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Banca TJRJ 2013 - Camilo Rulière 1 - Gratuidade de Justiça. O benefício da gratuidade de justiça deve observar a real necessidade da parte, carente de recursos, para ser deferido, não bastando a simples alegação de não ter condições de arcar com o pagamento das despesas processuais, por se tratar de presunção relativa. Por fim, cumpre salientar que a isenção do pagamento das custas e da taxa judiciária depende do estado de miserabilidade jurídica do demandante, isto porque, se a mera dificuldade financeira não tem o condão de elidir o pagamento de tributos em geral, assim também não o tem quanto ao pagamento das despesas processuais e honorários advocatícios. Diante de tais circunstâncias, não pode o agravante ser considerado miserável juridicamente para os fins do artigo 4º da Lei 1060/50 e artigo 5º, inciso LXXIV da Constituição Federal.Portanto, não demonstrada, de maneira inequívoca, a hipossuficiência, deve ser mantida decisão que indeferiu a gratuidade de justiça. O benefício da gratuidade de justiça deve observar a real necessidade da parte, carente de recursos, para ser deferido, não bastando a simples alegação de não ter condições de arcar com o pagamento das despesas processuais, por se tratar de presunção relativa.No caso dos autos o primeiro agravante recebe soldo de inativo da Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro que, em abril de 2011, chegava ao limite de R$3.708,47, como se observa em fl. 22, o que exclui a condição de miserável jurídico.Ademais, o primeiro agravante faz prova de seus proventos quando ostentava a condição de II Sargento PM, situação alterada, como se constata pelo documento de fl. 17, que aponta a graduação de Subtenente, cujo soldo, evidentemente, é maior que o de Sargento.Tal circunstância aponta sonegação de informação, tangenciando a litigância de má fé.Cumpre salientar que a isenção do pagamento das custas judiciais e da taxa judiciária depende do estado de miserabilidade jurídica do demandante,

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Banca TJRJ 2013 - Camilo Rulière

1 - Gratuidade de Justiça.

O benefício da gratuidade de justiça deve observar a real necessidade da parte, carente de

recursos, para ser deferido, não bastando a simples alegação de não ter condições de arcar com o

pagamento das despesas processuais, por se tratar de presunção relativa.Por fim, cumpre salientar que

a isenção do pagamento das custas e da taxa judiciária depende do estado de miserabilidade jurídica do

demandante, isto porque, se a mera dificuldade financeira não tem o condão de elidir o pagamento de

tributos em geral, assim também não o tem quanto ao pagamento das despesas processuais e

honorários advocatícios. Diante de tais circunstâncias, não pode o agravante ser considerado miserável

juridicamente para os fins do artigo 4º da Lei 1060/50 e artigo 5º, inciso LXXIV da Constituição

Federal.Portanto, não demonstrada, de maneira inequívoca, a hipossuficiência, deve ser mantida

decisão que indeferiu a gratuidade de justiça.

O benefício da gratuidade de justiça deve observar a real necessidade da parte, carente de

recursos, para ser deferido, não bastando a simples alegação de não ter condições de arcar com o

pagamento das despesas processuais, por se tratar de presunção relativa.No caso dos autos o primeiro

agravante recebe soldo de inativo da Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro que, em abril de 2011,

chegava ao limite de R$3.708,47, como se observa em fl. 22, o que exclui a condição de miserável

jurídico.Ademais, o primeiro agravante faz prova de seus proventos quando ostentava a condição de II

Sargento PM, situação alterada, como se constata pelo documento de fl. 17, que aponta a graduação de

Subtenente, cujo soldo, evidentemente, é maior que o de Sargento.Tal circunstância aponta sonegação

de informação, tangenciando a litigância de má fé.Cumpre salientar que a isenção do pagamento das

custas judiciais e da taxa judiciária depende do estado de miserabilidade jurídica do demandante, isto

porque a mera dificuldade financeira não tem o condão de elidir o pagamento de tributos em geral,

assim também não o tem quanto ao pagamento das despesas processuais e dos honorários

advocatícios.Portanto, não demonstrada, de maneira inequívoca, a hipossuficiência, deve ser mantida a

Decisão que indeferiu a gratuidade de justiça no presente caso

2 - Nulidade da citação - Pessoa Jurídica

As regras do artigo 223, parágrafo único do Código de Processo Civil, bem como a Súmula nº

118 deste Tribunal de Justiça.“A citação postal comprovadamente entregue à pessoa física, bem assim

na sede ou filial da pessoa jurídica, faz presumir o conhecimento e a validade do ato”.Outrossim, não

obstante a alegação da agravante no sentido de que a citação teria sido recebida por pessoa sem

poderes de gerência geral ou de administração da empresa, nenhuma prova foi trazida neste sentido.

Aliás, mesmo na hipótese da referida pessoa não ter ou nunca ter tido os poderes referidos pela

agravante, não altera a realidade fático-processual, certo que se trata de pessoa ligada à empresa e cuja

assinatura de recebimento está aposta junta a carimbo de identificação da ré. Arremate-se que a

diligência citatória se deu na sede da empresa recorrente, ou seja, no mesmo endereço indicado nas

razões do presente Agravo de Instrumento, que é sua sede, segundo fl. 08. Nestas circunstâncias, o

decreto de revelia está correto, inexistindo violação ao artigo 247 do Código de Processo Civil, não

merecendo reforma a Decisão agravada.

3 - Inépcia da inicial - Afastamento.

A petição inicial, sem dúvida, preenche os requisitos do artigo 282 do Código de Processo Civil,

contendo a causa de pedir e os pedidos, sendo que da narrativa dos fatos decorre conclusão lógica,

cujas pretensões são claras. Destarte, a exordial permite a verificação dos elementos identificadores da

demanda, sem comprometer o direito de defesa do demandado.

4 - Rito Sumário - adiamento da audiência e nova citação.

Não merece prosperar o pleito de nulidadeda Sentença, uma vez que, conforme é possível

constatar de fls.138/139, o Espólio foi citado e intimado por Oficial de Justiça, atravésda inventariante,

para a audiência de conciliação, instrução e julgamentoa ser realizada em 03/02/2011.A retirada do

feito da pauta de audiência,em fl. 140, com nova designação de data posterior, fl. 141, não nulifica

acitação e não torna necessário novo procedimento citatório.A intimação sobre a nova data

deaudiência, fls. 143 e 145, não é nula, porque realizada por via postal, nosmoldes do artigo 238 do

Código de Processo Civil, sendo regularmente

enviada pelo correio e recebida no mesmo domicílio onde teria sidoefetivada a citação pessoal.

Indiscutível que segundo o disposto no artigo 241, inciso I do Código de Processo Civil, o prazo para

contestar é computado da juntada aos autos do aviso de recebimento, no caso de citação postal, não

havendo a previsão de que o dies a quo se inicie no momento da inclusão da informação no Sistema

5 - Informação equivocada no sítio do TJRJ - Prazo processual.

Informatizado do Tribunal de Justiça. Entretanto, uma vez que o Tribunal de Justiça do Estado

do Rio de Janeiro pretende manter informatizado todo o Poder Judiciário, sem dúvida, para o

desempenho de tal mister, existe a necessidade de precisão nas informações lançadas no terminal de

computador,principalmente para dar publicidade e ciência, de forma transparente, de todos os atos

processuais. Ademais, com a evolução da informatização, serviço que deve ser confiável, retira-se a

obrigação de o advogado comparecer, diariamente ao Cartório, para verificar se o mandado de citação

ou o aviso de recebimento foi juntado aos autos, para computar o início do prazo de contestação. Logo,

na hipótese dos autos, a data da juntada do aviso de recebimento deveria ter sido lançada na Intranet e,

se não foi este o proceder, não se pode prejudicar a parte por erro de Serventuário da Justiça.

Mesmo posicionamento do STJ : A Corte Especial do Superior Tribunal de Justiça (STJ) alterou a

jurisprudência e considerou tempestivo um recurso apresentado fora de prazo em razão de erro no site

do Tribunal de Justiça de Santa Catarina (TJSC). “A jurisprudência deve acompanhar a realidade em que

se insere, sendo impensável punir a parte que confiou nos dados fornecidos pelo próprio Judiciário”,

ponderou o ministro Herman Benjamin, relator do recurso. A decisão foi unânime. "A divulgação do

andamento processual pelos tribunais, por meio da internet, passou a representar a principal fonte de

informação dos advogados em relação aos trâmites do feito”, “Ainda que não se afirme que o prazo

correto é aquele erroneamente disponibilizado pela internet, não é razoável frustrar a boa-fé que deve

orientar a relação entre os litigantes e o Judiciário”.

Para o ministro, deve-se afastar o rigor excessivo na contagem dos prazos processuais quando o

descumprimento decorre de fato que não dependeu da vontade da parte, mas diretamente de erro

cometido pelo Judiciário.

6 - CDC E RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA UNIMED

6.1 - O Tribunal tem reconhecido, de forma uníssona, que, não obstante a Unimed Cabo Frio ser

pessoa jurídica distinta da Unimed Rio, ambas integram o mesmo conglomerado econômico, que, no

caso, é conhecido através da propaganda conjunta realizada por todo o grupo como “Sistema

Cooperativo Unimed” e, assim, respondem solidariamente pelo atendimento médico/hospitalar de

qualquer associado, independentemente da cooperativa específica a qual ele se filiou.

6.2 - Na hipótese em análise, é possível constatar que ao firmar o contrato originário, os

demandantes visavam à prestação de serviços pela empresa Unimed, desconhecendo, totalmente,

como a quase totalidade dos usuários/consumidores de plano de saúde, a existência de diversas pessoas

jurídicas com a marca Unimed, mas identificadas por Unimed Caxias, Unimed Rio, Unimed Manaus,

Unimed Niterói, Unimed Governador Valadares etc. Logo, os usuários do plano de saúde não podem ser

prejudicados, uma vez que todas as sociedades integrantes do chamado “complexo empresarial

cooperativo UNIMED” se apresentam perante os pretensos clientes como se, efetivamente, fossem

Consigne-se que o próprio legislador consumerista, preocupado em resguardar os interesses do

consumidor, estabeleceu nos artigos 7º, parágrafo único e 25, parágrafo 1º, a solidariedade de toda a

cadeia de fornecimento. Portanto presente a legitimidade passiva. Diante de tais circunstâncias, mostra-

se incontroversa a ilicitude da conduta da empresa ré, visto que, mesmo na vigência do contrato

adimplido, deixou de disponibilizar à autora os tratamentos indispensáveis para a cura de suas

patologias.

7 - Lei de locações.

A caução a que se refere o artigo 37, inciso I da Lei nº 8.245/91, é dada em garantia ao

cumprimento das obrigações assumidas no contrato de locação, não servindo como forma de

antecipação de pagamentos dos alugueres e encargos.

8 - Princípio da instrumentalidade das formas.

Com efeito, as garantias constitucionais do amplo contraditório, da instrumentalidade do

processo e do acesso à justiça, em detrimento do apego exagerado ao formalismo, autorizam a

aplicação da melhor interpretação possível dos comandos processuais, para se permitir o equilíbrio na

análise do direito material em litígio. Na verdade, o ordenamento processual adota o princípio da

instrumentalidade das formas e permite o aproveitamento do ato que, embora realizado de outra

forma, alcance a sua finalidade. No caso em comento, não há que se falar em revelia, pois o réu

protocolizou contestação, tempestivamente, em 07/07/2008, fl. 74, dez dias antes da realização da

audiência prevista no artigo 277 do Código de Processo Civil, que já havia sido redesignada em fl. 65.

Além disso, a parte compareceu à mencionada audiência acompanhada de advogado, configurando, a

exigência da apresentação da defesa no exato momento da realização da audiência, excesso de

formalismo que não se coaduna com os princípios da celeridade e instrumentalidade processuais.

9 - Responsabilidade objetiva

Ausência de distinção entre usuários e nãousuários do coletivo.Artigo 932, inciso III do Código

Civil –Responsabilidade da empresa por ato deseu preposto.Comprovados o fato, o dano e o nexocausal

e não havendo excludente de

responsabilidade, surge o dever deindenizar.Quantum indenizatório que observou oscritérios da

proporcionalidade e darazoabilidade, além do caráter pedagógicopunitivo da verba, devendo ser

rechaçada aredução pretendida.Denunciada/seguradora que deve arcarcom a restituição do valor da

condenação,

dentro do limite da Apólice.Sucumbência recíproca que deve sermodificada – Aplicação do artigo

21,parágrafo único do Código de ProcessoCivil - Desprovimento do Agravo Retido eda Apelação da

seguradora, provimentoparcial do recurso da ré e provimento doRecurso Adesivo.

No entanto, equivocada a tese defensiva,porque a responsabilidade da empresa transportadora de

passageiros éobjetiva, conforme estabelece o artigo 37, parágrafo 6º da ConstituiçãoFederal, devendo a

concessionária responder pelos danos que seusagentes causem a terceiros, usuários ou não usuários do

serviço.

No mesmo sentido, o artigo 927, parágrafoúnico do Código Civil, que estabelece, ainda, no artigo 932,

inciso III,que a empresa responde pelos atos de seu preposto.

Ressalte-se que para a atribuição dareferida responsabilidade, o mencionado dispositivo legal

especificaapenas o sujeito ativo, qual seja, a pessoa prestadora de serviço público,cujos agentes

causadores do dano estejam no exercício da atividadeconcedida, não estabelecendo a condição do

sujeito passivo, nãoexigindo, portanto, que este possua a condição de passageiro ou usuáriodo

transporte.A interpretação, no caso, não deve serrestritiva, devendo a mesma ater-se ao princípio da

isonomia, haja vistanão haver qualquer distinção entre terceiros usuários e não usuários,porquanto

ambos podem sofrer danos decorrentes da ação praticada porprestador de serviço público.Logo,

merece ser afastada a pretensão dosrecorrentes no sentido da aplicação da responsabilidade civil

fundada nateoria subjetiva.Entretanto, tal discussão transparecedispensável à luz da prova coligida nos

autos, porque mesmo que aresponsabilidade fosse subjetiva, nos autos está provada a imperícia

dopreposto da empresa de ônibus.

Todavia, o pleito da ré no que concerne aresponsabilidade integral da seguradora merece

prosperar.Note-se que com relação à lide secundária,o decisum considerou, equivocadamente, que o

IRB seria responsávelpelo pagamento de 71% dos valores segurados, de modo que alitisdenunciada

deveria indenizar a ré, com o correspondente a 29% deR$ 80.000,00 contratados no negócio jurídico

entre concessionária eseguradora.A prevalecer tal entendimento, não haverátítulo que dê

embasamento para a concessionária executar, nos autos, adiferença de 71% do IRB, uma vez que, além

de inexistir contrato entre aempresa ré e o IRB, na parte dispositiva da Sentença não há condenaçãodo

Instituto a ressarcir à demandada.Por tais razões, a Nobre Seguradora doBrasil S/A deve arcar com a

restituição do valor da condenação, nostermos do limite do contrato firmado, ou seja, R$ 80.000,00 (fl.

94).

Faz jus a alteração da Sentença tambémem relação aos ônus sucumbenciais da lide principal, que

deverão ficar acargo da ré, na forma do artigo 21, parágrafo único do Código deProcesso Civil, haja vista

que, não obstante a improcedência dos pedidosde pensionamento e ressarcimento das despesas com

funeral, a autordecaiu de parte mínima do pedido, sendo os honorários de 10% e asdespesas

processuais por conta da demandada.

10 - art. 466 - A, CPC.

10.1- Cuida-se de Ação de Obrigação de Fazer proposta por Paulo Rodrigues da Costa e outra,

em face de Harsco do Brasil Participações e Serviços Siderúrgicos Ltda., objetivando condenar a ré a

outorgar a escritura de compra e venda definitiva do lote nº 10, da quadra B, da Avenida do Canal nº 60,

Volta Redonda/RJ, bem como ao pagamento de dano material no valor de R$15.480,21, referente a

perda do valor aquisitivo da última prestação de negócio realizado com terceiro, e de dano moral.

Narramos demandantes que em fevereiro de 1993, celebraram junto à ré o Instrumento Particular de

Promessa de Compra e Venda, com quitação de dívida, fls. 15/16vº, do sobredito imóvel, matriculado no

Registro Geral de Imóveis sob o nº 19.160, conforme se verifica às fls. 17/vº, em nome de Sobremetal

Recuperação de Metais Ltda., cuja denominação atual é Harsco do Brasil Participações e Serviços

Siderúrgicos Ltda.Sustentam que não obstante ficar estabelecido que a promitente vendedora

providenciaria a documentação para a transferência do lote em prazo razoável, esta não logrou

apresentar a certidão negativa do INSS e da Secretaria da Receita Federal, impedindo a lavratura da

Escritura Pública de Compra e Venda. Aduz que em maio de 2002 recebeu uma oferta de venda do

imóvel para a Fundação Educacional Rosemar Pimentel -FERP, sob a condição de que seria conferida a

integralização do preço, no valor de R$ 35.000,00, apenas no ato da lavratura deescritura pública,

conforme cláusula 1ª do Instrumento Particular de Promessa de Compra e Venda de fl. 18/20, e, assim,

faltando 120 dias para o vencimento da última parcela, concedeu igual prazo à ré para que lhe

entregasse toda a documentação pendente, no entanto, tal pleito não foi cumprido, deixando o autor

de receber o valor de R$35.000,00, referente à parcela final. Devem ser rejeitadas as preliminares

arguidas pela ré, de falta de interesse de agir, ilegitimidade ativa e ausência de participação da FERP na

demanda. Na hipótese, não está configurado o alegado litisconsórcio passivo necessário, pois,

diferentemente do alegado pela ré, não estão preenchidos os requisitos do previstos no artigo 47 do

Código de Processo Civil, para sua formação. Ressalte-se que a pretensão dos autores na demanda é

regularizar o registro definitivo do imóvel negociado junto à ré, através da Escritura Pública de Compra e

Venda em seus nomes, sendo certo que posterior contrato celebrado com terceiros, no caso a FERP, não

retira a necessidade do referido registro, em obediência ao princípio da continuidade do registro

público. Pelos mesmos motivos não há que se falar em ausência de legitimidade ativa ou de interesse

processual, já que restou comprovado pelo documento de fls. 15/16, que o referido instrumento

particular foi firmado entre as partes desta lide, e que passados quase 20 anos ainda não foi registrado o

imóvel em nome dos autores, perante o Registro Imobiliário, visando a viabilizar a lavratura de escritura

pública de compra e venda pelos demandantes em favor da FERP. Consigne-se que não há violação ao

artigo 1418 do Código Civil, porque os autores devem regularizar o imóvel em seus nomes, para que

possam transferir a propriedade para a FERP. Superadas as questões, considerando o compromisso de

compra e venda firmado em 18 de fevereiro de 1993, bem como a realização do pagamento integral do

preço, os compromissários compradores possuem o direito de exigir a outorga da escritura definitiva de

compra e venda do imóvel, como permite o artigo 15 do Decreto-lei nº 58/37. Portanto, sendo a ré a

promitente vendedora do domínio do imóvel, tal condição lhe atribui a legitimidade passiva e confere a

mesma o dever de outorgar a escritura definitiva aos autores, como forma de preservar o princípio da

continuidade registral insculpido nos artigos 195 e 237 da Lei 6.015/73. Entretanto, na hipótese em tela,

a pretensão autoral acerca da substituição de vontade da ré pelo título judicial, com respaldo no artigo

466-A do Código de Processo Civil, merece prosperar.Compete ao Poder Judiciário velar pela aplicação

do princípio da efetividade da tutela jurisdicional.No caso, os autores não visam o simples recebimento

da multa (astreinte) decorrente de eventual descumprimento da obrigação de outorgar a escritura

definitiva, mas a substituição do devedor inadimplente, no caso, a ré, que não outorgou oinstrumento

público, embora tenha recebido integralmente o preço, porque não tem condições de obter Certidões

Negativas de Débitos do INSS e da Receita Federal. Os autores não podem ser prejudicados pela desídia

e leviandade da empresa demandada, que não cumpre suas obrigações sociais, previdenciárias e fiscais.

Portanto, cabível a aplicação do artigo 466-A do Código de Processo Civil, desde logo, sendo a escritura

pública substituída pela Sentença/Acórdão, que valerá com título para registro do imóvel em nome dos

autores, perante o Registro Imobiliário, cabendo ao órgão a quo expedir a Carta de Adjudicação do

Imóvel em favor dos autores, com registro desta no Cartório Imobiliário. As dívidas perante o INSS e

Receita Federal devem (ou já estão sendo cobradas) ser pleiteadas pelos entes públicos, pelas vias

próprias, não podendo os autores, frise-se, ser prejudicados por ato da ré.Além disso, não está prescrita

a pretensão de obtenção de dano moral decorrente da inexistência de outorga da Escritura Pública de

Compra e Venda, pela ré, em favor dos autores, porque a lesão se perpetua no tempo, não sendo

cabível aplicar-se o instituto da prescrição (seja trienal ou qualquer outro prazo), enquanto subsistir a

lesão ao direito da parte, cabendo a reforma da Sentença também nesta parte, fixando-se indenização

por dano moral em favor dos demandantes no valor de R$ 40.000,00, importância monetariamente

corrigida a contar da lavratura do presente Acórdão, e acrescida de juros de mora de 1% ao mês, desde

a citação. Também presente o dano material, porque os autores receberão o valor fixo de R$ 35.000,00,

referente à última parcela do negócio jurídico pactuado com a FERP, apenas quando for lavrada a

escritura pública, pelos demandantes, em favor da referida pessoa jurídica, o que ensejou prejuízo

relacionado com a diferença de correção monetária, correspondente a R$ 15.480.21, a teor dos

artigos186 e 927 do Código Civil, importância monetariamente corrigida da distribuição, na forma do

artigo 1º, parágrafo 2º da Lei nº 6.899/81, e com juros de 1% ao mês desde a citação.

10.2- Típica relação de consumo – Aplicação da Lei nº 8078/90. A farta prova documental acostada aos

autos demonstra a celebração do Contrato Particular de Compra e Venda de unidade imobiliária em

construção, firmado entre a autora e a empresa ré, através de seu representante legal, com o

pagamento da importância de R$ 125.000,00. Cláusulas sexta e sétima do referido instrumento que

condicionam o saldo no valor de R$ 45.000,00 à lavratura da Escritura Definitiva, mediante a concessão

do habite-se – Valor depositado no curso da lide, em cumprimento ao artigo 466-C do Código de

Processo Civil. Acórdão que substitui a Escritura Definitiva – Artigos 466-A e 466-B do Diploma

Processual. Danos morais configurados, uma vez que a postura da construtora não ficou circunscrita à

simples recusa de assinar uma escritura, mas sim na dúvida suscitada sobre a idoneidade da autora –

Quantum indenizatório fixado com observância dos critérios da razoabilidade e proporcionalidade -

Reforma da Sentença - Provimento da Apelação.

10.3- Cuida-se de Ação de Obrigação de Fazer c/c Indenizatória em que a autora pleiteia a lavratura da

escritura definitiva do imóvel situado à Rua Francisca Sales nº 397, bloco 01, apartamento 502,

adquirido junto à ré, bem como o ressarcimento pelos prejuízos sofridos em razão de atraso na entrega

da unidade residencial. Ao caso aplica-se o Código de Defesa do Consumidor, por força do disposto nos

artigos 2º, 3º e 53 da Lei n° 8078/90, por se tratar de típica relação de consumo. Verifica-se através do

Contrato Particular de Promessa de Compra e Venda, datado de 02/10/2005 (fls. 23/25), que a autora

adquiriu unidade imobiliária em construção, pagando naquela oportunidade ao representante legal da

empresa ré, a quantia de R$ 125.000,00, conforme recibo acostado em fls. 17/18. Na ocasião, ficou

convencionado entre as partes que a quitação do preço da transação no valor de R$ 45.000,00 seria

efetuada na lavratura da Escritura de Compra e Venda, mediante a apresentação da carta de habite-se

(cláusulas sexta e sétima do Contrato Particular - fl. 24). Ocorre que, segundo se depreende do

documento de fl. 16, o habite-se que seria requisito fundamental para conclusão do negócio, somente

ocorreu em janeiro de 2008. Contudo, a construtora não cumpriu sua obrigação contratual, obrigando a

compradora, inclusive, a notificá-la (fls. 26/32), com o objetivo de realizar a lavratura da escritura, com

simultânea quitação do valor ainda pendente. A farta prova documental acostada aos autos demonstra,

ainda, que o representante legal da empresa ré, devidamente habilitado através da procuração de fl.

103, somente deixou de responder pela firma após a transação objeto do litígio, ou seja, em dezembro

de 2005, conforme comunicado de fl. 14. O Instrumento Particular de Transação e Outras Avenças,

datado de setembro de 2007 (fls. 19/22), por sua vez, ratifica o Contrato de fls. 23/5, assinado em

02/10/2005, reconhecendo a autora como legítima adquirente do imóvel em questão. Por outro lado, a

autora logrou atender a determinação constante do item 1 do despacho de fl. 98, anexando os

documentos de fls. 103/131. Por fim, importante salientar que a recorrente procedeu ao depósito

judicial do valor referente à integralização do preço do imóvel, devidamente corrigida (fl. 159),

cumprindo a regra do artigo 466-C do Código de Processo Civil, fazendo jus, indubitavelmente, a

lavratura da escritura definitiva, que será substituída pelo Acórdão, a teor dos artigos 466-A e 466-B do

Diploma Processual.

Razão também assiste a apelante em sua pretensão à indenização pelos danos morais suportados. Com

efeito, a hipótese não pode ser tratada como mero inadimplemento contratual, sendo patente a ofensa

aos direitos da personalidade, não só diante da inconteste e contumaz desídia das construtoras e

incorporadoras nos empreendimentos imobiliários, mas principalmente, a postura da construtora que

não ficou circunscrita à simples recusa de assinar uma escritura, mas sim na dúvida suscitada sobre a

idoneidade da autora. O dano moral, portanto, configura-se in reipsa, derivando, inexoravelmente, do

próprio fato ofensivo, de tal modo que, provado este fato, está demonstrado o dano moral, numa típica

presunção natural, que decorre das regras da experiência comum.

11- Administrativo. Reajuste salarial.

Superadas as preliminares, o implemento do direito, por via administrativa, foi concedido de

forma parcelada – Pretensão de recebimento em parcela única.

