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UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS
ESCOLA DE VETERINÁRIA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA ANIMAL
Disciplina: SEMINÁRIOS APLICADOS
ABORDAGEM CRÍTICA SOBRE O PROGRAMA NACIONAL DE
CONTROLE DE RESÍDUOS E CONTAMINANTES EM LEITE COM
ÊNFASE EM ANTIBIÓTICOS
Thaysa dos Santos Silva
Orientador: Prof. Dr. Edmar Soares Nicolau
GOIÂNIA
2009
ii
THAYSA DOS SANTOS SILVA
ABORDAGEM CRÍTICA SOBRE O PROGRAMA NACIONAL DE
CONTROLE DE RESÍDUOS E CONTAMINANTES EM LEITE COM
ÊNFASE EM ANTIBIÓTICOS
Seminário apresentado junto à Disciplina Seminários Aplicados do
Programa de Pós-Graduação em Ciência Animal da Escola de
Veterinária da Universidade Federal de Goiás.
Nível: Mestrado
Área de Concentração: Sanidade Animal, Higiene e Tecnologia de Alimentos
Linha de Pesquisa:
Controle de Qualidade dos Alimentos
Orientador: Prof. Dr. Edmar Soares Nicolau - UFG
Comitê de Orientação:
Prof. Dr. Antônio Nonato de Oliveira - UFG Prof. Dr. Moacir Evandro Lage - UFG
GOIÂNIA
2009
iii
SÚMARIO
1 INTRODUÇÃO ......................................................................................... 1
2 REVISÃO DE LITERATURA .................................................................... 3
2.1 O leite e os resíduos de antibióticos ......................................................... 3
2.2 Danos causados à saúde do consumidor e os prejuízos econômicos às
indústrias de laticínio, produtores e governos pela presença de resíduos
de antibióticos no leite .............................................................................. 6
2.3 Brasil país agroexportador........................................................................ 9
2.4 Criação e objetivos do Plano Nacional de Controle de Resíduos e
Contaminantes ....................................................................................... 11
2.5 Metodologia do Programa Nacional de Controle de Resíduos e
Contaminantes em Leite e suas ações regulatórias ............................... 15
2.5.1 Subprograma de monitoramento ............................................................ 15
2.5.2 Subprograma de investigação ............................................................... 19
2.5.3 Ações regulatórias ................................................................................. 20
2.6 Limite máximo de resíduo, antibióticos a serem monitorados e
laboratórios de análises ........................................................................ 21
2.7 Resultados e impactos esperados .......................................................... 26
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................... 30
REFERÊNCIAS ..................................................................................................... 33
iv
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 Alvéolo da glândula mamária de vaca .............................................. 5
Figura 2 Produção de leite em 2008/09 e expectativas no Brasil ................... 10
Figura 3 Exportações de Leite em 2008/09 e expectativas no Brasil ............ 10
Figura 4 Consumo de Leite em 2008/09 no Brasil e expectativas ................. 11
Figura 5 Brasil expectação do agronegócio por Bloco Econômico em 2006
(em US$ mil) ................................................................................... 13
Figura 6 Tanque de expansão da propriedade rural ..................................... 18
Figura 7 Mistura do leite cru para coleta ........................................................ 18
Figura 8 Coletor de amostra para PNCRCL .................................................. 18
Figura 9 Recipiente para a coleta de amostra de leite cru ............................. 18
Figura 10 Coleta de amostra para o PNCRCL ................................................. 18
Figura 11 Amostra lacrada e pronta para o envio ao laboratório ..................... 18
Figura 12 Farmácia da Fazenda visitada ......................................................... 19
Figura 13 Rede de Laboratórios do PNCRC de 2009 ...................................... 25
v
LISTA DE QUADROS
Quadro 1 Antibióticos, outros resíduos e contaminantes a serem monitorados
pelo PNCRCL/2009............. ................................................................... 24
Quadro 2 Dados e resultados de 1999 a 2009 no Brasil com relação aos
antibióticos ............................................................................................. 27
vi
LISTA DE ABREVIATURAS
APPCC Análise de Perigo e Pontos Críticos de Controle
AGE Assessoria de Gestão Estratégica
CCRC Coordenação de Controle de Resíduos e Contaminantes
CGAL Coordenação Geral de Apoio Laboratorial
CGPE Coordenação Geral de Programas Especiais
DFA Delegacia Federal de Agricultura
DIPOA Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal
DNA Ácido desoxirribonucléico
FAO Organização das Nações Unidas Para Agricultura e Alimentação
FFA Fiscal Federal Agropecuário
LANAGRO Laboratório Nacional Agropecuário
LMR’s Limites Máximos de Resíduos
MAPA Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento
OMC Organização Mundial do Comércio
OMS Organização Mundial de Saúde
PNCR Plano Nacional de Controle de Resíduos
PCRC Programa de Controle de Resíduos em Carne
PCRL Programa de Controle de Resíduos em Leite
PCRM Programa de Controle de Resíduos em Mel
PCRP Programa de Controle de Resíduos em Pescado
PNCRB Plano Nacional de Controle de Resíduos Biológicos em Produtos de Origem Animal
PNCRC Plano Nacional de Controle de Resíduos e Contaminantes
PNCRCC Programa Nacional de Controle de Resíduos e Contaminantes em Carne
PNCRCL Programa Nacional de Controle de Resíduos e Contaminantes em Leite
PNCRCM Programa Nacional de Controle de Resíduos e Contaminantes em Mel
PNCRCP Programa Nacional de Controle de Resíduos e Contaminantes em Pescado
vii
ROA Requisição Oficial de Análise
SDA Secretaria de Defesa Agropecuária
SIF Serviço de Inspeção Federal
SIGSIF Sistema de Informações Gerenciais do Serviço de Inspeção Federal
SIPA Secretaria de Inspeção de Produto Animal
SIPAG Serviço de Inspeção de Produtos de Origem Animal
UE União Européia
1
1 INTRODUÇÃO
Os consumidores de todo o mundo nos últimos tempos vêm
aumentando suas exigências quanto à qualidade e segurança alimentar, esta
última pode ser dita como um conjunto de normas de produção, transporte e
armazenamento de alimentos, com objetivo de oferecer segurança aos
consumidores. Segundo SPERS & KASSOUF (1996), o crescente interesse pelo
problema de segurança de alimentos pode ser atribuído a diferentes fatores, tais
como: aumento populacional, uso de pesticidas e medicamentos; novos hábitos
alimentares, maior conscientização sobre saúde e qualidade de vida; globalização
e o aparecimento de barreiras não-tarifárias.
O leite é um alimento completo, consumido pelo homem, sendo fonte
de proteína, gordura, carboidrato e sais minerais. A qualidade, inocuidade e
segurança do leite tornam-se, portanto tema de saúde publica, tendo relevância
devendo ser estudado e discutido. Levando em consideração a importância do
leite como um alimento tão nobre, o que se observa é que os esforços na busca
pela melhoria da qualidade estão focados apenas na questão microbiológica. A
contaminação do leite por medicamentos veterinários ainda não é investigada de
forma eficaz e adequada pelas autoridades sanitárias do país.
O leite produzido pela glândula mamária é obtido a partir de elementos
que passam da corrente sanguínea para as células especializadas desta
glândula, porém neste momento medicamentos veterinários, como os antibióticos,
que anteriormente tenham sido administrados no animal, em decorrência de
tratamento de doenças, podem passar para o leite. O tratamento da mastite,
infecção da glândula mamária, é considerado a principal causa da presença de
antibióticos no leite, visto que grande parte do rebanho leiteiro brasileiro é
acometido por essa doença (SANTOS, 2003).
A ocorrência de resíduos de antibióticos no leite tem se tornado um
grande problema em termos de saúde pública, para os consumidores, e
econômicos para as indústrias, produtores e governos. Uma vez contaminado
com substâncias químicas, o leite é considerado adulterado e impróprio para o
consumo, pois representa perigo para a saúde, devendo o mesmo ser
descartado.
