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A TRÍPLICE FRONTEIRA BRASIL-PERU-BOLÍVIA: ESPACIALIDADES E PERSPECTIVAS NO MERCOSUL LA TRIPLE FRONTERA BRASIL-PERÚ-BOLIVIA: ESPECIALIDADES Y PERSPECTIVAS EN EL MERCOSUR Ana Karoline da Silva Gomes 1 Gleys Ially Ramos 2 Resumo: A Tríplice Fronteira localizada nas dimensões limítrofes entre Brasil, Peru e Bolívia traz uma configuração espacial com uma série de processos complexos de caráter identitário, migratório, conflituoso, de desenvolvimento e de integração. Esse cenário demanda, para além das perspectivas territoriais, práticas cooperativas entre os três países que devem postular políticas públicas capazes de gerir os sistemas, as relações e os conflitos ali vigentes e inerentes. Com base nessa complexa relação atrelando fronteiras, territórios e integração, a Tríplice Fronteira influencia parte do direcionamento do Mercosul, já que o bloco econômico agrega os países da Bolívia e do Peru como membros associados e o Brasil não só como membro efetivo, mas também como potência regional sul-americana e latino-americana. Diante do exposto, a presente pesquisa objetiva caracterizar as diversas fronteiras existentes nos limites entre a Bolívia, o Brasil e Peru. Consequentemente alguns objetivos específicos se delinearam, dentre eles analisar os aspectos que caracterizam a fronteira a partir do(s) território(s), bem como as temáticas presentes na região que se projetam de interesse e no contexto de direcionamento do Mercosul, utilizando-se como referências autoras e autores que já desenvolveram estudos sobre o assunto e pesquisas de caráter documental. Também está previsto dois trabalhos de campo, além de entrevistas locais e de um mapeamento para entender as dinâmicas sociais locais e regionais. Como primeiro resultado da pesquisa, apontamos a organização de um arcabouço teórico e metodológico, sistematizadas em três campos principais Relações Internacionais, Geografia (Política, Regional e da Amazônia) e História Econômica, além da possibilidade de entender as divergências e convergências analíticas das três áreas e suas respectivas autorias. Palavras-chave: Tríplice Fronteira; Território; Povos Indígenas Resumen: La Triple Frontera ubicada en las dimensiones fronterizas entre Brasil, Perú y Bolivia trae una configuración espacial con una serie de complejos procesos de identidad, migración, conflicto, desarrollo y integración. Este escenario exige, más allá de las perspectivas territoriales, prácticas cooperativas entre los tres países que deben postular políticas públicas capaces de gestionar los sistemas, las relaciones y los conflictos existentes e inherentes a ellos. En base a esta compleja relación que une fronteras, territorios e integración, la Triple Frontera influye en parte de la dirección del Mercosur, ya que el bloque económico agrega a los países de Bolivia y Perú como miembros asociados y Brasil no solo como miembro de pleno derecho, sino también como membro de poder regional sudamericano y latinoamericano. Dado lo anterior, esta investigación tiene como objetivo caracterizar las diversas fronteras que existen en los límites entre Bolivia, Brasil y Perú. En consecuencia, se delinearon algunos objetivos específicos, entre ellos el análisis de los aspectos que caracterizan la frontera del(de

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A TRÍPLICE FRONTEIRA BRASIL-PERU-BOLÍVIA: ESPACIALIDADES E PERSPECTIVAS NO MERCOSUL