Distinção entre aumento de salário e reajuste salarial – Vedação que abarca o aumento, mas não atine

ao reajuste, dada a diversidade de natureza. Não há problema em relação à Lei de Responsabilidade

Fiscal, porque o artigo 22, inciso I da Lei Complementar nº 101/2000 não impede o gozo de direito

reconhecido por decisão judicial. Pagamento das parcelas, deduzidas aquelas já implementadas, e das

vencidas, respeitada a prescrição quinquenal – Correção monetária na forma dos índices da

Corregedoria Geral de Justiça e juros de mora de 1% ao ano, a contar da citação, de acordo com os

artigos 405, 406 do Código Civil e artigo 161, parágrafo 1º do Código Tributário Nacional, porque

declarado inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal o artigo 1º-F, da Lei 9.494/97, com a redação

anterior à Lei 11.960/2009

12- Pressupostos processuais.

É certo que a extinção do processo por inércia do autor emprovidenciar os meios necessários à

efetivação da citação só pode serdecretada após a sua intimação pessoal, para que lhe seja assegurada

aampla defesa, o que não ocorreu no caso em tela.Indiscutivelmente a hipótese em exame é a do inciso

III doartigo 267 do Código de Processo Civil, e não do inciso IV do mesmodispositivo legal, porque não se

trata de indeferimento da inicial porausência de interesse processual ou falta de pressuposto processual

parao válido desenvolvimento da relação jurídico-processual, mas pelo fatode a autora não ter se

manifestado após o prazo de 90 dias de suspensãodo feito, concedido através da decisão de fl. 71,

conforme certidão de fl.

Ressalte-se que os efeitos da desídia da parte não podem serpotencializados de modo a obstar o acesso

ao Judiciário e permitir odescumprimento de regras processuais, certo que se deve ter em mira abusca

de uma prestação jurisdicional célere, justa e eficaz, tendo comoescopo a efetividade do processo,

respeitando-se, no entanto, a Lei.Consequentemente deve a Sentença ser anulada para sedeterminar

que o feito prossiga em seus ulteriores termos, com aobservância da regra do parágrafo 1º do artigo 267

do DiplomaProcessual.

13 - Ação Reivindicatória

Autores queadquiriram a propriedade do lote deterreno objeto da demanda por herança,nos

autos de Inventário de HabibZain -Alegação de falsidade na assinatura dedois dos seis herdeiros que

prometeramvender o lote – Demanda alvejandoescritura pública lavrada em 1964.

Demanda madura, inexistindocerceamento de defesa, porque a provadocumental permite o

julgamentoantecipado da causa.Anterior Escritura de Promessa deCompra e Venda lavrada em 1959,

naqual a esposa e 06 herdeiros do falecidotransferiram direitos sobre área maior aterceiro, não incluído

no pólo passivo –Posterior Escritura Pública de Promessade Venda de Benfeitorias, lavrada em1964, na

qual o promissário compradortransferiu seus direitos sobre o lotelitigioso, ao réu.Ausência de

comprovação de falsidadena assinatura de uma herdeira, aposta emProcuração Pública, por perícia

realizadaem outro feito – Inexistência de laudopericial de falsidade na assinatura dasegunda

herdeira.Prescrição extintiva - Título quetransfere direitos ao réu, lavrado em1964, ou seja, 44 anos

antes dapropositura da presente demanda,ocorrida em 19 de fevereiro de 2008,motivo pelo qual se

encontra prescritapretensão autoral para reivindicar oimóvel – Artigo 177 do Código Civil

de1916.Prescrição aquisitiva tambémcaracterizada, haja vista a imissão naposse do autor ocorrida em

1964 -

Artigos 550 e 551 do Código Civil de1.916 – Desprovimento da Apelação.

14 - Legitimidade do espólio - dano moral.

Ação Declaratória c/c Indenizatória – Contrato de telefonia móvel - Negativação ocorrida após a

comunicação do óbito da titular das quatro linhas telefônicas e do pedido de cancelamento. Sentença

que julgou parcialmente procedentes os pedidos para confirmar a decisão que concedeu a tutela

antecipada e decretar a resolução dos contratos de prestação de serviços telefônicos, julgando extinto o

processo, sem resolução do mérito, em relação ao pedido de reparação por danos morais, por

reconhecer a carência de ação pela ilegitimidade ativa ad causam do espólio. Legitimidade do espólio

para a propositura da demanda - Transmissibilidade do direito à indenização por danos morais ao

espólio.

Ofensa a direito da personalidade da pessoa enquanto viva, tendo esta ajuizado ação de indenização, mas falecido antes do trânsito em julgado.

O espólio é legitimado a prosseguir na demanda.

Ofensa a direito da personalidade da pessoa enquanto viva. Esta faleceu sem ter ajuizado a ação.

O espólio é legitimado a propor a ação de indenização.

Ofensa à memória da pessoa já falecida.Os herdeiros (e não o espólio) são legitimados para propor a ação de indenização.

Dor e sofrimento causado pela morte da pessoa.Os herdeiros (e não o espólio) são legitimados para propor a ação de indenização.

15 - Legitimidade ad causam - empresa em liquidação.

Isabella Martha Pimentel do Carmo ajuizou Ação de Rescisão Contrato em face de Instituto

AERUS de Seguridade Social – sob intervenção, requerendo a rescisão contratual do plano de

previdência privada administrado pelo réu, ao qual aderiu, compulsoriamente, em 30.07.1995, e a

restituição integral de todos os valores aportados, corrigidos monetariamente e acrescidos de juros de

1% ao mês desde a sua adesão. Contestação em fls. 33/46, pugnando, preliminarmente, pela extinção

do feito sem resolução do mérito, por falta de interesse processual da autora, tendo em vista a

decretação da liquidação extrajudicial dos Planos I e II da Varig e a habilitação do crédito da

demandante, ou a suspensão do curso da demanda, pela mesma razão, com base no artigo 49, inciso I

da Lei Complementar nº 109/2001. No mérito, pugna pela improcedência do pedido diante da rescisão

do contrato entre a autora e o réu; pela impossibilidade de restituição dos valores vertidos ao plano,

diante a decretação da liquidação do plano, culminado com a condenação da demandante no

pagamento das despesas processuais e honorários de advogado. Eventualmente requer que

“...considere os limites impostos pelo rateio do patrimônio do plano ao qual está vinculada a autora,

cuja conclusão e aprovação competirá à Secretaria de previdência complementar”.Outrossim, a falta de

interesse de agir aduzida pelo apelado, ao argumento de que o crédito da autora já estaria previsto no

âmbito da liquidação extrajudicial, não merece guarida. Primeiro, porque não é possível aferir a certeza,

liquidez e exigibilidade do valor apontado em fls. 89/90, não havendo indicação da incidência de juros e

correção monetária. Segundo, porque a autora visa à rescisão do contrato e a restituição das parcelas

vertidas, acrescidas de juros e correção monetária, direitos negados pelo apelado. Verifica-se que a

autora ingressou na Varig em 30.07.1995, aderindo ao plano gerido pela entidade fechada de

previdência privada, denominada AERUS, com o objetivo precípuo de complementar a aposentadoria a

ser paga pelo INSS. Eventual cláusula contratual que impeça a autora de resgatar, antecipadamente, os

aportes feitos, bem como que vedem a devolução dos valores vertidos, soam como ilegais. A este

propósito, determina o inciso III, do artigo 14 da Lei Complementar nº 109/2001, que os planos de

benefícios deverão prever, observadas as normas estabelecidas pelo órgão regulador e fiscalizador, o

resgate da totalidade das contribuições vertidas ao plano pelo participante, descontadas as parcelas do

custeio administrativo, na forma regulamentada. Nestes termos, diante da relação estabelecida entre as

partes, é de se reconhecer à autora/apelante o direito de ter o contrato rescindido judicialmente, diante

das mudanças no plano de previdência contratado, retroagindo ao momento do ingresso. Relativamente

à devolução das quantias vertidas, o pleito autoral também merece guarida, condenando-se a ré a

restituir todos os valores pagos, monetariamente corrigidos desde o pagamento das parcelas e com

juros de mora de 1% ao mês a contar da citação. O valor a ser apurado por força da rescisão do contrato

e da determinação da devolução dos valores vertidos ao plano será inscrito no quadro geral de credores,

observando-se o disposto no artigo 50 e seguintes da Lei Complementar nº 109/2001.

16 - Despejo. Regras de transição prazo prescricional.

Cuida-se de Apelação em Ação de Despejo por Falta de Pagamento cumulada com Cobrança

proposta em face do locatário Ortopedia Camponez Ltda. e da fiadora Marly Alves de Carvalho, cujos

pedidos foram julgados procedentes, com a rescisão do contrato locatício e a condenação dos réus ao

pagamento dos alugueres e encargos da locação. O Espólio de Mario Gonçalves de Carvalho Filho

habilitou-se como assistente, alegando que o falecido era casado com a fiadora e não concedeu outorga

marital para a fiança, o que ensejaria a nulidade da garantia, na forma do artigo 235, inciso III do Código

Civil de 1916, vigente quando lavrado o Contrato de Locação. Verifica-se que Mario Gonçalves era o

representante legal da empresa locatária e, nesta qualidade, subscreveu o Contrato de Locação, fls.

13/5. O Douto Magistrado a quo não indeferiu a assistência do Espólio de Mario Gonçalves de Carvalho

Filho, portanto a mesma foi deferida. Preliminarmente, não procede a alegada nulidade da Sentença, eis

que a mesma se encontra suficientemente fundamentada, inclusive com menção expressa quanto aos

motivos da rejeição das preliminares e da decretação do despejo, em conformidade com o artigo 93,

inciso IX da Constituição Federal e o artigo 165 do Código de Processo Civil. No que toca a anulação da

Sentença por cerceamento de defesa em razão da não produção de provas pelos réus, tal pleito também

não merece prosperar. Primeiro porque, entendendo o Juízo que se trata de matéria de fato e de

direito, a lei faculta o julgamento independente de dilação probatória que, de resto, é dispensável,

como dispõe o inciso I, do artigo 330 do Código de Processo Civil. Segundo porque, tendo o Juízo

formado seu convencimento através dos elementos constantes dos autos, a dilação probatória torna-se

ofensiva ao princípio da celeridade processual insculpido no inciso LXXVIII, do artigo 5º da Constituição

Federal. Ademais, ao Juízo, como destinatário das provas, compete analisar a sua pertinência,

indeferindo aquelas que reputar inoportunas e desnecessárias para o deslinde da controvérsia,

conforme o artigo 130 do Código de Processo Civil. E acertadamente o magistrado sentenciante

considerou que todas as provas necessárias ao deslinde da causa já se encontravam acostadas aos

autos, inclusive porque a mora não foi negada e o alegado excesso de cobrança não estava justificando,

não bastando a simples alegação da referida defesa. Portanto, rejeito as preliminares. No mérito, a falta

de pagamento dos alugueres e demais encargos locatícios gera a rescisão do contrato e o conseqüente

despejo do imóvel, tendo em vista que constitui infração legal e contratual, conforme o disposto no

artigo 9º, inciso III da Lei nº 8.245/91. Ressalte-se que os réus reconheceram a existência da dívida, mas

não requereram a purga da mora, tampouco consignaram os valores dos alugueres e dos encargos da

locação que entendiam corretos, limitando-se a sustentar a existência de excesso nos cálculos. Portanto,

sem o respaldo do disposto no artigo 62, inciso II e suas alíneas da Lei nº 8.245/91, alterado pela Lei nº

12.112/2009, o desalijo se impõe, pois não foi cumprido integralmente o comando legal que evitaria a

rescisão da locação.Acresce-se que, ao contrário do alegado pelo 1º apelante, na exordial, mais

precisamente em fl. 04, o autor requereu o pagamento do IPTU referente a todo o período da locação,

juntando, inclusive, certidão da situação fiscal e enfitêutica do imóvel, fl. 19, bem como os acessórios da

locação previstos no contrato de fl. 13, parágrafo 4º. No entanto, prescritas as cobranças dos IPTU’s de

1999 até 2002. Quanto ao IPTU vencido em 1999, aplicando-se a regra do artigo 2.028 do Código Civil de

2002, o prazo prescricional a ser computado é quinquenal, como dispunha o artigo 178, parágrafo 10º,

inciso IV do Código Civil de 1916. E com relação aos IPTU’s de 2000 a 2002, aplicando-se a regra de

transição do mencionado artigo 2.028, como não decorrido mais da metade do prazo quinquenal

previsto no Código Civil revogado, incide o prazo trienal do artigo 206, parágrafo 3º, inciso I do atual

Código Civil, cujo dies a quo computa-se de sua vigência, janeiro de 2003. Como a demanda somente foi

distribuída em 2008, prescrita a cobrança dosIPTU’s de 2000 até 2002. Portanto, exclusivamente em

relação aos IPTU’s, prescrita a pretensão autoral. No tocante à nulidade da fiança, as regras dos artigos

242, inciso I e 235, inciso III do Código Civil de 1916, vigentes na época da constituição da fiança,

estabeleciam que o cônjuge não poderia, sem o consentimento do outro, prestar fiança. No caso dos

autos, o senhor Mario Gonçalves de Carvalho Filho, representante da empresa locatária e marido da

fiadora, participou e assinou o Contrato de locação ciente e anuindo com a fiança prestada por Marly

Alves de Carvalho, não havendo nulidade ou anulabilidade da garantia locatícia, que é válida e eficaz.

Lamentável que a locatária e a fiadora, ao invés de cumprirem com as obrigações locatícias, suscitem

defesas tangenciando a litigância de má-fé. Por todo o exposto, modifica-se a Decisão monocrática de

fls. 116/20 apenas para reconhecer a prescrição dos IPTU’s de 1999 a 2002.

17 - Princípios processuais.

É certo que não há que se falar em privilegiar o princípio da duração razoável do processo ou o

da menor onerosidade para o devedor, eis que não se pode admitir a adoção de determinado princípio

jurídico quando isto significar afronta a lei, certo que a pretensão recursal encontra óbice intransponível

no artigo 4º do Decreto-Lei nº 911/69. A atitude do agravante, de tentar convolar a Ação de Busca e

Apreensão em depósito, ciente da ausência de citação e cumprimento de mandado de busca e

apreensão por sua única e exclusiva culpa, bem como interpor o presente recurso, caracterizam

litigância de má-fé, na forma dos incisos V, VI e VII do artigo 17 do Código de Processo Civil, ensejando a

aplicação de multa de 1% e indenização de 20%, ambas sobre o valor corrigido da causa, na forma do

artigo 18 e parágrafo 2º da Lei Processual.Neste sentido, já decidiu o Colendo Superior Tribunal

deJustiça, através do voto da lavra do Min. José Delgado, in verbis:“PROCESSUAL CIVIL. LITIGÂNCIA DE

MÁ-FÉ. REQUISITOS PARA SUACONFIGURAÇÃO.1. Para a condenação em litigância de má-fé,faz-se

necessário o preenchimento de trêsrequisitos, quais sejam: que a conduta da parte

se subsuma a uma das hipóteses taxativamenteelencadas no art. 17, do CPC; que à partetenha sido

oferecida oportunidade de defesa(CF, art. 5º, LV); e que da sua conduta resulteprejuízo processual à

parte adversa.2. Recurso especial parcialmente conhecido e,nesta parte, provido, para excluir do

acórdãorecorrido a condenação por litigância de máfé.(Resp. 250781/SP, Rel., 1ª.

Turma,DJ.19/06/2000)”.

18 - Dano moral.

O dano moral deve ser este fixado de acordo com o bom senso e o prudente arbítrio do

julgador, sob pena de se tornar injusto e insuportável para o causador do dano. Temos, desta forma,

que inexistindo padrões pré-fixados para a quantificação do dano moral, ao julgador caberá a difícil

tarefa de valorar cada caso concreto, atentando para o princípio da razoabilidade, para o seu bom senso

e para a justa medida das coisas. Deve ser levado em conta, além do caráter compensatório do instituto,

o seu viés preventivo, punitivo e pedagógico, de modo a coibir reincidências. O julgador, à luz do

princípio da proporcionalidade, deve encontrar um ponto de equilíbrio, de modo que a indenização não

venha a corresponder enriquecimento sem causa, nem frustre seu fim maior de reparar integralmente o

dano sofrido. Nesse contexto, considerando o evidente sofrimento experimentado pela autora, e

observando o artigo 944 do Código Civil, fixo o quantum reparatório no patamar de R$ 15.000,00

(quinze mil reais), monetariamente corrigido a contar da lavratura do Acórdão, pelos índices adotados

pela Corregedoria Geral da Justiça, com juros de 1% ao mês da citação, conforme artigo 219 do Código

de Processo Civil, artigos 405 e 406 do Código Civil e artigo 161, parágrafo 1º do Código Tributário

Nacional.

19 - Ação de Cobrança – Cotas Condominiais em atraso – Dívida propter rem

Respaldo nos artigos 1.336, inciso I do Código Civil e 12 da Lei nº 4.591/64 –Reconhecimento

da dívida – Impugnação inconsistente quanto ao valor – Devedora que indica o débito que entende

correto – Ausência de cerceamento de defesa – Requerimento de apresentação de documento que

ostenta cunho protelatório – Litigância de má-fé - Sentença bem fundamentada – Desprovimento do

apelo. Agravo Legal alvejando Decisão Monocrática que, com base no artigo 557 do Diploma Processual,

negou provimento à Apelação.

Trata-se de Ação de Cobrança de Cotas Condominiais, pelo rito sumário, proposta em face de

Delson Peres da Silva e de Neusa Maria Peres da Silva que são os titulares da unidade devedora,

conforme demonstra o documento de fls. 06/07.

Foi retificado o polo passivo para nele constar o Espólio de Delson Peres da Silva, nos moldes de fl. 56,

representado por Milka Neves Peres da Silva, conforme fls. 112/3. A ré Neusa se fez representar por sua

procuradora Maria Dulce Peres da Silva, conforme instrumento em fls. 117/8 e audiência em fls. 112/3.

A alegação de cerceamento de defesa ostenta nítido caráter protelatório, pois a ré reconheceu o débito

condominial, certo que as despesas relacionadas com troca/conserto da grade, que alega serem

indevidas, em nada influenciam no mérito da demanda, sendo que se trata de valor insignificante,

diluído nos valores maiores, devidamente comprovados. A apelante também não comprovou que a

cobrança seria indevida. Estabelece o artigo 1.336, inciso I, do Código Civil em vigor, competir ao

condômino contribuir com as despesas do condomínio, regra também inserida no artigo 12 da Lei

4.591/64. A ré não demonstrou o pagamento das cotas condominiais sob sua responsabilidade e, de

forma protelatória, pretende postergar o pagamento da dívida que é certa líquida e exigível. Não há

impugnação específica de cobrança indevida, apenas impugnação genérica, com a finalidade de protelar

no cumprimento de suas obrigações, certo que a dívida em cobrança possui natureza propter rem. Na

realidade, trata-se de condômina que deve, não nega, não paga, desfruta do imóvel, porém, tenta

protelar no deslinde do feito. Tratando-se de recurso protelatório, caracterizada a litigância de má-fé, na

forma dos artigos 17, inciso VII e 18 e parágrafos do Código de Processo Civil, ensejando a aplicação de

multa de 1% e indenização de 10% sobre o total da condenação, a cargo da ré Neusa.

20 - Comissão de corretagem.

Cuida-se de Ação de Cobrança objetivando a autora orecebimento da comissão de corretagem

por intermediação de venda,prevista na cláusula quinta do Contrato Particular de Promessa deCompra e

Venda, fl. 24/26, de R$ 5.000,00, equivalente ao valoratualizado de R$8.806,22.Narra que celebrou com

a ré contrato de corretagemimobiliária para venda do imóvel sito à Rua Nilo Peçanha nº 122/601 –Ingá –

Niterói, restando a intermediação bem sucedida.Sustenta que em razão de desentendimentos entre as

partesquanto ao valor ajustado a título de comissão de corretagem, ingressoucom a Ação de Cobrança,

autuada sob o nº 2003.002.009327-0,pretendendo o recebimento da quantia correspondente ao

percentual de5% sobre o valor do imóvel, conforme pactuado verbalmente,entretanto, afirma que o

juízo acolheu a tese da ré, no sentido de que ovalor devido seria aquele ajustado no contrato preliminar,

equivalente aR$5.000,00, julgando improcedente o pedido daquela demanda, ao invésde parcialmente

procedente, pois deixou de condenar a ré ao pagamentoda quantia devida a título de comissão.Verifica-

se que a ré não nega o débito, tendo em vista queem sede de contestação suscita que a quantia

atualizada seria deR$6.874,85, conforme item “B” de fl. 117, alegando em seu apeloapenas a existência

de coisa julgada.Entretanto, não assiste razão à apelante.Na hipótese, não há que se falar em coisa

julgada material,tendo em vista que na ação proposta perante o Juízo de Direito da 2ªVara Cível da

Comarca de Niterói, processo nº 2003.002009327-0,

discutiu-se o quantum relacionado à comissão de corretagem de 5%,tendo o referido Juízo entendido

como correto o valor de R$5.000,00,razão pela qual julgou improcedente o pedido de comissão na base

de5% do valor da venda, conforme Sentença de fls. 33/4, mantida peloAcórdão de fls. 43/5.Na presente

demanda a autora objetiva o recebimento dovalor declarado como devido pelo Juízo da 2ª Vara Cível da

Comarca deNiterói, nos autos do processo nº 2003.002009327-0, R$ 5.000,00,quantia que é diversa da

pretendida na outra ação.Observa-se, portanto, que os objetos das demandas emquestão são distintos,

motivo pelo qual inexiste coisa julgada material,já que não houve a repetição da ação decidida por

Sentença, nos moldesdo parágrafo 3º, segunda parte, do artigo 301 do Código de ProcessoCivil, estando

correta a condenação da ré ao pagamento do valor deR$5.000,00, previstos na cláusula 5ª constante do

Contrato de Promessade Compra e Venda, acrescido de juros e correção monetária, na forma

estabelecida no Decisum.

21- Litispendência. Relação de consumo.

21.1- A preliminar de litispendência em relação àação nº 2007.037.005785-8 foi muito bem

espancada pela Sentença, certoque se trata de pedidos distintos, pois neste feito a autora visa

indenizaçãopelos danos sofridos em razão da só falta de energia elétrica em sua casa, enaquele pede

indenização por conta de dano sofrido, que relaciona comqueda de escada de sua residência, com

fratura no fêmur, diante da falta deenergia.Na condição de concessionária de serviçopúblico responde

objetivamente pelos danos que nessa condição causar aterceiros, nos exatos termos do artigo 37,

parágrafo 6º da ConstituiçãoFederal e, tratando-se de típica relação de consumo, aplicáveis ao caso

osartigos 6º, inciso VI e 14 da Lei nº 8.078/90.Na verdade, a ré tem o dever de prestar oserviço de forma

adequada aos usuários, conforme dispõem os artigos 6º,parágrafo 1º da Lei 8.987/95 e 22 da Lei

8.078/90, incluindo,evidentemente, restabelecer, em curto espaço de tempo, a energiainterrompida;

possuir uma equipe de pronto atendimento; e fiscalizar acorreta manutenção no sistema, evitando

supressão de conexão.Saliente-se que as sucessivas interrupções dofornecimento de energia, pode e

deve ser evitada e ocasionaaborrecimentos que estão além dos dissabores do cotidiano, porque nocaso

de uma família ficar sem eletricidade, sem dúvida permanecerá semgeladeira, ventilador, televisão, luz e

todos os demais equipamentos quedependem da referida energia e são essenciais à mantença do

lar,configurando efetivo dano moral.Por outro lado, a jurisprudência de nossosTribunais vem coibindo o

locupletamento indevido do ofendido,limitando, desta forma, a verba indenizatória a valores adequados

econdizentes a realidade, porque, caso contrário, propiciaria uma fonte deenriquecimento ilícito à

vítima, prática totalmente repudiada peloordenamento jurídico.Importante ressaltar que para a fixação

dodano moral o Magistrado não deve considerar apenas o evento danoso,propriamente dito, mas

também as condições das partes envolvidas e odano efetivamente suportado pela vítima.A tese

defensiva, relacionada com fortuitoexterno, não está associada a qualquer elemento de convicção apto

aafastar o direito vindicado, a teor do inciso II, do artigo 333 do Código deProcesso Civil.

21.2 - O reconhecimento da litispendência depende da trípliceidentidade entre as ações

(partes, causa de pedir e pedido), eis queconstitui a reprodução de ação anteriormente ajuizada.As

negativações de fl.32 se referem a títulos diversos,com diferentes datas e, por isso, os pedidos de

exclusão e dedeclaração de inexistência de dívida não são os mesmos em cadaação, diversificando os

pedidos e a causa de pedir remota.No que respeita à preliminar de conexão é de se ressaltarque o mero

ajuizamento de demandas em face de outros réus nãoinduz comunhão de objeto ou de causa de pedir

porque diversos sãoos contratos que originaram as alegadas inscrições indevidas, dandoorigem,

portanto, a distintas relações jurídicas, sendo certo queinexiste perigo de decisões conflitantes, ausente

qualquer relação deprejudicialidade.Rejeitam-se, pois, as preliminares de litispendência econexão.

22- Denunciação da lide.

22.1 - A denunciação da lide constitui lide secundária eincidental pelo denunciante em face do

denunciado e, no caso de nãoser admitida liminarmente, cabe o recolhimento de despesasprocessuais,

excluída a verba honorária, não estabelecida,corretamente, na decisão agravada.E como possui

natureza jurídica de ação, deve serpreparada antecipadamente, nos termos do artigo 19 do Código

deProcesso Civil.No caso, deveria o denunciante/agravantecumprir a regra do artigo 257 do Código de

Processo Civil e recolher asdespesas processuais relacionadas com a denunciação da lide no prazode 30

dias do ajuizamento da referida intervenção e, não o fazendo,correto o indeferimento da medida, não

havendo necessidade de préviaintimação da parte ou advogado para o pagamento das

despesasprocessuais, porque não se tratam dos casos dos incisos II e III do

artigo 267 do Diploma Processual.Portanto, não se aplica a regra doparágrafo 1º do artigo 267 da Lei

Processual ao presente caso.

