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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS
CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM ATENÇÃO BÁSICA EM SAÚDE DA FAMÍLIA
CINTIA PEREIRA DE SOUZA
ABORDAGEM DO DIABETES MELLITUS NA ESTRATÉGIA SAÚDE
DA FAMÍLIA DO MUNICÍPIO DE PIRAÚBA
Conselheiro Lafaiete - MG
2014
CINTIA PEREIRA DE SOUZA
ABORDAGEM DO DIABETES MELLITUS NA ESTRATÉGIA SAÚDE
DA FAMÍLIA DO MUNICÍPIO DE PIRAÚBA
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Especialização em Atenção Básica em Saúde da Família, Universidade Federal de Minas Gerais, para obtenção do Certificado de Especialista. Orientadora: Profª Kátia Lúcia Moreira Lemos
Conselheiro Lafaiete - MG
2014
CINTIA PEREIRA DE SOUZA
ABORDAGEM DO DIABETES MELLITUS NA ESTRATÉGIA SAÚDE
DA FAMÍLIA DO MUNICÍPIO DE PIRAÚBA
Banca examinadora
Profa. Kátia Lúcia Moreira Lemos - Orientadora
Profa. Dra. Flavia Casasanta Marini
Aprovado em Belo Horizonte, 03 de julho de 2014
DEDICO
Aos meus pais, irmã e familiares por todo o
amor e devoção que, de muitas formas,
incentivaram-me impulsionando para que o
resultado final fosse possível.
AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente a Deus por sempre guiar meus passos e ajudar nas
escolhas corretas.
Aos pacientes e amigos que fiz na Estratégia de saúde da Família 1 do município de
Piraúba muito obrigada pela ótima convivência.
À Secretaria Municipal de Saúde de Piraúba obrigada pelo apoio incondicional para
fornecermos aos nossos pacientes sempre o melhor atendimento.
Ao Dr. Maximiliano Guerra pelas ótimas supervisões do Provab e orientações no
projeto de intervenção.
Ao querido Rodrigo pelo companheirismo e dedicação.
À toda equipe, tutores, orientadores e colegas do Curso de Especialização Atenção
Básica Saúde da Família (CEABSF) muito obrigada pela oportunidade de realizar o
curso junto com vocês.
À todos, muito obrigada.
RESUMO
O Diabetes Mellitus (DM) é uma doença crônica caracterizada pela falta ou resistência periférica à insulina levando a um estado de hiperglicemia. Comumente são encontrados na população dois tipos de DM, o DM tipo 1 e o DM tipo 2, ambos caracterizados pela deficiência de produção de insulina pelo pâncreas, seja ela absoluta ou relativa. Após o diagnóstico, o tratamento adotado é multidisciplinar, abordando outras patologias se presentes, como hipertensão arterial sistêmica (HAS), dislipidemia, obesidade, efeito antitrombótico e tratamento medicamentoso de acordo com a causa da doença. As complicações podem ser divididas em agudas e crônicas e são responsáveis pela perda de produtividade do trabalhador. A má aderência ao tratamento do Diabetes mellitus é uma situação recorrente em diversos municípios brasileiros assim como em Piraúba. Observamos uma grande parcela dos portadores desta patologia negligenciando a doença, talvez pela demora dos sintomas crônicos na vida desses pacientes. O objetivo do presente trabalho é intervir na aderência ao tratamento do diabetes mellitus de todos os pacientes da unidade, mostrando a necessidade de um correto tratamento que reflita na qualidade de vida a longo prazo. Através do desenvolvimento de ações preventivas na população portadora de diabetes mellitus atendidas na ESF1 no município de Piraúba/MG, a criação de um grupo para discussão da doença, o grupo Mais Vida, voltado para pacientes portadores de diabetes mellitus onde serão realizadas discussões sobre a doença, suas consequências, a importância da dieta alimentar, tipos de tratamento e a importância deste na evolução da doença. Percebemos que a falta de um grupo de Diabetes Mellitus interfere negativamente na adesão ao tratamento e com sua criação objetivamos manter o paciente mais próximo à Unidade de Saúde e com mais informações acerca da doença desta forma a adesão ao tratamento será mais efetiva. Com o controle glicêmico adequado e consequentemente da patologia diminuiriam o gasto com saúde e aposentadorias precoces.
