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REGINA CÉLIA LOPES ARAUJO A UNIVERSIDADE NO CONTEXTO URBANO: as representações presentes na relação socioespacial entre a Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro e a cidade de Seropédica Tese apresentada ao Curso de Doutorado do Programa de Pós-Graduação em Planejamento Urbano e Regional da Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ, como parte dos requisitos necessários à obtenção do grau de Doutor em Planejamento Urbano e Regional. Orientador: Prof. Dr. Adauto Lúcio Cardoso Doutor em Planejamento Urbano / USP Rio de Janeiro 2011

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REGINA CÉLIA LOPES ARAUJO

A UNIVERSIDADE NO CONTEXTO URBANO:

as representações presentes na relação socioespacial entre a Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro e

a cidade de Seropédica

Tese apresentada ao Curso de Doutorado do Programa de Pós-Graduação em Planejamento Urbano e Regional da Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ, como parte dos requisitos necessários à obtenção do grau de Doutor em Planejamento Urbano e Regional. Orientador: Prof. Dr. Adauto Lúcio Cardoso Doutor em Planejamento Urbano / USP

Rio de Janeiro

2011

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A663u Araujo, Regina Célia Lopes. A universidade no contexto urbano : as representações presentes na relação socioespacial entre a Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro e a cidade de Seropédica / Regina Célia Lopes Araujo. – 2011. 318 f. : il. color. ; 30 cm. Orientador: Adauto Lucio Cardoso. Tese (doutorado) – Universidade Federal do Rio de Janeiro, Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano e Regional, 2011. Bibliografia: f. [216]-223. 1. Universidades e faculdades – Aspectos sociais. 2. Representação (Filosofia). 3. Comunidade e universidade. 4. Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro. 5. Seropédica (RJ). I. Cardoso, Adauto Lucio. II. Universidade Federal do Rio de Janeiro. Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano e Regional. III. Título. CDD: 307.76

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REGINA CÉLIA LOPES ARAUJO

A UNIVERSIDADE NO CONTEXTO URBANO:

as representações presentes na relação socioespacial entre a Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro e

a cidade de Seropédica

Tese submetida ao corpo docente do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano e Regional da Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ, como parte dos requisitos necessários à obtenção do grau de Doutor em Planejamento Urbano e Regional.

Aprovado em: ___________________________________ Prof. Dr. Adauto Lúcio Cardoso - Orientador Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano e Regional – UFRJ ___________________________________ Prof. Dr. Carlos Bernardo Vainer Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano e Regional – UFRJ ___________________________________ Profa. Dra. Luciana Correa do Lago Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano e Regional – UFRJ ___________________________________ Profa. Dra. Rachel Coutinho Marques da Silva Programa de Pós-Graduação em Urbanismo - FAU - UFRJ ___________________________________ Prof. Dr. Antonio Carlos Nogueira Instituto de Ciência Humanas e Sociais - UFRRJ ___________________________________ Prof. Dr. Klaus Chaves Alberto Departamento de Arquitetura e Urbanismo – UFJF

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Para Luiza, Luciana, Danielle,

Rodrigo e Arthur, como testemunho

de que sempre é tempo.

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AGRADECIMENTO

“Por esses longes todos eu passei, com pessoa minha no meu lado, a gente se querendo bem. O senhor sabe? Já tenteou sofrido o ar que é saudade? Diz-se que tem saudade de ideia e saudade de coração...”

Guimarães Rosa Grandes Sertões: Veredas

Quanto mais longe vai o tempo, maior o número de pessoas que fizeram

parte importante de nossas vidas. De algumas, temos saudades de coração, e de

outras, de ideias. Na vida profissional, vou-me restringir ao período do doutorado,

sabendo que vou cometer algumas injustiças. Muitos foram os amigos da Rural que

me incentivaram a empreender esta jornada. A três deles quero fazer um

agradecimento especial, pois foram importantes nesta tomada de decisão: aos

professores José Antônio de Souza Veiga, Maxwel Ribeiro Moreira e Carlos Wilson

Gomes Lopes, pela força e incentivo.

Do meu Departamento, que enfrentava enormes dificuldades para levar

adiante o recém-criado Curso de Arquitetura e Urbanismo da UFRRJ, recebi o apoio

necessário. Na impossibilidade de citar todos, faço meus agradecimentos ao

professor Carlos Eduardo da Silva Costa, chefe e coordenador ao longo deste

período, e às professoras Edna das Graças Assunção Freitas e Jaqueline de Lima

Pires, com as quais dividi sala de trabalho, em momentos diferentes. Também, aos

alunos de graduação, que, nestes anos de “tempo dividido”, me compreenderam,

expresso meu reconhecimento, em especial àqueles que, ainda assim, em mim

confiaram como orientadora de TFG.

A convivência com todos os amigos da Rural foi importante só por acontecer.

Mesmo quando parcialmente afastada, nunca faltei às “reuniões da caixinha”,

porque nelas me revigorava, depois de boas risadas. À Marize Setúbal, Marúcia

Haicki, Maria da Conceição Lacerda, Hélio Machado Júnior, Nilson Sales, Hermano

Tavares, Áurea Nascimento e Carlos Massard, representando os demais, meu

agradecimento carinhoso.

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A experiência de retornar aos bancos escolares foi de imenso valor pessoal e

profissional. Ser aluna do IPPUR foi, de fato, um privilégio. Fica aqui a saudade de

idéias, na impossibilidade de registrar meu reconhecimento a todos os professores.

Entretanto, um agradecimento especial se faz primeiro ao Professor Doutor Adauto

Lúcio Cardoso, pela orientação segura e paciente. Aos Professores Doutores Carlos

Bernardo Vainer e Luciana Correa do Lago, agradeço as sugestões quando do

exame de qualificação. À Professora Doutora Ana Clara Torres Ribeiro, devo a

coragem de expressar minha paixão pela UFRRJ e assumir o objeto de tese, e ao

Professor Doutor Hermes Magalhães Tavares, na demonstração de entusiasmo pelo

tema, devo um apoio implícito. Dos funcionários do IPPUR sempre recebi uma

atenção inesperada e sou grata a todos, em especial a Ana Lúcia Gonçalves,

Zuleika Alves da Cruz e André Luís da Silva. Dos colegas de turma ficaram a

convivência amiga e a partilha de alguns momentos de angústia, sobretudo com

Márcia Kauffmann e Luciano Abreu.

Na difícil caminhada – literalmente - da pesquisa de campo, registro meu

agradecimento ao professor Lauro Boechat Batista, pelas orientações no uso da

Estatística, e aos muitos alunos que comigo colaboraram, em particular a Dalila da

Costa Gonçalves, Jeferson Carlos Xavier Santos e Fernando Tertuliano de Paula,

incansáveis na aplicação dos questionários e na digitação de dados. Faço aqui,

ainda, um agradecimento especial à então aluna, hoje arquiteta Luciana Santos

Pires, pela ajuda significativa na edição paciente de figuras do texto.

Registro, de antemão, um agradecimento aos Professores Doutores Raquel

Coutinho Marques da Silva, Antonio Carlos Nogueira e Klaus Chaves Alberto, que

ora se agregaram à banca de defesa desta tese, por terem aceitado o convite e por

me honrarem com as suas críticas e contribuições.

Finalmente, nada seria possível sem a força que vem de Deus e da família.

Aos meus pais Laurinda e José Emílio, in memoriam, porque me ensinaram a

enfrentar todos os desafios, com determinação e respeito. Aos meus irmãos Lúcia

Regina e Antonio Alberto e aos meus sobrinhos Luíza, Luciana, Danielle e Rodrigo,

por existirem. Aos meus tios Sarita e José Luiz, por se esforçarem em me

compreender. Ao meu pequeno companheiro de final de trajeto, Arthur, por me

forçar a descansar brincando. De fato, sem vocês nada seria possível.

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RESUMO

ARAUJO, Regina Célia Lopes. UA universidade no contexto urbanoU: as representações presentes na relação socioespacial entre a Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro e a cidade de Seropédica. 318 f. Tese (Doutorado em Planejamento Urbano e Regional) - Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano e Regional, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2011. A compreensão das relações socioespaciais entre o espaço universitário e seu entorno urbano, a partir do caso da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, localizada no município de Seropédica (RJ), constitui o objetivo do presente estudo. A análise dos principais aspectos sociotemporais, espaciais e políticos da universidade, nos vários contextos históricos que marcaram sua origem, desenvolvimento e territorialização, conduziu à discussão do campus universitário, como nova materialidade urbanística, no contexto da sua relação com a cidade. Com base no referencial teórico-metodológico de Pierre Bourdieu, procedeu-se ao entendimento da estruturação, territorialização e construção da espacialidade da UFRRJ e da cidade de Seropédica, privilegiando as estruturas do espaço físico na sua relação com as estruturas do espaço social, aprofundadas na realidade empírica, através de uma pesquisa de campo, a partir da qual foi discutida a relação socioespacial entre a universidade e a cidade; analisado o espaço como lugar percebido, e identificada a materialização das práticas sociais, através das representações. Dentro do conceito de campus universitário como o locus para a produção intelectual, em um modelo perfeito de microcosmo autônomo e independente da cidade, o estudo mostrou que o hoje campus da UFRRJ foi o primeiro a ser implantado no Brasil, ainda sob a designação de cidade universitária, e se constituiu como um projeto pleno e independente da região do entorno. A pesquisa apontou para dados que permitem a desnaturalização de algumas ideias presentes no senso comum a respeito da relação entre a UFRRJ e Seropédica e permitiu compreender o campus universitário para além de um espaço físico como fruto de um modelo urbanístico que divide a cidade segundo propostas de zoneamento. Mais que “zonas” diferentes, o campus e a cidade são campos diferentes e são estruturas sociais que, materializadas nas estruturas espaciais, hierarquizam o espaço universitário e o “fecham” para a cidade. Palavras-Chave: Universidade e cidade; Relações socioespaciais; Representações; UFRRJ e Seropédica.

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ABSTRACT

ARAUJO, Regina Célia Lopes. UUniversity in urban context U: the current representations in the socio-spatial relation between Rio de Janeiro Federal Rural University and the city of Seropédica. 318 p. Thesis (Doctorate in Urban and Regional Planning) – Urban and Regional Planning Research Institute, Rio de Janeiro Federal University, Rio de Janeiro, 2011. The comprehension of the socio-spatial relations between the university space and its urban surrounding having the case of the Rio de Janeiro Federal Rural University (UFRRJ), located in the municipality of Seropédica (RJ), as a starting point is the aim of this study. The analysis of the main socio temporal, spatial and political aspects of the university in several historical contexts that has marked its origin, development and territorialization has led to the discussion of the university campus as the new urbanistic materiality in the context of its relation with the city. Based on the methodological and theoretical referential of Pierre Bourdieu, the article proceeded to the understanding of structuring, territorialization and the construction of spatiality of the UFRRJ and the city of Seropédica, privileging the structures of the physical space in their relation with socio-spatial structures, deepened in the empirical reality through a field research, from which it was discussed the socio-spatial relation between the university and the city; analysed the space as a perceived place and identified materialization of the social practices through the representations. Within the concept of university campus as the locus to the academy production in a perfect model of an autonomus and independent microcosms of the city, the study has showed that the current campus of the UFFRJ was the first to be implemented in Brazil, still under the designation of university city, and it is constituted as a full and independent project of its surrounding region. The research has pointed to some data that allow the denaturalization of some ideas that are known as commom sense concerning the relation between UFRRJ and Seropédica and it enabled us to comprehend the university campus beyond a phisical space as a consequence of an urbanistic model that divides the city under propositions of zoning. More than different “zones”, the campus and the city are differente fields and social structures that, materialized in spatial structures, hierarchize the university space and enclose it to the city. Key-words: University and city; socio-spatial relations; representations; UFRRJ and Seropédica.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES Figura 1 Merton College, Oxford

32

Figura 2 New College, Oxford

32

Figura 3 Divinity School – Oxford

35

Figura 4 Brasenose College

36

Figura 5 Gonville and Caius College, Cambridge

39

Figura 6 Harvard, Cambrigde – Estados Unidos

41

Figura 7 Universidade da Virgínia - esboço da planta geral elaborado por Thomas Jefferson

46

Figura 8 Universidade da Virgínia – vista geral

46

Figura 9 Universidade da Virgínia - desenho da Biblioteca elaborado por Thomas Jefferson

46

Figura 10 Universidade da Virgínia – Biblioteca

46

Figura 11 Igreja e Residência dos Reis Magos em Nova Almeida, no Espírito Santo

50

Figura 12 Academia Real Militar – Largo de São Francisco, RJ

55

Figura 13 Academia Imperial de Belas-Artes

56

Figura 14 Planta cadastral da área da Quinta da Boa Vista

83

Figura 15 Projeto de Marcello Piacentini – Setorização

84

Figura 16 Projeto de Le Corbusier - Vista Geral

85

Figura 17 Projeto de Le Corbusier – Setorização

85

Figura 18 Projeto de Lúcio Costa – Setorização

86

Figura 19 Projeto de Lúcio Costa - Sistema de impressões

87

Figura 20 Comparação das propostas de ocupação do terreno

88

Figura 21 Plano Diretor de Ocupação da Cidade Universitária da Ilha do Fundão

91

Figura 22 Proposta de ocupação da Cidade Universitária dos anos 1947, 1949 e 1952.

93

Figura 23 Plano Diretor de Hélio Duarte, 1956

94

Figura 24 Plano Piloto da Universidade de Brasília do arquiteto Lúcio Costa 96

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Figura 25 Detalhe do Plano Piloto da Universidade de Brasília

96

Figura 26 Plano para UnB 1963/1964

98

Figura 27 Plano UnB 1964

98

Figura 28 Diagrama de setorização proposto por Atcon

101

Figura 29 Diagrama de zoneamento parcial proposto por Atcon

101

Figura 30 Planta de situação das dependências do CNEPA em Seropédica 118

Figura 31 Planta representativa do paisagismo proposto por Reynaldo Dierberger

121

Figura 32 Aquarela da época representando um dos prédios e seus jardins

121

Figura 33 Mapa de localização de Seropédica

131

Figura 34 Limites do município de Seropédica

132

Figura 35 Rodovias de acesso

133

Figura 36 Planta da Província do Rio de Janeiro – 1830

134

Figura 37 Carta corográfica da Província Rio de Janeiro - 1858-1861

135

Figura 38 Mapa da tipologia socioespacial da RMRJ – 1991

147

Figura 39 Mapa da tipologia socioespacial da RMRJ – 2000

148

Figura 40 Mapa de áreas (protegidas) do município de Seropédica em 2001

150

Figura 41 Gráfico da composição do PIB 2005

155

Figura 42 Anos de estudo por percentual da população com mais de 10 anos de idade

156

Figura 43 Localização das Manchas Urbanas no mapa de Seropédica

163

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LISTA DE TABELAS Tabela 1 Propriedades rurais de Seropédica por área (1940)

142

Tabela 2 População residente em Seropédica, por situação de domicílio

146

Tabela 3 Taxa média geométrica anual de crescimento da população residente do Estado e dos Municípios da Região Metropolitana do Rio de janeiro – 1940 a 2000

146

Tabela 4 Densidade demográfica do Estado e dos Municípios da Região Metropolitana do Rio de Janeiro – 1940 a 2000

149

Tabela 5 Número de estabelecimentos por atividade econômica

153

Tabela 6 Número de empregados por atividade econômica

153

Tabela 7 Composição do quadro de pessoal da administração direta do município de Seropédica – ano 2005

154

Tabela 8 Distribuição do PIB pelos setores de atividades

154

Tabela 9 Indicadores de renda, pobreza e desigualdade

157

TTabela 10T TComposição do universo da pesquisa por tamanho da população

161

TTabela 11T TUniverso da pesquisa por tamanho da amostra

162

Tabela 12 Distribuição da amostra por mancha urbana

164

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS BIA Bienal Internacional de Arquitetura CAIC Centro de Atenção Integral à Criança e ao Adolecente Capes Coordenação do Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior CEFET Centro Federal de Educação Tecnológica Celso Suckow CEPERJ Fundação Centro Estadual de Estatísticas, Pesquisas e Formação

de Servidores Públicos do Rio de Janeiro

CEPLAN Centro de Planejamento Urbanístico CIAM Congresso Internacional de Arquitetura Moderna CIEP Centro Integrado de Educação Pública CNEPA Centro Nacional de Ensino e Pesquisa Agronômicas CNES Cadastro Nacional de Estabelecimento de Saúde CNM Confederação Nacional de Municípios CNPq Conselho Nacional de Pesquisa CONSU Conselho Universitário CPC Centro de Preservação Cultural CPRM Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais CRUB Conselho de Reitores das Universidades Brasileiras CTUR Colégio Técnico da Universidade Rural CUB Cidade Universitária Brasileira DATASUS Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde DNOS Departamento Nacional de Obras de Saneamento EMBRAPA Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária ENA Escola Nacional de Agronomia ENBA Escola Nacional de Belas Artes ENV Escola Nacional de Veterinária ESAMV Escola Superior de Agricultura e Medicina Veterinária ETUB Escritório Técnico da Cidade Universitária do Brasil Fiocruz Fundação Oswaldo Cruz FUNDUSP Fundo de Construção da Universidade de São Paulo IA Instituto de Agronomia IAA Instituto do Açúcar e do Álcool IB Instituto de Biologia IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística ICC Instituto Central de Ciências ICE Instituto de Ciências Exatas ICHS Instituto de Ciências Humanas e Sociais ICs Institutos Centrais

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IE Instituto de Educação IF Instituto de Florestas Inepac Instituto Estadual de Patrimônio Cultural IPD Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento IPEACS Instituto de Pesquisas e Experimentação Agropecuárias do Centro-

Sul IT Instituto de Tecnologia ITA Instituto Tecnológico de Aeronáutica IV Instituto de Veterinária IZ Instituto de Zootecnia LDB Lei de Diretrizes e Bases MAIC Ministério da Agricultura, Indústria e Comércio MEC Ministério de Educação e Cultura MINAGRI Departamento Nacional de Produção Vegetal do Ministério da

Agricultura OMS Otto Mohr System PIB Produto Interno Bruto PNR Próprio Nacional Residencial PQ Pavilhão de Química Reuni Reestruturação e Expansão das Universidades Federais SAPS Serviço de Alimentação da Previdência Social SNPA Serviço Nacional de Pesquisas Agronômicas SUS Sistema Único de Saúde TCERJ Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro TRE Tribunal Regional Eleitoral UENF Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro UFMG Universidade Federal de Minas Gerais UFRGS Universidade Federal do Rio Grande do Sul UFRJ Universidade Federal do Rio de Janeiro UFRPe Universidade Federal Rural de Pernambuco UFRRJ Universidade Federal Rural do Rio Janeiro UFRRS Universidade Federal Rural do Rio Grande do Sul UMG Universidade de Minas Gerais UnB Universidade de Brasília UNE União Nacional dos Estudantes USAID United States Agency for International Development USP Universidade de São Paulo

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 15 PARTE I - UNIVERSIDADE: GÊNESE, DESENVOLVIMENTO E TERRITORIALIZAÇÃO 26 Capítulo 1 - Da universidade medieval a universidade moderna 27 1.1. A universidade medieval 29 1.2. A universidade renascentista 33 1.3. A universidade da ciência 37 1.4. A universidade moderna 41 Capítulo 2 - Dos colégios jesuítas à consolidação da instituição universitária no Brasil 47 2.1. O ensino superior na Colônia 48 2.2. O ensino superior no Império 53 2.3. O ensino superior na Primeira República 59 2.4. O ensino superior no primeiro período Vargas 64 2.5. O ensino superior na República Populista 71 2.6. O ensino superior da reforma de 1968 77 Capítulo 3 - Da cidade universitária ao campus universitário 79 3.1. Território, morfologia e ideologia 79 3.1.1. A cidade universitária 81 3.1.2. Um modelo intermediário – o campus da UnB 95 3.1.3. O campus universitário 99 3.2. O território universitário na dinâmica do espaço urbano 102 PARTE II - A APROXIMAÇÃO DO OBJETO EMPÍRICO PELO ESPAÇO FÍSICO: OS LUGARES DA UFRRJ E DE SEROPÉDICA 109 Capítulo 4 - A UFRRJ e o Campus do quilômetro 47 110 4.1. Origens da Universidade Rural: da itinerância à permanência 110

4.2.

A cidade universitária do quilômetro 47: a permanência da universidade e o novo modelo de territorialização da universidade brasileira 114

4.3.

A universidade em seu novo espaço: de Universidade Rural à Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro 122

Capítulo 5 - O município de Seropédica 131

5.1.

Seropédica: dos caminhos do ouro ao caminho da modernidade, passando pela razão de seu nome 134

5.2. Seropédica: onde o CNEPA é implantado 141 5.3. Seropédica: uma cidade cresce no entorno do CNEPA 145

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PARTE III - A RELAÇÃO ENTRE AS ESTRUTURAS DO ESPAÇO FÍSICO E AS ESTRUTURAS DO ESPAÇO SOCIAL: DA PESQUISA DE CAMPO ÀS REPRESENTAÇÕES 158 Capítulo 6 - A coleta de dados e a caracterização dos grupos pesquisados 159

6.1.

Descrição dos procedimentos metodológicos e estatísticos da pesquisa de campo 159

6.2.

Perfil sociodemográfico e econômico, práticas e preferências dos grupos sociais 165

6.2.1. A comunidade universitária: quem somos nós 165 6.2.2. A população de Seropédica: quem são eles 168 6.2.3. Práticas de consumo: nós e eles 169 6.2.4. Acesso ao sistema de saúde: nós e eles 171 6.2.5. Roteiro cotidiano de lazer, cultura e esporte: nós e eles 173 6.2.6. Roteiro cotidiano de trabalho e estudo: eles 175 Capítulo 7- Habitus, percepções e representações 177 7.1. Percepção do meio social 177 7.1.1. As relações sociais 177 7.1.2. As relações de convivência formal 180 7.1.3. As relações minhocas-estudantes 185 7.2. Percepção do lugar 189 7.2.1. Como o campus é percebido 189 7.2.2. Como a cidade de Seropédica é percebida 193 7.2.3. Como a presença da UFRRJ no município de Seropédica é percebida 195 7.3. As representações do campus e da cidade 199 7.3.1. As representações do campus universitário 199 7.3.2. As representações da cidade 201 CONCLUSÃO 204 REFERÊNCIAS 216 APÊNDICE A 224 APÊNDICE B 249 ANEXO A 309 ANEXO B 317

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15

INTRODUÇÃO

“Uma história de amor Sem ponto final...”

Acadêmicos do Salgueiro, Samba-enredo 2010

Ao longo desses mais de 35 anos como docente da Universidade Federal

Rural do Rio de Janeiro, Seropédica, de certa forma, também fez parte da minha

vida, ainda que nunca nela tenha morado. Acompanhei seu crescimento,

diariamente, no trajeto casa - trabalho. Às margens da antiga estrada Rio - São

Paulo, a cada dia, novas construções iam surgindo. O caminho, calmo, tranquilo,

quase que na sua maior parte através de uma área, ainda, com características

rurais, foi-se tornando urbanizado, a cada dia mais intenso no trânsito de pessoas,

carro, ônibus, caminhão de areia, chegando, hoje, ao caos trazido pelas grandes

carretas em meio a vans e mototáxis. Acompanhei o seu núcleo urbano central, o

“km 49”, se transformar. O comércio e os serviços eram restritos. Não havia bancos;

os restaurantes abriam e fechavam sucessivamente, e o comércio não oferecia

opções para escolha.

Nos últimos 40 anos, a população urbana de Seropédica aumentou,

aproximadamente, 20 vezes TPF

1FPT. De uma área eminentemente rural até o início da

década de 1970, Seropédica chegou à década de 1980 como uma área considerada

urbana. Segundo distrito de Itaguaí, no Estado do Rio de Janeiro, Seropédica, na

década de 1990, virou um município. As opções de comércio e serviços se tornaram

um pouco mais variadas e permanentes. Entretanto, ao que parece, Seropédica

mais cresceu do que se desenvolveu. Como uma cidade da Baixada Fluminense,

localizada na Área Metropolitana do Estado do Rio de Janeiro, região nacionalmente

reconhecida pela alta concentração de pobreza urbana, aliada a deficit de

infraestrutura e à carência de efetivas políticas públicas, Seropédica não foge à

regra, quando comparada com as demais cidades do seu entorno.

Foi em Seropédica, na altura do km 47 da antiga estrada que ligava a cidade

do Rio de Janeiro a São Paulo (atual BR 465), que, no ano de 1947, foram TP

1PT Segundo dados do IBGE, a população urbana de Seropédica em 1970 era de 3.050 pessoas, e, no ano de 2007, de 59.069

pessoas.

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16

inauguradas as instalações do Centro Nacional de Ensino e Pesquisas Agronômicas

(CNEPA), órgão do Ministério da Agricultura, cuja maior parte, hoje, constitui o

principal campus da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ). A obra,

iniciada em 1938, foi uma das de maior vulto e expressão do Estado Novo e teve

lugar em um terreno que englobava as glebas pertencentes à Fazenda Nacional de

Santa Cruz, antiga Fazenda do Imperador, que totalizavam em torno de seis mil

hectares.

Como arquiteta, em todos esses anos, o “campus da Rural” TPF

2FPT me encantou.

Adentrar diariamente o Pavilhão Central, algumas vezes ainda ao amanhecer, foi

quase um privilégio, vivido durante mais de 30 anos consecutivos. Concebido como

um projeto urbanístico e arquitetônico de dimensões extraordinárias, o campus se

destaca na paisagem de Seropédica. Seu traçado definido por eixos monumentais

ressalta as construções simetricamente dispostas, em estilo neocolonial. Os

detalhes demonstram o cuidado e destacam a beleza daquela que se constituiu na

primeira Cidade Universitária construída no Brasil.

Parece ser inquestionável que a UFRRJ é uma referência para o hoje

município de Seropédica. Seu campus, em parte tombado pelo Instituto Estadual de

Patrimônio Cultural (Inepac), por sua imponência e magnitude se impõe à paisagem

de Seropédica de forma majestosa, contrastando com o desordenado contexto

urbano da cidade (ver Anexo A). A Universidade, por sua vez, como instituição

pública federal, se destaca no contexto econômico, social e político do seu entorno.

Entretanto, a relação entre a Universidade Rural e a cidade de Seropédica é

visivelmente complexa. A simples observação faz perceber sucessivos momentos de

concretude e afloramento de uma relação ora conflituosa, na qual seus principais

atores parecem disputar espaços - econômico, político, social e cultural - ora de total

desinteresse, na qual os atores se ignoram, ou mesmo, se desprezam. Uma relação,

ora de dependência e cooperação, ora de exclusão e rejeição. A Universidade ora é

ignorada ou vista, pelos moradores de Seropédica, como “um elefante branco” TPF

3FPT

encravado em seu território, que pouco ou nada contribui com a cidade, ora parece

TP

2PT Ao longo deste trabalho, a Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro será, frequentemente, referida por Universidade

Rural ou, simplesmente, a Rural. Assim, também seu campus em Seropédica será referenciado como o “campus da Rural” ou o “campus do km 47”. TP

3PT Termo utilizado pelo pequeno agricultor Ribamar, então líder da Associação de Pequenos Produtores Mutirão Sol da Manhã –

Assentamento Sol da Manhã - (localizado em Seropédica), quando dos debates realizados entre as chapas candidatas à primeira eleição direta para reitor da UFRRJ, em 1988.

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ser um motivo de orgulho e pensada como importante para o seu desenvolvimento.

Por parte da Universidade, embora institucionalmente exista uma assumida

disponibilidade, certo descaso se configura academicamente: o saber universitário

poucas vezes é posto a serviço da cidade. Na relação social entre a comunidade

universitária e a população de Seropédica, algumas práticas já foram sedimentadas

pelo senso comum: a distinção entre “os estudantes” e “os minhocas“ TPF

4FPT, por exemplo,

é explicita e, também, recíproca. Foi no conjunto dessas reflexões que surgiu o

projeto desta pesquisa. Neste contexto, uma reflexão sobre as relações entre a

universidade e a cidade se colocou como um tema, mais do que um problema, a ser

investigado e entendido.

A primeira aproximação ao tema da pesquisa demonstrou que este vem

despertando o interesse não só por parte das universidades, como das cidades. Os

estudos e análises desenvolvidos sobre a produção e a configuração do espaço

universitário - tanto do ponto de vista morfológico e urbanístico, como simbólico e

ideológico; tanto no que se refere à sua localização e organização, quanto à sua

relação com as cidades - apontam para um padrão morfológico e ideológico de forte

perfil segregacionista. Especificamente no caso brasileiro, a territorialização da

universidade, quando calcada no paradigma do campus universitário, que,

considerado sob o aspecto urbanístico, é muito próximo do modelo de cidade

universitária, aprofunda, na relação, o caráter de distanciamento e estranhamento

para com o seu entorno urbano. Assim, considerando que a implantação do hoje

campus da UFRRJ inaugurou de fato, no Brasil, esse padrão urbanístico de

apropriação do território por parte das universidades públicas federais brasileiras, a

hipótese preliminar do presente trabalho, encaminhava para identificar, no padrão

morfológico do campus, o determinante de uma segregação socioespacial entre a

universidade e a cidade.

Entretanto, buscando captar não só a apropriação do espaço universitário,

mas, também, a sua recepção e expectativas de utilização como um espaço

construído, a compreensão do campus universitário como fator de organização

socioespacial passou a exigir, também, a explicitação dos pontos de conexão entre

os fenômenos da própria educação e da espacialidade, estes relacionados com o

TP

4PT Tratamentos utilizados pela comunidade de Seropédica e estudantil, respectivamente.

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planejamento do território universitário, segundo as categorias que dizem respeito às

relações sociais no campus e do campus com a comunidade urbana no qual ele se

insere. Nesse contexto de análise, novas indagações se colocaram. Compartilhando

a convicção de Pierre Bourdieu (2007c, p. 15) de que “... não podemos capturar a

lógica mais profunda do mundo social a não ser submergindo na particularidade de

uma realidade empírica, historicamente situada e datada, para construí-la, porém,

como ‘caso particular do possível’, (...), isto é, como uma figura em um universo de

configurações possíveis”, assumi a relação socioespacial entre a Universidade Rural

e a cidade de Seropédica como objeto concreto de estudo.

Como base no alerta de que “... existem na conjuntura riscos de que os

estudos urbanos e regionais se deixem conduzir, com mais facilidade, por questões

da nova gestão do que pelo indispensável desvendamento de contextos, processos,

escalas e arranjos político-administrativos que apoiem a radicalização da

democracia e a integração social” (RIBEIRO, 2003, p. 27), esta investigação se

justifica ao objetivar as práticas socioespaciais. Acredita-se que ao desvelar para os

atores envolvidos as determinações sociais dos seus comportamentos,

representações e discursos TPF

5FPT, contribui-se, então, para uma possível reversão da

realidade configurada. A compreensão dos processos socioespaciais é importante

para o entendimento dos mecanismos societários de exclusão e integração, de

produção e reprodução das desigualdades, enfim, das relações de interação e

sociabilidades entre os grupos sociais.

Discutir as relações socioespaciais entre campus universitário e seu entorno

urbano, a partir do caso da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro foi o

objetivo principal desta pesquisa. Já os objetivos específicos, por consequência,

foram:

identificar o padrão histórico de constituição da relação espacial da

Universidade com a cidade;

analisar a estruturação, territorialização e construção da espacialidade da

UFRRJ em Seropédica;

TP

5PT Para Bonnewitz (2003, p. 27), esta é a conduta da sociologia de Pierre Bourdieu, que, também, apresenta uma vocação para

“criticar todos os mecanismos de dominação”.

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compreender a dinâmica socioespacial do campus de Seropédica e de seu

entorno urbano;

compreender a natureza dos laços de interdependência que unem,

separam e hierarquizam os indivíduos e grupos sociais envolvidos na

relação; e

desvendar as determinações socioespaciais expressas nas práticas

comportamentais contemporâneas e nas mútuas representações dos

atores.

Frente a uma realidade concreta, e para compreender a natureza, a forma e o

tempo dessa relação e suas manifestações espaciais e sociais, a construção da

problemática teórica e a busca por um referencial metodológico tornou-se

fundamental. Convicta de que, como ensinaram os clássicos - de Marx a Bourdieu -

não se faz ciência social sem uma boa dose de paixão, era necessário evitar os

equívocos, romper com as pré-noções e afastar o efeito da naturalização, agravados

pelo profundo envolvimento com o objeto.

Segundo Bourdieu (1997b, p. 159, grifo do original), para romper “com as

falsas evidências e com os erros inscritos no pensamento substancialista dos

lugares”, deve-se “proceder a uma análise rigorosa das relações entre as estruturas do espaço social e as estruturas do espaço físico”. Para

compreender o que se passa em determinados lugares - como na própria cidade de

Seropédica e no campus da UFRRJ - que aproxima pessoas situadas em diferentes

campos, com diferentes habitus, com acesso a distintos capitais enfim, “que tudo separa, (...), não basta dar razão de cada um dos pontos de vista tomados

separadamente” (BOURDIEU, 1997b, p. 11, grifo nosso). A visão espacial da

sociedade, para o autor, compreende a sociedade formada por relações, ou seja, em

uma perspectiva relacional.

Os seres aparentes, diretamente visíveis, quer se trate de indivíduos quer de grupos, existem e subsistem na e pela diferença, isto é, enquanto ocupam posições relativas em um espaço de relações que, ainda que invisível e sempre difícil de expressar empiricamente, é a realidade mais real (...) e o princípio real dos comportamentos dos indivíduos e dos grupos (BOURDIEU, 2007c, p. 48, grifos do original)

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É, portanto, a partir de uma rede de relações que será construído e

“conquistado” o objeto sociológico. É necessário, então, que se explicitem os

conceitos de espaço físico e de espaço social na teoria TbourdieusianaT.

Espaço físico é o lugar, é o ponto “onde um agente ou uma coisa se encontra

situado, tem lugar, existe” (BOURDIEU, 1997b, p. 160). Espaço social é “o conjunto

de posições distintas e coexistentes, exteriores umas às outras, definidas umas em

relação às outras por sua exterioridade mútua e por relações de proximidade, de

vizinhança ou de distanciamento e, também, por relações de ordem, como acima,

abaixo e entre (...)” (BOURDIEU, 2007c, p. 18-19, grifos do original). No espaço

social, os agentes são distribuídos segundo posições geradas por “distribuições”,

seguindo princípios de diferenciação. Essa diferenciação tem por base o volume e a

composição do capital e expressam as relações de dominação em uma dada

sociedade. O espaço social é estruturado por diferentes formas de capital; quem

constrói o espaço social são os capitais. Para o sociólogo, existem diferentes tipos

de capital, além do econômico, quais sejam: o cultural, o social, o político, o físico, o

jurídico, o simbólico... Estes diferentes tipos de capital terão uma maior importância

a partir do campo em análise.

A noção de campo foi elaborada por Bourdieu como um “universo

intermediário” no qual se pode compreender uma produção - seja ela cultural,

jurídica, científica, etc. - não pelo conteúdo textual dessa produção e, tampouco,

pelo seu contexto social (numa relação direta entre texto e contexto), mas como um

“universo” no qual estão inseridos os agentes e as instituições que produzem,

reproduzem ou difundem essa determinada produção. “Esse universo é um mundo

social como os outros, mas que obedece a leis sociais mais ou menos específicas”

(BOURDIEU, 2004, p. 20).

Assim, para Bourdieu, a noção de campo serve para designar um espaço

relativamente autônomo de produção material e simbólica, um microcosmo dotado

de leis próprias, um espaço social fisicamente objetivado. Cada campo tem uma

lógica própria, embora apresente homologias com relação a outros campos, isto é,

traços estruturalmente equivalentes.

“Os campos são os lugares de relações de forças que implicam tendências imanentes e probabilidades objetivas. Um campo não se orienta totalmente

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ao acaso. Nem tudo nele é igualmente possível e impossível em cada momento. Entre as vantagens sociais daqueles que nasceram num campo, está precisamente o fato de ter, por uma espécie de ciência infusa, o domínio das leis imanentes do campo, leis não escritas que são inscritas na realidade em estado de tendências e de ter o que se chama [...] o sentido do jogo. [...] Qualquer que seja o campo, ele é objeto de luta tanto na sua representação quanto na sua realidade” (BOURDIEU, 2004, p. 27 e 29, grifo nosso).

Cada campo, por sua vez, é marcado por agentes dotados de um habitus

idêntico. O habitus é “... um sistema de disposições duráveis e transponíveis que,

integrando todas as experiências passadas, funciona a cada momento como uma

matriz de percepção, de apreciações e de ações – e torna possível a realização de

tarefas infinitamente diferenciadas, graças às transferências analógicas de

esquemas (...)” (BOURDIEU apud SETTON, 2002). Segundo Bourdieu, a noção

serve como uma categoria mediadora que nos permite captar “a interiorização da

exterioridade e a exteriorização da interioridade”. O habitus é um sistema de

disposições socialmente constituídas e, por isso, é uma “estrutura estruturada”. Mas

é também “estruturante”, pois é através do habitus que os indivíduos são

informados, mesmo que inconscientemente, sobre os princípios que geram e

organizam suas práticas sociais.

No processo de análise da formação e estruturação da instituição

universidade, vinculada ao tempo e, principalmente, ao espaço nos quais ela se

realiza, observou-se que o território universitário atravessou diferentes configurações

espaciais, imbricadas com configurações sociais que serão expressas através de

suas práticas e, consequentemente, nas representações dos atores envolvidos. A

cidade, por sua vez, é também uma construção de ideias que se sobrepõe ao

espaço físico, daí a importância do conceito de representações.

O conceito de representação nas ciências sociais foi usado por Durkheim ao

diferenciar representações individuais e coletivas, como parte de um esforço teórico

para construir um objeto específico da sociologia. Durkheim, para Alexandre (2009,

p. 123), “ao propor tal divisão procurava dar conta de um todo, mas se

fundamentava em uma concepção de que as regras que comandam a vida individual

(representações individuais) não são as mesmas que regem a vida coletiva

(representações coletivas)”. Embora o conceito de representação não tenha

alcançado um papel central na sociologia clássica, a partir das últimas décadas, o

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conceito assume uma nova magnitude, a partir da necessidade de se explicar a

crescente importância da dimensão cultural nos fenômenos sociais de toda ordem

(JUNQUEIRA, 2009).

Bourdieu não se refere a “representações sociais”, conceito comum na

Psicologia Social, mas a “representações”, simplesmente, ou a “representações

mentais” e “representações objetais” que ele define como: as representações

mentais são “atos de percepção e de apreciação, de conhecimento e de

reconhecimento, em que agentes investem seus interesses e pressupostos” e as

representações objetais como “coisas (emblemas, bandeiras, insígnias, etc.) ou

atos, estratégias interessadas de manipulação simbólica tendentes a determinar a

representação (mental) (...)” (BOURDIEU, 2008, p. 107-108). Para o autor, as

representações se materializam nas práticas sociais (nas relações sociais TPF

6FPT) e nas

instituições, embora não possuam autonomia em relação às mesmas.

Bourdieu, portanto, vai propor uma abordagem em termos de espaço social e

de campos sociais, com conceitos que permitem não só analisar a posição de

grupos e suas relações, como, também, compreender “a tendência à reprodução

social”. Assim, o habitus é um conceito fundamental para entender a ideia de

representações, em Bourdieu, porque articula as ideias e as práticas sociais que são

os dois elementos de oposição dentro da qual o conceito de representação aparece

no pensamento filosófico e sociológico do autor.

O habitus é um potente fator de reprodução social. Os agentes portadores do mesmo habitus não precisam entrar em acordo para agir da mesma maneira, trate-se da escolha do cônjuge, de uma profissão, de um deputado ou da mobília. Cada um, obedecendo a um ‘gosto pessoal’, realizando o seu projeto individual, concorda espontaneamente e sem saber com milhares de outros que pensam, sentem e escolhem como ele. Daí a impressão de harmonia preestabelecida que dá ao observador o funcionamento de toda sociedade (harmonia pelo menos relativa) [...] Além disso, o habitus ajusta as chances objetivas e as motivações subjetivas; ele dá a ilusão da escolha nas práticas e representações, ao passo que os indivíduos apenas mobilizam o habitus que os modelou [...] (BONNEWITZ, 2003, p. 86-87).

TP

6PT Embora a contribuição de Bourdieu possa ser considerada como uma continuação da tradição marxista, na medida em que

mostra que a repartição das práticas sociais está fortemente marcada por uma diferenciação segundo a origem e o pertencimento a uma classe, a importância atribuída às relações de sentido, aos bens simbólicos e à dominação simbólica nas relações de classe fazem com que sua análise não seja considerada propriamente marxista (JUNQUEIRA, 2009). Na verdade, para Bonnewitz (2003, p. 51-52) Bourdieu se recusa a inscrever-se nas dicotomias tradicionais, tanto de inspiração marxista – a qual “considera que a sociedade está dividida em classes sociais antagônicas a partir de um critério econômico” – quanto de inspiração weberiana – que “analisa a sociedade em termos de estratos constituídos a partir de três princípios de classificação: poder, prestígio e riqueza”. Para Bourdieu, o mundo social é um espaço dinâmico e multidimensional, muito mais complexo do que uma estrutura rígida composta por um número restrito de classes sociais.

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Com base neste referencial, um novo olhar sobre as relações socioespaciais

entre campus universitário e seu entorno urbano, a partir da realidade empírica entre

a Universidade Rural e Seropédica, foi, então, construído. Realidade esta agora

entendida a partir da relação entre seus espaços físicos e sociais, como partes

integrantes, estruturantes e estruturadas, das relações que os indivíduos e grupos

sociais mantêm entre si e que imprimem marcas diferenciadas à sua história e

natureza.

Não se pode romper com as falsas evidências e com os erros inscritos no pensamento substancialista dos lugares a não ser com a condição de proceder a uma análise rigorosa das relações entre as estruturas do espaço social e as estruturas do espaço físico (BOURDIEU, 2003, p. 159).

A adoção do habitus como a história incorporada que funciona como um

princípio gerador do que fazemos e das respostas que damos à realidade, história

esta que está “inscrita” no cérebro e no corpo, nos gestos e no modo de falar, enfim,

em tudo que somos, traduzindo o mundo introjetado no homem, permitiu considerar

a prática social tanto fruto das estruturas sociais herdadas, quanto como das

escolhas do indivíduo, sempre mediadas por um conjunto de disposições para a

ação. O habitus articula, portanto, sujeito e estrutura, conhecimento e realidade.

É através da síntese entre sujeito e estrutura, conhecimento e realidade que

as representações se configuram como categoria que expressa, por um lado, a

dimensão do sujeito, pela sua compreensão a partir da observação do real, e por

outro, a dimensão da estrutura social, construída pelas informações cognitivas já

estabelecidas. Para efeitos das representações, é através do uso da noção de

violência simbólica que Bourdieu tenta desvendar o mecanismo que faz com que os

indivíduos vejam como “naturais” as representações ou ideias sociais dominantes. O

poder simbólico “é, com efeito, esse poder invisível o qual só pode ser exercido com

a cumplicidade daqueles que não querem saber que lhe estão sujeitos ou mesmo

que o exercem” (BOURDIEU, 2005, p. 7-8). É o poder fundado no reconhecimento

pelos sujeitos e pela sociedade da norma e do consenso. A violência simbólica,

portanto, é o processo de imposição dissimulada de um arbitrário, como consenso

universalTPF

7FPT.

TP

7PT Por exemplo, a imposição de um arbítrio cultural, como cultura universal.

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Afastada a hipótese inicial – que identificava no padrão morfológico do

campus, o determinante de uma segregação socioespacial entre a universidade e a

cidade - uma nova hipótese, construída com base no referencial teórico explicitado,

passou a ser investigada: a de que as estruturas sociais (estruturadas e

estruturantes das estruturas incorporadas – o habitus) materializadas nas estruturas

espaciais produzem uma hierarquização do espaço universitário, que se traduz em

uma distância simbólica do espaço da cidade. Essa distância, por sua vez, diferencia

comportamentos, atitudes e visões de mundo, construindo aspectos polarizadores

que aproximam e afastam, gerando uma movimentação que não tem permitido um

eixo de relação estável e qualificado.

Para atingir os objetivos propostos, o estudo foi dividido em três partes. Na

primeira parte, é apresentada a gênese, o desenvolvimento e a territorialização da

instituição Universidade. Assim, o primeiro capítulo lança um olhar sobre a origem

da universidade como instituição do mundo ocidentalTPF

8FPT, bem como sobre a dinâmica

de sua história, fundamental para a compreensão de sua natureza institucional e de

suas relações com o próprio conhecimento, com a sociedade, com o poder e,

principalmente, com o espaço. No capítulo dois, é apresentada uma revisão dos

principais aspectos sociais e políticos do ensino superior no contexto histórico

brasileiro, abrangendo a consolidação da universidade, seu desenvolvimento e

territorialização, buscando encontrar no passado as raízes para a compreensão do

presente. No Brasil a análise se estende até o período imediatamente posterior à

Reforma Universitária de 1968, quando definitivamente se estabelece o modelo de

territorialização da universidade brasileira: o campus universitário. E, finalmente, o

capítulo três vai enfocar a produção do espaço universitário calcado nos

paradigmas da cidade universitária e do campus universitário, que, considerados

sob o aspecto urbanístico, são muito próximos. Neste sentido, é analisada não só a

sua apropriação, mas, também, a sua recepção e expectativas de utilização como

um espaço construído. Finalmente, o território universitário, como nova

materialidade urbanista, é discutido no contexto da sua relação com a cidade.

TP

8PT Herdeiras das instituições greco-romanas, a criação das primeiras universidades ainda é tema em efervescente discussão. As

universidades foram assumindo uma forma específica, tanto no contexto religioso do Oriente Islâmico como do Ocidente Cristão. Para efeitos do presente estudo, será apenas considerada a universidade como instituição do mundo ocidental. Para Charle e Verger (1996, p. 33), as universidades medievais do Ocidente “devem ser vistas como a única fonte do modelo que gradualmente se espalhou pela Europa e depois por todo o Mundo”.

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Na segunda parte, é introduzido o caso da Universidade Rural, através da

análise da estruturação, territorialização e construção da espacialidade da UFRRJ e

da cidade de Seropédica, privilegiando o espaço físico – o lugar - e as bases para o

entendimento das estruturas do espaço social, já que estes não são independentes.

Assim, o capítulo quatro busca a compreensão histórica do processo de formação

e estruturação da UFRRJ, com destaque para o seu processo de territorialização às

margens da antiga Rodovia Rio – São Paulo, em Seropédica, e suas subsequentes

transformações. O capítulo cinco apresenta o processo histórico de formação de

Seropédica, destacando, no primeiro momento, a antiga Rodovia Rio – São Paulo

como eixo estruturador do seu espaço urbano e a implantação das instalações do

CNEPA como um novo agente produtor da espacialidade da cidade. O capítulo

busca, também, analisar as consequências e reflexos na cidade de hoje.

Finalmente, a terceira parte busca desvendar as relações entre as estruturas

do espaço físico e as estruturas do espaço social, aprofundando a realidade

empírica através de uma pesquisa de campo, a partir da qual são discutidas as

relações socioespaciais entre a universidade e a cidade. Assim, o capítulo seis

apresenta a metodologia utilizada na pesquisa de campo e caracteriza, a partir das

respostas obtidas com a aplicação dos questionários, os grupos sociais, traduzidos,

por um lado, como comunidade universitária e, por outro, como população de

Seropédica. Finalmente, o capítulo sete analisa o espaço físico como lugar

percebido e a materialização das práticas sociais através das representações.

Na conclusão, são reforçados os dados que permitem a desnaturalização de

algumas ideias presentes no senso comum a respeito da relação entre a UFRRJ e

Seropédica e é retomada a nossa hipótese, buscando, a partir das análises

empíricas, demonstrar que as estruturas sociais, materializadas nas estruturas

espaciais, hierarquizam o espaço universitário e o fecham para as cidades.

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PARTE I

UNIVERSIDADE: GÊNESE, DESENVOLVIMENTO E TERRITORIALIZAÇÃO

“A ideia de prover a sociedade de uma instituição gestora do conhecimento e da cultura universais tem mais de vinte séculos. Esta procura desafiou os gregos, alcançou o mundo medieval, renovou-se a partir da revolução industrial e, como não poderia deixar de acontecer, produziu instituições singulares e notadamente diversas (...)” (PANIZZI, 2003, p. 246).

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CAPÍTULO 1 - DA UNIVERSIDADE MEDIEVAL À UNIVERSIDADE MODERNA

Com o ressurgimento das cidades, o renascimento comercial, a divisão do

trabalho entre o campo e as comunas e a organização do trabalho citadino sob a

forma de corporações de ofício, a partir do século X, o conhecimento que estivera,

até então, recluso aos mosteiros e essencialmente voltado à formação da juventude

dentro do espírito de predominância e consolidação do cristianismo, começa a

experimentar novas configurações, nitidamente mais leigo.

Remonta aos séculos X e XI o ensino da Medicina e do Direito. Da medicina

monástica, praticada pelos monges, de forma simples, extraindo remédios das ervas

medicinais cultivadas nos jardins dos mosteiros, o conhecimento médico passa a ser

transferido para as escolas. O primeiro centro medieval de Medicina leiga surgiu

junto ao Mar Etrusco, numa estação de cura. Na cidade de Salerno, ao sul de

Nápoles, Itália, durante o século X, reuniu-se uma comunidade de médicos,

professores, estudantes e tradutores, com a finalidade de criar a primeira escola de

medicina do Ocidente. Já o primeiro núcleo formal de ensino do Direito nasceu na

cidade de Bolonha, também na Itália, onde renasce o Direito Romano, até então

preservado pela Igreja.

Na primeira metade do século XII, a maioria das catedrais do norte da França

possuía escolas onde eram ensinadas as Artes Liberais e a Sagrada Escritura.

Nesse período, conforme Charle e Verger (1996), a forma mais elevada de saber

intelectual a que aspiravam os homens livres eram as chamadas “Artes Liberais”.

Nas escolas das catedrais, ensinavam-se Gramática, Retórica, Lógica, Aritmética,

Geometria, Música e Astronomia, ou seja, as sete artes liberais que formavam a

base do conhecimento, para, depois, ser atingido o coroamento, através da “ciência

sagrada” (posteriormente denominada Teologia).

Segundo Pinto e Buffa (2009, p. 23),

O desenvolvimento urbano, comercial e cultural do século XII acarretara a expansão do uso da escrita, o desgaste do monopólio exclusivo da Igreja, a criação de escolas para a transmissão das técnicas de leitura, escrita e cálculo, bem como para a formação em práticas jurídicas, médicas e comerciais. Esse mesmo movimento consagrou a liberdade dos mestres,

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que, reunidos em corporações, podiam dispor de sua capacidade de trabalho, até então dependente dos senhores ou da Igreja.

Assim, a partir do século XII, os “intelectuais” TPF

9FPT passaram a ministrar seus

cursos nas cidades, em lugares improvisados, em troca de salários ou benefícios.

Os estudantes, por sua vez, muitas vezes recebiam bolsas ou prebendas. Não

havia, até então, prédio específico para a realização dessas aulas. As lições eram

geralmente transmitidas na própria casa do professor ou em locais alugados,

geralmente com estruturas bastante rudimentares, como aquelas típicas das casas

medievais, frias e mal iluminadas e com mobiliários que a princípio se restringiam a

alguns bancos para os alunos e uma mesa para o professor.

Na passagem do século XII para o século XIII, surgem as universidades. A

denominação universidade tem origem na palavra universitas, que significa

corporação. No século XII, essas organizações de ensino eram denominadas de

Studia Generalia (no singular, studium generale) e tinham como característica atrair

estudantes de todas as partes, ter pelo menos um dos cursos de formação

profissional da época (teologia, direito ou medicina), além de possuir vários mestres.

No início do século XIII, os mestres vão constituir as corporações de ofícios

intelectuais, de modo a organizar os direitos e deveres da profissão, passando a

adotar a designação de Universitas Magistrorum (Corporação de Mestres)

(CHARLE; VERGER, 1996).

Conforme destaca Buarque (1994, p. 20), “embora universitas fosse uma

expressão usada para qualquer associação legal, em poucas décadas ela adquiriu o

significado do que hoje chamamos ‘universidade’: uma associação de alunos e

professores visando fazer avançar o conhecimento”.

O modelo de universidade, tal como o conhecemos hoje, passou por diversas

transformações. Adotando a “dimensão temporal” proposta por Trindade (1999b), a

instituição universidade pode ser analisada em quatro períodos marcadamente

distintos: a universidade medieval (do século XII ao século XIV); a universidade

renascentista (séculos XV e XVI); a universidade da ciência (séculos XVII e XVIII); e

a universidade moderna (a partir do século XIX).

TP

9PT Le Goff (1985, p. 10) define como “intelectual” este novo tipo sociológico, advindo da divisão do trabalho urbano, que na união

entre pesquisa e ensino, no espaço urbano (e não mais no mosteiro) obtém lucro - assim como o comerciante - da sua profissão “graças ao seu trabalho, à sua utilidade e à sua criação de bens de consumo”.

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1.1. A universidade medieval

A universidade medieval inaugura uma nova forma do conhecimento,

essencialmente citadino, caracterizando-se como centros urbanos de saber,

organizados sob a forma de corporações. Como um espaço social exclusivamente

destinado ao saber, um novo lócus, ao mesmo tempo autônomo e protegido,

permitiu uma nova inserção política e cultural dos homens de saberes na sociedade,

fundamental ao desenvolvimento do pensamento. Como destaca Terezinha Oliveira

(2007, p. 123), “verificam-se neste período mudanças significativas no espírito

social. Se até então a Igreja, portanto a religião, indicava o caminho intelectual, com

o surgimento das universidades e de um novo intelectual, modifica-se esse

caminhar, colocando na ordem do dia a importância dos saberes científicos”.

Para Verger (apud OLIVEIRA, 2007, p.122),

O surgimento das primeiras universidades, na virada dos séculos XII e XIII, é um momento capital da história cultural do Ocidente medieval (...). Pode-se compreender que ela comportou, em relação à época precedente, elementos de continuidade e elementos de ruptura. Os primeiros devem ser buscados na localização urbana, no conteúdo dos ensinamentos, no papel social atribuído aos homens de saber. Os elementos de ruptura foram inicialmente de ordem institucional. Mesmo que se imponham aproximações entre o sistema universitário e outras formas contemporâneas de vida associativa e comunitária (confrarias, profissões, comunas), este sistema era, no entanto, no domínio das instituições educativas, totalmente novo e original, (...) o agrupamento dos mestres e/ou dos estudantes em comunidades autônomas reconhecidas e protegidas pelas mais altas autoridades leigas e religiosas daquele tempo, permitiu tanto progressos consideráveis no domínio dos métodos de trabalho intelectual e da difusão dos conhecimentos quanto uma inserção muito mais eficiente das pessoas de saber na sociedade da época.

O número de “salas de ensino”, ou seja, de universitas (associações) crescia

proporcionalmente ao crescimento das cidades. Os mestres cada vez mais se

instalavam e ofereciam seus serviços, o que fazia com que muitos estudantes se

dirigissem às cidades, gerando um grave problema de moradia. Com o objetivo de

resolver e disciplinar a questão, as administrações locais passaram a abrigar os

alunos em “casas” chamadas hospitia e pedagogia que, conforme a situação

financeira dos alunos, ofereciam abrigo até o final do período de aprendizagem.

Cidades mais prósperas, como Paris e Bolonha, ofereciam condições especiais de

alimentação, segurança e liberdade acadêmica, que acabavam por propiciar o

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desenvolvimento do comércio e dos serviços e a consequente prosperidade das

cidades, gerando uma nova configuração espacial - de um único núcleo central, as

cidades passaram a comportar vários núcleos espalhados.

Com o passar do tempo, tornou-se mais vantajoso, sobretudo para os

mestres, realizar seus cursos nas próprias hospedarias, uma vez que os alunos já

estavam ali reunidos, dispensando, algumas vezes, o pagamento de aluguel pelas

salas de aula, ou mesmo liberando o espaço doméstico que para tal era utilizado.

Aos poucos, as hospedarias passaram a comportar salas de aula individuais,

transformando-se em verdadeiros espaços de ensino e moradia para os estudantes

e alguns mestres, muitas vezes, sob a direção de um de seus membros. Assim,

essas hospedarias foram transformando-se no gérmen dos estabelecimentos de

ensino medievais TPF

10FPT.

De forma análoga ao que acontecia na França e na Itália, na Inglaterra

surgem os halls e hostels, que, também, são casas alugadas por estudantes,

algumas sob a direção de um mestre, onde eles dormiam e faziam as refeições.

Assim, segundo Le Goff (1985, p. 58-59),

Esses artesãos do espírito, engendrados no desenvolvimento urbano do século XII, organizam-se dentro de um grande movimento corporativo, coroado pelo movimento comunal. Essas corporações de mestres e estudantes serão, no sentido estrito da palavra, as universidades. Esta será a obra do século XIII. (...). Em cada cidade onde existe um ofício agrupando um número significativo de membros, estes se organizam para a defesa de seus interesses e a instauração de um monopólio em seu proveito. Esta é a fase institucional do desenvolvimento urbano, que materializa em comunas as liberdades políticas conquistadas e em corporações as posições adquiridas no domínio econômico.

As mais antigas universidades surgem da fusão das escolas livres e são as

de Bolonha (1158), Oxford (1167) e Paris (1170). Estruturadas a partir de

corporações de professores (Paris), ou corporações de alunos (Bolonha), eram

organizadas em torno das artes e dos três principais campos do saber da época

medieval: a teologia, o direito e a medicina. As primeiras universidades não seguiam

exatamente o mesmo modelo, embora possuíssem características comuns.

Segundo Charle e Verger (1996, p. 18), TP

10PT A mais famosa dessas hospedarias é atribuída a Robert de Sorbon, capelão de Saint Louis e confessor do rei da França,

que, em 1225, comprou um edifício para dar albergue a estudantes de teologia sem recursos. Em 1257/58 é fundado o Colégio de Sorbon que posteriormente é integrado à Universidade de Paris, até hoje designada pelo nome de Sorbonne. (Fonte: http://www.sorbonne.fr/document173.html?173#tocto1).

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Desde o início, estamos diante de dois sistemas pedagógicos e institucionais bastantes distintos. Na região norte da Europa (Paris, Oxford), as universidades eram antes de tudo associações de mestres ou, se quisermos, federação de escolas. (...) Nas regiões mediterrâneas, as universidades foram antes de tudo associações de estudantes, das quais os mestres eram mais ou menos excluídos.

As universidades medievais não eram exatamente estabelecimentos de

ensino superior como hoje o concebemos. O ensino fundamental e médio era ali

ministrado, ou por elas controlado. As Artes eram consideradas como o ensino

básico das universidades, que concediam títulos de bacharéis e mestres, para que,

depois, os estudantes pudessem alcançar o doutorado em medicina, direito ou

teologia.

Quanto aos estudantes, os pesquisadores ressaltam que os nobres não eram

numerosos nas universidades medievais. O maior número de alunos era proveniente

dos estamentos médios, para os quais os diplomas significavam um meio de

ascensão social, de incremento de renda ou, no mínimo, de galgarem posições mais

seguras (CHARLE; VERGER, 1996). Os cursos consistiam principalmente em

comentários aos textos antigos, e os estudantes reuniam-se em “repúblicas” de

estudantes estrangeiros, organizadas por país de origem, que recebiam a

designação de “nações”. Ressaltam, ainda, Charle e Verger (1996, p. 17) que as

corporações de estudantes gozavam de maior autonomia diante do Estado e da

Igreja, uma vez que

(...) enquanto os mestres aceitavam prestar juramento de obediência à Comuna, os estudantes organizavam-se entre eles para se proteger das cobranças da população local, regrar seus conflitos internos, assinarem contrato com os professores e determinar eles mesmos os ensinamentos de que tivessem necessidade. Pouco a pouco, ‘as nações’ estudantis reagruparam-se em ‘universidades’.

Em sequência, vão surgir os colleges, que eram estabelecimentos já de

caráter mais permanente, em geral fundados por benfeitores e quase sempre

destinados a estudantes pobres, com regulamentos específicos de disciplina e

estudo. “Os colégios constituem o primeiro tipo especializado entre as edificações

universitárias (...) e seguem, em sua organização, o modelo dos mosteiros” (WILLIS,

R. e CLARK, J.W. apud GOROVITZ, 1999), trazendo a proposta de reclusão e

isolamento típico dos claustros medievais. Formados pela igreja e pelo claustro,

essa tipologia de espaço universitário se caracteriza por ser uma área fechada em

relação à cidade. Para Le Goff (1985, p. 101), “[os colégios] cristalizam a

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aristocratização das universidades, acentuam seu caráter fechado, ao mesmo tempo

que ampliam o compromisso dos universitários e do ensino com uma oligarquia, em

especial a togada”.

Os primeiros colleges ingleses foram, provavelmente, segundo Pinto e Buffa

(2009), o Merton College, de Oxford (Figura 1), fundado em 1264, e o New College

(Figura 2), também de Oxford, fundado em 1379. Inspirados nos claustros

medievais, conforme já destacado,

(...) a planta dos colleges adotou o quadrângulo (quadrangle ou quad) como espaço articulador de todo o edifício. Tratava-se, nesses claustros, de um retângulo ou quadrado cercado por arcadas sob as quais a circulação era livre, aberta nas laterais e cobertas. Nos colleges, o quadrângulo é um espaço cercado de edifícios, usualmente de dois andares, com um gramado simples no centro e circulação aberta ao seu redor (PINTO; BUFFA, 2009, p. 31-32).

Figura 1 - Merton College, Oxford Fonte: HThttp://en.wikipedia.org/wiki/Quadrangle_%28 TH architecture%29

Figura 2 - New College, Oxford Fonte: http://www.astoft.co.uk/Dscn6616-transf-u2-h405-u0.5-q50.jpg

As universidades medievais eram constituídas espontaneamente ou através

de bula papal ou imperial. Ainda, no século XIII, foram fundadas cerca de 10

universidades na Europa, como a Universidade de Cambridge (anterior aos

colleges), fundada em 1209, que adotou como modelo construtivo o court ou pátio

no lugar do quart. O court, também, na forma de quadrângulo, era inicialmente todo

calçado e aberto. Proliferam, também, as universidades da península ibérica, que,

mais tarde, vão servir de modelos às primeiras universidades fundadas nas

Américas. Na Espanha, foram fundadas a Universidade de Salamanca (1218), a

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Universidade de Valladolid (1241), a Universidade de Múrcia (1272) e a

Universidade Complutense de Madrid TPF

11FPT (1293). Em Portugal, a primeira universidade

é fundada em 1290. A hoje Universidade de Coimbra, inicialmente implantada em

Lisboa, após ser transferida para Coimbra e retornar a Lisboa por duas vezes TPF

12FPT, é

transferida definitivamente para Coimbra em 1537. Esta multiplicação de

universidades acabou por reduzir, ou mesmo eliminar, o deslocamento dos alunos

em busca do ensino, acabando com o sistema de nações, tão significativo, até

então, no âmbito das universidades medievais.

Segundo Trindade (1999b, p. 13),

O que se pode resgatar do modelo medieval é uma concepção de instituição universitária com três elementos básicos: centralmente voltada para uma formação teológico-jurídica que responde às necessidades de uma sociedade dominada por uma cosmovisão católica; com uma organização corporativa em seu significado originário medieval; e preservando sua autonomia face ao poder político e à Igreja institucionalizada local.

1.2. A universidade renascentista

A partir do século XV, a sociedade europeia começa a conviver com as

transformações decorrentes do Renascimento, que, paulatinamente, vão processar

a transição da medievalidade para a modernidade, dando origem ao chamado

período da universidade renascentista. Renascença é uma palavra de origem

francesa cujo significado é “renascimento” ou “reavivamento”, e designa um período

histórico que foi, em certo sentido, ambas as coisas: houve um renascimento do

espírito clássico exemplificado nas antigas civilizações grega e romana, mas houve

também um reavivamento no aprendizado, depois da assim chamada “idade das

trevas”.

A expressão renascentista era fundamentalmente artística, mas cultivava em

suas bases um triplo aspecto: a revalorização do ser humano, a revalorização da

natureza e o retorno às fontes clássicas (greco-latina). Estes três aspectos são os

germes de uma transformação social que alcançará os pilares do sistema medieval -

TP

11PT Fundada em Alcalá de Henares.

TP

12PT A universidade foi transferida para Coimbra em 1308, voltando a Lisboa em 1334. Posteriormente, em 1354 volta a Coimbra,

para, em 1377, ser novamente instalada em Lisboa. Somente em 1537 dá-se a transferência definitiva da universidade para Coimbra.

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a religião como resposta última e exclusiva; a natureza como elemento diminuto e

subserviente diante da divindade; e a valorização de bens agrícolas sem qualquer

tipo de manufatura.

O centro da Renascença foi a Itália, principalmente as cidades de Veneza e

Florença. Segundo Trindade (1999b, p. 13), “[o] desenvolvimento das universidades

de Florença, Roma e Nápoles e da Academia da Neo-Platônica serão centrais para

o fim da hegemonia teológica e o advento do humanismo antropocêntricoTPF

13FPT”. Nos

demais países europeus, o movimento renascentista foi mais lento e disperso. A

Universidade de Paris, por exemplo, manteve-se fiel às suas origens. O

acontecimento mais marcante na França se dará somente em 1530, quando

François I funda o Collège de France TPF

14FPT, sob o signo dos novos tempos.

Além dos limites da Itália, a Universidade de Louvain, situada na confluência

da França com a Alemanha, foi um importante centro do renascimento literário da

Europa, que mais tarde vai influenciar as universidades inglesas (Oxford e

Cambridge) e alemãs. Tem início, também no século XV, principalmente na

Alemanha, um novo padrão de universidades, vinculadas ao Estado, cujo controle

progressivo estava nas mãos dos príncipes. Este processo vai-se acentuar a partir

da Reforma Protestante (TRINDADE, 1999b).

Segundo Trindade (1999b, p. 14),

A Reforma e a Contra-Reforma introduziram um corte religioso radical entre as universidades. A reforma protestante luterana, com seus desdobramentos calvinistas e anglicanos, rompe com a hegemonia tradicional da Igreja e provoca uma reação contrária através da Contra-Reforma. (...) A ação de Lutero a partir de Wittenberg, no centro geográfico da Alemanha, se espalha por todo o território (...), gerando as primeiras universidades desde 1544 (...). A divisão dos protestantes, porém, favorece a reação do catolicismo, especialmente por meio da Companhia de Jesus. (...) A ação dos jesuítas amplia o campo universitário da contra-reforma na Alemanha, França, Países Baixos e Itália, especialmente com a criação da Universidade Gregoriana, em Roma (1533).

As universidades, a partir do século XV, passam a almejar prédios próprios

para aulas e reuniões. Assim, afirma Verger (apud PINTO; BUFFA, 2008) que, por

volta de 1470, em Oxford foram construídas as magníficas salas góticas da Divinity

TP

13PT O humanismo era o lado filosófico e fundamental do Renascimento.

TP

14PT Prestigiosa instituição de ensino e pesquisa até os dias de hoje, da qual foram professores Marcel MaussHT, TH Lucien HTFebvre TH,

Paul HTValéryTH, Maurice HTHalbwachs TH, François HTPerrouxTH, Claude Lévi-Staruss, Michel HTFoucault TH, Pierre HTBourdieu TH, entre outros. Fonte: http://www.college-de-france.fr/default/EN/all/ins_pre/index.htm.

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School (Figura 3), para abrigar o curso de teologia, e, em Paris, a Faculdade de

Medicina chega a adquirir um palácio para se instalar. No século XVI, é construído o

Arquiginásio de Bolonha, prédio que durante séculos abrigou a universidade. A

principal razão para a construção de novos prédios, no século XV, era a instalação

das bibliotecas, que começavam a fazer parte das universidades.

Figura 3 - Divinity School - Oxford Fonte: HThttp://inel.wordpress.com/2007/04/14/divinity-school-oxford-doorways/ TH

Segundo Pinto e Buffa (2008, p. 6),

o surgimento dos prédios e das bibliotecas acarretou algumas transformações nas condições de ensino. Ministrado num ambiente majestoso, o ensino tornou-se uma cerimônia, modificando, assim, a relação pedagógica entre o mestre e seus discípulos: ‘o professor dava suas aulas como se fossem discursos de aparato’; a elegância do estilo, a perfeição formal, tornaram-se forte preocupação dos professores do século XV, diferente dos escolásticos do século XIII, para quem a sofisticação do estilo poderia deformar as idéias.

Também, com o alargamento das funções e determinado por novas

necessidades, as construções expandiam-se, com a construção de novos quad e

novos espaços, como se vê na figura 4, para o Brasenose College, em Oxford. A

educação era entendida como uma totalidade, e o regime de internato favorecia a

formação integral do cidadão. Bufa e Pinto (2008, p. 7) destacam que

morar na escola, território apartado da família, da sociedade, enfim, da cidade era imprescindível para garantir não apenas a aprendizagem dos conhecimentos, como também a formação do caráter do cidadão. Esta proposta pedagógica justificava as grandes alas de dormitórios e todos os

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demais espaços de serviços destinados a dar sustentação às atividades internas de moradia.

Figura 4 - Brasenose College (fundado em 1509) Fonte: HThttp://www.sacred-destinations.com/england/oxford-brasenose-college.htm TH

Assim, as universidades, nascidas sob o processo de urbanização das

cidades, chegam ao final do século XVI definitivamente territorializadas em edifícios,

com localização e propósitos definidos, consolidando uma nova categoria de prédio

urbano e caracterizando uma efetiva mescla entre a cidade e seus diversos edifícios.

Para Pinto e Buffa (2009, p. 34),

(...) praticamente em todos os países europeus, essa inter-relação com a cidade era comum. O território da escola definia-se por seus edifícios, e não por sítio, isto é, [não por] uma área delimitada, fechada e apartada da cidade. As escolas integravam a malha urbana e constituíam elementos de seu crescimento. O conjunto de escolas e a cidade não eram divididos por limites físicos que as separassem; o limite da escola, (...) era seu próprio edifício e, ao redor, a cidade fluía e crescia livremente.

Embora a vida intelectual do século XVI tenha sido fortemente marcada pelos

movimentos da Reforma e da Contara-Reforma, o conhecimento, que havia logrado

grandes avanços no seio das universidades, no período Renascentista vai ocorrer

fora da universidade. Segundo Le Goff (1985), a Renascença rompe os laços entre a

ciência e o ensino, trazendo para a humanidade a separação do trabalho orgulhoso

e solitário do sábio em seu gabinete tranquilo, normalmente fora do ambiente

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urbano, no campo, e do professor, sempre cercado de seus alunos. Assim, “sua

ciência, suas ideias, suas obras-primas alimentarão mais tarde o progresso humano.

Mas ela é, em um primeiro momento, uma retração, um recuo” (LE GOFF, 1985, p.

123). Para Buarque (1994, p. 21-23), “presa à estrutura que criou ao longo de seus

primeiros séculos, a universidade não foi a casa dos descobridores e

conquistadores, nem dos grandes pintores e inventores da Renascença. (...) De

promotora do saber, em poucos séculos, a universidade se transformou não apenas

em conivente, como também na instigadora de impedir o avanço do conhecimento”.

Como exemplo, Buarque vai citar o parecer contrário dado pela Universidade de

Salamanca ao projeto de Cristóvão Colombo de navegar pelo Ocidente para chegar

às Índias TPF

15FPT; vai lembrar que Da Vinci, Michelangelo, Petrarca e Dante não foram

homens de universidade; que Copérnico não foi professor de universidade; que

Galileu foi denunciado à Inquisição por professores universitários aristotélicos, pelo

uso herege da matemática; e que Leibniz não apenas esteve fora da universidade,

como percebeu e denunciou os entraves e amarras internos à universidade, em

oposição à construção de um mundo novo.

1.3. A universidade da ciência

A partir do século XVII, entretanto, a universidade volta à cena. O terceiro

período da “dimensão temporal”, proposta por Trindade (1999) – a universidade da

ciência -, abrange os séculos XVII e XVIII, marcado pela consolidação da ciência em

relação aos mitos e normas religiosas. As descobertas científicas da Física, da

Astronomia e da Matemática, no século XVII, e os avanços nas áreas da Química e

das Ciências Naturais, no século XVIII, fazem surgir as primeiras cátedras científicas

nas universidades. Ainda, segundo Trindade (1999, p. 14-13),

Até o século XVII, o cientista não tem um papel especializado na sociedade, mas a partir daí desencadeia-se uma mudança profunda no sistema de valores e normas universitárias, reconhecendo-se, não sem conflitos, a legitimidade de uma atividade relacionada com as ciências em geral. A entrada das ciências nas universidades vai alterar irreversivelmente a estrutura da instituição, limitada anteriormente às ciências ensinadas nas faculdades de medicina e artes sob a denominação de ‘filosofia natural’.

TP

15PT O episódio dá início ao filme 1492 - A conquista do Paraíso (“1492 - Conquest of Paradise”), de Ridley Scott (Esp/Fra/Ing,

1992).

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A revolução intelectual que se efetivou na Europa, no século XVIII, e que ficou

conhecida como Iluminismo, ao incentivar a investigação científica, leva à gradativa

separação entre o campo da fé (religião) e o da razão (ciência), determinando

profundas transformações no modo de pensar, sentir e agir do homem. O século das

luzes assegurará às universidades um avanço científico proeminente.

Segundo Trindade (1999), o movimento científico e experimental se difunde

por todos os países e universidades. Iniciando na Inglaterra, com Isaac Newton,

encontra na Itália condições favoráveis para o desenvolvimento das ciências físicas

experimentais e da astronomia, pelas contribuições de Galileu Galilei, em Pisa e

Pádua, e do matemático Evangelista Torricelli, na Universidade de Florença.

Estende-se desde a Universidade de Moscou, fundada em 1755, até a de Coimbra,

renovada pela reforma pombalina de 1772, passando pela Universidade de

Göttingen (Alemanha), sob a influência de Leibniz, pelas universidades de Upsala

(Suécia), Edimburgo (Escócia), e, posteriormente, por Nápoles e Catânia,

novamente na Itália (TRINDADE, 1999).

Buarque (1994) destaca, nesse período, especialmente na Inglaterra, além

das contribuições de Isaac Newton à Universidade de Cambridge, a participação de

Thomas Hobbes, que, embora sendo um crítico da universidade e tendo uma vida

fora dela, nunca perdeu o contato com a Universidade de Oxford, e de Adam Smith,

que manteve vínculos com a Universidade de Edimburgo. A França, conforme

ressalta Trindade (1999, p. 15), “ficará em atraso, pela resistência do racionalismo

cartesiano, especialmente na Universidade de Paris, embora as ciências

experimentais se desenvolvam em regiões geograficamente periféricas (...). Apesar

da resistência da universidade, a Academia evolui pela ação renovadora dos

enciclopedistas”.

Já em finais do século XVI, as universidades passam a ser motivadas pela

sua relação com o ambiente urbano no qual se inserem, abrindo-se para a cidade.

Segundo Gorovitz (1999, p. 7),

esta evolução será marcada no século XVI em Cambridge por uma inovação na disposição dos pátios, que passam a facear a cidade, em um de seus lados, através de um muro. No Gonville and Caius College [Figura 5], que inaugura esta prática, um pórtico de feições monumentais paramenta a superfície murada, celebrando esta articulação e marcando o caráter urbano.

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Figura 5 - Gonville and Caius College, Cambridge (Pátio aberto e Pórtico de acesso) Fonte: Gorovitz (1999)

De acordo com Turner (apud PINTO; BUFFA, 2008, p. 10), “no século XVII,

havia, na Inglaterra, um contingente de estudantes universitários jamais visto até

então, e que só será superado no século XX. Este entusiasmo popular pela

educação foi exportado para as colônias americanas e tornou-se uma força

importante no estabelecimento dos primeiros colleges nas novas terras”.

Nos Estados Unidos, os colleges seguem uma nova configuração espacial,

localizando-se de forma individualizada e autônoma, vindo posteriormente a dar

origem às diversas universidades. Assim, nos Estados Unidos, colleges e

universities vão-se confundir, como pequenas comunidades, ou mesmo,

microcidades. Para Turner (apud PINTO; BUFFA, 2008, p. 10), as inovações

americanas podem ser sistematizadas da seguinte forma:

no início do período colonial, os americanos partiram da tradição criando colleges individuais, localizados separadamente, muito mais que aglomerados numa universidade e isso intensificou a característica de autonomia de cada college como uma comunidade em si mesma. Eles reforçaram isso, ainda mais, com uma outra inovação que foi a localização dos colleges nos limites da cidade ou no campo, uma ruptura com a tradição europeia. A romântica noção de escola na natureza, separada das forças corruptoras da cidade, tornou-se um ideal americano. Nesse processo, o college tornou-se, mais ainda, uma espécie de cidade em miniatura e seu desenho tornou-se um experimento de urbanismo. Outro

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traço específico que tipifica o planejamento do college americano é sua espacialidade e abertura para o mundo. Desde o início, em Harvard, no século XVII, o college americano rejeitou a tradição europeia de estruturas de claustros, em favor de edifícios separados, implantados num espaço verde aberto. Este ideal é tão forte na América que, mesmo as escolas localizadas nas cidades, onde a terra é mais escassa, procuram áreas que simulem, de alguma forma, com muito verde, um rio ou um lago, uma espacialidade rural.

Assim, rompendo com a tradição europeia das estruturas em claustros TPF

16FPT, as

edificações, implantadas isoladas umas das outras, mantinham intenso contato com

a natureza, conformando uma espacialidade rural. Conforme Oliven (2005, p. 115),

Os colleges, pelo seu plano arquitetônico centrado no green, um quadrilátero gramado circundado pelos principais prédios (a capela, a biblioteca, as salas de aula, os dormitórios, os laboratórios etc.), reproduziam os valores de uma sociedade predominantemente rural. Em geral retirados da cidade, os colleges constituíam instituições quase totais. Com sua identidade religiosa, sua diversidade regional e étnica, suas especificidades por sexo e raça, tinham por missão não apenas formar o espírito dos seus jovens alunos, como conquistar-lhes o coração. Essa densa atmosfera espiritual produz uma marca profunda que costuma acompanhar, ao longo da vida, todos aqueles que passam pelo mesmo college e é denominada a alma mater.

A opção pelo pátio de três lados, com os edifícios separados, é apresentado

na figura 6.

Figura 6 – Harvard, Cambrigde – Estados Unidos Fonte: Gorovitz, 1999.

O esquema arquitetônico de Harvard, fundada em 1636 sob o nome de

Harvard College e designada universidade em 1780, segundo Gorovitz (1999), será

TP

16PT Turner (apud Gorovitz, 1999) atribui a rejeição à configuração em formas de claustros a motivos religiosos, uma vez que os

modelos monásticos estavam associados à religião católica.

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reproduzido na Carolina do Norte, no ano de 1792, constituindo a primeira instituição

estatal americana a planejar seu espaço universitário.

Embora a revolução da modernidade tenha passado pela universidade,

Buarque (1994) vai apontar para o fato de que a universidade, ao final do século

XVIII, uma vez mais, não vai ser transformada, e vai ser superada pelos

acontecimentos. “Em Paris, a Sorbonne é fechada depois da revolução de 1792,

pela incapacidade de acompanhar as exigências do mundo do liberalismo, do

capitalismo, da busca pela igualdade, do pensamento livre. A universidade já

começa a mostrar, outra vez, sua incapacidade de acompanhar a dinâmica do

mundo” (BUARQUE, 1994, p. 24).

