Upload
others
View
0
Download
0
Embed Size (px)
Citation preview
UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAIBA
CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS
DEPARTAMENTO DE ECONOMIA
CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM GESTÃO PÚBLICA MUNICIPAL MODALIDADE A DISTÂNCIA
TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO
A TRANSPARÊNCIA COMO INSTRUMENTO DE COMBATE AOS DESVIOS DE
RECURSOS PÚBLICOS: um estudo de caso no município de Campina Grande - PB
Helder Luís Henriques
Pós-graduando lato sensu em Gestão Pública Municipal - UFPB
Débora Gerlane Gomes de Alcântara
Professora convidada do Departamento de Economia - UFPB
RESUMO
A Lei de Responsabilidade Fiscal( LRF), a Lei da Transparência, além dos princípios contidos
no artigo 37 da Constituição Federal consagra a transparência da gestão como mecanismo de
controle social. É indispensável, demais disto, para a redefinição do papel dos gestores
públicos, dirigirem esforços imediatos para o combate à corrupção, uma vez que os desvios de
recursos públicos constituem em uma temática que vem a cada dia preocupando a sociedade
brasileira. Sendo assim, o presente artigo tem como objetivo geral apresentar os mecanismos
de transparência adotados pelo município de Campina Grande, como meio informativo ou de
prestação de contas à população, e a sua eficácia no combate aos desvios de verbas públicas.
A pesquisa tem caráter descritivo, pois visa descrever a percepção de práticas da transparência
na Administração Pública e está baseada em fontes secundárias e primárias. No que diz
respeito ao método e a forma, a pesquisa pode ser classificada como qualitativa, pois não faz
uso de instrumental estatístico. Os resultados indicam que são aplicados no município alguns
importantes mecanismos de transparência impostos na Constituição Federal (CF), na Lei de
Responsabilidade Fiscal (LRF) e na Lei da Transparência, notadamente no que importa a
publicidade. O orçamento participativo é apontado como uma das formas mais frequentes de
acesso às demandas da sociedade, assim como o Portal da Transparência, onde existe uma
ouvidoria virtual, muito embora a participação da sociedade não seja sentida de forma plena e
satisfatória. As ações de transparência, levadas a efeito pelo município leva a conclusão de
que são importantes ao menos como meio inibidor dos atos de improbidade e principalmente
desvios de recursos públicos.
Palavras-chave: Lei de Responsabilidade Fiscal. Lei da Transparência. Recursos públicos.
Corrupção.
2
1 INTRODUÇÃO
A promulgação da Constituição da República Federativa do Brasil de 1988, entre
outros princípios da administração pública, trouxe em seu texto o princípio da publicidade,
visando sobretudo a transparência no trato das contas públicas.
Os municípios, após a Constituição Federal (CF), assumiram significativa parcela de
competência em virtude do princípio do pacto federativo, tendo em vista o artigo 30
estabelecer que compete aos municípios instituir e arrecadar os tributos de sua competência,
assim como aplicar suas rendas, sem prejuízo da obrigatoriedade de prestar contas e publicar
balancetes nos prazos fixados em lei. Nesse contexto visa o constituinte a transparência das
contas públicas.
Demais disto, todos os atos da Administração Pública direta ou indireta obedecerá ao
princípio da publicidade, conforme elenca o artigo 37 da CF. Nesse horizonte de mudanças de
paradigmas, a nova gestão pública traduziu um novo comportamento no trato dos gastos
públicos sob o pálio da transparência, cujo principal foco reside na participação democrática e
no exercício de cidadania, objetivando o controle dos gastos e combate no desvio de recursos
públicos.
A Constituição Federal, no seu artigo 5º, XXXIII, prescreve que todas as pessoas têm
direito a receber dos órgãos públicos informações de seu interesse particular ou de interesse
coletivo, com exceção das situações resguardadas por sigilo imprescindível à segurança da
sociedade e do Estado. Desta forma, o Brasil está cada vez mais fortalecendo suas instituições
responsáveis no combate à corrupção.
Por seu turno, o controle social, o controle jurisdiconal, além do controle interno,
realizado por órgãos da própria administração, e externo, levado a efeito pelo Parlamento e
pelo Tribunal de Contas na Administração Pública, são de suma importância no sentido de
promover a transaprência e acompanhamento no uso correto das verbas públicas, não obstante
sermos um país que possui uma das mais altas arrecadações de impostos do mundo,
precisando melhorar a fiscalização e mudar velhas práticas corruptas que emperram o nosso
desenvolvimento local, com mais oportunidades e qualidade de vida da população.
A Lei Complementar 101, de 04 de maio de 2000, denominada Lei de
Responsabilidade Fiscal (LRF), consagra a transparência da gestão financeira como
mecanismo de controle social, correspondendo na atualidade importante ferramenta para o
controle e acompanhamento do correto destino dos recursos públicos na seara dos municípios,
3
bem como dos demais entes federativos. Sucedeu-se, então, a Lei Complementar 131, de 27
de maio de 2009, conhecida como Lei da Transparência, a qual garante o acesso dos cidadãos
às contas públicas.
Os desvios de recursos públicos constituem em uma temática que vem preocupando a
sociedade brasileira em razão dos maus políticos que comandam a gestão pública. Na
Paraíba, vários municípios tem sido alvo de denúncias por atos de improbidade
administrativa, sendo assim, com o propósito de produzir um estudo de caso, o presente artigo
busca verificar os efeitos da implantação da LRF e a transparência na gestão da coisa pública
em relação ao município de Campina Grande.
Diante dos fatos, questiona-se: os mecanismos de transparência impostos na
Constituição Federal (CF) e na Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) estão sendo aplicados
na gestão do município de Campina Grande?
Surge assim, a necessidade de produzir saberes específicos com referência ao combate
à corrupção que assola a administração pública, em particular, nos municípios, que após o
advento da Constituição Federal da República Federativa do Brasil de 1988 cooptaram um
leque de instrumentos jurídico-legais para o desenvolvimento local, mas que, infelizmente,
ainda de pouca repercussão em razão dos elevados índices de corrupção que paira no
panorama sócio-político-econômico.
Nesse contexto, o presente artigo tem como objetivo apresentar os mecanismos de
transparência adotados pelo município de Campina Grande, como meio informativo ou de
prestação de contas à população, e a sua eficácia no combate aos desvios de verbas públicas.
Para alcance deste objetivo geral, traçaram-se alguns objetivos específicos: verificar
como ocorre à disponibilização de informações nos moldes da Lei da Transparência;
identificar os meios de captação das demandas da sociedade, por parte dos gestores públicos;
apontar os meios de divulgação das ações e políticas públicas das respectivas secretarias
pesquisadas; e buscar opiniões dos próprios gestores sobre a atuação da LRF e Lei da
Transparência como instrumento de combate aos atos de improbidade administrativa.
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
2.1 A Nova Gestão na Administração Pública após o advento da Constituição da
República Federativa de 1988
4
Com a chamada nova ordem estabelecida com a abertura política e pelo incremento no
princípio da dignidade da pessoa humana, passou-se a ter mais atenção às condutas
democráticas direcionadas à plena satisfação do cidadão. Além disto, órgãos de fiscalização,
controle e julgamento, passaram a priorizar ações contra a prática hedionda da corrupção.
Nesse contexto, o Tribunal de Contas da União, a Controladoria Geral da União, o Ministério
Público Federal e Estadual, a Advocacia Geral da União, o Conselho Nacional de Justiça, a
Procuradoria Geral da República, a Polícia Federal, a Secretaria da Receita Federal, a Ordem
dos Advogados do Brasil, além dos Tribunais de Contas dos estados e dos municípios, são
órgãos que atuam em conjunto no enfrentamento da corrupção.
Por outro lado, a Constituição Federal conferiu aos municípios importante papel na
nossa Federação como entidade político-administrativa, dotada de autonomia política,
administrativa e financeira, todavia, ao mesmo tempo outorgou várias competências elencadas
no artigo 30, sendo a mais importante para o presente estudo o inciso III no que toca a
competência para instituir e arrecadar os tributos de sua competência, bem como aplicar suas
rendas, sem prejuízo da obrigatoriedade de prestar contas e publicar balancetes, cuja
imposição legal, na Administração Pública, é um ponto nuclear da República, porque esta se
caracteriza pela comunhão da res publica, no sentido de coisa do povo e para o povo e,
portanto, quem administra a coisa pública tem o dever ínsito de prestar contas ao povo, seu
verdadeiro titular (SILVA, 2011, p.309).
