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20 julho Sexta-feira 21.30h Claustro do Mosteiro dos Jerónimos Lisboa Orquestra Metropolitana de Lisboa Voces Caelestes Pedro Neves, maestro Sérgio Fontão, direcção do coro António Rosado, piano José Tolentino Mendonça, narração Claude Debussy (1862-1918) Prélude à l’après-midi d’un faune Maurice Ravel (1875-1937) Concerto em ré maior, para a mão esquerda Lento Allegro Tempo primo João Madureira (1971 - ) Requiem pela Aurora de Amanhã * * Estreia absoluta | Encomenda do festival no centenário do fim da I Guerra Mundial Concerto em co-produção com e com o apoio 44 Requiem pela aurora de amanhã | João Madureira Um canto de Paz. Um convite a abraçarmos a diversidade do mundo e a cuidar da Terra como “casa comum” (Papa Francisco, Laudato Si’, 2015). Este é o mote de uma peça que não se deseja lutuosa, mas festiva, apelando para o fim das guerras entre os homens, a propósito dos 100 anos do fim da Primeira Guerra Mundial. Num tempo sobressaltado por massacres, por guerras, por desastres ecológicos, urge reaprender a “afagar a terra”, a “forjar no trigo o milagre do pão”, como ouvimos na maravilhosa canção de Milton Nasci- mento e de Chico Buarque, O Cio da Terra (1982). Por isso, não hesitei em conceber uma peça que fizesse da diversidade o seu ponto de partida, assumindo-se como um todo musical que faz dessa existência múltipla a sua razão de ser. Com esta ideia em mente pensei de imediato em José Tolentino Mendonça, poeta que sabe cantar o deserto e a promessa como realidades que tocam intimamente a mão humana e a fazem mover, errar, buscar. Daí, entrei numa deriva musical que a partir de alguns mo- mentos agregadores pudesse dar unidade a um todo diver- so, em perpétuo devir, pondo a nu o equívoco de vermos rupturas onde há apenas diversas facetas de um mesmo objecto. João Madureira Requiem pela Aurora de Amanhã | José Tolentino Mendonça I Corpos celestes ao redor d’uma estrela, eu vos saúdo espaço sideral, campos magnéticos, eu vos saúdo radiação de fundo, força gravitacional, matéria escura energia do vácuo, eu vos saúdo planetas anões, planetas órfãos instrumentos alheios à história, eu vos saúdo caixas de ritmos, escrituras, línguas de vento, louvai com as aranhas marinhas e as medusas, louvai vozes todas dos habitantes terrestres, louvai grandes massas atmosféricas sem crepúsculo esfera cujo centro está em toda a parte louvai, louvai II Nuvens tóxicas, armas de destruição massiva, escamas invasoras do excesso industrial chuvas ácidas, desperdício, uniformes de guerra Lampedusa, mãe de todas as bombas ouvi, ouvi o nosso pranto sobre a aurora, a aurora de amanhã III Por fim, em nome da paz Deus rolará a pedra sobreposta Deus cujo centro está em toda a parte fará renascer as espécies

A5 FEL - Programas de Sala 2018 - festorilisbon.com · Um convite a abraçarmos a diversidade do mundo e a cuidar da Terra como “casa comum” (Papa ... dica à interpretação

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20 julho Sexta-feira 21.30h Claustro do Mosteiro dos JerónimosLisboa

Orquestra Metropolitana de LisboaVoces CaelestesPedro Neves, maestroSérgio Fontão, direcção do coroAntónio Rosado, pianoJosé Tolentino Mendonça, narração

Claude Debussy (1862-1918)Prélude à l’après-midi d’un faune

Maurice Ravel (1875-1937)Concerto em ré maior, para a mão esquerdaLentoAllegroTempo primo

