Agência FAPESP _ Empresa Desenvolve Esterilizador à Base de Ozônio

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  • 7/23/2019 Agncia FAPESP _ Empresa Desenvolve Esterilizador Base de Oznio

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    29/10/2015 Agncia F APESP | Em pr esa desenvolve ester il izador base de oznio

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    Empresa desenvolveesterilizador base de oznio09 de setembro de 2013

    Por Elton Alisson

    Agncia FAPESP A BrasilOznio empresa

    graduada no Centro de Inovao,

    Empreendedorismo e Tecnologia (Cietec), em

    So Paulo desenvolveu uma autoclave para

    esterilizao de materiais de uso mdico-

    hospitalar base de oznio, considerado o

    mais potente germicida e o segundo maior oxidante existente na Terra.

    Resultado de um projeto realizadopela empresa com apoio do Programa Pesquisa Inovativa

    em Pequenas Empresas (PIPE),da FAPESP, o equipamento promete ser mais seguro,

    eficiente e econmico do que os sistemas utilizados hoje para essa finalidade.

    O oznio inativa e elimina qualquer vrus, bactria, protozorio e fungo. Ao ser introduzido

    adequadamente em uma autoclave, como a que desenvolvemos, esteriliza qualquer tipo de

    material mdico-hospitalar colocado dentro do equipamento, disse Frederico de Almeida

    Lage Filho, ex-professor do Departamento de Engenharia Hidrulica e Ambiental da Escola

    Politcnica da Universidade de So Paulo (USP) e um dos coordenadores do projeto.

    De acordo com Lage, o processo de esterilizao automatizado desenvolvido iniciado com a

    captura de ar ambiente que, em seguida, processado e encaminhado sob condies

    controladas para um gerador de oznio que integra a autoclave.

    As impurezas e a umidade do ar so removidas e, a seguir, separa-se o oxignio para a

    gerao de oznio molecular (O3, formado por trs tomos de oxignio) que, ao reagir e se

    autodecompor, d origem a radicais livres extremamente reativos, com vida til de centsimos

    de segundos.

    O oznio gerado passa ento por reatores de transferncia, em direo cmara de

    esterilizao da autoclave, onde, aps determinado nmero de ciclos de operao, que levam

    fraes de hora, os materiais mdico-hospitalares so esterilizados. Durante o processo

    oxidativo, o oznio se autodecompe em oxignio.

    http://www.bv.fapesp.br/pt/auxilios/30065/autoclave-ozonio-otimizacao-construtiva-e-de-processo-de-um-equipamento-de-acao-esterilizante-a-base/http://www.bv.fapesp.br/pt/auxilios/30065/autoclave-ozonio-otimizacao-construtiva-e-de-processo-de-um-equipamento-de-acao-esterilizante-a-base/
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    O equipamento permite esterilizar rapidamente e com segurana todos os tipos de materiais

    mdico-hospitalares e eliminar os micrbios mais resistentes possveis, disse Lage

    Agncia FAPESP.

    Alm disso, tambm possibilita realizar a esterilizao no prprio hospital, porque seguro,

    no gera compostos txicos e no necessita de mo de obra especializada para oper-lo,

    como requerem os mtodos atuais, comparou.

    Mtodo alternativo

    Segundo Lage, um dos equipamentos mais utilizados atualmente para esterilizao de

    materiais mdico-hospitalares a autoclave base de vapor dgua. O equipamento utiliza

    temperaturas variando entre 100 e 400 graus Celsius e alta presso para eliminar todos os

    tipos de microrganismos contaminantes.

    Alm de consumir muita energia, de acordo com o pesquisador, o equipamento tambm

    apresenta riscos de operao por causa da alta temperatura e da presso interna.

    Outro problema apresentado por esse mtodo de esterilizao, de acordo com Lage, que h

    microrganismos os extremoflicos capazes de resistir a condies extremas de

    temperatura e presso. Por outro lado, h materiais mdico-hospitalares feitos de silicone ou

    polipropileno como mangueiras, respiradores e cateteres, por exemplo, chamados de

    termossensveis , suscetveis a altas temperaturas e presso. Por isso, no podem seresterilizados por esse tipo de equipamento.

