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1 DANIELI DA ROSA MARTINS ACIDENTES DE TRABALHO COM PERFUROCORTANTES ENVOLVENDO A EQUIPE DA LIMPEZA HOSPITALAR EM UM PRONTO SOCORRO NOVO HAMBURGO 2007

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    DANIELI DA ROSA MARTINS

    ACIDENTES DE TRABALHO COM PERFUROCORTANTES ENVOLVENDO A EQUIPE DA LIMPEZA HOSPITALAR EM UM PRONTO SOCORRO

    NOVO HAMBURGO 2007

  • 2

    DANIELI DA ROSA MARTINS

    ACIDENTES DE TRABALHO COM PERFUROCORTANTES ENVOLVENDO A EQUIPE DA LIMPEZA HOSPITALAR EM UM PRONTO SOCORRO

    Monografia apresentada como requisito parcial para a obteno do titulo de Especialista em Enfermagem, no Curso de Ps Graduao Lato Sensu Especializao em Sade do Trabalhador do Centro Universitrio Feevale. Orientadora: Clarice Frstenau

    NOVO HAMBURGO 2007

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    A Comisso examinadora, abaixo assinada,

    aprova a monografia

    ACIDENTES DE TRABALHO COM PERFUROCORTANTES ENVOLVENDO A

    EQUIPE DA LIMPEZA HOSPITALAR EM UM PRONTO SOCORRO

    DANIELI DA ROSA MARTINS

    Requisito Parcial para obteno do grau

    de Especialista em Sade do Trabalhador

    no Centro Universitrio Feevale

    COMISSO EXAMINADORA

    _______________________________________

    Prof. Esp. Clarice Frstenau

    (Orientadora)

    _____________________________________________

    Prof. Ms. Gladis Luisa Baptista

    _____________________________________________

    Prof. Ms. Micheline Gisele Dalarosa

    Novo Hamburgo, 2007

  • 4

    ...muitas vezes estamos em dificuldades,

    mas no somos derrotados.

    Algumas vezes ficamos em dvida,

    mas nunca desesperados.

    Temos muitos inimigos,

    mas nunca nos falta um amigo.

    s vezes somos feridos,

    mas no destrudos.

    2 Corntios 4, 8-10

  • 5

    AGRADECIMENTOS

    Agradeo primeiramente a Deus, pelo dom da vida, por ter me iluminado

    nos momentos mais difceis dessa caminhada, dando-me fora garra e

    perseverana para superar todos os obstculos e dificuldades que nela encontrei.

    Em especial e de forma carinhosa a minha famlia, ao meu Pai pela

    compreenso e apoio, a minha querida me e amiga pelo seu carinho, apoio e

    dedicao que recebi nos momentos de alegria e tristeza, sempre me animando em

    seguir em frente, aos meus queridos irmos pela compreenso. Obrigada serei

    sempre grata.

    Ao meu noivo, por preencher meu corao, por toda a sua compreenso,

    voc um companheiro fiel e amvel, sua presena me d uma nova dimenso de

    felicidade.

    A todos os meus colegas e amigos, pelo apoio e amizade.

    Um especial agradecimento a Prof. e Coordenadora do Curso de Ps

    Graduao Jacinta Renner, pelo seu empenho e dedicao para o sucesso desse

    curso, e que sempre esteve ao meu lado buscando solues para as dificuldades

    desta caminhada.

    A minha Prof. e orientadora Clarice Frstenau, pela sua presena sincera e

    amiga, agradeo por ter dedicado seu tempo e sua experincia em toda a trajetria

    deste estudo.

    A todos os professores do curso de ps-graduao em sade do

    trabalhador, meu carinho e gratido, alem de professores foram mestres e amigos.

    Meu especial agradecimento a todas as pessoas que colaboraram como

    sujeitos da pesquisa.

    A todos que de uma maneira ou de outra contriburam para a realizao

    desta conquista, os meus sinceros agradecimentos.

    Obrigada.

  • 6

    RESUMO

    Ao ocorrer um acidente de trabalho, supe-se haver um vnculo entre o acidente e a funo exercida pelo trabalhador acidentado. Esta monografia trata dos acidentes de trabalho com instrumentos perfurocortantes envolvendo a equipe de limpeza de um Hospital de Pronto Socorro e, tem por objetivo geral identificar a prevalncia de acidentes de trabalho com instrumentos perfurocortantes envolvendo o pessoal que atua no setor de limpeza hospitalar. O estudo se caracteriza como observacional descritivo com anlise e discusso de dados sob o paradigma quantitativo. A amostra foi composta por 24 trabalhadores do setor da limpeza hospitalar, ocorreu perda amostral de oito trabalhadores desde setor. Conclui-se que ocorreram trs acidentes de trabalho com perfurocortantes na instituio em estudo. Os acidentes ocorrero durante o manuseio da caixa de descarte e no recolhimento e transporte de sacos de lixo. Os setores onde os acidentes ocorrero foram a emergncia e a pediatria. Foi possvel identificar tambm que os trabalhadores acidentados ficaram expostos, no momento do acidente, aos seguintes fluidos: sangue, fluido corporal com sangue e fluido desconhecido. Acredita-se que o nmero reduzido de acidentes de trabalho com perfurocortantes, nesta instituio, est relacionado com a conscientizao dos trabalhadores atravs da importncia do uso de Equipamento de Proteo Individual (EPI) e da participao dos mesmos nas orientaes e capacitaes que a instituio oferece. Outro fator que pode ser considerado para o pequeno nmero de acidentes a baixa demanda de trabalho destes profissionais. Atendendo a orientao do Ministrio da Sade todos os acidentes envolvendo os trabalhadores foram notificados. Palavras-chave: Sade do trabalhador. Biossegurana. Exposio a agentes biolgicos.

  • 7

    ABSTRACT

    When a work accident happens, is supposed to have a relation between the accident and the work exercised for the injured worker. This paper is about the work accidents with cutting and piercing involving the clean team of a First Aid Hospital and have as general objective identify the prevalence of work accidents with cutting and piercing instruments involving the persons that work in the hospital clean sectors. The study is known as descriptive observational with analyses and discussion of dates, by quantitative paradigm. The sample was composed by 24 workers from the hospital clean sectors, and occurred in this sample a lost of 8 workers. The results indicated the occurrence of three work accidents with cutting and piercing. The accidents occurred during the handling of boxes with cutting and piercing and the gathering and transport of the garbage bags. The sectors where the accidents occurred were the emergency and the pediatric unit. The accident workers were expose to the following fluids at the moment of the accident: blood, body fluid with blood and unknown fluid. The reduced number of work accidents in this institution is believed in the conscience of the workers about the importance to use the EPI and their participation in the orientations and capacitations given by the Institution. Other factor that can be considered to the little number of accidents is the low demand of work of this professional. All accidents with this professional were notifications, attendance the orientation from Health Ministry. Keywords: Accident work; clean team; cutting and piercing.

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    SUMRIO

    INTRODUO..................................................................................................... 9

    1 REVISO DE LITERATURA............................................................................. 12

    1.1 Breve histrico sobre a sade do trabalhador no Brasil................................. 12

    1.2 Acidentes de trabalho: preveno e cuidados................................................ 14

    1.3 O ambiente hospitalar..................................................................................... 19

    1.3.1Os profissionais da sade e os acidentes de trabalho................................. 20

    1.3.2 O servio de higiene hospitalar: riscos relacionados com a ocupao....... 24

    1.3.2.1 Preveno e notificao dos acidentes com perfurocortantes

    envolvendo os profissionais da rea da sade.....................................................

    27

    2 PROCEDIMENTOS METODOLOGICOS.......................................................... 31

    2.1 Caracterstica da investigao........................................................................ 31

    2.1.1 Tipo de pesquisa......................................................................................... 31

    2.2 Populao e Amostra..................................................................................... 31

    2.2.1 Campo do estudo........................................................................................ 31

    2.2.2 Populao.................................................................................................... 32

    2.2.3 Amostra....................................................................................................... 32

    2.3 Perodo de Investigao................................................................................. 33

    2.4 Coleta de Dados............................................................................................. 33

    2.5 Apresentao e Anlise dos Dados................................................................ 34

    2.6 Aspectos ticos da pesquisa...................................................................... 34

    3. APRESENTAO E DISCUSSO DOS DADOS........................................... 36

    3.1 Apresentao dos Sujeitos da Pesquisa........................................................ 36

    3.2 Tipos de Acidentes de Trabalho com a equipe de limpeza hospitalar........... 38

    3.3 Circunstancia dos Acidentes.......................................................................... 41

    3.4 Importncia das notificaes e participao nas orientaes........................ 42

    4 CONCLUSO.................................................................................................... 45

    REFERNCIAS.................................................................................................... 47

    APENDICE A Questionrio............................................................................. 52

    APENDICE B Termo de consentimento Livre e Esclarecido do Participante.... 54

  • 9

    INTRODUO

    A rea de Sade do Trabalhador, no Brasil, tem uma conotao prpria,

    reflexo da trajetria que lhe deu origem e vem constituindo seu marco referencial,

    seu corpo conceitual e metodolgico. uma rea da Sade Pblica que prev o

    estudo, a preveno, a assistncia e a vigilncia aos agravos sade relacionados

    ao trabalho.

    Segundo Gomez e Costa (1997, p.01),

    a sade dos trabalhadores se torna questo na medida em que outras questes so colocadas no pas. Manifesta-se no mago da construo de uma sociedade democrtica, da conquista de direitos elementares de cidadania, da consolidao do direito livre organizao dos trabalhadores.

    O ambiente de trabalho o local onde se desenvolve a prestao dos

    servios e, tambm, o ambiente reservado pelo empregador para o descanso do

    empregado. O trabalho um dos elementos que mais interferem nas condies e

    qualidade de vida do homem e, portanto, na sua sade. Dessa forma fundamental

    ser dotado de condies higinicas bsicas, regras de segurana capazes de

    preservar a integridade fsica e a sade dos empregados, com a antecipao, o

    reconhecimento, a avaliao e o domnio dos riscos concretos ou potenciais

    existentes (MAIA 2000).

    No ambiente de trabalho muitas vezes estamos expostos a riscos de

    acidentes, onde acidente de trabalho o que ocorre pelo exerccio do trabalho a

    servio da empresa, ou pelo exerccio do trabalho do segurado especial, provocando

    leso corporal ou perturbao funcional, de carter temporrio ou permanente,

    (BARBOSA; 2001).

    A leso corporal pode ser caracterizada apenas pela reduo da funo de

    determinado rgo ou segmento do organismo, como os membros. Essa leso

    corporal pode provocar a morte, perda ou reduo da capacidade para o trabalho.

