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EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) DOUTOR(A) JUIZ(A) DE DIREITO DO
9º. JUIZADO ESPECIAL CÍVEL E CRIMINAL DA COMARCA DE MACEIÓ,
MARIA JOSÉ DOS SANTOS, brasileira, alagoana, solteira, assistente social,
inscrita no CPF nº 061.602.804-06, RG nº 75.472, residente e domiciliada na Rua João
Barbosa de Souza, nº 07, bairro Farol, Conjunto Lima Júnior, CEP 57.057-365,
Maceió/AL, vem, respeitosamente, perante Vossa Excelência, com fundamento nos
artigos 282 do Código de Processo Civil, 927 e 940 do Código Civil, 42 do Código de
Defesa do Consumidor e demais disposições aplicáveis à espécie, propor a presente
AÇÃO DECLARATÓRIA DE INEXISTÊNCIA DO DÉBITO C/C REPETIÇÃO DE
INDÉBITO E REPARAÇÃO POR DANOS MORAIS
Em face de ACOM COMUNICAÇÕES S/A, pessoa jurídica de direito
privado, inscrita no Cadastro Nacional de Pessoas Jurídicas sob o nº 02.126.673/0004-
60, com sede na Av. Tomás Espíndola, nº 222, sala 07, CEP 57051-000, Farol, nesta
cidade, Estado de Alagoas, e NOVA SKY/MACEIÓ, pessoa jurídica de direito
privado, CNPJ nº 72.820.822/0001-20, com sede na Av. Mendonça Júnior, nº 1100,
CEP 57052-480, Gruta de Lourdes, Maceió/Alagoas, pelos fatos e fundamentos adiante
aduzidos.
DOS FATOS
A Demandante assinou um pacote de serviços com a Empresa JET, através do
contrato de nº 423373, anexo, para o pacote FLEX EXECUTIVO. Observa-se pelas
faturas acostadas que houve a mudança de serviço, passando ao pacote JET TV
DIGITAL, continuando, todavia, a ser cobrada pelo pacote anterior.
Devido à incorporação da demandada pela Empresa SKY BRASIL SERVIÇOS
LTDA., ocorreu a migração para o plano dessa. Sendo assim, a Demandada rescindiu
seus serviços, como se pode observar na documentação anexa, referente a Ordem de
Serviço nº 59459390, onde consta a retirada do equipamento.
Contudo, a Demandante foi surpreendida com a cobrança feita pela Empresa
JET, através da ACOM COMUNICAÇÕES SA, referente a parcelas correspondentes ao
período de 01/08/2011 a 31/01/2012 e 01/05/2012 a 30/06/2012. Inconformada com a
cobrança, posto que as faturas já foram pagas, conforme documentação anexa, a mesma
procurou solucionar de forma pacífica a lide.
Entrando em contato com a Empresa SKY, obteve informação desta de que não
havia qualquer débito em nome da Demandante. Sem a obtenção de sucesso e com a
cobrança de valor indevido, não restou alternativa à Demandante senão a via judicial
para ver solucionado o presente impasse.
DO DIREITO
Trata-se de ação declaratória de inexistência de débito, no qual pretende a
Demandante ver declarado inexistente o débito que a Demandada afirma existir, posto
que a mesma já efetuou as devidas faturas.
Sobre o assunto, preceitua o Código Civil, em seu art. 940, in verbis:
Art. 940. Aquele que demandar por dívida já paga, no todo ou em parte, sem ressalvar as quantias recebidas ou pedir mais do que for devido, ficará obrigado a pagar ao devedor, no primeiro caso, o dobro do que houver cobrado e, no segundo, o equivalente do que dele exigir, salvo se houver prescrição.
Cumpre ressaltar que, numa simples análise das faturas de cobrança enviadas
pela Empresa ora Demandada, observa-se que os valores afirmados como devidos são
descritos como descontos ou estornos, sendo, portanto, créditos da Demandante, não
havendo o porquê de se falar em pagamento, e sim em ressarcimento pelo pago a maior.
Sendo assim, é perceptível o direito da Demandada na restituição em dobro dos
valores pagos e cobrados indevidamente. Corroborando com o supracitado, atenta-se
para o art. 42 do Código de Defesa do Consumidor, que assevera:
Art. 42. Na cobrança de débitos, o consumidor inadimplente não será exposto a ridículo, nem será submetido a qualquer tipo de constrangimento ou ameaça.
