Ação de Indenização Ante Despedida Por Justa Causa, Sob Alegação Inverídica de Crime de Furto Por Parte de Empregada

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EXMO. SR. DR. JUIZ DA .... VARA DO TRABALHO DE ..... ESTADO DO .....

....., brasileiro (a), (estado civil), profissional da rea de ....., portador (a) do CIRG n. ..... e do CPF n. ....., residente e domiciliado (a) na Rua ....., n. ....., Bairro ....., Cidade ....., Estado ....., por intermdio de seu (sua) advogado(a) e bastante procurador(a) (procurao em anexo - doc. 01), com escritrio profissional sito Rua ....., n ....., Bairro ....., Cidade ....., Estado ....., onde recebe notificaes e intimaes, vem mui respeitosamente presena de Vossa Excelncia propor

AO DE REPARAO DE DANOS MORAIS

em face de

....., pessoa jurdica de direito privado, inscrita no CNPJ sob o n. ....., com sede na Rua ....., n. ....., Bairro ......, Cidade ....., Estado ....., CEP ....., representada neste ato por seu (sua) scio(a) gerente Sr. (a). ....., brasileiro (a), (estado civil), profissional da rea de ....., portador (a) do CIRG n ..... e do CPF n. ....., pelos motivos de fato e de direito a seguir aduzidos.

PRELIMINARMENTE

A presente demanda foi submetida Comisso de Conciliao Prvia, de que trata a Lei n 9958/00 ( certido negativa de conciliao anexa - doc .....).

DO MRITO

DOS FATOS

A Autora foi admitida como empregada da R na data de .... de .... de ...., para exercer a funo de "balconista", conforme faz prova cpia de seu Termo de Resciso Contratual de Trabalho, que ora traz aos autos.

Da admisso at o ms de .... de ...., no encontrou dificuldades no relacionamento com a R, prestando seus servios com zlo, dedicao, e, acima de tudo, com extrema honestidade.

Contudo, a partir da data de .... de .... de ...., as proprietrias da empresa R passaram a ter comportamento hostil para com a Autora, em virtude de a empregada ...., aps confessar perante o Delegado de Polcia do .... Distrito Policial de ...., a prtica de diversos furtos na empresa, ter atribudo-lhe, de forma leviana e injusta, a co-autoria dos referidos delitos, (documento juntado).

Assim, passaram as proprietrias da empresa R, a pression-la, com o objetivo de for-la a confessar estar em conluio com a agora ex-funcionria .... na prtica de furtos, ato de improbidade, que no havia realizado e que sequer tinha conhecimento, buscando, dessa forma, aplicar-lhe a amarga sano da dispensa por justa causa. Tal situao perdurou at a data de .... de .... de ...., quando, mesmo com a negativa veemente da Autora em relao participao no ilcito e absoluta ausncia de provas que pudessem incrimin-la, houve a R por dispens-la, por Justa Causa, sob a absurda alegao de prtica de ato de improbidade (Consolidao das Leis do Trabalho, artigo 482, "a").

Inconformada, a Autora ingressou com Reclamao Trabalhista contra a R na data de .... de .... de ...., visando obter a mudana do motivo da dispensa, de "justa causa" para sem justa causa, com o conseqente pagamento das verbas rescisrias cabveis, cujo procedimento tramitou na Junta de Conciliao e Julgamento de ...., sob n .../..., reconhecendo a Justia Especializada, por fim, a no existncia de motivos ensejadores da dispensa por justo motivo, condenando a R ao pagamento das verbas rescisrias, decorrentes de dispensa imotivada, nos termos das cpias de certido de trnsito em julgado e sentena anexas.

