50
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES AVM - NITERÓI CURSO DE PÓS - GRADUAÇÃO EM PSICOPEDAGOGIA Danusa Corrêa Figueiró Peixoto AFETIVIDADE E APRENDIZAGEM: UMA UNIÃO NECESSÁRIA PARA A EDUCAÇÃO Niterói Janeiro/2012

AFETIVIDADE E APRENDIZAGEM: UMA UNIÃO NECESSÁRIA … · válido para a criança que está aprendendo a enxergar o mundo com os olhos ... dando respostas e ... autônomo e feliz

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: AFETIVIDADE E APRENDIZAGEM: UMA UNIÃO NECESSÁRIA … · válido para a criança que está aprendendo a enxergar o mundo com os olhos ... dando respostas e ... autônomo e feliz

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

AVM - NITERÓI

CURSO DE PÓS - GRADUAÇÃO EM PSICOPEDAGOGIA

Danusa Corrêa Figueiró Peixoto

AFETIVIDADE E APRENDIZAGEM: UMA UNIÃO NECESSÁRIA PARA A EDUCAÇÃO

Niterói

Janeiro/2012

Page 2: AFETIVIDADE E APRENDIZAGEM: UMA UNIÃO NECESSÁRIA … · válido para a criança que está aprendendo a enxergar o mundo com os olhos ... dando respostas e ... autônomo e feliz

Danusa Corrêa Figueiró Peixoto

AFETIVIDADE E APRENDIZAGEM: UMA UNIÃO

NECESSÁRIA PARA A EDUCAÇÃO

Niterói

Janeiro/2012

Monografia apresentada à Universidade Candido Mendes como parte dos requisitos para conclusão do curso de Pós-Graduação em Psicopedagogia, sob orientação de Dayse Serra.

Page 3: AFETIVIDADE E APRENDIZAGEM: UMA UNIÃO NECESSÁRIA … · válido para a criança que está aprendendo a enxergar o mundo com os olhos ... dando respostas e ... autônomo e feliz

Danusa Corrêa Figueiró Peixoto

AFETIVIDADE E APRENDIZAGEM: UMA UNIÃO NECESSÁRIA PARA A EDUCAÇÃO

Monografia apresentada ao curso de Pós-Graduação em Psicopedagogia da Universidade Candido Mendes como parte

dos requisitos para a conclusão de curso.

Orientadora: Dayse Serra

Aprovada em..............de..........................................de 2012.

Banca Examinadora:

_________________________________________________

________________________________________________

Page 4: AFETIVIDADE E APRENDIZAGEM: UMA UNIÃO NECESSÁRIA … · válido para a criança que está aprendendo a enxergar o mundo com os olhos ... dando respostas e ... autônomo e feliz

Quanto ao amor... “Tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta. (...) Agora, pois, permanecem a fé, a esperança e o amor, estes três, mas o maior destes

é o amor.” (1 Coríntios 13: 7 e 13)

Dedico este trabalho, com muito amor, aos meus pais, Marilene e Airton, meus primeiros educadores na “escola da vida”.

A todos os familiares, amigos e colegas, que me ajudaram de forma

direta e/ou indireta, torceram por mim e me impulsionaram a realizar

este sonho.

E ainda aos meus “amigos mais chegados que irmãos”, que

desejaram e intercederam a Deus por minha vitória, na busca por

uma vida nova a cada dia.

Agradeço em primeiro lugar a Deus que, com Sua infinita

misericórdia, me deu força, coragem e determinação; até aqui Ele

me sustentou e me conduziu ao alcance dessa vitória e realização

de mais um sonho em minha vida. A Ele toda a honra e toda a

glória!

Agradeço aos mestres desse curso e de todas as outras salas de

aulas pelas quais passei no decorrer de minha vida, que

disponibilizaram tempo, carinho e informações que vieram a

enriquecer ainda mais este trabalho.

Agradeço a todos: familiares, amigos, colegas e professores, que

de alguma maneira vieram a contribuir para com este trabalho.

Page 5: AFETIVIDADE E APRENDIZAGEM: UMA UNIÃO NECESSÁRIA … · válido para a criança que está aprendendo a enxergar o mundo com os olhos ... dando respostas e ... autônomo e feliz

“Wallon, psicólogo e educador, legou-nos muitas outras

lições. À nós, professores, duas são particularmente

importantes. Somos pessoas completas: com afeto,

cognição e movimento, e nos relacionamos com um aluno,

também pessoa completa, integral, com afeto, cognição e

movimento. Somos componentes privilegiados do meio do

nosso aluno.” (Almeida, 2000,p.86)

Page 6: AFETIVIDADE E APRENDIZAGEM: UMA UNIÃO NECESSÁRIA … · válido para a criança que está aprendendo a enxergar o mundo com os olhos ... dando respostas e ... autônomo e feliz

RESUMO

Neste Trabalho, fala-se da importância da afetividade na educação das

crianças. Logo no primeiro capítulo, define-se afetividade como um conjunto de

fenômenos psíquicos que se manifestam sob a forma de emoções, sentimentos

e paixões.

No segundo capítulo, cita-se e explica-se um pouco sobre a Teoria do

Afeto, de Henri Wallon, que tem como base a integração afetiva-cognitiva-

motora. Ele reconceitua o papel da afetividade no processo psíquico e sua

interferência no processo de ensino-aprendizagem. Também são apresentados

os estágios de desenvolvimento propostos por Wallon, e o papel da afetividade

em cada um deles. E ainda neste, cita-se brevemente algumas outras teorias

explicativas e seus representantes: Piaget, Vygotsky, Carl Rogers e Freud.

O capítulo três fala sobre a importância da família na educação das

crianças. Os pais são os primeiros educadores de seus filhos, são exemplos

que provavelmente serão seguidos por eles, sejam bons ou maus exemplos. Aí

entra a importância da afetividade na educação. Educar com amor é ensinar a

criança a amar, respeitar, ajudar, servir, viver e conviver em sociedade. Este

capítulo mostra que a base da relação pais e filhos deve ser o diálogo, porque

através dele há trocas importantes que alimentam o amor e a confiança.

O quarto capítulo mostra a importância da afetividade na escola, para

que o processo ensino-aprendizagem ocorra com sucesso. Mostra também que

finalmente a Educação Infantil assumiu o seu espaço na sociedade, se

responsabilizando pela educação de crianças até cinco anos. E ainda o papel

do profissional nesta área, e o desenvolvimento afetivo em sala de aula.

Palavras-Chaves: Educação, Afetividade, Aprendizagem, Criança

Page 7: AFETIVIDADE E APRENDIZAGEM: UMA UNIÃO NECESSÁRIA … · válido para a criança que está aprendendo a enxergar o mundo com os olhos ... dando respostas e ... autônomo e feliz

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO.....................................................................................................8

1-ALGUMAS CONCEPÇÕES DE AFETIVIDADE.............................................11

1.1-Definições de afetividade, emoção, cognição, amor..............................13

2- ALGUMAS TEORIAS EXPLICATIVAS.........................................................19

2.1- A teoria do afeto segundo Wallon...........................................................19

2.1.1- Os estágios de desenvolvimento.........................................................20

2.1.2- O papel da afetividade nos diferentes estágios..................................23

2.2- Breves exposições de outras teorias explicativas................................24

2.2.1- A Teoria Psicogenética segundo Piaget..............................................24

2.2.2- A Teoria Sócio-Interacionista segundo Vygotsky..............................25

2.2.3- A Teoria “não-diretiva” segundo Carl Rogers....................................26

2.2.4- A Teoria Psicanalítica segundo Freud................................................27

3- A IMPORTÂNCIA DA FAMÍLIA NA EDUCAÇÃO DAS

CRIANÇAS..........................................................................................................29

3.1-Pais, os primeiros educadores...................................................................32

3.2-Relação pais e filhos....................................................................................33

4- ESCOLA E AFETIVIDADE...............................................................................37

4.1- A Afetividade na Educação Infantil............................................................38

4.2- O papel do profissional de Educação Infantil...........................................41

4.3-Desenvolvimento afetivo na sala de aula...................................................44

CONCLUSÃO.......................................................................................................47

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS......................................................................49

Page 8: AFETIVIDADE E APRENDIZAGEM: UMA UNIÃO NECESSÁRIA … · válido para a criança que está aprendendo a enxergar o mundo com os olhos ... dando respostas e ... autônomo e feliz

8

INTRODUÇÃO

“O nascimento do pensamento é igual ao

nascimento de uma criança: tudo começa com um

ato de amor. Uma semente há de ser depositada no

ventre vazio. E a semente do pensamento é o

sonho.” (Rubem Alves)

Os educadores em geral, ou seja, pais (e/ou responsáveis) e

professores precisam, não só entender como se dá o desenvolvimento, mas

também como a cognição e a afetividade estão implicadas nesse processo. E

que a afetividade (um tipo de expressão do amor) ajuda o desenvolvimento da

cognição. É certo que se aprende melhor quando há algum vínculo afetivo

entre o ensinante e o aprendente.

A afetividade sempre esteve ligada à Educação, tanto que normalmente

o papel do educador era considerado pertinente à mulher (a mãe e depois a

professora), pois se acreditava que ela era mais ligada às questões da

afetividade. Hoje já se sabe que, não só a mãe, mas a família toda (a qual a

criança está inserida) tem papel essencial no crescimento e desenvolvimento

físico, cognitivo e emocional da criança. É na família, que a criança recebe (ou

pelo menos deveria receber) as primeiras informações, os primeiros ensinos,

enfim, a base da educação. É onde tudo começa...

Hoje ainda percebe-se, no dia a dia, a importância dos laços afetivos

durante todo o processo educacional. Por isso, muitas pesquisas são feitas

neste campo, com vista ao entendimento e compreensão da maneira pela qual

se relaciona a afetividade com a educação.

A emoção tem papel fundamental no processo de desenvolvimento

humano. Entende-se por emoção formas corporais de expressar o estado de

espírito da pessoa, manifestações como: frio na barriga, secura na boca, choro,

Page 9: AFETIVIDADE E APRENDIZAGEM: UMA UNIÃO NECESSÁRIA … · válido para a criança que está aprendendo a enxergar o mundo com os olhos ... dando respostas e ... autônomo e feliz

9

etc. O alicerce das emoções é construído de forma consciente ou inconsciente

através de palavras, gestos ou ações, transmitidos inicialmente pelos pais e

depois reforçados pelos demais adultos com quem a criança vier a conviver.

Lembrando-se de que antes mesmo de compreender as palavras, o bebê já

“sente” (desde seu nascimento), bem como crianças, jovens ou pessoas de

qualquer idade, que mesmo conhecendo as linguagens escrita e falada,

também “sentem”. Ou seja, os sentimentos fazem parte da vida humana, e não

podem ser ignorados, ao contrário, podem ser importantes aliados do processo

de ensino-aprendizagem.

Dentre os diversos motivos que justificam um estudo a respeito deste

assunto, destaca-se inicialmente o fato de que alguns problemas do cotidiano

escolar, como por exemplo: relação professor-aluno, dificuldades de

aprendizagem, problemas de desatenção, são muitas vezes levantados a partir

da temática da afetividade. Daí a importância deste estudo.

Com este, deseja-se também resgatar o valor da escola e sua condição

de alicerce da sociedade, que acontece (ou deveria acontecer) por meio da

intervenção afetiva de seus autores. Considerando assim, de fato, o afeto como

supremacia, capaz de constituir novas oportunidades para vincular-se

afetividade, aprendizagem e saber.

O ato de ser bom e amoroso resulta no afeto que, por sua vez, gera o

prazer de aprender e educar. Porém, a cada dia menos tempo os pais tem para

exercerem a educação afetiva. Por isso, a escola precisa afetar o aluno de

maneira que desperte nele o amor e o interesse. Além de ensinar também os

conceitos sobre família, cidadania, ética e demais valores humanos;

desenvolvendo não apenas habilidades acadêmicas, mas também as

emocionais que o ajudarão a lidar com perdas, fracassos, falhas, decepções e

até mesmo com o sucesso.