Nesse contexto a Constituição Federal traça as linhas de controle na Administração
Pública, inicialmente o controle interno previsto no artigo 74, caput e § 1º, no qual, assenta
Piscitelli (2011, p. 211) que a constatação de irregularidades ou ilegalidades na gestão
financeira deve ser imediatamente comunicada ao Tribunal de Contas da União, sob pena de
responsabilidade solidária do chefe do Poder que se omita a esse respeito.
Ainda acentua que todas as regras relativas à organização, composição e fiscalização
do Tribunal de Contas da União se aplicam aos Tribunais de Contas dos Estados e aos
Conselhos e Tribunais de Contas dos Municípios, conforme determina o artigo 75 da
Constituição Federal. No que concerne ao controle externo a Constituição Federal prescreve
em seus artigos 70 e 71 que é responsabilidade do Poder Legislativo, auxiliado pelo Tribunal
de Contas, a fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial da
União e das entidades da administração direta e indireta, no que diz respeito à legalidade,
legitimidade, economicidade, aplicação das subvenções e renúncia de receitas.
5
Convém lembrar, que um importantíssimo mecanismo de democracia é o direito de
petição, inserido no artigo 5º, letra “a”, da Constituição Federal, cujo direito surgiu na
Inglaterra, com o remédio, segundo Pinho (2011, p. 182), denominado right of petition, ou
sendo, os súditos podem encaminhar seus pedidos ao rei. Trata-se de direito de peticionar, de
formular pedidos para Administração Pública em defesa de direitos próprios ou alheios, bem
como para formular reclamações contra atos ilegais e abusivos cometidos por agentes do
Estado. Pode ser por qualquer pessoa, física ou jurídica, nacional ou estrangeira, maior ou
menor, tendo o órgão o dever de prestar esclarecimentos solicitados.
Todavia, pode-se distinguir direito de petição do direito de reclamação. O primeiro
consiste na faculdade de formular pedidos a respeito de informações de interesse particular,
coletivo o geral. Ao passo que o direito de reclamação funda-se na possibilidade de denunciar
atos abusivos cometidos por agentes públicos (PINHO, 2011, p. 182).
Mas o que vemos são direitos de obtenção de informações serem dificultadas pelas
autoridades sob a velha prática burocrática de difícil acesso às informações, devido,
sobretudo, a falta de conhecimento das pessoas quanto ao correto modo de exercer suas
prerrogativas constitucionais no que cabe a sua participação direta no controle dos gastos
públicos.
2.2 Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) – Lei Complementar 101, de 4 de maio de
2000.
Anteriormente à Lei de Responsabilidade Fiscal, predominava na Administração
Pública Brasileira o desequilíbrio fiscal, ou seja, os gastos fiscais sistematicamente maiores
que as receitas fiscais. As consequências para a sociedade foram bastante negativas,
refletindo-se em inflação descontrolada, redução dos investimentos, baixa taxa de crescimento
econômico e perda de bem estar social.
A edição da LRF representa um marco institucional para delimitar a ação dos
governantes e evitar que erros de gestão orçamentária e financeira cometidos no passado
tornem a se repetir. Seus dispositivos aplicam-se a todos os gestores de recursos públicos e a
todas as esferas de Governo, nas diversas ações, destacando-se, em particular, as regras que
visam disciplinar os níveis de endividamento e os gastos com pessoal.
De acordo com Vasconcellos (2007) a Lei consagra a transparência da gestão como
mecanismo de controle social, através dos seguintes instrumentos: a exigência da publicação
6
de relatórios; demonstrativos de execução orçamentária; e a presença, em audiência pública
na Comissão Mista de Orçamento – CMO, de autoridades econômicas, de forma a fornecer à
sociedade explicações de política e um quadro mais preciso da utilização dos recursos que são
colocados à disposição dos governantes.
A Lei de Responsabilidade Fiscal contribui para o exercício pleno da democracia, por
obrigar o administrador público – nas esferas federal, estadual e municipal – a decidir seus
gastos com responsabilidade e prover informações sobre a utilização dos recursos;
assegurando o equilíbrio das contas públicas, mediante o cumprimento de metas de resultados
entre receitas e despesas. Dessa forma o grande beneficiário da Lei é o contribuinte, que conta
com a transparência na Administração e a garantia de boa aplicação dos impostos que paga
(ibid.).
Esta Lei Complementar, que estabelece normas de finanças públicas voltadas para a
responsabilidade na gestão fiscal, com amparo no capítulo II, do Título VI, da Constituição
Federal, veio suprir, em parte, o que determina os artigos 163 e 169, da Constituição Federal.
A responsabilidade na gestão fiscal pressupõe a ação planejada e transparente, ou seja, a
atuação responsável pela arrecadação das receitas e pela realização das despesas públicas.
Conforme Vasconcellos (2007) pode-se, assim, afirmar que a LRF está firmada em
dois grandes pilares: as regras da própria Lei, ou seja, em torno de planejamentos e
transparência. Por sua vez, são objetivos da LRF: a prevenção de riscos e a correção de
desvios. Os dois objetivos visam não afetar o equilíbrio das contas públicas; para tanto,
impõe-se algumas regras a serem observadas, primeiramente o cumprimento de metas e
resultados entre receitas e despesas, obediência a limites e condições no que tange a renúncia
de receita, geração de despesas (incluindo pessoal, seguridade social e outras), dívidas
consolidadas e mobiliária, operações de crédito, inclusive por antecipação de receita,
concessão de garantia e inscrição em restos a pagar.
Referente ao campo de atuação da LRF, segundo Vasconcellos (2007) pode-se dizer
que, aplica-se à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios, sendo que, ainda,
deve-se observar o seguinte: à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios, estão
compreendidos o Poder Executivo, o Poder Legislativo, nestes abrangidos os Tribunais de
Contas, o Poder Judiciário e o Ministério Público; as respectivas administrações diretas,
fundos, autarquias, fundações e empresas estatais dependentes. Em Tribunais de Contas estão
incluídos o Tribunal de Contas da União, Tribunal de Contas do Estado e, quando houver,
Tribunal de Conta dos Municípios e Tribunal de Contas do Município.
7
Apesar do esforço de moralizar a aplicação de recursos públicos, ainda é incipiente a
aplicação da LRF, tendo em vista a existência de certos fatores presentes na sociedade
brasileira. Alguns autores apontam para o fato de que a corrupção já está inserida na tradição
e cultura brasileira; e depois por outras razões como o corporativismo na administração
pública, onde a autoridade pública deixa de exercer seu dever legal de combater a ilegalidade
ou imoralidade que ocorrem no serviço público para tirar certas vantagens; o corporativismo
também existe no Poder Judiciário que deixa de punir em troca de “favores” ou cargos na alta
cúpula deste Poder; outro fator é a posição do Tribunal de Contas que está sujeita as decisões
do Poder Legislativo, as decisões muitas vezes têm que passar por uma reavaliação do Poder
Judiciário, tornando o processo demorado; sem falar nos membros da Corte de Contas, pois o
ministro que vai julgar é escolhido por aqueles que vão ser fiscalizados, Presidente da
República e Poder Legislativo respectivamente; e por último há de considerar-se a própria
falta de aparelhamento necessário à Administração Pública para que possa concretizar as
investigações (FERREIRA FILHO, 2004).
2.3 A Transparência na Administração Pública
A transparência, termo que fez parte do texto da Declaração dos Direitos e do Cidadão
de 1789, preconizando que a sociedade tem o direito de pedir contas a todo agente público
pela administração, atualmente vem sendo o foco principal no tocante ao exercício da
cidadania na fiscalização e participação efetiva nas decisões do poder público.
Neste aspecto, a Administração Pública, de acordo com Moraes (2005), pode ser
definida objetivamente como a atividade concreta e imediata que o Estado desenvolve para a
consecução dos interesses coletivos e subjetivamente como o conjunto de órgãos e de pessoas
jurídicas, aos quais, frise-se, a lei atribui o exercício da função administrativa do Estado.
E de acordo com o Texto Constitucional, passou a ser orientada pelos princípios
informativos da Legalidade, Impessoalidade, Moralidade, Publicidade e o mais recente o da
Eficiência, este último após a Emenda Constitucional nº 19/1998, os quais, segundo Filho
(2011, p.18) revelam as diretrizes fundamentais da Administração, de modo que só se poderá
considerar válida a conduta administrativa se compatível com eles.
