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1 As Técnicas de acupuntura no tratamento das estrias Lucicleide Cordeiro da Costa 1 Dayana Priscila Maia Mejia 2 [email protected] Pós-graduação em AcupunturaFaculdade Ávila Resumo As estrias é uma atrofia tegumentar adquirida, e representa um problema significativo para quem as têm, e um grande desafio para todos que trabalham na área de estética, pois ainda não existe a cura, somente vários tratamentos que atenuam seu aparecimento, o objetivo dessa pesquisa é fazer uma revisão de literaturas sobre a técnica da eletroacupuntura, e as demais técnicas utilizadas no tratamento das estrias atróficas. A eletroacupuntura é a técnica mais utilizada e trata-se de um recurso atualmente muito utilizado,embora pouco pesquisado, sem que ainda exista um protocolo de tratamento adequadamente instituído. Já os demais recursos existem poucas literaturas sobre sua eficácia. Buscamos coletar dados referentes às características gerais dessas estrias e ao tipo de corrente utilizada, tendo como finalidade a melhora do aspecto da pele estriada. Essa técnica pode ser aplicada no tratamento das estrias analisando sua utilização e os resultados mais eficiente. Palavras Chaves: estrias; acupuntura, eletroacupuntura 1.Introdução As estrias são motivos de preocupação estética para homens e mulheres. Também são chamadas de atrofias cutânea linear, é realmente um verdadeiro mal, atingindo até mesmo a autoestima e o equilíbrio emocional. O fato que não se deve contestar é a grande incidência dessa afecção, em ambos os sexos, especialmente nas mulheres. É uma lesão resultante do estiramento das fibras de colágeno e elastina parece uma espécie de depressão com reação inflamatória, seguida de um aspecto antiestético. No início a cor da estria é mais rubra, mas durante o processo evolutivo torna-se esbranquiçada (GUIRRO E GUIRRO, 2004). Quais são as técnicas utilizadas hoje? Qual dessas técnicas tem um melhor resultado? As técnicas da eletroacupuntura, a pica pau e a sangria são as mais citadas, esse estudo tem como objetivo fazer uma pesquisa de referencias, para realizar um estudo comparativo sobre a aplicabilidade dessas técnicas e sua utilização no tratamento das estrias. Por haver poucas literaturas que comprovem os resultados dessas formas de tratamento há a necessidade de novos estudos que possam dar mais um aparato para a comprovação positiva das técnicas. As abordagens terapêuticas existentes atualmente buscam a melhora do aspecto visual das estrias através da promoção da melhora histológica do tecido (WHITE, 2008). Dentre as várias aplicadas temos a acupuntura que consiste em inserir agulhas através de pontos específicos do corpo, supostamente removendo obstruções do chi prejudiciais à saúde, logo restaurando a distribuição do yin e yang. Às vezes as agulhas são giradas, aquecidas, ou mesmo estimuladas com correntes elétricas fracas, ultra-som, ou luz de certos comprimentos de onda (LEE PK E ANDERSON TW 1975). O tratamento estético pela acupuntura visa não só resultados externos, como os benefícios nutricionais, a suavidade na expressão facial, e a melhora na tonicidade muscular, 1 Pós-graduando em Acupuntura 2 Mestrando em Bioética e Direito em Saúde, Especialista em Metodologia do Ensino Superior, Graduada em Fisioterapia.

Acupuntura estrias07

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As Técnicas de acupuntura no tratamento das estrias

Lucicleide Cordeiro da Costa1

Dayana Priscila Maia Mejia2

[email protected]

Pós-graduação em Acupuntura– Faculdade Ávila

Resumo

As estrias é uma atrofia tegumentar adquirida, e representa um problema significativo para

quem as têm, e um grande desafio para todos que trabalham na área de estética, pois ainda

não existe a cura, somente vários tratamentos que atenuam seu aparecimento, o objetivo

dessa pesquisa é fazer uma revisão de literaturas sobre a técnica da eletroacupuntura, e as

demais técnicas utilizadas no tratamento das estrias atróficas. A eletroacupuntura é a técnica

mais utilizada e trata-se de um recurso atualmente muito utilizado,embora pouco pesquisado,

sem que ainda exista um protocolo de tratamento adequadamente instituído. Já os demais

recursos existem poucas literaturas sobre sua eficácia.

Buscamos coletar dados referentes às características gerais dessas estrias e ao tipo de

corrente utilizada, tendo como finalidade a melhora do aspecto da pele estriada. Essa técnica

pode ser aplicada no tratamento das estrias analisando sua utilização e os resultados mais

eficiente.

Palavras Chaves: estrias; acupuntura, eletroacupuntura

1.Introdução

As estrias são motivos de preocupação estética para homens e mulheres. Também são

chamadas de atrofias cutânea linear, é realmente um verdadeiro mal, atingindo até mesmo a

autoestima e o equilíbrio emocional. O fato que não se deve contestar é a grande incidência

dessa afecção, em ambos os sexos, especialmente nas mulheres. É uma lesão resultante do

estiramento das fibras de colágeno e elastina parece uma espécie de depressão com reação

inflamatória, seguida de um aspecto antiestético. No início a cor da estria é mais rubra, mas

durante o processo evolutivo torna-se esbranquiçada (GUIRRO E GUIRRO, 2004).

Quais são as técnicas utilizadas hoje? Qual dessas técnicas tem um melhor resultado?

As técnicas da eletroacupuntura, a pica pau e a sangria são as mais citadas, esse estudo tem

como objetivo fazer uma pesquisa de referencias, para realizar um estudo comparativo sobre a

aplicabilidade dessas técnicas e sua utilização no tratamento das estrias.

Por haver poucas literaturas que comprovem os resultados dessas formas de

tratamento há a necessidade de novos estudos que possam dar mais um aparato para a

comprovação positiva das técnicas.