1.4. A universidade moderna

O quarto e último período da história da instituição universitária – a

universidade moderna - tem início com uma nova tendência, que aponta para a

fragmentação e estatização das universidades. Para além da institucionalização das

ciências, inicia-se um novo padrão nas relações com o Estado. Na França e na

Alemanha, tem início a “abolição do monopólio corporativo dos professores, e inicia-

se o que pode denominar-se de ‘papel social das universidades’, com o

desenvolvimento de três novas profissões de interesse dos governos: o engenheiro,

o economista e o diplomata” (TRINDADE, 1999, p. 16).

Na França, segundo Trindade (1999, p. 16),

Após a Revolução Francesa, a universidade napoleônica rompe com a tradição das universidades medievais e renascentistas e organiza-se, pela primeira vez, subordinada a um Estado nacional. Num contexto de hegemonia e de expansionismo francês, Napoleão funda, em 1806, a Universidade imperial, subdividida em Academias, que se configura de forma inovadora, designando um ‘corpo encarregado exclusivamente do ensino e da educação pública em todo o Império’. Trata-se de uma corporação, mas uma corporação criada e mantida pelo Estado, tornando a educação um monopólio estatal.

Assim, a universidade vai tornar-se um importante instrumento do poder

imperialTPF

17FPT. Com o atributo de nomear professores, o governo vai difundir a doutrina

TP

17PT Com exceção do Collège de France, já citado.

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do Imperador e conservar a ordem social, com um modelo de formação superior em

contraposição à velha universidade corporativa, eclesiástica e aristocrática. A

reorganização da educação superior francesa tinha por objetivo atender às

exigências da revolução industrial e às demandas por quadros superiores para a

burocracia estatal. São marcos deste período a criação da École Polytechnique e da

École Normale SupérieureTPF

18FPT. O sistema de ensino estatal francês foi além do ensino

superior, com as faculdades profissionais (denominadas de Academias) e as

faculdades isoladas (com diplomas equivalentes), abrangendo, também, as escolas

primárias, colégios e liceus.

Para Cunha (2007b, p. 16-17),

A universidade era muito mal vista pelos revolucionários franceses em razão do espírito corporativo quase medieval nela presente e da utilização da cultura clássica para barrar a entrada das ciências experimentais e do enciclopedismo. Em suma, a universidade era vista como um aparelho ideológico do Ancien Régime. (...) [A fragmentação da universidade] justificada perfeitamente pelo positivismo difuso da burguesia francesa (...) resolvia ao mesmo tempo dois problemas: a demolição de um aparelho de formação dos intelectuais da antiga classe dominante e a preparação dos novos para a viabilização do bloco histórico em formação.

A Universidade napoleônica e suas Academias se estendem aos Países

Baixos e à Itália. Entretanto, na Alemanha, os acontecimentos são bastante

diferentes. Coma a ocupação napoleônica de parte do território alemão (às margens

esquerdas do Rio Reno), algumas universidades são fechadas, inclusive a de

Colônia, e o estado prussiano concentra sua atenção na transferência da

Universidade Real de Halle para local não submetido à dominação francesa.

Considerada como uma questão vital para manutenção da identidade nacional, na

verdade, deu-se mais do que uma simples mudança da sede dessa universidade

para Berlim. Criou-se uma nova concepção de universidade, fundada no princípio da

pesquisa e do trabalho científico, com base em visões filosóficas trazidas para o

debate, induzido pelo próprio Estado.

Conforme destaca Cunha (2007b, p. 17),

Assim, de 1802 a 1812, os maiores filósofos do idealismo escreveram sobre a ideia de universidade e sua realização. Hegel, Schelling, Fichte, Schleiermacher e Humboldt produziram em poucos anos o que é, talvez, a

TP

18PT A École Normale Supérieure , que se destinava à formação de professores, tinha um alto status social e científico, mantidos

até os tempos atuais, sendo de lá egressos, por exemplo: Louis Pasteur, Pierre Bourdieu, Jean-Paul Sartre, Simone de Bouvouir, dentre outros. Fonte: OLIVEIRA N., 2007.

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mais densa reflexão sobre a instituição universitária, desde a sua criação no século XIII até os dias de hoje. (...) Os cinco filósofos pensadores da universidade em gestação tinham em comum a concepção de que se tratava de realizar, na prática, a Universidade, isto é, a Ideia de Universidade. Para uns, essa ideia implicava a manifestação diversa do saber uno; para outros, a totalização sistemática do saber diverso. Conforme abraçassem uma ou outra variante da concepção ideal de universidade, as propostas para a universidade real brotavam com marcas liberais ou autoritárias.

Dentre os três filósofos (Fichte, Schleiermacher e Humboldt) que estiveram

mais diretamente ligados à gestão da Universidade de Berlim TPF

19FPT, Wilhelm von

Humboldt (1767 – 1835), a quem é atribuída a sua criação e concepção, vai imprimir

em seu estatuto uma orientação liberal TPF

20FPT. O modelo humboldtiano, que além do

ensino, tem a pesquisa - esta a grande novidade - como atividade institucional

permanente, vê a universidade como o lugar, por excelência, onde se gesta a

concepção e a construção da identidade nacional. Do ponto de vista da organização

do saber, a proposta de Humboldt consolida o sistema de gestão acadêmica com

base no conceito de cátedra TPF

21FPT, instância de repartição dos campos de conhecimento

em disciplinas científicas.

Conforme Trindade (1999, p. 18), “o movimento iniciado na Universidade de

Berlim produz a recuperação progressiva das universidades alemãs entre 1810 e

1820, dentro de uma concepção de universidade que se estrutura pela

indivisibilidade do saber e do ensino e pesquisa, contra a ideia das escolas

profissionais napoleônicas”. A nova universidade era dedicada à ciência. Mas a

ciência daquela época ainda estava longe de ter o aspecto de hoje. A ciência e a

filosofia estavam unidas, pois a filosofia era entendida como um desdobramento

completo do conhecimento humano, inclusive científico.

Segundo Cunha (2007b, p. 18), “[o] ensino superior brasileiro incorporou tanto

os produtos da política educacional napoleônica quanto os da reação alemã à

invasão francesa, esta depois daquela”. Um terceiro modelo se desenvolveu na

Inglaterra, que, mantendo as tradicionais universidades de Oxford e Cambridge com

TP

19PT Humboldt foi o primeiro reitor, Fichte, primeiramente Diretor da Faculdade de Filosofia, o segundo, e Schleiermacher dirigiu a

Faculdade de Teologia (CUNHA, 2007b). TP

20PT Segundo Cunha (2007b, p. 17), Fichte, ao contrário, “(...) pregava que a universidade como totalidade realizava-se de modo

totalitário: os professores teriam cada um o monopólio de uma matéria, sujeitos, como os estudantes, a um rígido esquema hierárquico e disciplinar, controlado por instâncias de supervisão e de julgamento. (...) [As] propostas de Fichte orientavam-se pelos princípios da economia (racionalização dos meios em relação aos fins, eliminação das repetições e dos desperdícios); de utilidade (o saber não deve ser ensinado em vão, mas visar a aplicações práticas); de estruturação do múltiplo (...)” (grifos do original). TP

21PT Neste conceito, incorporado à noção de “liberdade de cátedra”, para cada disciplina havia um líder intelectual autônomo,

responsável pela gestão acadêmica dos conteúdos curriculares e pela gestão dos processos administrativos.

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o perfil aristocrático e de cultivo de um saber “desinteressado”, criou em paralelo

uma rede de instituições superiores científicas e técnicas. Com finalidades bem mais

pragmáticas, o modelo inglês atendia às demandas econômicas de um país que, no

século XIX, era a maior potência industrial, militar e colonial do mundo e centro de

uma economia capitalista em rápida expansão e profunda transformação.

Do ponto de vista da territorialização do espaço universitário, o início do

século XIX vai marcar definitivamente a implantação do campus universitário como

um ideal americano para abrigar o ensino e a aprendizagem. Segundo Vasconcellos

(1984, p. 66), “diferente do processo de crescimento das universidades europeias

tradicionais, que atravessaram o século remodelando ou ampliando suas antigas

edificações, o campus nasce de um novo modelo espacial proposto pelos

americanos”. O campus universitário tem origem nos colleges norte-americanos,

que, em finais do século XVIII, como já visto, havia inaugurado uma nova

configuração espacial de forma individualizada e autônoma, conformada em

pequenas comunidades, geralmente localizadas nos limites da cidade, ou mesmo no

campo, distanciadas, assim, da influência do ambiente urbano.

Para Pinto e Buffa (2008, p. 11),

O projeto, propositalmente, distanciava-se de forma radical das iniciativas europeias, sobretudo inglesas. Propunha um território extenso e fechado, longe das cidades e projetado detalhadamente com o objetivo de oferecer uma formação integral ao estudante. O campus deveria ser, como de fato foi, uma pequena cidade: possuir equipamentos, serviços e todas as facilidades possíveis que uma cidade pode oferecer. O aluno poderia viver e dedicar-se integralmente aos estudos sem preocupações nem interferências ‘nocivas’ das cidades. O território para o ensino e o aprendizado ampliava-se do prédio para o campus, uma grande área projetada, fechada e com regras, costumes e leis próprias.

Uma experiência pioneira na construção do já denominado campus

universitário tem lugar por iniciativa do presidente americano, Thomas Jefferson,

quando da construção da Universidade da Virginia, fundada em 1819, na cidade de

Charlottesville TPF

22FPT, no centro do Estado da Virginia, considerada, de fato, a primeira

universidade estatal, secular e livre do país. O projeto do campus tem a participação

direta de Jefferson, cuja formação em arquitetura era uma de suas muitas

qualificações.

TP

22PT Terra natal do próprio Thomas Jefferson.

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O plano consistia de um eixo monumental, que cortava toda a área no sentido

norte-sul, ao longo do qual se localizavam os edifícios para salas de aula e

alojamentos para estudantes e professores, sempre separados por amplos jardins

(Figuras 7 e 8). Ao final do eixo, em uma rotunda, como uma espécie de

coroamento, estava situada a Biblioteca claramente inspirada no Panteão romano

(Figuras 9 e 10). Ao contrário das principais escolas europeias, em Virgínia, a

construção principal não era a Igreja e sim a Biblioteca, marco e referência no

campus do ensino secular.

Figura 7 – Universidade da Virgínia - esboço da planta geral elaborado por Thomas Jefferson Fonte: HThttp://www.virginia.edu/uvakids/history/ TH

Figura 8 – Universidade da Virgínia – vista geral Fonte: Pinto e Buffa (2009)

Figura 9 – Universidade da Virgínia - desenho da Biblioteca elaborado por Thomas Jefferson

Fonte: HThttp://www.virginia.edu/uvatours/shorthistory/ TH

Figura 10 – Universidade da Virgínia - Biblioteca

Fonte: http://www.virginia.edu/uvatours/rotunda/

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A partir da Universidade da Virgínia, a proposta do campus universitário é

incorporada ao ideário americano e reproduzida por todo o país. Assim, conforme

Pinto e Buffa (2008), serão construídos os campi da Duke University (em 1892),

posteriormente da Johns Hopkins, da Rice University e, em 1915, da Vanderbilt

University, todas segundo a mesma concepção adotada na Universidade da Virginia.

O campus constitui-se como o novo espaço de territorialização da universidade, nos

Estados Unidos e, assim, é exportado para o mundo, principalmente para a América

Latina, incluindo o Brasil.

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CAPÍTULO 2 - DOS COLÉGIOS JESUÍTAS À CONSOLIDAÇÃO DA INSTITUIÇÃO UNIVERSITÁRIA NO BRASIL

Os registros históricos assinalam que a implantação da instituição universitária

no Brasil é relativamente recente TPF

23FPT, mesmo se comparada ao restante do

continente americano. A primeira universidade latino-americana foi fundada em

Santo Domingo, hoje na República Dominicana, através da Bula In Apostolatus

Culmine, expedida em 28 de outubro de 1538, pelo Papa Paulo III, que elevou a

essa categoria os Estudos Gerais que os dominicanos praticavam naquela colônia

desde 1518 TPF

24FPT. A hoje Universidade Autônoma de Santo Domingo teve por base o

modelo da Universidade de Alcalá de Henares (Espanha) e foi constituída por

quatro faculdades: Medicina, Direito, Teologia e Artes, conforme as normas

estabelecidas na época para instituições similares à da metrópole. Os estudos de

Artes incluíam duas modalidades, o “trivium” que compreendia a Gramática, a

Retórica e a Lógica e o “quadrivium”, que engloba a Aritmética, a Geometria, a

Astronomia e a Música.

Mais tarde, duas universidades disputam o título de segunda universidade no

continente: a Universidade Nacional Maior de São Marcos TPF

25FPT, fundada em 12 de maio

de 1551, nos conventos dominicanos de Cuzco, então principal cidade do Peru; e a

Real e Pontifícia Universidade do México que, embora tenha sua autorização datada

de 1551, só entrou em funcionamento em 1553. Esta última, hoje denominada

Universidade Nacional Autônoma do México, foi fortemente influenciada pela já

famosa Universidade de Salamanca (Espanha), incluindo as três faculdades usuais

das universidades espanholas, que eram a Filosofia, o Direito e a Teologia.

Segundo Cunha (2007c), quando da nossa independência, já havia em torno

de 26 ou 27 universidades na América espanhola. A instituição universidade no

Brasil, nesta perspectiva histórica, tem um aparecimento tardio, surgindo apenas um

século após a independência. Tomando como parâmetro a periodização TP

23PT À época do descobrimento do Brasil existiam já na Europa em torno de 62 universidades, principalmente na França, Itália,

Espanha e Alemanha (VERGER, 1990). TP

24PT A Universidade de Santo Domingo teve uma vida efêmera. Em 1801, como consequência da ocupação haitiana, a

Universidade interrompeu seu funcionamento, uma vez que os dominicanos tiveram que abandonar a colônia, reabrindo em 1815, quando a República Dominicana volta a ser colônia espanhola, adotando, a partir de então, o caráter laico. TP

25PT A Universidade Nacional Maior de São Marcos, na verdade, se designa como a “Decana de América”, uma vez que, como já

relatado, a Universidade de Santo Domingo teve vida irregular. Ver HThttp://www.unmsm.edu.pe/sanmarcos/historia.html TH.

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estabelecida por Cunha (2007a, 2007b e 2007c) e beneficiando-nos de suas

análises como principal fonte de referência, é feito, a seguir, um panorama do ensino

superior no Brasil, das suas origens até a consolidação da instituição universitária.

2.1. O ensino superior na Colônia

O ensino superior no Brasil tem sua origem ligada à Companhia de JesusTPF

26FPT,

fundada por Inácio de Loiola, em Paris, no ano de 1534, com objetivos catequéticos,

em função da Reforma Protestante e da expansão do luteranismo na Europa. Os

jesuítas chegaram ao Brasil em 1549 TPF

27FPT, juntamente com o primeiro governador-geral

Tomé de Souza, com a missão “real” de conversão dos indígenas e apoio religioso

aos colonos. Segundo Cunha (2007c), embora essa fosse a principal missão dos

jesuítas, a fundação de colégios, nos moldes que a ordem vinha multiplicando em

diferentes regiões do mundo, acabou por assumir, senão a primazia, importância

pelo menos comparável às demais. O primeiro colégio jesuíta no Brasil foi fundado

na Bahia, então sede do governo-geral, logo após um ano da sua chegada, em

1550. Os colégios jesuítas funcionavam segundo normas padronizadas pela ordem

e sistematizadas em um tratado pedagógico TPF

28FPT intitulado Ratio atque Institutio

Studiorum Societas Jesu, ou simplesmente, Ratio Studiorum, que reproduzia, de

certa forma, o mesmo plano pedagógico e os rituais das universidades europeias,

principalmente da Universidade de Paris.

No Brasil, os colégios jesuítas, seguindo uma adaptação da Ratio Studiorum à

realidade local, ofereciam quatro graus de ensino sucessivos e propedêuticos: o

curso elementar, o curso de Humanidades, o curso de Artes e o curso de Teologia.

O curso elementar, de duração não definida (possivelmente um ano), consistia no ensino das ‘primeiras letras’ (ler, escrever, contar) e da doutrina religiosa católica.

O curso de Humanidades, de dois anos de duração, abrangia o ensino da Gramática, da Retórica, das Humanidades, sendo realizado todo em latim.

TP

26PT Cunha (2007c, p. 22-23) ressalta a existência de outras ordens religiosas no Brasil, entre elas os franciscanos, beneditinos e

carmelitas, que, também, mantiveram em seus conventos cursos considerados superiores. Entretanto, destaca que, nestas ordens, o ensino estava mais especificamente voltado à “reprodução interna de seus quadros do que para fora, característica distintiva dos colégios da Companhia de Jesus”. TP

27PT Em 1540, os jesuítas haviam-se estabelecido em Portugal.

TP

28PT “Esse tratado previa um currículo único para os estudos escolares dividido em dois graus, supondo o domínio das técnicas

elementares da leitura, escrita e cálculo: os studia inferiora, correspondentes, grosso modo, ao atual ensino secundário, e os studia superiora, correspondendo aos estudos universitários. (...) O segundo grau, studia superiora, compreendia os cursos de Filosofia e Teologia” (CUNHA, 2007c, p. 27, grifo do original).

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O uso da língua portuguesa era permitido somente nos recreios e feriados. No Brasil, o ensino das línguas grega e hebraica, previsto na Ratio Studiorum, foi substituído pelo tupi-guarani, de modo que os estudantes que viessem a se tornar padres dominassem o idioma dos indígenas, principal alvo das missões. Mantinham-se, no entanto, os autores latinos no ensino de humanidades.

No curso de Artes, também chamado de curso de Ciências Naturais ou curso de Filosofia, ensinavam-se, durante três anos, Lógica, Física, Matemática, Ética e Metafísica. Aristóteles era, como em todos os colégios, o principal autor estudado. Esse curso conferia os graus de bacharel e de licenciado. A diferença entre eles estava no número de pessoas que compunham a banca examinadora: três para os bacharéis e cinco para os licenciados, estes os que pretendiam exercer o magistério. TPF

29FPT

O curso de Teologia, de quatro anos de duração, conferia o grau de doutor. Seu currículo consistia em duas matérias básicas. A Teologia Moral, ou ‘lição de casos’, tratava de questões éticas relativas às práticas cotidianas, como por exemplo, ‘se é lícito vender a crédito mais caro do que a pronto pagamento’ (...). A outra matéria, a teologia especulativa, consistia no estudo do dogma católico (CUNHA, 2007c, p. 29-30).

No que se refere à espacialidade, a tipologia dos colégios jesuítas no Brasil

vai seguir a já adotada em outros países, nos quais o claustro ordena todo o

programa, conforme descreve Lúcio Costa (apud GOROVITZ, 1999, p. 6-7),

O programa das construções jesuítas era relativamente simples. Pode ser dividido em três partes, correspondendo cada uma destas a uma determinada utilização: para o culto, a igreja com o coro e a sacristia; para o trabalho, as aulas e oficinas; para residência, os ‘cubículos’, a enfermaria e mais dependências de serviço, além da ‘cerca’, com horta e pomar... O partido arquitetônico tradicionalmente empregado pelas ordens religiosas nos seus mosteiros e conventos, ou seja, o de dispor os vários corpos da construção em ‘quadra’, como então se dizia, formando-se assim um ou mais pátios, foi mantido também pelos jesuítas... Um dos ‘quartos' da quadra era sempre ocupado pela igreja, cujo frontispício, mantido no alinhamento do quarto contíguo, formava com este, em elevação, um plano só, correspondendo ao Colégio uma linha horizontal contínua e ao corpo da igreja em frontão de empena, com a torre servindo de remate à composição (...). Sendo o objetivo da Companhia a doutrina e catequese, a igreja devia ser ampla a fim de abrigar número sempre crescente de convertidos e curiosos e localizada, de preferência, em frente a um espaço aberto – um terreiro – onde o povo pudesse se reunir e andar livremente.

A figura 11 representa um esquema do partido arquitetônico dos Colégios

Jesuítas desenhado por Lúcio Costa, em “Arquitetura Jesuítica no Brasil” TPF

30FPT.

TP

29PT Parece ser que, à época, o exercício do magistério, ou seja, a licenciatura, tinha exigências e, consequentemente, status

superior ao bacharelato. TP

30PT COSTA, Lúcio. A arquitetura jesuítica no Brasil. Revista do SPHAN, Rio de Janeiro, n.5, p.9-100, 1941.

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Figura 11 – Igreja e Residência dos Reis Magos em Nova Almeida, no Espírito Santo Fonte: GOROVITZ (1999)

Até a expulsão dos jesuítas, em 1759, havia um total de 17 colégios fundados

no Brasil colônia, embora nem todos oferecessem todos os graus de ensino. Entre

os de maior destaque, encontrava-se não só o colégio da Bahia, que serviu de

modelo aos demais, como o colégio do Rio de Janeiro, os colégios de São Paulo (de

Piratininga e de Santos), o colégio de Olinda, o colégio do Maranhão e o colégio do

Pará. O último dos cursos superiores criados pelos jesuítas no Brasil foi no

seminário de Nossa Senhora da Boa Morte, em Mariana, Minas Gerais (CUNHA,

2007c).

É importante ressaltar, entretanto, que, embora os planos de estudo no Brasil

fossem iguais aos de Portugal (o curso de Artes no Colégio da Bahia, por exemplo,

era idêntico ao da cidade de Évora, também dirigido pelos jesuítas), o grau conferido

no Brasil não tinha o mesmo “valor” que aquele obtido em Portugal. Os graduados

no Brasil, quando desejavam continuar seus estudos na Corte, eram obrigados a

repetir cursos ou, ainda, a prestarem exames de “equivalência” (CUNHA, 2007c).

Este fato, entre outros, demonstra o poder do colonizador, que usava todas as

estratégias para manter sua hegemonia na Colônia.

A expulsão dos jesuítas de Portugal e, consequentemente, do Brasil, foi fruto

das chamadas reformas pombalinas. Tais reformas, conduzidas pelo Marquês de

PombalTPF

31FPT, visavam a transformar Portugal numa metrópole capitalista, seguindo o

TP

31PT Nome com que ficou conhecido Sebastião José de Carvalho e Melo, político e verdadeiro dirigente de Portugal durante o

reinado de D. José I (1750 - 1776)

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exemplo da InglaterraTPF

32FPT, além de adaptar sua maior colônia, o Brasil, à nova ordem

pretendida em Portugal. A ideia de pôr o reinado português em condições

econômicas tais que lhe permitissem competir com as nações estrangeiras era

talvez a mais forte razão das reformas pombalinas.

A política pombalina, além dos principais objetivos econômicos de incentivo

às manufaturas e à acumulação de capital público e privado, com vistas à

industrialização de Portugal, tinha como meta a substituição das ideologias

dominantes, com o sentido de orientá-las na construção de uma sociedade

capitalista. Essas modificações no campo ideológico estavam no contexto do

movimento intelectual do século XVIII, conhecido como “século das luzes”, o

Iluminismo. “O Iluminismo foi, de fato, um amplo e diferente movimento ideológico

que, na direção das transformações iniciadas pela Reforma Protestante, organizava

a luta da burguesia contra a aristocracia feudal e preparava sua hegemonia sobre a

sociedade” (CUNHA, 2007c, p. 44).

As ações do Marquês de Pombal, por quem se introduziu o iluminismo no

império português, diferentemente da maior parte dos governantes Iluministas, mais

preocupados com a teoria do que com a prática, estavam mais voltadas para as

relações entre o Iluminismo e o exercício do poder do Estado. Para alguns autores,

não foi, assim, por espírito libertador e igualitário que Pombal empreendeu a reforma

educacional, por meio da qual abriu as portas a um florescimento da ciência e da

filosofia, em fins do século XVIII, por meio de mestres e professores seculares, mas

pela necessidade de preparar homens suficientemente capazes para assumir postos

de comando no Estado absolutista. Nesse sentido, a perseguição movida por

Pombal aos jesuítas era resultado da tentativa de reforçar o poder do Estado como

condição para atingir os objetivos econômicos.

É importante ressaltar que a Companhia de Jesus havia nascido no âmbito

institucional e doutrinário da Igreja Católica, em contraposição à Reforma

Protestante, cuja ética, no campo econômico, funcionava como incentivo e

legitimação daquilo que Max Weber TPF

33FPT chamou de “espírito do capitalismo”. Já a ética

econômica dos jesuítas estava expressa nas disciplinas ligadas à Teologia Moral,

TP

32PT A Inglaterra era, naquele momento, a grande aliada de Portugal, para quem os portugueses haviam feito concessões

econômicas em troca de uma proteção político-militar. TP

33PT WEBER, Max. A ética protestante e o espírito capitalista. São Paulo: Companhia das Letras, 2004.

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que discutia problemas como o da moralidade da cobrança de juros, da escravidão,

e outros.

As chamadas reformas pombalinas constituíram-se, portanto, em um

importante marco na historiografia da educação brasileira. A expulsão dos jesuítas

provocou a desarticulação do sólido sistema educacional da Colônia. Em seu lugar,

foram criadas no Brasil, alguns anos depois de iniciadas em Portugal, as aulas

régias ou aulas avulsas. Segundo Cunha (2007c, p. 53),

Se, antes, havia nos colégios dos padres jesuítas um plano sistematizado e seriado de estudos, organizados segundo uma pedagogia consistente, a Ratio Studiorum, a reação contra eles, baseada no enciclopedismo, não consegui erigir um edifício cultural alternativo, ao menos na esfera do ensino.

As aulas régias eram autônomas e isoladas, com professores únicos, leigos e,

na maioria, mal preparados, funcionando em locais distintos. No Brasil, as aulas

régias eram de Grego, Latim, Hebraico, Filosofia, Teologia, Retórica e Poética,

Desenho, Aritmética, Geometria e Francês. Destarte, o novo sistema não impediu a

continuação do oferecimento de estudos nos seminários e colégios das ordens

religiosas que não a dos jesuítas (Oratorianos, Franciscanos e Carmelitas,

principalmente), como o do Seminário de Olinda e dos estudos superiores do

Convento de Santo Antônio, no Rio de Janeiro. Ainda, segundo Cunha (2007c, p.

54),

Em 1776, os frades franciscanos criaram, autorizados por alvará régio, um curso superior no Convento de Santo Antônio do Rio de Janeiro. Era, na realidade, uma faculdade, organizada conforme a Universidade de Coimbra, já nos moldes da reforma pombalina (...). O curso destinava-se à preparação profissional dos sacerdotes, mas era frequentado, também, por numerosos leigos que buscavam ilustrar-se.

Com a implantação do subsídio literário TPF

34FPT, houve um aumento no número de

aulas régias, porém ainda muito precário, devido à escassez de recursos, de

docentes preparados e da falta de um currículo regular. Se para Portugal, as

reformas no campo da educação, que levaram à laicização do ensino,

representaram um avanço, para o Brasil, tais reformas significaram um retrocesso na

educação escolar, com o desmantelamento completo da educação brasileira.

TP

34PT O subsídio literário era um imposto colonial para custear o ensino, cobrado sobre o consumo de carne e a produção de

aguardente (CUNHA, 2007c).

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Assim, antes de 1808, a elite política e intelectual brasileira que tivesse

interesse em dar continuidade a seus estudos, procurava as universidades

estrangeiras, principalmente a de Coimbra, responsável pela formação de quase

todos os graduados no Brasil nos primeiros séculos de nossa existência.

2.2. O ensino superior no Império

Para a maioria dos estudiosos da educação brasileira, os estudos superiores

no Brasil tiveram início, de fato, com a chegada da Corte Portuguesa, em 1808 TPF

35FPT. A

transferência da Corte Portuguesa para o Brasil marcou profundamente o quadro

político e econômico até então vigente na Colônia. As medidas econômicas

adotadas tão logo a frota portuguesa aportou na Bahia, em janeiro de 1808, como a

abertura dos portos às nações amigas TPF

36FPT, começaram por quebrar o sistema de troca

com a metrópole, vigente até então. Orientadas por uma doutrina econômica liberal,

as medidas implantadas conduziram à liberdade de produzir e negociar, com claro

incentivo ao comércio, à indústria e à agricultura. Paralelamente, o quadro político

tendia para uma maior autonomia, que culminou com a independência proclamada

em 1822. Administrativamente, começou a ser implantado no Brasil um aparelho

burocrático similar ao da Metrópole.

Todas as mudanças então concretizadas alteraram profundamente o

panorama político, econômico e, principalmente, cultural do Brasil, agora não mais

uma colônia, mas elevado à condição de um novo Estado, na categoria de Reino

Unido a Portugal e Algarves. Nesta nova realidade, a educação não podia deixar de

acompanhar os novos tempos e se adaptar às suas necessidades. Assim, tem início

um novo modelo de ensino superior “sobre o qual veio a ser edificado o que existe

até hoje, ligado à sua origem por ampliação e diferença” (CUNHA, 2007c, p. 71).

Conforme Cunha (2007c, p. 63),

A transferência da sede do poder para o Brasil, em 1808, e a emergência do Estado nacional, pouco depois, geraram a necessidade de se modificar o

TP

35PT Embora alguns, como por exemplo, Cunha (2007), afirmem que os cursos de teologia oferecidos pelos jesuítas, desde o

século XVI, os de filosofia e teologia dos franciscanos, no Convento do Rio de Janeiro e no Seminário de Olinda, no século XVIII, eram sem dúvida cursos superiores do ponto de vista de sua estruturação curricular e duração, em tudo semelhantes aos oferecidos na Europa. TP

36PT Reduzidas naquela época, praticamente, à Inglaterra.

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ensino superior herdado da Colônia, ou melhor, de se fundar todo um grau de ensino completamente distinto do anterior. O novo ensino superior nasceu sob o signo do Estado nacional, dentro ainda dos marcos da dependência cultural aos quais Portugal estava preso.

O modelo educacional implantado no Brasil, seguindo as orientações já

vigentes em Portugal desde as reformas implantadas pelo Marques de Pombal,

promoveu a secularização do ensino, estruturado em estabelecimentos isolados,

compostos de dois setores, o privado ou particular e o estatal, este último

segmentado em uma esfera provincial e outra nacional, na qual se localizava o

ensino superior. Cunha (2007c, p. 65) destaca que, embora o ensino superior,

“recriado” em 1808 e completado no Primeiro Reinado, tenha sido estruturado em

estabelecimentos isolados, desde aquela época, “sucessivas tentativas procuraram

reuni-los em universidades”.

A educação superior implantada a partir de 1808 estava destinada a formar os

burocratas para o Estado nascente e os especialistas na produção de bens

simbólicos destinados ao consumo das classes dominantes, agora com novas

exigências determinadas pelo forte processo de urbanização e por uma nova cultura

que se fazia presente. Por acréscimo a estas funções principais, também eram

formados profissionais liberais (médicos, advogados, engenheiros, arquitetos,

agrônomos, químicos, entres outros) que se estabeleciam livremente.

As primeiras unidades de ensino foram constituídas por “aulas” e “cadeiras” TPF

37F PT

que, por vezes, se reuniam em “cursos”. Assim, tão logo estabelecida a Corte no

Brasil, em 1808, foram criadas, nos antigos colégios jesuítas, que haviam sido

transformados em hospitais militares, as “cadeiras” de anatomia (no Rio de Janeiro)

e de cirurgia (no Rio de Janeiro e na Bahia). Outros tiveram origem na mesma

época, alguns com duração efêmera, mas de grande importância cultural, política e

econômica. Cunha (2007c) destaca a cadeira de Economia Política (criada no Rio de

Janeiro, em 1808), a de Química (na Bahia, em 1817), a de História (em Ouro Preto,

também, em 1817) e as de Música, História e Desenho Técnico (também, na Bahia,

em 1818).

As escolas, academias ou faculdades surgiram mais tarde, com direção

especializada, seriação e programas já organizados, meios e locais próprios, e com TP

37PT Essas unidades de ensino se constituíam, na maioria dos casos, de um professor que, com seus próprios meios, ensinava

em lugares improvisados, como em suas próprias casas ou hospitais. (CUNHA, 2007c).

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apoio de pessoal não docente. Em 1823, a já Academia de Medicina e Cirurgia do

Rio de Janeiro passa a oferecer dois cursos, o Médico e o Cirúrgico. Em 1832, as

academias de Medicina do Rio de Janeiro e da Bahia foram transformadas em

faculdades, sendo, também, oferecidos os cursos de Farmácia e Obstetrícia. Em

1884, submetidas a novos regulamentos, as duas faculdades passam a oferecer os

cursos de Ciências Médicas e Cirúrgicas, de Farmácia, de Obstetrícia e Ginecologia

e de Odontologia.

Dentre os estabelecimentos isolados, em 1810, havia sido criada, no Rio de

Janeiro, a Academia Real Militar, que, além das atividades bélicas, introduziu no

Brasil o ensino da Engenharia. Da Casa do Trem (atualmente parte do Museu

Histórico Nacional), a Academia Real Militar teve sua sede transferida, em 1812,

para o Largo de São Francisco de Paula, ocupando o primeiro prédio construído no

Brasil para abrigar uma escola hoje dita superior (Figura 12). Transformada em

Escola Militar (1839) e, depois, em Escola de Aplicação do Exército (1855), em 1858

vai ser desmembrada na Escola Militar e de Aplicação e na Escola Central. A Escola

Central passa, então, a oferecer dois cursos, o de Engenharia Civil e o de

Engenharia Geográfica, dando origem, em 1874, à Escola Politécnica, quando,

então, o ensino de Engenharia passa a ser realizado em estabelecimento e com

objetivos não militares.

Figura 12 - Academia Real Militar – Largo de São Francisco, RJ Fonte: HThttp://www.poli.ufrj.br/sobre_a_poli_historia.html TH

Outra construção significativa do Brasil Império foi o prédio projetado pelo

arquiteto Grandjean de Montigny, que veio com a Missão Francesa em 1816, para a

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Academia Imperial de Belas-Artes. Substituindo a Escola Real de Ciência, Artes e

Ofícios, de 1816, que não chegou a funcionar, foi criada, em 1820, a Real Academia

de Desenho, Pintura, Escultura e Arquitetura Civil, no Rio de Janeiro, que, em 1824,

consolidou-se como Academia Imperial de Belas-ArtesTPF

38FPT (Figura 13). Essa

academia, segundo Cunha (2007c), em princípio, diferia dos demais

estabelecimentos de ensino superior criados à época, uma vez que o acesso não

exigia os conhecimentos do ensino secundário, não permitindo, por consequência,

que seus egressos ocupassem cargos na burocracia do Estado ou exercessem

profissões liberais controladas por entidades corporativas.

Figura 13 - Academia Imperial de Belas-Artes (Prancha de Debret) Fonte: HThttp://www.bibvirt.futuro.usp.br/imagens/pranchasdedebret/tomoterceiro TH

Com a proclamação da independência do Brasil, em 1822, a necessidade de

formação de quadros para atender à burocracia do Estado se torna mais premente.

Em 1823, o imperador cria o primeiro curso jurídico que, efetivamente, começa a

funcionar em 1827 TPF

39FPT. A localização dos cursos jurídicos foi objeto de longas

discussões. Conforme Cunha (2007c, p. 102),

TP

38PT O ensino regular de arquitetura no Brasil, teve origem na Academia de Belas Artes. Somente em 1945 ,é desvinculado desta,

com a criação da Faculdade Nacional de Arquitetura, hoje Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da UFRJ. TP

39PT Cunha (2007c, p. 1001-102) transcreve parte do regulamento elaborado pelo Visconde de Cachoeira, então Conselheiro de

Estado, que elaborou o projeto de estatuto para reger o funcionamento dos cursos jurídicos, dando-nos a exata noção da importância concedida a essa formação, como segue: “Tendo-se decretado que houvesse, nesta Corte, um Curso Jurídico para nele se ensinarem as doutrinas de jurisprudência em geral, a fim de se cultivar este ramo da instrução pública, e se formarem homens hábeis para serem um dia sábios Magistrados, e peritos Advogados, de que tanto se carece; e outros que possam vir a ser dignos Deputados, e Senadores, e aptos para ocuparem lugares diplomáticos, e mais empregados do Estado”.

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Havia os que defendiam sua instalação no Rio de Janeiro, convertido num centro de formação das elites regionais, sob as vistas do poder central, evitando-se a emergência de lideranças liberais; já outros defendiam a localização dos cursos jurídicos na Bahia, de onde saía a maior parte dos brasileiros que estudavam em Coimbra na época da independência; outros, ainda, alertavam para o perigo da concentração de estudantes no Rio de Janeiro, pela interferência que poderiam exercer sobre o Estado.

Em 1827, o imperador acabou por criar dois cursos jurídicos, um em São

Paulo e outro em Olinda. Em 1854, os cursos jurídicos foram transformados em

faculdades de Direito, sendo o curso de Olinda transferido para Recife.

O ensino de Agronomia, chamado, à época, de Agricultura, também, remonta

à transferência da Corte para o Brasil, quando foram criados os primeiros jardins

botânicos. Cunha (2007c, p. 104), destaca que,

Em 1808, foi criado na fazenda da Lagoa Rodrigo de Freitas, no Rio de Janeiro, o Horto Real, depois Jardim Botânico, protótipo dos que vieram a ser criados mais tarde, na Bahia, em São Paulo, em Pernambuco e em Minas Gerais. Eram eles verdadeiras estações agrícolas experimentais com o objetivo de estudar o cultivo sistemático de plantas nativas no Brasil e a aclimatação de espécies de fora, sobretudo da Ásia.

Logo em 1812, o Jardim Botânico da Bahia foi transformado no Curso Público

de Agricultura, para atender, segundo a carta régia do príncipe regente, aos

agricultores e lavradores e servir de modelo aos que seriam criados posteriormente.

Ainda no império, foram criadas duas escolas superiores de agronomia, o “Imperial

Instituto Bahiano de Agricultura” TPF

40FPT, em 1859, e a “Imperial Escola de Medicina

Veterinária e Agricultura Practica” TPF

41FPT, em 1883, em Pelotas, Rio Grande do Sul.

Cabe destacar, ainda, nesse período, a criação do Colégio Pedro II, embora

no âmbito da educação secundária. Fundado em 1837, por decreto imperial, era a

instituição secundária da esfera nacional, cujo diploma, ao contrário dos demais,

dava direito ao ingresso nas escolas de nível superior, sem a prestação de exames

de habilitação.

TP

40PT O “Imperial Instituto Bahiano de Agricultura” foi criado, em ato solene, por D. Pedro II, em 1859, em um antigo mosteiro,

situado na localidade conhecida como São Bento das Lages, povoado ligado à vila de São Francisco (hoje São Francisco do Conde). A Real Escola de Agronomia de São Bento das Lages foi autorizada um ano depois, mas só começou a funcionar de fato em 1875, quando as intervenções físicas de adaptação do mosteiro foram concluídas. De São Bento das Lages, saiu a primeira turma de engenheiros agrônomos do Brasil, formada em 1880. Foi dessa escola que nasceu a Faculdade de Agronomia da Universidade Federal da Bahia, instalada em Cruz das Almas, nos anos 40 do século passado. Hoje, a Faculdade de Agronomia faz parte da nova Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (Fonte complementar: http://www.decisa.ufba.br/historico_agrba.html). TP

41PT A “Imperial Escola de Medicina Veterinária e Agricultura Practica”, de Pelotas, em 1890 é transformada em “Lyceu Rio-

Grandense de Agronomia e Veterinária” e, em 1926, em Escola de Agronomia e Veterinária Eliseu Maciel. Com a independência dos cursos de agronomia e veterinária em 1934, somente o ensino de agronomia se mantém na então Escola de Agronomia Eliseu Maciel, que, ainda hoje, com a mesma designação, pertence à Universidade Federal de Pelotas (Fonte complementar: http://faem.ufpel.edu.br/historico.shtml).

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Ainda, sobre o ensino superior no império, cabe destacar a prevalência do

ensino estatal. Embora a defesa da liberdade de ensinar fosse parte do quadro

ideológico do império, por razões expressamente políticas e econômicas ou por

conveniência prática, sua extensão não atingiu o ensino superior. Cunha (2007c, p.

83) destaca que, “a partir da década de 1870, maçons, liberais, conservadores e

positivistas convergiam na aspiração genérica da liberdade de ensino superior” TPF

42FPT.

Entretanto, o monopólio estatal do ensino superior vai-se manter ao longo do

período imperial, mantendo, assim, com o Estado, o poder de formar a força de

trabalho habilitada e o valor intrínseco do diploma.

Paralelamente às discussões da liberdade de ensino, tiveram lugar nesse

período sucessivas tentativas de criação da primeira universidade no Brasil. Na

defesa de sua criação, posicionavam-se os liberais, com o argumento de que sua

função seria a de formar “uma elite preparada e competente capaz, não de traduzir

as aspirações populares, mas de desenvolvê-las e incentivá-las”(CUNHA, 2007c, p.

87). Já, contrários à criação de uma universidade no Brasil estavam os positivistas TPF

43FPT,

cujos argumentos, para Cunha (2007c), foram de grande importância para a política

educacional brasileira, tanto que a universidade não foi criada durante o império. As

razões contrárias à criação da universidade, apresentadas por Teixeira Mendes TPF

44F PT

(apud CUNHA, 2007c, p. 90), são:

A ciência não lucra com semelhante criação, porque a ciência nasceu sem privilégios, e perseguida também. A proteção só serviu para profaná-la, aplicando-a contra os interesses sociais e em proveito dos retrógrados e anarquistas. O país também não lucra: primeiro porque a universidade vai consumir um capital enorme, melhor aplicado na elevação dos proletários; segundo porque vai dificultar a propagação da doutrina regeneradora, seja qual ela for; terceiro porque ataca a liberdade de pensamento; quarto porque aumenta o parasitismo burguês.

Para Fávero (2006, p. 20), “[t]odos os esforços de criação de universidades,

nos períodos colonial e monárquico, foram malogrados, o que denota uma política

de controle por parte da Metrópole de qualquer iniciativa que vislumbre sinais de

independência cultural e política da Colônia”. Assim, a década de 1880 termina,

TP

42PT Segundo Cunha (2007c, p. 85), um dos argumentos em defesa do ensino estatal dizia respeito a “(...) ser a diminuição do

controle do Estado um incentivo à degradação da qualidade de ensino”. Argumento que se mantém nos dias atuais. TP

43PT “O positivismo foi a autodenominação de uma doutrina filosófica surgida na sua forma amadurecida, na França [no século

XIX], elaborada por Augusto Comte. Pretendia unificar os conhecimentos do mundo ‘humano’ ao ‘natural’ pela aplicação àquele da metodologia que as ciências naturais teriam desenvolvido: um método ‘positivo’ em oposição ao método ‘metafísico’” (CUNHA, 2007c, p. 87). Apareceu como reação ao idealismo, opondo ao primado da razão, o primado da experiência sensível (e dos dados positivos). Propõe a ideia de uma ciência sem teologia ou metafísica, baseada apenas no mundo físico/material. TP

44PT Raimundo Teixeira Mendes e Miguel Lemos foram os grandes propagadores e defensores do positivismo no Brasil.

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juntamente com o império, com o ensino superior no Brasil bastante limitado. As

escolas superiores isoladas ofereciam cursos em apenas quatro áreas do saber

(Medicina e afins, Engenharia e afins, Direito e Agronomia) e se distribuíam por sete

cidades brasileiras, atendendo em torno de 2.300 alunos (CUNHA, 2007c).

2.3. O ensino superior na Primeira República

O período denominado de Primeira República ou República Velha,

compreendido entre a Proclamação da República (1889) e a Revolução de 1930,

para efeitos da política educacional brasileira, pode ser dividido em dois grandes

movimentos. O primeiro, no sentido da desoficialização e expansão do ensino

superior no país, e o segundo, na tentativa de sua contenção.

A expansão do ensino superior ocorreu logo nas primeiras décadas da

República, impulsionada, por um lado, pelas transformações econômicas e,

principalmente, institucionais que o regime republicano introduziu no país e, por

outro lado, pela liberdade de ensino finalmente conquistada, conforme aspiração de

liberais e positivistas. Com a prevalência do federalismo, as províncias foram

transformadas em estados, que, pela Constituição de 1891 TPF

45FPT, também, foram

autorizados a criar, através de suas assembléias legislativas, instituições de ensino

superior. A liberdade de ensino conquistada durante o período, com a consequente

abertura do setor estatal da educação superior, por outro lado, fez surgir as escolas

superiores livres ou particulares.

Paralelamente à possibilidade de criação de novas instituições de ensino, a

política educacional implantada facilitou o acesso ao ensino superior, vindo ao

encontro das necessidades de ampliação, e mesmo criação, agora também nos

estados, de quadros para a burocracia pública, bem como dos anseios das elites

agrárias, que desejavam ver seus filhos “doutores” TPF

46FPT, como forma de acelerar a

ascensão social. Assim, a reforma do ensino primário e secundário instituída por

Benjamin Constant, secretário de estado da Instrução Pública, Correios e

TP

45PT O Artigo 35 da Constituição de 1891 incumbe ao Congresso, mas não privativamente (ressalta o próprio texto constitucional),

as seguintes atribuições, entre outras: “animar no país, o desenvolvimento das letras, artes, e ciências, (...), sem privilégios que tolham a ação dos Governos locais” (Artigo 35, 2 PU

oUP); e “criar instituições de ensino superior e secundário nos Estados” (Artigo

35, 3 PU

oUP).

TP

46PT E não mais padres, como era até então.

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60

Telégrafos TPF

47FPT, no período de 1890 a 1891, vai imprimir profundas transformações nos

mecanismos de seleção de candidatos ao ensino superior, bem como abolir alguns

privilégios dos diplomas escolares.

A admissão dos candidatos ao ensino superior que estava condicionada,

desde a criação dos cursos superiores (em 1808), aos exames preparatórios,

prestados nos próprios estabelecimentos de ensino, foi substituída pelos exames de

madureza, a serem realizados ao final da última série do ensino secundário. Os

estudantes aprovados nesse exame - em princípio estabelecido para o Colégio

Pedro II (à época Ginásio Nacional), mas, posteriormente, estendido aos demais

colégios organizados pelos governos estaduais que adotassem currículos

semelhantes - poderiam matricular-se, sem prestar os exames preparatórios, nas

escolas superiores do país. Os alunos das escolas particulares, por sua vez, podiam

prestar o exame de madureza em uma escola oficial, ficando, consequentemente,

eximidos dos exames preparatórios.

O exame de madureza, ponto nodal da política educacional, foi sendo adiado, teve sua função mudada e acabou por ser extinto. De exame de saída do ensino secundário, o exame de madureza passou a ser o exame de entrada aos cursos superiores, confundindo-se com os exames preparatórios prestados nas faculdades. Estabelecimentos particulares receberam, em 1896, o privilegio de realizar exames de madureza capazes de permitir aos seus aprovados ingresso nas escolas superiores (CUNHA, 2007c, p. 156, grifo do original).

A reforma de Benjamin Constant, também, criou “condições legais para que

as escolas superiores particulares viessem a conceder diplomas dotados do mesmo

valor dos expedidos pelas escolas federais (...)” (CUNHA, 2007c, p. 155).

O resultado deste período de expansão acabou por alterar não só

quantitativamente, como qualitativamente o quadro da educação superior no Brasil.

O ensino superior passou a ser alvo constantemente de severas críticas, na

avaliação de que as facilidades criadas para o ingresso nas escolas superiores

vinham contribuindo para a deterioração da qualidade do ensino. Quantitativamente,

Cunha (2007c, p. 152-153) ressalta que, “no período que vai da reforma Benjamin

Constant, em 1891, até 1910, (...) foram criadas no Brasil 27 escolas superiores

(...)”. Dentre as escolas criadas no período, está a Escola Superior de Agricultura e

TP

47PT Algumas pastas eram denominadas de Ministério e outras, como a aqui citada, de Secretaria de Estado.

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61

Medicina Veterinária (ESAMV) TPF

48FPT, no Rio de Janeiro, em 1910, que será objeto

particular de nosso estudo.

A reação contra esse quadro, em um movimento de contenção da expansão

do ensino superior no país, desencadeou a chamada Reforma Rivadávia Corrêa, de

1911, formulada pela Lei Orgânica do Ensino Superior e do Fundamental na

República TPF

49FPT. A Reforma Rivadávia Corrêa estabeleceu que o acesso ao ensino

superior, através de um “exame de admissão”, voltaria a ser atribuição das escolas

superiores, garantindo o fim dos privilégios anteriormente concedidos ao Colégio

Pedro II e aos que a ele se equiparavam. Retomando, porém, a orientação

positivista, estabeleceu uma maior liberdade de ensino, com uma ampla autonomia

didática e administrativa, concedida aos “institutos” subordinados ao Ministério do

Interior, passando a considerá-los como “corporações autônomas”, fiscalizadas por

um “Conselho Superior de Ensino” TPF

50FPT.

Entretanto, com essa Lei Orgânica, as escolas superiores criadas pelos

estados e as escolas particulares deixaram, segundo Cunha (2007c, p. 163), “de

sofrer qualquer fiscalização da parte do governo federal, tendo seus currículos

organizados conforme as determinações de seu próprio corpo docente,

independente de paradigmas oficiais”.

Os argumentos contrários à Lei Orgânica de Rivadávia Corrêa eram muitos,

atribuindo-lhe a manutenção da “indesejada” expansão e a desorganização do

ensino superior brasileiro. Seus críticos, segundo Cunha (2007c, p. 165),

diziam que as exigências dos exames de admissão diminuíram para que as faculdades não ficassem sem alunos; livres de qualquer fiscalização, abriram-se faculdades particulares que facilitavam ao máximo os exames de modo que aumentasse suas receitas; os professores que participavam (ou esperavam participar) das bancas examinadoras ministravam aulas particulares aos futuros candidatos; os programas de ensino eram encurtados conforme as conveniências de alunos e professores; os concursos de livre-docência se desmoralizavam pela enorme quantidade de títulos conferidos (200 só na Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro) e

TP

48PT A ESAMV é a instituição origem da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro.

TP

49PT Redigida por Rivadávia da Cunha Corrêa, ministro da Justiça e Negócios Interiores, que abrangia, à época, também os

assuntos da Instrução Pública, a Lei Orgânica (Decreto 8.659, de 5 de abril de 1911) regulamentava uma emenda à Lei Orçamentária que autorizava o executivo a reformar o ensino secundário e superior mantidos pelo Governo Federal. TP

50PT O Conselho Superior de Ensino, com caráter deliberativo e consultivo e com sede na capital da República, era composto

pelo diretor e um docente - escolhido pela congregação - de cada uma das faculdades federais, e sua presidência era de livre nomeação do Governo. A Reforma Rivadávia Corrêa, também, incluiu à “corporação docente” o livre-docente, habilitado através da apresentação de um trabalho original a uma banca designada pela congregação da escola, para ministrar cursos “particulares ou privados” pelos quais seria remunerado.

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pela dificuldade de se averiguar a paternidade das teses apresentadas sem arguição.

Com as mudanças políticas ocorridas em 1914, e assumindo a presidência

Venceslau Brás, o novo ministro da Justiça e Negócios Interiores, Carlos

Maximiliano Pereira dos Santos, ficou responsável por “restabelecer a ordem no

campo educacional, tumultuado pela lei orgânica” (CUNHA, 2007c, p. 168). A

Reforma Maximiliano (1915), nos moldes do ensino europeu, retomou vários pontos

de políticas educacionais anteriores, incluindo a proposta da seriação escolar da

Reforma Benjamin Constant (1890). Da Reforma Rivadávia Corrêa (1911),

recuperou o exame de admissão, que passou a denominar-se “exame vestibular”,

exigindo, ainda, que o candidato tivesse certificado de aprovação nas matérias do

“curso ginasial”, realizado no Colégio Pedro II ou nos colégios estaduais a ele

equiparados. Também, o Conselho Superior de Ensino foi mantido, com atribuições

ampliadas para fiscalizar as escolas não mantidas pelo governo federal, e o instituto

da livre-docência passou a exigir dos candidatos provas orais, para verificar a

autoria das teses apresentadas. Finalmente, a cátedra foi restabelecida, com o

professor catedrático, submetido à tese escrita e nomeado pelo governo, em

substituição ao professor ordinário, previsto na Lei Orgânica.

Carlos Maximiliano, no bojo do decreto que instituía a reforma educacional,

também criou as condições para a “definitiva” criação da universidade no Brasil. As

tentativas anteriores que levaram ao surgimento, em 1909, da Universidade de

Manaus e, em 1912, das universidades de São Paulo e do Paraná, são relatadas na

bibliografia corrente. Entretanto, todas essas instituições, livres e não vinculadas ao

governo, tiveram “vida curta”TPF

51FPT. A Reforma Maximiliano, no Decreto nº. 11.530/1915,

estabeleceu, sobre a criação da universidade, conforme art. 6º, que “O Governo

Federal , quando achar oportuno, reunirá em universidade as Escolas Politécnica e

de Medicina do Rio de Janeiro, incorporando a elas uma das Faculdades Livres de

Direito, dispensando-a de taxa de fiscalização e dando-lhe gratuitamente edifício

para funcionar” (apud FÁVERO, 2006, p. 21-22).

TP

51PT Termo utilizado por Cunha (2007c) quando relata a criação destas três universidades. O autor, ainda, destaca a existência da

chamada “Universidade Popular”, criada pelo pelos estudantes da Universidade de São Paulo, que, sem se constituir em uma unidade com corpo docente e discente próprio, promovia palestras e cursos gratuitos e abertos à comunidade. Esta iniciativa poderia considerar a “Universidade de São Paulo como Ua primeira instituição de ensino superior no Brasil a desenvolver atividades de extensãoU” (CUNHA, 2007c, p. 183, grifo nosso).

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Passados 5 anos da reforma, o Decreto nº. 13.343, de 7 de setembro de

1920, determina a criação da primeira universidade brasileira - a Universidade do

Rio de Janeiro - nos moldes da disposição anteriormente citada, ou seja,

promovendo a junção das três escolas tradicionais, cada uma conservando as suas

características, sem uma maior integração entre elas. Assim, a primeira universidade

oficial do país nasce com uma estrutura acadêmico-administrativa bastante simples

e modesta, o que será objeto de inúmeras críticas TPF

52FPT. Fávero (2006, p. 22) destaca a

matéria publicada no Jornal do Brasil, de 24 de outubro de 1920, na qual o educador

José Augusto, assinala que:

O Decreto de 7 de setembro findo, com o qual o governo da República instituiu a Universidade do Rio de Janeiro, por julgar oportuno dar execução ao disposto no art. 6º do Decreto nº. 11.530, de 18 de março de 1915, contém poucos artigos e trata a matéria da forma mais geral e vaga, de modo a não deixar no espírito de quem lê a noção exata e segura da verdadeira orientação a ser seguida pelo nosso Instituto Universitário.

Entretanto, Fávero (2006, p. 22-23) ressalta que:

Não obstante todos os problemas e incongruências existentes em torno de sua criação, um aspecto não poderá ser subestimado: sua instituição teve o mérito de reavivar e intensificar o debate em torno do problema universitário no país. (...) Entre as questões recorrentes destacam-se: concepção de universidade; funções que deverão caber às universidades brasileiras; autonomia universitária e modelo de universidade a ser adotado no Brasil. No que diz respeito às funções e ao papel da universidade, há duas posições: os que defendem como suas funções básicas a de desenvolver a pesquisa científica, além de formar profissionais, e os que consideram ser prioridade a formação profissional. Há, ainda, uma posição que poderia talvez vir a constituir-se em desdobramento da primeira. De acordo com essa visão, a universidade, para ser digna dessa denominação, deveria tornar-se um foco de cultura, de disseminação de ciência adquirida e de criação da ciência nova (...). No entanto, essa visão de universidade não chega a ser concretizada nos anos de 1920, nem na esfera federal, com a Universidade do Rio de Janeiro, nem na estadual, com a criação, em 1927, da Universidade de Minas Gerais, instituída, também, segundo o modelo da primeira.

Dez anos depois das reformulações introduzidas pela reforma Maximiliano,

uma vez mais, são alteradas as bases do ensino superior no país. Desta feita, a

reforma ficou conhecida pelo nome de seu redator – e não do ministro em exercício -

o então catedrático da Faculdade de Medicina, professor Rocha Vaz. A última

reforma proposta no período da Primeira República reforçou ainda mais o controle

do Estado, “numa tentativa de estabelecer o controle ideológico das crises políticas

TP

52PT Cunha (2007c) realça que alguns autores atribuem a criação da Universidade do Rio de Janeiro à necessidade diplomática

de receber academicamente e conferir o título de doutor honoris causa ao Rei Alberto da Bélgica, que visitou o Brasil naquele ano.

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e sociais que vieram a desembocar na revolução que pôs fim ao regime, em 1930”

(CUNHA, 2007c, p. 170). Ainda, para Cunha (2007c, p. 172), “a reforma Rocha Vaz

veio (...) completar a trajetória de contenção do fluxo de passagem do ensino

secundário para o superior, intensificado desde fins do império e acelerado nas duas

primeiras décadas do regime republicano”.

Após a Reforma Rocha Vaz, ainda, foram criadas regulamentações com

limitadores, evitando, assim, a multiplicação de universidades, principalmente

particulares. Em 1922, a Escola de Engenharia de Porto Alegre foi qualificada, em

seu estatuto, como Universidade Técnica do Rio Grande do Sul TPF

53FPT. Na análise de

Cunha (2007c), a Universidade Técnica do Rio Grande do Sul é, no Brasil, a

primeira universidade criada não por justaposição de escolas existentes, como

aconteceu no Rio de Janeiro e Minas Gerais, mas por “diferenciação” de um único

estabelecimento, a Escola de Engenharia de Porto Alegre. É, também, segundo o

autor, a primeira instituição de ensino superior que incorpora entre suas atividades a

pesquisa TPF

54FPT, no caso, tecnológica. A pesquisa aplicada, até então, era realizada em

estabelecimentos isolados TPF

55FPT criados, efetivamente, para resolver problemas

concretos e imediatos.

O debate em torno da criação das universidades e da organização do ensino

superior prossegue ao final do período da Primeira República, somente tomando

contornos mais destacados com a Revolução de 1930, quando liberais e

conservadores vão explicitar mais claramente seus projetos de universidade.

2.4. O ensino superior no primeiro período Vargas

O aqui denominado primeiro período “Vargas” compreende o espaço de

tempo entre a Revolução de 1930, que levou Getúlio Vargas ao poder, e o golpe

militar de 1945, que o depôs. Do ponto de vista político, o período foi marcado por TP

53PT Somente em 1931, o Decreto Federal 20.272 autoriza a mudança de nome de Escola de Engenharia de Porto Alegre para

Universidade Técnica do Rio Grande do Sul. TP

54PT Cunha (2007c, p. 193) alerta para o fato de que “Fernando de Azevedo não reconheceu isso e preferiu afirmar que foi na

Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da Universidade de São Paulo, a qual ajudou a criar em 1934, onde se iniciou a pesquisa universitária no país”. TP

55PT A exemplo do Instituto Agronômico de Campinas (para o desenvolvimento da cafeicultura), do Instituto Bacteriológico (para a

produção de vacinas, com o objetivo de combater as epidemias que assolavam o estado), do Instituto Butantã (para produção de soros antiofídicos) e do Instituto Biológico (para combater a broca do café), em São Paulo, e do Instituto Soroterápico Federal - depois denominado de Instituto Manguinhos - no Rio de Janeiro (para combater uma epidemia de peste bubônica) (CUNHA, 2007c).

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três momentos distintos: o “governo provisório”, instituído logo após a revolução de

novembro de 1930 e que se manteve até 1934; o “governo constitucional”, entre os

anos de 1934 e 1937; e o “Estado Novo”, fruto de um golpe de Estado gestado no

seio do próprio governo, estabelecendo um regime político autoritário, que se

estendeu até 1945. Na economia, a ruptura maior se dá a partir de 1937, quando o

Estado passa a intervir diretamente, dando início à industrialização do país.

No que diz respeito à educação, o período é caracterizado pelo

desenvolvimento contraditório de duas políticas educacionais: uma, de caráter liberal

– com duas vertentes -, que predominava nas unidades da federação,

principalmente no estado de São Paulo e no então Distrito Federal; e outra,

autoritária, que prevalecera na esfera do poder central, impondo-se, evidentemente.

Ao início do governo Vargas, conforme já relatado, havia no Brasil três

universidades TPF

56FPT. A política educacional liberal, cujas bases remontam à Primeira

República, apresenta-se, em um primeiro momento, em uma vertente elitista,

representada pelas ideias de Fernando de Azevedo TPF

57FPT. Para Azevedo, o ensino

superior praticado no Brasil era insuficiente, uma vez que as escolas profissionais

(basicamente de medicina, direito e engenharia) eram meras transmissoras de

conhecimentos prontos, especializados e comprometidos com aplicações imediatas.

Assim, defendia a universalidade do ensino, no sentido de “uma cultura

verdadeiramente superior, livre e desinteressada, desenvolvida em todas as

direções e capaz de contribuir, pela sua força orientadora e pelo se poder criador,

não só para o progresso da nacionalidade em formação, como para o

enriquecimento do saber humano” (AZEVEDO apud CUNHA, 2007c, p. 232-233).

Azevedo, também, vai defender a organização do ensino superior em

universidades, não como reunião de escolas isoladas, mas numa concepção que

articulava e integrava as diferentes instituições e seus docentes, na formação de

professores para o ensino secundário e, no âmbito daquela “cultura livre e

desinteressada”, na formação das elites intelectuais dirigentes (CUNHA, 2007c).

Nesta perspectiva, são criadas a Escola de Sociologia e Política de São Paulo

TP

56PT A Universidade do Rio de Janeiro, a Universidade de Minas Gerais e a Universidade Técnica do Rio Grande do Sul.

TP

57PT Fernando de Azevedo (1894-1974), sociólogo, educador e ensaísta, foi o principal introdutor das concepções do sociólogo

francês Émile Durkheim no Brasil. Durkheim, em decorrência de suas ideias a respeito do homem e da sociedade, acreditava que a educação deveria ter como objetivo integrar os indivíduos, situação em que teriam consciência das normas de conduta social e do valor da coletividade a que pertencem.

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(1933) e a Universidade de São Paulo (1934). A Universidade de São Paulo vai

realizar o projeto de Fernando de Azevedo, porque, além de aglutinar as escolas

existentes, cria entre outras, a Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras - concebida

como o “coração da universidade” e locus dos estudos da “cultura livre e

desinteressada”.

Entretanto, já a partir do ano de 1932, uma nova vertente do liberalismo, o

igualitarista, se difunde com mais força, convergindo com os interesses das classes

médias e trabalhadoras. No âmbito da Associação Brasileira de Educação – ABE,

criada em 1924, a liderança de Anísio Teixeira começa a ocupar um espaço de

destaque. Adepto do pensamento de John Dewey TPF

58FPT, sintetizado na reconstrução

social pela escola, Anísio via a universidade como um centro de resistência

democrática, cumprindo uma importante função, “a um tempo técnica e política”, ou

seja, a universidade que “socializa a cultura, socializando os meios de adquiri-la”

(CUNHA, 2007c, p. 248). No bojo de suas propostas, Anísio concretiza a criação da

Universidade do Distrito Federal TPF

59FPT, em 1935, quando já se iniciavam as práticas

repressivas, antecessoras do Estado Novo. Em 1939, a Universidade do Distrito

Federal é absorvida pela Universidade do Brasil, designação assumida, em 1937,

pela Universidade do Rio de Janeiro.

A política educacional autoritária, por sua vez, aprofundou a centralização do

poder, promovendo a especialização de um setor do aparelho de Estado na

priorização do campo educacional, com a criação do Ministério dos Negócios da

Educação e Saúde Pública, criado nos primeiros dias do governo provisório, em

novembro de 1930, sob a administração de Francisco Campos. O novo ministério

passou a controlar os assuntos educacionais, antes de competência do

Departamento Nacional de Ensino, do Ministério da Justiça, trazendo para sua

supervisão o próprio Departamento e as instituições universitárias e isoladas que

estavam sob a sua competência. Vale ressaltar que, do Ministério da Agricultura,

Indústria e Comércio, somente foram transferidas as escolas profissionais não

TP

58PT Filósofo norte-americano, Dewey foi o maior representante do pensamento liberal na sua versão igualitarista, reconhecendo

“... a tendência ‘espontânea’ da sociedade capitalista para perpetuar as iniquidades, os privilégios, as injustiças, utilizando a educação escolar justamente para reforçar o status quo. Para combatê-lo propôs uma nova pedagogia, a pedagogia da escola nova, capaz de produzir indivíduos orientados para a democracia e não para a dominação/subordinação; para a cooperação, em vez da competição; para a igualdade, e não para a desigualdade“ (CUNHA, 2007c, p. 230, grifos do original). TP

59PT A Universidade do Distrito Federal apresentava como caráter distintivo a busca por uma autonomia plena, a ampliação da

participação dos estudantes em seus conselhos superiores e um quadro docente que aliava capacidade técnica a convicções democráticas (CUNHA, 2007c).

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superiores. As escolas militares e as superiores de agricultura, aí incluída a Escola

Nacional de Agronomia e a Escola Nacional de Veterinária, permaneceram nos seus

respectivos ministérios.

Em 11 de abril de 1931, são promulgados três decretos que irão interferir

diretamente sobre a educação superior, entre eles o autodenominado Estatuto das

Universidades Brasileiras TPF

60FPT - que estabeleceu os padrões do ensino universitário no

país - e o decreto que reforma a Universidade do Rio de Janeiro - como “modelo

para as universidades e institutos equiparados”.

Para Francisco Campos (apud FÁVERO, 2008, p. 21), a finalidade da

Universidade deveria transcender

ao exclusivo propósito do ensino, envolvendo preocupações de pura ciência e cultura desinteressada [com o duplo objetivo de] equiparar tecnicamente as elites profissionais do país e de proporcionar ambiente propício às vocações especulativas e desinteressadas, cujo destino, imprescindível à formação da cultura nacional, é o da investigação e da ciência pura.

Entretanto, Cunha (2007c, p. 265-268) destaca como principais

características do Estatuto das Universidades Brasileiras, dentro da concepção de

uma política educacional autoritária, os seguintes pontos: (a) o estabelecimento de

um modelo único para as instituições de ensino superior (apesar da ressalva de

admitir certas variações regionais, pois estas deveriam ser julgadas pelo Ministério

da Educação); (b) uma autonomia didática e administrativa para a universidade

bastante restrita; (c) uma organização da “comunidade acadêmica” pautada por

critérios corporativos; e (d) uma concepção de universidade como centro difusor da

ideologia dominante.

Ainda, segundo Cunha (2007c, p. 252, grifo do original), no contexto do

pensamento político autoritário, que dominava o poder central do Estado,

[a] educação escolar é um dos meios pelos quais os intelectuais fazem ‘irradiar’ sobre todo o povo as ideias e aspirações dele mesmo sublimadas, vale dizer, é um dos mecanismos, se não o único, pelo menos o mais sistemático, de inculcação da ideologia do Estado autoritário.

Quanto à Universidade do Rio de Janeiro, constituída na sua origem pelas

Faculdades de Direito e Medicina e pela Escola Politécnica, passa, pela reforma de

TP

60PT Também conhecido como Reforma Campos.

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1931, a incorporar a Escola de Minas (de Ouro Preto), a Faculdade de Farmácia, a

Faculdade de Odontologia, a Escola Nacional de Belas-Artes e o Instituto Nacional

de Música. Seriam, ainda, constitutivas da universidade a Faculdade de Educação,

Ciências e Letras, a Escola de Higiene e Saúde Pública e a Faculdade de Ciências

Políticas e Econômicas, quando fossem efetivamente criadas (CUNHA, 2007c).

Cunha (2007c, p. 269) destaca que a Faculdade de Educação, Ciências e

Letras,

teria, como objetivos específicos, ‘ampliar a cultura no domínio das ciências puras, promover e facilitar a prática de investigações originais, desenvolver e especializar conhecimentos necessários ao exercício do magistério’, (...) como fornecedora, ao conjunto de institutos, do caráter propriamente universitário.

Assim, enquanto no âmbito da política educacional liberal, expresso na

Universidade de São Paulo, a Faculdade de Filosofia era concebida como o

“coração da universidade”, na política autoritária o coração “pulsava” na Faculdade

de Educação. Para Cunha (2007c), os dois modelos de universidade não

apresentavam diferenças internas relevantes, entretanto, se diferenciavam

substancialmente quanto à ideologia que os legitimava.

No modelo paulista, a ideologia liberal elitista, legitimando um regime político liberal-democrático, viabilizado pela formação das elites dela imbuídas; no modelo federal, a ideologia autoritária legitimando um regime político autoritário, organizado por elites nela formadas e difusoras dessa mesma ideologia por toda ‘coletividade’ (CUNHA, 2007c, p. 270, grifos do original).

Em 1935, já sob um clima de intensa tensão política, que acabará

propiciando, mais tarde, a implantação do Estado Novo, o então ministro, Gustavo

Capanema, no bojo do Plano de Reorganização do Ministério da Educação e Saúde

Pública, dá início a uma nova proposta de reformulação da Universidade do Rio de

Janeiro. Polêmica em sua tramitação TPF

61FPT, a reforma somente vai ser aprovada em

1937, pela Lei nº. 452, que institui a Universidade do Brasil, como uma “comunidade

de professores e alunos consagrados ao estudo” e com a função de “fixar o padrão

do ensino superior em todo o país” e ser ”uma instituição de significação nacional, e

não local” TP

F

62FPT.

TP

61PT Ver FÁVERO (2008).

TP

62PT Palavras extraídas do corpo da Lei.

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A Universidade do Brasil, segundo o que dispunha a Lei, seria constituída de

15 escolas TPF

63FPT ou faculdades superiores, todas com a qualificação do adjetivo

Nacional. Também, com o intuito de colaborar com o ensino superior, principalmente

no que se refere à pesquisa, a Universidade disporia de 14 institutos, além do

Hospital das Clínicas, para a prática médica, e de instituições complementares,

como o Colégio Universitário, destinado ao ensino secundário, e a Escola Ana Neri,

dedicada ao ensino de Enfermagem e Serviço Social.

Segundo Cunha (2007c, p. 275),

A reforma da universidade num tempo de intensa repressão política permitiu ao Estado aumentar o controle sobre as atividades universitárias através de vários dispositivos. O reitor e os diretores das escolas passaram a ser escolhidos diretamente pelo Presidente da República, medida considerada provisória, até que a universidade tivesse um novo estatuto. Procurou-se, também, impedir a mobilização política dos membros da universidade: ‘Os professores e os alunos da Universidade do Brasil não poderão tomar oficialmente, nem coletivamente, dentro da universidade, qualquer atitude de caráter político-partidário’ (art. 29).

Vale destacar que os estudantes, fortemente reprimidos em suas

manifestações, passam a ser alvo de uma tentativa de cooptação por parte do

Estado, através do incentivo à criação de uma entidade destinada a congregar os

alunos do ensino superior. Primeiramente, o Conselho Nacional de Estudantes,

depois, a União Nacional de Estudantes (UNE), foram vistos pelo Estado como

possíveis mecanismos de controle corporativos, assim como aconteceu com os

sindicatos de trabalhadores, após 1937. A UNE, entretanto, fundada no mesmo ano

de 1937TPF

64FPT, se caracterizou, desde a sua criação, por orientações democráticas,

mantendo-se como um espaço de luta, contraditório à política educacional

autoritária.

Quando o primeiro período Vargas chega ao fim, o ensino superior brasileiro,

segundo Cunha (2007a, p. 17), compreendia “cinco universidades, no sentido estrito,

e 293 estabelecimentos isolados, matriculando, no total, 27.253 estudantes”. Cunha

enumera, entre as cinco universidades, a Universidade do Brasil, a Universidade de

TP

63PT No elenco de escolas que viriam a constituir a Universidade do Brasil, encontravam-se as, agora já separadas, Escola

Nacional de Agronomia e Escola Nacional de Veterinária, o que, como veremos mais adiante, na prática não se consolidou, na medida em que, logo a seguir, em 1938, o Decreto-Lei nº. 982 reverteu a situação, subordinando-as, mais uma vez, ao Ministério da Agricultura. TP

64PT “No dia 11 de agosto de 1937, na Casa do Estudante do Brasil, no Rio de Janeiro, o então Conselho Nacional de Estudantes

conseguiu consolidar o que já havia sido tentado diversas vezes sem sucesso: a unificação dos estudantes na criação de uma entidade máxima e legítima. Desde então, a UNE começou a se organizar em congressos anuais e a buscar articulação com outras forças progressistas da sociedade” (Fonte: http://www.une.org.br/).

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Porto Alegre e a Universidade de Minas Gerais TPF

65FPT, constituídas ao longo da Primeira

República; e a Universidade de São Paulo e a Universidade Católica do Rio de

Janeiro, consolidadas no período Vargas.

Entretanto, o autor não considerou a Universidade Rural, criada em 30 de

dezembro de 1943, pelo Decreto-Lei nº 6.155. O referido decreto reorganizou o

Centro Nacional de Ensino e Pesquisas Agronômicas (CNEPA), do Ministério da

Agricultura, e constituiu a Universidade Rural pela união da Escola Nacional de

Agronomia e da Escola Nacional de Veterinária. Se considerado que estas duas

escolas tiveram origem como cursos da Escola Superior de Agricultura e Medicina

Veterinária (ESAMV), criada em 1910, à época da Primeira República, e que

somente em 1934 foram constituídas como escolas isoladas, para, em 1943, outra

vez sob a mesma instituição, formarem o único cerne da Universidade Rural, hoje

UFRRJ, podemos afirmar que esta universidade tem uma origem diferenciada da

maioria das instituições de ensino superior do Brasil TPF

66FPT, conforme será apresentado

no Capítulo 4.

Para Cunha (2007a, p. 81-82), a Universidade Rural, já como Universidade

Rural do Rio de Janeiro TPF

67FPT, está arrolada entre as universidades criadas entre os

anos de 1955 a 1964. Assim, retomando os números de fechamento do primeiro

período Vargas, cabe afirmar que, ao seu final, o ensino superior brasileiro

compreendia seis universidades e não cinco, como cita o autor.

No que se refere à territorialização do espaço universitário, nossas pesquisas,

também, apontam uma discordância em relação aos autores, que atribuem ao

período pós Vargas a implantação da primeira Cidade Universitária ou Campus, no

Brasil (ALBERTO, 2003; FERNANDES, 2005; OLIVEIRA, 2005; CUNHA, 2007a;

PINTO; BUFFA, 2008). Nossa afirmação está baseada no fato de que, em 1938, o

Ministro da Agricultura, Fernando Costa, com a aprovação do Presidente da

TP

65PT A Universidade de Porto Alegre e a Universidade de Minas Gerais, depois serão federalizadas e transformadas,

respectivamente, em Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). TP

66PT È provável que esta seja a razão pela qual Luiz Antonio Cunha não tenha contabilizado a Universidade Rural entre as

universidades criadas no período Vargas. Todas as outras universidades estavam sob a tutela do Ministério da Educação e Cultura. TP

67PT Esta nova designação, sim, data de agosto de 1960, através do Decreto nº. 48.644.

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República, Getúlio Vargas TPF

68FPT, deu inicio à construção do complexo destinado a

abrigar o recém-criado CNEPA.

Considerando que as proposta já existentes para a construção de cidades

universitárias nos centros urbanos, mais exatamente da Universidade do Brasil, hoje

Universidade Federal do Rio de Janeiro e da Universidade de São Paulo (USP),

como veremos no próximo capítulo, não se concretizaram até os anos de 1949 TPF

69FPT –

início das obras da Universidade do Brasil – e 1950TPF

70FPT – concretização do

planejamento da Cidade Universitária da USP -, entendemos que, embora houvesse

decretos, planos e projetos pioneiros para a construção de cidades universitárias, a

efetivação tardia das construções fez da Universidade Rural, hoje Universidade

Federal Rural do Rio de Janeiro, a primeira universidade brasileira a ter seu espaço

físico projetado na forma de Cidade Universitária: o Campus do km 47, inaugurado

em 1947TPF

71FPT.

2.5. O ensino superior na República Populista

No ano de 1945, tem início um novo período da história do país, caracterizado

pela reorganização do Estado de Direito, através de um regime político liberal-

democrático. Sob uma nova Constituição, promulgada em 1946, inicia-se uma nova

ordem econômica e política, que vai influenciar profundamente as transformações

ocorridas no ensino superior. A chamada República Populista compreende o período

entre 1945 e 1964.

O crescimento da economia brasileira, em decorrência da substituição das

importações, havia sido intensificado a partir do golpe de 1937 e, posteriormente, da

chamada “economia de guerra”, quando o Estado assumiu a industrialização como

seu projeto nacional de desenvolvimento. Uma nova política econômica foi

implantada, sobretudo como resposta aos problemas do balanço de pagamentos e TP

68PT A Exposição de Motivos nº. 454 foi encaminhada ao Presidente da República em 10 de agosto de 1938.

(RUMBERLAPAGER, 2005). TP

69PT Fonte da informação: CUNHA (2003, p.227).

TP

70PT Fonte da informação: FERNANDES (2005, p. 61).

TP

71PT Algumas referências ao campus da UFMG como um dos primeiros a serem projetados no Brasil, também, são encontradas

na literatura (ver PINTO; BUFFA, 2009, p. 11). Entretanto, data de 1942 a desapropriação da Fazenda Dalva, na região da Pampulha, onde se instalaria a então Universidade de Minas Gerais (UMG) e, somente, em 1947 é assinada oficialmente a escritura do terreno para construção do campus da Universidade e têm inicio os trabalhos de terraplanagem. Os prédios da Reitoria e das primeiras unidades acadêmicas começaram a ser construídos em 1957 (Fonte: http://www.ufmg.br/80anos/historia.html).

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da inflação, que acabou por favorecer o avanço da indústria, acelerando o processo

de monopolização, inerente ao desenvolvimento de uma economia capitalista. A

exigência de novas tecnologias necessárias à manutenção de altas taxas de lucro,

frente ao reduzido mercado interno, abriu espaço para a entrada do capital

estrangeiro, aprofundando o monopólio da indústria no Brasil.

Paralelamente a este processo de desenvolvimento econômico,

intensificou-se a urbanização do país, através do aumento da migração do campo

em direção à cidade. Do ponto de vista político, o populismo, surgido após a

Revolução de 1930, vai determinar não só as diretrizes políticas do Estado, como

fazer emergir os movimentos de organização popular, tanto no seio da massa

trabalhadora, como no meio estudantil. Para Cunha (2007a, p. 460), entretanto, “o

populismo não foi apenas a consequência da emergência controlada das massas.

Partidos políticos e ideológicos adotaram estratégias que procuravam expressar a

solidariedade dos interesses de todo o povo, de toda a nação (...). Esses partidos

tinham nas reformas de base sua plataforma comum”.

Todo esse quadro emoldurado acima vai influenciar profundamente as

transformações ocorridas no ensino superior. Por um lado, a monopolização torna

cada vez mais difícil a sobrevivência das pequenas empresas e, consequentemente,

o canal “empresarial” de ascensão socioeconômica das camadas médias. Assim,

estas se veem obrigadas a redefinir suas vias de sucesso na direção das

burocracias públicas e privadas, que, organizadas de forma hierárquica, utilizam-se

dos graus escolares – principalmente do superior – como requisito de admissão e

promoção (CUNHA, 2007a).

Por outro lado, o populismo vai valer-se do empreguismo e do

consequente inchaço do serviço público, como forma de atender às demandas de

sua clientela eleitoral. Mas o Estado vai necessitar de um novo perfil de funcionários

para dar conta das novas determinações econômicas e financeiras. Se antes o

bacharel em direito era quem detinha a formação adequada, como “generalista” do

serviço público, agora o Estado vai precisar de engenheiros e economistas, como

técnicos que “soubessem identificar os pontos de estrangulamento no movimento

[do] capital e, diante de recursos limitados, apontar as alternativas mais ‘benéficas’”

(CUNHA, 2007a, p. 41).

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A empresa privada, por sua vez, também, vai requisitar novos profissionais.