Nesse sentido, a LRF estabelece instrumentos pelos quais os cidadãos poderão exercer
o controle das contas públicas, e tal é possibilitado pelas vias da transparência (PISCITELLI,
2011, p. 26).
8
A LRF significou um marco na transparência da Administração Pública, pois, em seu
artigo 48, cujo dispositivo foi alterado com a edição da Lei Complementar 131, de 27 de maio
de 2009, mais conhecida como Lei da Transparência, assegura a transparência nas
informações de dois modos:
Em primeiro lugar, nos termos da previsão do caput, pela disponibilização, ao público, em
meios eletrônicos, das versões completa e simplificada das leis orçamentárias, bem como das
prestações de contas e relatórios de execução orçamentária e gestão fiscal. Trata-se de dar
acesso aos cidadãos aos documentos que embasam a realização de despesas públicas e, assim,
possibilidade de controle dos gastos (PISCITELLI, 2011, p. 26).
Acerca do segundo modo de concretização da transparência implementada pela LRF,
acrescenta:
Além de prescrever a acessibilidade de dados orçamentários aos cidadãos, o artigo 48, em seu
parágrafo único, introduzido à LRF pela Lei Complementar 131/2009, ainda garante a
transparência pública por outros meios, como: (i) incentivo à participação popular e realização
de audiências públicas durante a elaboração dos orçamentos; (ii) possibilidade de
acompanhamento da execução orçamentária e financeira, por meios eletrônicos de acesso
público; e (iii) adoção de um sistema integrado de administração financeira e controle, que, nos
termos do artigo 48-A, devera viabilizar o acompanhamento da atividade financeira realizada
pelo ente. Ao lado do artigo 48, o artigo 49 da LRF determina a disponibilização das contas do
Chefe do Poder Executivo por todo o exercício financeiro (ibid.).
Como exemplo desse meio democrático e de exercício de cidadania, cita o sistema
“Siga Brasil”, do Senado Federal, que traz informações simplificadas acerca do orçamento
público, e, ainda, o Portal da Transparência, disponibilizados pela CGU (PISCITELLI, 2011,
pp. 26-27).
A CGU também oferece importante ferramenta, o Manual de Integridade Pública e
Fortalecimento da Gestão, que traz informações para o auxílio dos prefeitos na implantação
de mecanismos de controle interno, de medidas de promoção da ética pública e o incremento
da transparência pública. Nesse pórtico, acerca da transparência como canal de acessibilidade
dos órgãos públicos, dispõe:
Promover transparência é dar condições de acesso a todas as informações sobre a
gestão pública. Uma Administração Pública transparente é aquela que funciona de
maneira aberta, sem nada às escondidas, baseada em princípios éticos e democráticos, em função da facilidade que têm os cidadãos em acessar as informações públicas [...]
Transparência é, portanto, o que permite a qualquer cidadão, saber onde, como e
porque o dinheiro público está sendo gasto (CGU, 2010)1.
Ressalte-se que a transparência se traduz num dever de todos os administradores,
objetivando a moralidade e a eficiência na Administração, nesse sentido, assenta Filho (2011):
1 Disponível em: http://www.cgu.gov.br/Publicacoes/ManualIntegridade/ManualIntegridade2010.pdf. Acesso
22/02/2012.
9
A transparência na administração pública é obrigação imposta a todos os administradores públicos, porque atuam em nome dos cidadãos, devendo velar pela
coisa pública com maior zelo que aquele que teriam na administração de seus
interesses privados. Os destinatários da administração, os administrados, têm o direito
à publicidade dos atos estatais e a possibilidade de exercer a fiscalização. O combate à
corrupção é apenas um dos aspectos da transparência, mas sequer o principal. Isto porque o direito dos administrados não se limita a fiscalizar eventual ilegalidade na
gestão pública, mas também verificar se a destinação dos recursos, além de lícita, tem
sido adequada, razoável, moral e eficiente.
Ressalte-se que a noção de transparência é mais abrangente que publicidade, uma vez
que esta, de acordo com a publicidade é o aspecto formal, de dar publicidade às informações
públicas, enquanto a transparência se materializa quando os cidadãos têm acesso e
efetivamente compreendem as informações, nesse contexto, reza o Manual de Integridade
Pública e Fortalecimento da Gestão:
A publicação mera e simples, por exemplo, de informações em linguagem
extremamente técnica, como balanços orçamentários e financeiros, exigidos pela Lei
de Responsabilidade Fiscal, seja na internet, seja em quadro de avisos dos órgãos
públicos, não garante por si só, a transparência se os cidadãos não compreenderem
efetivamente essas informações e não puderem fazer uso delas (CGU, 2010).
Logo, a transparência está voltada à realização da probidade administrativa,
vez que os meios utilizados e os fins almejados devem obrigatoriamente estar premidos para
atender os anseios da coletividade.
3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
A presente pesquisa tem como objeto de estudo as Ações de Transparência Pública no
município de Campina grande. Verificar como vem sendo conduzida as ações de
transparência, propostas no Manual de Integridade Pública e Fortalecimento da Gestão da
CGU(2010), e seus efeitos no combate aos desvios de recursos públicos, constituí-se no
objetivo desta pesquisa, sendo os dados obtidos de forma primária e secundária.
A metodologia apresentada para execução do trabalho segue uma orientação
preconizada de acordo com a taxionomia idealizada por Vergara (2007, p. 46), que qualifica
a pesquisa em relação a dois aspectos: quanto aos fins e quanto aos meios.
Quanto aos fins, a pesquisa será descritiva, pois visa descrever a percepção das
práticas da transparência na Administração Pública, precipuamente na condução das
informações das contas públicas tendo como foco o cidadão. Nesse sentido, corrobora
Vergara (2007, p. 47), a pesquisa descritiva não tem compromisso de explicar os fenômenos
que descreve, embora sirva de base para tal explicação.
10
Quanto aos meios, será fundamentadamente bibliográfica e com pesquisa de campo,
configurando-se em um estudo de caso. Bibliográfica, porque para a fundamentação teórico-
metodológica do trabalho baseou-se em livros, artigos científicos e dados estatísticos de
fontes oficiais, a exemplo dos sites da Controladoria-Geral da União (CGU), Tribunal de
Contas da União (TCU), Tribunal de Contas do estado (TCE) e Ministério Público(MP). Para
a coleta de dados primários foi realizada a aplicação de questionários junto às secretarias
municipais de Campina Grande. De um total de 14(quatorze) secretarias existentes, 13(treze)
delas se prontificaram a colaborar com a pesquisa.
No que diz respeito ao método e a forma, a pesquisa pode ser classificada como
qualitativa. De acordo com Richardson et al (apud Zanella, 2009, p.75), a abordagem
qualitativa caracteriza-se pela “não-utilização de instrumental estatístico na análise de dados”.
O conteúdo teórico-analítico faz uma intersecção entre várias ciências na busca da
construção do conhecimento da realidade pesquisada, o que reflete um caráter interdisciplinar,
envolvendo principalmente o Direito e as Ciências Sociais.
4 ANÁLISE DE RESULTADOS
4.1 Caracterização do Município de Campina Grande – PB
O município de Campina Grande, fundado em 11 de outubro de 1864, é a segunda
cidade mais populosa do estado da Paraíba e localiza-se a 125 km da capital. Possuindo um
dos principais polos industriais da Região Nordeste, destacando-se no setor tecnológico nos
setores de calçados, têxtil, softwares e de comércio. Conhecido pela agenda cultural variada,
com destaque nos festejos de São João no mês de junho, chamado de “O Maior São João do
Mundo”, bem como do “Encontro da Nova Consciência”, cujo evento ecumênico é realizado
durante o carnaval, além do “Festival de Inverno”, que acontece todos os anos com dança,
música e teatro.
Ostenta também um dinamismo nas áreas de serviços (saúde e educação), contando
com hospitais de grande porte, além de duas universidades públicas (Universidade Estadual
da Paraíba e Universidade Federal de Campina Grande).
Geograficamente está situada bem ao centro do estado, sendo chamada de a “Rainha
da Borborema”. Grande por natureza, segundo o IBGE (2010), possui 385,276 habitantes,
localiza-se na mesorregião Agreste Paraibano, tendo como municípios limítrofes, ao norte,
11
Lagoa Seca, Massaranduba, Pocinhos e Puxinanã; ao sul, Boqueirão, Caturité, Fagundes e
Queimadas; ao leste, Riachão do Bacamarte; e ao Oeste, Boa Vista. Possui uma área de
620,628 km2, com uma densidade de 620,78 hab./km
2, altitude de 560m e clima tropical.
