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o AGIR COMUNICATIVO E AS PROPOSTAS CURRICULARES DA ENFERMAGEM BRASILEIRA /

agir Comunicativo e as propostas curriculares da enfermagem

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  • oAGIR COMUNICATIVO E AS PROPOSTASCURRICULARES DA ENFERMAGEM

    BRASILEIRA

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  • ELIOENAI DORNELLES ALVES

    o AGIR COMUNICATIVO E AS PROPOSTASCURRICULARES DA ENFERMAGEM

    BRASILEIRA

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    PELOTAS

    EDITORA E GRFICA UNIVERSITRIA - UFPEL

    2000

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    SRIE TESES EM ENFERMAGEM, n. 24 - ENFERMAGEM PENIUFSCCriada pela REPENSUL em 1993 e assumida pela PEN a partir de 1996Obra publicada em co-edio com a Editora Universitria - UFPel

    Universidade Federal de Santa CatarinaReitor: Rodolfo Joaquim Pinto da LuzVice-Reitor: Lcio Jos BotelhoPr-Reitora de Ensino: Snia Maria Hickel ProbstPr-Reitor de Pesquisa e Ps-Graduo: lvaro PrataPr-Reitor de Extenso e Cultura: Rossana Pacheco da Costa ProenaPr-Reitor de Administrao: Joo Maria LimaPr-Reitor de Assuntos da Comunidade Universitria: Pedro Costa ArajoSecretrio Especial de Informtica: Rogrio Cid BastosDiretor do Centro de Cincias da Sade: Carlos Alberto Justo da SilvaChefe do Departamento de Enfermagem: Marta Lenise do PradoPresidente do Colegiado do Curso de Graduao em Enfermagem: Vera RadnzCurso de Ps-Graduao em Enfermagem da UFSCCoordenadora: Denise PiresVice-Coordenadora: Maria Itayra Padilha

    Universidade Federal de PelotasReitora; Inguelore Schenemann de SouzaVice-Reitor: Jos Carlos da Silveira OsrioPr-Reitor de Extenso e Cultura: Francsco Elifalete XavierPr-Reitor de Graduao: Joo Nelci BrandalisePr-Reitor de Pesquisa e Ps-Graduao: Jorge Luiz NedelPr-Reitor Administrativo: Paulo Roberto Soares de PinhoPr-Reitor de Planejamento e Desenvolvimento: Paulo Silveira Junior

    Editora e Grfica Universitria - UFPeiDiretor: Ari Lus de LamareGerente Operacional: Manuel Antnio da Silva TavaresGerente de Atendimento: Cndida da Silava D' AmcoChefe de Atendimento: Cndida Maria da Silva D' AmicoImpresso Digital Laser: Luiz Gonzaga de Souza Cruz e Rodrigo Marten PrestesAdministrador de Rede: Fernando Faria CorraSeo Grfica ~ Chefe: Oscar Lus Rios Bohns - Equipe: Alexandre Farias Brio, Carlos Gilberto Costa da Silva, JooHenrique Bordin, Joo Jos Pinheiro Meireles, Leandro Schmidt Pereira, Marciano Serrat Ibeiro.

    Layout e editorao eletrnica: Luzia dos SantosCapa: Art Designer Pedro Paulo Delpino (UFSC) - Arte-final: Designer Flvia Garcia Guidotti

    (UFPel)

    Impresso no BrasilISBN: 85-7192-137-7 Copyright 2000 - Elioenai Dornelles AivesTiragem: 200 exemplares

    Dados de Catalogao na Publicao (CIP) Internacional(Suzana C. B. Medeiros, CRB-l 0/629)

    ~nlzo conscincia da Jvitla J

  • !uiza GparClciaa TCli({Clira crostaPelas suas posturas e "i"ncias no processo ae ensinar em enferma-gem, construdos e "i"enciaaos ae forma aialgi/( e emcncipctric,erwolecndc-se no ensino, na pesquisa e na e/(tenso unioersitric,dcs quais as refle/(es ae l aa"inaas muito contriburam com

    minhas refle/(es, crnplicndo minha conscincia sobre a prtica ao

    enfermeiro eaucaaor, e ao processo ae construo aa minha prtica

    poltico peaaggico.