João Madureira (1971 - )Requiem pela Aurora de Amanhã *

* Estreia absoluta | Encomenda do festival no centenário do fim

da I Guerra Mundial

Concerto em co-produção com e com o apoio

44 Requiem pela aurora de amanhã | João Madureira Um canto de Paz. Um convite a abraçarmos a diversidade do mundo e a cuidar da Terra como “casa comum” (Papa Francisco, Laudato Si’, 2015). Este é o mote de uma peça que não se deseja lutuosa, mas festiva, apelando para o fim das guerras entre os homens, a propósito dos 100 anos do fim da Primeira Guerra Mundial. Num tempo sobressaltado por massacres, por guerras, por desastres ecológicos, urge reaprender a “afagar a terra”, a “forjar no trigo o milagre do pão”, como ouvimos na maravilhosa canção de Milton Nasci-mento e de Chico Buarque, O Cio da Terra (1982).Por isso, não hesitei em conceber uma peça que fizesse da diversidade o seu ponto de partida, assumindo-se como um todo musical que faz dessa existência múltipla a sua razão de ser. Com esta ideia em mente pensei de imediato em José Tolentino Mendonça, poeta que sabe cantar o deserto e a promessa como realidades que tocam intimamente a mão humana e a fazem mover, errar, buscar.Daí, entrei numa deriva musical que a partir de alguns mo-mentos agregadores pudesse dar unidade a um todo diver-so, em perpétuo devir, pondo a nu o equívoco de vermos rupturas onde há apenas diversas facetas de um mesmo objecto. João Madureira Requiem pela Aurora de Amanhã | José Tolentino Mendonça I

Corpos celestes ao redor d’uma estrela, eu vos saúdoespaço sideral, campos magnéticos, eu vos saúdoradiação de fundo, força gravitacional, matéria escuraenergia do vácuo, eu vos saúdoplanetas anões, planetas órfãosinstrumentos alheios à história, eu vos saúdo

caixas de ritmos, escrituras, línguas de vento, louvaicom as aranhas marinhas e as medusas, louvaivozes todas dos habitantes terrestres, louvai grandes massas atmosféricas sem crepúsculoesfera cujo centro está em toda a partelouvai, louvai

II

Nuvens tóxicas, armas de destruição massiva, escamas invasoras do excesso industrialchuvas ácidas, desperdício, uniformes de guerraLampedusa, mãe de todas as bombasouvi, ouvi o nosso pranto sobre a aurora, a aurora de amanhã

IIIPor fim, em nome da pazDeus rolaráa pedra sobrepostaDeus cujo centro está em toda a partefará renascer as espécies

A Orquestra Metropolitana de Lisboa estreou-se no dia 10 de junho de 1992. Desde então, os seus músicos asseguram uma intensa atividade na qual a qualidade e a versatilidade têm presença constante, permitindo abordar géneros diver-sos, proporcionando a criação de novos públicos e a afirma-ção do carácter inovador do projecto AMEC | Metropolitana, de que esta orquestra é a face mais visível. Nos programas sinfónicos, jovens intérpretes da Academia Nacional Supe-rior de Orquestra juntam-se à Metropolitana, cuja constitui-ção regular integra já músicos formados nesta escola, sinal da vitalidade da ponte única que aqui se faz entre a práctica e o ensino da música. Este desígnio, que distingue a iden-tidade da Metropolitana, por ser exemplo singular no pano-rama musical internacional, complementa-se com a partici-pação cívica, que se traduz na apresentação frequente em concertos de solidariedade e eventos públicos relevantes. Cabe-lhe, ainda, a responsabilidade de assegurar uma pro-gramação regular junto de várias autarquias da região centro e sul, para além de promover iniciativas de descentralização cultural por todo o país. Desde o seu início, a Metropolitana é referência incontornável do panorama orquestral nacional. Um ano após a sua criação, apresentou-se em Estrasburgo e Bruxelas. Deslocou-se depois a Itália, Índia, Coreia do Sul, Macau, Tailândia e Áustria. Em 2009 tocou em Cabo-Verde, numa ocasião histórica em que, pela primeira vez, se fez ou-vir uma orquestra clássica no arquipélago. No final de 2009 e início de 2010, efectuou uma digressão pela China. Mais recentemente, por ocasião do seu vigésimo aniversário, a Metropolitana regressou à capital belga. Tem gravados onze CD – um dos quais disco de platina – para diferentes edi-toras, incluindo a EMI Classics, a Naxos e a RCA Classics. Ao longo destas duas décadas, colaborou com inúmeros maestros e solistas de grande reputação no plano nacional e internacional, de que são exemplos os maestros Christo-pher Hogwood, Theodor Guschlbauer, Michael Zilm, Arild Remmereit, Nicholas Kraemer, Lucas Paff, Victor Yampolsky, Joana Carneiro e Brian Schembri ou os solistas Monserrat Caballé, Kiri Te Kanawa, José Cura, José Carreras, Felicity Lott, Elisabete Matos, Leon Fleisher, Maria João Pires, Artur Pizarro, Sequeira Costa, António Rosado, Natalia Gutman, Gerardo Ribeiro, Anabela Chaves, António Menezes, Sol Gabetta, Michel Portal, Marlis Petersen, Dietrich Henschel, Thomas Walker e Mark Padmore, entre outros. A Direcção Artística da Orquestra Metropolitana de Lisboa é, desde ju-lho de 2013, assegurada por Pedro Amaral.

