23
1 AÇÃO PENAL O que é Ação Penal? Ação Penal é o direito subjetivo público, autônomo e abstrato, que pertence ao Estado-acusação (ministério público), às pessoas físicas ou às pessoas jurídicas. Imagine que alguém pratique uma conduta contra você e, na sua concepção, você ache que essa conduta é criminosa. O que você faria? a) Faria justiça com as próprias mãos. b) Procuraria ver essa pessoa ser punida através do Estado. A essa indagação, só você poderá responder, porque isso muda de pessoa para pessoa, isso é subjetivo. E o que é subjetivo? Segundo o dicionário Houaiss, subjetivo é um adjetivo que significa que pertence ao sujeito pensante e a seu íntimo; pertinente a ou característico de um indivíduo; individual, pessoal, particular. A ação penal é um direito de uma pessoa física, ou de uma pessoa jurídica ou do Estado (exercida através do ministério público). E o que é direito? Nesse sentido significa, segundo o dicionário Houaiss, a prerrogativa legal (para impor a outrem alguma medida, procedimento, etc.) Ex.: o patrão tem direito de despedir por justa causa; autorização legal (para determinadas ações ou atividades). E o que é Direito Público? É o ramo do direito que cuida das relações entre o poder público e as pessoas físicas ou pessoas jurídicas. Ele rege interesses e atividades da coletividade A partir do significado da palavra subjetivo, vamos formar o conceito de Ação Penal. a) É um direito autônomo (ele existe por si só, porque todos nós temos direito de reclamar nossos direitos, independente se temos ou não razão), que não se confunde com o direito material (no caso, é o direito penal, porque descreve as condutas consideradas crimes) que se pretende tutelar; b) um direito abstrato, que é aquele que independe do resultado final do processo; c) um direito subjetivo, pois o titular pode exigir do Estado-Juiz a prestação jurisdicional; d) um direito público, pois a atividade jurisdicional que se pretende provocar é de natureza pública. O Direito Público é, portanto, um direito composto por regras jurídicas que vão disciplinar relações entre sujeitos em posições desiguais, porque em um pólo temos uma pessoa e do outro temos o Estado. Direito público é o ramo do direito que dispõe sobre interesses ou utilidades imediatas da comunidade (direito constitucional ou político, direito

Acao penal

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: Acao penal

1

AÇÃO PENAL

O que é Ação Penal? Ação Penal é o direito subjetivo público, autônomo e

abstrato, que pertence ao Estado-acusação (ministério público), às pessoas

físicas ou às pessoas jurídicas.

Imagine que alguém pratique uma conduta contra você e, na sua concepção,

você ache que essa conduta é criminosa. O que você faria?

a) Faria justiça com as próprias mãos.

b) Procuraria ver essa pessoa ser punida através do Estado.

A essa indagação, só você poderá responder, porque isso muda de pessoa para

pessoa, isso é subjetivo. E o que é subjetivo? Segundo o dicionário Houaiss,

subjetivo é um adjetivo que significa que pertence ao sujeito pensante e a seu

íntimo; pertinente a ou característico de um indivíduo; individual, pessoal,

particular.

A ação penal é um direito de uma pessoa física, ou de uma pessoa jurídica ou do

Estado (exercida através do ministério público). E o que é direito? Nesse sentido

significa, segundo o dicionário Houaiss, a prerrogativa legal (para impor a

outrem alguma medida, procedimento, etc.) Ex.: o patrão tem direito de despedir

por justa causa; autorização legal (para determinadas ações ou atividades). E o

que é Direito Público? É o ramo do direito que cuida das relações entre o poder

público e as pessoas físicas ou pessoas jurídicas. Ele rege interesses e atividades

da coletividade

A partir do significado da palavra subjetivo, vamos formar o conceito de Ação

Penal.

a) É um direito autônomo (ele existe por si só, porque todos nós temos direito de

reclamar nossos direitos, independente se temos ou não razão), que não se

confunde com o direito material (no caso, é o direito penal, porque descreve as

condutas consideradas crimes) que se pretende tutelar;

b) um direito abstrato, que é aquele que independe do resultado final do

processo;

c) um direito subjetivo, pois o titular pode exigir do Estado-Juiz a prestação

jurisdicional;

d) um direito público, pois a atividade jurisdicional que se pretende provocar é

de natureza pública. O Direito Público é, portanto, um direito composto por

regras jurídicas que vão disciplinar relações entre sujeitos em posições desiguais,

porque em um pólo temos uma pessoa e do outro temos o Estado.

Direito público é o ramo do direito que dispõe sobre interesses ou utilidades

imediatas da comunidade (direito constitucional ou político, direito

Page 2: Acao penal

2

administrativo, direito criminal ou penal, direito judiciário ou processual). O

Direito público é a parte do ordenamento jurídico que rege as relações entre o

poder público e as pessoas ou entidades privadas. Regula as relações e os

interesses do Estado entre seus agentes e a coletividade.

É salutar saber a definição de direito penal objetivo e de direito penal subjetivo.

O primeiro é um conjunto de regras ditadas pelo Estado. Estas regras são

impostas a todas as pessoas, indistintamente, sob a ameaça de pena, para aquelas

pessoas que não as obedecer. Um típico exemplo de direito penal objetivo é o

Código Penal. Este código é um conjunto de normas impostas a todas as pessoas.

Ele define algumas condutas como criminosas e, para as pessoas que praticam

condutas que se encaixam perfeitamente nas previstas por ele, há a imposição de

uma pena.

Já o direito penal subjetivo faz menção a quem detém o direito de punir que é

exclusivo do Estado. Este é o jus puniendi, ou seja, o direito de punir.

Quem disciplina a matéria “Ação Penal”? A matéria Ação Penal é disciplinada

pela Constituição Federal, pelo Código de Processo Penal e pelo Código Penal.