De acordo com Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento - PNUD
(2000), o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) é de 0,721. Por sua vez o Produto
Interno Bruto é de R$ 3.457.877,604 mil, ocupando, segundo o Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística – IBGE (2008) a 128ª posição no país, e com o PIB per capita de R$
9.065,752.
Seu atual prefeito constitucional é Veneziano Vital do Rêgo Segundo Neto, foi reeleito
para o período de 2009-2012, e o seu vice-prefeito é José Luiz Júnior. O governo de
Veneziano prega a transparência e trabalho como bandeiras de sua administração.
Nas últimas duas décadas a política no município tem-se dividido entre dois
personagens de destaque, o atual Senador Cássio Rodrigues Cunha Lima, ocupante do
executivo nos períodos de 1988-1992, 1996-2000, e em 2001 assumiu pela terceira vez a
Prefeitura, mas em 2002, renunciou para candidatar-se ao cargo de governador, tendo sido
eleito. Quando deixou a Prefeitura, assumiu a vice-prefeita Cozete Barbosa3, a qual teve
governo instável devido às várias denúncias de improbidade administrativa, foi investigada
pelo Ministério Público e acusada por desvios de recursos públicos. Respondendo assim, por
vários processos contra o erário público. Por sua vez Félix Araújo, embora tenha feito uma
discreta passagem pelo executivo, foi o pioneiro do programa “Saúde da Família” e
“Prefeitura na Comunidade”, cujos programas de alcance social levavam investimentos
públicos nas áreas de saúde e infraestrutura4. Contudo, enfrentou denúncias do Ministério
Público e responde a processos perante o TCU5, e também com relação à reprovação de suas
contas perante o Tribunal de Contas do Estado da Paraíba6.
2 Dados constantes no sítio da Prefeitura: http://www.campinagrande.pb.gov.br/ 3 Após pesquisa no site da Justiça Federal Seção Judiciária na Paraíba, verificou-se que existem vários processos
de execução fiscal, danos contra o erário e de improbidade em tramitação em desfavor da ex-prefeita Cozete
Barboza Loureiro Garcia de Medeiros, a qual foi Prefeita de Campina Grande no período de 2002-2004.
Disponível no site http://web.jfpb.jus.br/consproc/resconsproc.asp. 4 http://pt.wikipedia.org/wiki/F%C3%A9lix_Ara%C3%BAjoFilho. 5 http://pbnews.com.br/justica/2010/06/tse-recebe-lista-de-inelegiveis-por-rejeicao-de-conta.html. 6 http://portal.tce.pb.gov.br/wp-content/uploads/2010/09/Contas-Irregulares_2010_Pareceres.pdf
12
4.2 Investigação sobre as Ações de Transparência Pública
De acordo com o objetivo proposto, buscou-se investigar as ações de transparência na
gestão municipal, sendo as informações coletadas de forma primária diretamente nas
Secretarias do Município de Campina Grande. O município congrega quatorze (14)
secretarias, das quais, apenas a Secretaria Executiva não concedeu resposta ao
questionário. Portanto, participaram da pesquisa as seguintes secretarias: Educação,
Cultura, Saúde, Obras, Administração, Finanças, Serviços Urbano e Meio Ambiente,
Ciência-Tecnologia e Inovação, Desenvolvimento Econômico, Assistência Social,
Esporte-Juventude e Lazer, e Agricultura.
TABELA 1 - PERFIL DOS ENTREVISTADOS DAS RESPECTIVAS SECRETARIAS
QUANTO AO SEXO E A IDADE
SECRETARIAS Masc. Fem. 21 - 30
anos
31 - 40
anos
41 - 50
anos
51 – 60
anos
Mais
de 60
anos
Educação 1 0 0 0 1 0 0
Cultura 0 1 0 1 0 0 0
Saúde 0 1 0 1 0 0 0
Planejamento 1 0 0 0 1 0 0
Obras 1 0 0 0 1 0 0
Administração 1 0 0 1 0 0 0
Finanças 1 0 0 0 0 1 0
Serviços Urb. e Meio
Ambiente
1 0 0 0 0 1 0
Ciência Tec. e
Inovação
1 0 1 0 0 0 0
Desenvolvimento
Econômico
1 0 0 0 1 0 0
Assistência Social 1 0 0 1 0 0 0
Esporte, Juventude e
Lazer
1 0 0 0 1 0 0
Agricultura 1 0 0 0 0 0 1
TOTAL 11
2 1 4 5 2 1
Fonte: Pesquisa de campo realizada em fev./2012
Dentre as pessoas que responderam ao questionário proposto nas Secretarias
pesquisadas (13), apenas (4) eram secretários, ou seja, titulares das Secretarias da Educação,
Planejamento, Serviços Urbano e Meio Ambiente e de Obras, enquanto que, no tocante às
demais Secretarias, os questionários foram respondidos por servidores ocupantes de cargos
13
variados, a saber: Gerente (Desenvolvimento Econômico), Diretor de Controladoria
(Finanças), Diretor (Administração), Diretor (Saúde), Assessor Técnico (Cultura),
Coordenador (Ciência Tecnologia e Inovação), Gerente de Recursos Humanos (Esporte
Juventude e Lazer), Diretor (Assistência Social) e Diretor Administrativo (Agricultura).
Dentre as Secretarias pesquisadas, os cargos são ocupados em sua maioria por pessoas
do sexo masculino (11), e apenas (2) do sexo feminino - Secretaria de Cultura e Saúde, o que
demonstra que também na Administração Pública, assim como em outros postos do mercado
de trabalho, os cargos mais elevados são timidamente ocupados por mulheres.
Quanto à idade, observou-se que os gestores se concentram na faixa etária de 21- 30
anos e de 41- 50 anos; sendo esta última ocupada pelo maior número (05), esta pode ser
entendida como a faixa de maturidade, onde os gestores já possuem experiências acumuladas
de outras funções e que possuem a confiança e a credibilidade do Prefeito da cidade. Dois (2)
gestores estão com idade entre 51 - 60 anos; e apenas uma pessoa possui mais de 60 anos.
Revelando, assim, que há predominância de uma faixa etária jovem em detrimento de pessoas
idosas.
TABELA 2 - ESCOLARIDADE DOS ENTREVISTADOS
Só Superior Completo 9
Especialização 3
Mestrado 1
Doutorado 0
TOTAL 13 Fonte: Pesquisa de campo realizada em fev./2012
Com relação aos entrevistados, os quais nem sempre foram os titulares ou secretários,
constatou-se que, a maioria possui apenas nível superior, sendo que apenas 1(um) deles
possui mestrado e três(03) possuem cursos de especialização. Considerando estes números,
vê-se a necessidade de uma melhor qualificação, posto que poucos tenham pós-graduação.
Entretanto, considerando os titulares das pastas (secretários), estes possuem as seguintes
formações: Educação (Doutorado), Cultura (Mestrado), Saúde (Especialização), Planejamento
(Mestrado),Obras(Graduado em Direito),Administração(Mestrado),Finanças (Especialização),
Serviços Urbano e Meio Ambiente (Graduado em Engenharia Civil), Ciência Tecnologia e
Inovação (Especialização em Física e Engenharia Nuclear), Executiva (Mestrado), Esporte
Juventude e Lazer (Graduação em Medicina), Agricultura (Graduação em Engenharia
Química). A secretaria de Assistência Social não informou a formação do seu secretário.
14
De acordo com as tabela 3 e 4 a seguir, pode-se constatar que as secretarias se utilizam
de algumas das modalidades de ações de transparência pública, conforme consta no Manual
de Integridade Pública e Fortalecimento da Gestão da CGU (2010). Tendo sido a ocorrência
maior na modalidade orçamento participativo, com 69% de participação das secretarias
entrevistadas. O orçamento participativo, implantando pelo Decreto- Lei 2.221, de 09 de
junho de 1997, na gestão do então Prefeito Cássio Rodrigues da Cunha Lima, é um
instrumento democrático na gestão pública, através do qual a sociedade participa na discussão
de políticas públicas e estabelece demandas prioritárias para os investimentos sociais em
harmonia com a Lei de Diretrizes Orçamentária (LDO).