22.2 - Cuida-se de Ação Indenizatória proposta por Monique Simplicio Munhoz e outros, em face de

Condomínio do São Gonçalo Shopping Rio, objetivando o pagamento de indenização a título de danos

morais, sofridos em razão da falha do serviço prestado pelo réu, consistente na conduta comissiva e

omissiva deste, quando do acidente ocasionado pela queda de uma grande placa de publicidade em

cima da terceira autora, filha dos demais demandantes, que à época contava com três anos de idade,

gerando-lhe traumatismo craniano, fls. 74/89. Indubitavelmente, a hipótese versa relação de consumo,

já que dentre os serviços oferecidos pelo réu, deve ser incluído o dever de prestar segurança a todos

aqueles que estão em suas dependências. Nesse sentido, em se tratando de relação consumerista,

aplicam-se os artigos 88 e 101, inciso II da Lei nº 8.078/90, bem como o Código de Processo Civil. O

artigo 88 da Lei Consumerista veda a denunciação da lide na hipótese do artigo 13, ou seja, quando o

comerciante for acionado para responder aos danos causados aos consumidores, nos casos do artigo 12,

situação que não se aplica aos autos, porque o agravante não é comerciante. O artigo 101, inciso II da

Lei Consumerista possibilita o chamamento, leia-se integração à lide como denunciação, do segurador,

razão pela qual cabível a denunciação de Itaú Seguros S/A. O artigo 70 do Código de Processo Civil

estabelece os casos de denunciação da lide previstos pela legislação comum, não estando presentes as

situações regulamentadas nos incisos I e II, por não haver evicção ou discussão sobre posse. Também

não se aplica a regra do inciso III do artigo 70 da Lei Processual, por inexistir lei ou contrato obrigando o

locatário, Credimais Serviços de Marketing e Promoções de Vendas Ltda., que seria a locatária do espaço

onde ocorreu o acidente descrito na petição inicial, a indenizar, regressivamente, eventuais danos

causados, a respaldar a denunciação da lide. Portanto o recurso será parcialmente provido para ser

deferida a denunciação da lide a Itaú Seguros S/A.

22.3 - Trata-se de Ação de Indenizatória pretendendo o autor acondenação do agravante ao pagamento

de indenização pelos danosmateriais, estéticos e morais sofridos no interior do parque deexposições da

cidade, durante a realização da 66ª ExposiçãoAgropecuária Comercial e Industrial de Cordeiro.Para

tanto aduz que em razão da omissão do agravante eda falta de segurança no evento, um indivíduo,

portando arma branca,adentrou a exposição e desferiu-lhe diversos golpes.O magistrado a quo

indeferiu o pedido de denunciação àlide e rejeitou a preliminar de ilegitimidade passiva ad causam,

fls.10/15.Razão alguma assiste ao recorrente.

De acordo com a teoria da asserção, a legitimidadepassiva deve ser examinada pela redação da petição

inicial e, se oautor atribuiu responsabilidade ao agravante no evento, a demandaenseja o julgamento do

mérito, oportunamente, não sendo possível oreconhecimento da ilegitimidade passiva com base em

ausência deresponsabilidade, questão tipicamente de fundo.Acresce-se que, caso, ao final, não se apure

aresponsabilidade do Município no evento descrito na peça vestibular,o caminho correto será a

improcedência dos pedidos em relação aoreferido ente público, jamais a ilegitimidade passiva.No que

toca à denunciação da lide, esta somente écabível nas restritas hipóteses do artigo 70 do Código de

ProcessoCivil, não se evidenciando nos contratos firmados com as pretensasdenunciadas, fls. 36/42 e

43/47, responsabilidade específica atinente àsegurança do local onde se realizou a exposição, nos

moldes do incisoIII do mencionado dispositivo legal.Pela leitura do contrato firmado entre o agravante e

aACIACOR, fls. 36/42, resta claro que esta somente se obrigou àexecução da parte técnica da exposição,

e não à segurança da mesma,conforme fl. 38, parágrafo segundo, litteris: “A ASSOCIAÇÃO seobriga a

realizar, incontinenti a parte técnica, da 66ª Exposição nos diasaprazados, utilizando os valores

transferidos para o pagamento dosseguintes encargos: juízes, parte técnica de agropecuária,

manutenção,vigia dos animais, transporte de animais, cama bovina e eqüina, limpeza deesterco, corte

de napier, distribuição de silagem de milho, feira de langerire outros.”Já a empresa Monart se

comprometeu a realização decinco shows, - Calypso, Mc Perlla, Marlon e Maicon, Frejar e BandaDaniela

Mercury - fls. 43/44, não havendo no contrato qualquermenção a responsabilidade da segurança para o

local do evento.Aqui, os terceiros poderão responder perante aAdministração, mas, por

responsabilidade autonomamente apurada,não existindo lei que contemple, especificamente, o

regresso nahipótese, não sendo, pois, aplicável o disposto no artigo 70, inciso III

do Diploma Processual Civil.

23 - Ônus da prova. CDC

Direito do Consumidor – Ação deIndenização – Cancelamento de protesto

indevido – Ressarcimento por danosmorais – Protesto de titulo cambial, apósquitação da

cártula.Competiria ao réu demonstrar a efetivaexistência e subsistência do débito –Prova que tem que

ser positiva e que nãofoi realizada – Aplicação da regra doartigo 6º, inciso VIII do Código deDefesa do

Consumidor.Inexistência de culpa exclusiva deterceiro ou exercício regular de direito arespaldar a

pretensão do apelante –Cabimento de indenização, cujo valorobservou os critérios de razoabilidade ede

proporcionalidade.Denunciação da lide – Improcedência –Estabelecimento bancário –

Endossatáriocambial – Risco da ré – Previsãocontratual.Recurso Adesivo – Modificação doshonorários

advocatícios, comobservância da regra do artigo 20,parágrafo 3º do Código de Processo Civil-

Desprovimento da Apelação eProvimento parcial do Recurso Adesivo.Cuida-se de Ação de

Cancelamento deProtesto cumulada com Indenização por Danos Morais, por via da quala autora

pretende a condenação da ré, que denunciou a lide ao BancoBradesco S.A., ao cancelamento de

protesto indevido, bem como oressarcimento por danos morais, porque o título estava

quitado.Tratando-se de relação de consumo,competiria à ré demonstrar a efetiva existência de débito a

ensejar oprotesto de fl. 16 e verso, nos moldes do artigo 6º, inciso VIII da Lei8.078/90.O documento de

fl. 15 atesta o corretopagamento do título levado a protesto, sendo certo que seu vencimentose deu no

dia 01.03.2000 (fl. 16vº), sendo quitado no dia 17.03.2000,através de preposto da ré, como se constata

em fl. 15vº, prática comum,como se nota em fls. 09/14.Veja-se que o protesto foi levado a efeitono dia

28.03.2000, segundo fl. 16vº, cerca de dez dias depois dopagamento (fl. 15).A prova, no caso, deve ser

positiva, ouseja, através da comprovação de que a autora estava inadimplente, noentanto a ré não se

desincumbiram deste mister, tendo apenas alegado aausência de sua responsabilidade, argumentando

que aresponsabilidade é do denunciado, na condição de responsável peloprotesto indevido.

Entretanto, a ré não trouxe aos autos um só documento capaz de corroborar suas alegações, e, pelo

contrário, aquitação ao título foi outorgada pelo preposto da ré e, não, dainstituição bancária.Portanto,

deveria a ré comunicar aoBanco sobre o recebimento e quitação do título.Melhor sorte não merece o

argumento deculpa exclusiva de terceiro, no caso, do Banco Bradesco, certo que, nocaso tratado nos

autos atuou como endossatário, nos termos dos itens10 e 11 do documento de fl. 44.Não resta dúvida

de que aresponsabilidade do fornecedor é objetiva, não respondendo quandohouver culpa exclusiva de

terceiro, conforme dispõe o artigo 14,parágrafo 3º, inciso II da Lei 8.078/90.Contudo, ao contrário do

que afirma a ré,todo o contexto probatório aponta para sua responsabilidade.Na hipótese, a ré é que

deveria ter agidocom mais cautela, ou seja, confirmando a subsistência da dívida,porém, ao invés disso,

preferiu, olvidando o pagamento do supostodébito da autora, ceder o crédito que foi protestado

perante oTabelionato do 5º Ofício de Protesto de Títulos, nos moldes de fl. 16vº.Desta forma, restou

demonstrado que a

empresa ré agiu negligentemente, deixando de adotar as providênciasmínimas exigíveis em tais

situações, ficando claro que visava, apenas, olucro financeiro fácil e a qualquer custo, causando danos

aoconsumidor.Veja-se que se trata de dano in reipsa,pelo só fato do protesto indevido.É cediço que a

pessoa jurídica sofre dano

em sua honra objetiva.O Superior Tribunal de Justiça, atravésda Súmula 227, sedimentou o

entendimento no sentido da possibilidadeda pessoa jurídica sofrer lesão moral de forma objetiva,

quando a suacredibilidade tiver sido abalada pelo registro constritivo.Consequentemente, a ré deve

arcar com aindenização moral, cujo valor foi corretamente fixado pela Sentença emR$ 4.426,00,

observando critérios de razoabilidade e deproporcionalidade, não havendo exercício regular de direito

ou culpaexclusiva de terceiro, a respaldar a pretensão da apelante, com arrimono artigo 188, inciso I do

Código Civil, e no inciso II do parágrafo 3ºdo artigo 14 do Código de Proteção e Defesa do Consumidor,

masevidente desídia da demandada.Ambas as recorrentes se insurgem contrao percentual dos

honorários advocatícios, que foram fixados com baseem percentual do valor da causa.Esta circunstância

beneficia a ré, certoque a sua irresignação, caso atendida, trar-lhe-á prejuízo, em francareformatio in

pejus.Já o pleito recursal da autora mereceacolhida, eis que, havendo condenação, caso dos autos, os

honoráriosdevem fixados com base nela, a teor do artigo 20, parágrafo 3º doCódigo de Processo

Civil.Tudo bem expendido, a Sentença serámodificada, dando-se parcial provimento ao Recurso Adesivo,

apenaspara se estabelecer que os honorários advocatícios a serem suportadospela ré serão fixados em

10% sobre o valor da condenação.

24 - Responsabilidade Civil. Denunciação da lide.

24. 1 - Ação de Indenização – Acidente de trânsito – Colisão entre a motocicleta conduzida pelo

autor e o coletivo da ré – Lesões corporais suportadas pelo demandante. Sentença que condena a

transportadora a pagar indenização por dano moral e julga extinta a denunciação da lide, por entender

incabível a intervenção no rito sumário. Possibilidade de intervenção da seguradora, na forma do artigo

280 do Código de Processo Civil. Responsabilidade objetiva da empresa transportadora – Artigo 37,

parágrafo 6º da Constituição Federal e artigo 927, parágrafo único do Código Civil. Artigo 932, inciso III

do Código Civil – Responsabilidade da empresa por ato de seu preposto. Comprovados o fato, o dano e

o nexo causal e não havendo excludente de responsabilidade, surge o dever de indenizar. Quantum

indenizatório por dano moral que observou os critérios da proporcionalidade e da razoabilidade, além

do caráter pedagógico punitivo da verba, devendo ser rechaçada a redução pretendida. Apólice que

estabelece indenização por dano moral – Modificação da Sentença para condenar a seguradora a

reembolsar os valores pagos pela segurada – Parcial provimento da Apelação.No tocante à denunciação

da lide, o artigo 280 do Código de processo Civil expressamente admite a intervenção fundada em

contrato de seguro. A Apólice, em fls. 113/124 comprova a vigência do seguro, a cargo da denunciada à

lide, em 18/01/2006, e existe cobertura expressa para dano moral, no limite de R$ 30.000,00, fl. 114. E

mesmo que não existisse cláusula de cobertura, seria aplicável a Súmula 402 do Superior Tribunal de

Justiça(O contrato de seguro por danos pessoais compreende os danos morais, salvo cláusula expressa

de exclusão).Portanto a seguradora deverá reembolsar o valor indenizatório por dano moral paga pela

ré, nos limites da Apólice de seguro. Despesas processuais da denunciação da lide a cargo da

denunciante, sem condenação ao pagamento de honorários advocatícios, porque não houve

impugnação à denunciação da lide.

Ônus da prova - Conforme bem salientou o Magistrado Sentenciante, competiria ao autor demonstrar

que a ré não observou a norma descrita no artigo 35 do Código de Trânsito Brasileiro. (Atenção:

Cavalieri destaca que em casos de acidentes automobilísticos é possível invocar, em sede de

responsabilidade subjetiva,a denominada culpa contra a legalidade - quando a culpa decorre do próprio

fato, está in reipsa, cabendo ao agente afastá-la, provando o caso fortuíto ou força maior. A presunção

de culpa é importante para as regras processuais de ônus da prova.)

Contudo, o demandante não se desincumbiu de provar os fatos constitutivos do direito pleiteado,

conforme determina o artigo 333, inciso I do Código de Processo Civil. Portanto, inexistindo qualquer

comprovação de que a ré teria dado causa ao acidente, a Sentença prolatada deverá ser mantida. A

irresignação da ré/denunciante também não merece prosperar, uma vez que o Decisum considerou

prejudicada (“improcedente”) a lide secundária, cabendo a denunciante o pagamento das despesas e

honorários em relação à mesma, já que a denunciação da lide é uma demanda incidental, aplicando-se,

portanto, o princípio da causalidade.

24.2 - Danos materiais, morais e estéticos resultantes de queda em bueiro, localizado na área

comum do condomínio réu, em razão da má conservação do prédio – Denunciação da lide à seguradora.

Responsabilidade subjetiva – Artigos 186 e 927 do Código Civil - Conjunto probatório que demonstra o

fato, o dano, a culpa e o nexo causal. Condomínio negligente na manutenção de bueiro de esgoto

existente em parte comum do edifício – Responsabilidade por danos materiais e estéticos, a serem

apurados em liquidação de sentença por arbitramento. Danos morais arbitrados no Acórdão, com

observância dos critérios da razoabilidade e proporcionalidade. Ausência de comprovação de que a

demissão do emprego teve relação com o evento danoso descrito nos autos. Denunciação da lide –

Reembolso das importâncias pagas pelo Condomínio, nos limites da importância segurada, abrangendo

danos materiais, estéticos e morais, em virtude de cobertura relacionada com “responsabilidade civil

condomínio” – Provimento parcial da Apelação.

A responsabilidade no caso em exame ésubjetiva, cujo dever de indenizar só surge após a comprovação

dofato, do dano, do nexo causal e da culpa.Com efeito, as fotos de fls. 21/26, bemcomo o laudo e o

atestado médico de fls. 27/28, comprovam aocorrência de lesão sofrida pelo autor em virtude da queda

no bueirosituado na parte comum do condomínio, fato, inclusive, que tambémrestou incontroverso nos

autos, conforme se verifica pela Ata daAssembleia Geral Ordinária, acostada às fls. 57/59,

especificamentena parte final de fl. 58, inclusive com proposta de cobertura dosvalores

comprovadamente pagos.Efetivamente surge a responsabilidadedo condomínio em virtude na

negligência no dever de manutenção debueiro interno, em área comum do edifício, dando causa ao

acidente,respondendo na forma dos artigos 186 e 927 do Código Civil.No entanto, o dever indenizatório

estárestrito aos danos efetivamente suportados.O documento em fl. 27 demonstra que operíodo de

internação foi de 01 dia, de 08/07/2009 a 09/07/2009, e oatestado de fl. 28 menciona o afastamento

das atividades profissionaispor 13 dias, prova unilateral.No entanto, não há prova nos autos deque a

demissão do trabalho tenha ocorrido em virtude da queda nobueiro e do período de licença médica,

cabendo indenização apenasrelacionada com o reembolso de valores pagos e pelo período

deincapacidade laborativa, cujas questões serão apuradas em liquidaçãode sentença por

arbitramento.No caso, as fotografias demonstram aslesões na perna esquerda do autor, o que torna

cabível indenizaçãopor dano estético, cujo valor também será apurado em liquidação de

sentença.Quanto ao dano moral, não se trata desimples aborrecimento do cotidiano, mas lesão corporal

suportadapelo autor, que caiu em bueiro de esgoto do edifício, por falta deconservação, fato que

ocasionou sofrimento físico e psíquico aodemandante, fazendo jus à indenização por dano moral, cujo

valor é

fixado em R$ 5.000,00, importância monetariamente corrigida daprolação do Acórdão e acrescida de

juros de mora de 1% ao mês,desde o evento danoso, 08/07/2009.Portanto a Sentença comporta

reforma,com a parcial procedência dos pedidos, com a condenação doCondomínio ao pagamento das

despesas médicas e hospitalares, comfarmácia e outras relacionadas ao acidente, que vierem a

serdemonstradas, lucros cessantes pelo período de incapacidade e danos

estéticos, verbas a serem apuradas em liquidação de sentença porarbitramento, bem como dano moral,

na forma arbitrada.

Para apuração dos lucros cessantes,tomar-se-á por base o salário de R$ 2.203,29, fl. 29.No tocante a lide

secundária,denunciação da lide, a seguradora deverá reembolsar o Condomíniode acordo com a Apólice

em fls. 165/6, e dentro dos limites dasimportâncias seguradas, abrangendo os danos materiais, morais

eestéticos.A Apólice comprova segurorelacionado com “responsabilidade civil condomínio”,

abrangendotodas as espécies de responsabilidades, material, moral e estética.Na forma do artigo 21,

parágrafo únicodo Código de Processo Civil, o Condomínio arcará com as despesasprocessuais e

honorários advocatícios de 10% sobre o total dacondenação na lide principal.Na lide secundária, a

seguradora arcarácom as despesas processuais e honorários advocatícios de 10% daimportância

reembolsada ao Condomínio.Verifica-se que o Acórdão não enfrentou os artigos 757, 760 e 776 do

Código Civil, bem como a Súmula 402 do Superior Tribunal de Justiça, e as exclusões de responsabilidade

previstas na Apólice de Seguro. A Apólice, em fls. 165/6, delimita a cobertura contratada a

“responsabilidade civil do condomínio”, dentre outros itens, não abrangendo a cobertura para dano

moral, dano estético e lucros cessantes, conforme expressa cláusula de exclusão no item 14, alíneas “a”

e “i”, fls. 185/6. Os artigos 757, 760 e 776 do Código Civil limitam a responsabilidade da seguradora às

coberturas e importâncias contratadas, não havendo previsão para dano moral, dano estético e lucros

cessantes. A regra da Súmula 402 do Superior Tribunal de Justiça foi observada. Portanto, modifica-se o

Acórdão embargado para limitar a responsabilidade da seguradora ao reembolso de valores pagos pelo

autor, relacionados com o acidente que o vitimou, limitada à importância segurada. As despesas

processuais na lide secundária serão partilhadas proporcionalmente entre o denunciante e a

denunciada, sem honorários advocatícios.

25 - CDC. Repetição do indébito.

25.1- Trata-se de Ação de Repetição de Indébitocumulada com Reparação de Danos em que a

autora pretende oressarcimento dos danos materiais, na forma dobrada, bem comoindenização por

danos morais.Para tanto, aduz que em 2007, ajuizou aação nº 2007.206.000083-2, em apenso, que teve

curso na 2ª Vara Cível

Regional de Santa Cruz da Comarca da Capital, em face da ré, tendocomo objeto a abertura de conta

corrente, em seu nome, porestelionatários, inclusive com a emissão de talão de cheques e concessãode

empréstimos, inobstante a inexistência de relação jurídica entre aspartes.Naquele processo as partes

firmaram oacordo de fls. 39/40, homologado por Sentença em fl. 41, quando a ré secomprometeu a

cancelar a conta aberta em nome da autora e os débitosindevidamente lançados, retirar todas as

anotações nos órgãos restritivosde crédito decorrentes da operação, além de pagar indenização de

R$7.000,00.Entretanto, o nome da autora voltou a sernegativado com protesto de um cheque do banco,

efetuado em21/08/2007, no valor de R$ 129,50, fls. 49 e 51, que adveio do mesmotalonário que a ré se

comprometeu a cancelar, o que obrigou a autora a

pagar o valor do título a terceiro, para baixa do protesto, ante a prementenecessidade de obtenção de

empréstimo para reforma de sua casa, fls.63/69.

O protesto e o novo aponte negativo donome da autora de forma alguma caracteriza descumprimento

do acordofirmado entre as partes nos autos do processo nº 2007.206.000083-2, emapenso, como faz

crer o apelante.Constitui, isto sim, nova conduta ilícitapraticada pela ré.E como cediço, violado o direito,

nascepara o titular a pretensão, materializada, no caso, nesta nova ação.E esta ação, sem sombra de

dúvidas, serefere a um fato posterior, decorrente do descaso da ré em eliminarpossíveis prejuízos

posteriores decorrentes da emissão de cheques emnome da autora, de maneira indevida.Desta forma,

forçoso concluir que a causade pedir desta demanda é completamente distinto da ação

anteriormenteajuizada, não havendo que se falar em coisa julgada material, questãoexpressamente

enfrentada na Decisão de fls. 218/21.Superada a preliminar, a controvérsia dizrespeito a duas questões:

se a repetição do indébito deve ocorrer naforma simples ou dobrada; e se restou configurado dano

moral e, emcaso afirmativo, se a verba indenizatória foi bem dosada.Deve a questão ser analisada à luz

dosditames da Lei 8078/90, eis que se está diante de relação de consumo.Do que consta dos autos,

verifica-se que aré falhou ao não proceder a baixa de todos os cheques, tanto os emitidos,quanto os não

utilizados pelos estelionatários, destacando-se que oprotesto e a negativação são incontestes, fls. 48, 49

e 51.Ademais, não logrou êxito em comprovarque, efetivamente, procedeu ao cancelamento da conta

corrente abertaem nome da autora à época do acordo, não trazendo aos autos umdocumento, sequer,

nesse sentido.Acresce-se que é totalmente descabida atese da ré de que a autora, ao ajuizar a presente

ação, estaria, na verdade,pretendendo “enriquecer injustamente”, vez que aquela não teve

outraalternativa senão, mais uma vez, buscar socorro no Judiciário natentativa de ter seu direito

material garantido.No que toca ao dano moral, ajurisprudência desta Corte tem reiteradamente

reconhecido, em situaçõescomo a que ora se analisa, que configura dano in reipsa, e que areiterada

conduta negligente do fornecedor merece reprimenda.Entretanto, o valor da indenização não foibem

quantificado pelo juízo a quo merecendo ser reduzido para R$10.000,00 (dez mil reais), corrigido

monetariamente da prolação daSentença e acrescido de juros de mora a partir da citação, levando-se

emconsideração não só os princípios da razoabilidade e daproporcionalidade, bem como o duplo viés do

dano moral nas relaçõesde consumo, reparatório e preventivo-pedagógico.Em relação ao dano material,

a autoralogrou comprovar que pagou o cheque indevidamente protestado, alémde todas as despesas

com certidões e documentos necessários para baixado protesto, fls. 50/51 e 54/62.Portanto, a empresa

ré deve arcar com o pagamento, em dobro, dos valores dispendidos pela autora, na forma doartigo 42

do Código Consumerista, aplicável na hipótese.Por derradeiro, mantenho os ônussucumbenciais, como

fixados na r. Sentença.

25.2 - Ação de Repetição de Indébito c/c Indenizatória por Danos Morais – Contrato de

Construção por Administração de duas salas comerciais – Reajuste que não obedeceu ao índice previsto

contratualmente. Sentença que rejeitou as preliminares de conexão e ilegitimidade passiva, julgando

procedente, em parte, o pedido autoral. Apelação da autora objetivando o ressarcimento dos danos

morais e a modificação do decisum para acrescentar que o valor do indébito previsto em planilha, deve,

na verdade, corresponder as duas salas adquiridas. Recurso da ré insistindo nas preliminares de

ilegitimidade passiva e coisa julgada.Anteriores demandas extintas sem solução do mérito –

Inexistência, no presente caso, de ilegitimidade passiva ou coisa julgada. Comprovação de índice de

atualização diverso do previsto no contrato, a ensejar a restituição, em dobro, do excesso pago.

Meros aborrecimentos – Inexistência de dano moral – Verbete Sumular 75 do Egrégio Tribunal de

Justiça do Estado do Rio de Janeiro – Mantença dos ônus sucumbenciais – Provimento parcial da

Apelação da autora e desprovimento do recurso da réCuida-se de Ação de Repetição de Indébito c/c

Indenização por danos morais, alegando a autora que em 15/12/2004 contratou com a empresa ré a

compra e a construção de duas salas comerciais no Edifício Empresarial Esther Madeira, tendo acordado

que o pagamento seria realizado em 35 parcelas de R$ 777,80, cada unidade, reajustadas apenas com

base no Índice Nacional de Custo da Construção Civil (INCC). Ocorre que, segundo a inicial, a demandada

não respeitou o contrato, reajustando o valor acima do índice devido. Na peça de bloqueio, arguiu a

parte ré a conexão e a ilegitimidade passiva e, no mérito, defendeu a regularidade das cobranças pois no

contrato estava previsto a incidência de cotas extras. Inicialmente, necessário se faz um breve resumo

acerca das preliminares, insistentemente arguidas pela empresa recorrente. De fato, segundo se infere

dos autos, foram propostas pela autora em face da ré, as seguintes demandas: 1) Processos nºs

2009.038.027251-5 e 2009.038.027257-6 – fls. 134/139 e 186/189 (tendo como causa de pedir o

contrato realizado entre as partes e a cobrança e correspondente pagamento de seis parcelas a mais do

que as avençadas no contrato), perante o Juizado Especial Cível. 2) Processos nºs 2008.038.041057-0 e

2008.038.041059-4 – fls. 141/147 e 149/155 (causa de pedir o contrato realizado entre as partes e o

desrespeito ao cumprimento do índice de reajuste previsto), também perante o Juizado Cível. Na

verdade, as demandas especificadas no item 1, foram julgadas extintas sem resolução de mérito,

através da Sentença acostada em fls. 180/181, enquanto que as constantes do item 2, em razão da

desistência manifestada pela autora em fls. 156 e 159. Diante de tais circunstâncias, somente as ações

que tinham por objeto as cotas extras (item 1), mereceu Sentença que, acolhendo preliminar de

ilegitimidade passiva da NicolNilopolitana Construções Ltda., julgou extinto o processo, nos termos do

artigo 267, inciso VI do Código de Processo Civil. Portanto, não há que se falar em coisa julgada. No

tocante à legitimidade passiva, o Contrato firmado pelas partes previa que a ré receberia os valore

pagos pela autora, na fase de construção do imóvel, sendo rejeitada a preliminar, fls. 18/27. No mérito,

ao contrário da parte ré, a demandante logrou demonstrar através da planilha contida na exordial e dos

boletos bancários, que as prestações foram reajustadas com utilização de índice diverso do previsto na

cláusula 1.3 do Contrato de Construção por Administração (fls. 18/27). Com efeito, os contratos devem

observar as regras da boa fé objetiva, com vistas a cumprir sua função social, como previsto nos artigos

421 e 422 do Código Civil. Nesse sentido, correto o posicionamento do Magistrado a quo quando

concluiu que a demandada inobservou a boa-fé contratual e o dever de informação, devendo a ré

restituir à parte autora, em dobro, os valores que despendeu indevidamente. Aliás, neste particular,

importante salientar que razão assiste a primeira apelante, quando pondera em suas razões recursais,

que no caso foram compradas duas salas e a planilha de fl. 05 corresponde ao pagamento de apenas

uma. Logo, deve ser modificada a Sentença, para fazer alusão quanto à primeira condenação, a

devolução, em dobro, do valor da planilha de fl. 05, para cada unidade (salas 703 e 704), atualizados na

forma do decisum. Contudo, no tocante ao ressarcimento por danos morais, a Sentença não comporta

reparos, pois inexiste nos autos qualquer prova de ocorrência de dor, sofrimento e humilhação à autora,

capazes de ensejar reparação por danos morais. As prestações efetuadas em valores superiores ao

contratado geram meros aborrecimentos. Este é o entendimento do Egrégio Tribunal de Justiça do

Estado do Rio de Janeiro no verbete sumular nº 75: “O simples descumprimento de dever legal ou

contratual, por caracterizar mero aborrecimento, em princípio, não configura dano moral, salvo se da

infração advém circunstância que atenta contra a dignidade da parte.” Por derradeiro, mantém-se os

ônus sucumbenciais.