  • 10

    Devido a esses acidentes, todo e qualquer estabelecimento de assistncia a

    sade, tem que prestar a segurana e sade no trabalho, por isso foi estabelecida a

    NR-32-Norma Regulamentadora de segurana e sade no trabalho em

    estabelecimentos e assistncia sade (BRASIL, 2005).

    Esta norma tem por finalidade estabelecer as diretrizes bsicas para a

    implementao de medidas de proteo a segurana e a sade dos trabalhadores

    em estabelecimentos de assistncia a sade, bem como daqueles que exercem

    atividades de promoo e assistncia sade em geral. No mbito desta

    regulamentao define-se instituio de sade como sendo qualquer edificao

    destinada prestao de assistncia sade da populao, e todas as aes de

    promoo, recuperao, assistncia, pesquisa e ensino em sade em qualquer nvel

    de complexidade (BRASIL, 2005).

    Dentro do contexto do trabalho em sade, rea de atuao da pesquisadora

    surge o interesse de buscar mais dados em relao aos acidentes que ocorrem com

    os trabalhadores que exercem suas atividades profissionais em contato com

    resduos biolgicos.

    A temtica central desta investigao se concentra nos acidentes de

    trabalho com instrumentos perfurocortante envolvendo a equipe de limpeza de um

    pronto socorro. A opo por este tema de pesquisa adveio do interesse e

    preocupao com os riscos ocupacionais que os trabalhadores que realizam a

    limpeza hospitalar esto expostos e, devido ao fato da manipulao de materiais

    perfurocortantes onde esses trabalhadores esto envolvidos no seu dia a dia, no seu

    ambiente de trabalho.

    Diante das questes acima apresentadas, foi proposta a realizao de um

    estudo que est inserido na linha de pesquisa da avaliao e qualidade dos servios

    e no processo de trabalho em sade, destacando-se os meios, as condies e as

    relaes de trabalho.

    Este trabalho se caracteriza como um estudo observacional descritivo com

    anlise e discusso de dados sob o paradigma quantitativo com delineamento

  • 11

    transversal, onde a populao alvo da pesquisa foi de trabalhadores da limpeza

    hospitalar de um pronto socorro de um municpio da mesorregio metropolitana de

    Porto Alegre, RS.

    OBJETIVOS

    Apresentam-se a seguir os objetivos desta investigao.

    Objetivo geral

    Identificar a prevalncia de acidentes de trabalho com instrumentos

    prfurocortantes envolvendo o pessoal da limpeza hospitalar;

    Objetivos especficos:

    Identificar quais so os objetos perfurocortantes causadores dos acidentes

    de trabalho, envolvendo o pessoal da limpeza hospitalar;

    Verificar em quais situaes de trabalho e setores do hospital ocorreram os

    acidentes;

    Identificar a associao dos dados pessoais e o tempo de servio dos

    trabalhadores com a ocorrncia de acidentes com perfurocortantes;

    Verificar a relao da capacitao para preveno de acidentes com a

    ocorrncia do acidente com perfurocortantes.

  • 12

    1 REVISO DE LITERATURA

    Para fundamentar a respectiva pesquisa sero abordados os seguintes

    temas: sade do trabalhador, risco biolgico, preveno e cuidados de acidentes de

    trabalho.

    1.1 Breve histrico sobre a sade do trabalhador no Brasil

    Este captulo tem como objetivo apresentar um breve histrico sobre a

    evoluo da sade do trabalhador, no Brasil, em especial a partir do ano de 1970.

    Esta rea prev o estudo, a preveno, a assistncia e a vigilncia dos agravos

    sade relacionada ao trabalho.

    Em meados de 1970, surge o Movimento de Reforma Sanitria, propondo

    uma nova concepo de Sade Pblica para o conjunto da sociedade brasileira,

    incluindo a Sade do Trabalhador (BRASIL, 2005).

    A alternativa para reduo de acidentes no Brasil na dcada de 70, devido

    aos altos ndices de acidentes, foi atravs da imposio legal para as empresas

    contratarem profissionais especializados, tais como: mdicos do trabalho, auxiliares

    de enfermagem ou enfermeiro do trabalho, engenheiros e tcnicos de segurana

    (BRASIL, 2005).

    Segundo Anvisa,

    [...] so obrigadas a manter os Servios Especializados em Engenharia de Segurana e Medicina do trabalho (SESMT) e as Comisses Internas de Preveno de Acidentes (CIPA) as empresas privadas e pblicas (incluindo os hospitais) que possuem empregados regidos pela Consolidao das Leis do Trabalho (CLT). So responsabilidades inerentes CIPA e SESMT: a. zelar pela sade e integridade fsica do trabalhador; b. revisar todos os acidentes envolvendo visitantes, pacientes e funcionrios, bem como manter relatrios e estatsticas de todos os danos; c. investigar e analisar acidentes, recomendando medidas preventivas e corretivas para evit-los; apoiar a rea gerencial

  • 13

    como consultor na rea de segurana do trabalho e atividades afins; e. coordenar e treinar a equipe de Brigada Contra Incndio, bem como a populao envolvida em situaes de incndio (BRASIL, 2007 p. 01).

    Todos esses profissionais criaram e fazem parte do Servio Especializado

    em Engenharia e Segurana do Trabalho e em Medicina do Trabalho SESMT. O

    contingente destes profissionais dimensionado de acordo com o grau de risco e o

    nmero de trabalhadores das empresas (BONCIANI, 1994).

    Em 1990, a Lei Orgnica da Sade (Lei Federal 8080/90), em seu artigo 6,

    pargrafo 3, regulamentou os dispositivos constitucionais sobre Sade do

    Trabalhador como um conjunto de atividades que se destina, atravs das aes de

    vigilncia epidemiolgica e vigilncia sanitria, promoo e proteo da sade dos

    trabalhadores, assim como visa recuperao e reabilitao da sade dos

    trabalhadores submetidos aos riscos e agravos advindos das condies de trabalho

    (BRASIL, 2007).

    Essa legislao surge em decorrncia do crescente nmero de

    trabalhadores e, buscando oportunizar a realizao de aes voltadas para a

    promoo e a proteo sade dos mesmos. Contriburam, tambm, para a

    elaborao deste ato legislativo o elevado nmero de acidentes de trabalho que

    estava e, ainda est ocorrendo no Brasil (BRASIL, 2007).

    De acordo com o Ministrio do Trabalho e Emprego, no Brasil, atualmente,

    existem aproximadamente 70 milhes de trabalhadores, mas somente 33% o que

    corresponde a 25 milhes de trabalhadores tm atendimento pela Previdncia

    Social e pelo Sistema nico de Sade (SUS). Este contingente se refere queles

    trabalhadores que tm carteira de trabalho assinada e emprego formal (CAMPOS,

    2003, s.p).

    Os dados do Ministrio do Trabalho e Emprego e da Previdncia Social

    mostram que os nmeros de acidentes de trabalho, no Brasil, dados relacionados

    com aqueles trabalhadores que possuem emprego formal e, suas piores

    conseqncias que so a morte e a invalidez permanente, esto diminuindo nos

    ltimos anos (CAMPOS, 2003, s.p).

  • 14

    1.2 Acidente de trabalho: preveno e cuidados

    Acidentes de trabalho so aqueles que acontecem no exerccio do trabalho

    prestado empresa e que provocam leses corporais ou perturbaes funcionais

    que podem resultar em morte ou na perda ou em reduo, permanente ou

    temporria, das capacidades fsicas ou mentais do trabalhador (BENSOUSSAN e

    ALBIERI, 1997).

    Para complementar a idia anterior, de acordo com a Lei n. 8213, onde a

    mesma trata dos benefcios da Previdncia Social, esta estabelece em seu art. 19:

    acidente do trabalho o que ocorre pelo exerccio do trabalho a servio da empresa ou pelo exerccio do trabalho dos segurados referidos no inciso VII do art. 11 desta Lei, provocando leso corporal ou perturbao funcional que cause a morte ou a perda ou reduo, permanente ou temporria, da capacidade para o trabalho.

    Os acidentes de trabalho so os maiores desafios para a sade do

    trabalhador, atualmente e no futuro. De acordo com a OPAS - Organizao Pan-

    americana de Sade (2006, p. 02) estes desafios esto ligados aos problemas de

    sade ocupacional, com as novas tecnologias, novas substncias qumicas,

    problemas relacionados com a crescente mobilidade dos trabalhadores e ocorrncia

    de novas doenas ocupacionais.

    Em 1998 foram registrados, no Brasil, mais de 414 mil acidentes, em 2001 o

    total de acidentes foi de 339 mil, ou seja, uma queda de aproximadamente 18%. Em

    2003, foram 399.077 e 465.700 em 2004, mais da metade destes acidentes

    ocorreram na regio Sudeste, onde 279.680 pessoas tiveram algum tipo de acidente

    de trabalho. No ano de 2005 foram registrados 491.711 acidentes de trabalho,

    Dados do Ministrio do Trabalho e Emprego (Vasconcelos, 2007, s.p).

    Segundo o Ministrio do Trabalho e Emprego, ocorrem, no Brasil por ano,

    em mdia, 12,6 acidentes para cada 100 mil trabalhadores ao passo que esse ndice

  • 15

    de 7,6 na Frana; 5,5 na Alemanha; 4,2 na Finlndia e 2,7 na Sucia. (Campos

    2003, s.p).

    A maior parte dos acidentados do sexo masculino, correspondendo a

    378.604. A faixa etria que apresenta maior concentrao de acidentes entre os

    25 e 29 anos de idade, correspondendo a 75.046 casos, dados do ministrio do

    trabalho e emprego (Vasconcelos, 2007, s.p).

    Este elevado nmero de acidentes de trabalho, evidenciado pelos dados

    apontados pelo Ministrio do Trabalho e Emprego, causa um grande e forte impacto

    na previdncia social, pois alm de prejuzos diretos e indiretos o custo destes

    acidentes para a sociedade brasileira, foi da ordem de R$22 bilhes em 2001. Este

    valor foi maior do que todo o oramento da Sade naquele ano (Campos, 2003, s.p).

    De acordo com Campos, as campanhas de preveno continuada so as

    melhores solues para diminuir esse nmero sinistro. Entretanto, estima-se que os

    custos da preveno realizada no Brasil no ultrapassem os R$ 5 bilhes, incluindo

    gastos com equipamentos, profissionais e treinamento (Campos, 2003, s.p).