Segundo Lopes (apud CUNHA, 2007a, p. 42), o número de pessoas ocupadas em

funções técnicas e administrativas nas indústrias das cidades de São Paulo e Santo

André, no período de 1944 a 1954, cresceu em 200% TPF

72FPT. É, ainda, neste período que

se redefine o papel da mulher, com sua entrada no mercado de trabalho, e a

consequente busca de melhores e mais altos níveis de escolarização. Finalmente, o

crescente processo de urbanização do país, com a transferência das populações do

meio rural para o meio urbano, também, faz despertar na nova população urbana a

importância e necessidade de novos conhecimentos.

Simultaneamente a essas várias transformações que ocorrem, tanto no

campo econômico quanto no sociocultural, dá-se a tomada de consciência, por parte

de vários setores da sociedade, do estado precário em que se encontrava a

educação brasileira, em particular o ensino superior (FÁVERO, 1977). Assim, as

forças sociais, políticas e econômicas vão determinar não só a expansão do ensino

superior brasileiro, como a sua modernização.

Entretanto, a expansão do ensino superior precisava passar pelo alargamento

dos canais de acesso, uma vez que a política educacional implantada no Estado

NovoTPF

73FPT exigia, para muitos, a ultrapassagem de barreiras especialmente altas até a

chegada a esse grau de ensino. Assim, no âmbito da nova concepção liberal, pouco

a pouco, “leis de equivalência” foram sendo aprovadas (1950, 1953 e 1957 e 1961),

quebrando aquela organização dual destinada, parte à formação das elites (o ensino

secundário) e parte à formação das massas (o ensino profissional).

A organização de novas universidades, também, foi flexibilizada em 1945,

através de decreto-lei que determinava que uma universidade precisava ter, pelo

menos, três unidades de ensino, sendo que apenas duas TPF

74FPT delas deveriam estar

entre as de Filosofia - e não mais Educação, Ciências e Letras -, Direito, Medicina

ou Engenharia. Segundo Cunha (2007a), a medida facilitou, no quanto permitiu a

TP

72PT Enquanto o número de operários cresceu apenas em 50%.

TP

73PT A política educacional do Estado Novo definiu uma estrutura dual para o ensino médio, com um ramo profissional e um ramo

secundário, composta de dois ciclos. No primeiro ciclo, os alunos egressos do ginásio podiam ingressar no segundo ciclo, o ensino secundário (cursos clássico e científico), que conduzia direta e irrestritamente ao ensino superior. Entretanto, os diplomados nos cursos profissionais do primeiro ciclo (comercial, industrial, agrícola, etc) não podiam ingressar no ensino secundário (propedêutico ao superior), a não ser que cumprissem exigências de complementação curricular (CUNHA, 2007a). TP

74PT E não as três, como definia o Estatuto das Universidades Brasileiras de 1931.

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74

constituição de universidades sem a obrigatoriedade das faculdades de Medicina ou

Engenharia, sempre de custos mais elevados.

Outro fator determinante no período foi o processo de federalização de

estabelecimentos de ensino superior mantidos pelos estados e municípios, assim

como particulares, ocorridos entre 1950 e 1962. Forçado em parte pela deterioração

dos orçamentos, frente à espiral inflacionária, assim como, pelas reivindicações

estudantis pelo ensino gratuito e por demandas de professores e funcionários pelo

privilégio do status do funcionalismo público, o expediente adequava-se

perfeitamente ao Estado populista.

Entretanto, a expansão do ensino superior trouxe para o debate a

preocupação com a qualidade do ensino, o que vai estar expresso nos debates em

torno da Lei de Diretrizes e Bases (LDB), cujo objetivo era integrar a legislação

sobre a educação escolar no Brasil e que mobilizou as principais correntes de

opinião do país. Prevista na Constituição de 1946, a LDB somente foi aprovada em

1961, já no governo João Goulart, quinze anos após a determinação constitucional e

treze anos após o primeiro anteprojeto (de 1948).

Para Fávero (1977, p. 53-54),

A Lei nº. 4.024, de 20 de dezembro de 1961 (LDB), não apresentou grandes inovações no que diz respeito ao ensino superior. (...). Não há dúvida que essa lei poderia ter contribuído expressivamente para a reforma universitária brasileira, sobretudo tendo presentes as conclusões e recomendações dos Seminários promovidos pelos estudantes, a Reunião dos Reitores das Universidades Federais, a discussão em torno dos anteprojetos da própria Lei e o projeto de criação da Universidade de Brasília, promulgado cinco dias antes da LDB. Em relação ao ensino superior, a LDB apresenta-se mais como enumeração de providências particulares, do que como arcabouço consistente para uma reforma em profundidade. Não estabelece princípios a partir dos quais se pudesse questionar o sistema universitário brasileiro, e fazer as necessárias opções. (...).

Embora não traduzido na forma da legislação aprovada, o período em análise

foi bastante efervescente no que diz respeito às propostas de modernização do

ensino superior, que se vão consubstanciar, posteriormente, na criação da

Universidade de Brasília (1961).

O primeiro movimento em direção à inovação acadêmica se deu no bojo do

segmento educacional militar, com a criação do Centro Técnico de Aeronáutica

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75

(CTA), que previa a existência do Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA) e do

Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento (IPD). O ITATPF

75FPT, que se constitui como uma

“ilha” de modernidade da educação superior, acabou por se transformar no grande

paradigma do ensino e da pesquisa brasileira (CUNHA, 2007a).

A pesquisa, que havia alcançado com a criação da Universidade de São

Paulo (1934) e da passageira Universidade do Distrito Federal (1935), um primeiro

impulso, começa a se configurar como necessária ao desenvolvimento do país.

Ações como a criação do Conselho Nacional de Pesquisa TPF

76FPT (CNPq) e da Campanha

Nacional (depois Coordenação) do Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior TPF

77FPT

(Capes) marcam o início da década de 1950.

Entretanto, o processo de institucionalização da pesquisa foi lento, e o

período é marcado pela multiplicação das universidades com predomínio da

formação profissional. Segundo Cunha (2007a), em 1954 já havia 16 universidades

no país, e no período de 1955 a 1964 foram criadas outras 22, ou melhor 21, já que

consideramos neste estudo a criação da Universidade Rural, como datada de 1943

e não de 1960, como infere o autor. Ainda, no período referenciado, o número de

alunos matriculados em universidades e estabelecimentos isoladosTPF

78FPT era de,

aproximadamente, 142 mil estudantes, o que representava uma taxa de

crescimento, em relação a 1945, de 236,7% TPF

79FPT.

Finalmente, cabe destacar a Universidade de Brasília (UnB), criada em 1961

em moldes bastante diferentes das demais instituições de ensino existentes no

Brasil. Segundo Fávero (1977), a UnB surge como o projeto orgânico de uma

instituição que visava a integrar nos seus cursos universitários a ciência moderna e

a tecnologia.

A Universidade de Brasília representou o ideal de educadores como Anísio

Teixeira e Darcy Ribeiro, entre outros, frente à grande insatisfação do meio

TP

75PT As inovações acadêmicas mais relevantes no ITA foram: (1) o fim da cátedra vitalícia, com professores sendo contratados

pela legislação trabalhista; (2) a implantação de uma carreira do magistério, estruturada a partir do “auxiliar de ensino” (posição ocupada pelos alunos de pós-graduação) e seguida por “professores assistentes”, “professores associados” e “professores plenos”, com mecanismo de ascensão por merecimento; (3) organização por departamentos; (4) professores e alunos dedicados exclusivamente ao ensino e à pesquisa em tempo completo; e (5) curso dividido em parte “fundamental” e parte “profissional” (CUNHA, 2007a). TP

76PT Criado pela Lei nº. 1.310, de 15 de janeiro de 1951.

TP

77PT Criada no âmbito do Ministério da Educação, pelo Decreto nº. 29.741, de 11 de junho de 1951.

TP

78PT O número de estabelecimentos de ensino isolados, no período, subiu de 293 para 564 (CUNHA, 2007a, p. 205).

TP

79PT Segundo Cunha (2007a, p. 205).

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76

acadêmico com o formato das universidades brasileiras à época. As universidades,

que, por um lado, proliferavam em quantidade, deixavam a desejar, principalmente,

no campo da ciência, já que pesquisadores trabalhavam de forma autônoma nos

institutos de pesquisa e não incorporados às estruturas universitárias. Alberto (2009,

p.5) reproduz trecho de entrevista do físico José de Leite Lopes, concedida ao jornal

O Metropolitano, por ocasião do Simpósio da Sociedade Brasileira para o Progresso

da Ciência, em 1959, que bem expressa o sentimento da época:

Se não é possível uma reforma radical da universidade pela própria universidade, então a solução será construir um exemplo novo e, nesse sentido, Brasília se apresenta como uma oportunidade única. Construa-se ali uma universidade nos moldes mais modernos, mais eficientes, mais adaptados à época da revolução científica que estamos vivendo hoje; e que as demais universidades, pelo exemplo do que se fizer em Brasília, procurem ver que não haverá outra saída senão modificarem sua estrutura atual.

Para romper com a tradição das faculdades profissionais então existentes no

país, o “Plano Orientador da Universidade de Brasília” TPF

80FPT estabelecia que a “nova”

universidade começaria a ser constituída em torno dos Institutos Centrais, das

Faculdades e dos Órgãos Complementares. Os Institutos Centrais (inicialmente em

número de oito) eram o componente mais inovador, pois, através deles, dar-se-ia o

acesso de todos os estudantes à universidade, que neles fariam cursos introdutórios

de dois anos, a fim de obterem preparo intelectual e científico básico para seguir os

cursos profissionais nas Faculdades, ou dar sequência a outros cursos TPF

81FPT. Os órgãos

complementares TPF

82FPT, conforme aponta Alberto (2009, p. 10), “seriam os demais

equipamentos, que teriam como função servir de ‘extensão para a cidade e para o

país’ [e] criar condições para que realmente ocorresse uma ‘vida’ universitária onde

professores, alunos e servidores pudessem passar a vida naquele espaço (...)”.

Embora o projeto tenha sido posteriormente modificado, a Universidade de

Brasília constitui-se em um marco da educação superior no Brasil e, como veremos

adiante, foi de extrema importância quando da concepção do Estatuto, aprovado no

início da década de 1970, da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, objeto

particular de nosso estudo.

TP

80PT UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA. Plano Orientador da Universidade de Brasília. Brasília: Editora da UnB, 1962.

TP

81PT Para maiores detalhes, ver apresentação em HThttp://www.pdi.uff.br/images/pdf/multimidia-apresentacoes/PLANO_

ORIENTADOR_UNB.pdfTH. TP

82PT Entre estes estão a Aula Magna, a Biblioteca Central, a Rádio Universitária, a Televisão Universidade de Brasília, a Editora

Universidade de Brasília, o Museu e as Casas de Cultura.

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77

2. 6. O ensino superior da reforma de 1968

O governo militar, implantado após o golpe de 1964, vai encontrar no próprio

cerne da universidade brasileira as raízes de um desejado processo de

modernização, que será intensificado, “corrigidos” os considerados desvios. O

período pós-1964 é intenso em conflitos e inédito quanto aos mecanismos de

controle, incluindo o do aparelho escolar em todos os níveis. A repressão às

atividades e às pessoas suspeitas de subversão vai ter início tão logo os primeiros

movimentos golpistas se implantam no país. O Estado, então reorganizado, vai optar

pela coerção TPF

83FPT para difundir e implantar seus objetivos e metas, enfim, sua nova

concepção para a sociedade brasileira. Entretanto, a universidade, entendida como

aparelho de hegemonia TPF

84FPT, torna-se uma questão importante, até mesmo estratégica.

Assim, a chamada Reforma Universitária torna-se, segundo Cunha (2007b),

necessária ao regime, no sentido de conquistar o apoio da classe média, garantindo,

via acesso de seus filhos ao ensino superior, a ascensão ou manutenção social.

Segundo o autor, o regime militar teria na expansão do ensino superior um precioso

mecanismo de conquista da hegemonia.

O processo de modernização do ensino superior que começou a ser gestado

nos primeiros anos da ditadura, e tem seu nascimento com a Reforma Universitária

de 1968 – Lei nº 5.540, de 28 de novembro de 1968 –, está apoiado em um tripé de

medidas oficias que merecem destaque: o plano de assistência técnica estrangeira,

consubstanciado pelos acordos entre o Ministério de Educação e Cultura (MEC) e a

United States Agency for International Development (USAID) TPF

85FPT, os chamados

acordos MEC/USAID; o Plano AtconTPF

86FPT e o Relatório Meira MattosTPF

87FPT.

TP

83PT Adotando a conceituação de Gramsci (MACCIOCCHI, 1976), a coerção é instrumento da dominação, enquanto a hegemonia

é conquistada mediante o consenso ativo. Na dominação através da coerção, utiliza-se a força, não apenas física, mas também a pressão psicológica. Enquanto a hegemonia está relacionada a acordo político, a dominação se refere à submissão política. TP

84PT Ainda, segundo Gramsci, a universidade tem sua especificidade na formação dos intelectuais orgânicos da burguesia.

TP

85PT A USAID é uma agência do governo federal dos Estados Unidos, criada em 1961, pelo presidente John F. Kennedy, com o

objetivo de assistir os governos por meio de programas de apoio. Após o golpe militar de 1964, a USAID, que já desenvolvia programas no Brasil voltados para o ensino primário, deu início a um intenso programa de cooperação técnica e financeira dirigida ao ensino superior do país. TP

86PT Plano Atcon foi o nome pelo qual ficou conhecido o documento Rumos à Reformulação Estrutural da Universidade Brasileira,

editado pelo MEC, em 1966, resultante do estudo realizado pelo consultor americano Rudolph Atcon, entre junho e setembro de 1965, a convite da Diretoria do Ensino Superior do MEC, e que preconizou a implantação de nova estrutura administrativa universitária, baseada em um modelo cujos princípios básicos deveriam ser o rendimento e a eficiência (FÁVERO, 2008). TP

87PT Relatório Meira Mattos foi como ficou conhecido o relatório final da comissão especial, presidida pelo General Meira Mattos,

criada por meio do Decreto nº 62.024/1967, com a finalidade de “combater a subversão estudantil” e que acabou por instaurar no meio universitário o recurso da intimidação e da repressão, desembocando na promulgação do Ato Institucional nº 5 (AI-5), de 13 de dezembro de 1968, e no Decreto-lei nº 477, de 26 de fevereiro de 1969, que “definem infrações disciplinares

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78

A intensa participação dos consultores norte-americanos no período que

precedeu à Reforma Universitária, e que se estendeu ao longo da década de 1970,

principalmente no que se refere às recomendações de Rudolph Atcon, reforçava em

todas as universidades brasileiras a necessidade de reformas, partindo de

categorias como a tecnificação, a racionalização e a eficiência. Para Fávero (1991),

o modelo proposto por Atcon busca incorporar à reestruturação das universidades

brasileiras uma concepção taylorista adaptada. No que se refere à racionalização e

eficiência, as propostas de Atcon passavam pela concentração e localização

geográfica das instituições universitárias, através da difusão do conceito de Campus

Universitário, chegando a publicar, em 1970, o “Manual sobre o planejamento

integral do campus universitário” TPF

88FPT, inspirado nas experiências norte-americanas,

que será objeto de uma análise mais detalhada, no próximo capítulo.

Assim, para além dos projetos pioneiros das décadas de 1930 e 1940, a partir

da década de 1970, conforme ressalta Cunha (2003, p. 225),

Embora não seja o espaço próprio da universidade, o câmpus (real ou imaginário) se generalizou tanto, no Brasil, que parece constituir elemento indispensável de qualquer instituição digna desse status. A ligação ‘natural’ com esse território chegou a tal ponto que até mesmo instituições de ensino superior aspirantes – com chance efetiva ou esperada – de se transformarem em universidades preferem começar por construir seus câmpus, antes mesmo de disporem de bibliotecas e laboratórios adequados, de professores e pesquisadores qualificados, de inserirem-se na difícil, cara e pouco ostensiva rede de intercâmbio acadêmico e com o setor produtivo.

Estas configurações do território universitário – a cidade universitária e o

campus – serão analisadas com maior profundidade no capítulo que se segue.

praticadas por professores, alunos e funcionários ou empregados de estabelecimentos públicos ou particulares e as respectivas medidas punitivas a serem adotadas nos diversos casos” (FÁVERO, 2008, p. 32). TP

88PT Editado pela Universidade Federal de Santa Catarina. Florianópolis, 1970.

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79

CAPÍTULO 3 - DA CIDADE UNIVERSITÁRIA AO CAMPUS UNIVERSITÁRIO

No Brasil, os termos cidade universitária e campus universitário acabaram por

definir territórios semelhantes, com um mesmo objetivo. Embora algumas diferenças

entre as denominações se estabeleçam mais no estilo do que na essência, nossa

percepção aponta para uma conceituação distinta, fundamentalmente, na origem. O

termo cidade universitária tem origem francesa e foi utilizado no Brasil enquanto o

paradigma europeu estava mais presente, ou seja, até o início dos anos 60. A partir

da influência norte-americana, fortalecida após o golpe de 1964, o termo campus –

na sua grafia latina – ou câmpus – um neologismo adotado por alguns autores -

passa a ser predominante.

A partir desta distinção, como veremos neste capítulo, as cidades

universitárias e os campi universitários foram implantados no Brasil. As primeiras, de

grandes dimensões, com amplos espaços verdes percorridos por amplas vias de

acesso, com desenhos orgânicos ou simétricos, e os segundos, mais compactos,

buscando, algumas vezes, concentrar em megaestruturas, com grande flexibilidade

interior, parte de suas instalações. Hoje, a designação de cidade universitária se

aproxima mais das cidades históricas nas quais universidade e cidade se

interpenetram, e o termo campus está mais vinculado a espaços contínuos e

exclusivos, território onde se reúnem as instalações de uma universidade.

3.1. Território, morfologia e ideologia

A tendência a concentrar em um único lugar as instituições de ensino

superior, isoladas, na maioria dos casos, em faculdades, foi fenômeno concretizado

nos Estados Unidos, no início do século XIX, como já descrito no Capítulo 1. Fruto

da expansão e reconfiguração urbana e frente ao quadro de crescimento do número

de estudantes universitários, aliado a novos métodos de ensino, a solução foi a

concentração de todo um conjunto composto não apenas de faculdades, institutos

ou escolas, mas também de instalações para o lazer, atividades físicas e residências

estudantis. As primeiras instalações de ensino com essas características surgiram

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80

nos Estados Unidos, com os denominados colleges, marcados por localizações nos

limites das cidades ou, mais exatamente, no campo – origem provável do termo

campus -, numa clara ruptura com a tradição europeia. Na América Latina, a

concepção, ainda sob a designação de cidade universitária, chega primeiramente à

Cidade do México, depois a Caracas, ao Rio de Janeiro e a São Paulo. Na Europa,

construídas sob esse enfoque, podem ser citadas as universidades de Atenas,

Roma e Madri.

O novo desenho e territorialização do espaço universitário traz em si uma

proposta de reclusão e isolamento. Diferentemente das tradicionais universidades

europeias, que, ao longo dos séculos, foram, de certa forma, responsáveis pelo

processo de urbanização das cidades nas quais foram criadas, o campus americano

nasce sob um novo modelo espacial. A ideia de separação da cidade, com limites

precisos, está implícita na proposta, uma vez que se desenha um conjunto

autônomo, que representa um microcosmo urbano, cuja vida se processa

independente da cidade, pouco ou nada contribuindo à sua morfologia. Para

Vasconcelos (1984), o campus se constitui em uma cidade “para iguais”.

Quem vai ao local não entra em contato com pessoas diferentes. Todos procuram aí o clone ou o parecido. Situado dentro ou fora da cidade, com morfologia arquitetônica mais ou menos compacta, ele representa sempre a ideia de um conjunto homogêneo de edificações e espaços abertos, onde se processam juntas diversas atividades acadêmicas. O recorte do espaço universitário é cada vez mais claro e identificável. O campus representaria assim um modelo de fechamento da universidade em relação à sociedade, sendo projetado a partir das suas próprias necessidades internas (VASCONCELLOS, 1984, p. 66).

Para Buarque (1994, p. 172), o conceito de campus “surge com um sentido

acadêmico: o locus da produção intelectual. Com o tempo, a palavra perdeu este

significado para a ideia de localização geográfica onde se situam os prédios da

atividade universitária”.

Na produção do espaço universitário no Brasil e no contexto de suas

principais concepções morfológicas e ideológicas, duas fases TPF

89FPT podem ser

claramente demarcadas, ambas sob o signo da arquitetura modernista e

intimamente relacionadas ao Estado como principal agente produtor e financiador: a

primeira, fruto do novo projeto educacional criado no bojo da Revolução de 1930, TP

89PT Rodrigues (2001) identifica uma terceira fase, pós 1980, na qual vê surgir um esforço de reversão, ainda que muito tímido,

dos conceitos modernistas que dominaram as fases anteriores.

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81

que, efetivamente, institui a Universidade no País, fazendo dela um de seus canais

de legitimação, conforme já analisado no capítulo anterior, quando se consolida uma

nova organização física - a cidade universitária; a segunda fase, que teve início no

final da década que estabeleceu o regime autoritário implantado em 1964 (pós-

reforma de 1968), apontou para um novo paradigma fornecido pelos Estados

Unidos, que trazia para o Brasil não só um novo modelo pedagógico, como,

também, um novo modelo físico - o campus universitário. No processo de

passagem de um modelo ao outro, encontra-se a proposta para a Universidade de

Brasília (UnB).

É importante ressaltar aqui que, no interior da própria universidade, o “senso

comum”TPF

90FPT costuma atribuir a adoção da tipologia de cidade ou campus universitário

no Brasil a uma espécie de estratégia e imposição dos governos ditatoriais, uma vez

que, de fato, sua efetivação se deu nesses períodos. A ideia de que essa forma de

territorialização era útil e imposta, na medida em que retirava os estudantes dos

centros urbanos, deve ser relativizadaTPF

91FPT, na medida em que os estudos sobre a

implantação das primeiras cidades universitárias, principalmente na capital federal,

indicam outros motivos, como veremos adiante, que envolvem discussões e desejos,

inclusive no âmbito do corpo docente da própria universidade.

3.1.1. A cidade universitária

Na primeira fase, a cidade universitária pressupunha, no lugar de prédios

isolados em meio à estrutura urbana, um conjunto de edifícios em terrenos

exclusivos, de forma a permitir a “necessária” tranquilidade à interação e difusão dos

diversos campos do conhecimento. A configuração desse território tomou como

partido os padrões urbanísticos propostos pela Carta de Atenas TPF

92FPT, que prega, Tentre

outros pontos, a separação das áreas residenciais, de lazer e de trabalho, através

TP

90PT Como bem destaca Bourdieu, o senso comum, também, está presente na academia, através do “senso comum erudito”

(BOURDIEU; CHAMBOREDON; PASSERON, 2005). TP

91PT Em nenhum momento deixa-se de reconhecer as intervenções dos governos ditatoriais nas instituições de ensino superior.

TP

92PT A Carta de Atenas é o resultado do IV Congresso Internacional de Arquitetura Moderna (CIAM), realizado em Atenas, no ano

de 1933. Apareceu publicada, pela primeira vez, em 1941, na França, e, embora anônima, sua autoria é atribuída a Le Corbusier. A primeira publicação brasileira desse documento foi desenvolvida pelo Diretório Acadêmico dos alunos de Arquitetura da UFMG, em 1964. Constituiu-se como principal referência do urbanismo modernista e, entre os brasileiros, já era referência muito antes de sua versão em língua portuguesa. Suas recomendações estão divididas em três partes: I. A cidade e sua região; II. O estado atual crítico das cidades: habitação, lazer, trabalho, circulação (as quatro funções ou zonas da cidade) e patrimônio histórico; e III. Pontos de doutrina / Conclusão.

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82

da setorização e do planejamento do uso do solo, Tcom princípios norteadores da

cidade-jardim (garden city), baseado nos conceitos do inglês Ebenezer Howard. A

partir de então, a materialização destes conceitos na cidade universitária toma força

no País, e vai-se concretizar na produção do espaço das universidades brasileiras,

principalmente no Rio de Janeiro, então capital federal, não só nas primeiras

propostas para a Universidade do Rio de Janeiro (posterior Universidade do Brasil),

mas, inicialmente e principalmente, no projeto para as instalações do CNEPA, que

incluía a então Universidade Rural, como já apresentada no capítulo anterior, e

objeto particular desta pesquisa.

O projeto para a Universidade Rural será objeto de estudo pormenorizado na

segunda parte deste trabalho. O que de fato deve ser, uma vez mais, aqui registrado

é que aquela foi a primeira Cidade Universitária, na mais forte expressão da palavra,

projetada e construída no País. Embora a imprensa da época destacasse que

aquela seria “a primeira cidade universitária fora da concentração urbana das

grandes cidades” TPF

93FPT, para os centros urbanos só havia, até então, propostas e

projetos não concretizados.

No caso da Universidade do Rio de Janeiro, hoje Universidade Federal do Rio

e Janeiro (UFRJ), o decreto federal TPF

94FPT que a reorganizou, em 1931, continha um item

que determinava que:

(...) o Governo providenciará para reunir oportunamente, no mesmo local, os diversos institutos universitários, a fim de dar à Universidade do Rio de Janeiro a desejável unidade material e, assim, iniciar a fundação da futura Cidade Universitária (CUNHA, 2003, p. 227).

Entretanto, somente em 1935 é nomeada, pelo ministro Gustavo Capanema,

uma primeira Comissão de Professores com essa finalidade TPF

95FPT. Foram analisadas

viabilidades para a construção da cidade universitária em locais diferentes, entre

eles os bairros da Praia Vermelha, Leblon, Gávea, Quinta da Boa Vista, Niterói,

Manguinhos e Vila Valqueire, sem contar a Lagoa Rodrigo de Freitas, onde Lúcio

Costa sugeriu sua construção através de prédios suspensos.

TP

93PT O Observador Econômico e Financeiro de agosto de 1947 apud RUMBERLAPAGER, 2005, p. 95.

TP

94PT Decreto nº 19.852/31.

TP

95PT Ao atribuir funções a essa comissão, criada para planejar a Cidade Universitária, o ministro Capanema afirmou que “ela

deve, primeiro, definir o que deve ser a universidade. Deve, depois, conceituar a universidade e, em seguida, projetar a construção universitária” (SCHWARTZMAN et al., apud PINTO; BUFFA, 2009, p. 50).

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83

Dos vários projetos para a Cidade Universitária da Universidade do Brasil TPF

96FPT,

Klaus Alberto (2007) destaca quatro projetos não executados. Além do já citado de

Lúcio Costa, o autor identifica três outros projetos para a área localizada na Quinta

da Boa Vista (Figura 14), sendo um segundo projeto de Lúcio Costa, outro de

Marcello Piacentini e um terceiro projeto de Le Corbusier, todos na segunda metade

da década de 1930, seguindo a orientação da Comissão de Professores já referida e

instituída para esse fim. Essa comissão estabeleceu não só o programa mínimo,

como questões relacionadas ao funcionamento desejado da universidade, chegando

até à localização preferencial de alguns prédios de forma a possibilitar a

materialização da universidade pensada. Como exemplo, podem ser citadas as

seguintes recomendações: o setor de saúde deveria ficar situado na região periférica

da Cidade Universitária, já que o Hospital Universitário atrairia pessoas alheias à

comunidade universitária; o prédio da Arquitetura deveria estar próximo ao prédio da

Engenharia, pois era um momento em que esses profissionais da Universidade do

Rio de Janeiro desejavam aproximar-se.

Figura 14 – Planta cadastral da área da Quinta da Boa Vista Fonte: ALBERTO (2003, p. 145)

Marcello Piacentini, arquiteto italiano, que havia projetado a Universidade de

Roma, foi convidadoTPF

97FPT, inicialmente, para escolher o melhor local para a implantação

TP

96PT Como já relatado no Capítulo 2, designação assumida pela Universidade do Rio de Janeiro em 1937.

TP

97PT Piacentini foi convidado após visita de alguns professores integrantes da Comissão nomeada por Capanema a diferentes

universidades europeias, incluindo a Universidade de Roma, projeto deste arquiteto.

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da Cidade Universitária, e acabou indicando dois: a Praia Vermelha e a Quinta da

Boa Vista. Posteriormente, com a contribuição do arquiteto, também italiano, Victorio

Morpurgo, elaborou um projeto para a localidade da Quinta da Boa Vista, opção

escolhida pela Comissão de Professores. O projeto de Piacentini TPF

98FPT se aproxima da

tradição das grandes reformas urbanas que aconteceram no Rio de Janeiro, as

quais, em geral, configuravam grandes eixos de conexão (Figura 15) e, conforme

destaca Alberto (2007, p. 62),

trabalha o programa diluindo cada um dos setores do conhecimento em ilhas no terreno. Aproveita assim ao máximo suas grandiosas dimensões e, principalmente, sua variedade, como se fosse um parque onde seriam inseridas e concentradas as arquiteturas. Assim, por exemplo, o Morro do Telégrafo faz parte do projeto, não apenas como um limite, mas como local de implantação de importantes itens deste programa.

Figura 15 –Projeto de Marcello Piacentini - Setorização Fonte: ALBERTO, 2003, p. 153

Por meio de Lúcio Costa, arquiteto membro da comissão técnica instaurada

para auxiliar nos projetos da Cidade Universitária, o Ministério da Educação e

SaúdeTPF

99FPT foi levado a convidar o arquiteto franco-suíço Le Corbusier para participar

de um projeto para a localização do complexo universitário, também, na Quinta da

Boa Vista. No que se refere ao projeto de Le Corbusier para a localidade da Quinta

da Boa Vista (Figuras 16 e 17), Alberto (2007, p. 44) ressalta:

TP

98PT Para uma análise do projeto de Marcello Piacentini no bojo da “era Vargas”, ver Tognon (1996).

TP

99PT Sem o conhecimento da Comissão de Professores, segundo Pinto e Buffa (2009).

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A base para as propostas de Le Corbusier para o Rio de Janeiro, em 1936, seguia as linhas mestres de sua ‘grandeza de visão’ fixada desde sua primeira visita à cidade em seu projeto de urbanização desta capital, agora articuladas aos projetos da CUB [Cidade Universitária Brasileira] e do Ministério da Educação e Saúde – projetos contratados pelo ministro Gustavo Capanema. Desta forma, a Cidade Universitária foi elaborada segundo este plano maior para a Capital Federal que teve como princípios doutrinários a setorização das funções urbanas principais e a implantação destes grandes eixos de circulação viária.

Figura 16 – Projeto de Le Corbusier - Vista Geral Fonte: ALBERTO, 2007, p 55.

Figura 17 – Projeto de Le Corbusier - Setorização Fonte: ALBERTO, 2003, p 154.

A implantação do projeto de Le Corbusier, diferentemente do projeto de

Piacentini, ocupa a região central do espaço definido na Quinta da Boa Vista, com

uma forte preocupação com a paisagem do entorno, privilegiando visadas que

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permitam a contemplação dos morros do Rio de Janeiro. Outra característica do

projeto é a inserção do diálogo com a cidade, através da localização de

equipamentos que possibilitem uma troca mais intensa com a comunidade externa,

como, por exemplo, a Escola de Belas Artes, localizada na borda da Cidade

Universitária, propondo ainda um museuTPF

100FPT.

Em 1936, Lúcio CostaTPF

101FPT, também, elabora projeto para a Quinta da Boa

Vista. O projeto de Lúcio Costa é estruturado a partir de um grande eixo, que faz a

conexão entre as diferentes unidades, e cujo posicionamento é feito a partir de um

gráfico solar TPF

102FPT que dava algumas diretrizes ao projeto (Figura 18). Temendo que o

eixo principal se tornasse um espaço monótono, Costa projeta, conforme

apresentado na figura 19, “(...) seis impressões distintas do pedestre durante o

percurso, criando diversidades espaciais no trajeto” (ALBERTO, 2007, p. 60).

Figura 18 –Projeto de Lúcio Costa - Setorização Fonte: ALBERTO (2003, p, 156)

TP

100PT Fonte da informação: Apresentação em áudio da palestra de Klaus Chaves Alberto no Seminário Memória, documentação e

pesquisa: múltiplos olhares de si mesma (2000: Rio de Janeiro), disponível em http://www.sibi.ufrj.br/Projeto/palestras_audio.html. TP

101PT Uma comparação entre a estética dos projetos de Le Coubousier e de Lúcio Costa encontra-se em Gorovitz (1993).

TP

102PT Segundo Alberto (2007. p.59), “A preocupação com a questão solar já era um antigo tema de trabalho de Lúcio Costa – em

boa parte de sua defesa de uma arquitetura que aliasse o espírito moderno com as lições do passado, verificamos a valorização de elementos que amenizam o severo clima tropical”.

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Figura 19 – Projeto de Lúcio Costa - Sistema de impressões Fonte: ALBERTO (2007, p, 60)

Costa, também, a exemplo de Le Corbusier, concentra seu projeto na região

central, dando densidade à proposta, e estabelece, claramente, o que ele considera

como o elemento foco, o Hospital Universitário. Os projetos de Costa e de Le

Corbusier contrastam com o projeto de Piacentini na medida em que este último até

mesmo ultrapassa a área definida pela Comissão de Professores para a Cidade

Universitária, incorporando claramente as áreas do entorno, como a do Morro do

Telégrafo e da Quinta da Boa Vista, propriamente dita, conforme apresenta a figura

20.

Todos os projetos até então apresentados foram rejeitados, seja por críticas

pontuais ou pelos custos elevados de implantação. Em 1941, o Conselho

Universitário da Universidade do Brasil, não só se manifesta pela necessária

definição para a construção da cidade universitária, como indica suas possíveis

localizações.

O Conselho Universitário, deixando ao alto critério governamental a adoção do tipo universitário, maior ou menor, indica, para a localização daquele, Manguinhos , e deste, Morro da Viúva [e, ainda, sugere ao Governo] a sua predileção por uma Cidade Universitária construída em terreno amplo, de fácil acesso e que permita a expansão futura, sobre uma outra angustiada pela falta de espaço, em local de acesso difícil e de expansão futura praticamente impossível” (OLIVEIRA, 2007, p. 77).

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Figura 20 - Comparação das propostas de ocupação do terreno Fonte: ALBERTO (2003, p. 147)

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A localidade de Manguinhos indicada nesse momento compreendia a área

situada entre as atuais instalações da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), seguindo

em direção a Benfica. É importante ressaltar que, ao longo de todo esse processo,

embora a Praia Vermelha tenha sido sempre a preferida, os entraves relativos à

exiguidade do terreno disponível e o alto custo das desapropriações levam o

Conselho Universitário a indicar outras localidades.

Com a extinção do “Escritório do Plano da Universidade” e a criação do

Escritório Técnico da Cidade Universitária da Universidade do Brasil (ETUB), em

1944, iniciou-se um estudo mais aprofundado para uma localização mais adequada.

Além dos pontos já citados, entraram em discussão as ilhas que hoje sediam parte

da universidade. Depois de inúmeras discussões, em 1945, fica estabelecida a

opção em aterrar nove ilhas e construir a hoje denominada “Ilha do Fundão”. Em

relação a esta localização, Oliveira (2007, p.70-71) destaca que

Os idealizadores do projeto da cidade universitária consideravam diversas formas de acesso ligando o campus à cidade, em contraposição aos que defendiam (e ainda defendem) a opinião da intenção de isolamento do campus universitário. O acesso da cidade universitária com o continente, via Avenida Brasil, seria inicialmente feito pela ponte da Ilha do Governador, construída pela Aeronáutica, que teria sua largura ampliada de 10 para 20 metros. Outra ponte seria posteriormente construída, ligando a ilha de Sapucaia à ponta do Caju, conjugada com a construção dos cais, conforme projeto do Departamento Nacional de Portos, Rios e Canais, bem como com o prolongamento da Avenida Rodrigues Alves. Esta faria a ligação da Ilha Universitária diretamente à Praça Mauá e à Avenida Presidente Vargas, também construída na década de 1940. Por sua vez, o acesso a esta avenida facilitaria, significativamente, o acesso à zona sul, ao centro, como aos bairros da Tijuca, Rio Comprido, Grajaú, Vila Isabel, Tijuca e São Cristóvão. Os bairros de Bonsucesso, Olaria, Ramos e Governador particularmente estariam próximos à cidade Universitária. Já o aparente distanciamento da zona sul não deveria ser considerado obstáculo, tendo em vista que o estudo do centro de gravidade da população estudantil, realizado pelo censo de 1940, indicava as proximidades da Praça da Bandeira como ponto central às áreas de moradias dos alunos. Neste sentido, o posicionamento das áreas de Manguinhos e da Quinta da Boa Vista seria mais recomendável. Porém, considerando-se as demais variáveis, as Ilhas mantinham-se como o local mais privilegiado.

Em relação ao projeto urbanístico, em 1949, Jorge Machado Moreira TPF

103FPT

assume como arquiteto-chefe do ETUB e lidera a equipe responsável pelo

planejamento geral da cidade universitária e do projeto de alguns prédios, entre eles

o TInstituto de Puericultura e Pediatria (1949/1953) T, o primeiro a ser inaugurado, e a

TFaculdade Nacional de Arquitetura (T1957). TP

103PT O arquiteto Jorge Moreira havia integrado a equipe de profissionais que trabalharam nos projetos de Le Corbusier e na

posterior proposta de Lúcio Costa (PINTO; BUFFA, 2009).

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Segundo Oliveira (2007, p. 80, grifos nossos),

Admitido o conceito de Universidade-Parque, seria indispensável que entre as unidades construtivas, como entre os setores, houvesse campos arborizados. O Plano Diretor, lançando as primeiras edificações, deveria deixar, ao redor destas, tanto quanto possível, espaço para a expansão futura. Daí a necessidade de se estabelecer um zoneamento eficaz. O projeto urbanístico da Cidade Universitária foi desenvolvido a partir de um zoneamento por grandes quadras, cada uma delas destinada a uma área do saber, deixando claro as influências da Carta de Atenas, com os seus edifícios cercados por extensa área verde e ambicioso projeto viário. O zoneamento de seu território foi feito, de modo a deixar próximos os seguintes setores: a) Administrativo: composto pela Reitoria, Biblioteca Central e Prefeitura. Este setor deveria ocupar a posição central, já que daria organicidade à Cidade b) Filosofia, Ciências, Letras e Educação: também em posição central, já que tratava-se da Faculdade nuclear da Universidade; c) Ciências Sociais, Políticas e Econômicas d) Médico, Odontológico, Farmacêutico, de Enfermagem e Hospitalar: Em posição periférica, de forma a ter rápido acesso às vias públicas. (...) e) Tecnologia e Ciências Exatas: também em área com facilidade de acesso a vias públicas e certa independência da estrutura viária da Cidade Universitária, em função de transporte de máquinas e equipamentos de grande porte. f) Arquitetura, Belas Artes e Música. g) Educação Física. h) Residencial: em área extrema da Cidade Universitária, nas imediações da Ilha do Catalão. Teria esta área bela vista para a Baía de Guanabara. i) Serviços Auxiliares. j) Florestal e Zoológico. (...)

A figura 21 apresenta o Plano Diretor original da Cidade Universitária

projetada por Jorge Moreira. Comparado com a situação atual, pode-se verificar que

a proposta original não foi executada na sua plenitude. Em 1952, foi inaugurado pelo

Presidente Getúlio Vargas o primeiro edifício construído e que entrou em

funcionamento na Ilha do Fundão – o Instituto de Puericultura e, após um período no

qual a construção esteve praticamente paralisada, a Cidade Universitária, em 1972,

teve uma segunda inauguração pelo então Presidente Médici, quando já o Plano

Diretor original havia sido abandonado.

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Figura 21 - Plano Diretor de Ocupação da Cidade Universitária da Ilha do Fundão Fonte: OLIVEIRA (2007, p. 82).

A Universidade de São Paulo (USP), criada em 1934, também nasce marcada

pela tradição de incorporar instituições centenárias pré-existentes e,

consequentemente, tendo o seu funcionamento distribuído por diferentes edifícios

situados na malha urbana da cidade, alguns construídos para este fim, e outros,

adaptados, muitos, porém, de certa imponência, símbolo de sua importância. Para

Pinto e Buffa (2009), uma vez criada a universidade e em continuo funcionamento e

expansão, os dirigentes da USP voltaram suas preocupações para o projeto e a

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92

construção do que denominavam de cidade universitária ou campus TPF

104FPT. Segundo

Souza Campos TPF

105FPT (apud PINTO; BUFFA, 2009, p 72-73),

A centralização dos elementos constituintes de nossa instituição, em um ou mais ‘campus’, constitui sem dúvida o fator máximo e determinante do progresso e desenvolvimento que o poder atual e potencial do nosso grande centro de estudos exige para a formação de um ambiente comum homogêneo e de maior produção. Além do mais, muitas das escolas componentes da Universidade, mal instaladas em prédios adaptados e inconvenientes ou mal localizadas em pleno centro urbano, sofrem influência de grande movimento e ruído, terão, com a concentração num ‘campus parque’, amplo espaço de trabalho, agradável tanto para os estudos como para o convívio social e poético.

Já em 1935, a primeira comissão foi constituída pelo Governador do Estado

de São Paulo, Armando Sales de Oliveira, com a incumbência de definir o local para

a implantação da cidade universitária. A proposta, que estabelecia uma área de,

aproximadamente, 10.000.000 m P

2 TF

106FTP, foi “engavetada”, quando da implantação do

Estado Novo, por Getúlio Vargas (PINTO; BUFFA, 2009). Para esta proposta de

localização, havia sido elaborado um projeto geral para a área e suas diversas

unidades, através de um Escritório TécnicoTPF

107FPT, autorizado pelo governador. Somente

em 1941, conforme Lanna (2005a, p. 140) “foi promulgado pelo então interventor do

Estado de São Paulo, Fernando Costa TPF

108FPT, um decreto estabelecendo a área do

futuro campus”. A área, bem menor que a anteriormente pretendida, era parte da

fazenda Butantã.

Assim, a Cidade Universitária Armando de Salles Oliveira, também conhecida

como campus da Capital ou campus do Butantã - por ocupar exatamente a área da

antiga Fazenda Butantã - teve sua estrutura física longamente discutida e planejada,

com sucessivas propostas de ocupação. Inicialmente, foi contratado o escritório

Mario Whately, cujo projeto não foi executado por falta de recursos. Posteriormente,

já em 1945, foi realizado um concurso cujo projeto vencedor, também, não foi

executado, porque a Reitoria optou por um plano elaborado pelo Escritório de Obras

da Universidade, que havia conduzido um estudo urbanístico. Entretanto, deste

TP

104PT Podemos observar que, já naquela época, os termos cidade universitária e campus são usados sem distinção.

TP

105PT O médico Ernesto de Souza Campos foi um dos fundadores da USP, diretor da Faculdade de Medicina e Ministro da

Educação e Saúde em 1946, no governo Dutra. TP

106PT A área se estendia do prédio da Faculdade de Medicina (na esquina da Rua Teodoro Sampaio e Avenida Dr. Arnaldo),

atravessava todo o bairro de Pinheiros e terminava no Instituto Butantã, implicando em uma grande área a ser desapropriada. TP

107PT Do Escritório Técnico faziam parte professores (entre eles Souza Campos), engenheiros-arquitetos e desenhistas.

TP

108PT O interventor Fernando Costa havia sido Ministro da Agricultura no período de novembro de 1937 a junho de 1941. Foi na

sua administração à frente do Ministério da Agricultura que teve início a construção da Cidade Universitária da Universidade Rural, como veremos no Capítulo 4.

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projeto, somente o traçado de algumas ruas foram executados (PINTO; BUFFA,

2009).

Novas comissões foram nomeadas, e sucessivos projetos continuavam a ser

elaborados. Até o ano de 1955, em torno de 10 projetos haviam sido propostos.

Entre estes, havia contribuições de arquitetos renomados, como um centro cívico

projetado por Rino Levi e Cerqueira Cesar, formado por um conjunto constituído por

uma torre universitária, pela reitoria, por um teatro universitário e uma biblioteca,

todos dispostos ao redor de uma praça que contaria com um paisagismo de Burle

Marx (PINTO; BUFFA, 2009). A figura 22 apresenta três destes projetos.

Figura 22 – Proposta de ocupação da Cidade Universitária dos anos 1947, 1949 e 1952. Fonte: LANNA (2005a, p. 141)

Em 1956, embora com algumas obras já iniciadas, foi aprovado o Plano

Diretor elaborado por Hélio Duarte (Figura 23), que replanejava a Cidade

Universitária. Segundo Lanna (2005a, p. 145),

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Este plano seguia os preceitos do urbanismo funcionalista moderno e estruturava a área como uma cidade com zoneamento – aqui definido pelas áreas de conhecimento – e estabeleciam-se divisões de função, seguindo os preceitos modernistas – moradia, trabalho, circulação e lazer. Era central a ideia do core articulando todas as partes.

Figura 23 – Plano Diretor de Hélio Duarte, 1956 Fonte: LANNA (2005a, p. 141)

Na década de 1960, foi criado o Fundo de Construção da Universidade de São

Paulo (FUNDUSP). Nas décadas de 1960-70, novos projetos foram realizados e

projetos antigos foram, finalmente, executados, entre eles, a torre proposta por Rino

Levi.

Segundo Pinto e Buffa (2009, p. 83, grifo nosso),

A Universidade de São Paulo, apesar de seu modesto início com apenas poucas faculdades, hoje é imensa e muito importante. Construiu câmpus espalhados por todo o Estado e inúmeros cursos, centros de pesquisa, museus etc., mas nunca conseguiu, na verdade, realizar o projeto de criar uma verdadeira cidade universitária. Seus câmpus são a reunião de várias escolas e institutos e não se configuram como uma verdadeira cidade, inspiração para a criação de uma região voltada para o ensino e a pesquisa rodeada de parques.

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3.1.2. Um modelo intermediário – o campus da UnB

A implantação da Universidade de Brasília, em 1962, constitui-se em um

exemplo de aplicação de um modelo de organização física a um ideário educacional

- a chamada Nova EducaçãoTPF

109FPT. A UnB é um caso exemplar, onde os projetos

urbanístico e arquitetônico surgem em paralelo e como resposta a uma nova

concepção de universidade, conforme já destacado. A primeira proposta para o

campus da UnB foi apresentada por Lúcio Costa, em 1960, e, embora se

configurasse mais como um “esboço” do que como um projeto, respondia aos

princípios pedagógicos debatidos para a concepção desta “nova universidade”, no

que dizia respeito a seus conceitos educacionais. O plano estabelecia a localização

do campus no corpo do chamado plano piloto, ou seja, na área urbana da cidade,

em um terreno de, aproximadamente, 2.570.000 m P

2P, localizado entre a Asa Norte e o

Lago Paranoá TPF

110FPT. Conforme destacam Pinto e Buffa (2009), a proposta previa um

campus integrado com a cidade e aberto a toda a comunidade citadina, em uma

contraposição clara ao que será defendido pelo manual de Atcon, já citado no

capitulo anterior e mais bem explicitado no próximo item.

Para Alberto (2009), a proposta de Lúcio Costa para a UnB não seguia uma

ordem cartesiana, como seu projeto para a Universidade do Brasil TPF

111FPT. Os Institutos,

as Faculdades e os Órgãos Complementares se misturavam como em “um grande

‘quebra-cabeça’”, no qual a união das peças se fazia pela afinidade de programa.

Segundo Pinto e Buffa (2009, p. 123), Lúcio Costa

Propôs um arruamento sinuoso, de forma a garantir grandes espaços vazios entre as quadras. Nelas, implantou, com distanciamentos generosos, os edifícios correspondentes às várias atividades necessárias no câmpus, definidas pelo Plano Orientador. No centro do sítio, propôs uma grande praça ao redor da qual seriam instalados os Institutos Centrais (ICs). A entrada magna, de frente para o lago, seria o principal acesso ao câmpus, onde ficavam as áreas de ensino e de pesquisa (...) centralizadas ao redor da praça maior. Nas faces do câmpus, junto às avenidas que o circundam, seriam localizadas as áreas de serviços gerais, esporte, residências de alunos e professores e os institutos com os quais a população da cidade mantém grande contato, como os ligados à saúde, por exemplo.

TP

109PT Como foi visto anteriormente, este ideário educacional, entre descontinuidades e impasses, vinha amadurecendo desde os

anos 1930 e teve como um dos seus principais representantes Anísio Teixeira. TP

110PT Para algumas autoridades políticas, a proximidade do campus com o centro do poder federal poderia constituir-se em uma

“ameaça”. Entretanto, a localização do campus da UnB não foi alterada. TP

111PT Projeto já apresentado anteriormente.

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A figura 24 apresenta o projeto proposto pelo arquiteto, e a figura 25 mostra,

em detalhe, a proximidade entre os setores afins.

Figura 24 – Plano Piloto da Universidade de Brasília do arquiteto Lúcio Costa Fonte: ALBERTO, 2009, p. 10.

Figura 25 – Detalhe do Plano Piloto da Universidade de Brasília Fonte: ALBERTO, 2009, p. 12.

Destaca, ainda, Alberto (2009) a grande área verde e aberta, considerada o

centro articulador do projeto. Entendida como local de encontro e de descanso dos

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estudantes, era de extrema importância para os idealizadores da UnB, como

ressaltou Darcy Ribeiro:

Seria uma imensa concha gramada suavemente recurvada, onde milhares de estudantes e professores, sentados, deitados ou recostados ouviriam música, namorariam, conversariam, discutiriam ou simplesmente conviveriam como membros de uma comunidade solidária, sentindo que a vida é bela e que é gostoso viver em liberdade e participando de um projeto socialmente generoso (RIBEIRO apud ALBERTO, 2009, p. 12).

O desenvolvimento do projeto de Lúcio Costa ficou a cargo de uma comissão

composta por Darcy Ribeiro, Oscar Niemeyer e Cyro Versiani dos Anjos, na época

subchefe do gabinete civil do governo Kubitschek. Com a inauguração do campus

da UnB, em 1962, é criado, no âmbito da universidade, o Centro de Planejamento

Urbanístico (CEPLAN), que mantém o arquiteto Oscar Niemeyer como coordenador.

O Plano Orientador da Universidade de Brasília então elaborado foi, segundo

Rodrigues (2001), um efetivo instrumento de configuração acadêmica e física da

UnB. Niemeyer, além de redefinir a agora denominada Praça Maior e de realocar o

Centro Olímpico para uma nova área incorporada ao campus, vai estruturar os

Institutos Centrais, não mais de forma isolada em torno do gramado central, como

pretendia Lúcio Costa, mas de forma integrada em um único edifício, no qual todos

os campos do conhecimento estariam juntos, sob o mesmo teto, em estruturas

flexíveis, sem grandes distinções. Desta forma, Niemeyer desloca o centro articular,

que, para Lúcio Costa, estava centralizado na Praça Maior, para o edifício do

Instituto Central de Ciências (ICC). Segundo Alberto (2009, p. 13),

Esta proposta de integração dos edifícios atende a necessidades do programa pedagógico, mas também se relaciona com uma possível complexidade tecnológica que desde o início foi buscada no projeto do ICC [Instituto Central de Ciências].

Estas primeiras propostas arquitetônicas de Niemeyer, datadas de 1963/64

(Figura 26), vão, entretanto, manter os edifícios das faculdades em prédios isolados,

respeitando o projeto original de Lúcio Costa.

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Figura 26 – Plano para UnB 1963/1964 Fonte: ALBERTO, 2009, p. 14.

Para Alberto (2009), o rompimento com a proposta de Lúcio Costa se dá, ainda, em

1964, quando a CEPLAN, ainda sob a coordenação de Oscar Niemeyer, propõe

uma nova concepção para a universidade, na qual os edifícios das Faculdades são

concentrados nas extremidades do ICC. Rodrigues (2001) destaca que estas

unidades dispersas são concentradas em quatro conjuntos: Ciências Médicas, Artes

e Arquitetura, Ciências Humanas e Tecnologia, conforme figura 27.

Figura 27 – Plano UnB 1964 Fonte: ALBERTO, 2009, p. 15.

Assim, Niemeyer, além de evidenciar o ICC como edifício marcante para o

campus e reorganizar a implantação dispersa proposta por Costa, ainda redesenhou

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o traçado das ruas internas, propondo uma circulação mais definida e uma

organização mais compacta.

A partir de 1969, já sem a participação de Niemeyer, novas alterações são

introduzidas no planejamento do campus da Universidade de Brasília. Em 1972,

documentos da própria universidade constatam a falta de um planejamento global e

assumem que “os projetos foram desenvolvidos isoladamente pelas diversas

equipes, havendo um mínimo de interação entre as mesmas; com isso, os

resultados evidenciaram diferenças de conceito e tratamento dos objetos de

trabalho” (UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA apud RODRIGUES, 2001, p. 111).

Em 1987, uma equipe mista de professores da Faculdade de Arquitetura e de

técnicos da Prefeitura Universitária propõe novas diretrizes para o desenvolvimento

físico do campus, que, segundo Rodrigues (2001), apresentam mudanças em

relação ao modelo de espaço universitário que prevalecia na maioria das

universidades brasileiras. Pioneiro ao abordar a questão da segregação social e

espacial da UnB e propor o que foi chamado de “eixos de vivência”, o plano,

entretanto, não foi efetivado, e o campus da Universidade de Brasília, na verdade,

constitui-se hoje em uma realidade bastante distante dos princípios propostos por

Lúcio Costa, em 1960.

Pinto e Buffa (2009, p. 127) concluem seus estudos sobre o campus da UnB,

destacando que, apesar de visualmente atrativo, o campus carece do fundamental:

“um aspecto vivo, ativo que é sempre reflexo do movimento de professores e alunos

preenchendo caminhos e ocupando não só os espaços acadêmicos, mas também

os espaços de vivência comum nessas áreas”.

3.1.3. O campus universitário

Relativizando, em parte, os princípios do modelo anterior, principalmente no

que se refere à adoção de edifícios isolados em destaque, o campus universitário

adotou uma arquitetura, segundo os padrões racionalista e funcionalista, tipificada e

modulada (RODRIGUES, 2001), geralmente na periferia, ou mesmo, distanciado em

relação aos centros urbanos. A Reforma do Ensino Superior de 1968 estimulou

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100

fortemente um processo de criação de inúmeras universidades e consagrou

definitivamente este padrão acadêmico, administrativo e físico.

Em 1970, foi publicado, com o apoio do Conselho de Reitores das

Universidades Brasileiras (CRUB), o “Manual sobre o planejamento integral do

campus universitário”, já referido no capítulo anterior, de autoria do consultor norte-

americano Rudolph P. Atcon. O manual, que era parte das ações para a

implementação da reforma universitária recém-proposta, tinha como objetivo orientar

o planejamento dos campi universitários a serem construídos a partir de então. Nas

palavras de Atcon (apud PINTO; BUFFA, 2009, p. 110), o manual trata

(...) sobre o planejamento sistemático de um câmpus universitário, isto é, de um local geográfico que reúne todas as atividades de uma universidade e as integra de maneira mais econômica e funcional num serviço acadêmico-científico, coordenado e da maior envergadura possível, respeitando as limitações de seus recursos humanos, técnicos e financeiros.

Rudolf Atcon criticava a concepção das anteriores cidades universitárias,

considerando-as, em sua maioria, implantadas em áreas por demais extensas, com

edifícios isolados e majestosos. Essas aspirações, para o autor, tornavam os

conjuntos de difícil administração, dispendiosos e antifuncionais. O campus,

entretanto, na proposta de Atcon, seria, segundo Pinto e Buffa (2009, p. 111),

um conjunto homogêneo, fechado e com mais facilidade de controle e administração, rigidamente planejado, seguindo uma estrutura didática bastante diferente daquela das faculdades isoladas. Uma estrutura que pudesse favorecer os aspectos de racionalidade e de baixo custo de construção, administração e controle.

Inspirados na “máquina de morar” de Le Corbusier, os autores afirmam que o

campus seria “a ‘máquina de estudar e pesquisar’: um conjunto racionalmente

planejado desde a escolha do sítio até os aspectos da construção de cada edifício”

(PINTO; BUFFA, 2009, p. 111).

O Manual detalha desde a escolha do terreno – localização e área

recomendada TPF

112FPT – à setorização e zoneamento ideal, através de diagramas

pormenorizados, como os apresentados nas figuras 28 e 29.

TP

112PT Atcon sugere uma área de 500 hectares, sendo 200 de área útil para as construções (PINTO; BUFFA, 2009).

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101

LEGENDA

BA – Setor Básico

BM – Setor Biomédico

AP – Setor Agropecuário

ES – Setor Esportivo

AR – Setor Artístico

CI – Setor Cibernético

Figura 28 – Diagrama de Setorização proposto por Atcon Fonte: PINTO; BUFFA, 2009, p. 111

Figura 29 – Diagrama de Zoneamento parcial proposto por Atcon Fonte: PINTO; BUFFA, 2009, p. 117

Segundo os estudos realizados por Pinto e Buffa (2009), o campus da

Universidade de Campinas seguiu as recomendações do manual de Atcon.

Para a maioria dos autores pesquisados, o campus universitário emergiu com

uma ideologia antiurbana, baseada no college americano, conformando um locus

segregado da cidade, próprio para estimular o desenvolvimento da ciência e do

conhecimento. Segundo Castello Branco (1984, p. 18, grifo nosso),

É, portanto, sob a influência americana que, naquela época, se propunha a Universidade reunida num mesmo lugar, tanto como condição para sua integração e visibilidade como instituição unitária, quanto para o

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102

desenvolvimento de uma comunidade com consciência de classe. O território universitário deveria ser planejado não só como um lugar de trabalho, mas, também, de moradia, de jogos e de recreio, de modo, inclusive, a acolher os alunos do interior. A proposta defendia a idéia do lugar da Universidade como território isolado, de forma a segregar a comunidade universitária e protegê-la, especialmente os professores, da influência mercenária, nociva à vida universitária.

3.2. O território universitário na dinâmica do espaço urbano

De fato, a produção do espaço universitário no Brasil, seja na forma das

primitivas cidades universitárias, seja no novo modelo de campus universitário,

imprimiram ao território universitário um forte perfil de independência dos demais

espaços urbanos da cidade.

Conforme Rodrigues (2001, p. 21, grifo nosso),

Do ponto de vista urbanístico, esses dois modelos são muitos próximos (o da cidade universitária e o do campus): em ambos o que se vê é o privilégio da estrutura arquitetônica em relação às pessoas (privilégio do automóvel; função ligada principalmente à forma etc.) e em especial a forte separação entre os espaços da Universidade e os demais espaços da cidade em si.

No Brasil, já em 1981, a antiga Coordenadoria de Desenvolvimento das

Instalações do Ensino Superior do Ministério de Educação e Cultura promoveu um

Seminário para a conceituação do Campus Universitário, com o objetivo de avaliar

as ações desencadeadas a partir da Reforma Universitária (1968). O primeiro item

do temário do referido seminário já dizia respeito à relação entre o Campus e a

Cidade, através da proposta de “reflexão e análise tanto do papel do Campus no

processo histórico de formação/estruturação do espaço urbano, quanto da maneira

como esse processo influi, condiciona ou determina a localização, organização e

apropriação do território universitário” (MEC, 1984).

Para Castello Branco (1984), palestrante do referido Seminário, a influência

americana chocou-se com as raízes históricas brasileiras, não só no que diz respeito

à formação e legitimação da própria universidade, como no papel das cidades na

formação das sociedades.

As características morfológicas da cidade típica americana, reforçadas pelo automóvel como meio praticamente universal de transporte urbano, têm muito a ver com as raízes rurais da nacionalidade. O subúrbio da cidade

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americana é, portanto, uma realidade muito diferente da que corresponde à ‘periferia’ da metrópole brasileira. Com respeito ao Campus, podemos dizer que nos Estados Unidos ele concretiza espacialmente o modelo global da Universidade Americana, compreendendo e integrando a instituição e o modo de vida que lhe corresponde (CASTELLO BRANCO, 1984, p. 24, grifos do original).

Para Farret (1984, p. 31-32), debatedor do mesmo Seminário, a autonomia

universitária, reivindicada e defendida pelas entidades brasileiras, foi levada a tal

extremo que acabou por difundir a ideia de que “planejamento do Campus não tem,

ou tem muito pouco, a ver com o planejamento da Cidade, na qual ele está inserido”.

Acrescenta, ainda, que os campi, no Brasil, não foram utilizados como vetores de

direcionamento do crescimento urbano, destacando que, quando existe essa

atração, ela é dada pelas forças do mercado, que acabam por valorizar a terra em

torno da Universidade. Assim, o investimento do Poder Público é capturado por um

pequeno segmento da sociedade – os proprietários de terra. Nessa mesma direção

discute Marques (1984, p. 55), outro participante, quando considera o campus

universitário como uma ilha dentro da cidade e afirma que “ele serviu basicamente,

em dados momentos, em algumas cidades nossas, apenas para valorizar e

aumentar o valor da renda fundiária das terras próximas ao Campus”.

A análise desenvolvida por Carlos Nelson dos Santos (1979), acerca da

relação entre a cidade e o campus universitário, questiona os aspectos ideológicos

que revestem ambos os termos. Contrapondo-se à visão de cidade como “(...) mero

lugar da implantação, expansão e gestão das atividades industriais (e econômicas

lato sensu)” (p. 98), Santos entende a cidade como o “locus da criatividade (...) que

significaria a produção de muitas ordens, todas economicamente determinadas (...)

mas não obrigatoriamente coincidentes ou articuladas de forma transparente e

inequívoca. (...) Como um centro de produção de muitas ordens, o urbano se

conforma e se apresenta como desordenado” (p.98). Assim, para Santos, é através

do planejamento urbano que a cidade será posta sob controle, dando origem, no

começo do século XX, à teoria defendida por Le Corbusier, centrada no conceito de

cidades-máquinas, na qual a cidade, “para poder ser sanada de seus males, tem

que ser vista e desejada como uma máquina [que produza] a garantia da ordem

social e da felicidade do homem” (p. 99).

Neste sentido o planejamento urbano, para Carlos Nelson dos Santos (1979,

p. 99) torna-se “uma proposta de divisões. O espaço deve ser separado e

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classificado de modo que haja um lugar para cada coisa e cada coisa (...) esteja em

seu lugar”. Nesta interpretação, o autor entende que,

Dentro das modernas teorias sobre o espaço geradas pela academia e que lhe garantem uma fatia específica de poder sobre ele, o campus universitário é um caso particular. A academia, de acordo com suas pretensões universalizantes, baliza e procura controlar o discurso científico sobre espaço. Dentro de suas concepções ‘científicas’ sobre o que deva ser a cidade, designou e deixou lugar para si mesma: o campus. O caso é dos mais interessantes: neste discurso especial sobre poder, (...), o enunciante se situa a si próprio. Além disso, ao fazê-lo, ganha uma parcela de poder real, um sítio. O espaço do campus passa, desta forma, a ser mais uma das peças da cidade-máquina. É o locus a partir do qual a universidade contribui com o que lhe é peculiar para manter um esquema de poder geral. É o lugar de onde ela vigia e onde pode ser vigiada. A apropriação é tripla: 1) a universidade gera uma ideologia que classifica o espaço para ajudar a manter as ordens estabelecidas na sociedade; 2) a universidade é uma das beneficiárias da disciplina que ela propõe; 3) a universidade se torna transparente aos poderes maiores que ela, por força mesmo do mecanismo que inventou para ganhar poder (SANTOS, 1979, p. 100-101).

Assim, concluindo, Santos afirma que,

Se o que se deseja é uma universidade mais aberta e mais democrática, a crítica deve ser dirigida contra dois alvos: 1) contra o campus como materialidade urbanística e 2) contra o campus como parte de uma representação do urbano que se constitui em ‘campo’ do conhecimento empolgado (se não criado), legitimado e gerido pela própria universidade, marco material e soberano de sua força. (...) Enquanto prevalecer a ideia de que, nas cidades, o lugar do preso é na prisão, o do louco no hospício, o do doente no hospital, o do trabalhador no distrito industrial, o do morador na zona residencial correspondente à sua classe, a ideia de campus será coerente. Ela contribuirá para justificar as interpretações do urbano como um conjunto de elementos singulares articulados de forma racional, visando fins econômicos e políticos extremamente simplificados. Ela servirá para negar a abertura da cidade à participação aparentemente dispersiva e ineficiente de todos os cidadãos (1979, p. 101).

Parece não haver dúvida entre os autores pesquisados (SANTOS, 1979,

CASTELLO BRANCO, 1984, VASCONCELLOS, 1984, BUARQUE, 1994,

RODRIGUES, 2001, entre outros) que o campus universitário por si só é um modelo

que tende ele próprio a se excluir da cidade. Situação esta agravada quando o

campus é localizado na periferia da cidade. Castello Branco (1984, p. 26), afirma

que “a Universidade é uma instituição da e para a Cidade desenvolvida. Quando

situada fisicamente no território da Cidade subdesenvolvida, ela permanece como

uma ilha, a periferia não se integrando a ela porque as barreiras que as isolam são,

sobretudo, de natureza socioeconômica e cultural”. Concluindo, o autor constata que

“a localização das cidades universitárias na periferia, face à nossa realidade urbana,

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105

não contribuiu para a promoção da população pobre preexistente na sua vizinhança,

resultando, até mesmo, em seu prejuízo, além de acarretar maior elitização da

própria universidade”.

Nesse sentido, Marques (1984, p. 55) corrobora Castello Branco, ao

exemplificar com o caso da Universidade Federal de São Carlos:

Lá, o Campus é aberto à comunidade, e a Cidade tem poucas condições de lazer. As populações de periferia não vão ao Campus. Quem vai é a classe média, e o usa como lazer nos fins de semana, mas as populações de faixa menor não vão, mesmo que não tenham outras opções, porque para elas é um território meio sagrado, que elas não conseguem alcançar. Essa é uma questão de Campus/Cidade (grifos do original).

Buarque (1994, p. 172) destaca que a universidade brasileira “imitou o

conceito de câmpus norte-americano, distante dos centros urbanos, esquecendo

que, nos Estados Unidos, uma grande parte da comunidade acadêmica vive dentro

dos câmpus, que muitas vezes estão dentro de pequenas cidades”. E acrescenta

que “em uma sociedade já dividida, o isolamento dos câmpus fez com que o

distanciamento cultural entre a universidade e a população tendesse a se agravar”.

Não se pode afirmar, entretanto, a inexistência de algum tipo de relação entre

a universidade e a cidade. Tavares e Santos (2005), quando analisam aspectos da

relação entre a universidade e o desenvolvimento do território, afirmam partir de

“situações muito gerais em que a universidade contribui, nitidamente, para o

desenvolvimento da sua região” (p. 1, grifo nosso). Citando o exemplo da França,

onde a descentralização das universidades e centros de pesquisa para áreas

periféricas em relação à capital foi incluída, paralelamente à descentralização

industrial, na agenda da política de organização territorial, os autores descrevem os

benefícios alcançados. Para o caso brasileiro, ainda que seja constatado o atraso na

discussão do tema e a necessidade de uma política de desenvolvimento

universitário acoplada a uma visão de desenvolvimento no âmbito do território

nacional, Tavares e Santos (2005, p. 3) destacam aspectos mais gerais da relação

universidade e desenvolvimento, entre eles “a formação de profissionais que atuam

nos diferentes campos do saber que têm significado para a sociedade; o fluxo de

recursos gerados sob a forma de salários e compras de serviços; a relação mais

ampla entre a universidade e as empresas” .

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106

Entretanto, essas relações permanecem no plano mais geral, sem atingir, de

fato, as estruturas dos espaços universitários e urbanos para que se interpenetrem

no uso e na apropriação mútua. Pode-se acrescentar que, mesmo na cidade

desenvolvida, a universidade como materialidade física ou como instituição tem-se

mantido apartada da cidade. Observa-se, porém, que a temática da relação

universidade/cidade, vem-se apresentando nos debates acadêmicos, ainda de forma

bastante tênue, expressa em ações práticas que apontam para a busca de uma

efetiva integração da universidade com a cidade. Entre os exemplos mais

relevantes, pode ser destacado o “Seminário Internacional Cidade Sofia”, realizado,

em 2003, pelo Centro de Estudos do Departamento de Arquitetura da Faculdade de

Ciência e Tecnologia da Universidade de Coimbra, no âmbito da programação

Cidade e Arquitetura de Coimbra 2003, Capital Nacional da Cultura TPF

113FPT, que contou

com a participação de dez cidades universitárias europeias: Salamanca, Alcalá de

Henares e Santiago de Compostela, na Espanha; Leuven, na Bélgica; Grenoble, na

França; Bologna, na Itália; Maastricht, na Holanda; Cambridge, na Inglaterra; e

Aveiro e Coimbra em Portugal. No Brasil, merecem destaque as ações concretas

empreendidas por algumas universidades, como a Universidade de São Paulo

(USP) e a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

A USP, em 2005, publicou, na série Cadernos CPC (Centro de Preservação

Cultural da USP), o volume intitulado Cidades Universitárias: Patrimônio Urbanístico

e Arquitetônico da USP, no qual

mostra (...) etapas e documentos da construção da relação da USP com a

sociedade paulista, partindo de elementos históricos, territoriais,

urbanísticos e arquitetônicos, apontando em direção ao futuro, na busca da

superação das dicotomias, que ainda marcam [a] (...) sociedade (USP,

2005, p. 13).

A UFRJ, por sua vez, incluiu entre os Princípios Organizadores de seu Plano

Diretor 2020, a sua integração à cidade do Rio de Janeiro.

Seja na proposta de criação de cidades universitárias – locus privilegiado da

reflexão e da produção do conhecimento, ordenadas pelo rígido zoneamento TP

113PT O programa “Capitais Nacionais da Cultura” constitui-se em uma política cultural do Ministério da Cultura de Portugal, que a

cada ano adota uma cidade para sediar o evento, como instrumento de transformação do panorama cultural do País. Nesse contexto, Coimbra sediou o evento em 2003, que teve por tema "Cultura, Ciência e Cidadania" (Fonte: Portal Galego de Línguas - http://agal-gz.org/modules.php?name=News&file=article&sid=795).

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107

funcional estabelecido nos preceitos modernistas e atendendo a um modelo de

“universidade-parque” – ou na implantação de campi universitários – com maior

autonomia, isolamento e funcionalidade – as áreas urbanas do seu entorno serão

sempre permeadas por relações complexas e diversificadas, largamente

associadas a uma relação de segregação.

Tendo por base as análises de José de Souza Martins (2008), quanto à

pertinência do conceito de segregação, no caso específico analisado pelo autor,

para o entendimento da ocupação e do uso do espaço na realidade das metrópoles

brasileiras, duas questões aqui se colocam: será que segregação é o conceito

pertinente para explicar a relação socioespacial da universidade com a cidade?

Será que o padrão morfológico, seja das cidades universitárias ou dos campi

universitários, pode ser definido como vetor de segregação?

Ainda, quando pensa a questão da segregação espacial e o uso do espaço

que se distingue na metrópole “pela particularização no acesso às moradias”, o

sociólogo coloca que

A metrópole é constituída por uma secular superposição de estratos histórico-sociais que, a seu modo, representam particularizações espaciais de diferentes datas, diferentes características, diferentes funções, diferentes modalidades de convivência e de ocupação do espaço, diferentes mentalidades. Até diferentes sotaques e costumes.

Há na cidade uma pluralidade de agrupamentos sociais que são justamente a sua característica mais visível e, não raro, até mesmo a mais apreciada. Quase todos esses agrupamentos desenvolveram técnicas sociais protetoras da própria identidade. Técnicas em que ficam visíveis e são facilmente reconhecíveis elementos de identificação que, mais do que fazer deles grupos de segregação, fazem deles grupos de identificação (MARTINS, 2008, p.1, grifo nosso).

E, ainda, após relacionar vários espaços claramente demarcados por essa

identificação, acrescenta que

Em todos esses espaços há barreiras notórias e algumas vezes até agressivas, que interditam o acesso aos estranhos. (...). Há barreiras religiosas, há barreiras de língua, há barreiras culturais de diversos tipos, barreiras simbólicas, há barreiras físicas. As cidades brasileiras pluriculturais (...) nunca desenvolveram uma cultura e uma mentalidade propriamente urbanas, referidas a um pluralismo democrático na concepção e no uso da cidade (...) (MARTINS, 2008, p. 1).

Assim, em uma apropriação das reflexões de Martins, pode-se afirmar que o

território universitário, seja na forma de cidade universitária, seja como campus, foi

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concebido como uma particularização espacial que buscou criar a identificação de

um agrupamento social – o acadêmico. A morfologia que proporciona a desejada

apartação para propiciar a tranquilidade e fluidez das atividades científicas e, mais

recentemente, a racionalização das atividades administrativas é, assim, protetora,

também, de uma identidade de classe e de poder. Conforme Santos (1979), embora

não se possa negar que o território universitário como materialidade urbanística

separa e identifica, a crítica deve ser dirigida, como propõe este último autor, a este

território, como marco material de uma força interior e exterior a ele. A esse território,

que assim é, também, materializado pelas relações sociais. Olhar o objeto desta

pesquisa – a relação socioespacial entre a universidade e a cidade - sob esta

perspectiva nos conduz ao conceito de representação, tratado no arcabouço teórico-

metodológico que propõe Pierre Bourdieu, na Parte III desta pesquisa.

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109

PARTE II

A APROXIMAÇÃO DO OBJETO EMPÍRICO PELO ESPAÇO FÍSICO: OS LUGARES DA UFRRJ E DE SEROPÉDICA

“Uma teoria nunca se elabora num vazio social: inscreve-se num contexto particular, que modela as problemáticas” (BONNEWITZ, 2003, p. 12).

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110

CAPÍTULO 4 - A UFRRJ E O CAMPUS DO QUILÔMETRO 47

A Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro – UFRRJ, localizada no km

47 da antiga estrada que ligava o Rio de Janeiro a São Paulo (atual BR 465), no

município de Seropédica, percorreu um longo caminho, com transformações,

mudanças e continuidades que lhe deixaram impressas características importantes

para a compreensão de suas especificidades.

4.1. Origens da Universidade Rural: da itinerância à permanência

A então Universidade Rural, hoje Universidade Federal Rural do Rio de

Janeiro, teve sua origem no Decreto nº. 8.319, de 20 de outubro de 1910, assinado

pelo Presidente da República, Nilo Peçanha, e pelo Ministro da Agricultura, Rodolfo

Nogueira da Rocha Miranda. O referido decreto estabelecia as bases fundamentais

do ensino agropecuário no País, criava a Escola Superior de Agricultura e Medicina

Veterinária (ESAMV) - vinculada ao Ministério da Agricultura, Indústria e Comércio

(MAIC)TPF

114FPT - e determinava sua instalação na Fazenda de Santa Cruz, de propriedade

do Governo Federal.

Embora se tenha iniciado a construção de uma estação de ensaios de

máquinas, que, juntamente com uma fazenda experimental, estariam anexadas à

ESAMV, a impropriedade do local não permitiu seu prosseguimento. Os três

motivos, segundo Grillo (1938 TPF

115FPT apud OTRANTO, 2003, p.32) eram “O primeiro (...)

a distância que ‘dificultaria o regime de externato estatuído no regulamento, além

dos embaraços que oporia à organização do pessoal docente’. O segundo dizia

respeito ao estado de ruína dos edifícios localizados na fazenda, ‘de modo a não

permitir seu aproveitamento’. O terceiro referia-se ao solo, afirmando que não era

‘de natureza variada, como conviria, às terras dessa fazenda experimental’”.

TP

114PT A educação em geral, então, era vinculada ao Ministério da Justiça e Negócios Interiores. O Ministério da Educação, com o

nome de Ministério dos Negócios da Educação e Saúde Pública, foi criado em 1930. Em 1937, passa a denominar-se Ministério da Educação e Saúde. TP

115PT GRILLO, Heitor V. Silveira. Discurso do Diretor da Escola Nacional de Agronomia. Prof. Heitor V. Silveira Grillo. In: Boletim

da Escola Nacional de Agronomia, nº 1. Jubileu Comemorativo de sua fundação 1913-1938. Rio de Janeiro: Escola Nacional de Agronomia, 1938, p. 9-19.

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111

Assim, em 1911, um novo decretoTPF

116FPT fixa a sede da ESAMV, na Rua General

Canabarro nº. 42, no Palácio do Duque de Saxe, onde hoje se encontra em

funcionamento o Centro Federal de Educação Tecnológica Celso Suckow da

Fonseca (CEFET/RJ), no bairro do Maracanã, Rio de Janeiro. Considerando que a

nova sede, também, não estava preparada para receber a Escola, as obras

necessárias só possibilitaram sua efetiva inauguração dois anos mais tarde, em 4 de

julho de 1913 TPF

117FPT. Sob a direção do engenheiro agrônomo Gustavo Rodrigues Pereira

D’Utra a Escola contava com 60 alunos matriculados, sendo 52 alunos no curso de

engenheiros agrônomos, e 8, no curso para médicos veterinários.

Segundo Otranto (2003, p. 33)

Apesar da instalação privilegiada, ela não contemplava o Campo de Experimentação e Prática Agrícola que ficava em Deodoro [em terrenos da Vila Militar], distante cerca de 40 km da sede, com a agravante da precariedade das estradas e dificuldade de transportes. Mas a Escola tentava superar tanto estas quanto as outras dificuldades (...), baseando sua trajetória em três pontos principais: a) o professor recrutado por concurso; b) a eficiência dos seus laboratórios; c) o próprio Campo de Experimentação que, apesar da distância, era preponderante na formação dos estudantes.

No ano de 1915 a Escola, com verbas federais restritas à sua manutenção

básica, não recebeu novos alunos. No ano seguinte, em 1916, por determinação de

outro decretoTPF

118FPT, a ESAMV foi transferida para a localidade de Pinheiros (hoje

Pinheiral), no interior do Estado do Rio de Janeiro, juntando-se a ela a Escola Média

Teórico-Prática de Pinheiro TPF

119FPT e a Escola Média-Teórico-Prática de Agricultura da

BahiaTPF

120FPT. Nesse mesmo ano, diplomou-se a primeira turma de engenheiros

agrônomos, e, no ano seguinte, a primeira turma de médicos veterinários.

Em 1918, foi impostaTPF

121FPT mais uma transferência para a ESAMV, desta feita

para o Horto Botânico de Niterói TPF

122FPT, situado na Alameda São Boaventura, em

Niterói/RJ, onde hoje funciona o Jardim Botânico Nilo Peçanha. A Escola

TP

116PT Decreto nº. 8.970, de 14 de setembro de 1911.

TP

117PT A inauguração oficial havia sido realizada em 10 de julho de 1912, entretanto seu efetivo funcionamento somente ocorreu

um ano mais tarde. TP

118PT Decreto nº. 12.012, de 20 de março de 1916.

TP

119PT Hoje Colégio Agrícola Nilo Peçanha, da Universidade Federal Fluminense.

TP

120PT A Escola Média-Teórico-Prática de Agricultura da Bahia teve sua origem na Imperial Escola Agrícola da Bahia (1875),

tornando-se, posteriormente, o Instituto Agrícola da Bahia (1904), e assumindo esta denominação em 1911. Em 1919, com a transferência da ESAMV para Niterói, passa a denominar-se Escola Agrícola da Bahia, e em 1967 transforma-se na Escola de Agronomia da Universidade Federal da Bahia. TP

121PT Decreto nº. 12.894, de 28 de fevereiro de 1918.

TP

122PT Criado em 1905, por decreto do então Governador Nilo Peçanha, com o objetivo de distribuir aos agricultores mudas e

sementes têxteis e medicinais.

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112

permaneceu no hoje Palácio Euclides da Cunha, de 1918 a 1927, período este em

que se consolidou como instituição de ensino agronômico, tendo um novo

Regulamento aprovado pelo Decreto nº. 14.120, de 29 de março de 1920. Nesse

período, o maior até aquela data na mesma sede, o então Ministro da Agricultura,

Idelfonso Simões Lopes, prestou forte apoio à ESAMV, chegando a propor a

construção de um prédio especificamente para abrigá-la, o que não se concretizou,

pelo afastamento voluntário do Ministro.