DIREITO PENAL OBJETIVO

DIREITO PENAL SUBJETIVO

Page 3: Acao penal

3

Observação: Em se tratando de prazos para o encerramento do inquérito policial,

pairam dúvidas. Alguns autores dizem que é um prazo Processual Penal, outros

dizem que é um prazo Penal. Mais adiante veremos esse assunto mais

detalhadamente.

Na Constituição Federal, encontraremos esse assunto disciplinado nos arts. 5º,

incisos XXXV e LIX, e 129, inciso I.

ART. 5º DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL inciso XXXV - a lei não excluirá da

apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito;

LIX - será admitida ação privada nos crimes de ação pública, se esta não for

intentada no prazo legal;

Art. 129. São funções institucionais do Ministério Público:

I - promover, privativamente, a ação penal pública, na forma da lei;

Já no Código de Processo Penal este assunto está disciplinado do artigo 24 ao

artigo 62.

.

TÍTULO III

DA AÇÃO PENAL

Art. 24. Nos crimes de ação pública, esta será promovida por denúncia do

Ministério Público, mas dependerá, quando a lei o exigir, de requisição do

Ministro da Justiça, ou de representação do ofendido ou de quem tiver qualidade

para representá-lo.

§ 1o No caso de morte do ofendido ou quando declarado ausente por

decisão judicial, o direito de representação passará ao cônjuge, ascendente,

descendente ou irmão.

§ 2o Seja qual for o crime, quando praticado em detrimento do patrimônio

ou interesse da União, Estado e Município, a ação penal será pública.

Art. 25. A representação será irretratável, depois de oferecida (grifei) a

denúncia.

Art. 26. A ação penal, nas contravenções, será iniciada com o auto de

prisão em flagrante ou por meio de portaria expedida pela autoridade judiciária

ou policial.

Page 4: Acao penal

4

Art. 27. Qualquer pessoa do povo poderá provocar a iniciativa do

Ministério Público, nos casos em que caiba a ação pública, fornecendo-lhe, por

escrito, informações sobre o fato e a autoria e indicando o tempo, o lugar e os

elementos de convicção.

Art. 28. Se o órgão do Ministério Público, ao invés de apresentar a

denúncia, requerer o arquivamento do inquérito policial ou de quaisquer peças

de informação, o juiz, no caso de considerar improcedentes as razões invocadas,

fará remessa do inquérito ou peças de informação ao procurador-geral, e este

oferecerá a denúncia, designará outro órgão do Ministério Público para oferecê-

la, ou insistirá no pedido de arquivamento, ao qual só então estará o juiz

obrigado a atender.

Art. 29. Será admitida ação privada nos crimes de ação pública, se esta não

for intentada no prazo legal, cabendo ao Ministério Público aditar a queixa,

repudiá-la e oferecer denúncia substitutiva, intervir em todos os termos do

processo, fornecer elementos de prova, interpor recurso e, a todo tempo, no caso

de negligência do querelante, retomar a ação como parte principal.

Art. 30. Ao ofendido ou a quem tenha qualidade para representá-lo caberá

intentar a ação privada.

Art. 31. No caso de morte do ofendido ou quando declarado ausente por

decisão judicial, o direito de oferecer queixa ou prosseguir na ação passará ao

cônjuge, ascendente, descendente ou irmão.

Art. 32. Nos crimes de ação privada, o juiz, a requerimento da parte que

comprovar a sua pobreza, nomeará advogado para promover a ação penal.

§ 1o Considerar-se-á pobre a pessoa que não puder prover às despesas do

processo, sem privar-se dos recursos indispensáveis ao próprio sustento ou da

família.

§ 2o Será prova suficiente de pobreza o atestado da autoridade policial em

cuja circunscrição residir o ofendido.

Art. 33. Se o ofendido for menor de 18 (dezoito) anos, ou mentalmente

enfermo, ou retardado mental, e não tiver representante legal, ou colidirem os

interesses deste com os daquele, o direito de queixa poderá ser exercido por

curador especial, nomeado, de ofício ou a requerimento do Ministério Público,

pelo juiz competente para o processo penal.

Page 5: Acao penal

5

Art. 34. Se o ofendido for menor de 21 (vinte e um) e maior de 18

(dezoito) anos, o direito de queixa poderá ser exercido por ele ou por seu

representante legal.

Art. 35. (Revogado pela Lei nº 9.520, de 27.11.1997)

Art. 36. Se comparecer mais de uma pessoa com direito de queixa, terá

preferência o cônjuge, e, em seguida, o parente mais próximo na ordem de

enumeração constante do art. 31, podendo, entretanto, qualquer delas prosseguir

na ação, caso o querelante desista da instância ou a abandone.

Art. 37. As fundações, associações ou sociedades legalmente constituídas

poderão exercer a ação penal, devendo ser representadas por quem os

respectivos contratos ou estatutos designarem ou, no silêncio destes, pelos seus

diretores ou sócios-gerentes.

Art. 38. Salvo disposição em contrário, o ofendido, ou seu representante

legal, decairá no direito de queixa ou de representação, se não o exercer dentro

do prazo de seis meses, contado do dia em que vier a saber quem é o autor do

crime, ou, no caso do art. 29, do dia em que se esgotar o prazo para o

oferecimento da denúncia.

Parágrafo único. Verificar-se-á a decadência do direito de queixa ou

representação, dentro do mesmo prazo, nos casos dos arts. 24, parágrafo único, e

31.

Art. 39. O direito de representação poderá ser exercido, pessoalmente ou

por procurador com poderes especiais, mediante declaração, escrita ou oral, feita

ao juiz, ao órgão do Ministério Público, ou à autoridade policial.