As audiências públicas ficam com a segunda maior participação, 62%. As audiências
públicas propiciam aos particulares trocar informações com o poder público. De
conformidade com a Lei da Transparência, dispõe que será assegurada a participação popular
em audiências públicas no que concerne aos processos de elaboração e discussão dos planos
orçamentários, a exemplo, da LDO e da Lei Orçamentária Anual (LOA).
Nesse prisma as audiências públicas foram eleitas como um meio de transparência no
município, inerente ao orçamento participativo. As audiências públicas são encontros
mantidos entre o poder público e a sociedade civil organizada, visando debater assuntos
estratégicos de interesse da coletividade, como a LOA, bem assim, almejando discutir
problemas que aflijam a comunidade, como o meio ambiente, eletricidade, transporte, usinas
termelétrica, etc. Também é importante a atuação dos conselhos e entidades de representação
de classe que são consultados por 54% das secretarias.
A consulta à sociedade e as pesquisas de satisfação são mencionadas por 25% das
Secretarias. A modalidade ouvidoria aparece como a menos utilizada pela gestão das
secretarias, cuja ferramenta de participação democrática é utilizada na Secretaria de Saúde,
colhendo da coletividade sugestões, reclamações e denúncias. Ressaltando que, no portal da
transparência do município de Campina Grande existe uma ouvidora virtual, na qual são
encaminhadas as opiniões dos internautas, sendo direcionadas para os respectivos órgãos
competentes, gerando-se um protocolo para posterior acompanhamento da medida tomada
pela Administração.
15
TABELA 3 - AÇÕES DE TRANSPARÊNCIA REALIZADAS PELAS SECRETARIAS
MUNICIPAIS DE CAMPINA GRANDE
SECRETARIAS MUNICIPAIS
AÇÕES DE
TRANSPARÊNCIA ED CU SA PL OB AD FI
SU
e
MA
B
C&
T DE
A
S
EJ
L AG
Audiências públicas
para discussão das
políticas públicas 1 0 0 1 1 1 1 0 0 1 1 1 0
Consulta à sociedade 0 0 0 1 0 0 0 0 1 1 0 0 0 Orçamento
participativo 1 0 1 1 1 1 1 0 0 1 1 1 0
Pesquisa de
satisfação 0 0 0 1 0 0 0 1 0 1 0 0 0
Opiniões e decisões
da população
(através de reuniões,
conselho de
representações locais,
entidades e outros)
1 1 1 1 1 0 0 0 0 0 1 0 1
Ouvidoria 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0
TOTAL 3 1 3 5 3 2 2 1 1 4 4 2 1 Fonte: Pesquisa de campo realizada em fev./2012
Legenda: (ED) Educação; (CU) Cultura; (SA) Saúde; (PL) Planejamento; (OB) Obras; (FI) Finanças; (SU e
MAB) Serviço Urbano e Meio Ambiente; (C&T) Ciência e Tecnologia; (DE) Desenvolvimento Econômico;
(AS) Assistência social; (EJL) Esporte Juventude e Lazer; (AG) Agricultura.
TABELA 4 – AÇÕES DE TRANSPARÊNCIA REALIZADAS PELAS SECRETARIAS
MUNICIPAIS DE CAMPINA GRANDE EM PERCENTUAL(%) DE OCORRÊNCIA
AÇÕES DE TRANSPARÊNCIA PARTICIPAÇÃO DAS
SECRETARIAS NA REALIZAÇÃO
DAS RESPECTIVAS AÇÕES(%)
Audiências públicas para discussão das políticas
públicas
62%
Consulta à sociedade 25%
Orçamento participativo 69%
Pesquisa de satisfação 25%
Opiniões e decisões da população (através de
reuniões, conselhos de representações
locais,entidades e outros)
54%
Ouvidoria 15%
Fonte: pesquisa de campo realizada em fev/2012
16
No que diz respeito aos meios de comunicação e divulgação (ver tabela5), no sítio da
Prefeitura Municipal de Campina Grande é encontrado o Portal da Transparência, o qual
disponibiliza as contas da Administração, inclusive de cada secretaria, cumprindo, em tese,
com o que preconiza a Lei Complementar 131/2009 ou Lei da Transparência. Demais disto, o
site permite que cada secretaria tenha sua própria página com o propósito de divulgar as ações
postas em práticas.
Quanto ao Diário Oficial, a Prefeitura Municipal de Campina Grande possui seu jornal
denominado Semanário Oficial, sendo muito utilizado para a publicação dos atos
administrativos das secretarias municipais. A Imprensa (TV ou Jornal) são veículos de
comunicações importantes para a publicidade dos atos, programas, obras, serviços e
campanhas dos órgãos municipais, todavia, devem ter caráter educativo, dela não podendo
constar nomes símbolos ou imagens que caracterizem promoção pessoal de autoridades ou
servidores públicos, segundo dispõe o artigo 37, § 1º, da Constituição Federal.
TABELA 5 - MEIOS DE COMUNICAÇÃO UTILIZADOS PARA DIVULGAÇÃO DAS
POLÍTICAS E RESULTADOS DAS RESPECTIVAS SECRETARIAS
MEIOS DE DIVULGAÇÃO Nº DE SECRETARIAS
Portal da Transparência 9
Diário Oficial 7
Imprensa (TV ou Jornal) 4
Publicação no próprio órgão 5
Outros 1 Fonte: Pesquisa de campo realizada em fev./2012
Quando perguntados sobre a forma de participação dos cidadãos na gestão pública do
município de Campina Grande, a maioria das secretarias (10) apontou o orçamento
participativo, muito embora percebamos que há participação nas audiências públicas para
discussão das Leis orçamentárias, e em reuniões do orçamento participativo, de líderes
comunitários, presidentes de Sociedade de Amigos de Bairros (SAB’s), de Conselhos
Municipais, sindicatos, estudantes, associações e outras entidades civis da comunidade como
a União Campinense de Equipes Sociais que representa as camadas mais carentes do
município.
Por outro lado, a população em geral é quase ausente, inobstante da participação das
entidades mencionadas. Sendo que, seis (06) das secretarias entrevistadas apontaram que a
maioria da população participa através de telefone, rádio, TV, jornal e pesquisa, e quatro (4)
17
secretarias apontaram outros meios, a exemplo de Serviços de Atendimento ao Consumidor
(SAC) de empresas públicas ou privadas e internet para fazer reclamações, além de
Ouvidorias que estão presentes em alguns órgãos.
Vale salientar que o orçamento participativo, indicado por dez (10) das secretarias,
depois de discutido por intermédio de representantes governamentais (secretarias e chefe do
executivo) e pelo Conselho Municipal do Orçamento Participativo(COMOP) tem como
finalidade precípua discutir com a comunidade, acompanhar, elaborar e fiscalizar as leis
orçamentárias (PPA, LDO e LOA), conforme prescreve o artigo 1º, do Decreto-lei 2.621/97
(Institui o orçamento participativo de Campina Grande).
A Câmara Municipal, apontada por seis (6) dos entrevistados, é responsável pela
votação das Leis Orçamentárias, após mensagem via Chefe do Executivo, segundo o artigo
5º,§ 1º, da LRF que prevê: “Todas as despesas relativas à dívida pública, mobiliária ou
contratual, e as receitas que as atenderão, constarão da lei orçamentária anual”.
A Lei orçamentária, com quatro (4) das respostas, também é uma forma de
participação democrática quando da discussão de sua aplicação de despesas e receitas. Nesse
prisma, pondera Piscitelli (2011, p. 59), em linhas gerais, o Plano Plurianual (PPA) define o
planejamento das atividades governamentais pelos próximos quatro anos; a Lei de Diretrizes
Orçamentárias (LDO) são metas e prioridades da Administração, constituem a realização mais
direta do PPA, e servem de orientações à elaboração da LOA; e a Lei Orçamentária Anual
(LOA) é composta de três (3) contas: orçamento fiscal, orçamento de investimento e
orçamento de Seguridade Social, e deve ter compatibilidade com a LDO.
TABELA 6 – CANAIS DE CONHECIMENTO DAS DEMANDAS DA SOCIEDADE
POR PARTE DA GESTÃO PÚBLICA
MEIOS DE PARTICIPAÇÃO Nº DE SECRETARIAS
Portal de comunicação via internet,
telefone, rádio, TV, pesquisa, etc.
