Upload
gilmar-suely-missoes
View
72
Download
4
Embed Size (px)
Citation preview
Abrao de Almeida (Da Academia Evanglica de Letras)
minha esposa Lcia e aos meus
filhos Elaine, Elase, lida e Jnior,
dedico este trabalho.
NDICE
Prefcio ................................................................... 6
Apresentao .......................................................... 8
Introduo ............................................................... 9
1. A Origem do paganismo ................................... 13
2. Ninrode, Semramis e Tammuz ...................... 19
3. Algumas doutrinas pags ................................ 26
4. No rastro de Babilnia ..................................... 32
5. Prgamo e o trono de Satans ......................... 41
6. Deuses, semideuses e santos ........................... 47
7. A pscoa e outras ofertas .................. ............. 53
8. Mitos e relquias .............................................. 64
9. Culto a Maria ................................................... 73
10. Uma afronta f crist .................................... 83
11. Inovaes e Reforma ......................................... 90
12. Papa no infalvel .......................................... 97
13. A ameaa ecumnica ........................................ 112
Todos os Direitos Reservados. Copyright 1979 para a lngua
portuguesa da Casa Publicadora das Assemblias de Deus.
CIP-Brasil. Catalogao-na-fonte.
Sindicato Nacional dos Editores de Livros, RJ.
Cdigo para Pedidos: CV-401
Casa Publicadora das Assemblias de Deus
Caixa Postal, 331
20001 Rio de Janeiro, RJ, Brasil
5.000/1979
5.000/1980 - 2* Edio
5.000/1982 - 3* Edio
5.000/1984 - 4' Edio
Almeida, Abrao Pereira de, 1939-
Babilnia, ontem e hoje / Abrao Pereira de Al- A444b meida ; prefcio de Antonio Gilberto. - Rio de Ja-
neiro : Casa Publicadora das Assemblias de Deus, 1982. 1. Civilizao Assrio - Babilnica - Histria 2. Civilizao Assrio -Babilnica-Religio I. T- tulo. CDD - 935 296.125
82-0046 CDU - 935 2(354)
PREFCIO Em muito boa hora brinda-nos o escritor Abrao
de Almeida com o livro que o leitor tem em mos. Em
boa hora, dizemos, porque a cristandade do presente
momento defronta-se com influncias as mais sutis,
de ordem religiosa e filosfica, que corrompem a f
genuinamente evanglica. Todos os que primam pela
ortodoxia evanglica encontraro no presente livro
valiosos subsdios.
Ante o liberalismo teolgico que ora caracteriza
certos segmentos da Igreja, a exposio dos fatos do
culto pago babilnico e sua absoro pelo
Romansmo em seus primrdios e at hoje
perpetuados, o presente livro enseja um exame da
situao de ento e a atual, no que concerne
ao culto genuinamente cristo.
Li com muita avidez o livro em considerao,
visando atender a honrosa solicitao do autor para
que eu emitisse o meu humilde parecer. Bebi com
sofreguido sua rica matria exposta com tanta
propriedade. O livro altamente oportuno e
proveitoso no presente momento, quando necessrio
se torna lanar um olhar retrospectivo para a
origem de certas prticas religiosas hoje em
evidncia em certas alas da cristandade, prticas
essas originadas no paganismo oriental.
O autor, profundo pesquisador que , perlustrou
fontes histricas seguras, e com a devida destreza,
no ataca nem defende. Apenas expe os fatos guisa
de preveno para quem desconhece os mesmos, ou
para quem quer apenas refrescar a memria. De
modo concatenado e lgico ele faz desfilar perante o
leitor as prticas e costumes pagos, que de modo
solerte e descabi do passaram a ocupar um lugar nas
comemoraes e festas crists, como Natal, Ano Novo,
Pscoa, etc.
Hoje, medida que se propaga o ecumenismo,
mais se aplaina o caminho para que tais prticas
sejam reiniciadas, reencenadas e perpetuadas na
Igreja de Deus. O ecumenismo que hoje se apregoa,
nada tem a ver com o que Jesus preconizou em Joo
17.21.
Agradeo ao conceituado autor do livro a honra a
mim concedida de pronunciar-me sobre o mesmo,
numa hora em que o ecumenismo religioso, qual
sequela do paganismo babilnico, procura
insidiosamente introduzir na Igreja ritos msticos
para conspurcar sua pureza doutrinria.
Parabenizo o pblico ledor que por certo acolher
agradecido a feliz iniciativa do escritor Abrao de
Almeida, assim como acolheu a sua obra anterior:
ISRAEL, GOGUE E O ANTICRISTO.
Antnio Gilberto
Diretor do Dep. de Escola Dominical da
Casa Publicadora das Assembleias de Deus
APRESENTAO
A boa acolhida ao nosso artigo Roma Cristianizou
Dogmas Babilnicos, publicado em diversos peridicos
evanglicos (Brasil e Portugal), e a excelente aceitao da
apostila sobre o mesmo assunto animou-nos a ampliar o
trabalho para publicao em livro. O tema, embora j
largamente explorado por escritores de vrias pocas,
poder ir de encontro a costumes arraigados at mesmo no
seio de algumas comunidades protestantes e ser por elas
rejeitado. No importa. Nosso objetivo prevenir do perigo
babilnico, hoje mais ameaador por apresentar-se sob os
disfarces da cooperao crist, do modernismo cristo, do
evangelho social e do ecumenismo e sincretismo religiosos.
Por detrs destes modernos movimentos est o prprio pai
da mentira, usando os mesmos expedientes com que
substituiu por pagos, a partir do incio do quarto sculo,
os fundamentos bblicos de grande parte da cristandade,
restando-lhe, de crist, apenas o rtulo.
Esperamos, com este trabalho, levar o leitor a
considerar mais seriamente as advertncias de Jesus,
atualssimas em nossos dias: Sai dela (de Babilnia) povo
meu, para que no sejas participante dos seus pecados, e
para que no incorras nas suas pragas. Quem tem
ouvidos, oua o que o Esprito
diz s igrejas. (Ap 18.4; 2.29). Abrao de Almeida
INTRODUO:
AS DUAS BABILNIAS
O assunto tratado neste trabalho foi submetido ao
julgamento de milhares de leitores atravs de
diversos artigos publicados no Brasil (Mensageiro da
Paz, A Seara, O Obreiro, Jornal Palavra da Vida) e
em Portugal (Novas de Alegria). As inmeras
manifestaes por mim recebidas ao longo dos
ltimos trs anos recomendavam a publicao em
livro de tais trabalhos. Uma delas dizia: Este artigo
excelente, principalmente na poca em que estamos
vivendo, quando muitos dizem que somos iguais e que
temos a mesma f no mesmo Deus. Este nmero... ser
passado de mo em mo. O leitor fazia referncia
aos ecumenistas modernos, cegos aos abismos que
separam os cristos verdadeiros dos falsos, conforme
demonstrado em meu trabalho Roma Cristianizou
Dogmas Babilnicos (Jornal Palavra da Vida, n" 57,
1977).
Neste breve prefcio convm salientar que a
Bblia fala de duas Babilnias: a cidade
propriamente dita, capital da Caldia, e a Babilnia
espiritual, smbolo da confuso religiosa dos ltimos
tempos.
A primeira, que alcanou sua maior glria com
Nabucodonosor, comeou a decompor-se a partir de
522 a. C., quando, aproveitando-se de uma crise
sucessria em Perspolis, a populao se levantou
contra o governo de Dario I. O filho deste Xerxes,
obrigado, mais tarde, a sufocar revolta semelhante,
usou de extrema brutalidade, ordenando inclusive a
destruio da esttua de Marduk, o deus principal
dos caldeus. Em 331 a.C,., Alexandre, depois de
conquistar a cidade, quis instalar nela a sede de seu
imprio, mas em 323 a.C., de volta da ndia, faleceu
repentinamente no palcio de Nabucodonosor, e com
ele se findaram as esperanas de Babilnia reerguer-
se. Seleuco, a cujos domnios ficou pertencendo a
cidade, preferiu construir uma nova capital para seu
reino, Selucia, abandonando assim o ornamento
dos reinos sua trgica sorte, at o cumprimento da
profecia: nunca jamais ser habitada, ningum
morar nela de gerao em gerao, Is 13.20.
Mas apesar desta sentena bblica, em janeiro de
1975 dois jornais paulistas noticiaram a
reconstruo de Babilnia: sero reconstrudos os
Jardins Suspensos, a Torre de Babel, o Templo de
Baal (Bel), a Porta de Istar (Astarte ou Astarote) e
outros monumentos. O projeto j est pronto e foi
elaborado pelo Instituto talo-Iraquiano de Bagd.
Uma verba inicial de 50 milhes de dlares j foi
destinada ao projeto. As obras de construo
comearo em outubro (1975). O levantamento do
local foi feito com raios laser, para que tudo seja feito
com exatido e perfeio. Os tijolos da reconstruo
sero revestidos com um material especial, contra a
eroso, decomposio e os estragos dos ventos. A
reconstruo cobre uma rea de 50 quilmetros
quadrados. O projeto vai seguir rigorosamente a
arquitetura da poca, e o ambiente em que viviam os
babilnicos.
Comentando esta notcia, escreveu Israel Carlos
Biork (Jornal Palavra da Vida, n 61, 1977): Por que
a reconstruo da Torre de Babel? o smbolo da
astrologia, do ocultismo e da rebelio. Por que a
reconstruo do templo de Baal (Bel)? o smbolo da
idolatria (Jr 50.2; 51.44). Por que a restaurao da
Porta de Istar (Astarte ou Astarote)? o smbolo da
imoralidade e da depravao. Por que a restaurao
dos Jardins Suspensos? o smbolo do orgulho e da
obra humana. Por que o Iraque e a Itlia? Curioso!
Muito curioso!
Um pouco antes afirma o mesmo autor: O
alto crescimento do espiritismo, em suas vrias
formas, nos dias atuais, demonstra uma volta de
todas as religies ao babilonismo, e nunca ao
catolicismo romano. Na verdade, o catolicismo
romano est-se babilonizando. No Brasil, milhes de
catlicos so tambm espritas. A religio de
Babilnia era profunda e essencialmente esprita.
A Bblia refere-se aos babilnicos como a um
povo idlatra: porque uma terra de imagens
de escultura, e eles pelos seus dolos andam
enfurecidos, Jr 50.38; aficcionados da mgica: em toda
a sua fora viro sobre ti, por causa da multido das
tuas feitiarias, por causa da abundncia dos teus
muitos encantamentos, Is 47.9; profanos e sacrlegos:
Havendo Belsazar provado o vinho, mandou trazer
os vasos de ouro e de prata que Nabucodonosor, seu
pai, tinha tirado do templo que estava em Jerusalm,
e beberam por eles o rei, os seus grandes, suas
mulheres e concubinas. Beberam o vinho, e deram
louvores aos deuses de ouro, e de prata, de cobre, de
ferro, de madeira e de pedra, Dn 5.2-4; inquos:
Porque confiaste na tua maldade e disseste:
Ningum me pode ver; a tua sabedoria e a tua
cincia, isso te fez desviar, e disseste no
teu corao: Eu sou, e fora de mim no h outra, Is
47.10.