§ 1o A representação feita oralmente ou por escrito, sem assinatura

devidamente autenticada do ofendido, de seu representante legal ou procurador,

será reduzida a termo, perante o juiz ou autoridade policial, presente o órgão do

Ministério Público, quando a este houver sido dirigida.

§ 2o A representação conterá todas as informações que possam servir à

apuração do fato e da autoria.

§ 3o Oferecida ou reduzida a termo a representação, a autoridade policial

procederá a inquérito, ou, não sendo competente, remetê-lo-á à autoridade que o

for.

Page 6: Acao penal

6

§ 4o A representação, quando feita ao juiz ou perante este reduzida a

termo, será remetida à autoridade policial para que esta proceda a inquérito.

§ 5o O órgão do Ministério Público dispensará o inquérito, se com a

representação forem oferecidos elementos que o habilitem a promover a ação

penal, e, neste caso, oferecerá a denúncia no prazo de quinze dias.

Art. 40. Quando, em autos ou papéis de que conhecerem, os juízes ou

tribunais verificarem a existência de crime de ação pública, remeterão ao

Ministério Público as cópias e os documentos necessários ao oferecimento da

denúncia.

Art. 41. A denúncia ou queixa conterá a exposição do fato criminoso, com

todas as suas circunstâncias, a qualificação do acusado ou esclarecimentos pelos

quais se possa identificá-lo, a classificação do crime e, quando necessário, o rol

das testemunhas.

Art. 42. O Ministério Público não poderá desistir da ação penal.

Art. 43. (Revogado pela Lei nº 11.719, de 2008).

Art. 44. A queixa poderá ser dada por procurador com poderes especiais,

devendo constar do instrumento do mandato o nome do querelante (aqui existe

um equívoco, na verdade é o nome do querelado) e a menção do fato criminoso,

salvo quando tais esclarecimentos dependerem de diligências que devem ser

previamente requeridas no juízo criminal.

Art. 45. A queixa, ainda quando a ação penal for privativa do ofendido,

poderá ser aditada pelo Ministério Público, a quem caberá intervir em todos os

termos subseqüentes do processo.

Art. 46. O prazo para oferecimento da denúncia, estando o réu preso, será

de 5 dias, contado da data em que o órgão do Ministério Público receber os autos

do inquérito policial, e de 15 dias, se o réu estiver solto ou afiançado. No último

caso, se houver devolução do inquérito à autoridade policial (art. 16), contar-se-á

o prazo da data em que o órgão do Ministério Público receber novamente os

autos.

§ 1º. Quando o Ministério Público dispensar o inquérito policial, o prazo

para o oferecimento da denúncia contar-se-á da data em que tiver recebido as

peças de informações ou a representação.

Page 7: Acao penal

7

§ 2o O prazo para o aditamento da queixa será de 3 dias, contado da data

em que o órgão do Ministério Público receber os autos, e, se este não se

pronunciar dentro do tríduo, entender-se-á que não tem o que aditar,

prosseguindo-se nos demais termos do processo.

Art. 47. Se o Ministério Público julgar necessários maiores esclarecimentos

e documentos complementares ou novos elementos de convicção, deverá

requisitá-los, diretamente, de quaisquer autoridades ou funcionários que devam

ou possam fornecê-los.

Art. 48. A queixa contra qualquer dos autores do crime obrigará ao

processo de todos, e o Ministério Público velará pela sua indivisibilidade.

Art. 49. A renúncia ao exercício do direito de queixa, em relação a um dos

autores do crime, a todos se estenderá.

Art. 50. A renúncia expressa constará de declaração assinada pelo

ofendido, por seu representante legal ou procurador com poderes especiais.

Parágrafo único. A renúncia do representante legal do menor que houver

completado 18 (dezoito) anos não privará este do direito de queixa, nem a

renúncia do último excluirá o direito do primeiro.

Art. 51. O perdão concedido a um dos querelados aproveitará a todos, sem

que produza, todavia, efeito em relação ao que o recusar.

Art. 52. Se o querelante for menor de 21 e maior de 18 anos, o direito de

perdão poderá ser exercido por ele ou por seu representante legal, mas o perdão

concedido por um, havendo oposição do outro, não produzirá efeito.

Obs: De acordo com as inovações trazidas no Código Civil (Lei. 10.406/2002) o

maior de 18 anos não terá representante legal. Neste caso, o perdão só poderá ser

exercido pelo querelante.

Art. 53. Se o querelado for mentalmente enfermo ou retardado mental e

não tiver representante legal, ou colidirem os interesses deste com os do

querelado, a aceitação do perdão caberá ao curador que o juiz Ihe nomear.

Art. 54. Se o querelado for menor de 21 anos, observar-se-á, quanto à

aceitação do perdão, o disposto no art. 52. Obs: Segue a regra da observação

supra citada.

Art. 55. O perdão poderá ser aceito por procurador com poderes especiais.

Page 8: Acao penal

8

Art. 56. Aplicar-se-á ao perdão extraprocessual expresso o disposto no art.

50.

Art. 57. A renúncia tácita e o perdão tácito admitirão todos os meios de

prova.

Art. 58. Concedido o perdão, mediante declaração expressa nos autos, o

querelado será intimado a dizer, dentro de três dias, se o aceita, devendo, ao

mesmo tempo, ser cientificado de que o seu silêncio importará aceitação.

Parágrafo único. Aceito o perdão, o juiz julgará extinta a punibilidade.

Art. 59. A aceitação do perdão fora do processo constará de declaração

assinada pelo querelado, por seu representante legal ou procurador com poderes

especiais.