6
Orçamento participativo 10
Leis Orçamentárias (PPA, LDB, LOA) 4
Câmara Municipal 6
Conselhos Municipais 1
Outros 4 Fonte: Pesquisa de campo realizada em fev./2012
18
4.3 Panorama sobre a Corrupção no Âmbito dos Desvios de Recursos Públicos
Após incansáveis buscas de dados, junto a CGU, TCU, TCE e MP, sobre os desvios
de recursos públicos na Paraíba, e particularmente no município de Campina Grande, as
informações obtidas foram um tanto generalizadas, mas não menos importantes, pois se
comprova a existência de atos de improbidade administrativa e até de contas rejeitadas de
gestores e ex-gestores públicos. De acordo com o Ministério Público da Paraíba, 60
municípios passaram por algum tipo de investigação no período de 1998 a 2010. Dentre eles,
o município de Campina Grande com mais de 40 ações.
Segundo o Relatório Anual das Atividades do Fórum Paraibano de Combate à
Corrupção em 2011- FOCCO7, o índice de percepção da corrupção divulgado em 1º de
dezembro de 2011, pela organização alemã Transparência Internacional, o Brasil ocupa a 73ª
posição no ranking de países com maior transparência na Administração Pública, recebendo
nota 3,8 numa escala de 0 (mais corrupto) a 10 (menos corrupto). Para se ter uma ideia, na
América Latina o Chile é o que possui maior transparência com nota 7,2, ocupando a 22ª
posição no ranking global, já Porto Rico, nota 5,6, ocupa a 39ª posição. A Dinamarca obteve
nota 9,4 e Cingapura 9,2, também possuem maiores índices de transparência no setor público.
Por sua vez Somália e Coréia do Norte, com 1,0 são os piores no ranking.
Dados da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo – FIESP, divulgados em
agosto de 2011, demonstram que o custo médio da corrupção no Brasil para valor do PIB de
2010, é estimado em 1,38% a 2,3% do PIB, o que equivale a 50,8 bilhões a 84,5 bilhões
(FOCCO, 2011).
Na Paraíba, conforme dados de atuação do Tribunal de Contas do Estado e com dados
de atuação do Tribunal de Contas da União, as condenações à pagamento de multas ou à
ressarcimento de débitos, no ano de 2011, chegaram ao montante de R$ 75.921.030,41 e
envolveram 126 pessoas físicas e 29 empresas particulares (ibid.).
Além disso, de acordo com dados do Tribunal de Contas do Estado da Paraíba até o
mês de setembro de 2011, o TCE remeteu ao Ministério Público Estadual, para cobrança, 707
acórdãos, importando no valor de R$ 37.787.099,42 (ibid.).
O Ministério Público Federal na Paraíba (MPF), em 2011 concluiu as investigações
em inquéritos civis públicos, instaurados para apurar a prática de irregularidades
administrativas e ajuizou 97 ações por ato de improbidade administrativa contra agentes
7 http://www.foccopb.gov.br/site/wp-content/uploads/2011/12/Relatorio-atividades-Focco-em-2011.pdf. Acesso
em 20/02/2012.
19
públicos, dentre eles, gestores, ex-gestores e servidores, além de particulares que se
beneficiaram das irregularidades contra a administração pública. Os ilícitos investigados são
referentes ao período de 1998 a 2010 e ocorreram em 60 municípios paraibanos. Em relação
ao ano de 2010, foram ajuizadas 67 ações, em 2011 houve um aumento de 44,78% no número
de demandas propostas pelas três unidades do MPF no estado.
Na Procuradoria da República da Paraíba, unidade de João Pessoa, foram ajuizadas 34
ações; na Procuradoria da República em Campina Grande, 40 demandas, e na Procuradoria da
República em Sousa, o número chegou a 23 ações (MPF, 2011)8.
O TCU determinou, entre 2003 e 2007, que administradores públicos devolvessem
mais de três bilhões desviados do tesouro nacional, mas só conseguiu recuperar 27 milhões
(menos de 1%). Nos últimos cinco anos, mais de 5.600 processos foram julgados e 7.798
gestores responsabilizados. A Advocacia Geral da União (AGU), por sua vez, executando os
acórdãos do TCU tem índice similar de recuperação (1%). No Ministério Público Federal
(MPF), não há estatística sobre o resultado das ações por ele promovidas (bloqueio, sequestro
e arresto de bens). De qualquer forma, Essa recuperação, no total, não deve ultrapassar os 5%.
Analisando editais de licitação e convênios, o TCU conseguiu evitar, nos dois últimos anos,
treze bilhões de prejuízo à união.
Segundo a AGU, responsável por mover ações de execuções por desvios irregulares de
verbas e de lavagem de capitais para o exterior, houve um crescimento bastante significativo
de recuperação de divisas para o erário, hoje, no patamar de 10%9, o que é uma vitória
importante.
Todavia, as denúncias contra gestores em razão do mau uso das rendas públicas,
pouco mais de 5% chegam ao fim com condenações, o que demonstra a fragilidade do sistema
de fiscalização levada a cabo pelos órgãos competentes.
A Lei de Responsabilidade Fiscal contribui para o exercício pleno da democracia, por
obrigar o administrador público a decidir seus gastos com responsabilidade e prover
informações sobre a utilização dos recursos; assegurando o equilíbrio das contas públicas,
mediante o cumprimento de metas de resultados entre receitas e despesas
(VASCONCELLOS, 2007).
8http://www.prpb.mpf.gov.br/news/retrospectiva-mpf-ajuizou-97-acoes-de-improbidade-administrativa-em-2011 . Acesso em: 20/12/2012. 9 Cf. matéria sobre o dia internacional de combate à corrupção levada ao ar pela TV Justiça em data de 11/12, no
programa “TV Justiça Noticias”.
20
Ao passo que a Lei Complementar 131/2009 ou Lei da Transparência inovou a LRF
no que tange à transparência da gestão fiscal, a determinar a disponibilização, em tempo real,
de informações pormenorizadas sobre a execução orçamentária e financeira da União, dos
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios.
Quando perguntados sobre o conhecimento sobre a Lei de Responsabilidade Fiscal e
sobre a Lei da Transparência, as secretarias entrevistadas se comportaram conforme quadro
abaixo. Com destaque para o amplo conhecimento de ambas as leis (10), enquanto que duas
secretarias responderam conhecer apenas a Lei da Transparência e uma (1) disse não conhecer
nenhuma delas.
QUADRO 1
OPINIÃO Nº DE
SECRETARIAS
Conheço apenas a LRF (LC
101/2000)
0
Conheço apenas a Lei da
Transparência(LC131/2009)
2
Conheço a LRF e também da
Lei da Transparência
10
Nenhuma (LRF ou Lei da
Transparência)
1
Fonte: Pesquisa de campo realizada em fev./2012
Indagados ainda sobre os casos de desvios de recursos públicos, comparado à períodos
passados, oito(08) deles disseram ter diminuído bastante, enquanto quatro (4) responderam
que diminuiu pouco(ver quadro 2). Vale aqui ressaltar que o combate à corrupção referente
aos desvios de recursos públicos relaciona-se aos institutos da LRF e da Lei da Transparência,
tendo em vista que o gestor público após a obrigação de manter o equilíbrio fiscal, bem assim
de disponibilizar as informações teme em responder por crimes contra o erário, bem assim
com relação às prisões e outras sanções após condenações.
21
QUADRO 2
OPINIÃO Nº DE
SECRETARIAS
Diminuiu bastante 8
Diminuiu pouco 4
Continua da mesma forma 0
Não sei 1
TOTAL 13 Fonte: Pesquisa de campo realizada em fev./2012
Nesse contexto, as ações enérgicas do Ministério Público, Tribunal de Contas e Polícia
Federal, tem se configurado em eficientes operações contra os malfeitores dos recursos
públicos, a exemplo de operações dos órgãos fiscalizadores em relação a alguns escândalos de
corrupção praticados por prefeitos, governadores, empresários, banqueiros, empreiteiros, etc.
