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Acção sísmica Engenharia Sísmica de Pontes Mestrado em Engenharia de Estruturas Luís Guerreiro Fevereiro de 2011

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  • Aco ssmica

    Engenharia Ssmica de Pontes

    Mestrado em Engenharia de Estruturas

    Lus Guerreiro

    Fevereiro de 2011

  • Aco Ssmica

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  • Aco Ssmica

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    1 Introduo

    A caracterizao da aco ssmica atravs de parmetros como a sua intensidade ou magnitude, sendo importante para a quantificao do fenmeno ssmico, no suficiente para anlise da resposta de estruturas quando sujeitas a este tipo de solicitao. Quando o objectivo o estudo da resposta ssmica das estruturas, esta aco dever ser caracterizada de uma forma que possa ser integrada nas metodologias de anlise estrutural que actualmente existem. Deste modo so trs as formas possveis de caracterizao a aco ssmica que cumprem o requisito atrs apresentado:

    Representao por srie de aceleraes (registo real ou gerado artificialmente) (Figura 1); Representao atravs da Funo de Densidade Espectral de Potncia; Representao por Espectro de Resposta.

    A representao atravs duma srie de aceleraes a forma mais directa de analisar o comportamento de uma estrutura quando sujeita aco de determinado sismo. Infelizmente a verificao da segurana duma estrutura no se pode fazer atravs da anlise da resposta para um nico sismo, o que torna o processo relativamente moroso no caso de se optar por esta forma de representao da aco ssmica. No entanto se a estrutura a analisar tiver comportamento no linear a utilizao de sries de aceleraes torna-se praticamente inevitvel.

    Kobe - 17/Jan/1995

    -0.6

    -0.4

    -0.2

    0.0

    0.2

    0.4

    0.6

    0.8

    0 5 10 15 20 25 30 35 40

    Tempo (s)

    Ace

    lera

    o

    (%

    g)

    Figura 1 Sismo de Kobe, 1995, gravado na estao KJMA (Fonte: PEER).

    A representao atravs da Funo de Densidade Espectral de Potncia (vulgarmente designada por Espectro de Potncia) sendo uma forma muito rica de representao da aco ssmica no facilmente integrvel na metodologia de anlise existente, estando a sua utilizao restringida a modelos com um pequeno nmero de graus de liberdade. no entanto ferramenta essencial no processo de gerao de sries de aceleraes artificiais como ser referido mais adiante.

    Por fim, a representao atravs de Espectro de Resposta constitui o exemplo mais divulgado de caracterizao da aco ssmica, sendo utilizado na quase totalidade de programas de clculo automtico que permitam realizar anlise dinmica de estruturas em regime linear.

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    1.1 Srie de aceleraes

    Quando nos referimos a um determinado registo ssmico como sendo o registo de um determinado sismo temos que ter presente que no existe o registo ssmico mas sim um conjunto de registos cujas caractersticas variam consoante a distncia ao epicentro, ou conforme o tipo de terreno onde foi registado. Assim, na presena de um determinado registo ssmico no podemos dizer que este o registo de um determinado evento mas sim um registo desse evento ssmico e acrescentar a informao acerca da distncia ao epicentro e da geologia do local onde foi registado.

    Kobe - 17/01/95 ( 1Km do epicentro )

    -0.8-0.6-0.4-0.20.00.20.40.60.8

    0 10 20 30 40 50 60 70 80

    Tempo (s)

    Ace

    lera

    o

    (%

    g)

    Kobe - 17/01/95 ( 26Km do epicentro )

    -0.8-0.6-0.4-0.20.00.20.40.60.8

    0 10 20 30 40 50 60 70 80

    Tempo (s)

    Ace

    lera

    o

    (%

    g)

    Kobe - 17/01/95 ( 94Km do epicentro )

    -0.8-0.6-0.4-0.20.00.20.40.60.8

    0 10 20 30 40 50 60 70 80

    Tempo (s)

    Ace

    lera

    o

    (%

    g)

    Figura 2 Sismo de Kobe, 1995, registado a vrias distncias do epicentro (Fonte: PEER).

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    Na Figura 2 so apresentados trs registos para o mesmo evento (Kobe, 1995) onde bem evidente a influncia da distncia ao epicentro, traduzindo-se numa diminuio das aceleraes e num aumento a durao do evento medida que a distncia aumenta.

    Chi-Chi - 20/09/99 ( 24Km do epicentro - Solo B)

    -0.8-0.6-0.4-0.20.00.20.40.60.8

    0 10 20 30 40 50 60 70 80

    Tempo (s)

    Ace

    lera

    o

    (%

    g)

    Chi-Chi - 20/09/99 ( 26Km do epicentro - Solo D)

    -0.8-0.6-0.4-0.20.00.20.40.60.8

    0 10 20 30 40 50 60 70 80

    Tempo (s)

    Ace

    lera

    o

    (%

    g)

    Figura 3 Sismo de Chi-Chi, Formosa, 1999, registado em dois tipos de solo (Fonte: PEER).