António Rosado. Dele disse a revista francesa Diapason que é um “intérprete que domina o que faz. Tem tanto de emoção e de poesia, como de cor e de bom gosto.” António Rosado tem uma carreira reconhecida nacional e internacionalmente, corolário do seu talento e do gosto pela diversidade, expressos num extenso repertório pianístico que integra obras de compositores tão diferentes como Georges Gershwin, Aaron Copland, Albéniz ou Liszt. Esta versatilidade permitiu-lhe apresentar, pela primeira vez em Portugal, destacadas obras como as Sonatas de Enescu ou paráfrases de Liszt, sendo o primeiro pianista português a realizar as integrais dos Prelúdios e também dos Estudos de Claude Debussy. No registo dos recitais pode incluir-se também a interpretação da integral das sonatas de Mozart e Beethoven. Actuou em palco, pela primeira vez, aos quatro anos de idade. Os estudos musicais iniciados com o pai tiveram continuidade no Conservatório Nacional de Música de Lisboa onde terminou o curso Superior de Piano, com vinte valores. Aos dezasseis anos parte para Paris, e aí vem a ser discípulo de Aldo Ciccolini no Conservatório Superior de Música e nos cursos de aperfeiçoamento em Siena e Biella (Itália). Em 1980, estreou-se em concerto com a Orchestre National de Toulouse, sob a direcção de Michel Plasson e desde essa data tem tocado com inúmeras orquestras internacionais e notáveis maestros como: Georg Alexander Albrecht, Moshe Atzmon, Franco Caracciolo, Pierre Dervaux, Arthur Fagen, Léon Fleischer, Silva Pereira, Claudio Scimone, David Stahl, Marc Tardue e Ronald Zollman. Também na música de câmara tem actuado com prestigiados músicos como Aldo Ciccolini, Maurice Gendron, Margarita Zimermann, Gerardo Ribeiro ou Paulo Gaio Lima, com o qual apresentou a integral da obra de Beethoven para violoncelo e piano. Laureado pela Academia Internacional Maurice Ravel e pela Academia Internacional Perosi, António Rosado foi distinguido pelo Concurso Internacional Vianna da Motta e pelo Concurso Internacional Alfredo Casella de Nápoles. Estes prémios constituem o reconhecimento internacional do seu virtuosismo e o impulso para uma brilhante carreira, com a realização de recitais e concertos por todo o Mundo, e a participação em diversos festivais. Na década de 90, foi o pianista escolhido pela TF1 para a gravação e transmissão de três programas - música espanhola e portuguesa, Liszt e, por fim, um recital preenchido com Beethoven, Prokofiev, Wagner, Liszt. Desde a década de 80, participou inúmeras vezes no Festival de Macau, nomeadamente com a Orq.Gulbenkian, Orq.M.L., Orq.N. da China - no concerto inaugural do Centro Cultural de Macau - Orq. Xangai, Orq. de Câmara de Macau e ainda com o clarinetista António Saiote. O seu primeiro disco gravado na década de 80, em Paris, é dedicado a Enescu. Outros discos se seguiram, nomeadamente, as obras para piano de Vianna da Motta; um cd comemorativo dos 150 anos da passagem de Liszt por Lisboa; a Fantasia de Schumann e a Sonata de Liszt. Com o violinista Gerardo Ribeiro gravou as Sonatas para piano e violino de Brahms e com o pianista Artur Pizarro, um disco intitulado Mozart in Norway. Com a NDR Sinfonieorchestra de Hamburgo, gravou o Concerto n. 2 e Rapsódia sobre um tema de Paganini de Rachmaninov. Em Portugal gravou os dois Concertos de Brahms com a Orquestra Nacional do Porto, em 2004 a integral das Sonatas para piano de Fernando Lopes-Graça e em 2006 as oito suites “In Memoriam Bela Bartók” do mesmo compositor. Mais recentemente os Prelúdios de Armando José Fernandes e Luís de Freitas Branco e, em 2012, a integral das Músicas Festivas de Fernando Lopes-Graça. Em 2016, lançou um disco com a Integral dos Prelúdios de Debussy (Calanda Music) e em 2017, com o apoio da GDA, lançou um disco de autor dedicado às Sonatas para violoncelo e piano de César Franck e Luís de Freitas Branco, com o violoncelista Filipe Quaresma.

