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7/25/2019 Adubao Verde Com Guandu
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Produo de Biomassa deGuandu em Funo de
Diferentes Densidades eEspaamentos entre Sulcosde PlantioViviane Fernandes Moreira
1
Arison Jos Pereira2
Jos Guilherme Marinho Guerra3
Rejane Escrivani Guedes4
Janana Ribeiro Costa5
Viso geral do experimento
1
Eng Agrnoma, MS. Cincia do Solo Bolsista Fenorte/Pesagro-Rio, e-mail: [email protected];2Eng Agrnomo, Mestrando Bolsista CAPES CPGF/Embrapa Agrobiologia;3Eng Agrnomo, Pesquisador da Embrapa Agrobiologia. C. Postal- 74505, BR-465, Km-47, Seropdica- RJ, Brasil, 23851-970, e-mail: [email protected];4Eng Agrnoma, MS. Fitotecnia Instituto de Agronomia, Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro5Eng Agrnoma, Pesquisadora da Embrapa Agrobiologia. C. Postal- 74505, BR-465, Km-47, Seropdica- RJ, Brasil, 23851-970, e-mail: [email protected]
Introduo
A adubao verde, uma tcnica de manejo queproporciona melhoria das caractersticas qumicas,fsicas e biolgicas do solo (De-Polli et al., 1996;Espndola et al., 1997), alm de conferir aoagricultor certa autonomia em relao adisponibilidade de matria orgnica (Guerra et al.,
2003). Diversas so as espcies utilizadas comoadubos verdes, todavia, merecem destaque as dafamlia botnica leguminosae, por formaremassociaes simbiticas com bactrias fixadorasdo nitrognio atmosfrico, o que torna disponvelquantidades expressivas de nitrognio aps ocorte das plantas.
Apesar da importncia que a adubao verdepode representar nas unidades de produofamiliares, freqentemente, no se adota a prtica
do pousio pela limitao de rea fsica, em funoda explorao intensiva das reas, o que restringeem muitos casos o uso desta prtica. Portanto,outras formas de manejo da adubao verde temsido avaliadas, como por exemplo, o cultivo deespcies econmicas entre faixas intercalares(Alves, 1999; Moreira, 2003) e em consrcio(Ribas et al.,2002) com leguminosas.
Dentro deste contexto, destaca-se o feijo guandu(Cajanus cajan L. Millsp.), leguminosa semi-perene, adaptada s condies de clima tropical.O guandu uma espcie tradicionalmenteutilizada como adubo verde. Contudo, aspectos domanejo desta espcie, como o efeito de diferentesarranjos populacionais nas caractersticas decrescimento, so ainda pouco conhecidos, nas
condies edafoclimticas da BaixadaFluminense. Desta forma, o presente trabalho tevecomo objetivos, avaliar o efeito de arranjospopulacionais na produo de biomassa, potencialde fixao biolgica de nitrognio e estoque denutrientes na parte area de guandu.
Material e Mtodos
O trabalho foi instalado no Campo Experimentalda Embrapa Agrobiologia, Seropdica, RJ, em
solo classificado como Argissolo vermelho-amarelo, cuja anlise qumica na camada de 0-20cm revelou os seguintes resultados: pH(H2O)= 5,0;Al+++= 0,0 cmolc.dm
-3; Ca++= 2,6 cmolc.dm-3; Mg++=
1,2 cmolc.dm-3; P= 6 mg.dm-3e K= 62mg.dm
-3. Deacordo com estes resultados, a rea recebeu umaadubao homognea de P, na forma determofosfato magnesiano, e de K, na forma de
ISSN 1517-8862Outubro/2003
Ser opdi ca /RJ
Comun i c a d o 57T cn i c o
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Sulfato de potssio, respectivamente, nas dosesequivalentes a 80 kg de P2O5.ha
-1 e 24 kg deK2O.ha
-1. O delineamento experimental adotadofoi o de blocos ao acaso, dispostos em fatorial 4 x2, sendo que os tratamento constaram de
densidades (2, 4, 8, 16 plantas por metro linear) eespaamentos entre sulcos de plantio (0,5 e 1,0m), com quatro repeties. A rea total de cadaparcela foi de 24 m2, definindo-se como rea til,os 4 m2da regio central.