Palavras-chave: Diabetes mellitus, tratamento diabetes mellitus, prevenção e
atenção básica
ABSTRACT
Diabetes mellitus is a chronic disease characterized by a lack or peripheral insulin resistance leading to hyperglycemia. Commonly found in the population are two types of DM, DM type 1 and DM type 2, both characterized by deficiency of insulin production by the pancreas, either absolute or relative. After diagnosis the treatment adopted will be multidisciplinary, addressing other conditions were present, such as systemic hypertension (SH), dyslipidemia, obesity, antithrombotic effect and drug treatment according to the cause of the disease. Complications can be divided into acute and chronic, are responsible for the loss of worker productivity. Poor adherence to treatment of diabetes mellitus is a recurring situation in many municipalities as in Piraúba. We observed a large proportion of patients with this pathology neglecting the disease, perhaps the delay of chronic symptoms in these patients’ lives. We want to intervene in adherence to treatment of diabetes mellitus in all patients in the unit, showing the need for a correct treatment that reflects the quality of life in the long term.The objective of this study is to intervene in adherence to treatment of diabetes mellitus in all patients in the unit, showing the need for a correct treatment that reflects the quality of life in the long term. Through the development of preventive actions with diabetes mellitus treated in the municipality of ESF1 Piraúba / MG, creating a group for discussion of the disease population, the group More Life, facing patients with diabetes mellitus where discussions will be held on disease, its consequences, the importance of diet, types of treatment and the importance of the evolution of the disease.We realize that the lack of a group of Diabetes Mellitus negatively affect adherence to treatment and its creation aimed to keep as close to the Health Unit and with more information about the disease so patient adherence to treatment will be more effective. With adequate glycemic control and consequently pathology decrease spending on health and early retirements.
Keywords: Diabetes mellitus, diabetes treatment, prevention and primary care.
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
ACS- Agentes Comunitários de Saúde
ADA- American Diabetes Association
CEABSF- Curso de Especialização Atenção Básica Saúde da Família
DM- Diabetes Mellitus
ESF- Estratégia de Saúde da Família
ESF1- Estratégia de Saúde da Família 1
HAS- Hipertensão Arterial Sistêmica
HbA1c- Hemoglobina Glicada
IBGE- Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
MG- Minas Gerais
PROVAB- Programa Valorização Profissional da Atenção Básica
PSF- Programa de Saúde da Família
TOTG- Teste Oral de Tolerância à Glicose
UAB- Universidade Aberta do Brasil
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO ......................................................................................................10
1.1 O Município..........................................................................................................12
2. PROBLEMA ..........................................................................................................14
3. JUSTIFICATIVA ....................................................................................................15
4. OBJETIVOS ..........................................................................................................16
4.1 Objetivo Geral ......................................................................................................16
4.2 Objetivos Específicos ..........................................................................................16
5. REVISÃO DE LITERATURA ................................................................................17
6. METODOLOGIA....................................................................................................19
7. PLANO DE INTERVENÇÃO..................................................................................20
7.1 Cronograma..........................................................................................................22
7.2 Recursos Necessários..........................................................................................22
8.CONCLUSÃO.........................................................................................................24
REFERÊNCIAS.........................................................................................................25
10
1 INTRODUÇÃO
As doenças crônicas estão entre as morbidades mais frequentes nos municípios
brasileiros, e, na maioria das vezes são doenças mal cuidadas principalmente por
parte dos pacientes que negligenciam o próprio tratamento. O Diabetes Mellitus
(DM) é uma dessas doenças frequentes no atendimento primário e, causadora de
incapacitância a curto e longo prazo, seja pelas exacerbações ou sequelas devido
ao descuido.
O Diabetes Mellitus é uma doença crônica caracterizada pela falta ou resistência
periférica à insulina levando a um estado de hiperglicemia. Segundo Fauci (2012)
existem vários tipos de DM que são causados por uma interação complexa de atores
genéticos e ambientais. Dependendo da etiologia do DM, os fatores que contribuem
para a hiperglicemia incluem secreção reduzida de insulina, menor utilização de
glicose e maior produção de glicose. A desregulação metabólica associada ao DM
acarreta alterações fisiopatológicas secundárias em muitos sistemas orgânicos que
impõem uma enorme sobrecarga aos indivíduos com a doença, assim como ao
sistema de assistência à saúde.