26 - Auxílio acidente.

Cuida-se de ação através da qual o autor pleiteia amajoração do auxílio acidente de 40% para

50%, a partir da Lei nº9.032/95, bem como a condenação do réu a reposição das diferençaspagas a

menor, com todos os valores corrigidos até a data do efetivopagamento.Verifica-se, através do

documento de fl. 14, que odemandante é titular do benefício acidentário nº 83.015.056-0, comdata de

início em 01.08.1987, correspondente ao auxílio-acidente de40% do salário de benefício do segurado,

então regulado pelo artigo9º da Lei nº 6.367/76.O pedido autoral busca a aplicação da lei

modificadora,por lhe ser mais benéfica, concedendo-lhe o benefício de auxílioacidentemensal

correspondente a 50% do salário de benefício, naforma do artigo 86 da Lei nº 8.213/91, em sua nova

redaçãodeterminada pelas Leis nº 9.032/95 e nº 9.528/97.Entretanto tal pretensão não merece

prosperar.

A lei nova não pode ferir o direito adquirido, o atojurídico perfeito e a coisa julgada, como assente no

artigo 6º da Leide Introdução ao Código Civil.Dessa forma, não obstante ser a Lei nº 9.032/95

maisfavorável ao obreiro, a sua aplicação feriria a coisa julgada, garantidaconstitucionalmente pelo

inciso XXXVI do artigo 5º da ConstituiçãoFederal.Para a concessão do benefício previdenciário deve

serobservada a legislação em vigor a época em que o segurado passou a

fazer jus ao seu direito, conforme entendimento pacificado peloSupremo Tribunal Federal, em

repercussão geral, no RecursoExtraordinário nº 597.389/SP.No mesmo sentido o Recurso Extraordinário

nº 597.389-1, que em regime de repercussão geral, acolheu a questão de ordempara reafirmar a

jurisprudência no sentido de que a revisão de pensãopor morte e demais benefícios, constituídos antes

da entrada em vigorda Lei nº 9.032/95 não pode ser realizada com base em novocoeficiente de cálculo

estabelecido no referido diploma legal.Nas hipóteses em questão, deve ser observado oprincípio do

tempus regitactum, que é a regra geral, já que inexisteautorização legal para aplicação da retroatividde

da lei mais

benéfica nestes casos.Portanto, a concessão do auxílio suplementar deve sermantida no percentual

correspondente a 40% do salário de benefíciodo segurado, regulado pelo artigo 9º da Lei nº

6.367/76.Consequentemente, a Sentença comporta reforma, emsede de Duplo Grau Obrigatório de

Jurisdição, devendo os pedidos ser julgados improcedentes, isentando-se o autor do pagamento das

despesas processuais e honorários advocatícios, com base noparágrafo único, do artigo 129 da Lei nº

8.213/91.Assim, com respaldo no parágrafo 1º-A, do artigo 557do Código de Processo Civil, reformo a

Sentença em sede dereexame necessário, na forma do decisum.

27 - Remédio. Obrigação de fazer

Estado- Remédio.Inicialmente, cabe esclarecer que a matéria envolvendo a obrigação do Estado

de fornecer medicamentos ao cidadão está pacificada nesta Corte, na Súmula nº 65, e tem respaldo nos

artigos 196 e seguintes da Constituição Federal, razão pela qual deve ser mantida a Sentença, conforme

dispõem os artigos 6º e 30, inciso VII, da Magna Carta, ao estabelecerem que compete ao Estado prestar

serviços de atendimento à saúde da população. Ademais, a legitimidade do Estado do Rio de Janeiro

tem assento na teoria da asserção. No mesmo sentido o artigo 196 do referido Diploma, impõe ser

direito de todos e dever do Estado, a prestação de atendimento à saúde, bem como o acesso universal e

igualitário às ações e serviços para promovê-la, protegê-la e recuperá-la. Ressalte-se que, para a

hipótese em questão, inexiste dispositivo legal que imponha o chamamento da União Federal para

integrar a relação processual. A Lei 8.080/90 regulamenta as ações e serviços de saúde, considerando

ser direito fundamental do ser humano e encargo do Estado prover as condições indispensáveis para a

garantia da saúde, nos três escalões hierárquicos, como dispõe os artigos 1º, 2º e 4º, enquanto que o

artigo 6º do mesmo diploma, em seu inciso I, alínea “d”, determina que está incluída no campo de

atuação do Sistema Único de Saúde (SUS), a execução de ações de “assistência terapêutica integral,

inclusive farmacêutica”. O termo integral abrange todos os medicamentos que o paciente precisar para

preservação de sua saúde, enquanto durar o tratamento. Conseqüentemente, o Estado deve fornecer os

medicamentos descritos na peça vestibular, nos moldes estabelecidos na Sentença. Por óbvio, pode o

Judiciário, em casos que tais, prover as necessidades que emergem das circunstâncias objetivas postas a

julgamento. Não é razoável exigir-se da parte autora a propositura de uma demanda específica para

obter do Estado uma prestação jurisdicional, imposta pela lei, consistente no fornecimento do remédio

“a”, “b” ou insumo “x” etc. É pacífico o entendimento de que o fornecimento gratuito de

medicamentos, visando atender o direito fundamental à saúde, previsto constitucionalmente conforme

já demonstrado, ocorre somente mediante apresentação, pela parte necessitada, de receituário médico

emitido pela Rede Pública Hospitalar, como é o caso dos autos. O argumento de que os recursos

públicos são finitos não pode servir de escusa para o descumprimento de dever legal imposto, tanto na

esfera constitucional, quanto infraconstitucional. Ademais, inexiste violação ao princípio da separação

de poderes, certo que não há interferência indevida do Poder Judiciário em outro Poder, mas acerto

judicial de modo a recompor direito pessoal objetivo da parte suprimido pelo Estado. As Portarias

mencionadas pelo Estado nas razões recursais não afastam o direito constitucional de prestar serviço à

vida e saúde da coletividade.

28 - Ação de Reintegração na Posse c/c Nunciação de Obra

Esbulho possessório – Real possibilidade de dano de difícil reparação – Discussão acerca da

posse travada em Ação de Usucapião – Agravante que discute os limites do imóvel dos agravados na

ação originária –Concessão de liminar de embargo de obra. Prova documental a evidenciar discussão

acerca da posse de imóveis confrontantes – Laudo Pericial elaborado em Ação de Usucapião, que serve

para formar o convencimento do julgado – Fotografias que apontam avanço das obras do agravante

sobre o imóvel possuído pelos agravados – Antecipação da tutela tendente a evitar dano – Suspensão da

obra que se impõe, até julgamento final da demanda – Desprovimento do Agravo de Instrumento.

Verifica-se que Edith Ribeiro Tomé e Armênio Soares Tomé propuseram Ação de Reintegração de Posse

em face da agravante, visando ser reintegrados no imóvel descrito na Escritura de Cessão de fls. 73/78,

localizado no Município de São Gonçalo. O pleito autoral está alicerçado na Escritura de Cessão de fls.

73/78, no Laudo Pericial de fls. 82/87, produzido nos autos de Ação de Usucapião (processo nº

1980.004.000138-8) promovida pelos agravados, e nas fotografias de fls. 97/118.

O agravante, no curso do longo arrazoado, deixou de apresentar qualquer prova acerca do modo e das

condições da aquisição dos alegados direitos que diz possuir sobre o bem em comento. Ademais,

pondera que a obra questionada já está concluída, porém, nenhuma prova faz em sufrágio de sua tese.

No confronto dos argumentos e das provas constantes dos autos, prepondera o direito dos agravados,

no que diz respeito ao embargo da obra, de vez que as provas até aqui produzidas militam em favor dos

recorridos, caracterizando o esbulho possessório, não tendo sido infirmadas, tecnicamente, pelo

recorrente. Em sede de contestação da Ação de Reintegração de Posse, fls. 149/64, o agravante se

limitou a discutir acerca da validade de Laudo Pericial elaborado em precedente Ação de Usucapião

manejada pelos agravados; da origem da posse dos autores e da metragem do imóvel objeto do pedido

de reintegração, inclusive no 6º parágrafo de fl. 159, a recorrente alega que “... não tem como afirmar

(nem nesta lide, nem na apensa ação de usucapião), com a certeza necessária, que a área cuja posse os

Autores afirmam possuir não se sobrepõe a sua propriedade”. Portanto a própria agravante desconhece

a situação da área na qual realiza empreendimento imobiliário. Veja-se que nada há a provar a origem

da posse ou propriedade do agravante sobre a parte do imóvel que os agravados alegam estar sendo

esbulhado, pelo que se tem como não observada a regra do artigo 333, inciso II do Código de Processo

Civil. Pondere-se que a eventual discussão acerca da natureza da posse perde relevância diante da

circunstância de que o agravante não fez prova mesmo de sua existência, muito menos que seja nova ou

velha. De outro norte, a assertiva de que a obra que se pretende embargar já está concluída, carece de

suporte probatório mínimo a sufragá-la, certo que as fotografias de fls. 97/98 indicam o contrário. Há

evidente receio de dano de difícil reparação ao bem ou a direito dos agravados, a justificar a concessão

da tutela possessória e a mantença do embargo da obra. O Douto Magistrado a quo deferiu,

corretamente, a medida de embargo da obra em benefício dos autores, pois preenchidos os requisitos

do artigo 1.299 do Código Civil e do artigo 937 do Código de Processo Civil, sendo que se trata de

Decisão que pode ser revista ao longo da instrução processual, vencida a dilação probatória.

29 - Ação de Despejo c/c Ação de Cobrança por Falta de Pagamento e Infração Contratual –

Legitimidade de herdeiro.

Dispõe o artigo 1784 do Código Civil que, “Aberta a sucessão, a herança transmite-se, desde

logo, aos herdeiros legítimos e testamentários”, o que decorre do princípio da saisine, que é a aquisição

causa mortis, havendo, portanto, legitimidade ativa ad causam concorrente e autônoma de herdeiro

para ajuizar ação visando à defesa dos bens da herança. À indivisibilidade decorrente da herança são

aplicáveis as regras do condomínio, como dispõem o parágrafo único e o artigo 1791 do Código Civil,

podendo o herdeiro, considerado condômino, propor a demanda para resguardar os direitos

decorrentes da indivisão, na forma do artigo 1314 do Diploma Civil - Desprovimento do Agravo de

Instrumento.Cuida-se de Agravo de Instrumento objetivando a reforma do decisum e,

consequentemente, o reconhecimento da ilegitimidade ativa do recorrente, autor da Ação de Despejo

c/c Ação de Cobrança por Falta de Pagamentos e Infração Contratual ajuizada em face do agravante.

Verifica-se que o Juízo a quo fundamentou a decisão objeto do recurso, não só no fato da Lei nº

8.245/91 não exigir que o locador seja proprietário do imóvel, como na existência de contrato de

prestação de serviços, onde o autor da ação se obriga a efetuar as cobranças dos alugueres e

arrendamentos dos bens constantes dos Espólios de Orlandino Klotz e Olga Soares da Rocha Klotz. E

razão assiste ao Magistrado. Examinando os autos, constata-se, em fls. 27/30, Contrato de Sublocação

firmado entre Moraves Agro Pecuária Ltda., na qualidade de sublocador, e Alquimia Produções e

Eventos Ltda. (agravante), na qualidade de sublocatária. A sublocação se refere a imóvel

originariamente locado por Orlandinho Klotz e Olga Soares da Rocha Klotz, tendo como locatária a

empresa Moraves. Os locadores faleceram. Afirma a agravante Alquimia, ter pactuado contrato direto

com o Espólio de Orlantino Klotz após o despejo da empresa Moraes Agropecuária Ltda. (4º parágrafo

de fl. 07), no entanto o referido contrato direto não restou comprovado. Verifica-se no Contrato

acostado ao recurso, em fls. 24/26, que os Espólios de Orlandino Klotz e Olga Soares da Rocha Klotz, na

época, eram representados por inventariante dativo, e celebraram com João Luiz da Rocha Klotz o

referido Contrato de Prestação de Serviços, com o fim de que o contratado efetuasse mensalmente as

cobranças dos alugueres e arrendamentos dos bens. Dispõe o artigo 12, parágrafo 1º do Código de

Processo Civil que, no caso de inventariante dativo, os herdeiros serão autores ou réus nas ações em

que o espólio for parte. Como não há litisconsórcio ativo necessário, é cabível que um herdeiro

proponha demanda para defender direito do espólio.

Por outro lado, dispõe o artigo 1784 do Código Civil que, “Aberta a sucessão, a herança transmite-se,

desde logo, aos herdeiros legítimos e testamentários”, o que decorre do princípio da saisine, que é a

aquisição causa mortis, havendo, portanto, legitimidade ativa ad causam concorrente e autônoma de

herdeiro para ajuizar ação visando à defesa dos bens da herança. Além disso, enquanto pender a

indivisibilidade decorrente da herança são aplicáveis as regras do condomínio, como dispõem o

parágrafo único e o artigo 1791 do Código Civil, podendo o herdeiro, considerado condômino, propor a

demanda para resguardar os direitos decorrentes da indivisão, na forma do artigo 1314 do Diploma

Civil. Portanto, resta claro que a condição de herdeiro é suficiente para o reconhecimento da

legitimidade do agravado para a Ação de Despejo.

30 - Ação de Revisão de Cláusulas

Cuida-se de Ação de Revisão de Cláusulas objetivando a revisão do Contrato de Arrendamento

Mercantil de um veículo Honda NXR 150 BROS-ESD firmado entre as partes, em virtude da existência de

cláusulas leoninas, cobrança excessiva de juros de forma capitalizada e cobrança cumulada de comissão

de permanência com juros de mora. Afirma o apelante que os juros cobrados pelo banco réu são ilegais

e que houve prática de anatocismo, razão pela qual pleiteia a revisão das cláusulas contratuais, quanto à

taxa de juros, taxa de comissão de permanência e multas e, após a apuração do abuso da cobrança

decorrente da contagem capitalizada dos juros, decreto judicial determinando a repetição do indébito. É

certo que as cláusulas contratuais podem ser revistas, comprovada a abusividade, em caso de

onerosidade excessiva para o consumidor. No entanto não se visualiza a existência de cláusulas abusivas

no Contrato de Financiamento. Também não há, nos autos, o anatocismo, sendo que os juros cobrados

por instituições financeiras não sofrem a restrição do Decreto nº 22.626/33, conforme dispõe a Súmula

596 do Supremo Tribunal Federal. Logo, não está limitada a cobrança de juros de 1% ao mês. Neste

sentido, a Súmula 382 do Superior Tribunal de Justiça. Deste modo, não havendo contrariedade às

disposições oriundas do Conselho Monetário Nacional, quanto à limitação da taxa de juros nas

operações bancárias ou financeiras, e não se evidenciando sua onerosidade, deve prevalecer aquela

estipulada no pacto livremente celebrado pelas partes. O inconformismo com relação aos encargos

contratuais também não pode prosperar, uma vez que claramente previsto no Contrato de

Financiamento, em suas cláusulas VII e IX, em fls. 88 e 89, cuja juntada não foi providenciada pelo autor,

mas, sim, pelo réu. Ademais, não há comprovação de que o réu tenha efetuado a cobrança de comissão

de permanência, frisando-se que o mencionado encargo não consta no Contrato de fls. 88/89, o que

leva a crer que não está sendo cobrado. Como mencionado na Sentença, "contrato é um negócio

jurídico por meio do qual as partes declarantes, limitadas pelos princípios da função social e da boa-fé

objetiva, autodisciplinam os efeitos patrimoniais que pretendem atingir, segundo a autonomia das suas

próprias vontades". Prossegue o julgador asseverando que decorre da definição do contrato, o princípio

do pacta sunt servanda. E, deste, para modificar qualquer cláusula, ter-se-á que aplicar a teoria da

imprevisão ou provar a ocorrência de lesão nos termos do artigo 157 do Código Civil. Na hipótese dos

autos, o Autor alega justamente um defeito do negócio jurídico, apto a ensejar a sua revisão, com base

em vícios no contrato e não a ocorrência de alguma circunstância que o tenha se tornado

excessivamente oneroso. O Autor, quando aderiu ao negócio jurídico, tinha perfeita ciência do valor da

prestação que iria pagar e dos juros aplicados, sendo que estes são fixados em percentual próximo de

operações da mesma espécie, o que associado à natureza do contrato, afasta a alagada abusividade.

Portanto, desnecessária a produção de prova pericial, de acordo com o artigo 130 do Código de

Processo Civil, inexistindo cerceamento de direito de defesa ou motivo a ensejar a nulidade da

Sentença, a decisão a quo será mantida, julgando-se improcedente o recurso.

31 - Ação de Repetição de Indébito c/c Indenizatória. Contrato de Arrendamento Mercantil;

devolução do valor pago a título de VRG.

31.1 -Pretensão de revisão do Contrato de Arrendamento Mercantil; devolução do valor pago a

título de VRG; restituição em dobro dos valores indevidamente exigidos e indenização por danos

morais–Aplicação do Código de Defesa do Consumidor.As instituições financeiras não sofrem a restrição

do Decreto nº 22.626/33, conforme dispõe a Súmula 596 do Supremo Tribunal Federal, não estando

limitadas à cobrança de juros de 1% ao mês –Súmula 382 do STJ –Encargos previstos no

contrato.Obrigatoriedade de devolução do valor residual garantido, decorrente da entrega do bem, sob

pena de enriquecimento sem causa, pois o arrendatário, com o fim do contrato, não exerceu a opção

pela transferência de propriedade do bem arrendado e se ocorreu cobrança antecipada, os valores

deverão ser restituídos.Negativação ocorrida após a devolução amigável do bem –Falha na prestação de

serviço –Dano moral configurado-Provimento parcial da Apelação.

31.2 - Cuida-se de Ação de Repetição de Indébito c/c Indenizatória através da qual a autora

pretende a revisão de Contrato de Arrendamento Mercantil, com a declaração de aplicabilidade de juros

de 12% ao ano; a devolução do valor pago a título de VRG; a restituição em dobro dos valores

indevidamente exigidos, além da indenização pelo dano moral experimentado com a negativação de seu

nome nos cadastros de proteção ao crédito. A demanda envolve relação de consumo, já que as partes

contratantes se enquadram na definição legal de consumidor e prestador de serviço, conforme redação

dos artigos2º e 3º do Código de Defesa do Consumidor. É certo que as cláusulas contratuais podem ser

revistas, comprovada sua abusividade, em caso de onerosidade excessiva para o consumidor.

Ocorre que o apelante não se desincumbiu de demonstrar a existência do alegado anatocismo, sendo

que os juros cobrados por instituições financeiras não sofrem a restrição do Decreto nº 22.626/33,

conforme dispõe a Súmula 596 do Supremo Tribunal Federal.Logo, não está limitado à cobrança de juros

de 1% ao mês.Neste sentido, a Súmula 382 do Superior Tribunal de Justiça.Deste modo, não havendo

contrariedade às disposições oriundas do Conselho Monetário Nacional, quanto à limitação da taxa de

juros nas operações bancárias ou financeiras, e não se evidenciando sua onerosidade, deve prevalecer

aquela estipulada no pacto livremente celebrado pelas partes.O inconformismo com relação aos

encargos contratuais(tarifa bancária, gravame eletrônico e outras despesas),também não pode

prosperar, uma vez que claramente previsto no Contrato, fl. 13, com exceção do valor cobrado a título

de TAC, tudo conforme corretamente reconhecido na Sentença.Contudo, razão assiste a apelada no que

concerne ao pleito de devolução do Valor Residual Garantido.Verifica-se que a autora pactuou junto à ré

Contrato de Arrendamento Mercantil, tendo por objeto o veículo descrito na petição inicial, sendo

ajustado o pagamento em parcelas mensais e sucessivas.Aconteceque, por problemas financeiros,

passou a atrasar as prestações, vindo a sofrer cobranças pela ré, o que teria lhe compelido a efetivar a

entrega do veículo, nos moldesdo documento de fl. 12.Note-se que no termo consta expressamente que

com a entrega amigável do bem as partes outorgam mútua e recíproca quitação, renunciando e

desistindo ambas de quaisquer débitos eventualmente decorrentes do contrato, restituição de valor

residual garantido, danos materiais, morais ou lucros cessantes. Trata-se de disposição contratual

abusiva, a teor do que dispõe o artigo51, inciso IV do Código de Defesa do Consumidor: Art. 51. São

nulas de pleno direito, entre outras, as cláusulas contratuais relativas ao fornecimento de produtos e

serviços que:IV -estabeleçam obrigações consideradas iníquas, abusivas, que coloquem o consumidor em

desvantagem exagerada, ou sejam incompatíveis com a boa-fé ou a eqüidade;Acrescente-se que na

contestação (9º parágrafo de fl. 38), a demandada ainda argumenta no sentido de ter restado

induvidoso qualquer indício de direito da autora de ser contempladacom os valores a seremrestituídosa

título de liquidação do VRG, uma vez que com a venda obtida com a comercialização do veículo objeto

do arrendamento mercantil não foi possível aferir importância suficiente para liquidar o saldo devedor

do seu contrato, motivo peloqual amesmaainda é devedorado réu.Com efeito, a obrigação pelo

arrendatário em quitar as parcelas vincendas, sem a utilização do bem arrendado, porque restituído

aoarrendante, configura cláusula abusiva, incompatível com a equidade e boa-féobjetiva, ocasionando,

sem dúvida,hipótese de enriquecimento sem causa.Igualmente não procede a sustentação da parte

apelada, de que incide no caso concreto o princípio da obrigatoriedade contratual, na máxima do pacta

sunt servanda, uma vez que tal princípio contratual não apresenta natureza absoluta, devendo se

harmonizar com os demais princípios norteadores da teoria geral dos contratos, como osprincípiosda

equivalência das prestações contratuaise do dirigismo contratual.Portanto, deve a ré devolver o Valor

Residual Garantido (VRG)pago, já que do contrário haveria evidente enriquecimento sem causa, pois o

arrendatário, com o fim do contrato, não exerceu a opção pela transferência de propriedade do bem

arrendadoe se ocorreu cobrança antecipada, os valores deverão ser restituídos. Entretanto, deve-se

observar a existência de eventuais parcelas vencidas não quitadas, as quais devem ser compensadas no

valor de VRG total a ser restituído ao arrendatário. O decisum merece reforma ainda no que diz respeito

ao dano moral.Examinando osdocumentosde fls. 10/11, constata-se que o nome da demandantefoi

levado ao registro pela réem 27/05/2010, sendo certo que o Termo de Entrega Amigável foi realizado

em 03/05/2010, fl. 12, ou seja, a negativação ocorreu em momento ulterior ao pactuado com a entrega

do bem. Portanto, gritante a falha na prestação do serviço. Dessa forma, o dano moral configura-se

plausível, na forma do artigo 6º, inciso VI do Código de Defesa do Consumidor, caracterizando defeito na

prestaçãodo serviço, tal como preceitua a regra do artigo 14, parágrafo 1º, inciso I do diploma

consumerista.Consequentemente, a empresa ré deve arcar com a indenização moral, devendo a fixação

atentar para os princípios da razoabilidade e proporcionalidade, semdescuidar do caráter punitivo-

pedagógico e o enriquecimento sem causa da parte ofendida. No caso, mostra-se suficiente e adequado

à hipótese o valor de R$ 4.000,00, com juros de mora a contar da inscrição indevida e correção

monetária a contar deste julgado.Despesas processuais e honorários advocatícios,de 10% sobre o valor

da condenação,a cargo da ré, na forma do parágrafo único do artigo 21 do Código de Processo

Civil.Assim, dá-se parcial provimento ao recurso, condenando a ré a restituir o VRG,na indenização por

danos morais e ônus sucumbenciais, na forma do Acórdão.

Atenção: Novo posicionamento do STJ quanto à devolução do VRG.

STJ consolida tese sobre devolução do VRG nos casos de inadimplemento de contrato de leasing

financeiro

“Nas ações de reintegração de posse motivadas por inadimplemento de arrendamento mercantil

financeiro, quando o produto da soma do valor residual garantido (VRG) quitado com o valor da venda

do bem for maior que o total pactuado como VRG na contratação, será direito do arrendatário receber a

diferença, cabendo, porém, se estipulado no contrato, o prévio desconto de outras despesas ou

encargos contratuais.”