    Ainda conforme o autor, se apenas metade dos valores gerados pelos

    prejuzos anuais fosse aplicada em preveno de acidentes, se chegaria aos

    percentuais de acidentes do 1 mundo, em menos de uma dcada, com apenas 20%

    dos acidentes e 5% das mortes de hoje.

    Conforme Santana et al (2006, p. 1005),

    no Brasil, com base no PIB do ano 2002, essas estimativas de perda ficariam entre US$ 21,899,480 e US$ 54,748,700 refletindo baixa efetividade das polticas e programas de preveno de agravos sade no trabalho. Tais valores limitam-se aos custos econmicos e no incluem aqueles decorrentes dos impactos emocionais e familiares, dificilmente mensurveis.

    Os trabalhadores so as vtimas pessoais mais transparentes dos acidentes

    do trabalho. Esses acidentes so identificados visualmente por um simples curativo

  • 16

    num dedo ou at por uma parte do corpo engessada ou quando no ocorre o bito

    cuja evidencia inquestionvel (ZOOCCHIO, 2001).

    Conforme Bensoussan e Albieri (1997 p. 69):

    no termo da legislao consideram-se acidentes de trabalho, as seguintes entidades mrbidas: I a doena profissional, assim entendida a produzida ou desencadeada pelo exerccio do trabalho peculiar a determinado ramo de atividade e constante da relao que trata o anexo ao decreto n. 2172; II a doena do trabalho, assim entendida a adquirida ou desencadeada em funo de condies especiais em que o trabalho realizado e com ele se relaciona diretamente, desde que constante da relao mencionada.

    Para Bensoussan e Albieri (1997), o acidente inicial se caracteriza

    independentemente de existir acidentado e, tem como exemplo a exploso de um

    forno. O acidente inicial aquele que desencadeia um ou mais acidentes causando

    leso, j o acidente pessoal depende de existir acidentado, e tem como exemplo o

    choque de um veculo contra uma parede.

    O acidente sem leso aquele que no apresenta leso corporal, e o

    acidente de trajeto aquele em que o empregado sofre no seu percurso da sua

    residncia para o trabalho e vice-versa. Esses acidentes de trabalho no existem

    como figuras que permanecem no espao, eles acontecem por uma ou mais causas.

    Estes acidentes depois que acontecem deixam de existir, entretanto, deixam suas

    conseqncias, que so muitas vezes tristes e dolorosas (ZOOCCHIO, 2001).

    De acordo com Zoocchio (2001, p. 26):

    [...] para que acontea um acidente preciso que existam condies propicias ao acontecimento. Essas condies so os riscos de acidente que podero estar nas condies e meios de trabalho ou no comportamento das pessoas.

    Essa condio expressa no pargrafo anterior so as causas diretas e

    indiretas dos acidentes, pois refletem as condies inseguras existentes no

    ambiente de trabalho que acaba levando o trabalhador a praticar atos que

    desencadeiam os acidentes.

  • 17

    Dentre as condies inseguras podemos destacar: a falta de dispositivos de

    proteo em mquinas e outros equipamentos; dispositivos de proteo existentes,

    mas inadequados ou em ms condies; falhas de processo ou mtodo de trabalho;

    EPI no fornecido pela empresa ou inadequado ao risco que deveria neutralizar;

    nvel de iluminao insuficiente para trabalho; produtos perigosos expostos

    (ZOOCCHIO, 2001).

    Todas essas condies citadas podem existir dentro de um ambiente de

    trabalho, como tambm podem ser criadas, durante a execuo das tarefas, atravs

    do descontrole, desorganizao, precipitao ou, muitas vezes, pela prpria

    negligncia dos trabalhadores. Por isso a ateno, a concentrao naquilo que est

    fazendo ou executando fundamental para a integridade fsica do trabalhador

    (MACHADO et al, 1992).

    Conforme Bensoussan e Albieri (1997) o acidente de trabalho engloba em

    sua definio legal o acidente tpico, o acidente de trajeto e a doena profissional.

    Os acidentes de trabalho podem ser classificados como: acidentes tpicos,

    de trajeto e doenas do trabalho ou ocupacionais. Acidentes Tpicos so todos os

    acidentes que ocorrem no desenvolvimento do trabalho na prpria empresa ou a

    servio desta, acidentes de trajeto, so os acidentes que ocorrem no trajeto entre a

    residncia e o trabalho ou vice-versa. As doenas ocupacionais so aquelas

    causadas pelo tipo de trabalho ou pelas condies do ambiente de trabalho (SILVA,

    2007, s.p).

    Conforme Brasil (1994) o anexo IV - Portaria n. 25, de 29/12/94 os

    principais riscos ocupacionais em grupos, de acordo com a sua natureza, so os

    riscos apresentados na tabela abaixo:

  • 18

    Grupo Riscos Descrio

    1 Fsicos Rudo, calor, frio, presses, umidade, radiaes ionizantes e no ionizantes e vibraes.

    2 Qumicos Poeiras, fumo, gases, vapores, nvoas, neblinas e substncias compostas ou produtos qumicos em geral.

    3 Biolgicos Fungos, vrus, parasitas, bactrias, protozorios e bacilos.

    4 Ergonmicos

    Esforo fsico intenso, levantamento e transporte manual de peso, exigncia de postura inadequada, controle rgido de produtividade, imposio de ritmos excessivos, trabalho em turno e noturno, jornadas de trabalho prolongadas, monotonia e repetitividade e outras situaes causadoras de stress fsico e/ou psquico.

    5 Acidentes

    Arranjo fsico inadequado, iluminao inadequada, probabilidade de incndio e exploso, eletricidade, mquinas e equipamentos sem proteo, armazenamento inadequado, quedas e animais peonhentos.

    Fonte: Riscos Ocupacionais (Brasil, 1994).

    Os acidentes acarretam vrios tipos de prejuzos, sendo que destes, alguns

    do origem a aes legais movidas entre os envolvidos. Essa situao tem ocorrido

    e sido registrado, com freqncia, em pases desenvolvidos (BRASIL, 2007).

    Dentre os acidentes de trabalho, a temtica central desta pesquisa, sobre

    os acidentes de trabalho com material biolgico, com o pessoal da higienizao

    dentro de uma instituio hospitalar. Onde estes acidentes representam um risco

    para os trabalhadores das instituies hospitalares devido possibilidade de

    transmisso de patgenos como o vrus da hepatite B (HBV) e da Sndrome da

    Imunodeficincia Adquirida AIDS (HIV), as quais podem ser letais (BRANDO

    JNIOR, 2000).

  • 19

    1.3 O Ambiente hospitalar

    O hospital um local destinado ao atendimento de doentes, para

    proporcionar o diagnstico e os tratamentos necessrios. Historicamente, os

    hospitais surgiram como lugares de acolhida de doentes e peregrinos, durante a

    idade mdia (BRASIL, 2006).

    Atualmente h diferenciao entre hospitais pblicos e privados. Os

    hospitais pblicos so financiados e mantidos pelo estado, sendo o custo menor

    para os doentes em comparao com os hospitais privados. Geralmente os hospitais

    privados tm melhor qualidade que os pblicos (BRASIL, 2006).

    Considerando os hospitais pblicos e privados a classificao ser aplicada

    aos hospitais integrantes do Sistema nico de Sade, ordenando-os, de acordo

    com suas caractersticas, em um dos seguintes portes; Hospital de Porte I;

    Hospital de Porte II; Hospital de Porte III e IV (BRASIL, 2000).

    No mbito desta classificao (BRASIL, 2000), considera-se:

    Hospitais Tipo I so hospitais especializados, que contam com recursos

    tecnolgicos e humanos adequados para o atendimento das

    urgncias/emergncias de natureza clnica e cirrgica, nas reas de pediatria ou

    traumato-ortopedia ou cardiologia.

    Hospitais Tipo II so hospitais gerais que dispem de unidade de

    urgncia/emergncia e de recursos tecnolgicos e humanos adequados para o

    atendimento geral das urgncias/emergncias de natureza clnica e cirrgica.

    Hospitais Tipo III e IV so hospitais gerais caracterizados como aqueles

    que contam com recursos tecnolgicos e humanos adequados para o

    atendimento geral das urgncias/emergncias clnicas, cirrgicas e

    traumatolgicas, desempenham ainda as atribuies de capacitao,

    aprimoramento e atualizao dos recursos humanos envolvidos com as atividades

  • 20

    meio e fim da ateno s urgncias/emergncias.

    Dentro de uma instituio hospitalar existem vrios tipos de atendimentos,

    que vai desde o mais simples at o mais complexo. Dentre os tipos podemos citar:

    ambulatorial, cirrgico, UTI, infectologia, neurologia, clinico geral, pediatria,

    maternidade, oncologia, infectologia, psiquiatria, entre outros (BRASIL, 1999).

    O ambiente hospitalar envolve a exposio dos profissionais de sade e

    demais trabalhadores, incluindo o pessoal da higienizao a uma diversidade de

    riscos, especialmente os biolgicos. Com o elevado nmero de atendimento e com

    uma enorme circulao de pessoas o ambiente hospitalar pode conter focos de

    infeco podendo ser transmitida ao ser humano. Esse ambiente, incluindo o ar,

    gua e as superfcies que cercam o paciente guarda ntima relao com as

    infeces hospitalares, podendo atravs deste, proporcionar focos de contato e de

    transmisso (ANDRADE, ANGERAMI e PADOVANI, 2000).

    De acordo com Andrade, Angerami e Padovani (2000, p. 164):

    [...] embora as principais causas de infeco hospitalar estejam relacionadas com o doente, susceptvel infeco e com os mtodos diagnsticos e teraputicos utilizados, no se pode deixar de considerar a parcela de responsabilidade relacionada aos padres de assepsia e de higiene do ambiente hospitalar.

    Dentro de um ambiente hospitalar os principais riscos envolvem os diversos

    profissionais da sade, o que ser apresentado no subcaptulo a seguir.

    1.3.1 Os profissionais da sade e os acidentes de trabalho

    Acidente no ambiente hospitalar fato. No Brasil, os acidentes de trabalho

    com perfurocortantes em instituies hospitalares, comearam a ser citadas em

    estudos de pesquisa na dcada de 70, porm a partir da dcada de 80, com o

    alarme das publicaes e debates sobre a AIDS, muitos profissionais tanto da sade

    quanto o pessoal da limpeza atemorizam-se com a possibilidade de contrair a

  • 21

    doena em acidentes com materiais contaminados com secrees e fluidos, comuns

    em materiais cortantes e perfurantes (MACHADO et al, 1992).