2
Pesquisas concluíram que a ingestão de leite com resíduos de
antibióticos pode ocasionar sérios problemas ao homem, estando relacionados a
reações toxicológicas, hipersensibilidade e possível choque anafilático em
indivíduos alérgicos a essas substâncias. Pode ainda causar seleção de cepas
bacterianas mais resistentes, no meio e no consumidor, desequilíbrio da flora
intestinal, discrasias sanguíneas e ação teratogênica. Assim a presença dos
resíduos de antibióticos no leite é um fator de risco para os consumidores
(ALBUQUERQUE et al., 1999; Costa 1996; NASCIMENTO et al., 2001).
Pesquisas realizadas no Brasil com o intuito de determinar a presença
de resíduos de antibióticos no leite foram feitas. Segundo NERO et al., 2007
concluíram de maneira geral que se tem uma alta prevalência de resíduos no leite
e que isso pode gerar problemas graves na saúde pública e prejuízos à indústria.
Por imposição de países importadores, o governo brasileiro criou em
1986 o Plano Nacional de Controle de Resíduos Biológicos em Produtos de
Origem Animal (PNCRB), que em 1999 passou a chamar de Plano Nacional de
Controle de Resíduos em Produtos de Origem Animal (PNCR) e a partir de 2007
começou a ser chamado de Plano Nacional de Controle de Resíduos e
Contaminantes (PNCRC). Segundo BRASIL (1999), tal ferramenta de controle
tem como objetivo, a busca pela produtividade e qualidade dos alimentos de
origem animal, destinados à exportação e consumo interno, conhecendo e
evitando a violação dos Limites Máximos de Resíduos (LMR’s) de substâncias
autorizadas, bem como a ocorrência de quaisquer níveis de resíduos de
compostos químicos de uso proibido no país.
Portanto, devido a importância do leite na dieta humana, do risco
representado à saúde pública frente à sua contaminação por resíduos de
antibióticos e perdas econômicas para o país; é que o presente trabalho se
mostra relevante. Nele objetiva-se descrever a importância de um dos programas
do PNCRC, o Programa Nacional de Controle de Resíduos e Contaminantes em
leite (PNCRCL), com ênfase em resíduos de antibióticos. Abordando sua
importância em saúde pública, sua criação, seus objetivos, metodologia,
resultados e impactos esperados para o controle dos resíduos de antibióticos no
leite.
3
2 REVISÃO DE LITERATURA
2.1 O leite e os resíduos de antibióticos
O leite é um dos alimentos mais completos consumido pelo homem,
em decorrência de seu valor nutritivo e composição, sendo um dos constituintes
essenciais da dieta de recém-nascidos (FONSECA & SANTOS, 2000; OLIVEIRA
et al., 1999). Os critérios mais importantes para a definição do leite de boa
qualidade incluem o sabor agradável e característico, alto valor nutritivo, baixa
carga microbiana, inexistência de agentes patogênicos e outros contaminantes
como os resíduos de antibióticos, carrapaticidas, pesticidas, metais pesados e
desinfetantes (SANTOS, 2003).
Durante sua vida os animais podem ser tratados com medicamentos
veterinários para a prevenção ou a tratamento das doenças. Em animais
produtores de alimentos, tais como os bovinos, os suínos, as aves e os peixes,
estes medicamentos podem deixar resíduos nos produtos derivados destes
animais (UE, 2009).
Segundo a Organização das Nações Unidas para Agricultura e
Alimentação (FAO, s.d) a contaminação dos alimentos por substâncias químicas
perigosas é motivo de preocupação para a saúde pública em todo o mundo,
sendo, portanto, um dos principais problemas do comércio internacional. De
acordo com BRITO (2000), o consumidor deseja receber um produto de alto valor
nutritivo e livre de substâncias estranhas. Para que o leite seja considerado
seguro e nutritivo, deve estar livre de resíduos, contaminantes e microrganismos
patogênicos.
O critério da pesquisa de resíduos no leite é hoje um fator importante
na sua desclassificação, visto que torna a matéria-prima inadequada para a
indústria e consumo humano. Não existe tratamento tecnológico capaz de inativar
os resíduos do leite (SANTOS, 2003).
De acordo com BRITO (2000), os agentes antimicrobianos são
substâncias utilizadas para inibir o crescimento ou inativar os microrganismos que
se estabelecem em um organismo vivo. As substâncias antimicrobianas mais
4
usadas são os antibióticos que são produzidos naturalmente, total ou
parcialmente por microrganismos.
Os antibióticos presentes no leite têm duas origens principais: a
primeira e mais importante proveniente do tratamento de mastite, infecção da
glândula mamaria, e a segunda se dá devido à adição de quimioterápicos no leite
por produtores, sendo dita como fraude (RUIZ et al., 1992; ALLISON, 1995). O
tratamento da mastite causa sérias implicações no que se refere à saúde pública.
Segundo FONSECA & SANTOS (2001), qualquer antibiótico utilizado
em vacas por qualquer via de aplicação, seja intramamária, intramuscular, intra-
uterina, oral, dieta ou pela pele pode resultar em resíduos no leite. No processo
de formação do leite elementos como: proteínas, carboidratos, gorduras, sais
minerais e água se integram ao sangue bem como os antibióticos administrados
aos animais. Os elementos do leite e os antibióticos são absorvidos da corrente
sanguínea pelas células de secreção do alvéolo da glândula mamária, produzindo
o leite contaminado. O alvéolo apresenta todas as estruturas necessárias para a
síntese e escoamento do leite, se houver antibiótico na corrente sanguínea, o
mesmo estará no leite. O esquema da anatomia do alvéolo da glândula mamária
de vaca está representado na Figura 1. Assim o tratamento de um único quarto
mamário com mastite resulta na passagem do antibiótico via sanguínea para o
leite presente nos outros quartos, o leite de todos os quartos deve ser descartado
durante o período em que houver a presença de resíduos da droga.
Para evitar a presença dos resíduos de antibióticos no leite deve-se
respeitar o período de carência dos medicamentos. Conforme SANTOS (2003),
entende-se por período de carência o período de tempo no qual o medicamento é
eliminado no leite, após a última aplicação da droga no animal, sendo que o leite
não deve ser consumido, pois apresenta níveis de resíduos acima do permitido
pela legislação vigente.
5
FIGURA 1 - Alvéolo da glândula mamária de vaca
Fonte: http://www.delaval.com.br/Dairy_Knowledge/EfficientMilking/The_Mammary_Gland.htm
Segundo BRASIL (2009e), o tratamento da vaca seca é muito
importante para a redução da mastite subclínica do rebanho e para reduzir novas
infecções que venham a ocorrer nas primeiras semanas e no restante do período
seco. Ainda, BRASIL (2009e) ressaltou que as concentrações de antibióticos
maiores podem ser adotadas no período seco; o que além de aumentar a taxa de
cura da mastite subclínica, minimiza consideravelmente o risco da contaminação
do leite com resíduos de antibióticos.
6
2.2 Danos causados à saúde do consumidor e os prejuízos econômicos às
indústrias de laticínio, produtores e governos pela presença de resíduos
de antibióticos no leite
Segundo o Codex Alimentarius (1993), diante dos resultados de
diversos estudos científicos há forte correlação entre a ingestão de produtos de
origem animal incluindo o leite, contendo resíduos de antibióticos e a indução de
resistência aos tratamentos antimicrobianos pela população e a indução de
formação de cepas de bactérias resistentes aos antibióticos de última geração.
Por isso as questões pertinentes à implementação de um PNCRC amplo e efetivo
por parte dos países a fim de garantir o fornecimento de alimentos seguros têm
sido consideradas como o principal fator de discussão no âmbito do próprio
Codex Alimentarius e outros fóruns de discussão técnica sobre a saúde da
população e a exposição ao risco pela mesma.