Art. 60. Nos casos em que somente se procede mediante queixa,

considerar-se-á perempta a ação penal:

I - quando, iniciada esta, o querelante deixar de promover o andamento do

processo durante 30 dias seguidos;

II - quando, falecendo o querelante, ou sobrevindo sua incapacidade, não

comparecer em juízo, para prosseguir no processo, dentro do prazo de 60

(sessenta) dias, qualquer das pessoas a quem couber fazê-lo, ressalvado o

disposto no art. 36;

III - quando o querelante deixar de comparecer, sem motivo justificado, a

qualquer ato do processo a que deva estar presente, ou deixar de formular o

pedido de condenação nas alegações finais;

IV - quando, sendo o querelante pessoa jurídica, esta se extinguir sem

deixar sucessor.

Art. 61. Em qualquer fase do processo, o juiz, se reconhecer extinta a

punibilidade, deverá declará-lo de ofício.

Parágrafo único. No caso de requerimento do Ministério Público, do

querelante ou do réu, o juiz mandará autuá-lo em apartado, ouvirá a parte

contrária e, se o julgar conveniente, concederá o prazo de cinco dias para a

prova, proferindo a decisão dentro de cinco dias ou reservando-se para apreciar a

matéria na sentença final.

Page 9: Acao penal

9

Art. 62. No caso de morte do acusado, o juiz somente à vista da certidão de

óbito, e depois de ouvido o Ministério Público, declarará extinta a punibilidade.

Já no Código Penal a matéria vem disciplinada do artigo 100 ao artigo 103.

TÍTULO VII

DA AÇÃO PENAL

Ação pública e de iniciativa privada

Art. 100 - A ação penal é pública, salvo quando a lei expressamente a declara

privativa do ofendido.

§ 1º - A ação pública é promovida pelo Ministério Público, dependendo,

quando a lei o exige, de representação do ofendido ou de requisição do Ministro

da Justiça.

§ 2º - A ação de iniciativa privada é promovida mediante queixa do

ofendido ou de quem tenha qualidade para representá-lo.

§ 3º - A ação de iniciativa privada pode intentar-se nos crimes de ação

pública, se o Ministério Público não oferece denúncia no prazo legal.

§ 4º - No caso de morte do ofendido ou de ter sido declarado ausente por

decisão judicial, o direito de oferecer queixa ou de prosseguir na ação passa ao

cônjuge, ascendente, descendente ou irmão.

A ação penal no crime complexo

Art. 101 - Quando a lei considera como elemento ou circunstâncias do tipo

legal fatos que, por si mesmos, constituem crimes, cabe ação pública em relação

àquele, desde que, em relação a qualquer destes, se deva proceder por iniciativa

do Ministério Público

Irretratabilidade da representação

Art. 102 - A representação será irretratável depois de oferecida (grifei) a

denúncia.

Decadência do direito de queixa ou de representação

Art. 103 - Salvo disposição expressa em contrário, o ofendido decai do

direito de queixa ou de representação se não o exerce dentro do prazo de 6 (seis)

meses, contado do dia em que veio a saber quem é o autor do crime, ou, no caso

Page 10: Acao penal

10

do § 3º do art. 100 deste Código, do dia em que se esgota o prazo para

oferecimento da denúncia.

NOTITIA CRIMINIS

É comum ouvirmos todos dizerem que a delegacia de polícia é o lugar

competente para receber a queixa. Na verdade, a delegacia de polícia é o lugar

competente, ou seja, é o órgão público que tem a atribuição de receber a noticia

crime, que em latim é notitia (pronuncia-se noticia, com a sílaba tônica na sílaba

ci) criminis. Essa notícia do crime ou comunicação de algum fato supostamente

tido como crime pode acontecer de duas formas, ou seja, ela pode ser uma notitia

criminis indireta ou direta.

INDIRETA – quando a vítima comunica o fato à autoridade policial. Também é

considerada de indireta quando o promotor ou o juiz requisita a atuação da

autoridade policial.

Alguns consideram a prisão em flagrante como notitia criminis indireta; outros

consideram ser essa uma forma coercitiva.

DIRETA – acontece quando a autoridade policial descobre um fato criminoso,

através de qualquer tipo investigação policial.

REQUISIÇÃO

Art. 24. Nos crimes de ação pública, esta será promovida por denúncia do

Ministério Público, mas dependerá, quando a lei o exigir, de requisição do

Ministro da Justiça, ou de representação do ofendido ou de quem tiver qualidade

para representá-lo.

Quem pode requisitar? Falando de uma maneira ampla, o juiz ou o Ministério

Público podem requisitar ao delegado de polícia o que julguem necessário. Essa

requisição é uma exigência, mas não é uma ordem. E se ela for ilegal? Não

estará a autoridade policial obrigada a cumpri-la. Nesse caso o delegado deverá

responder à requisição, expondo os motivos pelos quais ele não poderá dar início

ao inquérito policial. Mas, em relação à ação pública condicionada, essa

requisição só pode ser feita pelo ministro da justiça.

REQUERIMENTO ≠ REQUISIÇÃO

Page 11: Acao penal

11

REQUERIMENTO = Segundo o dicionário Houaiss: é ato ou efeito de pedir por

meio de petição por escrito, segundo as formalidades legais. Este requerimento

pode ser indeferido ou não. Ele é feito pelo particular.

REQUISIÇÃO = É sinônimo de uma exigência feita por autoridade competente.

Porém é uma exigência dentro dos ditames da lei. É uma exigência legal. Ela não

pode ser indeferida.

REPRESENTAÇÃO

É a exposição de um fato criminoso pela vítima, e o requerimento para que o

Estado puna o responsável. Também chamada de delatio criminis (denunciação

um crime) postulatória (expor e requerer (algo) em juízo, segundo o dicionário

Houaiss).

Quando ela pode acontecer? Só acontece nas AÇÕES PÚBLICAS

CONDICIONADAS, e sempre vem escrito em algum artigo ou parágrafo. Ela dá

azo para que o Ministério Público atue.