LA TRIPLE FRONTERA BRASIL-PERÚ-BOLIVIA: ESPECIALIDADES Y PERSPECTIVAS EN EL MERCOSUR

Ana Karoline da Silva Gomes1

Gleys Ially Ramos2

Resumo: A Tríplice Fronteira localizada nas dimensões limítrofes entre Brasil, Peru e Bolívia traz uma configuração espacial com uma série de processos complexos de caráter identitário, migratório, conflituoso, de desenvolvimento e de integração. Esse cenário demanda, para além das perspectivas territoriais, práticas cooperativas entre os três países que devem postular políticas públicas capazes de gerir os sistemas, as relações e os conflitos ali vigentes e inerentes. Com base nessa complexa relação atrelando fronteiras, territórios e integração, a Tríplice Fronteira influencia parte do direcionamento do Mercosul, já que o bloco econômico agrega os países da Bolívia e do Peru como membros associados e o Brasil não só como membro efetivo, mas também como potência regional sul-americana e latino-americana. Diante do exposto, a presente pesquisa objetiva caracterizar as diversas fronteiras existentes nos limites entre a Bolívia, o Brasil e Peru. Consequentemente alguns objetivos específicos se delinearam, dentre eles analisar os aspectos que caracterizam a fronteira a partir do(s) território(s), bem como as temáticas presentes na região que se projetam de interesse e no contexto de direcionamento do Mercosul, utilizando-se como referências autoras e autores que já desenvolveram estudos sobre o assunto e pesquisas de caráter documental. Também está previsto dois trabalhos de campo, além de entrevistas locais e de um mapeamento para entender as dinâmicas sociais locais e regionais. Como primeiro resultado da pesquisa, apontamos a organização de um arcabouço teórico e metodológico, sistematizadas em três campos principais – Relações Internacionais, Geografia (Política, Regional e da Amazônia) e História Econômica, além da possibilidade de entender as divergências e convergências analíticas das três áreas e suas respectivas autorias. Palavras-chave: Tríplice Fronteira; Território; Povos Indígenas

Resumen:

La Triple Frontera ubicada en las dimensiones fronterizas entre Brasil, Perú y Bolivia trae una configuración espacial con una serie de complejos procesos de identidad, migración, conflicto, desarrollo y integración. Este escenario exige, más allá de las perspectivas territoriales, prácticas cooperativas entre los tres países que deben postular políticas públicas capaces de gestionar los sistemas, las relaciones y los conflictos existentes e inherentes a ellos. En base a esta compleja relación que une fronteras, territorios e integración, la Triple Frontera influye en parte de la dirección del Mercosur, ya que el bloque económico agrega a los países de Bolivia y Perú como miembros asociados y Brasil no solo como miembro de pleno derecho, sino también como membro de poder regional sudamericano y latinoamericano. Dado lo anterior, esta investigación tiene como objetivo caracterizar las diversas fronteras que existen en los límites entre Bolivia, Brasil y Perú. En consecuencia, se delinearon algunos objetivos específicos, entre ellos el análisis de los aspectos que caracterizan la frontera del(de

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los) territorio(s), así como los temas presentes en la región que se proyectan de interés y en el contexto de la dirección del Mercosur, utilizando como referencias autores que ya han desarrollado estudios sobre el tema e investigación documental. También se planean dos trabajos de campo, así como entrevistas locales y mapeo para comprender la dinámica social local y regional. Como primer resultado de la investigación, señalamos la organización de un marco teórico y metodológico, sistematizado en tres campos principales: relaciones internacionales, geografía (política, regional y amazónica) e historia económica, además de la posibilidad de comprender las divergencias y las convergencias analíticas de los tres. áreas y sus respectivas autorías. Palabras clave: Triple Frontera; Territorio; Pueblos Indígenas

1. Introdução

O Brasil possui aproximadamente nove tríplices fronteiras, enquanto o Peru

possui quatro e a Bolívia cinco3. Posto isto, o objeto de estudo do presente artigo

centralizará na análise da Tríplice Fronteira entre o Brasil, o Peru e a Bolívia.

Estamos compilando analisar o conceito e as dimensões espaciais dessa

fronteira nas suas dimensões políticas, econômicas, sociais-culturais mais

precisamente na região onde se localizam respectivamente as cidades brasileira,

peruana e boliviana de Assis-Brasil, Inapari e Bolpebra.

Para esse fim, além de outros autores, será trabalhado o conhecimento

desenvolvido pelos geógrafos Milton Santos, Maria Adélia e Maria Laura Silveira

no quesito de entendimento acerca de espaço e território. Na visão

internacionalista, o cientista político James Rosenau e o historiador Erick

Hobsbawm discorrem quanto a essas projeções fronteiriças, territoriais e

espaciais.

Um dos objetivos desse trabalho também é propor um diálogo entre as/os

autoras/es e partir de uma revisão teórica, entender as relações presentes na

tríplice fronteira que aqui é objeto de análise, constata-se a frequente abordagem

da insegurança, da multiculturalidade e das práticas econômicas extrativistas,

madeireiras e mineradoras4, interligando-se também à floresta, na qual se

desdobra no contexto teórico da Geografia da Amazônia, com Bertha Becker e

Carlos Walter Porto Gonçalves como importantes propositores dessa temática.