São classificados em quatro classes DM tipo1, DM tipo 2, tipos específicos
(genéticos, endocrinopatias, drogas, etc.) e Diabetes Gestacional. Mas são
comumente encontrados na população dois tipos de DM, o DM tipo 1 e o DM tipo 2,
ambos caracterizados pela deficiência de produção de insulina pelo pâncreas, seja
ela absoluta ou relativa, mas só o DM tipo 2 apresenta aumento da resistência
periférica à insulina. No DM tipo1 ocorre um ataque autoimune gerando uma
resposta imunonecroinflamatória nas ilhotas pancreáticas levando ao longo de
poucos meses à destruição de praticamente todas as células betapancreáticas, ou
seja, o problema é a falta de insulina. Já o DM tipo 2 é uma doença genética
precipitada por fatores ambientais, não há destruição das ilhotas pancreáticas e nem
fenômeno autoimune, a maior parte dos pacientes apresenta uma obesidade
androgênica, ou seja, abdominovisceral que provoca a resistência periférica à
insulina. O problema genético provavelmente está no pâncreas, nas células beta das
ilhotas que não estão preparadas para um estado de resistência insulínica. Em uma
11
pessoa sem predisposição genética, a resistência insulínica apenas estimula o
pâncreas a secretar mais insulina mantendo o indivíduo euglicêmico (FAUCI, 2012).
Segundo as Diretrizes da Sociedade Brasileira de Diabetes (2013-2014, p. 9) o
diagnóstico é feito quando um dos três critérios adiante estiver presente, são eles,
glicemia de jejum maior ou igual a 126 mg/dl em pelo menos duas ocasiões;
glicemia pós-prandial ou Teste Oral de Tolerância a Glicose com 75 g de dextrosol
(TOTG 75) após 2h maior ou igual a 200 mg/ ou em qualquer momento se estiverem
presentes sintomas clássicos da doença (poliúria, polidipsia, emagrecimento) e,
glicemia maior ou igual a 200 mg/dl . A alteração da hemoglobina glicada (HbA1c)
tem sido mais utilizada no controle da doença e na avaliação da eficácia do
tratamento.
O tratamento adotado é multidisciplinar, abordando outras patologias se presentes,
tais como hipertensão arterial sistêmica (HAS), dislipidemia, obesidade, efeito
antitrombótico e tratamento medicamentoso de acordo com a causa da doença. Se
DM tipo 1 é adotada a terapia insulínica associada à dieta e atividade física. No DM
tipo 2 são adotadas também dieta e atividade física somados aos antidiabéticos
orais, que atuam em diversos mecanismos como a redução da resistência insulínica,
aumento da secreção de insulina, redução na absorção intestinal de glicose e ação
incretinomimética, medicamentos estes que são fornecidos gratuitamente a todos
pacientes à partir da Portaria nº 533, de 28 de março de 2012 (BRASIL, 2012). Em
estágios mais avançados e não responsivos à terapia inicial adota-se a terapia
insulínica como auxiliar no tratamento. Segundo Rodríguez e Puig (2010), o
exercício físico deve ser aeróbio em pessoas com diabetes, pois este aumenta a
sensibilidade à insulina e o consumo de glicose no fígado e músculo influenciando
favoravelmente o controle metabólico.
As complicações podem ser divididas em agudas e crônicas e são responsáveis
pela perda de produtividade do trabalhador. As agudas podem ser divididas em
hiperglicemia e hipoglicemia. As hiperglicemias são representadas pela cetoacidose
diabética e estado hiperglicêmico hiperosmolar. A hipoglicemia ocorre
principalmente devido ao uso indiscriminado da insulina e antidiabéticos orais. As
complicações crônicas envolvem diversos órgãos e são divididas em
12
microvasculares e macrovasculares. As microvasculares são representadas pela
retinopatia, nefropatia, neuropatia e pé diabético, e, as macrovasculares são
representadas pela aterosclerose, envolvendo infarto agudo do miocárdio, acidente
vascular encefálico e isquemia de membros inferiores, dentre outras.