É necessário investir na pessoa do professor, principalmente na sua

formação contínua, considerando a sua experiência na escola, diante do aluno,

lugar em que se constitui professor. A este respeito:

Page 10: AFETIVIDADE E APRENDIZAGEM: UMA UNIÃO NECESSÁRIA … · válido para a criança que está aprendendo a enxergar o mundo com os olhos ... dando respostas e ... autônomo e feliz

10

“A formação psicológica dos professores não pode

ficar limitada aos livros. Deve ter referência perpétua

nas experiências pedagógicas que eles próprios

podem pessoalmente realizar.” (WALLON, 1975).

O ensinante deve criar um ambiente familiar-escolar em que

favoreçam o equilíbrio emocional, considerando e respeitando o aprendente

como um ser integral que além de um intelecto também possui sentimentos. É

necessário quebrar paradigmas, favorecendo e valorizando o aprendente como

ser humano que é, educando também seu “mundo interior” e não reduzindo

este à apenas racionalidade e memória.

“Essa educação do “mundo interior” é a única forma

de garantir que todos os propósitos institucionais e

humanos são atingidos. Garantir que as crianças, os

jovens e os adolescentes tenham condições de

iniciar essa construção essencial é o grande objetivo

de todos os educadores, sejam pais ou professores.”

(VOLKER, 2001, p. 1).

Portanto, devem-se trabalhar as questões do aprender e do não -

aprender, levando-se sempre em consideração o processo de construção do

conhecimento de cada um, seus ritmos, limites e demais individualidades.

Deve-se dar ênfase ao funcionamento cognitivo de cada indivíduo, mas

também levando em consideração as suas emoções. Sendo assim, conclui-se

que a aprendizagem não pode ser considerada de maneira isolada porque ela

faz parte conjuntamente do contexto familiar, social e afetivo do qual o sujeito

faz parte.

Page 11: AFETIVIDADE E APRENDIZAGEM: UMA UNIÃO NECESSÁRIA … · válido para a criança que está aprendendo a enxergar o mundo com os olhos ... dando respostas e ... autônomo e feliz

11

CAPÍTULO 1- ALGUMAS CONCEPÇÕES DE

AFETIVIDADE

“A criança que se sente amada, aceita e

valorizada tem tranquilidade para enfrentar os

desafios da aprendizagem, os limites e a rotina da

escola.” (A.D.).

A afetividade, presente em vários momentos de nossa vida, ou melhor,

em todo o nosso cotidiano, vem sempre acompanhada de algum tipo de

sentimento. Os pais são os primeiros educadores de seus filhos, são o espelho

inicial deles, e a afetividade tem um papel imprescindível nesta educação.

Educar com amor é ensinar a criança a amar, agir, respeitar, a viver..., tudo é

válido para a criança que está aprendendo a enxergar o mundo com os olhos

de seus pais, que devem ser olhos de amor. Portanto, não só os pais, como

também os professores, devem perceber a importância da afetividade em todo

o processo de educação, o que inclui também a relação ensinante X

aprendente.

É importante ver o aluno como ser individual, pensante, que constrói o

seu mundo e espaço, que conhece sua afetividade, suas percepções, sua

expressão, sua crítica, sua imaginação, seus sentidos... A afetividade no

ambiente escolar contribui eficazmente para o processo de ensino-

aprendizagem. É interessante lembrar que o professor não deve apenas

transmitir conhecimentos, mas também ouvir os alunos e ainda estabelecer

uma relação de troca para com eles. Deve dar-lhes a atenção devida e cuidar

para que aprendam a expressar-se, expondo opiniões, dando respostas e

fazendo opções pessoais.

A criança deve ser educada em casa e na escola simultaneamente, e

em ambas com a mesma finalidade: a formação do ser integral, ético,

Page 12: AFETIVIDADE E APRENDIZAGEM: UMA UNIÃO NECESSÁRIA … · válido para a criança que está aprendendo a enxergar o mundo com os olhos ... dando respostas e ... autônomo e feliz

12

autônomo e feliz. Que seja capaz de pensar, compreender, aprender,

descobrir, criticar, opinar, tomar decisões, agir, buscar soluções, enfrentar as

dificuldades da vida, dialogar e conviver. E para isto, é preciso que lhe seja

transmitidos, desde sua vida intra-uterina os valores fundamentais para a

formação de caráter, que lhe servirão como um alicerce da vida, que nunca

haverão de se perder, pois mesmo que um dia, já adulta, venha se desviar

destes ensinamentos, mais cedo ou mais tarde, estes virão à sua memória e

serão resgatados...

A afetividade não se dá só pelo contato físico; discutir a capacidade do

aluno, elogiar seu trabalho, reconhecer seu esforço e motivá-lo sempre,

constituem formas cognitivas de ligação afetiva, mesmo mantendo-se o contato

corporal como manifestação de carinho.

A palavra afeto vem do latim affectur, e significa afetar, tocar; constitui o

elemento básico da afetividade.

“qualquer estado afetivo, agradável ou penoso,

ainda que vago, e que se manifesta por uma

descarga emocional física ou psíquica, imediata ou

adiada. O afeto traduz as emoções representadas e

corresponde às sensações”. (CASTRO, 2011, p.27).

A afetividade, por sua vez, se refere a ações e reações que

acontecem no interior do ser humano, mas interferem o seu exterior, ou seja,

sentimentos e emoções influenciam a mente. Ela e a inteligência são aspectos

indissociáveis, intimamente ligados e influenciados pela socialização. Isto

porque é através do que a criança vê nas relações entre as pessoas com quem

convive, que ela começa a criar dentro de si os sentimentos que seguidamente

serão manifestados por seus comportamentos.

A criança pode manifestar emoções negativas (como por exemplo, medo

ou raiva), ou emoções positivas (como amor e alegria), dependendo dos

estímulos que recebe em seu ambiente familiar, que é onde se dá o

relacionamento mais importante para sua formação emocional, cognitiva, social

Page 13: AFETIVIDADE E APRENDIZAGEM: UMA UNIÃO NECESSÁRIA … · válido para a criança que está aprendendo a enxergar o mundo com os olhos ... dando respostas e ... autônomo e feliz

13

e afetiva - o relacionamento entre pais e filhos. A família é o alicerce da

formação do ser humano como um ser completo e individual.

A afetividade é necessária na formação de pessoas felizes, éticas,

seguras e capazes de conviver com o mundo que as cerca. No ambiente

escolar, além de dar carinho, é aproximar-se do aluno, saber ouvi-lo, valorizá-lo

e acreditar nele, dando abertura para a sua expressão. O olhar do professor

para o seu aluno é indispensável para a construção e o sucesso de sua

aprendizagem. Carinho faz parte da trajetória, é apenas o início do caminho.

É preciso uma proposta educacional na qual a escola entenda que da

mesma forma que os estudantes devem aprender a somar, a conhecer a

natureza e a se apropriar da escrita, é fundamental para suas vidas que

conheçam a si mesmo e a seus colegas, e as causas e conseqüências dos

conflitos cotidianos. Pois, trabalhando dessa maneira, por meio de situações

que solicitem a resolução de conflitos, a educação atinge o duplo objetivo de

preparar os alunos para a vida cotidiana, ao mesmo tempo em que não

fragmenta as dimensões cognitivas e afetivas no trabalho com as disciplinas

curriculares.

1.1- Definições de afetividade, emoção, cognição, amor

Segundo Amora (1999), afetividade é a base da vida psíquica, reúne todos

os estados de alma, todas as razões que mergulham no instinto e no

inconsciente. É graças à afetividade que nos ligamos aos outros, ao mundo e a

nós mesmos. É ela que dá aos nossos atos e pensamentos o encanto, a razão de

ser, o impulso vital. É o fundamento de nossa personalidade, o que temos de

mais íntimo.

Segundo o Dicionário Aurélio, é o conjunto de fenômenos psíquicos que se

manifestam sobre a forma de emoções, sentimentos e paixões, acompanhados

sempre da impressão de dor ou prazer, de satisfação ou insatisfação, de agrado

ou desagrado, de alegria ou tristeza. Já o Dicionário Brasileiro Globo diz que afeto

Page 14: AFETIVIDADE E APRENDIZAGEM: UMA UNIÃO NECESSÁRIA … · válido para a criança que está aprendendo a enxergar o mundo com os olhos ... dando respostas e ... autônomo e feliz

14

é um sentimento de inclinação para alguém; simpatia; amizade; afeição; amor;

paixão; dedicado; afeiçoado; incumbido; submetido; entregue; pendente. (Do latim

affectu).

Saltini compara o processo educacional com o funcionamento de uma

fábrica (escola), por onde entra a matéria-prima (aluno), que passa por algumas

máquinas (professores) e é transformada em um novo produto - uma obra prima.

Mas para que isto aconteça é preciso a “energia” que coloca as máquinas em

produção, e esta “energia” tão necessária na “fábrica da educação” é o afeto.

Assim como, as máquinas não funcionam sem a energia e as matérias-primas

não são transformadas, da mesma forma não acontecem o pensamento nem a

aprendizagem sem o afeto e a emoção...

Emoção: É a exteriorização da afetividade, é sua expressão corporal,

motora. Tem um poder plástico, expressivo e contagioso; é o recurso de ligação

entre o orgânico e o social: estabelece os primeiros laços com o mundo humano

e, através deste, com o mundo físico e cultural.

Segundo o “modelo de Kort et al – Modelo Afetivo da Inter-relação entre

Emoções e Aprendizagem”, citado por Castro, existem cinco emoções básicas a

que chamam “Eixos”, onde pode estar a base do fracasso ou do sucesso no

processo de ensino-aprendizagem:

“– Ansiedade X Confiança: o aprendente sente ansiedade pelo medo de

não aprender; ou de confiança quando há segurança da capacidade de aprender;

- Aborrecimento X Fascínio: fica aborrecido quando o objeto do

aprendizado não lhe é interessante; mas quando o mesmo desperta o interesse,

há um fascínio natural por aprender;

- Frustração X Euforia: sente-se frustrado, incapaz de chegar ao ponto

desejado pelo educador; mas ao perceber-se capaz, é envolvido pela euforia da

descoberta;

Page 15: AFETIVIDADE E APRENDIZAGEM: UMA UNIÃO NECESSÁRIA … · válido para a criança que está aprendendo a enxergar o mundo com os olhos ... dando respostas e ... autônomo e feliz

15

- Desânimo X Encorajamento: quando o desafio de um novo conceito é

exposto, o aprendente pode sentir-se incapaz e ficar desanimado, desistente; ou

ser encorajado, motivado para compreender o novo conceito;

- Terror X Encantamento: ao ser cobrado e não sentir-se eficiente, gera um

clima de terror em seu interior; mas quando o mesmo alcança o elevado grau de

compreensão, fica encantado com o prazer do processo de aprendizagem.”

Emoção é uma perturbação intensa da afetividade, pode ser agradável

(alegria, surpresa, simpatia, etc.) ou desagradável (medo, vergonha, cólera, etc.).

São numerosas as manifestações físicas: diminuição ou aceleração da respiração

e dos batimentos do coração, contrações dos pequenos vasos periféricos (os que

fazem se empalidecer), ou a dilatação dos mesmos (que fazem corar), mudanças

de estados elétricos da pele. Há também a emoção choque, onde a reação de um

organismo a um acontecimento imprevisto manifesta-se à consciência através de

reações psicofisiológicas intensas, como: rir, soluços, fúria, desmaio,

transpiração, paralisia dos membros, etc. Por fim, a emoção, embora seja uma

reação primitiva, tem por libertar o sujeito de suas tensões.

“se refere a um sentimento e seus pensamentos

distintos, estados psicológicos e biológicos e a uma

gama de tendências para agir. Há centenas de

emoções, juntamente com suas combinações,

variações, mutações e matizes. Na verdade, existem

mais sutilezas de emoções do que as palavras que

temos para defini-las” (GOLEMAN, Inteligência

Emocional, pg.304).

Cognição: Segundo o Dicionário Michaelis é o ato de adquirir um

conhecimento.

“Cognitivo remete, evidentemente, a conhecimento e

saber, e, principalmente, a compreender e aprender,

mas também a produzir.” (La Borderie, 1991).

