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XIII SEMINARIO NACIONAL DE GRANDES BARRAGENS
RIO DE JANEIRO
ABRIL 1980
CONTROLE DE SUBPRESSOES E DE VAZOES NA OMBREIRA ESQUERDA DA BARRA-
GEM DE AGUA VERMELHA - ANALISE TRIDIMENSIONAL DE PERCOLACAO PELO MEF
TEMA IV
APARECIDO ALVES FILHOJOAO FRANCISCO ALVES SILVEIRANELIO GAIOTOROBERTO LUIZ PINCA
Engenhei ros da Area de Energia eHidro da PROMON ENGENHARIA S.A.
049
INTRODUQAO
0 aproveitamento hidreletrico de Agua Vermelha , com capacidade
de 1380 MW, esta em fase inicial de operagao pela CESP - Compa
nhia Energetica de Sao Paulo, no Rio Grande , a jusante da Usi-
na de Marimbondo.
A ombreira esquerda da barragem de Agua Vermelha apresenta va
rias interfaces entre derrames basalticos,de elevada permeabi-
lidade, alem de uma camada de lava aglomeratica com permeabili
dade da ordem de 10-' cm/s , que requereram na fase de projeto
estudos detalhados de varias solucoes associando - se dispositi-
vos de vedac ao com outros de drenagem , para o disciplinamento
e controle das aguas de drenagem.
Durante a fase de enchimento do reservatorio dedicou-se espe
cial atengao ao controle de subpressoes, vazoes e materiais s6
lidos carreados pela agua de drenagem , tendo-se atingido uma
estabilizagaao geral das vazoes e subpressoes cerca de 2 meses
apos o reservatorio ter atingido o seu nivel maximo.
A realizagao de uma analise tridimensional de percolag-aao pelo
Metodo dos Elementos Finitos, permitiu a definigao de um mode-
lo da ombreira esquerda que representou quase que perfeitamente
a realidade , tanto em termos de subpressoes quanto de vazoes,e
atraves do qual foi possivel estudar quais os tipos e caracte-
rTsticas dos dispositivos mais eficientes para a redugaao das
atuais vazoes , se essas eventualmente vierem a apresentar al-
guma indicacao de intensificagao ao longo do tempo.
2.
PRINCIPAIS CARACTERISTICAS HIDROGEOTtCNICAS
A ombreira esquerda da barragem de Agua Vermelha a constituida
por uma sucessao de derrames basalticos subhorizontais , compreen
dendo os seguintes tipos litologicos : basalto compacto, basal
to vesTculo - amidaloidal , lava aglomeratica e brecha basilti-
ca arenosa , conforme ilustrado na Fig. 1.
051
0 0M M
00
AAA
SOLO[QAREIA ALUVIONAR
DARGILA E/OUCOLUVIONAR
ESj] LAVA AGLOMERATICA E BRECHABASA'LTICA CALCA'R£A
BRECNA BASALTICA ARENOSA -
VESICULASEPMIGDALASBASALTO VES(C ULO AMIGDALOIDAL
SOLO RESIDUAL OUBASALTO ALTERADO
BASALTO COMPACTO
BASALTO COMPACTO COM
A A A A A
A A A A An n n n n
° A n n
• o . o
• •• o • n o •
• o • o • o •
330A A A A A A A A
A A A A A A A CORTE
340
FIG. . -SEr,AO GEOLOGICA LONGITUDINAL PELO EIXO DA OMBREIRA
ESQUERDA DA BARRAGEM DE A'GUA VER M ELHA.
Entre as estacas 179 e 189 ocorre um capeamento de solo coluvi
onar,sobrejacente a uma camada de solo residual de basalto,com
espessuras maximas de 1,0m e 0,5m, respectivamente. Entre as
estacas 189 e 195 o capeamento de solo coluvionar apresenta es
pessura media de 2,0m, enquanto que entre as estacas 195 e 200
a ocorrencia da camada coluvionar, com matac'oes, a seguida de
uma camada de solo residual com cerca de 2,Om de espessura.
Ensaios de perda d'agua realizados durante a perfuragao de son
dagens rotativas revelaram elevadas perdas entre as elevacoes
nominais 353 e 370m, registrando-se varios trechos com perda
052
d'agua total da bomba ou onde no se conseguiu atingir a pres-
sao maxima especificada nos ensaios. Em varios trechos regis
traram-se coeficientes de permeabilidade entre 10-3 e 10-2 cm/s,
e em alguns trechos foi possivel inferir valores superiores a
10'2cm/s.
Piezometros do tipo "standpipe" instalados na parte mais ele-
vada de ombreira esquerda, na camada de lava aglomeratica, en
tre elevacoes 360 e 368m, revelaram variagoes anuais de nTvel
d'agua do lengol freatico de 6 a 7m. Foi constatado tambem, du
rante o periodo construtivo, que na epoca das chuvas o lencol
freatico aflorava a superflcie do terreno, em uma area situada
a jusante da barragem, em torno da elevacao 359m, estaca 208 +
13m.
