima de

huma arruela

rarrMoraes e Silva ESCATELAacuteDO adj T de Naut Cavilha escatelada furada na ponta

depois de passada a abita e a curva para se fechar com a chaveta em cima de uma arruella

rarrLaudelino Freire ESCATELADO v tr dir De escatel + ar Fechar (a cavilha) com a

chaveta em cima da arruela2 Furar na extremidade (a cavilha)

rarrAureacutelio escatelar [De escatel + -ar2] Verbo trans dir Constr Nav1Abrir escatel em (uma

cavilha) 2Introduzir a chaveta no escatel de (uma cavilha) Escatel [De or obscura] S

117

m1Constr Nav Fenda ou furo na extremidade de uma cavilha para receber chaveta que natildeo

a deixe sair do lugar [Pl escateacuteis]

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Todos os dicionaacuterios consultados apresenta esse termo como naacuteutico

Origem cotrovertida

Ficha 86

Escoas sf plur (T Naut) Peccedilas que fortificatildeo as cavernas d‟avante a regrave pela parte de

dentro

______________________________________________________________________

rarrCunha escoa sf bdquo(Const Nav) cada uma das carreiras de tabuado do forro interior do

navio de maior espessura destinadas a consolidar os pontos fracos das balizas‟ XVII Do cat

escoa deriv de escosa particiacutepio do antigo verbo escondre

rarrBluteau Eſcoas (Termo da carpintaria de humanao) Saotilde aſque fortificaotilde as cavernas

davante arepella parte de dentro Fundamentorumnavis interiorra munimenta or um Plur

Neut

rarrMoraes e Silva ESCOgraveAS sf pl t de Naut Peccedilas que fortificatildeo as cavernas por dentro

d‟avante aacute reacute H Naut I 320

rarrLaudelino Freire ESCOA sf Cada uma das peccedilas que fortificam interiormente as

cavernas de uma embarcaccedilatildeo Obs Usado mais no pl

rarrAureacutelio escoa(ocirc) [Do cat escoa] s f Constr Nav1Cada uma das carreiras de tabuado

do forro interior do navio de maior espessura destinadas a consolidar a ligaccedilatildeo dos braccedilos agraves

cavernas [Em geral satildeo trecircs ou quatro carreiras colocadas ateacute junto agrave sobrequilha] 2Cada

uma das cantoneiras longitudinais dispostas paralelamente agrave sobrequilha e assentes nos pontos

onde as cavernas comeccedilam a subir para consolidaccedilatildeo interna da ossada do navio

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq

Sapucaya he madeira de muita duraccedilatildeo e rijeza a natureza das sapucayas he serem direitas e

monstruozas em altura e grossura pello que dellas se fazem quilhas para naacuteos do maior

poacuterte sobre quilhas cadastes vaacuteos cintas dormentes escoas alem do que em terra se fazem

dormentes ou grandes vigas para os corpos de Engenhos e armazens do maior comprimento

e grossura

LUIZ DOS SANTOS VILHENA (1921) [1801] CARTA VIGESIMA [A00_0846 p 739]

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Todos os dicionaacuterios consultados indicam escoa como termo naacuteutico

Origem catalatilde

Ficha 87

Escorrer va Fazer correr o liquido vn correr o liquido (T Naut) va Passar alecircm sem

tomar nem avistar porto

______________________________________________________________________

rarrCunha escorrer - CORRER vb [] Do lat cǔrrěre corrED˙EIRA sf bdquotrecho de rio

onde as aacuteguas correm ceacuteleres‟ 1844 EScorrer XVI Do lat ex-cǔrrěre []

rarrBluteau Eſcorrer (Termo Nautico) Eſcorrer huma terra huma proviacutencia Paſſar alě

navegandoſem deſcobrilla [] Porque com o eſcuro da noite lhe naotilde ſuccedeſſe Eſcorrer a

118

terra (aſſim dizem aſeu deſencontro os marinheiros) D Franc Man Epan 3 pag pag 319

Dobrou o Cabo de Bon Eſperanccedila Eſcorreo a Ethiopia paſſou a Arabia Vieira Tom 2140

rarrMoraes e Silva ESCORREgraveR at t de Naut Passar alegravem sem tomar ou ver algum Porto

ou Terra onde queriatildeo ir ou que se havia de encontrar Vieira ldquoescorreu a Ethiopiardquo Albuq

41 F Mendes c6b277

rarrLaudelino Freire ESCORRER vrv De es + correr Naacuteut Ant Correr ao longo da

costa de costear (tr dir)

rarrAureacutelio escorrer [Do lat excurrere] Verbo trans Dir 1Fazer correr ou esgotar (o

liacutequido) 2Tirar a (alguma coisa) o liacutequido com que se achava misturada fazendo-o correr

gota a gota 3Deixar sair deitar verter O ferimento escorria um liacutequido sanguinolentoVerbo

intransitivo []

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta como termo naacuteutico

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Somente o Aureacutelio natildeo apresenta escorrer como termo naacuteutico Origem

portuguesa lt latina

Ficha 88

Escoteira sf (T Naut) A peccedila onde se fixa a escota

______________________________________________________________________

rarrCunha - escota sf bdquo(Mar) cabo para governar as velas do navio‟ XV Do ant fr escoute

(hoje eacute coute) deriv do goacutetico skaut escotEIRA XVI escotILHA XV

rarrBluteau ESCOTEIRAS (Termo de navio) Saotilde huns paos onde ſe fazem fixas as eſcotas

da gavea Ligna quibus superiores navis verfori firmantur

rarrMoraes e Silva ESCOTEgraveIRAS s f pl t de Naut Peccedilas de navio onde se fixatildeo as

escogravetas Goes Cron Man 4c78 a escoteira no sing Couto 47II ldquodas escoteirasrdquo

rarrLaudelino Freire ESCOTEIRA s f Naacuteut Peccedila por onde passam as escotas

rarrAureacutelio escoteira [De escota + -eira] s f 1Ant Constr Nav Armaccedilatildeo constituiacuteda de

duas colunas fixas no conveacutes por ante a vante dos mastros ligadas por um travessatildeo no qual se

enfiavam malaguetas onde davam volta as escotas das gaacuteveas escotel Escota (ocirc) [Do fr ant

escoute (atual eacutecoute) poss do goacutet skaut] s f1Marinh Cabo de laborar fixo no punho da

escota (q v) e que permite caccedilar o pano i e estender a vela pelo punho respectivo de modo

que apresente ao vento toda a sua superfiacutecie [A escota iraacute mais ou menos folgada ou entrada

de acordo com a mareaccedilatildeo Nas velas redondas haacute duas escotas uma por barlavento e outra

por sota-vento nas latinas apenas uma]

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta como termo naacuteutico

______________________________________________________________________

Comentaacuterios todos os dicionaacuterios citados apresentam escoteira como termo naacuteutico

Origem francesa lt goacutetica

Ficha 89

Escotilha sf (T Naut] espeacutecie de alccedilapatildeo no convez do navio por onde se desce para as

cobertas

_____________________________________________________________________

rarrCunhaescotilha - escota sf bdquo(Mar) cabo para governar as velas do navio‟ XV Do ant fr

escoute (hoje eacute coute) deriv do goacutetico skaut

119

rarrBluteau ESCOTILHA Eſpecie de alccedilapaotilde no convez do navio por onde ſe decĕ as

mercaneiras amp os mantimentos para eſtarem debaixo de cuberta Eſcotilha grande he a porta

principal da nao por onde ſe metem as couſas de mayor volume Eſcotilhas[] Os ouviraotilde no

ar ir eſparzidos Pella Eſcotilha dentro derribados []

rarrMoraes e Silva ESCOTIacuteLHA s f t de Naut Especie de alccedilapatildeo com que se fecha a

entrada para as cobertas e poratildeo do navio usatildeo-se nos tablados da scena theatral

rarrLaudelino Freire ESCOTILHA sf Cast escotilha Naacuteut Alccedilapatildeo ou abertura nas

cobertas e poratildeo do navio2 Lus Abertura na parte superior do tonel para limpeza da

vasilha e entrada de uvas ou bagaccedilo

rarrAureacutelio escotilha [Do esp escotilla fonte tb do fr ant escoutille (atual eacutecoutille)]

Substantivo feminino1Constr Nav Abertura de grande ou meacutedio tamanho feita em qualquer

pavimento de uma embarcaccedilatildeo para tracircnsito de pessoal aeraccedilatildeo ou iluminaccedilatildeo das cobertas

ou passagem de carga []

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq

O ignorante Capitatildeo paſſado de hum chuccedilo pelos peitos cahio da eſcotilha abaixo

FRANCISCO DE BRITO FREYRE (1655) [1655] SENHOR [A00_2496 p 41]

______________________________________________________________________

Comentaacuterios todos os dicionaacuterios citados apresentam escotilha como termo naacuteutico

Origem francesa

Ficha 90

Escouves sm ult l-ezes no plr (T Naut) Buraco na proa da embarcaccedilatildeo por onde sahe a

amarra

______________________________________________________________________

rarrCunha sm bdquo(Const Nav) tubo ou manga de ferro por onde passa a amarra da acircncora para

ir do conveacutes ao costado de onde desce ao mar‟escouvē XVI de origem incerta

rarrBluteau ESCOVENS ou Eſcouves (Termo de navio) Saotilde na proa huns buracos redondos

por onde ſahem as amarras []

rarrMoraes e Silva ESCOgraveUVES s m pl t de Naut Buracos na progravea dos navios por onde

saacuteem as amarras Alburq P I f 8 escouves

rarrLaudelino Freire ESCOUVES ESCOUVEacuteM Lat excubiœ Abertura para a passagem da

amarra no costado do navio

rarrAureacutelio escovem [De or incerta poss do cat escobenc lt cat escova] Substantivo

masculino 1Constr Nav Tubo ou manga de ferro por onde passa a amarra da acircncora para ir

do conveacutes ao costado de onde desce ao mar [Cf escovem do v escovar]

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta

______________________________________________________________________

Comentaacuterios todos os dicionaacuterios citados apresentam escouves como termo naacuteutico

Origem incerta (castelhana)

Ficha 91

Estibordo sm (T Naut) O lado direito do navio olhando da poppa para a proa

______________________________________________________________________

rarrCunha estibordo sm ldquo(Mar) o lado direito da embarcaccedilatildeo considerando-se a proa como

a sua frente‟ 1813 estribordo XV Do fr ant estribord (hoje tribord apoacutecope de

120

estribord) deriv do neerl stierboord boreste 1884 de estibordo (com supressatildeo da uacuteltima

siacutelaba e colocaccedilatildeo da penuacuteltima no priciacutepio) Neologismo atribuiacutedo ao almirante brasileiro

Saldanha da Gama O aviso de 14021884 do Ministeacuterio da Marinha do Impeacuterio do Brasil

mandou substitur estibordo por boreste para evitar confusatildeo entre bombordo e estibordo

rarrBluteau ESTIBORDO Querem alguns que ſeja de Dextribordo He o lado do navio para

quem eſtaacute na popa com a cara voltada para a proa []

rarrMoraes e SilvaESTIBOacuteRDO smt de Naut Para quem estaacute na popa da naacuteo como rosto

para a proa eacute o lado direito ( de Stribord Inglez)

rarrLaudelino Freire ESTIBORDO sm Din Styrbord Lado do navio agrave direitos de quem

olha da popa para a proa

rarrAureacutelio estibordo[Do port arc estribordo (lt fr ant estribord [atual tribord] neerl

stierboord poss) com dissi-milaccedilatildeo] Substantivo masculino1Mar O lado direito da

embarcaccedilatildeo considerando-se a proa como a sua frente [Cf bombordo e boreste]

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq

E quando menos conta faziam das vidas do cesto da gaacutevea gritou o gajeiro terra pela proa e

como o temporal os ia empurrando para o rolo da costa por falta de governo desfizeram os

bolsos do traquete e braceando por estibordo foram costeando a dita terra e dando vista de

um abra e uma entrada puseram proa a ela e a todo o risco sem sondar a entraram e fixas as

amarras na habita desabossadas as acircncoras deram fundo

JOSEacute ALVARES DE OLIVEIRA (1981) [nd] HISTOacuteRIA DO DISTRITO DO RIO DAS

MORTES SUA DESCRICcedilAtildeO DESCOBRIMENTO DAS SUAS MINAS CASOS NELE

ACONTECIDOS ENTRE PAULISTAS E EMBOABAS E CRIACcedilAtildeO DAS SUAS VILAS

[A00_0395 p 97]

______________________________________________________________________

Comentaacuterios todos os dicionaacuterios citados apresentam estibordo como termo naacuteutico

Origem francesa lt neerlandesa

Ficha 92

Estiva sf (T naut) Contrapeso para o navio ir em equilibrio Grades de pagraveo no poratildeo por

baixo da carga A primeira carga que vai sobre ella Grades de patildeo estreitas na estribaria para

escoarem por baixo dellas a ourina dos cavallosEspecie de registro em que se taxa o preccedilo do

patildeo azeite etc

______________________________________________________________________

rarrCunha estiva sf bdquoa primeira porccedilatildeo do navio‟ bdquoarmaccedilatildeo do tabuleiro duma ponte de

madeira‟ estiba XV Do it stiva estivADOR 1858 estivAR XVI Do it stivare deriv

do lat stipāre

rarr Bluteau ESTIVA Eſtiva Termo Nautico He palavra Italiana ou ſe deriva do Franceacutez

Eſtive He o contrapeſo da carga do navio que ſe daacute a cada lado delle para o ter em equiliacutebrio

Nas ſuas cartas pag362 Uſa D Franciſco Manoel deiſa dicccedilaotilde no ſentido moral Vemos que

a naacuteo da India ſe carrega por conto amp eſta Eſtiva do que leva a paciencia do homem naotilde a

ſabe outro homem que lha carrega de injurias cujo exceſſo do homem naotilde a ſabe outro

homem cujo exceſſo permitte a providencia por caſtigallos a ambos eſte com a ſua fraqueza

aquelle cotilde a ſua tyrannia Vid Equilibrio Vid contrapeſo Vid Eſtivar

rarrMoraes e Silva ESTIacuteVA sf t de Naut O contrapeso que se potildee ao navio para ir em

equiliacutebrio se vai mais carregado de alguma parte sect Grades de paacuteos que no poratildeo vatildeo por

baixo da carga para que natildeo assente no costado e receba alguma humidade sect Grades de paacuteo

121

mūi estreitas com que se pavimentatildeo estrebarias para que a urina se escoe por ellassect Especie

de registo em que se taxa o preccedilo do patildeo azeite palha ampc pelos officiaacutees competentes Leis

de 1765sect A carga primeira que se carrega no navio

rarrLaudelino Freire ESTIVA sf Lat stiva Mar Todo o fundo interno de um navio da

pocircpa agrave proa 2 Mar A primeira camada de carga que se mete em um navio e que eacute

ordinagraveriamente a mais pesada o contrapecircso que se potildee ao navio para o equilibrar e natildeo descair

para o lado mais carregado3 Mar Grade de pau assente no poratildeo do navio socircbre o qual se

arruma a primeira carga para o isolar da umidade

rarrAureacutelio estiva [Do it stiva] Substantivo feminino1A primeira porccedilatildeo de carga do navio

2Bras Mar Merc Serviccedilo de movimentaccedilatildeo de carga a bordo dos navios nos portos o qual

compreende a retirada e a arrumaccedilatildeo desta nos porotildees e nos conveses [Cf nesta acepccedil

resistecircncia (16)] 3Bras P ext O conjunto dos estivadores [v estivador (2)]4Bras Os

gecircneros que formam a base do comeacutercio de secos e molhados especialmente os gecircneros em

grosso5Pesagem dos gecircneros ou mercadorias estivadas 6Bras N Ponte feita de um soacute pau

sobre forquilhas em terrenos alagadiccedilos ou pantanosos [Cf nesta acepccedil estivado

(2)]7Bras MG RS Ponte tosca feita de varas ou paus atravessados sobre um coacuterrego

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq

Provido do que lhe foi necessario sahiu Thomaz de Souza Villa Real do porto da foz do

Ferreiro no Rio Vermelho em 22 de Dezembro do anno passado ficando aquelle porto

quatorze leguas abaixo da villa o mais proximo della que permitte navegaccedilatildeo mesmo a

pequenos botes com

este rio pouco rico de aguas e por ser o seu fundo em partes de pedra que ainda oppondo

g

estivas sobre que se

poderatildeo arrastar as canocircas []

JOAQUIM MARIA NASCENTES DE AZAMBUJA (1891) [1797] VIAGEM DE THOMAZ DE

SOUZA VILLA REAL PELOS RIOS TOCANTINS ARAGUAYA E VERMELHO

ACOMPANHADA DE IMPORTANTES DOCUMENTOS OFFICIAES RELATIVOS Aacute MESMA

NAVEGACcedilAtildeO [A00_0710 p 47]

______________________________________________________________________

Comentaacuterios todos os dicionaacuterios citados apresentam estiva como termo naacuteutico Origem

italiana

Ficha 93

Estribo sm Peccedila em que firmatildeo os pegraves para montar a cavallo ou entrar no Coche etc No

plr (T Naut) Os primeiros cabos que na enfreixadura servem de degragraveos Perder os estribos

fig Perturbar-se natildeo saber onde firmar-se ou em quem confiar

______________________________________________________________________

rarrCunha estriborarr ESTRIBEIRA estribeira sf bdquoestribo de montar agrave gineta‟-eyra XIII

estrebeyra XIII etcDo a fr estriviegravere de origem germacircnica estribAR XV estribO

estrybo XV

122

rarrBluteau Estribos (Termo de mariagem) Saotilde os primeiros cabos que ſervem como de

degraos aacute enfrechadura Vid Enfrechadura

rarrMoraes e Silva ESTRIacuteBO s m Peccedila de madeira (V Caccedilanbas) onde metal em que o

Cavalleiro mette as pontas dos peacutes e se firma para montarsect Nos coches obra feita para se

subir por ella aos cochassect Estribos t de Naut primeiros cabos que servem como de degraos

a enfrexadura

rarrLaudelino Freire ESTRIBO sm Germ streup Naacuteut Cabo brando agrave maneira de sanefa

encapelados nas vecircrgas para servir de apoio aos peacutes dos marinheiros quando ferram o pano

rarrAureacutelio estribo- sm [] 1Marinh Cabo cujos chicotes satildeo presos aos laises de uma

verga e cujo seio eacute a espaccedilos aguentado agrave verga por meio de pedaccedilos de cabos denominados

andorinhos Serve de apoio aos peacutes dos marinheiros que trabalham na verga [Tb o pau da

bujarrona e por vezes a retranca tecircm estribo] 2Peccedila de accedilo colocada transversalmente a uma

armadura longitudinal num concreto para mantecirc-la em posiccedilatildeo ou para resistir a certos

esforccedilos 3Fig Arrimo apoio esteio

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta como termo naacuteutico

______________________________________________________________________

Comentaacuterios todos os dicionaacuterios citados apresentam estribo como termo naacuteutico

Origem francesa lt germacircnica

Ficha 94

Estribordo (T Naut) v Estibordo

______________________________________________________________________

rarrCunha estibordo sm ldquo(Mar) o lado direito da embarcaccedilatildeo considerando-se a proa como

a sua frente‟ 1813 estribordo XV Do fr ant estribord (hoje tribord apoacutecope de

estribord) deriv do neerl stierboord boreste 1884 de estibordo (com supressatildeo da uacuteltima

siacutelaba e colocaccedilatildeo da penuacuteltima no princiacutepio) Neologismo atribuiacutedo ao almirante brasileiro

Saldanha da Gama O aviso de 14021884 do Ministeacuterio da Marinha do Impeacuterio do Brasil

mandou substitur estibordo por boreste para evitar confusatildeo entre bombordo e estibordo

rarrBluteau natildeo consta

rarrMoraes e Silva ESTRIBOacuteRDO V Estibordo Cast Ined 11 536 opposto a babordo

vulgo bombordo ESTIBOacuteRDO smt de Naut Para quem estaacute na popa da naacuteo como rosto

para a proa eacute o lado direito ( de Stribord Inglez)

rarrLaudelino Freire ESTRIBORDO sm Ant O mesmo que estibordo ESTIBORDO sm

Din Styrbord Lado do navio agrave direitos de quem olha da popa para a proa

rarrAureacutelio natildeo consta

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta estribordo soacute estibordo

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Exceto Bluteau e Aureacutelio todos os demais dicionaacuterios apresentam o lema

estribordo mas remetem para o termo estibordo Origem francesa lt neerlandesa

Ficha 95

Estrinca sf (T Naut) Especie de escotilha nas embarcaccedilotildees por onde sobe a amarra

______________________________________________________________________

rarrCunha natildeo consta

rarrBluteau natildeo consta

123

rarrMoraes e Silva ESTRIacuteNCA sft de Naut Especie de escotilha nos navios HNaut

2f222 por ella saacutei a amarra donde estaacute envolta e daiacute tem o nome (strinca corda em

Italiano)

rarrLaudelino Freire ESTRINCA sf Ingl string Espeacutecie de escotilha por onde passa a

amarra

rarrAureacutelio natildeo consta

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Somente Moraes e Silva e Laudelino Freire apresentam estrinca Origem

inglesa

F

Ficha 96

Ferrar va Pregar ferradura Foxerir ferratildeo ou remate de ferro Marcar com ferrete

Guarnecer de cintas ou chapas de ferro Cravar Segurar com harpegraveo ou ferir com elle (T

Naut) Colher as velas Lanccedilar ancora Fig Tomar porto (T de Marcineiro) Metter porcas

Ferrar no sono adormecer

______________________________________________________________________

rarrCunha ferrarrarr FERRO ferro sf bdquometal maleaacutevel e tenaz de numerosas aplicaccedilotildees na

induacutestria e na arte‟ XIII Do lat ferrum ndashi AferrAR XVI AferrO sm XVIII [] Do lat

ferramenta nom pl de ferramentum bdquoinstrumento ou utensiacutelio de ferro‟ ferrAtildeO 1813

ferrAR XIII ferrARIA XIIIferrEIRO XIII ferrENHO XVI feacuterrEO 1572

rarrBluteau Ferrar (Termo Nautico) Ferrar velas ou ferrar o panno Vela colliger Vendoſe em

perigo Ferrara todo panno Britto viagem do Braſil 277 A naacuteo ditoſa Ferrava a vela

Barretto vida do Evang 21377

rarrMoraes e Silva FERRAR v at t naut Colher vg ferrar a vela o pannosect Lanccedilar ferro

ou ancora f tomar portovg ferraratildeo o porto de Coulatildeo Vieira-Freire ferrou a barra

rarrLaudelino Freire FERRAR vrv De ferro + ar Naacuteut Colhecircr amarrar (tr

dir)rdquoTrabalhados de perigos lanccedilai nautas nos nossos portos ferro ferrai velasrdquo (Filinto

Eliacutesio) 118 Atracar (a embarcaccedilatildeo) (trdir) Colhecircr (as velas) (tr dir intr) ldquoferrar as

velasrdquo ldquonunca as ondas tormenta resolveu mais arriscada Ferra ferra (bradou) que eacute enorme

o perigordquo (Filinto Eliacutesio) Deitar o navio ferro (intr) Folgar

rarrAureacutelio ferrar [De ferro + -ar2] Verbo transitivo direto [] 5Marinh Colher (vela ou

toldo) atando-os com amarrilhos a uma verga estai ou vergueiro navegou terra a terra agrave

sombra da costa ferrou panos e fundeou sobre virotes (Galpi Narrativas Militares p

23)

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq

[] mas natildeo sei se com este vento se com outro que lhe deo nas velas quando ia jaacute pera a

ferrar pendeo tanto a sua naacuteu que tomou agoa pelas portinholas da artilharia e calando-se

pelas escotilhas que iatildeo abertas foi entrando tanta que em continenti se foi ao fundo com

seu dono []

FREI VICENTE DE SALVADOR (1888) [1627] LIVRO QUINTO - DA HISTORIA DO

BRASIL DO TEMPO QUE O GOVERNOU GASPAR DE SOUZA ATHEacute A VINDA DO

124

GOVERNADOR DIOGO LUIZ DE OLIVEIRA - CAPITULO SEXTO - DE COMO O

CAPITAtildeO BALTHAZAR DE ARAGAtildeO SAHIO DA BAHIA COM HUMA ARMADA CONTRA

OS FRANCEZES E SE PERDEO [A00_2084 p 195]

______________________________________________________________________

Comentaacuterios todos os dicionaacuterios citados apresentam ferrar como termo naacuteutico Origem

portuguesa lt latina

Folgar vn Cessar de trabalhar Alegrar-se ter gosto de alguma cousa va (T Naut) Alargar

______________________________________________________________________

rarrCunha folgar vbrdquodescansar ter aliacutevio desapertar‟XIII follegar XVDo lat fotildellǐcārě

bdquorespirar como fole‟ deriv de fotildellis focirclegoXIII folgoXVIDeverbal do a port

folegarfolgafolgua XVfolgADIO XV folgADO XIII folgANCcedilA-cia

XIIIfolgAZAtildeO folgasatildeo 1813 folguEDO XVI RESfolegar XVII

rarrBluteau FOLGAR Coſſar do trabalho Deſcanccedilar Andar ocioſoOtiari (or atus fum) Cic

Como foſſe agrave Cidade de Syracuſa para folgar amp naotilde para trabalhar Cum ſe Syracuſas otiandi

non negotiandi

rarrMoraes e Silva FOacuteLGAR vat Largar ou alargar vg folgar o leme t nautsect vn Cessar

do trabalho

rarrLaudelino Freire FOLGAR descansar (intr trind com prep em) ldquoOs piratas folgando

em grupos se dispersamrdquo (Paranapiacaba) 3 Ter prazer alegrar-se regozijar-se (intr

trindcom prep com de em)ldquoDesabe o firmamento socircbre a Terra tudo pereccedila Folgaraacute

minh‟almardquo (Paranapiacaba) ldquoFolgo muito em ver-terdquo

rarrAureacutelio folgar [Do lat tard follicare] Verbo transitivo direto1Dar folga ou descanso a

[] 2Tornar largo desajustar desapertar folgar a roupa 3Tornar menos penoso tornar

leve suave folgado []

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta folgar como termo naacuteutico

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Somente Moraes e Silva apresenta folgar como termo naacuteutico Origem

portuguesa lt latina

G

Ficha 98

Garrucha sf Antigamente era o mesmo que Albarda Poleacute de dar tratos (T Naut) Cabo que

se mette na relinga por entre chicotes

______________________________________________________________________

rarrCunha garrucha sf bdquoorig pau curto com que se armavam as bestas‟guarrucha XV

bdquopistola de carregar pela boca‟ XX Do cast garrucha

rarrBluteau GARRUCHA He palavra Caſtelhana VID Poleacute de tormento amp tratos de poleacute

As cataſtas as Garruchas as fogucigueiras Vieira Tom 1076col1

rarrMoraes e Silva sft naut Garruchas satildeo ou eratildeo cabos que se mettem nas relingas por

entre os chicotes donde se fazem as puas das bolinas daqui vem agarruchar ampc

125

rarrLaudelino Freire GARRUCHAS sm pl Naacuteut 1 Argola de ferro pregadas no garotil das

velas latinas 2 Cabos que se metem nas relingas por entre chicotes

rarrAureacutelio Garrocha [Do esp garrocha] []Marinh Poleame de laborar constituiacutedo de duas

caixas sobrepostas a topo e com os eixos das suas rodas dispostos paralelamente ou

perpendicularmente um em relaccedilatildeo ao outro

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Moraes e Silva Laudelino Freire apresentam garrucha com termo naacuteutico

Aureacutelio daacute como termo naacuteutico garrocha Origem castelhana

Ficha 99

Gavea sf (T Naut) Armaccedilatildeo de taboa com feiccedilatildeo de grade do cimo dos mastros Vela que

toma o nome da gavea sobre que anda

______________________________________________________________________

rarrCunha gaacutevea sf bdquo(Naacuteut) espeacutecie de tabuleiro ou plataforma a certa altura de um

mastro‟gauea 1572Do lat med gabia (claacutess cavěa) com provaacutevel interferecircncia do it

gagravebbia ESgaivAR XXgaiva sf bdquojaula fosso‟ 1813gaivEL 1899 gajeiro sm bdquomarinheiro

que vigia da gaacutevea‟-geiro 1813 Do it gagraveggia e este do genovecircs gagravegia deriv Do lat cavěa

rarrBluteau Gaacutevea (Termo Nautico) He huma eſpecie de gayola ou guarita aſſentada em

huma roda de taboas no alto dos matos ſerve para recolher as velas quando as ferraotilde

Carchefium ij Naut Catull Mali corbita e Fem

rarrMoraes e Silva sf naut Eacute armaccedilatildeo de taboas como uma meza com bordas na ponta do

mastro

rarrLaudelino Freire GAVEA sf Lat cavea Naacuteut Espeacutecie de gaiola tabuleiro plataforma

ou guarita assente em uma rodas de taacutebuas no alto dos mastros e atravessada por ecircle 2 Vela

que ocupa o lugar imediatamente superior agrave grande GAacuteVEAS sfpl Conjunto das trecircs velas

das galeras 2 A gaacutevea e o velacho nos brigues

rarrAureacutelio [Do lat gavia por cavea gaiola] s f Marinh 1Cada um dos mastareacuteus que

espigam logo acima dos mastros reais [Nos navios de trecircs mastros denominam-se a partir de

vante mastareacuteu do velacho mastareacuteu da gaacutevea e mastareacuteu da gata] 2Mastareacuteu que espiga

logo acima do mastro real grande 3Cada uma das vergas que cruzam nos mastareacuteus de gaacutevea

[Nos navios de trecircs mastros chamam-se a partir de vante verga do velacho verga da gaacutevea e

verga da gata Antigamente chamavam-se traquetes sendo a partir de vante traquete de proa

ou de vante tranquete da gaacutevea e traquete da gata] 4Verga que cruza no mastareacuteu de gaacutevea

grande 5Cada uma das velas que envergam nas vergas de gaacutevea [Nos navios de trecircs mastros

denominam-se a partir de vante vela do velacho vela da gaacutevea e vela da gata Antigamente

chamavam-se traquetes] 6Vela que enverga na verga de gaacutevea grande 7Mar Cesto de

gaacutevea

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq

Com as vellas que anoitecer a Capitana ha de navegar ategrave que aclare o dia Succedendo

largar mais pano aʃcenderagrave dous faroes na popa amp hum na gavea

FRANCISCO DE BRITO FREYRE (1655) [1655] SENHOR () [A00_2496 p 57]

______________________________________________________________________

Comentaacuterios todos os dicionaacuterios apontam gaacutevea como termo naacuteutico Origem italiana

Ficha 100

126

Gio sm (T Naut) O travessatildeo sobre que a cana do leme anda e sobre que se formatildeo as

obras chamadas mortas da poppa

______________________________________________________________________

rarrCunha gio sm bdquo(Naacuteut) peccedila que entalha no contracadaste do navio‟ 1813 De origem

obscura

rarrBluteau GIO (Termo da carpintaria de huatilde nao) He hum traveſſaotilde ſobreque anda a cana

do leme amp ſobre o qual ſe formaotilde as obras mortas da popa Lignea compages in puppi

tranſverſa

rarrMoraes e Silva GIacuteO sm naut Travessatildeo sobre que anda a cana do leme e sobre que se

foacutermatildeo as obras mortas da popa

rarrLaudelino Freire GIO sm Naacuteut Nome de duas peccedilas curvas de madeira que formam

angula entalhando-se entre si e no contracadaste

rarrAureacutelio gio [De or obscura] Substantivo masculino1Constr Nav Nas popas quadradas

cada uma das peccedilas dispostas horizontalmente entalhadas e cavilhadas no contracadaste

constituindo assim como que as cavernas de tais popas

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta

______________________________________________________________________

Comentaacuterios todos os dicionaacuterios apontam gio como termo naacuteutico Origem obscura

Ficha 101

Guinada sf (T Naut) Acccedilatildeo de guinar Gargalhada fallando de riso

______________________________________________________________________

rarrCunha guinar vb bdquobordejar desviar-se rapidamente‟ XVI De origem obscura guinADA

XVI

rarrBluteau GUINADA Guinaacuteda amp Guinar ſaotilde termos Nauticos Vid Guinar

rarrMoraes e Silva GUIacuteNADA sf O acto de guinar t naut ldquode duas guinadas que deu (com

a sua naacuteo) sobre duas galeacutes ambas se despejaratildeo deixando os cascos vasiosrdquo (remettidas

para as ababroar) B236 Amaral

rarrLaudelino Freire GUINADA sf Angl-sax winan Naacuteut Desvio que o navio faz da sua

esteira bordejando2 salto que o cavalo daacute para furtar o corpo ao castigo do cavaleiro

rarrAureacutelio guinada [De guinar + -ada1] Substantivo feminino 1Mar Desvio da proa para

um ou outro bordo que afasta o navio deliberadamente ou por forccedila das circunstacircncias do

rumo em que vinha Havia um torvelinhar surdo e vago de coisas no tombadilho eram as

ondas que agraves vezes agrave menor guinada apesar de todo o cuidado no leme embarcavam pelo

traveacutes pela alheta (Virgiacutelio Vaacuterzea Nas Ondas p 45)

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq

Como saiacuteo a lua se fez o vento leacutes-nordeste e ventou com tanta forccedila que nom podiacuteamos com

a vela Indo assi corre guinada e em preparando de

loacute nos arrebentou o masto do traquete pelos tamboretes de que sentimos muita fortuna e

amainaacutemos a vela e fomos correndo ao som do mar ateacute que foi de dia

127

PEcircRO LOPES DE SOUSA (1968) [1530] DIAacuteRIO DA NAVEGACcedilAtildeO DE PEcircRO LOPES DE

SOUSA () [A00_0078 p 33]

______________________________________________________________________

Comentaacuterios todos os dicionaacuterios apontam guinada como termo naacuteutico Origem obscura

(anglo saxatildeo)

Ficha 102

Guinar vn (T Naut) Desviar-se do caminho da esteira que leva Diz-se do navio e

propriamente fallando sograve tem terceiras pessoas

______________________________________________________________________

rarrCunha guinar vb bdquobordejar desviar-se rapidamente‟ XVI De origem obscura guinADA

XVI

rarrBluteau Guinar (Termo Nautico) He quando o navio ſe deſvia alguma couſa hora de

huma hora de outra parte ſeguindo ſempre o meſmo rumo Conftanti ſempre curſa de via

aliquantum deſle

rarrMoraes e Silva GUINAacuteR vn naut Desviar-se o navio um pouco da esteira que leva

hora a um bordo hora a outro mas seguindo sempre o mesmo rumo Amaral 6 Fomos

guinados a elas Fern Mend c5

rarrLaudelino Freire GUINAR vrv Mover-se agraves guinadas desviar-se (a embarcaccedilatildeo da sua

esteira) (intr)

rarrAureacutelio guinar [Da mesma or incerta que o esp guintildear poss da raiz gin- de criaccedilatildeo

expressiva] Verbo intransitivoVerbo transitivo circunstancial1Mover-se agraves guinadas

oscilar Becircbado guinava agrave direita e agrave esquerda2Mar Desviar (a embarcaccedilatildeo) de propoacutesito

ou por forccedila das circunstacircncias a proa do rumo que vem seguindo para outro rumo dar uma

guinada (1)3P ext Dar guinada (3) Desorientado o ciclista guinava a torto e a

direito4Desviar-se com rapidezVerbo transitivo direto 5Desviar com rapidez ou

repentinamente Guinou a embarcaccedilatildeo para natildeo se chocar com o rochedo

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq

A ruindade desta barra consiste principalmente em ser muito estreito o seu canal e dar este

uma volta pelo meio dos dous baixos que o rodeatildeo e promettem naufragio infallivel se a

embarcaccedilatildeo guinar para algum dos lados

FREI GASPAR DA MADRE DE DEUS (1920) [1767] MEMORIAS PARA A HISTORIA DA

CAPITANIA DE S VICENTE HOJE CHAMADA DE S PAULO [A00_0169 P 123]

______________________________________________________________________

Comentaacuterios todos os dicionaacuterios apontam guinar como termo naacuteutico Origem obscura

I Ficha 103

Iccedilar va (T Naut) Levantar as vergas e vegravelas para o navio navegar

______________________________________________________________________

128

rarrCunha iccedilar vb bdquoerguer levantar‟ XVIII Do fr hisser e este do neerl hijsen ou do baixo

al hissen iccedilAMENTO XX

rarrBluteau ICAR (Termo Nautico) Levantar as velas Vella attollere Na bonanccedila Iccedilar ateacute os

topos Vieira Tom3pag76 Iccedilaraotilde de gaacutevea perdendo ancoras amp amarras Ciabra Exhortaccedil

Militar24 verſ As velas Iccediladas nos palancos Jacinto Freyre 259

rarrMoraes e Silva ICcedilAacuteR vat Levantar as vergas e as velas para navegar Freire

rarrLaudelino Freire ICcedilAR vrv Al hissen Levantar erguer alccedilar (tr dir bitr com prep a

com)rdquoIccedilar o cordamerdquo ldquoVia-se entre homens armados que a arrebatavam iccedilando-a agrave garupa

de ginete socircfregordquo (C Neto) ldquoCom taacuteureas cordas brancas velas iccedilamrdquo (Odorico Mendes)

rarrAureacutelio iccedilar [Do fr hisser] Verbo td 1Erguer alccedilar levantar iccedilar velasApenas o

vapor comeccedilou a enfrentar o Feliz este iccedilou a bandeira brasileira saudando-o (Virgiacutelio

Vaacuterzea Nas Ondas p 150) [Conjug v laccedilar Pres ind iccedilo etc pret perf icei etc pres

subj ice icem Cf isso issei o top Iceacutem e o v inccedilar]

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq

Fizeram-se primeiro que tudo cabos poreacutem o arbusto foi cortado foacutera de tempo e o linho

cortido por pessoas imperitas e que natildeo sabiam o tempo que se devia gastar no cortimento

nem o modo com que se deviam separar a capa do linho e os fabricantes dos mesmos cabos

natildeo soacute pouco habeis em fazerem o fio mas ignorando mais o modo de lhe dar o alcatratildeo

beneficio essencialissimo para perfeiccedilatildeo dos mesmos cabos poreacutem assim mesmo me servi

logo de alguns ainda que poucos nas embarcaccedilotildees da esquadra aonde serviram tatildeo bem

como os outros que tinham as embarcaccedilotildees de sorte que um delles serviu muito tempo ao

cabrestante para iccedilar a aguada e mantimentos do navio Santo Antonio e depois de soffrer

todo aquelle trabalho sem quebrar o applicaram ao ministerio da guingorra aonde durou

muito tempo

MARQUEZ DO LAVRADO (1863) [1799] RELATORIO DO MARQUEZ DE LAVRADIO

VICE-REI DO RIO DE JANEIRO ENTREGANDO O GOVERNO A LUIZ DE

VASCONCELLOS E SOUSA QUE O SUCCEDEU NO VICE-REINADO [A00_0851 p 471]

______________________________________________________________________

Comentaacuterios todos os dicionaacuterios apontam iccedilar como termo naacuteutico Origem francesa

L

Ficha 104

Lais sm (T Naut) A ponta verga

______________________________________________________________________

rarrCunha lais sm bdquo(Naacuteut) a ponta da vergardquo lays XVI De origem obscura

rarrBluteau Lais Chamatildeo os marinheiros agrave ponta das vergas a da Mezena ſe chama penna

LAIZ (Termo nautico) Extremidades das vergas Cornu antemnarum Virgilio diz Cornua

antemn (Enforcaſſe no Laiz da verga Decad 1 de Barr Paacuteg 110col4)

rarrMoraes e Silva LAacuteIS sm tnaut A ponta da verga Barros o lais da verga

rarrLaudelino Freire LAIS sm Naacuteut Ponta da verga

Lais de Guia sm Naacuteut Noacute que se daacute no seio do cabo com um dos chicotes para formar

bocirclso

rarrAureacutelio lais [De or obscura] s m Marinh1Cada uma das extremidades de uma verga

Os [marinheiros] que ofereciam resistecircncia nas abordagens ou davam combate eram iccedilados

depois no lais das vergas (Virgiacutelio Vaacuterzea Mares e Campos p 103)2Extremidade oposta

ao peacute num pau de surriola [Pl laises Cf Laiacutes antr f menos boa poreacutem usual de Lais]

Lais de guia 1 Marinh Noacute que se daacute no chicote de um cabo formando uma alccedila ou balso e

serve para encapelaacute-lo ou para fazer um laccedilo de correr

129

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq

Querendo a Capitana fallar aos navios no lays da verga grande ʃotavento largaragrave huatilde

flamula tirar agrave a huatilde peʃʃa por ʃehaacute agrave capa

FRANCISCO DE BRITO FREYRE (1655) [1655] SENHOR [A00_2496 p 55]

______________________________________________________________________

Comentaacuterios todos os dicionaacuterios apontam lais como termo naacuteutico Origem obscura

Ficha 105

Leme sm Entre Nauticos he hum pranchatildeo formado de vaacuterios madeiros posto ao alto no

cadaste do navio e que se move para hum e outro lado por meio de huns gonzos fixos que

tem os machos fixos no mesmo pranchatildeo e encaixados nas fecircmeas que estatildeo fixas no cadaste

O ferro da dobradiccedila que encaixa no leme Fig Direcccedilatildeo Duas estrelas iguaes na

Constellaccedilacirco chamada Barca

______________________________________________________________________

rarrCunha leme sm‟aparelho usado na parte traseira do barco e do aviatildeo e que serve para lhes

dar direccedilatildeo‟ XV De origem obscura

rarrBluteau LEME Pao que anda junto do cadaſte que quebra amp aparta as ondas para huma

amp outra parte amp he o total governo da nao Dizem que Tiphys companheiro dos Argonautas

na expediccedilatildeo de Colchos inventagravera o leme pelo que obſervou no Minhoto quando voa alto

que troce a aza para lhe dar nelle o vento em poppa amp ſubir amp baixar como quer Outros

dizem que dos peixes que com cauda regulaotilde nas aguas ſeu caminho ſe tomou a invenccedilaatildeo do

leme Clavus i Ma Gubernaculum i Neut Cic No Commento da Oitava 74 do Canto 5

da Luſiada aonde diz Camotildees Esta pa logo o leve leme

rarrMoraes e Silva LEgraveME sm Governalho peccedila de madeira grossa plana de certa largura

que vai em gonzos no meyo da popa do navio e outros vasos de navegar d‟alto a baixo e

serve de os fazer voltar a proa a diversos rumos voltando ao lemesect O ferro da dobradiccedila que

se embebe no vatildeo da femea eacute sobre que joga a janella ou portasect Natildeo dar o navio pelo leme

ou natildeo obedecer ao leme se diz quando natildeo proeja ainda que manejem o leme e o virem

rarrLaudelino Freire LEME sm B lat limo Aparelho situado na parte traseira do barco e

que serve para lhe dar direccedilatildeo2 Ferro ou dobradiccedila que se embebe no vatildeo da fecircmea e socircbre

que joga a porta ou janela

rarrAureacutelio leme [De or obscura] s m 1Constr Nav Peccedila ou dispositivo instalado na popa

da embarcaccedilatildeo e que serve para lhe dar direccedilatildeo para governaacute-la 2Dispositivo instalado na

cauda do aviatildeo e que regula a direccedilatildeo do aparelho 3Ferro que se embebe no vatildeo da fecircmea e

sobre o qual se move a porta ou a janela 4Fig Direccedilatildeo governo governanccedila Leme de

direccedilatildeo 1 Aer Leme que governa o aviatildeo no plano horizontalLeme de fortuna 1 Marinh V

esparrela (4)Leme de loacute 1 Marinh Posiccedilatildeo do leme com sua porta voltada para barlavento

Leme de profundidade 1 Aer Leme que governa o aviatildeo no plano verticalLeme horizontal

1 Constr Nav Cada um dos lemes que governam o submarino no plano vertical

130

(profundidade) Leme vertical 1 Constr Nav Cada um dos lemes que governam o submarino

no plano horizontal (rumo)Perder o leme 1 Ficar atarantado sem saber o que fazer

desnortear-se desorientar-seTer o leme 1 Governar administrar dirigir

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq

Avistaratildeo esta Costa em 15 de Junho e por natildeo conhecerem a paragem que era a enseada de

Vasabarris lanccedilaratildeo ferro mas era tatildeo forte o vento Sul e correm alli tanto as agoas que se

quebraratildeo duas amarras e querendo entrar por conselho de hum Francez chamado

Honorato que veio aacute terra com dous Indios em huma jangada e lhes facilitou a entrada

tocou a naacuteu e deo tantas pancadas que lhe saltou o leme foacutera e arrombou pelo que alguns se

lanccedilaratildeo a nadar e se afogaratildeo em as ondas []

FREI VICENTE DE SALVADOR (1888) [1627] LIVRO QUARTO - DA HISTORIA DO

BRASIL DO TEMPO QUE O GOVERNOU MANOEL TELLES BARRETO ATHE A VINDA

DO GOVERNADOR GASPAR DE SOUZA - CAPITULO VIGESIMO QUARTO - DA

JORNADA QUE GABRIEL SOARES DE SOUZA FAZIA AacuteS MINAS DO SERTAtildeO QUE A

MORTE LHE ATALHOU [A00_2060 P 148]

______________________________________________________________________

Comentaacuterios todos os dicionaacuterios apontam leme como termo naacuteutico Origem obscura

Ficha 106

Leva sf (T Naut) Acccedilatildeo de levantar ancora para fazer-se aacute vegravela Entre Militares

Conducccedilatildeo de recrutas

______________________________________________________________________

rarrCunha leva - LEVAR levar vb bdquotransportar retirar afastar induzir tirar roubar‟ XIII Do

lat lěvāre []

rarrBluteau LEVA (Termo Nautico) A acccedilatildeo de levantar as ancoras do porto para a partida

Anchorarum fublatio ou Navis egrave portu onis FemTocar a leva He dar aviſo com a trotildebeta

que ſe recolhatildeo os q eſtatildeo na praya quando o baxel eſtagrave para partir Dare tubacirc fignum

recipiendi in navem (Julio Ceſar farfallando na retirada dos ſoldados diz Milites figno

recipiendi dato non conftitehellip (Manda jagrave tocar a leva Ciabra Exhort Militar pag 26)

rarrMoraes e Silva LEVA sf O acto de levantar ancora para sair do porto vg ldquopeccedila de

leva a que se atira para fazer sinal de botar foacutera e que tocar leva com a trombeta para

acodirem a bordo os que hatildeo-de ir na naacuteo que estaacute para levantar ferro M Conq Vieira

rarrLaudelino Freire LEVA sf De levar O ato de levantar ferro o levantar da acircncora para

navegarNaacuteut Cabo folgado que passa por um furo do costado do navio e vai prender-se no

sapatilho dos arganeacuteus das portas5 Pop Andadura

rarrAureacutelio leva [Dev de levar] s f 1Ant Mar Ato de levantar acircncora para navegar

2Alistamento de tropa recrutamento []

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta

______________________________________________________________________

Comentaacuterios todos os dicionaacuterios apontam leva como termo naacuteutico Origem portuguesa

lt latina

131

Ficha 107

Liame sm (T Naut) Madeira das curvas com que seliatildeo por dentro as peccedilas do costado do

navio

______________________________________________________________________

rarrCunha liame sm bdquoaquilo que prende uma coisa a outra ligaccedilatildeo‟ XVIII Do lat ligamen -

ǐnis bdquolaccedilo fita‟ de ligāre

rarrBluteau LIAcircME A madeira das curvas com q por dentro ſe liatildeo os coſtados dos navios

Lignam quibus navium latera intus coagmentantur Joatildeo de Barros diz Liaccedilatildeo (Foy cortada

algūa liaccedilatildeo para galegraves Decada 2 fol39col4) (Na meſma Decada diz LiameContaratildeo-ſe

huma ſoma de madeiras da anaf para liames fol 12 col1) (os que fabricatildeo obra naval tiraotilde

della curvas amp liames Valcone Noticia do Braſil 259)

rarrMoraes e Silva LIAacuteME smt de Naut A madeira das curvas com que se ligatildeo e atatildeo as

peccedilas do costado dos navios Barros Ined IIIf506 ldquotavoados e liamerdquo

rarrLaudelino Freire LIAME sm Lat ligamen Liaccedilatildeo Naacuteut A madeira das curvas com que

se ligam e atam as peccedilas do costado dos navios Naacuteut Cordame de navio de vela

rarrAureacutelio liame (acirc) [Do lat ligamen] s m1Aquilo que prende ou liga uma coisa a outra

ligaccedilatildeo []

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq

Nas varzeas de arecirca se datildeo outras arvores reaes a que os Indios chamam curuaacute as quaes se

parecem na feiccedilatildeo na folha na cocircr da madeira com carvalhos e acham-se alguns de vinte e

cinco a trinta palmos de roda de que se fazem gangorras mesas eixos virgens esteios e

outras obras miudas mas natildeo eacute muito fixo ao longo da terra a qual tambem serve para

liames de navios e barcos e para taboado e de pesado se vai ao fundo

GABRIEL SOARES DE SOUSA (1938) [1587] DAS ARVORES REAES E PAUS DE LEI

(PARTE SEGUNDA - TITULO 8) [A00_0184 p 243]

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Soacute Aureacutelio natildeo apresenta liame como termo naacuteutico Origem portuguesa lt

latina

Ficha 108

Linguete sm (T Naut) Peccedila de pagraveo ou de ferro com que se tolhe que natildeo desande o

cabrestante embebendo-a nas mossas deste ______________________________________________________________________

rarrCunha linguete - LIacuteNGUA[] Do latlǐngŭaliacutegula sf [] Do it lingueta dimin de

liacutengua []

rarrBluteau LINGUETE ou lingoete (Termo de navio) He hum patildeo que encayxa nos cunhos

para ter matildeo do cabreſtante que natildeo ande depois que ſe tem levado a ancora ou algum fardo

Machin nautic

rarrMoraes e Silva LINGUEgraveTE smt de Naut Peccedila de paacuteo ou ferro que se embebe nas

mossas do cabrestante para que natildeo desande depois que se tem levado a ancora ou algum

132

fardo V Cunhos CUNHOS smpl t de Naut paacuteos pregados agrave roda do cabrestante com seus

dentes em que se pega o linguegravete e as amarras quando viratildeo

rarrLaudelino Freire LINGUETE sf De liacutengua Peccedila de ferro ou madeira que se embebe nas

rodas dentadas para que estas natildeo desandem

rarrAureacutelio- natildeo consta linguete consta lingueta lingueta (guecirc) [De liacutengua + -eta (ecirc) it

lingueta] Substantivo feminino1P us Liacutengua (1) pequena 2Qualquer objeto pequeno

semelhante a uma liacutengua3Fiel da balanccedila 4Peccedila chata e delgada que faz parte dalguns

instrumentos de sopro5Peccedila moacutevel de ferro das fechaduras que se encaixa quando movida

pela chave na chapatesta trancando a porta ou gaveta6Dispositivo moacutevel para fechar portas

sem o auxiacutelio da chave constatou [o serralheiro] que nada poderia fazer desde que a porta do

chuveiro natildeo dispunha propriamente de fechadura mas de uma simples lingueta (Fernando

Sabino Medo em Nova Iorque A Cidade Vazia p 118) 7Pedaccedilo de couro utilizado como

fecho em pastas valises malas etc 8Pedaccedilo de couro que no sapato de atacador protege o

peito do peacute 9Ladeira ou rampa em cais junto agrave qual atracam as embarcaccedilotildees 10Muacutes V

martinete4 (1) 11Bras PE Rampa natural que se inclina para o mar ou para o rio 12Ant

Rampa num cais para embarque e desembarque de passageiros

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Soacute Laudelino Freire natildeo apresenta linguete como termo naacuteutico Aureacutelio

apresenta lingueta Origem italiana

M

Ficha 109

Maccedilame sm Lastro de pedra e betume nas cisternas etc (T Naut) Cordoalha do navio __________________________________________________ rarrCunha natildeo consta

rarrBluteau Maccedilame Termo Nautico He todo o encordoamento da nao aſſim dos Brandaes

como da Sirgideira Brioens Apagaſanaes amp toda a mais Enxaacutercia Funium velorum

aliorum ad regendam navim inſtrumentor apparatus (Domar onde hiatildeo os Marinheiros

da queda dos paos amp do Maccedilame Brito Relaccedilatildeo da viagem do Braſil 69)

rarrMoraes e Silva MACcedilAgraveME sm t de Naut Toda a cordoalha do apparelho de um navio

Brito

rarrLaudelino Freire natildeo consta

rarrAureacutelio natildeo consta

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq

Que lhes concede todos os mantimentos assi secos como molhados que tiuerem nos

almazens do Recife amp fortalezas pera se sentirem delles amp fazerem suas viagens largando

aos soldados os de que elles necessitarem pera seu sustento amp viagem mas nam lhes

outorga o maccedilame pera os nauios porque promete darlhos aprestados pera quando partirem

pera Olanda

NAtildeO TRAZ O NOME DO AUTOR MAS Eacute DO DR JOAtildeO DE MEDEIROS CORREcircA

SEGUNDO A OPINIAtildeO GERAL DOS BIBLIOGRAPHOS (1899) [1653] BREVE |

RELACcedilAM | DOS VLTIMOS | SVCESSOS DA GVERRA | DO BRASIL RESTITUICcedilAOtilde DA

CIDADE MAU- | RICIA FORTALEZAS DO RECIFE DE PER- | NAMBUCO amp MAIS

133

PRACcedilAS QUE OS | OLANDESES OCCUPAUAOtilde NA- | QUELLE ESTADO| [A00_1127 p

175]

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Laudelino Freire e Aureacutelio natildeo apresentam o verbete maccedilame Origem natildeo

encontrada

Ficha 110

Madre sf Uacutetero Leito do rio Antigamente Matildei Titulo de Freiras (T Naut) Pagraveo que

atravessa a escotilha O madeiro principal do leme Cabo delgado que se enfia pelas lebres

dos enxertarios Madre-pia v Piamater

______________________________________________________________________ rarrCunha [] Do lat mater ndashtris []

rarrBluteau Madre (Termo de navio) He hum pao que atraveſſa a eſcotilha com ſeu encaixo

para aſſentar nos quarteis da meſma eſcotilha

rarrMoraes e Silva MAacuteDRE sf t de Naut paacuteo que atravessa a escotilha com seu encaixe

para assentar nos quarteis della sect Nas pontes de madeira satildeo os paacuteos que formatildeo o assento

para as estivas e assentatildeo nas asnas ao longo da ponte

rarrLaudelino Freire sf Lat mater matrem Naacuteut Pau que atravessa a escotilha com seu

encaixe para assentar nos quarteacuteis delaO madeiro principal agrave roda do qual ou socircbre o qual

se entalham outros menores ateacute perfazer o composto da grossura ou largura necessaacuteria para o

objeto que se exige como os mastros o leme etcO madeiro que prega na roda de proa e

socircbre o qual estaacute construiacutedo o beque O madeiro central do cabrestante agrave roda do qual se

entalham as mais peccedilas de que se compotildee e que forma o peatildeo ferrado socircbre o qual se move a

maacutequina O madeiro prolongado pelo cadaste que forma a parte principal do safratildeo onde se

pregam os machos e emecha a cana do lemeCada uma das peccedilas mais grossas de que se

formam os mastros quando natildeo satildeo feitos de um soacute pau

rarrAureacutelio madre [Do lat mater matildee] Substantivo feminino1Constr Nav A parte central

mais grossa de que se formam o mastro o cabrestante e outras partes do aparelho do navio

quando natildeo satildeo feitos de uma peccedila uacutenica2Marinh Cabo de fibra ou de algodatildeo em torno do

qual se cocham os cordotildees de um cabo calabroteado ou de um cabo metaacutelicoMadre do leme

Constr Nav 1 Eixo que penetra no casco do navio e transmite movimento ao leme 2 Parte

reforccedilada nos lemes de certas embarcaccedilotildees (antigas ou miuacutedas) agrave qual se prendem as

governaduras e que se prolonga acima da porta do leme para fixar-lhe a cana ou a meia-lua

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta

______________________________________________________________________

Comentaacuterios todos os dicionaacuterios apresentam madre como termo naacuteutico Origem

portuguesa lt latina

Ficha 111

Majarrona sf (T Naut) Vela triangular de navio que do mastarro do velacho vem ter agrave

ponta do gurupegraves

______________________________________________________________________

134

rarrCunha bujarrona sf ldquo(Mar) tipo de vela‟ 1858 bdquoinsulto afronta1 1899 Do cast bujarroacuten

deriv do b lat Bŭlgărus bdquobuacutelgaro‟ empregado como insulto por tratar-se de hereges

pertencentes agrave Igreja ortodoxa grega Cp BUGRE

rarrBluteau Natildeo constam bujarrona bojarrona e majarrona

rarrMoraes e Silva MAJARROgraveNA sf t de Naut Vela de navio que vem da ponta do

mastareo do velacho a ponta do gorupecircs vulgo bojarrona talvez porque boacuteja muito quando

cheya

rarrLaudelino Freire MAJARRONA sf Corr De bujarronaBujarrona sf Naacuteut Vela latina

triangular que se iccedila agrave proa socircbre um pau proacuteprio Pau em que se iccedila essa vela rarrAureacutelio-

natildeo constam majarrona ou bojarrona Bujarrona S f 1Marinh Vela triangular iccedilada entre o

mastro de vante e o gurupeacutes ou a proa da embarcaccedilatildeo agrave vela A toalha de espuma rasgada

para um lado e para outro tufou ferveu subiu alcanccedilou parte do conveacutes molhou a bujarrona

(Josueacute Montelo Cais da Sagraccedilatildeo p 159) []

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta

______________________________________________________________________

Comentaacuterios todos os dicionaristas remetem o termo majarrona a bujarrona ao universo

mariacutetimo Bluteau natildeo cita nem um nem outro Origem castelhana

Ficha 112

Malaqueta sf (T Naut) Pagraveo torneado mais grosso em huma de suas extremidades que

serve para dar vela aos cabos delgados da marcaccedilatildeo do navio Na roda do leme he huma como

manivela em que os homens que vatildeo ao leme fazem forccedila para o mover Dagrave-se tambem este

nome ao remate do pagraveo da bandeira e de outros ______________________________________________________________________

rarrCunha natildeo consta

rarrBluteau MALAQUETAS Termo de navio Satildeo todo o patildeo em que ſe daacute volta a qualquer

cabo que ſeja

rarrMoraes e Silva MALAQUEgraveTA sf t de Naut Paacuteo em que se reata o cabo de corda do

navio para o fazer fixo eacute como um crescente e estaacute pregado pelo meyo

rarrLaudelino Freire MALAQUETA sf Ant Cavilha naacuteutica o mesmo que

malaguetaMALAGUETA s f Naacuteut Cavilha de pau torneado que se enfia nos fusos das

mesas do amurado e da meia nau para dar volta aos cabos de laborar Cada um dos cabos

salientes da roda do leme

rarrAureacutelio natildeo consta

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Aureacutelio natildeo cita o termo Para os demais autores malaqueta eacute termo de navio

Origem obscura (Houaiss 2001)

135

Ficha 113

Michelos sm plur (T Naut) Cabos que servem para segurar a amarra quando se leva

ancora

______________________________________________________________________

rarrCunha natildeo consta

rarrBluteau natildeo consta

rarrMoraes e Silva MICHEgraveLOS s f pl t de Naut As cordas aleacutem da amarra que servem de

levar a ancora

rarrLaudelino Freire MICHELOS s f pl Naacuteut Cabos pequenos terminados de um lado por

um olhal e de outro por um chicote que serve para conservar verticais as vecircrgas ou mastareacuteus

que tecircm de ser iccedilados ou arreados2 Cabos que se tomam nos andrabelos quando se iccedila

alguma peccedila do aparelho

rarrAureacutelio- natildeo consta

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Somente Moraes e Silva e Laudelino Freire arrolam o verbete michelos

Origem obscura (Houaiss 2001)

Ficha 114

Molhelha sf Especie de almofada de palha de que satildeo os mariolas ao pescosco para assentar

sobre ella a canga (T Naut) Troxa de fio de carreta e estopa que serve para afastar as

escotas da gaacutevea e velaxo

______________________________________________________________________

rarrCunha natildeo constam molhelha ou monelha

molhe sm bdquoparedatildeo construiacutedo no mar para servir de cais acostaacutevel ou para quebrar a

impetuosidade das vagas‟XVI mole XVI Provavelmente do cat molh e este talvez do lat

mōlēs bdquomassa‟

rarrBluteau MOLHELHA Hum tufo de palha que trazem os mariolas ao peſcoccedilo Collare

O adjectivo a um He de Propercio Quer dizer couſa de palha

rarrMoraes e Silva MOLHEgraveLHA sf Tufo de palha que os mariolas trazem no pescoccedilo e

sobre que assenta a canga para natildeo os molestar []

rarrLaudelino Freire MOLHELHAS sfpl Naacuteut Pedaccedilos de lona estofados com estocircpa que

se pregam nas peccedilas de madeira branda em que os cabos laboram para as tornar mais suaves

agraves encapeladuras

rarrAureacutelio molhelha (ecirc) [De or controversa] Substantivo feminino 1Lus Marinh

Monelha Monelha (ecirc) Substantivo feminino

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta _____________________________________________________________________________

136

Comentaacuterios Laudelino e Aureacutelio citam molhelha como termo naacuteutico Origem

controvertida (catalatildeo)

Ficha 115

Moucarratildeo -ona mf-otildees -onas no plur Muito mouco Moucarrotildees entre Nauticos satildeo

huns pagraveos que servem para empavezar o navio

______________________________________________________________________ rarrCunha natildeo consta

rarrBluteau natildeo consta

rarrMoraes e Silva adj chulo Mũito mouco Eufr 35 Moucarrotildees smpl t de Naut Paacuteos

que estatildeo pelo bordo do navio que servem para o empavezar

rarrLaudelino Freire [] smpl Paus de empavesar o navio

rarrAureacutelio moucarratildeo [De mouco + -arratildeo] Adjetivo 1Muito mouco [Fem moucarrona]

Mouco [De or obscura] Adjetivo 1Que natildeo ouve ou que ouve pouco ou mal surdo 2Diz-

se do ouvido de quem eacute mouco (1) Palavras loucas ouvidos moucos (prov) s m 3Aquele

que eacute mouco (1) surdo [Aum moucarratildeo]

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Somente Moraes e Silva e Laudelino Freire apontam moucarratildeo como termo

naacuteutico Origem obscura

N

Ficha 116

Nabo sm Hortaliccedila conhecida (T Naut) Peccedila de madeira furada e redonda que tem por

cima a chapeleta pregada

______________________________________________________________________

rarrCunha nabo sm bdquoplanta herbaacutecea da fam das cruciacuteferas‟ XIII Do lat nāpus []

rarrBluteau Nabo Palavra de navio He hum pagraveo redondo furado que em cima tem hum

couro pregado aq chamatildeo Chapeleta

rarrMoraes e Silva NABO sm t de Naut Peccedila de paacuteu redonda furada que tem por cima a

chapeleta nas bombas

rarrLaudelino Freire NABO do lat napus Naacuteut Peccedila de madeira ou bronze em forma de

tronco de cone com abertura no centro e vaacutelvula para regular a aspiraccedilatildeo da bomba

rarrAureacutelio nabo [Do lat napu] Substantivo masculino 1Bot Planta herbaacutecea da famiacutelia das

cruciacuteferas (Brassica napus) cultivada por suas raiacutezes comestiacuteveis arredondadas ou

pontiagudas roxas ou brancas conforme a variedade 2A raiz desenvolvida dessa

planta3Burl Pessoa ignorante neacutescia estuacutepida 4 Bras S A parte do mouratildeo da tranqueira

do poste ou do esteio que fica enterrada no solo[]

137

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Somente Aureacutelio eacute que natildeo aponta nabo como termo naacuteutico Origem

portuguesa lt latina

Ficha 117

Nautico adj (T Naut) Pertencente agrave navegaccedilatildeo Que serve para dirigir a navegaccedilatildeo Que

entende da arte de navegar Homem do mar Nautica (como subst) A arte de navegar

______________________________________________________________________

rarrCunha nauta sm bdquomarinheiro navegador‟ 1572 Do lat nauta ndashae derivado do gr nauacutetes

naacuteutICA XVII naacuteutICO XVII Do lat nautǐcus ndasha[]

rarrBluteau NAUTICO Couſa concernente agrave nautica ou fabrica amp mariagem dos navios

Nauticus a umDeterminaotilde o nautico aparelho Camotildees Cant4 Oit 76 Agulha nautica

Agulha de marcar Vid Agulha (A agulha nautica buſcando o Norte Varella Num Vocal

463) Homem nautico Os homens do mar Os marinheiros Nautici orum Masc Plur Plin

(A que os naacuteuticos chamatildeo Meſ Tranccedila Epanaphor De D Franc Man 468)

rarrMoraes e Silva NAUTICO adj Que respeita aacute navegaccedilatildeo e serve para a dirigir vg

naacuteutico apparelho Arte agulha nauticasect Homem naacuteutico o que sabe a Arte de navegarsect Os

naacuteuticos os homens do mar Epanaph De D Franc Man

rarrLaudelino FreireNAacuteUTICO adj Lat nauticus Relativo agrave navegaccedilatildeo ldquoemprecircsa naacuteuticardquo

rarrAureacutelio naacuteutico[Do gr nautikoacutes pelo lat nauticu] Adjetivo1Relativo a marinheiro

navegante nauta espiacuterito naacuteutico termo naacuteutico 2Respeitante agrave navegaccedilatildeo processo

naacuteutico ~ V almanaque mdash carta mdasha e crepuacutesculo mdash

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq

Fazia toda a prevenccedilaotilde dos mantimentos para a viagem e de todos os aprestos para a

expediccedilaotilde quando na manhaatilde de hum claro dia por desattenccedilaotilde que houve em huma salva

se ateou o fogo em a nao Serea com taotilde irremediavel incendio que se naotilde pode extinguir

porque pegando logo nas amarras foy levando a nao para o meyo do golfo lanccedilando-se a

nado alguns Marinheiros e Officiaes nauticos que nella se achavaotilde

SEBASTIAtildeO DA ROCHA PITTA (1878) [1730] LIVRO OITAVO [A00_0574 p 344]

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Todos os dicionaacuterios consultados apresentam este termo como ldquoda marinhardquo

Origem portuguesa lt latina lt grega

O

Ficha 118

Orthodomia (T Naut) Entre nauticos derrota do navio que segue hum dos rumos da agulha

138

______________________________________________________________________

rarrCunha [] Ort(o)- elem Comp do gr orthoacutes bdquoreto direito‟ que se documenta em vocs

formados no proacuteprio grego como ortoeacutepia e em vaacuterios outros introduzidos na linguagem

cientiacutefica internacional a partir do seacutec XIX [] ortoDROMIAorthodromia 1844

rarrBluteau ORTHODROMIA (Termo Nautico) Derivaſe do Grego Orthos Direyto amp

Dromos curſo Val o meſmo que Derrota em linha reta Tal he o caminho que faz hum

navio ſeguindo hum dos trinta amp dous ventos apontados na carta de marear

rarrMoraes e Silva ORTHODOMIacuteA sft de Naut Derrota do navio que vai seguindo um

dos 32 rumos da agulha

rarrLaudelino Freire natildeo consta

rarrAureacutelio- Ortodromia [Do gr orthoacutedromos que corre em linha reta + -ia1] sf 1Naacuteut

Arco de ciacuterculo maacuteximo compreendido entre dois pontos da superfiacutecie da Terra e que eacute o

caminho mais curto para ir de um ao outro

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Soacute Moraes e Silva registra orthodomia os demais dicionaristas citam

ortodromia Origem grega

Ficha 119

Ostaes sm plr (T Naut) Cabos grossos que vem dos calcezes dos mastros fixar-se na proa

com seus cadernaes

______________________________________________________________________

rarrCunha natildeo constam ostais e ostaes Consta estai sm (Mar) bdquoqualquer dos cabos que

aguentam a mastreaccedilatildeo para vante‟ XVII Do antigo fr estaie (hoje eacutetai) de origem

germacircnica

rarrBluteau OSTAIS (Termo de Marinhagem) Saotilde hũs cabos groſſos que vem dos calces dos

maſtros a fazer fixo agrave proa com ſeus cadernaes o meſmo tem os maſtareos mas mais

ligeyrosRudentes agrave malo ad proram intenti Franciſco de Brito Freyre na relaccedilatildeo da ſua

viagem do Braſil diz Eſtay (Rebentando o eſtay mayor amp a ovencadura pag 67)Vid Eſtay

rarrMoraes e Silva OSTAacuteES sm pl t de Naut Cabos grossos que vem dos calcezes dos

mastros a fazer fixo na progravea com seus cadernaes CastL2f156 outros dizem Estaacutees como

Brito Guerra Brasil

rarrLaudelino Freire OSTAES natildeo consta Ostai sm Desc O mesmo que estai ESTAI ou

ESTAE sm Ingl stays Naacuteut 1- Cada um dos cabos grossos que fixos na proa firmam a

mastreaccedilatildeo 2 Designaccedilatildeo de outros cabos de navio ESTAI DA RABECA sm Cabo que

vai por cima da mezena a coser ante a reacute do calcecircs do mastro respectivo vindo o outro chicote

a passas a um sapatilho que se aguenta a uma alccedila cosida por ante-avante do mastro grande a

um tecircrccedilo pouco mais ou menos da sua altura e vai rondar a um olhal ao peacute decircste mastro

abotoando por uacuteltimo o dito chicote ao vivo

rarrAureacutelio- natildeo constam ostaes e ostais consta estai Estai- S m 1- Marinh Qualquer dos

cabos que aguentam a mastreaccedilatildeo para vante

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Laudelino Freire e Aureacutelio natildeo citam Ostai mas estai Origem francesa lt

germacircnica

139

Ficha 120

Ostagas sf plur (T naut) Cabos que sustentatildeo vergas nos moutotildees de coroa e vem por

cima da pega

______________________________________________________________________

rarrCunha ostaga sf bdquocabo com que se arria horizontalmente pelo terccedilo ao longo do mastro

uma verga de gaacutevea‟ XV Do cast ostaga de origem germacircnica

rarrBluteau OSTAGAS (Termo de Marinhagem) Saotilde hŭs cabos que ſuſtentatildeo vergas em

huns moutotildees que chamatildeo de coroa amp vem por cima da pega Funes quibus ligantur

antenn(Nos quebragraveraotilde ſubitamente as oſtagas da vela grande amp vindo a verga abayxo ampc

Peregr De Fern Mend Pinto fol262col1) []

rarrMoraes e Silva OSTAacuteGAS sfpl t de Naut Cabos que sustentatildeo as vergas em uns

moutotildees chamados de Coroa e vem por cima da pega Amaral7

rarrLaudelino Freire sf Cast ostaga Naacuteut Cabo grosso que vem por cima da pecircga e

sustenta as vecircrgas em seus moitotildees

rarrAureacutelio ostaga [Do esp ostaga] sf 1Marinh Cabo com que se arria horizontalmente pelo

terccedilo ao longo do mastro uma verga de gaacutevea

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq

Meteram de arribada e carregado o traquete acima e ferrada a mezena apertaram as

enxarcias atezaram os estaes para seguranccedila dos mastros e mastareacuteus E para seguranccedila das

vergas reforccedilaram as ostagas e passaram bossas em ajuda aos enxertaacuterios Tudo se fazia

necessaacuterio a respeito do vento que tatildeo furiosamente a suavizava pelas entenas que se queria

levar diante de si

JOSEacute ALVARES DE OLIVEIRA (1981) [nd] HISTOacuteRIA DO DISTRITO DO RIO DAS

MORTES SUA DESCRICcedilAtildeO DESCOBRIMENTO DAS SUAS MINAS CASOS NELE

ACONTECIDOS ENTRE PAULISTAS E EMBOABAS E CRIACcedilAtildeO DAS SUAS VILAS

[A00_0395 p 96]

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Todos os dicionaristas arrolam ostagas como termo naacuteutico ou da marinha

Origem castelhana

P

Ficha 121

Pairar vn (T Naut) entre os nauticos Andar o navio aacutes voltas sem fazer viagem v a

Soster demorar ______________________________________________________________________

rarrCunha pairar vb bdquoadejar voar vagarosamente‟ XV Do ant prov pairar e este

provavelmente do lat pariāre []

rarrBluteau PAIRAR (Termo Nautico) Ir a nao flutuando de hũa para outra ſem fazer

viagem Hine inde flutare e ou flu Plin Cic (Toda a noyte tinhaotilde pairado a arvore ſeca

H de Fern Mend Pinto 682) Joatildeo Hugo Lindrchotano 3 part India Oriental pag 28 diz

velis elatis integrum Mareacute fulcabamus quod (Pairou o General alguns dias Britto Relaccedilatildeo

140

da ſua viagem pag 64) Andar pairando Diz-ſe com metaphora Nautica de quem anda

buſcando ſubterfugios para evitar alguma couſa

rarrMoraes e Silva PAIRAacuteR vn t de Naut Parar no mar estar aacute capa natildeo surdir

CastL1c59edI natildeo podendo pairar andavatildeo aacutes voltas Albuq P4c2 com provisatildeo para

pairar toda calmariasect vat Soster soffrer vg pairar a tormenta sobre a amarra sect Pairar aacute

tormenta resistir-lhe aturar Lavanha Naufr da Naacuteo S Alberto f15sect Cruzar bordejar em

certa altura esperando outro navio Freire I pag17 Ed de Paris Sabio a comboyar as naacuteos

que se esperavatildeo da India e pairando na altura do seu regimento houve vista de hum

Corsario Francez

rarrLaudelino Freire PAIRAR vrv Naacuteut Estar agrave capa o navio cruzar bordejar (int) Pairo

sm Naacuteut Accedilatildeo de pairar2 Estado do navio quando paira e que consiste em ter as velas

estendidas as escotas socircltas ou conservar-se em aacutervore secircca atado o leme

rarrAureacutelio- pairar[Do lat pariare ser igual pelo provenccedil pairar aguentar suportar

pacientar] Verbo intransitivo 1Cruzar (uma embarcaccedilatildeo) em espaccedilo relativamente restrito

com pequeno seguimento[] 4Mover-se ou agitar-se com lentidatildeo no alto Pairam nuvens

espessasuma neacutevoa subtil pairava acima dos pacircntanos (Coelho Neto Treva p 322) Paira

no silecircncio do espaccedilo a alma das geraccedilotildees mortas (Afonso Arinos

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq

Ainda que a gente eſpalhada na terra ſe recolheo com brevidade aos navios houve detenccedila

com o de Ruy Diaz que eſteve ao largar quaſi perdido em hũa rogravecha natildeo arribando com o

pano da proa ategrave lhe cortarem a amarra que por deſcudo dos Officiaes hia arrojando a

ancora pelo fundo Ao Galleatildeo do Faleiro rebentou outra amp natildeo tendo outra talingada foi

preciſo fazerſe ao mar Como eſtava nelle Manuel Freyre que havia de acompanhar os

ultimos navios ſem ſaber a occaſiatildeo vẽdo-o aacute vella a que jaacute vinhatildeo nove com ſoacute o traquete

ſe pogravez a caminho a Capitana eſperando os que lhe ficavatildeo pela popa Mas tanto que o Meſtre

de Campo mareou na volta da terra para deſamarrar os que ainda eſtavatildeo ſurtos ferrando

outra veacutez o traquete tornou a pairar com a meſena

FRANCISCO DE BRITO FREYRE (1655) [1655] SENHOR [A00_2496 p 09]

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Todos os dicionaristas apontam pairar tambeacutem como termo naacuteutico

Origem provenccedilal lt latim

Ficha 122

Palmejar sm (TNaut) As peccedilas de madeira que cingem o navio de poppa agrave proa por

dentro ______________________________________________________________________

rarrCunha natildeo consta

rarrBluteau PALMEJAR Bater as palmas Vid Palma da matildeo

rarrMoraes e Silva PALMEJAacuteR smt de Naut O palmejar satildeo peccedilas de madeira que

cingem o navio de poupa aacute proa por dentro as quaes vatildeo endentadas como a madeira da

liaccedilatildeo ou liames Hist Naut I f 316 ldquono navio havia dous palmos de agua sobre o

palmejarrdquo

rarrLaudelino Freire PALMEJAR sm Prancha que reveste interiormente o arcabouccedilo do

navio

rarrAureacutelio- natildeo consta

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta

______________________________________________________________________

141

Comentaacuterios Com exceccedilatildeo de Bluteau todos os dicionaristas apontam palmejar como termo

naacuteutico Origem portuguesa lt latina

Ficha 123

Palomas s f Cabos nas vergas onde se fixatildeo as pontas das ostagas

______________________________________________________________________

rarrCunha paloma sf ldquo(Naacuteut) cabo corda‟ 1813 Do it meridional paloma que corresponde

a parogravema em outras regiotildees palomAR palonbar XV palomEIRA XV

rarrBluteau PALOMAS Termo de marinhagem Saotilde hũs cabos que eſtaotilde nas vergas onde ſe

fazem fixas as pontas das oſtagas

rarrMoraes e Silva PALOgraveMAS sf t de Naut Cabos que estatildeo nas vergas onde se fazem

fixas as pontas das ostagas

rarrLaudelino Freire PALOMAS sf Cast paloma Espeacutecie de cabo naacuteutico

rarrAureacutelio paloma [Do esp paloma] s f 1 Bras Giacuter Meretriz 2 Ant Pomba (1)

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Exceto Aureacutelio todos os dicionaristas apontam paloma como termo naacuteutico

Origem italiana

Ficha 124

Palomba sf Entre Nauticos Novello de mialhar ______________________________________________________________________

rarrCunha palomba sf bdquo(Naacuteut) cabo corda‟ 1813 Do it meridional paloma que corresponde

a parogravema em outras regiotildees [] palonbar XV []

rarrBluteau Natildeo consta

rarrMoraes e Silva PALOMBA sft de Naut Cabos que estatildeo nas vergas onde se fazem

fixas as pontas das ortagas Novelo de mealhar

rarrLaudelino Freire PALOMBA sf Lat palumba Naacuteut 1 Corda da vela do estai2 Fio

grosso com que se cose o cabo da tralha agraves orlas das velas fazendo passar os pontos pelas

cocircchas do mesmo cabo fio de palomba3 Novecirclo de mealhar de forma alongada4 Alccedila

para iccedilar no mastro a vecircrga de uma vela latina

rarrAureacuteliorarr palomba [Alter de paloma] s f Marinh 1Novelo de mialhar 2Espeacutecie de

ponto us para coser as tralhas das velas dos toldos etc ponto de palomba

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Exceto Bluteau (que natildeo apresenta o termo) todos os dicionaristas apontam

palomba como termo naacuteutico Origem italiana

Ficha 125

Patelha sf (T Naut) O couce do leme Encaixa na quilha no fundo do cadaste sobre que

joga o leme

142

______________________________________________________________________

rarrCunha natildeo consta

rarrBluteau PATELHA ou Patilha do leme por outro nome Couce he no fundo do cadaſte

hum encayxo na quilha ſobre que joga o leme

rarrMoraes e Silva PATEgraveLHA sf t de Naut O couce do leme e eacute no fundo do cadaste um

encaixe na quilha sobre que joga o leme

rarrLaudelino Freire PATELHA sf Parte inferior do leme e a parte saliente da quilha socircbre

que ecircle se move

rarrAureacuteliorarr natildeo consta patelha Patilha [Do esp patilla poss] s f 1Constr Nav

Prolongamento da quilha para reacute do cadaste sobre o qual se apoia o peacute da madre do leme nas

embarcaccedilotildees em que o leme tem de trabalhar afastado do cadaste (como p ex nas de uma soacute

heacutelice)

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Todos os dicionaristas apontam patelhapatilha como termo naacuteutico Origem

espanhola

Ficha 126

[] Pegrave de carneiro [T Naut) Paacuteos perpendiculares da coberta ategrave o poratildeo em que se sustenta

a coberta

______________________________________________________________________

rarrCunha peacute sm bdquoparte inferior da perna que se articula com esta assentado por completo no

chatildeo e que permite a postura vertical e o andar‟XIII pee XIIIDo lat pes pĕdis []

rarrBluteau Peacutes de carneyro Termo de navio Saotilde huns paos que eſtaotilde perpendicularmente

da cuberta ao poraotilde para ſuſtentar a meſma cuberta Os primeyros ſaotilde os do poraotilde amp ha

outros entre pontes

rarrMoraes e Silva Pes de carneiro t de Naut paacuteos perpendiculares da coberta ao poratildeo

para sustentar a coberta e talvez tem moacuteccedilas por onde os marujos descem

rarrLaudelino Freire PEacute sm T Naacuteut A ponta da corda com que se vira a vela Peacute de

carneiro sm Naacuteut Pau varatildeo ou prumo de suporte

rarrAureacutelio peacute- [Do lat pede] [] peacute de carneiro [De peacute + de + carneiro] Substantivo

masculino 1 Constr Nav Qualquer peccedila ou parte da estrutura de uma embarcaccedilatildeo que tenha

forma de coluna 2 Rolo peacute de carneiro [Pl peacutes de carneiro]

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta peacute-de-carneiro como termo naacuteutico

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Todos os dicionaacuterios apresentam peacute de carneiro como termo naacuteutico

Origem portuguesa lt latina

Ficha 127

143

Pinccedilote sf Entre nauticos pagraveo pegado aacute ponta da cana do leme para o governar Tambeacutem a

bomba o tem

______________________________________________________________________

rarrCunha pinccedilote natildeo consta

rarrBluteau PINCcedilOTE Termo de navio He hum pao que pega na ponta da cana do leme amp

vem agrave cuberta da Timoneyra por hũ bolinete amp ſerve para governar o leme

rarrMoraes e Silva PINCcedilOacuteTE smt de Naut Paacuteo que pega na ponta da cana do leme e vem

agrave coberta da timoreira por um molinete e serve para governar o leme haacute tambeacutem pinccedilote da

bomba H Naut Tom3

rarrLaudelino Freire PINCcedilOTE sm Cast pinzote Naacuteut1 Alavanca de pau na extremidade

da cana do leme2 Corda delgada fixo por uma das extremidades agrave pena da vecircrga para

amarrar a esta uma vela quando fundeada a embarcaccedilatildeo de velas latinas

rarrAureacutelio 1Marinh Nas canas do leme constituiacutedas por duas peccedilas ligadas em cotovelo eacute

aquela em que o timoneiro segura [A outra eacute a cana]

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Todos os dicionaacuterios apresentam pinccedilote como termo naacuteutico Origem

espanhola Origem espanhola (Houaiss 2001)

Ficha 128

Pontal sm ponta de terra (T Naut) Altura do navio da quilha ateacute o convez

______________________________________________________________________

rarrCunha ponta sf bdquoa parte ou o ponto em que alguma coisa termina extremidade‟ XIII Do

lat puncta ndashae bdquoestocada‟ [] pontAL1 sm bdquo(Naacuteut) altura da embarcaccedilatildeo entre a quilha e o

conveacutes principal‟ XVI pontAL2 sm‟ ponta de terra‟ XVIII

rarrBluteau PONTAL (Termo de navio) He a altura que tem o navio da quilha ateacute primeyra

cuberta Navis altitudo agrave trabe [] Tambem em termos nauticos Pontal para avante amp

Pontal para a reacute he o que vay de altura de bordo da nao para a proa amp para a poppa entre as

duas cubertas chama-ſe tambem Pontal o que vay de huma cuberta a outra parece derivado

do Francez porque nos navios o que chamamos cuberta os Francezes lhe chamatildeo Ponte

rarrMoraes e Silva PONTAacuteL sm Altura do navio desde a quilha ateacute aacute primeira coberta Cast

L8f154col2 e B4614 sect it O que vai d‟uma coberta aacute outrasect Pontal para a vante ou para

a reacute eacute o que vai do bordo do navio para a progravea ou para a popasect Ponta de terra que sai do

mar vg o pontal de Cacilhas

rarrLaudelino Freire PONTAL sm De ponta Altura da embarcaccedilatildeo entre a quilha e a

primeira coberta 2 Ponta de terra ou da penedia que entra um pouco no mar acima do niacutevel

da aacutegua

rarrAureacuteliorarr [1Constr Nav Altura da embarcaccedilatildeo entre a quilha e o conveacutes principal2Ponta

de terra ou penedia que penetra um pouco no mar ou no rio []

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta como termo naacuteutico

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Todos os dicionaacuterios apresentam pontal como termo naacuteutico Origem

portuguesa lt latina

144

Ficha 129

Ponte sf Obra sobre arcos para passar rios Algumas ha de barcas e de madeira para fossos

A peccedila em que se volve a moenda no engenho de accedilucar Entre Nauticos a coberta do navio

______________________________________________________________________

rarrCunha ponte sf bdquoconstruccedilatildeo destinada a estabelecer a ligaccedilatildeo entre duas margens opostas

de um curso de aacutegua ou de outra superfiacutecie liacutequida qualquer‟ XIII Do lat pōns pontis []

rarrBluteau Ponte (Termo de navio) Ponte corrida he a cuberta do caſtello de Poppa ateacute a

proa Ponte na orelha he a cuberta do convez curva para que com brevidade ſe deſagoe o mar

que entrar nella Natildeo temos nomes proprios Latinos

rarrMoraes e Silva POgraveNTE sf t de Naut O mesmo que coberta do navio Cast L7c86

f133 col1 Amaral c2 Ponte nas galeacutes e navios obra feita para cima della se pelejar

B347 lanccedilar-lhe algumas panellas de poacutelvora sobre a ponte que levava foratildeo queimar

muitos Mouros que vinhatildeo debaixo parece que era obra levadiccedila Id 235 naacuteo com suas

arrombadas com ponte e redes a sua naacuteo levava sobre a ponte tecida huma rede ibid

rarrLaudelino Freire PONTE sf Lat pons pontem Mar Coberta ou sobrado estabelecido

em todo o comprimento do navio seja para cobrir o poratildeo e preservar as mercadorias seja

para dividir o navio em diversos andares como se divide uma casa de habitaccedilatildeo 2 Naacuteut

Pavimento acima da borda do navio na direccedilatildeo de bombordo a estibordo donde em viagem se

dirige a manobra

rarrAureacuteliorarr ponte [Do lat ponte] s f [] 2Ant Constr Nav Cada uma das cobertas de um

navio Ponte de vieacutes 1 Lus Ponte esconsa Ponte esconsa 1 Ponte (1) cuja direccedilatildeo eacute obliacutequa

agrave do curso de aacutegua que transpotildee [Sin lus ponte de vieacutes] []

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta como termo naacuteutico

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Todos os dicionaacuterios apresentam ponte como termo naacuteutico Origem

portuguesa lt latina

Ficha 130

Porca s f A femea do porcoPaacuteo que atravessa os malhaes no lagar A obra de madeira

sobre o sino Entre Nauticos Nome de hum dos paacuteos que atravessatildeo o carro da poppa e vatildeo

145

acabar nos pegraves mancos Na atafona peccedila pregada na trave com hum ferratildeo onde anda o piatildeo

Peccedila dp parafuso onde elle embebe as suas espiras Na impressatildeo peccedila no someiro grande de

cima onde encaixa a arvore de ferro

______________________________________________________________________

rarrCunhaporcararr PORCO porco sm bdquomamiacutefero da ordem dos artiodaacutectilos natildeo ruminante

originaacuterio do javali poreacutem existente quase em toda parte como animal domeacutestico‟ XIII Do

lat pŏrcus -ī [] porcA1

sf bdquoa fecircmea do porco‟ XIII porcA2 sf bdquopeccedila em que se introduz o

parafuso‟ 1813 Segundo parece a relaccedilatildeo entre porca2 e porca

1 decorre da semelhanccedila que o

oacutergatildeo genital do porco apresenta com o parafuso

rarrBluteau Porcas (Termo de Navio) Saotilde hũs paos groſſos que atrave ſſaotilde o carro de

poppa amp vaotilde acabar em os peacutes mancos

rarrMoraes e Silva POacuteRCAS sfpl paacuteos grossos que atravessatildeo o carro da popa e vatildeo

acabar nos peacutes mancos

rarrLaudelino Freire PORCA sf Lat porca [] 3 Pau do largar que atravessa os malhais

Pau grosso que atravessa o carro da pocircpa

rarrAureacutelio Porca [Do lat porca] Substantivo feminino Pequena peccedila de ferro em geral

sextavada ou quadrada munida de furo em espiral que se atarraxa na extremidade de parafuso

ciliacutendrico

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta como termo naacuteutico

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Todos os dicionaacuterios apresentam porca como termo naacuteutico exceto Aureacutelio

Origem portuguesa lt latina

Ficha 131

Proejar vn Navegar com certo rumo _____________________________________________________________________

rarrCunha natildeo consta

rarrBluteau PROEJAR (Termo Nautico) Por a proa vid Proa (Quem viſſe huma natildeo proejar

contra hũa alta ſerra Epanaphor De D Franc Man pag109)ſ

rarrMoraes e Silva PROEJAacuteR vn Navegar para certo rumo vg uma nau proejando contra

uma alta serra Epanaforas sect at Buscar com a proa demandar navegando ldquoproejando ao

Oriente tantas vezes requestadordquo ldquoproejaratildeo a uma calheta quem com a cerraccedilatildeo vararatildeo e

escorreratildeo ateacute que a mareacute de todo lhes faltourdquo

rarrLaudelino Freire PROEJAR v intr De proa Aproar dirigir-se navegar em determinada

direccedilatildeo

rarrAureacutelio proejar [De proa + -ejar] Verbo transitivo circunstancial 1P us Dirigir-se

navegar (em determinada direccedilatildeo) aproar O comandante proeja para nordesteAs galeacutes de

Castela sarparam tenderam velas e demandaram a barra proejando ao norte (Antero de

Figueiredo Leonor Teles p 229) [Conjug v pelejar]

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Todos os dicionaacuterios apresentam proejar como termo naacuteutico Origem

portuguesa lt latina

146

R

Ficha 132

Rabada sf o rabo do peixe Antigamente tranccedila para traz cheia de laccedilos de fitas (T naut)

Parte da poppa onde estagrave a cacircmara de cima

______________________________________________________________________

rarrCunha rabada rarr rabo rabo sm bdquocauda‟ bdquoprolongamento da coluna vertebral de certos

mamiacuteferos‟ XIII Do lat rāpum -ī bdquonabo‟[] rabADA XVI []

rarrBluteau RABADA Vid Tomo 7 Vocabulario Rabada termo de navio He o apoſento da

poppa no andar ſuperior do navio por cima da camera de modo que dos tres andares que ha

na poppa ao ſuperior he que chamaotilde Rabada ao do meyo camera e ao de baixo praccedila

d‟armas

rarrMoraes e Silva RABAacuteDA sf Do navio galeacute Couto 10105 poupa onde estaacute o

lemerdquopoz-lhe a proacutea pela rabada Couto 98

rarrLaudelino Freire RABADA sf De rabo O mesmo que rabadela 2 Pocircpa do navio

rarrAureacuteliorarr rabada [De rabo + -ada1] s f 1 V rabadilha (1) Rabadilha [De rabada + -

ilha] Substantivo feminino 1 A parte posterior do corpo das aves peixes e mamiacuteferos

rabada rabadela 2 A porccedilatildeo do peixe que o pescador destina a seu proacuteprio consumo em vez

de vender rabadela Rabada 1 Rabo de boi de porco ou de vitela sem pele nem pelos para

uso na alimentaccedilatildeo humana 2 Cul Iguaria preparada com rabada (2) 3 Rabicho (1) 4 Fig

O(s) uacuteltimo(s) numa corrida fila etc rabeira

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq

Embarcaccedilotildees de meia coberta Botes Igariteacutes e Balccedilas ou Jangadas que servem na

conducccedilatildeo da quarta Partida Hespanhola na foacuterma que se aprezentaram na Fronteira da

Tabatinga em 7 de Marccedilo de 1781 CAPITAINA Maria Luiza Barco de foacuterma de meia

coberta de nove remos por banda de um mastro armada aacute redonda remada de palamenta

ou de remo pequeno ordinario Tem uma formoza Camara em que cabem vinte pessoas seis

por banda nos aposentos lateraes e os mais na face da frente e fundos tem um camarim aacute

rabada muito proprio para escrever e outros exercicios privados tudo muito bem asseiado e

pintado com seu cortinado de Damasco de latilde carmezim tem tres janellas por banda e nove

palmos de peacute direito

ALEXANDRE RODRIGUES FERREIRA [nd] 2ordf PARTE BAIXO RIO NEGRO -

SUPLEMENTO Agrave PARTICIPACcedilAtildeO PRIMEIRA [A00_2236 p440]

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Exceto Aureacutelio (que natildeo apresenta o termo) todos os dicionaristas apontam

rabada como termo naacuteutico Origem portuguesa lt latina

Ficha 133

Rabeca sf Instrumento musico de quatro cordas (T Naut) vela que vai entre o mastro

grande e a poppa atravessada Enxergatildeo pequeno de palha ______________________________________________________________________

147

rarrCunha rabeca sf bdquodesignaccedilatildeo antiquada do violino‟ bdquoutensiacutelio de ferreiro que serve para

fazer girar a broca‟ XVI Do fr rebec deriv do ant fr rebebe e este do ar rabāb []

rarrBluteau RABECA ou Rebeca Pequeno inſtrumento muſico de cordas Diriva ſe do

Arabico Rebab ou Rebaba que no Lexicon Coptico ſegundo os Interpretes he Lyra Outros

o derivatildeo do Hebraico Rebiac que ſignifica o inſtrumento a q os Latinos chamatildeo Siſtrum

outros finalmente o derivatildeo de Rebet que na linguagem Celtica val o meſmo que Rebeca

Conſta a Rabeca de quatro cordas amp tange-ſe com arco Os ſeus ſons agudos ſaotilde muytos

alegres amp deſpertatildeo o eſpirito O ſeu concerto he de quinta em quinta Natildeo temos em Latim

palavra propria Latina ſeragrave preciſo uſar das Comuas como vg Fides ium Plur Fem ou

Fidis is Fem do qual uſa Columella no ſingular ou Lyra ou Cithara e Fem Barbitus de

ordinario natildeo ſe acha ſenatildeo em verſo Natildeo ſerve acreſcentar a Fides nem a Lyra decumana

nem Primaria eſtes adjeξtivos natildeo eſtatildeo aqui no ſeu lugar

rarrMoraes e Silva RABEacuteCA sf Instrumento Musico de quatro cordas que se ferem com

hum arco de cerdas de cavallo

rarrLaudelino Freire RABECA sf Aacuter rabeb Instrumento muacutesico em forma de viola com

quatro cordas de tripa e de retroacutes afinada em quintas (sol reacute laacute mi) de que tiram os sons por

meio de um arco guarnecido de crinas e pregraveviamente passadas pela resina violino 2 Naacuteut

Uma das velas latinas que servem para estais

rarrAureacuteliorarrrabeca [Do aacuter rabatildeb pelo fr ant rebec ou pelo provenccedil ant rebec] Substantivo

feminino 1Designaccedilatildeo antiquada do violino [F paral rebeca var arrabeca] 2Utensiacutelio

de ferreiro que serve para fazer girar a broca sanfona 3Lus V fancho 4Bras Espeacutecie de

violino com quatro cordas de tripa e sonoridade fanhosa que se toca apoiando-o na altura do

coraccedilatildeo ou no ombro esquerdo mas sempre com a voluta para baixo

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta como termo naacuteutico

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Somente Laudelino Freire apresenta rabeca como termo naacuteutico Origem

francesa

Ficha 134

Resbordo sm (T Naut) O segundo solho do navio e o lugar onde elle se dobra mais

Rescaldar Escaldar muito ______________________________________________________________________

rarrCunha natildeo consta

rarrBluteau RESBORDO Derivaſe do Francez Ribord que he a ſegunda ordem de taboas ou

o ſegundo ſolho do navio amp como cotovelo delle ou o lugar onde mais ſe dobra (na coſtura

da taboa do Resbordo Britto viagem do Braſil pag 86)

rarrMoraes e Silva RESBOacuteRDO sm Naut O segundo solho do navio e como cotovelo

delle ou o lugar onde mais se dobra Brito Viag ldquona costura da taboa do resbordordquo (rebord

em Francez he borda resaltada)

rarrLaudelino Freire RESBORDO sm De res + bordo Naacuteut Abertura feita no costado de

alguns navios na altura da primeira coberta para carga e descarga de carvatildeo ou de pequenos

artigos 2 Abertura na amurada para dar lugar agrave bocircca do canhatildeo

rarr AureacuteliorarrResbordo Substantivo masculino Constr Nav 1 A primeira fiada de chapas (ou

de taacutebuas nas embarcaccedilotildees de madeira) do forro exterior do casco de um e de outro lado da

quilha 2 Cisbordo Cisbordo (oacute) [De cis-1 + bordo] Substantivo masculino 1 Ant Constr

Nav Grande abertura com porta no costado de certos navios agrave altura de um pavimento para

embarque ou desembarque de objetos pesados ou de grandes dimensotildees resbordo

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq

148

Recorriatildeo os altos os Calafates deſaparelhavatildeo as vergas os Marinheiros naotilde ſeccedilando as

bombas nem os baldes Cotilde que vencido o trabalho ficou legraveſto o navio amp eſtanque de hũa

batildeda para crenar ſobre ella em a manhatildeatilde ſeguinte que ſe tomou a agoa na coſtura da taboa

de resbordo

FRANCISCO DE BRITO FREYRE (1655) [1655] SENHOR [A00_2496 p 17]

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Todos os dicionaacuterios apresentam resbordo como termo naacuteutico Origem

francesa

Ficha 135

Rumo sm A linha que denota hum dos ventos na agulha de marear A direcccedilatildeo que leva o

navio (T Naut) Palmo e polegada d‟agua entre os nauticos Fig Maneira de proceder A

rumo em boa ordem em termos de ter boa effeito ______________________________________________________________________

rarrCunha rumo sm bdquo(Naacuteut) cada uma das direccedilotildees marcadas na rosa-dos-ventos‟ bdquocaminho

direccedilatildeo vereda‟ rrumo XV Do cast rumbo deriv do lat rhombus e este do gr rhoacutembos

rumAR 1844

rarrBluteau Rumo na Roſa Nautica Index venti linea Fem (O numero dos graos amp ſuas

medidas ſegundo differentes Rumos Vieyra tom10 pag263) Vid Roſa

rarrMoraes e Silva RUacuteMO sm Na rosa Nautica a linha que denota hum dos 32 ventos sect A

direccedilatildeo que leva a proa do Navio por hum dos 32 rumos sect t Naut i eacute palmo e polegada de

agua de sorte que seis rumos ou palmos destes fazem sete ordinarios vg tem esta quilha

tantos rumosrdquo pegado (o monstro marinho) na quilha do galeatildeo por todo o comprimento

delle sendo de vinte e hum rumos que satildeo certo e cinco palmosrdquo B347 (por esta conta cada

rumo satildeo cinco palmos) ult Ediccedil Tom3 PI p462

rarrLaudelino Freire RUMO sm Ingl rhumb Cada uma das trinta e duas divisotildees ou linhas

da rosa dos ventos que representam as trinta e duas direccedilotildees mariacutetimas adotadas pelos

naacuteuticos 2 Direccedilatildeo do navio por estes rumos 3 Direccedilatildeo orientaccedilatildeo caminho 4

Antiga medida naacuteutica que equivalia pouco mais ou menos a cinco palmos 5 Meacutetodo

ordem de proceder norma

rarrAureacutelio rumo [Do esp rumbo] s m 1 Naacuteut Cada uma das direccedilotildees marcadas na rosa dos

ventos 2 Naacuteut Direccedilatildeo do movimento da embarcaccedilatildeo quando se estaacute navegando 3 Naacuteut

Acircngulo que a direccedilatildeo para onde aponta a proa da embarcaccedilatildeo faz com a direccedilatildeo do norte

verdadeiro (rumo verdadeiro) ou com a direccedilatildeo do norte magneacutetico (rumo magneacutetico) ou

ainda com a direccedilatildeo do norte da agulha (rumo da agulha) []

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq

Segunda-feira 30 dias do mecircs de Janeiro tomei o sol e estava na altura do cabo de Santlsquo

Agostinho e iacuteamo-lo a demandar pelo rumo de loeste

PEcircRO LOPES DE SOUSA (1968) [1530] DIAacuteRIO DA NAVEGACcedilAtildeO DE PEcircRO LOPES DE

SOUSA [A00_0078 p 38]

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Todos os dicionaacuterios apresentam rumo como termo naacuteutico Origem

castelhana

149

S

Ficha 136

Salamear va (T Naut) Fazer celeuma Cantar alternamente

______________________________________________________________________

rarrCunha natildeo consta

rarrBluteau SALAMEAR Termo de Marinheyro Fazer a Saloma ou Salema Vid Salema

Vid Fayna SALEMA Vozaria de Marinheyros He derivado da palavra Grego-Latina

Celeuma Vid Fayna (As Salemas ordinarias dos Marinheyros ſe fazem com taes vozes que

natildeo ſaotilde ouvidas muytas vezes Britto Viagē do Braſil pag 278)

rarrMoraes e Silva SALAMEAacuteR vn Naut Levantar ou cantar a celeuma Cast 280 escreve

ccedilalamear ldquosem as naos apitarem nem ccedilalamearem por natildeo serem sentidos dos Rumesrdquo

B384 ldquohomens do mar que ccedilalameatildeo para hum tempo pograverem toda a forccedila

CELEUMA sf A vozeria que faz a gente do mar quando trabalha CamLusII25 A

celeuma medonha se levanta No rumo marinheiro que trabalha

rarrLaudelino Freire natildeo consta

rarrAureacutelio natildeo consta

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta

______________________________________________________________________

Comentaacuterios somente Bluteau e Moraes e Silva apontam salamear como termo naacuteutico Os

demais autores natildeo citam o termo Origem aacuterabe (Sousa amp Moura 1830)

Ficha 137

Salema sf Na Turquia cortesia feita com certas palavras em que entra a palavra Zalemaq

Nome de um peixe (T Naut) Entre os nauticos celeuma

Celeuma sf gritaria da gente do mar quando trabalha

______________________________________________________________________ rarrCunha salema sf bdquopeixe teleoacutesteo percomorfo da famiacutelia dos pomadasiacutedeos da costa

atlacircntica‟ 1874 De etimologia obscura [] celeuma sf bdquovozearia barulho algazarra‟ 1572

Do lat celeuma deriv do gr keacuteleuma bdquoordem‟ bdquocanto‟ bdquogrito‟

rarrBluteau SALEMA Vozaria de Marinheyros He derivado da palavra Grego-Latina

Celeuma Vid Fayna (As Salemas ordinarias dos Marinheyros ſe fazem com taes vozes que

natildeo ſaotilde ouvidas muytas vezes Britto Viagē do Braſil pag 278)

rarrMoraes e Silva SALEgraveMA sf V Celeuma nautsect t Turquesco cortezia acompanhada de

certas palavras entre as quaes vem Zalemaq Barrosrdquoque fosse a Corte do Badur a lhe fazer a

salemeardquoCELEUMA sf A vozeria que faz a gente do mar quando trabalha CamLusII25

A celeuma medonha se levanta No rumo marinheiro que trabalha

rarrLaudelino Freire SALEMA sfAacuter calam sf Naacuteut O mesmo que celeuma CELEUMA

sf Lat celeuma Vozearia de homens que trabalham juntos 2 Barulho algazarra 3

Canto ou vozes de barqueiros cantiga rude que entoa o marinheiro para estimular o trabalho

4 Alarma

rarrAureacutelio natildeo consta

150

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Exceto Aureacutelio ( que natildeo cita o termo) todos os demais dicionaristas apontam

salema como termo naacuteutico Origem obsura

Ficha 138

Sapatilhos sm (T Naut) Entre nauticos Ferros redondos em que se pegatildeo as poas ______________________________________________________________________

rarrCunha natildeo consta sapatilhos consta sapato sapato sm bdquocalccedilado em geral de sola dura

que cobre o peacute‟XVI ccedila- XIII De origem duvidosa talvez do turco čabata sapatA XVI

[] sapatilho 1873

rarrBluteau SAPATILHOS Termo de navio Satildeo huns ferros redondos em que preacutegatildeo as

poas por ſe natildeo cortar a bolina o meſmo tem a eſteyra da vela em q os briois peacutegatildeo Vid

Sapato de ferro

rarrMoraes e Silva SAPATIacuteLHOS smpl Naut Ferros redondos em que se pegatildeo as poas

por se natildeo cortar a bolina haacute outros na esteira da vela em que os brioes pegatildeo

rarrLaudelino Freire SAPATILHO sm De sapato + ilho Naacuteut Aro de ferro forrado de

chapas com meia cana na parte exterior e que serve para se aguentar nos punhos das velas nos

chicotes dos cabos onde se introduzem os gatos etc

rarrAureacutelio sapatilho [De sapato + -ilho] s m 1 A primeira folha seca arrancada da cana-de-

accediluacutecar quando se limpa esta 2 Marinh Aro metaacutelico circular ou oval geralmente de ferro

zincado com a periferia goivada usado como berccedilo e proteccedilatildeo agraves matildeos [v matildeo (19)] que se

faz em cabos sobretudo nos cabos de arame

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Todos os dicionaristas apresentam sapatilhos como termo naacuteutico Origem

duvidosa (turco)

Ficha 139

Sarpar va (T naut) Levantar

______________________________________________________________________

rarrCunha natildeo consta sarpar consta zarpar zarpar vb bdquolevantar acircncora fazer-se ao mar

partir‟ XVII Do cast zarpar deriv do a it sarpare (hoje salpare) deriv do lat tard

exharpare e este do gr exharpaacutezō

rarrBluteau SARPAR Termo Nautico He tomado do Italiano Salpare ou Sarpare que val o

meſmo que Levantar ferro Solvere portu ou solvere navem Cic C Vid Levantar (foy

tatildeo furioſa a tempeſtade que ſobreveyo a eſtas duas galeacutes Sarpando entre hŭas Ilhas

Vieyrtom5pag 326) (Poucos dias antes que Sarpaſſe a Armada Jacintho Freyre liv4 sect 83)

rarrMoraes e Silva SARPAacuteR vn naut Levantar vg sarpar a ancora

rarrLaudelino Freire SARPAR vrv Cast zarpar O mesmo que zarpar ldquoSarpou a corvetardquo

(Latino Coelho) ZARPAR vrv Cast zarpar Naacuteut O mesmo que sarpar (tr dir)2 Lus

Enganar abusar da boa feacute de em proveito proacuteprio (tr dir) 3 Fugir partir (intr)

rarrAureacutelio Sarpar Verbo intransitivoVerbo transitivo circunstancial 1Desus V zarpar As

galeacutes de Castela havia meses ancoradas no Tejo sarparam tenderam velas e demandaram a

barra (Antero de Figueiredo Leonor Teles p 229)Zarpar-[Do gr exarpaacutezein levantar

(acircncora) pelo lat exharpare e pelo it ant sarpare atual salpare] Verbo intransitivoVerbo

151

transitivo circunstancial 1Levantar acircncora fazer-se ao mar partir Quantas vezes em

pequeno ao contemplar o oceano e ao ver os navios que zarpavam barra afora senti o

impulso ardente de Sindbad o Mariacutetimo (Sousa Bandeira Evocaccedilotildees e Outros Escritos p

56) [Var (ant) sarpar] 2Bras V fugir (1 e 2) 3Bras Ir partir

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq

E vendo o inimigo que todas as capitanias estavam juntas e tatildeo perto dacuteelles nos deitaram

aquella nojte aacutes 10 horas 3 navios de fogo um ficou sentado na arecirca que natildeo pocircde sahir e

os 2 sahiram mas quiz Deos que vimos vir uma vela e entendendo que fugiam comeccedilaacutemos

todos a sarpar []

desconhecido (1885) [1625] RELACcedilAtildeO VERDADEIRA DE TODO O SUCCEDIDO NA

RESTAURACcedilAtildeO DA BAHIA DE TODOS OS SANTOS DESDE O DIA EM QUE PARTIRAM

AS ARMADAS DE S M ATEacute O EM QUE EM A DITA CIDADE FORAM ARVORADOS SEUS

ESTANDARDES ETC [A00_0700 P 512]

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Todos os dicionaristas apresentam sarpar como termo naacuteutico Origem

espanhola lt francesa

Ficha 140

Sejar V Ciar (T Naut)

______________________________________________________________________

rarrCunha sejar natildeo consta

rarrBluteau Natildeo consta

rarrMoraes e Silva SEJAR v at Ceiar remar o navio de sorte que o faccedila voltar para hum

lado remando os remeiros de hum lado para vogarem aacute vante e outros para traz Vieira

ldquosaber vogar quando se haacute de ir a diante e sejar quando se haacute de dar voltardquo

rarrLaudelino Freire natildeo consta

rarrAureacutelio natildeo consta sejar consta ciar1 [Do esp ciar poss] Verbo intransitivo1Remar para

traacutes 2P ext Mover-se para traacutes [Cf siar e cear]

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Somente Moraes apresenta sejar como termo que remete ao universo naacuteutico

Aureacutelio presenta ciar e natildeo sejar Origem natildeo encontrada

Ficha 141

Siar va Ciar (T Naut) Na Volateria Cerrar a ave as azas em aferrando a relegrave para baixar

com ella mais depressa

______________________________________________________________________

rarrCunha siar vb bdquofechar (as asas) para descer mais depressa‟ XVIII De origem obscura

rarr Bluteau SIAR ou CIAR Termo de alta volateria Siar as azas na autoridade que ſe

ſegue parece quer dizer Fechar a ave as azas para cahir (Eu vi hum Accedilor afferrado a hūa

Abetarda dependurarſe agrave terra amp Siar as azas para a fazer vir ao chatildeo Arte da Caccedila pag28)

rarrMoraes e Silva SIAacuteR vatde Volater Siar a ave as azas he cerralas depois de afferrar a

releacute para cair com ella mais depressasect V Ceiar e Ceiavoga

rarrLaudelino Freire SIAR vtr dir fechar (as asas) para descer mais ragravepidamente

152

rarrAureacutelio Siar Verbo transitivo direto 1Fechar (as asas) para descer mais depressa[Cf ciar

e cear]

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta como termo naacuteutico

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Nenhum dos dicionaacuterios apresenta siar como termo naacuteutico Origem

obscura

Ficha 142

Sirgideiras sf plur (T Naut) Entre nauticos corda para atracar a enxarcia

______________________________________________________________________

rarrCunha natildeo consta

rarrBluteau SIRGIDEIRAS (Termo de navio) Cordas para atracar a enxaacutercia Saotilde huns cabos

com huns moutotildees pequenos que ſervem de apertar de huns ouvens a outros Ha mais outras

Sirgideyras por bayxo das gaveas que ſervem do meſmo Natildeo temos palavra propria Latina

rarrMoraes e Silva SIRGIDEgraveIRAS sf naut pl Cordas para atracar a enxarcia

rarrLaudelino Freire SIRGIDEIRAS sf De sirgir + deira Corda proacutepria para enxaacutercia 2

O mesmo que serzideira

rarrAureacutelio natildeo consta

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Bluteau Moraes e Silva e Laudelino Freire apontam sirgideiras como termo

naacuteutico Origem natildeo encontrada

Ficha 143

Sobrecevadeira sf (T Naut) A vela que fica sobre a cevadeira

______________________________________________________________________

rarrCunha natildeo consta

rarrBluteau SOBRECEVADEIRA Veacutela pequena que ſe potildeem ſobre outra a que chamaotilde

Cevadeyra Vid Cevadeyra (Largue hū galhardete na Sobrecevadeyra CEVADEIRA Vela

pequena que ſe potildeem na proa Proclinati ad proram mali velum

rarrMoraes e Silva SOBRECEVADEgraveIRA sf Naut vela pequena

rarrLaudelino Freire SOBRECEVADEIRA sf De socircbre + cevadeira Naacuteut Pequena vela de

navio socircbre a cevadeira CEVADEIRA s f de cevar + deira Naacuteut Pequena vela suspensa

de uma vecircrga que atravessa horizontalmente o gurupeacutes

rarrAureacutelio natildeo consta sobrecevadeira 1- Cevadeira [De cevada + -eira] sf [] 2Marinh

Ant Verga de cevadeira 3Marinh Ant Vela quadrangular que envergava na verga do

mesmo nome por baixo do gurupecircs [Cf sevadeira] []

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Todos os dicionaristas apontam sobrecevadeira como termo naacuteutico

Origem portuguesa lt latina

153

Ficha 144

Sobregata sf (T Naut) Entre nauticos Vela que fica sobre a gata

______________________________________________________________________

rarrCunhasobregata natildeo consta

rarrBluteau Natildeo consta GATA[]Gata nos navios he a vela de cima da mezena

rarrMoraes e Silva natildeo consta Consta GAacuteTA sf Femea do gatosect t de Naacuteutico Vela de

cima da mezena

rarrLaudelino Freire SOBREGATA sf De socircbre + gata Naacuteut 1 Segunda vela do mastro

de mezena 2 Vecircrga correspondente a essa vela

rarrAureacutelio 1- Sobregata [De sobr(e)- + gata] s f 1Marinh O joanete do mastro da gata[]

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Laudelino Freire e Aureacutelio apresentam o termo sobregata Origem

portuguesa lt latina

Ficha 145

Socairo sm Cabo amarra Ao socairo ao abrigo Em seguimento Para traz (T Naut) Entre

nauticos A regrave pela poppa do navio

______________________________________________________________________

rarrCunha socairo1 sm bdquo(Marinh) parte de um cabo‟ XVI Do cat socaire bdquo o que estica uma

corda‟ com influecircncia de Cairo

rarrBluteau SOCAIRO Ao Socayro Termo Nautico antiquado Val o meſmo que ao longo Ir

ao ſocayro da Fortaleza com barco ou navio Arcem vel nave legere ou radere (Outras

fuſtas que eſtavatildeo ao Socairo da Fortaleza Barros 4 Dec pag650) (Se abrigou com a

Armada de remo ao Socairo da naacuteo amp do Galeaotilde Lemos Cercos de Malaca 15 verſ) A regrave

pela poppa do navio

rarrMoraes e Silva SOCAacuteIRO sm (composto de so ou sob e cairo no fig por amarra)sect

Amarra de pogravepa Castan L3f66 ldquoos que levavatildeo a toa soltaratildeo com medo o socairo e a naacuteo

dera a costa se outros natildeo acodissem a tomar o socairordquosect Ao socairo ieacute agrave reacute por detraz da

poupa do navio Lemos Cerco de Malaca Fig ao socairo da fortaleza ieacute emparado com

ella por traz della Barros ir ao socairo de alguem ieacute seguindo-o sect Poacutede-se derivar talvez

da palavra Irlandeza socair que significa em posto abrigado do vento (Bullet Memoires surla

Langue Cellique Tom2 artigo soucair) PPer LIf133 ldquoretirar-se ao socairo de huma ponta

de ilha ou reciferdquo para detraz dellasect

rarrLaudelino Freire SOCAIRO sm Naacuteut O cabo que vai sobejando e se vai colhendo

quando se ala qualquer braccedilo tirador etc o cabo de ala e larga que vai saindo do cabrestante

Pela popa do navio 2 Correia cujas pontas se prendem aos canzeacutes dos carros e que serve

para ajudar a sustecirc-los nas descidas

rarrAureacutelio socairo1 [Do cat socaire] Substantivo masculino1Marinh A parte de um cabo

que depois de dar volta a um cabrestante guincho cabeccedilo etc eacute aguentada agrave matildeo para ir

sendo colhida ou largada segundo as necessidades da manobra Pela popa do navio se faz a reacute

2Marinh A parte de um cabo que estaacute com volta em um cabeccedilo ou noutra peccedila fixa 3Correia

ou corda com que se sustecircm carros nas descidas

154

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq

Do porto de Olinda aacute ponta de Pero Cavarim satildeo quatro leguas Da ponta de Pero Cavarim

ao rio de Jaboatatildeo eacute uma legua em o qual entram barcos Do rio de Jaboatatildeo ao Cabo Santo

Agostinho satildeo quatro leguas o qual cabo estaacute em oito graacuteos e meio Ao socairo deste cabo

da banda do norte podem surgir naacuteos grandes quando cumprir onde tem boa abrigada Do

Cabo ateacute Pernambuco corre-se a costa norte sul

GABRIEL SOARES DE SOUSA (1938) [1587] ROTEIRO GERAL COM LARGAS

INFORMACcedilOtildeES DE TODA A COSTA DO BRASIL (PRIMEIRA PARTE - PROEMIO)

[A00_0176 p 30]

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Todos os dicionaacuterios apresentam socairo como termo naacuteutico Origem

castelhana

Ficha 146

Sumeas sf plu (T Naut) As taboas com que se repara o leme

______________________________________________________________________

rarrCunha natildeo constam Ximeas e Sumeas Chuacutemeas sfpl bdquopeccedilas de madeira com que se

consertam os mastros estalados‟1873 chuacutembeas 1813 Provavemente do aacuter jāmalsquoacirc na var

chuacutembeas deve ter havido influecircncia de CHUMBO

rarrBluteau SUMEAS de leme ou maſto

rarrMoraes e Silva SUMEAS sf pl Naut Taboas com que o leme se refaz e repara BPer

rarrLaudelino Freire SUacuteMEAS sf pl Naacuteut Peccedilas de madeira com que se conserta ou

fortifica o leme CHUacuteMEAS sfpl Naacuteut Pedaccedilo de madeira cavada em uma das faces que se

aplica ao longo de um mastro de uma verga etc para reforccedilaacute-lo por meio de braccediladeiras de

ferro ou de arreataduras

rarrAureacutelio Sumeas Substantivo feminino plural 1V chuacutemeasChuacutemeas [Do aacuter a(t) da raiz juntar agrupar] Substantivo feminino plural1Mar Peccedilas de

madeira com que se consertam os mastros estalados [Var chuacutembeas suacutemeas]

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Todos os dicionaacuterios apresentam sumeas como termo naacuteutico Origem

aacuterabe

T

Ficha 147

Tamborete sm Cadeira rasa Tamboretes (entre Nauticos) satildeo as peccedilas que fechatildeo os

mastros na coberta de cima

______________________________________________________________________

rarrCunha tambor sm bdquo(Muacutes) instrumento de percussatildeo‟XV atanbor XIII atambor XIV

Do ar attanbucircr tamborETE sm bdquo(Marinh) orig peccedila de madeira que arremata o mastro na

coberta de cima‟ XVI bdquoext banqueta‟ XVIII

155

rarrBluteau Tamboretes (Termo de navio) ſaotilde huns paos amp taboas que fechatildeo o maſtro na

cuberta de cima amp levaotilde dous paos a que antigamente chamavatildeo Poſquetes amp hoje Enoras

para atochar o maſtro

rarrMoraes e Silva TAMBORETES satildeo peccedilas de taboas que fechatildeo o mastro na coberta de

cima e levatildeo dois paacuteos ditos antigamente posquetes e hoje enoras de atochar o mastro

Couto 6921 ldquocortou-lhe o masto pelos tamboretesrdquo

rarrLaudelino Freire Tamboretes s m pl Naacuteut Conjunto de peccedilas destinadas a garantir a

seguranccedila e verticalidade dos mastros e a impedir que as aacuteguas se infiltrem por ecircsse conduto

rarrAureacutelio tamborete (ecirc) [Do fr tabouret com infl de tambor] Natildeo consta como termo

naacuteutico

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq

arrebentou o masto do traquete pelos tamboretes de que sentimos muita fortuna e

amainaacutemos a vela e fomos correndo ao som do mar ateacute que foi de dia

PEcircRO LOPES DE SOUSA (1968) [1530] DIAacuteRIO DA NAVEGACcedilAtildeO DE PEcircRO LOPES DE

SOUSA [A00_0078 p 33]

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Somente o dicionaacuterio Aureacutelio natildeo apresenta tamborete como termo naacuteutico

Origem francesa lt aacuterabe

Ficha 148

Trinca sf Entre nauticos voltas de hum cabo que se faz fixo no talhamar do gurupes No

jogo da garatuza tres cartas do mesmo valor

______________________________________________________________________

rarrCunha Trincar vb bdquoapertar comprimir‟ bdquocortar com os dentes‟ bdquocomer mastigar‟ XVI

De origem incerta talvez alteraccedilatildeo do a fr tringler tingler bdquounir as taacutebuas de uma

embarcaccedilatildeo‟ deriv do a escandinavo tengja bdquounir atar‟trinca2

sf bdquocabo naacuteutico‟ XVI

trinca 3

sf bdquoarranhatildeo dentada‟ XX trinco sm bdquotranqueta com que se trancam portas‟ XVI

Dev de trincarTrecircs num bdquo3 III‟ Do lat trēs Do lat trēcěntos trinca1

sf bdquoreuniatildeo de trecircs

coisas semelhantes‟ XVI

rarrBluteau TRINCA (Termo de navio) Trincas ſaotilde as que atracatildeo o gurupeacutes amp vem a fazer

fixo ao talhamar Poacuter a nao agrave trinca ou porſe agrave trinca (Se puzeratildeo agrave Trinca Barros 4

Decpag 45) (Por conſelho do Piloto payrou agrave Trinca Lucena Vida de Xavier 67)

rarrMoraes e Silva TRIacuteNCA sf Naut Trincas do goropeacutes satildeo voltas de hum cabo que o

vem fazer fixo no talhamarsect Pograver a nau aacute trinca ou pograver-se a trinca pairar aacute trinca ieacute agrave capa

com a proa ao vento e as velas levantadas Couto 431 bdquose pozeratildeo agrave trinca batendo-a

rijamenterdquo Amaral c9 ldquopozeratildeo-se os inimigos agrave trinca para concertarem o galeatildeo ou lanccedilar

ferrordquo VF Mend c6r princip sect Na garatuza trinca satildeo 3 cartas do mesmo valor

rarrLaudelino Freire TRINCA sf Esp Trinca Mar Volta de cabo para fixar alguma peccedila

do navio

rarrAureacutelio trinca3 [Do esp trinca] s f 1Constr Nav Corrente ou cabo forte que prende o

gurupeacutes ao beque

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq

Fazendo negravevoa taotilde eʃpeʃʃa que ʃe naotilde vejatildeo os navios toquem os tambores deʃparem a

eʃpaccedilos algũs moʃquetes amp ʃiguaotilde o caminho que antes levava a Capitana Se ella durando a

negravevoa quiʃer virar tiraragrave huatilde peʃʃa amp os Galleoẽs do comboy faraacuteotilde o meʃmo em carregando

156

o leme antes de darem por davante Pondoʃe agrave trinca tirar agrave duas peszligas juntas a que

reʃponderagraveotilde tambem com duas os navios de guerra

FRANCISCO DE BRITO FREYRE (1655) [1655] SENHOR [A00_2496 p 55]

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Todos os dicionaacuterios apresentam trinca como termo naacuteutico Origem

incerta

Ficha 149

Troccedila sf (T Naut) Entre nauticos Cabo com que se seguratildeo as entenas nos mastros

______________________________________________________________________

rarrCunha [] De origem obscura troccedila sf bdquozombaria‟ 1881 Dev de troccedilar []

rarrBluteau natildeo consta

rarrMoraes e Silva TROacuteCcedilA sf Cabo com que as entennas se seguratildeo no mastro

rarrLaudelino Freire TROCcedilA sf Mar Cabo que segura as antenas no mastro

rarrAureacutelio troccedila [Dev de troccedilar] s f1V zombaria 2V graccedila (6) 3Bras Pacircndega farra

4Bras Vida devassa5Pop Ajuntamento (de pessoas) multidatildeo

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Somente Moraes e Silva e Laudelino Freire apresentam troccedila como termo

naacuteutico Origem obscura

V

Ficha 150

Vela sf (T Naut) Entre nauticos O panno do navio que se abre ao vento para o fazer

navegar Rolo de cera espermacete ou cebo com pavio para alumiar Sentinellavigia Fig

Embarcaccedilatildeo

______________________________________________________________________ rarrCunha [] Do lat vēlumvelEIRO adj sm bdquodiz-se de ou navio que anda agrave vela‟

rarrBluteau Vela de navio Panno grande que preſo nas vergas amp aberto recebe o vento amp

faz andar o navio Velum i Neut Cic A vela meſtra ou a vela do maſto Grande Velum

fummi mali maximum caacutetion que alguns Autores de Diccionarios potildeesm neſte lugar natildeo ſe

acha em Autores Latinos amp Roberto Eſteves mostra que ateacute no Grego natildeo eſtagrave ce a

ſignificaccedilatildeo deſta palavra neſte ſentido []

rarrMoraes e Silva sf Vela do navio o panno de treu que se abre ao vento e serve para

impellir o navio communicando o impulso do vento aos mastros[]

rarrLaudelino Freire sf Lat velum Naacuteut Pano largo de linho ou de outro qualquer tecido

que se desfralda ao longo dos mastros ou das vergas para receber a accedilatildeo do vento em virtude

da qual eacute impelida a embarcaccedilatildeo2 Embarcaccedilatildeo movido por um conjunto decircsses panos []

157

rarrAureacutelio vela1

[Do lat vela pl de velu veacuteu] sf 1Marinh Peccedila de lona ou de brim

destinada a recebendo o sopro do vento impelir embarcaccedilotildees ou movimentar moinhos [Sin

no sing ou no pl pano] []

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq

Saacutebado 10 dias do dito mecircs agraves quatro horas depois de meo-dia surgimos no porto da ilha da

Gomeira Em terra tomei o sol em 28 graos e um quarto Ali corregemos o leme 29-

A00_0078txtN 3^a feira 13 de Dezembro no quarto de alva nos fizemos agrave vela com vento

nordeste faziacuteamos o caminho do sul e a quarta do sudoeste 4^a feira 14 do dito mecircs ao

meo-dia tomei o sol em 26 graos e um quarto

PEcircRO LOPES DE SOUSA (1968) [1530] DIAacuteRIO DA NAVEGACcedilAtildeO DE PEcircRO LOPES DE

SOUSA [A00_0078 p 29]

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Todos os dicionaacuterios apresentam vela como termo naacuteutico Origem

portuguesa lt latina

Ficha 151

Vergueiro sm cabo de pagraveo das talhadeiras dos ferreiros (T Naut) Entre nauticos Cabo

dobrado no laiz com huns moutotildees que com huma volta em torno da pega grande finca os

moutotildees no bdquoagrave do‟ gavea Pedaccedilo de cabo com huma alccedila em cada chicote que serve no estaes

para algumas manobras Cadecirca de ferro que anda em hum arganegraveo do leme com hum pedaccedilo

de cabo grosso com que se atraca o leme quando se quebra a cana delle

______________________________________________________________________

rarrCunha verga sf bdquovara flexiacutevelXIII virga XIIIDo lat virga []verguEIRO sm

bdquovergasta‟ 1813

rarrBluteau Natildeo consta

rarrMoraes e Silva VERGUEgraveIRO sm Cabo de paacuteo em cujo extremo os ferreiros cravatildeo as

suas talhadeiras

rarrLaudelino Freire VERGUEIRO sm De vecircrga + eiro Vergasta verdasca vara 2

Cabo de pau que se crava nas talheiras rompedeiras e palmetas para natildeo se magoarem as matildeos

dos que trabalham com estes instrumentos Vergueiro da Peccedila sm Naacuteut Cabo grosso enfiado

nos olhais das falcas Vergueiros do Leme sm pl Naacuteut Cabos grossos ou cadeias de ferro

que prendem o leme pelos arganeacuteus do safatildeo Vergueiros do Pano sm pl Naacuteut Cabos

prolongados com as vecircrgas e encapelados nos laises

rarrAureacutelio vergueiro [De verga + -eiro] Substantivo masculino 1V verdasca 2Cabo de

madeira em alguns utensiacutelios de ferreiro 3Constr Nav Corrente ou cabo de arame que se

enfia nos balauacutestres da borda para resguardo da tripulaccedilatildeo 4Constr Nav Cabo de arame que

158

se enfia nos ferros de sustentaccedilatildeo do toldo ou vergalhatildeo preso ao longo de uma antepara ou

verga e no qual se amarram os fieacuteis do toldo ou do pano

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Moraes e Silva Laudelino Freire e Aureacutelio apresentam vergueiro como termo

naacuteutico Origem portuguesa lt latina

X

Ficha 152

Xaretas sfpl (T Naut) Entre nauticos redes de cordas aacute borda do navio para tolher a

entrada ao inimigo

______________________________________________________________________

rarrCunha xaretas sf bdquoant rede com que se cobria a tolda e o conveacutes das naus e galeotildees de

guerra‟ XVII Do aacuter vulg šarīta bdquocorda cinta‟ []

rarrBluteau XAcircRETA Vid Enxarcia (Pegados agraves Xaretas do bordo alto Oriente conquiſtado

part 2493) Deriva-ſe do Francez Charette que quer dizer Carro []

rarrMoraes e Silva XAREgraveTAS sf Naut Redes de corda que acompanhatildeo o bordo do navio

para impedir a entrada ao inimigo Amaral4

rarrLaudelino Freire XARETA sf Ar xarita Recircde com que se impede a abordagem de um

navio 2 Recircde de pescar

rarrAureacutelio xareta (ecirc) [Do aacuter (t) cordel]Substantivo feminino1Ant Mar G

Rede com que se cobriam a tolda e o conveacutes das naus e galeotildees de guerra por ocasiatildeo dos

combates para dificultar aos assaltantes a entrada a bordo nas abordagens2Rede de pescar

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta como termo naacuteutico

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Todos os dicionaacuterios apresentam xareta como termo naacuteutico Origem aacuterabe

Ficha 153

Ximeas sf plur (TNaut) v Sumeas

Sumeas sf plu (T Naut) As taboas com que se repara o leme

______________________________________________________________________

rarrCunha natildeo constam Ximeas e Sumeas Chuacutemeas sfpl bdquopeccedilas de madeira com que se

consertam os mastros estalados‟1873 chuacutembeas 1813 Provavemente do aacuter jāmalsquoacirc na var

chuacutembeas deve ter havido influecircncia de CHUMBO

rarrBluteau XIMEA Couſa de navio( Neceſſitava a Capitania de Ximeas nos maſtos Britto

viagem do Braſil 160)

rarrMoraes e Silva XIMEA sf V Sumea T Naut SUMEAS sf pl Naut Taboas com que

o leme se refaz e repara BPer

rarrLaudelino Freire natildeo consta

rarrAureacutelio Natildeo constam Ximeas e Sumeas Chuacutemeas [Do aacuter a(t) da raiz juntar agrupar]Substantivo feminino plural 1Mar Peccedilas de madeira com que se consertam

os mastros estalados [Var chuacutembeas suacutemeas ximeas]

159

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta

______________________________________________________________________

Comentaacuterios De todos os dicionaacuterios consultados soacute Laudelino Freire natildeo lista esse lexema

Os demais dicionaristas classificam o termo como naacuteutico ou mariacutetimo Origem duvidosa

(aacuterabe)

Apoacutes selecionar os termos naacuteuticos constituiacutemos 153 fichas lexicograacuteficas

elaboradas juntamente a consultas em 5 dicionaacuterios e ainda a 1 Banco de Dados referente ao

portuguecircs brasileiro da eacutepoca do Brasil Colocircnia Passemos no proacuteximo capiacutetulo agrave anaacutelise dos

dados

160

Capiacutetulo 5

161

Capiacutetulo 5 ndash Anaacutelise e discussatildeo dos dados

Apoacutes selecionarmos os termos naacuteuticos presentes no Diccionario de Lingua

Brasileira preenchermos as 153 fichas lexicograacuteficas ndash elaboradas junto agrave pesquisa em cinco

dicionaacuterios e em um banco de dados de liacutengua portuguesa do Projeto DHPB composto de

textos escritos nos seacuteculos XVI XVII e XVIII ndash acompanhadas de abonaccedilotildees classificaccedilotildees

gramaticais e comentaacuterios passemos agrave anaacutelise quantitativa e discussatildeo dos resultados

51 Quanto agrave classificaccedilatildeo gramatical dos termos

Conforme jaacute relatado organizamos um corpus de unidades lexicais do domiacutenio da

terminologia naacuteutica com 153 termos constituiacutedo de 117 substantivos 3 adjetivos 32 verbos

e 1 adveacuterbio que satildeo entradas no Diccionario de Lingua Brasileira editado por Luiz Maria da

Silva Pinto na cidade de Ouro Preto em 1832 Os substantivos se destacam com 7647 de

dados os adjetivos por sua vez totalizam 196 dessas entradas os verbos 2092 e o

adveacuterbio com 065 de nossos dados terminoloacutegicos Abaixo apresentamos em tabela a

distribuiccedilatildeo conforme a classificaccedilatildeo morfoloacutegica dos dados analisados

TABELA 1

Classificaccedilatildeo morfoloacutegica dos dados analisados

Classe Gramatical Nuacutemero de unidades lexicais Percentual

Substantivo 117 7647

Adjetivo 003 196

Verbo 032 2092

Adveacuterbio 001 065

TOTAL 153 10000

Destacam-se a seguir as unidades leacutexicas classificadas como

Substantivos rarr aba abotoadora accedilafratildeo alcaxas aldrope alforje almeida amura

amurada anrique arruelas avencadura barcolas barquilha bastardo beque

bigotas bolinete bombordo botalos braccedilo braga bragueiro brandaes briol

buccedilardas burra cabresto cacholascalabre calabrote calafeto calcez calma

calmaria carlinga carregadeiras cevadeira chapeleta chapiteo chaveta cheleira

cifa cinta clara colhedores contrapunho cordas cossouro costa cunho curva

curvatatildeo cutelo driccedila embono embornal encalamento enfrechadura enora

envergues escoa escoteira escotilha escouves estibordo estiva estribos estrinca

162

garrucha gaacutevea gio guinada lais leme leva liame linguete maccedilame madre

majarrona malaquetas michelos molhelha moucarrotildees nabo orthodomia ostaes

ostagas palomas palomba patelha pinccedilote pontal ponte porca rabada rabeca

resbordo rumo salema sapatilho sirgideiras sobrecevadeira sobregata socairo

sumeas trinca troccedila vela vergueiro xaretas ximea peacute dormentes tamboretes

estribordo

Adjetivos rarr banzeiro escatelado naacuteutico

Verbos rarr abroquelar agarruchar alestar arfar arriar barbear bracear canjar

ciar-se cifar cruzar desaferrar desancorar descahir dobrar embonar encapelar

encodar-se envergar escacear escorrer ferrar folgar guinar iccedilar pairar

palmejar proejar salamear sarpar sejar siar

Adveacuterbio rarr dlsquoavante

52 Quanto agrave forma e o gecircnero dos termos naacuteuticos do DLB

Em se tratando dos 117 substantivos o gecircnero masculino se sobressai com 55

ocorrecircncias o que corresponde a 47 dos dados presentes em nosso corpus O gecircnero

feminino aparece com 53 dos dados somando 62 ocorrecircncias

Todas as 3 unidades leacutexicas cujas classificaccedilotildees morfoloacutegicas indicam adjetivos

apresentam-se no gecircnero masculino correspondendo a 196 dos dados presentes em nosso

corpus

Tanto os substantivos quanto os adjetivos soacute ocorreram em sua forma simples A

quantificaccedilatildeo total dos dados quanto ao gecircnero eacute destacada na TABELA 2 apresentada a

seguir

TABELA 2

Classificaccedilatildeo do gecircnero dos dados analisados

Classe Gramatical Masculino Feminino

Substantivo 55 (47) 62 (53)

Adjetivo 03 (196) -----

163

53 Quanto ao nuacutemero de unidades lexicais presentes em obras de referecircncia

Verificamos que 152 das 153 unidades lexicais se encontram dicionarizadas em

pelo menos uma das obras escolhidas como base de referecircncia neste trabalho embora parte

delas natildeo tenha a marca terminoloacutegica ldquotermo naacuteutico A fim de termos ideia do nuacutemero de

vocaacutebulos que constam em cada um dos cinco dicionaacuterios pesquisados e ainda consultando o

nuacutemero de ocorrecircncias no banco de dados do Projeto DHPB fizemos um levantamento

quantitativo que eacute apresentado no graacutefico a seguir

111

134

152146

130

79

0

20

40

60

80

100

120

140

160

180

Cunha

Bluteau

Morais

Laudelino

Aureacutelio

DHPB

GRAacuteFICO 1 Nuacutemero de unidades lexicais encontradas em cada dicionaacuterio e no banco de dados

O GRAacuteFICO 1 mostra em nuacutemeros absolutos quantas unidades lexicais entre as

153 dicionarizadas constam em cada dicionaacuterio a) a barra azul mostra que 111 vocaacutebulos

foram encontrados no Dicionaacuterio Etimoloacutegico de Antocircnio Geraldo da Cunha o que

corresponde a 7254 dos 153 vocaacutebulos dicionarizados b) o dicionaacuterio de Raphael de

Bluteau representado em barra verde corresponde a 134 unidades lexicais entre aquelas

dicionarizadas o que representa 8758 desse total c) Antocircnio de Moraes e Silva

representado pela barra marrom eacute aquele que mais apresenta em suas paacuteginas unidades

lexicais constantes do grupo das dicionarizadas com 152 unidades lexicais o que representa

9934 do total de vocaacutebulos d) o dicionaacuterio de Laudelino Freire representado pela barra

amarela apresenta 146 unidades lexicais o que corresponde a 9542 do total analisado e) o

dicionaacuterio de Aureacutelio Buarque de Hollanda Ferreira apontado no graacutefico pela barra de cor

vermelha apresenta 130 unidades lexicais entre aquelas dicionarizadas o que representa um

percentual de 8496 Por uacuteltimo apoacutes exaustiva consulta ao Banco de Dados do Projeto

164

DHPB verificamos a presenccedila de 79 unidades leacutexicas (5163) correspondentes agravequelas

selecionadas em nosso corpus para esta pesquisa

No quadro que apresentamos abaixo podemos identificar quais satildeo as unidades

lexicais presentes em cada dicionaacuterio e tambeacutem no Banco de Dados do Projeto DHPB

TABELA 3

Quadro comparativo dos termos naacuteuticos39

Bluteau Moraes e Silva Laudelino Aureacutelio DHPB

aba aba aba aba aba

abotoadura abotoadura abotoadura abotoadura abotoadura

abroquelar abroquelar abroquelar abroquelar

accedilafratildeo accedilafratildeo accedilafratildeo accedilafratildeo accedilafratildeo

agarrochar agarruchar agarrochar agarruchar agarruchar

alcaxas alcaxas alcaxas

aldrope aldroacutepe aldrope aldrope

alestar alestar alestar

alforge alforge alforge alforge alforge

almeida almeida almeida almeida almeida

amugravera amura amura amura

amuradas amuraacuteda amurada amurada amurada

anrique anriacuteque anrique anrique

arfar arfar arfar arfar arfar

arriar arriar arriar arriar arriar

arruelas arrueacutellas arruela arruela arruela

avencadura avencadura avencadura avencadura

banzeiro banzegraveiro banzeiro banzeiro banzeiro

barbear barbeacutear barbear barbear barbear

barcolas barcoacutelas barcolas

barquiacutelha barquilha

bastardos bastaacuterdo bastardo bastardo bastardo

beque beque beque beque beque

bigota bigoacutetas bigotas bigota

bolinete bolinegravete bolinete bolinete bolinete

bombordo bombordo bombordo bombordo bombordo

botalos botaloacutes botaloacutes botaloacute

braceacutear bracear bracear

braga braga braga braga braga

bragueiro bragueiro bragueiro bragueiro

brandaes brandaes brandal brandal brandaes

brioes brioacutees briol briol

buccedilardas buccedilardas

burra buacuterra burra burra

39

Salientamos que os termos destacados em negrito satildeo encontrados nos dicionaacuterios mencionados poreacutem natildeo

apresentam acepccedilatildeo naacuteutica ou natildeo nos remetem ao universo mariacutetimo Os espaccedilos em branco representam

ausecircncia da unidade lexical no dicionaacuterio e no DHPB

165

cabresto cabregravesto cabrestos cabresto cabresto

cachoacutela cachogravela cachola cachola

calabre calaacutebre calabre calabre calabres

calabrote calabroacutete calabrote calabrote calabrotes

calafeto calafegraveto calafeto calafeto calafeto

calcecircz calcegravez calcecircs calcecircs

calma caacutelma calma calma calma

calmaria calmaria calmaria calmaria calmaria

canjaacuter canjar

carlinga carlinga carlinga carlinga

carregadeiras carregadeiras carregadeira carregadeira

cevadeira cevadegraveira cevadeira cevadeira cevadeira

chapeleta chapeleta chapeleta chapeleta

chapiteo chapiteo chapiteacuteu chapiteacuteo

chaveta chavegraveta chavecircta chaveta chavetas

cheleira cheleira

ciar ciar-se ciar ciar ciar

cifa cifa cifa

cifar cifaacuter cifar

cintas cinta cintas cinta

clara clara clara clara

colhedocircres colhedores colhedores colhedor

contrapunho contrapuacutenho contrapunho contrapunho

cordas cordas corda corda cordas

cossouros cossograveuros cossouro cossouro

costa coacutesta costa costa costa

cruzar cruzar cruzar cruzar cruzar

cunhos cunhos cunhos cunho

curva cuacutervas curva curva curvas

curvatatildeo curvatatildeo curvatatildeo curvatatildeo

cutelos cugravetelos cutelos cutelo

davante davante d‟avante

desaferrar desaferrar desaferrar desaferrar desaferrar

desancorar desancoraacuter desancorar desancorar

descahir descahir descair descair descahir

dobrar dobraacuter dobrar dobrar dobrar

dormentes dormegraventes dormente dormente dormentes

driccedila driccedila driccedila driccedila driccedilas

embocircno embograveno embono embono

embornal embornagravel embornal embornal embornaes

encalamentos encalamentos encalamento

encapellar encapellaacuter encapelar encapelar encapelar

encodaacuter-se encodaacuter-se

enfrechadura enfrechadura enfrechadura enfrechadura

enoras enograveras enora enora

envergar envergar envergar envergar

envergues enveacutergues envergues envergues

166

escacear escacear escassear escassear escacear

escatelado escatelaacutedo escatelado escatelarado

escoas escograveas escoa escoa escoas

escorrer escorrer escorrer escorrer escorrer

escoteiras escoteira escoteira escoteira escoteira

escotilha escotilha escotilha escotilha escotilha

escouves escouves escouves escouvem

estibordo estibordo estibordo estibordo estibordo

estiva estiva estiva estiva estiva

estribos estribos estribo estribo estribo

estribograverdo estribordo

estrinca estrinca

ferrar ferrar ferrar ferrar ferrar

folgar folgar folgar folgar folgar

garrucha garruacutecha garruchas garrocha

gaacutevea gaacutevea gaacutevea gaacutevea gaacutevea

gio gio gio gio

guinada guinada guinada guinada guinada

guinar guinar guinar guinar guinar

iccedilar iccedilar iccedilar iccedilar iccedilar

lais laacuteis lais lais lais

leme leme leme leme leme

leva leva leva leva

liame liame liame liame liame

linguete linguete linguete lingueta

maccedilame maccedilagraveme maccedilame

madre madre madre madre

majarrona majarrona majarrona

malaquetas malaqueta malaqueta

michegravelos michelos

molhelha molhelha molhelhas molhelha

moucarrotildees moucarrotildees moucarratildeo

nabo nabo nabo nabo

naacuteutico naacuteutico naacuteutico naacuteutico naacuteutico

orthodromia orthodomia ortodromia

ostais ostaacutees ostaes ostaes

ostagas ostaacutegas ostaga ostaga ostagas

pairar pairaacuter pairar pairar pairar

palmejar palmejar palmejar

palomas palomas palomas paloma

palomba palomba palomba

patelha pategravelha patelha patelha

pinccedilote pinccedilote pinccedilote pinccedilote

pontal pontal pontal pontal pontal

ponte ponte ponte ponte ponte

porca porca porca porca porca

proejar proejar proejar proejar

167

rabada rabada rabada rabada rabada

rabeca rabeca rabeca rabeca rabeca

resbordo resbordo resbordo resbordo resbordo

rumo rumo rumo rumo rumo

salamear salamear

salema salema salema

sapatilhos sapatilhos sapatilhos sapatilhos

sarpar sarpaacuter zarpar sarpar sarpar

sejar

siar siar siar siar

sirgideiras sirgideiras sirgideiras

sobrecevadeira sobrecevadegraveira sobrecevadeira

sobregata sobregata

socairo socairo socairo socairo socairo

sumeas suacutemeas suacutemeas sumeas

trinca trinca trinca trinca trinca

troacuteccedila troccedila troccedila

vela vela vela vela vela

verguegraveiro vergueiro vergueiro

xacircreta xaregravetas xareta xareta xareta

ximea ximea ximea

braccedilo braccedilo braccedilo braccedilo

peacute peacute peacute peacute peacute

tamboretes tamboretes tamboretes tamboretes tamboretes

embonar embonaacuter embonar embonar

168

54 Descriccedilatildeo e Comparaccedilatildeo de dados

Das unidades lexicais referentes aos termos naacuteuticos que compotildeem nosso corpus

encontramos correspondentes em vaacuterios dicionaacuterios como jaacute salientamos em 51 Dessas

apresentamos em nuacutemero no graacutefico seguinte as que se destacam como termo naacuteutico

50

123

146136

105

56

0

20

40

60

80

100

120

140

160

180

Cunha

Bluteau

Morais

Laudelino

Aureacutelio

DHPB

GRAacuteFICO 2 Nuacutemero de unidades lexicais destacadas como termo naacuteutico

a) Dos 153 termos que constituem nosso corpus o Dicionaacuterio Etimoloacutegico de Cunha registra

50 unidades leacutexicas como termo naacuteutico correspondendo a 3267 aldrope almeida amura

amurada beque barcola bigota bolinete bombordo brandal briol calabre calabrote

calcecircs calma calmaria carlinga ciar desancorar dormente embornal escatelado escoa

escoteira escotilha escouves estibordo estiva estribordo gaacutevea gio lais leme majarrona

naacuteutico ostaes ostaga paloma palomba pontal ponte rumo zarpar socairo sumeas

trinca vela xaretas peacute tamborete

b) O dicionaacuterio de Bluteau registra 123 dos termos naacuteuticos constantes no Diccionario da

Liacutengua Brasileira o que corresponde a 8039 a saber abotoadura accedilafratildeo alcaxas

aldrope almeida amura amuradas anrique arfar arriar arruelas avencadura banzeiro

barbear barcolas bastardos beque bigota bolinete bombordo botalos braccedilos braga

bragueiro brandaes brioes buccedilardas burra cabresto cacholas calabre calabrote calcez

calma calmaria carlinga carregadeiras cevadeira chapeleta chapiteo chaveta cifar

cintas clara colhedores contrapunho cordas cossouros costa cruzar cunhos curva

curvatatildeo cutelos davante desaferrar desancorar descair dobrar dormentes driccedila

embonar embono embornal encalamentos encapelar enfrechadura enoras envergues

169

escacear escatelado escoas escorrer escoteiras escotilha escouves estibordo estiva

estribos ferrar gaacutevea gio guinada guinar iccedilar lais leme leva liame linguete maccedilame

madre malaquetas nabo naacuteutico orthodromia ostais ostagas pairar palomas patelha

pinccedilote pontal ponte porca proejar rabada resbordo rumo salamear salema sapatilho

sarpar sirgideiras sobrecevadeira socairo suemas trinca vela xareta ximea peacute

tamboretes

c) Encontramos 146 unidades leacutexicas comuns ao nosso corpus dicionarizadas como termos

naacuteuticos na obra de Moraes e Silva correspondendo a 9542 abotoadura accedilafratildeo

agarruchar alcaxas aldrope alestar almeida amura amurada anrique arfar arriar

arruelas avencadura banzeiro barbear barcolas barquilha bastardo beque bigotas

bolinete bombordo botalos bracear braccedilo braga bragueiro brandaes brioacutees buccedilardas

burra cabresto cacholas calabre calabrote calafeto calcez calma calmaria canjar

carlinga carregadeiras cevadeira chapeleta chapiteo chaveta cheleira ciar-se cifa cifar

cinta clara colhedores contrapunho cordas cossouros costa cruzar cunhos curvas

curvatatildeo cutelo davante desaferrar desancorar descair dobrar dormentes driccedila

embonar embono embornal encalamentos encapelar encodar-se enfrechadura enora

envergar envergues escassear escatelado escoa escorrer escoteira escotilha escouves

estibordo estiva estribos estribordo estrinca ferrar folgar garrucha gaacutevea gio guinada

guinar iccedilar lais leme levaliame linguete maccedilame madre majarrona malaqueta

michelos moucarrotildees nabo naacuteutico orthodomia ostaes ostagas pairar palmejar

polomas palomba patelha pinccedilote pontal ponte porca proejar rabada resbordo rumo

salamear salema sapatilho sarpar sejar sirgideiras sobrecevadeira socairo sumeas

trinca troccedila vela vergueiro xaretas ximea peacute tamboretes

d) Entre as 153 unidades o dicionaacuterio de Laudelino Freire contabiliza 136 termos naacuteuticos o

que corresponde a 8888 abotoaduras abroquelar accedilafratildeo agarruchar alcaxas aldrope

alforjes almeida amura amurada anrique arfar arrear arruela avencadura banzeiro

barcolas barquilha bastardo beque bigotas bolinete bombordo botalos bracear braccedilo

braga bragueiro brandal briol burra cabrestos cachola calabre calabrote calafeto

calcez calma calmaria carlinga carregadeira cevadeira chapeleta chapiteacuteu chaveta

cheleira ciar cifar cintas clara colhedores contrapunho cossouro costa cruzar cunho

curvas curvatatildeo cutelos desaferrar desancorar descair dobrar dormente driccedila embonar

embono encalamento encapelar encodar-se enfrechadura enora envergar envergues

escassear escatelado escoa escorrer escoteira escotilha escouves estibordo estiva

estribo estribordo estrinca ferrar garruchas gaacutevea gio guinada guinar iccedilar lais leme

170

leva liame madre majarrona malaqueta michelos molhelhas moucarrotildees nabo naacuteutico

ostaes ostaga pairar palmejar palomas palomba patelha pinccedilote pontal ponte porca

proejar rabada rabeca resbordo rumo salemasapatilho sarpar sirgideiras

sobrecevadeira sobregata socairo sumeas trinca troccedila vela vergueiroxareta peacute

tamboretes

e) Dos 153 termos que constituem nosso corpus o Novo Dicionaacuterio Aureacutelio da Liacutengua

Portuguesa registra 105 unidades leacutexicas como termo naacuteutico correspondendo a 6862 dos

dados abotoaduras aldrope almeida amura amurada anrique arfar arriar banzeiro

barbear bastardo beque bigota bolinete bombordo botaloacute bracear braccedilo braga

brandal briol burro cabresto calabre calabrote calcecircs calma calmaria carlinga

carregadeira cevadeira chapeleta chaveta ciar cinta clara colhedor contrapunho corda

costa cruzar cunho curva curvatatildeo cutelodesancorar descair dobrar dormente driccedila

embonar embono embornal encapelar enfrechadura enora envergar envergues

escatelado escoa escoteira escotilha escouves estibordo estiva estribo ferrar garrocha

gaacutevea gio guinada guinar iccedilar lais leme leva linguete madre majarrona molhelha

nabo ortodromia ostaes ostaga pairar palomba patelha pinccedilote pontal ponte proejar

resbordo rumo sapatilho sarpar sobregata socairo sumeas trinca vela vergueiro

xareta ximea peacute tamboretes

f) O Banco de Dados do Projeto Dicionaacuterio Histoacuterico do Portuguecircs do Brasil ndash seacuteculos XVI

XVII XVIII registra 56 unidades leacutexicas (366) com significado que remetem ao mundo da

navegaccedilatildeo amuradas arfar arriar arruela avencadura banzeiro barbear beque

bombordo brandaes cabresto calabrecircs calabrotes calafeto calma calmarias cevadeira

chapiteo chavetas cordas ciar costa cruzar curvas dlsquoavante descahir dobrar

dormentes driccedilas embornaes encapelar escacear escoas escotilha estibordo estiva

ferrar gaacutevea guinada guinar iccedilar lais leme liames maccedilamenaacuteutico ostagas pairar

rabada resbordo rumo sarpar socairo vela tamboretes trinca

55 Sobre a marca de uso ldquotermo naacuteuticordquo

551 Variaccedilatildeo no Diccionario de Lingua Brasileira

As unidades do corpus em anaacutelise satildeo marcadas como (t naut) 117 ocorrecircncias

correspondendo a 765 dos dados (entre naacuteuticos) 21 ocorrecircncias ou 138 dos dados (t

naacuteutico) 9 ocorrecircncias contabilizando 59 (t nau) 1 ocorrecircncia o que correponde a 06

171

do total dos dados analisados Contabilizamos ainda 5 unidades lexicas ou 32 que natildeo

recebem marcas de uso mas vemos pela definiccedilatildeo que satildeo termos naacuteuticos a saber palomas

barquilha proejar naacuteutico vela

IMAGEM 9 Unidades lexicais natildeo marcadas como termo naacuteutico

552 Variaccedilatildeo em outros dicionaacuterios

Completada a verificaccedilatildeo da marca terminoloacutegica no Diccionario de Lingua

Brasileira resolvemos observar a terminologia naacuteutica adotada nos outros dicionaacuterios

utilizados nesta pesquisa como referecircncia As unidades do corpus satildeo marcadas nessas obras

como i) em Bluteau rarr termo de navegantes termo de navio termo de marinhagem termo

naacuteutico termo de barqueiros ii) em Moraes e Silva rarr termo de naacuteutica na naacuteutica termo

naacuteutico entre os nautas entre barqueiros iii) em Laudelino Freire rarr termo da naacuteutica

termo de navegaccedilatildeo termo de navegaccedilatildeo fluvial termo da marata ou marinha iv) em

Aureacutelio rarr termo da marinha (23 termos) termo da marinhagem (60 termos) termo naacuteutico

(01 termo) termo de construccedilatildeo naval (31 termos) Encontramos em todas essas obras

citadas algumas unidades que natildeo recebem marcas de uso mas vemos pela definiccedilatildeo que

pertencem ao universo naacuteutico

Como termo naacuteutico Aureacutelio marca somente a unidade lexical rumo Para esse

lexicoacutegrafo a marca terminoloacutegica marinhagem refere-se aos conhecimentos naacuteuticos

desenvolvidos e sistematizados pelos navegadores portugueses desde o Infante D Henrique

ateacute os fins do seacuteculo XVII Tais conhecimentos foram depois muito ampliados e

aprofundados e passaram a constituir a ciecircncia e a arte da navegaccedilatildeo sobre aacutegua denominada

172

naacuteutica De acordo com o mesmo dicionarista a marca terminoloacutegica marinha significa

ldquoaquilo que diz respeito ao serviccedilo de bordo dos navios agrave atividade de marinheiro agrave

navegaccedilatildeo por mar ou ainda conjunto de navios ou forccedilas navais ou por marrdquo Jaacute a marca

construccedilatildeo naval diz respeito agrave arte de construir navios e a marca naacuteutico eacute relativo a

marinheiro navegante e nauta por sua vez dizem respeito agrave navegaccedilatildeo Aureacutelio natildeo

classificou as unidades lexicais cruzar desancorar e sarpar e outras receberam mais de uma

classificaccedilatildeo

56 Quanto agrave origem

Para elucidar a origem dos termos como jaacute mencionamos no Capiacutetulo 3

consultamos o Dicionaacuterio Etimoloacutegico de A G Cunha poreacutem quando o termo natildeo constava

nesse dicionaacuterio lanccedilamos matildeo do Houaiss (2001) e se as palavras remetiam ao universo

aacuterabe do vocabulaacuterio de Sousa amp Moura intitulado Vestigios da Lingoa Arabica em Portugal

ou Lexicon Etymologico das palavras e nomes portuguezes que tem origem araacutebica

publicado em 1830 e impresso em ediccedilatildeo fac siacutemile em 2004

Quantificaccedilatildeo Total ndash quanto agrave origem dos termos naacuteuticos

a) Aacuterabe 07

b) Catalatildeo 02

c) Espanhol 16

d) Francecircs 23

e) Grego 01

f) Inglecircs 02

g) Italiano 11

h) Portuguesa 55

i) Provenccedilal 01

j) Onomatopaica 01

k) Incerta 28

l) Natildeo encontradas 06

173

a Termos de origem aacuterabe

Accedilafratildeo (do ar Az-zafaran cf Cunha 1982)

Alforge (do ar al-hurg cf Cunha 1982)

Almeida (Sousa amp Moura 1830)

Cifa (do ar satildeifa cf Cunha 1982)

Cifar (do ar satildeifacirc cf Cunha 1982)

Salamear (do ar salama cf Sousa amp Moura 1830)

Xaretas (do ar vulgar šarīta cf Cunha 1982)

b Termos de origem catalatilde

Brandaes (do catalatildeo brandal cf Cunha 1982)

Escoa (do catalatildeo escoa cf Cunha 1982)

c Termos de origem espanhola

Anrique (castelhano lt neerlandesa cf Cunha 1982)

Arriar (castelhano lt latim cf Cunha 1982)

Barcolas (espanhol lt latim cf Cunha 1982)

Barquilha (espanhol lt latim cf Cunha 1982)

Briol (castelhanoltfrancesa cf Cunha 1982)

Ciar-se (castelhano cf Cunha 1982)

Embonar (castelhano cf Cunha 1982)

Embono (castelhano cf Cunha 1982)

Garrucha (castelhano Cunha 1982)

MajarronaBujarrona (castelhano lt latim baacuterbaro cf Cunha 1982)

Ostagas (castelhano lt germacircnico cf Cunha 1982)

Patelha (espanhol cf Aureacutelio 2004)

Pinccedilote (castelhano cf Houaiss 2001)

Rumo (castelhano lt latim lt grego cf Cunha 1982)

Socairo (castelhano cf Cunha 1982)

Sarparzarpar (castelhano lt francesa lt latim tardio lt grego cf Cunha 1982)

d Termos de origem francesa

Abotoadura (do antigo francecircscf Cunha 1982)

Abroquelar (do antigo francecircscf Cunha 1982)

Arruela (do antigo francecircs lt latimcf Cunha 1982)

Avencadura (do antigo francecircs lt escandinavo antigo cf Cunha 1982)

Bastardo (do antigo francecircscf Cunha 1982)

174

Beque (do francecircs lt latimcf Cunha 1982)

Bolinete (do francecircs moulinet cf Cunha 1982)

Bombordo (do francecircs bacircbord lt neerlandecircs bakboord cf Cunha 1982)

Calabre (do antigo francecircs caable lt latim tardio cf Cunha 1982)

Calabrote (do antigo francecircs caable lt latim tardio cf Cunha 1982)

Carlinga (do francecircs carlingue lt escandinavo kerling cf Cunha 1982)

Chapeleta (lt antigo francecircs chapel cf Cunha 1982)

Escotilha (do antigo francecircs escoute (coute) derivado do goacutetico skautcf Cunha

1982)

Escoteira (do francecircs escoute lt goacutetico skaut cf Cunha 1982)

Enfrechadura (do francecircs fleche lt germacircnico cf Cunha 1982)

Estibordo (do francecircs antigo estribord lt neerlandecircs stierboord cf Cunha 1982)

Estribo (do antigo francecircs estriviegravere lt germacircnico cf Cunha 1982)

Estribordo (do francecircs antigo estribord lt neerlandecircs stierboord cf Cunha 1982)

Iccedilar (do francecircs hisser lt neerlandecircs hijsen cf Cunha 1982)

Ostaiestai (do antigo francecircs estaie lt germacircnico cf Cunha 1982)

Rabeca (do francecircs rebec lt antigo francecircs rebebe lt aacuterabe rābab cf Cunha 1982)

Resbordo (do francecircs ribord cf Cunha 1982)

Tamboretes (do francecircs tambouret cf Cunha 1982)

e Termos de origem grega

ortodromia

f Termos de origem inglesa

Aldrope (Do inglecircs guide-ropecf Cunha 1982)

Estrinca (Do inglecircs string cf Laudelino Freire 1949)

g Termos de origem italiana

Calma (lt latina cf Cunha 1982)

Calmaria (lt latina cf Cunha 1982)

Calafeto (aacuterabe lt latim vulgar cf Cunha 1982)

Calcez (latim tardio lt latim lt grego cf Cunha 1982)

Driccedila (lt francecircs cf Aureacutelio 2004)

Encodar-se (cf Moraes e Silva 1813)

Estiva (lt latim cf Cunha 1982)

Gaacutevea (lt latim cf Cunha 1982)

Linguete (lt latim cf Cunha 1982)

175

Palomas (do italiano meridional cf Cunha 1982)

Palomba (do italiano meridional cf Cunha 1982)

h Termos de origem portuguesa

Amura (ltlatina cf Cunha 1982)

Amurada (ltlatina cf Cunha 1982)

Banzeiro (ltlatina cf Cunha 1982)

Barbear (ltlatina cf Cunha 1982)

Bigotas (lt latina cf Cunha 1982)

Bracear (ltlatina cf Cunha 1982)

Braccedilo (ltlatina cf Cunha 1982)

Braga (ltlatina cf Cunha 1982)

Bragueiro (ltlatina cf Cunha 1982)

Burra (ltlatina cf Cunha 1982)

Cabresto (ltlatina cf Cunha 1982)

Carregadeiras (ltlatina cf Cunha 1982)

Cevadeira (ltlatina cf Cunha 1982)

Chaveta (ltlatina cf Cunha 1982)

Cinta (ltlatina cf Cunha 1982)

Clara (ltlatina cf Cunha 1982)

Colhedor (ltlatina cf Cunha 1982)

Contrapunho (ltlatina cf Cunha 1982)

Corda (latina lt grega cf Cunha 1982)

Costa (ltlatina cf Cunha 1982)

Cruzar (ltlatina cf Cunha 1982)

Cunho (ltlatina cf Cunha 1982)

Curva (ltlatina cf Cunha 1982)

Curvatatildeo (ltlatina cf Cunha 1982)

Cutelo (ltlatina cf Cunha 1982)

D‟avante (ltlatina cf Cunha 1982)

Desaferrar (ltlatina cf Cunha 1982)

Desancorar (latina lt grega cf Cunha 1982)

Descahir (ltlatina cf Cunha 1982)

Dobrar (ltlatina cf Cunha 1982)

Dormente (ltlatina cf Cunha 1982)

176

Encapelar (ltlatina cf Cunha 1982)

Enora (ltlatina cf Cunha 1982)

Envergar (ltlatina cf Cunha 1982)

Envergues (ltlatina cf Cunha 1982)

Escacear (ltlatina cf Cunha 1982)

Escorrear (ltlatina cf Cunha 1982)

Ferrar (ltlatina cf Cunha 1982)

Folgar (ltlatina cf Cunha 1982)

Leva (ltlatina cf Cunha 1982)

Liame (ltlatina cf Cunha 1982)

Madre (ltlatina cf Cunha 1982)

Naacuteutico (latina lt grega cf Cunha 1982)

Nabo (ltlatina cf Cunha 1982)

Palmejar (ltlatina cf Cunha 1982)

Pontal (ltlatina cf Cunha 1982)

Ponte (ltlatina cf Cunha 1982)

Porca (ltlatina cf Cunha 1982)

Proejar (ltlatina cf Cunha 1982)

Rabada (ltlatina) cf Cunha 1982

Sobrecevadeira (ltlatina cf Cunha 1982)

Sobregata (ltlatina cf Cunha 1982)

Vela (ltlatina cf Cunha 1982)

Vergueiro (ltlatina cf Cunha 1982)

Peacute (ltlatina cf Cunha 1982)

i Termos de origem provenccedilal

Pairar (lt latim cf Cunha 1982)

j Termo de origem onomatopaica

Botalos (Houaiss 2001)

k Termos de origens controvertida incerta duvidosa obscura

Aba (de origem duvidosa (latim) cf Cunha 1982)

Agarruchar (de origem duvidosa (ceacuteltico) cf Cunha 1982)

Alcaxas (de origem controvertida cf Houaiss 2001)

Alestar (de origem obscura cf Cunha 1982)

Arfar (de origem duvidosa (latim vulgar) cf Cunha 1982)

177

Buccedilardas (origem controvertida cf Bluteau 1712)

Cachola (origem duvidosa (latim vulgar) cf Cunha 1982)

Canjar (origem duvidosa (italiana) cf Houaiss 2001)

Cossouro (de origem obscura cf Cunha 1982)

Embornal (de origem incerta (italiana) cf Cunha 1982)

Escatelado (de origem controvertida cf Cunha 1982)

Escouves (de origem incerta (castelhana) cf Cunha 1982)

Gio (de origem obscura cf Cunha 1982)

Guinar (de origem obscura cf Cunha 1982)

Guinada (de origem obscura (anglo saxatildeo) cf Cunha 1982)

Lais (de origem obscura cf Cunha 1982)

Leme (de origem obscura cf Cunha 1982)

Malaqueta (de origem obscura cf Houaiss 2001)

Michelos (de origem obscura cf Houaiss2001)

Molhelha (de origem controvertida (catalatildeo) cf Aureacutelio 2004)

Moucarratildeo (de origem obscura cf Aureacutelio 2004)

Salema (de origem obscura cf Cunha 1982)

Sapatilhos (de origem duvidosa (turco) cf Cunha 1982)

Siar (de origem obscura cf Cunha 1982)

Sumeas (de origem duvidosa (aacuterabe) cf Cunha 1982)

Trinca (de origem incerta (antigo francecircs lt antigo escandinavo cf Cunha 1982)

Troccedila (de origem obscura cf Cunha 1982)

Ximeas (de origem duvidosa (aacuterabe) cf Cunha 1982)

l Termos de origens natildeo encontradas

Chapiteo

Cheleira

Maccedilame

Encalamentos

Sejar

Sirgideiras

Observando os resultados expostos acima vimos que a predominacircncia entre as

origens dos termos eacute Portuguecircs lt Latim com 55 unidades lexicais Isso corresponde a

3595 das ocorrecircncias totais Em segundo lugar destacam-se os termos de origem

178

controvertida incerta duvidosa e obscura satildeo 28 termos o que corresponde a 1831 do

total de dados Os nomes de origem francesa figuram em terceiro lugar com 23 ocorrecircncias

ou 1503 do total dos dados Em seguida em quarta posiccedilatildeo temos os nomes de origem

espanhola com 16 ocorrecircncias ou 1046 do total dos dados Os nomes de origem italiana

estatildeo em quinto lugar com 11 dados ou 719 do total dos termos analisados Os termos

aacuterabes contabilizam 07 ocorrecircncias ou 458 do total dos dados Em quantidade menor temos

os termos em catalatildeo (02 ocorrecircncias 130 do total de dados) em inglecircs (02 ocorrecircncias

130 do total de dados) em grego (01 ocorrecircncia 065 do total de dados) em provenccedilal

(01 ocorrecircncia 065 do total de dados) e de origem onomatopaica (01 ocorrecircncias 065

do total de dados) Alguns termos (06 ocorrecircncias 393 do total de dados) natildeo tiveram suas

origens apontadas por nenhuma obra que consultamos Satildeo eles chapiteo cheleira maccedilame

encalamentos sejar sirgideiras

Por se tratar de uma heranccedila portuguesa toda a terminologia naacuteutica presente no

Diccionario de Lingua Brasileira se restringe em sua maior parte como podemos ver a

termos oriundos da Europa

Passemos no proacuteximo capiacutetulo agraves Consideraccedilotildees finais

179

Capiacutetulo 6

180

Capiacutetulo 6 ndash Consideraccedilotildees finais

Esta dissertaccedilatildeo teve como objetivo realizar um estudo do leacutexico correspondente agrave

terminologia naacuteutica presente no Diccionario da Lingua Brasileira publicado por Luiz

Maria da Silva Pinto proprietaacuterio da Typografia de Silva na cidade mineira de Ouro Preto no

ano de 1832

Tivemos como objetivos especiacuteficos estudar as origens dos termos naacuteuticos

conferir se os termos selecionados se encontravam presentes em obras lexicograacuteficas de

referecircncia nos seacuteculos XVIII XIX XX e se os mesmos mantiveram seus significados e

ainda se constavam como ldquotermos naacuteuticosrdquo consultar o corpus do Projeto DHPB CNPq

(composto por documentos e textos da eacutepoca colonial) com o objetivo de verificar se os

termos constantes no Diccionario da Lingua Brasileira integraram no passado o nosso

leacutexico verificar se a terminologia naacuteutica presente no Diccionario da Lingua Brasileira

descreve a realidade brasileira nessa aacuterea ou se faz parte desse dicionaacuterio somente com o

objetivo de enriquecer nosso leacutexico apontar os termos naacuteuticos do dicionaacuterio Aureacutelio ndash seacuteculo

XXI comparar esses termos com o primeiro dicionaacuterio impresso no Brasil ou seja o

Diccionario da Lingua Brasileira verificando se houve manutenccedilatildeo expansatildeo ou mudanccedila

nesse leacutexico de especialidade contribuir para o desenvolvimento da investigaccedilatildeo histoacuterica na

aacuterea da Terminologia disponibilizando um estudo da aacuterea de especialidade devidamente

analisado

Nosso interesse em pesquisar a terminologia naacuteutica nesse dicionaacuterio que se

intitula o primeiro dicionaacuterio da liacutengua brasileira pautou-se nas seguintes questotildees i) Quais

seriam os primeiros termos que fizeram parte de um dicionaacuterio brasileiro ii) Eles se mantecircm

ainda na liacutengua ou seja satildeo dicionarizados Essa terminologia fazia parte realmente do leacutexico

brasileiro da eacutepoca ou era ldquoidealrdquo que fizesse

Aleacutem de termos naacuteuticos o DLB marca termo anatomico termo de bombeiros

termo de architectura termo de geometria termo meacutedico termo militar termo de artilheria

termo de fortificaccedilatildeo termo forense termo familiar termo juriacutedico termo methaphysico

termo mythologico termo de pintura termo plebeu termo vulgar termo baixo Nosso

interesse se voltou para os termos naacuteuticos por serem esses os de maiores ocorrecircncias na obra

estudada Analisamos 153 unidades leacutexicas terminoloacutegicas sendo 117 substantivos 3

adjetivos 32 verbos e 2 adveacuterbios

Apoacutes leitura da obra seleccedilatildeo de termos construccedilatildeo do corpus e anaacutelise dos dados

constatamos que os substantivos se destacam com 7647 dos dados os adjetivos com 196

181

e os adveacuterbios com 065 Surpreendeu-nos a quantificaccedilatildeo dos verbos 2092 em valores

numeacutericos 32 nuacutemero expressivo em se tratanto de leacutexico especializado Desses verbos o

Dicionaacuterio Aureacutelio Seacuteculo XXI traz somente 17 arfar arriar barbear bracear ciar-se

cruzar descair dobrar embonar encapelar envergar ferrar guinar iccedilar pairar proejar

sarpar Consultando o Banco de Dados do PDHPB contamos 14 desses verbos arrolados

arfar arriar barbear ciar cruzar descahir dobrar encapelarescacear ferrar guinar

iccedilar pairar sarpar Todos esses termos conforme podemos constatar dicionarizados

tambeacutem pelo Aureacutelio com exceccedilatildeo de bracear embonar envergar guinar proejar Isso nos

leva a pensar que em se tratando da realidade brasileira Silva Pinto apresentou um nuacutemero

bem maior de verbos com a marca de uso ldquonaacuteuticosrdquo

Interessante tambeacutem eacute observar que os termos naacuteuticos que satildeo inseridos na obra

de Luiz Maria da Silva Pinto satildeo muito superiores quase trecircs vezes ao nuacutemero que o Banco

de Dados consultado aponta 56 termos Contemporaneamente essa marca terminoloacutegica

tambeacutem eacute menor jaacute que o Aureacutelio registra 105 termos naacuteuticos Observamos ainda variaccedilotildees

na marca de uso ldquotermo naacuteuticosrdquo o que indica sub-especialidades nessa aacuterea jaacute na eacutepoca do

Brasil colocircnia Nossa anaacutelise mostra que a terminologia apontada por Silva Pinto natildeo

retratava satisfatoriamente a realidade da eacutepoca nem se manteacutem totalmente hoje

No que se refere agrave origem constatamos a predominacircncia de nomes de origem

portuguesa 3595 das ocorrecircncias totais Em se tratando de base europeia bastante

representativos tambeacutem foram os termos de origem francesa espanhola e italiana Em

segundo lugar contabilizamos os nomes de origens incerta controvertida duvidosa e obscura

com 1831 de ocorrecircncias Acreditamos que esse iacutendice alto de palavras de origem natildeo

identificada se deve ao fato de muitos desses termos que retratam equipamentos artefatos

processos ou teacutecnicas da navegaccedilatildeo terem sido cunhados em um paiacutes e usados em outros por

pessoas na maioria das vezes quase sem nenhuma escolaridade como eacute o caso de muitos

marinheiros Natildeo encontramos nenhum termo naacuteutico de origem americana de liacutenguas

indiacutegenas caribenhas ou preacute-colombianas natildeo encontramos tambeacutem termos hiacutebridos nem

africanos

Entatildeo em se tratando da terminologia naacuteutica como se justifica uma obra se

intitular Diccionario da Lingua Brasileira se natildeo identifica nem descreve os termos de sua

eacutepoca Conforme Biderman (1994 p 27) os dicionaacuterios devem ser uma espeacutecie de porta-

voz da sociedade falar em nome dela e reunir em sua nomenclatura o repertoacuterio lexical em

uso na sua sociedade e da forma pela qual ela usualmente se exprime Inserindo-nos no

periacuteodo histoacuterico da publicaccedilatildeo do dicionaacuterio isto eacute dez anos apoacutes a Independecircncia do Brasil

182

em uma sociedade que comeccedilava a discutir a questatildeo da ldquoliacutengua brasileirardquo acreditamos que

Luiz Maria da Silva Pinto brasileiro mas de formaccedilatildeo lusitana detentor de ideologias

historicamente contruiacutedas quis contribuir com a constituiccedilatildeo da sociedade brasileira

acreditando que fornecer um leacutexico de origem europeia ou ldquobem formadordquo era seu dever

como brasileiro culto e proprietaacuterio de uma tipografia Com base em nosso estudo podemos

dizer que seu dicionaacuterio eacute prescritivista

Neste ainda iniacutecio de seacuteculo quando a lexicografia contemporacircnea passou a ver

o dicionaacuterio de liacutengua sob outra oacutetica40

atribuindo isso ao reconhecimento de seu verdadeiro

papel que eacute o de registrar a norma lexical que impera em uma sociedade41

acreditamos que

os resultados de nossa anaacutelise trazem elementos para a histoacuteria da lexicografia e da

terminologia brasileira jaacute que passamos a conhecer um pouco mais o seu iniacutecio estudando

uma obra que como mostramos em 14 natildeo eacute o primeiro Diccionario da Lingua Brasileira

mas eacute o primeiro dicionaacuterio impresso no Brasil

40

BIDERMAN 1994 p 28 41

Ibidem

183

Referecircncias

184

Referecircncias

ARAUacuteJO P M B Hum diccionario sem auctor versus hum auctor com diccionario Rio de

Janeiro Non Edictandi 2009

BABINI M Do conceito agrave palavra os dicionaacuterios onomasioloacutegicos Satildeo Paulo Ciecircncia e

Cultura (SBPC) v 2 2006 p 38-42

BARROS L A Conhecimentos de terminologia geral e praacutetica tradutoacuteria Satildeo Paulo

NovaGraf 2007

BARROS L A Curso baacutesico de Terminologia Satildeo Joseacute do Rio Preto Editora UNESP

2009

BIDERMAN M T C A formaccedilatildeo e a consolidaccedilatildeo da norma lexical e lexicograacutefica no

Portuguecircs do Brasil in Histoacuteria do saber lexical e constituiccedilatildeo de um leacutexico brasileiro JH

NUNES e M PETTER (Org) Satildeo Paulo Humanitas Campinas Pontes 2002

BIDERMAN M T C A nomenclatura de um dicionaacuterio de liacutengua In Anais do Seminaacuterio

do Grupo de Estudos Linguiacutesticos (Gel) Satildeo Paulo v1 n23 24-42 1994

BIDERMAN M T C As Ciecircncias do Leacutexico In Ana Maria Pinto de Olveira Aparecida

Negri Isquerdo (Orgs) As Ciecircncias do Leacutexico Lexicologia Lexicografia Terminologia

Campo Grande Ed UFMS 1998

BIDERMAN M T C Dimensotildees da Palavra In Filologia e Linguiacutestica Portuguesa n 2 p

81-118 1981

BIDERMAN M T C Teoria Linguiacutestica teoria lexical e linguiacutesitica computacional Satildeo

Paulo Martins Fontes 2001

BIDERMAN M T C Unidades complexas do leacutexico In Rio-Torto G Figueiredo O M

Silva F (orgs) Estudos em Homenagem ao Professor Doutor Maacuterio Vilela 1ordf ed Porto

Portugal Faculdade de Letras da Universidade do Porto 2005 v II p 747-757 Disponiacutevel

em httplerletrasupptuploadsficheiros4603pdf

BIDERMAN MTC A estrutura mental do leacutexico In Estudos de Filologia Satildeo Paulo T A

QueirozEDUSP p131-145 1981

BIDERMAN Maria Teresa Camargo Leacutexico testemunho de uma cultura In Anais do XIX

Congresso internacional de Linguiacutestica e Filologia Romacircnica Santiago de Compostela 49

de setembro de 1978

BLUTEAU R Vocabulario Portuguez e Latino Coimbra Companhia de JESUS 1712

BOXER C R O Impeacuterio Mariacutetimo Portuguecircs Satildeo Paulo Companhia das Letras 2002

BUENO E Brasil Terra agrave vista Porto Alegre LGPM 2003

BYNON T Historical Linguistics London CUP 1977

185

CABREacute M T Importancia de la terminologiacutea en la fijacioacuten de la lengua Revista

internacional de liacutengua portuguesa Lisboa Editorial Notiacutecias n 15 jul 96 p9-24

CABREacute M T La terminologia Teoria Metodologia Aplicacio-nes Barcelona

AntaacutertidaEmpuacuteries 1993

CABREacute M T Lexicologia y variacioacuten hacia um modelo integrado In Simpoacutesio

Iberoamericano de Terminologia RITERM 1996

CABREacute M Teresa 1999 La terminologiacutea ndash representacioacuten y comunicacioacuten Barcelona

IULA Universitat Pompeu Fabra

CAacuteCERES F Histoacuteria do Brasil Satildeo Paulo Modernas 1993

COHEN M A A M A liacutengua do seacuteculo XVII e a liacutengua contemporacircnea In Anais do XI

Encontro Internacional da ALFAL Las Palmas (Gram Canaacuteria) 1996

CORREIA M Terminologia e morfologia marcas morfoloacutegicas da geacutenese do vocabulaacuterio da

Naacuteutica em portuguecircs Disponiacutevel em lthttpwwwiltecptpdfwpapers2004-mcorreia-

barcelonapdfgt Acesso em 20 Abr 2011

COSERIU E Sincronia diacronia e histoacuteria O problema da mudanccedila linguiacutestica Rio de

Janeiro Presenccedila Satildeo Paulo EDUSP 1979

COSTA FILHO M A Imprensa Mineira no Primeiro Reinado Rio de Janeiro [sn] 1955 62p (Tese apresentada ao VI Congresso Nacional de Jornalistas)

CUNHA A G da Dicionaacuterio Etimoloacutegico da Liacutengua Portuguesa 3ordf ediccedilatildeo 2ordf impressatildeo

Rio de Janeiro Lexikon Editora Digital 2007

CUNHA A G da Dicionaacuterio Etimoloacutegico Nova Fronteira da Liacutengua Portuguesa 2ordf ediccedilatildeo

Rio de JaneiroNova Fronteira 1987

DIAS L F BEZERRA M A Gramaacutetica e Dicionaacuterio In GUIMARAtildeES E

ZOPPIFONTANA (Orgs) Introduccedilatildeo agraves Ciecircncias da Linguagem ndash A Palavra e a Frase

Campinas Pontes Editores p 11-37 2006

ESQUADRA Disponiacutevel em lthttpwwwgooglecombrsearch3Fq3D2522Marinha

2BImperial2BBrasileiragt Acesso em 1 Abr 2011

ESQUIVEL F M C La lexicografia em las variedades no estaacutendar Jaeacuten- Espanha Editora

da Universidade de Jaeacuten 2001

FARACO C A Linguiacutestica histoacuterica Satildeo Paulo Aacutetica 1991

FAULSTICH E Princiacutepios formais e funcionais de variaccedilatildeo em terminologia Seminaacuterio de

Terminologia Teoacuterica Barcelona Espanha 28-29 de jan 1999

FERREIRA A B de H Novo Dicionaacuterio Eletrocircnico Aureacutelio versatildeo 50 Satildeo paulo Nova

Fronteira 2003 CD-ROM

186

FERREIRA A B de H Novo Dicionaacuterio Rio de Janeiro Nova Fronteira 1987

FINATTO M J B Introduccedilatildeo agrave Terminologia teoria e praacutetica Satildeo Paulo Contexto 2004

FREIRE L Grande e Noviacutessimo Dicionaacuterio da Liacutengua Portuguesa 1ordf ediccedilatildeo 1ordf impressatildeo

Rio de Janeiro Editocircra A Noite SA 1939 ∕ 1944

FREITAS M A Teixeira Os Serviccedilos Estatiacutesticos do Estado de Minas Gerais Revista

Brasileira de Estatiacutestica Ano I nordm 1 janmar 1940 p108-130

GUILBERT L La creativiteacute lexicalie Paris Larousse 1992

HAENSCH G WOLF L ETTINGER S WERNER R La lexicografia ndash de la linguiacutestica

teoacuterica a la lexicografia praacutectica Madrid Gredos 1982

HOUAISS A Dicionaacuterio Houaiss da liacutengua Portuguesa Rio de Janeiro Objetiva 2001

In OLIVEIRA Ana M P P de e ISQUERDO Aparecida N (orgs) As ciecircncias do leacutexico

lexicologia lexicografia terminologia Campo GrandeMS Editora da UFMS 1989 p 129-

149

ISQUERDO A N ALVES I M As ciecircncias do Leacutexico Lexicologia Lexicografia

Terminologia v3 Campo Grande Editora da UFMS 2007

KRIEGER M da G Do reconhecimento de terminologias entre o linguiacutestico e o textual In

IS QUERDO AN amp KRIEGER MG As Ciecircncias do Leacutexico 2 UFMS UFRGS Campo

GrandePorto Alegre 2006

KRIEGER M da G FINATTO Maria J B Introduccedilatildeo agrave Terminologia teoria amp praacutetica

Satildeo Paulo Contexto 2004

LEPSCHY J Leacutexico Enciclopeacutedia Einaudi linguagem e enunciaccedilatildeo v 2 Portugal

Imprensa Nacional-Casa da Moeda 1984

LORENTE M A lexicologia como ponto de encontro entre a gramaacutetica e a semacircntica In

ISQUERDO A N e KRIEGER MG As ciecircncias do leacutexico vol II Campo Grande Editora

UFMS 2004

MAPA Disponiacutevel em lthttpacademiagoianadeletrasorgmembroluiz-maria-da-silva-

pintogt Acesso em 1 abr 2011

MARINHA IMPERIAL Disponiacutevel em lthttpwwwmarmilbrdiversosArtigos_

selecionadosDocumentosmarinha_imperialpdfgt Acesso em 25 Abr 2011

MATOREacute G La meacutethode en lexicologie Domaine franccedilais Paris Didier 1953

MINEIRO A Uma abordagem lexical da Terminologia Naacuteutica no PE In Actas do IX

Simpoacutesio ibero-americano de Terminologia Barcelona Barcelona Espanha 2006

187

MURAKAWA C A (1998) Tradiccedilatildeo lexicograacutefica em liacutengua portuguesa Bluteau Moraes

e Vieira In OLIVEIRA AMPP amp ISQUERDO A N (orgs) As ciecircncias do leacutexico

lexicologia lexicografia terminologia v3 Campo Grande Editora da UFMS 2007

MURAKAWA C A A Dicionaacuterio Histoacuterico do Portuguecircs do Brasil um modelo de

dicionaacuterio Histoacuterico In ALVES Ieda Maria e Lino Maria Tereza (Org) Revista de

Filologia e Linguiacutestica Portuguesa Satildeo Paulo FFLCHUSP 2010 v 12 p 329-349

MURAKAWA C de A A Empreacutestimo linguiacutestico interno um estudo sobre o vocabulaacuterio

da naacuteutica portuguesa In Histoacuteria da Liacutengua e Histoacuteria da Gramaacutetica Actas do Encontro

Coleccedilacirco Poliedro 11 Braga Portugal Universidade do Minho Centro de Estudos

Humaniacutesticos 2002

MUSSALIM F BENTES A C (Orgs) Introduccedilatildeo agrave Linguiacutestica 6 ed Satildeo Paulo Cortez

2001 v 1-2

NAVEGACcedilOtildeES Disponiacutevel em lthttpwwwgooglecombrsearchhl=ptgt Acesso em 1

Abr 2011

NEIVA A Estudos da liacutengua nacional Satildeo Paulo Brasiliana 1940

NUNES J H Dicionaacuterios no Brasil anaacutelise e histoacuteria do seacuteculo XVI ao XIX Campinas

Pontes 2006

NUNES J H Discurso e Instrumentos Linguiacutesticos no Brasil dos Relatos de Viajantes aos

Primeiros Dicionaacuterios Campinas UNICAMP tese de doutorado 1996

NUNES J H e PETTER M (Orgs) Histoacuteria do saber lexical e constituiccedilatildeo de um leacutexico

brasileiro Satildeo Paulo Humanitas 2002 p 29-30

NUNES J H Histoire Epistemologie Langage Satildeo Paulo Humanitas 2006

OGDEN C K RICHARDS I A The Meaning of Meaning Londres Routledge amp Kegan

Paul 1923

OLIVEIRA A M P O portuguecircs do Brasil brasileirismos e regionalismos Tese de

Doutorado -UNESP Araraquara Satildeo Paulo 1999

ORGANISATION INTERNATIONALE DE NOTMALISATION Terminologie ndash

Vocabulaire Genebra ISO 1990 (Norme Internationale ISO 1087 1990)

ORLANDI E P O Estado a Gramaacutetica a Autoria Relatos n 4 jun Campinas UNICAMP

1997

PAVEL S NOLET D Manual de Terminologia Trad de FAULSTICH Enilde Disponiacutevel

em ltwwwURL wwwtranslationbureaugccagt

PERES D Histoacuteria dos descobrimentos portugueses Lisboa Comissatildeo executiva das

comemoraccedilotildees do Quinto Centenaacuterio da morte do Infante D Henrique 1959

188

PIGAFETTA A A primeira viagem ao redor do mundo o diaacuterio da expediccedilatildeo de Fernatildeo de

Magalhatildees Porto Alegre LampPM 1985

PINTO Luiz Maria da Silva Diccionario da Lingua Brasileira Ouro Preto Typographia de

Silva 1832

REY A (dir) Dictionnaire historique de la langue franccedilaise 2 vols Paris Le Robert 1992

REY Alan A terminologia entre a experiecircncia da realidade e o comando dos signos Satildeo

Paulo Humanitas 2007

RODRIGUES A D Liacutenguas indiacutegenas 500 anos de descobertas e perdas DELTA

vol9 n 1 pp 83-103 1993

SAUSSURE F ldquoNatureza do signo linguiacutesticordquo In Curso de Linguiacutestica Geral Satildeo Paulo

Cultrix 1970 pp 79-84

SEABRA Maria Cacircndida Trindade Costa (Org) O leacutexico em estudo Belo Horizonte Editora

FALEUFMG 2006

SEABRA Maria Cacircndida Trindade Costa Dom Joatildeo VI e o iniacutecio da imprensa no Brasil e

em Minas Gerais In Revista do Instituto Histoacuterico e Geograacutefico de Minas Gerais Belo

Horizonte Santaclara volume XXXI julho de 2008

SILVA NETO Serafim da Introduccedilatildeo ao estudo da Liacutengua Portuguesa no Brasil 3 ed Rio

de Janeiro Presenccedila 1976

SILVA Antonio de Moraes e Diccionario da Lingua Portugueza 2ordf ediccedilatildeo Lisboa

Typographia Laceacuterdina 1813

SILVESTRE J P O Vocabulario Portuguez e Latino principais caracteriacutesticas da obra

lexicograacutefica de Rafael Bluteau Artigo disponiacutevel em lt

httpclpdlcuaptPublicacoesvocabulario_principais_caracteristicaspdfgt Acesso em 25

abr 2011

SOUSA F J de MOURA F J de S A Vestiacutegios da liacutengua araacutebica em Portugal Lisboa

Academia Real das Sciencias 1830 (ed Fac-simile Lisboa Alcalaacute 2004)

TAUNAY A Inopia cientiacutefica e vocabular dos grandes dicionarios portuguezes Satildeo

Paulo Imprensa Oficial 1932 182 p

THEODORO J Pensadores exploradores e mercadores dos mares oceanos e continentes

Satildeo Paulo Scipione 1994

ULLMANN S The Principles of Semantics Glasgow Jackson amp Oxford Blackwell 1957

VALE B Estrateacutegia poder mariacutetimo e a criaccedilatildeo da Marinha do Brasil In Revista Navigator

Rio de Janeiro Serviccedilo de Documentaccedilatildeo Geral da Marinha n 4 dezembro de 1971 p 10

189

VEIGA J P X da Efemeacuterides mineiras Ouro Preto [sn] 1897 p 47-52

VEIGA J P X da Palavras preliminares Revista do Arquivo Puacuteblico Mineiro Ouro Preto

ano 1 fasc I p III e IV janmar 1896

Page 2: A TERMINOLOGIA NÁUTICA NO DICCIONARIO DA LINGUA … · Diccionario da Lingua Brasileira (DLB), de Luiz Maria da Silva Pinto. Publicado na cidade de Ouro Preto, Minas Gerais, na Typografia

Regina Ceacutelia Esteves dos Santos Tormin Botelho

A TERMINOLOGIA NAacuteUTICA NO

DICCIONARIO DA LINGUA BRASILEIRA

DE LUIZ MARIA DA SILVA PINTO

Dissertaccedilatildeo apresentada ao Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo

em Estudos Linguiacutesticos da Faculdade de Letras da

Universidade Federal de Minas Gerais como requisito

parcial para a obtenccedilatildeo do tiacutetulo de Mestre em Linguiacutestica

Teoacuterica e Descritiva

Aacuterea de concentraccedilatildeo Linha B ndash Linguiacutestica teoacuterica e

Descritiva

Linha de pesquisa Estudo da Variaccedilatildeo e Mudanccedila

Linguiacutestica

Orientador Maria Cacircndida Trindade Costa de Seabra

Belo Horizonte

Faculdade de Letras da UFMG

2011

Dissertaccedilatildeo aprovada em 05072011 pela Banca Examinadora constituiacuteda pelos

Professores Doutores

_______________________________________________________

Profa Dra Maria Cacircndida Trindade Costa de Seabra ndash UFMG

Orientadora

_______________________________________________________

Profa Dra Ana Paula Antunes Rocha ndash UFOP

_______________________________________________________

Prof Dr Aderlande Pereira Ferraz ndash UFMG

Dedico este trabalho

aos meus pais in memorian Oswaldo e Madalena seres muito especiais

ao Virgiacutelio cumplicidade e inspiraccedilatildeo

aos meus filhos Tomaacutes e Tuacutelio amores de minha vida

Agradecimentos

A Deus que tem cuidado dos meus caminhos tem me orientado e abenccediloado permitindo-me

alcanccedilar mais uma conquista

Aos meus pais que foram exemplos de vida para mim

Agrave Profordf Dra Maria Cacircndida Trindade Costa de Seabra orientadora na plena acepccedilatildeo da

palavra ao seu apoio incondicional constante e seguro com quem o estudo e o trabalho satildeo

experiecircncias gratificantes e extremamente enriquecedoras

Aos meus irmatildeos e irmatildes pela compreensatildeo e suporte durante toda a minha vida

Agraves minhas amigas itabiranas Ritinha Graccedila Andrade e Karine pela amizade e presenccedila o

meu carinho e gratidatildeo

Agrave Fernanda amiga querida a quem eu admiro pelo incentivo e confidecircncias nos momentos

difiacuteceis

Agrave Antocircnia pela presenccedila apoio disponibilidade e por cuidar dos meus filhos quando estive

ausente

Ao Paulo Araujo pessoa iacutempar que sempre atendeu com a maacutexima gentileza e

disponibilidade todas as solicitaccedilotildees que lhe fiz durante a pesquisa

Agrave Profordf Graccedila Lima pelo seu constante incentivo e abertura de horizontes intelectuais

Aos professores do Mestrado pelo profissionalismo sempre presente em todas as atividades

desenvolvidas

Meus agradecimentos especiais agrave Suely Perucci coordenadora do Museu dos Inconfidentes de

Ouro Preto e ao Dr Joseacute Mendonccedila Telles Coordenador do Centro de Cultura Goiana pela

disponibilidade e atenccedilatildeo as minhas solicitaccedilotildees

Agrave Elizabete e ao Joel por me acolherem carinhosamente em sua casa em Satildeo Joseacute do Rio

Preto ao participar do Seminaacuterio de Terminologia na UNESP

Enfim a todos vocecircs que fizeram diferenccedila nesta etapa de minha vida deixo registrado um

carinhoso muito obrigada

Chamam por mim as aacuteguas

Chamam por mim os mares

Chamam por mim levantando uma voz corpoacuterea os longes

As eacutepocas mariacutetimas todas sentidas no passado a chamar (Ode Mariacutetima Aacutelvaro de Campos)

Resumo

O presente trabalho tem como objetivo o estudo dos termos naacuteuticos constantes no

Diccionario da Lingua Brasileira (DLB) de Luiz Maria da Silva Pinto Publicado na cidade

de Ouro Preto Minas Gerais na Typografia Silva no ano de 1832 dez anos depois de

proclamada a independecircncia do Brasil esse dicionaacuterio eacute hoje considerado o primeiro

dicionaacuterio impresso nesse paiacutes De tamanho pequeno tem 1111 paacuteginas nos moldes atuais de

um ldquodicionaacuterio portaacutetilrdquo o DLB eacute um livro raro Para a realizaccedilatildeo desta pesquisa utilizamo-

nos do volume em formato digital da ediccedilatildeo microfilmada da obra realizada pelo Arquivo

Puacuteblico Mineiro localizado na capital mineira Belo Horizonte Inicialmente fizemos

levantamento das unidades leacutexicas que remetem ao mundo da navegaccedilatildeo observando as

ldquomarcas de usordquo que se referem agrave terminologia naacuteutica Partimos portanto de um corpus

dicionariacutestico de terminologia naacuteutica composto de 153 termos constituiacutedos de 117

substantivos 03 adjetivos 32 verbos e 1 adveacuterbio Em uma segunda etapa os dados foram

organizados em fichas lexicograacuteficas Para cada um dos termos construiacutemos uma ficha

lexicograacutefica que nos indica se o termo ocorreu ou natildeo no Brasil desde o periacuteodo colonial ateacute

os dias de hoje aleacutem de mostrar origens e outras informaccedilotildees importantes para anaacutelise

linguiacutestica Para os conceitos de leacutexico lexicologia apoiamo-nos em Haensch Biderman

Krieger e Finatto para a Terminologia em Barros Para a anaacutelise dos dados ao longo do

tempo tomamos como base norteadora a concepccedilatildeo de Linguiacutestica Histoacuterica tal como

apresentada por Bynon e Cohen Como partimos de um tema ou seja da terminologia

naacuteutica trabalhamos com o percurso ldquodo conceito agrave palavrardquo nos moldes do meacutetodo

onomasioloacutegico Em seguida estendemos nossa anaacutelise agrave palavra ou ao signo linguiacutestico -

percurso semasioloacutegico Nossa anaacutelise apontou uma terminologia de base europeia pouco

representativa da realidade mariacutetima brasileira pouco descritiva e bastante prescritiva

Palavras-chave Lexicografia Terminologia Liacutengua Brasileira Liacutengua Portuguesa

Minas Gerais

Abstract

This paper aims the study of nautical terms contained in the Brazilian Language Dictionary

(Diccionario da Lingua Brasileira) (DLB) Luiz Maria da Silva Pinto It was published in

Ouro Preto in Minas Gerais at Typography Silva in 1832 ten years after the proclamation of

the independence of Brazil This dictionary is now considered the first printed dictionary in

that country Its size is small but there are 1111 pages in the current pattern of a portable

dictionary The DLB is a rare book In the presented study we have used the volume in

digital format of the microfilm edition undertaken by the Arquivo Puacuteblico Mineiro that is

located in the capital of Minas Gerais Belo Horizonte At first we surveyed the lexical words

referring to the world of navigation noting the tags of use which refers to nautical

terminology We started the paper from a dicitionary corpus of nautical terminology

composed of 153 terms consisting of 117 nouns 03 adjectives 32 verbs and an adverb In a

second step the data were arranged in lexicographic forms In each of the words we wrote a

lexical form that shows us if the word was used or not in Brazil since the colonial era to the

present day besides showing the origins and other important information for linguistic

analysis We based ourselves on Haensch Biderman Krieger and Finatto for the concepts of

lexicon and lexicology and on Barros for the Terminology For data analysis we took as the

basis guiding the development of Historical Linguistics as presented by Cohen and Bynon As

we started from nautical terminology we worked towards ldquothe concept to word similar to the

method onomasiological Next we extended our analysis to the word or the sign language - a

route semasiology Our analysis revealed an European terminology and unrepresentative of

the Brazilian maritime context rather descriptive and prescriptive

Key-words Lexicography Terminology Language Brazilian Portuguese Minas Gerais

ABREVIATURAS E SIGLAS

Adj ndash adjetivo

Adv ndash adveacuterbio

Cf ndash Confira

DLB ndash Diccionario da Lingua Brasileira

DPB ndash Dicionaacuterio Portuguecircs-Brasiliano

LI ndash Liacutengua Indiacutegena

LP ndash Liacutengua Portuguesa

ne ndash natildeo encontrado

naacuteut ndash naacuteutico

p ndash Paacutegina

PDHPB ndash Projeto Dicionaacuterio Histoacuterico do Portuguecircs do Brasil

s ndash substantivo

sf substantivo feminino

sm ndash substantivo masculino

TN ndash Traduccedilatildeo nossa

v ndash verbo

VLB ndash Vocabulaacuterio na Liacutengua Brasiacutelica

lt ndash Procede de

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 ndash Classificaccedilatildeo morfoloacutegica dos dados analisados161

Tabela 2 ndash Classificaccedilatildeo do gecircnero dos dados analisados162

Tabela 3 ndash Quadro comparativo dos termos naacuteuticos164

LISTA DE GRAacuteFICOS

Graacutefico 1 ndash Unidades lexicais encontradas em dicionaacuterios e banco de dados163

Graacutefico 2 ndash Unidades lexicais destacadas como termo naacuteutico168

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 ndash Relaccedilatildeo Triaacutedica23

Figura 2 ndash Triacircngulo de Ogden e Richards adaptado por Biderman24

Figura 3 ndash Ficha lexicograacutefica57

Figura 4 ndash Ficha lexicograacutefica preenchida58

LISTA DE FOTOS

Foto 1 ndash Diccionario da Lingua Brasileira 32

Foto 2 ndash Detalhe da capa do Diccionario 33

Foto 3 ndash Casa de Silva Pinto em Ouro Preto35

Foto 4 ndash Localizaccedilatildeo da casa de Silva Pinto em Ouro Preto35

Foto 5 ndash Notiacutecia de Jornal37

Foto 6 ndash Diccionario Brasileiro (1832)38

Foto 7 ndash Prologo do Diccionario da Lingua Brasileira39

LISTA DE IMAGENS

Imagem 1 ndash Lista de abreviaturas proposta pelo Diccionario da Lingua Brasileira40

Imagem 2 ndash Primeira Esquadra brasileira46

Imagem 3 ndash Marinha Imperial48

Imagem 4 ndash Documentaccedilatildeo da obra digitalizada55

Imagem 5 ndash Obra consultada digitalizada pelo APM56

Imagem 6 ndash O Vocabulario de Bluteau60

Imagem 7 ndash O Diccionario de Moraes Silva61

Imagem 8 ndash Grande e Noviacutessimo Dicionaacuterio da Liacutengua Portuguesa de Laudelino Freire62

Imagem 9 ndash Unidades lexicais natildeo marcadas como termo naacuteutico171

LISTA DE MAPAS

Mapa 1 ndash As grandes navegaccedilotildees43

Mapa 2 ndash Terra Brasilis45

Sumaacuterio

Introduccedilatildeo 14

Capiacutetulo 1 ndash O Leacutexico em foco 17

11 Lexicologia 17

111 Leacutexico 19

1111 Leacutexico e Referecircncia 22

12 Lexicografia 25

121 Dicionaacuterio 26

1211 Os Dicionaacuterios na eacutepoca do Brasil Colocircnia 27

12111 Dicionaacuterios Bilingues29

12112 Dicionaacuterios Monolingues30

13 Terminologia 31

14 O Diccionario da Lingua Brasileira de Luiz Maria da Silva Pinto 32

Capiacutetulo 2 ndash Contextualizaccedilatildeo histoacuterica 42

21 As grandes navegaccedilotildees 42

22 As navegaccedilotildees na eacutepoca do Brasil Colocircnia 44

23 As navegaccedilotildees na eacutepoca do Brasil Impeacuterio 47

24 Consideraccedilotildees 48

Capiacutetulo 3 ndash Procedimentos Metodoloacutegicos 51

31 Objetivos 52

32 Caracteriacutesticas do Diccionario da Lingua Brasileira 54

33 Meacutetodos e Procedimentos 55

332 Fichas Lexicograacuteficas 57

332 Sobre os dicionaacuterios consultados 59

333 Sobre o Banco de Dados 63

Capiacutetulo 4 Apresentaccedilatildeo e descriccedilatildeo dos dados 65

Capiacutetulo 5 - Anaacutelise e discussatildeo dos resultados 161

51 Quanto agrave classificaccedilatildeo gramatical dos termos 161

52 Quanto agrave forma e gecircnero dos termos naacuteuticos do DLB 162

53 Quanto ao nuacutemero de unidades lexicais presentes em obras de referecircncia 163

54 Descriccedilatildeo e Comparaccedilatildeo dos Dados 168

55 Sobre a marca de uso termo naacuteutico 170

551 Variaccedilatildeo no Diccionario de Lingua Brasileira 170

552 Variaccedilatildeo em outros dicionaacuterios 171

56 Quanto agrave origem 172

Capiacutetulo 6 ndash Consideraccedilotildees Finais 180

Referecircncias 184

13

Introduccedilatildeo

14

Introduccedilatildeo

Conforme postulam Krieger e Finatto (2004 p 24) tomando como referecircncia

Rondeau (1984 p1) qualquer histoacuteria sobre as linguagens especializadas natildeo pode deixar de

lembrar que

A terminologia natildeo eacute um fenocircmeno recente Com efeito tatildeo longe quanto se

remonte na histoacuteria do homem desde que se manifesta a linguagem nos

encontramos em presenccedila de liacutenguas de especialidade eacute assim que se encontra a

terminologia dos filoacutesofos gregos a liacutengua de negoacutecios dos comerciantes cretas os

vocaacutebulos especializados da arte militar etc

Certamente a terminologia entendida como o leacutexico dos saberes teacutecnicos e

cientiacuteficos eacute uma praacutetica antiga Seu interesse deixa de estar restrito aos especialistas quando

as pessoas necessitam dominar o vocabulaacuterio especiacutefico de seus campos de competecircncia Isso

se daacute sobretudo em eacutepocas de grandes transaccedilotildees comerciais entre as naccedilotildees quando os

termos ultrapassam o acircmbito comercial expandindo-se para o mundo cientiacutefico tecnoloacutegico e

cultural

Integrando em uma proporccedilatildeo maior ou menor o cotidiano das pessoas esses

termos passam a ser inscritos em dicionaacuterios de liacutengua Consequentemente ampliam-se o

contato e o uso das terminologias mesmo com alteraccedilotildees denominativas e perdas conceituais

efeitos proacuteprios da divulgaccedilatildeo do conhecimento em grande escala

Todo esse conjunto de fatores sociais linguiacutesticos e culturais em torno do termo

despertou nosso interesse em pesquisar a terminologia naacuteutica no primeiro Diccionario da

Lingua Brasileira de Luiz Maria da Silva Pinto publicado na cidade mineira de Ouro Preto

no ano de 1832 Levaram-nos a propor esta pesquisa questotildees como i) quais seriam os

primeiros termos que fizeram parte de um dicionaacuterio que se intitula brasileiro ii) por que

eles seriam selecionados essa terminologia naacuteutica fazia parte realmente do leacutexico

brasileiro ou era ldquoidealrdquo que fizesse

Nossas discussotildees se dividiratildeo em 6 capiacutetulos

No capiacutetulo I intitulado O Leacutexico em foco abordaremos o estudo do leacutexico

como a aacuterea da liacutengua responsaacutevel por registrar o conhecimento do universo enfocando

principalmente os estudos realizados por Biderman Discorreremos acerca da lexicologia e da

lexicografia de seus pressupostos teoacutericos desenvolvidos por Matoreacute Haensch Biderman

Krieger e Finatto Discorreremos tambeacutem sobre os Dicionaacuterios na eacutepoca do Brasil Colocircnia

destacando as obras biliacutengues e monolingues A Terminologia seraacute enfocada neste capiacutetulo

15

com pressupostos definidos por Barros Ainda neste capiacutetulo trataremos do dicionaacuterio em

estudo e de seu impressor Luiz Maria da Silva Pinto

No capiacutetulo II Contextualizaccedilatildeo histoacuterica versaremos sobre as grandes

navegaccedilotildees destacando as navegaccedilotildees nas eacutepocas do Brasil Colocircnia e do Brasil Impeacuterio

No capiacutetulo III denominado Procedimentos metodoloacutegicos apresentaremos os

meacutetodos utilizados nas vaacuterias etapas do nosso estudo Enfocaremos os procedimentos

adotados para a coleta dos dados a construccedilatildeo do corpus a metodologia para a confecccedilatildeo das

fichas lexicograacuteficas que seratildeo apresentadas no capiacutetulo 4 e tambeacutem os criteacuterios empregados

para a seleccedilatildeo dos dicionaacuterios consultados Neste capiacutetulo baseando-nos em Murakawa

(2010) faremos um breve relato do Banco de Dados do Projeto Dicionaacuterio Histoacuterico do

Portuguecircs do Brasil ndash seacuteculos XVI XVII XVIII base de dados usada como consulta neste

trabalho

No capiacutetulo IV intitulado Apresentaccedilatildeo e descriccedilatildeo dos dados apresentaremos

o nosso corpus referente agrave terminologia naacuteutica coletado na obra Diccionario da Lingua

Brasileira de Luiz Maria da Silva Pinto Os dados retirados do corpus seratildeo apresentados na

forma de fichas lexicograacuteficas contendo a) a transcriccedilatildeo do verbete selecionado b) registros

em dicionaacuterios c) abonaccedilatildeo do termo em Banco de Dados d) comentaacuterios e) origens Essas

informaccedilotildees serviratildeo de subsiacutedio para nossa anaacutelise linguiacutestica

No capiacutetulo V designado como Anaacutelise e discussatildeo dos resultados

apresentaremos anaacutelises quantitativas e discussatildeo de resultados

No capiacutetulo VI abordaremos algumas Consideraccedilotildees finais sobre nossa

pesquisa quando seratildeo relembrados nossos objetivos e as conclusotildees decorrentes das anaacutelises

propostas

16

Capiacutetulo 1

17

Capiacutetulo 1 ndash O Leacutexico em foco

Segundo Biderman (1998 p 11) o leacutexico de uma liacutengua constitui uma forma de

registrar o conhecimento do universo Atraveacutes de um processo criativo de organizaccedilatildeo o

homem rotula seres e objetos e os classifica simultaneamente identificando semelhanccedilas e

distinguindo traccedilos estruturando o mundo que o cerca Assim se processa a geraccedilatildeo do leacutexico

ou seja atraveacutes de atos sucessivos de cogniccedilatildeo da realidade e de categorizaccedilatildeo da

experiecircncia cristalizada em signos linguiacutesticos as palavras

Em vista disso o leacutexico que integra uma liacutengua conserva uma estreita relaccedilatildeo com

a histoacuteria soacutecio-cultural de uma comunidade jaacute que sintetiza a sua maneira de ver o mundo

recortando realidades e tambeacutem fatos de cultura Evidencia-se portanto como um espaccedilo de

produccedilatildeo de significaccedilatildeo articulado pelos elementos de ordem focircnica morfoloacutegica semacircntica

e gramatical como atesta Lepschy (1984 p 156) Todo o funcionamento da liacutengua em seus

vaacuterios niacuteveis parece constar de sistemas que giram agrave volta da palavra

Contemporaneamente em trecircs grandes aacutereas se divide o estudo da palavra ou o

estudo do leacutexico a Lexicologia a Lexicografia e a Terminologia De acordo com Biderman

(1998 p 7-8)

Embora complementares entre si essas aacutereas possuem objeto de estudo

metodologia e pressupostos teoacutericos distintos Enquanto a primeira ocupa-se dos

problemas teoacutericos que embasam o estudo do leacutexico a segunda estaacute voltada para as

teacutecnicas de elaboraccedilatildeo dos dicionaacuterios para o estudo da descriccedilatildeo da liacutengua feita

pelas obras lexicograacuteficas Jaacute a terceira aacuterea tem como objeto de estudo o termo a

palavra especializada os conceitos proacuteprios de diferentes aacutereas de especialidades

O notoacuterio desenvolvimento que se vem observando nessas duas uacuteltimas deacutecadas

nas aacutereas de lexicologia lexicografia e terminologia tem evidenciado a importacircncia das

pesquisas que estatildeo sendo empreendidas nesse campo bem como suscitado reflexotildees a

respeito de seus campos de atuaccedilatildeo

11 Lexicologia

A Lexicologia eacute consensualmente definida como o estudo cientiacutefico do leacutexico em

suas relaccedilotildees linguiacutesticas pragmaacuteticas discursivas histoacutericas e culturais conforme afirma

Finatto (2004 p44) Essa ciecircncia estaacute intimamente relacionada agrave complexidade bem como agrave

multiplicidade de facetas e abordagens que a palavra encerra e permite Por isso configura-se

como um campo de conhecimento de caraacuteter transdisciplinar dado que a palavra eacute um lugar de

encontro e interesse particular de muitas ciecircncias embora tenha sido na ciecircncia linguiacutestica

que essa aacuterea se estabeleceu

18

Haensch (1982 p 91) mostra que essa disciplina cientiacutefica inscrita na aacuterea da

linguiacutestica pode ser concebida de diversas maneiras por diversos autores desse modo

segundo ele torna-se legiacutetimo ser fiel a uma definiccedilatildeo ao tratar do objeto de estudo

Entretanto entre essas diversas definiccedilotildees existem pontos em comum jaacute que se define sempre

como leacutexicolsquo um conjunto de significantes verbais ou de signos (na concepccedilatildeo bilateral de

signo)1 Haensch (1982 p 92-93) chama de lexicologia a descriccedilatildeo do leacutexico que se ocupa

das estruturas e regularidades dentro da totalidade do leacutexico de um sistema individual ou de

um sistema coletivo2

Assim definida a lexicologia pode ter seu enfoque tanto a partir do leacutexico total de

um sistema individual quanto no leacutexico de um sistema coletivo examinando em ambos os

casos as estruturas e as regularidades que podem neles se encontrar

Nessa aacuterea conhecida como Lexicologia estrutural desenvolveram-se estudos

correlacionando leacutexico e sociedade Enquadram-se aqui as pesquisas desenvolvidas por

George Matoreacute (1953) inscritas na obra La meacutethode en lexicologie Para Matoreacute (1953 p37)

a palavra analisa e objetiva o pensamento individual assumindo um valor coletivo haacute uma

socialidade proacutepria da liacutengua A partir dessa obra os linguistas passam a considerar os

aspectos sociais no estudo do leacutexico o que fez com que a Lexicologia comeccedilasse a ser vista

como uma disciplina de caraacuteter socioloacutegico Defendia esse linguista como princiacutepio teoacuterico

que o leacutexico eacute testemunha de uma sociedade de uma eacutepoca seus elementos satildeo palavras-

testemunhas ndash mots teacutemoins elementos particularmente importantes em funccedilatildeo dos quais a

estrutura lexicoloacutegica se hierarquiza e se coordena3 (traduccedilatildeo nossa) Em sua abordagem

social da Lexicologia Matoreacute (1953) informa que

ao constatar a impossibilidade de dissociar na linguagem a forma do conteuacutedo a

Lexicologia se fundamentara natildeo sobre formas isoladas mas sobre conjuntos de

noccedilotildees a estrutura e as relaccedilotildees sendo explicadas pelos fatos sociais dos quais os

fatos do vocabulaacuterio satildeo ao mesmo tempo o reflexo e a condiccedilatildeo4 (TN)

1 [] se define siempre como bdquoleacutexico‟ um conjunto de significantes verbales o de signos (em la concepcioacuten

bilateral de signo) 2 [] a la descripcioacuten del leacutexico que se ocupa de latildes estructuras y regularidades dentro de la totalidad del leacutexico

de um sistema individual o de um sistema coectivo 3 [] des eacuteleacutements particuliegraverement importants em fonction desquels la structure lexicologique se hieacuterarchise et

se coordonne Nous proposons pour deacutesigner ces eacuteleacutements caracteacuteristiques l‟expression de mots-teacutemoins

(Matoreacute 1953 65) 4 [] constatant l‟impossibiliteacute de dissocier dans le langage la forme du contenu la lexicologie se fondera non

pas sur des formes isoleacutees mais sur des ensembles de notions la structure et les relation eacutetant espliqueacutees par les

faits sociaux dont les faits de vocabulaire sont agrave la fois le reflet et la condition (MATORE 1953 p 94)

19

Corroborando a afirmaccedilatildeo assumida por Matoreacute Biderman (1981 p 132)

acrescenta que

eacute pela palavra (pela nomeaccedilatildeo) que o homem exerce a sua capacidade de abstrair e de

generalizar o individual o subjetivo A palavra cristaliza o conceito resultante dessa

operaccedilatildeo mental possibilitando a sua transmissatildeo agraves geraccedilotildees seguintes

Sobre os limites e o alcance da Lexicologia muito se tem discutido Pergunta-se

i) quais deveriam ser os limites dessa disciplina cientiacutefica ii) quais as causas dos inuacutemeros

desencontros no que se refere agrave natureza da Lexicologia Satildeo questotildees bastante pertinentes

pois sendo o leacutexico o uacutenico domiacutenio da liacutengua que constitui um sistema aberto diversamente

dos demais que constituem sistema fechados (fonologia morfologia e sintaxe) eacute

reconhecidamente o niacutevel da liacutengua mais resistente agrave sistematizaccedilatildeo tendo em vista seu

caraacuteter dinacircmico

111 Leacutexico

Estudar o leacutexico de uma liacutengua eacute enveredar pela histoacuteria costumes haacutebitos de um

povo ou de uma sociedade Sem duacutevida as palavras podem ser consideradas como forte

elemento de coesatildeo social constituindo elos entre os indiviacuteduos dando-lhes consciecircncia de

que pertencem a uma comunidade (tambeacutem linguiacutestica)

Conforme afirmam Mussalim e Bentes ( 2001 p 21-47)

A relaccedilatildeo leacutexico e sociedade eacute mais profunda do que se imagina A proacutepria liacutengua

como sistema acompanha de perto a evoluccedilatildeo da sociedade e reflete de certo modo

os padrotildees de comportamento que variam em funccedilatildeo do tempo e do espaccedilo

Inversamente pode-se supor que certas atitudes sociais ou manifestaccedilotildees do

pensamento sejam influenciadas pelas caracteriacutesticas que a liacutengua da comunidade

apresenta

Um dos estudos mais antigos sobre o leacutexico remonta a Panini ao seacuteculo IV aC

na Iacutendia Em sua gramaacutetica Panini estudou o sacircnscrito e definiu elementos significativos

dessa liacutengua

No Ocidente devemos aos gregos as primeiras reflexotildees conhecidas sobre o

leacutexico Tivemos tambeacutem a contribuiccedilatildeo dos latinos Esses desenvolveram estudos

gramaticais mostrando a oposiccedilatildeo entre sistema (gramaacutetica da liacutengua) e norma (uso social

efetivo)

20

Do Renascimento ateacute o seacuteculo XVIII podemos dizer que o estudo do leacutexico se

desenvolveu basicamente em torno de dois eixos i) confecccedilatildeo de dicionaacuterios ii) estudo da

palavra numa perspectiva filosoacutefica

Com relaccedilatildeo aos primeiros apesar de existirem desde tempos remotos com as

antigas listas lexicais como ideogramas chineses lista de palavras aparentadas ou ainda

listas de palavras biliacutengues ndash as listas mais conhecidas satildeo o Appendix Probi (anocircnimo) o

glossaacuterio de Reicheneau (seacuteculo VII) o glossaacuterio de Caacutessel (seacuteculo IX) ndash foi no seacuteculo XVI

no Ocidente que sistematicamente se iniciam os estudos de descriccedilatildeo ordenada do leacutexico

Isso se daacute com a invenccedilatildeo da imprensa quando surgiram os dicionaacuterios monoliacutengues e

pluriliacutengues

Os estudos filosoacuteficos por sua vez acabaram por influenciar o pensamento dos

gramaacuteticos da eacutepoca que procuravam definir os fatores constitutivos da linguagem e das

liacutenguas

No seacuteculo XIX haacute mudanccedilas no foco de estudo da Lexicologia a palavra passa a

ser vista como uma forma cuja natureza foneacutetica e fonoloacutegica deveria ser observada Os

estudiosos da eacutepoca deixam de se preocupar com a relaccedilatildeo pensamento e palavra e o interesse

passa a ser a comparaccedilatildeo das formas linguiacutesticas marca predominantemente deste seacuteculo

Surge o meacutetodo da Gramaacutetica Comparada lanccedilado por Franz Bopp enquanto aumentam o

interesse pelos textos medievais despertados na eacutepoca do Romantismo

Nos finais desse seacuteculo com a marca triunfal da Geografia Linguiacutestica e

consequentemente o florescimento da Onomasiologia o interesse linguiacutestico passa pouco a

pouco da investigaccedilatildeo foneacutetica para o estudo dos problemas lexicais No VII Congresso

Internacional de Linguiacutestica em 1952 na cidade de Londres os conceitos linguiacutesticos gerais

satildeo elaborados sobre uma base fenomenoloacutegica significando um sistema de referecircncias

extralinguiacutestico Ateacute entatildeo os dicionaacuterios satildeo sistematizados sem relacionarem as definiccedilotildees

com os sinocircnimos existentes

A partir da deacutecada de 50 com a obra La meacutethode em lexicologie de Georges

Matoreacute (1953) seguindo a linha estruturalista os linguistas passam a considerar os aspectos

sociais no estudo do leacutexico enfocando a palavra natildeo como um objeto isolado mas como parte

de uma estrutura social responsaacutevel por nomear e exprimir o universo de uma sociedade

Postura que ateacute hoje encontra-se bastante recorrente nos estudos sobre a palavra conforme

mostra o dizer de Seabra (2006 p 7)

21

[] o leacutexico encontra-se arraigado na histoacuteria tradiccedilatildeo e costumes de um povo

estando por isso em constante processo de expansatildeo alteraccedilatildeo e contraccedilatildeo Devido

a essas caracteriacutesticas eacute considerado o subsistema mais dinacircmico da liacutengua

Podemos dizer que a histoacuteria da formaccedilatildeo do leacutexico natildeo corresponde a um

processo linear continuado Ela decorre de vaacuterios estados de produccedilatildeo do saber linguiacutestico e

das transformaccedilotildees sofridas pelas unidades lexicais ao longo dos processos histoacutericos as

palavras se submetem a bloqueios desvios apagamentos deslocamentos enquanto

constroem redes de memoacuteria e filiaccedilotildees soacutecio-histoacutericas Sem duacutevida alguma o movimento

de uma cultura leva ao movimento de palavras Essa eacute a maneira como a liacutengua se ajusta agrave

evoluccedilatildeo da sociedade

Biderman (1978 139) ao tratar de questotildees inerentes agrave relaccedilatildeo leacutexico e

sociedade argumenta que o universo semacircntico se estrutura em torno de dois polos opostos

o indiviacuteduo e a sociedade Dessa tensatildeo em movimento se origina o leacutexico De acordo com

essa linguista podemos ver o leacutexico como

o patrimocircnio social da comunidade por excelecircncia juntamente com outros

siacutembolos da heranccedila cultural Dentro desse acircngulo de visatildeo esse tesouro leacutexico eacute

transmitido de geraccedilatildeo para geraccedilatildeo como signos operacionais por meio dos quais

os indiviacuteduos de cada geraccedilatildeo podem pensar e exprimir seus sentimentos e ideias5

Atraveacutes do universo vocabular a liacutengua reflete a cultura da sociedade servindo de

meio de expressatildeo e interaccedilatildeo social para mundo que a cerca por isso o leacutexico se expande se

altera e agraves vezes se contrai Sobre essa questatildeo Biderman (2001 p 179) assim se

manifesta

As mudanccedilas sociais e culturais acarretam alteraccedilotildees nos usos vocabulares daiacute

resulta que unidades ou setores completos do Leacutexico podem ser marginalizados

entrar em desuso e vir a desaparecer Inversamente poreacutem podem ser ressuscitados

termos que voltam agrave circulaccedilatildeo geralmente com novas conotaccedilotildees Enfim novos

vocaacutebulos ou novas significaccedilotildees de vocaacutebulos jaacute existentes surgem para

enriquecer o Leacutexico

O leacutexico classifica de maneira uacutenica as experiecircncias humanas de uma cultura natildeo

apresentando deste modo apenas um conjunto de palavras mas uma espeacutecie de ponte entre

os falantes de uma liacutengua em suas condiccedilotildees reais de uso A criatividade lexical dos falantes

possibilita que eles criem e recriem de acordo com suas necessidades sociointeracionais

Guilbert6 ressalta que o leacutexico ao contraacuterio da gramaacutetica sofre transformaccedilotildees

muito mais raacutepidas visto que natildeo se constitui de natureza puramente linguiacutestica Para ele o

5 BIDERMAN 1981 p 132

6 GUILBERT 1992 p 30

22

leacutexico participa da estrutura linguiacutestica da liacutengua e tambeacutem espelha nessa liacutengua as

diversidades sociais e culturais

Predominantemente de origem latina a histoacuteria do leacutexico portuguecircs reflete

tambeacutem a histoacuteria da liacutengua portuguesa e os contatos de seus falantes com as mais

diversificadas realidades linguiacutesticas

1111 Leacutexico e Referecircncia

Caracteriza-se a liacutengua para Saussure como um produto social da faculdade da

linguagem isto eacute a liacutengua eacute um fato social no sentido de que eacute um sistema convencional

adquirido pelos indiviacuteduos no conviacutevio social Esse grande mestre da linguiacutestica estruturalista

concebe a liacutengua como um sistema de signos que por si soacute datildeo conta da significaccedilatildeo No

capiacutetulo ldquoImutabilidade e mutabilidade do signordquo da obra Cours Saussure afirma que a

comunidade linguiacutestica impotildee ao falante um significante e que o ldquosigno linguiacutestico escapa agrave

nossa vontaderdquo isto eacute seja qual for o momento histoacuterico em que focalizarmos o idioma a

liacutengua evidencia-se sempre como uma heranccedila de eacutepocas anteriores Ao conceituar o que eacute

signo ele deixa marcada a distinccedilatildeo entre entidades psiacutequicas (que constituiriam o signo) e

fiacutesicas (que lhe seriam estranhas)

Os termos implicados no signo linguiacutestico satildeo ambos psiacutequicos e estatildeo unidos em

nosso ceacuterebro por um viacutenculo de associaccedilatildeo [] O signo linguiacutestico une natildeo uma

coisa e um palavra mas um conceito e uma imagem acuacutestica Esta natildeo eacute o som

material coisa puramente fiacutesica mas a impressatildeo psiacutequica desse som a

representaccedilatildeo que dele nos daacute o testemunho de nossos sentidos [] O signo

linguiacutestico eacute pois uma entidade psiacutequica de duas faces [] Esses dois elementos

estatildeo intimamente unidos e um reclama o outro (SAUSSURE 1970 p 79-80)

Essa dicotomia saussuriana (significadosignificante) usada para distinguir as

duas faces psiacutequicas e indissociaacuteveis do signo linguiacutestico desde entatildeo foi analisada na

literatura linguiacutestica resultando na expansatildeo e substituiccedilatildeo pela forma triaacutedica formulada por

Charles K Ogden e Ivor A Richards

A figura triangular de Ogden e Richards (1956) ganhou respeito entre os

estudiosos por representar em um de seus veacutertices a figura do referente isto eacute da ldquocoisardquo

extralinguiacutestica que os autores distinguiam claramente de referecircncia (o conceito o

significado) e de signo (o nome a palavra o significante) Esse triacircngulo foi reaplicado por

Lyons (1977 p 85) sendo a partir dessa eacutepoca bastante utilizado em estudos lexicoloacutegicos e

semacircnticos A relaccedilatildeo triaacutedica sugerida pelos autores citados pode ser assim representada

23

FIGURA 1 Relaccedilatildeo triaacutedica7

As linhas que ligam o nome ao sentido e este uacuteltimo ao referente satildeo contiacutenuas

representando relaccedilotildees diretas Jaacute a linha pontilhada ligando o nome ao referente indica uma

relaccedilatildeo indireta que deve necessariamente ser mediada pelo sentido ou seja a identificaccedilatildeo

do referente passa pelo sentido do nome Cabe salientar que a presenccedila do referente foi

durante muito tempo ignorada pelos linguistas que se ocuparam fundamentalmente da

gramaacutetica e de questotildees sintaacuteticas Contudo o chamado ldquotriacircngulo da significaccedilatildeordquo reavivou

o interesse de inuacutemeros teoacutericos

A reformulaccedilatildeo do triacircngulo de Ogden e Richards (1956) adaptado por Biderman

(1998 p 116) busca ilustrar a dimensatildeo linguiacutestica da palavra ou seja evidenciando

justamente o lado direito do triacircngulo o lado em que se coloca o referente jaacute como uma

transformaccedilatildeo da realidade como parte integrante do signo linguiacutestico

7 Haacute discordacircncia entre vaacuterios autores quanto aos termos utilizados e tambeacutem quanto agraves definiccedilotildees para cada

termo Entretanto natildeo eacute objetivo deste trabalho entrar nessa questatildeo

24

FIGURA 2 Triacircngulo de Ogden e Richards adaptado por Biderman

Nesse quadro teoacuterico visto como modelo e modelador de cultura o estudo sobre

o leacutexico permite compreender conceitos e ocorrecircncias da vida cotidiana Eacute importante

ressaltar que agrave realidade (parte acrescentada por Biderman) diz respeito o ambiente e

tambeacutem a cultura herdada A transmissatildeo do repertoacuterio lexical de geraccedilatildeo em geraccedilatildeo atraveacutes

da educaccedilatildeo informal e formal exerce papel importante na categorizaccedilatildeoconceptualizaccedilatildeo do

universo ao fornecer ao indiviacuteduo um estoque de nomes jaacute codificados nessa cultura

conforme bem mostra Biderman (1998 p 104)

Eacute preciso lembrar ainda que o vocabulaacuterio natildeo eacute criado (ou recriado) pelo indiviacuteduo

mas que ele eacute adquirido atraveacutes do processo social da educaccedilatildeo De fato atraveacutes do

processo de educaccedilatildeo social o homem adquire tanto a liacutengua da sua comunidade

como o seu vocabulaacuterio Nessa aprendizagem o falante-aprendiz recebe da sociedade

um produto acabado ndash a liacutengua ndash que vem a ser o produto da experiecircncia acumulada

historicamente na cultura da sua sociedade Essa cristalizaccedilatildeo da experiecircncia social

tanto cultural como linguiacutestica eacute o ponto de partida e o fundamento tanto do

pensamento como da linguagem individual

Liacutengua e cultura formam pois um todo indissociaacutevel que natildeo eacute ensinado em

nenhum lugar especial mas adquirido ao sabor dos acontecimentos cotidianos e o

vocabulaacuterio siacutembolo verbal da cultura perpetua a heranccedila cultural atraveacutes dos signos

verbais8

8 BIDERMAN 1998 p5

25

12 Lexicografia

As ciecircncias da linguagem constituiacutedas pelo saber linguiacutestico resultam do

aparecimento da escrita 3000 aC Segundo Nunes (1996 p 34) o advento da escrita

constitui a primeira grande revoluccedilatildeo tecnoloacutegica dessas ciecircncias A segunda revoluccedilatildeo seria

a da ldquogramatizaccedilatildeordquo isto eacute o processo pelo qual se descreve e se instrumenta uma liacutengua

atraveacutes de duas tecnologias9 ndash a gramaacutetica e o dicionaacuterio

Objeto de nossa pesquisa a palavra bdquodicionaacuterio‟ segundo Cunha (2007 p 263)

tem sua origem provavelmente do francecircs dictionnaire derivado do latim medieval

dictiōnārĭum de dictĭo-ōnis ou seja livro de dictiones ldquolivro de expressotildees e palavrasrdquo O

dicionaacuterio eacute visto geralmente como um objeto de consulta que apresenta os significados das

palavras com a certitude do saber de um especialista e eventualmente desse modo como uma

obra de referecircncia agrave disposiccedilatildeo dos leitores nos momentos de duacutevida e de desejo de saber

Se entendermos que todo o conhecimento humano estaacute condensado em palavras

entenderemos que essa necessidade de estruturaccedilatildeo do leacutexico eacute algo inerente ao espiacuterito ou

ceacuterebro humano que diante de um novo ser ou fato vecirc-se compelido a processar o novo a

partir daquilo que jaacute sabe ou conhece Nesse processo de categorizaccedilatildeo percepccedilatildeo e

comparaccedilatildeo do novo com referentes similares eacute que se daacute a nomeaccedilatildeo ndash o homem identifica

as propriedades distintivas e caracteriacutesticas do referente para nomeaacute-lo E na medida em que o

denomina sente tambeacutem que o domina Uma vez designado o referente passa a integrar ao

menos parcialmente o conjunto de nossos domiacutenios cognitivos possibilitando sua

apropriaccedilatildeo e transmissatildeo agraves geraccedilotildees seguintes

Por consistir nesse espaccedilo imaginaacuterio de certitude sustentado pela acumulaccedilatildeo e

pela repeticcedilatildeo o dicionaacuterio constitui um rico material para anaacutelise dos modos de dizer de uma

sociedade Nele as significaccedilotildees natildeo satildeo aquelas que se singularizam em um texto tomado

isoladamente mas sim as que se sedimentam e que se apresentam traccedilos significativos de uma

eacutepoca

De acordo com Krieger (2006 p 173-187)

o dicionaacuterio de liacutengua ndash a mais prototiacutepica das obras lexicograacuteficas ndash constitui-se no

uacutenico lugar que reuacutene de modo sistemaacutetico o conjunto dos itens lexicais criados e

utilizados por uma comunidade linguiacutestica permitindo que ela reconheccedila-se a

si mesma em sua histoacuteria e em sua cultura Aleacutem de se constituir em espelho da

memoacuteria social da liacutengua o dicionaacuterio desempenha o papel de legitimar o leacutexico

9 Entende-se neste texto tecnologia como conjunto de teacutecnicas especiacuteficas de determinado domiacutenio

26

E como tal alcanccedila o estatuto de um coacutedigo normativo que define paracircmetros

orientadores dos usos lexicais Converte-se portanto no testemunho por excelecircncia da

constituiccedilatildeo histoacuterica do leacutexico de um idioma bem como da identidade linguiacutestico-cultural de

comunidades Nessa medida atribui coesatildeo agraves sociedades e projeccedilatildeo agraves suas culturas10

121 Dicionaacuterio

Como disciplina linguiacutestica a Lexicografia contemporacircnea divide-se em duas

grandes aacutereas Lexicografia praacutetica e Lexicografia teoacuterica A primeira se ocupa da descriccedilatildeo

do leacutexico e tem como um de seus principais objetivos produzir obras de referecircncia como

dicionaacuterios vocabulaacuterios e glossaacuterios Jaacute a Lexicografia teoacuterica ou Metalexicografia dedica-

se a todas as questotildees ligadas aos dicionaacuterios como histoacuteria problemas de elaboraccedilatildeo

anaacutelise uso

Os dicionaacuterios podem registrar uma parcela maior ou menor do leacutexico total de

uma liacutengua ou podem se restringir a um determinado tema ou ainda se referir a uma

determinada regiatildeo ndash satildeo os dicionaacuterios regionais Podem se dedicar aos fraseologismos

(expressotildees idiomaacuteticas proveacuterbios etc) agrave liacutengua escrita agrave giacuteria agrave liacutengua falada Podem ser

descritivos registrando como os itens lexicais satildeo usados na realidade ou prescritivos ndash

determinando de que maneira palavras e expressotildees deveriam ser empregadas ou criticando

seu uso Podem ser monoliacutengues (uma soacute liacutengua) biliacutengues (duas liacutenguas) triliacutengues (trecircs

liacutenguas) ou multiliacutengues

Como trazem sempre informaccedilotildees que interessam ao consulente Biderman (1998

p 15) assinala a importacircncia do dicionaacuterio de liacutengua como porta-voz da norma lexical

corrente na sociedade jaacute que esses manuais fazem uma descriccedilatildeo do vocabulaacuterio da liacutengua em

questatildeo buscando registrar e definir os signos lexicais que referem os conceitos elaborados e

cristalizados na cultura Eacute fato que essas obras exercem desde eacutepocas antigas funccedilotildees

normativas e informativas na sociedade

Aleacutem de estabilizar conceitos o dicionaacuterio normativiza a liacutengua no que concerne agrave

ortografia e agraves variaccedilotildees morfossintaacuteticas Ele tambeacutem informa sentidos vocabulares

operados no seio de uma dada comunidade num dado periacuteodo de tempo ndash comporta portanto

a memoacuteria das sociedades de diferentes eacutepocas

10

LARA citado por KRIEGER 2006 p173-187

27

1211 Os dicionaacuterios na eacutepoca do Brasil Colocircnia

O saber lexicograacutefico se inicia no Brasil com os primeiros escritos sobre o paiacutes

Nesse sentido surge juntamente com a etnografia (conhecimento de povos indiacutegenas) a

economia (mercantilismo) e a geopoliacutetica (expansatildeo territorial das naccedilotildees europeias) Os

relatos de viajantes colonos e missionaacuterios estatildeo pontuados por citaccedilotildees de termos indiacutegenas

de modo que eacute formada uma constelaccedilatildeo de comentaacuterios lexicais Os comentaacuterios dos

viajantes se direcionam para as coisas do Novo Mundo de maneira que a questatildeo da

referecircncia torna-se importante Ao descrever as novidades do paiacutes esses falantes colocam em

evidecircncia os referentes Fala-se de lugares animais plantas nunca vistos fala-se de coisas

natildeo idecircnticas mas semelhantes constata-se a existecircncia ou inexistecircncia de coisas Nessas

circunstacircncias a organizaccedilatildeo dos espaccedilos lexicais estaacute intimamente relacionada com a

geografia e a economia com os interesses de conquista e de comeacutercio

Biderman (2002 p 65) acrescenta ainda que nos primeiros seacuteculos da

colonizaccedilatildeo processa-se lentamente a aculturaccedilatildeo dos nativos por meio do idioma portuguecircs

quando os jesuiacutetas ensinavam os iacutendios a falar portuguecircs Contudo nesses primeiros seacuteculos a

liacutengua portuguesa encontrara em terras brasileiras um forte concorrente o Tupi uma liacutengua

franca empregada em grande parte do territoacuterio brasileiro Essa liacutengua geral falada em toda

costa brasileira ldquoera simples e de reduzido material morfoloacutegico natildeo possuiacutea declinaccedilatildeo nem

conjugaccedilatildeordquo (SILVA NETO 1976 p 50) Os jesuiacutetas usaram-na como instrumento de

evangelizaccedilatildeo dos indiacutegenas Portanto o contexto brasileiro nesse periacuteodo eacute marcado pela

descriccedilatildeo de liacutenguas indiacutegenas nos iniacutecios da colonizaccedilatildeo11

Quanto agrave gramatizaccedilatildeo afirma Horta (2002 p 72)

[] nesse periacuteodo atingiu apenas trecircs liacutenguas indiacutegenas o tupinambaacute (ou tupi) que

era falado na costa o kariri e o manau aleacutem das chamadas liacutenguas gerais Destacam-

se as gramaacuteticas do tupi de Anchieta (1595) e de Figueira (1621) e do kariri de

Mamiani (1699) bem como o Vocabulaacuterio na Liacutengua Brasiacutelica Este uacuteltimo deve ter

sido composto durante a segunda metade do seacuteculo XVI e no iniacutecio do XVII

11

Ateacuteo fim do seacuteculo XVIII tinham sido publicado as duas gramaacuteticas e dois catecismos em tupinambaacute aleacutem de

observaccedilotildees gramaticais textos e palavras dessa mesma liacutengua em obras francesas e uma gramaacutetica e dois

catecismos em kariri liacutengua do interior da Bahia e SergipeSomente isso Ineacuteditos que natildeo se perderam incluem

um dicionaacuterio e outros documentos do tupinambaacute e um catecismo na liacutengua amazocircnica manau aleacutem de muitos

documentos sobre a Liacutengua Geral Amazocircnica e um sobre a Liacutengua Paulista (ambas formas do tupi antigo

assumidas no uso dos mesticcedilos) Perderam-se entretanto muitos escritos certamente importantes como os

dicionaacuterios das liacutenguas Maromimim (ou Guarulho) e kariri e os catecismos em sete liacutenguas amazocircnicas feitos

pelo Pe Antocircnio VieiraEm resumo em trecircs seacuteculos da colonizaccedilatildeo do Brasil soacute nos ficaram documentos sobre

trecircs liacutenguas nativas tupinambaacute kariri e manau (RODRIGUES 1993 v 8 p86)

28

Contudo a decadecircncia da liacutengua geral comeccedilara a intensificar-se nos setecentos

por causa de maciccedila imigraccedilatildeo de portugueses para o Brasil atraiacutedos pela descoberta das

minas gerais e tambeacutem em decorrecircncia das determinaccedilotildees e ordens do Marquecircs de Pombal

para que na Colocircnia soacute se falasse a liacutengua portuguesa

Ao longo de sua histoacuteria conforme afirma Krieger12

o Brasil jamais contou com

uma poliacutetica linguiacutestica que levasse agrave valorizaccedilatildeo de alguma obra lexicograacutefica a despeito do

projeto da Academia Brasileira de Letras De toda forma os primeiros dicionaacuterios que por

diferentes razotildees e interesses passam a contemplar a realidade linguiacutestica do Brasil

desempenharam tambeacutem o papel de fixar a unidade e a pluralidade do portuguecircs aqui falado

A identificaccedilatildeo das estrateacutegias lexicograacuteficas de fixaccedilatildeo de nosso leacutexico contribui para a

histoacuteria da identidade do Portuguecircs Brasileiro tema em torno do qual muita polecircmica jaacute se

estabeleceu

Eacute importante explicitar que entendemos o processo de dicionarizaccedilatildeo como a

descriccedilatildeo e instrumentaccedilatildeo de uma liacutengua no dicionaacuterio Nunes (2006 p 43) salienta que

Considerar o dicionaacuterio como um instrumento linguiacutestico implica concebecirc-lo com

uma alteridade para o sujeito falante alteridade que se torna uma injunccedilatildeo no

processo de identificaccedilatildeo nacional educaccedilatildeo e divulgaccedilatildeo de conhecimentos

linguiacutesticos [] Assim o dicionaacuterio se apresenta como uma exterioridade para o

sujeito e interfere na relaccedilatildeo que ele entreteacutem com a liacutengua em determinadas

conjunturas

Ressalta Nunes (2002 p100) que a compreensatildeo da historicidade da

dicionarizaccedilatildeo traz elementos para abordar questotildees de eacutetica e de poliacutetica linguiacutestica levando-

se em conta o processo de produccedilatildeo dos dicionaacuterios com os diversos fatores soacutecio-histoacutericos

aiacute envolvidos

Como aparece um saber dicionariacutestico no Brasil Esta questatildeo suscita uma seacuterie

de apontamentos conforme um ou outro criteacuterio Se considerarmos a unidade da palavra

conforme Biderman (2005 p47) desde os primeiros relatos de viajantes temos um saber que

se volta para os termos empregados no Brasil sejam as nomeaccedilotildees em liacutengua portuguesa

desde Caminha (1500) sejam termos indiacutegenas traduzidos e comentados desde Pigafeta em

1519 como aponta Neiva (1940) Se considerarmos a forma acabada do dicionaacuterio os

biliacutengues portuguecircs-tupi foram os primeiros a aparecer na Eacutepoca Colonial (seacutec XVI-XVII)

Segundo Horta (2002 p72) o processo de dicionarizaccedilatildeo brasileiro pode ser

visualizado nas seguintes etapas i) transcriccedilatildeo alfabeacutetica de termos indiacutegenas ii) citaccedilotildees

12

Alfa Satildeo Paulo 50 (2) 173-187 2006

29

comentaacuterios traduccedilotildees de termos indiacutegenas diaacutelogos iii) listas temaacuteticas de palavras LI-LP

(Liacutengua Indiacutegena e Liacutengua Portuguesa) e LP-LI iv) dicionaacuterios biliacutengues LP-LI v)

dicionaacuterios biliacutengues LI-LP vi) dicionaacuterios monoliacutengues de LP no Brasil

12111 Dicionaacuterios Biliacutengues

Os jesuiacutetas desde sua chegada em 1549 no Brasil estabeleceram uma orientaccedilatildeo

para os estudos de liacutengua indiacutegena com fins catequeacuteticos da qual resultou a triacuteade gramaacutetica-

dicionaacuterio-doutrina Satildeo portanto os primeiros dicionaacuterios alfabeacuteticos brasileiros concebidos

por missionaacuterios obras biliacutengues (portuguecircs-indiacutegena)

O Vocabulaacuterio na Liacutengua Brasiacutelica (VLB) anocircnimo circulou pelas missotildees e

coleacutegios jesuiacutetas do Brasil na segunda metade do seacuteculo XVI e nos seacuteculos XVII e XVIII Satildeo

conhecidos vaacuterios manuscritos desse dicionaacuterio que natildeo foi publicado integralmente senatildeo

em 1938 por Pliacutenio Ayrosa Essa obra traz a representaccedilatildeo de uma unidade do espaccedilo

linguiacutestico brasileiro a chamada ldquoliacutengua brasiacutelicardquo a que Anchieta se refere tambeacutem como ldquoa

liacutengua mais falada na costa do Brasilrdquo e foi elaborado com o interesse praacutetico de ensinar aos

missionaacuterios a liacutengua indiacutegena a fim de converter os nativos

Outro dicionaacuterio bastante importante na eacutepoca colonial eacute o Dicionaacuterio Portuguecircs-

Brasiliano (DPB) publicado em Lisboa em 1795 O percurso que vai desde o manuscrito do

DPB ateacute sua ediccedilatildeo reflete a substituiccedilatildeo da praacutetica jesuiacutetica banida do paiacutes em 1759 pela

praacutetica editorial e de arquivo que vem marcar o final do seacuteculo XVII e iniacutecio do XVIII Esta

acentuaria com a chegada da imprensa ao Brasil e com a poliacutetica linguiacutestica promovida pelo

Impeacuterio

Outro momento de destaque na histoacuteria dos dicionaacuterios biliacutengues no Brasil foi o

aparecimento do primeiro dicionaacuterio (liacutengua indiacutegena-liacutengua portuguesa) Ainda na forma

manuscrita encontram-se dois dicionaacuterios o manuscrito do Dicionaacuterio Brasiliano-Portuguecircs

(DBP) de Frei Veloso e o manuscrito do Vocabulaacuterio na Liacutengua Geral (VLG- Poranduba) de

Frei Prazeres do Maranhatildeo(1826)

Alguns estudiosos brasileiros (Gonccedilalves Dias Ferreira Franccedila Prazeres do

Maranhatildeo) e estrangeiros (Martius Platzman) realizaram compilaccedilotildees de dicionaacuterios dos

jesuiacutetas no Brasil acrescentando ou suprimindo termos atualizando o corpo dos verbetes

introduzindo comentaacuterios gramaticais ou mesmo reduzindo os dicionaacuterios de caraacuteter

enciclopeacutedico a glossaacuterios termo a termo Podemos incluir dentre as obras produzidas nesse

contexto a Chrestomathia da Liacutengua Brasiacutelica de Ferreira Franccedila (Leipzig 1859) e o

30

Dicionaacuterio da liacutengua geral Brasiacutelica portuguecircs e alematildeo inserido na Glossaria Linguarum

Brasiliensium de Martius (1863)

12112 Dicionaacuterios Monoliacutengues

Publicado em Lisboa pela Typographia Lacerdina o primeiro dicionaacuterio

monoliacutengue do portuguecircs o Dicionaacuterio da Liacutengua Portuguesa datado de 1789 elaborado

pelo brasileiro Antocircnio de Moraes Silva constitui um marco na histoacuteria da lexicografia

brasileira A obra de Moraes preencheu o horizonte metalinguiacutestico ao longo dos seacuteculos XIX

e XX como um verdadeiro siacutembolo natildeo soacute da lexicografia mas da liacutengua em geral e da

cultura portuguesa

Moraes tomou por base o Vocabulaacuterio Portuguecircs e Latino de Raphael Bluteau e

resumiu os oito volumes daquele a apenas dois mantendo a orientaccedilatildeo de seu antecessor de

exaltar os grandes autores de liacutengua portuguesa A obra teve oito reediccedilotildees no seacuteculo XIX

(1813 1823 1831 1844 1858 18771878 1891 9a ed sd)

Na segunda ediccedilatildeo de 1813 Moraes acrescenta nos textos introdutoacuterios uma

gramaacutetica filosoacutefica aos moldes da Gramaacutetica de Port Royal o que mostra a filiaccedilatildeo agraves

concepccedilotildees racionalistas da eacutepoca

Em 1922 recebeu uma ediccedilatildeo comemorativa do centenaacuterio da Independecircncia no

Brasil a qual reproduz a segunda ediccedilatildeo de 1813 a primeira em que Moraes inclui seu nome

como autor Uma ediccedilatildeo ampliada foi publicada pela Editora Confluecircncia em 1949-59

organizada por Augusto Moreno Cardoso Juacutenior e Joseacute Pedro Machado

O Dicionaacuterio da Liacutengua Portuguesa ou o Dicionaacuterio de Moraes eacute considerado

pelos lexicoacutegrafos uma obra fundadora da lexicografia de liacutengua portuguesa servindo de base

para a confecccedilatildeo de outros dicionaacuterios em Portugal e no Brasil

Na eacutepoca do Brasil Colocircnia no que diz respeito aos dicionaacuterios monolingues

referentes agrave Liacutengua Portuguesa a partir do seacuteculo XVIII aleacutem do dicionaacuterio de Moraes

(1789) satildeo considerados representativos o Novo Dicionaacuterio da Liacutengua Portugueza (1855) de

Eduardo de Faria o Diccionario Manual Etymologico da Lingua Portugueza de Francisco

Adolfo Coelho e o Diccionario Contemporaneo da Liacutengua Portugueza de Francisco Caldas

Aulete publicado em 1881

Em se tratando de obras consideradas brasileiras os estudiosos apontam os

primeiros dicionaacuterios datados do seacuteculo XIX a saber o Diccionario Brazileiro para Servir de

Complemento aos Diccionarios de Lingua Portugueza (1853) de Costa Rubim o Diccionario

31

Brazileiro da Lingua Portugueza (1888) de Macedo Soares e o Diccionario de Vocabulos

Brazileiros (1889) de Beaurepaire-Rohan

Em todas essas trecircs obras citadas acima observam-se palavras tiacutepicas do Brasil

chamadas ldquobrasileirismosrdquo Essas obras contribuiacuteram para se questionar ldquoo caraacuteter normativo

do dicionaacuterio dando-lhe uma caracteriacutestica mais descritivardquo13

13 Terminologia

A Terminologia pode ser definida segundo Barros (2007 p 11) como o estudo

cientiacutefico dos termos usados nas liacutenguas de especialidade ou melhor empregados em

discursos e textos de aacutereas teacutecnicas cientiacuteficas e especializadas

O termo eacute entendido como ldquodesignaccedilatildeo por meio de uma unidade linguiacutestica de

um conceito definido em uma liacutengua de especialidaderdquo (ISO 1087 1990 p5) O termo eacute

portanto uma unidade lexical que designa um conceito de um domiacutenio de especialidade Eacute

tambeacutem chamado de unidade terminoloacutegica O conjunto de termos de uma aacuterea especializada

chama-se conjunto terminoloacutegico ou terminologia

O campo de pesquisa proacuteprio da Terminologia satildeo as chamadas liacutenguas de

especialidade entendidas como ldquosistemas de comunicaccedilatildeo oral ou escrita usados por uma

comunidade de especialistas de uma aacuterea particular do conhecimentordquo (PAVEL NOLET apud

BARROS 2007 p11)

Apesar de a Terminologia ser a mais contemporacircnea das ciecircncias do leacutexico o

reconhecimento formal de vocabulaacuterios especiacuteficos de determinadas aacutereas de conhecimento

especializado datam de mais de trecircs seacuteculos quando jaacute vinham com ldquomarcas de usordquo em

dicionaacuterios de liacutengua

Obra monoliacutengue o denominado dicionaacuterio geral de liacutengua consiste na referecircncia

primeira do fazer lexicograacutefico na diversificada tipologia de obras dicionariacutesticas Tal tipo de

dicionaacuterio registra o leacutexico geral de um idioma reunindo seu conjunto de palavras e locuccedilotildees

da forma mais abrangente possiacutevel Alguns desses dicionaacuterios incluem tambeacutem terminologias

em seus repertoacuterios entendendo que essas integram o componente lexical das liacutenguas Nessas

obras entende-se por terminologia o conjunto de palavras marcadas pela temaacutetica de uma

aacuterea de especialidade por exemplo a terminologia da fiacutesica quacircntica da medicina da

informaacutetica a terminologia juriacutedica ou a terminologia naacuteutica ndash essa uacuteltima nosso objeto de

estudo

13

DIAS BEZERRA 2006 p 30

32

Usamos a liacutengua comum no dia-a-dia mas usamos a linguagem especializada

quando falamos sobre uma aacuterea do conhecimento e empregamos palavras que dentro dessa

aacuterea tecircm um significado particular Assim sendo para noacutes neste objeto de estudo os termos

satildeo acima de tudo unidades lexicais que tecircm a particularidade de ocorrer em discursos

especializados assumindo neles significaccedilotildees especiacuteficas e podendo em consequecircncia

denominar conceitos cientiacuteficos eou teacutecnicos

14 O Diccionario da Lingua Brasileira de Luiz Maria da Silva Pinto

Sobre os primoacuterdios da lexicografia brasileira voltamos nossos olhares para

aquela que teria sido a primeira obra escrita editada e impressa no Brasil ndash o Diccionario da

Lingua Brasileira de Luiz Maria da Silva Pinto

FOTO 1 Diccionario da Lingua Brasileira

Fonte acervo pessoal

Praticamente desconhecida dos pesquisadores ateacute fins do seacuteculo XX por

iniciativa do professor Joatildeo Mendonccedila Teles ndash do Instituto Histoacuterico e Geograacutefico Brasileiro

ndash essa obra foi reeditada em ediccedilatildeo fac-siacutemile com patrociacutenio da Caixa Econocircmica Federal

pela Sociedade Goiana de Cultura e pelo Centro de Cultura Goiana da Universidade Catoacutelica

de Goiaacutes do qual Teles era coordenador em 1996

33

FOTO 2 Detalhe da capa do Diccionario

Fonte acervo pessoal

Sabemos que a histoacuteria da imprensa no Brasil tem seu iniacutecio oficial em 1808 com

a chegada da famiacutelia real portuguesa Antes dessa eacutepoca toda atividade de imprensa -

publicaccedilatildeo de jornais livros ou panfletos ndash era proibida conforme Carta Reacutegia de 1706 que

mandava sequestrar e destruir qualquer modalidade de atividade tipograacutefica que fosse

encontrada como tambeacutem punir seus proprietaacuterios Mesmo assim em caraacuteter clandestino

algumas impressotildees foram realizadas em Minas dentre elas citamos o poema laudatoacuterio

escrito por Diogo Pereira Ribeiro de Vasconcelos intitulado Canto Encomiaacutestico publicado

por Padre Viegas14

Padre Viegas ou o Padre Joaquim Viegas de Menezes em funccedilatildeo dos

conhecimentos especializados que possuiacutea dirigiu em 1820 em Ouro Preto juntamente com

o artiacutefice portuguecircs Manuel Joseacute Barbosa Pimenta e Sal e alguns operaacuterios a construccedilatildeo da

primeira tipografia mineira a Tyipografia Patriacutecia assim denominada em referecircncia agrave paacutetria

Daacute-se nessa tipografia o iniacutecio da imprensa perioacutedica em Minas Gerais com a circulaccedilatildeo do

jornal Compilador Mineiro em 13 de outubro de 182315

encerrada em 9 de janeiro de 1824

Apenas trecircs dias apoacutes o seu desaparecimento surgiu impresso na mesma tipografia e com o

objetivo expresso de substituir o Compilador o perioacutedico A Abelha do Itaculumy (1824-

1825)

Ainda nesse periacuteodo em 8 de abril de 1822 o goiano que residia em Ouro Preto

o major Luiz Maria da Silva Pinto propotildee a iniciativa de um plano para a instalaccedilatildeo da

primeira tipografia oficial do Estado aleacutem da publicaccedilatildeo de uma folha como porta-voz dos

atos governamentais Esse major foi o principal impressor de Ouro Preto durante vaacuterios anos

14

SEABRA 2008 p 151 15

COSTA FILHO A Imprensa Mineira no Primeiro Reinado

34

tornando-se o administrador do estabelecimento real A graacutefica real estreia tipos e prelos com

a produccedilatildeo dos impressos avulsos do poder oficial da Capitania e das diversas reparticcedilotildees

puacuteblicas aleacutem de papeis de encomenda particular

Luiz Maria da Silva Pinto nasceu em Pilar de Goiaacutes em 15 de marccedilo de 1775 e

faleceu em 20 de dezembro de 1869 em Vila Rica hoje Ouro Preto aos 94 anos de idade Era

filho de Joseacute Pinto da Silva e de Joaquina Maria Zunega Iniciou seus estudos em Goiaacutes

completando-os em Ouro Preto cidade para onde se transferiu em companhia de sua matildee e

irmatilde Em Ouro Preto eacute crismado por Tomaacutes Antocircnio Gonzaga e sob a proteccedilatildeo de Frei

Domingos da Encarnaccedilatildeo Pontevel Silva Pinto avanccedila em seus estudos Foi secretaacuterio do

Palaacutecio do Governo nomeado por Visconde de Barbacena e mais tarde por promoccedilatildeo ao

cargo de oficial-mor e logo em seguida major Foi tambeacutem Deputado Provincial

Procurador Fiscal da Mesa de Rendas de Minas tendo sido nomeado vice-diretor geral da

Instituiccedilatildeo Segundo Teixeira de Freitas16

Silva Pinto pode ser considerado o pai da

estatiacutestica geral mineira uma vez que quando secretaacuterio da Proviacutencia promoveu um

inqueacuterito estatiacutestico-cronograacutefico em 23 de julho de1825 aleacutem de um levantamento por ele

organizado em 1854 por ordem do Presidente de Proviacutencia Francisco D Pereira de

Vasconcellos Freitas afirma que vaacuterios satildeo os documentos que demonstram esforccedilos

repetidos da administraccedilatildeo mineira em prol da estatiacutestica geral17

Entre suas obras destaca-se

ainda O Mapa Geodeacutesio de Minas Gerais editado em 1825 Silva Pinto foi ainda membro

do Instituto Histoacuterico e Geograacutefico Brasileiro patrono da cadeira nuacutemero 29 da Academia de

Letras de Goiaacutes18

16

Diretor Geral de Informaccedilotildees Estatiacutesticas e Divulgaccedilatildeo do Ministeacuterio da Educaccedilatildeo em 1931 17

FREITAS 1940 18

MAPA Disponiacutevel em lthttpacademiagoianadeletrasorgmembroluiz-maria-da-silva-pintogt Acesso em 1

abr 2011

35

FOTO 3 Casa de Silva Pinto em Ouro Preto19

Fonte acervo pessoal

FOTO 4 Localizaccedilatildeo da casa de Silva Pinto em Ouro Preto -

Vista de Vila Rica 1820 de Armand Julien Palliegravere

Fonte acervo pessoal

Sobre as impressotildees causadas pelo Diccionario da Lingua Brasileira no meio

intelectual e ainda sobre seu autor o goiano Luiz Maria da Silva Pinto destacamos as vozes

de

a) Joseacute Pedro Xavier da Veiga ndash nas Efemeacuterides Mineiras em data de 19 de setembro de

1869 Xavier da Veiga registra o oacutebito de Luiacutes Maria da Silva Pinto consagrando-lhe uma

19

Localizada na Rua Claacuteudio Manuel nordm 129 Centro Atualmente Repuacuteblica Maracangalha propriedade da

Escola de Farmaacutecia e Bioquiacutemica de Ouro Preto UFOP

36

paacutegina biograacutefica em que aponta os seus relevantissimos serviccedilos agrave administraccedilatildeo puacuteblica de

Minas Gerais desde a uacuteltima fase do govecircrno colonial e durante meio seacuteculo Dizendo-o

homem muito inteligente extraordinariamente trabalhador e dotado de espiacuterito de organizaccedilatildeo

e de pesquisa Xavier da Veiga (1897 p 47-52) afirmando nunca ter visto o dicionaacuterio

disserta

Tambeacutem durante muitos anos o major Luiacutes Maria da Silva Pinto possuiu e dirigiu

oficinas tipograacuteficas em Ouro Precircto editando nelas muitos livros alguns bem

volumosos e em tempos difiacuteceis para a imprensa no interior do paiacutes Entre os

aludidos livros figura um dicionaacuterio portuguecircs de sua proacutepria composiccedilatildeo ao qual

deu o tiacutetulo de Dicionaacuterio da liacutengua brasileira e cujos exemplares satildeo hoje

rariacutessimos

b) Affonso E de Taunay20

ndash na obra Inopia cientiacutefica e vocabular dos grandes dicionarios

portuguezes (1932 p 147) Taunay destaca

Quarenta annos apoacutes o apparecimento do Diccionario de Moraes novo tentame de

igual natureza ao do lexicographo fluminense se daria no Brasil muito embora delle

resultase obra de mediocre valor hoje quasi totalmente esquecido o Diccionario da

Lingua Brasileira Pela terceira vez creio apparecia o nosso patronymico nacional aacute

portada dos diccionarios da lingua Fizera Bluteau garbo de que o seu tambem

[seria] brasilico entre numerosos outros predicados E Moraes como bom brasileiro

timbrara em lembrar que o seu lexico recolhera milhares de palavras de sua terra

Mas Silva Pinto fora adiante redigira um diccionario da lingua brasileira

Infelizmente poreacutem natildeo lhe correspondeu a obra aacute altissonacircncia do programma

constante do patriotico titulo Deve ter sido composto por homem inteligente e lido

que se valeu natildeo ha duvida e muito dos trabalhos de Moraes mas nem por isto

deixou de levantar em homenagem aacute riqueza vocabular da liacutengua luso-brasileira ateacute

hoje tatildeo deficiente tatildeo mesquinhamente invetariada Eacute um tanto obscura a

biographia deste nosso segundo diccionarista Luiz Maria da Silva Pinto

c) Eduardo Frieiro ndash no artigo um velho dicionaacuterio impresso em Minas21

(1955) destacamos

as impressotildees de Frieiro

Acham-se vinculados aos primeiros tempos da Tipografia em Minas trecircs nomes que

natildeo podem ser esquecidos o do mineiro Padre Viegas de Meneses o do portuguecircs

Manuel Joseacute Barbosa Pimenta e Sal e o do goiano Luiacutes Maria da Silva Pinto []

Administrava a oficina provincial o major Luis Maria da Silva Pinto que durante

vaacuterias deacutecadas foi o principal impressor de Ouro Precircto jaacute como gerente do

estabelecimento oficial jaacute como editor particular proprietaacuterio da Tipografia de

Silva cuja marca tenho encontrado em diversas obras dadas a lume de 1827 a 1848

Algumas eram de autoria do operoso Silva Pinto que chegou mesmo a publicar um

Diccionario da lingua brasileira portaacutetil de 1132 paacuteginas para remediar a penuacuteria

de vocabulaacuterios ocorrente na Proviacutencia Era o Dicionaacuterio uma compilaccedilatildeo apressada

feita pelo proacuteprio impressor que tambeacutem editou para uso das escolas de primeiras

letras numerosos voluminhos dos quais posso citar os tiacutetulos de alguns que possuo

a saber Ortografia ou Arte de escrever (1829) Aritmeacutetica ou Arte de contar (1831)

Princiacutepios da Moral cristatilde (1846) e Gramaacutetica brasileira ou Arte de falar conforme

20

TAUNAY 1932 p182 21

FRIEIRO 1955 p390-397

37

as regras da Manuel Borges Carneiro (1847) Embora se intitulasse Dicionaacuterio da

liacutengua brasileira nada tinha que ver com a fala dos aboriacutegenes nem com os

particularismos da liacutengua corrente no Brasil Era um pequeno leacutexico da liacutengua

portuguecircsa com alguns escassos brasileirismos colhidos provagravevelmenle em Moraes

Silva O caso eacute que naquela eacutepoca achando-se os Brasileiros ainda na lua de mel da

independecircncia nacional o espiacuterito nativista entatildeo muito alvoroccedilado natildeo se

contentava unicamente com a autonomia poliacutetica almejava romper todos os laccedilos

que ainda nos atavam agrave repudiada Metroacutepole inclusive o liame infrangiacutevel da liacutengua

materna Como natildeo era possiacutevel fabricar uma com peccedilas totalmente novas

chamava-se brasileira agrave liacutengua que sem deixar de ser portuguesa eacute de qualquer

forma tambeacutem a nossa

d) L G ndash que assina a nota do recorte do jornal22

(sem data) abaixo apresentado

FOTO 5 Notiacutecia de jornal

Fonte acervo pessoal

e) Paulo Mario Beserra de Araujo ndash neste iniacutecio de seacuteculo XX quando a ciecircncia linguiacutestica se

volta para a anaacutelise de dicionaacuterios e as versotildees digitais de obras se encontram disponibilizadas

na internet Araujo (2009) realizou um ldquoensaio metalexicograacutefico analiacutetico comparativo e

criacuteticordquo do Diccionario de Silva Pinto publicado com o tiacutetulo Um diccionario sem auctor

versus hum auctorlsquo com diccionario Esse pesquisador buscando estudar o que motivou

Silva Pinto a delimitar a macroestrutura de seu dicionaacuterio (cf Araujo 2009 p 9-10) mostra

inuacutemeras semelhanccedilas da obra desse autor ndash o Diccionario da Lingua Brasileira com a obra

22

Recorte encontrado na contra-capa do volume do Diccionario do Museu da Inconfidecircncia em Ouro Preto

poreacutem natildeo haacute informaccedilotildees sobre a autoria

38

ldquosem autor declarado pelo editor impressor e livreiro Francisco Rollandrdquo23

denominada

Novo Diccionario da Liacutengua Portugueza ediccedilatildeo de 1806 ldquodisponiacutevel desde 23 de fevereiro

de 2007 no website booksgoogle obtida do original existente na Taylor Institution Library

da Oxford University Oxford Inglaterrardquo24

Apoacutes um cuidadoso estudo Arauacutejo conclui que a

ldquoanaacutelise comparativa efetuada permite constatar que a semelhanccedila entre as duas obras estaacute

aleacutem do que pode ser classificado como compilaccedilatildeordquo25

Apresentamos a seguir a folha de rosto do Diccicionario da Liacutengua Brasileira

FOTO 6 Diccionario da Lingua Brasileira (1832) Fonte acervo pessoal

Diferentemente de seu colega editor responsaacutevel pela obra similar portuguesa

Silva Pinto assina a obra brasileira Com esse comportamento o consulente entende que cabe

a ele aleacutem da ediccedilatildeo a autoria do dicionaacuterio Entretanto no proacutelogo apresentado esse autor

se coloca como impressor natildeo como autor ndash ldquome suggerio o projecto de imprimir este

auxiliante da Grammatica e da Orthographiardquo deixa claro tambeacutem que a obra ao ser editada

jaacute contava com um nuacutemero de leitores ou ldquoassignantesrdquo mais do que suficientes para sua

confecccedilatildeo Isso nos leva a refletir que Silva Pinto realizou um trabalho de ediccedilatildeo de uma obra

portuguesa de faacutecil manuseio visando atender aos brasileiros Salientamos que apesar do