A segunda Babilnia, da qual a primeira era
apenas um tipo, est descrita principalmente no
captulo 18 de Apocalipse: Caiu, caiu a grande
Babilnia, e se tornou morada de demnios, e coito de
todo o esprito imundo, e coito de toda a ave imunda
e aborrecvel. Porque todas as naes beberam do
vinho da ira da sua prostituio, e os reis da terra se
prostituram com ela; e os mercadores da terra se
enriqueceram com a abundncia de suas delcias.
Ao proclamarem a absoluta runa de Babilnia,
enfatizando que a cidade nunca mais voltaria a
existir, como de fato at hoje no foi restaurada, as
profecias bblicas no pram a, mas do a entender
que a Babilnia mencionada no Apocalipse no a
nao e nem a cidade conhecidas pelos historiadores,
tratando-se, destarte, de alguma combinao
poltica e eclesistica, da qual a Babilnia do Velho
Testamento apenas um tipo.
dentro desse ponto de vista que desenvolvi os
vrios temas desta obra. Recorri, para tanto, aos
testemunhos de historiadores insuspeitos e de
renomados pesquisadores das profecias bblicas e
das origens dos dogmas catlico romanos.
Alguns captulos, como os que tratam da
infalibilidade papal e do ecumenismo, mostram que,
tanto dentro como fora dos arraiais romanistas, h
muitos que no se deixam enganar pelos ardis
diablicos, e, ousadamente, denunciam as foras
paganizadoras que ameaam a f crist.
Rio, agosto de 1979
Abrao de Almeida
Deixa-te estar com os teus encantamentos, e com a multido das tuas feitiarias em que
trabalhaste deste a tua mocidade, Is 47.12.
Chamada na Bblia de ornamento e glria dos
caldeus e cidade dourada (1) Babilnia foi edificada no
vale de Sinar, junto ao rio Eufrates. Ninrode, filho de Cus,
estabeleceu nela o seu reinado depois de libert-la do poder
dos elamitas. Este comeou a ser poderoso na terra. E este
foi poderoso caador diante da face do Senhor, pelo que diz:
como Ninrode, poderoso caador diante do Senhor. E o
princpio do seu reino foi Babel...(2). Babel a forma grega
de Babilnia e significa Porta de Deus, ttulo que se
apropria por haver influenciado poderosamente o
desenvolvimento da religio pag no mundo antigo
durante dezessete sculos. A famosa torre de Babel, cujos
restos a Arqueologia tem desenterrado nas cercanias da
cidade propriamente dita, ficou como smbolo da confuso
religiosa, da rebelio contra Deus e do orgulho humano: e
faamo-nos um nome. A memria de Ninrode, perpetuada
na gravura e na escultura, embelezou-se pela lenda que o
transformou em divindade, a quem as geraes futuras
dirigiam splicas.()
Babilnia conheceu duas fases de grande progresso. A
primeira, cerca de 2.000 anos antes de Cristo, nos dias de
Abrao, sob o reinado de Hamurabi - o Anrafel da Bblia (4)
- e o segundo perodo, de 608 at a morte de Alexandre, o
grande, em 323 A.C., sob Nabucodonozor, Ciro, Dario etc.
cidade deste ltimo perodo de florescimento aplicam-se
as palavras de Isaas. Era ento a maior e a mais
moderna metrpole daquele tempo, ocupando uma
rea de 576 quilmetros quadrados, com 96 de permetro,
ou seja, 24 de cada lado. Muitas ruas, de 45 metros de
largura por 24 km de comprimento, dividiam luxuosos
quarteires com exuberantes jardins e suntuosas
residncias, magnficos palcios e gigantescos templos. Um
destes templos, dedicado a Belo, media cinco quilmetros
de circunferncia, e um dos palcios reais ocupava uma
rea superior a 12 quilmetros quadrados.
A cidade dourada era rodeada de uma muralha de
108 metros de altura por 25 de largura, equivalente a uma
rodovia com seis pistas! Possua uma imagem avaliada
hoje em mais de 30 milhes de dlares (aproximadamente
700 milhes de cruzeiros ao cmbio de 1979) e objetos
diversos dedicados aos dolos calculados em 200 milhes de
dlares. Oliveira Lima afirma que as construes
babilnicas, que presentemente so meros montes de ru-
nas, eram levantadas sobre considerveis aterros
exigidos pela natureza do solo encharcado e que ao
mesmo tempo asseguravam melhor defesa e emprestavam
maior imponncia queles templos e palcios, que assim se
erguiam treze metros ou mais acima do nvel da plancie,
por entre aglomeraes, de casas de taipa, numa extenso
to grande que Babilnia cobria cinco vezes a superfcie de
Londres.(5)
O MISTRIO DA INJUSTIA
Eis a um plido retrato daquela cidade considerada a
soberba dos caldeus, tanto por sua prpria
grandiosidade e estratgica posio geogrfica, como pela
grande fertilidade de seu solo e pela glria de se haver
iniciado em quase todos os ramos da cincia, de quem
foram aprendizes e continuadores os gregos.
A Bblia previa a queda de Babilnia, e embora esta
parecesse destinada a uma existncia eterna, caiu. O rei da
Prsia, em 538 A.C., lanando mo de sua eficiente
engenharia, desviou o curso do Eufrates que passava
tranquilo sob os magnficos muros e, servindo-se do leito
desse rio, entrou na cidade enquanto esta se achava
entregue mais nefanda orgia, na mesma noite em que a
mo de Deus escreveu na parede e Daniel decifrou o fim de
Belsazar e seu imprio.
Em todas as profecias acerca de Babilnia, se pode
contar mais de uma centena de particularidades.
E todas foram rigorosamente cumpridas. Isaas
previu que Babilnia nunca mais seria habitada e
que nem o rabe armaria ali a sua tenda. E a Caldia
servir de presa; todos os que a saquearem
ficaro fartos... abri os seus celeiros... rica em tesouros...
(6)
Nenhuma cidade foi tantas vezes saqueada
como Babilnia, juntamente com outras regies da
Caldia. Xerxes, Alexandre, partos e romanos, num
perodo abrangendo quase uma dezena de sculos, levaram
de Babilnia e adjacncias, riquezas fabulosas, alm de
suas prprias expectativas, e at hoje essas runas
guardam ainda enormes tesouros!
Foi em Babilnia, aps o dilvio, que a mesma
atitude de negao de Deus se manifestou,
particularmente atravs de Ninrode e Semramis. Era o
mistrio da injustia, referido pelo apstolo Paulo, mais
uma vez operando desde a expulso de Ado e
Eva do den. O objetivo era a organizao de uma
igreja falsa, estruturada dentro de um sistema reli-
gioso no qual fosse adorada uma falsa trindade.
Dentro dessa organizao o prprio Satans estava (e est)
preparando o mundo para a sua manifestao futura,
quando reinar por um pouco de tempo sob a forma do
Anticristo. O princpio a glorificao do ser humano,
divinizador de reis e imperadores, o culto personalidade.
Somente dentro de tal sistema compreende-se a deificao
dos csares e dos grandes homens, aos quais se erigiam
templos e em sua honra se ofereciam sacrifcios e libaes.
SACRIFCIOS HUMANOS
Enquanto mantinha amizade e comunho com o
Criador, o ser humano no conhecia outro deus.
Mas veio a queda e a separao entre Deus e o homem. E
este, longe de Deus e no sabendo como encontr-lo, voltou-
se para as foras vivas da natureza e divinizou-as. O sexo,
por ser um meio de reproduo da vida, desempenhou
importantssimo papel religioso, particularmente em
Babilnia. A liturgia nada mais era do que a descrio de
relaes sexuais entre os deuses, mediante as quais,
segundo os babilnios, todas as coisas vieram existncia.
Dentro do sistema babilnio, o sol, a lua, os demais
astros e a chuva recebiam culto. Tambm os fundadores de
cidades foram por estas divinizados, como Assur, pai dos
assrios, e Ninrode, de Babilnia. Para que os deuses
parecessem reais, faziam-lhes imagens que os
representassem, vindo depois as prprias imagens a serem
adoradas como deuses. o que registrou Paulo aos
romanos: E mudaram a glria do Deus incorruptvel em
semelhana da imagem de homem corruptvel, bem como
de aves, quadrpedes e rpteis (7). Deste modo o homem
precipitou-se do monotesmo original num abismo de
inumerveis cultos idlatras politesticos, alguns deles
indescritivelmente vis e abominveis, como a prtica
nefanda de queimar vivos inocentes bebs.
O Instituto Oriental, escavando em Megido, que fica
perto de Samaria, encontrou, na camada
do templo de Acabe, as runas de um templo de Astorete,
deusa-esposa de Baal. Os templos dos dois
comumente no eram muito afastados. A poucos
passos desse templo de Astorete havia um cemitrio, onde
se acharam muitos jarros contendo despo-
jos de crianas sacrificadas no dito templo. Vale
isso como amostra do que era o culto de Baal. Os
profetas de Baal e de Astorete eram assassinos oficiais de
criancinhas. Isso esclarece a razo da matana deles por
Elias, e ajuda-nos a compreender por que Je se mostrou
impiedoso no extermnio do Baalismo. (8)
Todavia, a prtica dos sacrifcios de crianas
no to remota como poderia parecer primeira
vista. Os missionrios cristos dos tempos modernos
depararam-se com tais cenas em muitos pases onde o
Evangelho de Cristo era desconhecido. Na Polinsia, por
exemplo, encontraram-se pais que haviam sacrificado
cinco, sete, dez e at dezenove de seus filhos aos dolos
pagos. As prprias mes cuidavam do sacrifcio de seus
filhos recm-nascidos. No ritual diablico os pobres e
inocentes bebs morriam de muitas maneiras: enterrados
vivos, afogados com pano molhado ou mediante a
quebra de todas as articulaes, uma a uma, comeando
pelos dedos das mos, depois dos ps, em seguida os braos,
as pernas etc. Se com todas estas torturas no morriam,
eram ento sufocados. Era uma morte lenta, cheia de
requintes de uma perversidade inominvel, tendo por
carrascas as prprias mes, que a isso tudo chamavam de
um herosmo santo!
(1) Isaas 13.19; 14.4.
(2) Gnesis 10.8-10.
(3) Gnesis 11.4; John D. Davis, Dicionrio da Bblia, Casa
Publicadora Batista, Rio de Janeiro, 1965, pg. 421.
(4) Gnesis 14.1.
(5) Oliveira Lima, HISTRIA DA CIVILIZAO,
Melhoramentos, So Paulo, 1919, pg. 34.
(6) Isaas 13.20; Jeremias 50.10,26; 51.13.
(7) Romanos 1.23.