3.
SISTEMA DE IMPERMEABILIZACAO E DRENAGEM
Para o controle de percolac`ao pela fundagao da barragem na om-
breira esquerda,projetou-se um sistema constituTdo por uma
trincheira de vedaca'o, prolongada em profundidade por uma cor-
tina de injegaa-o, associado a um sistema de drenagem, atraves de
tapete horizontal e valeta de drenagem, conforme discutido a
seguir.
3. 1
Trincheira de Vedacao
A execuca'o de uma trincheira de vedagao ate a estaca 197, com
base na elevacao 355m, interceptando totalmente a camada de la
va aglomeratica, associada a uma cortina de injecao a partir
da base da trincheira, objetivou assegurar a impermeabilizaca`o
n e s s e trecho de fundagao da barragem. Essa trinchei-
ra foi dotada de uma parede de concreto a montante e de um fil
tro de areia e pedra britada a jusante, para assegurar uma maior
protecao contra um eventual processo de fissuramento hidreuli-
co do macigo argiloso no interior da trincheira.
Entre as estacas 197 e 201, a escavagaa-o da trincheira foi con-
duzida apenas ate a elevacao 372m, objetivando a remocao da ca
053
mada superficial de matacoes, que estava dificultando sobrema
neira as perfuragoes para a real izagao da cortina de injegao
no local.
3.2
Cortina de Injegao
Uma cortina de injegao foi executada ate a elevagao 350m, sen-
do um trecho executado a partir da base da trincheira e outro
estendendo-se a partir do final desta ate a estaca 200 + 10m.
Essa cortina foi realizada segundo tres linhas espagadas de
1,50m entre si, com sistema de perfuragao tipo "split-spacing",
com espagamento inicial entre furos de 12,Om e final de 3,0m.
A injegao foi iniciada com calda 2:1 (agua/solidos), em peso,
com relagao cimento/pozolana de 2:1 e 10% de bentonita adicio
da ao peso total de solido . A seguir utilizou - se calda 1:1 e
3% de bentomita, depois trago 0,7:1 e finalmente 0,5:1, sendo
a relagao cimento/pozolana sempre igual a 2:1.
No trecho da lava aglomeratica, devido as elevadas absorgoes,a
injegao era iniciada com calda 0,7:1 e pressao de 0,5 Hr (altu
ra de referencia da coluna em relagao a base da trincheira)(kg/cm2), ate a absorgao de 2.000 kg de solidos no trecho,quan
do o trago da calda era mudado para 0,5:1 ate uma absorgao ma-
xima de 3.000 kg de solidos no trecho. Quando da ocorrencia
de tal absorgao, a injegao era paralizada por 3 horas, retoman
do-se as injegoes com calda 0,5:1 ate a absorgao de 300 kg de
solidos, a absorgao maxima para a mudanga do trago da calda foi
estabelecida em 600 kg de solidos.
Quando a absorgao da calda em qualquer trecho era inferior a
150 kg de solidos, a press`ao era elevada para 0,7 Hr, ate uma
absorgao de 300 kg no trecho, quando entao, era reduzida para
0,5 Hr, prosseguindo-se entao a injegao. Na linha central a
pressaao chegou a atingir 1,0 Hr, quando apos a absorgao de
1.200 kg de solidos, com calda 0,7:1, o trago era reduzido pa
ra 0,5:1.
054
0 total de solidos injetados atingiu 60,7 toneladas, com as se
guintes absorcoes medias por metro de furo:
linha de montante : 63,1 kg/m.furo
linha de jusante : 40,0 kg/m.furo
linha central : 35,0 kg/m.furo
A execucao de duas sondagens rotativas para a verificacao da
eficiencia dessa cortina revelou, mesmo apos a injecao desse
volume de calda , a ocorrencia de trechos com coeficiente de per
meabilidade de ate 10-3cm/s, entre as cotas 358 e 366, ou seja,
na regiao da camada de lava aglomeratica.
3.3
Trincheira Drenante
Considerou- se na fase de projeto que deviam ser previstas as se
guintes trajetorias das linhas de percolag`ao:
a. Ao redor da cortina de injegao , emergindo a jusante da bar-
ragem nas proximadades do pi do talude de jusante , ou emer-
gindo ja na ombreira em regiao mais afastada do pi da barra
gem.
b. Percolaga'o atraves da cortina de injecao, emergindo a jusan
te, nas mesmas condicoes acima referidas.
