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Superior Tribunal de Justiça AgRg no AgRg no RECURSO ESPECIAL 1.018.206 - RJ (2007/0299808-1) RELATORA : MINISTRA MARIA ISABEL GALLOTTI AGRAVANTE : M DE P B E OUTRO ADVOGADO : GILBERTO FRAGA E OUTRO(S) AGRAVADO : NÃO INDICADO EMENTA PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. SEPARAÇÃO CONSENSUAL. BEM DE FAMÍLIA. DECLARAÇÃO. AUSÊNCIA DE INTERESSE, PRETENSÃO RESISTIDA OU OBJETO DECLARATÓRIO DO PEDIDO VEICULADO NA INICIAL DA AÇÃO. DESCABIMENTO. 1. Não há na separação consensual pedido de penhora do bem que aponte interesse ou pretensão resistida a justificar a declaração de impenhorabilidade de bem de família. Tampouco ajuizou-se a ação com cunho declaratório e pedido/objeto específico. 2. As partes buscam, em ação de separação consensual, uma declaração incidental no curso do processo com efeitos erga omnes , com o nítido fim de estender a proteção dessa declaração a uma execução fiscal, o que não se coaduna com a via processual eleita. 3. Agravo regimental a que se nega provimento. ACÓRDÃO A Quarta Turma, por unanimidade, negou provimento ao agravo regimental, nos termos do voto da Sra. Ministra Relatora. Os Srs. Ministros Antonio Carlos Ferreira, Marco Buzzi, Luis Felipe Salomão e Raul Araújo votaram com a Sra. Ministra Relatora. Brasília (DF), 17 de setembro de 2015(Data do Julgamento) MINISTRA MARIA ISABEL GALLOTTI Relatora Documento: 1443280 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 25/09/2015 Página 1 de 6

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AgRg no AgRg no RECURSO ESPECIAL Nº 1.018.206 - RJ (2007/0299808-1)

RELATORA : MINISTRA MARIA ISABEL GALLOTTIAGRAVANTE : M DE P B E OUTROADVOGADO : GILBERTO FRAGA E OUTRO(S)AGRAVADO : NÃO INDICADO

EMENTA

PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. SEPARAÇÃO CONSENSUAL. BEM DE FAMÍLIA. DECLARAÇÃO. AUSÊNCIA DE INTERESSE, PRETENSÃO RESISTIDA OU OBJETO DECLARATÓRIO DO PEDIDO VEICULADO NA INICIAL DA AÇÃO. DESCABIMENTO.1. Não há na separação consensual pedido de penhora do bem que aponte interesse ou pretensão resistida a justificar a declaração de impenhorabilidade de bem de família. Tampouco ajuizou-se a ação com cunho declaratório e pedido/objeto específico.2. As partes buscam, em ação de separação consensual, uma declaração incidental no curso do processo com efeitos erga omnes , com o nítido fim de estender a proteção dessa declaração a uma execução fiscal, o que não se coaduna com a via processual eleita. 3. Agravo regimental a que se nega provimento.

ACÓRDÃO

A Quarta Turma, por unanimidade, negou provimento ao agravo regimental, nos termos do voto da Sra. Ministra Relatora. Os Srs. Ministros Antonio Carlos Ferreira, Marco Buzzi, Luis Felipe Salomão e Raul Araújo votaram com a Sra. Ministra Relatora.

Brasília (DF), 17 de setembro de 2015(Data do Julgamento)

MINISTRA MARIA ISABEL GALLOTTI Relatora

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AgRg no AgRg no RECURSO ESPECIAL Nº 1.018.206 - RJ (2007/0299808-1)

RELATÓRIO

MINISTRA MARIA ISABEL GALLOTTI: Trata-se de agravo regimental

contra decisão de e-STJ fls. 522/524, que negou provimento à pretensão da agravante

de obter declaração de bem de família em ação de separação consensual por ausência

de interesse processual e pretensão resistida.

Os recorrentes alegam que "o indeferimento da homologação da partilha e

a consequente não expedição da respectiva carta de adjudicação, pela única razão de

que não teria sido demonstrado ser o imóvel impenhorável, são, sim, motivos

suficientes e cabais a ensejar a respectiva declaração nestes autos" (e-STJ fl. 530).