(8) H.H.Halley, MANUAL BBLICO, Livraria Editora
Evanglica, So Lus, MA, 1963, pg. 93.
Os filhos apanham a lenha, e os pais acendem o fogo, e as mulheres amassam
a farinha, para fazerem bolos d rainha dos
cus, Jr 7.18.
Um poema babilnico escrito provavelmente no
oitavo sculo antes de Cristo, mas referindo-se a
uma poca muito anterior, cujas pranchetas foram
desenterradas por arquelogos, do uma idia da
origem e evoluo da religio pag. Segundo o documento,
no princpio existia um caos aquoso, de
onde surgiram os deuses, representando a ordem
que dimana do caos. Um desentendimento entre
esses deuses leva Marduque, deus babilnico por
excelncia, a consentir em travar batalha, com a
condio de ser elevado acima de todos os outros.
Ele se arma para a luta, colocando um relmpago
sobre a face e vestindo-se de uma chama ardente.
Tece uma rede para com ela aprisionar o monstro
Tiamat, e toma os quatro ventos para que nada lhe
escape. Transportado por um furaco, aproxima-se
de Tiamat, lana-lhe uma tempestade e depois atravessa o
com uma lana. Com a metade do corpo do
monstro Marduque cobre o cu e, para l manter as
guas aprisionadas, coloca um ferrolho e um guarda. Seria
este o firmamento das guas superiores. Em seguida coloca
no cu as estrelas, os planetas, a lua e o sol. E com a outra
metade do corpo de Tiamat forma a terra, que recobre o
mundo subterrneo. Finalmente, o vitorioso deus
babilnico forma os homens com sangue, talvez mesmo com
o seu prprio sangue.
A finalidade precpua desse poema, que hoje soa
de maneira to primria e tola aos nossos ouvidos,
colocar Marduque acima de todas as outras divindades,
criando assim a Hegemonia universal em
proveito de Babilnia. E de fato esse falso deus recebeu um
culto especial em todo o mundo antigo, na qualidade de
dono e senhor, como alis o significado do seu nome
mais popular: Baal. Vrios autores de obras de
demonografia designaram-no como potncia infernal e
general-chefe das hostes malignas. Babilnios e Caldeus o
adoraram como deus supremo e a ele chegaram a oferecer
sacrifcios humanos, particularmente de crianas.
Frequentemente os seus adoradores da sia faziam dele
representao mtica do sol. Era tambm considerado como
o deus fertilizador da terra por meio de suas
fontes e possua imagens em cada regio cultivada.
A ele pagavam-se tributo, como dono divino. Em
Israel, o Baal introduzido por Acabe, nos dias do profeta
Elias, foi o Melkart, da cidade fencia de Tiro.
Marduque, Melkart, Kemosh (deus de Moabe) seriam
apenas algumas das vrias representaes
pags de Ninrode. Afirma-se que o centauro, deus
grego - um cavalo com uma cabea de homem e com
uma arca na mo - era adorado em memria de Ninrode,
que foi o primeiro caador e o primeiro homem
a usar o cavalo para a caa e a guerra. O famoso rei
de Babilnia, segundo a religio desta mpia cidade, casou-
se com Semramis, a mesma As tarte, Astorete, sis, Isthar,
Afrodite, Vnus, Diana etc.(1) A imagem desta ltima, em
feso, com sua coroa de torres na cabea, representava a
mesma mulher e era adorada como a deusa da fortificao,
por ter sido ela a primeira a fortificar Babilnia com muros
e torres.
Astarte a Isthar de Babilnia, a deusa da estrela
matutina, a Vnus da guerra e do amor. Deusa do amor,
Astarte patrocinava a volpia e a fecundidade. Foi dotada
de uma personalidade to rica que muitas outras deusas
acabaram fundindo-se nela, de tal modo que pode a Bblia
falar de Astartes no plural para designar todas as
divindades femininas locais. Contudo, a Escritura no
desconhece que Astarte foi a deusa-tipo, a rainha do cu,
exercendo em todos os tempos seu poder sedutor
sobre o temperamento feminino. (2) Na Bblia, ela citada
em diversas passagens. (3)
No governo de Dario, a Prsia possua Ahura - Mazda como
a divindade suprema, em honra da qual construram-se
grandes templos, o que no impedia que existissem vrios
outros deuses, como o famigerado Baal, que estava sempre
a reclamar sacrifcios humanos, o deus Tammuz, a deusa
Ishtar, Asthorat ou Astarte - deusa da lua, cuja imagem
era ornamentada diariamente com joias e vestidos novos,
sempre brancos e transparentes. A deusa possua uma
corte de virgens, que, entretanto, segundo os melhores
autores, eram muito pouco virgens... No templo da deusa
realizavam-se festins orgacos em que os sentidos eram
satisfeitos das formas mais estranhas. Na verdade, os
templos dos deuses persas, especialmente em Babilnia,
foram autnticos prostbulos. (4)
Mais adiante o mesmo autor afirma: Mas Dario no
pde impedir que os persas continuassem os costumes de
Babilnia, principalmente os costumes dissolutos da Babel
da Bblia, que contaminava quantos com ela se
relacionavam, que contaminava os seus vencedores, como
os persas... E cita o historiador Otto Neubert: Os
costumes depravados de Babilnia no encontraram
iguais, no se tornaram tradicionais em nenhum outro
povo. Falando dos Fencios - ancestrais dos atuais
libaneses - registrou Srgio D. T. Macedo na obra referida:
Todavia, povo to adiantado e to viajado, que realizou
verdadeira permuta ou intercmbio de culturas e
conhecimentos, deu-se mais desenfreada idolatria. Um
dos seus mais curiosos deuses era Molock, feroz,
sanguinrio, que exigia pesados sacrifcios, inclusive de
seres humanos, especialmente crianas. Sabe-se que, certa
feita, cem meninos foram imolados a Molock que nem por
isso se mostrou mais indulgente para com os fencios, que
acabaram destrudos. Tambm a babilnica deusa Isthar,
que presidia fecundidade, foi adotada por esse povo que
preparava os seus mortos para a eternidade, tal qual os
egpcios, pois escavaes realizadas em Gebal, em 1923,
revelaram belos sarcfagos e algumas mmias.
Parece incrvel, mas o strip-tease moderno tem sua
origem diretamente em Babilnia, cujo culto principal
deusa era uma magia ertica, de carter emprico, pardia
de um rito babilnico: a deusa Istar se despindo. Esse rito
desenvolveu-se sob a forma de um strip-tease, em certos
templos da Babilnia, mas com um valor sacro:
representava a visita da deusa aos infernos. medida que
descia os crculos desse, ia despindo suas vestes. Este rito
danado simbolizava o amor, liberto gradativamente de
suas aparncias (amor falso, amor narcisista) e seus
artifcios, para explodir no ser total, nu e puro... Muitas
destas sacerdotisas chegam ao espasmo, durante a
cerimnia. Estes espasmos que explodem no fludo ertico
localizam-se em diversos pontos do corpo... (5)
TAMMUZ O DEUS QUE MORRE E RESSUSCITA
Da unio Ninrode-Semramis, nasceu Tammuz, mas
com um detalhe significativo: a deusa permanecera
virgem. Aqui est, talvez, a primeira tentativa satnica
de dar um falso cumprimento profecia bblica relativa ao
nascimento de Jesus de uma virgem. (6), anunciada uns
setecentos anos antes de Cristo. Na Bblia do padre Mattos
Soares, traduzida da Vulgata Latina, registrou-se a verso
grega de Tammuz, que Adonis.
Tammuz o tipo do deus que morre e ressuscita,
personificando as foras vivas da natureza. Morre com os
calores estivais e ressuscita com a primavera. Era
conhecido em Sumer, segundo alguns, cerca de trs mil
anos antes de Cristo, mas consta, todavia, como filho do
casal fundador de Babilnia, logo aps o dilvio. Penetrou
posteriormente em outras naes e at mesmo no recinto
do templo em Jerusalm: E levou-me entrada da
porta do templo, que se acha no lado do setentrio,
e eis a as mulheres sentadas, chorando a Tammuz.
Ele me disse: Viste, filho do homem? Vers abominaes
ainda maiores do que essas. E levou-me ao trio interior
da casa do Senhor, e eis que entrada do santurio do
Senhor, entre o vestbulo e o altar, achavam-se uns vinte e
cinco vares, com as costas voltadas para o santurio do
Senhor, e o rosto voltado para o oriente, os quais se
prostravam para o oriente. E disse-me: Viste, filho do
homem? Porventura ser coisa de somenos para a casa de
Jud perpetrar as abominaes que so cometidas neste
lugar, que encheram o pas de violncias e voltaram
a irritar-me? Eis que levam o pmpano no nariz!
Pois tambm eu agirei com furor! No se compadecero os
meus olhos, nem me condoerei; estrondear-me-o de novo
os ouvidos com fortes gritos, mas no os escutarei.(7)
Comentando este texto, o pontifcio Instituto
Bblico de Roma afirma: Parece que os vinte e cinco eram
representantes das vinte e quatro classes sacerdotais,
juntando-se o sumo sacerdote, ainda que o carter
sacerdotal deles no seja expressamente indicado. Aqueles
que deviam honrar o nico Senhor, do-lhe as costas no
santurio para se voltarem para o oriente a fim de adorar
o sol, uma das divindades principais dos babilnios. Fora
restaurado o seu culto abolido por Josias (cf. 2 Rs 23.11)...
Levam o pmpano no nariz: traduo comum, ainda
incerta, segundo a qual o texto aludiria ao rito usado no
culto solar dos persas, de levar diante da boca um pequeno
molho de ervas sagradas para no contaminar com a
impureza do hlito a atmosfera do sol nascente. Com mais
probabilidade, uma aluso ao rito de levar ao nariz uma
raiz desconhecida, smbolo de vida, como para lhe
aspirar a virtude mgica, rito expresso na literatura
e nos monumentos do antigo Oriente. Observe-se que
Ezequiel descreve como representados em Jerusalm no
s os cultos assiro-babilnicos, mas tambm os cultos dos
povos mais disparatados e mais distantes.
(1) Gnesis 10.7,8
(2) Jeam-Jacques Von Allmen, Vocabulrio Bblico, ASTE,
So Paulo, pg. 73.
(3) Isaas 47; Juizes 2.13; 10.6; I Samuel 7.3,4; 12.10; 31:10;
II Reis 23.13
(4) Srgio D. T. Macedo, A Histria do Mundo,
pg. 41.
(5) Dicionrio do Fantstico, PLANETA ESPECIAL;
Editora Trs, pg. 107.
(6) Isaas 7.14.
(7) Ezequiel 8.14-18.