    Estes envolvem os agentes fsicos, qumicos, biolgicos e ergonmicos e

    podem ocorrer com os profissionais da rea da sade, pacientes, visitantes e,

    tambm, com os trabalhadores da limpeza hospitalar (BRASIL, 2007).

    Os principais acidentes de trabalho que ocorrem com os profissionais de

    sade so acidentes de trajeto, no caso de ambulncias e outros veculos de sade,

    depois vm os perfurocortantes contaminados com material biolgicos e, os

    qumicos, como os casos de contaminao com hipoclorito de sdio (alvejante) e

    glutaraldedo (esterilizante) (BRASIL, 2006).

    Os materiais perfurocortantes mais conhecidos so seringas, agulha,

    escalpe ampolas, vidros, bisturi, ou seja, aqueles que so pontiagudos ou que so

    capazes de causar leso ou cortes (ZOOCCHIO, 2001).

    Os acidentes ocasionados por picadas de agulhas so responsveis por 80

    a 90% das transmisses de doenas infecciosas entre trabalhadores de sade e o

    risco de transmisso de infeco de uma agulha contaminada de trs para a

    Hepatite B, um em trinta para hepatite C e um em trezentos para o HIV (BRANDO

    JNIOR, 2000).

    No estudo feito por Ruizi, Barbosa e Solen (2004) com dados sobre causa

    do acidente de trabalho, totalizando 728 entrevistados, nota-se que os acidentes

    com materiais perfurocortantes foram os mais freqentes (348=40,4%), seguidos

    pelas quedas e traumas (290=33,7%) e por acidentes com materiais biolgicos

    (90=10,5%), como sangue, fezes, urina, vmitos e outras secrees apontam para o

    mesmo panorama em relao ao acidentes de trabalho apontados em outros

    estudos.

    Neste mesmo estudo os autores apontam que, em relao faixa etria dos

    sujeitos acidentados,

  • 22

    [...] a maioria (797-92,6%) dos trabalhadores tinha entre 21 a 50 anos, 342 (39,7%) na faixa de 31 a 40 anos, com menor ocorrncia de acidentes de trabalho na faixa de idade de 61 anos ou mais (3-0,3%), seguido dos mais jovens, isto , com at 20 anos de idade (2-0,2%), alm de ficar destacado que em 3 (0,3%) CATs no havia registro da idade dos trabalhadores acidentados.

    De acordo com estudo de BASSO (1999), os perfurocortantes representam

    80,5% dos acidentes na rea da sade, sendo o sangue a principal fonte 79,7%.

    Este estudo tambm mostra que os profissionais, tm um grande risco para

    acidentes e que esses ocorrem predominantemente em indivduos jovens, com

    menor experincia.

    Os dados do estudo do autor (1999) apontam que: dos 1096 entrevistados,

    236 (21,5%) tiveram acidentes nos ltimos doze meses. A categoria que sofreu

    maior nmero de acidentes foi a dos estudantes de medicina, 55,4%, seguido pelos

    residentes 44,5%, pelos mdicos assistentes 24,1%, pelos auxiliares e tcnicos de

    enfermagem 14,7%, pelo pessoal da limpeza 11,3%, tcnicos de laboratrio 10,5%,

    pelos enfermeiros 10,2% e pelos atendentes de enfermagem 3,6%.

    Alm do risco de contrair infeces o acidente pode gerar no trabalhador,

    srias repercusses psicossociais levando-o a mudanas nas relaes; de trabalho,

    familiares e sociais, devido s associaes ao HIV e a AIDS, as reaes

    psicossomticas ps-profilaxia utilizada devido exposio ocupacional e o impacto

    emocional (BRANDO JNIOR, 2000).

    Quando ocorre um acidente de trabalho, este deve ser comunicado, a

    Previdncia Social at o primeiro dia til seguinte da ocorrncia, e em caso de morte

    de imediato a autoridade competente sob pena de multa. Na falta desse

    comprimento, caber ao setor de benefcios comunicarem a ocorrncia no setor de

    fiscalizao do INSS para a execuo de uma multa devida (MICHEL, 2001).

    Para a segurana e sade no trabalho em servios de sade se destacam a

    NR 5, NR 6 e a NR 32. A NR 5 orienta sobre a implantao e atuao da Comisso

    Interna de Preveno de Acidentes nas empresas privadas, pblicas e rgos

    governamentais que possuam empregados regidos pela CLT. Estas instituies a

  • 23

    partir desta NR ficam obrigados a organizar e manter em funcionamento, por

    estabelecimento, uma Comisso Interna de Preveno de Acidentes CIPA (FRIAS

    JUNIOR, 1999).

    A NR 6 dispe sobre a obrigatoriedade do uso dos Equipamentos de

    Proteo Individual. Para os fins de aplicao desta NR, considera-se EPI todo

    dispositivo de uso individual, de fabricao nacional ou estrangeira, destinado a

    proteger a sade e a integridade fsica do trabalhador. A empresa obrigada a

    fornecer aos empregados gratuitamente. Tambm foi criada, em 2005, a NR 32 que

    estabelece as diretrizes bsicas para a implementao de medidas de proteo

    segurana e sade dos trabalhadores dos servios de sade, bem como daqueles

    que exercem atividades de promoo e assistncia sade em geral (FRIAS

    JUNIOR, 1999).

    No contexto desta norma regulamentadora um servio de sade

    compreendido como

    [...] qualquer edificao destinada prestao de assistncia sade da populao, e todas as aes de promoo, recuperao, assistncia, pesquisa e ensino em sade em qualquer nvel de complexidade. Para fins de aplicao desta NR, considera-se Risco Biolgico a probabilidade da exposio ocupacional a agentes biolgicos. Consideram-se Agentes Biolgicos os microrganismos, geneticamente modificados ou no; as culturas de clulas; os parasitas; as toxinas e os prons (Portaria MTE 485, 2005).

    Com todas essas normativas e com a participao conjunta de trabalhadores

    e tcnicos da rea, garantida a todos os trabalhadores condio digna de sade e

    segurana assim como a qualidade de vida, pois nestes novos tempos, com a

    terceirizao, os limites da antiga fbrica j no so ntidos e, a constante

    fragmentao do trabalho e a macia incorporao de tecnologias de automao

    vm modificando substancialmente o papel do trabalhador junto ao coletivo (FRIAS

    JUNIOR, 1999).

    As atividades e os riscos ocupacionais destes trabalhadores sero

    apresentados no subcapitulo a seguir.

  • 24

    1.3.2 O servio de higiene hospitalar: riscos relacionados com a ocupao

    profissional

    O servio de higiene e limpeza hospitalar o responsvel por toda a

    remoo de sujeiras, detritos indesejveis e microorganismos presentes no

    ambiente hospitalar, mediante a utilizao de processo mecnico e qumico. O

    principal requisito do processo de limpeza hospitalar a segurana dos pacientes e

    empregados contra infeces e acidentes (BRASIL, 2000).

    Dentre o cotidiano dos hospitais uma das atividades a limpeza da unidade,

    reconhecendo-a como uma das formas de manter o ambiente biologicamente

    seguro, e quem realiza esta atividade o pessoal da limpeza (ANDRADE,

    ANGERAMI e PADOVANI, 2000).

    Define-se como limpeza hospitalar o processo de remoo de sujidades

    mediante a aplicao de energia, qumica, mecnica ou trmica num determinado

    perodo de tempo. Esta limpeza tem por finalidade preparar o ambiente hospitalar

    para suas atividades, manter a ordem do ambiente e conservar equipamentos e

    instalaes. (ANDRADE, ANGERAMI e PADOVANI, 2000).

    Conforme Andrade, Angerami e Padovani (2000), a limpeza hospitalar ou

    higienizao se classifica em: higienizao concorrente, esta ocorre, quando o

    ambiente se encontra ocupado, sendo realizada a limpeza diria e reposio de

    materiais, tais como o papel toalha e o papel higinico; a higienizao terminal que

    ocorre quando h desocupao do ambiente e, envolve a limpeza de pisos, tetos,

    paredes e anexos que so: janelas, portas, vidros, luminrias, etc.; a higienizao

    das salas cirrgicas, que envolve tambm a limpeza operatria, ou seja, a

    descontaminao imediata aps o derramamento de lquidos e secrees orgnicas;

    Para que ocorra a devida higienizao as equipes de limpeza hospitalar

    devem receber forte treinamento para procurar atender aos requisitos da

    organizao, alm de aplicar melhoria constante de mtodos, produtos de limpeza e

  • 25

    do tratamento do lixo hospitalar, de forma a evitar focos de contaminao e infeco

    acidental (BRASIL, 2000).

    Nas unidades de sade a equipe de profissionais que realiza a limpeza

    hospitalar geralmente responsvel, tambm, pelo recolhimento e destinao do

    lixo hospitalar onde muitas vezes se encontram resduos biolgicos, qumicos

    radioativos, medicamentos e perfurocortantes. Estes materiais esto classificados

    como lixo perigoso, devido fonte potencial de contaminao e disseminao de

    doenas e, por isso necessitam de cuidados especiais (ANDRADE, ANGERAMI e

    PADOVANI, 2000).

    De acordo com Schneider et. al (2004, p. 20)

    define-se resduo ou lixo como tudo aquilo que no tem mais utilidade e que se joga fora. O sentimento que o homem tem em relao a esse de algo que quer se desfazer rapidamente e que deve ser lanado o mais longe possvel de sua viso e olfato.

    O ambiente de trabalho deve manter condies higinicas bsicas, alm de

    assegura o cumprimento de regras de segurana para a preservao da integridade

    fsica e a sade dos empregados. Assim, a antecipao, o reconhecimento, a

    avaliao e o domnio dos riscos existentes iro propiciar segurana, conforto e

    higiene aos empregados (SANTOS JUNIOR, 2000).

    A rea da sade hospitalar uma das mais sensveis s implicaes

    sociais e laborais. As atividades de limpeza no ambiente hospitalar, muitas vezes

    podem apresentar um universo de riscos e acidentes, refletindo prontamente na

    segurana e sade das pessoas inseridas nesse ambiente (SANTOS JUNIOR,

    2000).

    Conforme Santos Junior (2000, p. 41),

    por trs da simplicidade aparente das atividades de limpeza no ambiente hospitalar no mostrado um universo de riscos e acidentes. A rea da sade uma das mais sensveis implicaes sociais e laborais, refletindo prontamente na segurana e sade das pessoas inseridas neste ambiente.