23

ARAUJO 2009 p 13 24

Ibidem p 10 25

Ibidem p 78

39

tiacutetulo se referir agrave variante do portuguecircs brasileiro esse dicionaacuterio tem um caraacuteter normativo

ateacute mesmo preconceituoso conforme podemos inferir no trecho do proacutelogo em que

destacamos a preocupaccedilatildeo do autor em mostrar que no nosso leacutexico havia palavras da liacutengua

portuguesa e natildeo somente dlsquoaquellas que proferem os Iacutendios Posiccedilatildeo conservadora sem

duacutevida

FOTO 7 Prologo do Diccionario da Lingua Brasileira

Fonte acervo pessoal

Mais do que descrever o leacutexico brasileiro dos primeiros anos dos oitocentos com

certeza o Diccionario da Lingua Brasileira do goiano Luiz Maria da Silva Pinto tinha como

objetivo ser prescritivista conduta bastante comum nessa eacutepoca

Publicado dez anos depois da Independecircncia do Brasil o dicionaacuterio nesse

contexto constitui-se como um instrumento de divulgaccedilatildeo da nova naccedilatildeo e da posiccedilatildeo

poliacutetica de seu editor diante dos acontecimentos histoacutericos Como homem respeitado na

sociedade local em um periacuteodo em que o Brasil acabava de ser tornar independente de

Portugal Silva Pinto se preocupava com os rumos que a liacutengua portuguesa poderia tomar e

40

como editor colocou-se como ldquoprotetorrdquo do portuguecircs lusitano ldquobem faladordquo em terras

brasileiras

A imagem que apresentamos a seguir destaca a paacutegina do dicionaacuterio que trata

das abreviaturas da obra com a inserccedilatildeo de vaacuterias terminologias dentre elas a terminologia

naacuteutica objeto de anaacutelise desta Pesquisa

IMAGEM 1 Lista de abreviaturas proposta pelo Diccionario da Lingua Brasileira

Dada a estreita relaccedilatildeo entre cultura e leacutexico abordaremos no proacuteximo capiacutetulo as

grandes navegaccedilotildees destacando a navegaccedilatildeo portuguesa em terras brasileiras

41

Capiacutetulo 2

42

Capiacutetulo 2 ndash Contextualizaccedilatildeo histoacuterica

21 As grandes navegaccedilotildees

A aventura mariacutetima portuguesa natildeo foi um marco isolado Ela se fez no contexto

de uma das maiores aventuras expansionistas empreendidas pelo homem e se tornou

conhecida como grandes navegaccedilotildees De costas para Castela e de frente para o mar a uacutenica

forma de Portugal expandir seus domiacutenios era enfrentar as aacuteguas desconhecidas

Desde 1385 com a ascensatildeo de D Joatildeo I ao trono apoacutes a Revoluccedilatildeo de Avis

antes de qualquer outro paiacutes europeu Portugal jaacute possuiacutea um Estado centralizado apoiado por

uma burguesia mercantil forte e disposta a investir na expansatildeo a fim de ampliar suas

possibilidades de lucros Construiacuteram caravelas principal meio de transporte mariacutetimo e

comercial do periacuteodo desenvolvidas com qualidade superior agraves de outras naccedilotildees Neste paiacutes

tambeacutem houve a preocupaccedilatildeo com os estudos naacuteuticos pois os portugueses chegaram a criar

ateacute mesmo um centro de estudos a Escola de Sagres Nesse centro o Infante Dom Henrique

filho do Rei Dom Joatildeo I reuniu numerosos pilotos cartoacutegrafos e astrocircnomos cujos trabalhos

favoreceram o avanccedilo da arte de navegar e impulsionaram a expansatildeo mariacutetima portuguesa A

partir daiacute com o aprimoramento da cartografia ndash em especial com o desenvolvimento das

cartas naacuteuticas ndash e com o avanccedilo das teacutecnicas de navegaccedilatildeo recorrendo ao que havia de mais

novo no campo cientiacutefico tais como a ampliaccedilatildeo dos conhecimentos sobre correntes

mariacutetimas o uso do astrolaacutebio e da buacutessola que permitia navegaccedilotildees mais seguras

privilegiando a situaccedilatildeo geograacutefica de seu paiacutes os portugueses partiram para as grandes

expediccedilotildees mariacutetimas

Entre os grandes obstaacuteculos vencidos para que fossem aleacutem do conhecido mar

Mediterracircneo estavam o medo e vaacuterias preacute-concepccedilotildees Foi necessaacuterio um longo processo de

mudanccedilas para que o povo europeu apostasse na teoria da esfericidade da Terra e se

ldquoconvencesserdquo de que havia alguma possibilidade de ir aleacutem das aacuteguas jaacute navegadas desde

muito tempo

Durante os seacuteculos XV e XVI os europeus principalmente portugueses e

espanhoacuteis lanccedilaram-se nos oceanos Paciacutefico Iacutendico e Atlacircntico com dois objetivos

principais descobrir uma nova rota mariacutetima para as Iacutendias e encontrar novas terras Este

periacuteodo ficou conhecido como a Era das Grandes Navegaccedilotildees e Descobrimentos Mariacutetimos

O iniacutecio da expansatildeo portuguesa deu-se em 1415 com a conquista da cidade de

Ceuta no norte da Aacutefrica na costa do atual Marrocos importante centro comercial da eacutepoca ndash

ponto de convergecircncia de caravanas de comerciantes aacuterabes Depois de Ceuta os portugueses

43

continuaram suas conquistas contornando a Aacutefrica em um trajeto conhecido como peacuteriplo

africano A expansatildeo portuguesa incluiu a ilha da Madeira os Accedilores Cabo Verde a

ultrapassagem do Cabo Bojador (grande obstaacuteculo para a continuaccedilatildeo da viagem e muito

temido pelos navegadores por causa das fortes ondas e dos nevoeiros comuns na regiatildeo)

Senegal e Serra Leoa

Durante o peacuteriplo africano os portugueses desenvolveram a caravela um tipo de

barco adaptado agrave navegaccedilatildeo em mar aberto e comeccedilaram a esboccedilar o audacioso plano de

contornar o sul da Aacutefrica e chegar agraves Iacutendias

MAPA 1 As grandes navegaccedilotildees26

A chegada dos portugueses ao litoral da Ameacuterica em 1500 foi portanto uma

consequecircncia da expansatildeo ultramarina anteriormente realizada em vaacuterios cantos do mundo

As grandes navegaccedilotildees transformaram Portugal em um impeacuterio respeitado em

toda agrave Europa o interesse despertado pelas viagens transoceacircnicas natildeo soacute permitiu a expansatildeo

dos conhecimentos naacuteuticos com o desenvolvimento da buacutessola do astrolaacutebio das

embarcaccedilotildees e de mapas rudimentares denominados portulanos mas tambeacutem por ser o

primeiro paiacutes europeu a iniciar a expansatildeo ultramarina teve seu comeacutercio ampliado dominou

povos e terras impocircs um sistema de colonizaccedilatildeo imprimindo aiacute sua soberania religiatildeo

cultura e liacutengua

26

NAVEGACcedilOtildeES Disponiacutevel em lthttpwwwgooglecombrsearchhl=ptgt Acesso em 1 Abr 2011

44

O desenvolvimento do comeacutercio europeu nos seacuteculos XV XVI e XVII

favorecido pelas praacuteticas mercantilistas das monarquias absolutistas foi tambeacutem chamado de

revoluccedilatildeo comercial A revoluccedilatildeo comercial caracterizou-se pela integraccedilatildeo da Ameacuterica

Aacutefrica e Aacutesia agrave economia europeia atraveacutes da navegaccedilatildeo pelo Oceano Atlacircntico pelo

aumento da circulaccedilatildeo de mercadorias e de moedas pela criaccedilatildeo de novos meacutetodos de

produccedilatildeo de manufaturas pela ampliaccedilatildeo dos bancos dos sistemas de creacutedito seguros e

demais operaccedilotildees financeiras O crescimento da agricultura da mineraccedilatildeo da metalurgia da

navegaccedilatildeo da divisatildeo do trabalho do comeacutercio colonial promoveu uma grande acumulaccedilatildeo

de capital preparando a Europa para avanccedilos importantes na produccedilatildeo o corridos a partir do

seacuteculo XVIII

22 As navegaccedilotildees na eacutepoca do Brasil Colocircnia

A primeira exploraccedilatildeo do litoral do territoacuterio descoberto foi feita pela proacutepria

esquadra de Cabral que seguiu paralelamente agrave costa em direccedilatildeo norte procurando um porto

onde os navios ficassem abrigados A partir daiacute nos primeiros trinta anos o contato com as

terras brasileiras ficou limitado ao envio de algumas expediccedilotildees de reconhecimento e defesa

do litoral e outras com o objetivo de explorar o pau-brasil uacutenico artigo que poderia ser

convertido em lucros para Portugal

Em 1530 Dom Joatildeo III enviou ao Brasil a expediccedilatildeo de Martim Afonso de Sousa

cujos principais objetivos eram verificar a existecircncia de metais preciosos explorar e patrulhar

o litoral e estabelecer os fundamentos da colonizaccedilatildeo do Brasil Martim Afonso percorreu

quase todo o litoral brasileiro de Pernambuco enviou dois barcos para explorar o litoral

norte organizou expediccedilotildees rumo ao sertatildeo partindo de Cabo Frio e de Cananeia chegou ateacute

a foz do rio da Prata e depois retornou ao litoral paulista onde fundou a vila de Satildeo Vicente

(1532) Ali se organizaram alguns povoados iniciou-se o plantio da cana e foram construiacutedos

os primeiros engenhos da colocircnia Comeccedilava assim a colonizaccedilatildeo efetiva do Brasil apoiada

inicialmente na produccedilatildeo de accediluacutecar para o mercado externo

O aproveitamento sistemaacutetico dos recursos da terra brasileira em benefiacutecio da

metroacutepole portuguesa permitiu a fixaccedilatildeo de populaccedilotildees europeias na regiatildeo o que contribuiu

para a incorporaccedilatildeo dos modelos sociais culturais e religiosos europeus no Novo Mundo

45

MAPA 2 ldquoTerra Brasilisrdquo27

A busca de colocircnias constituiacutea um dos principais objetivos dos paiacuteses

mercantilistas europeus As aacutereas coloniais eram um excelente mercado consumidor dos

manufaturados europeus e fornecedor de mateacuterias-primas e produtos agriacutecolas tropicais

As colocircnias eram vistas como instrumentos de poder das metroacutepoles Por isso a

produccedilatildeo foi organizada de acordo com a poliacutetica econocircmica do mercantilismo tendo como

objetivo o fortalecimento do Estado nacional e a acumulaccedilatildeo de riquezas monetaacuterias nas matildeos

das burguesias europeias Cada metroacutepole preocupava-se fundamentalmente e manter a posse

de suas colocircnias como bem mostra Caacuteceres (1993 p 19)

A administraccedilatildeo colonial estava centralizada na metroacutepole e tinha por finalidade

baacutesica garantir que as colocircnias gerassem produtos para a metroacutepole a baixos custos e

consumissem os manufaturados metropolitanos a preccedilos mais altos O elemento

mais importante desse sistema era o monopoacutelio comercial das metroacutepoles sobre as

colocircnias cuja economia girava em torno das necessidades econocircmicas

metropolitanas e de sua burguesia

Ateacute mesmo as formas de produccedilatildeo das colocircnias eram organizadas de acordo com

as necessidades metropolitanas No Brasil colocircnia por exemplo foi introduzida a escravidatildeo

a fim de se obter uma produccedilatildeo em larga escala necessaacuteria agrave economia europeia Essas

colocircnias em aacutereas tropicais que produziam para o mercado externo eram chamadas colocircnias

de exploraccedilatildeo28

Sua economia era baseada na grande propriedade na monocultura e no

trabalho compulsoacuterio isto eacute obrigatoacuterio

Com o estado portuguecircs no Brasil aumentaram tanto as exportaccedilotildees quanto as

importaccedilotildees e consequentemente a necessidade de um satisfatoacuterio transporte mariacutetimo

27

TERRA BRASILIS Disponiacutevel em lthttpswwwmarmilbrdhndhnhistoricohtmlgt Acesso em 1 Abr 2011 28

CAacuteCERES 1993 p 19

46

Durante o seacuteculo XVI e iniacutecio do seacuteculo XVII o Brasil tornou-se o maior produtor de accediluacutecar

do mundo e o responsaacutevel pela riqueza dos senhores de engenho da Coroa e de comerciantes

portugueses poreacutem foi soacute com a vinda da famiacutelia real portuguesa para o Brasil que a

navegaccedilatildeo brasileira se intensificou

A chegada ao Rio de Janeiro do Priacutencipe Regente D Joatildeo e da Rainha D Maria I

fugindo das guerras napoleocircnicas na Europa foi um marco na histoacuteria da marinha brasileira

Nessa eacutepoca a marinha portuguesa encontrava-se decadente mas sua capacidade foi ampliada

para poder apoiar a ldquoEsquadra Realrdquo e os navios estrangeiros jaacute que o fluxo aumentou

consideravelmente em virtude da abertura dos portos brasileiros ao comeacutercio com outras

naccedilotildees Podemos dizer que a transmigraccedilatildeo da Famiacutelia Real portuguesa foi fundamental para

que mais tarde ocorresse a independecircncia unificada de todo o territoacuterio de colonizaccedilatildeo

portuguesa na Ameacuterica A cidade do Rio de Janeiro tornou-se sede do governo portuguecircs o

que gerou um surto de progresso em vaacuterios setores da sociedade colonial

IMAGEM 2 Primeira esquadra brasileira29

Posteriormente com as tentativas das Cortes de fazer D Pedro regressar para a

Europa iniciou-se a cisatildeo da Marinha de Portugal Desde o princiacutepio de 1822 alguns

comandantes de navios passaram a obedecer somente ao Priacutencipe e o apoiaram nas ocasiotildees

em que houve ameaccedilas de uso de forccedila Comeccedilava nesse periacuteodo a se formar o embriatildeo da

marinha do Brasil

29

ESQUADRA Disponiacutevel em lthttpwwwgooglecombrsearch3Fq3D2522Marinha2BImperial

2BBrasileiragt Acesso em 1 Abr 2011

47

23 As navegaccedilotildees na eacutepoca do Brasil Impeacuterio

Com a independecircncia do Brasil o primeiro governo encontrou a difiacutecil tarefa de

unificar o extenso territoacuterio brasileiro em cujo litoral encontravam-se os principais centros

urbanos ou seja era emergencial que o Estado possuiacutesse uma Esquadra e estabelecimentos de

apoio para manter a unidade nacional Para eliminar os focos de resistecircncia interna agrave

autoridade do novo Imperador que eram mais fortes nas proviacutencias da Bahia Maranhatildeo

Gratildeo-Paraacute e Cisplatina e rechaccedilar qualquer tentativa de recolonizaccedilatildeo por parte da antiga

metroacutepole foi necessaacuterio o aprestamento de forccedilas terrestres e principalmente o preparo de

uma forccedila naval capaz de obter o domiacutenio do mar interceptar a vinda de reforccedilos portugueses

bloquear as posiccedilotildees inimigas e manter livres as comunicaccedilotildees mariacutetimas do novo Impeacuterio

garantindo a unidade nacional Era preciso aleacutem da Esquadra possuir a capacidade de reparar

os navios existentes e construir outros

Segundo Bittencourt30

em fins de 1822 ldquoo material flutuante ainda era muito

escasso com navios que tinham sua origem na Marinha de Portugal e que passaram a constituir o

primeiro nuacutecleo da Esquadra brasileira composto pelas Fragatas Uniatildeo e Real Carolina Corvetas

Maria da Gloacuteria e Liberal Brigue Real Pedro Brigue-Escuna Real 13 escunas ndash das quais sete

encontravam-se estacionadas no Prata ndash e de aproximadamente 20 navios-transportes e

canhoneiras Os outros navios estacionados no Rio de Janeiro somente trecircs eram utilizaacuteveis a

Nau Martins de Freitas a Fragata Sucesso e o Brigue Reino Unido os quais foram prontamente

reparados no Arsenal de Marinha A Nau Priacutencipe Real que trouxe D Joatildeo VI ao Brasil soacute pocircde

ser utilizada como navio-prisatildeo devido ao peacutessimo estado que se encontravardquo

De acordo com Vale (1971 p 10)

[] a princiacutepio parecia natildeo haver falta de oficiais para a nova Marinha 160 tinham se

estabelecido no Brasil desde 1808 mas a maioria era de portugueses e tornou-se

necessaacuterio verificar primeiro sua lealdade Com esta finalidade Cunha Moreira

estabeleceu uma comissatildeo em 5 de dezembro de 1822 para perguntar a cada oficial se

ele desejava servir ao Brasil ou voltar para Portugal Ficou logo claro que a grande

maioria aderia agrave causa brasileira e quando foram retirados os nomes dos mais velhos e

dos incapazes restou um total de 94 Era evidente que o Brasil tinha oficiais superiores

em nuacutemero suficiente mas a quantidade de oficiais inferiores dava apenas para

guarnecer os navios jaacute em comissatildeo nos estabelecimentos de guerra

Nesse periacuteodo a Marinha Imperial Brasileira possuiacutea em seus quadros

profissionais oriundos de diversos grupos sociais O engajamento e o recrutamento de pessoal

30

MARINHA IMPERIAL Disponiacutevel em lthttpwwwmarmilbrdiversosArtigos_selecionadosDocumentos

marinha_imperialpdfgt Acesso em 25 Abr 2011

48

para a marinhagem ocorriam de forma voluntaacuteria por contrato (geralmente estrangeiros) ou

pelo recrutamento agrave forccedila (vagabundos e criminosos) e posteriormente em decreto emitido

em fevereiro de 1823 permitiu-se a admissatildeo de escravos na Marinha Muitos eram oriundos

da Marinha de Portugal despertavam portanto desconfianccedila Outros tantos natildeo tinham

experiecircncia no mar Apesar desses problemas o governo imperial conseguiu unificar a

marinha brasileira da eacutepoca

IMAGEM 3 Marinha Imperial31

Eacute consenso que o instrumento decisivo para alcanccedilar a Independecircncia do Brasil

certamente foi a feliz decisatildeo do Governo Imperial de aprestar uma Esquadra capaz de

garantir o controle no mar negando-o aos portugueses possibilitar o deslocamento de tropas

de maneira mais raacutepida cortar as linhas de recebimento de suprimento e reforccedilo do inimigo

pelo mar

24 Consideraccedilotildees

Como se sabe os marinheiros envolvidos nas viagens mariacutetimas portuguesas

eram fundamentalmente gente do povo pouco instruiacuteda natildeo lhes sendo acessiacutevel portanto

o domiacutenio de uma terminologia muito elaborada Mesmo assim ela existe eacute dicionarizada e

merece ser estudada Podemos dizer que ao desenvolvimento das ciecircncias e teacutecnicas naacuteuticas

em Portugal correspondeu o florescimento de toda uma terminologia vernaacutecula herdada no

Brasil

31

MARINHA IMPERIAL Disponiacutevel em lt httpswwwmarmilbrmenu_hnoticias0609201002htmlgt

Acesso em 25 Abr 2011

49

Depois dessa breve exposiccedilatildeo acerca das grandes navegaccedilotildees que rudimentares

nos seacuteculos XIV e XV ultrapassaram o niacutevel da praacutetica rotineira jaacute nos primeiros anos do

seacuteculo XVI passamos a apresentar os procedimentos metodoloacutegicos adotados nesta pesquisa

50

Capiacutetulo 3

51

Capiacutetulo 3 ndash Procedimentos metodoloacutegicos

Como jaacute apontado na Introduccedilatildeo nossa pesquisa insere-se na aacuterea do leacutexico mais

especificamente do leacutexico especializado referente aos termos naacuteuticos Em nosso entender o

leacutexico especializado ou a terminologia e suas unidades ndash os termos ndash natildeo se separam

artificialmente do resto da liacutengua mas encaixam-se fazendo parte integrante dela Nessa

perspectiva natildeo concebemos a terminologia nem os termos seus objetos de anaacutelise como um

mundo agrave parte da realidade linguiacutestica de uma liacutengua Ao contraacuterio acreditamos que as

terminologias presentes em um dicionaacuterio satildeo constituiacutedas de subsistemas ndash tais como termos

meacutedicos termos da arquitetura termos naacuteuticos dentre muitos outros ndash que interagem dentro

de um sistema maior que eacute o leacutexico geral

Sobre esse tema Murakawa (2002 p 21) discorre

[] o leacutexico de uma liacutengua se compotildee de dois grupos de unidades lexicais num 1ordm

grupo as unidades satildeo compreendidas e empregadas do mesmo modo por todos os

membros da sociedade num 2ordm grupo as unidades satildeo apenas compreendidas e

empregadas por parte maior ou menor dessa sociedade e satildeo usadas no seu emprego

correto pelos membros de um grupo particular

De acordo com essa linguista por necessidade de se compor uma terminologia as

pessoas buscam na liacutengua comum unidades leacutexicas que passaratildeo a ter daiacute por diante um

significado especiacutefico

Nessa visatildeo seguimos as propostas teoacutericas defendidas por Cabreacute (1999) no

acircmbito da teoria comunicativa da terminologia Segundo essa terminoacuteloga os termos satildeo

unidades lexicais de fato que assumem significados especializados quando usadas em

determinados acircmbitos de especialidade Assim sendo podemos encontrar inuacutemeros termos

que tecircm por base unidades da liacutengua corrente que migram para registros linguiacutesticos

especializados como tambeacutem encontramos unidades lexicais terminoloacutegicas formadas por

estruturas morfoloacutegicas comuns agraves estruturas de palavras que encontramos no leacutexico da liacutengua

corrente

Sabemos que nos uacuteltimos anos os estudos terminoloacutegicos conheceram um

desenvolvimento notaacutevel com os avanccedilos da Linguiacutestica em geral e da lexicologia em

particular tendo-se hoje em dia uma visatildeo muito mais ampla da unidade lexical de uma

linguagem especializada

Neste estudo partimos de um tema ou de um ldquoassuntordquo ndash ou seja da terminologia

naacuteutica trabalhamos pois com o percurso ldquodo conceito agrave palavrardquo ou ldquoda ideia ao signordquo

nos moldes do meacutetodo onomasioloacutegico

52

Por onomasiologia entende-se um aspecto particular da pesquisa linguiacutestica que

partindo de uma determinada ideia examina as vaacuterias maneiras com as quais essa

ideia encontrou expressatildeo na palavra32

Em seguida estendemos nossa anaacutelise agrave palavra ou ao signo linguiacutestico ndash percurso

semasioloacutegico e voltamos ao onoma

Para os conceitos de leacutexico lexicologia lexicografia terminologia adotamos

como base teoacuterica Matoreacute (1953) Biderman (1978 1991 1998 1999 2001) Cabreacute (1999)

Barros (2007 2009) Krieger e Finatto (2004) Krieger (2006)

Para a anaacutelise dos dados ao longo do tempo tomamos como base norteadora a

concepccedilatildeo de Linguiacutestica Histoacuterica tal como apresentada por Bynon (1977 p 1-2) e Cohen

(1996 p3) que postulam

A Linguiacutestica Histoacuterica procura investigar e descrever a maneira pela qual as liacutenguas

mudam ou conservam suas estruturas atraveacutes do tempo seu domiacutenio eacute portanto a

liacutengua no seu aspecto diacrocircnico

As limitaccedilotildees do trabalho diacrocircnico satildeo tantas que natildeo se pode abrir matildeo de

informaccedilotildees que possam nos facilitar o acesso agrave liacutengua antiga

31 Objetivos

Nosso objetivo geral nesta pesquisa eacute realizar um estudo sincrocircnico e diacrocircnico

do leacutexico correspondente agrave terminologia naacuteutica presente no Diccionario da Lingua

Brasileira de Luiz Maria da Silva Pinto publicado na cidade de Ouro Preto no ano de 1832

Como objetivos especiacuteficos almejamos

1) estudar as origens dos termos naacuteuticos Sabemos que ao desenvolvimento das ciecircncias

e teacutecnicas naacuteuticas em Portugal correspondeu o florescimento de toda uma

terminologia vernaacutecula mas haacute outros termos provenientes de liacutenguas como o catalatildeo

o italiano e o aacuterabe

2) conferir se os termos selecionados se encontram presentes em obras lexicograacuteficas de

referecircncia nos seacuteculos XVIII XIX XX e se os mesmos mantiveram seus

significados e ainda se constam como ldquotermos naacuteuticosrdquo

3) consultar o corpus do Projeto DHPB CNPq com o objetivo de verificar se os termos

constantes no Diccionario da Lingua Brasileira integraram no passado o nosso

leacutexico e se havia variantes ortograacuteficas da palavra nos textos escritos dos seacuteculos

XVI XVII XVIII

4) o Brasil eacute composto por numerosas culturas que se vecircem refletidas em nossas escolhas

vocabulares atraveacutes do tempo inclusive no campo das liacutenguas de especialidade A

32

BERTOLDI citado por Babini 2006 p 38

53

exploraccedilatildeo econocircmica das terras americanas constitui um episoacutedio da Histoacuteria que se

refletiu de maneira significativa natildeo soacute na incorporaccedilatildeo de novas palavras no

Portuguecircs do Brasil mas na progressiva modificaccedilatildeo semacircntica e lexical de diversos

termos no fluir do tempo Assim temos como um dos objetivos analisar o repertoacuterio

textual concernente agrave navegaccedilatildeo econocircmica da colocircnia em documentos e textos

originais o que constitui uma das fontes primaciais para a compreensatildeo de nossa

proacutepria trajetoacuteria histoacuterica

5) verificar se a terminologia naacuteutica presente no Diccionario da Lingua Brasileira

descreve a realidade brasileira nessa aacuterea ou se faz parte desse dicionaacuterio somente com

o objetivo de enriquecer nosso leacutexico

6) apontar os termos naacuteuticos do dicionaacuterio Aureacutelio ndash seacuteculo XX Comparar esses termos

com o primeiro dicionaacuterio impresso no Brasil ou seja o Diccionario da Lingua

Brasileira verificando se houve manutenccedilatildeo expansatildeo ou mudanccedila nesse leacutexico de

especialidade

7) eacute notoacuterio que os marinheiros envolvidos nas viagens e na empresa dos

Descobrimentos eram fundamentalmente gente do povo gente simples que tripulava

os navios e executava a maioria das operaccedilotildees necessaacuterias agrave manobra do barco natildeo

lhes sendo acessiacutevel portanto o domiacutenio de uma terminologia elaborada Supomos

que a terminologia usada por estes profissionais teria de ser forccedilosamente simples (ou

simplificada) constituiacuteda por muitos termos provenientes da liacutengua corrente que lhes

permitissem conceitualizar realidades especializadas (como as relacionadas com a

navegaccedilatildeo com as manobras envolvidas neste processo com as partes do navio e com

os instrumentos que dele fazem parte) Esse leacutexico estaacute presente no Diccionario da

Lingua Brasileira e ou no Aureacutelio ndash seacuteculo XX

8) contribuir para o desenvolvimento da investigaccedilatildeo histoacuterica na aacuterea da Terminologia

disponibilizando um estudo da aacuterea de especialidade devidamente analisado

54

32 Caracteriacutesticas do Diccionario da Lingua Brasileira

Em termos de microestrutura o Diccionario da Lingua Brasileira apresenta

basicamente a entrada e a classe morfoloacutegica seguida da definiccedilatildeo Quando recebe ldquomarcas

de usordquo essas vecircm entre parecircnteses depois da classificaccedilatildeo morfoloacutegica e antes da definiccedilatildeo

se o vocaacutebulo soacute tem uma acepccedilatildeo como mostra o verbete em destaque

Poucas vezes o Diccionario da Lingua Brasileira apresenta duas acepccedilotildees como

em abotoadura raras vezes apresenta trecircs como em arruela e nunca apresenta abonaccedilotildees

Algumas vezes realiza pequenos comentaacuterios

Quando apresenta duas ou mais acepccedilotildees a ldquomarca de usordquo vem sempre antes de

cada definiccedilatildeo como eacute o caso do termo arruela que eacute definida pelo autor como termo de

armaria termo naacuteutico e termo de ourives

55

33 Meacutetodos e procedimentos

Para a realizaccedilatildeo deste trabalho utilizamo-nos do volume digital da ediccedilatildeo

microfilmada iniciada no ano de 1982 pelo Arquivo Puacuteblico Mineiro localizado na cidade

de Belo Horizonte Minas Gerais certificado pela documentaccedilatildeo apresentada a seguir

IMAGEM 4 Documentaccedilatildeo da obra digitalizada

Realizamos primeiramente a leitura do Diccionario da Lingua Brasileira e

fizemos o levantamento das unidades lexicais que remetem ao mundo da navegaccedilatildeo

Observamos inicialmente para proceder a essa seleccedilatildeo as ldquomarcas de usordquo que se referem agrave

terminologia naacuteutica Em uma segunda etapa lemos todos os outros verbetes uma vez que

temos consciecircncia de que muitas terminologias dentre elas a naacuteutica natildeo se encontram

marcadas Partimos portanto como jaacute mencionamos de um corpus dicionariacutestico referente agrave

terminologia naacuteutica que se intitula da liacutengua brasileira do iniacutecio do seacuteculo XIX e

posteriormente organizamos um corpus composto por 153 unidades leacutexicas constituiacutedo de

117 substantivos 3 adjetivos 32 verbos e 1 adveacuterbio

Feita a recolha os dados foram organizados em fichas lexicograacuteficas

56

IMAGEM 5 Obra utilizada digitalizada pelo APM

57

331 Fichas lexicograacuteficas

Para sistematizar e analisar os dados elaboramos uma ficha que chamamos de

lexicograacutefica para cada unidade leacutexica selecionada Nesta seccedilatildeo apresentaremos a

constituiccedilatildeo dessa ficha

(Nuacutemero da ficha)

Apresentaccedilatildeo do termo selecionado da obra em formato digital

Apresentaccedilatildeo do termo digitado

______________________________________________________________________

Registro em dicionaacuterios

rarrCunha

rarrBluteau

rarrMoraes e Silva

rarrLaudelino Freire

rarrAureacutelio

Abonaccedilatildeo do termo em Banco de Dados

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Origem

Figura 3 Ficha Lexicograacutefica

a) Do lado esquerdo na parte de cima apresentamos o nuacutemero da ficha lexicograacutefica em

negrito

b) Na primeira divisatildeo da ficha na parte superior destacamos a unidade lexical que seraacute

analisada colando natildeo soacute o termo mas todo o verbete copiado da versatildeo digital da

obra em seguida no lado esquerdo esse verbete eacute digitalizado objetivando desse

modo facilitar a leitura

c) Na segunda parte da ficha destacamos como cada um dos cinco dicionaacuterios consultados

definem o termo Quando isso natildeo ocorre ou seja quando um dos dicionaacuterios natildeo

registra o termo indicamos ldquonerdquo (natildeo-encontrado) no espaccedilo seguinte ao nome do

autor

d) Quando o termo eacute abonado pelo Banco de Dados do Projeto Dicionaacuterio Histoacuterico do

Portuguecircs do Brasil ndash seacuteculos XVI XVII XVIII constituiacutedo por textos da eacutepoca do

Brasil Colocircnia copiamos a abonaccedilatildeo no espaccedilo abaixo da linha pontilhada

e) A uacuteltima parte da ficha eacute composta por comentaacuterios e aponta ainda a origem do termo

Por meio das fichas consultando os autores das obras lexicograacuteficas

correspondentes a periacuteodos diversos podemos visualizar se a unidade lexical em estudo eacute ou

natildeo dicionarizada por um ou mais autores ou por nenhum deles e tambeacutem podemos

conhecer sua origem A ficha aponta ainda se o termo ocorreu ou natildeo no Brasil no periacuteodo

58

colonial Aleacutem de analisar o termo coletado a ficha lexicograacutefica constitui uma boa

ferramenta para nos auxiliar no trabalho de quantificaccedilatildeo e comparaccedilatildeo dos dados

Segue o modelo de uma ficha preenchida

Ficha 43

Calmaria s f (T Naut) Falta de vento

______________________________________________________________________

rarrCunha calma sf bdquogrande calor atmosfeacuterico geralmente sem vento‟ XV bdquoserenidade

sossego‟ 1813 Do it calma derivado do latim tardio cauma e este do grego kauma bdquocalor

ardente chama‟ [] calmaria sf bdquocalma‟ XVI

rarrBluteau Calmaricirca Tanquilidade das aguas do mar Malacia amp Fem Amanheceo o dia

ſeguinte em huma terrivel Calmaria Queirograves Vida do Irmatildeo Baſto pag 351

rarrMoraes e Silva calmaria sf de Naut Tempo de calma no mar em que o navio natildeo surde

ldquoestar o mar em calmariardquo []

rarrLaudelino Freire sf De calma + aria Cessaccedilatildeo do vento e do movimento das ondas

[]

rarrAureacutelio [ De calma + aria] Sf 1 Ausecircncia de ventos eou do movimento das ondas

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq

[] por cinco ou seis dias tivemos grandes calmarias trovoadas e chuveiros tatildeo escuros e

medonhos e tatildeo fortes ventos que era cousa despanto e no meio dia ficavamos numa noite

mui escura

PADRE FERNAtildeO CARDIM (1980) [1583] III - INFORMACcedilAtildeO DA MISSAtildeO DO P

CHRISTOVAtildeO GOUVEcircA AacuteS PARTES DO BRASIL - ANNO DE 83 - OU NARRATIVA

EPISTOLAR DE UMA VIAGEM E MISSAtildeO JESUIacuteTICA[A00_0751 p 142]

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Somente Moraes e Silva define calmaria como termo naacuteutico mas todos os

outros dicionaacuterios em suas definiccedilotildees remetem o significado desse termo a tempo e

atmosfera Origem italiana lt latina

FIGURA 4 Ficha Lexicograacutefica preenchida

Nesta parte de construccedilatildeo das fichas nos apoiamos em dicionaacuterios e banco de

dados tomamos como referecircncia o dizer de Bluteau (1712 v1) quando afirma que

As palavras natildeo significam por sua natureza mas por instituiccedilam dos homens amp

cada Naccedilatildeo assim barbara como polida deu principio amp sentido agraves palavras de

que usa Daqui nace que natildeo temos outra prova da propriedade das palavras que o

uso dellas amp deste uso natildeo hatilde evidencia mais certa amp permanente que a q nos fica

nas obras dos Autores ou manuscritas ou impressas

59

332 Sobre os dicionaacuterios consultados

Para a anaacutelise das unidades leacutexicas coletadas contamos com obras lexicograacuteficas

consideradas de referecircncia a saber

a) Vocabulario Portuguez e Latino de autoria de P Raphael Bluteau (seacuteculo XVIII)

Selecionamos esse dicionaacuterio por ser uma obra que contempla grande parte do leacutexico

da liacutengua portuguesa ateacute iniacutecio do seacuteculo XVIII aumentando e atualizando

aproximadamente em cinco vezes o vocabulaacuterio ateacute entatildeo dicionarizado conforme

destaca Verdelho33

e principalmente por ser reconhecido pelos estudiosos da aacuterea

como uma obra de referecircncia nos estudos lexicograacuteficos de liacutengua portuguesa De

acordo com Murakawa (2007 p173) a obra de Bluteau ldquonatildeo eacute uma obra lexicograacutefica

que trata apenas das palavras mas tambeacutem trata de coisas e por isso deve ser

considerada um dicionaacuterio ou um vocabulaacuterio enciclopeacutedicordquo De acordo com a

mesma autora ldquona maioria das vezes a informaccedilatildeo enciclopeacutedica completa a

informaccedilatildeo linguiacutestica das entradas e neste aspecto o Vocabulario se transforma num

repositoacuterio da cultura portuguesa e tambeacutem da cultura universalrdquo34

Ainda sobre a

importacircncia de termos selecionado essa obra que se organiza em torno de um corpus

real de liacutengua apoiamo-nos dizeres em Murakawa (2007 p 187)

Entre os inuacutemeros e variados meacuteritos que o Vocabulario possui um deles merece ser

ressaltado o iniacutecio de uma lexicografia portuguesa baseada em um corpus de

referecircncia organizado a partir de obras dos seacuteculos XV ao XVIII pertencentes aacutes

mais diversas aacutereas de conhecimento do periacuteodo de setecentos e o registro dessas

obras acompanhando os exemplos no interior dos verbetes indicando volume

paacutegina paraacutegrafo foacutelio e quando existia ateacute mesmo a ediccedilatildeo consultada

A composiccedilatildeo do Vocabulario constituiu um longo e conturbado

empreendimento que ocupou quase 50 anos da vida de Rafael Bluteau Na dedicatoacuteria a D

Joatildeo V Bluteau lembra a necessidade de uma obra que fizesse justiccedila agrave grandeza da liacutengua

portuguesa de Portugal e sobretudo do seu rei ldquoobjectivos que conferem ao Vocabulario

uma dupla funccedilatildeo poliacutetica pois para aleacutem de contribuir para a afirmaccedilatildeo do portuguecircs no

panorama linguiacutestico europeu concorre para a construccedilatildeo da imagem de um monarca

ilustrado e mecenasrdquo35

33

VERDELHO 2002 p 23 34

MURAKAWA 2007 p 186-187 35

SILVESTRE 2001 p 2

60

IMAGEM 6 O Vocabulario de Bluteau

61

b) Diccionario da Liacutengua Portugueza de autoria de Antoacutenio de Moraes Silva (seacuteculo

XIX) Tomando como base o Vocabulaacuterio Portuguez e Latino Moraes constroi seu

dicionaacuterio utilizando-se tambeacutem de obras de vaacuterios autores acrescentando outros

mais que P Raphael Bluteau o que talvez por influecircncia do Tribunal do Santo Ofiacutecio

e ainda pela censura literaacuteria tenham sido deixadas por esse uacuteltimo conforme

destaca Murakawa36

Segundo ainda essa autora37

ldquoo Diccionario de Moraes pode

ser considerado como o primeiro dicionaacuterio de uso da liacutengua portuguesa porque os

que o antecederam natildeo podem ser classificados de tal maneirardquo Nesta pesquisa

utilizamos para consulta o volume digitalizado da ediccedilatildeo de 1813

IMAGEM 7 O Diccionario de Moraes Silva

36

MURAKAWA 2007 p31 37

Op cit p119

62

c) O Grande e Noviacutessimo Dicionaacuterio da Liacutengua Portuguesa de Laudelino Freire

(primeira metade do seacuteculo XX) foi escolhido como obra de referecircncia da primeira

metade do seacuteculo XX por tratar-se de um dicionaacuterio que apresenta grande riqueza

vocabular por incluir muitas locuccedilotildees expressotildees e brasileirismos Laudelino de

Oliveira Freire seu autor nasceu em Lagarto SE em 26 de janeiro de 1873 e faleceu

no Rio de Janeiro RJ em 18 de junho de 1937 Formou-se em Direito em 1902 Foi

advogado jornalista professor poliacutetico criacutetico e filoacutelogo Eleito em 1923 para a

Cadeira n 10 na sucessatildeo de Rui Barbosa como membro da Academia Brasileira de

Letras laacute organizou trabalhos em lexicografia tendo apresentado em 1924 um plano

de dicionaacuterio de liacutengua portuguesa A comissatildeo encarregada desse dicionaacuterio foi

dissolvida em 1934 A obra (1939-1944) eacute publicaccedilatildeo poacutestuma composta em cinco

volumes impressa pela editora A Noite com a colaboraccedilatildeo de J L de Campos Vasco

Lima e Antocircnio Soares Franco Juacutenior

IMAGEM 8 Grande e Noviacutessimo Dicionaacuterio da Liacutengua Portuguesa de Laudelino Freire

d) Novo Dicionaacuterio Aureacutelio da Liacutengua Portuguesa de Aureacutelio Buarque de Holanda

Ferreira (2004) Optamos por essa obra pelo fato de este ser considerado como um

dicionaacuterio padratildeo da sociedade brasileira apresentando um vasto repertoacuterio lexical

incluindo grande nuacutemero de brasileirismos Eacute um dicionaacuterio que embora conte com

limitaccedilotildees apresenta grande nuacutemero de abonaccedilotildees de obras variadas exemplificaccedilotildees

exemplos baseados em linguagem falada e escrita indicaccedilatildeo da variabilidade

linguiacutestica no territoacuterio nacional aleacutem de concisatildeo e clareza nas definiccedilotildees

e) Dicionaacuterio Etimoloacutegico Nova Fronteira da Liacutengua Portuguesa de autoria de Antocircnio

Geraldo da Cunha Consta em nossa ficha esse dicionaacuterio com o objetivo principal

esclarecer a origem dos vocaacutebulos e a dataccedilatildeo aproximada da sua entrada na liacutengua

63

portuguesa Outra finalidade da escolha desse dicionaacuterio foi a de identificar as formas

variantes que tais vocaacutebulos adquiriram ao longo do tempo podendo com isso verificar

se algumas dessas formas coincidiam com aquelas encontradas no nosso corpus

Apoacutes a consulta a essas obras visando constatar se os termos selecionados

encontravam-se ou natildeo presentes nelas observando ainda suas origens e as marcas de uso

passamos posteriormente a consultar o Banco de Dados do Projeto Dicionaacuterio Histoacuterico do

Portuguecircs do Brasil ndash seacuteculos XVI XVII XVIII

333 Sobre o Banco de Dados

O Banco de Dados PDHPB CNPq integra o Projeto Dicionaacuterio Histoacuterico do

Portuguecircs do Brasil ndash seacuteculos XVI XVII XVIII e eacute constituiacutedo por uma base informatizada

que reuacutene textos do portuguecircs do Brasil ou sobre o Brasil colonial dos mais variados gecircneros

escritos por autores brasileiros e portugueses radicados no paiacutes desde o seacuteculo XVI

O Projeto Dicionaacuterio Histoacuterico do Portuguecircs do Brasil ndash seacuteculos XVI XVII XVIII

(DHPB) do Programa Instituto do Milecircnio ndash CNPq com sede na Faculdade de Ciecircncias e

Letras da UNESP (Universidade Estadual Paulista) Campus de Araraquara foi idealizado e

construiacutedo pela linguista Maria Tereza Camargo Biderman e com seu falecimento em 2008

estaacute sendo coordenado pela tambeacutem linguista Clotilde de Almeida Azevedo Murakawa Eacute um

projeto de um dicionaacuterio histoacuterico diacrocircnico portanto documental que tem como objetivos

especiacuteficos

1) reunir numa obra de consulta o leacutexico da liacutengua portuguesa que no periacuteodo do

Brasil Colonial fixou um repertoacuterio lexical que veio a constituir o portuguecircs

brasileiro 2) registrar as unidades lexicais substantivos adjetivos e verbos que

compotildeem a nomenclatura do Dicionaacuterio Histoacuterico 3) extrair dos contextos

inseridos no banco de dados todas as acepccedilotildees que a palavra-entrada ou lema

possui acompanhadas do contexto e de completa informaccedilatildeo bibliograacutefica 4)

registrar a data mais antiga que a entrada apresenta no conjunto de todos os

documentos que compotildeem o banco de dados38

Utilizando dois programas computacionais ndash o Philologic e o UNITEX 20 o

Banco de Dados do DHPB foi construiacutedo no Laboratoacuterio de Lexicografia da UNESP sede do

Projeto estabelecido o ano de 1500 com a carta de Caminha a dataccedilatildeo documental mais

antiga e o ano de 1808 data da chegada da famiacutelia real ao Brasil sua dataccedilatildeo mais perto da

contemporacircnea

38

MURAKAWA 2010 p 331

64

Sobre os textos utilizados eles se constituem os mais variados possiacuteveis

conforme nos aponta Murakawa (2010 p334)

Com relaccedilatildeo agrave tipologia das obras escolhidas haacute que se ressaltar que tendo em vista

os objetivos especiacuteficos do DHPB elas foram as mais variadas possiacuteveis obras dos

missionaacuterios viajantes na sua maioria jesuiacutetas que vieram em missatildeo catequeacutetica e

no Brasil se fixaram diaacuterios de navegaccedilatildeo como o de Pero Lopes de Sousa irmatildeo

de Martim Afonso de Sousa cartas de sesmarias roteiros descritivos da flora e

fauna brasileiras descriccedilotildees geograacuteficas cartas e sermotildees do PeVieira pregados

aqui no Brasil e de outros oradores sacros que para aqui vieram obras e

documentos que tratam do Estado do Gratildeo Paraacute durante a era pombalina obras

sobre a nobiliarquia paulistana atos de cacircmaras municipais documentos cartoriais

autos de devassas feitos durante a Inconfidecircncia Mineira processos inventaacuterios

testamentos alvaraacutes posturas bandos atos de doaccedilotildees de terras casas e terrenos

cartas de ofiacutecio patentes cartas dos governadores gerais provisotildees documentos

forenses constituiccedilotildees dos bispados no Brasil regimentos militares obras sobre

medicina farmaacutecia agricultura etc e muitas outras num conjunto que pode ser

considerado ldquomonumentalrdquo para os fins a que foi proposto

Contando com aproximadamente 7 milhotildees e 500 mil ocorrecircncias esse Banco de

Dados por noacutes consultado permitiu que dele extraiacutessemos as unidades lexicais comuns aos

153 termos constantes no nosso corpus em estudo

A utilizaccedilatildeo do Banco de Dados do Projeto DHPB permitiu que conferiacutessemos se

os termos que compotildeem nosso corpus se encontram contextualizados em textos do periacuteodo

colonial brasileiro e ainda que observaacutessemos suas variaccedilotildees

Depois de explicitarmos as posiccedilotildees teoacutericas adotadas e os meacutetodos e

procedimentos de que lanccedilamos matildeo nesta pesquisa passemos no proacuteximo capiacutetulo agrave

descriccedilatildeo e anaacutelise dos dados catalogados em fichas lexicograacuteficas

65

Capiacutetulo 4

66

Capiacutetulo 4 ndash Apresentaccedilatildeo e Descriccedilatildeo dos Dados

Conforme jaacute relatado no Capiacutetulo 3 para cada um dos 153 termos marcados

como ldquotermo naacuteuticordquo no dicionaacuterio DLB construiacutemos uma ficha lexicograacutefica Essa ficha

nos daacute vaacuterias informaccedilotildees 1) transcreve o verbete selecionado do DLB 2) aponta sua origem

3) mostra se o dado selecionado eacute considerado ldquotermo naacuteuticordquo pelos lexicoacutegrafos a) Bluteau

(seacutec XVIII) b) Moraes e Silva (seacutec XIX) c) Laudelino Freire (seacutec XX) d) Aureacutelio (seacutec

XXI) 4) indica por meio de abonaccedilotildees se o termo em estudo ndash na forma apresentada pelo

dicionaacuterio em anaacutelise ou em suas variantes ortograacuteficas e foneacuteticas ndash consta no Banco de

Dados do Projeto Dicionaacuterio Histoacuterico do Portuguecircs do Brasil ndash seacuteculos XVI XVII XVIII

que reuacutene textos escritos por brasileiros ou sobre o Brasil durante o periacuteodo colonial 5)

realizam-se comentaacuterios com o objetivo de fornecer esclarecimentos para posterior anaacutelise

A seguir listamos essas fichas em ordem alfabeacutetica

A

Ficha 1

[]

rarrAba sf [] No plural (T naut) os lados dos machos e femeas em que gira o leme e que

estatildeo pregados no navio e no leme

________________________________________________________________ rarrCunha aba

1 sf bdquoparte pendente de um objeto‟l XIII abaa XIV l De origem duvidosa

talvez se filie ao lat ălăpa atraveacutes de uma forma ăpăla como se poderia depreender do port

ant abaa []

rarrBluteau Diz-ſe da extremidade ou de algum acrecentamento na extremidade de couſas

naturaes ou artificiaes como em obras de marcenaria carpintaria amp outras []

rarrMoraes e Silva natildeo consta com essa acepccedilatildeo

rarrLaudelino Freire sf [] 4 Os lados de uma cousa as metades as partes laterais as

bandas aba da focirclha da janela etc

rarrAureacutelio [] 3 Prolongamento ger dobraacutevel de tampo de mesa ou de outros moacuteveis []

8Fig Proteccedilatildeo amparo arrimo

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo existem ocorrecircncias de aba como termo

naacuteutico

_______________________________________________________________ Comentaacuterios nenhum dos dicionaacuterios define aba como termo naacuteutico Origem duvidosa

(latina)

67

Ficha 2

Abotoadura sf [] No plur (T naut) As peccedilas de ferro que estatildeo debaixo das mezas e

seguratildeo as enxarcias com suas bigotas Abotucaduras parece ser corrupccedilatildeo deste vocabulo ______________________________________________________________________

rarrCunha abotoado ndashadura -amento -ar rarr BOTAtildeO [] Do a francecircs AbotoADURA

1813 botoadura XIV

rarrBluteau Abotoadugravera (Termo de navio) Satildeo huns ferros que vem debaxo das mezas de

guarniccedilatildeo amp tem matildeo na enxarcia com ſuas bigotas

rarrMoraes e Silva abotoaduacuteras s f pl naut Peccedilas do navio de ferro que vem debaixo das

mezas de guarniccedilatildeo e tem matildeo na enxarcia com suas bigotas

rarrLaudelino Freire sf De abotoar + dura Ato de abotoar []Jocircgo de bototildees que se

tomam no aparelho do navio com linha alcatroada em forma de cruz etc ABOTOADURAS

sf pl O mesmo que abatocadurasABATOCADURAS sf pl De abatocar + dura ndash s Naacuteut

Nome geneacuterico que designa as cadeias chapas e cavilhas que seguram as mesas das enxaacutercias

reais contra o costado do navio Var morf Batocaduras

rarrAureacutelio [De abotoar + -dura] SF Marinh Conjunto de bototildees que ligam dois cabos ou

duas pernadas do mesmo cabo

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo existem ocorrecircncias de abotoadura

abotoaduras abotucaduras abatocaduras como termo naacuteutico

______________________________________________________________________

Comentaacuterios todos os dicionaacuterios consultados apresentam abotuadura(s) como termo

naacuteutico ou da marinha ou de navio Origem francesa

Ficha 3

Abroquelar va cobrir com broquel (T nau) Bracear por sota vento ao virar de bordo

depois de ter dado geito ao braccedilo do velaxo por barlavento

______________________________________________________________________

rarrCunha abroquelar BROQUEL sm bdquoescudo antigo redondo e pequeno‟bru- XVIDo a

francecircs bocler (hoje bouclier) de bocle bdquoguarniccedilatildeo de metal no centro do escudo‟ e este do

latim bŭcŭla dim de bucca bdquoboca‟ AbroquelAR XVII abru- XVI

rarrBluteau natildeo consta

rarrMoraes e Silva ABROQUELAacuteR vat Cobrir com broquel sect __se no f guardar-se

forrar-se emparar-se Arte de furtar p 322

rarrLaudelino Freire ABROQUELAR Naacuteut Bracear por sotavento ao virar de bordo depois

de ter dado jeito ao braccedilo do velacho por barlavento

rarrAureacutelio [De a-2 + broquel + -ar

2] [] 2 Resguardar ou cobrir com broquel ou escudo 3

Fig Proteger defender resguardar escudar []

68

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo existem ocorrecircncias de abroquelar como

termo naacuteutico

______________________________________________________________________

Comentaacuterios somente Laudelino Freire aponta abroquelar como termo naacuteutico Sua

definiccedilatildeo eacute idecircntica agrave do DLB Origem francesa

Ficha 4

[]

Accedilafratildeo sm ndashotildees no plur [] T Naut o largo do leme justo ao couce que serve para

facilitar o movimento delle

______________________________________________________________________

rarrCunha sm bdquoplanta da fam das iridaacuteceas‟ ccedilaffram XIV Do aacuterabe az-zafaran rarrBluteau AacuteCAFRAM [] do Arabico Zabafaran[] Accedilafratildeo (Termo de naacutevio) He o

largo do leme junto agrave patelha amp ſerve para facilitar o movimento do meſmo leme

rarrMoraes e Silva ACcedilAFRAtildeO sm t naut O largo do leme junto agrave patelha o qual serve

para facilitar o seu movimento

rarrLaudelino Freire ACcedilAFRAtildeO sm Aacuter Azzaferan Planta bulbosa da famiacutelia das iridaacuteceas

(Crocus sativus) Naacuteut Madeira exterior larga junto a palhecircta do leme ao qual facilita os

movimentos

rarrAureacutelio accedilafratildeo [Do aacuter az-zalsquofarăn do persa] Sm Bot Planta herbaacutecea da famiacutelia das

iridaacuteceas (Crocus sativus) de procedecircncia europeia e possuidora de um bolbo perene 2 Bot

A flor dessa planta accedilaflor 3 Bras V urucu1 (2)

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo apresenta ocorrecircncia para accedilafratildeo como

termo naacuteutico

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Aureacutelio e Cunha soacute definem accedilafratildeo como nome de planta Os outros

dicionaacuterios apontam accedilafratildeo como 1) nome de planta 2) termo naacuteutico Origem aacuterabe

Ficha 5

Agarruchar va (T naut) atar com garruchas

______________________________________________________________________

rarrCunha Garrocha gt garra ceacuteltico

rarrBluteau AGARROCHAR Ferir com garrocha Jaculo figere transfigegravere transverberare

Vid Garrocha

rarrMoraes e Silva AGARRUCHAR v at Naut Apertar atar com garruchas [] mesuraratildeo

as velas e agarruchaacuteratildeo os papafigos

rarrLaudelino Freire AGARROCHAR v tr dir De a + garrocha + ar Ferir com garrocha

farpear Instigar excitar incitar estimular AGARRUCHADO adj p p de agarruchar1

Naacuteut Apertado com garruchas AGARRUCHAR [] Ant Naacuteut Atar ou apertar com

garruchas

rarrAureacutelio agarruchar [De a-2+ garrocha + -ar

2 ] V td 1 Apertar ou atar com garrucha (2)

[Cf agarrochar e agarrunchar] agarrochar [De a-2

+ garrocha + -ar2

] Vtd 1 Ferir ou

picar com garrocha garrochar 2 Incitar estimular 3 Atormentar mortificar []

agarrunchar [] Vtd Ligar com garruncho []

69

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo apresenta ocorrecircncia para agarruchar

como termo naacuteutico

_____________________________________________________________________

Comentaacuterios Moraes e Silva e Laudelino Freire apontam agarruchar como termo naacuteutico

Origem duvidosa (ceacuteltico)

Ficha 6

Alcaxas sf (T naut) Espaccedilo entre cinta e cinta do navio

______________________________________________________________________

rarrCunha natildeo consta

rarrBluteau T de navio He tomado o vatildeo entre cinta amp cinta da banda de fora da nao

rarrMoraes e Silva sf pl t naut O vatildeo entre cinta e cinta pelo costado do navio

rarrLaudelino Freire ALCAXAS sf O mesmo que alcaichaALCAIXA Naacuteut 1 Espaccedilo

entre as cintas e verdugas por fora dos navios 2 Faixa branca pintada na altura da bateria

pela parte exterior 3 Uma ou mais ordens de debrum branco no colarinho das camisas dos

marinheiros

rarrAureacutelio natildeo constam os lemas alcaicha alcaxa alcaixa alcaxas

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo apresenta o termo alcaxas e suas

variantes

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Bluteau Moraes e Laudelino apresentam alcaxas como termo naacuteutico

Origem controvertida (Houaiss 2001)

Ficha 7

Aldrope sm (T nautico) cabo que se ata agrave manga da bomba V Gualdrope

Gualdrope sm Cabo que se ata no extremo da cana do leme e nas amuradas para o governar

melhor

______________________________________________________________________

rarrCunha aldrope- sm bdquocabo com que se puxa a picota da bomba a bordo ou se auxilia o

governo do leme‟l aldrope XVI gualdrope XVIII l Do ing guide-rope provavelmente

rarrBluteau ALDROPE (Termo de navio) Vid Gualdrope Sem largarem os Aldropes das

bombas das matildeos de dia nem de noite

rarrMoraes e Silva ALDROacutePE sm Cabo que se ata aacute manga da bomba para augmentar a

forccedila ou para poderem zonchar mais pessoas Couto 415sect Talvez se toma poacutelo manuacutebrio ou

manga e seraacute o mesmo que Gualdrope cabo que se ata ao leme para o segurar melhor e

governa-lo Idem 7103

rarrLaudelino Freire ALDROPE sm O mesmo que galdropeGaldrope sm Naacuteut Cabo

com que se puxa a picota da bomba a bordo ou se auxilia o governo do leme

rarrAureacutelio aldrope- (Galdrope [Do ing guide rope]) Sm Constr Nav Ant V gualdrope

Gualdrope [Var De galdrope lt ingl guide-rope] Sm Const Nav 1 Corrente cadeia ou

cabo de arame que transmite agrave cana do leme os movimentos da roda do leme [] 2 Nas

embarcaccedilotildees miuacutedas cada um dos cabos presos agraves duas pontas da meia-lua do leme para

manobra deste

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo constam aldrope e suas variantes

______________________________________________________________________

70

Comentaacuterios Em todas as obras consultadas aldrope e gualdrope satildeo termos ligados a arte

de navegaccedilatildeo Origem inglesa

Ficha 8

Alestar va Por lesto Ter prestes ccedilafar entre os naacuteuticos

______________________________________________________________________

rarrCunha alestar natildeo consta Lesto de origem obscura

rarrBluteau LESTO O meſmo que leſtes Vid No ſeu lugar (De maneira que ficou leſto o

navio Britto Viagem do Braſil pag 85) LESTES amp preſtes Preparado poſto em ordem

couſa prompta para algum fim Paratus a um Cic Vid Preſtes

rarrMoraes e Silva ALEacuteSTAR vat fazer lesto desembaraccedilar Amaral f51v mandou alestar

as peccedilas do leme que vinhatildeo recolhidas ieacute ter prestes safar se natildeo eacute erro por assestar

rarrLaudelino Freire ALESTAR vrv De a + lesto + ar Tornar lesto pronto ou

desembaraccedilado (tr dir pr) ldquoAlestar os empregadosrdquo ldquoMinerva o enrija e alestardquo (Odorico

Mendes) ldquoAleste-se

rarrAureacutelio ALESTAR [De a-2 + lesto + -ar

2] []1 Tornar(-se) lesto apressar(-se) ativar(-

se)

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq

Cinco dias se deteve a caravela em Cabo-Verde os quaes acabados levou ferro e se pocircz

lesta a seguir viagem aos 26 do mesmo Dezembro []

PADRE JOSEacute DE MORAES (1860) [1759] LIVRO III - ENTRADA DA COMPANHIA DE

JESUS NA CAPITANIA DO GRAtildeO-PARAacute - CAP X - FELIZ VIAGEM PARA A MISSAtildeO DO

MARANHAtildeO DO GRANDE PADRE ANTONIO VIEIRA GRANDE EMBARACcedilO QUE TEVE

ANTES DA SUA PARTIDA PODERES E MERCEcircS COM QUE O DESPEDIO O PIISSIMO E

SEMPRE AUGUSTO REI O SR D JOAtildeO IV [A00_0279 p 281]

______________________________________________________________________

Comentaacuterios nenhum dos dicionaristas apontam alestar como termo naacuteutico embora

Bluteau e Moraes apresentem abonaccedilotildees indicando que esse lexema remete ao universo

mariacutetimo Origem obscura

Ficha 9

[]

Alforge sm [] Alforges no Navio he a parte da poppa nos encontros e a reacute com humas

janellas para os lados que lhe servem de ornato

______________________________________________________________________

rarrCunha alforje sm ldquoduplo saco fechado nos extremos e aberto no meio‟ 1899 alforge

XVI alforja 1871 l Do ar Al- hurğ

rarrBluteau ALFORGE ou Alforges he huma eſpecie de ſacola de couro ou de outra mateacuteria

dividida em duas algibeiras em que ſe mete alguma proviſaotilde neceſſaria para a jornada amp nas

beſtas ſe potildeem nas ancas ou de huma amp outra parte do arccedilaotilde da ſella amp na gente de pegrave ſe

carrega nos ombros co hua parte ao peito amp outra agraves coſtas Derivaſe Alforge do Araacutebico

Ahfodia amp do verbo Ahfad que valo meſmo que guardar porque no Alforge guarda o

viandante o que leva para o ſeu ſuſtento []

rarrMoraes e Silva Apresenta alforje mas natildeo como termo naacuteutico

71

rarrLaudelino Freire ALFORJE sm Ar Al-khurj [] ALFORJES s m pl Naacuteut Saliecircncias

nos dois cantos da pocircpa

rarrAureacutelio alforge ou alforje- s m [Do aacuter al-hurğ] 1 Duplo saco fechado nas extremidades

e aberto no meio formando como que dois bornais que se enchem equilibradamente sendo a

carga transportada no lombo de cavalgaduras ou ao ombro de pessoas []

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo apresenta ocorrecircncias para alforje alforge

como termo naacuteutico

______________________________________________________________________

Comentaacuterios dentre os dicionaristas consultados somente Laudelino Freire aponta alforjes

(na forma plural) como termo naacuteutico Origem aacuterabe

Ficha 10

Almeida sm (T naut) O vatildeo por onde entra a cana do leme acima do cadaste

______________________________________________________________________

rarrCunha almeida sf bdquoabertura por onde entra a cana do leme‟ XVI De origem controvertida

rarrBluteau Almeida do leme ou almeida da nao He por onde entra a cana do leme por cima

do cadaſte Naotilde ſei que tenha nome proprio latino Calcule pella Almeida da nao abaixo em

bergantim Barros Decad 2 fol68 col2

rarrMoraes e Silva ALMEIDA sft de Naut O vatildeo por onde entra a cana do leme por cima

do cadaste A almeida do leme Barros

rarrLaudelino Freire ALMEIDA s f Ar Almayda Naacuteut Abertura ou vatildeo por onde entra a

cana do leme acima do cadaste parte cocircncava da popa do navio

rarr Aureacutelioalmeida S f Constr Nav 1 Parte curva do costado dos antigos navios de popa

quadrada logo abaixo do painel da popa e que com este forma acircngulo obtuso ou uma

curvatura

rarr Banco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo apresenta ocorrecircncias para almeida como

termo naacuteutico

______________________________________________________________________

Comentaacuterios todas as obras indicam almeida como termo naacuteutico Origem aacuterabe (Sousa

amp Moura)

Ficha 11

Amura sf (T naut) cabo grosso que prende nos punhos das vegravelas e se fixatildeo na amurada

______________________________________________________________________

rarrCunha muro sm Amura sf bdquotipo de cabo naacuteutico‟ XVI Der Regress De amurada

rarrBluteau Amugravera Termo de navio He hum cabo groſſo que vai do punho da vela grande amp

do traquete a borda da nao para eſtender as velas quando o vento he eſcaſſo Naotilde tem palavra

propria latina

rarrMoraes e Silva AMURA s f t naut A quadra de proa nas embarcaccedilotildees Cast 2 c 101 sect

it Cabo que prende em uma ponta da vela grande e a vem fixar na borda ou amurada da naacuteo

rarrLaudelino AMURA s f Cabo com que se mareiam os papafigos e as velas menores

cutelos e varredouras 2 Quadra da proa

rarrAureacutelio amura [Der regress de amurada] S f 1 Constr Nav Bochecha (3) 2Marinh

Cabo com que se puxa para vante o punho de barlavento de uma vela redonda de modo que

ela receba bem o vento 3 MarinhCabo com que se prende ao mastro ou na direccedilatildeo da proa

o punho da amura de uma vela latina

72

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo conteacutem o termo amura Origem

portuguesa lt latina

Ficha 12

Amurada s f (T naut) A parte exterior e interior do navio onde se fixatildeo as amuras

______________________________________________________________________

rarrCunha amura -ada ndash MURO sm bdquoparede forte que circunda um recinto ou separa um

lugar do outro‟ fig defesa proteccedilatildeo XIII Do latim murus ndashi Amura sf 1tipo de cabo

naacuteutico‟ XVI Der Regress de AmurADA sf 1face interna do costado de uma embarcaccedilatildeo‟

XVI []

rarrBluteau AMURADAS da nao caravela ou outra Embarcaccedilaotilde Saotilde mais altos da parte de

dentro Latera navis interiora Nas Amuradas das caravellas Damiaotilde de Goes Fol 70 col 3

rarrMoraes e Silva AMURAacuteDA s f A parte mais alta dos bordos da natildeo onde se fixatildeo as

amuras Goacutees Cron Man 70 sect O costado do navio pola parte de dentro ldquo encostar-se nas

amuradasrdquo correu o canhatildeo contra a amurada de bombordordquo

rarrLaudelino Freire AMURADA s f De amura + ada Prolongamento do costado do navio

acima da parede interna do casco

rarr Aureacutelio [F subst de amurado]S f 1 Constr Nav Face interna do costado de uma

embarcaccedilatildeo2 Constr Nav Prolongamento do costado da embarcaccedilatildeo acima do conveacutes

descoberto borda da embarcaccedilatildeo 3 P ext Muro de arrimo paredatildeo

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq

Muito conʃiderada ʃeragrave a eleiccedilatildeo dos Cabos para aʃsiʃtir agrave polvora trazer cartuxos apagar

fogo cudado da artelharia do arpeo amp ronda das amuradas com lenternas em vigia das

balas ao lume da agoa para as tomarem por dentro

FRANCISCO DE BRITO FREYRE (1655) [1655] SENHOR () [A00_2496 p 61]

______________________________________________________________________

Comentaacuterios todas as obras consultadas apresentam amurada ou amuradas como termo

naacuteutico Origem portuguesa lt latina

Ficha 13

Anrique sm (T naut) Corda em que a boia se prende aacute ancora

______________________________________________________________________

rarrCunha consta ourinque sm bdquoespeacutecie de espinhel‟ l XVI ourinquis pl XV l O voc port

talvez se relacione com o cast orinque o a cat orri e o fr orin todos derivados do neerl

ooring bdquoanel que sutenta o cabo das embarcaccedilotildees‟

rarrBluteau ANRIQUE da Anchora He huma corda que ſe amarra na unha da Anchora amp

vem acima da agoa amp na ponta ſe lhe potildeem huma boya Serve paraq cortandoſe a amarra

com que a nagraveo eſta amarrada ſe vacirc depois buſcar a Ancora Naotilde tem palavra proacutepria latina Na

Historia de Fern Mendes Pinto fol 262 col2 eſta erradamente Ourique em lugar de

Anrique

rarrMoraes e Silva ANRIacuteQUE s m t de Naut Corda com que se prende a boya aacute unha da

ancora

rarrLaudelino Freire ANRIQUE s m Corda com que se prende a boacuteia agrave unha da acircncora

rarrAureacutelio arinque1 [Var de ourinque (q v)]Sm Marinh1Linha que prende o ferro a uma

boacuteia para indicar a posiccedilatildeo daquele quando se encontra fundeado ourinque anrique arinque2

S m Bras SC 1 Espeacutecie de espinhel

73

rarr Banco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo conteacutem o termo anrique

______________________________________________________________________

Comentaacuterios todos os dicionaacuterios apresentam anrique como termo naacuteutico Origem

castelhana (orinque) lt neerlandesa (ooring)

Ficha 14

Arfar va (T Naut) Metter o navio hora a proa hora a poppa

______________________________________________________________________

rarrCunha arfar vb bdquorespirar com dificuldade ansiar ofegar‟ XVI Talvez do lat vulg

arefāre (claacutess arefacegravere bdquosecar‟) arfANTE 1899

rarrBluteau ARFAR (Termo Nautico) Arfar a naacuteo Levantar a naacuteo com alternadas agitaccediloens

a popa amp a proa Arfa a nao [] A grande capitania que recebe Com aproa ogroſſo mar que

Arfando (bebePereira Ulyſſca Cant 5 oit 16Arfar []

rarrMoraes e Silva ARFAR v n Balancear erguendo-se e tombando ou pendendo a naacuteo

Euf 25 B 3 7 sect Arfar o cavalo empinar-se por-se em femeas sect fig Restituir-se a cima a

coisa elastica acurvada v g as tranccedilas da palmeira arfatildeo com algum peso

rarrLaudelino Freire ARFAR v r v Naacuteut Balancear ou oscilar o navio abaixando ora a

popa ora a proa jogar (intr) ldquoNo oceano arfam trecircs caravelasrdquo (Pocircrto Alegre) ldquoQue importa

a borrasca se a nau tem a prende-la os rijos dentes de ferro da acircncora

rarrAureacutelio arfar [Do lat vulg arefare ltlat arefacere secar poss] [] 4Mar Balouccedilar

oscilar (a embarcaccedilatildeo) no sentido longitudinal erguendo a proa []

rarr Banco de dados do Projeto DHPBCNPq

As naus entre montanhas de mar ainda quando arfavam mal se viam

JOSEacute ALVARES DE OLIVEIRA (1981) [nd] HISTOacuteRIA DO DISTRITO DO RIO DAS

MORTES SUA DESCRICcedilAtildeO DESCOBRIMENTO DAS SUAS MINAS CASOS NELE

ACONTECIDOS ENTRE PAULISTAS E EMBOABAS E CRIACcedilAtildeO DAS SUAS

VILAS[A00_0395p95]

______________________________________________________________________

Comentaacuterios todos os dicionaacuterios apresentam arfar tambeacutem como termo naacuteutico

Origem duvidosa (latim vulgar)

Ficha 15

Arriar v a (T Naacuteutico) Abaixar ou alargar a vela a bandeira etc

____________________________________________________________________

rarrCunha arriar vb bdquoabaixar descer ( o que estava suspenso ou levantado)‟ XVI Do cast

arriar deriv Do lat arrēdāre ldquopreparar dispor‟ Cp ARREAR

rarrBluteau ARRIAR ou Arrear (Termo Nautico) Alargar abater amp Arriar a eſcota He

alargar a ditta corda paraque naotilde tome a vela tanto vento Verjoriam laxare Arrias velas V

Amainar O que eſtiver de ſotavento Arrie o velacho Britto Viagem do Brazil pag 268

Arriar a bandeira Abaxalla Bellicum vexilium demittere (mitto ) pondolhe a proa com

a bandeira que Arriaracirc amp iſſaracirc com eſpaccedilo Britto Viagem do Braſil paacuteg 269

rarrMoraes e Silva ARRIAacuteR v at Abater amainar vg arriar as bandeiras velassect

Afroixar vg arriar as escotas para que a veacutela natildeo vaacute tatildeo enfunada sect Arriar-se segurar-se a

cabo para se alar para algum posto Cast 2 157

rarrLaudelino Freire ARRIAR vr 2ordf- Arriar eacute abaixar e em sua origem tecircrmo naacuteutico

Arriar a vela ( ad-retro ad-retrare cf francecircs cognato arriegravere)

74

rarrAureacutelioarriar [Do cat arriar] Verbo transitivo direto1Abaixar descer (o que estava

suspenso ou levantado) [] 4Marinh Deixar correr pouco a pouco (um cabo que aguenta um

peso)

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq

O que deʃcubrir vellas amp natildeo forem das noʃʃas tiraragrave hũa peʃʃa ʃeguindo-as com o farol aʃezo

para o acompanharem os mais Se as eʃtrangeiras paʃʃarem de duas tantas vezes como forem

as embarcaccedilotildees iʃʃaragrave amp arriaragrave hum farol de correr junto ao principal para advertirʃe que

eʃte movimento natildeo he do mar amp deʃparando hũa peʃʃa a Capitana volte aviʃala

FRACISCO DE BRITO FREYRE (1655) [1655] SENHOR [A00_2496 p 59]

______________________________________________________________________

Comentaacuterios todos os dicionaacuterio apesentam arriar entre outras acepccedilotildees como termo do

universo mariacutetimo acima consultados Origem castelhana

Ficha 16

[]

Arruella sf [] (T Nautico) Argolinhas de ferro

_____________________________________________________________________

rarrCunha arruela sf bdquochapa com furo circular pelo qual se introduz o parafuso a fim de que a

porca natildeo desgaste a peccedila que vai ser aparafusada‟ XV rroela XIV Do ant fr roelle (hoje

rouelle) deriv Do lat tard rotella dim De rǒta bdquoroda‟

rarrBluteau ARRUELAS Arruelas (Termo de Navio) Saotilde humas argolinhas de ferro que ſe

metem nas cavilhas ate ajuſtar o buraco para ſe lhe meter a chaveta Naotilde tem termo proprio

Latino

rarrMoraes e Silva (arrueacutella) [] t de Naut Arruellas satildeo argolinhas de ferro que se mettem

na cavilha ate ajustar o buraco para se lhe metter a chaveta aninas lhe chamatildeo nos engenhos

d‟assucar

rarrLaudelino Freire ARRUELA sf Fr Ant roele Circunferecircncia em forma de moeda em

escudos heraacuteldicos 3 Pedaccedilo redondo de prata que se obteacutem vazando a prata fundida no

tijolo 4 Chapa de ferro na ponta da cavilha 5 Arco de ferro para apertar ou reforccedilar

usado em construccedilotildees navais

rarrAureacutelio arruela [De ar-4 + ruela

2] sf 1Chapa redonda de accedilo com furo circular na qual

se mete o parafuso a fim de que a porca natildeo desgaste a peccedila que vai ser aparafusada 2Heraacuteld

Besante de brasatildeo roel 3Pedaccedilo de prata lavrado em tijolo

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq

As aſpas da Roda larga amp grande ſuſtentaotilde aos arcos o

interior da meſma Roda entre os dous arcos della aſſegurados cotilde muitas cavilhas de ferro amp

com ſuas arruellas amp chavetas meti

ſuas voltas ſegura

ANDREacute JOAtildeO ANTONIL (1711) [1711] LIVRO II - CAPITVLO I - DA EſCOLHA DA

TERRA PARA PLANTAR CANNAS DE AſſUCAR amp PARA OS MANTIMENTOS

NECEſſARIOS amp PROVIMENTO DO ENGENHO [A00_2577 P 48]

______________________________________________________________________

Comentaacuterios de todos os dicionaacuterios acima consultados soacute o Aureacutelio natildeo apresenta arruela

como termo naacuteutico Origem francesa

75

Ficha 17

Avencadura ou Ovencadura (T naut) Enxarcia real

______________________________________________________________________

rarrCunha Natildeo constam avencadura e ovencadura Consta oveacutem sm bdquo(Marinh) cordas

grossas de navio‟ 1813 Do a fr hobent (ou hobenc) deriv do escandinavo ant houmlfuđbendur

(pl de houmlfuđbenda) de benda bdquocorda‟ e houmlfuđ bdquocabeccedila‟

rarrBluteau AVENCADURA Avenccediladugravera (Termo de Marinhagem) Chamaotilde-lhe outros

Enxarcia Real Vid Ovencadura Qual voltando pela Avencadura Na antena mayor contra a

procella A vela grande quer ver amainada Inful De Man Thomas livro 2 oit 86

rarrMoraes e Silva AVENCADURA V Ovencadura Enxarcia real T de Naut

OVENCADUacuteRA (ovencaduacutera) s f t de Naut A enxarcia real o feixe ou totalidade dos

ovens OVEacuteM (oveacutem) s m t de Naut Nome commum a todo cabo que serve de ter matildeo nos

mastros descendo das gargantas dlsquoelles ate aacutes mesas de guarniccedilatildeo

rarrLaudelino Freire AVENCADURA s f Ant O mesmo que ovencadura

OVENCADURA s f Naacuteut Conjunto de oveacutens a enxarcia real OVEacuteM s m Antfr hauban

Naacuteut Cada um dos cabos que aguentam os mastros para a borda

rarrAureacutelio natildeo constam avencadura e ovencadura Consta oveacutem Oveacutem [Do escand ant

houmlfudbendur pelo fr ant hobent ou hobene] Substantivo masculino 1Constr Nav Cada

uma das pernadas da enxaacutercia Desarmam o toldo de lona agrave proa [] colhem os guardins as

enxaacutercias os oveacutens os brandais todo o cordame em suma capaz de ser tocado pela ramaria

do arvoredo debruccedilado na calha (Raimundo Moraes Na Planiacutecie Amazocircnica p 77)

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq

Que experimentamos jaacute quando noutra jornada do Braſil padecernos nelle hum horrivel

naufragio De preſente pela forccedila com que jugava ſurto na Ilha da Madeira abrio o calcegraves

por duas partes rebentando o eſtay mayor amp muita avencadura

FRANCISCO DE BRITO FREYRE (1655) [1655] SENHOR [A00_2496 p 14]

______________________________________________________________________

Comentaacuterios de todos os dicionaacuterios acima consultados soacute o Aureacutelio natildeo apresenta

avencadura ovencadura Os outros apresentam esse lexema como termo naacuteutico Origem

francesa

B Ficha 18

Banzeiro adj (T Naut) Diz-se do mar quando natildeo faz grandes ondas e do jogo que anda

igual para os parceiros

______________________________________________________________________

rarrCunha banzar bdquoespantar pasmar surpreender‟ 1813 Do lat bilanceare de bilancia

bdquobalanccedila‟ Do significado primitivo de bdquooscilar mover-se como balanccedila‟ passaria ao de

ondear‟ de que resultaria o de bdquoficar estonteado‟ [] banzeiro XVI

rarrBluteau BANZEIRO Inquieto Mal ſeguro Mar banzeiro nem quieto nem tormentoſo

[] Mas como o mar com a calamaria andave Banzeiro Barros I Decfol27colI []

rarrMoraes e Silva BANZEgraveIRO adj t de Naut Diz-se do mar que natildeo tem ondas mas que se

agita vagarosamente []

76

rarrLaudelino Freire banzeiro adj Diz-se do mar quando faz pequenas ondas e se agita

vagarosamente []

rarrAureacutelio Adjetivo 1 Diz-se do mar que se agita vagarosamente e em pequenas ondas []

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq

Os mesmos remos padeceratildeo tantas falhas no seu exerciacutecio quantas forem as inconstacircncias

assim no mar como dos navios inquietos e inclinados jaacute para um e para outro lado nos

mares banzeiros e muito mais nos alterados e assim muitas e muitas vezes natildeo chegaratildeo a

aacutegoa e circularatildeo em seco apontando os ares mas natildeo virando os mares

PADRE JOAtildeO DANIEL (1976) [1757] PARTE SEXTA - DO TESOURO DESCUBERTO NO

RIO MAXIMO AMAZONAS - CONTEacuteM INVENTOS UacuteTEIS E CURIOSOS PARA A MELHOR

FAZENDO NAVEGACcedilAtildeO PROacuteSPEROS TODOS OS VENTOS AINDA OS MAIS

PONTEIROS E CONTRAacuteRIOS E PARA FAZER NAS CALMARIAS BOA VIAGEM COM

NOVA INVENCcedilAtildeO DE REPRESAR AS MAREacuteS PARA MOEREM FAacuteBRICAS E INGENHOS

DE MOTO CONTIacuteNUO ACCRESCEM ALGUMAS OUTRAS IDEacuteAS DE INGENHOS

MANUAES PARA SERRAR MADEIRA FAZER ACcedilUacuteCAR E MUITOS OUTROS NAtildeO

MENOS CURIOSOS QUE UacuteTEIS A VIDA HUMANA - CAP 2deg - SOBRE A MESMA

MATEacuteRIA DO PRIMEIRO INVENTO [A00_1965 p 393]

______________________________________________________________________

Comentaacuterios todos os dicionaacuterio apesentam banzeiro entre outras acepccedilotildees como termo do

universo mariacutetimo Origem portuguesa lt latina

Ficha 19

Barbear va Fazer as barbas a algueacutem vn (T Naut) Estar prezo

______________________________________________________________________

rarrCunha barba ndash sf bdquocabelos do rosto do homem‟ XIII Do lat barba ndashae []

rarrBluteau BARBEAR Fazer a barba Cic Barbear (Termo Nautico) Barbeando os navios

ſobre as amarras trinta amp outo dias Britto Viagem do Braſil pag 180

rarrMoraes e Silva BARBEacuteAR vat Fazer as barbas a alguemsect vnt de Naut estar

abarbado preso vg barbeando os navios sobre a amarra Brito Viag

rarrLaudelino Freire BARBEAR vrv De barba + ear Fazer ou talhar as barbas a (tr dir

pr) [] 2 Abarbar (o cavalo) para medir a alccedilada (tr dir) [] 3Amarrar (tr dir)

rarr Aureacutelio barbear [De barba + -ear2] Verbo transitivo direto 1Fazer a barba a Verbo

pronominal2Fazer a proacutepria barba []

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq

Depois que com ſingular felicidade eſtiveratildeo ſem nenhum dano tantos navios barbeando

ſobre a amarra trinta amp oito dias no perigoſo ſurgidouro da Coſta do Recife aacute terccedila feira da

Semana Santa onze de Abril principiamos noſſa derrota

FRACISCO DE BRITO FREYRE (1655) [1655] SENHOR () [A00_2496 p 36]

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Bluteau e Moraes e Silva apresentam barbear como termo naacuteutico

significando ldquoprender estar presordquo Na 3ordf acepccedilatildeo desse verbo Laudelino Freire define-o

como amarrar mas natildeo o classifica como termo naacuteutico Origem portuguesa lt latina

77

Ficha 20

Barcolas sf plur (T Naut) As bordas onde encaixatildeo os quarteis de fechar as escotilhas

______________________________________________________________________

rarrCunha barc∙ o -ola rarr BARCA - bdquotipo de embarcaccedilatildeo‟ XIII Do lat tard barca de

origem hispacircnica [] barcOLA 1899

rarrBluteau BARCOLAS Barcocirclas (Termo de navio) Saotilde humas bordas mais altas em que

encaxatildeo os quarteis com que ſe cobrem as eſcotilhas amp deſpois ſe paſſa hum varatildeo ou cadeu

de ferro em que ficaotilde fechadas Naotilde temos palavras propria Latina

rarrMoraes e Silva BARCOacuteLAS (barcoacutelas) s f plur T de Naut As bordas onde encaxatildeo os

quarteis de fechar as escoltilhas

rarrLaudelino Freire BARCOLAS sf pl Naacuteut Bordas em que se encaixam os quarteacuteis de

fechar as escotilhas

rarrAureacutelio natildeo consta

rarr Banco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Aureacutelio natildeo apresenta o lexema barcola Em todos os outros dicionaacuterios esse

lexema eacute apresentado como termo naacuteutico Origem hispacircnica lt latina

Ficha 21

Barquilha sf Peccedila atada a hum cordel comprido com que os navegantes medem o espaccedilo

que o navio vence com certo vento

______________________________________________________________________

rarrCunha barca ndash do latim tardio barca de origem hispacircnica

rarrBluteau natildeo consta barquilha mas barquinha ndash [] He como um barco de pescar ordinario

mas com quilha alta amp torre por baixo que vem de proa ateacute popa amp os furos por onde vai a

corda com facilidade []

rarrMoraes e Silva BARQUIacuteLHA (barquiacutelha) s f t Naut Peccedila de madeira da feiccedilatildeo de um

quarto de circulo atada a um longo cordel a qual se lanccedila por popa e dando-se-lhe corda por

tempo medido pela ampolheta se recolhe para saber-se o espaccedilo que o navio vinga com certo

vento em certo tempo e isto pouco mais ou menos outros dizem barquinha

rarrLaudelino Freire BARQUILHA s f De barca + ilha Mar Peccedila de madeira de forma

triangular ou dum quadrante precircsa a um cordel que se lanccedila da pocircpa dum navio para avaliar a

velocidade da sua marcha barquinha

rarrAureacutelio natildeo consta barquilha consta barquinha ndash [Dim de barca] Substantivo

feminino[] 4Ant Naacuteut Dispositivo com que na eacutepoca dos descobrimentos mariacutetimos do

seacutec XV se determinava a velocidade do navio

rarr Banco de dados do Projeto DHPBCNPq

A praacutetica que usam os navegantes sobre a navegaccedilatildeo de Leste a Oeste eacute ordinariamente a

que chamam barquinha que eacute uma taboinha no fim de um comprido cordatildeo enrodilhado em

um rodiacutezio a qual taboinha largam sobre o mar da popa abaixo tendo na matildeo uma

ampulheta e segundo a velocidade com que o peso da barquinha levada das aacutegoas

desenrola o cordel do seu rodiacutezio inferem a velocidade ou andadura do navio para o que o

cordel tem sua conta que regulam pela ampulheta e dela foram seus caacutelculos e destes suas

ideacuteas de quanto anda em cada minuto em cada quarto em cada hora e em cada sangradura

78

Quatildeo sujeita seja a erros esta barquinha se pode logo inferir do seu cocircmputo e caacutelculo que

natildeo eacute outra cousa mais que uma conjectura ou estimativa tatildeo irregular e diversa como a

diversidade dos pilotos e navegantes

PADRE JOAtildeO DANIEL (1976) [1757] PARTE SEXTA - DO TESOURO DESCUBERTO NO

RIO MAXIMO AMAZONAS - CONTEacuteM INVENTOS UacuteTEIS E CURIOSOS PARA A MELHOR

FAZENDO NAVEGACcedilAtildeO PROacuteSPEROS TODOS OS VENTOS AINDA OS MAIS

PONTEIROS E CONTRAacuteRIOS E PARA FAZER NAS CALMARIAS BOA VIAGEM COM

NOVA INVENCcedilAtildeO DE REPRESAR AS MAREacuteS PARA MOEREM FAacuteBRICAS E INGENHOS

DE MOTO CONTIacuteNUO ACCRESCEM ALGUMAS OUTRAS IDEacuteAS DE INGENHOS

MANUAES PARA SERRAR MADEIRA FAZER ACcedilUacuteCAR E MUITOS OUTROS NAtildeO

MENOS CURIOSOS QUE UacuteTEIS A VIDA HUMANA - CAP 4deg - DE ALGUAS OUTRAS

ADVERTEcircNCIAS SOBRE A NAVEGACcedilAtildeO [A00_1967]

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Moraes e Silva e Laudelino Freire classificam barquilha como termo naacuteutico

Aureacutelio na 4ordf acepccedilatildeo para o lexema barquinha apresenta esse termo como naacuteutico

indicando ainda ser termo antigo No Banco de Dados consultado soacute encontramos a variante

barquinha Origem hispacircnica lt latina

Ficha 22

Bastardo sm Nome de huma uva Moeda que houve na Iacutendia de 10 soldos [T Nautico]

Cabo que se mette por meio das lebres e coccedilonros para atracar as vergas aos mastros

______________________________________________________________________

rarrCunha bastardo adj sm bdquoque nasceu fora do matrimocircnio‟ bdquodegenerado da espeacutecie a que

pertence‟ XIV Do a fr bastard hoje bacirctard [] AbastardAR vb bdquoalterar corromper‟ 1813

rarrBluteau Baſtardos (Termo de navio) Satildeo huns cabos que ſe metem pello meyo das lebres

amp coccedilouros com que ſe atra Atraccedilatildeo as vergas aos mattos [] Ficou a Galeacute Pheniz fem

Baſtardo Malaca conquiſt livro 1oit32

rarrMoraes e Silva BASTAacuteRDO (bastaacuterdo) s m [] Bastardos t de Naut Cabos que se

mettem por meyo das lebres e coccedilouros com que se atraccedilaotilde as vergas aos mastrossect Parece

ser veacutela que se mettia nas galeacutes quando queriaotilde fazer forccedila de veacutela B 4 107 e mettendo os

bastardos por o alcanccedilar

rarrLaudelino Freire BASTARDO adj Fr bacirctard [] 3 Cabo naacuteutico de atracar vecircrgas nos

mastros 4 Naacuteut Vela triangular de pequenas embarcaccedilotildees

rarrAureacutelio bastardo [Do fr ant bastart] [] 10Marinh Cada um dos cabos de que se

compotildeem os enxertaacuterios das vergas de gaacutevea 11Marinh Pequeno cabo munido de caccediloilos e

destinado a aguentar a boca de lobo da carangueja ou retranca de encontro ao mastro 12Mar

V vela de bastardo

rarr Banco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta como termo naacuteutico

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Aleacutem do significado mais conhecido todos os dicionaacuterios indicam bastardo e

bastardos tambeacutem como termo naacuteutico Origem francesa

79

Ficha 23

Beque sm (T naut) A extremidade da proa

______________________________________________________________________

rarrCunha beque1 sm bdquoestrutura saliente que forma a parte alta da proa dos navios antigos‟

XVI Do fr bec deriv do lat beccus bdquobico‟

rarrBluteau BEQUE Begraveque He na Proa do Baxel a ultima obra de madeira em que de

ordinario aſſenta a figura de algum animal ou monſtro marinho []

rarrMoraes e Silva BEacuteQUE (beacuteque) s m t de Naut A extremidade da proa onde o ordinario

vaacutei alguma figura Viriato 1720 O mar Tyrrbeno os beques vatildeo rasgando

rarrLaudelino Freire BEQUE s m Fr bec Extremidade superior da proa em forma de bico

2 Pop Nariz grande 3 Pop Parte posterior dos vestidos das mulheres Ant Giacuter Bocircca

rarrAureacutelio beque1 [Do fr bec us no fr ant em vez de avant] Substantivo masculino

1Constr Nav Estrutura saliente em geral inclinada para fora que forma a parte alta da proa

dos navios antigos a fim de servir de apoio ao gurupeacutes 2Pop V narigatildeo (2)

rarr Banco de dados do Projeto DHPBCNPq

As antigas tem como temos dito na circunferecircnc

bem largas e para se segurarem nas cavernas natildeo seratildeo necessaacuterios mais pregos do que as

de casco logo nesta parte ficaraacute quasi o mesmo poreacutem como estas taacutebuas vatildeo a rematar no

beque e fazer a proa ali poupam toda a ferramenta que levam de mais os cascos com o

accrescentamento das conchas e bochecas e nesta parte levam as taacuteboas menos pregos

PADRE JOAtildeO DANIEL (1976) [1757] QUINTA PARTE - DO TESOURO DESCUBERTO

NO RIO MAXIMO AMAZONAS - CONTEacuteM UM NOVO MEacuteTODO PARA A SUA

AGRICULTURA UTILIacuteSSIMA PRAXE PARA A SUA POVOACcedilAtildeO NAVEGACcedilAtildeO

AUGMENTO E COMEacuteRCIO ASSIM DOS IacuteNDIOS COMO EUROPEOS - CAP 9deg - DE

MELHOR MEacuteTODO PARA A FACTURA DAS CANOAS DO AMAZONAS [A00_1959 p

363]

______________________________________________________________________

Comentaacuterios todos os dicionaacuterios indicam beque como termo naacuteutico Origem francesa

Ficha 24

Bigotas sm plur (T Nautico) Satildeo como huns moitotildees com trecircs furos pelo meiochatos e

sem roldanas por onde se enfiatildeo os colhedores das velas

______________________________________________________________________

rarrCunha bigota ndash BIGA sf bdquocarro romano de duas ou quatro rodas puxado por dois

cavalos‟ 1844 Do lat bīga bigota sf bdquoantiga peccedila de embarcaccedilatildeordquo 1813

rarrBluteau BIGOTA de navio Bigocirctas (Termo de navio) ſaotilde huns paos redondos mas

chatos com tres buracos por onde paſſaotilde os colhedores para fazer a enxarcia

rarrMoraes e Silva BIGOacuteTAS (bigoacutetas) s f pl t de Naut Moitotildees chatos sem roldanas

aburacados pelo meyo com furos por onde passatildeo colhedores de veacutelas

rarrLaudelino Freire BIGOTAS s f Naacuteut Montatildeo chato sem roldana furado pelo meio para

dar passagem aos colhedores das velas e a cabos da enxaacutercia

rarrAureacutelio bigota [Do it bigotta] Substantivo feminino 1Marinh Ant Poleame surdo de

madeira de forma lenticular biconvexa com uma goivadura na orla para receber uma alccedila de

80

fixaccedilatildeo e trecircs furos de face a face usado aos pares com um colhedor ligando-os empregado

para tesar oveacutens brandais estais etc

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq

Fazem-se igualmente vigotas de 25 palmos de comprido e hum de grosso e seu preccedilo he de

500 atheacute 400 rs

LUIZ DOS SANTOS VILHENA (1921) [1801] CARTA VIGESIMA [A00_0846]

______________________________________________________________________

Comentaacuterios todos os dicionaacuterios indicam bigota como termo naacuteutico No Banco de Dados

consultado consta a variante vigotas Origem latina

Ficha 25

Bolinete sm (T Naut) He o paacuteo roliccedilo com hum vatildeo por onde joga o pinccedilote e fixo na

coberta de sorte que se move de bombordo a estibordo

______________________________________________________________________

rarrCunha molinete bdquoespeacutecie de cabrestante que sustenta a acircncora em navios pequenos‟

bdquomovimento giratoacuterio raacutepido que se faz com a espada com um pau etc‟ XVI Do fr Moulinet

bdquomoinho pequeno‟ []

rarrBluteau BOLINETE Bolinegravete (Termo de navio) He hum patildeo roliccedilo que eſtacirc fixo na

cuberta de maneira que ſe mova redondamente de Bombordo para Eſtibordo Tem hum

buraco por onde paſſa amp joga o Pinccedilote Natildeo temos palavra propria Latina

rarrMoraes e Silva BOLINEgraveTE (bolinegravete) s m t de Naut Paacuteo roliccedilo que estaacute fixo na

coberta de maneira que se mova e borneye de bombordo a estribordo tem um vatildeo por onde

joga o Pinccedilote

rarrLaudelino Freire BOLINETE s m Cilindro de madeira na coberta do navio o qual

serve de cabrestante para a manobra2 Bateia

rarrAureacutelio bolinete (ecirc) [De molinete (ecirc) poss] Substantivo masculino 1Constr Nav

Molinete 2Vaso de madeira para lavagem das areias auriacuteferas [Cf bulinete]

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo constam bolinete molinete com a acepccedilatildeo

naacuteutica

______________________________________________________________________

Comentaacuterios todos os dicionaacuterios indicam bolinete como termo naacuteutico ou referente a navio

Origem francesa

Ficha 26

Bombordo sm (T Naut) O lado esquerdo da nagraveo olhando da popa para a proa

______________________________________________________________________

rarrCunha bombordo sm bdquo(Mar) o lado esquerdo da embarcaccedilatildeo considerando-se a proa

como a sua frente‟ XVI babordo XV Do fr bacircbord deriv do neerl bakboord Com

visiacutevel influecircncia de BOM

rarrBluteau BOMBORDO (Termo de navio) He a parte eſquerda da natildeo eſtando huma peſſoa

com a cara para a proa Siniſtrum latus navis Faz tal pendor para Bombordo Queirograves Vida do

Irmaotilde Baſto fol 124 col1

81

rarrMoraes e Silva BOMBOacuteRDO (bomboacuterdo) s m t de Naut O lado da naacuteo opposto a

estriboacuterdo Naufr De Sep73

rarrLaudelino Freire BOMBORDO s m De bom + bordo Naacuteut 1- Lado esquerdo do navio

olhando-se para a proa 2 Tudo o que fica ao lado esquerdo do navio

rarrAureacutelio bombordo [Do neerl bak boord bordo das costas do dorso (do timoneiro

quando o governo da embarcaccedilatildeo se fazia com um comprido remo colocado a estibordo) pelo

fr babord talvez com infl de bom] S m 1Mar O lado esquerdo da embarcaccedilatildeo

considerando-se a proa como a sua frente [v estibordo e boreste]

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq

Da banda de bombordo me arrebataram os aparelhos com o jogar da nao

PEcircRO LOPES DE SOUSA (1968) [1530] DIAacuteRIO DA NAVEGACcedilAtildeO DE PEcircRO LOPES DE

SOUSA [A00_0078 p 55]

______________________________________________________________________

Comentaacuterios todos os dicionaacuterios indicam bombordo como termo naacuteutico ou referente a

mariacutetimo Origem francesa

Ficha 27

Botalograves sm (T naut) Paacuteos que tem nas pontas ferros de tres bicos e segundo a sua grossura

servem para largar ou os cutellos ou as varredouras ou para afastar o navio que vem

abordar

______________________________________________________________________

rarrCunha natildeo consta

rarrBluteau BOTALOS Botacirclos (Termo de Navio) Satildeo huns paos com huns ferros nas

pontas com tres bicos que ſe botatildeo pelos coſtados dos navios para ſe largarē os cutellos

para que com mais preſſa ſe chegue ao navio a que ſe dagrave caccedila E embaixo no coſtado ſe botatildeo

outros botalos mais groſſos em que ſe largatildeo outras velas a que chamatildeo Barredouras amp eſtes

Botalos ſervem tambeacutem para ſe fincarem no coſtado de outro navio para afaſtar para fora

Natildeo tem nome proprio Latino

rarrMoraes e Silva (botaloacutes) s m pl t de Naut Paacuteos com ferros de tres bicos nas pontas

que servem para se largarem os cutellos e sendo botaloacutes mais grossos para largar as

varredouras que vatildeo polo lados os botaloacutes afastam tambem o navio que vem abordar

rarrLaudelino Freire BOTALOacuteS (botaloacutes) s m pl Naacuteut Paus com ferros de trecircs bicos nas

pontas para vaacuterios serviccedilos a bordo

rarrAureacutelio botaloacute [De botar1 + a

3 + loacute

1] Substantivo masculino Mar 1Ant Pontalete com

que os navios afastavam os inimigos que tentassem abordaacute-los 2Pau que sai pela popa de

embarcaccedilatildeo de vela que usa catita para caccedilaacute-la

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta o termo botaloacutes

______________________________________________________________________

Comentaacuterios todos os dicionaacuterios indicam botalos como termo naacuteutico ou mariacutetimo

Origemonomatopaica - ldquoetim voc trissilaacutebico oxiacutetono formado de todo um segmento

fonoloacutegico que representava a oraccedilatildeo imperativa bota a loacute isto eacute bdquobota a vela da embarcaccedilatildeo

virada para captar o vento‟rdquo (Houaiss 2001)

82

Ficha 28

Bracear v n Mover os braccedilos v a (T Naut) Marear as velas _____________________________________________________________________________

rarrCunha bracear- consta no verbete de braccedilo - sm bdquocada um dos membros superiores do

corpo humano‟ XIII Do lat brac(c) hĭum [] bracEAR XVII

rarrBluteau Natildeo consta

rarrMoraes e Silva BRACEAacuteR (braceaacuter) v at Mover os braccedilossect t de Naut Bracear as

veacutelas H Naut Tom 3 mareaacute-las por meyo dos braccedilos []

rarrLaudelino Freire BRACEAR vrv De braccedilo + ear O mesmo que bracejar (intr) 2

Naacuteut Movimentar horizontalmente (as vecircrgas) em tocircrno do mastro por meio de cabos

chamados braccedilos (tr dir) ldquoAacuterduos penoacuteis braceia rebraceia teacute que o socircpro agrave feiccedilatildeo lhe

enfuna as velasrdquo (Odorico Mendes)

rarrAureacutelio bracear [De braccedilo + -ear2] Verbo transitivo direto 1Marinh Fazer girar (a verga)

no plano horizontal alando pelos braccedilos [v braccedilo (21)] para que a vela fique

convenientemente disposta em relaccedilatildeo ao vento []

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Bluteau natildeo dicionariza bracear Todos os outros dicionaristas indicam

bracear como termo naacuteutico ou remete ao universo naacuteutico Origem portuguesa lt latina

Ficha 29

Braccedilo sm membro do corpo humano desde o hombro ateacute a matildeo Pernas dianteiras do

cavallo e outros quadrupedes A parte do instrumento de cordas onde estas se titiliatildeo A peccedila

que atravessa o arco da cruz Peccedila da cadeira onde encosta os braccedilos quem estagrave sentado nelle

Porccedilatildeo de mar entre duas costas pouco apariadas No plur (T Naut) Cabos que vem da ponta

da verga e servem para marear de hum para outro bordo _____________________________________________________________________________

rarrCunha braccedilo sm bdquocada um dos membros superiores do corpo humano‟ XIII Do lat

brac(c)hĭum []

rarrBluteau Braccedilos (Outro termo de navio) ſatildeo huns cabos que vem da ponta da verga com

que ſe marea a hum bordo amp outro ſe poderagrave exprimir em Latim com circumlocuccedilatildeo

rarrMoraes e Silva BRAacuteCcedilO (braacuteccedilo) t de Naut Satildeo os pegatildeo em cavernas para levantar o

grosso navio e estes satildeo braccedilos primeiros sect Braccedilos segundos satildeo as ultimas partes que botatildeo

cavernas da quilha para cima sect Braccedilos satildeo cabos que vem da ponta da verga em que se

mareya de um bordo a outro quando braceyatildeo

rarrLaudelino Freire BRACcedilO s m Lat brachium Naacuteut Cabos fixos agraves extremidades das

vecircrgas e que servem para as fazer girar em tocircrno do mastro

83

rarrAureacutelio braccedilo [Do gr brachiacuteon pelo lat brachiu] Substantivo masculino Marinh Cada

um dos cabos singelos ou dobrados que presos aos laises das vergas redondas se destinam a

dar-lhes movimento no sentido horizontal e a aguentaacute-las para reacute ~ V braccedilos Braccedilo da

acircncora 1 Marinh Cada uma das duas partes recurvadas da acircncora no extremo inferior da

haste que formam a cruz e terminam pelas patas

Braccedilo da verga 1 Marinh Cada um dos cabos ou teques presos agraves extremidades da verga e

que servem para fazecirc-la girar no plano horizontal [Cf amantilho (2)]

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta braccedilo como termo naacuteutico

______________________________________________________________________

Comentaacuterios todos os dicionaristas indicam braccedilo tambeacutem como termo naacuteutico ou da

marinha Origem portuguesa lt latina

Ficha 30

Braga sf Argola com cadea de ferro com que se prende alguem pela perna (T Naut) Cabo

de alar pipas e outras cousas No plur Calccedilas largas

______________________________________________________________________

rarrCunha braga sf ldquocalccedilatildeo geralmente curto e largo que se usava outrora‟ XV bdquogrilheta‟

XVI Do lat braccedila []

rarrBluteau Braga Argola de ferro que prende na perna com huma cadca que prende por

cima Pocircr a braga a hum negro Servo catenas injicere E para que experimente a ſujeiccedilaotilde

pezada lhe lanccedila a dura Braga carregada Lobo o Deſengan Paacuteg 135 Braga chamaotilde nos

navios a huma corbalas quando embarcatildeo []

rarrMoraes e Silva BRAacuteGA (braacutega) Cabo do navio com que alatildeo caixas pipas e outras

coisas pesadas [] sect Braga no sing Cast 5 c 59 ldquoLanccedilou-se a gente na agua que lhe dava

pela bragardquo

rarrLaudelino Freire BRAGA s f Lat braccedila Argola de ferro que cingia a parte inferior da

perna do condenado a trabalhos forccedilados prendendo-o a uma corrente de ferro atada agrave cintura

do mesmo ou agrave argola de outro condenado grilheta 2 Caacutelerea com que se iccedilam cousas

pesadas como caixas pipas etc 3 Cabo que serve para sustar o recuo de um canhatildeo 4

Muro que servia de tranqueira nas antigas fortificaccedilotildees 5 Lus Casta laia qualidade

BRAGAS s f pl Ant Calccedilas largas e curtas calccedilotildees 2 Lus Ceroulas

rarrAureacutelio braga [Do lat braca] Substantivo feminino Marinh Gato de escape ou manilha

com que se prende o chicote da amarra agrave paixatildeo2 (q v) no paiol da amarra

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta braga como termo naacuteutico

______________________________________________________________________

Comentaacuterios todos os dicionaristas indicam braga tambeacutem como termo naacuteutico ou da

marinha Origem portuguesa lt latina

84

Ficha 31

Bragueiro sm Funda de que usa o que he quebrado Especie de manteo para cobrir os

genitaes (T Naut) Cabo que atravessa o leme para segurallo na falta das femeas Cabo

encostado ao Castello da proa fixo em huma argola e com huma bigota de hum furo na ponta

e serve para impedir que natildeo se afaste nem corte a escota no costado Cabo de amarrar

______________________________________________________________________

rarrCunha natildeo consta

rarrBluteau Bragueiro (Outro termo de navio) He hum cabo fixo em huma argola encoſtado

ao caſtello da proa que tem na ponta hum bigota de hum olho amp ſerve paraque ſe natildeo a faſte

nem corte a eſcota no coſtado []

rarrMoraes e Silva BRAGUEacuteIRO (braguegraveiro) s m [] sect t de Naut Cabo que atravessa o

leme pelo meyom para que faltando as fecircmeas se natildeo perca F M G Tambeacutem se chama assim

outro cabo fixo em uma argola encostado ao Castello da proa que tem na ponta uma bigota

de um olho e serve para que natildeo affaste nem corte a escota no costado

rarrLaudelino Freire BRAGUEIRO sm De braga + eiro Cabo que atravessa o leme para o

segurar no caso de se quebrarem as fecircmeas2Braga de segurar a artilharia ou cousas

pesadas3 Cabo de atracar []

rarrAureacutelio bragueiro [De braga + -eiro] Substantivo masculino 1Cinta ou funda para

heacuternias e rupturas 2Cueiro fralda

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta o termo bragueiro

______________________________________________________________________

Comentaacuterios De todos os dicionaacuterios analisados soacute Aureacutelio natildeo apresenta bragueiro como

termo naacuteutico Origem portuguesa lt latina

Ficha 32

Brandaes sm (T Naacuteutico) Especie de cabos os grandes passatildeo da enxarcia dos mastareos

pelas gaveas e vem a fazer fixo nos ouvens da enxarcia grande Os de gavea vem das pontas

dos mastereos a fazer fixo no costado do navio

______________________________________________________________________

rarrCunha brandal sm bdquotipo de cabo usado a bordo‟ l ndashdaacutees pl 1813 l Do cat brandal

rarrBluteau BRANDAES (Termo de navio) Brandaes grandes ſaotilde huns cabos que paſſaotilde da

enxarcia dos maſtarcos pellas gaveas amp vem a fazer fixos ao redor dos ſouvēs da enxarcia

85

grande Brandaes da Gavea ſaotilde huns cabos que vem das pontas dos maſtarcos a fazer fixo ao

coſtado da nao Natildeo temos palavra propria Latina

rarrMoraes e Silva BRANDAacuteES splmasc t de Naut Brandaes grandes uns cabos que

passatildeo da enxaacutercia dos mastareacuteos pelas gaacuteveas e vem a fazer fixo ao redor dos ouvens da

enxaacutercia grandesect Brandaes da Gaacutevea cabos que vem das pontas dos mastareacuteos a fazer fixo

ao costado das naacuteos

rarrLaudelino Freire BRANDAL s m De brando + al Naacuteut Cada um dos cabos que

aguentam os mastareacuteus para a borda

rarr Aureacutelio brandal [Do cat brandal poss] Substantivo masculino Marinh 1Cada um dos

cabos que aguentam os mastareacuteus para um e outro bordo e um pouco para reacute 2Cada um dos

cabos que aguentam os mastros de embarcaccedilatildeo miuacuteda para um e outro bordo e um pouco para

reacute [Cf estai] ESTAI [Do fr ant estai estay (atual eacutetai)] Substantivo masculino 1Marinh

Qualquer dos cabos que aguentam a mastreaccedilatildeo para vante 2Marinh Qualquer cabo

destinado a suportar em posiccedilatildeo vertical um turco chamineacute balauacutestre ou qualquer outra peccedila

do equipamento da embarcaccedilatildeo 3Bras Constr Nav Haste metaacutelica geralmente ciliacutendrica

que serve para manter em posiccedilatildeo qualquer parte ou peccedila da embarcaccedilatildeo [Cf brandal]

rarr Banco de dados do Projeto DHPBCNPq

Por 5 Brandaes de 2 libras a 640 []

LUIZ DOS SANTOS VILHENA (1921) [1802] CARTA PRIMEIRA [A00_0404 p 71]

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Todos os dicionaacuterios analisados apresentam brandal brandaes como termo

naacuteutico ou da marinha Origem catalatilde

Ficha 33

Briol sm (T naut) Corda para ferrar e colher as velas

______________________________________________________________________

rarrCunha briol sm bdquotipo de cabo usado nas embarcaccedilotildees a vela‟ 1813 Do cast briol deriv

do a fr braivel (hoje breuil) dim de braie bdquobraga‟

rarrBluteau BRIOES (Termo de marinagem) Satildeo huns cabos com que ſe colhem as velas

quando ſe querem ferrar Funes contrabendis ou colligendis velis

rarrMoraes e Silva BRIOacuteES sm pl t de Naut Cordas que servem para ferrar e colher as

veacutelas (briyoes)

rarrLaudelino Freire BRIOL s m Cast briol Naacuteut Cabo de ferrar as velas 2 Giacuter Vinho

de qualidade inferior BRIOL adj Lus Becircbado eacutebrio

rarrAureacutelio briol [Do esp briol] Substantivo masculino 1Marinh Cada um dos cabos fixos

nas esteiras das velas redondas destinados a carregar o pano de encontro agraves vergas respectivas

[]

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta o termo briol

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Todos os dicionaacuterios analisados apresentam briol como termo naacuteutico ou da

marinha Origem castelhana lt francesa

Ficha 34

Buccedilardas sf (T Naut) pagraveos que atravessatildeo a roda da proa para reforccedilal-a

______________________________________________________________________

86

rarrCunha natildeo consta

rarrBluteau BUCARDAS Buccedilardas (Termo de navio) Satildeo huns paacuteos tortos que atraveſſaotilde a

roda de proa pella banda de dentro para fortificar amp em navios pequenos nellas aſſenta o

maſtro do traquete Naotilde tem palavra propria Latina

rarrMoraes e Silva BUCcedilAacuteRDAS sfpl t de Naut Satildeo uns paacuteos tortos que atravessatildeo a roda

de proa pela banda de dentro para a reforccedilarem sect Nos navios pequenos o mastro do traquete

assenta sobre as buccedilardas

rarrLaudelino Freire natildeo consta

rarrAureacutelio natildeo consta

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta

__________________________________________________________________

Comentaacuterios Soacute Bluteau e Moraes apresentam o verbete buccedilardas e o indicam como termo

naacuteutico ou da marinha Origem controvertida

Ficha 35

Burra sf A femea do burro Cofre para dinheiro (T familiar) Nome de uma corda da mezena

[ T Naut ]

______________________________________________________________________

rarrCunha burro ndash do latim burrus bdquoruccedilo vermelho‟

rarrBluteau Burra de Mezena He huma corda que ſerve na vela da popa

rarrMoraes e Silva BUacuteRRA s f Jumenta a femea do burro sect famil Cofre para dinheiro

ordinariamente chapeado e forrado sect Uma corda de mezena t de Naut

rarrLaudelino Freire BURRA s f Fecircmea do burro jumenta 2 Naacuteut Cabo de mezena []

rarrAureacutelio Burro [] Mar Cada uma das pequenas talhas engatadas nos lais da retranca e nas

alhetas do navio uma por bordo e destinadas a aguentaacute-la quando a vela estiver caccedilada []

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta

______________________________________________________________________

Comentaacuterios todos os dicionaacuterios apresentam burra burro tambeacutem como termo ligado agrave

vida mariacutetima Origem portuguesa lt latina

C Ficha 36

Cabresto sm Corda para prender as bestas na estribaria e que serve na falta de freio O freio

do prepucio No plr (T Naut) Cabos que vem do ldquoguropezrdquo a fazer fixo no costado em

humas argolas agrave proa

______________________________________________________________________

rarrCunha cabresto sm bdquoarreio freio‟ l XIII -bestro XIV l Do lat capĭstrum []

87

rarrBluteau Cabreſto (Termo de Mariagem) ſaotilde huns cabos que vem da ponta do gurupez a

fazer fixo em humas argolas que eſtaotilde no coſtado da nao agrave proa A falta do termo proprio

latino deſculparagrave aos que‟ fallarem por circumlocuccedilaotilde

rarrMoraes e Silva CABREgraveSTO s m [] t de Naut Cabos que vem da ponta do gurupeacutes a

fazer fixo em umas argolas que estatildeo no costado da naacuteo aacute proa []

rarrLaudelino Freire CABRESTOS s m Lat capistrum [] 2 Naacuteut Cabo grosso que

segura o gurupeacutes a argolas fixas no costado do navio 3 Corrente correia ou corda que

prende o cabeccedilalho agrave canga socairo

rarrAureacutelio cabresto (ecirc) [Do lat capistru com metaacutetese] Substantivo masculino Constr

Nav Cada uma das correntes de ferro que aguentam o gurupeacutes para a roda de proa Bras

Reforccedilo de linha ou de arame fino aplicado na extremidade da vara ou caniccedilo de pesca Bras

NE Ligamento de cordas que prendem os bancos agrave jangada []

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq

[] chegada a occasiatildeo de levar acircncora se lhe prende o cabresto e se larga ou solta a roda

a qual quanto mais tesa estiver tanto mais forccedila poraacute no cabresto e quando por si soacute natildeo

seja suficiente para a levantar o faraacute com muita brevidade ajudada com alguns poucos

serventes porque as cordas como violentadas hatildeo de buscar o seu natural

PADRE JOAtildeO DANIEL (1976) [1757] PARTE SEXTA - DO TESOURO DESCUBERTO NO

RIO MAXIMO AMAZONAS - CONTEacuteM INVENTOS UacuteTEIS E CURIOSOS PARA A MELHOR

FAZENDO NAVEGACcedilAtildeO PROacuteSPEROS TODOS OS VENTOS AINDA OS MAIS

PONTEIROS E CONTRAacuteRIOS E PARA FAZER NAS CALMARIAS BOA VIAGEM COM

NOVA INVENCcedilAtildeO DE REPRESAR AS MAREacuteS PARA MOEREM FAacuteBRICAS E INGENHOS

DE MOTO CONTIacuteNUO ACCRESCEM ALGUMAS OUTRAS IDEacuteAS DE INGENHOS

MANUAES PARA SERRAR MADEIRA FAZER ACcedilUacuteCAR E MUITOS OUTROS NAtildeO

MENOS CURIOSOS QUE UacuteTEIS A VIDA HUMANA - CAP 4deg - DE ALGUAS OUTRAS

ADVERTEcircNCIAS SOBRE A NAVEGACcedilAtildeO () [A00_1967 p 402]

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Todos os dicionaacuterios analisados apresentam cabresto como termo naacuteutico ou

de marinhagem Origem portuguesa lt latina

Ficha 37

Cachola sf (T baixo) Cabeccedila Fig Juizo Touticcedilo No plur (T naut) Pagraveos posticcedilos sobre o

calcez para engrossallo

______________________________________________________________________

rarrCunha cacho ndash provavelmente do latim vulgar cacculus [] cachOLA sf bdquopop Cabeccedila‟

XVIII []

rarrBluteau CACHOacuteLAS Cacholas (Termo de navio) Satildeo huns posticcedilos em cima do calcez

para o engroſſar quando naotilde tem groſſura proporcionada ao Navio Naotilde temos palavra propria

Latina

rarrMoraes e Silva CACHOgraveLAS t de Naut Paacuteos posticcedilos sobre o calcez para o engrossar

[]

rarrLaudelino Freire CACHOLA s f Mar Taacutebua que se prega no tocircpo do calcecircs de um

mastro afim de que a aacutegua se natildeo introduza entre os encaixes do madeiro2 Cavidade na

cabeccedila do leme onde se introduz a cana []

rarrAureacutelio [De cacho2 + -ola

1 poss] Substantivo feminino 1Pop V cabeccedila []

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo foram encontradas ocorrecircncias

______________________________________________________________________

88

Comentaacuterios Soacute Aureacutelio natildeo apresenta cachola como termo naacuteutico

Origemcontrovertida

Ficha 38

Calabre sm (T Naut) corda grossa

______________________________________________________________________

rarrCunha calabre cabre sm bdquo(Marinh) amarra de cabo‟ l cabre XVI caaure XIV l Do ant

port caabre deriv Do a fr caable e este provavelmente do lat tard capŭlum bdquocorda‟

rarrBluteau Calabre que ſe ata agrave ancora Funis ancorarius Cœfar Calabre com que ſe ata bdquoa

verga ao maſto Anquina œ Fem Penult long []

rarrMoraes e Silva CALAacuteBRE ( calaacutebre) smt de Naut Corda grossa amarreta para varios

usos

rarrLaudelino Freire CALABRE s m Corda grossa feita de piaccedilaba a que se prendem os

alcatruzes das noras 2 Naacuteut Cabo grosso amarra

rarrAureacutelio calabre [Do port ant caabre (v cabre) poss com infl do port ant calabre

catapulta] S m 1Corda grossa Diz Cristo que eacute mais faacutecil entrar um calabre pelo fundo

de a agulha que entrar um avarento no Reino do Ceacuteu (Pe Antocircnio Vieira Sermotildees II p

259) 2Marinh Amarra de cabo cabre 3Constr Cabo2 (4)

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq

Acham-se alguns de tal grossura que servem de calabres e amarras de embarcaccedilotildees

FRANCISCO XAVIER RIBEIRO DE SAMPAIO (1872) [1642] RELACcedilAtildeO GEOGRAPHICA

HISTORICA DO RIO BRANCO DA AMERICA PORTUGUEZA COMPOSTA PELO

BACHAREL FRANCISCO XAVIER RIBEIRO DE SAMPAIO () [A00_0713 p 262]

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Todos os dicionaacuterios analisados apresentam calabre como termo naacuteutico ou da

marinha Origem francesa lt latina

Ficha 39

Calabrote sm (T Naut) Calabre menos grosso Accediloute feito de hum pedaccedilo de calabrote

______________________________________________________________________

rarrCunha calabre cabre sm(Marinh) amarra de cabo‟ l cabre XVI caaure XIV l Do ant

port caabre deriv Do a fr caable e este provavelmente do lat tard capŭlum bdquocorda‟

calabrETE XV calabrOTE 1813

rarrBluteau CALABROTE Calabrocircte Vid Calabre Calabre pouco groſſo Com que a nao ſe

amarra em terra Com hum calabrote forte Jacinto Freire mihi pag 198 []

rarrMoraes e Silva CALABROacuteTE s m t de Naut Sorte de calabre menos grosso de um

pedaccedilo delle se faz accediloite donde se toma calabrote por accediloite de que usa o comitre ou

mestre para castigar a maruja

rarrLaudelino Freire CALABROTE s m De calabre + ote Calabre pouco grosso 2

Ponta de cabo de accediloute

rarrAureacutelio calabrote [De calabre + -ote1] Substantivo masculino 1Corda de pequena

grossura 2Marinh Cabo2 (6) de pequena bitola Atraacutes dos soldados chegaram marujos a

brandir calabrotes e chuccedilos (Xavier Marques O Sargento Pedro p 135)

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq

89

Mandarʃeha aos Meʃtres que cinjatildeo a enxarʃea levem area para as cubertas tomem boccedilas

nas vergas nas ancoras nas eʃcotas contra-eʃtais amp os bateis pela popa com dous

calabrotes hum mais baganagraveo do que outro

FRANCISCO DE BRITO FREYRE (1655) [1655] SENHOR () [A00_2496 p 61]

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Todos os dicionaacuterios analisados remetem calabrote a calabro ndash termo naacuteutico

ou de marinhagem Origem francesa lt latina

Ficha 40

Calafeto sm (T Naut) A estopa e breo com que se calafeta Acccedilatildeo de calafetar

______________________________________________________________________

rarrCunha Calafetar vb‟tapar vedar‟ XIII Do it calafatare provavelmente do ar qaacutelfat De

origem incerta o voc aacuterabe talvez derive do lat vulg calefare (claacutess calefacĕre‟) bdquoaquecer‟

por ser a operaccedilatildeo de derreter o alcatratildeo submetendo-o ao fogo uma das mais importantes

que pratica o calafate []

rarrBluteauCALAFETO Calafeto Couſa que ſe uſa para calafetar como eſtopa amp outra

couſa ſemelhante ou a acccedilaotilde de calafetar []

rarrMoraes e Silva CALAFEgraveTO s m t de Naut A estopa e breu com que se calafeta o

navio vg ldquo o navio cospia o calafetordquo A acccedilatildeo de calafetar

rarrLaudelino Freire s m De calafetar O mesmo que calafetagem [] 2 Estocircpa ou outra

substacircncia com que se calafeta calafecircto CALAFETAR v r v Ital Calafatare MarTapar

com estocircpa introduzida agrave forccedila (as junturas buracos ou fendas de uma embarcaccedilatildeo) e

embebendo de pez alcatratildeo para velar a aacutegua (tr Direto) ldquoEspalma as naves calafeta as

fendas repara as bordas o massame as velasrdquo (Pocircrto Alegre)

rarrAureacutelio calafeto (ecirc) [Dev de calafetar] Substantivo masculino1Calafetagem (2) [Pl

calafetos (ecirc) Cf calafeto do v calafetar] CALAFETAR [Do cat calafatar calafetar pelo

esp ant calafetar] Verbo transitivo direto 1Vedar com estopa alcatroada (as junturas

buracos ou fendas de uma embarcaccedilatildeo) 2Tapar vedar com pano papel massa etc (fenda ou

buraco de toneacuteis assoalhos tabiques etc) []

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq

E natildeo cause estranheza o calafetar das canoas porque pocircsto que aqui se fazem de um soacute pau

como no Brasil satildeo poreacutem abertas pela proa e pela pocircpa e acrescentadas pela borda com

falcas para ficarem mais altas e possantes e assim as costuras destas como os escudos ou

rodelas com que se fecham a proa e pocircpa necessitam de calafeto

ANTOacuteNIO VIEIRA (1925) [1654] CARTA LXV - AO PADRE PROVINCIAL DO BRASIL

1654 ()[A00_0157 p 373]

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Moraes e Silva apresenta calafeto como termo naacuteutico Laudelino Freire e

Aureacutelio apresentam acepccedilotildees que remetem ao universo da marinha Bluteau natildeo faz nenhuma

referecircncia Origem italiana

Ficha 41

Calcez sm (T naut) O pescoccedilo do mastro onde encapella a enxarcia real

______________________________________________________________________

90

rarrCunha calcecircs bdquo(Const Nav) parte da seccedilatildeo retangular no extremo superior de um mastro

ou mastareacuteu‟ l ndashceses pl XVI l Do it calceacutese deriv do lat tardio calcēse adaptaccedilatildeo do lat

carchēsium e este do gr karchēsion bdquovaso para beber‟ parte superior do mastro cesto da

gaacutevea‟

rarrBluteau CALCEZ Calcecircz (Termo de Navio) he o peſcoccedilo do maſtro para riba aonde

encapella a Enxarcia Real Falta palavra propria Latina Pela muita forccedila o Maſtareo abrio o

Calcez por duas partes BritoViagem ao Braſil pag 67 []

rarrMoraes e Silva CALCEgraveZ s m t de Naut O pescoccedilo do mastro para riba onde encapella

a enxarcia real F Mend c 7

rarrLaudelino Freire CALCEZ ou CALCEcircS s m Lat carchesium Naacuteut Parte quadrada do

mastro ou mastareacuteu desde a romatilde para cima e na qual encapela a enxaacutercia real

rarrAureacutelio calcecircs [Do it calcese lt lat vulg calcese lt lat claacutess carchesiu] Substantivo

masculino 1Marinh Parte de seccedilatildeo retangular no extremo superior de um mastro ou

mastareacuteu logo acima da romatilde [Pl calceses (ecirc)]

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Todos os dicionaacuterios analisados apresentam calcez como termo naacuteutico ou da

marinha Origem italiana

Ficha 42

Calma sf calor causado pelo sol (T naut) Falta de vento

______________________________________________________________________

rarrCunha calma sf bdquogrande calor atmosfeacuterico geralmente sem vento‟ XV bdquoserenidade

sossego‟ 1813 Do it calma deriv Do lat tardio cauma e este do gr kauma bdquocalor ardente

chama‟ []

rarrBluteau calma borralho Phraſe Nautica Emparelhado onde elle participa da outra linha da

coſta tranſversal [] Bonanccedila Por em calma ao mar Mare tranquillarem placare fedare

Vid Abonanccedilar Seus alterados mares punha em Calma Inful De Man Thomas liv 2

Oit69

rarrMoraes e Silva CAacuteLMA s f t de Naut tempo em que natildeo haacute a menor aragem nenhum

vento sect Calma entre os Nautas falta de vento calmarialdquo cahir em calma ldquoficar em

calmariardquo

rarrLaudelino Freire CALMA s f B lat cauma do gr kauma Hora do dia em que haacute mais

calor 2 Falta de vento cessaccedilatildeo de agitaccedilatildeo no mar bonanccedila calmaria []

rarrAureacutelio calma [Do gr kaucircma calor ardente pelo lat tard cauma] SF 1Grande calor

atmosfeacuterico em geral sem vento calmaria [] 3V calmaria (1) 4Fig Serenidade de acircnimo

sossego tranquilidade calmaria malacia []

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq

Este dia todo nom ventou vento senam choveo muita aacutegua e fazia tam grande calma que nom

se podia soportar

PEcircRO LOPES DE SOUSA (1968) [1530] DIAacuteRIO DA NAVEGACcedilAtildeO DE PEcircRO LOPES DE

SOUSA () [A00_0078 p 35]

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Nem todos os dicionaacuterios citam o termo como naacuteutico mas todos eles abonam

ou exemplificam o termo como relativo ao mar Origem italiana lt latina

91

Ficha 43

Calmaria s f (T Naut) Falta de vento

______________________________________________________________________

rarrCunha calma sf bdquogrande calor atmosfeacuterico geralmente sem vento‟ XV bdquoserenidade

sossego‟ 1813 Do it calma derivado do latim tardio cauma e este do grego kauma bdquocalor

ardente chama‟ [] calmaria sf bdquocalma‟ XVI

rarrBluteau CALMARIA Calmaricirca Tanquilidade das aguas do mar Malacia amp Fem []

Amanheceo o dia ſeguinte em huma terrivel Calmaria Queirograves Vida do Irmatildeo Baſto pag

351colI

rarrMoraes e Silva calmaria sf de Naut Tempo de calma no mar em que o navio natildeo surde

ldquoestar o mar em calmariardquo []

rarrLaudelino Freire sf De calma + aria Cessaccedilatildeo do vento e do movimento das ondas

[]

rarrAureacutelio [ De calma + aria] Sf 1 Ausecircncia de ventos eou do movimento das ondas []

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq

[] por cinco ou seis dias tivemos grandes calmarias trovoadas e chuveiros tatildeo escuros e

medonhos e tatildeo fortes ventos que era cousa despanto e no meio dia ficavamos numa noite

mui escura

PADRE FERNAtildeO CARDIM (1980) [1583] III - INFORMACcedilAtildeO DA MISSAtildeO DO P

CHRISTOVAtildeO GOUVEcircA AacuteS PARTES DO BRASIL - ANNO DE 83 - OU NARRATIVA

EPISTOLAR DE UMA VIAGEM E MISSAtildeO JESUIacuteTICA[A00_0751 p 142]

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Somente Moraes e Silva define calmaria como termo naacuteutico mas todos os

outros dicionaacuteriosem suas definiccedilotildees remetem a tempo e atmosfera Origem italiana lt

latina

Ficha 44

Canjar vs (T Naut) Ir avante

______________________________________________________________________

rarrCunha natildeo consta

rarrBluteau natildeo consta

rarrMoraes e Silva CANJAacuteR vr t de Naut Surdir aacute vante ldquo os ventos ponteiros faziatildeo

desandar o que o navio tinha canjadordquo i eacute os ventos abatiatildeo o que o navio tinha surdido

vingado Freire

rarrLaudelino Freire CANJAR v intran Ant Trocar de cocircr ou de rumo cambiar Canjar s

m Aacuter kandjar Espeacutecie de punhal de lacircmina comprida afiada dos dois lados alfanje

rarrAureacutelio natildeo consta

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Somente Moraes e Silva apresenta canjar como termo naacuteutico Origem

duvidosa (italiana) (Houaiss 2001)

92

Ficha 45

Carlinga sf (T Naut) He hum encaixe onde na sobrequilha da nagraveo ou navio assenta o pegrave

do mastro grande e do traquete por outro nome pia

______________________________________________________________________

rarrCunha carlinga sf bdquo(Constr Nav) ant forte peccedila de madeira fixa agrave sobrequilha com um

encaixe onde entra a mecha do peacute do mastro real‟ XVI (Aeron) cabina XX Do fr carlingue

deriv do a escand kerling bdquomulher‟ bdquocarlinga‟ por uma comparaccedilatildeo de ordem sexual

rarrBluteau CARLINGA (Termo de navio) He na ſobrequilha hum encaixo ou covaſinha

onde aſſentaotilde o maſto grande amp agraves vezes o do traquete Por outro nome chamotildelhe PiaO Padre

Filiberto Monet com termos Grego-Latinos chama a Carlinga Hiftodoche es Fem amp

Hiftopus odis Mafe O peacute do maſto ſe encaixa em hum buraco quadrado da Carlinga Pterna

mali ou peacutes mau ou talus mali inditur ftatuitur in quadro biftodoches cavo A Carlinga

ſerve de de baze ao maſto amp a quilha de pedeſtal Hiftodoche feumodius bafin dyrochus verograve

ftylobaten navali malo fubminiftratA agoa que a nao fazia era pola Carlinga Comentar De

Affonſo d‟Albuquerque pag 22

rarrMoraes e Silva CARLIacuteNGA s f t de Naut Na sobrequilha dos navios eacute um encaxe onde

assenta o peacute do mastro grande e do traquete aliaacutes se diz pia Comment dlsquo Albuq P22 Couto

6921

rarrLaudelino Freire CARLINGA s f Naacuteut Peccedila fixada na sobrequilha ou abertura nesta

praticada e em que encaixam os mastros sobrequilha 2 Aeron Lugar onde fica o pilocircto

3 Tabuleta com furos em baixo do banco da vela da jangada e na qual se prende o peacute do

mastro mudando-se de um furo para o outro conforme a conveniecircncia da ocasiatildeo carninga

rarrAureacutelio carlinga [Do fr carlingue] Substantivo feminino 1Ant Constr Nav Forte peccedila

de madeira fixa agrave sobrequilha e em cuja face superior haacute um encaixe de seccedilatildeo quadrangular

onde entra a mecha do peacute do mastro real 2Constr Nav Gola metaacutelica fixa no conveacutes (quando

o mastro natildeo vai ateacute agrave quilha) e onde se apoia o peacute do mastro As meias arrendadas foram

atiradas agrave carlinga do mastro (Xavier Marques Jana e Joel p 173) 3Cabina (3) 4Bras

NE Tabuleta com furos embaixo do banco da vela de uma jangada e na qual se prende o peacute

do mastro mudando-se de um furo para o outro segundo a conveniecircncia da ocasiatildeo [Var

carninga]

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Todos os dicionaacuterios apresentam carlinga como termo naacuteutico Origem

francesa

Ficha 46

Carregadeiras por outro nome Sirgideiras Sf plr (T Naut) Cabos delgados para colher ou

carregar as velas Dous moitotildees com cabo fixo no enxertario para arriar a verga

______________________________________________________________________

rarrCunha do latim carrus ndash carregadeira 1813

93

rarrBluteau CARREGADEIRAS ou Sirgideiras (Termo de Marinhagem) Carregadeiras da

mezena ſaotilde huns cabos delgados cotilde que ſe carrega a vela amp ſe colhe colligendo velo

poftico Carregadeiras (Outro termo de marinhagem) Satildeo dous moutoens com hũ cabo fixo

no enxertario que ſerve para arriar a verga a baixo quando faz tempo

rarrMoraes e Silva CARREGADEIRAS s f pl t de Naut ou Sirgideiras cabos delgados

com que se colhem ou carregatildeo as velassect Dois moitotildees com cabo fixo no enxertario para

arriar a verga quando faz tempo

rarr Laudelino Freire s f pl Lus Giacuter As pernas CARREGADEIRA s f De carregar +

deixara Cabo delgado com que se carregam ou colhem as velas dos navios []

rarrAureacutelio carregadeira [De carregar + -deira] Substantivo feminino 1Marinh Cabo

delgado com que se carregam ou colhem as velas []

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo constam carregadeiras nem sirgideiras

______________________________________________________________________

Comentaacuterios todos os dicionaacuterios apresentam carregadeiras como termo naacuteutico de

marinhagem ou do mar Origem portuguesa lt latina

Ficha 47

Cevadeira sf (T Naut) vela pequena agrave proa do navio Alforge de comida

______________________________________________________________________

rarrCunha do latim cibare

rarrBluteau CEVADEIRA Vela pequena que ſe potildeem na proa Proclinati ad proram mali

velum

rarrMoraes e Silva CEVAgraveDEIRA s f vela pequena de proa t de Naut sect Alforge de comer

Couto 5113 natildeo levatildeo mais que suas armas e cevadeiras com farinha de trigo Cont de

Trancoso sect Homem da minha cevadeira i eacute da minha conversaccedilatildeo Eufr 51 Hist Naut 1

456 ldquoSem alforge e cevadeirardquo os Apoacutestolos despedidos por J Christo Feo Sem De Nossa

Senhora das Neves p115 ldquoRumecan General com 7 ou 8 mil de cavallo da sua cevadeira

Couto 495

rarrLaudelino Freire CEVADEIRA s f de cevar + deira Naacuteut Pequena vela suspensa de

uma vecircrga que atravessa horizontalmente o gurupeacutes

rarrAureacutelio cevadeira [De cevada + -eira] Substantivo feminino 1Saco que se adapta ao

focinho das cavalgaduras para lhes dar a cevada ou outro alimento bornal embornal

2Marinh Ant Verga de cevadeira 3Marinh Ant Vela quadrangular que envergava na

verga do mesmo nome por baixo do gurupecircs [Cf sevadeira]

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq

Apartados os dous navios da ſombra da terra deſcubrioſe entatildeo da Armada que rendido o

noſſo do Pirata o levava aacute toa E metendolhe breviſlimamente vellas de eſtay cutellos

joanetes barredouras (aacutelem da meſena amp ſevadeira que lhe faltou) adiantava grande

caminho em pouco tempo fugindo a hum cortar para ſervirlhe o vento a todo pano o vento

a todo pano

FRANCISCO DE BRITO FREYRE (1655) [1655] SENHOR [A00_2496 p 42]

______________________________________________________________________

Comentaacuterios todos os dicionaacuterios apresentam cevadeira como termo naacuteutico ou relativo ao

mar Origem portuguesa lt latina

94

Ficha 48

Chapeleta sf (T Naut) Couro pregado sobre o pagraveo chamado de nabo O salto da pedra

atirada agrave superficie da agua

______________________________________________________________________

rarrCunha do a f chapel

rarrBluteau CHAPELETA Chapeleta (Termo de navio) He hum couro pregado em cima de

hum pagraveo redondo que chamaotilde Nabo Coriaceum tegumentum i Neut

rarrMoraes e Silva CHAPELETA s f t de Naut Coiro pregado sobre o paacuteo a que os

Nauticos chamatildeo Nabo da Bomba de esgotar o fundo dos navios

rarrLaudelino Freire CHAPELETA s f Cast chapelete Chapelinho 2 Vaacutelvula nas

bombas que se usam a bordo

rarrAureacutelio [De chapeacuteu1 (lt fr ant chapel) + -eta (ecirc) seg o padratildeo erudito] Substantivo

feminino 1V chapeacuteu1 (1) 2Vaacutelvula de bola (q v) usada nas bombas [v bomba (4)] 3V

ricochete (1) 4Mancha de rubor nas faces chapeacuteu1 [Do fr ant chapel atual chapeau]

Substantivo masculino 1Peccedila de feltro palha etc com copa e abas e destinada a cobrir a

cabeccedila [Aum chapelatildeo chapeiratildeo dim irreg chapelete chapeleta Sin (bras giacuter) tampa

e penante] Marinh A parte superior do cabrestante

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Embora natildeo conste em todos os dicionaacuterios como termo naacuteutico as definiccedilotildees

apresentadas remetem a esse termo Origem portuguesa lt francesa

Ficha 49

Chapiteo sm (T Naut) O remate mais alto da popa e proa No edifiacutecio Chapitel he o

rematte delle

______________________________________________________________________

rarrCunha natildeo consta

rarrBluteau CHAPITEO Chapiteo (Termo de navio Por quanto hum homem podia diviſar do

Chapiteo da naacuteo Barr 2 Dec pag 186col2

rarrMoraes e Silva CHAPITEO Chapiteacutel V Chapiteacuteo Palm 3111Chapiteacuteo s m t de

Naut o chapiteacuteo da naacuteo Barros 2186 quanto um homem podia divisar do chapiteacuteo da naacuteo

Amaral 2 Eacute a parte mais alta em que se remata a popa e proa onde frequentemente havia

castellos e entatildeo o Chapiteo rematava os castellos bem como na arquitectura civil os

chapiteacuteis rematatildeo os edificios Seg Cerco de Diu f157 ―chapiteacuteos da Igreja M Pinto

6214

rarrLaudelino Freire CHAPITEacuteU s m De capitel A parte mais elevada da proa e da pocircpa

do navio

rarrAureacutelio natildeo constam chapiteacuteo chapiteacuteu

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq

Era tam grande o mar que agrave entrada da baiacutea em 9 braccedilas de fundo me deu o mar por riba

do chapiteacuteo e veo quebrar no conveacutes

PEcircRO LOPES DE SOUSA (1968) [1530] DIAacuteRIO DA NAVEGACcedilAtildeO DE PEcircRO LOPES DE

SOUSA [A00_0078 p 107]

95

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Aureacutelio natildeo lista chapiteo em seu dicionaacuterio Para os demais autores

consultados chapiteo eacute um termo de navio Origem natildeo encontrada

Ficha 50

Chaveta sf (T Naut) Ferro com que se bdquore em‟ as cavilhas fechando por cima das arruelas

Ferro no eixo que natildeo deixa saacutelvio o que estagrave enfiado nelle

_____________________________________________________________________

rarrCunha chaveta - do latim clavem

rarrBluteau CHAVETA Chaveta (Termo de navio) Chapa de ferro da largura de dous dedos

eſtreita para a ponta fecha por cima das arruelas para que ſe naotilde poacuteſſaotilde tirar as cavilhas

Clavorum retinaculum i Neut

rarrMoraes e Silva CHAVEgraveTA s f t de Naut Peccedila de ferro que fecha por cima das

arruellas para reter as cavilhas ou se mette no extremo de algum eixo paranatildeo sair o que estaacute

enfiado nelle

rarrLaudelino Freire CHAVEcircTA s f De chave Peccedila de ferro na extremidade de um eixo

para natildeo deixar sair as rodas ou peccedila que segura uma cavilha 2 Cavilha 3 Haste em que

jogam as dobradiccedilas 4 Lus O mesmo que chavelha

rarrAureacutelio chaveta (ecirc) [De chave + -eta (ecirc)] Substantivo feminino 1Peccedila na extremidade

dum eixo para fixar as rodas2Peccedila para segurar a cavilha 3Haste em que jogam as

dobradiccedilas 4Bras SP Peccedila de madeira que prende a canga agrave tiradeira [Pl chavetas (ecirc) Cf

chaveta e chavetas do v chavetar]

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq

[] e estas fontes como outros tantos Cyfoens enchem delivel com aagoa dorio aquellas

praccedilas logo que amachina se interrompe machina ha destas q consta de quatro centas

chapas deferro ecada chapa de oito Libras fora as cavilhas e chavetas do mesmo metal

[]

ANTONIO PIRES DA SILVA PONTES LEME (1896) [nd] MEMORIAS SOBRE A

EXTRACCcedilAtildeO DO OURO NA CAPITANIA DE MINAS GERAES () [A00_0761 P 420]

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Todos os dicionaacuterios apresentam o termo chaveta ligado ao mundo mariacutetimo

Origem portuguesa lt latina

Ficha 51

Cheleira sf (T naut) peccedila de madeira nas nagraveos junto aacutes portinholas com vatildeos onde se

mettem as balas

_____________________________________________________________________

rarrCunha natildeo consta

rarrBluteau natildeo consta

rarrMoraes e Silva CHELEgraveIRA s f Nas naacuteos de guerra eacute peccedila de madeira que corre ao

longo do costado junto aacutes portinholas e onde estatildeo as ballas vi uns vatildeos feitos para isso nas

cheleiras (do Inglez Shelf) Exame de Artilheiros

96

rarrLaudelino Freire CHELEIRA s f Lugar em que empilham as balas na bateria de um

navio 2 Peccedila de madeira em que a bordo se encaixam baldes

rarrAureacutelio natildeo consta

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Em suas acepccedilotildees os dicionaacuterios de Moraes e Silva e Laudelino Freire

apontam o termo como do universo naacuteutico Os demias dicionaristas natildeo citam o termo

Origem natildeo encontrada

Ficha 52

Ciar se va refl Ter ciumes (T Naut) vn Remar para traz em quanto outros rematildeo ao

contrario para voltar o baixel

______________________________________________________________________

rarrCunha ciar vb bdquoremar para traacutes‟ l cear XVI l Do cast ciacutear talvez deriv de cia bdquoquadril‟

pelo esforccedilo que faz esta parte do corpo ao ciar

rarrBluteau CIAR ou ciarſe ter ciumes Emulari Vid Ciume amp Ciofo Pois ſe Chriſto ſe Cia

tanto de morrer algum hoacutemem antes que elle morra pelos homens OP Ant Vieira

rarrMoraes e Silva CIAR-SE t de Naut Remar para traz ao tempo que os outros remeiros do

lado opposto rematildeo para diante para voltar a galeacute V Ciavoga Cast 2161 V Cear como

escrevem Barros e Castanheda CIAVOacuteGA s f t de Naut Volta em redondo que se daacute aacute

galeacute remando os de um lado e ciando os do outro Cast

rarrLaudelino FreireCIAR v intr Naacuteut Remar no sentido contraacuterio ao andamento para

recuar ou para voltar a embarcaccedilatildeo vogando a direito os remeiros do outro lado 2 Mover-

se para traacutesrdquo Cia a igara e reparte um silvo extensordquo (Pocircrto Alegre)

rarrAureacutelio ciar1 [Do esp ciar poss] Verbo intransitivo 1Remar para traacutes 2P ext Mover-se

para traacutes [Cf siar e cear]

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq

Vista jaacute posto que em sombras a pintura do corpo natural desta Regiatildeo a benevolecircncia do

seu clima a fermosura dos seus Astros a distancia das suas costas o curso cia sua

navegaccedilatildeo o movimento dos seus mares objectos que mereciaotilde mais vivos e dilatados

rascunhos []

SEBASTIAtildeO DA ROCHA PITTA (1878) [1730] LIVRO PRIMEIRO [A00_0567 p 13]

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Dentre os dicionaacuterios consultados somente o de Bluteau natildeo cita o termo ciar-

se como naacuteutico Origem castelhana

Ficha 53

Cifa sf Assim chamatildeo os ourives a aregravea de que enchem os frascos de moldar e vasar as

peccedilas (T Naut) untura que se dagrave nas embarcaccedilotildees

______________________________________________________________________

rarrCunha cifa sf bdquoareia que os ourives empregam para moldar‟ 1813 Do arsatildeifacirc

97

rarrBluteau natildeo consta

rarrMoraes e Silva CIFA sf eacute untura que se daacute aos navios feita de gordura ou azeite de

peixes ampc B 4816 ldquodaria 100 quintaacutees de Cifa ( que eacute azeite de peixe) ―Couto V de Lima

6 16 lhe mandassem municcedilotildees remos cifa cotonias []

rarrLaudelino Freire sf aacuter saifa Areia de que os ourives enchem os frascos de moldar e

vazar as peccedilas que eles depois tecircm de lavar

rarrAureacutelio cifa [Do aacuter sayf espada areia fina (sentido metafoacuterico)] Substantivo feminino

1Areia que os ourives empregam para moldar

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Somente Moraes e Silva abona o termo cifa como naacuteutico Origem aacuterabe

Ficha 54

Cifar va (T Naut) Dar cifa

______________________________________________________________________

rarrCunha de cifa sf bdquoDo arsatildeifacirc

rarrBluteau CIFAR Termo Nautico Mandou logo Cifar amp baſtecer trinta navios Jacinto

Freire mihi 322 Cinco navios varados amp Cifados para ſe lanccedilarem ao mar Couto 8 Dic 129

col1

rarrMoraes e Silva CIFAacuteR v at De Naut Dar cifa aos navios ldquocifar e alimpar os naviosrdquo

Cron F III P 3 c 77 mandou cifar e bastecer trinta navios Freire cinco navios varados e

cifados para se lanccedilarem ao mar Cast 8 fol I col I ldquocifados e ensevados os navios para

que ficassem mais ligeirosrdquo e a f 250 como as embarcaccedilotildees estavatildeo cifadas e enseyadas

prendeo logo o fogo nellas V Cifa

rarrLaudelino Freire CIFAR v tr dir De cifa + ar Ant Untar com cifa (os navios) 2

Aparelhar ou abastecer (embarcaccedilatildeo) para se lanccedilar agrave aacutegua

rarrAureacutelio natildeo consta

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Dos dicionaacuterios consultados natildeo citam o termo as obras de Aureacutelio e Cunha

Origem aacuterabe

Ficha 55

Cinta sf Faixa de apertar o corpo Cintura onde se aperta a cinta Peccedila das culumnas e

pedestaes (T Naut) Pagraveos de reforccedilar o forro do costado de popa agrave proa

______________________________________________________________________

rarrCunha cinta sf bdquofaixa para apertar a cintura‟ XIII Do lat cĭncta part De cĭngĕre cintAR

1881 cinto1

adj bdquocingido‟ XIV Do lat cinctus ndashūs part De cĭngĕre cinto2

sm bdquofaixa ou

tira que cinge o meio do corpo com uma soacute volta‟ XIII Do lat cinctus -ŭs cintura sf bdquoa

parte meacutedia do tronco humano situada abaixo do peito e acima dos quadris‟ l ccedilin- XIV ccedilim-

XV l Do lat cinctūra cintURAtildeO sm bdquocinto grande‟ 1813

rarrBluteau Cintas (Termo de navio) Saotilde huns paacuteos que cingem o navio da popa ateacute a proa

pela parte de fora abraccedilando toda aquella madeira em diſtancia huma da outra de palmo amp

meyo ou dous palmos de largo ou ſaotilde huns paacuteos q coacuterrem davante a Reacute ſobre as eſtacas que

ellas foraotilde correndo ao longo das Cintas do coſtados []

98

rarrMoraes e Silva [] t de Naut Paacuteos que vatildeo por fora do costado de popa aacute proa e servem

de reforccedilo ao taboado ou forro do costado Barros

rarrLaudelino Freire CINTAS s f pl Taacutebuas pregadas aos caibros junto agrave cumieira e

paralelas a esta de dois em dois metros mais ou menos para dar firmeza aos planos do

madeiramento 2 Pranchotildees que cingem o navio da pocircpa agrave proa

rarrAureacutelio cinta [Do lat cincta fem do part pass de cingere] Substantivo feminino

Constr Nav Fiada de chapas mais grossas dispostas de proa agrave popa no forro exterior do

costado de navios de ferro agrave altura do conveacutes da borda-livre com o fim de aumentar a

resistecircncia do casco e do proacuteprio costado cintado []1 Bras Mar G Dispositivo instalado

numa embarcaccedilatildeo de casco de ferro ou de accedilo e que atenua ou neutraliza a deformaccedilatildeo que o

magnetismo da embarcaccedilatildeo causa nas linhas de forccedila do magnetismo terrestre assim

reduzindo muito a eficaacutecia das minas e torpedos eletromagneacuteticos que se possam encontrar na

rota Cinta couraccedilada 1 Constr Nav Cinta de chapas de couraccedila para proteger navio

encouraccedilado e que se estende desde abaixo da sua linha de flutuaccedilatildeo ateacute pouco acima dela

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Todos os dicionaacuterios apresentam cinta como termo naacuteutico Origem

portuguesa lt latina

Ficha 56

Clara s f O branco glutinoso do ovo (T Naut) No beque do navio he hum pagraveo que vai por

baixo da curva e por cima do talhamar

______________________________________________________________________

rarrCunhaclara - Claro adj bdquoorig luminoso brilhante iluminado‟ fig niacutetido inteligiacutevel

manifesto‟ XIII Do lat clarus []

rarrBluteau [] Clara do Beque Palavra de Navio He hum paacuteo que vay por cima do

Talhamar amp por baxo da curva Chamaſe Clara porque tem ſeus vatildeos para por ella paſſar o

mar

rarrMoraes e Silva CLARA sf [] Clara do beque pao que vai por cima do talhamar e por

baixo da curva t de Naut

rarrLaudelino Freire CLARA sf [] 4 Abertura em algumas peccedilas do navio

rarrAureacutelio clara [F subst do adj claro] s f 4Mar V aberta (9) 5Constr Nav Designaccedilatildeo

comum a algumas aberturas existentes no casco ou no aparelho das embarcaccedilotildees []

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta

______________________________________________________________________

Comentaacuterios todas as obras apontam clara como termo de navio entre outras acepccedilotildees

Origem portuguesa lt latina

99

Ficha 57

Colhedor sm Que colhe as frutas das aacutervores No plur(T Naut) Cabos que para fortificar

os mastros passatildeo pelas bigotas fixas nas pontas dos bdquoovens‟ da enxarcia e nas que estatildeo fixas

na abotoadura

______________________________________________________________________

rarrCunha colhedor ndash de colher Do latim colligere

rarrBluteau Colhedocircres (Termo de navio) Saotilde huns cabos que paſſaotilde pelas bigotas que

eſtaotilde fixas nas pontas dos ovens da Enxarcia como tambem por aquellas que eſtaotilde fixas na

abotocadura para fortificar os maſtos Demandaotilde toda a forccedila amp vaotilde a poder de muyto cabo

[]

rarrMoraes e Silva sm [] t de Naut cabos que passatildeo pelas bigotas fixas nas pontas dos

ovens da enxaacutercia e por outras fixas na abotoadura para fortificar os mastros

rarrLaudelino Freire COLHEDOR adj E sm De colher + dor O que colhe o que recebe

Colhedores s m pl Cabos delgados que enfiando pelos buracos de duas bigotas ou sapatos

servem para tesar os oveacutens estais

rarrAureacutelio [De colher (ecirc) + -dor] Adjetivo Marinh Cabo com que se tesa um estai um

oveacutem etc e que gorne em um par de bigotas uma das quais eacute presa no chicote do cabo a

tesar e a outra num ponto apropriado do conveacutes do costado de um mastro etc

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta

______________________________________________________________________

Comentaacuterios todos os dicionaacuterios apontam colhedor como termo naacuteutico Origem

portuguesa lt latina

Ficha 58

Contrapunho sm [T Naut] cabo pegado na ponta da vela grande e do traquete para ajudar

a amarra

______________________________________________________________________

rarrCunha contra (latim) +punho (latim)

rarrBluteau (Termo de navio) He hum cabo que eſtaacute pegado na ponta da vella grande amp do

traquete que ſerve de ajudar a amarra Naotilde tem nome proprio Latino

rarrMoraes e Silva CONTRAPUacuteNHO s m t de Naut Cabo pegado na ponta da vela grande

e do traquete para ajudar a amarra

rarrLaudelino Freire CONTRAPUNHO s m De contra + punho Naacuteut Cabo fixo na ponta

da vela grande e do traquete para auxiliar a manobra

rarrAureacutelio contrapunho [De contra- + punho] Substantivo masculino 1Marinh Cabo ligado

agrave ponta da vela grande e do traquete e que serve para auxiliar a manobra

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta

______________________________________________________________________

Comentaacuterios todos os dicionaacuterios apontam contrapunho como termo naacuteutico Origem

portuguesa lt latina

100

Ficha 59

Corda sf fios torcidos de estopa etc entre si de diversas grossuras e para diversos usos Nos

Instrumentos musicos he de intestinos de animaes ou de arame No relogio he de accedilo

Cordilheria Extremidade do muscolo No plr (T Naut) Chapas de lata que vatildeo davante agrave regrave

nas cobertas

______________________________________________________________________

rarrCunha corda sf bdquocabo de fios vegetais unidos e torcidos uns sobre os outros‟ bdquofios de

vibra em alguns instrumentos‟ XIII Do lat chŏrda deriv Do gr chordē bdquotripa corda musical

feita com tripas‟ []

rarrBluteau CORDA Corda de navio Funis nauticus i Maſe Rudens tis Maſe Plauto faz

eſte nome do genero feminino mas melhor he fazelo do genero maſculino agrave imitaccedilaotilde de

Catullo Virgilio Oviacutedio Lucano Silio Italico amp Juvenal Vid Ancora Vid Calabre Cordas

com que ſe governaotilde as antenas Funes opiferi Corda com que ſe atta a antena ao maſto

Anquina e Fem Cinna Corda que puxa agrave firga []

rarrMoraes e Silva COacuteRDAS sf pl t de Naut Satildeo umas latas davante a re em todas as

cobertas

rarrLaudelino Freire CORDA s f Lat chorda Peccedila de fios unidos e torcidos uns socircbre os

outros e que serve para prender ou apertar[]

rarrAureacutelio corda [Do lat chorda] Substantivo feminino Constr Nav Ant Cada uma das

vigas longitudinais que nas naus galeotildees etc juntamente com os vaus e as latas aguentavam

os pavimentos 10Marinh Pedaccedilo de cabo ligado ao badalo do sino de bordo [Eacute este a bordo

o uacutenico cabo que tem o nome de corda Cf sicorda]

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq

Falta soacute a induacutestria de as ir puxando para diante para cada vez irem avanccedilando e eacute faacutecil

pondo na ponta de cada pao alguma roda ou reacutegoa entesada em cordas

um calabre cujas pontas vatildeo prender na extremidade dos acircngulos que seguram

PADRE JOAtildeO DANIEL (1976) [1757] PARTE SEXTA - DO TESOURO DESCUBERTO NO

RIO MAXIMO AMAZONAS - CONTEacuteM INVENTOS UacuteTEIS E CURIOSOS PARA A MELHOR

FAZENDO NAVEGACcedilAtildeO PROacuteSPEROS TODOS OS VENTOS AINDA OS MAIS

PONTEIROS E CONTRAacuteRIOS E PARA FAZER NAS CALMARIAS BOA VIAGEM COM

NOVA INVENCcedilAtildeO DE REPRESAR AS MAREacuteS PARA MOEREM FAacuteBRICAS E INGENHOS

DE MOTO CONTIacuteNUO ACCRESCEM ALGUMAS OUTRAS IDEacuteAS DE INGENHOS

MANUAES PARA SERRAR MADEIRA FAZER ACcedilUacuteCAR E MUITOS OUTROS NAtildeO

MENOS CURIOSOS QUE UacuteTEIS A VIDA HUMANA - CAP 12deg - DOS OUTROS TREcircS

MODOS DE SERRAR MADEIRA COM INGENHO PORTAacuteTIL [A00_1975 p 431]

______________________________________________________________________

Comentaacuterios todos os dicionaacuterios apontam corda como termo naacuteutico exceto Laudelino

Origem portuguesa lt latina lt grega

101

Ficha 60

Cossouro sm (T Naut] bola de ferro furada no meio onde se mette o mastro Na espora he

a roda com dentes

______________________________________________________________________

rarrCunha cossouro sm bdquoroseta de espora‟ 1813 De origem obscura

rarrBluteau COSSOUROS do navio Saotilde humas bolas de ferro furadas no meyo em que ſe

mete o maſto Servem para os Enxertarios []

rarrMoraes e Silva COSSOgraveUROS s m pl t de Naut Bolas de ferro furadas no meyo em

que se mette o mastro servem para os enxertarios sect Cossouro da espora roda que estaacute na puacutea

rarrLaudelino Freire COSSOURO s m Bola de ferro com orifiacutecio ao centro onde se embebe

o mastrosect 2 Roseta de espora

rarrAureacutelio cossouro [De or obscura] SM 1Roseta de espora [F paral cossoiro]

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta

______________________________________________________________________

Comentaacuterios todos os dicionaacuterios remetem o significado do termo cossouro ao mundo

naacuteutico Origem obscura

Ficha 61

[]

Costa sf Terreno que se levanta em ladeira Terra junta ao mar No plr costelas do corpo

(T Naut] curvas e outras peccedilas que sostecircm o costado []Dar aacute costa naufragar encalhar

[]

______________________________________________________________________

rarrCunha costa sf bdquo(no pl) espaacuteduas‟ XIII bdquocostela‟ XIII bdquolitoral‟ XIV Do lat cŏsta

bdquocostela ilharga lado flanco‟ []

rarrBluteau COSTA do mar ( chamada porque de ordinario he amp coſtumamos dizer A

coſta do monte ou porque a terra junto ao mar de ordinario he curva a modo de Correr a

coſta Navali excursione oram Deſpois de corrida toda a coſta Proximo laure Tacito

fallatildedo em huma armada Navegar coſta a coſta Luttus radere Vr V CoſtearDar agrave coſta

Allidi ad eram ou ad oram maritimam Com naacuteos deſtroccediladas tem quaſi agrave Coſta Chagas

Cart Eſpirit Tom 291 Fez fazer mytos navios para guardar a coſta Varias naves ad oram

maritimam tuendam

rarrMoraes e Silva COacuteSTA s f Terreno que se vaacutei erguendo e fazendo ladeira sect Ir coacutesta a

riba i eacute debaixo para cima e fig com difficuldadesect Correr a costa ir ao longo perto della

e assim navegar costa a costa sem se empeacutegar nem emmarar sect Dar agrave costa vir encalhar ou

naufragar nella com tormenta ou varar nella de proposito vg deu este navio aacute costa o tempo

forte deu elle aacute costardquo naacuteos lanccediladas aacute costardquo B 453

rarrLaudelino Freire COSTA s f Ant Anat Costela 2 Regiatildeo proacutexima do mar borda

do mar litoral praia 3 Porccedilatildeo de mar proacutexima da terra

102

rarr Aureacutelio [] 2Litoral (2) 3Porccedilatildeo de mar proacutexima da terra 4A costa da Aacutefrica em geral

[Nesta acepccedil figura em vaacuterios vocaacutebulos ou expressotildees como p ex pano da costa e sabatildeo-

da-costa] 5Encosta declive Dar agrave costa 1 Mar Encalhar (a embarcaccedilatildeo) no litoral por

acidente ou maacute visibilidade ou impelida por tormenta ir agrave costa 2 Fig Perder-se arruinar-se

Ir agrave costa 1 Mar Dar agrave costa (1)

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq

mar quebrar na costa

preto

PERO VAZ DE CAMINHA (1964) [1500] CARTA DE PERO VAZ DE CAMINHA

[A00_0335 p 01]

Sesta-feira 2 dias de Novembro veo a gente que tinha mandada em busca de Martim Afonso

e me disseram como a nao capitaina dera agrave costa por falta de amarras e que Martim Afonso

com toda a gente se salvaram todos a nado (sogravemente morreram sete pessoas seis afogados e

um que morreo de pasmo) e que o bragantim dera tambeacutem agrave costa e poreacutem que lhe nom

fizera nojo e o batel do galeam e da capitaina tinhatildeo satildeos []

PEcircRO LOPES DE SOUSA (1968) [1530] DIAacuteRIO DA NAVEGACcedilAtildeO DE PEcircRO LOPES DE

SOUSA] [A00_0078 p 73]

______________________________________________________________________

Comentaacuterios todas as obras indicam costas dentre outras acepccedilotildees como termo ligado agrave

vida mariacutetima Como termo naacuteutico o DLB apresenta tambeacutem a expressatildeo dar agrave costa

Origem portuguesa lt latina

Ficha 62

Cruzar va Por em forma de cruz Atravessar pelo meio Fig Sobmetter-se conformar-se (T

Naut) Pairar

______________________________________________________________________

rarrCunha cruzarrarr CRUZ [] Do lat crux crǔcis [] cruzAR vb bdquofazer cruzada‟ XIII

bdquopercorrer atravessar‟ XVII []

rarrBluteau CRUZAR Andar atraveſſando de huma parte a outra Cruzar o mar aſſi

como diz Cicero Andatildeo os Piratas cruzando o mar Pirate mareacute inſeſtum havent Ex Cicer

ou mareacute navibus interclu ou claufum tenent Outras duas velas Cruzaratildeo largo tempo o mar

Britt Viagem ao Braſil pag 56 Dos que Nos Eſtreytos do mar ſe levantatildeo as ondas

amp andatildeo os mares Cruzados Vieir Tom 6 pag 481

rarrMoraes e Silva CRUZAacuteR v at Pograver em cruz v g cruzatildeo as vergas Mousinho Afonso

Afric sect Andar bordejando pairar Brito Viag Braacutes P56 duas velas cruzaacuteratildeo largo tempo o

mar Vieira andatildeo os homens cruzando as cortes atravessando daqui para alli no mesmo

lugar Cruza este terreiro a cavalo cruza os mares

rarrLaudelino Freire CRUZAR v r v De cruz + ar Ocupar ou vigiar certa extensatildeo do mar

percorrendo-a em tocircdas as direccedilotildees (intr tr ind com prep em) ldquoAs esquadras federais

cruzaram veratildeo e inverno durante anosrdquo (Rui) ldquoUma esquadra destinada a cruzar no

Baacutelticordquo (Aulete)

rarrAureacutelio cruzar [De cruz + -ar2][]3Cortar atravessar A Avenida Rio Branco cruza a

Presidente VargasCruzam o firmamento as estrelas cadentes (Martins Fontes Veratildeo p

154) 4Passar por percorrer atravessar Lembrava-se bem do tempo em que cruzara aquelas

estradas5Transpor penetrar Saiu dizendo que jamais voltaria a cruzar aqueles

umbrais6Percorrer em diversos sentidos cruzar os mares cruzar estradas []

8Encontrar-se vindo em direccedilotildees opostascruzara com um caboclo espadauacutedo e rijo

(Herman Lima Garimpos p 142) [] 10Percorrer o mar em direccedilotildees diversas11Estar

103

atravessado colocar-se de traveacutes 12Encontrar-se vindo em direccedilotildees opostas cruzar-se []

Cruzar (16) Os navios cruzaram-se em pleno equador []

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq

Em que se declara o clima da Bahia como cruzam os ventos na sua costa e correm as aguas

GABRIEL SOARES DE SOUSA (1938) [1587] DESCRIPCcedilAtildeO TOPOGRAPHICA DA BAHIA

(PARTE SEGUNDA -TITULO 2) [A00_0178 p 133]

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Os dicionaacuterios consultados apresentam abonaccedilotildees que remetem ao termo

cruzar na acepccedilatildeo de mariacutetimo Origem portuguesa lt latina

Ficha 63

Cunho sm Instrumento com que se marca a moeda ou medalha Fig Uso pronunciaccedilatildeo

sentido que se daacute agraves palavras (T Naut) Pagraveos em torno do cabrestante com seus dentes em

que pegatildeo o linguete e as amarras Sem cruzes nem cunhos famil sem caracter certo vario

______________________________________________________________________

rarrCunha cunho sm ldquoplaca de ferro para marcar moedas medalhas etcrdquo XV Do lat cŭněus

ndashī

rarrBluteau Cunhos (Palavra de navio) Satildeo huns paacuteos pregados agrave roda do cabreſtante por

baxo com ſeus dentes em que pega o linguete amp as amarras quando viraotilde Natildeo temos

palavra propria Latina

rarrMoraes e Silva CUNHO Cunhos t de Naut paacuteos pregados aacute roda do cabrestante com

seus dentes em que pega o linguete e as amarras quando viratildeo

rarrLaudelino Freire CUNHO Cunhos s m pl Naacuteut Espaccedilo junto ao lais tendo aberto

perpendicularmente um gorne onde passam certos cabos que manobram a vela que lhes fica

superior 2 Naacuteut Paus pregados em tocircrno do cabrestante nos quais pelo linguete 3

Pedaccedilos de pau curtos pregados no lugar conveniente e que servem para dar volta aos cabos de

mareaccedilatildeo

rarrAureacutelio cunho [Do lat cuneu] Substantivo masculino1Constr Nav Peccedila de metal

incudiforme que se fixa na amurada das embarcaccedilotildees nos turcos ou nos lugares por onde

possam passar cabos de laborar para dar-lhes volta2Tip Cada uma das peccedilas de metal que

com o auxiacutelio de chave servem para apertar a focircrma na rama [Sin nesta acepccedil aperto e

(desus) cunha V enviesado]

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta

______________________________________________________________________

Comentaacuterios todos os dicionaacuterios apresentam cunho como termo de navio Origem

portuguesa lt latina

Ficha 64

104

Curva sf A parte interior do joelho No pl (T Naut) Os pagraveos curvos que pegatildeo na quilha e

onde se pregatildeo as taboas

______________________________________________________________________ rarrCunha curv ˙a -ado -ar -atura rarr CURVO Curva sf bdquoqualquer linha ou superfiacutecie curva‟

1500 bdquo(Geom) lugar geomeacutetrico de um ponto que se desloca no espaccedilo com um uacutenico grau de

liberdade‟ 1844curvADO-bado XIV Do lat curvātus part de curvāre []

rarrBluteau Curva (Termo de Navio) Curvas de cotildevez ſaotilde as chaves da naacuteo que fortificatildeo os

lados Parece que ſaotilde o que Plinio chama Navium coft amp arum Fem Plur Curva do falcatildeo

do Beque he huma curva particular em que prega o Talhamar A quilha eſtava podre podres

as Curvas ou cavernas Vieira Tom 10220 E dando entre duas ondas impetuoſas Taboas

rendeo amp as Curvas mais forccediloſas Malaca conquiſt livro 1 oit 35

rarrMoraes e Silva CUacuteRVA Curvas t de Naut as costas ou peccedilas de paacuteo curvas que

nascem da quilha nas quaes se pregatildeo as taacuteboas do costado cavernas Vieira sect Curva do

falcatildeo do beque eacute uma curva onde se prega o talhamar

rarrLaudelino Freire CURVAS sf pl Mar Madeiros arqueados que partem do costado do

navio

rarrAureacutelio curva [F subst de curvo] SF 1Geom Lugar geomeacutetrico de um ponto que se

desloca num espaccedilo com um uacutenico grau de liberdade linha curva [O conceito pode abranger

como caso particular a linha reta] Curva de giraccedilatildeo 1 Lus Mar Curva de giro (q v)

Curva de giro 1 Bras Mar A que o centro de gravidade duma embarcaccedilatildeo descreve quando

se manteacutem o leme carregado para um dos bordos curva de giraccedilatildeo

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq

A madeira eacute leve mas muito liada que natildeo fende de que se tiram curvas para barcos e que

se fazem vasos de sellas e destas folhas podem manter bichos de seda e os levarem a estas

partes

GABRIEL SOARES DE SOUSA (1938) [1587] DAS ARVORES MEANS COM

DIFFERENTES PROPRIEDADES DOS CIPOacuteS E FOLHAS UTEIS (PARTE SEGUNDA -

TITULO 9) [A00_0185 p 252]

______________________________________________________________________

Comentaacuterios todos os dicionaristas apresentam curva como termo naacuteutico Origem

portuguesa lt latina

Ficha 65

Curvatatildeo sm ndashotildees no plr (T Naut) Vatildeo onde assenta a gavea Entre os Ferreiros satildeo dous

pagraveos do folle onde se prega a bdquoperada‟

______________________________________________________________________

rarrCunha curvo Do latim curvus

rarrBluteau CURVATAM Curvataotilde (Palavra de Navio) Curvatatildeo do gurupez he donde ſe

poem o vatildeo para aſſentar a gavea Carchefij fulcimentum i Neut Curvatoens tambem ſaotilde

huns paacuteos fortes em que ſe pregatildeo as perchas do beque Curvatoens do folle em officina de

fundidor ſaotilde dous paacuteos em que ſe prega huma taacuteboa de madeyra a que chamaotilde Perada

rarrMoraes e Silva CURVATAtildeO s m t de Naut No Curvatatildeo do gurupeacutes estaacute o vatildeo para

assentar a gaacutevea sectCurvatotildees do folle de ferreiro satildeo dois paacuteos onde se prega uma taacuteboa

chamada perada

rarrLaudelino Freire CURVATAtildeO Curvatotildees s m pl Naacuteut Duas peccedilas do mastro acima

da romatilde nas quais assentam os vaus reais

rarrAureacutelio curvatatildeo [Do esp curvatoacuten lt cat corbatoacute] Substantivo masculino 1Constr Nav

Ant Cada uma das duas fortes peccedilas de madeira presas agrave romatilde do mastro ou mastareacuteu e sobre

as quais assenta o cesto da gaacutevea

105

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta

______________________________________________________________________

Comentaacuterios todos os dicionaristas apresentam curvatatildeo como termo naacuteutico Origem

portuguesa lt latina

Ficha 66

Cutegravelo sm Alfange Instrumento semi-circular de ferro de que servem os curtidores [T

Naut] Vela pequena que se ajunta as gaveas No plr Pennas da extremidade das azas do

falcatildeo

______________________________________________________________________

rarrCunhacutelo sm bdquofaca‟ coitello XIII coytelo XIII Do lat cŭltěllus []

rarrBluteau Cutelos (Termo de navio) Armando-lhe joanetes amp Cutelos que natildeo trazia

Britto Viagem do Braſil pag 120

rarrMoraes e Silva CUTEgraveLO s m Alfange [] Velas pequenas que se ajuntatildeo quando haacute

bom vento Britto Viagem Metter cutelos e varreduras

rarrLaudelino Freire CUTELOS s m pl Mar Pequenas velas quadrangulares que servem de

suplemento agraves outras e se desfraldam quando o vento eacute favoraacutevel 2 Pedaccedilos de lona ou

brim que saem do painel das velas quando estas se cortam

rarrAureacutelio cutelo1 [Do lat cultellu faquinha] S m 3Ant Marinh Cada uma das velas

suplementares quadrangulares caccediladas junto agraves testas do velacho e da gaacutevea quando o vento

era de feiccedilatildeo para aumentar a superfiacutecie do pano vela de cutelo

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta

______________________________________________________________________

Comentaacuterios todos os dicionaristas apresentam cutelo como termo naacuteutico Origem

portuguesa lt latina

D

Ficha 67

Drsquoavante adv (T naut-) por diante

______________________________________________________________________

rarrCunha natildeo consta dlsquoavante poreacutem haacute avante adj bdquoadiante para frente‟ XIII Do lat tard

ǎbantě [] auantal XIV vante sf bdquoa metade dianteira da embarcaccedilatildeo‟ XVI

rarrBluteau DAVANTE Em praſe Nautica vai tanto como por diante Fez tomar o navio por

Davante Barros Dec 4 fol 57 Saltaraotilde no Caſtello Davante Barros 1 Dec 116 col2

Antes de darem por Davante Britto Viagem do Braſil 284

rarrMoraes e Silva D‟AVANTE adv tde Naut V Avante Barros Surdir obedecer ao leme

ou governo e mareaccedilatildeo que se faz para fazer cabeccedila e navegar

rarrLaudelino Freire natildeo constad‟avante AVANTE sm Despor O mesmo que atacante

Avante Interj Voz que exprime incitamento e equivale a ldquovamos para dianterdquo Prossigamos

rarrAureacutelio natildeo consta d‟avante consta avante [Do lat vulg abante] Adveacuterbio 1Adiante

Mais avante comeccedilava a selva2Para adiante para a frente Marchemos avante

106

Interjeiccedilatildeo 3Para a frente rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq

Quinta-feira no quarto de alva me deu por davante o vento sudoeste levando as velas cheas

do vento nordeste que foi a mor afronta que nesta viajem noacutes tiacutenhamos visto E com o vento

sudoeste lanccedilaacutemos as naos ao pairo

PEcircRO LOPES DE SOUSA (1968) [1530] DIAacuteRIO DA NAVEGACcedilAtildeO DE PEcircRO LOPES DE

SOUSA [A00_0078 p 65]

______________________________________________________________________

Comentaacuterios somente Bluteau e Moraes e Silva indicam dlsquoavante como termo naacuteutico

Origem portuguesa lt latina

Ficha 68

Desaferrar va Soltar cousa preza com ferro ou a ferro Soltar largar o que estava prezo

Fig Tirar a forccedila das matildeos das unhas etc (T naut) Levantar ancora

______________________________________________________________________

rarrCunha des˙a˙ferr˙ar -olhar - FERRO sf bdquometal maleaacutevel e tenaz de numerosas aplicaccedilotildees

na induacutestria e na arte‟ XIII Do lat ferrum ndashi [] DESAferrAR XVI []

rarrBluteau DESAFERRAR Tirar alguma couſa do ferro com que eſtaacute preſo Aliquid ferreo

vinculo exfolvere Deſaferrar da maotilde dos dentes das garras unhas ampc he tirar por forccedila que

as ditas couſas tem aferrado Aliquid egrave manibus dentibus unguibus avellere evellere

revellere (vello vulfi vullere evellere revellere (vello vulfi vulfum) Ex Cic Deſaterrar do

Porto Levantar ferro Solvere egrave portu ou folvere navem Cic Deſpois de Deſaferrar do

Porto Ancoris folutis Cic Nem aſſi quizeraotilde Deſaferrar do Porto Jacinto Freyre mihi pag

27

rarrMoraes e Silva DESAFERRAR v at Soltar alguma coisa do ferro a que estava presa v

g desaferraratildeo a embarcaccedilatildeo inimiga a preza te desaferro Lobo Egl7 sect Desaferrar do

porto levantar ferro ancora

rarrLaudelino Freire DESAFERRAR v r v De des + aferrar Levantar ferro ou acircncora (o

navio) (intr tr ind com prep de) ldquo O navio desaferrourdquo ldquoA primeira esquadra agraves ordens de

Lencastre desaferrou do pocircrto de Woolwichrdquo (Rebecirclo da Silva)

rarrAureacutelio desaferrar [De des- + aferrar] Verbo transitivo direto 1Soltar (o que estava

aferrado preso com ferro) 2Soltar (o que estava seguro) Verbo transitivo direto e indireto

3Fazer desistir dissuadir Natildeo conseguimos desaferraacute-lo daquela ideia

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta como termo naacuteutico

______________________________________________________________________

Comentaacuterios todas as acepccedilotildees exceto as apresentadas por Aureacutelio remetem ao universo

naacuteutico Origem portuguesa lt latina

Ficha 69

Desancorar va (T naut) Levantar ancora

______________________________________________________________________

rarrCunha Do lat ancōra deriv do gr aacutegkyra

rarrBluteau DESANCORAR Levantar a ancora Anchoras toliere Vid Ancora

rarrMoraes e Silva DESANCORAacuteR v at Levantar a ancora o ferro do navio sect vn

Desaferrar

107

rarrLaudelino FreireDESANCORAR vrv De des + ancorar Levantar a acircncora de (tr dir)

2 Levantar acircncora (intr)

rarrAureacutelio desancorar [De des- + ancorar] Verbo td Desus 1Levantar a acircncora de

desancorar um barcoVerbo intransitivo 2Levantar acircncora desaferrar do porto

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta

______________________________________________________________________

Comentaacuterios todos os dicionaacuterios apresentam desancorar como termo naacuteutico Aureacutelio

acrescenta ldquotermo em desuso Origem portuguesa lt latina lt grego

Ficha 70

Descahir v n [T naut] Apartar-se do rumo por causa da corrente etc Soffrer decadencia de

bens de valimento etc Ir a mal o que estava bem Declinar

______________________________________________________________________

rarrCunha natildeo consta descair consta cair cair vb bdquocorresponder a tocar a‟ bdquoir ao chatildeo‟

XIV caer XIII Do lat caděre cadente adj 2g bdquoque vai caindo‟ bdquocadenciado ritmado‟

XVIII Do lat cadens -ēntis bdquoque tomba que cai‟ caIacuteDO 1572 -hi- XVI caIMENTO

-hi- XVIII DEcaIacuteDO decau- XIII DEcaiMENTO -cay- XV Decair XIII

DEScaIacuteDA -hi- 1813 DEScaIacuteDO XVI DEScaIMENTO XVI DEScair XVI

descayr XV queda sf bdquobaque tombo‟[]

rarrBluteau DESCAHIacuteR (Termo Nautico) He nas viagens por mar cotilde a forccedila do vento das

mares ou das correntes perder o rumo amp ſahir da derrota que ſe tem tomado itinere

ventorum ou aquarum vi de (Fleto flexi flexum) Como pairava podia Deſcahir com o

vento Britto viagem do Braſil 37 O Galeaotilde foy Deſcahindo com a correnteQueyros Vida do

Irmatildeo Baſto 311 col2 Deſcahir do valimento In principis offenſionem incurrere ou cadere

Cic

rarrMoraes e Silva DESCAHIR v n t de Naut Apartar-se do rumo por forccedila do vento

contrario de aguagens ou correntes B145 ldquonatildeo querendo o navio fazer cabeccedila (por tomar

vento d‟avante) comeccedilou de ir descahindo sobre hum baixo

rarrLaudelino Freire DESCAIR vrv De des+cair Naacuteut Desviar-se do rumo ou direccedilatildeo

derivar (intr) Abrandar amainar (intr) ldquoO vento comeccedila a descairrdquo (Aulete)

rarrAureacutelio [De des- + cair] V t d[] 4Mudar de rumo derivar (embarcaccedilatildeo) [] 9Estar

inclinado em (certa direccedilatildeo) []

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq

[] quando voltou encontrara huma armada de vinte naacuteos Hollandezes que lhe impediratildeo o

poder lanccedilar da sua gente a que pretendia no porto de Tamandareacute e por descahir muito com

as correntezas apenas podera tomar o porto dos Touros onde fizera dezembarcar o Mestre

de Campo Andreacute Vidal de Negreiros []

LUIZ DOS SANTOS VILHENA (1921) [1802] CARTA UNDECIMA [A00_0832 p 401]

______________________________________________________________________

Comentaacuterios todos os dicionaacuterios apresentam descahir como termo naacuteutico ou remete ao

universo mariacutetimo Origem portuguesa lt latina

108

Ficha 71

[]

Dobrar va voltar parte de alguma cousa sobre outra Fazer girar sobre o eixo fallando de

hum sino e de hum cabo (T Naut) Passar alem delle Curvar commover mover alguem

Amansar Accrescentar outro tanto Dobrar-se figldquoAugmentar-serdquo em dobro vnVoltar

______________________________________________________________________

rarrCunhadobrar vb‟duplicar aumentar tornar mais completo mais extenso‟‟curvar abater

domar‟ bdquomodificar passar aleacutem de torneando‟ XIII Do lattardio duplārede duplus

bdquodobro‟derivde duo bdquodois‟ []

rarrBluteauDOBRAR Dobrar hum cabo (Termo nautico) []

rarrMoraes e Silva DOBRAacuteR v at Voltar a porccedilatildeo ou parte de uma coisa sobre outra parte

v g um ramo do panno sobre outro a parte de uma folha de papel sobre outra a ponta de um

prego ou arame sobre o maissect Dobrar o Cabo t de Naut passar aleacutem delle navegando fig

ao dobrar de huma assomada Lobo Egl 5

rarrLaudelino Freire DOBRAR v r v Lat duplicare Passar aleacutem dando volta costeando ou

torneando (tr dir) ldquoAs primeiras navegaccedilotildees regulam-se pelas balizas que deixaram os

predecessores e pelos mesmos cabos que ecircles dobravamrdquo (Latino Coelho)

rarrAureacutelio dobrar [Do lat duplare] Verbo transitivo direto 1Tornar duas vezes maior

duplicar As chuvas dobraram o volume de aacutegua da represa4Voltar ou virar (um objeto) de

modo que uma ou mais partes dele se sobreponham a outra(s) Apoacutes a cerimocircnia os soldados

dobraram a bandeira5Fazer vergar curvar flexionar flectir dobrar os joelhos Ao redor de

noacutes o vento selvagem que dobra vergocircnteas ondeia cidreiras e despetala flores (Maacuterio da

Silva Brito Conversa Vai Conversa Vem p 12) 6Passar aleacutem de circundando Vasco da

Gama dobrou o cabo da Boa Esperanccedila em 1498 7Teatr Interpretar dois ou mais papeacuteis

numa mesma peccedila 8Vergar-se curvar-se 9Ceder transigir 10Pocircr-se (o Sol) 11Bras

Gorjear cantar (paacutessaro) 12Bras PA Proceder a uma dobraccedilatildeo (2) Verbo pronominal

13Tornar-se maior aumentar(-se) 14Curvar-se inclinar-se vergar15Afrouxar(-se) ceder

[Pres ind dobro etc Cf dobro (ocirc) s m]

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq

O vento era sueste que nos era escasso pera dobrar(e)mos o cabo de Santlsquo Agostinho As

aacuteguas nesta paragem correm a loeste com muita forccedila

PEcircRO LOPES DE SOUSA (1968) [1530] DIAacuteRIO DA NAVEGACcedilAtildeO DE PEcircRO LOPES DE

SOUSA () [A00_0078 P 36]

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Bluteau e Moraes e Silva apontam dobrar como termo naacuteutico Laudelino

Freire e Aureacutelio natildeo o fazem mas apresentam abonaccedilotildees que mostram o termo como do

universo mariacutetimo Origem portuguesa lt latina

109

Ficha 72

Dormenteadj Adormecido Entorpecido Que estaacute fixa fullando de huma ponte No pl (T

Naut) Diz-se de huns pagraveos que vatildeo fechar nas buccedilardas da proa e em que se assenta a coberta

Na atafona satildeo dois pagraveos em que descanccedilatildeo os emparamentos sobre que anda a moacute

______________________________________________________________________

rarrCunha dormente rarr DORMIR Dormir vb bdquodeixar de estar acordado descansar no sono‟

XIII Do lat dormīre AdormENTAR XIII dormentar XIVAdormir XIII dormEcircNCIA

XX dormENTE1

adj bdquoaquele que dorme‟ bdquodiz-se das plantas cujas folhas se enrolam ou se

desdobram de noite‟ bdquoentorpecido‟ bdquoque estaacute assentado firme‟ XIV Do lat dorm(i)ens ndash

(i)entis part pres de dormīre dormENTE2

sm bdquocada um dos paus da coberta de um navio‟

bdquotravessas em que se assentam os trilhos da linha feacuterrea‟ XVI O termo comeccedila a usar-se

nestas acepccedilotildees como oposto a elevadiccedilo moacutevel natildeo-fixo Assim ponte dormente eacute aquela

que eacute fixa em oposiccedilatildeo a ponte elevadiccedila daiacute o uso substantivado e sua expansatildeo

rarrBluteau Dormentes (Termo de navio) Saotilde os em que ſe forma a cobertaa amp vaotilde a fechar

em buccedilardas da Proa

rarrMoraes e Silva DORMEgraveNTES s m pl t de Naut Satildeo paacuteos em que se foacuterma a coberta e

vatildeo fechar nas buccedilardas da proa sect na Atafona Satildeo 2 paacuteos em que se descanccedilatildeo os

emparamentos nos Engenhos de assucar paacuteos em que assenta a ponte da moendasect Os Sete

Dormentes V C Flos Sanct De Fr Diogo do Rosario que traz a sua histoacuteria curiosamente

ldquoacordaratildeo os dormentesrdquo P d‟Aveiro c 91

rarrLaudelino Freire DORMENTE sm Naacuteut Cada um dos paus com que se forma a coberta

e que vatildeo fechar nas buccedilardas da proa2 Uma das peccedilas da atafona 3 cada uma das

travessas em que assentam os carriacutes das linhas feacuterreas

rarrAureacutelio dormente [De dormir + -ente] Substantivo masculino 1Peccedila fixa de marcenaria

ou de serralharia assim chamada em contraposiccedilatildeo a outras do mesmo tipo ou aparecircncia

poreacutem moacuteveis 2Peccedila da atafona 3Cada uma das peccedilas de madeira em que se pregam as

taacutebuas do soalho 4Constr Nav Cada uma das fortes vigas de madeira que correm de proa agrave

popa sobre o topo das balizas e sobre as quais se apoiam os topos dos vaus 5Constr Nav

Cada uma das vigas de madeira que correm de proa agrave popa presas agraves cavernas de embarcaccedilatildeo

miuacuteda um pouco abaixo do alcatrate e sobre as quais se apoiam as bancadas dos

remadores[]

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq

[ -

inconveniente no Amazonas por abundar tanto nele e nas suas matas a madeira mas ainda

que esta seja muita e esteja agrave escolha sempre custa a cortar e a conduzir e a lavrar de

sorte que chamando-se embarcaccedilotildees de um soacute pao inteiriccedilas necessitam de muitos mais

paos do que as embarcaccedilotildees ordinaacuterias um pao para fazer o casco outros dous paos para

tirar as duas cavernas outros dous para os dous talabardotildees e todos esses satildeos paos

grandes 4 paos famosos para construir as duas bochecas e as duas conchas da proa sem

falar nos muitos outros paos para dormentes bancos mastros e mais requisitos E por

ventura satildeo estas embarcaccedilotildees mais fortes e duraacuteveis que as ordinaacuterias

110

PADRE JOAtildeO DANIEL (1976) [1757] PARTE QUINTA - EM QUE MOSTRA UM NOVO E

FAacuteCIL MEacuteTODO DA SUA AGRICULTURA O MEIO MAIS UacuteTIL PARA EXTRAIR AS SUAS

RIQUEZAS E O MODO MAIS BREVE PARA DESFRUTAR OS SEUS HAVERES PARA

MAIS BREVE E MAIS FACILMENTE SE EFEITUAR A SUA POVOACcedilAtildeO E COMEacuteRCIO -

TRATADO 4deg - DA FACTURA DAS CANOAS OU EMBARCACcedilOtildeES DO AMAZONAS - CAP

2deg - DOS MUITOS INCONVENIENTES QUE TEM ESTA PRAXE DAS CANOAS [A00_1923

P 193]

______________________________________________________________________

Comentaacuterios todos os dicionaacuterios aprsentam dormente como termo naacuteutico Origem

portuguesa lt latina

Ficha 73

Driccedila sf (T Naut) Corda de iccedilar e marear as velas

______________________________________________________________________

rarrCunha natildeo consta

rarrBluteau DRICA Corda de roldana ou cabo com que ſe levantaotilde amp abaixaotilde as vergas

dos navios []

rarrMoraes e Silva DRICcedilA s f t de Naut Corda de iccedilar e marear as velas Couto 836

cortou a driccedila da vela Epanaforas H Naut 2134 enxarcea e driccedila fizeratildeo de huma linha de

pescar

rarrLaudelino Freire DRICcedilA s f ital drizza Corda com que se iccedilam pavilhotildees vecircrgas de

navio etc adriccedila ADRICcedilA s f De a + ital drizza Naacuteut Cabo para iccedilar velas ou bandeiras

nos mastros dos navios

rarrAureacutelio driccedila [Do it drizza pela f driccedila] S f 1Marinh Ant Adriccedila Adriccedila [De a-5 +

it drizza pela f ant driccedila] 1Marinh Cabo de laborar utilizado para iccedilar bandeira flacircmula

roupa maca e determinadas vergas e velas driccedila De improviso flutuaram todas [as canoas]

com rangidos de adriccedilas e palpitaccedilotildees do velame que o vento encopava e propelia (Xavier

Marques Jana e Joel p 53) A meia adriccedila 1 Marinh Diz-se de bandeira iccedilada ateacute 23 da

distacircncia vertical que vai do lais da verga ou do tope do mastro ao local de onde foi iccedilada a

meio 2 Mar Giacuter Um tanto embriagado tocado

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq

Do entrecasco de duas qualidades que ha de Imbira se fazem rijissimas cordas e ainda

amarras escotas driccedilas etc para as embarcaccediloens que navegatildeo pella costa e reconcavo

asim como estocircpa para calafates e outros uzos

LUIZ DOS SANTOS VILHENA (1921) [1801] CARTA VIGESIMA [A00_0846 p 762]

______________________________________________________________________

Comentaacuterios todos os dicionaacuterios apresentam driccedila como termo naacuteutico Origem italiana

E

Ficha 74

Embonar va (T Naut) Accrescentar o costado da embarcaccedilatildeo para ter mais bojo

______________________________________________________________________

rarrCunha em˙bon˙ar -o - bom boa adj bdquoque tem as qualidades adequadas agrave sua natureza ou

funccedilatildeo‟ bdquobeneacutevolo bondoso benigno‟ [] EMbonAR 1813 Do cast embonar EMbono

1813 Do cast embono

111

rarrBluteau (Termo Nautico) Embonar hum navio He ſobre o proprio madeyro com taboas

groſſas ou com novos madeyros amp com novo taboado dar bojo a hum navio que por falta

delle naotilde ſuſtenta a vela Navis latera lignis tabuliſque novis veſtire []

rarrMoraes e Silva EMBONAacuteR vatt de Naut |Acrescentar o costado do navio que fique

mais bojudo para aguentar melhor o panno

rarrLaudelino Freire EMBONAR v tr dir De embono + ar Naacuteut Reforccedilar exteriormente o

costado de (um navio)

rarrAureacutelio Embonar [Do esp embonar] Verbo transitivo direto 1Constr Nav Colocar

embono em (uma embarcaccedilatildeo)

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta

______________________________________________________________________

Comentaacuterios todos os dicionaacuterios apresentam embonar como termo naacuteutico ou naval

Origem castelhana

Ficha 75

Embono sm [T naut] Accrescentamento de bojo ao costado do navio

______________________________________________________________________

rarrCunha em˙bon˙o - BOM bom boa adj bdquoque tem as qualidades adequadas agrave sua natureza

ou funccedilatildeo‟ bdquobeneacutevolo bondoso benigno‟ [] EMbono 1813 Do cast embono

rarrBluteau Embocircno (Termo Nautico) Hagrave dous generos de embono Embono que ſe faz

ſobre o proprio madeyro deſcozendo o coſtado amp pondo o coſtado ſobre o embono Outro

embono faz ſobre o proprio coſtado com taboado groſſo Vid Embonar

rarrMoraes e Silva EMBOgraveNO s m Augmento de bojo que se daacute o costado do navio para

que possa aguentar melhor o panno faz-se sobre o antigo costado pondo-lhe outro

rarrLaudelino Freire EMBONO s m Naacuteut O bocircjo ou saliecircncia do costado de qualquer navio

embonado embonada EMBONOS s m pl Naacuteut Madeiras que servem para embonar o

navio2 Paus que fixam socircbre o costado para facilitar o desembarque

rarrAureacutelio [Do esp embono] S m 1Ant Constr Nav Revestimento de madeira aplicado

sobre o casco de embarcaccedilatildeo desde o fundo ateacute agrave linha-daacutegua quando ela mostra grande

tendecircncia para se inclinar 2Ant Constr Nav Revestimento suplementar com estrutura

celular que em navios metaacutelicos corria a um e outro bordo ao longo do costado desde um

pouco acima da linha-daacutegua ateacute certa profundidade e destinado a melhorar a proteccedilatildeo do

navio contra as explosotildees de torpedos ou minas contracarena [Cf nesta acepccedil coacuteferdatilde (2)]

3Bras N NE Grande viga de pau de jangada ou de outra madeira leve presa ao longo da

borda de algumas embarcaccedilotildees de boca estreita com o fim de aumentar-lhes a estabilidade e

amortecer-lhes o balanccedilo lateral

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta

______________________________________________________________________

Comentaacuterios todos os dicionaacuterios apresentam embono como termo naacuteutico Origem

castelhana

112

Ficha 76

Embornal sm O saco com cevada ou milho em que se mette o focinho da besta (T Naut)

Buracos no costado do navio para escovar a agua que cahe na coberta

______________________________________________________________________

rarrCunha embornal - bornal sm bdquosaco de pano utilizado para transportar provisotildees

ferramentas etc‟ 1813 De origem incerta Embornal 1813 Embornais sm Pl ldquo(Const Nav

) abertura que se faz no costado de embarcaccedilatildeo rente com o conveacutes para escoamento das

aacuteguas da baldeaccedilatildeo ou da chuva‟ 1813 Do it imbrunali

rarrBluteau Embornagravees (Termo de Navio) Saotilde huns buracos nos coſtados da naacuteo junto das

cubertas donde ſahe a lagoa dellas para o mar [] Haacute outros Embornaes nos Trin da

cuberta por onde a agoa vay para o poratildeo donde deſpois ſe tira com a bomba

rarrMoraes e Silva EMBORNAacuteL ou Ambornal s m Saco em que se daacute cevada ou milho aacutes

bestas mettendo-lho no focinhosect Embornaacutees t de Naut buracos no costado do navio ao livel

das cobertas por onde se escogravea a agua que caacutei nellas tem umas angas de pano alcatroado ou

oleado pelas taes se saacutei foacutera a agua Amaral 51 V orndes

rarrLaudelino Freire EMBORNAL s m De em + bornal Saco em que se daacute cevada ou

milho agraves becircstas para o que se lhe prende em tocircrno da bocircca cevadeirardquoEu vi vocecirc uma

bichinha cabia num embornal estaacute ouvindordquo (C Neto)

rarrAureacutelio embornal2 [Do cat ant embrunal poss pelo esp embornal] Substantivo

masculino 1Constr Nav Abertura que se faz no costado de embarcaccedilatildeo rente com o conveacutes

para escoamento das aacuteguas da baldeaccedilatildeo ou da chuva

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq

Eraotilde valeroſos ambos os Commandantes e tratando jaacute como deſempenho da ſua honra a

occaſiaotilde a que ella meſma os conduzia foy tanta a forccedila que pozeraotilde nos remos e fizeraotilde de

veacutela que na noite logo do dia 9 ſe meteraotilde de baixo das baterias inimigas com hum tal

deſprezo de chuveiros de balas que quando os Hollandezes ſe conſideravaotilde ſoacute acomettidos ſe

viraotilde entrados mas recobrando-ſe do primeiro ſuſto empenharaotilde de ſorte toda a ſua

conſtancia na oppoſiccedilaotilde da furia dos golpes que jaacute corria o ſangue pelos embornaes de hum

e outro bordo

BERNARDO PEREIRA DE BERREDO (1749) [1718] ANNAES HISTORICOS DO ESTADO

DO MARANHAOtilde - LIVRO V [A00_2517 p 183]

______________________________________________________________________

Comentaacuterios De todos os dicionaacuterios consultados somente o Laudelino Freire natildeo apresenta

embornal como termo naacuteutico Origem incerta (italiana)

Ficha 77

Encalamentos s m plur (T Naut) Peccedilas de madeira que atravessatildeo os braccedilos do navio para

o segurar

______________________________________________________________________

rarrCunha natildeo consta

rarrBluteau ENCALAMENTOS (Termo de navio) Satildeo os que atraveſſaotilde os braccedilos amp as

poſturas do navio para fortificar []

113

rarrMoraes e Silva ENCALAMEgraveNTOS s m pl t de Naut Peccedilas de madeira que atravessatildeo

os braccedilos e posturas do navio para as fortificar

rarrLaudelino Freire ENCALAMENTO s m Naacuteut Peccedila de madeira que fortalece o navio

atravessando-lhe os braccedilos

rarrAureacutelio natildeo consta

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Somente o Aureacutelio natildeo apresenta o termo naacuteutico encalamento Origem natildeo

encontrada

Ficha 78

Encapellar va Levantar a onda e fazella dobrar sobre si Vn (T Naut) vir caindo sobre a

calcez ategrave descanccedilar nos vatildeos

______________________________________________________________________

rarrCunha encapelar ndash CAPELO - sm bdquocapacete da armadura‟ XIII Do lat vulg cappěllus

ENcapelADO sm em- XV ENcapelAR -llar XIX

rarrBluteau Encapellar (Termo de Mariagem) Diz-ſe da enxarcia ou cordas que vem cahindo

pelo calcegravez ou peſcoccedilo do masto ateacute aſſentarem em cima dos vatildeos amp quando ſe tiratildeo diz-ſe

Deſencapellar

rarrMoraes e Silva ENCAPELLAacuteR v at Levantar encrespar e fazer dobrar o apice ou

lingua da onda sobre si mesma como succede andando o mar mui grosso o mar encapella as

ondas Mansinho f 35 sect ldquoassombrar as terras encapella os mares Barreto v do Evangelho

sect Encapellar n t de Naut vir caindo a enxarcia ou cordas pelo calcez ateacute assentarem sobre

os vatildeos []

rarrLaudelino Freire ENCAPELAR ou ENCAPELLAR vrv De em + capela + ar Naacuteut Ir

introduzindo a encapeladura da enxarcia alccedila etc pelo calcecircs ou lais de qualquer mastro

mastareacuteu ou vecircrga ateacute ficar assente socircbre os vaus ou cunhos dos madeiros (intr) 2 Agitar-

se e amontoar-se formando serras (falando do mar ou das ondas) (intr pr) ldquoVentos sopraram

o mar encapelourdquo Suacutebito encapelam-se as ondasrdquo (Paranapiacaba) 3 Levantar

encrespar (tr dir pr) ldquoO oceano encapelava as ondasrdquo (Pocircrto Alegre)

rarrAureacutelio encapelar2 [De en-

2 + capelo

1 + -ar

2] Verbo trans Dir [] 2Levantar erguer

encrespar (o mar as ondas etc)Verbo intransitivo 3Encrespar-se agitar-se (o mar as

ondas) encapelar-se 4Marinh Introduzir no calcecircs ou lais a enxaacutercia a alccedila etc Verbo

pronominal [] 6Encapelar (3) E as vagas do oceano que ameaccedilava tragaacute-los encapelavam-

se aos peacutes deles (A Herculano Lendas e Narrativas I p 147)

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq

Qual sereno mar que num instante As ondas sobre as ondas encapela

TOMAacuteS ANTOcircNIO GONZAGA (2000) [1863] CARTA 3a [A00_1215 p84]

______________________________________________________________________

Comentaacuterios todos os dicionaacuterios apresentam encapelar como termo naacuteutico Origem

portuguesa lt latina

Ficha 79

Encodar-se va refl [T Naut] Prender-se de poppa ou ficar com ella debaixo d‟agua

______________________________________________________________________

rarrCunha natildeo consta

114

rarrBluteau Natildeo consta

rarrMoraes e Silva ENCODAacuteR-SE v recipr t de Naut Encodar-se a naacuteo pender a popa ou

ficar com ella debaixo da agua (de coda Italiano) Cast 2 f 161

rarrLaudelino Freire ENCODAacuteR-SE v pr De em + coda + ar Inclinar a pocircpa ou metecirc-la

debaixo de aacutegua (o navio)

rarrAureacutelio natildeo consta encodar ou encodar-se Consta encodeamento [De encodear + -mento]

Substantivo masculino 1Accedilatildeo de encodear2Crosta cocircdea

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Moraes e Silva e Laudelino Freire apresentam encodar-se como termo naacuteutico

Origem italiana

Ficha 80

Enfrechadura sf (TNaut) Cabos que atravessatildeo os covens como escadas

______________________________________________________________________

rarrCunha [] do fr fleche de origem germacircnica [] frechal 1813

rarrBluteau Enfrechadugravera (Termo de Marianhagem) Satildeo huns cabos que atraveſſaotilde os ouveins

a modo de eſcadas formacirc transſverſa Scal nautic arum Fem Plur Virgilio lhe chama

Pontes Neſte ſentido entendem os Commentadores eſte verſo do livro da Eneida []

rarrMoraes e Silva ENFRECHADUacuteRA s f t de Naut Satildeo cabos que atravessatildeo os oveis a

modo de escadas

rarrLaudelino Freire ENFRECHADURA s f O mesmo que enfrechateEnfrechate s m De

enfrechar Naacuteut Cada um dos cabos paralelos e horizontais nos oveacutens das enxarcias

Enfrechar v tr De en + frecha + ar Naacuteut Pocircr enfrechates em

rarrAureacutelio enfrechadura s f1Constr Nav O conjunto de enfrechates duma enxaacutercia

Enfrechate s m1Constr Nav Cada um dos degraus feitos de cabo madeira ou ferro presos

aos oveacutens formando escada para que por ela possa subir ao mastro o pessoal empregado na

manobra de um veleiro

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta

______________________________________________________________________

Comentaacuterios todos os dicionaacuterios apontam enfrechadura como termo naacuteutico Origem

francesa lt germacircnica

Ficha 81

Enora sm (T Naut] Pagraveo de atochar o mastro

______________________________________________________________________

rarrCunha natildeo consta

rarrBluteau ENORAS (Termo de Navio) Saotilde dous paos a que antigamente chamavaotilde

Poſquetes ſervem de atochar o maſto

rarrMoraes e Silva ENOacuteRAS s f pl t de Naut Paacuteos de atochar o mastro V

PosquetesPosquegravetes s m pl t de Naut antiq V Enoras

rarrLaudelino Freire ENORA s f lat ora Naacuteut 1 Abertura nos vaacuterios pavimentos do

navio por onde os mastros vatildeo assentar na carlinga 2 Abertura circular no conveacutes agrave reacute por

onde se enfia a cabeccedila da madre do leme 3 Peccedila de madeira com que se atocha o mastro

rarrAureacutelio [De en-2 + lat ora extremidade cabo amarra] S f 1Constr Nav Abertura

feita num conveacutes e por onde enfurna um mastro ou eixo de um cabrestante

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta

115

______________________________________________________________________

Comentaacuterios todos os dicionaacuterios apontam enora como termo naacuteutico Origem

portuguesa lt latina

Ficha 82

Envergar va ndashguei (T Naut) Enrolar as velas com os envergues nas vergas Vergar

______________________________________________________________________

rarrCunha en˙ver˙ado -adura -ar - VERGA verga sf bdquovara flexiacutevel‟XIII virga XIIIDo

lat virgaENvergADO XVIIENvergADU˙RA 1844 ENvergAR XVII []

rarrBluteau natildeo consta

rarrMoraes e Silva ENVERGAacuteR v at t de Naut Atar e enrolar as velas nas vergas com os

envergues Couto 6921sect V Vergar vg envergar um prego sect Cobrir tapar com vergas

rarrLaudelino Freire ENVERGAR vrv De en +vergar Mar Enrolar e atar com os

envergues (as velas) nas vergas (tran dir) Ligar (o pano) agraves vergas ou aos estais para

servirem na manobra (tr dir)

rarrAureacutelio Envergar [De en-2 + verga + -ar

2] Verbo transitivo direto1Marinh Atar (vela) a

uma verga ou a um estai2Curvar arquear Envergou o bambu3Vestir trajar envergar um

fraqueVerbo intransitivoVerbo pronominal 4Vergar-se curvar-se [Conjug v largar]

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta como termo naacuteutico

______________________________________________________________________

Comentaacuterios todos os dicionaacuterios apontam envergar como termo naacuteutico exceto Bluteau

onde o termo natildeo foi encontrado Origem portuguesa lt latina

Ficha 83

Envergues sm plr (T Naut) Os cabos que atatildeo a vela por huns ilhograves aacute verga

______________________________________________________________________

rarrCunha verga sf bdquovara flexiacutevel‟XIII virga XIIIDo lat virgaENvergADO

XVIIENvergADU˙RA 1844 ENvergAR XVII []

rarrBluteau ENVERGUES (Termo de marinhagem) Saotilde huns cabos que fazem fixos ilhograves

com as vergas no gorotil Fumes quibus concraEtum velum alligatur ad antennas

rarrMoraes e Silva ENVEacuteRGUES s m pl t de Naut Cabos que fazem fixos e atatildeo as velas

por uns ilhoacutes aacutes vergas V Gorotil

rarrLaudelino Freire ENVERGUES s m pl de envergar Mar Amarrilhos gaxetas fixas nos

ilhoses do guratil das velas que as atam contra as suas vecircrgas ou vergueiros

rarrAureacutelio envergues [Dev de envergar] Substantivo masculino plural 1Marinh Cabos ou

cordas que prendem a vela agrave verga

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta

______________________________________________________________________

Comentaacuterios todos os dicionaacuterios apresentam envergues como termo naacuteutico Origem

portuguesa lt latina

116

Ficha 84

Escacear vn (T Naut) Ir faltando ou diminuindo va Dar com escaceza [ No primeiro

sentido se toma tambem figuradamente)

______________________________________________________________________

rarrCunha escasso adj bdquoparco avaro raro‟ XIII Do lat excarpsus part De excerpěre

escassEAR escacear XVI []

rarrBluteau ESCACEAR (Termo Nautico) Ir faltando Eſcacear o vento Remiffius flure

ventum O vento eſcacea Ventus remittit ou ſe remittit Por lhe Eſcacear o vento as naotilde

ſeguio Damiaotilde de Goes 221 Eſcacear Dizſe de outras que ſem largueza amp com

difficuldade ſe comunicaotilde Vendo a ambiccedilaotildecom que As chamas ſe arroja o peito Eſcacearaotilde

as luzes Por naotilde honrar nos reflexos Crift Dalma 117 Vid Eſcaſſear

rarrMoraes e Silva ESCACEAacuteR vnt de Naut Escacear os ventos natildeo os aproveitar

mettendo todas as velas ou levando-as enrisadas ou de outro modo que o vento natildeo faccedila

vingar o navio quanto pudera se fosse todo aproveitado H naut t 398

rarrLaudelino Freire ESCASSEAR vrv De escasso + ear Naacuteut Natildeo aproveitar toda a accedilatildeo

de (o vento) diminuindo o pano (tr dir)

rarrAureacutelio escassear [De escasso + -ear2] Verbo transitivo diretoVerbo transitivo direto e

indireto 1Dar com escassez com parcimocircnia natildeo prodigalizar Natildeo escasseia presentes S

M natildeo escasseia mercecircs aos que o servemVerbo intransitivo 2Fazer-se escasso tornar-se

diminuto minguar rarear []

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq

Deixa esta ilha entre si e o morro de Tinhareacute outra bahia mui grande com fundo e porto em

que poacutedem entrar naacuteos de todo o porte e tem grande ancoradouro e abrigada aacute sombra do

morro de que se aproveitam muitas vezes as naacuteos que vem do reino quando lhe escacea o

vento e natildeo podem entrar na bahia da ilha para dentro

GABRIEL SOARES DE SOUSA (1938) [1587] DA ENSEADA DA BAHIA SUAS ILHAS

RECONCAVOSRIBEIROS E ENGENHOS (PARTE SEGUNDA - TITULO 3) [A00_0179 p

146]

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Dos dicionaacuterios consultados soacute Aureacutelio natildeo apresenta o verbo escacear como

termo naacuteutico Origem portuguesa lt latina

Ficha 85

Escatelado adj (T naut) Furado na ponta

______________________________________________________________________

rarrCunha escatelADO 1881 sm bdquo(Constr Nav) fenda ou furo na extremidade de uma

cavilha para receber chaveta que natildeo a deixe sair do lugar‟ De origem controversa

rarrBluteau ESCATELADO (Termo de Navio) Cavilha Eſcatelada quer dizer furada na ponta

depois de paſſada a Abita amp a curva para ſe fechar atraveſſſandolhe a chaveta em cima de

huma arruela

rarrMoraes e Silva ESCATELAacuteDO adj T de Naut Cavilha escatelada furada na ponta

depois de passada a abita e a curva para se fechar com a chaveta em cima de uma arruella

rarrLaudelino Freire ESCATELADO v tr dir De escatel + ar Fechar (a cavilha) com a

chaveta em cima da arruela2 Furar na extremidade (a cavilha)

rarrAureacutelio escatelar [De escatel + -ar2] Verbo trans dir Constr Nav1Abrir escatel em (uma

cavilha) 2Introduzir a chaveta no escatel de (uma cavilha) Escatel [De or obscura] S

117

m1Constr Nav Fenda ou furo na extremidade de uma cavilha para receber chaveta que natildeo

a deixe sair do lugar [Pl escateacuteis]

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Todos os dicionaacuterios consultados apresenta esse termo como naacuteutico

Origem cotrovertida

Ficha 86

Escoas sf plur (T Naut) Peccedilas que fortificatildeo as cavernas d‟avante a regrave pela parte de

dentro

______________________________________________________________________

rarrCunha escoa sf bdquo(Const Nav) cada uma das carreiras de tabuado do forro interior do

navio de maior espessura destinadas a consolidar os pontos fracos das balizas‟ XVII Do cat

escoa deriv de escosa particiacutepio do antigo verbo escondre

rarrBluteau Eſcoas (Termo da carpintaria de humanao) Saotilde aſque fortificaotilde as cavernas

davante arepella parte de dentro Fundamentorumnavis interiorra munimenta or um Plur

Neut

rarrMoraes e Silva ESCOgraveAS sf pl t de Naut Peccedilas que fortificatildeo as cavernas por dentro

d‟avante aacute reacute H Naut I 320

rarrLaudelino Freire ESCOA sf Cada uma das peccedilas que fortificam interiormente as

cavernas de uma embarcaccedilatildeo Obs Usado mais no pl

rarrAureacutelio escoa(ocirc) [Do cat escoa] s f Constr Nav1Cada uma das carreiras de tabuado

do forro interior do navio de maior espessura destinadas a consolidar a ligaccedilatildeo dos braccedilos agraves

cavernas [Em geral satildeo trecircs ou quatro carreiras colocadas ateacute junto agrave sobrequilha] 2Cada

uma das cantoneiras longitudinais dispostas paralelamente agrave sobrequilha e assentes nos pontos

onde as cavernas comeccedilam a subir para consolidaccedilatildeo interna da ossada do navio

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq

Sapucaya he madeira de muita duraccedilatildeo e rijeza a natureza das sapucayas he serem direitas e

monstruozas em altura e grossura pello que dellas se fazem quilhas para naacuteos do maior

poacuterte sobre quilhas cadastes vaacuteos cintas dormentes escoas alem do que em terra se fazem

dormentes ou grandes vigas para os corpos de Engenhos e armazens do maior comprimento

e grossura

LUIZ DOS SANTOS VILHENA (1921) [1801] CARTA VIGESIMA [A00_0846 p 739]

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Todos os dicionaacuterios consultados indicam escoa como termo naacuteutico

Origem catalatilde

Ficha 87

Escorrer va Fazer correr o liquido vn correr o liquido (T Naut) va Passar alecircm sem

tomar nem avistar porto

______________________________________________________________________

rarrCunha escorrer - CORRER vb [] Do lat cǔrrěre corrED˙EIRA sf bdquotrecho de rio

onde as aacuteguas correm ceacuteleres‟ 1844 EScorrer XVI Do lat ex-cǔrrěre []

rarrBluteau Eſcorrer (Termo Nautico) Eſcorrer huma terra huma proviacutencia Paſſar alě

navegandoſem deſcobrilla [] Porque com o eſcuro da noite lhe naotilde ſuccedeſſe Eſcorrer a

118

terra (aſſim dizem aſeu deſencontro os marinheiros) D Franc Man Epan 3 pag pag 319

Dobrou o Cabo de Bon Eſperanccedila Eſcorreo a Ethiopia paſſou a Arabia Vieira Tom 2140

rarrMoraes e Silva ESCORREgraveR at t de Naut Passar alegravem sem tomar ou ver algum Porto

ou Terra onde queriatildeo ir ou que se havia de encontrar Vieira ldquoescorreu a Ethiopiardquo Albuq

41 F Mendes c6b277

rarrLaudelino Freire ESCORRER vrv De es + correr Naacuteut Ant Correr ao longo da

costa de costear (tr dir)

rarrAureacutelio escorrer [Do lat excurrere] Verbo trans Dir 1Fazer correr ou esgotar (o

liacutequido) 2Tirar a (alguma coisa) o liacutequido com que se achava misturada fazendo-o correr

gota a gota 3Deixar sair deitar verter O ferimento escorria um liacutequido sanguinolentoVerbo

intransitivo []

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta como termo naacuteutico

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Somente o Aureacutelio natildeo apresenta escorrer como termo naacuteutico Origem

portuguesa lt latina

Ficha 88

Escoteira sf (T Naut) A peccedila onde se fixa a escota

______________________________________________________________________

rarrCunha - escota sf bdquo(Mar) cabo para governar as velas do navio‟ XV Do ant fr escoute

(hoje eacute coute) deriv do goacutetico skaut escotEIRA XVI escotILHA XV

rarrBluteau ESCOTEIRAS (Termo de navio) Saotilde huns paos onde ſe fazem fixas as eſcotas

da gavea Ligna quibus superiores navis verfori firmantur

rarrMoraes e Silva ESCOTEgraveIRAS s f pl t de Naut Peccedilas de navio onde se fixatildeo as

escogravetas Goes Cron Man 4c78 a escoteira no sing Couto 47II ldquodas escoteirasrdquo

rarrLaudelino Freire ESCOTEIRA s f Naacuteut Peccedila por onde passam as escotas

rarrAureacutelio escoteira [De escota + -eira] s f 1Ant Constr Nav Armaccedilatildeo constituiacuteda de

duas colunas fixas no conveacutes por ante a vante dos mastros ligadas por um travessatildeo no qual se

enfiavam malaguetas onde davam volta as escotas das gaacuteveas escotel Escota (ocirc) [Do fr ant

escoute (atual eacutecoute) poss do goacutet skaut] s f1Marinh Cabo de laborar fixo no punho da

escota (q v) e que permite caccedilar o pano i e estender a vela pelo punho respectivo de modo

que apresente ao vento toda a sua superfiacutecie [A escota iraacute mais ou menos folgada ou entrada

de acordo com a mareaccedilatildeo Nas velas redondas haacute duas escotas uma por barlavento e outra

por sota-vento nas latinas apenas uma]

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta como termo naacuteutico

______________________________________________________________________

Comentaacuterios todos os dicionaacuterios citados apresentam escoteira como termo naacuteutico

Origem francesa lt goacutetica

Ficha 89

Escotilha sf (T Naut] espeacutecie de alccedilapatildeo no convez do navio por onde se desce para as

cobertas

_____________________________________________________________________

rarrCunhaescotilha - escota sf bdquo(Mar) cabo para governar as velas do navio‟ XV Do ant fr

escoute (hoje eacute coute) deriv do goacutetico skaut

119

rarrBluteau ESCOTILHA Eſpecie de alccedilapaotilde no convez do navio por onde ſe decĕ as

mercaneiras amp os mantimentos para eſtarem debaixo de cuberta Eſcotilha grande he a porta

principal da nao por onde ſe metem as couſas de mayor volume Eſcotilhas[] Os ouviraotilde no

ar ir eſparzidos Pella Eſcotilha dentro derribados []

rarrMoraes e Silva ESCOTIacuteLHA s f t de Naut Especie de alccedilapatildeo com que se fecha a

entrada para as cobertas e poratildeo do navio usatildeo-se nos tablados da scena theatral

rarrLaudelino Freire ESCOTILHA sf Cast escotilha Naacuteut Alccedilapatildeo ou abertura nas

cobertas e poratildeo do navio2 Lus Abertura na parte superior do tonel para limpeza da

vasilha e entrada de uvas ou bagaccedilo

rarrAureacutelio escotilha [Do esp escotilla fonte tb do fr ant escoutille (atual eacutecoutille)]

Substantivo feminino1Constr Nav Abertura de grande ou meacutedio tamanho feita em qualquer

pavimento de uma embarcaccedilatildeo para tracircnsito de pessoal aeraccedilatildeo ou iluminaccedilatildeo das cobertas

ou passagem de carga []

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq

O ignorante Capitatildeo paſſado de hum chuccedilo pelos peitos cahio da eſcotilha abaixo

FRANCISCO DE BRITO FREYRE (1655) [1655] SENHOR [A00_2496 p 41]

______________________________________________________________________

Comentaacuterios todos os dicionaacuterios citados apresentam escotilha como termo naacuteutico

Origem francesa

Ficha 90

Escouves sm ult l-ezes no plr (T Naut) Buraco na proa da embarcaccedilatildeo por onde sahe a

amarra

______________________________________________________________________

rarrCunha sm bdquo(Const Nav) tubo ou manga de ferro por onde passa a amarra da acircncora para

ir do conveacutes ao costado de onde desce ao mar‟escouvē XVI de origem incerta

rarrBluteau ESCOVENS ou Eſcouves (Termo de navio) Saotilde na proa huns buracos redondos

por onde ſahem as amarras []

rarrMoraes e Silva ESCOgraveUVES s m pl t de Naut Buracos na progravea dos navios por onde

saacuteem as amarras Alburq P I f 8 escouves

rarrLaudelino Freire ESCOUVES ESCOUVEacuteM Lat excubiœ Abertura para a passagem da

amarra no costado do navio

rarrAureacutelio escovem [De or incerta poss do cat escobenc lt cat escova] Substantivo

masculino 1Constr Nav Tubo ou manga de ferro por onde passa a amarra da acircncora para ir

do conveacutes ao costado de onde desce ao mar [Cf escovem do v escovar]

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta

______________________________________________________________________

Comentaacuterios todos os dicionaacuterios citados apresentam escouves como termo naacuteutico

Origem incerta (castelhana)

Ficha 91

Estibordo sm (T Naut) O lado direito do navio olhando da poppa para a proa

______________________________________________________________________

rarrCunha estibordo sm ldquo(Mar) o lado direito da embarcaccedilatildeo considerando-se a proa como

a sua frente‟ 1813 estribordo XV Do fr ant estribord (hoje tribord apoacutecope de

120

estribord) deriv do neerl stierboord boreste 1884 de estibordo (com supressatildeo da uacuteltima

siacutelaba e colocaccedilatildeo da penuacuteltima no priciacutepio) Neologismo atribuiacutedo ao almirante brasileiro

Saldanha da Gama O aviso de 14021884 do Ministeacuterio da Marinha do Impeacuterio do Brasil

mandou substitur estibordo por boreste para evitar confusatildeo entre bombordo e estibordo

rarrBluteau ESTIBORDO Querem alguns que ſeja de Dextribordo He o lado do navio para

quem eſtaacute na popa com a cara voltada para a proa []

rarrMoraes e SilvaESTIBOacuteRDO smt de Naut Para quem estaacute na popa da naacuteo como rosto

para a proa eacute o lado direito ( de Stribord Inglez)

rarrLaudelino Freire ESTIBORDO sm Din Styrbord Lado do navio agrave direitos de quem

olha da popa para a proa

rarrAureacutelio estibordo[Do port arc estribordo (lt fr ant estribord [atual tribord] neerl

stierboord poss) com dissi-milaccedilatildeo] Substantivo masculino1Mar O lado direito da

embarcaccedilatildeo considerando-se a proa como a sua frente [Cf bombordo e boreste]

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq

E quando menos conta faziam das vidas do cesto da gaacutevea gritou o gajeiro terra pela proa e

como o temporal os ia empurrando para o rolo da costa por falta de governo desfizeram os

bolsos do traquete e braceando por estibordo foram costeando a dita terra e dando vista de

um abra e uma entrada puseram proa a ela e a todo o risco sem sondar a entraram e fixas as

amarras na habita desabossadas as acircncoras deram fundo

JOSEacute ALVARES DE OLIVEIRA (1981) [nd] HISTOacuteRIA DO DISTRITO DO RIO DAS

MORTES SUA DESCRICcedilAtildeO DESCOBRIMENTO DAS SUAS MINAS CASOS NELE

ACONTECIDOS ENTRE PAULISTAS E EMBOABAS E CRIACcedilAtildeO DAS SUAS VILAS

[A00_0395 p 97]

______________________________________________________________________

Comentaacuterios todos os dicionaacuterios citados apresentam estibordo como termo naacuteutico

Origem francesa lt neerlandesa

Ficha 92

Estiva sf (T naut) Contrapeso para o navio ir em equilibrio Grades de pagraveo no poratildeo por

baixo da carga A primeira carga que vai sobre ella Grades de patildeo estreitas na estribaria para

escoarem por baixo dellas a ourina dos cavallosEspecie de registro em que se taxa o preccedilo do

patildeo azeite etc

______________________________________________________________________

rarrCunha estiva sf bdquoa primeira porccedilatildeo do navio‟ bdquoarmaccedilatildeo do tabuleiro duma ponte de

madeira‟ estiba XV Do it stiva estivADOR 1858 estivAR XVI Do it stivare deriv

do lat stipāre

rarr Bluteau ESTIVA Eſtiva Termo Nautico He palavra Italiana ou ſe deriva do Franceacutez

Eſtive He o contrapeſo da carga do navio que ſe daacute a cada lado delle para o ter em equiliacutebrio

Nas ſuas cartas pag362 Uſa D Franciſco Manoel deiſa dicccedilaotilde no ſentido moral Vemos que

a naacuteo da India ſe carrega por conto amp eſta Eſtiva do que leva a paciencia do homem naotilde a

ſabe outro homem que lha carrega de injurias cujo exceſſo do homem naotilde a ſabe outro

homem cujo exceſſo permitte a providencia por caſtigallos a ambos eſte com a ſua fraqueza

aquelle cotilde a ſua tyrannia Vid Equilibrio Vid contrapeſo Vid Eſtivar

rarrMoraes e Silva ESTIacuteVA sf t de Naut O contrapeso que se potildee ao navio para ir em

equiliacutebrio se vai mais carregado de alguma parte sect Grades de paacuteos que no poratildeo vatildeo por

baixo da carga para que natildeo assente no costado e receba alguma humidade sect Grades de paacuteo

121

mūi estreitas com que se pavimentatildeo estrebarias para que a urina se escoe por ellassect Especie

de registo em que se taxa o preccedilo do patildeo azeite palha ampc pelos officiaacutees competentes Leis

de 1765sect A carga primeira que se carrega no navio

rarrLaudelino Freire ESTIVA sf Lat stiva Mar Todo o fundo interno de um navio da

pocircpa agrave proa 2 Mar A primeira camada de carga que se mete em um navio e que eacute

ordinagraveriamente a mais pesada o contrapecircso que se potildee ao navio para o equilibrar e natildeo descair

para o lado mais carregado3 Mar Grade de pau assente no poratildeo do navio socircbre o qual se

arruma a primeira carga para o isolar da umidade

rarrAureacutelio estiva [Do it stiva] Substantivo feminino1A primeira porccedilatildeo de carga do navio

2Bras Mar Merc Serviccedilo de movimentaccedilatildeo de carga a bordo dos navios nos portos o qual

compreende a retirada e a arrumaccedilatildeo desta nos porotildees e nos conveses [Cf nesta acepccedil

resistecircncia (16)] 3Bras P ext O conjunto dos estivadores [v estivador (2)]4Bras Os

gecircneros que formam a base do comeacutercio de secos e molhados especialmente os gecircneros em

grosso5Pesagem dos gecircneros ou mercadorias estivadas 6Bras N Ponte feita de um soacute pau

sobre forquilhas em terrenos alagadiccedilos ou pantanosos [Cf nesta acepccedil estivado

(2)]7Bras MG RS Ponte tosca feita de varas ou paus atravessados sobre um coacuterrego

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq

Provido do que lhe foi necessario sahiu Thomaz de Souza Villa Real do porto da foz do

Ferreiro no Rio Vermelho em 22 de Dezembro do anno passado ficando aquelle porto

quatorze leguas abaixo da villa o mais proximo della que permitte navegaccedilatildeo mesmo a

pequenos botes com

este rio pouco rico de aguas e por ser o seu fundo em partes de pedra que ainda oppondo

g

estivas sobre que se

poderatildeo arrastar as canocircas []

JOAQUIM MARIA NASCENTES DE AZAMBUJA (1891) [1797] VIAGEM DE THOMAZ DE

SOUZA VILLA REAL PELOS RIOS TOCANTINS ARAGUAYA E VERMELHO

ACOMPANHADA DE IMPORTANTES DOCUMENTOS OFFICIAES RELATIVOS Aacute MESMA

NAVEGACcedilAtildeO [A00_0710 p 47]

______________________________________________________________________

Comentaacuterios todos os dicionaacuterios citados apresentam estiva como termo naacuteutico Origem

italiana

Ficha 93

Estribo sm Peccedila em que firmatildeo os pegraves para montar a cavallo ou entrar no Coche etc No

plr (T Naut) Os primeiros cabos que na enfreixadura servem de degragraveos Perder os estribos

fig Perturbar-se natildeo saber onde firmar-se ou em quem confiar

______________________________________________________________________

rarrCunha estriborarr ESTRIBEIRA estribeira sf bdquoestribo de montar agrave gineta‟-eyra XIII

estrebeyra XIII etcDo a fr estriviegravere de origem germacircnica estribAR XV estribO

estrybo XV

122

rarrBluteau Estribos (Termo de mariagem) Saotilde os primeiros cabos que ſervem como de

degraos aacute enfrechadura Vid Enfrechadura

rarrMoraes e Silva ESTRIacuteBO s m Peccedila de madeira (V Caccedilanbas) onde metal em que o

Cavalleiro mette as pontas dos peacutes e se firma para montarsect Nos coches obra feita para se

subir por ella aos cochassect Estribos t de Naut primeiros cabos que servem como de degraos

a enfrexadura

rarrLaudelino Freire ESTRIBO sm Germ streup Naacuteut Cabo brando agrave maneira de sanefa

encapelados nas vecircrgas para servir de apoio aos peacutes dos marinheiros quando ferram o pano

rarrAureacutelio estribo- sm [] 1Marinh Cabo cujos chicotes satildeo presos aos laises de uma

verga e cujo seio eacute a espaccedilos aguentado agrave verga por meio de pedaccedilos de cabos denominados

andorinhos Serve de apoio aos peacutes dos marinheiros que trabalham na verga [Tb o pau da

bujarrona e por vezes a retranca tecircm estribo] 2Peccedila de accedilo colocada transversalmente a uma

armadura longitudinal num concreto para mantecirc-la em posiccedilatildeo ou para resistir a certos

esforccedilos 3Fig Arrimo apoio esteio

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta como termo naacuteutico

______________________________________________________________________

Comentaacuterios todos os dicionaacuterios citados apresentam estribo como termo naacuteutico

Origem francesa lt germacircnica

Ficha 94

Estribordo (T Naut) v Estibordo

______________________________________________________________________

rarrCunha estibordo sm ldquo(Mar) o lado direito da embarcaccedilatildeo considerando-se a proa como

a sua frente‟ 1813 estribordo XV Do fr ant estribord (hoje tribord apoacutecope de

estribord) deriv do neerl stierboord boreste 1884 de estibordo (com supressatildeo da uacuteltima

siacutelaba e colocaccedilatildeo da penuacuteltima no princiacutepio) Neologismo atribuiacutedo ao almirante brasileiro

Saldanha da Gama O aviso de 14021884 do Ministeacuterio da Marinha do Impeacuterio do Brasil

mandou substitur estibordo por boreste para evitar confusatildeo entre bombordo e estibordo

rarrBluteau natildeo consta

rarrMoraes e Silva ESTRIBOacuteRDO V Estibordo Cast Ined 11 536 opposto a babordo

vulgo bombordo ESTIBOacuteRDO smt de Naut Para quem estaacute na popa da naacuteo como rosto

para a proa eacute o lado direito ( de Stribord Inglez)

rarrLaudelino Freire ESTRIBORDO sm Ant O mesmo que estibordo ESTIBORDO sm

Din Styrbord Lado do navio agrave direitos de quem olha da popa para a proa

rarrAureacutelio natildeo consta

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta estribordo soacute estibordo

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Exceto Bluteau e Aureacutelio todos os demais dicionaacuterios apresentam o lema

estribordo mas remetem para o termo estibordo Origem francesa lt neerlandesa

Ficha 95

Estrinca sf (T Naut) Especie de escotilha nas embarcaccedilotildees por onde sobe a amarra

______________________________________________________________________

rarrCunha natildeo consta

rarrBluteau natildeo consta

123

rarrMoraes e Silva ESTRIacuteNCA sft de Naut Especie de escotilha nos navios HNaut

2f222 por ella saacutei a amarra donde estaacute envolta e daiacute tem o nome (strinca corda em

Italiano)

rarrLaudelino Freire ESTRINCA sf Ingl string Espeacutecie de escotilha por onde passa a

amarra

rarrAureacutelio natildeo consta

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Somente Moraes e Silva e Laudelino Freire apresentam estrinca Origem

inglesa

F

Ficha 96

Ferrar va Pregar ferradura Foxerir ferratildeo ou remate de ferro Marcar com ferrete

Guarnecer de cintas ou chapas de ferro Cravar Segurar com harpegraveo ou ferir com elle (T

Naut) Colher as velas Lanccedilar ancora Fig Tomar porto (T de Marcineiro) Metter porcas

Ferrar no sono adormecer

______________________________________________________________________

rarrCunha ferrarrarr FERRO ferro sf bdquometal maleaacutevel e tenaz de numerosas aplicaccedilotildees na

induacutestria e na arte‟ XIII Do lat ferrum ndashi AferrAR XVI AferrO sm XVIII [] Do lat

ferramenta nom pl de ferramentum bdquoinstrumento ou utensiacutelio de ferro‟ ferrAtildeO 1813

ferrAR XIII ferrARIA XIIIferrEIRO XIII ferrENHO XVI feacuterrEO 1572

rarrBluteau Ferrar (Termo Nautico) Ferrar velas ou ferrar o panno Vela colliger Vendoſe em

perigo Ferrara todo panno Britto viagem do Braſil 277 A naacuteo ditoſa Ferrava a vela

Barretto vida do Evang 21377

rarrMoraes e Silva FERRAR v at t naut Colher vg ferrar a vela o pannosect Lanccedilar ferro

ou ancora f tomar portovg ferraratildeo o porto de Coulatildeo Vieira-Freire ferrou a barra

rarrLaudelino Freire FERRAR vrv De ferro + ar Naacuteut Colhecircr amarrar (tr

dir)rdquoTrabalhados de perigos lanccedilai nautas nos nossos portos ferro ferrai velasrdquo (Filinto

Eliacutesio) 118 Atracar (a embarcaccedilatildeo) (trdir) Colhecircr (as velas) (tr dir intr) ldquoferrar as

velasrdquo ldquonunca as ondas tormenta resolveu mais arriscada Ferra ferra (bradou) que eacute enorme

o perigordquo (Filinto Eliacutesio) Deitar o navio ferro (intr) Folgar

rarrAureacutelio ferrar [De ferro + -ar2] Verbo transitivo direto [] 5Marinh Colher (vela ou

toldo) atando-os com amarrilhos a uma verga estai ou vergueiro navegou terra a terra agrave

sombra da costa ferrou panos e fundeou sobre virotes (Galpi Narrativas Militares p

23)

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq

[] mas natildeo sei se com este vento se com outro que lhe deo nas velas quando ia jaacute pera a

ferrar pendeo tanto a sua naacuteu que tomou agoa pelas portinholas da artilharia e calando-se

pelas escotilhas que iatildeo abertas foi entrando tanta que em continenti se foi ao fundo com

seu dono []

FREI VICENTE DE SALVADOR (1888) [1627] LIVRO QUINTO - DA HISTORIA DO

BRASIL DO TEMPO QUE O GOVERNOU GASPAR DE SOUZA ATHEacute A VINDA DO

124

GOVERNADOR DIOGO LUIZ DE OLIVEIRA - CAPITULO SEXTO - DE COMO O

CAPITAtildeO BALTHAZAR DE ARAGAtildeO SAHIO DA BAHIA COM HUMA ARMADA CONTRA

OS FRANCEZES E SE PERDEO [A00_2084 p 195]

______________________________________________________________________

Comentaacuterios todos os dicionaacuterios citados apresentam ferrar como termo naacuteutico Origem

portuguesa lt latina

Folgar vn Cessar de trabalhar Alegrar-se ter gosto de alguma cousa va (T Naut) Alargar

______________________________________________________________________

rarrCunha folgar vbrdquodescansar ter aliacutevio desapertar‟XIII follegar XVDo lat fotildellǐcārě

bdquorespirar como fole‟ deriv de fotildellis focirclegoXIII folgoXVIDeverbal do a port

folegarfolgafolgua XVfolgADIO XV folgADO XIII folgANCcedilA-cia

XIIIfolgAZAtildeO folgasatildeo 1813 folguEDO XVI RESfolegar XVII

rarrBluteau FOLGAR Coſſar do trabalho Deſcanccedilar Andar ocioſoOtiari (or atus fum) Cic

Como foſſe agrave Cidade de Syracuſa para folgar amp naotilde para trabalhar Cum ſe Syracuſas otiandi

non negotiandi

rarrMoraes e Silva FOacuteLGAR vat Largar ou alargar vg folgar o leme t nautsect vn Cessar

do trabalho

rarrLaudelino Freire FOLGAR descansar (intr trind com prep em) ldquoOs piratas folgando

em grupos se dispersamrdquo (Paranapiacaba) 3 Ter prazer alegrar-se regozijar-se (intr

trindcom prep com de em)ldquoDesabe o firmamento socircbre a Terra tudo pereccedila Folgaraacute

minh‟almardquo (Paranapiacaba) ldquoFolgo muito em ver-terdquo

rarrAureacutelio folgar [Do lat tard follicare] Verbo transitivo direto1Dar folga ou descanso a

[] 2Tornar largo desajustar desapertar folgar a roupa 3Tornar menos penoso tornar

leve suave folgado []

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta folgar como termo naacuteutico

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Somente Moraes e Silva apresenta folgar como termo naacuteutico Origem

portuguesa lt latina

G

Ficha 98

Garrucha sf Antigamente era o mesmo que Albarda Poleacute de dar tratos (T Naut) Cabo que

se mette na relinga por entre chicotes

______________________________________________________________________

rarrCunha garrucha sf bdquoorig pau curto com que se armavam as bestas‟guarrucha XV

bdquopistola de carregar pela boca‟ XX Do cast garrucha

rarrBluteau GARRUCHA He palavra Caſtelhana VID Poleacute de tormento amp tratos de poleacute

As cataſtas as Garruchas as fogucigueiras Vieira Tom 1076col1

rarrMoraes e Silva sft naut Garruchas satildeo ou eratildeo cabos que se mettem nas relingas por

entre os chicotes donde se fazem as puas das bolinas daqui vem agarruchar ampc

125

rarrLaudelino Freire GARRUCHAS sm pl Naacuteut 1 Argola de ferro pregadas no garotil das

velas latinas 2 Cabos que se metem nas relingas por entre chicotes

rarrAureacutelio Garrocha [Do esp garrocha] []Marinh Poleame de laborar constituiacutedo de duas

caixas sobrepostas a topo e com os eixos das suas rodas dispostos paralelamente ou

perpendicularmente um em relaccedilatildeo ao outro

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Moraes e Silva Laudelino Freire apresentam garrucha com termo naacuteutico

Aureacutelio daacute como termo naacuteutico garrocha Origem castelhana

Ficha 99

Gavea sf (T Naut) Armaccedilatildeo de taboa com feiccedilatildeo de grade do cimo dos mastros Vela que

toma o nome da gavea sobre que anda

______________________________________________________________________

rarrCunha gaacutevea sf bdquo(Naacuteut) espeacutecie de tabuleiro ou plataforma a certa altura de um

mastro‟gauea 1572Do lat med gabia (claacutess cavěa) com provaacutevel interferecircncia do it

gagravebbia ESgaivAR XXgaiva sf bdquojaula fosso‟ 1813gaivEL 1899 gajeiro sm bdquomarinheiro

que vigia da gaacutevea‟-geiro 1813 Do it gagraveggia e este do genovecircs gagravegia deriv Do lat cavěa

rarrBluteau Gaacutevea (Termo Nautico) He huma eſpecie de gayola ou guarita aſſentada em

huma roda de taboas no alto dos matos ſerve para recolher as velas quando as ferraotilde

Carchefium ij Naut Catull Mali corbita e Fem

rarrMoraes e Silva sf naut Eacute armaccedilatildeo de taboas como uma meza com bordas na ponta do

mastro

rarrLaudelino Freire GAVEA sf Lat cavea Naacuteut Espeacutecie de gaiola tabuleiro plataforma

ou guarita assente em uma rodas de taacutebuas no alto dos mastros e atravessada por ecircle 2 Vela

que ocupa o lugar imediatamente superior agrave grande GAacuteVEAS sfpl Conjunto das trecircs velas

das galeras 2 A gaacutevea e o velacho nos brigues

rarrAureacutelio [Do lat gavia por cavea gaiola] s f Marinh 1Cada um dos mastareacuteus que

espigam logo acima dos mastros reais [Nos navios de trecircs mastros denominam-se a partir de

vante mastareacuteu do velacho mastareacuteu da gaacutevea e mastareacuteu da gata] 2Mastareacuteu que espiga

logo acima do mastro real grande 3Cada uma das vergas que cruzam nos mastareacuteus de gaacutevea

[Nos navios de trecircs mastros chamam-se a partir de vante verga do velacho verga da gaacutevea e

verga da gata Antigamente chamavam-se traquetes sendo a partir de vante traquete de proa

ou de vante tranquete da gaacutevea e traquete da gata] 4Verga que cruza no mastareacuteu de gaacutevea

grande 5Cada uma das velas que envergam nas vergas de gaacutevea [Nos navios de trecircs mastros

denominam-se a partir de vante vela do velacho vela da gaacutevea e vela da gata Antigamente

chamavam-se traquetes] 6Vela que enverga na verga de gaacutevea grande 7Mar Cesto de

gaacutevea

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq

Com as vellas que anoitecer a Capitana ha de navegar ategrave que aclare o dia Succedendo

largar mais pano aʃcenderagrave dous faroes na popa amp hum na gavea

FRANCISCO DE BRITO FREYRE (1655) [1655] SENHOR () [A00_2496 p 57]

______________________________________________________________________

Comentaacuterios todos os dicionaacuterios apontam gaacutevea como termo naacuteutico Origem italiana

Ficha 100

126

Gio sm (T Naut) O travessatildeo sobre que a cana do leme anda e sobre que se formatildeo as

obras chamadas mortas da poppa

______________________________________________________________________

rarrCunha gio sm bdquo(Naacuteut) peccedila que entalha no contracadaste do navio‟ 1813 De origem

obscura

rarrBluteau GIO (Termo da carpintaria de huatilde nao) He hum traveſſaotilde ſobreque anda a cana

do leme amp ſobre o qual ſe formaotilde as obras mortas da popa Lignea compages in puppi

tranſverſa

rarrMoraes e Silva GIacuteO sm naut Travessatildeo sobre que anda a cana do leme e sobre que se

foacutermatildeo as obras mortas da popa

rarrLaudelino Freire GIO sm Naacuteut Nome de duas peccedilas curvas de madeira que formam

angula entalhando-se entre si e no contracadaste

rarrAureacutelio gio [De or obscura] Substantivo masculino1Constr Nav Nas popas quadradas

cada uma das peccedilas dispostas horizontalmente entalhadas e cavilhadas no contracadaste

constituindo assim como que as cavernas de tais popas

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta

______________________________________________________________________

Comentaacuterios todos os dicionaacuterios apontam gio como termo naacuteutico Origem obscura

Ficha 101

Guinada sf (T Naut) Acccedilatildeo de guinar Gargalhada fallando de riso

______________________________________________________________________

rarrCunha guinar vb bdquobordejar desviar-se rapidamente‟ XVI De origem obscura guinADA

XVI

rarrBluteau GUINADA Guinaacuteda amp Guinar ſaotilde termos Nauticos Vid Guinar

rarrMoraes e Silva GUIacuteNADA sf O acto de guinar t naut ldquode duas guinadas que deu (com

a sua naacuteo) sobre duas galeacutes ambas se despejaratildeo deixando os cascos vasiosrdquo (remettidas

para as ababroar) B236 Amaral

rarrLaudelino Freire GUINADA sf Angl-sax winan Naacuteut Desvio que o navio faz da sua

esteira bordejando2 salto que o cavalo daacute para furtar o corpo ao castigo do cavaleiro

rarrAureacutelio guinada [De guinar + -ada1] Substantivo feminino 1Mar Desvio da proa para

um ou outro bordo que afasta o navio deliberadamente ou por forccedila das circunstacircncias do

rumo em que vinha Havia um torvelinhar surdo e vago de coisas no tombadilho eram as

ondas que agraves vezes agrave menor guinada apesar de todo o cuidado no leme embarcavam pelo

traveacutes pela alheta (Virgiacutelio Vaacuterzea Nas Ondas p 45)

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq

Como saiacuteo a lua se fez o vento leacutes-nordeste e ventou com tanta forccedila que nom podiacuteamos com

a vela Indo assi corre guinada e em preparando de

loacute nos arrebentou o masto do traquete pelos tamboretes de que sentimos muita fortuna e

amainaacutemos a vela e fomos correndo ao som do mar ateacute que foi de dia

127

PEcircRO LOPES DE SOUSA (1968) [1530] DIAacuteRIO DA NAVEGACcedilAtildeO DE PEcircRO LOPES DE

SOUSA () [A00_0078 p 33]

______________________________________________________________________

Comentaacuterios todos os dicionaacuterios apontam guinada como termo naacuteutico Origem obscura

(anglo saxatildeo)

Ficha 102

Guinar vn (T Naut) Desviar-se do caminho da esteira que leva Diz-se do navio e

propriamente fallando sograve tem terceiras pessoas

______________________________________________________________________

rarrCunha guinar vb bdquobordejar desviar-se rapidamente‟ XVI De origem obscura guinADA

XVI

rarrBluteau Guinar (Termo Nautico) He quando o navio ſe deſvia alguma couſa hora de

huma hora de outra parte ſeguindo ſempre o meſmo rumo Conftanti ſempre curſa de via

aliquantum deſle

rarrMoraes e Silva GUINAacuteR vn naut Desviar-se o navio um pouco da esteira que leva

hora a um bordo hora a outro mas seguindo sempre o mesmo rumo Amaral 6 Fomos

guinados a elas Fern Mend c5

rarrLaudelino Freire GUINAR vrv Mover-se agraves guinadas desviar-se (a embarcaccedilatildeo da sua

esteira) (intr)

rarrAureacutelio guinar [Da mesma or incerta que o esp guintildear poss da raiz gin- de criaccedilatildeo

expressiva] Verbo intransitivoVerbo transitivo circunstancial1Mover-se agraves guinadas

oscilar Becircbado guinava agrave direita e agrave esquerda2Mar Desviar (a embarcaccedilatildeo) de propoacutesito

ou por forccedila das circunstacircncias a proa do rumo que vem seguindo para outro rumo dar uma

guinada (1)3P ext Dar guinada (3) Desorientado o ciclista guinava a torto e a

direito4Desviar-se com rapidezVerbo transitivo direto 5Desviar com rapidez ou

repentinamente Guinou a embarcaccedilatildeo para natildeo se chocar com o rochedo

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq

A ruindade desta barra consiste principalmente em ser muito estreito o seu canal e dar este

uma volta pelo meio dos dous baixos que o rodeatildeo e promettem naufragio infallivel se a

embarcaccedilatildeo guinar para algum dos lados

FREI GASPAR DA MADRE DE DEUS (1920) [1767] MEMORIAS PARA A HISTORIA DA

CAPITANIA DE S VICENTE HOJE CHAMADA DE S PAULO [A00_0169 P 123]

______________________________________________________________________

Comentaacuterios todos os dicionaacuterios apontam guinar como termo naacuteutico Origem obscura

I Ficha 103

Iccedilar va (T Naut) Levantar as vergas e vegravelas para o navio navegar

______________________________________________________________________

128

rarrCunha iccedilar vb bdquoerguer levantar‟ XVIII Do fr hisser e este do neerl hijsen ou do baixo

al hissen iccedilAMENTO XX

rarrBluteau ICAR (Termo Nautico) Levantar as velas Vella attollere Na bonanccedila Iccedilar ateacute os

topos Vieira Tom3pag76 Iccedilaraotilde de gaacutevea perdendo ancoras amp amarras Ciabra Exhortaccedil

Militar24 verſ As velas Iccediladas nos palancos Jacinto Freyre 259

rarrMoraes e Silva ICcedilAacuteR vat Levantar as vergas e as velas para navegar Freire

rarrLaudelino Freire ICcedilAR vrv Al hissen Levantar erguer alccedilar (tr dir bitr com prep a

com)rdquoIccedilar o cordamerdquo ldquoVia-se entre homens armados que a arrebatavam iccedilando-a agrave garupa

de ginete socircfregordquo (C Neto) ldquoCom taacuteureas cordas brancas velas iccedilamrdquo (Odorico Mendes)

rarrAureacutelio iccedilar [Do fr hisser] Verbo td 1Erguer alccedilar levantar iccedilar velasApenas o

vapor comeccedilou a enfrentar o Feliz este iccedilou a bandeira brasileira saudando-o (Virgiacutelio

Vaacuterzea Nas Ondas p 150) [Conjug v laccedilar Pres ind iccedilo etc pret perf icei etc pres

subj ice icem Cf isso issei o top Iceacutem e o v inccedilar]

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq

Fizeram-se primeiro que tudo cabos poreacutem o arbusto foi cortado foacutera de tempo e o linho

cortido por pessoas imperitas e que natildeo sabiam o tempo que se devia gastar no cortimento

nem o modo com que se deviam separar a capa do linho e os fabricantes dos mesmos cabos

natildeo soacute pouco habeis em fazerem o fio mas ignorando mais o modo de lhe dar o alcatratildeo

beneficio essencialissimo para perfeiccedilatildeo dos mesmos cabos poreacutem assim mesmo me servi

logo de alguns ainda que poucos nas embarcaccedilotildees da esquadra aonde serviram tatildeo bem

como os outros que tinham as embarcaccedilotildees de sorte que um delles serviu muito tempo ao

cabrestante para iccedilar a aguada e mantimentos do navio Santo Antonio e depois de soffrer

todo aquelle trabalho sem quebrar o applicaram ao ministerio da guingorra aonde durou

muito tempo

MARQUEZ DO LAVRADO (1863) [1799] RELATORIO DO MARQUEZ DE LAVRADIO

VICE-REI DO RIO DE JANEIRO ENTREGANDO O GOVERNO A LUIZ DE

VASCONCELLOS E SOUSA QUE O SUCCEDEU NO VICE-REINADO [A00_0851 p 471]

______________________________________________________________________

Comentaacuterios todos os dicionaacuterios apontam iccedilar como termo naacuteutico Origem francesa

L

Ficha 104

Lais sm (T Naut) A ponta verga

______________________________________________________________________

rarrCunha lais sm bdquo(Naacuteut) a ponta da vergardquo lays XVI De origem obscura

rarrBluteau Lais Chamatildeo os marinheiros agrave ponta das vergas a da Mezena ſe chama penna

LAIZ (Termo nautico) Extremidades das vergas Cornu antemnarum Virgilio diz Cornua

antemn (Enforcaſſe no Laiz da verga Decad 1 de Barr Paacuteg 110col4)

rarrMoraes e Silva LAacuteIS sm tnaut A ponta da verga Barros o lais da verga

rarrLaudelino Freire LAIS sm Naacuteut Ponta da verga

Lais de Guia sm Naacuteut Noacute que se daacute no seio do cabo com um dos chicotes para formar

bocirclso

rarrAureacutelio lais [De or obscura] s m Marinh1Cada uma das extremidades de uma verga

Os [marinheiros] que ofereciam resistecircncia nas abordagens ou davam combate eram iccedilados

depois no lais das vergas (Virgiacutelio Vaacuterzea Mares e Campos p 103)2Extremidade oposta

ao peacute num pau de surriola [Pl laises Cf Laiacutes antr f menos boa poreacutem usual de Lais]

Lais de guia 1 Marinh Noacute que se daacute no chicote de um cabo formando uma alccedila ou balso e

serve para encapelaacute-lo ou para fazer um laccedilo de correr

129

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq

Querendo a Capitana fallar aos navios no lays da verga grande ʃotavento largaragrave huatilde

flamula tirar agrave a huatilde peʃʃa por ʃehaacute agrave capa

FRANCISCO DE BRITO FREYRE (1655) [1655] SENHOR [A00_2496 p 55]

______________________________________________________________________

Comentaacuterios todos os dicionaacuterios apontam lais como termo naacuteutico Origem obscura

Ficha 105

Leme sm Entre Nauticos he hum pranchatildeo formado de vaacuterios madeiros posto ao alto no

cadaste do navio e que se move para hum e outro lado por meio de huns gonzos fixos que

tem os machos fixos no mesmo pranchatildeo e encaixados nas fecircmeas que estatildeo fixas no cadaste

O ferro da dobradiccedila que encaixa no leme Fig Direcccedilatildeo Duas estrelas iguaes na

Constellaccedilacirco chamada Barca

______________________________________________________________________

rarrCunha leme sm‟aparelho usado na parte traseira do barco e do aviatildeo e que serve para lhes

dar direccedilatildeo‟ XV De origem obscura

rarrBluteau LEME Pao que anda junto do cadaſte que quebra amp aparta as ondas para huma

amp outra parte amp he o total governo da nao Dizem que Tiphys companheiro dos Argonautas

na expediccedilatildeo de Colchos inventagravera o leme pelo que obſervou no Minhoto quando voa alto

que troce a aza para lhe dar nelle o vento em poppa amp ſubir amp baixar como quer Outros

dizem que dos peixes que com cauda regulaotilde nas aguas ſeu caminho ſe tomou a invenccedilaatildeo do

leme Clavus i Ma Gubernaculum i Neut Cic No Commento da Oitava 74 do Canto 5

da Luſiada aonde diz Camotildees Esta pa logo o leve leme

rarrMoraes e Silva LEgraveME sm Governalho peccedila de madeira grossa plana de certa largura

que vai em gonzos no meyo da popa do navio e outros vasos de navegar d‟alto a baixo e

serve de os fazer voltar a proa a diversos rumos voltando ao lemesect O ferro da dobradiccedila que

se embebe no vatildeo da femea eacute sobre que joga a janella ou portasect Natildeo dar o navio pelo leme

ou natildeo obedecer ao leme se diz quando natildeo proeja ainda que manejem o leme e o virem

rarrLaudelino Freire LEME sm B lat limo Aparelho situado na parte traseira do barco e

que serve para lhe dar direccedilatildeo2 Ferro ou dobradiccedila que se embebe no vatildeo da fecircmea e socircbre

que joga a porta ou janela

rarrAureacutelio leme [De or obscura] s m 1Constr Nav Peccedila ou dispositivo instalado na popa

da embarcaccedilatildeo e que serve para lhe dar direccedilatildeo para governaacute-la 2Dispositivo instalado na

cauda do aviatildeo e que regula a direccedilatildeo do aparelho 3Ferro que se embebe no vatildeo da fecircmea e

sobre o qual se move a porta ou a janela 4Fig Direccedilatildeo governo governanccedila Leme de

direccedilatildeo 1 Aer Leme que governa o aviatildeo no plano horizontalLeme de fortuna 1 Marinh V

esparrela (4)Leme de loacute 1 Marinh Posiccedilatildeo do leme com sua porta voltada para barlavento

Leme de profundidade 1 Aer Leme que governa o aviatildeo no plano verticalLeme horizontal

1 Constr Nav Cada um dos lemes que governam o submarino no plano vertical

130

(profundidade) Leme vertical 1 Constr Nav Cada um dos lemes que governam o submarino

no plano horizontal (rumo)Perder o leme 1 Ficar atarantado sem saber o que fazer

desnortear-se desorientar-seTer o leme 1 Governar administrar dirigir

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq

Avistaratildeo esta Costa em 15 de Junho e por natildeo conhecerem a paragem que era a enseada de

Vasabarris lanccedilaratildeo ferro mas era tatildeo forte o vento Sul e correm alli tanto as agoas que se

quebraratildeo duas amarras e querendo entrar por conselho de hum Francez chamado

Honorato que veio aacute terra com dous Indios em huma jangada e lhes facilitou a entrada

tocou a naacuteu e deo tantas pancadas que lhe saltou o leme foacutera e arrombou pelo que alguns se

lanccedilaratildeo a nadar e se afogaratildeo em as ondas []

FREI VICENTE DE SALVADOR (1888) [1627] LIVRO QUARTO - DA HISTORIA DO

BRASIL DO TEMPO QUE O GOVERNOU MANOEL TELLES BARRETO ATHE A VINDA

DO GOVERNADOR GASPAR DE SOUZA - CAPITULO VIGESIMO QUARTO - DA

JORNADA QUE GABRIEL SOARES DE SOUZA FAZIA AacuteS MINAS DO SERTAtildeO QUE A

MORTE LHE ATALHOU [A00_2060 P 148]

______________________________________________________________________

Comentaacuterios todos os dicionaacuterios apontam leme como termo naacuteutico Origem obscura

Ficha 106

Leva sf (T Naut) Acccedilatildeo de levantar ancora para fazer-se aacute vegravela Entre Militares

Conducccedilatildeo de recrutas

______________________________________________________________________

rarrCunha leva - LEVAR levar vb bdquotransportar retirar afastar induzir tirar roubar‟ XIII Do

lat lěvāre []

rarrBluteau LEVA (Termo Nautico) A acccedilatildeo de levantar as ancoras do porto para a partida

Anchorarum fublatio ou Navis egrave portu onis FemTocar a leva He dar aviſo com a trotildebeta

que ſe recolhatildeo os q eſtatildeo na praya quando o baxel eſtagrave para partir Dare tubacirc fignum

recipiendi in navem (Julio Ceſar farfallando na retirada dos ſoldados diz Milites figno

recipiendi dato non conftitehellip (Manda jagrave tocar a leva Ciabra Exhort Militar pag 26)

rarrMoraes e Silva LEVA sf O acto de levantar ancora para sair do porto vg ldquopeccedila de

leva a que se atira para fazer sinal de botar foacutera e que tocar leva com a trombeta para

acodirem a bordo os que hatildeo-de ir na naacuteo que estaacute para levantar ferro M Conq Vieira

rarrLaudelino Freire LEVA sf De levar O ato de levantar ferro o levantar da acircncora para

navegarNaacuteut Cabo folgado que passa por um furo do costado do navio e vai prender-se no

sapatilho dos arganeacuteus das portas5 Pop Andadura

rarrAureacutelio leva [Dev de levar] s f 1Ant Mar Ato de levantar acircncora para navegar

2Alistamento de tropa recrutamento []

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta

______________________________________________________________________

Comentaacuterios todos os dicionaacuterios apontam leva como termo naacuteutico Origem portuguesa

lt latina

131

Ficha 107

Liame sm (T Naut) Madeira das curvas com que seliatildeo por dentro as peccedilas do costado do

navio

______________________________________________________________________

rarrCunha liame sm bdquoaquilo que prende uma coisa a outra ligaccedilatildeo‟ XVIII Do lat ligamen -

ǐnis bdquolaccedilo fita‟ de ligāre

rarrBluteau LIAcircME A madeira das curvas com q por dentro ſe liatildeo os coſtados dos navios

Lignam quibus navium latera intus coagmentantur Joatildeo de Barros diz Liaccedilatildeo (Foy cortada

algūa liaccedilatildeo para galegraves Decada 2 fol39col4) (Na meſma Decada diz LiameContaratildeo-ſe

huma ſoma de madeiras da anaf para liames fol 12 col1) (os que fabricatildeo obra naval tiraotilde

della curvas amp liames Valcone Noticia do Braſil 259)

rarrMoraes e Silva LIAacuteME smt de Naut A madeira das curvas com que se ligatildeo e atatildeo as

peccedilas do costado dos navios Barros Ined IIIf506 ldquotavoados e liamerdquo

rarrLaudelino Freire LIAME sm Lat ligamen Liaccedilatildeo Naacuteut A madeira das curvas com que

se ligam e atam as peccedilas do costado dos navios Naacuteut Cordame de navio de vela

rarrAureacutelio liame (acirc) [Do lat ligamen] s m1Aquilo que prende ou liga uma coisa a outra

ligaccedilatildeo []

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq

Nas varzeas de arecirca se datildeo outras arvores reaes a que os Indios chamam curuaacute as quaes se

parecem na feiccedilatildeo na folha na cocircr da madeira com carvalhos e acham-se alguns de vinte e

cinco a trinta palmos de roda de que se fazem gangorras mesas eixos virgens esteios e

outras obras miudas mas natildeo eacute muito fixo ao longo da terra a qual tambem serve para

liames de navios e barcos e para taboado e de pesado se vai ao fundo

GABRIEL SOARES DE SOUSA (1938) [1587] DAS ARVORES REAES E PAUS DE LEI

(PARTE SEGUNDA - TITULO 8) [A00_0184 p 243]

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Soacute Aureacutelio natildeo apresenta liame como termo naacuteutico Origem portuguesa lt

latina

Ficha 108

Linguete sm (T Naut) Peccedila de pagraveo ou de ferro com que se tolhe que natildeo desande o

cabrestante embebendo-a nas mossas deste ______________________________________________________________________

rarrCunha linguete - LIacuteNGUA[] Do latlǐngŭaliacutegula sf [] Do it lingueta dimin de

liacutengua []

rarrBluteau LINGUETE ou lingoete (Termo de navio) He hum patildeo que encayxa nos cunhos

para ter matildeo do cabreſtante que natildeo ande depois que ſe tem levado a ancora ou algum fardo

Machin nautic

rarrMoraes e Silva LINGUEgraveTE smt de Naut Peccedila de paacuteo ou ferro que se embebe nas

mossas do cabrestante para que natildeo desande depois que se tem levado a ancora ou algum

132

fardo V Cunhos CUNHOS smpl t de Naut paacuteos pregados agrave roda do cabrestante com seus

dentes em que se pega o linguegravete e as amarras quando viratildeo

rarrLaudelino Freire LINGUETE sf De liacutengua Peccedila de ferro ou madeira que se embebe nas

rodas dentadas para que estas natildeo desandem

rarrAureacutelio- natildeo consta linguete consta lingueta lingueta (guecirc) [De liacutengua + -eta (ecirc) it

lingueta] Substantivo feminino1P us Liacutengua (1) pequena 2Qualquer objeto pequeno

semelhante a uma liacutengua3Fiel da balanccedila 4Peccedila chata e delgada que faz parte dalguns

instrumentos de sopro5Peccedila moacutevel de ferro das fechaduras que se encaixa quando movida

pela chave na chapatesta trancando a porta ou gaveta6Dispositivo moacutevel para fechar portas

sem o auxiacutelio da chave constatou [o serralheiro] que nada poderia fazer desde que a porta do

chuveiro natildeo dispunha propriamente de fechadura mas de uma simples lingueta (Fernando

Sabino Medo em Nova Iorque A Cidade Vazia p 118) 7Pedaccedilo de couro utilizado como

fecho em pastas valises malas etc 8Pedaccedilo de couro que no sapato de atacador protege o

peito do peacute 9Ladeira ou rampa em cais junto agrave qual atracam as embarcaccedilotildees 10Muacutes V

martinete4 (1) 11Bras PE Rampa natural que se inclina para o mar ou para o rio 12Ant

Rampa num cais para embarque e desembarque de passageiros

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Soacute Laudelino Freire natildeo apresenta linguete como termo naacuteutico Aureacutelio

apresenta lingueta Origem italiana

M

Ficha 109

Maccedilame sm Lastro de pedra e betume nas cisternas etc (T Naut) Cordoalha do navio __________________________________________________ rarrCunha natildeo consta

rarrBluteau Maccedilame Termo Nautico He todo o encordoamento da nao aſſim dos Brandaes

como da Sirgideira Brioens Apagaſanaes amp toda a mais Enxaacutercia Funium velorum

aliorum ad regendam navim inſtrumentor apparatus (Domar onde hiatildeo os Marinheiros

da queda dos paos amp do Maccedilame Brito Relaccedilatildeo da viagem do Braſil 69)

rarrMoraes e Silva MACcedilAgraveME sm t de Naut Toda a cordoalha do apparelho de um navio

Brito

rarrLaudelino Freire natildeo consta

rarrAureacutelio natildeo consta

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq

Que lhes concede todos os mantimentos assi secos como molhados que tiuerem nos

almazens do Recife amp fortalezas pera se sentirem delles amp fazerem suas viagens largando

aos soldados os de que elles necessitarem pera seu sustento amp viagem mas nam lhes

outorga o maccedilame pera os nauios porque promete darlhos aprestados pera quando partirem

pera Olanda

NAtildeO TRAZ O NOME DO AUTOR MAS Eacute DO DR JOAtildeO DE MEDEIROS CORREcircA

SEGUNDO A OPINIAtildeO GERAL DOS BIBLIOGRAPHOS (1899) [1653] BREVE |

RELACcedilAM | DOS VLTIMOS | SVCESSOS DA GVERRA | DO BRASIL RESTITUICcedilAOtilde DA

CIDADE MAU- | RICIA FORTALEZAS DO RECIFE DE PER- | NAMBUCO amp MAIS

133

PRACcedilAS QUE OS | OLANDESES OCCUPAUAOtilde NA- | QUELLE ESTADO| [A00_1127 p

175]

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Laudelino Freire e Aureacutelio natildeo apresentam o verbete maccedilame Origem natildeo

encontrada

Ficha 110

Madre sf Uacutetero Leito do rio Antigamente Matildei Titulo de Freiras (T Naut) Pagraveo que

atravessa a escotilha O madeiro principal do leme Cabo delgado que se enfia pelas lebres

dos enxertarios Madre-pia v Piamater

______________________________________________________________________ rarrCunha [] Do lat mater ndashtris []

rarrBluteau Madre (Termo de navio) He hum pao que atraveſſa a eſcotilha com ſeu encaixo

para aſſentar nos quarteis da meſma eſcotilha

rarrMoraes e Silva MAacuteDRE sf t de Naut paacuteo que atravessa a escotilha com seu encaixe

para assentar nos quarteis della sect Nas pontes de madeira satildeo os paacuteos que formatildeo o assento

para as estivas e assentatildeo nas asnas ao longo da ponte

rarrLaudelino Freire sf Lat mater matrem Naacuteut Pau que atravessa a escotilha com seu

encaixe para assentar nos quarteacuteis delaO madeiro principal agrave roda do qual ou socircbre o qual

se entalham outros menores ateacute perfazer o composto da grossura ou largura necessaacuteria para o

objeto que se exige como os mastros o leme etcO madeiro que prega na roda de proa e

socircbre o qual estaacute construiacutedo o beque O madeiro central do cabrestante agrave roda do qual se

entalham as mais peccedilas de que se compotildee e que forma o peatildeo ferrado socircbre o qual se move a

maacutequina O madeiro prolongado pelo cadaste que forma a parte principal do safratildeo onde se

pregam os machos e emecha a cana do lemeCada uma das peccedilas mais grossas de que se

formam os mastros quando natildeo satildeo feitos de um soacute pau

rarrAureacutelio madre [Do lat mater matildee] Substantivo feminino1Constr Nav A parte central

mais grossa de que se formam o mastro o cabrestante e outras partes do aparelho do navio

quando natildeo satildeo feitos de uma peccedila uacutenica2Marinh Cabo de fibra ou de algodatildeo em torno do

qual se cocham os cordotildees de um cabo calabroteado ou de um cabo metaacutelicoMadre do leme

Constr Nav 1 Eixo que penetra no casco do navio e transmite movimento ao leme 2 Parte

reforccedilada nos lemes de certas embarcaccedilotildees (antigas ou miuacutedas) agrave qual se prendem as

governaduras e que se prolonga acima da porta do leme para fixar-lhe a cana ou a meia-lua

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta

______________________________________________________________________

Comentaacuterios todos os dicionaacuterios apresentam madre como termo naacuteutico Origem

portuguesa lt latina

Ficha 111

Majarrona sf (T Naut) Vela triangular de navio que do mastarro do velacho vem ter agrave

ponta do gurupegraves

______________________________________________________________________

134

rarrCunha bujarrona sf ldquo(Mar) tipo de vela‟ 1858 bdquoinsulto afronta1 1899 Do cast bujarroacuten

deriv do b lat Bŭlgărus bdquobuacutelgaro‟ empregado como insulto por tratar-se de hereges

pertencentes agrave Igreja ortodoxa grega Cp BUGRE

rarrBluteau Natildeo constam bujarrona bojarrona e majarrona

rarrMoraes e Silva MAJARROgraveNA sf t de Naut Vela de navio que vem da ponta do

mastareo do velacho a ponta do gorupecircs vulgo bojarrona talvez porque boacuteja muito quando

cheya

rarrLaudelino Freire MAJARRONA sf Corr De bujarronaBujarrona sf Naacuteut Vela latina

triangular que se iccedila agrave proa socircbre um pau proacuteprio Pau em que se iccedila essa vela rarrAureacutelio-

natildeo constam majarrona ou bojarrona Bujarrona S f 1Marinh Vela triangular iccedilada entre o

mastro de vante e o gurupeacutes ou a proa da embarcaccedilatildeo agrave vela A toalha de espuma rasgada

para um lado e para outro tufou ferveu subiu alcanccedilou parte do conveacutes molhou a bujarrona

(Josueacute Montelo Cais da Sagraccedilatildeo p 159) []

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta

______________________________________________________________________

Comentaacuterios todos os dicionaristas remetem o termo majarrona a bujarrona ao universo

mariacutetimo Bluteau natildeo cita nem um nem outro Origem castelhana

Ficha 112

Malaqueta sf (T Naut) Pagraveo torneado mais grosso em huma de suas extremidades que

serve para dar vela aos cabos delgados da marcaccedilatildeo do navio Na roda do leme he huma como

manivela em que os homens que vatildeo ao leme fazem forccedila para o mover Dagrave-se tambem este

nome ao remate do pagraveo da bandeira e de outros ______________________________________________________________________

rarrCunha natildeo consta

rarrBluteau MALAQUETAS Termo de navio Satildeo todo o patildeo em que ſe daacute volta a qualquer

cabo que ſeja

rarrMoraes e Silva MALAQUEgraveTA sf t de Naut Paacuteo em que se reata o cabo de corda do

navio para o fazer fixo eacute como um crescente e estaacute pregado pelo meyo

rarrLaudelino Freire MALAQUETA sf Ant Cavilha naacuteutica o mesmo que

malaguetaMALAGUETA s f Naacuteut Cavilha de pau torneado que se enfia nos fusos das

mesas do amurado e da meia nau para dar volta aos cabos de laborar Cada um dos cabos

salientes da roda do leme

rarrAureacutelio natildeo consta

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Aureacutelio natildeo cita o termo Para os demais autores malaqueta eacute termo de navio