Conforme FONSECA & SANTOS (2000), SANTOS (2003), os perigos à
saúde impostos pela presença de resíduos de antibióticos nos alimentos em geral
e também no leite em particular, estão relacionados a reações toxicológicas,
hipersensibilidade e possível choque anafilático, resistência bacteriana e
transmissão para as gerações futuras, desequilíbrio da flora intestinal e discrasias
sanguíneas.
Os principais danos toxicológicos causados ao homem pelos resíduos
de antimicrobianos no leite são: carcinogênico, mutagênico e teratogênico. A ação
carcinogênica dos resíduos de antibióticos leva a danos irreversíveis ao DNA
(ácido desoxirribonucléico) contido nas células. De acordo com COSTA (1996) e
BRITO (2000) a ação carcinogênica está envolvida com a presença de resíduos
de cloranfenicol, sulfometazina e aos nitrofuranos no leite. Já os danos causados
aos componentes genéticos das células ou de organismos são chamados de ação
mutagênica.
RUIZ et al. (1992) e NASCIMENTO et al. (2001) afirmaram que o
consumo de antibióticos como: metronidazol, rifampicina, trimetropim,
estreptomicina, sulfonamidas, cloranfenicol e tetraciclina, por mulheres gestantes
pode causar ação teratogênica com efeitos tóxicos ao embrião ou feto.
7
De todo o modo os riscos apresentados à saúde dos consumidores são
representados pelas reações alérgicas, freqüentemente relacionadas aos
antibióticos beta-lactâmicos (penicilinas), podendo desencadear choque
anafilático em indivíduos sensíveis conforme RUIZ et al. (1992) e COSTA (1996).
Além disso, os microrganismos do meio e da flora intestinal podem se tornar
resistentes aos antibióticos, em conseqüência da pressão seletiva (BRITO, 2000).
Pesquisas realizadas no Brasil com o intuito de determinar a presença
de resíduos de antibióticos no leite foram feitas como ALBURQUERQUE et al.
(1996) no Brasil, que analisaram leite comercializado na cidade de Fortaleza,
estado do Ceará, encontrando uma incidência de 69,7% das amostras contendo
resíduos de antibióticos.
BORGES et al. (2000) concluíram que das 533 amostras de leite
pasteurizado padronizado analisadas no Estado de Goiás, cerca de 9,95%
apresentaram resíduos de antibióticos, concluiu-se que a presença desses
resíduos comprovam que os procedimentos sanitários padronizados,
recomendados pelo Serviço de Inspeção Federal, não foram seguidos. Já
NASCIMENTO et al. (2001) observaram que das 96 amostras de leite analisadas
na cidade de Piracicaba-SP, cerca de 50% apresentaram resíduos de antibióticos.
BARROS et al. (2001) por meio de seus estudos encontraram cerca de
38,5% das amostras de leite pasteurizado tipo C coletadas na cidade de Salvador
apresentavam resíduos de antibióticos. TETZNER et al. (2005) observaram que a
prevalência de resíduos de antibióticos (beta-lactâmicos) em amostras de leite cru
na região do Triângulo Mineiro foi da ordem de 33%. NERO et al. (2007)
pesquisaram em 210 amostras de leite cru, em quatro regiões produtoras de leite
do Brasil: Minas Gerais, São Paulo, Paraná e Rio Grande do Sul. Detectando a
presença de resíduos de antibióticos em 11,4%. Concluíram em seu estudo, que
a presença de resíduos de antibióticos em leite produzido no Brasil pode ser
considerada preocupante, indicando perigo químico.
De modo geral o que se conclui das diversas pesquisas desenvolvidas
com o intuito de verificar a presença de resíduos de antibióticos no leite é que a
grande maioria encontrou alta prevalência de resíduos. Esta incidência recorrente
pode gerar a curto, médio e longo prazo, problemas graves na saúde pública e
prejuízos à indústria.
8
De acordo com RUIZ et al. (1992), COSTA (1996), SANTOS (2003),
NUNES & D’ANGELINO (2007)Os efeitos negativos da presença dos resíduos de
antibióticos no leite foram identificados primeiramente pela indústria de laticínios,
uma vez que foi verificada que os fermentos, que são culturas lácteas, usadas na
fabricação de derivados, como iogurtes e queijos, não se desenvolvem bem no
leite que contenha resíduos de antibióticos, resultando em prejuízos e redução da
qualidade dos derivados. Segundo MEDEIROS et al. (1999) deve-se destacar que
a pasteurização, fervura e esterilização do leite não destroem os resíduos de
antibióticos, constituindo risco para a saúde do consumidor e problemas para a
indústria.
O leite contaminado por substâncias químicas, como o caso dos
antibióticos, é considerado adulterado e impróprio para o consumo, pois
representa um risco à saúde, e sua identificação constitui um dos principais
fundamentos da Análise de Perigos e Pontos Críticos de Controle (APPCC)
(FORSYTHE, 2002). Assim quando é detectada a presença de resíduos de
antibióticos no leite, acima do permitido pela legislação, o mesmo deve ser
descartado, ficando o produtor no prejuízo.
O Brasil, detentor de uma pecuária diversa, e um dos mais importantes
parceiros comerciais do mundo, necessita do controle de resíduos, dentre estes, o
de antibióticos, onde essa prática é quase uma imposição no contexto do
comércio internacional de produtos pecuários “in natura” e processados (BRASIL,
1999). Para o governo brasileiro ter o controle dos resíduos de antibióticos é de
suma importância, para manter e aumentar as exportações brasileiras e divisas,
evitando prejuízos econômicos e evitar problemas de saúde pública.
9
2.3 Brasil país agroexportador
A história revela que o Brasil desde a sua colonização se caracteriza
por ser um país agroexportador, e até os dias atuais isso ocorre, sendo que o país
cada vez mais busca aumentar a sua produção. Conforme BRASIL (2009a), a
produção de grãos (soja, milho, trigo, arroz e feijão) deverá passar de 139,7
milhões de toneladas em 2007/08 para 180,0 milhões em 2018/19. Isso indica um
acréscimo de 40,0 milhões de toneladas à produção atual do Brasil. A produção
de carnes (bovina, suína e aves), deverá aumentar em 12,6 milhões de toneladas.
Isso representa um acréscimo de 51,0% em relação à produção de carnes de
2008. Três outros produtos com elevado crescimento previstos são açúcar, mais
14,5 milhões de toneladas, etanol, 37,0 bilhões de litros e leite, 9,0 bilhões de
litros.
Espera-se que ocorra aumento das exportações do Brasil no mercado
mundial. A relação entre exportações brasileiras e o comércio mundial, mostra
que em 2018/19, as exportações de carne bovina brasileira representarão 60,6%
do comércio mundial; a carne suína representará 21,0% do comércio, e a carne
de frango deverá representar 89,7% do comércio mundial. Esses resultados
indicam que o Brasil continuará a manter sua posição de primeiro exportador
mundial de carne bovina e de carne de frango. Os produtos mais dinâmicos do
agronegócio brasileiro deverão ser a soja, milho, trigo, carnes, etanol, farelo de
soja, óleo de soja e leite. O leite nas perspectivas do Ministério da Agricultura
Pecuária e Abastecimento (MAPA) para 2018 e 2019 terá crescimento de
produção, exportação e consumo interno, como pode ser visto nas Figuras 2, 3 e
4 (BRASIL, 2009a).
A busca pela consolidação do país como exportador de alimentos por
um lado o coloca em destaque e por outro o força a encarar a produção com
maior cuidado, visto que a segurança alimentar e qualidade dos produtos em
grande parte advêm de imposições dos países importadores. Este fato está
mudando práticas e também a população brasileira está se tornando cada vez
mais exigente.