    Na Figura 3 esto representados dois registos do mesmo sismo (Chi-Chi, Formosa, 1999), recolhidos sensivelmente mesma distncia do epicentro (cerca de 25 km) mas em solos distintos. O primeiro foi registado num solo do tipo B de acordo com a conveno da USGS (PEER) e que corresponde a um solo com velocidades de propagao das ondas de corte entre 360 e 750 m/s. O segundo registo refere-se a um solo do tipo D, de acordo com mesma conveno e que corresponde a velocidades de propagao das ondas de corte inferiores a 180 m/s. Nesta figura fica bem patente a diferena de amplificao do sinal em funo do tipo de solo, sendo de esperar maiores amplificaes em solos mais deformveis.

    Em virtude do nmero de factores que influenciam o registo ssmico num determinado local fcil de perceber a dificuldade em conseguir arranjar um nmero significativo de registo ssmicos reais para simulao local da aco ssmica. Para contornar este problema habitual o recurso a sries de aceleraes artificias, geradas de acordo com as caractersticas esperadas para a aco ssmica num determinado local. Na seco 1.3.1 ser apresentada uma metodologia para gerao de sries de acelerao artificiais.

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    1.2 Espectro de Resposta

    1.2.1 Introduo

    A caracterizao da aco ssmica atravs de Espectro de Resposta no uma representao directa da aco, atravs de grandezas medidas directamente ou atravs dos seus registos, mas sim uma representao dos seus efeitos sobre um conjunto de osciladores lineares de um grau de liberdade.

    Para que melhor se perceba o conceito de Espectro de Resposta, imagine-se a seguinte situao: um conjunto de osciladores lineares de um grau de liberdade, caracterizados por diferentes valores de frequncia prpria (ou perodo prprio), e todos com o mesmo valor de coeficiente de amortecimento, sujeito a uma determinada aco ssmica. Supondo que estes osciladores esto munidos de equipamento capaz de medir a evoluo ao longo do tempo de determinada grandeza representativa da sua resposta (por exemplo, a acelerao absoluta da massa do oscilador), possvel determinar, para cada oscilador, o valor mximo da referida grandeza para a aco ssmica em causa. A representao grfica do valor mximo da resposta de cada um destes osciladores em funo da sua frequncia prpria (ou do seu perodo) e do valor do coeficiente de amortecimento, constitui o Espectro de Resposta Linear daquela aco ssmica para a grandeza em anlise.

    Figura 4 Conceito de Espectro de Resposta (esquema).

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    Na figura 4, encontra-se representado um esquema que pretende ilustrar o conceito de espectro de resposta. Neste esquema pode observar-se um conjunto de osciladores lineares de um grau de liberdade, caracterizados pela sua frequncia prpria (entre 1.0Hz e 6.0Hz) e pelo seu coeficiente de amortecimento ( = 2% e = 5%).

    Para melhor entender a importncia que os espectros de resposta podem ter como forma de caracterizao da aco dinmica, recorde-se que em anlise modal, a resposta da estrutura em cada modo de vibrao calculada por comparao com a resposta de um oscilador de um grau de liberdade com frequncia prpria idntica do modo em anlise. A resposta do oscilador de um grau de liberdade retirada directamente do espectro de resposta representativo da aco ssmica que se pretende considerar.

    Como a anlise modal , actualmente, a tcnica a mais divulgada em termos de anlise ssmica de estruturas com comportamento linear, no de estranhar que a quase totalidade da regulamentao actual caracterize a aco ssmica (ou aces ssmicas) de dimensionamento atravs dos seus espectros de resposta. Na maioria dos casos os espectros de resposta apresentados na regulamentao referem-se resposta em termos de acelerao absoluta, mas outros espectros de resposta podem ser considerados, como por exemplo os espectros de resposta de deslocamentos relativos solo-estrutura, ou espectros de resposta de velocidades relativas.

    1.2.2 Clculo do Espectro de Resposta a partir duma srie de aceleraes

    A forma mais directa para a obteno do espectro de resposta relativo a um determinado registo ssmico envolve o clculo da resposta dinmica, ao longo do tempo, dum conjunto de osciladores, retendo-se, para cada um deles, o valor mximo da grandeza que se pretende representar no espectro (deslocamento relativo, acelerao absoluta, etc.).

    O clculo da resposta do conjunto de osciladores pode ser feito atravs de qualquer um dos vrios mtodos disponveis para a anlise dinmica de estruturas lineares, como por exemplo atravs do Integral de Duhamel.

    Para um oscilador com frequncia prpria p e coeficiente de amortecimento , e para uma aco ssmica definida pela srie de aceleraes ag(), possvel calcular a resposta do oscilador ao longo do tempo, em termos de deslocamentos relativos q(t), atravs da seguinte expresso:

    q(t) = 1mpd 0

    t mag() sen [pd (t )] exp[- p (t )]d (1)

    em que, pd = p 1-2 (2)

    O valor do espectro de resposta E(p,) ser traduzido por:

    E(p,) = max |q(t)| (3)

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    Se o objectivo for calcular o espectro de resposta em termos de velocidade relativa, ou acelerao relativa, a resposta nestas grandezas pode ser obtida pela derivao da resposta em termos do deslocamento relativo q(t):

    q. (t) = ddt q(t) e, q

    ..(t) = d2

    dt2 q(t) (4)