32 - Ação de Rescisão Contratual c/c Indenizatória – Instrumento Particular de Promessa de Compra e

Venda e Contrato de Construção.

Legitimidade passiva da apelante que figurou no negócio jurídico como interveniente

construtora – Relação de consumo – Solidariedade – Empresas que se unem por lucro para obtenção de

um objetivo comum – Risco do empreendimento e inadimplemento do contrato que não pode ser

atribuído ao destinatário final. Contexto probatório que revela não só os pagamentos efetuados pela

autora, como a inexistência da construção. Direito de rescindir o negócio e obter a devolução dos

valores investidos no sonho da casa própria, bem como da reparação dos danos morais suportados em

razão do grave descumprimento contratual – Quantum indenizatório fixado com observância dos

critérios da proporcionalidade e razoabilidade, e artigo 944 do Código Civil - Mantença na integra da

Sentença – Desprovimento da Apelação.A ré impingiu ao autor aborrecimentos e angústia muito além

do normal, o que caracteriza lesão moral indenizável. A hipótese dos autos se amolda à regra do artigo

187 do Código Civil.

Consequentemente, a Sentença será mantida, certo que o quantum indenizatório observou os critérios

de razoabilidade e de proporcionalidade.

33 - Ação de Rescisão de Contrato c/c Indenizatória - Compra de automóvel - Contrato de

Arrendamento Mercantil.

Preliminar de violação ao princípio da identidade física do Juiz que se rejeita - Sentença

prolatada por Magistrado diverso daquele que presidiu a audiência de instrução e julgamento, em

virtude de promoção do titular da Vara, que o desvinculou do julgamento do feito - Exceção prevista no

artigo 132 do Código de Processo Civil. Conjunto probatório que não revela qualquer prejuízo ao autor,

já que não foram comprometidas as condições previamente ajustadas - Ausência de elementos capazes

de infirmar a autenticidade ou a existência de qualquer vício que macule o contrato - Validade do

ddocumento. Código de Defesa do Consumidor que se inspira na vulnerabilidade do consumidor para

protegê-lo, sempre que necessário, mas seu objetivo não é estimular a inadimplência ou o

descumprimento das cláusulas contratuais, ao contrário, devem ser sempre observados os princípios da

boa-fé e do equilíbrio que regulam as relações consumeristas, nos termos do inciso III do artigo 4º do

referido Diploma - No mesmo sentido o artigo 422 do Código Civil - Desprovimento da Apelação.

34 - Ação de Revisão de Cláusulas Contratuais – Contrato de Administração de Cartão de Crédito.

Anatocismo

Ausência de interesse recursal, porque acolhida a tese defensiva do apelante. Cumulação de

comissão de permanência e outros encargos contratuais – Impossibilidade – Súmulas 30, 296 e 472 do

Superior Tribunal de Justiça - Violação do artigo 51, incisos IV e XV da Lei nº 8.078/90 – Desprovimento

do Recurso.

35 -Ação de Reparação por Danos Materiais e Morais – Relação de consumo – Defeito em veículo

novo

Demanda envolvendo o fabricante, a concessionária vendedora e a concessionária responsável

pela revisão. Tem legitimidade passiva a fabricante do veículo por defeitos de montagem, sendo cabível

a inversão do ônus da prova, nos termos do artigo 6º, inciso VIII da Lei nº 8.078/90, porque induvidosa a

hipossuficiência do comprador em relação ao fabricante e à concessionária vendedora do veículo e

responsável pelas revisões, aplicando-se o Código de Defesa do Consumidor. Prova pericial que

comprova a existência de danos sanáveis, relacionados com a guarnição da porta traseira direita,

mecanismo de acionamento do vidro elétrico e difusor de ar da extremidade direita do painel.

Falha do fabricante, da concessionária vendedora e da concessionária que recebeu o bem para conserto,

tratando-se de automóvel zero quilômetro, porque não sanados os defeito – Responsabilidade solidária

– Artigo 12 e parágrafo 1º do artigo 25 do Código de Defesa do Consumidor. Dano Moral que se verifica

in reipsa – Dever de indenizar evidente – Transtornos que vão muito além de meros aborrecimentos do

cotidiano – Frustração da legítima expectativa do consumidor – Defeito do produto que interfere,

parcialmente, no uso. Valor do dano moral fixado com prudência, considerando a pouca extensão do

dano – Defeitos que não impediram o uso intenso do carro. Descabimento da rescisão do contrato de

compra do veículo e da restituição de valores pagos – Desprovimento do recurso.

A discussão gira em torno da existência de vícios de origem de monta, que sejam capazes de ensejar a

rescisão do contrato em comento, com devolução do bem à concessionária vendedora e ao fabricante e

a restituição dos valores pagos pelo comprador, como expresso no parágrafo 1º do artigo 18 do Código

de Defesa do Consumidor. Não é qualquer vício que dá ensejo à restituição da coisa, com devolução do

valor despendido, mas aquele capaz de torná-lo impróprio ou inadequado para o consumo.

36 - Cuida-se de Ação de Rescisão de Contrato Particular de Compra e Venda cumulada com

Indenizatória

36.1 - Os autores pretendem a rescisão do contrato avençado junto a ré, a indenização por

danos morais sofridos em razão de atraso na conclusão e entrega da unidade residencial prometida

vender, e materiais, decorrentes do pagamento de parcelas do financiamento. O contrato objeto da

demanda está em fls. 85/115.

Ao caso aplica-se o Código de Defesa do Consumidor, por força do disposto nos artigos 2º, 3º e 53 da Lei

n° 8.078/90, por se tratar de típica relação de consumo, aquisição e construção de unidade imobiliária.

Verifica-se, através do Contrato de Compromisso de Venda e Compra de Bem Imóvel em fls. 85/115,

que os autores adquiriram a unidade imobiliária em construção, designada por apartamento 301, do

bloco 025, do Residencial Humaitá Garden, pelo valor de R$52.900,00, cujo prazo de conclusão da obra

e entrega da unidade seria 31.07.2009, com tolerância de 180 dias, segundo narrativa autoral contida no

penúltimo parágrafo de fl. 04.

Quanto a esta data, não há divergência entre as partes, sendo que não é possível confirmá-la

documentalmente, diante da má reprodução do item 5 do documento de fl. 83. Além disso, ainda nos

termos do mencionado instrumento particular, referido prazo de conclusão da unidade admitiria um

atraso não superior a 180 dias úteis, conforme cláusula 9ª, em fl. 90. É fato incontroverso que a avença

não foi cumprida pela promitente vendedora, que ultrapassou o prazo pactuado, como se depreende

pela Certidão de Habite-se expedida pela Secretaria Municipal da Cidade, acostada em fl. 116, que

revela que o habite-se foi concedido apenas no dia 23.02.2010. Portanto, o atraso, em relação à data

inicial da entrega, somado à tolerância de 180 dias, não chegou a um mês. Ocorre que os apelantes

suspenderam os pagamentos das parcelas contratadas, como se nota pelo documento de fl. 117. Não

houve impugnação aos valores pagos pelos autores, como comprova o documento de fl. 117.

Entretanto, restou demonstrando que os demandantes se encontravam inadimplentes com suas

contraprestações, antes a propositura da ação, eis que os pagamentos se sucederam até fevereiro de

2010 e a distribuição ocorreu em 23.10.2012. É incontroverso nos autos, segundo afirmado pelos

autores e confirmado pela ré, que houve tentativa de rescisão da avença, com restituição das parcelas

pagas, cuja efetivação só não ocorreu por ato dos apelantes, segundo depoimento pessoal da ré, em fls.

162/163. Nessas circunstâncias, incide a regra do artigo 476 do Código Civil, segundo o qual: “Nos

ontratos bilaterais, nenhum dos contratantes, antes de cumprida sua obrigação, pode exigir o

implemento da do outro”. Nestes termos, inobstante a demora da ré em entregar o imóvel, com o

“habite-se”, está afastado o dever de indenizar, porque, antes de se tornar inadimplente, já havia se

verificado o inadimplemento dos autores. Portanto, correta a Sentença ao rescindir o contrato de

promessa de compra e venda do imóvel objeto da presente lide, determinando a restituição de 80% dos

valores vertidos, esta parte, de acordo com a cláusula 22, inciso III, em fls. 102/103, aplicando-se as

regras dos artigos 408 e 409, ambos do Código Civil, e negando indenização suplementar.

36.2 - Ação de Rescisão de Contrato Particular de Compra e Venda c/c Indenizatória – Aquisição de

unidade imobiliária em construção – Atraso imotivado na conclusão da obra. Responsabilidade da

construtora a ensejar a rescisão contratual, e a consequente restituição dos valores pagos pelos autores,

além da condenação da ré ao pagamento da multa prevista na cláusula penal do contrato. Incabível o

pedido do apelante acerca da compensação dos valores pagos quando da celebração do suposto

distrato extracontratual, uma vez que a alegada rescisão não restou demostrada nos autos, não cabe a

fixação do termo final da multa na data pretendida. Pedido de redução do valor da indenização por

danos morais que não possui qualquer fundamento, tendo em vista que a ré não foi condenada ao

pagamento de indenização a este título – Desprovimento da Apelação.

37 - Ação de Cobrança - Seguro de vida - Morte do segurado ocorrido em 2002 – Negativa de

pagamento do seguro.

Alegações das rés que não têm o condão de eximi-las do pagamento da indenização securitária

contratada - Ausência de razoabilidade à sujeição da beneficiária à finalização do inquérito policial para

fazer jus ao recebimento da indenização – Aplicação do artigo 110 e parágrafo único do Código de

Processo Civil - Abusividade na forma do inciso IV do artigo 51 Código de Defesa do Consumidor.

Contrato firmado que preenche todos os requisitos legais, obedecendo ao disposto nos artigos 757, 758

e 759 do Código Civil. Descabimento da exigência relacionada à comprovação da verdadeira relação

havida entre segurado e beneficiária, uma vez que na contratação do seguro é livre a indicação dos

beneficiários, cabendo, indubitavelmente, às seguradoras apontarem e recusarem o contrato de seguro

na hipótese de existir alguma objeção legal – Mantença da Sentença - Desprovimento da Apelação.

38 - Ação de Rescisão de Contrato c/c Indenizatória em apenso à Ação de Reintegração de Posse.

Cerceamento de defesa - Não configurado - Demandante que obteve a oportunidade de se

manifestar acerca da produção de provas, possibilidade de conciliação, e razões finais. Autora que

pretende a extinção do contrato de arrendamento mercantil celebrado com a empresa ré, sob o

argumento de que não conseguiu regularizar a documentação do veículo junto ao DETRAN, em razão

desta se encontrar adulterada. Conjunto probatório que não possui o condão de demonstrar a suscitada

irregularidade. Não obstante se tratar de relação de consumo, possuindo a ré responsabilidade solidária,

na forma do parágrafo 1º do

artigo 25 da Lei nº 8.078/90, na presente hipótese, não há como ser a mesma responsabilizada tendo

em vista que não foi devidamente comprovado o defeito na prestação do serviço – artigo 14, parágrafo

3º, inciso I do Código de Defesa do Consumidor - Desprovimento da Apelação.

39 - Ação de Reintegração de Posse proposta em face da ex-esposa e pedido de aluguel pela

ocupação exclusiva

Alegação de que o imóvel objeto da ação, não obstante ter sido adquirido na vigência do

matrimônio, pertence única e exclusivamente ao autor, posto que a aquisição se deu com recursos

próprios (valores do FGTS e venda de imóvel comprado quando ainda solteiro). Imóvel adquirido pelo

casal, onerosamente, na constância do casamento, realizado sob o regime da comunhão parcial de bens

– Presunção de comunicabilidade, passando a integrar o patrimônio comum. Exceções previstas no

artigo 1659 do Código Civil que não devem ser interpretadas de forma categórica, mas sim à luz das

circunstâncias do caso concreto. Contrato de Compra e Venda celebrado em nome de ambas as partes,

não sendo possível ser considerado nulo. Utilização de FGTS na aquisição - Jurisprudência pacífica no

sentido de que quando tais valores são investidos no patrimônio do casal, deixa de haver a

incomunicabilidade, podendo, inclusive, ser objeto de partilha – Caso concreto que se refere à

composse – Artigo 1199 do Código Civil. Correta imputação ao cônjuge que exerce com exclusividade a

posse do imóvel o dever de indenizar o outro – Fixação de um valor inferior ao aluguel proporcional à

meação, justificado pelo fato da ré residir no imóvel juntamente com o filho, situação não prevista

quando da homologação dos alimentos - Desprovimento da Apelação e do Recurso Adesivo.

(Achei a sentença interessante, então segue na íntegra)

Processo n° 0093948-76.2009.8.19.0001 (antigo 2009.001.094225-3)

SENTENÇA

RENE MARTINS BAPTISTA, representado por seu curador Rene Bastos Baptista, ajuíza ação de

reintegração de posse em face de TATIANA SILVA ROSA, dizendo que as partes se casaram pelo regime

da comunhão parcial de bens em 24/10/1992 e se divorciaram em 15/05/2006. O autor é proprietário

do apt. 1305, Bloco B, na Rua Alberto de Campos n 10, adquirido na vigência do casamento, por

escritura de 27/12/2000, com recursos próprios do autor, quais sejam, FGTS mais o produto da venda de

um imóvel que adquiriu quando solteiro. Desde 1994 apresentava problemas emocionais, tendo sido

internado em instituição para tratamento. Consta no ato que o autor foi assistido por sua mulher. A ré

não fez constar a existência de bens comuns quando do pedido de divórcio. O autor foi interditado e

necessita de tratamento, cujas despesas mensais em muitas vezes ultrapassam a receita mensal líquida

advinda de sua aposentadoria por invalidez. Notificou a ré para desocupar o imóvel em 04/12/2008,

concedendo o prazo de 60 dias, pena de pagamento mensal de R$ 2.000,00 a título de aluguel. A ré não

desocupou o imóvel. Requer liminarmente a reintegração do autor na posse do imóvel e, ao final,

também a condenação da ré no pagamento de aluguel mensal no valor de R$ 2.000,00 até a data da

efetiva desocupação.

Citada, a ré contestou às fls. fls.54-60. Alega em preliminar a falta de pressupostos para

constituição e desenvolvimento válido do processo. No mérito, nega que o imóvel seja exclusivamente

do autor, uma vez que esse foi adquirido na constância do casamento, sendo o bem, assim, sujeito à

partilha, fls. 56. Além disso, nega que tenha ocorrido o esbulho, eis que o imóvel serve de residência do

filho do casal e que jamais se configurou qualquer comodato verbal, tal qual alegado pelo autor,

afirmando, ainda, ser a sua posse legítima. Às fls. 85 foi indeferido o pedido liminar. Em provas, a ré

requereu prova oral e o autor se limitou a requerer fosse diligenciado no imóvel para verificar eventual

abandono. Dada a oportunidade para o Ministério Público se manifestar, aquele se recusou a fazê-lo (fl.

101). Passo a decidir.

A falta de manifestação do Ministério Público no mérito não implica a nulidade do processo, na

medida em que lhe foi dada a oportunidade para tanto.

A preliminar arguida traz questão meritória. O autor afirma sua propriedade exclusiva sobre o

bem por tê-lo adquirido com recursos próprios. No entanto, tenho que o artigo 1659, II, do Código Civil

não encerra norma de ordem pública. Gravitando sobre direito de caráter meramente patrimonial, nada

impede que um dos cônjuges reverta valores que lhe pertençam com exclusividade em favor da

sociedade conjugal. Com efeito, a compra e venda do imóvel objeto da lide se deu em 27/12/2000 em

nome de ambas as partes. Assim, não é possível interpretar o negócio traduzido na escritura de compra

e venda do imóvel como um ato nulo.

Por sua vez, a anulação dependeria de ato judicial desconstitutivo (Código Civil, artigo 177), que

não foi objeto da demanda. Via de consequência, conclui-se que o caso se refere a uma composse, cuja

disciplina está no artigo 1199 do Código Civil. Nestes casos, cabe à parte que exercer com exclusividade

a posse sobre o imóvel a indenização proporcional sobre a parte que cabe ao ex-cônjuge. O Superior

Tribunal de Justiça reconhece o dever de indenizar em casos tais, distinguindo o valor do de um aluguel,

na medida em que seu fundamento não é uma locação: REsp 399640 / SP Relator Ministro RUY ROSADO

DE AGUIAR QUARTA TURMA Julgamento em 06/08/2002 DJ 16/09/2002 p. 193 RNDJ vol. 35 p. 129 RSTJ

vol. 164 p. 397 BEM COMUM. Meação. Separação. Uso exclusivo. Indenização O cônjuge que fica com a

posse exclusiva do bem depois da partilha, a título de comodato gratuito, deve indenizar o outro pela

ocupação a partir da notificação para que pague remuneração pelo uso da meação, se nada diverso foi

estabelecido entre eles. Para esse fim, não se leva em consideração o valor locativo do bem, que de

locação não se trata. Recurso conhecido pela divergência e provido em parte.

No caso do acórdão citado, entendeu-se que o fato de a cônjuge ocupante residir juntamente

com o filho comum do casal justificava a fixação de um valor indenizatório inferior ao aluguel

proporcional à meação do cônjuge varão.

Aqui, o mesmo acontece. Realmente, não se concebe que a indenização desconsidere o ônus

assumido pela ré decorrente da guarda que exerce sobre o filho comum do casal, ainda menor (fl. 77).

Salienta-se que a situação fática ora buscada pelo autor não era prevista por ocasião do acordo de

alimentos no divórcio do casal.

Neste sentido, entendo por justo a indenização correspondente a 35% do valor do aluguel

mensal do imóvel, devidos a partir do término do prazo de 60 dias concedidos na notificação de fl. 42,

que fez cessar o uso exclusivo gratuito do imóvel, em 02/02/2009, conforme se apurar em fase de

liquidação.

Pelo que, rejeito a preliminar e JULGO PROCEDENTE EM PARTE o pedido para condenar a ré a

indenizar o autor no valor equivalente a 35% do aluguel mensal de mercado do imóvel objeto da

demanda, desde 02/02/2009 e enquanto durar o uso exclusivo do bem, corrigido monetariamente,

conforme se apurar em fase de liquidação. Os juros de mora serão de 1% ao mês e incidirão, em relação

aos aluguéis anteriores, a partir da citação e, quanto aos posteriores, a partir do término de cada mês de

referência. Face à sucumbência recíproca, honorários se compensam e custas são devidas pela metade

por cada parte, observado o artigo 12 da Lei n° 1060/1950 em relação à parte autora. Transitada em

julgado, aguarde-se eventual execução por 30 dias, dê-se baixa e arquivem-se. Rio de Janeiro, 28 de

fevereiro de 2011. LEONARDO DE CASTRO GOMES Juiz de Direito

40 - Rescisão de Contrato de Compra e Venda de Fundo de Comércio cumulado com Reintegração de

Posse

Alegação de culpa da compradora, em virtude de atraso no adimplemento das prestações

pactuadas e retardamento na substituição dos fiadores originários do Contrato de Locação referente à

empresa. Comerciante que se obriga a transferir o domínio dos bens instrumentais que dão suporte à

atividade mercantil – Adquirente que obriga a pagar pela aquisição – Trespasse – Artigo 1.146 do Código

Civil. Cláusula contratual que impõe à vendedora dívidas ou débitos perante terceiros, realizados antes

da celebração da avença. Nenhum contratante poderá exigir o implemento da obrigação do outro, antes

de cumprir a sua – Contrato bilateral – Artigo 476 do Código Civil. Negócio jurídico que deve ser

preservado porque a mora da compradora derivou do inadimplemento da vendedora – Hígido o pacto,

não há que se falar em reintegração de posse – Desprovimento do recurso.

Pesquisa livre - site do TJRJ.

Assunto: indenização por extração de dente errado

Evidentemente que a inversão do dente a ser extraído (mesmo em se tratando de extranumerário, aquele

que excede aos 22 de leite e aos 36 definitivos), ensejou situação desagradável, o dissabor e a frustração,

não havendo que se exigir a comprovação do sofrimento de quem não obtém tratamento de saúde

adequado, estando correta a fixação da verba indenizatória pelo dano moral.(...)

Consequentemente será mantido o valor do dano moral, R$ 10.000,00, porque observados os critérios da

razoabilidade e da proporcionalidade.

Apenas no tocante à aplicação dos juros de mora, de 1% ao mês, a Sentença será modificada, porque não

se trata de responsabilidade extracontratual a permitir a incidência da Súmula 54 do Superior Tribunal de

Justiça, mas de responsabilidade contratual, ensejando juros a contar da citação, na forma do artigo 219

do Código de Processo Civil, artigos 405 e 406 do Código Civil e artigo 161, parágrafo 1º do Código

Tributário Nacional.

Assunto: Prescrição Administrativa e honorários advocatícios

DES. CAMILO RIBEIRO RULIERE - Julgamento: 18/06/2013 - PRIMEIRA CAMARA CIVEL 

Não ocorrendo o enquadramento funcional, aplica-se a regra do parágrafo 1º do artigo 5º da Lei nº

5.170/95, que prevê a progressão automática do funcionário, com base no tempo de serviço.

Preenchimento dos requisitos legais - Direito ao enquadramento, com a percepção das diferenças

remuneratórias, observada a prescrição quinquenal, com base no artigo 4º do Decreto nº 20.910/32,

porque o requerimento administrativo suspende o prazo prescricional. Redução dos honorários

advocatícios de 10% para 5% sobre o total da condenação dada à natureza da causa, com pouca

complexidade e de curso corrente no Judiciário local - Artigo 20, parágrafo 4º, do Código de

Processo Civil - Provimento parcial à Apelação e Modificação parcial da Sentença no duplo grau

obrigatório de jurisdição.

Assunto: Incabível retirar negativação de consumidor inadimplente

DES. CAMILO RIBEIRO RULIERE - Julgamento: 11/06/2013 - PRIMEIRA CAMARA CIVEL 

Ação Indenizatória por Danos Morais Inscrição do nome do autor nos cadastros restritivos de crédito -

Contrato de abertura de crédito a prazo - Financiamento em 20 parcelas mensais - Pagamento de 16

mensalidades. Contrato e Pedido de Compra que apresentam assinaturas semelhantes à constante na

procuração - Aplicação da regra do artigo 335 do Código de Processo Civil - Improvável que alguém

obtenha crédito em nome de terceiros, pague parte substancial do débito e se torne inadimplente. Atraso

imotivado no pagamento de dívida que não pode ser imputada a outrem Culpa exclusiva do consumidor a

justificar a negativação - Aplicação do artigo 14, parágrafo 3º da Lei 8.078/90 - Reforma da Sentença -

Provimento da Apelação.

“A regra de experiência comum prevista no artigo 335 do Código de Processo Civil torna certo que

fraudadores não pagam dívidas havidas de forma irregular, muito menos, a quase totalidade desta”

“Portanto será provido o recurso, com a improcedência dos pedidos e a condenação do autor ao

pagamento das despesas processuais e honorários advocatícios fixados em 10% sobre o valor dado à

causa, observada gratuidade de justiça.”

Assunto: Papel do Código de Defesa do Consumidor

DES. CAMILO RIBEIRO RULIERE - Julgamento: 11/06/2013 - PRIMEIRA CAMARA CIVEL 

Ação de Rescisão de Contrato de Compra de Automóvel e Rescisão de Financiamento cumulada com

Indenizatória - Alegação de vício oculto - Veículo adquirido com 11 anos de uso. Conjunto probatório

que não revela qualquer prejuízo ao autor, já que não foram comprometidas as condições previamente

ajustadas - Ausência de elementos capazes de comprovar a existência de qualquer vício que macule o

contrato - Validade do documento. Defeitos apresentados pelo veículo condizentes com sua data de

fabricação e tempo de uso - Valor de aquisição compatível com o estado do veículo. Código de Defesa do

Consumidor que se inspira na vulnerabilidade do consumidor para protegê-lo, sempre que necessário, mas

seu objetivo não é estimular a inadimplência ou o descumprimento das cláusulas contratuais, ao contrário,

devem ser sempre observados os princípios da boa-fé e do equilíbrio que regulam as relações

consumeristas, nos termos do inciso III do artigo 4º do referido Diploma - No mesmo sentido o artigo 422

do Código Civil - Desprovimento da Apelação.

Assunto: Responsabilidade da corretora por venda de imóvel

DES. CAMILO RIBEIRO RULIERE - Julgamento: 21/05/2013 - PRIMEIRA CAMARA CIVEL 

Ação de Indenização objetivando a rescisão de negócio jurídico c/c devolução de arras em dobro

Sentença que determina que o promitente vendedor devolva, de forma simples, o sinal, e extingue o feito,

sem resolução do mérito, em relação à empresa corretora. Promessa de compra de imóvel que não se

consumou por pender litígio sobre o bem, fato desconhecido da promissária compradora, que não foi

alertada. Responsabilidade do promitente vendedor pela devolução, em dobro, das arras Artigo 418

do Código Civil.Responsabilidade da corretora porque fez constar, no Instrumento Particular, em papel

timbrado, que o imóvel se encontrava livre e desembaraçado de quaisquer ônus, hipotecas legais,

demandas judiciais e extrajudiciais, tornando aplicável a regra do artigo 723 e parágrafo único

do Código Civil. Modificação da Sentença, com condenação do promitente vendedor e da corretora a

restituir, em dobro, as arras pagas, com correção monetária e juros de mora - Provimento da Apelação.

“A corretora responde pelas consequências da não concretização da venda, porque alterou a realidade da

situação do imóvel, tornando-se solidariamente responsável com o promitente vendedor pela restituição,

em dobro, do sinal dado, no valor de R$ 10.000,00, perfazendo o total de R$ 20.000,00, importância que

será acrescida de juros de mora de 1% ao mês e correção monetária desde o pagamento, como consta na

Sentença. Despesas processuais e honorários advocatícios de 10% sobre a condenação, a cargo dos réus.”