Para Oliveira et al. (2009), projeções indicam que o diabetes mellitus terá crescente
impacto sobre a perda de anos de vida por morte prematura e incapacidade no
mundo, e que se deslocará de 11a para 7a causa de morte em 2030. Também
sugere que se faz urgente a implantação e implementação de medidas efetivas para
prevenção, diagnóstico precoce, aconselhamento e adequado acompanhamento dos
pacientes com diabetes mellitus pois segundo o autor, a retinopatia (24,7%) e
neuropatia (12,8%) são as complicações que mais contribuíram para o componente
de morbidade no estudo. Tais comorbidades são responsáveis pela perda de
produtividade no trabalho e aposentadorias precoces no Brasil e no mundo, gerando
um déficit econômico visto que os gastos públicos com a doença são altos e
superiores aos gastos com a prevenção. Além dos custos financeiros, o diabetes
acarreta também outros custos associados à dor, ansiedade, inconveniência e
menor qualidade de vida que afeta doentes e suas famílias.
1.1 O Município
Piraúba é uma cidade localizada na Mesorregião da Zona da Mata do Estado de
Minas Gerais (MG) e distante 262 km por rodovia da capital Belo Horizonte. A sede
tem altitude de 339 metros. O clima é do tipo tropical, com temperatura média anual
de 21°C. As terras do município estão inseridas na bacia do rio Paraíba do Sul,
sendo banhadas pelos ribeirões Piraúba e Pirapetinga. Possui uma área total de
144,289 km², cerca de 3.458 domicílios e 3.257 famílias compondo um total de
10.862 habitantes segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE), Censo Demográfico 2010. Conforme informações da Secretaria Municipal de
Saúde, Piraúba possui três unidades de Estratégia de Saúde da Família (ESF)
sendo que a ESF1 ao qual será abordado no estudo possui uma população adscrita
de 3.230 pessoas. No município os pacientes portadores de doenças crônicas,
13
especialmente o diabetes mellitus, recebem trimestralmente consultas de retorno
para acompanhamento clínico porém, não são realizadas palestras e discussões
sobre doenças e consequências de um subtratamento. Como adjuvante ao
tratamento, os pacientes são convidados e orientados a participar de um grupo de
ginástica e caminhada voltado para a terceira idade. Percebemos uma carência no
acompanhamento dessa patologia e a necessidade de um controle mais rigoroso na
tentativa de evitar sequelas por complicações causadas pelo descuido dos
pacientes.
14
2 PROBLEMA
A má aderência ao tratamento do Diabetes mellitus é uma situação recorrente em
diversos municípios brasileiros, o mesmo ocorre em Piraúba. Observamos uma
grande parcela dos portadores desta patologia negligenciando a doença, talvez pela
demora dos sintomas crônicos na vida desses pacientes. Queremos intervir na
aderência ao tratamento do diabetes mellitus de todos os pacientes da unidade,
mostrando a necessidade de um correto tratamento que reflita na qualidade de vida
a longo prazo. Percebemos também que a falta de um grupo de Diabetes Mellitus
interfere negativamente na adesão ao tratamento pois o paciente que recebe o
diagnóstico de diabetes é orientado durante uma consulta médica, recebe a
prescrição de medicamentos, orientações gerais e específicas sobre a doença e
então volta ao seu domicílio onde na maioria das vezes permanece com os hábitos
de vida anteriores à aquela consulta. Os dias passam e caso o paciente não
apresente nenhuma exacerbação da doença irá na maioria das vezes ter ciência do
seu verdadeiro estado em uma consulta de retorno três meses após a primeira
abordagem. Com o grupo queremos manter o paciente mais próximo à Unidade de
Saúde e com mais informações acerca da doença desta forma a adesão ao
tratamento será mais efetiva.
15
3 JUSTIFICATIVA
As complicações agudas do diabetes mellitus levam à diminuição da produtividade e
a um desgaste biopsicossocial. As complicações crônicas correspondem a uma
grande parcela da incapacitação da população ativa do país. O controle glicêmico
adequado e consequentemente da patologia diminuiriam o gasto com saúde e
aposentadorias precoces.