Assim, os dispositivos de drenagem considerados em projeto de-
veriam reunir as seguintes condicoes:
a. Captar e controlar a agua que percolasse pela fundagao e ten
desse a emergir nas proximidades do pi do talude de jusante
da barragem.
b. Controlar e dirigir para um local adequado a agua que apos
percolar pela ombreira esquerda no fosse captada pelo sis-
tema de drenagem , de modo que , eventuais problemas devidos
a gradientes de saTda ou de elevagao do lengol freatico,nao
colocassem em risco a seguranga do macigo da barragem.
055
Foram estudadas solugoes atraves de trincheiras e de galerias
drenantes, conjugadas a furos de drenagem , decidindo - se pela
execugao de uma trincheira drenante transversal ao eixo da
barragem, na estaca 191 + l Om, com capaci dade para 4.500 1/min.
4.
A INSTRUMENTACAO DA OMBREIRA ESQUERDA
A ombreira esquerda da barragem de Agua Vermelha foi instrumen
tada com um total de 28 piezometros de fundagao tipo "stand-
pipe" e 4 medidores de nTvel d'agua situados no filtro hori-
zontal.
Durante a fase de enchimento do reservatorio foram programados
e instalados mais 14 piezometros de fundagao , em 7 furos de
sondagem rotativa, visando essencialmente um melhor esclareci
mento das condigoes de percolagao d'agua pela camada de lava
aglomeratica , entre elevagoes 360 e 368m . Foi tambem instala
do, nessa fase, um medido r de nTvel d'agua na trincheira dre-
nante da estaca 191 + 10m, para controlar as condigoes de ope
ragao da mesma.
Para o controle das vazoes de drenagem foram programados ver-
tedores triangulares de vazao nas caixas de coleta dos drenos
das estacas 181 + 08m e 191 + 10m, e previsto o controle de
vazoes em eventuais surgencias d'agua.
Foram ainda instalados na ombreira esquerda medidores de recal
que, na regi 'ao da trincheira de vedagao , e marcos superficiais
para o controle dos deslocamentos do macigo de terra, cujas
analises, entretanto, estao fora do escopo dense trabalho.
5.
PRINCIPAIS OBSERVACOES REALIZADAS DURANTE 0 ENCHIMENTO DO RE-
SERVATORIO
5.1
Observagao de Subpressoes
A resposta dos piezometros de fundagao instalados na ombreira
esquerda foi quase que imediata em relagao ao enchimento do
056
reservatorio. Assim, os piezometros instalados na camada de la
va aglomeratica, entre elevacoes 360 e 368m, comecaram a acusar
elevacao de subpressoes to logo o nivel do reservatorio ultra-
passou esse horizonte. A Fig. 2 apresenta os valores das sub-
pressoes finais observadas nas secoes transversais das estacas
192 + 10, 194 + 10, 197 + 00 e 198 + 00, onde as duas primeiras
localizam-se no trecho da trincheira de vedacao e as dual 61ti-
mas no trecho da cortina de injegao.
Como principais conclusoes da an "alise das leituras piezometri -
cas, ap6s o periodo de enchimento do reservatorio, segue-se que:
a) Nas seg6es transversais pelas estacas 192 + 10 e 194 + 10 m,
observa - se um decrescimo de subpressao de cerca de 14 m.c.a.,
entre as faces de montante e de jusante do "cut-off", o que
evidencia a eficiencia do mesmo no controle da percolagao de
agua nesse trecho da fundagao. E interessante observar que
a jusante da trincheira os gradientes hidraulicos estao in-
dicando um fluxo no sentido de jusante para montante, Como
consequencia do filtro colocado na parede de jusante da trin
cheira , que est"a desta forma atraindo parte do fluxo d'agua
que passa atraves da ombreira (Secoes B e C, Fig. 2).
Nas sego-es das estacas 197 + 05 e 199 + 05 a redugao observa
da de supbressao indica haver certa eficiencia da cortina de
injecao no local (Secoes D e E, Fig. 2).
c) Na segao longitudinal a montante da trincheira observa-se ni
veil piezometricos praticamente identicos para os varios pie
zometros, e apenas 3,0 metros abaixo do nivel d'agua do re-
servatorio.
d) Na segao longitudinal a jusante da trincheira verifica-se va
for maximo das subpressoes na regiao das estacas 199 a 200
(fim do trecho injetado), com um pequeno gradiente no senti-
do do interior da ombreira e um gradiente mais acentuado em
diregao ao dreno da estaca 191 + 10m.(Secao A, Fig. 2).
057
8
VAZAO EST.19I+110 llll
hu
IES
18PZ-7I
ES 1 [F,-, 44 ;Z-4 7&I
l 1
0. 1
--.;
\
^0
,_ .,PZ-51 A' - 1-t-.---i --,' ---•1,_a_
380
370
360
PZ-50 152 I
^PZ 1PZ-5'L S
PLANTA`.360
MEDIDOR DFj VAZAO(ELEV. 359 m.)