Argumenta que foi o próprio juízo de primeira instância que impôs aos

recorrentes que comprovassem que o seu imóvel seria impenhorável, com vistas ao

deferimento da homologação da partilha apresentada e expedição de carta de

adjudicação do imóvel.

Reitera a tese do recurso especial.

Aduz haver fato novo superveniente consubstanciado no trânsito em

julgado da sentença proferida nos autos da execução fiscal, em que se extinguiu o

débito exigido pela prescrição.

Postula reforma da decisão.

É o relatório.

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AgRg no AgRg no RECURSO ESPECIAL Nº 1.018.206 - RJ (2007/0299808-1)

VOTO

MINISTRA MARIA ISABEL GALLOTTI (Relatora): O recurso não

merece prosperar, devendo ser mantida a decisão agravada por seus jurídicos

fundamentos, os quais são aqui adotados como razão de decidir:

Trata-se de recurso especial interposto de acórdão que recebeu a

seguinte ementa (e-STJ fl. 349):

AGRAVO LEGAL CONTRA DECISÃO DO RELATOR QUE

NEGOU SEGUIMENTO AO AGRAVO DE INSTRUMENTO.

SEPARAÇÃO CONSENSUAL. PROVIMENTO DE PRIMEIRO

GRAU QUE INDEFERE A EXECUÇÃO DA PARTILHA, COM A

ADJUDICAÇÃO DE IMÓVEL DO CASAL EM FAVOR DA

CÔNJUGE VIRAGO.

EXISTÊNCIA DE DÉBITOS DE RESPONSABILIDADE DO

CÔNJUGE VARAO, QUE INTEGRAVA SOCIEDADE

COMERCIAL DEVEDORA DE TRIBUTOS. FAZENDAS

PÚBLICAS, MUNICIPAL E ESTADUAL E MINISTÉRIO PÚBLICO

QUE DISCORDAM DA HOMOLOGAÇÃO.

INDEFERIMENTO ANTERIOR JÁ IMPUGNADO POR AGRAVO

DE INSTRUMENTO, DESPROVIDO POR ESTA EGRÉGIA

CÂMARA. INEXISTÊNCIA DE ELEMENTOS NOVOS. ALEGADA

IMPENHORABILIDADE DO IMÓVEL QUE DEVE SER

APRECIADA PELO JUIZO DA EXECUÇÃO FISCAL. RECURSO

DESPROVIDO.

Alega-se ofensa aos arts. 458, 535 e 1.120 do Código de Processo

Civil; 1º e 5º da Lei 8.009/90, bem como dissídio.

Anoto, preliminarmente, que a questão federal foi decidida de modo

suficiente, motivo pelo qual rejeito a alegação de ofensa aos arts.

458 e 535 do Código de Processo Civil.

Relativamente ao alegado dissídio, não foi demonstrado nos

moldes legais e regimentais, notadamente no que toca à

demonstração da similitude fática entre os julgados confrontados.

Sequer os acórdãos invocados nas razões do recurso trazem

discussão acerca da competência para análise de alegação de bem

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de família.

Quanto ao art. 1º e 5 º da Lei 8.009/90, assim constou do acórdão

recorrido (e-STJ fls. 350/351):

Na inicial da separação consensual, os requerentes

postularam que a propriedade do imóvel do casal, situado à

Rua Fonte da Saudade, 61, Lagoa, fosse transferido à

cônjuge virago (fis. 1011104).

Após a homologação da separação, foi requerida expedição

do formal de partilha (fis. 145).

Em razão da existência de débito fiscal em nome do cônjuge

varão junto ao INSS, as Fazendas Públicas Estadual e

Municipal, bem como o Ministério Público, se opuseram à

pretensão (fís. 197 e verso).

A dívida, no montante de R$ 2.729.565,09 (dois milhões,

setecentos e vinte e nove mil, quinhentos e sessenta e cinco

reais e nove centavos), é objeto de execução fiscal que

tramita na Décima Vara Federal da Seção Judiciária do Rio de

Janeiro, movida em face de Radio Cristais do Brasil S/A

(processo n. 99.0037228-O).

O primeiro agravante também figura no pólo passivo da

execução, como responsável tributário (fis. 69), pois integrava

a sociedade devedora na qualidade de sócio.