10
Segundo BRASIL (2009a), o mercado interno será um forte fator de
crescimento. Haverá, assim, uma dupla pressão sobre o aumento da produção
nacional, o crescimento do mercado interno e as exportações do país.
FIGURA 2 - Produção de leite em 2008/09 e expectativas no Brasil
Fonte: BRASIL (2009a)
FIGURA 3 - Exportação de Leite em 2008/09 e expectativas no Brasil
Fonte: BRASIL (2009a)
Exportação Leite-Brasil 2008/09 a 2018/19
1.052 1.076 1.177 1.278 1.379 1.481 1.582 1.683 1.784 1.885 1.986 2.087
2007
/08
2008
/09
2009
/10
2010
/11
2011/1
2
2012
/13
2013
/14
2014
/15
2015
/16
2016
/17
2017
/18
2018/1
9
Milhões de litros
27,399 28,104 28,982 29,859 30,737 31,614 32,492 33,369 34,247 35,124 36,002 36,879
Produção de Leite-Brasil 2008/09 a 2018/19
Milhões de litros
11
FIGURA 4 - Consumo de Leite em 2008/09 no Brasil e expectativas
Fonte: BRASIL (2009a)
2.4 Criação e objetivos do Plano Nacional de Controle de Resíduos e
Contaminantes
A legislação relacionada à agropecuária, no Brasil é de
responsabilidade do MAPA, por intermédio da Secretaria de Defesa Agropecuária
(SDA) devendo: planejar, normatizar, coordenar e supervisionar as atividades de
defesa agropecuária; fiscalizar e inspecionar os produtos, derivados, subprodutos e
resíduos de origem animal e vegetal; fiscalizar insumos agropecuários; fiscalizar a
questão higiênico-sanitária dos serviços prestados na agricultura e na pecuária;
realizar análises laboratoriais como suporte às ações de defesa agropecuária e
emitir certificação sanitária animal e vegetal (BRASIL, 2007c).
Frente a esta questão, vários países e blocos econômicos vêm
implementando medidas restritivas e padrões de importações que visam
assegurar que suas populações tenham acesso a alimentos em quantidade,
qualidade e segurança, para que sejam seguros do ponto de vista de saúde
pública. Os padrões e requisitos restritivos vêm a cada dia sendo impostos a
países produtores e fornecedores de alimentos como o Brasil.
12
É nesse contexto de exigência de segurança alimentar que se inserem
os demais países importadores dos produtos brasileiros. Esta postura obriga o
governo brasileiro a levar em consideração a imposição dos países importadores
dos produtos de origem animal, principalmente da União Européia (UE) que
atualmente é um dos maiores importadores do Brasil (como mostra o Figura 05),
e exige o cumprimento das regras do comércio internacional de alimentos,
preconizadas pela Organização Mundial do Comércio (OMC) e órgãos auxiliares,
e a busca pela produtividade e qualidade dos alimentos de origem animal
destinado ao consumo interno.
Em 1970, uma série de problemas ocorreu nos Estados Unidos da
América em relação a segurança dos produtos que estavam sendo consumidos,
originando o seguinte pergunta: “Como em 1969 os USA foram capazes de enviar
o homem à lua e em 1970 ainda temos incidentes que comprometem a segurança
dos nossos produtos?”. A resposta encontrada foi a necessidade de mudanças na
forma de desenvolver e produzir alimentos, tornando-a mais científica e
controlada (BENNET & STEED, 1999).
No mundo moderno, grande parte da segurança alimentar repousa no
controle de remanescentes residuais nos alimentos em decorrência do uso de
pesticidas e medicamentos veterinários, ou por acidentes envolvendo
contaminantes ambientais. Em razão destes riscos é que não se deve deixar o
consumidor a mercê da nocividade de resíduos e contaminantes. Deve ser feito o
controle e monitoramento dos resíduos e contaminantes presentes nos produtos
de origem animal (BRASIL, 1999). Neste contexto é que se criou em 1979 o Plano
Nacional de Controle de Resíduos Biológicos em Produtos de Origem Animal
(PNCRB).
O PNCRB foi instituído pela Portaria Ministerial n° 86 de 26 de janeiro
de 1979 e Portaria Ministerial n° 51 de 06 de fevereiro de 1986 (BRASIL, 1986).
Adequado pela Portaria Ministerial nº 527, de 15 de agosto de 1995 do MAPA,
sendo alterado pela Instrução Normativa n° 42 de 20 de dezembro de 1999 do
MAPA, que atualmente está sob revisão. Posteriormente o plano recebeu o nome
de Plano Nacional de Controle de Resíduos em Produtos de Origem Animal
(PNCR). Em 2007 passou a se chamar Plano Nacional de Controle de Resíduos e
Contaminantes (PNCRC) sendo que a cada ano são publicadas instruções
13
normativas referentes às drogas a serem pesquisadas e seus respectivos Limites
Máximos de Resíduos (LMR) e resultados obtidos.
BRASIL (1995) atribuiu a Secretaria de Defesa Agropecuária a
responsabilidade de coordenar a execução do PNCRB. BRASIL (2007a)
estabeleceu os critérios para reconhecimento, extensão de escopo e
monitoramento de laboratórios no MAPA, dando maior suporte na área de
realização de análises.
FIGURA 5 - Brasil exportações do agronegócio por Bloco Econômico em 2006 (em US$ mil)
Fonte: BRASIL (2005/2006)
O PNCR dividiu-se em subprogramas de acordo com o produto de
origem animal, sendo os seguintes subplanos: Programa de Controle de Resíduos
em Carne (PCRC), Programa de Controle de Resíduos em Mel (PCRM),
Programa de Controle de Resíduos em Leite (PCRL) e Programa de Controle de
Resíduos em Pescado (PCRP) (BRASIL, 1999). Posteriormente acrescentou-se
no nome dos programas as palavras nacional e contaminante. O primeiro
Brasil exportações do agronegócio por Bloco
Econômico em 2006 (em US$ mil)
União Européia (30,7%)
Demais Países da Europa Ocidental (2,0%)
Demais ALADI (Excluindo MERCOSUL) (4,1%)
Demais Américas (1,5%)
Oriente Médio (8,4%)
Oceania (0,5%)Europa Oriental (Incluindo Rússia) (8,3%)
NAFTA (Excluindo Oriente Médio) (15,6%)
MERCOSUL (2,9%)
Ásia (Excluindo Oriente Médio) (2,9%)
África (19,0%)
14
programa a ser consolidado foi o da carne, através da portaria da Secretaria de
Inspeção de Produto Animal (SIPA) n° 01, de 08 de junho de 1988, pois o Brasil
tinha um sistema de produção de carne voltado para a exportação na época da
criação da legislação, posteriormente os outros programas foram colocados em
prática, como no caso do leite.
A execução de suas atividades está a cargo da Secretária de Defesa
Agropecuária, cabendo à Coordenação de Controle de Resíduos e
Contaminantes (CCRC) gerenciar o cumprimento das metas estabelecidas na
operacionalização do programa, o qual comporta ainda uma comissão técnica
com representantes do Departamento de Defesa Animal e do Departamento de
Inspeção de Produtos de Origem Animal (DIPOA) e um Comitê Consultivo
constituído por Representantes de Órgãos Governamentais e Privados,
reconhecidamente envolvidos no contexto do PNCRC (BRASIL, 1999).
O PNCRC tem suas ações direcionadas para conhecer e evitar a
violação dos níveis de segurança ou dos Limites Máximos de Resíduos (LMR’s)
de substâncias autorizadas, bem como a ocorrência de quaisquer níveis de
resíduos de compostos químicos de uso proibido no país (BRASIL, 1999).