A A. A A A A A N A A A
A A A A A A A
A A A A A A •
n k A A A A AA A A A A,A A A A A A A A A A A A .r -
PZ-44^ I i PZ 45
.J A 7tf7 7
PZ-4 6
..°..I•F. ^.^_n non e^^A A `Nr}I A I A A
CUT-OFF StO®A
PZ-5 OS
PZ-501
n PZ-51I PZ-57IP$4 \I •PZ •57S_ --W-
n-53 I ^Pd PZ - 581 PZ•PZ-535 PZ -58S PZ-
200`. " 205
MEDIDOR DEVAZ AOJ CANALETARLEV36m.) _DE DRENAGEM
PZ-51 A
PZ-51S
PZ- 511
CORTINOOE SECTINJ
N.A.383,30
PZ-47S
PI
;- 171Z-48S
Pfz -481 PZ-49Six9 I-
A A A ALS,_^ MA A A AA A A A A A A
CUT-OFF SE A0
PZ-5 2 S
PZ-521
PZ-53S
PZ 531
PZ-54I
PZ-55-S
PZ-55-I
.V
FIG. 2 - PLANTA DE LOCAEAO DOS INSTRUMENTOS E SEcOES PIEZOMETRICASAPOS A FASE DE ENCHIMENTO DO RESERVATORIO.
058
5.2
0bservagao de Vazoes de Drenagem
A caixa de coleta do dreno da estaca 191 + 10m comegou a apre-
sentar vazao a partir de 23.07.79, quando o nTvel do reservato
rio encontrava-se em torno da elevagao 371m, passando a mesma
a ser medida atraves de um vertedor triangular. Apos uma'fase
inicial em que as mesmas aumentaram rapidamente, constatou- se
uma evolug-aao aproximadamente linear em fungaao do nivel d'`agua
do reservatorio, conforme pode ser observado na Fig. 3.
n
4000
CAIXA I
r1--
>'411
350 360 370
ELEVAGAO 00 N.A. (m )
eoo0PL A NTA CHAVE
390
E150
50
CAIXA I
N. A DORESERVATORIO
380
370
360
SURG NCIA 11
350
SURG NCIA I
.^/ 340JUN. JUL.! AGO. SET. OUT NOV. OEZ. JAN. FEV. MAR. ABR. MAI . JUN. JUL AG0 SET. OUT. NOV. DEZ.
1 9 7 8 1 9 79
FIG.3 - VAZOES DE DRENAGEM DURANTE A FASE DE ENCHIMENTO
DO RESERVATdRIO.
A vazaa-o desse dreno estabilizou em torno de 2.300 1/ min, em
maio de 1979, dois meses apos o reservatorio ter atingido o seu
nivel maximo.
059
Quando o nivel do reservatorio estava em torno da elevagao
376,80m, foram detectadas dual surgencias d'agua na ombreira es
querda, localizando-se nas elevagoes aproximadas 366m (estaca
96 + 00) e 359m (estaca 208 + 13). Essas surgencias se caracte
rizaram no inTcio por pequenos veios d'agua localizados ao Lon-
go de um mesmo horizonte, e aflorando nos tortes realizados pa
ra a construgao do sistema viario local.
Decidiu-se, enta`o, pela construgao de valetas superficiais de
drenagem, com profundidade da ordem de 1,0 metro, dotadas de ca
madas de filtro, tubulagao de drenagem e medidor de vazao (ao
longo da surgencia da elevagao 366m).
Na surgencia da elevaga`o 359m foi construTdo um sistema de vale
tas superficiais tambem dotado de vertedor triangular para o
controle de vazoes.
As vazoes maximas observadas nas surgencias da ombreira esquer-
da foram, ate 12.04.79, de 368 1/min e 640 1/min, respectivamen
to para as surgencias das elevagoes 366 a 359m.
5.3
0bservagao de Materiais Solidos Carreados
To logo teve inTcio o aparecimento de vazao na caixa de coleta
do dreno da estaca 191 + 10m, passou-se a controlar o teor de
s6lidos em suspensao na "agua de drenagem, medidos em p.p.m.(par
to por milhao) conforme procedimentos da norma de ensaio ASTM-D
1888-67. Esse controle foi sempre feito coletando-se simultaneamente a aqua
do reservat6rio, na mesma segao do dreno. Esses ensaios revelaram
valores variando geralmente na faixa de 20 a 80 p.p.m., com a
egua do dreno da 191 + 10m apresentando teores de materiais s5-
lidos cerca de 20 p.p.m. inferiores aqueles observados para a
egua do reservatorio. A Fig. 4 apresenta esses resultados, con
juntamente com as indices pluviometricos locais, onde se pode
observar a imediata elevagao do teor de materiais s6lidos da agua
do reservat6rio, por ocasi`ao de chuvas mais intensas, enquanto
que o dreno de 191 + 10m responde a esses acrescimos com uma de
fasagem de cerca de 10 dial.
oho
i
15
0 100
U
LE EN A
DRE O N EST CA I S 1+10
,I r1 J-
- _RES RV TOR 0
^'^n 1 MI
1 ^^1' I I^
4 L i aJ AN.1 FEV. I MAR. I ABR . I MA I. I J UN . I JUL.I AGO.1 SET. 1 0UT. I NOV.) DEZ
1979
FIG.4 - CONTROLE DE MATERIALS SdLIDOS CARREADOS NODRENO DA ESTACA 191 + 10 M.