Page 16: AFETIVIDADE E APRENDIZAGEM: UMA UNIÃO NECESSÁRIA … · válido para a criança que está aprendendo a enxergar o mundo com os olhos ... dando respostas e ... autônomo e feliz

16

A palavra conhecer vem do latim cognoscere, no qual contém o sufixo

scere, que indica um começo, o que lembra a frase de Sartre: “Conhecer é nascer

com”. Conhecer significa ter conhecimento, idéia, noção ou informação de algo.

Já conhecimento, é usado também para designar o resultado da ação de

conhecer, é o ato ou o efeito de conhecer, pode ser uma idéia, uma noção,

informação ou até uma notícia.

Por sua vez, a palavra saber vem do latim sapere e significa, segundo o

Dicionário Michaelis, estar informado de, estar a par, ter conhecimento de.

Compreender ou perceber um fato, uma verdade. Ser capaz de distinguir ou de

dizer. Ser versado em. Estar habilitado para; ser capaz de. Compreender; poder

explicar. Soma de conhecimentos adquiridos; etc.

La Bordierie diz que o conhecimento surge como um “movimento de

consciência” com quatro etapas fundamentais:

• O conhecimento transmitido ou herdado: saber empírico

veiculado por intermédio de mitos e tabus.

• O conhecimento como “revelação” de origem divina: o

conhecimento vindo de uma “verdade” de essência exterior ao homem. O

pensamento provém da divindade, mas também permite ter acesso à sua

verdade (místicos, cabalistas, gnósticos...).

• O conhecimento pela razão: os filósofos apresentam o

conhecimento como exercício do pensamento de cada um, e ainda

articulam o conhecimento com a razão, que é acessível a cada indivíduo.

• O conhecimento por meio do acordo e do consenso: as

etapas do conhecimento científico são marcadas pelo consenso da

comunidade científica em torno de um paradigma comum admitido por

todos, e não como uma verdade imutável e definitiva.

A criança, nas etapas iniciais da sua vida, encontra-se em um estado de

deficiência que a impede de satisfazer por si mesma suas necessidades. Mas ela

está coberta de reações que chama a atenção das pessoas que a cercam. A

Page 17: AFETIVIDADE E APRENDIZAGEM: UMA UNIÃO NECESSÁRIA … · válido para a criança que está aprendendo a enxergar o mundo com os olhos ... dando respostas e ... autônomo e feliz

17

participação do outro na formação da consciência se dá muito tardiamente, pois

esse processo ocorre ao longo dos primeiros seis ou sete anos de idade. Para

Piaget, a criança parte do altruísmo, passa pelo egocentrismo, para só então

perceber os outros como parceiros capazes de manter relações de reciprocidade,

com o objetivo comum de se alcançar a aprendizagem.

“A aprendizagem inclui a articulação entre o

conhecimento e o saber. O conhecimento, mundo dos

conceitos, constrói-se de forma impessoal enquanto

que o saber constrói-se a partir da relação com um

outro, de forma pessoal, por meio da experiência

vivida. Portanto, o vínculo entre ensinante (pais) e

aprendente (filho) é fundamental para aprendizagem.

Este vínculo dá-se de forma circular entre: ensinante e

aprendente – aprendente e ensinante dentro de um

espaço onde haja confiança, respeito e estima. Nas

situações de violência, o vínculo é patogênico. Sempre

a criança ou o adolescente pede afeto, estima, carinho

e atenção...” (WREGE, Família e Aprendizagem - uma

relação necessária, pg.83).

Amor: sentimento que predispõe alguém a desejar o bem de outrem,

sentimento de dedicação de um ser a outro ser, afeição, amizade, simpatia.

Segundo Daniel Goleman, amor é sinônimo de “aceitação, amizade, confiança,

afinidade, dedicação, adoração, paixão, ágape” (pg. 306). O Dicionário Brasileiro

Globo diz que se trata de uma “afeição profunda de uma pessoa a outra; objeto

dessa afeição; grande amizade; compaixão; caridade; paixão; entusiasmo, etc.”.

Mas não se pode falar em amor sem lembrar-se de um texto da Bíblia Sagrada

que descreve o amor como “o dom supremo”, e com tanta profundidade, exatidão

e excelência, encontrado em 1Coríntios, capítulo 13: “ Ainda que eu falasse a

língua dos homens, e dos anjos, e não tivesse amor , seria como o metal que soa

ou como o sino que tine. E ainda que tivesse o dom de profecia, e conhecesse

todos os mistérios e toda a ciência, e ainda que tivesse toda a fé, de maneira tal

Page 18: AFETIVIDADE E APRENDIZAGEM: UMA UNIÃO NECESSÁRIA … · válido para a criança que está aprendendo a enxergar o mundo com os olhos ... dando respostas e ... autônomo e feliz

18

que transportasse os montes, e não tivesse amor, nada seria. E ainda que

distribuísse toda a minha fortuna para sustento dos pobres, e ainda que

entregasse o meu corpo para ser queimado, e não tivesse amor, nada disso me

aproveitaria. O amor é sofredor, é benigno; o amor não é invejoso; o amor não

trata com leviandade, não se ensoberbece, não se porta com indecência, não

busca os seus interesses, não se irrita, não suspeita mal; não folga com a

injustiça, mas folga com a verdade; tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo

suporta. O amor nunca falha; mas havendo profecias, serão aniquiladas; havendo

línguas, cessarão; havendo ciência, desaparecerá; porque em parte conhecemos

e em parte profetizamos. Mas, quando vier o que é perfeito, o que é em parte,

será aniquilado. Quando eu era menino, falava como menino, sentia como

menino, discorria como menino, mas, logo que cheguei a ser homem, acabei com

as coisas de menino. Porque agora vemos por espelho em enigma, mas então

veremos face a face; agora conheço em parte, mas então conhecerei como

também sou conhecido. Agora, pois, permanecem a fé, a esperança e o amor,

estes três; mas o maior deles é o amor.”

Finalizando estas definições, pode-se afirmar que pensar e sentir são

ações indissociáveis. Acredita-se que o conhecimento dos sentimentos e das

emoções requer ações cognitivas, da mesma forma que ações cognitivas

requerem a presença dos aspectos afetivos. No trabalho educativo diário não

existe aprendizagem meramente cognitiva ou racional, pois os alunos não podem

deixar os aspectos afetivos que compõem sua personalidade do lado de fora da

sala de aula.

Page 19: AFETIVIDADE E APRENDIZAGEM: UMA UNIÃO NECESSÁRIA … · válido para a criança que está aprendendo a enxergar o mundo com os olhos ... dando respostas e ... autônomo e feliz

19

CAPÍTULO 2- ALGUMAS TEORIAS EXPLICATIVAS

Existem inúmeras teorias que buscam explicar o desenvolvimento

cognitivo, emocional, social e motor do ser humano, mas neste trabalho é dada

uma ênfase maior na teoria de Wallon, porque ele destaca a dimensão afetiva de

forma significativa na construção da pessoa e do conhecimento.

2.1- A Teoria do Afeto segundo Wallon

Henri Wallon nasceu em 15 de junho de1879, em Paris. Filho de Paul

Alexandre Joseph e neto de Henri Alexandre Wallon. Teve uma sólida formação

acadêmica em Medicina, Psiquiatria e Filosofia. Tornou-se bem conhecido por

seu trabalho científico sobre “Psicologia do Desenvolvimento”, devotado

principalmente à infância, em que assume uma postura interacionista. Por sua

formação, ocupou os postos mais altos no mundo universitário francês, em que

liderou uma intensa atividade de pesquisa.

A obra de Henri Wallon apresenta a idéia de que o processo de

aprendizagem é dialético, ou seja, não é formado por verdades absolutas, e sim

por várias direções e possibilidades. Ele propõe o estudo da pessoa completa,

tanto em relação ao seu caráter cognitivo, quanto ao caráter afetivo e motor. Para

ele, a cognição é importante, mas não mais importante que a afetividade ou a

motricidade.

Percebe-se então, que a base da teoria walloniana é a integração afetiva-

cognitiva-motora, o que possibilita uma reconceituação do papel da afetividade no

processo da vida psíquica e de como se expressa e como interfere no processo

ensino-aprendizagem. Wallon se apóia no materialismo dialético, fala sempre de

um indivíduo concreto, situado, inserido em seu meio cultural; leva a compreender

de uma forma mais ampla o aluno numa escola, numa comunidade, enfim,

características específicas a ser conhecidas pelo professor para dar um

direcionamento ao seu processo ensino-aprendizagem, tornando-o mais produtivo

e satisfatório, atendendo às necessidades, tanto do professor como do aluno,

Page 20: AFETIVIDADE E APRENDIZAGEM: UMA UNIÃO NECESSÁRIA … · válido para a criança que está aprendendo a enxergar o mundo com os olhos ... dando respostas e ... autônomo e feliz

20

uma vez que esse processo só é compreensível quando concebido como uma

unidade.

Wallon mostra que a cognição está alicerçada em quatro categorias de

atividades cognitivas específicas, às quais deu o nome de ‘campos funcionais’ ou

‘domínios funcionais’. Estes compõem, segundo a sua teoria, o psiquismo

humano, formam um todo, um sistema regulador da vida mental. São eles:

Movimento: um dos primeiros a se desenvolver, serve de base para o

desenvolvimento dos demais. Acredita que tem grande importância no processo

de estruturação do pensamento, antes da aquisição da linguagem.

Inteligência: tem um significado bem específico, e está diretamente

relacionada a importantes atividades cognitivas humanas: o raciocínio simbólico e

a linguagem.

Pessoa: é o campo funcional que coordena os demais, é também

responsável pelo desenvolvimento da consciência e da identidade do eu. E por

último e mais detalhado, segue a afetividade.

Afetividade: é a primeira forma de interação com o meio ambiente, a

primeira motivação para o movimento e a base para o desenvolvimento da

inteligência. Refere-se à capacidade do ser humano de ser afetado pelo mundo

externo e interno por meio de sensações ligadas a tonalidades agradáveis ou

desagradáveis. A teoria apresenta três momentos marcantes na evolução da

afetividade: emoção, sentimento e paixão. Os três resultam de fatores orgânicos e

sociais e correspondem a configurações diferentes e resultantes de sua

integração: nas emoções há o predomínio da ativação fisiológica; no sentimento

da ativação representacional; na paixão da ativação do autocontrole.

2.1.1- Os estágios de desenvolvimento

A teoria de Wallon propõe uma série de estágios de desenvolvimento, mas

não se limita ao aspecto cognitivo. Ele é mais flexível, e não acredita que estes

Page 21: AFETIVIDADE E APRENDIZAGEM: UMA UNIÃO NECESSÁRIA … · válido para a criança que está aprendendo a enxergar o mundo com os olhos ... dando respostas e ... autônomo e feliz

21

estágios formem uma sequência linear e fixa, ou que um suprima o outro. Para

ele, o estágio posterior amplia e reforma os anteriores.

Na obra walloniana, o desenvolvimento é permeado de conflitos internos e

externos. Wallon deixa claro que é natural que, no desenvolvimento, ocorram

rupturas, retrocessos e reviravoltas. E estes conflitos são fenômenos geradores

de evolução.

Wallon afirma que os estágios se sucedem de maneira que momentos

afetivos sejam sucedidos por momentos cognitivos. Usualmente, períodos

afetivos ocorrem em períodos focados na construção do eu, enquanto estágios

com predominância cognitiva estão mais direcionados à construção do real e

compreensão do mundo físico. Este ciclo não é encerrado, mas perdura pela vida

toda, uma vez que a emoção sobrepõe-se à razão quando o indivíduo se depara

com o desconhecido. Assim, afetividade e cognição se revezam na dominância

dos estágios. Em outras palavras, em sua teoria o desenvolvimento da pessoa é

visto como uma construção progressiva em que fases se sucedem com

predominância alternadamente afetiva e cognitiva. A seguir, os estágios:

Estágio Impulsivo-Emocional: Acontece do nascimento até o

primeiro ano de vida. É um estágio predominantemente afetivo, onde as

emoções são o principal instrumento de interação com o meio. A relação

com o ambiente desenvolve, na criança, sentimentos intraceptivos e

fatores afetivos. A criança ainda não possui perícia motora, seus

movimentos são um tanto quanto desorientados, mas a contínua resposta

do ambiente ao seu movimento permite-lhe que passe da desordem

gestual às emoções diferenciadas.