Assunto: Alienação Parental

DES. CAMILO RIBEIRO RULIERE - Julgamento: 14/05/2013 - PRIMEIRA CAMARA CIVEL 

SINDROME DA ALIENACAO PARENTAL 

DISPUTA ENTRE GENITORES 

DEVER DE GUARDA DOS PAIS 

IMPOSSIBILIDADE DE ALTERACAO 

OBRIGACAO ALIMENTAR COMUM AOS PAIS 

FIXACAO DE VISITACAO LIVRE 

Ação de Guarda proposta por genitor, objetivando exercer de forma exclusiva a guarda de seus dois

filhos. Sentença suficientemente fundamentada que julgou parcialmente procedente o pedido, concedendo

ao pai a guarda do filho Douglas e à mãe, da filha Milena. Estabelece o artigo 229 da Constituição

Federal que os pais têm o dever de assistir, criar e educar os filhos menores, arcando com as despesas de

manutenção dos mesmos - No mesmo sentido o artigo 1.696 do Código Civil. Manifestação da menor no

sentido de desejar conviver harmonicamente com ambos os genitores Impossibilidade de uma solução

amigável. Contexto probatório que não aponta nenhuma circunstância no sentido da não recomendação da

permanência da menor com a mãe, mas muito pelo contrário, tão somente evidencia uma pretensão

desesperada do apelante em denegrir a imagem da ex-esposa. Ausência de qualquer elemento de prova

acerca da má conduta da guardiã, inexistindo, desta forma, qualquer fundamento a justificar a alteração da

guarda faticamente consolidada com a recorrida desde a data da separação dos litigantes. Caracterizada a

Síndrome da Alienação Parental e suas prejudiciais consequências psicológicas suportadas pelas vítimas.

Direito a visitação livre - Mantença da Sentença - Desprovimento do recurso.

Assunto: Alimentos

DES. CAMILO RIBEIRO RULIERE - Julgamento: 14/05/2013 - PRIMEIRA CAMARA CIVEL 

Ação de Oferecimento de Alimentos proposta em face de ex-esposa - Sentença julgando parcialmente

procedente o pedido, fixando os alimentos em 12% dos vencimentos líquidos do autor, junto a todas as

suas fontes pagadoras. Dever de mútua assistência previsto no artigo 1.566, inciso III, do Código Civil -

Recurso de ambas as partes impugnando o percentual arbitrado - Casal separado de fato desde o ano de

1996 - Ré que conta hoje com mais de sessenta anos e nunca retornou ao mercado de trabalho - Autor que

constituiu nova família, inclusive com filha menor de idade. Dispõe o parágrafo 1º do artigo 1.694

do Código Civil, que os alimentos serão concedidos sempre em conformidade com os critérios da

razoabilidade e proporcionalidade, de acordo com as necessidades dos alimentados e dos recursos do

alimentante Sentença proferida em consonância com o conjunto probatório- Manutenção da sentença -

Desprovimento da Apelação e do Recurso Adesivo.

Assunto: Artigo 1.225

DES. CAMILO RIBEIRO RULIERE - Julgamento: 14/05/2013 - PRIMEIRA CAMARA CIVEL 

Ação de Arrolamento e Partilha de Bens Pretensão do autor a partilha de casa construída em terreno que

não pertence às partes. Edificação pretendida que foi construída em imóvel de propriedade do genitor da

ré - Aplicação do artigo 1.255 do Código Civil, que dispõe que aquele que edifica em terreno alheio

perde em proveito do proprietário as construções, tendo direito à indenização, se procedeu de boa-fé -

Imóvel pertencente a terceiros que não pode ser objeto de partilha - Indenização que poderá ser pleiteada

pela via própria, em face do proprietário do imóvel - Desprovimento da Apelação.

Assunto: Indenização por vício no produto

DES. CAMILO RIBEIRO RULIERE - Julgamento: 14/05/2013 - PRIMEIRA CAMARA CIVEL 

Ação de Obrigação de Fazer cumulada com Indenização por Danos Materiais e Morais Aquisição de

motocicleta zero quilômetro para uso particular - Alegação de vício de fabricação. Prova pericial que

confirma a existência de problemas decorrentes de desgastes naturais e do uso da motocicleta - Registro

de revisões de garantia junto à concessionária - Quilometragem superior à média nacional, a indicar o

intenso uso do veículo - Autor que não fez prova de seu direito - Artigo 333, inciso I do  Código de

Processo Civil Desprovimento da Apelação.

Assunto: Indenização por morte de irmão

DES. CAMILO RIBEIRO RULIERE - Julgamento: 14/05/2013 - PRIMEIRA CAMARA CIVEL 

Ação Indenizatória - Acidente de trânsito consistente no atropelamento e morte do irmão da autora por

ônibus de propriedade da empresa ré. Responsabilidade objetiva da empresa - Artigo 37, parágrafo 6º da

Constituição Federal e artigo 927, parágrafo único doCódigo Civil - Inexistência de ato imputável à

vítima, a escusar a responsabilidade da empresa. Conjunto probatório que comprova a existência de nexo

causal entre o atuar desidioso do preposto da ré e a morte do irmão da autora - Artigo 932, inciso III do

DiplomaCivil. Danos morais demonstrados, cujo valor não observou os critérios da proporcionalidade e

da razoabilidade, merecendo ser majorado - Artigos 186 e 944 do Código Civil - Provimento da

Apelação.

“Além disso, doutrina e jurisprudência têm se orientado no sentido de que, na apuração do valor dessa

verba, devem ser consideradas as condições do ofensor, do ofendido e do bem jurídico lesado.”

“Bem ponderadas essas diretrizes e diante do princípio de que o dano não pode ser fonte de lucro e da

circunstância de que essa reparação não tende a restitutio in integrum do dano causado, senão a uma

compensação pelo sofrimento com a perda do parente, a quantia de R$ 5.000,00 mostra-se insuficiente,

devendo ser majorada para a quantia de R$ 20.000,00 (vinte mil reais), em atenção aos critérios de

razoabilidade e de proporcionalidade e ao citado artigo 944 do Código Civil. Há que se levar em conta,

ainda, a informação de fl. 104, dando conta da existência de outras demandas com o mesmo objeto desta,

sugerindo a ideia de que outros parentes do extinto buscaram indenização em face da morte do irmão da

autora.”

Assunto: Indenização por impossibilidade de colação de grau

DES. CAMILO RIBEIRO RULIERE - Julgamento: 14/05/2013 - PRIMEIRA CAMARA CIVEL 

Ação objetivando indenização por danos morais suportados em virtude de ter sido impedida de colar grau

junto com a sua turma, sob a alegação de que estaria irregular no tocante ao ENADE - Exame Nacional

de Desempenho dos Estudantes. Conjunto probatório que comprova que a demandante, apesar de

devidamente inscrita, não realizou o exame na qualidade de ingressante na universidade - Artigo 5º da Lei

nº 10.861 de 2004 que determina que seja realizado tanto o exame de ingresso, quanto o de conclusão do

curso - Portaria do Ministério da Educação nº 760, que não é clara em relação à dispensa da realização

dos dois exames exigidos, quais sejam, o de ingresso e de conclusão. Apesar da relação jurídica em

questão ser regida pelo Código de Defesa do Consumidor, não há que se falar em ato ilícito praticado,

porque a ré cumpriu as determinações legais, agindo em exercício regular do direito - Artigo 188, inciso I

do Código Civil. Inexistência de dano moral, haja vista a culpa exclusiva da consumidora, que deu causa

ao evento narrado na inicial, ao deixar de realizar o exame em questão na época devida, mesmo estando

devidamente inscrita - Artigo 14, parágrafo 3º, inciso II da Lei 8.078/90 - Desprovimento da Apelação.

Assunto: Indenização por remanejamento de aulas

DES. CAMILO RIBEIRO RULIERE - Julgamento: 30/07/2013 - PRIMEIRA CAMARA CIVEL 

Ação de Responsabilidade Civil objetivando indenização por danos morais, cumulada com Obrigação de

Fazer, suportados em razão dos transtornos e prejuízos advindos da desativação do campus Queimados,

situado no Município do mesmo nome e consequente transferência do serviço educacional prestado ao

autor para a unidade de São João de Meriti. Contrato de Prestação de Serviços Educacionais -

Possibilidade de remanejamento das aulas ou locais onde as mesmas poderão ser ministradas - Previsão

na Lei de Diretrizes e Bases, Lei nº 9.394/96, artigo 53, inciso I. A previsão de remanejamento do local

do curso não afasta a pretensão por dano ao aluno. Comprovação dos alegados danos morais, em

decorrência dos significativos transtornos decorrentes do deslocamento para outro Município, onde se

localiza o campus a ser frequentado pelo autor - Redução do valor da mensalidade que não afasta o dano

moral Desprovimento do recurso.

1ª Ementa

DES. CAMILO RIBEIRO RULIERE - Julgamento: 16/07/2013 - PRIMEIRA CAMARA CIVEL 

Ação de Adjudicação Compulsória - Incorporação imobiliária - Obra inacabada - Formação de Comissão

de Representantes em Regime de Administração Própria - Imóvel arrematado em Leilão Extrajudicial.

Prova documental que comprova o pagamento integral do preço feito pela autora e, consequentemente,

seu direito ao reconhecimento de exigir a outorga da escritura definitiva de compra e venda do imóvel em

questão - Aplicação das regras do artigo 22 do Decreto-lei nº 58/37 e artigos 466-A e 466-B do Código de

Processo Civil Desprovimento da Apelação.

Assunto: Benfeitorias e aluguel em comodato

DES. CAMILO RIBEIRO RULIERE - Julgamento: 09/07/2013 - PRIMEIRA CAMARA CIVEL 

Ação de Reintegração de Posse ¿ Comodato verbal ¿ Notificação extrajudicial ¿ Constituição em mora.

Agravo retido alvejando decisão que indeferiu a redesignação de audiência para oitiva de testemunhas,

que não merece prosperar Defensoria Pública presente ao ato e devidamente intimada da obrigatoriedade

de apresentação do endereço das testemunhas arroladas pelos réus, e que permaneceu inerte. Contexto

probatório que corrobora a versão autoral de comodato verbal do imóvel objeto da ação ¿ Ausência de

verossimilhança na tese de defesa de suposta promessa de compra e venda não concretizada em razão do

desaparecimento dos autores do local para receber o preço acordado. Nulidade da Sentença ¿ Inocorrência

¿ Desnecessidade de prova pericial ¿ Relação jurídica consistente em comodato ¿ Indenização por

benfeitorias supostamente realizadas no imóvel ¿ Pretensão que não merece acolhida ¿ Artigo 584 do

Código Civil. Correta fixação de aluguel ¿ Quantum que respeitou os parâmetros para a localidade

Desprovimento da Apelação.

“Logo, reconhecida a relação jurídica consistente em comodato, incabível o pleito de indenização por

ausência de prova de benfeitorias realizadas pelos réus. Além disso, o artigo 584 do Código Cível é

cristalino ao prever que o comodatário não poderá jamais recobrar do comodante as despesas feitas com o

uso e gozo da coisa emprestada.”

Assunto: Cobrança de valores por associação de moradores

DES. CAMILO RIBEIRO RULIERE - Julgamento: 02/07/2013 - PRIMEIRA CAMARA CIVEL 

ASSOCIACAO DE MORADORES 

COBRANCA DE CONTRIBUICOES SOCIAIS 

ISENCAO DA OBRIGATORIEDADE 

LIBERDADE DE ASSOCIACAO 

GARANTIA CONSTITUCIONAL DA LEGALIDADE 

Dispõe o artigo 5º, incisos II, XVII e XX da Constituição Federal que ninguém será obrigado a fazer ou

deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei, sendo plena a liberdade de associação para fins

lícitos e nenhuma pessoa poderá ser compelida a associar-se ou a permanecer associada. Se o proprietário

ou morador de imóvel que se situa em área administrada por associação de moradores não desejar integrar

a referida associação, ou pretender a exclusão, não poderá ser compelido a fazer parte da mesma, sob

pena de violação de princípios básicos constitucionais, vinculados aos direitos e garantias fundamentais.

Na realidade, a reunião de moradores visando segurança, limpeza e administração de área pública, não

pode justificar a obrigação de todos os proprietários de participarem da associação, porque o dever de

segurança e de limpeza é do Poder Público e as ruas administradas pela associação são bens públicos e de

uso comum do povo, conforme dispõe o artigo 99, inciso I do Código Civil. Os proprietários pagam

tributo em virtude do serviço de limpeza pública, e constituiria bis in idem o pagamento de valor com a

mesma destinação para a associação. Acrescente-se que no caso dos autos o réu ainda arca com o

pagamento das cotas relativas ao condomínio edilício, sendo indevida a cobrança cumulativa com a taxa

de associação - Inexistência de relação jurídica entre as partes a justificar a cobrança de contribuições

sociais - Desprovimento da Apelação.

ATENÇÃO, cuidado com a súmula 79 do E. TJRJ: "Em respeito ao princípio que veda o enriquecimento

sem causa, as associações de moradores podem exigir dos não associados, em igualdade de condições

com os associados, que concorram para o custeio dos serviços por elas efetivamente prestados e que

sejam do interesse comum dos moradores da localidade".

Assunto: Bloqueio de contas públicas

DES. CAMILO RIBEIRO RULIERE - Julgamento: 02/07/2013 - PRIMEIRA CAMARA CIVEL 

Agravo Legal alvejando Decisão Monocrática que, na forma do artigo 557, parágrafo 1º-A do Código de

Processo Civil, deu provimento ao Agravo de Instrumento. Bloqueio das contas públicas dos réus no

valor de R$8.310,00, para a realização de trinta sessões de Oxigenoterapia Hiperbárica, em razão da

continuidade do tratamento da parte autora. Orçamentos emitidos exclusivamente pela clínica particular

Hiperbárica Hospitalar Verificação da necessidade de continuidade do tratamento a realizada por médico

integrante da rede pública de saúde e, não, pela mencionada clínica particular - Desprovimento do Agravo

Legal.

“Logo, razoável que se exija, para o cumprimento da medida pleiteada, a apresentação de receituário

atualizado e emitido por médico conveniado ao sistema público de saúde, a fim de se evitar a prescrição

de tratamentos/medicamentos sem controle e sem o crivo do profissional vinculado ao sistema de saúde.”

Assunto: Descumprimento de liminar pelo Poder Público

DES. CAMILO RIBEIRO RULIERE - Julgamento: 02/07/2013 - PRIMEIRA CAMARA CIVEL 

Agravo Legal alvejando Decisão Monocrática que, na forma do artigo 557 do Código de

Processo Civil, deu provimento ao Agravo de Instrumento. Medicamento - Imposição de multa pessoal

ao Sr. Presidente da Fundação Municipal de Saúde de Petrópolis e do Sr. Prefeito, initio litis,

descabimento. A norma prevista no artigo 14, inciso V e parágrafo único do Código de

Processo Civil, possibilita a sanção ao "responsável" que desrespeitar o cumprimento da obrigação

imposta em provimento antecipatório, podendo incidir sobre o patrimônio pessoal do Presidente da

Fundação e do Prefeito Municipal, desde que haja intimação pessoal para cumprir a obrigação, não

cabendo a medida, originariamente - Mantença da decisão monocrática - Desprovimento do Agravo

Legal.

Assunto: Direito de concorrência

DES. CAMILO RIBEIRO RULIERE - Julgamento: 11/06/2013 - PRIMEIRA CAMARA CIVEL 

Ação Civil Pública proposta pelo Ministério Público em face de postos de gasolina de Nova Friburgo, sob

a alegação de que os réus adotaram prática de alinhar os preços de revenda de combustíveis, de comum

acordo, frustrando a concorrência e prejudicando o consumidor - Formação de Cartel. Sentença de

improcedência do pedido, sob o fundamento da insuficiência de provas. Examinando o conjunto

probatório verifica-se que o Laudo da Agência Nacional de Petróleo concluiu haver indícios de infração

contra a ordem econômica nos mercados de distribuição e revenda de gasolina em Nova Friburgo.

Todavia, tais indícios deveriam ser comprovados de forma induvidosa, ao longo da instrução do feito,

principalmente, com a demonstração inequívoca de que os empresários do ramo de comércio de postos de

gasolina procederam à combinação dos preços dos combustíveis. Da mesma forma, a prova oral colhida,

também não foi suficiente para demonstrar a existência de ajustamento de conduta entre os postos de

gasolina, ora demandados. Ausência de prova pericial a demonstrar o alinhamento de preços e aumento

arbitrário de lucro. Suposto alinhamento de preços fulminado pela decisão do Conselho Administrativo de

Direito Econômico - CADE, no sentido de arquivar o procedimento da averiguação preliminar. Não

obstante a Lei nº 8.884/94, não exigir a necessidade de que o resultado seja efetivamente alcançado, isto

não exime o autor de comprovar a prática das condutas descritas nos artigos 20 e 21da mencionada

legislação - Mantença da Sentença Desprovimento da Apelação.

Assunto: Furto em estacionamento de supermercado e incidência de juros

DES. CAMILO RIBEIRO RULIERE - Julgamento: 11/12/2012 - PRIMEIRA CAMARA CIVEL 

Ação de Indenização por Danos Materiais e Morais - Furto de GPS e Notebook, com dano ao automóvel

do autor, ocorrido em estacionamento de supermercado. Relação de Consumo - Contexto probatório que

aponta para a veracidade dos fatos narrados na exordial. A responsabilidade da empresa ré ostenta

natureza objetiva - Dever de indenizar decorrente do risco do empreendimento - Fortuito interno. Prova

no sentido de que a empresa agiu negligentemente, deixando de adotar as cautelas mínimas exigíveis em

tais situações, não evitando o dano ao consumidor. Matéria sumulada no verbete 130 do Superior

Tribunal de Justiça - Condenação do réu ao pagamento dos Danos materiais e morais - Quantum

indenizatório fixado em observância aos critérios da razoabilidade e proporcionalidade. Modificação da

Sentença em relação a incidência dos juros de mora, que devem fluir a partir da citação, por se tratar de

relação contratual - Artigo 219 do Código de Processo Civil c/c artigo 406 do Código Civil e 161,

parágrafo 1º do Código Tributário Nacional Provimento parcial do Recurso.

Assunto: Impedimento do juiz

DES. CAMILO RIBEIRO RULIERE - Julgamento: 27/11/2012 - PRIMEIRA CAMARA CIVEL 

Agravo de Instrumento - Decisão Interlocutória que determinou a exclusão do novo advogado constituído

pelo autor, na fase de Sentença, sob o fundamento de que tal situação visa burlar flagrantemente o

princípio do juiz natural e criar de forma artificial a suspeição ou impedimento do magistrado, o que vai

de encontro aos próprios anseios da Justiça. Advogado envolvido em ocorrência conduzida pelo

magistrado, decorrente de incidente em rodovia, que culminou com a prisão do causídico. O parágrafo

único do artigo 134 do Código de Processo Civil somente possibilita o impedimento do advogado

constituído na causa, no caso do inciso IV, quando o magistrado já presidia o processo - Em se tratando

de norma restritiva de direito, não cabe a interpretação extensiva. Direito de o advogado continuar na

causa Provimento do Agravo de Instrumento.

Assunto: Contrato de seguro e reajuste da mensalidade

DES. CAMILO RIBEIRO RULIERE - Julgamento: 27/11/2012 - PRIMEIRA CAMARA CIVEL 

Ação de Obrigação de Fazer c/c Indenizatória e Repetição de Indébito - Plano de saúde - Declaração de

nulidade de cláusulas de reajuste da mensalidade em virtude de alteração por faixa etária - Prática abusiva

- Vedação legal. Inaplicabilidade da prescrição ânua prevista no artigo 206, parágrafo 1°, inciso II do

Código Civil - Aplicação do prazo quinquenal de convalidação previsto no artigo 27 da Lei 8.078/90,

tendo em vista consubstanciar fato do serviço - Desprovimento do Agravo Retido. Relação de Consumo -

Dicção dos artigos 2º e parágrafo 2º do artigo 3º da Lei 8.078/90. O parágrafo 3º do artigo 15 da Lei nº

10.741/2003, Estatuto do Idoso, veda ". a discriminação do idoso nos planos de saúde pela cobrança de

valores diferenciados em razão da idade.". O artigo 15, parágrafo único da Lei nº 9.656/1998 proíbe o

aumento de mensalidade para o usuário com mais de 60 anos de idade e permanência de 10 anos no plano

de saúde, situação dos autos - Ilegalidade de cláusula contratual em sentido contrário. Restituição do

indébito, na forma simples. Apelação da autora pretendendo a declaração de abusividade da cláusula que

permite aumento por faixa etária, porque violaria o Estatuto do Idoso. O interesse recursal consiste na

possibilidade de se obter, através da Apelação, situação mais vantajosa do que a auferida na Sentença. No

entanto, a Sentença reconheceu a abusividade da cláusula que possibilita aumento por faixa etária, por

contrariar as regras estabelecidas pela Agência Nacional de Saúde, não precisando esgotar as razões que

ensejaram a procedência do pedido e mencioná-las na parte dispositiva do decisum - Ausência de

interesse em apelar - Desprovimento do Agravo Retido e da Apelação da ré e não conhecimento do

recurso da autora.

Assunto: Crime de responsabilidade e improbidade administrativa

DES. CAMILO RIBEIRO RULIERE - Julgamento: 13/11/2012 - PRIMEIRA CAMARA CIVEL 

Ação Civil Pública - Improbidade Administrativa - Decisão saneadora indeferindo a produção de prova

testemunhal e documental, consistente em expedição de ofício à Secretaria Estadual de Saúde. Agravo de

Instrumento objetivando a reforma da decisão interlocutória, além de sustentar a necessidade de extinção

do feito em razão da inaplicabilidade da Lei de Improbidade Administrativa aos agentes políticos.

Expressão agente público constante do artigo 2º da Lei 8.429/92 que inclui os agentes políticos. Os

crimes de responsabilidade, tipificados na Lei nº 1.079/50, possuem a natureza de infrações

administrativo-políticas, distinta dos crimes comuns, de natureza penal, e dos atos de improbidade

administrativa, de natureza cível - Lei nº 8.429/92 que é aplicável a todos os agentes públicos. Artigo 37,

parágrafo 4º da Constituição Federal que estabelece sanções para os atos de improbidade administrativa,

sem prejuízo da ação penal cabível - Impossibilidade de extinção do feito sem resolução do mérito.

Requerimento de provas realizado no momento oportuno - Artigo 332 do Código de Processo Civil -

Indeferimento que importa em evidente cerceamento de defesa Violação aos princípios constitucionais do

contraditório e da ampla defesa - Reforma do decisum, com deferimento de produção de prova

testemunhal e expedição de ofício à Secretaria Estadual de Saúde - Provimento parcial do Recurso.

Assunto: Prescrição para licença prêmio

DES. CAMILO RIBEIRO RULIERE - Julgamento: 13/11/2012 - PRIMEIRA CAMARA CIVEL 

Ação de Obrigação de Fazer - Servidora Pública Municipal - Licença prêmio não gozada - Prescrição -

Inocorrência - Honorários advocatícios. A autora ingressou com processo administrativo junto à

Prefeitura Municipal de Barra Mansa requerendo a licença prêmio referente ao período de 1996/2001,

sendo informada que o gozo da licença não seria possível, pois já havia ocorrido a prescrição. O termo a

quo para a prescrição é a data da aposentadoria. Honorários advocatícios razoavelmente fixados -

Aplicação do artigo 20, parágrafo 4º do Código de Processo Civil Desprovimento do Recurso.

“Ao contrário do que suscita o apelante, enquanto o servidor municipal estiver em atividade, não

prescreve o direito à concessão de licença prêmio. Também o direito à conversão de licença prêmio em

pecúnia é imprescritível, iniciando-se o lapso temporal na data da aposentadoria, que, no caso sob análise,

não ocorreu.”

Assunto: Lei de Usura e Companhia de cartão de crédito

DES. CAMILO RIBEIRO RULIERE - Julgamento: 06/11/2012 - PRIMEIRA CAMARA CIVEL 

Ação de conhecimento visando à nulidade de cláusulas contratuais que permitem a cobrança de juros

capitalizados e repetição de indébito Súmula 283 do Superior Tribunal de Justiça. As empresas

administradoras de cartão de crédito são instituições financeiras e, por isso, os juros remuneratórios por

elas cobrados não sofrem as limitações da Lei de Usura. A matéria envolvendo a cláusula-mandato,

também está pacificada nesta Corte através da Súmula 77, que a considera válida. Anatocismo -

Reconhecimento de nulidade de cláusulas contratuais que permitam a capitalização mensal de juros -

Violação do artigo 591 do Código Civil, do artigo 51, incisos IV e XV da Lei 8.078/90 e da Súmula 121

do Supremo Tribunal Federal. Restituição do indébito, em dobro - Artigo 42, parágrafo único da Lei nº

8.078/90 Desprovimento da Apelação da instituição financeira e parcial provimento ao recurso da autora.

“Portanto, é nula qualquer cláusula contratual que permita a capitalização de juros, mensalmente ,

conforme dispõem os incisos IV e XV do artigo 51 da Lei nº 8.078/90, porque abusiva a cláusula que

possibilita o anatocismo mensal, ensejando desvantagem exagerada, estando em desacordo com o sistema

de proteção ao consumidor.”

Assunto: Exceção do contrato não cumprido

DES. CAMILO RIBEIRO RULIERE - Julgamento: 13/11/2012 - PRIMEIRA CAMARA CIVEL 

Ação Indenizatória - Descumprimento de Contrato de Compra e Venda de Fundo de Comércio Alegação

de culpa da vendedora, em virtude de inadimplemento das cláusulas pactuadas. Comerciante que se

obriga a transferir o domínio dos bens instrumentais que dão suporte à atividade mercantil - Adquirente

que se obriga a pagar pela aquisição Trespasse - Artigo 1.146 do Código Civil. Cláusula contratual que

impõe à vendedora dívidas ou débitos perante terceiros, realizados antes da celebração da avença.

Nenhum contratante pode exigir o implemento da obrigação do outro, antes de cumprir a sua - Contrato

bilateral - Artigo 476 do Código Civil. Negócio jurídico que deve ser preservado porque a mora da

compradora derivou do inadimplemento da vendedora - Hígido o pacto, a vendedora deve ressarcir à

compradora as despesas que teve em razão de débitos anteriores ao trespasse - Desprovimento do recurso.