6.
ENSAIO DE INJETABILIDADE DURANTE A FASE DE ENCHIMENTO DO RESER
VATORIO
Durante a fase de enchimento do reservat6rio foi realizado um
ensaio de injetabilidade de calda de cimento na ombreira esquer
da, para verificar a possibilidade de reforgo e/ou de extensao
da cortina de injegao existente, sob condigoes de fluxo d'"agua
pela ombreira.
Esse ensaio foi realizado quando o nivel d'agua do reservat6 -
rio encontrava-se em torno da elevacaao 373m (10 m abaixo do nT
vel m"aximo normal do reservat6rio), quando a vazao do dreno da
estaca 191 + 10m era de cerca de 1000 1/min. Consistiu na rea
lizagao de sete furos de injeq-aao, realizados segundo o metodo
"split-spacing", com distancia final de l,Om entre furos, a per
furados internamente a cortina de injecao previamente realiza-
da. A injecao foi iniciada com calda 2:1, ate a absorgao maxi
ma de 500 kg de solidos no trecho, quando o trago era mudado
para 1:1, ate uma absorg5o maxima de 500 kg de solidos no tre-
cho; mudando-se entao o trago para 0,5:1, ate a absorgao maxi-
ma de 2000 kg de solidos no trecho, ou ate a recusa.
o61
Temendo-se a possibilidade de lavagem da calda injetada, deci-
diu-se inicialmente pela utilizacao de aditivo acelerador de
pega, que permitia uma redugao do tempo de pega para cerca de
50% do normal. Verificou-se, posteriormente, que nao se fazia
necessaria a utilizag'ao desses aditivos para a obtengao de re-
cusa de calda nos furos testados.
Os resultados desse teste de injegao foram realmente surpreen
dentes, o que pode ser atestado pelos graficos de perda d'agua
especT fi ca e do peso de s61 i dos injetados, para os furos F1, F5, F3,
F6, F2, F4 e F7 (injetados nessa sequencia), conforme ilustra
do na Fig. 5. A quantidade total de s6lidos injetados nesses
sete furos totalizou 11.150 kg, com uma absor4ao media de
72,3 kg/m furo.
Ensaios de perda d'agua realizados em uma sondagem rotativa de
verificagao, perfurada entre os furos de injegao F3 e F4, reve
laram uma perda especTfica maxima de 2,0 1/m.m.atm.
Para os bons resultados desse teste de injegao contribuiram es
sencialmente o espagamento entre furos, que foi de 1,0 m, e a`
pressao de injegao, que atingiu 1,0 kg/cm2 por metro de profun
didade em rocha.
NUMERO DOS FUROS NA SEOUENCIA DE REALIZACAO DOS ENSAIOS
FIG.5 - GRA'FICOS DE ABSORcA0 DE SdLIDOS E DE PERDA EfAGUAESPECIFICA POR FUROS, PARA 0 TESTE DE INJETABILIDADE.
E
Q 0
v E 3-LL
UC
0.Nw "
00 ,
aLL
0 2-Q 0-ao I
w'wCL M
00 F-I F-3 F-3 F-6 F-2 F-4 F-7
062
7.
ANALISE TRIDIMENSIONAL DE PERCOLAcAO PELO METODO DOS ELEMENTOS
FINITOS
7.1
Generalidades e Objetivos do Estudo
Dentre a sequencia de derrames que compoem o macigo da ombrei
ra esquerda da barragem de Aqua Vermelha , a lava aglomeratica
entre as cotas nominais 353,00m e 370 , 00m,apresentou elevadas
perdas espec ! ficas.
Como indicado no item 3, o sistema de impermeabilizagao e dre
nagem da ombreira esquerda constou de trincheira de vedacao,
cortina de injegao, tapete drenante horizontal e trincheira dre
nante transversal ao eixo da barragem situada na estaca 191+10.
Com o enchimento do reservatorio, os resultados da instrumenta
c`ao indicaram no dreno da estaca 191 + 10 vazoes da ordem de
2300 1/ min e surgencias a jusante, ao longo do afloramento da
lava aglomeratica , da ordem de 1000 1/min.