    A resposta em termos de aceleraes absolutas pode ser obtida de duas formas distintas: ou somando, em cada instante, o valor da acelerao do solo ag(t) ao valor da acelerao relativa obtida,

    qa.. (t) = q..(t) + ag(t)

    ou atravs da seguinte combinao dos resultados em termos de deslocamentos e velocidades relativas,

    qa.. (t) = -2 p q. (t) p2 q(t) (5)

    Esta ltima expresso obtm-se a partir da equao de equilbrio dinmico, escrita para um oscilador de massa unitria, isolando no termo da esquerda somente a parcela relativa

    acelerao absoluta, qa.. (t).

    qa.. (t) + 2 p q. (t)+ p2 q(t) = 0 (6)

    Tal como foi mostrado atrs possvel calcular o Espectro de Resposta directamente em aceleraes absolutas ou em velocidades e deslocamento relativos. Normalmente os espectros so representados em termos de acelerao absoluta. Nestes casos se houver necessidade de calcular os espectros de resposta em velocidades ou deslocamentos possvel utilizar, com algumas restries, as relaes que se apresentam de seguida:

    Ev p Ed 2pi f Ed (7)

    Ev 1p Ea

    12pi f Ea (8)

    Ed espectro de resposta de deslocamentos relativos

    Ev espectro de resposta de velocidades relativas

    Ea espectro de resposta de aceleraes absolutas

    Os espectros de resposta obtidos atravs das equaes atrs apresentadas, a partir de um espectro de resposta calculado directamente a partir de um acelerograma, designam-se por pseudo-espectros. Assim, se calcularmos directamente o espectro de resposta de velocidades relativas, podem-se calcular os pseudo-espectros de deslocamentos relativos e de aceleraes absolutas atravs das relaes apresentadas.

    Para que na passagem do espectro de resposta original para os pseudo-espectros seja vlido o uso das relaes (7) e (8) necessrio que o amortecimento seja baixo e que as frequncias sejam superiores a um determinado valor, como se mostra de seguida.

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    Se na equao (1) se considerar que a diferena entre pd e p desprezvel, o que vlido para valores baixos do coeficiente de amortecimento ( < 10%, ver Figura 5), e se se omitir o sinal negativo que afecta o valor da acelerao do solo (ag), sem qualquer significado especial neste contexto, a expresso anterior pode ser simplificada:

    q(t) = 1p 0

    t ag() sen [p (t )] exp[-p (t )]d (9)

    Figura 5 Erro cometido ao considerar p em vez de pd na equao do Integral de Duhamel.

    Derivando a expresso agora obtida em ordem ao tempo, obtem-se a expresso que traduz a resposta em termos de velocidade relativa:

    q. (t) =

    0

    t ag() cos [p (t )] exp[-p (t )]d

    0

    t ag() sen [p (t )] exp[-p (t )]d (10)

    A resposta em termos de aceleraes absolutas pode ser obtida atravs da seguinte combinao das expresses que representam a resposta em termos de deslocamentos e velocidades relativas:

    qa.. (t) = -2 p q. (t) p2 q(t) (11)

    Assim, a resposta em termos de acelerao absoluta pode ser descrita pela seguinte equao:

    qa.. (t) = p(2 2 1)

    0

    t ag() sen [p (t )] exp[- p (t )]d

    2p 0

    t ag() cos [p (t )] exp[- p (t )]d (12)

    Se, nas expresses (9), (10) e (11) se considerar o amortecimento nulo ( = 0), estas tomam o seguinte aspecto:

    q(t) = 1p 0

    t ag() sen [p (t )] d (13)

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    q. (t) =

    0

    t ag() cos [p (t )] d (14)

    qa.. (t) = p

    0

    t ag() sen [p (t )] d (15)

    Os valores dos espectros de resposta correspondem aos valores mximos de cada uma das expresses anteriores. Assim temos:

    Ed (0, p) = [ 1p 0

    t ag() sen [p (t )] d ]max (16)

    Ev (0, p) = [0

    t ag() cos [p (t )] d ]max (17)

    Ea (0, p) = [ p 0

    t ag() sen [p (t )] d ]max (18)

    Segundo Clough e Penzien (Clough e Penzien, 1993), Hudson (Hudson, 1956 e 1962) demonstrou que se se substituir a funo trigonomtrica cos pela funo sen na expresso das velocidades, o resultado obtido de uma forma geral difere muito pouco com excepo para as situaes que correspondem a valores de frequncia prpria (p) muito baixos. Deste modo, fazendo a referida substituio da funo trigonomtrica, os valores dos vrios espectros de resposta podem ser relacionados atravs das seguintes expresses:

    Ev = p Ed e, Ev = 1p Ea

    Convm realar que, tal como se mostrou, estas relaes s so vlidas se o amortecimento for nulo e se a frequncia prpria no for muito baixa (f > 0.4Hz).

    Pode-se pois concluir que esta transformao possvel para valores baixos do coeficiente de amortecimento (inferiores a 10%), e para uma gama de frequncias na qual esto includas a grande maioria das estruturas.

