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Para Sara Johnson, crescimento da demanda por aço nos próximos anos não será suficiente para por fim ao excesso de capacidade Diretora Sênior de Pesquisas da IHS Markit Economics - empresa de consultoria que oferece análise econômica e financeira para mais de 200 países, Sara Johnson faz a gestão do Conselho Executivo de Estratégia da empresa e ainda apresenta as perspectivas econômicas da IHS em conferências internacionais. Sara possui formação em economia e matemática na Wellesley College e um mestrado em economia pela Harvard University, com especialização em finanças e macroeconomia. A economista, que foi ainda diretora da National Association for Business Economics and the NABE Foundation, será palestrante na 57ª edição do Congresso Latino Americano de Aço, evento apoiado pelo Instituto Aço Brasil que será de 24 a 26 de outubro, no Rio de Janeiro. Os brasileiros interessados podem se inscrever com desconto e conhecer os expositores e patrocinadores confirmados no site do evento (rio57.alacero.org). A palestrante concedeu a seguinte entrevista ao Aço Brasil Informa. Informa: Na sua análise, quais seriam as possíveis solu- ções para a retomada do crescimento econômico mundi- al? Sara: Em geral, as possíveis soluções são o aumento cres- cente da formação de capital e da participação da força de trabalho, além do aumento da inovação e da produti- vidade. Isso requer políticas que aloquem financiamen- tos e recursos de forma mais eficiente e reduza encargos públicos, além do estímulo à concorrência e ao desen- volvimento da força de trabalho. · Promover pesquisa e desenvolvimento através do financiamento de pesquisa científica básica e incentivos fiscais. · Privatizar empresas estatais e bancos para reduzir as barreiras à entrada de capital, além de alocar o capital de forma mais eficiente. · Implementar parcerias de comércio e outros acordos de comércio internacional para tornar o comércio mais liberal. · Reformar estruturas fiscais para diminuir as taxas mar- ginais de imposto Informa: Quais são os seus comentários sobre produ- ção/consumo de aço, recursos naturais e economia circu- lar? Sara: A relação entre o PIB e o consumo de aço não é linear. A participação do aço no PIB aumenta durante o incremento da industrialização e das obras de infraes- trutura. Caso o foco seja desenvolvimento via serviços, a participação do aço no PIB diminui. Recursos naturais como minério de ferro e de alumínio são abundantes e os preços se ajustam para evitar escassez. Nos Estados Unidos, por exemplo, cerca de 60% do aço é produzido a partir da reciclagem, com o metal podendo ser reciclado 5 ou 6 vezes. Informa: O setor do aço enfrenta atualmente a pior crise de sua história e convive com o excedente de 700 milhões de toneladas em todo o mundo. Qual a saída para a crise mundial do setor diante do declínio da demanda pelo insumo? Sara: Todos os nossos analistas do mercado de aço estão pessimistas sobre o crescimento da demanda global e da produção do insumo durante a próxima década. O cres- cimento da demanda não será suficiente para por fim ao excesso de capacidade. Portanto, a capacidade ociosa do setor continuará no mesmo patamar. ª ª 34 34 34 EDIÇÃO EDIÇÃO EDIÇÃO INFORMA AÇO BRASIL OUTUBRO | 2016 OUTUBRO | 2016 OUTUBRO | 2016 AÇO BRASIL ENTREVISTA – DIRETORA SÊNIOR DE PESQUISAS DA IHS MARKIT ECONOMICS ESPECIAL CONGRESSO ALACERO 57

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Para Sara Johnson, crescimento da demanda por aço

nos próximos anos não será suficiente para por fim ao

excesso de capacidade

Diretora Sênior de Pesquisas da IHS Markit Economics - empresa de consultoria que oferece análise econômica e financeira para mais de 200 países, Sara Johnson faz a gestão do Conselho Executivo de Estratégia da empresa e ainda apresenta as perspectivas econômicas da IHS em conferências internacionais. Sara possui formação em economia e matemática na Wellesley College e um mestrado em economia pela Harvard University, com especialização em finanças e macroeconomia. A economista, que foi ainda diretora da National Association for Business Economics and the NABE Foundation, será palestrante na 57ª edição do Congresso Latino Americano de Aço, evento apoiado pelo Instituto Aço Brasil que será de 24 a 26 de outubro, no Rio de Janeiro. Os brasileiros interessados podem se inscrever com desconto e conhecer os expositores e patrocinadores confirmados no site do evento (rio57.alacero.org). A palestrante concedeu a seguinte entrevista ao Aço Brasil Informa.