Esse é um espaço cuja característica que mais salta é a diversidade

sociocultural o que possibilitam que também ocorram adversidades étnico-

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culturais. A Tríplice Fronteira Brasil-Peru-Bolívia abriga diversos povos,

destacamos aqui, os povos indígenas de origem Manchineri e Jaminawa5, que,

em parte, mantem-se isolados, nômades e em constante atividade de migrações

entre os três países. Essa mobilidade orienta suas atividades de subsistência e

por assim dizer, suas práticas de existências e resistências nos territórios da

fronteira.

Todavia, a falta de políticas públicas e de integração coloca em risco as

condições não apenas dos brasileiros, dos peruanos e dos bolivianos nos quais

vivem na região fronteiriça enquanto pessoas urbanos ou suburbanas, como

também de etnias de povos indígenas existentes na área com condições e

construções identitárias e culturais, que pelo isolamento (cultural e imposto)

desconhecem situações limítrofes das fronteiras políticas estabelecidas pelos

Estados e vivem baseados em suas próprias lógicas de fronteiras, e

constantemente são interceptados por interesses de zonas de poderes advindas

do agronegócio, da mineração, do tráfico e, assim, são alvos diretos de conflitos.

Por isso, conforme o Tratado de Assunção e estudos de vários

internacionalistas, a interação desse Estados no Mercado Comum do Sul

(MERCOSUL) torna-se uma alternativa para o desenvolvimento do bloco e para

a redução dessa barreira presente na América Latina6 que, apesar de territorial,

também é político-econômica e social. Uma realidade que é perceptível em

atividades de campo realizadas pela Universidade Federal do Acre e por outras

instituições de pesquisas do norte brasileiro e dos arredores da fronteira peruana

e boliviana.

Portanto, o presente trabalho objetiva o estudo de como a constituição

territorial da Tríplice Fronteira Brasil-Peru-Bolívia e suas características, incidem

sob os povos indígenas e suas condições de existências, principalmente

naquelas que dizem respeito as diversidades identitárias e territoriais nas quais

se espelham e reproduzem resistências na área tri-fronteiriça. Justifica-se a

investigação a crescente onda de impactos na tríade política, econômica e social,

tanto na tríplice fronteira quanto no desenrolamento do Brasil, do Peru e da

Bolívia.

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Este trabalho é baseado e precedido na análise de obras e pesquisas de

caráter teórico, documental e prático de investigadores credenciados a respeito

do tema. Assim sendo, as divergências presentes nos territórios em questão

podem ser sancionadas com a ajuda do MERCOSUL e de políticas públicas

postuladas pelos países nos quais exercem poder na tri-fronteira, o que permite

consolidar o papel democrático e a integração regional.

2. Espaço e Território

À partir disso, tem-se o espaço como a categoria7 e objeto principalda

Geografia. As suas determinações e origens são múltiplas segundo Milton

Santos (1982), pois ele se transforma para se adaptar às necessidades da

sociedade, históricas ou geográficas. É possível atribuí-lo várias características

de acordo com a vertente teórica que será trabalhada.

Sendo assim, o principal pressuposto do espaço situa-se no entendimento de

que ele é o objeto de estudo da geografia. Ratzel (apud MORAES, 1990) propõe

que a Geografia é a ciência que investiga a interação entre o espaço e o homem.

Nesse seguimento, o espaço geográfico é tudo aquilo onde se pode exercer

atividade pelos seres humanos, ou seja, ele é a habitação do homem, moldada

por uma intensa vertente política (CASTRO, 2005). A professora Maria Laura

Silveira (2011, p. 04) compila alguns pressupostos construídos por Milton Santos

para entendermos como se compõe a discussão espacial sobre território:

Um período histórico pode ser reconhecido por uma dada feição do território ou, em outras palavras, pela existência de uma base técnica e de uma organização da vida política, econômica e social. Considerado como sinônimo de território usado (Santos, 1994; Santos e Silveira, 2001), o espaço geográfico pode ser entendido como espaço concreto dos homens, como espaço de todos e como todo o espaço (Santos, 1996). Afastar-se-ia, desse modo, o risco de vê-lo como um conjunto de pontos mensuráveis ou como uma relação matemática entre tempo e distância. As localizações deixam de ser uma mera topologia para ganhar a espessura de um contexto histórico.