AÇÃO PENAL PÚBLICA E AÇÃO PENAL DE INICIATIVA PRIVADA

AÇÃO PENAL PÚBLICA

INCONDICIONADA MINISTÉRIO PÚBLICO

AÇÃO PENAL

PÚBLICA

CONDICIONADA

REQUISIÇÃO DO MINISTRO DA JUSTIÇA

REPRESENTAÇÃO DO OFENDIDO OU DE QUEM

TENHA QUALIDADE PARA REPRESENTÁ-LO

AÇÃO PÚBLICA INCONDICIONADA

Não precisa de CONDIÇÃO para ser iniciada. O Ministério Público é o seu titular.

TODA AÇÃO PENAL É PÚBLICA. A INICIATIVA DA AÇÃO PENAL É QUE

PODE SER ATRIBUÍDA A UMA PESSOA, ASSIM ELA É PRIVADA; OU

ATRIBUÍDA AO MINISTÉRIO PÚBLICO, TORNANDO-A PÚBLICA.

Page 12: Acao penal

12

CONDIÇÃO: Segundo o Dicionário Houaiss, antecedente necessário sem o qual

algo não ocorre.

Quando o Estado atribui a titularidade da ação para o particular, não significa

que delegou ao mesmo o direito de punir. O direito de punir sempre pertencerá

ao Estado, evitando assim a justiça privada. O Estado é apenas substituído pelo

particular no tocante à titularidade. Porque há casos onde o interesse particular

se sobrepuja ao direito do Estado. Se não é tão importante para o particular que

foi vítima do crime, não o será para o Estado.

AÇÃO PENAL EM CRIME COMPLEXO

O que é um CRIME COMPLEXO? É aquele que é composto por dois ou mais

tipos penais. É como se dentro de um só artigo de uma lei penal estivessem

inseridos dois ou mais artigos da mesma lei. Dou como exemplo o crime de

roubo, art. 157 do Código Penal: Subtrair para si ou para outrem coisa alheia

móvel sob violência ou grava ameaça. Temos no roubo a figura do furto –

subtrair para si ou para outrem coisa alheia móvel – e as figuras da ameaça e da

lesão corporal causada pela violência.

Para sabermos se a ação penal é privada ou pública devemos observar o que diz

o art. 101 do Código Penal: “Quando um dos elementos ou circunstâncias do

AÇÃO PENAL

PRIVADA

QUEIXA DO OFENDIDO OU DE

QUEM TENHA QUALIDADE

PARA REPRESENTÁ-LO.

QUEIXA SUBSTITUTIVA, QUANDO HÁ

INÉRCIA DO MINISTÉRIO PÚBLICO

(SUBSIDIÁRIA DA PÚBLICA)

ATENÇÃO: SE O OFENDIDO MORRER OU SER FOR DECLARADO AUSENTE, O

DIREITO DE QUEIXA PASSA PARA O C – A – D – I (CÔNJUGE, ASCENDENTE,

DESCENTENTE OU IRMÃO).

A REQUISIÇÃO acontece em DOIS casos:

1 - crimes contra a honra do Presidente da República ou chefe de governo

estrangeiro;

2 – crimes praticados no estrangeiro contra brasileiros.

Page 13: Acao penal

13

crime constituir delito autônomo, pelo qual cabe ação penal pública

incondicionada, caberá esta também para o crime complexo.”

1- ESTUPRO DE VULNERÁVEL E DE MENOR DE 18 (DEZOITO) ANOS.

É crime de ação PÚBLICA INCONDICIONADA.

2 – ESTUPRO DE MAIORES DE 18 (DEZOITO) ANOS COM LESÃO

CORPORAL GRAVE OU MORTE.

É crime de ação PÚBLICA INCONDICIONADA. Porque os crimes de lesão

corporal grave e o homicídio são crimes de ação pública incondicionada, mesmo

o crime de estupro (de maior de 18 anos, não sendo vulnerável) sendo de ação

pública condicionada á representação da vítima.

Por que a ação pública incondicionada ou condicionada se transforma em

privada subsidiária da pública? (art. 29 do cpp e art. 5º, inciso lix da cf).

Art. 29. Será admitida ação privada nos crimes de ação pública, se esta não

for intentada no prazo legal, cabendo ao Ministério Público aditar a queixa,

repudiá-la e oferecer denúncia substitutiva, intervir em todos os termos do

processo, fornecer elementos de prova, interpor recurso e, a todo tempo, no caso

de negligência do querelante, retomar a ação como parte principal.

LIX - será admitida ação privada nos crimes de ação pública, se esta não for

intentada no prazo legal;

Porém, só se pode intentar a ação penal privada subsidiária da públicas se:

O MINISTÉRIO

PÚBLICO

NÃO

APRESENTA

A DENÚNCIA

NÃO REQUER

DILIGÊNCIAS

NÃO REQUER O

ARQUIVAMENTO

Page 14: Acao penal

14

PRINCÍPIOS INFORMADORES DA AÇÃO PENAL PRIVADA

(D - O - I)

DISPONIBILIDADE

(acontece na ação penal privada e pública condicionada)

(existe a renúncia ou a desistência)

OPORTUNIDADE OU CONVENIÊNCIA

(a pessoa propõe ou não a ação de acordo com a sua

conveniência)

INDIVISIBILADE

(a ação penal contra um réu obriga a todos)

Penso como alguns autores, onde há uma certa fusão entre os princípios da

disponibilidade e o da oportunidade ou conveniência. Percebam que se a pessoa

desiste de propor a ação é que ela deixou renunciou do seu direito, isto também

significa que ela deixou de propor a ação por achar conveniente pra ela. Deixar

de propor e desistir, na minha opinião são ações que se confundem.

