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ADEQUAÇÃO CAVITÁRIA E RESTAURAÇÃO DE CLASSE
III e IV COM RESINA COMPOSTA
1- ADEQUAÇÃO CAVITÁRIA
De acordo com a classificação de Black, as cavidades de classe III são aquelas
localizadas na face proximal de dentes anteriores, sem envolvimento do ângulo
incisal.
Quando há o envolvimento desse ângulo, definimos como classe IV de Black.
Quando os desgastes dentais são realizados visando receber restaurações com
amálgama de prata, comumente denominamos a remoção da cárie e a preparação
para a restauração como “preparo cavitário”. Isto porque, como o nome sugere, há
verdadeiramente uma preparação cavitária que não fica restrita à remoção do tecido
cariado. O cirurgião dentista deve ainda, ter preocupação com a forma de contorno,
resistência, conveniência e retenção, e com o acabamento ou tratamento das paredes
de esmalte, procedimentos que “preparam” a cavidade para receber um material
restaurador não adesivo, como é o caso do amálgama.
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Porém quando realizamos desgastes preparando o dente para receber a resina
composta como material restaurador, a principal característica a ser lembrada é a
preservação de estrutura dental sadia. Com o advento da odontologia adesiva, o
princípio do conservadorismo de difundiu ainda mais, uma vez que não há
preocupação com desgastes excessivos que favoreçam a retenção do material às
cavidades. Ainda, como a resina se comporta bem como dentina artificial, as margens
de esmalte sem suporte dentinário podem ser mantidas, preservando ainda mais
estrutura dental. Não há preocupação com forma geométrica, característica dos
preparos clássicos para amálgama.
Assim, o termo “preparo cavitário” pode ser substituído por “adequação
cavitária”, sendo que o objetivo agora é, além da remoção do tecido cariado, adequar
a cavidade para receber a resina composta. Portanto, a adequação cavitária para
resinas compostas em dentes anteriores envolve, basicamente, a remoção do tecido
cariado e a realização do bisel cavo-superficial, procedimento que será discutido
mais a frente.
PROFILAXIA
Taça de borracha ou Escova de
Robinson;
Pasta de pedra pomes e água;
Obs: Não utilizar pasta fluoretada.
SELEÇÃO DA COR
Sem isolamento do campo;
Luz natural;
Dentes e escala molhados;
Polimerizar pequena porção
na face vestibular.
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ISOLAMENTO ABSOLUTO
Isolamento absoluto - acesso às lesões profundas
Isolamento relativo - acesso às lesões rasas e médias
Na dúvida quanto à profundidade da lesão, inicie o acesso com isolamento
absoluto.
ACESSO À LESÃO DE CÁRIE
Por lingual;
Ponta diamantada esférica;
Alta rotação – refrigeração;
Obs: Sempre protegendo o dente
vizinho com tira matriz de aço
REMOÇÃO DO TECIDO CARIADO
A adequação cavitária pode ser concluída
sem isolamento absoluto e com ponta
diamantada esférica em alta rotação (com
refrigeração) se estivermos diante de uma
cárie pequena. Porém, se a cárie se estender
pela dentina, o isolamento absoluto deve ser
instalado ainda para a remoção do restante da cárie, que deverá ser realizado com
curetas, a maior que couber na cavidade, e brocas esféricas carbide em baixa rotação,
também de tamanho proporcional à cavidade para evitar a concentração de esforços
próximo à polpa. As curetas removem a camada mais superficial de dentina cariada e
amolecida. As brocas removem a dentina cariada mais endurecida. É importante
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destacar que as curetas devem ser reutilizadas durante a remoção da cárie com
brocas para verificar a textura da dentina remanescente.
BISEL CAVO-SUPERFICIAL
No início da década de 70, a resistência adesiva entre os sistemas resinosos e a
estrutura dental era considerada muito fraca, algo em torno de 3 a 4 MPa (30 a 40
Kg/cm2). Diante desse fato, era muito comum a ocorrência de sensibilidade pós-
operatória e, ainda, deslocamento das restaurações com resinas compostas. Portanto,
havia dois sérios problemas em função da pouca eficiência dos sistemas adesivos:
vedamento marginal e retenção. Nessa época, o bisel cavo-superficial foi proposto
com forma de aumentar tanto o vedamento marginal quanto a retenção das resinas
compostas às cavidades, a custa de um desgaste maior de esmalte, com inclinação de
30 a 45°. Paralelamente observou-se, melhora da estética em função de um efeito
degrade criado pela área biselada. Com o grande avanço dos sistemas adesivos ao
longo desses anos, a resistência adesiva demonstrada atualmente pode atingir algo
em torno de 30MPa em esmalte. Assim, hoje em dia o bisel, quando realizado, tem
como principal objetivo a melhora da qualidade estética. Retenção e vedamento
marginal têm conotação secundária em função do estágio atual dos adesivos
dentinários.
