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Número 39 Abril/2009 Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária Embrapa Mandioca e Fruticultura Tropical Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento Rua Embrapa s/n - CP. 007 - 44380-000 - Cruz das Almas, BA Tel: (75) 3312-8000 - Fax: (75) 3312-8097 www.cnpmf.embrapa.br [email protected] MANDIOCA EM FOCO Ácaro Rajado (Tetranychus Urticae) em Espécies Silvestres de Mandioca Algumas espécies de ácaros encontram-se associadas com a cultura da mandioca (Manihot esculenta Crantz), com destaque para os fitófagos pertencentes à família Tetranychidae. No Brasil, as seguintes espécies de Tetranychidae foram relatadas na cultura: Aponychus shultzi, Mononychellus bondari, M. mcgregori, M. planki, M. tanajoa, Tetranychus desertorum, T. mexicanus e T. urticae. Dentre estas, merecem destaque o ácaro verde da mandioca, M. tanajoa, e o ácaro-rajado, T. urticae. Tetranychus urticae é de ampla distribuição geográfica e de ocorrência em várias culturas além de mandioca. Em geral as fêmeas apresentam cor esverdeada. É encontrado na face inferior das folhas, preferencialmente nas partes mediana e basal da planta. As folhas atacadas apresentam na face superior pontos amarelados ao longo da nervura central se estendendo por toda a folha, adquirindo coloração bronzeada; posteriormente secam e caem. Em ataques severos pode ocorrer perda das folhas basais e medianas da planta, avançando até a parte apical. Com o objetivo de identificar e utilizar genes de espécies silvestres de mandioca, a Embrapa Mandioca e Fruticultura Tropical vem realizando, desde 2005, projetos de pesquisa no sentido de estabelecer uma coleção de espécies silvestres de Manihot e avaliá-las como potenciais fontes de resistência para os principais fatores bióticos (pragas) e abióticos (seca e baixa fertilidade dos solos), que afetam a cultura da mandioca. Em avaliações realizadas na coleção estabelecida pela Embrapa Mandioca e Fruticultura Tropical, em Cruz das Almas, BA, foi constatada a ocorrência do ácaro-rajado T. urticae. Exemplares foram coletados e acondicionados em álcool 70%, montados em lâminas com meio de Hoyer, mantidos em estufa (48- 50°C) por sete dias para posterior identificação. Os espécimes, presentes em todos os estágios de desenvolvimento na face inferior das folhas, apresentavam coloração avermelhada. Quando apresentam esta cor, esses ácaros são frequentemente referidos como T. cinnabarinus, sinonímia de T. urticae (Figura 1). Acessos pertencentes às espécies silvestre Manihot anomala, M. flabelifollia e M. peruviana apresentavam folhas medianas e basais com a presença de sintomas caracterizados por pontuações amareladas no limbo foliar (Figura 2). Aloyséia Cristina da Silva Noronha 1 Verônica de Jesus Boaventura 2 Alfredo Augusto Cunha Alves 3 1 Pesquisadora da Embrapa Amazônia Oriental, Caixa Postal 48, 66095-100, Belém, PA. 2 Bolsista FAPESB/Embrapa Mandioca e Fruticultura Tropical 3 Pesquisador da Embrapa Mandioca e Fruticultura Tropical, Rua Embrapa, s/nº - Caixa Postal 007, 44380-000, Cruz das Almas-BA.

Acaro Rajado

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Page 1: Acaro Rajado

Número 39 Abril/2009

Empresa Brasileira de Pesquisa AgropecuáriaEmbrapa Mandioca e Fruticultura Tropical

Ministério da Agricultura, Pecuária e AbastecimentoRua Embrapa s/n - CP. 007 - 44380-000 - Cruz das Almas, BA

Tel: (75) 3312-8000 - Fax: (75) [email protected]

MANDIOCA EM FOCO

Ácaro Rajado (Tetranychus Urticae) em EspéciesSilvestres de Mandioca

Algumas espécies de ácaros encontram-se associadas com a cultura da mandioca (Manihot esculentaCrantz), com destaque para os fitófagos pertencentes à família Tetranychidae. No Brasil, as seguintesespécies de Tetranychidae foram relatadas na cultura: Aponychus shultzi, Mononychellus bondari, M.mcgregori, M. planki, M. tanajoa, Tetranychus desertorum, T. mexicanus e T. urticae. Dentre estas,merecem destaque o ácaro verde da mandioca, M. tanajoa, e o ácaro-rajado, T. urticae. Tetranychusurticae é de ampla distribuição geográfica e de ocorrência em várias culturas além de mandioca. Emgeral as fêmeas apresentam cor esverdeada. É encontrado na face inferior das folhas, preferencialmentenas partes mediana e basal da planta. As folhas atacadas apresentam na face superior pontosamarelados ao longo da nervura central se estendendo por toda a folha, adquirindo coloração bronzeada;posteriormente secam e caem. Em ataques severos pode ocorrer perda das folhas basais e medianasda planta, avançando até a parte apical.

Com o objetivo de identificar e utilizar genes de espécies silvestres de mandioca, a Embrapa Mandiocae Fruticultura Tropical vem realizando, desde 2005, projetos de pesquisa no sentido de estabeleceruma coleção de espécies silvestres de Manihot e avaliá-las como potenciais fontes de resistênciapara os principais fatores bióticos (pragas) e abióticos (seca e baixa fertilidade dos solos), que afetama cultura da mandioca.

Em avaliações realizadas na coleção estabelecida pela Embrapa Mandioca e Fruticultura Tropical, emCruz das Almas, BA, foi constatada a ocorrência do ácaro-rajado T. urticae. Exemplares foram coletadose acondicionados em álcool 70%, montados em lâminas com meio de Hoyer, mantidos em estufa (48-50°C) por sete dias para posterior identificação.

Os espécimes, presentes em todos os estágios de desenvolvimento na face inferior das folhas,apresentavam coloração avermelhada. Quando apresentam esta cor, esses ácaros são frequentementereferidos como T. cinnabarinus, sinonímia de T. urticae (Figura 1).

Acessos pertencentes às espécies silvestre Manihot anomala, M. flabelifollia e M. peruvianaapresentavam folhas medianas e basais com a presença de sintomas caracterizados por pontuaçõesamareladas no limbo foliar (Figura 2).

Aloyséia Cristina da Silva Noronha1

Verônica de Jesus Boaventura2

Alfredo Augusto Cunha Alves3

1Pesquisadora da Embrapa Amazônia Oriental, Caixa Postal 48, 66095-100, Belém, PA.2Bolsista FAPESB/Embrapa Mandioca e Fruticultura Tropical3Pesquisador da Embrapa Mandioca e Fruticultura Tropical, Rua Embrapa, s/nº - Caixa Postal 007, 44380-000, Cruz das Almas-BA.

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Fig. 2. Sintoma de ataque de Tetranychus urticae em mandioca silvestre(M. peruviana).

Fig. 1. Ovos e fêmea de Tetranychusurticae, em espécie silvestre de mandioca(M. anomala).

AgradecimentosAo Dr. Gilberto José de Moraes, da Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” (ESALQ/USP),Piracicaba, São Paulo, pela identificação da espécie.

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