PRINCÍPIO DA DISPONIBILIDADE

O autor tem o poder de renunciar (a renúncia acontece antes da propositura da

ação) ou desistir (a desistência acontece depois da propositura) da ação penal.

Depois de oferecida a queixa-crime, o querelante (autor da queixa), se poderá

desistir fazendo uso de dois dispositivos:

a) provocando a perempção;

b) perdoando o querelado (pessoa que atua no pólo passivo da queixa-crime, o

imputado), se houver aquiescência do mesmo.

O que é perempção? Diz o Código de Processo Penal:

Art. 60. Nos casos em que somente se procede mediante queixa, considerar-se-á

perempta a ação penal:

AÇÃO PENAL

PRIVADA

Page 15: Acao penal

15

I - quando, iniciada esta, o querelante deixar de promover o andamento do

processo durante 30 (trinta) dias seguidos;

III - quando o querelante deixar de comparecer, sem motivo justificado, a

qualquer ato do processo a que deva estar presente, ou deixar de formular o

pedido de condenação nas alegações finais;"

A perempção se dá pelo abandono da ação privada ou pela sua inépcia. Essa

inépcia se dá pelo não cumprimento de exigências legais, que no caso em tela

acontece por deixar de formular o pedido de condenação nas alegações finais.

Poderemos verificar o princípio da disponibilidade da ação por parte do

querelante do art. 49 do CPP ao art. 60.

PRINCÍPIO DA OPORTUNIDADE OU CONVENIÊNCIA

O órgão do Ministério Público, ou seja, o promotor de justiça ou o procurador da

república são obrigados a propor a ação penal pública incondicionada, também

são obrigados a propor a ação nos casos de ação penal pública condicionada à

representação, e nos casos de ação penal subsidiária da pública, quando o

querelante deixar de prosseguir na ação. Já o mesmo não acontece com a pessoa

física ou jurídica. Fica a cargo destas a propositura ou não da ação, caberá a elas

decidir se lhes convém ou não propor a ação penal. Se não for da vontade destas

pessoas, não poderá ser lavrado o auto de prisão em flagrante. Ex: Uma mulher

está sendo estuprada e, ao passar pelo local, dois policiais se deparam com a

cena e prendem em flagrante delito o estuprador. Ao chegar à delegacia de

polícia, a vítima, maior de dezoito anos e não vulnerável, expressa sua vontade

de não representar contra o estuprador. Nesse caso, o delegado de polícia nada

poderá fazer. Não podemos confundir prisão em flagrante delito com auto de

prisão em flagrante, são institutos distintos. Prisão em flagrante é aquela que

pode ser efetuada no momento que o crime está acontecendo, ou logo após o

cometimento do crime, ou quando se presume que a pessoa praticou o crime (ex:

é encontrado com armas do crime, com a roupa suja de sangue, e outros), e

temos ainda a modalidade de flagrante esperado (todas essas modalidades estão

detalhadas em minhas aulas sobre o tema prisão em flagrante). Mesmo depois de

alguém ser preso em flagrante delito, o auto de prisão em flagrante só poderá ser

lavrado (escrito) com o consentimento da vítima (isto nas modalidades de ação

penal privada). Sem o consentimento da vítima não poderá ser lavrado o auto de

prisão em flagrante, também não poderá ser instaurado o inquérito policial.

Page 16: Acao penal

16

PRINCÍPIO DA INDIVISIBILIDADE

Este princípio está disciplinado no art. 48 do CPP

"Art. 48. A queixa contra qualquer dos autores do crime obrigará ao processo de

todos, e o Ministério Público velará pela sua indivisibilidade."

No caso de haver mais de um ofensor, o querelante (aquele que apresenta a

queixa-crime) tem a obrigação de propor a queixa contra todos. Ele não poderá

escolher contra qual vai propor a queixa.

E se ele desobedece ao exposto no art. 48 do CPP? Subentende-se que ele

renunciou quanto ao direito de queixa, o que provoca o fenômeno denominado

renúncia tácita. Esta é uma das causas que extinguem a punibilidade, e esta se

transmite a todos os querelados.

E se o querelante não tinha conhecimento da existência de outros autores do

crime? Neste caso, não poderá o querelante ver sua queixa-crime rejeitada pelo

MP, porque ele não tinha conhecimento de tal fato. Se o querelante não agiu de

maneira proposital, ou seja, se ele não apresentou a queixa-crime contra todos

por livre e espontânea vontade, este vício poderá ser sanado.

O MP poderá aditar a queixa-crime para adicionar mais réus? Este assunto é

ainda polêmico até mesmo no STJ e STF. Na minha opinião, poderia o MP

comunicar ao querelado que se ele não apresentasse a queixa contra todos, isto

teria o significado de renúncia e, caso ele insistisse em não incluir esse novo ou

novos réus, o MP rejeitaria a queixa-crime.

PRINCÍPIO DA INTRANSCENDÊNCIA

Podemos afirmar que esse princípio pode ser observado segundo o Direito Penal

e também em relação ao Direito Processual Penal. Segundo reza na Constituição

Federal no art. 5º, XLV, que “nenhuma pena passará da pessoa do condenado,

podendo a obrigação de reparar o dano e a decretação do perdimento de bens ser,

nos termos da lei, estendidas aos sucessores e contra eles executadas, até o limite

do valor do patrimônio transferido.”

Em relação ao Direito Penal, podemos dizer que só o condenado responderá pela

pena imposta pelo Estado, especificamente as penas privativas de liberdade e as

restritivas de direito. Estas penas não poderão recair sobre qualquer pessoa que

não seja a pessoa condenada. Porém, em caso de morte do condenado, estarão os

Page 17: Acao penal

17

sucessores obrigados a reparar o dano ou até mesmo perder os bens que

herdaram do condenado.