Um dos objetivos do PNCRC para todos os programas é tornar-se
parte integrante do esforço destinado à melhoria da produtividade e da qualidade
dos alimentos de origem animal colocados à disposição da população brasileira, e
secundariamente, proporcionar à nação, condições de se adequar do ponto de
vista sanitário, às regras do comércio internacional de alimentos, preconizadas
pela OMC, Codex Alimentarius e órgãos auxiliares. O objetivo em particular
PNCRCL é a garantia da produção e da produtividade leiteira no território
nacional, bem como o aporte dos produtos similares importados. Suas ações
estão direcionadas aos conhecimentos das violações em decorrência ao uso
indevido de medicamentos veterinários ou de contaminantes ambientais (BRASIL,
1999).
Ressalta-se que as metas principais do PNCRC caminham no sentido
da verificação do uso correto e seguro dos medicamentos veterinários, de acordo
com as práticas veterinárias recomendadas e das tecnologias utilizadas nos
processos de incrementação da produção e produtividade pecuária. O Plano
15
comporta, pois, todo um esforço governamental, no sentido de ofertar aos
consumidores, alimentos seguros e com preços competitivos (BRASIL, 1999).
Além de toda a importância para a saúde publica o PNCRC vem sendo
utilizado como instrumento protecionista por parte dos países importadores, se
tornando uma das principais Barreiras Não-Tarifárias existentes hoje no mercado
internacional. Temos o exemplo do Mel de impactos negativos diretos, em 2006 a
União Européia baniu as exportações de mel do Brasil, tendo como justificativa
que o Programa Nacional de Controle de Resíduos e Contaminantes em Mel
(PNCRCM) não era equivalente aos requisitos europeus e que o Estado brasileiro
não era capaz de chancelar que o mel exportado para a Europa era seguro
quimicamente aos consumidores europeus.
2.5 Metodologia do Programa Nacional de Controle de Resíduos e
Contaminantes em Leite e suas ações regulatórias
O PNCRCL tem a função regulamentar básica do controle e da
vigilância. Para isto, são colhidas amostras de leite de vacas, de derivados
industrializados e/ou beneficiados, destinados à alimentação humana, proveniente
dos estabelecimentos sob o Serviço de Inspeção Federal (SIF) (BRASIL, 1999).
Porém na prática somente as amostras de leite “in natura” tem sido coletadas
(FEIJÓ, 2009).
O PNCRCL é dividido em subprogramas para melhor execução, assim
temos o Subprograma de Monitoramento, Investigação e de Controle de Produtos
Importados (BRASIL, 1999). Porém na prática somente os Subprogramas de
Monitoramento e Investigação estão em vigor (FEIJÓ, 2009).
2.5.1 Subprograma de monitoramento
O Subprograma de Monitoramento gera as informações sobre a
freqüência, níveis e distribuição dos resíduos no país, ao longo do tempo. No
16
controle das violações dos LMR’s das drogas de uso permitido e proibido, a
amostragem é aleatória, realizado na cadeia agroalimentar, anualmente, sendo
que para as drogas de uso proibido pode se realizar a amostragem sazonal, isso
vai depender do tipo de produto animal e resíduo considerado (BRASIL, 1999).
Os resíduos a serem pesquisados são selecionados com base no
potencial de risco e disponibilidade de metodologia analítica adequada aos
objetivos do monitoramento. O número de amostras a serem coletadas pelo SIF,
o LMR, a metodologia analítica, as matrizes e drogas a serem analisadas e os
laboratórios oficiais e credenciados constam na programação anual do PNCRCL
(BRASIL, 1999).
2.5.1.1 Coleta, preparo e envio de amostra para análise do subprograma de
monitoramento
Para a realização das coletas das amostras deve-se seguir protocolo.
De acordo com BRASIL (1999), as amostras a serem coletadas são leite “in
natura”, em pó e beneficiado. Porém, de acordo com FEIJÓ (2009) e BORGES
(2009), apenas as amostras de leite “in natura” tem sido coletadas. O
procedimento de coleta será apresentado a seguir.
2.5.1.2 Leite “in natura”
A coordenação do PNCRC sorteia aleatoriamente o número do SIF da
indústria de laticínio no qual a amostra será coletada. Publica-se no “site” do
Sistema de Informações Gerenciais do Serviço de Inspeção Federal (SIGSIF) o
número do SIF onde a amostra deverá ser coletada. O Fiscal Federal
Agropecuário (FFA) acessa o SIGSIF, e se caso o número do SIF for de sua
regional o mesmo tem acesso “on line” no site da Requisição Oficial de Análises
(ROA) (BORGES, 2009).
17
A regional do MAPA de onde o SIF foi sorteado tem disponível no “site”
do SIGSIF com pelo menos 15 (dez) dias de antecedência o ROA, constituído de
seção principal, destinada à identificação da amostra, tendo o número do SIF e
nome do estabelecimento (BORGES, 2009).
A coleta é dita como fiscal, visto que quem a realiza é o FFA. No dia da
coleta, o FFA ao chegar à indústria de laticínio, procederá sorteio aleatório para a
escolha de qual propriedade fornecedora será fonte amostral. A amostra de leite
cru é coletada de latões ou tanques de expansão (Figura 6), utilizando recipientes
de coleta como mostra a Figura 9, sendo os mesmos fornecidos pela empresa
para onde o produtor vende o seu leite (BRASIL, 1999).
O procedimento de coleta costa das seguintes etapas: 1) Mistura-se o
leite de onde será coletada a amostra, podendo estar em latões ou Tanque de
expansão. Nos latões é feita com misturadores de aço inox higienizados, já nos
tanques e feita através dos misturadores do próprio tanque, Figura 6. A mistura
em tanques é no mínimo de 5 minutos para cada 5000L de leite, acima 5000L 10
minutos, Figura 7; 2) Coleta-se a amostra de leite com um coletador previamente
higienizado e seco, Figura 8; 3) Procede-se a coleta da amostra, Figura 10; 4)
Coloca-se a amostra de leite no recipiente (frasco de polietileno de 1° uso,
preferencialmente de boca larga com tampa lacre), sendo esta de 500 ml no
mínimo, Figura 9; 5) Coloca-se o recipiente dentro do saco lacre e lacrar
colocando a fita de indicação dentro do saco junto com a amostra, Figura 11.
O FFA preenche em três vias o termo de coleta, uma acompanha a
amostra coletada, a segunda fica com o produtor rural e a terceira é arquivada na
regional responsável pela fiscalização da empresa. Após a realização da coleta
da amostra de leite cru nas fazendas, a mesma deve ser congelada,
acondicionada de forma adequada em recipiente de transporte (caixa isotérmica
com gelo). Ficando a cargo da indústria que foi sorteada o envio da amostra para
laboratório credenciado no MAPA para a realização das análises que foram
indicadas. A partida produzida com o leite do produtor fica seqüestrada, até
liberação do MAPA (BRASIL, 1999).
18
FIGURA 6 - Tanque de expansão da propriedade rural
Fonte: SILVA (2008)
FIGURA 8 - Coletor de amostra para o PNCRCL Fonte: SILVA (2008)
FIGURA 10 - Coleta de amostra para o PNCRCL
Fonte: SILVA (2008)
FIGURA 7 – Mistura do leite cru para coleta
Fonte: SILVA (2008)
FIGURA 9 – Recipiente para coleta de amostra de leite cru
Fonte: Arquivo pessoal (2009)
FIGURA 11 - Amostra lacrada e pronta para o envio ao laboratório
Fonte: Arquivo pessoal (2009)
19
Nas propriedades são verificados e relacionados os medicamentos
existentes nas farmácias que são destinados ao tratamento dos bovinos
produtores de leite (Figura 12), levando-se em consideração o relato dos
funcionários sobre o modo habitual de uso dos mesmos nos animais dos plantéis.
Essas informações são importantes para que o FFA possa ponderar se há
indícios de que o rebanho em período de lactação possa estar carreando alguma
substância proibida para o leite. Atualmente essas informações são utilizadas pela
coordenação do PNCRCL, para serem utilizadas no aumento do escopo (FEIJÓ,
2009).