A fim de se obter um melhor conhecimento sobre as condicoes de
percolagao d'agua na regi 'ao da ombreira esquerda foi executado
um estudo tridimensional de percolagao pelo Metodo dos Elemen
tos Finitos. Esse estudo visou principalmente fornecer subs!
dios para orientar sobre a necessidade de medidas adicionais
para o controle de percolacao nessa ombreira.
7.2
Hipoteses adotadas e Modelo Matematico
0 problema de percolacao proposto a sem duvida um caso de flu-
xo no confinado , envolvendo uma superflcie freatica , desde o
nivel d'agua de montante ate os niveis de afloramento observa
dos a jusante.
Considerando- se que a camada efetivamente permeavel e a lava
aglomeratica e que o estudo parametrico, uma das grandes vanta-
gens dos programas de Elementos Finitos, vi ri a a ser extremamen-
063
to onerado com a pesquisa da superficie freatica, foram assumi
das algumas hipoteses sobre a geometria do problema, de maneira
a se evitar a configuragao da superficie freatica e adotada uma
estrategia de calculo de maneira a se cumprir os objetivos pro
postos no estudo.
0 modelo matematico foi composto de varios elementos caracterTs
ticos, a saber:
a) Camada subhorizontal de lava aglomeratica com 5,00m de espes
sura, entre as cotas 358,00m e 363,00m.
b) Camada de solo de alteragao recobrindo a superficie do terre
no a jusante, denominada no estudo de "tampao de jusante", cu
ja espessura adotada foi de 2,50m.
c) Camada de solo de alteragao recobrindo a superficie do terre
no a montante, denominada "tampao de montante ", cuja espessu
ra adotada foi de 2,5m.
d) Cortina de injegao com 6,00m de espessura, executada entre
as estacas 196 + 15,00m e 200 + 10,00m.
e) Dreno de 191 + 10 ,00m com espessura de 4,00m e saida na cota
364,00m a jusante.
f) Na regiao submersa pelo nivel d ' agua de montante , represen-
tou-se tambem, alem do tampao de montante , uma camada de
10m de espessura ate a cota 373,00m, representando o macico
rochoso.
g) Filtro da parede de jusante da trincheira de vedagao com
1,50m de espessura , entre as estacas 191+10,00m e 196 + 15,00m.
Todos os calculos foram executados admitindo-se materiais iso-
tropicos e que o piano inferior do macigo rochoso, na cota
358,00m, constituido por basalto compacto, fosse impermeavel
perante o campo de permeabilidades envolvido no problema.
o64
0 modelo matematico desenvolveu - se atraves de uma area em plan
to de 700m por 600m, abrangendo a ombreira esquerda , e compos
to de 1500 nos e 913 elementos.
Uma vez evitada a possibilidade de ocorrencia do plano freati-
co atraves da disposicao geometrica dos materiais representa-
dos, partiu-se para a adocao de uma estrategia que consistiu
em separar a analise em duas fases. A primeira consistiu em
uma analise parametrica sobre os coeficientes de permeabilida-
de dos varios materiais, de maneira a se conseguir a compatibi
1 i zacao dos resul tados de vazao e de pressao obti dos pelo M.E.F.
com os resultados de vazao e subpressao fornecidos pela instru
mentagao. A compatibilizagdo buscou representar tantos os va
lores em si, quanto a sua distribuicao pelo macico.
Obtida essa compatibilizacao procurou - se, na segunda fase do
estudo, avaliar as influencias dos seguintes fatores:
- inoperancia do dreno da estaca 191 + 10m;
- prolongamento da cortina de injegao existente;
- prolongamento e reforco da cortina de injecao existente, com
base nos res ul tados do ensaio de i n jetabilidade ( vide item 6) ;
- construgao de uma valeta de drenagem a jusante , interceptan
do a camada de lava aglomeratica.
7.3
Resultados Obtidos
A Tabela I indica os coeficientes de permeabilidades finais do
modelo matematico ajustado.
065
TABELA I
MATERIAL k (cm/s ) OBSERVAQDES
lava aglomeratica 10-' espessura de 5 m
tampao de jusante 10-5 solo de alteracao
tampao de montante 5.10' z regi ao submersa
cortina de injegaoexistente
z10 - extensao 75 m
filtro da trincheira 1 espessura 1,50 m
dreno da 191 + 10 3
macigo de montante 10-3 regi'ao submersa
A Tabela II indica os casos estudados a partir do modelo ajustado
TABELA II
CORTINA DE INJECAO
CASO EXTENSAO kDRENO DA
CONDICAO ANALISADA
(m) (cm/s ) 191 + 10,00
01 75 10-2 operante Caso ajustado ( situagao atual)
01-A 75 210- inoperanteInoperancia do dreno da191 + 10
01-B 185 10-2 operante P rolongamento da cortina deinjegao existente
01-C 75 10-3 operanteReforgo da cortina de injegaoexistente
01-D 185 10-3 operante Prolongamento e reforgo da cortina de injegao
01-E 185 10-3 operanteValeta de drenagem a jusante
entre estacas 206 a 215
o66
A Tabela III indica as vaz6es ( Q) obtidas para os casos estuda-
dos, assim como a distribuicao dessas vaz6es na entrada e na sai
da do modelo matematico.