Origem obscura (Houaiss 2001)

135

Ficha 113

Michelos sm plur (T Naut) Cabos que servem para segurar a amarra quando se leva

ancora

______________________________________________________________________

rarrCunha natildeo consta

rarrBluteau natildeo consta

rarrMoraes e Silva MICHEgraveLOS s f pl t de Naut As cordas aleacutem da amarra que servem de

levar a ancora

rarrLaudelino Freire MICHELOS s f pl Naacuteut Cabos pequenos terminados de um lado por

um olhal e de outro por um chicote que serve para conservar verticais as vecircrgas ou mastareacuteus

que tecircm de ser iccedilados ou arreados2 Cabos que se tomam nos andrabelos quando se iccedila

alguma peccedila do aparelho

rarrAureacutelio- natildeo consta

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Somente Moraes e Silva e Laudelino Freire arrolam o verbete michelos

Origem obscura (Houaiss 2001)

Ficha 114

Molhelha sf Especie de almofada de palha de que satildeo os mariolas ao pescosco para assentar

sobre ella a canga (T Naut) Troxa de fio de carreta e estopa que serve para afastar as

escotas da gaacutevea e velaxo

______________________________________________________________________

rarrCunha natildeo constam molhelha ou monelha

molhe sm bdquoparedatildeo construiacutedo no mar para servir de cais acostaacutevel ou para quebrar a

impetuosidade das vagas‟XVI mole XVI Provavelmente do cat molh e este talvez do lat

mōlēs bdquomassa‟

rarrBluteau MOLHELHA Hum tufo de palha que trazem os mariolas ao peſcoccedilo Collare

O adjectivo a um He de Propercio Quer dizer couſa de palha

rarrMoraes e Silva MOLHEgraveLHA sf Tufo de palha que os mariolas trazem no pescoccedilo e

sobre que assenta a canga para natildeo os molestar []

rarrLaudelino Freire MOLHELHAS sfpl Naacuteut Pedaccedilos de lona estofados com estocircpa que

se pregam nas peccedilas de madeira branda em que os cabos laboram para as tornar mais suaves

agraves encapeladuras

rarrAureacutelio molhelha (ecirc) [De or controversa] Substantivo feminino 1Lus Marinh

Monelha Monelha (ecirc) Substantivo feminino

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta _____________________________________________________________________________

136

Comentaacuterios Laudelino e Aureacutelio citam molhelha como termo naacuteutico Origem

controvertida (catalatildeo)

Ficha 115

Moucarratildeo -ona mf-otildees -onas no plur Muito mouco Moucarrotildees entre Nauticos satildeo

huns pagraveos que servem para empavezar o navio

______________________________________________________________________ rarrCunha natildeo consta

rarrBluteau natildeo consta

rarrMoraes e Silva adj chulo Mũito mouco Eufr 35 Moucarrotildees smpl t de Naut Paacuteos

que estatildeo pelo bordo do navio que servem para o empavezar

rarrLaudelino Freire [] smpl Paus de empavesar o navio

rarrAureacutelio moucarratildeo [De mouco + -arratildeo] Adjetivo 1Muito mouco [Fem moucarrona]

Mouco [De or obscura] Adjetivo 1Que natildeo ouve ou que ouve pouco ou mal surdo 2Diz-

se do ouvido de quem eacute mouco (1) Palavras loucas ouvidos moucos (prov) s m 3Aquele

que eacute mouco (1) surdo [Aum moucarratildeo]

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Somente Moraes e Silva e Laudelino Freire apontam moucarratildeo como termo

naacuteutico Origem obscura

N

Ficha 116

Nabo sm Hortaliccedila conhecida (T Naut) Peccedila de madeira furada e redonda que tem por

cima a chapeleta pregada

______________________________________________________________________

rarrCunha nabo sm bdquoplanta herbaacutecea da fam das cruciacuteferas‟ XIII Do lat nāpus []

rarrBluteau Nabo Palavra de navio He hum pagraveo redondo furado que em cima tem hum

couro pregado aq chamatildeo Chapeleta

rarrMoraes e Silva NABO sm t de Naut Peccedila de paacuteu redonda furada que tem por cima a

chapeleta nas bombas

rarrLaudelino Freire NABO do lat napus Naacuteut Peccedila de madeira ou bronze em forma de

tronco de cone com abertura no centro e vaacutelvula para regular a aspiraccedilatildeo da bomba

rarrAureacutelio nabo [Do lat napu] Substantivo masculino 1Bot Planta herbaacutecea da famiacutelia das

cruciacuteferas (Brassica napus) cultivada por suas raiacutezes comestiacuteveis arredondadas ou

pontiagudas roxas ou brancas conforme a variedade 2A raiz desenvolvida dessa

planta3Burl Pessoa ignorante neacutescia estuacutepida 4 Bras S A parte do mouratildeo da tranqueira

do poste ou do esteio que fica enterrada no solo[]

137

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Somente Aureacutelio eacute que natildeo aponta nabo como termo naacuteutico Origem

portuguesa lt latina

Ficha 117

Nautico adj (T Naut) Pertencente agrave navegaccedilatildeo Que serve para dirigir a navegaccedilatildeo Que

entende da arte de navegar Homem do mar Nautica (como subst) A arte de navegar

______________________________________________________________________

rarrCunha nauta sm bdquomarinheiro navegador‟ 1572 Do lat nauta ndashae derivado do gr nauacutetes

naacuteutICA XVII naacuteutICO XVII Do lat nautǐcus ndasha[]

rarrBluteau NAUTICO Couſa concernente agrave nautica ou fabrica amp mariagem dos navios

Nauticus a umDeterminaotilde o nautico aparelho Camotildees Cant4 Oit 76 Agulha nautica

Agulha de marcar Vid Agulha (A agulha nautica buſcando o Norte Varella Num Vocal

463) Homem nautico Os homens do mar Os marinheiros Nautici orum Masc Plur Plin

(A que os naacuteuticos chamatildeo Meſ Tranccedila Epanaphor De D Franc Man 468)

rarrMoraes e Silva NAUTICO adj Que respeita aacute navegaccedilatildeo e serve para a dirigir vg

naacuteutico apparelho Arte agulha nauticasect Homem naacuteutico o que sabe a Arte de navegarsect Os

naacuteuticos os homens do mar Epanaph De D Franc Man

rarrLaudelino FreireNAacuteUTICO adj Lat nauticus Relativo agrave navegaccedilatildeo ldquoemprecircsa naacuteuticardquo

rarrAureacutelio naacuteutico[Do gr nautikoacutes pelo lat nauticu] Adjetivo1Relativo a marinheiro

navegante nauta espiacuterito naacuteutico termo naacuteutico 2Respeitante agrave navegaccedilatildeo processo

naacuteutico ~ V almanaque mdash carta mdasha e crepuacutesculo mdash

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq

Fazia toda a prevenccedilaotilde dos mantimentos para a viagem e de todos os aprestos para a

expediccedilaotilde quando na manhaatilde de hum claro dia por desattenccedilaotilde que houve em huma salva

se ateou o fogo em a nao Serea com taotilde irremediavel incendio que se naotilde pode extinguir

porque pegando logo nas amarras foy levando a nao para o meyo do golfo lanccedilando-se a

nado alguns Marinheiros e Officiaes nauticos que nella se achavaotilde

SEBASTIAtildeO DA ROCHA PITTA (1878) [1730] LIVRO OITAVO [A00_0574 p 344]

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Todos os dicionaacuterios consultados apresentam este termo como ldquoda marinhardquo

Origem portuguesa lt latina lt grega

O

Ficha 118

Orthodomia (T Naut) Entre nauticos derrota do navio que segue hum dos rumos da agulha

138

______________________________________________________________________

rarrCunha [] Ort(o)- elem Comp do gr orthoacutes bdquoreto direito‟ que se documenta em vocs

formados no proacuteprio grego como ortoeacutepia e em vaacuterios outros introduzidos na linguagem

cientiacutefica internacional a partir do seacutec XIX [] ortoDROMIAorthodromia 1844

rarrBluteau ORTHODROMIA (Termo Nautico) Derivaſe do Grego Orthos Direyto amp

Dromos curſo Val o meſmo que Derrota em linha reta Tal he o caminho que faz hum

navio ſeguindo hum dos trinta amp dous ventos apontados na carta de marear

rarrMoraes e Silva ORTHODOMIacuteA sft de Naut Derrota do navio que vai seguindo um

dos 32 rumos da agulha

rarrLaudelino Freire natildeo consta

rarrAureacutelio- Ortodromia [Do gr orthoacutedromos que corre em linha reta + -ia1] sf 1Naacuteut

Arco de ciacuterculo maacuteximo compreendido entre dois pontos da superfiacutecie da Terra e que eacute o

caminho mais curto para ir de um ao outro

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Soacute Moraes e Silva registra orthodomia os demais dicionaristas citam

ortodromia Origem grega

Ficha 119

Ostaes sm plr (T Naut) Cabos grossos que vem dos calcezes dos mastros fixar-se na proa

com seus cadernaes

______________________________________________________________________

rarrCunha natildeo constam ostais e ostaes Consta estai sm (Mar) bdquoqualquer dos cabos que

aguentam a mastreaccedilatildeo para vante‟ XVII Do antigo fr estaie (hoje eacutetai) de origem

germacircnica

rarrBluteau OSTAIS (Termo de Marinhagem) Saotilde hũs cabos groſſos que vem dos calces dos

maſtros a fazer fixo agrave proa com ſeus cadernaes o meſmo tem os maſtareos mas mais

ligeyrosRudentes agrave malo ad proram intenti Franciſco de Brito Freyre na relaccedilatildeo da ſua

viagem do Braſil diz Eſtay (Rebentando o eſtay mayor amp a ovencadura pag 67)Vid Eſtay

rarrMoraes e Silva OSTAacuteES sm pl t de Naut Cabos grossos que vem dos calcezes dos

mastros a fazer fixo na progravea com seus cadernaes CastL2f156 outros dizem Estaacutees como

Brito Guerra Brasil

rarrLaudelino Freire OSTAES natildeo consta Ostai sm Desc O mesmo que estai ESTAI ou

ESTAE sm Ingl stays Naacuteut 1- Cada um dos cabos grossos que fixos na proa firmam a

mastreaccedilatildeo 2 Designaccedilatildeo de outros cabos de navio ESTAI DA RABECA sm Cabo que

vai por cima da mezena a coser ante a reacute do calcecircs do mastro respectivo vindo o outro chicote

a passas a um sapatilho que se aguenta a uma alccedila cosida por ante-avante do mastro grande a

um tecircrccedilo pouco mais ou menos da sua altura e vai rondar a um olhal ao peacute decircste mastro

abotoando por uacuteltimo o dito chicote ao vivo

rarrAureacutelio- natildeo constam ostaes e ostais consta estai Estai- S m 1- Marinh Qualquer dos

cabos que aguentam a mastreaccedilatildeo para vante

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Laudelino Freire e Aureacutelio natildeo citam Ostai mas estai Origem francesa lt

germacircnica

139

Ficha 120

Ostagas sf plur (T naut) Cabos que sustentatildeo vergas nos moutotildees de coroa e vem por

cima da pega

______________________________________________________________________

rarrCunha ostaga sf bdquocabo com que se arria horizontalmente pelo terccedilo ao longo do mastro

uma verga de gaacutevea‟ XV Do cast ostaga de origem germacircnica

rarrBluteau OSTAGAS (Termo de Marinhagem) Saotilde hŭs cabos que ſuſtentatildeo vergas em

huns moutotildees que chamatildeo de coroa amp vem por cima da pega Funes quibus ligantur

antenn(Nos quebragraveraotilde ſubitamente as oſtagas da vela grande amp vindo a verga abayxo ampc

Peregr De Fern Mend Pinto fol262col1) []

rarrMoraes e Silva OSTAacuteGAS sfpl t de Naut Cabos que sustentatildeo as vergas em uns

moutotildees chamados de Coroa e vem por cima da pega Amaral7

rarrLaudelino Freire sf Cast ostaga Naacuteut Cabo grosso que vem por cima da pecircga e

sustenta as vecircrgas em seus moitotildees

rarrAureacutelio ostaga [Do esp ostaga] sf 1Marinh Cabo com que se arria horizontalmente pelo

terccedilo ao longo do mastro uma verga de gaacutevea

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq

Meteram de arribada e carregado o traquete acima e ferrada a mezena apertaram as

enxarcias atezaram os estaes para seguranccedila dos mastros e mastareacuteus E para seguranccedila das

vergas reforccedilaram as ostagas e passaram bossas em ajuda aos enxertaacuterios Tudo se fazia

necessaacuterio a respeito do vento que tatildeo furiosamente a suavizava pelas entenas que se queria

levar diante de si

JOSEacute ALVARES DE OLIVEIRA (1981) [nd] HISTOacuteRIA DO DISTRITO DO RIO DAS

MORTES SUA DESCRICcedilAtildeO DESCOBRIMENTO DAS SUAS MINAS CASOS NELE

ACONTECIDOS ENTRE PAULISTAS E EMBOABAS E CRIACcedilAtildeO DAS SUAS VILAS

[A00_0395 p 96]

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Todos os dicionaristas arrolam ostagas como termo naacuteutico ou da marinha

Origem castelhana

P

Ficha 121

Pairar vn (T Naut) entre os nauticos Andar o navio aacutes voltas sem fazer viagem v a

Soster demorar ______________________________________________________________________

rarrCunha pairar vb bdquoadejar voar vagarosamente‟ XV Do ant prov pairar e este

provavelmente do lat pariāre []

rarrBluteau PAIRAR (Termo Nautico) Ir a nao flutuando de hũa para outra ſem fazer

viagem Hine inde flutare e ou flu Plin Cic (Toda a noyte tinhaotilde pairado a arvore ſeca

H de Fern Mend Pinto 682) Joatildeo Hugo Lindrchotano 3 part India Oriental pag 28 diz

velis elatis integrum Mareacute fulcabamus quod (Pairou o General alguns dias Britto Relaccedilatildeo

140

da ſua viagem pag 64) Andar pairando Diz-ſe com metaphora Nautica de quem anda

buſcando ſubterfugios para evitar alguma couſa

rarrMoraes e Silva PAIRAacuteR vn t de Naut Parar no mar estar aacute capa natildeo surdir

CastL1c59edI natildeo podendo pairar andavatildeo aacutes voltas Albuq P4c2 com provisatildeo para

pairar toda calmariasect vat Soster soffrer vg pairar a tormenta sobre a amarra sect Pairar aacute

tormenta resistir-lhe aturar Lavanha Naufr da Naacuteo S Alberto f15sect Cruzar bordejar em

certa altura esperando outro navio Freire I pag17 Ed de Paris Sabio a comboyar as naacuteos

que se esperavatildeo da India e pairando na altura do seu regimento houve vista de hum

Corsario Francez

rarrLaudelino Freire PAIRAR vrv Naacuteut Estar agrave capa o navio cruzar bordejar (int) Pairo

sm Naacuteut Accedilatildeo de pairar2 Estado do navio quando paira e que consiste em ter as velas

estendidas as escotas socircltas ou conservar-se em aacutervore secircca atado o leme

rarrAureacutelio- pairar[Do lat pariare ser igual pelo provenccedil pairar aguentar suportar

pacientar] Verbo intransitivo 1Cruzar (uma embarcaccedilatildeo) em espaccedilo relativamente restrito

com pequeno seguimento[] 4Mover-se ou agitar-se com lentidatildeo no alto Pairam nuvens

espessasuma neacutevoa subtil pairava acima dos pacircntanos (Coelho Neto Treva p 322) Paira

no silecircncio do espaccedilo a alma das geraccedilotildees mortas (Afonso Arinos

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq

Ainda que a gente eſpalhada na terra ſe recolheo com brevidade aos navios houve detenccedila

com o de Ruy Diaz que eſteve ao largar quaſi perdido em hũa rogravecha natildeo arribando com o

pano da proa ategrave lhe cortarem a amarra que por deſcudo dos Officiaes hia arrojando a

ancora pelo fundo Ao Galleatildeo do Faleiro rebentou outra amp natildeo tendo outra talingada foi

preciſo fazerſe ao mar Como eſtava nelle Manuel Freyre que havia de acompanhar os

ultimos navios ſem ſaber a occaſiatildeo vẽdo-o aacute vella a que jaacute vinhatildeo nove com ſoacute o traquete

ſe pogravez a caminho a Capitana eſperando os que lhe ficavatildeo pela popa Mas tanto que o Meſtre

de Campo mareou na volta da terra para deſamarrar os que ainda eſtavatildeo ſurtos ferrando

outra veacutez o traquete tornou a pairar com a meſena

FRANCISCO DE BRITO FREYRE (1655) [1655] SENHOR [A00_2496 p 09]

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Todos os dicionaristas apontam pairar tambeacutem como termo naacuteutico

Origem provenccedilal lt latim

Ficha 122

Palmejar sm (TNaut) As peccedilas de madeira que cingem o navio de poppa agrave proa por

dentro ______________________________________________________________________

rarrCunha natildeo consta

rarrBluteau PALMEJAR Bater as palmas Vid Palma da matildeo

rarrMoraes e Silva PALMEJAacuteR smt de Naut O palmejar satildeo peccedilas de madeira que

cingem o navio de poupa aacute proa por dentro as quaes vatildeo endentadas como a madeira da

liaccedilatildeo ou liames Hist Naut I f 316 ldquono navio havia dous palmos de agua sobre o

palmejarrdquo

rarrLaudelino Freire PALMEJAR sm Prancha que reveste interiormente o arcabouccedilo do

navio

rarrAureacutelio- natildeo consta

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta

______________________________________________________________________

141

Comentaacuterios Com exceccedilatildeo de Bluteau todos os dicionaristas apontam palmejar como termo

naacuteutico Origem portuguesa lt latina

Ficha 123

Palomas s f Cabos nas vergas onde se fixatildeo as pontas das ostagas

______________________________________________________________________

rarrCunha paloma sf ldquo(Naacuteut) cabo corda‟ 1813 Do it meridional paloma que corresponde

a parogravema em outras regiotildees palomAR palonbar XV palomEIRA XV

rarrBluteau PALOMAS Termo de marinhagem Saotilde hũs cabos que eſtaotilde nas vergas onde ſe

fazem fixas as pontas das oſtagas

rarrMoraes e Silva PALOgraveMAS sf t de Naut Cabos que estatildeo nas vergas onde se fazem

fixas as pontas das ostagas

rarrLaudelino Freire PALOMAS sf Cast paloma Espeacutecie de cabo naacuteutico

rarrAureacutelio paloma [Do esp paloma] s f 1 Bras Giacuter Meretriz 2 Ant Pomba (1)

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Exceto Aureacutelio todos os dicionaristas apontam paloma como termo naacuteutico

Origem italiana

Ficha 124

Palomba sf Entre Nauticos Novello de mialhar ______________________________________________________________________

rarrCunha palomba sf bdquo(Naacuteut) cabo corda‟ 1813 Do it meridional paloma que corresponde

a parogravema em outras regiotildees [] palonbar XV []

rarrBluteau Natildeo consta

rarrMoraes e Silva PALOMBA sft de Naut Cabos que estatildeo nas vergas onde se fazem

fixas as pontas das ortagas Novelo de mealhar

rarrLaudelino Freire PALOMBA sf Lat palumba Naacuteut 1 Corda da vela do estai2 Fio

grosso com que se cose o cabo da tralha agraves orlas das velas fazendo passar os pontos pelas

cocircchas do mesmo cabo fio de palomba3 Novecirclo de mealhar de forma alongada4 Alccedila

para iccedilar no mastro a vecircrga de uma vela latina

rarrAureacuteliorarr palomba [Alter de paloma] s f Marinh 1Novelo de mialhar 2Espeacutecie de

ponto us para coser as tralhas das velas dos toldos etc ponto de palomba

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Exceto Bluteau (que natildeo apresenta o termo) todos os dicionaristas apontam

palomba como termo naacuteutico Origem italiana

Ficha 125

Patelha sf (T Naut) O couce do leme Encaixa na quilha no fundo do cadaste sobre que

joga o leme

142

______________________________________________________________________

rarrCunha natildeo consta

rarrBluteau PATELHA ou Patilha do leme por outro nome Couce he no fundo do cadaſte

hum encayxo na quilha ſobre que joga o leme

rarrMoraes e Silva PATEgraveLHA sf t de Naut O couce do leme e eacute no fundo do cadaste um

encaixe na quilha sobre que joga o leme

rarrLaudelino Freire PATELHA sf Parte inferior do leme e a parte saliente da quilha socircbre

que ecircle se move

rarrAureacuteliorarr natildeo consta patelha Patilha [Do esp patilla poss] s f 1Constr Nav

Prolongamento da quilha para reacute do cadaste sobre o qual se apoia o peacute da madre do leme nas

embarcaccedilotildees em que o leme tem de trabalhar afastado do cadaste (como p ex nas de uma soacute

heacutelice)

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Todos os dicionaristas apontam patelhapatilha como termo naacuteutico Origem

espanhola

Ficha 126

[] Pegrave de carneiro [T Naut) Paacuteos perpendiculares da coberta ategrave o poratildeo em que se sustenta

a coberta

______________________________________________________________________

rarrCunha peacute sm bdquoparte inferior da perna que se articula com esta assentado por completo no

chatildeo e que permite a postura vertical e o andar‟XIII pee XIIIDo lat pes pĕdis []

rarrBluteau Peacutes de carneyro Termo de navio Saotilde huns paos que eſtaotilde perpendicularmente

da cuberta ao poraotilde para ſuſtentar a meſma cuberta Os primeyros ſaotilde os do poraotilde amp ha

outros entre pontes

rarrMoraes e Silva Pes de carneiro t de Naut paacuteos perpendiculares da coberta ao poratildeo

para sustentar a coberta e talvez tem moacuteccedilas por onde os marujos descem

rarrLaudelino Freire PEacute sm T Naacuteut A ponta da corda com que se vira a vela Peacute de

carneiro sm Naacuteut Pau varatildeo ou prumo de suporte

rarrAureacutelio peacute- [Do lat pede] [] peacute de carneiro [De peacute + de + carneiro] Substantivo

masculino 1 Constr Nav Qualquer peccedila ou parte da estrutura de uma embarcaccedilatildeo que tenha

forma de coluna 2 Rolo peacute de carneiro [Pl peacutes de carneiro]

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta peacute-de-carneiro como termo naacuteutico

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Todos os dicionaacuterios apresentam peacute de carneiro como termo naacuteutico

Origem portuguesa lt latina

Ficha 127

143

Pinccedilote sf Entre nauticos pagraveo pegado aacute ponta da cana do leme para o governar Tambeacutem a

bomba o tem

______________________________________________________________________

rarrCunha pinccedilote natildeo consta

rarrBluteau PINCcedilOTE Termo de navio He hum pao que pega na ponta da cana do leme amp

vem agrave cuberta da Timoneyra por hũ bolinete amp ſerve para governar o leme

rarrMoraes e Silva PINCcedilOacuteTE smt de Naut Paacuteo que pega na ponta da cana do leme e vem

agrave coberta da timoreira por um molinete e serve para governar o leme haacute tambeacutem pinccedilote da

bomba H Naut Tom3

rarrLaudelino Freire PINCcedilOTE sm Cast pinzote Naacuteut1 Alavanca de pau na extremidade

da cana do leme2 Corda delgada fixo por uma das extremidades agrave pena da vecircrga para

amarrar a esta uma vela quando fundeada a embarcaccedilatildeo de velas latinas

rarrAureacutelio 1Marinh Nas canas do leme constituiacutedas por duas peccedilas ligadas em cotovelo eacute

aquela em que o timoneiro segura [A outra eacute a cana]

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Todos os dicionaacuterios apresentam pinccedilote como termo naacuteutico Origem

espanhola Origem espanhola (Houaiss 2001)

Ficha 128

Pontal sm ponta de terra (T Naut) Altura do navio da quilha ateacute o convez

______________________________________________________________________

rarrCunha ponta sf bdquoa parte ou o ponto em que alguma coisa termina extremidade‟ XIII Do

lat puncta ndashae bdquoestocada‟ [] pontAL1 sm bdquo(Naacuteut) altura da embarcaccedilatildeo entre a quilha e o

conveacutes principal‟ XVI pontAL2 sm‟ ponta de terra‟ XVIII

rarrBluteau PONTAL (Termo de navio) He a altura que tem o navio da quilha ateacute primeyra

cuberta Navis altitudo agrave trabe [] Tambem em termos nauticos Pontal para avante amp

Pontal para a reacute he o que vay de altura de bordo da nao para a proa amp para a poppa entre as

duas cubertas chama-ſe tambem Pontal o que vay de huma cuberta a outra parece derivado

do Francez porque nos navios o que chamamos cuberta os Francezes lhe chamatildeo Ponte

rarrMoraes e Silva PONTAacuteL sm Altura do navio desde a quilha ateacute aacute primeira coberta Cast

L8f154col2 e B4614 sect it O que vai d‟uma coberta aacute outrasect Pontal para a vante ou para

a reacute eacute o que vai do bordo do navio para a progravea ou para a popasect Ponta de terra que sai do

mar vg o pontal de Cacilhas

rarrLaudelino Freire PONTAL sm De ponta Altura da embarcaccedilatildeo entre a quilha e a

primeira coberta 2 Ponta de terra ou da penedia que entra um pouco no mar acima do niacutevel

da aacutegua

rarrAureacuteliorarr [1Constr Nav Altura da embarcaccedilatildeo entre a quilha e o conveacutes principal2Ponta

de terra ou penedia que penetra um pouco no mar ou no rio []

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta como termo naacuteutico

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Todos os dicionaacuterios apresentam pontal como termo naacuteutico Origem

portuguesa lt latina

144

Ficha 129

Ponte sf Obra sobre arcos para passar rios Algumas ha de barcas e de madeira para fossos

A peccedila em que se volve a moenda no engenho de accedilucar Entre Nauticos a coberta do navio

______________________________________________________________________

rarrCunha ponte sf bdquoconstruccedilatildeo destinada a estabelecer a ligaccedilatildeo entre duas margens opostas

de um curso de aacutegua ou de outra superfiacutecie liacutequida qualquer‟ XIII Do lat pōns pontis []

rarrBluteau Ponte (Termo de navio) Ponte corrida he a cuberta do caſtello de Poppa ateacute a

proa Ponte na orelha he a cuberta do convez curva para que com brevidade ſe deſagoe o mar

que entrar nella Natildeo temos nomes proprios Latinos

rarrMoraes e Silva POgraveNTE sf t de Naut O mesmo que coberta do navio Cast L7c86

f133 col1 Amaral c2 Ponte nas galeacutes e navios obra feita para cima della se pelejar

B347 lanccedilar-lhe algumas panellas de poacutelvora sobre a ponte que levava foratildeo queimar

muitos Mouros que vinhatildeo debaixo parece que era obra levadiccedila Id 235 naacuteo com suas

arrombadas com ponte e redes a sua naacuteo levava sobre a ponte tecida huma rede ibid

rarrLaudelino Freire PONTE sf Lat pons pontem Mar Coberta ou sobrado estabelecido

em todo o comprimento do navio seja para cobrir o poratildeo e preservar as mercadorias seja

para dividir o navio em diversos andares como se divide uma casa de habitaccedilatildeo 2 Naacuteut

Pavimento acima da borda do navio na direccedilatildeo de bombordo a estibordo donde em viagem se

dirige a manobra

rarrAureacuteliorarr ponte [Do lat ponte] s f [] 2Ant Constr Nav Cada uma das cobertas de um

navio Ponte de vieacutes 1 Lus Ponte esconsa Ponte esconsa 1 Ponte (1) cuja direccedilatildeo eacute obliacutequa

agrave do curso de aacutegua que transpotildee [Sin lus ponte de vieacutes] []

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta como termo naacuteutico

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Todos os dicionaacuterios apresentam ponte como termo naacuteutico Origem

portuguesa lt latina

Ficha 130

Porca s f A femea do porcoPaacuteo que atravessa os malhaes no lagar A obra de madeira

sobre o sino Entre Nauticos Nome de hum dos paacuteos que atravessatildeo o carro da poppa e vatildeo

145

acabar nos pegraves mancos Na atafona peccedila pregada na trave com hum ferratildeo onde anda o piatildeo

Peccedila dp parafuso onde elle embebe as suas espiras Na impressatildeo peccedila no someiro grande de

cima onde encaixa a arvore de ferro

______________________________________________________________________

rarrCunhaporcararr PORCO porco sm bdquomamiacutefero da ordem dos artiodaacutectilos natildeo ruminante

originaacuterio do javali poreacutem existente quase em toda parte como animal domeacutestico‟ XIII Do

lat pŏrcus -ī [] porcA1

sf bdquoa fecircmea do porco‟ XIII porcA2 sf bdquopeccedila em que se introduz o

parafuso‟ 1813 Segundo parece a relaccedilatildeo entre porca2 e porca

1 decorre da semelhanccedila que o

oacutergatildeo genital do porco apresenta com o parafuso

rarrBluteau Porcas (Termo de Navio) Saotilde hũs paos groſſos que atrave ſſaotilde o carro de

poppa amp vaotilde acabar em os peacutes mancos

rarrMoraes e Silva POacuteRCAS sfpl paacuteos grossos que atravessatildeo o carro da popa e vatildeo

acabar nos peacutes mancos

rarrLaudelino Freire PORCA sf Lat porca [] 3 Pau do largar que atravessa os malhais

Pau grosso que atravessa o carro da pocircpa

rarrAureacutelio Porca [Do lat porca] Substantivo feminino Pequena peccedila de ferro em geral

sextavada ou quadrada munida de furo em espiral que se atarraxa na extremidade de parafuso

ciliacutendrico

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta como termo naacuteutico

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Todos os dicionaacuterios apresentam porca como termo naacuteutico exceto Aureacutelio

Origem portuguesa lt latina

Ficha 131

Proejar vn Navegar com certo rumo _____________________________________________________________________

rarrCunha natildeo consta

rarrBluteau PROEJAR (Termo Nautico) Por a proa vid Proa (Quem viſſe huma natildeo proejar

contra hũa alta ſerra Epanaphor De D Franc Man pag109)ſ

rarrMoraes e Silva PROEJAacuteR vn Navegar para certo rumo vg uma nau proejando contra

uma alta serra Epanaforas sect at Buscar com a proa demandar navegando ldquoproejando ao

Oriente tantas vezes requestadordquo ldquoproejaratildeo a uma calheta quem com a cerraccedilatildeo vararatildeo e

escorreratildeo ateacute que a mareacute de todo lhes faltourdquo

rarrLaudelino Freire PROEJAR v intr De proa Aproar dirigir-se navegar em determinada

direccedilatildeo

rarrAureacutelio proejar [De proa + -ejar] Verbo transitivo circunstancial 1P us Dirigir-se

navegar (em determinada direccedilatildeo) aproar O comandante proeja para nordesteAs galeacutes de

Castela sarparam tenderam velas e demandaram a barra proejando ao norte (Antero de

Figueiredo Leonor Teles p 229) [Conjug v pelejar]

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Todos os dicionaacuterios apresentam proejar como termo naacuteutico Origem

portuguesa lt latina

146

R

Ficha 132

Rabada sf o rabo do peixe Antigamente tranccedila para traz cheia de laccedilos de fitas (T naut)

Parte da poppa onde estagrave a cacircmara de cima

______________________________________________________________________

rarrCunha rabada rarr rabo rabo sm bdquocauda‟ bdquoprolongamento da coluna vertebral de certos

mamiacuteferos‟ XIII Do lat rāpum -ī bdquonabo‟[] rabADA XVI []

rarrBluteau RABADA Vid Tomo 7 Vocabulario Rabada termo de navio He o apoſento da

poppa no andar ſuperior do navio por cima da camera de modo que dos tres andares que ha

na poppa ao ſuperior he que chamaotilde Rabada ao do meyo camera e ao de baixo praccedila

d‟armas

rarrMoraes e Silva RABAacuteDA sf Do navio galeacute Couto 10105 poupa onde estaacute o

lemerdquopoz-lhe a proacutea pela rabada Couto 98

rarrLaudelino Freire RABADA sf De rabo O mesmo que rabadela 2 Pocircpa do navio

rarrAureacuteliorarr rabada [De rabo + -ada1] s f 1 V rabadilha (1) Rabadilha [De rabada + -

ilha] Substantivo feminino 1 A parte posterior do corpo das aves peixes e mamiacuteferos

rabada rabadela 2 A porccedilatildeo do peixe que o pescador destina a seu proacuteprio consumo em vez

de vender rabadela Rabada 1 Rabo de boi de porco ou de vitela sem pele nem pelos para

uso na alimentaccedilatildeo humana 2 Cul Iguaria preparada com rabada (2) 3 Rabicho (1) 4 Fig

O(s) uacuteltimo(s) numa corrida fila etc rabeira

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq

Embarcaccedilotildees de meia coberta Botes Igariteacutes e Balccedilas ou Jangadas que servem na

conducccedilatildeo da quarta Partida Hespanhola na foacuterma que se aprezentaram na Fronteira da

Tabatinga em 7 de Marccedilo de 1781 CAPITAINA Maria Luiza Barco de foacuterma de meia

coberta de nove remos por banda de um mastro armada aacute redonda remada de palamenta

ou de remo pequeno ordinario Tem uma formoza Camara em que cabem vinte pessoas seis

por banda nos aposentos lateraes e os mais na face da frente e fundos tem um camarim aacute

rabada muito proprio para escrever e outros exercicios privados tudo muito bem asseiado e

pintado com seu cortinado de Damasco de latilde carmezim tem tres janellas por banda e nove

palmos de peacute direito

ALEXANDRE RODRIGUES FERREIRA [nd] 2ordf PARTE BAIXO RIO NEGRO -

SUPLEMENTO Agrave PARTICIPACcedilAtildeO PRIMEIRA [A00_2236 p440]

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Exceto Aureacutelio (que natildeo apresenta o termo) todos os dicionaristas apontam

rabada como termo naacuteutico Origem portuguesa lt latina

Ficha 133

Rabeca sf Instrumento musico de quatro cordas (T Naut) vela que vai entre o mastro

grande e a poppa atravessada Enxergatildeo pequeno de palha ______________________________________________________________________

147

rarrCunha rabeca sf bdquodesignaccedilatildeo antiquada do violino‟ bdquoutensiacutelio de ferreiro que serve para

fazer girar a broca‟ XVI Do fr rebec deriv do ant fr rebebe e este do ar rabāb []

rarrBluteau RABECA ou Rebeca Pequeno inſtrumento muſico de cordas Diriva ſe do

Arabico Rebab ou Rebaba que no Lexicon Coptico ſegundo os Interpretes he Lyra Outros

o derivatildeo do Hebraico Rebiac que ſignifica o inſtrumento a q os Latinos chamatildeo Siſtrum

outros finalmente o derivatildeo de Rebet que na linguagem Celtica val o meſmo que Rebeca

Conſta a Rabeca de quatro cordas amp tange-ſe com arco Os ſeus ſons agudos ſaotilde muytos

alegres amp deſpertatildeo o eſpirito O ſeu concerto he de quinta em quinta Natildeo temos em Latim

palavra propria Latina ſeragrave preciſo uſar das Comuas como vg Fides ium Plur Fem ou

Fidis is Fem do qual uſa Columella no ſingular ou Lyra ou Cithara e Fem Barbitus de

ordinario natildeo ſe acha ſenatildeo em verſo Natildeo ſerve acreſcentar a Fides nem a Lyra decumana

nem Primaria eſtes adjeξtivos natildeo eſtatildeo aqui no ſeu lugar

rarrMoraes e Silva RABEacuteCA sf Instrumento Musico de quatro cordas que se ferem com

hum arco de cerdas de cavallo

rarrLaudelino Freire RABECA sf Aacuter rabeb Instrumento muacutesico em forma de viola com

quatro cordas de tripa e de retroacutes afinada em quintas (sol reacute laacute mi) de que tiram os sons por

meio de um arco guarnecido de crinas e pregraveviamente passadas pela resina violino 2 Naacuteut

Uma das velas latinas que servem para estais

rarrAureacuteliorarrrabeca [Do aacuter rabatildeb pelo fr ant rebec ou pelo provenccedil ant rebec] Substantivo

feminino 1Designaccedilatildeo antiquada do violino [F paral rebeca var arrabeca] 2Utensiacutelio

de ferreiro que serve para fazer girar a broca sanfona 3Lus V fancho 4Bras Espeacutecie de

violino com quatro cordas de tripa e sonoridade fanhosa que se toca apoiando-o na altura do

coraccedilatildeo ou no ombro esquerdo mas sempre com a voluta para baixo

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta como termo naacuteutico

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Somente Laudelino Freire apresenta rabeca como termo naacuteutico Origem

francesa

Ficha 134

Resbordo sm (T Naut) O segundo solho do navio e o lugar onde elle se dobra mais

Rescaldar Escaldar muito ______________________________________________________________________

rarrCunha natildeo consta

rarrBluteau RESBORDO Derivaſe do Francez Ribord que he a ſegunda ordem de taboas ou

o ſegundo ſolho do navio amp como cotovelo delle ou o lugar onde mais ſe dobra (na coſtura

da taboa do Resbordo Britto viagem do Braſil pag 86)

rarrMoraes e Silva RESBOacuteRDO sm Naut O segundo solho do navio e como cotovelo

delle ou o lugar onde mais se dobra Brito Viag ldquona costura da taboa do resbordordquo (rebord

em Francez he borda resaltada)

rarrLaudelino Freire RESBORDO sm De res + bordo Naacuteut Abertura feita no costado de

alguns navios na altura da primeira coberta para carga e descarga de carvatildeo ou de pequenos

artigos 2 Abertura na amurada para dar lugar agrave bocircca do canhatildeo

rarr AureacuteliorarrResbordo Substantivo masculino Constr Nav 1 A primeira fiada de chapas (ou

de taacutebuas nas embarcaccedilotildees de madeira) do forro exterior do casco de um e de outro lado da

quilha 2 Cisbordo Cisbordo (oacute) [De cis-1 + bordo] Substantivo masculino 1 Ant Constr

Nav Grande abertura com porta no costado de certos navios agrave altura de um pavimento para

embarque ou desembarque de objetos pesados ou de grandes dimensotildees resbordo

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq

148

Recorriatildeo os altos os Calafates deſaparelhavatildeo as vergas os Marinheiros naotilde ſeccedilando as

bombas nem os baldes Cotilde que vencido o trabalho ficou legraveſto o navio amp eſtanque de hũa

batildeda para crenar ſobre ella em a manhatildeatilde ſeguinte que ſe tomou a agoa na coſtura da taboa

de resbordo

FRANCISCO DE BRITO FREYRE (1655) [1655] SENHOR [A00_2496 p 17]

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Todos os dicionaacuterios apresentam resbordo como termo naacuteutico Origem

francesa

Ficha 135

Rumo sm A linha que denota hum dos ventos na agulha de marear A direcccedilatildeo que leva o

navio (T Naut) Palmo e polegada d‟agua entre os nauticos Fig Maneira de proceder A

rumo em boa ordem em termos de ter boa effeito ______________________________________________________________________

rarrCunha rumo sm bdquo(Naacuteut) cada uma das direccedilotildees marcadas na rosa-dos-ventos‟ bdquocaminho

direccedilatildeo vereda‟ rrumo XV Do cast rumbo deriv do lat rhombus e este do gr rhoacutembos

rumAR 1844

rarrBluteau Rumo na Roſa Nautica Index venti linea Fem (O numero dos graos amp ſuas

medidas ſegundo differentes Rumos Vieyra tom10 pag263) Vid Roſa

rarrMoraes e Silva RUacuteMO sm Na rosa Nautica a linha que denota hum dos 32 ventos sect A

direccedilatildeo que leva a proa do Navio por hum dos 32 rumos sect t Naut i eacute palmo e polegada de

agua de sorte que seis rumos ou palmos destes fazem sete ordinarios vg tem esta quilha

tantos rumosrdquo pegado (o monstro marinho) na quilha do galeatildeo por todo o comprimento

delle sendo de vinte e hum rumos que satildeo certo e cinco palmosrdquo B347 (por esta conta cada

rumo satildeo cinco palmos) ult Ediccedil Tom3 PI p462

rarrLaudelino Freire RUMO sm Ingl rhumb Cada uma das trinta e duas divisotildees ou linhas

da rosa dos ventos que representam as trinta e duas direccedilotildees mariacutetimas adotadas pelos

naacuteuticos 2 Direccedilatildeo do navio por estes rumos 3 Direccedilatildeo orientaccedilatildeo caminho 4

Antiga medida naacuteutica que equivalia pouco mais ou menos a cinco palmos 5 Meacutetodo

ordem de proceder norma

rarrAureacutelio rumo [Do esp rumbo] s m 1 Naacuteut Cada uma das direccedilotildees marcadas na rosa dos

ventos 2 Naacuteut Direccedilatildeo do movimento da embarcaccedilatildeo quando se estaacute navegando 3 Naacuteut

Acircngulo que a direccedilatildeo para onde aponta a proa da embarcaccedilatildeo faz com a direccedilatildeo do norte

verdadeiro (rumo verdadeiro) ou com a direccedilatildeo do norte magneacutetico (rumo magneacutetico) ou

ainda com a direccedilatildeo do norte da agulha (rumo da agulha) []

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq

Segunda-feira 30 dias do mecircs de Janeiro tomei o sol e estava na altura do cabo de Santlsquo

Agostinho e iacuteamo-lo a demandar pelo rumo de loeste

PEcircRO LOPES DE SOUSA (1968) [1530] DIAacuteRIO DA NAVEGACcedilAtildeO DE PEcircRO LOPES DE

SOUSA [A00_0078 p 38]

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Todos os dicionaacuterios apresentam rumo como termo naacuteutico Origem

castelhana

149

S

Ficha 136

Salamear va (T Naut) Fazer celeuma Cantar alternamente

______________________________________________________________________

rarrCunha natildeo consta

rarrBluteau SALAMEAR Termo de Marinheyro Fazer a Saloma ou Salema Vid Salema

Vid Fayna SALEMA Vozaria de Marinheyros He derivado da palavra Grego-Latina

Celeuma Vid Fayna (As Salemas ordinarias dos Marinheyros ſe fazem com taes vozes que

natildeo ſaotilde ouvidas muytas vezes Britto Viagē do Braſil pag 278)

rarrMoraes e Silva SALAMEAacuteR vn Naut Levantar ou cantar a celeuma Cast 280 escreve

ccedilalamear ldquosem as naos apitarem nem ccedilalamearem por natildeo serem sentidos dos Rumesrdquo

B384 ldquohomens do mar que ccedilalameatildeo para hum tempo pograverem toda a forccedila

CELEUMA sf A vozeria que faz a gente do mar quando trabalha CamLusII25 A

celeuma medonha se levanta No rumo marinheiro que trabalha

rarrLaudelino Freire natildeo consta

rarrAureacutelio natildeo consta

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta

______________________________________________________________________

Comentaacuterios somente Bluteau e Moraes e Silva apontam salamear como termo naacuteutico Os

demais autores natildeo citam o termo Origem aacuterabe (Sousa amp Moura 1830)

Ficha 137

Salema sf Na Turquia cortesia feita com certas palavras em que entra a palavra Zalemaq

Nome de um peixe (T Naut) Entre os nauticos celeuma

Celeuma sf gritaria da gente do mar quando trabalha

______________________________________________________________________ rarrCunha salema sf bdquopeixe teleoacutesteo percomorfo da famiacutelia dos pomadasiacutedeos da costa

atlacircntica‟ 1874 De etimologia obscura [] celeuma sf bdquovozearia barulho algazarra‟ 1572

Do lat celeuma deriv do gr keacuteleuma bdquoordem‟ bdquocanto‟ bdquogrito‟

rarrBluteau SALEMA Vozaria de Marinheyros He derivado da palavra Grego-Latina

Celeuma Vid Fayna (As Salemas ordinarias dos Marinheyros ſe fazem com taes vozes que

natildeo ſaotilde ouvidas muytas vezes Britto Viagē do Braſil pag 278)

rarrMoraes e Silva SALEgraveMA sf V Celeuma nautsect t Turquesco cortezia acompanhada de

certas palavras entre as quaes vem Zalemaq Barrosrdquoque fosse a Corte do Badur a lhe fazer a

salemeardquoCELEUMA sf A vozeria que faz a gente do mar quando trabalha CamLusII25

A celeuma medonha se levanta No rumo marinheiro que trabalha

rarrLaudelino Freire SALEMA sfAacuter calam sf Naacuteut O mesmo que celeuma CELEUMA

sf Lat celeuma Vozearia de homens que trabalham juntos 2 Barulho algazarra 3

Canto ou vozes de barqueiros cantiga rude que entoa o marinheiro para estimular o trabalho

4 Alarma

rarrAureacutelio natildeo consta

150

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Exceto Aureacutelio ( que natildeo cita o termo) todos os demais dicionaristas apontam

salema como termo naacuteutico Origem obsura

Ficha 138

Sapatilhos sm (T Naut) Entre nauticos Ferros redondos em que se pegatildeo as poas ______________________________________________________________________

rarrCunha natildeo consta sapatilhos consta sapato sapato sm bdquocalccedilado em geral de sola dura

que cobre o peacute‟XVI ccedila- XIII De origem duvidosa talvez do turco čabata sapatA XVI

[] sapatilho 1873

rarrBluteau SAPATILHOS Termo de navio Satildeo huns ferros redondos em que preacutegatildeo as

poas por ſe natildeo cortar a bolina o meſmo tem a eſteyra da vela em q os briois peacutegatildeo Vid

Sapato de ferro

rarrMoraes e Silva SAPATIacuteLHOS smpl Naut Ferros redondos em que se pegatildeo as poas

por se natildeo cortar a bolina haacute outros na esteira da vela em que os brioes pegatildeo

rarrLaudelino Freire SAPATILHO sm De sapato + ilho Naacuteut Aro de ferro forrado de

chapas com meia cana na parte exterior e que serve para se aguentar nos punhos das velas nos

chicotes dos cabos onde se introduzem os gatos etc

rarrAureacutelio sapatilho [De sapato + -ilho] s m 1 A primeira folha seca arrancada da cana-de-

accediluacutecar quando se limpa esta 2 Marinh Aro metaacutelico circular ou oval geralmente de ferro

zincado com a periferia goivada usado como berccedilo e proteccedilatildeo agraves matildeos [v matildeo (19)] que se

faz em cabos sobretudo nos cabos de arame

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Todos os dicionaristas apresentam sapatilhos como termo naacuteutico Origem

duvidosa (turco)

Ficha 139

Sarpar va (T naut) Levantar

______________________________________________________________________

rarrCunha natildeo consta sarpar consta zarpar zarpar vb bdquolevantar acircncora fazer-se ao mar

partir‟ XVII Do cast zarpar deriv do a it sarpare (hoje salpare) deriv do lat tard

exharpare e este do gr exharpaacutezō

rarrBluteau SARPAR Termo Nautico He tomado do Italiano Salpare ou Sarpare que val o

meſmo que Levantar ferro Solvere portu ou solvere navem Cic C Vid Levantar (foy

tatildeo furioſa a tempeſtade que ſobreveyo a eſtas duas galeacutes Sarpando entre hŭas Ilhas

Vieyrtom5pag 326) (Poucos dias antes que Sarpaſſe a Armada Jacintho Freyre liv4 sect 83)

rarrMoraes e Silva SARPAacuteR vn naut Levantar vg sarpar a ancora

rarrLaudelino Freire SARPAR vrv Cast zarpar O mesmo que zarpar ldquoSarpou a corvetardquo

(Latino Coelho) ZARPAR vrv Cast zarpar Naacuteut O mesmo que sarpar (tr dir)2 Lus

Enganar abusar da boa feacute de em proveito proacuteprio (tr dir) 3 Fugir partir (intr)

rarrAureacutelio Sarpar Verbo intransitivoVerbo transitivo circunstancial 1Desus V zarpar As

galeacutes de Castela havia meses ancoradas no Tejo sarparam tenderam velas e demandaram a

barra (Antero de Figueiredo Leonor Teles p 229)Zarpar-[Do gr exarpaacutezein levantar

(acircncora) pelo lat exharpare e pelo it ant sarpare atual salpare] Verbo intransitivoVerbo

151

transitivo circunstancial 1Levantar acircncora fazer-se ao mar partir Quantas vezes em

pequeno ao contemplar o oceano e ao ver os navios que zarpavam barra afora senti o

impulso ardente de Sindbad o Mariacutetimo (Sousa Bandeira Evocaccedilotildees e Outros Escritos p

56) [Var (ant) sarpar] 2Bras V fugir (1 e 2) 3Bras Ir partir

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq

E vendo o inimigo que todas as capitanias estavam juntas e tatildeo perto dacuteelles nos deitaram

aquella nojte aacutes 10 horas 3 navios de fogo um ficou sentado na arecirca que natildeo pocircde sahir e

os 2 sahiram mas quiz Deos que vimos vir uma vela e entendendo que fugiam comeccedilaacutemos

todos a sarpar []

desconhecido (1885) [1625] RELACcedilAtildeO VERDADEIRA DE TODO O SUCCEDIDO NA

RESTAURACcedilAtildeO DA BAHIA DE TODOS OS SANTOS DESDE O DIA EM QUE PARTIRAM

AS ARMADAS DE S M ATEacute O EM QUE EM A DITA CIDADE FORAM ARVORADOS SEUS

ESTANDARDES ETC [A00_0700 P 512]

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Todos os dicionaristas apresentam sarpar como termo naacuteutico Origem

espanhola lt francesa

Ficha 140

Sejar V Ciar (T Naut)

______________________________________________________________________

rarrCunha sejar natildeo consta

rarrBluteau Natildeo consta

rarrMoraes e Silva SEJAR v at Ceiar remar o navio de sorte que o faccedila voltar para hum

lado remando os remeiros de hum lado para vogarem aacute vante e outros para traz Vieira

ldquosaber vogar quando se haacute de ir a diante e sejar quando se haacute de dar voltardquo

rarrLaudelino Freire natildeo consta

rarrAureacutelio natildeo consta sejar consta ciar1 [Do esp ciar poss] Verbo intransitivo1Remar para

traacutes 2P ext Mover-se para traacutes [Cf siar e cear]

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Somente Moraes apresenta sejar como termo que remete ao universo naacuteutico

Aureacutelio presenta ciar e natildeo sejar Origem natildeo encontrada

Ficha 141

Siar va Ciar (T Naut) Na Volateria Cerrar a ave as azas em aferrando a relegrave para baixar

com ella mais depressa

______________________________________________________________________

rarrCunha siar vb bdquofechar (as asas) para descer mais depressa‟ XVIII De origem obscura

rarr Bluteau SIAR ou CIAR Termo de alta volateria Siar as azas na autoridade que ſe

ſegue parece quer dizer Fechar a ave as azas para cahir (Eu vi hum Accedilor afferrado a hūa

Abetarda dependurarſe agrave terra amp Siar as azas para a fazer vir ao chatildeo Arte da Caccedila pag28)

rarrMoraes e Silva SIAacuteR vatde Volater Siar a ave as azas he cerralas depois de afferrar a

releacute para cair com ella mais depressasect V Ceiar e Ceiavoga

rarrLaudelino Freire SIAR vtr dir fechar (as asas) para descer mais ragravepidamente

152

rarrAureacutelio Siar Verbo transitivo direto 1Fechar (as asas) para descer mais depressa[Cf ciar

e cear]

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta como termo naacuteutico

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Nenhum dos dicionaacuterios apresenta siar como termo naacuteutico Origem

obscura

Ficha 142

Sirgideiras sf plur (T Naut) Entre nauticos corda para atracar a enxarcia

______________________________________________________________________

rarrCunha natildeo consta

rarrBluteau SIRGIDEIRAS (Termo de navio) Cordas para atracar a enxaacutercia Saotilde huns cabos

com huns moutotildees pequenos que ſervem de apertar de huns ouvens a outros Ha mais outras

Sirgideyras por bayxo das gaveas que ſervem do meſmo Natildeo temos palavra propria Latina

rarrMoraes e Silva SIRGIDEgraveIRAS sf naut pl Cordas para atracar a enxarcia

rarrLaudelino Freire SIRGIDEIRAS sf De sirgir + deira Corda proacutepria para enxaacutercia 2

O mesmo que serzideira

rarrAureacutelio natildeo consta

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Bluteau Moraes e Silva e Laudelino Freire apontam sirgideiras como termo

naacuteutico Origem natildeo encontrada

Ficha 143

Sobrecevadeira sf (T Naut) A vela que fica sobre a cevadeira

______________________________________________________________________

rarrCunha natildeo consta

rarrBluteau SOBRECEVADEIRA Veacutela pequena que ſe potildeem ſobre outra a que chamaotilde

Cevadeyra Vid Cevadeyra (Largue hū galhardete na Sobrecevadeyra CEVADEIRA Vela

pequena que ſe potildeem na proa Proclinati ad proram mali velum

rarrMoraes e Silva SOBRECEVADEgraveIRA sf Naut vela pequena

rarrLaudelino Freire SOBRECEVADEIRA sf De socircbre + cevadeira Naacuteut Pequena vela de

navio socircbre a cevadeira CEVADEIRA s f de cevar + deira Naacuteut Pequena vela suspensa

de uma vecircrga que atravessa horizontalmente o gurupeacutes

rarrAureacutelio natildeo consta sobrecevadeira 1- Cevadeira [De cevada + -eira] sf [] 2Marinh

Ant Verga de cevadeira 3Marinh Ant Vela quadrangular que envergava na verga do

mesmo nome por baixo do gurupecircs [Cf sevadeira] []

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Todos os dicionaristas apontam sobrecevadeira como termo naacuteutico

Origem portuguesa lt latina

153

Ficha 144

Sobregata sf (T Naut) Entre nauticos Vela que fica sobre a gata

______________________________________________________________________

rarrCunhasobregata natildeo consta

rarrBluteau Natildeo consta GATA[]Gata nos navios he a vela de cima da mezena

rarrMoraes e Silva natildeo consta Consta GAacuteTA sf Femea do gatosect t de Naacuteutico Vela de

cima da mezena

rarrLaudelino Freire SOBREGATA sf De socircbre + gata Naacuteut 1 Segunda vela do mastro

de mezena 2 Vecircrga correspondente a essa vela

rarrAureacutelio 1- Sobregata [De sobr(e)- + gata] s f 1Marinh O joanete do mastro da gata[]

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Laudelino Freire e Aureacutelio apresentam o termo sobregata Origem

portuguesa lt latina

Ficha 145

Socairo sm Cabo amarra Ao socairo ao abrigo Em seguimento Para traz (T Naut) Entre

nauticos A regrave pela poppa do navio

______________________________________________________________________

rarrCunha socairo1 sm bdquo(Marinh) parte de um cabo‟ XVI Do cat socaire bdquo o que estica uma

corda‟ com influecircncia de Cairo

rarrBluteau SOCAIRO Ao Socayro Termo Nautico antiquado Val o meſmo que ao longo Ir

ao ſocayro da Fortaleza com barco ou navio Arcem vel nave legere ou radere (Outras

fuſtas que eſtavatildeo ao Socairo da Fortaleza Barros 4 Dec pag650) (Se abrigou com a

Armada de remo ao Socairo da naacuteo amp do Galeaotilde Lemos Cercos de Malaca 15 verſ) A regrave

pela poppa do navio

rarrMoraes e Silva SOCAacuteIRO sm (composto de so ou sob e cairo no fig por amarra)sect

Amarra de pogravepa Castan L3f66 ldquoos que levavatildeo a toa soltaratildeo com medo o socairo e a naacuteo

dera a costa se outros natildeo acodissem a tomar o socairordquosect Ao socairo ieacute agrave reacute por detraz da

poupa do navio Lemos Cerco de Malaca Fig ao socairo da fortaleza ieacute emparado com

ella por traz della Barros ir ao socairo de alguem ieacute seguindo-o sect Poacutede-se derivar talvez

da palavra Irlandeza socair que significa em posto abrigado do vento (Bullet Memoires surla

Langue Cellique Tom2 artigo soucair) PPer LIf133 ldquoretirar-se ao socairo de huma ponta

de ilha ou reciferdquo para detraz dellasect

rarrLaudelino Freire SOCAIRO sm Naacuteut O cabo que vai sobejando e se vai colhendo

quando se ala qualquer braccedilo tirador etc o cabo de ala e larga que vai saindo do cabrestante

Pela popa do navio 2 Correia cujas pontas se prendem aos canzeacutes dos carros e que serve

para ajudar a sustecirc-los nas descidas

rarrAureacutelio socairo1 [Do cat socaire] Substantivo masculino1Marinh A parte de um cabo

que depois de dar volta a um cabrestante guincho cabeccedilo etc eacute aguentada agrave matildeo para ir

sendo colhida ou largada segundo as necessidades da manobra Pela popa do navio se faz a reacute

2Marinh A parte de um cabo que estaacute com volta em um cabeccedilo ou noutra peccedila fixa 3Correia

ou corda com que se sustecircm carros nas descidas

154

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq

Do porto de Olinda aacute ponta de Pero Cavarim satildeo quatro leguas Da ponta de Pero Cavarim

ao rio de Jaboatatildeo eacute uma legua em o qual entram barcos Do rio de Jaboatatildeo ao Cabo Santo

Agostinho satildeo quatro leguas o qual cabo estaacute em oito graacuteos e meio Ao socairo deste cabo

da banda do norte podem surgir naacuteos grandes quando cumprir onde tem boa abrigada Do

Cabo ateacute Pernambuco corre-se a costa norte sul

GABRIEL SOARES DE SOUSA (1938) [1587] ROTEIRO GERAL COM LARGAS

INFORMACcedilOtildeES DE TODA A COSTA DO BRASIL (PRIMEIRA PARTE - PROEMIO)

[A00_0176 p 30]

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Todos os dicionaacuterios apresentam socairo como termo naacuteutico Origem

castelhana

Ficha 146

Sumeas sf plu (T Naut) As taboas com que se repara o leme

______________________________________________________________________

rarrCunha natildeo constam Ximeas e Sumeas Chuacutemeas sfpl bdquopeccedilas de madeira com que se

consertam os mastros estalados‟1873 chuacutembeas 1813 Provavemente do aacuter jāmalsquoacirc na var

chuacutembeas deve ter havido influecircncia de CHUMBO

rarrBluteau SUMEAS de leme ou maſto

rarrMoraes e Silva SUMEAS sf pl Naut Taboas com que o leme se refaz e repara BPer

rarrLaudelino Freire SUacuteMEAS sf pl Naacuteut Peccedilas de madeira com que se conserta ou

fortifica o leme CHUacuteMEAS sfpl Naacuteut Pedaccedilo de madeira cavada em uma das faces que se

aplica ao longo de um mastro de uma verga etc para reforccedilaacute-lo por meio de braccediladeiras de

ferro ou de arreataduras

rarrAureacutelio Sumeas Substantivo feminino plural 1V chuacutemeasChuacutemeas [Do aacuter a(t) da raiz juntar agrupar] Substantivo feminino plural1Mar Peccedilas de

madeira com que se consertam os mastros estalados [Var chuacutembeas suacutemeas]

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Todos os dicionaacuterios apresentam sumeas como termo naacuteutico Origem

aacuterabe

T

Ficha 147

Tamborete sm Cadeira rasa Tamboretes (entre Nauticos) satildeo as peccedilas que fechatildeo os

mastros na coberta de cima

______________________________________________________________________

rarrCunha tambor sm bdquo(Muacutes) instrumento de percussatildeo‟XV atanbor XIII atambor XIV

Do ar attanbucircr tamborETE sm bdquo(Marinh) orig peccedila de madeira que arremata o mastro na

coberta de cima‟ XVI bdquoext banqueta‟ XVIII

155

rarrBluteau Tamboretes (Termo de navio) ſaotilde huns paos amp taboas que fechatildeo o maſtro na

cuberta de cima amp levaotilde dous paos a que antigamente chamavatildeo Poſquetes amp hoje Enoras

para atochar o maſtro

rarrMoraes e Silva TAMBORETES satildeo peccedilas de taboas que fechatildeo o mastro na coberta de

cima e levatildeo dois paacuteos ditos antigamente posquetes e hoje enoras de atochar o mastro

Couto 6921 ldquocortou-lhe o masto pelos tamboretesrdquo

rarrLaudelino Freire Tamboretes s m pl Naacuteut Conjunto de peccedilas destinadas a garantir a

seguranccedila e verticalidade dos mastros e a impedir que as aacuteguas se infiltrem por ecircsse conduto

rarrAureacutelio tamborete (ecirc) [Do fr tabouret com infl de tambor] Natildeo consta como termo

naacuteutico

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq

arrebentou o masto do traquete pelos tamboretes de que sentimos muita fortuna e

amainaacutemos a vela e fomos correndo ao som do mar ateacute que foi de dia

PEcircRO LOPES DE SOUSA (1968) [1530] DIAacuteRIO DA NAVEGACcedilAtildeO DE PEcircRO LOPES DE

SOUSA [A00_0078 p 33]

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Somente o dicionaacuterio Aureacutelio natildeo apresenta tamborete como termo naacuteutico

Origem francesa lt aacuterabe

Ficha 148

Trinca sf Entre nauticos voltas de hum cabo que se faz fixo no talhamar do gurupes No

jogo da garatuza tres cartas do mesmo valor

______________________________________________________________________

rarrCunha Trincar vb bdquoapertar comprimir‟ bdquocortar com os dentes‟ bdquocomer mastigar‟ XVI

De origem incerta talvez alteraccedilatildeo do a fr tringler tingler bdquounir as taacutebuas de uma

embarcaccedilatildeo‟ deriv do a escandinavo tengja bdquounir atar‟trinca2

sf bdquocabo naacuteutico‟ XVI

trinca 3

sf bdquoarranhatildeo dentada‟ XX trinco sm bdquotranqueta com que se trancam portas‟ XVI

Dev de trincarTrecircs num bdquo3 III‟ Do lat trēs Do lat trēcěntos trinca1

sf bdquoreuniatildeo de trecircs

coisas semelhantes‟ XVI

rarrBluteau TRINCA (Termo de navio) Trincas ſaotilde as que atracatildeo o gurupeacutes amp vem a fazer

fixo ao talhamar Poacuter a nao agrave trinca ou porſe agrave trinca (Se puzeratildeo agrave Trinca Barros 4

Decpag 45) (Por conſelho do Piloto payrou agrave Trinca Lucena Vida de Xavier 67)

rarrMoraes e Silva TRIacuteNCA sf Naut Trincas do goropeacutes satildeo voltas de hum cabo que o

vem fazer fixo no talhamarsect Pograver a nau aacute trinca ou pograver-se a trinca pairar aacute trinca ieacute agrave capa

com a proa ao vento e as velas levantadas Couto 431 bdquose pozeratildeo agrave trinca batendo-a

rijamenterdquo Amaral c9 ldquopozeratildeo-se os inimigos agrave trinca para concertarem o galeatildeo ou lanccedilar

ferrordquo VF Mend c6r princip sect Na garatuza trinca satildeo 3 cartas do mesmo valor

rarrLaudelino Freire TRINCA sf Esp Trinca Mar Volta de cabo para fixar alguma peccedila

do navio

rarrAureacutelio trinca3 [Do esp trinca] s f 1Constr Nav Corrente ou cabo forte que prende o

gurupeacutes ao beque

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq

Fazendo negravevoa taotilde eʃpeʃʃa que ʃe naotilde vejatildeo os navios toquem os tambores deʃparem a

eʃpaccedilos algũs moʃquetes amp ʃiguaotilde o caminho que antes levava a Capitana Se ella durando a

negravevoa quiʃer virar tiraragrave huatilde peʃʃa amp os Galleoẽs do comboy faraacuteotilde o meʃmo em carregando

156

o leme antes de darem por davante Pondoʃe agrave trinca tirar agrave duas peszligas juntas a que

reʃponderagraveotilde tambem com duas os navios de guerra

FRANCISCO DE BRITO FREYRE (1655) [1655] SENHOR [A00_2496 p 55]

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Todos os dicionaacuterios apresentam trinca como termo naacuteutico Origem

incerta

Ficha 149

Troccedila sf (T Naut) Entre nauticos Cabo com que se seguratildeo as entenas nos mastros

______________________________________________________________________

rarrCunha [] De origem obscura troccedila sf bdquozombaria‟ 1881 Dev de troccedilar []

rarrBluteau natildeo consta

rarrMoraes e Silva TROacuteCcedilA sf Cabo com que as entennas se seguratildeo no mastro

rarrLaudelino Freire TROCcedilA sf Mar Cabo que segura as antenas no mastro

rarrAureacutelio troccedila [Dev de troccedilar] s f1V zombaria 2V graccedila (6) 3Bras Pacircndega farra

4Bras Vida devassa5Pop Ajuntamento (de pessoas) multidatildeo

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Somente Moraes e Silva e Laudelino Freire apresentam troccedila como termo

naacuteutico Origem obscura

V

Ficha 150

Vela sf (T Naut) Entre nauticos O panno do navio que se abre ao vento para o fazer

navegar Rolo de cera espermacete ou cebo com pavio para alumiar Sentinellavigia Fig

Embarcaccedilatildeo

______________________________________________________________________ rarrCunha [] Do lat vēlumvelEIRO adj sm bdquodiz-se de ou navio que anda agrave vela‟

rarrBluteau Vela de navio Panno grande que preſo nas vergas amp aberto recebe o vento amp

faz andar o navio Velum i Neut Cic A vela meſtra ou a vela do maſto Grande Velum

fummi mali maximum caacutetion que alguns Autores de Diccionarios potildeesm neſte lugar natildeo ſe

acha em Autores Latinos amp Roberto Eſteves mostra que ateacute no Grego natildeo eſtagrave ce a

ſignificaccedilatildeo deſta palavra neſte ſentido []

rarrMoraes e Silva sf Vela do navio o panno de treu que se abre ao vento e serve para

impellir o navio communicando o impulso do vento aos mastros[]

rarrLaudelino Freire sf Lat velum Naacuteut Pano largo de linho ou de outro qualquer tecido

que se desfralda ao longo dos mastros ou das vergas para receber a accedilatildeo do vento em virtude

da qual eacute impelida a embarcaccedilatildeo2 Embarcaccedilatildeo movido por um conjunto decircsses panos []

157

rarrAureacutelio vela1

[Do lat vela pl de velu veacuteu] sf 1Marinh Peccedila de lona ou de brim

destinada a recebendo o sopro do vento impelir embarcaccedilotildees ou movimentar moinhos [Sin

no sing ou no pl pano] []

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq

Saacutebado 10 dias do dito mecircs agraves quatro horas depois de meo-dia surgimos no porto da ilha da

Gomeira Em terra tomei o sol em 28 graos e um quarto Ali corregemos o leme 29-

A00_0078txtN 3^a feira 13 de Dezembro no quarto de alva nos fizemos agrave vela com vento

nordeste faziacuteamos o caminho do sul e a quarta do sudoeste 4^a feira 14 do dito mecircs ao

meo-dia tomei o sol em 26 graos e um quarto

PEcircRO LOPES DE SOUSA (1968) [1530] DIAacuteRIO DA NAVEGACcedilAtildeO DE PEcircRO LOPES DE

SOUSA [A00_0078 p 29]

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Todos os dicionaacuterios apresentam vela como termo naacuteutico Origem

portuguesa lt latina

Ficha 151

Vergueiro sm cabo de pagraveo das talhadeiras dos ferreiros (T Naut) Entre nauticos Cabo

dobrado no laiz com huns moutotildees que com huma volta em torno da pega grande finca os

moutotildees no bdquoagrave do‟ gavea Pedaccedilo de cabo com huma alccedila em cada chicote que serve no estaes

para algumas manobras Cadecirca de ferro que anda em hum arganegraveo do leme com hum pedaccedilo

de cabo grosso com que se atraca o leme quando se quebra a cana delle

______________________________________________________________________

rarrCunha verga sf bdquovara flexiacutevelXIII virga XIIIDo lat virga []verguEIRO sm

bdquovergasta‟ 1813

rarrBluteau Natildeo consta

rarrMoraes e Silva VERGUEgraveIRO sm Cabo de paacuteo em cujo extremo os ferreiros cravatildeo as

suas talhadeiras

rarrLaudelino Freire VERGUEIRO sm De vecircrga + eiro Vergasta verdasca vara 2

Cabo de pau que se crava nas talheiras rompedeiras e palmetas para natildeo se magoarem as matildeos

dos que trabalham com estes instrumentos Vergueiro da Peccedila sm Naacuteut Cabo grosso enfiado

nos olhais das falcas Vergueiros do Leme sm pl Naacuteut Cabos grossos ou cadeias de ferro

que prendem o leme pelos arganeacuteus do safatildeo Vergueiros do Pano sm pl Naacuteut Cabos

prolongados com as vecircrgas e encapelados nos laises

rarrAureacutelio vergueiro [De verga + -eiro] Substantivo masculino 1V verdasca 2Cabo de

madeira em alguns utensiacutelios de ferreiro 3Constr Nav Corrente ou cabo de arame que se

enfia nos balauacutestres da borda para resguardo da tripulaccedilatildeo 4Constr Nav Cabo de arame que

158

se enfia nos ferros de sustentaccedilatildeo do toldo ou vergalhatildeo preso ao longo de uma antepara ou

verga e no qual se amarram os fieacuteis do toldo ou do pano

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Moraes e Silva Laudelino Freire e Aureacutelio apresentam vergueiro como termo

naacuteutico Origem portuguesa lt latina

X

Ficha 152

Xaretas sfpl (T Naut) Entre nauticos redes de cordas aacute borda do navio para tolher a

entrada ao inimigo

______________________________________________________________________

rarrCunha xaretas sf bdquoant rede com que se cobria a tolda e o conveacutes das naus e galeotildees de

guerra‟ XVII Do aacuter vulg šarīta bdquocorda cinta‟ []

rarrBluteau XAcircRETA Vid Enxarcia (Pegados agraves Xaretas do bordo alto Oriente conquiſtado

part 2493) Deriva-ſe do Francez Charette que quer dizer Carro []

rarrMoraes e Silva XAREgraveTAS sf Naut Redes de corda que acompanhatildeo o bordo do navio

para impedir a entrada ao inimigo Amaral4

rarrLaudelino Freire XARETA sf Ar xarita Recircde com que se impede a abordagem de um

navio 2 Recircde de pescar

rarrAureacutelio xareta (ecirc) [Do aacuter (t) cordel]Substantivo feminino1Ant Mar G

Rede com que se cobriam a tolda e o conveacutes das naus e galeotildees de guerra por ocasiatildeo dos

combates para dificultar aos assaltantes a entrada a bordo nas abordagens2Rede de pescar

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta como termo naacuteutico

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Todos os dicionaacuterios apresentam xareta como termo naacuteutico Origem aacuterabe

Ficha 153

Ximeas sf plur (TNaut) v Sumeas

Sumeas sf plu (T Naut) As taboas com que se repara o leme

______________________________________________________________________

rarrCunha natildeo constam Ximeas e Sumeas Chuacutemeas sfpl bdquopeccedilas de madeira com que se

consertam os mastros estalados‟1873 chuacutembeas 1813 Provavemente do aacuter jāmalsquoacirc na var

chuacutembeas deve ter havido influecircncia de CHUMBO

rarrBluteau XIMEA Couſa de navio( Neceſſitava a Capitania de Ximeas nos maſtos Britto

viagem do Braſil 160)

rarrMoraes e Silva XIMEA sf V Sumea T Naut SUMEAS sf pl Naut Taboas com que

o leme se refaz e repara BPer

rarrLaudelino Freire natildeo consta

rarrAureacutelio Natildeo constam Ximeas e Sumeas Chuacutemeas [Do aacuter a(t) da raiz juntar agrupar]Substantivo feminino plural 1Mar Peccedilas de madeira com que se consertam

os mastros estalados [Var chuacutembeas suacutemeas ximeas]

159

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta

______________________________________________________________________

Comentaacuterios De todos os dicionaacuterios consultados soacute Laudelino Freire natildeo lista esse lexema

Os demais dicionaristas classificam o termo como naacuteutico ou mariacutetimo Origem duvidosa

(aacuterabe)

Apoacutes selecionar os termos naacuteuticos constituiacutemos 153 fichas lexicograacuteficas

elaboradas juntamente a consultas em 5 dicionaacuterios e ainda a 1 Banco de Dados referente ao

portuguecircs brasileiro da eacutepoca do Brasil Colocircnia Passemos no proacuteximo capiacutetulo agrave anaacutelise dos

dados

160

Capiacutetulo 5

161

Capiacutetulo 5 ndash Anaacutelise e discussatildeo dos dados

Apoacutes selecionarmos os termos naacuteuticos presentes no Diccionario de Lingua

Brasileira preenchermos as 153 fichas lexicograacuteficas ndash elaboradas junto agrave pesquisa em cinco

dicionaacuterios e em um banco de dados de liacutengua portuguesa do Projeto DHPB composto de

textos escritos nos seacuteculos XVI XVII e XVIII ndash acompanhadas de abonaccedilotildees classificaccedilotildees

gramaticais e comentaacuterios passemos agrave anaacutelise quantitativa e discussatildeo dos resultados

51 Quanto agrave classificaccedilatildeo gramatical dos termos

Conforme jaacute relatado organizamos um corpus de unidades lexicais do domiacutenio da

terminologia naacuteutica com 153 termos constituiacutedo de 117 substantivos 3 adjetivos 32 verbos

e 1 adveacuterbio que satildeo entradas no Diccionario de Lingua Brasileira editado por Luiz Maria da

Silva Pinto na cidade de Ouro Preto em 1832 Os substantivos se destacam com 7647 de

dados os adjetivos por sua vez totalizam 196 dessas entradas os verbos 2092 e o

adveacuterbio com 065 de nossos dados terminoloacutegicos Abaixo apresentamos em tabela a

distribuiccedilatildeo conforme a classificaccedilatildeo morfoloacutegica dos dados analisados

TABELA 1

Classificaccedilatildeo morfoloacutegica dos dados analisados

Classe Gramatical Nuacutemero de unidades lexicais Percentual

Substantivo 117 7647

Adjetivo 003 196

Verbo 032 2092

Adveacuterbio 001 065

TOTAL 153 10000

Destacam-se a seguir as unidades leacutexicas classificadas como

Substantivos rarr aba abotoadora accedilafratildeo alcaxas aldrope alforje almeida amura

amurada anrique arruelas avencadura barcolas barquilha bastardo beque

bigotas bolinete bombordo botalos braccedilo braga bragueiro brandaes briol

buccedilardas burra cabresto cacholascalabre calabrote calafeto calcez calma

calmaria carlinga carregadeiras cevadeira chapeleta chapiteo chaveta cheleira

cifa cinta clara colhedores contrapunho cordas cossouro costa cunho curva

curvatatildeo cutelo driccedila embono embornal encalamento enfrechadura enora

envergues escoa escoteira escotilha escouves estibordo estiva estribos estrinca

162

garrucha gaacutevea gio guinada lais leme leva liame linguete maccedilame madre

majarrona malaquetas michelos molhelha moucarrotildees nabo orthodomia ostaes

ostagas palomas palomba patelha pinccedilote pontal ponte porca rabada rabeca

resbordo rumo salema sapatilho sirgideiras sobrecevadeira sobregata socairo

sumeas trinca troccedila vela vergueiro xaretas ximea peacute dormentes tamboretes

estribordo

Adjetivos rarr banzeiro escatelado naacuteutico

Verbos rarr abroquelar agarruchar alestar arfar arriar barbear bracear canjar

ciar-se cifar cruzar desaferrar desancorar descahir dobrar embonar encapelar

encodar-se envergar escacear escorrer ferrar folgar guinar iccedilar pairar

palmejar proejar salamear sarpar sejar siar

Adveacuterbio rarr dlsquoavante

52 Quanto agrave forma e o gecircnero dos termos naacuteuticos do DLB

Em se tratando dos 117 substantivos o gecircnero masculino se sobressai com 55

ocorrecircncias o que corresponde a 47 dos dados presentes em nosso corpus O gecircnero

feminino aparece com 53 dos dados somando 62 ocorrecircncias

Todas as 3 unidades leacutexicas cujas classificaccedilotildees morfoloacutegicas indicam adjetivos

apresentam-se no gecircnero masculino correspondendo a 196 dos dados presentes em nosso

corpus

Tanto os substantivos quanto os adjetivos soacute ocorreram em sua forma simples A

quantificaccedilatildeo total dos dados quanto ao gecircnero eacute destacada na TABELA 2 apresentada a

seguir

TABELA 2

Classificaccedilatildeo do gecircnero dos dados analisados

Classe Gramatical Masculino Feminino

Substantivo 55 (47) 62 (53)

Adjetivo 03 (196) -----

163

53 Quanto ao nuacutemero de unidades lexicais presentes em obras de referecircncia

Verificamos que 152 das 153 unidades lexicais se encontram dicionarizadas em

pelo menos uma das obras escolhidas como base de referecircncia neste trabalho embora parte

delas natildeo tenha a marca terminoloacutegica ldquotermo naacuteutico A fim de termos ideia do nuacutemero de

vocaacutebulos que constam em cada um dos cinco dicionaacuterios pesquisados e ainda consultando o

nuacutemero de ocorrecircncias no banco de dados do Projeto DHPB fizemos um levantamento

quantitativo que eacute apresentado no graacutefico a seguir

111

134

152146

130

79

0

20

40

60

80

100

120

140

160

180

Cunha

Bluteau

Morais

Laudelino

Aureacutelio

DHPB

GRAacuteFICO 1 Nuacutemero de unidades lexicais encontradas em cada dicionaacuterio e no banco de dados

O GRAacuteFICO 1 mostra em nuacutemeros absolutos quantas unidades lexicais entre as

153 dicionarizadas constam em cada dicionaacuterio a) a barra azul mostra que 111 vocaacutebulos

foram encontrados no Dicionaacuterio Etimoloacutegico de Antocircnio Geraldo da Cunha o que

corresponde a 7254 dos 153 vocaacutebulos dicionarizados b) o dicionaacuterio de Raphael de

Bluteau representado em barra verde corresponde a 134 unidades lexicais entre aquelas

dicionarizadas o que representa 8758 desse total c) Antocircnio de Moraes e Silva

representado pela barra marrom eacute aquele que mais apresenta em suas paacuteginas unidades

lexicais constantes do grupo das dicionarizadas com 152 unidades lexicais o que representa

9934 do total de vocaacutebulos d) o dicionaacuterio de Laudelino Freire representado pela barra

amarela apresenta 146 unidades lexicais o que corresponde a 9542 do total analisado e) o

dicionaacuterio de Aureacutelio Buarque de Hollanda Ferreira apontado no graacutefico pela barra de cor

vermelha apresenta 130 unidades lexicais entre aquelas dicionarizadas o que representa um

percentual de 8496 Por uacuteltimo apoacutes exaustiva consulta ao Banco de Dados do Projeto

164

DHPB verificamos a presenccedila de 79 unidades leacutexicas (5163) correspondentes agravequelas

selecionadas em nosso corpus para esta pesquisa

No quadro que apresentamos abaixo podemos identificar quais satildeo as unidades

lexicais presentes em cada dicionaacuterio e tambeacutem no Banco de Dados do Projeto DHPB

TABELA 3

Quadro comparativo dos termos naacuteuticos39

Bluteau Moraes e Silva Laudelino Aureacutelio DHPB

aba aba aba aba aba

abotoadura abotoadura abotoadura abotoadura abotoadura

abroquelar abroquelar abroquelar abroquelar

accedilafratildeo accedilafratildeo accedilafratildeo accedilafratildeo accedilafratildeo

agarrochar agarruchar agarrochar agarruchar agarruchar

alcaxas alcaxas alcaxas

aldrope aldroacutepe aldrope aldrope

alestar alestar alestar

alforge alforge alforge alforge alforge

almeida almeida almeida almeida almeida

amugravera amura amura amura

amuradas amuraacuteda amurada amurada amurada

anrique anriacuteque anrique anrique

arfar arfar arfar arfar arfar

arriar arriar arriar arriar arriar

arruelas arrueacutellas arruela arruela arruela

avencadura avencadura avencadura avencadura

banzeiro banzegraveiro banzeiro banzeiro banzeiro

barbear barbeacutear barbear barbear barbear

barcolas barcoacutelas barcolas

barquiacutelha barquilha

bastardos bastaacuterdo bastardo bastardo bastardo

beque beque beque beque beque

bigota bigoacutetas bigotas bigota

bolinete bolinegravete bolinete bolinete bolinete

bombordo bombordo bombordo bombordo bombordo

botalos botaloacutes botaloacutes botaloacute

braceacutear bracear bracear

braga braga braga braga braga

bragueiro bragueiro bragueiro bragueiro

brandaes brandaes brandal brandal brandaes

brioes brioacutees briol briol

buccedilardas buccedilardas

burra buacuterra burra burra

39

Salientamos que os termos destacados em negrito satildeo encontrados nos dicionaacuterios mencionados poreacutem natildeo

apresentam acepccedilatildeo naacuteutica ou natildeo nos remetem ao universo mariacutetimo Os espaccedilos em branco representam

ausecircncia da unidade lexical no dicionaacuterio e no DHPB

165

cabresto cabregravesto cabrestos cabresto cabresto

cachoacutela cachogravela cachola cachola

calabre calaacutebre calabre calabre calabres

calabrote calabroacutete calabrote calabrote calabrotes

calafeto calafegraveto calafeto calafeto calafeto

calcecircz calcegravez calcecircs calcecircs

calma caacutelma calma calma calma

calmaria calmaria calmaria calmaria calmaria

canjaacuter canjar

carlinga carlinga carlinga carlinga

carregadeiras carregadeiras carregadeira carregadeira

cevadeira cevadegraveira cevadeira cevadeira cevadeira

chapeleta chapeleta chapeleta chapeleta

chapiteo chapiteo chapiteacuteu chapiteacuteo

chaveta chavegraveta chavecircta chaveta chavetas

cheleira cheleira

ciar ciar-se ciar ciar ciar

cifa cifa cifa

cifar cifaacuter cifar

cintas cinta cintas cinta

clara clara clara clara

colhedocircres colhedores colhedores colhedor

contrapunho contrapuacutenho contrapunho contrapunho

cordas cordas corda corda cordas

cossouros cossograveuros cossouro cossouro

costa coacutesta costa costa costa

cruzar cruzar cruzar cruzar cruzar

cunhos cunhos cunhos cunho

curva cuacutervas curva curva curvas

curvatatildeo curvatatildeo curvatatildeo curvatatildeo

cutelos cugravetelos cutelos cutelo

davante davante d‟avante

desaferrar desaferrar desaferrar desaferrar desaferrar

desancorar desancoraacuter desancorar desancorar

descahir descahir descair descair descahir

dobrar dobraacuter dobrar dobrar dobrar

dormentes dormegraventes dormente dormente dormentes

driccedila driccedila driccedila driccedila driccedilas

embocircno embograveno embono embono

embornal embornagravel embornal embornal embornaes

encalamentos encalamentos encalamento

encapellar encapellaacuter encapelar encapelar encapelar

encodaacuter-se encodaacuter-se

enfrechadura enfrechadura enfrechadura enfrechadura

enoras enograveras enora enora

envergar envergar envergar envergar

envergues enveacutergues envergues envergues

166

escacear escacear escassear escassear escacear

escatelado escatelaacutedo escatelado escatelarado

escoas escograveas escoa escoa escoas

escorrer escorrer escorrer escorrer escorrer

escoteiras escoteira escoteira escoteira escoteira

escotilha escotilha escotilha escotilha escotilha

escouves escouves escouves escouvem

estibordo estibordo estibordo estibordo estibordo

estiva estiva estiva estiva estiva

estribos estribos estribo estribo estribo

estribograverdo estribordo

estrinca estrinca

ferrar ferrar ferrar ferrar ferrar

folgar folgar folgar folgar folgar

garrucha garruacutecha garruchas garrocha

gaacutevea gaacutevea gaacutevea gaacutevea gaacutevea

gio gio gio gio

guinada guinada guinada guinada guinada

guinar guinar guinar guinar guinar

iccedilar iccedilar iccedilar iccedilar iccedilar

lais laacuteis lais lais lais

leme leme leme leme leme

leva leva leva leva

liame liame liame liame liame

linguete linguete linguete lingueta

maccedilame maccedilagraveme maccedilame

madre madre madre madre

majarrona majarrona majarrona

malaquetas malaqueta malaqueta

michegravelos michelos

molhelha molhelha molhelhas molhelha

moucarrotildees moucarrotildees moucarratildeo

nabo nabo nabo nabo

naacuteutico naacuteutico naacuteutico naacuteutico naacuteutico

orthodromia orthodomia ortodromia

ostais ostaacutees ostaes ostaes

ostagas ostaacutegas ostaga ostaga ostagas

pairar pairaacuter pairar pairar pairar

palmejar palmejar palmejar

palomas palomas palomas paloma

palomba palomba palomba

patelha pategravelha patelha patelha

pinccedilote pinccedilote pinccedilote pinccedilote

pontal pontal pontal pontal pontal

ponte ponte ponte ponte ponte

porca porca porca porca porca

proejar proejar proejar proejar

167

rabada rabada rabada rabada rabada

rabeca rabeca rabeca rabeca rabeca

resbordo resbordo resbordo resbordo resbordo

rumo rumo rumo rumo rumo

salamear salamear

salema salema salema

sapatilhos sapatilhos sapatilhos sapatilhos

sarpar sarpaacuter zarpar sarpar sarpar

sejar

siar siar siar siar

sirgideiras sirgideiras sirgideiras

sobrecevadeira sobrecevadegraveira sobrecevadeira

sobregata sobregata

socairo socairo socairo socairo socairo

sumeas suacutemeas suacutemeas sumeas

trinca trinca trinca trinca trinca

troacuteccedila troccedila troccedila

vela vela vela vela vela

verguegraveiro vergueiro vergueiro

xacircreta xaregravetas xareta xareta xareta

ximea ximea ximea

braccedilo braccedilo braccedilo braccedilo

peacute peacute peacute peacute peacute

tamboretes tamboretes tamboretes tamboretes tamboretes

embonar embonaacuter embonar embonar

168

54 Descriccedilatildeo e Comparaccedilatildeo de dados

Das unidades lexicais referentes aos termos naacuteuticos que compotildeem nosso corpus

encontramos correspondentes em vaacuterios dicionaacuterios como jaacute salientamos em 51 Dessas

apresentamos em nuacutemero no graacutefico seguinte as que se destacam como termo naacuteutico

50

123

146136

105

56

0

20

40

60

80

100

120

140

160

180

Cunha

Bluteau

Morais

Laudelino

Aureacutelio

DHPB

GRAacuteFICO 2 Nuacutemero de unidades lexicais destacadas como termo naacuteutico

a) Dos 153 termos que constituem nosso corpus o Dicionaacuterio Etimoloacutegico de Cunha registra

50 unidades leacutexicas como termo naacuteutico correspondendo a 3267 aldrope almeida amura

amurada beque barcola bigota bolinete bombordo brandal briol calabre calabrote

calcecircs calma calmaria carlinga ciar desancorar dormente embornal escatelado escoa

escoteira escotilha escouves estibordo estiva estribordo gaacutevea gio lais leme majarrona

naacuteutico ostaes ostaga paloma palomba pontal ponte rumo zarpar socairo sumeas

trinca vela xaretas peacute tamborete

b) O dicionaacuterio de Bluteau registra 123 dos termos naacuteuticos constantes no Diccionario da

Liacutengua Brasileira o que corresponde a 8039 a saber abotoadura accedilafratildeo alcaxas

aldrope almeida amura amuradas anrique arfar arriar arruelas avencadura banzeiro

barbear barcolas bastardos beque bigota bolinete bombordo botalos braccedilos braga

bragueiro brandaes brioes buccedilardas burra cabresto cacholas calabre calabrote calcez

calma calmaria carlinga carregadeiras cevadeira chapeleta chapiteo chaveta cifar

cintas clara colhedores contrapunho cordas cossouros costa cruzar cunhos curva

curvatatildeo cutelos davante desaferrar desancorar descair dobrar dormentes driccedila

embonar embono embornal encalamentos encapelar enfrechadura enoras envergues

169

escacear escatelado escoas escorrer escoteiras escotilha escouves estibordo estiva

estribos ferrar gaacutevea gio guinada guinar iccedilar lais leme leva liame linguete maccedilame

madre malaquetas nabo naacuteutico orthodromia ostais ostagas pairar palomas patelha

pinccedilote pontal ponte porca proejar rabada resbordo rumo salamear salema sapatilho

sarpar sirgideiras sobrecevadeira socairo suemas trinca vela xareta ximea peacute

tamboretes

c) Encontramos 146 unidades leacutexicas comuns ao nosso corpus dicionarizadas como termos

naacuteuticos na obra de Moraes e Silva correspondendo a 9542 abotoadura accedilafratildeo

agarruchar alcaxas aldrope alestar almeida amura amurada anrique arfar arriar

arruelas avencadura banzeiro barbear barcolas barquilha bastardo beque bigotas

bolinete bombordo botalos bracear braccedilo braga bragueiro brandaes brioacutees buccedilardas

burra cabresto cacholas calabre calabrote calafeto calcez calma calmaria canjar

carlinga carregadeiras cevadeira chapeleta chapiteo chaveta cheleira ciar-se cifa cifar

cinta clara colhedores contrapunho cordas cossouros costa cruzar cunhos curvas

curvatatildeo cutelo davante desaferrar desancorar descair dobrar dormentes driccedila

embonar embono embornal encalamentos encapelar encodar-se enfrechadura enora

envergar envergues escassear escatelado escoa escorrer escoteira escotilha escouves

estibordo estiva estribos estribordo estrinca ferrar folgar garrucha gaacutevea gio guinada

guinar iccedilar lais leme levaliame linguete maccedilame madre majarrona malaqueta

michelos moucarrotildees nabo naacuteutico orthodomia ostaes ostagas pairar palmejar

polomas palomba patelha pinccedilote pontal ponte porca proejar rabada resbordo rumo

salamear salema sapatilho sarpar sejar sirgideiras sobrecevadeira socairo sumeas

trinca troccedila vela vergueiro xaretas ximea peacute tamboretes

d) Entre as 153 unidades o dicionaacuterio de Laudelino Freire contabiliza 136 termos naacuteuticos o

que corresponde a 8888 abotoaduras abroquelar accedilafratildeo agarruchar alcaxas aldrope

alforjes almeida amura amurada anrique arfar arrear arruela avencadura banzeiro

barcolas barquilha bastardo beque bigotas bolinete bombordo botalos bracear braccedilo

braga bragueiro brandal briol burra cabrestos cachola calabre calabrote calafeto

calcez calma calmaria carlinga carregadeira cevadeira chapeleta chapiteacuteu chaveta

cheleira ciar cifar cintas clara colhedores contrapunho cossouro costa cruzar cunho

curvas curvatatildeo cutelos desaferrar desancorar descair dobrar dormente driccedila embonar

embono encalamento encapelar encodar-se enfrechadura enora envergar envergues

escassear escatelado escoa escorrer escoteira escotilha escouves estibordo estiva

estribo estribordo estrinca ferrar garruchas gaacutevea gio guinada guinar iccedilar lais leme

170

leva liame madre majarrona malaqueta michelos molhelhas moucarrotildees nabo naacuteutico

ostaes ostaga pairar palmejar palomas palomba patelha pinccedilote pontal ponte porca

proejar rabada rabeca resbordo rumo salemasapatilho sarpar sirgideiras

sobrecevadeira sobregata socairo sumeas trinca troccedila vela vergueiroxareta peacute

tamboretes

e) Dos 153 termos que constituem nosso corpus o Novo Dicionaacuterio Aureacutelio da Liacutengua

Portuguesa registra 105 unidades leacutexicas como termo naacuteutico correspondendo a 6862 dos

dados abotoaduras aldrope almeida amura amurada anrique arfar arriar banzeiro

barbear bastardo beque bigota bolinete bombordo botaloacute bracear braccedilo braga

brandal briol burro cabresto calabre calabrote calcecircs calma calmaria carlinga

carregadeira cevadeira chapeleta chaveta ciar cinta clara colhedor contrapunho corda

costa cruzar cunho curva curvatatildeo cutelodesancorar descair dobrar dormente driccedila

embonar embono embornal encapelar enfrechadura enora envergar envergues

escatelado escoa escoteira escotilha escouves estibordo estiva estribo ferrar garrocha

gaacutevea gio guinada guinar iccedilar lais leme leva linguete madre majarrona molhelha

nabo ortodromia ostaes ostaga pairar palomba patelha pinccedilote pontal ponte proejar

resbordo rumo sapatilho sarpar sobregata socairo sumeas trinca vela vergueiro

xareta ximea peacute tamboretes

f) O Banco de Dados do Projeto Dicionaacuterio Histoacuterico do Portuguecircs do Brasil ndash seacuteculos XVI

XVII XVIII registra 56 unidades leacutexicas (366) com significado que remetem ao mundo da

navegaccedilatildeo amuradas arfar arriar arruela avencadura banzeiro barbear beque

bombordo brandaes cabresto calabrecircs calabrotes calafeto calma calmarias cevadeira

chapiteo chavetas cordas ciar costa cruzar curvas dlsquoavante descahir dobrar

dormentes driccedilas embornaes encapelar escacear escoas escotilha estibordo estiva

ferrar gaacutevea guinada guinar iccedilar lais leme liames maccedilamenaacuteutico ostagas pairar

rabada resbordo rumo sarpar socairo vela tamboretes trinca

55 Sobre a marca de uso ldquotermo naacuteuticordquo

551 Variaccedilatildeo no Diccionario de Lingua Brasileira

As unidades do corpus em anaacutelise satildeo marcadas como (t naut) 117 ocorrecircncias

correspondendo a 765 dos dados (entre naacuteuticos) 21 ocorrecircncias ou 138 dos dados (t

naacuteutico) 9 ocorrecircncias contabilizando 59 (t nau) 1 ocorrecircncia o que correponde a 06

171

do total dos dados analisados Contabilizamos ainda 5 unidades lexicas ou 32 que natildeo

recebem marcas de uso mas vemos pela definiccedilatildeo que satildeo termos naacuteuticos a saber palomas

barquilha proejar naacuteutico vela

IMAGEM 9 Unidades lexicais natildeo marcadas como termo naacuteutico

552 Variaccedilatildeo em outros dicionaacuterios

Completada a verificaccedilatildeo da marca terminoloacutegica no Diccionario de Lingua

Brasileira resolvemos observar a terminologia naacuteutica adotada nos outros dicionaacuterios

utilizados nesta pesquisa como referecircncia As unidades do corpus satildeo marcadas nessas obras

como i) em Bluteau rarr termo de navegantes termo de navio termo de marinhagem termo

naacuteutico termo de barqueiros ii) em Moraes e Silva rarr termo de naacuteutica na naacuteutica termo

naacuteutico entre os nautas entre barqueiros iii) em Laudelino Freire rarr termo da naacuteutica

termo de navegaccedilatildeo termo de navegaccedilatildeo fluvial termo da marata ou marinha iv) em

Aureacutelio rarr termo da marinha (23 termos) termo da marinhagem (60 termos) termo naacuteutico

(01 termo) termo de construccedilatildeo naval (31 termos) Encontramos em todas essas obras

citadas algumas unidades que natildeo recebem marcas de uso mas vemos pela definiccedilatildeo que

pertencem ao universo naacuteutico

Como termo naacuteutico Aureacutelio marca somente a unidade lexical rumo Para esse

lexicoacutegrafo a marca terminoloacutegica marinhagem refere-se aos conhecimentos naacuteuticos

desenvolvidos e sistematizados pelos navegadores portugueses desde o Infante D Henrique

ateacute os fins do seacuteculo XVII Tais conhecimentos foram depois muito ampliados e

aprofundados e passaram a constituir a ciecircncia e a arte da navegaccedilatildeo sobre aacutegua denominada

172

naacuteutica De acordo com o mesmo dicionarista a marca terminoloacutegica marinha significa

ldquoaquilo que diz respeito ao serviccedilo de bordo dos navios agrave atividade de marinheiro agrave

navegaccedilatildeo por mar ou ainda conjunto de navios ou forccedilas navais ou por marrdquo Jaacute a marca

construccedilatildeo naval diz respeito agrave arte de construir navios e a marca naacuteutico eacute relativo a

marinheiro navegante e nauta por sua vez dizem respeito agrave navegaccedilatildeo Aureacutelio natildeo

classificou as unidades lexicais cruzar desancorar e sarpar e outras receberam mais de uma

classificaccedilatildeo

56 Quanto agrave origem

Para elucidar a origem dos termos como jaacute mencionamos no Capiacutetulo 3

consultamos o Dicionaacuterio Etimoloacutegico de A G Cunha poreacutem quando o termo natildeo constava

nesse dicionaacuterio lanccedilamos matildeo do Houaiss (2001) e se as palavras remetiam ao universo

aacuterabe do vocabulaacuterio de Sousa amp Moura intitulado Vestigios da Lingoa Arabica em Portugal

ou Lexicon Etymologico das palavras e nomes portuguezes que tem origem araacutebica

publicado em 1830 e impresso em ediccedilatildeo fac siacutemile em 2004

Quantificaccedilatildeo Total ndash quanto agrave origem dos termos naacuteuticos

a) Aacuterabe 07

b) Catalatildeo 02

c) Espanhol 16

d) Francecircs 23

e) Grego 01

f) Inglecircs 02

g) Italiano 11

h) Portuguesa 55

i) Provenccedilal 01

j) Onomatopaica 01

k) Incerta 28

l) Natildeo encontradas 06

173

a Termos de origem aacuterabe

Accedilafratildeo (do ar Az-zafaran cf Cunha 1982)

Alforge (do ar al-hurg cf Cunha 1982)

Almeida (Sousa amp Moura 1830)

Cifa (do ar satildeifa cf Cunha 1982)

Cifar (do ar satildeifacirc cf Cunha 1982)

Salamear (do ar salama cf Sousa amp Moura 1830)

Xaretas (do ar vulgar šarīta cf Cunha 1982)

b Termos de origem catalatilde

Brandaes (do catalatildeo brandal cf Cunha 1982)

Escoa (do catalatildeo escoa cf Cunha 1982)

c Termos de origem espanhola

Anrique (castelhano lt neerlandesa cf Cunha 1982)

Arriar (castelhano lt latim cf Cunha 1982)

Barcolas (espanhol lt latim cf Cunha 1982)

Barquilha (espanhol lt latim cf Cunha 1982)

Briol (castelhanoltfrancesa cf Cunha 1982)

Ciar-se (castelhano cf Cunha 1982)

Embonar (castelhano cf Cunha 1982)

Embono (castelhano cf Cunha 1982)

Garrucha (castelhano Cunha 1982)

MajarronaBujarrona (castelhano lt latim baacuterbaro cf Cunha 1982)

Ostagas (castelhano lt germacircnico cf Cunha 1982)

Patelha (espanhol cf Aureacutelio 2004)

Pinccedilote (castelhano cf Houaiss 2001)

Rumo (castelhano lt latim lt grego cf Cunha 1982)

Socairo (castelhano cf Cunha 1982)

Sarparzarpar (castelhano lt francesa lt latim tardio lt grego cf Cunha 1982)

d Termos de origem francesa

Abotoadura (do antigo francecircscf Cunha 1982)

Abroquelar (do antigo francecircscf Cunha 1982)

Arruela (do antigo francecircs lt latimcf Cunha 1982)

Avencadura (do antigo francecircs lt escandinavo antigo cf Cunha 1982)

Bastardo (do antigo francecircscf Cunha 1982)

174

Beque (do francecircs lt latimcf Cunha 1982)

Bolinete (do francecircs moulinet cf Cunha 1982)

Bombordo (do francecircs bacircbord lt neerlandecircs bakboord cf Cunha 1982)

Calabre (do antigo francecircs caable lt latim tardio cf Cunha 1982)

Calabrote (do antigo francecircs caable lt latim tardio cf Cunha 1982)

Carlinga (do francecircs carlingue lt escandinavo kerling cf Cunha 1982)

Chapeleta (lt antigo francecircs chapel cf Cunha 1982)

Escotilha (do antigo francecircs escoute (coute) derivado do goacutetico skautcf Cunha

1982)

Escoteira (do francecircs escoute lt goacutetico skaut cf Cunha 1982)

Enfrechadura (do francecircs fleche lt germacircnico cf Cunha 1982)

Estibordo (do francecircs antigo estribord lt neerlandecircs stierboord cf Cunha 1982)

Estribo (do antigo francecircs estriviegravere lt germacircnico cf Cunha 1982)

Estribordo (do francecircs antigo estribord lt neerlandecircs stierboord cf Cunha 1982)

Iccedilar (do francecircs hisser lt neerlandecircs hijsen cf Cunha 1982)

Ostaiestai (do antigo francecircs estaie lt germacircnico cf Cunha 1982)

Rabeca (do francecircs rebec lt antigo francecircs rebebe lt aacuterabe rābab cf Cunha 1982)

Resbordo (do francecircs ribord cf Cunha 1982)

Tamboretes (do francecircs tambouret cf Cunha 1982)

e Termos de origem grega

ortodromia

f Termos de origem inglesa

Aldrope (Do inglecircs guide-ropecf Cunha 1982)

Estrinca (Do inglecircs string cf Laudelino Freire 1949)

g Termos de origem italiana

Calma (lt latina cf Cunha 1982)

Calmaria (lt latina cf Cunha 1982)

Calafeto (aacuterabe lt latim vulgar cf Cunha 1982)

Calcez (latim tardio lt latim lt grego cf Cunha 1982)

Driccedila (lt francecircs cf Aureacutelio 2004)

Encodar-se (cf Moraes e Silva 1813)

Estiva (lt latim cf Cunha 1982)

Gaacutevea (lt latim cf Cunha 1982)

Linguete (lt latim cf Cunha 1982)

175

Palomas (do italiano meridional cf Cunha 1982)

Palomba (do italiano meridional cf Cunha 1982)

h Termos de origem portuguesa

Amura (ltlatina cf Cunha 1982)

Amurada (ltlatina cf Cunha 1982)

Banzeiro (ltlatina cf Cunha 1982)

Barbear (ltlatina cf Cunha 1982)

Bigotas (lt latina cf Cunha 1982)

Bracear (ltlatina cf Cunha 1982)

Braccedilo (ltlatina cf Cunha 1982)

Braga (ltlatina cf Cunha 1982)

Bragueiro (ltlatina cf Cunha 1982)

Burra (ltlatina cf Cunha 1982)

Cabresto (ltlatina cf Cunha 1982)

Carregadeiras (ltlatina cf Cunha 1982)

Cevadeira (ltlatina cf Cunha 1982)

Chaveta (ltlatina cf Cunha 1982)

Cinta (ltlatina cf Cunha 1982)

Clara (ltlatina cf Cunha 1982)

Colhedor (ltlatina cf Cunha 1982)

Contrapunho (ltlatina cf Cunha 1982)

Corda (latina lt grega cf Cunha 1982)

Costa (ltlatina cf Cunha 1982)

Cruzar (ltlatina cf Cunha 1982)

Cunho (ltlatina cf Cunha 1982)

Curva (ltlatina cf Cunha 1982)

Curvatatildeo (ltlatina cf Cunha 1982)

Cutelo (ltlatina cf Cunha 1982)

D‟avante (ltlatina cf Cunha 1982)

Desaferrar (ltlatina cf Cunha 1982)

Desancorar (latina lt grega cf Cunha 1982)

Descahir (ltlatina cf Cunha 1982)

Dobrar (ltlatina cf Cunha 1982)

Dormente (ltlatina cf Cunha 1982)

176

Encapelar (ltlatina cf Cunha 1982)

Enora (ltlatina cf Cunha 1982)

Envergar (ltlatina cf Cunha 1982)

Envergues (ltlatina cf Cunha 1982)

Escacear (ltlatina cf Cunha 1982)

Escorrear (ltlatina cf Cunha 1982)

Ferrar (ltlatina cf Cunha 1982)

Folgar (ltlatina cf Cunha 1982)

Leva (ltlatina cf Cunha 1982)

Liame (ltlatina cf Cunha 1982)

Madre (ltlatina cf Cunha 1982)

Naacuteutico (latina lt grega cf Cunha 1982)

Nabo (ltlatina cf Cunha 1982)

Palmejar (ltlatina cf Cunha 1982)

Pontal (ltlatina cf Cunha 1982)

Ponte (ltlatina cf Cunha 1982)

Porca (ltlatina cf Cunha 1982)

Proejar (ltlatina cf Cunha 1982)

Rabada (ltlatina) cf Cunha 1982

Sobrecevadeira (ltlatina cf Cunha 1982)

Sobregata (ltlatina cf Cunha 1982)

Vela (ltlatina cf Cunha 1982)

Vergueiro (ltlatina cf Cunha 1982)

Peacute (ltlatina cf Cunha 1982)

i Termos de origem provenccedilal

Pairar (lt latim cf Cunha 1982)

j Termo de origem onomatopaica

Botalos (Houaiss 2001)

k Termos de origens controvertida incerta duvidosa obscura

Aba (de origem duvidosa (latim) cf Cunha 1982)

Agarruchar (de origem duvidosa (ceacuteltico) cf Cunha 1982)

Alcaxas (de origem controvertida cf Houaiss 2001)

Alestar (de origem obscura cf Cunha 1982)

Arfar (de origem duvidosa (latim vulgar) cf Cunha 1982)

177

Buccedilardas (origem controvertida cf Bluteau 1712)

Cachola (origem duvidosa (latim vulgar) cf Cunha 1982)

Canjar (origem duvidosa (italiana) cf Houaiss 2001)

Cossouro (de origem obscura cf Cunha 1982)

Embornal (de origem incerta (italiana) cf Cunha 1982)

Escatelado (de origem controvertida cf Cunha 1982)

Escouves (de origem incerta (castelhana) cf Cunha 1982)

Gio (de origem obscura cf Cunha 1982)

Guinar (de origem obscura cf Cunha 1982)

Guinada (de origem obscura (anglo saxatildeo) cf Cunha 1982)

Lais (de origem obscura cf Cunha 1982)

Leme (de origem obscura cf Cunha 1982)

Malaqueta (de origem obscura cf Houaiss 2001)

Michelos (de origem obscura cf Houaiss2001)

Molhelha (de origem controvertida (catalatildeo) cf Aureacutelio 2004)

Moucarratildeo (de origem obscura cf Aureacutelio 2004)

Salema (de origem obscura cf Cunha 1982)

Sapatilhos (de origem duvidosa (turco) cf Cunha 1982)

Siar (de origem obscura cf Cunha 1982)

Sumeas (de origem duvidosa (aacuterabe) cf Cunha 1982)

Trinca (de origem incerta (antigo francecircs lt antigo escandinavo cf Cunha 1982)

Troccedila (de origem obscura cf Cunha 1982)

Ximeas (de origem duvidosa (aacuterabe) cf Cunha 1982)

l Termos de origens natildeo encontradas

Chapiteo

Cheleira

Maccedilame

Encalamentos

Sejar

Sirgideiras

Observando os resultados expostos acima vimos que a predominacircncia entre as

origens dos termos eacute Portuguecircs lt Latim com 55 unidades lexicais Isso corresponde a

3595 das ocorrecircncias totais Em segundo lugar destacam-se os termos de origem

178

controvertida incerta duvidosa e obscura satildeo 28 termos o que corresponde a 1831 do

total de dados Os nomes de origem francesa figuram em terceiro lugar com 23 ocorrecircncias

ou 1503 do total dos dados Em seguida em quarta posiccedilatildeo temos os nomes de origem

espanhola com 16 ocorrecircncias ou 1046 do total dos dados Os nomes de origem italiana

estatildeo em quinto lugar com 11 dados ou 719 do total dos termos analisados Os termos

aacuterabes contabilizam 07 ocorrecircncias ou 458 do total dos dados Em quantidade menor temos

os termos em catalatildeo (02 ocorrecircncias 130 do total de dados) em inglecircs (02 ocorrecircncias

130 do total de dados) em grego (01 ocorrecircncia 065 do total de dados) em provenccedilal

(01 ocorrecircncia 065 do total de dados) e de origem onomatopaica (01 ocorrecircncias 065

do total de dados) Alguns termos (06 ocorrecircncias 393 do total de dados) natildeo tiveram suas

origens apontadas por nenhuma obra que consultamos Satildeo eles chapiteo cheleira maccedilame

encalamentos sejar sirgideiras

Por se tratar de uma heranccedila portuguesa toda a terminologia naacuteutica presente no

Diccionario de Lingua Brasileira se restringe em sua maior parte como podemos ver a

termos oriundos da Europa

Passemos no proacuteximo capiacutetulo agraves Consideraccedilotildees finais

179

Capiacutetulo 6

180

Capiacutetulo 6 ndash Consideraccedilotildees finais

Esta dissertaccedilatildeo teve como objetivo realizar um estudo do leacutexico correspondente agrave

terminologia naacuteutica presente no Diccionario da Lingua Brasileira publicado por Luiz

Maria da Silva Pinto proprietaacuterio da Typografia de Silva na cidade mineira de Ouro Preto no

ano de 1832

Tivemos como objetivos especiacuteficos estudar as origens dos termos naacuteuticos

conferir se os termos selecionados se encontravam presentes em obras lexicograacuteficas de

referecircncia nos seacuteculos XVIII XIX XX e se os mesmos mantiveram seus significados e

ainda se constavam como ldquotermos naacuteuticosrdquo consultar o corpus do Projeto DHPB CNPq

(composto por documentos e textos da eacutepoca colonial) com o objetivo de verificar se os

termos constantes no Diccionario da Lingua Brasileira integraram no passado o nosso

leacutexico verificar se a terminologia naacuteutica presente no Diccionario da Lingua Brasileira

descreve a realidade brasileira nessa aacuterea ou se faz parte desse dicionaacuterio somente com o

objetivo de enriquecer nosso leacutexico apontar os termos naacuteuticos do dicionaacuterio Aureacutelio ndash seacuteculo

XXI comparar esses termos com o primeiro dicionaacuterio impresso no Brasil ou seja o

Diccionario da Lingua Brasileira verificando se houve manutenccedilatildeo expansatildeo ou mudanccedila

nesse leacutexico de especialidade contribuir para o desenvolvimento da investigaccedilatildeo histoacuterica na

aacuterea da Terminologia disponibilizando um estudo da aacuterea de especialidade devidamente

analisado

Nosso interesse em pesquisar a terminologia naacuteutica nesse dicionaacuterio que se

intitula o primeiro dicionaacuterio da liacutengua brasileira pautou-se nas seguintes questotildees i) Quais

seriam os primeiros termos que fizeram parte de um dicionaacuterio brasileiro ii) Eles se mantecircm

ainda na liacutengua ou seja satildeo dicionarizados Essa terminologia fazia parte realmente do leacutexico

brasileiro da eacutepoca ou era ldquoidealrdquo que fizesse

Aleacutem de termos naacuteuticos o DLB marca termo anatomico termo de bombeiros

termo de architectura termo de geometria termo meacutedico termo militar termo de artilheria

termo de fortificaccedilatildeo termo forense termo familiar termo juriacutedico termo methaphysico

termo mythologico termo de pintura termo plebeu termo vulgar termo baixo Nosso

interesse se voltou para os termos naacuteuticos por serem esses os de maiores ocorrecircncias na obra

estudada Analisamos 153 unidades leacutexicas terminoloacutegicas sendo 117 substantivos 3

adjetivos 32 verbos e 2 adveacuterbios

Apoacutes leitura da obra seleccedilatildeo de termos construccedilatildeo do corpus e anaacutelise dos dados

constatamos que os substantivos se destacam com 7647 dos dados os adjetivos com 196

181

e os adveacuterbios com 065 Surpreendeu-nos a quantificaccedilatildeo dos verbos 2092 em valores

numeacutericos 32 nuacutemero expressivo em se tratanto de leacutexico especializado Desses verbos o

Dicionaacuterio Aureacutelio Seacuteculo XXI traz somente 17 arfar arriar barbear bracear ciar-se

cruzar descair dobrar embonar encapelar envergar ferrar guinar iccedilar pairar proejar

sarpar Consultando o Banco de Dados do PDHPB contamos 14 desses verbos arrolados

arfar arriar barbear ciar cruzar descahir dobrar encapelarescacear ferrar guinar

iccedilar pairar sarpar Todos esses termos conforme podemos constatar dicionarizados

tambeacutem pelo Aureacutelio com exceccedilatildeo de bracear embonar envergar guinar proejar Isso nos

leva a pensar que em se tratando da realidade brasileira Silva Pinto apresentou um nuacutemero

bem maior de verbos com a marca de uso ldquonaacuteuticosrdquo

Interessante tambeacutem eacute observar que os termos naacuteuticos que satildeo inseridos na obra

de Luiz Maria da Silva Pinto satildeo muito superiores quase trecircs vezes ao nuacutemero que o Banco

de Dados consultado aponta 56 termos Contemporaneamente essa marca terminoloacutegica

tambeacutem eacute menor jaacute que o Aureacutelio registra 105 termos naacuteuticos Observamos ainda variaccedilotildees

na marca de uso ldquotermo naacuteuticosrdquo o que indica sub-especialidades nessa aacuterea jaacute na eacutepoca do

Brasil colocircnia Nossa anaacutelise mostra que a terminologia apontada por Silva Pinto natildeo

retratava satisfatoriamente a realidade da eacutepoca nem se manteacutem totalmente hoje

No que se refere agrave origem constatamos a predominacircncia de nomes de origem

portuguesa 3595 das ocorrecircncias totais Em se tratando de base europeia bastante

representativos tambeacutem foram os termos de origem francesa espanhola e italiana Em

segundo lugar contabilizamos os nomes de origens incerta controvertida duvidosa e obscura

com 1831 de ocorrecircncias Acreditamos que esse iacutendice alto de palavras de origem natildeo

identificada se deve ao fato de muitos desses termos que retratam equipamentos artefatos

processos ou teacutecnicas da navegaccedilatildeo terem sido cunhados em um paiacutes e usados em outros por

pessoas na maioria das vezes quase sem nenhuma escolaridade como eacute o caso de muitos

marinheiros Natildeo encontramos nenhum termo naacuteutico de origem americana de liacutenguas

indiacutegenas caribenhas ou preacute-colombianas natildeo encontramos tambeacutem termos hiacutebridos nem

africanos

Entatildeo em se tratando da terminologia naacuteutica como se justifica uma obra se

intitular Diccionario da Lingua Brasileira se natildeo identifica nem descreve os termos de sua

eacutepoca Conforme Biderman (1994 p 27) os dicionaacuterios devem ser uma espeacutecie de porta-

voz da sociedade falar em nome dela e reunir em sua nomenclatura o repertoacuterio lexical em

uso na sua sociedade e da forma pela qual ela usualmente se exprime Inserindo-nos no

periacuteodo histoacuterico da publicaccedilatildeo do dicionaacuterio isto eacute dez anos apoacutes a Independecircncia do Brasil

182

em uma sociedade que comeccedilava a discutir a questatildeo da ldquoliacutengua brasileirardquo acreditamos que

Luiz Maria da Silva Pinto brasileiro mas de formaccedilatildeo lusitana detentor de ideologias

historicamente contruiacutedas quis contribuir com a constituiccedilatildeo da sociedade brasileira

acreditando que fornecer um leacutexico de origem europeia ou ldquobem formadordquo era seu dever

como brasileiro culto e proprietaacuterio de uma tipografia Com base em nosso estudo podemos

dizer que seu dicionaacuterio eacute prescritivista

Neste ainda iniacutecio de seacuteculo quando a lexicografia contemporacircnea passou a ver

o dicionaacuterio de liacutengua sob outra oacutetica40

atribuindo isso ao reconhecimento de seu verdadeiro

papel que eacute o de registrar a norma lexical que impera em uma sociedade41

acreditamos que

os resultados de nossa anaacutelise trazem elementos para a histoacuteria da lexicografia e da

terminologia brasileira jaacute que passamos a conhecer um pouco mais o seu iniacutecio estudando

uma obra que como mostramos em 14 natildeo eacute o primeiro Diccionario da Lingua Brasileira

mas eacute o primeiro dicionaacuterio impresso no Brasil

40

BIDERMAN 1994 p 28 41

Ibidem

183

Referecircncias

184

Referecircncias

ARAUacuteJO P M B Hum diccionario sem auctor versus hum auctor com diccionario Rio de

Janeiro Non Edictandi 2009

BABINI M Do conceito agrave palavra os dicionaacuterios onomasioloacutegicos Satildeo Paulo Ciecircncia e

Cultura (SBPC) v 2 2006 p 38-42

BARROS L A Conhecimentos de terminologia geral e praacutetica tradutoacuteria Satildeo Paulo

NovaGraf 2007

BARROS L A Curso baacutesico de Terminologia Satildeo Joseacute do Rio Preto Editora UNESP

2009

BIDERMAN M T C A formaccedilatildeo e a consolidaccedilatildeo da norma lexical e lexicograacutefica no

Portuguecircs do Brasil in Histoacuteria do saber lexical e constituiccedilatildeo de um leacutexico brasileiro JH

NUNES e M PETTER (Org) Satildeo Paulo Humanitas Campinas Pontes 2002

BIDERMAN M T C A nomenclatura de um dicionaacuterio de liacutengua In Anais do Seminaacuterio

do Grupo de Estudos Linguiacutesticos (Gel) Satildeo Paulo v1 n23 24-42 1994

BIDERMAN M T C As Ciecircncias do Leacutexico In Ana Maria Pinto de Olveira Aparecida

Negri Isquerdo (Orgs) As Ciecircncias do Leacutexico Lexicologia Lexicografia Terminologia

Campo Grande Ed UFMS 1998

BIDERMAN M T C Dimensotildees da Palavra In Filologia e Linguiacutestica Portuguesa n 2 p

81-118 1981

BIDERMAN M T C Teoria Linguiacutestica teoria lexical e linguiacutesitica computacional Satildeo

Paulo Martins Fontes 2001

BIDERMAN M T C Unidades complexas do leacutexico In Rio-Torto G Figueiredo O M

Silva F (orgs) Estudos em Homenagem ao Professor Doutor Maacuterio Vilela 1ordf ed Porto

Portugal Faculdade de Letras da Universidade do Porto 2005 v II p 747-757 Disponiacutevel

em httplerletrasupptuploadsficheiros4603pdf

BIDERMAN MTC A estrutura mental do leacutexico In Estudos de Filologia Satildeo Paulo T A

QueirozEDUSP p131-145 1981

BIDERMAN Maria Teresa Camargo Leacutexico testemunho de uma cultura In Anais do XIX

Congresso internacional de Linguiacutestica e Filologia Romacircnica Santiago de Compostela 49

de setembro de 1978

BLUTEAU R Vocabulario Portuguez e Latino Coimbra Companhia de JESUS 1712

BOXER C R O Impeacuterio Mariacutetimo Portuguecircs Satildeo Paulo Companhia das Letras 2002

BUENO E Brasil Terra agrave vista Porto Alegre LGPM 2003

BYNON T Historical Linguistics London CUP 1977

185

CABREacute M T Importancia de la terminologiacutea en la fijacioacuten de la lengua Revista

internacional de liacutengua portuguesa Lisboa Editorial Notiacutecias n 15 jul 96 p9-24

CABREacute M T La terminologia Teoria Metodologia Aplicacio-nes Barcelona

AntaacutertidaEmpuacuteries 1993

CABREacute M T Lexicologia y variacioacuten hacia um modelo integrado In Simpoacutesio

Iberoamericano de Terminologia RITERM 1996

CABREacute M Teresa 1999 La terminologiacutea ndash representacioacuten y comunicacioacuten Barcelona

IULA Universitat Pompeu Fabra

CAacuteCERES F Histoacuteria do Brasil Satildeo Paulo Modernas 1993

COHEN M A A M A liacutengua do seacuteculo XVII e a liacutengua contemporacircnea In Anais do XI

Encontro Internacional da ALFAL Las Palmas (Gram Canaacuteria) 1996

CORREIA M Terminologia e morfologia marcas morfoloacutegicas da geacutenese do vocabulaacuterio da

Naacuteutica em portuguecircs Disponiacutevel em lthttpwwwiltecptpdfwpapers2004-mcorreia-

barcelonapdfgt Acesso em 20 Abr 2011

COSERIU E Sincronia diacronia e histoacuteria O problema da mudanccedila linguiacutestica Rio de

Janeiro Presenccedila Satildeo Paulo EDUSP 1979

COSTA FILHO M A Imprensa Mineira no Primeiro Reinado Rio de Janeiro [sn] 1955 62p (Tese apresentada ao VI Congresso Nacional de Jornalistas)

CUNHA A G da Dicionaacuterio Etimoloacutegico da Liacutengua Portuguesa 3ordf ediccedilatildeo 2ordf impressatildeo

Rio de Janeiro Lexikon Editora Digital 2007

CUNHA A G da Dicionaacuterio Etimoloacutegico Nova Fronteira da Liacutengua Portuguesa 2ordf ediccedilatildeo

Rio de JaneiroNova Fronteira 1987

DIAS L F BEZERRA M A Gramaacutetica e Dicionaacuterio In GUIMARAtildeES E

ZOPPIFONTANA (Orgs) Introduccedilatildeo agraves Ciecircncias da Linguagem ndash A Palavra e a Frase

Campinas Pontes Editores p 11-37 2006

ESQUADRA Disponiacutevel em lthttpwwwgooglecombrsearch3Fq3D2522Marinha

2BImperial2BBrasileiragt Acesso em 1 Abr 2011

ESQUIVEL F M C La lexicografia em las variedades no estaacutendar Jaeacuten- Espanha Editora

da Universidade de Jaeacuten 2001

FARACO C A Linguiacutestica histoacuterica Satildeo Paulo Aacutetica 1991

FAULSTICH E Princiacutepios formais e funcionais de variaccedilatildeo em terminologia Seminaacuterio de

Terminologia Teoacuterica Barcelona Espanha 28-29 de jan 1999

FERREIRA A B de H Novo Dicionaacuterio Eletrocircnico Aureacutelio versatildeo 50 Satildeo paulo Nova

Fronteira 2003 CD-ROM

186

FERREIRA A B de H Novo Dicionaacuterio Rio de Janeiro Nova Fronteira 1987

FINATTO M J B Introduccedilatildeo agrave Terminologia teoria e praacutetica Satildeo Paulo Contexto 2004

FREIRE L Grande e Noviacutessimo Dicionaacuterio da Liacutengua Portuguesa 1ordf ediccedilatildeo 1ordf impressatildeo

Rio de Janeiro Editocircra A Noite SA 1939 ∕ 1944

FREITAS M A Teixeira Os Serviccedilos Estatiacutesticos do Estado de Minas Gerais Revista

Brasileira de Estatiacutestica Ano I nordm 1 janmar 1940 p108-130

GUILBERT L La creativiteacute lexicalie Paris Larousse 1992

HAENSCH G WOLF L ETTINGER S WERNER R La lexicografia ndash de la linguiacutestica

teoacuterica a la lexicografia praacutectica Madrid Gredos 1982

HOUAISS A Dicionaacuterio Houaiss da liacutengua Portuguesa Rio de Janeiro Objetiva 2001

In OLIVEIRA Ana M P P de e ISQUERDO Aparecida N (orgs) As ciecircncias do leacutexico

lexicologia lexicografia terminologia Campo GrandeMS Editora da UFMS 1989 p 129-

149

ISQUERDO A N ALVES I M As ciecircncias do Leacutexico Lexicologia Lexicografia

Terminologia v3 Campo Grande Editora da UFMS 2007

KRIEGER M da G Do reconhecimento de terminologias entre o linguiacutestico e o textual In

IS QUERDO AN amp KRIEGER MG As Ciecircncias do Leacutexico 2 UFMS UFRGS Campo

GrandePorto Alegre 2006

KRIEGER M da G FINATTO Maria J B Introduccedilatildeo agrave Terminologia teoria amp praacutetica

Satildeo Paulo Contexto 2004

LEPSCHY J Leacutexico Enciclopeacutedia Einaudi linguagem e enunciaccedilatildeo v 2 Portugal

Imprensa Nacional-Casa da Moeda 1984

LORENTE M A lexicologia como ponto de encontro entre a gramaacutetica e a semacircntica In

ISQUERDO A N e KRIEGER MG As ciecircncias do leacutexico vol II Campo Grande Editora

UFMS 2004

MAPA Disponiacutevel em lthttpacademiagoianadeletrasorgmembroluiz-maria-da-silva-

pintogt Acesso em 1 abr 2011

MARINHA IMPERIAL Disponiacutevel em lthttpwwwmarmilbrdiversosArtigos_

selecionadosDocumentosmarinha_imperialpdfgt Acesso em 25 Abr 2011

MATOREacute G La meacutethode en lexicologie Domaine franccedilais Paris Didier 1953

MINEIRO A Uma abordagem lexical da Terminologia Naacuteutica no PE In Actas do IX

Simpoacutesio ibero-americano de Terminologia Barcelona Barcelona Espanha 2006

187

MURAKAWA C A (1998) Tradiccedilatildeo lexicograacutefica em liacutengua portuguesa Bluteau Moraes

e Vieira In OLIVEIRA AMPP amp ISQUERDO A N (orgs) As ciecircncias do leacutexico

lexicologia lexicografia terminologia v3 Campo Grande Editora da UFMS 2007

MURAKAWA C A A Dicionaacuterio Histoacuterico do Portuguecircs do Brasil um modelo de

dicionaacuterio Histoacuterico In ALVES Ieda Maria e Lino Maria Tereza (Org) Revista de

Filologia e Linguiacutestica Portuguesa Satildeo Paulo FFLCHUSP 2010 v 12 p 329-349

MURAKAWA C de A A Empreacutestimo linguiacutestico interno um estudo sobre o vocabulaacuterio

da naacuteutica portuguesa In Histoacuteria da Liacutengua e Histoacuteria da Gramaacutetica Actas do Encontro

Coleccedilacirco Poliedro 11 Braga Portugal Universidade do Minho Centro de Estudos

Humaniacutesticos 2002

MUSSALIM F BENTES A C (Orgs) Introduccedilatildeo agrave Linguiacutestica 6 ed Satildeo Paulo Cortez

2001 v 1-2

NAVEGACcedilOtildeES Disponiacutevel em lthttpwwwgooglecombrsearchhl=ptgt Acesso em 1

Abr 2011

NEIVA A Estudos da liacutengua nacional Satildeo Paulo Brasiliana 1940

NUNES J H Dicionaacuterios no Brasil anaacutelise e histoacuteria do seacuteculo XVI ao XIX Campinas

Pontes 2006

NUNES J H Discurso e Instrumentos Linguiacutesticos no Brasil dos Relatos de Viajantes aos

Primeiros Dicionaacuterios Campinas UNICAMP tese de doutorado 1996

NUNES J H e PETTER M (Orgs) Histoacuteria do saber lexical e constituiccedilatildeo de um leacutexico

brasileiro Satildeo Paulo Humanitas 2002 p 29-30

NUNES J H Histoire Epistemologie Langage Satildeo Paulo Humanitas 2006

OGDEN C K RICHARDS I A The Meaning of Meaning Londres Routledge amp Kegan

Paul 1923

OLIVEIRA A M P O portuguecircs do Brasil brasileirismos e regionalismos Tese de

Doutorado -UNESP Araraquara Satildeo Paulo 1999

ORGANISATION INTERNATIONALE DE NOTMALISATION Terminologie ndash

Vocabulaire Genebra ISO 1990 (Norme Internationale ISO 1087 1990)

ORLANDI E P O Estado a Gramaacutetica a Autoria Relatos n 4 jun Campinas UNICAMP

1997

PAVEL S NOLET D Manual de Terminologia Trad de FAULSTICH Enilde Disponiacutevel

em ltwwwURL wwwtranslationbureaugccagt

PERES D Histoacuteria dos descobrimentos portugueses Lisboa Comissatildeo executiva das

comemoraccedilotildees do Quinto Centenaacuterio da morte do Infante D Henrique 1959

188

PIGAFETTA A A primeira viagem ao redor do mundo o diaacuterio da expediccedilatildeo de Fernatildeo de

Magalhatildees Porto Alegre LampPM 1985

PINTO Luiz Maria da Silva Diccionario da Lingua Brasileira Ouro Preto Typographia de

Silva 1832

REY A (dir) Dictionnaire historique de la langue franccedilaise 2 vols Paris Le Robert 1992

REY Alan A terminologia entre a experiecircncia da realidade e o comando dos signos Satildeo

Paulo Humanitas 2007

RODRIGUES A D Liacutenguas indiacutegenas 500 anos de descobertas e perdas DELTA

vol9 n 1 pp 83-103 1993

SAUSSURE F ldquoNatureza do signo linguiacutesticordquo In Curso de Linguiacutestica Geral Satildeo Paulo

Cultrix 1970 pp 79-84

SEABRA Maria Cacircndida Trindade Costa (Org) O leacutexico em estudo Belo Horizonte Editora

FALEUFMG 2006

SEABRA Maria Cacircndida Trindade Costa Dom Joatildeo VI e o iniacutecio da imprensa no Brasil e

em Minas Gerais In Revista do Instituto Histoacuterico e Geograacutefico de Minas Gerais Belo

Horizonte Santaclara volume XXXI julho de 2008

SILVA NETO Serafim da Introduccedilatildeo ao estudo da Liacutengua Portuguesa no Brasil 3 ed Rio

de Janeiro Presenccedila 1976

SILVA Antonio de Moraes e Diccionario da Lingua Portugueza 2ordf ediccedilatildeo Lisboa

Typographia Laceacuterdina 1813

SILVESTRE J P O Vocabulario Portuguez e Latino principais caracteriacutesticas da obra

lexicograacutefica de Rafael Bluteau Artigo disponiacutevel em lt

httpclpdlcuaptPublicacoesvocabulario_principais_caracteristicaspdfgt Acesso em 25

abr 2011

SOUSA F J de MOURA F J de S A Vestiacutegios da liacutengua araacutebica em Portugal Lisboa

Academia Real das Sciencias 1830 (ed Fac-simile Lisboa Alcalaacute 2004)

TAUNAY A Inopia cientiacutefica e vocabular dos grandes dicionarios portuguezes Satildeo

Paulo Imprensa Oficial 1932 182 p

THEODORO J Pensadores exploradores e mercadores dos mares oceanos e continentes

Satildeo Paulo Scipione 1994

ULLMANN S The Principles of Semantics Glasgow Jackson amp Oxford Blackwell 1957

VALE B Estrateacutegia poder mariacutetimo e a criaccedilatildeo da Marinha do Brasil In Revista Navigator

Rio de Janeiro Serviccedilo de Documentaccedilatildeo Geral da Marinha n 4 dezembro de 1971 p 10

189

VEIGA J P X da Efemeacuterides mineiras Ouro Preto [sn] 1897 p 47-52

VEIGA J P X da Palavras preliminares Revista do Arquivo Puacuteblico Mineiro Ouro Preto

ano 1 fasc I p III e IV janmar 1896

Page 3: A TERMINOLOGIA NÁUTICA NO DICCIONARIO DA LINGUA … · Diccionario da Lingua Brasileira (DLB), de Luiz Maria da Silva Pinto. Publicado na cidade de Ouro Preto, Minas Gerais, na Typografia

Dissertaccedilatildeo aprovada em 05072011 pela Banca Examinadora constituiacuteda pelos

Professores Doutores

_______________________________________________________

Profa Dra Maria Cacircndida Trindade Costa de Seabra ndash UFMG

Orientadora

_______________________________________________________

Profa Dra Ana Paula Antunes Rocha ndash UFOP

_______________________________________________________

Prof Dr Aderlande Pereira Ferraz ndash UFMG

Dedico este trabalho

aos meus pais in memorian Oswaldo e Madalena seres muito especiais

ao Virgiacutelio cumplicidade e inspiraccedilatildeo

aos meus filhos Tomaacutes e Tuacutelio amores de minha vida

Agradecimentos

A Deus que tem cuidado dos meus caminhos tem me orientado e abenccediloado permitindo-me

alcanccedilar mais uma conquista

Aos meus pais que foram exemplos de vida para mim

Agrave Profordf Dra Maria Cacircndida Trindade Costa de Seabra orientadora na plena acepccedilatildeo da

palavra ao seu apoio incondicional constante e seguro com quem o estudo e o trabalho satildeo

experiecircncias gratificantes e extremamente enriquecedoras

Aos meus irmatildeos e irmatildes pela compreensatildeo e suporte durante toda a minha vida

Agraves minhas amigas itabiranas Ritinha Graccedila Andrade e Karine pela amizade e presenccedila o

meu carinho e gratidatildeo

Agrave Fernanda amiga querida a quem eu admiro pelo incentivo e confidecircncias nos momentos

difiacuteceis

Agrave Antocircnia pela presenccedila apoio disponibilidade e por cuidar dos meus filhos quando estive

ausente

Ao Paulo Araujo pessoa iacutempar que sempre atendeu com a maacutexima gentileza e

disponibilidade todas as solicitaccedilotildees que lhe fiz durante a pesquisa

Agrave Profordf Graccedila Lima pelo seu constante incentivo e abertura de horizontes intelectuais

Aos professores do Mestrado pelo profissionalismo sempre presente em todas as atividades

desenvolvidas

Meus agradecimentos especiais agrave Suely Perucci coordenadora do Museu dos Inconfidentes de

Ouro Preto e ao Dr Joseacute Mendonccedila Telles Coordenador do Centro de Cultura Goiana pela

disponibilidade e atenccedilatildeo as minhas solicitaccedilotildees

Agrave Elizabete e ao Joel por me acolherem carinhosamente em sua casa em Satildeo Joseacute do Rio

Preto ao participar do Seminaacuterio de Terminologia na UNESP

Enfim a todos vocecircs que fizeram diferenccedila nesta etapa de minha vida deixo registrado um

carinhoso muito obrigada

Chamam por mim as aacuteguas

Chamam por mim os mares

Chamam por mim levantando uma voz corpoacuterea os longes

As eacutepocas mariacutetimas todas sentidas no passado a chamar (Ode Mariacutetima Aacutelvaro de Campos)

Resumo

O presente trabalho tem como objetivo o estudo dos termos naacuteuticos constantes no

Diccionario da Lingua Brasileira (DLB) de Luiz Maria da Silva Pinto Publicado na cidade

de Ouro Preto Minas Gerais na Typografia Silva no ano de 1832 dez anos depois de

proclamada a independecircncia do Brasil esse dicionaacuterio eacute hoje considerado o primeiro

dicionaacuterio impresso nesse paiacutes De tamanho pequeno tem 1111 paacuteginas nos moldes atuais de

um ldquodicionaacuterio portaacutetilrdquo o DLB eacute um livro raro Para a realizaccedilatildeo desta pesquisa utilizamo-

nos do volume em formato digital da ediccedilatildeo microfilmada da obra realizada pelo Arquivo

Puacuteblico Mineiro localizado na capital mineira Belo Horizonte Inicialmente fizemos

levantamento das unidades leacutexicas que remetem ao mundo da navegaccedilatildeo observando as

ldquomarcas de usordquo que se referem agrave terminologia naacuteutica Partimos portanto de um corpus

dicionariacutestico de terminologia naacuteutica composto de 153 termos constituiacutedos de 117

substantivos 03 adjetivos 32 verbos e 1 adveacuterbio Em uma segunda etapa os dados foram

organizados em fichas lexicograacuteficas Para cada um dos termos construiacutemos uma ficha

lexicograacutefica que nos indica se o termo ocorreu ou natildeo no Brasil desde o periacuteodo colonial ateacute

os dias de hoje aleacutem de mostrar origens e outras informaccedilotildees importantes para anaacutelise

linguiacutestica Para os conceitos de leacutexico lexicologia apoiamo-nos em Haensch Biderman

Krieger e Finatto para a Terminologia em Barros Para a anaacutelise dos dados ao longo do

tempo tomamos como base norteadora a concepccedilatildeo de Linguiacutestica Histoacuterica tal como

apresentada por Bynon e Cohen Como partimos de um tema ou seja da terminologia

naacuteutica trabalhamos com o percurso ldquodo conceito agrave palavrardquo nos moldes do meacutetodo

onomasioloacutegico Em seguida estendemos nossa anaacutelise agrave palavra ou ao signo linguiacutestico -

percurso semasioloacutegico Nossa anaacutelise apontou uma terminologia de base europeia pouco

representativa da realidade mariacutetima brasileira pouco descritiva e bastante prescritiva

Palavras-chave Lexicografia Terminologia Liacutengua Brasileira Liacutengua Portuguesa

Minas Gerais

Abstract

This paper aims the study of nautical terms contained in the Brazilian Language Dictionary

(Diccionario da Lingua Brasileira) (DLB) Luiz Maria da Silva Pinto It was published in

Ouro Preto in Minas Gerais at Typography Silva in 1832 ten years after the proclamation of

the independence of Brazil This dictionary is now considered the first printed dictionary in

that country Its size is small but there are 1111 pages in the current pattern of a portable

dictionary The DLB is a rare book In the presented study we have used the volume in

digital format of the microfilm edition undertaken by the Arquivo Puacuteblico Mineiro that is

located in the capital of Minas Gerais Belo Horizonte At first we surveyed the lexical words

referring to the world of navigation noting the tags of use which refers to nautical

terminology We started the paper from a dicitionary corpus of nautical terminology

composed of 153 terms consisting of 117 nouns 03 adjectives 32 verbs and an adverb In a

second step the data were arranged in lexicographic forms In each of the words we wrote a

lexical form that shows us if the word was used or not in Brazil since the colonial era to the

present day besides showing the origins and other important information for linguistic

analysis We based ourselves on Haensch Biderman Krieger and Finatto for the concepts of

lexicon and lexicology and on Barros for the Terminology For data analysis we took as the

basis guiding the development of Historical Linguistics as presented by Cohen and Bynon As

we started from nautical terminology we worked towards ldquothe concept to word similar to the

method onomasiological Next we extended our analysis to the word or the sign language - a

route semasiology Our analysis revealed an European terminology and unrepresentative of

the Brazilian maritime context rather descriptive and prescriptive

Key-words Lexicography Terminology Language Brazilian Portuguese Minas Gerais

ABREVIATURAS E SIGLAS

Adj ndash adjetivo

Adv ndash adveacuterbio

Cf ndash Confira

DLB ndash Diccionario da Lingua Brasileira

DPB ndash Dicionaacuterio Portuguecircs-Brasiliano

LI ndash Liacutengua Indiacutegena

LP ndash Liacutengua Portuguesa

ne ndash natildeo encontrado

naacuteut ndash naacuteutico

p ndash Paacutegina

PDHPB ndash Projeto Dicionaacuterio Histoacuterico do Portuguecircs do Brasil

s ndash substantivo

sf substantivo feminino

sm ndash substantivo masculino

TN ndash Traduccedilatildeo nossa

v ndash verbo

VLB ndash Vocabulaacuterio na Liacutengua Brasiacutelica

lt ndash Procede de

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 ndash Classificaccedilatildeo morfoloacutegica dos dados analisados161

Tabela 2 ndash Classificaccedilatildeo do gecircnero dos dados analisados162

Tabela 3 ndash Quadro comparativo dos termos naacuteuticos164

LISTA DE GRAacuteFICOS

Graacutefico 1 ndash Unidades lexicais encontradas em dicionaacuterios e banco de dados163

Graacutefico 2 ndash Unidades lexicais destacadas como termo naacuteutico168

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 ndash Relaccedilatildeo Triaacutedica23

Figura 2 ndash Triacircngulo de Ogden e Richards adaptado por Biderman24

Figura 3 ndash Ficha lexicograacutefica57

Figura 4 ndash Ficha lexicograacutefica preenchida58

LISTA DE FOTOS

Foto 1 ndash Diccionario da Lingua Brasileira 32

Foto 2 ndash Detalhe da capa do Diccionario 33

Foto 3 ndash Casa de Silva Pinto em Ouro Preto35

Foto 4 ndash Localizaccedilatildeo da casa de Silva Pinto em Ouro Preto35

Foto 5 ndash Notiacutecia de Jornal37

Foto 6 ndash Diccionario Brasileiro (1832)38

Foto 7 ndash Prologo do Diccionario da Lingua Brasileira39

LISTA DE IMAGENS

Imagem 1 ndash Lista de abreviaturas proposta pelo Diccionario da Lingua Brasileira40

Imagem 2 ndash Primeira Esquadra brasileira46

Imagem 3 ndash Marinha Imperial48

Imagem 4 ndash Documentaccedilatildeo da obra digitalizada55

Imagem 5 ndash Obra consultada digitalizada pelo APM56

Imagem 6 ndash O Vocabulario de Bluteau60

Imagem 7 ndash O Diccionario de Moraes Silva61

Imagem 8 ndash Grande e Noviacutessimo Dicionaacuterio da Liacutengua Portuguesa de Laudelino Freire62

Imagem 9 ndash Unidades lexicais natildeo marcadas como termo naacuteutico171

LISTA DE MAPAS

Mapa 1 ndash As grandes navegaccedilotildees43

Mapa 2 ndash Terra Brasilis45

Sumaacuterio

Introduccedilatildeo 14

Capiacutetulo 1 ndash O Leacutexico em foco 17

11 Lexicologia 17

111 Leacutexico 19

1111 Leacutexico e Referecircncia 22

12 Lexicografia 25

121 Dicionaacuterio 26

1211 Os Dicionaacuterios na eacutepoca do Brasil Colocircnia 27

12111 Dicionaacuterios Bilingues29

12112 Dicionaacuterios Monolingues30

13 Terminologia 31

14 O Diccionario da Lingua Brasileira de Luiz Maria da Silva Pinto 32

Capiacutetulo 2 ndash Contextualizaccedilatildeo histoacuterica 42

21 As grandes navegaccedilotildees 42

22 As navegaccedilotildees na eacutepoca do Brasil Colocircnia 44

23 As navegaccedilotildees na eacutepoca do Brasil Impeacuterio 47

24 Consideraccedilotildees 48

Capiacutetulo 3 ndash Procedimentos Metodoloacutegicos 51

31 Objetivos 52

32 Caracteriacutesticas do Diccionario da Lingua Brasileira 54

33 Meacutetodos e Procedimentos 55

332 Fichas Lexicograacuteficas 57

332 Sobre os dicionaacuterios consultados 59

333 Sobre o Banco de Dados 63

Capiacutetulo 4 Apresentaccedilatildeo e descriccedilatildeo dos dados 65

Capiacutetulo 5 - Anaacutelise e discussatildeo dos resultados 161

51 Quanto agrave classificaccedilatildeo gramatical dos termos 161

52 Quanto agrave forma e gecircnero dos termos naacuteuticos do DLB 162

53 Quanto ao nuacutemero de unidades lexicais presentes em obras de referecircncia 163

54 Descriccedilatildeo e Comparaccedilatildeo dos Dados 168

55 Sobre a marca de uso termo naacuteutico 170

551 Variaccedilatildeo no Diccionario de Lingua Brasileira 170

552 Variaccedilatildeo em outros dicionaacuterios 171

56 Quanto agrave origem 172

Capiacutetulo 6 ndash Consideraccedilotildees Finais 180

Referecircncias 184

13

Introduccedilatildeo

14

Introduccedilatildeo

Conforme postulam Krieger e Finatto (2004 p 24) tomando como referecircncia

Rondeau (1984 p1) qualquer histoacuteria sobre as linguagens especializadas natildeo pode deixar de

lembrar que

A terminologia natildeo eacute um fenocircmeno recente Com efeito tatildeo longe quanto se

remonte na histoacuteria do homem desde que se manifesta a linguagem nos

encontramos em presenccedila de liacutenguas de especialidade eacute assim que se encontra a

terminologia dos filoacutesofos gregos a liacutengua de negoacutecios dos comerciantes cretas os

vocaacutebulos especializados da arte militar etc

Certamente a terminologia entendida como o leacutexico dos saberes teacutecnicos e

cientiacuteficos eacute uma praacutetica antiga Seu interesse deixa de estar restrito aos especialistas quando

as pessoas necessitam dominar o vocabulaacuterio especiacutefico de seus campos de competecircncia Isso

se daacute sobretudo em eacutepocas de grandes transaccedilotildees comerciais entre as naccedilotildees quando os

termos ultrapassam o acircmbito comercial expandindo-se para o mundo cientiacutefico tecnoloacutegico e

cultural

Integrando em uma proporccedilatildeo maior ou menor o cotidiano das pessoas esses

termos passam a ser inscritos em dicionaacuterios de liacutengua Consequentemente ampliam-se o

contato e o uso das terminologias mesmo com alteraccedilotildees denominativas e perdas conceituais

efeitos proacuteprios da divulgaccedilatildeo do conhecimento em grande escala

Todo esse conjunto de fatores sociais linguiacutesticos e culturais em torno do termo

despertou nosso interesse em pesquisar a terminologia naacuteutica no primeiro Diccionario da

Lingua Brasileira de Luiz Maria da Silva Pinto publicado na cidade mineira de Ouro Preto

no ano de 1832 Levaram-nos a propor esta pesquisa questotildees como i) quais seriam os

primeiros termos que fizeram parte de um dicionaacuterio que se intitula brasileiro ii) por que

eles seriam selecionados essa terminologia naacuteutica fazia parte realmente do leacutexico

brasileiro ou era ldquoidealrdquo que fizesse

Nossas discussotildees se dividiratildeo em 6 capiacutetulos

No capiacutetulo I intitulado O Leacutexico em foco abordaremos o estudo do leacutexico

como a aacuterea da liacutengua responsaacutevel por registrar o conhecimento do universo enfocando

principalmente os estudos realizados por Biderman Discorreremos acerca da lexicologia e da

lexicografia de seus pressupostos teoacutericos desenvolvidos por Matoreacute Haensch Biderman

Krieger e Finatto Discorreremos tambeacutem sobre os Dicionaacuterios na eacutepoca do Brasil Colocircnia

destacando as obras biliacutengues e monolingues A Terminologia seraacute enfocada neste capiacutetulo

15

com pressupostos definidos por Barros Ainda neste capiacutetulo trataremos do dicionaacuterio em

estudo e de seu impressor Luiz Maria da Silva Pinto

No capiacutetulo II Contextualizaccedilatildeo histoacuterica versaremos sobre as grandes

navegaccedilotildees destacando as navegaccedilotildees nas eacutepocas do Brasil Colocircnia e do Brasil Impeacuterio

No capiacutetulo III denominado Procedimentos metodoloacutegicos apresentaremos os

meacutetodos utilizados nas vaacuterias etapas do nosso estudo Enfocaremos os procedimentos

adotados para a coleta dos dados a construccedilatildeo do corpus a metodologia para a confecccedilatildeo das

fichas lexicograacuteficas que seratildeo apresentadas no capiacutetulo 4 e tambeacutem os criteacuterios empregados

para a seleccedilatildeo dos dicionaacuterios consultados Neste capiacutetulo baseando-nos em Murakawa

(2010) faremos um breve relato do Banco de Dados do Projeto Dicionaacuterio Histoacuterico do

Portuguecircs do Brasil ndash seacuteculos XVI XVII XVIII base de dados usada como consulta neste

trabalho

No capiacutetulo IV intitulado Apresentaccedilatildeo e descriccedilatildeo dos dados apresentaremos

o nosso corpus referente agrave terminologia naacuteutica coletado na obra Diccionario da Lingua

Brasileira de Luiz Maria da Silva Pinto Os dados retirados do corpus seratildeo apresentados na

forma de fichas lexicograacuteficas contendo a) a transcriccedilatildeo do verbete selecionado b) registros

em dicionaacuterios c) abonaccedilatildeo do termo em Banco de Dados d) comentaacuterios e) origens Essas

informaccedilotildees serviratildeo de subsiacutedio para nossa anaacutelise linguiacutestica

No capiacutetulo V designado como Anaacutelise e discussatildeo dos resultados

apresentaremos anaacutelises quantitativas e discussatildeo de resultados

No capiacutetulo VI abordaremos algumas Consideraccedilotildees finais sobre nossa

pesquisa quando seratildeo relembrados nossos objetivos e as conclusotildees decorrentes das anaacutelises

propostas

16

Capiacutetulo 1

17

Capiacutetulo 1 ndash O Leacutexico em foco

Segundo Biderman (1998 p 11) o leacutexico de uma liacutengua constitui uma forma de

registrar o conhecimento do universo Atraveacutes de um processo criativo de organizaccedilatildeo o

homem rotula seres e objetos e os classifica simultaneamente identificando semelhanccedilas e

distinguindo traccedilos estruturando o mundo que o cerca Assim se processa a geraccedilatildeo do leacutexico

ou seja atraveacutes de atos sucessivos de cogniccedilatildeo da realidade e de categorizaccedilatildeo da

experiecircncia cristalizada em signos linguiacutesticos as palavras

Em vista disso o leacutexico que integra uma liacutengua conserva uma estreita relaccedilatildeo com

a histoacuteria soacutecio-cultural de uma comunidade jaacute que sintetiza a sua maneira de ver o mundo

recortando realidades e tambeacutem fatos de cultura Evidencia-se portanto como um espaccedilo de

produccedilatildeo de significaccedilatildeo articulado pelos elementos de ordem focircnica morfoloacutegica semacircntica

e gramatical como atesta Lepschy (1984 p 156) Todo o funcionamento da liacutengua em seus

vaacuterios niacuteveis parece constar de sistemas que giram agrave volta da palavra

Contemporaneamente em trecircs grandes aacutereas se divide o estudo da palavra ou o

estudo do leacutexico a Lexicologia a Lexicografia e a Terminologia De acordo com Biderman

(1998 p 7-8)

Embora complementares entre si essas aacutereas possuem objeto de estudo

metodologia e pressupostos teoacutericos distintos Enquanto a primeira ocupa-se dos

problemas teoacutericos que embasam o estudo do leacutexico a segunda estaacute voltada para as

teacutecnicas de elaboraccedilatildeo dos dicionaacuterios para o estudo da descriccedilatildeo da liacutengua feita

pelas obras lexicograacuteficas Jaacute a terceira aacuterea tem como objeto de estudo o termo a

palavra especializada os conceitos proacuteprios de diferentes aacutereas de especialidades

O notoacuterio desenvolvimento que se vem observando nessas duas uacuteltimas deacutecadas

nas aacutereas de lexicologia lexicografia e terminologia tem evidenciado a importacircncia das

pesquisas que estatildeo sendo empreendidas nesse campo bem como suscitado reflexotildees a

respeito de seus campos de atuaccedilatildeo

11 Lexicologia

A Lexicologia eacute consensualmente definida como o estudo cientiacutefico do leacutexico em

suas relaccedilotildees linguiacutesticas pragmaacuteticas discursivas histoacutericas e culturais conforme afirma

Finatto (2004 p44) Essa ciecircncia estaacute intimamente relacionada agrave complexidade bem como agrave

multiplicidade de facetas e abordagens que a palavra encerra e permite Por isso configura-se

como um campo de conhecimento de caraacuteter transdisciplinar dado que a palavra eacute um lugar de

encontro e interesse particular de muitas ciecircncias embora tenha sido na ciecircncia linguiacutestica

que essa aacuterea se estabeleceu

18

Haensch (1982 p 91) mostra que essa disciplina cientiacutefica inscrita na aacuterea da

linguiacutestica pode ser concebida de diversas maneiras por diversos autores desse modo

segundo ele torna-se legiacutetimo ser fiel a uma definiccedilatildeo ao tratar do objeto de estudo

Entretanto entre essas diversas definiccedilotildees existem pontos em comum jaacute que se define sempre

como leacutexicolsquo um conjunto de significantes verbais ou de signos (na concepccedilatildeo bilateral de

signo)1 Haensch (1982 p 92-93) chama de lexicologia a descriccedilatildeo do leacutexico que se ocupa

das estruturas e regularidades dentro da totalidade do leacutexico de um sistema individual ou de

um sistema coletivo2

Assim definida a lexicologia pode ter seu enfoque tanto a partir do leacutexico total de

um sistema individual quanto no leacutexico de um sistema coletivo examinando em ambos os

casos as estruturas e as regularidades que podem neles se encontrar

Nessa aacuterea conhecida como Lexicologia estrutural desenvolveram-se estudos

correlacionando leacutexico e sociedade Enquadram-se aqui as pesquisas desenvolvidas por

George Matoreacute (1953) inscritas na obra La meacutethode en lexicologie Para Matoreacute (1953 p37)

a palavra analisa e objetiva o pensamento individual assumindo um valor coletivo haacute uma

socialidade proacutepria da liacutengua A partir dessa obra os linguistas passam a considerar os

aspectos sociais no estudo do leacutexico o que fez com que a Lexicologia comeccedilasse a ser vista

como uma disciplina de caraacuteter socioloacutegico Defendia esse linguista como princiacutepio teoacuterico

que o leacutexico eacute testemunha de uma sociedade de uma eacutepoca seus elementos satildeo palavras-

testemunhas ndash mots teacutemoins elementos particularmente importantes em funccedilatildeo dos quais a

estrutura lexicoloacutegica se hierarquiza e se coordena3 (traduccedilatildeo nossa) Em sua abordagem

social da Lexicologia Matoreacute (1953) informa que

ao constatar a impossibilidade de dissociar na linguagem a forma do conteuacutedo a

Lexicologia se fundamentara natildeo sobre formas isoladas mas sobre conjuntos de

noccedilotildees a estrutura e as relaccedilotildees sendo explicadas pelos fatos sociais dos quais os

fatos do vocabulaacuterio satildeo ao mesmo tempo o reflexo e a condiccedilatildeo4 (TN)

1 [] se define siempre como bdquoleacutexico‟ um conjunto de significantes verbales o de signos (em la concepcioacuten

bilateral de signo) 2 [] a la descripcioacuten del leacutexico que se ocupa de latildes estructuras y regularidades dentro de la totalidad del leacutexico

de um sistema individual o de um sistema coectivo 3 [] des eacuteleacutements particuliegraverement importants em fonction desquels la structure lexicologique se hieacuterarchise et

se coordonne Nous proposons pour deacutesigner ces eacuteleacutements caracteacuteristiques l‟expression de mots-teacutemoins

(Matoreacute 1953 65) 4 [] constatant l‟impossibiliteacute de dissocier dans le langage la forme du contenu la lexicologie se fondera non

pas sur des formes isoleacutees mais sur des ensembles de notions la structure et les relation eacutetant espliqueacutees par les

faits sociaux dont les faits de vocabulaire sont agrave la fois le reflet et la condition (MATORE 1953 p 94)

19

Corroborando a afirmaccedilatildeo assumida por Matoreacute Biderman (1981 p 132)

acrescenta que

eacute pela palavra (pela nomeaccedilatildeo) que o homem exerce a sua capacidade de abstrair e de

generalizar o individual o subjetivo A palavra cristaliza o conceito resultante dessa

operaccedilatildeo mental possibilitando a sua transmissatildeo agraves geraccedilotildees seguintes

Sobre os limites e o alcance da Lexicologia muito se tem discutido Pergunta-se

i) quais deveriam ser os limites dessa disciplina cientiacutefica ii) quais as causas dos inuacutemeros

desencontros no que se refere agrave natureza da Lexicologia Satildeo questotildees bastante pertinentes

pois sendo o leacutexico o uacutenico domiacutenio da liacutengua que constitui um sistema aberto diversamente

dos demais que constituem sistema fechados (fonologia morfologia e sintaxe) eacute

reconhecidamente o niacutevel da liacutengua mais resistente agrave sistematizaccedilatildeo tendo em vista seu

caraacuteter dinacircmico

111 Leacutexico

Estudar o leacutexico de uma liacutengua eacute enveredar pela histoacuteria costumes haacutebitos de um

povo ou de uma sociedade Sem duacutevida as palavras podem ser consideradas como forte

elemento de coesatildeo social constituindo elos entre os indiviacuteduos dando-lhes consciecircncia de

que pertencem a uma comunidade (tambeacutem linguiacutestica)

Conforme afirmam Mussalim e Bentes ( 2001 p 21-47)

A relaccedilatildeo leacutexico e sociedade eacute mais profunda do que se imagina A proacutepria liacutengua

como sistema acompanha de perto a evoluccedilatildeo da sociedade e reflete de certo modo

os padrotildees de comportamento que variam em funccedilatildeo do tempo e do espaccedilo

Inversamente pode-se supor que certas atitudes sociais ou manifestaccedilotildees do

pensamento sejam influenciadas pelas caracteriacutesticas que a liacutengua da comunidade

apresenta

Um dos estudos mais antigos sobre o leacutexico remonta a Panini ao seacuteculo IV aC

na Iacutendia Em sua gramaacutetica Panini estudou o sacircnscrito e definiu elementos significativos

dessa liacutengua

No Ocidente devemos aos gregos as primeiras reflexotildees conhecidas sobre o

leacutexico Tivemos tambeacutem a contribuiccedilatildeo dos latinos Esses desenvolveram estudos

gramaticais mostrando a oposiccedilatildeo entre sistema (gramaacutetica da liacutengua) e norma (uso social

efetivo)

20

Do Renascimento ateacute o seacuteculo XVIII podemos dizer que o estudo do leacutexico se

desenvolveu basicamente em torno de dois eixos i) confecccedilatildeo de dicionaacuterios ii) estudo da

palavra numa perspectiva filosoacutefica

Com relaccedilatildeo aos primeiros apesar de existirem desde tempos remotos com as

antigas listas lexicais como ideogramas chineses lista de palavras aparentadas ou ainda

listas de palavras biliacutengues ndash as listas mais conhecidas satildeo o Appendix Probi (anocircnimo) o

glossaacuterio de Reicheneau (seacuteculo VII) o glossaacuterio de Caacutessel (seacuteculo IX) ndash foi no seacuteculo XVI

no Ocidente que sistematicamente se iniciam os estudos de descriccedilatildeo ordenada do leacutexico

Isso se daacute com a invenccedilatildeo da imprensa quando surgiram os dicionaacuterios monoliacutengues e

pluriliacutengues

Os estudos filosoacuteficos por sua vez acabaram por influenciar o pensamento dos

gramaacuteticos da eacutepoca que procuravam definir os fatores constitutivos da linguagem e das

liacutenguas

No seacuteculo XIX haacute mudanccedilas no foco de estudo da Lexicologia a palavra passa a

ser vista como uma forma cuja natureza foneacutetica e fonoloacutegica deveria ser observada Os

estudiosos da eacutepoca deixam de se preocupar com a relaccedilatildeo pensamento e palavra e o interesse

passa a ser a comparaccedilatildeo das formas linguiacutesticas marca predominantemente deste seacuteculo

Surge o meacutetodo da Gramaacutetica Comparada lanccedilado por Franz Bopp enquanto aumentam o

interesse pelos textos medievais despertados na eacutepoca do Romantismo

Nos finais desse seacuteculo com a marca triunfal da Geografia Linguiacutestica e

consequentemente o florescimento da Onomasiologia o interesse linguiacutestico passa pouco a

pouco da investigaccedilatildeo foneacutetica para o estudo dos problemas lexicais No VII Congresso

Internacional de Linguiacutestica em 1952 na cidade de Londres os conceitos linguiacutesticos gerais

satildeo elaborados sobre uma base fenomenoloacutegica significando um sistema de referecircncias

extralinguiacutestico Ateacute entatildeo os dicionaacuterios satildeo sistematizados sem relacionarem as definiccedilotildees

com os sinocircnimos existentes

A partir da deacutecada de 50 com a obra La meacutethode em lexicologie de Georges

Matoreacute (1953) seguindo a linha estruturalista os linguistas passam a considerar os aspectos

sociais no estudo do leacutexico enfocando a palavra natildeo como um objeto isolado mas como parte

de uma estrutura social responsaacutevel por nomear e exprimir o universo de uma sociedade

Postura que ateacute hoje encontra-se bastante recorrente nos estudos sobre a palavra conforme

mostra o dizer de Seabra (2006 p 7)

21

[] o leacutexico encontra-se arraigado na histoacuteria tradiccedilatildeo e costumes de um povo

estando por isso em constante processo de expansatildeo alteraccedilatildeo e contraccedilatildeo Devido

a essas caracteriacutesticas eacute considerado o subsistema mais dinacircmico da liacutengua

Podemos dizer que a histoacuteria da formaccedilatildeo do leacutexico natildeo corresponde a um

processo linear continuado Ela decorre de vaacuterios estados de produccedilatildeo do saber linguiacutestico e

das transformaccedilotildees sofridas pelas unidades lexicais ao longo dos processos histoacutericos as

palavras se submetem a bloqueios desvios apagamentos deslocamentos enquanto

constroem redes de memoacuteria e filiaccedilotildees soacutecio-histoacutericas Sem duacutevida alguma o movimento

de uma cultura leva ao movimento de palavras Essa eacute a maneira como a liacutengua se ajusta agrave

evoluccedilatildeo da sociedade

Biderman (1978 139) ao tratar de questotildees inerentes agrave relaccedilatildeo leacutexico e

sociedade argumenta que o universo semacircntico se estrutura em torno de dois polos opostos

o indiviacuteduo e a sociedade Dessa tensatildeo em movimento se origina o leacutexico De acordo com

essa linguista podemos ver o leacutexico como

o patrimocircnio social da comunidade por excelecircncia juntamente com outros

siacutembolos da heranccedila cultural Dentro desse acircngulo de visatildeo esse tesouro leacutexico eacute

transmitido de geraccedilatildeo para geraccedilatildeo como signos operacionais por meio dos quais

os indiviacuteduos de cada geraccedilatildeo podem pensar e exprimir seus sentimentos e ideias5

Atraveacutes do universo vocabular a liacutengua reflete a cultura da sociedade servindo de

meio de expressatildeo e interaccedilatildeo social para mundo que a cerca por isso o leacutexico se expande se

altera e agraves vezes se contrai Sobre essa questatildeo Biderman (2001 p 179) assim se

manifesta

As mudanccedilas sociais e culturais acarretam alteraccedilotildees nos usos vocabulares daiacute

resulta que unidades ou setores completos do Leacutexico podem ser marginalizados

entrar em desuso e vir a desaparecer Inversamente poreacutem podem ser ressuscitados

termos que voltam agrave circulaccedilatildeo geralmente com novas conotaccedilotildees Enfim novos

vocaacutebulos ou novas significaccedilotildees de vocaacutebulos jaacute existentes surgem para

enriquecer o Leacutexico

O leacutexico classifica de maneira uacutenica as experiecircncias humanas de uma cultura natildeo

apresentando deste modo apenas um conjunto de palavras mas uma espeacutecie de ponte entre

os falantes de uma liacutengua em suas condiccedilotildees reais de uso A criatividade lexical dos falantes

possibilita que eles criem e recriem de acordo com suas necessidades sociointeracionais

Guilbert6 ressalta que o leacutexico ao contraacuterio da gramaacutetica sofre transformaccedilotildees

muito mais raacutepidas visto que natildeo se constitui de natureza puramente linguiacutestica Para ele o

5 BIDERMAN 1981 p 132

6 GUILBERT 1992 p 30

22

leacutexico participa da estrutura linguiacutestica da liacutengua e tambeacutem espelha nessa liacutengua as

diversidades sociais e culturais

Predominantemente de origem latina a histoacuteria do leacutexico portuguecircs reflete

tambeacutem a histoacuteria da liacutengua portuguesa e os contatos de seus falantes com as mais

diversificadas realidades linguiacutesticas

1111 Leacutexico e Referecircncia

Caracteriza-se a liacutengua para Saussure como um produto social da faculdade da

linguagem isto eacute a liacutengua eacute um fato social no sentido de que eacute um sistema convencional

adquirido pelos indiviacuteduos no conviacutevio social Esse grande mestre da linguiacutestica estruturalista

concebe a liacutengua como um sistema de signos que por si soacute datildeo conta da significaccedilatildeo No

capiacutetulo ldquoImutabilidade e mutabilidade do signordquo da obra Cours Saussure afirma que a

comunidade linguiacutestica impotildee ao falante um significante e que o ldquosigno linguiacutestico escapa agrave

nossa vontaderdquo isto eacute seja qual for o momento histoacuterico em que focalizarmos o idioma a

liacutengua evidencia-se sempre como uma heranccedila de eacutepocas anteriores Ao conceituar o que eacute

signo ele deixa marcada a distinccedilatildeo entre entidades psiacutequicas (que constituiriam o signo) e

fiacutesicas (que lhe seriam estranhas)

Os termos implicados no signo linguiacutestico satildeo ambos psiacutequicos e estatildeo unidos em

nosso ceacuterebro por um viacutenculo de associaccedilatildeo [] O signo linguiacutestico une natildeo uma

coisa e um palavra mas um conceito e uma imagem acuacutestica Esta natildeo eacute o som

material coisa puramente fiacutesica mas a impressatildeo psiacutequica desse som a

representaccedilatildeo que dele nos daacute o testemunho de nossos sentidos [] O signo

linguiacutestico eacute pois uma entidade psiacutequica de duas faces [] Esses dois elementos

estatildeo intimamente unidos e um reclama o outro (SAUSSURE 1970 p 79-80)

Essa dicotomia saussuriana (significadosignificante) usada para distinguir as

duas faces psiacutequicas e indissociaacuteveis do signo linguiacutestico desde entatildeo foi analisada na

literatura linguiacutestica resultando na expansatildeo e substituiccedilatildeo pela forma triaacutedica formulada por

Charles K Ogden e Ivor A Richards

A figura triangular de Ogden e Richards (1956) ganhou respeito entre os

estudiosos por representar em um de seus veacutertices a figura do referente isto eacute da ldquocoisardquo

extralinguiacutestica que os autores distinguiam claramente de referecircncia (o conceito o

significado) e de signo (o nome a palavra o significante) Esse triacircngulo foi reaplicado por

Lyons (1977 p 85) sendo a partir dessa eacutepoca bastante utilizado em estudos lexicoloacutegicos e

semacircnticos A relaccedilatildeo triaacutedica sugerida pelos autores citados pode ser assim representada

23

FIGURA 1 Relaccedilatildeo triaacutedica7

As linhas que ligam o nome ao sentido e este uacuteltimo ao referente satildeo contiacutenuas

representando relaccedilotildees diretas Jaacute a linha pontilhada ligando o nome ao referente indica uma

relaccedilatildeo indireta que deve necessariamente ser mediada pelo sentido ou seja a identificaccedilatildeo

do referente passa pelo sentido do nome Cabe salientar que a presenccedila do referente foi

durante muito tempo ignorada pelos linguistas que se ocuparam fundamentalmente da

gramaacutetica e de questotildees sintaacuteticas Contudo o chamado ldquotriacircngulo da significaccedilatildeordquo reavivou

o interesse de inuacutemeros teoacutericos

A reformulaccedilatildeo do triacircngulo de Ogden e Richards (1956) adaptado por Biderman

(1998 p 116) busca ilustrar a dimensatildeo linguiacutestica da palavra ou seja evidenciando

justamente o lado direito do triacircngulo o lado em que se coloca o referente jaacute como uma

transformaccedilatildeo da realidade como parte integrante do signo linguiacutestico

7 Haacute discordacircncia entre vaacuterios autores quanto aos termos utilizados e tambeacutem quanto agraves definiccedilotildees para cada

termo Entretanto natildeo eacute objetivo deste trabalho entrar nessa questatildeo

24

FIGURA 2 Triacircngulo de Ogden e Richards adaptado por Biderman

Nesse quadro teoacuterico visto como modelo e modelador de cultura o estudo sobre

o leacutexico permite compreender conceitos e ocorrecircncias da vida cotidiana Eacute importante

ressaltar que agrave realidade (parte acrescentada por Biderman) diz respeito o ambiente e

tambeacutem a cultura herdada A transmissatildeo do repertoacuterio lexical de geraccedilatildeo em geraccedilatildeo atraveacutes

da educaccedilatildeo informal e formal exerce papel importante na categorizaccedilatildeoconceptualizaccedilatildeo do

universo ao fornecer ao indiviacuteduo um estoque de nomes jaacute codificados nessa cultura

conforme bem mostra Biderman (1998 p 104)

Eacute preciso lembrar ainda que o vocabulaacuterio natildeo eacute criado (ou recriado) pelo indiviacuteduo

mas que ele eacute adquirido atraveacutes do processo social da educaccedilatildeo De fato atraveacutes do

processo de educaccedilatildeo social o homem adquire tanto a liacutengua da sua comunidade

como o seu vocabulaacuterio Nessa aprendizagem o falante-aprendiz recebe da sociedade

um produto acabado ndash a liacutengua ndash que vem a ser o produto da experiecircncia acumulada

historicamente na cultura da sua sociedade Essa cristalizaccedilatildeo da experiecircncia social

tanto cultural como linguiacutestica eacute o ponto de partida e o fundamento tanto do

pensamento como da linguagem individual

Liacutengua e cultura formam pois um todo indissociaacutevel que natildeo eacute ensinado em

nenhum lugar especial mas adquirido ao sabor dos acontecimentos cotidianos e o

vocabulaacuterio siacutembolo verbal da cultura perpetua a heranccedila cultural atraveacutes dos signos

verbais8

8 BIDERMAN 1998 p5

25

12 Lexicografia

As ciecircncias da linguagem constituiacutedas pelo saber linguiacutestico resultam do

aparecimento da escrita 3000 aC Segundo Nunes (1996 p 34) o advento da escrita

constitui a primeira grande revoluccedilatildeo tecnoloacutegica dessas ciecircncias A segunda revoluccedilatildeo seria

a da ldquogramatizaccedilatildeordquo isto eacute o processo pelo qual se descreve e se instrumenta uma liacutengua

atraveacutes de duas tecnologias9 ndash a gramaacutetica e o dicionaacuterio

Objeto de nossa pesquisa a palavra bdquodicionaacuterio‟ segundo Cunha (2007 p 263)

tem sua origem provavelmente do francecircs dictionnaire derivado do latim medieval

dictiōnārĭum de dictĭo-ōnis ou seja livro de dictiones ldquolivro de expressotildees e palavrasrdquo O

dicionaacuterio eacute visto geralmente como um objeto de consulta que apresenta os significados das

palavras com a certitude do saber de um especialista e eventualmente desse modo como uma

obra de referecircncia agrave disposiccedilatildeo dos leitores nos momentos de duacutevida e de desejo de saber

Se entendermos que todo o conhecimento humano estaacute condensado em palavras

entenderemos que essa necessidade de estruturaccedilatildeo do leacutexico eacute algo inerente ao espiacuterito ou

ceacuterebro humano que diante de um novo ser ou fato vecirc-se compelido a processar o novo a

partir daquilo que jaacute sabe ou conhece Nesse processo de categorizaccedilatildeo percepccedilatildeo e

comparaccedilatildeo do novo com referentes similares eacute que se daacute a nomeaccedilatildeo ndash o homem identifica

as propriedades distintivas e caracteriacutesticas do referente para nomeaacute-lo E na medida em que o

denomina sente tambeacutem que o domina Uma vez designado o referente passa a integrar ao

menos parcialmente o conjunto de nossos domiacutenios cognitivos possibilitando sua

apropriaccedilatildeo e transmissatildeo agraves geraccedilotildees seguintes

Por consistir nesse espaccedilo imaginaacuterio de certitude sustentado pela acumulaccedilatildeo e

pela repeticcedilatildeo o dicionaacuterio constitui um rico material para anaacutelise dos modos de dizer de uma

sociedade Nele as significaccedilotildees natildeo satildeo aquelas que se singularizam em um texto tomado

isoladamente mas sim as que se sedimentam e que se apresentam traccedilos significativos de uma

eacutepoca

De acordo com Krieger (2006 p 173-187)

o dicionaacuterio de liacutengua ndash a mais prototiacutepica das obras lexicograacuteficas ndash constitui-se no

uacutenico lugar que reuacutene de modo sistemaacutetico o conjunto dos itens lexicais criados e

utilizados por uma comunidade linguiacutestica permitindo que ela reconheccedila-se a

si mesma em sua histoacuteria e em sua cultura Aleacutem de se constituir em espelho da

memoacuteria social da liacutengua o dicionaacuterio desempenha o papel de legitimar o leacutexico

9 Entende-se neste texto tecnologia como conjunto de teacutecnicas especiacuteficas de determinado domiacutenio

26

E como tal alcanccedila o estatuto de um coacutedigo normativo que define paracircmetros

orientadores dos usos lexicais Converte-se portanto no testemunho por excelecircncia da

constituiccedilatildeo histoacuterica do leacutexico de um idioma bem como da identidade linguiacutestico-cultural de

comunidades Nessa medida atribui coesatildeo agraves sociedades e projeccedilatildeo agraves suas culturas10

121 Dicionaacuterio

Como disciplina linguiacutestica a Lexicografia contemporacircnea divide-se em duas

grandes aacutereas Lexicografia praacutetica e Lexicografia teoacuterica A primeira se ocupa da descriccedilatildeo

do leacutexico e tem como um de seus principais objetivos produzir obras de referecircncia como

dicionaacuterios vocabulaacuterios e glossaacuterios Jaacute a Lexicografia teoacuterica ou Metalexicografia dedica-

se a todas as questotildees ligadas aos dicionaacuterios como histoacuteria problemas de elaboraccedilatildeo

anaacutelise uso

Os dicionaacuterios podem registrar uma parcela maior ou menor do leacutexico total de

uma liacutengua ou podem se restringir a um determinado tema ou ainda se referir a uma

determinada regiatildeo ndash satildeo os dicionaacuterios regionais Podem se dedicar aos fraseologismos

(expressotildees idiomaacuteticas proveacuterbios etc) agrave liacutengua escrita agrave giacuteria agrave liacutengua falada Podem ser

descritivos registrando como os itens lexicais satildeo usados na realidade ou prescritivos ndash

determinando de que maneira palavras e expressotildees deveriam ser empregadas ou criticando

seu uso Podem ser monoliacutengues (uma soacute liacutengua) biliacutengues (duas liacutenguas) triliacutengues (trecircs

liacutenguas) ou multiliacutengues

Como trazem sempre informaccedilotildees que interessam ao consulente Biderman (1998

p 15) assinala a importacircncia do dicionaacuterio de liacutengua como porta-voz da norma lexical

corrente na sociedade jaacute que esses manuais fazem uma descriccedilatildeo do vocabulaacuterio da liacutengua em

questatildeo buscando registrar e definir os signos lexicais que referem os conceitos elaborados e

cristalizados na cultura Eacute fato que essas obras exercem desde eacutepocas antigas funccedilotildees

normativas e informativas na sociedade

Aleacutem de estabilizar conceitos o dicionaacuterio normativiza a liacutengua no que concerne agrave

ortografia e agraves variaccedilotildees morfossintaacuteticas Ele tambeacutem informa sentidos vocabulares

operados no seio de uma dada comunidade num dado periacuteodo de tempo ndash comporta portanto

a memoacuteria das sociedades de diferentes eacutepocas

10

LARA citado por KRIEGER 2006 p173-187

27

1211 Os dicionaacuterios na eacutepoca do Brasil Colocircnia

O saber lexicograacutefico se inicia no Brasil com os primeiros escritos sobre o paiacutes

Nesse sentido surge juntamente com a etnografia (conhecimento de povos indiacutegenas) a

economia (mercantilismo) e a geopoliacutetica (expansatildeo territorial das naccedilotildees europeias) Os

relatos de viajantes colonos e missionaacuterios estatildeo pontuados por citaccedilotildees de termos indiacutegenas

de modo que eacute formada uma constelaccedilatildeo de comentaacuterios lexicais Os comentaacuterios dos

viajantes se direcionam para as coisas do Novo Mundo de maneira que a questatildeo da

referecircncia torna-se importante Ao descrever as novidades do paiacutes esses falantes colocam em

evidecircncia os referentes Fala-se de lugares animais plantas nunca vistos fala-se de coisas

natildeo idecircnticas mas semelhantes constata-se a existecircncia ou inexistecircncia de coisas Nessas

circunstacircncias a organizaccedilatildeo dos espaccedilos lexicais estaacute intimamente relacionada com a

geografia e a economia com os interesses de conquista e de comeacutercio

Biderman (2002 p 65) acrescenta ainda que nos primeiros seacuteculos da

colonizaccedilatildeo processa-se lentamente a aculturaccedilatildeo dos nativos por meio do idioma portuguecircs

quando os jesuiacutetas ensinavam os iacutendios a falar portuguecircs Contudo nesses primeiros seacuteculos a

liacutengua portuguesa encontrara em terras brasileiras um forte concorrente o Tupi uma liacutengua

franca empregada em grande parte do territoacuterio brasileiro Essa liacutengua geral falada em toda

costa brasileira ldquoera simples e de reduzido material morfoloacutegico natildeo possuiacutea declinaccedilatildeo nem

conjugaccedilatildeordquo (SILVA NETO 1976 p 50) Os jesuiacutetas usaram-na como instrumento de

evangelizaccedilatildeo dos indiacutegenas Portanto o contexto brasileiro nesse periacuteodo eacute marcado pela

descriccedilatildeo de liacutenguas indiacutegenas nos iniacutecios da colonizaccedilatildeo11

Quanto agrave gramatizaccedilatildeo afirma Horta (2002 p 72)

[] nesse periacuteodo atingiu apenas trecircs liacutenguas indiacutegenas o tupinambaacute (ou tupi) que

era falado na costa o kariri e o manau aleacutem das chamadas liacutenguas gerais Destacam-

se as gramaacuteticas do tupi de Anchieta (1595) e de Figueira (1621) e do kariri de

Mamiani (1699) bem como o Vocabulaacuterio na Liacutengua Brasiacutelica Este uacuteltimo deve ter

sido composto durante a segunda metade do seacuteculo XVI e no iniacutecio do XVII

11

Ateacuteo fim do seacuteculo XVIII tinham sido publicado as duas gramaacuteticas e dois catecismos em tupinambaacute aleacutem de

observaccedilotildees gramaticais textos e palavras dessa mesma liacutengua em obras francesas e uma gramaacutetica e dois

catecismos em kariri liacutengua do interior da Bahia e SergipeSomente isso Ineacuteditos que natildeo se perderam incluem

um dicionaacuterio e outros documentos do tupinambaacute e um catecismo na liacutengua amazocircnica manau aleacutem de muitos

documentos sobre a Liacutengua Geral Amazocircnica e um sobre a Liacutengua Paulista (ambas formas do tupi antigo

assumidas no uso dos mesticcedilos) Perderam-se entretanto muitos escritos certamente importantes como os

dicionaacuterios das liacutenguas Maromimim (ou Guarulho) e kariri e os catecismos em sete liacutenguas amazocircnicas feitos

pelo Pe Antocircnio VieiraEm resumo em trecircs seacuteculos da colonizaccedilatildeo do Brasil soacute nos ficaram documentos sobre

trecircs liacutenguas nativas tupinambaacute kariri e manau (RODRIGUES 1993 v 8 p86)

28

Contudo a decadecircncia da liacutengua geral comeccedilara a intensificar-se nos setecentos

por causa de maciccedila imigraccedilatildeo de portugueses para o Brasil atraiacutedos pela descoberta das

minas gerais e tambeacutem em decorrecircncia das determinaccedilotildees e ordens do Marquecircs de Pombal

para que na Colocircnia soacute se falasse a liacutengua portuguesa

Ao longo de sua histoacuteria conforme afirma Krieger12

o Brasil jamais contou com

uma poliacutetica linguiacutestica que levasse agrave valorizaccedilatildeo de alguma obra lexicograacutefica a despeito do

projeto da Academia Brasileira de Letras De toda forma os primeiros dicionaacuterios que por

diferentes razotildees e interesses passam a contemplar a realidade linguiacutestica do Brasil

desempenharam tambeacutem o papel de fixar a unidade e a pluralidade do portuguecircs aqui falado

A identificaccedilatildeo das estrateacutegias lexicograacuteficas de fixaccedilatildeo de nosso leacutexico contribui para a

histoacuteria da identidade do Portuguecircs Brasileiro tema em torno do qual muita polecircmica jaacute se

estabeleceu

Eacute importante explicitar que entendemos o processo de dicionarizaccedilatildeo como a

descriccedilatildeo e instrumentaccedilatildeo de uma liacutengua no dicionaacuterio Nunes (2006 p 43) salienta que

Considerar o dicionaacuterio como um instrumento linguiacutestico implica concebecirc-lo com

uma alteridade para o sujeito falante alteridade que se torna uma injunccedilatildeo no

processo de identificaccedilatildeo nacional educaccedilatildeo e divulgaccedilatildeo de conhecimentos

linguiacutesticos [] Assim o dicionaacuterio se apresenta como uma exterioridade para o

sujeito e interfere na relaccedilatildeo que ele entreteacutem com a liacutengua em determinadas

conjunturas

Ressalta Nunes (2002 p100) que a compreensatildeo da historicidade da

dicionarizaccedilatildeo traz elementos para abordar questotildees de eacutetica e de poliacutetica linguiacutestica levando-

se em conta o processo de produccedilatildeo dos dicionaacuterios com os diversos fatores soacutecio-histoacutericos

aiacute envolvidos

Como aparece um saber dicionariacutestico no Brasil Esta questatildeo suscita uma seacuterie

de apontamentos conforme um ou outro criteacuterio Se considerarmos a unidade da palavra

conforme Biderman (2005 p47) desde os primeiros relatos de viajantes temos um saber que

se volta para os termos empregados no Brasil sejam as nomeaccedilotildees em liacutengua portuguesa

desde Caminha (1500) sejam termos indiacutegenas traduzidos e comentados desde Pigafeta em

1519 como aponta Neiva (1940) Se considerarmos a forma acabada do dicionaacuterio os

biliacutengues portuguecircs-tupi foram os primeiros a aparecer na Eacutepoca Colonial (seacutec XVI-XVII)

Segundo Horta (2002 p72) o processo de dicionarizaccedilatildeo brasileiro pode ser

visualizado nas seguintes etapas i) transcriccedilatildeo alfabeacutetica de termos indiacutegenas ii) citaccedilotildees

12

Alfa Satildeo Paulo 50 (2) 173-187 2006

29

comentaacuterios traduccedilotildees de termos indiacutegenas diaacutelogos iii) listas temaacuteticas de palavras LI-LP

(Liacutengua Indiacutegena e Liacutengua Portuguesa) e LP-LI iv) dicionaacuterios biliacutengues LP-LI v)

dicionaacuterios biliacutengues LI-LP vi) dicionaacuterios monoliacutengues de LP no Brasil

12111 Dicionaacuterios Biliacutengues

Os jesuiacutetas desde sua chegada em 1549 no Brasil estabeleceram uma orientaccedilatildeo

para os estudos de liacutengua indiacutegena com fins catequeacuteticos da qual resultou a triacuteade gramaacutetica-

dicionaacuterio-doutrina Satildeo portanto os primeiros dicionaacuterios alfabeacuteticos brasileiros concebidos

por missionaacuterios obras biliacutengues (portuguecircs-indiacutegena)

O Vocabulaacuterio na Liacutengua Brasiacutelica (VLB) anocircnimo circulou pelas missotildees e

coleacutegios jesuiacutetas do Brasil na segunda metade do seacuteculo XVI e nos seacuteculos XVII e XVIII Satildeo

conhecidos vaacuterios manuscritos desse dicionaacuterio que natildeo foi publicado integralmente senatildeo

em 1938 por Pliacutenio Ayrosa Essa obra traz a representaccedilatildeo de uma unidade do espaccedilo

linguiacutestico brasileiro a chamada ldquoliacutengua brasiacutelicardquo a que Anchieta se refere tambeacutem como ldquoa

liacutengua mais falada na costa do Brasilrdquo e foi elaborado com o interesse praacutetico de ensinar aos

missionaacuterios a liacutengua indiacutegena a fim de converter os nativos

Outro dicionaacuterio bastante importante na eacutepoca colonial eacute o Dicionaacuterio Portuguecircs-

Brasiliano (DPB) publicado em Lisboa em 1795 O percurso que vai desde o manuscrito do

DPB ateacute sua ediccedilatildeo reflete a substituiccedilatildeo da praacutetica jesuiacutetica banida do paiacutes em 1759 pela

praacutetica editorial e de arquivo que vem marcar o final do seacuteculo XVII e iniacutecio do XVIII Esta

acentuaria com a chegada da imprensa ao Brasil e com a poliacutetica linguiacutestica promovida pelo

Impeacuterio

Outro momento de destaque na histoacuteria dos dicionaacuterios biliacutengues no Brasil foi o

aparecimento do primeiro dicionaacuterio (liacutengua indiacutegena-liacutengua portuguesa) Ainda na forma

manuscrita encontram-se dois dicionaacuterios o manuscrito do Dicionaacuterio Brasiliano-Portuguecircs

(DBP) de Frei Veloso e o manuscrito do Vocabulaacuterio na Liacutengua Geral (VLG- Poranduba) de

Frei Prazeres do Maranhatildeo(1826)

Alguns estudiosos brasileiros (Gonccedilalves Dias Ferreira Franccedila Prazeres do

Maranhatildeo) e estrangeiros (Martius Platzman) realizaram compilaccedilotildees de dicionaacuterios dos

jesuiacutetas no Brasil acrescentando ou suprimindo termos atualizando o corpo dos verbetes

introduzindo comentaacuterios gramaticais ou mesmo reduzindo os dicionaacuterios de caraacuteter

enciclopeacutedico a glossaacuterios termo a termo Podemos incluir dentre as obras produzidas nesse

contexto a Chrestomathia da Liacutengua Brasiacutelica de Ferreira Franccedila (Leipzig 1859) e o

30

Dicionaacuterio da liacutengua geral Brasiacutelica portuguecircs e alematildeo inserido na Glossaria Linguarum

Brasiliensium de Martius (1863)

12112 Dicionaacuterios Monoliacutengues

Publicado em Lisboa pela Typographia Lacerdina o primeiro dicionaacuterio

monoliacutengue do portuguecircs o Dicionaacuterio da Liacutengua Portuguesa datado de 1789 elaborado

pelo brasileiro Antocircnio de Moraes Silva constitui um marco na histoacuteria da lexicografia

brasileira A obra de Moraes preencheu o horizonte metalinguiacutestico ao longo dos seacuteculos XIX

e XX como um verdadeiro siacutembolo natildeo soacute da lexicografia mas da liacutengua em geral e da

cultura portuguesa

Moraes tomou por base o Vocabulaacuterio Portuguecircs e Latino de Raphael Bluteau e

resumiu os oito volumes daquele a apenas dois mantendo a orientaccedilatildeo de seu antecessor de

exaltar os grandes autores de liacutengua portuguesa A obra teve oito reediccedilotildees no seacuteculo XIX

(1813 1823 1831 1844 1858 18771878 1891 9a ed sd)

Na segunda ediccedilatildeo de 1813 Moraes acrescenta nos textos introdutoacuterios uma

gramaacutetica filosoacutefica aos moldes da Gramaacutetica de Port Royal o que mostra a filiaccedilatildeo agraves

concepccedilotildees racionalistas da eacutepoca

Em 1922 recebeu uma ediccedilatildeo comemorativa do centenaacuterio da Independecircncia no

Brasil a qual reproduz a segunda ediccedilatildeo de 1813 a primeira em que Moraes inclui seu nome

como autor Uma ediccedilatildeo ampliada foi publicada pela Editora Confluecircncia em 1949-59

organizada por Augusto Moreno Cardoso Juacutenior e Joseacute Pedro Machado

O Dicionaacuterio da Liacutengua Portuguesa ou o Dicionaacuterio de Moraes eacute considerado

pelos lexicoacutegrafos uma obra fundadora da lexicografia de liacutengua portuguesa servindo de base

para a confecccedilatildeo de outros dicionaacuterios em Portugal e no Brasil

Na eacutepoca do Brasil Colocircnia no que diz respeito aos dicionaacuterios monolingues

referentes agrave Liacutengua Portuguesa a partir do seacuteculo XVIII aleacutem do dicionaacuterio de Moraes

(1789) satildeo considerados representativos o Novo Dicionaacuterio da Liacutengua Portugueza (1855) de

Eduardo de Faria o Diccionario Manual Etymologico da Lingua Portugueza de Francisco

Adolfo Coelho e o Diccionario Contemporaneo da Liacutengua Portugueza de Francisco Caldas

Aulete publicado em 1881

Em se tratando de obras consideradas brasileiras os estudiosos apontam os

primeiros dicionaacuterios datados do seacuteculo XIX a saber o Diccionario Brazileiro para Servir de

Complemento aos Diccionarios de Lingua Portugueza (1853) de Costa Rubim o Diccionario

31

Brazileiro da Lingua Portugueza (1888) de Macedo Soares e o Diccionario de Vocabulos

Brazileiros (1889) de Beaurepaire-Rohan

Em todas essas trecircs obras citadas acima observam-se palavras tiacutepicas do Brasil

chamadas ldquobrasileirismosrdquo Essas obras contribuiacuteram para se questionar ldquoo caraacuteter normativo

do dicionaacuterio dando-lhe uma caracteriacutestica mais descritivardquo13

13 Terminologia

A Terminologia pode ser definida segundo Barros (2007 p 11) como o estudo

cientiacutefico dos termos usados nas liacutenguas de especialidade ou melhor empregados em

discursos e textos de aacutereas teacutecnicas cientiacuteficas e especializadas

O termo eacute entendido como ldquodesignaccedilatildeo por meio de uma unidade linguiacutestica de

um conceito definido em uma liacutengua de especialidaderdquo (ISO 1087 1990 p5) O termo eacute

portanto uma unidade lexical que designa um conceito de um domiacutenio de especialidade Eacute

tambeacutem chamado de unidade terminoloacutegica O conjunto de termos de uma aacuterea especializada

chama-se conjunto terminoloacutegico ou terminologia

O campo de pesquisa proacuteprio da Terminologia satildeo as chamadas liacutenguas de

especialidade entendidas como ldquosistemas de comunicaccedilatildeo oral ou escrita usados por uma

comunidade de especialistas de uma aacuterea particular do conhecimentordquo (PAVEL NOLET apud

BARROS 2007 p11)

Apesar de a Terminologia ser a mais contemporacircnea das ciecircncias do leacutexico o

reconhecimento formal de vocabulaacuterios especiacuteficos de determinadas aacutereas de conhecimento

especializado datam de mais de trecircs seacuteculos quando jaacute vinham com ldquomarcas de usordquo em

dicionaacuterios de liacutengua

Obra monoliacutengue o denominado dicionaacuterio geral de liacutengua consiste na referecircncia

primeira do fazer lexicograacutefico na diversificada tipologia de obras dicionariacutesticas Tal tipo de

dicionaacuterio registra o leacutexico geral de um idioma reunindo seu conjunto de palavras e locuccedilotildees

da forma mais abrangente possiacutevel Alguns desses dicionaacuterios incluem tambeacutem terminologias

em seus repertoacuterios entendendo que essas integram o componente lexical das liacutenguas Nessas

obras entende-se por terminologia o conjunto de palavras marcadas pela temaacutetica de uma

aacuterea de especialidade por exemplo a terminologia da fiacutesica quacircntica da medicina da

informaacutetica a terminologia juriacutedica ou a terminologia naacuteutica ndash essa uacuteltima nosso objeto de

estudo

13

DIAS BEZERRA 2006 p 30

32

Usamos a liacutengua comum no dia-a-dia mas usamos a linguagem especializada

quando falamos sobre uma aacuterea do conhecimento e empregamos palavras que dentro dessa

aacuterea tecircm um significado particular Assim sendo para noacutes neste objeto de estudo os termos

satildeo acima de tudo unidades lexicais que tecircm a particularidade de ocorrer em discursos

especializados assumindo neles significaccedilotildees especiacuteficas e podendo em consequecircncia

denominar conceitos cientiacuteficos eou teacutecnicos

14 O Diccionario da Lingua Brasileira de Luiz Maria da Silva Pinto

Sobre os primoacuterdios da lexicografia brasileira voltamos nossos olhares para

aquela que teria sido a primeira obra escrita editada e impressa no Brasil ndash o Diccionario da

Lingua Brasileira de Luiz Maria da Silva Pinto

FOTO 1 Diccionario da Lingua Brasileira

Fonte acervo pessoal

Praticamente desconhecida dos pesquisadores ateacute fins do seacuteculo XX por

iniciativa do professor Joatildeo Mendonccedila Teles ndash do Instituto Histoacuterico e Geograacutefico Brasileiro

ndash essa obra foi reeditada em ediccedilatildeo fac-siacutemile com patrociacutenio da Caixa Econocircmica Federal

pela Sociedade Goiana de Cultura e pelo Centro de Cultura Goiana da Universidade Catoacutelica

de Goiaacutes do qual Teles era coordenador em 1996

33

FOTO 2 Detalhe da capa do Diccionario

Fonte acervo pessoal

Sabemos que a histoacuteria da imprensa no Brasil tem seu iniacutecio oficial em 1808 com

a chegada da famiacutelia real portuguesa Antes dessa eacutepoca toda atividade de imprensa -

publicaccedilatildeo de jornais livros ou panfletos ndash era proibida conforme Carta Reacutegia de 1706 que

mandava sequestrar e destruir qualquer modalidade de atividade tipograacutefica que fosse

encontrada como tambeacutem punir seus proprietaacuterios Mesmo assim em caraacuteter clandestino

algumas impressotildees foram realizadas em Minas dentre elas citamos o poema laudatoacuterio

escrito por Diogo Pereira Ribeiro de Vasconcelos intitulado Canto Encomiaacutestico publicado

por Padre Viegas14

Padre Viegas ou o Padre Joaquim Viegas de Menezes em funccedilatildeo dos

conhecimentos especializados que possuiacutea dirigiu em 1820 em Ouro Preto juntamente com

o artiacutefice portuguecircs Manuel Joseacute Barbosa Pimenta e Sal e alguns operaacuterios a construccedilatildeo da

primeira tipografia mineira a Tyipografia Patriacutecia assim denominada em referecircncia agrave paacutetria

Daacute-se nessa tipografia o iniacutecio da imprensa perioacutedica em Minas Gerais com a circulaccedilatildeo do

jornal Compilador Mineiro em 13 de outubro de 182315

encerrada em 9 de janeiro de 1824

Apenas trecircs dias apoacutes o seu desaparecimento surgiu impresso na mesma tipografia e com o

objetivo expresso de substituir o Compilador o perioacutedico A Abelha do Itaculumy (1824-

1825)

Ainda nesse periacuteodo em 8 de abril de 1822 o goiano que residia em Ouro Preto

o major Luiz Maria da Silva Pinto propotildee a iniciativa de um plano para a instalaccedilatildeo da

primeira tipografia oficial do Estado aleacutem da publicaccedilatildeo de uma folha como porta-voz dos

atos governamentais Esse major foi o principal impressor de Ouro Preto durante vaacuterios anos

14

SEABRA 2008 p 151 15

COSTA FILHO A Imprensa Mineira no Primeiro Reinado

34

tornando-se o administrador do estabelecimento real A graacutefica real estreia tipos e prelos com

a produccedilatildeo dos impressos avulsos do poder oficial da Capitania e das diversas reparticcedilotildees

puacuteblicas aleacutem de papeis de encomenda particular

Luiz Maria da Silva Pinto nasceu em Pilar de Goiaacutes em 15 de marccedilo de 1775 e

faleceu em 20 de dezembro de 1869 em Vila Rica hoje Ouro Preto aos 94 anos de idade Era

filho de Joseacute Pinto da Silva e de Joaquina Maria Zunega Iniciou seus estudos em Goiaacutes

completando-os em Ouro Preto cidade para onde se transferiu em companhia de sua matildee e

irmatilde Em Ouro Preto eacute crismado por Tomaacutes Antocircnio Gonzaga e sob a proteccedilatildeo de Frei

Domingos da Encarnaccedilatildeo Pontevel Silva Pinto avanccedila em seus estudos Foi secretaacuterio do

Palaacutecio do Governo nomeado por Visconde de Barbacena e mais tarde por promoccedilatildeo ao

cargo de oficial-mor e logo em seguida major Foi tambeacutem Deputado Provincial

Procurador Fiscal da Mesa de Rendas de Minas tendo sido nomeado vice-diretor geral da

Instituiccedilatildeo Segundo Teixeira de Freitas16

Silva Pinto pode ser considerado o pai da

estatiacutestica geral mineira uma vez que quando secretaacuterio da Proviacutencia promoveu um

inqueacuterito estatiacutestico-cronograacutefico em 23 de julho de1825 aleacutem de um levantamento por ele

organizado em 1854 por ordem do Presidente de Proviacutencia Francisco D Pereira de

Vasconcellos Freitas afirma que vaacuterios satildeo os documentos que demonstram esforccedilos

repetidos da administraccedilatildeo mineira em prol da estatiacutestica geral17

Entre suas obras destaca-se

ainda O Mapa Geodeacutesio de Minas Gerais editado em 1825 Silva Pinto foi ainda membro

do Instituto Histoacuterico e Geograacutefico Brasileiro patrono da cadeira nuacutemero 29 da Academia de

Letras de Goiaacutes18

16

Diretor Geral de Informaccedilotildees Estatiacutesticas e Divulgaccedilatildeo do Ministeacuterio da Educaccedilatildeo em 1931 17

FREITAS 1940 18

MAPA Disponiacutevel em lthttpacademiagoianadeletrasorgmembroluiz-maria-da-silva-pintogt Acesso em 1

abr 2011

35

FOTO 3 Casa de Silva Pinto em Ouro Preto19

Fonte acervo pessoal

FOTO 4 Localizaccedilatildeo da casa de Silva Pinto em Ouro Preto -

Vista de Vila Rica 1820 de Armand Julien Palliegravere

Fonte acervo pessoal

Sobre as impressotildees causadas pelo Diccionario da Lingua Brasileira no meio

intelectual e ainda sobre seu autor o goiano Luiz Maria da Silva Pinto destacamos as vozes

de

a) Joseacute Pedro Xavier da Veiga ndash nas Efemeacuterides Mineiras em data de 19 de setembro de

1869 Xavier da Veiga registra o oacutebito de Luiacutes Maria da Silva Pinto consagrando-lhe uma

19

Localizada na Rua Claacuteudio Manuel nordm 129 Centro Atualmente Repuacuteblica Maracangalha propriedade da

Escola de Farmaacutecia e Bioquiacutemica de Ouro Preto UFOP

36

paacutegina biograacutefica em que aponta os seus relevantissimos serviccedilos agrave administraccedilatildeo puacuteblica de

Minas Gerais desde a uacuteltima fase do govecircrno colonial e durante meio seacuteculo Dizendo-o

homem muito inteligente extraordinariamente trabalhador e dotado de espiacuterito de organizaccedilatildeo

e de pesquisa Xavier da Veiga (1897 p 47-52) afirmando nunca ter visto o dicionaacuterio

disserta

Tambeacutem durante muitos anos o major Luiacutes Maria da Silva Pinto possuiu e dirigiu

oficinas tipograacuteficas em Ouro Precircto editando nelas muitos livros alguns bem

volumosos e em tempos difiacuteceis para a imprensa no interior do paiacutes Entre os

aludidos livros figura um dicionaacuterio portuguecircs de sua proacutepria composiccedilatildeo ao qual

deu o tiacutetulo de Dicionaacuterio da liacutengua brasileira e cujos exemplares satildeo hoje

rariacutessimos

b) Affonso E de Taunay20

ndash na obra Inopia cientiacutefica e vocabular dos grandes dicionarios

portuguezes (1932 p 147) Taunay destaca

Quarenta annos apoacutes o apparecimento do Diccionario de Moraes novo tentame de

igual natureza ao do lexicographo fluminense se daria no Brasil muito embora delle

resultase obra de mediocre valor hoje quasi totalmente esquecido o Diccionario da

Lingua Brasileira Pela terceira vez creio apparecia o nosso patronymico nacional aacute

portada dos diccionarios da lingua Fizera Bluteau garbo de que o seu tambem

[seria] brasilico entre numerosos outros predicados E Moraes como bom brasileiro

timbrara em lembrar que o seu lexico recolhera milhares de palavras de sua terra

Mas Silva Pinto fora adiante redigira um diccionario da lingua brasileira

Infelizmente poreacutem natildeo lhe correspondeu a obra aacute altissonacircncia do programma

constante do patriotico titulo Deve ter sido composto por homem inteligente e lido

que se valeu natildeo ha duvida e muito dos trabalhos de Moraes mas nem por isto

deixou de levantar em homenagem aacute riqueza vocabular da liacutengua luso-brasileira ateacute

hoje tatildeo deficiente tatildeo mesquinhamente invetariada Eacute um tanto obscura a

biographia deste nosso segundo diccionarista Luiz Maria da Silva Pinto

c) Eduardo Frieiro ndash no artigo um velho dicionaacuterio impresso em Minas21

(1955) destacamos

as impressotildees de Frieiro

Acham-se vinculados aos primeiros tempos da Tipografia em Minas trecircs nomes que

natildeo podem ser esquecidos o do mineiro Padre Viegas de Meneses o do portuguecircs

Manuel Joseacute Barbosa Pimenta e Sal e o do goiano Luiacutes Maria da Silva Pinto []

Administrava a oficina provincial o major Luis Maria da Silva Pinto que durante

vaacuterias deacutecadas foi o principal impressor de Ouro Precircto jaacute como gerente do

estabelecimento oficial jaacute como editor particular proprietaacuterio da Tipografia de

Silva cuja marca tenho encontrado em diversas obras dadas a lume de 1827 a 1848

Algumas eram de autoria do operoso Silva Pinto que chegou mesmo a publicar um

Diccionario da lingua brasileira portaacutetil de 1132 paacuteginas para remediar a penuacuteria

de vocabulaacuterios ocorrente na Proviacutencia Era o Dicionaacuterio uma compilaccedilatildeo apressada

feita pelo proacuteprio impressor que tambeacutem editou para uso das escolas de primeiras

letras numerosos voluminhos dos quais posso citar os tiacutetulos de alguns que possuo

a saber Ortografia ou Arte de escrever (1829) Aritmeacutetica ou Arte de contar (1831)

Princiacutepios da Moral cristatilde (1846) e Gramaacutetica brasileira ou Arte de falar conforme

20

TAUNAY 1932 p182 21

FRIEIRO 1955 p390-397

37

as regras da Manuel Borges Carneiro (1847) Embora se intitulasse Dicionaacuterio da

liacutengua brasileira nada tinha que ver com a fala dos aboriacutegenes nem com os

particularismos da liacutengua corrente no Brasil Era um pequeno leacutexico da liacutengua

portuguecircsa com alguns escassos brasileirismos colhidos provagravevelmenle em Moraes

Silva O caso eacute que naquela eacutepoca achando-se os Brasileiros ainda na lua de mel da

independecircncia nacional o espiacuterito nativista entatildeo muito alvoroccedilado natildeo se

contentava unicamente com a autonomia poliacutetica almejava romper todos os laccedilos

que ainda nos atavam agrave repudiada Metroacutepole inclusive o liame infrangiacutevel da liacutengua

materna Como natildeo era possiacutevel fabricar uma com peccedilas totalmente novas

chamava-se brasileira agrave liacutengua que sem deixar de ser portuguesa eacute de qualquer

forma tambeacutem a nossa

d) L G ndash que assina a nota do recorte do jornal22

(sem data) abaixo apresentado

FOTO 5 Notiacutecia de jornal

Fonte acervo pessoal

e) Paulo Mario Beserra de Araujo ndash neste iniacutecio de seacuteculo XX quando a ciecircncia linguiacutestica se

volta para a anaacutelise de dicionaacuterios e as versotildees digitais de obras se encontram disponibilizadas

na internet Araujo (2009) realizou um ldquoensaio metalexicograacutefico analiacutetico comparativo e

criacuteticordquo do Diccionario de Silva Pinto publicado com o tiacutetulo Um diccionario sem auctor

versus hum auctorlsquo com diccionario Esse pesquisador buscando estudar o que motivou

Silva Pinto a delimitar a macroestrutura de seu dicionaacuterio (cf Araujo 2009 p 9-10) mostra

inuacutemeras semelhanccedilas da obra desse autor ndash o Diccionario da Lingua Brasileira com a obra

22

Recorte encontrado na contra-capa do volume do Diccionario do Museu da Inconfidecircncia em Ouro Preto

poreacutem natildeo haacute informaccedilotildees sobre a autoria

38

ldquosem autor declarado pelo editor impressor e livreiro Francisco Rollandrdquo23

denominada

Novo Diccionario da Liacutengua Portugueza ediccedilatildeo de 1806 ldquodisponiacutevel desde 23 de fevereiro

de 2007 no website booksgoogle obtida do original existente na Taylor Institution Library

da Oxford University Oxford Inglaterrardquo24

Apoacutes um cuidadoso estudo Arauacutejo conclui que a

ldquoanaacutelise comparativa efetuada permite constatar que a semelhanccedila entre as duas obras estaacute

aleacutem do que pode ser classificado como compilaccedilatildeordquo25

Apresentamos a seguir a folha de rosto do Diccicionario da Liacutengua Brasileira

FOTO 6 Diccionario da Lingua Brasileira (1832) Fonte acervo pessoal

Diferentemente de seu colega editor responsaacutevel pela obra similar portuguesa

Silva Pinto assina a obra brasileira Com esse comportamento o consulente entende que cabe

a ele aleacutem da ediccedilatildeo a autoria do dicionaacuterio Entretanto no proacutelogo apresentado esse autor

se coloca como impressor natildeo como autor ndash ldquome suggerio o projecto de imprimir este

auxiliante da Grammatica e da Orthographiardquo deixa claro tambeacutem que a obra ao ser editada

jaacute contava com um nuacutemero de leitores ou ldquoassignantesrdquo mais do que suficientes para sua

confecccedilatildeo Isso nos leva a refletir que Silva Pinto realizou um trabalho de ediccedilatildeo de uma obra

portuguesa de faacutecil manuseio visando atender aos brasileiros Salientamos que apesar do

23

ARAUJO 2009 p 13 24

Ibidem p 10 25

Ibidem p 78

39

tiacutetulo se referir agrave variante do portuguecircs brasileiro esse dicionaacuterio tem um caraacuteter normativo

ateacute mesmo preconceituoso conforme podemos inferir no trecho do proacutelogo em que

destacamos a preocupaccedilatildeo do autor em mostrar que no nosso leacutexico havia palavras da liacutengua

portuguesa e natildeo somente dlsquoaquellas que proferem os Iacutendios Posiccedilatildeo conservadora sem

duacutevida

FOTO 7 Prologo do Diccionario da Lingua Brasileira

Fonte acervo pessoal

Mais do que descrever o leacutexico brasileiro dos primeiros anos dos oitocentos com

certeza o Diccionario da Lingua Brasileira do goiano Luiz Maria da Silva Pinto tinha como

objetivo ser prescritivista conduta bastante comum nessa eacutepoca

Publicado dez anos depois da Independecircncia do Brasil o dicionaacuterio nesse

contexto constitui-se como um instrumento de divulgaccedilatildeo da nova naccedilatildeo e da posiccedilatildeo

poliacutetica de seu editor diante dos acontecimentos histoacutericos Como homem respeitado na

sociedade local em um periacuteodo em que o Brasil acabava de ser tornar independente de

Portugal Silva Pinto se preocupava com os rumos que a liacutengua portuguesa poderia tomar e

40

como editor colocou-se como ldquoprotetorrdquo do portuguecircs lusitano ldquobem faladordquo em terras

brasileiras

A imagem que apresentamos a seguir destaca a paacutegina do dicionaacuterio que trata

das abreviaturas da obra com a inserccedilatildeo de vaacuterias terminologias dentre elas a terminologia

naacuteutica objeto de anaacutelise desta Pesquisa

IMAGEM 1 Lista de abreviaturas proposta pelo Diccionario da Lingua Brasileira

Dada a estreita relaccedilatildeo entre cultura e leacutexico abordaremos no proacuteximo capiacutetulo as

grandes navegaccedilotildees destacando a navegaccedilatildeo portuguesa em terras brasileiras

41

Capiacutetulo 2

42

Capiacutetulo 2 ndash Contextualizaccedilatildeo histoacuterica

21 As grandes navegaccedilotildees

A aventura mariacutetima portuguesa natildeo foi um marco isolado Ela se fez no contexto

de uma das maiores aventuras expansionistas empreendidas pelo homem e se tornou

conhecida como grandes navegaccedilotildees De costas para Castela e de frente para o mar a uacutenica

forma de Portugal expandir seus domiacutenios era enfrentar as aacuteguas desconhecidas

Desde 1385 com a ascensatildeo de D Joatildeo I ao trono apoacutes a Revoluccedilatildeo de Avis

antes de qualquer outro paiacutes europeu Portugal jaacute possuiacutea um Estado centralizado apoiado por

uma burguesia mercantil forte e disposta a investir na expansatildeo a fim de ampliar suas

possibilidades de lucros Construiacuteram caravelas principal meio de transporte mariacutetimo e

comercial do periacuteodo desenvolvidas com qualidade superior agraves de outras naccedilotildees Neste paiacutes

tambeacutem houve a preocupaccedilatildeo com os estudos naacuteuticos pois os portugueses chegaram a criar

ateacute mesmo um centro de estudos a Escola de Sagres Nesse centro o Infante Dom Henrique

filho do Rei Dom Joatildeo I reuniu numerosos pilotos cartoacutegrafos e astrocircnomos cujos trabalhos

favoreceram o avanccedilo da arte de navegar e impulsionaram a expansatildeo mariacutetima portuguesa A

partir daiacute com o aprimoramento da cartografia ndash em especial com o desenvolvimento das

cartas naacuteuticas ndash e com o avanccedilo das teacutecnicas de navegaccedilatildeo recorrendo ao que havia de mais

novo no campo cientiacutefico tais como a ampliaccedilatildeo dos conhecimentos sobre correntes

mariacutetimas o uso do astrolaacutebio e da buacutessola que permitia navegaccedilotildees mais seguras

privilegiando a situaccedilatildeo geograacutefica de seu paiacutes os portugueses partiram para as grandes

expediccedilotildees mariacutetimas

Entre os grandes obstaacuteculos vencidos para que fossem aleacutem do conhecido mar

Mediterracircneo estavam o medo e vaacuterias preacute-concepccedilotildees Foi necessaacuterio um longo processo de

mudanccedilas para que o povo europeu apostasse na teoria da esfericidade da Terra e se

ldquoconvencesserdquo de que havia alguma possibilidade de ir aleacutem das aacuteguas jaacute navegadas desde

muito tempo

Durante os seacuteculos XV e XVI os europeus principalmente portugueses e

espanhoacuteis lanccedilaram-se nos oceanos Paciacutefico Iacutendico e Atlacircntico com dois objetivos

principais descobrir uma nova rota mariacutetima para as Iacutendias e encontrar novas terras Este

periacuteodo ficou conhecido como a Era das Grandes Navegaccedilotildees e Descobrimentos Mariacutetimos

O iniacutecio da expansatildeo portuguesa deu-se em 1415 com a conquista da cidade de

Ceuta no norte da Aacutefrica na costa do atual Marrocos importante centro comercial da eacutepoca ndash

ponto de convergecircncia de caravanas de comerciantes aacuterabes Depois de Ceuta os portugueses

43

continuaram suas conquistas contornando a Aacutefrica em um trajeto conhecido como peacuteriplo

africano A expansatildeo portuguesa incluiu a ilha da Madeira os Accedilores Cabo Verde a

ultrapassagem do Cabo Bojador (grande obstaacuteculo para a continuaccedilatildeo da viagem e muito

temido pelos navegadores por causa das fortes ondas e dos nevoeiros comuns na regiatildeo)

Senegal e Serra Leoa

Durante o peacuteriplo africano os portugueses desenvolveram a caravela um tipo de

barco adaptado agrave navegaccedilatildeo em mar aberto e comeccedilaram a esboccedilar o audacioso plano de

contornar o sul da Aacutefrica e chegar agraves Iacutendias

MAPA 1 As grandes navegaccedilotildees26

A chegada dos portugueses ao litoral da Ameacuterica em 1500 foi portanto uma

consequecircncia da expansatildeo ultramarina anteriormente realizada em vaacuterios cantos do mundo

As grandes navegaccedilotildees transformaram Portugal em um impeacuterio respeitado em

toda agrave Europa o interesse despertado pelas viagens transoceacircnicas natildeo soacute permitiu a expansatildeo

dos conhecimentos naacuteuticos com o desenvolvimento da buacutessola do astrolaacutebio das

embarcaccedilotildees e de mapas rudimentares denominados portulanos mas tambeacutem por ser o

primeiro paiacutes europeu a iniciar a expansatildeo ultramarina teve seu comeacutercio ampliado dominou

povos e terras impocircs um sistema de colonizaccedilatildeo imprimindo aiacute sua soberania religiatildeo

cultura e liacutengua

26

NAVEGACcedilOtildeES Disponiacutevel em lthttpwwwgooglecombrsearchhl=ptgt Acesso em 1 Abr 2011

44

O desenvolvimento do comeacutercio europeu nos seacuteculos XV XVI e XVII

favorecido pelas praacuteticas mercantilistas das monarquias absolutistas foi tambeacutem chamado de

revoluccedilatildeo comercial A revoluccedilatildeo comercial caracterizou-se pela integraccedilatildeo da Ameacuterica

Aacutefrica e Aacutesia agrave economia europeia atraveacutes da navegaccedilatildeo pelo Oceano Atlacircntico pelo

aumento da circulaccedilatildeo de mercadorias e de moedas pela criaccedilatildeo de novos meacutetodos de

produccedilatildeo de manufaturas pela ampliaccedilatildeo dos bancos dos sistemas de creacutedito seguros e

demais operaccedilotildees financeiras O crescimento da agricultura da mineraccedilatildeo da metalurgia da

navegaccedilatildeo da divisatildeo do trabalho do comeacutercio colonial promoveu uma grande acumulaccedilatildeo

de capital preparando a Europa para avanccedilos importantes na produccedilatildeo o corridos a partir do

seacuteculo XVIII

22 As navegaccedilotildees na eacutepoca do Brasil Colocircnia

A primeira exploraccedilatildeo do litoral do territoacuterio descoberto foi feita pela proacutepria

esquadra de Cabral que seguiu paralelamente agrave costa em direccedilatildeo norte procurando um porto

onde os navios ficassem abrigados A partir daiacute nos primeiros trinta anos o contato com as

terras brasileiras ficou limitado ao envio de algumas expediccedilotildees de reconhecimento e defesa

do litoral e outras com o objetivo de explorar o pau-brasil uacutenico artigo que poderia ser

convertido em lucros para Portugal

Em 1530 Dom Joatildeo III enviou ao Brasil a expediccedilatildeo de Martim Afonso de Sousa

cujos principais objetivos eram verificar a existecircncia de metais preciosos explorar e patrulhar

o litoral e estabelecer os fundamentos da colonizaccedilatildeo do Brasil Martim Afonso percorreu

quase todo o litoral brasileiro de Pernambuco enviou dois barcos para explorar o litoral

norte organizou expediccedilotildees rumo ao sertatildeo partindo de Cabo Frio e de Cananeia chegou ateacute

a foz do rio da Prata e depois retornou ao litoral paulista onde fundou a vila de Satildeo Vicente

(1532) Ali se organizaram alguns povoados iniciou-se o plantio da cana e foram construiacutedos

os primeiros engenhos da colocircnia Comeccedilava assim a colonizaccedilatildeo efetiva do Brasil apoiada

inicialmente na produccedilatildeo de accediluacutecar para o mercado externo

O aproveitamento sistemaacutetico dos recursos da terra brasileira em benefiacutecio da

metroacutepole portuguesa permitiu a fixaccedilatildeo de populaccedilotildees europeias na regiatildeo o que contribuiu

para a incorporaccedilatildeo dos modelos sociais culturais e religiosos europeus no Novo Mundo

45

MAPA 2 ldquoTerra Brasilisrdquo27

A busca de colocircnias constituiacutea um dos principais objetivos dos paiacuteses

mercantilistas europeus As aacutereas coloniais eram um excelente mercado consumidor dos

manufaturados europeus e fornecedor de mateacuterias-primas e produtos agriacutecolas tropicais

As colocircnias eram vistas como instrumentos de poder das metroacutepoles Por isso a

produccedilatildeo foi organizada de acordo com a poliacutetica econocircmica do mercantilismo tendo como

objetivo o fortalecimento do Estado nacional e a acumulaccedilatildeo de riquezas monetaacuterias nas matildeos

das burguesias europeias Cada metroacutepole preocupava-se fundamentalmente e manter a posse

de suas colocircnias como bem mostra Caacuteceres (1993 p 19)

A administraccedilatildeo colonial estava centralizada na metroacutepole e tinha por finalidade

baacutesica garantir que as colocircnias gerassem produtos para a metroacutepole a baixos custos e

consumissem os manufaturados metropolitanos a preccedilos mais altos O elemento

mais importante desse sistema era o monopoacutelio comercial das metroacutepoles sobre as

colocircnias cuja economia girava em torno das necessidades econocircmicas

metropolitanas e de sua burguesia

Ateacute mesmo as formas de produccedilatildeo das colocircnias eram organizadas de acordo com

as necessidades metropolitanas No Brasil colocircnia por exemplo foi introduzida a escravidatildeo

a fim de se obter uma produccedilatildeo em larga escala necessaacuteria agrave economia europeia Essas

colocircnias em aacutereas tropicais que produziam para o mercado externo eram chamadas colocircnias

de exploraccedilatildeo28

Sua economia era baseada na grande propriedade na monocultura e no

trabalho compulsoacuterio isto eacute obrigatoacuterio

Com o estado portuguecircs no Brasil aumentaram tanto as exportaccedilotildees quanto as

importaccedilotildees e consequentemente a necessidade de um satisfatoacuterio transporte mariacutetimo

27

TERRA BRASILIS Disponiacutevel em lthttpswwwmarmilbrdhndhnhistoricohtmlgt Acesso em 1 Abr 2011 28

CAacuteCERES 1993 p 19

46

Durante o seacuteculo XVI e iniacutecio do seacuteculo XVII o Brasil tornou-se o maior produtor de accediluacutecar

do mundo e o responsaacutevel pela riqueza dos senhores de engenho da Coroa e de comerciantes

portugueses poreacutem foi soacute com a vinda da famiacutelia real portuguesa para o Brasil que a

navegaccedilatildeo brasileira se intensificou

A chegada ao Rio de Janeiro do Priacutencipe Regente D Joatildeo e da Rainha D Maria I

fugindo das guerras napoleocircnicas na Europa foi um marco na histoacuteria da marinha brasileira

Nessa eacutepoca a marinha portuguesa encontrava-se decadente mas sua capacidade foi ampliada

para poder apoiar a ldquoEsquadra Realrdquo e os navios estrangeiros jaacute que o fluxo aumentou

consideravelmente em virtude da abertura dos portos brasileiros ao comeacutercio com outras

naccedilotildees Podemos dizer que a transmigraccedilatildeo da Famiacutelia Real portuguesa foi fundamental para

que mais tarde ocorresse a independecircncia unificada de todo o territoacuterio de colonizaccedilatildeo

portuguesa na Ameacuterica A cidade do Rio de Janeiro tornou-se sede do governo portuguecircs o

que gerou um surto de progresso em vaacuterios setores da sociedade colonial

IMAGEM 2 Primeira esquadra brasileira29

Posteriormente com as tentativas das Cortes de fazer D Pedro regressar para a

Europa iniciou-se a cisatildeo da Marinha de Portugal Desde o princiacutepio de 1822 alguns

comandantes de navios passaram a obedecer somente ao Priacutencipe e o apoiaram nas ocasiotildees

em que houve ameaccedilas de uso de forccedila Comeccedilava nesse periacuteodo a se formar o embriatildeo da

marinha do Brasil

29

ESQUADRA Disponiacutevel em lthttpwwwgooglecombrsearch3Fq3D2522Marinha2BImperial

2BBrasileiragt Acesso em 1 Abr 2011

47

23 As navegaccedilotildees na eacutepoca do Brasil Impeacuterio

Com a independecircncia do Brasil o primeiro governo encontrou a difiacutecil tarefa de

unificar o extenso territoacuterio brasileiro em cujo litoral encontravam-se os principais centros

urbanos ou seja era emergencial que o Estado possuiacutesse uma Esquadra e estabelecimentos de

apoio para manter a unidade nacional Para eliminar os focos de resistecircncia interna agrave

autoridade do novo Imperador que eram mais fortes nas proviacutencias da Bahia Maranhatildeo

Gratildeo-Paraacute e Cisplatina e rechaccedilar qualquer tentativa de recolonizaccedilatildeo por parte da antiga

metroacutepole foi necessaacuterio o aprestamento de forccedilas terrestres e principalmente o preparo de

uma forccedila naval capaz de obter o domiacutenio do mar interceptar a vinda de reforccedilos portugueses

bloquear as posiccedilotildees inimigas e manter livres as comunicaccedilotildees mariacutetimas do novo Impeacuterio

garantindo a unidade nacional Era preciso aleacutem da Esquadra possuir a capacidade de reparar

os navios existentes e construir outros

Segundo Bittencourt30

em fins de 1822 ldquoo material flutuante ainda era muito

escasso com navios que tinham sua origem na Marinha de Portugal e que passaram a constituir o

primeiro nuacutecleo da Esquadra brasileira composto pelas Fragatas Uniatildeo e Real Carolina Corvetas

Maria da Gloacuteria e Liberal Brigue Real Pedro Brigue-Escuna Real 13 escunas ndash das quais sete

encontravam-se estacionadas no Prata ndash e de aproximadamente 20 navios-transportes e

canhoneiras Os outros navios estacionados no Rio de Janeiro somente trecircs eram utilizaacuteveis a

Nau Martins de Freitas a Fragata Sucesso e o Brigue Reino Unido os quais foram prontamente

reparados no Arsenal de Marinha A Nau Priacutencipe Real que trouxe D Joatildeo VI ao Brasil soacute pocircde

ser utilizada como navio-prisatildeo devido ao peacutessimo estado que se encontravardquo

De acordo com Vale (1971 p 10)

[] a princiacutepio parecia natildeo haver falta de oficiais para a nova Marinha 160 tinham se

estabelecido no Brasil desde 1808 mas a maioria era de portugueses e tornou-se

necessaacuterio verificar primeiro sua lealdade Com esta finalidade Cunha Moreira

estabeleceu uma comissatildeo em 5 de dezembro de 1822 para perguntar a cada oficial se

ele desejava servir ao Brasil ou voltar para Portugal Ficou logo claro que a grande

maioria aderia agrave causa brasileira e quando foram retirados os nomes dos mais velhos e

dos incapazes restou um total de 94 Era evidente que o Brasil tinha oficiais superiores

em nuacutemero suficiente mas a quantidade de oficiais inferiores dava apenas para

guarnecer os navios jaacute em comissatildeo nos estabelecimentos de guerra

Nesse periacuteodo a Marinha Imperial Brasileira possuiacutea em seus quadros

profissionais oriundos de diversos grupos sociais O engajamento e o recrutamento de pessoal

30

MARINHA IMPERIAL Disponiacutevel em lthttpwwwmarmilbrdiversosArtigos_selecionadosDocumentos

marinha_imperialpdfgt Acesso em 25 Abr 2011

48

para a marinhagem ocorriam de forma voluntaacuteria por contrato (geralmente estrangeiros) ou

pelo recrutamento agrave forccedila (vagabundos e criminosos) e posteriormente em decreto emitido

em fevereiro de 1823 permitiu-se a admissatildeo de escravos na Marinha Muitos eram oriundos

da Marinha de Portugal despertavam portanto desconfianccedila Outros tantos natildeo tinham

experiecircncia no mar Apesar desses problemas o governo imperial conseguiu unificar a

marinha brasileira da eacutepoca

IMAGEM 3 Marinha Imperial31

Eacute consenso que o instrumento decisivo para alcanccedilar a Independecircncia do Brasil

certamente foi a feliz decisatildeo do Governo Imperial de aprestar uma Esquadra capaz de

garantir o controle no mar negando-o aos portugueses possibilitar o deslocamento de tropas

de maneira mais raacutepida cortar as linhas de recebimento de suprimento e reforccedilo do inimigo

pelo mar

24 Consideraccedilotildees

Como se sabe os marinheiros envolvidos nas viagens mariacutetimas portuguesas

eram fundamentalmente gente do povo pouco instruiacuteda natildeo lhes sendo acessiacutevel portanto

o domiacutenio de uma terminologia muito elaborada Mesmo assim ela existe eacute dicionarizada e

merece ser estudada Podemos dizer que ao desenvolvimento das ciecircncias e teacutecnicas naacuteuticas

em Portugal correspondeu o florescimento de toda uma terminologia vernaacutecula herdada no

Brasil

31

MARINHA IMPERIAL Disponiacutevel em lt httpswwwmarmilbrmenu_hnoticias0609201002htmlgt

Acesso em 25 Abr 2011

49

Depois dessa breve exposiccedilatildeo acerca das grandes navegaccedilotildees que rudimentares

nos seacuteculos XIV e XV ultrapassaram o niacutevel da praacutetica rotineira jaacute nos primeiros anos do

seacuteculo XVI passamos a apresentar os procedimentos metodoloacutegicos adotados nesta pesquisa

50

Capiacutetulo 3

51

Capiacutetulo 3 ndash Procedimentos metodoloacutegicos

Como jaacute apontado na Introduccedilatildeo nossa pesquisa insere-se na aacuterea do leacutexico mais

especificamente do leacutexico especializado referente aos termos naacuteuticos Em nosso entender o

leacutexico especializado ou a terminologia e suas unidades ndash os termos ndash natildeo se separam

artificialmente do resto da liacutengua mas encaixam-se fazendo parte integrante dela Nessa

perspectiva natildeo concebemos a terminologia nem os termos seus objetos de anaacutelise como um

mundo agrave parte da realidade linguiacutestica de uma liacutengua Ao contraacuterio acreditamos que as

terminologias presentes em um dicionaacuterio satildeo constituiacutedas de subsistemas ndash tais como termos

meacutedicos termos da arquitetura termos naacuteuticos dentre muitos outros ndash que interagem dentro

de um sistema maior que eacute o leacutexico geral

Sobre esse tema Murakawa (2002 p 21) discorre

[] o leacutexico de uma liacutengua se compotildee de dois grupos de unidades lexicais num 1ordm

grupo as unidades satildeo compreendidas e empregadas do mesmo modo por todos os

membros da sociedade num 2ordm grupo as unidades satildeo apenas compreendidas e

empregadas por parte maior ou menor dessa sociedade e satildeo usadas no seu emprego

correto pelos membros de um grupo particular

De acordo com essa linguista por necessidade de se compor uma terminologia as

pessoas buscam na liacutengua comum unidades leacutexicas que passaratildeo a ter daiacute por diante um

significado especiacutefico

Nessa visatildeo seguimos as propostas teoacutericas defendidas por Cabreacute (1999) no

acircmbito da teoria comunicativa da terminologia Segundo essa terminoacuteloga os termos satildeo

unidades lexicais de fato que assumem significados especializados quando usadas em

determinados acircmbitos de especialidade Assim sendo podemos encontrar inuacutemeros termos

que tecircm por base unidades da liacutengua corrente que migram para registros linguiacutesticos

especializados como tambeacutem encontramos unidades lexicais terminoloacutegicas formadas por

estruturas morfoloacutegicas comuns agraves estruturas de palavras que encontramos no leacutexico da liacutengua

corrente

Sabemos que nos uacuteltimos anos os estudos terminoloacutegicos conheceram um

desenvolvimento notaacutevel com os avanccedilos da Linguiacutestica em geral e da lexicologia em

particular tendo-se hoje em dia uma visatildeo muito mais ampla da unidade lexical de uma

linguagem especializada

Neste estudo partimos de um tema ou de um ldquoassuntordquo ndash ou seja da terminologia

naacuteutica trabalhamos pois com o percurso ldquodo conceito agrave palavrardquo ou ldquoda ideia ao signordquo

nos moldes do meacutetodo onomasioloacutegico

52

Por onomasiologia entende-se um aspecto particular da pesquisa linguiacutestica que

partindo de uma determinada ideia examina as vaacuterias maneiras com as quais essa

ideia encontrou expressatildeo na palavra32

Em seguida estendemos nossa anaacutelise agrave palavra ou ao signo linguiacutestico ndash percurso

semasioloacutegico e voltamos ao onoma

Para os conceitos de leacutexico lexicologia lexicografia terminologia adotamos

como base teoacuterica Matoreacute (1953) Biderman (1978 1991 1998 1999 2001) Cabreacute (1999)

Barros (2007 2009) Krieger e Finatto (2004) Krieger (2006)

Para a anaacutelise dos dados ao longo do tempo tomamos como base norteadora a

concepccedilatildeo de Linguiacutestica Histoacuterica tal como apresentada por Bynon (1977 p 1-2) e Cohen

(1996 p3) que postulam

A Linguiacutestica Histoacuterica procura investigar e descrever a maneira pela qual as liacutenguas

mudam ou conservam suas estruturas atraveacutes do tempo seu domiacutenio eacute portanto a

liacutengua no seu aspecto diacrocircnico

As limitaccedilotildees do trabalho diacrocircnico satildeo tantas que natildeo se pode abrir matildeo de

informaccedilotildees que possam nos facilitar o acesso agrave liacutengua antiga

31 Objetivos

Nosso objetivo geral nesta pesquisa eacute realizar um estudo sincrocircnico e diacrocircnico

do leacutexico correspondente agrave terminologia naacuteutica presente no Diccionario da Lingua

Brasileira de Luiz Maria da Silva Pinto publicado na cidade de Ouro Preto no ano de 1832

Como objetivos especiacuteficos almejamos

1) estudar as origens dos termos naacuteuticos Sabemos que ao desenvolvimento das ciecircncias

e teacutecnicas naacuteuticas em Portugal correspondeu o florescimento de toda uma

terminologia vernaacutecula mas haacute outros termos provenientes de liacutenguas como o catalatildeo

o italiano e o aacuterabe

2) conferir se os termos selecionados se encontram presentes em obras lexicograacuteficas de

referecircncia nos seacuteculos XVIII XIX XX e se os mesmos mantiveram seus

significados e ainda se constam como ldquotermos naacuteuticosrdquo

3) consultar o corpus do Projeto DHPB CNPq com o objetivo de verificar se os termos

constantes no Diccionario da Lingua Brasileira integraram no passado o nosso

leacutexico e se havia variantes ortograacuteficas da palavra nos textos escritos dos seacuteculos

XVI XVII XVIII

4) o Brasil eacute composto por numerosas culturas que se vecircem refletidas em nossas escolhas

vocabulares atraveacutes do tempo inclusive no campo das liacutenguas de especialidade A

32

BERTOLDI citado por Babini 2006 p 38

53

exploraccedilatildeo econocircmica das terras americanas constitui um episoacutedio da Histoacuteria que se

refletiu de maneira significativa natildeo soacute na incorporaccedilatildeo de novas palavras no

Portuguecircs do Brasil mas na progressiva modificaccedilatildeo semacircntica e lexical de diversos

termos no fluir do tempo Assim temos como um dos objetivos analisar o repertoacuterio

textual concernente agrave navegaccedilatildeo econocircmica da colocircnia em documentos e textos

originais o que constitui uma das fontes primaciais para a compreensatildeo de nossa

proacutepria trajetoacuteria histoacuterica

5) verificar se a terminologia naacuteutica presente no Diccionario da Lingua Brasileira

descreve a realidade brasileira nessa aacuterea ou se faz parte desse dicionaacuterio somente com

o objetivo de enriquecer nosso leacutexico

6) apontar os termos naacuteuticos do dicionaacuterio Aureacutelio ndash seacuteculo XX Comparar esses termos

com o primeiro dicionaacuterio impresso no Brasil ou seja o Diccionario da Lingua

Brasileira verificando se houve manutenccedilatildeo expansatildeo ou mudanccedila nesse leacutexico de

especialidade

7) eacute notoacuterio que os marinheiros envolvidos nas viagens e na empresa dos

Descobrimentos eram fundamentalmente gente do povo gente simples que tripulava

os navios e executava a maioria das operaccedilotildees necessaacuterias agrave manobra do barco natildeo

lhes sendo acessiacutevel portanto o domiacutenio de uma terminologia elaborada Supomos

que a terminologia usada por estes profissionais teria de ser forccedilosamente simples (ou

simplificada) constituiacuteda por muitos termos provenientes da liacutengua corrente que lhes

permitissem conceitualizar realidades especializadas (como as relacionadas com a

navegaccedilatildeo com as manobras envolvidas neste processo com as partes do navio e com

os instrumentos que dele fazem parte) Esse leacutexico estaacute presente no Diccionario da

Lingua Brasileira e ou no Aureacutelio ndash seacuteculo XX

8) contribuir para o desenvolvimento da investigaccedilatildeo histoacuterica na aacuterea da Terminologia

disponibilizando um estudo da aacuterea de especialidade devidamente analisado

54

32 Caracteriacutesticas do Diccionario da Lingua Brasileira

Em termos de microestrutura o Diccionario da Lingua Brasileira apresenta

basicamente a entrada e a classe morfoloacutegica seguida da definiccedilatildeo Quando recebe ldquomarcas

de usordquo essas vecircm entre parecircnteses depois da classificaccedilatildeo morfoloacutegica e antes da definiccedilatildeo

se o vocaacutebulo soacute tem uma acepccedilatildeo como mostra o verbete em destaque

Poucas vezes o Diccionario da Lingua Brasileira apresenta duas acepccedilotildees como

em abotoadura raras vezes apresenta trecircs como em arruela e nunca apresenta abonaccedilotildees

Algumas vezes realiza pequenos comentaacuterios

Quando apresenta duas ou mais acepccedilotildees a ldquomarca de usordquo vem sempre antes de

cada definiccedilatildeo como eacute o caso do termo arruela que eacute definida pelo autor como termo de

armaria termo naacuteutico e termo de ourives

55

33 Meacutetodos e procedimentos

Para a realizaccedilatildeo deste trabalho utilizamo-nos do volume digital da ediccedilatildeo

microfilmada iniciada no ano de 1982 pelo Arquivo Puacuteblico Mineiro localizado na cidade

de Belo Horizonte Minas Gerais certificado pela documentaccedilatildeo apresentada a seguir

IMAGEM 4 Documentaccedilatildeo da obra digitalizada

Realizamos primeiramente a leitura do Diccionario da Lingua Brasileira e

fizemos o levantamento das unidades lexicais que remetem ao mundo da navegaccedilatildeo

Observamos inicialmente para proceder a essa seleccedilatildeo as ldquomarcas de usordquo que se referem agrave

terminologia naacuteutica Em uma segunda etapa lemos todos os outros verbetes uma vez que

temos consciecircncia de que muitas terminologias dentre elas a naacuteutica natildeo se encontram

marcadas Partimos portanto como jaacute mencionamos de um corpus dicionariacutestico referente agrave

terminologia naacuteutica que se intitula da liacutengua brasileira do iniacutecio do seacuteculo XIX e

posteriormente organizamos um corpus composto por 153 unidades leacutexicas constituiacutedo de

117 substantivos 3 adjetivos 32 verbos e 1 adveacuterbio

Feita a recolha os dados foram organizados em fichas lexicograacuteficas

56

IMAGEM 5 Obra utilizada digitalizada pelo APM

57

331 Fichas lexicograacuteficas

Para sistematizar e analisar os dados elaboramos uma ficha que chamamos de

lexicograacutefica para cada unidade leacutexica selecionada Nesta seccedilatildeo apresentaremos a

constituiccedilatildeo dessa ficha

(Nuacutemero da ficha)

Apresentaccedilatildeo do termo selecionado da obra em formato digital

Apresentaccedilatildeo do termo digitado

______________________________________________________________________

Registro em dicionaacuterios

rarrCunha

rarrBluteau

rarrMoraes e Silva

rarrLaudelino Freire

rarrAureacutelio

Abonaccedilatildeo do termo em Banco de Dados

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Origem

Figura 3 Ficha Lexicograacutefica

a) Do lado esquerdo na parte de cima apresentamos o nuacutemero da ficha lexicograacutefica em

negrito

b) Na primeira divisatildeo da ficha na parte superior destacamos a unidade lexical que seraacute

analisada colando natildeo soacute o termo mas todo o verbete copiado da versatildeo digital da

obra em seguida no lado esquerdo esse verbete eacute digitalizado objetivando desse

modo facilitar a leitura

c) Na segunda parte da ficha destacamos como cada um dos cinco dicionaacuterios consultados

definem o termo Quando isso natildeo ocorre ou seja quando um dos dicionaacuterios natildeo

registra o termo indicamos ldquonerdquo (natildeo-encontrado) no espaccedilo seguinte ao nome do

autor

d) Quando o termo eacute abonado pelo Banco de Dados do Projeto Dicionaacuterio Histoacuterico do

Portuguecircs do Brasil ndash seacuteculos XVI XVII XVIII constituiacutedo por textos da eacutepoca do

Brasil Colocircnia copiamos a abonaccedilatildeo no espaccedilo abaixo da linha pontilhada

e) A uacuteltima parte da ficha eacute composta por comentaacuterios e aponta ainda a origem do termo

Por meio das fichas consultando os autores das obras lexicograacuteficas

correspondentes a periacuteodos diversos podemos visualizar se a unidade lexical em estudo eacute ou

natildeo dicionarizada por um ou mais autores ou por nenhum deles e tambeacutem podemos

conhecer sua origem A ficha aponta ainda se o termo ocorreu ou natildeo no Brasil no periacuteodo

58

colonial Aleacutem de analisar o termo coletado a ficha lexicograacutefica constitui uma boa

ferramenta para nos auxiliar no trabalho de quantificaccedilatildeo e comparaccedilatildeo dos dados

Segue o modelo de uma ficha preenchida

Ficha 43

Calmaria s f (T Naut) Falta de vento

______________________________________________________________________

rarrCunha calma sf bdquogrande calor atmosfeacuterico geralmente sem vento‟ XV bdquoserenidade

sossego‟ 1813 Do it calma derivado do latim tardio cauma e este do grego kauma bdquocalor

ardente chama‟ [] calmaria sf bdquocalma‟ XVI

rarrBluteau Calmaricirca Tanquilidade das aguas do mar Malacia amp Fem Amanheceo o dia

ſeguinte em huma terrivel Calmaria Queirograves Vida do Irmatildeo Baſto pag 351

rarrMoraes e Silva calmaria sf de Naut Tempo de calma no mar em que o navio natildeo surde

ldquoestar o mar em calmariardquo []

rarrLaudelino Freire sf De calma + aria Cessaccedilatildeo do vento e do movimento das ondas

[]

rarrAureacutelio [ De calma + aria] Sf 1 Ausecircncia de ventos eou do movimento das ondas

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq

[] por cinco ou seis dias tivemos grandes calmarias trovoadas e chuveiros tatildeo escuros e

medonhos e tatildeo fortes ventos que era cousa despanto e no meio dia ficavamos numa noite

mui escura

PADRE FERNAtildeO CARDIM (1980) [1583] III - INFORMACcedilAtildeO DA MISSAtildeO DO P

CHRISTOVAtildeO GOUVEcircA AacuteS PARTES DO BRASIL - ANNO DE 83 - OU NARRATIVA

EPISTOLAR DE UMA VIAGEM E MISSAtildeO JESUIacuteTICA[A00_0751 p 142]

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Somente Moraes e Silva define calmaria como termo naacuteutico mas todos os

outros dicionaacuterios em suas definiccedilotildees remetem o significado desse termo a tempo e

atmosfera Origem italiana lt latina

FIGURA 4 Ficha Lexicograacutefica preenchida

Nesta parte de construccedilatildeo das fichas nos apoiamos em dicionaacuterios e banco de

dados tomamos como referecircncia o dizer de Bluteau (1712 v1) quando afirma que

As palavras natildeo significam por sua natureza mas por instituiccedilam dos homens amp

cada Naccedilatildeo assim barbara como polida deu principio amp sentido agraves palavras de

que usa Daqui nace que natildeo temos outra prova da propriedade das palavras que o

uso dellas amp deste uso natildeo hatilde evidencia mais certa amp permanente que a q nos fica

nas obras dos Autores ou manuscritas ou impressas

59

332 Sobre os dicionaacuterios consultados

Para a anaacutelise das unidades leacutexicas coletadas contamos com obras lexicograacuteficas

consideradas de referecircncia a saber

a) Vocabulario Portuguez e Latino de autoria de P Raphael Bluteau (seacuteculo XVIII)

Selecionamos esse dicionaacuterio por ser uma obra que contempla grande parte do leacutexico

da liacutengua portuguesa ateacute iniacutecio do seacuteculo XVIII aumentando e atualizando

aproximadamente em cinco vezes o vocabulaacuterio ateacute entatildeo dicionarizado conforme

destaca Verdelho33

e principalmente por ser reconhecido pelos estudiosos da aacuterea

como uma obra de referecircncia nos estudos lexicograacuteficos de liacutengua portuguesa De

acordo com Murakawa (2007 p173) a obra de Bluteau ldquonatildeo eacute uma obra lexicograacutefica

que trata apenas das palavras mas tambeacutem trata de coisas e por isso deve ser

considerada um dicionaacuterio ou um vocabulaacuterio enciclopeacutedicordquo De acordo com a

mesma autora ldquona maioria das vezes a informaccedilatildeo enciclopeacutedica completa a

informaccedilatildeo linguiacutestica das entradas e neste aspecto o Vocabulario se transforma num

repositoacuterio da cultura portuguesa e tambeacutem da cultura universalrdquo34

Ainda sobre a

importacircncia de termos selecionado essa obra que se organiza em torno de um corpus

real de liacutengua apoiamo-nos dizeres em Murakawa (2007 p 187)

Entre os inuacutemeros e variados meacuteritos que o Vocabulario possui um deles merece ser

ressaltado o iniacutecio de uma lexicografia portuguesa baseada em um corpus de

referecircncia organizado a partir de obras dos seacuteculos XV ao XVIII pertencentes aacutes

mais diversas aacutereas de conhecimento do periacuteodo de setecentos e o registro dessas

obras acompanhando os exemplos no interior dos verbetes indicando volume

paacutegina paraacutegrafo foacutelio e quando existia ateacute mesmo a ediccedilatildeo consultada

A composiccedilatildeo do Vocabulario constituiu um longo e conturbado

empreendimento que ocupou quase 50 anos da vida de Rafael Bluteau Na dedicatoacuteria a D

Joatildeo V Bluteau lembra a necessidade de uma obra que fizesse justiccedila agrave grandeza da liacutengua

portuguesa de Portugal e sobretudo do seu rei ldquoobjectivos que conferem ao Vocabulario

uma dupla funccedilatildeo poliacutetica pois para aleacutem de contribuir para a afirmaccedilatildeo do portuguecircs no

panorama linguiacutestico europeu concorre para a construccedilatildeo da imagem de um monarca

ilustrado e mecenasrdquo35

33

VERDELHO 2002 p 23 34

MURAKAWA 2007 p 186-187 35

SILVESTRE 2001 p 2

60

IMAGEM 6 O Vocabulario de Bluteau

61

b) Diccionario da Liacutengua Portugueza de autoria de Antoacutenio de Moraes Silva (seacuteculo

XIX) Tomando como base o Vocabulaacuterio Portuguez e Latino Moraes constroi seu

dicionaacuterio utilizando-se tambeacutem de obras de vaacuterios autores acrescentando outros

mais que P Raphael Bluteau o que talvez por influecircncia do Tribunal do Santo Ofiacutecio

e ainda pela censura literaacuteria tenham sido deixadas por esse uacuteltimo conforme

destaca Murakawa36

Segundo ainda essa autora37

ldquoo Diccionario de Moraes pode

ser considerado como o primeiro dicionaacuterio de uso da liacutengua portuguesa porque os

que o antecederam natildeo podem ser classificados de tal maneirardquo Nesta pesquisa

utilizamos para consulta o volume digitalizado da ediccedilatildeo de 1813

IMAGEM 7 O Diccionario de Moraes Silva

36

MURAKAWA 2007 p31 37

Op cit p119

62

c) O Grande e Noviacutessimo Dicionaacuterio da Liacutengua Portuguesa de Laudelino Freire

(primeira metade do seacuteculo XX) foi escolhido como obra de referecircncia da primeira

metade do seacuteculo XX por tratar-se de um dicionaacuterio que apresenta grande riqueza

vocabular por incluir muitas locuccedilotildees expressotildees e brasileirismos Laudelino de

Oliveira Freire seu autor nasceu em Lagarto SE em 26 de janeiro de 1873 e faleceu

no Rio de Janeiro RJ em 18 de junho de 1937 Formou-se em Direito em 1902 Foi

advogado jornalista professor poliacutetico criacutetico e filoacutelogo Eleito em 1923 para a

Cadeira n 10 na sucessatildeo de Rui Barbosa como membro da Academia Brasileira de

Letras laacute organizou trabalhos em lexicografia tendo apresentado em 1924 um plano

de dicionaacuterio de liacutengua portuguesa A comissatildeo encarregada desse dicionaacuterio foi

dissolvida em 1934 A obra (1939-1944) eacute publicaccedilatildeo poacutestuma composta em cinco

volumes impressa pela editora A Noite com a colaboraccedilatildeo de J L de Campos Vasco

Lima e Antocircnio Soares Franco Juacutenior

IMAGEM 8 Grande e Noviacutessimo Dicionaacuterio da Liacutengua Portuguesa de Laudelino Freire

d) Novo Dicionaacuterio Aureacutelio da Liacutengua Portuguesa de Aureacutelio Buarque de Holanda

Ferreira (2004) Optamos por essa obra pelo fato de este ser considerado como um

dicionaacuterio padratildeo da sociedade brasileira apresentando um vasto repertoacuterio lexical

incluindo grande nuacutemero de brasileirismos Eacute um dicionaacuterio que embora conte com

limitaccedilotildees apresenta grande nuacutemero de abonaccedilotildees de obras variadas exemplificaccedilotildees

exemplos baseados em linguagem falada e escrita indicaccedilatildeo da variabilidade

linguiacutestica no territoacuterio nacional aleacutem de concisatildeo e clareza nas definiccedilotildees

e) Dicionaacuterio Etimoloacutegico Nova Fronteira da Liacutengua Portuguesa de autoria de Antocircnio

Geraldo da Cunha Consta em nossa ficha esse dicionaacuterio com o objetivo principal

esclarecer a origem dos vocaacutebulos e a dataccedilatildeo aproximada da sua entrada na liacutengua

63

portuguesa Outra finalidade da escolha desse dicionaacuterio foi a de identificar as formas

variantes que tais vocaacutebulos adquiriram ao longo do tempo podendo com isso verificar

se algumas dessas formas coincidiam com aquelas encontradas no nosso corpus

Apoacutes a consulta a essas obras visando constatar se os termos selecionados

encontravam-se ou natildeo presentes nelas observando ainda suas origens e as marcas de uso

passamos posteriormente a consultar o Banco de Dados do Projeto Dicionaacuterio Histoacuterico do

Portuguecircs do Brasil ndash seacuteculos XVI XVII XVIII

333 Sobre o Banco de Dados

O Banco de Dados PDHPB CNPq integra o Projeto Dicionaacuterio Histoacuterico do

Portuguecircs do Brasil ndash seacuteculos XVI XVII XVIII e eacute constituiacutedo por uma base informatizada

que reuacutene textos do portuguecircs do Brasil ou sobre o Brasil colonial dos mais variados gecircneros

escritos por autores brasileiros e portugueses radicados no paiacutes desde o seacuteculo XVI

O Projeto Dicionaacuterio Histoacuterico do Portuguecircs do Brasil ndash seacuteculos XVI XVII XVIII

(DHPB) do Programa Instituto do Milecircnio ndash CNPq com sede na Faculdade de Ciecircncias e

Letras da UNESP (Universidade Estadual Paulista) Campus de Araraquara foi idealizado e

construiacutedo pela linguista Maria Tereza Camargo Biderman e com seu falecimento em 2008

estaacute sendo coordenado pela tambeacutem linguista Clotilde de Almeida Azevedo Murakawa Eacute um

projeto de um dicionaacuterio histoacuterico diacrocircnico portanto documental que tem como objetivos

especiacuteficos

1) reunir numa obra de consulta o leacutexico da liacutengua portuguesa que no periacuteodo do

Brasil Colonial fixou um repertoacuterio lexical que veio a constituir o portuguecircs

brasileiro 2) registrar as unidades lexicais substantivos adjetivos e verbos que

compotildeem a nomenclatura do Dicionaacuterio Histoacuterico 3) extrair dos contextos

inseridos no banco de dados todas as acepccedilotildees que a palavra-entrada ou lema

possui acompanhadas do contexto e de completa informaccedilatildeo bibliograacutefica 4)

registrar a data mais antiga que a entrada apresenta no conjunto de todos os

documentos que compotildeem o banco de dados38

Utilizando dois programas computacionais ndash o Philologic e o UNITEX 20 o

Banco de Dados do DHPB foi construiacutedo no Laboratoacuterio de Lexicografia da UNESP sede do

Projeto estabelecido o ano de 1500 com a carta de Caminha a dataccedilatildeo documental mais

antiga e o ano de 1808 data da chegada da famiacutelia real ao Brasil sua dataccedilatildeo mais perto da

contemporacircnea

38

MURAKAWA 2010 p 331

64

Sobre os textos utilizados eles se constituem os mais variados possiacuteveis

conforme nos aponta Murakawa (2010 p334)

Com relaccedilatildeo agrave tipologia das obras escolhidas haacute que se ressaltar que tendo em vista

os objetivos especiacuteficos do DHPB elas foram as mais variadas possiacuteveis obras dos

missionaacuterios viajantes na sua maioria jesuiacutetas que vieram em missatildeo catequeacutetica e

no Brasil se fixaram diaacuterios de navegaccedilatildeo como o de Pero Lopes de Sousa irmatildeo

de Martim Afonso de Sousa cartas de sesmarias roteiros descritivos da flora e

fauna brasileiras descriccedilotildees geograacuteficas cartas e sermotildees do PeVieira pregados

aqui no Brasil e de outros oradores sacros que para aqui vieram obras e

documentos que tratam do Estado do Gratildeo Paraacute durante a era pombalina obras

sobre a nobiliarquia paulistana atos de cacircmaras municipais documentos cartoriais

autos de devassas feitos durante a Inconfidecircncia Mineira processos inventaacuterios

testamentos alvaraacutes posturas bandos atos de doaccedilotildees de terras casas e terrenos

cartas de ofiacutecio patentes cartas dos governadores gerais provisotildees documentos

forenses constituiccedilotildees dos bispados no Brasil regimentos militares obras sobre

medicina farmaacutecia agricultura etc e muitas outras num conjunto que pode ser

considerado ldquomonumentalrdquo para os fins a que foi proposto

Contando com aproximadamente 7 milhotildees e 500 mil ocorrecircncias esse Banco de

Dados por noacutes consultado permitiu que dele extraiacutessemos as unidades lexicais comuns aos

153 termos constantes no nosso corpus em estudo

A utilizaccedilatildeo do Banco de Dados do Projeto DHPB permitiu que conferiacutessemos se

os termos que compotildeem nosso corpus se encontram contextualizados em textos do periacuteodo

colonial brasileiro e ainda que observaacutessemos suas variaccedilotildees

Depois de explicitarmos as posiccedilotildees teoacutericas adotadas e os meacutetodos e

procedimentos de que lanccedilamos matildeo nesta pesquisa passemos no proacuteximo capiacutetulo agrave

descriccedilatildeo e anaacutelise dos dados catalogados em fichas lexicograacuteficas

65

Capiacutetulo 4

66

Capiacutetulo 4 ndash Apresentaccedilatildeo e Descriccedilatildeo dos Dados

Conforme jaacute relatado no Capiacutetulo 3 para cada um dos 153 termos marcados

como ldquotermo naacuteuticordquo no dicionaacuterio DLB construiacutemos uma ficha lexicograacutefica Essa ficha

nos daacute vaacuterias informaccedilotildees 1) transcreve o verbete selecionado do DLB 2) aponta sua origem

3) mostra se o dado selecionado eacute considerado ldquotermo naacuteuticordquo pelos lexicoacutegrafos a) Bluteau

(seacutec XVIII) b) Moraes e Silva (seacutec XIX) c) Laudelino Freire (seacutec XX) d) Aureacutelio (seacutec

XXI) 4) indica por meio de abonaccedilotildees se o termo em estudo ndash na forma apresentada pelo

dicionaacuterio em anaacutelise ou em suas variantes ortograacuteficas e foneacuteticas ndash consta no Banco de

Dados do Projeto Dicionaacuterio Histoacuterico do Portuguecircs do Brasil ndash seacuteculos XVI XVII XVIII

que reuacutene textos escritos por brasileiros ou sobre o Brasil durante o periacuteodo colonial 5)

realizam-se comentaacuterios com o objetivo de fornecer esclarecimentos para posterior anaacutelise

A seguir listamos essas fichas em ordem alfabeacutetica

A

Ficha 1

[]

rarrAba sf [] No plural (T naut) os lados dos machos e femeas em que gira o leme e que

estatildeo pregados no navio e no leme

________________________________________________________________ rarrCunha aba

1 sf bdquoparte pendente de um objeto‟l XIII abaa XIV l De origem duvidosa

talvez se filie ao lat ălăpa atraveacutes de uma forma ăpăla como se poderia depreender do port

ant abaa []

rarrBluteau Diz-ſe da extremidade ou de algum acrecentamento na extremidade de couſas

naturaes ou artificiaes como em obras de marcenaria carpintaria amp outras []

rarrMoraes e Silva natildeo consta com essa acepccedilatildeo

rarrLaudelino Freire sf [] 4 Os lados de uma cousa as metades as partes laterais as

bandas aba da focirclha da janela etc

rarrAureacutelio [] 3 Prolongamento ger dobraacutevel de tampo de mesa ou de outros moacuteveis []

8Fig Proteccedilatildeo amparo arrimo

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo existem ocorrecircncias de aba como termo

naacuteutico

_______________________________________________________________ Comentaacuterios nenhum dos dicionaacuterios define aba como termo naacuteutico Origem duvidosa

(latina)

67

Ficha 2

Abotoadura sf [] No plur (T naut) As peccedilas de ferro que estatildeo debaixo das mezas e

seguratildeo as enxarcias com suas bigotas Abotucaduras parece ser corrupccedilatildeo deste vocabulo ______________________________________________________________________

rarrCunha abotoado ndashadura -amento -ar rarr BOTAtildeO [] Do a francecircs AbotoADURA

1813 botoadura XIV

rarrBluteau Abotoadugravera (Termo de navio) Satildeo huns ferros que vem debaxo das mezas de

guarniccedilatildeo amp tem matildeo na enxarcia com ſuas bigotas

rarrMoraes e Silva abotoaduacuteras s f pl naut Peccedilas do navio de ferro que vem debaixo das

mezas de guarniccedilatildeo e tem matildeo na enxarcia com suas bigotas

rarrLaudelino Freire sf De abotoar + dura Ato de abotoar []Jocircgo de bototildees que se

tomam no aparelho do navio com linha alcatroada em forma de cruz etc ABOTOADURAS

sf pl O mesmo que abatocadurasABATOCADURAS sf pl De abatocar + dura ndash s Naacuteut

Nome geneacuterico que designa as cadeias chapas e cavilhas que seguram as mesas das enxaacutercias

reais contra o costado do navio Var morf Batocaduras

rarrAureacutelio [De abotoar + -dura] SF Marinh Conjunto de bototildees que ligam dois cabos ou

duas pernadas do mesmo cabo

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo existem ocorrecircncias de abotoadura

abotoaduras abotucaduras abatocaduras como termo naacuteutico

______________________________________________________________________

Comentaacuterios todos os dicionaacuterios consultados apresentam abotuadura(s) como termo

naacuteutico ou da marinha ou de navio Origem francesa

Ficha 3

Abroquelar va cobrir com broquel (T nau) Bracear por sota vento ao virar de bordo

depois de ter dado geito ao braccedilo do velaxo por barlavento

______________________________________________________________________

rarrCunha abroquelar BROQUEL sm bdquoescudo antigo redondo e pequeno‟bru- XVIDo a

francecircs bocler (hoje bouclier) de bocle bdquoguarniccedilatildeo de metal no centro do escudo‟ e este do

latim bŭcŭla dim de bucca bdquoboca‟ AbroquelAR XVII abru- XVI

rarrBluteau natildeo consta

rarrMoraes e Silva ABROQUELAacuteR vat Cobrir com broquel sect __se no f guardar-se

forrar-se emparar-se Arte de furtar p 322

rarrLaudelino Freire ABROQUELAR Naacuteut Bracear por sotavento ao virar de bordo depois

de ter dado jeito ao braccedilo do velacho por barlavento

rarrAureacutelio [De a-2 + broquel + -ar

2] [] 2 Resguardar ou cobrir com broquel ou escudo 3

Fig Proteger defender resguardar escudar []

68

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo existem ocorrecircncias de abroquelar como

termo naacuteutico

______________________________________________________________________

Comentaacuterios somente Laudelino Freire aponta abroquelar como termo naacuteutico Sua

definiccedilatildeo eacute idecircntica agrave do DLB Origem francesa

Ficha 4

[]

Accedilafratildeo sm ndashotildees no plur [] T Naut o largo do leme justo ao couce que serve para

facilitar o movimento delle

______________________________________________________________________

rarrCunha sm bdquoplanta da fam das iridaacuteceas‟ ccedilaffram XIV Do aacuterabe az-zafaran rarrBluteau AacuteCAFRAM [] do Arabico Zabafaran[] Accedilafratildeo (Termo de naacutevio) He o

largo do leme junto agrave patelha amp ſerve para facilitar o movimento do meſmo leme

rarrMoraes e Silva ACcedilAFRAtildeO sm t naut O largo do leme junto agrave patelha o qual serve

para facilitar o seu movimento

rarrLaudelino Freire ACcedilAFRAtildeO sm Aacuter Azzaferan Planta bulbosa da famiacutelia das iridaacuteceas

(Crocus sativus) Naacuteut Madeira exterior larga junto a palhecircta do leme ao qual facilita os

movimentos

rarrAureacutelio accedilafratildeo [Do aacuter az-zalsquofarăn do persa] Sm Bot Planta herbaacutecea da famiacutelia das

iridaacuteceas (Crocus sativus) de procedecircncia europeia e possuidora de um bolbo perene 2 Bot

A flor dessa planta accedilaflor 3 Bras V urucu1 (2)

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo apresenta ocorrecircncia para accedilafratildeo como

termo naacuteutico

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Aureacutelio e Cunha soacute definem accedilafratildeo como nome de planta Os outros

dicionaacuterios apontam accedilafratildeo como 1) nome de planta 2) termo naacuteutico Origem aacuterabe

Ficha 5

Agarruchar va (T naut) atar com garruchas

______________________________________________________________________

rarrCunha Garrocha gt garra ceacuteltico

rarrBluteau AGARROCHAR Ferir com garrocha Jaculo figere transfigegravere transverberare

Vid Garrocha

rarrMoraes e Silva AGARRUCHAR v at Naut Apertar atar com garruchas [] mesuraratildeo

as velas e agarruchaacuteratildeo os papafigos

rarrLaudelino Freire AGARROCHAR v tr dir De a + garrocha + ar Ferir com garrocha

farpear Instigar excitar incitar estimular AGARRUCHADO adj p p de agarruchar1

Naacuteut Apertado com garruchas AGARRUCHAR [] Ant Naacuteut Atar ou apertar com

garruchas

rarrAureacutelio agarruchar [De a-2+ garrocha + -ar

2 ] V td 1 Apertar ou atar com garrucha (2)

[Cf agarrochar e agarrunchar] agarrochar [De a-2

+ garrocha + -ar2

] Vtd 1 Ferir ou

picar com garrocha garrochar 2 Incitar estimular 3 Atormentar mortificar []

agarrunchar [] Vtd Ligar com garruncho []

69

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo apresenta ocorrecircncia para agarruchar

como termo naacuteutico

_____________________________________________________________________

Comentaacuterios Moraes e Silva e Laudelino Freire apontam agarruchar como termo naacuteutico

Origem duvidosa (ceacuteltico)

Ficha 6

Alcaxas sf (T naut) Espaccedilo entre cinta e cinta do navio

______________________________________________________________________

rarrCunha natildeo consta

rarrBluteau T de navio He tomado o vatildeo entre cinta amp cinta da banda de fora da nao

rarrMoraes e Silva sf pl t naut O vatildeo entre cinta e cinta pelo costado do navio

rarrLaudelino Freire ALCAXAS sf O mesmo que alcaichaALCAIXA Naacuteut 1 Espaccedilo

entre as cintas e verdugas por fora dos navios 2 Faixa branca pintada na altura da bateria

pela parte exterior 3 Uma ou mais ordens de debrum branco no colarinho das camisas dos

marinheiros

rarrAureacutelio natildeo constam os lemas alcaicha alcaxa alcaixa alcaxas

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo apresenta o termo alcaxas e suas

variantes

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Bluteau Moraes e Laudelino apresentam alcaxas como termo naacuteutico

Origem controvertida (Houaiss 2001)

Ficha 7

Aldrope sm (T nautico) cabo que se ata agrave manga da bomba V Gualdrope

Gualdrope sm Cabo que se ata no extremo da cana do leme e nas amuradas para o governar

melhor

______________________________________________________________________

rarrCunha aldrope- sm bdquocabo com que se puxa a picota da bomba a bordo ou se auxilia o

governo do leme‟l aldrope XVI gualdrope XVIII l Do ing guide-rope provavelmente

rarrBluteau ALDROPE (Termo de navio) Vid Gualdrope Sem largarem os Aldropes das

bombas das matildeos de dia nem de noite

rarrMoraes e Silva ALDROacutePE sm Cabo que se ata aacute manga da bomba para augmentar a

forccedila ou para poderem zonchar mais pessoas Couto 415sect Talvez se toma poacutelo manuacutebrio ou

manga e seraacute o mesmo que Gualdrope cabo que se ata ao leme para o segurar melhor e

governa-lo Idem 7103

rarrLaudelino Freire ALDROPE sm O mesmo que galdropeGaldrope sm Naacuteut Cabo

com que se puxa a picota da bomba a bordo ou se auxilia o governo do leme

rarrAureacutelio aldrope- (Galdrope [Do ing guide rope]) Sm Constr Nav Ant V gualdrope

Gualdrope [Var De galdrope lt ingl guide-rope] Sm Const Nav 1 Corrente cadeia ou

cabo de arame que transmite agrave cana do leme os movimentos da roda do leme [] 2 Nas

embarcaccedilotildees miuacutedas cada um dos cabos presos agraves duas pontas da meia-lua do leme para

manobra deste

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo constam aldrope e suas variantes

______________________________________________________________________

70

Comentaacuterios Em todas as obras consultadas aldrope e gualdrope satildeo termos ligados a arte

de navegaccedilatildeo Origem inglesa

Ficha 8

Alestar va Por lesto Ter prestes ccedilafar entre os naacuteuticos

______________________________________________________________________

rarrCunha alestar natildeo consta Lesto de origem obscura

rarrBluteau LESTO O meſmo que leſtes Vid No ſeu lugar (De maneira que ficou leſto o

navio Britto Viagem do Braſil pag 85) LESTES amp preſtes Preparado poſto em ordem

couſa prompta para algum fim Paratus a um Cic Vid Preſtes

rarrMoraes e Silva ALEacuteSTAR vat fazer lesto desembaraccedilar Amaral f51v mandou alestar

as peccedilas do leme que vinhatildeo recolhidas ieacute ter prestes safar se natildeo eacute erro por assestar

rarrLaudelino Freire ALESTAR vrv De a + lesto + ar Tornar lesto pronto ou

desembaraccedilado (tr dir pr) ldquoAlestar os empregadosrdquo ldquoMinerva o enrija e alestardquo (Odorico

Mendes) ldquoAleste-se

rarrAureacutelio ALESTAR [De a-2 + lesto + -ar

2] []1 Tornar(-se) lesto apressar(-se) ativar(-

se)

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq

Cinco dias se deteve a caravela em Cabo-Verde os quaes acabados levou ferro e se pocircz

lesta a seguir viagem aos 26 do mesmo Dezembro []

PADRE JOSEacute DE MORAES (1860) [1759] LIVRO III - ENTRADA DA COMPANHIA DE

JESUS NA CAPITANIA DO GRAtildeO-PARAacute - CAP X - FELIZ VIAGEM PARA A MISSAtildeO DO

MARANHAtildeO DO GRANDE PADRE ANTONIO VIEIRA GRANDE EMBARACcedilO QUE TEVE

ANTES DA SUA PARTIDA PODERES E MERCEcircS COM QUE O DESPEDIO O PIISSIMO E

SEMPRE AUGUSTO REI O SR D JOAtildeO IV [A00_0279 p 281]

______________________________________________________________________

Comentaacuterios nenhum dos dicionaristas apontam alestar como termo naacuteutico embora

Bluteau e Moraes apresentem abonaccedilotildees indicando que esse lexema remete ao universo

mariacutetimo Origem obscura

Ficha 9

[]

Alforge sm [] Alforges no Navio he a parte da poppa nos encontros e a reacute com humas

janellas para os lados que lhe servem de ornato

______________________________________________________________________

rarrCunha alforje sm ldquoduplo saco fechado nos extremos e aberto no meio‟ 1899 alforge