Em 1925, foi criado, no âmbito da ESAMV, o curso de Química Industrial

Agrícola. Em decorrência de outro decretoTPF

123FPT, em 1927, a ESAMV é mais uma vez

transferida, desta vez para o edifício-sede do Ministério da Agricultura, na Avenida

Pasteur, nº. 404, na Praia Vermelha, no Rio de Janeiro, onde hoje funciona o

Serviço Geológico do Brasil (CPRM) TPF

124FPT.

Em fevereiro de 1934, a ESAMV foi desmembrada em três escolas

nacionais TPF

125FPT: a Escola Nacional de Agronomia, a Escola Nacional de Veterinária e a

Escola Nacional de Química. A Escola Nacional de Agronomia (ENA) passou, então,

a ser subordinada à Diretoria do Ensino Agrícola, do Departamento Nacional de

Produção Vegetal do Ministério da Agricultura (MINAGRI), e a Escola Nacional de

Veterinária (ENV), ao Departamento Nacional de Produção Animal, também do

MINAGRI. A Escola Nacional de Química foi transferida para o Ministério dos

Negócios da Educação e Saúde Pública, onde viria a ser o embrião da atual Escola

de Química da UFRJ. Em março do mesmo ano, “as Escolas Nacional de Agronomia

e Nacional de Veterinária tiveram o regulamento comum aprovado e tornaram-se

estabelecimentos-padrão para o ensino agronômico e veterinário do País. Nesse

ano, formaram-se 12 engenheiros agrônomos e 16 médicos veterinários” (FRÓES,

2004, p. 93). Portaria ministerial, de 14 de novembro de 1936, tornou as escolas

independentes, com a aprovação de seus regimentos, já, então, separados.

Em 1937, a Lei nº. 452, de 5 de junho de 1937, que reorganizou, pela

segunda vez, a Universidade do Rio de Janeiro TPF

126FPT, passando a denominá-la

Universidade do Brasil, determinou a sua constituição por quinze Escolas e

TP

123PT Decreto nº. 17.776.

TP

124PT Nome de fantasia advindo da razão social Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais.

TP

125PT Através do Decreto nº. 23.858.

TP

126PT Criada em 1920, havia sido reorganizada em 1931, pelo Decreto nº. 19.852, de 11 de abril de 1931.

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113

Faculdades, a saber: Faculdade Nacional de Filosofia Ciências e Letras; Faculdade

Nacional de Educação; Escola Nacional de Engenharia; Escola Nacional de Minas e

Metalurgia; Escola Nacional de Química; Faculdade Nacional de Medicina;

Faculdade Nacional de Odontologia; Faculdade Nacional de Farmácia; Faculdade

Nacional de Direito; Faculdade Nacional de Política e Economia; Escola Nacional de Agronomia; Escola Nacional de Veterinária; Escola Nacional de Arquitetura;

Escola Nacional de Belas-Artes; Escola Nacional de Música (Lei nº. 452/37, art. 4º,

grifo nosso).

Entretanto, as transferências da ENA e da ENV não foram efetivadas e, logo a

seguir, em 1938, o Decreto-Lei nº. 982 reverteu a situação, voltando a subordinar as

duas escolas ao Ministério da Agricultura. Assim, “enquanto a Escola Nacional de

Agronomia passou a integrar o Centro Nacional de Ensino e Pesquisas Agronômicas

(CNEPA), recém criado, a Escola Nacional de Veterinária passou a subordinar-se

diretamente ao Ministro de Estado” (FRÓES, 2004, p. 93).

Ainda, em 1937, havia assumido o Ministério da Agricultura o engenheiro

agrônomo Fernando Costa (1886 - 1946). Durante os anos que ocupou o cargo de

Ministro da Agricultura TPF

127FPT, Fernando Costa propôs a criação de vários órgãos

relacionados com a economia agropecuária e deu inicio, em 1938, à construção de

um complexo destinado a abrigar o CNEPA, em um terreno situado às margens da

estrada que ligava o Rio de Janeiro a São Paulo (atual BR 465), na altura do

quilômetro 47, no antigo distrito de Seropédica, pertencente ao município de Itaguaí,

no estado do Rio de Janeiro, campus que hoje abriga a UFRRJ.

Em 30 de dezembro de 1943, o CNEPA é reorganizado, pelo Decreto-Lei nº.

6.155, tendo “por finalidade ministrar o ensino agrícola e veterinário e executar,

coordenar e dirigir as pesquisas agronômicas no país”. Ele foi composto pelos

seguintes órgãos: I - Universidade Rural; II - Serviço Nacional de Pesquisas

Agronômicas; III - Serviço Médico; IV - Superintendência de Edifícios e Parques; V -

Serviço de Administração; e VI - Biblioteca (Decreto-Lei nº. 6.155/43, art. 2º). Nascia,

nesse momento, a Universidade Rural (UR), que, pelo mesmo decreto, tinha a sua

composição assim determinada: I - Escola Nacional de Agronomia; II - Escola

Nacional de Veterinária; III - Cursos de Aperfeiçoamento e Especialização; IV -

TP

127PT Fernando Costa ocupou o cargo de Ministro da Agricultura no período de 13.11.1937 a 03.06.1941.

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114

Cursos de Extensão; V - Serviço Escolar; e VI - Serviço de Desporto (Decreto-Lei nº.

6.155/43, art. 4º).

4.2. A cidade universitária do quilômetro 47: a permanência da universidade e o novo modelo de territorialização da universidade brasileira

Localizadas às margens da antiga estrada que ligava o Rio de Janeiro a São

Paulo (atual BR 465), em Seropédica, então 2º Distrito do município de Itaguaí, no

estado do Rio de Janeiro, foram inauguradas, em 4 de julho de 1947, as novas

instalações do Centro Nacional de Ensino e Pesquisas Agronômicas (CNEPA), hoje

campus da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro. A localização dos acessos

principais, à altura do quilômetro 47 da estrada Rio - São Paulo, deu origem à

denominação por muitos anos utilizada e até hoje empregada, para a universidade e

para o seu hoje Campus, como a “Universidade do km 47”.

Em 1938, o Ministro da Agricultura, Fernando Costa, com a aprovação do

então Presidente da República Getúlio Vargas TPF

128FPT, deu início à construção do

complexo destinado a abrigar o recém-criado CNEPA. Na obra, uma das de maior

vulto e expressão do Estado Novo, foram investidos, somente até 1948, 110 milhões

de cruzeiros. O terreno, que englobava as glebas pertencentes à Fazenda Nacional

de Santa Cruz, antiga Fazenda do Imperador, estava ocupado por “(...) latifúndios,

em sua maioria comissos, grilos enormes e incontáveis, terras não loteadas e não

trabalhadas, sobrevivência de costumes semifeudais, trabalho agrícola rudimentar,

parca produção pouco lucrativa, etc.” (SANT’ANNA, 1949, p. 24). Para a

concretização do projeto, sob fortes polêmicas jurídicas, inicialmente, “foram

desapropriados 1.024 alqueires (...) compreendendo as fazendas (...) ocupadas por

Cassiano Caxias dos Santos TPF

129FPT e Benedito Gonçalves Serra (...)” (SANT’ANNA,

1949, p. 7).

A área caracterizava-se por topografia típica de baixada, como parte de uma

extensa planície que se prolongava até o mar. O clima era quente e semiúmido, e o

TP

128PT A Exposição de Motivos nº. 454 foi encaminhada ao Presidente da República em 10 de agosto de 1938.

(RUMBERLAPAGER, 2005). TP

129PT Cassiano Caxias dos Santos estará intimamente relacionado com a história de Seropédica, conforme será visto no próximo

capítulo.

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115

solo dividia-se entre areais e pântanos, com inúmeros focos do mosquito

transmissor da malária.

Com certeza a figura do então Ministro da Agricultura, Fernando Costa, foi decisiva. Assumindo o projeto de construção do Centro Nacional de Ensino e Pesquisas Agronômicas como um projeto pessoal, ele se contrapôs aos interesses dos que não queriam deixar a Praia Vermelha e ir para aquele areal, tórrido, de solo imprestável e cheio de mosquitos. Acabando com a farsa das comissões de professores designadas para escolherem o local para onde iriam as Escolas instaladas na Praia Vermelha e que nunca chegavam a lugar nenhum, Fernando Costa, por influência de um dos médicos que trabalhava na Comissão de saneamento da baixada Fluminense, decidiu realizar ali, no Km 47, a obra pela qual muitos reforçariam as críticas de faraônico a ele dirigidas. Percorrendo a cavalo, semanalmente, as obras; e afirmando que os mosquitos não derrotariam o homem, que o clima seria melhorado com o plantio de árvores e que o solo serviria como um teste para comprovar a aplicabilidade das ciências agronômicas, o Ministro acabou vitorioso no seu propósito-missão (OLIVEIRA et al.,1996, p. 63).

Entretanto, ainda segundo Oliveira, não é possível atribuir apenas ao

Ministro Fernando Costa a construção das instalações do CNEPA no Km 47. A

localização e construção estariam vinculadas às “propostas do governo Vargas,

durante o Estado Novo, para a questão agrária e, especialmente, para a educação

no meio rural” (OLIVEIRA et al., 1996, p. 63). Como observa Irun Sant’Anna (1949), a

construção do CNEPA poderia ser fundamental no rompimento das já apontadas

relações semifeudais que subsistiam naquele meio, e, ainda, destaca o autor que

Se o Ministério da Agricultura (M.A.) distribuir as terras adjacentes ao C.N.E.P.A. às famílias de pequenos agricultores, fornecendo auxílio financeiro e técnico aí, então, aquêle grande centro de pesquisa e estudos juntará ao seu já útil papel êste outro, notável, que será o de impulsionamento da reforma agrária no Brasil (SANT’ANNA, 1949, p. 10).

O projeto para a construção daquela que seria “a primeira cidade

universitária fora da concentração urbana das grandes cidades” TPF

130FPT era grandioso e

ambicioso. Além dos edifícios para abrigar as atividades do CNEPA e,

consequentemente da Universidade Rural, constavam

a previsão de construção de um ramal ferroviário que ligaria a estação de Japerí ao CNEPA, a instalação de linhas telefônicas, que facilitariam a comunicação rápida com o meio urbano e a construção de um serviço de assistência médica, composto de ambulatório e enfermaria, a cargo do então médico do Instituto de Experimentação Agrícola, Dr. Noel Nutels, contribuindo para a melhor erradicação da malária naquelas terras (RUMBERLAPAGER, 2005, p. 96).

TP

130PT O Observador Econômico e Financeiro de agosto de 1947 apud RUMBERLAPAGER, 2005, p. 95.

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116

As obras tiveram início em outubro de 1938. A primeira comissão TPF

131F PT

responsável pelo planejamento e construção do complexo era integrada pelo

professor Heitor Vinícius da Silveira Grillo, então diretor da Escola Nacional de

Agronomia, e pelos funcionários do Ministério da Agricultura, o arquiteto Ângelo

MurgelTPF

132FPT e o oficial administrativo Roberto Borges. Auxiliavam, ainda, esta

comissão os engenheiros Francisco Fernandes Leite, Ernesto Luiz Greves e

Henrique Vaz Corrêa, respectivamente com os serviços de topografia, fiscalização

das construções e projetos de concreto armado.

A comissão desenvolveu um extenso programa para acolher os blocos

institucionais de ensino, de pesquisa e as instalações de apoio. Logo no início dos

trabalhos, foi desmembrada em três subcomissões, sendo a primeira de planos e

coordenação, a segunda, de arquitetura, e a terceira, a da superintendência,

fiscalização e orçamento. O arquiteto Ângelo Murgel assumiu a direção da segunda

subcomissão, de arquitetura, responsável pela “(...) elaboração dos planos, projetos

e detalhes necessários ao normal andamento das construções, sob a orientação de

programas fornecidos pela primeira comissão, e das solicitações ditadas pela

necessidade da terceira comissão” (SOARES, 1953).

Segundo o Ministro Fernando Costa (1940 TPF

133FPT apud LIMA, 2003, p. 40), o

plano, “(...) organizado segundo exigências da técnica moderna, compreendia

numerosos edifícios dispostos em zonas distintas, ligadas por um grande parque

paisagístico”. O programa a ser implantado era bastante extenso, pois incluía não só TP

131PT Outras comissões se sucederam durante o período de construção do Centro. Em 1941, através do Decreto-Lei nº. 3.480, é

nomeada nova comissão, da qual fazem parte o professor Heitor Grillo, como Diretor Geral do CNEPA e presidente da comissão; o professor Waldemar Raythe de Queiroz e Silva, Diretor da Escola Nacional de Agronomia; o professor Guilherme Hermsdorff, Diretor da Escola Nacional de Veterinária; o arquiteto Ângelo Murgel, representante da Divisão de Obras do Ministério da Agricultura e o arquiteto Eduardo da Veiga Soares, como Superintendente de Obras. Esta comissão contou, ainda, com a colaboração do engenheiro civil Jonas Wainstock, dos arquitetos Otto Leonardo Kuhn e Eugênio Proença Signaud, dos engenheiros agrônomos Cândido José de Godoy Bezerra, José Carlos Duarte, Balthazar Aroeira Neves e Bernardino Bruno, além de desenhistas e auxiliares técnicos e administrativos. Em 1944, após a reorganização do CNEPA e a criação da Universidade Rural e do Serviço Nacional de Pesquisas Agronômicas - SNPA, a constituição da comissão é alterada, nela permanecendo o professor Heitor Grillo, como Diretor Geral do CNEPA e presidente da comissão; o professor Waldemar Raythe, agora como Reitor da Universidade, do engenheiro agrônomo Álvaro Barcelos Fagundes, Diretor do SNPA, e de um representante da Divisão de Obras. Finalmente, em 1946, a comissão passa a ser presidida pelo professor Wlademar Raythe, nomeado Diretor Geral do CNEPA, tendo como membro o professor Arthur Eugênio Magarinos Torres Filho, então Reitor da Universidade Rural (RUMBERLAPAGER, 2005). TP

132PT Ângelo Alberto Murgel nasceu em Cataguazes, Minas Gerais, em 1907. Arquiteto diplomado pela Escola Nacional de Belas

Artes (ENBA), em dezembro de 1931, no mesmo ano transferiu-se para a cidade de Belo Horizonte, onde iniciou sua vida profissional. Ali desenvolveu inúmeros projetos para a capital e outras cidades mineiras, bem como participou do grupo de arquitetos que fundou a Escola de Arquitetura da Universidade de Minas Gerais. Em 1937, Murgel voltou a fixar residência no Rio de Janeiro, como funcionário do Ministério da Agricultura, onde passou a desenvolver diversos projetos de grande impacto urbanístico, atuando, também, como professor da Faculdade Nacional de Arquitetura, antiga ENBA, da atual Universidade Federal do Rio de Janeiro. A formação profissional de Murgel foi fortemente influenciada pelas reformas do ensino da arquitetura, promovidas por Lúcio Costa, em 1930, no curto período em que esteve à frente da direção da ENBA, em direção aos preceitos da nova arquitetura modernista. TP

133PT COSTA, F. O Ministério da Agricultura no primeiro decênio governamental do Presidente Vargas: conferência. Rio de

Janeiro: DIP, 1940.

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117

os blocos de ensino (sala de aula e laboratórios) para a Universidade Rural, como as

instalações de pesquisa do Serviço Nacional de Pesquisas Agronômicas (SNPA) e

instalações de apoio, entre elas alojamentos para os alunos, setor residencial para

os professores, pesquisadores e funcionários, e equipamentos, como serviço

médico, escola, clube esportivo e praças.

Conforme destaca Sant’Anna (1949, p. 8), ficou estabelecido “(...) que,

tomado por eixo a estrada Rio-São Paulo, do Km 43 ao Km 49, a área do lado

esquerdo pertenceria aos estabelecimentos destinados ao ensino, e a do lado

direito, às pesquisas”. O autor, ainda, anexou ao seu relatório de inspeção a relação

das dependências que integrariam o CNEPA, conforme estabelecido pela sua

Diretoria Geral, com uma descrição sucinta do andamento das construções e sua

avaliação sobre o funcionamento de cada uma delas, no segundo semestre de 1945

(Anexo B).

O partido adotado definiu um imenso parque com blocos, que reuniam

atividades afins, dispersos pela área, conforme apresenta a figura 30. Vários setores

compreendiam verdadeiros complexos, distribuídos por seções, que, na descrição

de Fernando Costa (1940 apud LIMA, 2003, p. 42), deixa, assim, revelar sua

magnitude:

(...) de Avicultura, cujos edifícios formam uma cidade avícola, onde o ensino e a experimentação concorrerão para formar os técnicos e também para resolver os problemas avícolas de interesse econômico e científico; a Sericicultura, representada por 4 grandes edifícios, onde o bicho da seda e a sua indústria merecerão cuidados especiais, visando à difusão dessa riqueza no país; as máquinas agrícolas e oficinas, onde serão estudados os importantes problemas da mecanização da lavoura, e as máquinas mais apropriadas aos nossos solos, além de preparar os técnicos nessa especialidade; a Zootecnia, estará representada por vários edifícios e abrange extensa área, permitindo o eficiente ensino da arte de criar economicamente os animais domésticos e, finalmente, os edifícios escolares, em número de três, com os seus numerosos laboratórios e gabinetes, onde os estudantes adquirirão os meios científicos e técnicos da moderna ciência agronômica.

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118

Figura 30 - Planta de situação das dependências do CNEPA em Seropédica Fonte: Centro de Memória da UFRRJ

A proposta urbanística para o conjunto, definida por Murgel, estabeleceu

uma inserção monumental para os principais blocos, que abrigariam a administração

e as escolas.

Estes blocos foram compostos numa linguagem neocolonial de proporções colossais, tendo em vista a escala monumental e alturas desmedidas para seus componentes. No agenciamento geral do conjunto, atravessado pela rodovia, os blocos institucionais foram dispersos de maneira simétrica definindo uma implantação geométrica (...). Já as instalações de apoio e o setor residencial, foram dispostos segundo um desenho adaptado à topografia com intensa arborização, interrompendo esta simetria (LIMA, 2008, f. 14).

Os setores residenciais TPF

134FPT foram tratados de modo diferenciado, com algumas

residências espalhadas pelas áreas institucionais, ligadas diretamente aos

complexos de pesquisa e de apoio e outro, o bairro residencial, dividido em dois

conjuntos de moradias para docentes e pesquisadores, e outro conjunto para

TP

134PT Para se ter uma idéia da magnitude dos setores residenciais, a UFRRJ, hoje, - considerando que algumas poucas casas

foram transformadas em instalações administrativas ou de ensino - tem cadastrada, oficialmente, um total de 483 Próprios Nacionais Residenciais, que totalizam aproximadamente 47.576 m P

2P (Fonte: Relatório Anual de Atividades – UFRRJ, 2004).

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funcionários, reproduzindo uma hierarquia funcional, não só na localização TPF

135FPT como

no próprio projeto (dimensões e acabamentos). Parte do conjunto de moradias para

docentes e pesquisadores foi disposto segundo um traçado adaptado à topografia

com intensa arborização pelas ruas e quintais. O traçado dos conjuntos

denominados Elipse Alta e Elipse Baixa, esboçam, segundo Lima (2003), uma

referência de Murgel ao ideário da cidade-jardim TPF

136FPT.

Também foram construídas residências destinadas ao Diretor Geral do

CNEPA e ao Reitor da Universidade TPF

137FPT, estas localizadas próximo ao prédio

principal, isoladas e aproveitando a topografia, para dar-lhes destaque.

O programa destas residências era extenso, incluindo quarto de hóspedes, abrigos de veículos e folgados acessos avarandados, além dos cômodos separados por áreas íntimas, estar e serviços. O partido arquitetônico definido em dois pavimentos era composto por bloco único com planos diferenciados e telhados deslocados (LIMA, 2003, p. 50-51).

Os alojamentos estudantis foram dispostos em seis blocos, paralelos três a

três, com um corredor central e apartamentos individuais (um bloco) e coletivos

(demais blocos), para os estudantes do sexo masculino e, interligado por uma

passarela coberta e elevada, um bloco para estudantes do sexo feminino. Entre os

alojamentos masculino e feminino estava o refeitório TPF

138FPT destinados aos estudantes.

Inicialmente, foram projetados três pavilhões, localizados em torno da grande

rótula que complementava o eixo monumental de acesso. O primeiro, o pavilhão

1TPF

139FPT, foi projetado para abrigar os grandes espaços de uso comum, como a

biblioteca, o cine-teatro Gustavo Dutra, o grande Salão Nobre TPF

140FPT, os gabinetes

destinados ao Diretor do CNEPA e ao Reitor e às atividades administrativas centrais.

Nele, também, se localizavam as principais atividades de ensino do Curso de

TP

135PT As maiores residências eram destinadas aos professores catedráticos e ficavam localizadas próximo ao acesso pela estrada

Rio-São Paulo. TP

136PT O inglês Ebenezer Howard foi o criador do conceito de cidades-jardins (garden city). Suas ideias foram publicadas

inicialmente, em 1898, no levro Tomorrow: A Peaceful Path to Social Reforme, obra reeditada, em 1902, com o título Garden Cities of Tomorrow. O modelo proposto por Howard, em oposição ao impacto negativo da Revolução Industrial na estrutura urbana, foi largamente adotado na Europa e América, principalmente na expansão periférica das cidades sob a forma dos chamados “bairros-jardim”. TP

137PT Atualmente a residência do Diretor Geral do CNEPA é destinada ao Reitor da UFRRJ, e a outra, ao Vice-Reitor.

TP

138PT Neste refeitório, hoje sala de estudo, foram instalados em 1943 três painéis em azulejos da artista plástica portuguesa Maria

Helena Vieira da Silva. Encomendada pelo professor Heitor Grillo, a obra se constitui no maior acervo artístico da UFRRJ na atualidade. TP

139PT O Pavilhão 1, que atualmente abriga, quase que exclusivamente, Auditórios, a Reitoria, os Decanatos e seus departamentos

administrativos, é até os dias de hoje chamado de P1. Por sua localização e dependências, também, é denominado de Prédio Central. TP

140PT As décadas de 1950 e 1960 são até hoje lembradas pelos grandes bailes a rigor que tiveram lugar no Salão Nobre do

“Quilômetro 47”.

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120

Agronomia. O pavilhão 2 era destinado às disciplinas relacionadas com a

QuímicaTPF

141FPT, e o pavilhão 3 com as disciplinas relacionadas à Biologia.

O estilo adotado para os três pavilhões é o neocolonial, predominante em

todo o complexo, com planta de disposição quadrada e pátio central, circundado por

largas galerias em arcada, que funcionam como circulação. A volumetria é

imponente, a cobertura em telhado aparente, coroada por pináculos e frontões com

volutas, e os acessos, definidos de forma monumental. Os acabamentos em

mármore nobre e pedras de cantaria dão a dimensão da grandiosidade pretendida.

Cabe ressaltar que a Arquitetura Neocolonial havia surgido, poucos anos

antes, no conjunto de um movimento artístico-cultural visando ao renascimento, e à

respectiva estilização das características arquitetônicas do tempo da Colônia, como

uma reação, de caráter nacionalista, ao ecletismo arquitetônico - associado à falta

de identidade cultural – que, então, dominava a paisagem das grandes cidades,

como um dos “sinais de pertença à cultura civilizada” (KESSEL, 2002). Como estilo

genuinamente nacional, o Neocolonial, como expressão autêntica e moderna para a

verdadeira arquitetura brasileira, esteve intimamente ligado às construções de

caráter público do período do Estado Novo.

Os jardins e os pátios centrais foram especialmente projetados pela empresa

Dierberger e C. P

iaP, do renomado paisagista Reynaldo Dierberger TPF

142FPT. São visivelmente

influenciados pela moderna jardinagem alemã, com o predomínio de composições

simétricas e disposições formais. Os pátios centrais são compostos com espelhos

d’água, belamente rodeados por maciços de plantas ornamentais de floração. No

conjunto paisagístico, destacam-se dois grandes lagos artificiais ao meio de

extensos gramados (Figuras 31 e 32).

TP

141PT Conhecido até os dias de hoje com PQ (Pavilhão de Química), embora ali funcione, também, um departamento ligado à

Biologia. TP

142PT Dierberger faz parte do conceituado grupo de paisagistas, que, juntamente com Germano Zimber e Paul Villon, serviram as

elites da Velha República. Entre seus principais projetos, encontram-se Jardins de residências, como a do Conde Crespi, Henrique Villares, parques, como Araxá, Poços de Caldas, Jardim do Ipiranga, Palácio da Guanabara, Praça de Tiradentes, em Belo Horizonte, entre muitos outros.

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121

Figura 31 - Planta representativa do paisagismo proposto por Reynaldo Dierberger Fonte: Centro de Memória UFRRJ

Figura 32 - Aquarela da época representando um dos prédios e seus jardins Fonte: Centro de Memória UFRRJ

No ano de 1947, quase dez anos após o início da construção de suas novas

instalações, é inaugurado o primeiro conjunto de prédios que vão integrar o futuro

campus da Universidade Rural. Sob a administração do Diretor Geral do CNEPA,

professor Waldemar Raythe e do Reitor da Universidade, professor Arthur Eugênio

Magarinos Torres Filho, e na presença do Presidente da República, Eurico Gaspar

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122

DutraTPF

143FPT, são entregues os primeiros dez, dos dezessete edifícios e instalações

planejados, para abrigar as Escolas de Agronomia e Veterinária e os Cursos de

Aperfeiçoamento e Especialização, que para lá se transferem no ano de 1948.

O momento representou um importante marco para o desenvolvimento do

ensino e das pesquisas agronômicas e, finalmente, fixa espacialmente a hoje

Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, na Baixada Fluminense, mais

exatamente no então distrito de Seropédica, onde se consolida sua permanência.

4.3. A universidade em seu novo espaço: de Universidade Rural à Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro

Durante os anos que se sucederam, a Universidade Rural manteve-se

vinculada ao Ministério da Agricultura, à diferença das demais universidades

brasileiras, que passaram a pertencer ao Ministério da Educação e Saúde, o que se

traduzia em um enorme diferencial, por ser considerada, à época, a instituição mais

importante daquele ministério. No novo espaço, com melhores condições para o

ensino e a pesquisa, a Universidade Rural se fortalece. Com maiores oportunidades

de convivência entre professores e alunos, o anseio por uma desvinculação do

CNEPA ficava a cada dia mais evidenciado, como destaca Otranto (2003), ao citar

documento enviado pelo Diretório Acadêmico do Curso de Medicina Veterinária ao

Ministro da Agricultura, conforme trecho transcrito a seguir:

Por esse motivo, como medida inicial, solicitamos a V. Excia. a autonomia para a Universidade Rural. Já não é possível que persista como parte do C.N.E.P.A., o que só lhe tem trazido entraves e dificuldades às iniciativas universitárias, colocando-nos em situação de inferioridade em relação a todas as outras universidades do Brasil e do estrangeiro. Só a autonomia viria atender rapidamente às necessidades dos docentes e discentes, únicos capazes de sentir o que seja o espírito universitário, e conseqüentemente com habilitações para fazerem progredir essa obra (ESAMVTPF

144FPT apud OTRANTO, 2003, p. 46).

A desvinculação do CNEPA foi obtida em agosto de 1960, através do Decreto

nº. 48.644, que manteve a Universidade subordinada diretamente ao “Ministro de

Estados dos Negócios da Agricultura” e reformulou a organização do CNEPA, TP

143PT Presentes, também, os Ministros da Agricultura, Daniel de Carvalho, e da Educação, Clemente Mariani, o Governador do

Estado do Rio de Janeiro, coronel Edmundo de Macedo Soares, e o Encarregado de Negócios dos Estados Unidos, Clarence Brooks, representando o embaixador William Douglas Pawley, convidado especial, além de parlamentares e jornalistas. TP

144PT ESAMV. Veterinária. Ano IV, n. 2, jun./1950, p. 88.

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123

vinculando alguns de seus órgãos à Universidade Rural, que recebeu, também, a

nova denominação de Universidade Rural do Rio de Janeiro.

Após a incorporação dos novos órgãos, a Universidade Rural do Rio de

Janeiro ficou assim constituída:

I - Escola Nacional de Agronomia; II - Escola Nacional de Veterinária; III - Cursos de Aperfeiçoamento, Especialização e Extensão; IV – Escola Agrotécnica Ildefonso Simões Lopes; V – Instituto de Ecologia e Experimentação Agrícolas; VI – Instituto de Zootecnia; VII – Instituto de Biologia Animal; VIII – Posto Experimental de Biologia e Piscicultura; IX – Posto Meteorológico do quilômetro 47; X – Horto Florestal de Santa Cruz; XI - Serviço Escolar; XII - Serviço de Desporto; XIII – Serviço Médico; XIV – Superintendência de Edifícios e Parques; XV – Turma da Administração; e XVI - Biblioteca (Decreto nº. 48.644, de 01/08/1960, Art. 2º).

O Decreto, ainda, ampliou a autonomia didático-científica e administrativa,

introduzindo alterações estruturais e funcionais, alterando a composição do

Conselho Universitário e determinando a elaboração de um anteprojeto para o

Estatuto da URRJ.

Segundo Otranto (2003), com a homologação da Lei de Diretrizes e Bases

(LDB) TPF

145FPT, em 1961, tornou-se impositivo para as universidades brasileiras a

reformulação de seus estatutos, ficando a Universidade Rural do Rio de Janeiro,

mesmo ainda subordinada ao Ministério da Agricultura, obrigada a cumprir tal

dispositivo. Assim, uma comissão formada por membros do Conselho Universitário

foi nomeada com tal propósito.

Entre as discussões havidas, uma dizia respeito ao nome da Universidade,

com propostas não só de manutenção do nome atual, Universidade Rural do Rio de

Janeiro, como alterações para Universidade Rural de Itaguaí e Universidade Rural

do Brasil. Este último nome, proposta já defendida por muitos, ao longo dos últimos

anos, por considerarem que a instituição era, na verdade, referência nacional para o

ensino agrícola do país, acabou por ser o aprovado e incorporado à minuta do novo

estatuto.

A minuta também incorporou uma nova organização administrativa, que

incluía a departamentalização. A proposta aprovada pelo Conselho Universitário

previa, no seu artigo 5º, que a Universidade Rural do Brasil seria “‘constituída,

TP

145PT Lei nº. 4.024, de 20 de dezembro de 1961.

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124

inicialmente, pelos seguintes grupamentos de unidades: I Departamentos; II

Faculdades de Formação Profissional; III Escolas de Pós-Graduação; IV Colégios de

Ensino Médio; V Serviço de Extensão; VI Órgãos Administrativos e Auxiliares’”

(CONSU, Ata da Reunião de 8/6/1962 apud OTRANTO, 2003, p. 54).

Foram ainda listados os departamentos (17 no total) e as Escolas que

passariam a ser em número de 5. Às escolas já tradicionais, que permaneceram

como escolas nacionais, se somaram mais três, ficando a proposta assim

enunciada: “‘Escola Nacional de Agronomia; Escola Nacional de Veterinária; Escola

de Educação Familiar; Escola de Educação Técnica; e Escola de Engenharia

Florestal’” (CONSU, Ata da Reunião de 8/6/1962 apud OTRANTO, 2003, p. 54).

Constava, ainda, da nova proposta, como fazendo parte da Universidade, o

Colégio Técnico Agrícola, constituído pela Escola Agrotécnica Idelfonso Simões

Lopes e pelo Colégio Universitário TPF

146FPT. Entre outras propostas da minuta de Estatuto,

estavam, também, a transferência da Universidade para o Ministério da Educação e

Cultura (MEC) TPF

147FPT, a gratuidade do ensino e da permanência dos alunos na

universidade TPF

148FPT e, para os docentes admitidos a partir da aprovação do novo

estatuto, a obrigatoriedade de residir na “Cidade Universitária” TP

F

149FPT. Esta última

proposta não foi incorporada ao estatuto.

O Conselho Universitário aprovou o novo Estatuto em 25 de junho de 1962,

que foi submetido ao Conselho Federal de Educação, conforme previsto na LDB de

1961, e aprovado através do Decreto do Conselho de Ministros nº. 1.984, de 10 de

janeiro de 1963. Entretanto, uma lei anterior, a Lei Delegada nº. 9, de 11 de outubro

de 1962, que reorganizava o Ministério da Agricultura e extinguia o CNEPATPF

150FPT, havia

mantido a Universidade vinculada ao Ministério da Agricultura e alterado a sua

denominação para Universidade Rural do Brasil. Assim, a vinculação da

Universidade e a alteração de seu nome não constaram do Estatuto, na medida em

TP

146PT O Colégio Universitário tinha por finalidade ministrar a 3 ª série colegial, com currículos adaptados aos cursos de nível

superior ministrados na Universidade, e sua existência era anterior à transferência da Universidade para o distrito de Seropédica. TP

147PT O Ministério da Educação e Saúde foi desdobrado em duas pastas, o Ministério da Educação e Cultura (MEC) e o Ministério

da Saúde, em 25 de julho de 1953 (Lei n.º 1.920, de 25 de julho de 1953). TP

148PT “‘A URB proporcionará, gratuitamente, aos alunos: alojamento, ensino, assistência médico-odontológica e refeições a preços

reduzidos’” (CONSU. Ata de 15/6/1962 apud OTRANTO, 2003, p. 57). TP

149PT “‘Todos os docentes admitidos na vigência deste estatuto assinarão termo de compromisso de residir na Cidade

Universitária, enquanto estiverem em exercício, sendo demitidos, se quebrarem o compromisso assumido’” (Ibid). TP

150PT Com a extinção do CNEPA os órgãos de pesquisa existentes no km 47, que não ficaram subordinados à Universidade,

passaram a fazer parte do Instituto de Pesquisas e Experimentação Agropecuárias do Centro-Sul (IPEACS), com sede no km 47, à margem direita da BR, criado na mesma Lei Delegada.

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125

que a primeira proposta estava prejudicada por uma lei maior, e a segunda já havia

sido atendida por essa mesma lei.

Otranto (2003, p. 57) analisa que o Estatuto aprovado pelo Conselho

Universitário “possuía alguns pontos considerados avançados na época, até para as

universidades vinculadas ao MEC, quanto mais para uma Instituição que sempre

esteve atrelada ao Ministério da Agricultura, distante, portanto, dos debates

educacionais mais amplos”. Em fevereiro de 1963, entraram em funcionamento as

escolas de Educação Familiar e de Educação TécnicaTPF

151FPT.

A crise política instalada logo nos primeiros anos do período militar trouxe

grandes consequências para a Universidade Rural do Brasil. Eram anos em que a

Universidade se via diante de determinações emanadas dos dois ministérios, da

Agricultura, ao qual era formalmente vinculada, e do de Educação e Cultura, que

regulava a grande maioria das universidades brasileiras, e, ao mesmo tempo,

procurava, gradativamente, adaptar-se ao seu novo Estatuto. A Universidade

possuía, também, características peculiares, devido ao número de alunos residentes

nos alojamentos e à distância da cidade do Rio de Janeiro. Assim, a Universidade

sofreu séria repressão política, tendo seu reitor, Ydérzio Vianna, e alguns outros

professores “cassados”, os diretórios estudantis fechados, e um total controle interno

da Instituição.

Ao final do ano de 1966, a Universidade contava com um total de 6 (seis)

escolas. Além das cinco já enunciadas, foi criada a Escola de Química TPF

152FPT, visando a

acomodar 100 alunos excedentesTPF

153FPT do vestibular da Escola Nacional de Química da

UFRJ. Ainda, em 1966, a Escola de Educação Familiar teve seu nome alterado para

Escola de Economia Doméstica. A Universidade Rural do Brasil buscava, então,

superar seus problemas, através de várias medidas discutidas amplamente no

Conselho Universitário, entre elas a contratação de docentes em tempo integral,

com o objetivo de fortalecer a pesquisa e a pós-graduação. A pós-graduação havia

iniciado suas atividades em 1965, com o oferecimento de três cursos em nível de

TP

151PT A Escola de Engenharia Florestal só foi oferecer seu curso de graduação em 1967.

TP

152PT Origem do atual Curso de Engenharia Química da UFRRJ.

TP

153PT O Vestibular, então apenas eliminatório, gerava um grande número de alunos aprovados que não dispunham de vagas e

que eram considerados “alunos excedentes”. A história dos excedentes do vestibular realizado em janeiro de 1966 para a Escola Nacional de Química da UFRJ, que levou a criação do curso de Engenharia Química na Universidade Rural do Brasil, está descrita em: BARBOSA, Antonio de Pádua Gomes et al. Sua excelência o excedente: a história da criação de uma faculdade brasileira. Rio de Janeiro: Ed. da UFRRJ, 2009.

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126

mestrado, nas áreas de Parasitologia Veterinária, Ciência do Solo e Química

Orgânica.

Finalmente, em março de 1967, sob a presidência do General Arthur da Costa

e Silva, iniciam-se as gestões para a transferência das universidades de base

agrária, que, ainda, permaneciam vinculadas ao Ministério da Agricultura, para o

Ministério da Educação e Cultura. Assim, o Decreto nº. 60.731, de 19 de maio de

1967, estabelece, no seu artigo 1º, que “[o]s órgãos de ensino vinculados ou

subordinados ao Ministério da Agricultura ficam transferidos para o Ministério da

Educação e Cultura (...)” e, ainda, no seu artigo 2º, que: “As Universidades Rurais do

Sul, do Brasil e de Pernambuco passam a denominar-se, respectivamente,

Universidade Federal Rural do Rio Grande do Sul (UFRRS) Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ) e Universidade Federal Rural de Pernambuco

(UFRPe)” (Decreto nº. 60.731/1967, grifo nosso). A nova denominação para a

Universidade gerou, uma vez mais, ampla discussão no seio da Instituição, que, na

maioria, desejava manter-se como Universidade Rural do Brasil TPF

154FPT, permanecendo,

entretanto, a nova e atual designação de Universidade Federal Rural do Rio de

Janeiro (UFRRJ).

Em 1968, as Escolas Nacional de Agronomia e Nacional de Veterinária são

transformadas em curso de graduação, assim como as demais escolas que dão

origem aos cursos de graduação em Engenharia Química, Engenharia Florestal,

Licenciatura em Ciências Agrícolas (decorrente da Escola de Educação Técnica) e

Licenciatura em Educação Familiar. Também, é aprovada pelo Conselho

Universitário (Ata de 13/08/1968) a criação de dois novos cursos de Licenciatura: o

Curso de Química e o de História Natural. Segundo Otranto (2003, p. 71 e 72),

com o aumento do número de cursos, a Universidade viu-se diante de um novo desafio: desvincular o número de vagas para o ingresso na Instituição do número de vagas nos alojamentos. Como o regime era de internato e horário integral, os alunos residiam nos alojamentos. As restrições financeiras impediam a construção de novos quartos; logo, a saída encontrada pelo Conselho Universitário foi a oferta de vagas no regime de externato. (...) [Assim] foi aprovado o regime misto de internato e externato – 70% internos e 30% externos.

TP

154PT Denominações como Universidade Federal da Baixada Fluminense e Universidade Federal de Itaguaí foram propostas

pelos conselheiros (Ata do CONSU de 23/08/1967 apud OTRANTO, 2003).

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Otranto cita, também, as palavras do Reitor Hélio Saul Ramos Barreto, na

reunião do CONSU de 16/08/1968: “‘se concedermos vagas em externato,

abriremos uma frente extraordinária para o desenvolvimento de nossa

Universidade’” (2003, p. 71).

Ainda, no ano de 1968, a UFRRJ incorporou aos critérios de seleção de

candidatos aos cursos de Agronomia e Veterinária a denominada “Lei do Boi” (Lei

nº. 5.465/68). Essa lei, que teve vigência até o Governo TdoT presidente José Sarney,

instituía reserva anual de vagas, preferencialmente de 50% para candidatos

agricultores ou filhos destes, proprietários ou não de terras, que residissem com

suas famílias na zona rural, e de 30% para agricultores ou filhos destes,

proprietários ou não de terras, que residissem em cidades ou vilas que não

possuíssem estabelecimentos de ensino médioTPF

155FPT.

Em 1969, o Conselho Universitário cria novas regras para o vestibular,

buscando evitar os chamados “alunos excedentes”. Assim, o vestibular, que era

apenas eliminatório, passa a ser eliminatório e classificatório. Também em 1969, foi

extinto o Colégio Universitário e foi aprovada a criação de seis novos cursos de

graduação, a saber: Geologia, Zootecnia, Economia, Engenharia Civil, Engenharia

Operacional e Medicina. Considerando os sérios cortes orçamentários havidos para

o ano seguinte, o Conselho Universitário decidiu por implementar apenas os três

primeiros, devendo os demais aguardar pela garantia dos recursos necessários TPF

156FPT

(OTRANTO, 2003).

Os anos de 1970 a 1980 foram marcados por importantes mudanças nas

estruturas administrativa e financeira da UFRRJ. Em 1968, o Congresso Nacional

havia aprovado alterações ao Estatuto do Magistério Superior, através da Lei nº

5.539, de 27 de novembro de 1968, e a Reforma Universitária, pela Lei n° 5.540, de

28 de novembro de 1968, fixando normas de organização e funcionamento do

ensino superior e obrigando a universidade a, uma vez mais, alterar seu Estatuto. A

reorganização da Instituição de acordo com o novo Estatuto começou a ser

implantada a partir do ano de 1970, quando, oficialmente, as Escolas são TP

155PT A “Lei do Boi” é considerada por alguns especialistas em educação como uma das primeiras experiências do que hoje é

chamada de “ação afirmativa”, ou seja, que reconhece o direito à diferença de tratamento legal para diversos grupos considerados sociopoliticamente vulneráveis. Entretanto, vários analistas consideram que a “Lei do Boi” acabou por favorecer os membros da elite rural, na medida em que não estabelecia o tamanho máximo da propriedade rural, fazendo com que os beneficiários fossem os filhos de grandes proprietários rurais. TP

156PT Os três últimos cursos citados nunca foram implementados.

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128

substituídas por Institutos TPF

157FPT. Foram, também, criados oficialmente os

departamentos, indivisíveis em sua organização e com base em um conjunto de

disciplinas afins. Entretanto, não bastava, para atender às novas normas federais, a

reorganização estrutural. Era necessário incorporar novos cursos, para que a

UFRRJ pudesse manter-se como uma universidade autônoma. Assim, em 1970,

têm inicio os cursos de Geologia, Zootecnia e Economia (já aprovados em 1969) e,

ainda, os cursos de Administração de Empresas e Ciências Contábeis.

A primeira metade da década de 1970, também foram anos de intenso

desafio para a administração superior, que buscava um novo direcionamento para a

UFRRJ. O novo Reitor, empossado em outubro de 1971, dá início a uma série de

projetos com vistas ao desenvolvimento institucional e à modernização

administrativa da Universidade. Os resultados começam a se fazer sentir na curva

ascendente do orçamento, que, depois da transferência da Universidade do

Ministério da Agricultura para o Ministério da Educação e Cultura, havia sofrido

grave redução. Assim, a Universidade passa pela primeira grande expansão da sua

infraestrutura física, após a inauguração das instalações do “km 47”. Entre as

medidas administrativas adotadas para possibilitar a implantação do novo Estatuto,

em atendimento à Reforma Universitária, e à consequente criação de cursos de

graduação, fundamentais para que a UFRRJ se fortalecesse como universidade, foi

intensificada a expansão do quadro docente TPF

158FPT e adotado o regime de tempo integral

para o quadro técnico-administrativo. Nos anos de 1976 e 1977, tiveram início os

cursos de Licenciatura em Educação Física e em Física e a Licenciatura e o

Bacharelado em Matemática.

A década de 1980 foi marcada por uma continuidade das ações institucionais

de rotina. O número de cursos de graduação permanece inalterado, havendo,

apenas, um fortalecimento da pesquisa e da pós-graduação. Na década de 1990

tem início a uma nova época de expansão da UFRRJ. É criado o primeiro curso

noturno – em Administração de Empresas – e o novo curso de graduação em

Engenharia de Alimentos, assim como um novo impulso foi dado à pós-graduação, TP

157PT O Estatuto aprovado em 1974 estabelece um total de nove institutos, sendo três do ciclo básico (Instituto de Biologia – IB;

Instituto de Matemática, Física e Química (hoje Ciências Exatas – ICE); e Instituto de Ciências Sociais (hoje Ciências Humanas e Sociais - ICHS) e seis do ciclo profissionalizante (Instituto de Agronomia – IA; Instituto de Educação – IE; Instituto de Florestas – IF, Instituto de Tecnologia – IT; Instituto de Veterinária – IV; e Instituto de Zootecnia – IZ), conforme previa a Reforma Universitária. TP

158PT Fruto desta política de expansão do quadro docente, a autora foi contratada como Auxiliar de Ensino da UFRRJ em 1º de

março de 1974.

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129

que se consolida com a implantação de quatro novos cursos de mestrado e a

criação de três cursos de doutorado, no âmbito de programas já existentes. Quanto

à pesquisa, no ano de 1991, com a extinção do Instituto do Açúcar e do Álcool (IAA),

é incorporada à UFRRJ a Estação Experimental do Planalsucar, da cidade de

Campos dos Goytacazes – RJ, transformada no Campus Dr. Leonel Miranda da

UFRRJ.

Ao final da década de 1990 e início da década de 2000, a UFRRJ passa por

um segundo ciclo de expansão da sua infraestrutura física. No que se refere ao

ensino, também, um novo impulso é dado à graduação, com a criação dos cursos de

Engenharia de Agrimensura e Engenharia Agrícola, em 1999, e Arquitetura e

Urbanismo e História, em 2000. É, também, incentivada a implantação de turmas

fora da sede, passando a UFRRJ a oferecer o curso de graduação em

Administração na cidade de Paracambi e os cursos de Administração e Economia

nas cidades de Três Rios, Quatis, Volta Redonda e Nova Iguaçu. São, também,

iniciadas gestões junto ao MEC para a implantação de um novo Campus na cidade

de Nova Iguaçu, hoje já consolidado e oferecendo os cursos de graduação em

Administração, Ciências Econômicas, Licenciatura em História, Matemática,

Pedagogia e Turismo.

A partir do ano de 2008, no âmbito do Programa de Apoio a Planos de

Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (Reuni) TPF

159FPT, foram criados

15 novos cursos de graduação, no campus de Seropédica, que, somados aos já

existentes, fazem com que a UFRRJ ofereça, atualmente, um total de 37 cursos de

graduação neste campus TPF

160FPT. Também, foram disponibilizadas outras opções de

turno (principalmente noturno) e oferecidas novas vagas para o vestibular nos

cursos existentes. O conjunto destas ações, segundo dados do Projeto de

Reestruturação e Expansão da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro TPF

161FPT,

aumentará, até o ano de 2012, em 2.985 o número de alunos do campus

Seropédica TPF

162FPT. Por outro lado, o impacto do Reuni, também, se faz sentir sobre a

estrutura física do campus Seropédica. A quantidade de novas edificações em

TP

159PT O Reuni é um programa do governo federal, lançado em 2007, visando a criar condições para que as universidades federais

promovam a expansão física, acadêmica e pedagógica. TP

160PT Também no âmbito do Reuni, foi consolidado o campus de Nova Iguaçu, que hoje oferece 11 cursos de graduação, e o

campus de Três Rios, com 4 cursos de graduação. TP

161PT Disponível em HThttp://www.ufrrj.br/portal/modulo/home/pdf/mpre.pdf TH. Acesso em mai. 2010.

TP

162PT O impacto deste aumento abre perspectivas para trabalhos futuros.

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construção e a falta de um plano diretor físico, ou, minimamente, de um projeto

urbanístico-ambiental, que contemplem uma visão de conjunto de nosso patrimônio

fundiário e edificado, certamente irá trazer consequências à paisagem do campus,

de inigualável beleza física e arquitetônica.

A pós-graduação, também, fortaleceu-se ao longo dos últimos anos, sendo

oferecidos, hoje, no campus Seropédica, 16 cursos de mestrado e 10 de

doutorado TPF

163FPT. A universidade, ainda, mantém um colégio de nível médio – o Colégio

Técnico da Universidade Rural (CTUR) - e um colégio de nível fundamental – o

Centro de Atenção Integral à Criança e ao Adolescente (CAIC) Paulo Dacorso Filho,

em convênio com o estado do Rio de Janeiro e o município de Seropédica.

A comunidade universitária da UFRRJ hoje, no campus de Seropédica, é

formada por um total de 8.989 alunos (em todos os níveis), 1.086 técnico-

administrativos e 784 docentes (de ensino superior e médio), contando, ainda, com

413 funcionários terceirizados TPF

164FPT. O orçamento realizado em 2009 foi de R$

295.828.250,49, dos quais 81,2% foram referentes a despesas com pessoal (ativos,

aposentados e pensionistas) TPF

165FPT.

TP

163PT Dos 16 cursos de mestrados, 2 são oferecidos em conjunto com o Instituto Multidisciplinar, sendo parte das disciplinas

lecionadas no campus de Nova Iguaçu. A UFRRJ possui, também, um programa de Pós-graduação (mestrado e doutorado) que, embora pertença a uma unidade acadêmica localizada no campus Seropédica, funciona na cidade do Rio de Janeiro, e, por consequência, não foi aqui contabilizado. Fonte: DPPG/UFRRJ. TP

164PT Fonte: COPLAN/UFRRJ.

TP

165PT Fonte: COPLAN/UFRRJ. Disponível em http://www.ufrrj.br/rural_em_numeros/pages/07%20-%20recursosfinanceiros.html.

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131

CAPÍTULO 5 - O MUNICÍPIO DE SEROPÉDICA

O município de Seropédica, que fica localizado na Região Metropolitana do

Rio de Janeiro, mais exatamente na Baixada Fluminense TPF

166FPT (Figura 33), foi, até

1994, o segundo distrito do município de Itaguaí. O termo SeropédicaTPF

167FPT remonta ao

século XVIII, quando, na língua portuguesa, foi criado com objetivo de designar o

local “onde se faz”, ou “se trata da seda” (FRÓES, 2004).

Figura 33 - Mapa de localização de Seropédica Fonte: Editado por Luciana Pires do Plano Diretor do Município de Seropédica, RJ

Com uma população 72.466 habitantes TPF

168FPT, Seropédica tem um único distrito-

sede, ocupa uma extensão territorial de 268,2 km P

2P, correspondentes a 5,7% da área

da Região Metropolitana do Rio de Janeiro, e está a uma altitude de 26 m. Seus

TP

166PT A Baixada Fluminense é formada por 14 municípios: HTBelford Roxo TH, HTDuque de Caxias TH, HTGuapimirim TH, HTItaguaí TH, HTJaperi TH, HTMagé TH,

Mangaratiba, Mesquita, HTNilópolisTH, HTNova Iguaçu TH, HTParacam THbi, HTQueimados TH, HTSão João de Meriti TH e Seropédica. TP

167PT O termo TSeropédica foi criado a partir de um neologismo formado por duas palavras: uma de origem latina, criada pelos

romanos "sericeo" ou "serico", que significa "seda", e outra grega, "pais" ou "paidós”, que significa tratar ou consertar. (Fonte: HTThttp://www.seropedicarj.com.br/portal/?pg=conteudo&idmenu=231&i=231 TTH). T

TP

168PT Dados do Censo IBGE – 2007.

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limites geográficos são os seguintes municípios: Rio de Janeiro (a 68 km) P

4P, Nova

Iguaçu (a 42 km), Queimados (a 35 km), Japeri (a 22 km), Paracambi (a 17 km) e

Itaguaí (a 24 km)TPF

169FPT (Figura 34).

Figura 34 - Limites do município de Seropédica Fonte: Editado por Luciana Pires do site HTwww.seropedicarj.com.br/como.php TH

As principais vias de acesso ao município são: a BR-116 (Rodovia Presidente

Dutra, atual Rio - São Paulo) que atravessa o município de leste a oeste; a BR-465

(antigo traçado da Estrada Rio - São Paulo), que, ao norte, alcança a Rodovia

Presidente Dutra, e a leste, depois de cortar o sudoeste do município de Nova

Iguaçu, cruza sobre a Avenida Brasil e chega ao bairro de Campo Grande, Rio de

Janeiro; a RJ-125 (Rodovia Ary Schiavo), que, partindo da Rodovia Presidente

Dutra, acessa os municípios de Japeri, Miguel Pereira e Paty do Alferes, até a BR-

393, na localidade de Ubá, em Vassouras; e a RJ-109 (denominada de Reta de

Piranema), que liga Seropédica ao município a Itaguaí, e, consequentemente, à BR-

101 (Translitorânea ou Auto-Estrada Rio - Santos), permitindo fácil acesso ao

Complexo Industrial de Santa Cruz (bairro da cidade do Rio de Janeiro) e ao Porto

de Itaguaí (antigo porto de Sepetiba), conforme a figura 35. O município é, ainda,

atravessado de norte a sul pelo ramal ferroviário Japeri - Mangaratiba e receberá,

TP

169PT Dados da Secretaria Municipal de Ciência, Tecnologia, Inovação, Indústria e Comércio de Seropédica.

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133

futuramente, uma alça do Arco Rodoviário Metropolitano, que fará a ligação do Porto

de Itaguaí ao Complexo Petroquímico de Itaboraí.

Figura 35 - Rodovias de Acesso Fonte: Editado por Luciana Pires com base no Plano Diretor do Município de Seropédica e nos sites HThttp://www.mapa-brasil.com/Mapa_Rodovias_Federais_Estado_Rio_Janeiro_Brasil.htm TH e http://www.governo.rj.gov.br/municipal.asp?m=88

Seropédica conquistou sua emancipação administrativa após uma década de

muitas lutas, lideradas por uma comissão de emancipação criada por moradores,

para esse fim. Após um segundo plebiscito, no qual obteve resultado favorável,

tornou-se independente do município de Itaguaí através da Lei Estadual nº. 2.446,

de 12 de outubro de 1994.

Com o objetivo de melhor perceber a Seropédica de hoje, o presente capítulo

faz um percurso por sua história, até o momento da implantação, em seu território,

do CNEPA, lança um olhar sobre o distrito de Seropédica, que recebeu este Centro,

para situá-lo, posteriormente, no contexto atual da sua mesorregião – a

Metropolitana do Rio de Janeiro.

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134

5.1. Seropédica: dos caminhos do ouro ao caminho da modernidade, passando pela razão de seu nome

A região onde se situa o hoje município de Seropédica começa a ser ocupada

com o processo de catequese dos indígenas pelos missionários da Companhia de

Jesus, ao final do século XVI. A área pertencia à capitania hereditária de São

Vicente, da qual o donatário, Martim Afonso de Souza, doou uma gleba de terras, à

margem direita do Rio Guandu, ao ouvidor do Rio de Janeiro, Cristóvão Monteiro.

Com a morte do ouvidor, sua viúva, em 1589, doa parte das terras aos jesuítas. A

outra parte, que coube por herança à sua filha, é, mais tarde, também, passada às

mãos dos jesuítas, em troca de terras na região de Bertioga, em São Paulo. Nessa

época, a região era conhecida por Brejaes de São João Grande e, em 1830, por

Brejos de São João, conforme figura 36, pelo fato de ser uma área de grandes

alagadiços, principalmente no período das fortes chuvas, que eram responsáveis

pelas constantes cheias do rio Guandu. (SILVA, 2006).

Figura 36 - Planta da Província do Rio de Janeiro – 1830 (parte) Fonte: Editado por Luciana Pires, do Arquivo Nacional - RJ

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Na realidade, a propriedade dos jesuítas abarcava uma enorme quantidade

de terras em torno da hoje delimitada Bacia de Sepetiba, que engloba o curso do rio

Guandu. Suas propriedades se estendiam às áreas que hoje compreendem os

bairros de Santa Cruz e Campo Grande, parte do município do Rio de Janeiro, e os

municípios de Itaguaí e Seropédica, chegando até Vassouras. Em 1729, quando os

jesuítas decidem fazer um levantamento de sua extensa propriedade, a equipe

encarregada, subindo a margem direita do rio Guandu, encontrou uma aldeia, que,

posteriormente, vai-se tornar o povoado de Bananal, primeira designação de

Seropédica, quando ainda distrito de Itaguaí (Figura 37).

Figura 37 - Carta Corográfica da Província Rio de Janeiro - 1858-1861 (parte) Fonte: Editado por Luciana Pires, do Arquivo Nacional - RJ TPF

170FPT

Com a expulsão dos padres jesuítas pelo Marquês de Pombal, em 1759,

todas as suas propriedades foram confiscadas pelo governo português, passando,

TP

170PT Os mapas cuja fonte é o Arquivo Nacional foram cedidos pelo Professor Edmundo H. V. Rodrigues do DAU/IT/UFRRJ.

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136

então, essa extensa propriedade a designar-se Fazenda de Santa Cruz. A aldeia de

Itaguaí, por sua vez, perdeu a organização base do aldeamento que era feita pelos

jesuítas, mas o povoado subsistiu, graças ao apoio do Marquês de Lavradio, vice-rei

do Brasil, e a disseminação do café pela Baixada de Sepetiba (FRÓES, 2004).

Por volta de 1758, o povoado de Bananal havia ganhado importância com a

descoberta de ouro na região de Vila Rica, hoje Ouro Preto. Por ali passava uma

pequena estrada - conhecida na época como Caminho Novo TPF

171FPT - que, saindo do Rio

de Janeiro, ligava a Estrada Real de São Paulo à Estrada Real de Minas. Essa

pequena estrada cruzava o rio Guandu na altura do povoado de Bananal e

continuava por uma árdua trilha até atingir a Estrada Real de Minas. Conhecida

como o caminho das minas do Guandu, era uma importante trajeto de aventureiros

em direção às Minas, servindo, inclusive, como rota de contrabando.

Com a chegada da Família Real, em 1808, a Fazenda de Santa Cruz passou

a ser uma residência opcional da realeza de Orleans e Bragança TPF

172FPT. Muitas obras de

melhoramentos foram executadas. O antigo convento dos padres foi reformado e

adaptado para funcionar como palácio. A estrada que ligava a Fazenda ao atual

bairro de São Cristóvão foi melhorada, e até mesmo uma linha de diligências entrou

em funcionamento. Após a proclamação da independência, a Fazenda recebeu

novos melhoramentos, passando a chamar-se Fazenda Imperial de Santa Cruz.

Em 1818, a aldeia de Itaguaí foi elevada à categoria de vila. No povoado de

Bananal, então pertencente à vila de Itaguaí, já havia sido construída uma capela e

um cemitério, ambos em honra a Nossa Senhora da Conceição. Também em terras

pertencentes ao povoado de Bananal funcionavam duas feitorias da Fazenda

Imperial de Santa Cruz, a feitoria de Peri-Peri (ou Peripery) e a de Bom Jardim.

Segundo Fróes (2004, p. 30-31),

O impulso que a cafeicultura deu à aldeia de São Francisco Xavier de Itaguaí foi tal que, em 1828, passaria a ser uma das mais importantes da província do Rio de Janeiro (...) sendo que (...) Bananal destacava-se por sua privilegiada posição geográfica, uma vez que era cortado pelo caminho que ligava a Côrte do Rio de Janeiro a São Paulo e Minas Gerais (grifo e grafia do original).

TP

171PT O chamado Caminho Velho era a Estrada Real, que saía de Parati em direção a Minas Gerais.

TP

172PT O professor Edmundo Rodrigues (DAU/IT/UFRRJ) no Projeto de Tombamento da Fazenda Caxias (projeto em

desenvolvimento) diz que a Fazenda de Santa Cruz era “uma espécie de Versailles tupiniquim”.

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137

Em torno do ano de 1836, surge, no cenário de Itaguaí, o gaúcho José

Pereira Tavares, advogado e político que havia sido preso e trazido para a Corte,

sob acusação de ser republicano. Tavares era um interessado e estudioso da

sericicultura, que havia conhecido, quando Tabelião Público do Judicial e Notas, em

Pelotas, no Rio Grande do Sul, através de livros e revistas provenientes da Europa,

onde a fabricação da seda era considerada, principalmente na Itália e na França,

como uma atividade de alto valor econômico. Assim, após a sua absolvição, José

Pereira Tavares decide estabelecer-se no distrito de Bananal, então considerado

uma zona de alta importância na economia da província, e ali instalar o primeiro

estabelecimento voltado para a criação do bicho-da-seda e para o aproveitamento

de sua fibra sérica, visando à fabricação, em escala industrial, da seda (FRÓES,

2004). O Estabelecimento Seropédico de Itaguaí, que começou a ser construído

entre os anos de 1838 e 1839; tornou-se, assim, a primeira companhia de produção

de seda no País, com elevado grau de importância na economia da província.

Em 1846, com o desenvolvimento das atividades agrícolas, o povoado de

Bananal volta a ganhar importância no conjunto da província, e é elevado à

categoria de CuratoTPF

173FPT, com o nome de Nossa Senhora da Conceição do Bananal.

Em 1850, o Curato possuía uma população de 1.718 habitantes e contava com 69

fazendas de café e 5 de cana-de-açúcar, entre outras, condição importante para

que, em 1851, fosse elevado à categoria de FreguesiaTPF

174FPT (SILVA, 2006).

O Estabelecimento Seropédico de Itaguaí continuava prosperando, embora,

devido a um “erro” - atribuído pelo próprio proprietário ao seu entusiasmo em aplicar

todo o seu capital na construção dos edifícios necessários ao Estabelecimento, que

somente anos mais tarde se tornariam produtivos – José Tavares tenha sido

obrigado a recorrer, conforme costume da época, por duas vezes, à ajuda do

governo provincial. Entretanto, o reconhecimento por parte das Comissões de

Inspeção TPF

175FPT do excelente trabalho desenvolvido pelo Empreendimento Seropédico

de Itaguaí, principalmente no que se referia à recuperação de terrenos até então

improdutivos e aos resultados obtidos, levaram o presidente da Assembléia

Provincial, segundo Fróes (2004, p. 51), a “(...) sugerir [ao Imperador] a criação de TP

173PT Divisão administrativa banida na República.

TP

174PT Equivalente, atualmente, ao distrito.

TP

175PT “A regulamentação para concessão de empréstimos financeiros [por parte do governo provincial] exigia que transcorridos os

prazos legais, fosse feita uma rigorosa inspeção para a verificação da capacidade técnica do empreendimento beneficiado (...)” (FRÓES, 2004, p. 38).

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uma empresa de capital aberto para que o Empreendimento Seropédico pudesse

ampliar seus negócios sob uma administração profissional eficiente”.

Nasce assim, em 1855, a Imperial Companhia Seropédica Fluminense, com

subvenções anuais da tesouraria provincial. Conforme Fróes (2004, p. 56), a

satisfação de José Pereira Tavares com a transformação do Estabelecimento

Seropédico em Imperial Companhia Seropédica Fluminense está descrita no livro

Memória para Sericultura no Império do Brasil TPF

176FPT, nos seguintes termos:

Sua Majestade, o Imperador do Brasil, o Sr. D. Pedro II, é também um protetor desta indústria no país, e primeiro acionista da Imperial Companhia Seropédica Fluminense. Este fato sublime e honroso para nós, introdutor da indústria e fundador do Estabelecimento Seropédico de Itaguaí, é a convicção de que a cultura da seda é a única que pode aproveitar as terras que não se prestam às plantações de café.

Acionista da Imperial Companhia Seropédica Fluminense, D. Pedro II já havia

visitado o Estabelecimento Seropédico de Itaguaí em janeiro de 1853 e volta já

como acionista, em 1862. Na segunda viagem, D. Pedro foi de trem TPF

177FPT até

Queimados, seguindo de coche puxado por animais até Bananal. Após está

segunda viagem, de acordo com as pesquisas realizadas por Fróes (2004), a

Imperial Companhia Seropédica Fluminense “caiu em desgraça diante do

Imperador”. A última notícia oficial citada por Fróes diz respeito a um relatório do

Ministro da Agricultura, Comércio e Obras Públicas, do ano de 1868, com o seguinte

teor:

Sem desconhecer as vantagens que ao país deve provir deste ramo de cultura, caso se consiga desenvolver e prosperar, tenho para mim que não convém distrair a atenção e os poucos meios de que pode o país dispor, das grandes culturas já conhecidas e praticadas com incontestada vantagem para auxiliar e fomentar novidades que embora sejam muito proveitosas, devem aguardar melhores tempos e circunstâncias mais favoráveis para serem tentadas com segurança e ou quase certeza de êxito feliz (FRÓES, 2004, p. 80).

Assim, nesse mesmo ano de 1868, a Imperial Companhia Seropédica

Fluminense, finalmente é liquidada, sendo todo o seu patrimônio arrematado pelo

TP

176PT TAVARES, José Pereira. Memória sobre a sericultura no Império do Brasil. Rio de Janeiro: J. Villeneuve, 1860.

TP

177PT Em 1858, foi inaugurada a Estrada de Ferro Pedro II, mais tarde Central do Brasil, considerada o maior empreendimento do

Império. O trecho inicial de 47,2 quilômetros ligava a Corte a Queimados (FRÓES, 2004).

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139

Capitão Luiz Ribeiro de Souza Rezende TPF

178FPT, passando, então, a denominar-se

Estabelecimento Seropédico Santa Tereza de Bananal de Itaguaí. Fróes conta que,

O capitão Luiz Ribeiro era casado com a Srª. Maria Ambrosina da Mota Teixeira de Rezende. Enquanto seu marido punha-se a recuperar as máquinas e demais equipamentos necessários à dinamização da indústria, sua esposa dedicava-se à recuperação das amoreiras, reiniciando uma nova criação de bichos-da-seda, assim como procurava dar melhores condições de trabalho à mão-de-obra local, na sua maioria antigos trabalhadores da extinta Seropédica (FRÓES, 2004, p. 81).

Devido ao sucesso alcançado pelo Estabelecimento Seropédico Santa Tereza

de Bananal de Itaguaí, o Brasil é colocado em lugar de destaque entre os maiores

produtores de seda do mundo. Depois de apresentarem, em uma exposição

realizada no Rio de Janeiro, a seda produzida em seu estabelecimento, o casal

Ribeiro é convidado a participar de uma exposição realizada na Filadélfia, Estados

Unidos, quando apresentam uma máquina de fiação de seda que causa assombro

aos visitantes. Frente ao sucesso obtido, o Capitão Luiz Ribeiro manda vir da Itália

colonos especializados na sericicultura e, assim, com entusiasmo, prossegue

investindo em seu estabelecimento.

Passados vinte anos, em 1888, e frente à concorrência que começava a se

estabelecer, os proprietários do Estabelecimento Seropédico Santa Tereza,

associam-se a outros investidores e apresentam um projeto, justificando um pedido

de auxílio financeiro junto à Assembléia Provincial, com o objetivo de expandirem a

indústria manufatureira da seda em Bananal de Itaguaí. Frente à negativa do

Governo, segundo Gomes Filho (apud FRÓES, 2004, p. 87) “em 1890, por motivos

ignorados, foi a velha Seropédica mais uma vez passada para uma companhia

interessada na continuação da mesma indústria, o que não conseguiu, ficando a

fazenda, alguns anos depois, em completo abandono e ruindo parte do antigo

casarão”.

Itaguaí, de fortes atividades rurais e comerciais, exportador em grande escala

de cereais, café, farinha, açúcar e aguardente, se vê diante da abolição da

escravatura, e passa por um considerável êxodo dos antigos escravos, ocasionando

terrível crise econômica. Esse fato, aliado à falta de transporte e à insalubridade da

região, fez com que desaparecessem as grandes plantações, periódicas ou

TP

178PT Luiz Ribeiro de Souza Rezende era filho do Marques de Valença e formado em engenharia mecânica pela Universidade de

Leipzig na Alemanha (FRÓES, 2004).

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140

permanentes. O abandono das terras provocou a obstrução dos rios que cortam

quase toda a baixada do território municipal, alagando-a. Daí se originou o avanço

da malária, que reduziu a população local e paralisou por várias décadas o

desenvolvimento econômico da região.

Em 1892, a sede do distrito de Bananal é transferida para a Fazenda

PatiobaTPF

179FPT, ponto mais central, afastado das margens do Rio Guandu (SILVA, 2006).

A já instalada indústria têxtil, no antigo distrito de Paracamby TPF

180FPT, aliada às obras de

saneamento da Baixada Fluminense, empreendida por Nilo Peçanha, nos anos de

1909 e 1910, permitiram o aproveitamento de grandes áreas da região,

possibilitando ao município de Itaguaí começar a readquirir sua antiga posição de

prestígio.

Em 1915, a Empresa Brasileira de Obras Públicas, com a anuência da

Fazenda Nacional, concede à Cassiano Caxias Santos os direitos sobre a antiga

fazenda onde funcionava o Estabelecimento Seropédico Santa Tereza de Bananal,

de Itaguaí. Segundo Fróes (2004), o levantamento realizado pelo geógrafo Carlos

Gomes Filho e publicado, em 1942, no boletim Serviço de Informação Agrícola do

Ministério da Agricultura TPF

181FPT, assim descreve o local, hoje conhecido como Fazenda

Caxias:

Um daqueles serrotes é o conhecido como Palmital e fica pouco antes de atingir o quilômetro 51TPF

182FPT. Protege uma capela bem conservada, com data

de 1859, ao lado da qual, um majestoso solar parece ter abrigado várias gerações. É a sede da fazenda Santa Tereza (...) cuja história está ligada à velha Imperial Companhia Seropédica Fluminense (FRÓES, 2004, p. 87).

Em 1924, o distrito de Bananal passou a denominar-se Patioba, embora,

desde o recenseamento geral de 1920, o distrito já figurava no município de Itaguaí

com o nome de Patioba. Pouco depois, por toda a história da sericicultura, aqui

relatada, no ano de 1926, pela lei estadual nº. 2.069, de 29 de novembro, o distrito

de Patioba passa a designar-se Seropédica.

TP

179PT Onde hoje funciona o Centro Educacional Arlinda Donadello Moreira, também, conhecida como Escolinha do IZ.

TP

180PT Paracambi era, à época, também, um dos distritos de Itaguaí. Em 1867, foi criada a Cia. Têxtil Brasil Industrial, uma

tecelagem que ocupava a região da Fazenda dos Macacos. A fábrica foi visitada pelo Imperador HTDom Pedro IITH em julho de HT1880 TH. Hoje, Paracambi é um munícipio, emancipado em 1960, e que nasceu da união de dois distritos divididos politicamente pelo HTRio dos MacacosTH: o 7º distrito de HTVassouras TH, denominado Tairetá, e o 3º distrito de HTItaguaí TH, denominado Paracamby. TP

181PT GOMES FILHO, Carlos. A Seropédica de Itaguaí. Rio de Janeiro: SIA/MA, 1942.

TP

182PT Referência à quilometragem da então Estrada Rio - São Paulo.

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141

É a passagem de mais um “caminho”, a antiga rodovia Rio - São Paulo,

cortando o território do distrito de Seropédica de leste a oeste, que vai, de fato, dar

início a uma nova fase para a região. Inaugurada pelo presidente Washington Luís,

em 5 de maio de 1928, a Estrada Rio - São Paulo foi noticiada na época como um

“empreendimento do mais valioso alcance material, os efeitos moraes, que

robustecem em todos nós a confiança da perfeita integridade nacional TPF

183FPT”. O

percurso para a rodovia começava na Praça Mauá, no Rio de Janeiro, e seguia até

Santa Cruz pelo antigo Caminho dos Jesuítas, depois Estrada Real de Santa Cruz.

O marco zero da estrada estava localizado em Campinho, Jacarepaguá, na esquina

da Rua Cândido Benício.

Pelo que se conhece da história do então distrito de Seropédica, entre 1928,

quando a estrada é inaugurada, e 1938, quando se iniciam as obras do então

CNEPA, aumenta o movimento na região, sem, entretanto, aumentar o

desenvolvimento. Somente em 1948, quando finalmente o CNEPA é transferido para

as margens da antiga rodovia Rio - São Paulo, hoje BR-465, tem início o

desenvolvimento urbano de Seropédica.

5.2. Seropédica: onde o CNEPA é implantado

Passados dez anos de inaugurada a estrada Rio - São Paulo, Seropédica

mantinha-se como uma localidade eminentemente rural. Como já citado

anteriormente, no capítulo 5, o município de Itaguaí, por pertencer quase todo à área

da agora denominada Fazenda Nacional de Santa Cruz, era constituído

basicamente de “(...) latifúndios, em sua maioria comissos, grilos enormes e

incontáveis, terras não loteadas e não trabalhadas (...)” (SANT’ANNA, 1949, p. 24).

Ainda, neste sentido, destaca Sant’Anna que, em estudo realizado pelo Instituto

Brasileiro de Geografia e Estatística, o 2º distrito de Seropédica, em 1940, possuía

185 imóveis rurais, conforme apresenta a tabela 1. Entretanto, ressaltar o autor que

“a maioria dos estabelecimentos rurais do município produzem, praticamente, para

seu próprio consumo, não havendo excedentes. (...) Os únicos alimentos

TP

183PT História das Rodovias. Disponível em HThttp://www.estradas.com.br/new/historia/dutra.aspTH. Acesso em 3 mar. 2008.

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142

provenientes da produção local (...) são o leite e as bananas” (SANT’ANNA, 1949, p.

77).

Tabela 1 – Propriedades rurais de Seropédica por área (1940)

ÁREA NÚMERO DE PROPRIEDADES

Até 1 hectare 1 De mais de 1 a 5 ha 8 De mais de 5 a 20 ha 44 De mais de 20 a 50 ha 43 De mais de 50 a 100 ha 38 De mais de 100 a 500 ha 38 De mais de 500 a 1000 ha 10 De mais de 1000 ha 3 TOTAL 185

Fonte: SANT’ANNA, 1949, p. 28.

Fróes (2004), quando se refere a Seropédica, quando da implantação do

CNEPA, diz que algumas pessoas moravam no “Horto Florestal de SeropédicaTPF

184FPT”,

todos funcionários do local, com suas famílias, não havendo casas nem escolas nos

quilômetros próximos. Neste sentido, Sant’Anna (1949, p. 83) aponta que a escola

mais próxima do km 47 é a Escola Amazonas, situada na zona rural do Distrito

Federal (hoje cidade do Rio de Janeiro). A Escola Amazonas, ainda hoje funciona,

no bairro de Campo Grande, Rio de Janeiro.

Dados da Fundação CEPERJTPF

185FPT apontam, para o ano de 1940, uma

população de 2.408 habitantes para o distrito de Seropédica, sendo que, destes,

2.351 estavam localizados na área rural e, apenas, 57 pessoas moravam na área

urbana. Segundo Sant’Anna (1949), o relatório executado pelo chefe do Serviço de

Nacional de Malária, em 1945, apresenta um total de 2.793 habitantes para

Seropédica, sendo que 1.038 pessoas estavam localizadas na área do CNEPA e

1.755 na chamada Área de Proteção TPF

186FPT (estas áreas somadas correspondiam ao 2º

distrito de Seropédica). O autor descreve essa população da seguinte forma: ”(...) é

TP

184PT O “Horto Florestal de Seropédica”, denominação residual de Horto Florestal de Santa Cruz, primeiro nome dado à área por

ocasião de sua inauguração oficial em 15 de setembro de 1945, em 1986, foi transformado em Floresta Nacional Mário Xavier. TP

185PTAntiga Fundação CIDE. Disponível em http://www.cide.rj.gov.br/tabnet/deftohtm.exe?cide\Populacao\Popser.def

TP

186PT Pelo que se pode deduzir do trabalho de Sant’Anna, a chamada “Área de Proteção” tinha relação com o combate a malária

na área do CNEPA, uma vez que, segundo o autor, a profilaxia clássica da malária exigia um raio de 1 a 2 km em torno da área foco.

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143

constituída pelos trabalhadores, funcionários dos diversos serviços do M.A. que

funcionam nesta área, suas famílias, mais os alunos do Aprendizado Agrícola e os

trabalhadores agrícolas já residentes na região e suas respectivas famílias” (p. 34).

E, ainda, acrescenta que “os trabalhadores do M.A., moram, alguns nas casas e

alojamentos construídos pelo C.N.E.P.A., outros em mocambos, na chamada Área

de Proteção, e, finalmente, uma fração menor, em Campo Grande, de onde vêm em

caminhões e ônibus. Quanto aos funcionários, residem, em sua maioria, no Distrito

Federal, viajando diariamente em ônibus especial” (p. 34).

No que se referia às condições de saneamento básico e abastecimento de

água para a área de implantação do CNEPA, Sant’Anna (1949, p. 62) afirmava que,

sobre o abastecimento de água, “nada deixará a desejar, quer sob o ponto de vista

de serviço público, quer sob o ponto de vista higiênico”. O abastecimento de água

para a região foi planejado com detalhes, por meio de uma sangria na adutora do

Ribeirão das Lages (a mesma que servia o Rio de Janeiro). No que se refere ao

projeto da rede de esgoto, há previsão de dotar todas as casas de esgotos

tubulares, com tratamento pelo processo OMS (Otto Mohr System TPF

187FPT) e o

lançamento das águas residuais no chamado Valão da Horticultura.

O trabalho do sanitarista Irun Sant’Anna (1949), aqui citado, é resultado do

que ele considera “uma inspeção da área”, com a finalidade de apresentar medidas

que visem à melhoria do aspecto sanitário da região. Assim, apresenta o autor um

levantamento detalhado das diversas doenças que se manifestavam na área, sendo

a malária a endemia que constituía o maior problema de saúde em Seropédica,

sendo objetivo maior, desde o início dos trabalhos, erradicá-la. O autor alega, ainda,

não ter podido levantar dados de “estatística vital” TPF

188FPT para a área, porém, pelas

causas de morte apresentadas para o conjunto do município de Itaguaí, pode-se

afirmar que a malária representava 18,81% do total de mortes.

Outra marca de Seropédica, na época, era sua estreita relação com o Serviço

de Alimentação da Previdência Social (SAPS), criado em 1940, pelo Presidente

Getúlio Vargas. Até 1960, funcionaram em Seropédica dois postos do SAPS, sendo TP

187PT Sistema criado pelo alemão Otto Mohr, que inventou uma câmara decantadora, capaz de otimizar as condições de

funcionamento da fossa séptica. TP

188PT A justificativa apresentada para a não obtenção destes dados merece uma referência: “Não obtivemos dados sobre o 2º

distrito (Seropédica) do município de Itaguaí, área que mais nos interessava, em virtude de o encarregado do cartório local [km 54] ser um cardio-renal-senil necessitando há muito de uma aposentadoria que venha lhe amparar o fim da vida” (SANT’ANNA, 1949, p. 40).

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144

um conhecido como a GranjaTPF

189FPT, que se estendia ao longo da rodovia por quase um

quilômetro e por dois quilômetros para o interior, chegando às margens do Rio

Guandu, em áreas da União, e o outro, como Posto de Subsistência TPF

190FPT. Na Granja,

trabalhavam quase 600 pessoas que produziam carnes, ovos, legumes e outros

alimentos, que abasteciam os restaurantes do Rio de Janeiro e o Posto de

Subsistência, que vendia, a preço de custo, alimentos para a população. Também,

entre a inauguração das instalações do CNEPA e o ano de 1950, o SAPS manteve

um restaurante no interior do complexo TPF

191FPT, que servia alimentação subsidiada aos

trabalhadores da região e aos alunos e funcionários do CNEPA. Logo o restaurante

foi transferido para as cercanias da Granja. Com a desativação do SAPS, a grande

maioria dos funcionários permaneceu na região à disposição do Ministério da

Agricultura, responsável pelo CNEPA (SILVA, 2006).