    Na Figura 6 esto representados os espectros de resposta de velocidades relativas para a componente Norte-Sul do sismo de El Centro (1940), e para dois valores do coeficiente de amortecimento: 2% e 20%. As curvas representadas nos grficos indicam os valores do espectro de resposta em velocidades relativas obtidos de trs formas distintas:

    i) Calculado directamente a partir da srie de aceleraes registada (Ev): ii) Calculado a partir do espectro de resposta em deslocamento relativos (pseudo-

    espectro calculado atravs da equao (7)); iii) Calculado a partir do espectro de resposta em aceleraes absolutas (pseudo-

    espectro calculado atravs da equao (8));

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    Se as relaes entre espectros de resposta atrs referidas fossem exactas, no seria possvel distinguir os trs espectros representados. O que se verifica no entanto uma concordncia quase perfeita entre os espectros de resposta de deslocamentos relativos e de aceleraes absolutas, enquanto o espectro de velocidades diverge dos anteriores. Este resultado vem confirmar aquilo que foi exposto anteriormente, com especial destaque para o facto de, para um valor baixo de amortecimento, a relao estabelecida entre os espectros de resposta de deslocamentos e de aceleraes ter um erro desprezvel.

    Espectro de Resposta de Velocidade Relativa (=2%)

    0.0

    0.2

    0.4

    0.6

    0.8

    1.0

    1.2

    1.4

    0 2 4 6 8 10

    Frequncia (Hz)

    Velo

    cida

    de (m

    /s)

    EvEd . pEa / p

    Espectro de Resposta de Velocidade Relativa (=20%)

    0.0

    0.1

    0.2

    0.3

    0.4

    0.5

    0.6

    0.7

    0 2 4 6 8 10

    Frequncia (Hz)

    Velo

    cida

    de (m

    /s)

    EvEd . pEa / p

    Figura 6 Espectros de resposta (El Centro, 1940 = 2% e 20%).

  • Aco Ssmica

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    1.2.3 Representao do Espectro de Resposta

    Tal como j foi referido a representao mais comum do espectro de resposta em aceleraes absolutas. Estes valores tanto podem ser representados em funo da frequncia (Figura 7a) ou em funo do perodo (Figura 7b).

    0.0

    5.0

    10.0

    15.0

    20.0

    25.0

    30.0

    0.00 5.00 10.00

    Frequncia (Hz)

    Acele

    ra

    es

    (m/s

    2 )

    (a)

    0.0

    5.0

    10.0

    15.0

    20.0

    25.0

    30.0

    0.00 5.00 10.00

    Perodo (s)

    Acele

    ra

    es

    (m/s

    2 )

    (b)

    Figura 7 Espectros de resposta em funo da frequncia (a) e perodo (b) (Kobe, 1995).

    Por vezes tambm necessrio representar o espectro de resposta de deslocamentos, sobretudo quando o que est em causa a avaliao da deformao da estrutura ou os movimentos nos apoios devido aco ssmica. Na Figura 8 est representado um espectro de resposta de deslocamentos. Como se pode observar este espectro de resposta tem uma forma muito diferente do espectro de resposta em aceleraes, tal como seria de esperar. O espectro de resposta de deslocamentos caracteriza-se por ter valores elevados associados s frequncias mais baixas (ou perodos mais altos). No nos podemos esquecer que a grandeza que est em causa o deslocamento relativo entre a estrutura e o solo, pelo que compreensvel que os valores mais altos esteja associados s estruturas mais deformveis, ou seja, s estruturas com frequncia baixa.

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    0.0

    0.1

    0.2

    0.3

    0.4

    0.5

    0.00 2.00 4.00 6.00 8.00 10.00

    Frequncia (Hz)

    Des

    loca

    men

    tos

    (m)

    Figura 8 Espectros de resposta de deslocamentos (Kobe, 1995).

    Recentemente surgiu uma nova forma de representar os espectros de resposta em aceleraes e em deslocamentos designada por formato ADRS (de Acceleration and Displacement Response Spectrum). De acordo com este formato os valores espectrais de resposta em acelerao Ea, so representados em funo dos valores espectrais de deslocamento Ed.

    Conjugando as equaes (7) e (8) possvel escrever os valores de Ea em funo de Ed:

    Ea = p2 Ed = (2pi f)2 Ed = 4pi2

    T2 Ed (19)

    Neste tipo de representao a cada perodo T corresponde uma linha recta passando pela origem e com declive 4pi2/T2. Na Figura 9 est representado um espectro de resposta do sismo de Kobe no formato ADRS. Nele esto indicadas as rectas representativas dos perodos de 0,50, 1,0 e 2,0 segundos. De acordo com esta representao os pontos na interseco entre a recta representativa do perodo da estrutura e a funo ADRS traduzem a resposta do oscilador em termos de acelerao (valor de Ea lido no eixo vertical) e deslocamento relativo (valor de Ed lido no eixo horizontal).

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    0.0

    5.0

    10.0

    15.0

    20.0

    25.0

    30.0

    0.00 0.10 0.20 0.30 0.40 0.50

    Deslocamentos (m)

    Acele

    ra

    es

    (m/s

    2 )

    T = 0.5 s

    T = 1.0 s

    T = 2.0 s

    Figura 9 Espectro ADRS (Kobe, 1995).

    1.2.4 Algumas caractersticas dos Espectros de Resposta

    Existem alguns pormenores que caracterizam os espectros de resposta. Um deles o facto de os espectros de resposta de aceleraes absolutas tenderem para zero quando a frequncia prpria dos osciladores tende para zero (ou o perodo tende para infinito). fcil de compreender a razo porque tal acontece. Se imaginarmos um oscilador extremamente flexvel (frequncia prpria muito baixa), pode ocorrer movimento do solo sem que o oscilador se mova. Esta situao limite s possvel se imaginarmos um oscilador totalmente desprovido de rigidez. Sendo assim, se no h movimento do oscilador, ento as aceleraes absolutas deste so nulas o que vem confirmar a propriedade do espectro em anlise.