Mas no tudo. Foi a Autora submetida investigao policial, atravs da instaurao, pelo Delegado de Polcia do .... Distrito Policial de ...., de Inqurito Policial, para a apurao e elucidao dos fatos, sob o n .../... (documento juntado), que, concluso ao representante do Ministrio Pblico da .... Vara Judicial da Comarca de ...., para eventual incio de processo penal, houve por inocent-la de uma vez por todas, considerando que o "parquet" iniciou ao penal apenas e to-somente contra a ex-empregada ...., (feito n .../..., v.g.), no vislumbrando, assim, qualquer culpa ou participao da Autora.

Destarte, a Autora conseguiu o recebimento das verbas rescisrias cabveis, mas, do procedimento da R, resultaram outros prejuzos, de natureza moral e patrimonial, eis que ao demiti-la sob a pecha de "ladra", ou, em outras falas, ao equipar-la a um pria, "em quem no se pode confiar", atingiu sua dignidade enquanto trabalhadora, sua imagem e honra, submetendo-a a uma situao vexatria perante seus colegas de trabalho, familiares, amigos, vizinhos e toda a sociedade ...., pois ampla foi a divulgao do absurdo constrangimento de que foi vtima, somando-se a isto, o fato de que foi impedida, at a presente data, de alcanar nova colocao no mercado de trabalho (cpia da Carteira de Trabalho anexa), haja vista que toda a vez que solicitavam-lhe informaes sobre o emprego anterior, a informao obtida era de que tinha sido dispensada por justa causa, sob a alegao da j citada "improbidade", pelo que bate s portas do judicirio para ver reparados os danos morais e materiais sofridos.

DO DIREITO

A tutela ao bem jurdico ofendido, "in casu", garantida pelo artigo 5, incisos V, X e XIII da Constituio Federal:

"Artigo 5:(...)V - assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, alm da indenizao por dano material, moral ou imagem;(...)X - So inviolveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenizao pelo dano material ou moral decorrente de sua violao;(...)XIII - livre o exerccio de qualquer trabalho, ofcio ou profisso, atendidas as qualificaes profissionais que a lei estabelecer."

Cite-se tambm o artigo 186 do Cdigo Civil:

"Art. 186. Aquele que, por ao ou omisso voluntria, negligncia, ou imprudncia, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilcito."

Doutrinando a respeito, o insigne Dr. Joo de Lima Teixeira Filho, em artigo publicado na Revista "Trabalho e Doutrina", de setembro de 1996, afirma que:

"... advertido, suspenso ou demitido por acusao que lhe tisne a honra (ex.: prtica de ato de improbidade), lcito ao empregado postular o ressarcimento por dano material (pena aplicada) e a compensao pelo dano moral (acusao infundada). o que tem sido proclamado tanto pela Justia do Trabalho quanto pela Justia Comum ..."

Tambm o grande doutrinador ptrio Dr. Jos de Aguiar Dias, em sua obra "Da Responsabilidade Civil", 9 Edio, Rio de Janeiro, Forense, 1994, v. 2, faz o seguinte comentrio sobre dano moral:

"No o dinheiro nem coisa comercialmente reduzida a dinheiro, mas a dor, o espanto, a emoo, a vergonha, a injria fsica ou moral, em geral uma dolorosa sensao experimentada pela pessoa, atribuda palavra dor o mais largo significado."

J o excelentssimo Desembargador do Tribunal de Justia de So Paulo, Dr. Jos Osrio de Azevedo Jnior, em artigo publicado na Revista do Advogado, n 49 de dezembro de 1996, leciona que:

"O valor da indenizao deve ser razoavelmente expressivo. No deve ser simblico, como j aconteceu em outros tempos (indenizao de um franco). Deve pesar sobre o bolso do ofensor como um fator de desestmulo a fim de que no reincida na ofensa."