As abordagens terapêuticas existentes atualmente buscam a melhora do aspecto visual

das estrias através da promoção da melhora histológica do tecido (WHITE, 2008). Dentre as várias aplicadas temos a acupuntura que consiste em inserir agulhas através de

pontos específicos do corpo, supostamente removendo obstruções do chi prejudiciais à saúde, logo

restaurando a distribuição do yin e yang. Às vezes as agulhas são giradas, aquecidas, ou mesmo

estimuladas com correntes elétricas fracas, ultra-som, ou luz de certos comprimentos de onda (LEE

PK E ANDERSON TW 1975).

O tratamento estético pela acupuntura visa não só resultados externos, como os

benefícios nutricionais, a suavidade na expressão facial, e a melhora na tonicidade muscular,

1 Pós-graduando em Acupuntura

2 Mestrando em Bioética e Direito em Saúde, Especialista em Metodologia do Ensino Superior, Graduada em

Fisioterapia.

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esse tratamento visa a normalização dos sistemas e órgãos internos que possuem influências

diretas nas diversas regiões do rosto. Trata-se primeiramente o interior, para depois atuar nos

resquícios externos, a parte estética propriamente envolvida. Portanto, no tratamento estético

pela acupuntura, o objetivo é o equilíbrio energético entre Yang e Yin, sendo Yang a parte

externa (pele, músculos e tecidos superficiais – estético), e Yin a porção interna do organismo

(órgãos e vísceras – funções orgânicas).

Pode soar estranhos para quem está acostumado a pensar em acupuntura como

tratamento de dores e de doenças. Mas, o lado estético da técnica, apesar de não muito

difundido no Brasil, é utilizado há bastante tempo. O tratamento, indicado para rugas,

flacidez, olheiras, celulites, gordura localizada, manchas e cicatrizes, é feito da mesma

maneira que nas sessões de acupuntura para doenças. Agulhas e com laser, o especialista

estimula pontos de energia do corpo que não estão em harmonia. O laser ajuda também na

reconstituição de tecidos danificados.

A principal diferença dos tratamentos em comuns, além de não necessitar tempo de

recuperação, é que a acupuntura considera o paciente como um todo. “os problemas estéticos

normalmente têm ligação com o desequilíbrio da energia de órgãos internos”.

2. A Pele

A pele ou cútis é o manto de revestimento do organismo, indispensável à vida, e que

isola os componentes orgânicos do meio exterior. Constitui-se em complexa estrutura de

tecidos de várias naturezas, dispostos e inter-relacionados de modo a adequar-se, de maneira

harmônica, ao desempenho de suas funções (SAMPAIO; RIVITTI, 2001).

A pele representa 12% do peso seco total do corpo, com peso de aproximadamente 4,5

kg, e é de longe o maior sistema de órgãos expostos ao meio ambiente (GUIRRO E GUIRRO,

2004).

Embriologicamente, a pele deriva dos folhetos ectodérmicos e mesodérmicos. As

estruturas epiteliais: epiderme, folículos pilossebáceos, glândulas apócrinas, glândulas écrinas

e unhas derivam do ectoderma. Os nervos e os melanócitos originam-se no neuroectoderma e

as fibras colágenas e elásticas, vasos sangüíneos, músculos e tecido adiposo originam-se no

mesoderma (SAMPAIO; RIVITTI, 2001).

A pele compõe-se essencialmente de três camadas: a epiderme, a derme e a

hipoderme. A epiderme é a camada externa e está diretamente ligada ao meio ambiente. Ela é

formada por um arranjo ordenado de células, denominada de ceratinócitos, cuja função básica

é sintetizar a queratina, uma proteína filamentosa com função protetora. A derme é a camada

interna e seu principal componente é uma proteína estrutural fibrilar denominada colágeno.

Ela está localizada sobre o panículo, ou hipoderme, que é composto, principalmente, de

lóbulos de lipócitos ou células adiposas (ARNOLD Jr; ODOM; JAMES, 1994). Os queratinócitos constituem a maior parte da epiderme. As células são formadas em sua

camada mais profunda a partir de células cilíndricas que sofrem contínua atividade mitótica. Uma vez

formadas, são empurradas sucessivamente para camadas mais superficiais, pela produção de novas

células. À medida que ganham camadas superiores, as células sintetizam uma proteína (queratina), no

seu citoplasma. É de aproximadamente um mês o período que vai da formação celular até a maturação

do queratinócito. O grau de queratinização e a espessura da epiderme nas diferentes regiões do corpo

são determinados antes do nascimento e estão sob controle genético (CUCÉ; NETO, 1990). Os

melanócitos são as células produtoras de pigmento e se localizam predominantemente ao nível da

camada basal na proporção de dez queratinócitos basais para um melanócito. É interessante observar

que o número de melanócitos é aproximadamente o mesmo em todas as raças. O bronzeamento da

epiderme pelo sol se deve a uma excitação da tirosinase levando a formação de melanossomos maiores

e em maior número (GAMONAL, 2002).

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As células de Langerhans são células dendríticas. De origem e função discutidas, são hoje

consideradas células monocitárias macrofágicas de localização epidérmica, com função imunológica,

atuando no processamento primário de antígenos exógenos que atingem a pele.

Além de sua localização epidérmica, as células de Langerhans são encontradas na derme, nos

linfáticos da derme, linfonodos e timo (SAMPAIO; RIVITTI, 2001). Segundo Guirro (2004), a

epiderme é em geral descrita como constituída de quatro ou cinco camadas ou estratos, devido ao fato

da camada lúcida estar ou não incluída, só sendo observada em determinadas amostras de pele

espessa.

A camada germinativa ou basal compõe-se de dois tipos de células: basais e melanócitos. As

primeiras são cilíndricas de eixo maior perpendicular à superfície cutânea, justapostas, constituindo

fileira única. Possuem núcleo alongado ou oval, disposto, também, perpendicularmente à superfície da

pele. Algumas apresentam formas de mitose, em número relativamente reduzido, quando se considera

que a renovação das células basais parece rápida (BECHELLI, 1988).