    Utilizando um raciocnio semelhante, mas no sentido oposto, se considerarmos um oscilador com uma rigidez muito elevada (frequncia infinita ou perodo igual a zero), ser de esperar que o movimento do oscilador seja praticamente igual ao movimento do solo, isto , no h lugar a qualquer amplificao do movimento por parte do oscilador. Desta forma a acelerao mxima registada no oscilador, que no mais do que o valor espectral associado a esse oscilador, dever ser igual ao valor mximo de acelerao medido ao nvel do solo. Sendo assim, o espectro de resposta de aceleraes absolutas dever tender, para valores muito elevados de frequncia, para o valor de pico de acelerao do solo.

    Com base em raciocnios semelhantes aos agora apresentados possvel concluir que os espectros de resposta de velocidades ou deslocamentos relativos devem tender para zero para valores elevados de frequncia, e que tendem respectivamente para a velocidade mxima do solo e para o deslocamento mximo do solo quando a frequncia prpria dos osciladores tende para zero. Nestes casos necessrio realar que os espectros de resposta em causa representam

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    grandezas que traduzem o movimento relativo entre a estrutura e o solo, movimento este que ser nulo no caso de osciladores com grande rigidez (o movimento do oscilador ser igual ao movimento do solo), e que ser igual, em valor absoluto, ao movimento do solo no caso do oscilador ser quase desprovido de rigidez. Estas caractersticas aqui apontadas podem ser observadas no conjunto de espectros de resposta apresentados na Figura 10.

    0.0

    0.1

    0.2

    0.3

    0.4

    0.5

    0.00 1.00 2.00 3.00 4.00 5.00 6.00 7.00 8.00 9.00 10.00

    Frequncia (Hz)

    Des

    l. Re

    lativ

    o (m

    )

    0.0

    0.5

    1.0

    1.5

    2.0

    2.5

    3.0

    0.00 1.00 2.00 3.00 4.00 5.00 6.00 7.00 8.00 9.00 10.00

    Frequncia (Hz)

    Vel. R

    ela

    tiva

    (m/s

    )

    0.0

    5.0

    10.0

    15.0

    20.0

    25.0

    30.0

    0.00 1.00 2.00 3.00 4.00 5.00 6.00 7.00 8.00 9.00 10.00

    Perodo (s)

    Acele

    ra

    es (m

    /s2 )

    Figura 10 Espectros de resposta de acelerao absoluta, velocidade e deslocamento relativo.

    Mximo deslocamento do solo

    Mxima velocidade do solo

    Mxima acelerao do solo

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    1.2.5 Espectros de resposta regulamentares

    A frmula mais utilizada pelos regulamentos actuais para definirem a aco ssmica a considerar no dimensionamento e verificao da segurana de estruturas atravs da especificao de espectros de resposta. Os espectros de resposta regulamentares so curvas idealizadas, no representando por isso a resposta de osciladores a qualquer aco ssmica especfica. O objectivo dos espectros regulamentares de dimensionamento estabelecer os valores mnimos de resistncia que as estruturas de uma dada regio devem apresentar de acordo com a sismicidade desse local. Assim, a ordenada do espectro de resposta de dimensionamento indica, em funo da frequncia prpria do oscilador, valor de determinada grandeza (acelerao, deslocamento, etc.) que o oscilador dever ter capacidade de suportar.

    A definio dos espectros de resposta de dimensionamento obtida a partir de um espectro de resposta elstico afectado do valor do coeficiente de comportamento. O valor do coeficiente de comportamento depende essencialmente da ductilidade da estrutura. Neste captulo s era feita referncia ao espectro de resposta elstico, pois este o elemento essencial na definio da aco ssmica regulamentar. O espectro de resposta elstico funo da sismicidade do local, das caractersticas do terreno de fundao e do coeficiente de amortecimento a considerar na estrutura.

    A influncia da sismicidade do local faz-se sentir no s nos valores extremos do movimento do solo mas tambm na forma do espectro. Por exemplo, um sismo que seja gerado prximo do local em estudo, dever provocar um efeito mais forte em estruturas mais rgidas (menores perodos) do que um sismo gerado num ponto longnquo. Este facto est relacionado com a maior atenuao com a distncia na energia associada s componentes de mais baixo perodo das ondas ssmicas do que s componentes correspondentes aos altos perodos de vibrao. Assim, quanto mais afastado for o sismo, menor energia este dever apresentar nos baixos perodos de vibrao. Obviamente estas comparaes s podem ser feitas directamente se os sismos tiverem magnitudes comparveis. Esta observao vem realar outro parmetro que tambm importante na definio do espectro de resposta de dimensionamento e que o valor da magnitude esperada para os sismos que influenciam a definio do espectro. Para dois sismos com as mesmas caractersticas em termos de proximidade, aquele que tiver maior magnitude dever conduzir a maiores valores de pico da acelerao do solo. Assim, estes dois sismos devero conduzir a espectros de resposta com forma semelhante (concentrao das maiores amplificaes da resposta para a mesma gama de perodos ou de frequncias), mas com diferentes valores das ordenadas espectrais.