  • 26

    Conforme o estudo de Silva, 1999 em relao ao acidentes de trabalho com

    o pessoal da higienizao, representado por 19 trabalhadores 73,1 %, relata no ter

    sofrido nenhum tipo de acidente desde que comeou a trabalhar no hospital

    estudado. Dos sete trabalhadores que relataram ter sofrido algum tipo de acidente,

    cinco deles 71,4 %, informaram ter tido corte produzido por material perfurocortante,

    como agulhas e bisturis, descartados em locais inadequados, na opinio deles.

    Ainda de acordo com Santos Junior (2000, p. 70).

    [...] um levantamento feito em um dos hospitais da Capital de Florianpolis relata o nmero de acidentes de trabalho e as categorias profissionais envolvidas. Os acidentes com agulhas envolvendo o pessoal da higienizao e limpeza so bastante significativos, chegando a 24% dos casos relacionados em oito anos, sendo que em alguns anos alcanou 35%.

    Segundo o estudo de Shimizu e Ribeiro (2002), muitas vezes o pessoal da

    higienizao sofre os acidentes de trabalho, por descuido dos demais trabalhadores

    da sade, que descartam materiais perfurocortantes nas lixeiras das unidades.

    Nesse sentido necessrio ressaltar a importncia e a necessidade de descartar

    esse tipo de material em recipientes prprios.

    O mesmo autor nos coloca que

    [...] o grande nmero de estudantes que no recebem orientao nos cursos sobre a necessidade de descartar esse tipo de material em recipientes prprios, outro fator que aumenta o risco de exposio desses trabalhadores a acidentes a necessidade de coletar recipientes com excesso de materiais perfurocortantes (SCHIMIZU, RIBEIRO, 2002, p. 370).

    Apesar dos hospitais prestarem assistncia, tratamento e cura para as

    pessoas que precisam, tambm podem se tornar responsvel pelo adoecimento dos

    profissionais que colaboram para o bem estar de todos, uma vez que todos os

    trabalhadores que atuam em reas hospitalares esto expostos aos riscos

    ocupacionais, devido ao elevado desempenho das suas funes, principalmente

    aqueles que trabalham com a limpeza hospitalar, para prestar um bem estar do

    ambiente para os pacientes e visitantes (MACHADO et al, 1992).

  • 27

    Acidentes de trabalho ocasionados com materiais perfurocortantes entre o

    pessoal da higienizao hospitalar so freqentes devido ao nmero elevado de

    recolhimento de lixo, pois muitas vezes, os profissionais da sade no respeitam o

    limite da caixa de descarte, enchendo-a, onde a que ocorrem os acidentes.

    Quanto estes acidentes ocorrem com material contaminado, o mesmo pode

    acarretar doenas como a hepatite B, hepatite C, e a sndrome da imunodeficincia

    adquirida AIDS (ANDRADE, ANGERAMI e PADOVANI, 2000).

    1.3.2.1 Preveno e notificao dos acidentes perfurocortantes envolvendo os

    profissionais da rea da sade

    Devido ao risco evidente de acidentes de trabalho, o pessoal que realiza a

    higienizao hospitalar deve estar sempre atento para que no ocorram esses tipos

    de acidentes, deve sempre ter em mente as medidas de preveno, o uso dos

    equipamentos necessrios, evitando assim os possveis riscos ocupacionais que o

    cerca, no ambiente de trabalho (BENSOUSSAN e ALBIERI, 1997).

    Para evitar acidentes e minimizar riscos a sade ocupacional, o manejo de

    resduos infectantes requer algumas medidas preventivas e alguns cuidados que

    so: a mnima manipulao desses resduos, manterem os sacos contendo esses

    resduos infectantes em local seguro, nunca abrir sacos contendo esses resduos

    com vista a inspecionar seu contedo, adotar procedimentos de manejo que

    preservem a integridade dos sacos plsticos contendo tais resduos, institu o uso

    dos equipamentos de proteo individual para o manejo de resduos que so: luvas

    de borracha espessa, botas com salto de borracha, culos de segurana

    (SCHNEIDER et. al, 2004).

    Para que as atividades desenvolvidas pela equipe de higienizao ocorram

    com segurana necessrio o uso dos EPI, pois as maiores fontes de

    contaminao so o contato das mos com a boca, com o olho, com os cortes, com

    as feridas e a perfurao cutnea. Para prevenir a contaminao acidental com

    riscos biolgicos, de acordo com BRASIL (2007), devem ser utilizados os seguintes

    EPI:

  • 28

    - Usar luvas, quando a atividade a ser desenvolvida possibilitar o contato com fludos

    corpreos, tais como soro, plasma, urina, ou sangue total;

    - Usar protetor facial, como culos de segurana, principalmente quando houver

    possibilidade de espirros de fluidos;

    - Usar vestimentas de proteo, como aventais, quando o risco biolgico for

    reconhecido;

    Alm disso, outras orientaes devem ser seguidas por estes profissionais

    para evitar a contaminao, conforme a seguir:

    - Lavar as mos antes de retirar as luvas e antes de sair da rea contaminada;

    - Evitar o contato das mos com a face;

    - No usar pias de laboratrios para lavar as mos ou outras atividades de higiene

    pessoal;

    - Cobrir todos os cortes superficiais e ferimentos antes de iniciar os trabalhos de

    limpeza;

    - Seguir os protocolos de biossegurana para o transporte do lixo e para o depsito

    de materiais contaminados;

    - Usar solues desinfetantes adequadamente preparadas, sempre que necessrio;

    - Manter os frascos que contm material infectante fechados, toda vez que no

    estiverem em uso;

    Qualquer que seja a dimenso de um acidente ocorrido o mesmo deve ser

    documentado e avaliado, visando identificao das causas e possveis correes,

    esse histrico muito importante para a anlise de tendncias, isto verificao de

    ocorrncia de uma mesma rea, ou perodo (BRASIL, 2006).

  • 29

    Toda e qualquer informao sobre acidentes e doenas relacionadas ao

    trabalho, devem ser obtidas por meio da Comunicao de Acidente de Trabalho

    (CAT) do Ministrio da Previdncia e Assistncia Social (MPAS), disponibilizadas ao

    SUS, complementadas com os dados que devero ser estabelecidos em fluxos

    especficos advindos da obrigatoriedade da notificao pela Portaria n. 777 de

    28/04/04 do MS e futuramente regulamentados pelo SINAN (Sistema Nacional de

    Agravos de Notificao) (BRASIL, 2006).

    Essa notificao se destaca, pois tem a importncia de estabelecer um fluxo

    de notificao rpida dos acidentes graves, fatais e em menores dos servios de

    sade, para permitir a pronta investigao das condies de ocorrncia do evento e

    evitar que o ambiente seja descaracterizado (BRASIL, 2001). No caso da ocorrncia

    de acidentes de trabalho envolvendo a exposio a material biolgico, com ou sem

    afastamento do trabalhador, a comunicao de acidente de trabalho (CAT) deve ser

    emitida.

    Entretanto, faz-se necessrio entender no somente a conceituao e de

    que forma se investiga o acidente de trabalho, mas sim, como funciona o Sistema de

    Informao em Sade do Trabalhador, isto , como funciona a metodologia da

    Notificao dos Acidentes de Trabalho.

    Cabe salientar que um Programa de Preveno de Acidentes, realizado

    atravs de capacitaes, palestras cursos proporcionam condies ambientais

    seguras para os empregados. O hospital e a empresa prestadora de servios devem

    desenvolver continuamente esta poltica, para os seus trabalhadores que atravs

    das mesmas, ficam cientes de suas responsabilidades na reduo de riscos e

    acidentes; promover e reforar prticas seguras de trabalho; e proporcionar

    ambientes livres de riscos, de acordo com as obrigatoriedades das legislaes

    pertinentes (BRASIL, 2001).

    O treinamento e capacitao dos empregados, a busca da eficincia e

    eficcia nos servios oferecidos, a produtividade e qualidade no trabalho so fatores

    que devem permear qualquer relao de trabalho, pois uma das maneiras de

    motivar o seu colaborador a trabalhar com qualidade e segurana, a realizao de

  • 30

    treinamentos, onde aprender a desenvolver seu total potencial contribuindo muito

    mais para a empresa ou instituio onde trabalha (BRASIL, 2001).

    Uma das estratgias, que as equipes de profissionais estejam sempre em

    processo de aprendizagem, podendo assim contribuir efetivamente para o

    desenvolvimento de uma organizao, principalmente sem acidentes de trabalho.

    Nessas capacitaes e treinamentos devem ser abordados assuntos que vai desde

    riscos de acidente de trabalho que podem acontecer dentro de uma instituio

    hospitalar, at a preveno e os cuidados que os trabalhadores devem toar para se

    precaver e evitar um possvel acidente de trabalho (BRASIL, 2001).

    De acordo com o estudo de Caixieta e Barbosa-Branco (2005), o coeficiente

    de acidentabilidade de trabalho envolvendo material biolgico nos ltimos dois anos

    no diminuiu aps o treinamento recebido pelos profissionais da sade, com o

    contedo sobre biossegurana. Os dados desta investigao mostram um

    coeficiente mais elevado de acidentes para aqueles que referem ter recebido

    treinamento (44,5%) do que para os que no receberam treinamento (37,3%).

    Entretanto, pode-se questionar qual seria este coeficiente caso os

    trabalhadores no tivessem recebido nenhum tipo de orientao uma vez que o

    estudo do autor no aponta dados anteriores para que se possa fazer uma anlise

    mais aprofundada.

    O que se pode afirmar que cabe ao trabalhador usar as medidas

    preventivas para evitar um possvel acidente. Entretanto, as medidas preventivas

    no devem s existir no papel, mas ser efetivamente aplicadas. Os trabalhadores

    devem ter acesso s informaes sobre os riscos e cuidados que envolvem sua

    atividade, e participar nas medidas de promoo da sade e preveno dos

    acidentes. (BRASIL, 2007).

  • 31

    2 PROCEDIMENTO METODOLOGICO

    Para alcanar os objetivos propostos neste estudo, optou-se por utilizar a

    seguinte metodologia:

    2.1 Caractersticas da investigao:

    2.1.1 Tipo de pesquisa

    A pesquisa props um estudo observacional descritivo de carter

    quantitativo com delineamento transversal que teve como objetivo geral identificar a

    prevalncia de acidentes de trabalho com instrumentos perfurocortantes envolvendo

    o pessoal da limpeza hospitalar.

    Para Polit, Beck e Hungler (2004, p.164), em um estudo quantitativo, o

    delineamento de pesquisa apresenta as estratgias que o pesquisador planeja

    adotar para desenvolver informaes precisas e interpretveis.

    Ainda, de acordo com, Polit, Beck e Hungler (2004), a pesquisa descritiva

    tem como finalidade observar, descrever e documentar os aspectos da situao, e

    os estudos transversais envolvem coleta de dados em um ponto do tempo, onde sua

    principal vantagem que so econmicos e fceis de controlar.