Para isso, se faz necessário um acompanhamento mais rigoroso desses pacientes
através de grupos voltados para a discussão da doença que até o momento
encontra-se ausente no município. Acreditamos que este estudo poderá subsidiar a
prática da equipe multidisciplinar levando aos pacientes da área de abrangência da
ESF 1 uma saúde de qualidade voltada para a prevenção e tratamento precoce das
complicações que por ventura vierem a ocorrer.
16
4 OBJETIVOS
4.1 Objetivo geral
Desenvolver ações preventivas na população portadora de diabetes mellitus
atendidas na ESF1 no município de Piraúba/MG.
4.2 Objetivo específico
Criar o grupo Mais Vida voltado para pacientes portadores de diabetes mellitus onde
serão realizadas discussões sobre a doença, suas consequências, a importância da
dieta alimentar, tipos de tratamento e a importância deste na evolução da doença.
17
5 REVISÃO DE LITERATURA
A má aderência ao tratamento do diabetes mellitus pode estar associada a diversas
causas, mau entendimento da patologia e suas causas, idade do paciente,
dificuldade no acesso ao tratamento, relação médico-paciente insatisfatória, baixa
escolaridade e consequentemente maior dificuldade no uso regular dos
medicamentos, demora do surgimento das complicações tardias são alguns itens
que podem justificar esta dificuldade no tratamento (ARAÚJO et al., 2010)
Em estudo, Gimenes et al. (2009) observaram que “muitos pacientes acreditam que
não necessitam da terapia medicamentosa devido ao caráter assintomático da
doença” e ainda relata que dos pacientes que apresentaram melhor aderência ao
tratamento 82,4% eram idosos, 90% possuíam renda familiar superior a cinco
salários mínimos, 88,9% mais de doze anos de estudo, 84,6% referiam ter recebido
maiores informações acerca da doença e 86,7% informações específicas sobre os
medicamentos prescritos justificando que a informação é crucial na aderência ao
tratamento do diabetes. Relata ainda que tais dados foram positivos pois a pesquisa
foi realizada em uma amostra diferenciada de pacientes pois veio de um grupo de
educação em diabetes onde discute-se como compreender melhor a doença e o
tratamento medicamentoso.
Contrariando, porém, Assunção et al. (2002) obtiveram como resultado de sua
pesquisa relacionado à má aderência ao tratamento, 70% dos pacientes com
estudos de até 4 anos, 20% idade superior a 70 anos, aproximadamente 70% com
renda familiar inferior a três salários mínimos inserindo-os em classes sociais mais
baixas o que poderia justificar uma maior dificuldade em seguir um tratamento de
forma adequada. Destes, 76% dos pacientes entrevistados receberam orientações
dietéticas; todavia apenas a metade seguiu as recomendações e realizou dieta nos
últimos quinze dias precedidos da pesquisa, 75% receberam orientações, entretanto
apenas 25% realizaram algum tipo de atividade física no último mês e dos 90% que
confirmaram ter recebido orientações quanto ao uso de insulina apenas 58%
relataram auto-aplicação regular do hormônio corroborando para uma negligência
em relação à doença pelos portadores de diabetes mellitus.
18
Em suas pesquisas, Villas Boas et al. (2011) observaram que dos pacientes
abordados apenas 10,5% referiram participar de grupos de orientação sobre
diabetes mellitus orientando que o simples fato de ter o grupo não melhora a
aderência ao tratamento é necessário que os pacientes entendam a importância
deste e frequentem constantemente as reuniões e participem das discussões
propostas e, ainda que uma maior escolaridade e renda parecem predizer maior
adesão à dieta e ao exercício físico, enquanto o avançar da idade parece predizer
menor adesão a estas variáveis. As pessoas de maior faixa etária ou com menor
escolaridade poderiam apresentar dificuldades para compreender as
recomendações terapêuticas propostas, concluindo que para promover a adesão ao
tratamento, essas recomendações devem atender às necessidades e expectativas
das pessoas e, sobretudo, serem estabelecidas em comum acordo.
