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PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO ACÓRDÃO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE SAO PAULO EMENTA - Processual civil - rescisão contratual - pedido de restituição de valores não especificado - pedido de indenização de danos morais e materiais inespecífico e sem demonstração - ordem para emenda não atendida - inicial rejeitada e ação extinta - apelo improvido. VISTOS, relatados e discutidos estes autos da Apelação n.° 126.737.4/7-00, da Comarca de SÃO PAULO, em que são apelantes ANA LÚCIA ALVES TEIXEIRA E OUTROS e apelado o JUÍZO DA 40" VARA CÍVEL. ACORDAM, em Oitava Câmara de Direito Privado do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso. RELATÓRIO. Trata-se de Ação de Rescisão Contratual cumulada com indenização por danos materiais e morais, julgada extinta pela r. sentença de fls. 514, cujo relatório fica adotado. Decidiu-se que a inicial não podia prosperar porque os autores não especificaram que indenização pretendem para reparação dos danos morais e materiais. Apelam os autores às fls. 519 insistindo que o valor da causa não precisa ser desde logo exatamente igual àquilo que se pretende ver fixado como indenização a final. Recurso tempestivo e#reparado.

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PODER JUDICIÁRIO

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO

ACÓRDÃO

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE SAO PAULO

EMENTA - Processual civil - rescisão contratual -pedido de restituição de valores não especificado -pedido de indenização de danos morais e materiais inespecífico e sem demonstração - ordem para emenda não atendida - inicial rejeitada e ação extinta - apelo improvido.

VISTOS, relatados e discutidos estes autos da

Apelação n.° 126.737.4/7-00, da Comarca de SÃO PAULO, em que são

apelantes ANA LÚCIA ALVES TEIXEIRA E OUTROS e apelado o

JUÍZO DA 40" VARA CÍVEL.

ACORDAM, em Oitava Câmara de Direito

Privado do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, por unanimidade de

votos, negar provimento ao recurso.

RELATÓRIO.

Trata-se de Ação de Rescisão Contratual

cumulada com indenização por danos materiais e morais, julgada extinta pela r.

sentença de fls. 514, cujo relatório fica adotado. Decidiu-se que a inicial não

podia prosperar porque os autores não especificaram que indenização

pretendem para reparação dos danos morais e materiais.

Apelam os autores às fls. 519 insistindo que o

valor da causa não precisa ser desde logo exatamente igual àquilo que se

pretende ver fixado como indenização a final.

Recurso tempestivo e#reparado.

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FUNDAMENTOS.

Desnecessariamente extensa, a inicial é

também confusa. O feito já começou também tumultuado. Complacentemente,

determinou-se a emenda da inicial. Sem atendimento, seguiu-se o seu

indeferimento. Mostrando que realmente a questão está confusa e tumultuada,

alegou-se coisa diferente no recurso.

De início, impende destacar que o feito foi

proposto como um litisconsórcio ativo unitário. Às fls. 496 e 499 percebeu-se

que não existe tanta unidade. Os advogados que representam as partes

manifestaram-se separadamente e disseram que querem as ultimações

individualmente pois não representam todos e os mesmos autores. Logo mais

vão pedir prazo em dobro! Ao recorrerem, voltaram a atuar juntos!

No confuso pedido, parece que querem

rescindir os contratos porque teriam adquirido apartamentos em um conjunto

habitacional de padrão operário, formado por diversos blocos de apartamentos

com completa área de lazer comum, mas posteriormente, um desses blocos foi

transformado em "Cingapura" para abrigar favelados, o que desvirtuou e

desvalorizou as unidades que adquiriram, além de perderem a área de lazer

comum. O mais é ininteligível, razão pela qual cabe lembrar Calamandrei: - "O

advogado que se queixa de não ser compreendido pelo juiz não se queixa do

juiz, mas de si mesmo. O juiz não tem o dever de compreender: é o advogado

que tem a obrigação de se fazer compreender."

Sem especificar no que consistiam os danos

materiais e morais, foi pedida uma reparação para essas perdas. Determinou-se

a emenda do pedido para especificar qual o valor das perdas e danos e danos

morais (fls. 495). Certo ou errado, o despacho acabou por tornar-se imutável. É

que a r. sentença julgou extinta a ação pela falta dessa emenda. Não houve

determinação para emendar o valor da inicial, nem julgou-se extinta a ação por

falha desse tipo. No entanto, o recurso foi fundado em emenda ao valor da

causa, o que é totalmente diferente. Basta ver que o autor pode dizer que deseja

um determinado valor, pelos parâmetros que cita, mas, deixa a fixação a critério

do juiz. Isso iria possibilitar a defesa do requerido/yo estabelecimento de uma

Apelação n.° 126.737.4/7-00 - São Paulo - v. 10.960 2

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indenização adequada. Da maneira como foi feito o pedido, tanto o

contraditório estaria cerceado, como o juiz poderia fixar a indenização em R$

0,10 e os autores não teriam por que recorrer.

No que diz respeito aos danos materiais e

lucros cessantes a situação é pior. Não demonstraram quais os valores que cada

um quer ver restituído; não especificaram no que consistiriam as perdas e

danos e como fariam a prova; não apontaram os parâmetros para apuração da

reparação moral.

Em resposta à determinação para a emenda,

fizeram inúmeras citações irrelevantes e inadequadas apenas para, ao final,

repartir o valor dado à causa na inicial. Dos R$ 10.000,00, o dano moral

corresponderia a R$ 3.000,00, o material outros R$ 3.000,00 e "ao valor

econômico dos demais pedidos, R$ 4.000,00". Não se sabe o que é esse último!

Além do mais, deve-se considerar que os autores são quatorze. Cada um

desejaria receber então R$ 214,28 pelo dano moral, outro tanto pelo material e

mais R$ 285,71 pelos "demais pedidos". Essa pretensão não está de acordo

com a narração dos fatos. Basta ver que às fls. 05 disseram que cada

apartamento teria custado R$ 6.773,78 e muitas parcelas já estariam quitadas e

deveriam ser restituídas.

Face o exposto, negam provimento ao

recurso.

Presidiu o julgamento com voto o

Desembargador MATTOS FARIA (revisor) e dele participou o Desembargador

EGAS GALBIATTI.

São Paulo, 19^junho d e \ W $ k ^ ~ ^ y S

/ / SILVIO MARQUES MÍTO Relator /

Apelação n.° 126.737.4/7-00 - São Paulo - v. 10.960 3