Sobreveio, então, a decisão de fis. 198, indeferindo a

transferência da titularidade do imóvel.

Inconformados, os requerentes interpuseram agravo de

instrumento, que foi desprovido por esta egrégia Câmara, por

acórdão assim ementado (fls. 40):

"Agravo de instrumento. Separação judicial consensual

homologada por sentença. Decisão que indeferiu a

expedição de carta de adjudicação face à existência de

debito fiscal, perante a Fazenda Nacional, não quitado.

Incidência do § 20 do artigo 1.031 da lei de ritos.

Acordo homologado estabelecendo que os bens

passariam a pertencer ao cônjuge não devedor do

tributo. Discussão sobre o pólo passivo da execução

fiscal ocupado por um dos cônjuges, que não pode ser

decidida no âmbito do procedimento administrativo de

expedição da carta de adjudicação. Decisão mantida.

Agravo improvido.n (agravo de instrumento n.

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1998.002.00664. Rei. Maria Inês da Penha Gaspar, j.

06.10.98)

A questão já foi, portanto, decidida, inexistindo elementos

novos, sendo certo que a alegada impenhorabilidade do

imóvel deve ser apreciada pelo juízo da execução fiscal.

Correto o acórdão recorrido.

Não há na presente ação qualquer pedido de penhora do bem que

justifique, nestes autos, a declaração de impenhorabilidade. Não há

interesse nem pretensão resistida.

Ademais, sequer é objeto da demanda de separação consensual

(e-STJ fls. 106/109) a declaração de impenhorabilidade do bem.

Depreende-se dos autos que as partes buscam, em ação de

separação consensual, uma declaração incidental no curso do

processo com efeitos erga omnes , com o nítido fim de estender a

proteção dessa declaração à execução fiscal, o que não se

coaduna com a via processual eleita.

Inviável, pois, a pretensão.

Acrescento que, se há execução fiscal, e lá há determinação de

constrição de bem que a parte reputa tratar-se bem de família, lá deve ser invocado o

direito, sendo o juízo da execução o competente para avaliar a referida alegação,

inclusive porque no nosso sistema processual a natureza do crédito pode influenciar na

declaração ou não do referido benefício legal.

De outro lado, o fato novo superveniente alegado pela parte diz respeito

justamente ao fundamento jurídico da decisão de indeferimento da expedição da carta

de adjudicação e não quanto à declaração de impenhorabilidade do bem, objeto do

recurso especial.

Deve, portanto, ser analisado primeiramente pelo juízo natural, sob pena

de supressão de instância.

Em face do exposto, nego provimento ao agravo regimental.

É como voto.

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CERTIDÃO DE JULGAMENTOQUARTA TURMA

AgRg no AgRg no

Número Registro: 2007/0299808-1 PROCESSO ELETRÔNICO REsp 1.018.206 / RJ

Números Origem: 200700209950 200713406244 200713512682 960010892613

EM MESA JULGADO: 17/09/2015SEGREDO DE JUSTIÇA

Relatora

Exma. Sra. Ministra MARIA ISABEL GALLOTTI

Presidente da SessãoExma. Sra. Ministra MARIA ISABEL GALLOTTI

Subprocuradora-Geral da RepúblicaExma. Sra. Dra. MÔNICA NICIDA GARCIA

SecretáriaBela. TERESA HELENA DA ROCHA BASEVI

AUTUAÇÃO

RECORRENTE : M DE P B E OUTROADVOGADO : GILBERTO FRAGA E OUTRO(S)RECORRIDO : NÃO INDICADO

ASSUNTO: DIREITO CIVIL - Família

AGRAVO REGIMENTAL

AGRAVANTE : M DE P B E OUTROADVOGADO : GILBERTO FRAGA E OUTRO(S)AGRAVADO : NÃO INDICADO

CERTIDÃO

Certifico que a egrégia QUARTA TURMA, ao apreciar o processo em epígrafe na sessão realizada nesta data, proferiu a seguinte decisão:

A Quarta Turma, por unanimidade, negou provimento ao agravo regimental, nos termos do voto da Sra. Ministra Relatora.

Os Srs. Ministros Antonio Carlos Ferreira, Marco Buzzi, Luis Felipe Salomão e Raul Araújo votaram com a Sra. Ministra Relatora.

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