Informa: Na sua análise, quais seriam as possíveis solu-ções para a retomada do crescimento econômico mundi-al?Sara: Em geral, as possíveis soluções são o aumento cres-cente da formação de capital e da participação da força de trabalho, além do aumento da inovação e da produti-vidade. Isso requer políticas que aloquem financiamen-tos e recursos de forma mais eficiente e reduza encargos públicos, além do estímulo à concorrência e ao desen-volvimento da força de trabalho.· Promover pesquisa e desenvolvimento através do financiamento de pesquisa científica básica e incentivos fiscais.· Privatizar empresas estatais e bancos para reduzir as barreiras à entrada de capital, além de alocar o capital de forma mais eficiente.

· Implementar parcerias de comércio e outros acordos de comércio internacional para tornar o comércio mais liberal.· Reformar estruturas fiscais para diminuir as taxas mar-ginais de imposto

Informa: Quais são os seus comentários sobre produ-ção/consumo de aço, recursos naturais e economia circu-lar?Sara: A relação entre o PIB e o consumo de aço não é linear. A participação do aço no PIB aumenta durante o incremento da industrialização e das obras de infraes-trutura. Caso o foco seja desenvolvimento via serviços, a participação do aço no PIB diminui. Recursos naturais como minério de ferro e de alumínio são abundantes e os preços se ajustam para evitar escassez. Nos Estados Unidos, por exemplo, cerca de 60% do aço é produzido a partir da reciclagem, com o metal podendo ser reciclado 5 ou 6 vezes.

Informa: O setor do aço enfrenta atualmente a pior crise de sua história e convive com o excedente de 700 milhões de toneladas em todo o mundo. Qual a saída para a crise mundial do setor diante do declínio da demanda pelo insumo?Sara: Todos os nossos analistas do mercado de aço estão pessimistas sobre o crescimento da demanda global e da produção do insumo durante a próxima década. O cres-cimento da demanda não será suficiente para por fim ao excesso de capacidade. Portanto, a capacidade ociosa do setor continuará no mesmo patamar.

ªªª343434 EDIÇÃOEDIÇÃOEDIÇÃO

I N F O R M AAÇO BRASIL OUTUBRO | 2016OUTUBRO | 2016OUTUBRO | 2016

AÇO BRASIL ENTREVISTA – DIRETORA SÊNIOR DE PESQUISAS DA IHS MARKIT ECONOMICS

ESPECIAL CONGRESSO ALACERO 57

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Aço Brasil apoia a Construmetal

Presidente-executivo do Instituto faz

pronunciamento na abertura do eventoO Instituto Aço Brasil apoiou a realização do

Congresso Latino-Americano da Construção Metálica

(Construmetal 2016), promovido pela Associação

Brasileira da Construção Metálica (Abcem), que

aconteceu entre os dias 20 e 22/09 no Centro de

Convenções Frei Caneca, em São Paulo. Considerado o

maior evento da construção metálica da América

Latina, o Construmetal 2016 teve na sua 7ª edição um

amplo programa de conferências internacionais e

nacionais, além de diversas palestras técnicas, e reuniu

conferencistas de todo o mundo.Além do apoio institucional ao evento, o Aço Brasil

participou da solenidade de abertura através de

pronunciamento feito por seu presidente-executivo,

Marco Polo de Mello Lopes, que foi convidado pela

organização para falar sobre a situação atual e as

perspectivas do setor do aço brasileiro. “Sem dúvida

alguma, a siderurgia brasileira vive a pior crise de sua

história, fruto de uma convergência entre fatores

conjunturais e estruturais. No aspecto conjuntural,

destaco o crescimento pífio no PIB de 0,1% em 2014 e

a queda de 3,8 % em 2015, além da redução drástica

do nível de atividade dos três principais setores

consumidores de aço (construção civil, automotivo e

máquinas e equipamentos). Já na ótica estrutural,

destacam-se a e levada carga t r ibutár ia , a

cumulatividade de impostos e os juros estratosféricos

como os principais problemas enfrentados”, afirmou o

presidente-executivo do Aço Brasil na oportunidade.O presidente do Conselho Diretor do Aço Brasil e

vice-presidente sênior do Grupo Vallourec na América

do Sul, Alexandre Lyra, o conselheiro do Aço Brasil,

Sérgio Leite de Andrade, o diretor de finanças da

ArcelorMittal Brasil, Alexandre Barcelos e o gerente

geral de vendas diretas da Gerdau, Vinicius Morais,

part ic iparam como palestrantes do evento

representando o setor do aço brasileiro.