TABELA III
Q entrada (1/min) Q saida ( 1/min)
CASOSTOTAL PELA "CI" PELA "LAVA"
PELO DRENO191 + 10,00
PELA LAVA(SURGENCIAS)
01 3252 1142 2110 2356 896
01-A 810 224 586 - 810
01-B 3158 2114 1044 2288 870
01-C 2861 243 2618 2061 800
01-D 2328 665 1663 1678 650
01-E 3540 798 2742 938 2602
OBS: A vazao total de entrada a indicada na Tabela III de modo
a mostrar a vazao que atravessa a zona injetada ("CI") e
a zona no injetada ("LAVA") da lava aglomeratica.
A mesma distribuica'o a indicada na saida do modelo, de mo
do a mostrar a vazao que sai pelo dreno da 191 + 10 e a
vazao que aflora pela ombreira.
A Tabela IV indica, para todos os casos estudados , o campo de
potencias obtidos pelo M.E.F. comparados com os valores obtidos
pela instrumentacao de margo de 1979.
Para efeito ilustrativo indica-se nas figuras 6 e 7, respectiva
mente, as curvas equipotenciais dos Casos 01 e 01-E , tracadas
no piano da cota 359,25m, no interior da camada de lava aglome-
ratica.
067
TABELA 1-7-RESULTADOS DAS PRESSES MEDIDAS OBTIDAS NAS ANALISES
POSIcAO POTENCIAIS EM METRO DE COLUNA D' AGUAPTO
ESTACA AFAST/o PIEZOMETFtOSMA -0/19 CASO 01 CASO 01-A CASO 01- B CASO 01-C CASO OI-D CASO OI-E
1 60m JUS 367,8 365,5 380,3 365,4 365.2 364,8 364,0lye + 10,00
lOnr2 JUS 366,1 365,5 380,4 365,4 365,1 364,1 364,0
3COnr )US 370,4 368,4 380,4 368,2 367,8 366,8 365,0
4 194 + 10,00 45m JUS 368,9 368,1 380,5 368,0 367,4 366,5 364,9
51Om JUS 366,6 368,1 380,6 368,0 367,3 366,4 364,9
620m JUS 371,7 371 , 7 380,9 371,5 370,3 368,8 366,4
197 + 5,00 25m7MON 379,9 378,9 382%3 378,9 380,4 381,2 380,2
8 135rn JUS 371 ,4 371,9 380,5 371,6 371,3 369, 8 366.2
9 6Onr ..US 373,0 372,8 380,9 372,4 372,0 370,0 366,8199 + 5,00
10 20m JUS 374,7 373,9 381,2 373,5 372,6 370,3 367,3
1125m NON 379,3 377,9 382,1 378, 1 379,0 380 .4 379,2
12 200+10,00 20m JUS 375,3 374,8 381,3 374,2 374,0 371,2 367,8
13 80m JUS 372,3 374,8 381,0 374,4 374,4 372,7 367,9
14204+10,00 20m JUS 375,1 376, 1 381,4 375,6 375,8 373,7 369,4
IS 210 20m JUS 373,2 376,6 381,4 376,4 376,3 375,7 370,7
EIXO DA BARRAGEM
MONTANTE
CgRTIN_Q DEMJiE
FIG. 6 - LINHAS EQUIPOTENCIAIS E VETORES DE VELOCIDADE.
CASO 1 ( ELEV . 359,25 m.)
o69
FI LTon ^' '^ ^^•-CUT- OFF" i N LE A .^ ^.... 371
77• •. I . . , .1 { :. •: -.1 . 1 + \ ... }'
-.:I •:-: -- -• .
1.
I- ..DRENO OA y- ,\ I
, _ 7-UEST. 191+10 _..._'.^_ '^'^ \./ ./ .i•. ^ f _. ._
^.^. /.^i\^^.; /.:^..'.y_ ..:_.I.......^ {....:
-1• ` 364;
i i ~^^: /x`. •' 1 ''^;_` 363:
.60 ' \ 362
VALETA DE
JUSANTEDRENAGEM
FIG.7 - LINHAS EQUIPOTENCIAIS E VETORES DE VELOCIDADE.
CASO O1-E ( ELEV. 359,25 m.)