    2.2 Populao e amostra

    2.2.1 Campo do estudo

    A pesquisa foi realizada em um hospital de pronto socorro de um municpio

    da mesorregio metropolitana de Porto Alegre, RS.

  • 32

    O Hospital em estudo referencia para emergncias e urgncias no Rio

    Grande do Sul, com atuao voltada para o municpio e regio metropolitana. Possui

    cento e vinte leitos e quatro salas de cirurgia. Os procedimentos realizados so:

    Neurocirurgia, Traumatologia, Cirurgia plstica reparadora, Bucomaxilofacial,

    Urgncias Clinicas e Urgncias Cirrgicas.

    Os atendimentos mensais desta instituio so: cirurgias de mdia e alta

    complexidade totalizam 90, internaes 180, atendimentos so 400 e exames

    laboratoriais so 600.

    2.2.2 Populao

    A populao deste estudo foi composta por todos os profissionais que atuam

    efetivamente na higienizao da instituio e no recolhimento e destinao dos

    resduos hospitalares, totalizando 32 trabalhadores.

    2.2.3 Amostra

    Aps a definio da populao, a amostra ficou classificada como no-

    probabilstica, por convenincia.

    A amostra no-probabilstica quer dizer, segundo Jansen, Quevedo e

    Hoppee (s.d, p. 29), que nem todos os elementos da populao tem probabilidade

    de seleo, as unidades amostrais no so excludas por seleo aleatria mas de

    acordo com o julgamento pessoal do entrevistador.

    Na classificao por convenincia, de acordo com os autores Jasen,

    Quevedo e Hoppee (s.d; p. 29) os elementos so selecionados para a amostra com

    base na convenincia, por exemplo, para fazer uma pesquisa de opinio,

    entrevistamos os consumidores voluntrios.

  • 33

    A amostra foi composta por vinte quatro pessoas de ambos os sexos que

    realizam a limpeza hospitalar nos dois turnos, totalizando a perda amostral de oito

    trabalhadores. Constatou-se essa perda amostral devido ao no retorno do

    questionrio.

    Os profissionais, que atuam durante o turno diurno, so responsveis pela

    higienizao dos seguintes setores: emergncia, UTI, banco de sangue, estar

    mdico, laboratrio, gesso, corredor, banheiros, administrao, ambulatrios, ptio,

    vestirio, expurgo, guarita, almoxarifado, dormitrios, rouparia, banheiros,

    manuteno, engenharia, internao, pediatria, bloco cirrgico. Enquanto aqueles

    que atuam da noite higienizam os setores de: emergncia e RX, banco de sangue,

    ambulatrio, banheiros, recepo central, bloco, UTI, internao I e II, pediatria,

    manuteno, vestirio, guarita, dormitrios, ptio e lixo.

    2.3 Perodo de investigao

    A coleta dos dados da pesquisa ocorreu no segundo semestre de 2007, nos

    meses de julho e agosto.

    2.4 Coleta dos dados

    A coleta dos dados foi realizada atravs de um questionrio (APNDICE A),

    contendo dados de identificao e questes de acordo com a ocorrncia de

    acidentes relacionados sua atividade laboral, bem como sobre a participao em

    atividades educativas voltadas preveno destes acidentes.

    Para Goldim (2000), um questionrio ou observao estruturada, aquele

    onde o pesquisador vai a campo com uma formatao previamente elaborada.

    Deve-se ter clareza da questo, ater-se a uma nica idia para melhor

    compreenso.

  • 34

    2.5 Apresentao e Anlise dos Dados

    A apresentao e anlise dos dados coletados se processou, utilizando um

    banco de dados na planilha Excel e posterior anlise em programa estatstico

    Statistical Package for Social Sciences (SPSS 10.01)1. Os dados coletados foram

    analisados sob distribuio de freqncia, e tabela cruzada.

    Para Doria Filho (1999, p.46): uma distribuio de freqncia uma

    organizao de dados brutos em uma forma tabular usando classes (ou intervalos) e

    freqncias.

    Doria Filho (1999, p.50) ainda coloca que:

    Um grfico ou diagrama uma representao geomtrica da relao entre variveis. Ele exige o leitor a fazer uma imagem mental dos dados apresentados e, facilita a visualizao de relaes no identificveis na observao de uma tabela.

    2.6 Aspectos ticos da pesquisa

    Este estudo desenvolveu-se com trabalhadores da limpeza hospitalar que

    trabalham em um Hospital de Pronto Socorro de um municpio da regio

    metropolitana de Porto Alegre - RS, e respeitou os aspectos ticos e legais,

    respaldada na resoluo n. 196/96 do Conselho Nacional de Sade - sobre a

    pesquisa envolvendo seres Humanos (BRASIL, 1996).

    Inicialmente o projeto do Trabalho de Concluso de Curso de Ps

    Graduao TCC foi encaminhado para apreciao do Comit de tica do Centro

    Universitrio Feevale de Novo Hamburgo, RS. Posteriormente sua aprovao o

    projeto foi apresentado aos trabalhadores quando ento foram explicados os 1 O Statical Packagem for the Social Sciences (SPSS 10.01) um programa de estatstica, em formato de banco de dados, que permite inserir, organizar e analisar dados atravs de clculos estatsticos, tabelas e grficos, entre outros. Alm disso, o SPSS um programa extremamente confivel, no que se refere qualidade dos resultados (WAGNER; MOTTA; DORNELLES, 2004).

  • 35

    objetivos e a relevncia do estudo solicitando o seu consentimento para inclu-los no

    mesmo. Os entrevistados foram orientados de que sua participao na pesquisa no

    incorrer em riscos ou prejuzos. Os direitos dos participantes foram preservados ao

    longo do estudo.

    Os funcionrios que concordaram em participar fizeram a assinatura dos

    participantes do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (APNDICE B) em

    duas vias, ficando uma para o (a) participante do estudo e outra para a

    pesquisadora, para que posteriormente as informaes obtidas possam ser

    utilizadas em publicaes de livros, revistas e artigos sempre de forma annima.

  • 36

    3 APRESENTAO E DISCUSSO DOS DADOS

    Aps vrias leituras e reflexes do questionrio que foi aplicado e

    respondido pelos profissionais da equipe de limpeza hospitalar de um hospital pronto

    socorro, e com intuito de identificar a prevalncia de acidentes de trabalho com

    instrumentos perfurocortantes envolvendo o pessoal da limpeza hospitalar, os dados

    foram analisados e sero apresentados na seguinte seqncia:

    - Apresentao dos sujeitos da pesquisa;

    - Tipos de acidentes de trabalho com a equipe de limpeza hospitalar;

    - Circunstncias dos acidentes;

    - Importncia das notificaes, e o cuidado e manuseio que se deve ter com

    o lixo hospitalar dentro de um ambiente de trabalho.

    3.1 Apresentao dos sujeitos da pesquisa;

    O estudo contou com a participao de 24 trabalhadores da limpeza

    hospitalar, esses foram estudados atravs de um questionrio com questes

    pertinentes aos acidentes com perfurocortantes.

    Trata-se de uma amostra de dezenove (79,2%) trabalhadoras do sexo

    feminino e cinco (20,8%) do sexo masculino.

    No grupo avaliado, observou-se que, com relao escolaridade, no foi

    detectado ndice de analfabetismo entre os participantes da pesquisa. Dos vinte e

    quatro trabalhadores, 8,3% possuem o ensino fundamental incompleto; 62,5% o

    ensino fundamental completo e 29,2% o ensino mdio, como est exposto na Tabela

    01 logo abaixo:

  • 37

    Tabela 01 Distribuio dos trabalhadores da limpeza hospitalar quanto ao sexo e escolaridade. Porto Alegre, 2007. Variveis Freqncia % Sexo Feminino Masculino

    19 5

    79,2 20,8

    Escolaridade Ensino fundamental 15 62,5 Ensino fundamental incompleto 2 8,3 Ensino mdio 7 29,2 Fonte: MARTINS, D.R. Coleta direta de dados por questionrio. Porto Alegre, 2007.

    Nos resultados obtidos nesse estudo, dos vinte e quatro trabalhadores

    estudados, a distribuio dos profissionais segundo o sexo, a predominncia ocorreu

    com o sexo feminino.

    Para Carlotto (2002), a diviso do trabalho uma constante na histria das

    mulheres e homens, a explicao para tal fato se d a partir do papel das mulheres

    na reproduo biolgica. Essa diviso se carrega de significados e de praticas que

    muda conforme a sociedade e o seu momento histrico.

    Segundo o mesmo autor, entretanto, tem em comum o fato de que o

    trabalho das mulheres, e aqui vamos nos deter na formao social capitalista, no

    ser tido como diferente, mas como um trabalho que no recebe a mesma

    valorizao e conseqentemente remunerao atribuda ao trabalho masculino

    (CARLOTO, 2002, s.p).

    Do ponto de vista o papel da mulher, o conjunto de transformao que

    ocorrem nos padres culturais e nos valores relativos ao papel social, intensificadas

    pelo movimento feminista desde 1970 e pela presena cada vez maior nos espaos

    pblicos, alterando assim a sua identidade feminina, cada vez mais voltada para o

    trabalho produtivo, ficando assim dividido homens e mulheres no mundo do trabalho

    (CARLOTO, 2002).

    Analisa-se, no entanto que a diviso sexual existe em todos os setores do

    mundo do trabalho, onde h atribuio de determinadas atividades para mulheres e

    outras para os homens. Historicamente as atividades femininas so consideradas

  • 38

    secundrias isto quer dizer menos valorizadas tanto sociais como econmicas

    (PASTORE; DALLA ROSA, s.d).

    Verificou-se que na caracterizao dos trabalhadores da higienizao que a

    maioria do sexo feminino, estes dados obtidos foram semelhantes ao estudo

    realizado por (PASTORE; DALLA ROSA, s.d), tomando como referncia, o setor

    hospitalar, incluindo a higienizao, as mulheres aparecem em porcentagem

    superior, em torno de 70% do conjunto dos trabalhadores. Os dados apontados

    pelos autores so compatveis com aqueles encontrados nesta pesquisa.

    importante ressaltar, no entanto, que a maioria dos trabalhadores da

    higienizao do sexo feminino. Certamente o trabalho executado pelas

    trabalhadoras nesse servio, coexiste devido a crescente dedicao das mulheres

    ao trabalho domstico. A explicao para tal fato muitas vezes se apia num

    determinismo onde as mulheres so responsveis pelas atividades reprodutivas,

    pelos cuidados com a casa e com os membros da famlia, onde a mulher acaba

    sendo vista como um ser responsvel, e cuidador.

