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Fontenele & MoraesAdvogados Associados
EXMO (A) SR (O) DOUTOR (A) JUIZ (A) DE DIREITO DA VARA DE
FAMÍLIA DA CAPITAL.
MARCILENE MARIA CARVALHO DA SILVA, brasileira,
paraense, união estável, do lar, portadora da Cédula de Identidade n°
2122672, inscrita no CPF sob o nº 559.031.002-44, residente e domiciliada
nesta cidade na Travessa ANGUSTURA, ED. GUARAPARI, 1402, CEP 66080-
180, Bairro PEDREIRA, vem, por intermédio de seu Advogado que esta
subscreve (mandato em anexo), com habitual respeito à presença de
Vossa Excelência, com fundamento na Carta Constitucional, art. 226, § 3°,
Lei nº 9.278/96, art. 1.703 do Código Civil, propor:
I. AÇÃO DE RECONHECIMENTO DE UNIÃO ESTÁVEL cumulada com
DISSOLUÇÃO DA MESMA e por conseqüência, ALIMENTOS PARA SI E
PARA OS FILHOS MENORES, GUARDA, REGULAMENTAÇÃO DE
VISITAS e PARTILHA DE BENS, em face de:
JOSÉ GUILHERME ALEXANDRE SILVA, brasileiro, paraense,
união estável, empresário, portador da cédula de identidade nº 1566737
Segup-Pa, inscrito no CPF sob o nº 033.344.302-00, residente e
domiciliado no município de Mãe do Rio sito a Rodovia PA-252, nº 654,
HOTEL AMAZÔNIA, bairro Centro, CEP nº 68675-000, pelos motivos que
passa a expor:
II. DA ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA GRATUITA:
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Avenida Pedro Miranda, nº 481, Altos, Sala 02, entre Chaco e Curuzu – Pedreira/Belém–PAE-mail: [email protected] / Fones: (91) 8262-0915 e (91) 8116-7250
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Inicialmente, a requerente declara que no momento, não possui
condições de arcar com custas processuais e honorários advocatícios sem
prejuízo do sustento próprio, bem como de sua família, razão pela qual faz
jus e requer o benefício da gratuidade da justiça, nos termos do artigo 4º
da Lei 1.060/50, com redação introduzida pela Lei 7.510/86.
III. DOS FATOS
A requerente viveu more uxorio com o requerido desde 1988
quando tinha apenas 17(dezessete) anos de idade, portanto mais de
23(vinte e três) anos, frutos deste relacionamento são os menores BRUNO
ALEXANDRE CARVALHO DA SILVA e NAIR ALEXANDRE CARVALHO DA
SILVA, consoante certidões de nascimentos anexadas. No decorrer da
convivência, a requerente, a pedido do requerido, não continuou seus
estudos e nem procurou emprego remunerado, pois aquele dizia não
haver necessidade e que ele podia se sustentar e sustentá-la somente
com seus próprios proventos. No final de 2011, após uma discussão o
requerido saiu do apartamento onde residiam e disse à requerente que
não queria mais continuar viver junto dela e que a mesma poderia
procurar seus direitos.
IV. DA EXISTÊNCIA DE UNIÃO ESTÁVEL
O art. 226, § 3º, da Constituição Federal, ampliou o conceito
tradicional de família ao estabelecer que esta, não é constituída somente
pelo casamento, mas também por uma convivência entre um homem e
uma mulher, de caráter duradouro, público e contínuo, com a finalidade de
constituir família.
Desta feita, atribuiu a mútua assistência em ambos os casos o
que significa dizer, que tanto o casamento, quanto a união estável geram
direitos e obrigações, inclusive obrigação alimentar aos filhos e à
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companheira ou companheiro, caso necessite. Dever este, que decorre da
solidariedade natural que envolve sentimentos familiares.
É o que estabelece o art. 1º da Lei nº 9.278/96, in verbis:
“Art. 1º. É reconhecida como entidade familiar a convivência duradoura, pública e contínua, de um homem e de uma mulher, estabelecida com o objetivo de constituição de família.”
Ora, é inegável que a situação em análise subsume-se,
perfeitamente, ao artigo transcrito, eis que os conviventes mantinham um
relacionamento com ‘animus’ de família, há mais de 23 (vinte e três) anos,
morando sob o mesmo teto, além disso, deste relacionamento, nasceram
dois filhos, os menores supramencionados, o que caracteriza
perfeitamente que os dois juntamente com os filhos possuem a condição
de entidade familiar.