Pedro Neves é maestro titular da Orquestra Clássica de Es-pinho, assumindo recentemente o cargo de maestro convi-dado da Orquestra Gulbenkian. Actualmente é doutorando na Universidade de Évora, sendo o seu objeto de estudo as seis sinfonias de Joly Braga Santos. Pedro Neves foi ma-estro titular da Orquestra do Algarve entre 2011 e 2013, e é convidado regularmente para dirigir a Orquestra Sinfónica do Porto Casa da Música, a Orquestra Sinfónica Portuguesa, a Orquestra Metropolitana de Lisboa, a Orquestra Filarmonia das Beiras e a Joensuu City Orchestra (Finlândia). No âmbito da música contemporânea tem colaborado com o Sond’arte Electric Ensemble, com o qual realizou estreias de vários compositores portugueses e estrangeiros, realizando digres-sões pela Coreia do Sul e Japão, com o Grupo de Música Contemporânea de Lisboa, e com o Remix Ensemble Casa da Música. É fundador da Camerata Alma Mater, que se de-dica à interpretação de repertório para orquestra de cordas, e com a qual tem recebido uma elogiosa aceitação por parte do público e da critica especializada. Pedro Neves iniciou os seus estudos musicais na sua terra natal, estudou violoncelo com Isabel Boiça, Paulo Gaio Lima e Marçal Cervera, res-pectivamente no Conservatório de Música de Aveiro, Aca-demia Nacional Superior de Orquestra em Lisboa e Escuela de Música Juan Pedro Carrero, em Barcelona, com o apoio da Fundação Gulbenkian. No que diz respeito à direcção de orquestra estudou com Jean-Marc Burfin, obtendo o grau de licenciatura na Academia Nacional Superior de Orquestra, com Emilio Pomàrico em Milão e com Michael Zilm, do qual foi assistente. O resultado deste seu percurso faz com que a sua personalidade artística seja marcada pela profundidade, coerência e seriedade da interpretação musical. Teve, em 2013 e 2014, agendados compromissos com as mais impor-tantes orquestras portuguesas, dos quais se destacam a re-alização de um programa dedicado a Luis de Freitas Branco, com a Orquestra Gulbenkian, um programa dedicado a Pou-lenc com a Orquestra Sinfónica Portuguesa, um programa dedicado à morte e ressurreição com a Orquestra Sinfónica do Porto Casa da Música, interpretando obras de Messiaen e Mahler e um ciclo de programas na Temporada Clássica da Orquestra Metropolitana de Lisboa.