    Na actual nova regulamentao portuguesa (NA, 2009), so previstos dois tipos de aco ssmica de dimensionamento, sendo um deles (Aco tipo 1) representativo de um sismo de grande magnitude com epicentro na regio Atlntica (cenrio ssmico designado por afastado), e o outro (Aco tipo 2) que representa uma aco com caractersticas de um sismo de magnitude moderada com epicentro no territrio Continental (ou no Arquiplago dos Aores) (cenrio prximo). Na figura 11 pode-se observar as diferenas que advm das caractersticas das duas aces ssmicas regulamentares. Os espectros de resposta elsticos representados na figura

  • Aco Ssmica

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    referem-se ao mesmo local (Lisboa), mesmo tipo de terreno de fundao (Solo do Tipo B) e ao mesmo valor do coeficiente de amortecimento ( = 5%). Como foi referido, o sismo afastado (Aco tipo 1), embora tenha uma magnitude superior, apresenta valores espectrais inferiores aos do sismo prximo (Aco tipo 2) para valores baixos de perodo.

    Zona de Lisboa - Solo Tipo B ( = 5%)

    0.0

    1.0

    2.0

    3.0

    4.0

    5.0

    6.0

    0.0 0.5 1.0 1.5 2.0 2.5 3.0 3.5 4.0Perodo (s)

    Acel

    era

    o (m

    /s2 )

    AfastadoPrximo

    Figura 11 Espectros de resposta influncia do tipo de aco ssmica (NA, 2009).

    Na proposta de regulamentao europeia (Eurocdigo 8, 2004), a definio do espectro de resposta de elstico, feita em funo do valor de pico da acelerao de solo, valor este a definir de acordo com a sismicidade do local, e de um conjunto de valores de perodo de referncia (TB, TC e TD) que permitem moldar a forma do espectro. Estes valores de perodo permitem adaptar o modelo geral do espectro de modo a representar o efeito de diferentes tipos de solo ou de diferentes tipos de aco ssmica. De acordo com o regulamento os espectros de resposta elsticos so definidos pelas seguintes expresses (Eurocdigo 8, 2004):

    0 T TB Se(T) = ag S [ 1 + TTB ( 2,5 -1 )] (19)

    TB T TC Se(T) = ag S 2,5 (20)

    TC T TD Se(T) = ag S 2,5 TCT (21)

    TD T 4s Se(T) = ag S 2,5 [TC TDT2 ] (22)

    em que:

    Se(T) ordenada do espectro de resposta elstico [m/s2]; ag valor da acelerao do solo para dimensionamento; T perodo de vibrao de um sistema linear com um grau de liberdade; factor que traduz a influncia do amortecimento (=1 para =5%); S factor que traduz a influncia do solo; TB, TC, TD valores de perodos de referncia;

  • Aco Ssmica

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    Os valores dos perodos de referncia limitam as zonas do espectro de resposta com determinadas caractersticas especficas. Assim, a zona do espectro entre o perodo TB e TC corresponde zona com valor constante de acelerao espectral. A zona compreendida entre TC e TD por sua vez corresponde zona de velocidade constante e, por fim, para perodos superiores a TD os deslocamentos espectrais so constantes. Estas caractersticas impostas ao espectro de resposta correspondem a um conjunto de propriedades que se verificam, de forma aproximada, na maioria dos espectros de resposta reais. Na figura 12 esto representados trs espectros de resposta, um de aceleraes, um de velocidades e outro de deslocamentos, todos representativos da mesma aco ssmica. Os espectros de velocidades e deslocamentos foram obtidos a partir do espectro de aceleraes usando as expresses (7) e (8). Como se pode observar os espectros de resposta apresentam as zonas de valores constantes atrs referidas.

    Figura 12 Espectros de resposta aceleraes, velocidades e deslocamentos (NA, 2009).

    T

    T

    T

    Ea

    Ev

    Ed

    TB TC TD

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    1.3 Funo de Densidade Espectral de Potncia.

    A utilizao de processos estocsticos para construir modelos representativos das aces ssmicas e da correspondente resposta das estruturas apresenta inmeras vantagens. Em sntese, pode-se afirmar que sendo um processo estocstico um conjunto de funes convenientemente probabilizado, a sua utilizao elimina o problema da representatividade das vibraes ssmicas determinsticas a utilizar nas anlises (Ravara et. al., 1984). Qualquer caracterstica da resposta das estruturas e da definio da aco ssmica pode ser objecto de clculo ao nvel de processos estocsticos. Na anlise para verificao da segurana das estruturas tem particular interesse a determinao dos valores mximos da resposta que, no contexto dos processos estocsticos, deve ser identificado com o valor mdio do valor mximo da resposta das estruturas a um conjunto de aces ssmicas representativas do processo (realizaes de um processo estocstico).

    Na anlise atravs de processos estocsticos habitual considerar que as vibraes ssmicas podem ser representadas por um processo estocstico, estacionrio e gaussiano, com a densidade espectral de potncia dada pela funo Sx(). A Funo de Densidade Espectral de Potncia, vulgarmente referida como Espectro de Potncia, define-se com a Transformada de Fourier da Funo de Autocorrelao de um determinado sinal representado no tempo x(t). Mais do que saber a definio importante perceber o que que representa o Espectro de Potncia e qual a sua utilidade no processo de verificao da segurana de estruturas.