V. DOS ALIMENTOS
A obrigação dos pais de prestarem alimentos aos filhos é norma
cogente inserida na Constituição Federal, quando dispõe no seu art. 227
que:
“Art. 227 – É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança e ao adolescente, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligencia, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão”.
O Código Civil Brasileiro, no artigo 1.703 trata dos alimentos aos
filhos na separação judicial, estabelecendo o que se segue:
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“Art. 1.703 – Para a manutenção dos filhos, os cônjuges separados judicialmente contribuirão na proporção de seus recursos”;
Pelo vocábulo “alimentos”, deve-se entender não apenas os
gêneros alimentícios necessários à subsistência dos alimentados, mas
tudo o mais que se mostrar relevante para a dignidade daqueles. Nisso
incluem-se componentes como saúde, lazer, vestuário, e, por expressa
determinação constitucional e legal a educação.
Após a saída do lar por parte do REQUERIDO, este vem
colaborando com o sustento dos filhos, respeitando com isso, o dever de
assistência que tem em relação a estes, no que pertine a prestação de
alimentos, nos precisos termos da determinação legal, contudo os valores
pagos à título de alimentos não são suficientes para restabelecimento do
status quo ante da dissolução da união estável, ademais estes valores são
pagos ao bem entender do mesmo, deste modo obrigando a requerente a
procurá-lo todo mês para a efetiva prestação obrigacional.
Quanto à requerente, nunca teve um trabalho remunerado, para
ajudar no sustento básico dos filhos, uma vez que, durante a união
estável, e por exigência do requerido, dedicou-se, exclusivamente para os
afazeres domésticos. Atualmente, desfeita a relação, por culpa do
requerido, não dispõe de recurso financeiro, advindo de trabalho
remuneratório. Assim, provado e comprovado que os conviventes
mantiveram uma relação “more uxório”, a mesma tem direitos, inclusive
no que tange aos alimentos. É o que estabelece a Lei 9.278/96:
“Art. 7º. Dissolvida a união estável por rescisão, a assistência material prevista nesta lei será por um dos conviventes ao que dela necessitar, a título de alimentos.” (Grifo nosso).
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Nesse mesmo sentido, a Exma. Desembargadora, ÁUREA
PIMENTEL PEREIRA, in Alimentos no Direito de Família e no direito dos
Companheiros. Doutrina, Jurisprudência e Direito Comparado, p. 142,
escreve a respeito do tema com a seguinte lição:
“A assistência material é o mesmo que a obrigação de sustento, que o legislador quis reconhecer existente entre os conviventes, na constância da união estável, cujo cumprimento, registre-se, há de estar, naturalmente, condicionado às reais necessidades do companheiro privado de recursos para a própria subsistência.”
Da análise do dispositivo supramencionado, e de acordo com as
ricas e inúmeras lições doutrinárias, chega-se à conclusão que o julgador
ao decidir pela pensão alimentícia deve, da mesma forma que em
qualquer questão concernente à alimentos, analisar a situação em que se
encontra o beneficiário, pois este, terá que estar em estado de
necessidade, conforme imposição consagrada no Estatuto Civilista
Brasileiro e na doutrina e jurisprudência majoritária:
“ALIMENTOS. CONCUBINATO”.O dever de prestar alimentos pode surgir como decorrência do concubinato. Recurso conhecido e provido para afastar a sentença de extinção do processo instaurado pela concubina. “(STJ-REsp. 4ª Turma, Rel. Ruy Rosado de Aguiar.)”.
Destarte, diante das circunstâncias é legal e justo, que os
alimentos sejam fixados, em 15 (quinze) salários- mínimos em favor de
seus dois filhos e 5 (cinco) salários-mínimos em favor da requerente,
valores estes que sofrerão reajuste consoante o indexador do mesmo
salário e quando ocorrer esta variação e que tal valor seja depositado
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diretamente no banco Bradesco Agência 0633-5 CC nº 0500745-3 em
nome da representante legal dos alimentandos, até o dia 05 de cada mês,
sob as penas da lei.
VI. DOS ALIMENTOS PROVISÓRIOS.
Destarte, diante da urgência que a situação requer, é legal e
justo, que os alimentos sejam fixados, desde agora, provisoriamente no
valor suso mencionado, a serem convertidos no momento oportuno em
definitivos. E será atualizado segundo índice oficial regularmente
estabelecido (art. 1.710 do CC).
Com relação à cumulação de pedido liminar de fixação de
alimentos provisórios, este encontra fundamento legal no art. 13 da Lei n.
5.478/68 (Lei de Alimentos), in verbis:
“Art. 4º - Ao despachar o pedido, o juiz fixará desde logo alimentos provisórios a serem pagos pelo devedor, salvo se o credor expressamente declarar que deles não necessita”.