070
7,4
Conclusoes
Considerando-se os resultados obtidos dos seis modelos teori-
cos analisados e os resultados fornecidos pela instrumentagao,
destacam - se as seguintes conclusoes de interesse:
a) Apesar das simplificagoes introduzidas Para a obtengao do
modelo matematico de percolagao pela ombreira esquerda (Ca
so 01), obteve - se um excelente ajustamento entre os resulta
dos te6ricos e os fornecidos pela instrumentagao , tanto em
termos de vazoes como de subpressoes . Os resultados desse
modelo vieram tambem confirmar os elevados coeficientes de
permeabilidade verificados Para a camada de lava aglomerati
ca (10-' cm / s) e Para a cortina de injegao existente ( 10-2 cm/s) .
b) Os resultados fornecidos pelo Caso 01 - A (inoperancia do dre
no da 191 + 10), em termos de subpressao , foram valiosos pa
ra revelar a importancia que esta desempenhando o dreno da
estaca 191 + 10m nas condigoes de estabilidade do macigo es
querdo, no seu encontro com a ombreira . DaT, a importancia
do controle das condigoes de operagao desse dreno durante
a vida util da obra, com a finali'dade de se evitar qualquer
eventualidade de condigoes anomalas.
c) Os resultados fornecidos pela instrumentagao ate o momento,
revelaram que tanto as vazoes como as subpressoes na ombrei
ra esquerda apresentam -se estabilizadas, desde junho de 1979.
0 reservatorio atingiu o seu n'vel maximo ( NA 383,30m)em mar
go de 1979, apresentando - se praticamente estabi l izado em tor-
no desse nivel desde entao.
Dentro desse panorama , descartou- se a necessidade de qual-
quer medida Para a redugao ou o controle de percolagao d'agua
pela ombreira esquerda, no se descartando, entretanto, a
possibilidade dessas medidas virem a se fazer uteis com o
tempo. Nessa eventualidade , as analises realizadas revela-
ram como medidas mais eficientes as seguintes:
071
- reforgo da cortina de injegao existente e a extensao da
mesma por 185m, reduzindo em cerca de 30% a vazao do dre
no da 191 + lOm e a vazao total na ombreira esquerda;
- a solucao anterior associada a uma valeta de drenagem a
jusante, entre estacas 206 e 215m, que implicaria em um
aumento de 9% na vazao total, mas reduziria em cerca de
60% a vazao pelo dreno da 191 + 10 , com a vazao restante
sendo drenada pela valeta.
AGRADECIMENTOS
Os autores desejam expressar os seus agradecimentos a CESP -
Companhia Energetica de Sao Paulo, pela possibilidade de divul
gagao dessas informagoes e por todo o apoio recebido durante
o desenrolar do projeto, tanto por parte do pessoal da obra
quanto do pessoal dos escritorios de Sao Paulo . Ficam consigna
dos tambem os nossos agradecimentos a PROMON ENGENHAR IA S.A.,
pelo incentivo recebido e pelo apoio colocado a disposigao pa
ra a preparagao desse trabalho.
072
j
SUMARIO
Esse trabalho vem apresentar uma analise do comportamento da om
breira esquerda da Barragem de Agua Vermelha, da CESP - Companhia
Energetica de Sao Paulo, durante a fase do primeiro enchimento
do reservatorio, especialmente no que concerne a observacao de
subpressoes, vazoes e materiais solidos carreados. Nessa ombrei
ra, particularmente devido a presenga de uma camada subhorizon-
tal de lava aglomeratica de elevada permeabilidade, foi admiti-
do na fase de projeto a possibilidade de ocorrencia de surgen
cias d'agua a jusante,na fase de enchimento do reservatorio, as
quais vieram realmente a ocorrer. 0 tratamento das mesmas con-
Sistlu na execuc ao de um sistema de canaletas de drenagem dota
dos de tubos-dreno e filtro, e de caixas de controle de vazao,
que constituiu em uma solucao muito pouco onerosa, quando compa
rada as solucoes estudadas na face de projeto para a eliminagao
de qualquer possibilidade de surgencia.
A realizagao de uma analise tridimensional de percolagao pelo
MEF, possibilitou estudar dentre varias alternativas, envolven-
do cortinas de injecao e valetas de drenagem, quais as mais ade
quadas para uma redugaa-o das vazoes de percolagao, caso essa me-
dida venha a se fazer necessaria algum dia.
As vazoes de drenagem na ombreira esquerda estabilizaram-se em
3.300 1/min em marco de 1979, dois meses apos o reservat6rio ter
atingido o seu nivel maximo. Apesar dessas elevadas vazoes (on
de apenas o dreno da estaca 191 + 10m a responsavel por
2.300 1/ min), nao foi observada , ate entao , qualquer indicacao
de carreamento deleterio de particulas solidas atraves das cama
das mais permeaveis da fundacao.
073