Parágrafo único. O consumidor cobrado em quantia indevida tem direito à repetição do indébito, por valor igual ao dobro do que pagou em excesso, acrescido de correção monetária e juros legais, salvo hipótese de engano justificável. (Grifamos)
DO LITISCONSÓRCIO
Faz-se necessário salientar a necessidade do litisconsórcio passivo na presente
demanda.
Vejamos o que dispõe o art. 47 do Código de Processo Civil, in verbis:
Art. 47. Há litisconsórcio necessário, quando, por disposição de lei ou
pela natureza da relação jurídica, o juiz tiver de decidir a lide de modo
uniforme para todas as partes; caso em que a eficácia da sentença
dependerá da citação de todos os litisconsortes no processo.
Extrai-se do artigo supramencionado que o instituto do litisconsórcio será
necessário quando as partes não puderem acordar quanto à sua existência. A natureza da
relação jurídica ou a lei determina que seja formado um litisconsórcio obrigatoriamente,
já que nessas hipóteses o juiz terá que decidir a lide de modo uniforme para todas as
partes.
Observa-se, portanto a necessidade de formação de litisconsórcio, tendo em vista
a incorporação das Empresas, possibilitando à SKY a cobrança de seus débitos, e que a
mesma já informou através de ligação telefônica que não há qualquer dívida a saldar.
DO DANO MORAL
“Havendo dano, produzido injustamente na esfera alheia, surge a necessidade de reparação, como imposição natural da vida em sociedade e, exatamente, para a sua própria existência e o desenvolvimento normal das potencialidades de cada ente personalizado. É que investidas ilícitas ou antijurídicas ou circuito de bens ou de valores alheios perturbam o fluxo tranquilo das relações sociais, exigindo, em contraponto, as reações que o Direito engendra e formula para a restauração do equilíbrio rompido.” (Carlos Alberto Bittar)
O Novo Código Civil Brasileiro expõe de forma objetiva que aquele que
comete ato ilícito e causa dano em outrem responde objetivamente pelos atos
praticados. Logo em seguida, o mesmo diploma legal em seus artigos 186, 187 e 927
trata do ato ilícito praticado por um titular de um direito. Vejamos:
Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.
Art. 187. Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes.
Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo.
Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de culpa, nos casos
especificados em lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem.
Desta forma, de acordo com o texto constitucional não há que se
defender quanto ao prejuízo moral decorrente do procedimento desrespeitoso e pela má
fé do demandado.
DA INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA
Tratando-se de uma relação de consumo, é evidente o direito do Autor à
inversão do ônus da prova, nos termos do art. 6°, VIII, do Código de Defesa do
Consumidor, haja vista a verossimilhança das alegações, demonstrada pelos
documentos em anexo.
De fato, o Autor juntou comprovante do pagamento do débito, bem como
das cobranças indevidas através das faturas, o qual prova a abusividade da cobrança.
No entanto, a demandante não possui meios necessários para demonstrar
a realização das ligações de informação da SKY de que não havia débitos no nome
daquela.
Bem se sabe que o Código de Defesa do Consumidor prevê em seu artigo
6º, inciso III, o direito à informação na relação de consumo, de forma que o prestador de
serviços tem o dever de pormenorizar, inclusive os ricos inerentes ao negócio jurídico.
DOS PEDIDOS
Ex positis, vem o Autor requerer:
a) Que seja invertido o ônus da prova, haja vista se tratar de relação
de consumo, determinando que a empresa demandada forneça as
gravações;
a) Que seja determinada a citação do réu na forma do art. 19, da Lei
nº 9.099/95, para comparecer à audiência pré-designada, a fim de
responder à proposta de conciliação ou querendo e podendo, conteste a
presente peça exordial, sob pena de revelia e de confissão quanto à
matéria de fato, de acordo com o art. 20 da Lei 9.099/95;
b) No mérito , que seja julgada procedente a presente demanda,
declarando-se inexistente o débito do autor junto a ACOM
COMUNICAÇÕES SA, bem como a condenação ao pagamento à
restituição em dobro do valor de R$ 101,05, acrescido de juros legais e
correção monetária, além a condenação ao pagamento do valor
pecuniário a ser arbitrado por Vossa Excelência, a título de reparação
pelos danos morais experimentados;
Protesta por todos meios de prova em direito admitidos, especificamente a
documental.
Dá-se a causa o valor de R$ 678,00 (seiscentos e setenta e oito reais) para efeitos
fiscais.
Nesses termos,
Pede deferimento
Maceió, 26 de setembro de 2013
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MARIA JOSÉ DOS SANTOS
CPF nº 061.602.804-06