Araújo et al. (2010) relatam que “é crucial disponibilizar um cuidado individualizado,
multiprofissional e de qualidade” para os portadores de diabetes mellitus e “ nesse
intuito, as ações de educação em saúde são importantes, na medida em que se
sensibilizam para a adesão farmacológica e para mudanças comportamentais
passíveis de promover a saúde do diabético”. O mesmo observou em pesquisa que
68% dos entrevistados não apresentou qualquer tipo de desconforto ao deixar de
usar a medicação prescrita e que 54,5% referiu descuido quanto ao horário do uso
da medicação mostrando que se faz necessário uma intervenção mais rígida dos
profissionais de saúde para reconhecer e cobrar dos pacientes uma maior
responsabilidade e aderência ao tratamento proposto.
Tavares et al. (2005) falam da importância do grupo multiprofissional no
atendimento à saúde e ao paciente portador de diabetes mostrando que um
atendimento cooperativo, participativo, com diálogo aberto e igualitário leva à
construção de uma assistência de melhor qualidade. A participação das diversas
áreas da saúde em uma equipe multidisciplinar torna o tratamento mais eficaz visto
que o paciente será abordado em vários aspectos da sua doença, psicologicamente,
fisicamente através da prática de atividade física juntamente com os educadores
físicos, nutricionalmente sendo orientados sobre hábitos de vida saudáveis e com
medicamentos de primeira linha para o tratamento da patologia.
19
6 METODOLOGIA
Após análise situacional do município de Piraúba e constatação da incidência e
prevalência do Diabetes mellitus na população e a negligência com que é conduzida
a doença por parte dos pacientes o mesmo foi escolhido como um problema a ser
solucionado.
Foi realizada uma revisão bibliográfica na literatura médica sobre a doença Diabetes
mellitus buscando-se a aderência do paciente ao tratamento da patologia.
Utilizando-se dos seguintes descritores Diabetes mellitus, aderência ao tratamento
diabetes mellitus, complicações do diabetes e atenção básica e diabetes em bases
de dados de sites científicos como SciELO, American Diabetes Association (ADA),
MEDLINE e revistas científicas nacionais e americanas pelo período de 2002 a
2013.
Após os resultados evidenciados nesta revisão foi traçado um projeto de intervenção
para o município de Piraúba na intenção de contribuir com a melhora na assistência
e na aderência ao tratamento do diabetes mellitus.
20
7 PLANO DE INTERVENÇÃO
Rastrear os pacientes com possível doença através de orientações contidas no
Caderno de Atenção Básica n° 36 que utiliza informações preconizadas pela
Associação Americana de Diabetes, apresentados na tabela 1. Esses pacientes
rastreados serão somados ao número de pacientes portadores de diabetes mellitus
já acompanhados na área de abrangência da Estratégia de saúde da família 1
(ESF1).
Propor à Gestão Municipal a criação de grupo de diabéticos, solicitando a
disponibilização de uma sala para reuniões, materiais para rastreio como
glicosímetros e fitas reagentes, liberação de exames diagnósticos como glicemia de
jejum, TOTG e urinálise para acompanhamento. Convite a profissionais de outras
áreas da saúde para participar expondo seus conhecimentos sobre a doença e a
importância do tratamento, confecção e distribuição de folders explicativos sobre a
diabetes mellitus financiados pela Secretaria Municipal de Saúde, realizar
21
confraternização com alimentos saudáveis mostrando a possibilidade de uma vida
normal e com a doença controlada.
Segundo o caderno de atenção básica número 16 (Brasil, 2006)
“a Atenção Básica caracteriza-se por um conjunto de ações de saúde, no âmbito
individual e coletivo, que abrangem a promoção e a proteção da saúde, a prevenção
de agravos, o diagnóstico, o tratamento, a reabilitação e a manutenção da saúde” e,
para um bom funcionamento propõe as atribuições dos diversos membros da equipe
da Estratégia Saúde da Família. À partir dessas atribuições em parceria com os
integrantes da equipe envolveremos os agentes comunitários de saúde (ACS), pois
da equipe estes são os mais próximos à população e, portanto com maior influência
sobre os pacientes. Realização da consulta de enfermagem contribuindo com o
rastreio da doença quando detectado pelo ACS. Auxiliares de enfermagem
contribuirão através de orientações básicas no cuidado da doença, pesquisa de
síndrome metabólica nos indivíduos da demanda espontânea e checagem de
glicosímetros e reposição de fitas reagentes para rastreio e pesquisa rápida. Através
de uma equipe multiprofissional professores de educação física ministrarão palestras
sobre a importância da atividade física no controle da doença e psicólogos serão
convidados a participar avaliando o perfil de cada paciente e ajudando-os de forma
individual e coletiva na compreensão da doença e da necessidade de um tratamento
mais rigoroso.