O corte do guandu foi realizado quando as plantasencontravam-se com aproximadamente 50% dasflores abertas, o que ocorreu aos 160 dias aps asemeadura, a uma altura de 0,80 m da superfcie
do terreno. As amostras foram retiradas de cadaparcela, para a avaliao da produo de matriaseca de parte area e posterior determinao doteor de N (Bremner & Mulvaney, 1982), P, K, Ca eMg (Bataglia et al., 1983). Coletaram-se tambmduas plantas de cada parcela para a determinaodo dimetro do caule (na altura de 0,30 m dasuperfcie do terreno) e para a avaliao dadistribuio de matria seca na parte area dasplantas (separando-se a haste, formada do caule
primrio, secundrio e tercirio e folhas pecolo efololos). A contribuio da Fixao Biolgica deNitrognio foi estimada utilizando-se a tcnica deabundncia natural de 15N ou 15N (Shearer &Kohl, 1988), sendo obtida por meio da mdia detrs plantas, usando-se como testemunhas: sorgo(Sorghum bicolor) cv. BR 601, milho (Zea mays)cv. BR 200 e capim p-de-galinha (Eleusineindica).
Resultados e DiscussoO modelo de regresso que resultou melhor ajustedos dados observados em relao aos parmetrosproduo de matria seca de folhas, de caule edimetro de caule (Fig. 1A, B, C) foi o quadrtico.Nota-se que o aumento da densidade de plantasna linha de semeadura e a diminuio doespaamento entre sulcos de plantio, acarretaramreduo da produo de folhas (Fig. 1A), de caule(Fig. 1B) e do dimetro de caule (Fig. 1C). Os
resultados refletem o efeito decorrente dacompetio, devido a menor disponibilidade de
Fig.1 - A
y = 181.81- 30.18x + 1.26x2
R2= 0.94%
y = 93.71 - 15.12x + 0.62x 2
R2= 0.91%
0
40
80
120
160
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18
Densidade de plantas (n.m.linear-1)
Pesosecodefolhas
(g.planta-1)
Fig.1 - B
y = 331.71 - 53.07x + 2.15x2
R2
= 0.95%
y = 168.85 - 26.79x + 1.09x2
R2= 0.94%
0
70
140
210
280
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18
Densidade de plantas (n.m.linear-1)
Pesosecodo
caule
(g.planta
-1)
Fig.1 - C
y = 2.72 - 0.20x + 0.01x2
R2= 0.98%
y = 2.49 - 0.23x + 0.01x2
R2= 0.92%
0
1
2
3
4
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18
Densidade de plantas (n.m.linear-1)
Dimetrodec
aule(cm)
Fig.1 - D
y = 513.83 - 83.41x + 3.41x2
R2= 0.95%
y = 262.58 - 41.91x + 1.70x2
R2= 0.93%
0
120
240
360
480
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18
Densidade de plantas (n.m.linear-1)
Produode
biomassa
areaseca(g.planta-1)
Espaamento de 0,5 m Espaamento de 1,0 m
Fig. 1. Peso seco de folhas (A), de caule (B), dimetro de caule (C) eproduo de biomassa seca total (D) da parte area de guandu em
funo de espaamentos entre sulcos de plantio e densidades deplantas.
espao para explorao do solo pelas razes emaior competio por gua, nutrientes e luz entre
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as plantas. Resultados similares foramencontrados por Tourino (2002), quando avalioudiferentes densidades populacionais na cultura dasoja. As alteraes marcantes ocorridas nosdiferentes rgos da planta e no dimetro do
caule, determinaram reduo de 99% da produode matria seca total de parte area seca (Fig.1D), quando se compara a densidade de 2 plantascom a de 12 plantas.m.linear-1, em ambosespaamentos entre sulcos de plantio.
Destaca-se, porm, que as produtividades(produo por unidade de rea), tanto de matriafresca como seca, no foram afetadas peloadensamento, em funo da reduo da distncia
entre sulcos e aumento das densidades de plantasna linha de plantio (Tabela 1). Portanto, a reduoda produo de biomassa dos rgos quedeterminam o desempenho individual das plantas
medida que se aumenta a densidadepopulacional compensada pelo aumento nonmero de indivduos por unidade de rea, o queacarreta produtividade idntica, quando secomparam populaes com duas ou doze
plantas.m.linear-1. Este efeito compensatrio comtal magnitude, tambm foi observado porFernandes et al., (1999), para diferentesleguminosas, inclusive o guandu. Em relao produtividade de parte area fresca e seca, osvalores mdios alcanados, foram deaproximadamente, 20 e 8 t.ha-1. Torna-seinteressante destacar que, embora no tenha sidoquantificado, notou-se intensa queda de folhasdurante o ciclo de crescimento das plantas, comopode ser visto na Fig. 2, o que indica que aprodutividade de biomassa foi superior aos valoresdeterminados.