XVI alforja 1871 l Do ar Al- hurğ

rarrBluteau ALFORGE ou Alforges he huma eſpecie de ſacola de couro ou de outra mateacuteria

dividida em duas algibeiras em que ſe mete alguma proviſaotilde neceſſaria para a jornada amp nas

beſtas ſe potildeem nas ancas ou de huma amp outra parte do arccedilaotilde da ſella amp na gente de pegrave ſe

carrega nos ombros co hua parte ao peito amp outra agraves coſtas Derivaſe Alforge do Araacutebico

Ahfodia amp do verbo Ahfad que valo meſmo que guardar porque no Alforge guarda o

viandante o que leva para o ſeu ſuſtento []

rarrMoraes e Silva Apresenta alforje mas natildeo como termo naacuteutico

71

rarrLaudelino Freire ALFORJE sm Ar Al-khurj [] ALFORJES s m pl Naacuteut Saliecircncias

nos dois cantos da pocircpa

rarrAureacutelio alforge ou alforje- s m [Do aacuter al-hurğ] 1 Duplo saco fechado nas extremidades

e aberto no meio formando como que dois bornais que se enchem equilibradamente sendo a

carga transportada no lombo de cavalgaduras ou ao ombro de pessoas []

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo apresenta ocorrecircncias para alforje alforge

como termo naacuteutico

______________________________________________________________________

Comentaacuterios dentre os dicionaristas consultados somente Laudelino Freire aponta alforjes

(na forma plural) como termo naacuteutico Origem aacuterabe

Ficha 10

Almeida sm (T naut) O vatildeo por onde entra a cana do leme acima do cadaste

______________________________________________________________________

rarrCunha almeida sf bdquoabertura por onde entra a cana do leme‟ XVI De origem controvertida

rarrBluteau Almeida do leme ou almeida da nao He por onde entra a cana do leme por cima

do cadaſte Naotilde ſei que tenha nome proprio latino Calcule pella Almeida da nao abaixo em

bergantim Barros Decad 2 fol68 col2

rarrMoraes e Silva ALMEIDA sft de Naut O vatildeo por onde entra a cana do leme por cima

do cadaste A almeida do leme Barros

rarrLaudelino Freire ALMEIDA s f Ar Almayda Naacuteut Abertura ou vatildeo por onde entra a

cana do leme acima do cadaste parte cocircncava da popa do navio

rarr Aureacutelioalmeida S f Constr Nav 1 Parte curva do costado dos antigos navios de popa

quadrada logo abaixo do painel da popa e que com este forma acircngulo obtuso ou uma

curvatura

rarr Banco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo apresenta ocorrecircncias para almeida como

termo naacuteutico

______________________________________________________________________

Comentaacuterios todas as obras indicam almeida como termo naacuteutico Origem aacuterabe (Sousa

amp Moura)

Ficha 11

Amura sf (T naut) cabo grosso que prende nos punhos das vegravelas e se fixatildeo na amurada

______________________________________________________________________

rarrCunha muro sm Amura sf bdquotipo de cabo naacuteutico‟ XVI Der Regress De amurada

rarrBluteau Amugravera Termo de navio He hum cabo groſſo que vai do punho da vela grande amp

do traquete a borda da nao para eſtender as velas quando o vento he eſcaſſo Naotilde tem palavra

propria latina

rarrMoraes e Silva AMURA s f t naut A quadra de proa nas embarcaccedilotildees Cast 2 c 101 sect

it Cabo que prende em uma ponta da vela grande e a vem fixar na borda ou amurada da naacuteo

rarrLaudelino AMURA s f Cabo com que se mareiam os papafigos e as velas menores

cutelos e varredouras 2 Quadra da proa

rarrAureacutelio amura [Der regress de amurada] S f 1 Constr Nav Bochecha (3) 2Marinh

Cabo com que se puxa para vante o punho de barlavento de uma vela redonda de modo que

ela receba bem o vento 3 MarinhCabo com que se prende ao mastro ou na direccedilatildeo da proa

o punho da amura de uma vela latina

72

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo conteacutem o termo amura Origem

portuguesa lt latina

Ficha 12

Amurada s f (T naut) A parte exterior e interior do navio onde se fixatildeo as amuras

______________________________________________________________________

rarrCunha amura -ada ndash MURO sm bdquoparede forte que circunda um recinto ou separa um

lugar do outro‟ fig defesa proteccedilatildeo XIII Do latim murus ndashi Amura sf 1tipo de cabo

naacuteutico‟ XVI Der Regress de AmurADA sf 1face interna do costado de uma embarcaccedilatildeo‟

XVI []

rarrBluteau AMURADAS da nao caravela ou outra Embarcaccedilaotilde Saotilde mais altos da parte de

dentro Latera navis interiora Nas Amuradas das caravellas Damiaotilde de Goes Fol 70 col 3

rarrMoraes e Silva AMURAacuteDA s f A parte mais alta dos bordos da natildeo onde se fixatildeo as

amuras Goacutees Cron Man 70 sect O costado do navio pola parte de dentro ldquo encostar-se nas

amuradasrdquo correu o canhatildeo contra a amurada de bombordordquo

rarrLaudelino Freire AMURADA s f De amura + ada Prolongamento do costado do navio

acima da parede interna do casco

rarr Aureacutelio [F subst de amurado]S f 1 Constr Nav Face interna do costado de uma

embarcaccedilatildeo2 Constr Nav Prolongamento do costado da embarcaccedilatildeo acima do conveacutes

descoberto borda da embarcaccedilatildeo 3 P ext Muro de arrimo paredatildeo

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq

Muito conʃiderada ʃeragrave a eleiccedilatildeo dos Cabos para aʃsiʃtir agrave polvora trazer cartuxos apagar

fogo cudado da artelharia do arpeo amp ronda das amuradas com lenternas em vigia das

balas ao lume da agoa para as tomarem por dentro

FRANCISCO DE BRITO FREYRE (1655) [1655] SENHOR () [A00_2496 p 61]

______________________________________________________________________

Comentaacuterios todas as obras consultadas apresentam amurada ou amuradas como termo

naacuteutico Origem portuguesa lt latina

Ficha 13

Anrique sm (T naut) Corda em que a boia se prende aacute ancora

______________________________________________________________________

rarrCunha consta ourinque sm bdquoespeacutecie de espinhel‟ l XVI ourinquis pl XV l O voc port

talvez se relacione com o cast orinque o a cat orri e o fr orin todos derivados do neerl

ooring bdquoanel que sutenta o cabo das embarcaccedilotildees‟

rarrBluteau ANRIQUE da Anchora He huma corda que ſe amarra na unha da Anchora amp

vem acima da agoa amp na ponta ſe lhe potildeem huma boya Serve paraq cortandoſe a amarra

com que a nagraveo eſta amarrada ſe vacirc depois buſcar a Ancora Naotilde tem palavra proacutepria latina Na

Historia de Fern Mendes Pinto fol 262 col2 eſta erradamente Ourique em lugar de

Anrique

rarrMoraes e Silva ANRIacuteQUE s m t de Naut Corda com que se prende a boya aacute unha da

ancora

rarrLaudelino Freire ANRIQUE s m Corda com que se prende a boacuteia agrave unha da acircncora

rarrAureacutelio arinque1 [Var de ourinque (q v)]Sm Marinh1Linha que prende o ferro a uma

boacuteia para indicar a posiccedilatildeo daquele quando se encontra fundeado ourinque anrique arinque2

S m Bras SC 1 Espeacutecie de espinhel

73

rarr Banco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo conteacutem o termo anrique

______________________________________________________________________

Comentaacuterios todos os dicionaacuterios apresentam anrique como termo naacuteutico Origem

castelhana (orinque) lt neerlandesa (ooring)

Ficha 14

Arfar va (T Naut) Metter o navio hora a proa hora a poppa

______________________________________________________________________

rarrCunha arfar vb bdquorespirar com dificuldade ansiar ofegar‟ XVI Talvez do lat vulg

arefāre (claacutess arefacegravere bdquosecar‟) arfANTE 1899

rarrBluteau ARFAR (Termo Nautico) Arfar a naacuteo Levantar a naacuteo com alternadas agitaccediloens

a popa amp a proa Arfa a nao [] A grande capitania que recebe Com aproa ogroſſo mar que

Arfando (bebePereira Ulyſſca Cant 5 oit 16Arfar []

rarrMoraes e Silva ARFAR v n Balancear erguendo-se e tombando ou pendendo a naacuteo

Euf 25 B 3 7 sect Arfar o cavalo empinar-se por-se em femeas sect fig Restituir-se a cima a

coisa elastica acurvada v g as tranccedilas da palmeira arfatildeo com algum peso

rarrLaudelino Freire ARFAR v r v Naacuteut Balancear ou oscilar o navio abaixando ora a

popa ora a proa jogar (intr) ldquoNo oceano arfam trecircs caravelasrdquo (Pocircrto Alegre) ldquoQue importa

a borrasca se a nau tem a prende-la os rijos dentes de ferro da acircncora

rarrAureacutelio arfar [Do lat vulg arefare ltlat arefacere secar poss] [] 4Mar Balouccedilar

oscilar (a embarcaccedilatildeo) no sentido longitudinal erguendo a proa []

rarr Banco de dados do Projeto DHPBCNPq

As naus entre montanhas de mar ainda quando arfavam mal se viam

JOSEacute ALVARES DE OLIVEIRA (1981) [nd] HISTOacuteRIA DO DISTRITO DO RIO DAS

MORTES SUA DESCRICcedilAtildeO DESCOBRIMENTO DAS SUAS MINAS CASOS NELE

ACONTECIDOS ENTRE PAULISTAS E EMBOABAS E CRIACcedilAtildeO DAS SUAS

VILAS[A00_0395p95]

______________________________________________________________________

Comentaacuterios todos os dicionaacuterios apresentam arfar tambeacutem como termo naacuteutico

Origem duvidosa (latim vulgar)

Ficha 15

Arriar v a (T Naacuteutico) Abaixar ou alargar a vela a bandeira etc

____________________________________________________________________

rarrCunha arriar vb bdquoabaixar descer ( o que estava suspenso ou levantado)‟ XVI Do cast

arriar deriv Do lat arrēdāre ldquopreparar dispor‟ Cp ARREAR

rarrBluteau ARRIAR ou Arrear (Termo Nautico) Alargar abater amp Arriar a eſcota He

alargar a ditta corda paraque naotilde tome a vela tanto vento Verjoriam laxare Arrias velas V

Amainar O que eſtiver de ſotavento Arrie o velacho Britto Viagem do Brazil pag 268

Arriar a bandeira Abaxalla Bellicum vexilium demittere (mitto ) pondolhe a proa com

a bandeira que Arriaracirc amp iſſaracirc com eſpaccedilo Britto Viagem do Braſil paacuteg 269

rarrMoraes e Silva ARRIAacuteR v at Abater amainar vg arriar as bandeiras velassect

Afroixar vg arriar as escotas para que a veacutela natildeo vaacute tatildeo enfunada sect Arriar-se segurar-se a

cabo para se alar para algum posto Cast 2 157

rarrLaudelino Freire ARRIAR vr 2ordf- Arriar eacute abaixar e em sua origem tecircrmo naacuteutico

Arriar a vela ( ad-retro ad-retrare cf francecircs cognato arriegravere)

74

rarrAureacutelioarriar [Do cat arriar] Verbo transitivo direto1Abaixar descer (o que estava

suspenso ou levantado) [] 4Marinh Deixar correr pouco a pouco (um cabo que aguenta um

peso)

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq

O que deʃcubrir vellas amp natildeo forem das noʃʃas tiraragrave hũa peʃʃa ʃeguindo-as com o farol aʃezo

para o acompanharem os mais Se as eʃtrangeiras paʃʃarem de duas tantas vezes como forem

as embarcaccedilotildees iʃʃaragrave amp arriaragrave hum farol de correr junto ao principal para advertirʃe que

eʃte movimento natildeo he do mar amp deʃparando hũa peʃʃa a Capitana volte aviʃala

FRACISCO DE BRITO FREYRE (1655) [1655] SENHOR [A00_2496 p 59]

______________________________________________________________________

Comentaacuterios todos os dicionaacuterio apesentam arriar entre outras acepccedilotildees como termo do

universo mariacutetimo acima consultados Origem castelhana

Ficha 16

[]

Arruella sf [] (T Nautico) Argolinhas de ferro

_____________________________________________________________________

rarrCunha arruela sf bdquochapa com furo circular pelo qual se introduz o parafuso a fim de que a

porca natildeo desgaste a peccedila que vai ser aparafusada‟ XV rroela XIV Do ant fr roelle (hoje

rouelle) deriv Do lat tard rotella dim De rǒta bdquoroda‟

rarrBluteau ARRUELAS Arruelas (Termo de Navio) Saotilde humas argolinhas de ferro que ſe

metem nas cavilhas ate ajuſtar o buraco para ſe lhe meter a chaveta Naotilde tem termo proprio

Latino

rarrMoraes e Silva (arrueacutella) [] t de Naut Arruellas satildeo argolinhas de ferro que se mettem

na cavilha ate ajustar o buraco para se lhe metter a chaveta aninas lhe chamatildeo nos engenhos

d‟assucar

rarrLaudelino Freire ARRUELA sf Fr Ant roele Circunferecircncia em forma de moeda em

escudos heraacuteldicos 3 Pedaccedilo redondo de prata que se obteacutem vazando a prata fundida no

tijolo 4 Chapa de ferro na ponta da cavilha 5 Arco de ferro para apertar ou reforccedilar

usado em construccedilotildees navais

rarrAureacutelio arruela [De ar-4 + ruela

2] sf 1Chapa redonda de accedilo com furo circular na qual

se mete o parafuso a fim de que a porca natildeo desgaste a peccedila que vai ser aparafusada 2Heraacuteld

Besante de brasatildeo roel 3Pedaccedilo de prata lavrado em tijolo

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq

As aſpas da Roda larga amp grande ſuſtentaotilde aos arcos o

interior da meſma Roda entre os dous arcos della aſſegurados cotilde muitas cavilhas de ferro amp

com ſuas arruellas amp chavetas meti

ſuas voltas ſegura

ANDREacute JOAtildeO ANTONIL (1711) [1711] LIVRO II - CAPITVLO I - DA EſCOLHA DA

TERRA PARA PLANTAR CANNAS DE AſſUCAR amp PARA OS MANTIMENTOS

NECEſſARIOS amp PROVIMENTO DO ENGENHO [A00_2577 P 48]

______________________________________________________________________

Comentaacuterios de todos os dicionaacuterios acima consultados soacute o Aureacutelio natildeo apresenta arruela

como termo naacuteutico Origem francesa

75

Ficha 17

Avencadura ou Ovencadura (T naut) Enxarcia real

______________________________________________________________________

rarrCunha Natildeo constam avencadura e ovencadura Consta oveacutem sm bdquo(Marinh) cordas

grossas de navio‟ 1813 Do a fr hobent (ou hobenc) deriv do escandinavo ant houmlfuđbendur

(pl de houmlfuđbenda) de benda bdquocorda‟ e houmlfuđ bdquocabeccedila‟

rarrBluteau AVENCADURA Avenccediladugravera (Termo de Marinhagem) Chamaotilde-lhe outros

Enxarcia Real Vid Ovencadura Qual voltando pela Avencadura Na antena mayor contra a

procella A vela grande quer ver amainada Inful De Man Thomas livro 2 oit 86

rarrMoraes e Silva AVENCADURA V Ovencadura Enxarcia real T de Naut

OVENCADUacuteRA (ovencaduacutera) s f t de Naut A enxarcia real o feixe ou totalidade dos

ovens OVEacuteM (oveacutem) s m t de Naut Nome commum a todo cabo que serve de ter matildeo nos

mastros descendo das gargantas dlsquoelles ate aacutes mesas de guarniccedilatildeo

rarrLaudelino Freire AVENCADURA s f Ant O mesmo que ovencadura

OVENCADURA s f Naacuteut Conjunto de oveacutens a enxarcia real OVEacuteM s m Antfr hauban

Naacuteut Cada um dos cabos que aguentam os mastros para a borda

rarrAureacutelio natildeo constam avencadura e ovencadura Consta oveacutem Oveacutem [Do escand ant

houmlfudbendur pelo fr ant hobent ou hobene] Substantivo masculino 1Constr Nav Cada

uma das pernadas da enxaacutercia Desarmam o toldo de lona agrave proa [] colhem os guardins as

enxaacutercias os oveacutens os brandais todo o cordame em suma capaz de ser tocado pela ramaria

do arvoredo debruccedilado na calha (Raimundo Moraes Na Planiacutecie Amazocircnica p 77)

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq

Que experimentamos jaacute quando noutra jornada do Braſil padecernos nelle hum horrivel

naufragio De preſente pela forccedila com que jugava ſurto na Ilha da Madeira abrio o calcegraves

por duas partes rebentando o eſtay mayor amp muita avencadura

FRANCISCO DE BRITO FREYRE (1655) [1655] SENHOR [A00_2496 p 14]

______________________________________________________________________

Comentaacuterios de todos os dicionaacuterios acima consultados soacute o Aureacutelio natildeo apresenta

avencadura ovencadura Os outros apresentam esse lexema como termo naacuteutico Origem

francesa

B Ficha 18

Banzeiro adj (T Naut) Diz-se do mar quando natildeo faz grandes ondas e do jogo que anda

igual para os parceiros

______________________________________________________________________

rarrCunha banzar bdquoespantar pasmar surpreender‟ 1813 Do lat bilanceare de bilancia

bdquobalanccedila‟ Do significado primitivo de bdquooscilar mover-se como balanccedila‟ passaria ao de

ondear‟ de que resultaria o de bdquoficar estonteado‟ [] banzeiro XVI

rarrBluteau BANZEIRO Inquieto Mal ſeguro Mar banzeiro nem quieto nem tormentoſo

[] Mas como o mar com a calamaria andave Banzeiro Barros I Decfol27colI []

rarrMoraes e Silva BANZEgraveIRO adj t de Naut Diz-se do mar que natildeo tem ondas mas que se

agita vagarosamente []

76

rarrLaudelino Freire banzeiro adj Diz-se do mar quando faz pequenas ondas e se agita

vagarosamente []

rarrAureacutelio Adjetivo 1 Diz-se do mar que se agita vagarosamente e em pequenas ondas []

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq

Os mesmos remos padeceratildeo tantas falhas no seu exerciacutecio quantas forem as inconstacircncias

assim no mar como dos navios inquietos e inclinados jaacute para um e para outro lado nos

mares banzeiros e muito mais nos alterados e assim muitas e muitas vezes natildeo chegaratildeo a

aacutegoa e circularatildeo em seco apontando os ares mas natildeo virando os mares

PADRE JOAtildeO DANIEL (1976) [1757] PARTE SEXTA - DO TESOURO DESCUBERTO NO

RIO MAXIMO AMAZONAS - CONTEacuteM INVENTOS UacuteTEIS E CURIOSOS PARA A MELHOR

FAZENDO NAVEGACcedilAtildeO PROacuteSPEROS TODOS OS VENTOS AINDA OS MAIS

PONTEIROS E CONTRAacuteRIOS E PARA FAZER NAS CALMARIAS BOA VIAGEM COM

NOVA INVENCcedilAtildeO DE REPRESAR AS MAREacuteS PARA MOEREM FAacuteBRICAS E INGENHOS

DE MOTO CONTIacuteNUO ACCRESCEM ALGUMAS OUTRAS IDEacuteAS DE INGENHOS

MANUAES PARA SERRAR MADEIRA FAZER ACcedilUacuteCAR E MUITOS OUTROS NAtildeO

MENOS CURIOSOS QUE UacuteTEIS A VIDA HUMANA - CAP 2deg - SOBRE A MESMA

MATEacuteRIA DO PRIMEIRO INVENTO [A00_1965 p 393]

______________________________________________________________________

Comentaacuterios todos os dicionaacuterio apesentam banzeiro entre outras acepccedilotildees como termo do

universo mariacutetimo Origem portuguesa lt latina

Ficha 19

Barbear va Fazer as barbas a algueacutem vn (T Naut) Estar prezo

______________________________________________________________________

rarrCunha barba ndash sf bdquocabelos do rosto do homem‟ XIII Do lat barba ndashae []

rarrBluteau BARBEAR Fazer a barba Cic Barbear (Termo Nautico) Barbeando os navios

ſobre as amarras trinta amp outo dias Britto Viagem do Braſil pag 180

rarrMoraes e Silva BARBEacuteAR vat Fazer as barbas a alguemsect vnt de Naut estar

abarbado preso vg barbeando os navios sobre a amarra Brito Viag

rarrLaudelino Freire BARBEAR vrv De barba + ear Fazer ou talhar as barbas a (tr dir

pr) [] 2 Abarbar (o cavalo) para medir a alccedilada (tr dir) [] 3Amarrar (tr dir)

rarr Aureacutelio barbear [De barba + -ear2] Verbo transitivo direto 1Fazer a barba a Verbo

pronominal2Fazer a proacutepria barba []

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq

Depois que com ſingular felicidade eſtiveratildeo ſem nenhum dano tantos navios barbeando

ſobre a amarra trinta amp oito dias no perigoſo ſurgidouro da Coſta do Recife aacute terccedila feira da

Semana Santa onze de Abril principiamos noſſa derrota

FRACISCO DE BRITO FREYRE (1655) [1655] SENHOR () [A00_2496 p 36]

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Bluteau e Moraes e Silva apresentam barbear como termo naacuteutico

significando ldquoprender estar presordquo Na 3ordf acepccedilatildeo desse verbo Laudelino Freire define-o

como amarrar mas natildeo o classifica como termo naacuteutico Origem portuguesa lt latina

77

Ficha 20

Barcolas sf plur (T Naut) As bordas onde encaixatildeo os quarteis de fechar as escotilhas

______________________________________________________________________

rarrCunha barc∙ o -ola rarr BARCA - bdquotipo de embarcaccedilatildeo‟ XIII Do lat tard barca de

origem hispacircnica [] barcOLA 1899

rarrBluteau BARCOLAS Barcocirclas (Termo de navio) Saotilde humas bordas mais altas em que

encaxatildeo os quarteis com que ſe cobrem as eſcotilhas amp deſpois ſe paſſa hum varatildeo ou cadeu

de ferro em que ficaotilde fechadas Naotilde temos palavras propria Latina

rarrMoraes e Silva BARCOacuteLAS (barcoacutelas) s f plur T de Naut As bordas onde encaxatildeo os

quarteis de fechar as escoltilhas

rarrLaudelino Freire BARCOLAS sf pl Naacuteut Bordas em que se encaixam os quarteacuteis de

fechar as escotilhas

rarrAureacutelio natildeo consta

rarr Banco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Aureacutelio natildeo apresenta o lexema barcola Em todos os outros dicionaacuterios esse

lexema eacute apresentado como termo naacuteutico Origem hispacircnica lt latina

Ficha 21

Barquilha sf Peccedila atada a hum cordel comprido com que os navegantes medem o espaccedilo

que o navio vence com certo vento

______________________________________________________________________

rarrCunha barca ndash do latim tardio barca de origem hispacircnica

rarrBluteau natildeo consta barquilha mas barquinha ndash [] He como um barco de pescar ordinario

mas com quilha alta amp torre por baixo que vem de proa ateacute popa amp os furos por onde vai a

corda com facilidade []

rarrMoraes e Silva BARQUIacuteLHA (barquiacutelha) s f t Naut Peccedila de madeira da feiccedilatildeo de um

quarto de circulo atada a um longo cordel a qual se lanccedila por popa e dando-se-lhe corda por

tempo medido pela ampolheta se recolhe para saber-se o espaccedilo que o navio vinga com certo

vento em certo tempo e isto pouco mais ou menos outros dizem barquinha

rarrLaudelino Freire BARQUILHA s f De barca + ilha Mar Peccedila de madeira de forma

triangular ou dum quadrante precircsa a um cordel que se lanccedila da pocircpa dum navio para avaliar a

velocidade da sua marcha barquinha

rarrAureacutelio natildeo consta barquilha consta barquinha ndash [Dim de barca] Substantivo

feminino[] 4Ant Naacuteut Dispositivo com que na eacutepoca dos descobrimentos mariacutetimos do

seacutec XV se determinava a velocidade do navio

rarr Banco de dados do Projeto DHPBCNPq

A praacutetica que usam os navegantes sobre a navegaccedilatildeo de Leste a Oeste eacute ordinariamente a

que chamam barquinha que eacute uma taboinha no fim de um comprido cordatildeo enrodilhado em

um rodiacutezio a qual taboinha largam sobre o mar da popa abaixo tendo na matildeo uma

ampulheta e segundo a velocidade com que o peso da barquinha levada das aacutegoas

desenrola o cordel do seu rodiacutezio inferem a velocidade ou andadura do navio para o que o

cordel tem sua conta que regulam pela ampulheta e dela foram seus caacutelculos e destes suas

ideacuteas de quanto anda em cada minuto em cada quarto em cada hora e em cada sangradura

78

Quatildeo sujeita seja a erros esta barquinha se pode logo inferir do seu cocircmputo e caacutelculo que

natildeo eacute outra cousa mais que uma conjectura ou estimativa tatildeo irregular e diversa como a

diversidade dos pilotos e navegantes

PADRE JOAtildeO DANIEL (1976) [1757] PARTE SEXTA - DO TESOURO DESCUBERTO NO

RIO MAXIMO AMAZONAS - CONTEacuteM INVENTOS UacuteTEIS E CURIOSOS PARA A MELHOR

FAZENDO NAVEGACcedilAtildeO PROacuteSPEROS TODOS OS VENTOS AINDA OS MAIS

PONTEIROS E CONTRAacuteRIOS E PARA FAZER NAS CALMARIAS BOA VIAGEM COM

NOVA INVENCcedilAtildeO DE REPRESAR AS MAREacuteS PARA MOEREM FAacuteBRICAS E INGENHOS

DE MOTO CONTIacuteNUO ACCRESCEM ALGUMAS OUTRAS IDEacuteAS DE INGENHOS

MANUAES PARA SERRAR MADEIRA FAZER ACcedilUacuteCAR E MUITOS OUTROS NAtildeO

MENOS CURIOSOS QUE UacuteTEIS A VIDA HUMANA - CAP 4deg - DE ALGUAS OUTRAS

ADVERTEcircNCIAS SOBRE A NAVEGACcedilAtildeO [A00_1967]

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Moraes e Silva e Laudelino Freire classificam barquilha como termo naacuteutico

Aureacutelio na 4ordf acepccedilatildeo para o lexema barquinha apresenta esse termo como naacuteutico

indicando ainda ser termo antigo No Banco de Dados consultado soacute encontramos a variante

barquinha Origem hispacircnica lt latina

Ficha 22

Bastardo sm Nome de huma uva Moeda que houve na Iacutendia de 10 soldos [T Nautico]

Cabo que se mette por meio das lebres e coccedilonros para atracar as vergas aos mastros

______________________________________________________________________

rarrCunha bastardo adj sm bdquoque nasceu fora do matrimocircnio‟ bdquodegenerado da espeacutecie a que

pertence‟ XIV Do a fr bastard hoje bacirctard [] AbastardAR vb bdquoalterar corromper‟ 1813

rarrBluteau Baſtardos (Termo de navio) Satildeo huns cabos que ſe metem pello meyo das lebres

amp coccedilouros com que ſe atra Atraccedilatildeo as vergas aos mattos [] Ficou a Galeacute Pheniz fem

Baſtardo Malaca conquiſt livro 1oit32

rarrMoraes e Silva BASTAacuteRDO (bastaacuterdo) s m [] Bastardos t de Naut Cabos que se

mettem por meyo das lebres e coccedilouros com que se atraccedilaotilde as vergas aos mastrossect Parece

ser veacutela que se mettia nas galeacutes quando queriaotilde fazer forccedila de veacutela B 4 107 e mettendo os

bastardos por o alcanccedilar

rarrLaudelino Freire BASTARDO adj Fr bacirctard [] 3 Cabo naacuteutico de atracar vecircrgas nos

mastros 4 Naacuteut Vela triangular de pequenas embarcaccedilotildees

rarrAureacutelio bastardo [Do fr ant bastart] [] 10Marinh Cada um dos cabos de que se

compotildeem os enxertaacuterios das vergas de gaacutevea 11Marinh Pequeno cabo munido de caccediloilos e

destinado a aguentar a boca de lobo da carangueja ou retranca de encontro ao mastro 12Mar

V vela de bastardo

rarr Banco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta como termo naacuteutico

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Aleacutem do significado mais conhecido todos os dicionaacuterios indicam bastardo e

bastardos tambeacutem como termo naacuteutico Origem francesa

79

Ficha 23

Beque sm (T naut) A extremidade da proa

______________________________________________________________________

rarrCunha beque1 sm bdquoestrutura saliente que forma a parte alta da proa dos navios antigos‟

XVI Do fr bec deriv do lat beccus bdquobico‟

rarrBluteau BEQUE Begraveque He na Proa do Baxel a ultima obra de madeira em que de

ordinario aſſenta a figura de algum animal ou monſtro marinho []

rarrMoraes e Silva BEacuteQUE (beacuteque) s m t de Naut A extremidade da proa onde o ordinario

vaacutei alguma figura Viriato 1720 O mar Tyrrbeno os beques vatildeo rasgando

rarrLaudelino Freire BEQUE s m Fr bec Extremidade superior da proa em forma de bico

2 Pop Nariz grande 3 Pop Parte posterior dos vestidos das mulheres Ant Giacuter Bocircca

rarrAureacutelio beque1 [Do fr bec us no fr ant em vez de avant] Substantivo masculino

1Constr Nav Estrutura saliente em geral inclinada para fora que forma a parte alta da proa

dos navios antigos a fim de servir de apoio ao gurupeacutes 2Pop V narigatildeo (2)

rarr Banco de dados do Projeto DHPBCNPq

As antigas tem como temos dito na circunferecircnc

bem largas e para se segurarem nas cavernas natildeo seratildeo necessaacuterios mais pregos do que as

de casco logo nesta parte ficaraacute quasi o mesmo poreacutem como estas taacutebuas vatildeo a rematar no

beque e fazer a proa ali poupam toda a ferramenta que levam de mais os cascos com o

accrescentamento das conchas e bochecas e nesta parte levam as taacuteboas menos pregos

PADRE JOAtildeO DANIEL (1976) [1757] QUINTA PARTE - DO TESOURO DESCUBERTO

NO RIO MAXIMO AMAZONAS - CONTEacuteM UM NOVO MEacuteTODO PARA A SUA

AGRICULTURA UTILIacuteSSIMA PRAXE PARA A SUA POVOACcedilAtildeO NAVEGACcedilAtildeO

AUGMENTO E COMEacuteRCIO ASSIM DOS IacuteNDIOS COMO EUROPEOS - CAP 9deg - DE

MELHOR MEacuteTODO PARA A FACTURA DAS CANOAS DO AMAZONAS [A00_1959 p

363]

______________________________________________________________________

Comentaacuterios todos os dicionaacuterios indicam beque como termo naacuteutico Origem francesa

Ficha 24

Bigotas sm plur (T Nautico) Satildeo como huns moitotildees com trecircs furos pelo meiochatos e

sem roldanas por onde se enfiatildeo os colhedores das velas

______________________________________________________________________

rarrCunha bigota ndash BIGA sf bdquocarro romano de duas ou quatro rodas puxado por dois

cavalos‟ 1844 Do lat bīga bigota sf bdquoantiga peccedila de embarcaccedilatildeordquo 1813

rarrBluteau BIGOTA de navio Bigocirctas (Termo de navio) ſaotilde huns paos redondos mas

chatos com tres buracos por onde paſſaotilde os colhedores para fazer a enxarcia

rarrMoraes e Silva BIGOacuteTAS (bigoacutetas) s f pl t de Naut Moitotildees chatos sem roldanas

aburacados pelo meyo com furos por onde passatildeo colhedores de veacutelas

rarrLaudelino Freire BIGOTAS s f Naacuteut Montatildeo chato sem roldana furado pelo meio para

dar passagem aos colhedores das velas e a cabos da enxaacutercia

rarrAureacutelio bigota [Do it bigotta] Substantivo feminino 1Marinh Ant Poleame surdo de

madeira de forma lenticular biconvexa com uma goivadura na orla para receber uma alccedila de

80

fixaccedilatildeo e trecircs furos de face a face usado aos pares com um colhedor ligando-os empregado

para tesar oveacutens brandais estais etc

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq

Fazem-se igualmente vigotas de 25 palmos de comprido e hum de grosso e seu preccedilo he de

500 atheacute 400 rs

LUIZ DOS SANTOS VILHENA (1921) [1801] CARTA VIGESIMA [A00_0846]

______________________________________________________________________

Comentaacuterios todos os dicionaacuterios indicam bigota como termo naacuteutico No Banco de Dados

consultado consta a variante vigotas Origem latina

Ficha 25

Bolinete sm (T Naut) He o paacuteo roliccedilo com hum vatildeo por onde joga o pinccedilote e fixo na

coberta de sorte que se move de bombordo a estibordo

______________________________________________________________________

rarrCunha molinete bdquoespeacutecie de cabrestante que sustenta a acircncora em navios pequenos‟

bdquomovimento giratoacuterio raacutepido que se faz com a espada com um pau etc‟ XVI Do fr Moulinet

bdquomoinho pequeno‟ []

rarrBluteau BOLINETE Bolinegravete (Termo de navio) He hum patildeo roliccedilo que eſtacirc fixo na

cuberta de maneira que ſe mova redondamente de Bombordo para Eſtibordo Tem hum

buraco por onde paſſa amp joga o Pinccedilote Natildeo temos palavra propria Latina

rarrMoraes e Silva BOLINEgraveTE (bolinegravete) s m t de Naut Paacuteo roliccedilo que estaacute fixo na

coberta de maneira que se mova e borneye de bombordo a estribordo tem um vatildeo por onde

joga o Pinccedilote

rarrLaudelino Freire BOLINETE s m Cilindro de madeira na coberta do navio o qual

serve de cabrestante para a manobra2 Bateia

rarrAureacutelio bolinete (ecirc) [De molinete (ecirc) poss] Substantivo masculino 1Constr Nav

Molinete 2Vaso de madeira para lavagem das areias auriacuteferas [Cf bulinete]

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo constam bolinete molinete com a acepccedilatildeo

naacuteutica

______________________________________________________________________

Comentaacuterios todos os dicionaacuterios indicam bolinete como termo naacuteutico ou referente a navio

Origem francesa

Ficha 26

Bombordo sm (T Naut) O lado esquerdo da nagraveo olhando da popa para a proa

______________________________________________________________________

rarrCunha bombordo sm bdquo(Mar) o lado esquerdo da embarcaccedilatildeo considerando-se a proa

como a sua frente‟ XVI babordo XV Do fr bacircbord deriv do neerl bakboord Com

visiacutevel influecircncia de BOM

rarrBluteau BOMBORDO (Termo de navio) He a parte eſquerda da natildeo eſtando huma peſſoa

com a cara para a proa Siniſtrum latus navis Faz tal pendor para Bombordo Queirograves Vida do

Irmaotilde Baſto fol 124 col1

81

rarrMoraes e Silva BOMBOacuteRDO (bomboacuterdo) s m t de Naut O lado da naacuteo opposto a

estriboacuterdo Naufr De Sep73

rarrLaudelino Freire BOMBORDO s m De bom + bordo Naacuteut 1- Lado esquerdo do navio

olhando-se para a proa 2 Tudo o que fica ao lado esquerdo do navio

rarrAureacutelio bombordo [Do neerl bak boord bordo das costas do dorso (do timoneiro

quando o governo da embarcaccedilatildeo se fazia com um comprido remo colocado a estibordo) pelo

fr babord talvez com infl de bom] S m 1Mar O lado esquerdo da embarcaccedilatildeo

considerando-se a proa como a sua frente [v estibordo e boreste]

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq

Da banda de bombordo me arrebataram os aparelhos com o jogar da nao

PEcircRO LOPES DE SOUSA (1968) [1530] DIAacuteRIO DA NAVEGACcedilAtildeO DE PEcircRO LOPES DE

SOUSA [A00_0078 p 55]

______________________________________________________________________

Comentaacuterios todos os dicionaacuterios indicam bombordo como termo naacuteutico ou referente a

mariacutetimo Origem francesa

Ficha 27

Botalograves sm (T naut) Paacuteos que tem nas pontas ferros de tres bicos e segundo a sua grossura

servem para largar ou os cutellos ou as varredouras ou para afastar o navio que vem

abordar

______________________________________________________________________

rarrCunha natildeo consta

rarrBluteau BOTALOS Botacirclos (Termo de Navio) Satildeo huns paos com huns ferros nas

pontas com tres bicos que ſe botatildeo pelos coſtados dos navios para ſe largarē os cutellos

para que com mais preſſa ſe chegue ao navio a que ſe dagrave caccedila E embaixo no coſtado ſe botatildeo

outros botalos mais groſſos em que ſe largatildeo outras velas a que chamatildeo Barredouras amp eſtes

Botalos ſervem tambeacutem para ſe fincarem no coſtado de outro navio para afaſtar para fora

Natildeo tem nome proprio Latino

rarrMoraes e Silva (botaloacutes) s m pl t de Naut Paacuteos com ferros de tres bicos nas pontas

que servem para se largarem os cutellos e sendo botaloacutes mais grossos para largar as

varredouras que vatildeo polo lados os botaloacutes afastam tambem o navio que vem abordar

rarrLaudelino Freire BOTALOacuteS (botaloacutes) s m pl Naacuteut Paus com ferros de trecircs bicos nas

pontas para vaacuterios serviccedilos a bordo

rarrAureacutelio botaloacute [De botar1 + a

3 + loacute

1] Substantivo masculino Mar 1Ant Pontalete com

que os navios afastavam os inimigos que tentassem abordaacute-los 2Pau que sai pela popa de

embarcaccedilatildeo de vela que usa catita para caccedilaacute-la

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta o termo botaloacutes

______________________________________________________________________

Comentaacuterios todos os dicionaacuterios indicam botalos como termo naacuteutico ou mariacutetimo

Origemonomatopaica - ldquoetim voc trissilaacutebico oxiacutetono formado de todo um segmento

fonoloacutegico que representava a oraccedilatildeo imperativa bota a loacute isto eacute bdquobota a vela da embarcaccedilatildeo

virada para captar o vento‟rdquo (Houaiss 2001)

82

Ficha 28

Bracear v n Mover os braccedilos v a (T Naut) Marear as velas _____________________________________________________________________________

rarrCunha bracear- consta no verbete de braccedilo - sm bdquocada um dos membros superiores do

corpo humano‟ XIII Do lat brac(c) hĭum [] bracEAR XVII

rarrBluteau Natildeo consta

rarrMoraes e Silva BRACEAacuteR (braceaacuter) v at Mover os braccedilossect t de Naut Bracear as

veacutelas H Naut Tom 3 mareaacute-las por meyo dos braccedilos []

rarrLaudelino Freire BRACEAR vrv De braccedilo + ear O mesmo que bracejar (intr) 2

Naacuteut Movimentar horizontalmente (as vecircrgas) em tocircrno do mastro por meio de cabos

chamados braccedilos (tr dir) ldquoAacuterduos penoacuteis braceia rebraceia teacute que o socircpro agrave feiccedilatildeo lhe

enfuna as velasrdquo (Odorico Mendes)

rarrAureacutelio bracear [De braccedilo + -ear2] Verbo transitivo direto 1Marinh Fazer girar (a verga)

no plano horizontal alando pelos braccedilos [v braccedilo (21)] para que a vela fique

convenientemente disposta em relaccedilatildeo ao vento []

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Bluteau natildeo dicionariza bracear Todos os outros dicionaristas indicam

bracear como termo naacuteutico ou remete ao universo naacuteutico Origem portuguesa lt latina

Ficha 29

Braccedilo sm membro do corpo humano desde o hombro ateacute a matildeo Pernas dianteiras do

cavallo e outros quadrupedes A parte do instrumento de cordas onde estas se titiliatildeo A peccedila

que atravessa o arco da cruz Peccedila da cadeira onde encosta os braccedilos quem estagrave sentado nelle

Porccedilatildeo de mar entre duas costas pouco apariadas No plur (T Naut) Cabos que vem da ponta

da verga e servem para marear de hum para outro bordo _____________________________________________________________________________

rarrCunha braccedilo sm bdquocada um dos membros superiores do corpo humano‟ XIII Do lat

brac(c)hĭum []

rarrBluteau Braccedilos (Outro termo de navio) ſatildeo huns cabos que vem da ponta da verga com

que ſe marea a hum bordo amp outro ſe poderagrave exprimir em Latim com circumlocuccedilatildeo

rarrMoraes e Silva BRAacuteCcedilO (braacuteccedilo) t de Naut Satildeo os pegatildeo em cavernas para levantar o

grosso navio e estes satildeo braccedilos primeiros sect Braccedilos segundos satildeo as ultimas partes que botatildeo

cavernas da quilha para cima sect Braccedilos satildeo cabos que vem da ponta da verga em que se

mareya de um bordo a outro quando braceyatildeo

rarrLaudelino Freire BRACcedilO s m Lat brachium Naacuteut Cabos fixos agraves extremidades das

vecircrgas e que servem para as fazer girar em tocircrno do mastro

83

rarrAureacutelio braccedilo [Do gr brachiacuteon pelo lat brachiu] Substantivo masculino Marinh Cada

um dos cabos singelos ou dobrados que presos aos laises das vergas redondas se destinam a

dar-lhes movimento no sentido horizontal e a aguentaacute-las para reacute ~ V braccedilos Braccedilo da

acircncora 1 Marinh Cada uma das duas partes recurvadas da acircncora no extremo inferior da

haste que formam a cruz e terminam pelas patas

Braccedilo da verga 1 Marinh Cada um dos cabos ou teques presos agraves extremidades da verga e

que servem para fazecirc-la girar no plano horizontal [Cf amantilho (2)]

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta braccedilo como termo naacuteutico

______________________________________________________________________

Comentaacuterios todos os dicionaristas indicam braccedilo tambeacutem como termo naacuteutico ou da

marinha Origem portuguesa lt latina

Ficha 30

Braga sf Argola com cadea de ferro com que se prende alguem pela perna (T Naut) Cabo

de alar pipas e outras cousas No plur Calccedilas largas

______________________________________________________________________

rarrCunha braga sf ldquocalccedilatildeo geralmente curto e largo que se usava outrora‟ XV bdquogrilheta‟

XVI Do lat braccedila []

rarrBluteau Braga Argola de ferro que prende na perna com huma cadca que prende por

cima Pocircr a braga a hum negro Servo catenas injicere E para que experimente a ſujeiccedilaotilde

pezada lhe lanccedila a dura Braga carregada Lobo o Deſengan Paacuteg 135 Braga chamaotilde nos

navios a huma corbalas quando embarcatildeo []

rarrMoraes e Silva BRAacuteGA (braacutega) Cabo do navio com que alatildeo caixas pipas e outras

coisas pesadas [] sect Braga no sing Cast 5 c 59 ldquoLanccedilou-se a gente na agua que lhe dava

pela bragardquo

rarrLaudelino Freire BRAGA s f Lat braccedila Argola de ferro que cingia a parte inferior da

perna do condenado a trabalhos forccedilados prendendo-o a uma corrente de ferro atada agrave cintura

do mesmo ou agrave argola de outro condenado grilheta 2 Caacutelerea com que se iccedilam cousas

pesadas como caixas pipas etc 3 Cabo que serve para sustar o recuo de um canhatildeo 4

Muro que servia de tranqueira nas antigas fortificaccedilotildees 5 Lus Casta laia qualidade

BRAGAS s f pl Ant Calccedilas largas e curtas calccedilotildees 2 Lus Ceroulas

rarrAureacutelio braga [Do lat braca] Substantivo feminino Marinh Gato de escape ou manilha

com que se prende o chicote da amarra agrave paixatildeo2 (q v) no paiol da amarra

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta braga como termo naacuteutico

______________________________________________________________________

Comentaacuterios todos os dicionaristas indicam braga tambeacutem como termo naacuteutico ou da

marinha Origem portuguesa lt latina

84

Ficha 31

Bragueiro sm Funda de que usa o que he quebrado Especie de manteo para cobrir os

genitaes (T Naut) Cabo que atravessa o leme para segurallo na falta das femeas Cabo

encostado ao Castello da proa fixo em huma argola e com huma bigota de hum furo na ponta

e serve para impedir que natildeo se afaste nem corte a escota no costado Cabo de amarrar

______________________________________________________________________

rarrCunha natildeo consta

rarrBluteau Bragueiro (Outro termo de navio) He hum cabo fixo em huma argola encoſtado

ao caſtello da proa que tem na ponta hum bigota de hum olho amp ſerve paraque ſe natildeo a faſte

nem corte a eſcota no coſtado []

rarrMoraes e Silva BRAGUEacuteIRO (braguegraveiro) s m [] sect t de Naut Cabo que atravessa o

leme pelo meyom para que faltando as fecircmeas se natildeo perca F M G Tambeacutem se chama assim

outro cabo fixo em uma argola encostado ao Castello da proa que tem na ponta uma bigota

de um olho e serve para que natildeo affaste nem corte a escota no costado

rarrLaudelino Freire BRAGUEIRO sm De braga + eiro Cabo que atravessa o leme para o

segurar no caso de se quebrarem as fecircmeas2Braga de segurar a artilharia ou cousas

pesadas3 Cabo de atracar []

rarrAureacutelio bragueiro [De braga + -eiro] Substantivo masculino 1Cinta ou funda para

heacuternias e rupturas 2Cueiro fralda

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta o termo bragueiro

______________________________________________________________________

Comentaacuterios De todos os dicionaacuterios analisados soacute Aureacutelio natildeo apresenta bragueiro como

termo naacuteutico Origem portuguesa lt latina

Ficha 32

Brandaes sm (T Naacuteutico) Especie de cabos os grandes passatildeo da enxarcia dos mastareos

pelas gaveas e vem a fazer fixo nos ouvens da enxarcia grande Os de gavea vem das pontas

dos mastereos a fazer fixo no costado do navio

______________________________________________________________________

rarrCunha brandal sm bdquotipo de cabo usado a bordo‟ l ndashdaacutees pl 1813 l Do cat brandal

rarrBluteau BRANDAES (Termo de navio) Brandaes grandes ſaotilde huns cabos que paſſaotilde da

enxarcia dos maſtarcos pellas gaveas amp vem a fazer fixos ao redor dos ſouvēs da enxarcia

85

grande Brandaes da Gavea ſaotilde huns cabos que vem das pontas dos maſtarcos a fazer fixo ao

coſtado da nao Natildeo temos palavra propria Latina

rarrMoraes e Silva BRANDAacuteES splmasc t de Naut Brandaes grandes uns cabos que

passatildeo da enxaacutercia dos mastareacuteos pelas gaacuteveas e vem a fazer fixo ao redor dos ouvens da

enxaacutercia grandesect Brandaes da Gaacutevea cabos que vem das pontas dos mastareacuteos a fazer fixo

ao costado das naacuteos

rarrLaudelino Freire BRANDAL s m De brando + al Naacuteut Cada um dos cabos que

aguentam os mastareacuteus para a borda

rarr Aureacutelio brandal [Do cat brandal poss] Substantivo masculino Marinh 1Cada um dos

cabos que aguentam os mastareacuteus para um e outro bordo e um pouco para reacute 2Cada um dos

cabos que aguentam os mastros de embarcaccedilatildeo miuacuteda para um e outro bordo e um pouco para

reacute [Cf estai] ESTAI [Do fr ant estai estay (atual eacutetai)] Substantivo masculino 1Marinh

Qualquer dos cabos que aguentam a mastreaccedilatildeo para vante 2Marinh Qualquer cabo

destinado a suportar em posiccedilatildeo vertical um turco chamineacute balauacutestre ou qualquer outra peccedila

do equipamento da embarcaccedilatildeo 3Bras Constr Nav Haste metaacutelica geralmente ciliacutendrica

que serve para manter em posiccedilatildeo qualquer parte ou peccedila da embarcaccedilatildeo [Cf brandal]

rarr Banco de dados do Projeto DHPBCNPq

Por 5 Brandaes de 2 libras a 640 []

LUIZ DOS SANTOS VILHENA (1921) [1802] CARTA PRIMEIRA [A00_0404 p 71]

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Todos os dicionaacuterios analisados apresentam brandal brandaes como termo

naacuteutico ou da marinha Origem catalatilde

Ficha 33

Briol sm (T naut) Corda para ferrar e colher as velas

______________________________________________________________________

rarrCunha briol sm bdquotipo de cabo usado nas embarcaccedilotildees a vela‟ 1813 Do cast briol deriv

do a fr braivel (hoje breuil) dim de braie bdquobraga‟

rarrBluteau BRIOES (Termo de marinagem) Satildeo huns cabos com que ſe colhem as velas

quando ſe querem ferrar Funes contrabendis ou colligendis velis

rarrMoraes e Silva BRIOacuteES sm pl t de Naut Cordas que servem para ferrar e colher as

veacutelas (briyoes)

rarrLaudelino Freire BRIOL s m Cast briol Naacuteut Cabo de ferrar as velas 2 Giacuter Vinho

de qualidade inferior BRIOL adj Lus Becircbado eacutebrio

rarrAureacutelio briol [Do esp briol] Substantivo masculino 1Marinh Cada um dos cabos fixos

nas esteiras das velas redondas destinados a carregar o pano de encontro agraves vergas respectivas

[]

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta o termo briol

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Todos os dicionaacuterios analisados apresentam briol como termo naacuteutico ou da

marinha Origem castelhana lt francesa

Ficha 34

Buccedilardas sf (T Naut) pagraveos que atravessatildeo a roda da proa para reforccedilal-a

______________________________________________________________________

86

rarrCunha natildeo consta

rarrBluteau BUCARDAS Buccedilardas (Termo de navio) Satildeo huns paacuteos tortos que atraveſſaotilde a

roda de proa pella banda de dentro para fortificar amp em navios pequenos nellas aſſenta o

maſtro do traquete Naotilde tem palavra propria Latina

rarrMoraes e Silva BUCcedilAacuteRDAS sfpl t de Naut Satildeo uns paacuteos tortos que atravessatildeo a roda

de proa pela banda de dentro para a reforccedilarem sect Nos navios pequenos o mastro do traquete

assenta sobre as buccedilardas

rarrLaudelino Freire natildeo consta

rarrAureacutelio natildeo consta

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta

__________________________________________________________________

Comentaacuterios Soacute Bluteau e Moraes apresentam o verbete buccedilardas e o indicam como termo

naacuteutico ou da marinha Origem controvertida

Ficha 35

Burra sf A femea do burro Cofre para dinheiro (T familiar) Nome de uma corda da mezena

[ T Naut ]

______________________________________________________________________

rarrCunha burro ndash do latim burrus bdquoruccedilo vermelho‟

rarrBluteau Burra de Mezena He huma corda que ſerve na vela da popa

rarrMoraes e Silva BUacuteRRA s f Jumenta a femea do burro sect famil Cofre para dinheiro

ordinariamente chapeado e forrado sect Uma corda de mezena t de Naut

rarrLaudelino Freire BURRA s f Fecircmea do burro jumenta 2 Naacuteut Cabo de mezena []

rarrAureacutelio Burro [] Mar Cada uma das pequenas talhas engatadas nos lais da retranca e nas

alhetas do navio uma por bordo e destinadas a aguentaacute-la quando a vela estiver caccedilada []

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta

______________________________________________________________________

Comentaacuterios todos os dicionaacuterios apresentam burra burro tambeacutem como termo ligado agrave

vida mariacutetima Origem portuguesa lt latina

C Ficha 36

Cabresto sm Corda para prender as bestas na estribaria e que serve na falta de freio O freio

do prepucio No plr (T Naut) Cabos que vem do ldquoguropezrdquo a fazer fixo no costado em

humas argolas agrave proa

______________________________________________________________________

rarrCunha cabresto sm bdquoarreio freio‟ l XIII -bestro XIV l Do lat capĭstrum []

87

rarrBluteau Cabreſto (Termo de Mariagem) ſaotilde huns cabos que vem da ponta do gurupez a

fazer fixo em humas argolas que eſtaotilde no coſtado da nao agrave proa A falta do termo proprio

latino deſculparagrave aos que‟ fallarem por circumlocuccedilaotilde

rarrMoraes e Silva CABREgraveSTO s m [] t de Naut Cabos que vem da ponta do gurupeacutes a

fazer fixo em umas argolas que estatildeo no costado da naacuteo aacute proa []

rarrLaudelino Freire CABRESTOS s m Lat capistrum [] 2 Naacuteut Cabo grosso que

segura o gurupeacutes a argolas fixas no costado do navio 3 Corrente correia ou corda que

prende o cabeccedilalho agrave canga socairo

rarrAureacutelio cabresto (ecirc) [Do lat capistru com metaacutetese] Substantivo masculino Constr

Nav Cada uma das correntes de ferro que aguentam o gurupeacutes para a roda de proa Bras

Reforccedilo de linha ou de arame fino aplicado na extremidade da vara ou caniccedilo de pesca Bras

NE Ligamento de cordas que prendem os bancos agrave jangada []

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq

[] chegada a occasiatildeo de levar acircncora se lhe prende o cabresto e se larga ou solta a roda

a qual quanto mais tesa estiver tanto mais forccedila poraacute no cabresto e quando por si soacute natildeo

seja suficiente para a levantar o faraacute com muita brevidade ajudada com alguns poucos

serventes porque as cordas como violentadas hatildeo de buscar o seu natural

PADRE JOAtildeO DANIEL (1976) [1757] PARTE SEXTA - DO TESOURO DESCUBERTO NO

RIO MAXIMO AMAZONAS - CONTEacuteM INVENTOS UacuteTEIS E CURIOSOS PARA A MELHOR

FAZENDO NAVEGACcedilAtildeO PROacuteSPEROS TODOS OS VENTOS AINDA OS MAIS

PONTEIROS E CONTRAacuteRIOS E PARA FAZER NAS CALMARIAS BOA VIAGEM COM

NOVA INVENCcedilAtildeO DE REPRESAR AS MAREacuteS PARA MOEREM FAacuteBRICAS E INGENHOS

DE MOTO CONTIacuteNUO ACCRESCEM ALGUMAS OUTRAS IDEacuteAS DE INGENHOS

MANUAES PARA SERRAR MADEIRA FAZER ACcedilUacuteCAR E MUITOS OUTROS NAtildeO

MENOS CURIOSOS QUE UacuteTEIS A VIDA HUMANA - CAP 4deg - DE ALGUAS OUTRAS

ADVERTEcircNCIAS SOBRE A NAVEGACcedilAtildeO () [A00_1967 p 402]

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Todos os dicionaacuterios analisados apresentam cabresto como termo naacuteutico ou

de marinhagem Origem portuguesa lt latina

Ficha 37

Cachola sf (T baixo) Cabeccedila Fig Juizo Touticcedilo No plur (T naut) Pagraveos posticcedilos sobre o

calcez para engrossallo

______________________________________________________________________

rarrCunha cacho ndash provavelmente do latim vulgar cacculus [] cachOLA sf bdquopop Cabeccedila‟

XVIII []

rarrBluteau CACHOacuteLAS Cacholas (Termo de navio) Satildeo huns posticcedilos em cima do calcez

para o engroſſar quando naotilde tem groſſura proporcionada ao Navio Naotilde temos palavra propria

Latina

rarrMoraes e Silva CACHOgraveLAS t de Naut Paacuteos posticcedilos sobre o calcez para o engrossar

[]

rarrLaudelino Freire CACHOLA s f Mar Taacutebua que se prega no tocircpo do calcecircs de um

mastro afim de que a aacutegua se natildeo introduza entre os encaixes do madeiro2 Cavidade na

cabeccedila do leme onde se introduz a cana []

rarrAureacutelio [De cacho2 + -ola

1 poss] Substantivo feminino 1Pop V cabeccedila []

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo foram encontradas ocorrecircncias

______________________________________________________________________

88

Comentaacuterios Soacute Aureacutelio natildeo apresenta cachola como termo naacuteutico

Origemcontrovertida

Ficha 38

Calabre sm (T Naut) corda grossa

______________________________________________________________________

rarrCunha calabre cabre sm bdquo(Marinh) amarra de cabo‟ l cabre XVI caaure XIV l Do ant

port caabre deriv Do a fr caable e este provavelmente do lat tard capŭlum bdquocorda‟

rarrBluteau Calabre que ſe ata agrave ancora Funis ancorarius Cœfar Calabre com que ſe ata bdquoa

verga ao maſto Anquina œ Fem Penult long []

rarrMoraes e Silva CALAacuteBRE ( calaacutebre) smt de Naut Corda grossa amarreta para varios

usos

rarrLaudelino Freire CALABRE s m Corda grossa feita de piaccedilaba a que se prendem os

alcatruzes das noras 2 Naacuteut Cabo grosso amarra

rarrAureacutelio calabre [Do port ant caabre (v cabre) poss com infl do port ant calabre

catapulta] S m 1Corda grossa Diz Cristo que eacute mais faacutecil entrar um calabre pelo fundo

de a agulha que entrar um avarento no Reino do Ceacuteu (Pe Antocircnio Vieira Sermotildees II p

259) 2Marinh Amarra de cabo cabre 3Constr Cabo2 (4)

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq

Acham-se alguns de tal grossura que servem de calabres e amarras de embarcaccedilotildees

FRANCISCO XAVIER RIBEIRO DE SAMPAIO (1872) [1642] RELACcedilAtildeO GEOGRAPHICA

HISTORICA DO RIO BRANCO DA AMERICA PORTUGUEZA COMPOSTA PELO

BACHAREL FRANCISCO XAVIER RIBEIRO DE SAMPAIO () [A00_0713 p 262]

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Todos os dicionaacuterios analisados apresentam calabre como termo naacuteutico ou da

marinha Origem francesa lt latina

Ficha 39

Calabrote sm (T Naut) Calabre menos grosso Accediloute feito de hum pedaccedilo de calabrote

______________________________________________________________________

rarrCunha calabre cabre sm(Marinh) amarra de cabo‟ l cabre XVI caaure XIV l Do ant

port caabre deriv Do a fr caable e este provavelmente do lat tard capŭlum bdquocorda‟

calabrETE XV calabrOTE 1813

rarrBluteau CALABROTE Calabrocircte Vid Calabre Calabre pouco groſſo Com que a nao ſe

amarra em terra Com hum calabrote forte Jacinto Freire mihi pag 198 []

rarrMoraes e Silva CALABROacuteTE s m t de Naut Sorte de calabre menos grosso de um

pedaccedilo delle se faz accediloite donde se toma calabrote por accediloite de que usa o comitre ou

mestre para castigar a maruja

rarrLaudelino Freire CALABROTE s m De calabre + ote Calabre pouco grosso 2

Ponta de cabo de accediloute

rarrAureacutelio calabrote [De calabre + -ote1] Substantivo masculino 1Corda de pequena

grossura 2Marinh Cabo2 (6) de pequena bitola Atraacutes dos soldados chegaram marujos a

brandir calabrotes e chuccedilos (Xavier Marques O Sargento Pedro p 135)

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq

89

Mandarʃeha aos Meʃtres que cinjatildeo a enxarʃea levem area para as cubertas tomem boccedilas

nas vergas nas ancoras nas eʃcotas contra-eʃtais amp os bateis pela popa com dous

calabrotes hum mais baganagraveo do que outro

FRANCISCO DE BRITO FREYRE (1655) [1655] SENHOR () [A00_2496 p 61]

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Todos os dicionaacuterios analisados remetem calabrote a calabro ndash termo naacuteutico

ou de marinhagem Origem francesa lt latina

Ficha 40

Calafeto sm (T Naut) A estopa e breo com que se calafeta Acccedilatildeo de calafetar

______________________________________________________________________

rarrCunha Calafetar vb‟tapar vedar‟ XIII Do it calafatare provavelmente do ar qaacutelfat De

origem incerta o voc aacuterabe talvez derive do lat vulg calefare (claacutess calefacĕre‟) bdquoaquecer‟

por ser a operaccedilatildeo de derreter o alcatratildeo submetendo-o ao fogo uma das mais importantes

que pratica o calafate []

rarrBluteauCALAFETO Calafeto Couſa que ſe uſa para calafetar como eſtopa amp outra

couſa ſemelhante ou a acccedilaotilde de calafetar []

rarrMoraes e Silva CALAFEgraveTO s m t de Naut A estopa e breu com que se calafeta o

navio vg ldquo o navio cospia o calafetordquo A acccedilatildeo de calafetar

rarrLaudelino Freire s m De calafetar O mesmo que calafetagem [] 2 Estocircpa ou outra

substacircncia com que se calafeta calafecircto CALAFETAR v r v Ital Calafatare MarTapar

com estocircpa introduzida agrave forccedila (as junturas buracos ou fendas de uma embarcaccedilatildeo) e

embebendo de pez alcatratildeo para velar a aacutegua (tr Direto) ldquoEspalma as naves calafeta as

fendas repara as bordas o massame as velasrdquo (Pocircrto Alegre)

rarrAureacutelio calafeto (ecirc) [Dev de calafetar] Substantivo masculino1Calafetagem (2) [Pl

calafetos (ecirc) Cf calafeto do v calafetar] CALAFETAR [Do cat calafatar calafetar pelo

esp ant calafetar] Verbo transitivo direto 1Vedar com estopa alcatroada (as junturas

buracos ou fendas de uma embarcaccedilatildeo) 2Tapar vedar com pano papel massa etc (fenda ou

buraco de toneacuteis assoalhos tabiques etc) []

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq

E natildeo cause estranheza o calafetar das canoas porque pocircsto que aqui se fazem de um soacute pau

como no Brasil satildeo poreacutem abertas pela proa e pela pocircpa e acrescentadas pela borda com

falcas para ficarem mais altas e possantes e assim as costuras destas como os escudos ou

rodelas com que se fecham a proa e pocircpa necessitam de calafeto

ANTOacuteNIO VIEIRA (1925) [1654] CARTA LXV - AO PADRE PROVINCIAL DO BRASIL

1654 ()[A00_0157 p 373]

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Moraes e Silva apresenta calafeto como termo naacuteutico Laudelino Freire e

Aureacutelio apresentam acepccedilotildees que remetem ao universo da marinha Bluteau natildeo faz nenhuma

referecircncia Origem italiana

Ficha 41

Calcez sm (T naut) O pescoccedilo do mastro onde encapella a enxarcia real

______________________________________________________________________

90

rarrCunha calcecircs bdquo(Const Nav) parte da seccedilatildeo retangular no extremo superior de um mastro

ou mastareacuteu‟ l ndashceses pl XVI l Do it calceacutese deriv do lat tardio calcēse adaptaccedilatildeo do lat

carchēsium e este do gr karchēsion bdquovaso para beber‟ parte superior do mastro cesto da

gaacutevea‟

rarrBluteau CALCEZ Calcecircz (Termo de Navio) he o peſcoccedilo do maſtro para riba aonde

encapella a Enxarcia Real Falta palavra propria Latina Pela muita forccedila o Maſtareo abrio o

Calcez por duas partes BritoViagem ao Braſil pag 67 []

rarrMoraes e Silva CALCEgraveZ s m t de Naut O pescoccedilo do mastro para riba onde encapella

a enxarcia real F Mend c 7

rarrLaudelino Freire CALCEZ ou CALCEcircS s m Lat carchesium Naacuteut Parte quadrada do

mastro ou mastareacuteu desde a romatilde para cima e na qual encapela a enxaacutercia real

rarrAureacutelio calcecircs [Do it calcese lt lat vulg calcese lt lat claacutess carchesiu] Substantivo

masculino 1Marinh Parte de seccedilatildeo retangular no extremo superior de um mastro ou

mastareacuteu logo acima da romatilde [Pl calceses (ecirc)]

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Todos os dicionaacuterios analisados apresentam calcez como termo naacuteutico ou da

marinha Origem italiana

Ficha 42

Calma sf calor causado pelo sol (T naut) Falta de vento

______________________________________________________________________

rarrCunha calma sf bdquogrande calor atmosfeacuterico geralmente sem vento‟ XV bdquoserenidade

sossego‟ 1813 Do it calma deriv Do lat tardio cauma e este do gr kauma bdquocalor ardente

chama‟ []

rarrBluteau calma borralho Phraſe Nautica Emparelhado onde elle participa da outra linha da

coſta tranſversal [] Bonanccedila Por em calma ao mar Mare tranquillarem placare fedare

Vid Abonanccedilar Seus alterados mares punha em Calma Inful De Man Thomas liv 2

Oit69

rarrMoraes e Silva CAacuteLMA s f t de Naut tempo em que natildeo haacute a menor aragem nenhum

vento sect Calma entre os Nautas falta de vento calmarialdquo cahir em calma ldquoficar em

calmariardquo

rarrLaudelino Freire CALMA s f B lat cauma do gr kauma Hora do dia em que haacute mais

calor 2 Falta de vento cessaccedilatildeo de agitaccedilatildeo no mar bonanccedila calmaria []

rarrAureacutelio calma [Do gr kaucircma calor ardente pelo lat tard cauma] SF 1Grande calor

atmosfeacuterico em geral sem vento calmaria [] 3V calmaria (1) 4Fig Serenidade de acircnimo

sossego tranquilidade calmaria malacia []

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq

Este dia todo nom ventou vento senam choveo muita aacutegua e fazia tam grande calma que nom

se podia soportar

PEcircRO LOPES DE SOUSA (1968) [1530] DIAacuteRIO DA NAVEGACcedilAtildeO DE PEcircRO LOPES DE

SOUSA () [A00_0078 p 35]

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Nem todos os dicionaacuterios citam o termo como naacuteutico mas todos eles abonam

ou exemplificam o termo como relativo ao mar Origem italiana lt latina

91

Ficha 43

Calmaria s f (T Naut) Falta de vento

______________________________________________________________________

rarrCunha calma sf bdquogrande calor atmosfeacuterico geralmente sem vento‟ XV bdquoserenidade

sossego‟ 1813 Do it calma derivado do latim tardio cauma e este do grego kauma bdquocalor

ardente chama‟ [] calmaria sf bdquocalma‟ XVI

rarrBluteau CALMARIA Calmaricirca Tanquilidade das aguas do mar Malacia amp Fem []

Amanheceo o dia ſeguinte em huma terrivel Calmaria Queirograves Vida do Irmatildeo Baſto pag

351colI

rarrMoraes e Silva calmaria sf de Naut Tempo de calma no mar em que o navio natildeo surde

ldquoestar o mar em calmariardquo []

rarrLaudelino Freire sf De calma + aria Cessaccedilatildeo do vento e do movimento das ondas

[]

rarrAureacutelio [ De calma + aria] Sf 1 Ausecircncia de ventos eou do movimento das ondas []

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq

[] por cinco ou seis dias tivemos grandes calmarias trovoadas e chuveiros tatildeo escuros e

medonhos e tatildeo fortes ventos que era cousa despanto e no meio dia ficavamos numa noite

mui escura

PADRE FERNAtildeO CARDIM (1980) [1583] III - INFORMACcedilAtildeO DA MISSAtildeO DO P

CHRISTOVAtildeO GOUVEcircA AacuteS PARTES DO BRASIL - ANNO DE 83 - OU NARRATIVA

EPISTOLAR DE UMA VIAGEM E MISSAtildeO JESUIacuteTICA[A00_0751 p 142]

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Somente Moraes e Silva define calmaria como termo naacuteutico mas todos os

outros dicionaacuteriosem suas definiccedilotildees remetem a tempo e atmosfera Origem italiana lt

latina

Ficha 44

Canjar vs (T Naut) Ir avante

______________________________________________________________________

rarrCunha natildeo consta

rarrBluteau natildeo consta

rarrMoraes e Silva CANJAacuteR vr t de Naut Surdir aacute vante ldquo os ventos ponteiros faziatildeo

desandar o que o navio tinha canjadordquo i eacute os ventos abatiatildeo o que o navio tinha surdido

vingado Freire

rarrLaudelino Freire CANJAR v intran Ant Trocar de cocircr ou de rumo cambiar Canjar s

m Aacuter kandjar Espeacutecie de punhal de lacircmina comprida afiada dos dois lados alfanje

rarrAureacutelio natildeo consta

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Somente Moraes e Silva apresenta canjar como termo naacuteutico Origem

duvidosa (italiana) (Houaiss 2001)

92

Ficha 45

Carlinga sf (T Naut) He hum encaixe onde na sobrequilha da nagraveo ou navio assenta o pegrave

do mastro grande e do traquete por outro nome pia

______________________________________________________________________

rarrCunha carlinga sf bdquo(Constr Nav) ant forte peccedila de madeira fixa agrave sobrequilha com um

encaixe onde entra a mecha do peacute do mastro real‟ XVI (Aeron) cabina XX Do fr carlingue

deriv do a escand kerling bdquomulher‟ bdquocarlinga‟ por uma comparaccedilatildeo de ordem sexual

rarrBluteau CARLINGA (Termo de navio) He na ſobrequilha hum encaixo ou covaſinha

onde aſſentaotilde o maſto grande amp agraves vezes o do traquete Por outro nome chamotildelhe PiaO Padre

Filiberto Monet com termos Grego-Latinos chama a Carlinga Hiftodoche es Fem amp

Hiftopus odis Mafe O peacute do maſto ſe encaixa em hum buraco quadrado da Carlinga Pterna

mali ou peacutes mau ou talus mali inditur ftatuitur in quadro biftodoches cavo A Carlinga

ſerve de de baze ao maſto amp a quilha de pedeſtal Hiftodoche feumodius bafin dyrochus verograve

ftylobaten navali malo fubminiftratA agoa que a nao fazia era pola Carlinga Comentar De

Affonſo d‟Albuquerque pag 22

rarrMoraes e Silva CARLIacuteNGA s f t de Naut Na sobrequilha dos navios eacute um encaxe onde

assenta o peacute do mastro grande e do traquete aliaacutes se diz pia Comment dlsquo Albuq P22 Couto

6921

rarrLaudelino Freire CARLINGA s f Naacuteut Peccedila fixada na sobrequilha ou abertura nesta

praticada e em que encaixam os mastros sobrequilha 2 Aeron Lugar onde fica o pilocircto

3 Tabuleta com furos em baixo do banco da vela da jangada e na qual se prende o peacute do

mastro mudando-se de um furo para o outro conforme a conveniecircncia da ocasiatildeo carninga

rarrAureacutelio carlinga [Do fr carlingue] Substantivo feminino 1Ant Constr Nav Forte peccedila

de madeira fixa agrave sobrequilha e em cuja face superior haacute um encaixe de seccedilatildeo quadrangular

onde entra a mecha do peacute do mastro real 2Constr Nav Gola metaacutelica fixa no conveacutes (quando

o mastro natildeo vai ateacute agrave quilha) e onde se apoia o peacute do mastro As meias arrendadas foram

atiradas agrave carlinga do mastro (Xavier Marques Jana e Joel p 173) 3Cabina (3) 4Bras

NE Tabuleta com furos embaixo do banco da vela de uma jangada e na qual se prende o peacute

do mastro mudando-se de um furo para o outro segundo a conveniecircncia da ocasiatildeo [Var

carninga]

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Todos os dicionaacuterios apresentam carlinga como termo naacuteutico Origem

francesa

Ficha 46

Carregadeiras por outro nome Sirgideiras Sf plr (T Naut) Cabos delgados para colher ou

carregar as velas Dous moitotildees com cabo fixo no enxertario para arriar a verga

______________________________________________________________________

rarrCunha do latim carrus ndash carregadeira 1813

93

rarrBluteau CARREGADEIRAS ou Sirgideiras (Termo de Marinhagem) Carregadeiras da

mezena ſaotilde huns cabos delgados cotilde que ſe carrega a vela amp ſe colhe colligendo velo

poftico Carregadeiras (Outro termo de marinhagem) Satildeo dous moutoens com hũ cabo fixo

no enxertario que ſerve para arriar a verga a baixo quando faz tempo

rarrMoraes e Silva CARREGADEIRAS s f pl t de Naut ou Sirgideiras cabos delgados

com que se colhem ou carregatildeo as velassect Dois moitotildees com cabo fixo no enxertario para

arriar a verga quando faz tempo

rarr Laudelino Freire s f pl Lus Giacuter As pernas CARREGADEIRA s f De carregar +

deixara Cabo delgado com que se carregam ou colhem as velas dos navios []

rarrAureacutelio carregadeira [De carregar + -deira] Substantivo feminino 1Marinh Cabo

delgado com que se carregam ou colhem as velas []

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo constam carregadeiras nem sirgideiras

______________________________________________________________________

Comentaacuterios todos os dicionaacuterios apresentam carregadeiras como termo naacuteutico de

marinhagem ou do mar Origem portuguesa lt latina

Ficha 47

Cevadeira sf (T Naut) vela pequena agrave proa do navio Alforge de comida

______________________________________________________________________

rarrCunha do latim cibare

rarrBluteau CEVADEIRA Vela pequena que ſe potildeem na proa Proclinati ad proram mali

velum

rarrMoraes e Silva CEVAgraveDEIRA s f vela pequena de proa t de Naut sect Alforge de comer

Couto 5113 natildeo levatildeo mais que suas armas e cevadeiras com farinha de trigo Cont de

Trancoso sect Homem da minha cevadeira i eacute da minha conversaccedilatildeo Eufr 51 Hist Naut 1

456 ldquoSem alforge e cevadeirardquo os Apoacutestolos despedidos por J Christo Feo Sem De Nossa

Senhora das Neves p115 ldquoRumecan General com 7 ou 8 mil de cavallo da sua cevadeira

Couto 495

rarrLaudelino Freire CEVADEIRA s f de cevar + deira Naacuteut Pequena vela suspensa de

uma vecircrga que atravessa horizontalmente o gurupeacutes

rarrAureacutelio cevadeira [De cevada + -eira] Substantivo feminino 1Saco que se adapta ao

focinho das cavalgaduras para lhes dar a cevada ou outro alimento bornal embornal

2Marinh Ant Verga de cevadeira 3Marinh Ant Vela quadrangular que envergava na

verga do mesmo nome por baixo do gurupecircs [Cf sevadeira]

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq

Apartados os dous navios da ſombra da terra deſcubrioſe entatildeo da Armada que rendido o

noſſo do Pirata o levava aacute toa E metendolhe breviſlimamente vellas de eſtay cutellos

joanetes barredouras (aacutelem da meſena amp ſevadeira que lhe faltou) adiantava grande

caminho em pouco tempo fugindo a hum cortar para ſervirlhe o vento a todo pano o vento

a todo pano

FRANCISCO DE BRITO FREYRE (1655) [1655] SENHOR [A00_2496 p 42]

______________________________________________________________________

Comentaacuterios todos os dicionaacuterios apresentam cevadeira como termo naacuteutico ou relativo ao

mar Origem portuguesa lt latina

94

Ficha 48

Chapeleta sf (T Naut) Couro pregado sobre o pagraveo chamado de nabo O salto da pedra

atirada agrave superficie da agua

______________________________________________________________________

rarrCunha do a f chapel

rarrBluteau CHAPELETA Chapeleta (Termo de navio) He hum couro pregado em cima de

hum pagraveo redondo que chamaotilde Nabo Coriaceum tegumentum i Neut

rarrMoraes e Silva CHAPELETA s f t de Naut Coiro pregado sobre o paacuteo a que os

Nauticos chamatildeo Nabo da Bomba de esgotar o fundo dos navios

rarrLaudelino Freire CHAPELETA s f Cast chapelete Chapelinho 2 Vaacutelvula nas

bombas que se usam a bordo

rarrAureacutelio [De chapeacuteu1 (lt fr ant chapel) + -eta (ecirc) seg o padratildeo erudito] Substantivo

feminino 1V chapeacuteu1 (1) 2Vaacutelvula de bola (q v) usada nas bombas [v bomba (4)] 3V

ricochete (1) 4Mancha de rubor nas faces chapeacuteu1 [Do fr ant chapel atual chapeau]

Substantivo masculino 1Peccedila de feltro palha etc com copa e abas e destinada a cobrir a

cabeccedila [Aum chapelatildeo chapeiratildeo dim irreg chapelete chapeleta Sin (bras giacuter) tampa

e penante] Marinh A parte superior do cabrestante

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Embora natildeo conste em todos os dicionaacuterios como termo naacuteutico as definiccedilotildees

apresentadas remetem a esse termo Origem portuguesa lt francesa

Ficha 49

Chapiteo sm (T Naut) O remate mais alto da popa e proa No edifiacutecio Chapitel he o

rematte delle

______________________________________________________________________

rarrCunha natildeo consta

rarrBluteau CHAPITEO Chapiteo (Termo de navio Por quanto hum homem podia diviſar do

Chapiteo da naacuteo Barr 2 Dec pag 186col2

rarrMoraes e Silva CHAPITEO Chapiteacutel V Chapiteacuteo Palm 3111Chapiteacuteo s m t de

Naut o chapiteacuteo da naacuteo Barros 2186 quanto um homem podia divisar do chapiteacuteo da naacuteo

Amaral 2 Eacute a parte mais alta em que se remata a popa e proa onde frequentemente havia

castellos e entatildeo o Chapiteo rematava os castellos bem como na arquitectura civil os

chapiteacuteis rematatildeo os edificios Seg Cerco de Diu f157 ―chapiteacuteos da Igreja M Pinto

6214

rarrLaudelino Freire CHAPITEacuteU s m De capitel A parte mais elevada da proa e da pocircpa

do navio

rarrAureacutelio natildeo constam chapiteacuteo chapiteacuteu

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq

Era tam grande o mar que agrave entrada da baiacutea em 9 braccedilas de fundo me deu o mar por riba

do chapiteacuteo e veo quebrar no conveacutes

PEcircRO LOPES DE SOUSA (1968) [1530] DIAacuteRIO DA NAVEGACcedilAtildeO DE PEcircRO LOPES DE

SOUSA [A00_0078 p 107]

95

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Aureacutelio natildeo lista chapiteo em seu dicionaacuterio Para os demais autores

consultados chapiteo eacute um termo de navio Origem natildeo encontrada

Ficha 50

Chaveta sf (T Naut) Ferro com que se bdquore em‟ as cavilhas fechando por cima das arruelas

Ferro no eixo que natildeo deixa saacutelvio o que estagrave enfiado nelle

_____________________________________________________________________

rarrCunha chaveta - do latim clavem

rarrBluteau CHAVETA Chaveta (Termo de navio) Chapa de ferro da largura de dous dedos

eſtreita para a ponta fecha por cima das arruelas para que ſe naotilde poacuteſſaotilde tirar as cavilhas

Clavorum retinaculum i Neut

rarrMoraes e Silva CHAVEgraveTA s f t de Naut Peccedila de ferro que fecha por cima das

arruellas para reter as cavilhas ou se mette no extremo de algum eixo paranatildeo sair o que estaacute

enfiado nelle

rarrLaudelino Freire CHAVEcircTA s f De chave Peccedila de ferro na extremidade de um eixo

para natildeo deixar sair as rodas ou peccedila que segura uma cavilha 2 Cavilha 3 Haste em que

jogam as dobradiccedilas 4 Lus O mesmo que chavelha

rarrAureacutelio chaveta (ecirc) [De chave + -eta (ecirc)] Substantivo feminino 1Peccedila na extremidade

dum eixo para fixar as rodas2Peccedila para segurar a cavilha 3Haste em que jogam as

dobradiccedilas 4Bras SP Peccedila de madeira que prende a canga agrave tiradeira [Pl chavetas (ecirc) Cf

chaveta e chavetas do v chavetar]

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq

[] e estas fontes como outros tantos Cyfoens enchem delivel com aagoa dorio aquellas

praccedilas logo que amachina se interrompe machina ha destas q consta de quatro centas

chapas deferro ecada chapa de oito Libras fora as cavilhas e chavetas do mesmo metal

[]

ANTONIO PIRES DA SILVA PONTES LEME (1896) [nd] MEMORIAS SOBRE A

EXTRACCcedilAtildeO DO OURO NA CAPITANIA DE MINAS GERAES () [A00_0761 P 420]

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Todos os dicionaacuterios apresentam o termo chaveta ligado ao mundo mariacutetimo

Origem portuguesa lt latina

Ficha 51

Cheleira sf (T naut) peccedila de madeira nas nagraveos junto aacutes portinholas com vatildeos onde se

mettem as balas

_____________________________________________________________________

rarrCunha natildeo consta

rarrBluteau natildeo consta

rarrMoraes e Silva CHELEgraveIRA s f Nas naacuteos de guerra eacute peccedila de madeira que corre ao

longo do costado junto aacutes portinholas e onde estatildeo as ballas vi uns vatildeos feitos para isso nas

cheleiras (do Inglez Shelf) Exame de Artilheiros

96

rarrLaudelino Freire CHELEIRA s f Lugar em que empilham as balas na bateria de um

navio 2 Peccedila de madeira em que a bordo se encaixam baldes

rarrAureacutelio natildeo consta

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Em suas acepccedilotildees os dicionaacuterios de Moraes e Silva e Laudelino Freire

apontam o termo como do universo naacuteutico Os demias dicionaristas natildeo citam o termo

Origem natildeo encontrada

Ficha 52

Ciar se va refl Ter ciumes (T Naut) vn Remar para traz em quanto outros rematildeo ao

contrario para voltar o baixel

______________________________________________________________________

rarrCunha ciar vb bdquoremar para traacutes‟ l cear XVI l Do cast ciacutear talvez deriv de cia bdquoquadril‟

pelo esforccedilo que faz esta parte do corpo ao ciar

rarrBluteau CIAR ou ciarſe ter ciumes Emulari Vid Ciume amp Ciofo Pois ſe Chriſto ſe Cia

tanto de morrer algum hoacutemem antes que elle morra pelos homens OP Ant Vieira

rarrMoraes e Silva CIAR-SE t de Naut Remar para traz ao tempo que os outros remeiros do

lado opposto rematildeo para diante para voltar a galeacute V Ciavoga Cast 2161 V Cear como

escrevem Barros e Castanheda CIAVOacuteGA s f t de Naut Volta em redondo que se daacute aacute

galeacute remando os de um lado e ciando os do outro Cast

rarrLaudelino FreireCIAR v intr Naacuteut Remar no sentido contraacuterio ao andamento para

recuar ou para voltar a embarcaccedilatildeo vogando a direito os remeiros do outro lado 2 Mover-

se para traacutesrdquo Cia a igara e reparte um silvo extensordquo (Pocircrto Alegre)

rarrAureacutelio ciar1 [Do esp ciar poss] Verbo intransitivo 1Remar para traacutes 2P ext Mover-se

para traacutes [Cf siar e cear]

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq

Vista jaacute posto que em sombras a pintura do corpo natural desta Regiatildeo a benevolecircncia do

seu clima a fermosura dos seus Astros a distancia das suas costas o curso cia sua

navegaccedilatildeo o movimento dos seus mares objectos que mereciaotilde mais vivos e dilatados

rascunhos []

SEBASTIAtildeO DA ROCHA PITTA (1878) [1730] LIVRO PRIMEIRO [A00_0567 p 13]

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Dentre os dicionaacuterios consultados somente o de Bluteau natildeo cita o termo ciar-

se como naacuteutico Origem castelhana

Ficha 53

Cifa sf Assim chamatildeo os ourives a aregravea de que enchem os frascos de moldar e vasar as

peccedilas (T Naut) untura que se dagrave nas embarcaccedilotildees

______________________________________________________________________

rarrCunha cifa sf bdquoareia que os ourives empregam para moldar‟ 1813 Do arsatildeifacirc

97

rarrBluteau natildeo consta

rarrMoraes e Silva CIFA sf eacute untura que se daacute aos navios feita de gordura ou azeite de

peixes ampc B 4816 ldquodaria 100 quintaacutees de Cifa ( que eacute azeite de peixe) ―Couto V de Lima

6 16 lhe mandassem municcedilotildees remos cifa cotonias []

rarrLaudelino Freire sf aacuter saifa Areia de que os ourives enchem os frascos de moldar e

vazar as peccedilas que eles depois tecircm de lavar

rarrAureacutelio cifa [Do aacuter sayf espada areia fina (sentido metafoacuterico)] Substantivo feminino

1Areia que os ourives empregam para moldar

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Somente Moraes e Silva abona o termo cifa como naacuteutico Origem aacuterabe

Ficha 54

Cifar va (T Naut) Dar cifa

______________________________________________________________________

rarrCunha de cifa sf bdquoDo arsatildeifacirc

rarrBluteau CIFAR Termo Nautico Mandou logo Cifar amp baſtecer trinta navios Jacinto

Freire mihi 322 Cinco navios varados amp Cifados para ſe lanccedilarem ao mar Couto 8 Dic 129

col1

rarrMoraes e Silva CIFAacuteR v at De Naut Dar cifa aos navios ldquocifar e alimpar os naviosrdquo

Cron F III P 3 c 77 mandou cifar e bastecer trinta navios Freire cinco navios varados e

cifados para se lanccedilarem ao mar Cast 8 fol I col I ldquocifados e ensevados os navios para

que ficassem mais ligeirosrdquo e a f 250 como as embarcaccedilotildees estavatildeo cifadas e enseyadas

prendeo logo o fogo nellas V Cifa

rarrLaudelino Freire CIFAR v tr dir De cifa + ar Ant Untar com cifa (os navios) 2

Aparelhar ou abastecer (embarcaccedilatildeo) para se lanccedilar agrave aacutegua

rarrAureacutelio natildeo consta

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Dos dicionaacuterios consultados natildeo citam o termo as obras de Aureacutelio e Cunha

Origem aacuterabe

Ficha 55

Cinta sf Faixa de apertar o corpo Cintura onde se aperta a cinta Peccedila das culumnas e

pedestaes (T Naut) Pagraveos de reforccedilar o forro do costado de popa agrave proa

______________________________________________________________________

rarrCunha cinta sf bdquofaixa para apertar a cintura‟ XIII Do lat cĭncta part De cĭngĕre cintAR

1881 cinto1

adj bdquocingido‟ XIV Do lat cinctus ndashūs part De cĭngĕre cinto2

sm bdquofaixa ou

tira que cinge o meio do corpo com uma soacute volta‟ XIII Do lat cinctus -ŭs cintura sf bdquoa

parte meacutedia do tronco humano situada abaixo do peito e acima dos quadris‟ l ccedilin- XIV ccedilim-

XV l Do lat cinctūra cintURAtildeO sm bdquocinto grande‟ 1813

rarrBluteau Cintas (Termo de navio) Saotilde huns paacuteos que cingem o navio da popa ateacute a proa

pela parte de fora abraccedilando toda aquella madeira em diſtancia huma da outra de palmo amp

meyo ou dous palmos de largo ou ſaotilde huns paacuteos q coacuterrem davante a Reacute ſobre as eſtacas que

ellas foraotilde correndo ao longo das Cintas do coſtados []

98

rarrMoraes e Silva [] t de Naut Paacuteos que vatildeo por fora do costado de popa aacute proa e servem

de reforccedilo ao taboado ou forro do costado Barros

rarrLaudelino Freire CINTAS s f pl Taacutebuas pregadas aos caibros junto agrave cumieira e

paralelas a esta de dois em dois metros mais ou menos para dar firmeza aos planos do

madeiramento 2 Pranchotildees que cingem o navio da pocircpa agrave proa

rarrAureacutelio cinta [Do lat cincta fem do part pass de cingere] Substantivo feminino

Constr Nav Fiada de chapas mais grossas dispostas de proa agrave popa no forro exterior do

costado de navios de ferro agrave altura do conveacutes da borda-livre com o fim de aumentar a

resistecircncia do casco e do proacuteprio costado cintado []1 Bras Mar G Dispositivo instalado

numa embarcaccedilatildeo de casco de ferro ou de accedilo e que atenua ou neutraliza a deformaccedilatildeo que o

magnetismo da embarcaccedilatildeo causa nas linhas de forccedila do magnetismo terrestre assim

reduzindo muito a eficaacutecia das minas e torpedos eletromagneacuteticos que se possam encontrar na

rota Cinta couraccedilada 1 Constr Nav Cinta de chapas de couraccedila para proteger navio

encouraccedilado e que se estende desde abaixo da sua linha de flutuaccedilatildeo ateacute pouco acima dela

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Todos os dicionaacuterios apresentam cinta como termo naacuteutico Origem

portuguesa lt latina

Ficha 56

Clara s f O branco glutinoso do ovo (T Naut) No beque do navio he hum pagraveo que vai por

baixo da curva e por cima do talhamar

______________________________________________________________________

rarrCunhaclara - Claro adj bdquoorig luminoso brilhante iluminado‟ fig niacutetido inteligiacutevel

manifesto‟ XIII Do lat clarus []

rarrBluteau [] Clara do Beque Palavra de Navio He hum paacuteo que vay por cima do

Talhamar amp por baxo da curva Chamaſe Clara porque tem ſeus vatildeos para por ella paſſar o

mar

rarrMoraes e Silva CLARA sf [] Clara do beque pao que vai por cima do talhamar e por

baixo da curva t de Naut

rarrLaudelino Freire CLARA sf [] 4 Abertura em algumas peccedilas do navio

rarrAureacutelio clara [F subst do adj claro] s f 4Mar V aberta (9) 5Constr Nav Designaccedilatildeo

comum a algumas aberturas existentes no casco ou no aparelho das embarcaccedilotildees []

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta

______________________________________________________________________

Comentaacuterios todas as obras apontam clara como termo de navio entre outras acepccedilotildees

Origem portuguesa lt latina

99

Ficha 57

Colhedor sm Que colhe as frutas das aacutervores No plur(T Naut) Cabos que para fortificar

os mastros passatildeo pelas bigotas fixas nas pontas dos bdquoovens‟ da enxarcia e nas que estatildeo fixas

na abotoadura

______________________________________________________________________

rarrCunha colhedor ndash de colher Do latim colligere

rarrBluteau Colhedocircres (Termo de navio) Saotilde huns cabos que paſſaotilde pelas bigotas que

eſtaotilde fixas nas pontas dos ovens da Enxarcia como tambem por aquellas que eſtaotilde fixas na

abotocadura para fortificar os maſtos Demandaotilde toda a forccedila amp vaotilde a poder de muyto cabo

[]

rarrMoraes e Silva sm [] t de Naut cabos que passatildeo pelas bigotas fixas nas pontas dos

ovens da enxaacutercia e por outras fixas na abotoadura para fortificar os mastros

rarrLaudelino Freire COLHEDOR adj E sm De colher + dor O que colhe o que recebe

Colhedores s m pl Cabos delgados que enfiando pelos buracos de duas bigotas ou sapatos

servem para tesar os oveacutens estais

rarrAureacutelio [De colher (ecirc) + -dor] Adjetivo Marinh Cabo com que se tesa um estai um

oveacutem etc e que gorne em um par de bigotas uma das quais eacute presa no chicote do cabo a

tesar e a outra num ponto apropriado do conveacutes do costado de um mastro etc

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta

______________________________________________________________________

Comentaacuterios todos os dicionaacuterios apontam colhedor como termo naacuteutico Origem

portuguesa lt latina

Ficha 58

Contrapunho sm [T Naut] cabo pegado na ponta da vela grande e do traquete para ajudar

a amarra

______________________________________________________________________

rarrCunha contra (latim) +punho (latim)

rarrBluteau (Termo de navio) He hum cabo que eſtaacute pegado na ponta da vella grande amp do

traquete que ſerve de ajudar a amarra Naotilde tem nome proprio Latino

rarrMoraes e Silva CONTRAPUacuteNHO s m t de Naut Cabo pegado na ponta da vela grande

e do traquete para ajudar a amarra

rarrLaudelino Freire CONTRAPUNHO s m De contra + punho Naacuteut Cabo fixo na ponta

da vela grande e do traquete para auxiliar a manobra

rarrAureacutelio contrapunho [De contra- + punho] Substantivo masculino 1Marinh Cabo ligado

agrave ponta da vela grande e do traquete e que serve para auxiliar a manobra

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta

______________________________________________________________________

Comentaacuterios todos os dicionaacuterios apontam contrapunho como termo naacuteutico Origem

portuguesa lt latina

100

Ficha 59

Corda sf fios torcidos de estopa etc entre si de diversas grossuras e para diversos usos Nos

Instrumentos musicos he de intestinos de animaes ou de arame No relogio he de accedilo

Cordilheria Extremidade do muscolo No plr (T Naut) Chapas de lata que vatildeo davante agrave regrave

nas cobertas

______________________________________________________________________

rarrCunha corda sf bdquocabo de fios vegetais unidos e torcidos uns sobre os outros‟ bdquofios de

vibra em alguns instrumentos‟ XIII Do lat chŏrda deriv Do gr chordē bdquotripa corda musical

feita com tripas‟ []

rarrBluteau CORDA Corda de navio Funis nauticus i Maſe Rudens tis Maſe Plauto faz

eſte nome do genero feminino mas melhor he fazelo do genero maſculino agrave imitaccedilaotilde de

Catullo Virgilio Oviacutedio Lucano Silio Italico amp Juvenal Vid Ancora Vid Calabre Cordas

com que ſe governaotilde as antenas Funes opiferi Corda com que ſe atta a antena ao maſto

Anquina e Fem Cinna Corda que puxa agrave firga []

rarrMoraes e Silva COacuteRDAS sf pl t de Naut Satildeo umas latas davante a re em todas as

cobertas

rarrLaudelino Freire CORDA s f Lat chorda Peccedila de fios unidos e torcidos uns socircbre os

outros e que serve para prender ou apertar[]

rarrAureacutelio corda [Do lat chorda] Substantivo feminino Constr Nav Ant Cada uma das

vigas longitudinais que nas naus galeotildees etc juntamente com os vaus e as latas aguentavam

os pavimentos 10Marinh Pedaccedilo de cabo ligado ao badalo do sino de bordo [Eacute este a bordo

o uacutenico cabo que tem o nome de corda Cf sicorda]

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq

Falta soacute a induacutestria de as ir puxando para diante para cada vez irem avanccedilando e eacute faacutecil

pondo na ponta de cada pao alguma roda ou reacutegoa entesada em cordas

um calabre cujas pontas vatildeo prender na extremidade dos acircngulos que seguram

PADRE JOAtildeO DANIEL (1976) [1757] PARTE SEXTA - DO TESOURO DESCUBERTO NO

RIO MAXIMO AMAZONAS - CONTEacuteM INVENTOS UacuteTEIS E CURIOSOS PARA A MELHOR

FAZENDO NAVEGACcedilAtildeO PROacuteSPEROS TODOS OS VENTOS AINDA OS MAIS

PONTEIROS E CONTRAacuteRIOS E PARA FAZER NAS CALMARIAS BOA VIAGEM COM

NOVA INVENCcedilAtildeO DE REPRESAR AS MAREacuteS PARA MOEREM FAacuteBRICAS E INGENHOS

DE MOTO CONTIacuteNUO ACCRESCEM ALGUMAS OUTRAS IDEacuteAS DE INGENHOS

MANUAES PARA SERRAR MADEIRA FAZER ACcedilUacuteCAR E MUITOS OUTROS NAtildeO

MENOS CURIOSOS QUE UacuteTEIS A VIDA HUMANA - CAP 12deg - DOS OUTROS TREcircS

MODOS DE SERRAR MADEIRA COM INGENHO PORTAacuteTIL [A00_1975 p 431]

______________________________________________________________________

Comentaacuterios todos os dicionaacuterios apontam corda como termo naacuteutico exceto Laudelino

Origem portuguesa lt latina lt grega

101

Ficha 60

Cossouro sm (T Naut] bola de ferro furada no meio onde se mette o mastro Na espora he

a roda com dentes

______________________________________________________________________

rarrCunha cossouro sm bdquoroseta de espora‟ 1813 De origem obscura

rarrBluteau COSSOUROS do navio Saotilde humas bolas de ferro furadas no meyo em que ſe

mete o maſto Servem para os Enxertarios []

rarrMoraes e Silva COSSOgraveUROS s m pl t de Naut Bolas de ferro furadas no meyo em

que se mette o mastro servem para os enxertarios sect Cossouro da espora roda que estaacute na puacutea

rarrLaudelino Freire COSSOURO s m Bola de ferro com orifiacutecio ao centro onde se embebe

o mastrosect 2 Roseta de espora

rarrAureacutelio cossouro [De or obscura] SM 1Roseta de espora [F paral cossoiro]

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta

______________________________________________________________________

Comentaacuterios todos os dicionaacuterios remetem o significado do termo cossouro ao mundo

naacuteutico Origem obscura

Ficha 61

[]

Costa sf Terreno que se levanta em ladeira Terra junta ao mar No plr costelas do corpo

(T Naut] curvas e outras peccedilas que sostecircm o costado []Dar aacute costa naufragar encalhar

[]

______________________________________________________________________

rarrCunha costa sf bdquo(no pl) espaacuteduas‟ XIII bdquocostela‟ XIII bdquolitoral‟ XIV Do lat cŏsta

bdquocostela ilharga lado flanco‟ []

rarrBluteau COSTA do mar ( chamada porque de ordinario he amp coſtumamos dizer A

coſta do monte ou porque a terra junto ao mar de ordinario he curva a modo de Correr a

coſta Navali excursione oram Deſpois de corrida toda a coſta Proximo laure Tacito

fallatildedo em huma armada Navegar coſta a coſta Luttus radere Vr V CoſtearDar agrave coſta

Allidi ad eram ou ad oram maritimam Com naacuteos deſtroccediladas tem quaſi agrave Coſta Chagas

Cart Eſpirit Tom 291 Fez fazer mytos navios para guardar a coſta Varias naves ad oram

maritimam tuendam

rarrMoraes e Silva COacuteSTA s f Terreno que se vaacutei erguendo e fazendo ladeira sect Ir coacutesta a

riba i eacute debaixo para cima e fig com difficuldadesect Correr a costa ir ao longo perto della

e assim navegar costa a costa sem se empeacutegar nem emmarar sect Dar agrave costa vir encalhar ou

naufragar nella com tormenta ou varar nella de proposito vg deu este navio aacute costa o tempo

forte deu elle aacute costardquo naacuteos lanccediladas aacute costardquo B 453

rarrLaudelino Freire COSTA s f Ant Anat Costela 2 Regiatildeo proacutexima do mar borda

do mar litoral praia 3 Porccedilatildeo de mar proacutexima da terra

102

rarr Aureacutelio [] 2Litoral (2) 3Porccedilatildeo de mar proacutexima da terra 4A costa da Aacutefrica em geral

[Nesta acepccedil figura em vaacuterios vocaacutebulos ou expressotildees como p ex pano da costa e sabatildeo-

da-costa] 5Encosta declive Dar agrave costa 1 Mar Encalhar (a embarcaccedilatildeo) no litoral por

acidente ou maacute visibilidade ou impelida por tormenta ir agrave costa 2 Fig Perder-se arruinar-se

Ir agrave costa 1 Mar Dar agrave costa (1)

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq

mar quebrar na costa

preto

PERO VAZ DE CAMINHA (1964) [1500] CARTA DE PERO VAZ DE CAMINHA

[A00_0335 p 01]

Sesta-feira 2 dias de Novembro veo a gente que tinha mandada em busca de Martim Afonso

e me disseram como a nao capitaina dera agrave costa por falta de amarras e que Martim Afonso

com toda a gente se salvaram todos a nado (sogravemente morreram sete pessoas seis afogados e

um que morreo de pasmo) e que o bragantim dera tambeacutem agrave costa e poreacutem que lhe nom

fizera nojo e o batel do galeam e da capitaina tinhatildeo satildeos []

PEcircRO LOPES DE SOUSA (1968) [1530] DIAacuteRIO DA NAVEGACcedilAtildeO DE PEcircRO LOPES DE

SOUSA] [A00_0078 p 73]

______________________________________________________________________

Comentaacuterios todas as obras indicam costas dentre outras acepccedilotildees como termo ligado agrave

vida mariacutetima Como termo naacuteutico o DLB apresenta tambeacutem a expressatildeo dar agrave costa

Origem portuguesa lt latina

Ficha 62

Cruzar va Por em forma de cruz Atravessar pelo meio Fig Sobmetter-se conformar-se (T

Naut) Pairar

______________________________________________________________________

rarrCunha cruzarrarr CRUZ [] Do lat crux crǔcis [] cruzAR vb bdquofazer cruzada‟ XIII

bdquopercorrer atravessar‟ XVII []

rarrBluteau CRUZAR Andar atraveſſando de huma parte a outra Cruzar o mar aſſi

como diz Cicero Andatildeo os Piratas cruzando o mar Pirate mareacute inſeſtum havent Ex Cicer

ou mareacute navibus interclu ou claufum tenent Outras duas velas Cruzaratildeo largo tempo o mar

Britt Viagem ao Braſil pag 56 Dos que Nos Eſtreytos do mar ſe levantatildeo as ondas

amp andatildeo os mares Cruzados Vieir Tom 6 pag 481

rarrMoraes e Silva CRUZAacuteR v at Pograver em cruz v g cruzatildeo as vergas Mousinho Afonso

Afric sect Andar bordejando pairar Brito Viag Braacutes P56 duas velas cruzaacuteratildeo largo tempo o

mar Vieira andatildeo os homens cruzando as cortes atravessando daqui para alli no mesmo

lugar Cruza este terreiro a cavalo cruza os mares

rarrLaudelino Freire CRUZAR v r v De cruz + ar Ocupar ou vigiar certa extensatildeo do mar

percorrendo-a em tocircdas as direccedilotildees (intr tr ind com prep em) ldquoAs esquadras federais

cruzaram veratildeo e inverno durante anosrdquo (Rui) ldquoUma esquadra destinada a cruzar no

Baacutelticordquo (Aulete)

rarrAureacutelio cruzar [De cruz + -ar2][]3Cortar atravessar A Avenida Rio Branco cruza a

Presidente VargasCruzam o firmamento as estrelas cadentes (Martins Fontes Veratildeo p

154) 4Passar por percorrer atravessar Lembrava-se bem do tempo em que cruzara aquelas

estradas5Transpor penetrar Saiu dizendo que jamais voltaria a cruzar aqueles

umbrais6Percorrer em diversos sentidos cruzar os mares cruzar estradas []

8Encontrar-se vindo em direccedilotildees opostascruzara com um caboclo espadauacutedo e rijo

(Herman Lima Garimpos p 142) [] 10Percorrer o mar em direccedilotildees diversas11Estar

103

atravessado colocar-se de traveacutes 12Encontrar-se vindo em direccedilotildees opostas cruzar-se []

Cruzar (16) Os navios cruzaram-se em pleno equador []

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq

Em que se declara o clima da Bahia como cruzam os ventos na sua costa e correm as aguas

GABRIEL SOARES DE SOUSA (1938) [1587] DESCRIPCcedilAtildeO TOPOGRAPHICA DA BAHIA

(PARTE SEGUNDA -TITULO 2) [A00_0178 p 133]

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Os dicionaacuterios consultados apresentam abonaccedilotildees que remetem ao termo

cruzar na acepccedilatildeo de mariacutetimo Origem portuguesa lt latina

Ficha 63

Cunho sm Instrumento com que se marca a moeda ou medalha Fig Uso pronunciaccedilatildeo

sentido que se daacute agraves palavras (T Naut) Pagraveos em torno do cabrestante com seus dentes em

que pegatildeo o linguete e as amarras Sem cruzes nem cunhos famil sem caracter certo vario

______________________________________________________________________

rarrCunha cunho sm ldquoplaca de ferro para marcar moedas medalhas etcrdquo XV Do lat cŭněus

ndashī

rarrBluteau Cunhos (Palavra de navio) Satildeo huns paacuteos pregados agrave roda do cabreſtante por

baxo com ſeus dentes em que pega o linguete amp as amarras quando viraotilde Natildeo temos

palavra propria Latina

rarrMoraes e Silva CUNHO Cunhos t de Naut paacuteos pregados aacute roda do cabrestante com

seus dentes em que pega o linguete e as amarras quando viratildeo

rarrLaudelino Freire CUNHO Cunhos s m pl Naacuteut Espaccedilo junto ao lais tendo aberto

perpendicularmente um gorne onde passam certos cabos que manobram a vela que lhes fica

superior 2 Naacuteut Paus pregados em tocircrno do cabrestante nos quais pelo linguete 3

Pedaccedilos de pau curtos pregados no lugar conveniente e que servem para dar volta aos cabos de

mareaccedilatildeo

rarrAureacutelio cunho [Do lat cuneu] Substantivo masculino1Constr Nav Peccedila de metal

incudiforme que se fixa na amurada das embarcaccedilotildees nos turcos ou nos lugares por onde

possam passar cabos de laborar para dar-lhes volta2Tip Cada uma das peccedilas de metal que

com o auxiacutelio de chave servem para apertar a focircrma na rama [Sin nesta acepccedil aperto e

(desus) cunha V enviesado]

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta

______________________________________________________________________

Comentaacuterios todos os dicionaacuterios apresentam cunho como termo de navio Origem

portuguesa lt latina

Ficha 64

104

Curva sf A parte interior do joelho No pl (T Naut) Os pagraveos curvos que pegatildeo na quilha e

onde se pregatildeo as taboas

______________________________________________________________________ rarrCunha curv ˙a -ado -ar -atura rarr CURVO Curva sf bdquoqualquer linha ou superfiacutecie curva‟

1500 bdquo(Geom) lugar geomeacutetrico de um ponto que se desloca no espaccedilo com um uacutenico grau de

liberdade‟ 1844curvADO-bado XIV Do lat curvātus part de curvāre []

rarrBluteau Curva (Termo de Navio) Curvas de cotildevez ſaotilde as chaves da naacuteo que fortificatildeo os

lados Parece que ſaotilde o que Plinio chama Navium coft amp arum Fem Plur Curva do falcatildeo

do Beque he huma curva particular em que prega o Talhamar A quilha eſtava podre podres

as Curvas ou cavernas Vieira Tom 10220 E dando entre duas ondas impetuoſas Taboas

rendeo amp as Curvas mais forccediloſas Malaca conquiſt livro 1 oit 35

rarrMoraes e Silva CUacuteRVA Curvas t de Naut as costas ou peccedilas de paacuteo curvas que

nascem da quilha nas quaes se pregatildeo as taacuteboas do costado cavernas Vieira sect Curva do

falcatildeo do beque eacute uma curva onde se prega o talhamar

rarrLaudelino Freire CURVAS sf pl Mar Madeiros arqueados que partem do costado do

navio

rarrAureacutelio curva [F subst de curvo] SF 1Geom Lugar geomeacutetrico de um ponto que se

desloca num espaccedilo com um uacutenico grau de liberdade linha curva [O conceito pode abranger

como caso particular a linha reta] Curva de giraccedilatildeo 1 Lus Mar Curva de giro (q v)

Curva de giro 1 Bras Mar A que o centro de gravidade duma embarcaccedilatildeo descreve quando

se manteacutem o leme carregado para um dos bordos curva de giraccedilatildeo

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq

A madeira eacute leve mas muito liada que natildeo fende de que se tiram curvas para barcos e que

se fazem vasos de sellas e destas folhas podem manter bichos de seda e os levarem a estas

partes

GABRIEL SOARES DE SOUSA (1938) [1587] DAS ARVORES MEANS COM

DIFFERENTES PROPRIEDADES DOS CIPOacuteS E FOLHAS UTEIS (PARTE SEGUNDA -

TITULO 9) [A00_0185 p 252]

______________________________________________________________________

Comentaacuterios todos os dicionaristas apresentam curva como termo naacuteutico Origem

portuguesa lt latina

Ficha 65

Curvatatildeo sm ndashotildees no plr (T Naut) Vatildeo onde assenta a gavea Entre os Ferreiros satildeo dous

pagraveos do folle onde se prega a bdquoperada‟

______________________________________________________________________

rarrCunha curvo Do latim curvus

rarrBluteau CURVATAM Curvataotilde (Palavra de Navio) Curvatatildeo do gurupez he donde ſe

poem o vatildeo para aſſentar a gavea Carchefij fulcimentum i Neut Curvatoens tambem ſaotilde

huns paacuteos fortes em que ſe pregatildeo as perchas do beque Curvatoens do folle em officina de

fundidor ſaotilde dous paacuteos em que ſe prega huma taacuteboa de madeyra a que chamaotilde Perada

rarrMoraes e Silva CURVATAtildeO s m t de Naut No Curvatatildeo do gurupeacutes estaacute o vatildeo para

assentar a gaacutevea sectCurvatotildees do folle de ferreiro satildeo dois paacuteos onde se prega uma taacuteboa

chamada perada

rarrLaudelino Freire CURVATAtildeO Curvatotildees s m pl Naacuteut Duas peccedilas do mastro acima

da romatilde nas quais assentam os vaus reais

rarrAureacutelio curvatatildeo [Do esp curvatoacuten lt cat corbatoacute] Substantivo masculino 1Constr Nav

Ant Cada uma das duas fortes peccedilas de madeira presas agrave romatilde do mastro ou mastareacuteu e sobre

as quais assenta o cesto da gaacutevea

105

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta

______________________________________________________________________

Comentaacuterios todos os dicionaristas apresentam curvatatildeo como termo naacuteutico Origem

portuguesa lt latina

Ficha 66

Cutegravelo sm Alfange Instrumento semi-circular de ferro de que servem os curtidores [T

Naut] Vela pequena que se ajunta as gaveas No plr Pennas da extremidade das azas do

falcatildeo

______________________________________________________________________

rarrCunhacutelo sm bdquofaca‟ coitello XIII coytelo XIII Do lat cŭltěllus []

rarrBluteau Cutelos (Termo de navio) Armando-lhe joanetes amp Cutelos que natildeo trazia

Britto Viagem do Braſil pag 120

rarrMoraes e Silva CUTEgraveLO s m Alfange [] Velas pequenas que se ajuntatildeo quando haacute

bom vento Britto Viagem Metter cutelos e varreduras

rarrLaudelino Freire CUTELOS s m pl Mar Pequenas velas quadrangulares que servem de

suplemento agraves outras e se desfraldam quando o vento eacute favoraacutevel 2 Pedaccedilos de lona ou

brim que saem do painel das velas quando estas se cortam

rarrAureacutelio cutelo1 [Do lat cultellu faquinha] S m 3Ant Marinh Cada uma das velas

suplementares quadrangulares caccediladas junto agraves testas do velacho e da gaacutevea quando o vento

era de feiccedilatildeo para aumentar a superfiacutecie do pano vela de cutelo

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta

______________________________________________________________________

Comentaacuterios todos os dicionaristas apresentam cutelo como termo naacuteutico Origem

portuguesa lt latina

D

Ficha 67

Drsquoavante adv (T naut-) por diante

______________________________________________________________________

rarrCunha natildeo consta dlsquoavante poreacutem haacute avante adj bdquoadiante para frente‟ XIII Do lat tard

ǎbantě [] auantal XIV vante sf bdquoa metade dianteira da embarcaccedilatildeo‟ XVI

rarrBluteau DAVANTE Em praſe Nautica vai tanto como por diante Fez tomar o navio por

Davante Barros Dec 4 fol 57 Saltaraotilde no Caſtello Davante Barros 1 Dec 116 col2

Antes de darem por Davante Britto Viagem do Braſil 284

rarrMoraes e Silva D‟AVANTE adv tde Naut V Avante Barros Surdir obedecer ao leme

ou governo e mareaccedilatildeo que se faz para fazer cabeccedila e navegar

rarrLaudelino Freire natildeo constad‟avante AVANTE sm Despor O mesmo que atacante

Avante Interj Voz que exprime incitamento e equivale a ldquovamos para dianterdquo Prossigamos

rarrAureacutelio natildeo consta d‟avante consta avante [Do lat vulg abante] Adveacuterbio 1Adiante

Mais avante comeccedilava a selva2Para adiante para a frente Marchemos avante

106

Interjeiccedilatildeo 3Para a frente rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq

Quinta-feira no quarto de alva me deu por davante o vento sudoeste levando as velas cheas

do vento nordeste que foi a mor afronta que nesta viajem noacutes tiacutenhamos visto E com o vento

sudoeste lanccedilaacutemos as naos ao pairo

PEcircRO LOPES DE SOUSA (1968) [1530] DIAacuteRIO DA NAVEGACcedilAtildeO DE PEcircRO LOPES DE

SOUSA [A00_0078 p 65]

______________________________________________________________________

Comentaacuterios somente Bluteau e Moraes e Silva indicam dlsquoavante como termo naacuteutico

Origem portuguesa lt latina

Ficha 68

Desaferrar va Soltar cousa preza com ferro ou a ferro Soltar largar o que estava prezo

Fig Tirar a forccedila das matildeos das unhas etc (T naut) Levantar ancora

______________________________________________________________________

rarrCunha des˙a˙ferr˙ar -olhar - FERRO sf bdquometal maleaacutevel e tenaz de numerosas aplicaccedilotildees

na induacutestria e na arte‟ XIII Do lat ferrum ndashi [] DESAferrAR XVI []

rarrBluteau DESAFERRAR Tirar alguma couſa do ferro com que eſtaacute preſo Aliquid ferreo

vinculo exfolvere Deſaferrar da maotilde dos dentes das garras unhas ampc he tirar por forccedila que

as ditas couſas tem aferrado Aliquid egrave manibus dentibus unguibus avellere evellere

revellere (vello vulfi vullere evellere revellere (vello vulfi vulfum) Ex Cic Deſaterrar do

Porto Levantar ferro Solvere egrave portu ou folvere navem Cic Deſpois de Deſaferrar do

Porto Ancoris folutis Cic Nem aſſi quizeraotilde Deſaferrar do Porto Jacinto Freyre mihi pag

27

rarrMoraes e Silva DESAFERRAR v at Soltar alguma coisa do ferro a que estava presa v

g desaferraratildeo a embarcaccedilatildeo inimiga a preza te desaferro Lobo Egl7 sect Desaferrar do

porto levantar ferro ancora

rarrLaudelino Freire DESAFERRAR v r v De des + aferrar Levantar ferro ou acircncora (o

navio) (intr tr ind com prep de) ldquo O navio desaferrourdquo ldquoA primeira esquadra agraves ordens de

Lencastre desaferrou do pocircrto de Woolwichrdquo (Rebecirclo da Silva)

rarrAureacutelio desaferrar [De des- + aferrar] Verbo transitivo direto 1Soltar (o que estava

aferrado preso com ferro) 2Soltar (o que estava seguro) Verbo transitivo direto e indireto

3Fazer desistir dissuadir Natildeo conseguimos desaferraacute-lo daquela ideia

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta como termo naacuteutico

______________________________________________________________________

Comentaacuterios todas as acepccedilotildees exceto as apresentadas por Aureacutelio remetem ao universo

naacuteutico Origem portuguesa lt latina

Ficha 69

Desancorar va (T naut) Levantar ancora

______________________________________________________________________

rarrCunha Do lat ancōra deriv do gr aacutegkyra

rarrBluteau DESANCORAR Levantar a ancora Anchoras toliere Vid Ancora

rarrMoraes e Silva DESANCORAacuteR v at Levantar a ancora o ferro do navio sect vn

Desaferrar

107

rarrLaudelino FreireDESANCORAR vrv De des + ancorar Levantar a acircncora de (tr dir)

2 Levantar acircncora (intr)

rarrAureacutelio desancorar [De des- + ancorar] Verbo td Desus 1Levantar a acircncora de

desancorar um barcoVerbo intransitivo 2Levantar acircncora desaferrar do porto

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta

______________________________________________________________________

Comentaacuterios todos os dicionaacuterios apresentam desancorar como termo naacuteutico Aureacutelio

acrescenta ldquotermo em desuso Origem portuguesa lt latina lt grego

Ficha 70

Descahir v n [T naut] Apartar-se do rumo por causa da corrente etc Soffrer decadencia de

bens de valimento etc Ir a mal o que estava bem Declinar

______________________________________________________________________

rarrCunha natildeo consta descair consta cair cair vb bdquocorresponder a tocar a‟ bdquoir ao chatildeo‟

XIV caer XIII Do lat caděre cadente adj 2g bdquoque vai caindo‟ bdquocadenciado ritmado‟

XVIII Do lat cadens -ēntis bdquoque tomba que cai‟ caIacuteDO 1572 -hi- XVI caIMENTO

-hi- XVIII DEcaIacuteDO decau- XIII DEcaiMENTO -cay- XV Decair XIII

DEScaIacuteDA -hi- 1813 DEScaIacuteDO XVI DEScaIMENTO XVI DEScair XVI

descayr XV queda sf bdquobaque tombo‟[]

rarrBluteau DESCAHIacuteR (Termo Nautico) He nas viagens por mar cotilde a forccedila do vento das

mares ou das correntes perder o rumo amp ſahir da derrota que ſe tem tomado itinere

ventorum ou aquarum vi de (Fleto flexi flexum) Como pairava podia Deſcahir com o

vento Britto viagem do Braſil 37 O Galeaotilde foy Deſcahindo com a correnteQueyros Vida do

Irmatildeo Baſto 311 col2 Deſcahir do valimento In principis offenſionem incurrere ou cadere

Cic

rarrMoraes e Silva DESCAHIR v n t de Naut Apartar-se do rumo por forccedila do vento

contrario de aguagens ou correntes B145 ldquonatildeo querendo o navio fazer cabeccedila (por tomar

vento d‟avante) comeccedilou de ir descahindo sobre hum baixo

rarrLaudelino Freire DESCAIR vrv De des+cair Naacuteut Desviar-se do rumo ou direccedilatildeo

derivar (intr) Abrandar amainar (intr) ldquoO vento comeccedila a descairrdquo (Aulete)

rarrAureacutelio [De des- + cair] V t d[] 4Mudar de rumo derivar (embarcaccedilatildeo) [] 9Estar

inclinado em (certa direccedilatildeo) []

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq

[] quando voltou encontrara huma armada de vinte naacuteos Hollandezes que lhe impediratildeo o

poder lanccedilar da sua gente a que pretendia no porto de Tamandareacute e por descahir muito com

as correntezas apenas podera tomar o porto dos Touros onde fizera dezembarcar o Mestre

de Campo Andreacute Vidal de Negreiros []

LUIZ DOS SANTOS VILHENA (1921) [1802] CARTA UNDECIMA [A00_0832 p 401]

______________________________________________________________________

Comentaacuterios todos os dicionaacuterios apresentam descahir como termo naacuteutico ou remete ao

universo mariacutetimo Origem portuguesa lt latina

108

Ficha 71

[]

Dobrar va voltar parte de alguma cousa sobre outra Fazer girar sobre o eixo fallando de

hum sino e de hum cabo (T Naut) Passar alem delle Curvar commover mover alguem

Amansar Accrescentar outro tanto Dobrar-se figldquoAugmentar-serdquo em dobro vnVoltar

______________________________________________________________________

rarrCunhadobrar vb‟duplicar aumentar tornar mais completo mais extenso‟‟curvar abater

domar‟ bdquomodificar passar aleacutem de torneando‟ XIII Do lattardio duplārede duplus

bdquodobro‟derivde duo bdquodois‟ []

rarrBluteauDOBRAR Dobrar hum cabo (Termo nautico) []

rarrMoraes e Silva DOBRAacuteR v at Voltar a porccedilatildeo ou parte de uma coisa sobre outra parte

v g um ramo do panno sobre outro a parte de uma folha de papel sobre outra a ponta de um

prego ou arame sobre o maissect Dobrar o Cabo t de Naut passar aleacutem delle navegando fig

ao dobrar de huma assomada Lobo Egl 5

rarrLaudelino Freire DOBRAR v r v Lat duplicare Passar aleacutem dando volta costeando ou

torneando (tr dir) ldquoAs primeiras navegaccedilotildees regulam-se pelas balizas que deixaram os

predecessores e pelos mesmos cabos que ecircles dobravamrdquo (Latino Coelho)

rarrAureacutelio dobrar [Do lat duplare] Verbo transitivo direto 1Tornar duas vezes maior

duplicar As chuvas dobraram o volume de aacutegua da represa4Voltar ou virar (um objeto) de

modo que uma ou mais partes dele se sobreponham a outra(s) Apoacutes a cerimocircnia os soldados

dobraram a bandeira5Fazer vergar curvar flexionar flectir dobrar os joelhos Ao redor de

noacutes o vento selvagem que dobra vergocircnteas ondeia cidreiras e despetala flores (Maacuterio da

Silva Brito Conversa Vai Conversa Vem p 12) 6Passar aleacutem de circundando Vasco da

Gama dobrou o cabo da Boa Esperanccedila em 1498 7Teatr Interpretar dois ou mais papeacuteis

numa mesma peccedila 8Vergar-se curvar-se 9Ceder transigir 10Pocircr-se (o Sol) 11Bras

Gorjear cantar (paacutessaro) 12Bras PA Proceder a uma dobraccedilatildeo (2) Verbo pronominal

13Tornar-se maior aumentar(-se) 14Curvar-se inclinar-se vergar15Afrouxar(-se) ceder

[Pres ind dobro etc Cf dobro (ocirc) s m]

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq

O vento era sueste que nos era escasso pera dobrar(e)mos o cabo de Santlsquo Agostinho As

aacuteguas nesta paragem correm a loeste com muita forccedila

PEcircRO LOPES DE SOUSA (1968) [1530] DIAacuteRIO DA NAVEGACcedilAtildeO DE PEcircRO LOPES DE

SOUSA () [A00_0078 P 36]

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Bluteau e Moraes e Silva apontam dobrar como termo naacuteutico Laudelino

Freire e Aureacutelio natildeo o fazem mas apresentam abonaccedilotildees que mostram o termo como do

universo mariacutetimo Origem portuguesa lt latina

109

Ficha 72

Dormenteadj Adormecido Entorpecido Que estaacute fixa fullando de huma ponte No pl (T

Naut) Diz-se de huns pagraveos que vatildeo fechar nas buccedilardas da proa e em que se assenta a coberta

Na atafona satildeo dois pagraveos em que descanccedilatildeo os emparamentos sobre que anda a moacute

______________________________________________________________________

rarrCunha dormente rarr DORMIR Dormir vb bdquodeixar de estar acordado descansar no sono‟

XIII Do lat dormīre AdormENTAR XIII dormentar XIVAdormir XIII dormEcircNCIA

XX dormENTE1

adj bdquoaquele que dorme‟ bdquodiz-se das plantas cujas folhas se enrolam ou se

desdobram de noite‟ bdquoentorpecido‟ bdquoque estaacute assentado firme‟ XIV Do lat dorm(i)ens ndash

(i)entis part pres de dormīre dormENTE2

sm bdquocada um dos paus da coberta de um navio‟

bdquotravessas em que se assentam os trilhos da linha feacuterrea‟ XVI O termo comeccedila a usar-se

nestas acepccedilotildees como oposto a elevadiccedilo moacutevel natildeo-fixo Assim ponte dormente eacute aquela

que eacute fixa em oposiccedilatildeo a ponte elevadiccedila daiacute o uso substantivado e sua expansatildeo

rarrBluteau Dormentes (Termo de navio) Saotilde os em que ſe forma a cobertaa amp vaotilde a fechar

em buccedilardas da Proa

rarrMoraes e Silva DORMEgraveNTES s m pl t de Naut Satildeo paacuteos em que se foacuterma a coberta e

vatildeo fechar nas buccedilardas da proa sect na Atafona Satildeo 2 paacuteos em que se descanccedilatildeo os

emparamentos nos Engenhos de assucar paacuteos em que assenta a ponte da moendasect Os Sete

Dormentes V C Flos Sanct De Fr Diogo do Rosario que traz a sua histoacuteria curiosamente

ldquoacordaratildeo os dormentesrdquo P d‟Aveiro c 91

rarrLaudelino Freire DORMENTE sm Naacuteut Cada um dos paus com que se forma a coberta

e que vatildeo fechar nas buccedilardas da proa2 Uma das peccedilas da atafona 3 cada uma das

travessas em que assentam os carriacutes das linhas feacuterreas

rarrAureacutelio dormente [De dormir + -ente] Substantivo masculino 1Peccedila fixa de marcenaria

ou de serralharia assim chamada em contraposiccedilatildeo a outras do mesmo tipo ou aparecircncia

poreacutem moacuteveis 2Peccedila da atafona 3Cada uma das peccedilas de madeira em que se pregam as

taacutebuas do soalho 4Constr Nav Cada uma das fortes vigas de madeira que correm de proa agrave

popa sobre o topo das balizas e sobre as quais se apoiam os topos dos vaus 5Constr Nav

Cada uma das vigas de madeira que correm de proa agrave popa presas agraves cavernas de embarcaccedilatildeo

miuacuteda um pouco abaixo do alcatrate e sobre as quais se apoiam as bancadas dos

remadores[]

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq

[ -

inconveniente no Amazonas por abundar tanto nele e nas suas matas a madeira mas ainda

que esta seja muita e esteja agrave escolha sempre custa a cortar e a conduzir e a lavrar de

sorte que chamando-se embarcaccedilotildees de um soacute pao inteiriccedilas necessitam de muitos mais

paos do que as embarcaccedilotildees ordinaacuterias um pao para fazer o casco outros dous paos para

tirar as duas cavernas outros dous para os dous talabardotildees e todos esses satildeos paos

grandes 4 paos famosos para construir as duas bochecas e as duas conchas da proa sem

falar nos muitos outros paos para dormentes bancos mastros e mais requisitos E por

ventura satildeo estas embarcaccedilotildees mais fortes e duraacuteveis que as ordinaacuterias

110

PADRE JOAtildeO DANIEL (1976) [1757] PARTE QUINTA - EM QUE MOSTRA UM NOVO E

FAacuteCIL MEacuteTODO DA SUA AGRICULTURA O MEIO MAIS UacuteTIL PARA EXTRAIR AS SUAS

RIQUEZAS E O MODO MAIS BREVE PARA DESFRUTAR OS SEUS HAVERES PARA

MAIS BREVE E MAIS FACILMENTE SE EFEITUAR A SUA POVOACcedilAtildeO E COMEacuteRCIO -

TRATADO 4deg - DA FACTURA DAS CANOAS OU EMBARCACcedilOtildeES DO AMAZONAS - CAP

2deg - DOS MUITOS INCONVENIENTES QUE TEM ESTA PRAXE DAS CANOAS [A00_1923

P 193]

______________________________________________________________________

Comentaacuterios todos os dicionaacuterios aprsentam dormente como termo naacuteutico Origem

portuguesa lt latina

Ficha 73

Driccedila sf (T Naut) Corda de iccedilar e marear as velas

______________________________________________________________________

rarrCunha natildeo consta

rarrBluteau DRICA Corda de roldana ou cabo com que ſe levantaotilde amp abaixaotilde as vergas

dos navios []

rarrMoraes e Silva DRICcedilA s f t de Naut Corda de iccedilar e marear as velas Couto 836

cortou a driccedila da vela Epanaforas H Naut 2134 enxarcea e driccedila fizeratildeo de huma linha de

pescar

rarrLaudelino Freire DRICcedilA s f ital drizza Corda com que se iccedilam pavilhotildees vecircrgas de

navio etc adriccedila ADRICcedilA s f De a + ital drizza Naacuteut Cabo para iccedilar velas ou bandeiras

nos mastros dos navios

rarrAureacutelio driccedila [Do it drizza pela f driccedila] S f 1Marinh Ant Adriccedila Adriccedila [De a-5 +

it drizza pela f ant driccedila] 1Marinh Cabo de laborar utilizado para iccedilar bandeira flacircmula

roupa maca e determinadas vergas e velas driccedila De improviso flutuaram todas [as canoas]

com rangidos de adriccedilas e palpitaccedilotildees do velame que o vento encopava e propelia (Xavier

Marques Jana e Joel p 53) A meia adriccedila 1 Marinh Diz-se de bandeira iccedilada ateacute 23 da

distacircncia vertical que vai do lais da verga ou do tope do mastro ao local de onde foi iccedilada a

meio 2 Mar Giacuter Um tanto embriagado tocado

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq

Do entrecasco de duas qualidades que ha de Imbira se fazem rijissimas cordas e ainda

amarras escotas driccedilas etc para as embarcaccediloens que navegatildeo pella costa e reconcavo

asim como estocircpa para calafates e outros uzos

LUIZ DOS SANTOS VILHENA (1921) [1801] CARTA VIGESIMA [A00_0846 p 762]

______________________________________________________________________

Comentaacuterios todos os dicionaacuterios apresentam driccedila como termo naacuteutico Origem italiana

E

Ficha 74

Embonar va (T Naut) Accrescentar o costado da embarcaccedilatildeo para ter mais bojo

______________________________________________________________________

rarrCunha em˙bon˙ar -o - bom boa adj bdquoque tem as qualidades adequadas agrave sua natureza ou

funccedilatildeo‟ bdquobeneacutevolo bondoso benigno‟ [] EMbonAR 1813 Do cast embonar EMbono

1813 Do cast embono

111

rarrBluteau (Termo Nautico) Embonar hum navio He ſobre o proprio madeyro com taboas

groſſas ou com novos madeyros amp com novo taboado dar bojo a hum navio que por falta

delle naotilde ſuſtenta a vela Navis latera lignis tabuliſque novis veſtire []

rarrMoraes e Silva EMBONAacuteR vatt de Naut |Acrescentar o costado do navio que fique

mais bojudo para aguentar melhor o panno

rarrLaudelino Freire EMBONAR v tr dir De embono + ar Naacuteut Reforccedilar exteriormente o

costado de (um navio)

rarrAureacutelio Embonar [Do esp embonar] Verbo transitivo direto 1Constr Nav Colocar

embono em (uma embarcaccedilatildeo)

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta

______________________________________________________________________

Comentaacuterios todos os dicionaacuterios apresentam embonar como termo naacuteutico ou naval

Origem castelhana

Ficha 75

Embono sm [T naut] Accrescentamento de bojo ao costado do navio

______________________________________________________________________

rarrCunha em˙bon˙o - BOM bom boa adj bdquoque tem as qualidades adequadas agrave sua natureza

ou funccedilatildeo‟ bdquobeneacutevolo bondoso benigno‟ [] EMbono 1813 Do cast embono

rarrBluteau Embocircno (Termo Nautico) Hagrave dous generos de embono Embono que ſe faz

ſobre o proprio madeyro deſcozendo o coſtado amp pondo o coſtado ſobre o embono Outro

embono faz ſobre o proprio coſtado com taboado groſſo Vid Embonar

rarrMoraes e Silva EMBOgraveNO s m Augmento de bojo que se daacute o costado do navio para

que possa aguentar melhor o panno faz-se sobre o antigo costado pondo-lhe outro

rarrLaudelino Freire EMBONO s m Naacuteut O bocircjo ou saliecircncia do costado de qualquer navio

embonado embonada EMBONOS s m pl Naacuteut Madeiras que servem para embonar o

navio2 Paus que fixam socircbre o costado para facilitar o desembarque

rarrAureacutelio [Do esp embono] S m 1Ant Constr Nav Revestimento de madeira aplicado

sobre o casco de embarcaccedilatildeo desde o fundo ateacute agrave linha-daacutegua quando ela mostra grande

tendecircncia para se inclinar 2Ant Constr Nav Revestimento suplementar com estrutura

celular que em navios metaacutelicos corria a um e outro bordo ao longo do costado desde um

pouco acima da linha-daacutegua ateacute certa profundidade e destinado a melhorar a proteccedilatildeo do

navio contra as explosotildees de torpedos ou minas contracarena [Cf nesta acepccedil coacuteferdatilde (2)]

3Bras N NE Grande viga de pau de jangada ou de outra madeira leve presa ao longo da

borda de algumas embarcaccedilotildees de boca estreita com o fim de aumentar-lhes a estabilidade e

amortecer-lhes o balanccedilo lateral

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta

______________________________________________________________________

Comentaacuterios todos os dicionaacuterios apresentam embono como termo naacuteutico Origem

castelhana

112

Ficha 76

Embornal sm O saco com cevada ou milho em que se mette o focinho da besta (T Naut)

Buracos no costado do navio para escovar a agua que cahe na coberta

______________________________________________________________________

rarrCunha embornal - bornal sm bdquosaco de pano utilizado para transportar provisotildees

ferramentas etc‟ 1813 De origem incerta Embornal 1813 Embornais sm Pl ldquo(Const Nav

) abertura que se faz no costado de embarcaccedilatildeo rente com o conveacutes para escoamento das

aacuteguas da baldeaccedilatildeo ou da chuva‟ 1813 Do it imbrunali

rarrBluteau Embornagravees (Termo de Navio) Saotilde huns buracos nos coſtados da naacuteo junto das

cubertas donde ſahe a lagoa dellas para o mar [] Haacute outros Embornaes nos Trin da

cuberta por onde a agoa vay para o poratildeo donde deſpois ſe tira com a bomba

rarrMoraes e Silva EMBORNAacuteL ou Ambornal s m Saco em que se daacute cevada ou milho aacutes

bestas mettendo-lho no focinhosect Embornaacutees t de Naut buracos no costado do navio ao livel

das cobertas por onde se escogravea a agua que caacutei nellas tem umas angas de pano alcatroado ou

oleado pelas taes se saacutei foacutera a agua Amaral 51 V orndes

rarrLaudelino Freire EMBORNAL s m De em + bornal Saco em que se daacute cevada ou

milho agraves becircstas para o que se lhe prende em tocircrno da bocircca cevadeirardquoEu vi vocecirc uma

bichinha cabia num embornal estaacute ouvindordquo (C Neto)

rarrAureacutelio embornal2 [Do cat ant embrunal poss pelo esp embornal] Substantivo

masculino 1Constr Nav Abertura que se faz no costado de embarcaccedilatildeo rente com o conveacutes

para escoamento das aacuteguas da baldeaccedilatildeo ou da chuva

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq

Eraotilde valeroſos ambos os Commandantes e tratando jaacute como deſempenho da ſua honra a

occaſiaotilde a que ella meſma os conduzia foy tanta a forccedila que pozeraotilde nos remos e fizeraotilde de

veacutela que na noite logo do dia 9 ſe meteraotilde de baixo das baterias inimigas com hum tal

deſprezo de chuveiros de balas que quando os Hollandezes ſe conſideravaotilde ſoacute acomettidos ſe

viraotilde entrados mas recobrando-ſe do primeiro ſuſto empenharaotilde de ſorte toda a ſua

conſtancia na oppoſiccedilaotilde da furia dos golpes que jaacute corria o ſangue pelos embornaes de hum

e outro bordo

BERNARDO PEREIRA DE BERREDO (1749) [1718] ANNAES HISTORICOS DO ESTADO

DO MARANHAOtilde - LIVRO V [A00_2517 p 183]

______________________________________________________________________

Comentaacuterios De todos os dicionaacuterios consultados somente o Laudelino Freire natildeo apresenta

embornal como termo naacuteutico Origem incerta (italiana)

Ficha 77

Encalamentos s m plur (T Naut) Peccedilas de madeira que atravessatildeo os braccedilos do navio para

o segurar

______________________________________________________________________

rarrCunha natildeo consta

rarrBluteau ENCALAMENTOS (Termo de navio) Satildeo os que atraveſſaotilde os braccedilos amp as

poſturas do navio para fortificar []

113

rarrMoraes e Silva ENCALAMEgraveNTOS s m pl t de Naut Peccedilas de madeira que atravessatildeo

os braccedilos e posturas do navio para as fortificar

rarrLaudelino Freire ENCALAMENTO s m Naacuteut Peccedila de madeira que fortalece o navio

atravessando-lhe os braccedilos

rarrAureacutelio natildeo consta

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Somente o Aureacutelio natildeo apresenta o termo naacuteutico encalamento Origem natildeo

encontrada

Ficha 78

Encapellar va Levantar a onda e fazella dobrar sobre si Vn (T Naut) vir caindo sobre a

calcez ategrave descanccedilar nos vatildeos

______________________________________________________________________

rarrCunha encapelar ndash CAPELO - sm bdquocapacete da armadura‟ XIII Do lat vulg cappěllus

ENcapelADO sm em- XV ENcapelAR -llar XIX

rarrBluteau Encapellar (Termo de Mariagem) Diz-ſe da enxarcia ou cordas que vem cahindo

pelo calcegravez ou peſcoccedilo do masto ateacute aſſentarem em cima dos vatildeos amp quando ſe tiratildeo diz-ſe

Deſencapellar

rarrMoraes e Silva ENCAPELLAacuteR v at Levantar encrespar e fazer dobrar o apice ou

lingua da onda sobre si mesma como succede andando o mar mui grosso o mar encapella as

ondas Mansinho f 35 sect ldquoassombrar as terras encapella os mares Barreto v do Evangelho

sect Encapellar n t de Naut vir caindo a enxarcia ou cordas pelo calcez ateacute assentarem sobre

os vatildeos []

rarrLaudelino Freire ENCAPELAR ou ENCAPELLAR vrv De em + capela + ar Naacuteut Ir

introduzindo a encapeladura da enxarcia alccedila etc pelo calcecircs ou lais de qualquer mastro

mastareacuteu ou vecircrga ateacute ficar assente socircbre os vaus ou cunhos dos madeiros (intr) 2 Agitar-

se e amontoar-se formando serras (falando do mar ou das ondas) (intr pr) ldquoVentos sopraram

o mar encapelourdquo Suacutebito encapelam-se as ondasrdquo (Paranapiacaba) 3 Levantar

encrespar (tr dir pr) ldquoO oceano encapelava as ondasrdquo (Pocircrto Alegre)

rarrAureacutelio encapelar2 [De en-

2 + capelo

1 + -ar

2] Verbo trans Dir [] 2Levantar erguer

encrespar (o mar as ondas etc)Verbo intransitivo 3Encrespar-se agitar-se (o mar as

ondas) encapelar-se 4Marinh Introduzir no calcecircs ou lais a enxaacutercia a alccedila etc Verbo

pronominal [] 6Encapelar (3) E as vagas do oceano que ameaccedilava tragaacute-los encapelavam-

se aos peacutes deles (A Herculano Lendas e Narrativas I p 147)

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq

Qual sereno mar que num instante As ondas sobre as ondas encapela

TOMAacuteS ANTOcircNIO GONZAGA (2000) [1863] CARTA 3a [A00_1215 p84]

______________________________________________________________________

Comentaacuterios todos os dicionaacuterios apresentam encapelar como termo naacuteutico Origem

portuguesa lt latina

Ficha 79

Encodar-se va refl [T Naut] Prender-se de poppa ou ficar com ella debaixo d‟agua

______________________________________________________________________

rarrCunha natildeo consta

114

rarrBluteau Natildeo consta

rarrMoraes e Silva ENCODAacuteR-SE v recipr t de Naut Encodar-se a naacuteo pender a popa ou

ficar com ella debaixo da agua (de coda Italiano) Cast 2 f 161

rarrLaudelino Freire ENCODAacuteR-SE v pr De em + coda + ar Inclinar a pocircpa ou metecirc-la

debaixo de aacutegua (o navio)

rarrAureacutelio natildeo consta encodar ou encodar-se Consta encodeamento [De encodear + -mento]

Substantivo masculino 1Accedilatildeo de encodear2Crosta cocircdea

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Moraes e Silva e Laudelino Freire apresentam encodar-se como termo naacuteutico

Origem italiana

Ficha 80

Enfrechadura sf (TNaut) Cabos que atravessatildeo os covens como escadas

______________________________________________________________________

rarrCunha [] do fr fleche de origem germacircnica [] frechal 1813

rarrBluteau Enfrechadugravera (Termo de Marianhagem) Satildeo huns cabos que atraveſſaotilde os ouveins

a modo de eſcadas formacirc transſverſa Scal nautic arum Fem Plur Virgilio lhe chama

Pontes Neſte ſentido entendem os Commentadores eſte verſo do livro da Eneida []

rarrMoraes e Silva ENFRECHADUacuteRA s f t de Naut Satildeo cabos que atravessatildeo os oveis a

modo de escadas

rarrLaudelino Freire ENFRECHADURA s f O mesmo que enfrechateEnfrechate s m De

enfrechar Naacuteut Cada um dos cabos paralelos e horizontais nos oveacutens das enxarcias

Enfrechar v tr De en + frecha + ar Naacuteut Pocircr enfrechates em

rarrAureacutelio enfrechadura s f1Constr Nav O conjunto de enfrechates duma enxaacutercia

Enfrechate s m1Constr Nav Cada um dos degraus feitos de cabo madeira ou ferro presos

aos oveacutens formando escada para que por ela possa subir ao mastro o pessoal empregado na

manobra de um veleiro

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta

______________________________________________________________________

Comentaacuterios todos os dicionaacuterios apontam enfrechadura como termo naacuteutico Origem

francesa lt germacircnica

Ficha 81

Enora sm (T Naut] Pagraveo de atochar o mastro

______________________________________________________________________

rarrCunha natildeo consta

rarrBluteau ENORAS (Termo de Navio) Saotilde dous paos a que antigamente chamavaotilde

Poſquetes ſervem de atochar o maſto

rarrMoraes e Silva ENOacuteRAS s f pl t de Naut Paacuteos de atochar o mastro V

PosquetesPosquegravetes s m pl t de Naut antiq V Enoras

rarrLaudelino Freire ENORA s f lat ora Naacuteut 1 Abertura nos vaacuterios pavimentos do

navio por onde os mastros vatildeo assentar na carlinga 2 Abertura circular no conveacutes agrave reacute por

onde se enfia a cabeccedila da madre do leme 3 Peccedila de madeira com que se atocha o mastro

rarrAureacutelio [De en-2 + lat ora extremidade cabo amarra] S f 1Constr Nav Abertura

feita num conveacutes e por onde enfurna um mastro ou eixo de um cabrestante

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta

115

______________________________________________________________________

Comentaacuterios todos os dicionaacuterios apontam enora como termo naacuteutico Origem

portuguesa lt latina

Ficha 82

Envergar va ndashguei (T Naut) Enrolar as velas com os envergues nas vergas Vergar

______________________________________________________________________

rarrCunha en˙ver˙ado -adura -ar - VERGA verga sf bdquovara flexiacutevel‟XIII virga XIIIDo

lat virgaENvergADO XVIIENvergADU˙RA 1844 ENvergAR XVII []

rarrBluteau natildeo consta

rarrMoraes e Silva ENVERGAacuteR v at t de Naut Atar e enrolar as velas nas vergas com os

envergues Couto 6921sect V Vergar vg envergar um prego sect Cobrir tapar com vergas

rarrLaudelino Freire ENVERGAR vrv De en +vergar Mar Enrolar e atar com os

envergues (as velas) nas vergas (tran dir) Ligar (o pano) agraves vergas ou aos estais para

servirem na manobra (tr dir)

rarrAureacutelio Envergar [De en-2 + verga + -ar

2] Verbo transitivo direto1Marinh Atar (vela) a

uma verga ou a um estai2Curvar arquear Envergou o bambu3Vestir trajar envergar um

fraqueVerbo intransitivoVerbo pronominal 4Vergar-se curvar-se [Conjug v largar]

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta como termo naacuteutico

______________________________________________________________________

Comentaacuterios todos os dicionaacuterios apontam envergar como termo naacuteutico exceto Bluteau

onde o termo natildeo foi encontrado Origem portuguesa lt latina

Ficha 83

Envergues sm plr (T Naut) Os cabos que atatildeo a vela por huns ilhograves aacute verga

______________________________________________________________________

rarrCunha verga sf bdquovara flexiacutevel‟XIII virga XIIIDo lat virgaENvergADO

XVIIENvergADU˙RA 1844 ENvergAR XVII []

rarrBluteau ENVERGUES (Termo de marinhagem) Saotilde huns cabos que fazem fixos ilhograves

com as vergas no gorotil Fumes quibus concraEtum velum alligatur ad antennas

rarrMoraes e Silva ENVEacuteRGUES s m pl t de Naut Cabos que fazem fixos e atatildeo as velas

por uns ilhoacutes aacutes vergas V Gorotil

rarrLaudelino Freire ENVERGUES s m pl de envergar Mar Amarrilhos gaxetas fixas nos

ilhoses do guratil das velas que as atam contra as suas vecircrgas ou vergueiros

rarrAureacutelio envergues [Dev de envergar] Substantivo masculino plural 1Marinh Cabos ou

cordas que prendem a vela agrave verga

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta

______________________________________________________________________

Comentaacuterios todos os dicionaacuterios apresentam envergues como termo naacuteutico Origem

portuguesa lt latina

116

Ficha 84

Escacear vn (T Naut) Ir faltando ou diminuindo va Dar com escaceza [ No primeiro

sentido se toma tambem figuradamente)

______________________________________________________________________

rarrCunha escasso adj bdquoparco avaro raro‟ XIII Do lat excarpsus part De excerpěre

escassEAR escacear XVI []

rarrBluteau ESCACEAR (Termo Nautico) Ir faltando Eſcacear o vento Remiffius flure

ventum O vento eſcacea Ventus remittit ou ſe remittit Por lhe Eſcacear o vento as naotilde

ſeguio Damiaotilde de Goes 221 Eſcacear Dizſe de outras que ſem largueza amp com

difficuldade ſe comunicaotilde Vendo a ambiccedilaotildecom que As chamas ſe arroja o peito Eſcacearaotilde

as luzes Por naotilde honrar nos reflexos Crift Dalma 117 Vid Eſcaſſear

rarrMoraes e Silva ESCACEAacuteR vnt de Naut Escacear os ventos natildeo os aproveitar

mettendo todas as velas ou levando-as enrisadas ou de outro modo que o vento natildeo faccedila

vingar o navio quanto pudera se fosse todo aproveitado H naut t 398

rarrLaudelino Freire ESCASSEAR vrv De escasso + ear Naacuteut Natildeo aproveitar toda a accedilatildeo

de (o vento) diminuindo o pano (tr dir)

rarrAureacutelio escassear [De escasso + -ear2] Verbo transitivo diretoVerbo transitivo direto e

indireto 1Dar com escassez com parcimocircnia natildeo prodigalizar Natildeo escasseia presentes S

M natildeo escasseia mercecircs aos que o servemVerbo intransitivo 2Fazer-se escasso tornar-se

diminuto minguar rarear []

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq

Deixa esta ilha entre si e o morro de Tinhareacute outra bahia mui grande com fundo e porto em

que poacutedem entrar naacuteos de todo o porte e tem grande ancoradouro e abrigada aacute sombra do

morro de que se aproveitam muitas vezes as naacuteos que vem do reino quando lhe escacea o

vento e natildeo podem entrar na bahia da ilha para dentro

GABRIEL SOARES DE SOUSA (1938) [1587] DA ENSEADA DA BAHIA SUAS ILHAS

RECONCAVOSRIBEIROS E ENGENHOS (PARTE SEGUNDA - TITULO 3) [A00_0179 p

146]

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Dos dicionaacuterios consultados soacute Aureacutelio natildeo apresenta o verbo escacear como

termo naacuteutico Origem portuguesa lt latina

Ficha 85

Escatelado adj (T naut) Furado na ponta

______________________________________________________________________

rarrCunha escatelADO 1881 sm bdquo(Constr Nav) fenda ou furo na extremidade de uma

cavilha para receber chaveta que natildeo a deixe sair do lugar‟ De origem controversa

rarrBluteau ESCATELADO (Termo de Navio) Cavilha Eſcatelada quer dizer furada na ponta

depois de paſſada a Abita amp a curva para ſe fechar atraveſſſandolhe a chaveta em cima de

huma arruela

rarrMoraes e Silva ESCATELAacuteDO adj T de Naut Cavilha escatelada furada na ponta

depois de passada a abita e a curva para se fechar com a chaveta em cima de uma arruella

rarrLaudelino Freire ESCATELADO v tr dir De escatel + ar Fechar (a cavilha) com a

chaveta em cima da arruela2 Furar na extremidade (a cavilha)

rarrAureacutelio escatelar [De escatel + -ar2] Verbo trans dir Constr Nav1Abrir escatel em (uma

cavilha) 2Introduzir a chaveta no escatel de (uma cavilha) Escatel [De or obscura] S

117

m1Constr Nav Fenda ou furo na extremidade de uma cavilha para receber chaveta que natildeo

a deixe sair do lugar [Pl escateacuteis]

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Todos os dicionaacuterios consultados apresenta esse termo como naacuteutico

Origem cotrovertida

Ficha 86

Escoas sf plur (T Naut) Peccedilas que fortificatildeo as cavernas d‟avante a regrave pela parte de

dentro

______________________________________________________________________

rarrCunha escoa sf bdquo(Const Nav) cada uma das carreiras de tabuado do forro interior do

navio de maior espessura destinadas a consolidar os pontos fracos das balizas‟ XVII Do cat

escoa deriv de escosa particiacutepio do antigo verbo escondre

rarrBluteau Eſcoas (Termo da carpintaria de humanao) Saotilde aſque fortificaotilde as cavernas

davante arepella parte de dentro Fundamentorumnavis interiorra munimenta or um Plur

Neut

rarrMoraes e Silva ESCOgraveAS sf pl t de Naut Peccedilas que fortificatildeo as cavernas por dentro

d‟avante aacute reacute H Naut I 320

rarrLaudelino Freire ESCOA sf Cada uma das peccedilas que fortificam interiormente as

cavernas de uma embarcaccedilatildeo Obs Usado mais no pl

rarrAureacutelio escoa(ocirc) [Do cat escoa] s f Constr Nav1Cada uma das carreiras de tabuado

do forro interior do navio de maior espessura destinadas a consolidar a ligaccedilatildeo dos braccedilos agraves

cavernas [Em geral satildeo trecircs ou quatro carreiras colocadas ateacute junto agrave sobrequilha] 2Cada

uma das cantoneiras longitudinais dispostas paralelamente agrave sobrequilha e assentes nos pontos

onde as cavernas comeccedilam a subir para consolidaccedilatildeo interna da ossada do navio

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq

Sapucaya he madeira de muita duraccedilatildeo e rijeza a natureza das sapucayas he serem direitas e

monstruozas em altura e grossura pello que dellas se fazem quilhas para naacuteos do maior

poacuterte sobre quilhas cadastes vaacuteos cintas dormentes escoas alem do que em terra se fazem

dormentes ou grandes vigas para os corpos de Engenhos e armazens do maior comprimento

e grossura

LUIZ DOS SANTOS VILHENA (1921) [1801] CARTA VIGESIMA [A00_0846 p 739]

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Todos os dicionaacuterios consultados indicam escoa como termo naacuteutico

Origem catalatilde

Ficha 87

Escorrer va Fazer correr o liquido vn correr o liquido (T Naut) va Passar alecircm sem

tomar nem avistar porto

______________________________________________________________________

rarrCunha escorrer - CORRER vb [] Do lat cǔrrěre corrED˙EIRA sf bdquotrecho de rio

onde as aacuteguas correm ceacuteleres‟ 1844 EScorrer XVI Do lat ex-cǔrrěre []

rarrBluteau Eſcorrer (Termo Nautico) Eſcorrer huma terra huma proviacutencia Paſſar alě

navegandoſem deſcobrilla [] Porque com o eſcuro da noite lhe naotilde ſuccedeſſe Eſcorrer a

118

terra (aſſim dizem aſeu deſencontro os marinheiros) D Franc Man Epan 3 pag pag 319

Dobrou o Cabo de Bon Eſperanccedila Eſcorreo a Ethiopia paſſou a Arabia Vieira Tom 2140

rarrMoraes e Silva ESCORREgraveR at t de Naut Passar alegravem sem tomar ou ver algum Porto

ou Terra onde queriatildeo ir ou que se havia de encontrar Vieira ldquoescorreu a Ethiopiardquo Albuq

41 F Mendes c6b277

rarrLaudelino Freire ESCORRER vrv De es + correr Naacuteut Ant Correr ao longo da

costa de costear (tr dir)

rarrAureacutelio escorrer [Do lat excurrere] Verbo trans Dir 1Fazer correr ou esgotar (o

liacutequido) 2Tirar a (alguma coisa) o liacutequido com que se achava misturada fazendo-o correr

gota a gota 3Deixar sair deitar verter O ferimento escorria um liacutequido sanguinolentoVerbo

intransitivo []

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta como termo naacuteutico

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Somente o Aureacutelio natildeo apresenta escorrer como termo naacuteutico Origem

portuguesa lt latina

Ficha 88

Escoteira sf (T Naut) A peccedila onde se fixa a escota

______________________________________________________________________

rarrCunha - escota sf bdquo(Mar) cabo para governar as velas do navio‟ XV Do ant fr escoute

(hoje eacute coute) deriv do goacutetico skaut escotEIRA XVI escotILHA XV

rarrBluteau ESCOTEIRAS (Termo de navio) Saotilde huns paos onde ſe fazem fixas as eſcotas

da gavea Ligna quibus superiores navis verfori firmantur

rarrMoraes e Silva ESCOTEgraveIRAS s f pl t de Naut Peccedilas de navio onde se fixatildeo as

escogravetas Goes Cron Man 4c78 a escoteira no sing Couto 47II ldquodas escoteirasrdquo

rarrLaudelino Freire ESCOTEIRA s f Naacuteut Peccedila por onde passam as escotas

rarrAureacutelio escoteira [De escota + -eira] s f 1Ant Constr Nav Armaccedilatildeo constituiacuteda de

duas colunas fixas no conveacutes por ante a vante dos mastros ligadas por um travessatildeo no qual se

enfiavam malaguetas onde davam volta as escotas das gaacuteveas escotel Escota (ocirc) [Do fr ant

escoute (atual eacutecoute) poss do goacutet skaut] s f1Marinh Cabo de laborar fixo no punho da

escota (q v) e que permite caccedilar o pano i e estender a vela pelo punho respectivo de modo

que apresente ao vento toda a sua superfiacutecie [A escota iraacute mais ou menos folgada ou entrada

de acordo com a mareaccedilatildeo Nas velas redondas haacute duas escotas uma por barlavento e outra

por sota-vento nas latinas apenas uma]

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta como termo naacuteutico

______________________________________________________________________

Comentaacuterios todos os dicionaacuterios citados apresentam escoteira como termo naacuteutico

Origem francesa lt goacutetica

Ficha 89

Escotilha sf (T Naut] espeacutecie de alccedilapatildeo no convez do navio por onde se desce para as

cobertas

_____________________________________________________________________

rarrCunhaescotilha - escota sf bdquo(Mar) cabo para governar as velas do navio‟ XV Do ant fr

escoute (hoje eacute coute) deriv do goacutetico skaut

119

rarrBluteau ESCOTILHA Eſpecie de alccedilapaotilde no convez do navio por onde ſe decĕ as

mercaneiras amp os mantimentos para eſtarem debaixo de cuberta Eſcotilha grande he a porta

principal da nao por onde ſe metem as couſas de mayor volume Eſcotilhas[] Os ouviraotilde no

ar ir eſparzidos Pella Eſcotilha dentro derribados []

rarrMoraes e Silva ESCOTIacuteLHA s f t de Naut Especie de alccedilapatildeo com que se fecha a

entrada para as cobertas e poratildeo do navio usatildeo-se nos tablados da scena theatral

rarrLaudelino Freire ESCOTILHA sf Cast escotilha Naacuteut Alccedilapatildeo ou abertura nas

cobertas e poratildeo do navio2 Lus Abertura na parte superior do tonel para limpeza da

vasilha e entrada de uvas ou bagaccedilo

rarrAureacutelio escotilha [Do esp escotilla fonte tb do fr ant escoutille (atual eacutecoutille)]

Substantivo feminino1Constr Nav Abertura de grande ou meacutedio tamanho feita em qualquer

pavimento de uma embarcaccedilatildeo para tracircnsito de pessoal aeraccedilatildeo ou iluminaccedilatildeo das cobertas

ou passagem de carga []

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq

O ignorante Capitatildeo paſſado de hum chuccedilo pelos peitos cahio da eſcotilha abaixo

FRANCISCO DE BRITO FREYRE (1655) [1655] SENHOR [A00_2496 p 41]

______________________________________________________________________

Comentaacuterios todos os dicionaacuterios citados apresentam escotilha como termo naacuteutico

Origem francesa

Ficha 90

Escouves sm ult l-ezes no plr (T Naut) Buraco na proa da embarcaccedilatildeo por onde sahe a

amarra

______________________________________________________________________

rarrCunha sm bdquo(Const Nav) tubo ou manga de ferro por onde passa a amarra da acircncora para

ir do conveacutes ao costado de onde desce ao mar‟escouvē XVI de origem incerta

rarrBluteau ESCOVENS ou Eſcouves (Termo de navio) Saotilde na proa huns buracos redondos

por onde ſahem as amarras []

rarrMoraes e Silva ESCOgraveUVES s m pl t de Naut Buracos na progravea dos navios por onde

saacuteem as amarras Alburq P I f 8 escouves

rarrLaudelino Freire ESCOUVES ESCOUVEacuteM Lat excubiœ Abertura para a passagem da

amarra no costado do navio

rarrAureacutelio escovem [De or incerta poss do cat escobenc lt cat escova] Substantivo

masculino 1Constr Nav Tubo ou manga de ferro por onde passa a amarra da acircncora para ir

do conveacutes ao costado de onde desce ao mar [Cf escovem do v escovar]

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta

______________________________________________________________________

Comentaacuterios todos os dicionaacuterios citados apresentam escouves como termo naacuteutico

Origem incerta (castelhana)

Ficha 91

Estibordo sm (T Naut) O lado direito do navio olhando da poppa para a proa

______________________________________________________________________

rarrCunha estibordo sm ldquo(Mar) o lado direito da embarcaccedilatildeo considerando-se a proa como

a sua frente‟ 1813 estribordo XV Do fr ant estribord (hoje tribord apoacutecope de

120

estribord) deriv do neerl stierboord boreste 1884 de estibordo (com supressatildeo da uacuteltima

siacutelaba e colocaccedilatildeo da penuacuteltima no priciacutepio) Neologismo atribuiacutedo ao almirante brasileiro

Saldanha da Gama O aviso de 14021884 do Ministeacuterio da Marinha do Impeacuterio do Brasil

mandou substitur estibordo por boreste para evitar confusatildeo entre bombordo e estibordo

rarrBluteau ESTIBORDO Querem alguns que ſeja de Dextribordo He o lado do navio para

quem eſtaacute na popa com a cara voltada para a proa []

rarrMoraes e SilvaESTIBOacuteRDO smt de Naut Para quem estaacute na popa da naacuteo como rosto

para a proa eacute o lado direito ( de Stribord Inglez)

rarrLaudelino Freire ESTIBORDO sm Din Styrbord Lado do navio agrave direitos de quem

olha da popa para a proa

rarrAureacutelio estibordo[Do port arc estribordo (lt fr ant estribord [atual tribord] neerl

stierboord poss) com dissi-milaccedilatildeo] Substantivo masculino1Mar O lado direito da

embarcaccedilatildeo considerando-se a proa como a sua frente [Cf bombordo e boreste]

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq

E quando menos conta faziam das vidas do cesto da gaacutevea gritou o gajeiro terra pela proa e

como o temporal os ia empurrando para o rolo da costa por falta de governo desfizeram os

bolsos do traquete e braceando por estibordo foram costeando a dita terra e dando vista de

um abra e uma entrada puseram proa a ela e a todo o risco sem sondar a entraram e fixas as

amarras na habita desabossadas as acircncoras deram fundo

JOSEacute ALVARES DE OLIVEIRA (1981) [nd] HISTOacuteRIA DO DISTRITO DO RIO DAS

MORTES SUA DESCRICcedilAtildeO DESCOBRIMENTO DAS SUAS MINAS CASOS NELE

ACONTECIDOS ENTRE PAULISTAS E EMBOABAS E CRIACcedilAtildeO DAS SUAS VILAS

[A00_0395 p 97]

______________________________________________________________________

Comentaacuterios todos os dicionaacuterios citados apresentam estibordo como termo naacuteutico

Origem francesa lt neerlandesa

Ficha 92

Estiva sf (T naut) Contrapeso para o navio ir em equilibrio Grades de pagraveo no poratildeo por

baixo da carga A primeira carga que vai sobre ella Grades de patildeo estreitas na estribaria para

escoarem por baixo dellas a ourina dos cavallosEspecie de registro em que se taxa o preccedilo do

patildeo azeite etc

______________________________________________________________________

rarrCunha estiva sf bdquoa primeira porccedilatildeo do navio‟ bdquoarmaccedilatildeo do tabuleiro duma ponte de

madeira‟ estiba XV Do it stiva estivADOR 1858 estivAR XVI Do it stivare deriv

do lat stipāre

rarr Bluteau ESTIVA Eſtiva Termo Nautico He palavra Italiana ou ſe deriva do Franceacutez

Eſtive He o contrapeſo da carga do navio que ſe daacute a cada lado delle para o ter em equiliacutebrio

Nas ſuas cartas pag362 Uſa D Franciſco Manoel deiſa dicccedilaotilde no ſentido moral Vemos que

a naacuteo da India ſe carrega por conto amp eſta Eſtiva do que leva a paciencia do homem naotilde a

ſabe outro homem que lha carrega de injurias cujo exceſſo do homem naotilde a ſabe outro

homem cujo exceſſo permitte a providencia por caſtigallos a ambos eſte com a ſua fraqueza

aquelle cotilde a ſua tyrannia Vid Equilibrio Vid contrapeſo Vid Eſtivar

rarrMoraes e Silva ESTIacuteVA sf t de Naut O contrapeso que se potildee ao navio para ir em

equiliacutebrio se vai mais carregado de alguma parte sect Grades de paacuteos que no poratildeo vatildeo por

baixo da carga para que natildeo assente no costado e receba alguma humidade sect Grades de paacuteo

121

mūi estreitas com que se pavimentatildeo estrebarias para que a urina se escoe por ellassect Especie

de registo em que se taxa o preccedilo do patildeo azeite palha ampc pelos officiaacutees competentes Leis

de 1765sect A carga primeira que se carrega no navio

rarrLaudelino Freire ESTIVA sf Lat stiva Mar Todo o fundo interno de um navio da

pocircpa agrave proa 2 Mar A primeira camada de carga que se mete em um navio e que eacute

ordinagraveriamente a mais pesada o contrapecircso que se potildee ao navio para o equilibrar e natildeo descair

para o lado mais carregado3 Mar Grade de pau assente no poratildeo do navio socircbre o qual se

arruma a primeira carga para o isolar da umidade

rarrAureacutelio estiva [Do it stiva] Substantivo feminino1A primeira porccedilatildeo de carga do navio

2Bras Mar Merc Serviccedilo de movimentaccedilatildeo de carga a bordo dos navios nos portos o qual

compreende a retirada e a arrumaccedilatildeo desta nos porotildees e nos conveses [Cf nesta acepccedil

resistecircncia (16)] 3Bras P ext O conjunto dos estivadores [v estivador (2)]4Bras Os

gecircneros que formam a base do comeacutercio de secos e molhados especialmente os gecircneros em

grosso5Pesagem dos gecircneros ou mercadorias estivadas 6Bras N Ponte feita de um soacute pau

sobre forquilhas em terrenos alagadiccedilos ou pantanosos [Cf nesta acepccedil estivado

(2)]7Bras MG RS Ponte tosca feita de varas ou paus atravessados sobre um coacuterrego

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq

Provido do que lhe foi necessario sahiu Thomaz de Souza Villa Real do porto da foz do

Ferreiro no Rio Vermelho em 22 de Dezembro do anno passado ficando aquelle porto

quatorze leguas abaixo da villa o mais proximo della que permitte navegaccedilatildeo mesmo a

pequenos botes com

este rio pouco rico de aguas e por ser o seu fundo em partes de pedra que ainda oppondo

g

estivas sobre que se

poderatildeo arrastar as canocircas []

JOAQUIM MARIA NASCENTES DE AZAMBUJA (1891) [1797] VIAGEM DE THOMAZ DE

SOUZA VILLA REAL PELOS RIOS TOCANTINS ARAGUAYA E VERMELHO

ACOMPANHADA DE IMPORTANTES DOCUMENTOS OFFICIAES RELATIVOS Aacute MESMA

NAVEGACcedilAtildeO [A00_0710 p 47]

______________________________________________________________________

Comentaacuterios todos os dicionaacuterios citados apresentam estiva como termo naacuteutico Origem

italiana

Ficha 93

Estribo sm Peccedila em que firmatildeo os pegraves para montar a cavallo ou entrar no Coche etc No

plr (T Naut) Os primeiros cabos que na enfreixadura servem de degragraveos Perder os estribos

fig Perturbar-se natildeo saber onde firmar-se ou em quem confiar

______________________________________________________________________

rarrCunha estriborarr ESTRIBEIRA estribeira sf bdquoestribo de montar agrave gineta‟-eyra XIII

estrebeyra XIII etcDo a fr estriviegravere de origem germacircnica estribAR XV estribO

estrybo XV

122

rarrBluteau Estribos (Termo de mariagem) Saotilde os primeiros cabos que ſervem como de

degraos aacute enfrechadura Vid Enfrechadura

rarrMoraes e Silva ESTRIacuteBO s m Peccedila de madeira (V Caccedilanbas) onde metal em que o

Cavalleiro mette as pontas dos peacutes e se firma para montarsect Nos coches obra feita para se

subir por ella aos cochassect Estribos t de Naut primeiros cabos que servem como de degraos

a enfrexadura

rarrLaudelino Freire ESTRIBO sm Germ streup Naacuteut Cabo brando agrave maneira de sanefa

encapelados nas vecircrgas para servir de apoio aos peacutes dos marinheiros quando ferram o pano

rarrAureacutelio estribo- sm [] 1Marinh Cabo cujos chicotes satildeo presos aos laises de uma

verga e cujo seio eacute a espaccedilos aguentado agrave verga por meio de pedaccedilos de cabos denominados

andorinhos Serve de apoio aos peacutes dos marinheiros que trabalham na verga [Tb o pau da

bujarrona e por vezes a retranca tecircm estribo] 2Peccedila de accedilo colocada transversalmente a uma

armadura longitudinal num concreto para mantecirc-la em posiccedilatildeo ou para resistir a certos

esforccedilos 3Fig Arrimo apoio esteio

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta como termo naacuteutico

______________________________________________________________________

Comentaacuterios todos os dicionaacuterios citados apresentam estribo como termo naacuteutico

Origem francesa lt germacircnica

Ficha 94

Estribordo (T Naut) v Estibordo

______________________________________________________________________

rarrCunha estibordo sm ldquo(Mar) o lado direito da embarcaccedilatildeo considerando-se a proa como

a sua frente‟ 1813 estribordo XV Do fr ant estribord (hoje tribord apoacutecope de

estribord) deriv do neerl stierboord boreste 1884 de estibordo (com supressatildeo da uacuteltima

siacutelaba e colocaccedilatildeo da penuacuteltima no princiacutepio) Neologismo atribuiacutedo ao almirante brasileiro

Saldanha da Gama O aviso de 14021884 do Ministeacuterio da Marinha do Impeacuterio do Brasil

mandou substitur estibordo por boreste para evitar confusatildeo entre bombordo e estibordo

rarrBluteau natildeo consta

rarrMoraes e Silva ESTRIBOacuteRDO V Estibordo Cast Ined 11 536 opposto a babordo

vulgo bombordo ESTIBOacuteRDO smt de Naut Para quem estaacute na popa da naacuteo como rosto

para a proa eacute o lado direito ( de Stribord Inglez)

rarrLaudelino Freire ESTRIBORDO sm Ant O mesmo que estibordo ESTIBORDO sm

Din Styrbord Lado do navio agrave direitos de quem olha da popa para a proa

rarrAureacutelio natildeo consta

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta estribordo soacute estibordo

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Exceto Bluteau e Aureacutelio todos os demais dicionaacuterios apresentam o lema

estribordo mas remetem para o termo estibordo Origem francesa lt neerlandesa

Ficha 95

Estrinca sf (T Naut) Especie de escotilha nas embarcaccedilotildees por onde sobe a amarra

______________________________________________________________________

rarrCunha natildeo consta

rarrBluteau natildeo consta

123

rarrMoraes e Silva ESTRIacuteNCA sft de Naut Especie de escotilha nos navios HNaut

2f222 por ella saacutei a amarra donde estaacute envolta e daiacute tem o nome (strinca corda em

Italiano)

rarrLaudelino Freire ESTRINCA sf Ingl string Espeacutecie de escotilha por onde passa a

amarra

rarrAureacutelio natildeo consta

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Somente Moraes e Silva e Laudelino Freire apresentam estrinca Origem

inglesa

F

Ficha 96

Ferrar va Pregar ferradura Foxerir ferratildeo ou remate de ferro Marcar com ferrete

Guarnecer de cintas ou chapas de ferro Cravar Segurar com harpegraveo ou ferir com elle (T

Naut) Colher as velas Lanccedilar ancora Fig Tomar porto (T de Marcineiro) Metter porcas

Ferrar no sono adormecer

______________________________________________________________________

rarrCunha ferrarrarr FERRO ferro sf bdquometal maleaacutevel e tenaz de numerosas aplicaccedilotildees na

induacutestria e na arte‟ XIII Do lat ferrum ndashi AferrAR XVI AferrO sm XVIII [] Do lat

ferramenta nom pl de ferramentum bdquoinstrumento ou utensiacutelio de ferro‟ ferrAtildeO 1813

ferrAR XIII ferrARIA XIIIferrEIRO XIII ferrENHO XVI feacuterrEO 1572

rarrBluteau Ferrar (Termo Nautico) Ferrar velas ou ferrar o panno Vela colliger Vendoſe em

perigo Ferrara todo panno Britto viagem do Braſil 277 A naacuteo ditoſa Ferrava a vela

Barretto vida do Evang 21377

rarrMoraes e Silva FERRAR v at t naut Colher vg ferrar a vela o pannosect Lanccedilar ferro

ou ancora f tomar portovg ferraratildeo o porto de Coulatildeo Vieira-Freire ferrou a barra

rarrLaudelino Freire FERRAR vrv De ferro + ar Naacuteut Colhecircr amarrar (tr

dir)rdquoTrabalhados de perigos lanccedilai nautas nos nossos portos ferro ferrai velasrdquo (Filinto

Eliacutesio) 118 Atracar (a embarcaccedilatildeo) (trdir) Colhecircr (as velas) (tr dir intr) ldquoferrar as

velasrdquo ldquonunca as ondas tormenta resolveu mais arriscada Ferra ferra (bradou) que eacute enorme

o perigordquo (Filinto Eliacutesio) Deitar o navio ferro (intr) Folgar

rarrAureacutelio ferrar [De ferro + -ar2] Verbo transitivo direto [] 5Marinh Colher (vela ou

toldo) atando-os com amarrilhos a uma verga estai ou vergueiro navegou terra a terra agrave

sombra da costa ferrou panos e fundeou sobre virotes (Galpi Narrativas Militares p

23)

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq

[] mas natildeo sei se com este vento se com outro que lhe deo nas velas quando ia jaacute pera a

ferrar pendeo tanto a sua naacuteu que tomou agoa pelas portinholas da artilharia e calando-se

pelas escotilhas que iatildeo abertas foi entrando tanta que em continenti se foi ao fundo com

seu dono []

FREI VICENTE DE SALVADOR (1888) [1627] LIVRO QUINTO - DA HISTORIA DO

BRASIL DO TEMPO QUE O GOVERNOU GASPAR DE SOUZA ATHEacute A VINDA DO

124

GOVERNADOR DIOGO LUIZ DE OLIVEIRA - CAPITULO SEXTO - DE COMO O

CAPITAtildeO BALTHAZAR DE ARAGAtildeO SAHIO DA BAHIA COM HUMA ARMADA CONTRA

OS FRANCEZES E SE PERDEO [A00_2084 p 195]

______________________________________________________________________

Comentaacuterios todos os dicionaacuterios citados apresentam ferrar como termo naacuteutico Origem

portuguesa lt latina

Folgar vn Cessar de trabalhar Alegrar-se ter gosto de alguma cousa va (T Naut) Alargar

______________________________________________________________________

rarrCunha folgar vbrdquodescansar ter aliacutevio desapertar‟XIII follegar XVDo lat fotildellǐcārě

bdquorespirar como fole‟ deriv de fotildellis focirclegoXIII folgoXVIDeverbal do a port

folegarfolgafolgua XVfolgADIO XV folgADO XIII folgANCcedilA-cia

XIIIfolgAZAtildeO folgasatildeo 1813 folguEDO XVI RESfolegar XVII

rarrBluteau FOLGAR Coſſar do trabalho Deſcanccedilar Andar ocioſoOtiari (or atus fum) Cic

Como foſſe agrave Cidade de Syracuſa para folgar amp naotilde para trabalhar Cum ſe Syracuſas otiandi

non negotiandi

rarrMoraes e Silva FOacuteLGAR vat Largar ou alargar vg folgar o leme t nautsect vn Cessar

do trabalho

rarrLaudelino Freire FOLGAR descansar (intr trind com prep em) ldquoOs piratas folgando

em grupos se dispersamrdquo (Paranapiacaba) 3 Ter prazer alegrar-se regozijar-se (intr

trindcom prep com de em)ldquoDesabe o firmamento socircbre a Terra tudo pereccedila Folgaraacute

minh‟almardquo (Paranapiacaba) ldquoFolgo muito em ver-terdquo

rarrAureacutelio folgar [Do lat tard follicare] Verbo transitivo direto1Dar folga ou descanso a

[] 2Tornar largo desajustar desapertar folgar a roupa 3Tornar menos penoso tornar

leve suave folgado []

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta folgar como termo naacuteutico

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Somente Moraes e Silva apresenta folgar como termo naacuteutico Origem

portuguesa lt latina

G

Ficha 98

Garrucha sf Antigamente era o mesmo que Albarda Poleacute de dar tratos (T Naut) Cabo que

se mette na relinga por entre chicotes

______________________________________________________________________

rarrCunha garrucha sf bdquoorig pau curto com que se armavam as bestas‟guarrucha XV

bdquopistola de carregar pela boca‟ XX Do cast garrucha

rarrBluteau GARRUCHA He palavra Caſtelhana VID Poleacute de tormento amp tratos de poleacute

As cataſtas as Garruchas as fogucigueiras Vieira Tom 1076col1

rarrMoraes e Silva sft naut Garruchas satildeo ou eratildeo cabos que se mettem nas relingas por

entre os chicotes donde se fazem as puas das bolinas daqui vem agarruchar ampc

125

rarrLaudelino Freire GARRUCHAS sm pl Naacuteut 1 Argola de ferro pregadas no garotil das

velas latinas 2 Cabos que se metem nas relingas por entre chicotes

rarrAureacutelio Garrocha [Do esp garrocha] []Marinh Poleame de laborar constituiacutedo de duas

caixas sobrepostas a topo e com os eixos das suas rodas dispostos paralelamente ou

perpendicularmente um em relaccedilatildeo ao outro

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Moraes e Silva Laudelino Freire apresentam garrucha com termo naacuteutico

Aureacutelio daacute como termo naacuteutico garrocha Origem castelhana

Ficha 99

Gavea sf (T Naut) Armaccedilatildeo de taboa com feiccedilatildeo de grade do cimo dos mastros Vela que

toma o nome da gavea sobre que anda

______________________________________________________________________

rarrCunha gaacutevea sf bdquo(Naacuteut) espeacutecie de tabuleiro ou plataforma a certa altura de um

mastro‟gauea 1572Do lat med gabia (claacutess cavěa) com provaacutevel interferecircncia do it

gagravebbia ESgaivAR XXgaiva sf bdquojaula fosso‟ 1813gaivEL 1899 gajeiro sm bdquomarinheiro

que vigia da gaacutevea‟-geiro 1813 Do it gagraveggia e este do genovecircs gagravegia deriv Do lat cavěa

rarrBluteau Gaacutevea (Termo Nautico) He huma eſpecie de gayola ou guarita aſſentada em

huma roda de taboas no alto dos matos ſerve para recolher as velas quando as ferraotilde

Carchefium ij Naut Catull Mali corbita e Fem

rarrMoraes e Silva sf naut Eacute armaccedilatildeo de taboas como uma meza com bordas na ponta do

mastro

rarrLaudelino Freire GAVEA sf Lat cavea Naacuteut Espeacutecie de gaiola tabuleiro plataforma

ou guarita assente em uma rodas de taacutebuas no alto dos mastros e atravessada por ecircle 2 Vela

que ocupa o lugar imediatamente superior agrave grande GAacuteVEAS sfpl Conjunto das trecircs velas

das galeras 2 A gaacutevea e o velacho nos brigues

rarrAureacutelio [Do lat gavia por cavea gaiola] s f Marinh 1Cada um dos mastareacuteus que

espigam logo acima dos mastros reais [Nos navios de trecircs mastros denominam-se a partir de

vante mastareacuteu do velacho mastareacuteu da gaacutevea e mastareacuteu da gata] 2Mastareacuteu que espiga

logo acima do mastro real grande 3Cada uma das vergas que cruzam nos mastareacuteus de gaacutevea

[Nos navios de trecircs mastros chamam-se a partir de vante verga do velacho verga da gaacutevea e

verga da gata Antigamente chamavam-se traquetes sendo a partir de vante traquete de proa

ou de vante tranquete da gaacutevea e traquete da gata] 4Verga que cruza no mastareacuteu de gaacutevea

grande 5Cada uma das velas que envergam nas vergas de gaacutevea [Nos navios de trecircs mastros

denominam-se a partir de vante vela do velacho vela da gaacutevea e vela da gata Antigamente

chamavam-se traquetes] 6Vela que enverga na verga de gaacutevea grande 7Mar Cesto de

gaacutevea

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq

Com as vellas que anoitecer a Capitana ha de navegar ategrave que aclare o dia Succedendo

largar mais pano aʃcenderagrave dous faroes na popa amp hum na gavea

FRANCISCO DE BRITO FREYRE (1655) [1655] SENHOR () [A00_2496 p 57]

______________________________________________________________________

Comentaacuterios todos os dicionaacuterios apontam gaacutevea como termo naacuteutico Origem italiana

Ficha 100

126

Gio sm (T Naut) O travessatildeo sobre que a cana do leme anda e sobre que se formatildeo as

obras chamadas mortas da poppa

______________________________________________________________________

rarrCunha gio sm bdquo(Naacuteut) peccedila que entalha no contracadaste do navio‟ 1813 De origem

obscura

rarrBluteau GIO (Termo da carpintaria de huatilde nao) He hum traveſſaotilde ſobreque anda a cana

do leme amp ſobre o qual ſe formaotilde as obras mortas da popa Lignea compages in puppi

tranſverſa

rarrMoraes e Silva GIacuteO sm naut Travessatildeo sobre que anda a cana do leme e sobre que se

foacutermatildeo as obras mortas da popa

rarrLaudelino Freire GIO sm Naacuteut Nome de duas peccedilas curvas de madeira que formam

angula entalhando-se entre si e no contracadaste

rarrAureacutelio gio [De or obscura] Substantivo masculino1Constr Nav Nas popas quadradas

cada uma das peccedilas dispostas horizontalmente entalhadas e cavilhadas no contracadaste

constituindo assim como que as cavernas de tais popas

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta

______________________________________________________________________

Comentaacuterios todos os dicionaacuterios apontam gio como termo naacuteutico Origem obscura

Ficha 101

Guinada sf (T Naut) Acccedilatildeo de guinar Gargalhada fallando de riso

______________________________________________________________________

rarrCunha guinar vb bdquobordejar desviar-se rapidamente‟ XVI De origem obscura guinADA

XVI

rarrBluteau GUINADA Guinaacuteda amp Guinar ſaotilde termos Nauticos Vid Guinar

rarrMoraes e Silva GUIacuteNADA sf O acto de guinar t naut ldquode duas guinadas que deu (com

a sua naacuteo) sobre duas galeacutes ambas se despejaratildeo deixando os cascos vasiosrdquo (remettidas

para as ababroar) B236 Amaral

rarrLaudelino Freire GUINADA sf Angl-sax winan Naacuteut Desvio que o navio faz da sua

esteira bordejando2 salto que o cavalo daacute para furtar o corpo ao castigo do cavaleiro

rarrAureacutelio guinada [De guinar + -ada1] Substantivo feminino 1Mar Desvio da proa para

um ou outro bordo que afasta o navio deliberadamente ou por forccedila das circunstacircncias do

rumo em que vinha Havia um torvelinhar surdo e vago de coisas no tombadilho eram as

ondas que agraves vezes agrave menor guinada apesar de todo o cuidado no leme embarcavam pelo

traveacutes pela alheta (Virgiacutelio Vaacuterzea Nas Ondas p 45)

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq

Como saiacuteo a lua se fez o vento leacutes-nordeste e ventou com tanta forccedila que nom podiacuteamos com

a vela Indo assi corre guinada e em preparando de

loacute nos arrebentou o masto do traquete pelos tamboretes de que sentimos muita fortuna e

amainaacutemos a vela e fomos correndo ao som do mar ateacute que foi de dia

127

PEcircRO LOPES DE SOUSA (1968) [1530] DIAacuteRIO DA NAVEGACcedilAtildeO DE PEcircRO LOPES DE

SOUSA () [A00_0078 p 33]

______________________________________________________________________

Comentaacuterios todos os dicionaacuterios apontam guinada como termo naacuteutico Origem obscura

(anglo saxatildeo)

Ficha 102

Guinar vn (T Naut) Desviar-se do caminho da esteira que leva Diz-se do navio e

propriamente fallando sograve tem terceiras pessoas

______________________________________________________________________

rarrCunha guinar vb bdquobordejar desviar-se rapidamente‟ XVI De origem obscura guinADA

XVI

rarrBluteau Guinar (Termo Nautico) He quando o navio ſe deſvia alguma couſa hora de

huma hora de outra parte ſeguindo ſempre o meſmo rumo Conftanti ſempre curſa de via

aliquantum deſle

rarrMoraes e Silva GUINAacuteR vn naut Desviar-se o navio um pouco da esteira que leva

hora a um bordo hora a outro mas seguindo sempre o mesmo rumo Amaral 6 Fomos

guinados a elas Fern Mend c5

rarrLaudelino Freire GUINAR vrv Mover-se agraves guinadas desviar-se (a embarcaccedilatildeo da sua

esteira) (intr)

rarrAureacutelio guinar [Da mesma or incerta que o esp guintildear poss da raiz gin- de criaccedilatildeo

expressiva] Verbo intransitivoVerbo transitivo circunstancial1Mover-se agraves guinadas

oscilar Becircbado guinava agrave direita e agrave esquerda2Mar Desviar (a embarcaccedilatildeo) de propoacutesito

ou por forccedila das circunstacircncias a proa do rumo que vem seguindo para outro rumo dar uma

guinada (1)3P ext Dar guinada (3) Desorientado o ciclista guinava a torto e a

direito4Desviar-se com rapidezVerbo transitivo direto 5Desviar com rapidez ou

repentinamente Guinou a embarcaccedilatildeo para natildeo se chocar com o rochedo

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq

A ruindade desta barra consiste principalmente em ser muito estreito o seu canal e dar este

uma volta pelo meio dos dous baixos que o rodeatildeo e promettem naufragio infallivel se a

embarcaccedilatildeo guinar para algum dos lados

FREI GASPAR DA MADRE DE DEUS (1920) [1767] MEMORIAS PARA A HISTORIA DA

CAPITANIA DE S VICENTE HOJE CHAMADA DE S PAULO [A00_0169 P 123]

______________________________________________________________________

Comentaacuterios todos os dicionaacuterios apontam guinar como termo naacuteutico Origem obscura

I Ficha 103

Iccedilar va (T Naut) Levantar as vergas e vegravelas para o navio navegar

______________________________________________________________________

128

rarrCunha iccedilar vb bdquoerguer levantar‟ XVIII Do fr hisser e este do neerl hijsen ou do baixo

al hissen iccedilAMENTO XX

rarrBluteau ICAR (Termo Nautico) Levantar as velas Vella attollere Na bonanccedila Iccedilar ateacute os

topos Vieira Tom3pag76 Iccedilaraotilde de gaacutevea perdendo ancoras amp amarras Ciabra Exhortaccedil

Militar24 verſ As velas Iccediladas nos palancos Jacinto Freyre 259

rarrMoraes e Silva ICcedilAacuteR vat Levantar as vergas e as velas para navegar Freire

rarrLaudelino Freire ICcedilAR vrv Al hissen Levantar erguer alccedilar (tr dir bitr com prep a

com)rdquoIccedilar o cordamerdquo ldquoVia-se entre homens armados que a arrebatavam iccedilando-a agrave garupa

de ginete socircfregordquo (C Neto) ldquoCom taacuteureas cordas brancas velas iccedilamrdquo (Odorico Mendes)

rarrAureacutelio iccedilar [Do fr hisser] Verbo td 1Erguer alccedilar levantar iccedilar velasApenas o

vapor comeccedilou a enfrentar o Feliz este iccedilou a bandeira brasileira saudando-o (Virgiacutelio

Vaacuterzea Nas Ondas p 150) [Conjug v laccedilar Pres ind iccedilo etc pret perf icei etc pres

subj ice icem Cf isso issei o top Iceacutem e o v inccedilar]

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq

Fizeram-se primeiro que tudo cabos poreacutem o arbusto foi cortado foacutera de tempo e o linho

cortido por pessoas imperitas e que natildeo sabiam o tempo que se devia gastar no cortimento

nem o modo com que se deviam separar a capa do linho e os fabricantes dos mesmos cabos

natildeo soacute pouco habeis em fazerem o fio mas ignorando mais o modo de lhe dar o alcatratildeo

beneficio essencialissimo para perfeiccedilatildeo dos mesmos cabos poreacutem assim mesmo me servi

logo de alguns ainda que poucos nas embarcaccedilotildees da esquadra aonde serviram tatildeo bem

como os outros que tinham as embarcaccedilotildees de sorte que um delles serviu muito tempo ao

cabrestante para iccedilar a aguada e mantimentos do navio Santo Antonio e depois de soffrer

todo aquelle trabalho sem quebrar o applicaram ao ministerio da guingorra aonde durou

muito tempo

MARQUEZ DO LAVRADO (1863) [1799] RELATORIO DO MARQUEZ DE LAVRADIO

VICE-REI DO RIO DE JANEIRO ENTREGANDO O GOVERNO A LUIZ DE

VASCONCELLOS E SOUSA QUE O SUCCEDEU NO VICE-REINADO [A00_0851 p 471]

______________________________________________________________________

Comentaacuterios todos os dicionaacuterios apontam iccedilar como termo naacuteutico Origem francesa

L

Ficha 104

Lais sm (T Naut) A ponta verga

______________________________________________________________________

rarrCunha lais sm bdquo(Naacuteut) a ponta da vergardquo lays XVI De origem obscura

rarrBluteau Lais Chamatildeo os marinheiros agrave ponta das vergas a da Mezena ſe chama penna

LAIZ (Termo nautico) Extremidades das vergas Cornu antemnarum Virgilio diz Cornua

antemn (Enforcaſſe no Laiz da verga Decad 1 de Barr Paacuteg 110col4)

rarrMoraes e Silva LAacuteIS sm tnaut A ponta da verga Barros o lais da verga

rarrLaudelino Freire LAIS sm Naacuteut Ponta da verga

Lais de Guia sm Naacuteut Noacute que se daacute no seio do cabo com um dos chicotes para formar

bocirclso

rarrAureacutelio lais [De or obscura] s m Marinh1Cada uma das extremidades de uma verga

Os [marinheiros] que ofereciam resistecircncia nas abordagens ou davam combate eram iccedilados

depois no lais das vergas (Virgiacutelio Vaacuterzea Mares e Campos p 103)2Extremidade oposta

ao peacute num pau de surriola [Pl laises Cf Laiacutes antr f menos boa poreacutem usual de Lais]

Lais de guia 1 Marinh Noacute que se daacute no chicote de um cabo formando uma alccedila ou balso e

serve para encapelaacute-lo ou para fazer um laccedilo de correr

129

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq

Querendo a Capitana fallar aos navios no lays da verga grande ʃotavento largaragrave huatilde

flamula tirar agrave a huatilde peʃʃa por ʃehaacute agrave capa

FRANCISCO DE BRITO FREYRE (1655) [1655] SENHOR [A00_2496 p 55]

______________________________________________________________________

Comentaacuterios todos os dicionaacuterios apontam lais como termo naacuteutico Origem obscura

Ficha 105

Leme sm Entre Nauticos he hum pranchatildeo formado de vaacuterios madeiros posto ao alto no

cadaste do navio e que se move para hum e outro lado por meio de huns gonzos fixos que

tem os machos fixos no mesmo pranchatildeo e encaixados nas fecircmeas que estatildeo fixas no cadaste

O ferro da dobradiccedila que encaixa no leme Fig Direcccedilatildeo Duas estrelas iguaes na

Constellaccedilacirco chamada Barca

______________________________________________________________________

rarrCunha leme sm‟aparelho usado na parte traseira do barco e do aviatildeo e que serve para lhes

dar direccedilatildeo‟ XV De origem obscura

rarrBluteau LEME Pao que anda junto do cadaſte que quebra amp aparta as ondas para huma

amp outra parte amp he o total governo da nao Dizem que Tiphys companheiro dos Argonautas

na expediccedilatildeo de Colchos inventagravera o leme pelo que obſervou no Minhoto quando voa alto

que troce a aza para lhe dar nelle o vento em poppa amp ſubir amp baixar como quer Outros

dizem que dos peixes que com cauda regulaotilde nas aguas ſeu caminho ſe tomou a invenccedilaatildeo do

leme Clavus i Ma Gubernaculum i Neut Cic No Commento da Oitava 74 do Canto 5

da Luſiada aonde diz Camotildees Esta pa logo o leve leme

rarrMoraes e Silva LEgraveME sm Governalho peccedila de madeira grossa plana de certa largura

que vai em gonzos no meyo da popa do navio e outros vasos de navegar d‟alto a baixo e

serve de os fazer voltar a proa a diversos rumos voltando ao lemesect O ferro da dobradiccedila que

se embebe no vatildeo da femea eacute sobre que joga a janella ou portasect Natildeo dar o navio pelo leme

ou natildeo obedecer ao leme se diz quando natildeo proeja ainda que manejem o leme e o virem

rarrLaudelino Freire LEME sm B lat limo Aparelho situado na parte traseira do barco e

que serve para lhe dar direccedilatildeo2 Ferro ou dobradiccedila que se embebe no vatildeo da fecircmea e socircbre

que joga a porta ou janela

rarrAureacutelio leme [De or obscura] s m 1Constr Nav Peccedila ou dispositivo instalado na popa

da embarcaccedilatildeo e que serve para lhe dar direccedilatildeo para governaacute-la 2Dispositivo instalado na

cauda do aviatildeo e que regula a direccedilatildeo do aparelho 3Ferro que se embebe no vatildeo da fecircmea e

sobre o qual se move a porta ou a janela 4Fig Direccedilatildeo governo governanccedila Leme de

direccedilatildeo 1 Aer Leme que governa o aviatildeo no plano horizontalLeme de fortuna 1 Marinh V

esparrela (4)Leme de loacute 1 Marinh Posiccedilatildeo do leme com sua porta voltada para barlavento

Leme de profundidade 1 Aer Leme que governa o aviatildeo no plano verticalLeme horizontal

1 Constr Nav Cada um dos lemes que governam o submarino no plano vertical

130

(profundidade) Leme vertical 1 Constr Nav Cada um dos lemes que governam o submarino

no plano horizontal (rumo)Perder o leme 1 Ficar atarantado sem saber o que fazer

desnortear-se desorientar-seTer o leme 1 Governar administrar dirigir

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq

Avistaratildeo esta Costa em 15 de Junho e por natildeo conhecerem a paragem que era a enseada de

Vasabarris lanccedilaratildeo ferro mas era tatildeo forte o vento Sul e correm alli tanto as agoas que se

quebraratildeo duas amarras e querendo entrar por conselho de hum Francez chamado

Honorato que veio aacute terra com dous Indios em huma jangada e lhes facilitou a entrada

tocou a naacuteu e deo tantas pancadas que lhe saltou o leme foacutera e arrombou pelo que alguns se

lanccedilaratildeo a nadar e se afogaratildeo em as ondas []

FREI VICENTE DE SALVADOR (1888) [1627] LIVRO QUARTO - DA HISTORIA DO

BRASIL DO TEMPO QUE O GOVERNOU MANOEL TELLES BARRETO ATHE A VINDA

DO GOVERNADOR GASPAR DE SOUZA - CAPITULO VIGESIMO QUARTO - DA

JORNADA QUE GABRIEL SOARES DE SOUZA FAZIA AacuteS MINAS DO SERTAtildeO QUE A

MORTE LHE ATALHOU [A00_2060 P 148]

______________________________________________________________________

Comentaacuterios todos os dicionaacuterios apontam leme como termo naacuteutico Origem obscura

Ficha 106

Leva sf (T Naut) Acccedilatildeo de levantar ancora para fazer-se aacute vegravela Entre Militares

Conducccedilatildeo de recrutas

______________________________________________________________________

rarrCunha leva - LEVAR levar vb bdquotransportar retirar afastar induzir tirar roubar‟ XIII Do

lat lěvāre []

rarrBluteau LEVA (Termo Nautico) A acccedilatildeo de levantar as ancoras do porto para a partida

Anchorarum fublatio ou Navis egrave portu onis FemTocar a leva He dar aviſo com a trotildebeta

que ſe recolhatildeo os q eſtatildeo na praya quando o baxel eſtagrave para partir Dare tubacirc fignum

recipiendi in navem (Julio Ceſar farfallando na retirada dos ſoldados diz Milites figno

recipiendi dato non conftitehellip (Manda jagrave tocar a leva Ciabra Exhort Militar pag 26)

rarrMoraes e Silva LEVA sf O acto de levantar ancora para sair do porto vg ldquopeccedila de

leva a que se atira para fazer sinal de botar foacutera e que tocar leva com a trombeta para

acodirem a bordo os que hatildeo-de ir na naacuteo que estaacute para levantar ferro M Conq Vieira

rarrLaudelino Freire LEVA sf De levar O ato de levantar ferro o levantar da acircncora para

navegarNaacuteut Cabo folgado que passa por um furo do costado do navio e vai prender-se no

sapatilho dos arganeacuteus das portas5 Pop Andadura

rarrAureacutelio leva [Dev de levar] s f 1Ant Mar Ato de levantar acircncora para navegar

2Alistamento de tropa recrutamento []

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta

______________________________________________________________________

Comentaacuterios todos os dicionaacuterios apontam leva como termo naacuteutico Origem portuguesa

lt latina

131

Ficha 107

Liame sm (T Naut) Madeira das curvas com que seliatildeo por dentro as peccedilas do costado do

navio

______________________________________________________________________

rarrCunha liame sm bdquoaquilo que prende uma coisa a outra ligaccedilatildeo‟ XVIII Do lat ligamen -

ǐnis bdquolaccedilo fita‟ de ligāre

rarrBluteau LIAcircME A madeira das curvas com q por dentro ſe liatildeo os coſtados dos navios

Lignam quibus navium latera intus coagmentantur Joatildeo de Barros diz Liaccedilatildeo (Foy cortada

algūa liaccedilatildeo para galegraves Decada 2 fol39col4) (Na meſma Decada diz LiameContaratildeo-ſe

huma ſoma de madeiras da anaf para liames fol 12 col1) (os que fabricatildeo obra naval tiraotilde

della curvas amp liames Valcone Noticia do Braſil 259)

rarrMoraes e Silva LIAacuteME smt de Naut A madeira das curvas com que se ligatildeo e atatildeo as

peccedilas do costado dos navios Barros Ined IIIf506 ldquotavoados e liamerdquo

rarrLaudelino Freire LIAME sm Lat ligamen Liaccedilatildeo Naacuteut A madeira das curvas com que

se ligam e atam as peccedilas do costado dos navios Naacuteut Cordame de navio de vela

rarrAureacutelio liame (acirc) [Do lat ligamen] s m1Aquilo que prende ou liga uma coisa a outra

ligaccedilatildeo []

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq

Nas varzeas de arecirca se datildeo outras arvores reaes a que os Indios chamam curuaacute as quaes se

parecem na feiccedilatildeo na folha na cocircr da madeira com carvalhos e acham-se alguns de vinte e

cinco a trinta palmos de roda de que se fazem gangorras mesas eixos virgens esteios e

outras obras miudas mas natildeo eacute muito fixo ao longo da terra a qual tambem serve para

liames de navios e barcos e para taboado e de pesado se vai ao fundo

GABRIEL SOARES DE SOUSA (1938) [1587] DAS ARVORES REAES E PAUS DE LEI

(PARTE SEGUNDA - TITULO 8) [A00_0184 p 243]

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Soacute Aureacutelio natildeo apresenta liame como termo naacuteutico Origem portuguesa lt

latina

Ficha 108

Linguete sm (T Naut) Peccedila de pagraveo ou de ferro com que se tolhe que natildeo desande o

cabrestante embebendo-a nas mossas deste ______________________________________________________________________

rarrCunha linguete - LIacuteNGUA[] Do latlǐngŭaliacutegula sf [] Do it lingueta dimin de

liacutengua []

rarrBluteau LINGUETE ou lingoete (Termo de navio) He hum patildeo que encayxa nos cunhos

para ter matildeo do cabreſtante que natildeo ande depois que ſe tem levado a ancora ou algum fardo

Machin nautic

rarrMoraes e Silva LINGUEgraveTE smt de Naut Peccedila de paacuteo ou ferro que se embebe nas

mossas do cabrestante para que natildeo desande depois que se tem levado a ancora ou algum

132

fardo V Cunhos CUNHOS smpl t de Naut paacuteos pregados agrave roda do cabrestante com seus

dentes em que se pega o linguegravete e as amarras quando viratildeo

rarrLaudelino Freire LINGUETE sf De liacutengua Peccedila de ferro ou madeira que se embebe nas

rodas dentadas para que estas natildeo desandem

rarrAureacutelio- natildeo consta linguete consta lingueta lingueta (guecirc) [De liacutengua + -eta (ecirc) it

lingueta] Substantivo feminino1P us Liacutengua (1) pequena 2Qualquer objeto pequeno

semelhante a uma liacutengua3Fiel da balanccedila 4Peccedila chata e delgada que faz parte dalguns

instrumentos de sopro5Peccedila moacutevel de ferro das fechaduras que se encaixa quando movida

pela chave na chapatesta trancando a porta ou gaveta6Dispositivo moacutevel para fechar portas

sem o auxiacutelio da chave constatou [o serralheiro] que nada poderia fazer desde que a porta do

chuveiro natildeo dispunha propriamente de fechadura mas de uma simples lingueta (Fernando

Sabino Medo em Nova Iorque A Cidade Vazia p 118) 7Pedaccedilo de couro utilizado como

fecho em pastas valises malas etc 8Pedaccedilo de couro que no sapato de atacador protege o

peito do peacute 9Ladeira ou rampa em cais junto agrave qual atracam as embarcaccedilotildees 10Muacutes V

martinete4 (1) 11Bras PE Rampa natural que se inclina para o mar ou para o rio 12Ant

Rampa num cais para embarque e desembarque de passageiros

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Soacute Laudelino Freire natildeo apresenta linguete como termo naacuteutico Aureacutelio

apresenta lingueta Origem italiana

M

Ficha 109

Maccedilame sm Lastro de pedra e betume nas cisternas etc (T Naut) Cordoalha do navio __________________________________________________ rarrCunha natildeo consta

rarrBluteau Maccedilame Termo Nautico He todo o encordoamento da nao aſſim dos Brandaes

como da Sirgideira Brioens Apagaſanaes amp toda a mais Enxaacutercia Funium velorum

aliorum ad regendam navim inſtrumentor apparatus (Domar onde hiatildeo os Marinheiros

da queda dos paos amp do Maccedilame Brito Relaccedilatildeo da viagem do Braſil 69)

rarrMoraes e Silva MACcedilAgraveME sm t de Naut Toda a cordoalha do apparelho de um navio

Brito

rarrLaudelino Freire natildeo consta

rarrAureacutelio natildeo consta

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq

Que lhes concede todos os mantimentos assi secos como molhados que tiuerem nos

almazens do Recife amp fortalezas pera se sentirem delles amp fazerem suas viagens largando

aos soldados os de que elles necessitarem pera seu sustento amp viagem mas nam lhes

outorga o maccedilame pera os nauios porque promete darlhos aprestados pera quando partirem

pera Olanda

NAtildeO TRAZ O NOME DO AUTOR MAS Eacute DO DR JOAtildeO DE MEDEIROS CORREcircA

SEGUNDO A OPINIAtildeO GERAL DOS BIBLIOGRAPHOS (1899) [1653] BREVE |

RELACcedilAM | DOS VLTIMOS | SVCESSOS DA GVERRA | DO BRASIL RESTITUICcedilAOtilde DA

CIDADE MAU- | RICIA FORTALEZAS DO RECIFE DE PER- | NAMBUCO amp MAIS

133

PRACcedilAS QUE OS | OLANDESES OCCUPAUAOtilde NA- | QUELLE ESTADO| [A00_1127 p

175]

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Laudelino Freire e Aureacutelio natildeo apresentam o verbete maccedilame Origem natildeo

encontrada

Ficha 110

Madre sf Uacutetero Leito do rio Antigamente Matildei Titulo de Freiras (T Naut) Pagraveo que

atravessa a escotilha O madeiro principal do leme Cabo delgado que se enfia pelas lebres

dos enxertarios Madre-pia v Piamater

______________________________________________________________________ rarrCunha [] Do lat mater ndashtris []

rarrBluteau Madre (Termo de navio) He hum pao que atraveſſa a eſcotilha com ſeu encaixo

para aſſentar nos quarteis da meſma eſcotilha

rarrMoraes e Silva MAacuteDRE sf t de Naut paacuteo que atravessa a escotilha com seu encaixe

para assentar nos quarteis della sect Nas pontes de madeira satildeo os paacuteos que formatildeo o assento

para as estivas e assentatildeo nas asnas ao longo da ponte

rarrLaudelino Freire sf Lat mater matrem Naacuteut Pau que atravessa a escotilha com seu

encaixe para assentar nos quarteacuteis delaO madeiro principal agrave roda do qual ou socircbre o qual

se entalham outros menores ateacute perfazer o composto da grossura ou largura necessaacuteria para o

objeto que se exige como os mastros o leme etcO madeiro que prega na roda de proa e

socircbre o qual estaacute construiacutedo o beque O madeiro central do cabrestante agrave roda do qual se

entalham as mais peccedilas de que se compotildee e que forma o peatildeo ferrado socircbre o qual se move a

maacutequina O madeiro prolongado pelo cadaste que forma a parte principal do safratildeo onde se

pregam os machos e emecha a cana do lemeCada uma das peccedilas mais grossas de que se

formam os mastros quando natildeo satildeo feitos de um soacute pau

rarrAureacutelio madre [Do lat mater matildee] Substantivo feminino1Constr Nav A parte central

mais grossa de que se formam o mastro o cabrestante e outras partes do aparelho do navio

quando natildeo satildeo feitos de uma peccedila uacutenica2Marinh Cabo de fibra ou de algodatildeo em torno do

qual se cocham os cordotildees de um cabo calabroteado ou de um cabo metaacutelicoMadre do leme

Constr Nav 1 Eixo que penetra no casco do navio e transmite movimento ao leme 2 Parte

reforccedilada nos lemes de certas embarcaccedilotildees (antigas ou miuacutedas) agrave qual se prendem as

governaduras e que se prolonga acima da porta do leme para fixar-lhe a cana ou a meia-lua

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta

______________________________________________________________________

Comentaacuterios todos os dicionaacuterios apresentam madre como termo naacuteutico Origem

portuguesa lt latina

Ficha 111

Majarrona sf (T Naut) Vela triangular de navio que do mastarro do velacho vem ter agrave

ponta do gurupegraves

______________________________________________________________________

134

rarrCunha bujarrona sf ldquo(Mar) tipo de vela‟ 1858 bdquoinsulto afronta1 1899 Do cast bujarroacuten

deriv do b lat Bŭlgărus bdquobuacutelgaro‟ empregado como insulto por tratar-se de hereges

pertencentes agrave Igreja ortodoxa grega Cp BUGRE

rarrBluteau Natildeo constam bujarrona bojarrona e majarrona

rarrMoraes e Silva MAJARROgraveNA sf t de Naut Vela de navio que vem da ponta do

mastareo do velacho a ponta do gorupecircs vulgo bojarrona talvez porque boacuteja muito quando

cheya

rarrLaudelino Freire MAJARRONA sf Corr De bujarronaBujarrona sf Naacuteut Vela latina

triangular que se iccedila agrave proa socircbre um pau proacuteprio Pau em que se iccedila essa vela rarrAureacutelio-

natildeo constam majarrona ou bojarrona Bujarrona S f 1Marinh Vela triangular iccedilada entre o

mastro de vante e o gurupeacutes ou a proa da embarcaccedilatildeo agrave vela A toalha de espuma rasgada

para um lado e para outro tufou ferveu subiu alcanccedilou parte do conveacutes molhou a bujarrona

(Josueacute Montelo Cais da Sagraccedilatildeo p 159) []

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta

______________________________________________________________________

Comentaacuterios todos os dicionaristas remetem o termo majarrona a bujarrona ao universo

mariacutetimo Bluteau natildeo cita nem um nem outro Origem castelhana

Ficha 112

Malaqueta sf (T Naut) Pagraveo torneado mais grosso em huma de suas extremidades que

serve para dar vela aos cabos delgados da marcaccedilatildeo do navio Na roda do leme he huma como

manivela em que os homens que vatildeo ao leme fazem forccedila para o mover Dagrave-se tambem este

nome ao remate do pagraveo da bandeira e de outros ______________________________________________________________________

rarrCunha natildeo consta

rarrBluteau MALAQUETAS Termo de navio Satildeo todo o patildeo em que ſe daacute volta a qualquer

cabo que ſeja

rarrMoraes e Silva MALAQUEgraveTA sf t de Naut Paacuteo em que se reata o cabo de corda do

navio para o fazer fixo eacute como um crescente e estaacute pregado pelo meyo

rarrLaudelino Freire MALAQUETA sf Ant Cavilha naacuteutica o mesmo que

malaguetaMALAGUETA s f Naacuteut Cavilha de pau torneado que se enfia nos fusos das

mesas do amurado e da meia nau para dar volta aos cabos de laborar Cada um dos cabos

salientes da roda do leme

rarrAureacutelio natildeo consta

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Aureacutelio natildeo cita o termo Para os demais autores malaqueta eacute termo de navio

Origem obscura (Houaiss 2001)

135

Ficha 113

Michelos sm plur (T Naut) Cabos que servem para segurar a amarra quando se leva

ancora

______________________________________________________________________

rarrCunha natildeo consta

rarrBluteau natildeo consta

rarrMoraes e Silva MICHEgraveLOS s f pl t de Naut As cordas aleacutem da amarra que servem de

levar a ancora

rarrLaudelino Freire MICHELOS s f pl Naacuteut Cabos pequenos terminados de um lado por

um olhal e de outro por um chicote que serve para conservar verticais as vecircrgas ou mastareacuteus

que tecircm de ser iccedilados ou arreados2 Cabos que se tomam nos andrabelos quando se iccedila

alguma peccedila do aparelho

rarrAureacutelio- natildeo consta

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Somente Moraes e Silva e Laudelino Freire arrolam o verbete michelos

Origem obscura (Houaiss 2001)

Ficha 114

Molhelha sf Especie de almofada de palha de que satildeo os mariolas ao pescosco para assentar

sobre ella a canga (T Naut) Troxa de fio de carreta e estopa que serve para afastar as

escotas da gaacutevea e velaxo

______________________________________________________________________

rarrCunha natildeo constam molhelha ou monelha

molhe sm bdquoparedatildeo construiacutedo no mar para servir de cais acostaacutevel ou para quebrar a

impetuosidade das vagas‟XVI mole XVI Provavelmente do cat molh e este talvez do lat

mōlēs bdquomassa‟

rarrBluteau MOLHELHA Hum tufo de palha que trazem os mariolas ao peſcoccedilo Collare

O adjectivo a um He de Propercio Quer dizer couſa de palha

rarrMoraes e Silva MOLHEgraveLHA sf Tufo de palha que os mariolas trazem no pescoccedilo e

sobre que assenta a canga para natildeo os molestar []

rarrLaudelino Freire MOLHELHAS sfpl Naacuteut Pedaccedilos de lona estofados com estocircpa que

se pregam nas peccedilas de madeira branda em que os cabos laboram para as tornar mais suaves

agraves encapeladuras

rarrAureacutelio molhelha (ecirc) [De or controversa] Substantivo feminino 1Lus Marinh

Monelha Monelha (ecirc) Substantivo feminino

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta _____________________________________________________________________________

136

Comentaacuterios Laudelino e Aureacutelio citam molhelha como termo naacuteutico Origem

controvertida (catalatildeo)

Ficha 115

Moucarratildeo -ona mf-otildees -onas no plur Muito mouco Moucarrotildees entre Nauticos satildeo

huns pagraveos que servem para empavezar o navio

______________________________________________________________________ rarrCunha natildeo consta

rarrBluteau natildeo consta

rarrMoraes e Silva adj chulo Mũito mouco Eufr 35 Moucarrotildees smpl t de Naut Paacuteos

que estatildeo pelo bordo do navio que servem para o empavezar

rarrLaudelino Freire [] smpl Paus de empavesar o navio

rarrAureacutelio moucarratildeo [De mouco + -arratildeo] Adjetivo 1Muito mouco [Fem moucarrona]

Mouco [De or obscura] Adjetivo 1Que natildeo ouve ou que ouve pouco ou mal surdo 2Diz-

se do ouvido de quem eacute mouco (1) Palavras loucas ouvidos moucos (prov) s m 3Aquele

que eacute mouco (1) surdo [Aum moucarratildeo]

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Somente Moraes e Silva e Laudelino Freire apontam moucarratildeo como termo

naacuteutico Origem obscura

N

Ficha 116

Nabo sm Hortaliccedila conhecida (T Naut) Peccedila de madeira furada e redonda que tem por

cima a chapeleta pregada

______________________________________________________________________

rarrCunha nabo sm bdquoplanta herbaacutecea da fam das cruciacuteferas‟ XIII Do lat nāpus []

rarrBluteau Nabo Palavra de navio He hum pagraveo redondo furado que em cima tem hum

couro pregado aq chamatildeo Chapeleta

rarrMoraes e Silva NABO sm t de Naut Peccedila de paacuteu redonda furada que tem por cima a

chapeleta nas bombas

rarrLaudelino Freire NABO do lat napus Naacuteut Peccedila de madeira ou bronze em forma de

tronco de cone com abertura no centro e vaacutelvula para regular a aspiraccedilatildeo da bomba

rarrAureacutelio nabo [Do lat napu] Substantivo masculino 1Bot Planta herbaacutecea da famiacutelia das

cruciacuteferas (Brassica napus) cultivada por suas raiacutezes comestiacuteveis arredondadas ou

pontiagudas roxas ou brancas conforme a variedade 2A raiz desenvolvida dessa

planta3Burl Pessoa ignorante neacutescia estuacutepida 4 Bras S A parte do mouratildeo da tranqueira

do poste ou do esteio que fica enterrada no solo[]

137

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Somente Aureacutelio eacute que natildeo aponta nabo como termo naacuteutico Origem

portuguesa lt latina

Ficha 117

Nautico adj (T Naut) Pertencente agrave navegaccedilatildeo Que serve para dirigir a navegaccedilatildeo Que

entende da arte de navegar Homem do mar Nautica (como subst) A arte de navegar

______________________________________________________________________

rarrCunha nauta sm bdquomarinheiro navegador‟ 1572 Do lat nauta ndashae derivado do gr nauacutetes

naacuteutICA XVII naacuteutICO XVII Do lat nautǐcus ndasha[]

rarrBluteau NAUTICO Couſa concernente agrave nautica ou fabrica amp mariagem dos navios

Nauticus a umDeterminaotilde o nautico aparelho Camotildees Cant4 Oit 76 Agulha nautica

Agulha de marcar Vid Agulha (A agulha nautica buſcando o Norte Varella Num Vocal

463) Homem nautico Os homens do mar Os marinheiros Nautici orum Masc Plur Plin

(A que os naacuteuticos chamatildeo Meſ Tranccedila Epanaphor De D Franc Man 468)

rarrMoraes e Silva NAUTICO adj Que respeita aacute navegaccedilatildeo e serve para a dirigir vg

naacuteutico apparelho Arte agulha nauticasect Homem naacuteutico o que sabe a Arte de navegarsect Os

naacuteuticos os homens do mar Epanaph De D Franc Man

rarrLaudelino FreireNAacuteUTICO adj Lat nauticus Relativo agrave navegaccedilatildeo ldquoemprecircsa naacuteuticardquo

rarrAureacutelio naacuteutico[Do gr nautikoacutes pelo lat nauticu] Adjetivo1Relativo a marinheiro

navegante nauta espiacuterito naacuteutico termo naacuteutico 2Respeitante agrave navegaccedilatildeo processo

naacuteutico ~ V almanaque mdash carta mdasha e crepuacutesculo mdash

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq

Fazia toda a prevenccedilaotilde dos mantimentos para a viagem e de todos os aprestos para a

expediccedilaotilde quando na manhaatilde de hum claro dia por desattenccedilaotilde que houve em huma salva

se ateou o fogo em a nao Serea com taotilde irremediavel incendio que se naotilde pode extinguir

porque pegando logo nas amarras foy levando a nao para o meyo do golfo lanccedilando-se a

nado alguns Marinheiros e Officiaes nauticos que nella se achavaotilde

SEBASTIAtildeO DA ROCHA PITTA (1878) [1730] LIVRO OITAVO [A00_0574 p 344]

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Todos os dicionaacuterios consultados apresentam este termo como ldquoda marinhardquo

Origem portuguesa lt latina lt grega

O

Ficha 118

Orthodomia (T Naut) Entre nauticos derrota do navio que segue hum dos rumos da agulha

138

______________________________________________________________________

rarrCunha [] Ort(o)- elem Comp do gr orthoacutes bdquoreto direito‟ que se documenta em vocs

formados no proacuteprio grego como ortoeacutepia e em vaacuterios outros introduzidos na linguagem

cientiacutefica internacional a partir do seacutec XIX [] ortoDROMIAorthodromia 1844

rarrBluteau ORTHODROMIA (Termo Nautico) Derivaſe do Grego Orthos Direyto amp

Dromos curſo Val o meſmo que Derrota em linha reta Tal he o caminho que faz hum

navio ſeguindo hum dos trinta amp dous ventos apontados na carta de marear

rarrMoraes e Silva ORTHODOMIacuteA sft de Naut Derrota do navio que vai seguindo um

dos 32 rumos da agulha

rarrLaudelino Freire natildeo consta

rarrAureacutelio- Ortodromia [Do gr orthoacutedromos que corre em linha reta + -ia1] sf 1Naacuteut

Arco de ciacuterculo maacuteximo compreendido entre dois pontos da superfiacutecie da Terra e que eacute o

caminho mais curto para ir de um ao outro

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Soacute Moraes e Silva registra orthodomia os demais dicionaristas citam

ortodromia Origem grega

Ficha 119

Ostaes sm plr (T Naut) Cabos grossos que vem dos calcezes dos mastros fixar-se na proa

com seus cadernaes

______________________________________________________________________

rarrCunha natildeo constam ostais e ostaes Consta estai sm (Mar) bdquoqualquer dos cabos que

aguentam a mastreaccedilatildeo para vante‟ XVII Do antigo fr estaie (hoje eacutetai) de origem

germacircnica

rarrBluteau OSTAIS (Termo de Marinhagem) Saotilde hũs cabos groſſos que vem dos calces dos

maſtros a fazer fixo agrave proa com ſeus cadernaes o meſmo tem os maſtareos mas mais

ligeyrosRudentes agrave malo ad proram intenti Franciſco de Brito Freyre na relaccedilatildeo da ſua

viagem do Braſil diz Eſtay (Rebentando o eſtay mayor amp a ovencadura pag 67)Vid Eſtay

rarrMoraes e Silva OSTAacuteES sm pl t de Naut Cabos grossos que vem dos calcezes dos

mastros a fazer fixo na progravea com seus cadernaes CastL2f156 outros dizem Estaacutees como

Brito Guerra Brasil

rarrLaudelino Freire OSTAES natildeo consta Ostai sm Desc O mesmo que estai ESTAI ou

ESTAE sm Ingl stays Naacuteut 1- Cada um dos cabos grossos que fixos na proa firmam a

mastreaccedilatildeo 2 Designaccedilatildeo de outros cabos de navio ESTAI DA RABECA sm Cabo que

vai por cima da mezena a coser ante a reacute do calcecircs do mastro respectivo vindo o outro chicote

a passas a um sapatilho que se aguenta a uma alccedila cosida por ante-avante do mastro grande a

um tecircrccedilo pouco mais ou menos da sua altura e vai rondar a um olhal ao peacute decircste mastro

abotoando por uacuteltimo o dito chicote ao vivo

rarrAureacutelio- natildeo constam ostaes e ostais consta estai Estai- S m 1- Marinh Qualquer dos

cabos que aguentam a mastreaccedilatildeo para vante

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Laudelino Freire e Aureacutelio natildeo citam Ostai mas estai Origem francesa lt

germacircnica

139

Ficha 120

Ostagas sf plur (T naut) Cabos que sustentatildeo vergas nos moutotildees de coroa e vem por

cima da pega

______________________________________________________________________

rarrCunha ostaga sf bdquocabo com que se arria horizontalmente pelo terccedilo ao longo do mastro

uma verga de gaacutevea‟ XV Do cast ostaga de origem germacircnica

rarrBluteau OSTAGAS (Termo de Marinhagem) Saotilde hŭs cabos que ſuſtentatildeo vergas em

huns moutotildees que chamatildeo de coroa amp vem por cima da pega Funes quibus ligantur

antenn(Nos quebragraveraotilde ſubitamente as oſtagas da vela grande amp vindo a verga abayxo ampc

Peregr De Fern Mend Pinto fol262col1) []

rarrMoraes e Silva OSTAacuteGAS sfpl t de Naut Cabos que sustentatildeo as vergas em uns

moutotildees chamados de Coroa e vem por cima da pega Amaral7

rarrLaudelino Freire sf Cast ostaga Naacuteut Cabo grosso que vem por cima da pecircga e

sustenta as vecircrgas em seus moitotildees

rarrAureacutelio ostaga [Do esp ostaga] sf 1Marinh Cabo com que se arria horizontalmente pelo

terccedilo ao longo do mastro uma verga de gaacutevea

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq

Meteram de arribada e carregado o traquete acima e ferrada a mezena apertaram as

enxarcias atezaram os estaes para seguranccedila dos mastros e mastareacuteus E para seguranccedila das

vergas reforccedilaram as ostagas e passaram bossas em ajuda aos enxertaacuterios Tudo se fazia

necessaacuterio a respeito do vento que tatildeo furiosamente a suavizava pelas entenas que se queria

levar diante de si

JOSEacute ALVARES DE OLIVEIRA (1981) [nd] HISTOacuteRIA DO DISTRITO DO RIO DAS

MORTES SUA DESCRICcedilAtildeO DESCOBRIMENTO DAS SUAS MINAS CASOS NELE

ACONTECIDOS ENTRE PAULISTAS E EMBOABAS E CRIACcedilAtildeO DAS SUAS VILAS

[A00_0395 p 96]

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Todos os dicionaristas arrolam ostagas como termo naacuteutico ou da marinha

Origem castelhana

P

Ficha 121

Pairar vn (T Naut) entre os nauticos Andar o navio aacutes voltas sem fazer viagem v a

Soster demorar ______________________________________________________________________

rarrCunha pairar vb bdquoadejar voar vagarosamente‟ XV Do ant prov pairar e este

provavelmente do lat pariāre []

rarrBluteau PAIRAR (Termo Nautico) Ir a nao flutuando de hũa para outra ſem fazer

viagem Hine inde flutare e ou flu Plin Cic (Toda a noyte tinhaotilde pairado a arvore ſeca

H de Fern Mend Pinto 682) Joatildeo Hugo Lindrchotano 3 part India Oriental pag 28 diz

velis elatis integrum Mareacute fulcabamus quod (Pairou o General alguns dias Britto Relaccedilatildeo

140

da ſua viagem pag 64) Andar pairando Diz-ſe com metaphora Nautica de quem anda

buſcando ſubterfugios para evitar alguma couſa

rarrMoraes e Silva PAIRAacuteR vn t de Naut Parar no mar estar aacute capa natildeo surdir

CastL1c59edI natildeo podendo pairar andavatildeo aacutes voltas Albuq P4c2 com provisatildeo para

pairar toda calmariasect vat Soster soffrer vg pairar a tormenta sobre a amarra sect Pairar aacute

tormenta resistir-lhe aturar Lavanha Naufr da Naacuteo S Alberto f15sect Cruzar bordejar em

certa altura esperando outro navio Freire I pag17 Ed de Paris Sabio a comboyar as naacuteos

que se esperavatildeo da India e pairando na altura do seu regimento houve vista de hum

Corsario Francez

rarrLaudelino Freire PAIRAR vrv Naacuteut Estar agrave capa o navio cruzar bordejar (int) Pairo

sm Naacuteut Accedilatildeo de pairar2 Estado do navio quando paira e que consiste em ter as velas

estendidas as escotas socircltas ou conservar-se em aacutervore secircca atado o leme

rarrAureacutelio- pairar[Do lat pariare ser igual pelo provenccedil pairar aguentar suportar

pacientar] Verbo intransitivo 1Cruzar (uma embarcaccedilatildeo) em espaccedilo relativamente restrito

com pequeno seguimento[] 4Mover-se ou agitar-se com lentidatildeo no alto Pairam nuvens

espessasuma neacutevoa subtil pairava acima dos pacircntanos (Coelho Neto Treva p 322) Paira

no silecircncio do espaccedilo a alma das geraccedilotildees mortas (Afonso Arinos

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq

Ainda que a gente eſpalhada na terra ſe recolheo com brevidade aos navios houve detenccedila

com o de Ruy Diaz que eſteve ao largar quaſi perdido em hũa rogravecha natildeo arribando com o

pano da proa ategrave lhe cortarem a amarra que por deſcudo dos Officiaes hia arrojando a

ancora pelo fundo Ao Galleatildeo do Faleiro rebentou outra amp natildeo tendo outra talingada foi

preciſo fazerſe ao mar Como eſtava nelle Manuel Freyre que havia de acompanhar os

ultimos navios ſem ſaber a occaſiatildeo vẽdo-o aacute vella a que jaacute vinhatildeo nove com ſoacute o traquete

ſe pogravez a caminho a Capitana eſperando os que lhe ficavatildeo pela popa Mas tanto que o Meſtre

de Campo mareou na volta da terra para deſamarrar os que ainda eſtavatildeo ſurtos ferrando

outra veacutez o traquete tornou a pairar com a meſena

FRANCISCO DE BRITO FREYRE (1655) [1655] SENHOR [A00_2496 p 09]

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Todos os dicionaristas apontam pairar tambeacutem como termo naacuteutico

Origem provenccedilal lt latim

Ficha 122

Palmejar sm (TNaut) As peccedilas de madeira que cingem o navio de poppa agrave proa por

dentro ______________________________________________________________________

rarrCunha natildeo consta

rarrBluteau PALMEJAR Bater as palmas Vid Palma da matildeo

rarrMoraes e Silva PALMEJAacuteR smt de Naut O palmejar satildeo peccedilas de madeira que

cingem o navio de poupa aacute proa por dentro as quaes vatildeo endentadas como a madeira da

liaccedilatildeo ou liames Hist Naut I f 316 ldquono navio havia dous palmos de agua sobre o

palmejarrdquo

rarrLaudelino Freire PALMEJAR sm Prancha que reveste interiormente o arcabouccedilo do

navio

rarrAureacutelio- natildeo consta

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta

______________________________________________________________________

141

Comentaacuterios Com exceccedilatildeo de Bluteau todos os dicionaristas apontam palmejar como termo

naacuteutico Origem portuguesa lt latina

Ficha 123

Palomas s f Cabos nas vergas onde se fixatildeo as pontas das ostagas

______________________________________________________________________

rarrCunha paloma sf ldquo(Naacuteut) cabo corda‟ 1813 Do it meridional paloma que corresponde

a parogravema em outras regiotildees palomAR palonbar XV palomEIRA XV

rarrBluteau PALOMAS Termo de marinhagem Saotilde hũs cabos que eſtaotilde nas vergas onde ſe

fazem fixas as pontas das oſtagas

rarrMoraes e Silva PALOgraveMAS sf t de Naut Cabos que estatildeo nas vergas onde se fazem

fixas as pontas das ostagas

rarrLaudelino Freire PALOMAS sf Cast paloma Espeacutecie de cabo naacuteutico

rarrAureacutelio paloma [Do esp paloma] s f 1 Bras Giacuter Meretriz 2 Ant Pomba (1)

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Exceto Aureacutelio todos os dicionaristas apontam paloma como termo naacuteutico

Origem italiana

Ficha 124

Palomba sf Entre Nauticos Novello de mialhar ______________________________________________________________________

rarrCunha palomba sf bdquo(Naacuteut) cabo corda‟ 1813 Do it meridional paloma que corresponde

a parogravema em outras regiotildees [] palonbar XV []

rarrBluteau Natildeo consta

rarrMoraes e Silva PALOMBA sft de Naut Cabos que estatildeo nas vergas onde se fazem

fixas as pontas das ortagas Novelo de mealhar

rarrLaudelino Freire PALOMBA sf Lat palumba Naacuteut 1 Corda da vela do estai2 Fio

grosso com que se cose o cabo da tralha agraves orlas das velas fazendo passar os pontos pelas

cocircchas do mesmo cabo fio de palomba3 Novecirclo de mealhar de forma alongada4 Alccedila

para iccedilar no mastro a vecircrga de uma vela latina

rarrAureacuteliorarr palomba [Alter de paloma] s f Marinh 1Novelo de mialhar 2Espeacutecie de

ponto us para coser as tralhas das velas dos toldos etc ponto de palomba

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Exceto Bluteau (que natildeo apresenta o termo) todos os dicionaristas apontam

palomba como termo naacuteutico Origem italiana

Ficha 125

Patelha sf (T Naut) O couce do leme Encaixa na quilha no fundo do cadaste sobre que

joga o leme

142

______________________________________________________________________

rarrCunha natildeo consta

rarrBluteau PATELHA ou Patilha do leme por outro nome Couce he no fundo do cadaſte

hum encayxo na quilha ſobre que joga o leme

rarrMoraes e Silva PATEgraveLHA sf t de Naut O couce do leme e eacute no fundo do cadaste um

encaixe na quilha sobre que joga o leme

rarrLaudelino Freire PATELHA sf Parte inferior do leme e a parte saliente da quilha socircbre

que ecircle se move

rarrAureacuteliorarr natildeo consta patelha Patilha [Do esp patilla poss] s f 1Constr Nav

Prolongamento da quilha para reacute do cadaste sobre o qual se apoia o peacute da madre do leme nas

embarcaccedilotildees em que o leme tem de trabalhar afastado do cadaste (como p ex nas de uma soacute

heacutelice)

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Todos os dicionaristas apontam patelhapatilha como termo naacuteutico Origem

espanhola

Ficha 126

[] Pegrave de carneiro [T Naut) Paacuteos perpendiculares da coberta ategrave o poratildeo em que se sustenta

a coberta

______________________________________________________________________

rarrCunha peacute sm bdquoparte inferior da perna que se articula com esta assentado por completo no

chatildeo e que permite a postura vertical e o andar‟XIII pee XIIIDo lat pes pĕdis []

rarrBluteau Peacutes de carneyro Termo de navio Saotilde huns paos que eſtaotilde perpendicularmente

da cuberta ao poraotilde para ſuſtentar a meſma cuberta Os primeyros ſaotilde os do poraotilde amp ha

outros entre pontes

rarrMoraes e Silva Pes de carneiro t de Naut paacuteos perpendiculares da coberta ao poratildeo

para sustentar a coberta e talvez tem moacuteccedilas por onde os marujos descem

rarrLaudelino Freire PEacute sm T Naacuteut A ponta da corda com que se vira a vela Peacute de

carneiro sm Naacuteut Pau varatildeo ou prumo de suporte

rarrAureacutelio peacute- [Do lat pede] [] peacute de carneiro [De peacute + de + carneiro] Substantivo

masculino 1 Constr Nav Qualquer peccedila ou parte da estrutura de uma embarcaccedilatildeo que tenha

forma de coluna 2 Rolo peacute de carneiro [Pl peacutes de carneiro]

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta peacute-de-carneiro como termo naacuteutico

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Todos os dicionaacuterios apresentam peacute de carneiro como termo naacuteutico

Origem portuguesa lt latina

Ficha 127

143

Pinccedilote sf Entre nauticos pagraveo pegado aacute ponta da cana do leme para o governar Tambeacutem a

bomba o tem

______________________________________________________________________

rarrCunha pinccedilote natildeo consta

rarrBluteau PINCcedilOTE Termo de navio He hum pao que pega na ponta da cana do leme amp

vem agrave cuberta da Timoneyra por hũ bolinete amp ſerve para governar o leme

rarrMoraes e Silva PINCcedilOacuteTE smt de Naut Paacuteo que pega na ponta da cana do leme e vem

agrave coberta da timoreira por um molinete e serve para governar o leme haacute tambeacutem pinccedilote da

bomba H Naut Tom3

rarrLaudelino Freire PINCcedilOTE sm Cast pinzote Naacuteut1 Alavanca de pau na extremidade

da cana do leme2 Corda delgada fixo por uma das extremidades agrave pena da vecircrga para

amarrar a esta uma vela quando fundeada a embarcaccedilatildeo de velas latinas

rarrAureacutelio 1Marinh Nas canas do leme constituiacutedas por duas peccedilas ligadas em cotovelo eacute

aquela em que o timoneiro segura [A outra eacute a cana]

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Todos os dicionaacuterios apresentam pinccedilote como termo naacuteutico Origem

espanhola Origem espanhola (Houaiss 2001)

Ficha 128

Pontal sm ponta de terra (T Naut) Altura do navio da quilha ateacute o convez

______________________________________________________________________

rarrCunha ponta sf bdquoa parte ou o ponto em que alguma coisa termina extremidade‟ XIII Do

lat puncta ndashae bdquoestocada‟ [] pontAL1 sm bdquo(Naacuteut) altura da embarcaccedilatildeo entre a quilha e o

conveacutes principal‟ XVI pontAL2 sm‟ ponta de terra‟ XVIII

rarrBluteau PONTAL (Termo de navio) He a altura que tem o navio da quilha ateacute primeyra

cuberta Navis altitudo agrave trabe [] Tambem em termos nauticos Pontal para avante amp

Pontal para a reacute he o que vay de altura de bordo da nao para a proa amp para a poppa entre as

duas cubertas chama-ſe tambem Pontal o que vay de huma cuberta a outra parece derivado

do Francez porque nos navios o que chamamos cuberta os Francezes lhe chamatildeo Ponte

rarrMoraes e Silva PONTAacuteL sm Altura do navio desde a quilha ateacute aacute primeira coberta Cast

L8f154col2 e B4614 sect it O que vai d‟uma coberta aacute outrasect Pontal para a vante ou para

a reacute eacute o que vai do bordo do navio para a progravea ou para a popasect Ponta de terra que sai do

mar vg o pontal de Cacilhas

rarrLaudelino Freire PONTAL sm De ponta Altura da embarcaccedilatildeo entre a quilha e a

primeira coberta 2 Ponta de terra ou da penedia que entra um pouco no mar acima do niacutevel

da aacutegua

rarrAureacuteliorarr [1Constr Nav Altura da embarcaccedilatildeo entre a quilha e o conveacutes principal2Ponta

de terra ou penedia que penetra um pouco no mar ou no rio []

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta como termo naacuteutico

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Todos os dicionaacuterios apresentam pontal como termo naacuteutico Origem

portuguesa lt latina

144

Ficha 129

Ponte sf Obra sobre arcos para passar rios Algumas ha de barcas e de madeira para fossos

A peccedila em que se volve a moenda no engenho de accedilucar Entre Nauticos a coberta do navio

______________________________________________________________________

rarrCunha ponte sf bdquoconstruccedilatildeo destinada a estabelecer a ligaccedilatildeo entre duas margens opostas

de um curso de aacutegua ou de outra superfiacutecie liacutequida qualquer‟ XIII Do lat pōns pontis []

rarrBluteau Ponte (Termo de navio) Ponte corrida he a cuberta do caſtello de Poppa ateacute a

proa Ponte na orelha he a cuberta do convez curva para que com brevidade ſe deſagoe o mar

que entrar nella Natildeo temos nomes proprios Latinos

rarrMoraes e Silva POgraveNTE sf t de Naut O mesmo que coberta do navio Cast L7c86

f133 col1 Amaral c2 Ponte nas galeacutes e navios obra feita para cima della se pelejar

B347 lanccedilar-lhe algumas panellas de poacutelvora sobre a ponte que levava foratildeo queimar

muitos Mouros que vinhatildeo debaixo parece que era obra levadiccedila Id 235 naacuteo com suas

arrombadas com ponte e redes a sua naacuteo levava sobre a ponte tecida huma rede ibid

rarrLaudelino Freire PONTE sf Lat pons pontem Mar Coberta ou sobrado estabelecido

em todo o comprimento do navio seja para cobrir o poratildeo e preservar as mercadorias seja

para dividir o navio em diversos andares como se divide uma casa de habitaccedilatildeo 2 Naacuteut

Pavimento acima da borda do navio na direccedilatildeo de bombordo a estibordo donde em viagem se

dirige a manobra

rarrAureacuteliorarr ponte [Do lat ponte] s f [] 2Ant Constr Nav Cada uma das cobertas de um

navio Ponte de vieacutes 1 Lus Ponte esconsa Ponte esconsa 1 Ponte (1) cuja direccedilatildeo eacute obliacutequa

agrave do curso de aacutegua que transpotildee [Sin lus ponte de vieacutes] []

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta como termo naacuteutico

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Todos os dicionaacuterios apresentam ponte como termo naacuteutico Origem

portuguesa lt latina

Ficha 130

Porca s f A femea do porcoPaacuteo que atravessa os malhaes no lagar A obra de madeira

sobre o sino Entre Nauticos Nome de hum dos paacuteos que atravessatildeo o carro da poppa e vatildeo

145

acabar nos pegraves mancos Na atafona peccedila pregada na trave com hum ferratildeo onde anda o piatildeo

Peccedila dp parafuso onde elle embebe as suas espiras Na impressatildeo peccedila no someiro grande de

cima onde encaixa a arvore de ferro

______________________________________________________________________

rarrCunhaporcararr PORCO porco sm bdquomamiacutefero da ordem dos artiodaacutectilos natildeo ruminante

originaacuterio do javali poreacutem existente quase em toda parte como animal domeacutestico‟ XIII Do

lat pŏrcus -ī [] porcA1

sf bdquoa fecircmea do porco‟ XIII porcA2 sf bdquopeccedila em que se introduz o

parafuso‟ 1813 Segundo parece a relaccedilatildeo entre porca2 e porca

1 decorre da semelhanccedila que o

oacutergatildeo genital do porco apresenta com o parafuso

rarrBluteau Porcas (Termo de Navio) Saotilde hũs paos groſſos que atrave ſſaotilde o carro de

poppa amp vaotilde acabar em os peacutes mancos

rarrMoraes e Silva POacuteRCAS sfpl paacuteos grossos que atravessatildeo o carro da popa e vatildeo

acabar nos peacutes mancos

rarrLaudelino Freire PORCA sf Lat porca [] 3 Pau do largar que atravessa os malhais

Pau grosso que atravessa o carro da pocircpa

rarrAureacutelio Porca [Do lat porca] Substantivo feminino Pequena peccedila de ferro em geral

sextavada ou quadrada munida de furo em espiral que se atarraxa na extremidade de parafuso

ciliacutendrico

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta como termo naacuteutico

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Todos os dicionaacuterios apresentam porca como termo naacuteutico exceto Aureacutelio

Origem portuguesa lt latina

Ficha 131

Proejar vn Navegar com certo rumo _____________________________________________________________________

rarrCunha natildeo consta

rarrBluteau PROEJAR (Termo Nautico) Por a proa vid Proa (Quem viſſe huma natildeo proejar

contra hũa alta ſerra Epanaphor De D Franc Man pag109)ſ

rarrMoraes e Silva PROEJAacuteR vn Navegar para certo rumo vg uma nau proejando contra

uma alta serra Epanaforas sect at Buscar com a proa demandar navegando ldquoproejando ao

Oriente tantas vezes requestadordquo ldquoproejaratildeo a uma calheta quem com a cerraccedilatildeo vararatildeo e

escorreratildeo ateacute que a mareacute de todo lhes faltourdquo

rarrLaudelino Freire PROEJAR v intr De proa Aproar dirigir-se navegar em determinada

direccedilatildeo

rarrAureacutelio proejar [De proa + -ejar] Verbo transitivo circunstancial 1P us Dirigir-se

navegar (em determinada direccedilatildeo) aproar O comandante proeja para nordesteAs galeacutes de

Castela sarparam tenderam velas e demandaram a barra proejando ao norte (Antero de

Figueiredo Leonor Teles p 229) [Conjug v pelejar]

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Todos os dicionaacuterios apresentam proejar como termo naacuteutico Origem

portuguesa lt latina

146

R

Ficha 132

Rabada sf o rabo do peixe Antigamente tranccedila para traz cheia de laccedilos de fitas (T naut)

Parte da poppa onde estagrave a cacircmara de cima

______________________________________________________________________

rarrCunha rabada rarr rabo rabo sm bdquocauda‟ bdquoprolongamento da coluna vertebral de certos

mamiacuteferos‟ XIII Do lat rāpum -ī bdquonabo‟[] rabADA XVI []

rarrBluteau RABADA Vid Tomo 7 Vocabulario Rabada termo de navio He o apoſento da

poppa no andar ſuperior do navio por cima da camera de modo que dos tres andares que ha

na poppa ao ſuperior he que chamaotilde Rabada ao do meyo camera e ao de baixo praccedila

d‟armas

rarrMoraes e Silva RABAacuteDA sf Do navio galeacute Couto 10105 poupa onde estaacute o

lemerdquopoz-lhe a proacutea pela rabada Couto 98

rarrLaudelino Freire RABADA sf De rabo O mesmo que rabadela 2 Pocircpa do navio

rarrAureacuteliorarr rabada [De rabo + -ada1] s f 1 V rabadilha (1) Rabadilha [De rabada + -

ilha] Substantivo feminino 1 A parte posterior do corpo das aves peixes e mamiacuteferos

rabada rabadela 2 A porccedilatildeo do peixe que o pescador destina a seu proacuteprio consumo em vez

de vender rabadela Rabada 1 Rabo de boi de porco ou de vitela sem pele nem pelos para

uso na alimentaccedilatildeo humana 2 Cul Iguaria preparada com rabada (2) 3 Rabicho (1) 4 Fig

O(s) uacuteltimo(s) numa corrida fila etc rabeira

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq

Embarcaccedilotildees de meia coberta Botes Igariteacutes e Balccedilas ou Jangadas que servem na

conducccedilatildeo da quarta Partida Hespanhola na foacuterma que se aprezentaram na Fronteira da

Tabatinga em 7 de Marccedilo de 1781 CAPITAINA Maria Luiza Barco de foacuterma de meia

coberta de nove remos por banda de um mastro armada aacute redonda remada de palamenta

ou de remo pequeno ordinario Tem uma formoza Camara em que cabem vinte pessoas seis

por banda nos aposentos lateraes e os mais na face da frente e fundos tem um camarim aacute

rabada muito proprio para escrever e outros exercicios privados tudo muito bem asseiado e

pintado com seu cortinado de Damasco de latilde carmezim tem tres janellas por banda e nove

palmos de peacute direito

ALEXANDRE RODRIGUES FERREIRA [nd] 2ordf PARTE BAIXO RIO NEGRO -

SUPLEMENTO Agrave PARTICIPACcedilAtildeO PRIMEIRA [A00_2236 p440]

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Exceto Aureacutelio (que natildeo apresenta o termo) todos os dicionaristas apontam

rabada como termo naacuteutico Origem portuguesa lt latina

Ficha 133

Rabeca sf Instrumento musico de quatro cordas (T Naut) vela que vai entre o mastro

grande e a poppa atravessada Enxergatildeo pequeno de palha ______________________________________________________________________

147

rarrCunha rabeca sf bdquodesignaccedilatildeo antiquada do violino‟ bdquoutensiacutelio de ferreiro que serve para

fazer girar a broca‟ XVI Do fr rebec deriv do ant fr rebebe e este do ar rabāb []

rarrBluteau RABECA ou Rebeca Pequeno inſtrumento muſico de cordas Diriva ſe do

Arabico Rebab ou Rebaba que no Lexicon Coptico ſegundo os Interpretes he Lyra Outros

o derivatildeo do Hebraico Rebiac que ſignifica o inſtrumento a q os Latinos chamatildeo Siſtrum

outros finalmente o derivatildeo de Rebet que na linguagem Celtica val o meſmo que Rebeca

Conſta a Rabeca de quatro cordas amp tange-ſe com arco Os ſeus ſons agudos ſaotilde muytos

alegres amp deſpertatildeo o eſpirito O ſeu concerto he de quinta em quinta Natildeo temos em Latim

palavra propria Latina ſeragrave preciſo uſar das Comuas como vg Fides ium Plur Fem ou

Fidis is Fem do qual uſa Columella no ſingular ou Lyra ou Cithara e Fem Barbitus de

ordinario natildeo ſe acha ſenatildeo em verſo Natildeo ſerve acreſcentar a Fides nem a Lyra decumana

nem Primaria eſtes adjeξtivos natildeo eſtatildeo aqui no ſeu lugar

rarrMoraes e Silva RABEacuteCA sf Instrumento Musico de quatro cordas que se ferem com

hum arco de cerdas de cavallo

rarrLaudelino Freire RABECA sf Aacuter rabeb Instrumento muacutesico em forma de viola com

quatro cordas de tripa e de retroacutes afinada em quintas (sol reacute laacute mi) de que tiram os sons por

meio de um arco guarnecido de crinas e pregraveviamente passadas pela resina violino 2 Naacuteut

Uma das velas latinas que servem para estais

rarrAureacuteliorarrrabeca [Do aacuter rabatildeb pelo fr ant rebec ou pelo provenccedil ant rebec] Substantivo

feminino 1Designaccedilatildeo antiquada do violino [F paral rebeca var arrabeca] 2Utensiacutelio

de ferreiro que serve para fazer girar a broca sanfona 3Lus V fancho 4Bras Espeacutecie de

violino com quatro cordas de tripa e sonoridade fanhosa que se toca apoiando-o na altura do

coraccedilatildeo ou no ombro esquerdo mas sempre com a voluta para baixo

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta como termo naacuteutico

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Somente Laudelino Freire apresenta rabeca como termo naacuteutico Origem

francesa

Ficha 134

Resbordo sm (T Naut) O segundo solho do navio e o lugar onde elle se dobra mais

Rescaldar Escaldar muito ______________________________________________________________________

rarrCunha natildeo consta

rarrBluteau RESBORDO Derivaſe do Francez Ribord que he a ſegunda ordem de taboas ou

o ſegundo ſolho do navio amp como cotovelo delle ou o lugar onde mais ſe dobra (na coſtura

da taboa do Resbordo Britto viagem do Braſil pag 86)

rarrMoraes e Silva RESBOacuteRDO sm Naut O segundo solho do navio e como cotovelo

delle ou o lugar onde mais se dobra Brito Viag ldquona costura da taboa do resbordordquo (rebord

em Francez he borda resaltada)

rarrLaudelino Freire RESBORDO sm De res + bordo Naacuteut Abertura feita no costado de

alguns navios na altura da primeira coberta para carga e descarga de carvatildeo ou de pequenos

artigos 2 Abertura na amurada para dar lugar agrave bocircca do canhatildeo

rarr AureacuteliorarrResbordo Substantivo masculino Constr Nav 1 A primeira fiada de chapas (ou

de taacutebuas nas embarcaccedilotildees de madeira) do forro exterior do casco de um e de outro lado da

quilha 2 Cisbordo Cisbordo (oacute) [De cis-1 + bordo] Substantivo masculino 1 Ant Constr

Nav Grande abertura com porta no costado de certos navios agrave altura de um pavimento para

embarque ou desembarque de objetos pesados ou de grandes dimensotildees resbordo

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq

148

Recorriatildeo os altos os Calafates deſaparelhavatildeo as vergas os Marinheiros naotilde ſeccedilando as

bombas nem os baldes Cotilde que vencido o trabalho ficou legraveſto o navio amp eſtanque de hũa

batildeda para crenar ſobre ella em a manhatildeatilde ſeguinte que ſe tomou a agoa na coſtura da taboa

de resbordo

FRANCISCO DE BRITO FREYRE (1655) [1655] SENHOR [A00_2496 p 17]

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Todos os dicionaacuterios apresentam resbordo como termo naacuteutico Origem

francesa

Ficha 135

Rumo sm A linha que denota hum dos ventos na agulha de marear A direcccedilatildeo que leva o

navio (T Naut) Palmo e polegada d‟agua entre os nauticos Fig Maneira de proceder A

rumo em boa ordem em termos de ter boa effeito ______________________________________________________________________

rarrCunha rumo sm bdquo(Naacuteut) cada uma das direccedilotildees marcadas na rosa-dos-ventos‟ bdquocaminho

direccedilatildeo vereda‟ rrumo XV Do cast rumbo deriv do lat rhombus e este do gr rhoacutembos

rumAR 1844

rarrBluteau Rumo na Roſa Nautica Index venti linea Fem (O numero dos graos amp ſuas

medidas ſegundo differentes Rumos Vieyra tom10 pag263) Vid Roſa

rarrMoraes e Silva RUacuteMO sm Na rosa Nautica a linha que denota hum dos 32 ventos sect A

direccedilatildeo que leva a proa do Navio por hum dos 32 rumos sect t Naut i eacute palmo e polegada de

agua de sorte que seis rumos ou palmos destes fazem sete ordinarios vg tem esta quilha

tantos rumosrdquo pegado (o monstro marinho) na quilha do galeatildeo por todo o comprimento

delle sendo de vinte e hum rumos que satildeo certo e cinco palmosrdquo B347 (por esta conta cada

rumo satildeo cinco palmos) ult Ediccedil Tom3 PI p462

rarrLaudelino Freire RUMO sm Ingl rhumb Cada uma das trinta e duas divisotildees ou linhas

da rosa dos ventos que representam as trinta e duas direccedilotildees mariacutetimas adotadas pelos

naacuteuticos 2 Direccedilatildeo do navio por estes rumos 3 Direccedilatildeo orientaccedilatildeo caminho 4

Antiga medida naacuteutica que equivalia pouco mais ou menos a cinco palmos 5 Meacutetodo

ordem de proceder norma

rarrAureacutelio rumo [Do esp rumbo] s m 1 Naacuteut Cada uma das direccedilotildees marcadas na rosa dos

ventos 2 Naacuteut Direccedilatildeo do movimento da embarcaccedilatildeo quando se estaacute navegando 3 Naacuteut

Acircngulo que a direccedilatildeo para onde aponta a proa da embarcaccedilatildeo faz com a direccedilatildeo do norte

verdadeiro (rumo verdadeiro) ou com a direccedilatildeo do norte magneacutetico (rumo magneacutetico) ou

ainda com a direccedilatildeo do norte da agulha (rumo da agulha) []

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq

Segunda-feira 30 dias do mecircs de Janeiro tomei o sol e estava na altura do cabo de Santlsquo

Agostinho e iacuteamo-lo a demandar pelo rumo de loeste

PEcircRO LOPES DE SOUSA (1968) [1530] DIAacuteRIO DA NAVEGACcedilAtildeO DE PEcircRO LOPES DE

SOUSA [A00_0078 p 38]

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Todos os dicionaacuterios apresentam rumo como termo naacuteutico Origem

castelhana

149

S

Ficha 136

Salamear va (T Naut) Fazer celeuma Cantar alternamente

______________________________________________________________________

rarrCunha natildeo consta

rarrBluteau SALAMEAR Termo de Marinheyro Fazer a Saloma ou Salema Vid Salema

Vid Fayna SALEMA Vozaria de Marinheyros He derivado da palavra Grego-Latina

Celeuma Vid Fayna (As Salemas ordinarias dos Marinheyros ſe fazem com taes vozes que

natildeo ſaotilde ouvidas muytas vezes Britto Viagē do Braſil pag 278)

rarrMoraes e Silva SALAMEAacuteR vn Naut Levantar ou cantar a celeuma Cast 280 escreve

ccedilalamear ldquosem as naos apitarem nem ccedilalamearem por natildeo serem sentidos dos Rumesrdquo

B384 ldquohomens do mar que ccedilalameatildeo para hum tempo pograverem toda a forccedila

CELEUMA sf A vozeria que faz a gente do mar quando trabalha CamLusII25 A

celeuma medonha se levanta No rumo marinheiro que trabalha

rarrLaudelino Freire natildeo consta

rarrAureacutelio natildeo consta

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta

______________________________________________________________________

Comentaacuterios somente Bluteau e Moraes e Silva apontam salamear como termo naacuteutico Os

demais autores natildeo citam o termo Origem aacuterabe (Sousa amp Moura 1830)

Ficha 137

Salema sf Na Turquia cortesia feita com certas palavras em que entra a palavra Zalemaq

Nome de um peixe (T Naut) Entre os nauticos celeuma

Celeuma sf gritaria da gente do mar quando trabalha

______________________________________________________________________ rarrCunha salema sf bdquopeixe teleoacutesteo percomorfo da famiacutelia dos pomadasiacutedeos da costa

atlacircntica‟ 1874 De etimologia obscura [] celeuma sf bdquovozearia barulho algazarra‟ 1572

Do lat celeuma deriv do gr keacuteleuma bdquoordem‟ bdquocanto‟ bdquogrito‟

rarrBluteau SALEMA Vozaria de Marinheyros He derivado da palavra Grego-Latina

Celeuma Vid Fayna (As Salemas ordinarias dos Marinheyros ſe fazem com taes vozes que

natildeo ſaotilde ouvidas muytas vezes Britto Viagē do Braſil pag 278)

rarrMoraes e Silva SALEgraveMA sf V Celeuma nautsect t Turquesco cortezia acompanhada de

certas palavras entre as quaes vem Zalemaq Barrosrdquoque fosse a Corte do Badur a lhe fazer a

salemeardquoCELEUMA sf A vozeria que faz a gente do mar quando trabalha CamLusII25

A celeuma medonha se levanta No rumo marinheiro que trabalha

rarrLaudelino Freire SALEMA sfAacuter calam sf Naacuteut O mesmo que celeuma CELEUMA

sf Lat celeuma Vozearia de homens que trabalham juntos 2 Barulho algazarra 3

Canto ou vozes de barqueiros cantiga rude que entoa o marinheiro para estimular o trabalho

4 Alarma

rarrAureacutelio natildeo consta

150

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Exceto Aureacutelio ( que natildeo cita o termo) todos os demais dicionaristas apontam

salema como termo naacuteutico Origem obsura

Ficha 138

Sapatilhos sm (T Naut) Entre nauticos Ferros redondos em que se pegatildeo as poas ______________________________________________________________________

rarrCunha natildeo consta sapatilhos consta sapato sapato sm bdquocalccedilado em geral de sola dura

que cobre o peacute‟XVI ccedila- XIII De origem duvidosa talvez do turco čabata sapatA XVI

[] sapatilho 1873

rarrBluteau SAPATILHOS Termo de navio Satildeo huns ferros redondos em que preacutegatildeo as

poas por ſe natildeo cortar a bolina o meſmo tem a eſteyra da vela em q os briois peacutegatildeo Vid

Sapato de ferro

rarrMoraes e Silva SAPATIacuteLHOS smpl Naut Ferros redondos em que se pegatildeo as poas

por se natildeo cortar a bolina haacute outros na esteira da vela em que os brioes pegatildeo

rarrLaudelino Freire SAPATILHO sm De sapato + ilho Naacuteut Aro de ferro forrado de

chapas com meia cana na parte exterior e que serve para se aguentar nos punhos das velas nos

chicotes dos cabos onde se introduzem os gatos etc

rarrAureacutelio sapatilho [De sapato + -ilho] s m 1 A primeira folha seca arrancada da cana-de-

accediluacutecar quando se limpa esta 2 Marinh Aro metaacutelico circular ou oval geralmente de ferro

zincado com a periferia goivada usado como berccedilo e proteccedilatildeo agraves matildeos [v matildeo (19)] que se

faz em cabos sobretudo nos cabos de arame

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Todos os dicionaristas apresentam sapatilhos como termo naacuteutico Origem

duvidosa (turco)

Ficha 139

Sarpar va (T naut) Levantar

______________________________________________________________________

rarrCunha natildeo consta sarpar consta zarpar zarpar vb bdquolevantar acircncora fazer-se ao mar

partir‟ XVII Do cast zarpar deriv do a it sarpare (hoje salpare) deriv do lat tard

exharpare e este do gr exharpaacutezō

rarrBluteau SARPAR Termo Nautico He tomado do Italiano Salpare ou Sarpare que val o

meſmo que Levantar ferro Solvere portu ou solvere navem Cic C Vid Levantar (foy

tatildeo furioſa a tempeſtade que ſobreveyo a eſtas duas galeacutes Sarpando entre hŭas Ilhas

Vieyrtom5pag 326) (Poucos dias antes que Sarpaſſe a Armada Jacintho Freyre liv4 sect 83)

rarrMoraes e Silva SARPAacuteR vn naut Levantar vg sarpar a ancora

rarrLaudelino Freire SARPAR vrv Cast zarpar O mesmo que zarpar ldquoSarpou a corvetardquo

(Latino Coelho) ZARPAR vrv Cast zarpar Naacuteut O mesmo que sarpar (tr dir)2 Lus

Enganar abusar da boa feacute de em proveito proacuteprio (tr dir) 3 Fugir partir (intr)

rarrAureacutelio Sarpar Verbo intransitivoVerbo transitivo circunstancial 1Desus V zarpar As

galeacutes de Castela havia meses ancoradas no Tejo sarparam tenderam velas e demandaram a

barra (Antero de Figueiredo Leonor Teles p 229)Zarpar-[Do gr exarpaacutezein levantar

(acircncora) pelo lat exharpare e pelo it ant sarpare atual salpare] Verbo intransitivoVerbo

151

transitivo circunstancial 1Levantar acircncora fazer-se ao mar partir Quantas vezes em

pequeno ao contemplar o oceano e ao ver os navios que zarpavam barra afora senti o

impulso ardente de Sindbad o Mariacutetimo (Sousa Bandeira Evocaccedilotildees e Outros Escritos p

56) [Var (ant) sarpar] 2Bras V fugir (1 e 2) 3Bras Ir partir

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq

E vendo o inimigo que todas as capitanias estavam juntas e tatildeo perto dacuteelles nos deitaram

aquella nojte aacutes 10 horas 3 navios de fogo um ficou sentado na arecirca que natildeo pocircde sahir e

os 2 sahiram mas quiz Deos que vimos vir uma vela e entendendo que fugiam comeccedilaacutemos

todos a sarpar []

desconhecido (1885) [1625] RELACcedilAtildeO VERDADEIRA DE TODO O SUCCEDIDO NA

RESTAURACcedilAtildeO DA BAHIA DE TODOS OS SANTOS DESDE O DIA EM QUE PARTIRAM

AS ARMADAS DE S M ATEacute O EM QUE EM A DITA CIDADE FORAM ARVORADOS SEUS

ESTANDARDES ETC [A00_0700 P 512]

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Todos os dicionaristas apresentam sarpar como termo naacuteutico Origem

espanhola lt francesa

Ficha 140

Sejar V Ciar (T Naut)

______________________________________________________________________

rarrCunha sejar natildeo consta

rarrBluteau Natildeo consta

rarrMoraes e Silva SEJAR v at Ceiar remar o navio de sorte que o faccedila voltar para hum

lado remando os remeiros de hum lado para vogarem aacute vante e outros para traz Vieira

ldquosaber vogar quando se haacute de ir a diante e sejar quando se haacute de dar voltardquo

rarrLaudelino Freire natildeo consta

rarrAureacutelio natildeo consta sejar consta ciar1 [Do esp ciar poss] Verbo intransitivo1Remar para

traacutes 2P ext Mover-se para traacutes [Cf siar e cear]

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Somente Moraes apresenta sejar como termo que remete ao universo naacuteutico

Aureacutelio presenta ciar e natildeo sejar Origem natildeo encontrada

Ficha 141

Siar va Ciar (T Naut) Na Volateria Cerrar a ave as azas em aferrando a relegrave para baixar

com ella mais depressa

______________________________________________________________________

rarrCunha siar vb bdquofechar (as asas) para descer mais depressa‟ XVIII De origem obscura

rarr Bluteau SIAR ou CIAR Termo de alta volateria Siar as azas na autoridade que ſe

ſegue parece quer dizer Fechar a ave as azas para cahir (Eu vi hum Accedilor afferrado a hūa

Abetarda dependurarſe agrave terra amp Siar as azas para a fazer vir ao chatildeo Arte da Caccedila pag28)

rarrMoraes e Silva SIAacuteR vatde Volater Siar a ave as azas he cerralas depois de afferrar a

releacute para cair com ella mais depressasect V Ceiar e Ceiavoga

rarrLaudelino Freire SIAR vtr dir fechar (as asas) para descer mais ragravepidamente

152

rarrAureacutelio Siar Verbo transitivo direto 1Fechar (as asas) para descer mais depressa[Cf ciar

e cear]

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta como termo naacuteutico

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Nenhum dos dicionaacuterios apresenta siar como termo naacuteutico Origem

obscura

Ficha 142

Sirgideiras sf plur (T Naut) Entre nauticos corda para atracar a enxarcia

______________________________________________________________________

rarrCunha natildeo consta

rarrBluteau SIRGIDEIRAS (Termo de navio) Cordas para atracar a enxaacutercia Saotilde huns cabos

com huns moutotildees pequenos que ſervem de apertar de huns ouvens a outros Ha mais outras

Sirgideyras por bayxo das gaveas que ſervem do meſmo Natildeo temos palavra propria Latina

rarrMoraes e Silva SIRGIDEgraveIRAS sf naut pl Cordas para atracar a enxarcia

rarrLaudelino Freire SIRGIDEIRAS sf De sirgir + deira Corda proacutepria para enxaacutercia 2

O mesmo que serzideira

rarrAureacutelio natildeo consta

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Bluteau Moraes e Silva e Laudelino Freire apontam sirgideiras como termo

naacuteutico Origem natildeo encontrada

Ficha 143

Sobrecevadeira sf (T Naut) A vela que fica sobre a cevadeira

______________________________________________________________________

rarrCunha natildeo consta

rarrBluteau SOBRECEVADEIRA Veacutela pequena que ſe potildeem ſobre outra a que chamaotilde

Cevadeyra Vid Cevadeyra (Largue hū galhardete na Sobrecevadeyra CEVADEIRA Vela

pequena que ſe potildeem na proa Proclinati ad proram mali velum

rarrMoraes e Silva SOBRECEVADEgraveIRA sf Naut vela pequena

rarrLaudelino Freire SOBRECEVADEIRA sf De socircbre + cevadeira Naacuteut Pequena vela de

navio socircbre a cevadeira CEVADEIRA s f de cevar + deira Naacuteut Pequena vela suspensa

de uma vecircrga que atravessa horizontalmente o gurupeacutes

rarrAureacutelio natildeo consta sobrecevadeira 1- Cevadeira [De cevada + -eira] sf [] 2Marinh

Ant Verga de cevadeira 3Marinh Ant Vela quadrangular que envergava na verga do

mesmo nome por baixo do gurupecircs [Cf sevadeira] []

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Todos os dicionaristas apontam sobrecevadeira como termo naacuteutico

Origem portuguesa lt latina

153

Ficha 144

Sobregata sf (T Naut) Entre nauticos Vela que fica sobre a gata

______________________________________________________________________

rarrCunhasobregata natildeo consta

rarrBluteau Natildeo consta GATA[]Gata nos navios he a vela de cima da mezena

rarrMoraes e Silva natildeo consta Consta GAacuteTA sf Femea do gatosect t de Naacuteutico Vela de

cima da mezena

rarrLaudelino Freire SOBREGATA sf De socircbre + gata Naacuteut 1 Segunda vela do mastro

de mezena 2 Vecircrga correspondente a essa vela

rarrAureacutelio 1- Sobregata [De sobr(e)- + gata] s f 1Marinh O joanete do mastro da gata[]

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Laudelino Freire e Aureacutelio apresentam o termo sobregata Origem

portuguesa lt latina

Ficha 145

Socairo sm Cabo amarra Ao socairo ao abrigo Em seguimento Para traz (T Naut) Entre

nauticos A regrave pela poppa do navio

______________________________________________________________________

rarrCunha socairo1 sm bdquo(Marinh) parte de um cabo‟ XVI Do cat socaire bdquo o que estica uma

corda‟ com influecircncia de Cairo

rarrBluteau SOCAIRO Ao Socayro Termo Nautico antiquado Val o meſmo que ao longo Ir

ao ſocayro da Fortaleza com barco ou navio Arcem vel nave legere ou radere (Outras

fuſtas que eſtavatildeo ao Socairo da Fortaleza Barros 4 Dec pag650) (Se abrigou com a

Armada de remo ao Socairo da naacuteo amp do Galeaotilde Lemos Cercos de Malaca 15 verſ) A regrave

pela poppa do navio

rarrMoraes e Silva SOCAacuteIRO sm (composto de so ou sob e cairo no fig por amarra)sect

Amarra de pogravepa Castan L3f66 ldquoos que levavatildeo a toa soltaratildeo com medo o socairo e a naacuteo

dera a costa se outros natildeo acodissem a tomar o socairordquosect Ao socairo ieacute agrave reacute por detraz da

poupa do navio Lemos Cerco de Malaca Fig ao socairo da fortaleza ieacute emparado com

ella por traz della Barros ir ao socairo de alguem ieacute seguindo-o sect Poacutede-se derivar talvez

da palavra Irlandeza socair que significa em posto abrigado do vento (Bullet Memoires surla

Langue Cellique Tom2 artigo soucair) PPer LIf133 ldquoretirar-se ao socairo de huma ponta

de ilha ou reciferdquo para detraz dellasect

rarrLaudelino Freire SOCAIRO sm Naacuteut O cabo que vai sobejando e se vai colhendo

quando se ala qualquer braccedilo tirador etc o cabo de ala e larga que vai saindo do cabrestante

Pela popa do navio 2 Correia cujas pontas se prendem aos canzeacutes dos carros e que serve

para ajudar a sustecirc-los nas descidas

rarrAureacutelio socairo1 [Do cat socaire] Substantivo masculino1Marinh A parte de um cabo

que depois de dar volta a um cabrestante guincho cabeccedilo etc eacute aguentada agrave matildeo para ir

sendo colhida ou largada segundo as necessidades da manobra Pela popa do navio se faz a reacute

2Marinh A parte de um cabo que estaacute com volta em um cabeccedilo ou noutra peccedila fixa 3Correia

ou corda com que se sustecircm carros nas descidas

154

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq

Do porto de Olinda aacute ponta de Pero Cavarim satildeo quatro leguas Da ponta de Pero Cavarim

ao rio de Jaboatatildeo eacute uma legua em o qual entram barcos Do rio de Jaboatatildeo ao Cabo Santo

Agostinho satildeo quatro leguas o qual cabo estaacute em oito graacuteos e meio Ao socairo deste cabo

da banda do norte podem surgir naacuteos grandes quando cumprir onde tem boa abrigada Do

Cabo ateacute Pernambuco corre-se a costa norte sul

GABRIEL SOARES DE SOUSA (1938) [1587] ROTEIRO GERAL COM LARGAS

INFORMACcedilOtildeES DE TODA A COSTA DO BRASIL (PRIMEIRA PARTE - PROEMIO)

[A00_0176 p 30]

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Todos os dicionaacuterios apresentam socairo como termo naacuteutico Origem

castelhana

Ficha 146

Sumeas sf plu (T Naut) As taboas com que se repara o leme

______________________________________________________________________

rarrCunha natildeo constam Ximeas e Sumeas Chuacutemeas sfpl bdquopeccedilas de madeira com que se

consertam os mastros estalados‟1873 chuacutembeas 1813 Provavemente do aacuter jāmalsquoacirc na var

chuacutembeas deve ter havido influecircncia de CHUMBO

rarrBluteau SUMEAS de leme ou maſto

rarrMoraes e Silva SUMEAS sf pl Naut Taboas com que o leme se refaz e repara BPer

rarrLaudelino Freire SUacuteMEAS sf pl Naacuteut Peccedilas de madeira com que se conserta ou

fortifica o leme CHUacuteMEAS sfpl Naacuteut Pedaccedilo de madeira cavada em uma das faces que se

aplica ao longo de um mastro de uma verga etc para reforccedilaacute-lo por meio de braccediladeiras de

ferro ou de arreataduras

rarrAureacutelio Sumeas Substantivo feminino plural 1V chuacutemeasChuacutemeas [Do aacuter a(t) da raiz juntar agrupar] Substantivo feminino plural1Mar Peccedilas de

madeira com que se consertam os mastros estalados [Var chuacutembeas suacutemeas]

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Todos os dicionaacuterios apresentam sumeas como termo naacuteutico Origem

aacuterabe

T

Ficha 147

Tamborete sm Cadeira rasa Tamboretes (entre Nauticos) satildeo as peccedilas que fechatildeo os

mastros na coberta de cima

______________________________________________________________________

rarrCunha tambor sm bdquo(Muacutes) instrumento de percussatildeo‟XV atanbor XIII atambor XIV