Abaixo da camada germinativa ou basal, existe uma fina estrutura constituída por

mucopolissacarídeos neutros, a membrana basal, que tem importante participação em várias condições

patológicas da pele e cuja análise anátomo-patológica, imunopatológica e, mesmo, ultra estrutural é,

por vezes, muito importante no diagnóstico e interpretação da patogenia de certas dermatoses.

Algumas funções da membrana basal: aderência dermo-epidérmica, suporte mecânico e

função barreira (SAMPAIO; RIVITTI, 2001). A camada malpighiana ou camada de células espinhosas

está situada acima da camada basal, e tem a espessura de vários estratos celulares. Nesta camada, os

queratinócitos são mais achatados e poliédricos, com seus longos eixos paralelos à superfície. A

superfície das células é coberta por curtas expansões semelhantes às células adjacentes. Em cortes

fixados pelo formol, estas expansões se acentuam, dando a impressão de espinhos, fato que definiu a

denominação de camadas de células espinhosas (CUCÉ; NETO, 1990). A camada granulosa é

formada por células granulosas, assim denominadas por caracterizarem-se pela presença de grande

quantidade de grânulos. Estes grânulos são de tamanho e forma irregulares e compõem-se de

queratohialina. São compostos de profilagrina, proteína que origina a filagrina e por citoqueratinas. Na

camada granulosa, já são detectados outros elementos, componentes do envelope das células

corneificadas: involucrina, queratolinina, pancornulinas e loricrina. Em áreas de queratinização

imperfeita, a camada granulosa pode estar ausente (SAMPAIO; RIVITTI, 2001).

Antes da transformação da camada granulosa em córnea aparece a camada lúcida, que é mais

abundante nas regiões palmo-plantares e constituída de células achatadas anucleadas (GAMONAL,

2002).

A camada córnea é formada de células mortas, anucleadas, desidratadas, com aspecto de finas

lâminas superpostas. As mais superficiais acabam por se eliminar. Esta camada atinge maior espessura

meio milímetro e mais na região plantar. As células córneas compõem-se de uma substância

albuminóide especial, a ceratina, resultante de modificação das proteínas das células epiteliais

(ceratinização). A elas se devem a resistência e relativa impermeabilidade da pele (BECHELLI, 1988). Epiderme se origem ectodérmica, a epiderme apresenta-se constituída de células

epiteliais dispostas em camadas, as quais de dentro para fora recebem, respectivamente, o

nome degerminativa ou basal, malpighiana ou corpo mucoso, granulosa ou córnea

(BECHELLI, 1988).

As funções da epiderme são: proteção contra traumas físicos e químicos,

principalmente em função da camada córnea; resistência às forças de tensão a epiderme;

prevenção da desidratação e perda de eletrólitos, além da proteção contra o encharcamento do

corpo quando em contato com a água, graças à impermeabilidade da queratina; restrição da

passagem de corrente elétrica, devido a alta impedância que a caracteriza; proteção contra

entrada de substâncias tóxicas; proteção dos efeitos nocivos do UV, através da melanina

(CUCÉ; NETO, 1990).

A derme é uma espessa camada de tecido conjuntivo sobre a qual se apóia a epiderme,

comunicando esta com a hipoderme. A derme está conectada com a fáscia dos músculos

subjacentes por uma camada de tecido conjuntivo frouxo, a hipoderme. Na derme situam-se

algumas fibras elásticas e reticulares, bem como muitas fibras colágenas, e ela é suprida por

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vasos sangüíneos, vasos linfáticos e nervos. Também contém glândulas especializadas e

órgãos do sentido. A derme apresenta uma variação considerável de espessura nas diferentes

partes do corpo sendo que a sua espessura média é de aproximadamente dois milímetros. Sua

superfície externa é extremamente irregular, observando-se as papilas dérmicas (GUIRRO E

GUIRRO, 2004).

O principal componente da derme é o colágeno, uma proteína fibrosa que atua como a

principal proteína estrutural de todo o corpo. Ele é encontrado nos tendões, ligamentos e no

revestimento dos ossos, da mesma forma que na derme, e representa 70% do peso seco da

pele (ARNOLD Jr; ODOM; JAMES, 1994).

As funções da derme são: promover flexibilidade à pele; determinar proteção contra

traumas mecânicos; manter a homeostase, armazenar sangue para eventuais necessidades

primárias do organismo; determinar a cor da pele, por ação da melanina, hemoglobina e dos

carotenos; ruborização, quando de respostas emocionais e é a segunda linha de proteção

contra invasões por microorganismos, por ação dos leucócitos e macrófagos aí existentes

(CUCÉ; NETO, 1990).

A Hipoderme ou panículo adiposo, é a camada mais profunda da pele, de espessura

variável, composta exclusivamente por tecido adiposo, isto é, células repletas de gordura

formando lóbulos subdivididos por traves conjuntivo-vasculares. Relaciona-se, em sua porção

superior, com a derme profunda, constituindo-se a junção dermo-hipodérmica, em geral, sede

das porções secretoras das glândulas apócrinas ou écrinas e de pêlos, vasos e nervos.

Funcionalmente, a hipoderme, além de depósito nutritivo de reserva, participa no

isolamento térmico e na proteção mecânica do organismo às pressões e traumatismos externos

e facilita a mobilidade da pele em relação às estruturas subjacentes (SAMPAIO; RIVITTI,

2001).

Graças à arquitetura e às propriedades físicas químicas e biológicas de suas várias

estruturas, a pele, como membrana envolvente e isolante, é um órgão capacitado à execução

de múltiplas funções:

- Proteção: constitui a barreira de proteção para as estruturas internas do organismo à ação de

agentes externos de qualquer natureza e, ao mesmo tempo, impede perdas de água, eletrólitos

e outras substâncias do meio interno.