FIGURA 12 - Farmácia da Fazenda visitada
Fonte: SILVA (2008)
2.5.2 Subprograma de investigação
O Subprograma de Investigação tem como meta investigar e controlar
o movimento de produtos potencialmente adulterados. A amostragem é
tendenciosa e dirigida, em função de informações obtidas no Subprograma de
Monitoramento. As propriedades que violaram o LMR’s ou indicam o uso de
drogas proibidas, serão submetidas a uma investigação com coleta de amostra
para a análise laboratorial. A investigação, bem como a coleta de amostra é
procedimento exclusivo do Serviço da Sanidade Animal.
20
2.5.3 Ações regulatórias
De acordo com BRASIL (2009e), os procedimentos a serem adotados
de acordo com o resultado do subprograma de monitoramento e subprograma de
investigação são:
1) Após a realização de análise do subprograma de monitoramento, o laboratório
emite o resultado. Se o resultado for negativo nenhuma providência é tomada,
sendo o resultado comunicado a regional responsável pela coleta, empresa e
produtor rural. Caso o resultado seja positivo as seguintes providências devem
ser tomadas pelo MAPA:
1.1) Comunicar a violação à direção do estabelecimento do qual a amostra foi
coletada.
1.2) Seqüestrar e inutilizar os produtos do lote que sofreu a violação, lembrando
que a partida produzida com o leite do produtor a ser analisado fica
seqüestrada, até a emissão do resultado.
1.3) A empresa deve levar a identificação da propriedade fornecedora de leite
envolvida na violação para a Coordenação Geral de Programas Especiais
(CGPE/MAPA) e Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal
(DIPOA/MAPA) com vistas de comunicação a CCRC.
1.4) A investigação será realizada pelo Serviço de Inspeção de Produtos
Agropecuários (SIPAG).
1.5) Estabelece-se o subprograma de investigação no âmbito de atuação do
DIPOA a partir da coleta de amostras de leite na propriedade envolvida na
violação ficando a produção oriunda do produtor rural seqüestrada.
1.6) Serão coletadas amostras de leite na propriedade até que cinco amostras
consecutivas, em cinco dias consecutivos, sejam negativas para antibiótico,
sendo em triplicata (amostra de contraprova da empresa, contraprova do
laboratório e para análise oficial). Caso o resultado das análises for negativo
nas cinco amostras coletadas seguidas a propriedade sai do subprograma e
o produto é liberado para a comercialização.
21
2.6 Limite máximo de resíduo, antibióticos a serem monitorados e
laboratórios de análises
De acordo com SANTOS (2003) o uso de antibióticos e outros
medicamentos veterinários são amplamente justificáveis na produção leiteira,
pode-se apontar que é impraticável o limite zero (0) de resíduos de antibióticos no
leite, com exceção daqueles de uso proibido que não são permitidos.
Devido à importância econômica e de saúde pública a Organização
Mundial de Saúde (OMS) e Organização das Nações Unidas para a Alimentação
e Agricultura (FAO), através do Codex Alimentarius, estabeleceram LMR’s de
antibióticos e outros contaminantes nos alimentos, a partir de acurados estudos
toxicológicos, de curto, médio e longo prazo, realizados por pesquisadores em
animais de laboratórios, microrganismos e genomas celulares. Este LMR’s é
estabelecido como sendo a concentração máxima do resíduo que é legalmente
permitida. Para o leite, o LMR é igual a 1/10 do LMR da carne, pois se considera
que o leite é um alimento fundamental para crianças e idosos que são mais
sensíveis aos efeitos negativos dos resíduos (SANTOS, 2003).
Para garantir um nível elevado da proteção do consumidor, as
legislações requerem que a toxicidade de potenciais resíduos seja avaliada antes
que esteja autorizado o uso de um pesticida a campo ou de um medicamento
veterinário nos animais produtores de alimentos. Caso sejam necessários, são
estabelecidos os LMR’s e, em alguns casos, o uso das substâncias é proibido
(UE, 2009).
De acordo BRASIL (1999), de um modo geral, nos programas dos
diferentes países, os resíduos e contaminantes são incluídos no monitoramento
oficial considerando:
• se a substância deixa resíduo;
• a toxicidade do resíduo para a saúde do consumidor;
• o potencial de exposição da população ao resíduo, referenciado pelos hábitos
alimentares e poder aquisitivo das populações, pelos sistemas de criação e
de tecnologias utilizadas na produção de carne e alimentos para animais e,
pela poluição ambiental;
22
• o potencial do mau emprego das drogas que resultam em resíduos, evitado
pela utilização de boas práticas agrícolas e pecuárias, especialmente quanto
ao uso correto de agrotóxicos e medicamentos veterinários (indicação, dose,
via de administração, tempo de carência e descarte das embalagens, entre
outras);
• disponibilidade de metodologias analíticas adequadas, confiáveis, exeqüíveis
e compatíveis com os recursos laboratoriais;
• superveniência de implicações do comércio internacional, participação do país
em blocos econômicos e problemas que tragam riscos à saúde pública;
• os resíduos que possam constituir barreiras às exportações de produtos de
origem animal.
A seleção das drogas objeto do PNCRCL, assim como para os outros
programas está baseada na observação dos seguintes itens:
• droga com probabilidade alta de exposição para os seres humanos.
Representa um perigo grave para a saúde;
• droga com probabilidade moderada de exposição a seres humanos. É um
perigo moderado para a saúde;
• droga com probabilidade baixa de exposição a seres humanos. Compreende
um baixo perigo para a saúde;
• droga com probabilidade mínima de exposição há seres humanos. Revela um
perigo mínimo para a saúde;
• droga com informação insuficiente para estimar a probabilidade de exposição.
Significa a designação de compostos para os quais não há informação
suficiente que permita utilizar uma avaliação toxicológica ou farmacológica
adequada.
Em virtude da diversidade dos tipos de resíduos e dos alimentos
passíveis de contaminação, é possível mais de um enfoque para estabelecer
planos de amostragem. Sem dúvida, na maioria dos planos conhecidos, relativos
aos resíduos de medicamentos veterinários ou agrotóxicos e contaminantes, são
feitas algumas suposições estatísticas básicas, sendo que o número de amostras
a serem analisadas nos Programas do PNCRC depende da classificação do risco
das substâncias a analisar (BRASIL, 1999).
23
A cada ano as drogas, os LMR’s e o número de amostras a serem
coletadas são especificados nas instruções normativas que são publicadas. As
drogas a serem pesquisadas são atualizadas pela CCRC, onde algumas são
incluídas e outras são mantidas, isto ocorre, pois são levados em consideração os
dados obtidos do PNCRCL em anos anteriores, os LMR’s estabelecidos pelo
Codex Alimentarius e pesquisas internas do MAPA, onde são monitorados os
medicamentos veterinários mais utilizados nas propriedades rurais (FEIJÓ, 2009).
Os antibióticos a serem pesquisados no ano de 2009 são:
clortetraciclina, oxitetraciclina, tetraciclina, sulfatiazol, sulfametazina,
sulfatimetoxina e cloranfenicol (BRASIL, 2009b). O número de amostras de leite
“in natura” a serem coletadas no ano de 2009 para a realização das análises é de
150 para o grupo das tetraciclinas, 100 para sulfonamidas e 60 cloranfenicol,
totalizando 270 amostras coletadas em todo o Brasil. Os LMR’s para 2009 são de
100 µg/kg ou µg/L para o grupo das tetraciclinas e sulfonamidas. O cloranfenicol
que anos atrás tinha o seu uso proibido em vacas destinadas à produção leiteira,
hoje é permitido, porém o seu LMR é muito baixo, sendo da ordem de 0,30 µg/kg
ou µg/L. Todos estes dados podem ser observar no Quadro 1.