Construções limpas, com redução de resíduos,

leves, versáteis e com garantia de maior produtividade

são algumas das características das construções

metálicas. A tendência em industrializar a construção,

buscando o ganho de produtividade e sustentabilida-

de, está se tornando cada vez mais comum entre os

empreendedores e construtores. Prova disso é que a

participação da construção em aço continuou sendo

responsável por 36% do consumo de todo o aço

destinado à construção civil em 2015. Nesse ano, o Centro Brasileiro da Construção em

Aço (CBCA), a Associação Brasileira da Construção

Metálica (ABCEM) e o Instituto de Metais não Ferrosos

(ICZ) realizaram novamente as pesquisas Perfil dos

Fabricantes de Estruturas de Aço, Perfil dos Fabricantes

de Telhas de Aço e Steel Deck e Cenário dos

Fabricantes de Perfis Galvanizados para Light Steel

Frame e Drywall. Em sua 5ª edição, a pesquisa Perfil dos Fabricantes

de Estruturas de Aço, realizada em parceria com a

ABCEM, teve acréscimo de 27% no número de

empresas pesquisadas em relação ao ano anterior, com

um total de 324 empresas pesquisadas, o que significa

maior aproximação com os fabricantes do país. Apesar

do cenário macroeconômico desfavorável, a pesquisa

aponta que 93% dessas empresas projetam crescimen-

to no ano 2016. A pesquisa Perfil dos Fabricantes de Telhas de Aço e

Steel Deck, em sua 4ª edição, contou também com a

parceria da ABCEM como também teve aumento no

número de empresas pesquisadas, chegando ao total

de 121, que informaram produção no ano 2015 de

395.342 toneladas de telhas de aço e steel deck.

Quando perguntadas sobre a expectativa da produção

no ano 2016, 93% informaram que projetam crescer. Já a pesquisa dos Fabricantes de Perfis Galvanizados

para Light Steel Frame e Drywall, em sua 3ª edição,

contou novamente com a parceria do ICZ. Essa

pesquisa aponta que, na contramão das pesquisas

realizadas no país sobre a construção civil, que têm

mostrado constantemente dados negativos, os dados

levantados apontam índices positivos em relação a

esses fabricantes. Essa análise reforça a premissa de

que em tempos de crise, novos sistemas chegam como

solucionadores de problemas. Para dados completos das pesquisas, faça o

download das publicações em https://goo.gl/tz3guU.

CBCA lança novas pesquisas do setor da construção em aço

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CBCA entrega prêmio do 9º Concurso para Estudantes de Arquitetura na Construmetal 2016

Instituto Aço Brasil assina posicionamento sobre excesso de capacidade de aço

Equipe vencedora do 9º Concurso CBCA para estudantes de arquitetura.

O Centro Brasileiro da Construção

em Aço (CBCA) contemplou as equipes

premiadas pelo seu 9º Concurso para

E s t u d a n t e s d e A r q u i t e t u r a e m

solenidade celebrada na Construmetal

2016, em São Paulo, no último dia

21/09. Os estudantes André Mesquita

Britto, Caio Ferraz de Almeida Prado,

Kamal Yazbek e Pedro Fagundes

Herman, da Fundação Armando Alvares

Penteado (FAAP), juntamente com seus

professores orientadores Francisco

Barros e Stella Tedesco, foram os

ganhadores. Eles elaboraram um projeto

de Centro Cultural, tema da competição

este ano. A equipe vencedora representará o

Brasil no 9º Concurso Alacero de Diseño

en Acero para Estudiantes de Arquictetura de 2016, organizado pela Associação Latino-Americana do Aço (Alacero),

que acontecerá durante a 57ª edição do Congresso Latino-Americano de Aço, no Rio de Janeiro, nos próximos dias

24, 25 e 26/10. Além disso, os vencedores receberam do vice-presidente comercial da Usiminas e membro do comitê

gestor do CBCA, Ascânio Merrighi, um cheque no valor de R$ 5 mil reais, manuais e livros sobre arquitetura e

construção em aço.Estiveram presentes ainda as equipes da Faculdade Presbiteriana Mackenzie, com o segundo e terceiro lugares, e

a Universidade de São Paulo, que recebeu menção honrosa.