- Proteção imunológica: a pele, graças aos seus componentes dérmicos participantes do S.R.E,

é um órgão de grande atividade imunológica, onde atuam intensamente aos componentes de

imunidade humoral e celular, motivo pelo qual, hoje, grande quantidade de testes

imunológicos, bem como práticas imunoterápicas, são estudados na pele.

- Termorregulação: graças a sudorese, constrição e dilatação da rede vascular cutânea, a pele

processa o controle homeostático da temperatura orgânica.

- Percepção: através da complexa e especializada rede nervosa cutânea, a pele é o órgão

receptor do calor, frio, dor e tato.

- Secreção: A secreção sebácea é importante para a manutenção eutrófica da própria pele,

particularmente da camada córnea, evitando a perda de água. Além disso, o seb um tem

propriedades antimicrobianas e contém substâncias precursoras da vitamina D. Quanto as

glândulas sudoríparas, a eliminação de restos metabólicos não têm valor como função

excretora (SAMPAIO, RIVITTI, 2001).

2.1 Reparo dos tecidos

A regeneração é um processo complexo, porém, essencial sem o qual o corpo seria

incapaz de sobreviver. Envolvem ações integradas das células, matriz e mensageiros químicos

e visa restaurar a integridade do tecido o mais rápido possível. A regeneração é um

mecanismo homeostático para restaurar o equilíbrio fisiológico e pode ser iniciada como

resultado da perda de comunicação entre células adjacentes, entre células e seu suporte ou por

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morte celular. A regeneração pode ser descrita em termos de quimiocinesia, multiplicação e

diferenciação celular. Ocorre uma série de eventos complexos, envolvendo a migração das

células originárias do tecido vascular e conjuntivo para o local da lesão. Esse processo é

governado por substâncias quimiotáticas liberadas no local (KITCHEN, 2003).

O processo de regeneração, que é comum a todos os tecidos corporais, é dividido em

três fases, que serão vistas a seguir:

- Fase inflamatória: é produzida imediatamente quando ocorre uma lesão tecidual e terá a

duração de 24 a 48 horas, tendo como característica o calor, rubor, edema e dor, podendo

haver perda de função; e se persistir a irritação local, poderá prolongar-se por mais de 12

horas. Nesta fase ocorre a limpeza e/ou defesa da área lesada. Na lesão tecidual com

rompimento de vasos ocorre uma vasoconstrição por influência da norepinefrina com duração

de poucos minutos, levando a uma aderência das paredes dos vasos e por influência da

serotonina, ADP, cálcio e trombina, ocorrendo uma vasoconstrição secundária.

Posteriormente, ocorre uma vasodilatação também secundária, aumentando a

permeabilidade de vênulas e decorre por influência da histamina, prostaglandina e peróxido

de hidrogênio. A bradicinina atua sobre os vasos normais aumentando sua permeabilidade,

liberando proteínas plasmáticas, auxiliando a geração de coágulo extracelular. A produção de

prostaglandinas ocorre após uma lesão, e sua produção acontece praticamente em todas as

células lesadas, em decorrência da alteração do conteúdo de fosfolipídeo das paredes

celulares. Certos tipos de prostaglandinas têm ações pró-inflamatórias, aumentando a

permeabilidade vascular. Atraem leucócitos ao local da lesão, sendo também sensibilizadoras

da dor (nociceptores). Após a lesão, os primeiros a chegarem no local são os leucócitos

polimorfos nucleares negativos.

Esses neutrófilos (são eletricamente negativos) atravessam as paredes dos vasos por

ação amebóide, e atuam na fagocitose dos corpos estranhos e débris, células mortas, limpando

a área de lesão. A opsolina, que é uma molécula de globulina, une-se a corpos estranhos

permitindo ao fagócito aderir a sua superfície e promover a fagocitose, seguidos pelos

macrófagos, produzindo fatores da lesão que direcionam a formação de tecido de granulação.

Esta fase dura um período de 2 a 3 dias, iniciando, depois a fase proliferativa (MACHADO,

s/a).

- Fase proliferativa: inicia-se com a ação dos macrófagos fagocitando débris, bactérias e

também neutrófilos, além de orientar os tecidos de granulação. A duração dessa fase é de 3

dias a 3 semanas e nela inicia-se o preenchimento da lesão ou ferida pelos macrófagos,

fibroblastos, novos vasos(angiogênese), matriz do tipo I e III (tecido de granulação) e células

epiteliais. Ocorre a contração centrípeta da ferida, reduzindo seu diâmetro e facilitando sua

cicatrização. Neste período, o tecido colágeno tem pouca resistência tênsil(colágeno imaturo).

As fibras reorientam-se ao longo das linhas de tensão, resultando em maior resistência

tênsil. Com a deposição de mais colágeno, a resistência das fibras à ruptura aumenta

gradativamente, atingindo 20% do normal, após 21 dias e algumas substâncias como o cobre,

ferro, vitamina C, B6, magnésio, zinco têm função importante na produção de colágeno de

qualidade e de boa resistência tênsil ou mecânica (MACHADO, s/a).

- Fase de remodelamento: a fase de remodelamento/maturação da cura é um processo a longo

prazo. Esta fase caracteriza-se por um realinhamento ou remodelamento das fibras de

colágeno que compõem o tecido cicatricial de acordo com as forças de tensão, às quais a

cicatriz é submetida. Com a ocorrência da queda e da síntese de colágeno, há um constante

aumento da resistência à tração na matriz cicatricial. Estando a tensão e a tração aumentadas,

as fibras de colágeno serão realinhadas em uma posição de eficiência máxima, paralelamente

às linhas de tensão. O tecido assume gradualmente aparência e função normal, embora a

cicatriz seja poucas vezes tão forte quanto o tecido normal lesado. Em geral, ao final de

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aproximadamente três semanas, aparece uma cicatriz firme, forte, resistente e não

vascularizada. A fase de maturação regenerativa pode exigir vários anos para ser totalmente

completada (PRENTICE, 2004).