O que representou para Seropédica a implantação do Centro Nacional de

Ensino e Pesquisa Agronômicas em suas terras pode ser avaliado pela descrição de

Sant’Anna (1949, p. 11)

Para aquêle que viaja do Rio para São Paulo, após Campo Grande, a Baixada Fluminense vai se descortinando, aqui ou ali quebrada sua monotonia por morrotes isolados, até que começam a surgir no horizonte os primeiros contrafortes da Serra do Mar, dando a impressão ao viajante de uma extensa muralha chinesa tal a uniformidade na altura de seus picos a se estenderem transversalmente à direção da estrada. É neste momento que na grande baixada pontilhada, até então, por raras casas, na maioria miseráveis mocambos, aparecem as impressionantes construções do C.N.E.P.A., mais de uma légua afastadas daquele muro montanhoso, formado pelas serras da Viúva Graça e do Carretão.

É, pois, ainda nesta imensa planície denominada Baixada Fluminense que se estende entre a Serra do Mar e o Oceano Atlântico, desde a ponta de Mangaratiba até a Barra de São João, que se situam as instalações daquele grande centro de ensino e pesquisas. Nenhum grande rio atravessa o C.N.E.P.A., porém, antes de alcançá-lo, o viajante passa sobre o rio Guandu e o Canal de Piranema. O rio Guandu faz seu curso médio na área (...). O canal de Piranema, construído pelo D.N.O.S., afluente do Cai-cai, recebe por sua vez os valões da Areia e dos Bois, os mais importantes a atravessar a área do C.N.E.P.A.

TP

189PT Localizada na área hoje conhecida como INCRA.

TP

190PT Localizado no prédio que hoje é da UFRRJ, onde funciona atualmente a sede do Tribunal Regional Eleitoral (TRE) de

Seropédica. TP

191PT Onde hoje funciona a Sala de Estudos da UFRRJ, junto aos alojamentos. Com a saída do SAPS, o espaço foi transformado

no Restaurante Universitário.

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145

5.3. Seropédica: uma cidade cresce no entorno do CNEPA

Pouco depois da inauguração do CNEPA, outro “caminho” cortou Seropédica.

Inaugurada em janeiro de 1951, a nova ligação viária entre as cidades do Rio de

Janeiro e São Paulo - a Rodovia Presidente Dutra - atravessou o ainda distrito de

leste a oeste (de Queimados a Paracambi). A chamada Via Dutra fez diminuir a

intensidade do trânsito na Antiga Estrada Rio – São Paulo, fazendo com que esta,

efetivamente, se transformasse no principal eixo de desenvolvimento urbano do

então distrito, que, lentamente, vai-se expandir e urbanizar no entorno do CNEPA e,

consequentemente, da Universidade Rural.

Resgatar a dinâmica urbana de Seropédica entre as décadas de 1940 e 1990

não é tarefa simples, devido à escassez de fontes documentais. A maioria dos

dados secundários encontrados para o período trazem as informações de

Seropédica agregadas à Itaguaí, município do qual Seropédica se emancipou

somente em 1994.

Entre os dados disponíveis, a evolução demográfica pode contribuir para o

entendimento das transformações socioespaciais do município. Conforme os dados

relativos à população residente no município, por situação do domicílio (Tabela 2),

fica, inicialmente, reafirmada a condição eminentemente rural de Seropédica,

quando da implantação do CNEPA. A partir de então, o crescimento demográfico da

área se dá de forma bastante intensa até o final da década de 1970 e início da

década de 1980. Entretanto, quando comparada a taxa média geográfica de

crescimento da população de Seropédica, com os demais municípios da Região

Metropolitana, não se pode atribuir este crescimento à implantação do CNEPA.

Conforme destaca Santos (1993), entre 1940 e 1980, o Brasil vivenciou uma

inversão completa no que tange à residência da população do país, que migra de

forma sensível do campo para as áreas urbanas. Assim, como causa e efeito desse

processo, teve-se uma intensa modificação no modo de vida e nas relações

campo/cidade. Na tabela 3, pode-se constatar que todas as cidades da baixada

Fluminense, situadas às margens da Rodovia Presidente Dutra, têm taxas

semelhantes a Seropédica.

Tabela 2 – População residente em Seropédica, por situação de domicílio

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146

População residente Ano Urbana Rural Total 1940 57 2.351 2.408 1950 757 7.511 8.268 1960 822 15.265 16.087 1970 3.050 23.552 26.602 1980 32.703 8.192 40.895 1991 39.303 13.065 52.368 1996 43.098 12.475 55.573 2000 51.773 13.247 65.020 2007 59.069 13.397 72.466

Fonte: IBGE

Tabela 3 – Taxa média geométrica anual de crescimento da população residente do Estado e dos

Municípios da Região Metropolitana do Rio de janeiro – 1940 a 2000

Taxa média geométrica anual de crescimento 1950/

1940 1960/ 1950

1970/ 1960

1980/ 1970

1991/ 1980

1996/ 1991

2000/ 1996

2000/ 1991

Estado 2,61 3,68 2,97 2,30 1,15 0,92 1,75 1,28 Região Metropolitana 3,61 4,36 3,52 2,44 1,03 0,76 1,63 1,14 Belford Roxo 14,47 11,91 9,00 5,01 2,25 2,05 2,05 2,05 Duque de Caxias 12,06 10,17 5,88 2,93 1,36 1,38 1,90 1,61 Guapimirim 6,41 2,08 5,30 4,83 1,73 3,10 3,85 3,43 Itaboraí 2,40 5,08 5,49 5,79 3,48 2,77 4,00 3,32 Itaguaí 8,45 3,07 4,78 5,35 1,92 2,75 4,18 3,38 Japeri 10,29 9,35 5,36 4,47 1,41 2,16 3,27 2,65 Magé 4,24 5,43 6,93 3,82 1,21 2,26 2,95 2,57 Mangaratiba 3,04 1,63 -0,25 1,16 2,38 2,11 5,72 3,70 Maricá 0,04 0,26 1,97 3,26 3,29 5,31 6,16 5,68 Nilópolis 7,58 7,60 2,86 1,70 0,38 -0,36 -0,27 -0,32 Niterói 2,44 2,80 2,82 2,05 0,86 0,64 0,45 0,56 Nova Iguaçu 10,22 8,83 6,59 3,82 1,42 1,35 2,60 1,90 Paracambi 2,34 3,59 4,97 1,80 1,68 1,60 0,61 1,16 Queimados 10,29 9,35 9,89 4,20 0,43 1,89 2,90 2,34 Rio de Janeiro 3,03 3,36 2,54 1,82 0,67 0,26 1,33 0,73 São Gonçalo 4,06 6,89 5,67 3,64 2,18 1,34 1,65 1,48 São João de Meriti 6,81 9,63 4,66 2,81 0,60 0,40 0,85 0,60 Seropédica 13,13 6,88 5,16 4,39 2,27 1,20 4,00 2,43 Tanguá 1,79 -0,94 1,51 5,17 1,94 1,15 1,38 1,25

Fonte: CARNEIRO (2001). Grifo nosso para as cidades da Baixada Fluminense cortadas pela Rodovia Presidente Dutra.

Entretanto, Seropédica, embora se tenha urbanizado, manteve-se com um

alto percentual de domicílios rurais. Segundo Lago (2009, p. 16) Seropédica, em

2000, ainda possuía 21% de sua população em domicílios rurais. Estudo do

Observatório das Metrópoles (2010), também, corrobora no sentido de demonstrar

que somente em 2000 Seropédica deixa de ser um município com características

predominantemente rurais. Com base na tipologia socioespacial da Região

Metropolitana do Rio de Janeiro, apresentada no citado estudo e que leva em conta

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147

o perfil sócio-ocupacional da população TPF

192FPT, Seropédica, em 1991, ainda apresentava

uma tipologia socioespacial agrícola, passando para a tipologia popular somente em

2000 (ver mapas nas Figuras 38 e 39).

Figura 38 – Mapa da tipologia socioespacial da RMRJ – 1991 Fonte: Observatório das Metrópoles (2010)

TP

192PT A hierarquia sócio-ocupacional adotada no estudo considerou 24 categorias reunidas em 8 grandes grupos: 1) Dirigentes; 2)

Intelectuais; 3) Pequenos empregadores; 4) Ocupações médias; 5) Trabalhadores do Terciário; 6) Trabalhadores do Secundário; 7) Trabalhadores do Terciário Não-Especializado; 8) Agricultores. Posteriormente, a tipologia socioespacial dos espaços metropolitanos foi dividida em “áreas de tipos” denominadas: SUPERIORES; MÉDIOS, OPERÁRIOS, POPULARES E AGRÍCOLAS. Enquanto as áreas de tipos “agrícolas” foram definidas, essencialmente, pelas densidades excessivamente elevadas de trabalhadores ligados ao mundo agrícola (grupo sócio-ocupacional 8), as áreas de tipos “populares” foram definidas por concentrar trabalhadores manuais pouco qualificados, trabalhadores da construção civil, prestadores de serviços não especializados, empregados domésticos, ambulantes e biscateiros (parte do grupo sócio-ocupacional 6 e o grupo 7) (Cf. Observatório das Metrópoles, 2010).

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148

Figura 39 – Mapa da tipologia socioespacial da RMRJ – 2000 Fonte: Observatório das Metrópoles (2010)

Outro dado que pode ser observado em relação a Seropédica é a série

histórica da densidade demográfica, conforme apresenta a tabela 4.

Comparativamente com as demais cidades da Região Metropolitana do Rio de

Janeiro, Seropédica se caracteriza historicamente por uma baixa densidade

demográfica.

Poder-se-ia pensar, como parecia ser o “objetivo-expectativa” quando da

implantação do CNEPA na região, que este viesse a se transformar em um centro

de excelência para o cinturão agrícola formado, então, pela Baixada Fluminense.

Entretanto, os números apresentados anteriormente, em especial para Seropédica,

demonstram que – embora, nos primeiros anos, a população rural tenha obtido um

crescimento significativo se comparada à população urbana e considerando que o

município, ainda hoje, permanece com uma baixa densidade demográfica - a

atividade agrícola não é predominante no município. As análises de Oliveira et al.

(1996) mostram que a concentração especulativa das terras do entorno do CNEPA

começa a ter efeito pouco depois de sua implantação.

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149

Tabela 4 – Densidade demográfica do Estado e dos Municípios da Região Metropolitana do Rio de Janeiro – 1940 a 2000.

Densidade demográfica (habitante por hectare)

1940 1950 1960 1970 1980 1991 1996 2000

Estado 0,8 1,1 1,5 2,1 2,6 2,9 3,1 3,3 Região Metropolitana 3,9 5,6 8,6 12,1 14,4 17,2 17,9 19,1 Belford Roxo 0,8 3,0 9,3 21,9 35,8 45,7 50,5 54,8 Duque de Caxias 0,6 2,0 5,2 9,2 12,3 14,3 15,3 16,5 Guapimirim 0,1 0,2 0,2 0,4 0,6 0,8 0,9 1,0 Itaboraí 0,4 0,5 0,7 1,3 2,2 3,3 3,7 4,4 Itaguaí 0,2 0,5 0,7 1,0 1,8 2,2 2,5 2,9 Japeri 0,4 1,1 2,7 4,5 6,9 8,1 9,0 10,2 Magé 0,5 0,8 1,3 2,5 3,7 4,2 4,7 5,3 Mangaratiba 0,2 0,3 0,3 0,3 0,4 0,5 0,5 0,7 Maricá 0,5 0,5 0,5 0,7 0,9 1,3 1,7 2,1 Nilópolis 11,5 23,9 49,8 66,0 78,1 81,5 80,0 79,2 Niterói 10,9 13,9 18,3 24,1 29,5 32,4 33,5 34,1 Nova Iguaçu 0,7 1,8 4,3 8,1 11,8 13,7 14,7 16,3 Paracambi 0,5 0,6 0,8 1,4 1,6 2,0 2,1 2,2 Queimados 0,5 1,3 3,2 8,1 12,3 12,9 14,1 15,9 Rio de Janeiro 14,6 19,7 27,4 35,3 42,2 45,5 46,0 48,5 São Gonçalo 3,4 5,1 10,0 17,3 24,7 31,4 33,5 35,8 São João de Meriti 11,4 22,0 55,3 87,1 114,9 122,7 125,2 129,5 Seropédica 0,1 0,3 0,6 1,0 1,5 2,0 2,1 2,4 Tanguá 0,6 0,8 0,7 0,8 1,3 1,6 1,7 1,8

Fonte: CARNEIRO (2001). Grifo nosso.

A localização do CNEPA - hoje campus sede da Universidade Federal Rural

do Rio de Janeiro – e dependências da Unidade Solos da Empresa Brasileira de

Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA-Solos) não só por margear a antiga estrada Rio-

São Paulo, como também por sua centralidade espacial em relação à área total do

hoje município (Figura 40), fez com que o crescimento urbano da cidade se desse

de forma peculiar.

A antiga estrada Rio-São Paulo foi o principal agente estruturador do espaço

urbano de Seropédica. A cidade é cortada pela rodovia que divide o tecido urbano

em duas partes, incluindo o centro da cidade (km 49), e que, pela atual intensidade

de tráfego, só são comunicáveis através de desconfortáveis e feias passarelas ou da

travessia da própria rodovia a pé ou de carro, o que se configura difícil, quando não

trágicoTPF

193FPT. Entretanto, como muitas outras cidades que assim se originaram,

Seropédica tem uma relação com a hoje BR 465, que, do ponto de vista do

TP

193PT São frequentes os acidentes, muitas vezes fatais, ao longo da rodovia.

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150

urbanismo, pode levar a estrada a ser considerada como um dos principais

elementos estruturadores da percepção da cidade, como nos ensina Lynch (2003).

Figura 40 – Mapa de áreas (protegidas) do município de Seropédica em 2001 Fonte: Laboratório de Geoprocessamento da UFRRJ.

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151

Por outro lado, a já destacada centralidade espacial das áreas da União, nas

quais se localizam hoje a Universidade e a Embrapa, foi outro elemento direcionador

da produção do espaço urbano da cidade, fazendo com que Seropédica se

constituísse como uma cidade fragmentada em diversos núcleos urbanos,

configurados como bairros espalhados e distantes uns dos outros. Considerando,

ainda, suas duas principais manchas urbanas, estas, além de se localizarem sobre o

eixo da estrada, se desenvolveram a partir dos extremos (ou limites) da área

ocupada pelo hoje campus universitário. Aqui, também, podemos pensar no campus

definido como um limite, no sentido atribuído por Lynch (2003), ou seja, a barreira

que configura uma quebra de continuidade da cidade, prejudicando, como veremos

adiante, a visão da sua totalidade.

Assim, Seropédica é uma cidade “difícil de usar” TPF

194FPT. Os bairros acabam por ter

dificuldades de acesso aos serviços mais básicos, exigindo da Prefeitura Municipal a

multiplicação dos postos de atendimento da própria prefeitura, como dos serviços de

saúde e segurança. A prefeitura, por sua vez, não tem sido capaz, nos últimos anos,

de reverter a situação. Muito pelo contrário, como constatam os moradores de

Seropédica, como no texto a seguir:

(...) Para agravar o problema, todo comércio, rede bancária, Detran, Biblioteca, delegacia, colégios, igrejas, fórum, cartórios, posto médico, maternidade, bares e restaurantes e a própria Prefeitura ficam às margens da estrada. Recentemente, tem sido observadas placas ao longo da BR 465, onde a prefeitura informa que serão feitos um posto de vistoria do Detran e o parque de exposição (ambos na altura do antigo km 42), e a rodoviária (no antigo km 54). Não seria oportuno que a prefeitura aproveitasse esses recursos para fazer a cidade crescer fora das margens da estrada? Por que não buscar o desenvolvimento de Seropédica mais a longo prazo? Nas três placas propostas, o entorno é patrimônio público (áreas pertencentes à Universidade (km 42) e ao antigo DNER (km 54). Com isso, a prefeitura perde a chance de puxar o desenvolvimento do município para fora da rota da rodovia. Como o comércio dessas áreas vai se desenvolver se as terras do entorno são públicas? Somente o Poder público é capaz de reverter essa situação. Planejem e pensem um pouco mais no futuro, como se fossem passar o resto de suas vidas morando aqui, e, com certeza, mudarão de ideia. Obras na beira de estrada têm maior visibilidade, mas é um péssimo exemplo de administração e planejamento de área pública (Coluna de Salviano Dutra, de 04/11/2006, disponível em “O Portal de Seropédica” - HThttp://www.seropedicarj.com.br/mostra_colunaTH. php?n_id=15&u=).

TP

194PT Expressão utilizada pelos alunos do Curso de Graduação em Arquitetura e Urbanismo da UFRRJ no projeto Seropédica: um

ser impedido de ser? Trabalho apresentado e classificado no Concurso Internacional de Escolas de Arquitetura da 7ª BIA – Bienal Internacional de Arquitetura de São Paulo, orientado pelo Prof. Dr. Luis Felipe da Cunha e Silva.

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152

Outra característica de Seropédica, que pode ser observada inclusive no texto

reproduzido acima, é a identificação através da quilometragem da Antiga Estrada

Rio-São Paulo. O fato, até certo ponto pitoresco, demonstra o quanto o Campus da

UFRRJ – o Campus do km 47 - marcou espacialmente a região. Embora hoje a BR

465 apresente uma marcação de quilometragem diferente (a atual contagem

inclusive inverteu o sentido, hoje de norte para sul, tendo o marco zero no

entroncamento com a Via Dutra), é comum aos moradores da região a referência

aos quilômetros da Antiga Estrada. Assim, o núcleo central de Seropédica é

conhecido como “km 49”. É, ainda, comum encontrar ao longo da estrada placas

com a quilometragem antiga, de maneira não totalmente precisa, convivendo com as

placas oficiais da nova quilometragem.

Do ponto de vista das relações entre a sociedade e as suas instituições

políticas formais, Seropédica não difere muito dos municípios típicos da Baixada

Fluminense. A observação das práticas político-eleitorais recorrentes em Seropédica

aponta no sentido de que o clientelismo constituiu um importante aspecto das

relações políticas e sociais do município. O clientelismo, como uma forma de

mediação entre a sociedade e o Estado, está presente na política local, através do

que Nunes (2003) define como um tipo de “troca generalizada”, ou seja, a troca que

inclui promessas e expectativas de retorno futuro, na qual está ausente uma

economia de mercado impessoal. É comum, em Seropédica, candidatos

disponibilizarem ônibus, ambulância, enfim toda uma série de benefícios negociados

através de contatos pessoais. Corrobora esta afirmação a cassação dos dois últimos

prefeitos eleitos TPF

195FPT.

No que se refere à atividade econômica de Seropédica, embora os dados

disponíveis sejam posteriores à emancipação do município, pode-se observar, pelo

número de estabelecimentos por atividades econômicas (Tabela 5), que as

atividades relacionadas ao comércio e aos serviços vêm aumentando ano a ano,

enquanto as atividades agropecuárias apresentam sensível redução.

TP

195PT Foram cassados, recentemente, o prefeito Darci dos Anjos Lopes e o vice-prefeito Reinaldo Romano, por captação ilícita de

voto. No período anterior, Gedeon de Andrade Antunes também havia sido cassado, e Darci dos Anjos Lopes, seu vice-prefeito, havia completado o mandato.

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153

Tabela 5 – Número de estabelecimentos por atividade econômica

Atividade econômica Ano Indústria de

extração mineral

Indústria de transformação

Construção civil Comércio Serviços Administraçã

o pública Agropecuária

1998 25 17 15 70 53 3 15 1999 38 17 17 76 51 3 11 2000 40 15 19 101 60 3 15 2002 37 16 17 124 72 3 7 2003 39 18 16 120 78 3 8 2004 36 19 17 136 86 3 8 2005 35 25 16 144 106 3 7 Observação: Os dados referentes ao ano de 2001 foram excluídos por apresentarem clara distorção.

Fonte: CEPERJ

Confirma essa tendência o número de pessoas empregadas em cada uma

dessas atividades econômicas, conforme apresenta a tabela 6.

Tabela 6 – Número de empregados por atividade econômica

Atividade econômica Ano Indústria de

extração mineral

Indústria de transformação

Construção civil Comércio Serviços Administração

pública Agropecuária

1998 135 531 212 242 1.974 729 36 1999 168 536 320 277 384 2.538 102 2000 159 460 354 425 982 2.586 147 2001 128 498 236 415 364 2.563 51 2002 202 580 203 717 1.173 2.607 33 2003 192 554 171 816 1.165 3.039 31 2004 217 588 201 923 2.151 3.034 63 2005 194 885 165 1.099 1.500 3.510 58 Fonte: CEPERJ

Cabe observar que o número de empregos vem aumentando não só nas

atividades relacionadas ao comércio e aos serviços, como, também, em relação à

administração pública, atividade que mais emprega no município. É importante

observar, entretanto, que o número de postos na indústria de transformação,

também, cresceu nos últimos anos, o que, dadas as características de localização e

de uso do solo do município, pode apontar para um potencial para o

desenvolvimento. É importante, ainda, destacar que, do total de empregados na

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154

administração pública, no ano de 2005, a expressiva maioria (74,2%) estão a serviço

da Prefeitura MunicipalTPF

196FPT, como mostra a tabela 7.

Tabela 7 – Composição do quadro de pessoal da administração direta do município de Seropédica – ano 2005

Categoria Funcionários ativos

Estatutários 1.131

CLT 0

Comissionados 1.472

Sem vinculo permanente 0

TOTAL 2.603

Fonte: TCERJ, 2008.

Dados da composição do Produto Interno Bruto (PIB) para Seropédica, entre

os anos de 2002 e 2006, levantados pela Confederação Nacional de Municípios

(CNM) TPF

197FPT, e visualizados na tabela 8, ratificam os números apresentados

anteriormente. Vê-se que o PIB municipal concentra-se na área de serviços, na qual

estão agregados os valores para o comércio e a administração pública.

Tabela 8 - Distribuição do PIB pelos setores de atividades

Ano Atividade 2002 2003 2004 2005 2006

Agropecuária 3.935,45 4.110,25 4.842,21 5.889,35 5.580,51

Indústria 67.964,97 79.588,26 61.212,15 63.973,13 64.426,43

Impostos 16.004,40 17.525,91 33.498,35 36.781,32 24.052,54

Serviços 243.832,68 259.519,31 277.746,48 313.841,76 354.097,37

Total 331.737,50 360.743,73 377.299,19 420.485,56 448.156,85 Fonte: CNM com base em dados do IBGE. Grifo nosso.

TP

196PT O senso comum costuma identificar a UFRRJ como um grande empregador no município de Seropédica. Algumas

informações disponíveis, também, incorrem nesse pressuposto como a que afirma: “Cabe ressaltar que em razão da presença da Universidade Rural, a atividade da administração pública é a mais importante [no PIB Seropédica]”. Disponível em HThttp://www.cide.rj.gov.br/cidinho/municipio/seropedica.pdf TH. Acesso em 24 jul. 2010. TP

197PT Disponíveis em HThttp://www.cnm.org.br/pib/mu_pib_geral.asp?iIdMun=100133082 TH. Acesso em 24 jul.2010.

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155

O Estudo Socioeconômico 2007 – Seropédica, da Secretaria-Geral de

Planejamento do Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro (TCERJ, 2008),

apresenta a composição do PIB de Seropédica, em 2005, de forma desagregada

(Figura 41), possibilitando que se verifique a expressiva participação da

administração pública e dos aluguéis TPF

198FPT.

Figura 41 – Gráfico da composição do PIB 2005 Fonte: Extraído de TCERJ, 2008.

Outro indicador que pode contribuir para o entendimento da dinâmica do

município de Seropédica é o da mobilidade pendular TPF

199FPT. Segundo o Observatório

das Metrópoles (2010), característico da vida metropolitana, durante muitos anos,

este indicador contribuiu para a reflexão a respeito das cidades-dormitório. Os dados

disponíveis de mobilidade pendular para o trabalho no município de Seropédica são

relativos ao ano de 2000 e apresentam os seguintes valores: 72,4% das pessoas

residem e trabalham no município; 28,8% saem do município para trabalhar; e 6,3%

das pessoas que trabalham no município são de outras localidades, ou seja, entram

no município unicamente para trabalhar. Estes dados, portanto, permitem apontar

TP

198PT Também, não se pode atribuir, como deseja o senso comum, exclusivamente aos estudantes da UFRRJ a alta participação

dos aluguéis no PIB de Seropédica, uma vez que para municípios vizinhos, como Japeri, este valor é ainda mais elevado – 38,8%. TP

199PT Segundo o Observatório das Metrópoles (2010), a mobilidade pendular é o movimento ou deslocamento temporário que

ocorre para fins de trabalho ou estudo, com retorno ao município de origem.

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156

Seropédica como uma cidade que não pode ser caracterizada como uma típica

cidade-dormitório.

Dados relativos à educação podem ser observados através da figura 42,

extraída do estudo do Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro (TCERJ,

2008, p. 46), que apresenta para Seropédica o seguinte quadro relativo à

escolaridade: acima da média do estado do Rio de Janeiro, quando se consideram

até 7 anos de estudo; e abaixo da média, quando se consideram 8 ou mais anos de

estudo. Seropédica, no geral, apresenta um baixo nível de escolaridade,

principalmente, se considerado que é uma cidade que se desenvolveu em torno de

uma instituição de nível superior.

Figura 42 – Anos de estudo por percentual da população com mais de 10 anos de idade Fonte: TCERJ, 2008 com base em dados do IBGE – Censo 2000

No que se refere aos indicadores de renda, pobreza e desigualdade, a tabela

9 apresenta uma comparação entre os anos de 1991 e 2000. Pode-se observar que,

no período analisado, a renda per capita média cresceu, e a pobreza TPF

200FPT diminuiu;

entretanto, a desigualdade, representada pelo Índice de Gini, aumentou.

TP

200PT Para o Atlas de Desenvolvimento Humano no Brasil, a pobreza é medida pela proporção de pessoas com renda domiciliar

per capita inferior à metade do salário mínimo vigente.

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157

Tabela 9 – Indicadores de renda, pobreza e desigualdade

Ano Indicador

1991 2000 Renda per capita média (R$ de 2000) 151,4 234,8 Proporção de pobres (%) 37,6 28,9 Índice de Gini 0,50 0,57

Fonte: Atlas de Desenvolvimento Humano no Brasil, 2008

Análise desenvolvida por Ribeiro et al. (apud OBSERVATÓRIO DAS

METRÓPOLES, 2010, p. 8) identifica Seropédica como um município-renda, “onde

moram camadas populares e operárias e prevalecem níveis médios de condições

pessoais e coletivas de vida”.

Finalmente, cabe destacar que o município de Seropédica obteve uma receita

total de R$51,6 milhões no ano de 2006 TPF

201FPT, apresentando equilíbrio orçamentário,

segundo o TCERJ (2008), tendo, entretanto, 93% de suas receitas correntes

comprometidas com o custeio da máquina administrativa.

TP

201PT No ano de 2006 ,o orçamento realizada da UFRRJ foi de 195,5 milhões.

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158

PARTE III

A RELAÇÃO ENTRE AS ESTRUTURAS DO ESPAÇO FÍSICO E AS ESTRUTURAS DO ESPAÇO SOCIAL:

DA PESQUISA DE CAMPO ÀS REPRESENTAÇÕES

“(...) é preciso substituir as imagens simplistas e unilaterais (...), por uma representação complexa e múltipla, fundada na expressão das mesmas realidades em discursos diferentes, às vezes inconciliáveis; e, (...), abandonar o ponto de vista único, central, dominante, em suma, quase divino, no qual se situa geralmente o observador e também seu leitor (ao menos em quanto ele não estiver concernido), em proveito da pluralidade de suas perspectivas correspondendo à pluralidade dos pontos de vista coexistentes e às vezes diretamente concorrentes” (BOURDIEU, 1997c, p. 11-12).

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159

CAPÍTULO 6 – A COLETA DE DADOS E A CARACTERIZAÇÃO DOS GRUPOS PESQUISADOS

Retomar o objetivo central do presente estudo - a discussão das relações

socioespaciais entre o campus universitário e seu entorno urbano, no contexto do

marco teórico-metodológico estabelecido – exigiu, primeiramente, conhecer a

comunidade universitária e a população de Seropédica, como agentes sociais, com

características próprias e moldados por acontecimentos históricos, por suas

características sociais e por seus habitus. Nesta perspectiva, uma pesquisa de

campo foi realizada por meio de uma abordagem que, além de permitir a

caracterização do universo pesquisado via tratamento estatístico e analítico dos

dados coletados, possibilitou a investigação de atos de percepção e de apreciação

que antecedem ou estão presentes no comportamento dos indivíduos e na formação

de suas representações.

6.1. Descrição dos procedimentos metodológicos e estatísticos da pesquisa de campo

As exigências do método científico impõem, preliminarmente, uma

ponderação sobre as relações que se estabelecem entre o pesquisador e os sujeitos

da pesquisa. Conforme no alerta Bourdieu (1997a), do questionário mais fechado à

entrevista mais aberta, qualquer que seja a prática da pesquisa, não existem

prescrições metodológicas nem precauções científicas que deem conta de uma

expressão adequada. Para o autor, a tradicional oposição entre estes métodos de

pesquisa ditos qualitativos - as entrevistas – ou ditos quantitativos - os questionários

– mascara o que eles têm em comum: “... se apoiarem nas interações sociais que

ocorrem sob a pressão de estruturas sociais“ (BOURDIEU, 1997a, p. 694).

Assim, é fundamental atentar, inicialmente, que à dissimetria que já estava

intrínseca a essa relação, foi somada, para parte do universo pesquisado –

concretamente para a cidade de Seropédica – a chamada dissimetria social, que

está presente “todas as vezes que o pesquisador ocupa uma posição superior ao

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160

pesquisado na hierarquia das espécies de capital, especialmente do capital cultural”

(BOURDIEU, 1997a, p. 695).

Por outro lado, o envolvimento desta pesquisadora com todo o universo

pesquisado fez com que estivesse presente que não “... há perguntas neutras”

(BOURDIEU; CHAMBOREDON; PASSERON, 2005, p. 55).

O sonho positivista de uma perfeita inocência epistemológica oculta na verdade que a diferença não é entre a ciência que realiza uma construção e aquela que não o faz, mas entre aquela que o faz sem o saber e aquela que, sabendo, se esforça para conhecer e dominar o mais completamente possível seus atos, inevitáveis, de construção e os efeitos que eles produzem também inevitavelmente” (BOURDIEU, 1997a, p. 694 e 695).

Assim, para capturar a estrutura do espaço social, tanto do Campus

Universitário, como da cidade de Seropédica, o método escolhido foi a aplicação de

questionários estruturados, de forma a permitir adequar o espectro ampliado de

pesquisados desejado, com a disponibilidade de tempo e de infraestrutura

condizentes com o tipo de pesquisa realizada.

Os questionários foram elaborados tendo por base modelo desenvolvido em

Oliveira (2001) e usado no âmbito do Observatório das Metrópoles. Os

questionários, semelhantes em sua estrutura básica, de maneira a permitir a

comparação, continham em torno de 50 perguntas, em parte fechadas – para tornar

mais rápida tanto a aplicação como a sistematização das respostas - e em parte

abertas – específicas para os objetivos do presente estudo - e estavam organizados

segundo 5 blocos, a saber: 1. Identificação; 2. Perfil Sociodemográfico / econômico;

3. Práticas de Consumo – roteiro cotidiano / comportamento / preferência;

4. Percepção do lugar; e 5. Percepção do meio social. Os 3 primeiros blocos

buscavam caracterizar a amostra segundo as categorias explicitadas por Pierre

Bourdieu, e já discutidas anteriormente, e os 2 últimos blocos tinham por objetivo

apreender a percepção e as representações dos atores pesquisados.

Os questionários aplicados no universo do campus foram divididos em três

tipos, assim direcionados: questionário 1 - aos alunos de graduação; questionário 2 -

aos técnico-administrativos; e questionário 3 - aos professores efetivos. Na cidade

de Seropédica, foi aplicado um único tipo, o questionário 4 – dirigido aos moradores

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161

sem vínculo com a UFRRJ. No Apêndice A, encontram-se os 4 tipos de

questionários aplicados.

A população-alvo do estudo foi dimensionada de forma independente para

cada grupo a ser pesquisado. Para os estudantes da Universidade, foi c Tonsiderado o

número de alunos matriculados no 2º semestre de 2008, segundo dados fornecidos

pela Coordenadoria de Planejamento da UFRRJ. No caso dos servidores, Tforam

considerados os professores de terceiro grau Te os técnico-administrativos em efetivo

exercício no campus de Seropédica TTPF

202FPTT, em julho de 2009, e admitidos até

31/12/2007, segundo dados fornecidos pelo TDepartamento de Pessoal da UFRRJ. T

Para a população de Seropédica, foram considerados os dados do Censo IBGE –

2007. Assim, o universo a ser pesquisado ficou definido conforme apresentado na

tabela 10.

TTabela 10 – Composição do universo da pesquisa por tamanho da população

TPopulação alvo T TNº de pessoas T

TAlunos da UFRRJ T T6.375T

TTécnico-administrativos da UFRRJT T896T

TProfessores da UFRRJT T475T

TMoradores de SeropédicaT T72.466T

Para a obtenção do tamanho da amostra, alguns parâmetros foram levados

em consideração, tais como: o grau de certeza do tamanho ideal da amostra TPF

203FPT; o

erro provável da pesquisa TPF

204FPT; o tipo de população a ser estudada TPF

205FPT; a

disponibilidade financeira e o tempo proposto para a efetivação da pesquisa TPF

206FPT.

Deste modo, para tornar a pesquisa exequível, tanto em relação ao dispêndio

financeiro quanto ao tempo de execução, optou-se por um erro de 4% para cada

estrato (grupo) pesquisado. Através do Programa Estatístico Statdisk, obteve-se o TP

202PT TNão foram incluídos o Colégio Técnico da Universidade Rural (CTUR) e o CAIC T Paulo Dacorso Filho.

TP

203PT O grau usualmente adotado em pesquisas de campo, como a do presente caso, é de 95% de probabilidade. Este é,

também, o grau geralmente adotado por todos os órgãos de pesquisa, como IBOPE, DATAFOLHA, VOX POPULI, SENSUS, etc. (BATISTA; BATISTA, 2010). TP

204PT Para estudar a proporção populacional, como no presente estudo, geralmente o erro varia de 1% para pesquisas muito

exigentes (como por exemplo, o adotado no IBOPE logo após o fechamento das urnas nas eleições municipais, estaduais e federais), passando para 2% (que usualmente é o adotado nas pesquisas eleitorais em geral) e chegando até 10%, para pesquisas pouco exigentes (BATISTA; BATISTA, 2010). TP

205PT A população pode ser infinita ou finita. No presente caso, a população é considerada finita.

TP

206PT Cada elemento da amostra, para ser pesquisado, tem um custo financeiro e um tempo gasto na coleta dos dados.

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162

total da amostra por grupo pesquisado, conforme apresenta a tabela 11, obtendo-se,

no total, 1.769 elementos. Levando-se em consideração todos os elementos da

pesquisa, o erro corresponde, na realidade, a um erro máximo de 2,33%, conforme

fórmula descrita por Batista e Batista (2010), para determinar o erro de uma

pesquisa de proporção populacional quando se conhece a priori o tamanho da

amostraTPF

207FPT.

TTabela 11 - Universo da pesquisa por tamanho da amostra

TSujeitos da pesquisaT TNº da amostra T

TAlunos da UFRRJ T T549T

TTécnico-administrativos da UFRRJT T360T

TProfessores da UFRRJT T265T

TMoradores de SeropédicaT T595TTT

A amostragem pesquisada foi selecionada segundo critérios, também,

estabelecidos de forma diferenciada por grupos. No caso dos alunos, a amostragem

foi selecionada por quotas proporcionais ao número de alunos matriculados em cada

um dos 23 cursos de graduação do campus Seropédica, oferecidos no ano de 2008.

Para os técnico-administrativos e os docentes, a amostragem foi selecionada de

forma aleatória sistemática, a partir de listagens fornecidas pelo Departamento de

Pessoal e ordenadas por tempo de serviço na UFRRJ. Tendo em vista o referencial

metodológico adotado, não foram incluídos na amostragem os alunos matriculados

nos dois primeiros semestres letivos e os técnico-administrativos e professores com

tempo de serviço na UFRRJ inferior a 2 anos.

Para a população de moradores de Seropédica, a partir do Censo IBGE -

2007, os setores censitários TPF

208FPT localizados em área urbanizada da cidade TPF

209FPT foram

TP

207PT Segundo os autores, o erro máximo é dado por 0,98 dividido pela raiz quadrada de n, sendo n o número de elementos da

pesquisa, ou seja, 0,98 dividido pela raiz quadrada de 1.769, correspondendo a um erro amostral de 0,0233 ou 2,33%. Uma observação se faz necessária: quando o erro é arbitrado em 2,33%, como exemplo na presente pesquisa, na estimativa da proporção populacional por meio do intervalo de confiança a 95% de certeza, para cada pergunta analisada, o erro será exatamente este valor, se a quantidade de elementos respondentes for exatamente a metade dos 1.769, isto é, 885 elementos (50%). À medida que as percentagens se afastam de 50%, o erro da pesquisa diminui. Por exemplo, se, das 1.769 pessoas, 885 (50%) dissessem que a UFRRJ contribui para o desenvolvimento de Seropédica, se projetássemos para toda a população, poderíamos afirmar, com 95% de certeza, que a percentagem populacional estaria entre 47,67% a 52,33% (2,33% de erro), dos que pensam desta forma. Por outro lado, se somente 531 pessoas (30%) tivessem respondido desta forma, a percentagem populacional estaria entre 27,9% a 32,1% (2,1% de erro), mostrando que o erro diminui à medida que a percentagem esperada se afasta de 50%. TP

208PT “O setor censitário é a menor unidade territorial, com limites físicos identificáveis em campo, com dimensão adequada à

operação de pesquisas e cujo conjunto esgota a totalidade do Território Nacional (...)” (IBGE, 2008, p. 3).

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163

agregados, passando a definir o que foi chamado de manchas urbanas TPF

210FPT. Das

manchas urbanas identificadas, foram selecionadas aquelas que, seguindo um

critério de expressividade, possuíam mais de 2.000 habitantes. A figura 43 localiza

as 5 manchas urbanas que atenderam ao critério. Em sequência, a amostra foi

distribuída em quotas proporcionais ao número de habitantes para cada mancha

urbana considerada, conforme detalhado na tabela 12.

Figura 43 - Localização das Manchas Urbanas no mapa de Seropédica Fonte: Editado por Luciana Pires do Plano Diretor do Município de Seropédica, RJ

Tabela 12 – Distribuição da amostra por mancha urbana TP

209PT Área urbanizada de cidade ou vila é a área legalmente definida como urbana caracterizada por construções, arruamentos, e

intensa ocupação humana; as áreas afetadas por transformações decorrentes do desenvolvimento urbano, e aquelas reservadas à expansão urbana (IBGE, 2008, p. 8). TP

210PT A agregação dos setores censitários foi realizada com a colaboração do professor João Gonçalves Bahia (Coordendor do

Curso de Engenharia de Agrimensura – DE/IT/UFRRJ) e do Técnico em Agrimensura e Engenheiro Civil Rafael Antonio de Oliveira (Prefeitura Universitária/UFRRJ).

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164

MANCHA URBANA COR BAIRRO* LOTEAMENTO / LOCALIDADE /

DENOMINAÇÃO** POPULAÇÃO

URBANA AMOSTRA

Boa Esperança (km 49)

Centro, Areal, Coqueiral, Horto, Mutirão, Rosas I, Rosas II, Vale do Ipê, Vale do Sol, Vila Araújo, Vila Sônia, Zé do Norte

1 Fazenda Caxias (km 49)

Centro, Cidade Alta, Eldorado (Casas Altas), Peixoto, Rua da Delegacia, Sá Freire, Vila Henry, Vilar Tropical

23.461 250

Campo Lindo (km 40 / 41)

Centro (Rita Batista), Dom Bosco, OSA, Parque São Jorge, Vasquinho

Jardins (km 41 / 42) Jardim Acácias, Jardim Central

2

Parque Jacimar (km 42) Centro, Canto do Sabão, Vera Cruz

24.519 261

Santa Sofia (Km 52)

Cemitério, Centro (Praça Amendoeira), Fazenda Marun, Parque das Flores, Vila do DNER, Vivendas da Flórida

São Miguel Centro, Águas Lindas 3

Cabral Área Militar, Belvedere, Centro, Sementeira

3.173 34

4 Jardim Maracanã Assentamento Filhos do Sol, Assentamento Sol da Manhã, Centro, Paz, Periperi 2.211 23

5 Piranema Centro 2.498 27

TOTAL 55.862 595

* Fonte: Abairramento do Plano Diretor de Seropédica ** Fonte: http://www.portalseropedica.com.br/seropedica/bairros_e_associacoes.htm

Para a aplicação dos questionários, foram adotados os seguintes

procedimentos: no caso dos professores e técnico-administrativos, os questionários

foram entregues nos diferentes departamentos/setores, acompanhados de listagens

nominais dos servidores demandados a responder; para os alunos, a coleta foi

realizada por comodidade, parte em sala de aula (com turmas de final de curso, que

concentravam alunos de diferentes períodos) e parte através das coordenações de

cursos TPF

211FPT; e no caso dos moradores de Seropédica, a aplicação dos questionários,

também, foi realizada por comodidade, em locais de grande afluência de pessoas,

tais como igrejas, supermercados, mercearias, bares, casas lotéricas e bancos, em

diferentes horários e ao longo dos sete dias da semana TPF

212FPT. Para a sistematização

dos dados, foi utilizado o programa estatístico Statistical Package for the Social

TP

211PT Foram excluídos da amostra os alunos matriculados nos dois primeiros semestres (2009/1 e 2009/2).

TP

212PT Para a aplicação dos questionários em Seropédica, houve a colaboração de dez alunos, na condição de estagiários.

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165

Sciences (SPSS). Os relatórios de pesquisa sistematizados são apresentados no

Apêndice B.

6.2. Perfil sociodemográfico e econômico, práticas e preferências dos grupos sociais

6.2.1. A comunidade universitária: quem somos nós

A comunidade universitária da UFRRJ é, sem sombra de dúvidas,

majoritariamente “estrangeira” TPF

213FPT à cidade de Seropédica. Dos alunos matriculados

no campus sede, menos de 7% são de Seropédica, assim considerados os que têm

moradia permanente no município. Dos professores, praticamente 60% não moram

em Seropédica, e, entre os técnico-administrativos, embora o número seja menor,

chega a 40% os que não moram no município. Estes números podem ser

considerados, ainda, mais expressivos quando verificado que, dos professores e

técnicos que moram em Seropédica, metade reside no próprio Campus Universitário,

seja no bairro residencial ou em moradias espalhadas no interior do próprio campus,

todos em imóveis pertencentes à União, os já citados PNR. Como consequência, e

pela própria dinâmica, essas residências se configuram como não pertencentes à

cidade de Seropédica.

Os professores e técnico-administrativos que não residem em Seropédica o

fazem, majoritariamente, na cidade do Rio de Janeiro, com destaque para o bairro

de Campo Grande. Entretanto, quando esta informação é agregada por Área de

Planejamento (AP), no caso dos professores, a maior concentração está na AP 2,

formada, entre outros, pelos bairros de Botafogo, Flamengo, Copacabana, Tijuca e

Vila Izabel, enquanto, para os técnicos, o destaque é para a AP 5, que inclui, além

do próprio bairro de Campo Grande, os bairros de Bangu, Santa Cruz, Guaratiba e

Realengo.

TP

213PT Segundo o Dicionário Houaiss, no sentido figurativo, estrangeiro pode significar aquele que “não pertence a uma região,

classe ou meio”.

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166

Entre os alunos, um percentual significativo, em torno de 36%, reside em

repúblicas TPF

214FPT no centro de Seropédica, mais exatamente na chamada Mancha

Urbana 1 (Km 49), e, aproximadamente, outros 30% são moradores dos

alojamentos, no próprio campus. Os cursos em turno integral, que na UFRRJ, ainda

hoje, correspondem a pouco mais da metade (52,5%) dos cursos oferecidos

(quando da pesquisa eram 82,6% TPF

215FPT), somando-se à distância entre a moradia

permanente dos alunos e o campus universitário, fazem com que se torne uma

facilidade, ou mesmo uma necessidade, morar em Seropédica, seja nos

alojamentos, seja em repúblicas.

A pesquisa apontou que 77% dos alunos são do estado do Rio de Janeiro,

com destaque para a cidade do Rio de Janeiro, com pouco mais de 40%, e que,

aproximadamente, 13% são de outros estados da federação. Ainda, sobre a

comunidade estudantil, cabe destacar que os alunos da área de Ciências Agrárias TPF

216FPT

somavam 43,5% dos alunos matriculados na UFRRJ no ano-base da pesquisa,

liderados pelos dois cursos tradicionais: Agronomia e Medicina Veterinária. Assim,

do conjunto da comunidade universitária, são os alunos aqueles que têm em

Seropédica uma maior permanência. Entretanto, a relação dos alunos é

exclusivamente com a Mancha Urbana 1 (km 49), onde se localizam a totalidade das

repúblicas e os dois supermercados frequentados pelos estudantes, como veremos

adiante.

No que se refere aos dados de idade e gênero, a comunidade universitária

deve ser analisada em duas categorias – alunos e servidores - que se mostram,

evidentemente, distintas. Entre os alunos, a média de idade é de 23 anos, com uma

distribuição quase uniforme no que diz respeito ao gênero – 50,3% da população

são do sexo feminino, e 49,7%, do sexo masculino - dados estes dentro do padrão

das demais universidades federais. Para os servidores - docentes e técnico-

administrativos –, a média de idade é de 50 anos, sendo que, no caso dos

professores, 40% têm mais de 55 anos. Se ao fator idade forem acrescidos dados

de tempo de serviço, pode-se afirmar que a comunidade de servidores tem uma TP

214PT No presente trabalho, o termo república engloba as residências estudantis coletivas e individuais (do tipo condomínios de

quitinetes). Estas últimas têm proliferado, especialmente, no que alguns já chamam de “km 48” (mais próximas da Universidade). TP

215PT Com a expansão pelo Reuni, houve aumento de cursos em horários vespertino e noturno. Quando da pesquisa, 88,2% dos

alunos responderam estudar em horário integral. TP

216PT Foram considerados cursos da Área de Ciências Agrárias: Agronomia, Medicina Veterinária, Zootecnia, Engenharia

Florestal, Licenciatura em Ciências Agrícolas, Engenharia de Alimentos e Engenharia Agrícola.

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167

efetiva vivência do campus universitário e, consequentemente, da sua relação com

Seropédica, uma vez que 47% dos docentes e 63% do técnico-administrativos têm

mais de 20 anos de exercício na UFRRJ. Quanto ao gênero, observa-se na

distribuição por sexo, tanto entre professores, quanto entre técnicos, que o número

de homens é o dobro do número de mulheres. Verificando-se o conjunto dos dados,

percebe-se, por exemplo, que 67,2 % das professoras foram admitidas depois de

1990. Observa-se, também, que, nos últimos anos, o percentual de mulheres está

crescendo mais rapidamente, o que leva a crer que, em um futuro próximo, esta

relação estará mais equilibrada, como acontece com a relação de gênero no meio

estudantil.

As universidades hoje, e a Universidade Rural não foge à regra, não podem

mais ser consideradas espaços generificados, ou seja, como espaços que reforçam

a identidade do masculino em oposição ao feminino, como acontecia há alguns

anos.

No que se refere à renda familiar, em geral, a comunidade universitária não

soube ou não quis informar seus dados. Entre os alunos e técnico-administrativos, a

ampla maioria não respondeu (68,8% para os alunos e 64,4% entre os técnicos).

Entre os professores, o percentual de não-respostas foi mais reduzido, ficando em

36,8%. Considerando os dados de renda bruta importantes para situar a

comunidade universitária frente à comunidade de Seropédica, mesmo não havendo

um volume substancial de dados para análise, pode-se verificar que a renda familiar

dos alunos e técnico-administrativos ficou entre 5 e 10 salários mínimos, e dos

professores, entre 10 e 20 salários mínimos.

Em relação à comunidade estudantil, a pesquisa mostrou que a principal fonte

de recursos dos alunos para sua manutenção na UFRRJ é a “ajuda da família”. Para

os alunos que estudam em tempo integral, este percentual chega quase a 74%, e

para os alunos do turno da noite, o percentual, ainda é de, aproximadamente, 49%.

Manter-se na Rural, para o aluno que não mora no alojamento TPF

217FPT, significa um gasto

mensal que varia em torno de R$ 400,00 a R$700,00 TPF

218FPT, o que, evidentemente,

TP

217PT Os alojamentos (feminino e masculino) atendem a em torno de 2.500 alunos, para um total de 6.375 alunos matriculados em

2008. Para 2010, o número de vagas oferecidas no campus Seropédica, segundo a página do Decanato de Ensino de Graduação, é de 2.525, o que pode elevar, no médio prazo, o número de alunos de graduação para mais de 10.000, somente em Seropédica. TP

218PT Segundo informações colhidas junto a alunos moradores de repúblicas.

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168

significa senão um impedimento, pelo menos um filtro ao acesso das classes menos

favorecidas da população. A UFRRJ, que, historicamente, era considerada uma

universidade que oferecia excelente condição de permanência, e por esta razão

atraía estudantes do interior do país, hoje tem dificuldades para atender aos alunos

que necessitam usufruir de residência estudantil a custo zero.

6.2.2. A população de Seropédica: quem são eles

Seropédica é, sem dúvida, uma cidade fragmentada; sendo atravessada pela

BR 465 (antiga estrada Rio-São Paulo) e por outras duas estradas, a Rodovia

Presidente Dutra (BR 116) e a Rodovia Prefeito Abeilard Goulart de Souza (RJ-099),

mais conhecida como Reta de Piranema. Duas manchas urbanas são significativas

para a cidade, concentrando mais de 85% da população. Percebe-se claramente

que estas manchas urbanas se desenvolveram ao longo do eixo da Antiga Rio-São

Paulo, imediatamente após as margens limites do campus. Como o principal acesso

do campus está claramente deslocado para uma dessas margens, a da Mancha

Urbana 1, formada pelos bairros de Boa Esperança e Fazenda Caxias, e conhecida

como km 49, esta tem uma relação de proximidade com a comunidade universitária,

como pode ser observado ao longo de toda a pesquisa.

No geral, a população de Seropédica reside no município há bastante tempo.

Mais da metade dos entrevistados disse morar em Seropédica há mais de 20 anos

e, somente, menos de 10% moram há menos de 5 anos. Por outro lado, a população

de Seropédica é, na sua maior parte, originária da própria região, aqui entendida

como do próprio município de Seropédica ou de Itaguaí, município do qual

Seropédica se emancipou em 1995. Dados da contagem populacional do censo

IBGE de 2007 demonstram que somente 9,45% da população são de migrantes,

sendo que estes são, na maioria, originários dos demais municípios do próprio

estado do Rio de Janeiro. A maior parte daqueles que optaram por vir morar no

município de Seropédica justificaram a decisão pela presença de familiares ou de

amizades, reforçando a importância das redes de sociabilidade local, já revelada em

outros estudos semelhantes.

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169

A média de idade da população entrevistada foi de 40 anos,

aproximadamente, obedecendo à distribuição por gênero da população. Dados do

censo 2007 do IBGE apontam que 51,2% da população são do sexo feminino e

48,8% do sexo masculinoTPF

219FPT.

Entre os moradores de Seropédica, a informação relativa à renda familiar

bruta teve, também, um baixo índice de respostas. Dentre os que prestaram a

informação, aproximadamente, 60% têm renda familiar bruta entre 1 e 3 salários

mínimos, e 20%, entre 3 e 5 salários mínimos. Mesmo considerando o elevado

número de não-respostas, é razoável supor que a ampla maioria da população tem

renda inferior à dos professores e funcionários da UFRRJ e, também, da maioria dos

alunos.

6.2.3. Práticas de consumo: nós e eles

As práticas de consumo pesquisadas foram divididas em 3 grupos de

produtos: alimentação, higiene e limpeza; vestuário e calçados; e móveis e

eletrodomésticos. A pesquisa apontou comportamentos e hábitos diferentes para

cada um desses produtos. No que se refere aos produtos de alimentação, higiene e

limpeza, o comércio de Seropédica é o principal centro de consumo, tanto para os

moradores de Seropédica como para a comunidade universitária formada pelos

professores e técnico-administrativos que residem em Seropédica e pelos alunos

dos alojamentos e das repúblicas. No que diz respeito aos alunos, pode-se perceber

que a principal relação com a cidade de Seropédica é através da prática de

consumo desses produtos – de alimentação, higiene e limpeza -, prática esta que

estabelece um forte vínculo comercial entre os estudantes e os supermercados

localizados no km 49. As afirmações abaixo exemplificam esta vinculação:

“Um lugar onde não há nada, apenas 2 supermercados, (...)” (aluna da Engenharia Química, moradora de república, ao responder “o que representa Seropédica para você?”)

“Pouca poluição e supermercados” (aluno da Zootecnia, morador de república, ao citar “duas virtudes de Seropédica”)

TP

219PT A amostra representou 50,2% de mulheres e 49,8% de homens, consequentemente compatível com os dados do censo.

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170

No caso da população de Seropédica, é importante destacar que, embora

seja pouco significante, ainda há uma parcela da população que se desloca para o

bairro de Campo Grande (3,7%) ou para a cidade de Itaguaí (2,3%) para adquirirem

esse tipo de produto.

Para os produtos de vestuário e calçado, o comércio de Seropédica não é

referência, sequer, para sua própria população. Entre os moradores de Seropédica,

somente 9,5% declararam comprar esse tipo de produto na cidade, sendo que,

praticamente, 80% da população o fazem no bairro de Campo Grande, no Rio de

Janeiro. Esses dados, mesmo quando desagregados por manchas urbanas,

apontam para a manutenção da preferência por Campo Grande, mesmo para

aquelas manchas que, sobre o eixo da BR 465, estão mais distantes daquele bairro.

Mesmo para a Mancha Urbana 3 (localizada no entorno do antigo km 52 da BR),

mais próxima, portanto, do município de Paracambi, a relação com Campo Grande,

é significativa (73,6%). Somente para a Mancha Urbana 5 (localizada sobre a

chamada Reta de Piranema) é que a relação de comércio com Itaguaí assume

maiores proporções, mesmo assim sem ultrapassar o bairro de Campo GrandeTPF

220FPT.

Para a comunidade universitária, também, o comércio de Seropédica não é

referência para a aquisição de produtos de vestuário e calçado. Os alunos

costumam adquirir esse tipo de produto no local de suas moradias permanentes, e

os professores e técnicos que residem em Seropédica, assim como os moradores de

Seropédica, demonstram claramente uma preferência por Campo Grande

(praticamente 70% entre os docentes e 82,6% dos técnico-administrativos).

Finalmente, para a aquisição de móveis e eletrodomésticos, os dados

apresentam uma clara divisão de preferências e apontam para um processo de

mudança. Para a comunidade universitária, a questão foi colocada somente para

aqueles que moram em república, no caso dos estudantes, ou têm residência -

temporária ou permanente - em Seropédica, no caso dos professores TPF

221FPT e técnico-

administrativos. Entre os estudantes que adquirem no comércio próximo esse tipo de

produto (a maioria não o faz, traz de sua cidade ou compra de outros estudantes), a

quase totalidade o faz em Seropédica. Entre os servidores da universidade, a

TP

220PT Os dados completos podem ser observados no Apêndice B.

TP

221PT Alguns docentes têm apartamento alugado em Seropédica, como residência temporária e não moradia permanente.

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171

divisão entre os comércios de Seropédica e do bairro de Campo Grande é bem

clara. Entre os professores, o comércio de Campo Grande, ainda, detém a

preferência (aproximadamente 50% adquiriram em Campo Grande, enquanto em

torno de 30% o fizeram em Seropédica), e entre os técnico-administrativos, o

comércio de Seropédica representa a opção de quase 46%, enquanto o bairro de

Campo Grande foi opção para 32%, aproximadamente.

Entre os moradores de Seropédica, embora a divisão, também, se apresente,

a opção pelo comércio da própria cidade atinge o percentual de 55,7%, ficando o

comércio do bairro de Campo Grande com a preferência de 31,1% dos moradores.

Considerando que a nossa expectativa era de que, assim como para os produtos de

vestuário e calçado, o comércio de Campo Grande fosse determinante na

preferência, tanto da comunidade universitária, como para a população de

Seropédica, buscamos desagregar e cruzar os dados, assim como, dirigir perguntas

mais específicas para as duas comunidades (universitária e de Seropédica), na

forma de entrevistas complementares. Estas novas informações nos permitem

afirmar que, para este item especialmente - aquisição de móveis e eletrodomésticos

– existe um processo de mudança de preferência em andamento, que pode ser

atribuído à disponibilidade da oferta que se consolida em Seropédica, através de

novas opções de comércio, entre elas, a inauguração de duas lojas de grande porte

no km 49 (Casas Bahia e Lojas Cem).

No que se refere aos serviços de alimentação, foi pesquisado o quanto a

comunidade universitária faz uso ou frequenta os restaurantes localizados no km 49,

em Seropédica. Apenas 14,5% dos docentes e 4,4% dos técnico-administrativos

almoçam nos restaurantes de Seropédica com frequência significativa.

6.2.4. Acesso ao sistema de saúde: nós e eles

Para efeitos desta análise, a questão sobre o acesso ao sistema de saúde

buscava perceber sobre quem – universidade ou cidade - recai a maior demanda por

assistência médica de parte da comunidade universitária e, principalmente, da

população de Seropédica. Sabe-se que, historicamente, o Serviço Médico da

Universidade foi a principal referência no atendimento à saúde, no distrito de

Seropédica. Durante muitos anos, ele foi o primeiro atendimento não só da

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172

comunidade universitária como da população em geral, principalmente, no entorno

imediato do km 49 (Mancha Urbana 1) TPF

222FPT.

Hoje, analisados os dados disponibilizados pelo Ministério da Saúde através

do Cadastro Nacional de Estabelecimento de Saúde (CNES - DATASUS) TPF

223FPT,

verifica-se que a estrutura do Sistema Público de Saúde de Seropédica avançou

consideravelmente, principalmente após a emancipação, mantendo-se, entretanto,

ainda, bastante precária. Seropédica possui um único hospital, com apenas 51

leitos TPF

224FPT - o Hospital Maternidade Municipal de Seropédica – quinze unidade básicas

de saúde, quatro postos de saúde TPF

225FPT, três núcleos de saúde (dois em CIEP e um no

CAIC), um centro de atenção psicossocial, um centro de especialidade odontológica,

uma unidade móvel terrestre e uma Farmácia Popular. Para o SUS, o Serviço

Médico da Universidade Rural integra essa estrutura pública de saúde.

A pesquisa apontou que, hoje, embora aproximadamente 75% da população

de Seropédica não tenham acesso ao sistema privado de saúde, a grande maioria

(68,6% do total) faz uso do sistema público na própria cidade, e somente 0,7%

dizem frequentar o Serviço Médico da UFRRJ. Entre a comunidade universitária, o

sistema público de saúde do município só é demandado por aproximadamente 9%

dos alunos, 9% dos técnico-administrativos e 0,5% dos professores. Já o Serviço

Médico da Universidade é acessado, frequentemente, por 22,1% dos técnico-

administrativos TPF

226FPT, 15,1% dos alunos e, apenas, 1,5% dos professores.

As preferências e opções de lazer foram pesquisadas através do

oferecimento de uma lista de locais e programas TPF

227FPT, a partir da qual foi questionada

a periodicidade com que o entrevistado costumava frequentar aquele determinado

TP

222PT Ver Sant’Anna (1949), bibliografia amplamente citada nos capítulos 4 e 5.

TP

223PT Disponível em http://cnes.datasus.gov.br/Lista_Es_Nome_Por_Estado_Municipio.asp?VEstado=33&VMun=330555.

TP

224PT Ainda, segundo o DATASUS, dos municípios limítrofes de Seropédica, Paracambi possui 795 leitos do SUS, Nova Iguaçu

651, Queimados 333, Japeri 245 e Itaguaí 245 leitos do SUS. TP

225PT Para o SUS, a unidade básica de saúde tem como objetivo “a realização de atendimentos de atenção básica e integral a

uma população, de forma programada ou não, nas especialidades básicas, podendo oferecer assistência odontológica e de outros profissionais de nível superior. A assistência deve ser permanente e prestada por médico generalista ou especialistas nessas áreas. Pode ou não oferecer Serviços Auxiliares de Diagnóstico e Terapia (SADT) e pronto atendimento 24 horas”; o posto de saúde é a “unidade destinada à prestação de assistência a uma determinada população, de forma programada ou não, por profissional de nível médio, com a presença intermitente ou não do profissional médico”. Fonte: Brasil. Ministério da Saúde. O SUS de A a Z: garantindo saúde nos municípios / Ministério da Saúde, Conselho Nacional das Secretarias Municipais de Saúde. – 3. ed. – Brasília : Editora do Ministério da Saúde, 2009. Disponível em http://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/sus_3edicao_completo.pdf. TP

226PT Entre os técnico-administrativos, é de 51,1% o percentual dos que informaram possuir plano de saúde privado. Entre os

docentes, este percentual é de 92,3%. TP

227PT Ver questionários no Apêndice A.

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173

6.2.5. Roteiro cotidiano de lazer, cultura e esporte: nós e eles

lugar/programa. Entre os membros da comunidade universitária, a preferência dos

alunos recaiu sobre shopping center, cinema e restaurante; entre os professores, os

três mais citados foram restaurante, shopping center e cinema; e entre os técnico-

administrativos, o shopping center, as praças, parques e áreas verdes e os

restaurantes. Para a população de Seropédica, a preferência apontada com mais

frequência foram as praças, parques e áreas verdes, seguidas de shopping centers

e restaurantes. Em relação a programas que podem denotar um aspecto mais

cultural, como visita a museus e exposições e frequentação de teatro, observa-se

que o nível de frequência é bastante reduzido para os quatro segmentos

pesquisados. Dos moradores de Seropédica, 96,5% responderam que raramente ou

nunca vão ao teatro, e 95,7%, que raramente ou nunca visitam museus ou

exposições. Para a comunidade universitária, embora a frequência seja ligeiramente

superior, os números não diferem de forma substancial, mesmo entre os professores

(86,1% responderam que nunca ou raramente vão ao teatro, e 68,5%, que nunca ou

raramente visitam museus ou exposições).

As escolhas no que se refere ao tipo de lazer foram, de certa forma, comuns

aos quatro segmentos que conformam o universo da pesquisa. Entretanto, o lugar

onde cada um desses segmentos costuma frequentar o shopping, o cinema, o

restaurante, enfim suas preferências de lazer é que diferem substancialmente.

Seropédica só é opção para 9,3% dos professores e 16,6% dos alunos, enquanto é

o lugar mais citado por 32,7% dos técnico-administrativos e 47,2% dos moradores

da cidade.

De fato, o que Seropédica oferece em termos de lazer é bastante restrito, e

no que se refere à cultura, pode-se dizer que as opções são, praticamente, nulas.

Em Seropédica, não se tem acesso à cultura. De fato, a cidade não tem sala de

cinema ou teatro, centro cultural ou mesmo locais apropriados para o convívio social

e de lazer. A Universidade Rural, que, pela sua especificidade e espaço físico

disponível, poderia constituir-se no grande centro de lazer e cultura da região, na

verdade não o é. A própria população reconhece que Seropédica não oferece

opções de lazer, com exceção dos bares e quiosques e alguns poucos restaurantes

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174

e áreas verdes. Para os alunos, “tomar cerveja” é a grande opção de lazer em

Seropédica, como eles próprios assumem:

“Preço baixo da cerveja e só” (aluno da Agronomia, morador de república, ao citar “duas virtudes de Seropédica”).

Outra opção de lazer dos alunos são as festas. É grande o número de festas

organizadas pelos estudantes TPF

228FPT, algumas já tradicionais, realizadas, principalmente,

no início do semestre letivo ou como parte das atividades das Semanas

AcadêmicasTPF

229FPT. Essas festas se identificam como “festas dos estudantes”, nas quais

a comunidade de Seropédica não é bem-vinda e, normalmente, não frequenta.

Somente 2,2% dos moradores de Seropédica dizem frequentar as festas

organizadas pelos estudantes, embora, cabe destacar, estas sejam realizadas fora

do campus, em clubes ou espaços próprios no centro urbano de Seropédica, mais

exatamente, no km 49. Por outro lado, das festas que são consideradas da

comunidade de Seropédica (shows nos clubes ou festas organizadas pela Prefeitura

Municipal), os estudantes não têm o costume de participar.

Cabe, ainda, destacar que, aproximadamente, 30% da população de

Seropédica, na possibilidade de uma resposta espontânea - identificada no

questionário como “outros” - citaram a opção igreja como um local que costumam

sempre frequentar. Considerando que esta era uma opção espontânea, o percentual

pode ser considerado relevanteTPF

230FPT. Entre os técnico-administrativos da Universidade,

esta possibilidade, também, é inserida por pouco mais de 13% dos entrevistados.

Também, foram pesquisados hábitos de leitura, principalmente de jornais de

circulação regular. Observou-se, primeiramente, que o jornal mais lido no meio da

comunidade universitária não é o jornal mais lido entre a população de Seropédica.

A preferência de docentes, técnicos e alunos recaem sobre o jornal O Globo, e,

entre os moradores de Seropédica, a principal fonte de informação, através da

TP

228PT O percentual de alunos que frequentam as “festas dos estudantes” foi menor do que o esperado (34,4% responderam que

frequentam sempre, e 42,3%, que raramente frequentam). O senso comum dominante de que “os alunos da Rural vivem em festa” me levava a acreditar que o número seria maior. Buscando explicação para esse resultado, encontrei a indicação de que os alunos frequentam mais as festas nos primeiros anos de Rural e que, à medida que os semestres vão passando, a “disposição para festas diminui” e o “tempo exigido para os estudos aumenta”. TP

229PT A TSemana Acadêmica T é um evento institucional caracterizado como espaço de integração, interlocução e

interdisciplinaridade, complementar às atividades curriculares. TP

230PT Era de se esperar essa possibilidade. Segundo dados da FGV, Seropédica é o município do Rio de Janeiro com maior

índice de evangélicos (37,22%). Fonte: http://www.fgv.br/cps/religioes/Apresenta%C3%A7%C3%A3o/REL_Apresenta_Rio.pdf.

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leitura, são os jornais de Seropédica em geral e o jornal Meia Hora TPF

231FPT. Em segundo

lugar, pode-se afirmar que a comunidade universitária não tem por hábito ler os

jornais locais (63,9% dos alunos, 53,9% dos professores e 23,9% dos técnico-

administrativos nunca leram os jornais de Seropédica).

A prática de esportes também foi pesquisada com dois objetivos específicos:

saber se a população de Seropédica faz uso do campus da Rural para a prática de

esportes; e identificar o público que frequenta as academias que existem em

Seropédica, principalmente no km 49. As respostam obtidas permitem afirmar que a

população da cidade, praticamente, não entra no campus. Embora mantenham uma

preferência pela prática de esportes ao ar livre, esta se realiza nas quadras e praças

do próprio município, com uma exceção para um pequeno número de moradores,

que faz uso da ciclovia que liga a Universidade ao km 49, para a prática de

caminhada. Percentualmente, a população de Seropédica usa mais a ciclovia para

se exercitar do que a própria comunidade da Rural. Entretanto, são os alunos que

frequentam as academias de Seropédica, em percentual muito superior ao da sua

população.

6.2.6. Roteiro cotidiano de trabalho e estudo: eles

Seropédica não pode ser considerada uma cidade-dormitório. Essa era uma

percepção compartilhada por alguns membros da comunidade universitária que

equiparavam Seropédica às cidades do seu entorno, como Queimados, Japeri e

Nova Iguaçu. Entretanto, os dados encontrados nesta pesquisa apontam que 82,3%

daqueles que declararam trabalhar o fazem no próprio município de Seropédica.

Dados apresentados pelo Observatório das Metrópoles (2010), também, confirmam

aqueles encontrados nesta pesquisa, quando apontam, para o ano de 2000, que

72,4% da população de Seropédica residem e trabalham no município. Para o

município de Queimados, o percentual é de 54,2%; para Japeri, de 44,8%, e para

Nova Iguaçu, de 60,6%. Ainda, nesta pesquisa, dos que informaram trabalhar em

outro município, o maior percentual trabalha na cidade do Rio de Janeiro, sendo a

maior concentração no bairro de Campo Grande. TP

231PT O jornal Meia Hora é o terceiro jornal mais vendido no Rio de Janeiro, atrás apenas dos jornais O Globo e Extra. Fonte:

HThttp://diariodorio.com/o-jornal-meia-hora/ TH. Acesso em 11 mai. 2010.

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Do total da amostra, 24,9% declararam ser estudantes. Destes, 68,7%

informaram estudar no próprio município de Seropédica. Dos que informaram

estudar em outro município, 59,6% estudam no bairro de Campo Grande. Estes

dados, sem dúvida, apontam para a existência de um deficit de escolas no município

de Seropédica, pois mais de 30% da população estuda em outro município. Por

outro lado, também pode-se observar, tanto em relação à localização das

instituições escolares, como de postos de trabalho, a forte relação e dependência de

Seropédica com o bairro de Campo Grande, na cidade do Rio de Janeiro.

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CAPÍTULO 7 - HABITUS, PERCEPÇÕES E REPRESENTAÇÕES

O presente capítulo dá prosseguimento à apresentação e análise dos

resultados da pesquisa de campo, agora focalizando as questões abertas, através

das quais se busca conhecer o que está introjetado em cada um dos grupos sociais,

conduzindo a sua percepção do meio social e do lugar e as suas representações.

7.1. Percepção do meio social

Quando comparados os dados relativos à estratificação social por classes,

apresentadas no capítulo anterior, observa-se que não existem diferenças

substanciais na percepção de alunos da UFRRJ e da população de Seropédica.

Entretanto, a comunidade de Seropédica em geral não se percebe como

pertencente à mesma classe social que a média dos estudantes da Rural, como

ficará demonstrado nas análises que se seguem.

“Entre alguns moradores significa riquinho e desocupado” (aluno da Agronomia, morador de república, ao responder o que significa o “termo” estudante para os moradores de Seropédica)

Para os técnico-administrativos e, principalmente, para os professores, os

dados apontam para uma nítida diferenciação, na qual estes dois segmentos da

comunidade universitária se percebem em uma posição de classe superior à

população de Seropédica.

7.1.1. As relações sociais

Quando analisadas as relações sociais que se dão intrauniversidade,

observa-se a existência de práticas que revelam sensível integração, não só entre

os elementos de um mesmo segmento da comunidade universitária, como entre os

três segmentos (alunos, técnicos e professores). Para os estudantes, o sistema de

crédito com disciplinas distribuídas segundo área de conhecimento, nos diversos

Departamentos de ensino e, consequentemente, nas diferentes unidades

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acadêmicas - os Institutos – propicia a convivência de alunos de diferentes cursos

em uma mesma sala de aula, conforme já destacado em capítulo anterior. Isto,

somado ao fato de que 67% dos alunos da Rural vivem em república ou alojamento,

contribui substancialmente para uma identificação e integração entre estudantes.

Também se observa, pelos dados pesquisados, que confirmam o senso comum,

uma integração, ainda que bem mais tênue, entre docentes e técnico-

administrativos, que vai além dos limites do “local de trabalho”.

Assim, pode-se considerar que não se apresentam, historicamente, na

Universidade Rural, os efeitos de segregação interna atribuídos, em diferentes

estudos, ao padrão morfológico dos campi universitários. Rodrigues (2001, p. 19),

por exemplo, observava que os espaços interiores dos campi “(...) são marcados por

locais que pouco estimulam a aproximação e interação entre as pessoas: prédios

distantes, vazios sem praça, edifícios com tendência a isolar os alunos segundo

seus cursos, etc.”. Entretanto, no campus da Rural, embora essas marcas possam

ser identificadas, a integração se sobrepõe à segregação. Nesse sentido, os dados

encontrados para esta universidade se contrapõem, não somente quando

observadas as práticas sociais, mas, como veremos em diferentes momentos, na

atribuição direta à produção do espaço universitário de problemas encontrados em

nossas universidades.

Para as relações sociais TPF

232FPT desenvolvidas entre os membros da comunidade

universitária e a população de Seropédica, pode-se apontar uma diferenciação,

quando analisado o segmento dos alunos e quando analisados os segmentos de

servidores, sejam docentes ou técnico-administrativos. Não há, de fato,

relacionamento social entre alunos e moradores de Seropédica. Dos alunos

entrevistados, em torno de 80% dizem não se relacionar socialmente com a

população de Seropédica, e, por parte dos moradores de Seropédica, chegam a

85% os que dizem não se relacionar com os alunos da Rural. Estes percentuais,

ainda, podem ser considerados mais expressivos, quando lembrarmos que 6,6% do

total de alunos da universidade são de Seropédica. Mesmo para os alunos que

residem em república, no km 49, as respostas obtidas reforçam este não

relacionamento. Quanto perguntados, tanto alunos como moradores envolvidos por

TP

232PT Cabe ressaltar que por relações sociais foram entendidas relações de convívio no interior de um grupo social. O

relacionamento comercial ou de simples vizinhança não foi entendido como relação social.

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uma proximidade de vizinhança, em torno de 50% dizem manter apenas uma

relação cordial e distante, ao passo que em torno de 25% assumem sequer

conhecer seus vizinhos. Estes dados, para uma cidade na qual as características de

cidade pequena, com destaque para a cordialidade, é considerada uma forte virtude,

como veremos adiante, reforça a tese de que o relacionamento é apenas cordial.

A relação social, quando analisada entre os servidores da universidade e os

moradores da cidade, difere na intensidade. Dos moradores de Seropédica, em

torno de 60% dizem não se relacionar socialmente com os servidores da Rural

(incluídos professores e técnicos). Da parte dos professores, é igual o percentual

que informa, também, não se relacionar com a população de Seropédica. Já entre

os técnico-administrativos, esse percentual cai para 30%, o que era esperado, uma

vez que existe um maior número de técnicos residentes em Seropédica e,

principalmente, há um relacionamento pessoal intensificado pelas atividades

socializadoras das diferentes igrejas, que, conforme já relatado, têm grande

expressão em Seropédica. Todas as análises realizadas confirmam o sentimento

existente na universidade de que não existem fortes relações sociais entre a

população de Seropédica, mesmo quando considerada somente a Mancha Urbana 1

- o km 49 - e a comunidade universitária.

Retomando a relação entre os alunos da universidade e os moradores de

Seropédica, entendemos ser de fundamental importância para o seu entendimento,

aprofundar algumas práticas que são consideradas evidentes pelo senso comum,

como: “estudante não namora minhoca TPF

233FPT”. De fato, 80,6% dos alunos nunca

mantiveram qualquer tipo de envolvimento afetivo TPF

234FPT com os moradores da cidade, e

15% responderam que o tiveram, apenas, eventualmente. As principais razões

apontadas pelos alunos que responderam “nunca” são, basicamente, porque têm

namorado(a) na sua cidade de origem ou por falta de oportunidade. Esta última

justificativa – a falta de oportunidade - é relevante para os efeitos desta pesquisa e

está expressa literalmente ou através de frases como:

“Não conheço nenhum morador de Seropédica que não seja estudante da Rural”

TP

233PT Termo utilizado pelos alunos para se referir aos moradores de Seropédica. A discussão dos termos “minhoca” e “estudante”

será levada a efeito mais adiante, ainda no presente capítulo. TP

234PT A pergunta foi direta: “Você já “ficou” ou namorou um(a) morador(a) de Seropédica que não seja estudante da Rural? Por

quê?

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180

“Não conheço os moradores de Seropédica, só mantenho contato com os estudantes da Rural”

“Não há contato entre os estudantes da universidade com os moradores do município”

“Não me relaciono socialmente com os habitantes de Seropédica”

“Só frequento lugares com outros estudantes”

As declarações acima enunciadas corroboram a afirmação de que o

relacionamento entre os alunos e os moradores de Seropédica é apenas formal ou

cordial.

Conforme abordado anteriormente, as festas de estudantes, embora

realizadas, na sua maioria, no centro urbano, mais exatamente no km 49, não são

frequentadas pelos moradores da cidade, assim como os alunos, também, não

frequentam outras festas que não aquelas por eles organizadas. Assim, não existe

sequer oportunidade de aproximação entre os dois universos.

7.1.2. As relações de convivência formal

A pesquisa procurou perceber como se dão as relações no nível da

convivência formal (nas relações comerciais, por exemplo) entre a comunidade

universitária e a população de Seropédica. A pergunta básica feita aos professores e

técnico-administrativos dizia respeito à hospitalidade e amabilidade dos habitantes

de Seropédica com a comunidade universitária em geral. Para os estudantes, a

pergunta só enfocou a relação com eles próprios.

Entre os estudantes, 40% consideram que os habitantes de Seropédica são

hospitaleiros e simpáticos com eles, enquanto para, aproximadamente, 26%, não o

sãoTPF

235FPT. Para os professores, o percentual encontrado está relativamente próximo ao

dos estudantes. Em torno de 49% dos docentes consideram que a população de

Seropédica é hospitaleira e simpática com a comunidade universitária, enquanto

13,5% não os consideram hospitaleiros e simpáticos TPF

236FPT. Finalmente, entre os

técnico-administrativos, os percentuais apresentam valores mais expressivos, já que

TP

235PT Aproximadamente 34% dos estudantes não quiseram ou não souberam responder. Explica-se este alto percentual pelo

número de alunos que não mantêm, praticamente, nenhum tipo de relação com a cidade, porque vêm diariamente à Universidade e retornam para casa (26,2% do total), ou porque residem no alojamento e, muito eventualmente, se relacionam com Seropédica. TP

236PT Também, entre os docentes é expressivo o percentual (34,7%) dos que não quiseram ou não sabem responder, e a

justificativa está no mesmo sentido, ou seja, não se relacionam com a cidade.

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181

são maioria (66,5%) os que entendem ser a população de Seropédica hospitaleira e

simpática com a comunidade universitária. Apenas em torno de 5% consideram que

a população não é hospitaleira ou simpática TPF

237FPT.

As justificativas e explicações que cada um dos segmentos apresentou para

suas respostas podem ser divididas em dois blocos – o dos estudantes e o dos

servidores – embora no decorrer da análise possam ser percebidas similaridades

nas razões apresentadas.

Para os alunos que consideram os habitantes de Seropédica hospitaleiros e

simpáticos, só existe uma justificativa: a dependência financeira da cidade para com

a Universidade. Assim, observa-se, claramente, nas justificativas apresentadas

abaixo, que os alunos “valorizam” sua contribuição para a economia do município,

por vezes, no contexto de uma importância atribuída à própria Universidade.

“A dependência financeira da cidade em relação aos alunos da UFRRJ.”

“Acho que eles percebem que a cidade gira em torno da Universidade.”

“Contribuímos de alguma forma para melhorar sua vida financeiramente ou intelectualmente.”

“Devido ao fato de a faculdade ‘manter’ o município e os principais clientes do comércio serem os estudantes.”

“Eles querem ganhar dinheiro sobre os alunos (explorando-os).”

“Entendo que os habitantes veem nos alunos um público alvo em potencial para seus negócios.”

“Mesmo Seropédica sendo tão carente do apoio institucional da Universidade, os estudantes representam a única fonte de renda e qualidade de vida para os moradores.”

“No geral, os estudantes fomentam o comércio da cidade. Mesmo que fazendo algazarra (barulho até tarde), trazem um mínimo de status para a cidade.”

“Porque representamos parte da renda da cidade.”

Entre aqueles alunos que consideram que os habitantes de Seropédica não

são hospitaleiros e simpáticos com os estudantes, de um modo geral, as

justificativas majoritariamente, também, estão de alguma forma, centradas na

interação da Universidade com a cidade, apontando, entretanto, não só para a

questão econômica, como inserindo uma diferenciação social e cultural que os

separa.