    O uso de altas temperatura e presso para esterilizar materiais de uso mdico-hospitalar

    nunca foi o mtodo mais indicado para essa finalidade. Alm disso, o material a ser

    esterilizado deve ficar por um bom tempo no interior da autoclave a vapor e, quando o

    processo finalizado, necessrio esperar que o material esfrie para ser utilizado, disse

    Lage.

    A fim de possibilitar que materiais base de plstico tambm possam ser esterilizados,

    surgiram h algumas dcadas processos de esterilizao que utilizam substncias altamente

    txicas e contaminantes, tais como xido de etileno, glutaraldedo, formaldedo e outros.

    Em funo disso, a exemplo da esterilizao a vapor, por questo de segurana esses

    processos de esterilizao precisam ser realizados fora dos hospitais por pessoal treinado, e

    os materiais levam dias para retornar instituio que os utiliza, acarretando demora e custos

    elevados.

    Outra limitao desses mtodos, segundo o pesquisador, que eles no so capazes de

    eliminar determinados grupos de bactrias e protozorios que esporulam (formam esporos),

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    criando carapaas protetoras.

    J o oznio, segundo ele, capaz de no s eliminar esses e outros tipos de microrganismos,

    como tambm oxidar e remover substncias txicas orgnicas e inorgnicas, alm de odor e

    cor da gua e de gases, entre outras propriedades. Por isso, vem sendo utilizado por

    empresas, como a prpria BrasilOznio, para o tratamento de gases, lquidos, alimentos e,

    mais recentemente, at de solo contaminado por material radioativo, como o urnio.

    O oznio to poderoso que pode corroer at ao inoxidvel em questo de alguns anos,

    exemplificou Lage.

    Dosagens controladas

    Justamente por ser altamente corrosivo, segundo o pesquisador, um dos cuidados tomados

    durante o desenvolvimento do equipamento foi garantir que o oznio no afetasse osmateriais cirrgicos colocados em contato direto com o composto durante o tempo de

    esterilizao. Para isso, realizaram uma srie de testes com diferentes tipos de materiais de

    uso mdico-hospitalar termossensveis e base de inox.

    Eles verificaram as faixas de tempo de exposio ideal dos materiais ao oznio e quantos

    ciclos de operao da autoclave eram necessrios para introduzir o gs de maneira inteligente

    para esterilizao de todos os materiais colocados dentro do equipamento. Outro fator

    analisado foi o melhor modo de garantir que no restou oznio residual no interior doequipamento ao final do processo de esterilizao.

    De acordo com Samy Menasce, outro coordenador do projeto, alm de ajudar a aprimorar

    esses parmetros tcnicos do equipamento, outra contribuio dada pelos testes foi revelar

    que alguns materiais de uso mdico-hospitalar feitos de silicone ou inox apresentam

    problemas de especificao.

    Ao realizar a esterilizao de materiais em ao inoxidvel grau 316L com maior resistncia corroso , os pesquisadores observaram que alguns materiais saam perfeitos do

    equipamento e outros enferrujados. O mesmo problema ocorria com mangueiras e

    respiradores feitos com silicone alguns saam intactos da autoclave e outros praticamente

    derretidos.

    A fim de entender por que esses problemas aconteciam, os pesquisadores foram atrs dos

    fornecedores desses materiais para pedir esclarecimentos, e descobriram que alguns

    fabricantes de materiais de uso mdico-hospitalar termossensveis utilizavam silicone puromisturado com silicone reciclado. Por sua vez, alguns fabricantes de instrumentos cirrgicos

    base de ao inox grau 316L tambm no utilizavam ligas com essa especificao.

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    Essas constataes foram muito interessantes e demonstraram que a esterilizao por

    oznio no mercado brasileiro pode contribuir muito para garantir a especificao correta de

    materiais de uso mdico-hospitalar termossensveis e base de ao inoxidvel 316L, avaliou

    Menasce.

    Segundo o pesquisador, o desenvolvimento do equipamento tambm permitiu empresa criar

    uma linha de geradores de oznio capazes de lidar com concentraes do gs muito maiores

    do que os equipamentos usados para o tratamento de gua, alimentos e gases. Alm do

    tratamento e purificao de volumes de gua de piscinas ou aqurios pblicos, como o de So

    Paulo, a empresa se habilitou a tratar agora volumes de gua da ordem de 250 mil metros

    cbicos por hora.