Assim sendo, Excelência cumpre salientar, mais uma vez, que a
pretensão da REQUERENTE encontra amparo legal, doutrinário e
jurisprudencial, sendo legítima, necessária e urgente, sob pena de prejuízo
irreparável sob todos os aspectos à sua pequena família, merecendo, pois,
a proteção da tutela jurisdicional do Estado, uma vez que se encontram
presentes os pressupostos processuais do periculum in mora e fumus boni
iuris, autorizadores do deferimento de pedidos liminares.
VII. DA REGULAMENTAÇÃO VISITA DO PAI AOS FILHOS E DA GUARDA EM FAVOR DA MÃE.
Como dito alhures, da união estável, nasceram 02 (dois) filhos,
conforme registro de nascimento em anexo, sendo que estes, sempre
residiram em Belém, portanto estudam e têm outros afazeres na cidade,
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tendo em vista que o requerido reside no município de Mãe do Rio e que
os menores já manifestaram vontade de permanecer sob a guarda da
mãe, esta requer que lhe seja deferida, definitivamente em seu favor.
Entretanto, a requerente não se opõe à visita do Pai aos filhos desde que
seja avisada com antecedência e que o mesmo não entre no seu
apartamento sem sua permissão.
VIII. DOS BENS.
Preleciona o art. 5º da lei 9278/96, in verbis:
Art. 5° Os bens móveis e imóveis adquiridos por um ou por ambos os conviventes, na constância da união estável e a título oneroso, são considerados fruto do trabalho e da colaboração comum, passando a pertencer a ambos, em condomínio e em partes iguais, salvo estipulação contrária em contrato escrito.
In casu, o casal adquiriu na constância da união estável, os bens
imóveis e os bens móveis listados no documento em anexo a esta
exordial, sem prejuízo de outros que a requerente não tem conhecimento.
Atualmente a requerente reside no apartamento situado na Travessa
Angustura, Ed. Guarapari, 1402, Pedreira, CEP 66080-180, Belém-Pa,
motivo pelo qual requer a propriedade de tal imóvel para que este sirva,
definitivamente, de moradia para a mesma e seus filhos.
IX. DO PEDIDO
Assim sendo, restando caracterizada a UNIÃO ESTÁVEL, a
requerente vem pugnar:
a) sejam concedidos à requerente os Benefícios da Justiça Gratuita, haja
vista não ter condições econômicas e/ou financeiras de arcar com as
custas processuais e demais despesas aplicáveis à espécie, honorários
advocatícios, sem prejuízo próprio ou de sua família, nos termos de
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expressa declaração de hipossuficiente, na forma do artigo 4º, da Lei n.
1.060, de 05 de fevereiro de 1950, e art. 1º da Lei nº 7.115/83
b) sejam fixados LIMINARMENTE os alimentos provisórios no percentual
suso mencionado;
c) o reconhecimento, bem como a decretação judicial da dissolução da
união estável.
d) Os alimentos sejam confirmados DEFINITIVAMENTE em favor da
requerente e de seus filhos, bem como a GUARDA DEFINITIVA dos
mesmos em favor da requerente;
e) A regulamentação de visitas com a devida restrição.
f) Que seja feita a partilha dos bens móveis e imóveis listados no
documento anexo à inicial.
g) seja o requerido citado no endereço indicado no preâmbulo desta peça
inicial, para, querendo, responder aos termos da presente demanda no
prazo legal, sob pena de revelia, confissão e demais cominações legais
(CPC art. 285 e art. 319);
h) Seja intimado o douto representante do Ministério Público, para que se
manifeste e acompanhe o feito até o seu final, sob pena de nulidade, ex vi
dos artigos 82, I e II, 84, 246 do Código de Processo Civil;
i) a condenação do requerido ao pagamento das custas e demais
despesas processuais aplicáveis à espécie e honorários advocatícios;
j) sejam deferidos todos os meios de provas em direito admitidos,
inclusive os moralmente legítimos que não estão previstos no Código de
Processo Civil, mas hábeis a provar a verdade dos fatos em que se funda a
presente demanda (CPC, art. 332);
Dá-se a causa o valor de R$ 149.280,00 (cento e quarenta nove
mil, duzentos e oitenta Reais), nos termos do art. 259, inciso II, do digesto
processual civil, para efeitos meramente fiscais.
T. em que
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E. Deferimento.
Belém, 22 de março de 2012.
GUSTAVO FONTENELE BRITO SOARES
OAB/PA 17.152
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