Do ar attanbucircr tamborETE sm bdquo(Marinh) orig peccedila de madeira que arremata o mastro na

coberta de cima‟ XVI bdquoext banqueta‟ XVIII

155

rarrBluteau Tamboretes (Termo de navio) ſaotilde huns paos amp taboas que fechatildeo o maſtro na

cuberta de cima amp levaotilde dous paos a que antigamente chamavatildeo Poſquetes amp hoje Enoras

para atochar o maſtro

rarrMoraes e Silva TAMBORETES satildeo peccedilas de taboas que fechatildeo o mastro na coberta de

cima e levatildeo dois paacuteos ditos antigamente posquetes e hoje enoras de atochar o mastro

Couto 6921 ldquocortou-lhe o masto pelos tamboretesrdquo

rarrLaudelino Freire Tamboretes s m pl Naacuteut Conjunto de peccedilas destinadas a garantir a

seguranccedila e verticalidade dos mastros e a impedir que as aacuteguas se infiltrem por ecircsse conduto

rarrAureacutelio tamborete (ecirc) [Do fr tabouret com infl de tambor] Natildeo consta como termo

naacuteutico

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq

arrebentou o masto do traquete pelos tamboretes de que sentimos muita fortuna e

amainaacutemos a vela e fomos correndo ao som do mar ateacute que foi de dia

PEcircRO LOPES DE SOUSA (1968) [1530] DIAacuteRIO DA NAVEGACcedilAtildeO DE PEcircRO LOPES DE

SOUSA [A00_0078 p 33]

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Somente o dicionaacuterio Aureacutelio natildeo apresenta tamborete como termo naacuteutico

Origem francesa lt aacuterabe

Ficha 148

Trinca sf Entre nauticos voltas de hum cabo que se faz fixo no talhamar do gurupes No

jogo da garatuza tres cartas do mesmo valor

______________________________________________________________________

rarrCunha Trincar vb bdquoapertar comprimir‟ bdquocortar com os dentes‟ bdquocomer mastigar‟ XVI

De origem incerta talvez alteraccedilatildeo do a fr tringler tingler bdquounir as taacutebuas de uma

embarcaccedilatildeo‟ deriv do a escandinavo tengja bdquounir atar‟trinca2

sf bdquocabo naacuteutico‟ XVI

trinca 3

sf bdquoarranhatildeo dentada‟ XX trinco sm bdquotranqueta com que se trancam portas‟ XVI

Dev de trincarTrecircs num bdquo3 III‟ Do lat trēs Do lat trēcěntos trinca1

sf bdquoreuniatildeo de trecircs

coisas semelhantes‟ XVI

rarrBluteau TRINCA (Termo de navio) Trincas ſaotilde as que atracatildeo o gurupeacutes amp vem a fazer

fixo ao talhamar Poacuter a nao agrave trinca ou porſe agrave trinca (Se puzeratildeo agrave Trinca Barros 4

Decpag 45) (Por conſelho do Piloto payrou agrave Trinca Lucena Vida de Xavier 67)

rarrMoraes e Silva TRIacuteNCA sf Naut Trincas do goropeacutes satildeo voltas de hum cabo que o

vem fazer fixo no talhamarsect Pograver a nau aacute trinca ou pograver-se a trinca pairar aacute trinca ieacute agrave capa

com a proa ao vento e as velas levantadas Couto 431 bdquose pozeratildeo agrave trinca batendo-a

rijamenterdquo Amaral c9 ldquopozeratildeo-se os inimigos agrave trinca para concertarem o galeatildeo ou lanccedilar

ferrordquo VF Mend c6r princip sect Na garatuza trinca satildeo 3 cartas do mesmo valor

rarrLaudelino Freire TRINCA sf Esp Trinca Mar Volta de cabo para fixar alguma peccedila

do navio

rarrAureacutelio trinca3 [Do esp trinca] s f 1Constr Nav Corrente ou cabo forte que prende o

gurupeacutes ao beque

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq

Fazendo negravevoa taotilde eʃpeʃʃa que ʃe naotilde vejatildeo os navios toquem os tambores deʃparem a

eʃpaccedilos algũs moʃquetes amp ʃiguaotilde o caminho que antes levava a Capitana Se ella durando a

negravevoa quiʃer virar tiraragrave huatilde peʃʃa amp os Galleoẽs do comboy faraacuteotilde o meʃmo em carregando

156

o leme antes de darem por davante Pondoʃe agrave trinca tirar agrave duas peszligas juntas a que

reʃponderagraveotilde tambem com duas os navios de guerra

FRANCISCO DE BRITO FREYRE (1655) [1655] SENHOR [A00_2496 p 55]

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Todos os dicionaacuterios apresentam trinca como termo naacuteutico Origem

incerta

Ficha 149

Troccedila sf (T Naut) Entre nauticos Cabo com que se seguratildeo as entenas nos mastros

______________________________________________________________________

rarrCunha [] De origem obscura troccedila sf bdquozombaria‟ 1881 Dev de troccedilar []

rarrBluteau natildeo consta

rarrMoraes e Silva TROacuteCcedilA sf Cabo com que as entennas se seguratildeo no mastro

rarrLaudelino Freire TROCcedilA sf Mar Cabo que segura as antenas no mastro

rarrAureacutelio troccedila [Dev de troccedilar] s f1V zombaria 2V graccedila (6) 3Bras Pacircndega farra

4Bras Vida devassa5Pop Ajuntamento (de pessoas) multidatildeo

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Somente Moraes e Silva e Laudelino Freire apresentam troccedila como termo

naacuteutico Origem obscura

V

Ficha 150

Vela sf (T Naut) Entre nauticos O panno do navio que se abre ao vento para o fazer

navegar Rolo de cera espermacete ou cebo com pavio para alumiar Sentinellavigia Fig

Embarcaccedilatildeo

______________________________________________________________________ rarrCunha [] Do lat vēlumvelEIRO adj sm bdquodiz-se de ou navio que anda agrave vela‟

rarrBluteau Vela de navio Panno grande que preſo nas vergas amp aberto recebe o vento amp

faz andar o navio Velum i Neut Cic A vela meſtra ou a vela do maſto Grande Velum

fummi mali maximum caacutetion que alguns Autores de Diccionarios potildeesm neſte lugar natildeo ſe

acha em Autores Latinos amp Roberto Eſteves mostra que ateacute no Grego natildeo eſtagrave ce a

ſignificaccedilatildeo deſta palavra neſte ſentido []

rarrMoraes e Silva sf Vela do navio o panno de treu que se abre ao vento e serve para

impellir o navio communicando o impulso do vento aos mastros[]

rarrLaudelino Freire sf Lat velum Naacuteut Pano largo de linho ou de outro qualquer tecido

que se desfralda ao longo dos mastros ou das vergas para receber a accedilatildeo do vento em virtude

da qual eacute impelida a embarcaccedilatildeo2 Embarcaccedilatildeo movido por um conjunto decircsses panos []

157

rarrAureacutelio vela1

[Do lat vela pl de velu veacuteu] sf 1Marinh Peccedila de lona ou de brim

destinada a recebendo o sopro do vento impelir embarcaccedilotildees ou movimentar moinhos [Sin

no sing ou no pl pano] []

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq

Saacutebado 10 dias do dito mecircs agraves quatro horas depois de meo-dia surgimos no porto da ilha da

Gomeira Em terra tomei o sol em 28 graos e um quarto Ali corregemos o leme 29-

A00_0078txtN 3^a feira 13 de Dezembro no quarto de alva nos fizemos agrave vela com vento

nordeste faziacuteamos o caminho do sul e a quarta do sudoeste 4^a feira 14 do dito mecircs ao

meo-dia tomei o sol em 26 graos e um quarto

PEcircRO LOPES DE SOUSA (1968) [1530] DIAacuteRIO DA NAVEGACcedilAtildeO DE PEcircRO LOPES DE

SOUSA [A00_0078 p 29]

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Todos os dicionaacuterios apresentam vela como termo naacuteutico Origem

portuguesa lt latina

Ficha 151

Vergueiro sm cabo de pagraveo das talhadeiras dos ferreiros (T Naut) Entre nauticos Cabo

dobrado no laiz com huns moutotildees que com huma volta em torno da pega grande finca os

moutotildees no bdquoagrave do‟ gavea Pedaccedilo de cabo com huma alccedila em cada chicote que serve no estaes

para algumas manobras Cadecirca de ferro que anda em hum arganegraveo do leme com hum pedaccedilo

de cabo grosso com que se atraca o leme quando se quebra a cana delle

______________________________________________________________________

rarrCunha verga sf bdquovara flexiacutevelXIII virga XIIIDo lat virga []verguEIRO sm

bdquovergasta‟ 1813

rarrBluteau Natildeo consta

rarrMoraes e Silva VERGUEgraveIRO sm Cabo de paacuteo em cujo extremo os ferreiros cravatildeo as

suas talhadeiras

rarrLaudelino Freire VERGUEIRO sm De vecircrga + eiro Vergasta verdasca vara 2

Cabo de pau que se crava nas talheiras rompedeiras e palmetas para natildeo se magoarem as matildeos

dos que trabalham com estes instrumentos Vergueiro da Peccedila sm Naacuteut Cabo grosso enfiado

nos olhais das falcas Vergueiros do Leme sm pl Naacuteut Cabos grossos ou cadeias de ferro

que prendem o leme pelos arganeacuteus do safatildeo Vergueiros do Pano sm pl Naacuteut Cabos

prolongados com as vecircrgas e encapelados nos laises

rarrAureacutelio vergueiro [De verga + -eiro] Substantivo masculino 1V verdasca 2Cabo de

madeira em alguns utensiacutelios de ferreiro 3Constr Nav Corrente ou cabo de arame que se

enfia nos balauacutestres da borda para resguardo da tripulaccedilatildeo 4Constr Nav Cabo de arame que

158

se enfia nos ferros de sustentaccedilatildeo do toldo ou vergalhatildeo preso ao longo de uma antepara ou

verga e no qual se amarram os fieacuteis do toldo ou do pano

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Moraes e Silva Laudelino Freire e Aureacutelio apresentam vergueiro como termo

naacuteutico Origem portuguesa lt latina

X

Ficha 152

Xaretas sfpl (T Naut) Entre nauticos redes de cordas aacute borda do navio para tolher a

entrada ao inimigo

______________________________________________________________________

rarrCunha xaretas sf bdquoant rede com que se cobria a tolda e o conveacutes das naus e galeotildees de

guerra‟ XVII Do aacuter vulg šarīta bdquocorda cinta‟ []

rarrBluteau XAcircRETA Vid Enxarcia (Pegados agraves Xaretas do bordo alto Oriente conquiſtado

part 2493) Deriva-ſe do Francez Charette que quer dizer Carro []

rarrMoraes e Silva XAREgraveTAS sf Naut Redes de corda que acompanhatildeo o bordo do navio

para impedir a entrada ao inimigo Amaral4

rarrLaudelino Freire XARETA sf Ar xarita Recircde com que se impede a abordagem de um

navio 2 Recircde de pescar

rarrAureacutelio xareta (ecirc) [Do aacuter (t) cordel]Substantivo feminino1Ant Mar G

Rede com que se cobriam a tolda e o conveacutes das naus e galeotildees de guerra por ocasiatildeo dos

combates para dificultar aos assaltantes a entrada a bordo nas abordagens2Rede de pescar

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta como termo naacuteutico

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Todos os dicionaacuterios apresentam xareta como termo naacuteutico Origem aacuterabe

Ficha 153

Ximeas sf plur (TNaut) v Sumeas

Sumeas sf plu (T Naut) As taboas com que se repara o leme

______________________________________________________________________

rarrCunha natildeo constam Ximeas e Sumeas Chuacutemeas sfpl bdquopeccedilas de madeira com que se

consertam os mastros estalados‟1873 chuacutembeas 1813 Provavemente do aacuter jāmalsquoacirc na var

chuacutembeas deve ter havido influecircncia de CHUMBO

rarrBluteau XIMEA Couſa de navio( Neceſſitava a Capitania de Ximeas nos maſtos Britto

viagem do Braſil 160)

rarrMoraes e Silva XIMEA sf V Sumea T Naut SUMEAS sf pl Naut Taboas com que

o leme se refaz e repara BPer

rarrLaudelino Freire natildeo consta

rarrAureacutelio Natildeo constam Ximeas e Sumeas Chuacutemeas [Do aacuter a(t) da raiz juntar agrupar]Substantivo feminino plural 1Mar Peccedilas de madeira com que se consertam

os mastros estalados [Var chuacutembeas suacutemeas ximeas]

159

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta

______________________________________________________________________

Comentaacuterios De todos os dicionaacuterios consultados soacute Laudelino Freire natildeo lista esse lexema

Os demais dicionaristas classificam o termo como naacuteutico ou mariacutetimo Origem duvidosa

(aacuterabe)

Apoacutes selecionar os termos naacuteuticos constituiacutemos 153 fichas lexicograacuteficas

elaboradas juntamente a consultas em 5 dicionaacuterios e ainda a 1 Banco de Dados referente ao

portuguecircs brasileiro da eacutepoca do Brasil Colocircnia Passemos no proacuteximo capiacutetulo agrave anaacutelise dos

dados

160

Capiacutetulo 5

161

Capiacutetulo 5 ndash Anaacutelise e discussatildeo dos dados

Apoacutes selecionarmos os termos naacuteuticos presentes no Diccionario de Lingua

Brasileira preenchermos as 153 fichas lexicograacuteficas ndash elaboradas junto agrave pesquisa em cinco

dicionaacuterios e em um banco de dados de liacutengua portuguesa do Projeto DHPB composto de

textos escritos nos seacuteculos XVI XVII e XVIII ndash acompanhadas de abonaccedilotildees classificaccedilotildees

gramaticais e comentaacuterios passemos agrave anaacutelise quantitativa e discussatildeo dos resultados

51 Quanto agrave classificaccedilatildeo gramatical dos termos

Conforme jaacute relatado organizamos um corpus de unidades lexicais do domiacutenio da

terminologia naacuteutica com 153 termos constituiacutedo de 117 substantivos 3 adjetivos 32 verbos

e 1 adveacuterbio que satildeo entradas no Diccionario de Lingua Brasileira editado por Luiz Maria da

Silva Pinto na cidade de Ouro Preto em 1832 Os substantivos se destacam com 7647 de

dados os adjetivos por sua vez totalizam 196 dessas entradas os verbos 2092 e o

adveacuterbio com 065 de nossos dados terminoloacutegicos Abaixo apresentamos em tabela a

distribuiccedilatildeo conforme a classificaccedilatildeo morfoloacutegica dos dados analisados

TABELA 1

Classificaccedilatildeo morfoloacutegica dos dados analisados

Classe Gramatical Nuacutemero de unidades lexicais Percentual

Substantivo 117 7647

Adjetivo 003 196

Verbo 032 2092

Adveacuterbio 001 065

TOTAL 153 10000

Destacam-se a seguir as unidades leacutexicas classificadas como

Substantivos rarr aba abotoadora accedilafratildeo alcaxas aldrope alforje almeida amura

amurada anrique arruelas avencadura barcolas barquilha bastardo beque

bigotas bolinete bombordo botalos braccedilo braga bragueiro brandaes briol

buccedilardas burra cabresto cacholascalabre calabrote calafeto calcez calma

calmaria carlinga carregadeiras cevadeira chapeleta chapiteo chaveta cheleira

cifa cinta clara colhedores contrapunho cordas cossouro costa cunho curva

curvatatildeo cutelo driccedila embono embornal encalamento enfrechadura enora

envergues escoa escoteira escotilha escouves estibordo estiva estribos estrinca

162

garrucha gaacutevea gio guinada lais leme leva liame linguete maccedilame madre

majarrona malaquetas michelos molhelha moucarrotildees nabo orthodomia ostaes

ostagas palomas palomba patelha pinccedilote pontal ponte porca rabada rabeca

resbordo rumo salema sapatilho sirgideiras sobrecevadeira sobregata socairo

sumeas trinca troccedila vela vergueiro xaretas ximea peacute dormentes tamboretes

estribordo

Adjetivos rarr banzeiro escatelado naacuteutico

Verbos rarr abroquelar agarruchar alestar arfar arriar barbear bracear canjar

ciar-se cifar cruzar desaferrar desancorar descahir dobrar embonar encapelar

encodar-se envergar escacear escorrer ferrar folgar guinar iccedilar pairar

palmejar proejar salamear sarpar sejar siar

Adveacuterbio rarr dlsquoavante

52 Quanto agrave forma e o gecircnero dos termos naacuteuticos do DLB

Em se tratando dos 117 substantivos o gecircnero masculino se sobressai com 55

ocorrecircncias o que corresponde a 47 dos dados presentes em nosso corpus O gecircnero

feminino aparece com 53 dos dados somando 62 ocorrecircncias

Todas as 3 unidades leacutexicas cujas classificaccedilotildees morfoloacutegicas indicam adjetivos

apresentam-se no gecircnero masculino correspondendo a 196 dos dados presentes em nosso

corpus

Tanto os substantivos quanto os adjetivos soacute ocorreram em sua forma simples A

quantificaccedilatildeo total dos dados quanto ao gecircnero eacute destacada na TABELA 2 apresentada a

seguir

TABELA 2

Classificaccedilatildeo do gecircnero dos dados analisados

Classe Gramatical Masculino Feminino

Substantivo 55 (47) 62 (53)

Adjetivo 03 (196) -----

163

53 Quanto ao nuacutemero de unidades lexicais presentes em obras de referecircncia

Verificamos que 152 das 153 unidades lexicais se encontram dicionarizadas em

pelo menos uma das obras escolhidas como base de referecircncia neste trabalho embora parte

delas natildeo tenha a marca terminoloacutegica ldquotermo naacuteutico A fim de termos ideia do nuacutemero de

vocaacutebulos que constam em cada um dos cinco dicionaacuterios pesquisados e ainda consultando o

nuacutemero de ocorrecircncias no banco de dados do Projeto DHPB fizemos um levantamento

quantitativo que eacute apresentado no graacutefico a seguir

111

134

152146

130

79

0

20

40

60

80

100

120

140

160

180

Cunha

Bluteau

Morais

Laudelino

Aureacutelio

DHPB

GRAacuteFICO 1 Nuacutemero de unidades lexicais encontradas em cada dicionaacuterio e no banco de dados

O GRAacuteFICO 1 mostra em nuacutemeros absolutos quantas unidades lexicais entre as

153 dicionarizadas constam em cada dicionaacuterio a) a barra azul mostra que 111 vocaacutebulos

foram encontrados no Dicionaacuterio Etimoloacutegico de Antocircnio Geraldo da Cunha o que

corresponde a 7254 dos 153 vocaacutebulos dicionarizados b) o dicionaacuterio de Raphael de

Bluteau representado em barra verde corresponde a 134 unidades lexicais entre aquelas

dicionarizadas o que representa 8758 desse total c) Antocircnio de Moraes e Silva

representado pela barra marrom eacute aquele que mais apresenta em suas paacuteginas unidades

lexicais constantes do grupo das dicionarizadas com 152 unidades lexicais o que representa

9934 do total de vocaacutebulos d) o dicionaacuterio de Laudelino Freire representado pela barra

amarela apresenta 146 unidades lexicais o que corresponde a 9542 do total analisado e) o

dicionaacuterio de Aureacutelio Buarque de Hollanda Ferreira apontado no graacutefico pela barra de cor

vermelha apresenta 130 unidades lexicais entre aquelas dicionarizadas o que representa um

percentual de 8496 Por uacuteltimo apoacutes exaustiva consulta ao Banco de Dados do Projeto

164

DHPB verificamos a presenccedila de 79 unidades leacutexicas (5163) correspondentes agravequelas

selecionadas em nosso corpus para esta pesquisa

No quadro que apresentamos abaixo podemos identificar quais satildeo as unidades

lexicais presentes em cada dicionaacuterio e tambeacutem no Banco de Dados do Projeto DHPB

TABELA 3

Quadro comparativo dos termos naacuteuticos39

Bluteau Moraes e Silva Laudelino Aureacutelio DHPB

aba aba aba aba aba

abotoadura abotoadura abotoadura abotoadura abotoadura

abroquelar abroquelar abroquelar abroquelar

accedilafratildeo accedilafratildeo accedilafratildeo accedilafratildeo accedilafratildeo

agarrochar agarruchar agarrochar agarruchar agarruchar

alcaxas alcaxas alcaxas

aldrope aldroacutepe aldrope aldrope

alestar alestar alestar

alforge alforge alforge alforge alforge

almeida almeida almeida almeida almeida

amugravera amura amura amura

amuradas amuraacuteda amurada amurada amurada

anrique anriacuteque anrique anrique

arfar arfar arfar arfar arfar

arriar arriar arriar arriar arriar

arruelas arrueacutellas arruela arruela arruela

avencadura avencadura avencadura avencadura

banzeiro banzegraveiro banzeiro banzeiro banzeiro

barbear barbeacutear barbear barbear barbear

barcolas barcoacutelas barcolas

barquiacutelha barquilha

bastardos bastaacuterdo bastardo bastardo bastardo

beque beque beque beque beque

bigota bigoacutetas bigotas bigota

bolinete bolinegravete bolinete bolinete bolinete

bombordo bombordo bombordo bombordo bombordo

botalos botaloacutes botaloacutes botaloacute

braceacutear bracear bracear

braga braga braga braga braga

bragueiro bragueiro bragueiro bragueiro

brandaes brandaes brandal brandal brandaes

brioes brioacutees briol briol

buccedilardas buccedilardas

burra buacuterra burra burra

39

Salientamos que os termos destacados em negrito satildeo encontrados nos dicionaacuterios mencionados poreacutem natildeo

apresentam acepccedilatildeo naacuteutica ou natildeo nos remetem ao universo mariacutetimo Os espaccedilos em branco representam

ausecircncia da unidade lexical no dicionaacuterio e no DHPB

165

cabresto cabregravesto cabrestos cabresto cabresto

cachoacutela cachogravela cachola cachola

calabre calaacutebre calabre calabre calabres

calabrote calabroacutete calabrote calabrote calabrotes

calafeto calafegraveto calafeto calafeto calafeto

calcecircz calcegravez calcecircs calcecircs

calma caacutelma calma calma calma

calmaria calmaria calmaria calmaria calmaria

canjaacuter canjar

carlinga carlinga carlinga carlinga

carregadeiras carregadeiras carregadeira carregadeira

cevadeira cevadegraveira cevadeira cevadeira cevadeira

chapeleta chapeleta chapeleta chapeleta

chapiteo chapiteo chapiteacuteu chapiteacuteo

chaveta chavegraveta chavecircta chaveta chavetas

cheleira cheleira

ciar ciar-se ciar ciar ciar

cifa cifa cifa

cifar cifaacuter cifar

cintas cinta cintas cinta

clara clara clara clara

colhedocircres colhedores colhedores colhedor

contrapunho contrapuacutenho contrapunho contrapunho

cordas cordas corda corda cordas

cossouros cossograveuros cossouro cossouro

costa coacutesta costa costa costa

cruzar cruzar cruzar cruzar cruzar

cunhos cunhos cunhos cunho

curva cuacutervas curva curva curvas

curvatatildeo curvatatildeo curvatatildeo curvatatildeo

cutelos cugravetelos cutelos cutelo

davante davante d‟avante

desaferrar desaferrar desaferrar desaferrar desaferrar

desancorar desancoraacuter desancorar desancorar

descahir descahir descair descair descahir

dobrar dobraacuter dobrar dobrar dobrar

dormentes dormegraventes dormente dormente dormentes

driccedila driccedila driccedila driccedila driccedilas

embocircno embograveno embono embono

embornal embornagravel embornal embornal embornaes

encalamentos encalamentos encalamento

encapellar encapellaacuter encapelar encapelar encapelar

encodaacuter-se encodaacuter-se

enfrechadura enfrechadura enfrechadura enfrechadura

enoras enograveras enora enora

envergar envergar envergar envergar

envergues enveacutergues envergues envergues

166

escacear escacear escassear escassear escacear

escatelado escatelaacutedo escatelado escatelarado

escoas escograveas escoa escoa escoas

escorrer escorrer escorrer escorrer escorrer

escoteiras escoteira escoteira escoteira escoteira

escotilha escotilha escotilha escotilha escotilha

escouves escouves escouves escouvem

estibordo estibordo estibordo estibordo estibordo

estiva estiva estiva estiva estiva

estribos estribos estribo estribo estribo

estribograverdo estribordo

estrinca estrinca

ferrar ferrar ferrar ferrar ferrar

folgar folgar folgar folgar folgar

garrucha garruacutecha garruchas garrocha

gaacutevea gaacutevea gaacutevea gaacutevea gaacutevea

gio gio gio gio

guinada guinada guinada guinada guinada

guinar guinar guinar guinar guinar

iccedilar iccedilar iccedilar iccedilar iccedilar

lais laacuteis lais lais lais

leme leme leme leme leme

leva leva leva leva

liame liame liame liame liame

linguete linguete linguete lingueta

maccedilame maccedilagraveme maccedilame

madre madre madre madre

majarrona majarrona majarrona

malaquetas malaqueta malaqueta

michegravelos michelos

molhelha molhelha molhelhas molhelha

moucarrotildees moucarrotildees moucarratildeo

nabo nabo nabo nabo

naacuteutico naacuteutico naacuteutico naacuteutico naacuteutico

orthodromia orthodomia ortodromia

ostais ostaacutees ostaes ostaes

ostagas ostaacutegas ostaga ostaga ostagas

pairar pairaacuter pairar pairar pairar

palmejar palmejar palmejar

palomas palomas palomas paloma

palomba palomba palomba

patelha pategravelha patelha patelha

pinccedilote pinccedilote pinccedilote pinccedilote

pontal pontal pontal pontal pontal

ponte ponte ponte ponte ponte

porca porca porca porca porca

proejar proejar proejar proejar

167

rabada rabada rabada rabada rabada

rabeca rabeca rabeca rabeca rabeca

resbordo resbordo resbordo resbordo resbordo

rumo rumo rumo rumo rumo

salamear salamear

salema salema salema

sapatilhos sapatilhos sapatilhos sapatilhos

sarpar sarpaacuter zarpar sarpar sarpar

sejar

siar siar siar siar

sirgideiras sirgideiras sirgideiras

sobrecevadeira sobrecevadegraveira sobrecevadeira

sobregata sobregata

socairo socairo socairo socairo socairo

sumeas suacutemeas suacutemeas sumeas

trinca trinca trinca trinca trinca

troacuteccedila troccedila troccedila

vela vela vela vela vela

verguegraveiro vergueiro vergueiro

xacircreta xaregravetas xareta xareta xareta

ximea ximea ximea

braccedilo braccedilo braccedilo braccedilo

peacute peacute peacute peacute peacute

tamboretes tamboretes tamboretes tamboretes tamboretes

embonar embonaacuter embonar embonar

168

54 Descriccedilatildeo e Comparaccedilatildeo de dados

Das unidades lexicais referentes aos termos naacuteuticos que compotildeem nosso corpus

encontramos correspondentes em vaacuterios dicionaacuterios como jaacute salientamos em 51 Dessas

apresentamos em nuacutemero no graacutefico seguinte as que se destacam como termo naacuteutico

50

123

146136

105

56

0

20

40

60

80

100

120

140

160

180

Cunha

Bluteau

Morais

Laudelino

Aureacutelio

DHPB

GRAacuteFICO 2 Nuacutemero de unidades lexicais destacadas como termo naacuteutico

a) Dos 153 termos que constituem nosso corpus o Dicionaacuterio Etimoloacutegico de Cunha registra

50 unidades leacutexicas como termo naacuteutico correspondendo a 3267 aldrope almeida amura

amurada beque barcola bigota bolinete bombordo brandal briol calabre calabrote

calcecircs calma calmaria carlinga ciar desancorar dormente embornal escatelado escoa

escoteira escotilha escouves estibordo estiva estribordo gaacutevea gio lais leme majarrona

naacuteutico ostaes ostaga paloma palomba pontal ponte rumo zarpar socairo sumeas

trinca vela xaretas peacute tamborete

b) O dicionaacuterio de Bluteau registra 123 dos termos naacuteuticos constantes no Diccionario da

Liacutengua Brasileira o que corresponde a 8039 a saber abotoadura accedilafratildeo alcaxas

aldrope almeida amura amuradas anrique arfar arriar arruelas avencadura banzeiro

barbear barcolas bastardos beque bigota bolinete bombordo botalos braccedilos braga

bragueiro brandaes brioes buccedilardas burra cabresto cacholas calabre calabrote calcez

calma calmaria carlinga carregadeiras cevadeira chapeleta chapiteo chaveta cifar

cintas clara colhedores contrapunho cordas cossouros costa cruzar cunhos curva

curvatatildeo cutelos davante desaferrar desancorar descair dobrar dormentes driccedila

embonar embono embornal encalamentos encapelar enfrechadura enoras envergues

169

escacear escatelado escoas escorrer escoteiras escotilha escouves estibordo estiva

estribos ferrar gaacutevea gio guinada guinar iccedilar lais leme leva liame linguete maccedilame

madre malaquetas nabo naacuteutico orthodromia ostais ostagas pairar palomas patelha

pinccedilote pontal ponte porca proejar rabada resbordo rumo salamear salema sapatilho

sarpar sirgideiras sobrecevadeira socairo suemas trinca vela xareta ximea peacute

tamboretes

c) Encontramos 146 unidades leacutexicas comuns ao nosso corpus dicionarizadas como termos

naacuteuticos na obra de Moraes e Silva correspondendo a 9542 abotoadura accedilafratildeo

agarruchar alcaxas aldrope alestar almeida amura amurada anrique arfar arriar

arruelas avencadura banzeiro barbear barcolas barquilha bastardo beque bigotas

bolinete bombordo botalos bracear braccedilo braga bragueiro brandaes brioacutees buccedilardas

burra cabresto cacholas calabre calabrote calafeto calcez calma calmaria canjar

carlinga carregadeiras cevadeira chapeleta chapiteo chaveta cheleira ciar-se cifa cifar

cinta clara colhedores contrapunho cordas cossouros costa cruzar cunhos curvas

curvatatildeo cutelo davante desaferrar desancorar descair dobrar dormentes driccedila

embonar embono embornal encalamentos encapelar encodar-se enfrechadura enora

envergar envergues escassear escatelado escoa escorrer escoteira escotilha escouves

estibordo estiva estribos estribordo estrinca ferrar folgar garrucha gaacutevea gio guinada

guinar iccedilar lais leme levaliame linguete maccedilame madre majarrona malaqueta

michelos moucarrotildees nabo naacuteutico orthodomia ostaes ostagas pairar palmejar

polomas palomba patelha pinccedilote pontal ponte porca proejar rabada resbordo rumo

salamear salema sapatilho sarpar sejar sirgideiras sobrecevadeira socairo sumeas

trinca troccedila vela vergueiro xaretas ximea peacute tamboretes

d) Entre as 153 unidades o dicionaacuterio de Laudelino Freire contabiliza 136 termos naacuteuticos o

que corresponde a 8888 abotoaduras abroquelar accedilafratildeo agarruchar alcaxas aldrope

alforjes almeida amura amurada anrique arfar arrear arruela avencadura banzeiro

barcolas barquilha bastardo beque bigotas bolinete bombordo botalos bracear braccedilo

braga bragueiro brandal briol burra cabrestos cachola calabre calabrote calafeto

calcez calma calmaria carlinga carregadeira cevadeira chapeleta chapiteacuteu chaveta

cheleira ciar cifar cintas clara colhedores contrapunho cossouro costa cruzar cunho

curvas curvatatildeo cutelos desaferrar desancorar descair dobrar dormente driccedila embonar

embono encalamento encapelar encodar-se enfrechadura enora envergar envergues

escassear escatelado escoa escorrer escoteira escotilha escouves estibordo estiva

estribo estribordo estrinca ferrar garruchas gaacutevea gio guinada guinar iccedilar lais leme

170

leva liame madre majarrona malaqueta michelos molhelhas moucarrotildees nabo naacuteutico

ostaes ostaga pairar palmejar palomas palomba patelha pinccedilote pontal ponte porca

proejar rabada rabeca resbordo rumo salemasapatilho sarpar sirgideiras

sobrecevadeira sobregata socairo sumeas trinca troccedila vela vergueiroxareta peacute

tamboretes

e) Dos 153 termos que constituem nosso corpus o Novo Dicionaacuterio Aureacutelio da Liacutengua

Portuguesa registra 105 unidades leacutexicas como termo naacuteutico correspondendo a 6862 dos

dados abotoaduras aldrope almeida amura amurada anrique arfar arriar banzeiro

barbear bastardo beque bigota bolinete bombordo botaloacute bracear braccedilo braga

brandal briol burro cabresto calabre calabrote calcecircs calma calmaria carlinga

carregadeira cevadeira chapeleta chaveta ciar cinta clara colhedor contrapunho corda

costa cruzar cunho curva curvatatildeo cutelodesancorar descair dobrar dormente driccedila

embonar embono embornal encapelar enfrechadura enora envergar envergues

escatelado escoa escoteira escotilha escouves estibordo estiva estribo ferrar garrocha

gaacutevea gio guinada guinar iccedilar lais leme leva linguete madre majarrona molhelha

nabo ortodromia ostaes ostaga pairar palomba patelha pinccedilote pontal ponte proejar

resbordo rumo sapatilho sarpar sobregata socairo sumeas trinca vela vergueiro

xareta ximea peacute tamboretes

f) O Banco de Dados do Projeto Dicionaacuterio Histoacuterico do Portuguecircs do Brasil ndash seacuteculos XVI

XVII XVIII registra 56 unidades leacutexicas (366) com significado que remetem ao mundo da

navegaccedilatildeo amuradas arfar arriar arruela avencadura banzeiro barbear beque

bombordo brandaes cabresto calabrecircs calabrotes calafeto calma calmarias cevadeira

chapiteo chavetas cordas ciar costa cruzar curvas dlsquoavante descahir dobrar

dormentes driccedilas embornaes encapelar escacear escoas escotilha estibordo estiva

ferrar gaacutevea guinada guinar iccedilar lais leme liames maccedilamenaacuteutico ostagas pairar

rabada resbordo rumo sarpar socairo vela tamboretes trinca

55 Sobre a marca de uso ldquotermo naacuteuticordquo

551 Variaccedilatildeo no Diccionario de Lingua Brasileira

As unidades do corpus em anaacutelise satildeo marcadas como (t naut) 117 ocorrecircncias

correspondendo a 765 dos dados (entre naacuteuticos) 21 ocorrecircncias ou 138 dos dados (t

naacuteutico) 9 ocorrecircncias contabilizando 59 (t nau) 1 ocorrecircncia o que correponde a 06

171

do total dos dados analisados Contabilizamos ainda 5 unidades lexicas ou 32 que natildeo

recebem marcas de uso mas vemos pela definiccedilatildeo que satildeo termos naacuteuticos a saber palomas

barquilha proejar naacuteutico vela

IMAGEM 9 Unidades lexicais natildeo marcadas como termo naacuteutico

552 Variaccedilatildeo em outros dicionaacuterios

Completada a verificaccedilatildeo da marca terminoloacutegica no Diccionario de Lingua

Brasileira resolvemos observar a terminologia naacuteutica adotada nos outros dicionaacuterios

utilizados nesta pesquisa como referecircncia As unidades do corpus satildeo marcadas nessas obras

como i) em Bluteau rarr termo de navegantes termo de navio termo de marinhagem termo

naacuteutico termo de barqueiros ii) em Moraes e Silva rarr termo de naacuteutica na naacuteutica termo

naacuteutico entre os nautas entre barqueiros iii) em Laudelino Freire rarr termo da naacuteutica

termo de navegaccedilatildeo termo de navegaccedilatildeo fluvial termo da marata ou marinha iv) em

Aureacutelio rarr termo da marinha (23 termos) termo da marinhagem (60 termos) termo naacuteutico

(01 termo) termo de construccedilatildeo naval (31 termos) Encontramos em todas essas obras

citadas algumas unidades que natildeo recebem marcas de uso mas vemos pela definiccedilatildeo que

pertencem ao universo naacuteutico

Como termo naacuteutico Aureacutelio marca somente a unidade lexical rumo Para esse

lexicoacutegrafo a marca terminoloacutegica marinhagem refere-se aos conhecimentos naacuteuticos

desenvolvidos e sistematizados pelos navegadores portugueses desde o Infante D Henrique

ateacute os fins do seacuteculo XVII Tais conhecimentos foram depois muito ampliados e

aprofundados e passaram a constituir a ciecircncia e a arte da navegaccedilatildeo sobre aacutegua denominada

172

naacuteutica De acordo com o mesmo dicionarista a marca terminoloacutegica marinha significa

ldquoaquilo que diz respeito ao serviccedilo de bordo dos navios agrave atividade de marinheiro agrave

navegaccedilatildeo por mar ou ainda conjunto de navios ou forccedilas navais ou por marrdquo Jaacute a marca

construccedilatildeo naval diz respeito agrave arte de construir navios e a marca naacuteutico eacute relativo a

marinheiro navegante e nauta por sua vez dizem respeito agrave navegaccedilatildeo Aureacutelio natildeo

classificou as unidades lexicais cruzar desancorar e sarpar e outras receberam mais de uma

classificaccedilatildeo

56 Quanto agrave origem

Para elucidar a origem dos termos como jaacute mencionamos no Capiacutetulo 3

consultamos o Dicionaacuterio Etimoloacutegico de A G Cunha poreacutem quando o termo natildeo constava

nesse dicionaacuterio lanccedilamos matildeo do Houaiss (2001) e se as palavras remetiam ao universo

aacuterabe do vocabulaacuterio de Sousa amp Moura intitulado Vestigios da Lingoa Arabica em Portugal

ou Lexicon Etymologico das palavras e nomes portuguezes que tem origem araacutebica

publicado em 1830 e impresso em ediccedilatildeo fac siacutemile em 2004

Quantificaccedilatildeo Total ndash quanto agrave origem dos termos naacuteuticos

a) Aacuterabe 07

b) Catalatildeo 02

c) Espanhol 16

d) Francecircs 23

e) Grego 01

f) Inglecircs 02

g) Italiano 11

h) Portuguesa 55

i) Provenccedilal 01

j) Onomatopaica 01

k) Incerta 28

l) Natildeo encontradas 06

173

a Termos de origem aacuterabe

Accedilafratildeo (do ar Az-zafaran cf Cunha 1982)

Alforge (do ar al-hurg cf Cunha 1982)

Almeida (Sousa amp Moura 1830)

Cifa (do ar satildeifa cf Cunha 1982)

Cifar (do ar satildeifacirc cf Cunha 1982)

Salamear (do ar salama cf Sousa amp Moura 1830)

Xaretas (do ar vulgar šarīta cf Cunha 1982)

b Termos de origem catalatilde

Brandaes (do catalatildeo brandal cf Cunha 1982)

Escoa (do catalatildeo escoa cf Cunha 1982)

c Termos de origem espanhola

Anrique (castelhano lt neerlandesa cf Cunha 1982)

Arriar (castelhano lt latim cf Cunha 1982)

Barcolas (espanhol lt latim cf Cunha 1982)

Barquilha (espanhol lt latim cf Cunha 1982)

Briol (castelhanoltfrancesa cf Cunha 1982)

Ciar-se (castelhano cf Cunha 1982)

Embonar (castelhano cf Cunha 1982)

Embono (castelhano cf Cunha 1982)

Garrucha (castelhano Cunha 1982)

MajarronaBujarrona (castelhano lt latim baacuterbaro cf Cunha 1982)

Ostagas (castelhano lt germacircnico cf Cunha 1982)

Patelha (espanhol cf Aureacutelio 2004)

Pinccedilote (castelhano cf Houaiss 2001)

Rumo (castelhano lt latim lt grego cf Cunha 1982)

Socairo (castelhano cf Cunha 1982)

Sarparzarpar (castelhano lt francesa lt latim tardio lt grego cf Cunha 1982)

d Termos de origem francesa

Abotoadura (do antigo francecircscf Cunha 1982)

Abroquelar (do antigo francecircscf Cunha 1982)

Arruela (do antigo francecircs lt latimcf Cunha 1982)

Avencadura (do antigo francecircs lt escandinavo antigo cf Cunha 1982)

Bastardo (do antigo francecircscf Cunha 1982)

174

Beque (do francecircs lt latimcf Cunha 1982)

Bolinete (do francecircs moulinet cf Cunha 1982)

Bombordo (do francecircs bacircbord lt neerlandecircs bakboord cf Cunha 1982)

Calabre (do antigo francecircs caable lt latim tardio cf Cunha 1982)

Calabrote (do antigo francecircs caable lt latim tardio cf Cunha 1982)

Carlinga (do francecircs carlingue lt escandinavo kerling cf Cunha 1982)

Chapeleta (lt antigo francecircs chapel cf Cunha 1982)

Escotilha (do antigo francecircs escoute (coute) derivado do goacutetico skautcf Cunha

1982)

Escoteira (do francecircs escoute lt goacutetico skaut cf Cunha 1982)

Enfrechadura (do francecircs fleche lt germacircnico cf Cunha 1982)

Estibordo (do francecircs antigo estribord lt neerlandecircs stierboord cf Cunha 1982)

Estribo (do antigo francecircs estriviegravere lt germacircnico cf Cunha 1982)

Estribordo (do francecircs antigo estribord lt neerlandecircs stierboord cf Cunha 1982)

Iccedilar (do francecircs hisser lt neerlandecircs hijsen cf Cunha 1982)

Ostaiestai (do antigo francecircs estaie lt germacircnico cf Cunha 1982)

Rabeca (do francecircs rebec lt antigo francecircs rebebe lt aacuterabe rābab cf Cunha 1982)

Resbordo (do francecircs ribord cf Cunha 1982)

Tamboretes (do francecircs tambouret cf Cunha 1982)

e Termos de origem grega

ortodromia

f Termos de origem inglesa

Aldrope (Do inglecircs guide-ropecf Cunha 1982)

Estrinca (Do inglecircs string cf Laudelino Freire 1949)

g Termos de origem italiana

Calma (lt latina cf Cunha 1982)

Calmaria (lt latina cf Cunha 1982)

Calafeto (aacuterabe lt latim vulgar cf Cunha 1982)

Calcez (latim tardio lt latim lt grego cf Cunha 1982)

Driccedila (lt francecircs cf Aureacutelio 2004)

Encodar-se (cf Moraes e Silva 1813)

Estiva (lt latim cf Cunha 1982)

Gaacutevea (lt latim cf Cunha 1982)

Linguete (lt latim cf Cunha 1982)

175

Palomas (do italiano meridional cf Cunha 1982)

Palomba (do italiano meridional cf Cunha 1982)

h Termos de origem portuguesa

Amura (ltlatina cf Cunha 1982)

Amurada (ltlatina cf Cunha 1982)

Banzeiro (ltlatina cf Cunha 1982)

Barbear (ltlatina cf Cunha 1982)

Bigotas (lt latina cf Cunha 1982)

Bracear (ltlatina cf Cunha 1982)

Braccedilo (ltlatina cf Cunha 1982)

Braga (ltlatina cf Cunha 1982)

Bragueiro (ltlatina cf Cunha 1982)

Burra (ltlatina cf Cunha 1982)

Cabresto (ltlatina cf Cunha 1982)

Carregadeiras (ltlatina cf Cunha 1982)

Cevadeira (ltlatina cf Cunha 1982)

Chaveta (ltlatina cf Cunha 1982)

Cinta (ltlatina cf Cunha 1982)

Clara (ltlatina cf Cunha 1982)

Colhedor (ltlatina cf Cunha 1982)

Contrapunho (ltlatina cf Cunha 1982)

Corda (latina lt grega cf Cunha 1982)

Costa (ltlatina cf Cunha 1982)

Cruzar (ltlatina cf Cunha 1982)

Cunho (ltlatina cf Cunha 1982)

Curva (ltlatina cf Cunha 1982)

Curvatatildeo (ltlatina cf Cunha 1982)

Cutelo (ltlatina cf Cunha 1982)

D‟avante (ltlatina cf Cunha 1982)

Desaferrar (ltlatina cf Cunha 1982)

Desancorar (latina lt grega cf Cunha 1982)

Descahir (ltlatina cf Cunha 1982)

Dobrar (ltlatina cf Cunha 1982)

Dormente (ltlatina cf Cunha 1982)

176

Encapelar (ltlatina cf Cunha 1982)

Enora (ltlatina cf Cunha 1982)

Envergar (ltlatina cf Cunha 1982)

Envergues (ltlatina cf Cunha 1982)

Escacear (ltlatina cf Cunha 1982)

Escorrear (ltlatina cf Cunha 1982)

Ferrar (ltlatina cf Cunha 1982)

Folgar (ltlatina cf Cunha 1982)

Leva (ltlatina cf Cunha 1982)

Liame (ltlatina cf Cunha 1982)

Madre (ltlatina cf Cunha 1982)

Naacuteutico (latina lt grega cf Cunha 1982)

Nabo (ltlatina cf Cunha 1982)

Palmejar (ltlatina cf Cunha 1982)

Pontal (ltlatina cf Cunha 1982)

Ponte (ltlatina cf Cunha 1982)

Porca (ltlatina cf Cunha 1982)

Proejar (ltlatina cf Cunha 1982)

Rabada (ltlatina) cf Cunha 1982

Sobrecevadeira (ltlatina cf Cunha 1982)

Sobregata (ltlatina cf Cunha 1982)

Vela (ltlatina cf Cunha 1982)

Vergueiro (ltlatina cf Cunha 1982)

Peacute (ltlatina cf Cunha 1982)

i Termos de origem provenccedilal

Pairar (lt latim cf Cunha 1982)

j Termo de origem onomatopaica

Botalos (Houaiss 2001)

k Termos de origens controvertida incerta duvidosa obscura

Aba (de origem duvidosa (latim) cf Cunha 1982)

Agarruchar (de origem duvidosa (ceacuteltico) cf Cunha 1982)

Alcaxas (de origem controvertida cf Houaiss 2001)

Alestar (de origem obscura cf Cunha 1982)

Arfar (de origem duvidosa (latim vulgar) cf Cunha 1982)

177

Buccedilardas (origem controvertida cf Bluteau 1712)

Cachola (origem duvidosa (latim vulgar) cf Cunha 1982)

Canjar (origem duvidosa (italiana) cf Houaiss 2001)

Cossouro (de origem obscura cf Cunha 1982)

Embornal (de origem incerta (italiana) cf Cunha 1982)

Escatelado (de origem controvertida cf Cunha 1982)

Escouves (de origem incerta (castelhana) cf Cunha 1982)

Gio (de origem obscura cf Cunha 1982)

Guinar (de origem obscura cf Cunha 1982)

Guinada (de origem obscura (anglo saxatildeo) cf Cunha 1982)

Lais (de origem obscura cf Cunha 1982)

Leme (de origem obscura cf Cunha 1982)

Malaqueta (de origem obscura cf Houaiss 2001)

Michelos (de origem obscura cf Houaiss2001)

Molhelha (de origem controvertida (catalatildeo) cf Aureacutelio 2004)

Moucarratildeo (de origem obscura cf Aureacutelio 2004)

Salema (de origem obscura cf Cunha 1982)

Sapatilhos (de origem duvidosa (turco) cf Cunha 1982)

Siar (de origem obscura cf Cunha 1982)

Sumeas (de origem duvidosa (aacuterabe) cf Cunha 1982)

Trinca (de origem incerta (antigo francecircs lt antigo escandinavo cf Cunha 1982)

Troccedila (de origem obscura cf Cunha 1982)

Ximeas (de origem duvidosa (aacuterabe) cf Cunha 1982)

l Termos de origens natildeo encontradas

Chapiteo

Cheleira

Maccedilame

Encalamentos

Sejar

Sirgideiras

Observando os resultados expostos acima vimos que a predominacircncia entre as

origens dos termos eacute Portuguecircs lt Latim com 55 unidades lexicais Isso corresponde a

3595 das ocorrecircncias totais Em segundo lugar destacam-se os termos de origem

178

controvertida incerta duvidosa e obscura satildeo 28 termos o que corresponde a 1831 do

total de dados Os nomes de origem francesa figuram em terceiro lugar com 23 ocorrecircncias

ou 1503 do total dos dados Em seguida em quarta posiccedilatildeo temos os nomes de origem

espanhola com 16 ocorrecircncias ou 1046 do total dos dados Os nomes de origem italiana

estatildeo em quinto lugar com 11 dados ou 719 do total dos termos analisados Os termos

aacuterabes contabilizam 07 ocorrecircncias ou 458 do total dos dados Em quantidade menor temos

os termos em catalatildeo (02 ocorrecircncias 130 do total de dados) em inglecircs (02 ocorrecircncias

130 do total de dados) em grego (01 ocorrecircncia 065 do total de dados) em provenccedilal

(01 ocorrecircncia 065 do total de dados) e de origem onomatopaica (01 ocorrecircncias 065

do total de dados) Alguns termos (06 ocorrecircncias 393 do total de dados) natildeo tiveram suas

origens apontadas por nenhuma obra que consultamos Satildeo eles chapiteo cheleira maccedilame

encalamentos sejar sirgideiras

Por se tratar de uma heranccedila portuguesa toda a terminologia naacuteutica presente no

Diccionario de Lingua Brasileira se restringe em sua maior parte como podemos ver a

termos oriundos da Europa

Passemos no proacuteximo capiacutetulo agraves Consideraccedilotildees finais

179

Capiacutetulo 6

180

Capiacutetulo 6 ndash Consideraccedilotildees finais

Esta dissertaccedilatildeo teve como objetivo realizar um estudo do leacutexico correspondente agrave

terminologia naacuteutica presente no Diccionario da Lingua Brasileira publicado por Luiz

Maria da Silva Pinto proprietaacuterio da Typografia de Silva na cidade mineira de Ouro Preto no

ano de 1832

Tivemos como objetivos especiacuteficos estudar as origens dos termos naacuteuticos

conferir se os termos selecionados se encontravam presentes em obras lexicograacuteficas de

referecircncia nos seacuteculos XVIII XIX XX e se os mesmos mantiveram seus significados e

ainda se constavam como ldquotermos naacuteuticosrdquo consultar o corpus do Projeto DHPB CNPq

(composto por documentos e textos da eacutepoca colonial) com o objetivo de verificar se os

termos constantes no Diccionario da Lingua Brasileira integraram no passado o nosso

leacutexico verificar se a terminologia naacuteutica presente no Diccionario da Lingua Brasileira

descreve a realidade brasileira nessa aacuterea ou se faz parte desse dicionaacuterio somente com o

objetivo de enriquecer nosso leacutexico apontar os termos naacuteuticos do dicionaacuterio Aureacutelio ndash seacuteculo

XXI comparar esses termos com o primeiro dicionaacuterio impresso no Brasil ou seja o

Diccionario da Lingua Brasileira verificando se houve manutenccedilatildeo expansatildeo ou mudanccedila

nesse leacutexico de especialidade contribuir para o desenvolvimento da investigaccedilatildeo histoacuterica na

aacuterea da Terminologia disponibilizando um estudo da aacuterea de especialidade devidamente

analisado

Nosso interesse em pesquisar a terminologia naacuteutica nesse dicionaacuterio que se

intitula o primeiro dicionaacuterio da liacutengua brasileira pautou-se nas seguintes questotildees i) Quais

seriam os primeiros termos que fizeram parte de um dicionaacuterio brasileiro ii) Eles se mantecircm

ainda na liacutengua ou seja satildeo dicionarizados Essa terminologia fazia parte realmente do leacutexico

brasileiro da eacutepoca ou era ldquoidealrdquo que fizesse

Aleacutem de termos naacuteuticos o DLB marca termo anatomico termo de bombeiros

termo de architectura termo de geometria termo meacutedico termo militar termo de artilheria

termo de fortificaccedilatildeo termo forense termo familiar termo juriacutedico termo methaphysico

termo mythologico termo de pintura termo plebeu termo vulgar termo baixo Nosso

interesse se voltou para os termos naacuteuticos por serem esses os de maiores ocorrecircncias na obra

estudada Analisamos 153 unidades leacutexicas terminoloacutegicas sendo 117 substantivos 3

adjetivos 32 verbos e 2 adveacuterbios

Apoacutes leitura da obra seleccedilatildeo de termos construccedilatildeo do corpus e anaacutelise dos dados

constatamos que os substantivos se destacam com 7647 dos dados os adjetivos com 196

181

e os adveacuterbios com 065 Surpreendeu-nos a quantificaccedilatildeo dos verbos 2092 em valores

numeacutericos 32 nuacutemero expressivo em se tratanto de leacutexico especializado Desses verbos o

Dicionaacuterio Aureacutelio Seacuteculo XXI traz somente 17 arfar arriar barbear bracear ciar-se

cruzar descair dobrar embonar encapelar envergar ferrar guinar iccedilar pairar proejar

sarpar Consultando o Banco de Dados do PDHPB contamos 14 desses verbos arrolados

arfar arriar barbear ciar cruzar descahir dobrar encapelarescacear ferrar guinar

iccedilar pairar sarpar Todos esses termos conforme podemos constatar dicionarizados

tambeacutem pelo Aureacutelio com exceccedilatildeo de bracear embonar envergar guinar proejar Isso nos

leva a pensar que em se tratando da realidade brasileira Silva Pinto apresentou um nuacutemero

bem maior de verbos com a marca de uso ldquonaacuteuticosrdquo

Interessante tambeacutem eacute observar que os termos naacuteuticos que satildeo inseridos na obra

de Luiz Maria da Silva Pinto satildeo muito superiores quase trecircs vezes ao nuacutemero que o Banco

de Dados consultado aponta 56 termos Contemporaneamente essa marca terminoloacutegica

tambeacutem eacute menor jaacute que o Aureacutelio registra 105 termos naacuteuticos Observamos ainda variaccedilotildees

na marca de uso ldquotermo naacuteuticosrdquo o que indica sub-especialidades nessa aacuterea jaacute na eacutepoca do

Brasil colocircnia Nossa anaacutelise mostra que a terminologia apontada por Silva Pinto natildeo

retratava satisfatoriamente a realidade da eacutepoca nem se manteacutem totalmente hoje

No que se refere agrave origem constatamos a predominacircncia de nomes de origem

portuguesa 3595 das ocorrecircncias totais Em se tratando de base europeia bastante

representativos tambeacutem foram os termos de origem francesa espanhola e italiana Em

segundo lugar contabilizamos os nomes de origens incerta controvertida duvidosa e obscura

com 1831 de ocorrecircncias Acreditamos que esse iacutendice alto de palavras de origem natildeo

identificada se deve ao fato de muitos desses termos que retratam equipamentos artefatos

processos ou teacutecnicas da navegaccedilatildeo terem sido cunhados em um paiacutes e usados em outros por

pessoas na maioria das vezes quase sem nenhuma escolaridade como eacute o caso de muitos

marinheiros Natildeo encontramos nenhum termo naacuteutico de origem americana de liacutenguas

indiacutegenas caribenhas ou preacute-colombianas natildeo encontramos tambeacutem termos hiacutebridos nem

africanos

Entatildeo em se tratando da terminologia naacuteutica como se justifica uma obra se

intitular Diccionario da Lingua Brasileira se natildeo identifica nem descreve os termos de sua

eacutepoca Conforme Biderman (1994 p 27) os dicionaacuterios devem ser uma espeacutecie de porta-

voz da sociedade falar em nome dela e reunir em sua nomenclatura o repertoacuterio lexical em

uso na sua sociedade e da forma pela qual ela usualmente se exprime Inserindo-nos no

periacuteodo histoacuterico da publicaccedilatildeo do dicionaacuterio isto eacute dez anos apoacutes a Independecircncia do Brasil

182

em uma sociedade que comeccedilava a discutir a questatildeo da ldquoliacutengua brasileirardquo acreditamos que

Luiz Maria da Silva Pinto brasileiro mas de formaccedilatildeo lusitana detentor de ideologias

historicamente contruiacutedas quis contribuir com a constituiccedilatildeo da sociedade brasileira

acreditando que fornecer um leacutexico de origem europeia ou ldquobem formadordquo era seu dever

como brasileiro culto e proprietaacuterio de uma tipografia Com base em nosso estudo podemos

dizer que seu dicionaacuterio eacute prescritivista

Neste ainda iniacutecio de seacuteculo quando a lexicografia contemporacircnea passou a ver

o dicionaacuterio de liacutengua sob outra oacutetica40

atribuindo isso ao reconhecimento de seu verdadeiro

papel que eacute o de registrar a norma lexical que impera em uma sociedade41

acreditamos que

os resultados de nossa anaacutelise trazem elementos para a histoacuteria da lexicografia e da

terminologia brasileira jaacute que passamos a conhecer um pouco mais o seu iniacutecio estudando

uma obra que como mostramos em 14 natildeo eacute o primeiro Diccionario da Lingua Brasileira

mas eacute o primeiro dicionaacuterio impresso no Brasil

40

BIDERMAN 1994 p 28 41

Ibidem

183

Referecircncias

184

Referecircncias

ARAUacuteJO P M B Hum diccionario sem auctor versus hum auctor com diccionario Rio de

Janeiro Non Edictandi 2009

BABINI M Do conceito agrave palavra os dicionaacuterios onomasioloacutegicos Satildeo Paulo Ciecircncia e

Cultura (SBPC) v 2 2006 p 38-42

BARROS L A Conhecimentos de terminologia geral e praacutetica tradutoacuteria Satildeo Paulo

NovaGraf 2007

BARROS L A Curso baacutesico de Terminologia Satildeo Joseacute do Rio Preto Editora UNESP

2009

BIDERMAN M T C A formaccedilatildeo e a consolidaccedilatildeo da norma lexical e lexicograacutefica no

Portuguecircs do Brasil in Histoacuteria do saber lexical e constituiccedilatildeo de um leacutexico brasileiro JH

NUNES e M PETTER (Org) Satildeo Paulo Humanitas Campinas Pontes 2002

BIDERMAN M T C A nomenclatura de um dicionaacuterio de liacutengua In Anais do Seminaacuterio

do Grupo de Estudos Linguiacutesticos (Gel) Satildeo Paulo v1 n23 24-42 1994

BIDERMAN M T C As Ciecircncias do Leacutexico In Ana Maria Pinto de Olveira Aparecida

Negri Isquerdo (Orgs) As Ciecircncias do Leacutexico Lexicologia Lexicografia Terminologia

Campo Grande Ed UFMS 1998

BIDERMAN M T C Dimensotildees da Palavra In Filologia e Linguiacutestica Portuguesa n 2 p

81-118 1981

BIDERMAN M T C Teoria Linguiacutestica teoria lexical e linguiacutesitica computacional Satildeo

Paulo Martins Fontes 2001

BIDERMAN M T C Unidades complexas do leacutexico In Rio-Torto G Figueiredo O M

Silva F (orgs) Estudos em Homenagem ao Professor Doutor Maacuterio Vilela 1ordf ed Porto

Portugal Faculdade de Letras da Universidade do Porto 2005 v II p 747-757 Disponiacutevel

em httplerletrasupptuploadsficheiros4603pdf

BIDERMAN MTC A estrutura mental do leacutexico In Estudos de Filologia Satildeo Paulo T A

QueirozEDUSP p131-145 1981

BIDERMAN Maria Teresa Camargo Leacutexico testemunho de uma cultura In Anais do XIX

Congresso internacional de Linguiacutestica e Filologia Romacircnica Santiago de Compostela 49

de setembro de 1978

BLUTEAU R Vocabulario Portuguez e Latino Coimbra Companhia de JESUS 1712

BOXER C R O Impeacuterio Mariacutetimo Portuguecircs Satildeo Paulo Companhia das Letras 2002

BUENO E Brasil Terra agrave vista Porto Alegre LGPM 2003

BYNON T Historical Linguistics London CUP 1977

185

CABREacute M T Importancia de la terminologiacutea en la fijacioacuten de la lengua Revista

internacional de liacutengua portuguesa Lisboa Editorial Notiacutecias n 15 jul 96 p9-24

CABREacute M T La terminologia Teoria Metodologia Aplicacio-nes Barcelona

AntaacutertidaEmpuacuteries 1993

CABREacute M T Lexicologia y variacioacuten hacia um modelo integrado In Simpoacutesio

Iberoamericano de Terminologia RITERM 1996

CABREacute M Teresa 1999 La terminologiacutea ndash representacioacuten y comunicacioacuten Barcelona

IULA Universitat Pompeu Fabra

CAacuteCERES F Histoacuteria do Brasil Satildeo Paulo Modernas 1993

COHEN M A A M A liacutengua do seacuteculo XVII e a liacutengua contemporacircnea In Anais do XI

Encontro Internacional da ALFAL Las Palmas (Gram Canaacuteria) 1996

CORREIA M Terminologia e morfologia marcas morfoloacutegicas da geacutenese do vocabulaacuterio da

Naacuteutica em portuguecircs Disponiacutevel em lthttpwwwiltecptpdfwpapers2004-mcorreia-

barcelonapdfgt Acesso em 20 Abr 2011

COSERIU E Sincronia diacronia e histoacuteria O problema da mudanccedila linguiacutestica Rio de

Janeiro Presenccedila Satildeo Paulo EDUSP 1979

COSTA FILHO M A Imprensa Mineira no Primeiro Reinado Rio de Janeiro [sn] 1955 62p (Tese apresentada ao VI Congresso Nacional de Jornalistas)

CUNHA A G da Dicionaacuterio Etimoloacutegico da Liacutengua Portuguesa 3ordf ediccedilatildeo 2ordf impressatildeo

Rio de Janeiro Lexikon Editora Digital 2007

CUNHA A G da Dicionaacuterio Etimoloacutegico Nova Fronteira da Liacutengua Portuguesa 2ordf ediccedilatildeo

Rio de JaneiroNova Fronteira 1987

DIAS L F BEZERRA M A Gramaacutetica e Dicionaacuterio In GUIMARAtildeES E

ZOPPIFONTANA (Orgs) Introduccedilatildeo agraves Ciecircncias da Linguagem ndash A Palavra e a Frase

Campinas Pontes Editores p 11-37 2006

ESQUADRA Disponiacutevel em lthttpwwwgooglecombrsearch3Fq3D2522Marinha

2BImperial2BBrasileiragt Acesso em 1 Abr 2011

ESQUIVEL F M C La lexicografia em las variedades no estaacutendar Jaeacuten- Espanha Editora

da Universidade de Jaeacuten 2001

FARACO C A Linguiacutestica histoacuterica Satildeo Paulo Aacutetica 1991

FAULSTICH E Princiacutepios formais e funcionais de variaccedilatildeo em terminologia Seminaacuterio de

Terminologia Teoacuterica Barcelona Espanha 28-29 de jan 1999

FERREIRA A B de H Novo Dicionaacuterio Eletrocircnico Aureacutelio versatildeo 50 Satildeo paulo Nova

Fronteira 2003 CD-ROM

186

FERREIRA A B de H Novo Dicionaacuterio Rio de Janeiro Nova Fronteira 1987

FINATTO M J B Introduccedilatildeo agrave Terminologia teoria e praacutetica Satildeo Paulo Contexto 2004

FREIRE L Grande e Noviacutessimo Dicionaacuterio da Liacutengua Portuguesa 1ordf ediccedilatildeo 1ordf impressatildeo

Rio de Janeiro Editocircra A Noite SA 1939 ∕ 1944

FREITAS M A Teixeira Os Serviccedilos Estatiacutesticos do Estado de Minas Gerais Revista

Brasileira de Estatiacutestica Ano I nordm 1 janmar 1940 p108-130

GUILBERT L La creativiteacute lexicalie Paris Larousse 1992

HAENSCH G WOLF L ETTINGER S WERNER R La lexicografia ndash de la linguiacutestica

teoacuterica a la lexicografia praacutectica Madrid Gredos 1982

HOUAISS A Dicionaacuterio Houaiss da liacutengua Portuguesa Rio de Janeiro Objetiva 2001

In OLIVEIRA Ana M P P de e ISQUERDO Aparecida N (orgs) As ciecircncias do leacutexico

lexicologia lexicografia terminologia Campo GrandeMS Editora da UFMS 1989 p 129-

149

ISQUERDO A N ALVES I M As ciecircncias do Leacutexico Lexicologia Lexicografia

Terminologia v3 Campo Grande Editora da UFMS 2007

KRIEGER M da G Do reconhecimento de terminologias entre o linguiacutestico e o textual In

IS QUERDO AN amp KRIEGER MG As Ciecircncias do Leacutexico 2 UFMS UFRGS Campo

GrandePorto Alegre 2006

KRIEGER M da G FINATTO Maria J B Introduccedilatildeo agrave Terminologia teoria amp praacutetica

Satildeo Paulo Contexto 2004

LEPSCHY J Leacutexico Enciclopeacutedia Einaudi linguagem e enunciaccedilatildeo v 2 Portugal

Imprensa Nacional-Casa da Moeda 1984

LORENTE M A lexicologia como ponto de encontro entre a gramaacutetica e a semacircntica In

ISQUERDO A N e KRIEGER MG As ciecircncias do leacutexico vol II Campo Grande Editora

UFMS 2004

MAPA Disponiacutevel em lthttpacademiagoianadeletrasorgmembroluiz-maria-da-silva-

pintogt Acesso em 1 abr 2011

MARINHA IMPERIAL Disponiacutevel em lthttpwwwmarmilbrdiversosArtigos_

selecionadosDocumentosmarinha_imperialpdfgt Acesso em 25 Abr 2011

MATOREacute G La meacutethode en lexicologie Domaine franccedilais Paris Didier 1953

MINEIRO A Uma abordagem lexical da Terminologia Naacuteutica no PE In Actas do IX

Simpoacutesio ibero-americano de Terminologia Barcelona Barcelona Espanha 2006

187

MURAKAWA C A (1998) Tradiccedilatildeo lexicograacutefica em liacutengua portuguesa Bluteau Moraes

e Vieira In OLIVEIRA AMPP amp ISQUERDO A N (orgs) As ciecircncias do leacutexico

lexicologia lexicografia terminologia v3 Campo Grande Editora da UFMS 2007

MURAKAWA C A A Dicionaacuterio Histoacuterico do Portuguecircs do Brasil um modelo de

dicionaacuterio Histoacuterico In ALVES Ieda Maria e Lino Maria Tereza (Org) Revista de

Filologia e Linguiacutestica Portuguesa Satildeo Paulo FFLCHUSP 2010 v 12 p 329-349

MURAKAWA C de A A Empreacutestimo linguiacutestico interno um estudo sobre o vocabulaacuterio

da naacuteutica portuguesa In Histoacuteria da Liacutengua e Histoacuteria da Gramaacutetica Actas do Encontro

Coleccedilacirco Poliedro 11 Braga Portugal Universidade do Minho Centro de Estudos

Humaniacutesticos 2002

MUSSALIM F BENTES A C (Orgs) Introduccedilatildeo agrave Linguiacutestica 6 ed Satildeo Paulo Cortez

2001 v 1-2

NAVEGACcedilOtildeES Disponiacutevel em lthttpwwwgooglecombrsearchhl=ptgt Acesso em 1

Abr 2011

NEIVA A Estudos da liacutengua nacional Satildeo Paulo Brasiliana 1940

NUNES J H Dicionaacuterios no Brasil anaacutelise e histoacuteria do seacuteculo XVI ao XIX Campinas

Pontes 2006

NUNES J H Discurso e Instrumentos Linguiacutesticos no Brasil dos Relatos de Viajantes aos

Primeiros Dicionaacuterios Campinas UNICAMP tese de doutorado 1996

NUNES J H e PETTER M (Orgs) Histoacuteria do saber lexical e constituiccedilatildeo de um leacutexico

brasileiro Satildeo Paulo Humanitas 2002 p 29-30

NUNES J H Histoire Epistemologie Langage Satildeo Paulo Humanitas 2006

OGDEN C K RICHARDS I A The Meaning of Meaning Londres Routledge amp Kegan

Paul 1923

OLIVEIRA A M P O portuguecircs do Brasil brasileirismos e regionalismos Tese de

Doutorado -UNESP Araraquara Satildeo Paulo 1999

ORGANISATION INTERNATIONALE DE NOTMALISATION Terminologie ndash

Vocabulaire Genebra ISO 1990 (Norme Internationale ISO 1087 1990)

ORLANDI E P O Estado a Gramaacutetica a Autoria Relatos n 4 jun Campinas UNICAMP

1997

PAVEL S NOLET D Manual de Terminologia Trad de FAULSTICH Enilde Disponiacutevel

em ltwwwURL wwwtranslationbureaugccagt

PERES D Histoacuteria dos descobrimentos portugueses Lisboa Comissatildeo executiva das

comemoraccedilotildees do Quinto Centenaacuterio da morte do Infante D Henrique 1959

188

PIGAFETTA A A primeira viagem ao redor do mundo o diaacuterio da expediccedilatildeo de Fernatildeo de

Magalhatildees Porto Alegre LampPM 1985

PINTO Luiz Maria da Silva Diccionario da Lingua Brasileira Ouro Preto Typographia de

Silva 1832

REY A (dir) Dictionnaire historique de la langue franccedilaise 2 vols Paris Le Robert 1992

REY Alan A terminologia entre a experiecircncia da realidade e o comando dos signos Satildeo

Paulo Humanitas 2007

RODRIGUES A D Liacutenguas indiacutegenas 500 anos de descobertas e perdas DELTA

vol9 n 1 pp 83-103 1993

SAUSSURE F ldquoNatureza do signo linguiacutesticordquo In Curso de Linguiacutestica Geral Satildeo Paulo

Cultrix 1970 pp 79-84

SEABRA Maria Cacircndida Trindade Costa (Org) O leacutexico em estudo Belo Horizonte Editora

FALEUFMG 2006

SEABRA Maria Cacircndida Trindade Costa Dom Joatildeo VI e o iniacutecio da imprensa no Brasil e

em Minas Gerais In Revista do Instituto Histoacuterico e Geograacutefico de Minas Gerais Belo

Horizonte Santaclara volume XXXI julho de 2008

SILVA NETO Serafim da Introduccedilatildeo ao estudo da Liacutengua Portuguesa no Brasil 3 ed Rio

de Janeiro Presenccedila 1976

SILVA Antonio de Moraes e Diccionario da Lingua Portugueza 2ordf ediccedilatildeo Lisboa

Typographia Laceacuterdina 1813

SILVESTRE J P O Vocabulario Portuguez e Latino principais caracteriacutesticas da obra

lexicograacutefica de Rafael Bluteau Artigo disponiacutevel em lt

httpclpdlcuaptPublicacoesvocabulario_principais_caracteristicaspdfgt Acesso em 25

abr 2011

SOUSA F J de MOURA F J de S A Vestiacutegios da liacutengua araacutebica em Portugal Lisboa

Academia Real das Sciencias 1830 (ed Fac-simile Lisboa Alcalaacute 2004)

TAUNAY A Inopia cientiacutefica e vocabular dos grandes dicionarios portuguezes Satildeo

Paulo Imprensa Oficial 1932 182 p

THEODORO J Pensadores exploradores e mercadores dos mares oceanos e continentes

Satildeo Paulo Scipione 1994

ULLMANN S The Principles of Semantics Glasgow Jackson amp Oxford Blackwell 1957

VALE B Estrateacutegia poder mariacutetimo e a criaccedilatildeo da Marinha do Brasil In Revista Navigator

Rio de Janeiro Serviccedilo de Documentaccedilatildeo Geral da Marinha n 4 dezembro de 1971 p 10

189

VEIGA J P X da Efemeacuterides mineiras Ouro Preto [sn] 1897 p 47-52

VEIGA J P X da Palavras preliminares Revista do Arquivo Puacuteblico Mineiro Ouro Preto

ano 1 fasc I p III e IV janmar 1896

Page 4: A TERMINOLOGIA NÁUTICA NO DICCIONARIO DA LINGUA … · Diccionario da Lingua Brasileira (DLB), de Luiz Maria da Silva Pinto. Publicado na cidade de Ouro Preto, Minas Gerais, na Typografia

Dedico este trabalho

aos meus pais in memorian Oswaldo e Madalena seres muito especiais

ao Virgiacutelio cumplicidade e inspiraccedilatildeo

aos meus filhos Tomaacutes e Tuacutelio amores de minha vida

Agradecimentos

A Deus que tem cuidado dos meus caminhos tem me orientado e abenccediloado permitindo-me

alcanccedilar mais uma conquista

Aos meus pais que foram exemplos de vida para mim

Agrave Profordf Dra Maria Cacircndida Trindade Costa de Seabra orientadora na plena acepccedilatildeo da

palavra ao seu apoio incondicional constante e seguro com quem o estudo e o trabalho satildeo

experiecircncias gratificantes e extremamente enriquecedoras

Aos meus irmatildeos e irmatildes pela compreensatildeo e suporte durante toda a minha vida

Agraves minhas amigas itabiranas Ritinha Graccedila Andrade e Karine pela amizade e presenccedila o

meu carinho e gratidatildeo

Agrave Fernanda amiga querida a quem eu admiro pelo incentivo e confidecircncias nos momentos

difiacuteceis

Agrave Antocircnia pela presenccedila apoio disponibilidade e por cuidar dos meus filhos quando estive

ausente

Ao Paulo Araujo pessoa iacutempar que sempre atendeu com a maacutexima gentileza e

disponibilidade todas as solicitaccedilotildees que lhe fiz durante a pesquisa

Agrave Profordf Graccedila Lima pelo seu constante incentivo e abertura de horizontes intelectuais

Aos professores do Mestrado pelo profissionalismo sempre presente em todas as atividades

desenvolvidas

Meus agradecimentos especiais agrave Suely Perucci coordenadora do Museu dos Inconfidentes de

Ouro Preto e ao Dr Joseacute Mendonccedila Telles Coordenador do Centro de Cultura Goiana pela

disponibilidade e atenccedilatildeo as minhas solicitaccedilotildees

Agrave Elizabete e ao Joel por me acolherem carinhosamente em sua casa em Satildeo Joseacute do Rio

Preto ao participar do Seminaacuterio de Terminologia na UNESP

Enfim a todos vocecircs que fizeram diferenccedila nesta etapa de minha vida deixo registrado um

carinhoso muito obrigada

Chamam por mim as aacuteguas

Chamam por mim os mares

Chamam por mim levantando uma voz corpoacuterea os longes

As eacutepocas mariacutetimas todas sentidas no passado a chamar (Ode Mariacutetima Aacutelvaro de Campos)

Resumo

O presente trabalho tem como objetivo o estudo dos termos naacuteuticos constantes no

Diccionario da Lingua Brasileira (DLB) de Luiz Maria da Silva Pinto Publicado na cidade

de Ouro Preto Minas Gerais na Typografia Silva no ano de 1832 dez anos depois de

proclamada a independecircncia do Brasil esse dicionaacuterio eacute hoje considerado o primeiro

dicionaacuterio impresso nesse paiacutes De tamanho pequeno tem 1111 paacuteginas nos moldes atuais de

um ldquodicionaacuterio portaacutetilrdquo o DLB eacute um livro raro Para a realizaccedilatildeo desta pesquisa utilizamo-

nos do volume em formato digital da ediccedilatildeo microfilmada da obra realizada pelo Arquivo

Puacuteblico Mineiro localizado na capital mineira Belo Horizonte Inicialmente fizemos

levantamento das unidades leacutexicas que remetem ao mundo da navegaccedilatildeo observando as

ldquomarcas de usordquo que se referem agrave terminologia naacuteutica Partimos portanto de um corpus

dicionariacutestico de terminologia naacuteutica composto de 153 termos constituiacutedos de 117

substantivos 03 adjetivos 32 verbos e 1 adveacuterbio Em uma segunda etapa os dados foram

organizados em fichas lexicograacuteficas Para cada um dos termos construiacutemos uma ficha

lexicograacutefica que nos indica se o termo ocorreu ou natildeo no Brasil desde o periacuteodo colonial ateacute

os dias de hoje aleacutem de mostrar origens e outras informaccedilotildees importantes para anaacutelise

linguiacutestica Para os conceitos de leacutexico lexicologia apoiamo-nos em Haensch Biderman

Krieger e Finatto para a Terminologia em Barros Para a anaacutelise dos dados ao longo do

tempo tomamos como base norteadora a concepccedilatildeo de Linguiacutestica Histoacuterica tal como

apresentada por Bynon e Cohen Como partimos de um tema ou seja da terminologia

naacuteutica trabalhamos com o percurso ldquodo conceito agrave palavrardquo nos moldes do meacutetodo

onomasioloacutegico Em seguida estendemos nossa anaacutelise agrave palavra ou ao signo linguiacutestico -

percurso semasioloacutegico Nossa anaacutelise apontou uma terminologia de base europeia pouco

representativa da realidade mariacutetima brasileira pouco descritiva e bastante prescritiva

Palavras-chave Lexicografia Terminologia Liacutengua Brasileira Liacutengua Portuguesa

Minas Gerais

Abstract

This paper aims the study of nautical terms contained in the Brazilian Language Dictionary

(Diccionario da Lingua Brasileira) (DLB) Luiz Maria da Silva Pinto It was published in

Ouro Preto in Minas Gerais at Typography Silva in 1832 ten years after the proclamation of

the independence of Brazil This dictionary is now considered the first printed dictionary in

that country Its size is small but there are 1111 pages in the current pattern of a portable

dictionary The DLB is a rare book In the presented study we have used the volume in

digital format of the microfilm edition undertaken by the Arquivo Puacuteblico Mineiro that is

located in the capital of Minas Gerais Belo Horizonte At first we surveyed the lexical words

referring to the world of navigation noting the tags of use which refers to nautical

terminology We started the paper from a dicitionary corpus of nautical terminology

composed of 153 terms consisting of 117 nouns 03 adjectives 32 verbs and an adverb In a

second step the data were arranged in lexicographic forms In each of the words we wrote a

lexical form that shows us if the word was used or not in Brazil since the colonial era to the

present day besides showing the origins and other important information for linguistic

analysis We based ourselves on Haensch Biderman Krieger and Finatto for the concepts of

lexicon and lexicology and on Barros for the Terminology For data analysis we took as the

basis guiding the development of Historical Linguistics as presented by Cohen and Bynon As

we started from nautical terminology we worked towards ldquothe concept to word similar to the

method onomasiological Next we extended our analysis to the word or the sign language - a

route semasiology Our analysis revealed an European terminology and unrepresentative of

the Brazilian maritime context rather descriptive and prescriptive

Key-words Lexicography Terminology Language Brazilian Portuguese Minas Gerais

ABREVIATURAS E SIGLAS

Adj ndash adjetivo

Adv ndash adveacuterbio

Cf ndash Confira

DLB ndash Diccionario da Lingua Brasileira

DPB ndash Dicionaacuterio Portuguecircs-Brasiliano

LI ndash Liacutengua Indiacutegena

LP ndash Liacutengua Portuguesa

ne ndash natildeo encontrado

naacuteut ndash naacuteutico

p ndash Paacutegina

PDHPB ndash Projeto Dicionaacuterio Histoacuterico do Portuguecircs do Brasil

s ndash substantivo

sf substantivo feminino

sm ndash substantivo masculino

TN ndash Traduccedilatildeo nossa

v ndash verbo

VLB ndash Vocabulaacuterio na Liacutengua Brasiacutelica

lt ndash Procede de

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 ndash Classificaccedilatildeo morfoloacutegica dos dados analisados161

Tabela 2 ndash Classificaccedilatildeo do gecircnero dos dados analisados162

Tabela 3 ndash Quadro comparativo dos termos naacuteuticos164

LISTA DE GRAacuteFICOS

Graacutefico 1 ndash Unidades lexicais encontradas em dicionaacuterios e banco de dados163

Graacutefico 2 ndash Unidades lexicais destacadas como termo naacuteutico168

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 ndash Relaccedilatildeo Triaacutedica23

Figura 2 ndash Triacircngulo de Ogden e Richards adaptado por Biderman24

Figura 3 ndash Ficha lexicograacutefica57

Figura 4 ndash Ficha lexicograacutefica preenchida58

LISTA DE FOTOS

Foto 1 ndash Diccionario da Lingua Brasileira 32

Foto 2 ndash Detalhe da capa do Diccionario 33

Foto 3 ndash Casa de Silva Pinto em Ouro Preto35

Foto 4 ndash Localizaccedilatildeo da casa de Silva Pinto em Ouro Preto35

Foto 5 ndash Notiacutecia de Jornal37

Foto 6 ndash Diccionario Brasileiro (1832)38

Foto 7 ndash Prologo do Diccionario da Lingua Brasileira39

LISTA DE IMAGENS

Imagem 1 ndash Lista de abreviaturas proposta pelo Diccionario da Lingua Brasileira40

Imagem 2 ndash Primeira Esquadra brasileira46

Imagem 3 ndash Marinha Imperial48

Imagem 4 ndash Documentaccedilatildeo da obra digitalizada55

Imagem 5 ndash Obra consultada digitalizada pelo APM56

Imagem 6 ndash O Vocabulario de Bluteau60

Imagem 7 ndash O Diccionario de Moraes Silva61

Imagem 8 ndash Grande e Noviacutessimo Dicionaacuterio da Liacutengua Portuguesa de Laudelino Freire62

Imagem 9 ndash Unidades lexicais natildeo marcadas como termo naacuteutico171

LISTA DE MAPAS

Mapa 1 ndash As grandes navegaccedilotildees43

Mapa 2 ndash Terra Brasilis45

Sumaacuterio

Introduccedilatildeo 14

Capiacutetulo 1 ndash O Leacutexico em foco 17

11 Lexicologia 17

111 Leacutexico 19

1111 Leacutexico e Referecircncia 22

12 Lexicografia 25

121 Dicionaacuterio 26

1211 Os Dicionaacuterios na eacutepoca do Brasil Colocircnia 27

12111 Dicionaacuterios Bilingues29

12112 Dicionaacuterios Monolingues30

13 Terminologia 31

14 O Diccionario da Lingua Brasileira de Luiz Maria da Silva Pinto 32

Capiacutetulo 2 ndash Contextualizaccedilatildeo histoacuterica 42

21 As grandes navegaccedilotildees 42

22 As navegaccedilotildees na eacutepoca do Brasil Colocircnia 44

23 As navegaccedilotildees na eacutepoca do Brasil Impeacuterio 47

24 Consideraccedilotildees 48

Capiacutetulo 3 ndash Procedimentos Metodoloacutegicos 51

31 Objetivos 52

32 Caracteriacutesticas do Diccionario da Lingua Brasileira 54

33 Meacutetodos e Procedimentos 55

332 Fichas Lexicograacuteficas 57

332 Sobre os dicionaacuterios consultados 59

333 Sobre o Banco de Dados 63

Capiacutetulo 4 Apresentaccedilatildeo e descriccedilatildeo dos dados 65

Capiacutetulo 5 - Anaacutelise e discussatildeo dos resultados 161

51 Quanto agrave classificaccedilatildeo gramatical dos termos 161

52 Quanto agrave forma e gecircnero dos termos naacuteuticos do DLB 162

53 Quanto ao nuacutemero de unidades lexicais presentes em obras de referecircncia 163

54 Descriccedilatildeo e Comparaccedilatildeo dos Dados 168

55 Sobre a marca de uso termo naacuteutico 170

551 Variaccedilatildeo no Diccionario de Lingua Brasileira 170

552 Variaccedilatildeo em outros dicionaacuterios 171

56 Quanto agrave origem 172

Capiacutetulo 6 ndash Consideraccedilotildees Finais 180

Referecircncias 184

13

Introduccedilatildeo

14

Introduccedilatildeo

Conforme postulam Krieger e Finatto (2004 p 24) tomando como referecircncia

Rondeau (1984 p1) qualquer histoacuteria sobre as linguagens especializadas natildeo pode deixar de

lembrar que

A terminologia natildeo eacute um fenocircmeno recente Com efeito tatildeo longe quanto se

remonte na histoacuteria do homem desde que se manifesta a linguagem nos

encontramos em presenccedila de liacutenguas de especialidade eacute assim que se encontra a

terminologia dos filoacutesofos gregos a liacutengua de negoacutecios dos comerciantes cretas os

vocaacutebulos especializados da arte militar etc

Certamente a terminologia entendida como o leacutexico dos saberes teacutecnicos e

cientiacuteficos eacute uma praacutetica antiga Seu interesse deixa de estar restrito aos especialistas quando

as pessoas necessitam dominar o vocabulaacuterio especiacutefico de seus campos de competecircncia Isso

se daacute sobretudo em eacutepocas de grandes transaccedilotildees comerciais entre as naccedilotildees quando os

termos ultrapassam o acircmbito comercial expandindo-se para o mundo cientiacutefico tecnoloacutegico e

cultural

Integrando em uma proporccedilatildeo maior ou menor o cotidiano das pessoas esses

termos passam a ser inscritos em dicionaacuterios de liacutengua Consequentemente ampliam-se o

contato e o uso das terminologias mesmo com alteraccedilotildees denominativas e perdas conceituais

efeitos proacuteprios da divulgaccedilatildeo do conhecimento em grande escala

Todo esse conjunto de fatores sociais linguiacutesticos e culturais em torno do termo

despertou nosso interesse em pesquisar a terminologia naacuteutica no primeiro Diccionario da

Lingua Brasileira de Luiz Maria da Silva Pinto publicado na cidade mineira de Ouro Preto

no ano de 1832 Levaram-nos a propor esta pesquisa questotildees como i) quais seriam os

primeiros termos que fizeram parte de um dicionaacuterio que se intitula brasileiro ii) por que

eles seriam selecionados essa terminologia naacuteutica fazia parte realmente do leacutexico

brasileiro ou era ldquoidealrdquo que fizesse

Nossas discussotildees se dividiratildeo em 6 capiacutetulos

No capiacutetulo I intitulado O Leacutexico em foco abordaremos o estudo do leacutexico

como a aacuterea da liacutengua responsaacutevel por registrar o conhecimento do universo enfocando

principalmente os estudos realizados por Biderman Discorreremos acerca da lexicologia e da

lexicografia de seus pressupostos teoacutericos desenvolvidos por Matoreacute Haensch Biderman

Krieger e Finatto Discorreremos tambeacutem sobre os Dicionaacuterios na eacutepoca do Brasil Colocircnia

destacando as obras biliacutengues e monolingues A Terminologia seraacute enfocada neste capiacutetulo

15

com pressupostos definidos por Barros Ainda neste capiacutetulo trataremos do dicionaacuterio em

estudo e de seu impressor Luiz Maria da Silva Pinto

No capiacutetulo II Contextualizaccedilatildeo histoacuterica versaremos sobre as grandes

navegaccedilotildees destacando as navegaccedilotildees nas eacutepocas do Brasil Colocircnia e do Brasil Impeacuterio

No capiacutetulo III denominado Procedimentos metodoloacutegicos apresentaremos os

meacutetodos utilizados nas vaacuterias etapas do nosso estudo Enfocaremos os procedimentos

adotados para a coleta dos dados a construccedilatildeo do corpus a metodologia para a confecccedilatildeo das

fichas lexicograacuteficas que seratildeo apresentadas no capiacutetulo 4 e tambeacutem os criteacuterios empregados

para a seleccedilatildeo dos dicionaacuterios consultados Neste capiacutetulo baseando-nos em Murakawa

(2010) faremos um breve relato do Banco de Dados do Projeto Dicionaacuterio Histoacuterico do

Portuguecircs do Brasil ndash seacuteculos XVI XVII XVIII base de dados usada como consulta neste

trabalho

No capiacutetulo IV intitulado Apresentaccedilatildeo e descriccedilatildeo dos dados apresentaremos

o nosso corpus referente agrave terminologia naacuteutica coletado na obra Diccionario da Lingua

Brasileira de Luiz Maria da Silva Pinto Os dados retirados do corpus seratildeo apresentados na

forma de fichas lexicograacuteficas contendo a) a transcriccedilatildeo do verbete selecionado b) registros

em dicionaacuterios c) abonaccedilatildeo do termo em Banco de Dados d) comentaacuterios e) origens Essas

informaccedilotildees serviratildeo de subsiacutedio para nossa anaacutelise linguiacutestica

No capiacutetulo V designado como Anaacutelise e discussatildeo dos resultados

apresentaremos anaacutelises quantitativas e discussatildeo de resultados

No capiacutetulo VI abordaremos algumas Consideraccedilotildees finais sobre nossa

pesquisa quando seratildeo relembrados nossos objetivos e as conclusotildees decorrentes das anaacutelises

propostas

16

Capiacutetulo 1

17

Capiacutetulo 1 ndash O Leacutexico em foco

Segundo Biderman (1998 p 11) o leacutexico de uma liacutengua constitui uma forma de

registrar o conhecimento do universo Atraveacutes de um processo criativo de organizaccedilatildeo o

homem rotula seres e objetos e os classifica simultaneamente identificando semelhanccedilas e

distinguindo traccedilos estruturando o mundo que o cerca Assim se processa a geraccedilatildeo do leacutexico

ou seja atraveacutes de atos sucessivos de cogniccedilatildeo da realidade e de categorizaccedilatildeo da

experiecircncia cristalizada em signos linguiacutesticos as palavras

Em vista disso o leacutexico que integra uma liacutengua conserva uma estreita relaccedilatildeo com

a histoacuteria soacutecio-cultural de uma comunidade jaacute que sintetiza a sua maneira de ver o mundo

recortando realidades e tambeacutem fatos de cultura Evidencia-se portanto como um espaccedilo de

produccedilatildeo de significaccedilatildeo articulado pelos elementos de ordem focircnica morfoloacutegica semacircntica

e gramatical como atesta Lepschy (1984 p 156) Todo o funcionamento da liacutengua em seus

vaacuterios niacuteveis parece constar de sistemas que giram agrave volta da palavra

Contemporaneamente em trecircs grandes aacutereas se divide o estudo da palavra ou o

estudo do leacutexico a Lexicologia a Lexicografia e a Terminologia De acordo com Biderman

(1998 p 7-8)

Embora complementares entre si essas aacutereas possuem objeto de estudo

metodologia e pressupostos teoacutericos distintos Enquanto a primeira ocupa-se dos

problemas teoacutericos que embasam o estudo do leacutexico a segunda estaacute voltada para as

teacutecnicas de elaboraccedilatildeo dos dicionaacuterios para o estudo da descriccedilatildeo da liacutengua feita

pelas obras lexicograacuteficas Jaacute a terceira aacuterea tem como objeto de estudo o termo a

palavra especializada os conceitos proacuteprios de diferentes aacutereas de especialidades

O notoacuterio desenvolvimento que se vem observando nessas duas uacuteltimas deacutecadas

nas aacutereas de lexicologia lexicografia e terminologia tem evidenciado a importacircncia das

pesquisas que estatildeo sendo empreendidas nesse campo bem como suscitado reflexotildees a

respeito de seus campos de atuaccedilatildeo

11 Lexicologia

A Lexicologia eacute consensualmente definida como o estudo cientiacutefico do leacutexico em

suas relaccedilotildees linguiacutesticas pragmaacuteticas discursivas histoacutericas e culturais conforme afirma

Finatto (2004 p44) Essa ciecircncia estaacute intimamente relacionada agrave complexidade bem como agrave

multiplicidade de facetas e abordagens que a palavra encerra e permite Por isso configura-se

como um campo de conhecimento de caraacuteter transdisciplinar dado que a palavra eacute um lugar de

encontro e interesse particular de muitas ciecircncias embora tenha sido na ciecircncia linguiacutestica

que essa aacuterea se estabeleceu

18

Haensch (1982 p 91) mostra que essa disciplina cientiacutefica inscrita na aacuterea da

linguiacutestica pode ser concebida de diversas maneiras por diversos autores desse modo

segundo ele torna-se legiacutetimo ser fiel a uma definiccedilatildeo ao tratar do objeto de estudo

Entretanto entre essas diversas definiccedilotildees existem pontos em comum jaacute que se define sempre

como leacutexicolsquo um conjunto de significantes verbais ou de signos (na concepccedilatildeo bilateral de

signo)1 Haensch (1982 p 92-93) chama de lexicologia a descriccedilatildeo do leacutexico que se ocupa

das estruturas e regularidades dentro da totalidade do leacutexico de um sistema individual ou de

um sistema coletivo2

Assim definida a lexicologia pode ter seu enfoque tanto a partir do leacutexico total de

um sistema individual quanto no leacutexico de um sistema coletivo examinando em ambos os

casos as estruturas e as regularidades que podem neles se encontrar

Nessa aacuterea conhecida como Lexicologia estrutural desenvolveram-se estudos

correlacionando leacutexico e sociedade Enquadram-se aqui as pesquisas desenvolvidas por

George Matoreacute (1953) inscritas na obra La meacutethode en lexicologie Para Matoreacute (1953 p37)

a palavra analisa e objetiva o pensamento individual assumindo um valor coletivo haacute uma

socialidade proacutepria da liacutengua A partir dessa obra os linguistas passam a considerar os

aspectos sociais no estudo do leacutexico o que fez com que a Lexicologia comeccedilasse a ser vista

como uma disciplina de caraacuteter socioloacutegico Defendia esse linguista como princiacutepio teoacuterico

que o leacutexico eacute testemunha de uma sociedade de uma eacutepoca seus elementos satildeo palavras-

testemunhas ndash mots teacutemoins elementos particularmente importantes em funccedilatildeo dos quais a

estrutura lexicoloacutegica se hierarquiza e se coordena3 (traduccedilatildeo nossa) Em sua abordagem

social da Lexicologia Matoreacute (1953) informa que

ao constatar a impossibilidade de dissociar na linguagem a forma do conteuacutedo a

Lexicologia se fundamentara natildeo sobre formas isoladas mas sobre conjuntos de

noccedilotildees a estrutura e as relaccedilotildees sendo explicadas pelos fatos sociais dos quais os

fatos do vocabulaacuterio satildeo ao mesmo tempo o reflexo e a condiccedilatildeo4 (TN)

1 [] se define siempre como bdquoleacutexico‟ um conjunto de significantes verbales o de signos (em la concepcioacuten

bilateral de signo) 2 [] a la descripcioacuten del leacutexico que se ocupa de latildes estructuras y regularidades dentro de la totalidad del leacutexico

de um sistema individual o de um sistema coectivo 3 [] des eacuteleacutements particuliegraverement importants em fonction desquels la structure lexicologique se hieacuterarchise et

se coordonne Nous proposons pour deacutesigner ces eacuteleacutements caracteacuteristiques l‟expression de mots-teacutemoins

(Matoreacute 1953 65) 4 [] constatant l‟impossibiliteacute de dissocier dans le langage la forme du contenu la lexicologie se fondera non

pas sur des formes isoleacutees mais sur des ensembles de notions la structure et les relation eacutetant espliqueacutees par les

faits sociaux dont les faits de vocabulaire sont agrave la fois le reflet et la condition (MATORE 1953 p 94)

19

Corroborando a afirmaccedilatildeo assumida por Matoreacute Biderman (1981 p 132)

acrescenta que

eacute pela palavra (pela nomeaccedilatildeo) que o homem exerce a sua capacidade de abstrair e de

generalizar o individual o subjetivo A palavra cristaliza o conceito resultante dessa

operaccedilatildeo mental possibilitando a sua transmissatildeo agraves geraccedilotildees seguintes

Sobre os limites e o alcance da Lexicologia muito se tem discutido Pergunta-se

i) quais deveriam ser os limites dessa disciplina cientiacutefica ii) quais as causas dos inuacutemeros

desencontros no que se refere agrave natureza da Lexicologia Satildeo questotildees bastante pertinentes

pois sendo o leacutexico o uacutenico domiacutenio da liacutengua que constitui um sistema aberto diversamente

dos demais que constituem sistema fechados (fonologia morfologia e sintaxe) eacute

reconhecidamente o niacutevel da liacutengua mais resistente agrave sistematizaccedilatildeo tendo em vista seu

caraacuteter dinacircmico

111 Leacutexico

Estudar o leacutexico de uma liacutengua eacute enveredar pela histoacuteria costumes haacutebitos de um

povo ou de uma sociedade Sem duacutevida as palavras podem ser consideradas como forte

elemento de coesatildeo social constituindo elos entre os indiviacuteduos dando-lhes consciecircncia de

que pertencem a uma comunidade (tambeacutem linguiacutestica)

Conforme afirmam Mussalim e Bentes ( 2001 p 21-47)

A relaccedilatildeo leacutexico e sociedade eacute mais profunda do que se imagina A proacutepria liacutengua

como sistema acompanha de perto a evoluccedilatildeo da sociedade e reflete de certo modo

os padrotildees de comportamento que variam em funccedilatildeo do tempo e do espaccedilo

Inversamente pode-se supor que certas atitudes sociais ou manifestaccedilotildees do

pensamento sejam influenciadas pelas caracteriacutesticas que a liacutengua da comunidade

apresenta

Um dos estudos mais antigos sobre o leacutexico remonta a Panini ao seacuteculo IV aC

na Iacutendia Em sua gramaacutetica Panini estudou o sacircnscrito e definiu elementos significativos

dessa liacutengua

No Ocidente devemos aos gregos as primeiras reflexotildees conhecidas sobre o

leacutexico Tivemos tambeacutem a contribuiccedilatildeo dos latinos Esses desenvolveram estudos

gramaticais mostrando a oposiccedilatildeo entre sistema (gramaacutetica da liacutengua) e norma (uso social

efetivo)

20

Do Renascimento ateacute o seacuteculo XVIII podemos dizer que o estudo do leacutexico se

desenvolveu basicamente em torno de dois eixos i) confecccedilatildeo de dicionaacuterios ii) estudo da

palavra numa perspectiva filosoacutefica

Com relaccedilatildeo aos primeiros apesar de existirem desde tempos remotos com as

antigas listas lexicais como ideogramas chineses lista de palavras aparentadas ou ainda

listas de palavras biliacutengues ndash as listas mais conhecidas satildeo o Appendix Probi (anocircnimo) o

glossaacuterio de Reicheneau (seacuteculo VII) o glossaacuterio de Caacutessel (seacuteculo IX) ndash foi no seacuteculo XVI

no Ocidente que sistematicamente se iniciam os estudos de descriccedilatildeo ordenada do leacutexico

Isso se daacute com a invenccedilatildeo da imprensa quando surgiram os dicionaacuterios monoliacutengues e

pluriliacutengues

Os estudos filosoacuteficos por sua vez acabaram por influenciar o pensamento dos

gramaacuteticos da eacutepoca que procuravam definir os fatores constitutivos da linguagem e das

liacutenguas

No seacuteculo XIX haacute mudanccedilas no foco de estudo da Lexicologia a palavra passa a

ser vista como uma forma cuja natureza foneacutetica e fonoloacutegica deveria ser observada Os

estudiosos da eacutepoca deixam de se preocupar com a relaccedilatildeo pensamento e palavra e o interesse

passa a ser a comparaccedilatildeo das formas linguiacutesticas marca predominantemente deste seacuteculo

Surge o meacutetodo da Gramaacutetica Comparada lanccedilado por Franz Bopp enquanto aumentam o

interesse pelos textos medievais despertados na eacutepoca do Romantismo

Nos finais desse seacuteculo com a marca triunfal da Geografia Linguiacutestica e

consequentemente o florescimento da Onomasiologia o interesse linguiacutestico passa pouco a

pouco da investigaccedilatildeo foneacutetica para o estudo dos problemas lexicais No VII Congresso

Internacional de Linguiacutestica em 1952 na cidade de Londres os conceitos linguiacutesticos gerais

satildeo elaborados sobre uma base fenomenoloacutegica significando um sistema de referecircncias

extralinguiacutestico Ateacute entatildeo os dicionaacuterios satildeo sistematizados sem relacionarem as definiccedilotildees

com os sinocircnimos existentes

A partir da deacutecada de 50 com a obra La meacutethode em lexicologie de Georges

Matoreacute (1953) seguindo a linha estruturalista os linguistas passam a considerar os aspectos

sociais no estudo do leacutexico enfocando a palavra natildeo como um objeto isolado mas como parte

de uma estrutura social responsaacutevel por nomear e exprimir o universo de uma sociedade

Postura que ateacute hoje encontra-se bastante recorrente nos estudos sobre a palavra conforme

mostra o dizer de Seabra (2006 p 7)

21

[] o leacutexico encontra-se arraigado na histoacuteria tradiccedilatildeo e costumes de um povo

estando por isso em constante processo de expansatildeo alteraccedilatildeo e contraccedilatildeo Devido

a essas caracteriacutesticas eacute considerado o subsistema mais dinacircmico da liacutengua

Podemos dizer que a histoacuteria da formaccedilatildeo do leacutexico natildeo corresponde a um

processo linear continuado Ela decorre de vaacuterios estados de produccedilatildeo do saber linguiacutestico e

das transformaccedilotildees sofridas pelas unidades lexicais ao longo dos processos histoacutericos as

palavras se submetem a bloqueios desvios apagamentos deslocamentos enquanto

constroem redes de memoacuteria e filiaccedilotildees soacutecio-histoacutericas Sem duacutevida alguma o movimento

de uma cultura leva ao movimento de palavras Essa eacute a maneira como a liacutengua se ajusta agrave

evoluccedilatildeo da sociedade

Biderman (1978 139) ao tratar de questotildees inerentes agrave relaccedilatildeo leacutexico e

sociedade argumenta que o universo semacircntico se estrutura em torno de dois polos opostos

o indiviacuteduo e a sociedade Dessa tensatildeo em movimento se origina o leacutexico De acordo com

essa linguista podemos ver o leacutexico como

o patrimocircnio social da comunidade por excelecircncia juntamente com outros

siacutembolos da heranccedila cultural Dentro desse acircngulo de visatildeo esse tesouro leacutexico eacute

transmitido de geraccedilatildeo para geraccedilatildeo como signos operacionais por meio dos quais

os indiviacuteduos de cada geraccedilatildeo podem pensar e exprimir seus sentimentos e ideias5

Atraveacutes do universo vocabular a liacutengua reflete a cultura da sociedade servindo de

meio de expressatildeo e interaccedilatildeo social para mundo que a cerca por isso o leacutexico se expande se

altera e agraves vezes se contrai Sobre essa questatildeo Biderman (2001 p 179) assim se

manifesta

As mudanccedilas sociais e culturais acarretam alteraccedilotildees nos usos vocabulares daiacute

resulta que unidades ou setores completos do Leacutexico podem ser marginalizados

entrar em desuso e vir a desaparecer Inversamente poreacutem podem ser ressuscitados

termos que voltam agrave circulaccedilatildeo geralmente com novas conotaccedilotildees Enfim novos

vocaacutebulos ou novas significaccedilotildees de vocaacutebulos jaacute existentes surgem para

enriquecer o Leacutexico

O leacutexico classifica de maneira uacutenica as experiecircncias humanas de uma cultura natildeo

apresentando deste modo apenas um conjunto de palavras mas uma espeacutecie de ponte entre

os falantes de uma liacutengua em suas condiccedilotildees reais de uso A criatividade lexical dos falantes

possibilita que eles criem e recriem de acordo com suas necessidades sociointeracionais

Guilbert6 ressalta que o leacutexico ao contraacuterio da gramaacutetica sofre transformaccedilotildees

muito mais raacutepidas visto que natildeo se constitui de natureza puramente linguiacutestica Para ele o

5 BIDERMAN 1981 p 132

6 GUILBERT 1992 p 30

22

leacutexico participa da estrutura linguiacutestica da liacutengua e tambeacutem espelha nessa liacutengua as

diversidades sociais e culturais

Predominantemente de origem latina a histoacuteria do leacutexico portuguecircs reflete

tambeacutem a histoacuteria da liacutengua portuguesa e os contatos de seus falantes com as mais

diversificadas realidades linguiacutesticas

1111 Leacutexico e Referecircncia

Caracteriza-se a liacutengua para Saussure como um produto social da faculdade da

linguagem isto eacute a liacutengua eacute um fato social no sentido de que eacute um sistema convencional

adquirido pelos indiviacuteduos no conviacutevio social Esse grande mestre da linguiacutestica estruturalista

concebe a liacutengua como um sistema de signos que por si soacute datildeo conta da significaccedilatildeo No

capiacutetulo ldquoImutabilidade e mutabilidade do signordquo da obra Cours Saussure afirma que a

comunidade linguiacutestica impotildee ao falante um significante e que o ldquosigno linguiacutestico escapa agrave

nossa vontaderdquo isto eacute seja qual for o momento histoacuterico em que focalizarmos o idioma a

liacutengua evidencia-se sempre como uma heranccedila de eacutepocas anteriores Ao conceituar o que eacute

signo ele deixa marcada a distinccedilatildeo entre entidades psiacutequicas (que constituiriam o signo) e

fiacutesicas (que lhe seriam estranhas)

Os termos implicados no signo linguiacutestico satildeo ambos psiacutequicos e estatildeo unidos em

nosso ceacuterebro por um viacutenculo de associaccedilatildeo [] O signo linguiacutestico une natildeo uma

coisa e um palavra mas um conceito e uma imagem acuacutestica Esta natildeo eacute o som

material coisa puramente fiacutesica mas a impressatildeo psiacutequica desse som a

representaccedilatildeo que dele nos daacute o testemunho de nossos sentidos [] O signo

linguiacutestico eacute pois uma entidade psiacutequica de duas faces [] Esses dois elementos

estatildeo intimamente unidos e um reclama o outro (SAUSSURE 1970 p 79-80)

Essa dicotomia saussuriana (significadosignificante) usada para distinguir as

duas faces psiacutequicas e indissociaacuteveis do signo linguiacutestico desde entatildeo foi analisada na

literatura linguiacutestica resultando na expansatildeo e substituiccedilatildeo pela forma triaacutedica formulada por

Charles K Ogden e Ivor A Richards

A figura triangular de Ogden e Richards (1956) ganhou respeito entre os

estudiosos por representar em um de seus veacutertices a figura do referente isto eacute da ldquocoisardquo

extralinguiacutestica que os autores distinguiam claramente de referecircncia (o conceito o

significado) e de signo (o nome a palavra o significante) Esse triacircngulo foi reaplicado por

Lyons (1977 p 85) sendo a partir dessa eacutepoca bastante utilizado em estudos lexicoloacutegicos e

semacircnticos A relaccedilatildeo triaacutedica sugerida pelos autores citados pode ser assim representada

23

FIGURA 1 Relaccedilatildeo triaacutedica7

As linhas que ligam o nome ao sentido e este uacuteltimo ao referente satildeo contiacutenuas

representando relaccedilotildees diretas Jaacute a linha pontilhada ligando o nome ao referente indica uma

relaccedilatildeo indireta que deve necessariamente ser mediada pelo sentido ou seja a identificaccedilatildeo

do referente passa pelo sentido do nome Cabe salientar que a presenccedila do referente foi

durante muito tempo ignorada pelos linguistas que se ocuparam fundamentalmente da

gramaacutetica e de questotildees sintaacuteticas Contudo o chamado ldquotriacircngulo da significaccedilatildeordquo reavivou

o interesse de inuacutemeros teoacutericos

A reformulaccedilatildeo do triacircngulo de Ogden e Richards (1956) adaptado por Biderman

(1998 p 116) busca ilustrar a dimensatildeo linguiacutestica da palavra ou seja evidenciando

justamente o lado direito do triacircngulo o lado em que se coloca o referente jaacute como uma

transformaccedilatildeo da realidade como parte integrante do signo linguiacutestico

7 Haacute discordacircncia entre vaacuterios autores quanto aos termos utilizados e tambeacutem quanto agraves definiccedilotildees para cada

termo Entretanto natildeo eacute objetivo deste trabalho entrar nessa questatildeo

24

FIGURA 2 Triacircngulo de Ogden e Richards adaptado por Biderman

Nesse quadro teoacuterico visto como modelo e modelador de cultura o estudo sobre

o leacutexico permite compreender conceitos e ocorrecircncias da vida cotidiana Eacute importante

ressaltar que agrave realidade (parte acrescentada por Biderman) diz respeito o ambiente e

tambeacutem a cultura herdada A transmissatildeo do repertoacuterio lexical de geraccedilatildeo em geraccedilatildeo atraveacutes

da educaccedilatildeo informal e formal exerce papel importante na categorizaccedilatildeoconceptualizaccedilatildeo do

universo ao fornecer ao indiviacuteduo um estoque de nomes jaacute codificados nessa cultura

conforme bem mostra Biderman (1998 p 104)

Eacute preciso lembrar ainda que o vocabulaacuterio natildeo eacute criado (ou recriado) pelo indiviacuteduo

mas que ele eacute adquirido atraveacutes do processo social da educaccedilatildeo De fato atraveacutes do

processo de educaccedilatildeo social o homem adquire tanto a liacutengua da sua comunidade

como o seu vocabulaacuterio Nessa aprendizagem o falante-aprendiz recebe da sociedade

um produto acabado ndash a liacutengua ndash que vem a ser o produto da experiecircncia acumulada

historicamente na cultura da sua sociedade Essa cristalizaccedilatildeo da experiecircncia social

tanto cultural como linguiacutestica eacute o ponto de partida e o fundamento tanto do

pensamento como da linguagem individual

Liacutengua e cultura formam pois um todo indissociaacutevel que natildeo eacute ensinado em

nenhum lugar especial mas adquirido ao sabor dos acontecimentos cotidianos e o

vocabulaacuterio siacutembolo verbal da cultura perpetua a heranccedila cultural atraveacutes dos signos

verbais8

8 BIDERMAN 1998 p5

25

12 Lexicografia

As ciecircncias da linguagem constituiacutedas pelo saber linguiacutestico resultam do

aparecimento da escrita 3000 aC Segundo Nunes (1996 p 34) o advento da escrita

constitui a primeira grande revoluccedilatildeo tecnoloacutegica dessas ciecircncias A segunda revoluccedilatildeo seria

a da ldquogramatizaccedilatildeordquo isto eacute o processo pelo qual se descreve e se instrumenta uma liacutengua

atraveacutes de duas tecnologias9 ndash a gramaacutetica e o dicionaacuterio

Objeto de nossa pesquisa a palavra bdquodicionaacuterio‟ segundo Cunha (2007 p 263)

tem sua origem provavelmente do francecircs dictionnaire derivado do latim medieval

dictiōnārĭum de dictĭo-ōnis ou seja livro de dictiones ldquolivro de expressotildees e palavrasrdquo O

dicionaacuterio eacute visto geralmente como um objeto de consulta que apresenta os significados das

palavras com a certitude do saber de um especialista e eventualmente desse modo como uma

obra de referecircncia agrave disposiccedilatildeo dos leitores nos momentos de duacutevida e de desejo de saber

Se entendermos que todo o conhecimento humano estaacute condensado em palavras

entenderemos que essa necessidade de estruturaccedilatildeo do leacutexico eacute algo inerente ao espiacuterito ou

ceacuterebro humano que diante de um novo ser ou fato vecirc-se compelido a processar o novo a

partir daquilo que jaacute sabe ou conhece Nesse processo de categorizaccedilatildeo percepccedilatildeo e

comparaccedilatildeo do novo com referentes similares eacute que se daacute a nomeaccedilatildeo ndash o homem identifica

as propriedades distintivas e caracteriacutesticas do referente para nomeaacute-lo E na medida em que o

denomina sente tambeacutem que o domina Uma vez designado o referente passa a integrar ao

menos parcialmente o conjunto de nossos domiacutenios cognitivos possibilitando sua

apropriaccedilatildeo e transmissatildeo agraves geraccedilotildees seguintes

Por consistir nesse espaccedilo imaginaacuterio de certitude sustentado pela acumulaccedilatildeo e

pela repeticcedilatildeo o dicionaacuterio constitui um rico material para anaacutelise dos modos de dizer de uma

sociedade Nele as significaccedilotildees natildeo satildeo aquelas que se singularizam em um texto tomado

isoladamente mas sim as que se sedimentam e que se apresentam traccedilos significativos de uma

eacutepoca

De acordo com Krieger (2006 p 173-187)

o dicionaacuterio de liacutengua ndash a mais prototiacutepica das obras lexicograacuteficas ndash constitui-se no

uacutenico lugar que reuacutene de modo sistemaacutetico o conjunto dos itens lexicais criados e

utilizados por uma comunidade linguiacutestica permitindo que ela reconheccedila-se a

si mesma em sua histoacuteria e em sua cultura Aleacutem de se constituir em espelho da

memoacuteria social da liacutengua o dicionaacuterio desempenha o papel de legitimar o leacutexico

9 Entende-se neste texto tecnologia como conjunto de teacutecnicas especiacuteficas de determinado domiacutenio

26

E como tal alcanccedila o estatuto de um coacutedigo normativo que define paracircmetros

orientadores dos usos lexicais Converte-se portanto no testemunho por excelecircncia da

constituiccedilatildeo histoacuterica do leacutexico de um idioma bem como da identidade linguiacutestico-cultural de

comunidades Nessa medida atribui coesatildeo agraves sociedades e projeccedilatildeo agraves suas culturas10

121 Dicionaacuterio

Como disciplina linguiacutestica a Lexicografia contemporacircnea divide-se em duas

grandes aacutereas Lexicografia praacutetica e Lexicografia teoacuterica A primeira se ocupa da descriccedilatildeo

do leacutexico e tem como um de seus principais objetivos produzir obras de referecircncia como

dicionaacuterios vocabulaacuterios e glossaacuterios Jaacute a Lexicografia teoacuterica ou Metalexicografia dedica-

se a todas as questotildees ligadas aos dicionaacuterios como histoacuteria problemas de elaboraccedilatildeo

anaacutelise uso

Os dicionaacuterios podem registrar uma parcela maior ou menor do leacutexico total de

uma liacutengua ou podem se restringir a um determinado tema ou ainda se referir a uma

determinada regiatildeo ndash satildeo os dicionaacuterios regionais Podem se dedicar aos fraseologismos

(expressotildees idiomaacuteticas proveacuterbios etc) agrave liacutengua escrita agrave giacuteria agrave liacutengua falada Podem ser

descritivos registrando como os itens lexicais satildeo usados na realidade ou prescritivos ndash

determinando de que maneira palavras e expressotildees deveriam ser empregadas ou criticando

seu uso Podem ser monoliacutengues (uma soacute liacutengua) biliacutengues (duas liacutenguas) triliacutengues (trecircs

liacutenguas) ou multiliacutengues

Como trazem sempre informaccedilotildees que interessam ao consulente Biderman (1998

p 15) assinala a importacircncia do dicionaacuterio de liacutengua como porta-voz da norma lexical

corrente na sociedade jaacute que esses manuais fazem uma descriccedilatildeo do vocabulaacuterio da liacutengua em

questatildeo buscando registrar e definir os signos lexicais que referem os conceitos elaborados e

cristalizados na cultura Eacute fato que essas obras exercem desde eacutepocas antigas funccedilotildees

normativas e informativas na sociedade

Aleacutem de estabilizar conceitos o dicionaacuterio normativiza a liacutengua no que concerne agrave

ortografia e agraves variaccedilotildees morfossintaacuteticas Ele tambeacutem informa sentidos vocabulares

operados no seio de uma dada comunidade num dado periacuteodo de tempo ndash comporta portanto

a memoacuteria das sociedades de diferentes eacutepocas

10

LARA citado por KRIEGER 2006 p173-187

27

1211 Os dicionaacuterios na eacutepoca do Brasil Colocircnia

O saber lexicograacutefico se inicia no Brasil com os primeiros escritos sobre o paiacutes

Nesse sentido surge juntamente com a etnografia (conhecimento de povos indiacutegenas) a

economia (mercantilismo) e a geopoliacutetica (expansatildeo territorial das naccedilotildees europeias) Os

relatos de viajantes colonos e missionaacuterios estatildeo pontuados por citaccedilotildees de termos indiacutegenas

de modo que eacute formada uma constelaccedilatildeo de comentaacuterios lexicais Os comentaacuterios dos

viajantes se direcionam para as coisas do Novo Mundo de maneira que a questatildeo da

referecircncia torna-se importante Ao descrever as novidades do paiacutes esses falantes colocam em

evidecircncia os referentes Fala-se de lugares animais plantas nunca vistos fala-se de coisas

natildeo idecircnticas mas semelhantes constata-se a existecircncia ou inexistecircncia de coisas Nessas

circunstacircncias a organizaccedilatildeo dos espaccedilos lexicais estaacute intimamente relacionada com a

geografia e a economia com os interesses de conquista e de comeacutercio

Biderman (2002 p 65) acrescenta ainda que nos primeiros seacuteculos da

colonizaccedilatildeo processa-se lentamente a aculturaccedilatildeo dos nativos por meio do idioma portuguecircs

quando os jesuiacutetas ensinavam os iacutendios a falar portuguecircs Contudo nesses primeiros seacuteculos a

liacutengua portuguesa encontrara em terras brasileiras um forte concorrente o Tupi uma liacutengua

franca empregada em grande parte do territoacuterio brasileiro Essa liacutengua geral falada em toda

costa brasileira ldquoera simples e de reduzido material morfoloacutegico natildeo possuiacutea declinaccedilatildeo nem

conjugaccedilatildeordquo (SILVA NETO 1976 p 50) Os jesuiacutetas usaram-na como instrumento de

evangelizaccedilatildeo dos indiacutegenas Portanto o contexto brasileiro nesse periacuteodo eacute marcado pela

descriccedilatildeo de liacutenguas indiacutegenas nos iniacutecios da colonizaccedilatildeo11

Quanto agrave gramatizaccedilatildeo afirma Horta (2002 p 72)

[] nesse periacuteodo atingiu apenas trecircs liacutenguas indiacutegenas o tupinambaacute (ou tupi) que

era falado na costa o kariri e o manau aleacutem das chamadas liacutenguas gerais Destacam-

se as gramaacuteticas do tupi de Anchieta (1595) e de Figueira (1621) e do kariri de

Mamiani (1699) bem como o Vocabulaacuterio na Liacutengua Brasiacutelica Este uacuteltimo deve ter

sido composto durante a segunda metade do seacuteculo XVI e no iniacutecio do XVII

11

Ateacuteo fim do seacuteculo XVIII tinham sido publicado as duas gramaacuteticas e dois catecismos em tupinambaacute aleacutem de

observaccedilotildees gramaticais textos e palavras dessa mesma liacutengua em obras francesas e uma gramaacutetica e dois

catecismos em kariri liacutengua do interior da Bahia e SergipeSomente isso Ineacuteditos que natildeo se perderam incluem

um dicionaacuterio e outros documentos do tupinambaacute e um catecismo na liacutengua amazocircnica manau aleacutem de muitos

documentos sobre a Liacutengua Geral Amazocircnica e um sobre a Liacutengua Paulista (ambas formas do tupi antigo

assumidas no uso dos mesticcedilos) Perderam-se entretanto muitos escritos certamente importantes como os

dicionaacuterios das liacutenguas Maromimim (ou Guarulho) e kariri e os catecismos em sete liacutenguas amazocircnicas feitos

pelo Pe Antocircnio VieiraEm resumo em trecircs seacuteculos da colonizaccedilatildeo do Brasil soacute nos ficaram documentos sobre

trecircs liacutenguas nativas tupinambaacute kariri e manau (RODRIGUES 1993 v 8 p86)

28

Contudo a decadecircncia da liacutengua geral comeccedilara a intensificar-se nos setecentos

por causa de maciccedila imigraccedilatildeo de portugueses para o Brasil atraiacutedos pela descoberta das

minas gerais e tambeacutem em decorrecircncia das determinaccedilotildees e ordens do Marquecircs de Pombal

para que na Colocircnia soacute se falasse a liacutengua portuguesa

Ao longo de sua histoacuteria conforme afirma Krieger12

o Brasil jamais contou com

uma poliacutetica linguiacutestica que levasse agrave valorizaccedilatildeo de alguma obra lexicograacutefica a despeito do

projeto da Academia Brasileira de Letras De toda forma os primeiros dicionaacuterios que por

diferentes razotildees e interesses passam a contemplar a realidade linguiacutestica do Brasil

desempenharam tambeacutem o papel de fixar a unidade e a pluralidade do portuguecircs aqui falado

A identificaccedilatildeo das estrateacutegias lexicograacuteficas de fixaccedilatildeo de nosso leacutexico contribui para a

histoacuteria da identidade do Portuguecircs Brasileiro tema em torno do qual muita polecircmica jaacute se

estabeleceu

Eacute importante explicitar que entendemos o processo de dicionarizaccedilatildeo como a

descriccedilatildeo e instrumentaccedilatildeo de uma liacutengua no dicionaacuterio Nunes (2006 p 43) salienta que

Considerar o dicionaacuterio como um instrumento linguiacutestico implica concebecirc-lo com

uma alteridade para o sujeito falante alteridade que se torna uma injunccedilatildeo no

processo de identificaccedilatildeo nacional educaccedilatildeo e divulgaccedilatildeo de conhecimentos

linguiacutesticos [] Assim o dicionaacuterio se apresenta como uma exterioridade para o

sujeito e interfere na relaccedilatildeo que ele entreteacutem com a liacutengua em determinadas

conjunturas

Ressalta Nunes (2002 p100) que a compreensatildeo da historicidade da

dicionarizaccedilatildeo traz elementos para abordar questotildees de eacutetica e de poliacutetica linguiacutestica levando-

se em conta o processo de produccedilatildeo dos dicionaacuterios com os diversos fatores soacutecio-histoacutericos

aiacute envolvidos

Como aparece um saber dicionariacutestico no Brasil Esta questatildeo suscita uma seacuterie

de apontamentos conforme um ou outro criteacuterio Se considerarmos a unidade da palavra

conforme Biderman (2005 p47) desde os primeiros relatos de viajantes temos um saber que

se volta para os termos empregados no Brasil sejam as nomeaccedilotildees em liacutengua portuguesa

desde Caminha (1500) sejam termos indiacutegenas traduzidos e comentados desde Pigafeta em

1519 como aponta Neiva (1940) Se considerarmos a forma acabada do dicionaacuterio os

biliacutengues portuguecircs-tupi foram os primeiros a aparecer na Eacutepoca Colonial (seacutec XVI-XVII)

Segundo Horta (2002 p72) o processo de dicionarizaccedilatildeo brasileiro pode ser

visualizado nas seguintes etapas i) transcriccedilatildeo alfabeacutetica de termos indiacutegenas ii) citaccedilotildees

12

Alfa Satildeo Paulo 50 (2) 173-187 2006

29

comentaacuterios traduccedilotildees de termos indiacutegenas diaacutelogos iii) listas temaacuteticas de palavras LI-LP

(Liacutengua Indiacutegena e Liacutengua Portuguesa) e LP-LI iv) dicionaacuterios biliacutengues LP-LI v)

dicionaacuterios biliacutengues LI-LP vi) dicionaacuterios monoliacutengues de LP no Brasil

12111 Dicionaacuterios Biliacutengues

Os jesuiacutetas desde sua chegada em 1549 no Brasil estabeleceram uma orientaccedilatildeo

para os estudos de liacutengua indiacutegena com fins catequeacuteticos da qual resultou a triacuteade gramaacutetica-

dicionaacuterio-doutrina Satildeo portanto os primeiros dicionaacuterios alfabeacuteticos brasileiros concebidos

por missionaacuterios obras biliacutengues (portuguecircs-indiacutegena)

O Vocabulaacuterio na Liacutengua Brasiacutelica (VLB) anocircnimo circulou pelas missotildees e

coleacutegios jesuiacutetas do Brasil na segunda metade do seacuteculo XVI e nos seacuteculos XVII e XVIII Satildeo

conhecidos vaacuterios manuscritos desse dicionaacuterio que natildeo foi publicado integralmente senatildeo

em 1938 por Pliacutenio Ayrosa Essa obra traz a representaccedilatildeo de uma unidade do espaccedilo

linguiacutestico brasileiro a chamada ldquoliacutengua brasiacutelicardquo a que Anchieta se refere tambeacutem como ldquoa

liacutengua mais falada na costa do Brasilrdquo e foi elaborado com o interesse praacutetico de ensinar aos

missionaacuterios a liacutengua indiacutegena a fim de converter os nativos

Outro dicionaacuterio bastante importante na eacutepoca colonial eacute o Dicionaacuterio Portuguecircs-

Brasiliano (DPB) publicado em Lisboa em 1795 O percurso que vai desde o manuscrito do

DPB ateacute sua ediccedilatildeo reflete a substituiccedilatildeo da praacutetica jesuiacutetica banida do paiacutes em 1759 pela

praacutetica editorial e de arquivo que vem marcar o final do seacuteculo XVII e iniacutecio do XVIII Esta

acentuaria com a chegada da imprensa ao Brasil e com a poliacutetica linguiacutestica promovida pelo

Impeacuterio

Outro momento de destaque na histoacuteria dos dicionaacuterios biliacutengues no Brasil foi o

aparecimento do primeiro dicionaacuterio (liacutengua indiacutegena-liacutengua portuguesa) Ainda na forma

manuscrita encontram-se dois dicionaacuterios o manuscrito do Dicionaacuterio Brasiliano-Portuguecircs

(DBP) de Frei Veloso e o manuscrito do Vocabulaacuterio na Liacutengua Geral (VLG- Poranduba) de

Frei Prazeres do Maranhatildeo(1826)

Alguns estudiosos brasileiros (Gonccedilalves Dias Ferreira Franccedila Prazeres do

Maranhatildeo) e estrangeiros (Martius Platzman) realizaram compilaccedilotildees de dicionaacuterios dos

jesuiacutetas no Brasil acrescentando ou suprimindo termos atualizando o corpo dos verbetes

introduzindo comentaacuterios gramaticais ou mesmo reduzindo os dicionaacuterios de caraacuteter

enciclopeacutedico a glossaacuterios termo a termo Podemos incluir dentre as obras produzidas nesse

contexto a Chrestomathia da Liacutengua Brasiacutelica de Ferreira Franccedila (Leipzig 1859) e o

30

Dicionaacuterio da liacutengua geral Brasiacutelica portuguecircs e alematildeo inserido na Glossaria Linguarum

Brasiliensium de Martius (1863)

12112 Dicionaacuterios Monoliacutengues

Publicado em Lisboa pela Typographia Lacerdina o primeiro dicionaacuterio

monoliacutengue do portuguecircs o Dicionaacuterio da Liacutengua Portuguesa datado de 1789 elaborado

pelo brasileiro Antocircnio de Moraes Silva constitui um marco na histoacuteria da lexicografia

brasileira A obra de Moraes preencheu o horizonte metalinguiacutestico ao longo dos seacuteculos XIX

e XX como um verdadeiro siacutembolo natildeo soacute da lexicografia mas da liacutengua em geral e da

cultura portuguesa

Moraes tomou por base o Vocabulaacuterio Portuguecircs e Latino de Raphael Bluteau e

resumiu os oito volumes daquele a apenas dois mantendo a orientaccedilatildeo de seu antecessor de

exaltar os grandes autores de liacutengua portuguesa A obra teve oito reediccedilotildees no seacuteculo XIX

(1813 1823 1831 1844 1858 18771878 1891 9a ed sd)

Na segunda ediccedilatildeo de 1813 Moraes acrescenta nos textos introdutoacuterios uma

gramaacutetica filosoacutefica aos moldes da Gramaacutetica de Port Royal o que mostra a filiaccedilatildeo agraves

concepccedilotildees racionalistas da eacutepoca

Em 1922 recebeu uma ediccedilatildeo comemorativa do centenaacuterio da Independecircncia no

Brasil a qual reproduz a segunda ediccedilatildeo de 1813 a primeira em que Moraes inclui seu nome

como autor Uma ediccedilatildeo ampliada foi publicada pela Editora Confluecircncia em 1949-59

organizada por Augusto Moreno Cardoso Juacutenior e Joseacute Pedro Machado

O Dicionaacuterio da Liacutengua Portuguesa ou o Dicionaacuterio de Moraes eacute considerado

pelos lexicoacutegrafos uma obra fundadora da lexicografia de liacutengua portuguesa servindo de base

para a confecccedilatildeo de outros dicionaacuterios em Portugal e no Brasil

Na eacutepoca do Brasil Colocircnia no que diz respeito aos dicionaacuterios monolingues

referentes agrave Liacutengua Portuguesa a partir do seacuteculo XVIII aleacutem do dicionaacuterio de Moraes

(1789) satildeo considerados representativos o Novo Dicionaacuterio da Liacutengua Portugueza (1855) de

Eduardo de Faria o Diccionario Manual Etymologico da Lingua Portugueza de Francisco

Adolfo Coelho e o Diccionario Contemporaneo da Liacutengua Portugueza de Francisco Caldas

Aulete publicado em 1881

Em se tratando de obras consideradas brasileiras os estudiosos apontam os

primeiros dicionaacuterios datados do seacuteculo XIX a saber o Diccionario Brazileiro para Servir de

Complemento aos Diccionarios de Lingua Portugueza (1853) de Costa Rubim o Diccionario

31

Brazileiro da Lingua Portugueza (1888) de Macedo Soares e o Diccionario de Vocabulos

Brazileiros (1889) de Beaurepaire-Rohan

Em todas essas trecircs obras citadas acima observam-se palavras tiacutepicas do Brasil

chamadas ldquobrasileirismosrdquo Essas obras contribuiacuteram para se questionar ldquoo caraacuteter normativo

do dicionaacuterio dando-lhe uma caracteriacutestica mais descritivardquo13

13 Terminologia

A Terminologia pode ser definida segundo Barros (2007 p 11) como o estudo

cientiacutefico dos termos usados nas liacutenguas de especialidade ou melhor empregados em

discursos e textos de aacutereas teacutecnicas cientiacuteficas e especializadas

O termo eacute entendido como ldquodesignaccedilatildeo por meio de uma unidade linguiacutestica de

um conceito definido em uma liacutengua de especialidaderdquo (ISO 1087 1990 p5) O termo eacute

portanto uma unidade lexical que designa um conceito de um domiacutenio de especialidade Eacute

tambeacutem chamado de unidade terminoloacutegica O conjunto de termos de uma aacuterea especializada

chama-se conjunto terminoloacutegico ou terminologia

O campo de pesquisa proacuteprio da Terminologia satildeo as chamadas liacutenguas de

especialidade entendidas como ldquosistemas de comunicaccedilatildeo oral ou escrita usados por uma

comunidade de especialistas de uma aacuterea particular do conhecimentordquo (PAVEL NOLET apud

BARROS 2007 p11)

Apesar de a Terminologia ser a mais contemporacircnea das ciecircncias do leacutexico o

reconhecimento formal de vocabulaacuterios especiacuteficos de determinadas aacutereas de conhecimento

especializado datam de mais de trecircs seacuteculos quando jaacute vinham com ldquomarcas de usordquo em

dicionaacuterios de liacutengua

Obra monoliacutengue o denominado dicionaacuterio geral de liacutengua consiste na referecircncia

primeira do fazer lexicograacutefico na diversificada tipologia de obras dicionariacutesticas Tal tipo de

dicionaacuterio registra o leacutexico geral de um idioma reunindo seu conjunto de palavras e locuccedilotildees

da forma mais abrangente possiacutevel Alguns desses dicionaacuterios incluem tambeacutem terminologias

em seus repertoacuterios entendendo que essas integram o componente lexical das liacutenguas Nessas

obras entende-se por terminologia o conjunto de palavras marcadas pela temaacutetica de uma

aacuterea de especialidade por exemplo a terminologia da fiacutesica quacircntica da medicina da

informaacutetica a terminologia juriacutedica ou a terminologia naacuteutica ndash essa uacuteltima nosso objeto de

estudo

13

DIAS BEZERRA 2006 p 30

32

Usamos a liacutengua comum no dia-a-dia mas usamos a linguagem especializada

quando falamos sobre uma aacuterea do conhecimento e empregamos palavras que dentro dessa

aacuterea tecircm um significado particular Assim sendo para noacutes neste objeto de estudo os termos

satildeo acima de tudo unidades lexicais que tecircm a particularidade de ocorrer em discursos

especializados assumindo neles significaccedilotildees especiacuteficas e podendo em consequecircncia

denominar conceitos cientiacuteficos eou teacutecnicos

14 O Diccionario da Lingua Brasileira de Luiz Maria da Silva Pinto

Sobre os primoacuterdios da lexicografia brasileira voltamos nossos olhares para

aquela que teria sido a primeira obra escrita editada e impressa no Brasil ndash o Diccionario da

Lingua Brasileira de Luiz Maria da Silva Pinto

FOTO 1 Diccionario da Lingua Brasileira

Fonte acervo pessoal

Praticamente desconhecida dos pesquisadores ateacute fins do seacuteculo XX por

iniciativa do professor Joatildeo Mendonccedila Teles ndash do Instituto Histoacuterico e Geograacutefico Brasileiro

ndash essa obra foi reeditada em ediccedilatildeo fac-siacutemile com patrociacutenio da Caixa Econocircmica Federal

pela Sociedade Goiana de Cultura e pelo Centro de Cultura Goiana da Universidade Catoacutelica

de Goiaacutes do qual Teles era coordenador em 1996

33

FOTO 2 Detalhe da capa do Diccionario

Fonte acervo pessoal

Sabemos que a histoacuteria da imprensa no Brasil tem seu iniacutecio oficial em 1808 com

a chegada da famiacutelia real portuguesa Antes dessa eacutepoca toda atividade de imprensa -

publicaccedilatildeo de jornais livros ou panfletos ndash era proibida conforme Carta Reacutegia de 1706 que

mandava sequestrar e destruir qualquer modalidade de atividade tipograacutefica que fosse

encontrada como tambeacutem punir seus proprietaacuterios Mesmo assim em caraacuteter clandestino

algumas impressotildees foram realizadas em Minas dentre elas citamos o poema laudatoacuterio

escrito por Diogo Pereira Ribeiro de Vasconcelos intitulado Canto Encomiaacutestico publicado

por Padre Viegas14

Padre Viegas ou o Padre Joaquim Viegas de Menezes em funccedilatildeo dos

conhecimentos especializados que possuiacutea dirigiu em 1820 em Ouro Preto juntamente com

o artiacutefice portuguecircs Manuel Joseacute Barbosa Pimenta e Sal e alguns operaacuterios a construccedilatildeo da

primeira tipografia mineira a Tyipografia Patriacutecia assim denominada em referecircncia agrave paacutetria

Daacute-se nessa tipografia o iniacutecio da imprensa perioacutedica em Minas Gerais com a circulaccedilatildeo do

jornal Compilador Mineiro em 13 de outubro de 182315

encerrada em 9 de janeiro de 1824

Apenas trecircs dias apoacutes o seu desaparecimento surgiu impresso na mesma tipografia e com o

objetivo expresso de substituir o Compilador o perioacutedico A Abelha do Itaculumy (1824-

1825)

Ainda nesse periacuteodo em 8 de abril de 1822 o goiano que residia em Ouro Preto

o major Luiz Maria da Silva Pinto propotildee a iniciativa de um plano para a instalaccedilatildeo da

primeira tipografia oficial do Estado aleacutem da publicaccedilatildeo de uma folha como porta-voz dos

atos governamentais Esse major foi o principal impressor de Ouro Preto durante vaacuterios anos

14

SEABRA 2008 p 151 15

COSTA FILHO A Imprensa Mineira no Primeiro Reinado

34

tornando-se o administrador do estabelecimento real A graacutefica real estreia tipos e prelos com

a produccedilatildeo dos impressos avulsos do poder oficial da Capitania e das diversas reparticcedilotildees

puacuteblicas aleacutem de papeis de encomenda particular

Luiz Maria da Silva Pinto nasceu em Pilar de Goiaacutes em 15 de marccedilo de 1775 e

faleceu em 20 de dezembro de 1869 em Vila Rica hoje Ouro Preto aos 94 anos de idade Era

filho de Joseacute Pinto da Silva e de Joaquina Maria Zunega Iniciou seus estudos em Goiaacutes

completando-os em Ouro Preto cidade para onde se transferiu em companhia de sua matildee e

irmatilde Em Ouro Preto eacute crismado por Tomaacutes Antocircnio Gonzaga e sob a proteccedilatildeo de Frei

Domingos da Encarnaccedilatildeo Pontevel Silva Pinto avanccedila em seus estudos Foi secretaacuterio do

Palaacutecio do Governo nomeado por Visconde de Barbacena e mais tarde por promoccedilatildeo ao

cargo de oficial-mor e logo em seguida major Foi tambeacutem Deputado Provincial

Procurador Fiscal da Mesa de Rendas de Minas tendo sido nomeado vice-diretor geral da

Instituiccedilatildeo Segundo Teixeira de Freitas16

Silva Pinto pode ser considerado o pai da

estatiacutestica geral mineira uma vez que quando secretaacuterio da Proviacutencia promoveu um

inqueacuterito estatiacutestico-cronograacutefico em 23 de julho de1825 aleacutem de um levantamento por ele

organizado em 1854 por ordem do Presidente de Proviacutencia Francisco D Pereira de

Vasconcellos Freitas afirma que vaacuterios satildeo os documentos que demonstram esforccedilos

repetidos da administraccedilatildeo mineira em prol da estatiacutestica geral17

Entre suas obras destaca-se

ainda O Mapa Geodeacutesio de Minas Gerais editado em 1825 Silva Pinto foi ainda membro

do Instituto Histoacuterico e Geograacutefico Brasileiro patrono da cadeira nuacutemero 29 da Academia de

Letras de Goiaacutes18

16

Diretor Geral de Informaccedilotildees Estatiacutesticas e Divulgaccedilatildeo do Ministeacuterio da Educaccedilatildeo em 1931 17

FREITAS 1940 18

MAPA Disponiacutevel em lthttpacademiagoianadeletrasorgmembroluiz-maria-da-silva-pintogt Acesso em 1

abr 2011

35

FOTO 3 Casa de Silva Pinto em Ouro Preto19

Fonte acervo pessoal

FOTO 4 Localizaccedilatildeo da casa de Silva Pinto em Ouro Preto -

Vista de Vila Rica 1820 de Armand Julien Palliegravere

Fonte acervo pessoal

Sobre as impressotildees causadas pelo Diccionario da Lingua Brasileira no meio

intelectual e ainda sobre seu autor o goiano Luiz Maria da Silva Pinto destacamos as vozes

de

a) Joseacute Pedro Xavier da Veiga ndash nas Efemeacuterides Mineiras em data de 19 de setembro de

1869 Xavier da Veiga registra o oacutebito de Luiacutes Maria da Silva Pinto consagrando-lhe uma

19

Localizada na Rua Claacuteudio Manuel nordm 129 Centro Atualmente Repuacuteblica Maracangalha propriedade da

Escola de Farmaacutecia e Bioquiacutemica de Ouro Preto UFOP

36

paacutegina biograacutefica em que aponta os seus relevantissimos serviccedilos agrave administraccedilatildeo puacuteblica de

Minas Gerais desde a uacuteltima fase do govecircrno colonial e durante meio seacuteculo Dizendo-o

homem muito inteligente extraordinariamente trabalhador e dotado de espiacuterito de organizaccedilatildeo

e de pesquisa Xavier da Veiga (1897 p 47-52) afirmando nunca ter visto o dicionaacuterio

disserta

Tambeacutem durante muitos anos o major Luiacutes Maria da Silva Pinto possuiu e dirigiu

oficinas tipograacuteficas em Ouro Precircto editando nelas muitos livros alguns bem

volumosos e em tempos difiacuteceis para a imprensa no interior do paiacutes Entre os

aludidos livros figura um dicionaacuterio portuguecircs de sua proacutepria composiccedilatildeo ao qual

deu o tiacutetulo de Dicionaacuterio da liacutengua brasileira e cujos exemplares satildeo hoje

rariacutessimos

b) Affonso E de Taunay20

ndash na obra Inopia cientiacutefica e vocabular dos grandes dicionarios

portuguezes (1932 p 147) Taunay destaca

Quarenta annos apoacutes o apparecimento do Diccionario de Moraes novo tentame de

igual natureza ao do lexicographo fluminense se daria no Brasil muito embora delle

resultase obra de mediocre valor hoje quasi totalmente esquecido o Diccionario da

Lingua Brasileira Pela terceira vez creio apparecia o nosso patronymico nacional aacute

portada dos diccionarios da lingua Fizera Bluteau garbo de que o seu tambem

[seria] brasilico entre numerosos outros predicados E Moraes como bom brasileiro

timbrara em lembrar que o seu lexico recolhera milhares de palavras de sua terra

Mas Silva Pinto fora adiante redigira um diccionario da lingua brasileira

Infelizmente poreacutem natildeo lhe correspondeu a obra aacute altissonacircncia do programma

constante do patriotico titulo Deve ter sido composto por homem inteligente e lido

que se valeu natildeo ha duvida e muito dos trabalhos de Moraes mas nem por isto

deixou de levantar em homenagem aacute riqueza vocabular da liacutengua luso-brasileira ateacute

hoje tatildeo deficiente tatildeo mesquinhamente invetariada Eacute um tanto obscura a

biographia deste nosso segundo diccionarista Luiz Maria da Silva Pinto

c) Eduardo Frieiro ndash no artigo um velho dicionaacuterio impresso em Minas21

(1955) destacamos

as impressotildees de Frieiro

Acham-se vinculados aos primeiros tempos da Tipografia em Minas trecircs nomes que

natildeo podem ser esquecidos o do mineiro Padre Viegas de Meneses o do portuguecircs

Manuel Joseacute Barbosa Pimenta e Sal e o do goiano Luiacutes Maria da Silva Pinto []

Administrava a oficina provincial o major Luis Maria da Silva Pinto que durante

vaacuterias deacutecadas foi o principal impressor de Ouro Precircto jaacute como gerente do

estabelecimento oficial jaacute como editor particular proprietaacuterio da Tipografia de

Silva cuja marca tenho encontrado em diversas obras dadas a lume de 1827 a 1848

Algumas eram de autoria do operoso Silva Pinto que chegou mesmo a publicar um

Diccionario da lingua brasileira portaacutetil de 1132 paacuteginas para remediar a penuacuteria

de vocabulaacuterios ocorrente na Proviacutencia Era o Dicionaacuterio uma compilaccedilatildeo apressada

feita pelo proacuteprio impressor que tambeacutem editou para uso das escolas de primeiras

letras numerosos voluminhos dos quais posso citar os tiacutetulos de alguns que possuo

a saber Ortografia ou Arte de escrever (1829) Aritmeacutetica ou Arte de contar (1831)

Princiacutepios da Moral cristatilde (1846) e Gramaacutetica brasileira ou Arte de falar conforme

20

TAUNAY 1932 p182 21

FRIEIRO 1955 p390-397

37

as regras da Manuel Borges Carneiro (1847) Embora se intitulasse Dicionaacuterio da

liacutengua brasileira nada tinha que ver com a fala dos aboriacutegenes nem com os

particularismos da liacutengua corrente no Brasil Era um pequeno leacutexico da liacutengua

portuguecircsa com alguns escassos brasileirismos colhidos provagravevelmenle em Moraes

Silva O caso eacute que naquela eacutepoca achando-se os Brasileiros ainda na lua de mel da

independecircncia nacional o espiacuterito nativista entatildeo muito alvoroccedilado natildeo se

contentava unicamente com a autonomia poliacutetica almejava romper todos os laccedilos

que ainda nos atavam agrave repudiada Metroacutepole inclusive o liame infrangiacutevel da liacutengua

materna Como natildeo era possiacutevel fabricar uma com peccedilas totalmente novas

chamava-se brasileira agrave liacutengua que sem deixar de ser portuguesa eacute de qualquer

forma tambeacutem a nossa

d) L G ndash que assina a nota do recorte do jornal22

(sem data) abaixo apresentado

FOTO 5 Notiacutecia de jornal

Fonte acervo pessoal

e) Paulo Mario Beserra de Araujo ndash neste iniacutecio de seacuteculo XX quando a ciecircncia linguiacutestica se

volta para a anaacutelise de dicionaacuterios e as versotildees digitais de obras se encontram disponibilizadas

na internet Araujo (2009) realizou um ldquoensaio metalexicograacutefico analiacutetico comparativo e

criacuteticordquo do Diccionario de Silva Pinto publicado com o tiacutetulo Um diccionario sem auctor

versus hum auctorlsquo com diccionario Esse pesquisador buscando estudar o que motivou

Silva Pinto a delimitar a macroestrutura de seu dicionaacuterio (cf Araujo 2009 p 9-10) mostra

inuacutemeras semelhanccedilas da obra desse autor ndash o Diccionario da Lingua Brasileira com a obra

22

Recorte encontrado na contra-capa do volume do Diccionario do Museu da Inconfidecircncia em Ouro Preto

poreacutem natildeo haacute informaccedilotildees sobre a autoria

38

ldquosem autor declarado pelo editor impressor e livreiro Francisco Rollandrdquo23

denominada

Novo Diccionario da Liacutengua Portugueza ediccedilatildeo de 1806 ldquodisponiacutevel desde 23 de fevereiro

de 2007 no website booksgoogle obtida do original existente na Taylor Institution Library

da Oxford University Oxford Inglaterrardquo24

Apoacutes um cuidadoso estudo Arauacutejo conclui que a

ldquoanaacutelise comparativa efetuada permite constatar que a semelhanccedila entre as duas obras estaacute

aleacutem do que pode ser classificado como compilaccedilatildeordquo25

Apresentamos a seguir a folha de rosto do Diccicionario da Liacutengua Brasileira

FOTO 6 Diccionario da Lingua Brasileira (1832) Fonte acervo pessoal

Diferentemente de seu colega editor responsaacutevel pela obra similar portuguesa

Silva Pinto assina a obra brasileira Com esse comportamento o consulente entende que cabe

a ele aleacutem da ediccedilatildeo a autoria do dicionaacuterio Entretanto no proacutelogo apresentado esse autor

se coloca como impressor natildeo como autor ndash ldquome suggerio o projecto de imprimir este

auxiliante da Grammatica e da Orthographiardquo deixa claro tambeacutem que a obra ao ser editada

jaacute contava com um nuacutemero de leitores ou ldquoassignantesrdquo mais do que suficientes para sua

confecccedilatildeo Isso nos leva a refletir que Silva Pinto realizou um trabalho de ediccedilatildeo de uma obra

portuguesa de faacutecil manuseio visando atender aos brasileiros Salientamos que apesar do

23

ARAUJO 2009 p 13 24

Ibidem p 10 25

Ibidem p 78

39

tiacutetulo se referir agrave variante do portuguecircs brasileiro esse dicionaacuterio tem um caraacuteter normativo

ateacute mesmo preconceituoso conforme podemos inferir no trecho do proacutelogo em que

destacamos a preocupaccedilatildeo do autor em mostrar que no nosso leacutexico havia palavras da liacutengua

portuguesa e natildeo somente dlsquoaquellas que proferem os Iacutendios Posiccedilatildeo conservadora sem

duacutevida

FOTO 7 Prologo do Diccionario da Lingua Brasileira

Fonte acervo pessoal

Mais do que descrever o leacutexico brasileiro dos primeiros anos dos oitocentos com

certeza o Diccionario da Lingua Brasileira do goiano Luiz Maria da Silva Pinto tinha como

objetivo ser prescritivista conduta bastante comum nessa eacutepoca

Publicado dez anos depois da Independecircncia do Brasil o dicionaacuterio nesse

contexto constitui-se como um instrumento de divulgaccedilatildeo da nova naccedilatildeo e da posiccedilatildeo

poliacutetica de seu editor diante dos acontecimentos histoacutericos Como homem respeitado na

sociedade local em um periacuteodo em que o Brasil acabava de ser tornar independente de

Portugal Silva Pinto se preocupava com os rumos que a liacutengua portuguesa poderia tomar e

40

como editor colocou-se como ldquoprotetorrdquo do portuguecircs lusitano ldquobem faladordquo em terras

brasileiras

A imagem que apresentamos a seguir destaca a paacutegina do dicionaacuterio que trata

das abreviaturas da obra com a inserccedilatildeo de vaacuterias terminologias dentre elas a terminologia

naacuteutica objeto de anaacutelise desta Pesquisa

IMAGEM 1 Lista de abreviaturas proposta pelo Diccionario da Lingua Brasileira

Dada a estreita relaccedilatildeo entre cultura e leacutexico abordaremos no proacuteximo capiacutetulo as

grandes navegaccedilotildees destacando a navegaccedilatildeo portuguesa em terras brasileiras

41

Capiacutetulo 2

42

Capiacutetulo 2 ndash Contextualizaccedilatildeo histoacuterica

21 As grandes navegaccedilotildees

A aventura mariacutetima portuguesa natildeo foi um marco isolado Ela se fez no contexto

de uma das maiores aventuras expansionistas empreendidas pelo homem e se tornou

conhecida como grandes navegaccedilotildees De costas para Castela e de frente para o mar a uacutenica

forma de Portugal expandir seus domiacutenios era enfrentar as aacuteguas desconhecidas

Desde 1385 com a ascensatildeo de D Joatildeo I ao trono apoacutes a Revoluccedilatildeo de Avis

antes de qualquer outro paiacutes europeu Portugal jaacute possuiacutea um Estado centralizado apoiado por

uma burguesia mercantil forte e disposta a investir na expansatildeo a fim de ampliar suas

possibilidades de lucros Construiacuteram caravelas principal meio de transporte mariacutetimo e

comercial do periacuteodo desenvolvidas com qualidade superior agraves de outras naccedilotildees Neste paiacutes

tambeacutem houve a preocupaccedilatildeo com os estudos naacuteuticos pois os portugueses chegaram a criar

ateacute mesmo um centro de estudos a Escola de Sagres Nesse centro o Infante Dom Henrique

filho do Rei Dom Joatildeo I reuniu numerosos pilotos cartoacutegrafos e astrocircnomos cujos trabalhos

favoreceram o avanccedilo da arte de navegar e impulsionaram a expansatildeo mariacutetima portuguesa A

partir daiacute com o aprimoramento da cartografia ndash em especial com o desenvolvimento das

cartas naacuteuticas ndash e com o avanccedilo das teacutecnicas de navegaccedilatildeo recorrendo ao que havia de mais

novo no campo cientiacutefico tais como a ampliaccedilatildeo dos conhecimentos sobre correntes

mariacutetimas o uso do astrolaacutebio e da buacutessola que permitia navegaccedilotildees mais seguras

privilegiando a situaccedilatildeo geograacutefica de seu paiacutes os portugueses partiram para as grandes

expediccedilotildees mariacutetimas

Entre os grandes obstaacuteculos vencidos para que fossem aleacutem do conhecido mar

Mediterracircneo estavam o medo e vaacuterias preacute-concepccedilotildees Foi necessaacuterio um longo processo de

mudanccedilas para que o povo europeu apostasse na teoria da esfericidade da Terra e se

ldquoconvencesserdquo de que havia alguma possibilidade de ir aleacutem das aacuteguas jaacute navegadas desde

muito tempo

Durante os seacuteculos XV e XVI os europeus principalmente portugueses e

espanhoacuteis lanccedilaram-se nos oceanos Paciacutefico Iacutendico e Atlacircntico com dois objetivos

principais descobrir uma nova rota mariacutetima para as Iacutendias e encontrar novas terras Este

periacuteodo ficou conhecido como a Era das Grandes Navegaccedilotildees e Descobrimentos Mariacutetimos

O iniacutecio da expansatildeo portuguesa deu-se em 1415 com a conquista da cidade de

Ceuta no norte da Aacutefrica na costa do atual Marrocos importante centro comercial da eacutepoca ndash

ponto de convergecircncia de caravanas de comerciantes aacuterabes Depois de Ceuta os portugueses

43

continuaram suas conquistas contornando a Aacutefrica em um trajeto conhecido como peacuteriplo

africano A expansatildeo portuguesa incluiu a ilha da Madeira os Accedilores Cabo Verde a

ultrapassagem do Cabo Bojador (grande obstaacuteculo para a continuaccedilatildeo da viagem e muito

temido pelos navegadores por causa das fortes ondas e dos nevoeiros comuns na regiatildeo)

Senegal e Serra Leoa

Durante o peacuteriplo africano os portugueses desenvolveram a caravela um tipo de

barco adaptado agrave navegaccedilatildeo em mar aberto e comeccedilaram a esboccedilar o audacioso plano de

contornar o sul da Aacutefrica e chegar agraves Iacutendias

MAPA 1 As grandes navegaccedilotildees26

A chegada dos portugueses ao litoral da Ameacuterica em 1500 foi portanto uma

consequecircncia da expansatildeo ultramarina anteriormente realizada em vaacuterios cantos do mundo

As grandes navegaccedilotildees transformaram Portugal em um impeacuterio respeitado em

toda agrave Europa o interesse despertado pelas viagens transoceacircnicas natildeo soacute permitiu a expansatildeo

dos conhecimentos naacuteuticos com o desenvolvimento da buacutessola do astrolaacutebio das

embarcaccedilotildees e de mapas rudimentares denominados portulanos mas tambeacutem por ser o

primeiro paiacutes europeu a iniciar a expansatildeo ultramarina teve seu comeacutercio ampliado dominou

povos e terras impocircs um sistema de colonizaccedilatildeo imprimindo aiacute sua soberania religiatildeo

cultura e liacutengua

26

NAVEGACcedilOtildeES Disponiacutevel em lthttpwwwgooglecombrsearchhl=ptgt Acesso em 1 Abr 2011

44

O desenvolvimento do comeacutercio europeu nos seacuteculos XV XVI e XVII

favorecido pelas praacuteticas mercantilistas das monarquias absolutistas foi tambeacutem chamado de

revoluccedilatildeo comercial A revoluccedilatildeo comercial caracterizou-se pela integraccedilatildeo da Ameacuterica

Aacutefrica e Aacutesia agrave economia europeia atraveacutes da navegaccedilatildeo pelo Oceano Atlacircntico pelo

aumento da circulaccedilatildeo de mercadorias e de moedas pela criaccedilatildeo de novos meacutetodos de

produccedilatildeo de manufaturas pela ampliaccedilatildeo dos bancos dos sistemas de creacutedito seguros e

demais operaccedilotildees financeiras O crescimento da agricultura da mineraccedilatildeo da metalurgia da

navegaccedilatildeo da divisatildeo do trabalho do comeacutercio colonial promoveu uma grande acumulaccedilatildeo

de capital preparando a Europa para avanccedilos importantes na produccedilatildeo o corridos a partir do

seacuteculo XVIII

22 As navegaccedilotildees na eacutepoca do Brasil Colocircnia

A primeira exploraccedilatildeo do litoral do territoacuterio descoberto foi feita pela proacutepria

esquadra de Cabral que seguiu paralelamente agrave costa em direccedilatildeo norte procurando um porto

onde os navios ficassem abrigados A partir daiacute nos primeiros trinta anos o contato com as

terras brasileiras ficou limitado ao envio de algumas expediccedilotildees de reconhecimento e defesa

do litoral e outras com o objetivo de explorar o pau-brasil uacutenico artigo que poderia ser

convertido em lucros para Portugal

Em 1530 Dom Joatildeo III enviou ao Brasil a expediccedilatildeo de Martim Afonso de Sousa

cujos principais objetivos eram verificar a existecircncia de metais preciosos explorar e patrulhar

o litoral e estabelecer os fundamentos da colonizaccedilatildeo do Brasil Martim Afonso percorreu

quase todo o litoral brasileiro de Pernambuco enviou dois barcos para explorar o litoral

norte organizou expediccedilotildees rumo ao sertatildeo partindo de Cabo Frio e de Cananeia chegou ateacute

a foz do rio da Prata e depois retornou ao litoral paulista onde fundou a vila de Satildeo Vicente

(1532) Ali se organizaram alguns povoados iniciou-se o plantio da cana e foram construiacutedos

os primeiros engenhos da colocircnia Comeccedilava assim a colonizaccedilatildeo efetiva do Brasil apoiada

inicialmente na produccedilatildeo de accediluacutecar para o mercado externo

O aproveitamento sistemaacutetico dos recursos da terra brasileira em benefiacutecio da

metroacutepole portuguesa permitiu a fixaccedilatildeo de populaccedilotildees europeias na regiatildeo o que contribuiu

para a incorporaccedilatildeo dos modelos sociais culturais e religiosos europeus no Novo Mundo

45

MAPA 2 ldquoTerra Brasilisrdquo27

A busca de colocircnias constituiacutea um dos principais objetivos dos paiacuteses

mercantilistas europeus As aacutereas coloniais eram um excelente mercado consumidor dos

manufaturados europeus e fornecedor de mateacuterias-primas e produtos agriacutecolas tropicais

As colocircnias eram vistas como instrumentos de poder das metroacutepoles Por isso a

produccedilatildeo foi organizada de acordo com a poliacutetica econocircmica do mercantilismo tendo como

objetivo o fortalecimento do Estado nacional e a acumulaccedilatildeo de riquezas monetaacuterias nas matildeos

das burguesias europeias Cada metroacutepole preocupava-se fundamentalmente e manter a posse

de suas colocircnias como bem mostra Caacuteceres (1993 p 19)

A administraccedilatildeo colonial estava centralizada na metroacutepole e tinha por finalidade

baacutesica garantir que as colocircnias gerassem produtos para a metroacutepole a baixos custos e

consumissem os manufaturados metropolitanos a preccedilos mais altos O elemento

mais importante desse sistema era o monopoacutelio comercial das metroacutepoles sobre as

colocircnias cuja economia girava em torno das necessidades econocircmicas

metropolitanas e de sua burguesia

Ateacute mesmo as formas de produccedilatildeo das colocircnias eram organizadas de acordo com

as necessidades metropolitanas No Brasil colocircnia por exemplo foi introduzida a escravidatildeo

a fim de se obter uma produccedilatildeo em larga escala necessaacuteria agrave economia europeia Essas

colocircnias em aacutereas tropicais que produziam para o mercado externo eram chamadas colocircnias

de exploraccedilatildeo28

Sua economia era baseada na grande propriedade na monocultura e no

trabalho compulsoacuterio isto eacute obrigatoacuterio

Com o estado portuguecircs no Brasil aumentaram tanto as exportaccedilotildees quanto as

importaccedilotildees e consequentemente a necessidade de um satisfatoacuterio transporte mariacutetimo

27

TERRA BRASILIS Disponiacutevel em lthttpswwwmarmilbrdhndhnhistoricohtmlgt Acesso em 1 Abr 2011 28

CAacuteCERES 1993 p 19

46

Durante o seacuteculo XVI e iniacutecio do seacuteculo XVII o Brasil tornou-se o maior produtor de accediluacutecar

do mundo e o responsaacutevel pela riqueza dos senhores de engenho da Coroa e de comerciantes

portugueses poreacutem foi soacute com a vinda da famiacutelia real portuguesa para o Brasil que a

navegaccedilatildeo brasileira se intensificou

A chegada ao Rio de Janeiro do Priacutencipe Regente D Joatildeo e da Rainha D Maria I

fugindo das guerras napoleocircnicas na Europa foi um marco na histoacuteria da marinha brasileira

Nessa eacutepoca a marinha portuguesa encontrava-se decadente mas sua capacidade foi ampliada

para poder apoiar a ldquoEsquadra Realrdquo e os navios estrangeiros jaacute que o fluxo aumentou

consideravelmente em virtude da abertura dos portos brasileiros ao comeacutercio com outras

naccedilotildees Podemos dizer que a transmigraccedilatildeo da Famiacutelia Real portuguesa foi fundamental para

que mais tarde ocorresse a independecircncia unificada de todo o territoacuterio de colonizaccedilatildeo

portuguesa na Ameacuterica A cidade do Rio de Janeiro tornou-se sede do governo portuguecircs o

que gerou um surto de progresso em vaacuterios setores da sociedade colonial

IMAGEM 2 Primeira esquadra brasileira29

Posteriormente com as tentativas das Cortes de fazer D Pedro regressar para a

Europa iniciou-se a cisatildeo da Marinha de Portugal Desde o princiacutepio de 1822 alguns

comandantes de navios passaram a obedecer somente ao Priacutencipe e o apoiaram nas ocasiotildees

em que houve ameaccedilas de uso de forccedila Comeccedilava nesse periacuteodo a se formar o embriatildeo da

marinha do Brasil

29

ESQUADRA Disponiacutevel em lthttpwwwgooglecombrsearch3Fq3D2522Marinha2BImperial

2BBrasileiragt Acesso em 1 Abr 2011

47

23 As navegaccedilotildees na eacutepoca do Brasil Impeacuterio

Com a independecircncia do Brasil o primeiro governo encontrou a difiacutecil tarefa de

unificar o extenso territoacuterio brasileiro em cujo litoral encontravam-se os principais centros

urbanos ou seja era emergencial que o Estado possuiacutesse uma Esquadra e estabelecimentos de

apoio para manter a unidade nacional Para eliminar os focos de resistecircncia interna agrave

autoridade do novo Imperador que eram mais fortes nas proviacutencias da Bahia Maranhatildeo

Gratildeo-Paraacute e Cisplatina e rechaccedilar qualquer tentativa de recolonizaccedilatildeo por parte da antiga

metroacutepole foi necessaacuterio o aprestamento de forccedilas terrestres e principalmente o preparo de

uma forccedila naval capaz de obter o domiacutenio do mar interceptar a vinda de reforccedilos portugueses

bloquear as posiccedilotildees inimigas e manter livres as comunicaccedilotildees mariacutetimas do novo Impeacuterio

garantindo a unidade nacional Era preciso aleacutem da Esquadra possuir a capacidade de reparar

os navios existentes e construir outros

Segundo Bittencourt30

em fins de 1822 ldquoo material flutuante ainda era muito

escasso com navios que tinham sua origem na Marinha de Portugal e que passaram a constituir o

primeiro nuacutecleo da Esquadra brasileira composto pelas Fragatas Uniatildeo e Real Carolina Corvetas

Maria da Gloacuteria e Liberal Brigue Real Pedro Brigue-Escuna Real 13 escunas ndash das quais sete

encontravam-se estacionadas no Prata ndash e de aproximadamente 20 navios-transportes e

canhoneiras Os outros navios estacionados no Rio de Janeiro somente trecircs eram utilizaacuteveis a

Nau Martins de Freitas a Fragata Sucesso e o Brigue Reino Unido os quais foram prontamente

reparados no Arsenal de Marinha A Nau Priacutencipe Real que trouxe D Joatildeo VI ao Brasil soacute pocircde

ser utilizada como navio-prisatildeo devido ao peacutessimo estado que se encontravardquo

De acordo com Vale (1971 p 10)

[] a princiacutepio parecia natildeo haver falta de oficiais para a nova Marinha 160 tinham se

estabelecido no Brasil desde 1808 mas a maioria era de portugueses e tornou-se

necessaacuterio verificar primeiro sua lealdade Com esta finalidade Cunha Moreira

estabeleceu uma comissatildeo em 5 de dezembro de 1822 para perguntar a cada oficial se

ele desejava servir ao Brasil ou voltar para Portugal Ficou logo claro que a grande

maioria aderia agrave causa brasileira e quando foram retirados os nomes dos mais velhos e

dos incapazes restou um total de 94 Era evidente que o Brasil tinha oficiais superiores

em nuacutemero suficiente mas a quantidade de oficiais inferiores dava apenas para

guarnecer os navios jaacute em comissatildeo nos estabelecimentos de guerra

Nesse periacuteodo a Marinha Imperial Brasileira possuiacutea em seus quadros

profissionais oriundos de diversos grupos sociais O engajamento e o recrutamento de pessoal

30

MARINHA IMPERIAL Disponiacutevel em lthttpwwwmarmilbrdiversosArtigos_selecionadosDocumentos

marinha_imperialpdfgt Acesso em 25 Abr 2011

48

para a marinhagem ocorriam de forma voluntaacuteria por contrato (geralmente estrangeiros) ou

pelo recrutamento agrave forccedila (vagabundos e criminosos) e posteriormente em decreto emitido

em fevereiro de 1823 permitiu-se a admissatildeo de escravos na Marinha Muitos eram oriundos

da Marinha de Portugal despertavam portanto desconfianccedila Outros tantos natildeo tinham

experiecircncia no mar Apesar desses problemas o governo imperial conseguiu unificar a

marinha brasileira da eacutepoca

IMAGEM 3 Marinha Imperial31

Eacute consenso que o instrumento decisivo para alcanccedilar a Independecircncia do Brasil

certamente foi a feliz decisatildeo do Governo Imperial de aprestar uma Esquadra capaz de

garantir o controle no mar negando-o aos portugueses possibilitar o deslocamento de tropas

de maneira mais raacutepida cortar as linhas de recebimento de suprimento e reforccedilo do inimigo

pelo mar

24 Consideraccedilotildees

Como se sabe os marinheiros envolvidos nas viagens mariacutetimas portuguesas

eram fundamentalmente gente do povo pouco instruiacuteda natildeo lhes sendo acessiacutevel portanto

o domiacutenio de uma terminologia muito elaborada Mesmo assim ela existe eacute dicionarizada e

merece ser estudada Podemos dizer que ao desenvolvimento das ciecircncias e teacutecnicas naacuteuticas

em Portugal correspondeu o florescimento de toda uma terminologia vernaacutecula herdada no

Brasil

31

MARINHA IMPERIAL Disponiacutevel em lt httpswwwmarmilbrmenu_hnoticias0609201002htmlgt

Acesso em 25 Abr 2011

49

Depois dessa breve exposiccedilatildeo acerca das grandes navegaccedilotildees que rudimentares

nos seacuteculos XIV e XV ultrapassaram o niacutevel da praacutetica rotineira jaacute nos primeiros anos do

seacuteculo XVI passamos a apresentar os procedimentos metodoloacutegicos adotados nesta pesquisa

50

Capiacutetulo 3

51

Capiacutetulo 3 ndash Procedimentos metodoloacutegicos

Como jaacute apontado na Introduccedilatildeo nossa pesquisa insere-se na aacuterea do leacutexico mais

especificamente do leacutexico especializado referente aos termos naacuteuticos Em nosso entender o

leacutexico especializado ou a terminologia e suas unidades ndash os termos ndash natildeo se separam

artificialmente do resto da liacutengua mas encaixam-se fazendo parte integrante dela Nessa

perspectiva natildeo concebemos a terminologia nem os termos seus objetos de anaacutelise como um

mundo agrave parte da realidade linguiacutestica de uma liacutengua Ao contraacuterio acreditamos que as

terminologias presentes em um dicionaacuterio satildeo constituiacutedas de subsistemas ndash tais como termos

meacutedicos termos da arquitetura termos naacuteuticos dentre muitos outros ndash que interagem dentro

de um sistema maior que eacute o leacutexico geral

Sobre esse tema Murakawa (2002 p 21) discorre

[] o leacutexico de uma liacutengua se compotildee de dois grupos de unidades lexicais num 1ordm

grupo as unidades satildeo compreendidas e empregadas do mesmo modo por todos os

membros da sociedade num 2ordm grupo as unidades satildeo apenas compreendidas e

empregadas por parte maior ou menor dessa sociedade e satildeo usadas no seu emprego

correto pelos membros de um grupo particular

De acordo com essa linguista por necessidade de se compor uma terminologia as

pessoas buscam na liacutengua comum unidades leacutexicas que passaratildeo a ter daiacute por diante um

significado especiacutefico

Nessa visatildeo seguimos as propostas teoacutericas defendidas por Cabreacute (1999) no

acircmbito da teoria comunicativa da terminologia Segundo essa terminoacuteloga os termos satildeo

unidades lexicais de fato que assumem significados especializados quando usadas em

determinados acircmbitos de especialidade Assim sendo podemos encontrar inuacutemeros termos

que tecircm por base unidades da liacutengua corrente que migram para registros linguiacutesticos

especializados como tambeacutem encontramos unidades lexicais terminoloacutegicas formadas por

estruturas morfoloacutegicas comuns agraves estruturas de palavras que encontramos no leacutexico da liacutengua

corrente

Sabemos que nos uacuteltimos anos os estudos terminoloacutegicos conheceram um

desenvolvimento notaacutevel com os avanccedilos da Linguiacutestica em geral e da lexicologia em

particular tendo-se hoje em dia uma visatildeo muito mais ampla da unidade lexical de uma

linguagem especializada

Neste estudo partimos de um tema ou de um ldquoassuntordquo ndash ou seja da terminologia

naacuteutica trabalhamos pois com o percurso ldquodo conceito agrave palavrardquo ou ldquoda ideia ao signordquo

nos moldes do meacutetodo onomasioloacutegico

52

Por onomasiologia entende-se um aspecto particular da pesquisa linguiacutestica que

partindo de uma determinada ideia examina as vaacuterias maneiras com as quais essa

ideia encontrou expressatildeo na palavra32

Em seguida estendemos nossa anaacutelise agrave palavra ou ao signo linguiacutestico ndash percurso

semasioloacutegico e voltamos ao onoma

Para os conceitos de leacutexico lexicologia lexicografia terminologia adotamos

como base teoacuterica Matoreacute (1953) Biderman (1978 1991 1998 1999 2001) Cabreacute (1999)

Barros (2007 2009) Krieger e Finatto (2004) Krieger (2006)

Para a anaacutelise dos dados ao longo do tempo tomamos como base norteadora a

concepccedilatildeo de Linguiacutestica Histoacuterica tal como apresentada por Bynon (1977 p 1-2) e Cohen

(1996 p3) que postulam

A Linguiacutestica Histoacuterica procura investigar e descrever a maneira pela qual as liacutenguas

mudam ou conservam suas estruturas atraveacutes do tempo seu domiacutenio eacute portanto a

liacutengua no seu aspecto diacrocircnico

As limitaccedilotildees do trabalho diacrocircnico satildeo tantas que natildeo se pode abrir matildeo de

informaccedilotildees que possam nos facilitar o acesso agrave liacutengua antiga

31 Objetivos

Nosso objetivo geral nesta pesquisa eacute realizar um estudo sincrocircnico e diacrocircnico

do leacutexico correspondente agrave terminologia naacuteutica presente no Diccionario da Lingua

Brasileira de Luiz Maria da Silva Pinto publicado na cidade de Ouro Preto no ano de 1832

Como objetivos especiacuteficos almejamos

1) estudar as origens dos termos naacuteuticos Sabemos que ao desenvolvimento das ciecircncias

e teacutecnicas naacuteuticas em Portugal correspondeu o florescimento de toda uma

terminologia vernaacutecula mas haacute outros termos provenientes de liacutenguas como o catalatildeo

o italiano e o aacuterabe

2) conferir se os termos selecionados se encontram presentes em obras lexicograacuteficas de

referecircncia nos seacuteculos XVIII XIX XX e se os mesmos mantiveram seus

significados e ainda se constam como ldquotermos naacuteuticosrdquo

3) consultar o corpus do Projeto DHPB CNPq com o objetivo de verificar se os termos

constantes no Diccionario da Lingua Brasileira integraram no passado o nosso

leacutexico e se havia variantes ortograacuteficas da palavra nos textos escritos dos seacuteculos

XVI XVII XVIII

4) o Brasil eacute composto por numerosas culturas que se vecircem refletidas em nossas escolhas

vocabulares atraveacutes do tempo inclusive no campo das liacutenguas de especialidade A

32

BERTOLDI citado por Babini 2006 p 38

53

exploraccedilatildeo econocircmica das terras americanas constitui um episoacutedio da Histoacuteria que se

refletiu de maneira significativa natildeo soacute na incorporaccedilatildeo de novas palavras no

Portuguecircs do Brasil mas na progressiva modificaccedilatildeo semacircntica e lexical de diversos

termos no fluir do tempo Assim temos como um dos objetivos analisar o repertoacuterio

textual concernente agrave navegaccedilatildeo econocircmica da colocircnia em documentos e textos

originais o que constitui uma das fontes primaciais para a compreensatildeo de nossa

proacutepria trajetoacuteria histoacuterica

5) verificar se a terminologia naacuteutica presente no Diccionario da Lingua Brasileira

descreve a realidade brasileira nessa aacuterea ou se faz parte desse dicionaacuterio somente com

o objetivo de enriquecer nosso leacutexico

6) apontar os termos naacuteuticos do dicionaacuterio Aureacutelio ndash seacuteculo XX Comparar esses termos

com o primeiro dicionaacuterio impresso no Brasil ou seja o Diccionario da Lingua

Brasileira verificando se houve manutenccedilatildeo expansatildeo ou mudanccedila nesse leacutexico de

especialidade

7) eacute notoacuterio que os marinheiros envolvidos nas viagens e na empresa dos

Descobrimentos eram fundamentalmente gente do povo gente simples que tripulava

os navios e executava a maioria das operaccedilotildees necessaacuterias agrave manobra do barco natildeo

lhes sendo acessiacutevel portanto o domiacutenio de uma terminologia elaborada Supomos

que a terminologia usada por estes profissionais teria de ser forccedilosamente simples (ou

simplificada) constituiacuteda por muitos termos provenientes da liacutengua corrente que lhes

permitissem conceitualizar realidades especializadas (como as relacionadas com a

navegaccedilatildeo com as manobras envolvidas neste processo com as partes do navio e com

os instrumentos que dele fazem parte) Esse leacutexico estaacute presente no Diccionario da

Lingua Brasileira e ou no Aureacutelio ndash seacuteculo XX

8) contribuir para o desenvolvimento da investigaccedilatildeo histoacuterica na aacuterea da Terminologia

disponibilizando um estudo da aacuterea de especialidade devidamente analisado

54

32 Caracteriacutesticas do Diccionario da Lingua Brasileira

Em termos de microestrutura o Diccionario da Lingua Brasileira apresenta

basicamente a entrada e a classe morfoloacutegica seguida da definiccedilatildeo Quando recebe ldquomarcas

de usordquo essas vecircm entre parecircnteses depois da classificaccedilatildeo morfoloacutegica e antes da definiccedilatildeo

se o vocaacutebulo soacute tem uma acepccedilatildeo como mostra o verbete em destaque

Poucas vezes o Diccionario da Lingua Brasileira apresenta duas acepccedilotildees como

em abotoadura raras vezes apresenta trecircs como em arruela e nunca apresenta abonaccedilotildees

Algumas vezes realiza pequenos comentaacuterios

Quando apresenta duas ou mais acepccedilotildees a ldquomarca de usordquo vem sempre antes de

cada definiccedilatildeo como eacute o caso do termo arruela que eacute definida pelo autor como termo de

armaria termo naacuteutico e termo de ourives

55

33 Meacutetodos e procedimentos

Para a realizaccedilatildeo deste trabalho utilizamo-nos do volume digital da ediccedilatildeo

microfilmada iniciada no ano de 1982 pelo Arquivo Puacuteblico Mineiro localizado na cidade

de Belo Horizonte Minas Gerais certificado pela documentaccedilatildeo apresentada a seguir

IMAGEM 4 Documentaccedilatildeo da obra digitalizada

Realizamos primeiramente a leitura do Diccionario da Lingua Brasileira e

fizemos o levantamento das unidades lexicais que remetem ao mundo da navegaccedilatildeo

Observamos inicialmente para proceder a essa seleccedilatildeo as ldquomarcas de usordquo que se referem agrave

terminologia naacuteutica Em uma segunda etapa lemos todos os outros verbetes uma vez que

temos consciecircncia de que muitas terminologias dentre elas a naacuteutica natildeo se encontram

marcadas Partimos portanto como jaacute mencionamos de um corpus dicionariacutestico referente agrave

terminologia naacuteutica que se intitula da liacutengua brasileira do iniacutecio do seacuteculo XIX e

posteriormente organizamos um corpus composto por 153 unidades leacutexicas constituiacutedo de

117 substantivos 3 adjetivos 32 verbos e 1 adveacuterbio

Feita a recolha os dados foram organizados em fichas lexicograacuteficas

56

IMAGEM 5 Obra utilizada digitalizada pelo APM

57

331 Fichas lexicograacuteficas

Para sistematizar e analisar os dados elaboramos uma ficha que chamamos de

lexicograacutefica para cada unidade leacutexica selecionada Nesta seccedilatildeo apresentaremos a

constituiccedilatildeo dessa ficha

(Nuacutemero da ficha)

Apresentaccedilatildeo do termo selecionado da obra em formato digital

Apresentaccedilatildeo do termo digitado

______________________________________________________________________

Registro em dicionaacuterios

rarrCunha

rarrBluteau

rarrMoraes e Silva

rarrLaudelino Freire

rarrAureacutelio

Abonaccedilatildeo do termo em Banco de Dados

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Origem

Figura 3 Ficha Lexicograacutefica

a) Do lado esquerdo na parte de cima apresentamos o nuacutemero da ficha lexicograacutefica em

negrito

b) Na primeira divisatildeo da ficha na parte superior destacamos a unidade lexical que seraacute

analisada colando natildeo soacute o termo mas todo o verbete copiado da versatildeo digital da

obra em seguida no lado esquerdo esse verbete eacute digitalizado objetivando desse

modo facilitar a leitura

c) Na segunda parte da ficha destacamos como cada um dos cinco dicionaacuterios consultados

definem o termo Quando isso natildeo ocorre ou seja quando um dos dicionaacuterios natildeo

registra o termo indicamos ldquonerdquo (natildeo-encontrado) no espaccedilo seguinte ao nome do

autor

d) Quando o termo eacute abonado pelo Banco de Dados do Projeto Dicionaacuterio Histoacuterico do

Portuguecircs do Brasil ndash seacuteculos XVI XVII XVIII constituiacutedo por textos da eacutepoca do

Brasil Colocircnia copiamos a abonaccedilatildeo no espaccedilo abaixo da linha pontilhada

e) A uacuteltima parte da ficha eacute composta por comentaacuterios e aponta ainda a origem do termo

Por meio das fichas consultando os autores das obras lexicograacuteficas

correspondentes a periacuteodos diversos podemos visualizar se a unidade lexical em estudo eacute ou

natildeo dicionarizada por um ou mais autores ou por nenhum deles e tambeacutem podemos

conhecer sua origem A ficha aponta ainda se o termo ocorreu ou natildeo no Brasil no periacuteodo

58

colonial Aleacutem de analisar o termo coletado a ficha lexicograacutefica constitui uma boa

ferramenta para nos auxiliar no trabalho de quantificaccedilatildeo e comparaccedilatildeo dos dados

Segue o modelo de uma ficha preenchida

Ficha 43

Calmaria s f (T Naut) Falta de vento

______________________________________________________________________

rarrCunha calma sf bdquogrande calor atmosfeacuterico geralmente sem vento‟ XV bdquoserenidade

sossego‟ 1813 Do it calma derivado do latim tardio cauma e este do grego kauma bdquocalor

ardente chama‟ [] calmaria sf bdquocalma‟ XVI

rarrBluteau Calmaricirca Tanquilidade das aguas do mar Malacia amp Fem Amanheceo o dia

ſeguinte em huma terrivel Calmaria Queirograves Vida do Irmatildeo Baſto pag 351

rarrMoraes e Silva calmaria sf de Naut Tempo de calma no mar em que o navio natildeo surde

ldquoestar o mar em calmariardquo []

rarrLaudelino Freire sf De calma + aria Cessaccedilatildeo do vento e do movimento das ondas

[]

rarrAureacutelio [ De calma + aria] Sf 1 Ausecircncia de ventos eou do movimento das ondas

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq

[] por cinco ou seis dias tivemos grandes calmarias trovoadas e chuveiros tatildeo escuros e

medonhos e tatildeo fortes ventos que era cousa despanto e no meio dia ficavamos numa noite

mui escura

PADRE FERNAtildeO CARDIM (1980) [1583] III - INFORMACcedilAtildeO DA MISSAtildeO DO P

CHRISTOVAtildeO GOUVEcircA AacuteS PARTES DO BRASIL - ANNO DE 83 - OU NARRATIVA

EPISTOLAR DE UMA VIAGEM E MISSAtildeO JESUIacuteTICA[A00_0751 p 142]

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Somente Moraes e Silva define calmaria como termo naacuteutico mas todos os

outros dicionaacuterios em suas definiccedilotildees remetem o significado desse termo a tempo e

atmosfera Origem italiana lt latina

FIGURA 4 Ficha Lexicograacutefica preenchida

Nesta parte de construccedilatildeo das fichas nos apoiamos em dicionaacuterios e banco de

dados tomamos como referecircncia o dizer de Bluteau (1712 v1) quando afirma que

As palavras natildeo significam por sua natureza mas por instituiccedilam dos homens amp

cada Naccedilatildeo assim barbara como polida deu principio amp sentido agraves palavras de

que usa Daqui nace que natildeo temos outra prova da propriedade das palavras que o

uso dellas amp deste uso natildeo hatilde evidencia mais certa amp permanente que a q nos fica

nas obras dos Autores ou manuscritas ou impressas

59

332 Sobre os dicionaacuterios consultados

Para a anaacutelise das unidades leacutexicas coletadas contamos com obras lexicograacuteficas

consideradas de referecircncia a saber

a) Vocabulario Portuguez e Latino de autoria de P Raphael Bluteau (seacuteculo XVIII)

Selecionamos esse dicionaacuterio por ser uma obra que contempla grande parte do leacutexico

da liacutengua portuguesa ateacute iniacutecio do seacuteculo XVIII aumentando e atualizando

aproximadamente em cinco vezes o vocabulaacuterio ateacute entatildeo dicionarizado conforme

destaca Verdelho33

e principalmente por ser reconhecido pelos estudiosos da aacuterea

como uma obra de referecircncia nos estudos lexicograacuteficos de liacutengua portuguesa De

acordo com Murakawa (2007 p173) a obra de Bluteau ldquonatildeo eacute uma obra lexicograacutefica

que trata apenas das palavras mas tambeacutem trata de coisas e por isso deve ser

considerada um dicionaacuterio ou um vocabulaacuterio enciclopeacutedicordquo De acordo com a

mesma autora ldquona maioria das vezes a informaccedilatildeo enciclopeacutedica completa a

informaccedilatildeo linguiacutestica das entradas e neste aspecto o Vocabulario se transforma num

repositoacuterio da cultura portuguesa e tambeacutem da cultura universalrdquo34

Ainda sobre a

importacircncia de termos selecionado essa obra que se organiza em torno de um corpus

real de liacutengua apoiamo-nos dizeres em Murakawa (2007 p 187)

Entre os inuacutemeros e variados meacuteritos que o Vocabulario possui um deles merece ser

ressaltado o iniacutecio de uma lexicografia portuguesa baseada em um corpus de

referecircncia organizado a partir de obras dos seacuteculos XV ao XVIII pertencentes aacutes

mais diversas aacutereas de conhecimento do periacuteodo de setecentos e o registro dessas

obras acompanhando os exemplos no interior dos verbetes indicando volume

paacutegina paraacutegrafo foacutelio e quando existia ateacute mesmo a ediccedilatildeo consultada

A composiccedilatildeo do Vocabulario constituiu um longo e conturbado

empreendimento que ocupou quase 50 anos da vida de Rafael Bluteau Na dedicatoacuteria a D

Joatildeo V Bluteau lembra a necessidade de uma obra que fizesse justiccedila agrave grandeza da liacutengua

portuguesa de Portugal e sobretudo do seu rei ldquoobjectivos que conferem ao Vocabulario

uma dupla funccedilatildeo poliacutetica pois para aleacutem de contribuir para a afirmaccedilatildeo do portuguecircs no

panorama linguiacutestico europeu concorre para a construccedilatildeo da imagem de um monarca

ilustrado e mecenasrdquo35

33

VERDELHO 2002 p 23 34

MURAKAWA 2007 p 186-187 35

SILVESTRE 2001 p 2

60

IMAGEM 6 O Vocabulario de Bluteau

61

b) Diccionario da Liacutengua Portugueza de autoria de Antoacutenio de Moraes Silva (seacuteculo

XIX) Tomando como base o Vocabulaacuterio Portuguez e Latino Moraes constroi seu

dicionaacuterio utilizando-se tambeacutem de obras de vaacuterios autores acrescentando outros

mais que P Raphael Bluteau o que talvez por influecircncia do Tribunal do Santo Ofiacutecio

e ainda pela censura literaacuteria tenham sido deixadas por esse uacuteltimo conforme

destaca Murakawa36

Segundo ainda essa autora37

ldquoo Diccionario de Moraes pode

ser considerado como o primeiro dicionaacuterio de uso da liacutengua portuguesa porque os

que o antecederam natildeo podem ser classificados de tal maneirardquo Nesta pesquisa

utilizamos para consulta o volume digitalizado da ediccedilatildeo de 1813

IMAGEM 7 O Diccionario de Moraes Silva

36

MURAKAWA 2007 p31 37

Op cit p119

62

c) O Grande e Noviacutessimo Dicionaacuterio da Liacutengua Portuguesa de Laudelino Freire

(primeira metade do seacuteculo XX) foi escolhido como obra de referecircncia da primeira

metade do seacuteculo XX por tratar-se de um dicionaacuterio que apresenta grande riqueza

vocabular por incluir muitas locuccedilotildees expressotildees e brasileirismos Laudelino de

Oliveira Freire seu autor nasceu em Lagarto SE em 26 de janeiro de 1873 e faleceu

no Rio de Janeiro RJ em 18 de junho de 1937 Formou-se em Direito em 1902 Foi

advogado jornalista professor poliacutetico criacutetico e filoacutelogo Eleito em 1923 para a

Cadeira n 10 na sucessatildeo de Rui Barbosa como membro da Academia Brasileira de

Letras laacute organizou trabalhos em lexicografia tendo apresentado em 1924 um plano

de dicionaacuterio de liacutengua portuguesa A comissatildeo encarregada desse dicionaacuterio foi

dissolvida em 1934 A obra (1939-1944) eacute publicaccedilatildeo poacutestuma composta em cinco

volumes impressa pela editora A Noite com a colaboraccedilatildeo de J L de Campos Vasco

Lima e Antocircnio Soares Franco Juacutenior

IMAGEM 8 Grande e Noviacutessimo Dicionaacuterio da Liacutengua Portuguesa de Laudelino Freire

d) Novo Dicionaacuterio Aureacutelio da Liacutengua Portuguesa de Aureacutelio Buarque de Holanda

Ferreira (2004) Optamos por essa obra pelo fato de este ser considerado como um

dicionaacuterio padratildeo da sociedade brasileira apresentando um vasto repertoacuterio lexical

incluindo grande nuacutemero de brasileirismos Eacute um dicionaacuterio que embora conte com

limitaccedilotildees apresenta grande nuacutemero de abonaccedilotildees de obras variadas exemplificaccedilotildees

exemplos baseados em linguagem falada e escrita indicaccedilatildeo da variabilidade

linguiacutestica no territoacuterio nacional aleacutem de concisatildeo e clareza nas definiccedilotildees

e) Dicionaacuterio Etimoloacutegico Nova Fronteira da Liacutengua Portuguesa de autoria de Antocircnio

Geraldo da Cunha Consta em nossa ficha esse dicionaacuterio com o objetivo principal

esclarecer a origem dos vocaacutebulos e a dataccedilatildeo aproximada da sua entrada na liacutengua

63

portuguesa Outra finalidade da escolha desse dicionaacuterio foi a de identificar as formas

variantes que tais vocaacutebulos adquiriram ao longo do tempo podendo com isso verificar

se algumas dessas formas coincidiam com aquelas encontradas no nosso corpus

Apoacutes a consulta a essas obras visando constatar se os termos selecionados

encontravam-se ou natildeo presentes nelas observando ainda suas origens e as marcas de uso

passamos posteriormente a consultar o Banco de Dados do Projeto Dicionaacuterio Histoacuterico do

Portuguecircs do Brasil ndash seacuteculos XVI XVII XVIII

333 Sobre o Banco de Dados

O Banco de Dados PDHPB CNPq integra o Projeto Dicionaacuterio Histoacuterico do

Portuguecircs do Brasil ndash seacuteculos XVI XVII XVIII e eacute constituiacutedo por uma base informatizada

que reuacutene textos do portuguecircs do Brasil ou sobre o Brasil colonial dos mais variados gecircneros

escritos por autores brasileiros e portugueses radicados no paiacutes desde o seacuteculo XVI

O Projeto Dicionaacuterio Histoacuterico do Portuguecircs do Brasil ndash seacuteculos XVI XVII XVIII

(DHPB) do Programa Instituto do Milecircnio ndash CNPq com sede na Faculdade de Ciecircncias e

Letras da UNESP (Universidade Estadual Paulista) Campus de Araraquara foi idealizado e

construiacutedo pela linguista Maria Tereza Camargo Biderman e com seu falecimento em 2008

estaacute sendo coordenado pela tambeacutem linguista Clotilde de Almeida Azevedo Murakawa Eacute um

projeto de um dicionaacuterio histoacuterico diacrocircnico portanto documental que tem como objetivos

especiacuteficos

1) reunir numa obra de consulta o leacutexico da liacutengua portuguesa que no periacuteodo do

Brasil Colonial fixou um repertoacuterio lexical que veio a constituir o portuguecircs

brasileiro 2) registrar as unidades lexicais substantivos adjetivos e verbos que

compotildeem a nomenclatura do Dicionaacuterio Histoacuterico 3) extrair dos contextos

inseridos no banco de dados todas as acepccedilotildees que a palavra-entrada ou lema

possui acompanhadas do contexto e de completa informaccedilatildeo bibliograacutefica 4)

registrar a data mais antiga que a entrada apresenta no conjunto de todos os

documentos que compotildeem o banco de dados38

Utilizando dois programas computacionais ndash o Philologic e o UNITEX 20 o

Banco de Dados do DHPB foi construiacutedo no Laboratoacuterio de Lexicografia da UNESP sede do

Projeto estabelecido o ano de 1500 com a carta de Caminha a dataccedilatildeo documental mais

antiga e o ano de 1808 data da chegada da famiacutelia real ao Brasil sua dataccedilatildeo mais perto da

contemporacircnea

38

MURAKAWA 2010 p 331

64

Sobre os textos utilizados eles se constituem os mais variados possiacuteveis

conforme nos aponta Murakawa (2010 p334)

Com relaccedilatildeo agrave tipologia das obras escolhidas haacute que se ressaltar que tendo em vista

os objetivos especiacuteficos do DHPB elas foram as mais variadas possiacuteveis obras dos

missionaacuterios viajantes na sua maioria jesuiacutetas que vieram em missatildeo catequeacutetica e

no Brasil se fixaram diaacuterios de navegaccedilatildeo como o de Pero Lopes de Sousa irmatildeo

de Martim Afonso de Sousa cartas de sesmarias roteiros descritivos da flora e

fauna brasileiras descriccedilotildees geograacuteficas cartas e sermotildees do PeVieira pregados

aqui no Brasil e de outros oradores sacros que para aqui vieram obras e

documentos que tratam do Estado do Gratildeo Paraacute durante a era pombalina obras

sobre a nobiliarquia paulistana atos de cacircmaras municipais documentos cartoriais

autos de devassas feitos durante a Inconfidecircncia Mineira processos inventaacuterios

testamentos alvaraacutes posturas bandos atos de doaccedilotildees de terras casas e terrenos

cartas de ofiacutecio patentes cartas dos governadores gerais provisotildees documentos

forenses constituiccedilotildees dos bispados no Brasil regimentos militares obras sobre

medicina farmaacutecia agricultura etc e muitas outras num conjunto que pode ser

considerado ldquomonumentalrdquo para os fins a que foi proposto

Contando com aproximadamente 7 milhotildees e 500 mil ocorrecircncias esse Banco de

Dados por noacutes consultado permitiu que dele extraiacutessemos as unidades lexicais comuns aos

153 termos constantes no nosso corpus em estudo

A utilizaccedilatildeo do Banco de Dados do Projeto DHPB permitiu que conferiacutessemos se

os termos que compotildeem nosso corpus se encontram contextualizados em textos do periacuteodo

colonial brasileiro e ainda que observaacutessemos suas variaccedilotildees

Depois de explicitarmos as posiccedilotildees teoacutericas adotadas e os meacutetodos e

procedimentos de que lanccedilamos matildeo nesta pesquisa passemos no proacuteximo capiacutetulo agrave

descriccedilatildeo e anaacutelise dos dados catalogados em fichas lexicograacuteficas

65

Capiacutetulo 4

66

Capiacutetulo 4 ndash Apresentaccedilatildeo e Descriccedilatildeo dos Dados

Conforme jaacute relatado no Capiacutetulo 3 para cada um dos 153 termos marcados

como ldquotermo naacuteuticordquo no dicionaacuterio DLB construiacutemos uma ficha lexicograacutefica Essa ficha

nos daacute vaacuterias informaccedilotildees 1) transcreve o verbete selecionado do DLB 2) aponta sua origem

3) mostra se o dado selecionado eacute considerado ldquotermo naacuteuticordquo pelos lexicoacutegrafos a) Bluteau

(seacutec XVIII) b) Moraes e Silva (seacutec XIX) c) Laudelino Freire (seacutec XX) d) Aureacutelio (seacutec

XXI) 4) indica por meio de abonaccedilotildees se o termo em estudo ndash na forma apresentada pelo

dicionaacuterio em anaacutelise ou em suas variantes ortograacuteficas e foneacuteticas ndash consta no Banco de

Dados do Projeto Dicionaacuterio Histoacuterico do Portuguecircs do Brasil ndash seacuteculos XVI XVII XVIII

que reuacutene textos escritos por brasileiros ou sobre o Brasil durante o periacuteodo colonial 5)

realizam-se comentaacuterios com o objetivo de fornecer esclarecimentos para posterior anaacutelise

A seguir listamos essas fichas em ordem alfabeacutetica

A

Ficha 1

[]

rarrAba sf [] No plural (T naut) os lados dos machos e femeas em que gira o leme e que

estatildeo pregados no navio e no leme

________________________________________________________________ rarrCunha aba

1 sf bdquoparte pendente de um objeto‟l XIII abaa XIV l De origem duvidosa

talvez se filie ao lat ălăpa atraveacutes de uma forma ăpăla como se poderia depreender do port

ant abaa []

rarrBluteau Diz-ſe da extremidade ou de algum acrecentamento na extremidade de couſas

naturaes ou artificiaes como em obras de marcenaria carpintaria amp outras []

rarrMoraes e Silva natildeo consta com essa acepccedilatildeo

rarrLaudelino Freire sf [] 4 Os lados de uma cousa as metades as partes laterais as

bandas aba da focirclha da janela etc

rarrAureacutelio [] 3 Prolongamento ger dobraacutevel de tampo de mesa ou de outros moacuteveis []

8Fig Proteccedilatildeo amparo arrimo

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo existem ocorrecircncias de aba como termo

naacuteutico

_______________________________________________________________ Comentaacuterios nenhum dos dicionaacuterios define aba como termo naacuteutico Origem duvidosa

(latina)

67

Ficha 2

Abotoadura sf [] No plur (T naut) As peccedilas de ferro que estatildeo debaixo das mezas e

seguratildeo as enxarcias com suas bigotas Abotucaduras parece ser corrupccedilatildeo deste vocabulo ______________________________________________________________________

rarrCunha abotoado ndashadura -amento -ar rarr BOTAtildeO [] Do a francecircs AbotoADURA

1813 botoadura XIV

rarrBluteau Abotoadugravera (Termo de navio) Satildeo huns ferros que vem debaxo das mezas de

guarniccedilatildeo amp tem matildeo na enxarcia com ſuas bigotas

rarrMoraes e Silva abotoaduacuteras s f pl naut Peccedilas do navio de ferro que vem debaixo das

mezas de guarniccedilatildeo e tem matildeo na enxarcia com suas bigotas

rarrLaudelino Freire sf De abotoar + dura Ato de abotoar []Jocircgo de bototildees que se

tomam no aparelho do navio com linha alcatroada em forma de cruz etc ABOTOADURAS

sf pl O mesmo que abatocadurasABATOCADURAS sf pl De abatocar + dura ndash s Naacuteut

Nome geneacuterico que designa as cadeias chapas e cavilhas que seguram as mesas das enxaacutercias

reais contra o costado do navio Var morf Batocaduras

rarrAureacutelio [De abotoar + -dura] SF Marinh Conjunto de bototildees que ligam dois cabos ou

duas pernadas do mesmo cabo

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo existem ocorrecircncias de abotoadura

abotoaduras abotucaduras abatocaduras como termo naacuteutico

______________________________________________________________________

Comentaacuterios todos os dicionaacuterios consultados apresentam abotuadura(s) como termo

naacuteutico ou da marinha ou de navio Origem francesa

Ficha 3

Abroquelar va cobrir com broquel (T nau) Bracear por sota vento ao virar de bordo

depois de ter dado geito ao braccedilo do velaxo por barlavento

______________________________________________________________________

rarrCunha abroquelar BROQUEL sm bdquoescudo antigo redondo e pequeno‟bru- XVIDo a

francecircs bocler (hoje bouclier) de bocle bdquoguarniccedilatildeo de metal no centro do escudo‟ e este do

latim bŭcŭla dim de bucca bdquoboca‟ AbroquelAR XVII abru- XVI

rarrBluteau natildeo consta

rarrMoraes e Silva ABROQUELAacuteR vat Cobrir com broquel sect __se no f guardar-se

forrar-se emparar-se Arte de furtar p 322

rarrLaudelino Freire ABROQUELAR Naacuteut Bracear por sotavento ao virar de bordo depois

de ter dado jeito ao braccedilo do velacho por barlavento

rarrAureacutelio [De a-2 + broquel + -ar

2] [] 2 Resguardar ou cobrir com broquel ou escudo 3

Fig Proteger defender resguardar escudar []

68

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo existem ocorrecircncias de abroquelar como

termo naacuteutico

______________________________________________________________________

Comentaacuterios somente Laudelino Freire aponta abroquelar como termo naacuteutico Sua

definiccedilatildeo eacute idecircntica agrave do DLB Origem francesa

Ficha 4

[]

Accedilafratildeo sm ndashotildees no plur [] T Naut o largo do leme justo ao couce que serve para

facilitar o movimento delle

______________________________________________________________________

rarrCunha sm bdquoplanta da fam das iridaacuteceas‟ ccedilaffram XIV Do aacuterabe az-zafaran rarrBluteau AacuteCAFRAM [] do Arabico Zabafaran[] Accedilafratildeo (Termo de naacutevio) He o

largo do leme junto agrave patelha amp ſerve para facilitar o movimento do meſmo leme

rarrMoraes e Silva ACcedilAFRAtildeO sm t naut O largo do leme junto agrave patelha o qual serve

para facilitar o seu movimento

rarrLaudelino Freire ACcedilAFRAtildeO sm Aacuter Azzaferan Planta bulbosa da famiacutelia das iridaacuteceas

(Crocus sativus) Naacuteut Madeira exterior larga junto a palhecircta do leme ao qual facilita os

movimentos

rarrAureacutelio accedilafratildeo [Do aacuter az-zalsquofarăn do persa] Sm Bot Planta herbaacutecea da famiacutelia das

iridaacuteceas (Crocus sativus) de procedecircncia europeia e possuidora de um bolbo perene 2 Bot

A flor dessa planta accedilaflor 3 Bras V urucu1 (2)

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo apresenta ocorrecircncia para accedilafratildeo como

termo naacuteutico

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Aureacutelio e Cunha soacute definem accedilafratildeo como nome de planta Os outros

dicionaacuterios apontam accedilafratildeo como 1) nome de planta 2) termo naacuteutico Origem aacuterabe

Ficha 5

Agarruchar va (T naut) atar com garruchas

______________________________________________________________________

rarrCunha Garrocha gt garra ceacuteltico

rarrBluteau AGARROCHAR Ferir com garrocha Jaculo figere transfigegravere transverberare

Vid Garrocha

rarrMoraes e Silva AGARRUCHAR v at Naut Apertar atar com garruchas [] mesuraratildeo

as velas e agarruchaacuteratildeo os papafigos

rarrLaudelino Freire AGARROCHAR v tr dir De a + garrocha + ar Ferir com garrocha

farpear Instigar excitar incitar estimular AGARRUCHADO adj p p de agarruchar1

Naacuteut Apertado com garruchas AGARRUCHAR [] Ant Naacuteut Atar ou apertar com

garruchas

rarrAureacutelio agarruchar [De a-2+ garrocha + -ar

2 ] V td 1 Apertar ou atar com garrucha (2)

[Cf agarrochar e agarrunchar] agarrochar [De a-2

+ garrocha + -ar2

] Vtd 1 Ferir ou

picar com garrocha garrochar 2 Incitar estimular 3 Atormentar mortificar []

agarrunchar [] Vtd Ligar com garruncho []

69

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo apresenta ocorrecircncia para agarruchar

como termo naacuteutico

_____________________________________________________________________

Comentaacuterios Moraes e Silva e Laudelino Freire apontam agarruchar como termo naacuteutico

Origem duvidosa (ceacuteltico)

Ficha 6

Alcaxas sf (T naut) Espaccedilo entre cinta e cinta do navio

______________________________________________________________________

rarrCunha natildeo consta

rarrBluteau T de navio He tomado o vatildeo entre cinta amp cinta da banda de fora da nao

rarrMoraes e Silva sf pl t naut O vatildeo entre cinta e cinta pelo costado do navio

rarrLaudelino Freire ALCAXAS sf O mesmo que alcaichaALCAIXA Naacuteut 1 Espaccedilo

entre as cintas e verdugas por fora dos navios 2 Faixa branca pintada na altura da bateria

pela parte exterior 3 Uma ou mais ordens de debrum branco no colarinho das camisas dos

marinheiros

rarrAureacutelio natildeo constam os lemas alcaicha alcaxa alcaixa alcaxas

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo apresenta o termo alcaxas e suas

variantes

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Bluteau Moraes e Laudelino apresentam alcaxas como termo naacuteutico

Origem controvertida (Houaiss 2001)

Ficha 7

Aldrope sm (T nautico) cabo que se ata agrave manga da bomba V Gualdrope

Gualdrope sm Cabo que se ata no extremo da cana do leme e nas amuradas para o governar

melhor

______________________________________________________________________

rarrCunha aldrope- sm bdquocabo com que se puxa a picota da bomba a bordo ou se auxilia o

governo do leme‟l aldrope XVI gualdrope XVIII l Do ing guide-rope provavelmente

rarrBluteau ALDROPE (Termo de navio) Vid Gualdrope Sem largarem os Aldropes das

bombas das matildeos de dia nem de noite

rarrMoraes e Silva ALDROacutePE sm Cabo que se ata aacute manga da bomba para augmentar a

forccedila ou para poderem zonchar mais pessoas Couto 415sect Talvez se toma poacutelo manuacutebrio ou

manga e seraacute o mesmo que Gualdrope cabo que se ata ao leme para o segurar melhor e

governa-lo Idem 7103

rarrLaudelino Freire ALDROPE sm O mesmo que galdropeGaldrope sm Naacuteut Cabo

com que se puxa a picota da bomba a bordo ou se auxilia o governo do leme

rarrAureacutelio aldrope- (Galdrope [Do ing guide rope]) Sm Constr Nav Ant V gualdrope

Gualdrope [Var De galdrope lt ingl guide-rope] Sm Const Nav 1 Corrente cadeia ou

cabo de arame que transmite agrave cana do leme os movimentos da roda do leme [] 2 Nas

embarcaccedilotildees miuacutedas cada um dos cabos presos agraves duas pontas da meia-lua do leme para

manobra deste

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo constam aldrope e suas variantes

______________________________________________________________________

70

Comentaacuterios Em todas as obras consultadas aldrope e gualdrope satildeo termos ligados a arte

de navegaccedilatildeo Origem inglesa

Ficha 8

Alestar va Por lesto Ter prestes ccedilafar entre os naacuteuticos

______________________________________________________________________

rarrCunha alestar natildeo consta Lesto de origem obscura

rarrBluteau LESTO O meſmo que leſtes Vid No ſeu lugar (De maneira que ficou leſto o

navio Britto Viagem do Braſil pag 85) LESTES amp preſtes Preparado poſto em ordem

couſa prompta para algum fim Paratus a um Cic Vid Preſtes

rarrMoraes e Silva ALEacuteSTAR vat fazer lesto desembaraccedilar Amaral f51v mandou alestar

as peccedilas do leme que vinhatildeo recolhidas ieacute ter prestes safar se natildeo eacute erro por assestar

rarrLaudelino Freire ALESTAR vrv De a + lesto + ar Tornar lesto pronto ou

desembaraccedilado (tr dir pr) ldquoAlestar os empregadosrdquo ldquoMinerva o enrija e alestardquo (Odorico

Mendes) ldquoAleste-se

rarrAureacutelio ALESTAR [De a-2 + lesto + -ar

2] []1 Tornar(-se) lesto apressar(-se) ativar(-

se)

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq

Cinco dias se deteve a caravela em Cabo-Verde os quaes acabados levou ferro e se pocircz

lesta a seguir viagem aos 26 do mesmo Dezembro []

PADRE JOSEacute DE MORAES (1860) [1759] LIVRO III - ENTRADA DA COMPANHIA DE

JESUS NA CAPITANIA DO GRAtildeO-PARAacute - CAP X - FELIZ VIAGEM PARA A MISSAtildeO DO

MARANHAtildeO DO GRANDE PADRE ANTONIO VIEIRA GRANDE EMBARACcedilO QUE TEVE

ANTES DA SUA PARTIDA PODERES E MERCEcircS COM QUE O DESPEDIO O PIISSIMO E

SEMPRE AUGUSTO REI O SR D JOAtildeO IV [A00_0279 p 281]

______________________________________________________________________

Comentaacuterios nenhum dos dicionaristas apontam alestar como termo naacuteutico embora

Bluteau e Moraes apresentem abonaccedilotildees indicando que esse lexema remete ao universo

mariacutetimo Origem obscura

Ficha 9

[]

Alforge sm [] Alforges no Navio he a parte da poppa nos encontros e a reacute com humas

janellas para os lados que lhe servem de ornato

______________________________________________________________________

rarrCunha alforje sm ldquoduplo saco fechado nos extremos e aberto no meio‟ 1899 alforge

XVI alforja 1871 l Do ar Al- hurğ

rarrBluteau ALFORGE ou Alforges he huma eſpecie de ſacola de couro ou de outra mateacuteria

dividida em duas algibeiras em que ſe mete alguma proviſaotilde neceſſaria para a jornada amp nas

beſtas ſe potildeem nas ancas ou de huma amp outra parte do arccedilaotilde da ſella amp na gente de pegrave ſe

carrega nos ombros co hua parte ao peito amp outra agraves coſtas Derivaſe Alforge do Araacutebico

Ahfodia amp do verbo Ahfad que valo meſmo que guardar porque no Alforge guarda o

viandante o que leva para o ſeu ſuſtento []

rarrMoraes e Silva Apresenta alforje mas natildeo como termo naacuteutico

71

rarrLaudelino Freire ALFORJE sm Ar Al-khurj [] ALFORJES s m pl Naacuteut Saliecircncias

nos dois cantos da pocircpa

rarrAureacutelio alforge ou alforje- s m [Do aacuter al-hurğ] 1 Duplo saco fechado nas extremidades

e aberto no meio formando como que dois bornais que se enchem equilibradamente sendo a

carga transportada no lombo de cavalgaduras ou ao ombro de pessoas []

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo apresenta ocorrecircncias para alforje alforge

como termo naacuteutico

______________________________________________________________________

Comentaacuterios dentre os dicionaristas consultados somente Laudelino Freire aponta alforjes

(na forma plural) como termo naacuteutico Origem aacuterabe

Ficha 10

Almeida sm (T naut) O vatildeo por onde entra a cana do leme acima do cadaste

______________________________________________________________________

rarrCunha almeida sf bdquoabertura por onde entra a cana do leme‟ XVI De origem controvertida

rarrBluteau Almeida do leme ou almeida da nao He por onde entra a cana do leme por cima

do cadaſte Naotilde ſei que tenha nome proprio latino Calcule pella Almeida da nao abaixo em

bergantim Barros Decad 2 fol68 col2

rarrMoraes e Silva ALMEIDA sft de Naut O vatildeo por onde entra a cana do leme por cima

do cadaste A almeida do leme Barros

rarrLaudelino Freire ALMEIDA s f Ar Almayda Naacuteut Abertura ou vatildeo por onde entra a

cana do leme acima do cadaste parte cocircncava da popa do navio

rarr Aureacutelioalmeida S f Constr Nav 1 Parte curva do costado dos antigos navios de popa

quadrada logo abaixo do painel da popa e que com este forma acircngulo obtuso ou uma

curvatura

rarr Banco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo apresenta ocorrecircncias para almeida como

termo naacuteutico

______________________________________________________________________

Comentaacuterios todas as obras indicam almeida como termo naacuteutico Origem aacuterabe (Sousa

amp Moura)

Ficha 11

Amura sf (T naut) cabo grosso que prende nos punhos das vegravelas e se fixatildeo na amurada

______________________________________________________________________

rarrCunha muro sm Amura sf bdquotipo de cabo naacuteutico‟ XVI Der Regress De amurada

rarrBluteau Amugravera Termo de navio He hum cabo groſſo que vai do punho da vela grande amp

do traquete a borda da nao para eſtender as velas quando o vento he eſcaſſo Naotilde tem palavra

propria latina

rarrMoraes e Silva AMURA s f t naut A quadra de proa nas embarcaccedilotildees Cast 2 c 101 sect

it Cabo que prende em uma ponta da vela grande e a vem fixar na borda ou amurada da naacuteo

rarrLaudelino AMURA s f Cabo com que se mareiam os papafigos e as velas menores

cutelos e varredouras 2 Quadra da proa

rarrAureacutelio amura [Der regress de amurada] S f 1 Constr Nav Bochecha (3) 2Marinh

Cabo com que se puxa para vante o punho de barlavento de uma vela redonda de modo que

ela receba bem o vento 3 MarinhCabo com que se prende ao mastro ou na direccedilatildeo da proa

o punho da amura de uma vela latina

72

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo conteacutem o termo amura Origem

portuguesa lt latina

Ficha 12

Amurada s f (T naut) A parte exterior e interior do navio onde se fixatildeo as amuras

______________________________________________________________________

rarrCunha amura -ada ndash MURO sm bdquoparede forte que circunda um recinto ou separa um

lugar do outro‟ fig defesa proteccedilatildeo XIII Do latim murus ndashi Amura sf 1tipo de cabo

naacuteutico‟ XVI Der Regress de AmurADA sf 1face interna do costado de uma embarcaccedilatildeo‟

XVI []

rarrBluteau AMURADAS da nao caravela ou outra Embarcaccedilaotilde Saotilde mais altos da parte de

dentro Latera navis interiora Nas Amuradas das caravellas Damiaotilde de Goes Fol 70 col 3

rarrMoraes e Silva AMURAacuteDA s f A parte mais alta dos bordos da natildeo onde se fixatildeo as

amuras Goacutees Cron Man 70 sect O costado do navio pola parte de dentro ldquo encostar-se nas

amuradasrdquo correu o canhatildeo contra a amurada de bombordordquo

rarrLaudelino Freire AMURADA s f De amura + ada Prolongamento do costado do navio

acima da parede interna do casco

rarr Aureacutelio [F subst de amurado]S f 1 Constr Nav Face interna do costado de uma

embarcaccedilatildeo2 Constr Nav Prolongamento do costado da embarcaccedilatildeo acima do conveacutes

descoberto borda da embarcaccedilatildeo 3 P ext Muro de arrimo paredatildeo

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq

Muito conʃiderada ʃeragrave a eleiccedilatildeo dos Cabos para aʃsiʃtir agrave polvora trazer cartuxos apagar

fogo cudado da artelharia do arpeo amp ronda das amuradas com lenternas em vigia das

balas ao lume da agoa para as tomarem por dentro

FRANCISCO DE BRITO FREYRE (1655) [1655] SENHOR () [A00_2496 p 61]

______________________________________________________________________

Comentaacuterios todas as obras consultadas apresentam amurada ou amuradas como termo

naacuteutico Origem portuguesa lt latina

Ficha 13

Anrique sm (T naut) Corda em que a boia se prende aacute ancora

______________________________________________________________________

rarrCunha consta ourinque sm bdquoespeacutecie de espinhel‟ l XVI ourinquis pl XV l O voc port

talvez se relacione com o cast orinque o a cat orri e o fr orin todos derivados do neerl

ooring bdquoanel que sutenta o cabo das embarcaccedilotildees‟

rarrBluteau ANRIQUE da Anchora He huma corda que ſe amarra na unha da Anchora amp

vem acima da agoa amp na ponta ſe lhe potildeem huma boya Serve paraq cortandoſe a amarra

com que a nagraveo eſta amarrada ſe vacirc depois buſcar a Ancora Naotilde tem palavra proacutepria latina Na

Historia de Fern Mendes Pinto fol 262 col2 eſta erradamente Ourique em lugar de

Anrique

rarrMoraes e Silva ANRIacuteQUE s m t de Naut Corda com que se prende a boya aacute unha da

ancora

rarrLaudelino Freire ANRIQUE s m Corda com que se prende a boacuteia agrave unha da acircncora

rarrAureacutelio arinque1 [Var de ourinque (q v)]Sm Marinh1Linha que prende o ferro a uma

boacuteia para indicar a posiccedilatildeo daquele quando se encontra fundeado ourinque anrique arinque2

S m Bras SC 1 Espeacutecie de espinhel

73

rarr Banco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo conteacutem o termo anrique

______________________________________________________________________

Comentaacuterios todos os dicionaacuterios apresentam anrique como termo naacuteutico Origem

castelhana (orinque) lt neerlandesa (ooring)

Ficha 14

Arfar va (T Naut) Metter o navio hora a proa hora a poppa

______________________________________________________________________

rarrCunha arfar vb bdquorespirar com dificuldade ansiar ofegar‟ XVI Talvez do lat vulg

arefāre (claacutess arefacegravere bdquosecar‟) arfANTE 1899

rarrBluteau ARFAR (Termo Nautico) Arfar a naacuteo Levantar a naacuteo com alternadas agitaccediloens

a popa amp a proa Arfa a nao [] A grande capitania que recebe Com aproa ogroſſo mar que

Arfando (bebePereira Ulyſſca Cant 5 oit 16Arfar []

rarrMoraes e Silva ARFAR v n Balancear erguendo-se e tombando ou pendendo a naacuteo

Euf 25 B 3 7 sect Arfar o cavalo empinar-se por-se em femeas sect fig Restituir-se a cima a

coisa elastica acurvada v g as tranccedilas da palmeira arfatildeo com algum peso

rarrLaudelino Freire ARFAR v r v Naacuteut Balancear ou oscilar o navio abaixando ora a

popa ora a proa jogar (intr) ldquoNo oceano arfam trecircs caravelasrdquo (Pocircrto Alegre) ldquoQue importa

a borrasca se a nau tem a prende-la os rijos dentes de ferro da acircncora

rarrAureacutelio arfar [Do lat vulg arefare ltlat arefacere secar poss] [] 4Mar Balouccedilar

oscilar (a embarcaccedilatildeo) no sentido longitudinal erguendo a proa []

rarr Banco de dados do Projeto DHPBCNPq

As naus entre montanhas de mar ainda quando arfavam mal se viam

JOSEacute ALVARES DE OLIVEIRA (1981) [nd] HISTOacuteRIA DO DISTRITO DO RIO DAS

MORTES SUA DESCRICcedilAtildeO DESCOBRIMENTO DAS SUAS MINAS CASOS NELE

ACONTECIDOS ENTRE PAULISTAS E EMBOABAS E CRIACcedilAtildeO DAS SUAS

VILAS[A00_0395p95]

______________________________________________________________________

Comentaacuterios todos os dicionaacuterios apresentam arfar tambeacutem como termo naacuteutico

Origem duvidosa (latim vulgar)

Ficha 15

Arriar v a (T Naacuteutico) Abaixar ou alargar a vela a bandeira etc

____________________________________________________________________

rarrCunha arriar vb bdquoabaixar descer ( o que estava suspenso ou levantado)‟ XVI Do cast

arriar deriv Do lat arrēdāre ldquopreparar dispor‟ Cp ARREAR

rarrBluteau ARRIAR ou Arrear (Termo Nautico) Alargar abater amp Arriar a eſcota He

alargar a ditta corda paraque naotilde tome a vela tanto vento Verjoriam laxare Arrias velas V

Amainar O que eſtiver de ſotavento Arrie o velacho Britto Viagem do Brazil pag 268

Arriar a bandeira Abaxalla Bellicum vexilium demittere (mitto ) pondolhe a proa com

a bandeira que Arriaracirc amp iſſaracirc com eſpaccedilo Britto Viagem do Braſil paacuteg 269

rarrMoraes e Silva ARRIAacuteR v at Abater amainar vg arriar as bandeiras velassect

Afroixar vg arriar as escotas para que a veacutela natildeo vaacute tatildeo enfunada sect Arriar-se segurar-se a

cabo para se alar para algum posto Cast 2 157

rarrLaudelino Freire ARRIAR vr 2ordf- Arriar eacute abaixar e em sua origem tecircrmo naacuteutico

Arriar a vela ( ad-retro ad-retrare cf francecircs cognato arriegravere)

74

rarrAureacutelioarriar [Do cat arriar] Verbo transitivo direto1Abaixar descer (o que estava

suspenso ou levantado) [] 4Marinh Deixar correr pouco a pouco (um cabo que aguenta um

peso)

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq

O que deʃcubrir vellas amp natildeo forem das noʃʃas tiraragrave hũa peʃʃa ʃeguindo-as com o farol aʃezo

para o acompanharem os mais Se as eʃtrangeiras paʃʃarem de duas tantas vezes como forem

as embarcaccedilotildees iʃʃaragrave amp arriaragrave hum farol de correr junto ao principal para advertirʃe que

eʃte movimento natildeo he do mar amp deʃparando hũa peʃʃa a Capitana volte aviʃala

FRACISCO DE BRITO FREYRE (1655) [1655] SENHOR [A00_2496 p 59]

______________________________________________________________________

Comentaacuterios todos os dicionaacuterio apesentam arriar entre outras acepccedilotildees como termo do

universo mariacutetimo acima consultados Origem castelhana

Ficha 16

[]

Arruella sf [] (T Nautico) Argolinhas de ferro

_____________________________________________________________________

rarrCunha arruela sf bdquochapa com furo circular pelo qual se introduz o parafuso a fim de que a

porca natildeo desgaste a peccedila que vai ser aparafusada‟ XV rroela XIV Do ant fr roelle (hoje

rouelle) deriv Do lat tard rotella dim De rǒta bdquoroda‟

rarrBluteau ARRUELAS Arruelas (Termo de Navio) Saotilde humas argolinhas de ferro que ſe

metem nas cavilhas ate ajuſtar o buraco para ſe lhe meter a chaveta Naotilde tem termo proprio

Latino

rarrMoraes e Silva (arrueacutella) [] t de Naut Arruellas satildeo argolinhas de ferro que se mettem

na cavilha ate ajustar o buraco para se lhe metter a chaveta aninas lhe chamatildeo nos engenhos

d‟assucar

rarrLaudelino Freire ARRUELA sf Fr Ant roele Circunferecircncia em forma de moeda em

escudos heraacuteldicos 3 Pedaccedilo redondo de prata que se obteacutem vazando a prata fundida no

tijolo 4 Chapa de ferro na ponta da cavilha 5 Arco de ferro para apertar ou reforccedilar

usado em construccedilotildees navais

rarrAureacutelio arruela [De ar-4 + ruela

2] sf 1Chapa redonda de accedilo com furo circular na qual

se mete o parafuso a fim de que a porca natildeo desgaste a peccedila que vai ser aparafusada 2Heraacuteld

Besante de brasatildeo roel 3Pedaccedilo de prata lavrado em tijolo

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq

As aſpas da Roda larga amp grande ſuſtentaotilde aos arcos o

interior da meſma Roda entre os dous arcos della aſſegurados cotilde muitas cavilhas de ferro amp

com ſuas arruellas amp chavetas meti

ſuas voltas ſegura

ANDREacute JOAtildeO ANTONIL (1711) [1711] LIVRO II - CAPITVLO I - DA EſCOLHA DA

TERRA PARA PLANTAR CANNAS DE AſſUCAR amp PARA OS MANTIMENTOS

NECEſſARIOS amp PROVIMENTO DO ENGENHO [A00_2577 P 48]

______________________________________________________________________

Comentaacuterios de todos os dicionaacuterios acima consultados soacute o Aureacutelio natildeo apresenta arruela

como termo naacuteutico Origem francesa

75

Ficha 17

Avencadura ou Ovencadura (T naut) Enxarcia real

______________________________________________________________________

rarrCunha Natildeo constam avencadura e ovencadura Consta oveacutem sm bdquo(Marinh) cordas

grossas de navio‟ 1813 Do a fr hobent (ou hobenc) deriv do escandinavo ant houmlfuđbendur

(pl de houmlfuđbenda) de benda bdquocorda‟ e houmlfuđ bdquocabeccedila‟

rarrBluteau AVENCADURA Avenccediladugravera (Termo de Marinhagem) Chamaotilde-lhe outros

Enxarcia Real Vid Ovencadura Qual voltando pela Avencadura Na antena mayor contra a

procella A vela grande quer ver amainada Inful De Man Thomas livro 2 oit 86

rarrMoraes e Silva AVENCADURA V Ovencadura Enxarcia real T de Naut

OVENCADUacuteRA (ovencaduacutera) s f t de Naut A enxarcia real o feixe ou totalidade dos

ovens OVEacuteM (oveacutem) s m t de Naut Nome commum a todo cabo que serve de ter matildeo nos

mastros descendo das gargantas dlsquoelles ate aacutes mesas de guarniccedilatildeo

rarrLaudelino Freire AVENCADURA s f Ant O mesmo que ovencadura

OVENCADURA s f Naacuteut Conjunto de oveacutens a enxarcia real OVEacuteM s m Antfr hauban

Naacuteut Cada um dos cabos que aguentam os mastros para a borda

rarrAureacutelio natildeo constam avencadura e ovencadura Consta oveacutem Oveacutem [Do escand ant

houmlfudbendur pelo fr ant hobent ou hobene] Substantivo masculino 1Constr Nav Cada

uma das pernadas da enxaacutercia Desarmam o toldo de lona agrave proa [] colhem os guardins as

enxaacutercias os oveacutens os brandais todo o cordame em suma capaz de ser tocado pela ramaria

do arvoredo debruccedilado na calha (Raimundo Moraes Na Planiacutecie Amazocircnica p 77)

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq

Que experimentamos jaacute quando noutra jornada do Braſil padecernos nelle hum horrivel

naufragio De preſente pela forccedila com que jugava ſurto na Ilha da Madeira abrio o calcegraves

por duas partes rebentando o eſtay mayor amp muita avencadura

FRANCISCO DE BRITO FREYRE (1655) [1655] SENHOR [A00_2496 p 14]

______________________________________________________________________

Comentaacuterios de todos os dicionaacuterios acima consultados soacute o Aureacutelio natildeo apresenta

avencadura ovencadura Os outros apresentam esse lexema como termo naacuteutico Origem

francesa

B Ficha 18

Banzeiro adj (T Naut) Diz-se do mar quando natildeo faz grandes ondas e do jogo que anda

igual para os parceiros

______________________________________________________________________

rarrCunha banzar bdquoespantar pasmar surpreender‟ 1813 Do lat bilanceare de bilancia

bdquobalanccedila‟ Do significado primitivo de bdquooscilar mover-se como balanccedila‟ passaria ao de

ondear‟ de que resultaria o de bdquoficar estonteado‟ [] banzeiro XVI

rarrBluteau BANZEIRO Inquieto Mal ſeguro Mar banzeiro nem quieto nem tormentoſo

[] Mas como o mar com a calamaria andave Banzeiro Barros I Decfol27colI []

rarrMoraes e Silva BANZEgraveIRO adj t de Naut Diz-se do mar que natildeo tem ondas mas que se

agita vagarosamente []

76

rarrLaudelino Freire banzeiro adj Diz-se do mar quando faz pequenas ondas e se agita

vagarosamente []

rarrAureacutelio Adjetivo 1 Diz-se do mar que se agita vagarosamente e em pequenas ondas []

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq

Os mesmos remos padeceratildeo tantas falhas no seu exerciacutecio quantas forem as inconstacircncias

assim no mar como dos navios inquietos e inclinados jaacute para um e para outro lado nos

mares banzeiros e muito mais nos alterados e assim muitas e muitas vezes natildeo chegaratildeo a

aacutegoa e circularatildeo em seco apontando os ares mas natildeo virando os mares

PADRE JOAtildeO DANIEL (1976) [1757] PARTE SEXTA - DO TESOURO DESCUBERTO NO

RIO MAXIMO AMAZONAS - CONTEacuteM INVENTOS UacuteTEIS E CURIOSOS PARA A MELHOR

FAZENDO NAVEGACcedilAtildeO PROacuteSPEROS TODOS OS VENTOS AINDA OS MAIS

PONTEIROS E CONTRAacuteRIOS E PARA FAZER NAS CALMARIAS BOA VIAGEM COM

NOVA INVENCcedilAtildeO DE REPRESAR AS MAREacuteS PARA MOEREM FAacuteBRICAS E INGENHOS

DE MOTO CONTIacuteNUO ACCRESCEM ALGUMAS OUTRAS IDEacuteAS DE INGENHOS

MANUAES PARA SERRAR MADEIRA FAZER ACcedilUacuteCAR E MUITOS OUTROS NAtildeO

MENOS CURIOSOS QUE UacuteTEIS A VIDA HUMANA - CAP 2deg - SOBRE A MESMA

MATEacuteRIA DO PRIMEIRO INVENTO [A00_1965 p 393]

______________________________________________________________________

Comentaacuterios todos os dicionaacuterio apesentam banzeiro entre outras acepccedilotildees como termo do

universo mariacutetimo Origem portuguesa lt latina

Ficha 19

Barbear va Fazer as barbas a algueacutem vn (T Naut) Estar prezo

______________________________________________________________________

rarrCunha barba ndash sf bdquocabelos do rosto do homem‟ XIII Do lat barba ndashae []

rarrBluteau BARBEAR Fazer a barba Cic Barbear (Termo Nautico) Barbeando os navios

ſobre as amarras trinta amp outo dias Britto Viagem do Braſil pag 180

rarrMoraes e Silva BARBEacuteAR vat Fazer as barbas a alguemsect vnt de Naut estar

abarbado preso vg barbeando os navios sobre a amarra Brito Viag

rarrLaudelino Freire BARBEAR vrv De barba + ear Fazer ou talhar as barbas a (tr dir

pr) [] 2 Abarbar (o cavalo) para medir a alccedilada (tr dir) [] 3Amarrar (tr dir)

rarr Aureacutelio barbear [De barba + -ear2] Verbo transitivo direto 1Fazer a barba a Verbo

pronominal2Fazer a proacutepria barba []

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq

Depois que com ſingular felicidade eſtiveratildeo ſem nenhum dano tantos navios barbeando

ſobre a amarra trinta amp oito dias no perigoſo ſurgidouro da Coſta do Recife aacute terccedila feira da

Semana Santa onze de Abril principiamos noſſa derrota

FRACISCO DE BRITO FREYRE (1655) [1655] SENHOR () [A00_2496 p 36]

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Bluteau e Moraes e Silva apresentam barbear como termo naacuteutico

significando ldquoprender estar presordquo Na 3ordf acepccedilatildeo desse verbo Laudelino Freire define-o

como amarrar mas natildeo o classifica como termo naacuteutico Origem portuguesa lt latina

77

Ficha 20

Barcolas sf plur (T Naut) As bordas onde encaixatildeo os quarteis de fechar as escotilhas

______________________________________________________________________

rarrCunha barc∙ o -ola rarr BARCA - bdquotipo de embarcaccedilatildeo‟ XIII Do lat tard barca de

origem hispacircnica [] barcOLA 1899

rarrBluteau BARCOLAS Barcocirclas (Termo de navio) Saotilde humas bordas mais altas em que

encaxatildeo os quarteis com que ſe cobrem as eſcotilhas amp deſpois ſe paſſa hum varatildeo ou cadeu

de ferro em que ficaotilde fechadas Naotilde temos palavras propria Latina

rarrMoraes e Silva BARCOacuteLAS (barcoacutelas) s f plur T de Naut As bordas onde encaxatildeo os

quarteis de fechar as escoltilhas

rarrLaudelino Freire BARCOLAS sf pl Naacuteut Bordas em que se encaixam os quarteacuteis de

fechar as escotilhas

rarrAureacutelio natildeo consta

rarr Banco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Aureacutelio natildeo apresenta o lexema barcola Em todos os outros dicionaacuterios esse

lexema eacute apresentado como termo naacuteutico Origem hispacircnica lt latina

Ficha 21

Barquilha sf Peccedila atada a hum cordel comprido com que os navegantes medem o espaccedilo

que o navio vence com certo vento

______________________________________________________________________

rarrCunha barca ndash do latim tardio barca de origem hispacircnica

rarrBluteau natildeo consta barquilha mas barquinha ndash [] He como um barco de pescar ordinario

mas com quilha alta amp torre por baixo que vem de proa ateacute popa amp os furos por onde vai a

corda com facilidade []

rarrMoraes e Silva BARQUIacuteLHA (barquiacutelha) s f t Naut Peccedila de madeira da feiccedilatildeo de um

quarto de circulo atada a um longo cordel a qual se lanccedila por popa e dando-se-lhe corda por

tempo medido pela ampolheta se recolhe para saber-se o espaccedilo que o navio vinga com certo

vento em certo tempo e isto pouco mais ou menos outros dizem barquinha

rarrLaudelino Freire BARQUILHA s f De barca + ilha Mar Peccedila de madeira de forma

triangular ou dum quadrante precircsa a um cordel que se lanccedila da pocircpa dum navio para avaliar a

velocidade da sua marcha barquinha

rarrAureacutelio natildeo consta barquilha consta barquinha ndash [Dim de barca] Substantivo

feminino[] 4Ant Naacuteut Dispositivo com que na eacutepoca dos descobrimentos mariacutetimos do

seacutec XV se determinava a velocidade do navio

rarr Banco de dados do Projeto DHPBCNPq

A praacutetica que usam os navegantes sobre a navegaccedilatildeo de Leste a Oeste eacute ordinariamente a

que chamam barquinha que eacute uma taboinha no fim de um comprido cordatildeo enrodilhado em

um rodiacutezio a qual taboinha largam sobre o mar da popa abaixo tendo na matildeo uma

ampulheta e segundo a velocidade com que o peso da barquinha levada das aacutegoas

desenrola o cordel do seu rodiacutezio inferem a velocidade ou andadura do navio para o que o

cordel tem sua conta que regulam pela ampulheta e dela foram seus caacutelculos e destes suas

ideacuteas de quanto anda em cada minuto em cada quarto em cada hora e em cada sangradura

78

Quatildeo sujeita seja a erros esta barquinha se pode logo inferir do seu cocircmputo e caacutelculo que

natildeo eacute outra cousa mais que uma conjectura ou estimativa tatildeo irregular e diversa como a

diversidade dos pilotos e navegantes

PADRE JOAtildeO DANIEL (1976) [1757] PARTE SEXTA - DO TESOURO DESCUBERTO NO

RIO MAXIMO AMAZONAS - CONTEacuteM INVENTOS UacuteTEIS E CURIOSOS PARA A MELHOR

FAZENDO NAVEGACcedilAtildeO PROacuteSPEROS TODOS OS VENTOS AINDA OS MAIS

PONTEIROS E CONTRAacuteRIOS E PARA FAZER NAS CALMARIAS BOA VIAGEM COM

NOVA INVENCcedilAtildeO DE REPRESAR AS MAREacuteS PARA MOEREM FAacuteBRICAS E INGENHOS

DE MOTO CONTIacuteNUO ACCRESCEM ALGUMAS OUTRAS IDEacuteAS DE INGENHOS

MANUAES PARA SERRAR MADEIRA FAZER ACcedilUacuteCAR E MUITOS OUTROS NAtildeO

MENOS CURIOSOS QUE UacuteTEIS A VIDA HUMANA - CAP 4deg - DE ALGUAS OUTRAS

ADVERTEcircNCIAS SOBRE A NAVEGACcedilAtildeO [A00_1967]

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Moraes e Silva e Laudelino Freire classificam barquilha como termo naacuteutico

Aureacutelio na 4ordf acepccedilatildeo para o lexema barquinha apresenta esse termo como naacuteutico

indicando ainda ser termo antigo No Banco de Dados consultado soacute encontramos a variante

barquinha Origem hispacircnica lt latina

Ficha 22

Bastardo sm Nome de huma uva Moeda que houve na Iacutendia de 10 soldos [T Nautico]

Cabo que se mette por meio das lebres e coccedilonros para atracar as vergas aos mastros

______________________________________________________________________

rarrCunha bastardo adj sm bdquoque nasceu fora do matrimocircnio‟ bdquodegenerado da espeacutecie a que

pertence‟ XIV Do a fr bastard hoje bacirctard [] AbastardAR vb bdquoalterar corromper‟ 1813

rarrBluteau Baſtardos (Termo de navio) Satildeo huns cabos que ſe metem pello meyo das lebres

amp coccedilouros com que ſe atra Atraccedilatildeo as vergas aos mattos [] Ficou a Galeacute Pheniz fem

Baſtardo Malaca conquiſt livro 1oit32

rarrMoraes e Silva BASTAacuteRDO (bastaacuterdo) s m [] Bastardos t de Naut Cabos que se

mettem por meyo das lebres e coccedilouros com que se atraccedilaotilde as vergas aos mastrossect Parece

ser veacutela que se mettia nas galeacutes quando queriaotilde fazer forccedila de veacutela B 4 107 e mettendo os

bastardos por o alcanccedilar

rarrLaudelino Freire BASTARDO adj Fr bacirctard [] 3 Cabo naacuteutico de atracar vecircrgas nos

mastros 4 Naacuteut Vela triangular de pequenas embarcaccedilotildees

rarrAureacutelio bastardo [Do fr ant bastart] [] 10Marinh Cada um dos cabos de que se

compotildeem os enxertaacuterios das vergas de gaacutevea 11Marinh Pequeno cabo munido de caccediloilos e

destinado a aguentar a boca de lobo da carangueja ou retranca de encontro ao mastro 12Mar

V vela de bastardo

rarr Banco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta como termo naacuteutico

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Aleacutem do significado mais conhecido todos os dicionaacuterios indicam bastardo e

bastardos tambeacutem como termo naacuteutico Origem francesa

79

Ficha 23

Beque sm (T naut) A extremidade da proa

______________________________________________________________________

rarrCunha beque1 sm bdquoestrutura saliente que forma a parte alta da proa dos navios antigos‟

XVI Do fr bec deriv do lat beccus bdquobico‟

rarrBluteau BEQUE Begraveque He na Proa do Baxel a ultima obra de madeira em que de

ordinario aſſenta a figura de algum animal ou monſtro marinho []

rarrMoraes e Silva BEacuteQUE (beacuteque) s m t de Naut A extremidade da proa onde o ordinario

vaacutei alguma figura Viriato 1720 O mar Tyrrbeno os beques vatildeo rasgando

rarrLaudelino Freire BEQUE s m Fr bec Extremidade superior da proa em forma de bico

2 Pop Nariz grande 3 Pop Parte posterior dos vestidos das mulheres Ant Giacuter Bocircca

rarrAureacutelio beque1 [Do fr bec us no fr ant em vez de avant] Substantivo masculino

1Constr Nav Estrutura saliente em geral inclinada para fora que forma a parte alta da proa

dos navios antigos a fim de servir de apoio ao gurupeacutes 2Pop V narigatildeo (2)

rarr Banco de dados do Projeto DHPBCNPq

As antigas tem como temos dito na circunferecircnc

bem largas e para se segurarem nas cavernas natildeo seratildeo necessaacuterios mais pregos do que as

de casco logo nesta parte ficaraacute quasi o mesmo poreacutem como estas taacutebuas vatildeo a rematar no

beque e fazer a proa ali poupam toda a ferramenta que levam de mais os cascos com o

accrescentamento das conchas e bochecas e nesta parte levam as taacuteboas menos pregos

PADRE JOAtildeO DANIEL (1976) [1757] QUINTA PARTE - DO TESOURO DESCUBERTO

NO RIO MAXIMO AMAZONAS - CONTEacuteM UM NOVO MEacuteTODO PARA A SUA

AGRICULTURA UTILIacuteSSIMA PRAXE PARA A SUA POVOACcedilAtildeO NAVEGACcedilAtildeO

AUGMENTO E COMEacuteRCIO ASSIM DOS IacuteNDIOS COMO EUROPEOS - CAP 9deg - DE

MELHOR MEacuteTODO PARA A FACTURA DAS CANOAS DO AMAZONAS [A00_1959 p

363]

______________________________________________________________________

Comentaacuterios todos os dicionaacuterios indicam beque como termo naacuteutico Origem francesa

Ficha 24

Bigotas sm plur (T Nautico) Satildeo como huns moitotildees com trecircs furos pelo meiochatos e

sem roldanas por onde se enfiatildeo os colhedores das velas

______________________________________________________________________

rarrCunha bigota ndash BIGA sf bdquocarro romano de duas ou quatro rodas puxado por dois

cavalos‟ 1844 Do lat bīga bigota sf bdquoantiga peccedila de embarcaccedilatildeordquo 1813

rarrBluteau BIGOTA de navio Bigocirctas (Termo de navio) ſaotilde huns paos redondos mas

chatos com tres buracos por onde paſſaotilde os colhedores para fazer a enxarcia

rarrMoraes e Silva BIGOacuteTAS (bigoacutetas) s f pl t de Naut Moitotildees chatos sem roldanas

aburacados pelo meyo com furos por onde passatildeo colhedores de veacutelas

rarrLaudelino Freire BIGOTAS s f Naacuteut Montatildeo chato sem roldana furado pelo meio para

dar passagem aos colhedores das velas e a cabos da enxaacutercia

rarrAureacutelio bigota [Do it bigotta] Substantivo feminino 1Marinh Ant Poleame surdo de

madeira de forma lenticular biconvexa com uma goivadura na orla para receber uma alccedila de

80

fixaccedilatildeo e trecircs furos de face a face usado aos pares com um colhedor ligando-os empregado

para tesar oveacutens brandais estais etc

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq

Fazem-se igualmente vigotas de 25 palmos de comprido e hum de grosso e seu preccedilo he de

500 atheacute 400 rs

LUIZ DOS SANTOS VILHENA (1921) [1801] CARTA VIGESIMA [A00_0846]

______________________________________________________________________

Comentaacuterios todos os dicionaacuterios indicam bigota como termo naacuteutico No Banco de Dados

consultado consta a variante vigotas Origem latina

Ficha 25

Bolinete sm (T Naut) He o paacuteo roliccedilo com hum vatildeo por onde joga o pinccedilote e fixo na

coberta de sorte que se move de bombordo a estibordo

______________________________________________________________________

rarrCunha molinete bdquoespeacutecie de cabrestante que sustenta a acircncora em navios pequenos‟

bdquomovimento giratoacuterio raacutepido que se faz com a espada com um pau etc‟ XVI Do fr Moulinet

bdquomoinho pequeno‟ []

rarrBluteau BOLINETE Bolinegravete (Termo de navio) He hum patildeo roliccedilo que eſtacirc fixo na

cuberta de maneira que ſe mova redondamente de Bombordo para Eſtibordo Tem hum

buraco por onde paſſa amp joga o Pinccedilote Natildeo temos palavra propria Latina

rarrMoraes e Silva BOLINEgraveTE (bolinegravete) s m t de Naut Paacuteo roliccedilo que estaacute fixo na

coberta de maneira que se mova e borneye de bombordo a estribordo tem um vatildeo por onde

joga o Pinccedilote

rarrLaudelino Freire BOLINETE s m Cilindro de madeira na coberta do navio o qual

serve de cabrestante para a manobra2 Bateia

rarrAureacutelio bolinete (ecirc) [De molinete (ecirc) poss] Substantivo masculino 1Constr Nav

Molinete 2Vaso de madeira para lavagem das areias auriacuteferas [Cf bulinete]

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo constam bolinete molinete com a acepccedilatildeo

naacuteutica

______________________________________________________________________

Comentaacuterios todos os dicionaacuterios indicam bolinete como termo naacuteutico ou referente a navio

Origem francesa

Ficha 26

Bombordo sm (T Naut) O lado esquerdo da nagraveo olhando da popa para a proa

______________________________________________________________________

rarrCunha bombordo sm bdquo(Mar) o lado esquerdo da embarcaccedilatildeo considerando-se a proa

como a sua frente‟ XVI babordo XV Do fr bacircbord deriv do neerl bakboord Com

visiacutevel influecircncia de BOM

rarrBluteau BOMBORDO (Termo de navio) He a parte eſquerda da natildeo eſtando huma peſſoa

com a cara para a proa Siniſtrum latus navis Faz tal pendor para Bombordo Queirograves Vida do

Irmaotilde Baſto fol 124 col1

81

rarrMoraes e Silva BOMBOacuteRDO (bomboacuterdo) s m t de Naut O lado da naacuteo opposto a

estriboacuterdo Naufr De Sep73

rarrLaudelino Freire BOMBORDO s m De bom + bordo Naacuteut 1- Lado esquerdo do navio

olhando-se para a proa 2 Tudo o que fica ao lado esquerdo do navio

rarrAureacutelio bombordo [Do neerl bak boord bordo das costas do dorso (do timoneiro

quando o governo da embarcaccedilatildeo se fazia com um comprido remo colocado a estibordo) pelo

fr babord talvez com infl de bom] S m 1Mar O lado esquerdo da embarcaccedilatildeo

considerando-se a proa como a sua frente [v estibordo e boreste]

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq

Da banda de bombordo me arrebataram os aparelhos com o jogar da nao

PEcircRO LOPES DE SOUSA (1968) [1530] DIAacuteRIO DA NAVEGACcedilAtildeO DE PEcircRO LOPES DE

SOUSA [A00_0078 p 55]

______________________________________________________________________

Comentaacuterios todos os dicionaacuterios indicam bombordo como termo naacuteutico ou referente a

mariacutetimo Origem francesa

Ficha 27

Botalograves sm (T naut) Paacuteos que tem nas pontas ferros de tres bicos e segundo a sua grossura

servem para largar ou os cutellos ou as varredouras ou para afastar o navio que vem

abordar

______________________________________________________________________

rarrCunha natildeo consta

rarrBluteau BOTALOS Botacirclos (Termo de Navio) Satildeo huns paos com huns ferros nas

pontas com tres bicos que ſe botatildeo pelos coſtados dos navios para ſe largarē os cutellos

para que com mais preſſa ſe chegue ao navio a que ſe dagrave caccedila E embaixo no coſtado ſe botatildeo

outros botalos mais groſſos em que ſe largatildeo outras velas a que chamatildeo Barredouras amp eſtes

Botalos ſervem tambeacutem para ſe fincarem no coſtado de outro navio para afaſtar para fora

Natildeo tem nome proprio Latino

rarrMoraes e Silva (botaloacutes) s m pl t de Naut Paacuteos com ferros de tres bicos nas pontas

que servem para se largarem os cutellos e sendo botaloacutes mais grossos para largar as

varredouras que vatildeo polo lados os botaloacutes afastam tambem o navio que vem abordar

rarrLaudelino Freire BOTALOacuteS (botaloacutes) s m pl Naacuteut Paus com ferros de trecircs bicos nas

pontas para vaacuterios serviccedilos a bordo

rarrAureacutelio botaloacute [De botar1 + a

3 + loacute

1] Substantivo masculino Mar 1Ant Pontalete com

que os navios afastavam os inimigos que tentassem abordaacute-los 2Pau que sai pela popa de

embarcaccedilatildeo de vela que usa catita para caccedilaacute-la

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta o termo botaloacutes

______________________________________________________________________

Comentaacuterios todos os dicionaacuterios indicam botalos como termo naacuteutico ou mariacutetimo

Origemonomatopaica - ldquoetim voc trissilaacutebico oxiacutetono formado de todo um segmento

fonoloacutegico que representava a oraccedilatildeo imperativa bota a loacute isto eacute bdquobota a vela da embarcaccedilatildeo

virada para captar o vento‟rdquo (Houaiss 2001)

82

Ficha 28

Bracear v n Mover os braccedilos v a (T Naut) Marear as velas _____________________________________________________________________________

rarrCunha bracear- consta no verbete de braccedilo - sm bdquocada um dos membros superiores do

corpo humano‟ XIII Do lat brac(c) hĭum [] bracEAR XVII

rarrBluteau Natildeo consta

rarrMoraes e Silva BRACEAacuteR (braceaacuter) v at Mover os braccedilossect t de Naut Bracear as

veacutelas H Naut Tom 3 mareaacute-las por meyo dos braccedilos []

rarrLaudelino Freire BRACEAR vrv De braccedilo + ear O mesmo que bracejar (intr) 2

Naacuteut Movimentar horizontalmente (as vecircrgas) em tocircrno do mastro por meio de cabos

chamados braccedilos (tr dir) ldquoAacuterduos penoacuteis braceia rebraceia teacute que o socircpro agrave feiccedilatildeo lhe

enfuna as velasrdquo (Odorico Mendes)

rarrAureacutelio bracear [De braccedilo + -ear2] Verbo transitivo direto 1Marinh Fazer girar (a verga)

no plano horizontal alando pelos braccedilos [v braccedilo (21)] para que a vela fique

convenientemente disposta em relaccedilatildeo ao vento []

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Bluteau natildeo dicionariza bracear Todos os outros dicionaristas indicam

bracear como termo naacuteutico ou remete ao universo naacuteutico Origem portuguesa lt latina

Ficha 29

Braccedilo sm membro do corpo humano desde o hombro ateacute a matildeo Pernas dianteiras do

cavallo e outros quadrupedes A parte do instrumento de cordas onde estas se titiliatildeo A peccedila

que atravessa o arco da cruz Peccedila da cadeira onde encosta os braccedilos quem estagrave sentado nelle

Porccedilatildeo de mar entre duas costas pouco apariadas No plur (T Naut) Cabos que vem da ponta

da verga e servem para marear de hum para outro bordo _____________________________________________________________________________

rarrCunha braccedilo sm bdquocada um dos membros superiores do corpo humano‟ XIII Do lat

brac(c)hĭum []

rarrBluteau Braccedilos (Outro termo de navio) ſatildeo huns cabos que vem da ponta da verga com

que ſe marea a hum bordo amp outro ſe poderagrave exprimir em Latim com circumlocuccedilatildeo

rarrMoraes e Silva BRAacuteCcedilO (braacuteccedilo) t de Naut Satildeo os pegatildeo em cavernas para levantar o

grosso navio e estes satildeo braccedilos primeiros sect Braccedilos segundos satildeo as ultimas partes que botatildeo

cavernas da quilha para cima sect Braccedilos satildeo cabos que vem da ponta da verga em que se

mareya de um bordo a outro quando braceyatildeo

rarrLaudelino Freire BRACcedilO s m Lat brachium Naacuteut Cabos fixos agraves extremidades das

vecircrgas e que servem para as fazer girar em tocircrno do mastro

83

rarrAureacutelio braccedilo [Do gr brachiacuteon pelo lat brachiu] Substantivo masculino Marinh Cada

um dos cabos singelos ou dobrados que presos aos laises das vergas redondas se destinam a

dar-lhes movimento no sentido horizontal e a aguentaacute-las para reacute ~ V braccedilos Braccedilo da

acircncora 1 Marinh Cada uma das duas partes recurvadas da acircncora no extremo inferior da

haste que formam a cruz e terminam pelas patas

Braccedilo da verga 1 Marinh Cada um dos cabos ou teques presos agraves extremidades da verga e

que servem para fazecirc-la girar no plano horizontal [Cf amantilho (2)]

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta braccedilo como termo naacuteutico

______________________________________________________________________

Comentaacuterios todos os dicionaristas indicam braccedilo tambeacutem como termo naacuteutico ou da

marinha Origem portuguesa lt latina

Ficha 30

Braga sf Argola com cadea de ferro com que se prende alguem pela perna (T Naut) Cabo

de alar pipas e outras cousas No plur Calccedilas largas

______________________________________________________________________

rarrCunha braga sf ldquocalccedilatildeo geralmente curto e largo que se usava outrora‟ XV bdquogrilheta‟

XVI Do lat braccedila []

rarrBluteau Braga Argola de ferro que prende na perna com huma cadca que prende por

cima Pocircr a braga a hum negro Servo catenas injicere E para que experimente a ſujeiccedilaotilde

pezada lhe lanccedila a dura Braga carregada Lobo o Deſengan Paacuteg 135 Braga chamaotilde nos

navios a huma corbalas quando embarcatildeo []

rarrMoraes e Silva BRAacuteGA (braacutega) Cabo do navio com que alatildeo caixas pipas e outras

coisas pesadas [] sect Braga no sing Cast 5 c 59 ldquoLanccedilou-se a gente na agua que lhe dava

pela bragardquo

rarrLaudelino Freire BRAGA s f Lat braccedila Argola de ferro que cingia a parte inferior da

perna do condenado a trabalhos forccedilados prendendo-o a uma corrente de ferro atada agrave cintura

do mesmo ou agrave argola de outro condenado grilheta 2 Caacutelerea com que se iccedilam cousas

pesadas como caixas pipas etc 3 Cabo que serve para sustar o recuo de um canhatildeo 4

Muro que servia de tranqueira nas antigas fortificaccedilotildees 5 Lus Casta laia qualidade

BRAGAS s f pl Ant Calccedilas largas e curtas calccedilotildees 2 Lus Ceroulas

rarrAureacutelio braga [Do lat braca] Substantivo feminino Marinh Gato de escape ou manilha

com que se prende o chicote da amarra agrave paixatildeo2 (q v) no paiol da amarra

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta braga como termo naacuteutico

______________________________________________________________________

Comentaacuterios todos os dicionaristas indicam braga tambeacutem como termo naacuteutico ou da

marinha Origem portuguesa lt latina

84

Ficha 31

Bragueiro sm Funda de que usa o que he quebrado Especie de manteo para cobrir os

genitaes (T Naut) Cabo que atravessa o leme para segurallo na falta das femeas Cabo

encostado ao Castello da proa fixo em huma argola e com huma bigota de hum furo na ponta

e serve para impedir que natildeo se afaste nem corte a escota no costado Cabo de amarrar

______________________________________________________________________

rarrCunha natildeo consta

rarrBluteau Bragueiro (Outro termo de navio) He hum cabo fixo em huma argola encoſtado

ao caſtello da proa que tem na ponta hum bigota de hum olho amp ſerve paraque ſe natildeo a faſte

nem corte a eſcota no coſtado []

rarrMoraes e Silva BRAGUEacuteIRO (braguegraveiro) s m [] sect t de Naut Cabo que atravessa o

leme pelo meyom para que faltando as fecircmeas se natildeo perca F M G Tambeacutem se chama assim

outro cabo fixo em uma argola encostado ao Castello da proa que tem na ponta uma bigota

de um olho e serve para que natildeo affaste nem corte a escota no costado

rarrLaudelino Freire BRAGUEIRO sm De braga + eiro Cabo que atravessa o leme para o

segurar no caso de se quebrarem as fecircmeas2Braga de segurar a artilharia ou cousas

pesadas3 Cabo de atracar []

rarrAureacutelio bragueiro [De braga + -eiro] Substantivo masculino 1Cinta ou funda para

heacuternias e rupturas 2Cueiro fralda

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta o termo bragueiro

______________________________________________________________________

Comentaacuterios De todos os dicionaacuterios analisados soacute Aureacutelio natildeo apresenta bragueiro como

termo naacuteutico Origem portuguesa lt latina

Ficha 32

Brandaes sm (T Naacuteutico) Especie de cabos os grandes passatildeo da enxarcia dos mastareos

pelas gaveas e vem a fazer fixo nos ouvens da enxarcia grande Os de gavea vem das pontas

dos mastereos a fazer fixo no costado do navio

______________________________________________________________________

rarrCunha brandal sm bdquotipo de cabo usado a bordo‟ l ndashdaacutees pl 1813 l Do cat brandal

rarrBluteau BRANDAES (Termo de navio) Brandaes grandes ſaotilde huns cabos que paſſaotilde da

enxarcia dos maſtarcos pellas gaveas amp vem a fazer fixos ao redor dos ſouvēs da enxarcia

85

grande Brandaes da Gavea ſaotilde huns cabos que vem das pontas dos maſtarcos a fazer fixo ao

coſtado da nao Natildeo temos palavra propria Latina

rarrMoraes e Silva BRANDAacuteES splmasc t de Naut Brandaes grandes uns cabos que

passatildeo da enxaacutercia dos mastareacuteos pelas gaacuteveas e vem a fazer fixo ao redor dos ouvens da

enxaacutercia grandesect Brandaes da Gaacutevea cabos que vem das pontas dos mastareacuteos a fazer fixo

ao costado das naacuteos

rarrLaudelino Freire BRANDAL s m De brando + al Naacuteut Cada um dos cabos que

aguentam os mastareacuteus para a borda

rarr Aureacutelio brandal [Do cat brandal poss] Substantivo masculino Marinh 1Cada um dos

cabos que aguentam os mastareacuteus para um e outro bordo e um pouco para reacute 2Cada um dos

cabos que aguentam os mastros de embarcaccedilatildeo miuacuteda para um e outro bordo e um pouco para

reacute [Cf estai] ESTAI [Do fr ant estai estay (atual eacutetai)] Substantivo masculino 1Marinh

Qualquer dos cabos que aguentam a mastreaccedilatildeo para vante 2Marinh Qualquer cabo

destinado a suportar em posiccedilatildeo vertical um turco chamineacute balauacutestre ou qualquer outra peccedila

do equipamento da embarcaccedilatildeo 3Bras Constr Nav Haste metaacutelica geralmente ciliacutendrica

que serve para manter em posiccedilatildeo qualquer parte ou peccedila da embarcaccedilatildeo [Cf brandal]

rarr Banco de dados do Projeto DHPBCNPq

Por 5 Brandaes de 2 libras a 640 []

LUIZ DOS SANTOS VILHENA (1921) [1802] CARTA PRIMEIRA [A00_0404 p 71]

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Todos os dicionaacuterios analisados apresentam brandal brandaes como termo

naacuteutico ou da marinha Origem catalatilde

Ficha 33

Briol sm (T naut) Corda para ferrar e colher as velas

______________________________________________________________________

rarrCunha briol sm bdquotipo de cabo usado nas embarcaccedilotildees a vela‟ 1813 Do cast briol deriv

do a fr braivel (hoje breuil) dim de braie bdquobraga‟

rarrBluteau BRIOES (Termo de marinagem) Satildeo huns cabos com que ſe colhem as velas

quando ſe querem ferrar Funes contrabendis ou colligendis velis

rarrMoraes e Silva BRIOacuteES sm pl t de Naut Cordas que servem para ferrar e colher as

veacutelas (briyoes)

rarrLaudelino Freire BRIOL s m Cast briol Naacuteut Cabo de ferrar as velas 2 Giacuter Vinho

de qualidade inferior BRIOL adj Lus Becircbado eacutebrio

rarrAureacutelio briol [Do esp briol] Substantivo masculino 1Marinh Cada um dos cabos fixos

nas esteiras das velas redondas destinados a carregar o pano de encontro agraves vergas respectivas

[]

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta o termo briol

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Todos os dicionaacuterios analisados apresentam briol como termo naacuteutico ou da

marinha Origem castelhana lt francesa

Ficha 34

Buccedilardas sf (T Naut) pagraveos que atravessatildeo a roda da proa para reforccedilal-a

______________________________________________________________________

86

rarrCunha natildeo consta

rarrBluteau BUCARDAS Buccedilardas (Termo de navio) Satildeo huns paacuteos tortos que atraveſſaotilde a

roda de proa pella banda de dentro para fortificar amp em navios pequenos nellas aſſenta o

maſtro do traquete Naotilde tem palavra propria Latina

rarrMoraes e Silva BUCcedilAacuteRDAS sfpl t de Naut Satildeo uns paacuteos tortos que atravessatildeo a roda

de proa pela banda de dentro para a reforccedilarem sect Nos navios pequenos o mastro do traquete

assenta sobre as buccedilardas

rarrLaudelino Freire natildeo consta

rarrAureacutelio natildeo consta

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta

__________________________________________________________________

Comentaacuterios Soacute Bluteau e Moraes apresentam o verbete buccedilardas e o indicam como termo

naacuteutico ou da marinha Origem controvertida

Ficha 35

Burra sf A femea do burro Cofre para dinheiro (T familiar) Nome de uma corda da mezena

[ T Naut ]

______________________________________________________________________

rarrCunha burro ndash do latim burrus bdquoruccedilo vermelho‟

rarrBluteau Burra de Mezena He huma corda que ſerve na vela da popa

rarrMoraes e Silva BUacuteRRA s f Jumenta a femea do burro sect famil Cofre para dinheiro

ordinariamente chapeado e forrado sect Uma corda de mezena t de Naut

rarrLaudelino Freire BURRA s f Fecircmea do burro jumenta 2 Naacuteut Cabo de mezena []

rarrAureacutelio Burro [] Mar Cada uma das pequenas talhas engatadas nos lais da retranca e nas

alhetas do navio uma por bordo e destinadas a aguentaacute-la quando a vela estiver caccedilada []

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta

______________________________________________________________________

Comentaacuterios todos os dicionaacuterios apresentam burra burro tambeacutem como termo ligado agrave

vida mariacutetima Origem portuguesa lt latina

C Ficha 36

Cabresto sm Corda para prender as bestas na estribaria e que serve na falta de freio O freio

do prepucio No plr (T Naut) Cabos que vem do ldquoguropezrdquo a fazer fixo no costado em

humas argolas agrave proa

______________________________________________________________________

rarrCunha cabresto sm bdquoarreio freio‟ l XIII -bestro XIV l Do lat capĭstrum []

87

rarrBluteau Cabreſto (Termo de Mariagem) ſaotilde huns cabos que vem da ponta do gurupez a

fazer fixo em humas argolas que eſtaotilde no coſtado da nao agrave proa A falta do termo proprio

latino deſculparagrave aos que‟ fallarem por circumlocuccedilaotilde

rarrMoraes e Silva CABREgraveSTO s m [] t de Naut Cabos que vem da ponta do gurupeacutes a

fazer fixo em umas argolas que estatildeo no costado da naacuteo aacute proa []

rarrLaudelino Freire CABRESTOS s m Lat capistrum [] 2 Naacuteut Cabo grosso que

segura o gurupeacutes a argolas fixas no costado do navio 3 Corrente correia ou corda que

prende o cabeccedilalho agrave canga socairo

rarrAureacutelio cabresto (ecirc) [Do lat capistru com metaacutetese] Substantivo masculino Constr

Nav Cada uma das correntes de ferro que aguentam o gurupeacutes para a roda de proa Bras

Reforccedilo de linha ou de arame fino aplicado na extremidade da vara ou caniccedilo de pesca Bras

NE Ligamento de cordas que prendem os bancos agrave jangada []

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq

[] chegada a occasiatildeo de levar acircncora se lhe prende o cabresto e se larga ou solta a roda

a qual quanto mais tesa estiver tanto mais forccedila poraacute no cabresto e quando por si soacute natildeo

seja suficiente para a levantar o faraacute com muita brevidade ajudada com alguns poucos

serventes porque as cordas como violentadas hatildeo de buscar o seu natural

PADRE JOAtildeO DANIEL (1976) [1757] PARTE SEXTA - DO TESOURO DESCUBERTO NO

RIO MAXIMO AMAZONAS - CONTEacuteM INVENTOS UacuteTEIS E CURIOSOS PARA A MELHOR

FAZENDO NAVEGACcedilAtildeO PROacuteSPEROS TODOS OS VENTOS AINDA OS MAIS

PONTEIROS E CONTRAacuteRIOS E PARA FAZER NAS CALMARIAS BOA VIAGEM COM

NOVA INVENCcedilAtildeO DE REPRESAR AS MAREacuteS PARA MOEREM FAacuteBRICAS E INGENHOS

DE MOTO CONTIacuteNUO ACCRESCEM ALGUMAS OUTRAS IDEacuteAS DE INGENHOS

MANUAES PARA SERRAR MADEIRA FAZER ACcedilUacuteCAR E MUITOS OUTROS NAtildeO

MENOS CURIOSOS QUE UacuteTEIS A VIDA HUMANA - CAP 4deg - DE ALGUAS OUTRAS

ADVERTEcircNCIAS SOBRE A NAVEGACcedilAtildeO () [A00_1967 p 402]

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Todos os dicionaacuterios analisados apresentam cabresto como termo naacuteutico ou

de marinhagem Origem portuguesa lt latina

Ficha 37

Cachola sf (T baixo) Cabeccedila Fig Juizo Touticcedilo No plur (T naut) Pagraveos posticcedilos sobre o

calcez para engrossallo

______________________________________________________________________

rarrCunha cacho ndash provavelmente do latim vulgar cacculus [] cachOLA sf bdquopop Cabeccedila‟

XVIII []

rarrBluteau CACHOacuteLAS Cacholas (Termo de navio) Satildeo huns posticcedilos em cima do calcez

para o engroſſar quando naotilde tem groſſura proporcionada ao Navio Naotilde temos palavra propria

Latina

rarrMoraes e Silva CACHOgraveLAS t de Naut Paacuteos posticcedilos sobre o calcez para o engrossar

[]

rarrLaudelino Freire CACHOLA s f Mar Taacutebua que se prega no tocircpo do calcecircs de um

mastro afim de que a aacutegua se natildeo introduza entre os encaixes do madeiro2 Cavidade na

cabeccedila do leme onde se introduz a cana []

rarrAureacutelio [De cacho2 + -ola

1 poss] Substantivo feminino 1Pop V cabeccedila []

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo foram encontradas ocorrecircncias

______________________________________________________________________

88

Comentaacuterios Soacute Aureacutelio natildeo apresenta cachola como termo naacuteutico

Origemcontrovertida

Ficha 38

Calabre sm (T Naut) corda grossa

______________________________________________________________________

rarrCunha calabre cabre sm bdquo(Marinh) amarra de cabo‟ l cabre XVI caaure XIV l Do ant

port caabre deriv Do a fr caable e este provavelmente do lat tard capŭlum bdquocorda‟

rarrBluteau Calabre que ſe ata agrave ancora Funis ancorarius Cœfar Calabre com que ſe ata bdquoa

verga ao maſto Anquina œ Fem Penult long []

rarrMoraes e Silva CALAacuteBRE ( calaacutebre) smt de Naut Corda grossa amarreta para varios

usos

rarrLaudelino Freire CALABRE s m Corda grossa feita de piaccedilaba a que se prendem os

alcatruzes das noras 2 Naacuteut Cabo grosso amarra

rarrAureacutelio calabre [Do port ant caabre (v cabre) poss com infl do port ant calabre

catapulta] S m 1Corda grossa Diz Cristo que eacute mais faacutecil entrar um calabre pelo fundo

de a agulha que entrar um avarento no Reino do Ceacuteu (Pe Antocircnio Vieira Sermotildees II p

259) 2Marinh Amarra de cabo cabre 3Constr Cabo2 (4)

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq

Acham-se alguns de tal grossura que servem de calabres e amarras de embarcaccedilotildees

FRANCISCO XAVIER RIBEIRO DE SAMPAIO (1872) [1642] RELACcedilAtildeO GEOGRAPHICA

HISTORICA DO RIO BRANCO DA AMERICA PORTUGUEZA COMPOSTA PELO

BACHAREL FRANCISCO XAVIER RIBEIRO DE SAMPAIO () [A00_0713 p 262]

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Todos os dicionaacuterios analisados apresentam calabre como termo naacuteutico ou da

marinha Origem francesa lt latina

Ficha 39

Calabrote sm (T Naut) Calabre menos grosso Accediloute feito de hum pedaccedilo de calabrote

______________________________________________________________________

rarrCunha calabre cabre sm(Marinh) amarra de cabo‟ l cabre XVI caaure XIV l Do ant

port caabre deriv Do a fr caable e este provavelmente do lat tard capŭlum bdquocorda‟

calabrETE XV calabrOTE 1813

rarrBluteau CALABROTE Calabrocircte Vid Calabre Calabre pouco groſſo Com que a nao ſe

amarra em terra Com hum calabrote forte Jacinto Freire mihi pag 198 []

rarrMoraes e Silva CALABROacuteTE s m t de Naut Sorte de calabre menos grosso de um

pedaccedilo delle se faz accediloite donde se toma calabrote por accediloite de que usa o comitre ou

mestre para castigar a maruja

rarrLaudelino Freire CALABROTE s m De calabre + ote Calabre pouco grosso 2

Ponta de cabo de accediloute

rarrAureacutelio calabrote [De calabre + -ote1] Substantivo masculino 1Corda de pequena

grossura 2Marinh Cabo2 (6) de pequena bitola Atraacutes dos soldados chegaram marujos a

brandir calabrotes e chuccedilos (Xavier Marques O Sargento Pedro p 135)

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq

89

Mandarʃeha aos Meʃtres que cinjatildeo a enxarʃea levem area para as cubertas tomem boccedilas

nas vergas nas ancoras nas eʃcotas contra-eʃtais amp os bateis pela popa com dous

calabrotes hum mais baganagraveo do que outro

FRANCISCO DE BRITO FREYRE (1655) [1655] SENHOR () [A00_2496 p 61]

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Todos os dicionaacuterios analisados remetem calabrote a calabro ndash termo naacuteutico

ou de marinhagem Origem francesa lt latina

Ficha 40

Calafeto sm (T Naut) A estopa e breo com que se calafeta Acccedilatildeo de calafetar