“Acham que todo o estudante é baderneiro e nos veem apenas como uma fonte de renda quando moramos no 49.”

TP

237PT Entre os técnico-administrativos, o percentual dos que não quiseram ou não sabem responder é o menor entre os três

segmentos (28,3%), o que é reflexo do maior número de pessoas desse segmento que reside em Seropédica.

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“Geralmente, os universitários têm um nível social superior aos moradores, e isso, infelizmente, em qualquer lugar do mundo recebe um valor.”

“Não estou generalizando, mas por algumas questões sociais e econômicas, talvez, os habitantes de Seropédica e os estudantes não se misturam.”

“Porque a Rural não trouxe o desenvolvimento que esperavam. Não há interação entre o poder público e a Universidade visando à melhoria das condições do município.”

“Sou uma pessoa sociável e comunicativa e, no entanto, em 4 anos, nunca fiz amizade com nenhum habitante de Seropédica que não fosse aluno da Rural. Imagino que isso se dê pelas diferenças culturais, socioeconômicas e, até mesmo de interesses.”

“As pessoas de Seropédica são muito unidas entre elas, fazem panelinha, são individualistas. Além de acharem que todos na Rural são maconheiros e só pensam em festa.”

Para os servidores (professores e técnico-administrativos), as justificativas

apresentadas para todas as situações são semelhantes tanto nos percentuais, como

no conteúdo. Entre os que consideram os habitantes de Seropédica hospitaleiros e

simpáticos com a comunidade universitária, parte atribui a interesse e parte à

educação, simplicidade, generosidade ou respeito de uma população tipicamente do

interior. As justificativas que relacionam ao interesse são expressas em frases como:

“A universidade, digo as pessoas que nela trabalham e estudam, têm um papel marcante na economia de Seropédica. Eu diria que ajudam muito a definir o perfil do setor terciário da cidade.” (justificativa apresentada por professor).

“Há uma relação estreita entre a atividade comercial de Seropédica e a presença dos estudantes no Município.” (justificativa apresentada por professor).

“Os estudantes são ‘farristas’, porém movimentam o comércio e as finanças do município.” (justificativa apresentada por professor).

“Parece que a Rural os favorece financeiramente.” (justificativa apresentada por professor).

“A comunidade é quem movimenta o comércio.” (justificativa apresentada por técnico-administrativo).

“Acho que é porque dependem da Universidade direta e indiretamente.” (justificativa apresentada por técnico-administrativo).

“Os habitantes de Seropédica são hostis. A relação que existe é de trocas ‘eu preciso do seu dinheiro, você precisa meus serviços’.” (justificativa apresentada por técnico-administrativo).

“Sim, os habitantes reconhecem a importância da comunidade universitária para o município.” (justificativa apresentada por técnico-administrativo).

As justificativas que apontam para a educação, simplicidade, generosidade do

povo seropedicense e que, também, destacam uma espécie de respeito à

comunidade universitária, são expressas através de frases como:

“Em função da criação e da simplicidade dos mesmos.” (justificativa apresentada por professor).

“São pessoas simples, moradoras de uma cidade de interior.” (justificativa apresentada por professor).

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183

“As pessoas têm um respeito, até admiração pelos funcionários/professores que se relacionam sem preconceito com a comunidade e auxiliam quando solicitados.” (justificativa apresentada por professor).

“As pessoas de Seropédica são acolhedoras.” (justificativa apresentada por técnico-administrativo).

“São pessoas muito simples, humildes, e dispostas a ajudar.” (justificativa apresentada por técnico-administrativo).

“Os habitantes têm respeito pelos universitários, por saber que aqui estão longe da família.” (justificativa apresentada por técnico-administrativo).

Entre os servidores que consideram que os habitantes de Seropédica não são

hospitaleiros e simpáticos com a comunidade universitária, as justificativas, também,

estão centradas na interação da Universidade com a cidade, apontando, assim

como o fizeram os estudantes, para a falta de integração e para diferenças

econômicas, sociais e culturais. Algumas frases exemplificam o pensamento de

professores e técnicos.

“A população de Seropédica (a maioria das pessoas) vê os estudantes e professores da Rural como uma comunidade ‘fora’ da cidade. Há pouquíssima integração.” (justificativa apresentada por professor).

“Diferenças sociais e culturais.” (justificativa apresentada por professor).

“Embora possa variar muito, pois as relações são muito diferenciadas, individuais, as reações dos seropedicenses respondem ao tipo / intensidade das ações da comunidade universitária.” (justificativa apresentada por professor).

“O povo de Seropédica percebeu há muito tempo que os professores da UFRRJ formam um grupo à parte. E há, historicamente, baixa integração entre a UFRRJ e o Município.” (justificativa apresentada por professor).

“Diferença e falta de interação cultural.” (justificativa apresentada por técnico-administrativo).

“Muitas pessoas da comunidade dizem: não sei para que vale essa universidade aqui perto da gente. Só serve para os marajás.” (justificativa apresentada por técnico-administrativo).

“Os habitantes implicam com os universitários que fazem muita farra, são muito festeiros.” (justificativa apresentada por técnico-administrativo).

Para a população de Seropédica, foram formuladas duas perguntas,

desmembrando a questão em relação à comunidade universitária, em geral, e aos

estudantes, em particular. Assim, 43,5% dos moradores de Seropédica consideram

que os alunos da Rural são simpáticos e amáveis com a população da cidade, e

aproximadamente 20% consideram que não o são. Em relação à comunidade

universitária, em geral, o percentual de sim (é simpática e amável) se reduz para,

aproximadamente, 34%, e o de não, permanece em torno de 20%. Para as duas

perguntas, o percentual dos que não quiseram ou não sabem responder chegou a

47%.

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184

Esses percentuais elevados de “não-respostas”, tanto por parte da população

de Seropédica (quase metade dos entrevistados), como por parte da comunidade

universitária (na média 32,3%), demonstram a falta de relacionamento, mesmo que

apenas numa convivência superficial TPF

238FPT. Se as pessoas não se conhecem não

podem se julgar, não podem se perceber simpáticas ou antipáticas.

As justificativas apresentadas por parte dos moradores que consideram a

comunidade universitária amável e simpática atribuem esse fato à educação, tanto

dos professores, técnicos e estudantes e, ainda, no caso específico dos alunos,

muitos acreditam que a carência e a distância da família os aproximam da

população de Seropédica.

“São carentes, pois muitos vêm de fora e dependem de Seropédica.” (moradora de Seropédica, justificando porque considera os estudantes amáveis e simpáticos).

Os moradores que consideram que a comunidade universitária não é

simpática ou amável para com eles atribuem ao fato de que alunos, professores e

técnicos se julgam superiores e não gostam ou não se importam com a cidade. No

caso dos professores e técnicos, ainda, consideram como agravante o fato de que a

maioria não mora no município.

“[Os estudantes] Não se importam com Seropédica. Exemplo: os estudantes de medicina veterinária não fazem nenhum programa em prol da comunidade, como fazer uma feira para os habitantes levarem seus animais de estimação para tomar vacina...”

“A maioria [dos estudantes] tem o rei na barriga.”

“A Rural se isola de Seropédica.”

“Faltam muitos projetos de interação entre a Rural e Seropédica.”

“Pois os mesmos [professores e técnicos] não têm raízes em Seropédica”.

A presença da UFRRJ em Seropédica faz com que a cidade, e mais

fortemente parte da cidade - a Mancha Urbana 1, tenha que conviver com a

heterogeneidade. Como nos alerta Vainer (1998, p. 35), se a cidade é heterogênea

“... e este é o ambiente no qual estão postos os citadinos, o urbanismo, como modo

de vida, impõe o aprendizado da (con)vivência com o diferente e, por conseguinte,

exige a tolerância”. Realizando uma releitura da ideia de tolerância concebida pelos

autores da Escola de Chicago, Vainer (1998) refuta o sentido moral usualmente

associado ao terno. A tolerância não seria, portanto, um sentimento de interesse

TP

238PT Os dados, quando desagregados por manchas urbanas, apresentam valores bastante diferenciados, estando o maior

percentual dos que não sabem responder na Mancha Urbana 2.

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pelo outro, mas sim a indiferença. Neste encontro de diferentes, dentro do urbano, a

tolerância mais que o reconhecimento das diferenças seria o próprio desconhecer,

ou seja, aceitar a diferença como condição urbana e compreender que o outro é

necessário para o melhor funcionamento da cidade, mesmo originando algumas

consequências. Assim, a relação entre a comunidade universitária e a população de

Seropédica pode ser percebida como uma relação de tolerância.

7.1.3. As relações minhocas-estudantes

Não foi possível localizar no tempo quando a comunidade universitária

começou a se referir às pessoas nativas ou mesmo moradoras de Seropédica como

minhocas. O que se sabe é que a prática é bastante antiga e parece ser quase

exclusiva dos estudantes.

“Infelizmente alguns usam para designar ‘gente da terra’. Hoje muito menos que no passado.” (professor se referindo ao significado do termo minhoca).

Tampouco, foi possível localizar a origem do termo estudante como uma

expressão utilizada pela população de Seropédica para se referir, especificamente,

aos alunos da Rural. Mas, tudo indica que esta é mais recente, provavelmente da

década de 1970, quando os alunos da Rural começam a frequentar o centro urbano,

no km 49, em busca de repúblicas.

Os dados da pesquisa mostram que mais de 80% dos alunos já ouviram ou já

usaram o termo minhoca, enquanto entre os professores, o percentual é de 58%, e

entre os técnico-administrativos, o percentual fica próximo de 42%. Entre os

moradores de Seropédica, a expressão, com este significado, somente é conhecida

por, aproximadamente, 26% das pessoas entrevistadas. Entretanto, quando os

moradores são desagregados por manchas urbanas e comparadas a Mancha

Urbana 1 (km 49) com a Mancha Urbana 2 (do km 40 ao 42), encontramos que o

percentual daqueles que já ouviram a expressão na Mancha 1 é o dobro do da

Mancha 2.

O percentual de moradores de Seropédica que já ouviram ou já usaram o

termo estudante como sinônimo de “aluno da Rural” aumentou, consideravelmente.

Aproximadamente, 60% da população informaram conhecer o termo com este

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significado. Quando os dados são desagregados por mancha urbana, na Mancha

Urbana 1 (km 49), o percentual chega a 73,5%. Na comunidade universitária, são os

professores (72%) e os técnico-administrativos (70,6%) aqueles que informam mais

conhecer o termo. Entre os alunos, somente, 63,4% dizem já ter ouvido ou ter sido

assim chamado.

Para a ampla maioria dos membros da comunidade universitária TPF

239FPT, o

tratamento minhoca deve ser entendido como uma brincadeira, uma forma de

identificar, sem o intuito de ofensa ou menosprezo.

“É qualquer nativo do lugar. Eu sou ‘minhoca’ de Barra de Piraí” (aluno se referindo ao significado do termo minhoca).

“Que nasceram/moram em Seropédica, mas não é pejorativo. É só uma forma de expressar que a pessoa é de Serô” (aluno se referindo ao significado do termo minhoca).

“Maneira carinhosa de se referir às moçoilas da terra.” (técnico se referindo ao significado do termo minhoca)

“Não sai da terra onde vive, e nem sabe se deslocar em outras regiões.” (técnico se referindo ao significado do termo minhoca)

“O verdadeiro seropedicense (uma referência)” (professor se referindo ao significado do termo minhoca).

“Ser da terra, isto tem em todos os campi universitários fora das grandes metrópoles. É um adjetivo como ser carioca” (professor se referindo ao significado do termo minhoca).

Na média, em torno de 15% dos membros da comunidade universitária

consideram o termo minhoca pejorativo, no sentido de denotar uma relação de

superioridade / inferioridade. Entre os técnico-administrativos, embora o percentual

dos que ouviram ou usaram o termo minhoca tenha sido o mais baixo, quando

comparado com os demais segmentos da comunidade universitária, foi o percentual

mais alto (13,1%) entre os que consideraram que o termo tem uma conotação de

preconceito, denotando intolerância. Entre os alunos, este percentual ficou em 4,5%,

e entre os professores, em torno de 6%. Desagregados os dados para observar se o

fato de um maior número de técnico-administrativos ser morador de Seropédica

poderia fazê-los se perceberem “minhocas”, não foram encontrados indícios nesse

sentido.

TP

239PT Considerados apenas os que já ouviram ou usaram o termo, o percentual entre os alunos é de 73,1%; para os docentes é

de 66,1%, e para os técnico-administrativos, de 68,5%.

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Entre os moradores de Seropédica, pode-se considerar que metade (51,9%)

dos que já ouviram o termo minhoca o consideram apenas uma brincadeira, 25%

não têm opinião, 18% consideram preconceituoso, e 8,3%, pejorativo.

Quando visto no conjunto das respostas, embora a maioria, como aqui

apresentado, considere os termos minhoca “apenas” uma forma de identificar,

distinguir ou diferenciar a comunidade universitária da população de Seropédica em

geral, sem atribuir um sentido pejorativo ou preconceituoso, cabem aqui algumas

reflexões. A contribuição da abordagem teórica “estabelecidos/outsiders” da obra de

Norbert Elias e John Sctson (2000) TPF

240FPT nos auxilia no processo de percepção de que,

mesmo sendo apenas uma brincadeira, uma designação, uma identificação, o termo

distingue, e, como tal, está impregnado de sentido; portanto, existe um fundamento

para essa distinção. O estudo empírico de Elias e Sctson buscou desvendar o

porquê das diferenças de poder e de status entre dois grupos de moradores, que, no

caso específico daquela comunidade, apresentavam indicadores sociológicos

semelhantes, aparentando uma relativa homogeneidade.

No caso de Winston Parva, o que fundamentava a distinção e o seu poder era

um princípio de antiguidade TPF

241FPT. No caso da relação minhoca-estudante, a distinção

está fundada na superioridade cultural. Embora o termo minhoca não possua uma

conotação ofensiva, ele não pode ser considerado apenas um adjetivo, muito menos

o gentílico (como carioca) de quem é natural de uma cidade do interior. Assim, o

núcleo desta configuração é o equilíbrio desigual de poder e as tensões que lhe são

inerentes.

No que diz respeito ao termo estudante, a comunidade universitária, em sua

maioria (entre 45 e 50%), não tem uma opinião definida sobre a conotação a ser

atribuída ao seu significado. Em torno de 20 a 30% consideram, também, que o

termo é apenas uma brincadeira, uma identificação e, perto de 10 a 15%,

consideram pejorativo, e outros 10%, preconceituoso. Assim, no geral, o

entendimento permanece como uma forma de identificação ou diferenciação, como:

TP

240PT Os estabelecidos e os outsiders (ver nas referências bibliográficas ELIAS, Norbert e SCOTSON, John L., 2000) trata-se de

um estudo das relações de poder - e de status - no interior da comunidade de Winston Parva e das tensões que lhes estão associadas. TP

241PT Os que moravam há mais tempo em Winston Parva encarnavam “os valores da tradição e da boa sociedade”, e os outros,

mais recentes no lugar, eram “estigmatizados por todos os atributos associados com a anomia, como a delinquência, a violência e a desintegração.” (ELIAS e SCOTSON, 2000, p. 7).

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“Pra falar que é da Rural, uma diferenciação” (aluno se referindo ao significado do termo estudante).

“Se refere aos estudantes, uma forma de classificar e excluir” (aluno se referindo ao significado do termo estudante).

“Apenas diferenciação” (professor se referindo ao significado do termo estudante).

“Apenas uma característica diferente” (professor se referindo ao significado do termo estudante).

“Refere-se a estudantes da Rural, sem outra conotação” (professor se referindo ao significado do termo estudante).

“Referência a um grupo” (professor se referindo ao significado do termo estudante).

Para os alunos, em especial ser “chamado” de estudante pelos moradores de

Seropédica é percebido como elogio ou um sinal de que estão buscando uma vida

melhor.

“Respeito, infelizmente” (aluno se referindo ao significado do termo estudante).

“Traz um certo respeito e admiração” (aluno se referindo ao significado do termo estudante).

“Uma pessoa que procura ter um futuro promissor” (aluno se referindo ao significado do termo estudante).

A população de Seropédica majoritariamente não tem opinião (61%) sobre o

termo e, para pouco mais de 20%, o termo é apenas uma brincadeira, identifica,

diferencia.

“Identifica a pessoa como um membro da comunidade universitária.” (morador de Seropédica se referindo ao significado do termo estudante).

“É um diferencial entre morador e estudante da Rural.” (morador de Seropédica se referindo ao significado do termo estudante).

Retomando a análise de Elias e Sctson, os termos minhoca e estudante

podem ser considerados como um estigma, no sentido de que enfatizam a diferença

e uma diferença que exclui. Para os autores, os xingamentos, ou mesmo rotulações,

expressam contextos de hierarquia social e política. “Embora sejam necessárias

outras fontes de superioridade de forças para manter a capacidade de estigmatizar,

esta (...) [a estigmatização], por si só, é uma arma nada insignificante nas tensões e

conflitos ligados ao equilíbrio de poder” (ELIAS; SCTSON, 2000, p. 27). Nesse

sentido, nossas análises apontam os termos minhoca e estudante como formas de

identificar, distinguir ou diferenciar a comunidade universitária e a população de

Seropédica, tendo como fundamento o que Pierre Bourdieu define como capital

cultural, em seu estado institucionalizado TPF

242FPT. As percepções ligadas ao termo

TP

242PT Para Bourdieu, o capital cultural, definido como os conhecimentos e habilidades, ou conjunto de prioridades adquiridas,

pode consubstanciar-se sob três formas: estado incorporado - disposição do próprio individuo, um cultivar-se, um tempo investido em si mesmo na aquisição de modos potenciais de ação (por exemplo, a facilidade de falar em público); estado

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estudante reforçam as questões já analisadas anteriormente. Quando a população

de Seropédica faz a distinção dos alunos em geral como um grupo que não pertence

à cidade, ela está reforçando a identificação do outro como não minhoca. Os

estudantes, por sua vez, entendem esta diferenciação como elogio, o que se

configura não como estigma e sim como uma marca de distinção.

Bourdieu, também, analisa esta “imposição” de um nome – para nós minhoca

ou estudante - como a instituição de uma identidade que, tanto pode ser um título de

nobreza ou um estigma, que atribui de fato uma essência social. “Instituir, atribuir

uma essência, uma competência, é o mesmo que impor um direito de ser que é

também um dever ser (ou um dever de ser). É fazer ver a alguém o que ele é e, ao

mesmo tempo, lhe fazer ver que tem de se comportar em função de tal identidade.

Neste caso, o indicativo é um imperativo. (...)” (BOURDIEU, 2008, p. 100, grifo do

original). Assim, a identidade, como ato de obrigação, um papel a desempenhar,

aprofunda o sentimento de pertencer a um grupo e não a outro.

7.2. Percepção do lugar

7.2.1. Como o campus é percebido

O campus da UFRRJ, conforme já apresentado nos capítulos 4 e 5, está

localizado no centro geográfico do município de Seropédica, ocupando uma área

que corresponde a, aproximadamente, 15% da superfície do município TPF

243FPT, às

margens da rodovia de maior significado para a cidade, a BR 465, antiga Rio-São

Paulo. Não obstante estas características, o campus não é conhecido por 10,3% da

população de Seropédica, sendo que, deste total, 2,8% sequer ouviu falar sobre a

sua existência. Ainda, 23,6% da população dizem nunca ter entrado no campus, só

o conhecem de “passar na estrada”. Se somados os valores daqueles que não

conhecem o campus ao dos que apenas o conhecem de passar na estrada,

objetivado - quando está associado a suportes materiais, como a posse de livros, quadros, etc.; Uestado institucionalizado – socialmente sancionado por instituições, ou seja, formalizado em diplomas, títulos, etcU. (BONNEWITZ, 2003; CATANI, s/d, grifo nosso). TP

243PT Seropédica possui uma área de 216,735 km P

2P , e o campus da UFRRJ uma área de 33,10 km P

2P. (Fonte: Mapas e cópia do

RGI do acervo pessoal do Prof. João Bahia – DE/IT/UFRRJ).

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podemos afirmar que cerca de 1/3 da população de Seropédica nunca adentrou a

área do campus TPF

244FPT.

Para os que conhecem o campus da UFRRJ, em Seropédica, sem dúvida, a

beleza é o seu principal atributo. Alunos, professores e técnicos, assim como

moradores de Seropédica são unânimes em apontar a beleza como a principal

virtude do campus. A beleza experimentada em todas as suas expressões - a beleza

cênica, a beleza natural, a beleza da paisagem, a beleza da arquitetura – a todos

encanta e agrada de forma singular. Outras características, como a imensidão e a

tranquilidade, também, são apontadas, principalmente por alunos e professores.

Entre os técnico-administrativos e os moradores de Seropédica, tradição foi o

atributo mais citado, depois de beleza, para descrever o campus universitário. Entre

os alunos das Ciências Agrárias, também, a referência à tradição é expressiva.

Penso que, efetivamente, a tradição está vinculada à área de Ciências Agrárias,

origem desta universidade, conforme apresentado no capítulo 4, e, assim, ainda é

importante para os alunos desta área e para a comunidade do entorno que envolve

não só a população de Seropédica, mas muitos técnicos que aqui criaram suas

raízes. Para estes se mantém, ainda no presente, uma forte associação da

Universidade com o rural e com as suas origensTPF

245FPT.

Mas o campus, também, apresenta os mais variados problemas. Alguns

decorrentes da sua própria concepção e projeto frente aos novos usos e

circunstâncias trazidas pela modernidade. Para os alunos, a mobilidade,

principalmente no interior do campus, foi o problema apontado por 73,2% dos

entrevistados, expressa de diferentes formas.

“A distância interna entre um prédio e outro. Difícil,/chata/cansativa a locomoção aqui dentro. (...).”

“Distância entre os prédios e falta de transporte interno.”

“Falta de árvores no percurso dos pedestres e falta de ônibus circular (que realmente funcione).”

“Falta infraestrutura decente para uma locomoção acessível aos alunos, como ciclovias e bicicletários.”

TP

244PT Em entrevista realizada com o ex-reitor, Prof. José Antonio de Souza Veiga, que foi candidato a prefeito de Seropédica ao

final de dois mandatos como Reitor (no ano de 2004), essa questão se confirmou. Segundo seu depoimento, quando da campanha, por mais de uma vez, se deparou com pessoas que não conheciam o que significava o termo “Reitor” e não sabiam da existência da Universidade Rural. Na verdade, existem lugares e mesmo bairros de Seropédica que têm uma relação maior com outros municípios vizinhos. TP

245PT Esta vinculação pode ser expressa através do desejo de manutenção do nome Universidade Federal Rural do Rio de

Janeiro, manifestado majoritariamente não só pela comunidade universitária (87,9% dos alunos, 83% dos professores e 76,2% dos técnico-administrativos) como, também, pela população de Seropédica (com um percentual de 65,8%).

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Os professores (50,3%), também, identificam a mobilidade, como o principal

problema, sendo que não mais restrito ao interior do campus, e sim relacionado,

também, ao acesso a Seropédica, em geral, e ao campus, em particular.

“Acesso está impossível, seja, por onde for. Via Dutra ou Campo Grande. Urbanização das vias de acesso (calçadas; pavimentação; iluminação; arborização).”

“Estrada Rio - SP está deixando a Universidade ilhada, pois os deslocamentos para outras localidades estão-se tornando, a cada dia, mais difíceis.”

“Conexões com outros locais (distância e precariedade do transporte intermunicipal).”

“Distância entre os institutos e falta de transporte interno, pois os pedestres precisam caminhar sob o sol.”

A Universidade Rural, conforme destacado anteriormente, está estruturada

em Institutos que, no campus Seropédica, estão organizados segundo áreas de

conhecimento, que, pelo atual estatutoTPF

246FPT, se dividem em institutos da área básica

(três) e institutos da área profissionalizante (seis). Os Departamentos, partes

integrantes destes Institutos, são as unidades responsáveis pelo oferecimento das

diferentes disciplinas. Os alunos de graduação, para integralizar os créditos

necessários à sua formação, devem cursar disciplinas em diferentes departamentos,

o que implica um incessante deslocamento no interior do campus. Quando

consultados sobre como se deslocam no campus, 58,1% dos alunos informaram que

o fazem a pé, e 24,6%, de bicicleta (apenas uma minoria possui automóvel). Assim,

observa-se que, de fato, para os alunos da UFRRJ, a mobilidade é problema

relevante, fato este agravado pela falta de uma política que, no mínimo, procure

minimizar a questão, por meio do estímulo à bicicleta como transporte alternativo.

Para tal, são necessárias ciclovias ou ciclofaixas e a instalação de paraciclos e

bicicletários, que propiciem segurança aos usuáriosTPF

247FPT.

Para professores e técnico-administrativos, o deslocamento dentro do campus

não se constitui em problema de maior relevância, já que os deslocamentos não são

tão frequentes e, ainda, que 77,3% dos docentes e 45,2% dos técnicos o fazem em

carro próprio. Para os docentes, o que se constitui em grave problema e até relativo

desestímulo são as dificuldades de acesso ao campus, conforme já relatado

anteriormente. Assim, embora para 91,7% dos professores entrevistados seja ótimo

TP

246PT O estatuto está em processo de reforma.

TP

247PT Segundo os alunos, o excessivo número de roubos de bicicleta faz com que, depois dos primeiros semestres, os alunos não

usem mais bicicleta. “Depois que me roubaram a segunda [bicicleta], meu pai se negou a me dar a terceira” (aluna do curso de Agronomia).

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ou bom trabalhar na Rural, aproximadamente 25% não descartam a possibilidade de

buscar outro local de trabalho TPF

248FPT. Ao identificar as razões que movem esses

docentes, a maioria com menos de 10 anos de serviço e menos de 45 anos de

idade, foi apontada como principal causa a localização da Universidade. Para os que

não moram em Seropédica, a distância, como vimos, é um desestímulo, e para os

que moram em Seropédica, a cidade, também, não oferece opções de lazer, cultura,

educação para os filhos, enfim, um mínimo de qualidade de vida, conforme, também,

já foi analisado TPF

249FPT.

Para os técnico-administrativos, o principal problema está relacionado à

segurança, apontado por 50% dos entrevistados. Esta indicação também foi a

segunda mais citada entre estudantes (39,7%) e professores (30%). Outros

problemas de menor frequência apontados pela comunidade universitária dizem

respeito, principalmente, à falta de manutenção e infraestrutura e grande presença

de animais soltos no campus TPF

250FPT.

É interessante observar o contraste, ou mesmo paradoxo, entre o problema

apontado pela comunidade universitária – a insegurança – e a virtude que esta

mesma comunidade identifica, embora em menor grau – a tranquilidade. Essa não é

uma particularidade para o campus. Mello (2008, p. 183) aponta ser um traço

comum aos espaços ribeirinhos de cidades brasileiras o contrataste entre

tranquilidade e insegurança, destacando o estudo de Ghilardi e DuarteTPF

251FPT para a

cidade de Ribeirão Preto, onde fica evidente que, nos trechos das margens do rio,

onde a mata ciliar encontra-se preservada, a “forte presença da natureza promove o

afeto das pessoas”, e nos locais onde a mata pode esconder “bandidos e ações

ilícitas”, a insegurança se impõe. Essa mesma situação pode ser apontada para o

TP

248PT Perguntados se “pensam em sair da Rural se conseguirem outro emprego”, 19,2% dos professores responderam que talvez,

e 4,6%, que sim. Entre os técnicos, os números, também, foram expressivos; entretanto, as causas são relacionadas à mobilidade sociocultural e econômica. TP

249PT Foram encontrados indícios de outra causa para uma possível e futura evasão de docentes da Universidade Rural: a

universidade se constituir em uma espécie de “passagem” para docentes que desejam adquirir experiência e currículo, para, posteriormente, ter acesso por transferência ou novo concurso a outra Universidade, principalmente, mais bem localizada. Até o final da década de 80, os professores da Rural eram na quase totalidade ex-alunos, na maioria recém-formados, que completavam sua formação acadêmica (pós-graduação) já como docentes. Muitos constituíam família, frequentemente com ex-colegas ou filhos de servidores, e ficar na Rural era o sonho realizado. Hoje, os concursos públicos trazem professores de todas as partes do Brasil. A exigência de doutorado faz com que sejam pessoas mais maduras, muitas com família já constituída, cuja mudança para Seropédica é um verdadeiro transtorno. TP

250PT Somente foram considerados os problemas relativos ao campus como equipamento urbano. Muitos dos problemas

apontados diziam respeito à instituição Universidade e foram desconsiderados. O mesmo, em menor grau, aconteceu quando da indicação das virtudes. TP

251PT GHILARDI, Alessandra S., DUARTE, Cristiane R. S. Ribeirão Preto: os valores naturais e culturais de suas paisagens

urbanas. In: COSTA, Lucia Maria S. A. (org). Rios e paisagens urbanas em cidades brasileiras. Rio de Janeiro: Viana & Mosley: PROURB, 2006. p. 95 – 119.

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campus universitário da UFRRJ. Pela sua grande extensão e pela própria

localização, a insegurança se impõe, principalmente nos horários noturnos. Por

outro lado, a beleza da paisagem e a forte presença de imensas áreas verdes

convidam à contemplação e transmitem tranquilidade e paz.

A maioria da população de Seropédica, em torno de 70%, não soube

responder ou não identificou qualquer tipo de problema no campus universitário.

Alguns poucos citaram a falta de conservação ou abandono. Outros, na verdade,

percebem o campus através da sua relação com a cidade, expressas por:

“Falta de lazer (poderia ser um grande centro de lazer para a comunidade).”

“Pouco aberto ao público, grande extensão pouco aproveitada.”

Também, entre os moradores de Seropédica, há os que veem o campus

através do comportamento de seus servidores e alunos TPF

252FPT ou, uma vez mais, não

conseguem ver o campus independente da instituição universidade e apontam para

problemas como:

“Pouca oportunidade para nós de Seropédica.”

“Falta de acesso dos estudantes da região.”

“Dificuldade de um morador de Seropédica de cursar um curso na UFRRJ.”

“Falta de divulgação para o público externo de eventos e a não abertura do teatro.”

“Falta de interação com os moradores do município.”

“Vestibular é muito difícil.”

7.2.2. Como a cidade de Seropédica é percebida

Seropédica é percebida, tanto por grande parte de sua população, como pela

maioria da comunidade universitária, com uma cidade tranquila, sossegada,

tipicamente uma cidade do interior, na qual ainda se vive sem estresse, em um

ambiente acolhedor e longe da violência.

Para a comunidade universitária, a presença da Universidade no município de

Seropédica, também, é considerada uma virtude de grande significância para a

cidade. Para 12% dos alunos, por exemplo, esta é a única virtude de Seropédica.

Observa-se claramente, tanto pela percepção que a comunidade universitária tem

TP

252PT Foram citados, embora sem grande expressão, greve e drogas.

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da cidade, bem como por outras questões já apresentadas - como as relações

sociais e de convivência -, que a comunidade universitária, em geral, e os

segmentos dos alunos e professores, em especial, atribuem à Universidade um

papel fundamental na vida do município TPF

253FPT. Evidentemente, a Universidade contribui

não só para a economia do município, como é de significativo destaque na paisagem

do município, porém, percebe-se por parte da universidade uma supervalorização da

sua influência no entorno urbano, principalmente quando comparamos com a

percepção da própria população do município.

Para a população de Seropédica, a UFRRJ, ou ter uma Universidade Federal

localizada em seu território só é considerada uma virtude para 18,3% dos

habitantes. Esse percentual, quando desagregado por mancha urbana, demonstra

que em torno de 70% dos que assim pensam estão na Mancha Urbana 1, ficando os

demais 30% divididos pelas outras quatro manchas urbanas delimitadas na

pesquisa. De fato, para o entorno urbano do km 49, a presença da universidade é

relevante.

Mas Seropédica, como um típico município da chamada Baixada Fluminense,

conforme já apresentado no capítulo 5, tem inúmeros problemas. A falta de

infraestrutura urbana TPF

254FPT foi o principal problema apontado pela comunidade

universitária, incluindo os diferentes subsistemas como: viário, de abastecimento de

água, esgoto sanitário, energia elétrica e outros. Para a população da cidade, saúde

e educação, também, se configuram como de grande importância e de expressiva

carência no município. Embora seja reconhecida pela quase totalidade dos

moradores a precariedade da infraestrutura urbana oferecida pela cidade e a falta de

perspectiva de mudanças TPF

255FPT, 85,6% dos entrevistados declararam gostar de morar

em Seropédica,e uma parte significativa não pensa em sair do municípioTPF

256FPT.

Também, esta constatação da existência de uma consciência dos problemas

locais e do não desejo de se mudar da cidade não é uma particularidade da cidade

TP

253PT Provavelmente, todos os que convivem no dia-a-dia da Rural já ouviram algum membro da comunidade universitária dizer

que: “Seropédica não existiria se não fosse a Universidade”. TP

254PT Infraestrutura urbana é aqui entendido como o sistema técnico de equipamentos e serviços necessários para o desempenho

das funções urbanas da cidade. TP

255PT A população de Seropédica, em particular, foi consultada quanto às possíveis mudanças implementadas na cidade após o

processo de emancipação do município, ocorrido em 1994, quando Seropédica se separou de Itaguaí. Percebe-se uma nítida indefinição dos moradores quanto a uma avaliação comparativa da situação. A população está dividida, embora se possa afirmar que para a maioria não houve alterações ou melhorias significativas. TP

256PT 40,6% da população afirmaram não pensar em se mudar de Seropédica, e 26,2% responderam, apenas, que talvez o

façam.

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de Seropédica. Cardoso (2006, p. 11) aponta, em pesquisa empreendida em uma

favela do bairro de Acari, no Rio de Janeiro, que, “apesar da precariedade da

situação de moradia no local (...), 56% dos entrevistados declararam gostar ou

mesmo ‘gostar muito’ de morar em Acari”. Quanto ao desejo de mudança, a

pesquisa de Cardoso revela que, mesmo frente a riscos eminentes, as alternativas

podem ser ameaçadoras e os recursos locais - como as redes de sociabilidade, fácil

acesso, oportunidades de renda e outros - podem ser fundamentais para a

sobrevivência, levando a que muitas pessoas prefiram permanecer no local.

7.2.3. Como a presença da UFRRJ no município de Seropédica é percebida

Como já analisado no capítulo 4, quando em 1938, o então Ministro da

Agricultura Fernando Costa deu início à construção do complexo destinado a abrigar

o recém-criado Centro Nacional de Ensino e Pesquisa Agronômicas (CNEPA),

Seropédica, então 2 P

0P. Distrito de Itaguaí, era ainda uma região pouco habitada. Para

a maioria da comunidade universitária, a implantação do CNEPA, no então distrito

de Itaguaí, contribuiu de forma positiva para o crescimento da região, impulsionando

o seu desenvolvimento e se constituiu na principal alavanca para a emancipação da

hoje cidade de Seropédica. Assim, pensam em torno de 70% dos alunos, 63% dos

técnico-administrativos e 59% dos professores.

Entre os alunos, observa-se não só o mais alto percentual de respostas que

atribuem grande importância para a implantação da hoje Universidade Rural na

região, como, conforme já apontado anteriormente, uma clara supervalorização da

sua presença. Percebe-se nesta e em outras questões que, para a quase totalidade

dos alunos, a Universidade Rural é considerada “tudo” para Seropédica.

“Absolutamente tudo. A cidade não teria condições de evoluir.” (aluno)

“Desconheço palavras para mensurar a importância desse acontecimento” (aluna natural de Seropédica).”

“Foi decisiva para o progresso da cidade: trouxe investimento para a cidade e empresários.”

“Tudo. Pelo que vejo, se não fosse a UFRRJ, Seropédica seria bem pior do que é atualmente.”

Fica cada vez mais evidente que a comunidade universitária enxerga a cidade

de Seropédica apenas em uma “direção”, a do km 49. Para a quase totalidade dos

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alunos, para muitos professores e alguns técnico-administrativos, Seropédica se

restringe aos bairros de Boa Esperança e Fazenda Caxias. A proximidade física

entre esses bairros e área de maior adensamento do campus universitário e,

consequentemente, o seu principal acesso para veículos, faz com que a interação

existente se dê nesta direção.

Outra observação pertinente é no que diz respeito a ter sido a presença da

UFRRJ a principal alavanca para a emancipação do município. Sem dúvida, a

presença da Rural em Seropédica fortalece a imagem da cidade; entretanto, a

emancipação não pode ser creditada a um fato que ocorreu quase 50 anos antes de

seu acontecimento. Há que recordar que a emancipação de Seropédica se deu no

ano de 1995, e a inauguração do complexo da hoje denominada Universidade

Federal Rural do Rio de Janeiro ocorreu em 1948.

Existe, também, um percentual significativo, principalmente entre os

professores (17,6%), que considera que a implantação do CNEPA foi indiferente

para o município, não tendo maior significado que não o político, ou mesmo se

constituindo em um equívoco. O significado político atribuído por alguns está

relacionado ao fato de a implantação estar às margens da principal rodovia do país à

época e, consequentemente, por sua concepção grandiosa e imponente, o complexo

teria servido de propaganda para a ditadura do Estado Novo. A percepção de ação

equivocada foi atribuída principalmente à localização, tanto por questões técnicas,

como pela pouca distância da cidade do Rio de Janeiro, então capital federal.

“Frustração de expectativas, considerando o isolamento que a comunidade instalada (docentes, pesquisadores, funcionários) manteve durante décadas.”

“Nada ou quase nada! A UFRRJ, como é hoje, poderia ter sido implantada em qualquer lugar!”

“Visibilidade propagandística por estar na beira da principal via (à época) interestadual.”

“Um equívoco! A UFRRJ não deveria ser na Baixada Fluminense; ela deveria ser em outra região do Estado (centro-sul ou noroeste).”

“Um erro estratégico. Se tivessem implementado longe da cidade do Rio, talvez a comunidade universitária tivesse assumido mais a cidade anfitriã.”

Entre a população de Seropédica, embora a maioria considere que a

implantação do hoje Campus da UFRRJ tenha trazido benefícios para a região, o

número de entrevistados que não quiseram ou não souberam responder, somados

aos que consideraram indiferente, foi bastante significativo, perfazendo um total de

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44,4%. Uma vez mais, quando os dados são desagregados por mancha urbana,

observa-se que, para a Mancha Urbana 1, os percentuais representam em torno de

70% das respostas afirmativas, o que reforça quase que uma não importância para

as demais manchas. Para os que consideraram que contribuiu com a cidade, quase

todos priorizam a dinamização da economia e o crescimento populacional.

“Esperança de prosperidade econômica e social.”

“Melhoria tanto de emprego, quanto de crescimento populacional.”

A mesma questão foi colocada para a situação presente, ou seja, o que

representa hoje a presença da UFRRJ no município de Seropédica. Uma vez mais a

comunidade universitária, principalmente alunos e técnico-administrativos, julga de

fundamental importância a presença da Universidade para o município. Os

percentuais apurados são de 67,8%, para os alunos, e 74,5%, entre os técnicos.

Cabe destacar que entre os que assim consideram, mais uma vez percebe-se uma

supervalorização do papel da Universidade e a referência sempre presente da

Mancha Urbana 1 como representativa de todo o município, conforme expresso em

frases como:

“É o que move Seropédica.” (aluno).

“É tudo, Seropédica tem a UFRRJ como única fonte de renda.” (aluno).

“Hoje em dia a economia de Seropédica depende diretamente da UFRRJ, logo, a universidade mantém o município.” (aluno).

“O ‘coração’ da cidade.” (aluno).

“A base e os pilares de sustentação da economia de Seropédica.” (técnico-administrativo).

“Algo grandioso.” (técnico-administrativo).

“O município de Seropédica, a meu vê,r só existe porque foi necessário para atender à demanda de alunos e funcionários (moradia e comércio).” (técnico-administrativo).

“Representa a cultura (educação), o lazer, a preservação do meio ambiente no campus, etc.”

“Representa tudo...” (técnico-administrativo).

“Tudo que caracteriza o desenvolvimento neste município.” (técnico-administrativo).

Entre os professores, percebe-se uma clara divisão. Para 46,2% dos

docentes, é apenas uma universidade localizada na cidade, cuja presença, na

verdade, é indiferente ou contribui menos do que deveria para o desenvolvimento

econômico e sociocultural do município. Entre os alunos, existe uma parcela (15,3%)

que, também, avalia nesse sentido, e, entre os técnico-administrativos, o percentual

é de 10,7%.

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“Nada, um está de costa para o outro.” (professor adjunto).

“Nada. A Rural não participa da vida de Seropédica.” (professor associado).

“Para o município não vejo diferença.” (professor adjunto).

“Absolutamente nada. A área da universidade representa um entrave ao desenvolvimento territorial, e a Universidade não contribui em nada.” (professor adjunto).

“A UFRRJ, infelizmente, não tem influência alguma em Seropédica, só influência econômica no Km 49.” (professor adjunto).

“Se não fosse aqui, não faria diferença, exceto para o comércio (muitos sem recolhimento de impostos) e proprietários de imóveis para aluguel. A presença da UFRRJ não faz Seropédica diferente de seus vizinhos.” (professora associada, Unatural de SeropédicaU).

“Nada para a população normal, os únicos beneficiados são os comerciantes.” (aluno).

“Nada, pois existe um muro cultural entre a cidade e a universidade.” (aluno).

“Nada. Somos uma BOLHA TOTALMENTE FECHADA. Não temos nenhuma integração significativa. Infelizmente.” (aluno).

“Hoje a Universidade parece algo à parte de Seropédica, deveria haver maior interação entre as duas.” (aluno).

“Enquanto a Rural viver como se Seropédica não existisse, nada vai mudar. Ela precisa transpor o muro que a separa.” (técnico-administrativo).

“Se os dois interagissem, representaria muito, mas como isso não acontece, não vejo representatividade.” (técnico-administrativo).

“Falta interação. É aquele "eterno começo". As iniciativas da Rural estão aí colocadas, resta o interesse dos governantes (prefeitos). Percebo que o problema está aí.” (técnico-administrativo).

“Para o comércio é uma alegria, mas para a população nem tanto, pois a UFRRJ oferece pouquíssimo retorno.” (técnico-administrativo).

Para 34,4% da população de Seropédica, a UFRRJ gera emprego e contribui,

basicamente, para o comércio e o setor imobiliário. Para 24,5%, a Universidade

contribui para o desenvolvimento socioeconômico e cultural da cidade; para 16,7%,

sua presença é indiferente; e para 10%, a presença está relacionada ao campus

como uma referência visual para a cidade, como cartão postal de Seropédica.

Tomando os dados por mancha urbana, verifica-se que, para os moradores do km

49 (Mancha Urbana 1), a Universidade contribui mais especificamente para a

geração de emprego, como o comércio e o setor imobiliário; já para a Mancha

Urbana 2, a UFRRJ é o cartão postal da cidade.

As respostas obtidas para as questões que avaliavam a importância da

presença da UFRRJ para a cidade podem ser reafirmadas através de outra pergunta

incluída no questionário, referente à interação da universidade com a comunidade

de Seropédica através do que foi denominado de compromisso sociocultural. Para a

comunidade universitária, a Universidade não vem cumprindo seu compromisso

para com a sociedade de Seropédica, o que já estava manifesto em questões

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anteriores. Para a população de Seropédica, tampouco este compromisso é

cumprido.

7.3. As representações do campus e da cidade

Conforme alerta Minayo (2002, p. 110) “vale reforçar que a mediação

privilegiada para a compreensão das representações (...) é a linguagem”. Assim,

através das respostas de cada um dos grupos sociais, serão aqui analisadas as

representações que esses grupos fazem do espaço do campus universitário, da

cidade de Seropédica e do espaço de relações.

7.3.1. As representações do campus universitário

Para os alunos, o campus universitário representa mais do que o lugar de

aprendizado e de ensino. O campus é o lugar da beleza e da integração social e

cultural, que se configura como uma segunda casa para uma parte expressiva dos

alunos. O campus representa, assim, o lugar da socialização e da convivência.

“O campus da Rural representa um espaço diverso, que reúne diversas culturas diferentes do nosso país. Além de possibilitar aos estudantes de classe baixa condições para frequentar a universidade pública.” “Uma segunda casa, um local de grande aprendizado, tanto no sentido de experiência de vida como de formação e produção de conhecimento.” “Um ambiente para o desenvolvimento pessoal, mental e profissional de todos os ligados à universidade, além de um local de pesquisa em diversas áreas, o que traz real desenvolvimento para o país.” “Felicidade. É um local único onde fiz meus melhores amigos e conheci minha atual namorada. A vida nesse campus é diferente da de qualquer outro que eu já tenha conhecido.” “Além de ser um lugar lindo, aqui estudo em contato com a natureza. Apesar de ser bem afastado um instituto do outro, vale a pena a caminhada.”

Para os professores, o campus representa, fundamentalmente, o lugar de

trabalho. Embora a maioria não deixe de reconhecer sua beleza, e muitos o

considerem uma “ilha paradisíaca” ou “oásis” em meio ao seu caótico entorno

urbano, o campus é um local agradável para o trabalho.

“Acho o campus agradabilíssimo, lindo, tenho profunda alegria em chegar todos os dias para trabalhar neste lugar magnífico e alegre.”

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“Local hoje de difícil acesso, porém com atributos ambientais ainda bastante favoráveis para o desempenho das atividades acadêmicas, quando comparado aos outros ambientes de trabalho.” “Lugar de rara beleza e tranquilidade para o trabalho.” “Um local privilegiado para trabalhar.”

O segmento dos técnico-administrativos, dentre os grupos da comunidade

universitária, é aquele que apresenta claramente uma divisão. Para uma parte dos

técnicos, o campus representa o lugar de trabalho, também, associado à beleza e ao

prazer. Para outra parte, entretanto, a representação do campus está impregnada

por um sentimento de pertencimento. O campus é a casa, o lar e a vida.

“O melhor lugar para trabalhar no Rio de Janeiro.” “Um lugar belo onde tenho o prazer de trabalhar, gosto muito deste ambiente rural.”

“Talvez passe despercebido por ser “rotina” de todos os dias, porém é uma “vista" excepcional que ainda encanta.”

“A visão da infinita beleza, cantada por Caetano Veloso. Agradeço a Deus todos os dias ao adentrar o portão principal (o pórtico).”

“Minha casa, meu lar. É tudo na minha vida.”

“É um lugar aprazível. É o lugar onde moro e trabalho há 30 anos. Para mim ele representa uma vida.”

“Eu nasci dentro do campus (antiga enfermaria). Então, para mim é tudo, onde cresci e fiz minhas amizades.”

Para a população de Seropédica, se considerados os que não quiseram ou

não souberam responder (23,5%), aqueles que responderam que o campus, para

eles não tem representaçãoTPF

257FPT (19%) e, ainda aqueles que não desvinculam o

campus da instituição Universidade TPF

258FPT (14,5%), temos que, para mais da metade da

população, esta questão não se coloca.

Para aqueles que responderam, o campus se destaca como o lugar da beleza

expressa na sua arquitetura e na sua paisagem.

“Arquitetura e paisagismo notável.”

“Cartão postal de Seropédica.” “O que há de melhor e mais bonito em Seropédica.”

TP

257PT Respostas como: “Nada; Nada de especial; Nada, não dá atenção à cidade; e Nada, não pertence à realidade de

Seropédica.” TP

258PT Estão aqui incluídas as respostas que se referem à Universidade, tais como: “É uma oportunidade dos moradores de

Seropédica adquirirem uma formação melhor; Uma grande aliada da economia local; Oportunidade de trabalho e crescimento.”

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201

7.3.2. As representações da cidade

Na comunidade universitária, em geral, é expressivo o número dos que não

responderam a esta questão, ou que afirmaram nada representar a cidade de

Seropédica, principalmente entre professores e técnico-administrativos. Entre os

alunos que responderam, percebe-se que, para a maioria, Seropédica representa,

fundamentalmente, o lugar onde se localiza a UFRRJ ou o lugar onde são obrigados

a morar porque estudam na UFRRJ. Professores e técnicos, também, consideram

que a cidade de Seropédica é apenas o lugar onde se encontra a Universidade ou o

local de trabalho. É frequente, também, estas afirmações virem acompanhadas de

uma referência à dependência da cidade em relação à Universidade, reforçando o já

identificado senso comum existente entre os membros da comunidade universitária,

de que a Universidade é o centro econômico do município.

“Para mim não representa nada, é apenas um lugar que eu tenho que morar, porque fica mais próximo do campus da UFRRJ.” “Absolutamente nada. É só mais um município de baixa economia que deu sorte de ter uma grande universidade em seu território.” “Apenas o lugar onde fica a Rural.” “A cidade onde fica a Universidade Rural, não frequento a cidade.” “Adjacência. Sem a UFRRJ, Seropédica seria muito pior do que é. Teria muito mais problemas.”

“Depende da UFRRJ.”

“Localização da UFRRJ, pois inclusive o comércio gira em torno da universidade, representa uma extensão da Universidade.”

“Representa o local onde se localiza a Universidade, na verdade é a Universidade o carro-chefe.”

“Um município que vive e respira em torno da Rural.”

Identificaram-se, também, algumas representações da cidade no interior da

comunidade universitária com uma conotação depreciativa ou mesmo, agressivas

em relação à cidade, principalmente entre os alunos.

“Acho um tanto caótico para uma cidade tão pequena, falta de locais realmente bons para ir, muito desorganizada e sem estrutura.” “Cidade sem lei; terra de ‘Marlboro’.”

“Fim do mundo, só conheço por causa da Rural.” “Lama, subdesenvolvimento e gente feia.” “Péssimo. Não tem ‘vocação’ para ser uma cidade. Grandes problemas de infraestrutura. Falta muito para este município virar um lugar regular para se habitar ou trabalhar.”

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202

Entretanto, também foram encontradas, até em maior número entre técnicos e

docentes, representação que expressam desejo de ver a cidade progredir, incluindo,

ainda, um “dever” da Universidade em contribuir efetivamente para a superação da

cidade.

“É onde a UFRRJ se insere, e daí é onde a UFRRJ tem que atuar já que o município de Seropédica é ainda um município pobre.” “Muito pouco. Acho que pela tradição das instituições públicas presentes, a cidade poderia ser muito melhor.”

“(...) observo a baixa interação da UFRRJ com a comunidade. O local é atrasado, de aparência ruim, não me atraindo em nada.”

“É um município que tinha tudo para dar certo, no entanto não soube escolher seus dirigentes e agora corre o risco de receber um lixão. Tenho esperança que melhore um dia.”

Entre a população de Seropédica, é forte o sentimento de pertencimento à

cidade. Somente menos de 5% dos moradores de Seropédica não quiseram ou não

souberam responder e, apenas 19% afirmaram que Seropédica não representa

“nada” ou “quase nada” para eles. Para, aproximadamente, 25% dos moradores,

Seropédica representa “tudo”.

“Faz parte da minha história. Representa tudo.”

“Meu lar, meu trabalho, representa tudo.” “Tudo na minha vida. O local onde construí minha vida.”

Para a grande maioria dos moradores Seropédica, representa um lugar calmo

e sossegado, bom para morar. A cidade é o lugar da tranquilidade e o lugar da

família. Foi alto o percentual de respostas que inclui uma referência à família, em

geral, e aos filhos, em particular.

“Ainda um lugar calmo (...) para se morar, longe da grande violência que estamos

vivendo.”

“Ambiente agradável para minha família.”

“É um lugar bom para criar os meus filhos.”

“É uma comunidade muito calma.”

“É bom porque é tranquilo, pretendo constituir família.”

“O lugar onde nasci e pretendo criar meus filhos, esperando um futuro progresso.”

“Um lugar calmo e tranquilo para se criar os filhos.”

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203

Finalmente, pode-se afirmar que as representações do campus e da cidade,

olhadas tanto sob a perspectiva interna de cada grupo pesquisado – comunidade

universitária e moradores de Seropédica – como na perspectiva do olhar externo ao

lugar, configuram-se como espaços de relações independentes. Retomando o

conceito de campo, que faz parte do corpo teórico da obra de Pierre Bourdieu, como

"... um espaço de relações entre grupos com distintos posicionamentos sociais,

espaço de disputa e jogo de poder” (SEETON, 2002, p. 64), podemos concluir que

campus e cidade são dotados de relativa autonomia, regidos por regras próprias e

habitus próprios.

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204

CONCLUSÃO

“Veio, assim, o C.N.E.P.A. a instalar-se em um município tão despovoado e inculto que um simples núcleo colonial é capaz de duplicar seus algarismos demográficos. É, pois, de prever que a repartição tornar-se-ia o centro do município, mesmo que não fosse tão extensa, grandiosa e importante como é” (SANT’ANNA, 1949, p. 29).

“Se não fosse aqui, não faria diferença, (...). A presença da UFRRJ não faz Seropédica diferente de seus vizinhos da área metropolitana (exceto o Rio de Janeiro)” (professora da Universidade e natural de Seropédica, em resposta à pergunta: Para você o que representa, hoje, a presença da UFRRJ no município de Seropédica? – Pesquisa de Campo, nov. 2009).

O propósito desta pesquisa esteve permanentemente voltado para uma dada

realidade empírica, historicamente datada e situada – a relação socioespacial entre

a Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro e a cidade de Seropédica – para, a

partir dela, ser construída a discussão mais ampla da relação entre o campus

universitário, como modelo de territorialização do espaço universitário, e seu entorno

urbano. Seguindo o referencial teórico-metodológico, buscou-se compreender esta

relação através da análise das estruturas do espaço físico – os lugares em si – e das

estruturas do espaço social.

Na contextualização do objeto de estudo, dentro da perspectiva mais ampla

da inserção urbana e social da própria instituição universidade, através do tempo,

procurou-se identificar os elementos de recorrências TPF

259FPT na gênese, desenvolvimento

e territorialização da universidade, substanciais para o entendimento no campo da

sociologia urbana. Embora as universidades tenham nascido quando do

ressurgimento das cidades e pela divisão do trabalho que nelas se estabeleceu, a

primeira tipologia do espaço universitário se caracterizou como uma construção

fechada em relação à cidade, trazendo a proposta de reclusão e isolamento típico

dos claustros medievais, cristalizando, já naquela época, o que se pode denominar

de “aristocratização” das universidades. Mesmo com a expansão do espaço

TP

259PT O enfoque pela recorrência se aproxima mais da sociologia. Cabe destacar que a pesquisa não desejou inserir-se no

universo histórico.

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205

universitário - determinado por novas necessidades - sua definitiva territorialização,

ainda, permaneceu fechada em si mesma. Quando, morfologicamente, a

universidade se abria para a cidade, sua espacialidade já estava consolidada de

forma a não interagir com seu entorno urbano.

Observou-se que a instituição universidade, quando transportada para os

Estados Unidos, foi implantada de forma individualizada, formando pequenas

comunidades autônomas, localizadas nos limites das cidades ou mesmo no campo,

rompendo com a tradição europeia de localização no centro urbano. Também, no

plano arquitetônico, as universidades americanas abandonaram as estruturas em

claustro, adotando edifícios separados e integrados com a natureza, mas já

separados das demais funções da cidade. Assim, consolidou-se um conceito de

“locus para a produção intelectual” como um modelo perfeito de microcosmo

autônomo e independente da cidade.

No Brasil, constatou-se que a consolidação do ensino superior através de

estabelecimentos isolados marcou, de forma permanente, nossas instituições de

ensino. Mesmo quando constituídas como universidades e, posteriormente, quando

reunidas sob um único espaço físico – seja nas cidades universitárias ou nos campi

– as instituições de ensino superior tenderam a se manter como unidades

autárquicas, separadas internamente por tabiques TPF

260FPT simbólicos. A quebra desta

autarquia interna, que foi reforçada por nossa herança cultural francesa, é, na nossa

concepção, necessária, mas difícil, pelo muito que se internalizou no universo

acadêmico.

Na análise da evolução do espaço universitário no Brasil – da cidade

universitária ao campus universitário – na perspectiva dos principais exemplos

contemporâneos ao objeto de estudo, ficou provado, por um lado, que a inauguração

desta forma de territorialização no país se deu no bojo do complexo destinado a

abrigar o antigo CNEPA, que incluiu a então Universidade Rural, hoje UFRRJ; por

outro lado, que a origem diferenciada da UFRRJ em relação às demais instituições

de ensino superior imprimiu à universidade características próprias, sendo a mais

importante, para efeitos de nossas conclusões, a não-configuração, até o presente

TP

260PT O termo tabique é utilizado propositalmente, para expressar uma divisória mais “frágil” que o muro.

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206

momento, de uma segmentação interna no campus da UFRRJ. Nossos tabiques, se

é que existem, ainda são de certa forma, imperceptíveis TPF

261FPT.

No processo de formação e estruturação da UFRRJ, desde a criação de sua

instituição de origem - a ESAMV – até os dias atuais, cabe destacar, inicialmente,

que a criação do CNEPA havia-se constituído no grande marco do intervencionismo

estatal no campo da articulação do ensino agronômico e da pesquisa e

experimentação agrícola. O CNEPA, reorganizado durante o processo de

transferência para as instalações do km 47, quando passou a ser formado pela

Universidade Rural e pelo Serviço Nacional de Pesquisas Agronômicas (SNAPA),

assumiu a condição de órgão centralizador e coordenador de todo o sistema

agrícola, com clara e definida abrangência nacional. Essa condição, no nosso

entendimento, deixou marcas ao longo de todo o desenvolvimento da Universidade

Rural, fazendo com que esta efetiva “missão” se expressasse não só no nome que

assumiu em 1962, de Universidade Rural do Brasil, mas, também, no imaginário de

sua comunidade, fortemente naquele momento, mas, que, ainda hoje, se realiza

através de muitos de seus membros. Foram detectadas fortes evidências de que a

UFRRJ, ainda, tudo faz para se manter “nacional”, ou, no mínimo do Rio de Janeiro.

Neste sentido, a comunidade universitária, majoritariamente, posicionou-se contrária

à mudança da atual denominaçãoTPF

262FPT e, ainda, rapidamente mobilizou-se na direção

de impedir a tramitação no Congresso Nacional, de projeto de lei “alterando a

denominação de Universidade Federal Rural de Rio de Janeiro para Universidade

Federal Rural de Seropédica” TP

F

263FPT.

A análise, também, mostrou que o hoje campus da UFRRJ, quando

implantado no então distrito de Seropédica, constituiu-se como um projeto pleno,

independente da região do entorno. O então CNEPA funcionava como uma

verdadeira “cidade” dentro de uma cidade (naquela época Itaguaí). O primeiro

núcleo urbano do distrito de Seropédica - o “km 49” – teve desenvolvimento lento, já

que, de início, os funcionários do CNEPA tinham todos os serviços oferecidos no

TP

261PT Teme-se que, no futuro, seja pela desejada e necessária expansão, seja pela prevalecência daqueles que não se curaram

do vírus dos “estabelecimentos isolados”, a UFRRJ perca esta característica que imputamos da maior importância. TP

262PT Ver resultado da pesquisa de campo no Apêndice B.

TP

263PT Projeto de lei apresentado em 2006 pelo Deputado Federal Simão Sessim. Neste sentido – da missão nacional – é,

também, o livro recentemente publicado por Raimundo Santos, professor associado do ICHS/UFRRJ, intitulado O caminho nacional da UFRRJ (Brasília, DF: Abaré Editorial, 2008).

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207

interior do complexo, e, quando não, dirigiam-seTPF

264FPT ao bairro de Campo Grande ou

ao próprio centro da cidade do Rio de Janeiro. O contato com Itaguaí praticamente

inexistia. Ficou evidente que, somente após a decisão tomada pelo Conselho

Universitário da então Universidade Rural de desvincular o número de vagas para o

vestibular das vagas existentes nos alojamentos TPF

265FPT, com efeitos concretos na

expansão do número de alunos, a partir da década de 1970, que a comunidade

universitária, através dos alunos, passou a buscar um “apoio” na cidade para a

instalação de repúblicas estudantis.

No que se refere à cidade de Seropédica, a análise de sua dinâmica urbana

revelou que, embora tivesse um passado de destaque no cenário do Rio de Janeiro

imperial, quando veio a abrigar as instalações do CNEPA era, predominantemente,

uma área rural do município de Itaguaí. Seropédica se manteve com estas

características até os anos 1990, embora, a partir da década de 1970, tenha iniciado

um processo de transição de área rural para área urbana. Constatou-se, ainda, que

embora esta região tenha recebido, na década de 1940, as instalações do CNEPA,

que tinha por objetivo ser o centro de excelência transformador do cinturão agrícola

da Baixada Fluminense, nenhuma influência concreta para a agricultura do seu

entorno foi identificada.

Foi a antiga estrada Rio - São Paulo o grande agente estruturador do espaço

urbano da cidade. O campus universitário, porém, devido à sua centralidade em

relação ao território do antigo distrito de Seropédica, foi determinante para que a

apropriação do espaço urbano da cidade se desse de forma nucleada. À localização

do campus deve ser atribuída a quebra de continuidade da cidade. Ao campus

universitário, também, deve-se atribuir uma maior valorização do solo no km 49. Esta

valorização está relacionada a ganhos do espaço, na forma de ganho de localização

na classe de renda de situaçãoTPF

266FPT. Conforme ensina Bourdieu (1997b, p. 163):

...Os ganhos do espaço podem tomar a forma de ganhos de localização, eles mesmos susceptíveis de ser analisados em duas classes: as rendas (ditas de situação) que são associadas ao fato de estarem situadas perto de agentes e de bens raros e cobiçados (como os equipamentos educacionais, culturais ou de saúde); os ganhos de posição ou de classe (como os que

TP

264PT Na verdade, eram dirigidos, uma vez que, como relatou Leonir Tunala (técnico-administrativo), “quando do pagamento

saíam ‘caminhões’ que levavam os funcionários para realizar suas compras em Campo Grande”. TP

265PT Decisão tomada em agosto de 1968.

TP

266PT Estes ganhos do espaço se aplicam, nas suas diferentes formas, ao entorno das cidades universitárias e campi

universitários.

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208

são assegurados por um endereço prestigioso), caso particular dos ganhos simbólicos de distinção que estão ligados à posse monopolística de uma propriedade distintiva (...) e na forma de ganhos de ocupação (ou de acumulação), a posse de um espaço físico (vastos parques, grandes apartamentos, etc.) (...).

Esta valorização, este ganho de localização, incorporada ao senso comum

dos moradores de Seropédica, leva a princípios de divisão na cidade, que, se não

interferem nas escolhas locacionais, posto que estas dependem de poder aquisitivo

dos habitantes, influencia na representação, como destaca o site Portal de

Seropédica:

Mas quanto custa morar em Seropédica? Seropédica é caracterizada por duas situações distintas: o elevado preço de aluguel e imóveis do km 49 e os baixos preços das demais áreas. Um terreno no km 49 de 360 mP

2P pode

chegar a custar 40 mil reais, enquanto no km 39, por exemplo, a mesma área pode ser comprada por 3 a 5 mil reais. Se ambos não dispõem de saneamento básico direito, ruas asfaltadas e presença do poder público que justifique o IPTU, por que a diferença? A proximidade com a Universidade parece ser uma justificativa, que aliada à susceptibilidade a enchentes do km 39 e ao maior desenvolvimento do comércio no km 49, faz do km 49 a menina dos olhos das imobiliárias. (...) Em média, o aluguel de uma quitinete em Seropédica pode variar de 150,00 á 400,00 reais, enquanto uma casa com dois quartos, em condições razoáveis, sai por 250,00 a 700,00 reais, dependendo da localização... (Coluna de Salviano Dutra, de 10/12/2006, disponível em “O Portal de Seropédica” http://www.seropedicarj.com.br/mostra_coluna.php?n_id=22&u=).

A pesquisa, ainda, apontou para dados que permitem a desnaturalização de

algumas ideias, presentes no senso comum, a respeito de Seropédica.

Primeiramente, observou-se que, embora o núcleo urbano situado no chamado km

49, formado pelos bairros Boa Esperança e Fazenda Caxias, seja considerado o

núcleo central e de maior expressão na cidade, o núcleo urbano situado entre os

chamados km 40 e km 42, formado pelos bairros Campo Lindo, Jardins e Parque

Jacimar, é maior em extensão e população. A pesquisa mostrou que a comunidade

universitária enxerga Seropédica, apenas, na direção do km 49. Outra ideia

preconcebida que foi desconstruída a partir das análises realizadas é a de que o

perfil atual de Seropédica “(...) devido ao fato de grandes extensões de terras

municipais pertencerem à União, é o de uma extensão da cidade universitária

(TCERJ, 2008, p. 8)”. Na verdade, Seropédica não é uma cidade universitária.

Apenas uma ínfima parte da cidade, mais exatamente alguns quarteirões em torno

dos dois supermercados e alguns quiosques naquele entorno, podem afigurar-se

como uma “extensão da universidade”.

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209

No que se refere à importância da UFRRJ para a cidade, observa-se, entre

outros dados, que a Rural não é a maior empregadora na economia da cidade e que

o PIB de Seropédica não difere expressivamente dos municípios de seu entorno.

Embora se possa assegurar que a implantação do CNEPA não tivesse tido o

propósito de se constituir como um vetor de crescimento urbano para a região, o que

se observa é que, ao invés de desenvolver a área rural do seu entorno, ela atraiu

uma população urbana impulsionada pelas forças de mercado.

Os dados apresentados permitiram, também, uma comparação entre os

orçamentos da cidade e da universidade, mostrando que o orçamento da UFRRJ é

em torno de 4 vezes o orçamento de Seropédica. Embora nosso objetivo não seja a

análise da relação econômica entre a universidade e a cidade, podemos inferir, por

todos os dados apresentados na pesquisa, que é reduzido o percentual do

orçamento da Universidade que se realiza no próprio município, sobretudo aquele

relativo a pessoal. Tavares e Santos (2005) afirmam que o conjunto de recursos

gerados sob a forma de salários pagos aos seus professores e funcionários, bem

como a compra de serviços e insumos que as Universidades fazem movimentar é

significativa para a economia dos municípios. Segundo os autores, “no Brasil, no

caso de cidades de porte médio que abrigam universidades, sua contribuição para a

economia local resulta expressivo” (TAVARES; SANTOS, 2005, p. 4). Para que se

possa proceder a afirmações conclusivas para o caso da UFRRJ em relação ao

município de Seropédica, sugerem-se novas pesquisas para análise das despesas

correntes - sobretudo de custeio - e de capital. Entretanto, pode-se afirmar a priori

que Seropédica certamente não se constitui em paradigma para as afirmações dos

autores.

A análise dos dados obtidos no trabalho de campo, adotadas as concepções

de Pierre Bourdieu como principal referencial teórico, permitiu compreender o

campus universitário para além de um espaço físico, fruto de um modelo urbanístico

que divide a cidade segundo propostas de zoneamento. Na verdade, tanto o campus

quanto a cidade constituem-se em diferentes espaços de produção (e reprodução)

material e simbólica, onde estão inseridos atores e instituições. Assim, mais que

“zonas” diferentes, o campus e a cidade são campos diferentes, são estruturas

sociais que se caracterizam pela composição distintiva de capitais.

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210

Dados da pesquisa comprovaram que a comunidade universitária em

conjunto é detentora de uma maior concentração de capitais, particularmente, do

cultural, consubstanciado em seus três estados TPF

267FPT. Também, é a comunidade

universitária aquela que possui maiores quantidades de capital econômico, social e

políticoTPF

268FPT. É, ainda, a comunidade universitária, pelo seu viés acadêmico – a

instituição universidade por si confere poder – quem detém o capital simbólico. Este

último capital sendo, portanto, uma marca distintiva da própria Universidade TPF

269FPT, leva

ao poder simbólico como um “... poder de constituir o dado pela enunciação, de

fazer ver e fazer crer (...)” (BOURDIEU, 2005, p 14). Assim, impõe-se o arbítrio que

superestima a importância da Rural para a cidade de Seropédica. É através da

violência simbólica que a comunidade universitária impõe à parte da população de

Seropédica – especificamente à da Mancha 1 – o seu reconhecimento e a

valorização da universidade como de suma importância para a cidade, como o

“motor” da cidade.

De acordo com Bourdieu (2008), para que o poder se concretize em um grupo,

é necessário que a força do discurso ganhe status dentro do contexto social,

fazendo-se valer pela força do poder atribuído àquele que o profere, de modo a que

as lutas sociais se movimentem pela imposição de percepções e de categorias de

percepções, num sentido dialético de existência. Ainda, conforme Bonnewitz (2003,

p. 85), “de modo geral, todo o campo exerce sobre os agentes uma ação

pedagógica multiforme, que tem como efeito fazê-los adquirir saberes

indispensáveis a uma inserção correta nas relações sociais”. Portanto, assim como o

campus universitário e a cidade de Seropédica estão em campos diferentes, seus

agentes sociais possuem habitus diferenciados. A pesquisa de campo comprovou

que, mesmo para aqueles grupos sociais que se percebem na mesma classe social,

não existe interação, não existem relações de proximidades. Os grupos frequentam

lugares diferentes e têm gostos diferentes. Assim, as escolhas, comportamentos,

ações ou aspirações individuais não derivam de intenções ou planejamentos, mas

são produtos da relação entre um habitus e as pressões e estímulos da conjuntura.

TP

267PT Conforme já destacado no estado incorporado, objetivado e institucionalizado.

TP

268PT Para Bourdieu, “... a divisão do trabalho político varia em função do volume global do capital econômico e cultural

acumulado numa formação social determinada (...) e também em função da estrutura, mais ou menos dissimétrica, da distribuição deste capital, particularmente do cultural” (BOURDIEU, 2005, p. 164). TP

269PT A instituição universitária é repleta de símbolos de poder que se constituem em capital simbólico objetivado – a beca, por

exemplo.

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211

Para Bourdieu, tais como as práticas sociais, as representações também

estão submetidas ao habitus e às pressões das condições estruturais sob as quais

elas operam, podendo, então, variar de acordo com a posição do agente na

estrutura social e com as “estruturas cognitivas e avaliativas que foram adquiridas

através da experiência duradoura de uma posição no mundo social” (BOURDIEU

apud BERNARDO, 2010, p. 5). A análise das percepções e representações que a

comunidade universitária - em especial os alunos e parte dos servidores técnico-

administrativos - tem do campus universitário e que a população de Seropédica tem

da sua cidade estão impregnadas de um vínculo de afetividade.

Na análise da representação que cada grupo pesquisado tem de seu próprio

espaço, observa-se que, para os alunos, o campus universitário representa o lugar

da integração, da socialização e da convivência com o diverso. Para a parcela

majoritária dos técnico-administrativos, o campus está intimamente ligado à vida, ao

lar, em um claro sentimento de pertença, relacionado à ideia de enraizamento, em

que o indivíduo constrói sua ligação com a origem e é por ela construído. Os

professores, em sua maioria, são o grupo cuja representação do campus é mais

objetivaTPF

270FPT. É o campus como o lugar de trabalho, embora, algumas vezes, esta

representação esteja acompanhada do reconhecimento de que é um agradável lugar

de trabalho.

Para a população de Seropédica, é muito forte o sentimento de pertença em

relação à sua cidade. Aqui, também, a ideia de enraizamento às origens está

presente. Seropédica representa para sua população a tranquilidade e o sossego,

reforçando questões já discutidas anteriormente, no corpo da pesquisa, de que

existem qualidades - como, por exemplo, a segurança - que se sobrepõem a certos

tipos de problemas locais, fazendo com que uma população faça a opção consciente

de permanecer em determinada área, mesmo identificando e enfrentando

dificuldades.

A análise da representação que cada grupo pesquisado tem do espaço do

outro, ou seja, a representação que a comunidade universitária tem da cidade de

Seropédica e que a população da cidade tem do campus da UFRRJ, possibilita,

TP

270PT Este resultado da pesquisa de campo surpreendeu pela proporção majoritária. Somente entre os docentes com maior tempo

de serviço dedicado à UFRRJ, a representação acompanha o resultado obtido para os técnico-administrativos.

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212

finalmente, uma maior aproximação com as relações socioespaciais que se

estabelecem entre o campus universitário e a cidade, para o caso estudado. Para a

comunidade universitária, sem distinção entre seus segmentos, majoritariamente a

cidade de Seropédica representa o lugar - apenas no sentido geográfico de

localização - da Universidade. A relação com a cidade é distante, de passagem e de

obrigação: “tenho que passar”, “tenho que morar” e “tenho que frequentar”, são as

afirmações mais frequentes. Para a população de Seropédica, a ausência de

representação do campus universitário é expressiva e, consequentemente,

significativa. Apenas para uma minoria o campus da Rural representa o “lugar da

beleza”, o cartão postal de Seropédica.

A partir dos dados apresentados, pode-se afirmar que, para a população de

Seropédica, o campus universitário não se configura como um elemento constitutivo

ou estruturante da identidade da cidade. O campus não é um espaço de referência,

de sociabilidade, não se apresenta como um espaço público TPF

271FPT, no sentido da sua

apropriação pelos moradores de Seropédica. Na estrutura da identidade

seropedicense, o campus é, apenas, símbolo de teatralização, de cenário. O

campus é marco visual, não é marco afetivo TPF

272FPT. Por outro lado, a cidade, tampouco é

apropriada pela ampla maioria da comunidade universitária. Existe uma pequena

porção da cidade que é considerada uma “extensão da universidade”, e estar nela,

seja para residir, comprar, se divertir é estar na “Rural” e não na cidade. Assim,

pode-se concluir que no entorno da Universidade não existe uma cidade: Seropédica

está ali como poderia estar qualquer outra cidade. Melhor seria, ainda, para muitos

integrantes da comunidade universitária, se o campus tivesse podido manter-se

autossuficiente, como foi planejado. A cidade inexiste na representação da

comunidade universitária. Confrontando as representações expressas pelos grupos

sociais, percebe-se, em síntese, a construção das diferentes representações sobre

os espaços, do campus e da cidade, reafirmando a relação de tolerância apontada

por Vainer (1998), marcada pela indiferença entre os diferentes e a compreensão de

que o outro é necessário no funcionamento da cidade e, também, da universidade.

A discussão das relações socioespaciais a partir da Universidade Federal

Rural do Rio de Janeiro no contexto urbano da cidade de Seropédica, como um caso TP

271PT No sentido, por exemplo, de que a praia é para os cariocas.

TP

272PT Uma demonstração significativa da não-apropriação do campus da UFRRJ pela cidade pode ser percebida quando a

população de Seropédica se manifesta, majoritariamente, contrária à mudança de nome da Universidade (ver Apêndice B).

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particular de estudo, reforçou as questões identificadas e reforçou suas

consequências. É compreensível que, na medida em que a relação universidade

versus cidade se estabeleça no contexto de cidades maiores, os processos

socioespaciais sejam menos perceptíveis, sem, no entanto, se dissiparem. Estudos

nesse sentido podem ser aprofundados em Smiderle (2004) TPF

273FPT e Rust e Novais

(2007), entre outros. Assim, algumas considerações podem ser apontadas na

direção da questão geral: a relação socioespacial entre a universidade e a cidade.

Resgatando o conjunto de princípios que orientaram a gênese e evolução do

urbanismo no Brasil, segundo Ribeiro e Cardoso (1996), pode-se apontar a

espacialização das universidades brasileiras, sob o paradigma das cidades

universitárias, como exemplos que configuraram o surgimento do discurso

urbanístico no país, através das ideias de modernização, desenvolvimento e

construção da nacionalidade. Assim, as primeiras cidades universitárias projetadas

ou construídas no país, a começar pela da UFRRJ, representaram os valores

ideológicos da sociedade brasileira e de sua organização política e cultural.

Também, o debate sobre o modelo urbanístico modernista do espaço

universitário - o campus universitário - não deve enfocar a segregação como o

processo único, ou até mesmo central, para a compreensão da sua relação com o

entorno urbano. A produção do espaço universitário não pode ser vista como uma

produção unicamente física, mas como um produto histórico das determinantes

sociais. O espaço universitário, também, como já analisado anteriormente, não é um

espaço em disputa entre atividades e pessoas, mas uma particularização espacial

que buscou criar a identificação de um agrupamento social – o acadêmico. Ao

produzir a identificação, fragmentou, segregou e, principalmente, hierarquizou o

espaço.

TP

273PT Smiderle fez um estudo etnográfico entre a sociedade de Campos dos Goytacazes (RJ) e o segmento dos docentes,

pesquisadores e servidores técnico-administrativos da Universidade Estadual do Norte Fluminense (Uenf), que concluiu por mostrar que a Uenf era percebida por amplos segmentos da população de Campos como uma instituição “fechada”, distante da realidade e dos problemas locais e da região. O autor mostrou que, de um lado, os professores e pesquisadores eram reconhecidos como expoentes do conhecimento - chamados de ‘PhDeuses’ - mas alheios à cidade – chamados, também, de ‘marcianos’. Do outro lado, boa parte dos pesquisadores da Uenf tinha a cidade, de forma igualmente estereotipada, como um lugar de coronéis e oligarquias rurais. Smiderle, em artigo recente intitulado “Um driblador dentro e fora do campo”, publicado na Revista Rio Pesquisa da FAPERJ (Ano IV - Número 13 – Dezembro/2010, p. 45-48), mostra que o Professor Raimundo Braz Filho (professor aposentado da UFRRJ), quando assumiu a reitoria da Uenf, em julho de 2003, deu início a um processo de desconstrução da realidade que se apresentava. Para Smiderle, “Em lugar da universidade arrogante e com pretensões de instaurar a ‘civilização’, Braz encarnou a universidade disposta a conhecer e valorar a história de Campos e os campistas. Em lugar do ‘professor doutor’ marcado por um sentimento de superioridade, encarnou o flamenguista brincalhão e ex-jogador de futebol, sempre pronto a contar histórias que cabem na boca e nos ouvidos do povo”.

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O processo de hierarquização do espaço no modo de produção capitalista

tem sido frequentemente analisado. Autores como Christian Topalov e David

Harvey, entre outros, discutiram o uso do solo urbano a partir da renda da terra

como categoria de análise TPF

274FPT. Em direção semelhante, outros estudos analisaram a

produção da moradia sobre a ótica capitalistaTPF

275FPT. Entretanto, a hierarquização

espacial é um processo que envolve não só mediações econômicas, mas sociais e

políticas. Retomando a visão espacial da sociedade, em Bourdieu, a “ideia de

diferença, de separação, está no fundamento da própria noção de espaço” já

definido como “conjunto de posições distintas e coexistentes, exteriores umas às

outras, definidas umas em relação às outras por sua exterioridade mútua e por

relações de proximidade, de vizinhança ou de distanciamento e, também, por

relações de ordem, como acima, abaixo e entre (...)” (BOURDIEU, 2007c, p. 18-19).

Assim, Bourdieu compreende o espaço social como formado por relações de

proximidade e separação, que são, antes de mais nada, relações hierárquicas.

Por outro lado, ainda conforme Bourdieu, os lugares no espaço são definidos

por posições geradas a partir do volume e da composição do capital. Como já

destacado, para este autor, existem diferentes tipos de capital (econômico, cultural,

simbólico, etc.). Estes diferentes tipos de capital, também, terão uma distribuição

desigual em volume e uma maior importância a partir do campo em análise,

guardando, entretanto, uma analogia com o que conhecemos do capital econômico,

no sentido de que sempre serão, de forma genérica, um recurso (estrutura

estruturante) que rende “lucros” para aquele que o detém. As posições neste espaço

social expressam as relações de dominação entre as classes sociais e as relações

de hierarquia.