Estágio Sensório-Motor e Projetivo: Vai até aproximadamente os

três anos de idade. É uma fase onde a inteligência predomina e o mundo

externo prevalece nos fenômenos cognitivos. A inteligência, nesse período,

é tradicionalmente dividida entre a inteligência prática, obtida pela

interação de objetos com o próprio corpo, e inteligência discursiva,

Page 22: AFETIVIDADE E APRENDIZAGEM: UMA UNIÃO NECESSÁRIA … · válido para a criança que está aprendendo a enxergar o mundo com os olhos ... dando respostas e ... autônomo e feliz

22

adquirida pela imitação e apropriação da linguagem. Nesse estágio é bem

comum que os pensamentos se projetam em atos motores.

Estágio do Personalismo: Vai até os seis anos de idade. É um

momento de predominância afetiva sobre o indivíduo. É um período crucial

para a formação da personalidade e da autoconsciência. Neste estágio, a

criança passa por uma crise negativista, ela se opõe sistematicamente ao

adulto. Por outro lado, também se verifica uma fase de imitação motora e

social.

Estágio Categorial: geralmente manifesta-se entre os seis e os

onze anos de idade. Classifica-se por um período de predominância da

inteligência sobre as emoções. A criança começa a desenvolver as

capacidades de memória e atenção voluntárias. Neste estágio se formam

as categorias mentais: conceitos abstratos e conceitos concretos. A criança

tem o seu poder de abstração da mente amplificado. Provavelmente seja

por isso que o raciocínio simbólico se consolida como ferramenta cognitiva.

Estágio da Adolescência: mais ou menos a partir dos onze ou

doze anos, começam as transformações físicas e psicológicas na criança.

É um estágio caracterizadamente afetivo, onde o indivíduo passa por uma

série de conflitos internos e externos. Seus grandes marcos são a busca

pela auto-afirmação e o desenvolvimento da sexualidade.

Em verdade, os estágios de desenvolvimento não se encerram na

adolescência. Para Wallon, o processo de aprendizagem sempre implica na

passagem por um novo estágio. O indivíduo diante de uma imperícia sofre

manifestações afetivas que o levam a um processo de adaptação, que resulta na

aquisição de perícia. Enfim, o processo dialético de desenvolvimento jamais se

encerra.

Conhecer aspectos teóricos do desenvolvimento afetivo e cognitivo é

fundamental para o educador preocupado com sua ação pedagógica. Entretanto,

muitas vezes, faltam outros elementos para subsidiar sua práxis, sobretudo para

poder desenvolver a afetividade de seus alunos.

Page 23: AFETIVIDADE E APRENDIZAGEM: UMA UNIÃO NECESSÁRIA … · válido para a criança que está aprendendo a enxergar o mundo com os olhos ... dando respostas e ... autônomo e feliz

23

2.1.2- O papel da afetividade nos diferentes estágios:

Conforme Wallon (1979), a dimensão temporal do desenvolvimento está

distribuída em estágios que expressam características da espécie e cujo conteúdo

é determinado histórica e culturalmente. O desenvolvimento do bebê ao adulto de

sua espécie, do ponto de vista afetivo, pode ser assim caracterizado:

Estágio impulsivo-emocional (0 a 1 ano) – a criança expressa sua

afetividade por meio de movimentos desordenados, em respostas a

sensibilidades corporais dos músculos, das vísceras e do mundo externo, para

satisfazer suas necessidades básicas.

Estágio sensório-motor e projetivo (1 a 3 anos) – já dispondo da marcha e

da fala, a criança volta-se para o mundo externo, para o contato e a exploração

de objetos e pessoas de seu contexto.

Estágio personalismo (3 a 6 anos) – é a fase de se descobrir diferente das

outras crianças e do adulto. Esta compreende três fases: oposição, sedução e

imitação.

Estágio categorial (6 a 11 anos) – com a diferenciação mais nítida entre o

eu e o outro, há condições para a exploração mental do mundo externo, mediante

atividades cognitivas de agrupamento, classificação, categorização em vários

níveis de abstração.

Estágio puberdade e adolescência (11 anos em diante) – surge a

exploração de si mesmo, na busca de uma identidade autônoma, mediante

atividades de confronto, auto-afirmação, questionamento. O domínio de algumas

categorias de maior nível, como por exemplo, a de dimensão temporal, possibilita

a discriminação mais clara dos limites de sua autonomia e de sua dependência,

além de um debate sobre valores.

Idade adulta – apesar de todas as transformações anteriores, o adulto se

reconhece como o mesmo e único ser: reconhece suas necessidades,

possibilidades e limitações, seus sentimentos e valores, assume escolhas

Page 24: AFETIVIDADE E APRENDIZAGEM: UMA UNIÃO NECESSÁRIA … · válido para a criança que está aprendendo a enxergar o mundo com os olhos ... dando respostas e ... autônomo e feliz

24

conforme seus valores. Há um equilíbrio entre “estar centrado em si” e “estar

centrado no outro”.

Bem, como já foi citado anteriormente, afetividade refere-se à capacidade,

à disposição do ser humano de ser afetado pelo mundo externo e interno por

meio de sensações ligadas a tonalidades agradáveis ou desagradáveis. E aqui,

foi possível perceber as suas particularidades em cada estágio definido por

Wallon, reconhecendo-se a importância do afeto em cada fase, imprescindível

para que haja aprendizagem, não só durante a vida escolar, mas por toda vida.

2.2- Breves exposições de outras teorias explicativas

Ao longo dos anos, muito se tem estudado e pesquisado acerca do

desenvolvimento cognitivo, como ele acontece, quais as suas ligações para/com o

desenvolvimento moral, social, emocional, enfim, o desenvolvimento humano

completo. E com isso, muitas teorias vêm surgindo... Algumas delas serão

resumidamente expostas a seguir.

2.2.1- A Teoria Psicogenética segundo Piaget

Esta teoria busca a dimensão biológica do processo de aprendizagem,

contudo também destaca o valor da afetividade para que este processo se realize

com sucesso. Descreve a conexão entre o afetivo e o cognitivo, fornecendo

subsídios para uma melhor compreensão do desenvolvimento humano.

Piaget relata que a afetividade constitui a força propulsora do

desenvolvimento, pois ela atribui valor às atividades, regulando a energia. Assim,

a vida afetiva e a vida intelectual são adaptações contínuas, paralelas e

interdependentes. Nesse sentido, a afetividade está presente no prazer, na dor,

na alegria, na tristeza, no sucesso ou insucesso, enfim, todos esses intervêm

como reguladores da ação da qual a inteligência determina a estrutura, sendo a

afetividade o motor do comportamento.

Page 25: AFETIVIDADE E APRENDIZAGEM: UMA UNIÃO NECESSÁRIA … · válido para a criança que está aprendendo a enxergar o mundo com os olhos ... dando respostas e ... autônomo e feliz

25

A afetividade, segundo Piaget, intervém no funcionamento da inteligência,

causando os comportamentos, podendo provocar acelerações ou atrasos no

desenvolvimento cognitivo. Ela é indissociável, irredutível e complementar à

inteligência. Portanto, ela influencia a aprendizagem e a construção de

conhecimento, mas está subordinada ao tipo de relação estabelecida, ou seja, na

medida em vínculos afetivos são criados, a afetividade orienta condutas em

relação aos sujeitos.

A afetividade estaria, de alguma forma, direcionada aos interesses

(motivação) do indivíduo e controlando a intensidade e quantidade de energia

desprendida em cada ato de conhecimento, em razão do valor que lhe é atribuído,

ou seja, os sentimentos que aquela atividade desperta no indivíduo.

Para ele, o desenvolvimento intelectual é considerado a partir de dois

componentes: um cognitivo e outro afetivo. Paralelo a isso, está o

desenvolvimento afetivo que inclui sentimentos, interesses, desejos, tendências,

valores e emoção, de um modo geral.

2.2.2- A Teoria Sócio- Interacionista segundo Vygotsky

Para Vygotsky, psicólogo russo, o que nos torna humanos é a capacidade

de utilizar instrumentos simbólicos para complementar sua atividade, que tem

bases biológicas. A linguagem, por sua vez, age como construtora e propulsora

do pensamento. O aprendizado, de modo adequado, resulta em desenvolvimento

mental, movimentando também vários outros processos de desenvolvimento.

Assim, o pensamento é gerado pela motivação, isto é, pelos desejos,

necessidades, interesses e emoções.

Observa-se, então, que existem dois tipos de condições de aprendizagem:

as externas, referindo-se ao aspecto social e cultural em que o sujeito está

imerso; e as internas, ligadas ao corpo como organismo mediador da ação.

A preocupação de Vygotsky não era elaborar uma teoria de

desenvolvimento infantil. Ele recorreu à infância buscando explicar o

Page 26: AFETIVIDADE E APRENDIZAGEM: UMA UNIÃO NECESSÁRIA … · válido para a criança que está aprendendo a enxergar o mundo com os olhos ... dando respostas e ... autônomo e feliz

26

comportamento humano de um modo geral. Isto porque a criança está no centro

da pré-história do desenvolvimento cultural, por causa do uso de instrumentos e

da fala humana.

“Vygotsky concebe o homem como um ser que pensa,

raciocina, deduz e abstrai, mas também alguém que

sente, se emociona, deseja, imagina e se sensibiliza.”

(RÊGO, 1999, p. 120).

Por fim, Vygotsky propõe uma visão do homem como um sujeito social e

interativo, sendo que a criança inserida num grupo constrói seu conhecimento

com a ajuda do adulto. Para ele, a aprendizagem ocorre a partir de um intenso

processo de interação social, através do qual, o indivíduo vai internalizando os

instrumentos culturais, ou seja, as experiências vivenciadas com outras pessoas.

2.2.3- A Teoria “não-diretiva” segundo Carl Rogers

A pedagogia rogeriana está centrada no aluno, e é vulgarmente chamada

“não-diretiva”. Seu foco principal está no fato de considerar que os alunos

aprendem melhor, são mais assíduos, interessados, motivados e participativos,

são mais criativos e capazes de resolver problemas, quando os professores lhes

proporcionam um clima mais humano, seja relacional e/ou afetivo, além de um

ambiente de confiança.

Para Rogers, o professor deve ser o facilitador da aprendizagem, e o aluno

é quem sabe o que precisa e a direção que deve tomar. Ao professor cabe

apenas orientar de modo eficaz o aluno no seu processo de aprendizagem e

desenvolvimento, deixando que este descubra e realize as suas potencialidades,

em seu processo de crescimento e auto-realização pessoal.

Rogers, entre outras profissões, atuou como psicólogo durante doze anos

junto às crianças delinqüentes enviadas pelos tribunais e serviços sociais,

realizando sessões de tratamento. A partir dessa experiência, ele chegou à

conclusão que “é só experienciando que se aprende”. Passou a perceber o erro

Page 27: AFETIVIDADE E APRENDIZAGEM: UMA UNIÃO NECESSÁRIA … · válido para a criança que está aprendendo a enxergar o mundo com os olhos ... dando respostas e ... autônomo e feliz

27

da autoridade por parte dos mestres, e que havia novos conhecimentos a serem

adquiridos, além daqueles propostos por eles. Chegou à conclusão que as

entrevistas tradicionais da psicanálise eram superficiais e sem resultados,

verificando que apenas as entrevistas mais naturais e menos informais, deixando

livre ao paciente a direção do movimento no processo terapêutico, eram

realmente eficazes.

Para Rogers, a pessoa é continuamente em transformação e construção,

nunca satisfeita nem plenamente realizada. Nunca deixa de ser movimento e

processo.

Numa concepção regeriana, ensinar não é comunicar certos

conhecimentos, assim como aprender não é fixar esses conhecimentos

veiculados. A única coisa que se aprende de modo a influenciar significativamente

o comportamento é a descoberta de si mesmo, ou seja, de algo descoberto pelo

próprio indivíduo. Numa aprendizagem dessas, há uma apropriação e assimilação

pessoal, assim, o indivíduo incorpora na sua própria experiência o que aprendeu

e descobriu. E isto tem impacto no seu comportamento, leva a mudanças e

melhorias, desenvolve a autoconfiança, a autonomia e a criatividade, e tudo isso

porque envolve toda a pessoa, seu intelecto e também emoção, E por isso é

considerada uma aprendizagem significativa, duradoura e eficaz.