Tabela 1. Produtividade de biomassa area seca de guandu, acumulao total de nutrientes e quantificaoda fixao biolgica de nitrognio (FBN), a partir de diferentes densidades de plantas na linha desemeadura.
Parte Area - Guandu
Produtividade Acumulao Total de NutrientesMatria fresca Matria seca N P K Ca Mg
FBN**Densidade deplantas
(n.m.linear-1) t.ha-1 Kg.ha-1 Kg.ha-1
2 20,46** 7,93 220,56 15,81 57,86 89,04 19,66 113,71
4 18,67 7,45 198,36 13,99 55,75 79,24 17,89 117,84
8 19,00 7,65 202,08 14,54 46,03 96,78 20,34 125,97
16 21,38 8,10 217,83 14,49 59,77 87,25 19,80 134,86
C.V. 13 12 14 16 6 15 18 24
* no foi observado diferena significativa entre as densidades de plantas na linha de semeadura, para ambos parmetros avaliados, pelo teste deTukey ao nvel de 0,05% de significncia.** FBN: fixao biolgica de nitrognio estimada pela tcnica de abundancia natural 15N ou 15N.
Fig. 2. Detalhe da deposio de folhas de guandu sobre o solo,devido senescncia natural.
Assim como o observado para a produtividade, acapacidade de estoque de nutrientes na partearea das plantas, no foi afetada nem pelomenor distanciamento entre os sulcos de plantio enem pelo aumento da densidade de plantas nosulco. Em valores mdios, a acumulao total deN na parte area atingiu 209,71 Kg.ha-1, enquantoo P, K, Ca e Mg atingiram, respectivamente, 15,55, 88 e 19 kg.ha-1. Evidencia-se que, alm do alto
potencial de acumulao de N do guandu, estaespcie capaz de acumular quantidadesexpressivas de K e Ca a partir da explorao
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eficiente destes nutrientes no solo. Comocomentado em relao produtividade, os valoresdeterminados na parte area encontram-sesubestimados pela quantidade destes nutrientespresentes na folhas depositadas na superfcie do
solo.
Em relao quantificao da fixao biolgica denitrognio (FBN) atmosfrico, detectou-se que59% de N presente na parte area do guandu foiderivada deste processo, independente dadensidade populacional avaliada. Desta forma, acompetio decorrente do adensamento, noafetou a proporo de N nas plantas derivada daFBN, o que acarretou, em valores mdios, 124 Kg.
ha-1
de N ingressando no sistema a partir do ar,indicando assim, o grande potencial desta espcieem suprir N para desenvolvimento de culturaseconmicas, independentemente, dadisponibilidade deste nutriente no solo.
Outro aspecto positivo do guandu, diz respeito aonvel de ocorrncia de espcies da vegetaoespontnea nos diferentes arranjos populacionais.De acordo com avaliao visual, observa-se que oadensamento de plantas, proporciona reduo da
incidncia das espontneas, quando contrastadocom as menores densidades populacionais (Fig. 3e 4).
O efeito supressor na vegetao espontnea, emfuno do aumento da densidade populacional, um aspecto que deve ser considerado nomomento de implantao desta espcie e,principalmente, se houver restries quanto amode-obra.
Fig. 3. Detalhe da ocorrncia de vegetao espontnea sob o dosselde guandu com alta densidade populacional.
Fig. 4. Detalhe da ocorrncia de vegetao espontnea sob o dosselde guandu com baixa densidade populacional.
A estratgia a ser adotada para a implantao daadubao verde com guandu depender da
anlise de alguns aspectos relevantes. Conquantoo aumento da densidade de plantas acarreteaumento proporcional na quantidade de sementesutilizadas, o adensamento proporciona maiorcobertura de terreno, o que reduz a presena deervas espontneas. Aps a roada do guandu,caso seja desejvel a manuteno de palhadamais facilmente distribuda sobre o terreno, por umperodo mais longo, o adensamento favorece esteprocesso, pois mantm maior nmero de hastes,
do que em densidades menores, alm dasmesmas apresentarem menor velocidade dedecomposio que as folhas (Moreira, 2003).
Concluses
O guandu compensa a diminuio da produoindividual de matria seca de parte area como aumento da populao de plantas, o quemantm inalterada a produtividade de partearea com o adensamento de plantas.
O aumento na densidade de guandu, no afetaa proporo de N presente na parte area dasplantas, derivado do processo de fixaobiolgica da atmosfera.
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Normalizao Bibliogrfica: Dorimar dosSantos FlixEditorao eletrnica: Marta MariaGonalves Bahia