Finalmente, a Jurisprudncia Ptria, posiciona-se no sentido de:

"Qualquer agresso dignidade pessoal lesiona a honra, constitui dano moral e por isso indenizvel. Valores como a liberdade, a inteligncia, o trabalho, a honestidade, o carter e tantos outros com sele de perenidade, aceitos pelo homem comum, formam a realidade axiolgica a que todos estamos sujeitos. Ofensa a tais postulados exige compensao indenizatria." (TJSC, 2 Cm. Cv., AC 40.541, Rel. Des. Xavier Vieira, j. 19.10.1993, Dano Moral - Srie Jurisprudncia, adcoas, Rio de janeiro, 1995, p. 156).

"O empregador responde por dano moral causado ao empregado, porquanto a honra e a imagem de qualquer pessoa so inviolveis (art. 5 da Constituio Federal). Esta disposio assume maior relevo no mbito do contrato laboral porque o empregado depende de sua fora de trabalho para sobreviver. 'La indemnizacin tarifada de la Lei de Contrato de Trabajo no excluye una reparacin complementaria que signifique un amparo para el trabajador, cuando es agredido en su personalidad (Santiago Rubinstain)'. A dor moral deixa feridas abertas e latentes que s o tempo, com vagar, cuida de cicatrizar, mesmo assim, sem apagar o registro." (TRT/MG, 2 T., RO 3.608/94, Rel. Juiz Sebastio Geraldo de Oliveira, Revista do TRT/MG, Belo Horizonte, n 53, p. 406).

DOS PEDIDOS

Estando plenamente demonstrado que no caso a R violou direitos personalssimos da Autora, causando-lhe constrangimento no s perante familiares e conhecidos, mas tambm na sociedade em geral, impedindo-a do sagrado direito de trabalhar, considerando que a justa causa aplicada constitui enorme dificuldade na busca de novo emprego e que sua reinsero no mercado de trabalho resta prejudicada at a presente data, causando-lhe prejuzo de inestimvel monta, uma vez que deixou de contribuir com a economia familiar, exatamente por no perceber salrios e consectrios legais, afrontando sua imagem e valores de mulher trabalhadora, lesionando-lhe, destarte, a honra, com conseqncias que, com certeza, vo comprometer sua trajetria profissional, de ser reconhecida a ofensa a tais postulados, com a conseqente compensao indenizatria, pelo que requer:

a) Indenizao por danos morais suportados pela Autora, na quantia equivalente a .... salrios mnimos vigentes, ou R$ .... (....), a fim de minimizar os efeitos dos atos praticados pela R (minimizar, por que no os faz cessar); b) Indenizao por lucros cessantes, representados pelos salrios e consectrios legais (FGTS, 13 salrio e frias + 1/3) do perodo compreendido entre a malfadada dispensa por justa causa (.../.../...) e a data da propositura da presente ao, tendo como base de clculo o ltimo salrio percebido pela Autora - R$ .... (....), acrescidos de juros e correo monetria na forma da lei, no importe de R$ .... (....); c) Juros e correo monetria na forma da lei. REQUERIMENTOS FINAIS

Requer-se ainda:

A condenao da R nas custas, despesas processuais e honorrios advocatcios base de 20% sobre o valor atribudo causa; A citao da empresa R, na pessoa de seu representante legal, para integrar a lide, advertido de que ter que apresentar defesa e produzir provas, no prazo legal, sob pena de revelia e confisso quanto a matria aqui alegada; O depoimento pessoal do representante legal da empresa Requerida, com intimao sob pena de confesso; A inquirio das testemunhas, com pedido de intimao, cujo rol ser ofertado oportunamente, sem prejuzo da produo de outras provas necessrias a verificao dos fatos alegados; Finalmente, requer que seja concedido ao Autor os benefcios da Justia Gratuita, tendo em vista que no conta com recursos para custear a demanda sem prejuzo do prprio sustento, tudo nos termos da Lei n 1.060/50, com as alteraes da Lei n 7.510/86 c/c com a Lei n 7.115/83.

D-se causa o valor de R$ ......

Nesses Termos,Pede Deferimento.

[Local], [dia] de [ms] de [ano].

[Assinatura do Advogado][Nmero de Inscrio na OAB]