Por outro lado, o bisel cavo-superficial também tem um efeito negativo, pois
aumenta o desgaste dental, pode deixar esmalte sem suporte dentinário e determina
maior fragilidade em áreas de contato oclusal, pois a quantidade de resina é
pequena, possibilitando a ocorrência de fraturas nessas áreas.
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Em casos de esmalte sem suporte dentinário, utilizar o cimento de ionômero de vidro
ou a própria resina composta para compensar a perda dentinária e a contração de
polimerização da resina composta, antes de realizá-lo.
2- RESTAURAÇÃO
Após a remoção do tecido cariado, já
com isolamento absoluto, pode-se iniciar a
restauração com resina composta. Não
abordaremos aqui os cuidados com a escolha
do material e técnica de proteção do complexo
dentino-pulpar. De acordo com a filosofia da
disciplina, pode-se utilizar o hidróxido de
cálcio, cimento de ionômero de vidro e sistema
adesivo, sempre na dependência do estado de vitalidade pulpar e profundidade da
cavidade. Recomendamos que os capítulos que tratam da proteção do complexo
dentino-pulpar e sistemas adesivos sejam novamente estudados. Como o caso clínico
apresentado é de uma cavidade de profundidade média, iniciaremos já com a
aplicação do condicionamento ácido e sistema adesivo.
CONDICIONAMENTO ÁCIDO
Quando existir apenas uma cavidade a ser restaurada no espaço interproximal de
dentes anteriores, proteger o dente vizinho com tira matriz de poliéster. Quando
existirem duas cavidades a serem restauradas no espaço interproximal
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(envolvimento de dois dentes), pode-se condicionar as duas cavidades ao mesmo
tempo, como na seqüência apresentada a seguir.
Aplicar o ácido fosfórico 37% de 15 a 20 segundos em esmalte e 10 a 15 segundos
em dentina (quando a técnica com condicionamento ácido total for a escolhida);
Lavar e secar sem desidratar;
Aplicação do sistema adesivo em duas camadas;
Fotopolimerização (lembrar de remover o excesso de adesivo no espaço
interproximal com fita matriz ou fio dental ates de realizar a fotopolimerização).
SISTEMA MATRIZ
Contorno da restauração;
Lisura superficial;
Técnica compressiva;
Ponto de contato.
ENCUNHAMENTO
Fixar a matriz de poliéster;
Evitar excesso cervical;
“Afastamento dos dentes”;
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TÉCNICA RESTAURADORA
Inserção incremental para compensar a contração de polimerização;
Incrementos de ± 2mm;
Técnica compressiva da última camada – a tração da matriz para incisal ajuda a
evitar o extravasamento de excesso na região cervical.
MANOBRAS FINAIS
Remoção de cunha e matriz após a
polimerização final;
Remoção do isolamento absoluto;
Remoção dos excessos da
restauração;
Ajuste oclusal;
Acabamento e polimento.
ACABAMENTO
Sempre na mesma sessão;
Pontas diamantadas F e FF ou brocas multilaminadas;
Tiras abrasivas – remoção dos excessos proximais (não atuar nas áreas de contato)
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POLIMENTO
Após 24 horas ou mais (hidratação);
Kit “ENHANCE”;
Pastas de polimento com disco de feltro.
CASO CLÍNICO – CLASSE IV
Início Profilaxia
Escolha da cor Remoção da cárie com broca esférica
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Condicionamento ácido Sistema adesivo
Técnica incremental Posicionamento da matriz e cunha
Matriz sendo tracionada Restauração concluída LEITURA COMPLEMENTAR:
Recomendamos a leitura do capítulo 12 “RESTAURAÇÕES DE CLASSE IV E ATÍPICAS EM DENTES ANTERIORES”, no livro “Dentística: Filosofia, Conceitos e Prática Clínica – Grupo Brasileiro de Professores de Dentística – Editora Artes Médicas, 1ª. Edição, 2005.