E levou-me entrada da porta da casa do Senhor, que est da banda do norte, e eis que
estavam ali mulheres assentadas, chorando por
Tammuz, Ez 8.14
Semramis, esposa de Ninrode, era filha da deusa-peixe
Derceto e de um jovem srio. Aps o trgico assassinato de
seu marido, a virgem Semramis deu luz Tammuz, em
quem, segundo ela, seu esposo havia reencarnado. Desses
ensinamentos procede o culto da virgem-me e do
menino-deus. Semramis proclamou que o marido era
divino e que ela era a esposa de Deus, a rainha do cu
e que, sendo o seu filho estimado o prprio pai
reencarnado, era ela a me de Deus! E mais: disse que
seu filho Tammuz foi destinado a ser o libertador
da Humanidade do jugo tirnico do Criador.
A arqueologia moderna descobriu nas runas de
Babilnia as mais antigas imagens do culto pago,
algumas delas de dois mil anos antes de Cristo: a
me com um menino ao regao. No Tibet e na China ainda
hoje se encontram imagens a dolos representando a me
e o filho, que eram adorados sculos antes da era
crist. Estas imagens tm uma perfeita semelhana com
as adoradas na Igreja Romana. Os antepassados romanos
adoraram, entre outros deuses, a virgem e o filho na forma
de Vnus e Cupido.
Nas notas de sua traduo da Bblia Sagrada, Sbado
Dinotos v em Tamar (1) a origem de Semramis. Ele
afirma que Smele (Tamar, no hebraico) declina de Meri,
que amora ou tamarindo, raiz do grego Muriki. Este
nome era Tomyris para os Massagetas, e para os assrios
Semramis.
A lenda tebana fazia-a me de Baco, quando, em
realidade, foi amante e nora. Era, outrossim, chamada a
Me Terra pelos povos do Turquesto russo... Num relevo
de Ara Pacis ela aparece com seus dois gmeos ao colo, que
foram Perseu e Orion. (2) Em artigo assinado numa
importante revista portuguesa, E. W. Moser afirma que o
jejum anual e as festas inauguradas pelos fundadores de
Babilnia foram os seguintes: Quaresma, Pscoa, Natal
etc. Estas estaes do ano eram observadas sculos antes
de Cristo, embora sob outros nomes e foram mais tarde
adotadas pela Igreja Romana, depois pelas igrejas
protestantes. O Natal era celebrado em honra do
nascimento do filho de Semramis e muitos dos costumes
praticados por ns neste dia seguem em linha direta aos
dias de Babilnia. Pscoa (em ingls: Easter), era uma
festa em honra da deusa Isthar; a sexta-feira da paixo,
era o dia de lamentao e choro pela morte do filho,
que diziam ter sido martirizado. Foram os mesmos
idlatras que choraram por Tammuz, uma das
grandes abominaes cometidas pelas mulheres judaicas
nos dias de Ezequiel. O dia da nossa senhora, em 25 de
maro, era celebrado em honra do nas cimento de
Semramis, e o dia 8 de setembro em
memria da sua assuno. Todo o sistema religioso
do nosso tempo, bem como a religio do Tibet so
praticamente o mesmo como o antigo sistema babilnico. O
sacerdcio, o celibato, a vestimenta dos
frades e freiras, os mosteiros e conventos, a confisso
auricular, a missa, o purgatrio, tudo foi institudo em
Babilnia por essa mulher.
O povo comum de Babilnia era feito membro
desta igreja prostituda e admitido como herdeiro
do cu pelo batismo na sua infncia, e essa falsa
doutrina acerca do novo nascimento por intermdio
do batismo passou depois s igrejas chamadas crists, mas
apstatas. Mais tarde, e pela confirmao,
essas crianas eram iniciadas nos mistrios da religio
babilnica, e cada candidato comia parte dum bolo e jurava
fidelidade Rainha do Cu. (3)
ANALOGIAS COM O ROMANISMO
Vrios perquisadores das religies antigas foram
surpreendidos pelas flagrantes semelhanas existen-
tes entre aquelas prticas e as que hoje se observam
no catolicismo romano. Do como exemplo os con-
ventos e as monjas existentes muitos sculos antes
de Cristo, em Babilnia, no Tibet, na ndia e no Ja-
po. As sacerdotisas de Freya, na Escandinvia, fa-
ziam voto de virgindade perptua e viviam como
monjas. Em Roma, a deusa Vesta, chamada de Virgem
Imaculada, possua suas sacerdotisas, que tambm faziam
voto de virgindade perptua, mas que eram, na realidade,
muito pouco virgens...
No Peru, durante o famoso Imprio dos Incas, idntico
costume prevalecia com as santas virgens. Prescott
refere-se a estas monjas: Outra singular analogia com as
instituies catlicas romanas podemos ver nas Virgens
do Sol, conhecidas pelo nome de eleitas. Eram donzelas
dedicadas ao servio das deidades, as quais, desde a
infncia, se separavam de suas famlias e se introduziam
em conventos, onde eram colocadas sob os cuidados de
velhas matronas, chamadas - mamconas. Era seu dever
guardar o fogo sagrado na festa Raymi. Ao entrar para o
convento, as recolhidas eram obrigadas a uma rigorosa
clausura, chegando a ser privadas de toda e qualquer
comunicao, mesmo com as pessoas de sua famlia. A
desgraada que fosse surpreendida na inobservncia dessa
disciplina, segundo a lei dos Incas, deveria ser queimada
viva. maravilhosa a ntima semelhana que existe entre
as instituies do ndio americano, do antigo povo
romano e do moderno Romanismo. (4)
O uso das chaves pela Igreja Romana como
meio de conceder as indulgncias segundo definio do
Conclio de Trento, est intimamente ligado
ao paganismo, pois a chave era o emblema de duas
bem conhecidas divindades da mitologia romana. Jano
tinha na mo uma chave, assim como Cibele. (Vejam-se os
Fastos de Ovdio, vol. 3, pg. 346. Op. Leyden, 1664.) So
estas as chaves que formam o brazo pontifcio e a insgnia
da sua autoridade espiritual. Assim como a esttua de
Jpiter agora adorada em Roma como a verdadeira
imagem de S. Pedro, assim se tem crido que as chaves de
Jano e Cibele representam as chaves do mesmo apstolo.
(5)
Ainda segundo as doutrinas pags, Tammuz foi
morto por um javali, e por isso se observavam quarenta
dias de jejum e pranto (quaresma), at festa de Isthar
(pscoa). Findando a quaresma, Tammuz ressuscitou e
esta ressureio passou a ser comemorada com frangos,
ovos e coelhos. Em homenagem Rainha do Cu faziam-se
bolos com um T, de Tammuz. Desta antiga prtica
vieram as hstias.
O politesmo babilnico, caracterizado pelo culto de
demnios e deuses-animis, era cheio de mistrios. As
grandes oraes tm sido sempre o trao distintivo das
grandes religies, mas na Babilnia e na Assria a prece,
em sua maior parte, mal transps o encantamento e a
adivinhao. Quando as coisas iam mal, a encantao era
utilizada para remend-las. Se havia temor da
aproximao do mal, recorria-se s artes divinatrias a fim
de afast-lo. Nenhuma outra religio revelou to grande
desenvolvimento das artes divinatrias. Acreditava-se na
predio de quase tudo, mediante o exame do volume, da
forma, das marcas e peculiaridades do fgado de um animal
sacrificado, pois havia a certeza de que nesta vscera se
localizavam a inteligncia e as emoes... A astrologia
adquiriu tal desenvolvimento, ao ponto de criar a idia
popular de contribuir aquela prtica para a principal feio
da religio... (6)
(1) Gnesis 38.6.
(2) Sbado Dinotos, notas a traduo da Bblia Sagrada,
So Paulo, 1964, pg. 60.
(3) Novas de Alegria, fevereiro de 1948 (Lisboa,
Portugal).
(4) Cit. por lvaro Reis em Mimetismo Catlico,
Rio de Janeiro, 1909, pg. 246.
(5) Padre Guilherme Dias, nota em A Confisso Ensaio
Dogmtico-Histrico, por L. de Sanctis, Lisboa, 1894, pg.
9.
(6) Charles Francis Potter, Histria das Religies, Edigraf
Ltda., So Paulo, 1944, Vol. II, pg. 576.
Porque todas as naes beberam do vinho da ira da sua prostituio, e os reis da terra se
prostituram com ela, Ap 18.3.
Em 487 A.C., quando Xerxes tomou Babilnia, a
hierarquia religiosa teria fugido para Prgamo, na sia
Menor, onde, segundo a Bblia, estabeleceu-se o trono de
Satans.(1) De Prgamo, Atallus, em 133 A.C., rei de
Prgamo e Supremo Pontfice da Ordem Babilnica, legou
como herana, por lei, toda a sua autoridade e domnio
hierarquia babilnica de Roma, e assim os Csares
tomaram-se pontfices mximos e soberanos pontfices
dessa organizao idlatra e ostentaram tais ttulos, com
todas as suas cerimnias, ritos e dignidades, mesmo
depois de nominalmente convertidos ao cristianismo. O
primeiro imperador romano a receber a autoridade foi
Jlio Csar, eleito Pontfice em 74 A.C. e promovido a
Supremo Pontfice em 63 A.C. De Jlio Csar at Graciano
todos os imperadores exerceram a autoridade babilnica,
porm este ltimo, em 376 A.D., achou que no ficava bem
a um cristo ser pontfice da mpia e idlatra Babilnia, e
renunciou ao ttulo. No havia ento nenhum tribunal
onde os pagos pudessem ser julgados, e seguiu-se a
confuso; ento a autoridade de Babilnia foi outorgada ou
colocada sobre o Bispo de Roma, Dmaso (no ano 378 A.D.)
como Supremo Pontfice ou Pontfice Mximo. Assim, o
poder Papal realmente vem da Babilnia - do
diabo.(2)
COMEA A PAGANIZAO
O caminho para a paganizao do cristianismo romano
estava assim aberto e foi inaugurado em 381 com a
decretao da adorao de Maria (mariolatria), inspirada
nos mistrios babilnicos. Acompanhando esta heresia,
vrias outras novidades foram admitidas no seio da igreja.
Em 519, o papa decretou a observncia da Pscoa e da
Quaresma, que eram, como vimos, feriados idlatras
babilnicos.
O papa Silvestre, falecido em 335, tirou dos sacerdotes
pagos a mitra, que aparece nos mais remotos
monumentos assrios e egpcios e era usada como smbolo
de autoridade pelos egpcios, assrios, indus e medos, sendo
que na Prsia era usada pelas autoridades eclesisticas. O
vermelho da tnica dos cardeais corresponde prpura dos
senadores romanos. So Domingos, no sculo XIII,
introduz a reza do rosrio. No sculo XI aparece a Ave-
Maria, juntamente com o padre-nosso, e a partir de 1326
tornou-se reza comum entre todos os catlicos.
Um escritor paulista apresenta o seguinte quadro
cronolgico das inovaes na Igreja de Roma: Em 129,
Alexandre I, bispo de Roma, autoriza a que se acrescente
gua ao vinho da Santa Ceia que se realiza no culto (na
missa). Em 140, Telsforo, bispo de Roma, institui o jejum
quaresmal. Em 160, inicia-se o costume de orar pelos
mortos. Em 257, Estvo I, bispo de Roma, introduz o uso
da vestimenta sacerdotal e manda guarnecer os altares
com toalhas. Em 300, o imperador Constantino ordena a
ornamentao das igrejas. Em 325, o primeiro Conclio de
Nicia afirma a primazia da Diocese de Roma e institui a
'lei do celibato sacerdotal'.(3)
NATAL: NASCIMENTO DO SOL?