______________________________________________________________________

rarrCunha Calafetar vb‟tapar vedar‟ XIII Do it calafatare provavelmente do ar qaacutelfat De

origem incerta o voc aacuterabe talvez derive do lat vulg calefare (claacutess calefacĕre‟) bdquoaquecer‟

por ser a operaccedilatildeo de derreter o alcatratildeo submetendo-o ao fogo uma das mais importantes

que pratica o calafate []

rarrBluteauCALAFETO Calafeto Couſa que ſe uſa para calafetar como eſtopa amp outra

couſa ſemelhante ou a acccedilaotilde de calafetar []

rarrMoraes e Silva CALAFEgraveTO s m t de Naut A estopa e breu com que se calafeta o

navio vg ldquo o navio cospia o calafetordquo A acccedilatildeo de calafetar

rarrLaudelino Freire s m De calafetar O mesmo que calafetagem [] 2 Estocircpa ou outra

substacircncia com que se calafeta calafecircto CALAFETAR v r v Ital Calafatare MarTapar

com estocircpa introduzida agrave forccedila (as junturas buracos ou fendas de uma embarcaccedilatildeo) e

embebendo de pez alcatratildeo para velar a aacutegua (tr Direto) ldquoEspalma as naves calafeta as

fendas repara as bordas o massame as velasrdquo (Pocircrto Alegre)

rarrAureacutelio calafeto (ecirc) [Dev de calafetar] Substantivo masculino1Calafetagem (2) [Pl

calafetos (ecirc) Cf calafeto do v calafetar] CALAFETAR [Do cat calafatar calafetar pelo

esp ant calafetar] Verbo transitivo direto 1Vedar com estopa alcatroada (as junturas

buracos ou fendas de uma embarcaccedilatildeo) 2Tapar vedar com pano papel massa etc (fenda ou

buraco de toneacuteis assoalhos tabiques etc) []

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq

E natildeo cause estranheza o calafetar das canoas porque pocircsto que aqui se fazem de um soacute pau

como no Brasil satildeo poreacutem abertas pela proa e pela pocircpa e acrescentadas pela borda com

falcas para ficarem mais altas e possantes e assim as costuras destas como os escudos ou

rodelas com que se fecham a proa e pocircpa necessitam de calafeto

ANTOacuteNIO VIEIRA (1925) [1654] CARTA LXV - AO PADRE PROVINCIAL DO BRASIL

1654 ()[A00_0157 p 373]

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Moraes e Silva apresenta calafeto como termo naacuteutico Laudelino Freire e

Aureacutelio apresentam acepccedilotildees que remetem ao universo da marinha Bluteau natildeo faz nenhuma

referecircncia Origem italiana

Ficha 41

Calcez sm (T naut) O pescoccedilo do mastro onde encapella a enxarcia real

______________________________________________________________________

90

rarrCunha calcecircs bdquo(Const Nav) parte da seccedilatildeo retangular no extremo superior de um mastro

ou mastareacuteu‟ l ndashceses pl XVI l Do it calceacutese deriv do lat tardio calcēse adaptaccedilatildeo do lat

carchēsium e este do gr karchēsion bdquovaso para beber‟ parte superior do mastro cesto da

gaacutevea‟

rarrBluteau CALCEZ Calcecircz (Termo de Navio) he o peſcoccedilo do maſtro para riba aonde

encapella a Enxarcia Real Falta palavra propria Latina Pela muita forccedila o Maſtareo abrio o

Calcez por duas partes BritoViagem ao Braſil pag 67 []

rarrMoraes e Silva CALCEgraveZ s m t de Naut O pescoccedilo do mastro para riba onde encapella

a enxarcia real F Mend c 7

rarrLaudelino Freire CALCEZ ou CALCEcircS s m Lat carchesium Naacuteut Parte quadrada do

mastro ou mastareacuteu desde a romatilde para cima e na qual encapela a enxaacutercia real

rarrAureacutelio calcecircs [Do it calcese lt lat vulg calcese lt lat claacutess carchesiu] Substantivo

masculino 1Marinh Parte de seccedilatildeo retangular no extremo superior de um mastro ou

mastareacuteu logo acima da romatilde [Pl calceses (ecirc)]

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Todos os dicionaacuterios analisados apresentam calcez como termo naacuteutico ou da

marinha Origem italiana

Ficha 42

Calma sf calor causado pelo sol (T naut) Falta de vento

______________________________________________________________________

rarrCunha calma sf bdquogrande calor atmosfeacuterico geralmente sem vento‟ XV bdquoserenidade

sossego‟ 1813 Do it calma deriv Do lat tardio cauma e este do gr kauma bdquocalor ardente

chama‟ []

rarrBluteau calma borralho Phraſe Nautica Emparelhado onde elle participa da outra linha da

coſta tranſversal [] Bonanccedila Por em calma ao mar Mare tranquillarem placare fedare

Vid Abonanccedilar Seus alterados mares punha em Calma Inful De Man Thomas liv 2

Oit69

rarrMoraes e Silva CAacuteLMA s f t de Naut tempo em que natildeo haacute a menor aragem nenhum

vento sect Calma entre os Nautas falta de vento calmarialdquo cahir em calma ldquoficar em

calmariardquo

rarrLaudelino Freire CALMA s f B lat cauma do gr kauma Hora do dia em que haacute mais

calor 2 Falta de vento cessaccedilatildeo de agitaccedilatildeo no mar bonanccedila calmaria []

rarrAureacutelio calma [Do gr kaucircma calor ardente pelo lat tard cauma] SF 1Grande calor

atmosfeacuterico em geral sem vento calmaria [] 3V calmaria (1) 4Fig Serenidade de acircnimo

sossego tranquilidade calmaria malacia []

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq

Este dia todo nom ventou vento senam choveo muita aacutegua e fazia tam grande calma que nom

se podia soportar

PEcircRO LOPES DE SOUSA (1968) [1530] DIAacuteRIO DA NAVEGACcedilAtildeO DE PEcircRO LOPES DE

SOUSA () [A00_0078 p 35]

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Nem todos os dicionaacuterios citam o termo como naacuteutico mas todos eles abonam

ou exemplificam o termo como relativo ao mar Origem italiana lt latina

91

Ficha 43

Calmaria s f (T Naut) Falta de vento

______________________________________________________________________

rarrCunha calma sf bdquogrande calor atmosfeacuterico geralmente sem vento‟ XV bdquoserenidade

sossego‟ 1813 Do it calma derivado do latim tardio cauma e este do grego kauma bdquocalor

ardente chama‟ [] calmaria sf bdquocalma‟ XVI

rarrBluteau CALMARIA Calmaricirca Tanquilidade das aguas do mar Malacia amp Fem []

Amanheceo o dia ſeguinte em huma terrivel Calmaria Queirograves Vida do Irmatildeo Baſto pag

351colI

rarrMoraes e Silva calmaria sf de Naut Tempo de calma no mar em que o navio natildeo surde

ldquoestar o mar em calmariardquo []

rarrLaudelino Freire sf De calma + aria Cessaccedilatildeo do vento e do movimento das ondas

[]

rarrAureacutelio [ De calma + aria] Sf 1 Ausecircncia de ventos eou do movimento das ondas []

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq

[] por cinco ou seis dias tivemos grandes calmarias trovoadas e chuveiros tatildeo escuros e

medonhos e tatildeo fortes ventos que era cousa despanto e no meio dia ficavamos numa noite

mui escura

PADRE FERNAtildeO CARDIM (1980) [1583] III - INFORMACcedilAtildeO DA MISSAtildeO DO P

CHRISTOVAtildeO GOUVEcircA AacuteS PARTES DO BRASIL - ANNO DE 83 - OU NARRATIVA

EPISTOLAR DE UMA VIAGEM E MISSAtildeO JESUIacuteTICA[A00_0751 p 142]

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Somente Moraes e Silva define calmaria como termo naacuteutico mas todos os

outros dicionaacuteriosem suas definiccedilotildees remetem a tempo e atmosfera Origem italiana lt

latina

Ficha 44

Canjar vs (T Naut) Ir avante

______________________________________________________________________

rarrCunha natildeo consta

rarrBluteau natildeo consta

rarrMoraes e Silva CANJAacuteR vr t de Naut Surdir aacute vante ldquo os ventos ponteiros faziatildeo

desandar o que o navio tinha canjadordquo i eacute os ventos abatiatildeo o que o navio tinha surdido

vingado Freire

rarrLaudelino Freire CANJAR v intran Ant Trocar de cocircr ou de rumo cambiar Canjar s

m Aacuter kandjar Espeacutecie de punhal de lacircmina comprida afiada dos dois lados alfanje

rarrAureacutelio natildeo consta

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Somente Moraes e Silva apresenta canjar como termo naacuteutico Origem

duvidosa (italiana) (Houaiss 2001)

92

Ficha 45

Carlinga sf (T Naut) He hum encaixe onde na sobrequilha da nagraveo ou navio assenta o pegrave

do mastro grande e do traquete por outro nome pia

______________________________________________________________________

rarrCunha carlinga sf bdquo(Constr Nav) ant forte peccedila de madeira fixa agrave sobrequilha com um

encaixe onde entra a mecha do peacute do mastro real‟ XVI (Aeron) cabina XX Do fr carlingue

deriv do a escand kerling bdquomulher‟ bdquocarlinga‟ por uma comparaccedilatildeo de ordem sexual

rarrBluteau CARLINGA (Termo de navio) He na ſobrequilha hum encaixo ou covaſinha

onde aſſentaotilde o maſto grande amp agraves vezes o do traquete Por outro nome chamotildelhe PiaO Padre

Filiberto Monet com termos Grego-Latinos chama a Carlinga Hiftodoche es Fem amp

Hiftopus odis Mafe O peacute do maſto ſe encaixa em hum buraco quadrado da Carlinga Pterna

mali ou peacutes mau ou talus mali inditur ftatuitur in quadro biftodoches cavo A Carlinga

ſerve de de baze ao maſto amp a quilha de pedeſtal Hiftodoche feumodius bafin dyrochus verograve

ftylobaten navali malo fubminiftratA agoa que a nao fazia era pola Carlinga Comentar De

Affonſo d‟Albuquerque pag 22

rarrMoraes e Silva CARLIacuteNGA s f t de Naut Na sobrequilha dos navios eacute um encaxe onde

assenta o peacute do mastro grande e do traquete aliaacutes se diz pia Comment dlsquo Albuq P22 Couto

6921

rarrLaudelino Freire CARLINGA s f Naacuteut Peccedila fixada na sobrequilha ou abertura nesta

praticada e em que encaixam os mastros sobrequilha 2 Aeron Lugar onde fica o pilocircto

3 Tabuleta com furos em baixo do banco da vela da jangada e na qual se prende o peacute do

mastro mudando-se de um furo para o outro conforme a conveniecircncia da ocasiatildeo carninga

rarrAureacutelio carlinga [Do fr carlingue] Substantivo feminino 1Ant Constr Nav Forte peccedila

de madeira fixa agrave sobrequilha e em cuja face superior haacute um encaixe de seccedilatildeo quadrangular

onde entra a mecha do peacute do mastro real 2Constr Nav Gola metaacutelica fixa no conveacutes (quando

o mastro natildeo vai ateacute agrave quilha) e onde se apoia o peacute do mastro As meias arrendadas foram

atiradas agrave carlinga do mastro (Xavier Marques Jana e Joel p 173) 3Cabina (3) 4Bras

NE Tabuleta com furos embaixo do banco da vela de uma jangada e na qual se prende o peacute

do mastro mudando-se de um furo para o outro segundo a conveniecircncia da ocasiatildeo [Var

carninga]

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Todos os dicionaacuterios apresentam carlinga como termo naacuteutico Origem

francesa

Ficha 46

Carregadeiras por outro nome Sirgideiras Sf plr (T Naut) Cabos delgados para colher ou

carregar as velas Dous moitotildees com cabo fixo no enxertario para arriar a verga

______________________________________________________________________

rarrCunha do latim carrus ndash carregadeira 1813

93

rarrBluteau CARREGADEIRAS ou Sirgideiras (Termo de Marinhagem) Carregadeiras da

mezena ſaotilde huns cabos delgados cotilde que ſe carrega a vela amp ſe colhe colligendo velo

poftico Carregadeiras (Outro termo de marinhagem) Satildeo dous moutoens com hũ cabo fixo

no enxertario que ſerve para arriar a verga a baixo quando faz tempo

rarrMoraes e Silva CARREGADEIRAS s f pl t de Naut ou Sirgideiras cabos delgados

com que se colhem ou carregatildeo as velassect Dois moitotildees com cabo fixo no enxertario para

arriar a verga quando faz tempo

rarr Laudelino Freire s f pl Lus Giacuter As pernas CARREGADEIRA s f De carregar +

deixara Cabo delgado com que se carregam ou colhem as velas dos navios []

rarrAureacutelio carregadeira [De carregar + -deira] Substantivo feminino 1Marinh Cabo

delgado com que se carregam ou colhem as velas []

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo constam carregadeiras nem sirgideiras

______________________________________________________________________

Comentaacuterios todos os dicionaacuterios apresentam carregadeiras como termo naacuteutico de

marinhagem ou do mar Origem portuguesa lt latina

Ficha 47

Cevadeira sf (T Naut) vela pequena agrave proa do navio Alforge de comida

______________________________________________________________________

rarrCunha do latim cibare

rarrBluteau CEVADEIRA Vela pequena que ſe potildeem na proa Proclinati ad proram mali

velum

rarrMoraes e Silva CEVAgraveDEIRA s f vela pequena de proa t de Naut sect Alforge de comer

Couto 5113 natildeo levatildeo mais que suas armas e cevadeiras com farinha de trigo Cont de

Trancoso sect Homem da minha cevadeira i eacute da minha conversaccedilatildeo Eufr 51 Hist Naut 1

456 ldquoSem alforge e cevadeirardquo os Apoacutestolos despedidos por J Christo Feo Sem De Nossa

Senhora das Neves p115 ldquoRumecan General com 7 ou 8 mil de cavallo da sua cevadeira

Couto 495

rarrLaudelino Freire CEVADEIRA s f de cevar + deira Naacuteut Pequena vela suspensa de

uma vecircrga que atravessa horizontalmente o gurupeacutes

rarrAureacutelio cevadeira [De cevada + -eira] Substantivo feminino 1Saco que se adapta ao

focinho das cavalgaduras para lhes dar a cevada ou outro alimento bornal embornal

2Marinh Ant Verga de cevadeira 3Marinh Ant Vela quadrangular que envergava na

verga do mesmo nome por baixo do gurupecircs [Cf sevadeira]

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq

Apartados os dous navios da ſombra da terra deſcubrioſe entatildeo da Armada que rendido o

noſſo do Pirata o levava aacute toa E metendolhe breviſlimamente vellas de eſtay cutellos

joanetes barredouras (aacutelem da meſena amp ſevadeira que lhe faltou) adiantava grande

caminho em pouco tempo fugindo a hum cortar para ſervirlhe o vento a todo pano o vento

a todo pano

FRANCISCO DE BRITO FREYRE (1655) [1655] SENHOR [A00_2496 p 42]

______________________________________________________________________

Comentaacuterios todos os dicionaacuterios apresentam cevadeira como termo naacuteutico ou relativo ao

mar Origem portuguesa lt latina

94

Ficha 48

Chapeleta sf (T Naut) Couro pregado sobre o pagraveo chamado de nabo O salto da pedra

atirada agrave superficie da agua

______________________________________________________________________

rarrCunha do a f chapel

rarrBluteau CHAPELETA Chapeleta (Termo de navio) He hum couro pregado em cima de

hum pagraveo redondo que chamaotilde Nabo Coriaceum tegumentum i Neut

rarrMoraes e Silva CHAPELETA s f t de Naut Coiro pregado sobre o paacuteo a que os

Nauticos chamatildeo Nabo da Bomba de esgotar o fundo dos navios

rarrLaudelino Freire CHAPELETA s f Cast chapelete Chapelinho 2 Vaacutelvula nas

bombas que se usam a bordo

rarrAureacutelio [De chapeacuteu1 (lt fr ant chapel) + -eta (ecirc) seg o padratildeo erudito] Substantivo

feminino 1V chapeacuteu1 (1) 2Vaacutelvula de bola (q v) usada nas bombas [v bomba (4)] 3V

ricochete (1) 4Mancha de rubor nas faces chapeacuteu1 [Do fr ant chapel atual chapeau]

Substantivo masculino 1Peccedila de feltro palha etc com copa e abas e destinada a cobrir a

cabeccedila [Aum chapelatildeo chapeiratildeo dim irreg chapelete chapeleta Sin (bras giacuter) tampa

e penante] Marinh A parte superior do cabrestante

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Embora natildeo conste em todos os dicionaacuterios como termo naacuteutico as definiccedilotildees

apresentadas remetem a esse termo Origem portuguesa lt francesa

Ficha 49

Chapiteo sm (T Naut) O remate mais alto da popa e proa No edifiacutecio Chapitel he o

rematte delle

______________________________________________________________________

rarrCunha natildeo consta

rarrBluteau CHAPITEO Chapiteo (Termo de navio Por quanto hum homem podia diviſar do

Chapiteo da naacuteo Barr 2 Dec pag 186col2

rarrMoraes e Silva CHAPITEO Chapiteacutel V Chapiteacuteo Palm 3111Chapiteacuteo s m t de

Naut o chapiteacuteo da naacuteo Barros 2186 quanto um homem podia divisar do chapiteacuteo da naacuteo

Amaral 2 Eacute a parte mais alta em que se remata a popa e proa onde frequentemente havia

castellos e entatildeo o Chapiteo rematava os castellos bem como na arquitectura civil os

chapiteacuteis rematatildeo os edificios Seg Cerco de Diu f157 ―chapiteacuteos da Igreja M Pinto

6214

rarrLaudelino Freire CHAPITEacuteU s m De capitel A parte mais elevada da proa e da pocircpa

do navio

rarrAureacutelio natildeo constam chapiteacuteo chapiteacuteu

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq

Era tam grande o mar que agrave entrada da baiacutea em 9 braccedilas de fundo me deu o mar por riba

do chapiteacuteo e veo quebrar no conveacutes

PEcircRO LOPES DE SOUSA (1968) [1530] DIAacuteRIO DA NAVEGACcedilAtildeO DE PEcircRO LOPES DE

SOUSA [A00_0078 p 107]

95

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Aureacutelio natildeo lista chapiteo em seu dicionaacuterio Para os demais autores

consultados chapiteo eacute um termo de navio Origem natildeo encontrada

Ficha 50

Chaveta sf (T Naut) Ferro com que se bdquore em‟ as cavilhas fechando por cima das arruelas

Ferro no eixo que natildeo deixa saacutelvio o que estagrave enfiado nelle

_____________________________________________________________________

rarrCunha chaveta - do latim clavem

rarrBluteau CHAVETA Chaveta (Termo de navio) Chapa de ferro da largura de dous dedos

eſtreita para a ponta fecha por cima das arruelas para que ſe naotilde poacuteſſaotilde tirar as cavilhas

Clavorum retinaculum i Neut

rarrMoraes e Silva CHAVEgraveTA s f t de Naut Peccedila de ferro que fecha por cima das

arruellas para reter as cavilhas ou se mette no extremo de algum eixo paranatildeo sair o que estaacute

enfiado nelle

rarrLaudelino Freire CHAVEcircTA s f De chave Peccedila de ferro na extremidade de um eixo

para natildeo deixar sair as rodas ou peccedila que segura uma cavilha 2 Cavilha 3 Haste em que

jogam as dobradiccedilas 4 Lus O mesmo que chavelha

rarrAureacutelio chaveta (ecirc) [De chave + -eta (ecirc)] Substantivo feminino 1Peccedila na extremidade

dum eixo para fixar as rodas2Peccedila para segurar a cavilha 3Haste em que jogam as

dobradiccedilas 4Bras SP Peccedila de madeira que prende a canga agrave tiradeira [Pl chavetas (ecirc) Cf

chaveta e chavetas do v chavetar]

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq

[] e estas fontes como outros tantos Cyfoens enchem delivel com aagoa dorio aquellas

praccedilas logo que amachina se interrompe machina ha destas q consta de quatro centas

chapas deferro ecada chapa de oito Libras fora as cavilhas e chavetas do mesmo metal

[]

ANTONIO PIRES DA SILVA PONTES LEME (1896) [nd] MEMORIAS SOBRE A

EXTRACCcedilAtildeO DO OURO NA CAPITANIA DE MINAS GERAES () [A00_0761 P 420]

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Todos os dicionaacuterios apresentam o termo chaveta ligado ao mundo mariacutetimo

Origem portuguesa lt latina

Ficha 51

Cheleira sf (T naut) peccedila de madeira nas nagraveos junto aacutes portinholas com vatildeos onde se

mettem as balas

_____________________________________________________________________

rarrCunha natildeo consta

rarrBluteau natildeo consta

rarrMoraes e Silva CHELEgraveIRA s f Nas naacuteos de guerra eacute peccedila de madeira que corre ao

longo do costado junto aacutes portinholas e onde estatildeo as ballas vi uns vatildeos feitos para isso nas

cheleiras (do Inglez Shelf) Exame de Artilheiros

96

rarrLaudelino Freire CHELEIRA s f Lugar em que empilham as balas na bateria de um

navio 2 Peccedila de madeira em que a bordo se encaixam baldes

rarrAureacutelio natildeo consta

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Em suas acepccedilotildees os dicionaacuterios de Moraes e Silva e Laudelino Freire

apontam o termo como do universo naacuteutico Os demias dicionaristas natildeo citam o termo

Origem natildeo encontrada

Ficha 52

Ciar se va refl Ter ciumes (T Naut) vn Remar para traz em quanto outros rematildeo ao

contrario para voltar o baixel

______________________________________________________________________

rarrCunha ciar vb bdquoremar para traacutes‟ l cear XVI l Do cast ciacutear talvez deriv de cia bdquoquadril‟

pelo esforccedilo que faz esta parte do corpo ao ciar

rarrBluteau CIAR ou ciarſe ter ciumes Emulari Vid Ciume amp Ciofo Pois ſe Chriſto ſe Cia

tanto de morrer algum hoacutemem antes que elle morra pelos homens OP Ant Vieira

rarrMoraes e Silva CIAR-SE t de Naut Remar para traz ao tempo que os outros remeiros do

lado opposto rematildeo para diante para voltar a galeacute V Ciavoga Cast 2161 V Cear como

escrevem Barros e Castanheda CIAVOacuteGA s f t de Naut Volta em redondo que se daacute aacute

galeacute remando os de um lado e ciando os do outro Cast

rarrLaudelino FreireCIAR v intr Naacuteut Remar no sentido contraacuterio ao andamento para

recuar ou para voltar a embarcaccedilatildeo vogando a direito os remeiros do outro lado 2 Mover-

se para traacutesrdquo Cia a igara e reparte um silvo extensordquo (Pocircrto Alegre)

rarrAureacutelio ciar1 [Do esp ciar poss] Verbo intransitivo 1Remar para traacutes 2P ext Mover-se

para traacutes [Cf siar e cear]

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq

Vista jaacute posto que em sombras a pintura do corpo natural desta Regiatildeo a benevolecircncia do

seu clima a fermosura dos seus Astros a distancia das suas costas o curso cia sua

navegaccedilatildeo o movimento dos seus mares objectos que mereciaotilde mais vivos e dilatados

rascunhos []

SEBASTIAtildeO DA ROCHA PITTA (1878) [1730] LIVRO PRIMEIRO [A00_0567 p 13]

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Dentre os dicionaacuterios consultados somente o de Bluteau natildeo cita o termo ciar-

se como naacuteutico Origem castelhana

Ficha 53

Cifa sf Assim chamatildeo os ourives a aregravea de que enchem os frascos de moldar e vasar as

peccedilas (T Naut) untura que se dagrave nas embarcaccedilotildees

______________________________________________________________________

rarrCunha cifa sf bdquoareia que os ourives empregam para moldar‟ 1813 Do arsatildeifacirc

97

rarrBluteau natildeo consta

rarrMoraes e Silva CIFA sf eacute untura que se daacute aos navios feita de gordura ou azeite de

peixes ampc B 4816 ldquodaria 100 quintaacutees de Cifa ( que eacute azeite de peixe) ―Couto V de Lima

6 16 lhe mandassem municcedilotildees remos cifa cotonias []

rarrLaudelino Freire sf aacuter saifa Areia de que os ourives enchem os frascos de moldar e

vazar as peccedilas que eles depois tecircm de lavar

rarrAureacutelio cifa [Do aacuter sayf espada areia fina (sentido metafoacuterico)] Substantivo feminino

1Areia que os ourives empregam para moldar

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Somente Moraes e Silva abona o termo cifa como naacuteutico Origem aacuterabe

Ficha 54

Cifar va (T Naut) Dar cifa

______________________________________________________________________

rarrCunha de cifa sf bdquoDo arsatildeifacirc

rarrBluteau CIFAR Termo Nautico Mandou logo Cifar amp baſtecer trinta navios Jacinto

Freire mihi 322 Cinco navios varados amp Cifados para ſe lanccedilarem ao mar Couto 8 Dic 129

col1

rarrMoraes e Silva CIFAacuteR v at De Naut Dar cifa aos navios ldquocifar e alimpar os naviosrdquo

Cron F III P 3 c 77 mandou cifar e bastecer trinta navios Freire cinco navios varados e

cifados para se lanccedilarem ao mar Cast 8 fol I col I ldquocifados e ensevados os navios para

que ficassem mais ligeirosrdquo e a f 250 como as embarcaccedilotildees estavatildeo cifadas e enseyadas

prendeo logo o fogo nellas V Cifa

rarrLaudelino Freire CIFAR v tr dir De cifa + ar Ant Untar com cifa (os navios) 2

Aparelhar ou abastecer (embarcaccedilatildeo) para se lanccedilar agrave aacutegua

rarrAureacutelio natildeo consta

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Dos dicionaacuterios consultados natildeo citam o termo as obras de Aureacutelio e Cunha

Origem aacuterabe

Ficha 55

Cinta sf Faixa de apertar o corpo Cintura onde se aperta a cinta Peccedila das culumnas e

pedestaes (T Naut) Pagraveos de reforccedilar o forro do costado de popa agrave proa

______________________________________________________________________

rarrCunha cinta sf bdquofaixa para apertar a cintura‟ XIII Do lat cĭncta part De cĭngĕre cintAR

1881 cinto1

adj bdquocingido‟ XIV Do lat cinctus ndashūs part De cĭngĕre cinto2

sm bdquofaixa ou

tira que cinge o meio do corpo com uma soacute volta‟ XIII Do lat cinctus -ŭs cintura sf bdquoa

parte meacutedia do tronco humano situada abaixo do peito e acima dos quadris‟ l ccedilin- XIV ccedilim-

XV l Do lat cinctūra cintURAtildeO sm bdquocinto grande‟ 1813

rarrBluteau Cintas (Termo de navio) Saotilde huns paacuteos que cingem o navio da popa ateacute a proa

pela parte de fora abraccedilando toda aquella madeira em diſtancia huma da outra de palmo amp

meyo ou dous palmos de largo ou ſaotilde huns paacuteos q coacuterrem davante a Reacute ſobre as eſtacas que

ellas foraotilde correndo ao longo das Cintas do coſtados []

98

rarrMoraes e Silva [] t de Naut Paacuteos que vatildeo por fora do costado de popa aacute proa e servem

de reforccedilo ao taboado ou forro do costado Barros

rarrLaudelino Freire CINTAS s f pl Taacutebuas pregadas aos caibros junto agrave cumieira e

paralelas a esta de dois em dois metros mais ou menos para dar firmeza aos planos do

madeiramento 2 Pranchotildees que cingem o navio da pocircpa agrave proa

rarrAureacutelio cinta [Do lat cincta fem do part pass de cingere] Substantivo feminino

Constr Nav Fiada de chapas mais grossas dispostas de proa agrave popa no forro exterior do

costado de navios de ferro agrave altura do conveacutes da borda-livre com o fim de aumentar a

resistecircncia do casco e do proacuteprio costado cintado []1 Bras Mar G Dispositivo instalado

numa embarcaccedilatildeo de casco de ferro ou de accedilo e que atenua ou neutraliza a deformaccedilatildeo que o

magnetismo da embarcaccedilatildeo causa nas linhas de forccedila do magnetismo terrestre assim

reduzindo muito a eficaacutecia das minas e torpedos eletromagneacuteticos que se possam encontrar na

rota Cinta couraccedilada 1 Constr Nav Cinta de chapas de couraccedila para proteger navio

encouraccedilado e que se estende desde abaixo da sua linha de flutuaccedilatildeo ateacute pouco acima dela

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Todos os dicionaacuterios apresentam cinta como termo naacuteutico Origem

portuguesa lt latina

Ficha 56

Clara s f O branco glutinoso do ovo (T Naut) No beque do navio he hum pagraveo que vai por

baixo da curva e por cima do talhamar

______________________________________________________________________

rarrCunhaclara - Claro adj bdquoorig luminoso brilhante iluminado‟ fig niacutetido inteligiacutevel

manifesto‟ XIII Do lat clarus []

rarrBluteau [] Clara do Beque Palavra de Navio He hum paacuteo que vay por cima do

Talhamar amp por baxo da curva Chamaſe Clara porque tem ſeus vatildeos para por ella paſſar o

mar

rarrMoraes e Silva CLARA sf [] Clara do beque pao que vai por cima do talhamar e por

baixo da curva t de Naut

rarrLaudelino Freire CLARA sf [] 4 Abertura em algumas peccedilas do navio

rarrAureacutelio clara [F subst do adj claro] s f 4Mar V aberta (9) 5Constr Nav Designaccedilatildeo

comum a algumas aberturas existentes no casco ou no aparelho das embarcaccedilotildees []

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta

______________________________________________________________________

Comentaacuterios todas as obras apontam clara como termo de navio entre outras acepccedilotildees

Origem portuguesa lt latina

99

Ficha 57

Colhedor sm Que colhe as frutas das aacutervores No plur(T Naut) Cabos que para fortificar

os mastros passatildeo pelas bigotas fixas nas pontas dos bdquoovens‟ da enxarcia e nas que estatildeo fixas

na abotoadura

______________________________________________________________________

rarrCunha colhedor ndash de colher Do latim colligere

rarrBluteau Colhedocircres (Termo de navio) Saotilde huns cabos que paſſaotilde pelas bigotas que

eſtaotilde fixas nas pontas dos ovens da Enxarcia como tambem por aquellas que eſtaotilde fixas na

abotocadura para fortificar os maſtos Demandaotilde toda a forccedila amp vaotilde a poder de muyto cabo

[]

rarrMoraes e Silva sm [] t de Naut cabos que passatildeo pelas bigotas fixas nas pontas dos

ovens da enxaacutercia e por outras fixas na abotoadura para fortificar os mastros

rarrLaudelino Freire COLHEDOR adj E sm De colher + dor O que colhe o que recebe

Colhedores s m pl Cabos delgados que enfiando pelos buracos de duas bigotas ou sapatos

servem para tesar os oveacutens estais

rarrAureacutelio [De colher (ecirc) + -dor] Adjetivo Marinh Cabo com que se tesa um estai um

oveacutem etc e que gorne em um par de bigotas uma das quais eacute presa no chicote do cabo a

tesar e a outra num ponto apropriado do conveacutes do costado de um mastro etc

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta

______________________________________________________________________

Comentaacuterios todos os dicionaacuterios apontam colhedor como termo naacuteutico Origem

portuguesa lt latina

Ficha 58

Contrapunho sm [T Naut] cabo pegado na ponta da vela grande e do traquete para ajudar

a amarra

______________________________________________________________________

rarrCunha contra (latim) +punho (latim)

rarrBluteau (Termo de navio) He hum cabo que eſtaacute pegado na ponta da vella grande amp do

traquete que ſerve de ajudar a amarra Naotilde tem nome proprio Latino

rarrMoraes e Silva CONTRAPUacuteNHO s m t de Naut Cabo pegado na ponta da vela grande

e do traquete para ajudar a amarra

rarrLaudelino Freire CONTRAPUNHO s m De contra + punho Naacuteut Cabo fixo na ponta

da vela grande e do traquete para auxiliar a manobra

rarrAureacutelio contrapunho [De contra- + punho] Substantivo masculino 1Marinh Cabo ligado

agrave ponta da vela grande e do traquete e que serve para auxiliar a manobra

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta

______________________________________________________________________

Comentaacuterios todos os dicionaacuterios apontam contrapunho como termo naacuteutico Origem

portuguesa lt latina

100

Ficha 59

Corda sf fios torcidos de estopa etc entre si de diversas grossuras e para diversos usos Nos

Instrumentos musicos he de intestinos de animaes ou de arame No relogio he de accedilo

Cordilheria Extremidade do muscolo No plr (T Naut) Chapas de lata que vatildeo davante agrave regrave

nas cobertas

______________________________________________________________________

rarrCunha corda sf bdquocabo de fios vegetais unidos e torcidos uns sobre os outros‟ bdquofios de

vibra em alguns instrumentos‟ XIII Do lat chŏrda deriv Do gr chordē bdquotripa corda musical

feita com tripas‟ []

rarrBluteau CORDA Corda de navio Funis nauticus i Maſe Rudens tis Maſe Plauto faz

eſte nome do genero feminino mas melhor he fazelo do genero maſculino agrave imitaccedilaotilde de

Catullo Virgilio Oviacutedio Lucano Silio Italico amp Juvenal Vid Ancora Vid Calabre Cordas

com que ſe governaotilde as antenas Funes opiferi Corda com que ſe atta a antena ao maſto

Anquina e Fem Cinna Corda que puxa agrave firga []

rarrMoraes e Silva COacuteRDAS sf pl t de Naut Satildeo umas latas davante a re em todas as

cobertas

rarrLaudelino Freire CORDA s f Lat chorda Peccedila de fios unidos e torcidos uns socircbre os

outros e que serve para prender ou apertar[]

rarrAureacutelio corda [Do lat chorda] Substantivo feminino Constr Nav Ant Cada uma das

vigas longitudinais que nas naus galeotildees etc juntamente com os vaus e as latas aguentavam

os pavimentos 10Marinh Pedaccedilo de cabo ligado ao badalo do sino de bordo [Eacute este a bordo

o uacutenico cabo que tem o nome de corda Cf sicorda]

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq

Falta soacute a induacutestria de as ir puxando para diante para cada vez irem avanccedilando e eacute faacutecil

pondo na ponta de cada pao alguma roda ou reacutegoa entesada em cordas

um calabre cujas pontas vatildeo prender na extremidade dos acircngulos que seguram

PADRE JOAtildeO DANIEL (1976) [1757] PARTE SEXTA - DO TESOURO DESCUBERTO NO

RIO MAXIMO AMAZONAS - CONTEacuteM INVENTOS UacuteTEIS E CURIOSOS PARA A MELHOR

FAZENDO NAVEGACcedilAtildeO PROacuteSPEROS TODOS OS VENTOS AINDA OS MAIS

PONTEIROS E CONTRAacuteRIOS E PARA FAZER NAS CALMARIAS BOA VIAGEM COM

NOVA INVENCcedilAtildeO DE REPRESAR AS MAREacuteS PARA MOEREM FAacuteBRICAS E INGENHOS

DE MOTO CONTIacuteNUO ACCRESCEM ALGUMAS OUTRAS IDEacuteAS DE INGENHOS

MANUAES PARA SERRAR MADEIRA FAZER ACcedilUacuteCAR E MUITOS OUTROS NAtildeO

MENOS CURIOSOS QUE UacuteTEIS A VIDA HUMANA - CAP 12deg - DOS OUTROS TREcircS

MODOS DE SERRAR MADEIRA COM INGENHO PORTAacuteTIL [A00_1975 p 431]

______________________________________________________________________

Comentaacuterios todos os dicionaacuterios apontam corda como termo naacuteutico exceto Laudelino

Origem portuguesa lt latina lt grega

101

Ficha 60

Cossouro sm (T Naut] bola de ferro furada no meio onde se mette o mastro Na espora he

a roda com dentes

______________________________________________________________________

rarrCunha cossouro sm bdquoroseta de espora‟ 1813 De origem obscura

rarrBluteau COSSOUROS do navio Saotilde humas bolas de ferro furadas no meyo em que ſe

mete o maſto Servem para os Enxertarios []

rarrMoraes e Silva COSSOgraveUROS s m pl t de Naut Bolas de ferro furadas no meyo em

que se mette o mastro servem para os enxertarios sect Cossouro da espora roda que estaacute na puacutea

rarrLaudelino Freire COSSOURO s m Bola de ferro com orifiacutecio ao centro onde se embebe

o mastrosect 2 Roseta de espora

rarrAureacutelio cossouro [De or obscura] SM 1Roseta de espora [F paral cossoiro]

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta

______________________________________________________________________

Comentaacuterios todos os dicionaacuterios remetem o significado do termo cossouro ao mundo

naacuteutico Origem obscura

Ficha 61

[]

Costa sf Terreno que se levanta em ladeira Terra junta ao mar No plr costelas do corpo

(T Naut] curvas e outras peccedilas que sostecircm o costado []Dar aacute costa naufragar encalhar

[]

______________________________________________________________________

rarrCunha costa sf bdquo(no pl) espaacuteduas‟ XIII bdquocostela‟ XIII bdquolitoral‟ XIV Do lat cŏsta

bdquocostela ilharga lado flanco‟ []

rarrBluteau COSTA do mar ( chamada porque de ordinario he amp coſtumamos dizer A

coſta do monte ou porque a terra junto ao mar de ordinario he curva a modo de Correr a

coſta Navali excursione oram Deſpois de corrida toda a coſta Proximo laure Tacito

fallatildedo em huma armada Navegar coſta a coſta Luttus radere Vr V CoſtearDar agrave coſta

Allidi ad eram ou ad oram maritimam Com naacuteos deſtroccediladas tem quaſi agrave Coſta Chagas

Cart Eſpirit Tom 291 Fez fazer mytos navios para guardar a coſta Varias naves ad oram

maritimam tuendam

rarrMoraes e Silva COacuteSTA s f Terreno que se vaacutei erguendo e fazendo ladeira sect Ir coacutesta a

riba i eacute debaixo para cima e fig com difficuldadesect Correr a costa ir ao longo perto della

e assim navegar costa a costa sem se empeacutegar nem emmarar sect Dar agrave costa vir encalhar ou

naufragar nella com tormenta ou varar nella de proposito vg deu este navio aacute costa o tempo

forte deu elle aacute costardquo naacuteos lanccediladas aacute costardquo B 453

rarrLaudelino Freire COSTA s f Ant Anat Costela 2 Regiatildeo proacutexima do mar borda

do mar litoral praia 3 Porccedilatildeo de mar proacutexima da terra

102

rarr Aureacutelio [] 2Litoral (2) 3Porccedilatildeo de mar proacutexima da terra 4A costa da Aacutefrica em geral

[Nesta acepccedil figura em vaacuterios vocaacutebulos ou expressotildees como p ex pano da costa e sabatildeo-

da-costa] 5Encosta declive Dar agrave costa 1 Mar Encalhar (a embarcaccedilatildeo) no litoral por

acidente ou maacute visibilidade ou impelida por tormenta ir agrave costa 2 Fig Perder-se arruinar-se

Ir agrave costa 1 Mar Dar agrave costa (1)

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq

mar quebrar na costa

preto

PERO VAZ DE CAMINHA (1964) [1500] CARTA DE PERO VAZ DE CAMINHA

[A00_0335 p 01]

Sesta-feira 2 dias de Novembro veo a gente que tinha mandada em busca de Martim Afonso

e me disseram como a nao capitaina dera agrave costa por falta de amarras e que Martim Afonso

com toda a gente se salvaram todos a nado (sogravemente morreram sete pessoas seis afogados e

um que morreo de pasmo) e que o bragantim dera tambeacutem agrave costa e poreacutem que lhe nom

fizera nojo e o batel do galeam e da capitaina tinhatildeo satildeos []

PEcircRO LOPES DE SOUSA (1968) [1530] DIAacuteRIO DA NAVEGACcedilAtildeO DE PEcircRO LOPES DE

SOUSA] [A00_0078 p 73]

______________________________________________________________________

Comentaacuterios todas as obras indicam costas dentre outras acepccedilotildees como termo ligado agrave

vida mariacutetima Como termo naacuteutico o DLB apresenta tambeacutem a expressatildeo dar agrave costa

Origem portuguesa lt latina

Ficha 62

Cruzar va Por em forma de cruz Atravessar pelo meio Fig Sobmetter-se conformar-se (T

Naut) Pairar

______________________________________________________________________

rarrCunha cruzarrarr CRUZ [] Do lat crux crǔcis [] cruzAR vb bdquofazer cruzada‟ XIII

bdquopercorrer atravessar‟ XVII []

rarrBluteau CRUZAR Andar atraveſſando de huma parte a outra Cruzar o mar aſſi

como diz Cicero Andatildeo os Piratas cruzando o mar Pirate mareacute inſeſtum havent Ex Cicer

ou mareacute navibus interclu ou claufum tenent Outras duas velas Cruzaratildeo largo tempo o mar

Britt Viagem ao Braſil pag 56 Dos que Nos Eſtreytos do mar ſe levantatildeo as ondas

amp andatildeo os mares Cruzados Vieir Tom 6 pag 481

rarrMoraes e Silva CRUZAacuteR v at Pograver em cruz v g cruzatildeo as vergas Mousinho Afonso

Afric sect Andar bordejando pairar Brito Viag Braacutes P56 duas velas cruzaacuteratildeo largo tempo o

mar Vieira andatildeo os homens cruzando as cortes atravessando daqui para alli no mesmo

lugar Cruza este terreiro a cavalo cruza os mares

rarrLaudelino Freire CRUZAR v r v De cruz + ar Ocupar ou vigiar certa extensatildeo do mar

percorrendo-a em tocircdas as direccedilotildees (intr tr ind com prep em) ldquoAs esquadras federais

cruzaram veratildeo e inverno durante anosrdquo (Rui) ldquoUma esquadra destinada a cruzar no

Baacutelticordquo (Aulete)

rarrAureacutelio cruzar [De cruz + -ar2][]3Cortar atravessar A Avenida Rio Branco cruza a

Presidente VargasCruzam o firmamento as estrelas cadentes (Martins Fontes Veratildeo p

154) 4Passar por percorrer atravessar Lembrava-se bem do tempo em que cruzara aquelas

estradas5Transpor penetrar Saiu dizendo que jamais voltaria a cruzar aqueles

umbrais6Percorrer em diversos sentidos cruzar os mares cruzar estradas []

8Encontrar-se vindo em direccedilotildees opostascruzara com um caboclo espadauacutedo e rijo

(Herman Lima Garimpos p 142) [] 10Percorrer o mar em direccedilotildees diversas11Estar

103

atravessado colocar-se de traveacutes 12Encontrar-se vindo em direccedilotildees opostas cruzar-se []

Cruzar (16) Os navios cruzaram-se em pleno equador []

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq

Em que se declara o clima da Bahia como cruzam os ventos na sua costa e correm as aguas

GABRIEL SOARES DE SOUSA (1938) [1587] DESCRIPCcedilAtildeO TOPOGRAPHICA DA BAHIA

(PARTE SEGUNDA -TITULO 2) [A00_0178 p 133]

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Os dicionaacuterios consultados apresentam abonaccedilotildees que remetem ao termo

cruzar na acepccedilatildeo de mariacutetimo Origem portuguesa lt latina

Ficha 63

Cunho sm Instrumento com que se marca a moeda ou medalha Fig Uso pronunciaccedilatildeo

sentido que se daacute agraves palavras (T Naut) Pagraveos em torno do cabrestante com seus dentes em

que pegatildeo o linguete e as amarras Sem cruzes nem cunhos famil sem caracter certo vario

______________________________________________________________________

rarrCunha cunho sm ldquoplaca de ferro para marcar moedas medalhas etcrdquo XV Do lat cŭněus

ndashī

rarrBluteau Cunhos (Palavra de navio) Satildeo huns paacuteos pregados agrave roda do cabreſtante por

baxo com ſeus dentes em que pega o linguete amp as amarras quando viraotilde Natildeo temos

palavra propria Latina

rarrMoraes e Silva CUNHO Cunhos t de Naut paacuteos pregados aacute roda do cabrestante com

seus dentes em que pega o linguete e as amarras quando viratildeo

rarrLaudelino Freire CUNHO Cunhos s m pl Naacuteut Espaccedilo junto ao lais tendo aberto

perpendicularmente um gorne onde passam certos cabos que manobram a vela que lhes fica

superior 2 Naacuteut Paus pregados em tocircrno do cabrestante nos quais pelo linguete 3

Pedaccedilos de pau curtos pregados no lugar conveniente e que servem para dar volta aos cabos de

mareaccedilatildeo

rarrAureacutelio cunho [Do lat cuneu] Substantivo masculino1Constr Nav Peccedila de metal

incudiforme que se fixa na amurada das embarcaccedilotildees nos turcos ou nos lugares por onde

possam passar cabos de laborar para dar-lhes volta2Tip Cada uma das peccedilas de metal que

com o auxiacutelio de chave servem para apertar a focircrma na rama [Sin nesta acepccedil aperto e

(desus) cunha V enviesado]

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta

______________________________________________________________________

Comentaacuterios todos os dicionaacuterios apresentam cunho como termo de navio Origem

portuguesa lt latina

Ficha 64

104

Curva sf A parte interior do joelho No pl (T Naut) Os pagraveos curvos que pegatildeo na quilha e

onde se pregatildeo as taboas

______________________________________________________________________ rarrCunha curv ˙a -ado -ar -atura rarr CURVO Curva sf bdquoqualquer linha ou superfiacutecie curva‟

1500 bdquo(Geom) lugar geomeacutetrico de um ponto que se desloca no espaccedilo com um uacutenico grau de

liberdade‟ 1844curvADO-bado XIV Do lat curvātus part de curvāre []

rarrBluteau Curva (Termo de Navio) Curvas de cotildevez ſaotilde as chaves da naacuteo que fortificatildeo os

lados Parece que ſaotilde o que Plinio chama Navium coft amp arum Fem Plur Curva do falcatildeo

do Beque he huma curva particular em que prega o Talhamar A quilha eſtava podre podres

as Curvas ou cavernas Vieira Tom 10220 E dando entre duas ondas impetuoſas Taboas

rendeo amp as Curvas mais forccediloſas Malaca conquiſt livro 1 oit 35

rarrMoraes e Silva CUacuteRVA Curvas t de Naut as costas ou peccedilas de paacuteo curvas que

nascem da quilha nas quaes se pregatildeo as taacuteboas do costado cavernas Vieira sect Curva do

falcatildeo do beque eacute uma curva onde se prega o talhamar

rarrLaudelino Freire CURVAS sf pl Mar Madeiros arqueados que partem do costado do

navio

rarrAureacutelio curva [F subst de curvo] SF 1Geom Lugar geomeacutetrico de um ponto que se

desloca num espaccedilo com um uacutenico grau de liberdade linha curva [O conceito pode abranger

como caso particular a linha reta] Curva de giraccedilatildeo 1 Lus Mar Curva de giro (q v)

Curva de giro 1 Bras Mar A que o centro de gravidade duma embarcaccedilatildeo descreve quando

se manteacutem o leme carregado para um dos bordos curva de giraccedilatildeo

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq

A madeira eacute leve mas muito liada que natildeo fende de que se tiram curvas para barcos e que

se fazem vasos de sellas e destas folhas podem manter bichos de seda e os levarem a estas

partes

GABRIEL SOARES DE SOUSA (1938) [1587] DAS ARVORES MEANS COM

DIFFERENTES PROPRIEDADES DOS CIPOacuteS E FOLHAS UTEIS (PARTE SEGUNDA -

TITULO 9) [A00_0185 p 252]

______________________________________________________________________

Comentaacuterios todos os dicionaristas apresentam curva como termo naacuteutico Origem

portuguesa lt latina

Ficha 65

Curvatatildeo sm ndashotildees no plr (T Naut) Vatildeo onde assenta a gavea Entre os Ferreiros satildeo dous

pagraveos do folle onde se prega a bdquoperada‟

______________________________________________________________________

rarrCunha curvo Do latim curvus

rarrBluteau CURVATAM Curvataotilde (Palavra de Navio) Curvatatildeo do gurupez he donde ſe

poem o vatildeo para aſſentar a gavea Carchefij fulcimentum i Neut Curvatoens tambem ſaotilde

huns paacuteos fortes em que ſe pregatildeo as perchas do beque Curvatoens do folle em officina de

fundidor ſaotilde dous paacuteos em que ſe prega huma taacuteboa de madeyra a que chamaotilde Perada

rarrMoraes e Silva CURVATAtildeO s m t de Naut No Curvatatildeo do gurupeacutes estaacute o vatildeo para

assentar a gaacutevea sectCurvatotildees do folle de ferreiro satildeo dois paacuteos onde se prega uma taacuteboa

chamada perada

rarrLaudelino Freire CURVATAtildeO Curvatotildees s m pl Naacuteut Duas peccedilas do mastro acima

da romatilde nas quais assentam os vaus reais

rarrAureacutelio curvatatildeo [Do esp curvatoacuten lt cat corbatoacute] Substantivo masculino 1Constr Nav

Ant Cada uma das duas fortes peccedilas de madeira presas agrave romatilde do mastro ou mastareacuteu e sobre

as quais assenta o cesto da gaacutevea

105

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta

______________________________________________________________________

Comentaacuterios todos os dicionaristas apresentam curvatatildeo como termo naacuteutico Origem

portuguesa lt latina

Ficha 66

Cutegravelo sm Alfange Instrumento semi-circular de ferro de que servem os curtidores [T

Naut] Vela pequena que se ajunta as gaveas No plr Pennas da extremidade das azas do

falcatildeo

______________________________________________________________________

rarrCunhacutelo sm bdquofaca‟ coitello XIII coytelo XIII Do lat cŭltěllus []

rarrBluteau Cutelos (Termo de navio) Armando-lhe joanetes amp Cutelos que natildeo trazia

Britto Viagem do Braſil pag 120

rarrMoraes e Silva CUTEgraveLO s m Alfange [] Velas pequenas que se ajuntatildeo quando haacute

bom vento Britto Viagem Metter cutelos e varreduras

rarrLaudelino Freire CUTELOS s m pl Mar Pequenas velas quadrangulares que servem de

suplemento agraves outras e se desfraldam quando o vento eacute favoraacutevel 2 Pedaccedilos de lona ou

brim que saem do painel das velas quando estas se cortam

rarrAureacutelio cutelo1 [Do lat cultellu faquinha] S m 3Ant Marinh Cada uma das velas

suplementares quadrangulares caccediladas junto agraves testas do velacho e da gaacutevea quando o vento

era de feiccedilatildeo para aumentar a superfiacutecie do pano vela de cutelo

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta

______________________________________________________________________

Comentaacuterios todos os dicionaristas apresentam cutelo como termo naacuteutico Origem

portuguesa lt latina

D

Ficha 67

Drsquoavante adv (T naut-) por diante

______________________________________________________________________

rarrCunha natildeo consta dlsquoavante poreacutem haacute avante adj bdquoadiante para frente‟ XIII Do lat tard

ǎbantě [] auantal XIV vante sf bdquoa metade dianteira da embarcaccedilatildeo‟ XVI

rarrBluteau DAVANTE Em praſe Nautica vai tanto como por diante Fez tomar o navio por

Davante Barros Dec 4 fol 57 Saltaraotilde no Caſtello Davante Barros 1 Dec 116 col2

Antes de darem por Davante Britto Viagem do Braſil 284

rarrMoraes e Silva D‟AVANTE adv tde Naut V Avante Barros Surdir obedecer ao leme

ou governo e mareaccedilatildeo que se faz para fazer cabeccedila e navegar

rarrLaudelino Freire natildeo constad‟avante AVANTE sm Despor O mesmo que atacante

Avante Interj Voz que exprime incitamento e equivale a ldquovamos para dianterdquo Prossigamos

rarrAureacutelio natildeo consta d‟avante consta avante [Do lat vulg abante] Adveacuterbio 1Adiante

Mais avante comeccedilava a selva2Para adiante para a frente Marchemos avante

106

Interjeiccedilatildeo 3Para a frente rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq

Quinta-feira no quarto de alva me deu por davante o vento sudoeste levando as velas cheas

do vento nordeste que foi a mor afronta que nesta viajem noacutes tiacutenhamos visto E com o vento

sudoeste lanccedilaacutemos as naos ao pairo

PEcircRO LOPES DE SOUSA (1968) [1530] DIAacuteRIO DA NAVEGACcedilAtildeO DE PEcircRO LOPES DE

SOUSA [A00_0078 p 65]

______________________________________________________________________

Comentaacuterios somente Bluteau e Moraes e Silva indicam dlsquoavante como termo naacuteutico

Origem portuguesa lt latina

Ficha 68

Desaferrar va Soltar cousa preza com ferro ou a ferro Soltar largar o que estava prezo

Fig Tirar a forccedila das matildeos das unhas etc (T naut) Levantar ancora

______________________________________________________________________

rarrCunha des˙a˙ferr˙ar -olhar - FERRO sf bdquometal maleaacutevel e tenaz de numerosas aplicaccedilotildees

na induacutestria e na arte‟ XIII Do lat ferrum ndashi [] DESAferrAR XVI []

rarrBluteau DESAFERRAR Tirar alguma couſa do ferro com que eſtaacute preſo Aliquid ferreo

vinculo exfolvere Deſaferrar da maotilde dos dentes das garras unhas ampc he tirar por forccedila que

as ditas couſas tem aferrado Aliquid egrave manibus dentibus unguibus avellere evellere

revellere (vello vulfi vullere evellere revellere (vello vulfi vulfum) Ex Cic Deſaterrar do

Porto Levantar ferro Solvere egrave portu ou folvere navem Cic Deſpois de Deſaferrar do

Porto Ancoris folutis Cic Nem aſſi quizeraotilde Deſaferrar do Porto Jacinto Freyre mihi pag

27

rarrMoraes e Silva DESAFERRAR v at Soltar alguma coisa do ferro a que estava presa v

g desaferraratildeo a embarcaccedilatildeo inimiga a preza te desaferro Lobo Egl7 sect Desaferrar do

porto levantar ferro ancora

rarrLaudelino Freire DESAFERRAR v r v De des + aferrar Levantar ferro ou acircncora (o

navio) (intr tr ind com prep de) ldquo O navio desaferrourdquo ldquoA primeira esquadra agraves ordens de

Lencastre desaferrou do pocircrto de Woolwichrdquo (Rebecirclo da Silva)

rarrAureacutelio desaferrar [De des- + aferrar] Verbo transitivo direto 1Soltar (o que estava

aferrado preso com ferro) 2Soltar (o que estava seguro) Verbo transitivo direto e indireto

3Fazer desistir dissuadir Natildeo conseguimos desaferraacute-lo daquela ideia

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta como termo naacuteutico

______________________________________________________________________

Comentaacuterios todas as acepccedilotildees exceto as apresentadas por Aureacutelio remetem ao universo

naacuteutico Origem portuguesa lt latina

Ficha 69

Desancorar va (T naut) Levantar ancora

______________________________________________________________________

rarrCunha Do lat ancōra deriv do gr aacutegkyra

rarrBluteau DESANCORAR Levantar a ancora Anchoras toliere Vid Ancora

rarrMoraes e Silva DESANCORAacuteR v at Levantar a ancora o ferro do navio sect vn

Desaferrar

107

rarrLaudelino FreireDESANCORAR vrv De des + ancorar Levantar a acircncora de (tr dir)

2 Levantar acircncora (intr)

rarrAureacutelio desancorar [De des- + ancorar] Verbo td Desus 1Levantar a acircncora de

desancorar um barcoVerbo intransitivo 2Levantar acircncora desaferrar do porto

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta

______________________________________________________________________

Comentaacuterios todos os dicionaacuterios apresentam desancorar como termo naacuteutico Aureacutelio

acrescenta ldquotermo em desuso Origem portuguesa lt latina lt grego

Ficha 70

Descahir v n [T naut] Apartar-se do rumo por causa da corrente etc Soffrer decadencia de

bens de valimento etc Ir a mal o que estava bem Declinar

______________________________________________________________________

rarrCunha natildeo consta descair consta cair cair vb bdquocorresponder a tocar a‟ bdquoir ao chatildeo‟

XIV caer XIII Do lat caděre cadente adj 2g bdquoque vai caindo‟ bdquocadenciado ritmado‟

XVIII Do lat cadens -ēntis bdquoque tomba que cai‟ caIacuteDO 1572 -hi- XVI caIMENTO

-hi- XVIII DEcaIacuteDO decau- XIII DEcaiMENTO -cay- XV Decair XIII

DEScaIacuteDA -hi- 1813 DEScaIacuteDO XVI DEScaIMENTO XVI DEScair XVI

descayr XV queda sf bdquobaque tombo‟[]

rarrBluteau DESCAHIacuteR (Termo Nautico) He nas viagens por mar cotilde a forccedila do vento das

mares ou das correntes perder o rumo amp ſahir da derrota que ſe tem tomado itinere

ventorum ou aquarum vi de (Fleto flexi flexum) Como pairava podia Deſcahir com o

vento Britto viagem do Braſil 37 O Galeaotilde foy Deſcahindo com a correnteQueyros Vida do

Irmatildeo Baſto 311 col2 Deſcahir do valimento In principis offenſionem incurrere ou cadere

Cic

rarrMoraes e Silva DESCAHIR v n t de Naut Apartar-se do rumo por forccedila do vento

contrario de aguagens ou correntes B145 ldquonatildeo querendo o navio fazer cabeccedila (por tomar

vento d‟avante) comeccedilou de ir descahindo sobre hum baixo

rarrLaudelino Freire DESCAIR vrv De des+cair Naacuteut Desviar-se do rumo ou direccedilatildeo

derivar (intr) Abrandar amainar (intr) ldquoO vento comeccedila a descairrdquo (Aulete)

rarrAureacutelio [De des- + cair] V t d[] 4Mudar de rumo derivar (embarcaccedilatildeo) [] 9Estar

inclinado em (certa direccedilatildeo) []

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq

[] quando voltou encontrara huma armada de vinte naacuteos Hollandezes que lhe impediratildeo o

poder lanccedilar da sua gente a que pretendia no porto de Tamandareacute e por descahir muito com

as correntezas apenas podera tomar o porto dos Touros onde fizera dezembarcar o Mestre

de Campo Andreacute Vidal de Negreiros []

LUIZ DOS SANTOS VILHENA (1921) [1802] CARTA UNDECIMA [A00_0832 p 401]

______________________________________________________________________

Comentaacuterios todos os dicionaacuterios apresentam descahir como termo naacuteutico ou remete ao

universo mariacutetimo Origem portuguesa lt latina

108

Ficha 71

[]

Dobrar va voltar parte de alguma cousa sobre outra Fazer girar sobre o eixo fallando de

hum sino e de hum cabo (T Naut) Passar alem delle Curvar commover mover alguem

Amansar Accrescentar outro tanto Dobrar-se figldquoAugmentar-serdquo em dobro vnVoltar

______________________________________________________________________

rarrCunhadobrar vb‟duplicar aumentar tornar mais completo mais extenso‟‟curvar abater

domar‟ bdquomodificar passar aleacutem de torneando‟ XIII Do lattardio duplārede duplus

bdquodobro‟derivde duo bdquodois‟ []

rarrBluteauDOBRAR Dobrar hum cabo (Termo nautico) []

rarrMoraes e Silva DOBRAacuteR v at Voltar a porccedilatildeo ou parte de uma coisa sobre outra parte

v g um ramo do panno sobre outro a parte de uma folha de papel sobre outra a ponta de um

prego ou arame sobre o maissect Dobrar o Cabo t de Naut passar aleacutem delle navegando fig

ao dobrar de huma assomada Lobo Egl 5

rarrLaudelino Freire DOBRAR v r v Lat duplicare Passar aleacutem dando volta costeando ou

torneando (tr dir) ldquoAs primeiras navegaccedilotildees regulam-se pelas balizas que deixaram os

predecessores e pelos mesmos cabos que ecircles dobravamrdquo (Latino Coelho)

rarrAureacutelio dobrar [Do lat duplare] Verbo transitivo direto 1Tornar duas vezes maior

duplicar As chuvas dobraram o volume de aacutegua da represa4Voltar ou virar (um objeto) de

modo que uma ou mais partes dele se sobreponham a outra(s) Apoacutes a cerimocircnia os soldados

dobraram a bandeira5Fazer vergar curvar flexionar flectir dobrar os joelhos Ao redor de

noacutes o vento selvagem que dobra vergocircnteas ondeia cidreiras e despetala flores (Maacuterio da

Silva Brito Conversa Vai Conversa Vem p 12) 6Passar aleacutem de circundando Vasco da

Gama dobrou o cabo da Boa Esperanccedila em 1498 7Teatr Interpretar dois ou mais papeacuteis

numa mesma peccedila 8Vergar-se curvar-se 9Ceder transigir 10Pocircr-se (o Sol) 11Bras

Gorjear cantar (paacutessaro) 12Bras PA Proceder a uma dobraccedilatildeo (2) Verbo pronominal

13Tornar-se maior aumentar(-se) 14Curvar-se inclinar-se vergar15Afrouxar(-se) ceder

[Pres ind dobro etc Cf dobro (ocirc) s m]

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq

O vento era sueste que nos era escasso pera dobrar(e)mos o cabo de Santlsquo Agostinho As

aacuteguas nesta paragem correm a loeste com muita forccedila

PEcircRO LOPES DE SOUSA (1968) [1530] DIAacuteRIO DA NAVEGACcedilAtildeO DE PEcircRO LOPES DE

SOUSA () [A00_0078 P 36]

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Bluteau e Moraes e Silva apontam dobrar como termo naacuteutico Laudelino

Freire e Aureacutelio natildeo o fazem mas apresentam abonaccedilotildees que mostram o termo como do

universo mariacutetimo Origem portuguesa lt latina

109

Ficha 72

Dormenteadj Adormecido Entorpecido Que estaacute fixa fullando de huma ponte No pl (T

Naut) Diz-se de huns pagraveos que vatildeo fechar nas buccedilardas da proa e em que se assenta a coberta

Na atafona satildeo dois pagraveos em que descanccedilatildeo os emparamentos sobre que anda a moacute

______________________________________________________________________

rarrCunha dormente rarr DORMIR Dormir vb bdquodeixar de estar acordado descansar no sono‟

XIII Do lat dormīre AdormENTAR XIII dormentar XIVAdormir XIII dormEcircNCIA

XX dormENTE1

adj bdquoaquele que dorme‟ bdquodiz-se das plantas cujas folhas se enrolam ou se

desdobram de noite‟ bdquoentorpecido‟ bdquoque estaacute assentado firme‟ XIV Do lat dorm(i)ens ndash

(i)entis part pres de dormīre dormENTE2

sm bdquocada um dos paus da coberta de um navio‟

bdquotravessas em que se assentam os trilhos da linha feacuterrea‟ XVI O termo comeccedila a usar-se

nestas acepccedilotildees como oposto a elevadiccedilo moacutevel natildeo-fixo Assim ponte dormente eacute aquela

que eacute fixa em oposiccedilatildeo a ponte elevadiccedila daiacute o uso substantivado e sua expansatildeo

rarrBluteau Dormentes (Termo de navio) Saotilde os em que ſe forma a cobertaa amp vaotilde a fechar

em buccedilardas da Proa

rarrMoraes e Silva DORMEgraveNTES s m pl t de Naut Satildeo paacuteos em que se foacuterma a coberta e

vatildeo fechar nas buccedilardas da proa sect na Atafona Satildeo 2 paacuteos em que se descanccedilatildeo os

emparamentos nos Engenhos de assucar paacuteos em que assenta a ponte da moendasect Os Sete

Dormentes V C Flos Sanct De Fr Diogo do Rosario que traz a sua histoacuteria curiosamente

ldquoacordaratildeo os dormentesrdquo P d‟Aveiro c 91

rarrLaudelino Freire DORMENTE sm Naacuteut Cada um dos paus com que se forma a coberta

e que vatildeo fechar nas buccedilardas da proa2 Uma das peccedilas da atafona 3 cada uma das

travessas em que assentam os carriacutes das linhas feacuterreas

rarrAureacutelio dormente [De dormir + -ente] Substantivo masculino 1Peccedila fixa de marcenaria

ou de serralharia assim chamada em contraposiccedilatildeo a outras do mesmo tipo ou aparecircncia

poreacutem moacuteveis 2Peccedila da atafona 3Cada uma das peccedilas de madeira em que se pregam as

taacutebuas do soalho 4Constr Nav Cada uma das fortes vigas de madeira que correm de proa agrave

popa sobre o topo das balizas e sobre as quais se apoiam os topos dos vaus 5Constr Nav

Cada uma das vigas de madeira que correm de proa agrave popa presas agraves cavernas de embarcaccedilatildeo

miuacuteda um pouco abaixo do alcatrate e sobre as quais se apoiam as bancadas dos

remadores[]

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq

[ -

inconveniente no Amazonas por abundar tanto nele e nas suas matas a madeira mas ainda

que esta seja muita e esteja agrave escolha sempre custa a cortar e a conduzir e a lavrar de

sorte que chamando-se embarcaccedilotildees de um soacute pao inteiriccedilas necessitam de muitos mais

paos do que as embarcaccedilotildees ordinaacuterias um pao para fazer o casco outros dous paos para

tirar as duas cavernas outros dous para os dous talabardotildees e todos esses satildeos paos

grandes 4 paos famosos para construir as duas bochecas e as duas conchas da proa sem

falar nos muitos outros paos para dormentes bancos mastros e mais requisitos E por

ventura satildeo estas embarcaccedilotildees mais fortes e duraacuteveis que as ordinaacuterias

110

PADRE JOAtildeO DANIEL (1976) [1757] PARTE QUINTA - EM QUE MOSTRA UM NOVO E

FAacuteCIL MEacuteTODO DA SUA AGRICULTURA O MEIO MAIS UacuteTIL PARA EXTRAIR AS SUAS

RIQUEZAS E O MODO MAIS BREVE PARA DESFRUTAR OS SEUS HAVERES PARA

MAIS BREVE E MAIS FACILMENTE SE EFEITUAR A SUA POVOACcedilAtildeO E COMEacuteRCIO -

TRATADO 4deg - DA FACTURA DAS CANOAS OU EMBARCACcedilOtildeES DO AMAZONAS - CAP

2deg - DOS MUITOS INCONVENIENTES QUE TEM ESTA PRAXE DAS CANOAS [A00_1923

P 193]

______________________________________________________________________

Comentaacuterios todos os dicionaacuterios aprsentam dormente como termo naacuteutico Origem

portuguesa lt latina

Ficha 73

Driccedila sf (T Naut) Corda de iccedilar e marear as velas

______________________________________________________________________

rarrCunha natildeo consta

rarrBluteau DRICA Corda de roldana ou cabo com que ſe levantaotilde amp abaixaotilde as vergas

dos navios []

rarrMoraes e Silva DRICcedilA s f t de Naut Corda de iccedilar e marear as velas Couto 836

cortou a driccedila da vela Epanaforas H Naut 2134 enxarcea e driccedila fizeratildeo de huma linha de

pescar

rarrLaudelino Freire DRICcedilA s f ital drizza Corda com que se iccedilam pavilhotildees vecircrgas de

navio etc adriccedila ADRICcedilA s f De a + ital drizza Naacuteut Cabo para iccedilar velas ou bandeiras

nos mastros dos navios

rarrAureacutelio driccedila [Do it drizza pela f driccedila] S f 1Marinh Ant Adriccedila Adriccedila [De a-5 +

it drizza pela f ant driccedila] 1Marinh Cabo de laborar utilizado para iccedilar bandeira flacircmula

roupa maca e determinadas vergas e velas driccedila De improviso flutuaram todas [as canoas]

com rangidos de adriccedilas e palpitaccedilotildees do velame que o vento encopava e propelia (Xavier

Marques Jana e Joel p 53) A meia adriccedila 1 Marinh Diz-se de bandeira iccedilada ateacute 23 da

distacircncia vertical que vai do lais da verga ou do tope do mastro ao local de onde foi iccedilada a

meio 2 Mar Giacuter Um tanto embriagado tocado

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq

Do entrecasco de duas qualidades que ha de Imbira se fazem rijissimas cordas e ainda

amarras escotas driccedilas etc para as embarcaccediloens que navegatildeo pella costa e reconcavo

asim como estocircpa para calafates e outros uzos

LUIZ DOS SANTOS VILHENA (1921) [1801] CARTA VIGESIMA [A00_0846 p 762]

______________________________________________________________________

Comentaacuterios todos os dicionaacuterios apresentam driccedila como termo naacuteutico Origem italiana

E

Ficha 74

Embonar va (T Naut) Accrescentar o costado da embarcaccedilatildeo para ter mais bojo

______________________________________________________________________

rarrCunha em˙bon˙ar -o - bom boa adj bdquoque tem as qualidades adequadas agrave sua natureza ou

funccedilatildeo‟ bdquobeneacutevolo bondoso benigno‟ [] EMbonAR 1813 Do cast embonar EMbono

1813 Do cast embono

111

rarrBluteau (Termo Nautico) Embonar hum navio He ſobre o proprio madeyro com taboas

groſſas ou com novos madeyros amp com novo taboado dar bojo a hum navio que por falta

delle naotilde ſuſtenta a vela Navis latera lignis tabuliſque novis veſtire []

rarrMoraes e Silva EMBONAacuteR vatt de Naut |Acrescentar o costado do navio que fique

mais bojudo para aguentar melhor o panno

rarrLaudelino Freire EMBONAR v tr dir De embono + ar Naacuteut Reforccedilar exteriormente o

costado de (um navio)

rarrAureacutelio Embonar [Do esp embonar] Verbo transitivo direto 1Constr Nav Colocar

embono em (uma embarcaccedilatildeo)

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta

______________________________________________________________________

Comentaacuterios todos os dicionaacuterios apresentam embonar como termo naacuteutico ou naval

Origem castelhana

Ficha 75

Embono sm [T naut] Accrescentamento de bojo ao costado do navio

______________________________________________________________________

rarrCunha em˙bon˙o - BOM bom boa adj bdquoque tem as qualidades adequadas agrave sua natureza

ou funccedilatildeo‟ bdquobeneacutevolo bondoso benigno‟ [] EMbono 1813 Do cast embono

rarrBluteau Embocircno (Termo Nautico) Hagrave dous generos de embono Embono que ſe faz

ſobre o proprio madeyro deſcozendo o coſtado amp pondo o coſtado ſobre o embono Outro

embono faz ſobre o proprio coſtado com taboado groſſo Vid Embonar

rarrMoraes e Silva EMBOgraveNO s m Augmento de bojo que se daacute o costado do navio para

que possa aguentar melhor o panno faz-se sobre o antigo costado pondo-lhe outro

rarrLaudelino Freire EMBONO s m Naacuteut O bocircjo ou saliecircncia do costado de qualquer navio

embonado embonada EMBONOS s m pl Naacuteut Madeiras que servem para embonar o

navio2 Paus que fixam socircbre o costado para facilitar o desembarque

rarrAureacutelio [Do esp embono] S m 1Ant Constr Nav Revestimento de madeira aplicado

sobre o casco de embarcaccedilatildeo desde o fundo ateacute agrave linha-daacutegua quando ela mostra grande

tendecircncia para se inclinar 2Ant Constr Nav Revestimento suplementar com estrutura

celular que em navios metaacutelicos corria a um e outro bordo ao longo do costado desde um

pouco acima da linha-daacutegua ateacute certa profundidade e destinado a melhorar a proteccedilatildeo do

navio contra as explosotildees de torpedos ou minas contracarena [Cf nesta acepccedil coacuteferdatilde (2)]

3Bras N NE Grande viga de pau de jangada ou de outra madeira leve presa ao longo da

borda de algumas embarcaccedilotildees de boca estreita com o fim de aumentar-lhes a estabilidade e

amortecer-lhes o balanccedilo lateral

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta

______________________________________________________________________

Comentaacuterios todos os dicionaacuterios apresentam embono como termo naacuteutico Origem

castelhana

112

Ficha 76

Embornal sm O saco com cevada ou milho em que se mette o focinho da besta (T Naut)

Buracos no costado do navio para escovar a agua que cahe na coberta

______________________________________________________________________

rarrCunha embornal - bornal sm bdquosaco de pano utilizado para transportar provisotildees

ferramentas etc‟ 1813 De origem incerta Embornal 1813 Embornais sm Pl ldquo(Const Nav

) abertura que se faz no costado de embarcaccedilatildeo rente com o conveacutes para escoamento das

aacuteguas da baldeaccedilatildeo ou da chuva‟ 1813 Do it imbrunali

rarrBluteau Embornagravees (Termo de Navio) Saotilde huns buracos nos coſtados da naacuteo junto das

cubertas donde ſahe a lagoa dellas para o mar [] Haacute outros Embornaes nos Trin da

cuberta por onde a agoa vay para o poratildeo donde deſpois ſe tira com a bomba

rarrMoraes e Silva EMBORNAacuteL ou Ambornal s m Saco em que se daacute cevada ou milho aacutes

bestas mettendo-lho no focinhosect Embornaacutees t de Naut buracos no costado do navio ao livel

das cobertas por onde se escogravea a agua que caacutei nellas tem umas angas de pano alcatroado ou

oleado pelas taes se saacutei foacutera a agua Amaral 51 V orndes

rarrLaudelino Freire EMBORNAL s m De em + bornal Saco em que se daacute cevada ou

milho agraves becircstas para o que se lhe prende em tocircrno da bocircca cevadeirardquoEu vi vocecirc uma

bichinha cabia num embornal estaacute ouvindordquo (C Neto)

rarrAureacutelio embornal2 [Do cat ant embrunal poss pelo esp embornal] Substantivo

masculino 1Constr Nav Abertura que se faz no costado de embarcaccedilatildeo rente com o conveacutes

para escoamento das aacuteguas da baldeaccedilatildeo ou da chuva

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq

Eraotilde valeroſos ambos os Commandantes e tratando jaacute como deſempenho da ſua honra a

occaſiaotilde a que ella meſma os conduzia foy tanta a forccedila que pozeraotilde nos remos e fizeraotilde de

veacutela que na noite logo do dia 9 ſe meteraotilde de baixo das baterias inimigas com hum tal

deſprezo de chuveiros de balas que quando os Hollandezes ſe conſideravaotilde ſoacute acomettidos ſe

viraotilde entrados mas recobrando-ſe do primeiro ſuſto empenharaotilde de ſorte toda a ſua

conſtancia na oppoſiccedilaotilde da furia dos golpes que jaacute corria o ſangue pelos embornaes de hum

e outro bordo

BERNARDO PEREIRA DE BERREDO (1749) [1718] ANNAES HISTORICOS DO ESTADO

DO MARANHAOtilde - LIVRO V [A00_2517 p 183]

______________________________________________________________________

Comentaacuterios De todos os dicionaacuterios consultados somente o Laudelino Freire natildeo apresenta

embornal como termo naacuteutico Origem incerta (italiana)

Ficha 77

Encalamentos s m plur (T Naut) Peccedilas de madeira que atravessatildeo os braccedilos do navio para

o segurar

______________________________________________________________________

rarrCunha natildeo consta

rarrBluteau ENCALAMENTOS (Termo de navio) Satildeo os que atraveſſaotilde os braccedilos amp as

poſturas do navio para fortificar []

113

rarrMoraes e Silva ENCALAMEgraveNTOS s m pl t de Naut Peccedilas de madeira que atravessatildeo

os braccedilos e posturas do navio para as fortificar

rarrLaudelino Freire ENCALAMENTO s m Naacuteut Peccedila de madeira que fortalece o navio

atravessando-lhe os braccedilos

rarrAureacutelio natildeo consta

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Somente o Aureacutelio natildeo apresenta o termo naacuteutico encalamento Origem natildeo

encontrada

Ficha 78

Encapellar va Levantar a onda e fazella dobrar sobre si Vn (T Naut) vir caindo sobre a

calcez ategrave descanccedilar nos vatildeos

______________________________________________________________________

rarrCunha encapelar ndash CAPELO - sm bdquocapacete da armadura‟ XIII Do lat vulg cappěllus

ENcapelADO sm em- XV ENcapelAR -llar XIX

rarrBluteau Encapellar (Termo de Mariagem) Diz-ſe da enxarcia ou cordas que vem cahindo

pelo calcegravez ou peſcoccedilo do masto ateacute aſſentarem em cima dos vatildeos amp quando ſe tiratildeo diz-ſe

Deſencapellar

rarrMoraes e Silva ENCAPELLAacuteR v at Levantar encrespar e fazer dobrar o apice ou

lingua da onda sobre si mesma como succede andando o mar mui grosso o mar encapella as

ondas Mansinho f 35 sect ldquoassombrar as terras encapella os mares Barreto v do Evangelho

sect Encapellar n t de Naut vir caindo a enxarcia ou cordas pelo calcez ateacute assentarem sobre

os vatildeos []

rarrLaudelino Freire ENCAPELAR ou ENCAPELLAR vrv De em + capela + ar Naacuteut Ir

introduzindo a encapeladura da enxarcia alccedila etc pelo calcecircs ou lais de qualquer mastro

mastareacuteu ou vecircrga ateacute ficar assente socircbre os vaus ou cunhos dos madeiros (intr) 2 Agitar-

se e amontoar-se formando serras (falando do mar ou das ondas) (intr pr) ldquoVentos sopraram

o mar encapelourdquo Suacutebito encapelam-se as ondasrdquo (Paranapiacaba) 3 Levantar

encrespar (tr dir pr) ldquoO oceano encapelava as ondasrdquo (Pocircrto Alegre)

rarrAureacutelio encapelar2 [De en-

2 + capelo

1 + -ar

2] Verbo trans Dir [] 2Levantar erguer

encrespar (o mar as ondas etc)Verbo intransitivo 3Encrespar-se agitar-se (o mar as

ondas) encapelar-se 4Marinh Introduzir no calcecircs ou lais a enxaacutercia a alccedila etc Verbo

pronominal [] 6Encapelar (3) E as vagas do oceano que ameaccedilava tragaacute-los encapelavam-

se aos peacutes deles (A Herculano Lendas e Narrativas I p 147)

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq

Qual sereno mar que num instante As ondas sobre as ondas encapela

TOMAacuteS ANTOcircNIO GONZAGA (2000) [1863] CARTA 3a [A00_1215 p84]

______________________________________________________________________

Comentaacuterios todos os dicionaacuterios apresentam encapelar como termo naacuteutico Origem

portuguesa lt latina

Ficha 79

Encodar-se va refl [T Naut] Prender-se de poppa ou ficar com ella debaixo d‟agua

______________________________________________________________________

rarrCunha natildeo consta

114

rarrBluteau Natildeo consta

rarrMoraes e Silva ENCODAacuteR-SE v recipr t de Naut Encodar-se a naacuteo pender a popa ou

ficar com ella debaixo da agua (de coda Italiano) Cast 2 f 161

rarrLaudelino Freire ENCODAacuteR-SE v pr De em + coda + ar Inclinar a pocircpa ou metecirc-la

debaixo de aacutegua (o navio)

rarrAureacutelio natildeo consta encodar ou encodar-se Consta encodeamento [De encodear + -mento]

Substantivo masculino 1Accedilatildeo de encodear2Crosta cocircdea

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Moraes e Silva e Laudelino Freire apresentam encodar-se como termo naacuteutico

Origem italiana

Ficha 80

Enfrechadura sf (TNaut) Cabos que atravessatildeo os covens como escadas

______________________________________________________________________

rarrCunha [] do fr fleche de origem germacircnica [] frechal 1813

rarrBluteau Enfrechadugravera (Termo de Marianhagem) Satildeo huns cabos que atraveſſaotilde os ouveins

a modo de eſcadas formacirc transſverſa Scal nautic arum Fem Plur Virgilio lhe chama

Pontes Neſte ſentido entendem os Commentadores eſte verſo do livro da Eneida []

rarrMoraes e Silva ENFRECHADUacuteRA s f t de Naut Satildeo cabos que atravessatildeo os oveis a

modo de escadas

rarrLaudelino Freire ENFRECHADURA s f O mesmo que enfrechateEnfrechate s m De

enfrechar Naacuteut Cada um dos cabos paralelos e horizontais nos oveacutens das enxarcias

Enfrechar v tr De en + frecha + ar Naacuteut Pocircr enfrechates em

rarrAureacutelio enfrechadura s f1Constr Nav O conjunto de enfrechates duma enxaacutercia

Enfrechate s m1Constr Nav Cada um dos degraus feitos de cabo madeira ou ferro presos

aos oveacutens formando escada para que por ela possa subir ao mastro o pessoal empregado na

manobra de um veleiro

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta

______________________________________________________________________

Comentaacuterios todos os dicionaacuterios apontam enfrechadura como termo naacuteutico Origem

francesa lt germacircnica

Ficha 81

Enora sm (T Naut] Pagraveo de atochar o mastro

______________________________________________________________________

rarrCunha natildeo consta

rarrBluteau ENORAS (Termo de Navio) Saotilde dous paos a que antigamente chamavaotilde

Poſquetes ſervem de atochar o maſto

rarrMoraes e Silva ENOacuteRAS s f pl t de Naut Paacuteos de atochar o mastro V

PosquetesPosquegravetes s m pl t de Naut antiq V Enoras

rarrLaudelino Freire ENORA s f lat ora Naacuteut 1 Abertura nos vaacuterios pavimentos do

navio por onde os mastros vatildeo assentar na carlinga 2 Abertura circular no conveacutes agrave reacute por

onde se enfia a cabeccedila da madre do leme 3 Peccedila de madeira com que se atocha o mastro

rarrAureacutelio [De en-2 + lat ora extremidade cabo amarra] S f 1Constr Nav Abertura

feita num conveacutes e por onde enfurna um mastro ou eixo de um cabrestante

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta

115

______________________________________________________________________

Comentaacuterios todos os dicionaacuterios apontam enora como termo naacuteutico Origem

portuguesa lt latina

Ficha 82

Envergar va ndashguei (T Naut) Enrolar as velas com os envergues nas vergas Vergar

______________________________________________________________________

rarrCunha en˙ver˙ado -adura -ar - VERGA verga sf bdquovara flexiacutevel‟XIII virga XIIIDo

lat virgaENvergADO XVIIENvergADU˙RA 1844 ENvergAR XVII []

rarrBluteau natildeo consta

rarrMoraes e Silva ENVERGAacuteR v at t de Naut Atar e enrolar as velas nas vergas com os

envergues Couto 6921sect V Vergar vg envergar um prego sect Cobrir tapar com vergas

rarrLaudelino Freire ENVERGAR vrv De en +vergar Mar Enrolar e atar com os

envergues (as velas) nas vergas (tran dir) Ligar (o pano) agraves vergas ou aos estais para

servirem na manobra (tr dir)

rarrAureacutelio Envergar [De en-2 + verga + -ar

2] Verbo transitivo direto1Marinh Atar (vela) a

uma verga ou a um estai2Curvar arquear Envergou o bambu3Vestir trajar envergar um

fraqueVerbo intransitivoVerbo pronominal 4Vergar-se curvar-se [Conjug v largar]

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta como termo naacuteutico

______________________________________________________________________

Comentaacuterios todos os dicionaacuterios apontam envergar como termo naacuteutico exceto Bluteau

onde o termo natildeo foi encontrado Origem portuguesa lt latina

Ficha 83

Envergues sm plr (T Naut) Os cabos que atatildeo a vela por huns ilhograves aacute verga

______________________________________________________________________

rarrCunha verga sf bdquovara flexiacutevel‟XIII virga XIIIDo lat virgaENvergADO

XVIIENvergADU˙RA 1844 ENvergAR XVII []

rarrBluteau ENVERGUES (Termo de marinhagem) Saotilde huns cabos que fazem fixos ilhograves

com as vergas no gorotil Fumes quibus concraEtum velum alligatur ad antennas

rarrMoraes e Silva ENVEacuteRGUES s m pl t de Naut Cabos que fazem fixos e atatildeo as velas

por uns ilhoacutes aacutes vergas V Gorotil

rarrLaudelino Freire ENVERGUES s m pl de envergar Mar Amarrilhos gaxetas fixas nos

ilhoses do guratil das velas que as atam contra as suas vecircrgas ou vergueiros

rarrAureacutelio envergues [Dev de envergar] Substantivo masculino plural 1Marinh Cabos ou

cordas que prendem a vela agrave verga

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta

______________________________________________________________________

Comentaacuterios todos os dicionaacuterios apresentam envergues como termo naacuteutico Origem

portuguesa lt latina

116

Ficha 84

Escacear vn (T Naut) Ir faltando ou diminuindo va Dar com escaceza [ No primeiro

sentido se toma tambem figuradamente)

______________________________________________________________________

rarrCunha escasso adj bdquoparco avaro raro‟ XIII Do lat excarpsus part De excerpěre

escassEAR escacear XVI []

rarrBluteau ESCACEAR (Termo Nautico) Ir faltando Eſcacear o vento Remiffius flure

ventum O vento eſcacea Ventus remittit ou ſe remittit Por lhe Eſcacear o vento as naotilde

ſeguio Damiaotilde de Goes 221 Eſcacear Dizſe de outras que ſem largueza amp com

difficuldade ſe comunicaotilde Vendo a ambiccedilaotildecom que As chamas ſe arroja o peito Eſcacearaotilde

as luzes Por naotilde honrar nos reflexos Crift Dalma 117 Vid Eſcaſſear

rarrMoraes e Silva ESCACEAacuteR vnt de Naut Escacear os ventos natildeo os aproveitar

mettendo todas as velas ou levando-as enrisadas ou de outro modo que o vento natildeo faccedila

vingar o navio quanto pudera se fosse todo aproveitado H naut t 398

rarrLaudelino Freire ESCASSEAR vrv De escasso + ear Naacuteut Natildeo aproveitar toda a accedilatildeo

de (o vento) diminuindo o pano (tr dir)

rarrAureacutelio escassear [De escasso + -ear2] Verbo transitivo diretoVerbo transitivo direto e

indireto 1Dar com escassez com parcimocircnia natildeo prodigalizar Natildeo escasseia presentes S

M natildeo escasseia mercecircs aos que o servemVerbo intransitivo 2Fazer-se escasso tornar-se

diminuto minguar rarear []

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq

Deixa esta ilha entre si e o morro de Tinhareacute outra bahia mui grande com fundo e porto em

que poacutedem entrar naacuteos de todo o porte e tem grande ancoradouro e abrigada aacute sombra do

morro de que se aproveitam muitas vezes as naacuteos que vem do reino quando lhe escacea o

vento e natildeo podem entrar na bahia da ilha para dentro

GABRIEL SOARES DE SOUSA (1938) [1587] DA ENSEADA DA BAHIA SUAS ILHAS

RECONCAVOSRIBEIROS E ENGENHOS (PARTE SEGUNDA - TITULO 3) [A00_0179 p

146]

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Dos dicionaacuterios consultados soacute Aureacutelio natildeo apresenta o verbo escacear como

termo naacuteutico Origem portuguesa lt latina

Ficha 85

Escatelado adj (T naut) Furado na ponta

______________________________________________________________________

rarrCunha escatelADO 1881 sm bdquo(Constr Nav) fenda ou furo na extremidade de uma

cavilha para receber chaveta que natildeo a deixe sair do lugar‟ De origem controversa

rarrBluteau ESCATELADO (Termo de Navio) Cavilha Eſcatelada quer dizer furada na ponta

depois de paſſada a Abita amp a curva para ſe fechar atraveſſſandolhe a chaveta em cima de

huma arruela

rarrMoraes e Silva ESCATELAacuteDO adj T de Naut Cavilha escatelada furada na ponta

depois de passada a abita e a curva para se fechar com a chaveta em cima de uma arruella

rarrLaudelino Freire ESCATELADO v tr dir De escatel + ar Fechar (a cavilha) com a

chaveta em cima da arruela2 Furar na extremidade (a cavilha)

rarrAureacutelio escatelar [De escatel + -ar2] Verbo trans dir Constr Nav1Abrir escatel em (uma

cavilha) 2Introduzir a chaveta no escatel de (uma cavilha) Escatel [De or obscura] S

117

m1Constr Nav Fenda ou furo na extremidade de uma cavilha para receber chaveta que natildeo

a deixe sair do lugar [Pl escateacuteis]

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Todos os dicionaacuterios consultados apresenta esse termo como naacuteutico

Origem cotrovertida

Ficha 86

Escoas sf plur (T Naut) Peccedilas que fortificatildeo as cavernas d‟avante a regrave pela parte de

dentro

______________________________________________________________________

rarrCunha escoa sf bdquo(Const Nav) cada uma das carreiras de tabuado do forro interior do

navio de maior espessura destinadas a consolidar os pontos fracos das balizas‟ XVII Do cat

escoa deriv de escosa particiacutepio do antigo verbo escondre

rarrBluteau Eſcoas (Termo da carpintaria de humanao) Saotilde aſque fortificaotilde as cavernas

davante arepella parte de dentro Fundamentorumnavis interiorra munimenta or um Plur

Neut

rarrMoraes e Silva ESCOgraveAS sf pl t de Naut Peccedilas que fortificatildeo as cavernas por dentro

d‟avante aacute reacute H Naut I 320

rarrLaudelino Freire ESCOA sf Cada uma das peccedilas que fortificam interiormente as

cavernas de uma embarcaccedilatildeo Obs Usado mais no pl

rarrAureacutelio escoa(ocirc) [Do cat escoa] s f Constr Nav1Cada uma das carreiras de tabuado

do forro interior do navio de maior espessura destinadas a consolidar a ligaccedilatildeo dos braccedilos agraves

cavernas [Em geral satildeo trecircs ou quatro carreiras colocadas ateacute junto agrave sobrequilha] 2Cada

uma das cantoneiras longitudinais dispostas paralelamente agrave sobrequilha e assentes nos pontos

onde as cavernas comeccedilam a subir para consolidaccedilatildeo interna da ossada do navio

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq

Sapucaya he madeira de muita duraccedilatildeo e rijeza a natureza das sapucayas he serem direitas e

monstruozas em altura e grossura pello que dellas se fazem quilhas para naacuteos do maior

poacuterte sobre quilhas cadastes vaacuteos cintas dormentes escoas alem do que em terra se fazem

dormentes ou grandes vigas para os corpos de Engenhos e armazens do maior comprimento

e grossura

LUIZ DOS SANTOS VILHENA (1921) [1801] CARTA VIGESIMA [A00_0846 p 739]

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Todos os dicionaacuterios consultados indicam escoa como termo naacuteutico

Origem catalatilde

Ficha 87

Escorrer va Fazer correr o liquido vn correr o liquido (T Naut) va Passar alecircm sem

tomar nem avistar porto

______________________________________________________________________

rarrCunha escorrer - CORRER vb [] Do lat cǔrrěre corrED˙EIRA sf bdquotrecho de rio

onde as aacuteguas correm ceacuteleres‟ 1844 EScorrer XVI Do lat ex-cǔrrěre []

rarrBluteau Eſcorrer (Termo Nautico) Eſcorrer huma terra huma proviacutencia Paſſar alě

navegandoſem deſcobrilla [] Porque com o eſcuro da noite lhe naotilde ſuccedeſſe Eſcorrer a

118

terra (aſſim dizem aſeu deſencontro os marinheiros) D Franc Man Epan 3 pag pag 319

Dobrou o Cabo de Bon Eſperanccedila Eſcorreo a Ethiopia paſſou a Arabia Vieira Tom 2140

rarrMoraes e Silva ESCORREgraveR at t de Naut Passar alegravem sem tomar ou ver algum Porto

ou Terra onde queriatildeo ir ou que se havia de encontrar Vieira ldquoescorreu a Ethiopiardquo Albuq

41 F Mendes c6b277

rarrLaudelino Freire ESCORRER vrv De es + correr Naacuteut Ant Correr ao longo da

costa de costear (tr dir)

rarrAureacutelio escorrer [Do lat excurrere] Verbo trans Dir 1Fazer correr ou esgotar (o

liacutequido) 2Tirar a (alguma coisa) o liacutequido com que se achava misturada fazendo-o correr

gota a gota 3Deixar sair deitar verter O ferimento escorria um liacutequido sanguinolentoVerbo

intransitivo []

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta como termo naacuteutico

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Somente o Aureacutelio natildeo apresenta escorrer como termo naacuteutico Origem

portuguesa lt latina

Ficha 88

Escoteira sf (T Naut) A peccedila onde se fixa a escota

______________________________________________________________________

rarrCunha - escota sf bdquo(Mar) cabo para governar as velas do navio‟ XV Do ant fr escoute

(hoje eacute coute) deriv do goacutetico skaut escotEIRA XVI escotILHA XV

rarrBluteau ESCOTEIRAS (Termo de navio) Saotilde huns paos onde ſe fazem fixas as eſcotas

da gavea Ligna quibus superiores navis verfori firmantur

rarrMoraes e Silva ESCOTEgraveIRAS s f pl t de Naut Peccedilas de navio onde se fixatildeo as

escogravetas Goes Cron Man 4c78 a escoteira no sing Couto 47II ldquodas escoteirasrdquo

rarrLaudelino Freire ESCOTEIRA s f Naacuteut Peccedila por onde passam as escotas

rarrAureacutelio escoteira [De escota + -eira] s f 1Ant Constr Nav Armaccedilatildeo constituiacuteda de

duas colunas fixas no conveacutes por ante a vante dos mastros ligadas por um travessatildeo no qual se

enfiavam malaguetas onde davam volta as escotas das gaacuteveas escotel Escota (ocirc) [Do fr ant

escoute (atual eacutecoute) poss do goacutet skaut] s f1Marinh Cabo de laborar fixo no punho da

escota (q v) e que permite caccedilar o pano i e estender a vela pelo punho respectivo de modo

que apresente ao vento toda a sua superfiacutecie [A escota iraacute mais ou menos folgada ou entrada

de acordo com a mareaccedilatildeo Nas velas redondas haacute duas escotas uma por barlavento e outra

por sota-vento nas latinas apenas uma]

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta como termo naacuteutico

______________________________________________________________________

Comentaacuterios todos os dicionaacuterios citados apresentam escoteira como termo naacuteutico

Origem francesa lt goacutetica

Ficha 89

Escotilha sf (T Naut] espeacutecie de alccedilapatildeo no convez do navio por onde se desce para as

cobertas

_____________________________________________________________________

rarrCunhaescotilha - escota sf bdquo(Mar) cabo para governar as velas do navio‟ XV Do ant fr

escoute (hoje eacute coute) deriv do goacutetico skaut

119

rarrBluteau ESCOTILHA Eſpecie de alccedilapaotilde no convez do navio por onde ſe decĕ as

mercaneiras amp os mantimentos para eſtarem debaixo de cuberta Eſcotilha grande he a porta

principal da nao por onde ſe metem as couſas de mayor volume Eſcotilhas[] Os ouviraotilde no

ar ir eſparzidos Pella Eſcotilha dentro derribados []

rarrMoraes e Silva ESCOTIacuteLHA s f t de Naut Especie de alccedilapatildeo com que se fecha a

entrada para as cobertas e poratildeo do navio usatildeo-se nos tablados da scena theatral

rarrLaudelino Freire ESCOTILHA sf Cast escotilha Naacuteut Alccedilapatildeo ou abertura nas

cobertas e poratildeo do navio2 Lus Abertura na parte superior do tonel para limpeza da

vasilha e entrada de uvas ou bagaccedilo

rarrAureacutelio escotilha [Do esp escotilla fonte tb do fr ant escoutille (atual eacutecoutille)]

Substantivo feminino1Constr Nav Abertura de grande ou meacutedio tamanho feita em qualquer

pavimento de uma embarcaccedilatildeo para tracircnsito de pessoal aeraccedilatildeo ou iluminaccedilatildeo das cobertas

ou passagem de carga []

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq

O ignorante Capitatildeo paſſado de hum chuccedilo pelos peitos cahio da eſcotilha abaixo

FRANCISCO DE BRITO FREYRE (1655) [1655] SENHOR [A00_2496 p 41]

______________________________________________________________________

Comentaacuterios todos os dicionaacuterios citados apresentam escotilha como termo naacuteutico

Origem francesa

Ficha 90

Escouves sm ult l-ezes no plr (T Naut) Buraco na proa da embarcaccedilatildeo por onde sahe a

amarra

______________________________________________________________________

rarrCunha sm bdquo(Const Nav) tubo ou manga de ferro por onde passa a amarra da acircncora para

ir do conveacutes ao costado de onde desce ao mar‟escouvē XVI de origem incerta

rarrBluteau ESCOVENS ou Eſcouves (Termo de navio) Saotilde na proa huns buracos redondos

por onde ſahem as amarras []

rarrMoraes e Silva ESCOgraveUVES s m pl t de Naut Buracos na progravea dos navios por onde

saacuteem as amarras Alburq P I f 8 escouves

rarrLaudelino Freire ESCOUVES ESCOUVEacuteM Lat excubiœ Abertura para a passagem da

amarra no costado do navio

rarrAureacutelio escovem [De or incerta poss do cat escobenc lt cat escova] Substantivo

masculino 1Constr Nav Tubo ou manga de ferro por onde passa a amarra da acircncora para ir

do conveacutes ao costado de onde desce ao mar [Cf escovem do v escovar]

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta

______________________________________________________________________

Comentaacuterios todos os dicionaacuterios citados apresentam escouves como termo naacuteutico

Origem incerta (castelhana)

Ficha 91

Estibordo sm (T Naut) O lado direito do navio olhando da poppa para a proa

______________________________________________________________________

rarrCunha estibordo sm ldquo(Mar) o lado direito da embarcaccedilatildeo considerando-se a proa como

a sua frente‟ 1813 estribordo XV Do fr ant estribord (hoje tribord apoacutecope de

120

estribord) deriv do neerl stierboord boreste 1884 de estibordo (com supressatildeo da uacuteltima

siacutelaba e colocaccedilatildeo da penuacuteltima no priciacutepio) Neologismo atribuiacutedo ao almirante brasileiro

Saldanha da Gama O aviso de 14021884 do Ministeacuterio da Marinha do Impeacuterio do Brasil

mandou substitur estibordo por boreste para evitar confusatildeo entre bombordo e estibordo

rarrBluteau ESTIBORDO Querem alguns que ſeja de Dextribordo He o lado do navio para

quem eſtaacute na popa com a cara voltada para a proa []

rarrMoraes e SilvaESTIBOacuteRDO smt de Naut Para quem estaacute na popa da naacuteo como rosto

para a proa eacute o lado direito ( de Stribord Inglez)

rarrLaudelino Freire ESTIBORDO sm Din Styrbord Lado do navio agrave direitos de quem

olha da popa para a proa

rarrAureacutelio estibordo[Do port arc estribordo (lt fr ant estribord [atual tribord] neerl

stierboord poss) com dissi-milaccedilatildeo] Substantivo masculino1Mar O lado direito da

embarcaccedilatildeo considerando-se a proa como a sua frente [Cf bombordo e boreste]

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq

E quando menos conta faziam das vidas do cesto da gaacutevea gritou o gajeiro terra pela proa e

como o temporal os ia empurrando para o rolo da costa por falta de governo desfizeram os

bolsos do traquete e braceando por estibordo foram costeando a dita terra e dando vista de

um abra e uma entrada puseram proa a ela e a todo o risco sem sondar a entraram e fixas as

amarras na habita desabossadas as acircncoras deram fundo

JOSEacute ALVARES DE OLIVEIRA (1981) [nd] HISTOacuteRIA DO DISTRITO DO RIO DAS

MORTES SUA DESCRICcedilAtildeO DESCOBRIMENTO DAS SUAS MINAS CASOS NELE

ACONTECIDOS ENTRE PAULISTAS E EMBOABAS E CRIACcedilAtildeO DAS SUAS VILAS

[A00_0395 p 97]

______________________________________________________________________

Comentaacuterios todos os dicionaacuterios citados apresentam estibordo como termo naacuteutico

Origem francesa lt neerlandesa

Ficha 92

Estiva sf (T naut) Contrapeso para o navio ir em equilibrio Grades de pagraveo no poratildeo por

baixo da carga A primeira carga que vai sobre ella Grades de patildeo estreitas na estribaria para

escoarem por baixo dellas a ourina dos cavallosEspecie de registro em que se taxa o preccedilo do

patildeo azeite etc

______________________________________________________________________

rarrCunha estiva sf bdquoa primeira porccedilatildeo do navio‟ bdquoarmaccedilatildeo do tabuleiro duma ponte de

madeira‟ estiba XV Do it stiva estivADOR 1858 estivAR XVI Do it stivare deriv

do lat stipāre

rarr Bluteau ESTIVA Eſtiva Termo Nautico He palavra Italiana ou ſe deriva do Franceacutez

Eſtive He o contrapeſo da carga do navio que ſe daacute a cada lado delle para o ter em equiliacutebrio

Nas ſuas cartas pag362 Uſa D Franciſco Manoel deiſa dicccedilaotilde no ſentido moral Vemos que

a naacuteo da India ſe carrega por conto amp eſta Eſtiva do que leva a paciencia do homem naotilde a

ſabe outro homem que lha carrega de injurias cujo exceſſo do homem naotilde a ſabe outro

homem cujo exceſſo permitte a providencia por caſtigallos a ambos eſte com a ſua fraqueza

aquelle cotilde a ſua tyrannia Vid Equilibrio Vid contrapeſo Vid Eſtivar

rarrMoraes e Silva ESTIacuteVA sf t de Naut O contrapeso que se potildee ao navio para ir em

equiliacutebrio se vai mais carregado de alguma parte sect Grades de paacuteos que no poratildeo vatildeo por

baixo da carga para que natildeo assente no costado e receba alguma humidade sect Grades de paacuteo

121

mūi estreitas com que se pavimentatildeo estrebarias para que a urina se escoe por ellassect Especie

de registo em que se taxa o preccedilo do patildeo azeite palha ampc pelos officiaacutees competentes Leis

de 1765sect A carga primeira que se carrega no navio

rarrLaudelino Freire ESTIVA sf Lat stiva Mar Todo o fundo interno de um navio da

pocircpa agrave proa 2 Mar A primeira camada de carga que se mete em um navio e que eacute

ordinagraveriamente a mais pesada o contrapecircso que se potildee ao navio para o equilibrar e natildeo descair

para o lado mais carregado3 Mar Grade de pau assente no poratildeo do navio socircbre o qual se

arruma a primeira carga para o isolar da umidade

rarrAureacutelio estiva [Do it stiva] Substantivo feminino1A primeira porccedilatildeo de carga do navio

2Bras Mar Merc Serviccedilo de movimentaccedilatildeo de carga a bordo dos navios nos portos o qual

compreende a retirada e a arrumaccedilatildeo desta nos porotildees e nos conveses [Cf nesta acepccedil

resistecircncia (16)] 3Bras P ext O conjunto dos estivadores [v estivador (2)]4Bras Os

gecircneros que formam a base do comeacutercio de secos e molhados especialmente os gecircneros em

grosso5Pesagem dos gecircneros ou mercadorias estivadas 6Bras N Ponte feita de um soacute pau

sobre forquilhas em terrenos alagadiccedilos ou pantanosos [Cf nesta acepccedil estivado

(2)]7Bras MG RS Ponte tosca feita de varas ou paus atravessados sobre um coacuterrego

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq

Provido do que lhe foi necessario sahiu Thomaz de Souza Villa Real do porto da foz do

Ferreiro no Rio Vermelho em 22 de Dezembro do anno passado ficando aquelle porto

quatorze leguas abaixo da villa o mais proximo della que permitte navegaccedilatildeo mesmo a

pequenos botes com

este rio pouco rico de aguas e por ser o seu fundo em partes de pedra que ainda oppondo

g

estivas sobre que se

poderatildeo arrastar as canocircas []

JOAQUIM MARIA NASCENTES DE AZAMBUJA (1891) [1797] VIAGEM DE THOMAZ DE

SOUZA VILLA REAL PELOS RIOS TOCANTINS ARAGUAYA E VERMELHO

ACOMPANHADA DE IMPORTANTES DOCUMENTOS OFFICIAES RELATIVOS Aacute MESMA

NAVEGACcedilAtildeO [A00_0710 p 47]

______________________________________________________________________

Comentaacuterios todos os dicionaacuterios citados apresentam estiva como termo naacuteutico Origem

italiana

Ficha 93

Estribo sm Peccedila em que firmatildeo os pegraves para montar a cavallo ou entrar no Coche etc No

plr (T Naut) Os primeiros cabos que na enfreixadura servem de degragraveos Perder os estribos

fig Perturbar-se natildeo saber onde firmar-se ou em quem confiar

______________________________________________________________________

rarrCunha estriborarr ESTRIBEIRA estribeira sf bdquoestribo de montar agrave gineta‟-eyra XIII

estrebeyra XIII etcDo a fr estriviegravere de origem germacircnica estribAR XV estribO

estrybo XV

122

rarrBluteau Estribos (Termo de mariagem) Saotilde os primeiros cabos que ſervem como de

degraos aacute enfrechadura Vid Enfrechadura

rarrMoraes e Silva ESTRIacuteBO s m Peccedila de madeira (V Caccedilanbas) onde metal em que o

Cavalleiro mette as pontas dos peacutes e se firma para montarsect Nos coches obra feita para se

subir por ella aos cochassect Estribos t de Naut primeiros cabos que servem como de degraos

a enfrexadura

rarrLaudelino Freire ESTRIBO sm Germ streup Naacuteut Cabo brando agrave maneira de sanefa

encapelados nas vecircrgas para servir de apoio aos peacutes dos marinheiros quando ferram o pano

rarrAureacutelio estribo- sm [] 1Marinh Cabo cujos chicotes satildeo presos aos laises de uma

verga e cujo seio eacute a espaccedilos aguentado agrave verga por meio de pedaccedilos de cabos denominados

andorinhos Serve de apoio aos peacutes dos marinheiros que trabalham na verga [Tb o pau da

bujarrona e por vezes a retranca tecircm estribo] 2Peccedila de accedilo colocada transversalmente a uma

armadura longitudinal num concreto para mantecirc-la em posiccedilatildeo ou para resistir a certos

esforccedilos 3Fig Arrimo apoio esteio

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta como termo naacuteutico

______________________________________________________________________

Comentaacuterios todos os dicionaacuterios citados apresentam estribo como termo naacuteutico

Origem francesa lt germacircnica

Ficha 94

Estribordo (T Naut) v Estibordo

______________________________________________________________________

rarrCunha estibordo sm ldquo(Mar) o lado direito da embarcaccedilatildeo considerando-se a proa como

a sua frente‟ 1813 estribordo XV Do fr ant estribord (hoje tribord apoacutecope de

estribord) deriv do neerl stierboord boreste 1884 de estibordo (com supressatildeo da uacuteltima

siacutelaba e colocaccedilatildeo da penuacuteltima no princiacutepio) Neologismo atribuiacutedo ao almirante brasileiro

Saldanha da Gama O aviso de 14021884 do Ministeacuterio da Marinha do Impeacuterio do Brasil

mandou substitur estibordo por boreste para evitar confusatildeo entre bombordo e estibordo

rarrBluteau natildeo consta

rarrMoraes e Silva ESTRIBOacuteRDO V Estibordo Cast Ined 11 536 opposto a babordo

vulgo bombordo ESTIBOacuteRDO smt de Naut Para quem estaacute na popa da naacuteo como rosto

para a proa eacute o lado direito ( de Stribord Inglez)

rarrLaudelino Freire ESTRIBORDO sm Ant O mesmo que estibordo ESTIBORDO sm

Din Styrbord Lado do navio agrave direitos de quem olha da popa para a proa

rarrAureacutelio natildeo consta

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta estribordo soacute estibordo

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Exceto Bluteau e Aureacutelio todos os demais dicionaacuterios apresentam o lema

estribordo mas remetem para o termo estibordo Origem francesa lt neerlandesa

Ficha 95

Estrinca sf (T Naut) Especie de escotilha nas embarcaccedilotildees por onde sobe a amarra

______________________________________________________________________

rarrCunha natildeo consta

rarrBluteau natildeo consta

123

rarrMoraes e Silva ESTRIacuteNCA sft de Naut Especie de escotilha nos navios HNaut

2f222 por ella saacutei a amarra donde estaacute envolta e daiacute tem o nome (strinca corda em

Italiano)

rarrLaudelino Freire ESTRINCA sf Ingl string Espeacutecie de escotilha por onde passa a

amarra

rarrAureacutelio natildeo consta

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Somente Moraes e Silva e Laudelino Freire apresentam estrinca Origem

inglesa

F

Ficha 96

Ferrar va Pregar ferradura Foxerir ferratildeo ou remate de ferro Marcar com ferrete

Guarnecer de cintas ou chapas de ferro Cravar Segurar com harpegraveo ou ferir com elle (T

Naut) Colher as velas Lanccedilar ancora Fig Tomar porto (T de Marcineiro) Metter porcas

Ferrar no sono adormecer

______________________________________________________________________

rarrCunha ferrarrarr FERRO ferro sf bdquometal maleaacutevel e tenaz de numerosas aplicaccedilotildees na

induacutestria e na arte‟ XIII Do lat ferrum ndashi AferrAR XVI AferrO sm XVIII [] Do lat

ferramenta nom pl de ferramentum bdquoinstrumento ou utensiacutelio de ferro‟ ferrAtildeO 1813

ferrAR XIII ferrARIA XIIIferrEIRO XIII ferrENHO XVI feacuterrEO 1572

rarrBluteau Ferrar (Termo Nautico) Ferrar velas ou ferrar o panno Vela colliger Vendoſe em

perigo Ferrara todo panno Britto viagem do Braſil 277 A naacuteo ditoſa Ferrava a vela

Barretto vida do Evang 21377

rarrMoraes e Silva FERRAR v at t naut Colher vg ferrar a vela o pannosect Lanccedilar ferro

ou ancora f tomar portovg ferraratildeo o porto de Coulatildeo Vieira-Freire ferrou a barra

rarrLaudelino Freire FERRAR vrv De ferro + ar Naacuteut Colhecircr amarrar (tr

dir)rdquoTrabalhados de perigos lanccedilai nautas nos nossos portos ferro ferrai velasrdquo (Filinto

Eliacutesio) 118 Atracar (a embarcaccedilatildeo) (trdir) Colhecircr (as velas) (tr dir intr) ldquoferrar as

velasrdquo ldquonunca as ondas tormenta resolveu mais arriscada Ferra ferra (bradou) que eacute enorme

o perigordquo (Filinto Eliacutesio) Deitar o navio ferro (intr) Folgar

rarrAureacutelio ferrar [De ferro + -ar2] Verbo transitivo direto [] 5Marinh Colher (vela ou

toldo) atando-os com amarrilhos a uma verga estai ou vergueiro navegou terra a terra agrave

sombra da costa ferrou panos e fundeou sobre virotes (Galpi Narrativas Militares p

23)

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq

[] mas natildeo sei se com este vento se com outro que lhe deo nas velas quando ia jaacute pera a

ferrar pendeo tanto a sua naacuteu que tomou agoa pelas portinholas da artilharia e calando-se

pelas escotilhas que iatildeo abertas foi entrando tanta que em continenti se foi ao fundo com

seu dono []

FREI VICENTE DE SALVADOR (1888) [1627] LIVRO QUINTO - DA HISTORIA DO

BRASIL DO TEMPO QUE O GOVERNOU GASPAR DE SOUZA ATHEacute A VINDA DO

124

GOVERNADOR DIOGO LUIZ DE OLIVEIRA - CAPITULO SEXTO - DE COMO O

CAPITAtildeO BALTHAZAR DE ARAGAtildeO SAHIO DA BAHIA COM HUMA ARMADA CONTRA

OS FRANCEZES E SE PERDEO [A00_2084 p 195]

______________________________________________________________________

Comentaacuterios todos os dicionaacuterios citados apresentam ferrar como termo naacuteutico Origem

portuguesa lt latina

Folgar vn Cessar de trabalhar Alegrar-se ter gosto de alguma cousa va (T Naut) Alargar

______________________________________________________________________

rarrCunha folgar vbrdquodescansar ter aliacutevio desapertar‟XIII follegar XVDo lat fotildellǐcārě

bdquorespirar como fole‟ deriv de fotildellis focirclegoXIII folgoXVIDeverbal do a port

folegarfolgafolgua XVfolgADIO XV folgADO XIII folgANCcedilA-cia

XIIIfolgAZAtildeO folgasatildeo 1813 folguEDO XVI RESfolegar XVII

rarrBluteau FOLGAR Coſſar do trabalho Deſcanccedilar Andar ocioſoOtiari (or atus fum) Cic

Como foſſe agrave Cidade de Syracuſa para folgar amp naotilde para trabalhar Cum ſe Syracuſas otiandi

non negotiandi

rarrMoraes e Silva FOacuteLGAR vat Largar ou alargar vg folgar o leme t nautsect vn Cessar

do trabalho

rarrLaudelino Freire FOLGAR descansar (intr trind com prep em) ldquoOs piratas folgando

em grupos se dispersamrdquo (Paranapiacaba) 3 Ter prazer alegrar-se regozijar-se (intr

trindcom prep com de em)ldquoDesabe o firmamento socircbre a Terra tudo pereccedila Folgaraacute

minh‟almardquo (Paranapiacaba) ldquoFolgo muito em ver-terdquo

rarrAureacutelio folgar [Do lat tard follicare] Verbo transitivo direto1Dar folga ou descanso a

[] 2Tornar largo desajustar desapertar folgar a roupa 3Tornar menos penoso tornar

leve suave folgado []

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta folgar como termo naacuteutico

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Somente Moraes e Silva apresenta folgar como termo naacuteutico Origem

portuguesa lt latina

G

Ficha 98

Garrucha sf Antigamente era o mesmo que Albarda Poleacute de dar tratos (T Naut) Cabo que

se mette na relinga por entre chicotes

______________________________________________________________________

rarrCunha garrucha sf bdquoorig pau curto com que se armavam as bestas‟guarrucha XV

bdquopistola de carregar pela boca‟ XX Do cast garrucha

rarrBluteau GARRUCHA He palavra Caſtelhana VID Poleacute de tormento amp tratos de poleacute

As cataſtas as Garruchas as fogucigueiras Vieira Tom 1076col1

rarrMoraes e Silva sft naut Garruchas satildeo ou eratildeo cabos que se mettem nas relingas por

entre os chicotes donde se fazem as puas das bolinas daqui vem agarruchar ampc

125

rarrLaudelino Freire GARRUCHAS sm pl Naacuteut 1 Argola de ferro pregadas no garotil das

velas latinas 2 Cabos que se metem nas relingas por entre chicotes

rarrAureacutelio Garrocha [Do esp garrocha] []Marinh Poleame de laborar constituiacutedo de duas

caixas sobrepostas a topo e com os eixos das suas rodas dispostos paralelamente ou

perpendicularmente um em relaccedilatildeo ao outro

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Moraes e Silva Laudelino Freire apresentam garrucha com termo naacuteutico

Aureacutelio daacute como termo naacuteutico garrocha Origem castelhana

Ficha 99

Gavea sf (T Naut) Armaccedilatildeo de taboa com feiccedilatildeo de grade do cimo dos mastros Vela que

toma o nome da gavea sobre que anda

______________________________________________________________________

rarrCunha gaacutevea sf bdquo(Naacuteut) espeacutecie de tabuleiro ou plataforma a certa altura de um

mastro‟gauea 1572Do lat med gabia (claacutess cavěa) com provaacutevel interferecircncia do it

gagravebbia ESgaivAR XXgaiva sf bdquojaula fosso‟ 1813gaivEL 1899 gajeiro sm bdquomarinheiro

que vigia da gaacutevea‟-geiro 1813 Do it gagraveggia e este do genovecircs gagravegia deriv Do lat cavěa

rarrBluteau Gaacutevea (Termo Nautico) He huma eſpecie de gayola ou guarita aſſentada em

huma roda de taboas no alto dos matos ſerve para recolher as velas quando as ferraotilde

Carchefium ij Naut Catull Mali corbita e Fem

rarrMoraes e Silva sf naut Eacute armaccedilatildeo de taboas como uma meza com bordas na ponta do

mastro

rarrLaudelino Freire GAVEA sf Lat cavea Naacuteut Espeacutecie de gaiola tabuleiro plataforma

ou guarita assente em uma rodas de taacutebuas no alto dos mastros e atravessada por ecircle 2 Vela

que ocupa o lugar imediatamente superior agrave grande GAacuteVEAS sfpl Conjunto das trecircs velas

das galeras 2 A gaacutevea e o velacho nos brigues

rarrAureacutelio [Do lat gavia por cavea gaiola] s f Marinh 1Cada um dos mastareacuteus que

espigam logo acima dos mastros reais [Nos navios de trecircs mastros denominam-se a partir de

vante mastareacuteu do velacho mastareacuteu da gaacutevea e mastareacuteu da gata] 2Mastareacuteu que espiga

logo acima do mastro real grande 3Cada uma das vergas que cruzam nos mastareacuteus de gaacutevea

[Nos navios de trecircs mastros chamam-se a partir de vante verga do velacho verga da gaacutevea e

verga da gata Antigamente chamavam-se traquetes sendo a partir de vante traquete de proa

ou de vante tranquete da gaacutevea e traquete da gata] 4Verga que cruza no mastareacuteu de gaacutevea

grande 5Cada uma das velas que envergam nas vergas de gaacutevea [Nos navios de trecircs mastros

denominam-se a partir de vante vela do velacho vela da gaacutevea e vela da gata Antigamente

chamavam-se traquetes] 6Vela que enverga na verga de gaacutevea grande 7Mar Cesto de

gaacutevea

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq

Com as vellas que anoitecer a Capitana ha de navegar ategrave que aclare o dia Succedendo

largar mais pano aʃcenderagrave dous faroes na popa amp hum na gavea

FRANCISCO DE BRITO FREYRE (1655) [1655] SENHOR () [A00_2496 p 57]

______________________________________________________________________

Comentaacuterios todos os dicionaacuterios apontam gaacutevea como termo naacuteutico Origem italiana

Ficha 100

126

Gio sm (T Naut) O travessatildeo sobre que a cana do leme anda e sobre que se formatildeo as

obras chamadas mortas da poppa

______________________________________________________________________

rarrCunha gio sm bdquo(Naacuteut) peccedila que entalha no contracadaste do navio‟ 1813 De origem

obscura

rarrBluteau GIO (Termo da carpintaria de huatilde nao) He hum traveſſaotilde ſobreque anda a cana

do leme amp ſobre o qual ſe formaotilde as obras mortas da popa Lignea compages in puppi

tranſverſa

rarrMoraes e Silva GIacuteO sm naut Travessatildeo sobre que anda a cana do leme e sobre que se

foacutermatildeo as obras mortas da popa

rarrLaudelino Freire GIO sm Naacuteut Nome de duas peccedilas curvas de madeira que formam

angula entalhando-se entre si e no contracadaste

rarrAureacutelio gio [De or obscura] Substantivo masculino1Constr Nav Nas popas quadradas

cada uma das peccedilas dispostas horizontalmente entalhadas e cavilhadas no contracadaste

constituindo assim como que as cavernas de tais popas

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta

______________________________________________________________________

Comentaacuterios todos os dicionaacuterios apontam gio como termo naacuteutico Origem obscura

Ficha 101

Guinada sf (T Naut) Acccedilatildeo de guinar Gargalhada fallando de riso

______________________________________________________________________

rarrCunha guinar vb bdquobordejar desviar-se rapidamente‟ XVI De origem obscura guinADA

XVI

rarrBluteau GUINADA Guinaacuteda amp Guinar ſaotilde termos Nauticos Vid Guinar

rarrMoraes e Silva GUIacuteNADA sf O acto de guinar t naut ldquode duas guinadas que deu (com

a sua naacuteo) sobre duas galeacutes ambas se despejaratildeo deixando os cascos vasiosrdquo (remettidas

para as ababroar) B236 Amaral

rarrLaudelino Freire GUINADA sf Angl-sax winan Naacuteut Desvio que o navio faz da sua

esteira bordejando2 salto que o cavalo daacute para furtar o corpo ao castigo do cavaleiro

rarrAureacutelio guinada [De guinar + -ada1] Substantivo feminino 1Mar Desvio da proa para

um ou outro bordo que afasta o navio deliberadamente ou por forccedila das circunstacircncias do

rumo em que vinha Havia um torvelinhar surdo e vago de coisas no tombadilho eram as

ondas que agraves vezes agrave menor guinada apesar de todo o cuidado no leme embarcavam pelo

traveacutes pela alheta (Virgiacutelio Vaacuterzea Nas Ondas p 45)

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq

Como saiacuteo a lua se fez o vento leacutes-nordeste e ventou com tanta forccedila que nom podiacuteamos com

a vela Indo assi corre guinada e em preparando de

loacute nos arrebentou o masto do traquete pelos tamboretes de que sentimos muita fortuna e

amainaacutemos a vela e fomos correndo ao som do mar ateacute que foi de dia

127

PEcircRO LOPES DE SOUSA (1968) [1530] DIAacuteRIO DA NAVEGACcedilAtildeO DE PEcircRO LOPES DE

SOUSA () [A00_0078 p 33]

______________________________________________________________________

Comentaacuterios todos os dicionaacuterios apontam guinada como termo naacuteutico Origem obscura

(anglo saxatildeo)

Ficha 102

Guinar vn (T Naut) Desviar-se do caminho da esteira que leva Diz-se do navio e

propriamente fallando sograve tem terceiras pessoas

______________________________________________________________________

rarrCunha guinar vb bdquobordejar desviar-se rapidamente‟ XVI De origem obscura guinADA

XVI

rarrBluteau Guinar (Termo Nautico) He quando o navio ſe deſvia alguma couſa hora de

huma hora de outra parte ſeguindo ſempre o meſmo rumo Conftanti ſempre curſa de via

aliquantum deſle

rarrMoraes e Silva GUINAacuteR vn naut Desviar-se o navio um pouco da esteira que leva

hora a um bordo hora a outro mas seguindo sempre o mesmo rumo Amaral 6 Fomos

guinados a elas Fern Mend c5

rarrLaudelino Freire GUINAR vrv Mover-se agraves guinadas desviar-se (a embarcaccedilatildeo da sua

esteira) (intr)

rarrAureacutelio guinar [Da mesma or incerta que o esp guintildear poss da raiz gin- de criaccedilatildeo

expressiva] Verbo intransitivoVerbo transitivo circunstancial1Mover-se agraves guinadas

oscilar Becircbado guinava agrave direita e agrave esquerda2Mar Desviar (a embarcaccedilatildeo) de propoacutesito

ou por forccedila das circunstacircncias a proa do rumo que vem seguindo para outro rumo dar uma

guinada (1)3P ext Dar guinada (3) Desorientado o ciclista guinava a torto e a

direito4Desviar-se com rapidezVerbo transitivo direto 5Desviar com rapidez ou

repentinamente Guinou a embarcaccedilatildeo para natildeo se chocar com o rochedo

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq

A ruindade desta barra consiste principalmente em ser muito estreito o seu canal e dar este

uma volta pelo meio dos dous baixos que o rodeatildeo e promettem naufragio infallivel se a

embarcaccedilatildeo guinar para algum dos lados

FREI GASPAR DA MADRE DE DEUS (1920) [1767] MEMORIAS PARA A HISTORIA DA

CAPITANIA DE S VICENTE HOJE CHAMADA DE S PAULO [A00_0169 P 123]

______________________________________________________________________

Comentaacuterios todos os dicionaacuterios apontam guinar como termo naacuteutico Origem obscura

I Ficha 103

Iccedilar va (T Naut) Levantar as vergas e vegravelas para o navio navegar

______________________________________________________________________

128

rarrCunha iccedilar vb bdquoerguer levantar‟ XVIII Do fr hisser e este do neerl hijsen ou do baixo

al hissen iccedilAMENTO XX

rarrBluteau ICAR (Termo Nautico) Levantar as velas Vella attollere Na bonanccedila Iccedilar ateacute os

topos Vieira Tom3pag76 Iccedilaraotilde de gaacutevea perdendo ancoras amp amarras Ciabra Exhortaccedil

Militar24 verſ As velas Iccediladas nos palancos Jacinto Freyre 259

rarrMoraes e Silva ICcedilAacuteR vat Levantar as vergas e as velas para navegar Freire

rarrLaudelino Freire ICcedilAR vrv Al hissen Levantar erguer alccedilar (tr dir bitr com prep a

com)rdquoIccedilar o cordamerdquo ldquoVia-se entre homens armados que a arrebatavam iccedilando-a agrave garupa

de ginete socircfregordquo (C Neto) ldquoCom taacuteureas cordas brancas velas iccedilamrdquo (Odorico Mendes)

rarrAureacutelio iccedilar [Do fr hisser] Verbo td 1Erguer alccedilar levantar iccedilar velasApenas o

vapor comeccedilou a enfrentar o Feliz este iccedilou a bandeira brasileira saudando-o (Virgiacutelio

Vaacuterzea Nas Ondas p 150) [Conjug v laccedilar Pres ind iccedilo etc pret perf icei etc pres

subj ice icem Cf isso issei o top Iceacutem e o v inccedilar]

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq

Fizeram-se primeiro que tudo cabos poreacutem o arbusto foi cortado foacutera de tempo e o linho

cortido por pessoas imperitas e que natildeo sabiam o tempo que se devia gastar no cortimento

nem o modo com que se deviam separar a capa do linho e os fabricantes dos mesmos cabos

natildeo soacute pouco habeis em fazerem o fio mas ignorando mais o modo de lhe dar o alcatratildeo

beneficio essencialissimo para perfeiccedilatildeo dos mesmos cabos poreacutem assim mesmo me servi

logo de alguns ainda que poucos nas embarcaccedilotildees da esquadra aonde serviram tatildeo bem

como os outros que tinham as embarcaccedilotildees de sorte que um delles serviu muito tempo ao

cabrestante para iccedilar a aguada e mantimentos do navio Santo Antonio e depois de soffrer

todo aquelle trabalho sem quebrar o applicaram ao ministerio da guingorra aonde durou

muito tempo

MARQUEZ DO LAVRADO (1863) [1799] RELATORIO DO MARQUEZ DE LAVRADIO

VICE-REI DO RIO DE JANEIRO ENTREGANDO O GOVERNO A LUIZ DE

VASCONCELLOS E SOUSA QUE O SUCCEDEU NO VICE-REINADO [A00_0851 p 471]

______________________________________________________________________

Comentaacuterios todos os dicionaacuterios apontam iccedilar como termo naacuteutico Origem francesa

L

Ficha 104

Lais sm (T Naut) A ponta verga

______________________________________________________________________

rarrCunha lais sm bdquo(Naacuteut) a ponta da vergardquo lays XVI De origem obscura

rarrBluteau Lais Chamatildeo os marinheiros agrave ponta das vergas a da Mezena ſe chama penna

LAIZ (Termo nautico) Extremidades das vergas Cornu antemnarum Virgilio diz Cornua

antemn (Enforcaſſe no Laiz da verga Decad 1 de Barr Paacuteg 110col4)

rarrMoraes e Silva LAacuteIS sm tnaut A ponta da verga Barros o lais da verga

rarrLaudelino Freire LAIS sm Naacuteut Ponta da verga

Lais de Guia sm Naacuteut Noacute que se daacute no seio do cabo com um dos chicotes para formar

bocirclso

rarrAureacutelio lais [De or obscura] s m Marinh1Cada uma das extremidades de uma verga

Os [marinheiros] que ofereciam resistecircncia nas abordagens ou davam combate eram iccedilados

depois no lais das vergas (Virgiacutelio Vaacuterzea Mares e Campos p 103)2Extremidade oposta

ao peacute num pau de surriola [Pl laises Cf Laiacutes antr f menos boa poreacutem usual de Lais]

Lais de guia 1 Marinh Noacute que se daacute no chicote de um cabo formando uma alccedila ou balso e

serve para encapelaacute-lo ou para fazer um laccedilo de correr

129

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq

Querendo a Capitana fallar aos navios no lays da verga grande ʃotavento largaragrave huatilde

flamula tirar agrave a huatilde peʃʃa por ʃehaacute agrave capa

FRANCISCO DE BRITO FREYRE (1655) [1655] SENHOR [A00_2496 p 55]

______________________________________________________________________

Comentaacuterios todos os dicionaacuterios apontam lais como termo naacuteutico Origem obscura

Ficha 105

Leme sm Entre Nauticos he hum pranchatildeo formado de vaacuterios madeiros posto ao alto no

cadaste do navio e que se move para hum e outro lado por meio de huns gonzos fixos que

tem os machos fixos no mesmo pranchatildeo e encaixados nas fecircmeas que estatildeo fixas no cadaste

O ferro da dobradiccedila que encaixa no leme Fig Direcccedilatildeo Duas estrelas iguaes na

Constellaccedilacirco chamada Barca

______________________________________________________________________

rarrCunha leme sm‟aparelho usado na parte traseira do barco e do aviatildeo e que serve para lhes

dar direccedilatildeo‟ XV De origem obscura

rarrBluteau LEME Pao que anda junto do cadaſte que quebra amp aparta as ondas para huma

amp outra parte amp he o total governo da nao Dizem que Tiphys companheiro dos Argonautas

na expediccedilatildeo de Colchos inventagravera o leme pelo que obſervou no Minhoto quando voa alto

que troce a aza para lhe dar nelle o vento em poppa amp ſubir amp baixar como quer Outros

dizem que dos peixes que com cauda regulaotilde nas aguas ſeu caminho ſe tomou a invenccedilaatildeo do

leme Clavus i Ma Gubernaculum i Neut Cic No Commento da Oitava 74 do Canto 5

da Luſiada aonde diz Camotildees Esta pa logo o leve leme

rarrMoraes e Silva LEgraveME sm Governalho peccedila de madeira grossa plana de certa largura

que vai em gonzos no meyo da popa do navio e outros vasos de navegar d‟alto a baixo e

serve de os fazer voltar a proa a diversos rumos voltando ao lemesect O ferro da dobradiccedila que

se embebe no vatildeo da femea eacute sobre que joga a janella ou portasect Natildeo dar o navio pelo leme

ou natildeo obedecer ao leme se diz quando natildeo proeja ainda que manejem o leme e o virem

rarrLaudelino Freire LEME sm B lat limo Aparelho situado na parte traseira do barco e

que serve para lhe dar direccedilatildeo2 Ferro ou dobradiccedila que se embebe no vatildeo da fecircmea e socircbre

que joga a porta ou janela

rarrAureacutelio leme [De or obscura] s m 1Constr Nav Peccedila ou dispositivo instalado na popa

da embarcaccedilatildeo e que serve para lhe dar direccedilatildeo para governaacute-la 2Dispositivo instalado na

cauda do aviatildeo e que regula a direccedilatildeo do aparelho 3Ferro que se embebe no vatildeo da fecircmea e

sobre o qual se move a porta ou a janela 4Fig Direccedilatildeo governo governanccedila Leme de

direccedilatildeo 1 Aer Leme que governa o aviatildeo no plano horizontalLeme de fortuna 1 Marinh V

esparrela (4)Leme de loacute 1 Marinh Posiccedilatildeo do leme com sua porta voltada para barlavento

Leme de profundidade 1 Aer Leme que governa o aviatildeo no plano verticalLeme horizontal

1 Constr Nav Cada um dos lemes que governam o submarino no plano vertical

130

(profundidade) Leme vertical 1 Constr Nav Cada um dos lemes que governam o submarino

no plano horizontal (rumo)Perder o leme 1 Ficar atarantado sem saber o que fazer

desnortear-se desorientar-seTer o leme 1 Governar administrar dirigir

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq

Avistaratildeo esta Costa em 15 de Junho e por natildeo conhecerem a paragem que era a enseada de

Vasabarris lanccedilaratildeo ferro mas era tatildeo forte o vento Sul e correm alli tanto as agoas que se

quebraratildeo duas amarras e querendo entrar por conselho de hum Francez chamado

Honorato que veio aacute terra com dous Indios em huma jangada e lhes facilitou a entrada

tocou a naacuteu e deo tantas pancadas que lhe saltou o leme foacutera e arrombou pelo que alguns se

lanccedilaratildeo a nadar e se afogaratildeo em as ondas []

FREI VICENTE DE SALVADOR (1888) [1627] LIVRO QUARTO - DA HISTORIA DO

BRASIL DO TEMPO QUE O GOVERNOU MANOEL TELLES BARRETO ATHE A VINDA

DO GOVERNADOR GASPAR DE SOUZA - CAPITULO VIGESIMO QUARTO - DA

JORNADA QUE GABRIEL SOARES DE SOUZA FAZIA AacuteS MINAS DO SERTAtildeO QUE A

MORTE LHE ATALHOU [A00_2060 P 148]

______________________________________________________________________

Comentaacuterios todos os dicionaacuterios apontam leme como termo naacuteutico Origem obscura

Ficha 106

Leva sf (T Naut) Acccedilatildeo de levantar ancora para fazer-se aacute vegravela Entre Militares

Conducccedilatildeo de recrutas

______________________________________________________________________

rarrCunha leva - LEVAR levar vb bdquotransportar retirar afastar induzir tirar roubar‟ XIII Do

lat lěvāre []

rarrBluteau LEVA (Termo Nautico) A acccedilatildeo de levantar as ancoras do porto para a partida

Anchorarum fublatio ou Navis egrave portu onis FemTocar a leva He dar aviſo com a trotildebeta

que ſe recolhatildeo os q eſtatildeo na praya quando o baxel eſtagrave para partir Dare tubacirc fignum

recipiendi in navem (Julio Ceſar farfallando na retirada dos ſoldados diz Milites figno

recipiendi dato non conftitehellip (Manda jagrave tocar a leva Ciabra Exhort Militar pag 26)

rarrMoraes e Silva LEVA sf O acto de levantar ancora para sair do porto vg ldquopeccedila de

leva a que se atira para fazer sinal de botar foacutera e que tocar leva com a trombeta para

acodirem a bordo os que hatildeo-de ir na naacuteo que estaacute para levantar ferro M Conq Vieira

rarrLaudelino Freire LEVA sf De levar O ato de levantar ferro o levantar da acircncora para

navegarNaacuteut Cabo folgado que passa por um furo do costado do navio e vai prender-se no

sapatilho dos arganeacuteus das portas5 Pop Andadura

rarrAureacutelio leva [Dev de levar] s f 1Ant Mar Ato de levantar acircncora para navegar

2Alistamento de tropa recrutamento []

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta

______________________________________________________________________

Comentaacuterios todos os dicionaacuterios apontam leva como termo naacuteutico Origem portuguesa

lt latina

131

Ficha 107

Liame sm (T Naut) Madeira das curvas com que seliatildeo por dentro as peccedilas do costado do

navio

______________________________________________________________________

rarrCunha liame sm bdquoaquilo que prende uma coisa a outra ligaccedilatildeo‟ XVIII Do lat ligamen -

ǐnis bdquolaccedilo fita‟ de ligāre

rarrBluteau LIAcircME A madeira das curvas com q por dentro ſe liatildeo os coſtados dos navios

Lignam quibus navium latera intus coagmentantur Joatildeo de Barros diz Liaccedilatildeo (Foy cortada

algūa liaccedilatildeo para galegraves Decada 2 fol39col4) (Na meſma Decada diz LiameContaratildeo-ſe

huma ſoma de madeiras da anaf para liames fol 12 col1) (os que fabricatildeo obra naval tiraotilde

della curvas amp liames Valcone Noticia do Braſil 259)

rarrMoraes e Silva LIAacuteME smt de Naut A madeira das curvas com que se ligatildeo e atatildeo as

peccedilas do costado dos navios Barros Ined IIIf506 ldquotavoados e liamerdquo

rarrLaudelino Freire LIAME sm Lat ligamen Liaccedilatildeo Naacuteut A madeira das curvas com que

se ligam e atam as peccedilas do costado dos navios Naacuteut Cordame de navio de vela

rarrAureacutelio liame (acirc) [Do lat ligamen] s m1Aquilo que prende ou liga uma coisa a outra

ligaccedilatildeo []

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq

Nas varzeas de arecirca se datildeo outras arvores reaes a que os Indios chamam curuaacute as quaes se

parecem na feiccedilatildeo na folha na cocircr da madeira com carvalhos e acham-se alguns de vinte e

cinco a trinta palmos de roda de que se fazem gangorras mesas eixos virgens esteios e

outras obras miudas mas natildeo eacute muito fixo ao longo da terra a qual tambem serve para

liames de navios e barcos e para taboado e de pesado se vai ao fundo

GABRIEL SOARES DE SOUSA (1938) [1587] DAS ARVORES REAES E PAUS DE LEI

(PARTE SEGUNDA - TITULO 8) [A00_0184 p 243]

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Soacute Aureacutelio natildeo apresenta liame como termo naacuteutico Origem portuguesa lt

latina

Ficha 108

Linguete sm (T Naut) Peccedila de pagraveo ou de ferro com que se tolhe que natildeo desande o

cabrestante embebendo-a nas mossas deste ______________________________________________________________________

rarrCunha linguete - LIacuteNGUA[] Do latlǐngŭaliacutegula sf [] Do it lingueta dimin de

liacutengua []

rarrBluteau LINGUETE ou lingoete (Termo de navio) He hum patildeo que encayxa nos cunhos

para ter matildeo do cabreſtante que natildeo ande depois que ſe tem levado a ancora ou algum fardo

Machin nautic

rarrMoraes e Silva LINGUEgraveTE smt de Naut Peccedila de paacuteo ou ferro que se embebe nas

mossas do cabrestante para que natildeo desande depois que se tem levado a ancora ou algum

132

fardo V Cunhos CUNHOS smpl t de Naut paacuteos pregados agrave roda do cabrestante com seus

dentes em que se pega o linguegravete e as amarras quando viratildeo

rarrLaudelino Freire LINGUETE sf De liacutengua Peccedila de ferro ou madeira que se embebe nas

rodas dentadas para que estas natildeo desandem

rarrAureacutelio- natildeo consta linguete consta lingueta lingueta (guecirc) [De liacutengua + -eta (ecirc) it

lingueta] Substantivo feminino1P us Liacutengua (1) pequena 2Qualquer objeto pequeno

semelhante a uma liacutengua3Fiel da balanccedila 4Peccedila chata e delgada que faz parte dalguns

instrumentos de sopro5Peccedila moacutevel de ferro das fechaduras que se encaixa quando movida

pela chave na chapatesta trancando a porta ou gaveta6Dispositivo moacutevel para fechar portas

sem o auxiacutelio da chave constatou [o serralheiro] que nada poderia fazer desde que a porta do

chuveiro natildeo dispunha propriamente de fechadura mas de uma simples lingueta (Fernando

Sabino Medo em Nova Iorque A Cidade Vazia p 118) 7Pedaccedilo de couro utilizado como

fecho em pastas valises malas etc 8Pedaccedilo de couro que no sapato de atacador protege o

peito do peacute 9Ladeira ou rampa em cais junto agrave qual atracam as embarcaccedilotildees 10Muacutes V

martinete4 (1) 11Bras PE Rampa natural que se inclina para o mar ou para o rio 12Ant

Rampa num cais para embarque e desembarque de passageiros

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Soacute Laudelino Freire natildeo apresenta linguete como termo naacuteutico Aureacutelio

apresenta lingueta Origem italiana

M

Ficha 109

Maccedilame sm Lastro de pedra e betume nas cisternas etc (T Naut) Cordoalha do navio __________________________________________________ rarrCunha natildeo consta

rarrBluteau Maccedilame Termo Nautico He todo o encordoamento da nao aſſim dos Brandaes

como da Sirgideira Brioens Apagaſanaes amp toda a mais Enxaacutercia Funium velorum

aliorum ad regendam navim inſtrumentor apparatus (Domar onde hiatildeo os Marinheiros

da queda dos paos amp do Maccedilame Brito Relaccedilatildeo da viagem do Braſil 69)

rarrMoraes e Silva MACcedilAgraveME sm t de Naut Toda a cordoalha do apparelho de um navio

Brito

rarrLaudelino Freire natildeo consta

rarrAureacutelio natildeo consta

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq

Que lhes concede todos os mantimentos assi secos como molhados que tiuerem nos

almazens do Recife amp fortalezas pera se sentirem delles amp fazerem suas viagens largando

aos soldados os de que elles necessitarem pera seu sustento amp viagem mas nam lhes

outorga o maccedilame pera os nauios porque promete darlhos aprestados pera quando partirem

pera Olanda

NAtildeO TRAZ O NOME DO AUTOR MAS Eacute DO DR JOAtildeO DE MEDEIROS CORREcircA

SEGUNDO A OPINIAtildeO GERAL DOS BIBLIOGRAPHOS (1899) [1653] BREVE |

RELACcedilAM | DOS VLTIMOS | SVCESSOS DA GVERRA | DO BRASIL RESTITUICcedilAOtilde DA

CIDADE MAU- | RICIA FORTALEZAS DO RECIFE DE PER- | NAMBUCO amp MAIS

133

PRACcedilAS QUE OS | OLANDESES OCCUPAUAOtilde NA- | QUELLE ESTADO| [A00_1127 p

175]

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Laudelino Freire e Aureacutelio natildeo apresentam o verbete maccedilame Origem natildeo

encontrada

Ficha 110

Madre sf Uacutetero Leito do rio Antigamente Matildei Titulo de Freiras (T Naut) Pagraveo que

atravessa a escotilha O madeiro principal do leme Cabo delgado que se enfia pelas lebres

dos enxertarios Madre-pia v Piamater

______________________________________________________________________ rarrCunha [] Do lat mater ndashtris []

rarrBluteau Madre (Termo de navio) He hum pao que atraveſſa a eſcotilha com ſeu encaixo

para aſſentar nos quarteis da meſma eſcotilha

rarrMoraes e Silva MAacuteDRE sf t de Naut paacuteo que atravessa a escotilha com seu encaixe

para assentar nos quarteis della sect Nas pontes de madeira satildeo os paacuteos que formatildeo o assento

para as estivas e assentatildeo nas asnas ao longo da ponte

rarrLaudelino Freire sf Lat mater matrem Naacuteut Pau que atravessa a escotilha com seu

encaixe para assentar nos quarteacuteis delaO madeiro principal agrave roda do qual ou socircbre o qual

se entalham outros menores ateacute perfazer o composto da grossura ou largura necessaacuteria para o

objeto que se exige como os mastros o leme etcO madeiro que prega na roda de proa e

socircbre o qual estaacute construiacutedo o beque O madeiro central do cabrestante agrave roda do qual se

entalham as mais peccedilas de que se compotildee e que forma o peatildeo ferrado socircbre o qual se move a

maacutequina O madeiro prolongado pelo cadaste que forma a parte principal do safratildeo onde se

pregam os machos e emecha a cana do lemeCada uma das peccedilas mais grossas de que se

formam os mastros quando natildeo satildeo feitos de um soacute pau

rarrAureacutelio madre [Do lat mater matildee] Substantivo feminino1Constr Nav A parte central

mais grossa de que se formam o mastro o cabrestante e outras partes do aparelho do navio

quando natildeo satildeo feitos de uma peccedila uacutenica2Marinh Cabo de fibra ou de algodatildeo em torno do

qual se cocham os cordotildees de um cabo calabroteado ou de um cabo metaacutelicoMadre do leme

Constr Nav 1 Eixo que penetra no casco do navio e transmite movimento ao leme 2 Parte

reforccedilada nos lemes de certas embarcaccedilotildees (antigas ou miuacutedas) agrave qual se prendem as

governaduras e que se prolonga acima da porta do leme para fixar-lhe a cana ou a meia-lua

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta

______________________________________________________________________

Comentaacuterios todos os dicionaacuterios apresentam madre como termo naacuteutico Origem

portuguesa lt latina

Ficha 111

Majarrona sf (T Naut) Vela triangular de navio que do mastarro do velacho vem ter agrave

ponta do gurupegraves

______________________________________________________________________

134

rarrCunha bujarrona sf ldquo(Mar) tipo de vela‟ 1858 bdquoinsulto afronta1 1899 Do cast bujarroacuten

deriv do b lat Bŭlgărus bdquobuacutelgaro‟ empregado como insulto por tratar-se de hereges

pertencentes agrave Igreja ortodoxa grega Cp BUGRE

rarrBluteau Natildeo constam bujarrona bojarrona e majarrona

rarrMoraes e Silva MAJARROgraveNA sf t de Naut Vela de navio que vem da ponta do

mastareo do velacho a ponta do gorupecircs vulgo bojarrona talvez porque boacuteja muito quando

cheya

rarrLaudelino Freire MAJARRONA sf Corr De bujarronaBujarrona sf Naacuteut Vela latina

triangular que se iccedila agrave proa socircbre um pau proacuteprio Pau em que se iccedila essa vela rarrAureacutelio-

natildeo constam majarrona ou bojarrona Bujarrona S f 1Marinh Vela triangular iccedilada entre o

mastro de vante e o gurupeacutes ou a proa da embarcaccedilatildeo agrave vela A toalha de espuma rasgada

para um lado e para outro tufou ferveu subiu alcanccedilou parte do conveacutes molhou a bujarrona

(Josueacute Montelo Cais da Sagraccedilatildeo p 159) []

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta

______________________________________________________________________

Comentaacuterios todos os dicionaristas remetem o termo majarrona a bujarrona ao universo

mariacutetimo Bluteau natildeo cita nem um nem outro Origem castelhana

Ficha 112

Malaqueta sf (T Naut) Pagraveo torneado mais grosso em huma de suas extremidades que

serve para dar vela aos cabos delgados da marcaccedilatildeo do navio Na roda do leme he huma como

manivela em que os homens que vatildeo ao leme fazem forccedila para o mover Dagrave-se tambem este

nome ao remate do pagraveo da bandeira e de outros ______________________________________________________________________

rarrCunha natildeo consta

rarrBluteau MALAQUETAS Termo de navio Satildeo todo o patildeo em que ſe daacute volta a qualquer

cabo que ſeja

rarrMoraes e Silva MALAQUEgraveTA sf t de Naut Paacuteo em que se reata o cabo de corda do

navio para o fazer fixo eacute como um crescente e estaacute pregado pelo meyo

rarrLaudelino Freire MALAQUETA sf Ant Cavilha naacuteutica o mesmo que

malaguetaMALAGUETA s f Naacuteut Cavilha de pau torneado que se enfia nos fusos das

mesas do amurado e da meia nau para dar volta aos cabos de laborar Cada um dos cabos

salientes da roda do leme

rarrAureacutelio natildeo consta

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Aureacutelio natildeo cita o termo Para os demais autores malaqueta eacute termo de navio

Origem obscura (Houaiss 2001)

135

Ficha 113

Michelos sm plur (T Naut) Cabos que servem para segurar a amarra quando se leva

ancora

______________________________________________________________________

rarrCunha natildeo consta

rarrBluteau natildeo consta

rarrMoraes e Silva MICHEgraveLOS s f pl t de Naut As cordas aleacutem da amarra que servem de

levar a ancora

rarrLaudelino Freire MICHELOS s f pl Naacuteut Cabos pequenos terminados de um lado por

um olhal e de outro por um chicote que serve para conservar verticais as vecircrgas ou mastareacuteus

que tecircm de ser iccedilados ou arreados2 Cabos que se tomam nos andrabelos quando se iccedila

alguma peccedila do aparelho

rarrAureacutelio- natildeo consta

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Somente Moraes e Silva e Laudelino Freire arrolam o verbete michelos

Origem obscura (Houaiss 2001)

Ficha 114

Molhelha sf Especie de almofada de palha de que satildeo os mariolas ao pescosco para assentar

sobre ella a canga (T Naut) Troxa de fio de carreta e estopa que serve para afastar as

escotas da gaacutevea e velaxo

______________________________________________________________________

rarrCunha natildeo constam molhelha ou monelha

molhe sm bdquoparedatildeo construiacutedo no mar para servir de cais acostaacutevel ou para quebrar a

impetuosidade das vagas‟XVI mole XVI Provavelmente do cat molh e este talvez do lat

mōlēs bdquomassa‟

rarrBluteau MOLHELHA Hum tufo de palha que trazem os mariolas ao peſcoccedilo Collare

O adjectivo a um He de Propercio Quer dizer couſa de palha

rarrMoraes e Silva MOLHEgraveLHA sf Tufo de palha que os mariolas trazem no pescoccedilo e

sobre que assenta a canga para natildeo os molestar []

rarrLaudelino Freire MOLHELHAS sfpl Naacuteut Pedaccedilos de lona estofados com estocircpa que

se pregam nas peccedilas de madeira branda em que os cabos laboram para as tornar mais suaves

agraves encapeladuras

rarrAureacutelio molhelha (ecirc) [De or controversa] Substantivo feminino 1Lus Marinh

Monelha Monelha (ecirc) Substantivo feminino

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta _____________________________________________________________________________

136

Comentaacuterios Laudelino e Aureacutelio citam molhelha como termo naacuteutico Origem

controvertida (catalatildeo)

Ficha 115

Moucarratildeo -ona mf-otildees -onas no plur Muito mouco Moucarrotildees entre Nauticos satildeo

huns pagraveos que servem para empavezar o navio

______________________________________________________________________ rarrCunha natildeo consta

rarrBluteau natildeo consta

rarrMoraes e Silva adj chulo Mũito mouco Eufr 35 Moucarrotildees smpl t de Naut Paacuteos

que estatildeo pelo bordo do navio que servem para o empavezar

rarrLaudelino Freire [] smpl Paus de empavesar o navio

rarrAureacutelio moucarratildeo [De mouco + -arratildeo] Adjetivo 1Muito mouco [Fem moucarrona]

Mouco [De or obscura] Adjetivo 1Que natildeo ouve ou que ouve pouco ou mal surdo 2Diz-

se do ouvido de quem eacute mouco (1) Palavras loucas ouvidos moucos (prov) s m 3Aquele

que eacute mouco (1) surdo [Aum moucarratildeo]

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Somente Moraes e Silva e Laudelino Freire apontam moucarratildeo como termo

naacuteutico Origem obscura

N

Ficha 116

Nabo sm Hortaliccedila conhecida (T Naut) Peccedila de madeira furada e redonda que tem por

cima a chapeleta pregada

______________________________________________________________________

rarrCunha nabo sm bdquoplanta herbaacutecea da fam das cruciacuteferas‟ XIII Do lat nāpus []

rarrBluteau Nabo Palavra de navio He hum pagraveo redondo furado que em cima tem hum

couro pregado aq chamatildeo Chapeleta

rarrMoraes e Silva NABO sm t de Naut Peccedila de paacuteu redonda furada que tem por cima a

chapeleta nas bombas

rarrLaudelino Freire NABO do lat napus Naacuteut Peccedila de madeira ou bronze em forma de

tronco de cone com abertura no centro e vaacutelvula para regular a aspiraccedilatildeo da bomba

rarrAureacutelio nabo [Do lat napu] Substantivo masculino 1Bot Planta herbaacutecea da famiacutelia das

cruciacuteferas (Brassica napus) cultivada por suas raiacutezes comestiacuteveis arredondadas ou

pontiagudas roxas ou brancas conforme a variedade 2A raiz desenvolvida dessa

planta3Burl Pessoa ignorante neacutescia estuacutepida 4 Bras S A parte do mouratildeo da tranqueira

do poste ou do esteio que fica enterrada no solo[]

137

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Somente Aureacutelio eacute que natildeo aponta nabo como termo naacuteutico Origem

portuguesa lt latina

Ficha 117

Nautico adj (T Naut) Pertencente agrave navegaccedilatildeo Que serve para dirigir a navegaccedilatildeo Que

entende da arte de navegar Homem do mar Nautica (como subst) A arte de navegar

______________________________________________________________________

rarrCunha nauta sm bdquomarinheiro navegador‟ 1572 Do lat nauta ndashae derivado do gr nauacutetes

naacuteutICA XVII naacuteutICO XVII Do lat nautǐcus ndasha[]

rarrBluteau NAUTICO Couſa concernente agrave nautica ou fabrica amp mariagem dos navios

Nauticus a umDeterminaotilde o nautico aparelho Camotildees Cant4 Oit 76 Agulha nautica

Agulha de marcar Vid Agulha (A agulha nautica buſcando o Norte Varella Num Vocal

463) Homem nautico Os homens do mar Os marinheiros Nautici orum Masc Plur Plin

(A que os naacuteuticos chamatildeo Meſ Tranccedila Epanaphor De D Franc Man 468)

rarrMoraes e Silva NAUTICO adj Que respeita aacute navegaccedilatildeo e serve para a dirigir vg

naacuteutico apparelho Arte agulha nauticasect Homem naacuteutico o que sabe a Arte de navegarsect Os

naacuteuticos os homens do mar Epanaph De D Franc Man

rarrLaudelino FreireNAacuteUTICO adj Lat nauticus Relativo agrave navegaccedilatildeo ldquoemprecircsa naacuteuticardquo

rarrAureacutelio naacuteutico[Do gr nautikoacutes pelo lat nauticu] Adjetivo1Relativo a marinheiro

navegante nauta espiacuterito naacuteutico termo naacuteutico 2Respeitante agrave navegaccedilatildeo processo

naacuteutico ~ V almanaque mdash carta mdasha e crepuacutesculo mdash

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq

Fazia toda a prevenccedilaotilde dos mantimentos para a viagem e de todos os aprestos para a

expediccedilaotilde quando na manhaatilde de hum claro dia por desattenccedilaotilde que houve em huma salva

se ateou o fogo em a nao Serea com taotilde irremediavel incendio que se naotilde pode extinguir

porque pegando logo nas amarras foy levando a nao para o meyo do golfo lanccedilando-se a

nado alguns Marinheiros e Officiaes nauticos que nella se achavaotilde

SEBASTIAtildeO DA ROCHA PITTA (1878) [1730] LIVRO OITAVO [A00_0574 p 344]

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Todos os dicionaacuterios consultados apresentam este termo como ldquoda marinhardquo

Origem portuguesa lt latina lt grega

O

Ficha 118

Orthodomia (T Naut) Entre nauticos derrota do navio que segue hum dos rumos da agulha

138

______________________________________________________________________

rarrCunha [] Ort(o)- elem Comp do gr orthoacutes bdquoreto direito‟ que se documenta em vocs

formados no proacuteprio grego como ortoeacutepia e em vaacuterios outros introduzidos na linguagem

cientiacutefica internacional a partir do seacutec XIX [] ortoDROMIAorthodromia 1844

rarrBluteau ORTHODROMIA (Termo Nautico) Derivaſe do Grego Orthos Direyto amp

Dromos curſo Val o meſmo que Derrota em linha reta Tal he o caminho que faz hum

navio ſeguindo hum dos trinta amp dous ventos apontados na carta de marear

rarrMoraes e Silva ORTHODOMIacuteA sft de Naut Derrota do navio que vai seguindo um

dos 32 rumos da agulha

rarrLaudelino Freire natildeo consta

rarrAureacutelio- Ortodromia [Do gr orthoacutedromos que corre em linha reta + -ia1] sf 1Naacuteut

Arco de ciacuterculo maacuteximo compreendido entre dois pontos da superfiacutecie da Terra e que eacute o

caminho mais curto para ir de um ao outro

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Soacute Moraes e Silva registra orthodomia os demais dicionaristas citam

ortodromia Origem grega

Ficha 119

Ostaes sm plr (T Naut) Cabos grossos que vem dos calcezes dos mastros fixar-se na proa

com seus cadernaes

______________________________________________________________________

rarrCunha natildeo constam ostais e ostaes Consta estai sm (Mar) bdquoqualquer dos cabos que

aguentam a mastreaccedilatildeo para vante‟ XVII Do antigo fr estaie (hoje eacutetai) de origem

germacircnica

rarrBluteau OSTAIS (Termo de Marinhagem) Saotilde hũs cabos groſſos que vem dos calces dos

maſtros a fazer fixo agrave proa com ſeus cadernaes o meſmo tem os maſtareos mas mais

ligeyrosRudentes agrave malo ad proram intenti Franciſco de Brito Freyre na relaccedilatildeo da ſua

viagem do Braſil diz Eſtay (Rebentando o eſtay mayor amp a ovencadura pag 67)Vid Eſtay

rarrMoraes e Silva OSTAacuteES sm pl t de Naut Cabos grossos que vem dos calcezes dos

mastros a fazer fixo na progravea com seus cadernaes CastL2f156 outros dizem Estaacutees como

Brito Guerra Brasil

rarrLaudelino Freire OSTAES natildeo consta Ostai sm Desc O mesmo que estai ESTAI ou

ESTAE sm Ingl stays Naacuteut 1- Cada um dos cabos grossos que fixos na proa firmam a

mastreaccedilatildeo 2 Designaccedilatildeo de outros cabos de navio ESTAI DA RABECA sm Cabo que

vai por cima da mezena a coser ante a reacute do calcecircs do mastro respectivo vindo o outro chicote

a passas a um sapatilho que se aguenta a uma alccedila cosida por ante-avante do mastro grande a

um tecircrccedilo pouco mais ou menos da sua altura e vai rondar a um olhal ao peacute decircste mastro

abotoando por uacuteltimo o dito chicote ao vivo

rarrAureacutelio- natildeo constam ostaes e ostais consta estai Estai- S m 1- Marinh Qualquer dos

cabos que aguentam a mastreaccedilatildeo para vante

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Laudelino Freire e Aureacutelio natildeo citam Ostai mas estai Origem francesa lt

germacircnica

139

Ficha 120

Ostagas sf plur (T naut) Cabos que sustentatildeo vergas nos moutotildees de coroa e vem por

cima da pega

______________________________________________________________________

rarrCunha ostaga sf bdquocabo com que se arria horizontalmente pelo terccedilo ao longo do mastro

uma verga de gaacutevea‟ XV Do cast ostaga de origem germacircnica

rarrBluteau OSTAGAS (Termo de Marinhagem) Saotilde hŭs cabos que ſuſtentatildeo vergas em

huns moutotildees que chamatildeo de coroa amp vem por cima da pega Funes quibus ligantur

antenn(Nos quebragraveraotilde ſubitamente as oſtagas da vela grande amp vindo a verga abayxo ampc

Peregr De Fern Mend Pinto fol262col1) []

rarrMoraes e Silva OSTAacuteGAS sfpl t de Naut Cabos que sustentatildeo as vergas em uns

moutotildees chamados de Coroa e vem por cima da pega Amaral7

rarrLaudelino Freire sf Cast ostaga Naacuteut Cabo grosso que vem por cima da pecircga e

sustenta as vecircrgas em seus moitotildees

rarrAureacutelio ostaga [Do esp ostaga] sf 1Marinh Cabo com que se arria horizontalmente pelo

terccedilo ao longo do mastro uma verga de gaacutevea

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq

Meteram de arribada e carregado o traquete acima e ferrada a mezena apertaram as

enxarcias atezaram os estaes para seguranccedila dos mastros e mastareacuteus E para seguranccedila das

vergas reforccedilaram as ostagas e passaram bossas em ajuda aos enxertaacuterios Tudo se fazia

necessaacuterio a respeito do vento que tatildeo furiosamente a suavizava pelas entenas que se queria

levar diante de si

JOSEacute ALVARES DE OLIVEIRA (1981) [nd] HISTOacuteRIA DO DISTRITO DO RIO DAS

MORTES SUA DESCRICcedilAtildeO DESCOBRIMENTO DAS SUAS MINAS CASOS NELE

ACONTECIDOS ENTRE PAULISTAS E EMBOABAS E CRIACcedilAtildeO DAS SUAS VILAS

[A00_0395 p 96]

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Todos os dicionaristas arrolam ostagas como termo naacuteutico ou da marinha

Origem castelhana

P

Ficha 121

Pairar vn (T Naut) entre os nauticos Andar o navio aacutes voltas sem fazer viagem v a

Soster demorar ______________________________________________________________________

rarrCunha pairar vb bdquoadejar voar vagarosamente‟ XV Do ant prov pairar e este

provavelmente do lat pariāre []

rarrBluteau PAIRAR (Termo Nautico) Ir a nao flutuando de hũa para outra ſem fazer

viagem Hine inde flutare e ou flu Plin Cic (Toda a noyte tinhaotilde pairado a arvore ſeca

H de Fern Mend Pinto 682) Joatildeo Hugo Lindrchotano 3 part India Oriental pag 28 diz

velis elatis integrum Mareacute fulcabamus quod (Pairou o General alguns dias Britto Relaccedilatildeo

140

da ſua viagem pag 64) Andar pairando Diz-ſe com metaphora Nautica de quem anda

buſcando ſubterfugios para evitar alguma couſa

rarrMoraes e Silva PAIRAacuteR vn t de Naut Parar no mar estar aacute capa natildeo surdir

CastL1c59edI natildeo podendo pairar andavatildeo aacutes voltas Albuq P4c2 com provisatildeo para

pairar toda calmariasect vat Soster soffrer vg pairar a tormenta sobre a amarra sect Pairar aacute

tormenta resistir-lhe aturar Lavanha Naufr da Naacuteo S Alberto f15sect Cruzar bordejar em

certa altura esperando outro navio Freire I pag17 Ed de Paris Sabio a comboyar as naacuteos

que se esperavatildeo da India e pairando na altura do seu regimento houve vista de hum

Corsario Francez

rarrLaudelino Freire PAIRAR vrv Naacuteut Estar agrave capa o navio cruzar bordejar (int) Pairo

sm Naacuteut Accedilatildeo de pairar2 Estado do navio quando paira e que consiste em ter as velas

estendidas as escotas socircltas ou conservar-se em aacutervore secircca atado o leme

rarrAureacutelio- pairar[Do lat pariare ser igual pelo provenccedil pairar aguentar suportar

pacientar] Verbo intransitivo 1Cruzar (uma embarcaccedilatildeo) em espaccedilo relativamente restrito

com pequeno seguimento[] 4Mover-se ou agitar-se com lentidatildeo no alto Pairam nuvens

espessasuma neacutevoa subtil pairava acima dos pacircntanos (Coelho Neto Treva p 322) Paira

no silecircncio do espaccedilo a alma das geraccedilotildees mortas (Afonso Arinos

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq

Ainda que a gente eſpalhada na terra ſe recolheo com brevidade aos navios houve detenccedila

com o de Ruy Diaz que eſteve ao largar quaſi perdido em hũa rogravecha natildeo arribando com o

pano da proa ategrave lhe cortarem a amarra que por deſcudo dos Officiaes hia arrojando a

ancora pelo fundo Ao Galleatildeo do Faleiro rebentou outra amp natildeo tendo outra talingada foi

preciſo fazerſe ao mar Como eſtava nelle Manuel Freyre que havia de acompanhar os

ultimos navios ſem ſaber a occaſiatildeo vẽdo-o aacute vella a que jaacute vinhatildeo nove com ſoacute o traquete

ſe pogravez a caminho a Capitana eſperando os que lhe ficavatildeo pela popa Mas tanto que o Meſtre

de Campo mareou na volta da terra para deſamarrar os que ainda eſtavatildeo ſurtos ferrando

outra veacutez o traquete tornou a pairar com a meſena

FRANCISCO DE BRITO FREYRE (1655) [1655] SENHOR [A00_2496 p 09]

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Todos os dicionaristas apontam pairar tambeacutem como termo naacuteutico

Origem provenccedilal lt latim

Ficha 122

Palmejar sm (TNaut) As peccedilas de madeira que cingem o navio de poppa agrave proa por

dentro ______________________________________________________________________

rarrCunha natildeo consta

rarrBluteau PALMEJAR Bater as palmas Vid Palma da matildeo

rarrMoraes e Silva PALMEJAacuteR smt de Naut O palmejar satildeo peccedilas de madeira que

cingem o navio de poupa aacute proa por dentro as quaes vatildeo endentadas como a madeira da

liaccedilatildeo ou liames Hist Naut I f 316 ldquono navio havia dous palmos de agua sobre o

palmejarrdquo

rarrLaudelino Freire PALMEJAR sm Prancha que reveste interiormente o arcabouccedilo do

navio

rarrAureacutelio- natildeo consta

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta

______________________________________________________________________

141

Comentaacuterios Com exceccedilatildeo de Bluteau todos os dicionaristas apontam palmejar como termo

naacuteutico Origem portuguesa lt latina

Ficha 123

Palomas s f Cabos nas vergas onde se fixatildeo as pontas das ostagas

______________________________________________________________________

rarrCunha paloma sf ldquo(Naacuteut) cabo corda‟ 1813 Do it meridional paloma que corresponde

a parogravema em outras regiotildees palomAR palonbar XV palomEIRA XV

rarrBluteau PALOMAS Termo de marinhagem Saotilde hũs cabos que eſtaotilde nas vergas onde ſe

fazem fixas as pontas das oſtagas

rarrMoraes e Silva PALOgraveMAS sf t de Naut Cabos que estatildeo nas vergas onde se fazem

fixas as pontas das ostagas

rarrLaudelino Freire PALOMAS sf Cast paloma Espeacutecie de cabo naacuteutico

rarrAureacutelio paloma [Do esp paloma] s f 1 Bras Giacuter Meretriz 2 Ant Pomba (1)

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Exceto Aureacutelio todos os dicionaristas apontam paloma como termo naacuteutico

Origem italiana

Ficha 124

Palomba sf Entre Nauticos Novello de mialhar ______________________________________________________________________

rarrCunha palomba sf bdquo(Naacuteut) cabo corda‟ 1813 Do it meridional paloma que corresponde

a parogravema em outras regiotildees [] palonbar XV []

rarrBluteau Natildeo consta

rarrMoraes e Silva PALOMBA sft de Naut Cabos que estatildeo nas vergas onde se fazem

fixas as pontas das ortagas Novelo de mealhar

rarrLaudelino Freire PALOMBA sf Lat palumba Naacuteut 1 Corda da vela do estai2 Fio

grosso com que se cose o cabo da tralha agraves orlas das velas fazendo passar os pontos pelas

cocircchas do mesmo cabo fio de palomba3 Novecirclo de mealhar de forma alongada4 Alccedila

para iccedilar no mastro a vecircrga de uma vela latina

rarrAureacuteliorarr palomba [Alter de paloma] s f Marinh 1Novelo de mialhar 2Espeacutecie de

ponto us para coser as tralhas das velas dos toldos etc ponto de palomba

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Exceto Bluteau (que natildeo apresenta o termo) todos os dicionaristas apontam

palomba como termo naacuteutico Origem italiana

Ficha 125

Patelha sf (T Naut) O couce do leme Encaixa na quilha no fundo do cadaste sobre que

joga o leme

142

______________________________________________________________________

rarrCunha natildeo consta

rarrBluteau PATELHA ou Patilha do leme por outro nome Couce he no fundo do cadaſte

hum encayxo na quilha ſobre que joga o leme

rarrMoraes e Silva PATEgraveLHA sf t de Naut O couce do leme e eacute no fundo do cadaste um

encaixe na quilha sobre que joga o leme

rarrLaudelino Freire PATELHA sf Parte inferior do leme e a parte saliente da quilha socircbre

que ecircle se move

rarrAureacuteliorarr natildeo consta patelha Patilha [Do esp patilla poss] s f 1Constr Nav

Prolongamento da quilha para reacute do cadaste sobre o qual se apoia o peacute da madre do leme nas

embarcaccedilotildees em que o leme tem de trabalhar afastado do cadaste (como p ex nas de uma soacute

heacutelice)

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Todos os dicionaristas apontam patelhapatilha como termo naacuteutico Origem

espanhola

Ficha 126

[] Pegrave de carneiro [T Naut) Paacuteos perpendiculares da coberta ategrave o poratildeo em que se sustenta

a coberta

______________________________________________________________________

rarrCunha peacute sm bdquoparte inferior da perna que se articula com esta assentado por completo no

chatildeo e que permite a postura vertical e o andar‟XIII pee XIIIDo lat pes pĕdis []

rarrBluteau Peacutes de carneyro Termo de navio Saotilde huns paos que eſtaotilde perpendicularmente

da cuberta ao poraotilde para ſuſtentar a meſma cuberta Os primeyros ſaotilde os do poraotilde amp ha

outros entre pontes

rarrMoraes e Silva Pes de carneiro t de Naut paacuteos perpendiculares da coberta ao poratildeo

para sustentar a coberta e talvez tem moacuteccedilas por onde os marujos descem

rarrLaudelino Freire PEacute sm T Naacuteut A ponta da corda com que se vira a vela Peacute de

carneiro sm Naacuteut Pau varatildeo ou prumo de suporte

rarrAureacutelio peacute- [Do lat pede] [] peacute de carneiro [De peacute + de + carneiro] Substantivo

masculino 1 Constr Nav Qualquer peccedila ou parte da estrutura de uma embarcaccedilatildeo que tenha

forma de coluna 2 Rolo peacute de carneiro [Pl peacutes de carneiro]

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta peacute-de-carneiro como termo naacuteutico

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Todos os dicionaacuterios apresentam peacute de carneiro como termo naacuteutico

Origem portuguesa lt latina

Ficha 127

143

Pinccedilote sf Entre nauticos pagraveo pegado aacute ponta da cana do leme para o governar Tambeacutem a

bomba o tem

______________________________________________________________________

rarrCunha pinccedilote natildeo consta

rarrBluteau PINCcedilOTE Termo de navio He hum pao que pega na ponta da cana do leme amp

vem agrave cuberta da Timoneyra por hũ bolinete amp ſerve para governar o leme

rarrMoraes e Silva PINCcedilOacuteTE smt de Naut Paacuteo que pega na ponta da cana do leme e vem

agrave coberta da timoreira por um molinete e serve para governar o leme haacute tambeacutem pinccedilote da

bomba H Naut Tom3

rarrLaudelino Freire PINCcedilOTE sm Cast pinzote Naacuteut1 Alavanca de pau na extremidade

da cana do leme2 Corda delgada fixo por uma das extremidades agrave pena da vecircrga para

amarrar a esta uma vela quando fundeada a embarcaccedilatildeo de velas latinas

rarrAureacutelio 1Marinh Nas canas do leme constituiacutedas por duas peccedilas ligadas em cotovelo eacute

aquela em que o timoneiro segura [A outra eacute a cana]

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Todos os dicionaacuterios apresentam pinccedilote como termo naacuteutico Origem

espanhola Origem espanhola (Houaiss 2001)

Ficha 128

Pontal sm ponta de terra (T Naut) Altura do navio da quilha ateacute o convez

______________________________________________________________________

rarrCunha ponta sf bdquoa parte ou o ponto em que alguma coisa termina extremidade‟ XIII Do

lat puncta ndashae bdquoestocada‟ [] pontAL1 sm bdquo(Naacuteut) altura da embarcaccedilatildeo entre a quilha e o

conveacutes principal‟ XVI pontAL2 sm‟ ponta de terra‟ XVIII

rarrBluteau PONTAL (Termo de navio) He a altura que tem o navio da quilha ateacute primeyra

cuberta Navis altitudo agrave trabe [] Tambem em termos nauticos Pontal para avante amp

Pontal para a reacute he o que vay de altura de bordo da nao para a proa amp para a poppa entre as

duas cubertas chama-ſe tambem Pontal o que vay de huma cuberta a outra parece derivado

do Francez porque nos navios o que chamamos cuberta os Francezes lhe chamatildeo Ponte

rarrMoraes e Silva PONTAacuteL sm Altura do navio desde a quilha ateacute aacute primeira coberta Cast

L8f154col2 e B4614 sect it O que vai d‟uma coberta aacute outrasect Pontal para a vante ou para

a reacute eacute o que vai do bordo do navio para a progravea ou para a popasect Ponta de terra que sai do

mar vg o pontal de Cacilhas

rarrLaudelino Freire PONTAL sm De ponta Altura da embarcaccedilatildeo entre a quilha e a

primeira coberta 2 Ponta de terra ou da penedia que entra um pouco no mar acima do niacutevel

da aacutegua

rarrAureacuteliorarr [1Constr Nav Altura da embarcaccedilatildeo entre a quilha e o conveacutes principal2Ponta

de terra ou penedia que penetra um pouco no mar ou no rio []

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta como termo naacuteutico

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Todos os dicionaacuterios apresentam pontal como termo naacuteutico Origem

portuguesa lt latina

144

Ficha 129

Ponte sf Obra sobre arcos para passar rios Algumas ha de barcas e de madeira para fossos

A peccedila em que se volve a moenda no engenho de accedilucar Entre Nauticos a coberta do navio

______________________________________________________________________

rarrCunha ponte sf bdquoconstruccedilatildeo destinada a estabelecer a ligaccedilatildeo entre duas margens opostas

de um curso de aacutegua ou de outra superfiacutecie liacutequida qualquer‟ XIII Do lat pōns pontis []

rarrBluteau Ponte (Termo de navio) Ponte corrida he a cuberta do caſtello de Poppa ateacute a

proa Ponte na orelha he a cuberta do convez curva para que com brevidade ſe deſagoe o mar

que entrar nella Natildeo temos nomes proprios Latinos

rarrMoraes e Silva POgraveNTE sf t de Naut O mesmo que coberta do navio Cast L7c86

f133 col1 Amaral c2 Ponte nas galeacutes e navios obra feita para cima della se pelejar

B347 lanccedilar-lhe algumas panellas de poacutelvora sobre a ponte que levava foratildeo queimar

muitos Mouros que vinhatildeo debaixo parece que era obra levadiccedila Id 235 naacuteo com suas

arrombadas com ponte e redes a sua naacuteo levava sobre a ponte tecida huma rede ibid

rarrLaudelino Freire PONTE sf Lat pons pontem Mar Coberta ou sobrado estabelecido

em todo o comprimento do navio seja para cobrir o poratildeo e preservar as mercadorias seja

para dividir o navio em diversos andares como se divide uma casa de habitaccedilatildeo 2 Naacuteut

Pavimento acima da borda do navio na direccedilatildeo de bombordo a estibordo donde em viagem se

dirige a manobra

rarrAureacuteliorarr ponte [Do lat ponte] s f [] 2Ant Constr Nav Cada uma das cobertas de um

navio Ponte de vieacutes 1 Lus Ponte esconsa Ponte esconsa 1 Ponte (1) cuja direccedilatildeo eacute obliacutequa

agrave do curso de aacutegua que transpotildee [Sin lus ponte de vieacutes] []

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta como termo naacuteutico

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Todos os dicionaacuterios apresentam ponte como termo naacuteutico Origem

portuguesa lt latina

Ficha 130

Porca s f A femea do porcoPaacuteo que atravessa os malhaes no lagar A obra de madeira

sobre o sino Entre Nauticos Nome de hum dos paacuteos que atravessatildeo o carro da poppa e vatildeo

145

acabar nos pegraves mancos Na atafona peccedila pregada na trave com hum ferratildeo onde anda o piatildeo

Peccedila dp parafuso onde elle embebe as suas espiras Na impressatildeo peccedila no someiro grande de

cima onde encaixa a arvore de ferro

______________________________________________________________________

rarrCunhaporcararr PORCO porco sm bdquomamiacutefero da ordem dos artiodaacutectilos natildeo ruminante

originaacuterio do javali poreacutem existente quase em toda parte como animal domeacutestico‟ XIII Do

lat pŏrcus -ī [] porcA1

sf bdquoa fecircmea do porco‟ XIII porcA2 sf bdquopeccedila em que se introduz o

parafuso‟ 1813 Segundo parece a relaccedilatildeo entre porca2 e porca

1 decorre da semelhanccedila que o

oacutergatildeo genital do porco apresenta com o parafuso

rarrBluteau Porcas (Termo de Navio) Saotilde hũs paos groſſos que atrave ſſaotilde o carro de

poppa amp vaotilde acabar em os peacutes mancos

rarrMoraes e Silva POacuteRCAS sfpl paacuteos grossos que atravessatildeo o carro da popa e vatildeo

acabar nos peacutes mancos

rarrLaudelino Freire PORCA sf Lat porca [] 3 Pau do largar que atravessa os malhais

Pau grosso que atravessa o carro da pocircpa

rarrAureacutelio Porca [Do lat porca] Substantivo feminino Pequena peccedila de ferro em geral

sextavada ou quadrada munida de furo em espiral que se atarraxa na extremidade de parafuso

ciliacutendrico

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta como termo naacuteutico

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Todos os dicionaacuterios apresentam porca como termo naacuteutico exceto Aureacutelio

Origem portuguesa lt latina

Ficha 131

Proejar vn Navegar com certo rumo _____________________________________________________________________

rarrCunha natildeo consta

rarrBluteau PROEJAR (Termo Nautico) Por a proa vid Proa (Quem viſſe huma natildeo proejar

contra hũa alta ſerra Epanaphor De D Franc Man pag109)ſ

rarrMoraes e Silva PROEJAacuteR vn Navegar para certo rumo vg uma nau proejando contra

uma alta serra Epanaforas sect at Buscar com a proa demandar navegando ldquoproejando ao

Oriente tantas vezes requestadordquo ldquoproejaratildeo a uma calheta quem com a cerraccedilatildeo vararatildeo e

escorreratildeo ateacute que a mareacute de todo lhes faltourdquo

rarrLaudelino Freire PROEJAR v intr De proa Aproar dirigir-se navegar em determinada

direccedilatildeo

rarrAureacutelio proejar [De proa + -ejar] Verbo transitivo circunstancial 1P us Dirigir-se

navegar (em determinada direccedilatildeo) aproar O comandante proeja para nordesteAs galeacutes de

Castela sarparam tenderam velas e demandaram a barra proejando ao norte (Antero de

Figueiredo Leonor Teles p 229) [Conjug v pelejar]

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Todos os dicionaacuterios apresentam proejar como termo naacuteutico Origem

portuguesa lt latina

146

R

Ficha 132

Rabada sf o rabo do peixe Antigamente tranccedila para traz cheia de laccedilos de fitas (T naut)

Parte da poppa onde estagrave a cacircmara de cima

______________________________________________________________________

rarrCunha rabada rarr rabo rabo sm bdquocauda‟ bdquoprolongamento da coluna vertebral de certos

mamiacuteferos‟ XIII Do lat rāpum -ī bdquonabo‟[] rabADA XVI []

rarrBluteau RABADA Vid Tomo 7 Vocabulario Rabada termo de navio He o apoſento da

poppa no andar ſuperior do navio por cima da camera de modo que dos tres andares que ha

na poppa ao ſuperior he que chamaotilde Rabada ao do meyo camera e ao de baixo praccedila

d‟armas

rarrMoraes e Silva RABAacuteDA sf Do navio galeacute Couto 10105 poupa onde estaacute o

lemerdquopoz-lhe a proacutea pela rabada Couto 98

rarrLaudelino Freire RABADA sf De rabo O mesmo que rabadela 2 Pocircpa do navio

rarrAureacuteliorarr rabada [De rabo + -ada1] s f 1 V rabadilha (1) Rabadilha [De rabada + -

ilha] Substantivo feminino 1 A parte posterior do corpo das aves peixes e mamiacuteferos

rabada rabadela 2 A porccedilatildeo do peixe que o pescador destina a seu proacuteprio consumo em vez

de vender rabadela Rabada 1 Rabo de boi de porco ou de vitela sem pele nem pelos para

uso na alimentaccedilatildeo humana 2 Cul Iguaria preparada com rabada (2) 3 Rabicho (1) 4 Fig

O(s) uacuteltimo(s) numa corrida fila etc rabeira

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq

Embarcaccedilotildees de meia coberta Botes Igariteacutes e Balccedilas ou Jangadas que servem na

conducccedilatildeo da quarta Partida Hespanhola na foacuterma que se aprezentaram na Fronteira da

Tabatinga em 7 de Marccedilo de 1781 CAPITAINA Maria Luiza Barco de foacuterma de meia

coberta de nove remos por banda de um mastro armada aacute redonda remada de palamenta

ou de remo pequeno ordinario Tem uma formoza Camara em que cabem vinte pessoas seis

por banda nos aposentos lateraes e os mais na face da frente e fundos tem um camarim aacute

rabada muito proprio para escrever e outros exercicios privados tudo muito bem asseiado e

pintado com seu cortinado de Damasco de latilde carmezim tem tres janellas por banda e nove

palmos de peacute direito

ALEXANDRE RODRIGUES FERREIRA [nd] 2ordf PARTE BAIXO RIO NEGRO -

SUPLEMENTO Agrave PARTICIPACcedilAtildeO PRIMEIRA [A00_2236 p440]

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Exceto Aureacutelio (que natildeo apresenta o termo) todos os dicionaristas apontam

rabada como termo naacuteutico Origem portuguesa lt latina

Ficha 133

Rabeca sf Instrumento musico de quatro cordas (T Naut) vela que vai entre o mastro

grande e a poppa atravessada Enxergatildeo pequeno de palha ______________________________________________________________________

147

rarrCunha rabeca sf bdquodesignaccedilatildeo antiquada do violino‟ bdquoutensiacutelio de ferreiro que serve para

fazer girar a broca‟ XVI Do fr rebec deriv do ant fr rebebe e este do ar rabāb []

rarrBluteau RABECA ou Rebeca Pequeno inſtrumento muſico de cordas Diriva ſe do

Arabico Rebab ou Rebaba que no Lexicon Coptico ſegundo os Interpretes he Lyra Outros

o derivatildeo do Hebraico Rebiac que ſignifica o inſtrumento a q os Latinos chamatildeo Siſtrum

outros finalmente o derivatildeo de Rebet que na linguagem Celtica val o meſmo que Rebeca

Conſta a Rabeca de quatro cordas amp tange-ſe com arco Os ſeus ſons agudos ſaotilde muytos

alegres amp deſpertatildeo o eſpirito O ſeu concerto he de quinta em quinta Natildeo temos em Latim

palavra propria Latina ſeragrave preciſo uſar das Comuas como vg Fides ium Plur Fem ou

Fidis is Fem do qual uſa Columella no ſingular ou Lyra ou Cithara e Fem Barbitus de

ordinario natildeo ſe acha ſenatildeo em verſo Natildeo ſerve acreſcentar a Fides nem a Lyra decumana

nem Primaria eſtes adjeξtivos natildeo eſtatildeo aqui no ſeu lugar

rarrMoraes e Silva RABEacuteCA sf Instrumento Musico de quatro cordas que se ferem com

hum arco de cerdas de cavallo

rarrLaudelino Freire RABECA sf Aacuter rabeb Instrumento muacutesico em forma de viola com

quatro cordas de tripa e de retroacutes afinada em quintas (sol reacute laacute mi) de que tiram os sons por

meio de um arco guarnecido de crinas e pregraveviamente passadas pela resina violino 2 Naacuteut

Uma das velas latinas que servem para estais

rarrAureacuteliorarrrabeca [Do aacuter rabatildeb pelo fr ant rebec ou pelo provenccedil ant rebec] Substantivo

feminino 1Designaccedilatildeo antiquada do violino [F paral rebeca var arrabeca] 2Utensiacutelio

de ferreiro que serve para fazer girar a broca sanfona 3Lus V fancho 4Bras Espeacutecie de

violino com quatro cordas de tripa e sonoridade fanhosa que se toca apoiando-o na altura do

coraccedilatildeo ou no ombro esquerdo mas sempre com a voluta para baixo

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta como termo naacuteutico

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Somente Laudelino Freire apresenta rabeca como termo naacuteutico Origem

francesa

Ficha 134

Resbordo sm (T Naut) O segundo solho do navio e o lugar onde elle se dobra mais

Rescaldar Escaldar muito ______________________________________________________________________

rarrCunha natildeo consta

rarrBluteau RESBORDO Derivaſe do Francez Ribord que he a ſegunda ordem de taboas ou

o ſegundo ſolho do navio amp como cotovelo delle ou o lugar onde mais ſe dobra (na coſtura

da taboa do Resbordo Britto viagem do Braſil pag 86)

rarrMoraes e Silva RESBOacuteRDO sm Naut O segundo solho do navio e como cotovelo

delle ou o lugar onde mais se dobra Brito Viag ldquona costura da taboa do resbordordquo (rebord

em Francez he borda resaltada)

rarrLaudelino Freire RESBORDO sm De res + bordo Naacuteut Abertura feita no costado de

alguns navios na altura da primeira coberta para carga e descarga de carvatildeo ou de pequenos

artigos 2 Abertura na amurada para dar lugar agrave bocircca do canhatildeo

rarr AureacuteliorarrResbordo Substantivo masculino Constr Nav 1 A primeira fiada de chapas (ou

de taacutebuas nas embarcaccedilotildees de madeira) do forro exterior do casco de um e de outro lado da

quilha 2 Cisbordo Cisbordo (oacute) [De cis-1 + bordo] Substantivo masculino 1 Ant Constr

Nav Grande abertura com porta no costado de certos navios agrave altura de um pavimento para

embarque ou desembarque de objetos pesados ou de grandes dimensotildees resbordo

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq

148

Recorriatildeo os altos os Calafates deſaparelhavatildeo as vergas os Marinheiros naotilde ſeccedilando as

bombas nem os baldes Cotilde que vencido o trabalho ficou legraveſto o navio amp eſtanque de hũa

batildeda para crenar ſobre ella em a manhatildeatilde ſeguinte que ſe tomou a agoa na coſtura da taboa

de resbordo

FRANCISCO DE BRITO FREYRE (1655) [1655] SENHOR [A00_2496 p 17]

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Todos os dicionaacuterios apresentam resbordo como termo naacuteutico Origem

francesa

Ficha 135

Rumo sm A linha que denota hum dos ventos na agulha de marear A direcccedilatildeo que leva o

navio (T Naut) Palmo e polegada d‟agua entre os nauticos Fig Maneira de proceder A

rumo em boa ordem em termos de ter boa effeito ______________________________________________________________________

rarrCunha rumo sm bdquo(Naacuteut) cada uma das direccedilotildees marcadas na rosa-dos-ventos‟ bdquocaminho

direccedilatildeo vereda‟ rrumo XV Do cast rumbo deriv do lat rhombus e este do gr rhoacutembos

rumAR 1844

rarrBluteau Rumo na Roſa Nautica Index venti linea Fem (O numero dos graos amp ſuas

medidas ſegundo differentes Rumos Vieyra tom10 pag263) Vid Roſa

rarrMoraes e Silva RUacuteMO sm Na rosa Nautica a linha que denota hum dos 32 ventos sect A

direccedilatildeo que leva a proa do Navio por hum dos 32 rumos sect t Naut i eacute palmo e polegada de

agua de sorte que seis rumos ou palmos destes fazem sete ordinarios vg tem esta quilha

tantos rumosrdquo pegado (o monstro marinho) na quilha do galeatildeo por todo o comprimento

delle sendo de vinte e hum rumos que satildeo certo e cinco palmosrdquo B347 (por esta conta cada

rumo satildeo cinco palmos) ult Ediccedil Tom3 PI p462

rarrLaudelino Freire RUMO sm Ingl rhumb Cada uma das trinta e duas divisotildees ou linhas

da rosa dos ventos que representam as trinta e duas direccedilotildees mariacutetimas adotadas pelos

naacuteuticos 2 Direccedilatildeo do navio por estes rumos 3 Direccedilatildeo orientaccedilatildeo caminho 4

Antiga medida naacuteutica que equivalia pouco mais ou menos a cinco palmos 5 Meacutetodo

ordem de proceder norma

rarrAureacutelio rumo [Do esp rumbo] s m 1 Naacuteut Cada uma das direccedilotildees marcadas na rosa dos

ventos 2 Naacuteut Direccedilatildeo do movimento da embarcaccedilatildeo quando se estaacute navegando 3 Naacuteut

Acircngulo que a direccedilatildeo para onde aponta a proa da embarcaccedilatildeo faz com a direccedilatildeo do norte

verdadeiro (rumo verdadeiro) ou com a direccedilatildeo do norte magneacutetico (rumo magneacutetico) ou

ainda com a direccedilatildeo do norte da agulha (rumo da agulha) []

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq

Segunda-feira 30 dias do mecircs de Janeiro tomei o sol e estava na altura do cabo de Santlsquo

Agostinho e iacuteamo-lo a demandar pelo rumo de loeste

PEcircRO LOPES DE SOUSA (1968) [1530] DIAacuteRIO DA NAVEGACcedilAtildeO DE PEcircRO LOPES DE

SOUSA [A00_0078 p 38]

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Todos os dicionaacuterios apresentam rumo como termo naacuteutico Origem

castelhana

149

S

Ficha 136

Salamear va (T Naut) Fazer celeuma Cantar alternamente

______________________________________________________________________

rarrCunha natildeo consta

rarrBluteau SALAMEAR Termo de Marinheyro Fazer a Saloma ou Salema Vid Salema

Vid Fayna SALEMA Vozaria de Marinheyros He derivado da palavra Grego-Latina

Celeuma Vid Fayna (As Salemas ordinarias dos Marinheyros ſe fazem com taes vozes que

natildeo ſaotilde ouvidas muytas vezes Britto Viagē do Braſil pag 278)

rarrMoraes e Silva SALAMEAacuteR vn Naut Levantar ou cantar a celeuma Cast 280 escreve

ccedilalamear ldquosem as naos apitarem nem ccedilalamearem por natildeo serem sentidos dos Rumesrdquo

B384 ldquohomens do mar que ccedilalameatildeo para hum tempo pograverem toda a forccedila

CELEUMA sf A vozeria que faz a gente do mar quando trabalha CamLusII25 A

celeuma medonha se levanta No rumo marinheiro que trabalha

rarrLaudelino Freire natildeo consta

rarrAureacutelio natildeo consta

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta

______________________________________________________________________

Comentaacuterios somente Bluteau e Moraes e Silva apontam salamear como termo naacuteutico Os

demais autores natildeo citam o termo Origem aacuterabe (Sousa amp Moura 1830)

Ficha 137

Salema sf Na Turquia cortesia feita com certas palavras em que entra a palavra Zalemaq

Nome de um peixe (T Naut) Entre os nauticos celeuma

Celeuma sf gritaria da gente do mar quando trabalha

______________________________________________________________________ rarrCunha salema sf bdquopeixe teleoacutesteo percomorfo da famiacutelia dos pomadasiacutedeos da costa

atlacircntica‟ 1874 De etimologia obscura [] celeuma sf bdquovozearia barulho algazarra‟ 1572

Do lat celeuma deriv do gr keacuteleuma bdquoordem‟ bdquocanto‟ bdquogrito‟

rarrBluteau SALEMA Vozaria de Marinheyros He derivado da palavra Grego-Latina

Celeuma Vid Fayna (As Salemas ordinarias dos Marinheyros ſe fazem com taes vozes que

natildeo ſaotilde ouvidas muytas vezes Britto Viagē do Braſil pag 278)

rarrMoraes e Silva SALEgraveMA sf V Celeuma nautsect t Turquesco cortezia acompanhada de

certas palavras entre as quaes vem Zalemaq Barrosrdquoque fosse a Corte do Badur a lhe fazer a

salemeardquoCELEUMA sf A vozeria que faz a gente do mar quando trabalha CamLusII25

A celeuma medonha se levanta No rumo marinheiro que trabalha

rarrLaudelino Freire SALEMA sfAacuter calam sf Naacuteut O mesmo que celeuma CELEUMA

sf Lat celeuma Vozearia de homens que trabalham juntos 2 Barulho algazarra 3

Canto ou vozes de barqueiros cantiga rude que entoa o marinheiro para estimular o trabalho

4 Alarma

rarrAureacutelio natildeo consta

150

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Exceto Aureacutelio ( que natildeo cita o termo) todos os demais dicionaristas apontam

salema como termo naacuteutico Origem obsura

Ficha 138

Sapatilhos sm (T Naut) Entre nauticos Ferros redondos em que se pegatildeo as poas ______________________________________________________________________

rarrCunha natildeo consta sapatilhos consta sapato sapato sm bdquocalccedilado em geral de sola dura

que cobre o peacute‟XVI ccedila- XIII De origem duvidosa talvez do turco čabata sapatA XVI

[] sapatilho 1873

rarrBluteau SAPATILHOS Termo de navio Satildeo huns ferros redondos em que preacutegatildeo as

poas por ſe natildeo cortar a bolina o meſmo tem a eſteyra da vela em q os briois peacutegatildeo Vid

Sapato de ferro

rarrMoraes e Silva SAPATIacuteLHOS smpl Naut Ferros redondos em que se pegatildeo as poas

por se natildeo cortar a bolina haacute outros na esteira da vela em que os brioes pegatildeo

rarrLaudelino Freire SAPATILHO sm De sapato + ilho Naacuteut Aro de ferro forrado de

chapas com meia cana na parte exterior e que serve para se aguentar nos punhos das velas nos

chicotes dos cabos onde se introduzem os gatos etc

rarrAureacutelio sapatilho [De sapato + -ilho] s m 1 A primeira folha seca arrancada da cana-de-

accediluacutecar quando se limpa esta 2 Marinh Aro metaacutelico circular ou oval geralmente de ferro

zincado com a periferia goivada usado como berccedilo e proteccedilatildeo agraves matildeos [v matildeo (19)] que se

faz em cabos sobretudo nos cabos de arame

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Todos os dicionaristas apresentam sapatilhos como termo naacuteutico Origem

duvidosa (turco)

Ficha 139

Sarpar va (T naut) Levantar

______________________________________________________________________

rarrCunha natildeo consta sarpar consta zarpar zarpar vb bdquolevantar acircncora fazer-se ao mar

partir‟ XVII Do cast zarpar deriv do a it sarpare (hoje salpare) deriv do lat tard

exharpare e este do gr exharpaacutezō

rarrBluteau SARPAR Termo Nautico He tomado do Italiano Salpare ou Sarpare que val o

meſmo que Levantar ferro Solvere portu ou solvere navem Cic C Vid Levantar (foy

tatildeo furioſa a tempeſtade que ſobreveyo a eſtas duas galeacutes Sarpando entre hŭas Ilhas

Vieyrtom5pag 326) (Poucos dias antes que Sarpaſſe a Armada Jacintho Freyre liv4 sect 83)

rarrMoraes e Silva SARPAacuteR vn naut Levantar vg sarpar a ancora

rarrLaudelino Freire SARPAR vrv Cast zarpar O mesmo que zarpar ldquoSarpou a corvetardquo

(Latino Coelho) ZARPAR vrv Cast zarpar Naacuteut O mesmo que sarpar (tr dir)2 Lus

Enganar abusar da boa feacute de em proveito proacuteprio (tr dir) 3 Fugir partir (intr)

rarrAureacutelio Sarpar Verbo intransitivoVerbo transitivo circunstancial 1Desus V zarpar As

galeacutes de Castela havia meses ancoradas no Tejo sarparam tenderam velas e demandaram a

barra (Antero de Figueiredo Leonor Teles p 229)Zarpar-[Do gr exarpaacutezein levantar

(acircncora) pelo lat exharpare e pelo it ant sarpare atual salpare] Verbo intransitivoVerbo

151

transitivo circunstancial 1Levantar acircncora fazer-se ao mar partir Quantas vezes em

pequeno ao contemplar o oceano e ao ver os navios que zarpavam barra afora senti o

impulso ardente de Sindbad o Mariacutetimo (Sousa Bandeira Evocaccedilotildees e Outros Escritos p

56) [Var (ant) sarpar] 2Bras V fugir (1 e 2) 3Bras Ir partir

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq

E vendo o inimigo que todas as capitanias estavam juntas e tatildeo perto dacuteelles nos deitaram

aquella nojte aacutes 10 horas 3 navios de fogo um ficou sentado na arecirca que natildeo pocircde sahir e

os 2 sahiram mas quiz Deos que vimos vir uma vela e entendendo que fugiam comeccedilaacutemos

todos a sarpar []

desconhecido (1885) [1625] RELACcedilAtildeO VERDADEIRA DE TODO O SUCCEDIDO NA

RESTAURACcedilAtildeO DA BAHIA DE TODOS OS SANTOS DESDE O DIA EM QUE PARTIRAM

AS ARMADAS DE S M ATEacute O EM QUE EM A DITA CIDADE FORAM ARVORADOS SEUS

ESTANDARDES ETC [A00_0700 P 512]

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Todos os dicionaristas apresentam sarpar como termo naacuteutico Origem

espanhola lt francesa

Ficha 140

Sejar V Ciar (T Naut)

______________________________________________________________________

rarrCunha sejar natildeo consta

rarrBluteau Natildeo consta

rarrMoraes e Silva SEJAR v at Ceiar remar o navio de sorte que o faccedila voltar para hum

lado remando os remeiros de hum lado para vogarem aacute vante e outros para traz Vieira

ldquosaber vogar quando se haacute de ir a diante e sejar quando se haacute de dar voltardquo

rarrLaudelino Freire natildeo consta

rarrAureacutelio natildeo consta sejar consta ciar1 [Do esp ciar poss] Verbo intransitivo1Remar para

traacutes 2P ext Mover-se para traacutes [Cf siar e cear]

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Somente Moraes apresenta sejar como termo que remete ao universo naacuteutico

Aureacutelio presenta ciar e natildeo sejar Origem natildeo encontrada

Ficha 141

Siar va Ciar (T Naut) Na Volateria Cerrar a ave as azas em aferrando a relegrave para baixar

com ella mais depressa

______________________________________________________________________

rarrCunha siar vb bdquofechar (as asas) para descer mais depressa‟ XVIII De origem obscura

rarr Bluteau SIAR ou CIAR Termo de alta volateria Siar as azas na autoridade que ſe

ſegue parece quer dizer Fechar a ave as azas para cahir (Eu vi hum Accedilor afferrado a hūa

Abetarda dependurarſe agrave terra amp Siar as azas para a fazer vir ao chatildeo Arte da Caccedila pag28)

rarrMoraes e Silva SIAacuteR vatde Volater Siar a ave as azas he cerralas depois de afferrar a

releacute para cair com ella mais depressasect V Ceiar e Ceiavoga

rarrLaudelino Freire SIAR vtr dir fechar (as asas) para descer mais ragravepidamente

152

rarrAureacutelio Siar Verbo transitivo direto 1Fechar (as asas) para descer mais depressa[Cf ciar

e cear]

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta como termo naacuteutico

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Nenhum dos dicionaacuterios apresenta siar como termo naacuteutico Origem

obscura

Ficha 142

Sirgideiras sf plur (T Naut) Entre nauticos corda para atracar a enxarcia

______________________________________________________________________

rarrCunha natildeo consta

rarrBluteau SIRGIDEIRAS (Termo de navio) Cordas para atracar a enxaacutercia Saotilde huns cabos

com huns moutotildees pequenos que ſervem de apertar de huns ouvens a outros Ha mais outras

Sirgideyras por bayxo das gaveas que ſervem do meſmo Natildeo temos palavra propria Latina

rarrMoraes e Silva SIRGIDEgraveIRAS sf naut pl Cordas para atracar a enxarcia

rarrLaudelino Freire SIRGIDEIRAS sf De sirgir + deira Corda proacutepria para enxaacutercia 2

O mesmo que serzideira

rarrAureacutelio natildeo consta

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Bluteau Moraes e Silva e Laudelino Freire apontam sirgideiras como termo

naacuteutico Origem natildeo encontrada

Ficha 143

Sobrecevadeira sf (T Naut) A vela que fica sobre a cevadeira

______________________________________________________________________

rarrCunha natildeo consta

rarrBluteau SOBRECEVADEIRA Veacutela pequena que ſe potildeem ſobre outra a que chamaotilde

Cevadeyra Vid Cevadeyra (Largue hū galhardete na Sobrecevadeyra CEVADEIRA Vela

pequena que ſe potildeem na proa Proclinati ad proram mali velum

rarrMoraes e Silva SOBRECEVADEgraveIRA sf Naut vela pequena

rarrLaudelino Freire SOBRECEVADEIRA sf De socircbre + cevadeira Naacuteut Pequena vela de

navio socircbre a cevadeira CEVADEIRA s f de cevar + deira Naacuteut Pequena vela suspensa

de uma vecircrga que atravessa horizontalmente o gurupeacutes

rarrAureacutelio natildeo consta sobrecevadeira 1- Cevadeira [De cevada + -eira] sf [] 2Marinh

Ant Verga de cevadeira 3Marinh Ant Vela quadrangular que envergava na verga do

mesmo nome por baixo do gurupecircs [Cf sevadeira] []

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Todos os dicionaristas apontam sobrecevadeira como termo naacuteutico

Origem portuguesa lt latina

153

Ficha 144

Sobregata sf (T Naut) Entre nauticos Vela que fica sobre a gata

______________________________________________________________________

rarrCunhasobregata natildeo consta

rarrBluteau Natildeo consta GATA[]Gata nos navios he a vela de cima da mezena

rarrMoraes e Silva natildeo consta Consta GAacuteTA sf Femea do gatosect t de Naacuteutico Vela de

cima da mezena

rarrLaudelino Freire SOBREGATA sf De socircbre + gata Naacuteut 1 Segunda vela do mastro

de mezena 2 Vecircrga correspondente a essa vela

rarrAureacutelio 1- Sobregata [De sobr(e)- + gata] s f 1Marinh O joanete do mastro da gata[]

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Laudelino Freire e Aureacutelio apresentam o termo sobregata Origem

portuguesa lt latina

Ficha 145

Socairo sm Cabo amarra Ao socairo ao abrigo Em seguimento Para traz (T Naut) Entre

nauticos A regrave pela poppa do navio

______________________________________________________________________

rarrCunha socairo1 sm bdquo(Marinh) parte de um cabo‟ XVI Do cat socaire bdquo o que estica uma

corda‟ com influecircncia de Cairo

rarrBluteau SOCAIRO Ao Socayro Termo Nautico antiquado Val o meſmo que ao longo Ir

ao ſocayro da Fortaleza com barco ou navio Arcem vel nave legere ou radere (Outras

fuſtas que eſtavatildeo ao Socairo da Fortaleza Barros 4 Dec pag650) (Se abrigou com a

Armada de remo ao Socairo da naacuteo amp do Galeaotilde Lemos Cercos de Malaca 15 verſ) A regrave

pela poppa do navio

rarrMoraes e Silva SOCAacuteIRO sm (composto de so ou sob e cairo no fig por amarra)sect

Amarra de pogravepa Castan L3f66 ldquoos que levavatildeo a toa soltaratildeo com medo o socairo e a naacuteo

dera a costa se outros natildeo acodissem a tomar o socairordquosect Ao socairo ieacute agrave reacute por detraz da

poupa do navio Lemos Cerco de Malaca Fig ao socairo da fortaleza ieacute emparado com

ella por traz della Barros ir ao socairo de alguem ieacute seguindo-o sect Poacutede-se derivar talvez

da palavra Irlandeza socair que significa em posto abrigado do vento (Bullet Memoires surla

Langue Cellique Tom2 artigo soucair) PPer LIf133 ldquoretirar-se ao socairo de huma ponta

de ilha ou reciferdquo para detraz dellasect

rarrLaudelino Freire SOCAIRO sm Naacuteut O cabo que vai sobejando e se vai colhendo

quando se ala qualquer braccedilo tirador etc o cabo de ala e larga que vai saindo do cabrestante

Pela popa do navio 2 Correia cujas pontas se prendem aos canzeacutes dos carros e que serve

para ajudar a sustecirc-los nas descidas

rarrAureacutelio socairo1 [Do cat socaire] Substantivo masculino1Marinh A parte de um cabo

que depois de dar volta a um cabrestante guincho cabeccedilo etc eacute aguentada agrave matildeo para ir

sendo colhida ou largada segundo as necessidades da manobra Pela popa do navio se faz a reacute

2Marinh A parte de um cabo que estaacute com volta em um cabeccedilo ou noutra peccedila fixa 3Correia

ou corda com que se sustecircm carros nas descidas

154

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq

Do porto de Olinda aacute ponta de Pero Cavarim satildeo quatro leguas Da ponta de Pero Cavarim

ao rio de Jaboatatildeo eacute uma legua em o qual entram barcos Do rio de Jaboatatildeo ao Cabo Santo

Agostinho satildeo quatro leguas o qual cabo estaacute em oito graacuteos e meio Ao socairo deste cabo

da banda do norte podem surgir naacuteos grandes quando cumprir onde tem boa abrigada Do

Cabo ateacute Pernambuco corre-se a costa norte sul

GABRIEL SOARES DE SOUSA (1938) [1587] ROTEIRO GERAL COM LARGAS

INFORMACcedilOtildeES DE TODA A COSTA DO BRASIL (PRIMEIRA PARTE - PROEMIO)

[A00_0176 p 30]

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Todos os dicionaacuterios apresentam socairo como termo naacuteutico Origem

castelhana

Ficha 146

Sumeas sf plu (T Naut) As taboas com que se repara o leme

______________________________________________________________________

rarrCunha natildeo constam Ximeas e Sumeas Chuacutemeas sfpl bdquopeccedilas de madeira com que se

consertam os mastros estalados‟1873 chuacutembeas 1813 Provavemente do aacuter jāmalsquoacirc na var

chuacutembeas deve ter havido influecircncia de CHUMBO

rarrBluteau SUMEAS de leme ou maſto

rarrMoraes e Silva SUMEAS sf pl Naut Taboas com que o leme se refaz e repara BPer

rarrLaudelino Freire SUacuteMEAS sf pl Naacuteut Peccedilas de madeira com que se conserta ou

fortifica o leme CHUacuteMEAS sfpl Naacuteut Pedaccedilo de madeira cavada em uma das faces que se

aplica ao longo de um mastro de uma verga etc para reforccedilaacute-lo por meio de braccediladeiras de

ferro ou de arreataduras

rarrAureacutelio Sumeas Substantivo feminino plural 1V chuacutemeasChuacutemeas [Do aacuter a(t) da raiz juntar agrupar] Substantivo feminino plural1Mar Peccedilas de

madeira com que se consertam os mastros estalados [Var chuacutembeas suacutemeas]

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Todos os dicionaacuterios apresentam sumeas como termo naacuteutico Origem

aacuterabe

T

Ficha 147

Tamborete sm Cadeira rasa Tamboretes (entre Nauticos) satildeo as peccedilas que fechatildeo os

mastros na coberta de cima

______________________________________________________________________

rarrCunha tambor sm bdquo(Muacutes) instrumento de percussatildeo‟XV atanbor XIII atambor XIV

Do ar attanbucircr tamborETE sm bdquo(Marinh) orig peccedila de madeira que arremata o mastro na

coberta de cima‟ XVI bdquoext banqueta‟ XVIII

155

rarrBluteau Tamboretes (Termo de navio) ſaotilde huns paos amp taboas que fechatildeo o maſtro na

cuberta de cima amp levaotilde dous paos a que antigamente chamavatildeo Poſquetes amp hoje Enoras

para atochar o maſtro

rarrMoraes e Silva TAMBORETES satildeo peccedilas de taboas que fechatildeo o mastro na coberta de

cima e levatildeo dois paacuteos ditos antigamente posquetes e hoje enoras de atochar o mastro

Couto 6921 ldquocortou-lhe o masto pelos tamboretesrdquo

rarrLaudelino Freire Tamboretes s m pl Naacuteut Conjunto de peccedilas destinadas a garantir a

seguranccedila e verticalidade dos mastros e a impedir que as aacuteguas se infiltrem por ecircsse conduto

rarrAureacutelio tamborete (ecirc) [Do fr tabouret com infl de tambor] Natildeo consta como termo

naacuteutico

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq

arrebentou o masto do traquete pelos tamboretes de que sentimos muita fortuna e

amainaacutemos a vela e fomos correndo ao som do mar ateacute que foi de dia

PEcircRO LOPES DE SOUSA (1968) [1530] DIAacuteRIO DA NAVEGACcedilAtildeO DE PEcircRO LOPES DE

SOUSA [A00_0078 p 33]

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Somente o dicionaacuterio Aureacutelio natildeo apresenta tamborete como termo naacuteutico

Origem francesa lt aacuterabe

Ficha 148

Trinca sf Entre nauticos voltas de hum cabo que se faz fixo no talhamar do gurupes No

jogo da garatuza tres cartas do mesmo valor

______________________________________________________________________

rarrCunha Trincar vb bdquoapertar comprimir‟ bdquocortar com os dentes‟ bdquocomer mastigar‟ XVI

De origem incerta talvez alteraccedilatildeo do a fr tringler tingler bdquounir as taacutebuas de uma

embarcaccedilatildeo‟ deriv do a escandinavo tengja bdquounir atar‟trinca2

sf bdquocabo naacuteutico‟ XVI

trinca 3

sf bdquoarranhatildeo dentada‟ XX trinco sm bdquotranqueta com que se trancam portas‟ XVI

Dev de trincarTrecircs num bdquo3 III‟ Do lat trēs Do lat trēcěntos trinca1

sf bdquoreuniatildeo de trecircs

coisas semelhantes‟ XVI

rarrBluteau TRINCA (Termo de navio) Trincas ſaotilde as que atracatildeo o gurupeacutes amp vem a fazer

fixo ao talhamar Poacuter a nao agrave trinca ou porſe agrave trinca (Se puzeratildeo agrave Trinca Barros 4

Decpag 45) (Por conſelho do Piloto payrou agrave Trinca Lucena Vida de Xavier 67)

rarrMoraes e Silva TRIacuteNCA sf Naut Trincas do goropeacutes satildeo voltas de hum cabo que o

vem fazer fixo no talhamarsect Pograver a nau aacute trinca ou pograver-se a trinca pairar aacute trinca ieacute agrave capa

com a proa ao vento e as velas levantadas Couto 431 bdquose pozeratildeo agrave trinca batendo-a

rijamenterdquo Amaral c9 ldquopozeratildeo-se os inimigos agrave trinca para concertarem o galeatildeo ou lanccedilar

ferrordquo VF Mend c6r princip sect Na garatuza trinca satildeo 3 cartas do mesmo valor

rarrLaudelino Freire TRINCA sf Esp Trinca Mar Volta de cabo para fixar alguma peccedila

do navio

rarrAureacutelio trinca3 [Do esp trinca] s f 1Constr Nav Corrente ou cabo forte que prende o

gurupeacutes ao beque

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq

Fazendo negravevoa taotilde eʃpeʃʃa que ʃe naotilde vejatildeo os navios toquem os tambores deʃparem a

eʃpaccedilos algũs moʃquetes amp ʃiguaotilde o caminho que antes levava a Capitana Se ella durando a

negravevoa quiʃer virar tiraragrave huatilde peʃʃa amp os Galleoẽs do comboy faraacuteotilde o meʃmo em carregando

156

o leme antes de darem por davante Pondoʃe agrave trinca tirar agrave duas peszligas juntas a que

reʃponderagraveotilde tambem com duas os navios de guerra

FRANCISCO DE BRITO FREYRE (1655) [1655] SENHOR [A00_2496 p 55]

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Todos os dicionaacuterios apresentam trinca como termo naacuteutico Origem

incerta

Ficha 149

Troccedila sf (T Naut) Entre nauticos Cabo com que se seguratildeo as entenas nos mastros

______________________________________________________________________

rarrCunha [] De origem obscura troccedila sf bdquozombaria‟ 1881 Dev de troccedilar []

rarrBluteau natildeo consta

rarrMoraes e Silva TROacuteCcedilA sf Cabo com que as entennas se seguratildeo no mastro

rarrLaudelino Freire TROCcedilA sf Mar Cabo que segura as antenas no mastro

rarrAureacutelio troccedila [Dev de troccedilar] s f1V zombaria 2V graccedila (6) 3Bras Pacircndega farra

4Bras Vida devassa5Pop Ajuntamento (de pessoas) multidatildeo

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Somente Moraes e Silva e Laudelino Freire apresentam troccedila como termo

naacuteutico Origem obscura

V

Ficha 150

Vela sf (T Naut) Entre nauticos O panno do navio que se abre ao vento para o fazer

navegar Rolo de cera espermacete ou cebo com pavio para alumiar Sentinellavigia Fig

Embarcaccedilatildeo

______________________________________________________________________ rarrCunha [] Do lat vēlumvelEIRO adj sm bdquodiz-se de ou navio que anda agrave vela‟

rarrBluteau Vela de navio Panno grande que preſo nas vergas amp aberto recebe o vento amp

faz andar o navio Velum i Neut Cic A vela meſtra ou a vela do maſto Grande Velum

fummi mali maximum caacutetion que alguns Autores de Diccionarios potildeesm neſte lugar natildeo ſe

acha em Autores Latinos amp Roberto Eſteves mostra que ateacute no Grego natildeo eſtagrave ce a

ſignificaccedilatildeo deſta palavra neſte ſentido []

rarrMoraes e Silva sf Vela do navio o panno de treu que se abre ao vento e serve para

impellir o navio communicando o impulso do vento aos mastros[]

rarrLaudelino Freire sf Lat velum Naacuteut Pano largo de linho ou de outro qualquer tecido

que se desfralda ao longo dos mastros ou das vergas para receber a accedilatildeo do vento em virtude

da qual eacute impelida a embarcaccedilatildeo2 Embarcaccedilatildeo movido por um conjunto decircsses panos []

157

rarrAureacutelio vela1

[Do lat vela pl de velu veacuteu] sf 1Marinh Peccedila de lona ou de brim

destinada a recebendo o sopro do vento impelir embarcaccedilotildees ou movimentar moinhos [Sin

no sing ou no pl pano] []

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq

Saacutebado 10 dias do dito mecircs agraves quatro horas depois de meo-dia surgimos no porto da ilha da

Gomeira Em terra tomei o sol em 28 graos e um quarto Ali corregemos o leme 29-

A00_0078txtN 3^a feira 13 de Dezembro no quarto de alva nos fizemos agrave vela com vento

nordeste faziacuteamos o caminho do sul e a quarta do sudoeste 4^a feira 14 do dito mecircs ao

meo-dia tomei o sol em 26 graos e um quarto

PEcircRO LOPES DE SOUSA (1968) [1530] DIAacuteRIO DA NAVEGACcedilAtildeO DE PEcircRO LOPES DE

SOUSA [A00_0078 p 29]

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Todos os dicionaacuterios apresentam vela como termo naacuteutico Origem

portuguesa lt latina

Ficha 151

Vergueiro sm cabo de pagraveo das talhadeiras dos ferreiros (T Naut) Entre nauticos Cabo

dobrado no laiz com huns moutotildees que com huma volta em torno da pega grande finca os

moutotildees no bdquoagrave do‟ gavea Pedaccedilo de cabo com huma alccedila em cada chicote que serve no estaes

para algumas manobras Cadecirca de ferro que anda em hum arganegraveo do leme com hum pedaccedilo

de cabo grosso com que se atraca o leme quando se quebra a cana delle

______________________________________________________________________

rarrCunha verga sf bdquovara flexiacutevelXIII virga XIIIDo lat virga []verguEIRO sm

bdquovergasta‟ 1813

rarrBluteau Natildeo consta

rarrMoraes e Silva VERGUEgraveIRO sm Cabo de paacuteo em cujo extremo os ferreiros cravatildeo as

suas talhadeiras

rarrLaudelino Freire VERGUEIRO sm De vecircrga + eiro Vergasta verdasca vara 2

Cabo de pau que se crava nas talheiras rompedeiras e palmetas para natildeo se magoarem as matildeos

dos que trabalham com estes instrumentos Vergueiro da Peccedila sm Naacuteut Cabo grosso enfiado

nos olhais das falcas Vergueiros do Leme sm pl Naacuteut Cabos grossos ou cadeias de ferro

que prendem o leme pelos arganeacuteus do safatildeo Vergueiros do Pano sm pl Naacuteut Cabos

prolongados com as vecircrgas e encapelados nos laises

rarrAureacutelio vergueiro [De verga + -eiro] Substantivo masculino 1V verdasca 2Cabo de

madeira em alguns utensiacutelios de ferreiro 3Constr Nav Corrente ou cabo de arame que se

enfia nos balauacutestres da borda para resguardo da tripulaccedilatildeo 4Constr Nav Cabo de arame que

158

se enfia nos ferros de sustentaccedilatildeo do toldo ou vergalhatildeo preso ao longo de uma antepara ou

verga e no qual se amarram os fieacuteis do toldo ou do pano

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Moraes e Silva Laudelino Freire e Aureacutelio apresentam vergueiro como termo

naacuteutico Origem portuguesa lt latina

X

Ficha 152

Xaretas sfpl (T Naut) Entre nauticos redes de cordas aacute borda do navio para tolher a

entrada ao inimigo

______________________________________________________________________

rarrCunha xaretas sf bdquoant rede com que se cobria a tolda e o conveacutes das naus e galeotildees de

guerra‟ XVII Do aacuter vulg šarīta bdquocorda cinta‟ []

rarrBluteau XAcircRETA Vid Enxarcia (Pegados agraves Xaretas do bordo alto Oriente conquiſtado

part 2493) Deriva-ſe do Francez Charette que quer dizer Carro []

rarrMoraes e Silva XAREgraveTAS sf Naut Redes de corda que acompanhatildeo o bordo do navio

para impedir a entrada ao inimigo Amaral4

rarrLaudelino Freire XARETA sf Ar xarita Recircde com que se impede a abordagem de um

navio 2 Recircde de pescar

rarrAureacutelio xareta (ecirc) [Do aacuter (t) cordel]Substantivo feminino1Ant Mar G

Rede com que se cobriam a tolda e o conveacutes das naus e galeotildees de guerra por ocasiatildeo dos

combates para dificultar aos assaltantes a entrada a bordo nas abordagens2Rede de pescar

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta como termo naacuteutico

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Todos os dicionaacuterios apresentam xareta como termo naacuteutico Origem aacuterabe

Ficha 153

Ximeas sf plur (TNaut) v Sumeas

Sumeas sf plu (T Naut) As taboas com que se repara o leme

______________________________________________________________________

rarrCunha natildeo constam Ximeas e Sumeas Chuacutemeas sfpl bdquopeccedilas de madeira com que se

consertam os mastros estalados‟1873 chuacutembeas 1813 Provavemente do aacuter jāmalsquoacirc na var

chuacutembeas deve ter havido influecircncia de CHUMBO

rarrBluteau XIMEA Couſa de navio( Neceſſitava a Capitania de Ximeas nos maſtos Britto

viagem do Braſil 160)

rarrMoraes e Silva XIMEA sf V Sumea T Naut SUMEAS sf pl Naut Taboas com que

o leme se refaz e repara BPer

rarrLaudelino Freire natildeo consta

rarrAureacutelio Natildeo constam Ximeas e Sumeas Chuacutemeas [Do aacuter a(t) da raiz juntar agrupar]Substantivo feminino plural 1Mar Peccedilas de madeira com que se consertam

os mastros estalados [Var chuacutembeas suacutemeas ximeas]

159

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta

______________________________________________________________________

Comentaacuterios De todos os dicionaacuterios consultados soacute Laudelino Freire natildeo lista esse lexema

Os demais dicionaristas classificam o termo como naacuteutico ou mariacutetimo Origem duvidosa

(aacuterabe)

Apoacutes selecionar os termos naacuteuticos constituiacutemos 153 fichas lexicograacuteficas

elaboradas juntamente a consultas em 5 dicionaacuterios e ainda a 1 Banco de Dados referente ao

portuguecircs brasileiro da eacutepoca do Brasil Colocircnia Passemos no proacuteximo capiacutetulo agrave anaacutelise dos

dados

160

Capiacutetulo 5

161

Capiacutetulo 5 ndash Anaacutelise e discussatildeo dos dados

Apoacutes selecionarmos os termos naacuteuticos presentes no Diccionario de Lingua

Brasileira preenchermos as 153 fichas lexicograacuteficas ndash elaboradas junto agrave pesquisa em cinco

dicionaacuterios e em um banco de dados de liacutengua portuguesa do Projeto DHPB composto de

textos escritos nos seacuteculos XVI XVII e XVIII ndash acompanhadas de abonaccedilotildees classificaccedilotildees

gramaticais e comentaacuterios passemos agrave anaacutelise quantitativa e discussatildeo dos resultados

51 Quanto agrave classificaccedilatildeo gramatical dos termos

Conforme jaacute relatado organizamos um corpus de unidades lexicais do domiacutenio da

terminologia naacuteutica com 153 termos constituiacutedo de 117 substantivos 3 adjetivos 32 verbos

e 1 adveacuterbio que satildeo entradas no Diccionario de Lingua Brasileira editado por Luiz Maria da

Silva Pinto na cidade de Ouro Preto em 1832 Os substantivos se destacam com 7647 de

dados os adjetivos por sua vez totalizam 196 dessas entradas os verbos 2092 e o

adveacuterbio com 065 de nossos dados terminoloacutegicos Abaixo apresentamos em tabela a

distribuiccedilatildeo conforme a classificaccedilatildeo morfoloacutegica dos dados analisados

TABELA 1

Classificaccedilatildeo morfoloacutegica dos dados analisados

Classe Gramatical Nuacutemero de unidades lexicais Percentual

Substantivo 117 7647

Adjetivo 003 196

Verbo 032 2092

Adveacuterbio 001 065

TOTAL 153 10000

Destacam-se a seguir as unidades leacutexicas classificadas como

Substantivos rarr aba abotoadora accedilafratildeo alcaxas aldrope alforje almeida amura

amurada anrique arruelas avencadura barcolas barquilha bastardo beque

bigotas bolinete bombordo botalos braccedilo braga bragueiro brandaes briol

buccedilardas burra cabresto cacholascalabre calabrote calafeto calcez calma

calmaria carlinga carregadeiras cevadeira chapeleta chapiteo chaveta cheleira

cifa cinta clara colhedores contrapunho cordas cossouro costa cunho curva

curvatatildeo cutelo driccedila embono embornal encalamento enfrechadura enora

envergues escoa escoteira escotilha escouves estibordo estiva estribos estrinca

162

garrucha gaacutevea gio guinada lais leme leva liame linguete maccedilame madre

majarrona malaquetas michelos molhelha moucarrotildees nabo orthodomia ostaes

ostagas palomas palomba patelha pinccedilote pontal ponte porca rabada rabeca

resbordo rumo salema sapatilho sirgideiras sobrecevadeira sobregata socairo

sumeas trinca troccedila vela vergueiro xaretas ximea peacute dormentes tamboretes

estribordo

Adjetivos rarr banzeiro escatelado naacuteutico

Verbos rarr abroquelar agarruchar alestar arfar arriar barbear bracear canjar

ciar-se cifar cruzar desaferrar desancorar descahir dobrar embonar encapelar

encodar-se envergar escacear escorrer ferrar folgar guinar iccedilar pairar

palmejar proejar salamear sarpar sejar siar

Adveacuterbio rarr dlsquoavante

52 Quanto agrave forma e o gecircnero dos termos naacuteuticos do DLB

Em se tratando dos 117 substantivos o gecircnero masculino se sobressai com 55

ocorrecircncias o que corresponde a 47 dos dados presentes em nosso corpus O gecircnero

feminino aparece com 53 dos dados somando 62 ocorrecircncias

Todas as 3 unidades leacutexicas cujas classificaccedilotildees morfoloacutegicas indicam adjetivos

apresentam-se no gecircnero masculino correspondendo a 196 dos dados presentes em nosso

corpus

Tanto os substantivos quanto os adjetivos soacute ocorreram em sua forma simples A

quantificaccedilatildeo total dos dados quanto ao gecircnero eacute destacada na TABELA 2 apresentada a

seguir

TABELA 2

Classificaccedilatildeo do gecircnero dos dados analisados

Classe Gramatical Masculino Feminino

Substantivo 55 (47) 62 (53)

Adjetivo 03 (196) -----

163

53 Quanto ao nuacutemero de unidades lexicais presentes em obras de referecircncia

Verificamos que 152 das 153 unidades lexicais se encontram dicionarizadas em

pelo menos uma das obras escolhidas como base de referecircncia neste trabalho embora parte

delas natildeo tenha a marca terminoloacutegica ldquotermo naacuteutico A fim de termos ideia do nuacutemero de

vocaacutebulos que constam em cada um dos cinco dicionaacuterios pesquisados e ainda consultando o

nuacutemero de ocorrecircncias no banco de dados do Projeto DHPB fizemos um levantamento

quantitativo que eacute apresentado no graacutefico a seguir

111

134

152146

130

79

0

20

40

60

80

100

120

140

160

180

Cunha

Bluteau

Morais

Laudelino

Aureacutelio

DHPB

GRAacuteFICO 1 Nuacutemero de unidades lexicais encontradas em cada dicionaacuterio e no banco de dados

O GRAacuteFICO 1 mostra em nuacutemeros absolutos quantas unidades lexicais entre as

153 dicionarizadas constam em cada dicionaacuterio a) a barra azul mostra que 111 vocaacutebulos

foram encontrados no Dicionaacuterio Etimoloacutegico de Antocircnio Geraldo da Cunha o que

corresponde a 7254 dos 153 vocaacutebulos dicionarizados b) o dicionaacuterio de Raphael de

Bluteau representado em barra verde corresponde a 134 unidades lexicais entre aquelas

dicionarizadas o que representa 8758 desse total c) Antocircnio de Moraes e Silva

representado pela barra marrom eacute aquele que mais apresenta em suas paacuteginas unidades

lexicais constantes do grupo das dicionarizadas com 152 unidades lexicais o que representa

9934 do total de vocaacutebulos d) o dicionaacuterio de Laudelino Freire representado pela barra

amarela apresenta 146 unidades lexicais o que corresponde a 9542 do total analisado e) o

dicionaacuterio de Aureacutelio Buarque de Hollanda Ferreira apontado no graacutefico pela barra de cor

vermelha apresenta 130 unidades lexicais entre aquelas dicionarizadas o que representa um

percentual de 8496 Por uacuteltimo apoacutes exaustiva consulta ao Banco de Dados do Projeto

164

DHPB verificamos a presenccedila de 79 unidades leacutexicas (5163) correspondentes agravequelas

selecionadas em nosso corpus para esta pesquisa

No quadro que apresentamos abaixo podemos identificar quais satildeo as unidades

lexicais presentes em cada dicionaacuterio e tambeacutem no Banco de Dados do Projeto DHPB

TABELA 3

Quadro comparativo dos termos naacuteuticos39

Bluteau Moraes e Silva Laudelino Aureacutelio DHPB

aba aba aba aba aba

abotoadura abotoadura abotoadura abotoadura abotoadura

abroquelar abroquelar abroquelar abroquelar

accedilafratildeo accedilafratildeo accedilafratildeo accedilafratildeo accedilafratildeo

agarrochar agarruchar agarrochar agarruchar agarruchar

alcaxas alcaxas alcaxas

aldrope aldroacutepe aldrope aldrope

alestar alestar alestar

alforge alforge alforge alforge alforge

almeida almeida almeida almeida almeida

amugravera amura amura amura

amuradas amuraacuteda amurada amurada amurada

anrique anriacuteque anrique anrique

arfar arfar arfar arfar arfar

arriar arriar arriar arriar arriar

arruelas arrueacutellas arruela arruela arruela

avencadura avencadura avencadura avencadura

banzeiro banzegraveiro banzeiro banzeiro banzeiro

barbear barbeacutear barbear barbear barbear

barcolas barcoacutelas barcolas

barquiacutelha barquilha

bastardos bastaacuterdo bastardo bastardo bastardo

beque beque beque beque beque

bigota bigoacutetas bigotas bigota

bolinete bolinegravete bolinete bolinete bolinete

bombordo bombordo bombordo bombordo bombordo

botalos botaloacutes botaloacutes botaloacute

braceacutear bracear bracear

braga braga braga braga braga

bragueiro bragueiro bragueiro bragueiro

brandaes brandaes brandal brandal brandaes

brioes brioacutees briol briol

buccedilardas buccedilardas

burra buacuterra burra burra

39

Salientamos que os termos destacados em negrito satildeo encontrados nos dicionaacuterios mencionados poreacutem natildeo

apresentam acepccedilatildeo naacuteutica ou natildeo nos remetem ao universo mariacutetimo Os espaccedilos em branco representam

ausecircncia da unidade lexical no dicionaacuterio e no DHPB

165

cabresto cabregravesto cabrestos cabresto cabresto

cachoacutela cachogravela cachola cachola

calabre calaacutebre calabre calabre calabres

calabrote calabroacutete calabrote calabrote calabrotes

calafeto calafegraveto calafeto calafeto calafeto

calcecircz calcegravez calcecircs calcecircs

calma caacutelma calma calma calma

calmaria calmaria calmaria calmaria calmaria

canjaacuter canjar

carlinga carlinga carlinga carlinga

carregadeiras carregadeiras carregadeira carregadeira

cevadeira cevadegraveira cevadeira cevadeira cevadeira

chapeleta chapeleta chapeleta chapeleta

chapiteo chapiteo chapiteacuteu chapiteacuteo

chaveta chavegraveta chavecircta chaveta chavetas

cheleira cheleira

ciar ciar-se ciar ciar ciar

cifa cifa cifa

cifar cifaacuter cifar

cintas cinta cintas cinta

clara clara clara clara

colhedocircres colhedores colhedores colhedor

contrapunho contrapuacutenho contrapunho contrapunho

cordas cordas corda corda cordas

cossouros cossograveuros cossouro cossouro

costa coacutesta costa costa costa

cruzar cruzar cruzar cruzar cruzar

cunhos cunhos cunhos cunho

curva cuacutervas curva curva curvas

curvatatildeo curvatatildeo curvatatildeo curvatatildeo

cutelos cugravetelos cutelos cutelo

davante davante d‟avante

desaferrar desaferrar desaferrar desaferrar desaferrar

desancorar desancoraacuter desancorar desancorar

descahir descahir descair descair descahir

dobrar dobraacuter dobrar dobrar dobrar

dormentes dormegraventes dormente dormente dormentes

driccedila driccedila driccedila driccedila driccedilas

embocircno embograveno embono embono

embornal embornagravel embornal embornal embornaes

encalamentos encalamentos encalamento

encapellar encapellaacuter encapelar encapelar encapelar

encodaacuter-se encodaacuter-se

enfrechadura enfrechadura enfrechadura enfrechadura

enoras enograveras enora enora

envergar envergar envergar envergar

envergues enveacutergues envergues envergues

166

escacear escacear escassear escassear escacear

escatelado escatelaacutedo escatelado escatelarado

escoas escograveas escoa escoa escoas

escorrer escorrer escorrer escorrer escorrer

escoteiras escoteira escoteira escoteira escoteira

escotilha escotilha escotilha escotilha escotilha

escouves escouves escouves escouvem

estibordo estibordo estibordo estibordo estibordo

estiva estiva estiva estiva estiva

estribos estribos estribo estribo estribo

estribograverdo estribordo

estrinca estrinca

ferrar ferrar ferrar ferrar ferrar

folgar folgar folgar folgar folgar

garrucha garruacutecha garruchas garrocha

gaacutevea gaacutevea gaacutevea gaacutevea gaacutevea

gio gio gio gio

guinada guinada guinada guinada guinada

guinar guinar guinar guinar guinar

iccedilar iccedilar iccedilar iccedilar iccedilar

lais laacuteis lais lais lais

leme leme leme leme leme

leva leva leva leva

liame liame liame liame liame

linguete linguete linguete lingueta

maccedilame maccedilagraveme maccedilame

madre madre madre madre

majarrona majarrona majarrona

malaquetas malaqueta malaqueta

michegravelos michelos

molhelha molhelha molhelhas molhelha

moucarrotildees moucarrotildees moucarratildeo

nabo nabo nabo nabo

naacuteutico naacuteutico naacuteutico naacuteutico naacuteutico

orthodromia orthodomia ortodromia

ostais ostaacutees ostaes ostaes

ostagas ostaacutegas ostaga ostaga ostagas

pairar pairaacuter pairar pairar pairar

palmejar palmejar palmejar

palomas palomas palomas paloma

palomba palomba palomba

patelha pategravelha patelha patelha

pinccedilote pinccedilote pinccedilote pinccedilote

pontal pontal pontal pontal pontal

ponte ponte ponte ponte ponte

porca porca porca porca porca

proejar proejar proejar proejar

167

rabada rabada rabada rabada rabada

rabeca rabeca rabeca rabeca rabeca

resbordo resbordo resbordo resbordo resbordo

rumo rumo rumo rumo rumo

salamear salamear

salema salema salema

sapatilhos sapatilhos sapatilhos sapatilhos

sarpar sarpaacuter zarpar sarpar sarpar

sejar

siar siar siar siar

sirgideiras sirgideiras sirgideiras

sobrecevadeira sobrecevadegraveira sobrecevadeira

sobregata sobregata

socairo socairo socairo socairo socairo

sumeas suacutemeas suacutemeas sumeas

trinca trinca trinca trinca trinca

troacuteccedila troccedila troccedila

vela vela vela vela vela

verguegraveiro vergueiro vergueiro

xacircreta xaregravetas xareta xareta xareta

ximea ximea ximea

braccedilo braccedilo braccedilo braccedilo

peacute peacute peacute peacute peacute

tamboretes tamboretes tamboretes tamboretes tamboretes

embonar embonaacuter embonar embonar

168

54 Descriccedilatildeo e Comparaccedilatildeo de dados

Das unidades lexicais referentes aos termos naacuteuticos que compotildeem nosso corpus

encontramos correspondentes em vaacuterios dicionaacuterios como jaacute salientamos em 51 Dessas

apresentamos em nuacutemero no graacutefico seguinte as que se destacam como termo naacuteutico

50

123

146136

105

56

0

20

40

60

80

100

120

140

160

180

Cunha

Bluteau

Morais

Laudelino

Aureacutelio

DHPB

GRAacuteFICO 2 Nuacutemero de unidades lexicais destacadas como termo naacuteutico

a) Dos 153 termos que constituem nosso corpus o Dicionaacuterio Etimoloacutegico de Cunha registra

50 unidades leacutexicas como termo naacuteutico correspondendo a 3267 aldrope almeida amura

amurada beque barcola bigota bolinete bombordo brandal briol calabre calabrote

calcecircs calma calmaria carlinga ciar desancorar dormente embornal escatelado escoa

escoteira escotilha escouves estibordo estiva estribordo gaacutevea gio lais leme majarrona

naacuteutico ostaes ostaga paloma palomba pontal ponte rumo zarpar socairo sumeas

trinca vela xaretas peacute tamborete

b) O dicionaacuterio de Bluteau registra 123 dos termos naacuteuticos constantes no Diccionario da

Liacutengua Brasileira o que corresponde a 8039 a saber abotoadura accedilafratildeo alcaxas

aldrope almeida amura amuradas anrique arfar arriar arruelas avencadura banzeiro

barbear barcolas bastardos beque bigota bolinete bombordo botalos braccedilos braga

bragueiro brandaes brioes buccedilardas burra cabresto cacholas calabre calabrote calcez

calma calmaria carlinga carregadeiras cevadeira chapeleta chapiteo chaveta cifar

cintas clara colhedores contrapunho cordas cossouros costa cruzar cunhos curva

curvatatildeo cutelos davante desaferrar desancorar descair dobrar dormentes driccedila

embonar embono embornal encalamentos encapelar enfrechadura enoras envergues

169

escacear escatelado escoas escorrer escoteiras escotilha escouves estibordo estiva

estribos ferrar gaacutevea gio guinada guinar iccedilar lais leme leva liame linguete maccedilame

madre malaquetas nabo naacuteutico orthodromia ostais ostagas pairar palomas patelha

pinccedilote pontal ponte porca proejar rabada resbordo rumo salamear salema sapatilho

sarpar sirgideiras sobrecevadeira socairo suemas trinca vela xareta ximea peacute

tamboretes

c) Encontramos 146 unidades leacutexicas comuns ao nosso corpus dicionarizadas como termos

naacuteuticos na obra de Moraes e Silva correspondendo a 9542 abotoadura accedilafratildeo

agarruchar alcaxas aldrope alestar almeida amura amurada anrique arfar arriar

arruelas avencadura banzeiro barbear barcolas barquilha bastardo beque bigotas

bolinete bombordo botalos bracear braccedilo braga bragueiro brandaes brioacutees buccedilardas

burra cabresto cacholas calabre calabrote calafeto calcez calma calmaria canjar

carlinga carregadeiras cevadeira chapeleta chapiteo chaveta cheleira ciar-se cifa cifar

cinta clara colhedores contrapunho cordas cossouros costa cruzar cunhos curvas

curvatatildeo cutelo davante desaferrar desancorar descair dobrar dormentes driccedila

embonar embono embornal encalamentos encapelar encodar-se enfrechadura enora

envergar envergues escassear escatelado escoa escorrer escoteira escotilha escouves

estibordo estiva estribos estribordo estrinca ferrar folgar garrucha gaacutevea gio guinada

guinar iccedilar lais leme levaliame linguete maccedilame madre majarrona malaqueta

michelos moucarrotildees nabo naacuteutico orthodomia ostaes ostagas pairar palmejar

polomas palomba patelha pinccedilote pontal ponte porca proejar rabada resbordo rumo

salamear salema sapatilho sarpar sejar sirgideiras sobrecevadeira socairo sumeas

trinca troccedila vela vergueiro xaretas ximea peacute tamboretes

d) Entre as 153 unidades o dicionaacuterio de Laudelino Freire contabiliza 136 termos naacuteuticos o

que corresponde a 8888 abotoaduras abroquelar accedilafratildeo agarruchar alcaxas aldrope

alforjes almeida amura amurada anrique arfar arrear arruela avencadura banzeiro

barcolas barquilha bastardo beque bigotas bolinete bombordo botalos bracear braccedilo

braga bragueiro brandal briol burra cabrestos cachola calabre calabrote calafeto

calcez calma calmaria carlinga carregadeira cevadeira chapeleta chapiteacuteu chaveta

cheleira ciar cifar cintas clara colhedores contrapunho cossouro costa cruzar cunho

curvas curvatatildeo cutelos desaferrar desancorar descair dobrar dormente driccedila embonar

embono encalamento encapelar encodar-se enfrechadura enora envergar envergues

escassear escatelado escoa escorrer escoteira escotilha escouves estibordo estiva

estribo estribordo estrinca ferrar garruchas gaacutevea gio guinada guinar iccedilar lais leme

170

leva liame madre majarrona malaqueta michelos molhelhas moucarrotildees nabo naacuteutico

ostaes ostaga pairar palmejar palomas palomba patelha pinccedilote pontal ponte porca

proejar rabada rabeca resbordo rumo salemasapatilho sarpar sirgideiras

sobrecevadeira sobregata socairo sumeas trinca troccedila vela vergueiroxareta peacute

tamboretes

e) Dos 153 termos que constituem nosso corpus o Novo Dicionaacuterio Aureacutelio da Liacutengua

Portuguesa registra 105 unidades leacutexicas como termo naacuteutico correspondendo a 6862 dos

dados abotoaduras aldrope almeida amura amurada anrique arfar arriar banzeiro

barbear bastardo beque bigota bolinete bombordo botaloacute bracear braccedilo braga

brandal briol burro cabresto calabre calabrote calcecircs calma calmaria carlinga

carregadeira cevadeira chapeleta chaveta ciar cinta clara colhedor contrapunho corda

costa cruzar cunho curva curvatatildeo cutelodesancorar descair dobrar dormente driccedila

embonar embono embornal encapelar enfrechadura enora envergar envergues

escatelado escoa escoteira escotilha escouves estibordo estiva estribo ferrar garrocha

gaacutevea gio guinada guinar iccedilar lais leme leva linguete madre majarrona molhelha

nabo ortodromia ostaes ostaga pairar palomba patelha pinccedilote pontal ponte proejar

resbordo rumo sapatilho sarpar sobregata socairo sumeas trinca vela vergueiro

xareta ximea peacute tamboretes

f) O Banco de Dados do Projeto Dicionaacuterio Histoacuterico do Portuguecircs do Brasil ndash seacuteculos XVI

XVII XVIII registra 56 unidades leacutexicas (366) com significado que remetem ao mundo da

navegaccedilatildeo amuradas arfar arriar arruela avencadura banzeiro barbear beque

bombordo brandaes cabresto calabrecircs calabrotes calafeto calma calmarias cevadeira

chapiteo chavetas cordas ciar costa cruzar curvas dlsquoavante descahir dobrar

dormentes driccedilas embornaes encapelar escacear escoas escotilha estibordo estiva

ferrar gaacutevea guinada guinar iccedilar lais leme liames maccedilamenaacuteutico ostagas pairar

rabada resbordo rumo sarpar socairo vela tamboretes trinca

55 Sobre a marca de uso ldquotermo naacuteuticordquo

551 Variaccedilatildeo no Diccionario de Lingua Brasileira

As unidades do corpus em anaacutelise satildeo marcadas como (t naut) 117 ocorrecircncias

correspondendo a 765 dos dados (entre naacuteuticos) 21 ocorrecircncias ou 138 dos dados (t

naacuteutico) 9 ocorrecircncias contabilizando 59 (t nau) 1 ocorrecircncia o que correponde a 06

171

do total dos dados analisados Contabilizamos ainda 5 unidades lexicas ou 32 que natildeo

recebem marcas de uso mas vemos pela definiccedilatildeo que satildeo termos naacuteuticos a saber palomas

barquilha proejar naacuteutico vela

IMAGEM 9 Unidades lexicais natildeo marcadas como termo naacuteutico

552 Variaccedilatildeo em outros dicionaacuterios

Completada a verificaccedilatildeo da marca terminoloacutegica no Diccionario de Lingua

Brasileira resolvemos observar a terminologia naacuteutica adotada nos outros dicionaacuterios

utilizados nesta pesquisa como referecircncia As unidades do corpus satildeo marcadas nessas obras

como i) em Bluteau rarr termo de navegantes termo de navio termo de marinhagem termo

naacuteutico termo de barqueiros ii) em Moraes e Silva rarr termo de naacuteutica na naacuteutica termo

naacuteutico entre os nautas entre barqueiros iii) em Laudelino Freire rarr termo da naacuteutica

termo de navegaccedilatildeo termo de navegaccedilatildeo fluvial termo da marata ou marinha iv) em

Aureacutelio rarr termo da marinha (23 termos) termo da marinhagem (60 termos) termo naacuteutico

(01 termo) termo de construccedilatildeo naval (31 termos) Encontramos em todas essas obras

citadas algumas unidades que natildeo recebem marcas de uso mas vemos pela definiccedilatildeo que

pertencem ao universo naacuteutico

Como termo naacuteutico Aureacutelio marca somente a unidade lexical rumo Para esse

lexicoacutegrafo a marca terminoloacutegica marinhagem refere-se aos conhecimentos naacuteuticos

desenvolvidos e sistematizados pelos navegadores portugueses desde o Infante D Henrique

ateacute os fins do seacuteculo XVII Tais conhecimentos foram depois muito ampliados e

aprofundados e passaram a constituir a ciecircncia e a arte da navegaccedilatildeo sobre aacutegua denominada

172

naacuteutica De acordo com o mesmo dicionarista a marca terminoloacutegica marinha significa

ldquoaquilo que diz respeito ao serviccedilo de bordo dos navios agrave atividade de marinheiro agrave

navegaccedilatildeo por mar ou ainda conjunto de navios ou forccedilas navais ou por marrdquo Jaacute a marca

construccedilatildeo naval diz respeito agrave arte de construir navios e a marca naacuteutico eacute relativo a

marinheiro navegante e nauta por sua vez dizem respeito agrave navegaccedilatildeo Aureacutelio natildeo

classificou as unidades lexicais cruzar desancorar e sarpar e outras receberam mais de uma

classificaccedilatildeo

56 Quanto agrave origem

Para elucidar a origem dos termos como jaacute mencionamos no Capiacutetulo 3

consultamos o Dicionaacuterio Etimoloacutegico de A G Cunha poreacutem quando o termo natildeo constava

nesse dicionaacuterio lanccedilamos matildeo do Houaiss (2001) e se as palavras remetiam ao universo

aacuterabe do vocabulaacuterio de Sousa amp Moura intitulado Vestigios da Lingoa Arabica em Portugal

ou Lexicon Etymologico das palavras e nomes portuguezes que tem origem araacutebica

publicado em 1830 e impresso em ediccedilatildeo fac siacutemile em 2004

Quantificaccedilatildeo Total ndash quanto agrave origem dos termos naacuteuticos

a) Aacuterabe 07

b) Catalatildeo 02

c) Espanhol 16

d) Francecircs 23

e) Grego 01

f) Inglecircs 02

g) Italiano 11

h) Portuguesa 55

i) Provenccedilal 01

j) Onomatopaica 01

k) Incerta 28

l) Natildeo encontradas 06

173

a Termos de origem aacuterabe

Accedilafratildeo (do ar Az-zafaran cf Cunha 1982)

Alforge (do ar al-hurg cf Cunha 1982)

Almeida (Sousa amp Moura 1830)

Cifa (do ar satildeifa cf Cunha 1982)

Cifar (do ar satildeifacirc cf Cunha 1982)

Salamear (do ar salama cf Sousa amp Moura 1830)

Xaretas (do ar vulgar šarīta cf Cunha 1982)

b Termos de origem catalatilde

Brandaes (do catalatildeo brandal cf Cunha 1982)

Escoa (do catalatildeo escoa cf Cunha 1982)

c Termos de origem espanhola

Anrique (castelhano lt neerlandesa cf Cunha 1982)

Arriar (castelhano lt latim cf Cunha 1982)

Barcolas (espanhol lt latim cf Cunha 1982)

Barquilha (espanhol lt latim cf Cunha 1982)

Briol (castelhanoltfrancesa cf Cunha 1982)

Ciar-se (castelhano cf Cunha 1982)

Embonar (castelhano cf Cunha 1982)

Embono (castelhano cf Cunha 1982)

Garrucha (castelhano Cunha 1982)

MajarronaBujarrona (castelhano lt latim baacuterbaro cf Cunha 1982)

Ostagas (castelhano lt germacircnico cf Cunha 1982)

Patelha (espanhol cf Aureacutelio 2004)

Pinccedilote (castelhano cf Houaiss 2001)

Rumo (castelhano lt latim lt grego cf Cunha 1982)

Socairo (castelhano cf Cunha 1982)

Sarparzarpar (castelhano lt francesa lt latim tardio lt grego cf Cunha 1982)

d Termos de origem francesa

Abotoadura (do antigo francecircscf Cunha 1982)

Abroquelar (do antigo francecircscf Cunha 1982)

Arruela (do antigo francecircs lt latimcf Cunha 1982)

Avencadura (do antigo francecircs lt escandinavo antigo cf Cunha 1982)

Bastardo (do antigo francecircscf Cunha 1982)

174

Beque (do francecircs lt latimcf Cunha 1982)

Bolinete (do francecircs moulinet cf Cunha 1982)

Bombordo (do francecircs bacircbord lt neerlandecircs bakboord cf Cunha 1982)

Calabre (do antigo francecircs caable lt latim tardio cf Cunha 1982)

Calabrote (do antigo francecircs caable lt latim tardio cf Cunha 1982)

Carlinga (do francecircs carlingue lt escandinavo kerling cf Cunha 1982)

Chapeleta (lt antigo francecircs chapel cf Cunha 1982)

Escotilha (do antigo francecircs escoute (coute) derivado do goacutetico skautcf Cunha

1982)

Escoteira (do francecircs escoute lt goacutetico skaut cf Cunha 1982)

Enfrechadura (do francecircs fleche lt germacircnico cf Cunha 1982)

Estibordo (do francecircs antigo estribord lt neerlandecircs stierboord cf Cunha 1982)

Estribo (do antigo francecircs estriviegravere lt germacircnico cf Cunha 1982)

Estribordo (do francecircs antigo estribord lt neerlandecircs stierboord cf Cunha 1982)

Iccedilar (do francecircs hisser lt neerlandecircs hijsen cf Cunha 1982)

Ostaiestai (do antigo francecircs estaie lt germacircnico cf Cunha 1982)

Rabeca (do francecircs rebec lt antigo francecircs rebebe lt aacuterabe rābab cf Cunha 1982)

Resbordo (do francecircs ribord cf Cunha 1982)

Tamboretes (do francecircs tambouret cf Cunha 1982)

e Termos de origem grega

ortodromia

f Termos de origem inglesa

Aldrope (Do inglecircs guide-ropecf Cunha 1982)

Estrinca (Do inglecircs string cf Laudelino Freire 1949)

g Termos de origem italiana

Calma (lt latina cf Cunha 1982)

Calmaria (lt latina cf Cunha 1982)

Calafeto (aacuterabe lt latim vulgar cf Cunha 1982)

Calcez (latim tardio lt latim lt grego cf Cunha 1982)

Driccedila (lt francecircs cf Aureacutelio 2004)

Encodar-se (cf Moraes e Silva 1813)

Estiva (lt latim cf Cunha 1982)

Gaacutevea (lt latim cf Cunha 1982)

Linguete (lt latim cf Cunha 1982)

175

Palomas (do italiano meridional cf Cunha 1982)

Palomba (do italiano meridional cf Cunha 1982)

h Termos de origem portuguesa

Amura (ltlatina cf Cunha 1982)

Amurada (ltlatina cf Cunha 1982)

Banzeiro (ltlatina cf Cunha 1982)

Barbear (ltlatina cf Cunha 1982)

Bigotas (lt latina cf Cunha 1982)

Bracear (ltlatina cf Cunha 1982)

Braccedilo (ltlatina cf Cunha 1982)

Braga (ltlatina cf Cunha 1982)

Bragueiro (ltlatina cf Cunha 1982)

Burra (ltlatina cf Cunha 1982)

Cabresto (ltlatina cf Cunha 1982)

Carregadeiras (ltlatina cf Cunha 1982)

Cevadeira (ltlatina cf Cunha 1982)

Chaveta (ltlatina cf Cunha 1982)

Cinta (ltlatina cf Cunha 1982)

Clara (ltlatina cf Cunha 1982)

Colhedor (ltlatina cf Cunha 1982)

Contrapunho (ltlatina cf Cunha 1982)

Corda (latina lt grega cf Cunha 1982)

Costa (ltlatina cf Cunha 1982)

Cruzar (ltlatina cf Cunha 1982)

Cunho (ltlatina cf Cunha 1982)

Curva (ltlatina cf Cunha 1982)

Curvatatildeo (ltlatina cf Cunha 1982)

Cutelo (ltlatina cf Cunha 1982)

D‟avante (ltlatina cf Cunha 1982)

Desaferrar (ltlatina cf Cunha 1982)

Desancorar (latina lt grega cf Cunha 1982)

Descahir (ltlatina cf Cunha 1982)

Dobrar (ltlatina cf Cunha 1982)

Dormente (ltlatina cf Cunha 1982)

176

Encapelar (ltlatina cf Cunha 1982)

Enora (ltlatina cf Cunha 1982)

Envergar (ltlatina cf Cunha 1982)

Envergues (ltlatina cf Cunha 1982)

Escacear (ltlatina cf Cunha 1982)

Escorrear (ltlatina cf Cunha 1982)

Ferrar (ltlatina cf Cunha 1982)

Folgar (ltlatina cf Cunha 1982)

Leva (ltlatina cf Cunha 1982)

Liame (ltlatina cf Cunha 1982)

Madre (ltlatina cf Cunha 1982)

Naacuteutico (latina lt grega cf Cunha 1982)

Nabo (ltlatina cf Cunha 1982)

Palmejar (ltlatina cf Cunha 1982)

Pontal (ltlatina cf Cunha 1982)

Ponte (ltlatina cf Cunha 1982)

Porca (ltlatina cf Cunha 1982)

Proejar (ltlatina cf Cunha 1982)

Rabada (ltlatina) cf Cunha 1982

Sobrecevadeira (ltlatina cf Cunha 1982)

Sobregata (ltlatina cf Cunha 1982)

Vela (ltlatina cf Cunha 1982)

Vergueiro (ltlatina cf Cunha 1982)

Peacute (ltlatina cf Cunha 1982)

i Termos de origem provenccedilal

Pairar (lt latim cf Cunha 1982)

j Termo de origem onomatopaica

Botalos (Houaiss 2001)

k Termos de origens controvertida incerta duvidosa obscura

Aba (de origem duvidosa (latim) cf Cunha 1982)

Agarruchar (de origem duvidosa (ceacuteltico) cf Cunha 1982)

Alcaxas (de origem controvertida cf Houaiss 2001)

Alestar (de origem obscura cf Cunha 1982)

Arfar (de origem duvidosa (latim vulgar) cf Cunha 1982)

177

Buccedilardas (origem controvertida cf Bluteau 1712)

Cachola (origem duvidosa (latim vulgar) cf Cunha 1982)

Canjar (origem duvidosa (italiana) cf Houaiss 2001)

Cossouro (de origem obscura cf Cunha 1982)

Embornal (de origem incerta (italiana) cf Cunha 1982)

Escatelado (de origem controvertida cf Cunha 1982)

Escouves (de origem incerta (castelhana) cf Cunha 1982)

Gio (de origem obscura cf Cunha 1982)

Guinar (de origem obscura cf Cunha 1982)

Guinada (de origem obscura (anglo saxatildeo) cf Cunha 1982)

Lais (de origem obscura cf Cunha 1982)

Leme (de origem obscura cf Cunha 1982)

Malaqueta (de origem obscura cf Houaiss 2001)

Michelos (de origem obscura cf Houaiss2001)

Molhelha (de origem controvertida (catalatildeo) cf Aureacutelio 2004)

Moucarratildeo (de origem obscura cf Aureacutelio 2004)

Salema (de origem obscura cf Cunha 1982)

Sapatilhos (de origem duvidosa (turco) cf Cunha 1982)

Siar (de origem obscura cf Cunha 1982)

Sumeas (de origem duvidosa (aacuterabe) cf Cunha 1982)

Trinca (de origem incerta (antigo francecircs lt antigo escandinavo cf Cunha 1982)

Troccedila (de origem obscura cf Cunha 1982)

Ximeas (de origem duvidosa (aacuterabe) cf Cunha 1982)

l Termos de origens natildeo encontradas

Chapiteo

Cheleira

Maccedilame

Encalamentos

Sejar

Sirgideiras

Observando os resultados expostos acima vimos que a predominacircncia entre as

origens dos termos eacute Portuguecircs lt Latim com 55 unidades lexicais Isso corresponde a

3595 das ocorrecircncias totais Em segundo lugar destacam-se os termos de origem

178

controvertida incerta duvidosa e obscura satildeo 28 termos o que corresponde a 1831 do

total de dados Os nomes de origem francesa figuram em terceiro lugar com 23 ocorrecircncias

ou 1503 do total dos dados Em seguida em quarta posiccedilatildeo temos os nomes de origem

espanhola com 16 ocorrecircncias ou 1046 do total dos dados Os nomes de origem italiana

estatildeo em quinto lugar com 11 dados ou 719 do total dos termos analisados Os termos

aacuterabes contabilizam 07 ocorrecircncias ou 458 do total dos dados Em quantidade menor temos

os termos em catalatildeo (02 ocorrecircncias 130 do total de dados) em inglecircs (02 ocorrecircncias

130 do total de dados) em grego (01 ocorrecircncia 065 do total de dados) em provenccedilal

(01 ocorrecircncia 065 do total de dados) e de origem onomatopaica (01 ocorrecircncias 065

do total de dados) Alguns termos (06 ocorrecircncias 393 do total de dados) natildeo tiveram suas

origens apontadas por nenhuma obra que consultamos Satildeo eles chapiteo cheleira maccedilame

encalamentos sejar sirgideiras

Por se tratar de uma heranccedila portuguesa toda a terminologia naacuteutica presente no

Diccionario de Lingua Brasileira se restringe em sua maior parte como podemos ver a

termos oriundos da Europa

Passemos no proacuteximo capiacutetulo agraves Consideraccedilotildees finais

179

Capiacutetulo 6

180

Capiacutetulo 6 ndash Consideraccedilotildees finais

Esta dissertaccedilatildeo teve como objetivo realizar um estudo do leacutexico correspondente agrave

terminologia naacuteutica presente no Diccionario da Lingua Brasileira publicado por Luiz

Maria da Silva Pinto proprietaacuterio da Typografia de Silva na cidade mineira de Ouro Preto no

ano de 1832

Tivemos como objetivos especiacuteficos estudar as origens dos termos naacuteuticos

conferir se os termos selecionados se encontravam presentes em obras lexicograacuteficas de

referecircncia nos seacuteculos XVIII XIX XX e se os mesmos mantiveram seus significados e

ainda se constavam como ldquotermos naacuteuticosrdquo consultar o corpus do Projeto DHPB CNPq

(composto por documentos e textos da eacutepoca colonial) com o objetivo de verificar se os

termos constantes no Diccionario da Lingua Brasileira integraram no passado o nosso

leacutexico verificar se a terminologia naacuteutica presente no Diccionario da Lingua Brasileira

descreve a realidade brasileira nessa aacuterea ou se faz parte desse dicionaacuterio somente com o

objetivo de enriquecer nosso leacutexico apontar os termos naacuteuticos do dicionaacuterio Aureacutelio ndash seacuteculo

XXI comparar esses termos com o primeiro dicionaacuterio impresso no Brasil ou seja o

Diccionario da Lingua Brasileira verificando se houve manutenccedilatildeo expansatildeo ou mudanccedila

nesse leacutexico de especialidade contribuir para o desenvolvimento da investigaccedilatildeo histoacuterica na

aacuterea da Terminologia disponibilizando um estudo da aacuterea de especialidade devidamente

analisado

Nosso interesse em pesquisar a terminologia naacuteutica nesse dicionaacuterio que se

intitula o primeiro dicionaacuterio da liacutengua brasileira pautou-se nas seguintes questotildees i) Quais

seriam os primeiros termos que fizeram parte de um dicionaacuterio brasileiro ii) Eles se mantecircm

ainda na liacutengua ou seja satildeo dicionarizados Essa terminologia fazia parte realmente do leacutexico

brasileiro da eacutepoca ou era ldquoidealrdquo que fizesse

Aleacutem de termos naacuteuticos o DLB marca termo anatomico termo de bombeiros

termo de architectura termo de geometria termo meacutedico termo militar termo de artilheria

termo de fortificaccedilatildeo termo forense termo familiar termo juriacutedico termo methaphysico

termo mythologico termo de pintura termo plebeu termo vulgar termo baixo Nosso

interesse se voltou para os termos naacuteuticos por serem esses os de maiores ocorrecircncias na obra

estudada Analisamos 153 unidades leacutexicas terminoloacutegicas sendo 117 substantivos 3

adjetivos 32 verbos e 2 adveacuterbios

Apoacutes leitura da obra seleccedilatildeo de termos construccedilatildeo do corpus e anaacutelise dos dados

constatamos que os substantivos se destacam com 7647 dos dados os adjetivos com 196

181

e os adveacuterbios com 065 Surpreendeu-nos a quantificaccedilatildeo dos verbos 2092 em valores

numeacutericos 32 nuacutemero expressivo em se tratanto de leacutexico especializado Desses verbos o

Dicionaacuterio Aureacutelio Seacuteculo XXI traz somente 17 arfar arriar barbear bracear ciar-se

cruzar descair dobrar embonar encapelar envergar ferrar guinar iccedilar pairar proejar

sarpar Consultando o Banco de Dados do PDHPB contamos 14 desses verbos arrolados

arfar arriar barbear ciar cruzar descahir dobrar encapelarescacear ferrar guinar

iccedilar pairar sarpar Todos esses termos conforme podemos constatar dicionarizados

tambeacutem pelo Aureacutelio com exceccedilatildeo de bracear embonar envergar guinar proejar Isso nos

leva a pensar que em se tratando da realidade brasileira Silva Pinto apresentou um nuacutemero

bem maior de verbos com a marca de uso ldquonaacuteuticosrdquo

Interessante tambeacutem eacute observar que os termos naacuteuticos que satildeo inseridos na obra

de Luiz Maria da Silva Pinto satildeo muito superiores quase trecircs vezes ao nuacutemero que o Banco

de Dados consultado aponta 56 termos Contemporaneamente essa marca terminoloacutegica

tambeacutem eacute menor jaacute que o Aureacutelio registra 105 termos naacuteuticos Observamos ainda variaccedilotildees

na marca de uso ldquotermo naacuteuticosrdquo o que indica sub-especialidades nessa aacuterea jaacute na eacutepoca do

Brasil colocircnia Nossa anaacutelise mostra que a terminologia apontada por Silva Pinto natildeo

retratava satisfatoriamente a realidade da eacutepoca nem se manteacutem totalmente hoje

No que se refere agrave origem constatamos a predominacircncia de nomes de origem

portuguesa 3595 das ocorrecircncias totais Em se tratando de base europeia bastante

representativos tambeacutem foram os termos de origem francesa espanhola e italiana Em

segundo lugar contabilizamos os nomes de origens incerta controvertida duvidosa e obscura

com 1831 de ocorrecircncias Acreditamos que esse iacutendice alto de palavras de origem natildeo

identificada se deve ao fato de muitos desses termos que retratam equipamentos artefatos

processos ou teacutecnicas da navegaccedilatildeo terem sido cunhados em um paiacutes e usados em outros por

pessoas na maioria das vezes quase sem nenhuma escolaridade como eacute o caso de muitos

marinheiros Natildeo encontramos nenhum termo naacuteutico de origem americana de liacutenguas

indiacutegenas caribenhas ou preacute-colombianas natildeo encontramos tambeacutem termos hiacutebridos nem

africanos

Entatildeo em se tratando da terminologia naacuteutica como se justifica uma obra se

intitular Diccionario da Lingua Brasileira se natildeo identifica nem descreve os termos de sua

eacutepoca Conforme Biderman (1994 p 27) os dicionaacuterios devem ser uma espeacutecie de porta-

voz da sociedade falar em nome dela e reunir em sua nomenclatura o repertoacuterio lexical em

uso na sua sociedade e da forma pela qual ela usualmente se exprime Inserindo-nos no

periacuteodo histoacuterico da publicaccedilatildeo do dicionaacuterio isto eacute dez anos apoacutes a Independecircncia do Brasil

182

em uma sociedade que comeccedilava a discutir a questatildeo da ldquoliacutengua brasileirardquo acreditamos que

Luiz Maria da Silva Pinto brasileiro mas de formaccedilatildeo lusitana detentor de ideologias

historicamente contruiacutedas quis contribuir com a constituiccedilatildeo da sociedade brasileira

acreditando que fornecer um leacutexico de origem europeia ou ldquobem formadordquo era seu dever

como brasileiro culto e proprietaacuterio de uma tipografia Com base em nosso estudo podemos

dizer que seu dicionaacuterio eacute prescritivista

Neste ainda iniacutecio de seacuteculo quando a lexicografia contemporacircnea passou a ver

o dicionaacuterio de liacutengua sob outra oacutetica40

atribuindo isso ao reconhecimento de seu verdadeiro

papel que eacute o de registrar a norma lexical que impera em uma sociedade41

acreditamos que

os resultados de nossa anaacutelise trazem elementos para a histoacuteria da lexicografia e da

terminologia brasileira jaacute que passamos a conhecer um pouco mais o seu iniacutecio estudando

uma obra que como mostramos em 14 natildeo eacute o primeiro Diccionario da Lingua Brasileira

mas eacute o primeiro dicionaacuterio impresso no Brasil

40

BIDERMAN 1994 p 28 41

Ibidem

183

Referecircncias

184

Referecircncias

ARAUacuteJO P M B Hum diccionario sem auctor versus hum auctor com diccionario Rio de

Janeiro Non Edictandi 2009

BABINI M Do conceito agrave palavra os dicionaacuterios onomasioloacutegicos Satildeo Paulo Ciecircncia e

Cultura (SBPC) v 2 2006 p 38-42

BARROS L A Conhecimentos de terminologia geral e praacutetica tradutoacuteria Satildeo Paulo

NovaGraf 2007

BARROS L A Curso baacutesico de Terminologia Satildeo Joseacute do Rio Preto Editora UNESP

2009

BIDERMAN M T C A formaccedilatildeo e a consolidaccedilatildeo da norma lexical e lexicograacutefica no

Portuguecircs do Brasil in Histoacuteria do saber lexical e constituiccedilatildeo de um leacutexico brasileiro JH

NUNES e M PETTER (Org) Satildeo Paulo Humanitas Campinas Pontes 2002

BIDERMAN M T C A nomenclatura de um dicionaacuterio de liacutengua In Anais do Seminaacuterio

do Grupo de Estudos Linguiacutesticos (Gel) Satildeo Paulo v1 n23 24-42 1994

BIDERMAN M T C As Ciecircncias do Leacutexico In Ana Maria Pinto de Olveira Aparecida

Negri Isquerdo (Orgs) As Ciecircncias do Leacutexico Lexicologia Lexicografia Terminologia

Campo Grande Ed UFMS 1998

BIDERMAN M T C Dimensotildees da Palavra In Filologia e Linguiacutestica Portuguesa n 2 p

81-118 1981

BIDERMAN M T C Teoria Linguiacutestica teoria lexical e linguiacutesitica computacional Satildeo

Paulo Martins Fontes 2001

BIDERMAN M T C Unidades complexas do leacutexico In Rio-Torto G Figueiredo O M

Silva F (orgs) Estudos em Homenagem ao Professor Doutor Maacuterio Vilela 1ordf ed Porto

Portugal Faculdade de Letras da Universidade do Porto 2005 v II p 747-757 Disponiacutevel

em httplerletrasupptuploadsficheiros4603pdf

BIDERMAN MTC A estrutura mental do leacutexico In Estudos de Filologia Satildeo Paulo T A

QueirozEDUSP p131-145 1981

BIDERMAN Maria Teresa Camargo Leacutexico testemunho de uma cultura In Anais do XIX

Congresso internacional de Linguiacutestica e Filologia Romacircnica Santiago de Compostela 49

de setembro de 1978

BLUTEAU R Vocabulario Portuguez e Latino Coimbra Companhia de JESUS 1712

BOXER C R O Impeacuterio Mariacutetimo Portuguecircs Satildeo Paulo Companhia das Letras 2002

BUENO E Brasil Terra agrave vista Porto Alegre LGPM 2003

BYNON T Historical Linguistics London CUP 1977

185

CABREacute M T Importancia de la terminologiacutea en la fijacioacuten de la lengua Revista

internacional de liacutengua portuguesa Lisboa Editorial Notiacutecias n 15 jul 96 p9-24

CABREacute M T La terminologia Teoria Metodologia Aplicacio-nes Barcelona

AntaacutertidaEmpuacuteries 1993

CABREacute M T Lexicologia y variacioacuten hacia um modelo integrado In Simpoacutesio

Iberoamericano de Terminologia RITERM 1996

CABREacute M Teresa 1999 La terminologiacutea ndash representacioacuten y comunicacioacuten Barcelona