3. Características da Pele na Medicina Chinesa

Mudanças na cor da pele fornecem informação sobre a prosperidade ou declínio do Qi

e do sangue dos órgãos. As cores da pele dividem-se em azul, vermelho, amarelo, branco, e

preto, chamadas de as “cinco cores”, correspondendo respectivamente aos cinco órgãos: o

fígado, o coração, o baço, os pulmões e os rins, alterações na cor da pele podem mostrar a

natureza de uma doença e várias síndromes de diversos órgãos, enquanto que o brilho da pele,

que é, o grau de umidade da pele, reflete principalmente a prosperidade ou declínio do qi-vital

e da essência dos órgãos (ZUCCO, 2004).

O Qi defensivo consiste em proteger o organismo do ataque de fatores patogênicos

exteriores, tais como Vento, Calor, Frio e Umidade. Além disso, aquece, hidrata e nutre

parcialmente a pele e os músculos, ajusta a abertura e o fechamento dos poros ( e portanto

regula a sudorese), além de regular a temperatura corpórea (principalmente através do

controle da sudorese) (MACIOCIA, 1996).

Alterações na cor da pele são mostradas muito claramente na face. A face não somente

é facilmente observável, mas também rica em capilares, e rica em qi e sangue. Todo o qi-vital

dos cindo órgãos-zang e dos seis órgãos-fu correrão para cima, para a face. Além disso, como

a face é fina e macia, suas alterações de cor são visíveis na superfície. Portanto, a parte

principal do exame da cor da pele deve observar a compleição facial a fim de saber sobre o

estado do qi, do sangue, dos órgãos e fatores patogênicos (ZUCCO, 2004).

Segundo MACIOCIA (1996), a coloração da face nem sempre esta de acordo com as

manifestações clinicas: em algumas situações, a cor da face pode contradizer o padrão

apresentado pelas manifestações clinicas. Nestes casos, a coloração da face usualmente

mostra a causa não aparente do desequilíbrio.

Para dominar o significado da diagnose das cinco cores, você deve prestar atenção em

distinguir a cor de pele normal da cor de pele enferma (ZHANG,1988).

1) Características da Cor de Pele Normal

Cor de pele normal refere-se à compleição facial de uma pessoa em condições normais

de saúde. Caracterizada por brilho, umidade e mistura das cinco cores com a cor do sangue, a

cor de pele normal indica que o qi-vital, o sangue e o fluido do corpo são suficientes e que a

atividade funcional dos órgãos está em boas condições de funcionamento (ZUCCO, 2004).

Cor de pele normal pode ser classificada como compleição zhu e compleição ke.

Compleição zhu é a cor de pele normal de uma nacionalidade, conhecida também como

compleição zheng. Por exemplo, a compleição zhu dos chineses é uma mistura apagada de

amarelo e vermelho, brilho e umidade – o reflexo do qi e do sangue em bom estado e qi-vital

plenamente armazenado no interior. Mas não é extraordinário se compleições pessoais variem

ligeiramente por causa das diferentes constituições individuais. Numa palavra, se a

compleição de uma pessoa e sua cor da pele permanece inalteradas por toda sua vida, são a

sua compleição zhu (ZHANG,1988).

A compleição ke é uma que varia com o ambiente circundante, as estações, o clima e

as condições de vida quando a pessoa se ajusta ao seu meio-ambiente. Por exemplo, a

compleição torna-se um pouco azul na primavera, um pouco vermelha no verão, um pouco

amarela no fim do verão e um pouco branca no outono, e um pouco escura no inverno. Além

disso, mudanças de idade, dieta, atividades, emoções, ou profissões, luz solar, vento e poeira,

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podem também trazer alterações na compleição facial. Todas estão relacionadas, entretanto,

às variantes normais de compleição, enquanto tiverem as características da cor de pele normal

(ZUCCO, 2004).

2) Características de Cor de Pele Enferma

Cor de pele enferma refere-se à aparência facial de uma pessoa doente. Pode ser dito

que indica todas as cores anormais. A cor de pele enferma é caracterizada por uma aparência

pálida e embotada, ou uma única cor vazia e sangue, ou aparência que muda em desacordo

com as estações (ZHANG,1988).

A aparência varia com a severidade da doença. Neste sentido, divide-se em tipo

favorável e tipo desfavorável. Geralmente falando, a aparência é favorável se ainda se

mantiver brilhante e úmida embora algumas alterações patológicas, inexaustão do qi vital e da

essência dos órgãos, e suficiência do qi do estômago para nutrir a face, indicando prognose

favorável. Por outro lado, alterações obviamente anormais são marcadas por aparência sem

brilho, murcha e apagada, que mostra alterações patológicas sérias, declínio do qi-vital, e

exaustão do qi-do estômago (ZHANG,1988). Todas estas indicam prognose desfavorável.

Características de condições favoráveis e desfavoráveis das cinco cores são descritas

de Questões Comuns. Sendo tão azuis e frescas como as penas de um kingfisher” (nome

genérico de pássaro pescador) e tão vermelhas como a crista de um galo, tão amarelas como o

abdômen de um caranguejo, tão brancas como a banha de porco e tão pretas como a pena do

corvo são as características da cor da pele enferma do tipo favorável, indicando vida. Sendo

tão azuis como uma grama arruinada, tão verdes como a cor do sangue coagulado, tão

amarelas como a laranja azeda não madura, tão pálidas como o osso seco e tão pretas como a

fuligem são características da cor da pele enferma do tipo desfavorável, indicando prognose

desfavorável, ou mesmo morte. Assim o ponto chave ao observar a aparência facial e

catalogar a aparência brilhante e úmida como o tipo favorável, aparência pálida e apagada

como o tipo desfavorável. A primeira mostra que o qi e o sangue não foram exauridos e a

doença é fácil de curar; a última mostra que o qi-vital foi prejudicado e que a doença é de cura

difícil (ZHANG,1988).