2.2.4- A Teoria Psicanalítica segundo Freud

Para Freud, o conceito de afeto está ligado ao de pulsão. Este último,

segundo Freud, é o “conceito situado na fronteira entre o mental e o somático,

como o representante psíquico dos estímulos que se originam dentro do

organismo e alcançam a mente, como uma medida de exigência feita à mente no

sentido de trabalhar em conseqüência de sua ligação com o corpo.” (FREUD,

1915 – Br, 1974, p. 142).

Freud procura estabelecer uma relação entre os aspectos cognitivos e os

impulsos afetivos durante o desenvolvimento de cada indivíduo. Para ele, o

Page 28: AFETIVIDADE E APRENDIZAGEM: UMA UNIÃO NECESSÁRIA … · válido para a criança que está aprendendo a enxergar o mundo com os olhos ... dando respostas e ... autônomo e feliz

28

primeiro interesse de investigação da criança é sobre o seu lugar no mundo, o

que também está ligado à descoberta de seu sexo. Sua teoria afirma ainda que a

afetividade e os seus impulsos são o motor do desenvolvimento psicológico de

cada um. E a estes estão subordinados os próprios processos básicos, como a

intelectualização e a racionalização.

Segundo psicanálise, de um modo geral, a afetividade é o conjunto de

fenômenos psíquicos manifestados através das emoções ou sentimentos,

acompanhados de prazer ou dor, satisfação ou insatisfação, agrado ou

desagrado, tristeza ou alegria. O afeto, portanto, exprime qualquer estado afetivo,

seja ele agradável ou não, é a expressão da quantidade de energia pulsional e de

suas variações. Assim, na medida em que a pulsão se afasta da idéia e encontra

a expressão proporcional à sua quantidade, surgem então os afetos.

Para Freud, uma pulsão nunca pode tornar-se objeto da consciência, ao

contrário, um impulso pulsional é de uma representação inconsciente.

Quanto aos destinos do afeto, Freud, aponta três possibilidades: ou ele

permanece como é; ou é transformado num afeto qualitativamente diferente; ou é

suprimido, ou seja, impedido de se desenvolver, o que constitui a verdadeira

finalidade do recalcamento. Sendo que, após um processo de recalcamento, as

idéias inconscientes continuam a existir, porém, os afetos quando suprimidos

impedem o potencial de ser desenvolvido. Talvez aqui estivesse a resposta para

muitos dos problemas e dificuldades de aprendizagem...

Page 29: AFETIVIDADE E APRENDIZAGEM: UMA UNIÃO NECESSÁRIA … · válido para a criança que está aprendendo a enxergar o mundo com os olhos ... dando respostas e ... autônomo e feliz

29

CAPÍTULO 3 – A IMPORTÂNCIA DA FAMÍLIA NA

EDUCAÇÃO DAS CRIANÇAS

“Se pensássemos no problema de

aprendizagem como derivado só do

organismo, ou só da inteligência, para seu

diagnóstico e cura, não haveria necessidade

de recorrer à família.”

Alicia Fernàndez

Antigamente, no Brasil - Colônia, marcado pela escravidão e produção

rural, as famílias eram extensas, patriarcais e os casamentos aconteciam com fins

econômicos. A clássica divisão de tarefas era o pai como provedor e a mãe

“rainha do lar”, responsável pelos afazeres domésticos e pela educação dos

filhos. O conceito de família era a união de pessoas aparentadas que viviam

juntas na mesma casa, geralmente era pai, mãe e filhos.

Porém, nas últimas décadas, este modelo tradicional de família teve

grandes alterações. As mulheres vêm ocupando espaços cada vez maiores no

mercado de trabalho, o que lhes garante a posição tão sonhada neste mundo

capitalista. Contudo, com tantas responsabilidades à parte, a mulher tem passado

muito tempo fora de casa, e assim acaba por abandonando a sua principal tarefa:

ser mãe e educar seus filhos nos caminhos em que devem andar, tal como diz um

provérbio bíblico: “Educa a criança no caminho em que deve andar; e até quando

envelhecer não se desviará dele.” (Provérbios 22, verso 6).

A família deve garantir a sobrevivência e a proteção dos filhos,

independentemente de sua estrutura, é ela que deve proporcionar a construção

dos laços afetivos e suprir as necessidades do desenvolvimento integral da

pessoa. Ela tem papel importante na socialização e na educação, pois é onde se

Page 30: AFETIVIDADE E APRENDIZAGEM: UMA UNIÃO NECESSÁRIA … · válido para a criança que está aprendendo a enxergar o mundo com os olhos ... dando respostas e ... autônomo e feliz

30

iniciam as aprendizagens e os vínculos humanos. Ela é a matriz do

desenvolvimento da personalidade e do caráter das pessoas.

Portanto, atualmente as famílias já não tem um padrão único, novas

configurações familiares estão surgindo... E é preciso que alguns profissionais,

principalmente da educação e da saúde emocional, observem e estudem com

mais carinho essas novas famílias que estão surgindo, para que possam dar

andamento aos seus trabalhos com a eficácia necessária.

É no contexto familiar que a criança inicia suas primeiras aprendizagens. É

onde ela aprende a sugar o seio da mãe, sentar, engatinhar, bater palminhas,

falar, andar, etc. E todas essas conquistas são presenciadas e estimuladas

primeiramente pela família (ou pelo menos deveriam).

É, portanto, este o papel da família, estimular a criança a crescer e

desenvolver-se de modo integral e saudável. Antes mesmo de entrar na escola, a

criança deveria receber seus primeiros estímulos em casa, tendo contato com

livros, jogos educativos, brinquedos de encaixe, massinha, tintas, músicas, enfim,

objetos que venham ajudá-la no desenvolvimento das habilidades motoras,

lingüísticas, musicais e lógicas. Se a família der o exemplo e estimular desde

cedo, colocando-a em contato constante com estes “objetos do conhecimento” é

certo, que desde cedo a criança também terá o prazer em ler, estudar e construir

o seu saber.

A família deve ajudar a criança a pensar com autonomia, desenvolver o

seu senso-crítico e seu raciocínio-lógico, autonomia para fazer suas escolhas

responsabilizando-se pelas conseqüências das mesmas, e também deve colocar

os limites necessários para a criança, na medida certa. É neste contexto que a

família “imprime suas marcas” na criança, moldando-a conforme os valores,

modelos de conduta e de comportamento que julga serem corretos. Na verdade, a

família educa a criança como seus exemplos.

Os pais são os primeiros desencadeadores da educação de seus

filhos, são “o espelho” inicial de suas vidas; seus exemplos serão seguidos,

Page 31: AFETIVIDADE E APRENDIZAGEM: UMA UNIÃO NECESSÁRIA … · válido para a criança que está aprendendo a enxergar o mundo com os olhos ... dando respostas e ... autônomo e feliz

31

sendo bons ou maus. Por isso a afetividade tem um papel muito importante

nesta educação.

Mas como fazer, se os valores que deveriam nortear a vida em

sociedade parecem cada vez mais esquecidos? Vive-se num tempo em que a

aparência vale mais do que toda a essência do ser humano, e a competição e

o individualismo regem os relacionamentos. Vale mais o ter do que o ser.

Acredita-se que as dificuldades, os conflitos, as guerras e a intolerância

são resultados da inversão de valores que predomina nas sociedades. Assim,

cabe aos pais, como os primeiros educadores, terem plena consciência do seu

papel e reavivar os sentimentos, valores e atitudes que poderão renovar a

confiança em dias melhores.

Educar com amor é ensinar a criança a amar, a ter atitudes positivas, a

viver em valores, tudo é válido para a criança que está aprendendo a conhecer

o mundo. Mas é importante saber que isto acontece através dos olhos dos

pais, ou seja, a criança grava toda imagem emitida, sendo ela negativa ou

positiva.

O corpo, a fala, os gestos, o olhar, o modo de se expressar e se

apresentar ao mundo... tudo é linguagem, tudo comunica, tudo compõe a

história que dia a dia o ser humano escreve sem se dar conta. É um complexo

sistema de comunicação que emite sinais e códigos, os quais originam

informações diversas, que muitas vezes fazem a diferença na vida de outrem.

Os pais devem ter consciência de que são os primeiros, os principais e

insubstituíveis educadores de seus filhos. Educar não é apenas ensinar a ler e

escrever, educar é participar ativamente da vida de seus filhos, orientá-los,

exortá-los quando preciso, acompanhar seu crescimento e desenvolvimento;

mas tudo isto deve ser feito em amor.

Page 32: AFETIVIDADE E APRENDIZAGEM: UMA UNIÃO NECESSÁRIA … · válido para a criança que está aprendendo a enxergar o mundo com os olhos ... dando respostas e ... autônomo e feliz

32

3.1- Pais, os primeiros educadores

É uma prática bastante comum os pais atribuírem a responsabilidade

de educar seus filhos aos professores, pelo simples fato de terem os

matriculado na escola. Muitos pensam que a obrigação de educar e ensinar

é do professor, e se o filho não aprende, a culpa está no professor.

Engano destes pais, pois a obrigação de educar e ensinar inicia-se

dentro da própria casa, em meio à própria família. Os primeiros professores

são os pais, e ensinar com amor, carinho, paciência e muito afeto é

imprescindível, pois o aprendizado se torna mais fácil, prazeroso e produtivo.

Pode-se dizer que os professores primários de uma criança são seus

próprios pais, pois é desde muito cedo que o aprendizado começa, muito

antes de entrar para escola. Alguns especialistas dizem que desde o ventre

a criança já aprende, pois ouve tudo, e até sente o que a mãe sente, seja

bom ou ruim, prazeroso ou angustiante.

A responsabilidade da educação inicial é inteiramente dos pais, e é

com eles que as crianças devem ter as primeiras noções de valores éticos e

morais, boas maneiras, hábitos e atitudes saudáveis, respeito, cordialidade,

responsabilidade, etc. Enfim, a família é a base da educação de uma

criança, e por isso deve participar ativamente da vida de seus pequeninos.

Tudo que uma criança sabe ou aprende, tem grande influência do ambiente

que a rodeia. Ela aprende tanto coisas boas quanto as más, depende de sua

vivência.

Portanto, é preciso que os pais tenham muito cuidado com suas

atitudes diante dos filhos. É preciso evitar qualquer tipo de violência (física

ou verbal) entre os pais, e também o próprio maltrato com os filhos, pois o

que a criança presencia é o que ela levará adiante achando que é o certo,

e provavelmente, se no futuro ela for pai ou mãe, agirá da mesma maneira.

A união familiar, o carinho, a paciência, o diálogo, tudo isso influencia

muito na educação afetiva da criança. Os pais devem demonstrar interesse

Page 33: AFETIVIDADE E APRENDIZAGEM: UMA UNIÃO NECESSÁRIA … · válido para a criança que está aprendendo a enxergar o mundo com os olhos ... dando respostas e ... autônomo e feliz

33

e zelo pelo que seus filhos fazem e aprendem, devem elogiar, orientar e

corrigir quando preciso, mas tudo deve ser feito com amor e afetividade.

Ao contrário do que pareça, os pais não precisam ser super-heróis,

nem serem ricos e darem muitos presentes, e não devem tão pouco, serem

ausentes. Antes, devem ser pais que amem e demonstrem o amor a seus

filhos, que valorizem as mínimas coisas que fazem juntos, e principalmente,

que sejam presentes.

3.2- A relação pais e filhos

A palavra “relação” está relacionada a vínculo, amizade, convivência

entre pessoas. Portanto, quando se fala em relação pais e filhos, refere-se a

uma troca de informações, convivência, intimidade, laço familiar... É preciso

que a base desta relação seja o diálogo, pois através dele há trocas

importantes que alimentam o amor e a confiança. A atenção ou apenas um

olhar que o pai dá para seu filho, é muito mais importante e satisfatório que

qualquer outro presente.

“Certa vez um filho de nove anos perguntou a seu

pai, que era médico, quanto que ele cobrava por

consulta, o pai disse-lhe o valor. Passando um

mês, o filho se aproximou do pai, tirou algumas

notas do bolso, esvaziou seu cofre de moedas e

disse-lhe com os olhos cheios de lágrimas: Pai faz

tempo que eu quero conversar com você, mas você

não tem tempo, consegui juntar o valor de uma

consulta. Você pode conversar comigo agora?”