Para Bourdieu (1997b, p.160),

Não há espaço, em uma sociedade hierarquizada, que não seja hierarquizado e que não exprima as hierarquias e as distâncias sociais, sob uma forma (mais ou menos) deformada e, sobretudo, dissimulada pelo efeito de naturalização que a inscrição durável das realidades sociais no

TP

274PT Ver, entre outros, TOPALOV, Christian. Análise do ciclo de reprodução do capital investido na produção da indústria da

construção civil: capital e propriedade fundiária. In: FORTI, Reginaldo. Marxismo e urbanismo capitalista. São Paulo: Livraria Editora Ciências Humanas, 1979; TOPALOV, Christian. Le profit, la rente et la ville: éléments de théorie. Paris: Econômica, 1984; HARVEY, David. A Justiça Social e a Cidade. São Paulo: Hucitec, 1980; e HARVEY, David. Los limites del capitalismo y la teoría marxista. México: Fondo de Cultura Econômica, 1990. TP

275PT Ver, entre outros, RIBEIRO, Luiz Cesar de Queiroz. Dos cortiços aos condomínios fechados: as formas de produção da

moradia na cidade do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira: IPPUR, UFRJ: FASE,1997 e JARAMILLO, Samuel. Producción de vivenda y capitalismo dependiente: el caso de Bogotá. Bogotá, Colômbia: Editorial Dintel, 1980.

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mundo natural acarreta: diferenças produzidas pela lógica histórica podem, assim, parecer surgidas da natureza das coisas (...).

Retomando nossa hipótese, são as estruturas sociais que, materializadas nas

estruturas espaciais, hierarquizam o espaço universitário e o “fecham” para a cidade.

Para a comunidade do seu entorno, as universidades, quando percebidas, o são

como locais restritos, preenchidos de interdições e, para alguns, de privilégios.

Como “ilhas” dentro das cidades, perpetuam uma relação socioespacial de

distanciamento. Os campi universitários qualificam as áreas urbanas nas quais se

inserem, propiciam ganhos de espaços, como já analisado, são referências para o

conhecimento, mas não são percebidos como parte das cidades. Como ensina

Bourdieu, o espaço social está inscrito, ao mesmo tempo, nas estruturas espaciais e

nas estruturas mentais (1997b).

Levar à consciência os mecanismos que tornam a vida dolorosa, inviável até, não é neutralizá-las; explicar as contradições não é resolvê-las. Mas, por mais cético que se possa ser sobre a eficácia social da mensagem sociológica, não se pode anular o feito que ela pode exercer (...) (BOURDIEU, 1997b, p. 735).

É com inspiração na citação acima que acreditamos poder contribuir para a

construção de cidades, em especial Seropédica, mais justas e menos desiguais. A

compreensão dos processos socioespaciais é importante para a compreensão dos

mecanismos societários de exclusão e integração e das relações de interação e

sociabilidade entre os grupos ou classes sociais. Muito ainda há por ser estudado, e

os desafios devem ser enfrentados, principalmente, no interior das universidades.

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APÊNDICE A QUESTIONÁRIOS APLICADOS NA PESQUISA DE CAMPO

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO / INSTITUTO DE PESQUISA E PLANEJAMENTO URBANO E REGIONAL

PESQUISA DE CAMPO PARA TESE DE DOUTORADO

QUESTIONÁRIO 1 – ALUNOS DE GRADUAÇÃO DA UFRRJ A E N

Prezado Aluno, Sua contribuição é muito importante para o desenvolvimento de minha tese de doutorado. Meu objeto de estudo é a relação entre a Universidade e a Cidade, entendida a partir do caso da Universidade Rural e seu entorno urbano, mais especificamente, o município de Seropédica. Assim, é fundamental saber o que pensam os estudantes e os servidores - técnico-administrativos e docentes - da Rural, bem como a comunidade de Seropédica. Você é parte de uma amostra da pesquisa de campo que ora se inicia. Por favor, leia e responda com atenção. Obrigado por sua colaboração, Profª. Regina Célia Lopes Araujo Departamento de Arquitetura e Urbanismo Instituto de Tecnologia / UFRRJ

1. IDENTIFICAÇÃO 1.1. Curso: __________________________________________ 1.2. Turno: 1. [ ] Integral 2. [ ] Diurno 3. [ ] Noturno 1.3. Ano e semestre de entrada na UFRRJ: _____________________ (Ex. aaaa/s 2006/2) 1.4. Local de moradia como estudante: 1. [ ] Alojamento - Qual? ________________________ 2. [ ] República em Seropédica [ ] no km. 49 [ ] outro – especificar:__________________________ 3. [ ] Seropédica com a família - Bairro:__________________________ (passar para a questão 2.1) 4. [ ] Outro município e vem diariamente para a Rural 1.5. Local de moradia permanente: 1. [ ] Rio de Janeiro - Especifique o bairro: _____________________________________________ 2. [ ] Outro município - Especifique o bairro, a cidade e o estado: _______________________________________ 00. [ ] Não se aplica 2. PERFIL SÓCIO-DEMOGRÁFICO / ECONÔMICO 2.1. Sexo: 1. [ ] Feminino 2. [ ] Masculino 2.2. Idade: ______________ 88. [ ] Prefiro não responder 2.3. Como você se mantém na Rural? (indique somente a fonte de renda mais importante) 1. [ ] Trabalho 2. [ ] Bolsa ou estágio 3. [ ] Ajuda da família 4. [ ] Outros:____________________________________ 2.4. A sua renda bruta Ufamiliar U é: _______________________________________ 88. [ ] Prefiro não responder 99. [ ] Não sei

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3. PRÁTICAS DE CONSUMO – ROTEIRO COTIDIANO / COMPORTAMENTO / PREFERÊNCIA 3.1. Onde você almoça com mais frequência? 1. [ ] Bandejão 2. [ ] Cantinas do Campus 3. [ ] Restaurantes de Seropédica 4. [ ] Quiosques ou trailers de Seropédica 5. [ ] Na minha república ou no quarto do alojamento 6. [ ] Na minha casa (mora com a família) 7. [ ] Outro: _____________________________________ 3.2. Onde você toma café da manhã e janta com mais frequência? 1. [ ] Bandejão 2. [ ] Cantinas do Campus 3. [ ] Restaurantes de Seropédica 4. [ ] Quiosques ou trailers de Seropédica 5. [ ] Na minha república ou no quarto do alojamento 6. [ ] Na minha casa (mora com a família) 7. [ ] Outro: _____________________________________ 3.3. Quando está na Rural, você costuma comprar produtos de alimentação e/ou de higiene e limpeza? 1. [ ] Não compro 2. [ ] Trago de casa 3. [ ] Compro nos supermercados ou mercearias de Seropédica 4. [ ] Compro nos pontos de venda do próprio Campus (cantinas ou no próprio alojamento) 5. [ ] Outro: ________________________________________ 3.4. Onde você adquire vestuário e calçados com mais frequência? 1. [ ] No comércio de Seropédica 2. [ ] No comércio de Campo Grande 3. [ ] No comércio de Itaguaí 4. [ ] No comércio do bairro / cidade onde moro 5. [ ] Outro: _______________________________________ 3.5. Se você mora em república, onde adquiriu a maior parte dos seus móveis e eletrodomésticos? 1. [ ] Doações e/ou compra direta de outros estudantes 2. [ ] Brechós em Seropédica (de 2ª mão) 3. [ ] No comércio de Seropédica 4. [ ] No comércio de Campo Grande 5. [ ] No comércio de Itaguaí 6. [ ] Trouxe da minha cidade 7. [ ] Outro: _____________________________________ 99. [ ] Não sei 00. [ ] Não se aplica – não moro em república 3.6. Como você costuma acessar o sistema de saúde? 1. [ ] Sistema privado (possui plano de saúde) em Seropédica 2. [ ] Sistema privado (possui plano de saúde) em outro município - Qual o bairro e o município? ___________ 3. [ ] Sistema privado (sem plano de saúde) em Seropédica 4. [ ] Sistema privado (sem plano de saúde) em outro município - Qual o bairro e o município? _____________ 5. [ ] Sistema público em Seropédica 6. [ ] Sistema público de outro município - Qual o bairro e o município? _____________________________ 7. [ ] Posto médico da universidade 3.7. Onde você pratica esporte ou atividade física? 1. [ ] Não pratico 2. [ ] Em casa 3. [ ] Na área do Campus (excluindo a ciclovia) 4. [ ] Na ciclovia Rural – Km 49 5. [ ] Ao ar livre (quadra de ruas, praça, área verde, etc.) em Seropédica 6. [ ] Academia ou clube em Seropédica 7. [ ] Ao ar livre (quadra de ruas, praça, ciclovia, área verde, etc.) da minha cidade 8. [ ] Academia ou clube na minha cidade 9. [ ] Outro: ________________________________________

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3.8. Qual dentre os lugares abaixo você gosta e costuma frequentar e quais nunca frequentou?

Locais/programas Sempre (1)

Raramente (2)

Nunca (3)

1 Cinema 2 Teatro 3 Festas e shows organizados pelos estudantes da Rural 4 Festas e shows organizados pela Prefeitura de Seropédica 5 Festas nos clubes de Seropédica organizadas por NÃO estudantes 6 Shows públicos fora do município de Seropédica 7 Casas de show fora do município de Seropédica 8 Bares e quiosques 9 Restaurantes

10 Boates 11 Shopping centers 12 Clubes 13 Museus e exposições 14 Praças, parques e áreas verdes 15 Outros: ___________________

3.9. Onde você costuma frequentar a maioria dos lugares que você assinalou como “sempre” na questão anterior? 1. [ ] Em Seropédica 2. [ ] Na zona oeste do Rio de Janeiro (excluindo a Barra da Tijuca) 3. [ ] Na Barra da Tijuca 4. [ ] Na zona norte do Rio de Janeiro 5. [ ] Na zona sul do Rio de Janeiro 6. [ ] Na cidade onde moro (excluindo o Rio de Janeiro) 7. [ ] Outro - Especificar: ___________________________________________________ 3.10. Com que frequência você lê os seguintes jornais:

Sempre (1)

Às vezes (2)

Raramente (3)

Nunca (4)

1 Jornais de Seropédica (em geral)

2 Expresso

3 Extra

4 Jornal do Brasil

5 Jornal dos Sports

6 O Dia

7 O Globo

8 Outro: _______________________ 4. PERCEPÇÃO DO LUGAR 4.1. O que você acha de estudar na Rural? 1. [ ] Indiferente 2. [ ] Péssimo 3. [ ] Ruim 4. [ ] Regular 5. [ ] Bom 6. [ ] Ótimo 4.2. Por que você optou pela Rural? 1. [ ] Porque é a mais próxima da minha casa 2. [ ] Porque foi a única em que passei 3. [ ] Porque é a que oferece melhores condições de permanência (alojamento, bandejão, etc.) 4. [ ] Porque é uma universidade pública e gratuita 5. [ ] Pela qualidade do ensino 6. [ ] Outros motivos: ___________________________________________________________ 4.3. Como você se desloca dentro do Campus?

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1. [ ] Carro próprio 2. [ ] Bicicleta 3. [ ] Moto 4. [ ] A pé com eventual carona 5. [ ] A pé e nunca pega carona 6. [ ] Outro: ___________________ 4.4. Como você se desloca para o Campus (diariamente)? 1. [ ] Moro no alojamento 2. [ ] Carro próprio 3. [ ] Bicicleta 4. [ ] Moto 5. [ ] Moto-taxi 6. [ ] Van ou ônibus 7. [ ] A pé com eventual carona 8. [ ] A pé e nunca pega carona 9. [ ] Outro: ___________________ 4.5. O que representa para você o Campus da Rural? ____________________________________________ __________________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________________ 4.6. Quais as 2 principais virtudes do Campus da Rural? __________________________________________ __________________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________________ 4.7. Quais os 2 principais problemas do Campus da Rural? _______________________________________ __________________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________________ 4.8. Que palavra descreve melhor o Campus da Rural? 1. [ ] Solidão 2. [ ] Abandono 3. [ ] Enclave / gueto 4. [ ] Segurança 5. [ ] Imensidão 6. [ ] Tradição 7. [ ] Tranquilidade 8. [ ] Monumentalidade 9. [ ] Beleza 10. [ ] Outra: ______________________________________ 4.9. O que representa para você o município de Seropédica? ______________________________________ __________________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________________ 4.10. Quais as 2 principais virtudes de Seropédica? ______________________________________________ __________________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________________ 4.11. Quais os 2 principais problemas de Seropédica? ____________________________________________

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__________________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________________ 4.12. Para você o que pode ter representado, no passado, a implantação do CNEPA (atual UFRRJ) no então distrito de Seropédica? __________________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________________ 4.13. Para você o que representa, hoje, a presença da UFRRJ no município de Seropédica? ____________ __________________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________________ 4.14. USe você mora no alojamento ou em repúblicaU, você costuma passar os finais de semana no Campus ou em Seropédica? 1. [ ] Não moro 2. [ ] Nunca 3. [ ] Só quando estou em período de provas 4. [ ] Frequentemente, porque moro longe 5. [ ] Frequentemente, porque gosto 6. [ ] Outro: __________________________________________________ 4.15. Você considera os habitantes de Seropédica hospitaleiros / simpáticos para com os estudantes da Rural? 1. [ ] Sim 2. [ ] Não 99. [ ] Não sei (passar para a questão 4.17) 4.16. Você tem uma explicação para esta resposta? ______________________________________________ __________________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________________ 4.17. Você é a favor da mudança do nome da Universidade Rural para “Universidade Federal de Seropédica”? 1. [ ] Sim 2. [ ] Não, acho que o nome não deve mudar 3. [ ] Não, acho que o nome deve mudar, mas não para “Federal de Seropédica” 99. [ ] Não sei 4.18. Você acha que a Rural interage com a comunidade de Seropédica, cumprindo efetivamente um compromisso sócio-cultural? 1. [ ] Sim 2. [ ] Não 99. [ ] Não sei 5. PERCEPÇÃO DO MEIO SOCIAL 5.1. Em qual dos grupos abaixo você se inclui? 1. [ ] Classe alta 2. [ ] Classe média alta 3. [ ] Classe média média 4. [ ] Classe média baixa 5. [ ] Classe baixa/popular (pobre) 88. [ ] Prefiro não responder 99. [ ] Não sei 5.2. Você se relaciona Usocialmente U (nas suas horas de lazer) com outros estudantes da Rural? 1. [ ] Não 2. [ ] Sim, apenas com os do meu curso e da minha classe social

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3. [ ] Sim, apenas com os do meu curso, independente da classe social 4. [ ] Sim, com todos os estudantes (independente do curso) da minha classe social 5. [ ] Sim, com todos os estudantes independente do curso ou da classe social 88. [ ] Prefiro não responder 5.3. Você se relaciona Usocialmente U (nas suas horas de lazer) com os habitantes de Seropédica? 1. [ ] Não 2. [ ] Sim, apenas com os da minha classe social 3. [ ] Sim, com todos independente da classe social 88. [ ] Prefiro não responder 5.4. USe você mora em república em SeropédicaU, como você se relaciona com seus vizinhos (não estudantes da Rural)? 1. [ ] Mantenho uma relação de amizade e/ou solidariedade 2. [ ] Mantenho uma relação cordial, mas distante 3. [ ] Não gosto e/ou não falo com eles 4. [ ] Não os conheço 5. [ ] Não moro em república 88. [ ] Prefiro não responder 5.5. Você já “ficou” ou namorou um(a) morador(a) de Seropédica (que não seja estudante da Rural)? 1. [ ] Sim, frequentemente (passar para a questão 5.7) 2. [ ] Sim, eventualmente (passar para a questão 5.7) 3. [ ] Nunca 88. [ ] Prefiro não responder (passar para a questão 5.7) 5.6. Por quê? ______________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________________ 88. [ ] Prefiro não responder 5.7. Na sua relação com os habitantes de Seropédica, você já usou/ouviu o termo “minhoca”? 1. [ ] Não (passar para a questão 5.10) 2. [ ] Sim 5.8. Para você o termo “minhoca” tem algum significado especial? 1. [ ] Não 2. [ ] Sim - Qual? _________________________________________________________________________ 5.9. Você considera este termo: 1. [ ] Apenas uma brincadeira 2. [ ] Preconceituoso (denota intolerância) 3. [ ] Pejorativo (denota uma relação de superioridade/inferioridade) 4. [ ] Não tenho opinião 5.10. Na sua relação com os habitantes de Seropédica, você já ouviu o termo “estudante”? 1. [ ] Não (fim do questionário) 2. [ ] Sim 5.11. Para você o termo “estudante” tem algum significado especial? 1. [ ] Não 2. [ ] Sim - Qual? _________________________________________________________________________ 5.12. Você considera este termo: 1. [ ] Apenas uma brincadeira 2. [ ] Preconceituoso (denota intolerância) 3. [ ] Pejorativo (denota uma relação de superioridade/inferioridade) 4. [ ] Não tenho opinião

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO / INSTITUTO DE PESQUISA E PLANEJAMENTO URBANO E REGIONAL

PESQUISA DE CAMPO PARA TESE DE DOUTORADO

QUESTIONÁRIO 2 – TÉCNICO-ADMINISTRATIVOS DA UFRRJ T E N

Prezado Servidor, Sua contribuição é muito importante para o desenvolvimento de minha tese de doutorado. Meu objeto de estudo é a relação entre a Universidade e a Cidade, entendida a partir do caso da Universidade Rural e seu entorno urbano, mais especificamente, o município de Seropédica. Assim, é fundamental saber o que pensam os estudantes e os servidores - técnico-administrativos e docentes - da Rural, bem como a comunidade de Seropédica. Você é parte de uma amostra da pesquisa de campo que ora se inicia. Por favor, leia e responda com atenção. Obrigado por sua colaboração, Profª. Regina Célia Lopes Araujo Departamento de Arquitetura e Urbanismo Instituto de Tecnologia / UFRRJ

1. IDENTIFICAÇÃO 1.1. Setor: __________________________________________ 1.2. Nível: 1. [ ] Apoio 2. [ ] Médio 3. [ ] Superior 1.3. Tempo de serviço Una UFRRJ U: _____________________ 1.4. Local de moradia: 1. [ ] PNR (casa que pertence à União) no Campus ou na Ecologia 2. [ ] Seropédica - bairro Boa Esperança ou Fazenda Caxias (km. 49) 3. [ ] Seropédica - outro bairro - Especifique: _________________________________________ 4. [ ] Rio de Janeiro - Especifique o bairro: ___________________________________________ 5. [ ] Outro município - Especifique a cidade e o estado: __________________________________________ 2. PERFIL SÓCIO-DEMOGRÁFICO/ECONÔMICO 2.1. Sexo: 1. [ ] Feminino 2. [ ] Masculino 2.2. Idade: ______________ 88. [ ] Prefiro não responder 2.3. A sua renda bruta Ufamiliar U é: ____________________________________ 88. [ ] Prefiro não responder 99. [ ] Não sei 3. PRÁTICAS DE CONSUMO – ROTEIRO COTIDIANO / COMPORTAMENTO / PREFERÊNCIA 3.1. Onde você almoça com mais frequência? 1. [ ] Bandejão 2. [ ] Cantinas do Campus 3. [ ] Restaurantes de Seropédica 4. [ ] Trago marmita 5. [ ] Em casa 6. [ ] Outro: ____________________________________

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3.2. Onde você costuma comprar produtos de alimentação e/ou de higiene e limpeza com frequência? 1. [ ] Não compro (não responder a 3.3) 2. [ ] Compro nos supermercados ou mercearias de Seropédica 3. [ ] Compro nos supermercados do bairro / cidade onde moro 4. [ ] Outro: ____________________________________ 3.3. De acordo com a resposta anterior, diga qual o motivo: 1. [ ] Proximidade 2. [ ] Preço 3. [ ] Forma de pagamento 4. [ ] Variedade e qualidade 5. [ ] Outro: ____________________________________ 00. [ ] Não se aplica – não compro 3.4. Onde você adquire vestuário e calçados com mais frequência? 1. [ ] No comércio de Seropédica 2. [ ] No comércio de Campo Grande 3. [ ] No comércio de Itaguaí 4. [ ] No comércio do bairro / cidade onde moro 5. [ ] Outro: _______________________________________ 3.5. USe você mora em SeropédicaU, onde adquiriu a maior parte dos móveis e eletrodomésticos de sua casa? 1. [ ] Brechós em Seropédica (de 2ª mão) 2. [ ] No comércio de Seropédica 3. [ ] No comércio de Campo Grande 4. [ ] No comércio de Itaguaí 5. [ ] Outro: _____________________________________ 99. [ ] Não sei 00. [ ] Não se aplica – não moro em Seropédica 3.6. Como você costuma acessar o sistema de saúde? 1. [ ] Sistema privado (possui plano de saúde) em Seropédica 2. [ ] Sistema privado (possui plano de saúde) em outro município - Qual o bairro e o município? ___________ 3. [ ] Sistema privado (sem plano de saúde) em Seropédica 4. [ ] Sistema privado (sem plano de saúde) em outro município - Qual o bairro e o município? _____________ 5. [ ] Sistema público em Seropédica 6. [ ] Sistema público de outro município - Qual o bairro e o município? _______________________________ 7. [ ] Posto médico da universidade 3.7. Onde você pratica esporte ou atividade física? 1. [ ] Não pratico 2. [ ] Em casa 3. [ ] Na área do Campus (excluindo a ciclovia) 4. [ ] Na ciclovia Rural – Km 49 5. [ ] Ao ar livre (quadra de ruas, praça, área verde, etc.) em Seropédica 6. [ ] Academia ou clube em Seropédica 7. [ ] Ao ar livre (quadra de ruas, praça, ciclovia, área verde, etc.) da minha cidade 8. [ ] Academia ou clube na minha cidade 9. [ ] Outro: ________________________________________ 3.8. Qual dentre os lugares abaixo você gosta e costuma frequentar e quais nunca frequentou?

Locais/programas Sempre (1)

Raramente (2)

Nunca (3)

1 Cinema 2 Teatro 3 Festas e shows organizados pelos estudantes da Rural 4 Festas e shows organizados pela Prefeitura de Seropédica 5 Festas nos clubes de Seropédica organizadas por NÃO estudantes 6 Shows públicos fora do município de Seropédica 7 Casas de show fora do município de Seropédica 8 Bares e quiosques

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9 Restaurantes 10 Boates 11 Shopping centers 12 Clubes 13 Museus e exposições 14 Praças, parques e áreas verdes 15 Outros: ___________________

3.9. Onde você costuma frequentar a maioria dos lugares que você assinalou como “sempre” na questão anterior? 1. [ ] Em Seropédica 2. [ ] Na zona oeste do Rio de Janeiro (excluindo a Barra da Tijuca) 3. [ ] Na Barra da Tijuca 4. [ ] Na zona norte do Rio de Janeiro 5. [ ] Na zona sul do Rio de Janeiro 6. [ ] Na cidade onde moro (excluindo o Rio de Janeiro) 7. [ ] Outro - Especificar: ___________________________________________________ 3.10. Com que frequência você lê os seguintes jornais:

Sempre (1)

Às vezes (2)

Raramente (3)

Nunca (4)

1 Jornais de Seropédica (em geral) 2 Expresso 3 Extra 4 Jornal do Brasil 5 Jornal dos Sports 6 O Dia 7 O Globo 8 Outro: _______________________

4. PERCEPÇÃO DO LUGAR 4.1. O que você acha de trabalhar na Rural? 1. [ ] Indiferente 2. [ ] Péssimo 3. [ ] Ruim 4. [ ] Regular 5. [ ] Bom 6. [ ] Ótimo 4.2. Por que você optou por trabalhar na Rural? 1. [ ] Sempre desejei trabalhar aqui 2. [ ] Foi a oportunidade que se apresentou 3. [ ] Porque é próximo da minha casa 4. [ ] Outro motivo: _________________________________________________________________________ 4.3. Você pensa em sair da Rural, se conseguir outro emprego? 1. [ ] Não 2. [ ] Talvez 3. [ ] Sim 4.4. Como você se desloca Udentro U do Campus? 1. [ ] Carro próprio 2. [ ] Bicicleta 3. [ ] Moto 4. [ ] A pé com eventual carona 5. [ ] A pé e nunca pega carona 6. [ ] Outro: ___________________ 4.5. Como você se desloca Upara U o Campus (diariamente)?

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1. [ ] Moro no Campus 2. [ ] Carro próprio 3. [ ] Bicicleta 4. [ ] Moto 5. [ ] Moto-taxi 6. [ ] Van ou ônibus 7. [ ] A pé com eventual carona 8. [ ] A pé e nunca pega carona 9. [ ] Outro: ___________________ 4.6. O que representa para você o Campus da Rural? ____________________________________________ __________________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________________ 4.7. Quais as 2 principais virtudes do Campus da Rural? __________________________________________ __________________________________________________________________________________________ 4.8. Quais os 2 principais problemas do Campus da Rural? _______________________________________ __________________________________________________________________________________________ 4.9. Que palavra descreve melhor o Campus da Rural? 1. [ ] Solidão 2. [ ] Abandono 3. [ ] Enclave / gueto 4. [ ] Segurança 5. [ ] Imensidão 6. [ ] Tradição 7. [ ] Tranquilidade 8. [ ] Monumentalidade 9. [ ] Beleza 10. [ ] Outra: ______________________________________ 4.10. O que representa para você o município de Seropédica? _____________________________________ __________________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________________ 4.11. Quais as 2 principais virtudes de Seropédica? ______________________________________________ __________________________________________________________________________________________ 4.12. Quais os 2 principais problemas de Seropédica? ____________________________________________ __________________________________________________________________________________________ 4.13. Para você o que pode ter representado, no passado, a implantação do CNEPA (atual UFRRJ) no então distrito de Seropédica? __________________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________________

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4.14. Para você o que representa, hoje, a presença da UFRRJ no município de Seropédica? ____________ __________________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________________ 4.15. USe você mora em PNRU, você costuma passar os finais de semana no Campus ou em Seropédica? 1. [ ] Não moro em PNR 2. [ ] Nunca 3. [ ] Eventualmente 4. [ ] Frequentemente 5. [ ] Sempre 4.16. Você considera os habitantes de Seropédica hospitaleiros / simpáticos para com a comunidade universitária? 1. [ ] Sim 2. [ ] Não 99. [ ] Não sei (passar para a questão 4.18) 4.17. Você tem uma explicação para esta resposta? ______________________________________________ __________________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________________ 4.18. Você é a favor da mudança do nome da Universidade Rural para “Universidade Federal de Seropédica”? 1. [ ] Sim 2. [ ] Não, acho que o nome não deve mudar 3. [ ] Não, acho que o nome deve mudar, mas não para “Federal de Seropédica” 99. [ ] Não sei 4.19. Você acha que a Rural interage com a comunidade de Seropédica, cumprindo efetivamente um compromisso sócio-cultural? 1. [ ] Sim 2. [ ] Não 99. [ ] Não sei 5. PERCEPÇÃO DO MEIO SOCIAL 5.1. Em qual dos grupos abaixo você se inclui? 1. [ ] Classe alta 2. [ ] Classe média alta 3. [ ] Classe média média 4. [ ] Classe média baixa 5. [ ] Classe baixa/popular (pobre) 88. [ ] Prefiro não responder 99. [ ] Não sei 5.2. Você se relaciona Usocialmente U (nas suas horas de lazer) com outros servidores (técnicos e docentes) da Rural? 1. [ ] Não 2. [ ] Sim, apenas com técnico-administrativos da minha classe social 3. [ ] Sim, apenas com técnico-administrativos independente da classe social 4. [ ] Sim, com todos os servidores da minha classe social 5. [ ] Sim, com todos os servidores independente da classe social 88. [ ] Prefiro não responder 5.3. Você se relaciona Usocialmente U (nas suas horas de lazer) com os habitantes de Seropédica? 1. [ ] Não 2. [ ] Sim, apenas com os da minha classe social 3. [ ] Sim, com todos independente da classe social 88. [ ] Prefiro não responder

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5.4. USe você mora em SeropédicaU, como você se relaciona com seus vizinhos (não estudantes / não servidores da Rural)? 1. [ ] Mantenho uma relação de amizade e/ou solidariedade 2. [ ] Mantenho uma relação cordial, mas distante 3. [ ] Não gosto e/ou não falo com eles 4. [ ] Não os conheço 5. [ ] Não moro em Seropédica 88. [ ] Prefiro não responder 5.5. Na sua relação com os habitantes de Seropédica, você já usou/ouviu o termo “minhoca”? 1. [ ] Não (passar para a questão 5.8) 2. [ ] Sim 5.6. Para você o termo “minhoca” tem algum significado especial? 1. [ ] Não 2. [ ] Sim - Qual? _________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________________ 5.7. Você considera este termo: 1. [ ] Apenas uma brincadeira 2. [ ] Preconceituoso (denota intolerância) 3. [ ] Pejorativo (denota uma relação de superioridade/inferioridade) 4. [ ] Não tenho opinião 5.8. Na sua relação com os habitantes de Seropédica, você já ouviu o termo “estudante”? 1. [ ] Não (fim do questionário) 2. [ ] Sim 5.9. Para você o termo “estudante” tem algum significado especial? 1. [ ] Não 2. [ ] Sim - Qual? _________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________________ 5.10. Você considera este termo: 1. [ ] Apenas uma brincadeira 2. [ ] Preconceituoso (denota intolerância) 3. [ ] Pejorativo (denota uma relação de superioridade/inferioridade) 4. [ ] Não tenho opinião

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO / INSTITUTO DE PESQUISA E PLANEJAMENTO URBANO E REGIONAL

PESQUISA DE CAMPO PARA TESE DE DOUTORADO

QUESTIONÁRIO 3 – PROFESSORES EFETIVOS DA UFRRJ P E N

Prezado Professor, Sua contribuição é muito importante para o desenvolvimento de minha tese de doutorado. Meu objeto de estudo é a relação entre a Universidade e a Cidade, entendida a partir do caso da Universidade Rural e seu entorno urbano, mais especificamente, o município de Seropédica. Assim, é fundamental saber o que pensam os estudantes e os servidores - técnico-administrativos e docentes - da Rural, bem como a comunidade de Seropédica. Você é parte de uma amostra da pesquisa de campo que ora se inicia. Por favor, leia e responda com atenção. Obrigada por sua colaboração, Profª. Regina Célia Lopes Araujo Departamento de Arquitetura e Urbanismo Instituto de Tecnologia / UFRRJ

1. IDENTIFICAÇÃO 1.1. Instituto/Departamento: __________________________________________ 1.2. Classe: 1. [ ] Auxiliar 2. [ ] Assistente 3. [ ] Adjunto 4. [ ] Associado 5. [ ] Titular 1.3. Nível 1. [ ] 1 2. [ ] 2 3. [ ] 3 4. [ ] 4 5. [ ] Único 1.4. Tempo de serviço Una UFRRJ U: _____________________ 1.5. Local de moradia: 1. [ ] PNR (casa que pertence à União) no Campus ou na Ecologia 2. [ ] Seropédica - bairro Boa Esperança ou Fazenda Caxias (km. 49) 3. [ ] Seropédica - outro bairro - Especifique: _____________________________ 4. [ ] Rio de Janeiro - Especifique o bairro: __________________________________ 5. [ ] Outro município - Especifique a cidade e o estado: ________________________________________ 2. PERFIL SÓCIO-DEMOGRÁFICO/ECONÔMICO 2.1. Sexo: 1. [ ] Feminino 2. [ ] Masculino 2.2. Idade: ______________ 88. [ ] Prefiro não responder 2.3. A sua renda bruta Ufamiliar U é: ____________________________________ 88. [ ] Prefiro não responder 99. [ ] Não sei 3. PRÁTICAS DE CONSUMO – ROTEIRO COTIDIANO / COMPORTAMENTO / PREFERÊNCIA 3.1. Onde você almoça com mais frequência? 1. [ ] Bandejão 2. [ ] Cantinas do Campus 3. [ ] Restaurantes de Seropédica 4. [ ] Trago marmita

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5. [ ] Em casa 6. [ ] Outro: ______________________________________ 3.2. Onde você costuma comprar produtos de alimentação e/ou de higiene e limpeza com frequência? 1. [ ] Não compro (não responder a 3.3) 2. [ ] Compro nos supermercados ou mercearias de Seropédica 3. [ ] Compro nos supermercados do bairro / cidade onde moro 4. [ ] Outro: ______________________________________ 3.3. De acordo com a resposta anterior, diga qual o motivo: 1. [ ] Proximidade 2. [ ] Preço 3. [ ] Forma de pagamento 4. [ ] Variedade e qualidade 5. [ ] Outro: _______________________________________ 00. [ ] Não se aplica – não compro 3.4. Onde você adquire vestuário e calçados com mais frequência? 1. [ ] No comércio de Seropédica 2. [ ] No comércio de Campo Grande / Rio de Janeiro 3. [ ] No comércio de Itaguaí 4. [ ] No comércio do bairro / cidade onde moro 5. [ ] Outro: _______________________________________ 3.5. USe você mora ou tem um imóvel em SeropédicaU, onde adquiriu a maior parte dos móveis e eletrodomésticos de sua casa? 1. [ ] Brechós em Seropédica (de 2ª mão) 2. [ ] No comércio de Seropédica 3. [ ] No comércio de Campo Grande / Rio de Janeiro 4. [ ] No comércio de Itaguaí 5. [ ] Outro: _______________________________________ 99. [ ] Não sei 00. [ ] Não se aplica – não moro ou não tenho imóvel em Seropédica 3.6. Como você costuma acessar o sistema de saúde? 1. [ ] Sistema privado (possui plano de saúde) em Seropédica 2. [ ] Sistema privado (possui plano de saúde) em outro município - Qual o bairro e o município? ___________ 3. [ ] Sistema privado (sem plano de saúde) em Seropédica 4. [ ] Sistema privado (sem plano de saúde) em outro município - Qual o bairro e o município? _____________ 5. [ ] Sistema público em Seropédica 6. [ ] Sistema público de outro município - Qual o bairro e o município? _______________________________ 7. [ ] Posto médico da universidade 3.7. Onde você pratica esporte ou atividade física? 1. [ ] Não pratico 2. [ ] Em casa 3. [ ] Na área do Campus (excluindo a ciclovia) 4. [ ] Na ciclovia Rural – Km 49 5. [ ] Ao ar livre (quadra de ruas, praça, área verde, etc.) em Seropédica 6. [ ] Academia ou clube em Seropédica 7. [ ] Ao ar livre (quadra de ruas, praça, ciclovia, área verde, etc.) da minha cidade 8. [ ] Academia ou clube na minha cidade 9. [ ] Outro: ______________________________________________ 3.8. Qual dentre os lugares abaixo você gosta e costuma frequentar e quais nunca frequentou?

Locais/programas Sempre (1)

Raramente (2)

Nunca (3)

1 Cinema 2 Teatro 3 Festas e shows organizados pelos estudantes da Rural 4 Festas e shows organizados pela Prefeitura de Seropédica 5 Festas nos clubes de Seropédica organizadas por NÃO estudantes 6 Shows públicos fora do município de Seropédica 7 Casas de show fora do município de Seropédica

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8 Bares e quiosques 9 Restaurantes

10 Boates 11 Shopping centers 12 Clubes 13 Museus e exposições 14 Praças, parques e áreas verdes 15 Outros: ___________________

3.9. Onde você costuma frequentar a maioria dos lugares que você assinalou como “sempre” na questão anterior? 1. [ ] Em Seropédica 2. [ ] Na zona oeste do Rio de Janeiro (excluindo a Barra da Tijuca) 3. [ ] Na Barra da Tijuca 4. [ ] Na zona norte do Rio de Janeiro 5. [ ] Na zona sul do Rio de Janeiro 6. [ ] Na cidade onde moro (excluindo o Rio de Janeiro) 7. [ ] Outro - Especificar: ___________________________________________________ 3.10. Com que frequência você lê os seguintes jornais:

Sempre (1)

Às vezes (2)

Raramente (3)

Nunca (4)

1 Jornais de Seropédica (em geral) 2 Expresso 3 Extra 4 Jornal do Brasil 5 Jornal dos Sports 6 O Dia 7 O Globo 8 Outro: _______________________

4. PERCEPÇÃO DO LUGAR 4.1. O que você acha de trabalhar na Rural? 1. [ ] Indiferente 2. [ ] Péssimo 3. [ ] Ruim 4. [ ] Regular 5. [ ] Bom 6. [ ] Ótimo 4.2. Você pensa em sair da Rural, se conseguir outro emprego? 1. [ ] Não 2. [ ] Talvez 3. [ ] Sim 4.3. Como você se desloca Udentro U do Campus? 1. [ ] Carro próprio 2. [ ] Bicicleta 3. [ ] Moto 4. [ ] A pé com eventual carona 5. [ ] A pé e nunca pega carona 6. [ ] Outro: ______________________________ 4.4. Como você se desloca Upara U o Campus (diariamente)? 1. [ ] Moro no Campus 2. [ ] Carro próprio 3. [ ] Bicicleta 4. [ ] Moto

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5. [ ] Moto-taxi 6. [ ] Van ou ônibus 7. [ ] A pé com eventual carona 8. [ ] A pé e nunca pega carona 9. [ ] Outro: _______________________________ 4.5. O que representa para você o Campus da Rural? ____________________________________________ __________________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________________ 4.6. Quais as 2 principais virtudes do Campus da Rural? __________________________________________ __________________________________________________________________________________________ 4.7. Quais os 2 principais problemas do Campus da Rural? _______________________________________ __________________________________________________________________________________________ 4.8. Que palavra descreve melhor o Campus da Rural? 1. [ ] Solidão 2. [ ] Abandono 3. [ ] Enclave / gueto 4. [ ] Segurança 5. [ ] Imensidão 6. [ ] Tradição 7. [ ] Tranquilidade 8. [ ] Monumentalidade 9. [ ] Beleza 10. [ ] Outra: ______________________________________ 4.9. O que representa para você o município de Seropédica? ______________________________________ __________________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________________ 4.10. Quais as 2 principais virtudes de Seropédica? ______________________________________________ __________________________________________________________________________________________ 4.11. Quais os 2 principais problemas de Seropédica? ____________________________________________ __________________________________________________________________________________________ 4.12. Para você o que pode ter representado, no passado, a implantação do CNEPA (atual UFRRJ) no então distrito de Seropédica? __________________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________________ 4.13. Para você o que representa, hoje, a presença da UFRRJ no município de Seropédica? ____________ __________________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________________

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4.14. USe você mora em PNRU, você costuma passar os finais de semana no Campus ou em Seropédica? 1. [ ] Não moro em PNR 2. [ ] Nunca 3. [ ] Eventualmente 4. [ ] Frequentemente 5. [ ] Sempre 4.15. Você considera os habitantes de Seropédica hospitaleiros / simpáticos para com a comunidade universitária? 1. [ ] Sim 2. [ ] Não 99. [ ] Não sei (passar para a questão 4.17) 4.16. Você tem uma explicação para esta resposta? ______________________________________________ __________________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________________ 4.17. Você é a favor da mudança do nome da Universidade Rural para “Universidade Federal de Seropédica”? 1. [ ] Sim 2. [ ] Não, acho que o nome não deve mudar 3. [ ] Não, acho que o nome deve mudar, mas não para “Federal de Seropédica” 99. [ ] Não sei 4.18. Você acha que a Rural interage com a comunidade de Seropédica, cumprindo efetivamente um compromisso sócio-cultural? 1. [ ] Sim 2. [ ] Não 99. [ ] Não sei 5. PERCEPÇÃO DO MEIO SOCIAL 5.1. Em qual dos grupos abaixo você se inclui? 1. [ ] Classe alta 2. [ ] Classe média alta 3. [ ] Classe média média 4. [ ] Classe média baixa 5. [ ] Classe baixa/popular (pobre) 88. [ ] Prefiro não responder 99. [ ] Não sei 5.2. Você se relaciona Usocialmente U (nas suas horas de lazer) com outros servidores da Rural? 1. [ ] Não 2. [ ] Sim, apenas com docentes da minha classe social 3. [ ] Sim, apenas com docentes independente da classe social 4. [ ] Sim, com todos os servidores (técnicos e docentes) da minha classe social 5. [ ] Sim, com todos os servidores (técnicos e docentes) independente da classe social 88. [ ] Prefiro não responder 5.3. Você se relaciona Usocialmente U (nas suas horas de lazer) com os habitantes de Seropédica? 1. [ ] Não 2. [ ] Sim, apenas com os da minha classe social 3. [ ] Sim, com todos independente da classe social 88. [ ] Prefiro não responder 5.4. USe você mora em SeropédicaU, como você se relaciona com seus vizinhos (não estudantes /não servidores da Rural)? 1. [ ] Mantenho uma relação de amizade e/ou solidariedade 2. [ ] Mantenho uma relação cordial, mas distante 3. [ ] Não gosto e/ou não falo com eles 4. [ ] Não os conheço 5. [ ] Não moro em Seropédica 88. [ ] Prefiro não responder

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5.5. Na sua relação com os habitantes de Seropédica, você já usou/ouviu o termo “minhoca”? 1. [ ] Não (passar para a questão 5.8) 2. [ ] Sim 5.6. Para você o termo “minhoca” tem algum significado especial? 1. [ ] Não 2. [ ] Sim - Qual? _________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________________ 5.7. Você considera este termo: 1. [ ] Apenas uma brincadeira 2. [ ] Preconceituoso (denota intolerância) 3. [ ] Pejorativo (denota uma relação de superioridade/inferioridade) 4. [ ] Não tenho opinião 5.8. Na sua relação com os habitantes de Seropédica, você já ouviu o termo “estudante”? 1. [ ] Não (fim do questionário) 2. [ ] Sim 5.9. Para você o termo “estudante” tem algum significado especial? 1. [ ] Não 2. [ ] Sim - Qual? _________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________________ 5.10. Você considera este termo: 1. [ ] Apenas uma brincadeira 2. [ ] Preconceituoso (denota intolerância) 3. [ ] Pejorativo (denota uma relação de superioridade/inferioridade) 4. [ ] Não tenho opinião

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO / INSTITUTO DE PESQUISA E PLANEJAMENTO URBANO E

REGIONAL PESQUISA DE CAMPO PARA TESE DE DOUTORADO

QUESTIONÁRIO 4 – MORADOR DE SEROPÉDICA (sem vínculo com a UFRRJ)

S E N

1. IDENTIFICAÇÃO 1.1. A quanto tempo mora em Seropédica? _________________________________________________ 1.2. Você é natural de Seropédica? 1. [ ] Sim (passar para a questão 1.4) 2. [ ] Não 1.3. Qual a sua cidade/estado de origem? __________________________________________________ 00. [ ] Não se aplica 1.4. Em que bairro você mora? ____________________________________________________________ 88. [ ] Prefiro não responder 1.5. Qual a sua ocupação principal? ________________________________________________________ 88. [ ] Prefiro não responder 2. PERFIL SOCIODEMOGRÁFICO / ECONÔMICO 2.1. Sexo: 1. [ ] Feminino 2. [ ] Masculino 2.2. Idade: ______________ 88. [ ] Prefiro não responder 2.3. A sua renda bruta Ufamiliar U é: _______________________________________ 88. [ ] Prefiro não responder 99. [ ] Não sei 3. PRÁTICAS DE CONSUMO – ROTEIRO COTIDIANO / COMPORTAMENTO / PREFERÊNCIA 3.1. VOCÊ ESTUDA? Onde? 1. [ ] Não sou estudante (passar para a questão 3.3) 2. [ ] Escola/colégio público 3. [ ] Escola/colégio privado 4. [ ] Faculdade/universidade pública 5. [ ] Faculdade/universidade privada 3.2. Seu colégio/faculdade/curso fica em Seropédica? 1. [ ] Sim 2. [ ] Não - Onde fica? ________________________________________________________ 3.3. VOCÊ TRABALHA? 1. [ ] Sim 2. [ ] Não (passar para a questão 3.5) 3.4. O seu local de trabalho fica em Seropédica? 1. [ ] Sim 2. [ ] Não - Onde fica? ________________________________________________________ 3.5. Onde você costuma comprar produtos de alimentação e/ou de higiene e limpeza com frequência? 1. [ ] Não compro (passar para a questão 3.7)

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2. [ ] Compro nos supermercados ou mercearias de Seropédica 3. [ ] Compro nos supermercados de outro município. Qual? __________________________________ 4. [ ] Outro: ______________________________________________ 3.6. De acordo com as respostas anteriores, diga qual o motivo: 1. [ ] Proximidade 2. [ ] Preço 3. [ ] Forma de pagamento 4. [ ] Variedade e qualidade 5. [ ] Outro: __________________________________________________________________ 00. [ ] Não se aplica – não compra 3.7. Onde você adquire vestuário e calçados com mais frequência? 1. [ ] No comércio de Seropédica 2. [ ] No comércio de Campo Grande 3. [ ] No comércio de Itaguaí 4. [ ] Outro: _______________________________________ 3.8. Onde você ou sua família adquiriu a maior parte dos móveis da sua casa? 1. [ ] Doações 2. [ ] Brechós em Seropédica (de 2ª mão) 3. [ ] No comércio de Seropédica 4. [ ] No comércio de Campo Grande 5. [ ] No comércio de Itaguaí 6. [ ] Outro: _______________________________________ 99. [ ] Não sei 3.9. Como você costuma acessar o sistema de saúde? 1. [ ] Sistema privado (possui plano de saúde) em Seropédica 2. [ ] Sistema privado (possui plano de saúde) em outro município - Qual o bairro e o município? ___________ 3. [ ] Sistema privado (sem plano de saúde) em Seropédica 4. [ ] Sistema privado (sem plano de saúde) em outro município - Qual o bairro e o município? _____________ 5. [ ] Sistema público em Seropédica 6. [ ] Sistema público de outro município - Qual o bairro e o município? _______________________________ 7. [ ] Posto médico da universidade 3.10. Onde você pratica esporte ou atividade física? 1. [ ] Não pratico 2. [ ] Em casa 3. [ ] Na área do Campus (excluindo a ciclovia) 4. [ ] Na ciclovia da UFRRJ 5. [ ] Ao ar livre (quadra de ruas, praça, ciclovia, área verde, etc.) 6. [ ] Academia ou clube em Seropédica 7. [ ] Outro: ___________________________________________ 3.11. Qual dentre os lugares abaixo você gosta e costuma frequentar e quais nunca frequentou?

Locais/programas Sempre (1)

Raramente (2)

Nunca (3)

1 Cinema 2 Teatro 3 Festas e shows organizados pelos estudantes da Rural 4 Festas e shows organizados pela Prefeitura de Seropédica 5 Festas nos clubes de Seropédica organizadas por NÃO estudantes 6 Shows públicos fora do município de Seropédica 7 Casas de show fora do município de Seropédica 8 Bares e quiosques 9 Restaurantes

10 Boates 11 Shopping centers 12 Clubes 13 Museus e exposições 14 Praças, parques e áreas verdes 15 Outros: ___________________

3.12. Onde você costuma frequentar a maioria dos lugares que você assinalou como “sempre” na questão anterior? 1. [ ] Em Seropédica

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2. [ ] Na zona oeste do Rio de Janeiro (excluindo a Barra da Tijuca) 3. [ ] Na Barra da Tijuca 4. [ ] Na zona norte do Rio de Janeiro 5. [ ] Na zona sul do Rio de Janeiro 6. [ ] Na cidade onde moro (excluindo o Rio de Janeiro) 7. [ ] Outro - Especificar: ___________________________________________________ 3.13. Com que frequência você lê os seguintes jornais:

Sempre (1)

Às vezes (2)

Raramente (3)

Nunca (4)

1 Jornais de Seropédica (em geral) 2 Expresso 3 Extra 4 Jornal do Brasil 5 Jornal dos Sports 6 O Dia 7 O Globo 8 Outro: _______________________

4. PERCEPÇÃO DO LUGAR 4.1. O que você acha de morar em Seropédica? 1. [ ] Indiferente 2. [ ] Péssimo 3. [ ] Ruim 4. [ ] Regular 5. [ ] Bom 6. [ ] Ótimo 4.2. Se você não é natural de Seropédica, por que optou por morar aqui? ___________________________ __________________________________________________________________________________________ 00. [ ] Não se aplica – é natural de Seropédica 4.3. O que representa para você o município de Seropédica? ______________________________________ __________________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________________ 4.4. Quais as 2 principais virtudes de Seropédica? _______________________________________________ __________________________________________________________________________________________ 4.5. Quais os 2 principais problemas de Seropédica? _____________________________________________ __________________________________________________________________________________________ 4.6. Você considera que Seropédica, depois da emancipação, está: 1. [ ] Piorando 2. [ ] Mantendo-se na mesma situação 3. [ ] Melhorando 88. [ ] Prefiro não responder 99. [ ] Não sei 4.7. Você pensa em se mudar de Seropédica? 1. [ ] Não 2. [ ] Talvez

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3. [ ] Sim 99. [ ] Não sei 4.8. Você conhece o Campus da UFRRJ? 1. [ ] Não U(se não conhece o Campus, mas sabe da existência da Rural passar para 4.13, caso contrário finalizar o questionário) 2. [ ] Sim, mas só de passar na estrada 3. [ ] Sim, já entrei para visitar 4. [ ] Sim, conheço e já entrei nos seus prédios 4.9. O que representa para você o Campus da UFRRJ? ___________________________________________ __________________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________________ 4.10. Cite 2 virtudes do Campus da UFRRJ: _____________________________________________________ __________________________________________________________________________________________ 4.11. Cite 2 problemas do Campus da UFRRJ: ___________________________________________________ __________________________________________________________________________________________ 4.12. Que palavra descreve melhor o Campus da UFRRJ? 1. [ ] Solidão 2. [ ] Abandono 3. [ ] Enclave / gueto 4. [ ] Segurança 5. [ ] Imensidão 6. [ ] Tradição 7. [ ] Tranquilidade 8. [ ] Monumentalidade 9. [ ] Beleza 10. [ ] Outra: ______________________________________ 4.13. Para você o que pode ter representado, no passado, a implantação do CNEPA (atual UFRRJ) no então distrito de Seropédica? __________________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________________ 4.14. Para você o que representa, hoje, a presença da UFRRJ no município de Seropédica? ____________ __________________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________________ 4.15. Você é a favor da mudança do nome da Universidade Rural para “Universidade Federal de Seropédica”? 1. [ ] Sim 2. [ ] Não, acho que o nome não deve mudar 3. [ ] Não, acho que o nome deve mudar, mas não para “Federal de Seropédica” 99. [ ] Não sei 4.16. Você acha que a UFRRJ interage com a comunidade de Seropédica, cumprindo efetivamente um compromisso sócio-cultural? 1. [ ] Sim 2. [ ] Não 99. [ ] Não sei 4.17. Você tem parente que estuda ou estudou / trabalha ou trabalhou na UFRRJ? 1. [ ] Não 2. [ ] Sim, que estuda ou estudou 3. [ ] Sim, que trabalha ou trabalhou

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4.18. Você considera os estudantes da UFRRJ amáveis / simpáticos para com os habitantes de Seropédica? 1. [ ] Sim 2. [ ] Não 3. [ ] Não sabe responder (passar para a questão 4.20) 4.19. Você tem uma explicação para esta resposta? ______________________________________________ __________________________________________________________________________________________ 00. [ ] Não se aplica 4.20. Você considera a comunidade universitária em geral amável / simpática para com os habitantes de Seropédica? 1. [ ] Sim 2. [ ] Não 3. [ ] Não sabe responder (passar para a questão 5.1) 4.21. Você tem uma explicação para esta resposta? ______________________________________________ __________________________________________________________________________________________ 00. [ ] Não se aplica 5. PERCEPÇÃO DO MEIO SOCIAL 5.1. Em qual dos grupos abaixo você se inclui? 1. [ ] Classe alta 2. [ ] Classe média alta 3. [ ] Classe média média 4. [ ] Classe média baixa 5. [ ] Classe baixa/popular (pobre) 88. [ ] Prefiro não responder 99. [ ] Não sei 5.2. Você se relaciona Usocialmente U (nas suas horas de lazer) com outros habitantes de Seropédica? 1. [ ] Não 2. [ ] Sim, apenas com os da minha classe social 3. [ ] Sim, com todos independente da classe social 88. [ ] Prefiro não responder 5.3. Você se relaciona Usocialmente U (nas suas horas de lazer) com os servidores da UFRRJ? 1. [ ] Não 2. [ ] Sim, apenas com docentes da minha classe social 3. [ ] Sim, apenas com docentes independente da classe social 4. [ ] Sim, com todos os servidores (técnicos e docentes) da minha classe social 5. [ ] Sim, com todos os servidores (técnicos e docentes) independente da classe social 88. [ ] Prefiro não responder 5.4. Você se relaciona Usocialmente U (nas suas horas de lazer) com os alunos da UFRRJ? 1. [ ] Não 2. [ ] Sim, apenas com os da minha classe social 3. [ ] Sim, com todos independente da classe social 88. [ ] Prefiro não responder 5.5. Como você se relaciona com seus vizinhos servidores (técnicos ou docentes) da UFRRJ? 1. [ ] Mantenho uma relação de amizade e/ou solidariedade 2. [ ] Mantenho uma relação cordial, mas distante 3. [ ] Não gosto e/ou não falo com eles 4. [ ] Não os conheço 5. [ ] Não tenho vizinhos que sejam servidores da UFRRJ 88. [ ] Prefiro não responder 5.6. Como você se relaciona com seus vizinhos estudantes da UFRRJ? 1. [ ] Mantenho uma relação de amizade e/ou solidariedade 2. [ ] Mantenho uma relação cordial, mas distante 3. [ ] Não gosto e/ou não falo com eles 4. [ ] Não os conheço

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5. [ ] Não tenho vizinhos que sejam estudantes da UFRRJ 88. [ ] Prefiro não responder 5.7. Na sua relação com a comunidade da UFRRJ, você já ouviu o termo “minhoca”? 1. [ ] Não (passar para a questão 5.10) 2. [ ] Sim 5.8. Para você o termo “minhoca” tem algum significado especial? 1. [ ] Não 2. [ ] Sim - Qual? _________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________________ 00. [ ] Não se aplica 5.9. Você considera este termo: 1. [ ] Apenas uma brincadeira 2. [ ] Preconceituoso (denota intolerância) 3. [ ] Pejorativo (denota uma relação de superioridade/inferioridade) 4. [ ] Não tenho opinião 00. [ ] Não se aplica 5.10. Na sua relação com os estudantes da UFRRJ, você já usou/ouviu o termo “estudante”? 1. [ ] Não (terminar entrevista) 2. [ ] Sim 5.11. Para você o termo “estudante” tem algum significado especial? 1. [ ] Não 2. [ ] Sim - Qual? _________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________________ 00. [ ] Não se aplica 5.12. Você considera este termo: 1. [ ] Apenas uma brincadeira 2. [ ] Preconceituoso (denota intolerância) 3. [ ] Pejorativo (denota uma relação de superioridade/inferioridade) 4. [ ] Não tenho opinião 00. [ ] Não se aplica

AGRADECER A COLABORAÇÃO!!!!

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APÊNDICES

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APÊNDICE B

DADOS DA PESQUISA DE CAMPO SISTEMATIZADOS

QUESTIONÁRIO TIPO 1 - ALUNOS DE GRADUAÇÃO DA UFRRJ 1. IDENTIFICAÇÃO 1.1. Distribuição por curso

CURSO FREQUÊNCIA PERCENTUAL

Agronomia 63 11,5

Engenharia Química 32 5,7

Engenharia Florestal 35 6,5

Geologia 12 2,1

Medicina Veterinária 59 10,8

Zootecnia 40 7,2

Licenciatura em Ciências Agrícolas 18 3,2

Ciências Econômicas 32 5,9

Administração 31 5,6

Administração (Noturno) 17 3,1

Economia Doméstica 15 2,7

Educação Física 39 7,1

Ciências Biológicas 20 3,6

Física 17 3,2

Matemática 29 5,2

Química 16 2,8

Química (Noturno) 13 2,4

Engenharia de Alimentos 17 3,0

Engenharia Agrícola 7 1,2

Engenharia de Agrimensura 10 1,8

Arquitetura e Urbanismo 13 2,3

História (Noturno) 10 1,9

Pedagogia (Noturno) 6 1,0

Total 549 100,0

1.2. Distribuição por turno

TURNO FREQUÊNCIA PERCENTUAL

Integral 484 88,2

Noturno 43 7,8

Não respondeu 22 4,0

Total 549 100,0

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1.3. Distribuição por ano e semestre de entrada na UFRRJ

ANO / SEMESTRE FREQUÊNCIA PERCENTUAL

2000/2 1 0,2 2001/1 1 0,2 2001/2 2 0,4 2002/1 4 0,7 2002/2 2 0,4 2003/1 6 1,1 2003/2 8 1,5 2004/1 13 2,4 2004/2 21 3,8 2005/1 42 7,7 2005/2 43 7,8 2006/1 76 13,8 2006/2 78 14,2 2007/1 102 18,6 2007/2 39 7,1 2008/1 73 13,3 2008/2 12 2,2 Não respondeu 26 4,7 Total 549 100,0 1.4. Distribuição por local de moradia como estudante

LOCAL FREQUÊNCIA PERCENTUAL

Alojamento 164 29,9

República em Seropédica 189 34,4

Seropédica com a família 36 6,6

Outro Município e vem diariamente a Rural 138 25,1

Não responderam 22 4,0

Total 549 100,0 Obs. Todas as repúblicas estão localizadas na Mancha 1 (km 49) 1.5. Distribuição por local de moradia permanente

LOCAL FREQUÊNCIA PERCENTUAL

Seropédica 36 6,6

Rio de Janeiro 227 41,4

Outros municípios do Estado do Rio de Janeiro 160 29,0

Outro estado da Federação 72 13,1

Outro país 1 0,2

Não responderam 53 9,6

Total 549 100,0

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1.5.1. Detalhamento da distribuição do local de moradia permanente 1.5.1.1. Distribuição dos alunos moradores de Seropédica por Mancha Urbana

MANCHA URBANA FREQUÊNCIA PERCENTUAL

1 23 64,0 2 7 19,6 3 1 2,7 4 3 8,2 5 0 - 6 0 - Não responderam 2 5,5 Total 36 100,00 1.5.1.2. Distribuição dos alunos moradores do Rio de Janeiro por Área de Planejamento

AP FREQUÊNCIA PERCENTUAL

1 2 0,9 2 22 9,7 3 50 22,0 4 22 9,7 5 131 57,7 Total 227 100,00

Obs. Região Administrativa por Área de Planejamento: AP 1 - Portuária, Centro, Rio Comprido, São Cristóvão, Paquetá, Santa Teresa; AP 2 – Botafogo, Copacabana, Lagoa, Tijuca, Vila Izabel, Rocinha; AP 3 – Ramos, Penha, Inhaúma, Méier, Irajá, Madureira, Ilha do Governador, Anchieta, Pavuna, Jacarezinho, Complexo do Alemão, Maré; AP 4 – Jacarepaguá, Barra da Tijuca, Cidade de Deus; AP 5 – Bangu, Campo Grande, Santa Cruz, Guaratiba, Realengo. 1.5.1.3. Distribuição dos alunos moradores de UoutrosU municípios do Est. do Rio de Janeiro por Região

REGIÃO FREQUÊNCIA PERCENTUAL

Metropolitana * 90 56,2 Noroeste Fluminense 0 - Norte Fluminense 1 0,6 Serrana 17 10,6 Baixadas Litorâneas 3 1,9 Médio Paraíba 31 19,4 Centro-Sul Fluminense 11 6,9 Baia da Ilha Grande 7 4,4 Total 160 100,00 * Excluídos Seropédica e Rio de Janeiro 1.5.1.4. Distribuição dos alunos moradores de outros estados da Federação

ESTADO FREQUÊNCIA PERCENTUAL

Bahia 3 4,2 Espírito Santo 12 16,6 Maranhão 1 1,4 Minas Gerais 33 45,8 Pará 2 2,8 Paraná 1 1,4 Rio Grande do Sul 1 1,4 Santa Catarina 1 1,4 São Paulo 18 25,0 Total 72 100,00

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2. PERFIL SÓCIO-DEMOGRÁFICO / ECONÔMICO 2.1. Distribuição por sexo

SEXO FREQUÊNCIA PERCENTUAL

Feminino 264 48,1 Masculino 263 47,9 Não responderam 22 4,0 Total 549 100,0

2.2. Idade média

Nº DE RESPOSTAS

IDADE MÍNIMA

IDADE MÁXIMA MÉDIA DESVIO

PADRÃO 520 18 50 22,91 3,636

2.3. Distribuição por fonte de recursos para manutenção na Rural

FONTE DE RENDA FREQUÊNCIA PERCENTUAL

Trabalho 33 6,0 Bolsa ou estágio 109 19,9 Ajuda da família 378 68,9 Outros 7 1,3 Não responderam 22 4,0 Total 549 100,0

2.4. Distribuição por renda bruta familiar

RENDA FREQUÊNCIA PERCENTUAL

até um SM - até R$ 465,00 6 1,1

entre 1 e 2 SM - entre R$ 465,01 e 930,00 18 3,3

entre 2 e 3 SM - entre R$ 930,01 e 1.395,00 17 3,1

entre 3 e 5 SM - entre R$ 1.395,01 e 2.325,00 33 6,0

entre 5 e 10 SM - entre R$ 2.325,01 e 4.650,00 58 10,6

entre 10 e 20 SM - entre R$ 4.650,01 e 9.300,00 24 4,4

entre 20 e 30 SM - entre R$ 9.300,01 e 13.950,00 10 1,8

entre 30 e 50 SM - entre R$ 13.950,01 e 23.250,00 4 0,7

acima de 50 SM – acima de R$ 23.250,1 1 0,2

Prefiro não responder 126 22,9

Não sei 252 45,9

Total 549 100,0

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3. PRÁTICAS DE CONSUMO / ROTEIRO COTIDIANO / COMPORTAMENTO / PREFERÊNCIA 3.1. – 3.2. Local das principais refeições

REFEIÇÕES PRINCIPAIS ALMOÇO CAFÉ DA MANHÃ/ JANTAR LOCAL

FREQUÊNCIA PERCENTUAL FREQUÊNCIA PERCENTUAL

Bandejão 316 57,6 107 19,5

Cantinas do Campus 74 13,5 6 1,1

Restaurantes de Seropédica 8 1,5 1 0,2

Quiosques ou trailers de Seropédica 6 1,1 5 0,9

Na minha república ou no quarto do alojamento 62 11,3 221 40,3

Na minha casa (mora com a família) 35 6,4 166 30,2

Outros (estágio, trabalho, etc.) 22 4,0 19 3,5

Não respondeu 26 4,7 24 4,4

Total 549 100,0 549 100,0

3.3. Local de compra de produtos de alimentação e/ou higiene e limpeza

LOCAL FREQUÊNCIA PERCENTUAL

Não compro 77 14,0

Trago de casa 115 20,9

Compro nos supermercados ou mercearias de Seropédica 256 46,6

Compro nos pontos de venda do próprio Campus 72 13,1

Outro (vários) 5 0,9

Não respondeu 24 4,4

Total 549 100,0 3.4. Local de compra de produtos de vestuário e calçados

LOCAL FREQUÊNCIA PERCENTUAL

No comércio de Seropédica 6 1,1

No comércio de Campo Grande 108 19,7

No comércio de Itaguaí 4 0,7

No comércio do bairro / cidade onde moro 367 66,8

Outro 39 7,1

Não respondeu 25 4,6

Total 549 100,0

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3.5. Local de aquisição dos móveis e eletrodomésticos, para os alunos que moram em repúblicas

LOCAL FREQUÊNCIA PERCENTUAL

Doações e/ou compra direta de outros estudantes 20 10,6

Brechós em Seropédica (de 2ª mão) 17 9,0

No comércio de Seropédica 33 17,5

No comércio de Campo Grande 3 1,6

No comércio de Itaguaí 1 0,5

Trouxe da minha cidade 88 46,6

Outros 10 5,3

Não sei 12 6,3

Não respondeu 5 2,6

Total 189 100,0 3.6. Acesso ao Sistema de Saúde

SISTEMA DE SAÚDE FREQUÊNCIA PERCENTUAL

com plano de saúde 252 45,9 Sistema Privado

sem plano de saúde 54 9,8 de Seropédica 49 8,9 de outro município 86 15,7 Sistema Público da UFRRJ (Posto Médico) 83 15,1

Não respondeu 25 4,6

Total 549 100,0 3.7. Prática de esporte

LOCAL FREQUÊNCIA PERCENTUAL

Não pratica 206 37,5

Em casa 21 3,8

Na área interna do Campus 106 19,3

Na ciclovia da UFRRJ (externa ao Campus) 46 8,4

Ao ar livre no município de Seropédica 15 2,7

Academia ou clube de Seropédica 52 9,5

Ao ar livre (quadra de ruas, praça, ciclovia, área verde, etc.) da minha cidade 24 4,4

Academia ou clube na minha cidade 44 8,0

Outros 10 1,8

Não respondeu 25 4,6

Total 549 100,0

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3.8. Lazer e cultura

LOCAIS/PROGRAMAS SEMPRE RARAMENTE NUNCA NÃO

RESPONDEU

Cinema 252 45,9%

254 46,3%

16 2,9%

27 4,9%

Teatro 38 6,9%

329 59,9%

154 28,1%

28 5,1%

Festas e shows organizados pelos estudantes da Rural 189 34,4%

232 42,3%

103 18,8%

25 4,6%

Festas e shows organizados pela Prefeitura de Seropédica

23 4,2%

191 34,8%

307 55,9%

28 5,1%

Festas nos clubes de Seropédica organizadas por NÃO estudantes

8 1,5%

85 15,5%

430 78,3%

26 4,7%

Shows públicos fora do município de Seropédica 100 18,2%

286 52,1%

136 24,8%

27 4,9%

Casas de show fora do município de Seropédica 131 23,9%

244 44,4%

147 26,8%

27 4,9%

Bares e quiosques 217 39,5%

244 44,4%

61 11,1%

27 4,9%

Restaurantes 238 43,4%

238 43,4%

49 8,9%

24 4,4%

Boates 100 18,2%

232 42,3%

191 34,8%

26 4,7%

Shopping centers 291 53,0%

202 36,8%

33 6,0%

23 4,2%

Clubes 54 9,8%

305 55,6%

161 29,3%

29 5,3%

Museus e exposições 74 13,5%

350 63,8%

99 18,0%

26 4,7%

Praças, parques e áreas verdes 221 40,3%

258 47,0%

41 7,5%

29 5,3%

Outro: nenhuma resposta com mais de 10% - - - -

3.9. Lugar mais frequentado para lazer e cultura

LOCAL FREQUÊNCIA PERCENTUAL

Em Seropédica 91 16,6

Na zona oeste do Rio de Janeiro (excluindo a Barra da Tijuca) 132 24,0

Na Barra da Tijuca 44 8,0

Na zona norte do Rio de Janeiro 46 8,4

Na zona sul do Rio de Janeiro 33 6,0

Na cidade onde moro 109 19,9

Outros 36 6,6

Não se aplica - não assinalou nenhum "sempre" / Não respondeu 58 10,6

Total 549 100,0

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256

3.10. Leitura de jornais

JORNAIS SEMPRE ÁS VEZES RARAMENTE NUNCA NÃO

RESPONDEU

Jornais de Seropédica (em geral) 12 2,2

42 7,7

109 19,9

351 63,9

35 6,4

Expresso 6 1,1

55 10,0

120 21,9

337 61,4

31 5,6

Extra 33 6,0

157 28,6

150 27,3

175 31,9

34 6,2

Jornal do Brasil 16 2,9

97 17,7

146 26,6

259 47,2

31 5,6

Jornal dos Sports 21 3,8

68 12,4

117 21,3

307 55,9

36 6,6

O Dia 34 6,2

179 32,6

127 23,1

177 32,2

32 5,8

O Globo 101 18,4

220 40,1

108 19,7

93 16,9

27 4,9

Outro: nenhuma resposta com mais de 10% - - - - -

4. PERCEPÇÃO DO LUGAR 4.1. O que acha de estudar na Rural

OPINIÃO FREQUÊNCIA PERCENTUAL

Indiferente - -

Péssimo 4 0,7

Ruim 6 1,1

Regular 46 8,4

Bom 240 43,7

Ótimo 231 42,1

Não responderam 22 4,0

Total 549 100,0 4.2. Por que optou pela Rural

RAZÃO FREQUÊNCIA PERCENTUAL

Porque é a mais próxima da minha casa 70 12,8

Porque foi a única em que passei 98 17,9

Porque é a que oferece melhores condições de permanência 45 8,2

Porque é uma universidade pública e gratuita 172 31,3

Pela qualidade do ensino 96 17,5

Outros motivos 46 8,4

Não respondeu 22 4,0

Total 549 100,0

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257

4.3. – 4.4. Meios usados para deslocamento (mobilidade)

DESLOCAMENTO

DENTRO DO CAMPUS PARA O CAMPUS MEIO DE TRANSPORTE FREQUÊNCIA PERCENTUAL FREQUÊNCIA PERCENTUAL

Carro próprio 52 9,5 52 9,5

Bicicleta 136 24,8 75 13,7

Moto 14 2,6 9 1,6

Moto-taxi - - 10 1,8

Van ou ônibus - - 215 39,2

A pé com eventual carona 237 43,2 15 2,7

A pé e nunca pega carona 82 14,9 4 0,7

Outros 5 0,9 7 1,3

Não se aplica (mora em alojamento) - - 138 25,1

Não respondeu 23 4,2 24 4,4

Total 549 100,0 549 100,0

4.5. Representação do Campus da UFRRJ – (pergunta aberta)

A questão não foi sistematizada 4.6. Virtudes do Campus da UFRRJ - (pergunta aberta)

Não respondeu = 58 / 10,5% Não tem virtudes/ nenhuma/nada = 6 / 1,1% Respostas positivas = 485 / 88,4% Mais citadas: • Beleza / beleza da paisagem / beleza da arquitetura • Tranquilidade • Grandiosidade / imensidão / grande extensão territorial

4.7. Problemas do Campus da UFRRJ - (pergunta aberta)

Não respondeu = 45/ 8,1% Não tem problemas/ nenhum/nada = 3 / 0,5% Problemas mais citados: • Mobilidade interna = 268 • Segurança = 200 Foram citados, embora sem grande expressão: • Iluminação • Falta de conservação • Acesso ao campus

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258

4.8. Palavra que melhor descreve o Campus da Rural

OPÇÕES APRESENTADAS FREQUÊNCIA PERCENTUAL

Beleza 188 34,2 Imensidão 101 18,4 Tranquilidade 100 18,2 Tradição 59 10,7 Monumentalidade 26 4,7 Abandono 16 2,9 Solidão 7 1,3 Enclave / gueto 2 ,4 Segurança 2 ,4 Outras 22 4,0 Não respondeu 26 4,7 Total 549 100,0

4.9. Representação de Seropédica – (pergunta aberta)

A questão não foi sistematizada 4.10. Virtudes de Seropédica - (pergunta aberta)

Não respondeu = 101 Não sei / não tem / não conheço nenhuma / não conheço bem o lugar / não existe / Fico devendo / Hein?! / ????? / Sinceramente, acho que ainda não tive o prazer de descobrir pelo menos uma = 116 / 11,6% Respostas positivas = 331 • tranquilidade, paz, lugar calmo, sossegado, não tem violência ou pouca violência • a UFRRJ, a Rural, a universidade, ter uma universidade federal • a fraternidade / solidariedade / hospitalidade dos moradores e custo de vida baixo com facilidades

oferecidas pelo comércio

4.11. Problemas de Seropédica - (pergunta aberta)

Não respondeu = 72 Não sabe = 26 São muitos os problemas/ falta de tudo = 4 Indiferente = 1 Problemas mais citados: • Infraestrutura urbana (subsistemas: viário, abast. de água, esgoto sanitário, energia,) = 224 / 40,8% • Falta de opções de lazer = 85 = 15,5% • Segurança = 66 = 12,0% • Saúde = 61 / 11,1% • Transporte = 55 / 10%

4.12. O que pode ter representado, no passado, a implantação do CNEPA (atual UFRRJ) no distrito de Seropédica - (pergunta aberta)

Não respondeu =103 / 18,7% Não sabe = 35 / 6,4% Indiferente / nada / um equívoco = 26 / 4,8% Consideram que foi positivo para a cidade = 385 / 70,1%

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259

Respostas mais frequentes: • Crescimento da cidade, com desenvolvimento • Desenvolvimento da cidade / da região • Avanço na economia e na educação Observação: para alguns a região não desenvolveu o suficiente, mas para a maioria foi o marco, foi tudo para

Seropédica. 4.13. O que representa, hoje, a presença da UFRRJ no município de Seropédica - (pergunta aberta)

Não respondeu = 85/ 15,5% Não sabe = 8 / 1,4% Indiferente / nada = 21 / 3,8% Contribui menos do que deveria / é apenas uma universidade = 63 / 11,5% Contribui para o desenvolvimento e, principalmente, para a economia do município = 372 / 67,8%

4.14. Se morador no alojamento ou em república, costuma passar os finais de semana no Campus ou em Seropédica

OPÇÕES APRESENTADAS FREQUÊNCIA PERCENTUAL

Nunca 92 16,8

Só quando estou em período de provas 121 22,0

Frequentemente, porque moro longe 89 16,2

Frequentemente, porque gosto 24 4,4

Outro / não respondeu / não se aplica 223 40,6

Total 549 100,0

4.15. Considera os habitantes de Seropédica hospitaleiros / simpáticos para com os estudantes da Rural

OPÇÕES APRESENTADAS FREQUÊNCIA PERCENTUAL

Sim 201 36,6 Não 131 23,9 Não sei 170 31,0 Não respondeu 47 8,6 Total 549 100,0

4.16. Explicação para a resposta anterior - (questão aberta)

Percebeu-se que a comunidade estudantil tem opiniões muito diversas. Muitos dos que consideram os habitantes simpáticos e hospitaleiros justificam pela “dependência financeira” do município para com a Universidade. Para os que consideram que os habitantes não são simpáticos as justificativas também têm haver com a relação Rural x Seropédica. Poucos alegam “falta de educação”.