    Em relao escolaridade, os dados obtidos nessa pesquisa, com os

    trabalhadores da higienizao, apontam que o maior percentual de trabalhadores

    investigados possui o ensino fundamental. Provavelmente este fato de deva a menor

    necessidade de qualificao profissional necessria para a realizao destas

    atividades. Outro aspecto a ser destacado de que, em funo dos baixos salrios

    geralmente percebidos por estes profissionais, talvez a exigncia de maior nvel de

    escolarizao seja reduzida.

    3.2 Tipos de acidentes de trabalho com a equipe de limpeza hospitalar.

    Com base no que foi evidenciado nesse estudo e frente ao exposto, pode-

    se dizer que dos 24 trabalhadores entrevistados, trs trabalhadores, perfazendo

    12,5% sofreram acidentes com perfurocortante durante o seu trabalho dentro da

    instituio.

  • 39

    Dos trs trabalhadores que sofreram acidente com perfurocortante todos

    ficaram expostos a um tipo de fluido corporal que estava presente no material

    causador do acidente, sendo que dos trs acidentados, um que representa 33,3%

    ficou exposto no acidente com perfurocortante a algum tipo de fluido desconhecido.

    Outro trabalhador que tambm totaliza 33,3% referiu que sofreu acidente com

    material perfurocortante com sangue, e o terceiro acidentado informou que ficou

    exposto no acidente a outro fluido corporal no identificado, com sangue. Isto fica

    visualizado na tabela 02 logo abaixo:

    Tabela 02 Distribuio dos trabalhadores da limpeza hospitalar quanto ao acidente e fludo a que ficou exposto. Porto Alegre, 2007.

    Variveis Freqncia %

    Acidente com perfurocortante

    SIM 03 12,5

    NO 21 87,5

    Tipo de Fluido

    Desconhecido 1 33,3

    Sangue 1 33,3

    Outro fluido corporal com sangue 1 33,3

    Fonte: MARTINS, D.R. Coleta direta de dados por questionrio. Porto Alegre, 2007.

    Silva (1999) realizou um estudo no Hospital Municipal Paulino Werneck no

    setor de emergncia com o objetivo de investigar os riscos sade dos

    trabalhadores da higienizao. Em relao aos acidentes de trabalho com o pessoal

    da higienizao, representado por 19 trabalhadores 73,1 %, relataram no ter sofrido

    nenhum tipo de acidente desde que comeou a trabalhar no hospital estudado. Dos

    sete trabalhadores que relataram ter sofrido algum tipo de acidente, cinco deles,

    71,4 %, informaram ter tido corte produzido por material perfurocortante, como

    agulhas e bisturis, descartados em locais inadequados, na opinio deles.

    A rea de sade hospitalar uma das mais sensveis s implicaes sociais

    e laborais. As atividades de limpeza no ambiente hospitalar, muitas vezes podem

    apresentar um universo de riscos e acidentes, refletindo prontamente na segurana

    e sade das pessoas inseridas nesse ambiente (SANTOS JUNIOR, 2000).

  • 40

    Basso (1999) realizou um estudo, no hospital escola governamental de porte

    extra, com o objetivo de caracterizar os acidentes envolvendo sangue e fluido

    corpreo e associ-los as caractersticas da populao estudada e aos fatores de

    risco que envolve esses acidentes. Os dados desta pesquisa corroboram com os do

    autor, em relao aos perfurocortantes, que so responsveis pela maioria dos

    acidentes com o pessoal que trabalha dentro de uma instituio hospitalar, que vai

    desde os mdicos at o pessoal da higienizao. Ainda, segundo o estudo do autor

    os perfurocortantes representam 80,5% dos acidentes na rea da sade, sendo o

    sangue a principal fonte 79,7%.

    O mesmo estudo aponta ainda que, a categoria que sofreu maior nmero de

    acidentes foi a dos estudantes de medicina, 55,4%, seguido pelos residentes 44,5%,

    pelos mdicos assistentes 24,1%, pelos auxiliares e tcnicos de enfermagem 14,7%,

    pelo pessoal da limpeza 11,3%, tcnicos de laboratrio 10,5%, pelos enfermeiros

    10,2% e pelos atendentes de enfermagem 3,6%.

    O acidente de trabalho uma situao presente no cotidiano dos

    trabalhadores da emergncia. Onde importante ressaltar os riscos que os

    trabalhadores esto expostos durante o seu turno de trabalho, e ao entrarem em

    contato com microorganismos (principalmente vrus e bactrias) ou material infecto

    contagiante, os quais podem causar doenas como: tuberculose, hepatite, rubola,

    herpes, escabiose e AIDS.

    Certamente, a conseqncia da exposio ocupacional com os

    microorganismos pelo sangue no s referente s infeces, mas tambm relativa

    ao trauma psicolgico ocasionado pela espera do resultado de uma possvel soro-

    converso e mudanas, no relacionamento social e familiar, efeito das drogas

    profilticas aos organismos dos trabalhadores.

    Comparando a mdia do tempo de servio com os acidentados e os no

    acidentados observou-se que: a mdia variou de 12,33 meses para os acidentados e

    9,24 meses para os no acidentados, percebe-se que os acidentados tinham tempo

    maior de servio, podendo nos levar a inferir o maior tempo de servio pode levar o

  • 41

    profissional a se tornar menos cuidadoso em relao proteo dos

    perfurocortantes.

    Em relao ao tempo de servio, foi constatado que, a maioria dos

    entrevistados trabalha h pouco mais de um ano na instituio. Pode-se inferir que

    nesse servio de higienizao hospitalar existe um elevado ndice de rotatividade, o

    que poderia contribuir para uma maior ocorrncia de acidentes de trabalho uma vez

    que estes profissionais no possuem um maior nvel de treinamento.

    Entretanto, dos acidentados todos possuam mais de um ano de trabalho na

    instituio, porm ao co-relacionar este fato com a circunstncia causadora do

    acidente observamnos que todos estavam relacionados com o acondicionamento

    inadequado dos perfurocortantes. Desta forma deve ser feito um trabalho mais

    efetivo com os demais profissionais da rea da sade, especialmente da

    enfermagem, no sentido de sensibiliz-los para o descarte adequado destes

    materiais.

    3.3 Circunstncias dos acidentes

    A partir da observao e anlise do resultado do questionrio ocorreu a

    demarcao da ocorrncia objetiva para edificao desta pesquisa. A circunstncia

    e o setor onde os acidentes de trabalho mais ocorreram, no ambiente hospitalar,

    esto expostos na tabela 03.

    Observa-se que um dos acidentes ocorreu com o manuseio da caixa de

    descarte, correspondendo a 33,3% e, duas no recolhimento ou transporte de sacos

    de lixo, totalizando 66,7. As unidades em que os acidentes ocorreram foram os

    setores da emergncia 66,7% e da pediatria 33,3%.

  • 42

    Tabela 03 Distribuio dos trabalhadores da limpeza hospitalar quanto circunstncia e local de ocorrncia do acidente. Porto Alegre, 2007.

    Variveis Freqncia %

    Circunstncia do acidente

    Manuseio da caixa de descarte 01 33,3

    Recolher/transportar sacos de lixo 02 66,7

    Setor do acidente

    Emergncia 02 66,7

    Pediatria 01 33,3

    Fonte: MARTINS, D.R. Coleta direta de dados por questionrio. Porto Alegre, 2007.

    Conforme mostra a tabela 03 identificou-se que o maior nmero de

    acidentes de trabalho por materiais perfurocortantes e fluidos biolgicos. Ocorreu no

    setor de emergncia. Isto pode ser atribudo devido complexidade dos cuidados

    dos pacientes ali internados e ao ritmo intenso de trabalho.

    Um estudo de Shimizu; Ribeiro (2002) identificou que o maior nmero de

    acidentes com perfurocortantes e fluidos biolgicos ocorreu nas unidades de clinica

    mdica, maternidade e centro cirrgico. Entretanto, esse resultado no compatvel

    com os dados dessa pesquisa, onde o maior nmero de acidentes ocorreu na

    emergncia e pediatria, o que pode ser atribudo ao fato de que a instituio onde

    este estudo foi desenvolvido ser um hospital pronto socorro que atende urgncia e

    emergncia.

    O presente estudo no evidenciou a ocorrncia de acidentes com

    perfurocortantes nas unidades de Centro Cirrgico e UTI. Inferimos que estas

    unidades, por serem unidades especializadas e fechadas, apesar da complexidade

    dos cuidados aos pacientes, os profissionais da higienizao tm a possibilidade de

    desenvolver suas atividades de forma mais planejada, com maior tranqilidade,

    reduzindo desta forma os riscos.

  • 43

    Neste estudo, pode-se observar que os acidentes de trabalho com material

    perfurocortante e resduos biolgicos, foram 100% atravs da caixa de descarte e

    manuseio e transporte do lixo hospitalar. Analisando esta situao pode-se inferir

    que as causas mais freqentes de ocorrncia do acidente o descarte do

    perfurocortante em local imprprio, por profissionais da rea da sade que muitas

    vezes no observam o local certo do descarte, ou at mesmo por descuido,

    acarretando assim o acidente de trabalho nos profissionais responsveis pela

    higienizao.

    Estes dados encontrados entram em concordncia ao estudo de Moura, Gir

    e Canini, (2006), que aponta que as causas mais freqentes de ocorrncia do

    acidente o descarte do perfurocortante em local imprprio (21,6%), ao descartar o

    material (14,4%) e durante o transporte do material (13,7%).

    3.4 Importncia das notificaes, e da participao nas orientaes

    Nota-se que a CAT um instrumento importante na anlise epidemiolgica

    do acidente de trabalho, pois, pode disponibilizar variadas informaes sobre o

    acidente, essa importncia da notificao ficou clara aos trabalhadores ao serem

    questionados em relao notificao dos que sofreram acidente de trabalho, trs

    (100%) responderam que realizaram a notificao logo aps o acidente.

    Tendo com referncia a totalidade dos casos notificados, ou seja 100%,

    logo aps o acidente pode-se inferir, nesse estudo que os trabalhadores conhecem

    a importncia da notificao do mesmo, pois atravs desta que se facilita e se

    agiliza o registro dos acidentes e das doenas ocupacionais, pelo empregador,

    havendo ou no afastamento do profissional de suas atividades laborais.