(CURY, 2003, p. 25).

Às vezes, os pais têm uma profissão que exige muito deles, tendo

assim, uma vida cotidiana muito cheia e acelerada. Muitos, mal têm tempo

de trocar um olhar com seus filhos, pois saem para trabalhar muito cedo e os

Page 34: AFETIVIDADE E APRENDIZAGEM: UMA UNIÃO NECESSÁRIA … · válido para a criança que está aprendendo a enxergar o mundo com os olhos ... dando respostas e ... autônomo e feliz

34

filhos ainda estão dormindo, e por voltarem muito tarde, os encontram já na

cama. Para preencher este vazio, às vezes, os pais compram muitos

presentes para seus filhos, além de pagarem escolas particulares bem caras

para eles, na busca por um “alívio de consciência”, pois “pelo menos o

cuidado e a educação estas crianças estão tendo durante o dia, mesmo com

sua ausência”, pensam erroneamente os pais.

Ao invés de apenas darem bons presentes materiais, os pais devem

se esforçar para doarem-se mais aos seus filhos: contar suas histórias, seus

sonhos, angústias, alegrias, tristezas, experiências, aventuras..., enfim,

devem se humanizar, transformar a relação com os filhos numa aventura

prazerosa. Este hábito contribui para desenvolver nos filhos a auto-estima, o

autocontrole, a capacidade de trabalhar com perdas e frustrações, de

dialogar, de ouvir, ajuda-os a crescerem mais seguros e confiantes. É

fundamental para a formação da personalidade dos filhos, que os pais se

deixem conhecerem por eles, pois assim estará educando a emoção e

criando vínculos sólidos e profundos.

Não existem pressupostos teóricos que ensinem o modo correto de

se educar os filhos, e nunca vai existir, porque cada ser humano é um ser

completo e diferente dos demais, independente da idade, sexo, cor, raça,

credo, classe social, etc. Cada pessoa tem o seu jeito de ser particular,

diferente, e por isso, cada família pode apresentar o seu próprio estilo de

vida. Assim, os pais devem educar vigiando seus filhos, percebendo seus

interesses e necessidades.

Os pais devem ter o cuidado para não usar e abusar de lindas

palavras, poéticas e filosóficas para com seus filhos, e em contradição, agir

negativamente, dando péssimos exemplos. Cury fala sobre o fenômeno

RAM (registro automático da memória), e explica que todas as imagens

captadas, todos os pensamentos e emoções são automaticamente

registrados na memória, sendo eles positivos ou negativos. O mais grave é

que tudo que é registrado na memória, não pode mais ser apagado, apenas

reeditado através de novas experiências. Daí a importância dos pais terem

Page 35: AFETIVIDADE E APRENDIZAGEM: UMA UNIÃO NECESSÁRIA … · válido para a criança que está aprendendo a enxergar o mundo com os olhos ... dando respostas e ... autônomo e feliz

35

boas atitudes, para que seus filhos registrem uma boa imagem deles, e

tenham bons exemplos a seguirem futuramente.

É preciso que os pais dediquem mais tempo aos filhos, para

brincarem, passearem, dialogarem, se divertirem, compartilharem

conhecimentos e experiências. Devem também, participar da educação

escolar dos filhos, serem mais presentes e atuantes na vida deles. As

crianças também têm muitas coisas a ensinarem a seus pais, existe uma

reciprocidade, uma afetividade educativa em comum na relação pais e filhos.

Para se ter uma boa relação com seus filhos e educá-los de forma

integral, os pais devem seguir alguns passos importantes:

- Devem observá-los e ouvi-los, pelo menos de vez em quando. E se

o filho chamar, deve parar o que estiver fazendo e dar-lhe a devida atenção.

Se não for possível naquele momento, peça-lhe que aguarde e logo o

atenda. Os pais não podem deixar transparecer, em momento algum, que os

filhos estão sendo chatos e inconvenientes. Ao contrário, devem sempre

ouvi-los, mesmo que falem coisas bobas e sem sentido, é fundamental que

os pais parem e ouça-os até o fim e com atenção.

- Observar e sentir é poder ajudar em determinada situação, é

conhecer o olhar de uma criança, pode ser um olhar triste, alegre ou curioso.

O olhar diz tudo, e pode ajudar os pais a aprenderem a conhecer seus filhos.

- Devem pensar sempre nas melhores respostas para darem a seus

filhos, pois estes estão sempre atentos e em constante aprendizagem.

Portanto, são cinco passos importantes a serem seguidos: parar,

ouvir, agir, olhar e sentir. Estas ações, além de nortearem uma relação

sadia, também podem ajudar os pais a terem consciência do tipo de

formação que estão oferecendo a seus filhos. Estas cinco bases relacionais

partem de pais educadores e afetivos, passam para seus filhos, preparando-

os para enfrentarem o mundo que os rodeia.

Page 36: AFETIVIDADE E APRENDIZAGEM: UMA UNIÃO NECESSÁRIA … · válido para a criança que está aprendendo a enxergar o mundo com os olhos ... dando respostas e ... autônomo e feliz

36

Cada aprendizado tem o seu momento, cabe aos pais ensinarem aos

poucos e na hora certa, respeitando os limites de seus filhos, para

futuramente gerar uma educação produtiva. Mas para isto, é preciso que os

pais tenham zelo e paciência para ensinarem, lembrando-se de que estão

sendo espelhos para seus filhos, e seus ensinamentos e exemplos serão

seguidos.

A autoridade e os limites não devem ser impostos pelos pais, e sim

colocados de maneira sábia e afetiva. Eles devem também educar a

inteligência emocional de seus filhos, dando elogios, encorajando, tendo

atitudes afetuosas, contribuindo para o desenvolvimento da consciência

crítica, devem ensiná-los a pensar. Assim, estarão conquistando o carinho, a

confiança, a admiração e o respeito de seus filhos, que os registrarão com

grandeza, tornando-os agentes de mudanças.

“O diálogo é uma ferramenta educacional

insubstituível. Deve haver autoridade na relação pai-

filho, mas a verdadeira autoridade é conquistada

com inteligência e amor. Pais que beijam, elogiam e

estimulam seus filhos desde pequenos a pensar,

não correm o risco de perdê-los e de perder o

respeito deles” (CURY, 2003, p. 90).

É importante que os pais adquiram o hábito de dialogar com os filhos,

de “abrir o coração” com eles, pois assim estarão deixando registrada uma

boa imagem de sua personalidade, e melhor ainda, estarão conquistando o

amor, o respeito e a confiança de seus filhos. Assim, os filhos terão prazer

em procurar os pais, de estarem juntos, e os problemas e crises vindouras

não abalarão nem acabarão este lindo relacionamento, este alicerce. É

essencial que, no dia-a-dia, haja manifestações de afetividade entre pais e

filhos: toques, abraços, beijos, diálogo, choro, alegria, brincadeira, etc. Isto

nutre o relacionamento, o amor, o respeito, “estreita os laços”, aproxima.

Page 37: AFETIVIDADE E APRENDIZAGEM: UMA UNIÃO NECESSÁRIA … · válido para a criança que está aprendendo a enxergar o mundo com os olhos ... dando respostas e ... autônomo e feliz

37

CAPÍTULO 4- ESCOLA E AFETIVIDADE

“Não importa com que faixa etária trabalhe o

educador ou a educadora. O nosso é um

trabalho com gente, miúda, jovem ou adulta,

mas gente em permanente processo de

busca. Gente formando-se, mudando,

crescendo, reorientando-se, melhorando...”

(FREIRE, 1996, p.162).

A criança passa grande parte de sua vida na escola, em alguns

casos, chega a passar o dia inteiro na escola, indo para casa somente para

dormir, e muitas vezes nem se encontra com seus pais no seu dia-a-dia (o

que pode acarretar sérios problemas mais tarde...). Por isso, a escola deve

ser um ambiente cada vez mais aconchegante, atrativo, prazeroso, familiar,

e principalmente, seguro e afetivo.

É importante que o trabalho pedagógico esteja focado em três

âmbitos essenciais: o emocional, o cognitivo e o comportamental da criança,

o que exige também um espaço para todo o tipo de manifestação

expressiva, plástica, verbal, dramática, escrita, direta ou indireta,

estimulando a construção de si mesmo e depois da função simbólica para a

manipulação da realidade.

A escola é um espaço para aprender, é um espaço de construção do

conhecimento e também de socialização do saber. É onde a criança pode (e

deve) compartilhar as suas experiências e adquirir/desenvolver hábitos,

atitudes e valores como respeito, solidariedade, compaixão, etc. Lembrando

que em todas as culturas, a criança adquiri e modifica padrões de

comportamento, conhecimento e atitude por meio da observação e imitação

dos adultos, inclusive de seus professores.

Page 38: AFETIVIDADE E APRENDIZAGEM: UMA UNIÃO NECESSÁRIA … · válido para a criança que está aprendendo a enxergar o mundo com os olhos ... dando respostas e ... autônomo e feliz

38

O papel da escola não é apenas transmitir conteúdos e ensinar

conceitos, mas também ensinar procedimentos que ajudem a criança a

aprender, desenvolvendo a sua autonomia, independência, inteligência,

emoções e socialização, tornando-se um cidadão com identidade própria,

responsável e consciente.

No âmbito escolar encontram-se crianças com uma diversidade

incrível. São crianças de diferentes raças, credos, culturas, ambientes

familiares, aspectos econômicos, sociais e afetivos, com diferentes

pensamentos, hábitos, sonhos e expectativas de vida..., e cabe à escola

mediá-las e conduzi-las a bons relacionamentos e uma boa socialização. A

escola deve receber a todos, sem distinções, com amor, respeito, carinho e

muita afetividade, pois essa contribui para uma boa aprendizagem.

É importante que o professor seja consciente e reflexivo em suas

ações, apto a trabalhar com afetividade em sala de aula, podendo assim,

desenvolver o lado emocional no seu aluno, dando-lhe o direito de se

expressar e ser compreendido. Proporcionando assim, à formação de alunos

mais felizes, satisfeitos e interessados pelos estudos.

4.1- A Afetividade na Educação Infantil

A Educação Infantil é o início da vida escolar da criança, e envolve

simultaneamente dois processos: educar e cuidar. Nela, as crianças ainda são

muito novinhas e dependentes, e por isso, tem uma necessidade dobrada de

atenção, carinho e segurança, sem as quais dificilmente sobreviveriam. Por

outro lado também é preciso se conscientizar de que elas estão tendo seus

primeiros contatos com o mundo através das pessoas que as cercam. É por

isso que os adultos devem “se policiar”, evitando determinadas atitudes e

palavras diante das crianças, pois elas são “imitadoras” e costumam seguir os

exemplos que as rodeiam.

Page 39: AFETIVIDADE E APRENDIZAGEM: UMA UNIÃO NECESSÁRIA … · válido para a criança que está aprendendo a enxergar o mundo com os olhos ... dando respostas e ... autônomo e feliz

39

Porém, apesar de se saber da necessidade de um “cuidado” maior para

com esta faixa etária, nos últimos dez anos, a idéia de que a creche era um

local em que as crianças ficavam apenas para serem cuidadas, deu lugar a

uma nova visão. E hoje, até mesmo os pais que tem condições de manterem

seus filhos pequenos em casa, preferem enviá-los para a escola, por

acreditarem que é um espaço privilegiado de aprendizagem, desenvolvimento

e socialização.

Um dos maiores problemas encontrados na Educação Infantil, de um

modo geral, é a falta de equilíbrio e vínculo entre os focos de trabalho. Algumas

escolas têm o foco no trabalho educativo, outras têm o foco nos cuidados com

o bem-estar físico e as questões biológicas. Umas se preocupam apenas com

a “Educação”, os conteúdos curriculares; deixando de lado o colo e o afeto, que

são essenciais à constituição saudável da criança. O ideal seria encontrar o

equilíbrio entre os cuidados e a escolarização.