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260

4.17. Mudança do nome da Universidade Rural para "Universidade Federal de Seropédica"

OPÇÕES APRESENTADAS FREQUÊNCIA PERCENTUAL

Sim 11 2,0

Não, acho que o nome não deve mudar 463 84,3

Não, acho que o nome deve mudar, mas não para Federal de Seropédica 15 2,7

Não sei 13 2,4

Não respondeu 47 8,6

Total 549 100,0

4.18. - 4.19. Interação da UFRRJ com a comunidade de Seropédica (cumprimento efetivo de um compromisso sócio-cultural)

OPÇÕES APRESENTADAS FREQUÊNCIA PERCENTUAL

Sim 158 28,8

Não 247 45,0

Não sabe 95 17,3

Não respondeu 49 8,9

Total 549 100,0

5. PERCEPÇÃO DO MEIO SOCIAL 5.1. Classe social

OPÇÕES APRESENTADAS FREQUÊNCIA PERCENTUAL

Classe alta 1 0,2

Classe média alta 29 5,3

Classe média média 180 32,8

Classe média baixa 176 32,1

Classe baixa/popular (pobre) 69 12,6

Não sabe 26 4,7

Não respondeu 68 12,3

Total 549 100,0

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261

5.2. Relacionamento social com outros estudantes da Rural

OPÇÕES APRESENTADAS FREQUÊNCIA PERCENTUAL

Não 20 3,6

Sim, apenas com os do meu curso e da minha classe social 11 2,0

Sim, apenas com os do meu curso (independente da classe social) 62 11,3

Sim, com todos os estudantes (independente do curso) da minha classe social 53 9,7

Sim, com todos os estudantes independente do curso ou classe social 344 62,7

Não respondeu 59 10,7

Total 549 100,0

5.3. Relacionamento social com os habitantes de Seropédica

OPÇÕES APRESENTADAS FREQUÊNCIA PERCENTUAL

Não 386 70,3

Sim, apenas com os da minha classe social 7 1,3

Sim, com todos independente da classe social 93 16,9

Prefiro não responder 63 11,5

Total 549 100,0

5.4. Relacionamento com os vizinhos (não estudantes da Rural)

OPÇÕES APRESENTADAS FREQUÊNCIA PERCENTUAL

Mantenho uma relação de amizade e/ou solidariedade 26 13,5

Mantenho uma relação cordial, mas distante 70 36,4

Não gosto e/ou não falo com eles 3 1,5

Não os conheço 34 17,8

Prefiro não responder 59 30,8

Total 192* 100,0 * Somente foi respondida pelos estudantes moradores de Repúblicas. 5.5. "Ficar" ou namorar morador(a) de Seropédica (que não seja estudante da Rural)

OPÇÕES APRESENTADAS FREQUÊNCIA PERCENTUAL

Sim, frequentemente 20 3,6

Sim, eventualmente 70 12,8

Nunca 374 68,1

Prefiro não responder 85 15,5

Total 549 100,0

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262

5.7. Na relação com os habitantes de Seropédica, já ouviu o termo "minhoca"

OPÇÕES APRESENTADAS FREQUÊNCIA PERCENTUAL

Não 54 9,8

Sim 446 81,2

Não respondeu 49 8,9

Total 549 100,0 5.8. Significado do termo – pergunta aberta

Natural ou morador de Seropédica 5.9. Consideração sobre o termo “minhoca”

OPÇÕES APRESENTADAS FREQUÊNCIA PERCENTUAL

Apenas uma brincadeira 326 73,1

Preconceituoso (denota intolerância) 20 4,5

Pejorativo (denota uma relação de superioridade/inferioridade) 66 14,8

Não tem opinião 34 7,6

Total 446 100,0

5.10. Na relação com os habitantes de Seropédica, já usou/ouviu o termo "estudante"

OPÇÕES APRESENTADAS FREQUÊNCIA PERCENTUAL

Não 151 27,5

Sim 348 63,4

Não respondeu 50 9,1

Total 549 100,0 5.11. Significado do termo – pergunta aberta

Aluno da UFRRJ 5.12. Consideração sobre o termo “estudante”:

OPÇÕES APRESENTADAS FREQUÊNCIA PERCENTUAL

Apenas uma brincadeira 103 29,6

Preconceituoso (denota intolerância) 32 9,2

Pejorativo (denota uma relação de superioridade/inferioridade) 51 14,7

Não tem opinião 162 46,5

Total 348 100,0

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263

QUESTIONÁRIO TIPO 2 - TÉCNICO-ADMINISTRATIVOS DA UFRRJ 1. IDENTIFICAÇÃO 1.1. Distribuição por setor

SETOR FREQUÊNCIA PERCENTUAL

Biblioteca Central 10 2,8 Decanato de Assuntos Administrativos 23 6,4 Decanato de Assuntos Estudantis 14 3,9 Decanato de Assuntos Financeiros 17 4,7 Decanato de Ensino e Graduação 3 0,8 Decanato de Extensão 5 1,4 Decanato de Pesquisa e Pós-Graduação 8 2,2 Instituto de Agronomia 5 1,4 Instituto de Biologia 9 2,5 Instituto de Ciências Exatas 12 3,3 Instituto de Ciências Humanas e Sociais 3 0,8 Instituto de Educação 7 1,9 Instituto de Florestas 4 1,1 Instituto de Tecnologia 22 6,1 Instituto de Veterinária 19 5,3 Instituto de Zootecnia 7 1,9 Reitoria e Órgãos Suplementares* 96 26,7 Não informaram o setor 8 2,2 RESPOSTAS VÁLIDAS (questionários devolvidos) 272 75,6 Não responderam o questionário 88 24,4 TOTAL 360 100,0 * Divisão de Guarda e Vigilância, Divisão de Saúde, Hotel Universitário, Imprensa Universitária, Jardim Botânico, Prefeitura Universitária e Setor de Lavanderia. 1.2. Distribuição por nível

NÍVEL FREQUÊNCIA PERCENTUAL PERCENTUAL VÁLIDO

Apoio 38 10,6 14,0

Médio 173 48,1 63,6

Superior 57 15,8 20,9

Não informou 4 1,2 1,5

VÁLIDOS 272 - 100,0 Não respondeu 88 24,4 -

Total 360 100,0 -

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264

1.3. Distribuição por tempo de serviço na UFRRJ

TEMPO DE SERVIÇO FREQUÊNCIA PERCENTUAL PERCENTUAL VÁLIDO

até 4 anos 7 1,9

de 5 a 9 anos 14 3,9 7,7

de 10 a 14 anos 15 4,2

de 15 a 19 anos 43 11,9 21,3

de 20 a 24 anos 52 14,5

de 25 a 29 anos 46 12,8 36,0

de 30 a 34 anos 55 15,3

mais de 35 anos 19 5,3 27,3

Não informou 21 5,8 7,7

VÁLIDOS 272 - 100,0

Não respondeu 88 24,4 -

Total 360 100,0 - Obs. O tempo de serviço médio foi de 23,05 anos, variando de 3 anos a 47 anos (desvio padrão 8,813) 1.4. Local de moradia

LOCAL FREQUÊNCIA PERCENTUAL PERCENTUAL VÁLIDO

Seropédica 161 44,7 59,2

Rio de Janeiro 84 23,3 30,9

Outros municípios do Estado do Rio de Janeiro 26 7,2 9,5

Não informou 1 0,4 0,4

VÁLIDOS 272 - 100,0

Não respondeu 88 24,4 -

Total 360 100,0 - 1.4.1. Detalhamento da distribuição do local de moradia 1.4.1.1. Distribuição dos técnico-administrativos moradores de Seropédica por localização da residência

LOCAL FREQUÊNCIA PERCENTUAL

Campus ou bairro residencial da UFRRJ (reside em PNR*) 72 44,8

Mancha 1 71 44,1

Mancha 2 10 6,2

Mancha 3 6 3,7

Não informou 2 1,2

Total 161 100,0 * Próprio Nacional Residencial (casas da União)

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265

1.4.1.2. Distribuição dos técnico-administrativos moradores do Rio de Janeiro por Área de Planejamento

AP FREQUÊNCIA PERCENTUAL

1 0 - 2 3 3,6 3 7 8,3 4 6 7,1 5 68* 81,0 Não informou 0 - Total 84 100,00 * Dos 68 moradores da AP 5, 51(75%) são de Campo Grande Obs. Região Administrativa por Área de Planejamento: AP 1 - Portuária, Centro, Rio Comprido, São Cristóvão, Paquetá, Santa Teresa; AP 2 – Botafogo, Copacabana, Lagoa, Tijuca, Vila Izabel, Rocinha; AP 3 – Ramos, Penha, Inhaúma, Méier, Irajá, Madureira, Ilha do Governador, Anchieta, Pavuna, Jacarezinho, Complexo do Alemão, Maré; AP 4 – Jacarepaguá, Barra da Tijuca, Cidade de Deus; AP 5 – Bangu, Campo Grande, Santa Cruz, Guaratiba, Realengo. 1.4.1.3. Distribuição dos técnico-administrativos moradores de UoutrosU municípios do Estado do Rio de Janeiro por Região

REGIÃO FREQUÊNCIA PERCENTUAL

Metropolitana* 21 84,0 Noroeste Fluminense 0 - Norte Fluminense 0 - Serrana 0 - Baixadas Litorâneas 0 - Médio Paraíba 1 4,0 Centro-Sul Fluminense 0 - Baia da Ilha Grande 0 - Não informou 3 12,0 Total 25 100,00 * Excluídos Seropédica e Rio de Janeiro 1.4.1.5. Distribuição dos técnico-administrativos moradores de outros estados da Federação

ESTADO FREQUÊNCIA PERCENTUAL

Minas Gerais (Nova Serrana) 1 100,0 Total 1 100,00 2. PERFIL SÓCIO-DEMOGRÁFICO/ECONÔMICO 2.1. Distribuição por sexo

SEXO FREQUÊNCIA PERCENTUAL PERCENTUAL VÁLIDO

Feminino 120 33,3 44,1 Masculino 152 42,2 55,9 VÁLIDOS 272 - 100,0 Não respondeu 88 24,4 - Total 360 100,0 -

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266

2.2. Idade média

Nº DE RESPOSTAS

IDADE MÍNIMA

IDADE MÁXIMA MÉDIA DESVIO

PADRÃO

232 23 69 49,43 8,248

2.3. Distribuição por renda bruta familiar

RENDA FREQUÊNCIA PERCENTUAL PERCENTUAL VÁLIDO

entre 2 e 3 SM - entre R$ 930,01 e 1.395,00 3 0,8

entre 3 e 5 SM - entre R$ 1.395,01 e 2.325,00 15 4,2 6,6

entre 5 e 10 SM - entre R$ 2.325,01 e 4.650,00 45 12,5 16,5

entre 10 e 20 SM - entre R$ 4.650,01 e 9.300,00 28 7,8 10,3

entre 20 e 30 SM - entre R$ 9.300,01 e 13.950,00 6 1,7 2,2

Prefiro não responder 161 44,7 59,2

Não sei 14 3,9 5,2

VÁLIDOS 272 - 100,0

Não responderam o questionário 88 24,4 -

Total 360 100,0 -

3. PRÁTICAS DE CONSUMO / ROTEIRO COTIDIANO / COMPORTAMENTO / PREFERÊNCIA 3.1. Local da principal refeição (almoço)

LOCAL FREQUÊNCIA PERCENTUAL PERCENTUAL VÁLIDO

Bandejão 9 2,5 3,3

Cantinas do Campus 66 18,3 24,3

Restaurantes de Seropédica 12 3,3 4,4

Trago marmita 54 15,0 19,8

Em casa 121 33,6 44,5

Outro 7 1,9 2,6

Não informou 3 0,9 1,1

VÁLIDOS 272 - 100,0

Não respondeu 88 24,4 -

Total 360 100,0 -

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267

3.2. Local de compra de produtos de alimentação e/ou higiene e limpeza

LOCAL FREQUÊNCIA PERCENTUAL PERCENTUAL VÁLIDO

Não compro 1 0,3 0,4 Compro nos supermercados ou mercearias de Seropédica 141 39,2 51,8

Compro nos supermercados do bairro / cidade onde moro 121 33,6 44,5

Outro (vários) 6 1,7 2,2

Não informou 3 0,9 1,1

VÁLIDOS 272 - 100,0

Não respondeu 88 24,4

Total 260 100,0 3.4. Local de compra de produtos de vestuário e calçados

LOCAL FREQUÊNCIA PERCENTUAL PERCENTUAL VÁLIDO

No comércio de Seropédica 7 1,9 2,6

No comércio de Campo Grande 188 52,2 69,1

No comércio de Itaguaí 6 1,7 2,2

No comércio do bairro / cidade onde moro 45 12,5 16,5

Outro 20 5,6 7,4

Não informou 6 1,8 2,2

VÁLIDOS 272 - 100,0

Não respondeu 88 24,4

Total 360 100,0 3.5. Se morador de Seropédica, local onde adquiriu a maior parte dos móveis e eletrodomésticos

LOCAL FREQUÊNCIA PERCENTUAL PERCENTUAL VÁLIDO

Brechós em Seropédica (de 2ª mão) 3 0,8 1,6

No comércio de Seropédica 85 23,6 44,3

No comércio de Campo Grande 62 17,2 32,3

No comércio de Itaguaí 6 1,7 3,1

Outros 15 4,2 7,8

Não sei 2 0,6 1,0

Não informou 19 5,3 9,9

VÁLIDOS 192 - 100,0 Não se aplica (não mora ou não tem imóvel em Seropédica) 80 22,2 -

Não respondeu 88 24,4 -

Total 360 100,0 -

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268

3.6. Acesso ao Sistema de Saúde

SISTEMA DE SAÚDE FREQUÊNCIA PERCENTUAL PERCENTUAL VÁLIDO

com plano de saúde 139 38,6 51,1 Sistema Privado

sem plano de saúde 25 6,9 9,2

de Seropédica 24 6,7 8,8

de outro município 16 4,4 5,9 Sistema Público

da UFRRJ (Posto Médico) 60 16,7 22,1

Não informou 8 2,2 2,9

VÁLIDOS 272 - 100,0

Não respondeu 88 24,4 -

Total 360 100,0 -

3.7. Prática de esporte ou atividade física

LOCAL FREQUÊNCIA PERCENTUAL PERCENTUAL VÁLIDO

Não pratica 138 38,3 50,7

Em casa 23 6,4 8,5

Na área interna do Campus 25 6,9 9,2

Na ciclovia da UFRRJ (externa ao Campus) 12 3,3 4,4

Ao ar livre no município de Seropédica 6 1,7 2,2

Academia ou clube de Seropédica 12 3,3 4,4

Ao ar livre (quadra de ruas, praça, ciclovia, área verde, etc.) da minha cidade 25 6,9 9,2

Academia ou clube na minha cidade 22 6,1 8,1

Outros 6 1,7 2,2

Não informou 3 0,9 1,1

VÁLIDOS 272 - 100,0

Não respondeu 88 24,4 -

Total 360 100,0 -

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269

3.8. Lazer e cultura – válidos

LOCAIS/PROGRAMAS SEMPRE RARAMENTE NUNCA NÃO INFORMOU

Cinema 82 30,1%

131 48,2%

33 12,1%

26 9,6%

Teatro 14 5,1%

113 41,5%

112 41,2%

33 12,1%

Festas e shows organizados pelos estudantes da Rural 6 2,2%

59 21,7%

172 63,2%

35 12,9%

Festas e shows organizados pela Prefeitura de Seropédica 33 12,1%

98 36,0%

108 39,7%

33 12,1%

Festas nos clubes de Seropédica organizadas por NÃO estudantes

20 7,4%

70 25,7%

147 54,0%

35 12,9%

Shows públicos fora do município de Seropédica 25 9,2%

105 38,6%

109 40,1%

33 12,1%

Casas de show fora do município de Seropédica 25 9,2%

77 28,3%

133 48,9%

37 13,6%

Bares e quiosques 88 32,4%

79 29,0%

72 26,5%

33 12,1%

Restaurantes 125 46,0%

89 32,7%

30 11,0%

28 10,3%

Boates 16 5,9%

48 17,6%

171 62,9%

37 13,6%

Shopping centers 146 53,7%

79 29,0%

23 8,5%

24 8,8%

Clubes 26 9,6%

108 39,7%

105 38,6%

33 12,1%

Museus e exposições 31 11,4%

128 47,1%

80 29,4%

33 12,1%

Praças, parques e áreas verdes 130 47,8%

85 31,3%

31 11,4%

26 9,6%

Outro: Igreja 36 13,2% - - -

3.9. Lugar mais frequentado para lazer e cultura

LOCAL FREQUÊNCIA PERCENTUAL PERCENTUAL VÁLIDO

Em Seropédica 81 22,5 32,7

Na zona oeste do Rio de Janeiro (excluindo a Barra da Tijuca) 76 21,1 30,7

Na Barra da Tijuca 14 3,9 5,6

Na zona norte do Rio de Janeiro 26 7,2 10,5

Na zona sul do Rio de Janeiro 9 2,5 3,6

Na cidade onde moro (excluindo Rio de Janeiro) 26 7,2 10,5

Outros 16 4,4 6,4

VÁLIDOS 248 - 100,0

Não se aplica - não assinalou nenhum "sempre" / Não informou 24 6,7 -

Não respondeu 88 24,4 -

Total 360 100,0 -

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270

3.10. Leitura de jornais

JORNAIS SEMPRE ÁS VEZES RARAMENTE NUNCA NÃO INFORMOU

Jornais de Seropédica (em geral) 44 16,2%

51 18,8%

56 20,6%

65 23,9%

56 20,6%

Expresso 9 3,3%

31 11,4%

25 9,2%

145 53,3%

62 22,8%

Extra 40 14,7%

71 26,1%

50 18,4%

77 28,3%

34 12,5%

Jornal do Brasil 13 4,8%

59 21,7%

52 19,1%

94 34,6%

54 19,9%

Jornal dos Sports 33 12,1%

28 10,3%

47 17,3%

105 38,6%

59 21,7%

O Dia 47 17,3%

69 25,4%

41 15,1%

69 25,4%

46 16,9%

O Globo 66 24,3%

64 23,5%

36 13,2%

73 26,8%

33 12,1%

Outro: nenhuma resposta com mais de 10% - - - - -

4. PERCEPÇÃO DO LUGAR 4.1. O que acha de trabalhar na Rural

OPINIÃO FREQUÊNCIA PERCENTUAL PERCENTUAL VÁLIDO

Indiferente 1 0,3 0,4 Péssimo 2 0,6 0,7 Regular 11 3,1 4,0 Bom 105 29,2 38,6 Ótimo 152 42,2 55,9 Não informou 1 0,3 0,4 VÁLIDOS 272 - 100,0 Não respondeu 88 24,4 - Total 360 100,0 -

4.2. Por que optou por trabalhar na Rural

RAZÃO FREQUÊNCIA PERCENTUAL PERCENTUAL VÁLIDO

Sempre desejei trabalhar aqui 52 14,5 19,1

Foi a oportunidade que se apresentou 168 46,7 61,8

Porque é próximo da minha casa 25 6,9 9,2

Outros motivos 25 6,9 9,2

Não informou 2 0,6 0,7

VÁLIDOS 272 - 100,0

Não respondeu 88 24,4 -

Total 360 100,0 -

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271

4.3. Pensa em sair da Rural, se conseguir outro emprego

OPÇÃO FREQUÊNCIA PERCENTUAL PERCENTUAL VÁLIDO

Não 197 54,7 72,4

Talvez 48 13,3 17,6

Sim 24 6,7 8,8

Não informou 3 0,9 1,1

VÁLIDOS 272 - 100,0

Não respondeu 88 24,4 -

Total 360 100,0 -

4.4. – 4.5. Meios usados para deslocamento (mobilidade)

DESLOCAMENTO

DENTRO DO CAMPUS PARA O CAMPUS MEIO

FREQUÊNCIA PERCENTUAL PERCENTUAL VÁLIDO FREQUÊNCIA PERCENTUAL PERCENTUAL

VÁLIDO

Carro próprio 123 34,2 45,2 108 30,0 39,7

Bicicleta 17 4,7 6,3 14 3,9 5,1

Moto 12 3,3 4,4 8 2,2 2,9

Moto-taxi - - - 1 0,3 0,4

Van ou ônibus - - - 70 19,4 25,7

A pé com eventual carona 87 24,2 32,0 19 5,3 7,0

A pé e nunca pega carona 17 4,7 6,3 5 1,4 1,8

Outros (carona) 9 2,5 3,3 8 2,2 2,9

Não se aplica (mora dentro do Campus) - - - 33 9,2 12,1

Não informou 7 2,0 2,6 6 1,7 2,2

VÁLIDOS 272 - 100,0 272 - 100,0

Não respondeu 88 24,4 88 24,4 -

Total 360 100,0 260 100,0 -

4.6. Representação do Campus da UFRRJ – (pergunta aberta)

A questão não foi sistematizada

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272

4.7. Virtudes do Campus da UFRRJ - (pergunta aberta)

Não respondeu = 27 / 9,9% Não tem virtudes/ nenhuma/nada = 3 / 1,1% Respostas positivas = 242 / 89% Duas virtudes mais citadas: • Beleza / beleza cênica / beleza natural = 109 • Tranquilidade / paz / sossego = 60

4.8. Problemas do Campus da UFRRJ - (pergunta aberta)

Não respondeu = 112 / 41,2% Não tem problemas/ nenhum/nada = 7 / 2,5% Problemas mais citados: • Segurança / vigilância / controle de acesso = 136 • Animais abandonados / espalhados pelo campus e carrapatos = 47 • Transporte / transporte interno / transporte para outros municípios = 45

4.9. Palavra que melhor descreve o Campus da Rural

OPÇÕES APRESENTADAS FREQUÊNCIA PERCENTUAL PERCENTUAL VÁLIDO

Beleza 110 30,6 40,4 Tradição 58 16,1 21,3 Tranquilidade 46 12,8 16,9 Imensidão 22 6,1 8,1 Monumentalidade 11 3,1 4,0 Abandono 9 2,5 3,3 Solidão 2 0,6 0,7 Enclave / gueto 1 0,3 0,4 Segurança 1 0,3 0,4 Outras (palácio, feudo, várias) 6 1,7 2,2 Não informou 6 1,7 2,2 VÁLIDOS 272 - 100,0 Não respondeu 88 24,4 - Total 360 100,0 -

4.10. Representação de Seropédica – (pergunta aberta)

A questão não foi sistematizada 4.11. Virtudes de Seropédica - (pergunta aberta)

Não respondeu = 158 Não sei = 15 Nada / Não tem / nenhuma = 27 Respostas positivas= 72 Virtude mais citadas • Tranquilidade / sossegado / bucólico / bom de morar / paz / acolhedor / bom para se viver / sem estresse • A população - hospitalidade / solidariedade dos moradores locais / amizade entre as pessoas • A presença da UFRRJ

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273

4.12. Problemas de Seropédica (pergunta aberta)

Não respondeu = 121 Não sabe = 4 São muitos os problemas/ falta de tudo = 4 Problemas mais citados: • Infraestrutura urbana (subsistemas: viário, abastecimento de água, esgoto, energia,) = 86 • Saúde pública – assistência médica – um bom hospital = 79

4.13. O que pode ter representado, no passado, a implantação do CNEPA (atual UFRRJ) no distrito de Seropédica (pergunta aberta)

Não respondeu = 167 Não sabe = 15 Indiferente / nada = 5 Menos do que deveria = 3 Consideram que foi positivo para a cidade = 170

4.14. O que representa, hoje, a presença da UFRRJ no município de Seropédica (pergunta aberta)

Não respondeu = 127 Não sabe = 1 Indiferente / nada = 18 Contribui menos do que deveria / é apenas uma universidade = 11 Contribui para o desenvolvimento e, principalmente, para a economia do município = 202

4.15. Se morador em PNR, costuma passar os finais de semana no Campus ou em Seropédica

OPÇÕES APRESENTADAS FREQUÊNCIA PERCENTUAL PERCENTUAL VÁLIDO

Nunca 4 1,1 1,5

Eventualmente 11 3,1 4,0

Frequentemente 19 5,3 7,0

Sempre 40 11,1 14,7

Outro / não informou / não se aplica 198 55,0 72,8

VÁLIDOS 272 - 100,0

Não respondeu 88 24,4 -

Total 360 100,0 -

4.16. Considera os habitantes de Seropédica hospitaleiros / simpáticos para com a comunidade universitária

OPÇÕES APRESENTADAS FREQUÊNCIA PERCENTUAL PERCENTUAL VÁLIDO

Sim 181 50,3 66,5 Não 14 3,9 5,1 Não sei 62 17,2 22,8 Não informou 15 4,2 5,5 VÁLIDOS 272 - 100,0 Não respondeu 88 24,4 - Total 360 100,0 -

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274

4.17. Explicação para a resposta anterior - (questão aberta)

Os que consideram os habitantes de Seropédica simpáticos e amáveis atribuem a: • Interesse = 34 • Educação ou respeito = 49

Os que UnãoU consideram os habitantes de Seropédica simpáticos e amáveis atribuem a: • Falta de integração ou relação dos moradores

4.18. Mudança do nome da Universidade Rural para "Universidade Federal de Seropédica"

OPÇÕES APRESENTADAS FREQUÊNCIA PERCENTUAL PERCENTUAL VÁLIDO

Sim 33 9,2 12,1

Não, acho que o nome não deve mudar 207 57,5 76,1 Não, acho que o nome deve mudar, mas não para Federal de Seropédica 2 0,6 0,7

Não sei 18 5,0 6,6

Não informou 12 3,4 4,4

VÁLIDOS 272 - 100,0

Não respondeu 88 24,4 -

Total 360 100,0 -

4.19. Interação da UFRRJ com a comunidade de Seropédica (cumprimento efetivo de um compromisso sócio-cultural)

OPÇÕES APRESENTADAS FREQUÊNCIA PERCENTUAL PERCENTUAL VÁLIDO

Sim 109 30,3 40,1 Não 115 31,9 42,3 Não sabe 36 10,0 13,2 Não informou 12 3,4 4,4 VÁLIDOS 272 - 100,0 Não respondeu 88 24,4 - Total 360 100,0 -

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275

5. PERCEPÇÃO DO MEIO SOCIAL 5.1. Classe social

OPÇÕES APRESENTADAS FREQUÊNCIA PERCENTUAL PERCENTUAL VÁLIDO

Classe alta 0 - -

Classe média alta 11 3,1 4,0

Classe média média 125 34,7 46,0

Classe média baixa 79 21,9 29,0

Classe baixa/popular (pobre) 8 2,2 2,9

Não sabe 12 3,3 4,4

Não informou 37 10,3 13,6

VÁLIDOS 272 - 100,0

Não respondeu 88 24,4 -

Total 360 100,0 - 5.2. Relacionamento social com outros servidores da Rural

OPÇÕES APRESENTADAS FREQUÊNCIA PERCENTUAL PERCENTUAL VÁLIDO

Não 49 13,6 18,0 Sim, apenas com técnico-administrativos da minha classe social 9 2,5 3,3

Sim, apenas com técnico-administrativos independente da classe social 4 1,1 1,5

Sim, com todos os servidores (técnicos e docentes) da minha classe social 3 0,8 1,1

Sim, com todos os servidores (técnicos e docentes) independente da classe social 184 51,1 67,6

Não informou / prefere não responder 23 6,5 8,5

VÁLIDOS 272 - 100,0

Não respondeu 88 24,4 -

Total 360 100,0 -

5.3. Relacionamento social com os habitantes de Seropédica

OPÇÕES APRESENTADAS FREQUÊNCIA PERCENTUAL PERCENTUAL VÁLIDO

Não 77 21,4 28,3

Sim, apenas com os da minha classe social 13 3,6 4,8

Sim, com todos independente da classe social 159 44,2 58,5

Não informou 23 6,5 8,5

VÁLIDOS 272 - 100,0

Não respondeu 88 24,4 -

Total 360 100,0 -

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276

5.4. Relacionamento com os vizinhos (não estudantes /não servidores da Rural)

OPÇÕES APRESENTADAS FREQUÊNCIA PERCENTUAL PERCENTUAL VÁLIDO

Mantenho uma relação de amizade e/ou solidariedade 61 16,9 22,4

Mantenho uma relação cordial, mas distante 23 6,4 8,5

Não os conheço / não falo com eles 1 0,3 0,4

Moro em PNR (meus visinhos são da UFRRJ) 70 19,4 25,7

Não se aplica (não moro em Seropédica) 89 24,7 32,7

Não informou 28 7,9 10,3

VÁLIDOS 272 - 100,0

Não respondeu 88 24,4 -

Total 360 100,0 -

5.5. Na relação com os habitantes de Seropédica, já ouviu o termo "minhoca"

OPÇÕES APRESENTADAS FREQUÊNCIA PERCENTUAL PERCENTUAL VÁLIDO

Não 135 37,5 49,6

Sim 114 31,7 41,9

Não informou 23 6,4 8,5

VÁLIDOS 272 - 100,0

Não respondeu 88 24,4 -

Total 360 100,0 - 5.6. Significado do termo – pergunta aberta

Natural ou morador de Seropédica 5.7. Consideração sobre o termo

OPÇÕES APRESENTADAS FREQUÊNCIA PERCENTUAL

Apenas uma brincadeira 78 68,5

Preconceituoso (denota intolerância) 15 13,1

Pejorativo (denota uma relação de superioridade/inferioridade) 15 13,1

Não tem opinião 6 5,3

Total 114 100,0

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277

5.8. Na relação com os habitantes de Seropédica, já usou/ouviu o termo "estudante"

OPÇÕES APRESENTADAS FREQUÊNCIA PERCENTUAL PERCENTUAL VÁLIDO

Não 61 16,9 22,4

Sim 192 53,3 70,6

Não informou 19 5,3 7,0

VÁLIDOS 272 - 100,0

Não respondeu 88 24,4 -

Total 360 100,0 - 5.9. Significado do termo – pergunta aberta

Aluno da UFRRJ 5.10. Consideração sobre o termo

OPÇÕES APRESENTADAS FREQUÊNCIA PERCENTUAL

Apenas uma brincadeira 60 31,3

Preconceituoso (denota intolerância) 18 9,4

Pejorativo (denota uma relação de superioridade/inferioridade) 13 6,8

Não tem opinião 99 51,5

Outra 2 1,0

Total 192 100

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278

QUESTIONÁRIOS TIPO 3 - PROFESSORES EFETIVOS DA UFRRJ 1. IDENTIFICAÇÃO 1.1. Distribuição por Instituto/Departamento

INSTITUTO DEPARTAMENTO FREQUÊNCIA PERCENTUAL

Fitotecnia 6 2,3 Geociências 6 2,3 IA Solos 8 3,0 Biologia Animal 9 3,4 Botânica 7 2,6 Ciências Fisiológicas 5 1,9 Entomologia e Fitopatologia 7 2,6

IB

Genética 4 1,5 Física 4 1,5 Matemática 8 3,0 ICE Química 11 4,2 Ciências Administrativas e Contábeis 15 5,7 Ciências Econômicas 5 1,9 Economia Domestica 3 1,1

ICHS

Letras e Ciências Sociais 2 0,8 Educação Física e Desporto 6 2,3 Psicologia 1 0,4 IE Teoria e Planejamento de Ensino 7 2,6 Ciências Ambientais 6 2,3 Produtos Florestais 3 1,1 IF Silvicultura 3 1,1 Arquitetura e Urbanismo 11 4,2 Engenharia 8 3,0 Engenharia Química 7 2,6

IT

Tecnologia de Alimentos 5 1,9 Epidemiologia e Saúde Pública 3 1,1 Medicina e Cirurgia Veterinária 11 4,2 Microbiologia e Imunologia Veterinária 3 1,1

IV

Parasitologia Animal 5 1,9 Nutrição e Pastagem 3 1,1 Produção Animal 8 3,0 IZ Reprodução e Avaliação Animal 3 1,1

RESPOSTAS VÁLIDAS (questionários devolvidos) 193 72,8 Não responderam o questionário 72 27,2 TOTAL 265 100,0

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279

1.2 – 1.3. Distribuição por Classe e Nível

CLASSE / NÍVEL FREQUÊNCIA PERCENTUAL PERCENTUAL VÁLIDO

Professor Titular 6 2,4 3,1

Professor Associado 2 59

Professor Associado 1 10 26,1 35,8

Professor Adjunto 4 47

Professor Adjunto 3 19

Professor Adjunto 2 26

Professor Adjunto 1 10

38,6 52,8

Professor Assistente 4 5

Professor Assistente 3 1

Professor Assistente 2 4

Professor Assistente 1 5

5,7 7,8

Professor Auxiliar 4 1 - 0,5

VÁLIDOS 193 - 100,0

Não respondeu 72 27,2

Total 265 100,0 1.4. Distribuição por tempo de serviço na UFRRJ

TEMPO DE SERVIÇO FREQUÊNCIA PERCENTUAL PERCENTUAL VÁLIDO

até 4 anos 25 9,4 de 5 a 9 anos 16 6,0

21,3

de 10 a 14 anos 27 10,2 de 15 a 19 anos 31 11,7

30,0

de 20 a 24 anos 19 7,2 de 25 a 29 anos 15 5,7

17,6

de 30 a 34 anos 42 15,8 mais de 35 anos 12 4,5

28,0

Não informou 6 2,3 3,1 VÁLIDOS 193 - 100,0 Não respondeu 72 27,2 Total 265 100,0

Obs. O tempo de serviço médio foi de 19,44 anos, variando de 2 anos a 55 anos (desvio padrão 11,073) 1.5. Local de moradia

LOCAL FREQUÊNCIA PERCENTUAL PERCENTUAL VÁLIDO

Seropédica 79 29,7 40,9

Rio de Janeiro 90 34,0 46,6

Outros municípios do Estado do Rio de Janeiro 24 9,1 12,5

VÁLIDOS 193 - 100,0

Não respondeu 72 27,2

Total 265 100,0

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280

1.5.1. Detalhamento da distribuição do local de moradia 1.5.1.1. Distribuição dos professores moradores de Seropédica por localização da residência

LOCAL FREQUÊNCIA PERCENTUAL

Campus ou bairro residencial da UFRRJ (reside em PNR*) 41 51,9 Mancha 1 35 44,3 Mancha 2 3 3,8 Total 79 100,0 * Próprio Nacional Residencial (casas da União) 1.5.1.2. Distribuição dos professores moradores do Rio de Janeiro por Área de Planejamento

AP FREQUÊNCIA PERCENTUAL

1 2 2,2 2 36 40,0 3 12 13,4 4 14 15,6 5 22 24,4 Não informou 4 4,4 Total 90 100,00

Obs. Região Administrativa por Área de Planejamento AP 1 - Portuária, Centro, Rio Comprido, São Cristóvão, Paquetá, Santa Teresa; AP 2 – Botafogo, Copacabana, Lagoa, Tijuca, Vila Izabel, Rocinha; AP 3 – Ramos, Penha, Inhaúma, Méier, Irajá, Madureira, Ilha do Governador, Anchieta, Pavuna, Jacarezinho, Complexo do Alemão, Maré; AP 4 – Jacarepaguá, Barra da Tijuca, Cidade de Deus; AP 5 – Bangu, Campo Grande, Santa Cruz, Guaratiba, Realengo. 1.5.1.3. Distribuição dos professores moradores de UoutrosU municípios do Estado do Rio de Janeiro por Região

REGIÃO FREQUÊNCIA PERCENTUAL

Metropolitana* 14 58,2 Noroeste Fluminense 0 - Norte Fluminense 0 - Serrana 1 4,2 Baixadas Litorâneas 1 4,2 Médio Paraíba 6 25,1 Centro-Sul Fluminense 2 8,3 Baia da Ilha Grande 0 - Total 24 100,00 * Excluídos Seropédica e Rio de Janeiro 2. PERFIL SÓCIO-DEMOGRÁFICO/ECONÔMICO 2.1. Distribuição por sexo

SEXO FREQUÊNCIA PERCENTUAL PERCENTUAL VÁLIDO

Feminino 69 26,0 35,8 Masculino 124 46,8 64,2 VÁLIDOS 193 100,0 Não respondeu 72 27,2 Total 265 100,0

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281

2.2. Idade média

Nº DE RESPOSTAS

IDADE MÍNIMA

IDADE MÁXIMA MÉDIA DESVIO

PADRÃO

185 30 67 50,45 8,182

2.3. Distribuição por renda bruta familiar

RENDA FREQUÊNCIA PERCENTUAL PERCENTUAL VÁLIDO

entre 5 e 10 SM - entre R$ 2.325,01 e 4.650,00 3 1,1 1,5

entre 10 e 20 SM - entre R$ 4.650,01 e 9.300,00 59 22,3 30,5

entre 20 e 30 SM - entre R$ 9.300,01 e 13.950,00 38 14,3 19,8

entre 30 e 50 SM - entre R$ 13.950,01 e 23.250,00 22 8,3 11,4

Prefiro não responder 67 25,3 34,7

Não sei 4 1,5 2,1

VÁLIDOS 193 - 100,0

Não responderam o questionário 72 27,2

Total 265 100,0

3. PRÁTICAS DE CONSUMO / ROTEIRO COTIDIANO / COMPORTAMENTO / PREFERÊNCIA 3.1. Local da principal refeição (almoço)

LOCAL FREQUÊNCIA PERCENTUAL PERCENTUAL VÁLIDO

Bandejão 1 0,4 0,5

Cantinas do Campus 88 33,2 45,6

Restaurantes de Seropédica 28 10,6 14,5

Trago marmita 15 5,7 7,8

Em casa 53 20,0 27,5

Outro 6 2,3 3,1

Não informou 2 0,7 1,0

VÁLIDOS 193 - 100,0

Não respondeu 72 27,2

Total 265 100,0

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282

3.2. Local de compra de produtos de alimentação e/ou higiene e limpeza

LOCAL FREQUÊNCIA PERCENTUAL PERCENTUAL VÁLIDO

Não compro 4 1,5 2,0 Compro nos supermercados ou mercearias de Seropédica 80 30,2 41,5

Compro nos supermercados do bairro / cidade onde moro 100 37,7 51,9

Outro (vários) 8 3,0 4,1

Não informou 1 0,4 0,5

VÁLIDOS 193 - 100,0

Não respondeu 72 27,2

Total 265 100,0 3.4. Local de compra de produtos de vestuário e calçados

LOCAL FREQUÊNCIA PERCENTUAL PERCENTUAL VÁLIDO

No comércio de Seropédica 2 0,8 1,0

No comércio de Campo Grande 71 26,8 36,8

No comércio de Itaguaí 4 1,5 2,1

No comércio do bairro / cidade onde moro 84 31,7 43,5

Outro 31 11,7 16,1

Não informou 1 0,4 0,5

VÁLIDOS 193 - 100,0

Não respondeu 72 27,2

Total 265 100,0 3.5. Se morador de Seropédica, local onde adquiriu a maior parte dos móveis e eletrodomésticos

LOCAL FREQUÊNCIA PERCENTUAL PERCENTUAL VÁLIDO

Brechós em Seropédica (de 2ª mão) 2 0,8 2,4

No comércio de Seropédica 24 9,0 29,0

No comércio de Campo Grande 41 15,5 49,4

No comércio de Itaguaí 1 0,4 1,2

Outros 12 4,5 14,4

Não sei 2 0,8 2,4

Não informou 1 0,4 1,2

VÁLIDOS 83 100,0 Não se aplica (não mora ou não tem imóvel em Seropédica) 110 41,5

Não respondeu 72 27,1

Total 265 100,0

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283

3.6. Acesso ao Sistema de Saúde

SISTEMA DE SAÚDE FREQUÊNCIA PERCENTUAL PERCENTUAL VÁLIDO

com plano de saúde 178 67,2 92,3 Sistema Privado

sem plano de saúde 7 2,7 3,7

de Seropédica 1 0,4 0,5

de outro município 2 0,8 1,0 Sistema Público

da UFRRJ (Posto Médico) 3 1,1 1,5

Não informou 2 0,8 1,0

VÁLIDOS 193 - 100,0

Não respondeu 72 27,2

Total 265 100,0

3.7. Prática de esporte ou atividade física

LOCAL FREQUÊNCIA PERCENTUAL PERCENTUAL VÁLIDO

Não pratica 48 18,1 24,9

Em casa 24 9,1 12,4

Na área interna do Campus 18 6,8 9,3

Na ciclovia da UFRRJ (externa ao Campus) 9 3,4 4,7

Ao ar livre no município de Seropédica 5 1,9 2,6

Academia ou clube de Seropédica 14 5,3 7,2

Ao ar livre (quadra de ruas, praça, ciclovia, área verde, etc.) da minha cidade 22 8,3 11,4

Academia ou clube na minha cidade 43 16,2 22,3

Outros 9 3,4 4,7

Não informou 1 0,4 0,5

VÁLIDOS 193 - 100,0

Não respondeu 72 27,2

Total 265 100,0

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284

3.8. Lazer e cultura - válidos

LOCAIS/PROGRAMAS SEMPRE RARAMENTE NUNCA NÃO INFORMOU

Cinema 98 50,8%

84 43,5%

9 4,7%

2 1,0%

Teatro 25 12,9%

135 69,9%

31 16,2%

2 1,0%

Festas e shows organizados pelos estudantes da Rural 6 3,1%

75 38,8%

109 56,6%

3 1,5%

Festas e shows organizados pela Prefeitura de Seropédica

1 0,5%

47 24,4%

142 73,6%

3 1,5%

Festas nos clubes de Seropédica organizadas por NÃO estudantes

3 1,5%

43 22,3%

145 75,2%

2 1,0%

Shows públicos fora do município de Seropédica 11 5,7%

93 48,2%

86 44,6%

3 1,5%

Casas de show fora do município de Seropédica 20 10,4%

101 52,4%

69 35,7%

3 1,5%

Bares e quiosques 61 31,6%

92 47,7%

38 19,7%

2 1,0%

Restaurantes 140 72,6%

41 21,2%

12 6,2%

0 -

Boates 5 2,6%

65 33,7%

120 62,2%

3 1,5%

Shopping centers 125 64,8%

61 31,6%

6 3,1%

1 0,5%

Clubes 25 13,0%

95 49,2%

71 36,8%

2 1,0%

Museus e exposições 60 31,0%

110 57,1%

22 11,4%

1 0,5%

Praças, parques e áreas verdes 93 48,2%

81 42,0%

16 8,3%

3 1,5%

Outro: nenhuma resposta com mais de 10% - - - -

3.9. Lugar mais frequentado para lazer e cultura

LUGAR FREQUÊNCIA PERCENTUAL PERCENTUAL VÁLIDO

Em Seropédica 18 6,8 9,3

Na zona oeste do Rio de Janeiro (excluindo a Barra da Tijuca) 30 11,3 15,6

Na Barra da Tijuca 38 14,3 19,7

Na zona norte do Rio de Janeiro 20 7,5 10,4

Na zona sul do Rio de Janeiro 43 16,2 22,3

Na cidade onde moro (excluindo Rio de Janeiro) 13 4,9 6,7

Outros 23 8,7 11,9

Não se aplica - não assinalou nenhum "sempre" / Não informou 8 3,1 4,1

VÁLIDOS 193 - 100,0

Não respondeu 72 27,2

Total 165 100,0

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285

3.10. Leitura de jornais

JORNAIS SEMPRE ÁS VEZES RARAMENTE NUNCA NÃO INFORMOU

Jornais de Seropédica (em geral) 12 6,2%

31 16,1%

45 23,3%

104 53,9%

1 0,5%

Expresso 6 3,1%

6 3,1%

13 6,7%

163 84,5%

5 2,6%

Extra 11 5,7%

19 9,8%

57 29,5%

101 52,4%

5 2,6%

Jornal do Brasil 15 7,8%

56 29,0%

53 27,5%

65 33,7%

4 2,0%

Jornal dos Sports 1 0,5%

7 3,6%

34 17,6%

145 75,2%

6 3,1%

O Dia 10 5,2%

26 13,5%

48 24,9%

104 53,8%

5 2,6%

O Globo 108 55,9%

56 29,1%

16 8,3%

13 6,7%

0 -

Outro: nenhuma resposta com mais de 10% - - - - -

4. PERCEPÇÃO DO LUGAR 4.1. O que você acha de trabalhar na Rural

OPÇÃO FREQUÊNCIA PERCENTUAL PERCENTUAL VÁLIDO

Indiferente 1 0,4 0,5

Ruim 3 1,1 1,5

Regular 12 4,5 6,3

Bom 88 33,2 45,6

Ótimo 89 33,6 46,1

VÁLIDOS 193 - 100,0

Não respondeu 72 27,2 -

Total 265 100,0 -

4.2. Pensa em sair da Rural, se conseguir outro emprego

OPÇÃO FREQUÊNCIA PERCENTUAL PERCENTUAL VÁLIDO

Não 147 55,5 76,2

Talvez 37 14,0 19,2

Sim 9 3,4 4,6

VÁLIDOS 193 - 100,0

Não respondeu 72 27,2 -

Total 265 100,0 -

Observação: 35% dos professores que responderam “sim” ou “talvez” tem menos de 5 anos de serviço.

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286

4.3. – 4.4. Meios usados para deslocamento (mobilidade)

DESLOCAMENTO

DENTRO DO CAMPUS PARA O CAMPUS MEIO FREQUÊNCIA PERCENTUAL PERCENTUAL

VÁLIDO FREQUÊNCIA PERCENTUAL PERCENTUAL VÁLIDO

Carro próprio 149 56,2 77,3 126 47,5 65,4

Bicicleta 7 2,6 3,6 3 1,1 1,5

Moto 4 1,5 2,0 5 1,9 2,6

Moto-taxi - - - 1 0,4 0,5

Van ou ônibus - - - 25 9,4 13,0

A pé com eventual carona 27 10,2 14,1 - - -

A pé e nunca pega carona 1 0,4 0,5 1 0,4 0,5

Outros (carona) 2 0,8 1,0 6 2,3 3,1

Não se aplica (mora dentro do Campus) - - - 23 8,7 11,9

Não informou 3 1,1 1,5 3 1,1 1,5

VÁLIDOS 193 - 100,0 193 - 100,0

Não respondeu 72 27,2 - 72 27,2 -

Total 265 100,0 - 265 100,0 -

4.5. Representação do Campus da UFRRJ – (pergunta aberta)

A questão não foi sistematizada 4.6. Virtudes do Campus da UFRRJ - (pergunta aberta)

Não respondeu = 6 / 3,1% Respostas positivas = 187 / 96,9% Duas virtudes mais citadas: • Beleza / beleza arquitetônica / beleza da paisagem = 133 • Tranquilidade / calma / paz = 40

4.7. Problemas do Campus da UFRRJ - (pergunta aberta)

Não respondeu = 13 Não tem problemas/ nenhum/nada = 1 Problemas mais citados: • Mobilidade (interna e de acesso) = 97 • Segurança = 56 • Falta de conservação / infraestrutura = 51

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287

4.8. Palavra que melhor descreve o Campus da Rural

OPÇÕES APRESENTADAS FREQUÊNCIA PERCENTUAL PERCENTUAL VÁLIDO

Beleza 77 29,1 39,9 Tranquilidade 36 13,6 18,7 Imensidão 24 9,1 12,5 Tradição 17 6,4 8,8 Monumentalidade 17 6,4 8,8 Abandono 9 3,4 4,7 Solidão 3 1,1 1,5 Enclave / gueto 1 0,4 0,5 Segurança 0 0 0 Outras (liberdade, feudo, falta de integração, várias) 5 1,9 2,6 Não informou 4 1,5 2,0 VÁLIDOS 193 - 100,0 Não respondeu 72 27,2 - Total 265 100,0 -

4.9. Representação de Seropédica – (pergunta aberta)

A questão não foi sistematizada 4.10. Virtudes de Seropédica - (pergunta aberta)

Não respondeu = 23 / 11,9% Não sei / não tem / não reconheço nenhuma = 54 / 27,9% Respostas positivas = 116 / 60,2% Virtude mais citadas • Tranquilidade / sossego / característica de uma cidade do interior / Aspecto bucólico de cidade do

interior / menor violência urbana / segurança = 36 • Proximidade com a UFRRJ / A presença da Rural / ter o Campus da Rural / ter a UFRRJ = 32 • Localização / localização estratégica ou privilegiada / Proximidade do Rio = 28

4.11. Problemas de Seropédica (pergunta aberta)

Não respondeu = 18 Não sabe = 15 Problemas mais citados: • Infraestrutura urbana (subsistemas: viário, abastecimento de água, esgoto sanitário, energia, etc) • Ausência de planejamento urbano / desordem urbana / caos urbano / crescimento desordenado • Falta de opções de lazer • Administração pública incompetente / ausência de visão administrativa / políticos incompetentes • Saúde

4.12. O que pode ter representado, no passado, a implantação do CNEPA (atual UFRRJ) no distrito de Seropédica (pergunta aberta)

Não respondeu = 28 Não sabe = 18 Indiferente / nada / um equívoco / uma possibilidade que não se concretizou = 34 Consideram que foi positivo para a cidade = 113 / 58,5%

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288

4.13. O que representa, hoje, a presença da UFRRJ no município de Seropédica (pergunta aberta)

Não respondeu = 18 Não sabe = 7 Indiferente / nada = 12 Contribui menos do que deveria / é apenas uma universidade = 77 Contribui para o desenvolvimento urbano e socioeconômico = 79

4.14. Se morador em PNR, costuma passar os finais de semana no Campus ou em Seropédica

OPÇÕES APRESENTADAS FREQUÊNCIA PERCENTUAL PERCENTUAL VÁLIDO

Eventualmente 10 3,8 5,2

Frequentemente 22 8,3 11,4

Sempre 8 3,0 4,1

Outro / não informou / não se aplica 153 57,7 79,3

VÁLIDOS 193 - 100,0

Não respondeu 72 27,2 -

Total 265 100,0 -

4.15. Considera os habitantes de Seropédica hospitaleiros / simpáticos para com a comunidade universitária

OPÇÕES APRESENTADAS FREQUÊNCIA PERCENTUAL PERCENTUAL VÁLIDO

Sim 94 35,5 48,7 Não 26 9,8 13,5 Não sei 67 25,3 34,7 Não informou 6 2,2 3,1 VÁLIDOS 193 - 100,0 Não respondeu 72 27,2 - Total 265 100,0 -

4.16. Explicação para a resposta anterior - (questão aberta)

Os que consideram os habitantes de Seropédica simpáticos e amáveis atribuem a: • Interesse = 31 • Educação ou respeito = 34 Os que UnãoU consideram os habitantes de Seropédica simpáticos e amáveis atribuem a: • Falta de integração ou relação dos moradores

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289

4.17. Mudança do nome da Universidade Rural para "Universidade Federal de Seropédica"

OPÇÕES APRESENTADAS FREQUÊNCIA PERCENTUAL PERCENTUAL VÁLIDO

Sim 11 4,2 5,7

Não, acho que o nome não deve mudar 160 60,4 83,0 Não, acho que o nome deve mudar, mas não para Federal de Seropédica 12 4,5 6,2

Não sei 6 2,3 3,1

Não informou 4 1,5 2,0

VÁLIDOS 193 - 100,0

Não respondeu 72 27,2 -

Total 265 100,0 -

4.18. Interação da UFRRJ com a comunidade de Seropédica (cumprimento efetivo de um compromisso sócio-cultural)

OPÇÕES APRESENTADAS FREQUÊNCIA PERCENTUAL PERCENTUAL VÁLIDO

Sim 33 12,5 17,1

Não 132 49,8 68,5

Não sabe 24 9,1 12,4

Não informou 4 1,5 2,0

VÁLIDOS 193 - 100,0

Não respondeu 72 27,2

Total 265 100,0

5. PERCEPÇÃO DO MEIO SOCIAL 5.1. Classe social

OPÇÕES APRESENTADAS FREQUÊNCIA PERCENTUAL PERCENTUAL VÁLIDO

Classe alta 0 - -

Classe média alta 37 14,0 19,2

Classe média média 123 46,4 63,7

Classe média baixa 18 6,8 9,3

Classe baixa/popular (pobre) 0 - -

Não sabe 3 1,1 1,5

Não informou 12 4,5 6,3

VÁLIDOS 193 100,0

Não respondeu 72 27,2 -

Total 265 100 -

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290

5.2. Relacionamento social com outros servidores da Rural

OPÇÕES APRESENTADAS FREQUÊNCIA PERCENTUAL PERCENTUAL VÁLIDO

Não 49 18,5 25,4

Sim, apenas com docentes da minha classe social 5 1,9 2,6 Sim, apenas com docentes independente da classe social 15 5,7 7,8

Sim, com todos os servidores (técnicos e docentes) da minha classe social 8 3,0 4,1

Sim, com todos os servidores (técnicos e docentes) independente da classe social 107 40,4 55,4

Não informou 9 3,3 4,7

VÁLIDOS 193 100,0

Não respondeu 72 27,2 -

Total 265 100,0 -

5.3. Relacionamento social com os habitantes de Seropédica

OPÇÕES APRESENTADAS FREQUÊNCIA PERCENTUAL PERCENTUAL VÁLIDO

Não 113 42,6 58,6

Sim, apenas com os da minha classe social 2 0,8 1,0

Sim, com todos independente da classe social 71 26,8 36,8

Não informou 7 2,6 3,6

VÁLIDOS 193 100,0

Não respondeu 72 27,2 -

Total 265 100,0 -

5.4. Relacionamento com os vizinhos (não estudantes /não servidores da Rural)

OPÇÕES APRESENTADAS FREQUÊNCIA PERCENTUAL PERCENTUAL VÁLIDO

Mantenho uma relação de amizade e/ou solidariedade 25 9,4 12,9

Mantenho uma relação cordial, mas distante 11 4,2 5,7

Não os conheço 1 0,4 0,5

Moro em PNR (meus visinhos são da UFRRJ) 41 15,5 21,3

Não se aplica (não moro em Seropédica) 115 43,4 59,6

VÁLIDOS 193 100,0

Não responder 72 27,2 -

Total 265 100,0 -

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291

5.5. Na relação com os habitantes de Seropédica, já ouviu o termo "minhoca"

OPÇÕES APRESENTADAS FREQUÊNCIA PERCENTUAL PERCENTUAL VÁLIDO

Não 80 30,2 41,5

Sim 112 42,3 58,0

Não informou 1 0,3 0,5

VÁLIDOS 193 100,0

Não respondeu 72 27,2

Total 265 100,0 5.6. Significado do termo – pergunta aberta

Natural ou morador de Seropédica 5.7. Consideração sobre o termo

OPÇÕES APRESENTADAS FREQUÊNCIA PERCENTUAL

Apenas uma brincadeira 74 66,1

Preconceituoso (denota intolerância) 7 6,2

Pejorativo (denota uma relação de superioridade/inferioridade) 17 15,2

Não tem opinião 14 12,5

Total 112 100,0

5.8. Na relação com os habitantes de Seropédica, já usou/ouviu o termo "estudante"

OPÇÕES APRESENTADAS FREQUÊNCIA PERCENTUAL PERCENTUAL VÁLIDO

Não 53 20,0 27,5

Sim 139 52,5 72,0

Não informou 1 0,3 0,5

VÁLIDOS 193 100,0

Não respondeu 72 27,2

Total 265 100,0 5.9. Significado do termo – pergunta aberta

Aluno da UFRRJ

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292

5.10. Consideração sobre o termo

OPÇÕES APRESENTADAS FREQUÊNCIA PERCENTUAL

Apenas uma brincadeira 30 11,3

Preconceituoso (denota intolerância) 19 7,2

Pejorativo (denota uma relação de superioridade/inferioridade) 15 5,7

Não tem opinião / outros 62 23,4

Total 139 100,0

OUTROS Apenas diferenciação APENAS UMA CARACTERÍSTICA DIFERENTE Carinhosa Refere-se a estudantes da Rural, sem outra conotação Referência a um grupo

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293

QUESTIONÁRIOS TIPO 4 - MORADORES DE SEROPÉDICA 1. IDENTIFICAÇÃO 1.1. Distribuição por Mancha Urbana

MANCHA URBANA FREQUÊNCIA PERCENTUAL

Mancha 1 - km 49 250 41,5

Mancha 2 - km 40/41/42 267 44,4

Mancha 3 - km 52 34 5,6

Mancha 4 - Jardim Maracanã 24 4,0

Mancha 5 - Piranema 27 4,5

Total 602 100,0 1.2. Distribuição por tempo de moradia no município

TEMPO DE MORADIA FREQUÊNCIA PERCENTUAL

até 2 anos 23 3,8 de 3 a 5 anos 36 6,0 de 6 a 10 anos 58 9,6 de 11 a 15 anos 41 6,8 de 16 a 20 anos 121 20,1 de 21 a 25 anos 58 9,6 de 26 a 30 anos 65 10,8 mais de 31 anos 200 33,2 Total 602 100,0

1.3. Distribuição por naturalidade

ORIGEM FREQUÊNCIA PERCENTUAL

Seropédica 291 48,3 Outro 311 51,7 Total 602 100,0

1.4. Distribuição dos migrantes por naturalidade

NATURALIDADE FREQUÊNCIA PERCENTUAL

Outro município do Estado do Rio de Janeiro 215 69,1

Outro estado da Federação 80 25,7

Não informou 16 5,2

Total 311 100,0

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294

1.5. Distribuição por ocupação principal

OCUPAÇÃO FREQUÊNCIA PERCENTUAL

Ambulante 2 0,3 Aposentado 28 4,7 Atendente 16 2,7 Autônomo 2 0,3 Auxiliar administrativo 5 0,8 Auxiliar de serviços gerais 3 0,5 Babá 3 0,5 Cabeleireira 2 0,3 Cobrador de ônibus 3 0,5 Comerciante 25 4,2 Comerciário 25 4,2 Contador 2 0,3 Costureira 10 1,7 Cozinheira / Doceira 5 0,8 Desempregado 4 0,7 Diarista 4 0,7 Doméstica 14 2,3 Dona de casa 39 6,5 Eletricista 3 0,5 Enfermeira 4 0,7 Entregador 2 0,3 Estudante (somente) 103 17,1 Funcionário público 6 1,0 Inspetor escolar 4 0,7 Lanterneiro 2 0,3 Mecânico 6 1,0 Motorista 7 1,2 Moto-taxista 6 1,0 Pedreiro 6 1,0 Peixeiro 2 0,3 Pensionista 4 0,7 Pintor 3 0,5 Professor 12 2,0 Segurança 3 0,5 Soldador 2 0,3 Taxista 3 0,5 Vendedor 21 3,5 Vigia 7 1,2 Outras ocupações 38 6,3 Não trabalha 2 0,3 Não respondeu 164 27,2 Total 602 100,0

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295

2. PERFIL SÓCIO-DEMOGRÁFICO/ECONÔMICO 2.1. Distribuição por sexo

SEXO FREQUÊNCIA PERCENTUAL

Feminino 302 50,2 Masculino 300 49,8 Total 602 100,0

2.2. Idade média

Nº DE RESPOSTAS

IDADE MÍNIMA

IDADE MÁXIMA MÉDIA DESVIO

PADRÃO

582 16 88 36,06 15,276

2.3. Distribuição por renda bruta familiar

RENDA FREQUÊNCIA PERCENTUAL

até um SM - até R$ 465,00 22 3,7

entre 1 e 2 SM - entre R$ 465,01 e 930,00 78 13,0

entre 2 e 3 SM - entre R$ 930,01 e 1.395,00 55 9,1

entre 3 e 5 SM - entre R$ 1.395,01 e 2.325,00 44 7,3

entre 5 e 10 SM - entre R$ 2.325,01 e 4.650,00 16 2,79

entre 10 e 20 SM - entre R$ 4.650,01 e 9.300,00 10 1,7

Prefiro não responder 241 40,0

Não sei 136 22,6

Total 602 100,0

3. PRÁTICAS DE CONSUMO / ROTEIRO COTIDIANO / COMPORTAMENTO / PREFERÊNCIA 3.1. – Distribuição dos estudantes por nível e instituição de ensino

NÍVEL / INSTITUIÇÃO FREQUÊNCIA PERCENTUAL

Escola/colégio público 103 68,7

Escola/colégio privado 16 10,7

Faculdade/universidade pública 6 4,0

Faculdade/universidade privada 23 15,3

Outro - por correspondência, à distância, etc. 2 1,3

Total 150 100,0

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296

3.2. Localização da instituição de ensino

Das 150 pessoas (24,9% da amostra) que declararam estudar, 68,7% estuda no próprio município de Seropédica.

Dos que informaram estudar em outro município, 59,6% estuda no bairro de Campo Grande no município do Rio de Janeiro e 12,8% em Paracambi (as demais localidades não são significativas).

3.3. – 3.4. Localização do trabalho

Das 425 pessoas (70,6% da amostra) que declararam trabalhar, 82,3 trabalha no próprio município de Seropédica.

Dos que informaram trabalhar em outro município, 56% trabalham na cidade do Rio de Janeiro, sendo a maior concentração no bairro de Campo Grande. O município de Itaguaí concentra 20% dos postos de trabalho.

3.5. a 3.8. Local de compra dos principais produtos de consumo

LOCAL PRODUTOS

Seropédica Campo

Grande/Rio de Janeiro

Itaguaí Outros Não compra, não

sabe ou não respondeu

Alimentação/higiene/limpeza 506 (84,1%)

22 (3,7%)

14 (2,3%)

14 (2,3%)

46 (7,6%)

Vestuário e calçados 57 (9,5%)

480 (79,7%)

30 (5,0%)

32 (5,3%)

3 (0,5%)

Móveis/eletrodomésticos 335 (55,7%)

187 (31,1%)

36 (6,0%)

26 (4,4%)

18 (3,0%)

3.9. Acesso ao Sistema de Saúde

SISTEMA DE SAÚDE FREQUÊNCIA PERCENTUAL

com plano de saúde 111 18,4 Sistema Privado

sem plano de saúde 37 6,1

de Seropédica 413 68,6

de outro município 32 5,3 Sistema Público

da UFRRJ (Posto Médico) 4 0,7

Não respondeu 5 0,9

Total 602 100,0

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297

3.10. Prática de esporte ou atividade física

LOCAL FREQUÊNCIA PERCENTUAL

Não pratica 390 64,8

Em casa 26 4,3

Na área interna do Campus 6 1,0

Na ciclovia da UFRRJ (externa ao Campus) 26 4,3

Ao ar livre no município de Seropédica 100 16,6

Academia ou clube de Seropédica 40 6,6

Outros 13 2,2

Não respondeu 1 0,2

Total 602 100,0

3.11. Lazer e cultura – válidos

LOCAIS/PROGRAMAS SEMPRE RARAMENTE NUNCA NÃO

RESPONDEU

Cinema 124 20,6%

286 47,5%

188 31,2%

4 0,7%

Teatro 8 1,3%

103 17,1%

478 79,4%

13 2,2%

Festas e shows organizados pelos estudantes da Rural 42 7,0%

65 10,8%

490 81,4%

5 0,8%

Festas e shows organizados pela Prefeitura de Seropédica 124 20,6%

178 29,6%

299 49,7%

1 0,2%

Festas nos clubes de Seropédica organizadas por NÃO estudantes

73 12,1%

122 20,3%

404 67,1%

3 0,5%

Shows públicos fora do município de Seropédica 64 10,6%

176 29,2%

360 59,8%

2 0,3%

Casas de show fora do município de Seropédica 43 7,1%

128 21,3%

427 70,9%

4 0,7%

Bares e quiosques 182 30,2%

157 26,1%

261 43,4%

2 0,3%

Restaurantes 216 35,9%

211 35,0%

173 28,7%

2 0,3%

Boates 30 5,0%

68 11,3%

495 82,2%

9 1,5%

Shopping centers 241 40,0%

214 35,5%

146 24,3%

1 0,2%

Clubes 27 4,5%

101 16,8%

467 77,6%

7 1,2%

Museus e exposições 23 3,8%

112 18,6%

464 77,1%

3 0,5%

Praças, parques e áreas verdes 255 42,4%

168 27,9%

177 29,4%

2 0,3%

Outro: IGREJA (resposta espontânea) 172 28,6% - - -

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298

3.12. Lugar mais frequentado para lazer e cultura

LOCAL FREQUÊNCIA PERCENTUAL

Em Seropédica 278 47,2

Na zona oeste do Rio de Janeiro (excluindo a Barra da Tijuca) 134 22,3

Outros 60 8,9

Não se aplica - não assinalou nenhum "sempre" 103 17,1

Não respondeu 27 4,5

Total 602 100,0

3.13. Leitura de jornais

JORNAIS SEMPRE ÁS VEZES RARAMENTE NUNCA NÃO

RESPONDEU

Jornais de Seropédica (em geral) 135 22,4%

119 19,8%

111 18,4%

234 38,9%

3 0,5%

Expresso 79 13,1%

106 17,6%

84 14,0%

329 54,7%

4 0,7%

Extra 92 15,3%

130 21,6%

124 20,6%

253 42,0%

3 0,5%

Jornal do Brasil 18 3,0%

62 10,3%

118 19,6%

399 66,3%

5 0,8%

Jornal dos Sports 113 18,8%

45 7,5%

78 13,0%

362 60,1%

4 0,7%

O Dia 79 13,1%

86 14,3%

105 17,4%

328 54,5%

4 0,7%

O Globo 55 9,1%

74 12,3%

103 17,1%

365 60,6%

5 0,8%

Outro: MEIA HORA (resposta espontânea) 95 15,8% - - - -

4. PERCEPÇÃO DO LUGAR 4.1. O que acha de morar em Seropédica

OPINIÃO FREQUÊNCIA PERCENTUAL

Indiferente 20 3,3

Péssimo 28 4,7

Ruim 34 5,6

Regular 168 27,9

Bom 299 49,7

Ótimo 48 8,0

Não responderam 5 0,8

Total 602 100,00

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299

4.2. Se não é natural de Seropédica, por que optou em morar no município

As razões, que levaram a Ugrande maioriaU das pessoas a morar em Seropédica, estão relacionadas a motivos familiares (vinda dos pais ou casamento)

4.3. Representação de Seropédica – (pergunta aberta)

A questão não foi sistematizada 4.4. Virtudes de Seropédica - (pergunta aberta)

Não respondeu = 68 / 11,3% Não tem virtudes / nenhuma / nada = 71 / 11,8% Respostas positivas= 463 / 76,9% Virtude mais citadas • Tranquilidade, paz, lugar calmo, sossegado, não tem violência ou pouca violência = 330 / 71,27% das respostas positivas ou 54,8% do total • A UFRRJ, a Rural, a universidade, ter uma universidade federal = 85 / 18,3% (Observação. - dos que consideram a Universidade uma virtude de Seropédica, 67,6% são da Mancha 1, os demais estão distribuídos pelas outras 4 manchas, da seguinte forma: Mancha 2 = 14,6%; Mancha 3 = 7,8%; Mancha 4 = 6,3%; Mancha 5 = 3,7%)

4.5. Problemas de Seropédica (pergunta aberta)

Não respondeu = 16 / 2,7% Não sabe ou não quer responder = 4 / 0,7% São muitos os problemas/ falta de tudo = 8 Não tem problemas / nenhum = 3 Problemas mais citados: • Saúde = 273 / 45,3% • Saneamento básico (esgoto, lixo, água) = 186 / 30,8% • Ruas e estradas esburacadas / lama e falta de pavimentação = 171 / 28,4% • Má gestão administrativa / prefeito / políticos e política de má qualidade = 136 / 22,6% • Educação = 89 / 14,8 % • Transporte = 49 / 8,1% • Falta de opções de lazer = 39 / 6,4% • Emprego = 38 / 6,3%

4.6. Situação de Seropédica após a emancipação

OPINIÃO FREQUÊNCIA PERCENTUAL

Piorando 168 27,9

Mantendo-se na mesma situação 142 23,6

Melhorando 176 29,2

Não sabe ou não respondeu 116 19,3

Total 602 100,0

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300

4.7. Pretensão em se mudar de Seropédica

OPINIÃO FREQUÊNCIA PERCENTUAL

Não 244 40,6

Talvez 158 26,2

Sim 179 29,7

Não sabe ou não respondeu 21 3,5

Total 602 100,0

4.8. Conhecimento sobre o Campus da UFRRJ

OPÇÕES APRESENTADAS FREQUÊNCIA PERCENTUAL

Não - nem ouviu falar 17 2,8

Não - mas sabe da sua existência 45 7,5

Sim, mas só de passar na estrada 142 23,6

Sim, já entrei para visitar 229 38,0

Sim, conheço e já entrei nos seus prédios 167 27,7

Não respondeu 2 0,3

Total 602 100,0 Observação. - os que responderam que “não – nem ouviram falar” estão distribuídos da seguinte forma: Mancha 1 = 10; Mancha 2= 5; Mancha 3 = zero; Mancha 4 = 1; Mancha 5 = 1. 4.9. Representação do Campus da UFRRJ – (pergunta aberta)

A questão não foi sistematizada 4.10. Virtudes do Campus da UFRRJ - (pergunta aberta)

Não respondeu / não sabe / não se aplica (não conhece o Campus) = 145 / 24,1% Não tem virtudes/ nenhuma/nada = 4 / 0,7% Respostas positivas = 453 / 75,2% Duas virtudes mais citadas: • Beleza / beleza da paisagem / beleza da arquitetura • Tranquilidade

4.11. Problemas do Campus da UFRRJ - (pergunta aberta)

Não respondeu / não sabe / não se aplica (não conhece o Campus) = 309 / 51,3% Não tem problemas/ nenhum/nada = 64 / 10,6% Problemas mais citados: • Segurança = 97 • Manutenção / conservação / abandono = 53 Foram citados, embora sem grande expressão: • Greve = 46 • Drogas / álcool/ sexo / bagunça (pelos alunos) = 3 • O problema do Campus está na relação da UFRRJ com Seropédica = 25

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301

4.12. Palavra que melhor descreve o Campus da Rural

OPÇÕES APRESENTADAS FREQUÊNCIA PERCENTUAL

Beleza 209 34,7 Tradição 127 21,1 Tranquilidade 71 11,8 Imensidão 52 8,6 Abandono 35 5,8 Monumentalidade 22 3,7 Segurança 16 2,7 Solidão 3 0,5 Enclave / gueto 0 0,0 Outra - desprezo 5 0,8 Não respondeu/ não se aplica 62 10,3 Total 602 100,0

4.13. O que pode ter representado, no passado, a implantação do CNEPA (atual UFRRJ) no distrito de Seropédica (pergunta aberta)

Não respondeu / não sabe / não se aplica (não conhece o Campus) = 245 / 40,7% Indiferente / nada = 22 / 3,7% Consideram que foi positivo para a cidade = 335 / 55,6% Respostas mais freqüentes: A oportunidade de crescimento Avanço econômico e social Crescimento e desenvolvimento Desenvolvimento que levou a emancipação Esperança de prosperidade econômica e social Melhoria tanto de emprego, quanto de crescimento populacional Muito bom, pois se não fosse a UFRRJ não existiria Seropédica Uma forma de desenvolver e trazer investimentos para o município

4.14. O que representa, hoje, a presença da UFRRJ no município de Seropédica (pergunta aberta)

Não respondeu / não sabe / não se aplica (não conhece a Universidade) = 86 / 14,3% Indiferente / nada / não contribui = 25 / 4,1% Consideram que a UFRRJ contribui com o município = 491 / 81,6% • a UFRRJ representa / contribui pouco ou menos do que poderia/deveria = 5 / 1,0% • a UFRRJ é apenas uma universidade, como qualquer outra, no município = 57 / 11,6% • a UFRRJ é referência para o município / um ponto turístico / cartão postal / área de lazer= 62 / 12,6% • a UFRRJ representa/contribui para o desenvolvimento socioeconômico e cultural da cidade = 153 / 31,2 • a UFRRJ gera emprego e renda / contribuição basicamente econômica = 214 / 43,6%

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302

4.15. Mudança do nome da Universidade Rural para "Universidade Federal de Seropédica"

OPÇÕES APRESENTADAS FREQUÊNCIA PERCENTUAL

Sim 130 21,6

Não, acho que o nome não deve mudar 396 65,8

Não, acho que o nome deve mudar, mas não para Federal de Seropédica 13 2,2

Não sei 43 7,1

Não respondeu / não se aplica 20 3,3

Total 602 100,0

4.16. Interação da UFRRJ com a comunidade de Seropédica (cumprimento efetivo de um compromisso sócio-cultural)

OPÇÕES APRESENTADAS FREQUÊNCIA PERCENTUAL

Sim 212 35,2

Não 188 31,2

Não sabe 182 30,2

Não respondeu / não se aplica 20 3,4

Total 602 100,0

4.17. Existência de parente que estuda ou estudou / trabalha ou trabalhou na UFRRJ

OPÇÕES APRESENTADAS FREQUÊNCIA PERCENTUAL

Não 283 47,0

Sim, que estuda ou estudou 159 26,4

Sim, que trabalha ou trabalhou 110 18,3

Sim, que estuda (ou) e trabalha (ou) 22 3,7

Não respondeu / não se aplica 28 4,6

Total 602 100,0

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303

4.18. Considera os estudantes da Rural amáveis / simpáticos para com os habitantes de Seropédica

OPÇÃO / MANCHA URBANA FREQUÊNCIA PERCENTUAL

Mancha 1 133 - Mancha 2 83 - Mancha 3 26 - Mancha 4 12 - Mancha 5 8 -

Sim

Total parcial 262 43,5 Mancha 1 54 - Mancha 2 55 - Mancha 3 3 - Mancha 4 4 - Mancha 5 5 -

Não

Total parcial 121 20,1 Mancha 1 49 - Mancha 2 116 - Mancha 3 5 - Mancha 4 6 - Mancha 5 12 -

Não sabe responder

Total parcial 188 31,2 Mancha 1 13 - Mancha 2 15 - Mancha 3 0 - Mancha 4 2 - Mancha 5 1 -

Não respondeu / não se aplica

Total parcial 31 5,2

Total 602 100,0

4.19. Explicação para a resposta anterior - (questão aberta)

Os que consideram os estudantes amáveis / simpáticos atribuem a: • Educação • Carência Os que UnãoU consideram os estudantes amáveis / simpáticos atribuem a: • Não gostarem / não se importarem com Seropédica • Se julgarem superiores aos seropedicenses

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304

4.20. Considera a comunidade universitária em geral amável / simpática para com os habitantes de Seropédica

OPÇÃO / MANCHA URBANA FREQUÊNCIA PERCENTUAL

Mancha 1 115 Mancha 2 57 Mancha 3 17 Mancha 4 8 Mancha 5 7

Sim

Total parcial 204 33,9 Mancha 1 40 Mancha 2 58 Mancha 3 6 Mancha 4 5 Mancha 5 5

Não

Total parcial 114 19,0 Mancha 1 79 Mancha 2 140 Mancha 3 10 Mancha 4 9 Mancha 5 13

Não sabe responder

Total parcial 251 41,7 Mancha 1 15 Mancha 2 14 Mancha 3 1 Mancha 4 2 Mancha 5 1

Não respondeu / não se aplica

Total parcial 33 5,4

Total 602 100,00

4.21. Explicação para a resposta anterior - (questão aberta)

Os que consideram a comunidade universitária amável / simpática atribuem a: • Educação Os que UnãoU consideram a comunidade universitária amável / simpática atribuem a: • Não gostar / não se importar com Seropédica • Se julgar superior aos seropedicenses • Não morar em Seropédica

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305

5. PERCEPÇÃO DO MEIO SOCIAL 5.1. Classe social

OPÇÕES APRESENTADAS FREQUÊNCIA PERCENTUAL

Classe alta 2 0,3

Classe média alta 23 3,8

Classe média média 187 31,1

Classe média baixa 202 33,6

Classe baixa/popular (pobre) 94 15,6

Não sei 25 4,2

Não respondeu / não se aplica 69 11,4

Total 602 100,0

5.2. Relacionamento social com outros habitantes de Seropédica

OPÇÕES APRESENTADAS FREQUÊNCIA PERCENTUAL

Não 50 8,3

Sim, apenas com os da minha classe social 35 5,8

Sim, com todos independente da classe social 477 79,2

Não respondeu / não se aplica 40 6,7

Total 602 100,0

5.3. Relacionamento social com os servidores da UFRRJ

OPÇÕES APRESENTADAS FREQUÊNCIA PERCENTUAL

Não 368 61,1

Sim, apenas com docentes da minha classe social 16 2,7

Sim, apenas com docentes independente da classe social 29 4,8

Sim, com todos os servidores (técnicos e docentes) da minha classe social 24 4,0

Sim, com todos os servidores (técnicos e docentes) independente da classe social 116 19,3

Não respondeu / não se aplica 49 8,1

Total 602 100,0

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306

5.4. Relacionamento social com os alunos da UFRRJ

OPÇÕES APRESENTADAS FREQUÊNCIA PERCENTUAL

Não 486 80,7

Sim, apenas com os da minha classe social 17 2,8

Sim, com todos independente da classe social 56 9,3

Não respondeu / não se aplica 43 7,2

Total 602 100,0

5.5. Relacionamento social com vizinhos servidores da UFRRJ

OPÇÕES APRESENTADAS FREQUÊNCIA PERCENTUAL

Mantenho uma relação de amizade e/ou solidariedade 117 19,4

Mantenho uma relação cordial, mas distante 60 10,0

Não gosto e/ou não falo com eles 3 0,5

Não os conheço 33 5,5

Não tenho vizinhos que sejam servidores da UFRRJ 346 57,5

Não respondeu / não se aplica 43 7,1

Total 602 100,0

5.6. Relacionamento social com vizinhos estudantes da UFRRJ

OPÇÕES APRESENTADAS FREQUÊNCIA PERCENTUAL

Mantenho uma relação de amizade e/ou solidariedade 57 9,5

Mantenho uma relação cordial, mas distante 116 19,3

Não gosto e/ou não falo com eles 2 0,3

Não os conheço 53 8,8

Não tenho vizinhos que sejam estudantes da UFRRJ 335 55,6

Não respondeu / não se aplica 39 6,5

Total 602 100,0

5.7. Na relação com a comunidade da UFRRJ, já ouviu o termo "minhoca"

OPÇÕES APRESENTADAS FREQUÊNCIA PERCENTUAL

Não 426 70,8

Sim 156 25,9

Não respondeu / não se aplica 20 3,3

Total 602 100,0

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307

5.8. Significado do termo – pergunta aberta

Natural ou morador de Seropédica 5.9. Consideração sobre o termo

OPÇÕES APRESENTADAS FREQUÊNCIA PERCENTUAL

Apenas uma brincadeira 81 51,9

Preconceituoso (denota intolerância) 28 18,0

Pejorativo (denota uma relação de superioridade/inferioridade) 13 8,3

Não tem opinião 34 21,8

Total 156 100,0

5.10. Na relação com os habitantes de Seropédica, já usou/ouviu o termo "estudante"

OPÇÕES APRESENTADAS FREQUÊNCIA PERCENTUAL

Não 224 37,2

Sim 357 59,3

Não respondeu / não se aplica 21 3,5

Total 602 100,0 5.11. Significado do termo – pergunta aberta

Aluno da UFRRJ 5.12. Consideração sobre o termo

OPÇÕES APRESENTADAS FREQUÊNCIA PERCENTUAL

Apenas uma brincadeira 77 21,6

Preconceituoso (denota intolerância) 15 4,2

Pejorativo (denota uma relação de superioridade/inferioridade) 47 13,2

Não tem opinião 218 61,0

Total 357 100,0

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ANEXOS

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ANEXO A

IMAGENS ATUAIS DA CIDADE DE SEROPÉDICA E DO CAMPUS DA UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIRO

Seropédica – Av. Fernando Costa (Antiga Rio - São Paulo, km 49) Fonte: Acervo Arq. Vânia Maria da Silva

Seropédica – Acesso à Av. Fernando Costa Fonte: Acervo próprio

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310

Seropédica – Centro, km 49 Fonte: Acervo próprio

Seropédica – Centro, km 49 Fonte: Acervo Arq. Vânia Maria da Silva

Seropédica – Igreja de Santa Terezinha – Padroeira de Seropédica Fonte: Acervo próprio

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311

Seropédica – Churrascaria de destaque – Km 49 Fonte: Acervo próprio

Seropédica – Av. Fernando Costa – Churrasco popular Fonte: Acervo Arq. Vânia Maria da Silva

Seropédica – Passarela sobre a Av. Fernando Costa – ao fundo Condomínio Lorenzon (residencial de alunos) Fonte: Acervo Arq. Vânia Maria da Silva

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312

Seropédica – Câmara Municipal Fonte: Acervo Arq. Vânia Maria da Silva

Seropédica – Vias secundárias Fonte: Acervo Arq. Vânia Maria da Silva

Seropédica – Antiga Rio - São Paulo, km 42 Fonte: Acervo próprio

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313

Campus – Acesso da Rodovia Antiga Rio - São Paulo Fonte: Acervo desconhecido

Campus – Vista aérea da entrada principal Fonte: http://www.seropedicarj.com.br

Campus – Pavilhão Central (P1) Fonte: Acervo desconhecido

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314

Campus – Vista aérea do Pavilhão Central (P1) Fonte: http://www.seropedicarj.com.br

Campus – Pavilhão Central - Vista interna do acesso principal (P1) Fonte: Acervo desconhecido

Campus – Pavilhão Central - Vista do pátio interno Fonte: Site da UFRRJ

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315

Campus – Instituto de Biologia Fonte: Site da UFRRJ

Campus – Instituto de Veterinária Fonte: Site da UFRRJ

Campus – Instituto de Agronomia Fonte: Site da UFRRJ

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316

Campus – Lago Açu Fonte: Site da UFRRJ

Campus – Alojamento feminino (F1) Fonte: Site da UFRRJ

Campus – Residência Oficial do Reitor Fonte: Site da UFRRJ

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ANEXO B

RELAÇÃO DAS DEPENDÊNCIAS QUE INTEGRARIAM O CNEPA COM A DESCRIÇÃO DO ANDAMENTO DAS CONSTRUÇÕES E AVALIAÇÃO DO

FUNCIONAMENTO NO SEGUNDO SEMESTRE DE 1945

“Margem esquerda da rodovia Rio - São Paulo (ensino).

1) Granja leiteira: - Em construção, bem como residências anexas.

2) Pôsto Experimental de Avicultura: - Em funcionamento. Uma dezena de

residências de funcionários e trabalhadores e um alojamento de solteiros se

espalham ao redor.

3) Edifício de Zootecnia da Universidade Rural: – Ocupado pelo Serviço Médico e por

uma firma construtora.

4) Pôsto Experimental de Sericicultura: - Em funcionamento, com uma dezena de

casas de funcionários e trabalhadores em tôrno.

5) Restaurante e Alojamento de Alunos da Universidade Rural: - Em instalação.

6) Usina de Gás: - Em construção.

7) Pavilhão de Química da Universidade Rural: - Em instalação.

8) Biblioteca do C.N.E.P.A.: Inexistente.

9) Pavilhão Principal da Universidade Rural: - Em instalação.

10) Pavilhão de Biologia da Universidade Rural: - Em instalação.

11) Casa da Administração e da Superintendência de Edifícios e Parques: -

Construídas.

12) Lagos: - Construídos.

13) Edifício de Clínicas e outras disciplinas da Escola Nacional de Veterinária da

Universidade Rural: - Inexistente.

14) Hospital Veterinário: - Inexistente.

15) Instalações da Cadeira de Silvicultura da Escola Nacional de Agronomia da

Universidade Rural: - Em construção.

16) Pôsto Experimental de Apicultura do D.N.P.A.: - Em funcionamento com uma

dezena de casa de funcionários e trabalhadores nos fundos.

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17) Aprendizado Agrícola “Ildefonso Simões Lopes”: - Em funcionamento, com

freqüência de 100 alunos. Próximo há um núcleo residencial com casa do diretor,

de funcionários e de trabalhadores.

18) Dormitórios-lar para alunos do Aprendizado Agrícola: - Em construção.

19) Instalação da Cadeira de Horticultura da Escola Nacional de Agronomia: - Duas

casas de trabalhadores já estão prontas, estando meia dúzia delas em construção.

20) Centro Médico do C.N.E.P.A.: O Centro Médico, como vimos atrás, está

funcionando no Edifício da Zootecnia da Universidade Rural.

21) Instalação da Cadeira de Agricultura Especial da Escola Nacional de Agronomia: -

Em funcionamento.

22) Serviço de Desportos da Universidade Rural: Inexistente. Por iniciativa de

funcionários e trabalhadores funciona um clube com atividades recreativas e

desportivas, tendo por sede as instalações da Engenharia Rural.

23) Edifício de Engenharia Rural da Universidade Rural e Oficinas Anexas: - O edifício

já foi construído, porém, só as oficinas anexas estão em funcionamento, estando o

pavilhão principal ocupado pelo clube citado e pela escola primária que, aliás,

mudará no ano letivo próximo para o barracão onde funcionava o escritório.

Margem direita da rodovia Rio - São Paulo (pesquisa).

1) Seção de Avicultura Industrial do Departamento Nacional de Produção Animal: - Em

funcionamento. Duas dezenas de casas de trabalhadores e funcionários se

distribuem em tôrno.

2) Zona Residencial do C.N.E.P.A.: - As casa estavam sendo construídas em grande

número, porém, menos de três dezenas delas estavam habitadas.

3) Observatório Meteorológico do Serviço de Meteorologia: - Em funcionamento.

4) Instituto de Óleos do Serviço Nacional de Pesquisas Agronômicas do C.N.E.P.A.: -

Em construção.

5) Edifícios do Instituto de Ecologia e Experimentação Agrícolas: - Em funcionamento.

6) Subestação Elétrica Geral: - Construído e em instalação.

7) Residência do Diretor do Instituto de Ecologia e Experimentação Agrícola: - Habitada.

8) Reservatório de Água Geral: - Construído, faltando ser instalados os aparelhos para

tratamento (filtro rápido, etc.).

9) Parque: - Em sua maior parte construído.”

Fonte: SANT’ANNA, 1949, p. 30 a 32.