Assunto: Indenização por morte de segurado em seguro de vida em grupo

DES. CAMILO RIBEIRO RULIERE - Julgamento: 06/11/2012 - PRIMEIRA CAMARA CIVEL 

Ação Indenizatória - Seguro de vida em grupo Morte do segurado - Ausência de pagamento da

indenização à esposa/beneficiária. Existência do contrato de seguro que restou incontroversa Autora que

logrou comprovar que formulou requerimento para o pagamento da indenização, sendo descabida a

alegação de que esta não teria apresentado outros documentos para regulação do sinistro. Alegada

inadimplência do segurado que não restou demonstrada nos autos -Demonstrativos de pagamento que

revelam que os valores referentes aos prêmios eram descontados diretamente em folha de pagamento -

Responsabilidade da seguradora, pela indenização securitária. Apelante que deve ser condenada ao

pagamento de apenas 50% do capital segurado tendo em vista a existência de mais dois beneficiários,

filhos do segurado, que não integram o polo ativo da presente demanda - Inexistência de prova de que

estes tenham renunciado os seus direitos em favor da autora - Artigo 792 do Código Civil - Parcial

provimento da Apelação.

Assunto: Over booking

DES. CAMILO RIBEIRO RULIERE - Julgamento: 06/11/2012 - PRIMEIRA CAMARA CIVEL 

Ação Indenizatória - Contrato de transporte aéreo de passageiros - Over booking - Autor que se viu

obrigado a pagar tarifa mais cara para embarcar em outro voo, sete horas depois, perdendo conexão.

Relação de Consumo - Fato do serviço - Artigo 14 do Código de Defesa do Consumidor - Falha na

prestação do serviço de transporte aéreo. Comprovação do dano material - Quantificação da verba

indenizatória por dano moral que observou os critérios de razoabilidade e de proporcionalidade. Verba

arbitrada pela Sentença a título de honorários advocatícios, que se afigura adequada diante do grau de

complexidade da causa e do trabalho desenvolvido pelo patrono do autor - Aplicação do artigo 20,

parágrafo 3º do Código de Processo Civil. Correção monetária no dano material devida a partir do

desembolso por se tratar de relação contratual - Desprovimento da Apelação do réu e parcial provimento

do Recurso do autor.

“Nesses termos, observa-se que o quantum indenizatório, arbitrado pela Magistrada a quo, em R$

6.000,00, observou os critérios de razoabilidade e de proporcionalidade, não cabendo redução ou

majoração.”

“Registre-se que o dano material restou sobejamente comprovado em fl. 31, e está relacionado com a

diferença do valor da tarifa entre os voos, por conta do mencionado over booking, por culpa da ré. “

“Por derradeiro, em relação à correção monetária no dano material, a r. Sentença merece pequeno

retoque, sendo que, por se tratar de relação contratual, a mesma é devida desde a data do evento danoso,

em 27/02/2011, fl. 31.”

Assunto: União estável e causas suspensivas

DES. CAMILO RIBEIRO RULIERE - Julgamento: 30/10/2012 - PRIMEIRA CAMARA CIVEL 

Ação Declaratória e de Reconhecimento de União Estável c/c Dissolução - Pretensão autoral consistente

na partilha de casa reconstruída. O artigo 1.725 do Código Civil, ao prever que na união estável se aplica

o regime da comunhão parcial de bens, quando inexistente contrato escrito, não engloba as situações

maculadas por causa suspensiva do matrimonio e que impõem ao casamento o regime da separação de

bens (artigos 1.523, inciso III e 1641, inciso I do Código Civil - ausência de partilha na anterior separação

do cônjuge-varão). Exclusão de direito sobre imóvel adquirido antes da convivência do casal, cuja casa

foi reformada pelo varão, em virtude de estar infestada por cupins - Mantença da Sentença

Desprovimento da Apelação.

Assunto: Arrematação e meação do cônjuge

DES. CAMILO RIBEIRO RULIERE - Julgamento: 02/10/2012 - PRIMEIRA CAMARA CIVEL 

Embargos à Arrematação - Alegação de nulidade da Execução porque não intimado, da penhora sobre

imóvel, o cônjuge do executado. Não houve a intimação do cônjuge do executado porque não constava a

averbação do casamento do devedor perante o Registro Imobiliário, descumprindo-se a regra do artigo

167, inciso II, item 5 da Lei nº 6.015/73. O credor não teria condições de adivinhar o nome e residência

de cônjuge de devedor residente em outro país, Portugal. Inexistência de violação ao artigo 655, parágrafo

2º do Código de Processo Civil - Respeito à meação do cônjuge, na forma do artigo 655-B, porque

reservado 50% do produto da alienação para o cônjuge mulher - Retificação da Sentença para julgar

improcedentes os Embargos Desprovimento da Apelação.

Assunto: Teoria da Asserção e risco do empreendimento

DES. CAMILO RIBEIRO RULIERE - Julgamento: 02/10/2012 - PRIMEIRA CAMARA CIVEL 

Ação de Obrigação de Fazer cumulada com Indenizatória - Danos materiais e morais - Contrato de

cirurgia plástica vinculado a contrato de financiamento (Cédula de Crédito Bancária) - Valor

disponibilizado pela instituição financeira em favor da clínica de cirurgia estética. Enfermidades que

acometeram a autora, impedindo a realização da cirurgia estética - Solicitação de cancelamento dos

contratos, não aceita - Negativação indevida Falha na prestação do serviço - Responsabilidade solidária

dos réus. Legitimidade passiva - Teoria da Asserção - Artigo 25, parágrafo 1º da Lei Consumerista. O

caso em tela versa sobre relação de consumo, pois a autora é a destinatária final dos serviços prestados

pelos réus, conforme dispõe o artigo 2º do Código de Processo Civil e as demandadas enquadram-se na

definição de prestadoras de serviço, prevista no artigo 3º do mesmo diploma legal. Pela teoria do risco do

empreendimento, aquele que se dispõe a fornecer bens e serviços tem o dever de responder pelos fatos e

vícios resultantes dos seus negócios, independentemente de sua culpa, pois a responsabilidade decorre da

atividade de produzir, distribuir e comercializar ou executar determinados serviços. Dano Moral Quantum

indenizatório que além de observar os critérios da razoabilidade e proporcionalidade, atentou para o

caráter pedagógico e retributivo da verba, devendo ser mantido. Verba arbitrada a título de honorários

advocatícios, que se afigura adequada diante da ausência de complexidade da causa - Desprovimento das

Apelações.

“Nesse sentido, observa-se que o quantum indenizatório arbitrado pelo magistrado a quo em R$ 4.000,00,

observou os critérios da razoabilidade e proporcionalidade, não merecendo qualquer alteração.”

“In casu, a segunda apelante, na condição de financiadora do procedimento estético, deveria exigir que a

apelada lhe apresentasse, antes de liberar o financiamento, todos os documentos necessários à autorização

da cirurgia, dentre eles laudo médico e exames que atestassem as condições clínicas da consumidora. Ao

revés, a apelante liberou o financiamento à autora, e depositou o valor em favor da 1ª ré, sem solicitar

qualquer exame médico e, indevidamente, inseriu o CPF da mesma nos cadastros restritivos do crédito, fl.

72.”

Assunto: Responsabilidade por vício do produto e dano moral

DES. CAMILO RIBEIRO RULIERE - Julgamento: 28/08/2012 - PRIMEIRA CAMARA CIVEL 

Ação de Obrigação de Fazer c/c Indenização por Danos Morais - Aquisição de bicama - Defeito

apresentado dentro do prazo da garantia estendida. Relação de Consumo - Responsabilidade solidária e

objetiva do fabricante e do vendedor, conforme artigo 18 do Código de Defesa do Consumidor.

Acolhimento da preliminar de ilegitimidade da 2ª ré que merece reforma. Vício do produto - Dano moral

caracterizado - Situação que ultrapassa os limites do mero aborrecimento do cotidiano. Modificação da

Sentença para fixar o quantum indenizatório, em observância aos critérios da proporcionalidade e

razoabilidade - Ônus sucumbenciais que deverão ficar a cargo da parte ré, na forma do artigo 21,

parágrafo único do Código de Processo Civil Provimento da Apelação.

“Dessa forma, configurado o dano moral, posto que as rés não cumpriram com as suas obrigações de

forma adequada e, principalmente, eficaz, obrigando o autor a suportar constrangimentos e frustrações no

que tange ao devido funcionamento da bicama, impossibilitando o uso do produto por aproximadamente

mais de três anos, fato que, no caso em tela não gerou apenas um mero aborrecimento, mas foi capaz de

causar abalo psicológico.”

“Consequentemente merece modificação a Sentença, para condenar as rés, solidariamente, ao pagamento

de R$ 4.000,00, a título de ressarcimento pelos danos morais suportados pelo demandante, em

observância aos critérios da razoabilidade e da proporcionalidade, além do caráter pedagógico e

retributivo, importância que deverá ser monetariamente corrigida da prolação deste Acórdão e acrescida

de juros de mora de 1% ao mês a partir da citação.”

Assunto: Rescisão de contrato de consumo e danos morais

DES. CAMILO RIBEIRO RULIERE - Julgamento: 28/08/2012 - PRIMEIRA CAMARA CIVEL 

Ação de Obrigação de Fazer cumulada com Indenização por Danos Morais - Plano de saúde Rescisão

unilateral do contrato em prejuízo do consumidor sem a devida notificação Impossibilidade. Aplicação do

artigo 13 da Lei nº 9656/98 - A rescisão não precedida de notificação, como no caso em questão,

configura abuso do direito e não pode ser admitida, mormente quando os boletos das mensalidades

continuam a ser emitidos. Violação das garantias consumeristas, insertas nos artigo 6º, inciso IV e 51,

inciso IV da Lei nº 8.078/90 Ofensa ao princípio da boa fé objetiva dos contratos - Artigo 422 do

Código Civil. Danos morais configurados e fixados em consonância com a razoabilidade e

proporcionalidade, devendo ser mantidos [R$ 5.000,00] - Desprovimento da Apelação e do Recurso

Adesivo.

Assunto: Responsabilidade da transportadora por acidente de trânsito

DES. CAMILO RIBEIRO RULIERE - Julgamento: 28/08/2012 - PRIMEIRA CAMARA CIVEL 

Ação de Reparação de Danos - Acidente de trânsito envolvendo ônibus no qual o autor se encontrava na

qualidade de passageiro - Demandante que sofreu lesão corto contusa em região mentoniana, em pequena

proporção - Fato incontroverso. Responsabilidade objetiva da empresa transportadora - Artigo 37,

parágrafo 6º da Constituição Federal, artigo 927, parágrafo único do Código Civil e artigo 14 do Código

de Defesa do Consumidor. Dano moral que se verifica in reipsa Lesão leve sofrida pelo autor, não

justificando a exasperação pleiteada no apelo autoral - Quantum indenizatório que observou os critérios

da razoabilidade e proporcionalidade - Desprovimento da Apelação.

“Igualmente, não merece qualquer modificação as importâncias correspondentes ao dano estético (R$

800,00) e moral (1.000,00).”

Assunto: Fornecimento de energia elétrica e dano moral

DES. CAMILO RIBEIRO RULIERE - Julgamento: 28/08/2012 - PRIMEIRA CAMARA CIVEL 

Ação de Obrigação de Fazer c/c Indenizatória Fornecimento de energia elétrica - Substituição de medidor

analógico por eletrônico - Suspensão no fornecimento. Ausência de alteração no perfil de consumo da

autora, após a substituição do medidor analógico pelo eletrônico - Cobrança por valor superior ao devido

- Corte no fornecimento - Prova pericial conclusiva. Falha na prestação de serviços - Inexistência das

excludentes constantes no parágrafo 3º do artigo 14 do Código de Defesa do Consumidor. Caracterização

do dano moral, que se verifica in reipsa, bastando, apenas, a prova da conduta inadequada do fornecedor -

Valor do dano moral corretamente arbitrado [R$ 2.500,00] - Modificação da Sentença apenas no que

tange aos ônus sucumbências, que devem ser arcados pela ré - Artigo 21, parágrafo único do Código de

Processo Civil Desprovimento da Apelação e provimento parcial do Recurso Adesivo.

Assunto: Produto não entregue ao consumidor e dano moral

DES. CAMILO RIBEIRO RULIERE - Julgamento: 28/08/2012 - PRIMEIRA CAMARA CIVEL 

Ação de Obrigação de Fazer cumulada com Indenização por Danos Morais - Aquisição de matéria prima

para confecção de sacolas plásticas mercadorias - Produto não entregue. Ex-funcionária da ré que,

objetivando tirar proveito próprio, forneceu nº da conta corrente de terceiro para depósito do pagamento

pelas mercadorias -Responsabilização da ré que se impõe - Artigo 932, inciso III do

Código Civil. Aplicação do Código de Defesa do Consumidor - Dano moral caracterizado e fixado de

forma razoável e proporcional [R$ 8.000,00] - Situação que ultrapassa os limites do mero aborrecimento

do cotidiano-Restituição da importância paga para a aquisição da matéria prima - Desprovimento do

apelo.

ASSUNTO: DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA EM EXECUÇÃO DE

ALIMENTOS.

Possibilidade de desconsideração da personalidade inversa para possibilitar à alimentada o direito de

receber os alimentos de empresa em que o alimentante é sócio. Aplicação do artigo 50 do CC.

No caso específico do julgado a alimentada pede a desconsideração em face da empresa X, após percebe-

se que o alimentante não figura como sócio dessa empresa. Todavia, seu nome aparece como sócio de

outra empresa – empresa Y - no sistema do JUCERJA. O magistrado pode determinar a desconsideração

da sociedade empresária Y.

ASSUNTO: ESGOTO A CÉU ABERTO - OBRIGAÇÃO DE FAZER DO ESTADO (CEDAE) -

SEPARAÇÃO DE PODERES.

Novembro de 2013.

Caso: A associação de moradores propôs ação de obrigação de fazer consistente em tampar esgoto a céu

aberto.

Sentença: Deu procedência ao pedido e determinou a realização da obra, sob pena de multa diária no

valor de R$ 5.000,00 (cinco mil reais). O requerente apelou da decisão, alegando não poder realizar a

obra e, pedindo a redução da multa diária.

Acórdão: O examinador manteve a sentença nos seus exatos termos.

Suma do acórdão

Quanto ao mérito do ato administrativo.

É certo que o Judiciário não pode se imiscuir em matéria referente ao Juízo de oportunidade e

conveniência do ato administrativo. Esta regra tem fundamento no próprio princípio da separação de

poderes. De fato, a Administração Pública e as

diretrizes orçamentárias se tornariam caóticas se o Judiciário pudesse interferir no aviamento das

políticas públicas, elegendo prioridades e, indiretamente, dirigindo verbas de execução de obras.

Entretanto, o próprio direito tem mitigado a intangibilidade do mérito do ato administrativo em casos

em que há evidente abuso do Poder Público quanto à omissão de providências que se mostrem

inadiáveis para evitar dano à população.

O pleito da ré relaciona-se à obrigação de reparar o vazamento existente na Rua São José, certo que

todas as referências ao fato menciona esta localidade, estando dissociada do contexto dos autos a

menção feita pela agravante à Avenida Chile.

Quanto a valor da astreintes.

No que toca à multa, cuidando-se de obrigação fazer, proceder à manutenção da rede de esgoto, a

imposição de astreinte tem previsão no artigo 461, parágrafo 4º do Código de Processo Civil e artigo

84, parágrafos 3º e 4º da Lei nº 8.078/90, sendo perfeitamente cabível a fixação de multa diária.

ASSUNTO: PROVIMENTO DE CARGO – OBRIGAÇÃO DE FAZER DO MUNÍCIPIO – LEIS

MUNICIPAIS QUE REGULAMENTAM O TEMA TIDAS POR CONSTITUCIONAIS PELO

ÓRGÃO ESPECIAL DO TJ.

Novembro de 2013.

Caso: Professora de nível I, da rede de ensino municipal, requer a promoção o cargo de professora nível

II, com base em legislação municipal.

Sentença: julgou improcedente o pedido, alegando que a lei municipal que sustenta o pedido é

inconstitucional, por violação da regra do concurso público.

Acórdão: Houve manifestação do órgão especial pugnando pela constitucionalidade da lei, tendo em

vista que não há necessidade de concurso para o cargo, pois estão dentro da mesma categoria profissional.

O examinador deu provimento ao pedido, reformando a sentença. Ficou consignado que a requerente

atende os requisitos legais para a promoção.

Trecho do acórdão do órgão especial sobre a constitucionalidade das leis.

Inexistência de violação aos artigos 37, inciso II, da Constituição Federal e 77, inciso II, da Constituição

do Estado. Possibilidade de promoção por acesso dentro da mesma categoria profissional.

Precedentes do STF

ASSUNTO: PLANO DE SAÚDE – DANOS MORAIS - NEGATIVA NO FORNECIMENTO DE

MATERIAIS SOLICITADOS PELO MÉDICO RESPONSÁVEL PELO TRATAMENTO.

Caso: A autora pleiteou condenação em danos morais, pois o plano de saúde negou o fornecimento em

materiais solicitados pelo médico.

Sentença: julgou o caso procedente.

Acórdão: manteve a sentença no tocante aos danos morais, quinze mil, mas modificou os honorários

advocatícios.

Obs1. Sobre o tema, existe o Aviso 94/2010 do Egrégio Tribunal de Justiça do Estado do Rio de

Janeiro:

“Havendo divergência entre o seguro saúde contratado e o profissional responsável pelo

procedimento cirúrgico, quanto à técnica e ao material a serem empregados, a escolha cabe

ao médico incumbido de sua realização.”

Suma do acórdão.

Destarte, conforme reiterada jurisprudência deste Tribunal, \a cobertura de plano de saúde abrange

todos os materiais necessários ao determinante sucesso de cirurgia,

como dispõe o artigo 12, incisos II, alínea “e” e VI da Lei nº 9.656/98,

não podendo ocorrer exclusão da cobertura contratual, sob pena de causar risco de vida ao paciente,

sendo considerada abusiva eventual cláusula contratual que exclua a referida cobertura, nos moldes

do artigo 51, incisos IV e XV da Lei 8.078/90.

Nestas circunstâncias, o atuar potencialmente lesivo da demandada, considerando o iminente risco

de agravamento do quadro clínico da segunda autora, portadora de

necessidades especiais, demonstra evidente falha na prestação de serviço a atrair a aplicação do

Código de Defesa do Consumidor, que impõe o dever de indenizar os danos morais impingidos às

autoras, como estabelecido no decisum.

ASSUNTO: CONTRATO DE COMPRA E VENDA DE IMÓVEL – CONSTRUTORA SEQUER

INICIOU O EMPREENDIMENTO – DEVOLUÇÃO DOS VALORES PAGOS E

CONFIGURAÇÃO DE DANO MORAL.

Novembro 2013

Caso: A construtora X e a empresa Y se aliaram para construção de empreendimento imobiliário. A

construtora nada edificou. Ação promovida contra a construtora e contra o terceiro que figura como

interveniente no instrumento particular de compra e venda.

Sentença: julgou procedente a rescisão, condenou a devolução das quantias pagas e por danos morais.

Acórdão: Manteve na íntegra a sentença. O examinador entendeu que se trata de relação de consumo. Que

há dano moral, tendo em vista que a frustração do sonho da casa próprio não é mero descumprimento

contratual, pois, causa abalos na outra parte. Entendeu-se que o terceiro é parte legítima e responde pelo

ressarcimento e danos morais, pois aplica-se o CDC, que prevê a responsabilidade solidária entre os

causadores do dano. A discussão entre os fornecedores deve ser resolvida em demanda autônoma.

Obs. Nesse caso o examinador considerou o dano moral in reipsa.

Suma do acórdão:

Examinando o Instrumento Particular de Promessa de Compra e Venda e Contrato de Construção,

verifica-se que a ré Mattos e Mattos figurou como interveniente construtora (fls.73/90).

No decisum objeto do recurso, corretamente ponderou a Magistrada a quo que a relação que rege as

partes é de consumo, sendo, portanto, os réus solidários, devendo, pois, responder pelos eventuais

prejuízos advindos do negócio firmado, já que se uniram para construir e vender um condomínio

denominado “Moradas do Mutuá”.

Outrossim, exsurge evidente que o caso em tela não pode ser tratado como mero inadimplemento

contratual, sendo patente a ofensa aos direitos da personalidade, não só diante da inconteste e

contumaz desídia das construtoras e incorporadoras nos

empreendimentos imobiliários, mas principalmente ante a frustrada aquisição de imóvel em virtude

do grave descumprimento do contrato.

Consequentemente, cabível a reparação dos danos morais, que in casu se configura in reipsa,

derivando, inexoravelmente, do próprio fato ofensivo, de tal modo que, provado este fato, está

demonstrado o dano moral, numa típica presunção natural,

que decorre das regras da experiência comum.

ASSUNTO: EMBARGOS A EXECUÇÃO FISCAL.

Novembro de 2003

Caso: Carrefur devia quase R$ 900 mil em tributos para o Estado do Rio. Aderiu ao programa anistia

1(REFIS RJ) para quitar o débito, tendo 100% de descontos nas multas. Assim, o processo se encerrou

com base no artigo 269, V do CPC, ou seja renúncia da ação.

Sentença: O juiz do caso aplicou o artigo 26 do CPC, ou seja, as despesas e honorários ficam a cargo

daquele que desistiu da ação.

Acórdão: jugou improcedente o pedido da Fazenda de majoração dos honorários e acolheu o pleito do

requerido, reduzindo equitativamente a condenação em honorários. O fundamento é que o contribuinte

não deve arcar com honorários que correspondem o valor do débito original (R$ 900 mil), porque esse

valor foi reduzido com a adesão ao REFIS.

Suma do acórdão:

Destarte, mesmo admitindo a condenação em honorários de sucumbência, estes devem ser fixados

equitativamente, na forma dos critérios previstos nas alíneas “a”, “b” e “c” do parágrafo

3º, ao qual alude o parágrafo 4º do artigo 20 do Código de Processo Civil.

Consequentemente, a pretensão de majoração da verba honorária pretendida pelo Estado do Rio de

Janeiro transparece desarrazoada, na medida em que, indiscutivelmente, oneraria um contribuinte

que quitou o débito ao invés de prolongar uma ação perante a justiça.

ASSUNTO: APELAÇÃO. CONCURSO PÚBLICO. IMPOSSIBILIDADE DE APRECIAÇÃO

SOB PENA DE INGERENCIA DO PODER JUDICIÁRIO NA ADMINISTRAÇÃO.

Novembro de 2013.

Caso: Apelante foi reprovado no exame médico oftalmológico. Requereu ao Judiciário a realização de

novo exame.

Sentença: Julgou o caso improcedente.

Acórdão: Conheceu o feito e julgou improcedente.

Suma do acórdão.

O exame de saúde tem caráter eliminatório, de modo a possibilitar que permaneçam no certame

apenas os candidatos considerados “aptos”, sendo aqueles que devem seguir para a fase seguinte,

não havendo violação à regra do artigo 37 ou de seus incisos da Constituição Federal.

ASSUNTO: CONTRATO BANCÁRIO. PEDIDO DE DECLARAÇÃO DE NULIDADE DA

CLÁUSULA QUE PREVE JUROS REMUNERATÓRIOS SUPERIORES A 12% AO ANO.

Novembro de 2013.

Caso: “A” pediu a reforma da sentença de primeiro grau. A requerente pleiteia o reconhecimento da

nulidade de cláusula que fixa juros remuneratórios acima de 12% ao ano.

Sentença: julgou o pedido improcedente.

Acórdão: julgou o apelo como improcedente.

Suma do acórdão

Também não há, nos autos, prova de anatocismo, sendo que os juros cobrados por instituições

financeiras não sofrem a restrição do Decreto nº 22.626/33, conforme dispõe a Súmula 596 do

Supremo Tribunal Federal.

Logo, não está limitada a cobrança de juros a 1% ao mês.

Neste sentido, a Súmula 382 do Superior Tribunal de Justiça.

ASSUNTO: PEDIDO DE MAJORAÇÃO DE DANOS MORAIS CUMULADO COM

ALTERAÇÃO DO TERMO A QUO DE SUA INCIDÊNCIA.

Novembro de 2013.

Caso: A requerente sofreu indevida restrição ao crédito por conduta da requerida. O juiz condenou ao

pagamento de danos morais.

Sentença: Condenação em danos morais no valor de R$3.000,00, corrigido monetariamente e acrescido

de juros de mora a contar da Sentença.

Acórdão: “A” requer majoração de danos morais, sob a alegação de que a fixação no valor de 3 mil reais,

ofende o princípio da dignidade da pessoa humana. Também pretende a alteração no início da incidência

dos danos morais. O examinador entendeu que o valor de três mil está correto, sob pena de

enriquecimento sem causa. O início da fixação também do dano moral também é o adequado.

Suma do acórdão:

Constata-se que a jurisprudência de nossos Tribunais vem coibindo o locupletamento indevido do

ofendido, limitando, desta forma, a verba indenizatória a valores adequados e condizentes a

realidade, porque, caso contrário, propiciaria uma fonte de

enriquecimento ilícito à vítima, prática totalmente repudiada pelo ordenamento jurídico.

No caso em análise, o valor de R$3.000,00, além de atender ao caráter pedagógico e retributivo da

verba indenizatória, observou os critérios da razoabilidade e da proporcionalidade, devendo ser

mantido.

ASSUNTO: DANOS MORAIS E MATERIAIS - APLICAÇÃO DA TEORIA DA ASSERÇÃO E

CAUSA MADURA.

Novembro de 2013.

Caso: A apelante comprou um pacote de turismo de uma agência, que representava Companhia de

viagens.

Sentença: Extinguiu o feito em relação a Companhia de viagens. Condenou por danos materiais e morais

a agência que se apropriou dos valores pagos pelos consumidores – e não realizou o repasse à Companhia

de viagens.

Acórdão: O examinador deu provimento ao apelo. Trouxe a teoria da asserção para retirar o fundamento

de legitimidade passiva da segunda ré. Também condenou a Companhia de viagens, sob o argumento de

que a responsabilidade é solidária – CDC 34. Ademais, trouxe como fundamento o artigo 932 do CC,

aduzindo que Companhia de viagens elegeu mal seus representantes. Usando a teoria da causa madura,

condenou a segunda ré.

Suma do acórdão: De acordo com a teoria da asserção, a legitimidade deve ser examinada pela

relação jurídica descrita na petição inicial, e se o autor atribuiu responsabilidade à primeira ré pela

falha na prestação de serviço de turismo a ser usufruído pelo demandante, está presente a

legitimidade passiva da primeira recorrida.