Dessa maneira, a partir do espaço, pode-se segmentar outras categorias

para auxiliar o objeto de estudo. A partir do espaço, derivam-se algumas

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categorias geográficas importantes sobre o debate da tríplice-fronteira:

paisagem, lugar, território. Sendo a última um dos principais eixos deste artigo,

tem-se o território, apesar de vastas concepções e de novos elementos sendo

incorporados a sua definição.

Logo, o território é intrínseco a sociedade. Haesbsert (1997 in: SPOSITO,

2004) subdivide a dinâmica territorial em três presunções: jurídico-política,

cultural e econômica.

O território jurídico-político dispõe de normas resultante do poder de um

Estado nesse espaço e da delimitação através de regimentos e reconhecimento

externo. Por outro lado, o território cultural se apropria da ocupação de

determinados grupos que compartilham de certos costumes. Por fim, o território

econômico advém da nova conjuntura atual, é o território que abriga a produção,

a luta de classes, o consumo e o capital.

Desse modo, o espaço, juntamente com a interação humana, é a peça

central do estudo da Geografia. Assim, para alcançar um conhecimento mais

brando acerca do espaço geográfico, o espaço se desdobra em outros conceitos.

Um deles é nomeado de território. De acordo com o que foi analisado, o território

é o espaço ocupado por um grupo social, que pode ter uma visão política, cultural

ou econômica dependendo do campo de investigação,

3. Fronteiras e Identidades

A fronteira, por ser pertencente ao território, também denota uma diversidade

de interpretações, bem como expõe Foucher, citado ao longo do texto de Costa

(2008), que as fronteiras podem ser analisadas por diversos pontos de vista, pois

elas são os traços quer seja construções geopolíticas datadas quer seja objetos

de estudo multiescalar e multifuncional, de limite políticos, fiscais, linguísticos e

militares.

Entretanto, para se entender fronteiras, é crucial a compreensão das noções

histórias expressas por Wanderlei Messias da Costa (2008) que se depreendem

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entre o velho significado, de matriz imperialista e o novo, de traços unificante,

movente, integrador, flutuante, porém separador e disjuntor.

Como ponto de partida, Ratzel classifica as fronteiras entre 3 principais

grupos: as fronteiras políticas, as fronteiras artificiais e as fronteiras naturais.

Ademais, essa ramificação de fronteira também se distingue:

As fronteiras políticas estão divididas em subtipos,

designadamente: simples – as que não têm contacto com

outra área política; duplas – quando a contiguidade de dois

territórios nacionais implica uma linha de demarcação e

duas zonas de contacto; fechadas – os enclaves dentro de

uma unidade política; descontínuas – partes dos Estados

que estão fora dos seus domínios territoriais; deficientes –

as que por força dos conflitos, possuem uma demarcação

imperfeita; elásticas – em situações de aumento ou

diminuição da sua extensão, por inexistência de cartas

precisas. De igual modo, considerou os seguintes subtipos

para as fronteiras naturais: marcos físicos – o ecúmeno é

delimitado por rios, costas, desertos, florestas, entre

outros; boas – se favorecem a proteção física do Estado

num período de guerra; más – se não favorecem a

proteção física do Estado. No respeitante às fronteiras

artificiais, estas poderiam ser demarcadas, se fossem

delimitadas por tratados, mesmo que apoiadas em marcos

físicos. (SEABRA, 2012, p. 6)

Outrossim, Kejllen, seguidor de Ratzel, expande a ideia acerca de

fronteira e impõe mais outros atributos:

fronteiras históricas – oriundas de tradições seculares;

naturais – quando traçadas sob acidentes geográficos;

planeadas ou de construção – as linhas geodésicas,

astronómicas, ou outras de caráter geométrico; étnicas,

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linguísticas, estratégicas ou económicas – de acordo com

o contexto a que pertencessem (Mattos, 1989, p. 37 in:

SEABRA, 2012, p. 7)

O velho significado de fronteiras só deixa então de ser usado quando

Ancel publica “Geographie des Frontières”8. Fundamentado nisso, Ancel introduz

uma visão crítica questionando a eficiência de fronteiras meramente

cartográficas, já que elas também podem ser um efeito de forças, ora de poder

político ora de poder social. Para mais, ele apontou as tipologias de: fronteiras

plásticas, modernas, físicas e humanas.