At mesmo em relao ao Natal de Cristo o romanismo
babilonizou-se. A rvore preferida por Tammuz era o
pinheiro e a data do nascimento de Jesus, como sendo em
25 de dezembro, rejeitada por muitos especialistas em
histria e cronologia bblicas. Segundo algumas
autoridades no assunto, a origem da rvore de Natal est
na Bblia: Porque os costumes dos povos so vaidade; pois
cortam do bosque um madeiro, obra das mos do artfice,
com machado. Com prata e com ouro o enfeitam, com
pregos e com martelos o firmam, para que no se mova. (4)
Embora seja de importncia capital por marcar o incio
da Era Crist, a data do nascimento de Jesus ainda no foi
satisfatoriamente definida. Nos primeiros sculos, era
comemorada a 6 de janeiro, ora a 25 de maro e em alguns
lugares a 25 de dezembro. O dia 25 de dezembro aparece
pela primeira vez no calendrio de Philocalus (354). No ano
245, o telogo Orgenes repudiava a ideia de se festejar o
nascimento de Cristo como se fosse ele um fara. A data
atual foi fixada no ano 440, a fim de CRISTIANIZAR
GRANDES FESTAS PAGS REALIZADAS NESTE DIA:
a festa mitraica (religio persa que rivalizava com o
Cristianismo, nos primeiros sculos), que celebrava o
natalis invicti Solis (Nascimento do Vitorioso Sol) e vrias
outras festividades decorrentes do solstcio do inverno,
como a Saturnlia em Roma e os cultos solares entre os
celtas e os germnicos.(5)
Argumentam os entendidos que o nascimento de Jesus
teria ocorrido provavelmente entre a segunda metade de
maro e primeira de abril, quando vero na Palestina, e
no em dezembro, poca em que o forte frio
desaconselharia a iniciativa imperial de realizar o
alistamento. O fato de os pastores estarem no campo na
noite do Natal encontra uma explicao lgica: devido ao
intenso calor, os rebanhos permaneciam no curral durante
o dia, sombra, e eram ento apascentados noite.
O EXEMPLO DO TIBET
Alm das inovaes apontadas, o catolicismo romano
adotou o Sinal da Cruz (o T ou Tau foi usado pelos caldeus
e egpcios nos mistrios babilnicos), o Celibato, a Tonsura,
Monges e Freiras (antigamente as virgens vestais de
Roma), todos da idolatria babilnica, foram assim adotados
e decretados para os cristos sob o regime de Roma. O
fragmento japons da idolatria babilnica conhecido como
Shintosmo. Note que h 15 pontos em que o Shintosmo, o
Catolicismo Romano e o Babilonianismo so idnticos:
adorao de imagens, lnguas mortas nos rituais, velas e
incenso, missas pelos mortos, rosrio de contas, vs
repeties na orao, celibato dos clrigos, freiras,
adorao de relquias, sistemas de mrito pelas
penitncias, crias sacerdotais, procisses, adorao de
santos, adorao de flores, mariolatria com sua
correspondente no Shintosmo na adorao de Kwanyian,
deusa da graa.
O Tibete possui a mais pura forma de idolatria
babilnica. Com a queda da Babilnia, os seus soldados
levaram a sua idolatria ao Tibete. Visitantes
modernos surpreenderam-se de que embora nenhum
missionrio fosse permitido, em toda a histria do Tibete,
ainda assim eles tm gua benta, incenso, adorao de uma
virgem e um menino, monges, freiras, mosteiros,
vestimentas clericais exatamente iguais s catlico-
romanas. (6)
HARE KRISHNA
Mas h uma importante doutrina babilnica ainda no
aceita pelo romanismo. a de um deus casado, hoje
difundida em todo o mundo atravs do movimento Hare
Krishna, possuidor de alguns centros no Brasil. Segundo o
seu credo, a consorte eterna de Krishna Srimat
Radharani, a potncia de prazer de Krishna. Ele o
reservatrio de todo o prazer e ela a potncia dele mesmo,
dentro dele. Dentre os livros sagrados dessa religio pag,
o Bhagavad-gita, dos vedas, registra, segundo seus
adeptos, as palavras de Deus, faladas por ele.
Evidentemente, o paganismo babilnico, no seu af de
confundir os povos e imitar a religio verdadeira,
no poderia prescindir de uma falsa bblia, para
eles a prpria palavra de Krishna - deus onisciente,
onipotente, todo-poderoso, todo atrativo, o pai que d a
semente de todas as coisas vivas e a energia sustentadora
de toda a criao.
Diversos incidentes tm havido entre os dirigentes da
Associao Hare-Krishna e a polcia, na maioria das vezes
procedentes de queixas apresentadas por pais cujos filhos
abandonaram o lar e a famlia e os trocaram pela
comunidade da conscincia de Krishna. Registraram-se,
tambm, nos departamentos policiais de todo o mundo,
graves acusaes de ex-adeptos da seita contra seus
sacerdotes, como as apresentadas pela jovem Susana
Murphy, de 18 anos, dos Estados Unidos, que desertou do
movimento e acusou-o de prticas desumanas e hostis s
mulheres: O templo de Boston d s mulheres os restos de
comida dos homens. As mulheres so alimentadas como
cachorros. No Rio de Janeiro, o estudante Mauro Antonio
Guerra, ex-Krishna convertido ao Evangelho, afirmou em
seu testemunho que os monges induzem seus discpulos
a deixarem os pais e todos os no seguidores daquela
religio hindu.
A Associao Internacional para a Conscincia
da Krishna, criada pelo Swami Bhaktivedanta Prabhuqad
(falecido em 1978, em Mathura, ndia, aos 88 anos), foi
estabelecida no ocidente em 1966 pelo seu prprio
fundador, descendente de uma linhagem de religiosos
indianos. No fosse a violenta reao que causou em todo o
mundo, a Associao dificilmente se teria distinguido
dentre os inmeros movimentos orientalistas. Seus
discpulos so instrudos na sabedoria vdica e envolvidos
na abundante mitologia do hindusmo. Krishna, o
deus supremo do movimento, aparece na farta literatura
da Associao ao lado de sua esposa, a consorte eterna.
Acreditam na reencarnao e ensinam que os animais,
mesmo os insetos mais desprezveis, possuem alma imortal
como os seres humanos.
A fim de melhor conhecerem a sua divindade, os
iniciados praticam a ascese, que um costume pago
importado de Babilnia, e passam por um verdadeiro
processo de lavagem cerebral. O devoto no come carne,
peixe e ovos; no toma ch, caf, lcool, no fuma, no toma
droga, no joga e no mantm relaes sexuais fora do
casamento. Na busca da pureza fsica e mental, cantam
interminavelmente o mantra, ao som de pequenos
tambores, repetindo milhares de vezes por dia: Hare-
Krishna, Hae-Krishna...
Tudo, na seita, faz parte de um terrvel processo de
despersonalizao do ser humano, que fica assim reduzido
a uma mquina de rezar ou a um rob de mantras. Os
adeptos assim renascidos adotam um outro nome
(geralmente hindu) ao batizar-se, e renegam os prprios
pais, parentes e amigos mais chegados, considerando-os
simplesmente como mortos ou inexistentes!
luz da Bblia, o movimento Krishna um terrvel
instrumento de Satans para escravizar a criatura
humana, e seu progresso no ocidente se deve admiro
que muitos tm pelos obscurantismos do oriente, de que
acabam sendo vtimas.
A seita Hare-Krishna , tambm, originria de
Babilnia. Disso do testemunho Jeremias, o profeta:
Babilnia era um copo de ouro na mo do Senhor, o qual
embriagava a toda a terra; do seu vinho beberam as naes,
por isso as naes enlouqueceram, (7) e Hislop: Pode-se
provar que a idolatria de toda a terra uma; que o idioma
sagrado de todas as naes radicalmente caldeu; que os
grandes deuses de cada pas e clima so chamados
por nomes babilnicos; e, finalmente, que todos os
paganismos da raa humana no so mais que uma
perversa e intencionada corrupo, porm, muito
instrutiva, ao mesmo tempo, do primitivo evangelho,
anunciado pela primeira vez no den, e transmitido, mais
tarde, por No, a toda a humanidade. O sistema
(paganizado), em estado de incubao, primeiramente em
Babilnia, transportado desde ali at os confins da terra,
se h modificado e desenvolvido em vrios sculos e
pases. Contudo, o mesmo autor conclui em seguida: Na
atualidade, unicamente na Roma Papal que o sistema
babilnico se pode encontrar quase puro e inteiro. (8)
DOIS ELOQENTES TESTEMUNHOS
O Rev. lvaro Reis, para provar a origem babilnica do
culto catlico, relaciona em sua excelente obra mais estes
dois valiosos testemunhos, o primeiro do padre Huc, que
viajou Tartria, Tibet e China: A cruz, a mitra, a
dalmtica, o fluvial ou capa de asperges, que o Gram-
Lama (sumo sacerdote ou papa) veste quando de viagem
ou durante a celebrao de qualquer cerimnia fora do
templo; o servio de coros duplos, a salmodia; os
exorcismos; o turbulo suspenso por cinco correntes, que se
pode abrir e fechar vontade: as bnos pronunciadas;
o rosrio, o celibato; os eclesisticos; o retiro espiritual; o
culto aos santos; os jejuns; as procisses; as liturgias; a
gua benta: - em tudo isto h analogias entre os
budistas e ns. (O grifo nosso).
O segundo testemunho, de James F. Clark, foi extrado
de Ten Great Religions (Dez Grandes Religies):
Monges budistas tomavam ento (200 anos A.C.) como
agora, os mesmos votos do celibato, pobreza e obedincia,
que tomam os membros de todas as ordens romanistas...
Eles raspavam a cabea, vestiam a capa de frade amarrada
cinta com uma corda e mendigavam de casa em casa,
levando consigo uma tigela de madeira para receber
arroz cozido. Os velhos mosteiros da ndia contm
capelas e celas para os monges. A estrutura desses
mosteiros mostra claramente que o sistema monstico dos
budistas muito antigo demais para ser cpia dos
mosteiros dos cristos. (9)
(1) Apocalipse 2.12,13.
(2) John Robert Stevens, Princpios Elementares de
Doutrina, Sepulveda, Cal. EUA, 1959, pg. 46.
(3) Thomaz Moldero, Libertao, Inst. Divulgao
Cultural, S. Paulo, pgs. 125-127.
(4) Jeremias 10.3,4.
(5) Enciclopdia Barsa.
(6) J. R. Stevens, ob. cit., pgs. 46 e 47.
(7) Jeremias 51.7.