    O Espectro de Potncia pode ser interpretado como uma medida do contedo energtico do processo, sendo o produto Sx(). uma medida da energia contida numa banda de frequncia de largura infinitesimal , centrada na frequncia . Um resultado importante que resulta da definio de Espectro de Potncia aquele que relaciona o valor esperado do quadrado da varivel com o espectro (Slnes, 1997):

    E[X2(t)] = -

    Sx() d (23)

    Outra equao importante na anlise da segurana de estruturas aquela que permite calcular o valor mdio do valor mximo da grandeza em estudo, admitindo que esta grandeza pertence ao conjunto que integra o processo estocstico associado ao Espectro de Potncia Sx(), e que dada por (Pereira, 1974):

    Max X =

    2 0 [ln ( s2pi 2

    0 ) ln (ln 2)] (24)

    Em que:

    s durao da amostra; 0, 2 momentos espectrais da funo de densidade espectral de potncia definidos por:

    0 = 0

    Sx() d (25)

  • Aco Ssmica

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    2 = 0

    2 Sx() d (26)

    A noo de Espectro de Potncia pode tambm ser utilizada para definir grandezas relacionadas com a resposta da estrutura. Um dos passos fundamentais da anlise estocstica consiste em relacionar o espectro de potncia da excitao com o espectro de potncia da resposta. de realar que quando se refere a resposta da estrutura esta pode ser medida atravs de uma qualquer varivel, seja ela deslocamento ou esforo (pode ser o deslocamento horizontal no tabuleiro, o momento flector no pilar ou a reaco vertical no apoio, por exemplo).

    A equao que permite relacionar o espectro de potncia da excitao com o espectro de potncia da resposta traduzida por:

    SY() = H() H*() SX() = |H()|2 SX() (27) Em que:

    H() Funo de transferncia entre a varivel que define a excitao e a varivel escolhida para medir a resposta;

    H()* - Funo conjugada de H(); SY() Espectro de Potncia da Resposta; SX() Espectro de Potncia da Excitao.

    Existe tambm a possibilidade de relacionar espectros de potncia de processos derivados. Um processo derivado pode definir-se como um processo que pode ser descrito atravs de outro por derivao deste. Um exemplo de um processo derivado um processo relativo a velocidades ou aceleraes que pode ser inferido atravs do correspondente processo relativo a deslocamentos. possvel demonstrar-se as seguintes relaes entre processos derivados (Azevedo, 1996):

    Sx.() = 2 SX () (28)

    E[x. 2] = -

    Sx.() d = -

    2 SX () d (29)

    Sx() = 4 SX () (30)

    E[x2] = -

    Sx() d = -

    4 SX () d (31)

  • Aco Ssmica

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    1.3.1 Gerao de acelerogramas artificiais a partir do Espectro de Potncia

    Admita-se que possvel representar um acelerograma (realizao de um processo estocstico) atravs da sobreposio de sries harmnicas, de acordo com a seguinte expresso:

    X(t) = k = 1

    N Ak cos (kt + k) (32)

    Em que:

    Ak uma constante real positiva a determinar; k a frequncia central da banda de largura e calculada atravs de k = (k ); k o ngulo de fase gerado aleatoriamente no intervalo [0, 2pi].

    Demonstra-se que (Slnes, 1997):

    E[X2(t)] = 12 k = 1

    N Ak2 =

    -

    Sx() d (33)

    Com base neste resultado podemos admitir que o processo aleatrio (acelerograma) pode ser representado pela sobreposio de um elevado nmero de componentes harmnicas com amplitudes obtidas a partir da discretizao do integral representado em (33). A amplitude de cada harmnica pode ser obtida atravs da seguinte equao:

    Ak2 = 2 Sx(k) (34)

    Assim o processo pode ser representado atravs de:

    X(t) = k = 1

    N 2 Sx(k) cos (kt + k) (35)

    Desta forma, para gerar um sinal artificial, estacionrio, basta dividir o Espectro de Potncia num nmero elevado de bandas de largura . A cada uma das bandas associa-se um valor do espectro de potncia definido atravs do valor espectral para a frequncia central da banda Sx(k). Com esta informao possvel calcular a amplitude associada harmnica de frequncia k. A srie final obtm-se por sobreposio das N harmnicas, associando a cada harmnica um ngulo de fase k, gerado aleatoriamente obedecendo a uma distribuio uniforme no intervalo entre 0 e pi (ver Figura 13).

    Toda a formulao at agora apresentada sugere a representao da frequncia em termos de frequncia angular [rad/s]. A converso dos Espectros de Potncia duma representao em frequncia circular [Hz] para frequncia angular (e vice-versa) obedece seguinte relao:

    Ak2 = 2 Sx(k) = 2 Sx(k) 2pi f = 2 Sx(fk) f Sx(fk) = Sx(k)2pi (36)

  • Aco Ssmica

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    Figura 13 Gerao de acelerogramas artificiais a partir de Espectro de Potncia (esquema).