José Tolentino Mendonça deu início ao estudo de Teologia em 1982. Uma vez ordenado padre, em 28 de julho de 1990, deslocou-se para Roma, onde terminou o seu mestrado em Ciências Bíblicas. Regressado a Portugal, ingressou na Uni-versidade Católica Portuguesa, onde foi capelão e lecionou as disciplinas de Hebraico e Cristianismo e Cultura. Aí se doutorou em teologia bíblica, tornando-se professor auxiliar. Dirigiu até ao ano de 2014 o Secretariado Nacional da Pas-toral da Cultura, de que foi o primeiro Director e a revista Didaskalia, editada pela Faculdade de Teologia da Universi-dade Católica Portuguesa. Em dezembro de 2011, foi nome-ado consultor do Conselho Pontifício da Cultura para um pri-meiro mandato, e em 2016 voltou a sê-lo para um segundo. Passou o ano académico de 2011-12 como Strauss Fellow na Universidade de Nova Iorque, integrando uma equipa de investigadores convidados, empenhados no estudo do tema “Religião e Espaço Público”. Em 2012, foi designado para um primeiro mandato como vice-reitor da Universidade Cató-lica Portuguesa, e em 2016 começou um segundo mandato. Especialista em Estudos Bíblicos, tem abordado os temas e os textos do cânone cristão, mantendo um diálogo com as interrogações do presente. A relação entre o Cristianismo e a Cultura é uma das ideias-chave do seu percurso. Além de ensaísta, tem obra poética. Assina uma crónica semanal no jornal Expresso. Foi autor seleccionado nos exames na-cionais de Português 2015 (texto retirado do livro “A mística do instante”). O livro “A Mística do Instante” foi galardoado com o Prémio literário Res Magnae 2015, um importante pré-mio italiano atribuído no campo da ensaística. Foi o primeiro português e o único não italiano, até à data, a receber este prémio. Em 2016, a sua obra de cronista foi distinguida com o prémio APE e a sua obra poética com o Prémio Teixeira de Pascoaes. A 9 de junho de 2016, foi designado Membro do Conselho das Antigas Ordens Militares.

Sérgio Fontão é Mestre em Direcção Coral pela Escola Superior de Música de Lisboa. Tendo iniciado os estudos musicais aos cinco anos de idade, sob a orientação de seu pai, frequentou posteriormente a Escola de Música Nossa Senhora do Cabo (Linda-a-Velha) e a Escola de Música do Conservatório Nacional, onde concluiu o curso de Canto, após estudos de Piano, Harpa e Percussão. Paralelamente concluiu a licenciatura em Comunicação Social na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, e o curso de Gestão das Artes, no Centro de Formação do Centro Cultural de Belém. Frequen-tou cursos de aperfeiçoamento em Direcção Coral com Luc Guilloré, Tõnu Kaljuste, David Lawrence, Julian Wilkins, Simon Halsey, André Thomas, Frieder Bernius, Georg Grün, Peter Broadbent, Colin Dur-rant e Jo McNally; em Direção de Orquestra com Robert Houlihan; em Canto com Jill Feldman, Marius van Altena, Max von Egmond, Peter Harvey e Tom Krause; e em Música Antiga com Richard Gwilt, Ketil Haugsand, Peter Holtslag, Jonathan Manson, Owen Rees e Rainer Zi-pperling. Mantém uma intensa actividade como membro ou diretor de diversas formações vocais e instrumentais, realizando concertos em Portugal, diversos países da EU, EUA, Canadá, Latino América, Tur-quia, Índia, Japão e China. Tem participado em espetáculos de ópera e teatro e realizado gravações para cinema, rádio, televisão e em disco, para as etiquetas Aria Music, Deutsche Grammophon, Milan, Movie-play Classics, Naxos, Numérica, Philips, PortugalSom, Virgin Classics e Virgin Veritas, entre outras. Tem dirigido um vasto repertório, que se estende da música medieval à criação musical contemporânea. Entre os diversos agrupamentos com os quais tem colaborado, contam-se as Voces Caelestes, o Coro Gulbenkian e a Orquestra Metropolitana de Lisboa. Lecciona as disciplinas de Técnicas de Direcção Coral e Instrumental e Educação Vocal no âmbito da licenciatura em Música na Comunidade (ESEL/ESML).

Voces Caelestes é um grupo vocal de constituição variável. Esta ca-racterística, aliada à vasta experiência dos cantores que o integram – que se estende da música medieval à criação musical contemporâ-nea –, permite-lhe abordar um extenso repertório. Desde a sua estreia, em setembro de 1997, o grupo tem interpretado obras de Machaut, Dufay, Josquin, Lasso, Victoria, Gesualdo, Monteverdi, Buxtehude, Bach, Händel, Vivaldi, Scarlatti, Haydn, Schubert, Beethoven, Brahms, Debussy, Ravel, Britten, Lloyd Webber e Lopes-Graça, entre outros. Paralelamente tem feito incursões esporádicas nos domínios da ópera e de outros espectáculos multidisciplinares, tendo participado nas pro-duções de Platée (Rameau), Cenas do Fausto de Goethe (Schumann), Die Zauberflöte, Le nozze di Figaro (Mozart), La fille du régiment (Do-nizetti), Um sonho de uma noite de verão (Mendelssohn), Peter Pan (Bernstein) e Rigoletto (Verdi) e nos espetáculos Deus. Pátria. Revolu-ção (Luís Bragança Gil/Luísa Costa Gomes), Paride ed Elena (Gluck), Armida (Mysliveček) e outros. Tem dedicado atenção à música antiga