(8) lvaro Reis, Mimetismo Catlico, Rio, 1909, pg. 248,
249.
(9) Idem., pgs. 249, 250.
E ao anjo da igreja que est em Prgamo escreve: Isto diz aquele que tem a espada aguda
de dois fios: Eu sei as tuas obras, e onde habitas,
que onde est o trono de Satans, Ap 2.12,13.
Acerca do assunto tratado no captulo anterior,
transcrevemos um interessante artigo publicado, h muitos
anos, num jornal evanglico: (1)
A IGREJA DE PRGAMO E O TRONO DE SATANS
1. A palavra Prgamo significa casamento e esta carta
retrata uma Igreja que est casada com o mundo.
Constantino uniu a Igreja ao Estado, oferecendo toda sorte
de incentivos para que o povo do mundo penetrasse na
Igreja, seu propsito era mais poltico do que religioso, a
idia ento era unir seus sditos pagos e cristos em um
nico povo, e assim consolidar seu Imprio. Este foi o
comeo de uma grande mudana. A Igreja perdeu seu
carter peregrino e casou com o mundo. No era esta a
vontade de Deus nem uma vitria para a cristandade
como alguns nos fariam crer, mas exatamente o contrrio,
a vontade do inimigo e a derrota do cristianismo. F. W.
Childe.
A parbola do Gro de Mostarda servir para trazer
alguma luz sobre este particular perodo da Igreja. Mt.
13.31,32. O reino dos cus no a Igreja, mas a
Cristandade. O p de mostarda uma hortalia e
cultivada por causa da sua semente usada como
condimento. A planta tambm cresce no campo, atingindo
uma altura superior a dois metros. Para se obter os
melhores resultados, a planta deve ser cultivada em uma
horta.
Na parbola, encontramos a semente em um campo (o
mundo) - no em um jardim - onde cresceu em estado
selvagem at que no era mais conhecida como uma
hortalia mas como uma rvore. A semente no era
produzida de acordo com a sua prpria natureza, (uma
humilde hortalia), mas tornara-se uma vaidosa
RVORE, uma monstruosidade, na qual as aves do cu
venham aninhar-se.
Quem so essas aves? So as mesmas aves de rapina
da parbola do Semeador, pois que a mesma palavra
usada, e portanto so agentes do Inquo, o Diabo, Mt
13.4,19. Ento claro que as aves nesta parbola no
representam pessoas convertidas pela pregao do
Evangelho, mas os emissrios de Satans, que no se
aninham nos ramos da rvore para se abrigar mas para
tirar vantagens passageiras e para suj-la com sua
presena.
A rvore de mostarda comeou com 120 crentes que
receberam o Batismo do Esprito Santo no dia de
Pentecoste e continuou a se estender at que os seus ramos
se espalharam por todo o mundo romano. Mas as aves dos
cus, os Ananias e Safiras, os Simes Mgicos, os
Himeneus e Filetos, e outros emissrios de Satans
comearam a aninhar-se nos seus ramos e macular sua
pureza, e quando no ano 324 A. D. o Imperador
Constantino uniu a Igreja ao Estado, milhares e dezenas
de milhares lotaram a Igreja influenciados pela poltica,
pelo lucro e pela moda e se acomodaram debaixo de
sua sombra, aninharam-se nos seus ramos, cevaram-se
com seus frutos e continuaram a faz-lo at o dia de hoje.
2. Durante este perodo da Histria (da Igreja), o
Baalanismo (mundanismo) comeou a ser introduzido na
Igreja; e a doutrina dos Nicolaitas (o domnio do clero
sobre os leigos - o reconhecimento do poder sacerdotal) se
foi ampliando e alcanou fora total com o estabelecimento
do Papado.
3. A histria de Balao se encontra relatada nos
captulos 22 a 25 de Nmeros. A ira de Deus de tal modo se
acendeu contra Israel que 42.000 foram ento destrudos,
Nm. 25.1, 9; 31:15-17; II Pe 2:14-16. O pecado de fornicao
cometido por Israel um tipo do pecado de fornicao
espiritual ou Baalanismo do qual se achou culpado,
quando se uniu ao Estado.
O mtodo de Balao que Constantino empregou foi dar
aos Bispos da igreja certa quantidade de majestosos
edifcios chamados Baslicas, para que os transformassem
em Igrejas e para cuja decorao ele foi generoso no uso do
dinheiro. Tambm forneceu luxuosas vestimentas ao clero
e breve o Bispo se achou coberto de ricas vestes, sentado
sobre um magnfico trono no alto da Baslica, com um altar
de mrmore, adornado com ouro e pedras preciosas,
colocado um pouco abaixo na sua frente. Uma adorao
formal foi introduzida e o carter da pregao foi alterado
para agradar os membros pagos da Igreja e atrair Igreja
os Pagos.
4. Habitas onde est o trono de Satans (verso 13)
tem relao com a transferncia da sede do culto
babilnico da Babilnia para Prgamo, o que se verificou
quando os sacerdotes daquele infame sistema religioso
fugiram dos conquistadores persas. Pelos arquivos da
histria possvel estabelecer uma conexo entre a antiga
Babilnia e a Igreja Romana.
Consideremos a histria da antiga Babilnia ou Babel.
Esta cidade foi fundada por Ninrode, o valente caador, Gn
10:8-10. Aps o dilvio, as foras do mal gravitavam em
torno daquele local e Babel foi o resultado. Depois do
dilvio, este local se tornou a sede da grande Apostasia. A
confuso das lnguas em Babel e a disperso dos
habitantes de Babel deu origem s naes. Gn 11:7,9.
Todavia, as naes no foram espalhadas por sobre a
terra antes que Satans tivesse implantado nelas os
vrus de uma doutrina que tem sido a fonte de toda religio
falsa que o mundo j conheceu (Larkin). Pois foi aqui que
o Culto Babilnico foi inventado por Ninrode e sua
rainha, Semramis, cujo filho ela afirmava haver tido em
estado virginal e a quem ela tambm considerava ser
prometida semente da mulher em cumprimento de
Gnesis 3.15, a primeira promessa do Messias.
O Culto Babilnico era um sistema religioso que
apresentava como seu objetivo de culto o Supremo Pai, a
mulher, ou Rainha do Cu, e o seu Filho. Os dois ltimos
eram realmente os nicos objetos de culto, j que o
Supremo Pai, segundo se dizia, no intervinha nos
assuntos dos mortais.
Nos dias de Ninrode, esse Culto mantinha subjugada
toda a espcie humana, pois todos falavam a mesma lngua
e todos eram um s povo. Da Babilnia ao tempo da
disperso dos povos, foi que esse Culto se espalhou at os
confins da terra e temos conhecimento de que Abrao foi
escolhido por Deus de todas essas naes idlatras para
representar e apresentar o verdadeiro Deus. Atravs
dele Deus pretendia trazer o homem para junto de si.
Depois que as naes foram espalhadas, Gn 1-9,
Babilnia continuou a ser o trono de Satans at que a
cidade foi tomada por Xerxes em 87. A. C. O sacerdcio
babilnico foi ento obrigado a deixar a Babilnia e se
estabeleceu em Prgamo, que passou a ser a sede do culto
por algum tempo. Quando Atallus, o Pontficie e Rei de
Prgamo, morreu em 133 A. C., a sede do sacerdcio
babilnico foi por ele entregue como herana a Roma.
Finalmente, o primeiro Imperador Romano se tornou o
cabea do sacerdcio babilnico e Roma tornou-se a
sucessora de Babilnia. A apostasia babilnica concentrou-
se nos Imperadores Romanos, que continuaram a sustent-
la por 400 anos at 376 A. D., quando o Imperador Graciano,
por motivos cristos a recusou, pois viu que por natureza o
culto babilnico era idlatra.
Dois anos mais tarde, Damasco, Bispo da Igreja
Crist em Roma, foi eleito para o ofcio de Supremo
Pontfice da Ordem ou Culto Babilnico e foi a que Roma
incorporou a Babilnia e o sistema babilnico da religio se
tomou uma parte da Igreja Crist. O Bispo de Roma, que
mais tarde veio a ser o Chefe Supremo da Igreja
Organizada, j era o Supremo Pontfice da Ordem
Babilnica. Aos poucos, a doutrina babilnica e da Roma
pag foi sendo inapelavelmente introduzida no seio da
organizao religiosa crist. Um pouco depois de Damasco
se haver tornado o Supremo Pontfice, os ritos de Babilnia
comearam a se tornar evidentes. O culto da Igreja Romana
se tomou Babilnico, os templos pagos foram restaurados
e adornados e os rituais foram estabelecidos.
As mudanas que se verificaram nas doutrinas e
prticas da Igreja Romana como resultado dessa unio, no
foram repentinas. Entre as primeiras alteraes
decorrentes dessa unio destaca-se a introduo do culto
Virgem Maria, estabelecido em 381 A. D. Assim como no
Culto Babilnico a mulher e o filho eram os grandes objetos
de adorao, no sendo esta prestada ao Supremo Pai, que
no tomava conhecimento dos assuntos humanos, na
Igreja Romana a prestao do culto ao Rei Eterno e
Invisvel est praticamente extinta, enquanto a adorao
de Maria como Me de Deus e seu filho
predominante.
Em 1854 os bispos de todas as partes do mundo cristo
e representantes dos confins da terra, reuniram-se em
Roma e decretaram, com o pretexto de apenas quatro dos
participantes, que Maria, a Me de Deus, havia morrido,
ressurgido dos mortos e elevada ao cu, e por isso deveria
ser doravante adorada como a Imaculada Virgem,
concebida e nascida sem pecado.
(1) Mensageiro da Paz.
Porque h um s Deus, e um s Mediador entre Deus e os homens, Jesus Cristo homem,
I Tm 2.5.
A principal distino existente entre o cristianismo e
paganismo est em que neste os mediadores so muitos,
enquanto naquele h um s Mediador entre Deus e os
homens, Jesus Cristo homem. (1) A mitologia greco-
romana ensinava a existncia de deuses maiores ou
superiores, e deuses menores ou inferiores. Acreditava-se
que os superiores possuam todo o poder e os inferiores,
poderes limitados, servindo de mediadores entre
aqueles e os homens. A caracterstica principal, ento, do
paganismo, era uma enorme quantidade de divindades e
um verdadeiro exrcito de mediadores. A Roma papal
perdeu a distino crist e desceu at ao ponto de chegar
idolatria, pois canonizou uma longa lista de santos e os
constituiu mediadores e advogados entre Deus e os
homens.
Saliente-se que os catlicos romanos no do aos seus
santos o nome de deuses ou semideuses, mas
inegvel o fato de muitos homens e mulheres mortos, cujas
almas, segundo se cr, esto no cu, receberem um
verdadeiro culto religioso semelhante em muitos aspectos
ao da mitologia clssica do imprio romano, por sua vez
herdada do paganismo babilnico. Numa evidente
apostasia, o romanismo atribui a seus santos o mesmo
caracterstico da mediao que o paganismo atribua a
seus semideuses.