As fronteiras plásticas, nessa lógica, sofriam choque de poder entre dois

ou mais povos (peculiaridade inteiramente medieval). As fronteiras modernas

são aquelas que foram modificadas, passando de linear para zona. Em

contrapartida, a fronteira física é decorrente dos espaços que possuem barreiras

que podem ser sanadas pelo homem e a fronteira humana é a que a sociedade

origina.

Desse ponto em diante, muitos outros autores disponibilizaram outros

paradigmas atrelados a visão crítica sobre as zonas fronteiriças devido a novas

tendências atuais, conectadas à geopolítica e à globalização. Atualmente, já

existem debates em relação as fronteiras religiosas, linguísticas e tecnológicas.

Outra subdivisão que se sobressai em contextos presentes e que tenha

se perpetuado durante a história é a definição de fronteiras culturais e sociais.

Essas fronteiras, em particular, são tratadas pelos autores Font e Rufi (2006)

como a divisão de áreas homogêneas do ponto de vista étnico, linguístico ou

religioso. Segundo Martinez (idem), a delimitação, a diferença, a distinção e a

identidade são efetivamente simbolizadas espacialmente, e não em termos de

parentesco. No entanto, esse ponto será melhor investigado nos tópicos

subsequentes.

4. A Tríplice Fronteira Brasil-Peru-Bolívia

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4.1 Contexto das Fronteiras Sul-Americanas Entre Si

Segundo a lógica de Carmem Lussi9, os primeiros delineamentos

geopolíticos das fronteiras sul-americanas se constituíram durante a era colonial.

Tal fato é entrelaçado a uma contínua onda de confrontos de poder, onde, desde

o princípio, não houve um sentimento de identidade ou nacionalidade, mas sim

de territorialidade.

O povo se reconhecia em razão do espaço ocupado e não devido a um grupo

social. Por isso, os conflitos existentes foram motivados por questões territoriais,

como a Guerra da Cisplatina (1825-1828), a Guerra do Paraguai (1864-1870) e

a Guerra do Pacífico (1879-1883).

Posteriormente, os estados nacionais da América do Sul são criados. Com

essa origem, as fronteiras são demarcadas e influenciadas por Estados

europeus em virtude de interesse políticos e econômicos, sem priorizar o

contexto histórico, as culturas e as necessidades locais.

Dessa forma, grupos identitário ou de característica semelhantes se

dividiram. Em consequência disso, as atividades de migração se intensificaram,

tornando as fronteiras uma região transitória e repleta de costumes pertinentes

aos países que compartilham a fronteira.

Outra realidade das fronteiras sul-americanas mostra o esquecimento por

parte dos governos e atores sociais ativas, ela também é estereotipada devido a

gestão precária e aos crimes lá presentes.

No que tange a fronteira trinacional entre Brasil, Peru e Bolívia, destaca-se a

imposição do termo “fronteira em movimento”10 devido à predominância de

modificações políticas, administrativa e etnográficas.

Baseado nisso, é notório que as fronteiras da América do Sul foram

projetadas no intuito de abastecer as demandas advindas dos colonizadores e,

por isso, não corresponderam as demandas das sociedades locais. Por meio

disso, as zonas fronteiriças ordenam um conjunto de atividades transitórias e

migratórias, pertinente nos países que as ocupam.

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4.2 Zonas Limítrofes Entre Brasil, Peru e Bolívia e o Mercosul

Os delineamentos limítrofes entre Bolívia-Brasil, Peru-Brasil e Bolívia-Peru

foram alguns dos mais tardios da América do Sul por serem as áreas mais

distantes dos três países. Os atuais limites entre Bolívia e Peru se deram em

1902. Em 1903, o Brasil estabelece uma fronteira definida com a Bolívia e

somente em 1909 o Peru define a sua fronteira com o Brasil.

