A Virtude em Aristóteles e Sêneca

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Ensino Mdio

I n t r o d u o96 Introduo

z ticaA tica o estudo dos fundamentos da ao humana. Por isso, nosso estudo sobre tica tem incio com a virtude em Aristteles e Sneca. Dois autores do mundo antigo, de momentos histricos distintos e que com preocupao semelhante, buscam apresentar um referencial reexivo a seus contemporneos para que possam atingir a excelncia moral, ou seja, serem virtuosos, vivendo de forma virtuosa e conseguirem atingir a nalidade da vida humana: a felicidade. Porm, a busca pela felicidade passa por escolhas que devem ser guiadas pela razo. por isso que Aristteles insiste na idia de buscar a mediania, ou seja, o equilbrio nas escolhas diante das aes e emoes como critrio para que o homem possa ser feliz. Sneca, com preocupao semelhante, orienta o que o homem deve fazer para fortalecer sua alma e com isso no se obstinar diante das circunstncias. Um dos grandes problemas enfrentados pela tica o da relao entre o sujeito e a norma. Essa relao eminentemente tensa e conituosa, uma vez que todo estabelecimento de uma norma implica no cerceamento da liberdade. Ao tratar do tema liberdade, escolheu-se dois autores do incio da modernidade, Guilherme de Ockham, no sculo XIV, e La Botie, da primeira metade do sculo XVI. Nesse momento histrico, nal do mundo medieval e incio do mundo moderno, encontram-se diversas caractersticas que marcam a contemporaneidade. Destacam-se, entre elas: a noo de indivduo que ganha fora a partir do sculo XIV; a formao de Estados laicos, que buscam a independncia em relao ao poder religioso e, sobretudo, o pensamento que estabelece, j desde o sculo XIII, o revigoramento da losoa e, portanto, da razo como necessria para reger a vida do homem e a construo da ordem social. nessa perspectiva que Guilherme de Ockham e La Botie discutem a liberdade humana. E esta liberdade que tem como limite o processo de formao do mundo moderno e de desconstruo do medieval. A tica possibilita a anlise crtica para a atribuio de valores. Ela pode ser ao mesmo tempo especulativa e normativa, crtica da heteronomia e da anomia e propositiva da busca da autonomia. Por isso, a tica defende a existncia dos valores morais e do sujeito que age a partir de valores, com conscincia, responsabilidade e liberdade, no sentido da luta contra toda e qualquer forma de violncia.

Filosoa

Com esse enfoque, discute-se o tema amizade em Aristteles por se tratar de um sentimento desenvolvido pelos seres humanos, que pelo fato de serem animais polticos, ou seja, viverem em sociedade, este tema torna-se importante, pois perpassa todas as relaes sociais. por isso que Aristteles demonstra que h vrias espcies de amizade e cada uma delas est diretamente relacionada com o que os homens buscam na relao que estabelecem. Assim, to importante quanto a vida virtuosa a conscincia das relaes amistosas que o homem estabelece e, sobretudo, se as mesmas esto pautadas em princpios e valores que contribuem ou no para a realizao do bem comum. Disso resulta a exigncia do tema amizade como reexo tica. A reexo tica, no espao escolar, examina a ao individual ou coletiva na perspectiva da losoa. No se trata tanto de ensinar valores especcos, mas de mostrar que o agir fundamentado propicia conseqncias melhores e mais racionais que o agir sem razes ou justicativas. Por isso, a abordagem sartreana da liberdade como valor e responsabilidade no sentido de possibilitar a reexo diante de problemas contemporneos aos homens hodiernos, entendendo que os valores so construdos e, portanto, no h valores e ou modelos pr-denidos, mas sim que ao agir do homem tem o poder de estabelecer os valores diante dos quais ter responsabilidade.

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< Ren Magritte. A grande famlia, 1963. leo sobre tela. http://cgfa.sunsite.dk

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