OS DEUSES DO PAGANISMO
Entre os pagos, acreditava-se na possibilidade de uma
pessoa ser canonizada se se fizesse notvel por seus feitos,
invenes, conquistas ou qualquer outra grande realizao
beneficiadora do gnero humano, podendo ento servirem
como intermedirias em favor deste junto s divindades
superiores. Os filsofos pagos falam todos neste sentido.
O escritor M. H. Seymour escreveu:
O filsofo Apuleo disse: Os semideuses so
inteligncias intermedirias, por meio das quais nossas
oraes e necessidades chegam ao conhecimento dos
deuses. So mediadores entre os habitantes da terra e os
habitantes do cu, que levam para l as nossas oraes e
trazem para a terra os favores implorados; que vo e
voltam como portadores das splicas dos homens, e dos
auxlios da parte dos deuses, etc. Este era o credo do
paganismo, e em nada, a no ser no nome, difere do credo
do romanismo, no que diz respeito intercesso dos santos.
Quando a igreja romana acha entre os membros de sua
comunho indivduos tidos por piedosos ou ilustres em
razo de certos poderes milagrosos, sustenta que podem
ser canonizados e contados entre os seus santos, como
mediadores entre Deus e os homens; que eles possuem
influncia suficiente para com Deus para obter dele os
favores que solicitou; e que, portanto, so competentes ou
idneos para acolher as nossas oraes e splicas; ou, antes
segundo o declarou o conclio de Trento: Os santos que
reinam juntamente com Cristo rogam a Deus pelos
homens; e bom e til invoc-los humildemente e recorrer
a suas oraes, intercesso e auxlio. O princpio do
romanismo pago e o princpio do romanismo papal so
uma e a mesma coisa, no havendo diferena seno nos
nomes dos objetos de invocao...
Quando se descobriu, depois do estabelecimento do
cristianismo, nos tempos de Constantino (quando o grande
fim almejado pela corte era estabelecer a uniformidade da
religio), que muitos dos pagos se conformariam
exteriormente com o cristianismo se lhes fosse permitido
conservar em particular o culto de suas divindades
tutelares, concedeu-se-lhes permisso para isso, mudando
to somente os nomes de Jpiter em Pedro e o de Juno
em Maria; e assim aconteceu que continuaram a adorar
suas antigas imagens depois de batizadas sob nomes
cristos. Os escritos daqueles tempos tornam evidente o
seguinte: acreditou-se que aquela foi uma medida mui
sbia e um golpe de hbil poltica, e que tendia a produzir
a uniformidade da religio entre as massas ignorantes. A
invocao de Juno se transformou na de Maria, as oraes
dirigidas a Mercrio foram ento dirigidas a Paulo etc. No
podemos compreender como a simples substituio dos
nomes de Mercrio ou Apolo pelos de Damio ou Cosme, ou
a dos nomes de Minerva ou Diana pelos de Lcia ou Ceclia,
possa mudar o carter essencialmente idlatra da prtica.
CRISTIANIZAO DE MITOS
O mesmo autor mostra at onde chegou a sede
romanista de cristianizar mitos pagos:
Em alguns casos nem sequer mudaram os nomes, e
Rmulo e Remo so adorados mesmo na Itlia sob os nomes
modernos de S. Romulo e S. Remigio, fazendo-se acreditar
gente simples que eles foram dois bispos santos. At
mesmo Baco tem quem o adore debaixo do nome
eclesistico de S. Baco! O princpio e a prtica da Roma
papal so idnticos aos da Roma pag; de sorte que todo o
argumento que justifica uma justifica tambm a outra.
Portanto, se o princpio e a prtica da Roma pag
eram idlatras, no sei por que o mesmo princpio e a
mesma prtica na Roma papal no ho de chamar-se
tambm idlatras. (2)
Invoquemos agora o testemunho eloquente de
um grande escritor ingls:
No obstante os avisos repetidos, a Igreja foi-se
desviando pouco a pouco da simplicidade do ensino de
Cristo, devido s influncias a que acabo de aludir, mas
esta corrupo nada foi, comparada com a que proveio
deste outro mal: - a tentativa de harmonizar o
Cristianismo com o Paganismo.
muito natural que tal tentativa no fosse realizada
enquanto as duas religies estavam em conflito; porm,
quando Constantino abraou o Cristianismo e ambas as
religies eram toleradas, aquilo que antes era considerado
impossvel tornou-se praticvel. Apareceram pessoas que,
por motivos talvez bem intencionados mas errados,
apresentaram esta fuso como desejvel.
Agostinho escreve assim: Quando se firmou a paz, a
multido dos gentios (pagos) que estavam ansiosos por
abraar o Cristianismo, foi impedida de o fazer porque
estavam acostumados a passar as festas em embriaguez e
orgia diante dos seus dolos, e no podiam facilmente
abandonar estes perniciosssimos e antigos prazeres.
Pareceu bom, entretanto, aos nossos chefes favorecer
esta parte de fraqueza dos gentios, e substituir estas
festas que tinham de abandonar por outras em honra dos
santos mrtires, que pudessem ser celebradas com alegria
semelhante, embora sem a mesma impiedade.
Uma passagem da Enciclopdia de Fosbroke informa-
nos do mesmo fato com mais detalhes: Os gentios
deleitavam-se nas festas dos seus deuses e no queriam
renunciar a eles. Por isso Gregrio (Taumaturgo), que
faleceu no ano de 265, e que era Bispo do Neocesareia,
instituiu festas anuais para facilitar a sua converso. Foi
assim que as festividades crists substituram as Bacanais
e as Saturnais; os jogos de Maio substituram as Florais
(jogos em honra de Flora) e as festas da Virgem Maria, de
So Joo Baptista e de diversos apstolos, tomaram o lugar
das solenidades que celebravam a entrada do sol nos signos
do Zodaco, de acordo com o velho calendrio Juliano.
Sobre a verdade destas asseres no pode haver a
menor dvida, pois ainda hoje evidente a coincidncia de
algumas festas crists com as festas do Paganismo. (3)
Benjamim Scott, nas notas da obra referida ainda
salienta as cerimnias realizadas em Camberland, na
Esccia e na Irlanda, na vspera de S. Joo, que consistem
em oferecer bolos ao sol, e algumas vezes em passar
crianas pela fumaa de fogueiras; o uso do smbolo druida
do azevinho e agrico pelo natal, e de amndoas na Sexta-
Feira da Paixo e nos pases catlicos o carnaval, que a
Saturnlia dos romanos, realizado pela quaresma, etc....
(1) I Timteo 2.5.
(2) M. H. Seymour, Noites com os Romanistas,
Lisboa, Portugal, pgs. 170-172.
(3) Benjamim Scott, As Catacumbas de Roma,
Porto, Portugal, 1923, pgs. 138 e 139.
Porque Cristo, nossa pscoa, foi sacrificado por ns, I Co 5.7.
Em muitas religies antigas era disseminado o costume
de confeccionar bolos, tortas ou pastis em honra a seus
deuses. Esses alimentos, consumidos nos rituais, traziam
os smbolos ou efgies de suas divindades, sendo a principal
delas a Rainha do Cu.
Conhecida na Babilnia como Isthar, a Rainha do Cu
teve seu culto introduzido em Jerusalm durante o reinado
de Manasss, bisav de Jeoaquim. J era conhecida dos
hebreus muito antes de Manasss, pois eles a encontraram
como uma das principais divindades de Cana, quando
conquistaram este pas. Os fencios a veneravam como
padroeira de Sidon e como protetora de suas embarcaes,
em cuja proa ostentavam a sua efgie, na qual ela
segurava uma coroa em sua mo direita, como
modernamente alguns automveis a traziam sobre o
tampo do radiador.
Flvio Josefo faz referncia a um templo Rainha do
Cu erguido por Hiro, sendo um de seus sacerdotes o pai
da vil Jezabel, esposa de Acabe e responsvel pela terrvel
idolatria que assolou Israel.
O culto Rainha do Cu est referido em vrios lugares
da Bblia, mas especialmente em Jeremias 44.15-19, onde
lemos na verso em italiano de Mons. Cario Marcora,
traduo em portugus do prof. Jacob Penteado: Ento,
todos os homens, que sabiam que suas mulheres
sacrificaram a deuses estrangeiros, e todas as mulheres,
das quais havia uma grande multido, e todo o povo, que
habitava a terra do Egito, em Patros, responderam a
Jeremias: No escutaremos de ti a palavra que nos
disseste, em nome do Senhor, mas faremos segundo'
a palavra que saiu da nossa boca; queimaremos incenso
rainha do cu e lhe ofereceremos libaes,
como fizemos ns e os nossos pais, nas cidades de
Jud e nas ruas de Jerusalm, e fomos ento saciados de
po, tudo nos corria bem e no vimos mal. Mas, desde que
cessamos de sacrificar rainha do cu e de libar-lhe,
tivemos necessidade de tudo, e temos sido exterminados
pela espada e pela fome. Porque, se queimamos incenso
rainha do cu e lhe oferecemos libaes, porventura
fizemos as tortas com a sua imagem ou oferecemos-lhe as
libaes sem o consentimento dos nossos homens?
O verso 19 do texto citado assim traduzido por
Moffat: fizemos bolos sua imagem. Na traduo do
Centro Bblico de So Paulo, lemos: Ofertamos tortas
sua efgie. O mesmo pensamento ocorre na verso inglesa
Authorized Version, e na italiana, de Giovanni Luzzi.
A adorao da Rainha do Cu que, ao final,
vem a ser a mesma Semramis, constitua-se, portanto, do
oferecimento a essa divindade de fumaa sacrificial,
proveniente da queima de resinas, madeiras, especiarias
ou gomas; do derramamento de lico res ou vinhos no lugar
do sacrifcio ou sua frente; do preparo de bolos de
oferenda com a sua imagem ou efgie. Como deusa da
fertilidade, provvel que os bolos oferecidos Rainha do
Cu eram feitos com farinha de trigo das primeiras
colheitas.
***
Mais tarde os imperadores romanos, divinizados pelo
paganismo, adotaram o mesmo critrio para receber o culto
de seus sditos. Conta-se que Trajano, o terrvel inimigo
dos cristos, expediu uma ordem com o fim de eliminar de
seus exrcitos qualquer soldado que professasse o nome de
Cristo. E numa companhia das Glias, composta de cem
homens, o decreto imperial foi recebido pelo comandante
com grande tristeza, pois sabia ele da existncia de grande
nmero de cristos entre as suas fileiras, por sinal os mais
dedicados, valentes e disciplinados. Com pesar ordenou
fosse levantado um altar e em seguida determinou que
cada soldado enchesse sua taa de vinho e a derramasse
diante do altar, em honra ao imperador. Quarenta
legionrios recusaram-se a faz-lo e foram lanados s
geleiras, despidos, para l morrerem.