Deste modo, o reconhecimento da legitimidade passiva da primeira ré gera a responsabilidade

solidária prevista no artigo 34 da Lei Consumerista, certo que ela participa da cadeia de consumo, eis

que autorizou a segunda ré a vender pacotes em

seu nome.

Reconhecida a responsabilidade solidária, deve ser modificada a parte da Sentença que julgou extinto

o feito em relação à primeira ré, devendo-se arrostar o mérito da demanda, com esteio no parágrafo

3º do artigo 515 do Código de Processo Civil,

adotando-se o princípio da causa madura.

ASSUNTO: ACIDENTE DE TRÂNSITO – ENGAVETAMENTO - RESSARCIMENTO DA

SEGURADO.

Novembro de 2013.

Caso: Houve um acidente – engavetamento de 4 veículos – no qual a seguradora que pagou o sinistro do

veículo segurado ajuíza ação de cobrança requerendo o ressarcimento do valor pago ao causador do

acidente.

Sentença: O juiz monocrático julgou improcedente o pedido, por entender que a culpa do acidente

automobilístico foi do próprio segurado. O magistrado se apoiou em provas testemunhais.

Acórdão: Reformou o decisum porque o artigo 29, II do CTB exige que o condutor traseiro guarde

distância do veículo da frente. O examinador entendeu não ser possível aceitar o depoimento das

testemunhas, pois são parentes, logo apenas informantes. Assim, a prova testemunhal não é apta para

descaracterizar a presunção estabelecida pelo artigo 29, II do CTB.

Suma do acórdão

Saliente-se que a culpa de quem atinge outro veículo na traseira é presumida, pela exegese do artigo

29, inciso II do Código de Trânsito Brasileiro, sendo esta presunção relativa, admitindo prova em

contrário.

ASSUNTO: RECONHECIMENTO DE UNIÃO ESTÁVEL.

Outubro de 2013.

Caso: “A” e “B” ajuizaram ação de reconhecimento de união estável e partilha de bens em 1988. A

requerente alega que após essa decisão o casal retornou a convivência. Entretanto, “A” não demonstrou

que ambos mantém a convivência até os dias de hoje.

Sentença: julgou o pedido de pensão improcedente.

Acórdão: Manteve a sentença de primeiro grau, alegando a simples existência de vínculo afetivo, ainda

que por anos, não é suficiente para caracterizar a união estável.

OBS. Li apenas a ementa do julgado, porque a íntegra do acórdão está sob segredo de justiça.

Suma do acórdão

Exame minucioso do contexto probatório que não corrobora as assertivas da autora quanto ao

período de uma suposta união estável. Entendimentos doutrinários e jurisprudenciais no sentido de

que a simples existência de um vínculo afetivo, ainda que persistente por anos, não é o bastante

para configurar união estável. Ausência de demonstração da real necessidade da autora em pleitear

alimentos. Apelante que não se desincumbiu dos ônus que lhe impõe o artigo 333, inciso I do

Diploma Processual - Mantença da Sentença

ASSUNTO: PLANO DE SAÚDE - APLICAÇÃO DO ARTIGO 30 E 31 DA LEI 9656/98

Outubro de 2013.

Caso: Aposentado ajuizou ação de obrigação de fazer e indenização por danos morais contra a seguradora

Bradesco.

Sentença: A sentença deu provimento ao pleito, aplicando o artigo 30 da mencionada lei.

Acórdão: O acórdão manteve a sentença guerreada.

Suma do acórdão:

Portanto, correta a Sentença quando condenou o Bradesco a manter o plano de saúde do autor e

seus dependentes, nas mesmas condições da cobertura assistencial, mediante o pagamento integral

da mensalidade, pois obedecidas as condições legais, não havendo que se falar em limitação da

liberdade de contratar, tendo em vista que a manutenção do benefício decorre de lei específica que

regula a matéria.

ASSUNTO: DEFEITO EM CARRO NOVO – SUBSTITUIÇÃO POR OUTRO – DANOS

MORAIS.

Outubro de 2013.

Caso: “A” adquiriu um veículo novo da concessionária. Ocorre que quando foi fazer a revisão de 20 mil

km constatou-se um problema no câmbio. “A” pediu a substituição do veículo ou o ressarcimento dos

valores pagos e condenação por dano moral.

Sentença: Julgou o pedido improcedente, atestando que a concessionária sanou o defeito em 30 dias.

Acórdão: Condenou por danos morais e não substitui o veículo por estar na posse da autora e em

perfeitas condições de uso.

Suma do acórdão:

Os aborrecimentos experimentados pela autora com idas e vindas à concessionária e a demora na

solução do defeito vão além do mero inadimplemento contratual, dando ensejo à indenização moral.

No caso em questão, o dano moral se verifica in reipsa, bastando, apenas, a prova da conduta

inadequada do fabricante, dos vendedores ou prestadores de serviços

ASSUNTO: FORNECIMENTO DE MEDICAMENTOS PELO MUNICÍPIO – TEORIA DA

RESERVA DO POSSÍVEL.

Outubro de 2013.

Caso: “A” ajuizou ação contra o Município, pleiteando medicamentos para tratamento de câncer.

Sentença: Deu provimento ao pedido e decretou o sequestro de verbas públicas.

Acórdão: Manteve o decisum.

Suma do acórdão:

Consequentemente, o arresto da verba pública para a aquisição do medicamento necessário ao

tratamento do câncer acometido pela agravada, nos moldes estabelecidos pela Decisão, não ofende

os princípios da legalidade, separação dos poderes, do orçamento e das normas legais referentes à

realização da despesa pública, licitação ou aos artigos 2º e 37 da Constituição Federal.

Da mesma forma, inaplicável o princípio da reserva do possível como forma de obstar a

concretização de direitos fundamentais, sendo certo que a efetividade das normas constitucionais

não podem estar subordinadas exclusivamente à discricionariedade dos administradores.

ASSUNTO: AGRAVO LEGAL ALVEJANDO DECISÃO MONOCRÁTICA BASEADA NO

ARTIGO 557, PARÁGRAFO 1º - A DO CPC – PESCADORES – CERCEAMENTO DE DEFESA.

Outubro de 2013.

Caso: Pescadores ajuizaram ação pleiteando a condenação de empresa que construiu obras nas margens

do mar, o que teria impossibilitado a pesca durante dez meses.

Sentença: a sentença julgou o pedido improcedente e indeferiu as provas, por entender que a questão era

unicamente de direito. As partes apresentaram agravo da decisão que indeferiu as provas.O relator,

usando o artigo 557, parágrafo 1º - A do CPC, julgou a sentença nula.

Acórdão: Manteve a decisão do relator.

Suma do acórdão

Dessa forma, tendo sido indeferida a produção das provas requeridas pelos autores, além de

contradição na Sentença, houve inegável cerceamento do direito de defesa, sobretudo porque a

Sentença de improcedência está fundamentada na ausência de provas, motivo pelo qual o Decisum

merece ser anulado

ASSUNTO: FINANCIAMENTO DE CARRO – PEDIDO DE ANTECIPAÇÃO DE TUTELA

PARA NÃO APREENSÃO DO VEÍCULO E NÃO INSCRIÇÃO DO NOME DO

INADIMPLENTE NO SERASA.

Outubro de 2013.

Caso: agravo de instrumento de decisão que negou a antecipação de tutela.

Acórdão: O examinador manteve a decisão impugnada, afirmando que não cabe ao judiciário compactuar

com o inadimplemento de obrigação.

Suma do acórdão:

Com efeito, é entendimento pacífico na doutrina e jurisprudência que o exame do pleito de

antecipação de tutela está adstrito ao poder discricionário conferido ao Magistrado, somente

fazendo sentido sua reforma quando desatender aos pressupostos legais.

Destarte, a antecipação dos efeitos da tutela tem a finalidade de dar maior efetividade à função

jurisdicional e serve para apressar, no todo ou em parte, os fins pretendidos com a Sentença de

mérito.

Logo, para seu deferimento, não podem ser desprezados os requisitos elencados no artigo 273 do

Código de Processo Civil, ou seja, a prova inequívoca da verossimilhança das alegações, o fundado

receio de dano irreparável ou de difícil reparação, o abuso de direito de defesa ou o manifesto

propósito protelatório do réu, ou a verificação da existência de perigo de irreversibilidade do

provimento antecipado.

ASSUNTO: PLANO DE SAÚDE – AUMENTO DE MENSALIDADE – IDOSO.

Outubro de 2013.

Sentença: A sentença considerou abusiva a cláusula que impunha aumento do valor da mensalidade.

Também condenou a segurado em pagamento de dano moral.

Acórdão: O acórdão deu provimento em parte ao apelo da seguradora. Manteve a sentença em relação a

declaração de abusividade da cláusula, condenando a seguradora ao ressarcimento dos valores majorados.

Contudo, reformou a decisão relativa ao dano moral, tendo em vista que o requerente não pleiteou a

condenação, atestando que houve violação do princípio da correlação.

Suma do acórdão:

Quanto a majoração do plano de saúde.

No que tange à permissão legal de majoração da mensalidade quando prevista em contrato de

seguro de saúde, artigo 15 da Lei 9.656/98, o seu parágrafo único veda o referido reajuste para

consumidores com mais de 60 anos de idade e que mantenham o plano por mais de 10 anos, situação

dos autos, conforme se comprova à fl. 22.

Quanto a violação do princípio da congruência.

O artigo 460 do Código de Processo Civil veda o julgamento extra petita, e em atenção ao princípio

da congruência, o julgador deve ater-se aos limites da lide.

ASSUNTO: APLICAÇÃO DO CDC PARA PESSOA JURÍDICA.

Outubro de 2013.

Caso: “A” requereu o reconhecimento de consumidor para obter a inversão do ônus da prova.

Sentença: Em decisão interlocutória não reconheceu o requerente como consumidor, por falta de

adequação ao texto legal.

Acórdão: O examinador manteve a sentença de primeiro grau, atestando que o requerente utiliza energia

elétrica como insumo para o desenvolvimento de sua atividade.

Suma do acórdão:

Como corretamente colocado na Douta Decisão agravada, não se aplica o Código de Defesa do

Consumidor porque a agravante não utiliza a energia elétrica recebida da agravada como

destinatária final, mas como insumo para a realização de sua

produção de ranicultura, não sendo possível a inversão do ônus da prova com respaldo no Código

Consumerista.

ASSUNTO: INTERNAÇÃO DE DEPENDENTE QUÍMICO – AGRAVO DA DECISAO QUE

CONCEDEU A TUTELA ANTECIPADA – ALEGAÇAO DO ESTADO DE ILEGITIMIDADE DE

PARTE.

Outubro de 2013.

Acórdão: O examinador entendeu que estavam preenchidos os requisitos para concessão de tutela

antecipada – CPC, 273. Ademais, entendeu que a saúde é de responsabilidade das três esferas de governo.

Assim, manteve a decisão agravada.

Suma do acórdão:

Da mesma forma a Lei 8.080/90 regulamenta as ações e serviços de saúde, considerando ser direito

fundamental do ser humano e encargo do Estado prover as condições indispensáveis para a garantia

da saúde, nos três escalões hierárquicos,

como dispõe os artigos 1º, 2º e 4º, enquanto que o artigo 6º do mesmo diploma, em seu inciso I,

alínea “d”, determina que está incluída no campo de atuação do Sistema Único de Saúde (SUS), a

execução de ações de “assistência terapêutica integral, inclusive farmacêutica”.

ASSUNTO: PLANO DE SAÚDE – HOME CARE.

Outubro de 2013.

Caso: Agravo da tutela antecipada que concedeu a paciente a substituição da internação hospitalar por

tratamento “home care”, indicado pelo médico.

Acórdão: O examinador manteve a decisão, entendendo ser o caso de substituição do tratamento,

considerando que esse regime se afigura melhor ao paciente, pois evita riscos de contaminação e preserva

melhor sua dignidade.

Suma do acórdão:

Indiscutivelmente, a opção do tratamento pelo sistema “home care”, necessário e menos oneroso,

deve preponderar sobre a internação, situação mais gravosa, eis que expõe a paciente a risco de

contaminação hospitalar.

ASSUNTO: SUSTAÇÃO DE LEILÃO – FIDUCIANTE NÃO CONSTITUIDO EM MORA NOS

MOLDES LEGAIS.

Outubro de 2013.

Caso: O fiduciante ajuizou ação anulatória de leilão extrajudicial, alegando que não foi devidamente

constituído em mora, conforme determina a lei 9514/97. A intimação deve ser pessoal. Todavia, no caso

dos autos, a intimação não foi feita pessoalmente.

Acórdão: O examinador entendeu que houve o descumprimento dos preceitos da lei 9514, que exige

intimação pessoal, assim, suspendeu o leilão extrajudicial.

Suma do acórdão:

Somente na hipótese de o fiduciante se encontrar em outro local, incerto e não sabido, caberá ao

oficial do Registro de Imóveis competente promover a intimação por edital,

consoante o disposto no parágrafo 4º do mencionado artigo.

Nesse sentido, deixou de ser observada a determinação legal, que preceitua como regra a intimação

pessoal do fiduciante, somente sendo possível a intimação por edital quando exauridas todas as

possibilidades de localização do mesmo.

ASSUNTO: TAC CELEBRADO PELO MP – COBRANÇA DE MULTA - PERIODICIDADE

Outubro de 2013.

Caso: O MP celebrou TAC com o requerido, ficando consignado a obrigação de não emitir ruído fora do

permitido pelo TAC. O requerido descumpriu a obrigação e o MP executou o TAC – título extrajudicial.

Sentença: A sentença deu provimento ao pedido.

Acórdão: O examinador entendeu que o MP só pode cobrar a multa referente aos dois dias em que houve

vistoria e ficou constatado que os ruídos extrapolaram o permitido. Não se podendo cobrar a multa por

período presumido.

Suma do acórdão

A razoabilidade indica que a multa deve ser aplicada apenas em relação aos 02 dias da confecção dos

Relatórios de Vistoria, em 18/02/2006, fls. 217/9 dos Embargos, e em 28.06.2008, fl. 55 do apenso,

quando se constatou, tecnicamente, o descumprimento

do ajuste firmado entre as partes.

Incidir multa sobre período presumido e não comprovado de descumprimento da obrigação viola o

princípio da proporcionalidade da sanção

ASSUNTO: INTERNAÇÃO EM HOSTIPAL – OBRIGAÇÃO DE FAZER DO MUNICIPIO E DO

ESTADO.

Setembro de 2013.

Caso: “A” ajuizou obrigação de fazer para conseguir internar seu pai em hospital da rede pública e, caso

não conseguisse vaga, requereu a transferência à nosocômio particular pago pelo Estado ou pelo

município.

Sentença: O juiz concedeu antecipação de tutela e a confirmou na sentença. O Estado e o Município

recorreram.

Acórdão: O examinador manteve a sentença, condenando o Estado e o Municipio.

Suma do acórdão

Acresce-se que na ausência de recursos públicos para garantir a assistência à população, é lícito

recorrer, em caráter emergencial, à iniciativa privada, às custas do ente público, quando não houver

vaga em hospital público ou quando o nosocômio em que o paciente estiver internado não possuir

condições de oferecer o tratamento adequado.

O artigo 24 da Lei nº 8.080/90 assim dispõe: “Quando as suas disponibilidades forem insuficientes

para garantir a cobertura assistencial à população de uma determinada

área, o Sistema Único de Saúde (SUS) poderá recorrer aos serviços ofertados pela iniciativa privada.”

ASSUNTO: CARÊNCIA DA AÇÃO – FALTA DE INTERESSE DE AGIR.

Setembro de 2013

Caso: A seguradora DPVAT S/A interpôs agravo de instrumento que foi conhecido e provido alegando

que a autora não possuía interesse de agir na ação judicial, pois não tinha feito o pedido de recebimento

do prêmio administrativamente.

Acórdão: O examinador concordou com a tese da seguradora, entendendo que não há interesse de agir se

não houve negativa pela via administrativa.

Suma do acórdão:

O entendimento das Cortes Superiores é de que o Poder Judiciário é via destinada à resolução de

conflitos e, portanto, somente deve ser incitado após a demonstração de resistência por parte do

devedor da obrigação.

Destarte, considerando a possibilidade de a controvérsia ser solucionada administrativamente, não

há que se falar em violação ao princípio da inafastabilidade da jurisdição, insculpido no artigo 5º,

inciso XXXV, da Constituição Federal.

Outrossim, este Egrégio Tribunal de Justiça através do Verbete Sumular nº 232 consolidou o

posicionamento de que “É incabível a cobrança judicial da cobertura do seguro DPVAT no prazo legal

de regulação do sinistro."

ASSUNTO: EMPRÉSTIMO CONSIGNADO – APOSENTADO – LIMITAÇÃO DE 30%.

ARTIGO 6º DA LEI 10.820/03

Setembro de 2013.

Caso: O autor se insurgiu contra decisão interlocutória que negou a antecipação de tutela, que visava

limitar em 30% o desconto de seu contracheque (aposentadoria) em razão de empréstimo concedido por

instituição financeira.

Acórdão: O examinador deu provimento ao agravo, entendendo ser cabível a tutela antecipada para limitar o desconto no percentual de 30%do valor da aposentadoria, por ser determinação expressa da lei.

Súmula TJRJ Nº. 295 "Na hipótese de superendividamento decorrente de empréstimos obtidos de instituições financeiras diversas, a totalidade dos descontos incidentes em conta corrente não poderá ser superior a 30% do salário do devedor."Referência: Processo Administrativo nº 0063256-29.2011.8.19.0000. Julgamento em 21/01/2013. Relator Desembargador Nildson Araújo da Cruz. Votação unânime.

Nesse caso, são aplicados, por analogia, os dispositivos 649, IV, CPC E 6, p 5 da Lei 10820/03, que prevê o limite de 30% para descontos em folha no INSS. Atenção para a natureza alimentar dos proventos tutelados.

Suma do acórdão:

Art. 6º - “Os titulares de benefícios de aposentadoria e pensão do Regime Geral de

Previdência Social poderão autorizar o Instituto Nacional do Seguro Social – INSS a proceder aos

descontos referidos no art. 1º desta Lei, bem como autorizar, de forma irrevogável e irretratável, que

a instituição financeira na qual recebam seus benefícios retenha, para fins de amortização, valores

referentes ao pagamento mensal de empréstimos, financiamentos e operações de arrendamento

mercantil por ela concedidos, quando previstos em contrato, nas condições estabelecidas em

regulamento, observadas as normas editadas pelo INSS.

Parágrafo 5º - Os descontos e as retenções mencionadas no caput deste artigo não poderão

ultrapassar o limite de 30% (trinta por cento) do valor dos benefícios”.

A Lei expressamente permite que o aposentado (aqui, o autor, bombeiro militar - fl. 32) autorize o

desconto de parcelas referentes a empréstimos realizados diretamente da remuneração creditada

em sua conta-corrente, no entanto, limita o total de descontos e

retenções a 30% do valor, debitados apenas imposto de renda e previdência oficial.

ASSUNTO: SEQUESTRO DE VERBAS PÚBLICAS – MEDICAMENTOS –

INAPLICABILIDADE DO ARTIGO 100 DA CF E 730 DO CPC

Setembro de 2013.

Caso: O Estado do Rio interpôs agravo de instrumento contra a decisão que antecipou os efeitos da tutela,

determinando o sequestro de rendas públicas (sequestro online) para que o requerente adquirisse

medicamentos. O poder público alegou violação do artigo 100 da CF e ao artigo 730 do CPC.

Acórdão: O examinador negou provimento ao recurso, mantendo o decisum. Entendeu que a saúde é

direito de todos e o Estado tem obrigação de fornecê-la. Ademais, não houve violação do artigo 100 da

CF e do 730 do CPC, pois trata-se de obrigação de fazer e não de obrigação de quantia.

Suma do acórdão:

O dever dos entes públicos de prestar serviços de saúde aos necessitados é de índole constitucional,

estando expressamente definido no artigo 196 da Carta Magna.

Desta forma, sustentar uma política de saúde adequada, com o fornecimento dos exames,

medicamentos, insumos e internações a quem necessita é proceder ao bem estar social.

Sendo assim, o argumento de que não há razões que justifiquem o sequestro de verbas públicas é

facilmente afastado.

Também, não merece acolhimento o argumento de ofensa ao princípio do precatório judicial, ou ao

artigo 100 da Constituição Federal e artigo 730 do Código de Processo Civil, tendo em vista que a

condenação imposta à Fazenda Pública constitui obrigação de dar e, não, por quantia certa.

É pacífica também, a jurisprudência deste Egrégio Tribunal neste sentido, de forma que consolidou no

Enunciado n.º2 veiculado no Aviso nº 83, in litteris:

Enunciado nº 2 - Para o cumprimento da tutela específica de prestação unificada de saúde, insere-se

entre as medidas de apoio, desde que ineficaz outro meio coercitivo, a apreensão de quantia

suficiente à aquisição de medicamentos junto à conta bancária por onde transitem receitas públicas

de ente devedor, com a imediata entrega ao necessitado e posterior prestação de contas.

ASSUNTO: SEGURO DPVAT – ALEGAÇÃO DE PRESCRIÇÃO – TERMO A QUO DO PRAZO

TRIENAL – CIÊNCIA INEQUIVOCA DA INVALIDEZ.

Setembro de 2013.

Caso: A segurado DPVAT S/A apelou da sentença alegando a prescrição, para tanto utiliza como termo a

quo a data do acidente automobilístico que causa as lesões ao segurado.

Sentença: A sentença julgou procedente o pedido do requerente para condenar a seguradora DPVAT ao

pagamento do seguro obrigatório. Não acolhendo a tese de prescrição ventilada pela segurado.

Acórdão: O examinador manteve a sentença de primeiro e rejeitou a tese de prescrição, sob o argumento

de que o termo a quo para a contagem do prazo prescricional é a ciência inequívoca da invalidez.

Suma do acórdão:

Entretanto, na hipótese, como corretamente considerado pela Magistrada a quo, o marco inicial para

a contagem do prazo de prescrição em relação aos casos de seguro

obrigatório decorrente de invalidez permanente é o momento em que o segurado toma ciência

inequívoca de sua invalidez.

Neste sentido a Súmula 278 do Superior Tribunal de Justiça.

ASSUNTO: LIBERDADE DE IMPRESSA X DIREITO A INTIMIDADE E VIDA PRIVADA –

DIVULGAÇAO DE FOTOS DA CASA DO ATOR REINALDO GIANECCINI SEM

AUTORIZAÇÃO – EXPLORAÇÃO ECONOMICA – DANO CONFIGURADO.

Setembro de 2013.

Caso: A empresa Infoglobo divulgou fotos do apartamento decorado de Reinaldo Gianeccini. A

reportagem leva a crer que o arquiteto responsável divulgou as imagens. O arquiteto ajuizou demanda

pleiteando dano moral, porquanto não cedeu as fotos, que foram retiradas, sem sua autorização, de seu

site.

Sentença: A sentença julgou procedente o pedido, condenando a empresa jornalística em 28 mil reais.

Acórdão: O acordão manteve a decisão.

Suma do acórdão

Logo, a questão a ser enfrentada, no caso, envolve o conflito entre dois direitos fundamentais.

Indiscutivelmente, a Constituição Federal de 1988 dispõe em seu artigo 5º, inciso X, que “são

invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito à

indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua

violação”.

Entretanto, o inciso IX do mesmo artigo supramencionado garante a liberdade de expressão da

atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, independente de censura ou licença,

enquanto que o artigo 220 da Magna Carta cuida da liberdade de manifestação do pensamento, a

criação, a expressão e a informação.

Sobre o tema, o ilustre Desembargador Sérgio Cavalieri Filho, pondera: “na hipótese de haver

confronto entre ambos os princípios, a tarefa do intérprete será sempre no sentido de encontrar o

ponto de equilíbrio, de maneira a conciliá-los”.

Com efeito, para que se veicule a imagem ou nome de alguém em material publicitário, faz-se

imprescindível a autorização expressa, sob pena de ferir-se o direito de imagem, assegurado

constitucionalmente e Súmula 403 do Superior Tribunal de Justiça, prevê expressamente que:

“Independe de prova do prejuízo a indenização pela publicação não autorizada de imagem de pessoa

com fins econômicos ou comerciais.”

ASSUNTO: NULIDADE DE NEGÓCIO JURÍDICO – INCAPACIDADE ABSOLUTA DO

AGENTE – NULIDADE DA ESCRITURA DE COMPRA E VENDA DE IMÓVEL – DANO

MORAL CONFIGURADO - PRISÃO POR DESCUMPRIMENTO DE OBRIGAÇÃO.

Agosto de 2013.

Caso: O processo dá conta que os três requeridos se juntaram para simular negócio jurídico com idosa,

portadora de doença mental em estado avançado. Os requeridos celebraram contrato de compra e venda

com a idosa, procedendo à escritura do bem.

Sentença: O juiz de primeiro grau declarou a nulidade do negócio perpetrado contra a incapaz, condenou

os requeridos ao pagamento de danos morais no valor de 50 mil reais, remeteu cópia dos autos para o MP

para apuração do crime. Por fim, fixou a obrigação dos réus não comparecerem ao prédio em que reside a

idosa, sob pena de prisão.

Acórdão: O examinador manteve a sentença nos exatos termos, fez apenas uma modificação: retirou a

pena de prisão como medida para o descumprimento de obrigação civil.

Suma do acórdão:

Quanto a nulidade do negócio jurídico.

A validade dos negócios jurídicos requer agente capaz, sendo considerado nulo quando celebrado

por pessoa absolutamente incapaz, nos termos dos artigos 104, inciso I e 166, inciso I do Código Civil.

Quanto à incapacidade da autora, a prova dos autos é insofismável, notadamente, o atestado

médico de fl. 74, o Relatório Social de fls. 70/72 e os depoimentos das testemunhas de fls. 281

(síndica do edifício no qual a autora residia) e 282 (Assistente

Social).

Quanto a prisão:

Apenas em pequena parte a Sentença será modificada, no tocante à proibição de os réus ingressarem

no prédio no qual a autora residia, sob pena de prisão.

A medida de prisão não constitui sanção para o descumprimento de obrigação de se abster, exceto

se houver a prática de crime, quando será cabível a prisão.