4. Estrias

A estria é uma atrofia tegumentar adquirida, de aspecto linear, algo sinuosa, em estrias

de um ou mais milímetros de largura, a princípio avermelhadas, depois esbranquiçadas e

abrilhantadas (nacaradas). Raras ou numerosas, dispõem-se paralelamente umas às outras e

perpendicularmente às linhas de fenda da pele, indicando um desequilíbrio elástico localizado,

caracterizando, portanto, uma lesão da pele. Apresentam caráter de bilateralidade, isto é,

existe uma tendência da estria distribuir-se simetricamente e em ambos os lados (GUIRRO E

GUIRRO, 2004).

Costumam aparecer em períodos de crescimento rápido, como na adolescência,

justamente por serem uma conseqüência do rompimento das fibras elásticas e colágenas da

pela. O aumento de peso ou mesmo o crescimento da musculatura conseguido pelo excesso de

exercícios físicos, como a musculação, também podem ocasionar o surgimento de estrias.

Segundo a Medicina Chinesa, consiste num trauma levando a estagnação local de Qi e

Xue. Deste modo, o tratamento está voltado basicamente para a recuperação de fibras

danificadas e aumento da produção de colágeno através de estímulos de Eletrotonificação e

Eletrosedação (ZHANG,1988).

A estimulação através de agulhas provoca um processo inflamatório agudo seguido de

hiperemia, edema, aumentando a permeabilidade dos vasos, a proliferação de capilares, a

liberação de substancias colágenas, resultando por fim em uma regeneração tecidual.

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Na Medicina Tradicional Chinesa, o mecanismo de ação ocorre devido a estimulação

local que libera Qi (energia) e Xue (sangue), elementos essenciais para a recomposição

celular local.

As estrias são desencadeadas por um conjunto de fatores que não podem ser avaliados

isoladamente. Kede classifica estes fatores em três grupos: fatores mecânicos, fatores

bioquímicos e predisposição genética. Os estrogênios causas elevação da taxa de ácido

hialurônico, de condroitinossulfatos e de corticóides fluorados tornando a pele mais suscetível

a trações cutâneas (KEDE, 2004).

As estrias atróficas são encontradas em ambos os sexos, com predominância no

feminino, principalmente a partir da adolescência. A maior incidência de estrias em meninas

ocorre entre doze e quatorze, e nos meninos, de doze a quinze anos. Entretanto, as estrias são

notadas em todos os grupos etários. Na mulher adulta saudável, a incidência de estrias é 2,5

vezes mais freqüente que no homem nas mesmas condições (GUIRRO E GUIRRO, 2004).

Quanto à localização das estrias, pode-se observar uma incidência maior nas regiões

que apresentam alterações teciduais como glúteos, seios, abdome, coxas, região lombo sacral

(comum em homens), podendo ocorrer também em regiões pouco comuns, como fossa

poplítea, tórax, região ilíaca, antebraço, porção anterior do cotovelo (GUIRRO E GUIRRO,

2004).

A estria evolui clinicamente em estágios semelhante à formação de uma cicatriz. As

lesões iniciais são ativas, caracterizadas por eritema e nenhuma aparente depressão de sua

superfície. Gradualmente a cor vai diminuindo e as lesões ficam mais claras que a pele

normal. É possível que a aparência inicial, com hiperemia e edema seja decorrente de

respostas inflamatórias associadas à vasodilatação que vai progressivamente diminuindo,

dando lugar a uma lesão atrófica (TOSCHI, 2004). De acordo com White et al. (2007), sua etiologia ainda não está definida, mas existem

três teorias que tentam explicá-la, onde a mais bem aceita é a teoria endocrinológica.

Segundo Guirro (2004) a teoria mecânica relata que o aparecimento de uma estria está

necessariamente relacionado a um estiramento mecânico da pele lesionando assim as fibras

elásticas e colágenas do tecido. As fibras elásticas se separam em vários segmentos fibrilares

e as fibras de colágenos se separam e se alargam. Logo, suas causas baseadas nessa teoria

seriam um crescimento muito rápido durante a adolescência, uma grande deposição de

gordura, uma hipertrofia muscular muito rápida ou uma distensão abdominal considerável,

como nos casos de uma gestação.

A Teoria endocrinológica é a teoria mais bem aceita atualmente. Adeptos dessa teoria

acreditam que o aparecimento das estrias não está relacionado a uma patologia, e sim ao tipo

de medicamento administrado a esse paciente. Conforme alguns autores, o hormônio

esteróide está presente em todas as formas de aparecimento das estrias como na obesidade, na

adolescência e na gravidez, onde o hormônio vai atuar especificamente sobre o fibroblasto

(GUIRRO E GUIRRO, 2004).

Durante a gestação, de 75 a 95% das mulheres são acometidas com pelo menos alguns

pares de estrias. Aparecem principalmente nos últimos três meses de gestação onde as fibras

elásticas se encontram no seu limite de resistência, também acometidas pelo aumento da

atividade hormonal (VENTURA, 2003).

Durante a adolescência, geralmente ocorre concomitantemente ao aparecimento das

estrias, a presença de acne, aparecimento de pêlos e desenvolvimento das mamas e genitais,

caracterizando essa fase como de grande alteração hormonal (GUIRRO E GUIRRO, 2004).

Teoria infecciosa alguns poucos autores acreditam que o surgimento das estrias ocorre

por processos infecciosos que danificam as fibras elásticas (GUIRRO E GUIRRO, 2004).

São chamadas rubras quando se apresentam em uma fase inicial, chamada de

inflamatória, e com uma coloração avermelhada. Quando o processo de formação está

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praticamente finalizado, as lesões se tornam esbranquiçadas, sendo chamadas de alba,

apresentando-se numa fase atrófica (LIMA E PRESSI, 2005).

De acordo com Bondi, Jegasothy e Lazarus (2005), geralmente não apresentam

sintomas, mas alguns pacientes relatam leve prurido na fase inflamatória.