Com a conclusão dos paradigmas fronteiriços, a tríplice fronteira Brasil-

Peru-Bolívia comporta as seguintes localidades: as cidades de Assis Brasil,

Bolpebra e Inapari, bem como é observado no seguinte mapeamento:

Figura I – Representação da Região Trinacional entre Brasil, Peru e Bolívia

Fonte: Tribunal de Justiça do Estado do Acre

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Não obstante, como foi analisado, essas definições são resultados de

diversos fatos, tentativas, negociações e acontecimentos que ocorreram aonde

os interesses políticos e econômicos contrapuseram os sociais e culturais.

A região onde atualmente se encontra a fronteira trinacional entre Brasil,

Peru e Bolívia foi habitada, durante muitos milênios antes da chegada dos

europeus, por vários grupos étnicos que formaram suas próprias demarcações

territoriais (ARRUDA, 2009).

As populações originais, nas quais se conhece na atualidade como

Jaminawa e Manchineri, tinham a sua região fronteiriça nas “Terras Altas”, na

qual separa a Cordilheira dos Andes da floresta amazônica. Por esse ângulo,

essa área habitada pelos Jaminawa e Manchineri também interligava os tupis-

guaranis e os povos andinos com rotas comerciais, matrimônios e outros.

A invasão majoritariamente de espanhóis e de portugueses nos territórios

que no momento atual correspondem ao Peru, a Bolívia e ao Brasil se

concentrou predominantemente nas faixas litorâneas devido ao difícil acesso a

selva. Mas, desde o começo das expedições, a Amazônia foi examinada, ora por

missionários e jesuítas ora por indígenas e exilados (BECKER, 1988).

Entretanto, a ascensão da Amazônia é causada posteriormente em

decorrência da descoberta da função da borracha na indústria, por volta do

século XX. A Província do Amazonas se tornou um dos maiores polos

econômicos do mundo e abriu espaço para o extrativismo, para mais da borracha

e atingindo a até então ao cultivo de drogas do sertão.

Várias cidades emergiram (como, por exemplo, Manaus e Belém). Além

disso, houve um fluxo de nordestinos, estrangeiros e indígenas para as

atividades extrativistas. Muitos seringueiros passaram a ocupar o território

boliviano para aumentar a produção. Ademais, com a anexação brasileira na

região boliviana do Acre, o Brasil e a Bolívia assinam o Tratado de Petrópolis

(1903) para atender a essa demanda.

Subsequentemente, o ciclo da borracha acabou, contudo as fronteiras

agrícolas e extrativistas ainda avançavam. A região “trifronteiriça”, demarcada

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sobretudo por esse viés econômico, se transformou em um palco repleto de

migrações e problemáticas.

Uma das primeiras consequências decorreu das migrações desordenadas

entre os habitantes dos três municípios internacionais. Muitas famílias foram

divididas e, consequentemente, seus meios de sobrevivência também. Assim,

muitos ainda migram várias vezes ao dia em busca de trabalho e sustento.

Apesar de haverem prescrições que possibilitam esse trajeto, a maior parte das

políticas públicas é destinada às matrizes extrativistas e a efetivação de soluções

sobre temas como segurança e sociedade é deixada em segundo plano.

Apesar das diretrizes preconceituosas que se acentuam no entendimento

acerca de fronteiras políticas amazônicas, a etnografia elaborada por José

Valcuende del Rio e por Lais Cardia (2009) exibem as fronteiras Brasil-Peru-

Bolívia além da vertente tradicional de fronteira separatista. A fronteira trinacional

está relacionada a um componente articulador que une as sociedades

trinacionais.

As sociedades constituídas nas cidades de Assis Brasil, Iñapari e Bolpebra

estão socialmente conectadas embora exista a escala de soberania entre os

países. Assim como os tempos antepassados, tal região ainda se conecta, para

lá de migrações, por meios de uniões matrimoniais. A eclosão da borracha

associou as populações existentes ali e, no fim desse ciclo, as sociedades nas

quais habitam essa tríplice-fronteira tiveram que moldar os seus próprios meios

de sobrevivência que se espelham em comércios locais, no extrativismo e na

criminalidade.