Levando em consideração que: estatística do número de amostras
coletadas; exigências da fiscalização que as indústrias devam realizar pelo menos
1 (uma) análise de resíduos de antibiótico em lotes não superiores a 25 mil litros
de leite; que a perspectiva de produção do leite no Brasil para 2009 seja de
28.000.000.000 bilhões de litros, sendo coletadas 270 amostras, conclui-se que
apenas 0,024% das amostras que deveriam ser coletadas são de fato coletadas.
Desta forma o número de amostras é muito inferior ao que deveria ser coletada.
24
QUADRO 1 – Antibióticos, outros resíduos e contaminantes a serem monitoradas
pelo PNCRCL/2009
Fonte: BRASIL (2009b)
25
As análises laboratoriais relativas aos PNCRCL para o exercício de
2009 estão sendo realizadas nos laboratórios oficiais ou credenciados
pertencentes à Rede Nacional de Laboratórios Agropecuários do Sistema
Unificado de Atenção à Sanidade Agropecuária, ligados a Coordenação Geral de
Apoio Laboratorial (CGAL). Atualmente totalizando em 10 laboratórios, onde as
amostras de leite in natura serão analisadas, sendo estes: Laboratório Nacional
Agropecuário de Minas Gerais, Pernambuco, São Paulo e Rio Grande do Sul, já
os particulares são: ANALYTICAL SOLUTIONS S.A, Rio de Janeiro/RJ;
LADETEC, Rio de Janeiro/RJ; MICROBIÓTICOS ANÁLISES LABORATORIAL
S/C LTDA, Campinas/SP; PLANTEC PLANEJAMENTO E TECNOLOGIA
AGRICOLA LTDA, Iracemápolis/SP; TASQA, Paulínea/SP e AGROSAFETY
MONITORAMENTO AGRÍCOLA LTDA, Piracicaba/SP, como pode ser visto na
Figura 13 (BRASIL, 2009b).
FIGURA 13 - Rede de Laboratórios do PNCRC de 2009 Fonte: BRASIL (2009b)
Como se pode ver, os laboratórios se concentram na área litorânea do
Brasil, principalmente em São Paulo e Rio de Janeiro. O que pode causar
26
problemas no envio de amostras de regiões centrais do país, onde se produz
muito leite, prejudicando a realização das análises PNCRCL.
2.7 Resultados e impactos esperados
Todo ano são publicadas instruções normativas com o intuito de tornar
público os resultados obtidos com a realização do PNCRC. Na Instrução
Normativa n° 42 de 20 de dezembro de 1999 do MAPA, já estava previsto o
programa de controle de resíduos para leite, porém o mesmo não foi colocado em
prática. No ano de 2002 teve seu inicio com a coleta de produtos industrializados,
como o leite pasteurizado e UHT (Ultra Higth Temperature). Em 2003 o programa
foi paralisado e em 2004 retornou com o seu escopo de medicamentos ampliado
(BORGES, 2009).
O controle de antibióticos no leite no Brasil começou a pouco tempo,
cerca de 4 anos. O que se observa nos resultados presentes nas instruções
normativas é que os antibióticos só começaram a ser pesquisados de fato no leite
em 2005, com o grupo das tetraciclinas. A pesquisa ampliou-se em 2006 para as
sulfonamidas e em 2008 para o cloranfenicol (Quadro 2).
Para o PNCRCL o que se observa nos resultados é que desde 2005
até 2008 nenhum antibiótico pesquisado nas amostras coletadas pelos FFA’s
apresentou-se acima do LMR. Contudo, a pesquisa evidencia-se que nas
instruções normativas não foram especificados quais as drogas que foram
pesquisadas, apresentando somente as classes de antibióticos. Os LMR’s para as
tetraciclinas e sulfonamidas não estão variando muito de um ano para o outro se
mantendo constante de 2005 até 2008 (Quadro 2).
27
QUADRO 2 - Dados e resultado do PNCRCL de 1999 a 2009 no Brasil com
relação aos antibióticos.
Anos
Número de
Amostras
programadas
para serem
coletadas
Número de
Amostras
analisadas
Grupos de Drogas contidas no
Programa
Limite
Maximo de
Resíduo
(µg/kg ou
µg/L)
Drogas
Avaliadas Violação
1999’ 2000’ 2001’ 2002’
400
‘
Penicilina Estreptomicina
Tetraciclina Eritromicina Neomicina
Oxitetraciclina Clortetraciclina
Ampicilina Amoxicilina
Ceftiofur
4 200 100 40 500 100 100 4 4
100
‘
‘
Sulfatiazol Sulfametazina Sulfatimetoxina
100
Cloranfenicol 0
٭ ٭ ٭ ٭ ٭ ٭ 2003
٭ ٭ ٭ ٭ ٭ ٭ 2004
2005
60
73
Tetraciclinas
Clortetraciclina Oxitetraciclina
Tetraciclina 100
Antibióticos
-
2006
280
99
Tetraciclinas
Clortetraciclina Oxitetraciclina
Tetraciclina 100
Antibióticos
-
Sulfonamidas Sulfatiazol
Sulfametazina Sulfatimetoxina
100
2007
180
183
Tetraciclinas Clortetraciclina Oxitetraciclina
Tetraciclina 100
Tetraciclinas Sulfonamidas
-
Sulfonamidas Sulfatiazol
Sulfametazina Sulfatimetoxina
100
2008
240
136
Tetraciclinas Clortetraciclina Oxitetraciclina
Tetraciclina 100
Tetraciclinas Sulfonamidas
- Sulfonamidas
Sulfatiazol Sulfametazina Sulfatimetoxina
100
Cloranfenicol 0,3
2009
270
�
Tetraciclinas
Clortetraciclina Oxitetraciclina
Tetraciclina 100
�
-
Sulfonamidas
Sulfatiazol Sulfametazina Sulfatimetoxina
100
Cloranfenicol 0,30
Total 1030 - - - - -
.O Programa de Controle de Resíduo e Contaminante em Leite de 2004 não previa a detecção de antibióticos٭
‘ O Programa de Controle de Resíduos e Contaminantes em Leite não estava funcionado.
� Dado ainda não divulgado pelo MAPA.
Fonte: BRASIL (1999, 2002, 2004a, 2004b, 2005a, 2005b, 2006a, 2006b, 2007b, 2007d, 2008a,
2008b, 2009b e 2009d)
28
As amostras programadas para serem coletadas diferem e muito das
amostras analisadas com exceção de 2005 e 2007. A quantidade de amostras
analisadas vêm aumentando gradativamente, saindo de 73 amostras em 2005
para 136 em 2008, tendo uma previsão para 2009 de 270 amostras. Somando as
amostras de leite ‘in natura” coletadas nos anos de 2005, 2006, 2007 e 2008
foram cerca de 1030 amostras destinadas a realização de pesquisas de
antibióticos, pode se considerar um número pequeno de amostras levando em
consideração o tamanho da produção de leite do Brasil (Quadro 2).
O cloranfenicol antes proibido, no ano de 2008 pode ser utilizado em
vacas produtoras de leite, porém apresentando um LMR baixo. Após a liberação
do cloranfenicol no ano de 2008 não foi pesquisado em nenhuma das 136
amostras coletadas para verificar a sua presença no leite. Adverte-se que esta
pesquisa deveria ter sido feita para se ter a informação exata se os produtores
rurais estão utilizando está droga nos animais de forma correta, e se estão
respeitando o período de carência.
As metas do plano para leite vêm sendo atingidas, considerando que o
setor produtivo nacional de leite vem ampliando seus controles quanto à
qualidade do leite recebido para processamento. A tendência atual, é que as
empresas instituam nos seus programas de autocontrole análises de resíduos de
antibióticos (FEIJÓ, 2009).