A pele estriada apresenta alterações nas fibras colágenas, nos fibroblastos e na

substância fundamental amorfa, caracterizando-se assim como uma lesão dérmica inestética

(KARIME, 2006).

5. Acupuntura

A acupuntura é uma técnica medicinal chinesa de manipulação do chi (chi ou qi) para

equilibrar as forças opostas do yin e yang. Supõe-se que o chi, uma suposta “energia” que

permearia todas as coisas, fluiria através do corpo através de 14 caminhos principais

chamados meridianos. Quando o yin e o yang estão em harmonia, o chi flui livremente pelo

corpo, e a pessoa tem saúde. Quando a pessoa se sente mal, está doente ou ferida, acredita-se

que haja uma obstrução do chi ao longo de um dos meridianos. A acupuntura consiste em

inserir agulhas através de pontos específicos do corpo, supostamente removendo obstruções

do chi prejudiciais à saúde, logo restaurando a distribuição do yin e yang. Às vezes as agulhas

são giradas, aquecidas, ou mesmo estimuladas com correntes elétricas fracas, ultrassom, ou

luz de certos comprimentos de onda (LEE PK e ANDERSON TW 1975).

As agulhas são instrumentos poderosos quando utilizadas de modo adequado, podendo

tratar de uma extensa lista de doenças. Além de oferecer benefícios para a saúde, essa técnica

milenar chinesa também pode ser usada na estética: atenuar rugas e marcas de expressão,

estrias, celulite e outra série de males que afetam principalmente a vaidade das mulheres. A

utilização da acupuntura na estética facial é antiga. Imperatrizes das diversas dinastias na

Antiga China já usavam as agulhas para atenuar as rugas (ZUCCO, 2004).

Nos dias de hoje, existe uma pressão enorme sobre os indivíduos adultos para manter-

se uma aparência jovem, e muitas vezes, as pessoas não aceitam o processo natural do

envelhecimento. De fato, a aparência externa é muito importante. A acupuntura altera a

circulação do sangue e a energia dos canais dos órgãos e vísceras, levando o corpo a uma

harmonia de matéria e de energia. Esses efeitos agem sobre o sistema nervoso autônomo e

central, assim como o sangue, difundindo o QI, os hormônios, provocando reações de

analgesia, aumento ou diminuição das funções orgânicas (SILVA; ANDRADE; VIEIRA,

2004).

Acredita-se que a acupuntura voltada para a estética aconteceu por acidente, quando se

tratavam os pacientes por outras causas. Com isto, iniciaram-se estudos mais detalhados

relacionados com a estética. Em um estudo, 300 pessoas foram tratadas com acupuntura

facial, e em 90% da amostra, verificaram-se efeitos benéficos, como aumento da elasticidade

dos músculos e diminuição das rugas (ZUCCO, 2004).

A Acupuntura Estética é uma técnica para o tratamento da beleza e saúde, que pode

ser aplicada tanto na face, amenizando rugas, marcas de expressão, olheiras, bolsa

suboculares, manchas, flacidez, acnes e verrugas, como no corpo, atuando na redução do

flanco, culotes, abdômen, celulites, estrias, levantando glúteos e seios, flacidez no pescoço e

nos braços (NAKANO E YAMAMURA, 2005).

Há relatos de que o uso da Acupuntura na aparência surgiu por volta de 2.400 a.C,

pelo Imperador Yao, que, muito vaidoso, aplicava as agulhas nas sobrancelhas para arqueá-

las. No entanto, o método chinês ficou mais forte na década de 1980 na China e em toda

Europa nos tratamentos de emagrecimento e antienvelhecimento (ZUCCO, 2004).

Para a Acupuntura, uma das grandes vantagens consiste no fato de ser uma terapia

relativamente segura. Mesmo se aplicado um tratamento inadequado, na maioria dos casos, o

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próprio organismo se reequilibra em poucos dias. Isto não quer dizer, entretanto, que não

possa originar efeitos maléficos causados pelo tratamento inadequado (MACIOCIA, 1996).

5.1 Eletroacupuntura

A utilização de eletricidade para estimulação de acupontos cutâneos (pontos de

acupuntura) chama-se eletroacupuntura, onde começou a ser mais empregada a partir da

década de 30. Proporciona o aumento da circulação local e a colagênese. Atualmente a sua

corrente é a galvânica, sendo que nos aparelhos de eletroacupuntura ela é aplicada de forma

interrompida, diminuindo assim os efeitos da eletrólise (NAKANO E YAMAMURA, 2005).

Eletroacupuntura aplicada à estria atrófica, em toda literatura disponível, são ditas

como seqüelas irreversíveis.Alguns autores se baseiam no fato de que não há regeneração da

fibra elástica, gerando então uma não aceitação de tratamentos para as mesmas (GUIRRO E

GUIRRO, 2004).

Mas estudos vêem mostrando a eficácia da aplicação da corrente galvânica

subcutaneamente sobre a estria. Após a aplicação do estímulo elétrico, ocorre um aumento no

número de fibroblastos jovens, uma neovascularização e todas as funções inerentes da pele

são recuperadas, inclusive o retorno da sensibilidade dolorosa no local após algumas sessões.

Logo, o aspecto da pele se apresenta muito próxima ao normal, onde também foram

observado algum tipo de reorganização das fibras colágenas (GUIRRO et al., 1991).

Segundo White et al. (2007), observou-se uma epiderme mais espessa, maior

quantidade de fibroblastos, fibras elásticas e colágenos e maior número de vasos após a

aplicação da corrente elétrica.

De acordo com Karime (2006), o processo de regeneração da estria está fundamentado

no estímulo físico da agulha, juntamente com a alcalose através do pólo negativo da corrente

contínua, que irá desencadear uma resposta inflamatória aguda seguida do processo de

reparação tecidual onde a finalidade do procedimento é a reestrutura, de forma satisfatória, da

integridade da pele. Mas deve-se lembrar que para iniciar o tratamento, a causa o

aparecimento das estrias devem estar abolidos.