Os professores devem ser sensíveis ao carinho e ao acolhimento, mas

também devem entender que as crianças são competentes, ativas e capazes

de produzir cultura. Também é papel do profissional explicar aos pais sobre

esta dupla função da escola de Educação Infantil. Isso porque algumas famílias

estranham a escolarização e sentem falta do afeto e demais cuidados; outras

pensam diferente e querem que suas crianças tenham cadernos e atividades

de linguagem. É preciso deixar bem claro a necessidade de um equilíbrio entre

ambas as funções.

As crianças de Educação Infantil desde cedo são ativas, capazes de

fazer escolhas e tomarem decisões, por isso o professor deve oferecer

oportunidades que valorizem e explorem estas capacidades apresentadas.

Assim, conclui-se que um bom profissional não deve apenas gostar de

crianças, mas deve saber cuidar e educar. Precisa estar preparado para

imprevistos, ter noções de primeiros socorros e, principalmente entender como

se dá o desenvolvimento humano nessa época.

É necessário também, estabelecer uma rotina produtiva na escola, ou

seja, que garanta que ninguém fique parado à toa, e que seja capaz de unir os

cuidados com o ato de educar. Isto porque as crianças apresentam

Page 40: AFETIVIDADE E APRENDIZAGEM: UMA UNIÃO NECESSÁRIA … · válido para a criança que está aprendendo a enxergar o mundo com os olhos ... dando respostas e ... autônomo e feliz

40

dificuldades, interesses e necessidades que não podem ser ignorados, pelo

contrário, exigem maiores cuidados, como: necessidades biológicas, sono,

alimentação, higiene, questões afetivas, motoras, cognitivas, sociais e

emocionais.

Também deve haver maior preocupação e atenção para com o ambiente

e os recursos disponíveis na escola, além da organização do tempo. Sem

esquecer-se de que os pequeninos adquirem experiência e conhecimento

através da ação, do desafio, da exploração do espaço e dos objetos.

Precisa-se reconhecer a importância de uma integração entre escola e

família, pois esta parceria é o primeiro passo para a construção de uma escola

consciente do seu papel. Deve haver trocas de idéias e informações entre pais

e educadores, ambos refletindo sobre a prática pedagógica.

A mesma integração deve haver entre professor e aluno, pois quando o

educador se reconhece como aprendiz, ele cresce com seu aluno, e assim, a

Educação Infantil é aprimorada, competentemente, ocupa um lugar de

destaque na Educação Brasileira.

Enfim, a Educação Infantil não pode seguir o modelo de escola

fundamental: atividades com lápis e papel, alfabetização e numeralização

precoces, rigidez dos horários, rotinas repetitivas, etc. Ao contrário, deve

apresentar uma dimensão educativa com uma nova maneira de ver as crianças

nesta faixa etária, e vê-las como sujeitos que vivem um momento em que

predominam o sonho, a fantasia, a afetividade, a brincadeira, a subjetividade

em suas manifestações.

A Educação Infantil é o princípio da vida social da criança, é onde

começa também o desenvolvimento intelectual dela, porém não se pode

apresentar uma prática meramente intelectualista em sala de aula. Até porque,

segundo Wallon, o desenvolvimento cognitivo também precisa de condições

afetivas para obter bons resultados. Para ele, o afetivo e o cognitivo andam

lado a lado, devem permanecer em constante equilíbrio.

Wallon defende que a escola também é responsável pelo

desenvolvimento da personalidade infantil, e por isso deve se interessar por

tudo que diz respeito à criança, tanto as condições biológicas e psicológicas,

Page 41: AFETIVIDADE E APRENDIZAGEM: UMA UNIÃO NECESSÁRIA … · válido para a criança que está aprendendo a enxergar o mundo com os olhos ... dando respostas e ... autônomo e feliz

41

como também as condições materiais e sociais de sua existência, para então

poder promover um ambiente apropriado para a descoberta e desenvolvimento

de suas habilidades. Assim, se, por exemplo, uma criança for mal alimentada e

habitar num ambiente sujo, ela pode vir apresentar inércia, instabilidade,

agitação, problemas de atenção e fadiga.

Por isso, é importante lembrar que a escola exerce uma grande e

importante influência na vida da criança, e pode significar uma reviravolta ou

uma vitória sob seus problemas. Logo, a escola infantil deve considerar as

características individuais e as condições de vida de cada criança, para o

planejamento de suas atividades. Só assim, estas virão oportunizar um

crescimento e desenvolvimento sadios da criança, proporcionando também sua

formação como cidadão responsável, um ser humano completo e individual,

porém social e sociável, crítico e afetivo, que saiba lidar com suas emoções e

compreender as pessoas e o mundo que o cerca.

O afeto e a segurança na escola contribuem para uma boa

aprendizagem. Por isso a criança deve se apropriar cognitivamente e

afetivamente da escola, que por sua vez é responsável por recebê-la com

muito carinho. Portanto, as escolas infantis devem oferecer profissionais não

só qualificados, mas capacitados para acolher, amar, respeitar, orientar e

conduzir à construção de conhecimentos. Conquistando, assim alunos mais

produtivos, felizes e interessados nos estudos.

4.2- O papel do profissional de Educação Infantil

Antigamente, as creches no Brasil, desempenhavam um papel

assistencial e filantrópico, e sua principal função era apenas a de guardar e

proteger a criança. Porém, para o Estado era melhor promover uma maior

atenção à infância para contribuir para a diminuição das altas taxas de

mortalidade infantil. O esquema “sopão e banho” não exigia profissionais

especializados, e muitas vezes, os requisitos necessários eram apenas gostar

de crianças e saber cuidá-las fisicamente.

Page 42: AFETIVIDADE E APRENDIZAGEM: UMA UNIÃO NECESSÁRIA … · válido para a criança que está aprendendo a enxergar o mundo com os olhos ... dando respostas e ... autônomo e feliz

42

Conforme a sociedade foi evoluindo, estas exigências foram se

ampliando. Com a entrada da mulher no mercado de trabalho, ela passou a

exigir um local seguro e de qualidade para deixar seus filhos enquanto

trabalhava. Assim, o profissional da creche precisou a partir daí, também

compreender o papel materno para, de certa forma “substituir” a mãe. Uma

tarefa difícil e de cunho psicológico, pois nessa ótica, a criança da creche sofria

de carência afetiva devido ao abandono materno, e a professora deveria estar

preparada para suprir esta carência. Foi neste período que começaram a ser

chamadas de “tias”.

Com o passar dos tempos, a creche ganhou uma importância social, e

passou a ser vista como um espaço privilegiado para o desenvolvimento

infantil. Exigindo, então, uma estrutura e um funcionamento mais adequados,

bem como um profissional mais bem preparado, com um melhor nível de

conhecimento sobre o desenvolvimento infantil.

Com o advento da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional

(LDB), a Educação Infantil passou a ser vista com outros olhares, e até os dias

de hoje ainda passa por um período de idéias e debates sobre a sua

importância e o seu papel na sociedade e na vida de cada criança. Passou a

reconhecer a importância das boas e enriquecedoras experiências que as

crianças precisam ter nessa etapa inicial da vida, pois são determinantes para

o desenvolvimento de suas competências e habilidades para o resto de suas

vidas. Daí, a importância do preparo e qualificação do profissional desta área.

Hoje, percebe-se que o professor de Educação Infantil precisa de uma

sólida formação básica, não apenas aquela advinda dos cursos normais ou de

pedagogia, mas também precisa de conhecimentos de história, de filosofia, de

antropologia, psicologia, enfim, todos que ofereçam os alicerces necessários

para que possa construir, compreender e confrontar ideologias. Também é

essencial que este profissional conheça as teorias de desenvolvimento e de

aprendizagem voltadas para as crianças.

Este professor precisa se comprometer com o bem-estar e o

desenvolvimento integral das crianças e com a qualidade de tudo que

apresenta a ela, fazendo uma relação indissociável entre o educar e cuidar.

Page 43: AFETIVIDADE E APRENDIZAGEM: UMA UNIÃO NECESSÁRIA … · válido para a criança que está aprendendo a enxergar o mundo com os olhos ... dando respostas e ... autônomo e feliz

43

Precisa oferecer à criança o acolhimento, o carinho (e todas as expressões de

afetividade), a atenção, a segurança, o lugar para a emoção, para o gozo, para

o desenvolvimento da sensibilidade, não deixando de lado o desenvolvimento

das habilidades sociais, nem o domínio do espaço e do corpo, deve oportunizar

a curiosidade, o desafio e a investigação.

Enfim, o professor de Educação Infantil é um especialista, entre outros

aspectos, na formação de vínculos. Até porque está lidando com pessoas

muito pequeninas, indefesas e dependentes, que precisam de muitos cuidados,

pois estão aprendendo a se tornarem humanas. As interações e os cuidados

cotidianos são determinantes nas formas de se relacionar e construir vínculos,

e a criança só vai aprender a cuidar de si e dos outros se vivenciar estes

cuidados cotidianos de qualidade.

Wallon considera que o professor precisa ter conhecimento dos

problemas sociais de sua época, assumindo uma postura ativa e consciente

diante deles. Pois somente conhecendo os valores morais e relações sociais

da sua atualidade, poderá orientar seus alunos, desde cedo diante da realidade

da sociedade na qual estão inseridos. Já nos primeiros anos escolares, o

professor deve ser competente em preparar a criança para viver em

coletividade, incentivando o trabalho em grupo. Deve desenvolver sentimentos

nobres que permitam ao aluno atuar como cidadão na sociedade.

Alguns distúrbios ou algumas reações inadequadas das crianças podem

ter origem na severidade e rudez do professor. Estas atitudes são, muitas

vezes, os motivos da inibição ou recalque da criança em sala d e aula. Por isso

professor deve ajudar a criança a resolver seus complexos, para assim,

promover um interesse novo e uma conduta diferente e sadia.

Por outro lado, a família tem, muito antes da escola, o seu papel

fundamental de contribuição no desenvolvimento da criança, principalmente no

aspecto afetivo. Tanto que quando os problemas familiares não são bem

administrados diante das crianças, podem ter efeitos nocivos para o seu

desenvolvimento. As repreensões e punições corporais podem provocar nas

crianças, reações mais complexas de se tratarem. A relação que se estabelece

Page 44: AFETIVIDADE E APRENDIZAGEM: UMA UNIÃO NECESSÁRIA … · válido para a criança que está aprendendo a enxergar o mundo com os olhos ... dando respostas e ... autônomo e feliz

44

nos primeiros contatos com as crianças, já nos primeiros dias de vida, constitui

a base da sua afetividade, prolongando-se por toda vida.

A rebeldia dos alunos em sala de aula pode, muitas vezes, representar a

falta de carinho, atenção, afeto, carência de um amigo ou de alguém para

conversar e brincar. Às vezes não tem em casa o que precisam, e chegam à

escola e também não encontram, por isso suas manifestações de rebeldia e

agressividade. Nota-se aqui, a importância do papel do profissional de

Educação Infantil.

A falta de afeto pode dificultar a aprendizagem da criança, e são vários

os fatores que contribuem para isto: pode ser o abandono, a separação dos

pais, luto na família, um ambiente desfavorável à manifestação afetiva,

desatenção dos pais e professores e a desmotivação dos mesmos. Fica claro

que a criança precisa muito de cuidados especiais, atenção e afeto para seu

desenvolvimento pleno e saudável.

4.3- Desenvolvimento Afetivo em Sala de Aula

A afetividade e a inteligência são aspectos indissociáveis, intimamente

ligados e influenciados pela socialização. A afetividade é necessária na

formação de pessoas felizes, éticas, seguras, capazes de conviver com o

mundo que a cerca. Em sala de aula, ela é de fundamental importância para

que o processo de ensino-aprendizagem seja produtivo e eficaz.

É preciso que o professor se conscientize de seu verdadeiro papel, que

ele não é um mero “transmissor de conhecimentos”. Como diz Paulo Freire:

“Saber que ensinar não é transferir conhecimento, mas

criar as possibilidades para a sua própria produção ou

a sua construção.” (FREIRE, Pedagogia da Autonomia,

p.47)

O professor deve proporcionar o desenvolvimento da afetividade em sala

de aula, não apenas através do contato físico, do toque, mas também se

Page 45: AFETIVIDADE E APRENDIZAGEM: UMA UNIÃO NECESSÁRIA … · válido para a criança que está aprendendo a enxergar o mundo com os olhos ... dando respostas e ... autônomo e feliz

45

aproximando do aluno, dando-lhe atenção, ouvindo-o, valorizando suas

opiniões, elogiando-o, estimulando-o, permitindo-lhe que se expresse e opine,

enfim, são muitas as formas de manifestações de afetividade em sala de aula,

e cabe ao professor estimulá-las e praticá-las. Até porque, o fortalecimento das

relações afetivas entre professor e aluno contribui para um melhor rendimento

escolar, e o carinho faz parte dessa trajetória, é apenas o começo do caminho.