Nos últimos anos vem sendo cobrado por parte do MAPA, através das
fiscalizações periódicas dos FFA’s, por meio de Lista de Verificação, que as
empresas tenham programa/sistema estabelecido e efetivamente funcionando
para o controle dos resíduos de antibióticos e que seja feita pelo menos uma
análise para lotes não superiores a cada 25 mil (vinte cinco) litros de leite
recebido e que em caso de positividade, se o destino dado ao leite contaminado
seja adequado não contaminando animais e nem o meio ambiente. Segundo
FEIJÓ (2009), uma das perspectivas do PNCRCL é que as empresas de laticínios
não utilizem somente “kits” de triagem, mas que elas encaminhem amostras
suspeitas ou positivas nestes kits para laboratório, sendo realizadas análises com
métodos confirmativos. Além disso, os resultados do PNCRCL têm ativado junto
às empresas fiscalizadas um trabalho de fomento (educação sanitária) para que o
29
produtor seja educado e saiba os conceitos do uso racional do medicamento
veterinário, respeitando o período de carência.
As novas perspectivas para o PNCRC diz respeito à ampliação do
escopo analítico, ou seja, das drogas. Um amplo levantamento acerca dos
principais medicamentos veterinários que são atualmente utilizados em vacas
leiteiras. Estas informações estão servido de base para a ampliação do escopo
(FEIJÓ, 2009).
30
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
O controle de resíduos de antibióticos em produtos de origem animal,
principalmente o leite, alimento muito consumido por crianças e idosos, torna-se
uma exigência fundamental. Visto que os danos causados pela ingestão de leite
contendo resíduos de antibióticos (acima do LMR permitido pela legislação
vigente) à saúde do consumidor são graves, indo desde ação carcinogênica até
mortes fetais. Por isso é papel do governo brasileiro, por meio de suas agências
reguladoras e fiscalizadoras, continuar a investir neste programa cada vez mais,
para que ele possa ser continuamente aperfeiçoado. É sua função melhorá-lo,
especialmente no que se refere ao treinamento do pessoal técnico e nos métodos
de análise, para que ele possa desempenhar o seu papel de forma adequada,
evitando assim possíveis transtornos para os consumidores.
Observa-se ao analisar toda a legislação relacionada ao PNCRC, que o
mesmo surgiu apenas por imposição e pressão dos países importadores dos
produtos brasileiros, como a União Européia, Estados Unidos da América e
outros, que já em 1970 exigiram padrões de controle de qualidade e segurança
alimentar.
Como o Brasil desde a sua colonização até os dias de hoje é um país
agroexportador, teve que se adequar rapidamente a esta nova visão dos países
importadores, criando o PNCRC para comprovar que têm sim controle dos
resíduos e contaminantes dos produtos fabricados no país. Atualmente vivencia-
se uma situação bem parecida com o PNCRC, também no setor da carne que é a
questão da rastreabilidade bovina.
Porém, nos últimos anos os consumidores brasileiros estão
consumindo mais e se tornando mais exigentes com relação à qualidade e
segurança dos alimentos consumidos. Observa-se então que a priori os objetivos
do PNCRC estavam voltados para as questões das exportações ficando em
segundo plano os consumidores brasileiros. Atualmente o PNCRC permanece
voltado para as exportações. Desta forma, o PNCRCL deve ser uma função
intransferível do Governo brasileiro, sendo o principal responsável por prover
segurança alimentar à sua população. Devendo este ainda, assumir sua
responsabilidade, podendo é claro contar com a participação de outros agentes
31
co-responsáveis neste processo, como as empresas que têm os seus próprios
controles de resíduos de antibióticos.
Finalmente destaco que se deve investir em laboratórios, fomento e em
profissionais envolvidos com o PNCRCL para que os controles efetivos dos
resíduos e contaminantes sejam feitos de forma adequada e que os seus
resultados sejam reais e seguros. Porém, estas correções e inovações devem
acontecer de forma mais acelerada para evitar que leite contaminado com resíduo
de antibiótico seja consumido pela população.
O PNCRCL demanda regulamentação específica e implementação
plena, por se tratar de um plano importante para a saúde pública, oficial e técnico,
baseando em parâmetros científicos que requer conhecimento acurado no tema,
coleta de amostras e rede laboratorial implementada e capacitação técnica e
ética. Por exemplo, vários pontos que devem ser corrigidos e melhorados estando
estes relacionados a: número de amostras coletadas; produtos analisados;
laboratórios; controle dos resíduos pela empresa e parte de fomento nas
empresas.
Este estudo evidenciou que: as amostras coletadas são poucas em
relação à quantidade de leite produzido no país, em cada Estado e número de
empresas produtoras de leite, lembrando que no momento o programa contempla
apenas o leite destinado as indústrias com SIF. O Brasil em 2007/2008 produziu
aproximadamente de 28.000 bilhões de litros de leite, sendo feita análise em 136
amostras no país de estabelecimentos com SIF. As amostras são sorteadas
aleatoriamente em cada Estado e nas empresas, não levando em consideração a
produção.
Causa estranheza o fato de que em 4 anos de resultados do PNCRCL
nenhuma amostra de leite “in natura” apresentou resíduo de antibiótico. Mas ao
se comparar com as pesquisas realizadas em alguns Estados com o objetivo de
detectar resíduos de antibióticos em leite “in natura” e produto acabado, as
porcentagens encontradas variaram entre 9,95 % em Goiás (estudo realizado por
BORGES et al., 2000) de 33% em Salvador (estudo realizado por TETZNER et
al., 2005) e 69,7% em Fortaleza (estudo realizado por ALBURQUEQUE et al.,
1996). Paradoxalmente, sabe-se que os antibióticos são largamente utilizados no
tratamento dos bovinos leiteiros na fase de lactação, o que não é recomendado.
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Os produtos que deveriam ser analisados pelo PNCRCL são: leite “in
natura” produzido no país (porém o mesmo deve ser representativo) e os
produtos importados pelo Brasil. O que se observa na prática é que os produtos
importados como o caso do leite em pó, as análises de resíduos de antibióticos
devem ser feitas pelas indústrias que adquirem esse produto, porém o governo
brasileiro deve realizar a sua fiscalização.
Os laboratórios credenciados pelo MAPA para a realização das
análises do PNCRCL são 10 em todo o Brasil. Sendo que todos eles se
encontram na região litorânea do país, o que dificulta o envio das amostras dos
locais centrais, que são grandes produtores de leite, como é o caso do Estado de
Goiás. Seria necessário ter mais laboratórios e em locais estratégicos. A rede de
laboratórios do MAPA ainda se encontra em processo de acreditação na Norma
NBR ISO/IEC 17025:2005, sendo assim grande parte dos laboratórios que
realizam as análises para o PNCRC são particulares e credenciados no MAPA.
O PNCRCL deveria realizar validação dos testes de antibióticos rápidos
(“kits de antibióticos”) existente no mercado para que as empresas possam
realizar os seus controles internos de forma precisa e correta e evitar que leite
contaminado com resíduos possa ser consumidos pela população, sem esquecer
é claro que o papel da fiscalização cabe ao Governo do Brasil. O PNCRC de
maneira geral deveria ter um programa especifico para a área de fomento no
campo onde o problema dos resíduos de antibióticos no leite tem sua origem,
conscientizando e informando o produtor rural sobre o respeito do período de
carência.
Assim, com a implementação do PNCRCL de forma ampla e eficaz no
Brasil, com a ajuda de ferramentas como a Instrução Normativa n° 51 de 2002.
Os prejuízos à saúde pública e econômicos podem ser previstos e evitados.
Nesse sentido o esforço empreendido aqui não pretendeu esgotar a questão e
sim iniciar uma discussão sobre a temática e trazer à baila, as fragilidades a que a
saúde pública no Brasil ainda está exposta e quais direções e aspectos que ela
precisa superar.
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REFERÊNCIAS
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