A fase inicial do aparecimento de uma estria atrófica, classificada anteriormente de

estrias rubras, é o melhor momento para se dar início ao tratamento, principalmente porque

ainda existe a presença de células e corrente sanguíneo local onde a regeneração se torna mais

fácil (VENTURA, 2003).

O método de aplicação é invasivo, feito estria por estria, sendo que a penetração da

agulha é realizada sobre elas, paralelamente e subepidermicamente, sendo uma agulha em

cada extremo da estria conectadas com o aparelho de eletroacupuntura. No seu trajeto irá

haver a formação de edema e pequeno eritema. Esse método visa o aumento do aporte

sanguíneo e líquidos na região em tratamento, o aumento de fibroblastos jovens e o

favorecimento da neovascularização, para haver uma restauração local (FORNAZIERI,

2005).

Após a agulha inserida intradermicamente ao longo da estria, é necessário que se

manipule essa agulha para obtermos maior resposta inflamatória, mas essa manipulação

desencadeia vários estímulos dolorosos. Logo, as vantagens de se usar a eletroacupuntura,

comparado com o estímulo manual da agulha, são principalmente a redução desses estímulos

dolorosos e o aumento da velocidade de manipulação da agulha (NAKANO E

YAMAMURA, 2005).

É indicado que o tratamento seja unilateral, para que se observe e compare a melhora

do aspecto da pele (GUIRRO et al., 1991). É necessário manter a resposta inflamatória após o

estímulo para que haja um resultado favorável (LIMA E PRESSI, 2005).

A intensidade da corrente elétrica e a capacidade reacional do paciente é quem vão

determinar a intensidade e a duração da reação inflamatória (GUIRRO E GUIRRO, 2004).

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11

O estímulo físico da agulha desencadeia um processo de reparação com a finalidade de

restaurar a integridade do tecido estriado. Esse estímulo físico associado com a corrente

elétrica desencadeia o aumento da atividade metabólica local e uma inflamação aguda

localizada, não apresentando qualquer efeito sistêmico (BORGES et al., 2007).

A hiperemia e o edema que surgem no local estimulado ocorrem através das

substâncias locais liberadas pela lesão da agulha, responsáveis pela dilatação dos vasos e

aumento da sua permeabilidade (GUYTON, 1997). Cada espaço da lesão é preenchida por um

exsudato inflamatório composto de leucócitos, eritrócitos, proteínas plasmáticas e fáscias de

fibrina. Daí ocorre um processo de epitelização, onde as células epidérmicas adentram no

interior das fendas formadas pela agulha e formação de fibrina originada pela hemorragia da

microlesão. A reação inflamatória e a epitelização formam os fibroblastos e capilares para a

profundidade da lesão (GUIRRO E GUIRRO, 2004).

O uso da corrente galvânica somatiza os efeitos da inflamação. Ela aumenta o edema

promovido pela reação inflamatória aguda através da mobilização da água dos tecidos

estimulados e da resposta vasomotora (LIMA E PRESSI, 2005).

De acordo com NAKANO E YAMAMURA (2005), o uso da eletroacupuntura

melhora a profundidade das estrias logo nas primeiras sessões. Outras respostas ocorrem com

a utilização desse método como a melhora do aspecto geral na região tratada, a normalização

da coloração das estrias e a melhora da microcirculação regional das estrias (BORGES et al.,

2007).

Nenhum agente antiinflamatório deverá interromper o edema e a hiperemia durante o

período de absorção do processo inflamatório. É necessário esperar esse período, que dura

entre 2 e 7 dias para que ocorra um novo estímulo, evitando assim a formação de um processo

inflamatório crônico local (GUIRRO E GUIRRO, 2004).

O uso de corrente elétrica é contra-indicado em alguns pacientes como os cardíacos,

portadores de marcapasso, neoplasias, gestantes, epiléticos ou qualquer outra patologia que

contra indique a aplicação de eletricidade (LIMA E PRESSI, 2005).

A técnica utilizada também possui suas contra-indicações como é o caso de pacientes

portadores de diabetes, hemofilia, vitiligo, síndrome de Cushing, tendência a quelóides e uso

de algumas medicações (esteróides e corticosteróides) (VENTURA, 2003).

6. Outras Técnicas Técnica de pica-pau (sangria): indicada para estrias fininhas e irregulares. Esta técnica

é realizada da seguinte forma: insere a agulha a 2cm e retirar, realizando um efeito semelhante

a um pássaro.

Técnica de costura: consiste em realizar um efeito semelhante ao de costurar,

preenchendo os espaços livres das estrias largas, ou seja, o acupunturista deverá inserir uma

agulha a 45° no inicio e outra no final da estria e realizar a técnica anterior.

Técnica de transfixação: consiste em transfixar a agulha de acupuntura nas estrias

retas.

Em cada técnica o paciente deverá permanecer com as agulhas durante 25 minutos.

7. Conclusão

A limitação do tratamento das estrias está no fato de que não existe ainda protocolos

definidos em relação ao tipo de estímulo, a freqüência e intensidade ideal, o tempo de

permanência desse estímulo e a seqüência do tratamento. Para que se tenha um bom resultado

é necessário que exista uma interação dos métodos utilizados para esse fim para que a escolha

do protocolo seja o ideal, levando-se em conta que a resposta ao tratamento está diretamente

ligada com as características da pele estriada e as características do próprio paciente.

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Pode-se também verificar poucos respaldos científicos que comprovem a eficiência da

técnica e escassez de referências sobre o assunto. Mas mesmo sem tantos respaldos , é certo

afirmar que o uso da eletroacupuntura traz evidentes melhoras ao aspecto da pele tratada.

Logo, com esta revisão bibliográfica, podemos concluir que a eletroacupuntura possui

importante atuação na restauração da pele estriada.

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