Quanto ao Direito Processual Penal, o princípio da intranscendência é aplicável

tanto nas ações penais privadas quanto às ações penais públicas. Isto significa

que as pessoas físicas, as pessoas jurídicas e o Ministério Público, só poderão

propor a ação penal contra o autor do delito.

PRINCÍPIOS INFORMADORES DA AÇÃO PENAL PÚBLICA

I – O – I – O

INDISPONIBILIDADE OU INDESISTIBILIDADE

(Depois que o processo é iniciado não pode o MP desistir do

mesmo (com exceção do juizado especial criminal)

OBRIGATORIEDADE OU LEGALIDADE

(Presentes os requisitos legais, o MP é obrigado a propor a

ação penal)

INDIVISIBILADE

(A ação penal contra um réu obriga a todos)

OFICIALIDADE (O MP é o órgão oficial do Estado e ele pode agir de ofício)

PRINCÍPIO DA INDISPONIBILIDADE OU INDESISTIBILIDADE

Depois de iniciado o processo, não pode o MP desistir da ação, com exceção do

juizado especial criminal, onde o poderá haver a transação penal. A ele não é

dado o direito de desistir da ação e nem de interpor recurso, diferentemente do

particular que, depois de iniciado o processo, pode desistir do mesmo. Este

princípio incide nas ações penais públicas incondicionadas e condicionadas à

representação. Mas não fica o MP obrigado a pedir a condenação do réu, de

acordo com suas convicções, poderá pedir a absolvição.

AÇÃO PENAL

PÚBLICA

Page 18: Acao penal

18

PRINCÍPIO DA OBRIGATORIEDADE

Este princípio traz consigo a idéia de que quando presente a materialidade do

crime e os indícios suficientes da autoria, o MP estará obrigado a propor a ação

penal. Estando presentes esses requisitos, não poderá o MP alegar o princípio da

oportunidade ou conveniência. Temos uma exceção a esse princípio quando nos

referimos a Lei 9.099/95 (Lei dos Juizados Especiais Cíveis e Criminais), que

trata dos crimes de menor potencial ofensivo. Neste caso, presentes os requisitos

legais (não ter antecedentes criminais, não ter aceitado uma transação penal no

prazo de 05 anos), deverá o MP propor a composição civil dos danos, caso não

obtenha sucesso, poderá a vítima representar contra o autor do fato, neste caso, o

MP proporá a transação penal, se aceita, será apreciada pelo juiz, e se ele

concordar, é aplicada a pena restritiva de direitos ou multa sem haver processo,

caso não aconteça a aceitação da proposta de transação penal, deverá o MP fazer

a denúncia oral.

PRINCÍPIO DA INDIVISIBILIDADE

Tanto a ação penal pública como a privada deve abranger todos os réus, ou seja,

todos que participaram do crime devem responder por ele. Não pode nem o

particular e, nem tampouco, o Ministério Público escolher contra quem vai

propor a ação penal. Mas já é aceito pelos nossos tribunais superiores a inserção

de novo réu por parte do Ministério Público. Dessa maneira, podemos afirmar

que a ação penal é divisível.

PRINCÍPIO DA OFICIALIDADE

A ação penal pública incondicionada deve ser promovida por um órgão oficial

estatal. No nosso ordenamento jurídico esta função pertence ao Ministério

Público. Nas ações penais públicas incondicionadas, qualquer pessoa poderá

comunicar o fato delituoso às autoridades, porém a titularidade para ingressar

com a denúncia pertence ao MP. Excepcionalmente poderá ser intentada queixa

substitutiva, no caso de inércia do MP.

Page 19: Acao penal

19

IRRETRATABILIDADE DA REPRESENTAÇÃO

Irretratabilidade significa que não é passível de ser anulado, revogado ou

alterado por ato posterior (diz-se de ato ou negócio jurídico – Dicionário

Houaiss)

DECADÊNCIA

DENÚNCIA

RETRATAÇÃO DA

REPRESENTÇÃO

ANTES DA DENÚNCIA

PODE

DEPOIS DA DENÚNCIA

NÃO PODE

DESCOBRI QUEM É O

CRIMINOSO HOJE

TENHO O PRAZO DE 6 (SEIS ) MESES

PARA OFERECER A QUEIXA-CRIME

ACABOU O PRAZO HOJE

PARA O MINISTÉRIO

PÚBLICO OFERECER A

DENÚNIA

TENHO O PRAZO DE 6 (SEIS ) MESES

PARA OFERECER A QUEIXA-CRIME

A VÍTIMA ERA MENOR E

SEU REPRESENTANTE

LEGAL NÃO REPRESENTOU

A PARTIR DO MOMENTO QUE

COMPLETAR 18 ANOS, ELA TEM

O PRAZO DE 6 (SEIS ) MESES

PARA OFERECER A QUEIXA-

CRIME,

RETRATAÇÃO (HOUAISS: Confissão de engano, de equívoco cometido, mediante declaração contrária a outra anteriormente feita; desmentido.

Page 20: Acao penal

20

Principais crimes de ação privada exclusiva ou propriamente dita:

1.calúnia, difamação e injúria (CP, arts. 138, 139 e 140);

2. fraude à execução;

3. violação de direito autoral e de privilégio de invenção;

4. concorrência desleal;

5. exercício arbitrário das próprias razões, desde que praticado sem violência.