A pesquisa também indica que as populações locais apresentam laços com

os diferentes lados das fronteiras. Nesse paradoxo, é muito comum que um

homem peruano se relacione com uma mulher boliviana e tenha filhos nascidos

no Brasil. Para mais, o lazer, o comércio na fronteira trinacional é extremamente

facilitado, sem existir uma política fiscalizadora rigorosa, como pode-se observar

na seguinte imagem:

Figura II – Rio Acre em primeiro plano e ao fundo o Rio Yaverija. A desembocadura delimita a tríplice fronteira Brasil, Peru e Bolívia (2008).

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Fonte: SÁNCHEZ, 2009

A criação e imposição de regulamentos pelo Mercado Comum do Sul

(MERCOSUL) beneficiou a flexibilidade nas fronteiras sul-americanas de acordo

com Sierra e Alvarato. O Acordo de Residência do MERCOSUL e associados é

a ferramenta que melhor facilita a circulação de pessoas na tríplice fronteira

Brasil-Peru-Bolívia. Portanto, o bloco econômico é crucial no processo de

integração da região e o seu desenvolvimento proviria uma série de benefícios

de desenvolvimento no qual refletiria positivamente na qualidade das condições

de vida daquelas sociedades, tanto indígenas como civilizatórias.

5. Considerações Finais

Esse artigo configura o início de uma revisão teórica e metodológica acerca

dos debates sobre territórios e fronteiras que se é reflexo para uma investigação

mais aprofundada em um Trabalho de Conclusão de Curso.

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Com base nos fatos analisados, tem-se um apanhado geral acerca da

conceituação de espaço, território, fronteira e tríplice fronteira Brasil-Peru-

Bolívia. O principal pressuposto espacial geográfico está atrelado à ideia que o

espaço é o destino de estudo central da geografia e o território é a sua

dinamização em relação ao poder. Sendo assim, as fronteiras se caracterizam

como a parte do território que oscila entre dois ou mais poderes e a sua projeção

no ponto de vista cultura e social constitui os processos identitários.

Nesse aspecto, a tríplice fronteira entre o Brasil, o Peru e a Bolívia se

transforma num objeto de investigação incondicional para o entendimento

dessas linhas teoréticas, dado que essa área é uma sequela de confrontos

colonizadores e econômicos onde são anexadas diversidades étnicas e participa

de debates de vários pontos de vista de fronteiras, da fronteira política até a

fronteira das “Amazônias”.

A particularidade dessa região trinacional está relacionada a principal

suposição de que ela foi projetada para o colonizador, logo após aos extratores

e, por último, ao agroexportador. Em contrapartida, outras áreas da região

acumularam demandas, uma delas está vinculada às populações que oscilam

entre esses espaços. Os povos indígenas e a sociedade civil necessitam de

políticas públicas capazes te os interligar nesses espaços. Desse modo, o

Mercosul torna-se uma alternativa complementar essa necessidade.

NOTAS

1 Estudante de graduação em Relações Internacionais da Universidade Federal do Tocantins 2 Professora adjunta do curso de Relações Internacionais da Universidade Federal do Tocantins – UFT. 3 LUSSI, Carmen. Espaços Fronteiriços na América do Sul: desafios e oportunidades para a pastoral humana. Disponível em: < https://www.csem.org.br/wp-content/uploads/2018/08/Espa%C3%A7os_fronteiri%C3%A7os_na_Am%C3%A9rica_do_Sul.pdf>. Acesso em: 20 de julho de 2019 4 CAVALCANTE, M. R. V; CIDREIRA, J. H. A fronteira Brasil-Peru-Bolívia: de periferia a centro do continente sulamericano. Revista Presença Geográfica, vol. IV, num. I, 2017. U 5 ARRUDA, R. S. V. Fronteiras e Identidades: os povos indígenas na tríplice fronteira Brasil-Bolívia-Peru. São Paulo: Projeto História, 2009. Pp. 159-178.

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6 SCHVARZER, Jorge. Mercosur: estrategias para el crecimiento y el desarrollo. In: SIERRA, Gerómino de; ALVARADO, M. B. Democracia, Gobernanza y Desarollo en el Mercosur: hacia un projecto proyecto proprio en el siglo XXI. UNESCO, 2004. pp. 25-34. 7 Categorias, segundo o The Dictionary of Human Geography, são um conjunto de conceitos que auxiliam no estudo e na pesquisa de área geográfica. 8 (1938 cit. por Cataia, 2011, p. 13 in: SEABRA, 2012)

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