    Quando comeamos a desenvolver o equipamento percebemos que teramos de desenvolver

    sistemas de gerao de oznio com concentraes do composto aplicado muito mais altas

    para se chegar a uma autoclave vivel no s em termos de preo, como tambm de tempo

    de esterilizao, disse Menasce.

    Isso nos possibilitou no apenas solucionar o problema da autoclave e atuar em um novo

    mercado, como desenvolver uma gerao totalmente nova de geradores de oznio e ampliar

    nossa atuao nos segmentos nos quais j estvamos presentes, contou.

    Chegada ao mercado

    De acordo com Menasce, o equipamento est em fase de registro na Agncia Nacional de

    Vigilncia Sanitria (Anvisa) e um prottipo dele foi apresentado em uma feira de

    equipamentos mdico-hospitalares em So Paulo.

    Para produzi-lo, a empresa assinou um contrato com a fabricante brasileira de equipamentos

    hospitalares Ortosntese, que tambm ser responsvel pela venda do produto, com apoio

    tcnico da BrasilOznio, por j ter uma carteira de potenciais clientes consolidada.

    Desenvolvemos o equipamento em parceria com eles. Todo o processo de esterilizao foi

    criado por ns e eles cuidaram da construo do equipamento, explicou Menasce.

    O aparelho ser vendido com cmeras de esterilizao com capacidade de 120 a 360 litros

    os volumes mais requisitados pelos hospitais, disse o pesquisador. H, no entanto, a

    possibilidade de construir, no futuro, autoclaves com maior capacidade para serem usadas

    pelos prprios fabricantes de material de uso mdico-hospitalar, adiantou Menasce.

    A indstria de materiais cirrgicos se interessou muito pelo processo de esterilizao base

    de oznio porque todos os produtos que fabricam precisam ser desinfetados antes de chegar

    s farmcias ou aos hospitais em autoclaves de xido de etileno com at 20 metros cbicos,

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    mantidas em suas instalaes, apresentando alta periculosidade e gerando efluentes,

    explicou o pesquisador.

    Como o processo de esterilizao por oznio independe da quantidade de materiais,

    podemos desenvolver autoclaves com dimenses maiores, afirmou.

    Segundo o pesquisador, a empresa j negocia com uma grande fabricante de materiaismdico-hospitalares a substituio de um equipamento esterilizador base de xido de

    etileno por uma autoclave base de oznio.

    Estudo de mercado

    No incio do desenvolvimento do equipamento, a empresa realizou uma pesquisa de mercado

    com gestores e equipes mdicas de hospitais em So Paulo. Os participantes da sondagem

    apontaram que todos os processos de esterilizao de materiais de uso mdico-hospitalarhoje existentes no mundo so de alta periculosidade por envolver gases inflamveis e

    geram efluentes txicos de difcil tratamento o que obriga as instituies a terceirizar o

    processo. Alm disso, so caros e consomem muita energia eltrica.

    O fato de a esterilizao por oznio no apresentar perigo, gerar como subproduto oznio e

    consumir 95% menos energia em comparao com os mtodos existentes motivou a empresa

    a desenvolver o sistema. Percebemos que a esterilizao por oznio apresentava muitas

    vantagens em relao aos processos tradicionais, disse Menasce.

    Ao pesquisar se j havia solues similares no mercado mundial, a empresa identificou que a

    Food and Drugs and Administration (FDA) a agncia regulatria de alimentos e frmacos

    dos Estados Unidos reconhece e aprova o processo e que uma indstria canadense e outra

    aponesa tambm tentavam desenvolver uma autoclave base de oznio com volume til

    menor que 100 litros.

    Os sistemas adotados por essas duas empresas estrangeiras, no entanto, so diferentes e osequipamentos ainda no esto presentes em larga escala no mercado mundial, afirmou o

    pesquisador.

    Estamos desenvolvendo esse equipamento h cinco anos e procurando durante todo esse

    tempo o que existe no mundo em termos de soluo para esterilizao para tentar aprimor-

    la, disse Menasce.

    De acordo com o pesquisador, s nos ltimos 12 meses foram realizados mais de 5 mil testesdo equipamento, supervisionados por pesquisadores da Faculdade de Cincias

    Farmacuticas da Universidade de So Paulo (USP).

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