AÇÃO PENAL PRIVADA (P – E - S) (O TITULAR É A PESSOA OFENDIDADA OU SEU

REPRESENTANTE LEGAL)

PERSONALÍSSIMA

APENAS O OFENDIDO PODE PROPOR A AÇÃO. É O CASO DO ART. 236 DO CÓDIGO PENAL: INDUZIMENTO A ERRO

ESSENCIAL E OCULTAÇÃO DE IMPEDIMENTO

EXCLUSIVA OU PROPRIAMENTE DITA

(O OFENDIDO OU SEU REPRESENTANTE LEGAL E, NO

CASO DE MORTE O (C – A – D - I)

SUBSIDIÁRIA DA PÚBLICA OU SUPLETIVA (O OFENDIDO OU SEU REPRESENTANTE LEGAL E, NO

CASO DE MORTE O (C – A – D - I)

AÇÃO PENAL PÚBLICA O TITULAR É O MINISTÉIRO

PÚBLICO

INCONDICIONADA

(SÓ DEPENDE DO MNISTÉRIO

PÚBLICO)

CONDICIONADA (NÃO DEPENDE SÓ DO

MINISTÉRIO PÚBLICO)

CONDICIONADA À REQUISIÇÃO

DO MINISTRO DA JUSTIÇA

CONDICIONADA À

REPRESENTAÇÃO DO

OFENDIDO OU DE SEU

REPRESENTANTE LEGAL

Page 21: Acao penal

21

Se o querelante (o autor da queixa-crime) se mostrar negligente, deverá o

Ministério Público retomar a titularidade da ação. Em algum momento o

Ministério Público foi negligente e não tomou nenhuma providência (ou não

ofereceu a denúncia, ou não requereu novas diligência, ou não pediu o

arquivamento), agora, com o “deixar de fazer” do querelante, como não

comparecer à audiência, perder prazos, etc., deve o Ministério Público voltar a

ser o titular da ação.

AÇÃO PRIVADA SUBSIDIÁRIA

DA PÚBLICA (QUEIXA-SUBSTITUVIVA)

O MINISTÉRIO

PÚBLICO PODE

ADITAR A QUEIXA

O MINISTÉRIO

PÚBLICO PODE

REPUDIAR A

QUEIXA

O MINISTÉRIO

PÚBLICO PODE

OFERECER

DENUNCIA

SUBSTITUTIVA

ADIÇÃO OBETIVA

ACRÉSCENTA CRIME OU

CRIMES, OU QUALIFICA

ADIÇÃO SUBJETIVA

INCLUSÃO DE UMA NOVA

PESSOA OU PESSOAS

ADIÇÃO OBJETIVA/SUBJETIVA

ACRESCENTA CRIME OU CRIMES,

OU QUALIFICA E ACRESCENTA

NOVA PESSOA OU PESSOAS

RÉU PRESO

O MINISTÉRIO PÚBLICO TEM

05 (CINCO) DIAS PARA

APRESENTAR A DENÚNCIA

RÉUS SOLTO

O MINISTÉRIO PÚBLICO TEM 15

(QUINZE) DIAS PARA

APRESENTAR A DENÚNCIA

A- R - O

O Ministério Público pode: Aditar, Repudiar ou Oferecer denúncia substitutiva.

Page 22: Acao penal

22

Este prazo é denominado de prazo impróprio, porque o mesmo poderá ser

dilatado, diante de certas situações. Eles não geram preclusão, ou seja, mesmo

depois de esgotado o prazo, poderá o Ministério Público apresentar a denúncia.

RECURSO ORDINÁRIO EM HABEAS CORPUS. ROUBO

CIRCUNSTANCIADO E RESISTÊNCIA. PRISÃO EM FLAGRANTE.

LIBERDADE PROVISÓRIA INDEFERIDA EM RAZÃO DA

PERICULOSIDADE DO RECORRENTE. MODUS OPERANDI (ASSALTO

A SUPERMERCADO COM PERSEGUIÇÃO E TROCA DE TIROS COM

POLICIAIS). EXCESSO DE PRAZO PARA O OFERECIMENTO DA

DENÚNCIA. MERA IRREGULARIDADE. CONSTRANGIMENTO ILEGAL

NÃO EVIDENCIADO. PARECER DO MPF PELO DESPROVIMENTO DO

RECURSO. RECURSO DESPROVIDO.

1. Impõe-se o prazo de cinco dias para oferecimento da denúncia, nas

hipóteses de réu preso, a fim de evitar a restrição prolongada à liberdade sem

acusação formada, contudo, tal lapso configura prazo impróprio. Assim,

eventual atraso de 3 dias para o oferecimento da denúncia não gera a ilegalidade da prisão cautelar do recorrente.

Muito embora se trate de um prazo impróprio, o qual se admite excepcional

dilação, na hipótese vertente não vislumbro quaisquer razões para tanto, pois o

paciente permaneceu preso por mais de 30 (trinta) dias, sem oferecimento da

denúncia, algo que, evidentemente, afigura-se um excesso injustificável. Não se

trata de um atraso de dois ou três dias, e sim, de mais de 20 (vinte) dias,

avultando, insofismavelmente, o constrangimento ilegal na espécie.

Relator: Desembargador José Luiz Oliveira de Almeida (ESTADO DO

MARANHÃO)

E se o Ministério Público devolver o inquérito policial para que a autoridade

policial, como será contado esse prazo? Essa resposta está exposta no art. 16 do

Código de Processo Penal. O prazo será contado da data em que o órgão do MP

receber o inquérito de volta.

O Promotor de Justiça ou o Procurador de Justiça podem ser substituídos durante

o processo? SIM. Mesmo assim o Ministério Público não perde a titularidade da

ação, porque a titularidade é desse órgão, e não do promotor ou procurador.

João é testemunha de um crime de homicídio, o qual é um crime de ação pública

incondicionada. Por não ser um crime de ação pública condicionada à

Page 23: Acao penal

23

representação, João não poderá comunicar esse fato ao promotor de justiça ou ao

procurador de justiça? Poderá sim. Porque o Código de Processo Penal, art. 27,

prevê que qualquer pessoa do povo poderá provocar a iniciativa do Ministério

Público, nos caso de ação pública incondicionada.