IULA Universitat Pompeu Fabra

CAacuteCERES F Histoacuteria do Brasil Satildeo Paulo Modernas 1993

COHEN M A A M A liacutengua do seacuteculo XVII e a liacutengua contemporacircnea In Anais do XI

Encontro Internacional da ALFAL Las Palmas (Gram Canaacuteria) 1996

CORREIA M Terminologia e morfologia marcas morfoloacutegicas da geacutenese do vocabulaacuterio da

Naacuteutica em portuguecircs Disponiacutevel em lthttpwwwiltecptpdfwpapers2004-mcorreia-

barcelonapdfgt Acesso em 20 Abr 2011

COSERIU E Sincronia diacronia e histoacuteria O problema da mudanccedila linguiacutestica Rio de

Janeiro Presenccedila Satildeo Paulo EDUSP 1979

COSTA FILHO M A Imprensa Mineira no Primeiro Reinado Rio de Janeiro [sn] 1955 62p (Tese apresentada ao VI Congresso Nacional de Jornalistas)

CUNHA A G da Dicionaacuterio Etimoloacutegico da Liacutengua Portuguesa 3ordf ediccedilatildeo 2ordf impressatildeo

Rio de Janeiro Lexikon Editora Digital 2007

CUNHA A G da Dicionaacuterio Etimoloacutegico Nova Fronteira da Liacutengua Portuguesa 2ordf ediccedilatildeo

Rio de JaneiroNova Fronteira 1987

DIAS L F BEZERRA M A Gramaacutetica e Dicionaacuterio In GUIMARAtildeES E

ZOPPIFONTANA (Orgs) Introduccedilatildeo agraves Ciecircncias da Linguagem ndash A Palavra e a Frase

Campinas Pontes Editores p 11-37 2006

ESQUADRA Disponiacutevel em lthttpwwwgooglecombrsearch3Fq3D2522Marinha

2BImperial2BBrasileiragt Acesso em 1 Abr 2011

ESQUIVEL F M C La lexicografia em las variedades no estaacutendar Jaeacuten- Espanha Editora

da Universidade de Jaeacuten 2001

FARACO C A Linguiacutestica histoacuterica Satildeo Paulo Aacutetica 1991

FAULSTICH E Princiacutepios formais e funcionais de variaccedilatildeo em terminologia Seminaacuterio de

Terminologia Teoacuterica Barcelona Espanha 28-29 de jan 1999

FERREIRA A B de H Novo Dicionaacuterio Eletrocircnico Aureacutelio versatildeo 50 Satildeo paulo Nova

Fronteira 2003 CD-ROM

186

FERREIRA A B de H Novo Dicionaacuterio Rio de Janeiro Nova Fronteira 1987

FINATTO M J B Introduccedilatildeo agrave Terminologia teoria e praacutetica Satildeo Paulo Contexto 2004

FREIRE L Grande e Noviacutessimo Dicionaacuterio da Liacutengua Portuguesa 1ordf ediccedilatildeo 1ordf impressatildeo

Rio de Janeiro Editocircra A Noite SA 1939 ∕ 1944

FREITAS M A Teixeira Os Serviccedilos Estatiacutesticos do Estado de Minas Gerais Revista

Brasileira de Estatiacutestica Ano I nordm 1 janmar 1940 p108-130

GUILBERT L La creativiteacute lexicalie Paris Larousse 1992

HAENSCH G WOLF L ETTINGER S WERNER R La lexicografia ndash de la linguiacutestica

teoacuterica a la lexicografia praacutectica Madrid Gredos 1982

HOUAISS A Dicionaacuterio Houaiss da liacutengua Portuguesa Rio de Janeiro Objetiva 2001

In OLIVEIRA Ana M P P de e ISQUERDO Aparecida N (orgs) As ciecircncias do leacutexico

lexicologia lexicografia terminologia Campo GrandeMS Editora da UFMS 1989 p 129-

149

ISQUERDO A N ALVES I M As ciecircncias do Leacutexico Lexicologia Lexicografia

Terminologia v3 Campo Grande Editora da UFMS 2007

KRIEGER M da G Do reconhecimento de terminologias entre o linguiacutestico e o textual In

IS QUERDO AN amp KRIEGER MG As Ciecircncias do Leacutexico 2 UFMS UFRGS Campo

GrandePorto Alegre 2006

KRIEGER M da G FINATTO Maria J B Introduccedilatildeo agrave Terminologia teoria amp praacutetica

Satildeo Paulo Contexto 2004

LEPSCHY J Leacutexico Enciclopeacutedia Einaudi linguagem e enunciaccedilatildeo v 2 Portugal

Imprensa Nacional-Casa da Moeda 1984

LORENTE M A lexicologia como ponto de encontro entre a gramaacutetica e a semacircntica In

ISQUERDO A N e KRIEGER MG As ciecircncias do leacutexico vol II Campo Grande Editora

UFMS 2004

MAPA Disponiacutevel em lthttpacademiagoianadeletrasorgmembroluiz-maria-da-silva-

pintogt Acesso em 1 abr 2011

MARINHA IMPERIAL Disponiacutevel em lthttpwwwmarmilbrdiversosArtigos_

selecionadosDocumentosmarinha_imperialpdfgt Acesso em 25 Abr 2011

MATOREacute G La meacutethode en lexicologie Domaine franccedilais Paris Didier 1953

MINEIRO A Uma abordagem lexical da Terminologia Naacuteutica no PE In Actas do IX

Simpoacutesio ibero-americano de Terminologia Barcelona Barcelona Espanha 2006

187

MURAKAWA C A (1998) Tradiccedilatildeo lexicograacutefica em liacutengua portuguesa Bluteau Moraes

e Vieira In OLIVEIRA AMPP amp ISQUERDO A N (orgs) As ciecircncias do leacutexico

lexicologia lexicografia terminologia v3 Campo Grande Editora da UFMS 2007

MURAKAWA C A A Dicionaacuterio Histoacuterico do Portuguecircs do Brasil um modelo de

dicionaacuterio Histoacuterico In ALVES Ieda Maria e Lino Maria Tereza (Org) Revista de

Filologia e Linguiacutestica Portuguesa Satildeo Paulo FFLCHUSP 2010 v 12 p 329-349

MURAKAWA C de A A Empreacutestimo linguiacutestico interno um estudo sobre o vocabulaacuterio

da naacuteutica portuguesa In Histoacuteria da Liacutengua e Histoacuteria da Gramaacutetica Actas do Encontro

Coleccedilacirco Poliedro 11 Braga Portugal Universidade do Minho Centro de Estudos

Humaniacutesticos 2002

MUSSALIM F BENTES A C (Orgs) Introduccedilatildeo agrave Linguiacutestica 6 ed Satildeo Paulo Cortez

2001 v 1-2

NAVEGACcedilOtildeES Disponiacutevel em lthttpwwwgooglecombrsearchhl=ptgt Acesso em 1

Abr 2011

NEIVA A Estudos da liacutengua nacional Satildeo Paulo Brasiliana 1940

NUNES J H Dicionaacuterios no Brasil anaacutelise e histoacuteria do seacuteculo XVI ao XIX Campinas

Pontes 2006

NUNES J H Discurso e Instrumentos Linguiacutesticos no Brasil dos Relatos de Viajantes aos

Primeiros Dicionaacuterios Campinas UNICAMP tese de doutorado 1996

NUNES J H e PETTER M (Orgs) Histoacuteria do saber lexical e constituiccedilatildeo de um leacutexico

brasileiro Satildeo Paulo Humanitas 2002 p 29-30

NUNES J H Histoire Epistemologie Langage Satildeo Paulo Humanitas 2006

OGDEN C K RICHARDS I A The Meaning of Meaning Londres Routledge amp Kegan

Paul 1923

OLIVEIRA A M P O portuguecircs do Brasil brasileirismos e regionalismos Tese de

Doutorado -UNESP Araraquara Satildeo Paulo 1999

ORGANISATION INTERNATIONALE DE NOTMALISATION Terminologie ndash

Vocabulaire Genebra ISO 1990 (Norme Internationale ISO 1087 1990)

ORLANDI E P O Estado a Gramaacutetica a Autoria Relatos n 4 jun Campinas UNICAMP

1997

PAVEL S NOLET D Manual de Terminologia Trad de FAULSTICH Enilde Disponiacutevel

em ltwwwURL wwwtranslationbureaugccagt

PERES D Histoacuteria dos descobrimentos portugueses Lisboa Comissatildeo executiva das

comemoraccedilotildees do Quinto Centenaacuterio da morte do Infante D Henrique 1959

188

PIGAFETTA A A primeira viagem ao redor do mundo o diaacuterio da expediccedilatildeo de Fernatildeo de

Magalhatildees Porto Alegre LampPM 1985

PINTO Luiz Maria da Silva Diccionario da Lingua Brasileira Ouro Preto Typographia de

Silva 1832

REY A (dir) Dictionnaire historique de la langue franccedilaise 2 vols Paris Le Robert 1992

REY Alan A terminologia entre a experiecircncia da realidade e o comando dos signos Satildeo

Paulo Humanitas 2007

RODRIGUES A D Liacutenguas indiacutegenas 500 anos de descobertas e perdas DELTA

vol9 n 1 pp 83-103 1993

SAUSSURE F ldquoNatureza do signo linguiacutesticordquo In Curso de Linguiacutestica Geral Satildeo Paulo

Cultrix 1970 pp 79-84

SEABRA Maria Cacircndida Trindade Costa (Org) O leacutexico em estudo Belo Horizonte Editora

FALEUFMG 2006

SEABRA Maria Cacircndida Trindade Costa Dom Joatildeo VI e o iniacutecio da imprensa no Brasil e

em Minas Gerais In Revista do Instituto Histoacuterico e Geograacutefico de Minas Gerais Belo

Horizonte Santaclara volume XXXI julho de 2008

SILVA NETO Serafim da Introduccedilatildeo ao estudo da Liacutengua Portuguesa no Brasil 3 ed Rio

de Janeiro Presenccedila 1976

SILVA Antonio de Moraes e Diccionario da Lingua Portugueza 2ordf ediccedilatildeo Lisboa

Typographia Laceacuterdina 1813

SILVESTRE J P O Vocabulario Portuguez e Latino principais caracteriacutesticas da obra

lexicograacutefica de Rafael Bluteau Artigo disponiacutevel em lt

httpclpdlcuaptPublicacoesvocabulario_principais_caracteristicaspdfgt Acesso em 25

abr 2011

SOUSA F J de MOURA F J de S A Vestiacutegios da liacutengua araacutebica em Portugal Lisboa

Academia Real das Sciencias 1830 (ed Fac-simile Lisboa Alcalaacute 2004)

TAUNAY A Inopia cientiacutefica e vocabular dos grandes dicionarios portuguezes Satildeo

Paulo Imprensa Oficial 1932 182 p

THEODORO J Pensadores exploradores e mercadores dos mares oceanos e continentes

Satildeo Paulo Scipione 1994

ULLMANN S The Principles of Semantics Glasgow Jackson amp Oxford Blackwell 1957

VALE B Estrateacutegia poder mariacutetimo e a criaccedilatildeo da Marinha do Brasil In Revista Navigator

Rio de Janeiro Serviccedilo de Documentaccedilatildeo Geral da Marinha n 4 dezembro de 1971 p 10

189

VEIGA J P X da Efemeacuterides mineiras Ouro Preto [sn] 1897 p 47-52

VEIGA J P X da Palavras preliminares Revista do Arquivo Puacuteblico Mineiro Ouro Preto

ano 1 fasc I p III e IV janmar 1896

Page 5: A TERMINOLOGIA NÁUTICA NO DICCIONARIO DA LINGUA … · Diccionario da Lingua Brasileira (DLB), de Luiz Maria da Silva Pinto. Publicado na cidade de Ouro Preto, Minas Gerais, na Typografia

Agradecimentos

A Deus que tem cuidado dos meus caminhos tem me orientado e abenccediloado permitindo-me

alcanccedilar mais uma conquista

Aos meus pais que foram exemplos de vida para mim

Agrave Profordf Dra Maria Cacircndida Trindade Costa de Seabra orientadora na plena acepccedilatildeo da

palavra ao seu apoio incondicional constante e seguro com quem o estudo e o trabalho satildeo

experiecircncias gratificantes e extremamente enriquecedoras

Aos meus irmatildeos e irmatildes pela compreensatildeo e suporte durante toda a minha vida

Agraves minhas amigas itabiranas Ritinha Graccedila Andrade e Karine pela amizade e presenccedila o

meu carinho e gratidatildeo

Agrave Fernanda amiga querida a quem eu admiro pelo incentivo e confidecircncias nos momentos

difiacuteceis

Agrave Antocircnia pela presenccedila apoio disponibilidade e por cuidar dos meus filhos quando estive

ausente

Ao Paulo Araujo pessoa iacutempar que sempre atendeu com a maacutexima gentileza e

disponibilidade todas as solicitaccedilotildees que lhe fiz durante a pesquisa

Agrave Profordf Graccedila Lima pelo seu constante incentivo e abertura de horizontes intelectuais

Aos professores do Mestrado pelo profissionalismo sempre presente em todas as atividades

desenvolvidas

Meus agradecimentos especiais agrave Suely Perucci coordenadora do Museu dos Inconfidentes de

Ouro Preto e ao Dr Joseacute Mendonccedila Telles Coordenador do Centro de Cultura Goiana pela

disponibilidade e atenccedilatildeo as minhas solicitaccedilotildees

Agrave Elizabete e ao Joel por me acolherem carinhosamente em sua casa em Satildeo Joseacute do Rio

Preto ao participar do Seminaacuterio de Terminologia na UNESP

Enfim a todos vocecircs que fizeram diferenccedila nesta etapa de minha vida deixo registrado um

carinhoso muito obrigada

Chamam por mim as aacuteguas

Chamam por mim os mares

Chamam por mim levantando uma voz corpoacuterea os longes

As eacutepocas mariacutetimas todas sentidas no passado a chamar (Ode Mariacutetima Aacutelvaro de Campos)

Resumo

O presente trabalho tem como objetivo o estudo dos termos naacuteuticos constantes no

Diccionario da Lingua Brasileira (DLB) de Luiz Maria da Silva Pinto Publicado na cidade

de Ouro Preto Minas Gerais na Typografia Silva no ano de 1832 dez anos depois de

proclamada a independecircncia do Brasil esse dicionaacuterio eacute hoje considerado o primeiro

dicionaacuterio impresso nesse paiacutes De tamanho pequeno tem 1111 paacuteginas nos moldes atuais de

um ldquodicionaacuterio portaacutetilrdquo o DLB eacute um livro raro Para a realizaccedilatildeo desta pesquisa utilizamo-

nos do volume em formato digital da ediccedilatildeo microfilmada da obra realizada pelo Arquivo

Puacuteblico Mineiro localizado na capital mineira Belo Horizonte Inicialmente fizemos

levantamento das unidades leacutexicas que remetem ao mundo da navegaccedilatildeo observando as

ldquomarcas de usordquo que se referem agrave terminologia naacuteutica Partimos portanto de um corpus

dicionariacutestico de terminologia naacuteutica composto de 153 termos constituiacutedos de 117

substantivos 03 adjetivos 32 verbos e 1 adveacuterbio Em uma segunda etapa os dados foram

organizados em fichas lexicograacuteficas Para cada um dos termos construiacutemos uma ficha

lexicograacutefica que nos indica se o termo ocorreu ou natildeo no Brasil desde o periacuteodo colonial ateacute

os dias de hoje aleacutem de mostrar origens e outras informaccedilotildees importantes para anaacutelise

linguiacutestica Para os conceitos de leacutexico lexicologia apoiamo-nos em Haensch Biderman

Krieger e Finatto para a Terminologia em Barros Para a anaacutelise dos dados ao longo do

tempo tomamos como base norteadora a concepccedilatildeo de Linguiacutestica Histoacuterica tal como

apresentada por Bynon e Cohen Como partimos de um tema ou seja da terminologia

naacuteutica trabalhamos com o percurso ldquodo conceito agrave palavrardquo nos moldes do meacutetodo

onomasioloacutegico Em seguida estendemos nossa anaacutelise agrave palavra ou ao signo linguiacutestico -

percurso semasioloacutegico Nossa anaacutelise apontou uma terminologia de base europeia pouco

representativa da realidade mariacutetima brasileira pouco descritiva e bastante prescritiva

Palavras-chave Lexicografia Terminologia Liacutengua Brasileira Liacutengua Portuguesa

Minas Gerais

Abstract

This paper aims the study of nautical terms contained in the Brazilian Language Dictionary

(Diccionario da Lingua Brasileira) (DLB) Luiz Maria da Silva Pinto It was published in

Ouro Preto in Minas Gerais at Typography Silva in 1832 ten years after the proclamation of

the independence of Brazil This dictionary is now considered the first printed dictionary in

that country Its size is small but there are 1111 pages in the current pattern of a portable

dictionary The DLB is a rare book In the presented study we have used the volume in

digital format of the microfilm edition undertaken by the Arquivo Puacuteblico Mineiro that is

located in the capital of Minas Gerais Belo Horizonte At first we surveyed the lexical words

referring to the world of navigation noting the tags of use which refers to nautical

terminology We started the paper from a dicitionary corpus of nautical terminology

composed of 153 terms consisting of 117 nouns 03 adjectives 32 verbs and an adverb In a

second step the data were arranged in lexicographic forms In each of the words we wrote a

lexical form that shows us if the word was used or not in Brazil since the colonial era to the

present day besides showing the origins and other important information for linguistic

analysis We based ourselves on Haensch Biderman Krieger and Finatto for the concepts of

lexicon and lexicology and on Barros for the Terminology For data analysis we took as the

basis guiding the development of Historical Linguistics as presented by Cohen and Bynon As

we started from nautical terminology we worked towards ldquothe concept to word similar to the

method onomasiological Next we extended our analysis to the word or the sign language - a

route semasiology Our analysis revealed an European terminology and unrepresentative of

the Brazilian maritime context rather descriptive and prescriptive

Key-words Lexicography Terminology Language Brazilian Portuguese Minas Gerais

ABREVIATURAS E SIGLAS

Adj ndash adjetivo

Adv ndash adveacuterbio

Cf ndash Confira

DLB ndash Diccionario da Lingua Brasileira

DPB ndash Dicionaacuterio Portuguecircs-Brasiliano

LI ndash Liacutengua Indiacutegena

LP ndash Liacutengua Portuguesa

ne ndash natildeo encontrado

naacuteut ndash naacuteutico

p ndash Paacutegina

PDHPB ndash Projeto Dicionaacuterio Histoacuterico do Portuguecircs do Brasil

s ndash substantivo

sf substantivo feminino

sm ndash substantivo masculino

TN ndash Traduccedilatildeo nossa

v ndash verbo

VLB ndash Vocabulaacuterio na Liacutengua Brasiacutelica

lt ndash Procede de

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 ndash Classificaccedilatildeo morfoloacutegica dos dados analisados161

Tabela 2 ndash Classificaccedilatildeo do gecircnero dos dados analisados162

Tabela 3 ndash Quadro comparativo dos termos naacuteuticos164

LISTA DE GRAacuteFICOS

Graacutefico 1 ndash Unidades lexicais encontradas em dicionaacuterios e banco de dados163

Graacutefico 2 ndash Unidades lexicais destacadas como termo naacuteutico168

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 ndash Relaccedilatildeo Triaacutedica23

Figura 2 ndash Triacircngulo de Ogden e Richards adaptado por Biderman24

Figura 3 ndash Ficha lexicograacutefica57

Figura 4 ndash Ficha lexicograacutefica preenchida58

LISTA DE FOTOS

Foto 1 ndash Diccionario da Lingua Brasileira 32

Foto 2 ndash Detalhe da capa do Diccionario 33

Foto 3 ndash Casa de Silva Pinto em Ouro Preto35

Foto 4 ndash Localizaccedilatildeo da casa de Silva Pinto em Ouro Preto35

Foto 5 ndash Notiacutecia de Jornal37

Foto 6 ndash Diccionario Brasileiro (1832)38

Foto 7 ndash Prologo do Diccionario da Lingua Brasileira39

LISTA DE IMAGENS

Imagem 1 ndash Lista de abreviaturas proposta pelo Diccionario da Lingua Brasileira40

Imagem 2 ndash Primeira Esquadra brasileira46

Imagem 3 ndash Marinha Imperial48

Imagem 4 ndash Documentaccedilatildeo da obra digitalizada55

Imagem 5 ndash Obra consultada digitalizada pelo APM56

Imagem 6 ndash O Vocabulario de Bluteau60

Imagem 7 ndash O Diccionario de Moraes Silva61

Imagem 8 ndash Grande e Noviacutessimo Dicionaacuterio da Liacutengua Portuguesa de Laudelino Freire62

Imagem 9 ndash Unidades lexicais natildeo marcadas como termo naacuteutico171

LISTA DE MAPAS

Mapa 1 ndash As grandes navegaccedilotildees43

Mapa 2 ndash Terra Brasilis45

Sumaacuterio

Introduccedilatildeo 14

Capiacutetulo 1 ndash O Leacutexico em foco 17

11 Lexicologia 17

111 Leacutexico 19

1111 Leacutexico e Referecircncia 22

12 Lexicografia 25

121 Dicionaacuterio 26

1211 Os Dicionaacuterios na eacutepoca do Brasil Colocircnia 27

12111 Dicionaacuterios Bilingues29

12112 Dicionaacuterios Monolingues30

13 Terminologia 31

14 O Diccionario da Lingua Brasileira de Luiz Maria da Silva Pinto 32

Capiacutetulo 2 ndash Contextualizaccedilatildeo histoacuterica 42

21 As grandes navegaccedilotildees 42

22 As navegaccedilotildees na eacutepoca do Brasil Colocircnia 44

23 As navegaccedilotildees na eacutepoca do Brasil Impeacuterio 47

24 Consideraccedilotildees 48

Capiacutetulo 3 ndash Procedimentos Metodoloacutegicos 51

31 Objetivos 52

32 Caracteriacutesticas do Diccionario da Lingua Brasileira 54

33 Meacutetodos e Procedimentos 55

332 Fichas Lexicograacuteficas 57

332 Sobre os dicionaacuterios consultados 59

333 Sobre o Banco de Dados 63

Capiacutetulo 4 Apresentaccedilatildeo e descriccedilatildeo dos dados 65

Capiacutetulo 5 - Anaacutelise e discussatildeo dos resultados 161

51 Quanto agrave classificaccedilatildeo gramatical dos termos 161

52 Quanto agrave forma e gecircnero dos termos naacuteuticos do DLB 162

53 Quanto ao nuacutemero de unidades lexicais presentes em obras de referecircncia 163

54 Descriccedilatildeo e Comparaccedilatildeo dos Dados 168

55 Sobre a marca de uso termo naacuteutico 170

551 Variaccedilatildeo no Diccionario de Lingua Brasileira 170

552 Variaccedilatildeo em outros dicionaacuterios 171

56 Quanto agrave origem 172

Capiacutetulo 6 ndash Consideraccedilotildees Finais 180

Referecircncias 184

13

Introduccedilatildeo

14

Introduccedilatildeo

Conforme postulam Krieger e Finatto (2004 p 24) tomando como referecircncia

Rondeau (1984 p1) qualquer histoacuteria sobre as linguagens especializadas natildeo pode deixar de

lembrar que

A terminologia natildeo eacute um fenocircmeno recente Com efeito tatildeo longe quanto se

remonte na histoacuteria do homem desde que se manifesta a linguagem nos

encontramos em presenccedila de liacutenguas de especialidade eacute assim que se encontra a

terminologia dos filoacutesofos gregos a liacutengua de negoacutecios dos comerciantes cretas os

vocaacutebulos especializados da arte militar etc

Certamente a terminologia entendida como o leacutexico dos saberes teacutecnicos e

cientiacuteficos eacute uma praacutetica antiga Seu interesse deixa de estar restrito aos especialistas quando

as pessoas necessitam dominar o vocabulaacuterio especiacutefico de seus campos de competecircncia Isso

se daacute sobretudo em eacutepocas de grandes transaccedilotildees comerciais entre as naccedilotildees quando os

termos ultrapassam o acircmbito comercial expandindo-se para o mundo cientiacutefico tecnoloacutegico e

cultural

Integrando em uma proporccedilatildeo maior ou menor o cotidiano das pessoas esses

termos passam a ser inscritos em dicionaacuterios de liacutengua Consequentemente ampliam-se o

contato e o uso das terminologias mesmo com alteraccedilotildees denominativas e perdas conceituais

efeitos proacuteprios da divulgaccedilatildeo do conhecimento em grande escala

Todo esse conjunto de fatores sociais linguiacutesticos e culturais em torno do termo

despertou nosso interesse em pesquisar a terminologia naacuteutica no primeiro Diccionario da

Lingua Brasileira de Luiz Maria da Silva Pinto publicado na cidade mineira de Ouro Preto

no ano de 1832 Levaram-nos a propor esta pesquisa questotildees como i) quais seriam os

primeiros termos que fizeram parte de um dicionaacuterio que se intitula brasileiro ii) por que

eles seriam selecionados essa terminologia naacuteutica fazia parte realmente do leacutexico

brasileiro ou era ldquoidealrdquo que fizesse

Nossas discussotildees se dividiratildeo em 6 capiacutetulos

No capiacutetulo I intitulado O Leacutexico em foco abordaremos o estudo do leacutexico

como a aacuterea da liacutengua responsaacutevel por registrar o conhecimento do universo enfocando

principalmente os estudos realizados por Biderman Discorreremos acerca da lexicologia e da

lexicografia de seus pressupostos teoacutericos desenvolvidos por Matoreacute Haensch Biderman

Krieger e Finatto Discorreremos tambeacutem sobre os Dicionaacuterios na eacutepoca do Brasil Colocircnia

destacando as obras biliacutengues e monolingues A Terminologia seraacute enfocada neste capiacutetulo

15

com pressupostos definidos por Barros Ainda neste capiacutetulo trataremos do dicionaacuterio em

estudo e de seu impressor Luiz Maria da Silva Pinto

No capiacutetulo II Contextualizaccedilatildeo histoacuterica versaremos sobre as grandes

navegaccedilotildees destacando as navegaccedilotildees nas eacutepocas do Brasil Colocircnia e do Brasil Impeacuterio

No capiacutetulo III denominado Procedimentos metodoloacutegicos apresentaremos os

meacutetodos utilizados nas vaacuterias etapas do nosso estudo Enfocaremos os procedimentos

adotados para a coleta dos dados a construccedilatildeo do corpus a metodologia para a confecccedilatildeo das

fichas lexicograacuteficas que seratildeo apresentadas no capiacutetulo 4 e tambeacutem os criteacuterios empregados

para a seleccedilatildeo dos dicionaacuterios consultados Neste capiacutetulo baseando-nos em Murakawa

(2010) faremos um breve relato do Banco de Dados do Projeto Dicionaacuterio Histoacuterico do

Portuguecircs do Brasil ndash seacuteculos XVI XVII XVIII base de dados usada como consulta neste

trabalho

No capiacutetulo IV intitulado Apresentaccedilatildeo e descriccedilatildeo dos dados apresentaremos

o nosso corpus referente agrave terminologia naacuteutica coletado na obra Diccionario da Lingua

Brasileira de Luiz Maria da Silva Pinto Os dados retirados do corpus seratildeo apresentados na

forma de fichas lexicograacuteficas contendo a) a transcriccedilatildeo do verbete selecionado b) registros

em dicionaacuterios c) abonaccedilatildeo do termo em Banco de Dados d) comentaacuterios e) origens Essas

informaccedilotildees serviratildeo de subsiacutedio para nossa anaacutelise linguiacutestica

No capiacutetulo V designado como Anaacutelise e discussatildeo dos resultados

apresentaremos anaacutelises quantitativas e discussatildeo de resultados

No capiacutetulo VI abordaremos algumas Consideraccedilotildees finais sobre nossa

pesquisa quando seratildeo relembrados nossos objetivos e as conclusotildees decorrentes das anaacutelises

propostas

16

Capiacutetulo 1

17

Capiacutetulo 1 ndash O Leacutexico em foco

Segundo Biderman (1998 p 11) o leacutexico de uma liacutengua constitui uma forma de

registrar o conhecimento do universo Atraveacutes de um processo criativo de organizaccedilatildeo o

homem rotula seres e objetos e os classifica simultaneamente identificando semelhanccedilas e

distinguindo traccedilos estruturando o mundo que o cerca Assim se processa a geraccedilatildeo do leacutexico

ou seja atraveacutes de atos sucessivos de cogniccedilatildeo da realidade e de categorizaccedilatildeo da

experiecircncia cristalizada em signos linguiacutesticos as palavras

Em vista disso o leacutexico que integra uma liacutengua conserva uma estreita relaccedilatildeo com

a histoacuteria soacutecio-cultural de uma comunidade jaacute que sintetiza a sua maneira de ver o mundo

recortando realidades e tambeacutem fatos de cultura Evidencia-se portanto como um espaccedilo de

produccedilatildeo de significaccedilatildeo articulado pelos elementos de ordem focircnica morfoloacutegica semacircntica

e gramatical como atesta Lepschy (1984 p 156) Todo o funcionamento da liacutengua em seus

vaacuterios niacuteveis parece constar de sistemas que giram agrave volta da palavra

Contemporaneamente em trecircs grandes aacutereas se divide o estudo da palavra ou o

estudo do leacutexico a Lexicologia a Lexicografia e a Terminologia De acordo com Biderman

(1998 p 7-8)

Embora complementares entre si essas aacutereas possuem objeto de estudo

metodologia e pressupostos teoacutericos distintos Enquanto a primeira ocupa-se dos

problemas teoacutericos que embasam o estudo do leacutexico a segunda estaacute voltada para as

teacutecnicas de elaboraccedilatildeo dos dicionaacuterios para o estudo da descriccedilatildeo da liacutengua feita

pelas obras lexicograacuteficas Jaacute a terceira aacuterea tem como objeto de estudo o termo a

palavra especializada os conceitos proacuteprios de diferentes aacutereas de especialidades

O notoacuterio desenvolvimento que se vem observando nessas duas uacuteltimas deacutecadas

nas aacutereas de lexicologia lexicografia e terminologia tem evidenciado a importacircncia das

pesquisas que estatildeo sendo empreendidas nesse campo bem como suscitado reflexotildees a

respeito de seus campos de atuaccedilatildeo

11 Lexicologia

A Lexicologia eacute consensualmente definida como o estudo cientiacutefico do leacutexico em

suas relaccedilotildees linguiacutesticas pragmaacuteticas discursivas histoacutericas e culturais conforme afirma

Finatto (2004 p44) Essa ciecircncia estaacute intimamente relacionada agrave complexidade bem como agrave

multiplicidade de facetas e abordagens que a palavra encerra e permite Por isso configura-se

como um campo de conhecimento de caraacuteter transdisciplinar dado que a palavra eacute um lugar de

encontro e interesse particular de muitas ciecircncias embora tenha sido na ciecircncia linguiacutestica

que essa aacuterea se estabeleceu

18

Haensch (1982 p 91) mostra que essa disciplina cientiacutefica inscrita na aacuterea da

linguiacutestica pode ser concebida de diversas maneiras por diversos autores desse modo

segundo ele torna-se legiacutetimo ser fiel a uma definiccedilatildeo ao tratar do objeto de estudo

Entretanto entre essas diversas definiccedilotildees existem pontos em comum jaacute que se define sempre

como leacutexicolsquo um conjunto de significantes verbais ou de signos (na concepccedilatildeo bilateral de

signo)1 Haensch (1982 p 92-93) chama de lexicologia a descriccedilatildeo do leacutexico que se ocupa

das estruturas e regularidades dentro da totalidade do leacutexico de um sistema individual ou de

um sistema coletivo2

Assim definida a lexicologia pode ter seu enfoque tanto a partir do leacutexico total de

um sistema individual quanto no leacutexico de um sistema coletivo examinando em ambos os

casos as estruturas e as regularidades que podem neles se encontrar

Nessa aacuterea conhecida como Lexicologia estrutural desenvolveram-se estudos

correlacionando leacutexico e sociedade Enquadram-se aqui as pesquisas desenvolvidas por

George Matoreacute (1953) inscritas na obra La meacutethode en lexicologie Para Matoreacute (1953 p37)

a palavra analisa e objetiva o pensamento individual assumindo um valor coletivo haacute uma

socialidade proacutepria da liacutengua A partir dessa obra os linguistas passam a considerar os

aspectos sociais no estudo do leacutexico o que fez com que a Lexicologia comeccedilasse a ser vista

como uma disciplina de caraacuteter socioloacutegico Defendia esse linguista como princiacutepio teoacuterico

que o leacutexico eacute testemunha de uma sociedade de uma eacutepoca seus elementos satildeo palavras-

testemunhas ndash mots teacutemoins elementos particularmente importantes em funccedilatildeo dos quais a

estrutura lexicoloacutegica se hierarquiza e se coordena3 (traduccedilatildeo nossa) Em sua abordagem

social da Lexicologia Matoreacute (1953) informa que

ao constatar a impossibilidade de dissociar na linguagem a forma do conteuacutedo a

Lexicologia se fundamentara natildeo sobre formas isoladas mas sobre conjuntos de

noccedilotildees a estrutura e as relaccedilotildees sendo explicadas pelos fatos sociais dos quais os

fatos do vocabulaacuterio satildeo ao mesmo tempo o reflexo e a condiccedilatildeo4 (TN)

1 [] se define siempre como bdquoleacutexico‟ um conjunto de significantes verbales o de signos (em la concepcioacuten

bilateral de signo) 2 [] a la descripcioacuten del leacutexico que se ocupa de latildes estructuras y regularidades dentro de la totalidad del leacutexico

de um sistema individual o de um sistema coectivo 3 [] des eacuteleacutements particuliegraverement importants em fonction desquels la structure lexicologique se hieacuterarchise et

se coordonne Nous proposons pour deacutesigner ces eacuteleacutements caracteacuteristiques l‟expression de mots-teacutemoins

(Matoreacute 1953 65) 4 [] constatant l‟impossibiliteacute de dissocier dans le langage la forme du contenu la lexicologie se fondera non

pas sur des formes isoleacutees mais sur des ensembles de notions la structure et les relation eacutetant espliqueacutees par les

faits sociaux dont les faits de vocabulaire sont agrave la fois le reflet et la condition (MATORE 1953 p 94)

19

Corroborando a afirmaccedilatildeo assumida por Matoreacute Biderman (1981 p 132)

acrescenta que

eacute pela palavra (pela nomeaccedilatildeo) que o homem exerce a sua capacidade de abstrair e de

generalizar o individual o subjetivo A palavra cristaliza o conceito resultante dessa

operaccedilatildeo mental possibilitando a sua transmissatildeo agraves geraccedilotildees seguintes

Sobre os limites e o alcance da Lexicologia muito se tem discutido Pergunta-se

i) quais deveriam ser os limites dessa disciplina cientiacutefica ii) quais as causas dos inuacutemeros

desencontros no que se refere agrave natureza da Lexicologia Satildeo questotildees bastante pertinentes

pois sendo o leacutexico o uacutenico domiacutenio da liacutengua que constitui um sistema aberto diversamente

dos demais que constituem sistema fechados (fonologia morfologia e sintaxe) eacute

reconhecidamente o niacutevel da liacutengua mais resistente agrave sistematizaccedilatildeo tendo em vista seu

caraacuteter dinacircmico

111 Leacutexico

Estudar o leacutexico de uma liacutengua eacute enveredar pela histoacuteria costumes haacutebitos de um

povo ou de uma sociedade Sem duacutevida as palavras podem ser consideradas como forte

elemento de coesatildeo social constituindo elos entre os indiviacuteduos dando-lhes consciecircncia de

que pertencem a uma comunidade (tambeacutem linguiacutestica)

Conforme afirmam Mussalim e Bentes ( 2001 p 21-47)

A relaccedilatildeo leacutexico e sociedade eacute mais profunda do que se imagina A proacutepria liacutengua

como sistema acompanha de perto a evoluccedilatildeo da sociedade e reflete de certo modo

os padrotildees de comportamento que variam em funccedilatildeo do tempo e do espaccedilo

Inversamente pode-se supor que certas atitudes sociais ou manifestaccedilotildees do

pensamento sejam influenciadas pelas caracteriacutesticas que a liacutengua da comunidade

apresenta

Um dos estudos mais antigos sobre o leacutexico remonta a Panini ao seacuteculo IV aC

na Iacutendia Em sua gramaacutetica Panini estudou o sacircnscrito e definiu elementos significativos

dessa liacutengua

No Ocidente devemos aos gregos as primeiras reflexotildees conhecidas sobre o

leacutexico Tivemos tambeacutem a contribuiccedilatildeo dos latinos Esses desenvolveram estudos

gramaticais mostrando a oposiccedilatildeo entre sistema (gramaacutetica da liacutengua) e norma (uso social

efetivo)

20

Do Renascimento ateacute o seacuteculo XVIII podemos dizer que o estudo do leacutexico se

desenvolveu basicamente em torno de dois eixos i) confecccedilatildeo de dicionaacuterios ii) estudo da

palavra numa perspectiva filosoacutefica

Com relaccedilatildeo aos primeiros apesar de existirem desde tempos remotos com as

antigas listas lexicais como ideogramas chineses lista de palavras aparentadas ou ainda

listas de palavras biliacutengues ndash as listas mais conhecidas satildeo o Appendix Probi (anocircnimo) o

glossaacuterio de Reicheneau (seacuteculo VII) o glossaacuterio de Caacutessel (seacuteculo IX) ndash foi no seacuteculo XVI

no Ocidente que sistematicamente se iniciam os estudos de descriccedilatildeo ordenada do leacutexico

Isso se daacute com a invenccedilatildeo da imprensa quando surgiram os dicionaacuterios monoliacutengues e

pluriliacutengues

Os estudos filosoacuteficos por sua vez acabaram por influenciar o pensamento dos

gramaacuteticos da eacutepoca que procuravam definir os fatores constitutivos da linguagem e das

liacutenguas

No seacuteculo XIX haacute mudanccedilas no foco de estudo da Lexicologia a palavra passa a

ser vista como uma forma cuja natureza foneacutetica e fonoloacutegica deveria ser observada Os

estudiosos da eacutepoca deixam de se preocupar com a relaccedilatildeo pensamento e palavra e o interesse

passa a ser a comparaccedilatildeo das formas linguiacutesticas marca predominantemente deste seacuteculo

Surge o meacutetodo da Gramaacutetica Comparada lanccedilado por Franz Bopp enquanto aumentam o

interesse pelos textos medievais despertados na eacutepoca do Romantismo

Nos finais desse seacuteculo com a marca triunfal da Geografia Linguiacutestica e

consequentemente o florescimento da Onomasiologia o interesse linguiacutestico passa pouco a

pouco da investigaccedilatildeo foneacutetica para o estudo dos problemas lexicais No VII Congresso

Internacional de Linguiacutestica em 1952 na cidade de Londres os conceitos linguiacutesticos gerais

satildeo elaborados sobre uma base fenomenoloacutegica significando um sistema de referecircncias

extralinguiacutestico Ateacute entatildeo os dicionaacuterios satildeo sistematizados sem relacionarem as definiccedilotildees

com os sinocircnimos existentes

A partir da deacutecada de 50 com a obra La meacutethode em lexicologie de Georges

Matoreacute (1953) seguindo a linha estruturalista os linguistas passam a considerar os aspectos

sociais no estudo do leacutexico enfocando a palavra natildeo como um objeto isolado mas como parte

de uma estrutura social responsaacutevel por nomear e exprimir o universo de uma sociedade

Postura que ateacute hoje encontra-se bastante recorrente nos estudos sobre a palavra conforme

mostra o dizer de Seabra (2006 p 7)

21

[] o leacutexico encontra-se arraigado na histoacuteria tradiccedilatildeo e costumes de um povo

estando por isso em constante processo de expansatildeo alteraccedilatildeo e contraccedilatildeo Devido

a essas caracteriacutesticas eacute considerado o subsistema mais dinacircmico da liacutengua

Podemos dizer que a histoacuteria da formaccedilatildeo do leacutexico natildeo corresponde a um

processo linear continuado Ela decorre de vaacuterios estados de produccedilatildeo do saber linguiacutestico e

das transformaccedilotildees sofridas pelas unidades lexicais ao longo dos processos histoacutericos as

palavras se submetem a bloqueios desvios apagamentos deslocamentos enquanto

constroem redes de memoacuteria e filiaccedilotildees soacutecio-histoacutericas Sem duacutevida alguma o movimento

de uma cultura leva ao movimento de palavras Essa eacute a maneira como a liacutengua se ajusta agrave

evoluccedilatildeo da sociedade

Biderman (1978 139) ao tratar de questotildees inerentes agrave relaccedilatildeo leacutexico e

sociedade argumenta que o universo semacircntico se estrutura em torno de dois polos opostos

o indiviacuteduo e a sociedade Dessa tensatildeo em movimento se origina o leacutexico De acordo com

essa linguista podemos ver o leacutexico como

o patrimocircnio social da comunidade por excelecircncia juntamente com outros

siacutembolos da heranccedila cultural Dentro desse acircngulo de visatildeo esse tesouro leacutexico eacute

transmitido de geraccedilatildeo para geraccedilatildeo como signos operacionais por meio dos quais

os indiviacuteduos de cada geraccedilatildeo podem pensar e exprimir seus sentimentos e ideias5

Atraveacutes do universo vocabular a liacutengua reflete a cultura da sociedade servindo de

meio de expressatildeo e interaccedilatildeo social para mundo que a cerca por isso o leacutexico se expande se

altera e agraves vezes se contrai Sobre essa questatildeo Biderman (2001 p 179) assim se

manifesta

As mudanccedilas sociais e culturais acarretam alteraccedilotildees nos usos vocabulares daiacute

resulta que unidades ou setores completos do Leacutexico podem ser marginalizados

entrar em desuso e vir a desaparecer Inversamente poreacutem podem ser ressuscitados

termos que voltam agrave circulaccedilatildeo geralmente com novas conotaccedilotildees Enfim novos

vocaacutebulos ou novas significaccedilotildees de vocaacutebulos jaacute existentes surgem para

enriquecer o Leacutexico

O leacutexico classifica de maneira uacutenica as experiecircncias humanas de uma cultura natildeo

apresentando deste modo apenas um conjunto de palavras mas uma espeacutecie de ponte entre

os falantes de uma liacutengua em suas condiccedilotildees reais de uso A criatividade lexical dos falantes

possibilita que eles criem e recriem de acordo com suas necessidades sociointeracionais

Guilbert6 ressalta que o leacutexico ao contraacuterio da gramaacutetica sofre transformaccedilotildees

muito mais raacutepidas visto que natildeo se constitui de natureza puramente linguiacutestica Para ele o

5 BIDERMAN 1981 p 132

6 GUILBERT 1992 p 30

22

leacutexico participa da estrutura linguiacutestica da liacutengua e tambeacutem espelha nessa liacutengua as

diversidades sociais e culturais

Predominantemente de origem latina a histoacuteria do leacutexico portuguecircs reflete

tambeacutem a histoacuteria da liacutengua portuguesa e os contatos de seus falantes com as mais

diversificadas realidades linguiacutesticas

1111 Leacutexico e Referecircncia

Caracteriza-se a liacutengua para Saussure como um produto social da faculdade da

linguagem isto eacute a liacutengua eacute um fato social no sentido de que eacute um sistema convencional

adquirido pelos indiviacuteduos no conviacutevio social Esse grande mestre da linguiacutestica estruturalista

concebe a liacutengua como um sistema de signos que por si soacute datildeo conta da significaccedilatildeo No

capiacutetulo ldquoImutabilidade e mutabilidade do signordquo da obra Cours Saussure afirma que a

comunidade linguiacutestica impotildee ao falante um significante e que o ldquosigno linguiacutestico escapa agrave

nossa vontaderdquo isto eacute seja qual for o momento histoacuterico em que focalizarmos o idioma a

liacutengua evidencia-se sempre como uma heranccedila de eacutepocas anteriores Ao conceituar o que eacute

signo ele deixa marcada a distinccedilatildeo entre entidades psiacutequicas (que constituiriam o signo) e

fiacutesicas (que lhe seriam estranhas)

Os termos implicados no signo linguiacutestico satildeo ambos psiacutequicos e estatildeo unidos em

nosso ceacuterebro por um viacutenculo de associaccedilatildeo [] O signo linguiacutestico une natildeo uma

coisa e um palavra mas um conceito e uma imagem acuacutestica Esta natildeo eacute o som

material coisa puramente fiacutesica mas a impressatildeo psiacutequica desse som a

representaccedilatildeo que dele nos daacute o testemunho de nossos sentidos [] O signo

linguiacutestico eacute pois uma entidade psiacutequica de duas faces [] Esses dois elementos

estatildeo intimamente unidos e um reclama o outro (SAUSSURE 1970 p 79-80)

Essa dicotomia saussuriana (significadosignificante) usada para distinguir as

duas faces psiacutequicas e indissociaacuteveis do signo linguiacutestico desde entatildeo foi analisada na

literatura linguiacutestica resultando na expansatildeo e substituiccedilatildeo pela forma triaacutedica formulada por

Charles K Ogden e Ivor A Richards

A figura triangular de Ogden e Richards (1956) ganhou respeito entre os

estudiosos por representar em um de seus veacutertices a figura do referente isto eacute da ldquocoisardquo

extralinguiacutestica que os autores distinguiam claramente de referecircncia (o conceito o

significado) e de signo (o nome a palavra o significante) Esse triacircngulo foi reaplicado por

Lyons (1977 p 85) sendo a partir dessa eacutepoca bastante utilizado em estudos lexicoloacutegicos e

semacircnticos A relaccedilatildeo triaacutedica sugerida pelos autores citados pode ser assim representada

23

FIGURA 1 Relaccedilatildeo triaacutedica7

As linhas que ligam o nome ao sentido e este uacuteltimo ao referente satildeo contiacutenuas

representando relaccedilotildees diretas Jaacute a linha pontilhada ligando o nome ao referente indica uma

relaccedilatildeo indireta que deve necessariamente ser mediada pelo sentido ou seja a identificaccedilatildeo

do referente passa pelo sentido do nome Cabe salientar que a presenccedila do referente foi

durante muito tempo ignorada pelos linguistas que se ocuparam fundamentalmente da

gramaacutetica e de questotildees sintaacuteticas Contudo o chamado ldquotriacircngulo da significaccedilatildeordquo reavivou

o interesse de inuacutemeros teoacutericos

A reformulaccedilatildeo do triacircngulo de Ogden e Richards (1956) adaptado por Biderman

(1998 p 116) busca ilustrar a dimensatildeo linguiacutestica da palavra ou seja evidenciando

justamente o lado direito do triacircngulo o lado em que se coloca o referente jaacute como uma

transformaccedilatildeo da realidade como parte integrante do signo linguiacutestico

7 Haacute discordacircncia entre vaacuterios autores quanto aos termos utilizados e tambeacutem quanto agraves definiccedilotildees para cada

termo Entretanto natildeo eacute objetivo deste trabalho entrar nessa questatildeo

24

FIGURA 2 Triacircngulo de Ogden e Richards adaptado por Biderman

Nesse quadro teoacuterico visto como modelo e modelador de cultura o estudo sobre

o leacutexico permite compreender conceitos e ocorrecircncias da vida cotidiana Eacute importante

ressaltar que agrave realidade (parte acrescentada por Biderman) diz respeito o ambiente e

tambeacutem a cultura herdada A transmissatildeo do repertoacuterio lexical de geraccedilatildeo em geraccedilatildeo atraveacutes

da educaccedilatildeo informal e formal exerce papel importante na categorizaccedilatildeoconceptualizaccedilatildeo do

universo ao fornecer ao indiviacuteduo um estoque de nomes jaacute codificados nessa cultura

conforme bem mostra Biderman (1998 p 104)

Eacute preciso lembrar ainda que o vocabulaacuterio natildeo eacute criado (ou recriado) pelo indiviacuteduo

mas que ele eacute adquirido atraveacutes do processo social da educaccedilatildeo De fato atraveacutes do

processo de educaccedilatildeo social o homem adquire tanto a liacutengua da sua comunidade

como o seu vocabulaacuterio Nessa aprendizagem o falante-aprendiz recebe da sociedade

um produto acabado ndash a liacutengua ndash que vem a ser o produto da experiecircncia acumulada

historicamente na cultura da sua sociedade Essa cristalizaccedilatildeo da experiecircncia social

tanto cultural como linguiacutestica eacute o ponto de partida e o fundamento tanto do

pensamento como da linguagem individual

Liacutengua e cultura formam pois um todo indissociaacutevel que natildeo eacute ensinado em

nenhum lugar especial mas adquirido ao sabor dos acontecimentos cotidianos e o

vocabulaacuterio siacutembolo verbal da cultura perpetua a heranccedila cultural atraveacutes dos signos

verbais8

8 BIDERMAN 1998 p5

25

12 Lexicografia

As ciecircncias da linguagem constituiacutedas pelo saber linguiacutestico resultam do

aparecimento da escrita 3000 aC Segundo Nunes (1996 p 34) o advento da escrita

constitui a primeira grande revoluccedilatildeo tecnoloacutegica dessas ciecircncias A segunda revoluccedilatildeo seria

a da ldquogramatizaccedilatildeordquo isto eacute o processo pelo qual se descreve e se instrumenta uma liacutengua

atraveacutes de duas tecnologias9 ndash a gramaacutetica e o dicionaacuterio

Objeto de nossa pesquisa a palavra bdquodicionaacuterio‟ segundo Cunha (2007 p 263)

tem sua origem provavelmente do francecircs dictionnaire derivado do latim medieval

dictiōnārĭum de dictĭo-ōnis ou seja livro de dictiones ldquolivro de expressotildees e palavrasrdquo O

dicionaacuterio eacute visto geralmente como um objeto de consulta que apresenta os significados das

palavras com a certitude do saber de um especialista e eventualmente desse modo como uma

obra de referecircncia agrave disposiccedilatildeo dos leitores nos momentos de duacutevida e de desejo de saber

Se entendermos que todo o conhecimento humano estaacute condensado em palavras

entenderemos que essa necessidade de estruturaccedilatildeo do leacutexico eacute algo inerente ao espiacuterito ou

ceacuterebro humano que diante de um novo ser ou fato vecirc-se compelido a processar o novo a

partir daquilo que jaacute sabe ou conhece Nesse processo de categorizaccedilatildeo percepccedilatildeo e

comparaccedilatildeo do novo com referentes similares eacute que se daacute a nomeaccedilatildeo ndash o homem identifica

as propriedades distintivas e caracteriacutesticas do referente para nomeaacute-lo E na medida em que o

denomina sente tambeacutem que o domina Uma vez designado o referente passa a integrar ao

menos parcialmente o conjunto de nossos domiacutenios cognitivos possibilitando sua

apropriaccedilatildeo e transmissatildeo agraves geraccedilotildees seguintes

Por consistir nesse espaccedilo imaginaacuterio de certitude sustentado pela acumulaccedilatildeo e

pela repeticcedilatildeo o dicionaacuterio constitui um rico material para anaacutelise dos modos de dizer de uma

sociedade Nele as significaccedilotildees natildeo satildeo aquelas que se singularizam em um texto tomado

isoladamente mas sim as que se sedimentam e que se apresentam traccedilos significativos de uma

eacutepoca

De acordo com Krieger (2006 p 173-187)

o dicionaacuterio de liacutengua ndash a mais prototiacutepica das obras lexicograacuteficas ndash constitui-se no

uacutenico lugar que reuacutene de modo sistemaacutetico o conjunto dos itens lexicais criados e

utilizados por uma comunidade linguiacutestica permitindo que ela reconheccedila-se a

si mesma em sua histoacuteria e em sua cultura Aleacutem de se constituir em espelho da

memoacuteria social da liacutengua o dicionaacuterio desempenha o papel de legitimar o leacutexico

9 Entende-se neste texto tecnologia como conjunto de teacutecnicas especiacuteficas de determinado domiacutenio

26

E como tal alcanccedila o estatuto de um coacutedigo normativo que define paracircmetros

orientadores dos usos lexicais Converte-se portanto no testemunho por excelecircncia da

constituiccedilatildeo histoacuterica do leacutexico de um idioma bem como da identidade linguiacutestico-cultural de

comunidades Nessa medida atribui coesatildeo agraves sociedades e projeccedilatildeo agraves suas culturas10

121 Dicionaacuterio

Como disciplina linguiacutestica a Lexicografia contemporacircnea divide-se em duas

grandes aacutereas Lexicografia praacutetica e Lexicografia teoacuterica A primeira se ocupa da descriccedilatildeo

do leacutexico e tem como um de seus principais objetivos produzir obras de referecircncia como

dicionaacuterios vocabulaacuterios e glossaacuterios Jaacute a Lexicografia teoacuterica ou Metalexicografia dedica-

se a todas as questotildees ligadas aos dicionaacuterios como histoacuteria problemas de elaboraccedilatildeo

anaacutelise uso

Os dicionaacuterios podem registrar uma parcela maior ou menor do leacutexico total de

uma liacutengua ou podem se restringir a um determinado tema ou ainda se referir a uma

determinada regiatildeo ndash satildeo os dicionaacuterios regionais Podem se dedicar aos fraseologismos

(expressotildees idiomaacuteticas proveacuterbios etc) agrave liacutengua escrita agrave giacuteria agrave liacutengua falada Podem ser

descritivos registrando como os itens lexicais satildeo usados na realidade ou prescritivos ndash

determinando de que maneira palavras e expressotildees deveriam ser empregadas ou criticando

seu uso Podem ser monoliacutengues (uma soacute liacutengua) biliacutengues (duas liacutenguas) triliacutengues (trecircs

liacutenguas) ou multiliacutengues

Como trazem sempre informaccedilotildees que interessam ao consulente Biderman (1998

p 15) assinala a importacircncia do dicionaacuterio de liacutengua como porta-voz da norma lexical

corrente na sociedade jaacute que esses manuais fazem uma descriccedilatildeo do vocabulaacuterio da liacutengua em

questatildeo buscando registrar e definir os signos lexicais que referem os conceitos elaborados e

cristalizados na cultura Eacute fato que essas obras exercem desde eacutepocas antigas funccedilotildees

normativas e informativas na sociedade

Aleacutem de estabilizar conceitos o dicionaacuterio normativiza a liacutengua no que concerne agrave

ortografia e agraves variaccedilotildees morfossintaacuteticas Ele tambeacutem informa sentidos vocabulares

operados no seio de uma dada comunidade num dado periacuteodo de tempo ndash comporta portanto

a memoacuteria das sociedades de diferentes eacutepocas

10

LARA citado por KRIEGER 2006 p173-187

27

1211 Os dicionaacuterios na eacutepoca do Brasil Colocircnia

O saber lexicograacutefico se inicia no Brasil com os primeiros escritos sobre o paiacutes

Nesse sentido surge juntamente com a etnografia (conhecimento de povos indiacutegenas) a

economia (mercantilismo) e a geopoliacutetica (expansatildeo territorial das naccedilotildees europeias) Os

relatos de viajantes colonos e missionaacuterios estatildeo pontuados por citaccedilotildees de termos indiacutegenas

de modo que eacute formada uma constelaccedilatildeo de comentaacuterios lexicais Os comentaacuterios dos

viajantes se direcionam para as coisas do Novo Mundo de maneira que a questatildeo da

referecircncia torna-se importante Ao descrever as novidades do paiacutes esses falantes colocam em

evidecircncia os referentes Fala-se de lugares animais plantas nunca vistos fala-se de coisas

natildeo idecircnticas mas semelhantes constata-se a existecircncia ou inexistecircncia de coisas Nessas

circunstacircncias a organizaccedilatildeo dos espaccedilos lexicais estaacute intimamente relacionada com a

geografia e a economia com os interesses de conquista e de comeacutercio

Biderman (2002 p 65) acrescenta ainda que nos primeiros seacuteculos da

colonizaccedilatildeo processa-se lentamente a aculturaccedilatildeo dos nativos por meio do idioma portuguecircs

quando os jesuiacutetas ensinavam os iacutendios a falar portuguecircs Contudo nesses primeiros seacuteculos a

liacutengua portuguesa encontrara em terras brasileiras um forte concorrente o Tupi uma liacutengua

franca empregada em grande parte do territoacuterio brasileiro Essa liacutengua geral falada em toda

costa brasileira ldquoera simples e de reduzido material morfoloacutegico natildeo possuiacutea declinaccedilatildeo nem

conjugaccedilatildeordquo (SILVA NETO 1976 p 50) Os jesuiacutetas usaram-na como instrumento de

evangelizaccedilatildeo dos indiacutegenas Portanto o contexto brasileiro nesse periacuteodo eacute marcado pela

descriccedilatildeo de liacutenguas indiacutegenas nos iniacutecios da colonizaccedilatildeo11

Quanto agrave gramatizaccedilatildeo afirma Horta (2002 p 72)

[] nesse periacuteodo atingiu apenas trecircs liacutenguas indiacutegenas o tupinambaacute (ou tupi) que

era falado na costa o kariri e o manau aleacutem das chamadas liacutenguas gerais Destacam-

se as gramaacuteticas do tupi de Anchieta (1595) e de Figueira (1621) e do kariri de

Mamiani (1699) bem como o Vocabulaacuterio na Liacutengua Brasiacutelica Este uacuteltimo deve ter

sido composto durante a segunda metade do seacuteculo XVI e no iniacutecio do XVII

11

Ateacuteo fim do seacuteculo XVIII tinham sido publicado as duas gramaacuteticas e dois catecismos em tupinambaacute aleacutem de

observaccedilotildees gramaticais textos e palavras dessa mesma liacutengua em obras francesas e uma gramaacutetica e dois

catecismos em kariri liacutengua do interior da Bahia e SergipeSomente isso Ineacuteditos que natildeo se perderam incluem

um dicionaacuterio e outros documentos do tupinambaacute e um catecismo na liacutengua amazocircnica manau aleacutem de muitos

documentos sobre a Liacutengua Geral Amazocircnica e um sobre a Liacutengua Paulista (ambas formas do tupi antigo

assumidas no uso dos mesticcedilos) Perderam-se entretanto muitos escritos certamente importantes como os

dicionaacuterios das liacutenguas Maromimim (ou Guarulho) e kariri e os catecismos em sete liacutenguas amazocircnicas feitos

pelo Pe Antocircnio VieiraEm resumo em trecircs seacuteculos da colonizaccedilatildeo do Brasil soacute nos ficaram documentos sobre

trecircs liacutenguas nativas tupinambaacute kariri e manau (RODRIGUES 1993 v 8 p86)

28

Contudo a decadecircncia da liacutengua geral comeccedilara a intensificar-se nos setecentos

por causa de maciccedila imigraccedilatildeo de portugueses para o Brasil atraiacutedos pela descoberta das

minas gerais e tambeacutem em decorrecircncia das determinaccedilotildees e ordens do Marquecircs de Pombal

para que na Colocircnia soacute se falasse a liacutengua portuguesa

Ao longo de sua histoacuteria conforme afirma Krieger12

o Brasil jamais contou com

uma poliacutetica linguiacutestica que levasse agrave valorizaccedilatildeo de alguma obra lexicograacutefica a despeito do

projeto da Academia Brasileira de Letras De toda forma os primeiros dicionaacuterios que por

diferentes razotildees e interesses passam a contemplar a realidade linguiacutestica do Brasil

desempenharam tambeacutem o papel de fixar a unidade e a pluralidade do portuguecircs aqui falado

A identificaccedilatildeo das estrateacutegias lexicograacuteficas de fixaccedilatildeo de nosso leacutexico contribui para a

histoacuteria da identidade do Portuguecircs Brasileiro tema em torno do qual muita polecircmica jaacute se

estabeleceu

Eacute importante explicitar que entendemos o processo de dicionarizaccedilatildeo como a

descriccedilatildeo e instrumentaccedilatildeo de uma liacutengua no dicionaacuterio Nunes (2006 p 43) salienta que

Considerar o dicionaacuterio como um instrumento linguiacutestico implica concebecirc-lo com

uma alteridade para o sujeito falante alteridade que se torna uma injunccedilatildeo no

processo de identificaccedilatildeo nacional educaccedilatildeo e divulgaccedilatildeo de conhecimentos

linguiacutesticos [] Assim o dicionaacuterio se apresenta como uma exterioridade para o

sujeito e interfere na relaccedilatildeo que ele entreteacutem com a liacutengua em determinadas

conjunturas

Ressalta Nunes (2002 p100) que a compreensatildeo da historicidade da

dicionarizaccedilatildeo traz elementos para abordar questotildees de eacutetica e de poliacutetica linguiacutestica levando-

se em conta o processo de produccedilatildeo dos dicionaacuterios com os diversos fatores soacutecio-histoacutericos

aiacute envolvidos

Como aparece um saber dicionariacutestico no Brasil Esta questatildeo suscita uma seacuterie

de apontamentos conforme um ou outro criteacuterio Se considerarmos a unidade da palavra

conforme Biderman (2005 p47) desde os primeiros relatos de viajantes temos um saber que

se volta para os termos empregados no Brasil sejam as nomeaccedilotildees em liacutengua portuguesa

desde Caminha (1500) sejam termos indiacutegenas traduzidos e comentados desde Pigafeta em

1519 como aponta Neiva (1940) Se considerarmos a forma acabada do dicionaacuterio os

biliacutengues portuguecircs-tupi foram os primeiros a aparecer na Eacutepoca Colonial (seacutec XVI-XVII)

Segundo Horta (2002 p72) o processo de dicionarizaccedilatildeo brasileiro pode ser

visualizado nas seguintes etapas i) transcriccedilatildeo alfabeacutetica de termos indiacutegenas ii) citaccedilotildees

12

Alfa Satildeo Paulo 50 (2) 173-187 2006

29

comentaacuterios traduccedilotildees de termos indiacutegenas diaacutelogos iii) listas temaacuteticas de palavras LI-LP

(Liacutengua Indiacutegena e Liacutengua Portuguesa) e LP-LI iv) dicionaacuterios biliacutengues LP-LI v)

dicionaacuterios biliacutengues LI-LP vi) dicionaacuterios monoliacutengues de LP no Brasil

12111 Dicionaacuterios Biliacutengues

Os jesuiacutetas desde sua chegada em 1549 no Brasil estabeleceram uma orientaccedilatildeo

para os estudos de liacutengua indiacutegena com fins catequeacuteticos da qual resultou a triacuteade gramaacutetica-

dicionaacuterio-doutrina Satildeo portanto os primeiros dicionaacuterios alfabeacuteticos brasileiros concebidos

por missionaacuterios obras biliacutengues (portuguecircs-indiacutegena)

O Vocabulaacuterio na Liacutengua Brasiacutelica (VLB) anocircnimo circulou pelas missotildees e

coleacutegios jesuiacutetas do Brasil na segunda metade do seacuteculo XVI e nos seacuteculos XVII e XVIII Satildeo

conhecidos vaacuterios manuscritos desse dicionaacuterio que natildeo foi publicado integralmente senatildeo

em 1938 por Pliacutenio Ayrosa Essa obra traz a representaccedilatildeo de uma unidade do espaccedilo

linguiacutestico brasileiro a chamada ldquoliacutengua brasiacutelicardquo a que Anchieta se refere tambeacutem como ldquoa

liacutengua mais falada na costa do Brasilrdquo e foi elaborado com o interesse praacutetico de ensinar aos

missionaacuterios a liacutengua indiacutegena a fim de converter os nativos

Outro dicionaacuterio bastante importante na eacutepoca colonial eacute o Dicionaacuterio Portuguecircs-

Brasiliano (DPB) publicado em Lisboa em 1795 O percurso que vai desde o manuscrito do

DPB ateacute sua ediccedilatildeo reflete a substituiccedilatildeo da praacutetica jesuiacutetica banida do paiacutes em 1759 pela

praacutetica editorial e de arquivo que vem marcar o final do seacuteculo XVII e iniacutecio do XVIII Esta

acentuaria com a chegada da imprensa ao Brasil e com a poliacutetica linguiacutestica promovida pelo

Impeacuterio

Outro momento de destaque na histoacuteria dos dicionaacuterios biliacutengues no Brasil foi o

aparecimento do primeiro dicionaacuterio (liacutengua indiacutegena-liacutengua portuguesa) Ainda na forma

manuscrita encontram-se dois dicionaacuterios o manuscrito do Dicionaacuterio Brasiliano-Portuguecircs

(DBP) de Frei Veloso e o manuscrito do Vocabulaacuterio na Liacutengua Geral (VLG- Poranduba) de

Frei Prazeres do Maranhatildeo(1826)

Alguns estudiosos brasileiros (Gonccedilalves Dias Ferreira Franccedila Prazeres do

Maranhatildeo) e estrangeiros (Martius Platzman) realizaram compilaccedilotildees de dicionaacuterios dos

jesuiacutetas no Brasil acrescentando ou suprimindo termos atualizando o corpo dos verbetes

introduzindo comentaacuterios gramaticais ou mesmo reduzindo os dicionaacuterios de caraacuteter

enciclopeacutedico a glossaacuterios termo a termo Podemos incluir dentre as obras produzidas nesse

contexto a Chrestomathia da Liacutengua Brasiacutelica de Ferreira Franccedila (Leipzig 1859) e o

30

Dicionaacuterio da liacutengua geral Brasiacutelica portuguecircs e alematildeo inserido na Glossaria Linguarum

Brasiliensium de Martius (1863)

12112 Dicionaacuterios Monoliacutengues

Publicado em Lisboa pela Typographia Lacerdina o primeiro dicionaacuterio

monoliacutengue do portuguecircs o Dicionaacuterio da Liacutengua Portuguesa datado de 1789 elaborado

pelo brasileiro Antocircnio de Moraes Silva constitui um marco na histoacuteria da lexicografia

brasileira A obra de Moraes preencheu o horizonte metalinguiacutestico ao longo dos seacuteculos XIX

e XX como um verdadeiro siacutembolo natildeo soacute da lexicografia mas da liacutengua em geral e da

cultura portuguesa

Moraes tomou por base o Vocabulaacuterio Portuguecircs e Latino de Raphael Bluteau e

resumiu os oito volumes daquele a apenas dois mantendo a orientaccedilatildeo de seu antecessor de

exaltar os grandes autores de liacutengua portuguesa A obra teve oito reediccedilotildees no seacuteculo XIX

(1813 1823 1831 1844 1858 18771878 1891 9a ed sd)

Na segunda ediccedilatildeo de 1813 Moraes acrescenta nos textos introdutoacuterios uma

gramaacutetica filosoacutefica aos moldes da Gramaacutetica de Port Royal o que mostra a filiaccedilatildeo agraves

concepccedilotildees racionalistas da eacutepoca

Em 1922 recebeu uma ediccedilatildeo comemorativa do centenaacuterio da Independecircncia no

Brasil a qual reproduz a segunda ediccedilatildeo de 1813 a primeira em que Moraes inclui seu nome

como autor Uma ediccedilatildeo ampliada foi publicada pela Editora Confluecircncia em 1949-59

organizada por Augusto Moreno Cardoso Juacutenior e Joseacute Pedro Machado

O Dicionaacuterio da Liacutengua Portuguesa ou o Dicionaacuterio de Moraes eacute considerado

pelos lexicoacutegrafos uma obra fundadora da lexicografia de liacutengua portuguesa servindo de base

para a confecccedilatildeo de outros dicionaacuterios em Portugal e no Brasil

Na eacutepoca do Brasil Colocircnia no que diz respeito aos dicionaacuterios monolingues

referentes agrave Liacutengua Portuguesa a partir do seacuteculo XVIII aleacutem do dicionaacuterio de Moraes

(1789) satildeo considerados representativos o Novo Dicionaacuterio da Liacutengua Portugueza (1855) de

Eduardo de Faria o Diccionario Manual Etymologico da Lingua Portugueza de Francisco

Adolfo Coelho e o Diccionario Contemporaneo da Liacutengua Portugueza de Francisco Caldas

Aulete publicado em 1881

Em se tratando de obras consideradas brasileiras os estudiosos apontam os

primeiros dicionaacuterios datados do seacuteculo XIX a saber o Diccionario Brazileiro para Servir de

Complemento aos Diccionarios de Lingua Portugueza (1853) de Costa Rubim o Diccionario

31

Brazileiro da Lingua Portugueza (1888) de Macedo Soares e o Diccionario de Vocabulos

Brazileiros (1889) de Beaurepaire-Rohan

Em todas essas trecircs obras citadas acima observam-se palavras tiacutepicas do Brasil

chamadas ldquobrasileirismosrdquo Essas obras contribuiacuteram para se questionar ldquoo caraacuteter normativo

do dicionaacuterio dando-lhe uma caracteriacutestica mais descritivardquo13

13 Terminologia

A Terminologia pode ser definida segundo Barros (2007 p 11) como o estudo

cientiacutefico dos termos usados nas liacutenguas de especialidade ou melhor empregados em

discursos e textos de aacutereas teacutecnicas cientiacuteficas e especializadas

O termo eacute entendido como ldquodesignaccedilatildeo por meio de uma unidade linguiacutestica de

um conceito definido em uma liacutengua de especialidaderdquo (ISO 1087 1990 p5) O termo eacute

portanto uma unidade lexical que designa um conceito de um domiacutenio de especialidade Eacute

tambeacutem chamado de unidade terminoloacutegica O conjunto de termos de uma aacuterea especializada

chama-se conjunto terminoloacutegico ou terminologia

O campo de pesquisa proacuteprio da Terminologia satildeo as chamadas liacutenguas de

especialidade entendidas como ldquosistemas de comunicaccedilatildeo oral ou escrita usados por uma

comunidade de especialistas de uma aacuterea particular do conhecimentordquo (PAVEL NOLET apud

BARROS 2007 p11)

Apesar de a Terminologia ser a mais contemporacircnea das ciecircncias do leacutexico o

reconhecimento formal de vocabulaacuterios especiacuteficos de determinadas aacutereas de conhecimento

especializado datam de mais de trecircs seacuteculos quando jaacute vinham com ldquomarcas de usordquo em

dicionaacuterios de liacutengua

Obra monoliacutengue o denominado dicionaacuterio geral de liacutengua consiste na referecircncia

primeira do fazer lexicograacutefico na diversificada tipologia de obras dicionariacutesticas Tal tipo de

dicionaacuterio registra o leacutexico geral de um idioma reunindo seu conjunto de palavras e locuccedilotildees

da forma mais abrangente possiacutevel Alguns desses dicionaacuterios incluem tambeacutem terminologias

em seus repertoacuterios entendendo que essas integram o componente lexical das liacutenguas Nessas

obras entende-se por terminologia o conjunto de palavras marcadas pela temaacutetica de uma

aacuterea de especialidade por exemplo a terminologia da fiacutesica quacircntica da medicina da

informaacutetica a terminologia juriacutedica ou a terminologia naacuteutica ndash essa uacuteltima nosso objeto de

estudo

13

DIAS BEZERRA 2006 p 30

32

Usamos a liacutengua comum no dia-a-dia mas usamos a linguagem especializada

quando falamos sobre uma aacuterea do conhecimento e empregamos palavras que dentro dessa

aacuterea tecircm um significado particular Assim sendo para noacutes neste objeto de estudo os termos

satildeo acima de tudo unidades lexicais que tecircm a particularidade de ocorrer em discursos

especializados assumindo neles significaccedilotildees especiacuteficas e podendo em consequecircncia

denominar conceitos cientiacuteficos eou teacutecnicos

14 O Diccionario da Lingua Brasileira de Luiz Maria da Silva Pinto

Sobre os primoacuterdios da lexicografia brasileira voltamos nossos olhares para

aquela que teria sido a primeira obra escrita editada e impressa no Brasil ndash o Diccionario da

Lingua Brasileira de Luiz Maria da Silva Pinto

FOTO 1 Diccionario da Lingua Brasileira

Fonte acervo pessoal

Praticamente desconhecida dos pesquisadores ateacute fins do seacuteculo XX por

iniciativa do professor Joatildeo Mendonccedila Teles ndash do Instituto Histoacuterico e Geograacutefico Brasileiro

ndash essa obra foi reeditada em ediccedilatildeo fac-siacutemile com patrociacutenio da Caixa Econocircmica Federal

pela Sociedade Goiana de Cultura e pelo Centro de Cultura Goiana da Universidade Catoacutelica

de Goiaacutes do qual Teles era coordenador em 1996

33

FOTO 2 Detalhe da capa do Diccionario

Fonte acervo pessoal

Sabemos que a histoacuteria da imprensa no Brasil tem seu iniacutecio oficial em 1808 com

a chegada da famiacutelia real portuguesa Antes dessa eacutepoca toda atividade de imprensa -

publicaccedilatildeo de jornais livros ou panfletos ndash era proibida conforme Carta Reacutegia de 1706 que

mandava sequestrar e destruir qualquer modalidade de atividade tipograacutefica que fosse

encontrada como tambeacutem punir seus proprietaacuterios Mesmo assim em caraacuteter clandestino

algumas impressotildees foram realizadas em Minas dentre elas citamos o poema laudatoacuterio

escrito por Diogo Pereira Ribeiro de Vasconcelos intitulado Canto Encomiaacutestico publicado

por Padre Viegas14

Padre Viegas ou o Padre Joaquim Viegas de Menezes em funccedilatildeo dos

conhecimentos especializados que possuiacutea dirigiu em 1820 em Ouro Preto juntamente com

o artiacutefice portuguecircs Manuel Joseacute Barbosa Pimenta e Sal e alguns operaacuterios a construccedilatildeo da

primeira tipografia mineira a Tyipografia Patriacutecia assim denominada em referecircncia agrave paacutetria

Daacute-se nessa tipografia o iniacutecio da imprensa perioacutedica em Minas Gerais com a circulaccedilatildeo do

jornal Compilador Mineiro em 13 de outubro de 182315

encerrada em 9 de janeiro de 1824

Apenas trecircs dias apoacutes o seu desaparecimento surgiu impresso na mesma tipografia e com o

objetivo expresso de substituir o Compilador o perioacutedico A Abelha do Itaculumy (1824-

1825)

Ainda nesse periacuteodo em 8 de abril de 1822 o goiano que residia em Ouro Preto

o major Luiz Maria da Silva Pinto propotildee a iniciativa de um plano para a instalaccedilatildeo da

primeira tipografia oficial do Estado aleacutem da publicaccedilatildeo de uma folha como porta-voz dos

atos governamentais Esse major foi o principal impressor de Ouro Preto durante vaacuterios anos

14

SEABRA 2008 p 151 15

COSTA FILHO A Imprensa Mineira no Primeiro Reinado

34

tornando-se o administrador do estabelecimento real A graacutefica real estreia tipos e prelos com

a produccedilatildeo dos impressos avulsos do poder oficial da Capitania e das diversas reparticcedilotildees

puacuteblicas aleacutem de papeis de encomenda particular

Luiz Maria da Silva Pinto nasceu em Pilar de Goiaacutes em 15 de marccedilo de 1775 e

faleceu em 20 de dezembro de 1869 em Vila Rica hoje Ouro Preto aos 94 anos de idade Era

filho de Joseacute Pinto da Silva e de Joaquina Maria Zunega Iniciou seus estudos em Goiaacutes

completando-os em Ouro Preto cidade para onde se transferiu em companhia de sua matildee e

irmatilde Em Ouro Preto eacute crismado por Tomaacutes Antocircnio Gonzaga e sob a proteccedilatildeo de Frei

Domingos da Encarnaccedilatildeo Pontevel Silva Pinto avanccedila em seus estudos Foi secretaacuterio do

Palaacutecio do Governo nomeado por Visconde de Barbacena e mais tarde por promoccedilatildeo ao

cargo de oficial-mor e logo em seguida major Foi tambeacutem Deputado Provincial

Procurador Fiscal da Mesa de Rendas de Minas tendo sido nomeado vice-diretor geral da

Instituiccedilatildeo Segundo Teixeira de Freitas16

Silva Pinto pode ser considerado o pai da

estatiacutestica geral mineira uma vez que quando secretaacuterio da Proviacutencia promoveu um

inqueacuterito estatiacutestico-cronograacutefico em 23 de julho de1825 aleacutem de um levantamento por ele

organizado em 1854 por ordem do Presidente de Proviacutencia Francisco D Pereira de

Vasconcellos Freitas afirma que vaacuterios satildeo os documentos que demonstram esforccedilos

repetidos da administraccedilatildeo mineira em prol da estatiacutestica geral17

Entre suas obras destaca-se

ainda O Mapa Geodeacutesio de Minas Gerais editado em 1825 Silva Pinto foi ainda membro

do Instituto Histoacuterico e Geograacutefico Brasileiro patrono da cadeira nuacutemero 29 da Academia de

Letras de Goiaacutes18

16

Diretor Geral de Informaccedilotildees Estatiacutesticas e Divulgaccedilatildeo do Ministeacuterio da Educaccedilatildeo em 1931 17

FREITAS 1940 18

MAPA Disponiacutevel em lthttpacademiagoianadeletrasorgmembroluiz-maria-da-silva-pintogt Acesso em 1

abr 2011

35

FOTO 3 Casa de Silva Pinto em Ouro Preto19

Fonte acervo pessoal

FOTO 4 Localizaccedilatildeo da casa de Silva Pinto em Ouro Preto -

Vista de Vila Rica 1820 de Armand Julien Palliegravere

Fonte acervo pessoal

Sobre as impressotildees causadas pelo Diccionario da Lingua Brasileira no meio

intelectual e ainda sobre seu autor o goiano Luiz Maria da Silva Pinto destacamos as vozes

de

a) Joseacute Pedro Xavier da Veiga ndash nas Efemeacuterides Mineiras em data de 19 de setembro de

1869 Xavier da Veiga registra o oacutebito de Luiacutes Maria da Silva Pinto consagrando-lhe uma

19

Localizada na Rua Claacuteudio Manuel nordm 129 Centro Atualmente Repuacuteblica Maracangalha propriedade da

Escola de Farmaacutecia e Bioquiacutemica de Ouro Preto UFOP

36

paacutegina biograacutefica em que aponta os seus relevantissimos serviccedilos agrave administraccedilatildeo puacuteblica de

Minas Gerais desde a uacuteltima fase do govecircrno colonial e durante meio seacuteculo Dizendo-o

homem muito inteligente extraordinariamente trabalhador e dotado de espiacuterito de organizaccedilatildeo

e de pesquisa Xavier da Veiga (1897 p 47-52) afirmando nunca ter visto o dicionaacuterio

disserta

Tambeacutem durante muitos anos o major Luiacutes Maria da Silva Pinto possuiu e dirigiu

oficinas tipograacuteficas em Ouro Precircto editando nelas muitos livros alguns bem

volumosos e em tempos difiacuteceis para a imprensa no interior do paiacutes Entre os

aludidos livros figura um dicionaacuterio portuguecircs de sua proacutepria composiccedilatildeo ao qual

deu o tiacutetulo de Dicionaacuterio da liacutengua brasileira e cujos exemplares satildeo hoje

rariacutessimos

b) Affonso E de Taunay20

ndash na obra Inopia cientiacutefica e vocabular dos grandes dicionarios

portuguezes (1932 p 147) Taunay destaca

Quarenta annos apoacutes o apparecimento do Diccionario de Moraes novo tentame de

igual natureza ao do lexicographo fluminense se daria no Brasil muito embora delle

resultase obra de mediocre valor hoje quasi totalmente esquecido o Diccionario da

Lingua Brasileira Pela terceira vez creio apparecia o nosso patronymico nacional aacute

portada dos diccionarios da lingua Fizera Bluteau garbo de que o seu tambem

[seria] brasilico entre numerosos outros predicados E Moraes como bom brasileiro

timbrara em lembrar que o seu lexico recolhera milhares de palavras de sua terra

Mas Silva Pinto fora adiante redigira um diccionario da lingua brasileira

Infelizmente poreacutem natildeo lhe correspondeu a obra aacute altissonacircncia do programma

constante do patriotico titulo Deve ter sido composto por homem inteligente e lido

que se valeu natildeo ha duvida e muito dos trabalhos de Moraes mas nem por isto

deixou de levantar em homenagem aacute riqueza vocabular da liacutengua luso-brasileira ateacute

hoje tatildeo deficiente tatildeo mesquinhamente invetariada Eacute um tanto obscura a

biographia deste nosso segundo diccionarista Luiz Maria da Silva Pinto

c) Eduardo Frieiro ndash no artigo um velho dicionaacuterio impresso em Minas21

(1955) destacamos

as impressotildees de Frieiro

Acham-se vinculados aos primeiros tempos da Tipografia em Minas trecircs nomes que

natildeo podem ser esquecidos o do mineiro Padre Viegas de Meneses o do portuguecircs

Manuel Joseacute Barbosa Pimenta e Sal e o do goiano Luiacutes Maria da Silva Pinto []

Administrava a oficina provincial o major Luis Maria da Silva Pinto que durante

vaacuterias deacutecadas foi o principal impressor de Ouro Precircto jaacute como gerente do

estabelecimento oficial jaacute como editor particular proprietaacuterio da Tipografia de

Silva cuja marca tenho encontrado em diversas obras dadas a lume de 1827 a 1848

Algumas eram de autoria do operoso Silva Pinto que chegou mesmo a publicar um

Diccionario da lingua brasileira portaacutetil de 1132 paacuteginas para remediar a penuacuteria

de vocabulaacuterios ocorrente na Proviacutencia Era o Dicionaacuterio uma compilaccedilatildeo apressada

feita pelo proacuteprio impressor que tambeacutem editou para uso das escolas de primeiras

letras numerosos voluminhos dos quais posso citar os tiacutetulos de alguns que possuo

a saber Ortografia ou Arte de escrever (1829) Aritmeacutetica ou Arte de contar (1831)

Princiacutepios da Moral cristatilde (1846) e Gramaacutetica brasileira ou Arte de falar conforme

20

TAUNAY 1932 p182 21

FRIEIRO 1955 p390-397

37

as regras da Manuel Borges Carneiro (1847) Embora se intitulasse Dicionaacuterio da

liacutengua brasileira nada tinha que ver com a fala dos aboriacutegenes nem com os

particularismos da liacutengua corrente no Brasil Era um pequeno leacutexico da liacutengua

portuguecircsa com alguns escassos brasileirismos colhidos provagravevelmenle em Moraes

Silva O caso eacute que naquela eacutepoca achando-se os Brasileiros ainda na lua de mel da

independecircncia nacional o espiacuterito nativista entatildeo muito alvoroccedilado natildeo se

contentava unicamente com a autonomia poliacutetica almejava romper todos os laccedilos

que ainda nos atavam agrave repudiada Metroacutepole inclusive o liame infrangiacutevel da liacutengua

materna Como natildeo era possiacutevel fabricar uma com peccedilas totalmente novas

chamava-se brasileira agrave liacutengua que sem deixar de ser portuguesa eacute de qualquer

forma tambeacutem a nossa

d) L G ndash que assina a nota do recorte do jornal22

(sem data) abaixo apresentado

FOTO 5 Notiacutecia de jornal

Fonte acervo pessoal

e) Paulo Mario Beserra de Araujo ndash neste iniacutecio de seacuteculo XX quando a ciecircncia linguiacutestica se

volta para a anaacutelise de dicionaacuterios e as versotildees digitais de obras se encontram disponibilizadas

na internet Araujo (2009) realizou um ldquoensaio metalexicograacutefico analiacutetico comparativo e

criacuteticordquo do Diccionario de Silva Pinto publicado com o tiacutetulo Um diccionario sem auctor

versus hum auctorlsquo com diccionario Esse pesquisador buscando estudar o que motivou

Silva Pinto a delimitar a macroestrutura de seu dicionaacuterio (cf Araujo 2009 p 9-10) mostra

inuacutemeras semelhanccedilas da obra desse autor ndash o Diccionario da Lingua Brasileira com a obra

22

Recorte encontrado na contra-capa do volume do Diccionario do Museu da Inconfidecircncia em Ouro Preto

poreacutem natildeo haacute informaccedilotildees sobre a autoria

38

ldquosem autor declarado pelo editor impressor e livreiro Francisco Rollandrdquo23

denominada

Novo Diccionario da Liacutengua Portugueza ediccedilatildeo de 1806 ldquodisponiacutevel desde 23 de fevereiro

de 2007 no website booksgoogle obtida do original existente na Taylor Institution Library

da Oxford University Oxford Inglaterrardquo24

Apoacutes um cuidadoso estudo Arauacutejo conclui que a

ldquoanaacutelise comparativa efetuada permite constatar que a semelhanccedila entre as duas obras estaacute

aleacutem do que pode ser classificado como compilaccedilatildeordquo25

Apresentamos a seguir a folha de rosto do Diccicionario da Liacutengua Brasileira

FOTO 6 Diccionario da Lingua Brasileira (1832) Fonte acervo pessoal

Diferentemente de seu colega editor responsaacutevel pela obra similar portuguesa

Silva Pinto assina a obra brasileira Com esse comportamento o consulente entende que cabe

a ele aleacutem da ediccedilatildeo a autoria do dicionaacuterio Entretanto no proacutelogo apresentado esse autor

se coloca como impressor natildeo como autor ndash ldquome suggerio o projecto de imprimir este

auxiliante da Grammatica e da Orthographiardquo deixa claro tambeacutem que a obra ao ser editada

jaacute contava com um nuacutemero de leitores ou ldquoassignantesrdquo mais do que suficientes para sua

confecccedilatildeo Isso nos leva a refletir que Silva Pinto realizou um trabalho de ediccedilatildeo de uma obra

portuguesa de faacutecil manuseio visando atender aos brasileiros Salientamos que apesar do

23

ARAUJO 2009 p 13 24

Ibidem p 10 25

Ibidem p 78

39

tiacutetulo se referir agrave variante do portuguecircs brasileiro esse dicionaacuterio tem um caraacuteter normativo

ateacute mesmo preconceituoso conforme podemos inferir no trecho do proacutelogo em que

destacamos a preocupaccedilatildeo do autor em mostrar que no nosso leacutexico havia palavras da liacutengua

portuguesa e natildeo somente dlsquoaquellas que proferem os Iacutendios Posiccedilatildeo conservadora sem

duacutevida

FOTO 7 Prologo do Diccionario da Lingua Brasileira

Fonte acervo pessoal

Mais do que descrever o leacutexico brasileiro dos primeiros anos dos oitocentos com

certeza o Diccionario da Lingua Brasileira do goiano Luiz Maria da Silva Pinto tinha como

objetivo ser prescritivista conduta bastante comum nessa eacutepoca

Publicado dez anos depois da Independecircncia do Brasil o dicionaacuterio nesse

contexto constitui-se como um instrumento de divulgaccedilatildeo da nova naccedilatildeo e da posiccedilatildeo

poliacutetica de seu editor diante dos acontecimentos histoacutericos Como homem respeitado na

sociedade local em um periacuteodo em que o Brasil acabava de ser tornar independente de

Portugal Silva Pinto se preocupava com os rumos que a liacutengua portuguesa poderia tomar e

40

como editor colocou-se como ldquoprotetorrdquo do portuguecircs lusitano ldquobem faladordquo em terras

brasileiras

A imagem que apresentamos a seguir destaca a paacutegina do dicionaacuterio que trata

das abreviaturas da obra com a inserccedilatildeo de vaacuterias terminologias dentre elas a terminologia

naacuteutica objeto de anaacutelise desta Pesquisa

IMAGEM 1 Lista de abreviaturas proposta pelo Diccionario da Lingua Brasileira

Dada a estreita relaccedilatildeo entre cultura e leacutexico abordaremos no proacuteximo capiacutetulo as

grandes navegaccedilotildees destacando a navegaccedilatildeo portuguesa em terras brasileiras

41

Capiacutetulo 2

42

Capiacutetulo 2 ndash Contextualizaccedilatildeo histoacuterica

21 As grandes navegaccedilotildees

A aventura mariacutetima portuguesa natildeo foi um marco isolado Ela se fez no contexto

de uma das maiores aventuras expansionistas empreendidas pelo homem e se tornou

conhecida como grandes navegaccedilotildees De costas para Castela e de frente para o mar a uacutenica

forma de Portugal expandir seus domiacutenios era enfrentar as aacuteguas desconhecidas

Desde 1385 com a ascensatildeo de D Joatildeo I ao trono apoacutes a Revoluccedilatildeo de Avis

antes de qualquer outro paiacutes europeu Portugal jaacute possuiacutea um Estado centralizado apoiado por

uma burguesia mercantil forte e disposta a investir na expansatildeo a fim de ampliar suas

possibilidades de lucros Construiacuteram caravelas principal meio de transporte mariacutetimo e

comercial do periacuteodo desenvolvidas com qualidade superior agraves de outras naccedilotildees Neste paiacutes

tambeacutem houve a preocupaccedilatildeo com os estudos naacuteuticos pois os portugueses chegaram a criar

ateacute mesmo um centro de estudos a Escola de Sagres Nesse centro o Infante Dom Henrique

filho do Rei Dom Joatildeo I reuniu numerosos pilotos cartoacutegrafos e astrocircnomos cujos trabalhos

favoreceram o avanccedilo da arte de navegar e impulsionaram a expansatildeo mariacutetima portuguesa A

partir daiacute com o aprimoramento da cartografia ndash em especial com o desenvolvimento das

cartas naacuteuticas ndash e com o avanccedilo das teacutecnicas de navegaccedilatildeo recorrendo ao que havia de mais

novo no campo cientiacutefico tais como a ampliaccedilatildeo dos conhecimentos sobre correntes

mariacutetimas o uso do astrolaacutebio e da buacutessola que permitia navegaccedilotildees mais seguras

privilegiando a situaccedilatildeo geograacutefica de seu paiacutes os portugueses partiram para as grandes

expediccedilotildees mariacutetimas

Entre os grandes obstaacuteculos vencidos para que fossem aleacutem do conhecido mar

Mediterracircneo estavam o medo e vaacuterias preacute-concepccedilotildees Foi necessaacuterio um longo processo de

mudanccedilas para que o povo europeu apostasse na teoria da esfericidade da Terra e se

ldquoconvencesserdquo de que havia alguma possibilidade de ir aleacutem das aacuteguas jaacute navegadas desde

muito tempo

Durante os seacuteculos XV e XVI os europeus principalmente portugueses e

espanhoacuteis lanccedilaram-se nos oceanos Paciacutefico Iacutendico e Atlacircntico com dois objetivos

principais descobrir uma nova rota mariacutetima para as Iacutendias e encontrar novas terras Este

periacuteodo ficou conhecido como a Era das Grandes Navegaccedilotildees e Descobrimentos Mariacutetimos

O iniacutecio da expansatildeo portuguesa deu-se em 1415 com a conquista da cidade de

Ceuta no norte da Aacutefrica na costa do atual Marrocos importante centro comercial da eacutepoca ndash

ponto de convergecircncia de caravanas de comerciantes aacuterabes Depois de Ceuta os portugueses

43

continuaram suas conquistas contornando a Aacutefrica em um trajeto conhecido como peacuteriplo

africano A expansatildeo portuguesa incluiu a ilha da Madeira os Accedilores Cabo Verde a

ultrapassagem do Cabo Bojador (grande obstaacuteculo para a continuaccedilatildeo da viagem e muito

temido pelos navegadores por causa das fortes ondas e dos nevoeiros comuns na regiatildeo)

Senegal e Serra Leoa

Durante o peacuteriplo africano os portugueses desenvolveram a caravela um tipo de

barco adaptado agrave navegaccedilatildeo em mar aberto e comeccedilaram a esboccedilar o audacioso plano de

contornar o sul da Aacutefrica e chegar agraves Iacutendias

MAPA 1 As grandes navegaccedilotildees26

A chegada dos portugueses ao litoral da Ameacuterica em 1500 foi portanto uma

consequecircncia da expansatildeo ultramarina anteriormente realizada em vaacuterios cantos do mundo

As grandes navegaccedilotildees transformaram Portugal em um impeacuterio respeitado em

toda agrave Europa o interesse despertado pelas viagens transoceacircnicas natildeo soacute permitiu a expansatildeo

dos conhecimentos naacuteuticos com o desenvolvimento da buacutessola do astrolaacutebio das

embarcaccedilotildees e de mapas rudimentares denominados portulanos mas tambeacutem por ser o

primeiro paiacutes europeu a iniciar a expansatildeo ultramarina teve seu comeacutercio ampliado dominou

povos e terras impocircs um sistema de colonizaccedilatildeo imprimindo aiacute sua soberania religiatildeo

cultura e liacutengua

26

NAVEGACcedilOtildeES Disponiacutevel em lthttpwwwgooglecombrsearchhl=ptgt Acesso em 1 Abr 2011

44

O desenvolvimento do comeacutercio europeu nos seacuteculos XV XVI e XVII

favorecido pelas praacuteticas mercantilistas das monarquias absolutistas foi tambeacutem chamado de

revoluccedilatildeo comercial A revoluccedilatildeo comercial caracterizou-se pela integraccedilatildeo da Ameacuterica

Aacutefrica e Aacutesia agrave economia europeia atraveacutes da navegaccedilatildeo pelo Oceano Atlacircntico pelo

aumento da circulaccedilatildeo de mercadorias e de moedas pela criaccedilatildeo de novos meacutetodos de

produccedilatildeo de manufaturas pela ampliaccedilatildeo dos bancos dos sistemas de creacutedito seguros e

demais operaccedilotildees financeiras O crescimento da agricultura da mineraccedilatildeo da metalurgia da

navegaccedilatildeo da divisatildeo do trabalho do comeacutercio colonial promoveu uma grande acumulaccedilatildeo

de capital preparando a Europa para avanccedilos importantes na produccedilatildeo o corridos a partir do

seacuteculo XVIII

22 As navegaccedilotildees na eacutepoca do Brasil Colocircnia

A primeira exploraccedilatildeo do litoral do territoacuterio descoberto foi feita pela proacutepria

esquadra de Cabral que seguiu paralelamente agrave costa em direccedilatildeo norte procurando um porto

onde os navios ficassem abrigados A partir daiacute nos primeiros trinta anos o contato com as

terras brasileiras ficou limitado ao envio de algumas expediccedilotildees de reconhecimento e defesa

do litoral e outras com o objetivo de explorar o pau-brasil uacutenico artigo que poderia ser

convertido em lucros para Portugal

Em 1530 Dom Joatildeo III enviou ao Brasil a expediccedilatildeo de Martim Afonso de Sousa

cujos principais objetivos eram verificar a existecircncia de metais preciosos explorar e patrulhar

o litoral e estabelecer os fundamentos da colonizaccedilatildeo do Brasil Martim Afonso percorreu

quase todo o litoral brasileiro de Pernambuco enviou dois barcos para explorar o litoral

norte organizou expediccedilotildees rumo ao sertatildeo partindo de Cabo Frio e de Cananeia chegou ateacute

a foz do rio da Prata e depois retornou ao litoral paulista onde fundou a vila de Satildeo Vicente

(1532) Ali se organizaram alguns povoados iniciou-se o plantio da cana e foram construiacutedos

os primeiros engenhos da colocircnia Comeccedilava assim a colonizaccedilatildeo efetiva do Brasil apoiada

inicialmente na produccedilatildeo de accediluacutecar para o mercado externo

O aproveitamento sistemaacutetico dos recursos da terra brasileira em benefiacutecio da

metroacutepole portuguesa permitiu a fixaccedilatildeo de populaccedilotildees europeias na regiatildeo o que contribuiu

para a incorporaccedilatildeo dos modelos sociais culturais e religiosos europeus no Novo Mundo

45

MAPA 2 ldquoTerra Brasilisrdquo27

A busca de colocircnias constituiacutea um dos principais objetivos dos paiacuteses

mercantilistas europeus As aacutereas coloniais eram um excelente mercado consumidor dos

manufaturados europeus e fornecedor de mateacuterias-primas e produtos agriacutecolas tropicais

As colocircnias eram vistas como instrumentos de poder das metroacutepoles Por isso a

produccedilatildeo foi organizada de acordo com a poliacutetica econocircmica do mercantilismo tendo como

objetivo o fortalecimento do Estado nacional e a acumulaccedilatildeo de riquezas monetaacuterias nas matildeos

das burguesias europeias Cada metroacutepole preocupava-se fundamentalmente e manter a posse

de suas colocircnias como bem mostra Caacuteceres (1993 p 19)

A administraccedilatildeo colonial estava centralizada na metroacutepole e tinha por finalidade

baacutesica garantir que as colocircnias gerassem produtos para a metroacutepole a baixos custos e

consumissem os manufaturados metropolitanos a preccedilos mais altos O elemento

mais importante desse sistema era o monopoacutelio comercial das metroacutepoles sobre as

colocircnias cuja economia girava em torno das necessidades econocircmicas

metropolitanas e de sua burguesia

Ateacute mesmo as formas de produccedilatildeo das colocircnias eram organizadas de acordo com

as necessidades metropolitanas No Brasil colocircnia por exemplo foi introduzida a escravidatildeo

a fim de se obter uma produccedilatildeo em larga escala necessaacuteria agrave economia europeia Essas

colocircnias em aacutereas tropicais que produziam para o mercado externo eram chamadas colocircnias

de exploraccedilatildeo28

Sua economia era baseada na grande propriedade na monocultura e no

trabalho compulsoacuterio isto eacute obrigatoacuterio

Com o estado portuguecircs no Brasil aumentaram tanto as exportaccedilotildees quanto as

importaccedilotildees e consequentemente a necessidade de um satisfatoacuterio transporte mariacutetimo

27

TERRA BRASILIS Disponiacutevel em lthttpswwwmarmilbrdhndhnhistoricohtmlgt Acesso em 1 Abr 2011 28

CAacuteCERES 1993 p 19

46

Durante o seacuteculo XVI e iniacutecio do seacuteculo XVII o Brasil tornou-se o maior produtor de accediluacutecar

do mundo e o responsaacutevel pela riqueza dos senhores de engenho da Coroa e de comerciantes

portugueses poreacutem foi soacute com a vinda da famiacutelia real portuguesa para o Brasil que a

navegaccedilatildeo brasileira se intensificou

A chegada ao Rio de Janeiro do Priacutencipe Regente D Joatildeo e da Rainha D Maria I

fugindo das guerras napoleocircnicas na Europa foi um marco na histoacuteria da marinha brasileira

Nessa eacutepoca a marinha portuguesa encontrava-se decadente mas sua capacidade foi ampliada

para poder apoiar a ldquoEsquadra Realrdquo e os navios estrangeiros jaacute que o fluxo aumentou

consideravelmente em virtude da abertura dos portos brasileiros ao comeacutercio com outras

naccedilotildees Podemos dizer que a transmigraccedilatildeo da Famiacutelia Real portuguesa foi fundamental para

que mais tarde ocorresse a independecircncia unificada de todo o territoacuterio de colonizaccedilatildeo

portuguesa na Ameacuterica A cidade do Rio de Janeiro tornou-se sede do governo portuguecircs o

que gerou um surto de progresso em vaacuterios setores da sociedade colonial

IMAGEM 2 Primeira esquadra brasileira29

Posteriormente com as tentativas das Cortes de fazer D Pedro regressar para a

Europa iniciou-se a cisatildeo da Marinha de Portugal Desde o princiacutepio de 1822 alguns

comandantes de navios passaram a obedecer somente ao Priacutencipe e o apoiaram nas ocasiotildees

em que houve ameaccedilas de uso de forccedila Comeccedilava nesse periacuteodo a se formar o embriatildeo da

marinha do Brasil

29

ESQUADRA Disponiacutevel em lthttpwwwgooglecombrsearch3Fq3D2522Marinha2BImperial

2BBrasileiragt Acesso em 1 Abr 2011

47

23 As navegaccedilotildees na eacutepoca do Brasil Impeacuterio

Com a independecircncia do Brasil o primeiro governo encontrou a difiacutecil tarefa de

unificar o extenso territoacuterio brasileiro em cujo litoral encontravam-se os principais centros

urbanos ou seja era emergencial que o Estado possuiacutesse uma Esquadra e estabelecimentos de

apoio para manter a unidade nacional Para eliminar os focos de resistecircncia interna agrave

autoridade do novo Imperador que eram mais fortes nas proviacutencias da Bahia Maranhatildeo

Gratildeo-Paraacute e Cisplatina e rechaccedilar qualquer tentativa de recolonizaccedilatildeo por parte da antiga

metroacutepole foi necessaacuterio o aprestamento de forccedilas terrestres e principalmente o preparo de

uma forccedila naval capaz de obter o domiacutenio do mar interceptar a vinda de reforccedilos portugueses

bloquear as posiccedilotildees inimigas e manter livres as comunicaccedilotildees mariacutetimas do novo Impeacuterio

garantindo a unidade nacional Era preciso aleacutem da Esquadra possuir a capacidade de reparar

os navios existentes e construir outros

Segundo Bittencourt30

em fins de 1822 ldquoo material flutuante ainda era muito

escasso com navios que tinham sua origem na Marinha de Portugal e que passaram a constituir o

primeiro nuacutecleo da Esquadra brasileira composto pelas Fragatas Uniatildeo e Real Carolina Corvetas

Maria da Gloacuteria e Liberal Brigue Real Pedro Brigue-Escuna Real 13 escunas ndash das quais sete

encontravam-se estacionadas no Prata ndash e de aproximadamente 20 navios-transportes e

canhoneiras Os outros navios estacionados no Rio de Janeiro somente trecircs eram utilizaacuteveis a

Nau Martins de Freitas a Fragata Sucesso e o Brigue Reino Unido os quais foram prontamente

reparados no Arsenal de Marinha A Nau Priacutencipe Real que trouxe D Joatildeo VI ao Brasil soacute pocircde

ser utilizada como navio-prisatildeo devido ao peacutessimo estado que se encontravardquo

De acordo com Vale (1971 p 10)

[] a princiacutepio parecia natildeo haver falta de oficiais para a nova Marinha 160 tinham se

estabelecido no Brasil desde 1808 mas a maioria era de portugueses e tornou-se

necessaacuterio verificar primeiro sua lealdade Com esta finalidade Cunha Moreira

estabeleceu uma comissatildeo em 5 de dezembro de 1822 para perguntar a cada oficial se

ele desejava servir ao Brasil ou voltar para Portugal Ficou logo claro que a grande

maioria aderia agrave causa brasileira e quando foram retirados os nomes dos mais velhos e

dos incapazes restou um total de 94 Era evidente que o Brasil tinha oficiais superiores

em nuacutemero suficiente mas a quantidade de oficiais inferiores dava apenas para

guarnecer os navios jaacute em comissatildeo nos estabelecimentos de guerra

Nesse periacuteodo a Marinha Imperial Brasileira possuiacutea em seus quadros

profissionais oriundos de diversos grupos sociais O engajamento e o recrutamento de pessoal

30

MARINHA IMPERIAL Disponiacutevel em lthttpwwwmarmilbrdiversosArtigos_selecionadosDocumentos

marinha_imperialpdfgt Acesso em 25 Abr 2011

48

para a marinhagem ocorriam de forma voluntaacuteria por contrato (geralmente estrangeiros) ou

pelo recrutamento agrave forccedila (vagabundos e criminosos) e posteriormente em decreto emitido

em fevereiro de 1823 permitiu-se a admissatildeo de escravos na Marinha Muitos eram oriundos

da Marinha de Portugal despertavam portanto desconfianccedila Outros tantos natildeo tinham

experiecircncia no mar Apesar desses problemas o governo imperial conseguiu unificar a

marinha brasileira da eacutepoca

IMAGEM 3 Marinha Imperial31

Eacute consenso que o instrumento decisivo para alcanccedilar a Independecircncia do Brasil

certamente foi a feliz decisatildeo do Governo Imperial de aprestar uma Esquadra capaz de

garantir o controle no mar negando-o aos portugueses possibilitar o deslocamento de tropas

de maneira mais raacutepida cortar as linhas de recebimento de suprimento e reforccedilo do inimigo

pelo mar

24 Consideraccedilotildees

Como se sabe os marinheiros envolvidos nas viagens mariacutetimas portuguesas

eram fundamentalmente gente do povo pouco instruiacuteda natildeo lhes sendo acessiacutevel portanto

o domiacutenio de uma terminologia muito elaborada Mesmo assim ela existe eacute dicionarizada e

merece ser estudada Podemos dizer que ao desenvolvimento das ciecircncias e teacutecnicas naacuteuticas

em Portugal correspondeu o florescimento de toda uma terminologia vernaacutecula herdada no

Brasil

31

MARINHA IMPERIAL Disponiacutevel em lt httpswwwmarmilbrmenu_hnoticias0609201002htmlgt

Acesso em 25 Abr 2011

49

Depois dessa breve exposiccedilatildeo acerca das grandes navegaccedilotildees que rudimentares

nos seacuteculos XIV e XV ultrapassaram o niacutevel da praacutetica rotineira jaacute nos primeiros anos do

seacuteculo XVI passamos a apresentar os procedimentos metodoloacutegicos adotados nesta pesquisa

50

Capiacutetulo 3

51

Capiacutetulo 3 ndash Procedimentos metodoloacutegicos

Como jaacute apontado na Introduccedilatildeo nossa pesquisa insere-se na aacuterea do leacutexico mais

especificamente do leacutexico especializado referente aos termos naacuteuticos Em nosso entender o

leacutexico especializado ou a terminologia e suas unidades ndash os termos ndash natildeo se separam

artificialmente do resto da liacutengua mas encaixam-se fazendo parte integrante dela Nessa

perspectiva natildeo concebemos a terminologia nem os termos seus objetos de anaacutelise como um

mundo agrave parte da realidade linguiacutestica de uma liacutengua Ao contraacuterio acreditamos que as

terminologias presentes em um dicionaacuterio satildeo constituiacutedas de subsistemas ndash tais como termos

meacutedicos termos da arquitetura termos naacuteuticos dentre muitos outros ndash que interagem dentro

de um sistema maior que eacute o leacutexico geral

Sobre esse tema Murakawa (2002 p 21) discorre

[] o leacutexico de uma liacutengua se compotildee de dois grupos de unidades lexicais num 1ordm

grupo as unidades satildeo compreendidas e empregadas do mesmo modo por todos os

membros da sociedade num 2ordm grupo as unidades satildeo apenas compreendidas e

empregadas por parte maior ou menor dessa sociedade e satildeo usadas no seu emprego

correto pelos membros de um grupo particular

De acordo com essa linguista por necessidade de se compor uma terminologia as

pessoas buscam na liacutengua comum unidades leacutexicas que passaratildeo a ter daiacute por diante um

significado especiacutefico

Nessa visatildeo seguimos as propostas teoacutericas defendidas por Cabreacute (1999) no

acircmbito da teoria comunicativa da terminologia Segundo essa terminoacuteloga os termos satildeo

unidades lexicais de fato que assumem significados especializados quando usadas em

determinados acircmbitos de especialidade Assim sendo podemos encontrar inuacutemeros termos

que tecircm por base unidades da liacutengua corrente que migram para registros linguiacutesticos

especializados como tambeacutem encontramos unidades lexicais terminoloacutegicas formadas por

estruturas morfoloacutegicas comuns agraves estruturas de palavras que encontramos no leacutexico da liacutengua

corrente

Sabemos que nos uacuteltimos anos os estudos terminoloacutegicos conheceram um

desenvolvimento notaacutevel com os avanccedilos da Linguiacutestica em geral e da lexicologia em

particular tendo-se hoje em dia uma visatildeo muito mais ampla da unidade lexical de uma

linguagem especializada

Neste estudo partimos de um tema ou de um ldquoassuntordquo ndash ou seja da terminologia

naacuteutica trabalhamos pois com o percurso ldquodo conceito agrave palavrardquo ou ldquoda ideia ao signordquo

nos moldes do meacutetodo onomasioloacutegico

52

Por onomasiologia entende-se um aspecto particular da pesquisa linguiacutestica que

partindo de uma determinada ideia examina as vaacuterias maneiras com as quais essa

ideia encontrou expressatildeo na palavra32

Em seguida estendemos nossa anaacutelise agrave palavra ou ao signo linguiacutestico ndash percurso

semasioloacutegico e voltamos ao onoma

Para os conceitos de leacutexico lexicologia lexicografia terminologia adotamos

como base teoacuterica Matoreacute (1953) Biderman (1978 1991 1998 1999 2001) Cabreacute (1999)

Barros (2007 2009) Krieger e Finatto (2004) Krieger (2006)

Para a anaacutelise dos dados ao longo do tempo tomamos como base norteadora a

concepccedilatildeo de Linguiacutestica Histoacuterica tal como apresentada por Bynon (1977 p 1-2) e Cohen

(1996 p3) que postulam

A Linguiacutestica Histoacuterica procura investigar e descrever a maneira pela qual as liacutenguas

mudam ou conservam suas estruturas atraveacutes do tempo seu domiacutenio eacute portanto a

liacutengua no seu aspecto diacrocircnico

As limitaccedilotildees do trabalho diacrocircnico satildeo tantas que natildeo se pode abrir matildeo de

informaccedilotildees que possam nos facilitar o acesso agrave liacutengua antiga

31 Objetivos

Nosso objetivo geral nesta pesquisa eacute realizar um estudo sincrocircnico e diacrocircnico

do leacutexico correspondente agrave terminologia naacuteutica presente no Diccionario da Lingua

Brasileira de Luiz Maria da Silva Pinto publicado na cidade de Ouro Preto no ano de 1832

Como objetivos especiacuteficos almejamos

1) estudar as origens dos termos naacuteuticos Sabemos que ao desenvolvimento das ciecircncias

e teacutecnicas naacuteuticas em Portugal correspondeu o florescimento de toda uma

terminologia vernaacutecula mas haacute outros termos provenientes de liacutenguas como o catalatildeo

o italiano e o aacuterabe

2) conferir se os termos selecionados se encontram presentes em obras lexicograacuteficas de

referecircncia nos seacuteculos XVIII XIX XX e se os mesmos mantiveram seus

significados e ainda se constam como ldquotermos naacuteuticosrdquo

3) consultar o corpus do Projeto DHPB CNPq com o objetivo de verificar se os termos

constantes no Diccionario da Lingua Brasileira integraram no passado o nosso

leacutexico e se havia variantes ortograacuteficas da palavra nos textos escritos dos seacuteculos

XVI XVII XVIII

4) o Brasil eacute composto por numerosas culturas que se vecircem refletidas em nossas escolhas

vocabulares atraveacutes do tempo inclusive no campo das liacutenguas de especialidade A

32

BERTOLDI citado por Babini 2006 p 38

53

exploraccedilatildeo econocircmica das terras americanas constitui um episoacutedio da Histoacuteria que se

refletiu de maneira significativa natildeo soacute na incorporaccedilatildeo de novas palavras no

Portuguecircs do Brasil mas na progressiva modificaccedilatildeo semacircntica e lexical de diversos

termos no fluir do tempo Assim temos como um dos objetivos analisar o repertoacuterio

textual concernente agrave navegaccedilatildeo econocircmica da colocircnia em documentos e textos

originais o que constitui uma das fontes primaciais para a compreensatildeo de nossa

proacutepria trajetoacuteria histoacuterica

5) verificar se a terminologia naacuteutica presente no Diccionario da Lingua Brasileira

descreve a realidade brasileira nessa aacuterea ou se faz parte desse dicionaacuterio somente com

o objetivo de enriquecer nosso leacutexico

6) apontar os termos naacuteuticos do dicionaacuterio Aureacutelio ndash seacuteculo XX Comparar esses termos

com o primeiro dicionaacuterio impresso no Brasil ou seja o Diccionario da Lingua

Brasileira verificando se houve manutenccedilatildeo expansatildeo ou mudanccedila nesse leacutexico de

especialidade

7) eacute notoacuterio que os marinheiros envolvidos nas viagens e na empresa dos

Descobrimentos eram fundamentalmente gente do povo gente simples que tripulava

os navios e executava a maioria das operaccedilotildees necessaacuterias agrave manobra do barco natildeo

lhes sendo acessiacutevel portanto o domiacutenio de uma terminologia elaborada Supomos

que a terminologia usada por estes profissionais teria de ser forccedilosamente simples (ou

simplificada) constituiacuteda por muitos termos provenientes da liacutengua corrente que lhes

permitissem conceitualizar realidades especializadas (como as relacionadas com a

navegaccedilatildeo com as manobras envolvidas neste processo com as partes do navio e com

os instrumentos que dele fazem parte) Esse leacutexico estaacute presente no Diccionario da

Lingua Brasileira e ou no Aureacutelio ndash seacuteculo XX

8) contribuir para o desenvolvimento da investigaccedilatildeo histoacuterica na aacuterea da Terminologia

disponibilizando um estudo da aacuterea de especialidade devidamente analisado

54

32 Caracteriacutesticas do Diccionario da Lingua Brasileira

Em termos de microestrutura o Diccionario da Lingua Brasileira apresenta

basicamente a entrada e a classe morfoloacutegica seguida da definiccedilatildeo Quando recebe ldquomarcas

de usordquo essas vecircm entre parecircnteses depois da classificaccedilatildeo morfoloacutegica e antes da definiccedilatildeo

se o vocaacutebulo soacute tem uma acepccedilatildeo como mostra o verbete em destaque

Poucas vezes o Diccionario da Lingua Brasileira apresenta duas acepccedilotildees como

em abotoadura raras vezes apresenta trecircs como em arruela e nunca apresenta abonaccedilotildees

Algumas vezes realiza pequenos comentaacuterios

Quando apresenta duas ou mais acepccedilotildees a ldquomarca de usordquo vem sempre antes de

cada definiccedilatildeo como eacute o caso do termo arruela que eacute definida pelo autor como termo de

armaria termo naacuteutico e termo de ourives

55

33 Meacutetodos e procedimentos

Para a realizaccedilatildeo deste trabalho utilizamo-nos do volume digital da ediccedilatildeo

microfilmada iniciada no ano de 1982 pelo Arquivo Puacuteblico Mineiro localizado na cidade

de Belo Horizonte Minas Gerais certificado pela documentaccedilatildeo apresentada a seguir

IMAGEM 4 Documentaccedilatildeo da obra digitalizada

Realizamos primeiramente a leitura do Diccionario da Lingua Brasileira e

fizemos o levantamento das unidades lexicais que remetem ao mundo da navegaccedilatildeo

Observamos inicialmente para proceder a essa seleccedilatildeo as ldquomarcas de usordquo que se referem agrave

terminologia naacuteutica Em uma segunda etapa lemos todos os outros verbetes uma vez que

temos consciecircncia de que muitas terminologias dentre elas a naacuteutica natildeo se encontram

marcadas Partimos portanto como jaacute mencionamos de um corpus dicionariacutestico referente agrave

terminologia naacuteutica que se intitula da liacutengua brasileira do iniacutecio do seacuteculo XIX e

posteriormente organizamos um corpus composto por 153 unidades leacutexicas constituiacutedo de

117 substantivos 3 adjetivos 32 verbos e 1 adveacuterbio

Feita a recolha os dados foram organizados em fichas lexicograacuteficas

56

IMAGEM 5 Obra utilizada digitalizada pelo APM

57

331 Fichas lexicograacuteficas

Para sistematizar e analisar os dados elaboramos uma ficha que chamamos de

lexicograacutefica para cada unidade leacutexica selecionada Nesta seccedilatildeo apresentaremos a

constituiccedilatildeo dessa ficha

(Nuacutemero da ficha)

Apresentaccedilatildeo do termo selecionado da obra em formato digital

Apresentaccedilatildeo do termo digitado

______________________________________________________________________

Registro em dicionaacuterios

rarrCunha

rarrBluteau

rarrMoraes e Silva

rarrLaudelino Freire

rarrAureacutelio

Abonaccedilatildeo do termo em Banco de Dados

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Origem

Figura 3 Ficha Lexicograacutefica

a) Do lado esquerdo na parte de cima apresentamos o nuacutemero da ficha lexicograacutefica em

negrito

b) Na primeira divisatildeo da ficha na parte superior destacamos a unidade lexical que seraacute

analisada colando natildeo soacute o termo mas todo o verbete copiado da versatildeo digital da

obra em seguida no lado esquerdo esse verbete eacute digitalizado objetivando desse

modo facilitar a leitura

c) Na segunda parte da ficha destacamos como cada um dos cinco dicionaacuterios consultados

definem o termo Quando isso natildeo ocorre ou seja quando um dos dicionaacuterios natildeo

registra o termo indicamos ldquonerdquo (natildeo-encontrado) no espaccedilo seguinte ao nome do

autor

d) Quando o termo eacute abonado pelo Banco de Dados do Projeto Dicionaacuterio Histoacuterico do

Portuguecircs do Brasil ndash seacuteculos XVI XVII XVIII constituiacutedo por textos da eacutepoca do

Brasil Colocircnia copiamos a abonaccedilatildeo no espaccedilo abaixo da linha pontilhada

e) A uacuteltima parte da ficha eacute composta por comentaacuterios e aponta ainda a origem do termo

Por meio das fichas consultando os autores das obras lexicograacuteficas

correspondentes a periacuteodos diversos podemos visualizar se a unidade lexical em estudo eacute ou

natildeo dicionarizada por um ou mais autores ou por nenhum deles e tambeacutem podemos

conhecer sua origem A ficha aponta ainda se o termo ocorreu ou natildeo no Brasil no periacuteodo

58

colonial Aleacutem de analisar o termo coletado a ficha lexicograacutefica constitui uma boa

ferramenta para nos auxiliar no trabalho de quantificaccedilatildeo e comparaccedilatildeo dos dados

Segue o modelo de uma ficha preenchida

Ficha 43

Calmaria s f (T Naut) Falta de vento

______________________________________________________________________

rarrCunha calma sf bdquogrande calor atmosfeacuterico geralmente sem vento‟ XV bdquoserenidade

sossego‟ 1813 Do it calma derivado do latim tardio cauma e este do grego kauma bdquocalor

ardente chama‟ [] calmaria sf bdquocalma‟ XVI

rarrBluteau Calmaricirca Tanquilidade das aguas do mar Malacia amp Fem Amanheceo o dia

ſeguinte em huma terrivel Calmaria Queirograves Vida do Irmatildeo Baſto pag 351

rarrMoraes e Silva calmaria sf de Naut Tempo de calma no mar em que o navio natildeo surde

ldquoestar o mar em calmariardquo []

rarrLaudelino Freire sf De calma + aria Cessaccedilatildeo do vento e do movimento das ondas

[]

rarrAureacutelio [ De calma + aria] Sf 1 Ausecircncia de ventos eou do movimento das ondas

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq

[] por cinco ou seis dias tivemos grandes calmarias trovoadas e chuveiros tatildeo escuros e

medonhos e tatildeo fortes ventos que era cousa despanto e no meio dia ficavamos numa noite

mui escura

PADRE FERNAtildeO CARDIM (1980) [1583] III - INFORMACcedilAtildeO DA MISSAtildeO DO P

CHRISTOVAtildeO GOUVEcircA AacuteS PARTES DO BRASIL - ANNO DE 83 - OU NARRATIVA

EPISTOLAR DE UMA VIAGEM E MISSAtildeO JESUIacuteTICA[A00_0751 p 142]

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Somente Moraes e Silva define calmaria como termo naacuteutico mas todos os

outros dicionaacuterios em suas definiccedilotildees remetem o significado desse termo a tempo e

atmosfera Origem italiana lt latina

FIGURA 4 Ficha Lexicograacutefica preenchida

Nesta parte de construccedilatildeo das fichas nos apoiamos em dicionaacuterios e banco de

dados tomamos como referecircncia o dizer de Bluteau (1712 v1) quando afirma que

As palavras natildeo significam por sua natureza mas por instituiccedilam dos homens amp

cada Naccedilatildeo assim barbara como polida deu principio amp sentido agraves palavras de

que usa Daqui nace que natildeo temos outra prova da propriedade das palavras que o

uso dellas amp deste uso natildeo hatilde evidencia mais certa amp permanente que a q nos fica

nas obras dos Autores ou manuscritas ou impressas

59

332 Sobre os dicionaacuterios consultados

Para a anaacutelise das unidades leacutexicas coletadas contamos com obras lexicograacuteficas

consideradas de referecircncia a saber

a) Vocabulario Portuguez e Latino de autoria de P Raphael Bluteau (seacuteculo XVIII)

Selecionamos esse dicionaacuterio por ser uma obra que contempla grande parte do leacutexico

da liacutengua portuguesa ateacute iniacutecio do seacuteculo XVIII aumentando e atualizando

aproximadamente em cinco vezes o vocabulaacuterio ateacute entatildeo dicionarizado conforme

destaca Verdelho33

e principalmente por ser reconhecido pelos estudiosos da aacuterea

como uma obra de referecircncia nos estudos lexicograacuteficos de liacutengua portuguesa De

acordo com Murakawa (2007 p173) a obra de Bluteau ldquonatildeo eacute uma obra lexicograacutefica

que trata apenas das palavras mas tambeacutem trata de coisas e por isso deve ser

considerada um dicionaacuterio ou um vocabulaacuterio enciclopeacutedicordquo De acordo com a

mesma autora ldquona maioria das vezes a informaccedilatildeo enciclopeacutedica completa a

informaccedilatildeo linguiacutestica das entradas e neste aspecto o Vocabulario se transforma num

repositoacuterio da cultura portuguesa e tambeacutem da cultura universalrdquo34

Ainda sobre a

importacircncia de termos selecionado essa obra que se organiza em torno de um corpus

real de liacutengua apoiamo-nos dizeres em Murakawa (2007 p 187)

Entre os inuacutemeros e variados meacuteritos que o Vocabulario possui um deles merece ser

ressaltado o iniacutecio de uma lexicografia portuguesa baseada em um corpus de

referecircncia organizado a partir de obras dos seacuteculos XV ao XVIII pertencentes aacutes

mais diversas aacutereas de conhecimento do periacuteodo de setecentos e o registro dessas

obras acompanhando os exemplos no interior dos verbetes indicando volume

paacutegina paraacutegrafo foacutelio e quando existia ateacute mesmo a ediccedilatildeo consultada

A composiccedilatildeo do Vocabulario constituiu um longo e conturbado

empreendimento que ocupou quase 50 anos da vida de Rafael Bluteau Na dedicatoacuteria a D

Joatildeo V Bluteau lembra a necessidade de uma obra que fizesse justiccedila agrave grandeza da liacutengua

portuguesa de Portugal e sobretudo do seu rei ldquoobjectivos que conferem ao Vocabulario

uma dupla funccedilatildeo poliacutetica pois para aleacutem de contribuir para a afirmaccedilatildeo do portuguecircs no

panorama linguiacutestico europeu concorre para a construccedilatildeo da imagem de um monarca

ilustrado e mecenasrdquo35

33

VERDELHO 2002 p 23 34

MURAKAWA 2007 p 186-187 35

SILVESTRE 2001 p 2

60

IMAGEM 6 O Vocabulario de Bluteau

61

b) Diccionario da Liacutengua Portugueza de autoria de Antoacutenio de Moraes Silva (seacuteculo

XIX) Tomando como base o Vocabulaacuterio Portuguez e Latino Moraes constroi seu

dicionaacuterio utilizando-se tambeacutem de obras de vaacuterios autores acrescentando outros

mais que P Raphael Bluteau o que talvez por influecircncia do Tribunal do Santo Ofiacutecio

e ainda pela censura literaacuteria tenham sido deixadas por esse uacuteltimo conforme

destaca Murakawa36

Segundo ainda essa autora37

ldquoo Diccionario de Moraes pode

ser considerado como o primeiro dicionaacuterio de uso da liacutengua portuguesa porque os

que o antecederam natildeo podem ser classificados de tal maneirardquo Nesta pesquisa

utilizamos para consulta o volume digitalizado da ediccedilatildeo de 1813

IMAGEM 7 O Diccionario de Moraes Silva

36

MURAKAWA 2007 p31 37

Op cit p119

62

c) O Grande e Noviacutessimo Dicionaacuterio da Liacutengua Portuguesa de Laudelino Freire

(primeira metade do seacuteculo XX) foi escolhido como obra de referecircncia da primeira

metade do seacuteculo XX por tratar-se de um dicionaacuterio que apresenta grande riqueza

vocabular por incluir muitas locuccedilotildees expressotildees e brasileirismos Laudelino de

Oliveira Freire seu autor nasceu em Lagarto SE em 26 de janeiro de 1873 e faleceu

no Rio de Janeiro RJ em 18 de junho de 1937 Formou-se em Direito em 1902 Foi

advogado jornalista professor poliacutetico criacutetico e filoacutelogo Eleito em 1923 para a

Cadeira n 10 na sucessatildeo de Rui Barbosa como membro da Academia Brasileira de

Letras laacute organizou trabalhos em lexicografia tendo apresentado em 1924 um plano

de dicionaacuterio de liacutengua portuguesa A comissatildeo encarregada desse dicionaacuterio foi

dissolvida em 1934 A obra (1939-1944) eacute publicaccedilatildeo poacutestuma composta em cinco

volumes impressa pela editora A Noite com a colaboraccedilatildeo de J L de Campos Vasco

Lima e Antocircnio Soares Franco Juacutenior

IMAGEM 8 Grande e Noviacutessimo Dicionaacuterio da Liacutengua Portuguesa de Laudelino Freire

d) Novo Dicionaacuterio Aureacutelio da Liacutengua Portuguesa de Aureacutelio Buarque de Holanda

Ferreira (2004) Optamos por essa obra pelo fato de este ser considerado como um

dicionaacuterio padratildeo da sociedade brasileira apresentando um vasto repertoacuterio lexical

incluindo grande nuacutemero de brasileirismos Eacute um dicionaacuterio que embora conte com

limitaccedilotildees apresenta grande nuacutemero de abonaccedilotildees de obras variadas exemplificaccedilotildees

exemplos baseados em linguagem falada e escrita indicaccedilatildeo da variabilidade

linguiacutestica no territoacuterio nacional aleacutem de concisatildeo e clareza nas definiccedilotildees

e) Dicionaacuterio Etimoloacutegico Nova Fronteira da Liacutengua Portuguesa de autoria de Antocircnio

Geraldo da Cunha Consta em nossa ficha esse dicionaacuterio com o objetivo principal

esclarecer a origem dos vocaacutebulos e a dataccedilatildeo aproximada da sua entrada na liacutengua

63

portuguesa Outra finalidade da escolha desse dicionaacuterio foi a de identificar as formas

variantes que tais vocaacutebulos adquiriram ao longo do tempo podendo com isso verificar

se algumas dessas formas coincidiam com aquelas encontradas no nosso corpus

Apoacutes a consulta a essas obras visando constatar se os termos selecionados

encontravam-se ou natildeo presentes nelas observando ainda suas origens e as marcas de uso

passamos posteriormente a consultar o Banco de Dados do Projeto Dicionaacuterio Histoacuterico do

Portuguecircs do Brasil ndash seacuteculos XVI XVII XVIII

333 Sobre o Banco de Dados

O Banco de Dados PDHPB CNPq integra o Projeto Dicionaacuterio Histoacuterico do

Portuguecircs do Brasil ndash seacuteculos XVI XVII XVIII e eacute constituiacutedo por uma base informatizada

que reuacutene textos do portuguecircs do Brasil ou sobre o Brasil colonial dos mais variados gecircneros

escritos por autores brasileiros e portugueses radicados no paiacutes desde o seacuteculo XVI

O Projeto Dicionaacuterio Histoacuterico do Portuguecircs do Brasil ndash seacuteculos XVI XVII XVIII

(DHPB) do Programa Instituto do Milecircnio ndash CNPq com sede na Faculdade de Ciecircncias e

Letras da UNESP (Universidade Estadual Paulista) Campus de Araraquara foi idealizado e

construiacutedo pela linguista Maria Tereza Camargo Biderman e com seu falecimento em 2008

estaacute sendo coordenado pela tambeacutem linguista Clotilde de Almeida Azevedo Murakawa Eacute um

projeto de um dicionaacuterio histoacuterico diacrocircnico portanto documental que tem como objetivos

especiacuteficos

1) reunir numa obra de consulta o leacutexico da liacutengua portuguesa que no periacuteodo do

Brasil Colonial fixou um repertoacuterio lexical que veio a constituir o portuguecircs

brasileiro 2) registrar as unidades lexicais substantivos adjetivos e verbos que

compotildeem a nomenclatura do Dicionaacuterio Histoacuterico 3) extrair dos contextos

inseridos no banco de dados todas as acepccedilotildees que a palavra-entrada ou lema

possui acompanhadas do contexto e de completa informaccedilatildeo bibliograacutefica 4)

registrar a data mais antiga que a entrada apresenta no conjunto de todos os

documentos que compotildeem o banco de dados38

Utilizando dois programas computacionais ndash o Philologic e o UNITEX 20 o

Banco de Dados do DHPB foi construiacutedo no Laboratoacuterio de Lexicografia da UNESP sede do

Projeto estabelecido o ano de 1500 com a carta de Caminha a dataccedilatildeo documental mais

antiga e o ano de 1808 data da chegada da famiacutelia real ao Brasil sua dataccedilatildeo mais perto da

contemporacircnea

38

MURAKAWA 2010 p 331

64

Sobre os textos utilizados eles se constituem os mais variados possiacuteveis

conforme nos aponta Murakawa (2010 p334)

Com relaccedilatildeo agrave tipologia das obras escolhidas haacute que se ressaltar que tendo em vista

os objetivos especiacuteficos do DHPB elas foram as mais variadas possiacuteveis obras dos

missionaacuterios viajantes na sua maioria jesuiacutetas que vieram em missatildeo catequeacutetica e

no Brasil se fixaram diaacuterios de navegaccedilatildeo como o de Pero Lopes de Sousa irmatildeo

de Martim Afonso de Sousa cartas de sesmarias roteiros descritivos da flora e

fauna brasileiras descriccedilotildees geograacuteficas cartas e sermotildees do PeVieira pregados

aqui no Brasil e de outros oradores sacros que para aqui vieram obras e

documentos que tratam do Estado do Gratildeo Paraacute durante a era pombalina obras

sobre a nobiliarquia paulistana atos de cacircmaras municipais documentos cartoriais

autos de devassas feitos durante a Inconfidecircncia Mineira processos inventaacuterios

testamentos alvaraacutes posturas bandos atos de doaccedilotildees de terras casas e terrenos

cartas de ofiacutecio patentes cartas dos governadores gerais provisotildees documentos

forenses constituiccedilotildees dos bispados no Brasil regimentos militares obras sobre

medicina farmaacutecia agricultura etc e muitas outras num conjunto que pode ser

considerado ldquomonumentalrdquo para os fins a que foi proposto

Contando com aproximadamente 7 milhotildees e 500 mil ocorrecircncias esse Banco de

Dados por noacutes consultado permitiu que dele extraiacutessemos as unidades lexicais comuns aos

153 termos constantes no nosso corpus em estudo

A utilizaccedilatildeo do Banco de Dados do Projeto DHPB permitiu que conferiacutessemos se

os termos que compotildeem nosso corpus se encontram contextualizados em textos do periacuteodo

colonial brasileiro e ainda que observaacutessemos suas variaccedilotildees

Depois de explicitarmos as posiccedilotildees teoacutericas adotadas e os meacutetodos e

procedimentos de que lanccedilamos matildeo nesta pesquisa passemos no proacuteximo capiacutetulo agrave

descriccedilatildeo e anaacutelise dos dados catalogados em fichas lexicograacuteficas

65

Capiacutetulo 4

66

Capiacutetulo 4 ndash Apresentaccedilatildeo e Descriccedilatildeo dos Dados

Conforme jaacute relatado no Capiacutetulo 3 para cada um dos 153 termos marcados

como ldquotermo naacuteuticordquo no dicionaacuterio DLB construiacutemos uma ficha lexicograacutefica Essa ficha

nos daacute vaacuterias informaccedilotildees 1) transcreve o verbete selecionado do DLB 2) aponta sua origem

3) mostra se o dado selecionado eacute considerado ldquotermo naacuteuticordquo pelos lexicoacutegrafos a) Bluteau

(seacutec XVIII) b) Moraes e Silva (seacutec XIX) c) Laudelino Freire (seacutec XX) d) Aureacutelio (seacutec

XXI) 4) indica por meio de abonaccedilotildees se o termo em estudo ndash na forma apresentada pelo

dicionaacuterio em anaacutelise ou em suas variantes ortograacuteficas e foneacuteticas ndash consta no Banco de

Dados do Projeto Dicionaacuterio Histoacuterico do Portuguecircs do Brasil ndash seacuteculos XVI XVII XVIII

que reuacutene textos escritos por brasileiros ou sobre o Brasil durante o periacuteodo colonial 5)

realizam-se comentaacuterios com o objetivo de fornecer esclarecimentos para posterior anaacutelise

A seguir listamos essas fichas em ordem alfabeacutetica

A

Ficha 1

[]

rarrAba sf [] No plural (T naut) os lados dos machos e femeas em que gira o leme e que

estatildeo pregados no navio e no leme

________________________________________________________________ rarrCunha aba

1 sf bdquoparte pendente de um objeto‟l XIII abaa XIV l De origem duvidosa

talvez se filie ao lat ălăpa atraveacutes de uma forma ăpăla como se poderia depreender do port

ant abaa []

rarrBluteau Diz-ſe da extremidade ou de algum acrecentamento na extremidade de couſas

naturaes ou artificiaes como em obras de marcenaria carpintaria amp outras []

rarrMoraes e Silva natildeo consta com essa acepccedilatildeo

rarrLaudelino Freire sf [] 4 Os lados de uma cousa as metades as partes laterais as

bandas aba da focirclha da janela etc

rarrAureacutelio [] 3 Prolongamento ger dobraacutevel de tampo de mesa ou de outros moacuteveis []

8Fig Proteccedilatildeo amparo arrimo

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo existem ocorrecircncias de aba como termo

naacuteutico

_______________________________________________________________ Comentaacuterios nenhum dos dicionaacuterios define aba como termo naacuteutico Origem duvidosa

(latina)

67

Ficha 2

Abotoadura sf [] No plur (T naut) As peccedilas de ferro que estatildeo debaixo das mezas e

seguratildeo as enxarcias com suas bigotas Abotucaduras parece ser corrupccedilatildeo deste vocabulo ______________________________________________________________________

rarrCunha abotoado ndashadura -amento -ar rarr BOTAtildeO [] Do a francecircs AbotoADURA

1813 botoadura XIV

rarrBluteau Abotoadugravera (Termo de navio) Satildeo huns ferros que vem debaxo das mezas de

guarniccedilatildeo amp tem matildeo na enxarcia com ſuas bigotas

rarrMoraes e Silva abotoaduacuteras s f pl naut Peccedilas do navio de ferro que vem debaixo das

mezas de guarniccedilatildeo e tem matildeo na enxarcia com suas bigotas

rarrLaudelino Freire sf De abotoar + dura Ato de abotoar []Jocircgo de bototildees que se

tomam no aparelho do navio com linha alcatroada em forma de cruz etc ABOTOADURAS

sf pl O mesmo que abatocadurasABATOCADURAS sf pl De abatocar + dura ndash s Naacuteut

Nome geneacuterico que designa as cadeias chapas e cavilhas que seguram as mesas das enxaacutercias

reais contra o costado do navio Var morf Batocaduras

rarrAureacutelio [De abotoar + -dura] SF Marinh Conjunto de bototildees que ligam dois cabos ou

duas pernadas do mesmo cabo

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo existem ocorrecircncias de abotoadura

abotoaduras abotucaduras abatocaduras como termo naacuteutico

______________________________________________________________________

Comentaacuterios todos os dicionaacuterios consultados apresentam abotuadura(s) como termo

naacuteutico ou da marinha ou de navio Origem francesa

Ficha 3

Abroquelar va cobrir com broquel (T nau) Bracear por sota vento ao virar de bordo

depois de ter dado geito ao braccedilo do velaxo por barlavento

______________________________________________________________________

rarrCunha abroquelar BROQUEL sm bdquoescudo antigo redondo e pequeno‟bru- XVIDo a

francecircs bocler (hoje bouclier) de bocle bdquoguarniccedilatildeo de metal no centro do escudo‟ e este do

latim bŭcŭla dim de bucca bdquoboca‟ AbroquelAR XVII abru- XVI

rarrBluteau natildeo consta

rarrMoraes e Silva ABROQUELAacuteR vat Cobrir com broquel sect __se no f guardar-se

forrar-se emparar-se Arte de furtar p 322

rarrLaudelino Freire ABROQUELAR Naacuteut Bracear por sotavento ao virar de bordo depois

de ter dado jeito ao braccedilo do velacho por barlavento

rarrAureacutelio [De a-2 + broquel + -ar

2] [] 2 Resguardar ou cobrir com broquel ou escudo 3

Fig Proteger defender resguardar escudar []

68

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo existem ocorrecircncias de abroquelar como

termo naacuteutico

______________________________________________________________________

Comentaacuterios somente Laudelino Freire aponta abroquelar como termo naacuteutico Sua

definiccedilatildeo eacute idecircntica agrave do DLB Origem francesa

Ficha 4

[]

Accedilafratildeo sm ndashotildees no plur [] T Naut o largo do leme justo ao couce que serve para

facilitar o movimento delle

______________________________________________________________________

rarrCunha sm bdquoplanta da fam das iridaacuteceas‟ ccedilaffram XIV Do aacuterabe az-zafaran rarrBluteau AacuteCAFRAM [] do Arabico Zabafaran[] Accedilafratildeo (Termo de naacutevio) He o

largo do leme junto agrave patelha amp ſerve para facilitar o movimento do meſmo leme

rarrMoraes e Silva ACcedilAFRAtildeO sm t naut O largo do leme junto agrave patelha o qual serve

para facilitar o seu movimento

rarrLaudelino Freire ACcedilAFRAtildeO sm Aacuter Azzaferan Planta bulbosa da famiacutelia das iridaacuteceas

(Crocus sativus) Naacuteut Madeira exterior larga junto a palhecircta do leme ao qual facilita os

movimentos

rarrAureacutelio accedilafratildeo [Do aacuter az-zalsquofarăn do persa] Sm Bot Planta herbaacutecea da famiacutelia das

iridaacuteceas (Crocus sativus) de procedecircncia europeia e possuidora de um bolbo perene 2 Bot

A flor dessa planta accedilaflor 3 Bras V urucu1 (2)

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo apresenta ocorrecircncia para accedilafratildeo como

termo naacuteutico

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Aureacutelio e Cunha soacute definem accedilafratildeo como nome de planta Os outros

dicionaacuterios apontam accedilafratildeo como 1) nome de planta 2) termo naacuteutico Origem aacuterabe

Ficha 5

Agarruchar va (T naut) atar com garruchas

______________________________________________________________________

rarrCunha Garrocha gt garra ceacuteltico

rarrBluteau AGARROCHAR Ferir com garrocha Jaculo figere transfigegravere transverberare

Vid Garrocha

rarrMoraes e Silva AGARRUCHAR v at Naut Apertar atar com garruchas [] mesuraratildeo

as velas e agarruchaacuteratildeo os papafigos

rarrLaudelino Freire AGARROCHAR v tr dir De a + garrocha + ar Ferir com garrocha

farpear Instigar excitar incitar estimular AGARRUCHADO adj p p de agarruchar1

Naacuteut Apertado com garruchas AGARRUCHAR [] Ant Naacuteut Atar ou apertar com

garruchas

rarrAureacutelio agarruchar [De a-2+ garrocha + -ar

2 ] V td 1 Apertar ou atar com garrucha (2)

[Cf agarrochar e agarrunchar] agarrochar [De a-2

+ garrocha + -ar2

] Vtd 1 Ferir ou

picar com garrocha garrochar 2 Incitar estimular 3 Atormentar mortificar []

agarrunchar [] Vtd Ligar com garruncho []

69

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo apresenta ocorrecircncia para agarruchar

como termo naacuteutico

_____________________________________________________________________

Comentaacuterios Moraes e Silva e Laudelino Freire apontam agarruchar como termo naacuteutico

Origem duvidosa (ceacuteltico)

Ficha 6

Alcaxas sf (T naut) Espaccedilo entre cinta e cinta do navio

______________________________________________________________________

rarrCunha natildeo consta

rarrBluteau T de navio He tomado o vatildeo entre cinta amp cinta da banda de fora da nao

rarrMoraes e Silva sf pl t naut O vatildeo entre cinta e cinta pelo costado do navio

rarrLaudelino Freire ALCAXAS sf O mesmo que alcaichaALCAIXA Naacuteut 1 Espaccedilo

entre as cintas e verdugas por fora dos navios 2 Faixa branca pintada na altura da bateria

pela parte exterior 3 Uma ou mais ordens de debrum branco no colarinho das camisas dos

marinheiros

rarrAureacutelio natildeo constam os lemas alcaicha alcaxa alcaixa alcaxas

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo apresenta o termo alcaxas e suas

variantes

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Bluteau Moraes e Laudelino apresentam alcaxas como termo naacuteutico

Origem controvertida (Houaiss 2001)

Ficha 7

Aldrope sm (T nautico) cabo que se ata agrave manga da bomba V Gualdrope

Gualdrope sm Cabo que se ata no extremo da cana do leme e nas amuradas para o governar

melhor

______________________________________________________________________

rarrCunha aldrope- sm bdquocabo com que se puxa a picota da bomba a bordo ou se auxilia o

governo do leme‟l aldrope XVI gualdrope XVIII l Do ing guide-rope provavelmente

rarrBluteau ALDROPE (Termo de navio) Vid Gualdrope Sem largarem os Aldropes das

bombas das matildeos de dia nem de noite

rarrMoraes e Silva ALDROacutePE sm Cabo que se ata aacute manga da bomba para augmentar a

forccedila ou para poderem zonchar mais pessoas Couto 415sect Talvez se toma poacutelo manuacutebrio ou

manga e seraacute o mesmo que Gualdrope cabo que se ata ao leme para o segurar melhor e

governa-lo Idem 7103

rarrLaudelino Freire ALDROPE sm O mesmo que galdropeGaldrope sm Naacuteut Cabo

com que se puxa a picota da bomba a bordo ou se auxilia o governo do leme

rarrAureacutelio aldrope- (Galdrope [Do ing guide rope]) Sm Constr Nav Ant V gualdrope

Gualdrope [Var De galdrope lt ingl guide-rope] Sm Const Nav 1 Corrente cadeia ou

cabo de arame que transmite agrave cana do leme os movimentos da roda do leme [] 2 Nas

embarcaccedilotildees miuacutedas cada um dos cabos presos agraves duas pontas da meia-lua do leme para

manobra deste

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo constam aldrope e suas variantes

______________________________________________________________________

70

Comentaacuterios Em todas as obras consultadas aldrope e gualdrope satildeo termos ligados a arte

de navegaccedilatildeo Origem inglesa

Ficha 8

Alestar va Por lesto Ter prestes ccedilafar entre os naacuteuticos

______________________________________________________________________

rarrCunha alestar natildeo consta Lesto de origem obscura

rarrBluteau LESTO O meſmo que leſtes Vid No ſeu lugar (De maneira que ficou leſto o

navio Britto Viagem do Braſil pag 85) LESTES amp preſtes Preparado poſto em ordem

couſa prompta para algum fim Paratus a um Cic Vid Preſtes

rarrMoraes e Silva ALEacuteSTAR vat fazer lesto desembaraccedilar Amaral f51v mandou alestar

as peccedilas do leme que vinhatildeo recolhidas ieacute ter prestes safar se natildeo eacute erro por assestar

rarrLaudelino Freire ALESTAR vrv De a + lesto + ar Tornar lesto pronto ou

desembaraccedilado (tr dir pr) ldquoAlestar os empregadosrdquo ldquoMinerva o enrija e alestardquo (Odorico

Mendes) ldquoAleste-se

rarrAureacutelio ALESTAR [De a-2 + lesto + -ar

2] []1 Tornar(-se) lesto apressar(-se) ativar(-

se)

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq

Cinco dias se deteve a caravela em Cabo-Verde os quaes acabados levou ferro e se pocircz

lesta a seguir viagem aos 26 do mesmo Dezembro []

PADRE JOSEacute DE MORAES (1860) [1759] LIVRO III - ENTRADA DA COMPANHIA DE

JESUS NA CAPITANIA DO GRAtildeO-PARAacute - CAP X - FELIZ VIAGEM PARA A MISSAtildeO DO

MARANHAtildeO DO GRANDE PADRE ANTONIO VIEIRA GRANDE EMBARACcedilO QUE TEVE

ANTES DA SUA PARTIDA PODERES E MERCEcircS COM QUE O DESPEDIO O PIISSIMO E

SEMPRE AUGUSTO REI O SR D JOAtildeO IV [A00_0279 p 281]

______________________________________________________________________

Comentaacuterios nenhum dos dicionaristas apontam alestar como termo naacuteutico embora

Bluteau e Moraes apresentem abonaccedilotildees indicando que esse lexema remete ao universo

mariacutetimo Origem obscura

Ficha 9

[]

Alforge sm [] Alforges no Navio he a parte da poppa nos encontros e a reacute com humas

janellas para os lados que lhe servem de ornato

______________________________________________________________________

rarrCunha alforje sm ldquoduplo saco fechado nos extremos e aberto no meio‟ 1899 alforge

XVI alforja 1871 l Do ar Al- hurğ

rarrBluteau ALFORGE ou Alforges he huma eſpecie de ſacola de couro ou de outra mateacuteria

dividida em duas algibeiras em que ſe mete alguma proviſaotilde neceſſaria para a jornada amp nas

beſtas ſe potildeem nas ancas ou de huma amp outra parte do arccedilaotilde da ſella amp na gente de pegrave ſe

carrega nos ombros co hua parte ao peito amp outra agraves coſtas Derivaſe Alforge do Araacutebico

Ahfodia amp do verbo Ahfad que valo meſmo que guardar porque no Alforge guarda o

viandante o que leva para o ſeu ſuſtento []

rarrMoraes e Silva Apresenta alforje mas natildeo como termo naacuteutico

71

rarrLaudelino Freire ALFORJE sm Ar Al-khurj [] ALFORJES s m pl Naacuteut Saliecircncias

nos dois cantos da pocircpa

rarrAureacutelio alforge ou alforje- s m [Do aacuter al-hurğ] 1 Duplo saco fechado nas extremidades

e aberto no meio formando como que dois bornais que se enchem equilibradamente sendo a

carga transportada no lombo de cavalgaduras ou ao ombro de pessoas []

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo apresenta ocorrecircncias para alforje alforge

como termo naacuteutico

______________________________________________________________________

Comentaacuterios dentre os dicionaristas consultados somente Laudelino Freire aponta alforjes

(na forma plural) como termo naacuteutico Origem aacuterabe

Ficha 10

Almeida sm (T naut) O vatildeo por onde entra a cana do leme acima do cadaste

______________________________________________________________________

rarrCunha almeida sf bdquoabertura por onde entra a cana do leme‟ XVI De origem controvertida

rarrBluteau Almeida do leme ou almeida da nao He por onde entra a cana do leme por cima

do cadaſte Naotilde ſei que tenha nome proprio latino Calcule pella Almeida da nao abaixo em

bergantim Barros Decad 2 fol68 col2

rarrMoraes e Silva ALMEIDA sft de Naut O vatildeo por onde entra a cana do leme por cima

do cadaste A almeida do leme Barros

rarrLaudelino Freire ALMEIDA s f Ar Almayda Naacuteut Abertura ou vatildeo por onde entra a

cana do leme acima do cadaste parte cocircncava da popa do navio

rarr Aureacutelioalmeida S f Constr Nav 1 Parte curva do costado dos antigos navios de popa

quadrada logo abaixo do painel da popa e que com este forma acircngulo obtuso ou uma

curvatura

rarr Banco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo apresenta ocorrecircncias para almeida como

termo naacuteutico

______________________________________________________________________

Comentaacuterios todas as obras indicam almeida como termo naacuteutico Origem aacuterabe (Sousa

amp Moura)

Ficha 11

Amura sf (T naut) cabo grosso que prende nos punhos das vegravelas e se fixatildeo na amurada

______________________________________________________________________

rarrCunha muro sm Amura sf bdquotipo de cabo naacuteutico‟ XVI Der Regress De amurada

rarrBluteau Amugravera Termo de navio He hum cabo groſſo que vai do punho da vela grande amp

do traquete a borda da nao para eſtender as velas quando o vento he eſcaſſo Naotilde tem palavra

propria latina

rarrMoraes e Silva AMURA s f t naut A quadra de proa nas embarcaccedilotildees Cast 2 c 101 sect

it Cabo que prende em uma ponta da vela grande e a vem fixar na borda ou amurada da naacuteo

rarrLaudelino AMURA s f Cabo com que se mareiam os papafigos e as velas menores

cutelos e varredouras 2 Quadra da proa

rarrAureacutelio amura [Der regress de amurada] S f 1 Constr Nav Bochecha (3) 2Marinh

Cabo com que se puxa para vante o punho de barlavento de uma vela redonda de modo que

ela receba bem o vento 3 MarinhCabo com que se prende ao mastro ou na direccedilatildeo da proa

o punho da amura de uma vela latina

72

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo conteacutem o termo amura Origem

portuguesa lt latina

Ficha 12

Amurada s f (T naut) A parte exterior e interior do navio onde se fixatildeo as amuras

______________________________________________________________________

rarrCunha amura -ada ndash MURO sm bdquoparede forte que circunda um recinto ou separa um

lugar do outro‟ fig defesa proteccedilatildeo XIII Do latim murus ndashi Amura sf 1tipo de cabo

naacuteutico‟ XVI Der Regress de AmurADA sf 1face interna do costado de uma embarcaccedilatildeo‟

XVI []

rarrBluteau AMURADAS da nao caravela ou outra Embarcaccedilaotilde Saotilde mais altos da parte de

dentro Latera navis interiora Nas Amuradas das caravellas Damiaotilde de Goes Fol 70 col 3

rarrMoraes e Silva AMURAacuteDA s f A parte mais alta dos bordos da natildeo onde se fixatildeo as

amuras Goacutees Cron Man 70 sect O costado do navio pola parte de dentro ldquo encostar-se nas

amuradasrdquo correu o canhatildeo contra a amurada de bombordordquo

rarrLaudelino Freire AMURADA s f De amura + ada Prolongamento do costado do navio

acima da parede interna do casco

rarr Aureacutelio [F subst de amurado]S f 1 Constr Nav Face interna do costado de uma

embarcaccedilatildeo2 Constr Nav Prolongamento do costado da embarcaccedilatildeo acima do conveacutes

descoberto borda da embarcaccedilatildeo 3 P ext Muro de arrimo paredatildeo

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq

Muito conʃiderada ʃeragrave a eleiccedilatildeo dos Cabos para aʃsiʃtir agrave polvora trazer cartuxos apagar

fogo cudado da artelharia do arpeo amp ronda das amuradas com lenternas em vigia das

balas ao lume da agoa para as tomarem por dentro

FRANCISCO DE BRITO FREYRE (1655) [1655] SENHOR () [A00_2496 p 61]

______________________________________________________________________

Comentaacuterios todas as obras consultadas apresentam amurada ou amuradas como termo

naacuteutico Origem portuguesa lt latina

Ficha 13

Anrique sm (T naut) Corda em que a boia se prende aacute ancora

______________________________________________________________________

rarrCunha consta ourinque sm bdquoespeacutecie de espinhel‟ l XVI ourinquis pl XV l O voc port

talvez se relacione com o cast orinque o a cat orri e o fr orin todos derivados do neerl

ooring bdquoanel que sutenta o cabo das embarcaccedilotildees‟

rarrBluteau ANRIQUE da Anchora He huma corda que ſe amarra na unha da Anchora amp

vem acima da agoa amp na ponta ſe lhe potildeem huma boya Serve paraq cortandoſe a amarra

com que a nagraveo eſta amarrada ſe vacirc depois buſcar a Ancora Naotilde tem palavra proacutepria latina Na

Historia de Fern Mendes Pinto fol 262 col2 eſta erradamente Ourique em lugar de

Anrique

rarrMoraes e Silva ANRIacuteQUE s m t de Naut Corda com que se prende a boya aacute unha da

ancora

rarrLaudelino Freire ANRIQUE s m Corda com que se prende a boacuteia agrave unha da acircncora

rarrAureacutelio arinque1 [Var de ourinque (q v)]Sm Marinh1Linha que prende o ferro a uma

boacuteia para indicar a posiccedilatildeo daquele quando se encontra fundeado ourinque anrique arinque2

S m Bras SC 1 Espeacutecie de espinhel

73

rarr Banco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo conteacutem o termo anrique

______________________________________________________________________

Comentaacuterios todos os dicionaacuterios apresentam anrique como termo naacuteutico Origem

castelhana (orinque) lt neerlandesa (ooring)

Ficha 14

Arfar va (T Naut) Metter o navio hora a proa hora a poppa

______________________________________________________________________

rarrCunha arfar vb bdquorespirar com dificuldade ansiar ofegar‟ XVI Talvez do lat vulg

arefāre (claacutess arefacegravere bdquosecar‟) arfANTE 1899

rarrBluteau ARFAR (Termo Nautico) Arfar a naacuteo Levantar a naacuteo com alternadas agitaccediloens

a popa amp a proa Arfa a nao [] A grande capitania que recebe Com aproa ogroſſo mar que

Arfando (bebePereira Ulyſſca Cant 5 oit 16Arfar []

rarrMoraes e Silva ARFAR v n Balancear erguendo-se e tombando ou pendendo a naacuteo

Euf 25 B 3 7 sect Arfar o cavalo empinar-se por-se em femeas sect fig Restituir-se a cima a

coisa elastica acurvada v g as tranccedilas da palmeira arfatildeo com algum peso

rarrLaudelino Freire ARFAR v r v Naacuteut Balancear ou oscilar o navio abaixando ora a

popa ora a proa jogar (intr) ldquoNo oceano arfam trecircs caravelasrdquo (Pocircrto Alegre) ldquoQue importa

a borrasca se a nau tem a prende-la os rijos dentes de ferro da acircncora

rarrAureacutelio arfar [Do lat vulg arefare ltlat arefacere secar poss] [] 4Mar Balouccedilar

oscilar (a embarcaccedilatildeo) no sentido longitudinal erguendo a proa []

rarr Banco de dados do Projeto DHPBCNPq

As naus entre montanhas de mar ainda quando arfavam mal se viam

JOSEacute ALVARES DE OLIVEIRA (1981) [nd] HISTOacuteRIA DO DISTRITO DO RIO DAS

MORTES SUA DESCRICcedilAtildeO DESCOBRIMENTO DAS SUAS MINAS CASOS NELE

ACONTECIDOS ENTRE PAULISTAS E EMBOABAS E CRIACcedilAtildeO DAS SUAS

VILAS[A00_0395p95]

______________________________________________________________________

Comentaacuterios todos os dicionaacuterios apresentam arfar tambeacutem como termo naacuteutico

Origem duvidosa (latim vulgar)

Ficha 15

Arriar v a (T Naacuteutico) Abaixar ou alargar a vela a bandeira etc

____________________________________________________________________

rarrCunha arriar vb bdquoabaixar descer ( o que estava suspenso ou levantado)‟ XVI Do cast

arriar deriv Do lat arrēdāre ldquopreparar dispor‟ Cp ARREAR

rarrBluteau ARRIAR ou Arrear (Termo Nautico) Alargar abater amp Arriar a eſcota He

alargar a ditta corda paraque naotilde tome a vela tanto vento Verjoriam laxare Arrias velas V

Amainar O que eſtiver de ſotavento Arrie o velacho Britto Viagem do Brazil pag 268

Arriar a bandeira Abaxalla Bellicum vexilium demittere (mitto ) pondolhe a proa com

a bandeira que Arriaracirc amp iſſaracirc com eſpaccedilo Britto Viagem do Braſil paacuteg 269

rarrMoraes e Silva ARRIAacuteR v at Abater amainar vg arriar as bandeiras velassect

Afroixar vg arriar as escotas para que a veacutela natildeo vaacute tatildeo enfunada sect Arriar-se segurar-se a

cabo para se alar para algum posto Cast 2 157

rarrLaudelino Freire ARRIAR vr 2ordf- Arriar eacute abaixar e em sua origem tecircrmo naacuteutico

Arriar a vela ( ad-retro ad-retrare cf francecircs cognato arriegravere)

74

rarrAureacutelioarriar [Do cat arriar] Verbo transitivo direto1Abaixar descer (o que estava

suspenso ou levantado) [] 4Marinh Deixar correr pouco a pouco (um cabo que aguenta um

peso)

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq

O que deʃcubrir vellas amp natildeo forem das noʃʃas tiraragrave hũa peʃʃa ʃeguindo-as com o farol aʃezo

para o acompanharem os mais Se as eʃtrangeiras paʃʃarem de duas tantas vezes como forem

as embarcaccedilotildees iʃʃaragrave amp arriaragrave hum farol de correr junto ao principal para advertirʃe que

eʃte movimento natildeo he do mar amp deʃparando hũa peʃʃa a Capitana volte aviʃala

FRACISCO DE BRITO FREYRE (1655) [1655] SENHOR [A00_2496 p 59]

______________________________________________________________________

Comentaacuterios todos os dicionaacuterio apesentam arriar entre outras acepccedilotildees como termo do

universo mariacutetimo acima consultados Origem castelhana

Ficha 16

[]

Arruella sf [] (T Nautico) Argolinhas de ferro

_____________________________________________________________________

rarrCunha arruela sf bdquochapa com furo circular pelo qual se introduz o parafuso a fim de que a

porca natildeo desgaste a peccedila que vai ser aparafusada‟ XV rroela XIV Do ant fr roelle (hoje

rouelle) deriv Do lat tard rotella dim De rǒta bdquoroda‟

rarrBluteau ARRUELAS Arruelas (Termo de Navio) Saotilde humas argolinhas de ferro que ſe

metem nas cavilhas ate ajuſtar o buraco para ſe lhe meter a chaveta Naotilde tem termo proprio

Latino

rarrMoraes e Silva (arrueacutella) [] t de Naut Arruellas satildeo argolinhas de ferro que se mettem

na cavilha ate ajustar o buraco para se lhe metter a chaveta aninas lhe chamatildeo nos engenhos

d‟assucar

rarrLaudelino Freire ARRUELA sf Fr Ant roele Circunferecircncia em forma de moeda em

escudos heraacuteldicos 3 Pedaccedilo redondo de prata que se obteacutem vazando a prata fundida no

tijolo 4 Chapa de ferro na ponta da cavilha 5 Arco de ferro para apertar ou reforccedilar

usado em construccedilotildees navais

rarrAureacutelio arruela [De ar-4 + ruela

2] sf 1Chapa redonda de accedilo com furo circular na qual

se mete o parafuso a fim de que a porca natildeo desgaste a peccedila que vai ser aparafusada 2Heraacuteld

Besante de brasatildeo roel 3Pedaccedilo de prata lavrado em tijolo

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq

As aſpas da Roda larga amp grande ſuſtentaotilde aos arcos o

interior da meſma Roda entre os dous arcos della aſſegurados cotilde muitas cavilhas de ferro amp

com ſuas arruellas amp chavetas meti

ſuas voltas ſegura

ANDREacute JOAtildeO ANTONIL (1711) [1711] LIVRO II - CAPITVLO I - DA EſCOLHA DA

TERRA PARA PLANTAR CANNAS DE AſſUCAR amp PARA OS MANTIMENTOS

NECEſſARIOS amp PROVIMENTO DO ENGENHO [A00_2577 P 48]

______________________________________________________________________

Comentaacuterios de todos os dicionaacuterios acima consultados soacute o Aureacutelio natildeo apresenta arruela

como termo naacuteutico Origem francesa

75

Ficha 17

Avencadura ou Ovencadura (T naut) Enxarcia real

______________________________________________________________________

rarrCunha Natildeo constam avencadura e ovencadura Consta oveacutem sm bdquo(Marinh) cordas

grossas de navio‟ 1813 Do a fr hobent (ou hobenc) deriv do escandinavo ant houmlfuđbendur

(pl de houmlfuđbenda) de benda bdquocorda‟ e houmlfuđ bdquocabeccedila‟

rarrBluteau AVENCADURA Avenccediladugravera (Termo de Marinhagem) Chamaotilde-lhe outros

Enxarcia Real Vid Ovencadura Qual voltando pela Avencadura Na antena mayor contra a

procella A vela grande quer ver amainada Inful De Man Thomas livro 2 oit 86

rarrMoraes e Silva AVENCADURA V Ovencadura Enxarcia real T de Naut

OVENCADUacuteRA (ovencaduacutera) s f t de Naut A enxarcia real o feixe ou totalidade dos

ovens OVEacuteM (oveacutem) s m t de Naut Nome commum a todo cabo que serve de ter matildeo nos

mastros descendo das gargantas dlsquoelles ate aacutes mesas de guarniccedilatildeo

rarrLaudelino Freire AVENCADURA s f Ant O mesmo que ovencadura

OVENCADURA s f Naacuteut Conjunto de oveacutens a enxarcia real OVEacuteM s m Antfr hauban

Naacuteut Cada um dos cabos que aguentam os mastros para a borda

rarrAureacutelio natildeo constam avencadura e ovencadura Consta oveacutem Oveacutem [Do escand ant

houmlfudbendur pelo fr ant hobent ou hobene] Substantivo masculino 1Constr Nav Cada

uma das pernadas da enxaacutercia Desarmam o toldo de lona agrave proa [] colhem os guardins as

enxaacutercias os oveacutens os brandais todo o cordame em suma capaz de ser tocado pela ramaria

do arvoredo debruccedilado na calha (Raimundo Moraes Na Planiacutecie Amazocircnica p 77)

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq

Que experimentamos jaacute quando noutra jornada do Braſil padecernos nelle hum horrivel

naufragio De preſente pela forccedila com que jugava ſurto na Ilha da Madeira abrio o calcegraves

por duas partes rebentando o eſtay mayor amp muita avencadura

FRANCISCO DE BRITO FREYRE (1655) [1655] SENHOR [A00_2496 p 14]

______________________________________________________________________

Comentaacuterios de todos os dicionaacuterios acima consultados soacute o Aureacutelio natildeo apresenta

avencadura ovencadura Os outros apresentam esse lexema como termo naacuteutico Origem

francesa

B Ficha 18

Banzeiro adj (T Naut) Diz-se do mar quando natildeo faz grandes ondas e do jogo que anda

igual para os parceiros

______________________________________________________________________

rarrCunha banzar bdquoespantar pasmar surpreender‟ 1813 Do lat bilanceare de bilancia

bdquobalanccedila‟ Do significado primitivo de bdquooscilar mover-se como balanccedila‟ passaria ao de

ondear‟ de que resultaria o de bdquoficar estonteado‟ [] banzeiro XVI

rarrBluteau BANZEIRO Inquieto Mal ſeguro Mar banzeiro nem quieto nem tormentoſo

[] Mas como o mar com a calamaria andave Banzeiro Barros I Decfol27colI []

rarrMoraes e Silva BANZEgraveIRO adj t de Naut Diz-se do mar que natildeo tem ondas mas que se

agita vagarosamente []

76

rarrLaudelino Freire banzeiro adj Diz-se do mar quando faz pequenas ondas e se agita

vagarosamente []

rarrAureacutelio Adjetivo 1 Diz-se do mar que se agita vagarosamente e em pequenas ondas []

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq

Os mesmos remos padeceratildeo tantas falhas no seu exerciacutecio quantas forem as inconstacircncias

assim no mar como dos navios inquietos e inclinados jaacute para um e para outro lado nos

mares banzeiros e muito mais nos alterados e assim muitas e muitas vezes natildeo chegaratildeo a

aacutegoa e circularatildeo em seco apontando os ares mas natildeo virando os mares

PADRE JOAtildeO DANIEL (1976) [1757] PARTE SEXTA - DO TESOURO DESCUBERTO NO

RIO MAXIMO AMAZONAS - CONTEacuteM INVENTOS UacuteTEIS E CURIOSOS PARA A MELHOR

FAZENDO NAVEGACcedilAtildeO PROacuteSPEROS TODOS OS VENTOS AINDA OS MAIS

PONTEIROS E CONTRAacuteRIOS E PARA FAZER NAS CALMARIAS BOA VIAGEM COM

NOVA INVENCcedilAtildeO DE REPRESAR AS MAREacuteS PARA MOEREM FAacuteBRICAS E INGENHOS

DE MOTO CONTIacuteNUO ACCRESCEM ALGUMAS OUTRAS IDEacuteAS DE INGENHOS

MANUAES PARA SERRAR MADEIRA FAZER ACcedilUacuteCAR E MUITOS OUTROS NAtildeO

MENOS CURIOSOS QUE UacuteTEIS A VIDA HUMANA - CAP 2deg - SOBRE A MESMA

MATEacuteRIA DO PRIMEIRO INVENTO [A00_1965 p 393]

______________________________________________________________________

Comentaacuterios todos os dicionaacuterio apesentam banzeiro entre outras acepccedilotildees como termo do

universo mariacutetimo Origem portuguesa lt latina

Ficha 19

Barbear va Fazer as barbas a algueacutem vn (T Naut) Estar prezo

______________________________________________________________________

rarrCunha barba ndash sf bdquocabelos do rosto do homem‟ XIII Do lat barba ndashae []

rarrBluteau BARBEAR Fazer a barba Cic Barbear (Termo Nautico) Barbeando os navios

ſobre as amarras trinta amp outo dias Britto Viagem do Braſil pag 180

rarrMoraes e Silva BARBEacuteAR vat Fazer as barbas a alguemsect vnt de Naut estar

abarbado preso vg barbeando os navios sobre a amarra Brito Viag

rarrLaudelino Freire BARBEAR vrv De barba + ear Fazer ou talhar as barbas a (tr dir

pr) [] 2 Abarbar (o cavalo) para medir a alccedilada (tr dir) [] 3Amarrar (tr dir)

rarr Aureacutelio barbear [De barba + -ear2] Verbo transitivo direto 1Fazer a barba a Verbo

pronominal2Fazer a proacutepria barba []

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq

Depois que com ſingular felicidade eſtiveratildeo ſem nenhum dano tantos navios barbeando

ſobre a amarra trinta amp oito dias no perigoſo ſurgidouro da Coſta do Recife aacute terccedila feira da

Semana Santa onze de Abril principiamos noſſa derrota

FRACISCO DE BRITO FREYRE (1655) [1655] SENHOR () [A00_2496 p 36]

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Bluteau e Moraes e Silva apresentam barbear como termo naacuteutico

significando ldquoprender estar presordquo Na 3ordf acepccedilatildeo desse verbo Laudelino Freire define-o

como amarrar mas natildeo o classifica como termo naacuteutico Origem portuguesa lt latina

77

Ficha 20

Barcolas sf plur (T Naut) As bordas onde encaixatildeo os quarteis de fechar as escotilhas

______________________________________________________________________

rarrCunha barc∙ o -ola rarr BARCA - bdquotipo de embarcaccedilatildeo‟ XIII Do lat tard barca de

origem hispacircnica [] barcOLA 1899

rarrBluteau BARCOLAS Barcocirclas (Termo de navio) Saotilde humas bordas mais altas em que

encaxatildeo os quarteis com que ſe cobrem as eſcotilhas amp deſpois ſe paſſa hum varatildeo ou cadeu

de ferro em que ficaotilde fechadas Naotilde temos palavras propria Latina

rarrMoraes e Silva BARCOacuteLAS (barcoacutelas) s f plur T de Naut As bordas onde encaxatildeo os

quarteis de fechar as escoltilhas

rarrLaudelino Freire BARCOLAS sf pl Naacuteut Bordas em que se encaixam os quarteacuteis de

fechar as escotilhas

rarrAureacutelio natildeo consta

rarr Banco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Aureacutelio natildeo apresenta o lexema barcola Em todos os outros dicionaacuterios esse

lexema eacute apresentado como termo naacuteutico Origem hispacircnica lt latina

Ficha 21

Barquilha sf Peccedila atada a hum cordel comprido com que os navegantes medem o espaccedilo

que o navio vence com certo vento

______________________________________________________________________

rarrCunha barca ndash do latim tardio barca de origem hispacircnica

rarrBluteau natildeo consta barquilha mas barquinha ndash [] He como um barco de pescar ordinario

mas com quilha alta amp torre por baixo que vem de proa ateacute popa amp os furos por onde vai a

corda com facilidade []

rarrMoraes e Silva BARQUIacuteLHA (barquiacutelha) s f t Naut Peccedila de madeira da feiccedilatildeo de um

quarto de circulo atada a um longo cordel a qual se lanccedila por popa e dando-se-lhe corda por

tempo medido pela ampolheta se recolhe para saber-se o espaccedilo que o navio vinga com certo

vento em certo tempo e isto pouco mais ou menos outros dizem barquinha

rarrLaudelino Freire BARQUILHA s f De barca + ilha Mar Peccedila de madeira de forma

triangular ou dum quadrante precircsa a um cordel que se lanccedila da pocircpa dum navio para avaliar a

velocidade da sua marcha barquinha

rarrAureacutelio natildeo consta barquilha consta barquinha ndash [Dim de barca] Substantivo

feminino[] 4Ant Naacuteut Dispositivo com que na eacutepoca dos descobrimentos mariacutetimos do

seacutec XV se determinava a velocidade do navio

rarr Banco de dados do Projeto DHPBCNPq

A praacutetica que usam os navegantes sobre a navegaccedilatildeo de Leste a Oeste eacute ordinariamente a

que chamam barquinha que eacute uma taboinha no fim de um comprido cordatildeo enrodilhado em

um rodiacutezio a qual taboinha largam sobre o mar da popa abaixo tendo na matildeo uma

ampulheta e segundo a velocidade com que o peso da barquinha levada das aacutegoas

desenrola o cordel do seu rodiacutezio inferem a velocidade ou andadura do navio para o que o

cordel tem sua conta que regulam pela ampulheta e dela foram seus caacutelculos e destes suas

ideacuteas de quanto anda em cada minuto em cada quarto em cada hora e em cada sangradura

78

Quatildeo sujeita seja a erros esta barquinha se pode logo inferir do seu cocircmputo e caacutelculo que

natildeo eacute outra cousa mais que uma conjectura ou estimativa tatildeo irregular e diversa como a

diversidade dos pilotos e navegantes

PADRE JOAtildeO DANIEL (1976) [1757] PARTE SEXTA - DO TESOURO DESCUBERTO NO

RIO MAXIMO AMAZONAS - CONTEacuteM INVENTOS UacuteTEIS E CURIOSOS PARA A MELHOR

FAZENDO NAVEGACcedilAtildeO PROacuteSPEROS TODOS OS VENTOS AINDA OS MAIS

PONTEIROS E CONTRAacuteRIOS E PARA FAZER NAS CALMARIAS BOA VIAGEM COM

NOVA INVENCcedilAtildeO DE REPRESAR AS MAREacuteS PARA MOEREM FAacuteBRICAS E INGENHOS

DE MOTO CONTIacuteNUO ACCRESCEM ALGUMAS OUTRAS IDEacuteAS DE INGENHOS

MANUAES PARA SERRAR MADEIRA FAZER ACcedilUacuteCAR E MUITOS OUTROS NAtildeO

MENOS CURIOSOS QUE UacuteTEIS A VIDA HUMANA - CAP 4deg - DE ALGUAS OUTRAS

ADVERTEcircNCIAS SOBRE A NAVEGACcedilAtildeO [A00_1967]

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Moraes e Silva e Laudelino Freire classificam barquilha como termo naacuteutico

Aureacutelio na 4ordf acepccedilatildeo para o lexema barquinha apresenta esse termo como naacuteutico

indicando ainda ser termo antigo No Banco de Dados consultado soacute encontramos a variante

barquinha Origem hispacircnica lt latina

Ficha 22

Bastardo sm Nome de huma uva Moeda que houve na Iacutendia de 10 soldos [T Nautico]

Cabo que se mette por meio das lebres e coccedilonros para atracar as vergas aos mastros

______________________________________________________________________

rarrCunha bastardo adj sm bdquoque nasceu fora do matrimocircnio‟ bdquodegenerado da espeacutecie a que

pertence‟ XIV Do a fr bastard hoje bacirctard [] AbastardAR vb bdquoalterar corromper‟ 1813

rarrBluteau Baſtardos (Termo de navio) Satildeo huns cabos que ſe metem pello meyo das lebres

amp coccedilouros com que ſe atra Atraccedilatildeo as vergas aos mattos [] Ficou a Galeacute Pheniz fem

Baſtardo Malaca conquiſt livro 1oit32

rarrMoraes e Silva BASTAacuteRDO (bastaacuterdo) s m [] Bastardos t de Naut Cabos que se

mettem por meyo das lebres e coccedilouros com que se atraccedilaotilde as vergas aos mastrossect Parece

ser veacutela que se mettia nas galeacutes quando queriaotilde fazer forccedila de veacutela B 4 107 e mettendo os

bastardos por o alcanccedilar

rarrLaudelino Freire BASTARDO adj Fr bacirctard [] 3 Cabo naacuteutico de atracar vecircrgas nos

mastros 4 Naacuteut Vela triangular de pequenas embarcaccedilotildees

rarrAureacutelio bastardo [Do fr ant bastart] [] 10Marinh Cada um dos cabos de que se

compotildeem os enxertaacuterios das vergas de gaacutevea 11Marinh Pequeno cabo munido de caccediloilos e

destinado a aguentar a boca de lobo da carangueja ou retranca de encontro ao mastro 12Mar

V vela de bastardo

rarr Banco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta como termo naacuteutico

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Aleacutem do significado mais conhecido todos os dicionaacuterios indicam bastardo e

bastardos tambeacutem como termo naacuteutico Origem francesa

79

Ficha 23

Beque sm (T naut) A extremidade da proa

______________________________________________________________________

rarrCunha beque1 sm bdquoestrutura saliente que forma a parte alta da proa dos navios antigos‟

XVI Do fr bec deriv do lat beccus bdquobico‟

rarrBluteau BEQUE Begraveque He na Proa do Baxel a ultima obra de madeira em que de

ordinario aſſenta a figura de algum animal ou monſtro marinho []

rarrMoraes e Silva BEacuteQUE (beacuteque) s m t de Naut A extremidade da proa onde o ordinario

vaacutei alguma figura Viriato 1720 O mar Tyrrbeno os beques vatildeo rasgando

rarrLaudelino Freire BEQUE s m Fr bec Extremidade superior da proa em forma de bico

2 Pop Nariz grande 3 Pop Parte posterior dos vestidos das mulheres Ant Giacuter Bocircca

rarrAureacutelio beque1 [Do fr bec us no fr ant em vez de avant] Substantivo masculino

1Constr Nav Estrutura saliente em geral inclinada para fora que forma a parte alta da proa

dos navios antigos a fim de servir de apoio ao gurupeacutes 2Pop V narigatildeo (2)

rarr Banco de dados do Projeto DHPBCNPq

As antigas tem como temos dito na circunferecircnc

bem largas e para se segurarem nas cavernas natildeo seratildeo necessaacuterios mais pregos do que as

de casco logo nesta parte ficaraacute quasi o mesmo poreacutem como estas taacutebuas vatildeo a rematar no

beque e fazer a proa ali poupam toda a ferramenta que levam de mais os cascos com o

accrescentamento das conchas e bochecas e nesta parte levam as taacuteboas menos pregos

PADRE JOAtildeO DANIEL (1976) [1757] QUINTA PARTE - DO TESOURO DESCUBERTO

NO RIO MAXIMO AMAZONAS - CONTEacuteM UM NOVO MEacuteTODO PARA A SUA

AGRICULTURA UTILIacuteSSIMA PRAXE PARA A SUA POVOACcedilAtildeO NAVEGACcedilAtildeO

AUGMENTO E COMEacuteRCIO ASSIM DOS IacuteNDIOS COMO EUROPEOS - CAP 9deg - DE

MELHOR MEacuteTODO PARA A FACTURA DAS CANOAS DO AMAZONAS [A00_1959 p

363]

______________________________________________________________________

Comentaacuterios todos os dicionaacuterios indicam beque como termo naacuteutico Origem francesa

Ficha 24

Bigotas sm plur (T Nautico) Satildeo como huns moitotildees com trecircs furos pelo meiochatos e

sem roldanas por onde se enfiatildeo os colhedores das velas

______________________________________________________________________

rarrCunha bigota ndash BIGA sf bdquocarro romano de duas ou quatro rodas puxado por dois

cavalos‟ 1844 Do lat bīga bigota sf bdquoantiga peccedila de embarcaccedilatildeordquo 1813

rarrBluteau BIGOTA de navio Bigocirctas (Termo de navio) ſaotilde huns paos redondos mas

chatos com tres buracos por onde paſſaotilde os colhedores para fazer a enxarcia

rarrMoraes e Silva BIGOacuteTAS (bigoacutetas) s f pl t de Naut Moitotildees chatos sem roldanas

aburacados pelo meyo com furos por onde passatildeo colhedores de veacutelas

rarrLaudelino Freire BIGOTAS s f Naacuteut Montatildeo chato sem roldana furado pelo meio para

dar passagem aos colhedores das velas e a cabos da enxaacutercia

rarrAureacutelio bigota [Do it bigotta] Substantivo feminino 1Marinh Ant Poleame surdo de

madeira de forma lenticular biconvexa com uma goivadura na orla para receber uma alccedila de

80

fixaccedilatildeo e trecircs furos de face a face usado aos pares com um colhedor ligando-os empregado

para tesar oveacutens brandais estais etc

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq

Fazem-se igualmente vigotas de 25 palmos de comprido e hum de grosso e seu preccedilo he de

500 atheacute 400 rs

LUIZ DOS SANTOS VILHENA (1921) [1801] CARTA VIGESIMA [A00_0846]

______________________________________________________________________

Comentaacuterios todos os dicionaacuterios indicam bigota como termo naacuteutico No Banco de Dados

consultado consta a variante vigotas Origem latina

Ficha 25

Bolinete sm (T Naut) He o paacuteo roliccedilo com hum vatildeo por onde joga o pinccedilote e fixo na

coberta de sorte que se move de bombordo a estibordo

______________________________________________________________________

rarrCunha molinete bdquoespeacutecie de cabrestante que sustenta a acircncora em navios pequenos‟

bdquomovimento giratoacuterio raacutepido que se faz com a espada com um pau etc‟ XVI Do fr Moulinet

bdquomoinho pequeno‟ []

rarrBluteau BOLINETE Bolinegravete (Termo de navio) He hum patildeo roliccedilo que eſtacirc fixo na

cuberta de maneira que ſe mova redondamente de Bombordo para Eſtibordo Tem hum

buraco por onde paſſa amp joga o Pinccedilote Natildeo temos palavra propria Latina

rarrMoraes e Silva BOLINEgraveTE (bolinegravete) s m t de Naut Paacuteo roliccedilo que estaacute fixo na

coberta de maneira que se mova e borneye de bombordo a estribordo tem um vatildeo por onde

joga o Pinccedilote

rarrLaudelino Freire BOLINETE s m Cilindro de madeira na coberta do navio o qual

serve de cabrestante para a manobra2 Bateia

rarrAureacutelio bolinete (ecirc) [De molinete (ecirc) poss] Substantivo masculino 1Constr Nav

Molinete 2Vaso de madeira para lavagem das areias auriacuteferas [Cf bulinete]

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo constam bolinete molinete com a acepccedilatildeo

naacuteutica

______________________________________________________________________

Comentaacuterios todos os dicionaacuterios indicam bolinete como termo naacuteutico ou referente a navio

Origem francesa

Ficha 26

Bombordo sm (T Naut) O lado esquerdo da nagraveo olhando da popa para a proa

______________________________________________________________________

rarrCunha bombordo sm bdquo(Mar) o lado esquerdo da embarcaccedilatildeo considerando-se a proa

como a sua frente‟ XVI babordo XV Do fr bacircbord deriv do neerl bakboord Com

visiacutevel influecircncia de BOM

rarrBluteau BOMBORDO (Termo de navio) He a parte eſquerda da natildeo eſtando huma peſſoa

com a cara para a proa Siniſtrum latus navis Faz tal pendor para Bombordo Queirograves Vida do

Irmaotilde Baſto fol 124 col1

81

rarrMoraes e Silva BOMBOacuteRDO (bomboacuterdo) s m t de Naut O lado da naacuteo opposto a

estriboacuterdo Naufr De Sep73

rarrLaudelino Freire BOMBORDO s m De bom + bordo Naacuteut 1- Lado esquerdo do navio

olhando-se para a proa 2 Tudo o que fica ao lado esquerdo do navio

rarrAureacutelio bombordo [Do neerl bak boord bordo das costas do dorso (do timoneiro

quando o governo da embarcaccedilatildeo se fazia com um comprido remo colocado a estibordo) pelo

fr babord talvez com infl de bom] S m 1Mar O lado esquerdo da embarcaccedilatildeo

considerando-se a proa como a sua frente [v estibordo e boreste]

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq

Da banda de bombordo me arrebataram os aparelhos com o jogar da nao

PEcircRO LOPES DE SOUSA (1968) [1530] DIAacuteRIO DA NAVEGACcedilAtildeO DE PEcircRO LOPES DE

SOUSA [A00_0078 p 55]

______________________________________________________________________

Comentaacuterios todos os dicionaacuterios indicam bombordo como termo naacuteutico ou referente a

mariacutetimo Origem francesa

Ficha 27

Botalograves sm (T naut) Paacuteos que tem nas pontas ferros de tres bicos e segundo a sua grossura

servem para largar ou os cutellos ou as varredouras ou para afastar o navio que vem

abordar

______________________________________________________________________

rarrCunha natildeo consta

rarrBluteau BOTALOS Botacirclos (Termo de Navio) Satildeo huns paos com huns ferros nas

pontas com tres bicos que ſe botatildeo pelos coſtados dos navios para ſe largarē os cutellos

para que com mais preſſa ſe chegue ao navio a que ſe dagrave caccedila E embaixo no coſtado ſe botatildeo

outros botalos mais groſſos em que ſe largatildeo outras velas a que chamatildeo Barredouras amp eſtes

Botalos ſervem tambeacutem para ſe fincarem no coſtado de outro navio para afaſtar para fora

Natildeo tem nome proprio Latino

rarrMoraes e Silva (botaloacutes) s m pl t de Naut Paacuteos com ferros de tres bicos nas pontas

que servem para se largarem os cutellos e sendo botaloacutes mais grossos para largar as

varredouras que vatildeo polo lados os botaloacutes afastam tambem o navio que vem abordar

rarrLaudelino Freire BOTALOacuteS (botaloacutes) s m pl Naacuteut Paus com ferros de trecircs bicos nas

pontas para vaacuterios serviccedilos a bordo

rarrAureacutelio botaloacute [De botar1 + a

3 + loacute

1] Substantivo masculino Mar 1Ant Pontalete com

que os navios afastavam os inimigos que tentassem abordaacute-los 2Pau que sai pela popa de

embarcaccedilatildeo de vela que usa catita para caccedilaacute-la

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta o termo botaloacutes

______________________________________________________________________

Comentaacuterios todos os dicionaacuterios indicam botalos como termo naacuteutico ou mariacutetimo

Origemonomatopaica - ldquoetim voc trissilaacutebico oxiacutetono formado de todo um segmento

fonoloacutegico que representava a oraccedilatildeo imperativa bota a loacute isto eacute bdquobota a vela da embarcaccedilatildeo

virada para captar o vento‟rdquo (Houaiss 2001)

82

Ficha 28

Bracear v n Mover os braccedilos v a (T Naut) Marear as velas _____________________________________________________________________________

rarrCunha bracear- consta no verbete de braccedilo - sm bdquocada um dos membros superiores do

corpo humano‟ XIII Do lat brac(c) hĭum [] bracEAR XVII

rarrBluteau Natildeo consta

rarrMoraes e Silva BRACEAacuteR (braceaacuter) v at Mover os braccedilossect t de Naut Bracear as

veacutelas H Naut Tom 3 mareaacute-las por meyo dos braccedilos []

rarrLaudelino Freire BRACEAR vrv De braccedilo + ear O mesmo que bracejar (intr) 2

Naacuteut Movimentar horizontalmente (as vecircrgas) em tocircrno do mastro por meio de cabos

chamados braccedilos (tr dir) ldquoAacuterduos penoacuteis braceia rebraceia teacute que o socircpro agrave feiccedilatildeo lhe

enfuna as velasrdquo (Odorico Mendes)

rarrAureacutelio bracear [De braccedilo + -ear2] Verbo transitivo direto 1Marinh Fazer girar (a verga)

no plano horizontal alando pelos braccedilos [v braccedilo (21)] para que a vela fique

convenientemente disposta em relaccedilatildeo ao vento []

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Bluteau natildeo dicionariza bracear Todos os outros dicionaristas indicam

bracear como termo naacuteutico ou remete ao universo naacuteutico Origem portuguesa lt latina

Ficha 29

Braccedilo sm membro do corpo humano desde o hombro ateacute a matildeo Pernas dianteiras do

cavallo e outros quadrupedes A parte do instrumento de cordas onde estas se titiliatildeo A peccedila

que atravessa o arco da cruz Peccedila da cadeira onde encosta os braccedilos quem estagrave sentado nelle

Porccedilatildeo de mar entre duas costas pouco apariadas No plur (T Naut) Cabos que vem da ponta

da verga e servem para marear de hum para outro bordo _____________________________________________________________________________

rarrCunha braccedilo sm bdquocada um dos membros superiores do corpo humano‟ XIII Do lat

brac(c)hĭum []

rarrBluteau Braccedilos (Outro termo de navio) ſatildeo huns cabos que vem da ponta da verga com

que ſe marea a hum bordo amp outro ſe poderagrave exprimir em Latim com circumlocuccedilatildeo

rarrMoraes e Silva BRAacuteCcedilO (braacuteccedilo) t de Naut Satildeo os pegatildeo em cavernas para levantar o

grosso navio e estes satildeo braccedilos primeiros sect Braccedilos segundos satildeo as ultimas partes que botatildeo

cavernas da quilha para cima sect Braccedilos satildeo cabos que vem da ponta da verga em que se

mareya de um bordo a outro quando braceyatildeo

rarrLaudelino Freire BRACcedilO s m Lat brachium Naacuteut Cabos fixos agraves extremidades das

vecircrgas e que servem para as fazer girar em tocircrno do mastro

83

rarrAureacutelio braccedilo [Do gr brachiacuteon pelo lat brachiu] Substantivo masculino Marinh Cada

um dos cabos singelos ou dobrados que presos aos laises das vergas redondas se destinam a

dar-lhes movimento no sentido horizontal e a aguentaacute-las para reacute ~ V braccedilos Braccedilo da

acircncora 1 Marinh Cada uma das duas partes recurvadas da acircncora no extremo inferior da

haste que formam a cruz e terminam pelas patas

Braccedilo da verga 1 Marinh Cada um dos cabos ou teques presos agraves extremidades da verga e

que servem para fazecirc-la girar no plano horizontal [Cf amantilho (2)]

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta braccedilo como termo naacuteutico

______________________________________________________________________

Comentaacuterios todos os dicionaristas indicam braccedilo tambeacutem como termo naacuteutico ou da

marinha Origem portuguesa lt latina

Ficha 30

Braga sf Argola com cadea de ferro com que se prende alguem pela perna (T Naut) Cabo

de alar pipas e outras cousas No plur Calccedilas largas

______________________________________________________________________

rarrCunha braga sf ldquocalccedilatildeo geralmente curto e largo que se usava outrora‟ XV bdquogrilheta‟

XVI Do lat braccedila []

rarrBluteau Braga Argola de ferro que prende na perna com huma cadca que prende por

cima Pocircr a braga a hum negro Servo catenas injicere E para que experimente a ſujeiccedilaotilde

pezada lhe lanccedila a dura Braga carregada Lobo o Deſengan Paacuteg 135 Braga chamaotilde nos

navios a huma corbalas quando embarcatildeo []

rarrMoraes e Silva BRAacuteGA (braacutega) Cabo do navio com que alatildeo caixas pipas e outras

coisas pesadas [] sect Braga no sing Cast 5 c 59 ldquoLanccedilou-se a gente na agua que lhe dava

pela bragardquo

rarrLaudelino Freire BRAGA s f Lat braccedila Argola de ferro que cingia a parte inferior da

perna do condenado a trabalhos forccedilados prendendo-o a uma corrente de ferro atada agrave cintura

do mesmo ou agrave argola de outro condenado grilheta 2 Caacutelerea com que se iccedilam cousas

pesadas como caixas pipas etc 3 Cabo que serve para sustar o recuo de um canhatildeo 4

Muro que servia de tranqueira nas antigas fortificaccedilotildees 5 Lus Casta laia qualidade

BRAGAS s f pl Ant Calccedilas largas e curtas calccedilotildees 2 Lus Ceroulas

rarrAureacutelio braga [Do lat braca] Substantivo feminino Marinh Gato de escape ou manilha

com que se prende o chicote da amarra agrave paixatildeo2 (q v) no paiol da amarra

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta braga como termo naacuteutico

______________________________________________________________________

Comentaacuterios todos os dicionaristas indicam braga tambeacutem como termo naacuteutico ou da

marinha Origem portuguesa lt latina

84

Ficha 31

Bragueiro sm Funda de que usa o que he quebrado Especie de manteo para cobrir os

genitaes (T Naut) Cabo que atravessa o leme para segurallo na falta das femeas Cabo

encostado ao Castello da proa fixo em huma argola e com huma bigota de hum furo na ponta

e serve para impedir que natildeo se afaste nem corte a escota no costado Cabo de amarrar

______________________________________________________________________

rarrCunha natildeo consta

rarrBluteau Bragueiro (Outro termo de navio) He hum cabo fixo em huma argola encoſtado

ao caſtello da proa que tem na ponta hum bigota de hum olho amp ſerve paraque ſe natildeo a faſte

nem corte a eſcota no coſtado []

rarrMoraes e Silva BRAGUEacuteIRO (braguegraveiro) s m [] sect t de Naut Cabo que atravessa o

leme pelo meyom para que faltando as fecircmeas se natildeo perca F M G Tambeacutem se chama assim

outro cabo fixo em uma argola encostado ao Castello da proa que tem na ponta uma bigota

de um olho e serve para que natildeo affaste nem corte a escota no costado

rarrLaudelino Freire BRAGUEIRO sm De braga + eiro Cabo que atravessa o leme para o

segurar no caso de se quebrarem as fecircmeas2Braga de segurar a artilharia ou cousas

pesadas3 Cabo de atracar []

rarrAureacutelio bragueiro [De braga + -eiro] Substantivo masculino 1Cinta ou funda para

heacuternias e rupturas 2Cueiro fralda

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta o termo bragueiro

______________________________________________________________________

Comentaacuterios De todos os dicionaacuterios analisados soacute Aureacutelio natildeo apresenta bragueiro como

termo naacuteutico Origem portuguesa lt latina

Ficha 32

Brandaes sm (T Naacuteutico) Especie de cabos os grandes passatildeo da enxarcia dos mastareos

pelas gaveas e vem a fazer fixo nos ouvens da enxarcia grande Os de gavea vem das pontas

dos mastereos a fazer fixo no costado do navio

______________________________________________________________________

rarrCunha brandal sm bdquotipo de cabo usado a bordo‟ l ndashdaacutees pl 1813 l Do cat brandal

rarrBluteau BRANDAES (Termo de navio) Brandaes grandes ſaotilde huns cabos que paſſaotilde da

enxarcia dos maſtarcos pellas gaveas amp vem a fazer fixos ao redor dos ſouvēs da enxarcia

85

grande Brandaes da Gavea ſaotilde huns cabos que vem das pontas dos maſtarcos a fazer fixo ao

coſtado da nao Natildeo temos palavra propria Latina

rarrMoraes e Silva BRANDAacuteES splmasc t de Naut Brandaes grandes uns cabos que

passatildeo da enxaacutercia dos mastareacuteos pelas gaacuteveas e vem a fazer fixo ao redor dos ouvens da

enxaacutercia grandesect Brandaes da Gaacutevea cabos que vem das pontas dos mastareacuteos a fazer fixo

ao costado das naacuteos

rarrLaudelino Freire BRANDAL s m De brando + al Naacuteut Cada um dos cabos que

aguentam os mastareacuteus para a borda

rarr Aureacutelio brandal [Do cat brandal poss] Substantivo masculino Marinh 1Cada um dos

cabos que aguentam os mastareacuteus para um e outro bordo e um pouco para reacute 2Cada um dos

cabos que aguentam os mastros de embarcaccedilatildeo miuacuteda para um e outro bordo e um pouco para

reacute [Cf estai] ESTAI [Do fr ant estai estay (atual eacutetai)] Substantivo masculino 1Marinh

Qualquer dos cabos que aguentam a mastreaccedilatildeo para vante 2Marinh Qualquer cabo

destinado a suportar em posiccedilatildeo vertical um turco chamineacute balauacutestre ou qualquer outra peccedila

do equipamento da embarcaccedilatildeo 3Bras Constr Nav Haste metaacutelica geralmente ciliacutendrica

que serve para manter em posiccedilatildeo qualquer parte ou peccedila da embarcaccedilatildeo [Cf brandal]

rarr Banco de dados do Projeto DHPBCNPq

Por 5 Brandaes de 2 libras a 640 []

LUIZ DOS SANTOS VILHENA (1921) [1802] CARTA PRIMEIRA [A00_0404 p 71]

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Todos os dicionaacuterios analisados apresentam brandal brandaes como termo

naacuteutico ou da marinha Origem catalatilde

Ficha 33

Briol sm (T naut) Corda para ferrar e colher as velas

______________________________________________________________________

rarrCunha briol sm bdquotipo de cabo usado nas embarcaccedilotildees a vela‟ 1813 Do cast briol deriv

do a fr braivel (hoje breuil) dim de braie bdquobraga‟

rarrBluteau BRIOES (Termo de marinagem) Satildeo huns cabos com que ſe colhem as velas

quando ſe querem ferrar Funes contrabendis ou colligendis velis

rarrMoraes e Silva BRIOacuteES sm pl t de Naut Cordas que servem para ferrar e colher as

veacutelas (briyoes)

rarrLaudelino Freire BRIOL s m Cast briol Naacuteut Cabo de ferrar as velas 2 Giacuter Vinho

de qualidade inferior BRIOL adj Lus Becircbado eacutebrio

rarrAureacutelio briol [Do esp briol] Substantivo masculino 1Marinh Cada um dos cabos fixos

nas esteiras das velas redondas destinados a carregar o pano de encontro agraves vergas respectivas

[]

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta o termo briol

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Todos os dicionaacuterios analisados apresentam briol como termo naacuteutico ou da

marinha Origem castelhana lt francesa

Ficha 34

Buccedilardas sf (T Naut) pagraveos que atravessatildeo a roda da proa para reforccedilal-a

______________________________________________________________________

86

rarrCunha natildeo consta

rarrBluteau BUCARDAS Buccedilardas (Termo de navio) Satildeo huns paacuteos tortos que atraveſſaotilde a

roda de proa pella banda de dentro para fortificar amp em navios pequenos nellas aſſenta o

maſtro do traquete Naotilde tem palavra propria Latina

rarrMoraes e Silva BUCcedilAacuteRDAS sfpl t de Naut Satildeo uns paacuteos tortos que atravessatildeo a roda

de proa pela banda de dentro para a reforccedilarem sect Nos navios pequenos o mastro do traquete

assenta sobre as buccedilardas

rarrLaudelino Freire natildeo consta

rarrAureacutelio natildeo consta

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta

__________________________________________________________________

Comentaacuterios Soacute Bluteau e Moraes apresentam o verbete buccedilardas e o indicam como termo

naacuteutico ou da marinha Origem controvertida

Ficha 35

Burra sf A femea do burro Cofre para dinheiro (T familiar) Nome de uma corda da mezena

[ T Naut ]

______________________________________________________________________

rarrCunha burro ndash do latim burrus bdquoruccedilo vermelho‟

rarrBluteau Burra de Mezena He huma corda que ſerve na vela da popa

rarrMoraes e Silva BUacuteRRA s f Jumenta a femea do burro sect famil Cofre para dinheiro

ordinariamente chapeado e forrado sect Uma corda de mezena t de Naut

rarrLaudelino Freire BURRA s f Fecircmea do burro jumenta 2 Naacuteut Cabo de mezena []

rarrAureacutelio Burro [] Mar Cada uma das pequenas talhas engatadas nos lais da retranca e nas

alhetas do navio uma por bordo e destinadas a aguentaacute-la quando a vela estiver caccedilada []

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta

______________________________________________________________________

Comentaacuterios todos os dicionaacuterios apresentam burra burro tambeacutem como termo ligado agrave

vida mariacutetima Origem portuguesa lt latina

C Ficha 36

Cabresto sm Corda para prender as bestas na estribaria e que serve na falta de freio O freio

do prepucio No plr (T Naut) Cabos que vem do ldquoguropezrdquo a fazer fixo no costado em

humas argolas agrave proa

______________________________________________________________________

rarrCunha cabresto sm bdquoarreio freio‟ l XIII -bestro XIV l Do lat capĭstrum []

87

rarrBluteau Cabreſto (Termo de Mariagem) ſaotilde huns cabos que vem da ponta do gurupez a

fazer fixo em humas argolas que eſtaotilde no coſtado da nao agrave proa A falta do termo proprio

latino deſculparagrave aos que‟ fallarem por circumlocuccedilaotilde

rarrMoraes e Silva CABREgraveSTO s m [] t de Naut Cabos que vem da ponta do gurupeacutes a

fazer fixo em umas argolas que estatildeo no costado da naacuteo aacute proa []

rarrLaudelino Freire CABRESTOS s m Lat capistrum [] 2 Naacuteut Cabo grosso que

segura o gurupeacutes a argolas fixas no costado do navio 3 Corrente correia ou corda que

prende o cabeccedilalho agrave canga socairo

rarrAureacutelio cabresto (ecirc) [Do lat capistru com metaacutetese] Substantivo masculino Constr

Nav Cada uma das correntes de ferro que aguentam o gurupeacutes para a roda de proa Bras

Reforccedilo de linha ou de arame fino aplicado na extremidade da vara ou caniccedilo de pesca Bras

NE Ligamento de cordas que prendem os bancos agrave jangada []

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq

[] chegada a occasiatildeo de levar acircncora se lhe prende o cabresto e se larga ou solta a roda

a qual quanto mais tesa estiver tanto mais forccedila poraacute no cabresto e quando por si soacute natildeo

seja suficiente para a levantar o faraacute com muita brevidade ajudada com alguns poucos

serventes porque as cordas como violentadas hatildeo de buscar o seu natural

PADRE JOAtildeO DANIEL (1976) [1757] PARTE SEXTA - DO TESOURO DESCUBERTO NO

RIO MAXIMO AMAZONAS - CONTEacuteM INVENTOS UacuteTEIS E CURIOSOS PARA A MELHOR

FAZENDO NAVEGACcedilAtildeO PROacuteSPEROS TODOS OS VENTOS AINDA OS MAIS

PONTEIROS E CONTRAacuteRIOS E PARA FAZER NAS CALMARIAS BOA VIAGEM COM

NOVA INVENCcedilAtildeO DE REPRESAR AS MAREacuteS PARA MOEREM FAacuteBRICAS E INGENHOS

DE MOTO CONTIacuteNUO ACCRESCEM ALGUMAS OUTRAS IDEacuteAS DE INGENHOS

MANUAES PARA SERRAR MADEIRA FAZER ACcedilUacuteCAR E MUITOS OUTROS NAtildeO

MENOS CURIOSOS QUE UacuteTEIS A VIDA HUMANA - CAP 4deg - DE ALGUAS OUTRAS

ADVERTEcircNCIAS SOBRE A NAVEGACcedilAtildeO () [A00_1967 p 402]

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Todos os dicionaacuterios analisados apresentam cabresto como termo naacuteutico ou

de marinhagem Origem portuguesa lt latina

Ficha 37

Cachola sf (T baixo) Cabeccedila Fig Juizo Touticcedilo No plur (T naut) Pagraveos posticcedilos sobre o

calcez para engrossallo

______________________________________________________________________

rarrCunha cacho ndash provavelmente do latim vulgar cacculus [] cachOLA sf bdquopop Cabeccedila‟

XVIII []

rarrBluteau CACHOacuteLAS Cacholas (Termo de navio) Satildeo huns posticcedilos em cima do calcez

para o engroſſar quando naotilde tem groſſura proporcionada ao Navio Naotilde temos palavra propria

Latina

rarrMoraes e Silva CACHOgraveLAS t de Naut Paacuteos posticcedilos sobre o calcez para o engrossar

[]

rarrLaudelino Freire CACHOLA s f Mar Taacutebua que se prega no tocircpo do calcecircs de um

mastro afim de que a aacutegua se natildeo introduza entre os encaixes do madeiro2 Cavidade na

cabeccedila do leme onde se introduz a cana []

rarrAureacutelio [De cacho2 + -ola

1 poss] Substantivo feminino 1Pop V cabeccedila []

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo foram encontradas ocorrecircncias

______________________________________________________________________

88

Comentaacuterios Soacute Aureacutelio natildeo apresenta cachola como termo naacuteutico

Origemcontrovertida

Ficha 38

Calabre sm (T Naut) corda grossa

______________________________________________________________________

rarrCunha calabre cabre sm bdquo(Marinh) amarra de cabo‟ l cabre XVI caaure XIV l Do ant

port caabre deriv Do a fr caable e este provavelmente do lat tard capŭlum bdquocorda‟

rarrBluteau Calabre que ſe ata agrave ancora Funis ancorarius Cœfar Calabre com que ſe ata bdquoa

verga ao maſto Anquina œ Fem Penult long []

rarrMoraes e Silva CALAacuteBRE ( calaacutebre) smt de Naut Corda grossa amarreta para varios

usos

rarrLaudelino Freire CALABRE s m Corda grossa feita de piaccedilaba a que se prendem os

alcatruzes das noras 2 Naacuteut Cabo grosso amarra

rarrAureacutelio calabre [Do port ant caabre (v cabre) poss com infl do port ant calabre

catapulta] S m 1Corda grossa Diz Cristo que eacute mais faacutecil entrar um calabre pelo fundo

de a agulha que entrar um avarento no Reino do Ceacuteu (Pe Antocircnio Vieira Sermotildees II p

259) 2Marinh Amarra de cabo cabre 3Constr Cabo2 (4)

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq

Acham-se alguns de tal grossura que servem de calabres e amarras de embarcaccedilotildees

FRANCISCO XAVIER RIBEIRO DE SAMPAIO (1872) [1642] RELACcedilAtildeO GEOGRAPHICA

HISTORICA DO RIO BRANCO DA AMERICA PORTUGUEZA COMPOSTA PELO

BACHAREL FRANCISCO XAVIER RIBEIRO DE SAMPAIO () [A00_0713 p 262]

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Todos os dicionaacuterios analisados apresentam calabre como termo naacuteutico ou da

marinha Origem francesa lt latina

Ficha 39

Calabrote sm (T Naut) Calabre menos grosso Accediloute feito de hum pedaccedilo de calabrote

______________________________________________________________________

rarrCunha calabre cabre sm(Marinh) amarra de cabo‟ l cabre XVI caaure XIV l Do ant

port caabre deriv Do a fr caable e este provavelmente do lat tard capŭlum bdquocorda‟

calabrETE XV calabrOTE 1813

rarrBluteau CALABROTE Calabrocircte Vid Calabre Calabre pouco groſſo Com que a nao ſe

amarra em terra Com hum calabrote forte Jacinto Freire mihi pag 198 []

rarrMoraes e Silva CALABROacuteTE s m t de Naut Sorte de calabre menos grosso de um

pedaccedilo delle se faz accediloite donde se toma calabrote por accediloite de que usa o comitre ou

mestre para castigar a maruja

rarrLaudelino Freire CALABROTE s m De calabre + ote Calabre pouco grosso 2

Ponta de cabo de accediloute

rarrAureacutelio calabrote [De calabre + -ote1] Substantivo masculino 1Corda de pequena

grossura 2Marinh Cabo2 (6) de pequena bitola Atraacutes dos soldados chegaram marujos a

brandir calabrotes e chuccedilos (Xavier Marques O Sargento Pedro p 135)

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq

89

Mandarʃeha aos Meʃtres que cinjatildeo a enxarʃea levem area para as cubertas tomem boccedilas

nas vergas nas ancoras nas eʃcotas contra-eʃtais amp os bateis pela popa com dous

calabrotes hum mais baganagraveo do que outro

FRANCISCO DE BRITO FREYRE (1655) [1655] SENHOR () [A00_2496 p 61]

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Todos os dicionaacuterios analisados remetem calabrote a calabro ndash termo naacuteutico

ou de marinhagem Origem francesa lt latina

Ficha 40

Calafeto sm (T Naut) A estopa e breo com que se calafeta Acccedilatildeo de calafetar

______________________________________________________________________

rarrCunha Calafetar vb‟tapar vedar‟ XIII Do it calafatare provavelmente do ar qaacutelfat De

origem incerta o voc aacuterabe talvez derive do lat vulg calefare (claacutess calefacĕre‟) bdquoaquecer‟

por ser a operaccedilatildeo de derreter o alcatratildeo submetendo-o ao fogo uma das mais importantes

que pratica o calafate []

rarrBluteauCALAFETO Calafeto Couſa que ſe uſa para calafetar como eſtopa amp outra

couſa ſemelhante ou a acccedilaotilde de calafetar []

rarrMoraes e Silva CALAFEgraveTO s m t de Naut A estopa e breu com que se calafeta o

navio vg ldquo o navio cospia o calafetordquo A acccedilatildeo de calafetar

rarrLaudelino Freire s m De calafetar O mesmo que calafetagem [] 2 Estocircpa ou outra

substacircncia com que se calafeta calafecircto CALAFETAR v r v Ital Calafatare MarTapar

com estocircpa introduzida agrave forccedila (as junturas buracos ou fendas de uma embarcaccedilatildeo) e

embebendo de pez alcatratildeo para velar a aacutegua (tr Direto) ldquoEspalma as naves calafeta as

fendas repara as bordas o massame as velasrdquo (Pocircrto Alegre)

rarrAureacutelio calafeto (ecirc) [Dev de calafetar] Substantivo masculino1Calafetagem (2) [Pl

calafetos (ecirc) Cf calafeto do v calafetar] CALAFETAR [Do cat calafatar calafetar pelo

esp ant calafetar] Verbo transitivo direto 1Vedar com estopa alcatroada (as junturas

buracos ou fendas de uma embarcaccedilatildeo) 2Tapar vedar com pano papel massa etc (fenda ou

buraco de toneacuteis assoalhos tabiques etc) []

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq

E natildeo cause estranheza o calafetar das canoas porque pocircsto que aqui se fazem de um soacute pau

como no Brasil satildeo poreacutem abertas pela proa e pela pocircpa e acrescentadas pela borda com

falcas para ficarem mais altas e possantes e assim as costuras destas como os escudos ou

rodelas com que se fecham a proa e pocircpa necessitam de calafeto

ANTOacuteNIO VIEIRA (1925) [1654] CARTA LXV - AO PADRE PROVINCIAL DO BRASIL

1654 ()[A00_0157 p 373]

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Moraes e Silva apresenta calafeto como termo naacuteutico Laudelino Freire e

Aureacutelio apresentam acepccedilotildees que remetem ao universo da marinha Bluteau natildeo faz nenhuma

referecircncia Origem italiana

Ficha 41

Calcez sm (T naut) O pescoccedilo do mastro onde encapella a enxarcia real

______________________________________________________________________

90

rarrCunha calcecircs bdquo(Const Nav) parte da seccedilatildeo retangular no extremo superior de um mastro

ou mastareacuteu‟ l ndashceses pl XVI l Do it calceacutese deriv do lat tardio calcēse adaptaccedilatildeo do lat

carchēsium e este do gr karchēsion bdquovaso para beber‟ parte superior do mastro cesto da

gaacutevea‟

rarrBluteau CALCEZ Calcecircz (Termo de Navio) he o peſcoccedilo do maſtro para riba aonde

encapella a Enxarcia Real Falta palavra propria Latina Pela muita forccedila o Maſtareo abrio o

Calcez por duas partes BritoViagem ao Braſil pag 67 []

rarrMoraes e Silva CALCEgraveZ s m t de Naut O pescoccedilo do mastro para riba onde encapella

a enxarcia real F Mend c 7

rarrLaudelino Freire CALCEZ ou CALCEcircS s m Lat carchesium Naacuteut Parte quadrada do

mastro ou mastareacuteu desde a romatilde para cima e na qual encapela a enxaacutercia real

rarrAureacutelio calcecircs [Do it calcese lt lat vulg calcese lt lat claacutess carchesiu] Substantivo

masculino 1Marinh Parte de seccedilatildeo retangular no extremo superior de um mastro ou

mastareacuteu logo acima da romatilde [Pl calceses (ecirc)]

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Todos os dicionaacuterios analisados apresentam calcez como termo naacuteutico ou da

marinha Origem italiana

Ficha 42

Calma sf calor causado pelo sol (T naut) Falta de vento

______________________________________________________________________

rarrCunha calma sf bdquogrande calor atmosfeacuterico geralmente sem vento‟ XV bdquoserenidade

sossego‟ 1813 Do it calma deriv Do lat tardio cauma e este do gr kauma bdquocalor ardente

chama‟ []

rarrBluteau calma borralho Phraſe Nautica Emparelhado onde elle participa da outra linha da

coſta tranſversal [] Bonanccedila Por em calma ao mar Mare tranquillarem placare fedare

Vid Abonanccedilar Seus alterados mares punha em Calma Inful De Man Thomas liv 2

Oit69

rarrMoraes e Silva CAacuteLMA s f t de Naut tempo em que natildeo haacute a menor aragem nenhum

vento sect Calma entre os Nautas falta de vento calmarialdquo cahir em calma ldquoficar em

calmariardquo

rarrLaudelino Freire CALMA s f B lat cauma do gr kauma Hora do dia em que haacute mais

calor 2 Falta de vento cessaccedilatildeo de agitaccedilatildeo no mar bonanccedila calmaria []

rarrAureacutelio calma [Do gr kaucircma calor ardente pelo lat tard cauma] SF 1Grande calor

atmosfeacuterico em geral sem vento calmaria [] 3V calmaria (1) 4Fig Serenidade de acircnimo

sossego tranquilidade calmaria malacia []

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq

Este dia todo nom ventou vento senam choveo muita aacutegua e fazia tam grande calma que nom

se podia soportar

PEcircRO LOPES DE SOUSA (1968) [1530] DIAacuteRIO DA NAVEGACcedilAtildeO DE PEcircRO LOPES DE

SOUSA () [A00_0078 p 35]

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Nem todos os dicionaacuterios citam o termo como naacuteutico mas todos eles abonam

ou exemplificam o termo como relativo ao mar Origem italiana lt latina

91

Ficha 43

Calmaria s f (T Naut) Falta de vento

______________________________________________________________________

rarrCunha calma sf bdquogrande calor atmosfeacuterico geralmente sem vento‟ XV bdquoserenidade

sossego‟ 1813 Do it calma derivado do latim tardio cauma e este do grego kauma bdquocalor

ardente chama‟ [] calmaria sf bdquocalma‟ XVI

rarrBluteau CALMARIA Calmaricirca Tanquilidade das aguas do mar Malacia amp Fem []

Amanheceo o dia ſeguinte em huma terrivel Calmaria Queirograves Vida do Irmatildeo Baſto pag

351colI

rarrMoraes e Silva calmaria sf de Naut Tempo de calma no mar em que o navio natildeo surde

ldquoestar o mar em calmariardquo []

rarrLaudelino Freire sf De calma + aria Cessaccedilatildeo do vento e do movimento das ondas

[]

rarrAureacutelio [ De calma + aria] Sf 1 Ausecircncia de ventos eou do movimento das ondas []

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq

[] por cinco ou seis dias tivemos grandes calmarias trovoadas e chuveiros tatildeo escuros e

medonhos e tatildeo fortes ventos que era cousa despanto e no meio dia ficavamos numa noite

mui escura

PADRE FERNAtildeO CARDIM (1980) [1583] III - INFORMACcedilAtildeO DA MISSAtildeO DO P

CHRISTOVAtildeO GOUVEcircA AacuteS PARTES DO BRASIL - ANNO DE 83 - OU NARRATIVA

EPISTOLAR DE UMA VIAGEM E MISSAtildeO JESUIacuteTICA[A00_0751 p 142]

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Somente Moraes e Silva define calmaria como termo naacuteutico mas todos os

outros dicionaacuteriosem suas definiccedilotildees remetem a tempo e atmosfera Origem italiana lt

latina

Ficha 44

Canjar vs (T Naut) Ir avante

______________________________________________________________________

rarrCunha natildeo consta

rarrBluteau natildeo consta

rarrMoraes e Silva CANJAacuteR vr t de Naut Surdir aacute vante ldquo os ventos ponteiros faziatildeo

desandar o que o navio tinha canjadordquo i eacute os ventos abatiatildeo o que o navio tinha surdido

vingado Freire

rarrLaudelino Freire CANJAR v intran Ant Trocar de cocircr ou de rumo cambiar Canjar s

m Aacuter kandjar Espeacutecie de punhal de lacircmina comprida afiada dos dois lados alfanje

rarrAureacutelio natildeo consta

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Somente Moraes e Silva apresenta canjar como termo naacuteutico Origem

duvidosa (italiana) (Houaiss 2001)

92

Ficha 45

Carlinga sf (T Naut) He hum encaixe onde na sobrequilha da nagraveo ou navio assenta o pegrave

do mastro grande e do traquete por outro nome pia

______________________________________________________________________

rarrCunha carlinga sf bdquo(Constr Nav) ant forte peccedila de madeira fixa agrave sobrequilha com um

encaixe onde entra a mecha do peacute do mastro real‟ XVI (Aeron) cabina XX Do fr carlingue

deriv do a escand kerling bdquomulher‟ bdquocarlinga‟ por uma comparaccedilatildeo de ordem sexual

rarrBluteau CARLINGA (Termo de navio) He na ſobrequilha hum encaixo ou covaſinha

onde aſſentaotilde o maſto grande amp agraves vezes o do traquete Por outro nome chamotildelhe PiaO Padre

Filiberto Monet com termos Grego-Latinos chama a Carlinga Hiftodoche es Fem amp

Hiftopus odis Mafe O peacute do maſto ſe encaixa em hum buraco quadrado da Carlinga Pterna

mali ou peacutes mau ou talus mali inditur ftatuitur in quadro biftodoches cavo A Carlinga

ſerve de de baze ao maſto amp a quilha de pedeſtal Hiftodoche feumodius bafin dyrochus verograve

ftylobaten navali malo fubminiftratA agoa que a nao fazia era pola Carlinga Comentar De

Affonſo d‟Albuquerque pag 22

rarrMoraes e Silva CARLIacuteNGA s f t de Naut Na sobrequilha dos navios eacute um encaxe onde

assenta o peacute do mastro grande e do traquete aliaacutes se diz pia Comment dlsquo Albuq P22 Couto

6921

rarrLaudelino Freire CARLINGA s f Naacuteut Peccedila fixada na sobrequilha ou abertura nesta

praticada e em que encaixam os mastros sobrequilha 2 Aeron Lugar onde fica o pilocircto

3 Tabuleta com furos em baixo do banco da vela da jangada e na qual se prende o peacute do

mastro mudando-se de um furo para o outro conforme a conveniecircncia da ocasiatildeo carninga

rarrAureacutelio carlinga [Do fr carlingue] Substantivo feminino 1Ant Constr Nav Forte peccedila

de madeira fixa agrave sobrequilha e em cuja face superior haacute um encaixe de seccedilatildeo quadrangular

onde entra a mecha do peacute do mastro real 2Constr Nav Gola metaacutelica fixa no conveacutes (quando

o mastro natildeo vai ateacute agrave quilha) e onde se apoia o peacute do mastro As meias arrendadas foram

atiradas agrave carlinga do mastro (Xavier Marques Jana e Joel p 173) 3Cabina (3) 4Bras

NE Tabuleta com furos embaixo do banco da vela de uma jangada e na qual se prende o peacute

do mastro mudando-se de um furo para o outro segundo a conveniecircncia da ocasiatildeo [Var

carninga]

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Todos os dicionaacuterios apresentam carlinga como termo naacuteutico Origem

francesa

Ficha 46

Carregadeiras por outro nome Sirgideiras Sf plr (T Naut) Cabos delgados para colher ou

carregar as velas Dous moitotildees com cabo fixo no enxertario para arriar a verga

______________________________________________________________________

rarrCunha do latim carrus ndash carregadeira 1813

93

rarrBluteau CARREGADEIRAS ou Sirgideiras (Termo de Marinhagem) Carregadeiras da

mezena ſaotilde huns cabos delgados cotilde que ſe carrega a vela amp ſe colhe colligendo velo

poftico Carregadeiras (Outro termo de marinhagem) Satildeo dous moutoens com hũ cabo fixo

no enxertario que ſerve para arriar a verga a baixo quando faz tempo

rarrMoraes e Silva CARREGADEIRAS s f pl t de Naut ou Sirgideiras cabos delgados

com que se colhem ou carregatildeo as velassect Dois moitotildees com cabo fixo no enxertario para

arriar a verga quando faz tempo

rarr Laudelino Freire s f pl Lus Giacuter As pernas CARREGADEIRA s f De carregar +

deixara Cabo delgado com que se carregam ou colhem as velas dos navios []

rarrAureacutelio carregadeira [De carregar + -deira] Substantivo feminino 1Marinh Cabo

delgado com que se carregam ou colhem as velas []

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo constam carregadeiras nem sirgideiras

______________________________________________________________________

Comentaacuterios todos os dicionaacuterios apresentam carregadeiras como termo naacuteutico de

marinhagem ou do mar Origem portuguesa lt latina

Ficha 47

Cevadeira sf (T Naut) vela pequena agrave proa do navio Alforge de comida

______________________________________________________________________

rarrCunha do latim cibare

rarrBluteau CEVADEIRA Vela pequena que ſe potildeem na proa Proclinati ad proram mali

velum

rarrMoraes e Silva CEVAgraveDEIRA s f vela pequena de proa t de Naut sect Alforge de comer

Couto 5113 natildeo levatildeo mais que suas armas e cevadeiras com farinha de trigo Cont de

Trancoso sect Homem da minha cevadeira i eacute da minha conversaccedilatildeo Eufr 51 Hist Naut 1

456 ldquoSem alforge e cevadeirardquo os Apoacutestolos despedidos por J Christo Feo Sem De Nossa

Senhora das Neves p115 ldquoRumecan General com 7 ou 8 mil de cavallo da sua cevadeira

Couto 495

rarrLaudelino Freire CEVADEIRA s f de cevar + deira Naacuteut Pequena vela suspensa de

uma vecircrga que atravessa horizontalmente o gurupeacutes

rarrAureacutelio cevadeira [De cevada + -eira] Substantivo feminino 1Saco que se adapta ao

focinho das cavalgaduras para lhes dar a cevada ou outro alimento bornal embornal

2Marinh Ant Verga de cevadeira 3Marinh Ant Vela quadrangular que envergava na

verga do mesmo nome por baixo do gurupecircs [Cf sevadeira]

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq

Apartados os dous navios da ſombra da terra deſcubrioſe entatildeo da Armada que rendido o

noſſo do Pirata o levava aacute toa E metendolhe breviſlimamente vellas de eſtay cutellos

joanetes barredouras (aacutelem da meſena amp ſevadeira que lhe faltou) adiantava grande

caminho em pouco tempo fugindo a hum cortar para ſervirlhe o vento a todo pano o vento

a todo pano

FRANCISCO DE BRITO FREYRE (1655) [1655] SENHOR [A00_2496 p 42]

______________________________________________________________________

Comentaacuterios todos os dicionaacuterios apresentam cevadeira como termo naacuteutico ou relativo ao

mar Origem portuguesa lt latina

94

Ficha 48

Chapeleta sf (T Naut) Couro pregado sobre o pagraveo chamado de nabo O salto da pedra

atirada agrave superficie da agua

______________________________________________________________________

rarrCunha do a f chapel

rarrBluteau CHAPELETA Chapeleta (Termo de navio) He hum couro pregado em cima de

hum pagraveo redondo que chamaotilde Nabo Coriaceum tegumentum i Neut

rarrMoraes e Silva CHAPELETA s f t de Naut Coiro pregado sobre o paacuteo a que os

Nauticos chamatildeo Nabo da Bomba de esgotar o fundo dos navios

rarrLaudelino Freire CHAPELETA s f Cast chapelete Chapelinho 2 Vaacutelvula nas

bombas que se usam a bordo

rarrAureacutelio [De chapeacuteu1 (lt fr ant chapel) + -eta (ecirc) seg o padratildeo erudito] Substantivo

feminino 1V chapeacuteu1 (1) 2Vaacutelvula de bola (q v) usada nas bombas [v bomba (4)] 3V

ricochete (1) 4Mancha de rubor nas faces chapeacuteu1 [Do fr ant chapel atual chapeau]

Substantivo masculino 1Peccedila de feltro palha etc com copa e abas e destinada a cobrir a

cabeccedila [Aum chapelatildeo chapeiratildeo dim irreg chapelete chapeleta Sin (bras giacuter) tampa

e penante] Marinh A parte superior do cabrestante

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Embora natildeo conste em todos os dicionaacuterios como termo naacuteutico as definiccedilotildees

apresentadas remetem a esse termo Origem portuguesa lt francesa

Ficha 49

Chapiteo sm (T Naut) O remate mais alto da popa e proa No edifiacutecio Chapitel he o

rematte delle

______________________________________________________________________

rarrCunha natildeo consta

rarrBluteau CHAPITEO Chapiteo (Termo de navio Por quanto hum homem podia diviſar do

Chapiteo da naacuteo Barr 2 Dec pag 186col2

rarrMoraes e Silva CHAPITEO Chapiteacutel V Chapiteacuteo Palm 3111Chapiteacuteo s m t de

Naut o chapiteacuteo da naacuteo Barros 2186 quanto um homem podia divisar do chapiteacuteo da naacuteo

Amaral 2 Eacute a parte mais alta em que se remata a popa e proa onde frequentemente havia

castellos e entatildeo o Chapiteo rematava os castellos bem como na arquitectura civil os

chapiteacuteis rematatildeo os edificios Seg Cerco de Diu f157 ―chapiteacuteos da Igreja M Pinto

6214

rarrLaudelino Freire CHAPITEacuteU s m De capitel A parte mais elevada da proa e da pocircpa

do navio

rarrAureacutelio natildeo constam chapiteacuteo chapiteacuteu

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq

Era tam grande o mar que agrave entrada da baiacutea em 9 braccedilas de fundo me deu o mar por riba

do chapiteacuteo e veo quebrar no conveacutes

PEcircRO LOPES DE SOUSA (1968) [1530] DIAacuteRIO DA NAVEGACcedilAtildeO DE PEcircRO LOPES DE

SOUSA [A00_0078 p 107]

95

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Aureacutelio natildeo lista chapiteo em seu dicionaacuterio Para os demais autores

consultados chapiteo eacute um termo de navio Origem natildeo encontrada

Ficha 50

Chaveta sf (T Naut) Ferro com que se bdquore em‟ as cavilhas fechando por cima das arruelas

Ferro no eixo que natildeo deixa saacutelvio o que estagrave enfiado nelle

_____________________________________________________________________

rarrCunha chaveta - do latim clavem

rarrBluteau CHAVETA Chaveta (Termo de navio) Chapa de ferro da largura de dous dedos

eſtreita para a ponta fecha por cima das arruelas para que ſe naotilde poacuteſſaotilde tirar as cavilhas

Clavorum retinaculum i Neut

rarrMoraes e Silva CHAVEgraveTA s f t de Naut Peccedila de ferro que fecha por cima das

arruellas para reter as cavilhas ou se mette no extremo de algum eixo paranatildeo sair o que estaacute

enfiado nelle

rarrLaudelino Freire CHAVEcircTA s f De chave Peccedila de ferro na extremidade de um eixo

para natildeo deixar sair as rodas ou peccedila que segura uma cavilha 2 Cavilha 3 Haste em que

jogam as dobradiccedilas 4 Lus O mesmo que chavelha

rarrAureacutelio chaveta (ecirc) [De chave + -eta (ecirc)] Substantivo feminino 1Peccedila na extremidade

dum eixo para fixar as rodas2Peccedila para segurar a cavilha 3Haste em que jogam as

dobradiccedilas 4Bras SP Peccedila de madeira que prende a canga agrave tiradeira [Pl chavetas (ecirc) Cf

chaveta e chavetas do v chavetar]

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq

[] e estas fontes como outros tantos Cyfoens enchem delivel com aagoa dorio aquellas

praccedilas logo que amachina se interrompe machina ha destas q consta de quatro centas

chapas deferro ecada chapa de oito Libras fora as cavilhas e chavetas do mesmo metal

[]

ANTONIO PIRES DA SILVA PONTES LEME (1896) [nd] MEMORIAS SOBRE A

EXTRACCcedilAtildeO DO OURO NA CAPITANIA DE MINAS GERAES () [A00_0761 P 420]

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Todos os dicionaacuterios apresentam o termo chaveta ligado ao mundo mariacutetimo

Origem portuguesa lt latina

Ficha 51

Cheleira sf (T naut) peccedila de madeira nas nagraveos junto aacutes portinholas com vatildeos onde se

mettem as balas

_____________________________________________________________________

rarrCunha natildeo consta

rarrBluteau natildeo consta

rarrMoraes e Silva CHELEgraveIRA s f Nas naacuteos de guerra eacute peccedila de madeira que corre ao

longo do costado junto aacutes portinholas e onde estatildeo as ballas vi uns vatildeos feitos para isso nas

cheleiras (do Inglez Shelf) Exame de Artilheiros

96

rarrLaudelino Freire CHELEIRA s f Lugar em que empilham as balas na bateria de um

navio 2 Peccedila de madeira em que a bordo se encaixam baldes

rarrAureacutelio natildeo consta

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Em suas acepccedilotildees os dicionaacuterios de Moraes e Silva e Laudelino Freire

apontam o termo como do universo naacuteutico Os demias dicionaristas natildeo citam o termo

Origem natildeo encontrada

Ficha 52

Ciar se va refl Ter ciumes (T Naut) vn Remar para traz em quanto outros rematildeo ao

contrario para voltar o baixel

______________________________________________________________________

rarrCunha ciar vb bdquoremar para traacutes‟ l cear XVI l Do cast ciacutear talvez deriv de cia bdquoquadril‟

pelo esforccedilo que faz esta parte do corpo ao ciar

rarrBluteau CIAR ou ciarſe ter ciumes Emulari Vid Ciume amp Ciofo Pois ſe Chriſto ſe Cia

tanto de morrer algum hoacutemem antes que elle morra pelos homens OP Ant Vieira

rarrMoraes e Silva CIAR-SE t de Naut Remar para traz ao tempo que os outros remeiros do

lado opposto rematildeo para diante para voltar a galeacute V Ciavoga Cast 2161 V Cear como

escrevem Barros e Castanheda CIAVOacuteGA s f t de Naut Volta em redondo que se daacute aacute

galeacute remando os de um lado e ciando os do outro Cast

rarrLaudelino FreireCIAR v intr Naacuteut Remar no sentido contraacuterio ao andamento para

recuar ou para voltar a embarcaccedilatildeo vogando a direito os remeiros do outro lado 2 Mover-

se para traacutesrdquo Cia a igara e reparte um silvo extensordquo (Pocircrto Alegre)

rarrAureacutelio ciar1 [Do esp ciar poss] Verbo intransitivo 1Remar para traacutes 2P ext Mover-se

para traacutes [Cf siar e cear]

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq

Vista jaacute posto que em sombras a pintura do corpo natural desta Regiatildeo a benevolecircncia do

seu clima a fermosura dos seus Astros a distancia das suas costas o curso cia sua

navegaccedilatildeo o movimento dos seus mares objectos que mereciaotilde mais vivos e dilatados

rascunhos []

SEBASTIAtildeO DA ROCHA PITTA (1878) [1730] LIVRO PRIMEIRO [A00_0567 p 13]

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Dentre os dicionaacuterios consultados somente o de Bluteau natildeo cita o termo ciar-

se como naacuteutico Origem castelhana

Ficha 53

Cifa sf Assim chamatildeo os ourives a aregravea de que enchem os frascos de moldar e vasar as

peccedilas (T Naut) untura que se dagrave nas embarcaccedilotildees

______________________________________________________________________

rarrCunha cifa sf bdquoareia que os ourives empregam para moldar‟ 1813 Do arsatildeifacirc

97

rarrBluteau natildeo consta

rarrMoraes e Silva CIFA sf eacute untura que se daacute aos navios feita de gordura ou azeite de

peixes ampc B 4816 ldquodaria 100 quintaacutees de Cifa ( que eacute azeite de peixe) ―Couto V de Lima

6 16 lhe mandassem municcedilotildees remos cifa cotonias []

rarrLaudelino Freire sf aacuter saifa Areia de que os ourives enchem os frascos de moldar e

vazar as peccedilas que eles depois tecircm de lavar

rarrAureacutelio cifa [Do aacuter sayf espada areia fina (sentido metafoacuterico)] Substantivo feminino

1Areia que os ourives empregam para moldar

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Somente Moraes e Silva abona o termo cifa como naacuteutico Origem aacuterabe

Ficha 54

Cifar va (T Naut) Dar cifa

______________________________________________________________________

rarrCunha de cifa sf bdquoDo arsatildeifacirc

rarrBluteau CIFAR Termo Nautico Mandou logo Cifar amp baſtecer trinta navios Jacinto

Freire mihi 322 Cinco navios varados amp Cifados para ſe lanccedilarem ao mar Couto 8 Dic 129

col1

rarrMoraes e Silva CIFAacuteR v at De Naut Dar cifa aos navios ldquocifar e alimpar os naviosrdquo

Cron F III P 3 c 77 mandou cifar e bastecer trinta navios Freire cinco navios varados e

cifados para se lanccedilarem ao mar Cast 8 fol I col I ldquocifados e ensevados os navios para

que ficassem mais ligeirosrdquo e a f 250 como as embarcaccedilotildees estavatildeo cifadas e enseyadas

prendeo logo o fogo nellas V Cifa

rarrLaudelino Freire CIFAR v tr dir De cifa + ar Ant Untar com cifa (os navios) 2

Aparelhar ou abastecer (embarcaccedilatildeo) para se lanccedilar agrave aacutegua

rarrAureacutelio natildeo consta

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Dos dicionaacuterios consultados natildeo citam o termo as obras de Aureacutelio e Cunha

Origem aacuterabe

Ficha 55

Cinta sf Faixa de apertar o corpo Cintura onde se aperta a cinta Peccedila das culumnas e

pedestaes (T Naut) Pagraveos de reforccedilar o forro do costado de popa agrave proa

______________________________________________________________________

rarrCunha cinta sf bdquofaixa para apertar a cintura‟ XIII Do lat cĭncta part De cĭngĕre cintAR

1881 cinto1

adj bdquocingido‟ XIV Do lat cinctus ndashūs part De cĭngĕre cinto2

sm bdquofaixa ou

tira que cinge o meio do corpo com uma soacute volta‟ XIII Do lat cinctus -ŭs cintura sf bdquoa

parte meacutedia do tronco humano situada abaixo do peito e acima dos quadris‟ l ccedilin- XIV ccedilim-

XV l Do lat cinctūra cintURAtildeO sm bdquocinto grande‟ 1813

rarrBluteau Cintas (Termo de navio) Saotilde huns paacuteos que cingem o navio da popa ateacute a proa

pela parte de fora abraccedilando toda aquella madeira em diſtancia huma da outra de palmo amp

meyo ou dous palmos de largo ou ſaotilde huns paacuteos q coacuterrem davante a Reacute ſobre as eſtacas que

ellas foraotilde correndo ao longo das Cintas do coſtados []

98

rarrMoraes e Silva [] t de Naut Paacuteos que vatildeo por fora do costado de popa aacute proa e servem

de reforccedilo ao taboado ou forro do costado Barros

rarrLaudelino Freire CINTAS s f pl Taacutebuas pregadas aos caibros junto agrave cumieira e

paralelas a esta de dois em dois metros mais ou menos para dar firmeza aos planos do

madeiramento 2 Pranchotildees que cingem o navio da pocircpa agrave proa

rarrAureacutelio cinta [Do lat cincta fem do part pass de cingere] Substantivo feminino

Constr Nav Fiada de chapas mais grossas dispostas de proa agrave popa no forro exterior do

costado de navios de ferro agrave altura do conveacutes da borda-livre com o fim de aumentar a

resistecircncia do casco e do proacuteprio costado cintado []1 Bras Mar G Dispositivo instalado

numa embarcaccedilatildeo de casco de ferro ou de accedilo e que atenua ou neutraliza a deformaccedilatildeo que o

magnetismo da embarcaccedilatildeo causa nas linhas de forccedila do magnetismo terrestre assim

reduzindo muito a eficaacutecia das minas e torpedos eletromagneacuteticos que se possam encontrar na

rota Cinta couraccedilada 1 Constr Nav Cinta de chapas de couraccedila para proteger navio

encouraccedilado e que se estende desde abaixo da sua linha de flutuaccedilatildeo ateacute pouco acima dela

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Todos os dicionaacuterios apresentam cinta como termo naacuteutico Origem

portuguesa lt latina

Ficha 56

Clara s f O branco glutinoso do ovo (T Naut) No beque do navio he hum pagraveo que vai por

baixo da curva e por cima do talhamar

______________________________________________________________________

rarrCunhaclara - Claro adj bdquoorig luminoso brilhante iluminado‟ fig niacutetido inteligiacutevel

manifesto‟ XIII Do lat clarus []

rarrBluteau [] Clara do Beque Palavra de Navio He hum paacuteo que vay por cima do

Talhamar amp por baxo da curva Chamaſe Clara porque tem ſeus vatildeos para por ella paſſar o

mar

rarrMoraes e Silva CLARA sf [] Clara do beque pao que vai por cima do talhamar e por

baixo da curva t de Naut

rarrLaudelino Freire CLARA sf [] 4 Abertura em algumas peccedilas do navio

rarrAureacutelio clara [F subst do adj claro] s f 4Mar V aberta (9) 5Constr Nav Designaccedilatildeo

comum a algumas aberturas existentes no casco ou no aparelho das embarcaccedilotildees []

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta

______________________________________________________________________

Comentaacuterios todas as obras apontam clara como termo de navio entre outras acepccedilotildees

Origem portuguesa lt latina

99

Ficha 57

Colhedor sm Que colhe as frutas das aacutervores No plur(T Naut) Cabos que para fortificar

os mastros passatildeo pelas bigotas fixas nas pontas dos bdquoovens‟ da enxarcia e nas que estatildeo fixas

na abotoadura

______________________________________________________________________

rarrCunha colhedor ndash de colher Do latim colligere

rarrBluteau Colhedocircres (Termo de navio) Saotilde huns cabos que paſſaotilde pelas bigotas que

eſtaotilde fixas nas pontas dos ovens da Enxarcia como tambem por aquellas que eſtaotilde fixas na

abotocadura para fortificar os maſtos Demandaotilde toda a forccedila amp vaotilde a poder de muyto cabo

[]

rarrMoraes e Silva sm [] t de Naut cabos que passatildeo pelas bigotas fixas nas pontas dos

ovens da enxaacutercia e por outras fixas na abotoadura para fortificar os mastros

rarrLaudelino Freire COLHEDOR adj E sm De colher + dor O que colhe o que recebe

Colhedores s m pl Cabos delgados que enfiando pelos buracos de duas bigotas ou sapatos

servem para tesar os oveacutens estais

rarrAureacutelio [De colher (ecirc) + -dor] Adjetivo Marinh Cabo com que se tesa um estai um

oveacutem etc e que gorne em um par de bigotas uma das quais eacute presa no chicote do cabo a

tesar e a outra num ponto apropriado do conveacutes do costado de um mastro etc

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta

______________________________________________________________________

Comentaacuterios todos os dicionaacuterios apontam colhedor como termo naacuteutico Origem

portuguesa lt latina

Ficha 58

Contrapunho sm [T Naut] cabo pegado na ponta da vela grande e do traquete para ajudar

a amarra

______________________________________________________________________

rarrCunha contra (latim) +punho (latim)

rarrBluteau (Termo de navio) He hum cabo que eſtaacute pegado na ponta da vella grande amp do

traquete que ſerve de ajudar a amarra Naotilde tem nome proprio Latino

rarrMoraes e Silva CONTRAPUacuteNHO s m t de Naut Cabo pegado na ponta da vela grande

e do traquete para ajudar a amarra

rarrLaudelino Freire CONTRAPUNHO s m De contra + punho Naacuteut Cabo fixo na ponta

da vela grande e do traquete para auxiliar a manobra

rarrAureacutelio contrapunho [De contra- + punho] Substantivo masculino 1Marinh Cabo ligado

agrave ponta da vela grande e do traquete e que serve para auxiliar a manobra

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta

______________________________________________________________________

Comentaacuterios todos os dicionaacuterios apontam contrapunho como termo naacuteutico Origem

portuguesa lt latina

100

Ficha 59

Corda sf fios torcidos de estopa etc entre si de diversas grossuras e para diversos usos Nos

Instrumentos musicos he de intestinos de animaes ou de arame No relogio he de accedilo

Cordilheria Extremidade do muscolo No plr (T Naut) Chapas de lata que vatildeo davante agrave regrave

nas cobertas

______________________________________________________________________

rarrCunha corda sf bdquocabo de fios vegetais unidos e torcidos uns sobre os outros‟ bdquofios de

vibra em alguns instrumentos‟ XIII Do lat chŏrda deriv Do gr chordē bdquotripa corda musical

feita com tripas‟ []

rarrBluteau CORDA Corda de navio Funis nauticus i Maſe Rudens tis Maſe Plauto faz

eſte nome do genero feminino mas melhor he fazelo do genero maſculino agrave imitaccedilaotilde de

Catullo Virgilio Oviacutedio Lucano Silio Italico amp Juvenal Vid Ancora Vid Calabre Cordas

com que ſe governaotilde as antenas Funes opiferi Corda com que ſe atta a antena ao maſto

Anquina e Fem Cinna Corda que puxa agrave firga []

rarrMoraes e Silva COacuteRDAS sf pl t de Naut Satildeo umas latas davante a re em todas as

cobertas

rarrLaudelino Freire CORDA s f Lat chorda Peccedila de fios unidos e torcidos uns socircbre os

outros e que serve para prender ou apertar[]

rarrAureacutelio corda [Do lat chorda] Substantivo feminino Constr Nav Ant Cada uma das

vigas longitudinais que nas naus galeotildees etc juntamente com os vaus e as latas aguentavam

os pavimentos 10Marinh Pedaccedilo de cabo ligado ao badalo do sino de bordo [Eacute este a bordo

o uacutenico cabo que tem o nome de corda Cf sicorda]

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq

Falta soacute a induacutestria de as ir puxando para diante para cada vez irem avanccedilando e eacute faacutecil

pondo na ponta de cada pao alguma roda ou reacutegoa entesada em cordas

um calabre cujas pontas vatildeo prender na extremidade dos acircngulos que seguram

PADRE JOAtildeO DANIEL (1976) [1757] PARTE SEXTA - DO TESOURO DESCUBERTO NO

RIO MAXIMO AMAZONAS - CONTEacuteM INVENTOS UacuteTEIS E CURIOSOS PARA A MELHOR

FAZENDO NAVEGACcedilAtildeO PROacuteSPEROS TODOS OS VENTOS AINDA OS MAIS

PONTEIROS E CONTRAacuteRIOS E PARA FAZER NAS CALMARIAS BOA VIAGEM COM

NOVA INVENCcedilAtildeO DE REPRESAR AS MAREacuteS PARA MOEREM FAacuteBRICAS E INGENHOS

DE MOTO CONTIacuteNUO ACCRESCEM ALGUMAS OUTRAS IDEacuteAS DE INGENHOS

MANUAES PARA SERRAR MADEIRA FAZER ACcedilUacuteCAR E MUITOS OUTROS NAtildeO

MENOS CURIOSOS QUE UacuteTEIS A VIDA HUMANA - CAP 12deg - DOS OUTROS TREcircS

MODOS DE SERRAR MADEIRA COM INGENHO PORTAacuteTIL [A00_1975 p 431]

______________________________________________________________________

Comentaacuterios todos os dicionaacuterios apontam corda como termo naacuteutico exceto Laudelino

Origem portuguesa lt latina lt grega

101

Ficha 60

Cossouro sm (T Naut] bola de ferro furada no meio onde se mette o mastro Na espora he

a roda com dentes

______________________________________________________________________

rarrCunha cossouro sm bdquoroseta de espora‟ 1813 De origem obscura

rarrBluteau COSSOUROS do navio Saotilde humas bolas de ferro furadas no meyo em que ſe

mete o maſto Servem para os Enxertarios []

rarrMoraes e Silva COSSOgraveUROS s m pl t de Naut Bolas de ferro furadas no meyo em

que se mette o mastro servem para os enxertarios sect Cossouro da espora roda que estaacute na puacutea

rarrLaudelino Freire COSSOURO s m Bola de ferro com orifiacutecio ao centro onde se embebe

o mastrosect 2 Roseta de espora

rarrAureacutelio cossouro [De or obscura] SM 1Roseta de espora [F paral cossoiro]

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta

______________________________________________________________________

Comentaacuterios todos os dicionaacuterios remetem o significado do termo cossouro ao mundo

naacuteutico Origem obscura

Ficha 61

[]

Costa sf Terreno que se levanta em ladeira Terra junta ao mar No plr costelas do corpo

(T Naut] curvas e outras peccedilas que sostecircm o costado []Dar aacute costa naufragar encalhar

[]

______________________________________________________________________

rarrCunha costa sf bdquo(no pl) espaacuteduas‟ XIII bdquocostela‟ XIII bdquolitoral‟ XIV Do lat cŏsta

bdquocostela ilharga lado flanco‟ []

rarrBluteau COSTA do mar ( chamada porque de ordinario he amp coſtumamos dizer A

coſta do monte ou porque a terra junto ao mar de ordinario he curva a modo de Correr a

coſta Navali excursione oram Deſpois de corrida toda a coſta Proximo laure Tacito

fallatildedo em huma armada Navegar coſta a coſta Luttus radere Vr V CoſtearDar agrave coſta

Allidi ad eram ou ad oram maritimam Com naacuteos deſtroccediladas tem quaſi agrave Coſta Chagas

Cart Eſpirit Tom 291 Fez fazer mytos navios para guardar a coſta Varias naves ad oram

maritimam tuendam

rarrMoraes e Silva COacuteSTA s f Terreno que se vaacutei erguendo e fazendo ladeira sect Ir coacutesta a

riba i eacute debaixo para cima e fig com difficuldadesect Correr a costa ir ao longo perto della

e assim navegar costa a costa sem se empeacutegar nem emmarar sect Dar agrave costa vir encalhar ou

naufragar nella com tormenta ou varar nella de proposito vg deu este navio aacute costa o tempo

forte deu elle aacute costardquo naacuteos lanccediladas aacute costardquo B 453

rarrLaudelino Freire COSTA s f Ant Anat Costela 2 Regiatildeo proacutexima do mar borda

do mar litoral praia 3 Porccedilatildeo de mar proacutexima da terra

102

rarr Aureacutelio [] 2Litoral (2) 3Porccedilatildeo de mar proacutexima da terra 4A costa da Aacutefrica em geral

[Nesta acepccedil figura em vaacuterios vocaacutebulos ou expressotildees como p ex pano da costa e sabatildeo-

da-costa] 5Encosta declive Dar agrave costa 1 Mar Encalhar (a embarcaccedilatildeo) no litoral por

acidente ou maacute visibilidade ou impelida por tormenta ir agrave costa 2 Fig Perder-se arruinar-se

Ir agrave costa 1 Mar Dar agrave costa (1)

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq

mar quebrar na costa

preto

PERO VAZ DE CAMINHA (1964) [1500] CARTA DE PERO VAZ DE CAMINHA

[A00_0335 p 01]

Sesta-feira 2 dias de Novembro veo a gente que tinha mandada em busca de Martim Afonso

e me disseram como a nao capitaina dera agrave costa por falta de amarras e que Martim Afonso

com toda a gente se salvaram todos a nado (sogravemente morreram sete pessoas seis afogados e

um que morreo de pasmo) e que o bragantim dera tambeacutem agrave costa e poreacutem que lhe nom

fizera nojo e o batel do galeam e da capitaina tinhatildeo satildeos []

PEcircRO LOPES DE SOUSA (1968) [1530] DIAacuteRIO DA NAVEGACcedilAtildeO DE PEcircRO LOPES DE

SOUSA] [A00_0078 p 73]

______________________________________________________________________

Comentaacuterios todas as obras indicam costas dentre outras acepccedilotildees como termo ligado agrave

vida mariacutetima Como termo naacuteutico o DLB apresenta tambeacutem a expressatildeo dar agrave costa

Origem portuguesa lt latina

Ficha 62

Cruzar va Por em forma de cruz Atravessar pelo meio Fig Sobmetter-se conformar-se (T

Naut) Pairar

______________________________________________________________________

rarrCunha cruzarrarr CRUZ [] Do lat crux crǔcis [] cruzAR vb bdquofazer cruzada‟ XIII

bdquopercorrer atravessar‟ XVII []

rarrBluteau CRUZAR Andar atraveſſando de huma parte a outra Cruzar o mar aſſi

como diz Cicero Andatildeo os Piratas cruzando o mar Pirate mareacute inſeſtum havent Ex Cicer

ou mareacute navibus interclu ou claufum tenent Outras duas velas Cruzaratildeo largo tempo o mar

Britt Viagem ao Braſil pag 56 Dos que Nos Eſtreytos do mar ſe levantatildeo as ondas

amp andatildeo os mares Cruzados Vieir Tom 6 pag 481

rarrMoraes e Silva CRUZAacuteR v at Pograver em cruz v g cruzatildeo as vergas Mousinho Afonso

Afric sect Andar bordejando pairar Brito Viag Braacutes P56 duas velas cruzaacuteratildeo largo tempo o

mar Vieira andatildeo os homens cruzando as cortes atravessando daqui para alli no mesmo

lugar Cruza este terreiro a cavalo cruza os mares

rarrLaudelino Freire CRUZAR v r v De cruz + ar Ocupar ou vigiar certa extensatildeo do mar

percorrendo-a em tocircdas as direccedilotildees (intr tr ind com prep em) ldquoAs esquadras federais

cruzaram veratildeo e inverno durante anosrdquo (Rui) ldquoUma esquadra destinada a cruzar no

Baacutelticordquo (Aulete)

rarrAureacutelio cruzar [De cruz + -ar2][]3Cortar atravessar A Avenida Rio Branco cruza a

Presidente VargasCruzam o firmamento as estrelas cadentes (Martins Fontes Veratildeo p

154) 4Passar por percorrer atravessar Lembrava-se bem do tempo em que cruzara aquelas

estradas5Transpor penetrar Saiu dizendo que jamais voltaria a cruzar aqueles

umbrais6Percorrer em diversos sentidos cruzar os mares cruzar estradas []

8Encontrar-se vindo em direccedilotildees opostascruzara com um caboclo espadauacutedo e rijo

(Herman Lima Garimpos p 142) [] 10Percorrer o mar em direccedilotildees diversas11Estar

103

atravessado colocar-se de traveacutes 12Encontrar-se vindo em direccedilotildees opostas cruzar-se []

Cruzar (16) Os navios cruzaram-se em pleno equador []

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq

Em que se declara o clima da Bahia como cruzam os ventos na sua costa e correm as aguas

GABRIEL SOARES DE SOUSA (1938) [1587] DESCRIPCcedilAtildeO TOPOGRAPHICA DA BAHIA

(PARTE SEGUNDA -TITULO 2) [A00_0178 p 133]

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Os dicionaacuterios consultados apresentam abonaccedilotildees que remetem ao termo

cruzar na acepccedilatildeo de mariacutetimo Origem portuguesa lt latina

Ficha 63

Cunho sm Instrumento com que se marca a moeda ou medalha Fig Uso pronunciaccedilatildeo

sentido que se daacute agraves palavras (T Naut) Pagraveos em torno do cabrestante com seus dentes em

que pegatildeo o linguete e as amarras Sem cruzes nem cunhos famil sem caracter certo vario

______________________________________________________________________

rarrCunha cunho sm ldquoplaca de ferro para marcar moedas medalhas etcrdquo XV Do lat cŭněus

ndashī

rarrBluteau Cunhos (Palavra de navio) Satildeo huns paacuteos pregados agrave roda do cabreſtante por

baxo com ſeus dentes em que pega o linguete amp as amarras quando viraotilde Natildeo temos

palavra propria Latina

rarrMoraes e Silva CUNHO Cunhos t de Naut paacuteos pregados aacute roda do cabrestante com

seus dentes em que pega o linguete e as amarras quando viratildeo

rarrLaudelino Freire CUNHO Cunhos s m pl Naacuteut Espaccedilo junto ao lais tendo aberto

perpendicularmente um gorne onde passam certos cabos que manobram a vela que lhes fica

superior 2 Naacuteut Paus pregados em tocircrno do cabrestante nos quais pelo linguete 3

Pedaccedilos de pau curtos pregados no lugar conveniente e que servem para dar volta aos cabos de

mareaccedilatildeo

rarrAureacutelio cunho [Do lat cuneu] Substantivo masculino1Constr Nav Peccedila de metal

incudiforme que se fixa na amurada das embarcaccedilotildees nos turcos ou nos lugares por onde

possam passar cabos de laborar para dar-lhes volta2Tip Cada uma das peccedilas de metal que

com o auxiacutelio de chave servem para apertar a focircrma na rama [Sin nesta acepccedil aperto e

(desus) cunha V enviesado]

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta

______________________________________________________________________

Comentaacuterios todos os dicionaacuterios apresentam cunho como termo de navio Origem

portuguesa lt latina

Ficha 64

104

Curva sf A parte interior do joelho No pl (T Naut) Os pagraveos curvos que pegatildeo na quilha e

onde se pregatildeo as taboas

______________________________________________________________________ rarrCunha curv ˙a -ado -ar -atura rarr CURVO Curva sf bdquoqualquer linha ou superfiacutecie curva‟

1500 bdquo(Geom) lugar geomeacutetrico de um ponto que se desloca no espaccedilo com um uacutenico grau de

liberdade‟ 1844curvADO-bado XIV Do lat curvātus part de curvāre []

rarrBluteau Curva (Termo de Navio) Curvas de cotildevez ſaotilde as chaves da naacuteo que fortificatildeo os

lados Parece que ſaotilde o que Plinio chama Navium coft amp arum Fem Plur Curva do falcatildeo

do Beque he huma curva particular em que prega o Talhamar A quilha eſtava podre podres

as Curvas ou cavernas Vieira Tom 10220 E dando entre duas ondas impetuoſas Taboas

rendeo amp as Curvas mais forccediloſas Malaca conquiſt livro 1 oit 35

rarrMoraes e Silva CUacuteRVA Curvas t de Naut as costas ou peccedilas de paacuteo curvas que

nascem da quilha nas quaes se pregatildeo as taacuteboas do costado cavernas Vieira sect Curva do

falcatildeo do beque eacute uma curva onde se prega o talhamar

rarrLaudelino Freire CURVAS sf pl Mar Madeiros arqueados que partem do costado do

navio

rarrAureacutelio curva [F subst de curvo] SF 1Geom Lugar geomeacutetrico de um ponto que se

desloca num espaccedilo com um uacutenico grau de liberdade linha curva [O conceito pode abranger

como caso particular a linha reta] Curva de giraccedilatildeo 1 Lus Mar Curva de giro (q v)

Curva de giro 1 Bras Mar A que o centro de gravidade duma embarcaccedilatildeo descreve quando

se manteacutem o leme carregado para um dos bordos curva de giraccedilatildeo

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq

A madeira eacute leve mas muito liada que natildeo fende de que se tiram curvas para barcos e que

se fazem vasos de sellas e destas folhas podem manter bichos de seda e os levarem a estas

partes

GABRIEL SOARES DE SOUSA (1938) [1587] DAS ARVORES MEANS COM

DIFFERENTES PROPRIEDADES DOS CIPOacuteS E FOLHAS UTEIS (PARTE SEGUNDA -

TITULO 9) [A00_0185 p 252]

______________________________________________________________________

Comentaacuterios todos os dicionaristas apresentam curva como termo naacuteutico Origem

portuguesa lt latina

Ficha 65

Curvatatildeo sm ndashotildees no plr (T Naut) Vatildeo onde assenta a gavea Entre os Ferreiros satildeo dous

pagraveos do folle onde se prega a bdquoperada‟

______________________________________________________________________

rarrCunha curvo Do latim curvus

rarrBluteau CURVATAM Curvataotilde (Palavra de Navio) Curvatatildeo do gurupez he donde ſe

poem o vatildeo para aſſentar a gavea Carchefij fulcimentum i Neut Curvatoens tambem ſaotilde

huns paacuteos fortes em que ſe pregatildeo as perchas do beque Curvatoens do folle em officina de

fundidor ſaotilde dous paacuteos em que ſe prega huma taacuteboa de madeyra a que chamaotilde Perada

rarrMoraes e Silva CURVATAtildeO s m t de Naut No Curvatatildeo do gurupeacutes estaacute o vatildeo para

assentar a gaacutevea sectCurvatotildees do folle de ferreiro satildeo dois paacuteos onde se prega uma taacuteboa

chamada perada

rarrLaudelino Freire CURVATAtildeO Curvatotildees s m pl Naacuteut Duas peccedilas do mastro acima

da romatilde nas quais assentam os vaus reais

rarrAureacutelio curvatatildeo [Do esp curvatoacuten lt cat corbatoacute] Substantivo masculino 1Constr Nav

Ant Cada uma das duas fortes peccedilas de madeira presas agrave romatilde do mastro ou mastareacuteu e sobre

as quais assenta o cesto da gaacutevea

105

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta

______________________________________________________________________

Comentaacuterios todos os dicionaristas apresentam curvatatildeo como termo naacuteutico Origem

portuguesa lt latina

Ficha 66

Cutegravelo sm Alfange Instrumento semi-circular de ferro de que servem os curtidores [T

Naut] Vela pequena que se ajunta as gaveas No plr Pennas da extremidade das azas do

falcatildeo

______________________________________________________________________

rarrCunhacutelo sm bdquofaca‟ coitello XIII coytelo XIII Do lat cŭltěllus []

rarrBluteau Cutelos (Termo de navio) Armando-lhe joanetes amp Cutelos que natildeo trazia

Britto Viagem do Braſil pag 120

rarrMoraes e Silva CUTEgraveLO s m Alfange [] Velas pequenas que se ajuntatildeo quando haacute

bom vento Britto Viagem Metter cutelos e varreduras

rarrLaudelino Freire CUTELOS s m pl Mar Pequenas velas quadrangulares que servem de

suplemento agraves outras e se desfraldam quando o vento eacute favoraacutevel 2 Pedaccedilos de lona ou

brim que saem do painel das velas quando estas se cortam

rarrAureacutelio cutelo1 [Do lat cultellu faquinha] S m 3Ant Marinh Cada uma das velas

suplementares quadrangulares caccediladas junto agraves testas do velacho e da gaacutevea quando o vento

era de feiccedilatildeo para aumentar a superfiacutecie do pano vela de cutelo

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta

______________________________________________________________________

Comentaacuterios todos os dicionaristas apresentam cutelo como termo naacuteutico Origem

portuguesa lt latina

D

Ficha 67

Drsquoavante adv (T naut-) por diante

______________________________________________________________________

rarrCunha natildeo consta dlsquoavante poreacutem haacute avante adj bdquoadiante para frente‟ XIII Do lat tard

ǎbantě [] auantal XIV vante sf bdquoa metade dianteira da embarcaccedilatildeo‟ XVI

rarrBluteau DAVANTE Em praſe Nautica vai tanto como por diante Fez tomar o navio por

Davante Barros Dec 4 fol 57 Saltaraotilde no Caſtello Davante Barros 1 Dec 116 col2

Antes de darem por Davante Britto Viagem do Braſil 284

rarrMoraes e Silva D‟AVANTE adv tde Naut V Avante Barros Surdir obedecer ao leme

ou governo e mareaccedilatildeo que se faz para fazer cabeccedila e navegar

rarrLaudelino Freire natildeo constad‟avante AVANTE sm Despor O mesmo que atacante

Avante Interj Voz que exprime incitamento e equivale a ldquovamos para dianterdquo Prossigamos

rarrAureacutelio natildeo consta d‟avante consta avante [Do lat vulg abante] Adveacuterbio 1Adiante

Mais avante comeccedilava a selva2Para adiante para a frente Marchemos avante

106

Interjeiccedilatildeo 3Para a frente rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq

Quinta-feira no quarto de alva me deu por davante o vento sudoeste levando as velas cheas

do vento nordeste que foi a mor afronta que nesta viajem noacutes tiacutenhamos visto E com o vento

sudoeste lanccedilaacutemos as naos ao pairo

PEcircRO LOPES DE SOUSA (1968) [1530] DIAacuteRIO DA NAVEGACcedilAtildeO DE PEcircRO LOPES DE

SOUSA [A00_0078 p 65]

______________________________________________________________________

Comentaacuterios somente Bluteau e Moraes e Silva indicam dlsquoavante como termo naacuteutico

Origem portuguesa lt latina

Ficha 68

Desaferrar va Soltar cousa preza com ferro ou a ferro Soltar largar o que estava prezo

Fig Tirar a forccedila das matildeos das unhas etc (T naut) Levantar ancora

______________________________________________________________________

rarrCunha des˙a˙ferr˙ar -olhar - FERRO sf bdquometal maleaacutevel e tenaz de numerosas aplicaccedilotildees

na induacutestria e na arte‟ XIII Do lat ferrum ndashi [] DESAferrAR XVI []

rarrBluteau DESAFERRAR Tirar alguma couſa do ferro com que eſtaacute preſo Aliquid ferreo

vinculo exfolvere Deſaferrar da maotilde dos dentes das garras unhas ampc he tirar por forccedila que

as ditas couſas tem aferrado Aliquid egrave manibus dentibus unguibus avellere evellere

revellere (vello vulfi vullere evellere revellere (vello vulfi vulfum) Ex Cic Deſaterrar do

Porto Levantar ferro Solvere egrave portu ou folvere navem Cic Deſpois de Deſaferrar do

Porto Ancoris folutis Cic Nem aſſi quizeraotilde Deſaferrar do Porto Jacinto Freyre mihi pag

27

rarrMoraes e Silva DESAFERRAR v at Soltar alguma coisa do ferro a que estava presa v

g desaferraratildeo a embarcaccedilatildeo inimiga a preza te desaferro Lobo Egl7 sect Desaferrar do

porto levantar ferro ancora

rarrLaudelino Freire DESAFERRAR v r v De des + aferrar Levantar ferro ou acircncora (o

navio) (intr tr ind com prep de) ldquo O navio desaferrourdquo ldquoA primeira esquadra agraves ordens de

Lencastre desaferrou do pocircrto de Woolwichrdquo (Rebecirclo da Silva)

rarrAureacutelio desaferrar [De des- + aferrar] Verbo transitivo direto 1Soltar (o que estava

aferrado preso com ferro) 2Soltar (o que estava seguro) Verbo transitivo direto e indireto

3Fazer desistir dissuadir Natildeo conseguimos desaferraacute-lo daquela ideia

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta como termo naacuteutico

______________________________________________________________________

Comentaacuterios todas as acepccedilotildees exceto as apresentadas por Aureacutelio remetem ao universo

naacuteutico Origem portuguesa lt latina

Ficha 69

Desancorar va (T naut) Levantar ancora

______________________________________________________________________

rarrCunha Do lat ancōra deriv do gr aacutegkyra

rarrBluteau DESANCORAR Levantar a ancora Anchoras toliere Vid Ancora

rarrMoraes e Silva DESANCORAacuteR v at Levantar a ancora o ferro do navio sect vn

Desaferrar

107

rarrLaudelino FreireDESANCORAR vrv De des + ancorar Levantar a acircncora de (tr dir)

2 Levantar acircncora (intr)

rarrAureacutelio desancorar [De des- + ancorar] Verbo td Desus 1Levantar a acircncora de

desancorar um barcoVerbo intransitivo 2Levantar acircncora desaferrar do porto

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta

______________________________________________________________________

Comentaacuterios todos os dicionaacuterios apresentam desancorar como termo naacuteutico Aureacutelio

acrescenta ldquotermo em desuso Origem portuguesa lt latina lt grego

Ficha 70

Descahir v n [T naut] Apartar-se do rumo por causa da corrente etc Soffrer decadencia de

bens de valimento etc Ir a mal o que estava bem Declinar

______________________________________________________________________

rarrCunha natildeo consta descair consta cair cair vb bdquocorresponder a tocar a‟ bdquoir ao chatildeo‟

XIV caer XIII Do lat caděre cadente adj 2g bdquoque vai caindo‟ bdquocadenciado ritmado‟

XVIII Do lat cadens -ēntis bdquoque tomba que cai‟ caIacuteDO 1572 -hi- XVI caIMENTO

-hi- XVIII DEcaIacuteDO decau- XIII DEcaiMENTO -cay- XV Decair XIII

DEScaIacuteDA -hi- 1813 DEScaIacuteDO XVI DEScaIMENTO XVI DEScair XVI

descayr XV queda sf bdquobaque tombo‟[]

rarrBluteau DESCAHIacuteR (Termo Nautico) He nas viagens por mar cotilde a forccedila do vento das

mares ou das correntes perder o rumo amp ſahir da derrota que ſe tem tomado itinere

ventorum ou aquarum vi de (Fleto flexi flexum) Como pairava podia Deſcahir com o

vento Britto viagem do Braſil 37 O Galeaotilde foy Deſcahindo com a correnteQueyros Vida do

Irmatildeo Baſto 311 col2 Deſcahir do valimento In principis offenſionem incurrere ou cadere

Cic

rarrMoraes e Silva DESCAHIR v n t de Naut Apartar-se do rumo por forccedila do vento

contrario de aguagens ou correntes B145 ldquonatildeo querendo o navio fazer cabeccedila (por tomar

vento d‟avante) comeccedilou de ir descahindo sobre hum baixo

rarrLaudelino Freire DESCAIR vrv De des+cair Naacuteut Desviar-se do rumo ou direccedilatildeo

derivar (intr) Abrandar amainar (intr) ldquoO vento comeccedila a descairrdquo (Aulete)

rarrAureacutelio [De des- + cair] V t d[] 4Mudar de rumo derivar (embarcaccedilatildeo) [] 9Estar

inclinado em (certa direccedilatildeo) []

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq

[] quando voltou encontrara huma armada de vinte naacuteos Hollandezes que lhe impediratildeo o

poder lanccedilar da sua gente a que pretendia no porto de Tamandareacute e por descahir muito com

as correntezas apenas podera tomar o porto dos Touros onde fizera dezembarcar o Mestre

de Campo Andreacute Vidal de Negreiros []

LUIZ DOS SANTOS VILHENA (1921) [1802] CARTA UNDECIMA [A00_0832 p 401]

______________________________________________________________________

Comentaacuterios todos os dicionaacuterios apresentam descahir como termo naacuteutico ou remete ao

universo mariacutetimo Origem portuguesa lt latina

108

Ficha 71

[]

Dobrar va voltar parte de alguma cousa sobre outra Fazer girar sobre o eixo fallando de

hum sino e de hum cabo (T Naut) Passar alem delle Curvar commover mover alguem

Amansar Accrescentar outro tanto Dobrar-se figldquoAugmentar-serdquo em dobro vnVoltar

______________________________________________________________________

rarrCunhadobrar vb‟duplicar aumentar tornar mais completo mais extenso‟‟curvar abater

domar‟ bdquomodificar passar aleacutem de torneando‟ XIII Do lattardio duplārede duplus

bdquodobro‟derivde duo bdquodois‟ []

rarrBluteauDOBRAR Dobrar hum cabo (Termo nautico) []

rarrMoraes e Silva DOBRAacuteR v at Voltar a porccedilatildeo ou parte de uma coisa sobre outra parte

v g um ramo do panno sobre outro a parte de uma folha de papel sobre outra a ponta de um

prego ou arame sobre o maissect Dobrar o Cabo t de Naut passar aleacutem delle navegando fig

ao dobrar de huma assomada Lobo Egl 5

rarrLaudelino Freire DOBRAR v r v Lat duplicare Passar aleacutem dando volta costeando ou

torneando (tr dir) ldquoAs primeiras navegaccedilotildees regulam-se pelas balizas que deixaram os

predecessores e pelos mesmos cabos que ecircles dobravamrdquo (Latino Coelho)

rarrAureacutelio dobrar [Do lat duplare] Verbo transitivo direto 1Tornar duas vezes maior

duplicar As chuvas dobraram o volume de aacutegua da represa4Voltar ou virar (um objeto) de

modo que uma ou mais partes dele se sobreponham a outra(s) Apoacutes a cerimocircnia os soldados

dobraram a bandeira5Fazer vergar curvar flexionar flectir dobrar os joelhos Ao redor de

noacutes o vento selvagem que dobra vergocircnteas ondeia cidreiras e despetala flores (Maacuterio da

Silva Brito Conversa Vai Conversa Vem p 12) 6Passar aleacutem de circundando Vasco da

Gama dobrou o cabo da Boa Esperanccedila em 1498 7Teatr Interpretar dois ou mais papeacuteis

numa mesma peccedila 8Vergar-se curvar-se 9Ceder transigir 10Pocircr-se (o Sol) 11Bras

Gorjear cantar (paacutessaro) 12Bras PA Proceder a uma dobraccedilatildeo (2) Verbo pronominal