Numa breve recapitulação, elencam-se aqui alguns casos que ocorreram em nosso
País: Operação Satiagraha, (desvio de verbas e lavagem de dinheiro, envolvendo o banqueiro
Daniel Dantas, além de outros banqueiros, diretores e investidores); Operação Sanguessuga
(esquema que desviava verbas no Ministério da Saúde na compra de ambulâncias); Operação
Navalha (esquema de superfaturamento de obras do PAC envolvendo o governador Jackson
Lago); Operação Confraria (esquema de licitações irregulares e desvio de verbas na
Prefeitura de João Pessoa-PB); Operação Anaconda (a PF através de escutas telefônicas
captou indícios de criminosos ligados ao Judiciário); Operação Dominó (esquema de
corrupção em desvios de verbas públicas na Assembleia Legislativa do Estado de Rondônia);
Operação Saúva (que abrangeu vários estados, onde vários investigados pela PF montaram
um esquema de empresa de alimentos para fraudar licitações)10
; e muitas outras.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Através dos institutos legais da LRF e da Lei da Transparência, várias ferramentas de
exercício de cidadania surgiram como meio de combate aos desvios dos recursos públicos,
inclusive, com novas práticas democráticas de acesso à informação, tais como Portal de
Transparência, a participação da sociedade na discussão de políticas públicas por meio do
orçamento participativo, audiências públicas, ouvidorias, bem como publicação obrigatória
das contas públicas para acesso à informação pela sociedade.
10 WILKIPEDIA: Listas de escândalos de corrupção no Brasil. Disponível em:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Anexo:Lista_de_esc%C3%A2ndalos_de_corrup%C3%A7%C3%A3o_no_Brasil
22
No município de Campina Grande observa-se, através do seu Portal da
Transparência, que existe uma ouvidoria virtual, na qual os cidadãos participam, reclamando
e dando sugestões; ademais, os dados das contas públicas são detalhados, permitindo assim
confrontá-los com as Leis orçamentárias, principalmente com a Lei Orçamentária Anual
também divulgada no ambiente virtual.
Vê-se também que o orçamento participativo é uma realidade, uma vez que são
realizadas assembleias entre o poder público e a comunidade, por meio de Conselhos e
entidades representativas na discussão e execução do orçamento.
A LRF vem sendo aplicada no tocante à apresentação dos balancetes mensais, embora
não caminhe no sentido do que preconiza a Lei da Transparência no aspecto da divulgação
das informações em tempo real, bem assim verifica-se a publicação das informações das
contas referentes aos gastos públicos, tanto no Portal quanto no Semanário Oficial, órgão de
publicação do município e ainda na imprensa (TV e Jornal) além de publicarem em seus
próprios órgãos administrativos. Verifica-se que há publicação pormenorizada de dados no
próprio Portal da Transparência, no qual estão disponibilizadas todas as informações acerca
das despesas, receitas, contratos, licitações nos moldes do Portal da Transparência da CGU.
Quanto às ações de transparência no plano das secretarias do município de Campina
Grande evidenciaram-se a participação democrática e de exercício de cidadania, como
exemplos de audiências públicas para discussão das Leis orçamentárias e de assuntos de
interesse da coletividade; do incremento do orçamento participativo como meio de junção dos
vários segmentos sociais na discussão da execução do orçamento, bem assim das necessidades
mais urgentes, e principalmente, direcionando políticas públicas à população mais carente;
além da participação por meio de conselhos municipais, entidades representativas da
comunidade que levam suas demandas ao conhecimento dos gestores.
O orçamento participativo foi apontado com uma das formas mais frequentes de
acesso às demandas da sociedade, muito embora percebamos que a participação da sociedade
não é sentida de forma plena e satisfatória. Poucos representantes de instituições participam,
bem como poucas pessoas das comunidades são esclarecidas sobre o mesmo. Nesse caso,
campanhas educativas, consultas à sociedade, pesquisa de satisfação, audiências públicas com
mais frequência e maior divulgação em canais de fácil acesso, contribuiriam para incrementar
a participação da sociedade no acompanhamento e fiscalização do uso dos recursos públicos.
As ações de transparência levadas a efeito pelo município leva a conclusão de que são
importantes ao menos como meio inibidor dos atos de improbidade e principalmente desvio
23
de recursos públicos. Os efeitos imediatos em relação a forte pressão que os órgãos
fiscalizadores e a sociedade podem praticar mostram que o exercício constante da
transparência pode levar à redução das práticas corruptas.
Constatou-se, portanto, que são aplicados alguns importantes mecanismos de
transparência impostos na Constituição Federal (CF), na Lei de Responsabilidade Fiscal
(LRF) e na Lei da Transparência, notadamente no que importa a publicidade.
Impõe ainda ressaltar que, o campo de pesquisa é amplo, deixando espaço para que
este ou novos estudos sejam realizados também sob a ótica da sociedade, tendo em vista que o
presente trabalho tratou da visão dos gestores públicos quanto as ações de transparência.
TRANSPARENCY AS A MEANS OF COMBATING DIVERSION OF PUBLIC
FUNDS: a case study in Campina Grande - PB
ABSTRACT
The Fiscal Responsibility Law (LRF), the Law of Transparency, beyond the principles
contained in Article 37 of the Constitution enshrines the transparency of management as a
mechanism of social control. It is essential, too this, to redefine the role of public managers,
directing immediate efforts to combat corruption, since the diversion of public resources
constitute a theme that comes every day worrying Brazilian society. Therefore, this article
aims to present the general mechanisms of transparency adopted by the city of Campina
Grande, informative or as a means of accountability to the population, and its effectiveness in
combating the diversion of public funds. The research is descriptive it aims to describe the
perception of practices of transparency in public administration and is based on secondary and
primary sources. As regards the method and manner, the research can be classified as
qualitative, because it makes use of statistical instruments. The results indicate that the city
apply some important mechanisms of transparency imposed by the Federal Constitution (FC),
the Fiscal Responsibility Law (LRF) and the Law of Transparency, especially in the
advertising matter. Participatory budgeting is considered one of the most frequent access to
society's demands, as well as the portal of transparency, where there is a virtual ombudsman,
although the participation of society is not felt so full and satisfactory. Shares of transparency
carried out by the city leads to the conclusion that they are at least as important means of
inhibiting acts of misconduct and especially deviations of public resources.
Keywords: Fiscal Responsibility Law. Law of Transparency. Public resources. Corruption.
24
REFERÊNCIAS
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. São Paulo: Saraiva, 2009 -
(Coleção Saraiva de Legislação).
___. Lei Complementar n. 101, de 4 de maio de 2000. Estabelece normas de finanças
públicas voltadas para a responsabilidade na gestão fiscal e dá outras providencias.
Disponível em http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/LCP/Lcp101.htm.
___. Lei Complementar n. 131, de 27 de maio de 2009. Acrescenta dispositivos à Lei
Complementar n. 101, de 4 de maio de 2000, que estabelece normas de finanças públicas
voltadas para a responsabilidade na gestão fiscal e dá outras providências, a fim de
determinar a disponibilização, em tempo real, de informações pormenorizadas sobre a
execução orçamentária e financeira da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/LCP/Lcp101.htm.
___. Lei n. 4.898, de 9 de dezembro de 1965. Regula o direito de representação e o processo
de responsabilidade administrativa, civil e penal, nos casos de abuso de autoridade.
___. Manual de Integridade Pública e Fortalecimento da Gestão: Orientações para o Gestor
Municipal / Presidência da República. Controladoria Geral da União. 2. ed. Brasília: CGU,
2010.
___. TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO. Disponível em: www.tcu.gov.br.
DANTAS, Arsênio José da Costa [et al.]; JUNIOR, José Geraldo de Sousa (Org.). Sociedade
democrática, direito público e controle externo. Brasília: Tribunal de Contas da União, 2006.
Disponível em:
http://2010.ead.ufpb.br/mod/resource/view.php?id=69059&subdir=/Biblioteca_Arquivos_TC
U.
FERREIRA FILHO, Manoel Gonçalves. Corrupção e Democracia. In: O Regime
Democrático e a questão da Corrupção Política. Coordenadores: ZILVETI, Fernando Aurélio;
LOPES, Silvia. São Paulo: Atlas, 2004.
FILHO, José dos Santos Carvalho. Manual de direito administrativo. 24 ed., Rio de Janeiro:
Lumen Juris, 2011.
FÓRUM PARAIBANO DE COMBATE À CORRUPÇÃO – FOCCO.
Disponível em: http://www.foccopb.gov.br/site/wp-content/uploads/2011/12/Relatorio-
atividades-Focco-em-2011.pdf.
NETO, Giácomo Balbinotto e LETIZIA, Ricardo. A Economia da Corrupção (In: Revista de
Controle e Administração - Jul/Dez 2006. Vol. II - nº 2).
25
MELLO, Celso Antônio Bandeira de. Curso de Direito Administrativo. 26ª ed. São Paulo:
Malheiros, 2009.