22
7.1 Cronograma do projeto de intervenção
Etapa Tempo
1º mês 2º mês 3º mês 4º mês 5º mês 6º mês 7º mês 8º mês 9º mês 10º mês 11º mês 12º mês
Sensibilização da Secretaria Municipal de Saúde a interessar-se pelo projeto e
promover seu financiamento
Convocação dos profissinais diretamente envolvidos na criação do grupo
Planejamento das atividades do Grupo de Diabéticos (Grupo Mais Vida)
Confecção de folders explicativos, distribuição pela cidade de Piraúba
Treinamento dos profissionais da atenção basica na nova atividade
Primeira reunião do Grupo de Diabéticos de Piraúba (Grupo Mais Vida)
Apresentação à Gestão Municipal os primeiros resultados
Segunda reunião do Grupo Mais Vida
Terceira Reunião do Grupo Mais Vida
Apresentação à Gestão Municipal os resultados do trimestre de reuniões
do Grupo
Primeiro Encontro de pacientes diabéticos de Piraúba com mistração de
palestras, exposição de relatos de caso, caminhada e atividade física ao ar livre,
dosagem de glicemia capilar e confraternização com alimentos saudáveis
Quarta reunião do Grupo Mais Vida
Quinta reunião do Grupo Mais Vida
7.2 Recursos Necessários ao projeto de intervenção
Para a intervenção no município de Piraúba será necessário a participação dos
integrantes da equipe da ESF1 e o treinamento destes profissionais assim como a
participação dos gestores municipais através do incentivo e financiamento do
projeto. Serão necessários a aquisição de materiais permanentes como
glicosímetros, balanças, fitas-métrica, esfigmomanômetro, estetoscópios, martelos
para verificar reflexos, e, materiais descartáveis como fita reagente para dosagem
da glicemia capilar, folders explicativos e anúncios convidando os pacientes para as
reuniões.
A liberação de uma cota de exames específicos para os portadores de diabetes
mellitus como dosagem de glicemia de jejum, hemoglobina glicada, proteinúria,
creatinina, taxa de filtração glomerular, fundoscopia entre outros é fundamental no
acompanhamento desses pacientes e terá seu financiamento pela Prefeitura
Municipal de Piraúba/ Secretaria Municipal de Saúde.
23
Subgrupos poderão ser criados dentro do Grupo de Diabéticos (Grupo Mais Vida)
discutindo com um número menor de pacientes temas importantes como
administração correta dos medicamentos, cuidados com os pés, importância da
atividade física no controle da doença, dieta alimentar para diabéticos, etc. Para
isso, recursos humanos treinados serão necessários e mais uma vez a Secretaria
Municipal de Saúde é peça fundamental, fornecendo uma estrutura física para
ministração das palestras, recursos financeiros para capacitação pessoal e
confecção de material para que os ACS possam aprofundar os estudos e assim
repassar as informações aos pacientes.
24
8 CONCLUSÃO
Através do presente projeto de intervenção em funcionamento esperamos melhorar
a qualidade de vida dos pacientes portadores de Diabetes mellitus resididos na área
de abrangência da ESF1 diminuindo a incidência e prevalência das principais
complicações causadas pelo descontrole da doença. Entendemos que uma boa
aderência ao tratamento é o melhor caminho para o acompanhamento e
minimização das conseqüências do descontrole da patologia.
Posteriormente propomos repassar o projeto para as demais áreas de ESF do
município de Piraúba objetivando um controle municipal da doença.
25
REFERÊNCIAS
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26
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