Tanto o autoritarismo quanto a falta de autoridade, não favorecem a

criação de um clima participativo e reflexivo dentro da sala de aula, ao

contrário, podem gerar conflitos que contribuem para a não efetivação do

processo ensino-aprendizagem. A disciplina não deve ser imposta como um

adestramento, mas deve ser construída de forma natural e afetiva, atendendo à

necessidade de estruturação da relação pedagógica, da autonomia e da

construção do conhecimento.

“qualquer que seja a qualidade da prática

educativa, autoritária ou democrática, ela é

sempre diretiva. No momento, porém, em que o

educador ou a educadora interfere na capacidade

criadora, formuladora, indagadora do educando,

de forma restritiva, então a diretividade necessária

se converte em manipulação, em autoritarismo.”

(FREIRE, 2000, p.79)

A aprendizagem implica numa interação entre as pessoas, portanto na

relação professor-aluno deve, necessariamente, haver o afeto para que haja a

devida interação e, conseqüentemente, se dê a aprendizagem. A afetividade é

pressuposto básico para a construção do conhecimento cognitivo-afetivo, logo

o olhar do professor para o seu aluno é indispensável para a construção e o

sucesso de sua aprendizagem.

É importante que a relação afetiva professor-aluno seja estabelecida

desde muito cedo, logo na Educação Infantil, mas perdure por toda a vida

escolar. Pois além de proporcionar o desenvolvimento cognitivo-afetivo,

também proporciona o desenvolvimento psicológico, educando o emocional e

Page 46: AFETIVIDADE E APRENDIZAGEM: UMA UNIÃO NECESSÁRIA … · válido para a criança que está aprendendo a enxergar o mundo com os olhos ... dando respostas e ... autônomo e feliz

46

assim ajudando o aluno a compreender, conviver e expressar seus

sentimentos. Também adquirindo o equilíbrio emocional necessário para se

viver em sociedade. Um emocional bem educado ajuda o ser humano a vencer

os obstáculos da vida, por mais difíceis que sejam.

A sala de aula é um espaço de grande valia para o aluno, pois é onde

passa grande parte de sua vida, e onde constrói a maioria dos conhecimentos

que carregará pro resto de sua vida. É onde ele precisa ser respeitado e

valorizado, tanto através do saber, como também através do afeto. Portanto, o

relacionamento professor-aluno deve ser carregado de carinho, com

demonstrações de afetividade, assim o professor mostra que realmente se

interessa pela criança e sua aprendizagem.

Quando se fala em afeto e aproximação, não se refere apenas a beijos e

abraços, mas sim em ajudar respeitosamente o aluno a crescer em suas

atitudes. Acreditar no aluno é uma forma de ajudá-lo, apostar na afetividade em

sala de aula é investir na formação de cidadãos, e logo, na edificação da

sociedade.

Sabe-se que desde bebê, a criança já demonstra expressões de

afetividade, que variam conforme influências do meio ao qual está inserida e

das pessoas que a cercam. Um exemplo dessas expressões é o sorriso, que

aparece quando outra pessoa influencia. Há, desde cedo a presença de

emoções bem diversificadas como alegria, medo, ira, etc. Portanto, já na

Educação Infantil é preciso um planejamento consciente da importância da

afetividade no dia-a-dia em sala de aula, para que a aprendizagem ocorra de

modo eficaz. Assim, cabe ao professor ter conhecimento, não só dos

conteúdos programáticos, mas também do processo cognitivo-afetivo. Deve

educar com muito afeto, respeitando diferenças, limitações e particularidades

de cada um. Deve educar o intelecto e o emocional, para a formação integral

do ser, capacitando-o para o exercício de sua cidadania consciente,

responsável e justa.

Page 47: AFETIVIDADE E APRENDIZAGEM: UMA UNIÃO NECESSÁRIA … · válido para a criança que está aprendendo a enxergar o mundo com os olhos ... dando respostas e ... autônomo e feliz

47

CONCLUSÃO

Ao término deste trabalho, fica evidente a importância da afetividade no

processo de ensino-aprendizagem. A idéia de que pensar e sentir são ações

indissociáveis ficou bem implícita. Percebe-se uma relação intrínseca entre os

processos cognitivos e afetivos no funcionamento psíquico humano. Assim

como o conhecimento dos sentimentos e das emoções requer ações

cognitivas, o contrário também acontece, as ações cognitivas pressupõem a

presença de aspectos afetivos.

Wallon foi um defensor e estudioso a cerca da dimensão afetiva. Ele

buscou compreender as emoções a partir da apreensão de suas funções,

atribuindo-lhes um papel central na evolução da consciência de si. Ele acredita

que as emoções são tanto psíquico e social, como também orgânico. Para ele,

inteligência e afetividade estão integradas, uma depende da outra, mas

também admite que ao longo do desenvolvimento humano, existem fases em

que predominam o afetivo, e em outras a inteligência.

Nas interações com o meio social e cultural, são criados sistemas

organizados de pensamentos, sentimentos e ações, que mantêm entre si certa

relação. Assim como a organização dos pensamentos influencia os

sentimentos, o sentir também configura a forma de pensar. O que confirma

mais uma vez que pensar e sentir são ações indissociáveis.

Por isso, chega-se à conclusão de que seria viável, no campo

educacional, que as escolas incorporassem em seu cotidiano estudos

sistematizados dos afetos e sentimentos, encarados também como objetos de

conhecimento. De fato, os conteúdos relacionados à vida pessoal e privada das

pessoas, podem e devem ser introduzidos na proposta educativa, perpassando

os conteúdos de Matemática, Línguas, Ciências, etc.

Portanto, os sentimentos, as emoções e os valores, devem ser

encarados como objetos de conhecimento, pois tomar consciência, expressar e

controlar os próprios sentimentos talvez seja um dos aspectos mais difíceis na

resolução de conflitos. Assim, a educação da afetividade pode levar as

Page 48: AFETIVIDADE E APRENDIZAGEM: UMA UNIÃO NECESSÁRIA … · válido para a criança que está aprendendo a enxergar o mundo com os olhos ... dando respostas e ... autônomo e feliz

48

pessoas a se conhecerem e compreenderem melhor suas próprias emoções e

as das pessoas com quem interagem no dia-a-dia.

Com este tipo de proposta educacional, a escola entende que da mesma

forma que o educando aprende a somar, ler, escrever, conhecer a natureza,

etc., é fundamental para sua vida que conheça a si mesmo e a seus colegas,

que adquira um emocional educado e equilibrado. Assim, a escola possui um

duplo objetivo: preparar o educando para a vida cotidiana em sociedade, apto

para a resolução dos conflitos vindouros, e por outro lado, também não deve

fragmentar as dimensões cognitivas e afetivas no trabalho com as disciplinas

curriculares.

É preciso salientar também a importância da Educação Infantil como

sendo o princípio da vida escolar e social de uma criança. Há muito tempo já

deixou de ser um “depósito” onde as crianças são deixadas para os pais

trabalharem, ou um lugar aonde elas vão apenas para brincarem, se divertirem

e se distraírem. Educação Infantil é coisa séria e precisa ser valorizada e muito

bem planejada.

A educação de crianças até cinco anos requer atenção em dobro porque

elas são ainda muito pequeninas e dependentes, e cabe ao profissional de

Educação Infantil oferecer o devido equilíbrio em educar e cuidar. Este deve

apresentar manifestações de afetividade à criança a todo instante, para que ela

se sinta bem, segura e capaz, pois só assim o processo de ensino-

aprendizagem será produtivo e eficaz. A afetividade e a aprendizagem “andam

de mãos dadas”.

Diante de tudo isto, percebe-se uma nova e difícil tarefa ao educador,

que deve buscar novas teorias e abrir mão das verdades há muito

estabelecidas em sua mente a respeito das emoções e tudo o que envolve a

afetividade. Todos os educadores, sejam pais, professores ou outros

responsáveis, devem se preocupar mais com a educação afetiva das crianças,

pois o afeto estimula a aprendizagem. Trata-se de um desafio não só para o

professor, mas sim para a educação brasileira em sua totalidade, buscando-se

o combate ao “analfabetismo emocional” na sociedade contemporânea.

Page 49: AFETIVIDADE E APRENDIZAGEM: UMA UNIÃO NECESSÁRIA … · válido para a criança que está aprendendo a enxergar o mundo com os olhos ... dando respostas e ... autônomo e feliz

49

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

WEREBE, Maria José Garcia et al . Henri Wallon- Psicologia. São Paulo: Ática,

1986.

ALARCÃO, Isabel. Professores reflexivos em uma escola reflexiva. São Paulo:

Cortez, 2003.

CURY, Augusto. Pais Brilhantes, Professores Fascinantes. Rio de Janeiro:

Sextante, 2003.

CURY, Augusto. Filhos Brilhantes, Alunos Fascinantes. São Paulo: Academia

de Inteligência, 2006.

CHALITA, Gabriel. Pedagogia do Amor. São Paulo: Gente, 2005.

CUNHA, Eugênio. Afetividade na prática pedagógica- Educação, TV e escola.

Rio de Janeiro: Wak editora, 2007.

ALMEIDA, Laurinda Ramalho de; MAHONEY, Abigail Alvarenga. Afetividade e

aprendizagem: contribuições de Henri Wallon. São Paulo: Edições Loyola,

2007.

GOLEMAN, Daniel. Inteligência emocional- A teoria revolucionária que redefine

o que é ser inteligente. Rio de Janeiro: Objetiva, 1995.

FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia. São Paulo: Paz e Terra, 1996.

CRAIDY, Carmem; KAERCHER, Gládis E. Educação Infantil: pra que te quero?

Porto Alegre: Artmed, 2001.

PUEBLA, Eugenia. Educar com o Coração. São Paulo: Peirópolis, 1997.

CASTRO, Edileide. Afetividade e Limites – uma parceria entre a família e a

escola. Rio de Janeiro: Wak editora, 2011.

Page 50: AFETIVIDADE E APRENDIZAGEM: UMA UNIÃO NECESSÁRIA … · válido para a criança que está aprendendo a enxergar o mundo com os olhos ... dando respostas e ... autônomo e feliz

50

CUNHA, Eugênio. Afeto e Aprendizagem – Relação de amorosidade e saber

na prática pedagógica. Rio de Janeiro: Wak editora, 2010.

SALTINI, Cláudio J. P. Afetividade e Inteligência. Rio de Janeiro: Wak editora,

2008.

LA BORDERIE, René; PATY, Jacques; SEMBEL, Nicolas. As Ciências

Cognitivas em Educação. São Paulo: Edições Loyola, 2007.

SILVA, Lucy; CONRADO, Regina Mara. Filhos e Alunos sem Limites – um

desafio para pais e professores. Rio de Janeiro: Wak editora, 2011.

SAMPAIO, Simaia. Dificuldades de Aprendizagem – A Psicopedagogia na

relação sujeito, família e escola. Rio de Janeiro: Wak editora, 2011.

PORTELLA, Fabiani Ortiz; FRANCESCHINI, Ingrid Schröeder (organizadoras);

TURKENICZ, Abraham et al. Família e Aprendizagem - uma relação

necessária. Rio de Janeiro: Wak editora, 2011.

LAROSA, Marco Antonio; Ayres, Fernando Arduini. Como produzir uma

monografia – passo a passo... siga o mapa da mina. Rio de Janeiro: Wak

editora, 2008.

FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Minidicionário da Língua Portuguesa.

Rio de Janeiro: Nova Fronteira S.A., 1977.

MICHAELIS. Dicionário Escolar – Língua Portuguesa. São Paulo:

Melhoramentos, 2008.

www.wikpédia.com.br

www.webartigos.com.br

www.abpp.com.br