MEIRELLES, Hely Lopes. Direito Administrativo Brasileiro.34ª ed. São Paulo: Malheiros
Editores, 2008.
PINHO, Rodrigo César Rebello. Teoria Geral da Constituição e Direitos Fundamentais. 11
ed. São Paulo: Saraiva, 2011 - (Coleção sinopses jurídicas, vol. 17).
PISCITELLI, Tathiane. Direito Financeiro Esquematizado. Rio de Janeiro: Forense. São
Paulo: Método, 2011.
SILVA, José Afonso da. Comentário Contextual à Constituição. 6ª ed. São Paulo: Malheiro,
2009.
VASCONCELLOS, Alexandre. Orçamento Público Para Concursos: inclui a Lei de
Responsabilidade Fiscal. Rio de Janeiro: Editora Ferreira, 2007.
VERGARA, Sylvia Constant. Projetos e relatório de pesquisa em administração. 9 ed. São
Paulo: Atlas, 2007.
ZANELLA, Liane Carly Hermes. Metodologia de estudo e de pesquisa em administração.
Florianópolis: Departamento de ciências da administração / UFSC [Brasília]: CAPES: UAB,
2009.
ANEXOS
QUESTIONÁRIO
Data do preenchimento do questionário: ___/___/___ Horário: ___:___
Data de preenchimento: ___/___/___
Sua opinião sobre as Ações de Transparência no Município de Campina Grande é de grande
importância para o estudo do caso em minha pesquisa de campo realizada para conclusão do
Curso de Especialização em Gestão Pública Municipal. Sendo assim, pedimos que preencha
este questionário, marcando com “X” as possíveis respostas.
1. Sexo
( ) Feminino
( ) Masculino
2. Faixa Etária
26
( ) 16 -30 anos
( ) 31 -40 anos ( ) 41-50 anos
( ) 51 -60 anos
( ) acima de 61 anos
3. Escolaridade
( ) Fundamental Incompleto
( ) Fundamental Completo
( ) Ensino Médio Incompleto
( ) Ensino Médio Completo
( ) Superior Incompleto
( ) Superior Completo
( ) Pós Graduação: Especialização ( ) Mestrado ( ) Doutorado ( )
4. Secretaria que ocupa
a ( ) Administração
b ( ) Educação
c ( ) Saúde
d ( ) Finanças
f ( ) Executiva
e ( ) Cultura
f ( ) Planejamento
g ( ) Assistência Social
h ( ) Agricultura
i ( ) Desenvolvimento Econômico
j ( ) Obras
k ( ) Serviços Urbanos e Meio Ambiente
l ( ) Ciência, Tecnologia e Inovação
m( ) Esporte, Juventude e Lazer
n ( ) Outra: ________________
5. Função ou Cargo atual que ocupa
a ( ) Secretário Municipal
b ( ) Secretário Adjunto
c ( ) Coordenador
d ( ) Outro: __________________
6. Quais as ações de transparência que são utilizadas
a ( ) Audiências públicas para discussão das políticas públicas
b ( ) Consulta à Sociedade
c ( ) Orçamento participativo
d ( ) Pesquisa de satisfação
e ( ) Opiniões e decisões da população (através de reuniões, Conselhos de representações
locais, entidades e outros)
f ( ) Ouvidoria
27
7. As informações relacionadas à execução orçamentária e financeira (gastos públicos) -
são divulgadas?
a ( ) sim
b ( ) Não
d ( ) Não sei
8. Caso acima for afirmativo (Sim), as informações dos gastos públicos são divulgadas
em linguagem simples e compreensível?
a ( ) Sim
b ( ) Não
c ( ) Não sei.
9. Quais os meios de comunicação utilizados p/ divulgação de tais ações desenvolvidas e
seus resultados?
a ( ) Portal da Transparência
b ( ) Diário Oficial
c ( ) Imprensa (Tevê ou Jornal)
d ( ) Através de publicação no próprio órgão
e ( ) Outros meios: ________________________
10. Como a Secretaria / Órgão Público toma conhecimento das necessidades da
comunidade (políticas públicas necessárias)?
a ( ) Sociedade
b ( ) Orçamento participativo
c ( ) Leis Orçamentárias (PPA, LOA e LDO)
d ( ) Câmara
e ( ) Outros: ____________________
11. Como são realizadas as pesquisas de satisfação com relação às políticas
implementadas?
a ( ) Entrevista via internet
b ( ) Pesquisa realizada por empresa privada
c ( ) Formulário ou questionários
d ( ) Workshops
e ( ) Não existe
f ( ) Outras formas; ________________________
12. Você conhece a Lei de Responsabilidade e Lei da Transparência?
a ( ) Conheço a LRF (Lei Complementar 101/2000)
b ( ) Conheço a Lei da Transparência (Lei Complementar 131/2009)
c ( ) Conheço a LRF e a Lei da Transparência
d ( ) Não
13. Na opinião no que se refere à corrupção e os desvios de recursos públicos
diminuíram em relação a períodos passados?
a ( ) Melhorou bastante
28
b ( ) Melhorou um pouco
c ( ) Continua da mesma forma
d ( ) Não sei
14. Existe Órgão responsável pelo SISTEMA CONTROLE INTERNO NO
MUNICÍPIO?
a ( ) Sim
b ( ) Não
Qual?: ________________
15. Caso afirmativo o item 12, existe Lei específica que trata do Sistema de Controle
Interno no âmbito do município de Campina Grande?
a ( ) sim
b ( ) não
C ( ) Não sei
Qual: ____________
16. Existe no âmbito do município de Campina Grande servidor / Assessor de Controle
Interno?
a ( ) Sim existe servidor responsável
b ( ) Sim existe o Assessor de Controle Interno
c ( ) Não existe servidor ou Assessor, pois o controle é realizado apenas pelo Tribunal de
Contas e/ou pelo Poder Legislativo
( ) Não sei
17. No caso afirmativo dos itens 13 ou 14, ou ambos, em sua opinião quais são as
finalidades empregadas no Sistema de Controle Interno entre as assertivas abaixo?
a ( ) AVALIAR O CUMPRIMENTO DAS METAS PREVISTAS NO PPA
b ( ) A EXECUÇÃO DE PROGRAMAS DE GOVERNO
c ( ) AVALIAR RESULTADOS QUANTO À EFICÁCIA E EFICIÊNCIA DA GESTÃO
ORÇAMENTÁRIA, FINANCEIRA E PATRIMONIAL
d ( ) AVALIAR A APLICAÇÃO DE RECURSOS PÚBLICOS POR ENTIDADES
PRIVADAS
e ( ) APOIAR O CONTROLE EXTERNO (PODER LEGISLATIVO, TRIBUNAL DE
CONTAS, ETC)
18. No caso de irregularidades ou ilegalidades na gestão de controle interno, detectada
pelo Secretário ou servidor responsável é dada ciência ao órgão de fiscalização, setor ou
instância competente ou ao Tribunal de Contas (conforme determina o artigo 74, § 1º da
Constituição federal)?
a ( ) Sim, caso existam são imediatamente comunicadas aos órgãos e/ou responsável pelo
controle
b ( ) Sim, caso existam são imediatamente comunicadas ao Tribunal de Contas
29
c ( ) Não sei
c ( ) Tenho algo a acrescentar sobre este item 16:
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
19. No processo de controle interno, em sua opinião, há participação direta do cidadão ?
a ( ) Sim
b ( ) Não
c ( ) Não sei
20. Caso afirmativo o item 17, na opinião a participação do cidadão é realizada através
de:
a ( ) Divulgação ampla das gastos e despesas públicas
b ( ) Participação dos Conselhos Municipais
c ( )Fácil acesso nas informações do orçamento público e de fácil entendimento
d ( ) canais de aproximação entre governo e cidadão através de programas de capacitação e
campanhas educativas
e ( ) Campanhas educativas pelos meios de comunicação (Rádio, tevê e jornal) f ( ) Prestação
das contas públicas à Câmara Municipal
g ( ) Portal da Transparência do governo
d ( ) Não sei
21. Na opinião você considera que existe transparência na participação do cidadão no
controle das ações administrativas no Município de Campina Grande?
a ( ) Sim
b ( ) Não
c ( ) Não sei
22 Na opinião o controle interno é no que se refere à corrupção e os desvios de recursos
públicos mudou em relação a períodos passados?
a ( ) Melhorou bastante
b ( ) Melhorou um pouco
c ( ) Continua da mesma forma
d ( ) Não sei