    1.3.2 Clculo do Espectro de Resposta a partir do Espectro de Potncia

    Tal como foi referido na seco 1.2.1, o espectro de resposta representa a mxima resposta de um oscilador de um grau de liberdade com perodo e amortecimento determinado, quando sujeito a uma aco ssmica. Se essa aco ssmica se encontra definida atravs do seu espectro de potncia, o clculo dessa resposta mxima relativamente fcil e envolve metodologias j apresentadas em seces anteriores.

    Como j foi referido possvel calcular o espectro de potncia da resposta de um determinado oscilador de um grau de liberdade a partir do espectro de potncia da aco, desde que se conhea a funo de transferncia que mede a resposta pretendida (equao 27). Assim, o clculo

    Sx()

    m n

    Sx(m)

    Sx(n)

    Sinal n: n, n, An

    Sinal m: m, m, Am

    Sinal artificial

  • Aco Ssmica

    21

    da resposta mxima pode ser feito aplicando directamente a equao (24), que permite calcular o valor mximo da grandeza representada atravs de um espectro de potncia. Convm realar que o resultado da equao (24) traduz um s valor do espectro de resposta. Para obter uma representao do espectro de resposta para diversos valores de frequncia e amortecimento necessrio repetir a sequncia de clculo indicada para todos os pontos pretendidos.

    Assim, a determinao do espectro de resposta a partir de um espectro de potncia envolve a seguinte sequncia de clculo:

    1) Determinao do espectro de potncia da resposta atravs da utilizao da funo de transferncia H(), que relaciona as aceleraes na base com as aceleraes absolutas da resposta:

    Sri () = |H()|2 Sa() (27) Em que:

    Sri () - espectro de potncia da resposta para o oscilador i, de frequncia prpria in; Sa() - espectro de potncia da aco; H () - funo de transferncia do oscilador:

    H() = in2 + i 2 in

    in2 - 2 + i 2 in (37)

    - coeficiente de amortecimento; in - frequncia prpria do oscilador.

    2) Clculo do espectro de resposta.

    Define-se espectro de resposta ER (n, ), como o conjunto dos valores mximos da resposta de osciladores com amortecimento e frequncia prpria n, quando sujeitos a uma excitao na base. Na prtica habitual identificar, para cada oscilador com frequncia prpria n e amortecimento , o correspondente valor do espectro de resposta com o valor mdio da distribuio de extremos associada ao processo estocstico que define a resposta desse oscilador. Assumindo que a distribuio de extremos corresponde assimptoticamente a uma distribuio de Cramer (Pereira, 1974), o valor mdio dos extremos pode ser aproximado pela expresso seguinte, expresso esta que corresponde mediana da distribuio de extremos para uma resposta de durao s:

    ER (n, ) =

    2 0 [ln ( s2pi 2

    0 ) ln (ln 2)] (24)

    1.3.3 Clculo do Espectro de Potncia a partir do Espectro de Resposta

    No existe nenhum processo que permita calcular directamente as funes de densidade espectral de potncia, tambm designadas por espectros de potncia, a partir dos espectros de resposta.

  • Aco Ssmica

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    Como existem, no entanto, processos que permitem obter os espectros de resposta a partir dos espectros de potncia, possvel determinar o espectro de potncia pretendido atravs dum processo iterativo. Este processo consiste na sucessiva correco de um espectro de potncia inicialmente estimado, sendo as correces baseadas na comparao do espectro de resposta associado ao espectro de potncia obtido em cada iterao, com o espectro de resposta representativo da aco ssmica que se pretende reproduzir.

    De seguida apresenta-se o processo iterativo utilizado, descrevendo os vrios passos que o compem:

    1 passo - Escolha de um espectro de potncia inicial Sa0(). Esta estimativa inicial do espectro de potncia pode ser um espectro uniforme em toda a gama de frequncias considerada.

    2 passo - Clculo do correspondente espectro de resposta ER (, ).

    3 passo - Clculo do quociente entre o espectro de resposta obtido e o espectro de resposta inicialmente definido:

    R (in) = E ROBJ

    (in) ER (in) (38)

    Se a diferena entre o espectro de resposta visado e o espectro de resposta obtido for aceitvel, o processo de clculo do espectro de potncia est concludo. Se tal no se verificar, calculada uma nova estimativa do espectro de potncia, multiplicando o espectro de potncia anterior pelo quadrado do quociente R (in)), em cada valor da frequncia , e repete-se o 2 passo.

    2 Referncias

    Clough, R. e Penzien, J. Dynamic of Structures McGraw-Hill, 2 Edio, 1993.

    Hudson, D. E. Response Spectrum Techniques in Engineering Seismology 1 Conferncia Mundial de Eng. Ssmica, Berkeley, 1956.

    Hudson, D. E. Some Problems in Application of Spectrum Techniques to Strong Motion Earthquake Analysis Bul. Seismological Society of America, Vol. 52, No. 2, Abril 1962.

    AN Anexo Nacional ao Eurocdigo 8 (EN 1998-1), Junho, 2009.

    Pereira, J., Mtodos Probabilsticos em Engenharia Ssmica, Memria n 442 - Laboratrio Nacional de Engenharia Civil, Lisboa, 1974.

    Slnes, J. - Stochastic Processes and Random Vibrations - John Wiley & Sons, Chichester, 1997.