A noite estava muito fria e ningum, no acampamento,
conseguia conciliar o sono, sentindo a dolorosa ausncia de
seus leais companheiros. O capito levantou-se e se dirigiu
s proximidades do lugar onde pereciam seus soldados, e
ouviu surpreso um cntico: Quarenta soldados lutando por
ti, Cristo, reclamam para ti a vitria e pedem de ti a
coroa. A extrema dedicao daqueles homens ao
seu Deus e o valor que davam sua f impressionara o
chefe militar. Comovido, ele continuou ouvindo aquele
estranho brado de vitria, at que o mesmo mudou-se para:
Trinta e nove soldados lutando por ti, Cristo, reclamam
para ti a vitria e pedem de ti a coroa que um deles
renegara a f, arrastara-se at a fogueira do acampamento
e fora trazido de novo vida. Revoltado com tal atitude e
movido por um mpeto de f no Cristo vitorioso, o capito
despiu-se de sua capa e voluntariamente uniu-se aos seus
valentes soldados nas geleiras. E novamente o
acampamento ouviu o eco da sublime mensagem, agora
com nova nota triunfante: Quarenta soldados lutando por
ti, Cristo, reclamam para ti a vitria e pedem de ti a
coroa. Na manh seguinte jaziam nas geleiras os corpos
dos quarenta legionrios, incluindo-se o do comandante.
Foram fiis at a morte, reclamaram para Cristo a vitria
e receberam dele a coroa. ***
Os romanos faziam tambm, em honra a suas
divindades, bolos de farinha, queijo, mel, azeite e ovos,
derivando-se esse costume dos mistrios babilnicos.
Charles Francis Potter escreveu a respeito dessas prticas
idoltricas:
Que longa linhagem de bolos sagrados atravs
dos tempos, descendentes diretos dos que eram,
ritualmente, cozidos e consumidos em honra a Ashtoreth!
S pensar nos bolos de casamento, com os seus
smbolos de boa sorte. Como devem ser partidos
cuidadosamente e solenemente, e os pedaos colocados sob
os travesseiros para chamar os melhores sonhos! Na
Inglaterra, a camada superior de um bolo de casamento
o bolo de batismo, cuidadosamente aparatado, qual apelo
cristo a Ashtoreth, deusa da fertilidade, para que abenoe
o casal, e faa-o fecundo.
As broas de cruz quentes, a comer-se na Semana
Santa, devem trazer a imagem da cruz...
Ainda mais diretamente de origem pag, so
os bolos Simmel (de farinha de trigo), que trazem a figura
de Cristo ou de sua Me Maria. No preciso ser uma
autoridade no assunto para reconhecer nesse bolo de trigo
com a efgie da Virgem uma verso crist de exatamente as
mesmas preparaes condenadas por Jeremias.
Os bonecos de po de gengibre, ainda hoje
pendurados s rvores de Natal da Nova Inglaterra, talvez
tenham ascendncia muito mais antiga do que poderiam
imaginar os cozinheiros.
Mais notvel porm do que o bolo Simmel ou
os bonecos de po de gengibre - descendente remoto
e por linhagem diversa de mais alto valor espiritual - o
po ou a hstia da comunho ou missa crist.
A gente antiga comia bolos com a forma de suas
divindades, a fim de participar das virtudes do deus ou
deusa em questo. At certo ponto, um modo mais
requintado do que faz o selvagem quando come o corao do
leo para adquirir-lhe a coragem(...)
O culto devoto, um sincero desejo de assemelhar-se ao
deus ideal de sua escolha, esta tem sido, na histria, a
maior fora levantando o homem da lama s estrelas.
Ashtoreth era Isthar, a Rainha do Cu, o planeta Vnus, e
ningum levantar os olhos para o alto s primeiras horas
da noite e ver aquela estrela sem experimentar a maior
alegria.
Quando, porm, a insinceridade e a ignorncia se
infiltraram no culto, transformou-se este numa orgia
desbragada.
E afirma-se que os padres cristos ignorantes da Idade
Mdia, quando apressavam a missa a fim de voltar s suas
amantes, as palavras sagradas Hoc est meus corpus (este
o meu corpo) se converteram em Hocus pocus, frase esta
que, com a sua abreviao hocum, tomou a significao de
uma prtica destinada a produzir determinado
efeito em audincia ignorante. (1)
A PSCOA
Simbolizando a renovao da vida, a volta da
primavera e a ressurreio de Cristo, a pscoa est
presente em todo o mundo, at mesmo onde o cristianismo
no conhecido ou onde as religies pags constituem
grande maioria. Ela j existia muitos sculos antes de
Cristo como uma doutrina originria de Babilnia, ao
mesmo tempo em que era praticada pelo povo de Israel em
comemorao sua sada do Egito, com o sentido de
passagem - no caso a passagem do anjo destruidor ou,
segundo alguns, tambm a passagem pelo Mar Vermelho -
e prefigurava a pessoa de Cristo, que foi sacrificado por
ns, como nossa Pscoa. Nessa noite eu passarei pela
terra do Egito, e matarei a todos os primognitos da terra
do Egito, desde os homens at os animais, e farei
justia sobre todos os deuses do Egito, eu, o Senhor. (2)
Instituda para ser celebrada aos 14 dias do ms de
Abib (ou Nis, conforme o uso babilnico), a pscoa
tipificava a obra expiatria de Cristo no Calvrio, sendo o
cordeiro, ou cabrito, sem defeito e cujos ossos no seriam
quebrados, nem quebrareis osso algum. (3) Como o
Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo, Jesus foi
crucificado exatamente no dia da Pscoa, 14 de Nis
(correspondente provvel ao nosso ms de abril), s
nove horas da manh e expirou s trs horas da tarde,
quando no templo o sacerdote imolava o cordei ro pascal.
A pscoa bblica, portanto, consumou-se em Cristo que
instituiu, como um novo memorial, a sua ceia, na qual o
crente comemora a morte do Senhor at que Ele venha.
No h, em o Novo Testamento, mais lugar para a pscoa
ou outras festividade mosaicas, as quais foram abolidas na
cruz juntamente com outras ordenanas, como sombras
das "coisas futuras, espirituais, pertencentes
dispensao da graa.
A ORIGEM DO OVO DE PSCOA
Estranha ao Novo Testamento, a pscoa moderna tem
por smbolos aceitos em todo o mundo o ovo e o coelhinho.
Com o correr do tempo muitas festas e tradies surgiram
e chegaram at ns, atravs da cultura de muitos povos e
pases diferentes. A palavra easter, em ingls, parece que
vm da deusa anglo-saxnica da primavera, Eostre,
derivada da Isthar babilnica. Outros atribuem sua origem
s festas de Eostur, que celebram a volta da primavera,
tambm uma antiga tradio babilnica.
No Hemisfrio Norte esta festa corresponde ao
princpio da primavera e por isso este dia festejado de
muitas maneiras e de acordo com os mais diferentes ritos
pagos. Muitos sculos atrs os srios, troianos e nrdicos
reuniam-se nos montes, ao amanhecer, a fim de celebrar a
volta do sol da primavera.
O ovo, significando comeo, origem de tudo, abriu o
caminho para outras tradies. Ele est presente na
mitologia antiga, nas religies do oriente, nas tradies
populares e numa grande parte da cristandade. Segundo
alguns, os ovos chegaram ao ocidente vindos do antigo
Egito e, segundo outros, atravs de povos germnicos da
regio do Bltico. Na Idade Mdia os europeus adotaram o
costume chins de enfeitar os ovos, que eram cozidos e
coloridos e davam-se aos amigos na Festa da Primavera,
como lembrana de contnua renovao de vida. Colorir os
ovos se tomou uma arte requintada. Eram cozidos com
tintas vejetais at endurecer. A fruta do tojo fornecia a cor
amarelada e a beterraba o vermelho.
No sculo XVIII a Igreja Catlica Romana adotou
oficialmente o ovo como smbolo da ressurreio de Cristo,
santificando-se destarte um uso originalmente pago, e
pilhas de ovos coloridos comearam a ser benzidas, antes
da distribuio entre os fiis.
O coelho como smbolo da fecundidade apareceu por
volta de 1215, na Frana, derivando-se tambm dos
mistrios babilnicos. Uma mistura de mitologia pag com
a simbologia crist paganizada.
Modernamente, o costume pago de presentear
os amigos, na pscoa, continua, mas no mais com
ovos de galinha, enfeitados, mas sim com ovos de
chocolate. Este apareceu mais ou menos em 1928, quando
esse produto comeou a ser industrializado
em larga escala.
Em 1951 o Papa Pio XII introduziu algumas
modificaes na festa da pscoa, numa tentativa de
restituir-lhe o esplendor religioso, transferindo a missa
que era celebrada no sbado de aleluia - quando se malha
o Judas - para a meia-noite, na passagem para o domingo.
O sbado como preparao para a pscoa, foi chamado de
sbado santo. O romanismo impe ainda aos seus fiis,
como preparativos para a festa, uma srie de ensinamentos
sobre os sacramentos, a partir do ms de novembro.
A Quaresma, atravs da penitncia, considerada de
grande valia no preparo do povo.
Na vigncia da Lei, deveriam os israelitas, ao comer o
cordeiro pascal, volver os pensamentos aos fatos que
culminaram na libertao de seus pais da escravido
egpcia, renovar os votos de fidelidade a Jeov e, tambm,
divisar no porvir os sofrimentos e as glrias do Messias, de
quem Moiss escreveu: O Senhor teu Deus te despertar
um profeta do meio de ti, de teus irmos, como eu; a ele
ouvireis. (4) J na Ceia as contingncias so outras. O
crente traz memria o Cristo na cruz, na dupla condio
de sacerdote e vtima, a derramar o sangue inocente
purificador de todo o pecado. E no somente isso, mas
recolhendo-se do passado, reconsagra sua vida no presente
e dirige-se ao futuro, antegozando o cumprimento destas
palavras consoladoras do prprio Jesus: e digo-vos que,
desde agora, no beberei deste fruto da vide at aquele dia
em que o beba de novo convosco no reino de meu pai. (5)
A CEIA DO SENHOR
No seu duro discurso, registrado no captulo 6 de Joo
Jesus afirma: Quem come a minha carne e bebe o meu
sangue tem a vida eterna; e eu o ressuscitarei no ltimo
dia. Porque a minha carne verdadeiramente comida e o
meu sangue verdadeiramente bebida. Quem come a
minha carne e bebe o meu sangue permanece em mim e eu
nele. (6)
Muitos no puderam suportar estas palavras do
Mestre, por no entend-las, e abandonaram-no.
Aos que ficaram, porm, explicou-lhes Jesus: O
esprito o que vivifica, a carne para nada aproveita: as
palavras que eu vos disse so esprito e vida (7). Recordo-
me de uma experincia contada do plpito por um Obreiro
que tivera uma palestra com um sacerdote catlico-
romano. Este argumentou em defesa da transubstanciao
citando as palavras de Cristo: isto o meu corpo, isto
o meu sangue. (8) O pastor respondeu com est