portuguesa assim como à música contemporânea, estreando em Por-tugal obras de Steve Martland, Alain Bioteau, Pedro Amaral e Pedro Carneiro. Este vasto repertório tem sido apresentado nos principais au-ditórios de Lisboa bem como noutras localidades de norte a sul do país. Tem participado nos mais prestigiados festivais de música nacionais, em Guimarães 2012 - Capital Europeia da Cultura, entre outros. Em 2006 fizeram a sua estreia internacional no prestigiado Festival Interna-cional de Música Antiga de Daroca (Espanha). Participou na gravação do CD de música sacra Alleluia, da soprano Teresa Cardoso de Mene-zes, gravou para a RTP excertos do Te Deum de Frei José Marques e Silva e colaborou com o agrupamento Os Músicos do Tejo na primeira gravação mundial da obra Il Trionfo d’Amore, de Francisco António de Almeida. Têm-se apresentado a cappella e em colaboração com instru-mentistas como Ana Mafalda Castro, Stéphanie Manzo, Ana Telles, An-tónio Duarte, António Esteireiro, João Vaz, Rui Paiva, Paulo Gaio Lima, Pedro Carneiro e agrupamentos como Camerata Academica Salzburg, Orquestra de Câmara Portuguesa, Orquestra Metropolitana de Lisboa, Orquestra Barroca Capela Real, Divino Sospiro, Ludovice Ensemble, Os Músicos do Tejo, e actuado sob a direcção dos maestros Pedro Ama-ral, Stephen Barlow, Harry Christophers, Laurence Cummings, Sérgio Fontão, Alexander Frey, Leonardo García Alarcón, Manuel Ivo Cruz, Ni-cholas Kraemer, Marcos Magalhães, Massimo Mazzeo, Pedro Neves, Jean-Bernard Pommier, Peter Schreier e Michael Zilm, entre outros.

João Madureira estudou em Lisboa, Siena, Colónia e Estrasburgo com António Pinho Vargas, Christopher Bochmann, Franco Donato-ni, York Höller e Ivan Fedele. Fez o bacharelato em composição na Escola Superior de Música de Lisboa e a licenciatura e o mestrado na Hochschule fur Musik Köln (Kunstler Diplom im Fach Komposition). Prepara actualmente a sua dissertação de doutoramento em Ciências Musicais Históricas na Universidade Nova de Lisboa, dedicada à mú-sica operática de Luciano Berio. Em Outubro de 1998 João Madurei-ra recebeu o Prémio ACARTE / Maria Madalena Azeredo Perdigão, da Fundação Gulbenkian. A sua produção inclui música orquestral, de câmara, operática e para instrumentos solistas, assim como mú-sica para cinema e teatro. As suas obras têm sido apresentadas em vários festivais nacionais e internacionais europeus e no Brasil, por formações como o Ensemble Neue Musik, Orchestrutopica, Remix Ensemble, Orquestra Gulbenkian, Grupo de Música Contemporânea de Lisboa, Ensemble L’Itinéraire, Orquestra Sinfónica Portuguesa, Or-questra Metropolitana de Lisboa, entre outros. Teve encomendas da Fundação Calouste Gulbenkian, Culturgest, Expo’98, CCB, IPPAR, Casa da Música, Teatro Nacional de São João, Presidência da Re-pública Portuguesa, Teatro Nacional D. Maria II, Festival Estoril Lis-boa, Grupo de Música Contemporânea de Lisboa, e outras entidades. A sua obra está gravada por vários agrupamentos e intérpretes, em editoras como La Ma de Guido (Barcelona), Deux-Elles (UK), Arte das Musas (Portugal), e Numérica (Portugal). Ensina na Escola Su-perior de Música de Lisboa e preside actualmente à Comissão Ins-taladora da Arquipélago, Associação de Compositores de Portugal.