13Tornar-se maior aumentar(-se) 14Curvar-se inclinar-se vergar15Afrouxar(-se) ceder

[Pres ind dobro etc Cf dobro (ocirc) s m]

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq

O vento era sueste que nos era escasso pera dobrar(e)mos o cabo de Santlsquo Agostinho As

aacuteguas nesta paragem correm a loeste com muita forccedila

PEcircRO LOPES DE SOUSA (1968) [1530] DIAacuteRIO DA NAVEGACcedilAtildeO DE PEcircRO LOPES DE

SOUSA () [A00_0078 P 36]

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Bluteau e Moraes e Silva apontam dobrar como termo naacuteutico Laudelino

Freire e Aureacutelio natildeo o fazem mas apresentam abonaccedilotildees que mostram o termo como do

universo mariacutetimo Origem portuguesa lt latina

109

Ficha 72

Dormenteadj Adormecido Entorpecido Que estaacute fixa fullando de huma ponte No pl (T

Naut) Diz-se de huns pagraveos que vatildeo fechar nas buccedilardas da proa e em que se assenta a coberta

Na atafona satildeo dois pagraveos em que descanccedilatildeo os emparamentos sobre que anda a moacute

______________________________________________________________________

rarrCunha dormente rarr DORMIR Dormir vb bdquodeixar de estar acordado descansar no sono‟

XIII Do lat dormīre AdormENTAR XIII dormentar XIVAdormir XIII dormEcircNCIA

XX dormENTE1

adj bdquoaquele que dorme‟ bdquodiz-se das plantas cujas folhas se enrolam ou se

desdobram de noite‟ bdquoentorpecido‟ bdquoque estaacute assentado firme‟ XIV Do lat dorm(i)ens ndash

(i)entis part pres de dormīre dormENTE2

sm bdquocada um dos paus da coberta de um navio‟

bdquotravessas em que se assentam os trilhos da linha feacuterrea‟ XVI O termo comeccedila a usar-se

nestas acepccedilotildees como oposto a elevadiccedilo moacutevel natildeo-fixo Assim ponte dormente eacute aquela

que eacute fixa em oposiccedilatildeo a ponte elevadiccedila daiacute o uso substantivado e sua expansatildeo

rarrBluteau Dormentes (Termo de navio) Saotilde os em que ſe forma a cobertaa amp vaotilde a fechar

em buccedilardas da Proa

rarrMoraes e Silva DORMEgraveNTES s m pl t de Naut Satildeo paacuteos em que se foacuterma a coberta e

vatildeo fechar nas buccedilardas da proa sect na Atafona Satildeo 2 paacuteos em que se descanccedilatildeo os

emparamentos nos Engenhos de assucar paacuteos em que assenta a ponte da moendasect Os Sete

Dormentes V C Flos Sanct De Fr Diogo do Rosario que traz a sua histoacuteria curiosamente

ldquoacordaratildeo os dormentesrdquo P d‟Aveiro c 91

rarrLaudelino Freire DORMENTE sm Naacuteut Cada um dos paus com que se forma a coberta

e que vatildeo fechar nas buccedilardas da proa2 Uma das peccedilas da atafona 3 cada uma das

travessas em que assentam os carriacutes das linhas feacuterreas

rarrAureacutelio dormente [De dormir + -ente] Substantivo masculino 1Peccedila fixa de marcenaria

ou de serralharia assim chamada em contraposiccedilatildeo a outras do mesmo tipo ou aparecircncia

poreacutem moacuteveis 2Peccedila da atafona 3Cada uma das peccedilas de madeira em que se pregam as

taacutebuas do soalho 4Constr Nav Cada uma das fortes vigas de madeira que correm de proa agrave

popa sobre o topo das balizas e sobre as quais se apoiam os topos dos vaus 5Constr Nav

Cada uma das vigas de madeira que correm de proa agrave popa presas agraves cavernas de embarcaccedilatildeo

miuacuteda um pouco abaixo do alcatrate e sobre as quais se apoiam as bancadas dos

remadores[]

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq

[ -

inconveniente no Amazonas por abundar tanto nele e nas suas matas a madeira mas ainda

que esta seja muita e esteja agrave escolha sempre custa a cortar e a conduzir e a lavrar de

sorte que chamando-se embarcaccedilotildees de um soacute pao inteiriccedilas necessitam de muitos mais

paos do que as embarcaccedilotildees ordinaacuterias um pao para fazer o casco outros dous paos para

tirar as duas cavernas outros dous para os dous talabardotildees e todos esses satildeos paos

grandes 4 paos famosos para construir as duas bochecas e as duas conchas da proa sem

falar nos muitos outros paos para dormentes bancos mastros e mais requisitos E por

ventura satildeo estas embarcaccedilotildees mais fortes e duraacuteveis que as ordinaacuterias

110

PADRE JOAtildeO DANIEL (1976) [1757] PARTE QUINTA - EM QUE MOSTRA UM NOVO E

FAacuteCIL MEacuteTODO DA SUA AGRICULTURA O MEIO MAIS UacuteTIL PARA EXTRAIR AS SUAS

RIQUEZAS E O MODO MAIS BREVE PARA DESFRUTAR OS SEUS HAVERES PARA

MAIS BREVE E MAIS FACILMENTE SE EFEITUAR A SUA POVOACcedilAtildeO E COMEacuteRCIO -

TRATADO 4deg - DA FACTURA DAS CANOAS OU EMBARCACcedilOtildeES DO AMAZONAS - CAP

2deg - DOS MUITOS INCONVENIENTES QUE TEM ESTA PRAXE DAS CANOAS [A00_1923

P 193]

______________________________________________________________________

Comentaacuterios todos os dicionaacuterios aprsentam dormente como termo naacuteutico Origem

portuguesa lt latina

Ficha 73

Driccedila sf (T Naut) Corda de iccedilar e marear as velas

______________________________________________________________________

rarrCunha natildeo consta

rarrBluteau DRICA Corda de roldana ou cabo com que ſe levantaotilde amp abaixaotilde as vergas

dos navios []

rarrMoraes e Silva DRICcedilA s f t de Naut Corda de iccedilar e marear as velas Couto 836

cortou a driccedila da vela Epanaforas H Naut 2134 enxarcea e driccedila fizeratildeo de huma linha de

pescar

rarrLaudelino Freire DRICcedilA s f ital drizza Corda com que se iccedilam pavilhotildees vecircrgas de

navio etc adriccedila ADRICcedilA s f De a + ital drizza Naacuteut Cabo para iccedilar velas ou bandeiras

nos mastros dos navios

rarrAureacutelio driccedila [Do it drizza pela f driccedila] S f 1Marinh Ant Adriccedila Adriccedila [De a-5 +

it drizza pela f ant driccedila] 1Marinh Cabo de laborar utilizado para iccedilar bandeira flacircmula

roupa maca e determinadas vergas e velas driccedila De improviso flutuaram todas [as canoas]

com rangidos de adriccedilas e palpitaccedilotildees do velame que o vento encopava e propelia (Xavier

Marques Jana e Joel p 53) A meia adriccedila 1 Marinh Diz-se de bandeira iccedilada ateacute 23 da

distacircncia vertical que vai do lais da verga ou do tope do mastro ao local de onde foi iccedilada a

meio 2 Mar Giacuter Um tanto embriagado tocado

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq

Do entrecasco de duas qualidades que ha de Imbira se fazem rijissimas cordas e ainda

amarras escotas driccedilas etc para as embarcaccediloens que navegatildeo pella costa e reconcavo

asim como estocircpa para calafates e outros uzos

LUIZ DOS SANTOS VILHENA (1921) [1801] CARTA VIGESIMA [A00_0846 p 762]

______________________________________________________________________

Comentaacuterios todos os dicionaacuterios apresentam driccedila como termo naacuteutico Origem italiana

E

Ficha 74

Embonar va (T Naut) Accrescentar o costado da embarcaccedilatildeo para ter mais bojo

______________________________________________________________________

rarrCunha em˙bon˙ar -o - bom boa adj bdquoque tem as qualidades adequadas agrave sua natureza ou

funccedilatildeo‟ bdquobeneacutevolo bondoso benigno‟ [] EMbonAR 1813 Do cast embonar EMbono

1813 Do cast embono

111

rarrBluteau (Termo Nautico) Embonar hum navio He ſobre o proprio madeyro com taboas

groſſas ou com novos madeyros amp com novo taboado dar bojo a hum navio que por falta

delle naotilde ſuſtenta a vela Navis latera lignis tabuliſque novis veſtire []

rarrMoraes e Silva EMBONAacuteR vatt de Naut |Acrescentar o costado do navio que fique

mais bojudo para aguentar melhor o panno

rarrLaudelino Freire EMBONAR v tr dir De embono + ar Naacuteut Reforccedilar exteriormente o

costado de (um navio)

rarrAureacutelio Embonar [Do esp embonar] Verbo transitivo direto 1Constr Nav Colocar

embono em (uma embarcaccedilatildeo)

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta

______________________________________________________________________

Comentaacuterios todos os dicionaacuterios apresentam embonar como termo naacuteutico ou naval

Origem castelhana

Ficha 75

Embono sm [T naut] Accrescentamento de bojo ao costado do navio

______________________________________________________________________

rarrCunha em˙bon˙o - BOM bom boa adj bdquoque tem as qualidades adequadas agrave sua natureza

ou funccedilatildeo‟ bdquobeneacutevolo bondoso benigno‟ [] EMbono 1813 Do cast embono

rarrBluteau Embocircno (Termo Nautico) Hagrave dous generos de embono Embono que ſe faz

ſobre o proprio madeyro deſcozendo o coſtado amp pondo o coſtado ſobre o embono Outro

embono faz ſobre o proprio coſtado com taboado groſſo Vid Embonar

rarrMoraes e Silva EMBOgraveNO s m Augmento de bojo que se daacute o costado do navio para

que possa aguentar melhor o panno faz-se sobre o antigo costado pondo-lhe outro

rarrLaudelino Freire EMBONO s m Naacuteut O bocircjo ou saliecircncia do costado de qualquer navio

embonado embonada EMBONOS s m pl Naacuteut Madeiras que servem para embonar o

navio2 Paus que fixam socircbre o costado para facilitar o desembarque

rarrAureacutelio [Do esp embono] S m 1Ant Constr Nav Revestimento de madeira aplicado

sobre o casco de embarcaccedilatildeo desde o fundo ateacute agrave linha-daacutegua quando ela mostra grande

tendecircncia para se inclinar 2Ant Constr Nav Revestimento suplementar com estrutura

celular que em navios metaacutelicos corria a um e outro bordo ao longo do costado desde um

pouco acima da linha-daacutegua ateacute certa profundidade e destinado a melhorar a proteccedilatildeo do

navio contra as explosotildees de torpedos ou minas contracarena [Cf nesta acepccedil coacuteferdatilde (2)]

3Bras N NE Grande viga de pau de jangada ou de outra madeira leve presa ao longo da

borda de algumas embarcaccedilotildees de boca estreita com o fim de aumentar-lhes a estabilidade e

amortecer-lhes o balanccedilo lateral

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta

______________________________________________________________________

Comentaacuterios todos os dicionaacuterios apresentam embono como termo naacuteutico Origem

castelhana

112

Ficha 76

Embornal sm O saco com cevada ou milho em que se mette o focinho da besta (T Naut)

Buracos no costado do navio para escovar a agua que cahe na coberta

______________________________________________________________________

rarrCunha embornal - bornal sm bdquosaco de pano utilizado para transportar provisotildees

ferramentas etc‟ 1813 De origem incerta Embornal 1813 Embornais sm Pl ldquo(Const Nav

) abertura que se faz no costado de embarcaccedilatildeo rente com o conveacutes para escoamento das

aacuteguas da baldeaccedilatildeo ou da chuva‟ 1813 Do it imbrunali

rarrBluteau Embornagravees (Termo de Navio) Saotilde huns buracos nos coſtados da naacuteo junto das

cubertas donde ſahe a lagoa dellas para o mar [] Haacute outros Embornaes nos Trin da

cuberta por onde a agoa vay para o poratildeo donde deſpois ſe tira com a bomba

rarrMoraes e Silva EMBORNAacuteL ou Ambornal s m Saco em que se daacute cevada ou milho aacutes

bestas mettendo-lho no focinhosect Embornaacutees t de Naut buracos no costado do navio ao livel

das cobertas por onde se escogravea a agua que caacutei nellas tem umas angas de pano alcatroado ou

oleado pelas taes se saacutei foacutera a agua Amaral 51 V orndes

rarrLaudelino Freire EMBORNAL s m De em + bornal Saco em que se daacute cevada ou

milho agraves becircstas para o que se lhe prende em tocircrno da bocircca cevadeirardquoEu vi vocecirc uma

bichinha cabia num embornal estaacute ouvindordquo (C Neto)

rarrAureacutelio embornal2 [Do cat ant embrunal poss pelo esp embornal] Substantivo

masculino 1Constr Nav Abertura que se faz no costado de embarcaccedilatildeo rente com o conveacutes

para escoamento das aacuteguas da baldeaccedilatildeo ou da chuva

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq

Eraotilde valeroſos ambos os Commandantes e tratando jaacute como deſempenho da ſua honra a

occaſiaotilde a que ella meſma os conduzia foy tanta a forccedila que pozeraotilde nos remos e fizeraotilde de

veacutela que na noite logo do dia 9 ſe meteraotilde de baixo das baterias inimigas com hum tal

deſprezo de chuveiros de balas que quando os Hollandezes ſe conſideravaotilde ſoacute acomettidos ſe

viraotilde entrados mas recobrando-ſe do primeiro ſuſto empenharaotilde de ſorte toda a ſua

conſtancia na oppoſiccedilaotilde da furia dos golpes que jaacute corria o ſangue pelos embornaes de hum

e outro bordo

BERNARDO PEREIRA DE BERREDO (1749) [1718] ANNAES HISTORICOS DO ESTADO

DO MARANHAOtilde - LIVRO V [A00_2517 p 183]

______________________________________________________________________

Comentaacuterios De todos os dicionaacuterios consultados somente o Laudelino Freire natildeo apresenta

embornal como termo naacuteutico Origem incerta (italiana)

Ficha 77

Encalamentos s m plur (T Naut) Peccedilas de madeira que atravessatildeo os braccedilos do navio para

o segurar

______________________________________________________________________

rarrCunha natildeo consta

rarrBluteau ENCALAMENTOS (Termo de navio) Satildeo os que atraveſſaotilde os braccedilos amp as

poſturas do navio para fortificar []

113

rarrMoraes e Silva ENCALAMEgraveNTOS s m pl t de Naut Peccedilas de madeira que atravessatildeo

os braccedilos e posturas do navio para as fortificar

rarrLaudelino Freire ENCALAMENTO s m Naacuteut Peccedila de madeira que fortalece o navio

atravessando-lhe os braccedilos

rarrAureacutelio natildeo consta

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Somente o Aureacutelio natildeo apresenta o termo naacuteutico encalamento Origem natildeo

encontrada

Ficha 78

Encapellar va Levantar a onda e fazella dobrar sobre si Vn (T Naut) vir caindo sobre a

calcez ategrave descanccedilar nos vatildeos

______________________________________________________________________

rarrCunha encapelar ndash CAPELO - sm bdquocapacete da armadura‟ XIII Do lat vulg cappěllus

ENcapelADO sm em- XV ENcapelAR -llar XIX

rarrBluteau Encapellar (Termo de Mariagem) Diz-ſe da enxarcia ou cordas que vem cahindo

pelo calcegravez ou peſcoccedilo do masto ateacute aſſentarem em cima dos vatildeos amp quando ſe tiratildeo diz-ſe

Deſencapellar

rarrMoraes e Silva ENCAPELLAacuteR v at Levantar encrespar e fazer dobrar o apice ou

lingua da onda sobre si mesma como succede andando o mar mui grosso o mar encapella as

ondas Mansinho f 35 sect ldquoassombrar as terras encapella os mares Barreto v do Evangelho

sect Encapellar n t de Naut vir caindo a enxarcia ou cordas pelo calcez ateacute assentarem sobre

os vatildeos []

rarrLaudelino Freire ENCAPELAR ou ENCAPELLAR vrv De em + capela + ar Naacuteut Ir

introduzindo a encapeladura da enxarcia alccedila etc pelo calcecircs ou lais de qualquer mastro

mastareacuteu ou vecircrga ateacute ficar assente socircbre os vaus ou cunhos dos madeiros (intr) 2 Agitar-

se e amontoar-se formando serras (falando do mar ou das ondas) (intr pr) ldquoVentos sopraram

o mar encapelourdquo Suacutebito encapelam-se as ondasrdquo (Paranapiacaba) 3 Levantar

encrespar (tr dir pr) ldquoO oceano encapelava as ondasrdquo (Pocircrto Alegre)

rarrAureacutelio encapelar2 [De en-

2 + capelo

1 + -ar

2] Verbo trans Dir [] 2Levantar erguer

encrespar (o mar as ondas etc)Verbo intransitivo 3Encrespar-se agitar-se (o mar as

ondas) encapelar-se 4Marinh Introduzir no calcecircs ou lais a enxaacutercia a alccedila etc Verbo

pronominal [] 6Encapelar (3) E as vagas do oceano que ameaccedilava tragaacute-los encapelavam-

se aos peacutes deles (A Herculano Lendas e Narrativas I p 147)

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq

Qual sereno mar que num instante As ondas sobre as ondas encapela

TOMAacuteS ANTOcircNIO GONZAGA (2000) [1863] CARTA 3a [A00_1215 p84]

______________________________________________________________________

Comentaacuterios todos os dicionaacuterios apresentam encapelar como termo naacuteutico Origem

portuguesa lt latina

Ficha 79

Encodar-se va refl [T Naut] Prender-se de poppa ou ficar com ella debaixo d‟agua

______________________________________________________________________

rarrCunha natildeo consta

114

rarrBluteau Natildeo consta

rarrMoraes e Silva ENCODAacuteR-SE v recipr t de Naut Encodar-se a naacuteo pender a popa ou

ficar com ella debaixo da agua (de coda Italiano) Cast 2 f 161

rarrLaudelino Freire ENCODAacuteR-SE v pr De em + coda + ar Inclinar a pocircpa ou metecirc-la

debaixo de aacutegua (o navio)

rarrAureacutelio natildeo consta encodar ou encodar-se Consta encodeamento [De encodear + -mento]

Substantivo masculino 1Accedilatildeo de encodear2Crosta cocircdea

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Moraes e Silva e Laudelino Freire apresentam encodar-se como termo naacuteutico

Origem italiana

Ficha 80

Enfrechadura sf (TNaut) Cabos que atravessatildeo os covens como escadas

______________________________________________________________________

rarrCunha [] do fr fleche de origem germacircnica [] frechal 1813

rarrBluteau Enfrechadugravera (Termo de Marianhagem) Satildeo huns cabos que atraveſſaotilde os ouveins

a modo de eſcadas formacirc transſverſa Scal nautic arum Fem Plur Virgilio lhe chama

Pontes Neſte ſentido entendem os Commentadores eſte verſo do livro da Eneida []

rarrMoraes e Silva ENFRECHADUacuteRA s f t de Naut Satildeo cabos que atravessatildeo os oveis a

modo de escadas

rarrLaudelino Freire ENFRECHADURA s f O mesmo que enfrechateEnfrechate s m De

enfrechar Naacuteut Cada um dos cabos paralelos e horizontais nos oveacutens das enxarcias

Enfrechar v tr De en + frecha + ar Naacuteut Pocircr enfrechates em

rarrAureacutelio enfrechadura s f1Constr Nav O conjunto de enfrechates duma enxaacutercia

Enfrechate s m1Constr Nav Cada um dos degraus feitos de cabo madeira ou ferro presos

aos oveacutens formando escada para que por ela possa subir ao mastro o pessoal empregado na

manobra de um veleiro

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta

______________________________________________________________________

Comentaacuterios todos os dicionaacuterios apontam enfrechadura como termo naacuteutico Origem

francesa lt germacircnica

Ficha 81

Enora sm (T Naut] Pagraveo de atochar o mastro

______________________________________________________________________

rarrCunha natildeo consta

rarrBluteau ENORAS (Termo de Navio) Saotilde dous paos a que antigamente chamavaotilde

Poſquetes ſervem de atochar o maſto

rarrMoraes e Silva ENOacuteRAS s f pl t de Naut Paacuteos de atochar o mastro V

PosquetesPosquegravetes s m pl t de Naut antiq V Enoras

rarrLaudelino Freire ENORA s f lat ora Naacuteut 1 Abertura nos vaacuterios pavimentos do

navio por onde os mastros vatildeo assentar na carlinga 2 Abertura circular no conveacutes agrave reacute por

onde se enfia a cabeccedila da madre do leme 3 Peccedila de madeira com que se atocha o mastro

rarrAureacutelio [De en-2 + lat ora extremidade cabo amarra] S f 1Constr Nav Abertura

feita num conveacutes e por onde enfurna um mastro ou eixo de um cabrestante

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta

115

______________________________________________________________________

Comentaacuterios todos os dicionaacuterios apontam enora como termo naacuteutico Origem

portuguesa lt latina

Ficha 82

Envergar va ndashguei (T Naut) Enrolar as velas com os envergues nas vergas Vergar

______________________________________________________________________

rarrCunha en˙ver˙ado -adura -ar - VERGA verga sf bdquovara flexiacutevel‟XIII virga XIIIDo

lat virgaENvergADO XVIIENvergADU˙RA 1844 ENvergAR XVII []

rarrBluteau natildeo consta

rarrMoraes e Silva ENVERGAacuteR v at t de Naut Atar e enrolar as velas nas vergas com os

envergues Couto 6921sect V Vergar vg envergar um prego sect Cobrir tapar com vergas

rarrLaudelino Freire ENVERGAR vrv De en +vergar Mar Enrolar e atar com os

envergues (as velas) nas vergas (tran dir) Ligar (o pano) agraves vergas ou aos estais para

servirem na manobra (tr dir)

rarrAureacutelio Envergar [De en-2 + verga + -ar

2] Verbo transitivo direto1Marinh Atar (vela) a

uma verga ou a um estai2Curvar arquear Envergou o bambu3Vestir trajar envergar um

fraqueVerbo intransitivoVerbo pronominal 4Vergar-se curvar-se [Conjug v largar]

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta como termo naacuteutico

______________________________________________________________________

Comentaacuterios todos os dicionaacuterios apontam envergar como termo naacuteutico exceto Bluteau

onde o termo natildeo foi encontrado Origem portuguesa lt latina

Ficha 83

Envergues sm plr (T Naut) Os cabos que atatildeo a vela por huns ilhograves aacute verga

______________________________________________________________________

rarrCunha verga sf bdquovara flexiacutevel‟XIII virga XIIIDo lat virgaENvergADO

XVIIENvergADU˙RA 1844 ENvergAR XVII []

rarrBluteau ENVERGUES (Termo de marinhagem) Saotilde huns cabos que fazem fixos ilhograves

com as vergas no gorotil Fumes quibus concraEtum velum alligatur ad antennas

rarrMoraes e Silva ENVEacuteRGUES s m pl t de Naut Cabos que fazem fixos e atatildeo as velas

por uns ilhoacutes aacutes vergas V Gorotil

rarrLaudelino Freire ENVERGUES s m pl de envergar Mar Amarrilhos gaxetas fixas nos

ilhoses do guratil das velas que as atam contra as suas vecircrgas ou vergueiros

rarrAureacutelio envergues [Dev de envergar] Substantivo masculino plural 1Marinh Cabos ou

cordas que prendem a vela agrave verga

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta

______________________________________________________________________

Comentaacuterios todos os dicionaacuterios apresentam envergues como termo naacuteutico Origem

portuguesa lt latina

116

Ficha 84

Escacear vn (T Naut) Ir faltando ou diminuindo va Dar com escaceza [ No primeiro

sentido se toma tambem figuradamente)

______________________________________________________________________

rarrCunha escasso adj bdquoparco avaro raro‟ XIII Do lat excarpsus part De excerpěre

escassEAR escacear XVI []

rarrBluteau ESCACEAR (Termo Nautico) Ir faltando Eſcacear o vento Remiffius flure

ventum O vento eſcacea Ventus remittit ou ſe remittit Por lhe Eſcacear o vento as naotilde

ſeguio Damiaotilde de Goes 221 Eſcacear Dizſe de outras que ſem largueza amp com

difficuldade ſe comunicaotilde Vendo a ambiccedilaotildecom que As chamas ſe arroja o peito Eſcacearaotilde

as luzes Por naotilde honrar nos reflexos Crift Dalma 117 Vid Eſcaſſear

rarrMoraes e Silva ESCACEAacuteR vnt de Naut Escacear os ventos natildeo os aproveitar

mettendo todas as velas ou levando-as enrisadas ou de outro modo que o vento natildeo faccedila

vingar o navio quanto pudera se fosse todo aproveitado H naut t 398

rarrLaudelino Freire ESCASSEAR vrv De escasso + ear Naacuteut Natildeo aproveitar toda a accedilatildeo

de (o vento) diminuindo o pano (tr dir)

rarrAureacutelio escassear [De escasso + -ear2] Verbo transitivo diretoVerbo transitivo direto e

indireto 1Dar com escassez com parcimocircnia natildeo prodigalizar Natildeo escasseia presentes S

M natildeo escasseia mercecircs aos que o servemVerbo intransitivo 2Fazer-se escasso tornar-se

diminuto minguar rarear []

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq

Deixa esta ilha entre si e o morro de Tinhareacute outra bahia mui grande com fundo e porto em

que poacutedem entrar naacuteos de todo o porte e tem grande ancoradouro e abrigada aacute sombra do

morro de que se aproveitam muitas vezes as naacuteos que vem do reino quando lhe escacea o

vento e natildeo podem entrar na bahia da ilha para dentro

GABRIEL SOARES DE SOUSA (1938) [1587] DA ENSEADA DA BAHIA SUAS ILHAS

RECONCAVOSRIBEIROS E ENGENHOS (PARTE SEGUNDA - TITULO 3) [A00_0179 p

146]

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Dos dicionaacuterios consultados soacute Aureacutelio natildeo apresenta o verbo escacear como

termo naacuteutico Origem portuguesa lt latina

Ficha 85

Escatelado adj (T naut) Furado na ponta

______________________________________________________________________

rarrCunha escatelADO 1881 sm bdquo(Constr Nav) fenda ou furo na extremidade de uma

cavilha para receber chaveta que natildeo a deixe sair do lugar‟ De origem controversa

rarrBluteau ESCATELADO (Termo de Navio) Cavilha Eſcatelada quer dizer furada na ponta

depois de paſſada a Abita amp a curva para ſe fechar atraveſſſandolhe a chaveta em cima de

huma arruela

rarrMoraes e Silva ESCATELAacuteDO adj T de Naut Cavilha escatelada furada na ponta

depois de passada a abita e a curva para se fechar com a chaveta em cima de uma arruella

rarrLaudelino Freire ESCATELADO v tr dir De escatel + ar Fechar (a cavilha) com a

chaveta em cima da arruela2 Furar na extremidade (a cavilha)

rarrAureacutelio escatelar [De escatel + -ar2] Verbo trans dir Constr Nav1Abrir escatel em (uma

cavilha) 2Introduzir a chaveta no escatel de (uma cavilha) Escatel [De or obscura] S

117

m1Constr Nav Fenda ou furo na extremidade de uma cavilha para receber chaveta que natildeo

a deixe sair do lugar [Pl escateacuteis]

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Todos os dicionaacuterios consultados apresenta esse termo como naacuteutico

Origem cotrovertida

Ficha 86

Escoas sf plur (T Naut) Peccedilas que fortificatildeo as cavernas d‟avante a regrave pela parte de

dentro

______________________________________________________________________

rarrCunha escoa sf bdquo(Const Nav) cada uma das carreiras de tabuado do forro interior do

navio de maior espessura destinadas a consolidar os pontos fracos das balizas‟ XVII Do cat

escoa deriv de escosa particiacutepio do antigo verbo escondre

rarrBluteau Eſcoas (Termo da carpintaria de humanao) Saotilde aſque fortificaotilde as cavernas

davante arepella parte de dentro Fundamentorumnavis interiorra munimenta or um Plur

Neut

rarrMoraes e Silva ESCOgraveAS sf pl t de Naut Peccedilas que fortificatildeo as cavernas por dentro

d‟avante aacute reacute H Naut I 320

rarrLaudelino Freire ESCOA sf Cada uma das peccedilas que fortificam interiormente as

cavernas de uma embarcaccedilatildeo Obs Usado mais no pl

rarrAureacutelio escoa(ocirc) [Do cat escoa] s f Constr Nav1Cada uma das carreiras de tabuado

do forro interior do navio de maior espessura destinadas a consolidar a ligaccedilatildeo dos braccedilos agraves

cavernas [Em geral satildeo trecircs ou quatro carreiras colocadas ateacute junto agrave sobrequilha] 2Cada

uma das cantoneiras longitudinais dispostas paralelamente agrave sobrequilha e assentes nos pontos

onde as cavernas comeccedilam a subir para consolidaccedilatildeo interna da ossada do navio

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq

Sapucaya he madeira de muita duraccedilatildeo e rijeza a natureza das sapucayas he serem direitas e

monstruozas em altura e grossura pello que dellas se fazem quilhas para naacuteos do maior

poacuterte sobre quilhas cadastes vaacuteos cintas dormentes escoas alem do que em terra se fazem

dormentes ou grandes vigas para os corpos de Engenhos e armazens do maior comprimento

e grossura

LUIZ DOS SANTOS VILHENA (1921) [1801] CARTA VIGESIMA [A00_0846 p 739]

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Todos os dicionaacuterios consultados indicam escoa como termo naacuteutico

Origem catalatilde

Ficha 87

Escorrer va Fazer correr o liquido vn correr o liquido (T Naut) va Passar alecircm sem

tomar nem avistar porto

______________________________________________________________________

rarrCunha escorrer - CORRER vb [] Do lat cǔrrěre corrED˙EIRA sf bdquotrecho de rio

onde as aacuteguas correm ceacuteleres‟ 1844 EScorrer XVI Do lat ex-cǔrrěre []

rarrBluteau Eſcorrer (Termo Nautico) Eſcorrer huma terra huma proviacutencia Paſſar alě

navegandoſem deſcobrilla [] Porque com o eſcuro da noite lhe naotilde ſuccedeſſe Eſcorrer a

118

terra (aſſim dizem aſeu deſencontro os marinheiros) D Franc Man Epan 3 pag pag 319

Dobrou o Cabo de Bon Eſperanccedila Eſcorreo a Ethiopia paſſou a Arabia Vieira Tom 2140

rarrMoraes e Silva ESCORREgraveR at t de Naut Passar alegravem sem tomar ou ver algum Porto

ou Terra onde queriatildeo ir ou que se havia de encontrar Vieira ldquoescorreu a Ethiopiardquo Albuq

41 F Mendes c6b277

rarrLaudelino Freire ESCORRER vrv De es + correr Naacuteut Ant Correr ao longo da

costa de costear (tr dir)

rarrAureacutelio escorrer [Do lat excurrere] Verbo trans Dir 1Fazer correr ou esgotar (o

liacutequido) 2Tirar a (alguma coisa) o liacutequido com que se achava misturada fazendo-o correr

gota a gota 3Deixar sair deitar verter O ferimento escorria um liacutequido sanguinolentoVerbo

intransitivo []

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta como termo naacuteutico

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Somente o Aureacutelio natildeo apresenta escorrer como termo naacuteutico Origem

portuguesa lt latina

Ficha 88

Escoteira sf (T Naut) A peccedila onde se fixa a escota

______________________________________________________________________

rarrCunha - escota sf bdquo(Mar) cabo para governar as velas do navio‟ XV Do ant fr escoute

(hoje eacute coute) deriv do goacutetico skaut escotEIRA XVI escotILHA XV

rarrBluteau ESCOTEIRAS (Termo de navio) Saotilde huns paos onde ſe fazem fixas as eſcotas

da gavea Ligna quibus superiores navis verfori firmantur

rarrMoraes e Silva ESCOTEgraveIRAS s f pl t de Naut Peccedilas de navio onde se fixatildeo as

escogravetas Goes Cron Man 4c78 a escoteira no sing Couto 47II ldquodas escoteirasrdquo

rarrLaudelino Freire ESCOTEIRA s f Naacuteut Peccedila por onde passam as escotas

rarrAureacutelio escoteira [De escota + -eira] s f 1Ant Constr Nav Armaccedilatildeo constituiacuteda de

duas colunas fixas no conveacutes por ante a vante dos mastros ligadas por um travessatildeo no qual se

enfiavam malaguetas onde davam volta as escotas das gaacuteveas escotel Escota (ocirc) [Do fr ant

escoute (atual eacutecoute) poss do goacutet skaut] s f1Marinh Cabo de laborar fixo no punho da

escota (q v) e que permite caccedilar o pano i e estender a vela pelo punho respectivo de modo

que apresente ao vento toda a sua superfiacutecie [A escota iraacute mais ou menos folgada ou entrada

de acordo com a mareaccedilatildeo Nas velas redondas haacute duas escotas uma por barlavento e outra

por sota-vento nas latinas apenas uma]

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta como termo naacuteutico

______________________________________________________________________

Comentaacuterios todos os dicionaacuterios citados apresentam escoteira como termo naacuteutico

Origem francesa lt goacutetica

Ficha 89

Escotilha sf (T Naut] espeacutecie de alccedilapatildeo no convez do navio por onde se desce para as

cobertas

_____________________________________________________________________

rarrCunhaescotilha - escota sf bdquo(Mar) cabo para governar as velas do navio‟ XV Do ant fr

escoute (hoje eacute coute) deriv do goacutetico skaut

119

rarrBluteau ESCOTILHA Eſpecie de alccedilapaotilde no convez do navio por onde ſe decĕ as

mercaneiras amp os mantimentos para eſtarem debaixo de cuberta Eſcotilha grande he a porta

principal da nao por onde ſe metem as couſas de mayor volume Eſcotilhas[] Os ouviraotilde no

ar ir eſparzidos Pella Eſcotilha dentro derribados []

rarrMoraes e Silva ESCOTIacuteLHA s f t de Naut Especie de alccedilapatildeo com que se fecha a

entrada para as cobertas e poratildeo do navio usatildeo-se nos tablados da scena theatral

rarrLaudelino Freire ESCOTILHA sf Cast escotilha Naacuteut Alccedilapatildeo ou abertura nas

cobertas e poratildeo do navio2 Lus Abertura na parte superior do tonel para limpeza da

vasilha e entrada de uvas ou bagaccedilo

rarrAureacutelio escotilha [Do esp escotilla fonte tb do fr ant escoutille (atual eacutecoutille)]

Substantivo feminino1Constr Nav Abertura de grande ou meacutedio tamanho feita em qualquer

pavimento de uma embarcaccedilatildeo para tracircnsito de pessoal aeraccedilatildeo ou iluminaccedilatildeo das cobertas

ou passagem de carga []

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq

O ignorante Capitatildeo paſſado de hum chuccedilo pelos peitos cahio da eſcotilha abaixo

FRANCISCO DE BRITO FREYRE (1655) [1655] SENHOR [A00_2496 p 41]

______________________________________________________________________

Comentaacuterios todos os dicionaacuterios citados apresentam escotilha como termo naacuteutico

Origem francesa

Ficha 90

Escouves sm ult l-ezes no plr (T Naut) Buraco na proa da embarcaccedilatildeo por onde sahe a

amarra

______________________________________________________________________

rarrCunha sm bdquo(Const Nav) tubo ou manga de ferro por onde passa a amarra da acircncora para

ir do conveacutes ao costado de onde desce ao mar‟escouvē XVI de origem incerta

rarrBluteau ESCOVENS ou Eſcouves (Termo de navio) Saotilde na proa huns buracos redondos

por onde ſahem as amarras []

rarrMoraes e Silva ESCOgraveUVES s m pl t de Naut Buracos na progravea dos navios por onde

saacuteem as amarras Alburq P I f 8 escouves

rarrLaudelino Freire ESCOUVES ESCOUVEacuteM Lat excubiœ Abertura para a passagem da

amarra no costado do navio

rarrAureacutelio escovem [De or incerta poss do cat escobenc lt cat escova] Substantivo

masculino 1Constr Nav Tubo ou manga de ferro por onde passa a amarra da acircncora para ir

do conveacutes ao costado de onde desce ao mar [Cf escovem do v escovar]

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta

______________________________________________________________________

Comentaacuterios todos os dicionaacuterios citados apresentam escouves como termo naacuteutico

Origem incerta (castelhana)

Ficha 91

Estibordo sm (T Naut) O lado direito do navio olhando da poppa para a proa

______________________________________________________________________

rarrCunha estibordo sm ldquo(Mar) o lado direito da embarcaccedilatildeo considerando-se a proa como

a sua frente‟ 1813 estribordo XV Do fr ant estribord (hoje tribord apoacutecope de

120

estribord) deriv do neerl stierboord boreste 1884 de estibordo (com supressatildeo da uacuteltima

siacutelaba e colocaccedilatildeo da penuacuteltima no priciacutepio) Neologismo atribuiacutedo ao almirante brasileiro

Saldanha da Gama O aviso de 14021884 do Ministeacuterio da Marinha do Impeacuterio do Brasil

mandou substitur estibordo por boreste para evitar confusatildeo entre bombordo e estibordo

rarrBluteau ESTIBORDO Querem alguns que ſeja de Dextribordo He o lado do navio para

quem eſtaacute na popa com a cara voltada para a proa []

rarrMoraes e SilvaESTIBOacuteRDO smt de Naut Para quem estaacute na popa da naacuteo como rosto

para a proa eacute o lado direito ( de Stribord Inglez)

rarrLaudelino Freire ESTIBORDO sm Din Styrbord Lado do navio agrave direitos de quem

olha da popa para a proa

rarrAureacutelio estibordo[Do port arc estribordo (lt fr ant estribord [atual tribord] neerl

stierboord poss) com dissi-milaccedilatildeo] Substantivo masculino1Mar O lado direito da

embarcaccedilatildeo considerando-se a proa como a sua frente [Cf bombordo e boreste]

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq

E quando menos conta faziam das vidas do cesto da gaacutevea gritou o gajeiro terra pela proa e

como o temporal os ia empurrando para o rolo da costa por falta de governo desfizeram os

bolsos do traquete e braceando por estibordo foram costeando a dita terra e dando vista de

um abra e uma entrada puseram proa a ela e a todo o risco sem sondar a entraram e fixas as

amarras na habita desabossadas as acircncoras deram fundo

JOSEacute ALVARES DE OLIVEIRA (1981) [nd] HISTOacuteRIA DO DISTRITO DO RIO DAS

MORTES SUA DESCRICcedilAtildeO DESCOBRIMENTO DAS SUAS MINAS CASOS NELE

ACONTECIDOS ENTRE PAULISTAS E EMBOABAS E CRIACcedilAtildeO DAS SUAS VILAS

[A00_0395 p 97]

______________________________________________________________________

Comentaacuterios todos os dicionaacuterios citados apresentam estibordo como termo naacuteutico

Origem francesa lt neerlandesa

Ficha 92

Estiva sf (T naut) Contrapeso para o navio ir em equilibrio Grades de pagraveo no poratildeo por

baixo da carga A primeira carga que vai sobre ella Grades de patildeo estreitas na estribaria para

escoarem por baixo dellas a ourina dos cavallosEspecie de registro em que se taxa o preccedilo do

patildeo azeite etc

______________________________________________________________________

rarrCunha estiva sf bdquoa primeira porccedilatildeo do navio‟ bdquoarmaccedilatildeo do tabuleiro duma ponte de

madeira‟ estiba XV Do it stiva estivADOR 1858 estivAR XVI Do it stivare deriv

do lat stipāre

rarr Bluteau ESTIVA Eſtiva Termo Nautico He palavra Italiana ou ſe deriva do Franceacutez

Eſtive He o contrapeſo da carga do navio que ſe daacute a cada lado delle para o ter em equiliacutebrio

Nas ſuas cartas pag362 Uſa D Franciſco Manoel deiſa dicccedilaotilde no ſentido moral Vemos que

a naacuteo da India ſe carrega por conto amp eſta Eſtiva do que leva a paciencia do homem naotilde a

ſabe outro homem que lha carrega de injurias cujo exceſſo do homem naotilde a ſabe outro

homem cujo exceſſo permitte a providencia por caſtigallos a ambos eſte com a ſua fraqueza

aquelle cotilde a ſua tyrannia Vid Equilibrio Vid contrapeſo Vid Eſtivar

rarrMoraes e Silva ESTIacuteVA sf t de Naut O contrapeso que se potildee ao navio para ir em

equiliacutebrio se vai mais carregado de alguma parte sect Grades de paacuteos que no poratildeo vatildeo por

baixo da carga para que natildeo assente no costado e receba alguma humidade sect Grades de paacuteo

121

mūi estreitas com que se pavimentatildeo estrebarias para que a urina se escoe por ellassect Especie

de registo em que se taxa o preccedilo do patildeo azeite palha ampc pelos officiaacutees competentes Leis

de 1765sect A carga primeira que se carrega no navio

rarrLaudelino Freire ESTIVA sf Lat stiva Mar Todo o fundo interno de um navio da

pocircpa agrave proa 2 Mar A primeira camada de carga que se mete em um navio e que eacute

ordinagraveriamente a mais pesada o contrapecircso que se potildee ao navio para o equilibrar e natildeo descair

para o lado mais carregado3 Mar Grade de pau assente no poratildeo do navio socircbre o qual se

arruma a primeira carga para o isolar da umidade

rarrAureacutelio estiva [Do it stiva] Substantivo feminino1A primeira porccedilatildeo de carga do navio

2Bras Mar Merc Serviccedilo de movimentaccedilatildeo de carga a bordo dos navios nos portos o qual

compreende a retirada e a arrumaccedilatildeo desta nos porotildees e nos conveses [Cf nesta acepccedil

resistecircncia (16)] 3Bras P ext O conjunto dos estivadores [v estivador (2)]4Bras Os

gecircneros que formam a base do comeacutercio de secos e molhados especialmente os gecircneros em

grosso5Pesagem dos gecircneros ou mercadorias estivadas 6Bras N Ponte feita de um soacute pau

sobre forquilhas em terrenos alagadiccedilos ou pantanosos [Cf nesta acepccedil estivado

(2)]7Bras MG RS Ponte tosca feita de varas ou paus atravessados sobre um coacuterrego

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq

Provido do que lhe foi necessario sahiu Thomaz de Souza Villa Real do porto da foz do

Ferreiro no Rio Vermelho em 22 de Dezembro do anno passado ficando aquelle porto

quatorze leguas abaixo da villa o mais proximo della que permitte navegaccedilatildeo mesmo a

pequenos botes com

este rio pouco rico de aguas e por ser o seu fundo em partes de pedra que ainda oppondo

g

estivas sobre que se

poderatildeo arrastar as canocircas []

JOAQUIM MARIA NASCENTES DE AZAMBUJA (1891) [1797] VIAGEM DE THOMAZ DE

SOUZA VILLA REAL PELOS RIOS TOCANTINS ARAGUAYA E VERMELHO

ACOMPANHADA DE IMPORTANTES DOCUMENTOS OFFICIAES RELATIVOS Aacute MESMA

NAVEGACcedilAtildeO [A00_0710 p 47]

______________________________________________________________________

Comentaacuterios todos os dicionaacuterios citados apresentam estiva como termo naacuteutico Origem

italiana

Ficha 93

Estribo sm Peccedila em que firmatildeo os pegraves para montar a cavallo ou entrar no Coche etc No

plr (T Naut) Os primeiros cabos que na enfreixadura servem de degragraveos Perder os estribos

fig Perturbar-se natildeo saber onde firmar-se ou em quem confiar

______________________________________________________________________

rarrCunha estriborarr ESTRIBEIRA estribeira sf bdquoestribo de montar agrave gineta‟-eyra XIII

estrebeyra XIII etcDo a fr estriviegravere de origem germacircnica estribAR XV estribO

estrybo XV

122

rarrBluteau Estribos (Termo de mariagem) Saotilde os primeiros cabos que ſervem como de

degraos aacute enfrechadura Vid Enfrechadura

rarrMoraes e Silva ESTRIacuteBO s m Peccedila de madeira (V Caccedilanbas) onde metal em que o

Cavalleiro mette as pontas dos peacutes e se firma para montarsect Nos coches obra feita para se

subir por ella aos cochassect Estribos t de Naut primeiros cabos que servem como de degraos

a enfrexadura

rarrLaudelino Freire ESTRIBO sm Germ streup Naacuteut Cabo brando agrave maneira de sanefa

encapelados nas vecircrgas para servir de apoio aos peacutes dos marinheiros quando ferram o pano

rarrAureacutelio estribo- sm [] 1Marinh Cabo cujos chicotes satildeo presos aos laises de uma

verga e cujo seio eacute a espaccedilos aguentado agrave verga por meio de pedaccedilos de cabos denominados

andorinhos Serve de apoio aos peacutes dos marinheiros que trabalham na verga [Tb o pau da

bujarrona e por vezes a retranca tecircm estribo] 2Peccedila de accedilo colocada transversalmente a uma

armadura longitudinal num concreto para mantecirc-la em posiccedilatildeo ou para resistir a certos

esforccedilos 3Fig Arrimo apoio esteio

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta como termo naacuteutico

______________________________________________________________________

Comentaacuterios todos os dicionaacuterios citados apresentam estribo como termo naacuteutico

Origem francesa lt germacircnica

Ficha 94

Estribordo (T Naut) v Estibordo

______________________________________________________________________

rarrCunha estibordo sm ldquo(Mar) o lado direito da embarcaccedilatildeo considerando-se a proa como

a sua frente‟ 1813 estribordo XV Do fr ant estribord (hoje tribord apoacutecope de

estribord) deriv do neerl stierboord boreste 1884 de estibordo (com supressatildeo da uacuteltima

siacutelaba e colocaccedilatildeo da penuacuteltima no princiacutepio) Neologismo atribuiacutedo ao almirante brasileiro

Saldanha da Gama O aviso de 14021884 do Ministeacuterio da Marinha do Impeacuterio do Brasil

mandou substitur estibordo por boreste para evitar confusatildeo entre bombordo e estibordo

rarrBluteau natildeo consta

rarrMoraes e Silva ESTRIBOacuteRDO V Estibordo Cast Ined 11 536 opposto a babordo

vulgo bombordo ESTIBOacuteRDO smt de Naut Para quem estaacute na popa da naacuteo como rosto

para a proa eacute o lado direito ( de Stribord Inglez)

rarrLaudelino Freire ESTRIBORDO sm Ant O mesmo que estibordo ESTIBORDO sm

Din Styrbord Lado do navio agrave direitos de quem olha da popa para a proa

rarrAureacutelio natildeo consta

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta estribordo soacute estibordo

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Exceto Bluteau e Aureacutelio todos os demais dicionaacuterios apresentam o lema

estribordo mas remetem para o termo estibordo Origem francesa lt neerlandesa

Ficha 95

Estrinca sf (T Naut) Especie de escotilha nas embarcaccedilotildees por onde sobe a amarra

______________________________________________________________________

rarrCunha natildeo consta

rarrBluteau natildeo consta

123

rarrMoraes e Silva ESTRIacuteNCA sft de Naut Especie de escotilha nos navios HNaut

2f222 por ella saacutei a amarra donde estaacute envolta e daiacute tem o nome (strinca corda em

Italiano)

rarrLaudelino Freire ESTRINCA sf Ingl string Espeacutecie de escotilha por onde passa a

amarra

rarrAureacutelio natildeo consta

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Somente Moraes e Silva e Laudelino Freire apresentam estrinca Origem

inglesa

F

Ficha 96

Ferrar va Pregar ferradura Foxerir ferratildeo ou remate de ferro Marcar com ferrete

Guarnecer de cintas ou chapas de ferro Cravar Segurar com harpegraveo ou ferir com elle (T

Naut) Colher as velas Lanccedilar ancora Fig Tomar porto (T de Marcineiro) Metter porcas

Ferrar no sono adormecer

______________________________________________________________________

rarrCunha ferrarrarr FERRO ferro sf bdquometal maleaacutevel e tenaz de numerosas aplicaccedilotildees na

induacutestria e na arte‟ XIII Do lat ferrum ndashi AferrAR XVI AferrO sm XVIII [] Do lat

ferramenta nom pl de ferramentum bdquoinstrumento ou utensiacutelio de ferro‟ ferrAtildeO 1813

ferrAR XIII ferrARIA XIIIferrEIRO XIII ferrENHO XVI feacuterrEO 1572

rarrBluteau Ferrar (Termo Nautico) Ferrar velas ou ferrar o panno Vela colliger Vendoſe em

perigo Ferrara todo panno Britto viagem do Braſil 277 A naacuteo ditoſa Ferrava a vela

Barretto vida do Evang 21377

rarrMoraes e Silva FERRAR v at t naut Colher vg ferrar a vela o pannosect Lanccedilar ferro

ou ancora f tomar portovg ferraratildeo o porto de Coulatildeo Vieira-Freire ferrou a barra

rarrLaudelino Freire FERRAR vrv De ferro + ar Naacuteut Colhecircr amarrar (tr

dir)rdquoTrabalhados de perigos lanccedilai nautas nos nossos portos ferro ferrai velasrdquo (Filinto

Eliacutesio) 118 Atracar (a embarcaccedilatildeo) (trdir) Colhecircr (as velas) (tr dir intr) ldquoferrar as

velasrdquo ldquonunca as ondas tormenta resolveu mais arriscada Ferra ferra (bradou) que eacute enorme

o perigordquo (Filinto Eliacutesio) Deitar o navio ferro (intr) Folgar

rarrAureacutelio ferrar [De ferro + -ar2] Verbo transitivo direto [] 5Marinh Colher (vela ou

toldo) atando-os com amarrilhos a uma verga estai ou vergueiro navegou terra a terra agrave

sombra da costa ferrou panos e fundeou sobre virotes (Galpi Narrativas Militares p

23)

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq

[] mas natildeo sei se com este vento se com outro que lhe deo nas velas quando ia jaacute pera a

ferrar pendeo tanto a sua naacuteu que tomou agoa pelas portinholas da artilharia e calando-se

pelas escotilhas que iatildeo abertas foi entrando tanta que em continenti se foi ao fundo com

seu dono []

FREI VICENTE DE SALVADOR (1888) [1627] LIVRO QUINTO - DA HISTORIA DO

BRASIL DO TEMPO QUE O GOVERNOU GASPAR DE SOUZA ATHEacute A VINDA DO

124

GOVERNADOR DIOGO LUIZ DE OLIVEIRA - CAPITULO SEXTO - DE COMO O

CAPITAtildeO BALTHAZAR DE ARAGAtildeO SAHIO DA BAHIA COM HUMA ARMADA CONTRA

OS FRANCEZES E SE PERDEO [A00_2084 p 195]

______________________________________________________________________

Comentaacuterios todos os dicionaacuterios citados apresentam ferrar como termo naacuteutico Origem

portuguesa lt latina

Folgar vn Cessar de trabalhar Alegrar-se ter gosto de alguma cousa va (T Naut) Alargar

______________________________________________________________________

rarrCunha folgar vbrdquodescansar ter aliacutevio desapertar‟XIII follegar XVDo lat fotildellǐcārě

bdquorespirar como fole‟ deriv de fotildellis focirclegoXIII folgoXVIDeverbal do a port

folegarfolgafolgua XVfolgADIO XV folgADO XIII folgANCcedilA-cia

XIIIfolgAZAtildeO folgasatildeo 1813 folguEDO XVI RESfolegar XVII

rarrBluteau FOLGAR Coſſar do trabalho Deſcanccedilar Andar ocioſoOtiari (or atus fum) Cic

Como foſſe agrave Cidade de Syracuſa para folgar amp naotilde para trabalhar Cum ſe Syracuſas otiandi

non negotiandi

rarrMoraes e Silva FOacuteLGAR vat Largar ou alargar vg folgar o leme t nautsect vn Cessar

do trabalho

rarrLaudelino Freire FOLGAR descansar (intr trind com prep em) ldquoOs piratas folgando

em grupos se dispersamrdquo (Paranapiacaba) 3 Ter prazer alegrar-se regozijar-se (intr

trindcom prep com de em)ldquoDesabe o firmamento socircbre a Terra tudo pereccedila Folgaraacute

minh‟almardquo (Paranapiacaba) ldquoFolgo muito em ver-terdquo

rarrAureacutelio folgar [Do lat tard follicare] Verbo transitivo direto1Dar folga ou descanso a

[] 2Tornar largo desajustar desapertar folgar a roupa 3Tornar menos penoso tornar

leve suave folgado []

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta folgar como termo naacuteutico

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Somente Moraes e Silva apresenta folgar como termo naacuteutico Origem

portuguesa lt latina

G

Ficha 98

Garrucha sf Antigamente era o mesmo que Albarda Poleacute de dar tratos (T Naut) Cabo que

se mette na relinga por entre chicotes

______________________________________________________________________

rarrCunha garrucha sf bdquoorig pau curto com que se armavam as bestas‟guarrucha XV

bdquopistola de carregar pela boca‟ XX Do cast garrucha

rarrBluteau GARRUCHA He palavra Caſtelhana VID Poleacute de tormento amp tratos de poleacute

As cataſtas as Garruchas as fogucigueiras Vieira Tom 1076col1

rarrMoraes e Silva sft naut Garruchas satildeo ou eratildeo cabos que se mettem nas relingas por

entre os chicotes donde se fazem as puas das bolinas daqui vem agarruchar ampc

125

rarrLaudelino Freire GARRUCHAS sm pl Naacuteut 1 Argola de ferro pregadas no garotil das

velas latinas 2 Cabos que se metem nas relingas por entre chicotes

rarrAureacutelio Garrocha [Do esp garrocha] []Marinh Poleame de laborar constituiacutedo de duas

caixas sobrepostas a topo e com os eixos das suas rodas dispostos paralelamente ou

perpendicularmente um em relaccedilatildeo ao outro

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Moraes e Silva Laudelino Freire apresentam garrucha com termo naacuteutico

Aureacutelio daacute como termo naacuteutico garrocha Origem castelhana

Ficha 99

Gavea sf (T Naut) Armaccedilatildeo de taboa com feiccedilatildeo de grade do cimo dos mastros Vela que

toma o nome da gavea sobre que anda

______________________________________________________________________

rarrCunha gaacutevea sf bdquo(Naacuteut) espeacutecie de tabuleiro ou plataforma a certa altura de um

mastro‟gauea 1572Do lat med gabia (claacutess cavěa) com provaacutevel interferecircncia do it

gagravebbia ESgaivAR XXgaiva sf bdquojaula fosso‟ 1813gaivEL 1899 gajeiro sm bdquomarinheiro

que vigia da gaacutevea‟-geiro 1813 Do it gagraveggia e este do genovecircs gagravegia deriv Do lat cavěa

rarrBluteau Gaacutevea (Termo Nautico) He huma eſpecie de gayola ou guarita aſſentada em

huma roda de taboas no alto dos matos ſerve para recolher as velas quando as ferraotilde

Carchefium ij Naut Catull Mali corbita e Fem

rarrMoraes e Silva sf naut Eacute armaccedilatildeo de taboas como uma meza com bordas na ponta do

mastro

rarrLaudelino Freire GAVEA sf Lat cavea Naacuteut Espeacutecie de gaiola tabuleiro plataforma

ou guarita assente em uma rodas de taacutebuas no alto dos mastros e atravessada por ecircle 2 Vela

que ocupa o lugar imediatamente superior agrave grande GAacuteVEAS sfpl Conjunto das trecircs velas

das galeras 2 A gaacutevea e o velacho nos brigues

rarrAureacutelio [Do lat gavia por cavea gaiola] s f Marinh 1Cada um dos mastareacuteus que

espigam logo acima dos mastros reais [Nos navios de trecircs mastros denominam-se a partir de

vante mastareacuteu do velacho mastareacuteu da gaacutevea e mastareacuteu da gata] 2Mastareacuteu que espiga

logo acima do mastro real grande 3Cada uma das vergas que cruzam nos mastareacuteus de gaacutevea

[Nos navios de trecircs mastros chamam-se a partir de vante verga do velacho verga da gaacutevea e

verga da gata Antigamente chamavam-se traquetes sendo a partir de vante traquete de proa

ou de vante tranquete da gaacutevea e traquete da gata] 4Verga que cruza no mastareacuteu de gaacutevea

grande 5Cada uma das velas que envergam nas vergas de gaacutevea [Nos navios de trecircs mastros

denominam-se a partir de vante vela do velacho vela da gaacutevea e vela da gata Antigamente

chamavam-se traquetes] 6Vela que enverga na verga de gaacutevea grande 7Mar Cesto de

gaacutevea

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq

Com as vellas que anoitecer a Capitana ha de navegar ategrave que aclare o dia Succedendo

largar mais pano aʃcenderagrave dous faroes na popa amp hum na gavea

FRANCISCO DE BRITO FREYRE (1655) [1655] SENHOR () [A00_2496 p 57]

______________________________________________________________________

Comentaacuterios todos os dicionaacuterios apontam gaacutevea como termo naacuteutico Origem italiana

Ficha 100

126

Gio sm (T Naut) O travessatildeo sobre que a cana do leme anda e sobre que se formatildeo as

obras chamadas mortas da poppa

______________________________________________________________________

rarrCunha gio sm bdquo(Naacuteut) peccedila que entalha no contracadaste do navio‟ 1813 De origem

obscura

rarrBluteau GIO (Termo da carpintaria de huatilde nao) He hum traveſſaotilde ſobreque anda a cana

do leme amp ſobre o qual ſe formaotilde as obras mortas da popa Lignea compages in puppi

tranſverſa

rarrMoraes e Silva GIacuteO sm naut Travessatildeo sobre que anda a cana do leme e sobre que se

foacutermatildeo as obras mortas da popa

rarrLaudelino Freire GIO sm Naacuteut Nome de duas peccedilas curvas de madeira que formam

angula entalhando-se entre si e no contracadaste

rarrAureacutelio gio [De or obscura] Substantivo masculino1Constr Nav Nas popas quadradas

cada uma das peccedilas dispostas horizontalmente entalhadas e cavilhadas no contracadaste

constituindo assim como que as cavernas de tais popas

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta

______________________________________________________________________

Comentaacuterios todos os dicionaacuterios apontam gio como termo naacuteutico Origem obscura

Ficha 101

Guinada sf (T Naut) Acccedilatildeo de guinar Gargalhada fallando de riso

______________________________________________________________________

rarrCunha guinar vb bdquobordejar desviar-se rapidamente‟ XVI De origem obscura guinADA

XVI

rarrBluteau GUINADA Guinaacuteda amp Guinar ſaotilde termos Nauticos Vid Guinar

rarrMoraes e Silva GUIacuteNADA sf O acto de guinar t naut ldquode duas guinadas que deu (com

a sua naacuteo) sobre duas galeacutes ambas se despejaratildeo deixando os cascos vasiosrdquo (remettidas

para as ababroar) B236 Amaral

rarrLaudelino Freire GUINADA sf Angl-sax winan Naacuteut Desvio que o navio faz da sua

esteira bordejando2 salto que o cavalo daacute para furtar o corpo ao castigo do cavaleiro

rarrAureacutelio guinada [De guinar + -ada1] Substantivo feminino 1Mar Desvio da proa para

um ou outro bordo que afasta o navio deliberadamente ou por forccedila das circunstacircncias do

rumo em que vinha Havia um torvelinhar surdo e vago de coisas no tombadilho eram as

ondas que agraves vezes agrave menor guinada apesar de todo o cuidado no leme embarcavam pelo

traveacutes pela alheta (Virgiacutelio Vaacuterzea Nas Ondas p 45)

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq

Como saiacuteo a lua se fez o vento leacutes-nordeste e ventou com tanta forccedila que nom podiacuteamos com

a vela Indo assi corre guinada e em preparando de

loacute nos arrebentou o masto do traquete pelos tamboretes de que sentimos muita fortuna e

amainaacutemos a vela e fomos correndo ao som do mar ateacute que foi de dia

127

PEcircRO LOPES DE SOUSA (1968) [1530] DIAacuteRIO DA NAVEGACcedilAtildeO DE PEcircRO LOPES DE

SOUSA () [A00_0078 p 33]

______________________________________________________________________

Comentaacuterios todos os dicionaacuterios apontam guinada como termo naacuteutico Origem obscura

(anglo saxatildeo)

Ficha 102

Guinar vn (T Naut) Desviar-se do caminho da esteira que leva Diz-se do navio e

propriamente fallando sograve tem terceiras pessoas

______________________________________________________________________

rarrCunha guinar vb bdquobordejar desviar-se rapidamente‟ XVI De origem obscura guinADA

XVI

rarrBluteau Guinar (Termo Nautico) He quando o navio ſe deſvia alguma couſa hora de

huma hora de outra parte ſeguindo ſempre o meſmo rumo Conftanti ſempre curſa de via

aliquantum deſle

rarrMoraes e Silva GUINAacuteR vn naut Desviar-se o navio um pouco da esteira que leva

hora a um bordo hora a outro mas seguindo sempre o mesmo rumo Amaral 6 Fomos

guinados a elas Fern Mend c5

rarrLaudelino Freire GUINAR vrv Mover-se agraves guinadas desviar-se (a embarcaccedilatildeo da sua

esteira) (intr)

rarrAureacutelio guinar [Da mesma or incerta que o esp guintildear poss da raiz gin- de criaccedilatildeo

expressiva] Verbo intransitivoVerbo transitivo circunstancial1Mover-se agraves guinadas

oscilar Becircbado guinava agrave direita e agrave esquerda2Mar Desviar (a embarcaccedilatildeo) de propoacutesito

ou por forccedila das circunstacircncias a proa do rumo que vem seguindo para outro rumo dar uma

guinada (1)3P ext Dar guinada (3) Desorientado o ciclista guinava a torto e a

direito4Desviar-se com rapidezVerbo transitivo direto 5Desviar com rapidez ou

repentinamente Guinou a embarcaccedilatildeo para natildeo se chocar com o rochedo

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq

A ruindade desta barra consiste principalmente em ser muito estreito o seu canal e dar este

uma volta pelo meio dos dous baixos que o rodeatildeo e promettem naufragio infallivel se a

embarcaccedilatildeo guinar para algum dos lados

FREI GASPAR DA MADRE DE DEUS (1920) [1767] MEMORIAS PARA A HISTORIA DA

CAPITANIA DE S VICENTE HOJE CHAMADA DE S PAULO [A00_0169 P 123]

______________________________________________________________________

Comentaacuterios todos os dicionaacuterios apontam guinar como termo naacuteutico Origem obscura

I Ficha 103

Iccedilar va (T Naut) Levantar as vergas e vegravelas para o navio navegar

______________________________________________________________________

128

rarrCunha iccedilar vb bdquoerguer levantar‟ XVIII Do fr hisser e este do neerl hijsen ou do baixo

al hissen iccedilAMENTO XX

rarrBluteau ICAR (Termo Nautico) Levantar as velas Vella attollere Na bonanccedila Iccedilar ateacute os

topos Vieira Tom3pag76 Iccedilaraotilde de gaacutevea perdendo ancoras amp amarras Ciabra Exhortaccedil

Militar24 verſ As velas Iccediladas nos palancos Jacinto Freyre 259

rarrMoraes e Silva ICcedilAacuteR vat Levantar as vergas e as velas para navegar Freire

rarrLaudelino Freire ICcedilAR vrv Al hissen Levantar erguer alccedilar (tr dir bitr com prep a

com)rdquoIccedilar o cordamerdquo ldquoVia-se entre homens armados que a arrebatavam iccedilando-a agrave garupa

de ginete socircfregordquo (C Neto) ldquoCom taacuteureas cordas brancas velas iccedilamrdquo (Odorico Mendes)

rarrAureacutelio iccedilar [Do fr hisser] Verbo td 1Erguer alccedilar levantar iccedilar velasApenas o

vapor comeccedilou a enfrentar o Feliz este iccedilou a bandeira brasileira saudando-o (Virgiacutelio

Vaacuterzea Nas Ondas p 150) [Conjug v laccedilar Pres ind iccedilo etc pret perf icei etc pres

subj ice icem Cf isso issei o top Iceacutem e o v inccedilar]

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq

Fizeram-se primeiro que tudo cabos poreacutem o arbusto foi cortado foacutera de tempo e o linho

cortido por pessoas imperitas e que natildeo sabiam o tempo que se devia gastar no cortimento

nem o modo com que se deviam separar a capa do linho e os fabricantes dos mesmos cabos

natildeo soacute pouco habeis em fazerem o fio mas ignorando mais o modo de lhe dar o alcatratildeo

beneficio essencialissimo para perfeiccedilatildeo dos mesmos cabos poreacutem assim mesmo me servi

logo de alguns ainda que poucos nas embarcaccedilotildees da esquadra aonde serviram tatildeo bem

como os outros que tinham as embarcaccedilotildees de sorte que um delles serviu muito tempo ao

cabrestante para iccedilar a aguada e mantimentos do navio Santo Antonio e depois de soffrer

todo aquelle trabalho sem quebrar o applicaram ao ministerio da guingorra aonde durou

muito tempo

MARQUEZ DO LAVRADO (1863) [1799] RELATORIO DO MARQUEZ DE LAVRADIO

VICE-REI DO RIO DE JANEIRO ENTREGANDO O GOVERNO A LUIZ DE

VASCONCELLOS E SOUSA QUE O SUCCEDEU NO VICE-REINADO [A00_0851 p 471]

______________________________________________________________________

Comentaacuterios todos os dicionaacuterios apontam iccedilar como termo naacuteutico Origem francesa

L

Ficha 104

Lais sm (T Naut) A ponta verga

______________________________________________________________________

rarrCunha lais sm bdquo(Naacuteut) a ponta da vergardquo lays XVI De origem obscura

rarrBluteau Lais Chamatildeo os marinheiros agrave ponta das vergas a da Mezena ſe chama penna

LAIZ (Termo nautico) Extremidades das vergas Cornu antemnarum Virgilio diz Cornua

antemn (Enforcaſſe no Laiz da verga Decad 1 de Barr Paacuteg 110col4)

rarrMoraes e Silva LAacuteIS sm tnaut A ponta da verga Barros o lais da verga

rarrLaudelino Freire LAIS sm Naacuteut Ponta da verga

Lais de Guia sm Naacuteut Noacute que se daacute no seio do cabo com um dos chicotes para formar

bocirclso

rarrAureacutelio lais [De or obscura] s m Marinh1Cada uma das extremidades de uma verga

Os [marinheiros] que ofereciam resistecircncia nas abordagens ou davam combate eram iccedilados

depois no lais das vergas (Virgiacutelio Vaacuterzea Mares e Campos p 103)2Extremidade oposta

ao peacute num pau de surriola [Pl laises Cf Laiacutes antr f menos boa poreacutem usual de Lais]

Lais de guia 1 Marinh Noacute que se daacute no chicote de um cabo formando uma alccedila ou balso e

serve para encapelaacute-lo ou para fazer um laccedilo de correr

129

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq

Querendo a Capitana fallar aos navios no lays da verga grande ʃotavento largaragrave huatilde

flamula tirar agrave a huatilde peʃʃa por ʃehaacute agrave capa

FRANCISCO DE BRITO FREYRE (1655) [1655] SENHOR [A00_2496 p 55]

______________________________________________________________________

Comentaacuterios todos os dicionaacuterios apontam lais como termo naacuteutico Origem obscura

Ficha 105

Leme sm Entre Nauticos he hum pranchatildeo formado de vaacuterios madeiros posto ao alto no

cadaste do navio e que se move para hum e outro lado por meio de huns gonzos fixos que

tem os machos fixos no mesmo pranchatildeo e encaixados nas fecircmeas que estatildeo fixas no cadaste

O ferro da dobradiccedila que encaixa no leme Fig Direcccedilatildeo Duas estrelas iguaes na

Constellaccedilacirco chamada Barca

______________________________________________________________________

rarrCunha leme sm‟aparelho usado na parte traseira do barco e do aviatildeo e que serve para lhes

dar direccedilatildeo‟ XV De origem obscura

rarrBluteau LEME Pao que anda junto do cadaſte que quebra amp aparta as ondas para huma

amp outra parte amp he o total governo da nao Dizem que Tiphys companheiro dos Argonautas

na expediccedilatildeo de Colchos inventagravera o leme pelo que obſervou no Minhoto quando voa alto

que troce a aza para lhe dar nelle o vento em poppa amp ſubir amp baixar como quer Outros

dizem que dos peixes que com cauda regulaotilde nas aguas ſeu caminho ſe tomou a invenccedilaatildeo do

leme Clavus i Ma Gubernaculum i Neut Cic No Commento da Oitava 74 do Canto 5

da Luſiada aonde diz Camotildees Esta pa logo o leve leme

rarrMoraes e Silva LEgraveME sm Governalho peccedila de madeira grossa plana de certa largura

que vai em gonzos no meyo da popa do navio e outros vasos de navegar d‟alto a baixo e

serve de os fazer voltar a proa a diversos rumos voltando ao lemesect O ferro da dobradiccedila que

se embebe no vatildeo da femea eacute sobre que joga a janella ou portasect Natildeo dar o navio pelo leme

ou natildeo obedecer ao leme se diz quando natildeo proeja ainda que manejem o leme e o virem

rarrLaudelino Freire LEME sm B lat limo Aparelho situado na parte traseira do barco e

que serve para lhe dar direccedilatildeo2 Ferro ou dobradiccedila que se embebe no vatildeo da fecircmea e socircbre

que joga a porta ou janela

rarrAureacutelio leme [De or obscura] s m 1Constr Nav Peccedila ou dispositivo instalado na popa

da embarcaccedilatildeo e que serve para lhe dar direccedilatildeo para governaacute-la 2Dispositivo instalado na

cauda do aviatildeo e que regula a direccedilatildeo do aparelho 3Ferro que se embebe no vatildeo da fecircmea e

sobre o qual se move a porta ou a janela 4Fig Direccedilatildeo governo governanccedila Leme de

direccedilatildeo 1 Aer Leme que governa o aviatildeo no plano horizontalLeme de fortuna 1 Marinh V

esparrela (4)Leme de loacute 1 Marinh Posiccedilatildeo do leme com sua porta voltada para barlavento

Leme de profundidade 1 Aer Leme que governa o aviatildeo no plano verticalLeme horizontal

1 Constr Nav Cada um dos lemes que governam o submarino no plano vertical

130

(profundidade) Leme vertical 1 Constr Nav Cada um dos lemes que governam o submarino

no plano horizontal (rumo)Perder o leme 1 Ficar atarantado sem saber o que fazer

desnortear-se desorientar-seTer o leme 1 Governar administrar dirigir

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq

Avistaratildeo esta Costa em 15 de Junho e por natildeo conhecerem a paragem que era a enseada de

Vasabarris lanccedilaratildeo ferro mas era tatildeo forte o vento Sul e correm alli tanto as agoas que se

quebraratildeo duas amarras e querendo entrar por conselho de hum Francez chamado

Honorato que veio aacute terra com dous Indios em huma jangada e lhes facilitou a entrada

tocou a naacuteu e deo tantas pancadas que lhe saltou o leme foacutera e arrombou pelo que alguns se

lanccedilaratildeo a nadar e se afogaratildeo em as ondas []

FREI VICENTE DE SALVADOR (1888) [1627] LIVRO QUARTO - DA HISTORIA DO

BRASIL DO TEMPO QUE O GOVERNOU MANOEL TELLES BARRETO ATHE A VINDA

DO GOVERNADOR GASPAR DE SOUZA - CAPITULO VIGESIMO QUARTO - DA

JORNADA QUE GABRIEL SOARES DE SOUZA FAZIA AacuteS MINAS DO SERTAtildeO QUE A

MORTE LHE ATALHOU [A00_2060 P 148]

______________________________________________________________________

Comentaacuterios todos os dicionaacuterios apontam leme como termo naacuteutico Origem obscura

Ficha 106

Leva sf (T Naut) Acccedilatildeo de levantar ancora para fazer-se aacute vegravela Entre Militares

Conducccedilatildeo de recrutas

______________________________________________________________________

rarrCunha leva - LEVAR levar vb bdquotransportar retirar afastar induzir tirar roubar‟ XIII Do

lat lěvāre []

rarrBluteau LEVA (Termo Nautico) A acccedilatildeo de levantar as ancoras do porto para a partida

Anchorarum fublatio ou Navis egrave portu onis FemTocar a leva He dar aviſo com a trotildebeta

que ſe recolhatildeo os q eſtatildeo na praya quando o baxel eſtagrave para partir Dare tubacirc fignum

recipiendi in navem (Julio Ceſar farfallando na retirada dos ſoldados diz Milites figno

recipiendi dato non conftitehellip (Manda jagrave tocar a leva Ciabra Exhort Militar pag 26)

rarrMoraes e Silva LEVA sf O acto de levantar ancora para sair do porto vg ldquopeccedila de

leva a que se atira para fazer sinal de botar foacutera e que tocar leva com a trombeta para

acodirem a bordo os que hatildeo-de ir na naacuteo que estaacute para levantar ferro M Conq Vieira

rarrLaudelino Freire LEVA sf De levar O ato de levantar ferro o levantar da acircncora para

navegarNaacuteut Cabo folgado que passa por um furo do costado do navio e vai prender-se no

sapatilho dos arganeacuteus das portas5 Pop Andadura

rarrAureacutelio leva [Dev de levar] s f 1Ant Mar Ato de levantar acircncora para navegar

2Alistamento de tropa recrutamento []

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta

______________________________________________________________________

Comentaacuterios todos os dicionaacuterios apontam leva como termo naacuteutico Origem portuguesa

lt latina

131

Ficha 107

Liame sm (T Naut) Madeira das curvas com que seliatildeo por dentro as peccedilas do costado do

navio

______________________________________________________________________

rarrCunha liame sm bdquoaquilo que prende uma coisa a outra ligaccedilatildeo‟ XVIII Do lat ligamen -

ǐnis bdquolaccedilo fita‟ de ligāre

rarrBluteau LIAcircME A madeira das curvas com q por dentro ſe liatildeo os coſtados dos navios

Lignam quibus navium latera intus coagmentantur Joatildeo de Barros diz Liaccedilatildeo (Foy cortada

algūa liaccedilatildeo para galegraves Decada 2 fol39col4) (Na meſma Decada diz LiameContaratildeo-ſe

huma ſoma de madeiras da anaf para liames fol 12 col1) (os que fabricatildeo obra naval tiraotilde

della curvas amp liames Valcone Noticia do Braſil 259)

rarrMoraes e Silva LIAacuteME smt de Naut A madeira das curvas com que se ligatildeo e atatildeo as

peccedilas do costado dos navios Barros Ined IIIf506 ldquotavoados e liamerdquo

rarrLaudelino Freire LIAME sm Lat ligamen Liaccedilatildeo Naacuteut A madeira das curvas com que

se ligam e atam as peccedilas do costado dos navios Naacuteut Cordame de navio de vela

rarrAureacutelio liame (acirc) [Do lat ligamen] s m1Aquilo que prende ou liga uma coisa a outra

ligaccedilatildeo []

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq

Nas varzeas de arecirca se datildeo outras arvores reaes a que os Indios chamam curuaacute as quaes se

parecem na feiccedilatildeo na folha na cocircr da madeira com carvalhos e acham-se alguns de vinte e

cinco a trinta palmos de roda de que se fazem gangorras mesas eixos virgens esteios e

outras obras miudas mas natildeo eacute muito fixo ao longo da terra a qual tambem serve para

liames de navios e barcos e para taboado e de pesado se vai ao fundo

GABRIEL SOARES DE SOUSA (1938) [1587] DAS ARVORES REAES E PAUS DE LEI

(PARTE SEGUNDA - TITULO 8) [A00_0184 p 243]

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Soacute Aureacutelio natildeo apresenta liame como termo naacuteutico Origem portuguesa lt

latina

Ficha 108

Linguete sm (T Naut) Peccedila de pagraveo ou de ferro com que se tolhe que natildeo desande o

cabrestante embebendo-a nas mossas deste ______________________________________________________________________

rarrCunha linguete - LIacuteNGUA[] Do latlǐngŭaliacutegula sf [] Do it lingueta dimin de

liacutengua []

rarrBluteau LINGUETE ou lingoete (Termo de navio) He hum patildeo que encayxa nos cunhos

para ter matildeo do cabreſtante que natildeo ande depois que ſe tem levado a ancora ou algum fardo

Machin nautic

rarrMoraes e Silva LINGUEgraveTE smt de Naut Peccedila de paacuteo ou ferro que se embebe nas

mossas do cabrestante para que natildeo desande depois que se tem levado a ancora ou algum

132

fardo V Cunhos CUNHOS smpl t de Naut paacuteos pregados agrave roda do cabrestante com seus

dentes em que se pega o linguegravete e as amarras quando viratildeo

rarrLaudelino Freire LINGUETE sf De liacutengua Peccedila de ferro ou madeira que se embebe nas

rodas dentadas para que estas natildeo desandem

rarrAureacutelio- natildeo consta linguete consta lingueta lingueta (guecirc) [De liacutengua + -eta (ecirc) it

lingueta] Substantivo feminino1P us Liacutengua (1) pequena 2Qualquer objeto pequeno

semelhante a uma liacutengua3Fiel da balanccedila 4Peccedila chata e delgada que faz parte dalguns

instrumentos de sopro5Peccedila moacutevel de ferro das fechaduras que se encaixa quando movida

pela chave na chapatesta trancando a porta ou gaveta6Dispositivo moacutevel para fechar portas

sem o auxiacutelio da chave constatou [o serralheiro] que nada poderia fazer desde que a porta do

chuveiro natildeo dispunha propriamente de fechadura mas de uma simples lingueta (Fernando

Sabino Medo em Nova Iorque A Cidade Vazia p 118) 7Pedaccedilo de couro utilizado como

fecho em pastas valises malas etc 8Pedaccedilo de couro que no sapato de atacador protege o

peito do peacute 9Ladeira ou rampa em cais junto agrave qual atracam as embarcaccedilotildees 10Muacutes V

martinete4 (1) 11Bras PE Rampa natural que se inclina para o mar ou para o rio 12Ant

Rampa num cais para embarque e desembarque de passageiros

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Soacute Laudelino Freire natildeo apresenta linguete como termo naacuteutico Aureacutelio

apresenta lingueta Origem italiana

M

Ficha 109

Maccedilame sm Lastro de pedra e betume nas cisternas etc (T Naut) Cordoalha do navio __________________________________________________ rarrCunha natildeo consta

rarrBluteau Maccedilame Termo Nautico He todo o encordoamento da nao aſſim dos Brandaes

como da Sirgideira Brioens Apagaſanaes amp toda a mais Enxaacutercia Funium velorum

aliorum ad regendam navim inſtrumentor apparatus (Domar onde hiatildeo os Marinheiros

da queda dos paos amp do Maccedilame Brito Relaccedilatildeo da viagem do Braſil 69)

rarrMoraes e Silva MACcedilAgraveME sm t de Naut Toda a cordoalha do apparelho de um navio

Brito

rarrLaudelino Freire natildeo consta

rarrAureacutelio natildeo consta

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq

Que lhes concede todos os mantimentos assi secos como molhados que tiuerem nos

almazens do Recife amp fortalezas pera se sentirem delles amp fazerem suas viagens largando

aos soldados os de que elles necessitarem pera seu sustento amp viagem mas nam lhes

outorga o maccedilame pera os nauios porque promete darlhos aprestados pera quando partirem

pera Olanda

NAtildeO TRAZ O NOME DO AUTOR MAS Eacute DO DR JOAtildeO DE MEDEIROS CORREcircA

SEGUNDO A OPINIAtildeO GERAL DOS BIBLIOGRAPHOS (1899) [1653] BREVE |

RELACcedilAM | DOS VLTIMOS | SVCESSOS DA GVERRA | DO BRASIL RESTITUICcedilAOtilde DA

CIDADE MAU- | RICIA FORTALEZAS DO RECIFE DE PER- | NAMBUCO amp MAIS

133

PRACcedilAS QUE OS | OLANDESES OCCUPAUAOtilde NA- | QUELLE ESTADO| [A00_1127 p

175]

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Laudelino Freire e Aureacutelio natildeo apresentam o verbete maccedilame Origem natildeo

encontrada

Ficha 110

Madre sf Uacutetero Leito do rio Antigamente Matildei Titulo de Freiras (T Naut) Pagraveo que

atravessa a escotilha O madeiro principal do leme Cabo delgado que se enfia pelas lebres

dos enxertarios Madre-pia v Piamater

______________________________________________________________________ rarrCunha [] Do lat mater ndashtris []

rarrBluteau Madre (Termo de navio) He hum pao que atraveſſa a eſcotilha com ſeu encaixo

para aſſentar nos quarteis da meſma eſcotilha

rarrMoraes e Silva MAacuteDRE sf t de Naut paacuteo que atravessa a escotilha com seu encaixe

para assentar nos quarteis della sect Nas pontes de madeira satildeo os paacuteos que formatildeo o assento

para as estivas e assentatildeo nas asnas ao longo da ponte

rarrLaudelino Freire sf Lat mater matrem Naacuteut Pau que atravessa a escotilha com seu

encaixe para assentar nos quarteacuteis delaO madeiro principal agrave roda do qual ou socircbre o qual

se entalham outros menores ateacute perfazer o composto da grossura ou largura necessaacuteria para o

objeto que se exige como os mastros o leme etcO madeiro que prega na roda de proa e

socircbre o qual estaacute construiacutedo o beque O madeiro central do cabrestante agrave roda do qual se

entalham as mais peccedilas de que se compotildee e que forma o peatildeo ferrado socircbre o qual se move a

maacutequina O madeiro prolongado pelo cadaste que forma a parte principal do safratildeo onde se

pregam os machos e emecha a cana do lemeCada uma das peccedilas mais grossas de que se

formam os mastros quando natildeo satildeo feitos de um soacute pau

rarrAureacutelio madre [Do lat mater matildee] Substantivo feminino1Constr Nav A parte central

mais grossa de que se formam o mastro o cabrestante e outras partes do aparelho do navio

quando natildeo satildeo feitos de uma peccedila uacutenica2Marinh Cabo de fibra ou de algodatildeo em torno do

qual se cocham os cordotildees de um cabo calabroteado ou de um cabo metaacutelicoMadre do leme

Constr Nav 1 Eixo que penetra no casco do navio e transmite movimento ao leme 2 Parte

reforccedilada nos lemes de certas embarcaccedilotildees (antigas ou miuacutedas) agrave qual se prendem as

governaduras e que se prolonga acima da porta do leme para fixar-lhe a cana ou a meia-lua

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta

______________________________________________________________________

Comentaacuterios todos os dicionaacuterios apresentam madre como termo naacuteutico Origem

portuguesa lt latina

Ficha 111

Majarrona sf (T Naut) Vela triangular de navio que do mastarro do velacho vem ter agrave

ponta do gurupegraves

______________________________________________________________________

134

rarrCunha bujarrona sf ldquo(Mar) tipo de vela‟ 1858 bdquoinsulto afronta1 1899 Do cast bujarroacuten

deriv do b lat Bŭlgărus bdquobuacutelgaro‟ empregado como insulto por tratar-se de hereges

pertencentes agrave Igreja ortodoxa grega Cp BUGRE

rarrBluteau Natildeo constam bujarrona bojarrona e majarrona

rarrMoraes e Silva MAJARROgraveNA sf t de Naut Vela de navio que vem da ponta do

mastareo do velacho a ponta do gorupecircs vulgo bojarrona talvez porque boacuteja muito quando

cheya

rarrLaudelino Freire MAJARRONA sf Corr De bujarronaBujarrona sf Naacuteut Vela latina

triangular que se iccedila agrave proa socircbre um pau proacuteprio Pau em que se iccedila essa vela rarrAureacutelio-

natildeo constam majarrona ou bojarrona Bujarrona S f 1Marinh Vela triangular iccedilada entre o

mastro de vante e o gurupeacutes ou a proa da embarcaccedilatildeo agrave vela A toalha de espuma rasgada

para um lado e para outro tufou ferveu subiu alcanccedilou parte do conveacutes molhou a bujarrona

(Josueacute Montelo Cais da Sagraccedilatildeo p 159) []

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta

______________________________________________________________________

Comentaacuterios todos os dicionaristas remetem o termo majarrona a bujarrona ao universo

mariacutetimo Bluteau natildeo cita nem um nem outro Origem castelhana

Ficha 112

Malaqueta sf (T Naut) Pagraveo torneado mais grosso em huma de suas extremidades que

serve para dar vela aos cabos delgados da marcaccedilatildeo do navio Na roda do leme he huma como

manivela em que os homens que vatildeo ao leme fazem forccedila para o mover Dagrave-se tambem este

nome ao remate do pagraveo da bandeira e de outros ______________________________________________________________________

rarrCunha natildeo consta

rarrBluteau MALAQUETAS Termo de navio Satildeo todo o patildeo em que ſe daacute volta a qualquer

cabo que ſeja

rarrMoraes e Silva MALAQUEgraveTA sf t de Naut Paacuteo em que se reata o cabo de corda do

navio para o fazer fixo eacute como um crescente e estaacute pregado pelo meyo

rarrLaudelino Freire MALAQUETA sf Ant Cavilha naacuteutica o mesmo que

malaguetaMALAGUETA s f Naacuteut Cavilha de pau torneado que se enfia nos fusos das

mesas do amurado e da meia nau para dar volta aos cabos de laborar Cada um dos cabos

salientes da roda do leme

rarrAureacutelio natildeo consta

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Aureacutelio natildeo cita o termo Para os demais autores malaqueta eacute termo de navio

Origem obscura (Houaiss 2001)

135

Ficha 113

Michelos sm plur (T Naut) Cabos que servem para segurar a amarra quando se leva

ancora

______________________________________________________________________

rarrCunha natildeo consta

rarrBluteau natildeo consta

rarrMoraes e Silva MICHEgraveLOS s f pl t de Naut As cordas aleacutem da amarra que servem de

levar a ancora

rarrLaudelino Freire MICHELOS s f pl Naacuteut Cabos pequenos terminados de um lado por

um olhal e de outro por um chicote que serve para conservar verticais as vecircrgas ou mastareacuteus

que tecircm de ser iccedilados ou arreados2 Cabos que se tomam nos andrabelos quando se iccedila

alguma peccedila do aparelho

rarrAureacutelio- natildeo consta

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Somente Moraes e Silva e Laudelino Freire arrolam o verbete michelos

Origem obscura (Houaiss 2001)

Ficha 114

Molhelha sf Especie de almofada de palha de que satildeo os mariolas ao pescosco para assentar

sobre ella a canga (T Naut) Troxa de fio de carreta e estopa que serve para afastar as

escotas da gaacutevea e velaxo

______________________________________________________________________

rarrCunha natildeo constam molhelha ou monelha

molhe sm bdquoparedatildeo construiacutedo no mar para servir de cais acostaacutevel ou para quebrar a

impetuosidade das vagas‟XVI mole XVI Provavelmente do cat molh e este talvez do lat

mōlēs bdquomassa‟

rarrBluteau MOLHELHA Hum tufo de palha que trazem os mariolas ao peſcoccedilo Collare

O adjectivo a um He de Propercio Quer dizer couſa de palha

rarrMoraes e Silva MOLHEgraveLHA sf Tufo de palha que os mariolas trazem no pescoccedilo e

sobre que assenta a canga para natildeo os molestar []

rarrLaudelino Freire MOLHELHAS sfpl Naacuteut Pedaccedilos de lona estofados com estocircpa que

se pregam nas peccedilas de madeira branda em que os cabos laboram para as tornar mais suaves

agraves encapeladuras

rarrAureacutelio molhelha (ecirc) [De or controversa] Substantivo feminino 1Lus Marinh

Monelha Monelha (ecirc) Substantivo feminino

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta _____________________________________________________________________________

136

Comentaacuterios Laudelino e Aureacutelio citam molhelha como termo naacuteutico Origem

controvertida (catalatildeo)

Ficha 115

Moucarratildeo -ona mf-otildees -onas no plur Muito mouco Moucarrotildees entre Nauticos satildeo

huns pagraveos que servem para empavezar o navio

______________________________________________________________________ rarrCunha natildeo consta

rarrBluteau natildeo consta

rarrMoraes e Silva adj chulo Mũito mouco Eufr 35 Moucarrotildees smpl t de Naut Paacuteos

que estatildeo pelo bordo do navio que servem para o empavezar

rarrLaudelino Freire [] smpl Paus de empavesar o navio

rarrAureacutelio moucarratildeo [De mouco + -arratildeo] Adjetivo 1Muito mouco [Fem moucarrona]

Mouco [De or obscura] Adjetivo 1Que natildeo ouve ou que ouve pouco ou mal surdo 2Diz-

se do ouvido de quem eacute mouco (1) Palavras loucas ouvidos moucos (prov) s m 3Aquele

que eacute mouco (1) surdo [Aum moucarratildeo]

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Somente Moraes e Silva e Laudelino Freire apontam moucarratildeo como termo

naacuteutico Origem obscura

N

Ficha 116

Nabo sm Hortaliccedila conhecida (T Naut) Peccedila de madeira furada e redonda que tem por

cima a chapeleta pregada

______________________________________________________________________

rarrCunha nabo sm bdquoplanta herbaacutecea da fam das cruciacuteferas‟ XIII Do lat nāpus []

rarrBluteau Nabo Palavra de navio He hum pagraveo redondo furado que em cima tem hum

couro pregado aq chamatildeo Chapeleta

rarrMoraes e Silva NABO sm t de Naut Peccedila de paacuteu redonda furada que tem por cima a

chapeleta nas bombas

rarrLaudelino Freire NABO do lat napus Naacuteut Peccedila de madeira ou bronze em forma de

tronco de cone com abertura no centro e vaacutelvula para regular a aspiraccedilatildeo da bomba

rarrAureacutelio nabo [Do lat napu] Substantivo masculino 1Bot Planta herbaacutecea da famiacutelia das

cruciacuteferas (Brassica napus) cultivada por suas raiacutezes comestiacuteveis arredondadas ou

pontiagudas roxas ou brancas conforme a variedade 2A raiz desenvolvida dessa

planta3Burl Pessoa ignorante neacutescia estuacutepida 4 Bras S A parte do mouratildeo da tranqueira

do poste ou do esteio que fica enterrada no solo[]

137

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Somente Aureacutelio eacute que natildeo aponta nabo como termo naacuteutico Origem

portuguesa lt latina

Ficha 117

Nautico adj (T Naut) Pertencente agrave navegaccedilatildeo Que serve para dirigir a navegaccedilatildeo Que

entende da arte de navegar Homem do mar Nautica (como subst) A arte de navegar

______________________________________________________________________

rarrCunha nauta sm bdquomarinheiro navegador‟ 1572 Do lat nauta ndashae derivado do gr nauacutetes

naacuteutICA XVII naacuteutICO XVII Do lat nautǐcus ndasha[]

rarrBluteau NAUTICO Couſa concernente agrave nautica ou fabrica amp mariagem dos navios

Nauticus a umDeterminaotilde o nautico aparelho Camotildees Cant4 Oit 76 Agulha nautica

Agulha de marcar Vid Agulha (A agulha nautica buſcando o Norte Varella Num Vocal

463) Homem nautico Os homens do mar Os marinheiros Nautici orum Masc Plur Plin

(A que os naacuteuticos chamatildeo Meſ Tranccedila Epanaphor De D Franc Man 468)

rarrMoraes e Silva NAUTICO adj Que respeita aacute navegaccedilatildeo e serve para a dirigir vg

naacuteutico apparelho Arte agulha nauticasect Homem naacuteutico o que sabe a Arte de navegarsect Os

naacuteuticos os homens do mar Epanaph De D Franc Man

rarrLaudelino FreireNAacuteUTICO adj Lat nauticus Relativo agrave navegaccedilatildeo ldquoemprecircsa naacuteuticardquo

rarrAureacutelio naacuteutico[Do gr nautikoacutes pelo lat nauticu] Adjetivo1Relativo a marinheiro

navegante nauta espiacuterito naacuteutico termo naacuteutico 2Respeitante agrave navegaccedilatildeo processo

naacuteutico ~ V almanaque mdash carta mdasha e crepuacutesculo mdash

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq

Fazia toda a prevenccedilaotilde dos mantimentos para a viagem e de todos os aprestos para a

expediccedilaotilde quando na manhaatilde de hum claro dia por desattenccedilaotilde que houve em huma salva

se ateou o fogo em a nao Serea com taotilde irremediavel incendio que se naotilde pode extinguir

porque pegando logo nas amarras foy levando a nao para o meyo do golfo lanccedilando-se a

nado alguns Marinheiros e Officiaes nauticos que nella se achavaotilde

SEBASTIAtildeO DA ROCHA PITTA (1878) [1730] LIVRO OITAVO [A00_0574 p 344]

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Todos os dicionaacuterios consultados apresentam este termo como ldquoda marinhardquo

Origem portuguesa lt latina lt grega

O

Ficha 118

Orthodomia (T Naut) Entre nauticos derrota do navio que segue hum dos rumos da agulha

138

______________________________________________________________________

rarrCunha [] Ort(o)- elem Comp do gr orthoacutes bdquoreto direito‟ que se documenta em vocs

formados no proacuteprio grego como ortoeacutepia e em vaacuterios outros introduzidos na linguagem

cientiacutefica internacional a partir do seacutec XIX [] ortoDROMIAorthodromia 1844

rarrBluteau ORTHODROMIA (Termo Nautico) Derivaſe do Grego Orthos Direyto amp

Dromos curſo Val o meſmo que Derrota em linha reta Tal he o caminho que faz hum

navio ſeguindo hum dos trinta amp dous ventos apontados na carta de marear

rarrMoraes e Silva ORTHODOMIacuteA sft de Naut Derrota do navio que vai seguindo um

dos 32 rumos da agulha

rarrLaudelino Freire natildeo consta

rarrAureacutelio- Ortodromia [Do gr orthoacutedromos que corre em linha reta + -ia1] sf 1Naacuteut

Arco de ciacuterculo maacuteximo compreendido entre dois pontos da superfiacutecie da Terra e que eacute o

caminho mais curto para ir de um ao outro

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Soacute Moraes e Silva registra orthodomia os demais dicionaristas citam

ortodromia Origem grega

Ficha 119

Ostaes sm plr (T Naut) Cabos grossos que vem dos calcezes dos mastros fixar-se na proa

com seus cadernaes

______________________________________________________________________

rarrCunha natildeo constam ostais e ostaes Consta estai sm (Mar) bdquoqualquer dos cabos que

aguentam a mastreaccedilatildeo para vante‟ XVII Do antigo fr estaie (hoje eacutetai) de origem

germacircnica

rarrBluteau OSTAIS (Termo de Marinhagem) Saotilde hũs cabos groſſos que vem dos calces dos

maſtros a fazer fixo agrave proa com ſeus cadernaes o meſmo tem os maſtareos mas mais

ligeyrosRudentes agrave malo ad proram intenti Franciſco de Brito Freyre na relaccedilatildeo da ſua

viagem do Braſil diz Eſtay (Rebentando o eſtay mayor amp a ovencadura pag 67)Vid Eſtay

rarrMoraes e Silva OSTAacuteES sm pl t de Naut Cabos grossos que vem dos calcezes dos

mastros a fazer fixo na progravea com seus cadernaes CastL2f156 outros dizem Estaacutees como

Brito Guerra Brasil

rarrLaudelino Freire OSTAES natildeo consta Ostai sm Desc O mesmo que estai ESTAI ou

ESTAE sm Ingl stays Naacuteut 1- Cada um dos cabos grossos que fixos na proa firmam a

mastreaccedilatildeo 2 Designaccedilatildeo de outros cabos de navio ESTAI DA RABECA sm Cabo que

vai por cima da mezena a coser ante a reacute do calcecircs do mastro respectivo vindo o outro chicote

a passas a um sapatilho que se aguenta a uma alccedila cosida por ante-avante do mastro grande a

um tecircrccedilo pouco mais ou menos da sua altura e vai rondar a um olhal ao peacute decircste mastro

abotoando por uacuteltimo o dito chicote ao vivo

rarrAureacutelio- natildeo constam ostaes e ostais consta estai Estai- S m 1- Marinh Qualquer dos

cabos que aguentam a mastreaccedilatildeo para vante

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Laudelino Freire e Aureacutelio natildeo citam Ostai mas estai Origem francesa lt

germacircnica

139

Ficha 120

Ostagas sf plur (T naut) Cabos que sustentatildeo vergas nos moutotildees de coroa e vem por

cima da pega

______________________________________________________________________

rarrCunha ostaga sf bdquocabo com que se arria horizontalmente pelo terccedilo ao longo do mastro

uma verga de gaacutevea‟ XV Do cast ostaga de origem germacircnica

rarrBluteau OSTAGAS (Termo de Marinhagem) Saotilde hŭs cabos que ſuſtentatildeo vergas em

huns moutotildees que chamatildeo de coroa amp vem por cima da pega Funes quibus ligantur

antenn(Nos quebragraveraotilde ſubitamente as oſtagas da vela grande amp vindo a verga abayxo ampc

Peregr De Fern Mend Pinto fol262col1) []

rarrMoraes e Silva OSTAacuteGAS sfpl t de Naut Cabos que sustentatildeo as vergas em uns

moutotildees chamados de Coroa e vem por cima da pega Amaral7

rarrLaudelino Freire sf Cast ostaga Naacuteut Cabo grosso que vem por cima da pecircga e

sustenta as vecircrgas em seus moitotildees

rarrAureacutelio ostaga [Do esp ostaga] sf 1Marinh Cabo com que se arria horizontalmente pelo

terccedilo ao longo do mastro uma verga de gaacutevea

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq

Meteram de arribada e carregado o traquete acima e ferrada a mezena apertaram as

enxarcias atezaram os estaes para seguranccedila dos mastros e mastareacuteus E para seguranccedila das

vergas reforccedilaram as ostagas e passaram bossas em ajuda aos enxertaacuterios Tudo se fazia

necessaacuterio a respeito do vento que tatildeo furiosamente a suavizava pelas entenas que se queria

levar diante de si

JOSEacute ALVARES DE OLIVEIRA (1981) [nd] HISTOacuteRIA DO DISTRITO DO RIO DAS

MORTES SUA DESCRICcedilAtildeO DESCOBRIMENTO DAS SUAS MINAS CASOS NELE

ACONTECIDOS ENTRE PAULISTAS E EMBOABAS E CRIACcedilAtildeO DAS SUAS VILAS

[A00_0395 p 96]

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Todos os dicionaristas arrolam ostagas como termo naacuteutico ou da marinha

Origem castelhana

P

Ficha 121

Pairar vn (T Naut) entre os nauticos Andar o navio aacutes voltas sem fazer viagem v a

Soster demorar ______________________________________________________________________

rarrCunha pairar vb bdquoadejar voar vagarosamente‟ XV Do ant prov pairar e este

provavelmente do lat pariāre []

rarrBluteau PAIRAR (Termo Nautico) Ir a nao flutuando de hũa para outra ſem fazer

viagem Hine inde flutare e ou flu Plin Cic (Toda a noyte tinhaotilde pairado a arvore ſeca

H de Fern Mend Pinto 682) Joatildeo Hugo Lindrchotano 3 part India Oriental pag 28 diz

velis elatis integrum Mareacute fulcabamus quod (Pairou o General alguns dias Britto Relaccedilatildeo

140

da ſua viagem pag 64) Andar pairando Diz-ſe com metaphora Nautica de quem anda

buſcando ſubterfugios para evitar alguma couſa

rarrMoraes e Silva PAIRAacuteR vn t de Naut Parar no mar estar aacute capa natildeo surdir

CastL1c59edI natildeo podendo pairar andavatildeo aacutes voltas Albuq P4c2 com provisatildeo para

pairar toda calmariasect vat Soster soffrer vg pairar a tormenta sobre a amarra sect Pairar aacute

tormenta resistir-lhe aturar Lavanha Naufr da Naacuteo S Alberto f15sect Cruzar bordejar em

certa altura esperando outro navio Freire I pag17 Ed de Paris Sabio a comboyar as naacuteos

que se esperavatildeo da India e pairando na altura do seu regimento houve vista de hum

Corsario Francez

rarrLaudelino Freire PAIRAR vrv Naacuteut Estar agrave capa o navio cruzar bordejar (int) Pairo

sm Naacuteut Accedilatildeo de pairar2 Estado do navio quando paira e que consiste em ter as velas

estendidas as escotas socircltas ou conservar-se em aacutervore secircca atado o leme

rarrAureacutelio- pairar[Do lat pariare ser igual pelo provenccedil pairar aguentar suportar

pacientar] Verbo intransitivo 1Cruzar (uma embarcaccedilatildeo) em espaccedilo relativamente restrito

com pequeno seguimento[] 4Mover-se ou agitar-se com lentidatildeo no alto Pairam nuvens

espessasuma neacutevoa subtil pairava acima dos pacircntanos (Coelho Neto Treva p 322) Paira

no silecircncio do espaccedilo a alma das geraccedilotildees mortas (Afonso Arinos

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq

Ainda que a gente eſpalhada na terra ſe recolheo com brevidade aos navios houve detenccedila

com o de Ruy Diaz que eſteve ao largar quaſi perdido em hũa rogravecha natildeo arribando com o

pano da proa ategrave lhe cortarem a amarra que por deſcudo dos Officiaes hia arrojando a

ancora pelo fundo Ao Galleatildeo do Faleiro rebentou outra amp natildeo tendo outra talingada foi

preciſo fazerſe ao mar Como eſtava nelle Manuel Freyre que havia de acompanhar os

ultimos navios ſem ſaber a occaſiatildeo vẽdo-o aacute vella a que jaacute vinhatildeo nove com ſoacute o traquete

ſe pogravez a caminho a Capitana eſperando os que lhe ficavatildeo pela popa Mas tanto que o Meſtre

de Campo mareou na volta da terra para deſamarrar os que ainda eſtavatildeo ſurtos ferrando

outra veacutez o traquete tornou a pairar com a meſena

FRANCISCO DE BRITO FREYRE (1655) [1655] SENHOR [A00_2496 p 09]

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Todos os dicionaristas apontam pairar tambeacutem como termo naacuteutico

Origem provenccedilal lt latim

Ficha 122

Palmejar sm (TNaut) As peccedilas de madeira que cingem o navio de poppa agrave proa por

dentro ______________________________________________________________________

rarrCunha natildeo consta

rarrBluteau PALMEJAR Bater as palmas Vid Palma da matildeo

rarrMoraes e Silva PALMEJAacuteR smt de Naut O palmejar satildeo peccedilas de madeira que

cingem o navio de poupa aacute proa por dentro as quaes vatildeo endentadas como a madeira da

liaccedilatildeo ou liames Hist Naut I f 316 ldquono navio havia dous palmos de agua sobre o

palmejarrdquo

rarrLaudelino Freire PALMEJAR sm Prancha que reveste interiormente o arcabouccedilo do

navio

rarrAureacutelio- natildeo consta

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta

______________________________________________________________________

141

Comentaacuterios Com exceccedilatildeo de Bluteau todos os dicionaristas apontam palmejar como termo

naacuteutico Origem portuguesa lt latina

Ficha 123

Palomas s f Cabos nas vergas onde se fixatildeo as pontas das ostagas

______________________________________________________________________

rarrCunha paloma sf ldquo(Naacuteut) cabo corda‟ 1813 Do it meridional paloma que corresponde

a parogravema em outras regiotildees palomAR palonbar XV palomEIRA XV

rarrBluteau PALOMAS Termo de marinhagem Saotilde hũs cabos que eſtaotilde nas vergas onde ſe

fazem fixas as pontas das oſtagas

rarrMoraes e Silva PALOgraveMAS sf t de Naut Cabos que estatildeo nas vergas onde se fazem

fixas as pontas das ostagas

rarrLaudelino Freire PALOMAS sf Cast paloma Espeacutecie de cabo naacuteutico

rarrAureacutelio paloma [Do esp paloma] s f 1 Bras Giacuter Meretriz 2 Ant Pomba (1)

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Exceto Aureacutelio todos os dicionaristas apontam paloma como termo naacuteutico

Origem italiana

Ficha 124

Palomba sf Entre Nauticos Novello de mialhar ______________________________________________________________________

rarrCunha palomba sf bdquo(Naacuteut) cabo corda‟ 1813 Do it meridional paloma que corresponde

a parogravema em outras regiotildees [] palonbar XV []

rarrBluteau Natildeo consta

rarrMoraes e Silva PALOMBA sft de Naut Cabos que estatildeo nas vergas onde se fazem

fixas as pontas das ortagas Novelo de mealhar

rarrLaudelino Freire PALOMBA sf Lat palumba Naacuteut 1 Corda da vela do estai2 Fio

grosso com que se cose o cabo da tralha agraves orlas das velas fazendo passar os pontos pelas

cocircchas do mesmo cabo fio de palomba3 Novecirclo de mealhar de forma alongada4 Alccedila

para iccedilar no mastro a vecircrga de uma vela latina

rarrAureacuteliorarr palomba [Alter de paloma] s f Marinh 1Novelo de mialhar 2Espeacutecie de

ponto us para coser as tralhas das velas dos toldos etc ponto de palomba

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Exceto Bluteau (que natildeo apresenta o termo) todos os dicionaristas apontam

palomba como termo naacuteutico Origem italiana

Ficha 125

Patelha sf (T Naut) O couce do leme Encaixa na quilha no fundo do cadaste sobre que

joga o leme

142

______________________________________________________________________

rarrCunha natildeo consta

rarrBluteau PATELHA ou Patilha do leme por outro nome Couce he no fundo do cadaſte

hum encayxo na quilha ſobre que joga o leme

rarrMoraes e Silva PATEgraveLHA sf t de Naut O couce do leme e eacute no fundo do cadaste um

encaixe na quilha sobre que joga o leme

rarrLaudelino Freire PATELHA sf Parte inferior do leme e a parte saliente da quilha socircbre

que ecircle se move

rarrAureacuteliorarr natildeo consta patelha Patilha [Do esp patilla poss] s f 1Constr Nav

Prolongamento da quilha para reacute do cadaste sobre o qual se apoia o peacute da madre do leme nas

embarcaccedilotildees em que o leme tem de trabalhar afastado do cadaste (como p ex nas de uma soacute

heacutelice)

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Todos os dicionaristas apontam patelhapatilha como termo naacuteutico Origem

espanhola

Ficha 126

[] Pegrave de carneiro [T Naut) Paacuteos perpendiculares da coberta ategrave o poratildeo em que se sustenta

a coberta

______________________________________________________________________

rarrCunha peacute sm bdquoparte inferior da perna que se articula com esta assentado por completo no

chatildeo e que permite a postura vertical e o andar‟XIII pee XIIIDo lat pes pĕdis []

rarrBluteau Peacutes de carneyro Termo de navio Saotilde huns paos que eſtaotilde perpendicularmente

da cuberta ao poraotilde para ſuſtentar a meſma cuberta Os primeyros ſaotilde os do poraotilde amp ha

outros entre pontes

rarrMoraes e Silva Pes de carneiro t de Naut paacuteos perpendiculares da coberta ao poratildeo

para sustentar a coberta e talvez tem moacuteccedilas por onde os marujos descem

rarrLaudelino Freire PEacute sm T Naacuteut A ponta da corda com que se vira a vela Peacute de

carneiro sm Naacuteut Pau varatildeo ou prumo de suporte

rarrAureacutelio peacute- [Do lat pede] [] peacute de carneiro [De peacute + de + carneiro] Substantivo

masculino 1 Constr Nav Qualquer peccedila ou parte da estrutura de uma embarcaccedilatildeo que tenha

forma de coluna 2 Rolo peacute de carneiro [Pl peacutes de carneiro]

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta peacute-de-carneiro como termo naacuteutico

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Todos os dicionaacuterios apresentam peacute de carneiro como termo naacuteutico

Origem portuguesa lt latina

Ficha 127

143

Pinccedilote sf Entre nauticos pagraveo pegado aacute ponta da cana do leme para o governar Tambeacutem a

bomba o tem

______________________________________________________________________

rarrCunha pinccedilote natildeo consta

rarrBluteau PINCcedilOTE Termo de navio He hum pao que pega na ponta da cana do leme amp

vem agrave cuberta da Timoneyra por hũ bolinete amp ſerve para governar o leme

rarrMoraes e Silva PINCcedilOacuteTE smt de Naut Paacuteo que pega na ponta da cana do leme e vem

agrave coberta da timoreira por um molinete e serve para governar o leme haacute tambeacutem pinccedilote da

bomba H Naut Tom3

rarrLaudelino Freire PINCcedilOTE sm Cast pinzote Naacuteut1 Alavanca de pau na extremidade

da cana do leme2 Corda delgada fixo por uma das extremidades agrave pena da vecircrga para

amarrar a esta uma vela quando fundeada a embarcaccedilatildeo de velas latinas

rarrAureacutelio 1Marinh Nas canas do leme constituiacutedas por duas peccedilas ligadas em cotovelo eacute

aquela em que o timoneiro segura [A outra eacute a cana]

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Todos os dicionaacuterios apresentam pinccedilote como termo naacuteutico Origem

espanhola Origem espanhola (Houaiss 2001)

Ficha 128

Pontal sm ponta de terra (T Naut) Altura do navio da quilha ateacute o convez

______________________________________________________________________

rarrCunha ponta sf bdquoa parte ou o ponto em que alguma coisa termina extremidade‟ XIII Do

lat puncta ndashae bdquoestocada‟ [] pontAL1 sm bdquo(Naacuteut) altura da embarcaccedilatildeo entre a quilha e o

conveacutes principal‟ XVI pontAL2 sm‟ ponta de terra‟ XVIII

rarrBluteau PONTAL (Termo de navio) He a altura que tem o navio da quilha ateacute primeyra

cuberta Navis altitudo agrave trabe [] Tambem em termos nauticos Pontal para avante amp

Pontal para a reacute he o que vay de altura de bordo da nao para a proa amp para a poppa entre as

duas cubertas chama-ſe tambem Pontal o que vay de huma cuberta a outra parece derivado

do Francez porque nos navios o que chamamos cuberta os Francezes lhe chamatildeo Ponte

rarrMoraes e Silva PONTAacuteL sm Altura do navio desde a quilha ateacute aacute primeira coberta Cast

L8f154col2 e B4614 sect it O que vai d‟uma coberta aacute outrasect Pontal para a vante ou para

a reacute eacute o que vai do bordo do navio para a progravea ou para a popasect Ponta de terra que sai do

mar vg o pontal de Cacilhas

rarrLaudelino Freire PONTAL sm De ponta Altura da embarcaccedilatildeo entre a quilha e a

primeira coberta 2 Ponta de terra ou da penedia que entra um pouco no mar acima do niacutevel

da aacutegua

rarrAureacuteliorarr [1Constr Nav Altura da embarcaccedilatildeo entre a quilha e o conveacutes principal2Ponta

de terra ou penedia que penetra um pouco no mar ou no rio []

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta como termo naacuteutico

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Todos os dicionaacuterios apresentam pontal como termo naacuteutico Origem

portuguesa lt latina

144

Ficha 129

Ponte sf Obra sobre arcos para passar rios Algumas ha de barcas e de madeira para fossos

A peccedila em que se volve a moenda no engenho de accedilucar Entre Nauticos a coberta do navio

______________________________________________________________________

rarrCunha ponte sf bdquoconstruccedilatildeo destinada a estabelecer a ligaccedilatildeo entre duas margens opostas

de um curso de aacutegua ou de outra superfiacutecie liacutequida qualquer‟ XIII Do lat pōns pontis []

rarrBluteau Ponte (Termo de navio) Ponte corrida he a cuberta do caſtello de Poppa ateacute a

proa Ponte na orelha he a cuberta do convez curva para que com brevidade ſe deſagoe o mar

que entrar nella Natildeo temos nomes proprios Latinos

rarrMoraes e Silva POgraveNTE sf t de Naut O mesmo que coberta do navio Cast L7c86

f133 col1 Amaral c2 Ponte nas galeacutes e navios obra feita para cima della se pelejar

B347 lanccedilar-lhe algumas panellas de poacutelvora sobre a ponte que levava foratildeo queimar

muitos Mouros que vinhatildeo debaixo parece que era obra levadiccedila Id 235 naacuteo com suas

arrombadas com ponte e redes a sua naacuteo levava sobre a ponte tecida huma rede ibid

rarrLaudelino Freire PONTE sf Lat pons pontem Mar Coberta ou sobrado estabelecido

em todo o comprimento do navio seja para cobrir o poratildeo e preservar as mercadorias seja

para dividir o navio em diversos andares como se divide uma casa de habitaccedilatildeo 2 Naacuteut

Pavimento acima da borda do navio na direccedilatildeo de bombordo a estibordo donde em viagem se

dirige a manobra

rarrAureacuteliorarr ponte [Do lat ponte] s f [] 2Ant Constr Nav Cada uma das cobertas de um

navio Ponte de vieacutes 1 Lus Ponte esconsa Ponte esconsa 1 Ponte (1) cuja direccedilatildeo eacute obliacutequa

agrave do curso de aacutegua que transpotildee [Sin lus ponte de vieacutes] []

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta como termo naacuteutico

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Todos os dicionaacuterios apresentam ponte como termo naacuteutico Origem

portuguesa lt latina

Ficha 130

Porca s f A femea do porcoPaacuteo que atravessa os malhaes no lagar A obra de madeira

sobre o sino Entre Nauticos Nome de hum dos paacuteos que atravessatildeo o carro da poppa e vatildeo

145

acabar nos pegraves mancos Na atafona peccedila pregada na trave com hum ferratildeo onde anda o piatildeo

Peccedila dp parafuso onde elle embebe as suas espiras Na impressatildeo peccedila no someiro grande de

cima onde encaixa a arvore de ferro

______________________________________________________________________

rarrCunhaporcararr PORCO porco sm bdquomamiacutefero da ordem dos artiodaacutectilos natildeo ruminante

originaacuterio do javali poreacutem existente quase em toda parte como animal domeacutestico‟ XIII Do

lat pŏrcus -ī [] porcA1

sf bdquoa fecircmea do porco‟ XIII porcA2 sf bdquopeccedila em que se introduz o

parafuso‟ 1813 Segundo parece a relaccedilatildeo entre porca2 e porca

1 decorre da semelhanccedila que o

oacutergatildeo genital do porco apresenta com o parafuso

rarrBluteau Porcas (Termo de Navio) Saotilde hũs paos groſſos que atrave ſſaotilde o carro de

poppa amp vaotilde acabar em os peacutes mancos

rarrMoraes e Silva POacuteRCAS sfpl paacuteos grossos que atravessatildeo o carro da popa e vatildeo

acabar nos peacutes mancos

rarrLaudelino Freire PORCA sf Lat porca [] 3 Pau do largar que atravessa os malhais

Pau grosso que atravessa o carro da pocircpa

rarrAureacutelio Porca [Do lat porca] Substantivo feminino Pequena peccedila de ferro em geral

sextavada ou quadrada munida de furo em espiral que se atarraxa na extremidade de parafuso

ciliacutendrico

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta como termo naacuteutico

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Todos os dicionaacuterios apresentam porca como termo naacuteutico exceto Aureacutelio

Origem portuguesa lt latina

Ficha 131

Proejar vn Navegar com certo rumo _____________________________________________________________________

rarrCunha natildeo consta

rarrBluteau PROEJAR (Termo Nautico) Por a proa vid Proa (Quem viſſe huma natildeo proejar

contra hũa alta ſerra Epanaphor De D Franc Man pag109)ſ

rarrMoraes e Silva PROEJAacuteR vn Navegar para certo rumo vg uma nau proejando contra

uma alta serra Epanaforas sect at Buscar com a proa demandar navegando ldquoproejando ao

Oriente tantas vezes requestadordquo ldquoproejaratildeo a uma calheta quem com a cerraccedilatildeo vararatildeo e

escorreratildeo ateacute que a mareacute de todo lhes faltourdquo

rarrLaudelino Freire PROEJAR v intr De proa Aproar dirigir-se navegar em determinada

direccedilatildeo

rarrAureacutelio proejar [De proa + -ejar] Verbo transitivo circunstancial 1P us Dirigir-se

navegar (em determinada direccedilatildeo) aproar O comandante proeja para nordesteAs galeacutes de

Castela sarparam tenderam velas e demandaram a barra proejando ao norte (Antero de

Figueiredo Leonor Teles p 229) [Conjug v pelejar]

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Todos os dicionaacuterios apresentam proejar como termo naacuteutico Origem

portuguesa lt latina

146

R

Ficha 132

Rabada sf o rabo do peixe Antigamente tranccedila para traz cheia de laccedilos de fitas (T naut)

Parte da poppa onde estagrave a cacircmara de cima

______________________________________________________________________

rarrCunha rabada rarr rabo rabo sm bdquocauda‟ bdquoprolongamento da coluna vertebral de certos

mamiacuteferos‟ XIII Do lat rāpum -ī bdquonabo‟[] rabADA XVI []

rarrBluteau RABADA Vid Tomo 7 Vocabulario Rabada termo de navio He o apoſento da

poppa no andar ſuperior do navio por cima da camera de modo que dos tres andares que ha

na poppa ao ſuperior he que chamaotilde Rabada ao do meyo camera e ao de baixo praccedila

d‟armas

rarrMoraes e Silva RABAacuteDA sf Do navio galeacute Couto 10105 poupa onde estaacute o

lemerdquopoz-lhe a proacutea pela rabada Couto 98

rarrLaudelino Freire RABADA sf De rabo O mesmo que rabadela 2 Pocircpa do navio

rarrAureacuteliorarr rabada [De rabo + -ada1] s f 1 V rabadilha (1) Rabadilha [De rabada + -

ilha] Substantivo feminino 1 A parte posterior do corpo das aves peixes e mamiacuteferos

rabada rabadela 2 A porccedilatildeo do peixe que o pescador destina a seu proacuteprio consumo em vez

de vender rabadela Rabada 1 Rabo de boi de porco ou de vitela sem pele nem pelos para

uso na alimentaccedilatildeo humana 2 Cul Iguaria preparada com rabada (2) 3 Rabicho (1) 4 Fig

O(s) uacuteltimo(s) numa corrida fila etc rabeira

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq

Embarcaccedilotildees de meia coberta Botes Igariteacutes e Balccedilas ou Jangadas que servem na

conducccedilatildeo da quarta Partida Hespanhola na foacuterma que se aprezentaram na Fronteira da

Tabatinga em 7 de Marccedilo de 1781 CAPITAINA Maria Luiza Barco de foacuterma de meia

coberta de nove remos por banda de um mastro armada aacute redonda remada de palamenta

ou de remo pequeno ordinario Tem uma formoza Camara em que cabem vinte pessoas seis

por banda nos aposentos lateraes e os mais na face da frente e fundos tem um camarim aacute

rabada muito proprio para escrever e outros exercicios privados tudo muito bem asseiado e

pintado com seu cortinado de Damasco de latilde carmezim tem tres janellas por banda e nove

palmos de peacute direito

ALEXANDRE RODRIGUES FERREIRA [nd] 2ordf PARTE BAIXO RIO NEGRO -

SUPLEMENTO Agrave PARTICIPACcedilAtildeO PRIMEIRA [A00_2236 p440]

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Exceto Aureacutelio (que natildeo apresenta o termo) todos os dicionaristas apontam

rabada como termo naacuteutico Origem portuguesa lt latina

Ficha 133

Rabeca sf Instrumento musico de quatro cordas (T Naut) vela que vai entre o mastro

grande e a poppa atravessada Enxergatildeo pequeno de palha ______________________________________________________________________

147

rarrCunha rabeca sf bdquodesignaccedilatildeo antiquada do violino‟ bdquoutensiacutelio de ferreiro que serve para

fazer girar a broca‟ XVI Do fr rebec deriv do ant fr rebebe e este do ar rabāb []

rarrBluteau RABECA ou Rebeca Pequeno inſtrumento muſico de cordas Diriva ſe do

Arabico Rebab ou Rebaba que no Lexicon Coptico ſegundo os Interpretes he Lyra Outros

o derivatildeo do Hebraico Rebiac que ſignifica o inſtrumento a q os Latinos chamatildeo Siſtrum

outros finalmente o derivatildeo de Rebet que na linguagem Celtica val o meſmo que Rebeca

Conſta a Rabeca de quatro cordas amp tange-ſe com arco Os ſeus ſons agudos ſaotilde muytos

alegres amp deſpertatildeo o eſpirito O ſeu concerto he de quinta em quinta Natildeo temos em Latim

palavra propria Latina ſeragrave preciſo uſar das Comuas como vg Fides ium Plur Fem ou

Fidis is Fem do qual uſa Columella no ſingular ou Lyra ou Cithara e Fem Barbitus de

ordinario natildeo ſe acha ſenatildeo em verſo Natildeo ſerve acreſcentar a Fides nem a Lyra decumana

nem Primaria eſtes adjeξtivos natildeo eſtatildeo aqui no ſeu lugar

rarrMoraes e Silva RABEacuteCA sf Instrumento Musico de quatro cordas que se ferem com

hum arco de cerdas de cavallo

rarrLaudelino Freire RABECA sf Aacuter rabeb Instrumento muacutesico em forma de viola com

quatro cordas de tripa e de retroacutes afinada em quintas (sol reacute laacute mi) de que tiram os sons por

meio de um arco guarnecido de crinas e pregraveviamente passadas pela resina violino 2 Naacuteut

Uma das velas latinas que servem para estais

rarrAureacuteliorarrrabeca [Do aacuter rabatildeb pelo fr ant rebec ou pelo provenccedil ant rebec] Substantivo

feminino 1Designaccedilatildeo antiquada do violino [F paral rebeca var arrabeca] 2Utensiacutelio

de ferreiro que serve para fazer girar a broca sanfona 3Lus V fancho 4Bras Espeacutecie de

violino com quatro cordas de tripa e sonoridade fanhosa que se toca apoiando-o na altura do

coraccedilatildeo ou no ombro esquerdo mas sempre com a voluta para baixo

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta como termo naacuteutico

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Somente Laudelino Freire apresenta rabeca como termo naacuteutico Origem

francesa

Ficha 134

Resbordo sm (T Naut) O segundo solho do navio e o lugar onde elle se dobra mais

Rescaldar Escaldar muito ______________________________________________________________________

rarrCunha natildeo consta

rarrBluteau RESBORDO Derivaſe do Francez Ribord que he a ſegunda ordem de taboas ou

o ſegundo ſolho do navio amp como cotovelo delle ou o lugar onde mais ſe dobra (na coſtura

da taboa do Resbordo Britto viagem do Braſil pag 86)

rarrMoraes e Silva RESBOacuteRDO sm Naut O segundo solho do navio e como cotovelo

delle ou o lugar onde mais se dobra Brito Viag ldquona costura da taboa do resbordordquo (rebord

em Francez he borda resaltada)

rarrLaudelino Freire RESBORDO sm De res + bordo Naacuteut Abertura feita no costado de

alguns navios na altura da primeira coberta para carga e descarga de carvatildeo ou de pequenos

artigos 2 Abertura na amurada para dar lugar agrave bocircca do canhatildeo

rarr AureacuteliorarrResbordo Substantivo masculino Constr Nav 1 A primeira fiada de chapas (ou

de taacutebuas nas embarcaccedilotildees de madeira) do forro exterior do casco de um e de outro lado da

quilha 2 Cisbordo Cisbordo (oacute) [De cis-1 + bordo] Substantivo masculino 1 Ant Constr

Nav Grande abertura com porta no costado de certos navios agrave altura de um pavimento para

embarque ou desembarque de objetos pesados ou de grandes dimensotildees resbordo

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq

148

Recorriatildeo os altos os Calafates deſaparelhavatildeo as vergas os Marinheiros naotilde ſeccedilando as

bombas nem os baldes Cotilde que vencido o trabalho ficou legraveſto o navio amp eſtanque de hũa

batildeda para crenar ſobre ella em a manhatildeatilde ſeguinte que ſe tomou a agoa na coſtura da taboa

de resbordo

FRANCISCO DE BRITO FREYRE (1655) [1655] SENHOR [A00_2496 p 17]

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Todos os dicionaacuterios apresentam resbordo como termo naacuteutico Origem

francesa

Ficha 135

Rumo sm A linha que denota hum dos ventos na agulha de marear A direcccedilatildeo que leva o

navio (T Naut) Palmo e polegada d‟agua entre os nauticos Fig Maneira de proceder A

rumo em boa ordem em termos de ter boa effeito ______________________________________________________________________

rarrCunha rumo sm bdquo(Naacuteut) cada uma das direccedilotildees marcadas na rosa-dos-ventos‟ bdquocaminho

direccedilatildeo vereda‟ rrumo XV Do cast rumbo deriv do lat rhombus e este do gr rhoacutembos

rumAR 1844

rarrBluteau Rumo na Roſa Nautica Index venti linea Fem (O numero dos graos amp ſuas

medidas ſegundo differentes Rumos Vieyra tom10 pag263) Vid Roſa

rarrMoraes e Silva RUacuteMO sm Na rosa Nautica a linha que denota hum dos 32 ventos sect A

direccedilatildeo que leva a proa do Navio por hum dos 32 rumos sect t Naut i eacute palmo e polegada de

agua de sorte que seis rumos ou palmos destes fazem sete ordinarios vg tem esta quilha

tantos rumosrdquo pegado (o monstro marinho) na quilha do galeatildeo por todo o comprimento

delle sendo de vinte e hum rumos que satildeo certo e cinco palmosrdquo B347 (por esta conta cada

rumo satildeo cinco palmos) ult Ediccedil Tom3 PI p462

rarrLaudelino Freire RUMO sm Ingl rhumb Cada uma das trinta e duas divisotildees ou linhas

da rosa dos ventos que representam as trinta e duas direccedilotildees mariacutetimas adotadas pelos

naacuteuticos 2 Direccedilatildeo do navio por estes rumos 3 Direccedilatildeo orientaccedilatildeo caminho 4

Antiga medida naacuteutica que equivalia pouco mais ou menos a cinco palmos 5 Meacutetodo

ordem de proceder norma

rarrAureacutelio rumo [Do esp rumbo] s m 1 Naacuteut Cada uma das direccedilotildees marcadas na rosa dos

ventos 2 Naacuteut Direccedilatildeo do movimento da embarcaccedilatildeo quando se estaacute navegando 3 Naacuteut

Acircngulo que a direccedilatildeo para onde aponta a proa da embarcaccedilatildeo faz com a direccedilatildeo do norte

verdadeiro (rumo verdadeiro) ou com a direccedilatildeo do norte magneacutetico (rumo magneacutetico) ou

ainda com a direccedilatildeo do norte da agulha (rumo da agulha) []

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq

Segunda-feira 30 dias do mecircs de Janeiro tomei o sol e estava na altura do cabo de Santlsquo

Agostinho e iacuteamo-lo a demandar pelo rumo de loeste

PEcircRO LOPES DE SOUSA (1968) [1530] DIAacuteRIO DA NAVEGACcedilAtildeO DE PEcircRO LOPES DE

SOUSA [A00_0078 p 38]

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Todos os dicionaacuterios apresentam rumo como termo naacuteutico Origem

castelhana

149

S

Ficha 136

Salamear va (T Naut) Fazer celeuma Cantar alternamente

______________________________________________________________________

rarrCunha natildeo consta

rarrBluteau SALAMEAR Termo de Marinheyro Fazer a Saloma ou Salema Vid Salema

Vid Fayna SALEMA Vozaria de Marinheyros He derivado da palavra Grego-Latina

Celeuma Vid Fayna (As Salemas ordinarias dos Marinheyros ſe fazem com taes vozes que

natildeo ſaotilde ouvidas muytas vezes Britto Viagē do Braſil pag 278)

rarrMoraes e Silva SALAMEAacuteR vn Naut Levantar ou cantar a celeuma Cast 280 escreve

ccedilalamear ldquosem as naos apitarem nem ccedilalamearem por natildeo serem sentidos dos Rumesrdquo

B384 ldquohomens do mar que ccedilalameatildeo para hum tempo pograverem toda a forccedila

CELEUMA sf A vozeria que faz a gente do mar quando trabalha CamLusII25 A

celeuma medonha se levanta No rumo marinheiro que trabalha

rarrLaudelino Freire natildeo consta

rarrAureacutelio natildeo consta

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta

______________________________________________________________________

Comentaacuterios somente Bluteau e Moraes e Silva apontam salamear como termo naacuteutico Os

demais autores natildeo citam o termo Origem aacuterabe (Sousa amp Moura 1830)

Ficha 137

Salema sf Na Turquia cortesia feita com certas palavras em que entra a palavra Zalemaq

Nome de um peixe (T Naut) Entre os nauticos celeuma

Celeuma sf gritaria da gente do mar quando trabalha

______________________________________________________________________ rarrCunha salema sf bdquopeixe teleoacutesteo percomorfo da famiacutelia dos pomadasiacutedeos da costa

atlacircntica‟ 1874 De etimologia obscura [] celeuma sf bdquovozearia barulho algazarra‟ 1572

Do lat celeuma deriv do gr keacuteleuma bdquoordem‟ bdquocanto‟ bdquogrito‟

rarrBluteau SALEMA Vozaria de Marinheyros He derivado da palavra Grego-Latina

Celeuma Vid Fayna (As Salemas ordinarias dos Marinheyros ſe fazem com taes vozes que

natildeo ſaotilde ouvidas muytas vezes Britto Viagē do Braſil pag 278)

rarrMoraes e Silva SALEgraveMA sf V Celeuma nautsect t Turquesco cortezia acompanhada de

certas palavras entre as quaes vem Zalemaq Barrosrdquoque fosse a Corte do Badur a lhe fazer a

salemeardquoCELEUMA sf A vozeria que faz a gente do mar quando trabalha CamLusII25

A celeuma medonha se levanta No rumo marinheiro que trabalha

rarrLaudelino Freire SALEMA sfAacuter calam sf Naacuteut O mesmo que celeuma CELEUMA

sf Lat celeuma Vozearia de homens que trabalham juntos 2 Barulho algazarra 3

Canto ou vozes de barqueiros cantiga rude que entoa o marinheiro para estimular o trabalho

4 Alarma

rarrAureacutelio natildeo consta

150

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Exceto Aureacutelio ( que natildeo cita o termo) todos os demais dicionaristas apontam

salema como termo naacuteutico Origem obsura

Ficha 138

Sapatilhos sm (T Naut) Entre nauticos Ferros redondos em que se pegatildeo as poas ______________________________________________________________________

rarrCunha natildeo consta sapatilhos consta sapato sapato sm bdquocalccedilado em geral de sola dura

que cobre o peacute‟XVI ccedila- XIII De origem duvidosa talvez do turco čabata sapatA XVI

[] sapatilho 1873

rarrBluteau SAPATILHOS Termo de navio Satildeo huns ferros redondos em que preacutegatildeo as

poas por ſe natildeo cortar a bolina o meſmo tem a eſteyra da vela em q os briois peacutegatildeo Vid

Sapato de ferro

rarrMoraes e Silva SAPATIacuteLHOS smpl Naut Ferros redondos em que se pegatildeo as poas

por se natildeo cortar a bolina haacute outros na esteira da vela em que os brioes pegatildeo

rarrLaudelino Freire SAPATILHO sm De sapato + ilho Naacuteut Aro de ferro forrado de

chapas com meia cana na parte exterior e que serve para se aguentar nos punhos das velas nos

chicotes dos cabos onde se introduzem os gatos etc

rarrAureacutelio sapatilho [De sapato + -ilho] s m 1 A primeira folha seca arrancada da cana-de-

accediluacutecar quando se limpa esta 2 Marinh Aro metaacutelico circular ou oval geralmente de ferro

zincado com a periferia goivada usado como berccedilo e proteccedilatildeo agraves matildeos [v matildeo (19)] que se

faz em cabos sobretudo nos cabos de arame

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Todos os dicionaristas apresentam sapatilhos como termo naacuteutico Origem

duvidosa (turco)

Ficha 139

Sarpar va (T naut) Levantar

______________________________________________________________________

rarrCunha natildeo consta sarpar consta zarpar zarpar vb bdquolevantar acircncora fazer-se ao mar

partir‟ XVII Do cast zarpar deriv do a it sarpare (hoje salpare) deriv do lat tard

exharpare e este do gr exharpaacutezō

rarrBluteau SARPAR Termo Nautico He tomado do Italiano Salpare ou Sarpare que val o

meſmo que Levantar ferro Solvere portu ou solvere navem Cic C Vid Levantar (foy

tatildeo furioſa a tempeſtade que ſobreveyo a eſtas duas galeacutes Sarpando entre hŭas Ilhas

Vieyrtom5pag 326) (Poucos dias antes que Sarpaſſe a Armada Jacintho Freyre liv4 sect 83)

rarrMoraes e Silva SARPAacuteR vn naut Levantar vg sarpar a ancora

rarrLaudelino Freire SARPAR vrv Cast zarpar O mesmo que zarpar ldquoSarpou a corvetardquo

(Latino Coelho) ZARPAR vrv Cast zarpar Naacuteut O mesmo que sarpar (tr dir)2 Lus

Enganar abusar da boa feacute de em proveito proacuteprio (tr dir) 3 Fugir partir (intr)

rarrAureacutelio Sarpar Verbo intransitivoVerbo transitivo circunstancial 1Desus V zarpar As

galeacutes de Castela havia meses ancoradas no Tejo sarparam tenderam velas e demandaram a

barra (Antero de Figueiredo Leonor Teles p 229)Zarpar-[Do gr exarpaacutezein levantar

(acircncora) pelo lat exharpare e pelo it ant sarpare atual salpare] Verbo intransitivoVerbo

151

transitivo circunstancial 1Levantar acircncora fazer-se ao mar partir Quantas vezes em

pequeno ao contemplar o oceano e ao ver os navios que zarpavam barra afora senti o

impulso ardente de Sindbad o Mariacutetimo (Sousa Bandeira Evocaccedilotildees e Outros Escritos p

56) [Var (ant) sarpar] 2Bras V fugir (1 e 2) 3Bras Ir partir

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq

E vendo o inimigo que todas as capitanias estavam juntas e tatildeo perto dacuteelles nos deitaram

aquella nojte aacutes 10 horas 3 navios de fogo um ficou sentado na arecirca que natildeo pocircde sahir e

os 2 sahiram mas quiz Deos que vimos vir uma vela e entendendo que fugiam comeccedilaacutemos

todos a sarpar []

desconhecido (1885) [1625] RELACcedilAtildeO VERDADEIRA DE TODO O SUCCEDIDO NA

RESTAURACcedilAtildeO DA BAHIA DE TODOS OS SANTOS DESDE O DIA EM QUE PARTIRAM

AS ARMADAS DE S M ATEacute O EM QUE EM A DITA CIDADE FORAM ARVORADOS SEUS

ESTANDARDES ETC [A00_0700 P 512]

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Todos os dicionaristas apresentam sarpar como termo naacuteutico Origem

espanhola lt francesa

Ficha 140

Sejar V Ciar (T Naut)

______________________________________________________________________

rarrCunha sejar natildeo consta

rarrBluteau Natildeo consta

rarrMoraes e Silva SEJAR v at Ceiar remar o navio de sorte que o faccedila voltar para hum

lado remando os remeiros de hum lado para vogarem aacute vante e outros para traz Vieira

ldquosaber vogar quando se haacute de ir a diante e sejar quando se haacute de dar voltardquo

rarrLaudelino Freire natildeo consta

rarrAureacutelio natildeo consta sejar consta ciar1 [Do esp ciar poss] Verbo intransitivo1Remar para

traacutes 2P ext Mover-se para traacutes [Cf siar e cear]

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Somente Moraes apresenta sejar como termo que remete ao universo naacuteutico

Aureacutelio presenta ciar e natildeo sejar Origem natildeo encontrada

Ficha 141

Siar va Ciar (T Naut) Na Volateria Cerrar a ave as azas em aferrando a relegrave para baixar

com ella mais depressa

______________________________________________________________________

rarrCunha siar vb bdquofechar (as asas) para descer mais depressa‟ XVIII De origem obscura

rarr Bluteau SIAR ou CIAR Termo de alta volateria Siar as azas na autoridade que ſe

ſegue parece quer dizer Fechar a ave as azas para cahir (Eu vi hum Accedilor afferrado a hūa

Abetarda dependurarſe agrave terra amp Siar as azas para a fazer vir ao chatildeo Arte da Caccedila pag28)

rarrMoraes e Silva SIAacuteR vatde Volater Siar a ave as azas he cerralas depois de afferrar a

releacute para cair com ella mais depressasect V Ceiar e Ceiavoga

rarrLaudelino Freire SIAR vtr dir fechar (as asas) para descer mais ragravepidamente

152

rarrAureacutelio Siar Verbo transitivo direto 1Fechar (as asas) para descer mais depressa[Cf ciar

e cear]

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta como termo naacuteutico

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Nenhum dos dicionaacuterios apresenta siar como termo naacuteutico Origem

obscura

Ficha 142

Sirgideiras sf plur (T Naut) Entre nauticos corda para atracar a enxarcia

______________________________________________________________________

rarrCunha natildeo consta

rarrBluteau SIRGIDEIRAS (Termo de navio) Cordas para atracar a enxaacutercia Saotilde huns cabos

com huns moutotildees pequenos que ſervem de apertar de huns ouvens a outros Ha mais outras

Sirgideyras por bayxo das gaveas que ſervem do meſmo Natildeo temos palavra propria Latina

rarrMoraes e Silva SIRGIDEgraveIRAS sf naut pl Cordas para atracar a enxarcia

rarrLaudelino Freire SIRGIDEIRAS sf De sirgir + deira Corda proacutepria para enxaacutercia 2

O mesmo que serzideira

rarrAureacutelio natildeo consta

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Bluteau Moraes e Silva e Laudelino Freire apontam sirgideiras como termo

naacuteutico Origem natildeo encontrada

Ficha 143

Sobrecevadeira sf (T Naut) A vela que fica sobre a cevadeira

______________________________________________________________________

rarrCunha natildeo consta

rarrBluteau SOBRECEVADEIRA Veacutela pequena que ſe potildeem ſobre outra a que chamaotilde

Cevadeyra Vid Cevadeyra (Largue hū galhardete na Sobrecevadeyra CEVADEIRA Vela

pequena que ſe potildeem na proa Proclinati ad proram mali velum

rarrMoraes e Silva SOBRECEVADEgraveIRA sf Naut vela pequena

rarrLaudelino Freire SOBRECEVADEIRA sf De socircbre + cevadeira Naacuteut Pequena vela de

navio socircbre a cevadeira CEVADEIRA s f de cevar + deira Naacuteut Pequena vela suspensa

de uma vecircrga que atravessa horizontalmente o gurupeacutes

rarrAureacutelio natildeo consta sobrecevadeira 1- Cevadeira [De cevada + -eira] sf [] 2Marinh

Ant Verga de cevadeira 3Marinh Ant Vela quadrangular que envergava na verga do

mesmo nome por baixo do gurupecircs [Cf sevadeira] []

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Todos os dicionaristas apontam sobrecevadeira como termo naacuteutico

Origem portuguesa lt latina

153

Ficha 144

Sobregata sf (T Naut) Entre nauticos Vela que fica sobre a gata

______________________________________________________________________

rarrCunhasobregata natildeo consta

rarrBluteau Natildeo consta GATA[]Gata nos navios he a vela de cima da mezena

rarrMoraes e Silva natildeo consta Consta GAacuteTA sf Femea do gatosect t de Naacuteutico Vela de

cima da mezena

rarrLaudelino Freire SOBREGATA sf De socircbre + gata Naacuteut 1 Segunda vela do mastro

de mezena 2 Vecircrga correspondente a essa vela

rarrAureacutelio 1- Sobregata [De sobr(e)- + gata] s f 1Marinh O joanete do mastro da gata[]

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Laudelino Freire e Aureacutelio apresentam o termo sobregata Origem

portuguesa lt latina

Ficha 145

Socairo sm Cabo amarra Ao socairo ao abrigo Em seguimento Para traz (T Naut) Entre

nauticos A regrave pela poppa do navio

______________________________________________________________________

rarrCunha socairo1 sm bdquo(Marinh) parte de um cabo‟ XVI Do cat socaire bdquo o que estica uma

corda‟ com influecircncia de Cairo

rarrBluteau SOCAIRO Ao Socayro Termo Nautico antiquado Val o meſmo que ao longo Ir

ao ſocayro da Fortaleza com barco ou navio Arcem vel nave legere ou radere (Outras

fuſtas que eſtavatildeo ao Socairo da Fortaleza Barros 4 Dec pag650) (Se abrigou com a

Armada de remo ao Socairo da naacuteo amp do Galeaotilde Lemos Cercos de Malaca 15 verſ) A regrave

pela poppa do navio

rarrMoraes e Silva SOCAacuteIRO sm (composto de so ou sob e cairo no fig por amarra)sect

Amarra de pogravepa Castan L3f66 ldquoos que levavatildeo a toa soltaratildeo com medo o socairo e a naacuteo

dera a costa se outros natildeo acodissem a tomar o socairordquosect Ao socairo ieacute agrave reacute por detraz da

poupa do navio Lemos Cerco de Malaca Fig ao socairo da fortaleza ieacute emparado com

ella por traz della Barros ir ao socairo de alguem ieacute seguindo-o sect Poacutede-se derivar talvez

da palavra Irlandeza socair que significa em posto abrigado do vento (Bullet Memoires surla

Langue Cellique Tom2 artigo soucair) PPer LIf133 ldquoretirar-se ao socairo de huma ponta

de ilha ou reciferdquo para detraz dellasect

rarrLaudelino Freire SOCAIRO sm Naacuteut O cabo que vai sobejando e se vai colhendo

quando se ala qualquer braccedilo tirador etc o cabo de ala e larga que vai saindo do cabrestante

Pela popa do navio 2 Correia cujas pontas se prendem aos canzeacutes dos carros e que serve

para ajudar a sustecirc-los nas descidas

rarrAureacutelio socairo1 [Do cat socaire] Substantivo masculino1Marinh A parte de um cabo

que depois de dar volta a um cabrestante guincho cabeccedilo etc eacute aguentada agrave matildeo para ir

sendo colhida ou largada segundo as necessidades da manobra Pela popa do navio se faz a reacute

2Marinh A parte de um cabo que estaacute com volta em um cabeccedilo ou noutra peccedila fixa 3Correia

ou corda com que se sustecircm carros nas descidas

154

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq

Do porto de Olinda aacute ponta de Pero Cavarim satildeo quatro leguas Da ponta de Pero Cavarim

ao rio de Jaboatatildeo eacute uma legua em o qual entram barcos Do rio de Jaboatatildeo ao Cabo Santo

Agostinho satildeo quatro leguas o qual cabo estaacute em oito graacuteos e meio Ao socairo deste cabo

da banda do norte podem surgir naacuteos grandes quando cumprir onde tem boa abrigada Do

Cabo ateacute Pernambuco corre-se a costa norte sul

GABRIEL SOARES DE SOUSA (1938) [1587] ROTEIRO GERAL COM LARGAS

INFORMACcedilOtildeES DE TODA A COSTA DO BRASIL (PRIMEIRA PARTE - PROEMIO)

[A00_0176 p 30]

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Todos os dicionaacuterios apresentam socairo como termo naacuteutico Origem

castelhana

Ficha 146

Sumeas sf plu (T Naut) As taboas com que se repara o leme

______________________________________________________________________

rarrCunha natildeo constam Ximeas e Sumeas Chuacutemeas sfpl bdquopeccedilas de madeira com que se

consertam os mastros estalados‟1873 chuacutembeas 1813 Provavemente do aacuter jāmalsquoacirc na var

chuacutembeas deve ter havido influecircncia de CHUMBO

rarrBluteau SUMEAS de leme ou maſto

rarrMoraes e Silva SUMEAS sf pl Naut Taboas com que o leme se refaz e repara BPer

rarrLaudelino Freire SUacuteMEAS sf pl Naacuteut Peccedilas de madeira com que se conserta ou

fortifica o leme CHUacuteMEAS sfpl Naacuteut Pedaccedilo de madeira cavada em uma das faces que se

aplica ao longo de um mastro de uma verga etc para reforccedilaacute-lo por meio de braccediladeiras de

ferro ou de arreataduras

rarrAureacutelio Sumeas Substantivo feminino plural 1V chuacutemeasChuacutemeas [Do aacuter a(t) da raiz juntar agrupar] Substantivo feminino plural1Mar Peccedilas de

madeira com que se consertam os mastros estalados [Var chuacutembeas suacutemeas]

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Todos os dicionaacuterios apresentam sumeas como termo naacuteutico Origem

aacuterabe

T

Ficha 147

Tamborete sm Cadeira rasa Tamboretes (entre Nauticos) satildeo as peccedilas que fechatildeo os

mastros na coberta de cima

______________________________________________________________________

rarrCunha tambor sm bdquo(Muacutes) instrumento de percussatildeo‟XV atanbor XIII atambor XIV

Do ar attanbucircr tamborETE sm bdquo(Marinh) orig peccedila de madeira que arremata o mastro na

coberta de cima‟ XVI bdquoext banqueta‟ XVIII

155

rarrBluteau Tamboretes (Termo de navio) ſaotilde huns paos amp taboas que fechatildeo o maſtro na

cuberta de cima amp levaotilde dous paos a que antigamente chamavatildeo Poſquetes amp hoje Enoras

para atochar o maſtro

rarrMoraes e Silva TAMBORETES satildeo peccedilas de taboas que fechatildeo o mastro na coberta de

cima e levatildeo dois paacuteos ditos antigamente posquetes e hoje enoras de atochar o mastro

Couto 6921 ldquocortou-lhe o masto pelos tamboretesrdquo

rarrLaudelino Freire Tamboretes s m pl Naacuteut Conjunto de peccedilas destinadas a garantir a

seguranccedila e verticalidade dos mastros e a impedir que as aacuteguas se infiltrem por ecircsse conduto

rarrAureacutelio tamborete (ecirc) [Do fr tabouret com infl de tambor] Natildeo consta como termo

naacuteutico

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq

arrebentou o masto do traquete pelos tamboretes de que sentimos muita fortuna e

amainaacutemos a vela e fomos correndo ao som do mar ateacute que foi de dia

PEcircRO LOPES DE SOUSA (1968) [1530] DIAacuteRIO DA NAVEGACcedilAtildeO DE PEcircRO LOPES DE

SOUSA [A00_0078 p 33]

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Somente o dicionaacuterio Aureacutelio natildeo apresenta tamborete como termo naacuteutico

Origem francesa lt aacuterabe

Ficha 148

Trinca sf Entre nauticos voltas de hum cabo que se faz fixo no talhamar do gurupes No

jogo da garatuza tres cartas do mesmo valor

______________________________________________________________________

rarrCunha Trincar vb bdquoapertar comprimir‟ bdquocortar com os dentes‟ bdquocomer mastigar‟ XVI

De origem incerta talvez alteraccedilatildeo do a fr tringler tingler bdquounir as taacutebuas de uma

embarcaccedilatildeo‟ deriv do a escandinavo tengja bdquounir atar‟trinca2

sf bdquocabo naacuteutico‟ XVI

trinca 3

sf bdquoarranhatildeo dentada‟ XX trinco sm bdquotranqueta com que se trancam portas‟ XVI

Dev de trincarTrecircs num bdquo3 III‟ Do lat trēs Do lat trēcěntos trinca1

sf bdquoreuniatildeo de trecircs

coisas semelhantes‟ XVI

rarrBluteau TRINCA (Termo de navio) Trincas ſaotilde as que atracatildeo o gurupeacutes amp vem a fazer

fixo ao talhamar Poacuter a nao agrave trinca ou porſe agrave trinca (Se puzeratildeo agrave Trinca Barros 4

Decpag 45) (Por conſelho do Piloto payrou agrave Trinca Lucena Vida de Xavier 67)

rarrMoraes e Silva TRIacuteNCA sf Naut Trincas do goropeacutes satildeo voltas de hum cabo que o

vem fazer fixo no talhamarsect Pograver a nau aacute trinca ou pograver-se a trinca pairar aacute trinca ieacute agrave capa

com a proa ao vento e as velas levantadas Couto 431 bdquose pozeratildeo agrave trinca batendo-a

rijamenterdquo Amaral c9 ldquopozeratildeo-se os inimigos agrave trinca para concertarem o galeatildeo ou lanccedilar

ferrordquo VF Mend c6r princip sect Na garatuza trinca satildeo 3 cartas do mesmo valor

rarrLaudelino Freire TRINCA sf Esp Trinca Mar Volta de cabo para fixar alguma peccedila

do navio

rarrAureacutelio trinca3 [Do esp trinca] s f 1Constr Nav Corrente ou cabo forte que prende o

gurupeacutes ao beque

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq

Fazendo negravevoa taotilde eʃpeʃʃa que ʃe naotilde vejatildeo os navios toquem os tambores deʃparem a

eʃpaccedilos algũs moʃquetes amp ʃiguaotilde o caminho que antes levava a Capitana Se ella durando a

negravevoa quiʃer virar tiraragrave huatilde peʃʃa amp os Galleoẽs do comboy faraacuteotilde o meʃmo em carregando

156

o leme antes de darem por davante Pondoʃe agrave trinca tirar agrave duas peszligas juntas a que

reʃponderagraveotilde tambem com duas os navios de guerra

FRANCISCO DE BRITO FREYRE (1655) [1655] SENHOR [A00_2496 p 55]

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Todos os dicionaacuterios apresentam trinca como termo naacuteutico Origem

incerta

Ficha 149

Troccedila sf (T Naut) Entre nauticos Cabo com que se seguratildeo as entenas nos mastros

______________________________________________________________________

rarrCunha [] De origem obscura troccedila sf bdquozombaria‟ 1881 Dev de troccedilar []

rarrBluteau natildeo consta

rarrMoraes e Silva TROacuteCcedilA sf Cabo com que as entennas se seguratildeo no mastro

rarrLaudelino Freire TROCcedilA sf Mar Cabo que segura as antenas no mastro

rarrAureacutelio troccedila [Dev de troccedilar] s f1V zombaria 2V graccedila (6) 3Bras Pacircndega farra

4Bras Vida devassa5Pop Ajuntamento (de pessoas) multidatildeo

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Somente Moraes e Silva e Laudelino Freire apresentam troccedila como termo

naacuteutico Origem obscura

V

Ficha 150

Vela sf (T Naut) Entre nauticos O panno do navio que se abre ao vento para o fazer

navegar Rolo de cera espermacete ou cebo com pavio para alumiar Sentinellavigia Fig

Embarcaccedilatildeo

______________________________________________________________________ rarrCunha [] Do lat vēlumvelEIRO adj sm bdquodiz-se de ou navio que anda agrave vela‟

rarrBluteau Vela de navio Panno grande que preſo nas vergas amp aberto recebe o vento amp

faz andar o navio Velum i Neut Cic A vela meſtra ou a vela do maſto Grande Velum

fummi mali maximum caacutetion que alguns Autores de Diccionarios potildeesm neſte lugar natildeo ſe

acha em Autores Latinos amp Roberto Eſteves mostra que ateacute no Grego natildeo eſtagrave ce a

ſignificaccedilatildeo deſta palavra neſte ſentido []

rarrMoraes e Silva sf Vela do navio o panno de treu que se abre ao vento e serve para

impellir o navio communicando o impulso do vento aos mastros[]

rarrLaudelino Freire sf Lat velum Naacuteut Pano largo de linho ou de outro qualquer tecido

que se desfralda ao longo dos mastros ou das vergas para receber a accedilatildeo do vento em virtude

da qual eacute impelida a embarcaccedilatildeo2 Embarcaccedilatildeo movido por um conjunto decircsses panos []

157

rarrAureacutelio vela1

[Do lat vela pl de velu veacuteu] sf 1Marinh Peccedila de lona ou de brim

destinada a recebendo o sopro do vento impelir embarcaccedilotildees ou movimentar moinhos [Sin

no sing ou no pl pano] []

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq

Saacutebado 10 dias do dito mecircs agraves quatro horas depois de meo-dia surgimos no porto da ilha da

Gomeira Em terra tomei o sol em 28 graos e um quarto Ali corregemos o leme 29-

A00_0078txtN 3^a feira 13 de Dezembro no quarto de alva nos fizemos agrave vela com vento

nordeste faziacuteamos o caminho do sul e a quarta do sudoeste 4^a feira 14 do dito mecircs ao

meo-dia tomei o sol em 26 graos e um quarto

PEcircRO LOPES DE SOUSA (1968) [1530] DIAacuteRIO DA NAVEGACcedilAtildeO DE PEcircRO LOPES DE

SOUSA [A00_0078 p 29]

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Todos os dicionaacuterios apresentam vela como termo naacuteutico Origem

portuguesa lt latina

Ficha 151

Vergueiro sm cabo de pagraveo das talhadeiras dos ferreiros (T Naut) Entre nauticos Cabo

dobrado no laiz com huns moutotildees que com huma volta em torno da pega grande finca os

moutotildees no bdquoagrave do‟ gavea Pedaccedilo de cabo com huma alccedila em cada chicote que serve no estaes

para algumas manobras Cadecirca de ferro que anda em hum arganegraveo do leme com hum pedaccedilo

de cabo grosso com que se atraca o leme quando se quebra a cana delle

______________________________________________________________________

rarrCunha verga sf bdquovara flexiacutevelXIII virga XIIIDo lat virga []verguEIRO sm

bdquovergasta‟ 1813

rarrBluteau Natildeo consta

rarrMoraes e Silva VERGUEgraveIRO sm Cabo de paacuteo em cujo extremo os ferreiros cravatildeo as

suas talhadeiras

rarrLaudelino Freire VERGUEIRO sm De vecircrga + eiro Vergasta verdasca vara 2

Cabo de pau que se crava nas talheiras rompedeiras e palmetas para natildeo se magoarem as matildeos

dos que trabalham com estes instrumentos Vergueiro da Peccedila sm Naacuteut Cabo grosso enfiado

nos olhais das falcas Vergueiros do Leme sm pl Naacuteut Cabos grossos ou cadeias de ferro

que prendem o leme pelos arganeacuteus do safatildeo Vergueiros do Pano sm pl Naacuteut Cabos

prolongados com as vecircrgas e encapelados nos laises

rarrAureacutelio vergueiro [De verga + -eiro] Substantivo masculino 1V verdasca 2Cabo de

madeira em alguns utensiacutelios de ferreiro 3Constr Nav Corrente ou cabo de arame que se

enfia nos balauacutestres da borda para resguardo da tripulaccedilatildeo 4Constr Nav Cabo de arame que

158

se enfia nos ferros de sustentaccedilatildeo do toldo ou vergalhatildeo preso ao longo de uma antepara ou

verga e no qual se amarram os fieacuteis do toldo ou do pano

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Moraes e Silva Laudelino Freire e Aureacutelio apresentam vergueiro como termo

naacuteutico Origem portuguesa lt latina

X

Ficha 152

Xaretas sfpl (T Naut) Entre nauticos redes de cordas aacute borda do navio para tolher a

entrada ao inimigo

______________________________________________________________________

rarrCunha xaretas sf bdquoant rede com que se cobria a tolda e o conveacutes das naus e galeotildees de

guerra‟ XVII Do aacuter vulg šarīta bdquocorda cinta‟ []

rarrBluteau XAcircRETA Vid Enxarcia (Pegados agraves Xaretas do bordo alto Oriente conquiſtado

part 2493) Deriva-ſe do Francez Charette que quer dizer Carro []

rarrMoraes e Silva XAREgraveTAS sf Naut Redes de corda que acompanhatildeo o bordo do navio

para impedir a entrada ao inimigo Amaral4

rarrLaudelino Freire XARETA sf Ar xarita Recircde com que se impede a abordagem de um

navio 2 Recircde de pescar

rarrAureacutelio xareta (ecirc) [Do aacuter (t) cordel]Substantivo feminino1Ant Mar G

Rede com que se cobriam a tolda e o conveacutes das naus e galeotildees de guerra por ocasiatildeo dos

combates para dificultar aos assaltantes a entrada a bordo nas abordagens2Rede de pescar

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta como termo naacuteutico

______________________________________________________________________

Comentaacuterios Todos os dicionaacuterios apresentam xareta como termo naacuteutico Origem aacuterabe

Ficha 153

Ximeas sf plur (TNaut) v Sumeas

Sumeas sf plu (T Naut) As taboas com que se repara o leme

______________________________________________________________________

rarrCunha natildeo constam Ximeas e Sumeas Chuacutemeas sfpl bdquopeccedilas de madeira com que se

consertam os mastros estalados‟1873 chuacutembeas 1813 Provavemente do aacuter jāmalsquoacirc na var

chuacutembeas deve ter havido influecircncia de CHUMBO

rarrBluteau XIMEA Couſa de navio( Neceſſitava a Capitania de Ximeas nos maſtos Britto

viagem do Braſil 160)

rarrMoraes e Silva XIMEA sf V Sumea T Naut SUMEAS sf pl Naut Taboas com que

o leme se refaz e repara BPer

rarrLaudelino Freire natildeo consta

rarrAureacutelio Natildeo constam Ximeas e Sumeas Chuacutemeas [Do aacuter a(t) da raiz juntar agrupar]Substantivo feminino plural 1Mar Peccedilas de madeira com que se consertam

os mastros estalados [Var chuacutembeas suacutemeas ximeas]

159

rarrBanco de dados do Projeto DHPBCNPq natildeo consta

______________________________________________________________________

Comentaacuterios De todos os dicionaacuterios consultados soacute Laudelino Freire natildeo lista esse lexema

Os demais dicionaristas classificam o termo como naacuteutico ou mariacutetimo Origem duvidosa

(aacuterabe)

Apoacutes selecionar os termos naacuteuticos constituiacutemos 153 fichas lexicograacuteficas

elaboradas juntamente a consultas em 5 dicionaacuterios e ainda a 1 Banco de Dados referente ao

portuguecircs brasileiro da eacutepoca do Brasil Colocircnia Passemos no proacuteximo capiacutetulo agrave anaacutelise dos

dados

160

Capiacutetulo 5

161

Capiacutetulo 5 ndash Anaacutelise e discussatildeo dos dados

Apoacutes selecionarmos os termos naacuteuticos presentes no Diccionario de Lingua

Brasileira preenchermos as 153 fichas lexicograacuteficas ndash elaboradas junto agrave pesquisa em cinco

dicionaacuterios e em um banco de dados de liacutengua portuguesa do Projeto DHPB composto de

textos escritos nos seacuteculos XVI XVII e XVIII ndash acompanhadas de abonaccedilotildees classificaccedilotildees

gramaticais e comentaacuterios passemos agrave anaacutelise quantitativa e discussatildeo dos resultados

51 Quanto agrave classificaccedilatildeo gramatical dos termos

Conforme jaacute relatado organizamos um corpus de unidades lexicais do domiacutenio da

terminologia naacuteutica com 153 termos constituiacutedo de 117 substantivos 3 adjetivos 32 verbos

e 1 adveacuterbio que satildeo entradas no Diccionario de Lingua Brasileira editado por Luiz Maria da

Silva Pinto na cidade de Ouro Preto em 1832 Os substantivos se destacam com 7647 de

dados os adjetivos por sua vez totalizam 196 dessas entradas os verbos 2092 e o

adveacuterbio com 065 de nossos dados terminoloacutegicos Abaixo apresentamos em tabela a

distribuiccedilatildeo conforme a classificaccedilatildeo morfoloacutegica dos dados analisados

TABELA 1

Classificaccedilatildeo morfoloacutegica dos dados analisados

Classe Gramatical Nuacutemero de unidades lexicais Percentual

Substantivo 117 7647

Adjetivo 003 196

Verbo 032 2092

Adveacuterbio 001 065

TOTAL 153 10000

Destacam-se a seguir as unidades leacutexicas classificadas como

Substantivos rarr aba abotoadora accedilafratildeo alcaxas aldrope alforje almeida amura

amurada anrique arruelas avencadura barcolas barquilha bastardo beque

bigotas bolinete bombordo botalos braccedilo braga bragueiro brandaes briol

buccedilardas burra cabresto cacholascalabre calabrote calafeto calcez calma

calmaria carlinga carregadeiras cevadeira chapeleta chapiteo chaveta cheleira

cifa cinta clara colhedores contrapunho cordas cossouro costa cunho curva

curvatatildeo cutelo driccedila embono embornal encalamento enfrechadura enora

envergues escoa escoteira escotilha escouves estibordo estiva estribos estrinca

162

garrucha gaacutevea gio guinada lais leme leva liame linguete maccedilame madre

majarrona malaquetas michelos molhelha moucarrotildees nabo orthodomia ostaes

ostagas palomas palomba patelha pinccedilote pontal ponte porca rabada rabeca

resbordo rumo salema sapatilho sirgideiras sobrecevadeira sobregata socairo

sumeas trinca troccedila vela vergueiro xaretas ximea peacute dormentes tamboretes

estribordo

Adjetivos rarr banzeiro escatelado naacuteutico

Verbos rarr abroquelar agarruchar alestar arfar arriar barbear bracear canjar

ciar-se cifar cruzar desaferrar desancorar descahir dobrar embonar encapelar

encodar-se envergar escacear escorrer ferrar folgar guinar iccedilar pairar

palmejar proejar salamear sarpar sejar siar

Adveacuterbio rarr dlsquoavante

52 Quanto agrave forma e o gecircnero dos termos naacuteuticos do DLB

Em se tratando dos 117 substantivos o gecircnero masculino se sobressai com 55

ocorrecircncias o que corresponde a 47 dos dados presentes em nosso corpus O gecircnero

feminino aparece com 53 dos dados somando 62 ocorrecircncias

Todas as 3 unidades leacutexicas cujas classificaccedilotildees morfoloacutegicas indicam adjetivos

apresentam-se no gecircnero masculino correspondendo a 196 dos dados presentes em nosso

corpus

Tanto os substantivos quanto os adjetivos soacute ocorreram em sua forma simples A

quantificaccedilatildeo total dos dados quanto ao gecircnero eacute destacada na TABELA 2 apresentada a

seguir

TABELA 2

Classificaccedilatildeo do gecircnero dos dados analisados

Classe Gramatical Masculino Feminino

Substantivo 55 (47) 62 (53)

Adjetivo 03 (196) -----

163

53 Quanto ao nuacutemero de unidades lexicais presentes em obras de referecircncia

Verificamos que 152 das 153 unidades lexicais se encontram dicionarizadas em

pelo menos uma das obras escolhidas como base de referecircncia neste trabalho embora parte

delas natildeo tenha a marca terminoloacutegica ldquotermo naacuteutico A fim de termos ideia do nuacutemero de

vocaacutebulos que constam em cada um dos cinco dicionaacuterios pesquisados e ainda consultando o

nuacutemero de ocorrecircncias no banco de dados do Projeto DHPB fizemos um levantamento

quantitativo que eacute apresentado no graacutefico a seguir

111

134

152146

130

79

0

20

40

60

80

100

120

140

160

180

Cunha

Bluteau

Morais

Laudelino

Aureacutelio

DHPB

GRAacuteFICO 1 Nuacutemero de unidades lexicais encontradas em cada dicionaacuterio e no banco de dados

O GRAacuteFICO 1 mostra em nuacutemeros absolutos quantas unidades lexicais entre as

153 dicionarizadas constam em cada dicionaacuterio a) a barra azul mostra que 111 vocaacutebulos

foram encontrados no Dicionaacuterio Etimoloacutegico de Antocircnio Geraldo da Cunha o que

corresponde a 7254 dos 153 vocaacutebulos dicionarizados b) o dicionaacuterio de Raphael de

Bluteau representado em barra verde corresponde a 134 unidades lexicais entre aquelas

dicionarizadas o que representa 8758 desse total c) Antocircnio de Moraes e Silva

representado pela barra marrom eacute aquele que mais apresenta em suas paacuteginas unidades

lexicais constantes do grupo das dicionarizadas com 152 unidades lexicais o que representa

9934 do total de vocaacutebulos d) o dicionaacuterio de Laudelino Freire representado pela barra

amarela apresenta 146 unidades lexicais o que corresponde a 9542 do total analisado e) o

dicionaacuterio de Aureacutelio Buarque de Hollanda Ferreira apontado no graacutefico pela barra de cor

vermelha apresenta 130 unidades lexicais entre aquelas dicionarizadas o que representa um

percentual de 8496 Por uacuteltimo apoacutes exaustiva consulta ao Banco de Dados do Projeto

164

DHPB verificamos a presenccedila de 79 unidades leacutexicas (5163) correspondentes agravequelas

selecionadas em nosso corpus para esta pesquisa

No quadro que apresentamos abaixo podemos identificar quais satildeo as unidades

lexicais presentes em cada dicionaacuterio e tambeacutem no Banco de Dados do Projeto DHPB

TABELA 3

Quadro comparativo dos termos naacuteuticos39

Bluteau Moraes e Silva Laudelino Aureacutelio DHPB

aba aba aba aba aba

abotoadura abotoadura abotoadura abotoadura abotoadura

abroquelar abroquelar abroquelar abroquelar

accedilafratildeo accedilafratildeo accedilafratildeo accedilafratildeo accedilafratildeo

agarrochar agarruchar agarrochar agarruchar agarruchar

alcaxas alcaxas alcaxas

aldrope aldroacutepe aldrope aldrope

alestar alestar alestar

alforge alforge alforge alforge alforge

almeida almeida almeida almeida almeida

amugravera amura amura amura

amuradas amuraacuteda amurada amurada amurada

anrique anriacuteque anrique anrique

arfar arfar arfar arfar arfar

arriar arriar arriar arriar arriar

arruelas arrueacutellas arruela arruela arruela

avencadura avencadura avencadura avencadura

banzeiro banzegraveiro banzeiro banzeiro banzeiro

barbear barbeacutear barbear barbear barbear

barcolas barcoacutelas barcolas

barquiacutelha barquilha

bastardos bastaacuterdo bastardo bastardo bastardo

beque beque beque beque beque

bigota bigoacutetas bigotas bigota

bolinete bolinegravete bolinete bolinete bolinete

bombordo bombordo bombordo bombordo bombordo

botalos botaloacutes botaloacutes botaloacute

braceacutear bracear bracear

braga braga braga braga braga

bragueiro bragueiro bragueiro bragueiro

brandaes brandaes brandal brandal brandaes

brioes brioacutees briol briol

buccedilardas buccedilardas

burra buacuterra burra burra

39

Salientamos que os termos destacados em negrito satildeo encontrados nos dicionaacuterios mencionados poreacutem natildeo

apresentam acepccedilatildeo naacuteutica ou natildeo nos remetem ao universo mariacutetimo Os espaccedilos em branco representam

ausecircncia da unidade lexical no dicionaacuterio e no DHPB

165

cabresto cabregravesto cabrestos cabresto cabresto

cachoacutela cachogravela cachola cachola

calabre calaacutebre calabre calabre calabres

calabrote calabroacutete calabrote calabrote calabrotes

calafeto calafegraveto calafeto calafeto calafeto

calcecircz calcegravez calcecircs calcecircs

calma caacutelma calma calma calma

calmaria calmaria calmaria calmaria calmaria

canjaacuter canjar

carlinga carlinga carlinga carlinga

carregadeiras carregadeiras carregadeira carregadeira

cevadeira cevadegraveira cevadeira cevadeira cevadeira

chapeleta chapeleta chapeleta chapeleta

chapiteo chapiteo chapiteacuteu chapiteacuteo

chaveta chavegraveta chavecircta chaveta chavetas

cheleira cheleira

ciar ciar-se ciar ciar ciar

cifa cifa cifa

cifar cifaacuter cifar

cintas cinta cintas cinta

clara clara clara clara

colhedocircres colhedores colhedores colhedor

contrapunho contrapuacutenho contrapunho contrapunho

cordas cordas corda corda cordas

cossouros cossograveuros cossouro cossouro

costa coacutesta costa costa costa

cruzar cruzar cruzar cruzar cruzar

cunhos cunhos cunhos cunho

curva cuacutervas curva curva curvas

curvatatildeo curvatatildeo curvatatildeo curvatatildeo

cutelos cugravetelos cutelos cutelo

davante davante d‟avante

desaferrar desaferrar desaferrar desaferrar desaferrar

desancorar desancoraacuter desancorar desancorar

descahir descahir descair descair descahir

dobrar dobraacuter dobrar dobrar dobrar

dormentes dormegraventes dormente dormente dormentes

driccedila driccedila driccedila driccedila driccedilas

embocircno embograveno embono embono

embornal embornagravel embornal embornal embornaes

encalamentos encalamentos encalamento

encapellar encapellaacuter encapelar encapelar encapelar

encodaacuter-se encodaacuter-se

enfrechadura enfrechadura enfrechadura enfrechadura

enoras enograveras enora enora

envergar envergar envergar envergar

envergues enveacutergues envergues envergues

166

escacear escacear escassear escassear escacear

escatelado escatelaacutedo escatelado escatelarado

escoas escograveas escoa escoa escoas

escorrer escorrer escorrer escorrer escorrer

escoteiras escoteira escoteira escoteira escoteira

escotilha escotilha escotilha escotilha escotilha

escouves escouves escouves escouvem

estibordo estibordo estibordo estibordo estibordo

estiva estiva estiva estiva estiva

estribos estribos estribo estribo estribo

estribograverdo estribordo

estrinca estrinca

ferrar ferrar ferrar ferrar ferrar

folgar folgar folgar folgar folgar

garrucha garruacutecha garruchas garrocha

gaacutevea gaacutevea gaacutevea gaacutevea gaacutevea

gio gio gio gio

guinada guinada guinada guinada guinada

guinar guinar guinar guinar guinar

iccedilar iccedilar iccedilar iccedilar iccedilar

lais laacuteis lais lais lais

leme leme leme leme leme

leva leva leva leva

liame liame liame liame liame

linguete linguete linguete lingueta

maccedilame maccedilagraveme maccedilame

madre madre madre madre

majarrona majarrona majarrona

malaquetas malaqueta malaqueta

michegravelos michelos

molhelha molhelha molhelhas molhelha

moucarrotildees moucarrotildees moucarratildeo

nabo nabo nabo nabo

naacuteutico naacuteutico naacuteutico naacuteutico naacuteutico

orthodromia orthodomia ortodromia

ostais ostaacutees ostaes ostaes

ostagas ostaacutegas ostaga ostaga ostagas

pairar pairaacuter pairar pairar pairar

palmejar palmejar palmejar

palomas palomas palomas paloma

palomba palomba palomba

patelha pategravelha patelha patelha

pinccedilote pinccedilote pinccedilote pinccedilote

pontal pontal pontal pontal pontal

ponte ponte ponte ponte ponte

porca porca porca porca porca

proejar proejar proejar proejar

167

rabada rabada rabada rabada rabada

rabeca rabeca rabeca rabeca rabeca

resbordo resbordo resbordo resbordo resbordo

rumo rumo rumo rumo rumo

salamear salamear

salema salema salema

sapatilhos sapatilhos sapatilhos sapatilhos

sarpar sarpaacuter zarpar sarpar sarpar

sejar

siar siar siar siar

sirgideiras sirgideiras sirgideiras

sobrecevadeira sobrecevadegraveira sobrecevadeira

sobregata sobregata

socairo socairo socairo socairo socairo

sumeas suacutemeas suacutemeas sumeas

trinca trinca trinca trinca trinca

troacuteccedila troccedila troccedila

vela vela vela vela vela

verguegraveiro vergueiro vergueiro

xacircreta xaregravetas xareta xareta xareta

ximea ximea ximea

braccedilo braccedilo braccedilo braccedilo

peacute peacute peacute peacute peacute

tamboretes tamboretes tamboretes tamboretes tamboretes

embonar embonaacuter embonar embonar

168

54 Descriccedilatildeo e Comparaccedilatildeo de dados

Das unidades lexicais referentes aos termos naacuteuticos que compotildeem nosso corpus

encontramos correspondentes em vaacuterios dicionaacuterios como jaacute salientamos em 51 Dessas

apresentamos em nuacutemero no graacutefico seguinte as que se destacam como termo naacuteutico

50

123

146136

105

56

0

20

40

60

80

100

120

140

160

180

Cunha

Bluteau

Morais

Laudelino

Aureacutelio

DHPB

GRAacuteFICO 2 Nuacutemero de unidades lexicais destacadas como termo naacuteutico

a) Dos 153 termos que constituem nosso corpus o Dicionaacuterio Etimoloacutegico de Cunha registra

50 unidades leacutexicas como termo naacuteutico correspondendo a 3267 aldrope almeida amura

amurada beque barcola bigota bolinete bombordo brandal briol calabre calabrote

calcecircs calma calmaria carlinga ciar desancorar dormente embornal escatelado escoa

escoteira escotilha escouves estibordo estiva estribordo gaacutevea gio lais leme majarrona

naacuteutico ostaes ostaga paloma palomba pontal ponte rumo zarpar socairo sumeas

trinca vela xaretas peacute tamborete

b) O dicionaacuterio de Bluteau registra 123 dos termos naacuteuticos constantes no Diccionario da

Liacutengua Brasileira o que corresponde a 8039 a saber abotoadura accedilafratildeo alcaxas

aldrope almeida amura amuradas anrique arfar arriar arruelas avencadura banzeiro

barbear barcolas bastardos beque bigota bolinete bombordo botalos braccedilos braga

bragueiro brandaes brioes buccedilardas burra cabresto cacholas calabre calabrote calcez

calma calmaria carlinga carregadeiras cevadeira chapeleta chapiteo chaveta cifar

cintas clara colhedores contrapunho cordas cossouros costa cruzar cunhos curva

curvatatildeo cutelos davante desaferrar desancorar descair dobrar dormentes driccedila

embonar embono embornal encalamentos encapelar enfrechadura enoras envergues

169

escacear escatelado escoas escorrer escoteiras escotilha escouves estibordo estiva

estribos ferrar gaacutevea gio guinada guinar iccedilar lais leme leva liame linguete maccedilame

madre malaquetas nabo naacuteutico orthodromia ostais ostagas pairar palomas patelha

pinccedilote pontal ponte porca proejar rabada resbordo rumo salamear salema sapatilho

sarpar sirgideiras sobrecevadeira socairo suemas trinca vela xareta ximea peacute

tamboretes

c) Encontramos 146 unidades leacutexicas comuns ao nosso corpus dicionarizadas como termos

naacuteuticos na obra de Moraes e Silva correspondendo a 9542 abotoadura accedilafratildeo

agarruchar alcaxas aldrope alestar almeida amura amurada anrique arfar arriar

arruelas avencadura banzeiro barbear barcolas barquilha bastardo beque bigotas

bolinete bombordo botalos bracear braccedilo braga bragueiro brandaes brioacutees buccedilardas

burra cabresto cacholas calabre calabrote calafeto calcez calma calmaria canjar

carlinga carregadeiras cevadeira chapeleta chapiteo chaveta cheleira ciar-se cifa cifar

cinta clara colhedores contrapunho cordas cossouros costa cruzar cunhos curvas

curvatatildeo cutelo davante desaferrar desancorar descair dobrar dormentes driccedila

embonar embono embornal encalamentos encapelar encodar-se enfrechadura enora

envergar envergues escassear escatelado escoa escorrer escoteira escotilha escouves

estibordo estiva estribos estribordo estrinca ferrar folgar garrucha gaacutevea gio guinada

guinar iccedilar lais leme levaliame linguete maccedilame madre majarrona malaqueta

michelos moucarrotildees nabo naacuteutico orthodomia ostaes ostagas pairar palmejar

polomas palomba patelha pinccedilote pontal ponte porca proejar rabada resbordo rumo

salamear salema sapatilho sarpar sejar sirgideiras sobrecevadeira socairo sumeas

trinca troccedila vela vergueiro xaretas ximea peacute tamboretes

d) Entre as 153 unidades o dicionaacuterio de Laudelino Freire contabiliza 136 termos naacuteuticos o

que corresponde a 8888 abotoaduras abroquelar accedilafratildeo agarruchar alcaxas aldrope

alforjes almeida amura amurada anrique arfar arrear arruela avencadura banzeiro

barcolas barquilha bastardo beque bigotas bolinete bombordo botalos bracear braccedilo

braga bragueiro brandal briol burra cabrestos cachola calabre calabrote calafeto

calcez calma calmaria carlinga carregadeira cevadeira chapeleta chapiteacuteu chaveta

cheleira ciar cifar cintas clara colhedores contrapunho cossouro costa cruzar cunho

curvas curvatatildeo cutelos desaferrar desancorar descair dobrar dormente driccedila embonar

embono encalamento encapelar encodar-se enfrechadura enora envergar envergues

escassear escatelado escoa escorrer escoteira escotilha escouves estibordo estiva

estribo estribordo estrinca ferrar garruchas gaacutevea gio guinada guinar iccedilar lais leme

170

leva liame madre majarrona malaqueta michelos molhelhas moucarrotildees nabo naacuteutico

ostaes ostaga pairar palmejar palomas palomba patelha pinccedilote pontal ponte porca

proejar rabada rabeca resbordo rumo salemasapatilho sarpar sirgideiras

sobrecevadeira sobregata socairo sumeas trinca troccedila vela vergueiroxareta peacute

tamboretes

e) Dos 153 termos que constituem nosso corpus o Novo Dicionaacuterio Aureacutelio da Liacutengua

Portuguesa registra 105 unidades leacutexicas como termo naacuteutico correspondendo a 6862 dos

dados abotoaduras aldrope almeida amura amurada anrique arfar arriar banzeiro

barbear bastardo beque bigota bolinete bombordo botaloacute bracear braccedilo braga

brandal briol burro cabresto calabre calabrote calcecircs calma calmaria carlinga

carregadeira cevadeira chapeleta chaveta ciar cinta clara colhedor contrapunho corda

costa cruzar cunho curva curvatatildeo cutelodesancorar descair dobrar dormente driccedila

embonar embono embornal encapelar enfrechadura enora envergar envergues

escatelado escoa escoteira escotilha escouves estibordo estiva estribo ferrar garrocha

gaacutevea gio guinada guinar iccedilar lais leme leva linguete madre majarrona molhelha

nabo ortodromia ostaes ostaga pairar palomba patelha pinccedilote pontal ponte proejar

resbordo rumo sapatilho sarpar sobregata socairo sumeas trinca vela vergueiro

xareta ximea peacute tamboretes

f) O Banco de Dados do Projeto Dicionaacuterio Histoacuterico do Portuguecircs do Brasil ndash seacuteculos XVI

XVII XVIII registra 56 unidades leacutexicas (366) com significado que remetem ao mundo da

navegaccedilatildeo amuradas arfar arriar arruela avencadura banzeiro barbear beque

bombordo brandaes cabresto calabrecircs calabrotes calafeto calma calmarias cevadeira

chapiteo chavetas cordas ciar costa cruzar curvas dlsquoavante descahir dobrar

dormentes driccedilas embornaes encapelar escacear escoas escotilha estibordo estiva

ferrar gaacutevea guinada guinar iccedilar lais leme liames maccedilamenaacuteutico ostagas pairar

rabada resbordo rumo sarpar socairo vela tamboretes trinca

55 Sobre a marca de uso ldquotermo naacuteuticordquo

551 Variaccedilatildeo no Diccionario de Lingua Brasileira

As unidades do corpus em anaacutelise satildeo marcadas como (t naut) 117 ocorrecircncias

correspondendo a 765 dos dados (entre naacuteuticos) 21 ocorrecircncias ou 138 dos dados (t

naacuteutico) 9 ocorrecircncias contabilizando 59 (t nau) 1 ocorrecircncia o que correponde a 06

171

do total dos dados analisados Contabilizamos ainda 5 unidades lexicas ou 32 que natildeo

recebem marcas de uso mas vemos pela definiccedilatildeo que satildeo termos naacuteuticos a saber palomas

barquilha proejar naacuteutico vela

IMAGEM 9 Unidades lexicais natildeo marcadas como termo naacuteutico

552 Variaccedilatildeo em outros dicionaacuterios

Completada a verificaccedilatildeo da marca terminoloacutegica no Diccionario de Lingua

Brasileira resolvemos observar a terminologia naacuteutica adotada nos outros dicionaacuterios

utilizados nesta pesquisa como referecircncia As unidades do corpus satildeo marcadas nessas obras

como i) em Bluteau rarr termo de navegantes termo de navio termo de marinhagem termo

naacuteutico termo de barqueiros ii) em Moraes e Silva rarr termo de naacuteutica na naacuteutica termo

naacuteutico entre os nautas entre barqueiros iii) em Laudelino Freire rarr termo da naacuteutica

termo de navegaccedilatildeo termo de navegaccedilatildeo fluvial termo da marata ou marinha iv) em

Aureacutelio rarr termo da marinha (23 termos) termo da marinhagem (60 termos) termo naacuteutico

(01 termo) termo de construccedilatildeo naval (31 termos) Encontramos em todas essas obras

citadas algumas unidades que natildeo recebem marcas de uso mas vemos pela definiccedilatildeo que

pertencem ao universo naacuteutico

Como termo naacuteutico Aureacutelio marca somente a unidade lexical rumo Para esse

lexicoacutegrafo a marca terminoloacutegica marinhagem refere-se aos conhecimentos naacuteuticos

desenvolvidos e sistematizados pelos navegadores portugueses desde o Infante D Henrique

ateacute os fins do seacuteculo XVII Tais conhecimentos foram depois muito ampliados e

aprofundados e passaram a constituir a ciecircncia e a arte da navegaccedilatildeo sobre aacutegua denominada

172

naacuteutica De acordo com o mesmo dicionarista a marca terminoloacutegica marinha significa

ldquoaquilo que diz respeito ao serviccedilo de bordo dos navios agrave atividade de marinheiro agrave

navegaccedilatildeo por mar ou ainda conjunto de navios ou forccedilas navais ou por marrdquo Jaacute a marca

construccedilatildeo naval diz respeito agrave arte de construir navios e a marca naacuteutico eacute relativo a

marinheiro navegante e nauta por sua vez dizem respeito agrave navegaccedilatildeo Aureacutelio natildeo

classificou as unidades lexicais cruzar desancorar e sarpar e outras receberam mais de uma

classificaccedilatildeo

56 Quanto agrave origem

Para elucidar a origem dos termos como jaacute mencionamos no Capiacutetulo 3

consultamos o Dicionaacuterio Etimoloacutegico de A G Cunha poreacutem quando o termo natildeo constava

nesse dicionaacuterio lanccedilamos matildeo do Houaiss (2001) e se as palavras remetiam ao universo

aacuterabe do vocabulaacuterio de Sousa amp Moura intitulado Vestigios da Lingoa Arabica em Portugal

ou Lexicon Etymologico das palavras e nomes portuguezes que tem origem araacutebica

publicado em 1830 e impresso em ediccedilatildeo fac siacutemile em 2004

Quantificaccedilatildeo Total ndash quanto agrave origem dos termos naacuteuticos

a) Aacuterabe 07

b) Catalatildeo 02

c) Espanhol 16

d) Francecircs 23

e) Grego 01

f) Inglecircs 02

g) Italiano 11

h) Portuguesa 55

i) Provenccedilal 01

j) Onomatopaica 01

k) Incerta 28

l) Natildeo encontradas 06

173

a Termos de origem aacuterabe

Accedilafratildeo (do ar Az-zafaran cf Cunha 1982)

Alforge (do ar al-hurg cf Cunha 1982)

Almeida (Sousa amp Moura 1830)

Cifa (do ar satildeifa cf Cunha 1982)

Cifar (do ar satildeifacirc cf Cunha 1982)

Salamear (do ar salama cf Sousa amp Moura 1830)

Xaretas (do ar vulgar šarīta cf Cunha 1982)

b Termos de origem catalatilde

Brandaes (do catalatildeo brandal cf Cunha 1982)

Escoa (do catalatildeo escoa cf Cunha 1982)

c Termos de origem espanhola

Anrique (castelhano lt neerlandesa cf Cunha 1982)

Arriar (castelhano lt latim cf Cunha 1982)

Barcolas (espanhol lt latim cf Cunha 1982)

Barquilha (espanhol lt latim cf Cunha 1982)

Briol (castelhanoltfrancesa cf Cunha 1982)

Ciar-se (castelhano cf Cunha 1982)

Embonar (castelhano cf Cunha 1982)

Embono (castelhano cf Cunha 1982)

Garrucha (castelhano Cunha 1982)

MajarronaBujarrona (castelhano lt latim baacuterbaro cf Cunha 1982)

Ostagas (castelhano lt germacircnico cf Cunha 1982)

Patelha (espanhol cf Aureacutelio 2004)

Pinccedilote (castelhano cf Houaiss 2001)

Rumo (castelhano lt latim lt grego cf Cunha 1982)

Socairo (castelhano cf Cunha 1982)

Sarparzarpar (castelhano lt francesa lt latim tardio lt grego cf Cunha 1982)

d Termos de origem francesa

Abotoadura (do antigo francecircscf Cunha 1982)

Abroquelar (do antigo francecircscf Cunha 1982)

Arruela (do antigo francecircs lt latimcf Cunha 1982)

Avencadura (do antigo francecircs lt escandinavo antigo cf Cunha 1982)

Bastardo (do antigo francecircscf Cunha 1982)

174

Beque (do francecircs lt latimcf Cunha 1982)

Bolinete (do francecircs moulinet cf Cunha 1982)

Bombordo (do francecircs bacircbord lt neerlandecircs bakboord cf Cunha 1982)

Calabre (do antigo francecircs caable lt latim tardio cf Cunha 1982)

Calabrote (do antigo francecircs caable lt latim tardio cf Cunha 1982)

Carlinga (do francecircs carlingue lt escandinavo kerling cf Cunha 1982)

Chapeleta (lt antigo francecircs chapel cf Cunha 1982)

Escotilha (do antigo francecircs escoute (coute) derivado do goacutetico skautcf Cunha

1982)

Escoteira (do francecircs escoute lt goacutetico skaut cf Cunha 1982)

Enfrechadura (do francecircs fleche lt germacircnico cf Cunha 1982)

Estibordo (do francecircs antigo estribord lt neerlandecircs stierboord cf Cunha 1982)

Estribo (do antigo francecircs estriviegravere lt germacircnico cf Cunha 1982)

Estribordo (do francecircs antigo estribord lt neerlandecircs stierboord cf Cunha 1982)

Iccedilar (do francecircs hisser lt neerlandecircs hijsen cf Cunha 1982)

Ostaiestai (do antigo francecircs estaie lt germacircnico cf Cunha 1982)

Rabeca (do francecircs rebec lt antigo francecircs rebebe lt aacuterabe rābab cf Cunha 1982)

Resbordo (do francecircs ribord cf Cunha 1982)

Tamboretes (do francecircs tambouret cf Cunha 1982)

e Termos de origem grega

ortodromia

f Termos de origem inglesa

Aldrope (Do inglecircs guide-ropecf Cunha 1982)

Estrinca (Do inglecircs string cf Laudelino Freire 1949)

g Termos de origem italiana

Calma (lt latina cf Cunha 1982)

Calmaria (lt latina cf Cunha 1982)

Calafeto (aacuterabe lt latim vulgar cf Cunha 1982)

Calcez (latim tardio lt latim lt grego cf Cunha 1982)

Driccedila (lt francecircs cf Aureacutelio 2004)

Encodar-se (cf Moraes e Silva 1813)

Estiva (lt latim cf Cunha 1982)

Gaacutevea (lt latim cf Cunha 1982)

Linguete (lt latim cf Cunha 1982)

175

Palomas (do italiano meridional cf Cunha 1982)

Palomba (do italiano meridional cf Cunha 1982)

h Termos de origem portuguesa

Amura (ltlatina cf Cunha 1982)

Amurada (ltlatina cf Cunha 1982)

Banzeiro (ltlatina cf Cunha 1982)

Barbear (ltlatina cf Cunha 1982)

Bigotas (lt latina cf Cunha 1982)

Bracear (ltlatina cf Cunha 1982)

Braccedilo (ltlatina cf Cunha 1982)

Braga (ltlatina cf Cunha 1982)

Bragueiro (ltlatina cf Cunha 1982)

Burra (ltlatina cf Cunha 1982)

Cabresto (ltlatina cf Cunha 1982)

Carregadeiras (ltlatina cf Cunha 1982)

Cevadeira (ltlatina cf Cunha 1982)

Chaveta (ltlatina cf Cunha 1982)

Cinta (ltlatina cf Cunha 1982)

Clara (ltlatina cf Cunha 1982)

Colhedor (ltlatina cf Cunha 1982)

Contrapunho (ltlatina cf Cunha 1982)

Corda (latina lt grega cf Cunha 1982)

Costa (ltlatina cf Cunha 1982)

Cruzar (ltlatina cf Cunha 1982)

Cunho (ltlatina cf Cunha 1982)

Curva (ltlatina cf Cunha 1982)

Curvatatildeo (ltlatina cf Cunha 1982)

Cutelo (ltlatina cf Cunha 1982)

D‟avante (ltlatina cf Cunha 1982)

Desaferrar (ltlatina cf Cunha 1982)

Desancorar (latina lt grega cf Cunha 1982)

Descahir (ltlatina cf Cunha 1982)

Dobrar (ltlatina cf Cunha 1982)

Dormente (ltlatina cf Cunha 1982)

176

Encapelar (ltlatina cf Cunha 1982)

Enora (ltlatina cf Cunha 1982)

Envergar (ltlatina cf Cunha 1982)

Envergues (ltlatina cf Cunha 1982)

Escacear (ltlatina cf Cunha 1982)

Escorrear (ltlatina cf Cunha 1982)

Ferrar (ltlatina cf Cunha 1982)

Folgar (ltlatina cf Cunha 1982)

Leva (ltlatina cf Cunha 1982)

Liame (ltlatina cf Cunha 1982)

Madre (ltlatina cf Cunha 1982)

Naacuteutico (latina lt grega cf Cunha 1982)

Nabo (ltlatina cf Cunha 1982)

Palmejar (ltlatina cf Cunha 1982)

Pontal (ltlatina cf Cunha 1982)

Ponte (ltlatina cf Cunha 1982)

Porca (ltlatina cf Cunha 1982)

Proejar (ltlatina cf Cunha 1982)

Rabada (ltlatina) cf Cunha 1982

Sobrecevadeira (ltlatina cf Cunha 1982)

Sobregata (ltlatina cf Cunha 1982)

Vela (ltlatina cf Cunha 1982)

Vergueiro (ltlatina cf Cunha 1982)

Peacute (ltlatina cf Cunha 1982)

i Termos de origem provenccedilal

Pairar (lt latim cf Cunha 1982)

j Termo de origem onomatopaica

Botalos (Houaiss 2001)

k Termos de origens controvertida incerta duvidosa obscura

Aba (de origem duvidosa (latim) cf Cunha 1982)

Agarruchar (de origem duvidosa (ceacuteltico) cf Cunha 1982)

Alcaxas (de origem controvertida cf Houaiss 2001)

Alestar (de origem obscura cf Cunha 1982)

Arfar (de origem duvidosa (latim vulgar) cf Cunha 1982)

177

Buccedilardas (origem controvertida cf Bluteau 1712)

Cachola (origem duvidosa (latim vulgar) cf Cunha 1982)

Canjar (origem duvidosa (italiana) cf Houaiss 2001)

Cossouro (de origem obscura cf Cunha 1982)

Embornal (de origem incerta (italiana) cf Cunha 1982)

Escatelado (de origem controvertida cf Cunha 1982)

Escouves (de origem incerta (castelhana) cf Cunha 1982)

Gio (de origem obscura cf Cunha 1982)

Guinar (de origem obscura cf Cunha 1982)

Guinada (de origem obscura (anglo saxatildeo) cf Cunha 1982)

Lais (de origem obscura cf Cunha 1982)

Leme (de origem obscura cf Cunha 1982)

Malaqueta (de origem obscura cf Houaiss 2001)

Michelos (de origem obscura cf Houaiss2001)

Molhelha (de origem controvertida (catalatildeo) cf Aureacutelio 2004)

Moucarratildeo (de origem obscura cf Aureacutelio 2004)

Salema (de origem obscura cf Cunha 1982)

Sapatilhos (de origem duvidosa (turco) cf Cunha 1982)

Siar (de origem obscura cf Cunha 1982)

Sumeas (de origem duvidosa (aacuterabe) cf Cunha 1982)

Trinca (de origem incerta (antigo francecircs lt antigo escandinavo cf Cunha 1982)

Troccedila (de origem obscura cf Cunha 1982)

Ximeas (de origem duvidosa (aacuterabe) cf Cunha 1982)

l Termos de origens natildeo encontradas

Chapiteo

Cheleira

Maccedilame

Encalamentos

Sejar

Sirgideiras

Observando os resultados expostos acima vimos que a predominacircncia entre as

origens dos termos eacute Portuguecircs lt Latim com 55 unidades lexicais Isso corresponde a

3595 das ocorrecircncias totais Em segundo lugar destacam-se os termos de origem

178

controvertida incerta duvidosa e obscura satildeo 28 termos o que corresponde a 1831 do

total de dados Os nomes de origem francesa figuram em terceiro lugar com 23 ocorrecircncias

ou 1503 do total dos dados Em seguida em quarta posiccedilatildeo temos os nomes de origem

espanhola com 16 ocorrecircncias ou 1046 do total dos dados Os nomes de origem italiana

estatildeo em quinto lugar com 11 dados ou 719 do total dos termos analisados Os termos

aacuterabes contabilizam 07 ocorrecircncias ou 458 do total dos dados Em quantidade menor temos

os termos em catalatildeo (02 ocorrecircncias 130 do total de dados) em inglecircs (02 ocorrecircncias

130 do total de dados) em grego (01 ocorrecircncia 065 do total de dados) em provenccedilal

(01 ocorrecircncia 065 do total de dados) e de origem onomatopaica (01 ocorrecircncias 065

do total de dados) Alguns termos (06 ocorrecircncias 393 do total de dados) natildeo tiveram suas

origens apontadas por nenhuma obra que consultamos Satildeo eles chapiteo cheleira maccedilame

encalamentos sejar sirgideiras

Por se tratar de uma heranccedila portuguesa toda a terminologia naacuteutica presente no

Diccionario de Lingua Brasileira se restringe em sua maior parte como podemos ver a

termos oriundos da Europa

Passemos no proacuteximo capiacutetulo agraves Consideraccedilotildees finais

179

Capiacutetulo 6

180

Capiacutetulo 6 ndash Consideraccedilotildees finais

Esta dissertaccedilatildeo teve como objetivo realizar um estudo do leacutexico correspondente agrave

terminologia naacuteutica presente no Diccionario da Lingua Brasileira publicado por Luiz

Maria da Silva Pinto proprietaacuterio da Typografia de Silva na cidade mineira de Ouro Preto no

ano de 1832

Tivemos como objetivos especiacuteficos estudar as origens dos termos naacuteuticos

conferir se os termos selecionados se encontravam presentes em obras lexicograacuteficas de

referecircncia nos seacuteculos XVIII XIX XX e se os mesmos mantiveram seus significados e

ainda se constavam como ldquotermos naacuteuticosrdquo consultar o corpus do Projeto DHPB CNPq

(composto por documentos e textos da eacutepoca colonial) com o objetivo de verificar se os

termos constantes no Diccionario da Lingua Brasileira integraram no passado o nosso

leacutexico verificar se a terminologia naacuteutica presente no Diccionario da Lingua Brasileira

descreve a realidade brasileira nessa aacuterea ou se faz parte desse dicionaacuterio somente com o

objetivo de enriquecer nosso leacutexico apontar os termos naacuteuticos do dicionaacuterio Aureacutelio ndash seacuteculo

XXI comparar esses termos com o primeiro dicionaacuterio impresso no Brasil ou seja o

Diccionario da Lingua Brasileira verificando se houve manutenccedilatildeo expansatildeo ou mudanccedila

nesse leacutexico de especialidade contribuir para o desenvolvimento da investigaccedilatildeo histoacuterica na

aacuterea da Terminologia disponibilizando um estudo da aacuterea de especialidade devidamente

analisado

Nosso interesse em pesquisar a terminologia naacuteutica nesse dicionaacuterio que se

intitula o primeiro dicionaacuterio da liacutengua brasileira pautou-se nas seguintes questotildees i) Quais

seriam os primeiros termos que fizeram parte de um dicionaacuterio brasileiro ii) Eles se mantecircm

ainda na liacutengua ou seja satildeo dicionarizados Essa terminologia fazia parte realmente do leacutexico

brasileiro da eacutepoca ou era ldquoidealrdquo que fizesse

Aleacutem de termos naacuteuticos o DLB marca termo anatomico termo de bombeiros

termo de architectura termo de geometria termo meacutedico termo militar termo de artilheria

termo de fortificaccedilatildeo termo forense termo familiar termo juriacutedico termo methaphysico

termo mythologico termo de pintura termo plebeu termo vulgar termo baixo Nosso

interesse se voltou para os termos naacuteuticos por serem esses os de maiores ocorrecircncias na obra

estudada Analisamos 153 unidades leacutexicas terminoloacutegicas sendo 117 substantivos 3

adjetivos 32 verbos e 2 adveacuterbios

Apoacutes leitura da obra seleccedilatildeo de termos construccedilatildeo do corpus e anaacutelise dos dados

constatamos que os substantivos se destacam com 7647 dos dados os adjetivos com 196

181

e os adveacuterbios com 065 Surpreendeu-nos a quantificaccedilatildeo dos verbos 2092 em valores

numeacutericos 32 nuacutemero expressivo em se tratanto de leacutexico especializado Desses verbos o

Dicionaacuterio Aureacutelio Seacuteculo XXI traz somente 17 arfar arriar barbear bracear ciar-se

cruzar descair dobrar embonar encapelar envergar ferrar guinar iccedilar pairar proejar

sarpar Consultando o Banco de Dados do PDHPB contamos 14 desses verbos arrolados

arfar arriar barbear ciar cruzar descahir dobrar encapelarescacear ferrar guinar

iccedilar pairar sarpar Todos esses termos conforme podemos constatar dicionarizados

tambeacutem pelo Aureacutelio com exceccedilatildeo de bracear embonar envergar guinar proejar Isso nos

leva a pensar que em se tratando da realidade brasileira Silva Pinto apresentou um nuacutemero

bem maior de verbos com a marca de uso ldquonaacuteuticosrdquo

Interessante tambeacutem eacute observar que os termos naacuteuticos que satildeo inseridos na obra

de Luiz Maria da Silva Pinto satildeo muito superiores quase trecircs vezes ao nuacutemero que o Banco

de Dados consultado aponta 56 termos Contemporaneamente essa marca terminoloacutegica

tambeacutem eacute menor jaacute que o Aureacutelio registra 105 termos naacuteuticos Observamos ainda variaccedilotildees

na marca de uso ldquotermo naacuteuticosrdquo o que indica sub-especialidades nessa aacuterea jaacute na eacutepoca do

Brasil colocircnia Nossa anaacutelise mostra que a terminologia apontada por Silva Pinto natildeo

retratava satisfatoriamente a realidade da eacutepoca nem se manteacutem totalmente hoje

No que se refere agrave origem constatamos a predominacircncia de nomes de origem

portuguesa 3595 das ocorrecircncias totais Em se tratando de base europeia bastante

representativos tambeacutem foram os termos de origem francesa espanhola e italiana Em

segundo lugar contabilizamos os nomes de origens incerta controvertida duvidosa e obscura

com 1831 de ocorrecircncias Acreditamos que esse iacutendice alto de palavras de origem natildeo

identificada se deve ao fato de muitos desses termos que retratam equipamentos artefatos

processos ou teacutecnicas da navegaccedilatildeo terem sido cunhados em um paiacutes e usados em outros por

pessoas na maioria das vezes quase sem nenhuma escolaridade como eacute o caso de muitos

marinheiros Natildeo encontramos nenhum termo naacuteutico de origem americana de liacutenguas

indiacutegenas caribenhas ou preacute-colombianas natildeo encontramos tambeacutem termos hiacutebridos nem

africanos

Entatildeo em se tratando da terminologia naacuteutica como se justifica uma obra se

intitular Diccionario da Lingua Brasileira se natildeo identifica nem descreve os termos de sua

eacutepoca Conforme Biderman (1994 p 27) os dicionaacuterios devem ser uma espeacutecie de porta-

voz da sociedade falar em nome dela e reunir em sua nomenclatura o repertoacuterio lexical em

uso na sua sociedade e da forma pela qual ela usualmente se exprime Inserindo-nos no

periacuteodo histoacuterico da publicaccedilatildeo do dicionaacuterio isto eacute dez anos apoacutes a Independecircncia do Brasil

182

em uma sociedade que comeccedilava a discutir a questatildeo da ldquoliacutengua brasileirardquo acreditamos que

Luiz Maria da Silva Pinto brasileiro mas de formaccedilatildeo lusitana detentor de ideologias

historicamente contruiacutedas quis contribuir com a constituiccedilatildeo da sociedade brasileira

acreditando que fornecer um leacutexico de origem europeia ou ldquobem formadordquo era seu dever

como brasileiro culto e proprietaacuterio de uma tipografia Com base em nosso estudo podemos

dizer que seu dicionaacuterio eacute prescritivista

Neste ainda iniacutecio de seacuteculo quando a lexicografia contemporacircnea passou a ver

o dicionaacuterio de liacutengua sob outra oacutetica40

atribuindo isso ao reconhecimento de seu verdadeiro

papel que eacute o de registrar a norma lexical que impera em uma sociedade41

acreditamos que

os resultados de nossa anaacutelise trazem elementos para a histoacuteria da lexicografia e da

terminologia brasileira jaacute que passamos a conhecer um pouco mais o seu iniacutecio estudando

uma obra que como mostramos em 14 natildeo eacute o primeiro Diccionario da Lingua Brasileira

mas eacute o primeiro dicionaacuterio impresso no Brasil

40

BIDERMAN 1994 p 28 41

Ibidem

183

Referecircncias

184

Referecircncias

ARAUacuteJO P M B Hum diccionario sem auctor versus hum auctor com diccionario Rio de

Janeiro Non Edictandi 2009

BABINI M Do conceito agrave palavra os dicionaacuterios onomasioloacutegicos Satildeo Paulo Ciecircncia e

Cultura (SBPC) v 2 2006 p 38-42

BARROS L A Conhecimentos de terminologia geral e praacutetica tradutoacuteria Satildeo Paulo

NovaGraf 2007

BARROS L A Curso baacutesico de Terminologia Satildeo Joseacute do Rio Preto Editora UNESP

2009

BIDERMAN M T C A formaccedilatildeo e a consolidaccedilatildeo da norma lexical e lexicograacutefica no

Portuguecircs do Brasil in Histoacuteria do saber lexical e constituiccedilatildeo de um leacutexico brasileiro JH

NUNES e M PETTER (Org) Satildeo Paulo Humanitas Campinas Pontes 2002

BIDERMAN M T C A nomenclatura de um dicionaacuterio de liacutengua In Anais do Seminaacuterio

do Grupo de Estudos Linguiacutesticos (Gel) Satildeo Paulo v1 n23 24-42 1994

BIDERMAN M T C As Ciecircncias do Leacutexico In Ana Maria Pinto de Olveira Aparecida

Negri Isquerdo (Orgs) As Ciecircncias do Leacutexico Lexicologia Lexicografia Terminologia

Campo Grande Ed UFMS 1998

BIDERMAN M T C Dimensotildees da Palavra In Filologia e Linguiacutestica Portuguesa n 2 p

81-118 1981

BIDERMAN M T C Teoria Linguiacutestica teoria lexical e linguiacutesitica computacional Satildeo

Paulo Martins Fontes 2001

BIDERMAN M T C Unidades complexas do leacutexico In Rio-Torto G Figueiredo O M

Silva F (orgs) Estudos em Homenagem ao Professor Doutor Maacuterio Vilela 1ordf ed Porto

Portugal Faculdade de Letras da Universidade do Porto 2005 v II p 747-757 Disponiacutevel

em httplerletrasupptuploadsficheiros4603pdf

BIDERMAN MTC A estrutura mental do leacutexico In Estudos de Filologia Satildeo Paulo T A

QueirozEDUSP p131-145 1981

BIDERMAN Maria Teresa Camargo Leacutexico testemunho de uma cultura In Anais do XIX

Congresso internacional de Linguiacutestica e Filologia Romacircnica Santiago de Compostela 49

de setembro de 1978

BLUTEAU R Vocabulario Portuguez e Latino Coimbra Companhia de JESUS 1712

BOXER C R O Impeacuterio Mariacutetimo Portuguecircs Satildeo Paulo Companhia das Letras 2002

BUENO E Brasil Terra agrave vista Porto Alegre LGPM 2003

BYNON T Historical Linguistics London CUP 1977

185

CABREacute M T Importancia de la terminologiacutea en la fijacioacuten de la lengua Revista

internacional de liacutengua portuguesa Lisboa Editorial Notiacutecias n 15 jul 96 p9-24

CABREacute M T La terminologia Teoria Metodologia Aplicacio-nes Barcelona

AntaacutertidaEmpuacuteries 1993

CABREacute M T Lexicologia y variacioacuten hacia um modelo integrado In Simpoacutesio

Iberoamericano de Terminologia RITERM 1996

CABREacute M Teresa 1999 La terminologiacutea ndash representacioacuten y comunicacioacuten Barcelona

IULA Universitat Pompeu Fabra

CAacuteCERES F Histoacuteria do Brasil Satildeo Paulo Modernas 1993

COHEN M A A M A liacutengua do seacuteculo XVII e a liacutengua contemporacircnea In Anais do XI

Encontro Internacional da ALFAL Las Palmas (Gram Canaacuteria) 1996

CORREIA M Terminologia e morfologia marcas morfoloacutegicas da geacutenese do vocabulaacuterio da

Naacuteutica em portuguecircs Disponiacutevel em lthttpwwwiltecptpdfwpapers2004-mcorreia-

barcelonapdfgt Acesso em 20 Abr 2011

COSERIU E Sincronia diacronia e histoacuteria O problema da mudanccedila linguiacutestica Rio de

Janeiro Presenccedila Satildeo Paulo EDUSP 1979

COSTA FILHO M A Imprensa Mineira no Primeiro Reinado Rio de Janeiro [sn] 1955 62p (Tese apresentada ao VI Congresso Nacional de Jornalistas)

CUNHA A G da Dicionaacuterio Etimoloacutegico da Liacutengua Portuguesa 3ordf ediccedilatildeo 2ordf impressatildeo

Rio de Janeiro Lexikon Editora Digital 2007

CUNHA A G da Dicionaacuterio Etimoloacutegico Nova Fronteira da Liacutengua Portuguesa 2ordf ediccedilatildeo

Rio de JaneiroNova Fronteira 1987

DIAS L F BEZERRA M A Gramaacutetica e Dicionaacuterio In GUIMARAtildeES E

ZOPPIFONTANA (Orgs) Introduccedilatildeo agraves Ciecircncias da Linguagem ndash A Palavra e a Frase

Campinas Pontes Editores p 11-37 2006

ESQUADRA Disponiacutevel em lthttpwwwgooglecombrsearch3Fq3D2522Marinha

2BImperial2BBrasileiragt Acesso em 1 Abr 2011

ESQUIVEL F M C La lexicografia em las variedades no estaacutendar Jaeacuten- Espanha Editora

da Universidade de Jaeacuten 2001

FARACO C A Linguiacutestica histoacuterica Satildeo Paulo Aacutetica 1991

FAULSTICH E Princiacutepios formais e funcionais de variaccedilatildeo em terminologia Seminaacuterio de

Terminologia Teoacuterica Barcelona Espanha 28-29 de jan 1999

FERREIRA A B de H Novo Dicionaacuterio Eletrocircnico Aureacutelio versatildeo 50 Satildeo paulo Nova

Fronteira 2003 CD-ROM

186

FERREIRA A B de H Novo Dicionaacuterio Rio de Janeiro Nova Fronteira 1987

FINATTO M J B Introduccedilatildeo agrave Terminologia teoria e praacutetica Satildeo Paulo Contexto 2004

FREIRE L Grande e Noviacutessimo Dicionaacuterio da Liacutengua Portuguesa 1ordf ediccedilatildeo 1ordf impressatildeo

Rio de Janeiro Editocircra A Noite SA 1939 ∕ 1944

FREITAS M A Teixeira Os Serviccedilos Estatiacutesticos do Estado de Minas Gerais Revista

Brasileira de Estatiacutestica Ano I nordm 1 janmar 1940 p108-130

GUILBERT L La creativiteacute lexicalie Paris Larousse 1992

HAENSCH G WOLF L ETTINGER S WERNER R La lexicografia ndash de la linguiacutestica

teoacuterica a la lexicografia praacutectica Madrid Gredos 1982

HOUAISS A Dicionaacuterio Houaiss da liacutengua Portuguesa Rio de Janeiro Objetiva 2001

In OLIVEIRA Ana M P P de e ISQUERDO Aparecida N (orgs) As ciecircncias do leacutexico

lexicologia lexicografia terminologia Campo GrandeMS Editora da UFMS 1989 p 129-

149

ISQUERDO A N ALVES I M As ciecircncias do Leacutexico Lexicologia Lexicografia

Terminologia v3 Campo Grande Editora da UFMS 2007

KRIEGER M da G Do reconhecimento de terminologias entre o linguiacutestico e o textual In

IS QUERDO AN amp KRIEGER MG As Ciecircncias do Leacutexico 2 UFMS UFRGS Campo

GrandePorto Alegre 2006

KRIEGER M da G FINATTO Maria J B Introduccedilatildeo agrave Terminologia teoria amp praacutetica

Satildeo Paulo Contexto 2004

LEPSCHY J Leacutexico Enciclopeacutedia Einaudi linguagem e enunciaccedilatildeo v 2 Portugal

Imprensa Nacional-Casa da Moeda 1984

LORENTE M A lexicologia como ponto de encontro entre a gramaacutetica e a semacircntica In

ISQUERDO A N e KRIEGER MG As ciecircncias do leacutexico vol II Campo Grande Editora

UFMS 2004

MAPA Disponiacutevel em lthttpacademiagoianadeletrasorgmembroluiz-maria-da-silva-

pintogt Acesso em 1 abr 2011

MARINHA IMPERIAL Disponiacutevel em lthttpwwwmarmilbrdiversosArtigos_

selecionadosDocumentosmarinha_imperialpdfgt Acesso em 25 Abr 2011

MATOREacute G La meacutethode en lexicologie Domaine franccedilais Paris Didier 1953

MINEIRO A Uma abordagem lexical da Terminologia Naacuteutica no PE In Actas do IX

Simpoacutesio ibero-americano de Terminologia Barcelona Barcelona Espanha 2006

187

MURAKAWA C A (1998) Tradiccedilatildeo lexicograacutefica em liacutengua portuguesa Bluteau Moraes

e Vieira In OLIVEIRA AMPP amp ISQUERDO A N (orgs) As ciecircncias do leacutexico

lexicologia lexicografia terminologia v3 Campo Grande Editora da UFMS 2007

MURAKAWA C A A Dicionaacuterio Histoacuterico do Portuguecircs do Brasil um modelo de

dicionaacuterio Histoacuterico In ALVES Ieda Maria e Lino Maria Tereza (Org) Revista de

Filologia e Linguiacutestica Portuguesa Satildeo Paulo FFLCHUSP 2010 v 12 p 329-349

MURAKAWA C de A A Empreacutestimo linguiacutestico interno um estudo sobre o vocabulaacuterio

da naacuteutica portuguesa In Histoacuteria da Liacutengua e Histoacuteria da Gramaacutetica Actas do Encontro

Coleccedilacirco Poliedro 11 Braga Portugal Universidade do Minho Centro de Estudos

Humaniacutesticos 2002

MUSSALIM F BENTES A C (Orgs) Introduccedilatildeo agrave Linguiacutestica 6 ed Satildeo Paulo Cortez

2001 v 1-2

NAVEGACcedilOtildeES Disponiacutevel em lthttpwwwgooglecombrsearchhl=ptgt Acesso em 1

Abr 2011

NEIVA A Estudos da liacutengua nacional Satildeo Paulo Brasiliana 1940

NUNES J H Dicionaacuterios no Brasil anaacutelise e histoacuteria do seacuteculo XVI ao XIX Campinas

Pontes 2006

NUNES J H Discurso e Instrumentos Linguiacutesticos no Brasil dos Relatos de Viajantes aos

Primeiros Dicionaacuterios Campinas UNICAMP tese de doutorado 1996

NUNES J H e PETTER M (Orgs) Histoacuteria do saber lexical e constituiccedilatildeo de um leacutexico

brasileiro Satildeo Paulo Humanitas 2002 p 29-30

NUNES J H Histoire Epistemologie Langage Satildeo Paulo Humanitas 2006

OGDEN C K RICHARDS I A The Meaning of Meaning Londres Routledge amp Kegan

Paul 1923

OLIVEIRA A M P O portuguecircs do Brasil brasileirismos e regionalismos Tese de

Doutorado -UNESP Araraquara Satildeo Paulo 1999

ORGANISATION INTERNATIONALE DE NOTMALISATION Terminologie ndash

Vocabulaire Genebra ISO 1990 (Norme Internationale ISO 1087 1990)

ORLANDI E P O Estado a Gramaacutetica a Autoria Relatos n 4 jun Campinas UNICAMP

1997

PAVEL S NOLET D Manual de Terminologia Trad de FAULSTICH Enilde Disponiacutevel

em ltwwwURL wwwtranslationbureaugccagt

PERES D Histoacuteria dos descobrimentos portugueses Lisboa Comissatildeo executiva das

comemoraccedilotildees do Quinto Centenaacuterio da morte do Infante D Henrique 1959

188

PIGAFETTA A A primeira viagem ao redor do mundo o diaacuterio da expediccedilatildeo de Fernatildeo de

Magalhatildees Porto Alegre LampPM 1985

PINTO Luiz Maria da Silva Diccionario da Lingua Brasileira Ouro Preto Typographia de

Silva 1832

REY A (dir) Dictionnaire historique de la langue franccedilaise 2 vols Paris Le Robert 1992

REY Alan A terminologia entre a experiecircncia da realidade e o comando dos signos Satildeo

Paulo Humanitas 2007

RODRIGUES A D Liacutenguas indiacutegenas 500 anos de descobertas e perdas DELTA

vol9 n 1 pp 83-103 1993

SAUSSURE F ldquoNatureza do signo linguiacutesticordquo In Curso de Linguiacutestica Geral Satildeo Paulo

Cultrix 1970 pp 79-84

SEABRA Maria Cacircndida Trindade Costa (Org) O leacutexico em estudo Belo Horizonte Editora

FALEUFMG 2006

SEABRA Maria Cacircndida Trindade Costa Dom Joatildeo VI e o iniacutecio da imprensa no Brasil e

em Minas Gerais In Revista do Instituto Histoacuterico e Geograacutefico de Minas Gerais Belo

Horizonte Santaclara volume XXXI julho de 2008

SILVA NETO Serafim da Introduccedilatildeo ao estudo da Liacutengua Portuguesa no Brasil 3 ed Rio

de Janeiro Presenccedila 1976

SILVA Antonio de Moraes e Diccionario da Lingua Portugueza 2ordf ediccedilatildeo Lisboa

Typographia Laceacuterdina 1813

SILVESTRE J P O Vocabulario Portuguez e Latino principais caracteriacutesticas da obra

lexicograacutefica de Rafael Bluteau Artigo disponiacutevel em lt

httpclpdlcuaptPublicacoesvocabulario_principais_caracteristicaspdfgt Acesso em 25

abr 2011

SOUSA F J de MOURA F J de S A Vestiacutegios da liacutengua araacutebica em Portugal Lisboa

Academia Real das Sciencias 1830 (ed Fac-simile Lisboa Alcalaacute 2004)

TAUNAY A Inopia cientiacutefica e vocabular dos grandes dicionarios portuguezes Satildeo

Paulo Imprensa Oficial 1932 182 p

THEODORO J Pensadores exploradores e mercadores dos mares oceanos e continentes

Satildeo Paulo Scipione 1994

ULLMANN S The Principles of Semantics Glasgow Jackson amp Oxford Blackwell 1957

VALE B Estrateacutegia poder mariacutetimo e a criaccedilatildeo da Marinha do Brasil In Revista Navigator

Rio de Janeiro Serviccedilo de Documentaccedilatildeo Geral da Marinha n 4 dezembro de 1971 p 10

189

VEIGA J P X da Efemeacuterides mineiras Ouro Preto [sn] 1897 p 47-52

VEIGA J P X da Palavras preliminares Revista do Arquivo Puacuteblico Mineiro Ouro Preto

ano 1 fasc I p III e IV janmar 1896

Page 6: A TERMINOLOGIA NÁUTICA NO DICCIONARIO DA LINGUA … · Diccionario da Lingua Brasileira (DLB), de Luiz Maria da Silva Pinto. Publicado na cidade de Ouro Preto, Minas Gerais, na Typografia
Page 7: A TERMINOLOGIA NÁUTICA NO DICCIONARIO DA LINGUA … · Diccionario da Lingua Brasileira (DLB), de Luiz Maria da Silva Pinto. Publicado na cidade de Ouro Preto, Minas Gerais, na Typografia
Page 8: A TERMINOLOGIA NÁUTICA NO DICCIONARIO DA LINGUA … · Diccionario da Lingua Brasileira (DLB), de Luiz Maria da Silva Pinto. Publicado na cidade de Ouro Preto, Minas Gerais, na Typografia
Page 9: A TERMINOLOGIA NÁUTICA NO DICCIONARIO DA LINGUA … · Diccionario da Lingua Brasileira (DLB), de Luiz Maria da Silva Pinto. Publicado na cidade de Ouro Preto, Minas Gerais, na Typografia
Page 10: A TERMINOLOGIA NÁUTICA NO DICCIONARIO DA LINGUA … · Diccionario da Lingua Brasileira (DLB), de Luiz Maria da Silva Pinto. Publicado na cidade de Ouro Preto, Minas Gerais, na Typografia
Page 11: A TERMINOLOGIA NÁUTICA NO DICCIONARIO DA LINGUA … · Diccionario da Lingua Brasileira (DLB), de Luiz Maria da Silva Pinto. Publicado na cidade de Ouro Preto, Minas Gerais, na Typografia
Page 12: A TERMINOLOGIA NÁUTICA NO DICCIONARIO DA LINGUA … · Diccionario da Lingua Brasileira (DLB), de Luiz Maria da Silva Pinto. Publicado na cidade de Ouro Preto, Minas Gerais, na Typografia
Page 13: A TERMINOLOGIA NÁUTICA NO DICCIONARIO DA LINGUA … · Diccionario da Lingua Brasileira (DLB), de Luiz Maria da Silva Pinto. Publicado na cidade de Ouro Preto, Minas Gerais, na Typografia
Page 14: A TERMINOLOGIA NÁUTICA NO DICCIONARIO DA LINGUA … · Diccionario da Lingua Brasileira (DLB), de Luiz Maria da Silva Pinto. Publicado na cidade de Ouro Preto, Minas Gerais, na Typografia
Page 15: A TERMINOLOGIA NÁUTICA NO DICCIONARIO DA LINGUA … · Diccionario da Lingua Brasileira (DLB), de Luiz Maria da Silva Pinto. Publicado na cidade de Ouro Preto, Minas Gerais, na Typografia
Page 16: A TERMINOLOGIA NÁUTICA NO DICCIONARIO DA LINGUA … · Diccionario da Lingua Brasileira (DLB), de Luiz Maria da Silva Pinto. Publicado na cidade de Ouro Preto, Minas Gerais, na Typografia
Page 17: A TERMINOLOGIA NÁUTICA NO DICCIONARIO DA LINGUA … · Diccionario da Lingua Brasileira (DLB), de Luiz Maria da Silva Pinto. Publicado na cidade de Ouro Preto, Minas Gerais, na Typografia
Page 18: A TERMINOLOGIA NÁUTICA NO DICCIONARIO DA LINGUA … · Diccionario da Lingua Brasileira (DLB), de Luiz Maria da Silva Pinto. Publicado na cidade de Ouro Preto, Minas Gerais, na Typografia
Page 19: A TERMINOLOGIA NÁUTICA NO DICCIONARIO DA LINGUA … · Diccionario da Lingua Brasileira (DLB), de Luiz Maria da Silva Pinto. Publicado na cidade de Ouro Preto, Minas Gerais, na Typografia
Page 20: A TERMINOLOGIA NÁUTICA NO DICCIONARIO DA LINGUA … · Diccionario da Lingua Brasileira (DLB), de Luiz Maria da Silva Pinto. Publicado na cidade de Ouro Preto, Minas Gerais, na Typografia
Page 21: A TERMINOLOGIA NÁUTICA NO DICCIONARIO DA LINGUA … · Diccionario da Lingua Brasileira (DLB), de Luiz Maria da Silva Pinto. Publicado na cidade de Ouro Preto, Minas Gerais, na Typografia
Page 22: A TERMINOLOGIA NÁUTICA NO DICCIONARIO DA LINGUA … · Diccionario da Lingua Brasileira (DLB), de Luiz Maria da Silva Pinto. Publicado na cidade de Ouro Preto, Minas Gerais, na Typografia
Page 23: A TERMINOLOGIA NÁUTICA NO DICCIONARIO DA LINGUA … · Diccionario da Lingua Brasileira (DLB), de Luiz Maria da Silva Pinto. Publicado na cidade de Ouro Preto, Minas Gerais, na Typografia
Page 24: A TERMINOLOGIA NÁUTICA NO DICCIONARIO DA LINGUA … · Diccionario da Lingua Brasileira (DLB), de Luiz Maria da Silva Pinto. Publicado na cidade de Ouro Preto, Minas Gerais, na Typografia
Page 25: A TERMINOLOGIA NÁUTICA NO DICCIONARIO DA LINGUA … · Diccionario da Lingua Brasileira (DLB), de Luiz Maria da Silva Pinto. Publicado na cidade de Ouro Preto, Minas Gerais, na Typografia
Page 26: A TERMINOLOGIA NÁUTICA NO DICCIONARIO DA LINGUA … · Diccionario da Lingua Brasileira (DLB), de Luiz Maria da Silva Pinto. Publicado na cidade de Ouro Preto, Minas Gerais, na Typografia
Page 27: A TERMINOLOGIA NÁUTICA NO DICCIONARIO DA LINGUA … · Diccionario da Lingua Brasileira (DLB), de Luiz Maria da Silva Pinto. Publicado na cidade de Ouro Preto, Minas Gerais, na Typografia
Page 28: A TERMINOLOGIA NÁUTICA NO DICCIONARIO DA LINGUA … · Diccionario da Lingua Brasileira (DLB), de Luiz Maria da Silva Pinto. Publicado na cidade de Ouro Preto, Minas Gerais, na Typografia
Page 29: A TERMINOLOGIA NÁUTICA NO DICCIONARIO DA LINGUA … · Diccionario da Lingua Brasileira (DLB), de Luiz Maria da Silva Pinto. Publicado na cidade de Ouro Preto, Minas Gerais, na Typografia
Page 30: A TERMINOLOGIA NÁUTICA NO DICCIONARIO DA LINGUA … · Diccionario da Lingua Brasileira (DLB), de Luiz Maria da Silva Pinto. Publicado na cidade de Ouro Preto, Minas Gerais, na Typografia
Page 31: A TERMINOLOGIA NÁUTICA NO DICCIONARIO DA LINGUA … · Diccionario da Lingua Brasileira (DLB), de Luiz Maria da Silva Pinto. Publicado na cidade de Ouro Preto, Minas Gerais, na Typografia
Page 32: A TERMINOLOGIA NÁUTICA NO DICCIONARIO DA LINGUA … · Diccionario da Lingua Brasileira (DLB), de Luiz Maria da Silva Pinto. Publicado na cidade de Ouro Preto, Minas Gerais, na Typografia
Page 33: A TERMINOLOGIA NÁUTICA NO DICCIONARIO DA LINGUA … · Diccionario da Lingua Brasileira (DLB), de Luiz Maria da Silva Pinto. Publicado na cidade de Ouro Preto, Minas Gerais, na Typografia
Page 34: A TERMINOLOGIA NÁUTICA NO DICCIONARIO DA LINGUA … · Diccionario da Lingua Brasileira (DLB), de Luiz Maria da Silva Pinto. Publicado na cidade de Ouro Preto, Minas Gerais, na Typografia
Page 35: A TERMINOLOGIA NÁUTICA NO DICCIONARIO DA LINGUA … · Diccionario da Lingua Brasileira (DLB), de Luiz Maria da Silva Pinto. Publicado na cidade de Ouro Preto, Minas Gerais, na Typografia
Page 36: A TERMINOLOGIA NÁUTICA NO DICCIONARIO DA LINGUA … · Diccionario da Lingua Brasileira (DLB), de Luiz Maria da Silva Pinto. Publicado na cidade de Ouro Preto, Minas Gerais, na Typografia
Page 37: A TERMINOLOGIA NÁUTICA NO DICCIONARIO DA LINGUA … · Diccionario da Lingua Brasileira (DLB), de Luiz Maria da Silva Pinto. Publicado na cidade de Ouro Preto, Minas Gerais, na Typografia
Page 38: A TERMINOLOGIA NÁUTICA NO DICCIONARIO DA LINGUA … · Diccionario da Lingua Brasileira (DLB), de Luiz Maria da Silva Pinto. Publicado na cidade de Ouro Preto, Minas Gerais, na Typografia
Page 39: A TERMINOLOGIA NÁUTICA NO DICCIONARIO DA LINGUA … · Diccionario da Lingua Brasileira (DLB), de Luiz Maria da Silva Pinto. Publicado na cidade de Ouro Preto, Minas Gerais, na Typografia
Page 40: A TERMINOLOGIA NÁUTICA NO DICCIONARIO DA LINGUA … · Diccionario da Lingua Brasileira (DLB), de Luiz Maria da Silva Pinto. Publicado na cidade de Ouro Preto, Minas Gerais, na Typografia
Page 41: A TERMINOLOGIA NÁUTICA NO DICCIONARIO DA LINGUA … · Diccionario da Lingua Brasileira (DLB), de Luiz Maria da Silva Pinto. Publicado na cidade de Ouro Preto, Minas Gerais, na Typografia
Page 42: A TERMINOLOGIA NÁUTICA NO DICCIONARIO DA LINGUA … · Diccionario da Lingua Brasileira (DLB), de Luiz Maria da Silva Pinto. Publicado na cidade de Ouro Preto, Minas Gerais, na Typografia
Page 43: A TERMINOLOGIA NÁUTICA NO DICCIONARIO DA LINGUA … · Diccionario da Lingua Brasileira (DLB), de Luiz Maria da Silva Pinto. Publicado na cidade de Ouro Preto, Minas Gerais, na Typografia
Page 44: A TERMINOLOGIA NÁUTICA NO DICCIONARIO DA LINGUA … · Diccionario da Lingua Brasileira (DLB), de Luiz Maria da Silva Pinto. Publicado na cidade de Ouro Preto, Minas Gerais, na Typografia
Page 45: A TERMINOLOGIA NÁUTICA NO DICCIONARIO DA LINGUA … · Diccionario da Lingua Brasileira (DLB), de Luiz Maria da Silva Pinto. Publicado na cidade de Ouro Preto, Minas Gerais, na Typografia
Page 46: A TERMINOLOGIA NÁUTICA NO DICCIONARIO DA LINGUA … · Diccionario da Lingua Brasileira (DLB), de Luiz Maria da Silva Pinto. Publicado na cidade de Ouro Preto, Minas Gerais, na Typografia
Page 47: A TERMINOLOGIA NÁUTICA NO DICCIONARIO DA LINGUA … · Diccionario da Lingua Brasileira (DLB), de Luiz Maria da Silva Pinto. Publicado na cidade de Ouro Preto, Minas Gerais, na Typografia
Page 48: A TERMINOLOGIA NÁUTICA NO DICCIONARIO DA LINGUA … · Diccionario da Lingua Brasileira (DLB), de Luiz Maria da Silva Pinto. Publicado na cidade de Ouro Preto, Minas Gerais, na Typografia
Page 49: A TERMINOLOGIA NÁUTICA NO DICCIONARIO DA LINGUA … · Diccionario da Lingua Brasileira (DLB), de Luiz Maria da Silva Pinto. Publicado na cidade de Ouro Preto, Minas Gerais, na Typografia
Page 50: A TERMINOLOGIA NÁUTICA NO DICCIONARIO DA LINGUA … · Diccionario da Lingua Brasileira (DLB), de Luiz Maria da Silva Pinto. Publicado na cidade de Ouro Preto, Minas Gerais, na Typografia
Page 51: A TERMINOLOGIA NÁUTICA NO DICCIONARIO DA LINGUA … · Diccionario da Lingua Brasileira (DLB), de Luiz Maria da Silva Pinto. Publicado na cidade de Ouro Preto, Minas Gerais, na Typografia
Page 52: A TERMINOLOGIA NÁUTICA NO DICCIONARIO DA LINGUA … · Diccionario da Lingua Brasileira (DLB), de Luiz Maria da Silva Pinto. Publicado na cidade de Ouro Preto, Minas Gerais, na Typografia
Page 53: A TERMINOLOGIA NÁUTICA NO DICCIONARIO DA LINGUA … · Diccionario da Lingua Brasileira (DLB), de Luiz Maria da Silva Pinto. Publicado na cidade de Ouro Preto, Minas Gerais, na Typografia
Page 54: A TERMINOLOGIA NÁUTICA NO DICCIONARIO DA LINGUA … · Diccionario da Lingua Brasileira (DLB), de Luiz Maria da Silva Pinto. Publicado na cidade de Ouro Preto, Minas Gerais, na Typografia
Page 55: A TERMINOLOGIA NÁUTICA NO DICCIONARIO DA LINGUA … · Diccionario da Lingua Brasileira (DLB), de Luiz Maria da Silva Pinto. Publicado na cidade de Ouro Preto, Minas Gerais, na Typografia
Page 56: A TERMINOLOGIA NÁUTICA NO DICCIONARIO DA LINGUA … · Diccionario da Lingua Brasileira (DLB), de Luiz Maria da Silva Pinto. Publicado na cidade de Ouro Preto, Minas Gerais, na Typografia
Page 57: A TERMINOLOGIA NÁUTICA NO DICCIONARIO DA LINGUA … · Diccionario da Lingua Brasileira (DLB), de Luiz Maria da Silva Pinto. Publicado na cidade de Ouro Preto, Minas Gerais, na Typografia
Page 58: A TERMINOLOGIA NÁUTICA NO DICCIONARIO DA LINGUA … · Diccionario da Lingua Brasileira (DLB), de Luiz Maria da Silva Pinto. Publicado na cidade de Ouro Preto, Minas Gerais, na Typografia
Page 59: A TERMINOLOGIA NÁUTICA NO DICCIONARIO DA LINGUA … · Diccionario da Lingua Brasileira (DLB), de Luiz Maria da Silva Pinto. Publicado na cidade de Ouro Preto, Minas Gerais, na Typografia
Page 60: A TERMINOLOGIA NÁUTICA NO DICCIONARIO DA LINGUA … · Diccionario da Lingua Brasileira (DLB), de Luiz Maria da Silva Pinto. Publicado na cidade de Ouro Preto, Minas Gerais, na Typografia
Page 61: A TERMINOLOGIA NÁUTICA NO DICCIONARIO DA LINGUA … · Diccionario da Lingua Brasileira (DLB), de Luiz Maria da Silva Pinto. Publicado na cidade de Ouro Preto, Minas Gerais, na Typografia
Page 62: A TERMINOLOGIA NÁUTICA NO DICCIONARIO DA LINGUA … · Diccionario da Lingua Brasileira (DLB), de Luiz Maria da Silva Pinto. Publicado na cidade de Ouro Preto, Minas Gerais, na Typografia
Page 63: A TERMINOLOGIA NÁUTICA NO DICCIONARIO DA LINGUA … · Diccionario da Lingua Brasileira (DLB), de Luiz Maria da Silva Pinto. Publicado na cidade de Ouro Preto, Minas Gerais, na Typografia
Page 64: A TERMINOLOGIA NÁUTICA NO DICCIONARIO DA LINGUA … · Diccionario da Lingua Brasileira (DLB), de Luiz Maria da Silva Pinto. Publicado na cidade de Ouro Preto, Minas Gerais, na Typografia
Page 65: A TERMINOLOGIA NÁUTICA NO DICCIONARIO DA LINGUA … · Diccionario da Lingua Brasileira (DLB), de Luiz Maria da Silva Pinto. Publicado na cidade de Ouro Preto, Minas Gerais, na Typografia
Page 66: A TERMINOLOGIA NÁUTICA NO DICCIONARIO DA LINGUA … · Diccionario da Lingua Brasileira (DLB), de Luiz Maria da Silva Pinto. Publicado na cidade de Ouro Preto, Minas Gerais, na Typografia
Page 67: A TERMINOLOGIA NÁUTICA NO DICCIONARIO DA LINGUA … · Diccionario da Lingua Brasileira (DLB), de Luiz Maria da Silva Pinto. Publicado na cidade de Ouro Preto, Minas Gerais, na Typografia
Page 68: A TERMINOLOGIA NÁUTICA NO DICCIONARIO DA LINGUA … · Diccionario da Lingua Brasileira (DLB), de Luiz Maria da Silva Pinto. Publicado na cidade de Ouro Preto, Minas Gerais, na Typografia
Page 69: A TERMINOLOGIA NÁUTICA NO DICCIONARIO DA LINGUA … · Diccionario da Lingua Brasileira (DLB), de Luiz Maria da Silva Pinto. Publicado na cidade de Ouro Preto, Minas Gerais, na Typografia
Page 70: A TERMINOLOGIA NÁUTICA NO DICCIONARIO DA LINGUA … · Diccionario da Lingua Brasileira (DLB), de Luiz Maria da Silva Pinto. Publicado na cidade de Ouro Preto, Minas Gerais, na Typografia
Page 71: A TERMINOLOGIA NÁUTICA NO DICCIONARIO DA LINGUA … · Diccionario da Lingua Brasileira (DLB), de Luiz Maria da Silva Pinto. Publicado na cidade de Ouro Preto, Minas Gerais, na Typografia
Page 72: A TERMINOLOGIA NÁUTICA NO DICCIONARIO DA LINGUA … · Diccionario da Lingua Brasileira (DLB), de Luiz Maria da Silva Pinto. Publicado na cidade de Ouro Preto, Minas Gerais, na Typografia
Page 73: A TERMINOLOGIA NÁUTICA NO DICCIONARIO DA LINGUA … · Diccionario da Lingua Brasileira (DLB), de Luiz Maria da Silva Pinto. Publicado na cidade de Ouro Preto, Minas Gerais, na Typografia
Page 74: A TERMINOLOGIA NÁUTICA NO DICCIONARIO DA LINGUA … · Diccionario da Lingua Brasileira (DLB), de Luiz Maria da Silva Pinto. Publicado na cidade de Ouro Preto, Minas Gerais, na Typografia
Page 75: A TERMINOLOGIA NÁUTICA NO DICCIONARIO DA LINGUA … · Diccionario da Lingua Brasileira (DLB), de Luiz Maria da Silva Pinto. Publicado na cidade de Ouro Preto, Minas Gerais, na Typografia
Page 76: A TERMINOLOGIA NÁUTICA NO DICCIONARIO DA LINGUA … · Diccionario da Lingua Brasileira (DLB), de Luiz Maria da Silva Pinto. Publicado na cidade de Ouro Preto, Minas Gerais, na Typografia
Page 77: A TERMINOLOGIA NÁUTICA NO DICCIONARIO DA LINGUA … · Diccionario da Lingua Brasileira (DLB), de Luiz Maria da Silva Pinto. Publicado na cidade de Ouro Preto, Minas Gerais, na Typografia
Page 78: A TERMINOLOGIA NÁUTICA NO DICCIONARIO DA LINGUA … · Diccionario da Lingua Brasileira (DLB), de Luiz Maria da Silva Pinto. Publicado na cidade de Ouro Preto, Minas Gerais, na Typografia
Page 79: A TERMINOLOGIA NÁUTICA NO DICCIONARIO DA LINGUA … · Diccionario da Lingua Brasileira (DLB), de Luiz Maria da Silva Pinto. Publicado na cidade de Ouro Preto, Minas Gerais, na Typografia
Page 80: A TERMINOLOGIA NÁUTICA NO DICCIONARIO DA LINGUA … · Diccionario da Lingua Brasileira (DLB), de Luiz Maria da Silva Pinto. Publicado na cidade de Ouro Preto, Minas Gerais, na Typografia
Page 81: A TERMINOLOGIA NÁUTICA NO DICCIONARIO DA LINGUA … · Diccionario da Lingua Brasileira (DLB), de Luiz Maria da Silva Pinto. Publicado na cidade de Ouro Preto, Minas Gerais, na Typografia
Page 82: A TERMINOLOGIA NÁUTICA NO DICCIONARIO DA LINGUA … · Diccionario da Lingua Brasileira (DLB), de Luiz Maria da Silva Pinto. Publicado na cidade de Ouro Preto, Minas Gerais, na Typografia
Page 83: A TERMINOLOGIA NÁUTICA NO DICCIONARIO DA LINGUA … · Diccionario da Lingua Brasileira (DLB), de Luiz Maria da Silva Pinto. Publicado na cidade de Ouro Preto, Minas Gerais, na Typografia
Page 84: A TERMINOLOGIA NÁUTICA NO DICCIONARIO DA LINGUA … · Diccionario da Lingua Brasileira (DLB), de Luiz Maria da Silva Pinto. Publicado na cidade de Ouro Preto, Minas Gerais, na Typografia
Page 85: A TERMINOLOGIA NÁUTICA NO DICCIONARIO DA LINGUA … · Diccionario da Lingua Brasileira (DLB), de Luiz Maria da Silva Pinto. Publicado na cidade de Ouro Preto, Minas Gerais, na Typografia
Page 86: A TERMINOLOGIA NÁUTICA NO DICCIONARIO DA LINGUA … · Diccionario da Lingua Brasileira (DLB), de Luiz Maria da Silva Pinto. Publicado na cidade de Ouro Preto, Minas Gerais, na Typografia
Page 87: A TERMINOLOGIA NÁUTICA NO DICCIONARIO DA LINGUA … · Diccionario da Lingua Brasileira (DLB), de Luiz Maria da Silva Pinto. Publicado na cidade de Ouro Preto, Minas Gerais, na Typografia
Page 88: A TERMINOLOGIA NÁUTICA NO DICCIONARIO DA LINGUA … · Diccionario da Lingua Brasileira (DLB), de Luiz Maria da Silva Pinto. Publicado na cidade de Ouro Preto, Minas Gerais, na Typografia
Page 89: A TERMINOLOGIA NÁUTICA NO DICCIONARIO DA LINGUA … · Diccionario da Lingua Brasileira (DLB), de Luiz Maria da Silva Pinto. Publicado na cidade de Ouro Preto, Minas Gerais, na Typografia
Page 90: A TERMINOLOGIA NÁUTICA NO DICCIONARIO DA LINGUA … · Diccionario da Lingua Brasileira (DLB), de Luiz Maria da Silva Pinto. Publicado na cidade de Ouro Preto, Minas Gerais, na Typografia
Page 91: A TERMINOLOGIA NÁUTICA NO DICCIONARIO DA LINGUA … · Diccionario da Lingua Brasileira (DLB), de Luiz Maria da Silva Pinto. Publicado na cidade de Ouro Preto, Minas Gerais, na Typografia
Page 92: A TERMINOLOGIA NÁUTICA NO DICCIONARIO DA LINGUA … · Diccionario da Lingua Brasileira (DLB), de Luiz Maria da Silva Pinto. Publicado na cidade de Ouro Preto, Minas Gerais, na Typografia
Page 93: A TERMINOLOGIA NÁUTICA NO DICCIONARIO DA LINGUA … · Diccionario da Lingua Brasileira (DLB), de Luiz Maria da Silva Pinto. Publicado na cidade de Ouro Preto, Minas Gerais, na Typografia
Page 94: A TERMINOLOGIA NÁUTICA NO DICCIONARIO DA LINGUA … · Diccionario da Lingua Brasileira (DLB), de Luiz Maria da Silva Pinto. Publicado na cidade de Ouro Preto, Minas Gerais, na Typografia
Page 95: A TERMINOLOGIA NÁUTICA NO DICCIONARIO DA LINGUA … · Diccionario da Lingua Brasileira (DLB), de Luiz Maria da Silva Pinto. Publicado na cidade de Ouro Preto, Minas Gerais, na Typografia
Page 96: A TERMINOLOGIA NÁUTICA NO DICCIONARIO DA LINGUA … · Diccionario da Lingua Brasileira (DLB), de Luiz Maria da Silva Pinto. Publicado na cidade de Ouro Preto, Minas Gerais, na Typografia
Page 97: A TERMINOLOGIA NÁUTICA NO DICCIONARIO DA LINGUA … · Diccionario da Lingua Brasileira (DLB), de Luiz Maria da Silva Pinto. Publicado na cidade de Ouro Preto, Minas Gerais, na Typografia
Page 98: A TERMINOLOGIA NÁUTICA NO DICCIONARIO DA LINGUA … · Diccionario da Lingua Brasileira (DLB), de Luiz Maria da Silva Pinto. Publicado na cidade de Ouro Preto, Minas Gerais, na Typografia
Page 99: A TERMINOLOGIA NÁUTICA NO DICCIONARIO DA LINGUA … · Diccionario da Lingua Brasileira (DLB), de Luiz Maria da Silva Pinto. Publicado na cidade de Ouro Preto, Minas Gerais, na Typografia
Page 100: A TERMINOLOGIA NÁUTICA NO DICCIONARIO DA LINGUA … · Diccionario da Lingua Brasileira (DLB), de Luiz Maria da Silva Pinto. Publicado na cidade de Ouro Preto, Minas Gerais, na Typografia
Page 101: A TERMINOLOGIA NÁUTICA NO DICCIONARIO DA LINGUA … · Diccionario da Lingua Brasileira (DLB), de Luiz Maria da Silva Pinto. Publicado na cidade de Ouro Preto, Minas Gerais, na Typografia
Page 102: A TERMINOLOGIA NÁUTICA NO DICCIONARIO DA LINGUA … · Diccionario da Lingua Brasileira (DLB), de Luiz Maria da Silva Pinto. Publicado na cidade de Ouro Preto, Minas Gerais, na Typografia
Page 103: A TERMINOLOGIA NÁUTICA NO DICCIONARIO DA LINGUA … · Diccionario da Lingua Brasileira (DLB), de Luiz Maria da Silva Pinto. Publicado na cidade de Ouro Preto, Minas Gerais, na Typografia
Page 104: A TERMINOLOGIA NÁUTICA NO DICCIONARIO DA LINGUA … · Diccionario da Lingua Brasileira (DLB), de Luiz Maria da Silva Pinto. Publicado na cidade de Ouro Preto, Minas Gerais, na Typografia
Page 105: A TERMINOLOGIA NÁUTICA NO DICCIONARIO DA LINGUA … · Diccionario da Lingua Brasileira (DLB), de Luiz Maria da Silva Pinto. Publicado na cidade de Ouro Preto, Minas Gerais, na Typografia
Page 106: A TERMINOLOGIA NÁUTICA NO DICCIONARIO DA LINGUA … · Diccionario da Lingua Brasileira (DLB), de Luiz Maria da Silva Pinto. Publicado na cidade de Ouro Preto, Minas Gerais, na Typografia
Page 107: A TERMINOLOGIA NÁUTICA NO DICCIONARIO DA LINGUA … · Diccionario da Lingua Brasileira (DLB), de Luiz Maria da Silva Pinto. Publicado na cidade de Ouro Preto, Minas Gerais, na Typografia
Page 108: A TERMINOLOGIA NÁUTICA NO DICCIONARIO DA LINGUA … · Diccionario da Lingua Brasileira (DLB), de Luiz Maria da Silva Pinto. Publicado na cidade de Ouro Preto, Minas Gerais, na Typografia
Page 109: A TERMINOLOGIA NÁUTICA NO DICCIONARIO DA LINGUA … · Diccionario da Lingua Brasileira (DLB), de Luiz Maria da Silva Pinto. Publicado na cidade de Ouro Preto, Minas Gerais, na Typografia
Page 110: A TERMINOLOGIA NÁUTICA NO DICCIONARIO DA LINGUA … · Diccionario da Lingua Brasileira (DLB), de Luiz Maria da Silva Pinto. Publicado na cidade de Ouro Preto, Minas Gerais, na Typografia
Page 111: A TERMINOLOGIA NÁUTICA NO DICCIONARIO DA LINGUA … · Diccionario da Lingua Brasileira (DLB), de Luiz Maria da Silva Pinto. Publicado na cidade de Ouro Preto, Minas Gerais, na Typografia
Page 112: A TERMINOLOGIA NÁUTICA NO DICCIONARIO DA LINGUA … · Diccionario da Lingua Brasileira (DLB), de Luiz Maria da Silva Pinto. Publicado na cidade de Ouro Preto, Minas Gerais, na Typografia
Page 113: A TERMINOLOGIA NÁUTICA NO DICCIONARIO DA LINGUA … · Diccionario da Lingua Brasileira (DLB), de Luiz Maria da Silva Pinto. Publicado na cidade de Ouro Preto, Minas Gerais, na Typografia
Page 114: A TERMINOLOGIA NÁUTICA NO DICCIONARIO DA LINGUA … · Diccionario da Lingua Brasileira (DLB), de Luiz Maria da Silva Pinto. Publicado na cidade de Ouro Preto, Minas Gerais, na Typografia
Page 115: A TERMINOLOGIA NÁUTICA NO DICCIONARIO DA LINGUA … · Diccionario da Lingua Brasileira (DLB), de Luiz Maria da Silva Pinto. Publicado na cidade de Ouro Preto, Minas Gerais, na Typografia
Page 116: A TERMINOLOGIA NÁUTICA NO DICCIONARIO DA LINGUA … · Diccionario da Lingua Brasileira (DLB), de Luiz Maria da Silva Pinto. Publicado na cidade de Ouro Preto, Minas Gerais, na Typografia
Page 117: A TERMINOLOGIA NÁUTICA NO DICCIONARIO DA LINGUA … · Diccionario da Lingua Brasileira (DLB), de Luiz Maria da Silva Pinto. Publicado na cidade de Ouro Preto, Minas Gerais, na Typografia
Page 118: A TERMINOLOGIA NÁUTICA NO DICCIONARIO DA LINGUA … · Diccionario da Lingua Brasileira (DLB), de Luiz Maria da Silva Pinto. Publicado na cidade de Ouro Preto, Minas Gerais, na Typografia
Page 119: A TERMINOLOGIA NÁUTICA NO DICCIONARIO DA LINGUA … · Diccionario da Lingua Brasileira (DLB), de Luiz Maria da Silva Pinto. Publicado na cidade de Ouro Preto, Minas Gerais, na Typografia
Page 120: A TERMINOLOGIA NÁUTICA NO DICCIONARIO DA LINGUA … · Diccionario da Lingua Brasileira (DLB), de Luiz Maria da Silva Pinto. Publicado na cidade de Ouro Preto, Minas Gerais, na Typografia
Page 121: A TERMINOLOGIA NÁUTICA NO DICCIONARIO DA LINGUA … · Diccionario da Lingua Brasileira (DLB), de Luiz Maria da Silva Pinto. Publicado na cidade de Ouro Preto, Minas Gerais, na Typografia
Page 122: A TERMINOLOGIA NÁUTICA NO DICCIONARIO DA LINGUA … · Diccionario da Lingua Brasileira (DLB), de Luiz Maria da Silva Pinto. Publicado na cidade de Ouro Preto, Minas Gerais, na Typografia
Page 123: A TERMINOLOGIA NÁUTICA NO DICCIONARIO DA LINGUA … · Diccionario da Lingua Brasileira (DLB), de Luiz Maria da Silva Pinto. Publicado na cidade de Ouro Preto, Minas Gerais, na Typografia
Page 124: A TERMINOLOGIA NÁUTICA NO DICCIONARIO DA LINGUA … · Diccionario da Lingua Brasileira (DLB), de Luiz Maria da Silva Pinto. Publicado na cidade de Ouro Preto, Minas Gerais, na Typografia
Page 125: A TERMINOLOGIA NÁUTICA NO DICCIONARIO DA LINGUA … · Diccionario da Lingua Brasileira (DLB), de Luiz Maria da Silva Pinto. Publicado na cidade de Ouro Preto, Minas Gerais, na Typografia
Page 126: A TERMINOLOGIA NÁUTICA NO DICCIONARIO DA LINGUA … · Diccionario da Lingua Brasileira (DLB), de Luiz Maria da Silva Pinto. Publicado na cidade de Ouro Preto, Minas Gerais, na Typografia
Page 127: A TERMINOLOGIA NÁUTICA NO DICCIONARIO DA LINGUA … · Diccionario da Lingua Brasileira (DLB), de Luiz Maria da Silva Pinto. Publicado na cidade de Ouro Preto, Minas Gerais, na Typografia
Page 128: A TERMINOLOGIA NÁUTICA NO DICCIONARIO DA LINGUA … · Diccionario da Lingua Brasileira (DLB), de Luiz Maria da Silva Pinto. Publicado na cidade de Ouro Preto, Minas Gerais, na Typografia
Page 129: A TERMINOLOGIA NÁUTICA NO DICCIONARIO DA LINGUA … · Diccionario da Lingua Brasileira (DLB), de Luiz Maria da Silva Pinto. Publicado na cidade de Ouro Preto, Minas Gerais, na Typografia
Page 130: A TERMINOLOGIA NÁUTICA NO DICCIONARIO DA LINGUA … · Diccionario da Lingua Brasileira (DLB), de Luiz Maria da Silva Pinto. Publicado na cidade de Ouro Preto, Minas Gerais, na Typografia
Page 131: A TERMINOLOGIA NÁUTICA NO DICCIONARIO DA LINGUA … · Diccionario da Lingua Brasileira (DLB), de Luiz Maria da Silva Pinto. Publicado na cidade de Ouro Preto, Minas Gerais, na Typografia
Page 132: A TERMINOLOGIA NÁUTICA NO DICCIONARIO DA LINGUA … · Diccionario da Lingua Brasileira (DLB), de Luiz Maria da Silva Pinto. Publicado na cidade de Ouro Preto, Minas Gerais, na Typografia
Page 133: A TERMINOLOGIA NÁUTICA NO DICCIONARIO DA LINGUA … · Diccionario da Lingua Brasileira (DLB), de Luiz Maria da Silva Pinto. Publicado na cidade de Ouro Preto, Minas Gerais, na Typografia
Page 134: A TERMINOLOGIA NÁUTICA NO DICCIONARIO DA LINGUA … · Diccionario da Lingua Brasileira (DLB), de Luiz Maria da Silva Pinto. Publicado na cidade de Ouro Preto, Minas Gerais, na Typografia
Page 135: A TERMINOLOGIA NÁUTICA NO DICCIONARIO DA LINGUA … · Diccionario da Lingua Brasileira (DLB), de Luiz Maria da Silva Pinto. Publicado na cidade de Ouro Preto, Minas Gerais, na Typografia
Page 136: A TERMINOLOGIA NÁUTICA NO DICCIONARIO DA LINGUA … · Diccionario da Lingua Brasileira (DLB), de Luiz Maria da Silva Pinto. Publicado na cidade de Ouro Preto, Minas Gerais, na Typografia
Page 137: A TERMINOLOGIA NÁUTICA NO DICCIONARIO DA LINGUA … · Diccionario da Lingua Brasileira (DLB), de Luiz Maria da Silva Pinto. Publicado na cidade de Ouro Preto, Minas Gerais, na Typografia
Page 138: A TERMINOLOGIA NÁUTICA NO DICCIONARIO DA LINGUA … · Diccionario da Lingua Brasileira (DLB), de Luiz Maria da Silva Pinto. Publicado na cidade de Ouro Preto, Minas Gerais, na Typografia
Page 139: A TERMINOLOGIA NÁUTICA NO DICCIONARIO DA LINGUA … · Diccionario da Lingua Brasileira (DLB), de Luiz Maria da Silva Pinto. Publicado na cidade de Ouro Preto, Minas Gerais, na Typografia
Page 140: A TERMINOLOGIA NÁUTICA NO DICCIONARIO DA LINGUA … · Diccionario da Lingua Brasileira (DLB), de Luiz Maria da Silva Pinto. Publicado na cidade de Ouro Preto, Minas Gerais, na Typografia
Page 141: A TERMINOLOGIA NÁUTICA NO DICCIONARIO DA LINGUA … · Diccionario da Lingua Brasileira (DLB), de Luiz Maria da Silva Pinto. Publicado na cidade de Ouro Preto, Minas Gerais, na Typografia
Page 142: A TERMINOLOGIA NÁUTICA NO DICCIONARIO DA LINGUA … · Diccionario da Lingua Brasileira (DLB), de Luiz Maria da Silva Pinto. Publicado na cidade de Ouro Preto, Minas Gerais, na Typografia
Page 143: A TERMINOLOGIA NÁUTICA NO DICCIONARIO DA LINGUA … · Diccionario da Lingua Brasileira (DLB), de Luiz Maria da Silva Pinto. Publicado na cidade de Ouro Preto, Minas Gerais, na Typografia
Page 144: A TERMINOLOGIA NÁUTICA NO DICCIONARIO DA LINGUA … · Diccionario da Lingua Brasileira (DLB), de Luiz Maria da Silva Pinto. Publicado na cidade de Ouro Preto, Minas Gerais, na Typografia
Page 145: A TERMINOLOGIA NÁUTICA NO DICCIONARIO DA LINGUA … · Diccionario da Lingua Brasileira (DLB), de Luiz Maria da Silva Pinto. Publicado na cidade de Ouro Preto, Minas Gerais, na Typografia
Page 146: A TERMINOLOGIA NÁUTICA NO DICCIONARIO DA LINGUA … · Diccionario da Lingua Brasileira (DLB), de Luiz Maria da Silva Pinto. Publicado na cidade de Ouro Preto, Minas Gerais, na Typografia
Page 147: A TERMINOLOGIA NÁUTICA NO DICCIONARIO DA LINGUA … · Diccionario da Lingua Brasileira (DLB), de Luiz Maria da Silva Pinto. Publicado na cidade de Ouro Preto, Minas Gerais, na Typografia
Page 148: A TERMINOLOGIA NÁUTICA NO DICCIONARIO DA LINGUA … · Diccionario da Lingua Brasileira (DLB), de Luiz Maria da Silva Pinto. Publicado na cidade de Ouro Preto, Minas Gerais, na Typografia
Page 149: A TERMINOLOGIA NÁUTICA NO DICCIONARIO DA LINGUA … · Diccionario da Lingua Brasileira (DLB), de Luiz Maria da Silva Pinto. Publicado na cidade de Ouro Preto, Minas Gerais, na Typografia
Page 150: A TERMINOLOGIA NÁUTICA NO DICCIONARIO DA LINGUA … · Diccionario da Lingua Brasileira (DLB), de Luiz Maria da Silva Pinto. Publicado na cidade de Ouro Preto, Minas Gerais, na Typografia
Page 151: A TERMINOLOGIA NÁUTICA NO DICCIONARIO DA LINGUA … · Diccionario da Lingua Brasileira (DLB), de Luiz Maria da Silva Pinto. Publicado na cidade de Ouro Preto, Minas Gerais, na Typografia
Page 152: A TERMINOLOGIA NÁUTICA NO DICCIONARIO DA LINGUA … · Diccionario da Lingua Brasileira (DLB), de Luiz Maria da Silva Pinto. Publicado na cidade de Ouro Preto, Minas Gerais, na Typografia
Page 153: A TERMINOLOGIA NÁUTICA NO DICCIONARIO DA LINGUA … · Diccionario da Lingua Brasileira (DLB), de Luiz Maria da Silva Pinto. Publicado na cidade de Ouro Preto, Minas Gerais, na Typografia
Page 154: A TERMINOLOGIA NÁUTICA NO DICCIONARIO DA LINGUA … · Diccionario da Lingua Brasileira (DLB), de Luiz Maria da Silva Pinto. Publicado na cidade de Ouro Preto, Minas Gerais, na Typografia
Page 155: A TERMINOLOGIA NÁUTICA NO DICCIONARIO DA LINGUA … · Diccionario da Lingua Brasileira (DLB), de Luiz Maria da Silva Pinto. Publicado na cidade de Ouro Preto, Minas Gerais, na Typografia
Page 156: A TERMINOLOGIA NÁUTICA NO DICCIONARIO DA LINGUA … · Diccionario da Lingua Brasileira (DLB), de Luiz Maria da Silva Pinto. Publicado na cidade de Ouro Preto, Minas Gerais, na Typografia
Page 157: A TERMINOLOGIA NÁUTICA NO DICCIONARIO DA LINGUA … · Diccionario da Lingua Brasileira (DLB), de Luiz Maria da Silva Pinto. Publicado na cidade de Ouro Preto, Minas Gerais, na Typografia
Page 158: A TERMINOLOGIA NÁUTICA NO DICCIONARIO DA LINGUA … · Diccionario da Lingua Brasileira (DLB), de Luiz Maria da Silva Pinto. Publicado na cidade de Ouro Preto, Minas Gerais, na Typografia
Page 159: A TERMINOLOGIA NÁUTICA NO DICCIONARIO DA LINGUA … · Diccionario da Lingua Brasileira (DLB), de Luiz Maria da Silva Pinto. Publicado na cidade de Ouro Preto, Minas Gerais, na Typografia
Page 160: A TERMINOLOGIA NÁUTICA NO DICCIONARIO DA LINGUA … · Diccionario da Lingua Brasileira (DLB), de Luiz Maria da Silva Pinto. Publicado na cidade de Ouro Preto, Minas Gerais, na Typografia
Page 161: A TERMINOLOGIA NÁUTICA NO DICCIONARIO DA LINGUA … · Diccionario da Lingua Brasileira (DLB), de Luiz Maria da Silva Pinto. Publicado na cidade de Ouro Preto, Minas Gerais, na Typografia
Page 162: A TERMINOLOGIA NÁUTICA NO DICCIONARIO DA LINGUA … · Diccionario da Lingua Brasileira (DLB), de Luiz Maria da Silva Pinto. Publicado na cidade de Ouro Preto, Minas Gerais, na Typografia
Page 163: A TERMINOLOGIA NÁUTICA NO DICCIONARIO DA LINGUA … · Diccionario da Lingua Brasileira (DLB), de Luiz Maria da Silva Pinto. Publicado na cidade de Ouro Preto, Minas Gerais, na Typografia
Page 164: A TERMINOLOGIA NÁUTICA NO DICCIONARIO DA LINGUA … · Diccionario da Lingua Brasileira (DLB), de Luiz Maria da Silva Pinto. Publicado na cidade de Ouro Preto, Minas Gerais, na Typografia
Page 165: A TERMINOLOGIA NÁUTICA NO DICCIONARIO DA LINGUA … · Diccionario da Lingua Brasileira (DLB), de Luiz Maria da Silva Pinto. Publicado na cidade de Ouro Preto, Minas Gerais, na Typografia
Page 166: A TERMINOLOGIA NÁUTICA NO DICCIONARIO DA LINGUA … · Diccionario da Lingua Brasileira (DLB), de Luiz Maria da Silva Pinto. Publicado na cidade de Ouro Preto, Minas Gerais, na Typografia
Page 167: A TERMINOLOGIA NÁUTICA NO DICCIONARIO DA LINGUA … · Diccionario da Lingua Brasileira (DLB), de Luiz Maria da Silva Pinto. Publicado na cidade de Ouro Preto, Minas Gerais, na Typografia
Page 168: A TERMINOLOGIA NÁUTICA NO DICCIONARIO DA LINGUA … · Diccionario da Lingua Brasileira (DLB), de Luiz Maria da Silva Pinto. Publicado na cidade de Ouro Preto, Minas Gerais, na Typografia
Page 169: A TERMINOLOGIA NÁUTICA NO DICCIONARIO DA LINGUA … · Diccionario da Lingua Brasileira (DLB), de Luiz Maria da Silva Pinto. Publicado na cidade de Ouro Preto, Minas Gerais, na Typografia
Page 170: A TERMINOLOGIA NÁUTICA NO DICCIONARIO DA LINGUA … · Diccionario da Lingua Brasileira (DLB), de Luiz Maria da Silva Pinto. Publicado na cidade de Ouro Preto, Minas Gerais, na Typografia
Page 171: A TERMINOLOGIA NÁUTICA NO DICCIONARIO DA LINGUA … · Diccionario da Lingua Brasileira (DLB), de Luiz Maria da Silva Pinto. Publicado na cidade de Ouro Preto, Minas Gerais, na Typografia
Page 172: A TERMINOLOGIA NÁUTICA NO DICCIONARIO DA LINGUA … · Diccionario da Lingua Brasileira (DLB), de Luiz Maria da Silva Pinto. Publicado na cidade de Ouro Preto, Minas Gerais, na Typografia
Page 173: A TERMINOLOGIA NÁUTICA NO DICCIONARIO DA LINGUA … · Diccionario da Lingua Brasileira (DLB), de Luiz Maria da Silva Pinto. Publicado na cidade de Ouro Preto, Minas Gerais, na Typografia
Page 174: A TERMINOLOGIA NÁUTICA NO DICCIONARIO DA LINGUA … · Diccionario da Lingua Brasileira (DLB), de Luiz Maria da Silva Pinto. Publicado na cidade de Ouro Preto, Minas Gerais, na Typografia
Page 175: A TERMINOLOGIA NÁUTICA NO DICCIONARIO DA LINGUA … · Diccionario da Lingua Brasileira (DLB), de Luiz Maria da Silva Pinto. Publicado na cidade de Ouro Preto, Minas Gerais, na Typografia
Page 176: A TERMINOLOGIA NÁUTICA NO DICCIONARIO DA LINGUA … · Diccionario da Lingua Brasileira (DLB), de Luiz Maria da Silva Pinto. Publicado na cidade de Ouro Preto, Minas Gerais, na Typografia
Page 177: A TERMINOLOGIA NÁUTICA NO DICCIONARIO DA LINGUA … · Diccionario da Lingua Brasileira (DLB), de Luiz Maria da Silva Pinto. Publicado na cidade de Ouro Preto, Minas Gerais, na Typografia
Page 178: A TERMINOLOGIA NÁUTICA NO DICCIONARIO DA LINGUA … · Diccionario da Lingua Brasileira (DLB), de Luiz Maria da Silva Pinto. Publicado na cidade de Ouro Preto, Minas Gerais, na Typografia
Page 179: A TERMINOLOGIA NÁUTICA NO DICCIONARIO DA LINGUA … · Diccionario da Lingua Brasileira (DLB), de Luiz Maria da Silva Pinto. Publicado na cidade de Ouro Preto, Minas Gerais, na Typografia
Page 180: A TERMINOLOGIA NÁUTICA NO DICCIONARIO DA LINGUA … · Diccionario da Lingua Brasileira (DLB), de Luiz Maria da Silva Pinto. Publicado na cidade de Ouro Preto, Minas Gerais, na Typografia
Page 181: A TERMINOLOGIA NÁUTICA NO DICCIONARIO DA LINGUA … · Diccionario da Lingua Brasileira (DLB), de Luiz Maria da Silva Pinto. Publicado na cidade de Ouro Preto, Minas Gerais, na Typografia
Page 182: A TERMINOLOGIA NÁUTICA NO DICCIONARIO DA LINGUA … · Diccionario da Lingua Brasileira (DLB), de Luiz Maria da Silva Pinto. Publicado na cidade de Ouro Preto, Minas Gerais, na Typografia
Page 183: A TERMINOLOGIA NÁUTICA NO DICCIONARIO DA LINGUA … · Diccionario da Lingua Brasileira (DLB), de Luiz Maria da Silva Pinto. Publicado na cidade de Ouro Preto, Minas Gerais, na Typografia
Page 184: A TERMINOLOGIA NÁUTICA NO DICCIONARIO DA LINGUA … · Diccionario da Lingua Brasileira (DLB), de Luiz Maria da Silva Pinto. Publicado na cidade de Ouro Preto, Minas Gerais, na Typografia
Page 185: A TERMINOLOGIA NÁUTICA NO DICCIONARIO DA LINGUA … · Diccionario da Lingua Brasileira (DLB), de Luiz Maria da Silva Pinto. Publicado na cidade de Ouro Preto, Minas Gerais, na Typografia
Page 186: A TERMINOLOGIA NÁUTICA NO DICCIONARIO DA LINGUA … · Diccionario da Lingua Brasileira (DLB), de Luiz Maria da Silva Pinto. Publicado na cidade de Ouro Preto, Minas Gerais, na Typografia
Page 187: A TERMINOLOGIA NÁUTICA NO DICCIONARIO DA LINGUA … · Diccionario da Lingua Brasileira (DLB), de Luiz Maria da Silva Pinto. Publicado na cidade de Ouro Preto, Minas Gerais, na Typografia
Page 188: A TERMINOLOGIA NÁUTICA NO DICCIONARIO DA LINGUA … · Diccionario da Lingua Brasileira (DLB), de Luiz Maria da Silva Pinto. Publicado na cidade de Ouro Preto, Minas Gerais, na Typografia
Page 189: A TERMINOLOGIA NÁUTICA NO DICCIONARIO DA LINGUA … · Diccionario da Lingua Brasileira (DLB), de Luiz Maria da Silva Pinto. Publicado na cidade de Ouro Preto, Minas Gerais, na Typografia