    Quando questionados quanto participao e recebimento de orientaes

    para a preveno de acidentes 18 (75%) dos trabalhadores responderam que

    participaram de treinamentos ou receberam algum tipo de orientao e, apenas 6

  • 44

    (25%) dos trabalhadores, afirmam no ter realizado treinamento ou recebido

    orientao.

    Ao cruzar as variveis, ter recebido orientaes e a ocorrncia de

    acidentes, se evidenciou que, neste grupo a capacitao no foi determinante para

    a no ocorrncia de acidente, pois todos os acidentados receberam treinamento

    e/ou orientao. Por outro lado dentre aqueles que no receberam treinamento no

    houve nenhum acidente

    A capacitao e o treinamento dos funcionrios so importantes para uma

    instituio de sade, pois atravs dela que os trabalhadores, conhecem o perigo

    do ambiente hospitalar e como se prevenir dos acidentes. O sucesso de qualquer

    programa educativo est diretamente ligado participao e reconhecimento por

    parte dos trabalhadores e apoio da instituio.

  • 45

    CONCLUSO

    Em um contexto geral, o acidente de trabalho, torna-se um importante

    assunto de avaliao, devido preocupao com os riscos ocupacionais que os

    trabalhadores que atuam na limpeza de um ambiente hospitalar esto expostos, pois

    manipulam esses materiais e muitas vezes acabam se acidentando, resultando em

    agravos a sua sade.

    Os dados investigados permitem concluir acerca dos objetivos que estes

    foram alcanados, pois se observou em relao ao objetivo geral que a prevalncia

    de acidentes com perfurocortantes com o pessoal de limpeza do hospital foi de trs.

    No que diz respeito aos objetivos especficos da pesquisa, no tocante aos

    objetos perfurocortantes causadores dos acidentes, observou-se que todos os

    acidentes foram causados por agulhas e a situao de trabalho em que ocorreram

    os acidentes constatou-se que foram duas: no manuseio das caixas de descarte e

    no recolhimento/transporte dos sacos de lixo. No restam dvidas de que deva

    existir um padro de treinamento com enfoque nas aes implementadas

    destacando os cuidados conforme a funo a ser exercida.

    Os setores onde mais ocorreram acidentes com perfurocortantes foram o

    setor de emergncia e o de pediatria do Hospital.

    Com relao associao dos dados pessoais dos trabalhadores com a

    ocorrncia dos acidentes de trabalho nesta instituio, constatou-se que: ocorreram

    mais acidentes com trabalhadores do sexo masculino (2/1), a mdia da faixa etria

    de maior incidncia de acidentes foi de 27,67 anos e a mdia de tempo de servio

    foi de 12,33 meses. No fator escolaridade, o maior nmero de acidentes ocorreu

    com os trabalhadores que possuam o ensino fundamental completo (dois

    trabalhadores). Houve um trabalhador acidentado com o ensino fundamental

    incompleto. Constatou-se que, na instituio, nenhum dos trabalhadores de setor de

    higienizao que possui ensino mdio completo, se acidentou.

  • 46

    As pessoas responsveis pela limpeza, muitas vezes trabalham sem ter

    noo do perigo a que esto expostas, porm, o hospital onde foi desenvolvido o

    estudo, preocupado com a segurana de seus funcionrios, presta esclarecimentos

    atravs de palestras, treinamentos e capacitaes, alm de oferecer equipamentos e

    materiais de proteo individual. Estes fatores podem ter sido coadjuvantes do baixo

    nmero de acidentes ocorridos.

    Na preveno de acidentes do trabalho importante ressaltar que se torna

    necessrio trabalhar este tema continuamente, alertando para todos os riscos de

    acidentes, propondo medidas para reduo destes riscos. As medidas de segurana

    no trabalho devem, e podem ser concretizadas se houver boa vontade e persistncia

    de todos os trabalhadores e empresas envolvidas.

  • 47

    REFERNCIAS

    ANDRADE, D; ANGERAMI E.L.S.; PADOVANI. C. Condies microbiolgicas dos leitos hospitalares antes e depois de sua limpeza. Rev. Sade Pblica; So Paulo-SP, v.34, n. 2, p.139-169, abril. 2000. BARBOSA, A. N. F. Segurana do trabalho e gesto ambiental. So Paulo: Atlas, 2001. BENSOUSSAN, E; ALBIERI, S. Manual de higiene, segurana e medicina do trabalho. So Paulo: Atheneu, 1997. BONCIANI, M. Contrato coletivo e sade dos trabalhadores. Sade em Debate, Rio de Janeiro, v.45, s.n, p.53-58, dezembro. 1994. BRANDO JUNIOR P.S. Biossegurana e AIDS: as dimenses psicossociais do acidente com material biolgico no trabalho em hospital. 2000, p.124. Dissertao (Mestrado em Cincia na rea da Sade Publica). Escola Nacional de Sade Pblica, Fundao Oswaldo Cruz; Rio de Janeiro (RJ), 2000. BRASIL. Conselho Nacional de Sade. Resoluo n. 196/96 que dispe sobre pesquisa envolvendo seres humanos. Braslia, 1996. BRASIL. Lei n. 8213, de 24 de julho de1991, DOU de 14/08/1991. Da finalidade dos princpios bsicos e da previdncia social. Disponvel em: http://www.010dataprev.gov.br/sidex/paginas/42/1991/8213.htm . Acesso em 20 de janeiro de 2008. BRASIL. 2007. Ministrio da Sade. A sade do trabalhador. Disponvel em: . Acesso em 16 de abril de 2007. BRASIL, 1994. Ministrio do Trabalho e Emprego. Norma Regulamentadora n 9 que dispe sobre o Programa de preveno de riscos ambientais. Braslia: Imprensa Nacional, 1994. Endereo eletrnico: acesso em 10 de agosto de 2007. BRASIL, 2001. Ministrio da Previdncia e Assistncia Social. Informe Previdncia Social. N 10, vol. 13. Outubro 2001. BRASIL. Ministrio do Trabalho e Emprego. PORTARIA n. 485, de 11 de novembro de 2005. Aprova Norma Regulamentadora N. 32. Segurana e Sade no Trabalho em Estabelecimentos de Sade, (DOU de 16/11/05) 2005. Seo disponvel em: Acesso em 21 de dezembro de 2007. BRASIL, 2000. Ministrio da Sade. Segurana no ambiente hospitalar. Disponvel em: 2000; acesso em 10 de maio de 2007.

  • 48

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  • 49

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  • 50

    SCHNEIDER, V. E; EMMERICH, R. C, DUARTE, V. C; ORLANDIN, S. M. Manual de gerenciamento de resduos slidos em servios de sade. 2 ed. Rev. e ampl. Caxias do Sul, RS: Educs, 2004. VASCONCELOS. L. Agencia Brasil. 2007 Disponveis em: www.agenciabrasil.gov.br/noticias/2007/02/04materia.2007-02-04.0541366175/view. Acesso em 20 de janeiro de 2008 WAGNER, M. B. MOTTA, V. T. DORNELLES, C. SPSS passo a passo: statistical package for the social sciences. Caxias do Sul: Educs, 2004. ZOOCCHIO, . Segurana e sade no trabalho: como entender e cumprir as obrigaes pertinentes. So Paulo: LTR, 2001.

  • 51

    APNDICES

  • 52

    APENDICE A - QUESTIONRIO

    QUESTIONRIO PARA AVALIAO DE ACIDENTES COM A EQUIPE DE LIMPEZA

    Prezado Amigo! Este questionrio no obrigatrio. Solicitamos ento que voc responda de acordo com a sua opinio a respeito dos itens apresentados. No h necessidade de identificao. I DADOS DE IDENTIFICAO Idade: _______________________ Sexo: M ( ) F ( )

    Escolaridade: ________________________________

    Tempo em que trabalha na empresa: __________________________

    II DADOS REFERENTE AO ACIDENTE DE TRABALHO

    VOC J SOFREU ACIDENTE DE TRABALHO?

    ( ) Sim ( ) No

    COM QUAL TIPO DE MATERIAL:

    ( ) Agulhas

    ( ) Vidro

    ( ) Lamina

    ( ) Outro perfuro-cortante Qual:__________________________________

    COM QUAL TIPO DE FLUIDO:

    ( ) Sangue

    ( ) Outro fluido corporal sem sangue

    ( ) Outro fluido corporal com sangue

    ( ) Desconhecido

  • 53

    III CIRCUNSTNCIA DO ACIDENTE ( ) Recolher/transportar sacos de lixo

    ( ) Contato com roupas sujas

    ( ) Contato com mobilirio sujo

    ( ) Manuseio da caixa de descarte

    ( ) Limpeza do Piso

    ( ) Outra Circunstancia ( ) Qual____________________

    IV EM QUAL SETOR OCORREU O ACIDENTE ( ) Enfermarias;

    ( ) UTI, Bloco Cirrgico;

    ( ) Laboratrios;

    ( ) Emergncia

    ( ) Refeitrio

    ( ) Copa

    ( ) Banheiro

    ( ) Outros setores de atendimento ao paciente. Qual : _______________

    V VOC REALIZOU A NOTIFICAO NA CATs? ( ) Sim ( ) No

    VI - Voc j foi convidado a participar de algum tipo de orientao em relao

    ao cuidado no manuseio do lixo hospitalar?

    ( ) Sim ( ) No

    VII - Se foi convidado, voc participou?

    ( ) Sim ( ) No

  • 54

    APNDICE B - TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO DO

    PARTICIPANTE

    Voc est sendo convidado (a) como voluntrio (a) a participar da pesquisa

    sob o tema: acidentes de trabalho com perfuro-cortantes envolvendo o pessoal da

    limpeza hospitalar em um pronto socorro. Tendo em vista o interesse e a

    preocupao com os riscos ocupacionais que os empregados terceirizados que

    realizam a limpeza hospitalar, esto expostos devido ao fato do elevado numero de

    manipulao de materiais perfuro-cortantes que surge o seguinte questionamento:

    quais os mais freqentes objetos causadores dos acidentes de trabalho com perfuro-

    cortantes envolvendo o pessoal da limpeza hospitalar? Diante dessas questes

    que estamos nos propondo a realizar este estudo que est inserido na linha de

    pesquisa da avaliao e qualidade dos servios e ao processo de trabalho,

    destacando-se os meios, as condies e as relaes de trabalho e possui o seguinte

    objetivo geral: Identificar quais so os mais freqentes objetos causadores dos

    acidentes de trabalho, envolvendo o pessoal da limpeza hospitalar; e como objetivos

    especficos: Identificar em qual situao de trabalho em que ocorreram os acidentes;

    Identificar em qual dos setores hospitalares em que ocorrem os acidentes; Identif