Nove associações do aço da América do Norte, do Sul, América Latina e Europa divulgaram no início de setembro

posicionamento de otimismo moderado sobre as discussões a respeito do excesso de capacidade de aço no mundo

ocorridas nas reuniões dos líderes do G-20 em Hangzhou, na China, também nesse mês. Além de outros assuntos

prioritários, foi definida no encontro a criação de um Fórum Global, que ao invés de recolocar a discussão do excesso

de capacidade de aço no mundo num elevado nível decisório, limitou a participação da iniciativa privada apenas ao 1º

dia de reunião com foco apenas em trâmites administrativos, impedindo que os representantes da indústria do aço

pudessem participar das discussões referentes ao Fórum.

Hoje, já são mais de 700 milhões de toneladas de excedente do insumo, sendo 400 milhões apenas na China. O

Instituto Aço Brasil vem manifestando nos últimos anos sua grande preocupação com os impactos que essa situação

ocasiona nas condições do mercado internacional, onde aumentam cada vez mais as práticas abusivas, e aposta na

retomada de negociações em nível governamental em busca de soluções para o problema. "Esse foi um primeiro

passo importante, mas deve ser seguido por ações politicas concretas dos governos para reduzir o excesso de

capacidade, acabar com os subsídios ou qualquer outra medida governamental que distorça o mercado, garantindo

condições isonômicas de competição no curto prazo", diz a carta assinada pelas entidades.

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%ESTATÍSTICA

Instituto Aço Brasil | Telefone (21) 3445-6300 | www.acobrasil.org.br | [email protected]

A produção brasileira de aço bruto foi de 2,8 milhões de toneladas em agosto de 2016, o que representa uma queda de 1,1% quando comparada com o ocorrido no mesmo mês de 2015. Em relação aos laminados, a produção de 1,9 milhão de toneladas no mesmo mês representou um crescimento de 2,3% comparativamente ao de 2015. Com esses resulta-dos, a produção acumulada de janeiro a agosto de 2016 ficou em 20,3 milhões de toneladas de aço bruto e 14,0 milhões de toneladas de laminados, o que representa uma redução de 10,6% e de 11,0%, respectivamente, sobre o mesmo período de 2015.

O consumo aparente nacional foi de 1,6 milhão de toneladas de produtos siderúrgicos em agosto de 2016. Esse volume foi 10,2% menor que o registrado no mesmo mês do ano anterior. No acumulado dos oito primeiros meses do ano, o consumo aparente alcançou 12,1 milhões de toneladas, sendo 20,7% inferior ao comparado com o mesmo período de 2015.

As vendas internas foram de 1,5 milhão de toneladas de produtos siderúrgicos em agosto de 2016, uma queda de 6,0% em relação a agosto de 2015. No

acumulado dos oito primeiros meses deste ano, houve queda de 12,9% frente ao mesmo período do ano anterior, totalizando 11,1 milhões de toneladas.

Devido à queda da demanda interna, as importações de agosto deste ano recuaram 46,1% em relação a agosto de 2015, totalizando 110 mil toneladas. Esse volume resultou em faturamento de US$ 123 milhões. A quantidade importada de janeiro a agosto foi de 963 mil toneladas, e faturamento de US$ 1,0 bilhão. Esse resultado significa uma queda de 62,1% e 58,1%, respectivamente, frente ao mesmo período de 2015.

As exportações de produtos siderúrgicos em agosto de 2016 atingiram 1,1 milhão de toneladas, e valor de US$ 556 milhões. Na comparação com o mesmo mês do ano anterior, houve uma queda de 11,9% em volume e uma alta de 1,5% em valor. No acumulado do ano, foram exportados 8,7 milhões de toneladas, com faturamento de US$ 3,5 milhões. O resultado no acumulado de janeiro a agosto de 2016 foi 2,7% superior em volume, porém 21,7% inferior em valor, quando comparado com o mesmo período de 2015.

Produção de Aço Bruto

MÊS 2015 2016

J 2.996 2.496

F 2.667

2.433

M 2.768

2.506

A 2.897

2.300

M 2.983

2.590

J 2.776

2.541

J 2.877

2.705

A 2.799

2.768

S 2.501

-

O 2.982

-

N 2.548

-

D 2.462 -

2.200

2.400

2.600

2.800

3.000

3.200

J F M A M J J A S O N D

2016 2015

Unid.:103t