    Gos cro!Clgas:$uley ae gesus

  • SUMRIO

    APRESENTAO 11

    CAPTULOlMINHAS CONTRIBUIES As FALAS 151.1 JUSTIFICANDO MINHA PARTICIPAO NAS FALAS ....................................... 151.2 APRESENTANDO A TESE 241.3 APRESENTANDO OS OBJETIVOS ~................................ 25

    CAPTULO 2A QUESTO DOS CURRcULOS DE ENFERMAGEM 272.1 REPENSANDO ASPECTOS HISTRICOS DA EDUCAO NA ENFERMAGEM 272.2 Os SEMINRIOS NACIONAIS SOBRE DIRETRIZES EDUCACIONAIS

    PARA ENFERMAGEM 46

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    CAPTULO 3REFERENCIAL TERICO 633.1 INTRODUZINDO O REFERENCIAL TERICO .................................................. 633.2 A TEORIA DA AO COMUNICATIVA 64

    CAPTULO 4A METODOLOGIA DO ESTUDO 834.1 O PROCESSO METODOLGICO DO ESTUDO 884.2 ENCAMINHAMENTOS METODOLGICO-ORGANIZATIVOS 964.3 VALIDANDO A CAMINHADA ................................................................... 100

    CAPTULOSAs SITUAES DE FALAS, OS CONTEXTOS E AS NECESSIDADES

    PARA O AGIR COMUNICATIVO NA ENFERMAGEM 1035.1 PROBLEMATIZANDO os CONTEXTOS DE INTERAO OU INTERATIVOS.......... 1075.2 As PERTURBAES DE CONSENSO SENDO RESOLVIDAS COM

    OS ATORES DAS FALAS 1095.3 A AO COMUNICATIVA NOS MOMENTOS DE VALIDADE NOS DISCURSO 131

    CAPTULO 6As POSSIBILIDADES DO AGIR COMUNICATIVO NA ENFERMAGEM:

    DA REALIDADE A SNTESE INTERATIVA 157

    REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS 181

  • APRESENTAO

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    Com o propsito de contribuir com a enfermagem brasileira,apresento, com muita satisfao, este meu trabalho, esperando queas crticas dele advindas possam contribuir, por meio de aes con-cretas, com nossa profisso e com as demais profisses que, aoelaborarem seus discursos, propem novos cophecimentos, como o meu caso especfico, neste momento, com as reflexes sobre aao comunicativa na enfermagem.

    Foi uma trajetria superada com muita ousadia e coragem,que, somada competncia da orientadora, resultou no alcance dosmeus objetivos neste estudo, que vo alm de descrever processos,analisando-os e interpretando-os, mas evidenciando as neces-sidades e possibilidades de avanarmos para um agir comuni-cativo na enfermagem.

    Este estudo est descrito em captulos, que so os resultadosda minha trajetria pedaggica de construo, nos diferentes mo-mentos do processo de tese .

    Neste sentido, no primeiro captulo - MINHA CONTRIBUI-O S FALAS - procuro realizar um resgate de meu projeto devida e de educador, relacionando as contribuies para um processointerior de caminhar comunicativo, quando justifico este estudo, de-limitando-o, culminando com a tese e os objetivos do estudo.

    No segundo captulo - A QUESTO DOS CURRCULOSDE ENFERMAGEM - apresento uma sntese histrica das ques-tes relacionadas aos currculos da enfermagem no Brasil, seus en-contros e desencontros, as verdades da enfermagem num sculo decaminhada. Neste captulo procuro apresentar as principais legisla-es que subsidiaram minhas anlises sobre as verdades e valida-des nos discursos tericos da enfermagem, oportunizando ao leitoruma aproximao as minhas preocupaes.

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    No captulo trs, destaco o REFERENCIAL TERICO, noqual o leitor vai encontrar a trajetria do pensamento habermasiano,em seus diferentes momentos, e as situaes ideais de falas, que mepropus utilizar como base terica para o percurso interpretativo eanaltico desta investigao, apresentando as condies humanasde expectativas de validade, tendo como elementos mais significati-vos deste referencial a compreenso, a veracidade, a verdade e avalidade.

    No captulo quatro, apresento A METODOLOGIA DO ES-TUDO, o mtodo investigativo adotado, suas caractersticas e pos-sibilidades de uso. Optei pela nfase na pesquisa qualitativa do tipoterico e metodolgico, baseando-me em Demo (1994). A pesquisaqualitativa neste estudo procura configurar-se em Bodgan e Biklen(1982). Para resolver minhas perturbaes de consenso,estabelecidas a partir dos meus questionamentos com os diferentes ,atores das falas, organizei o processo de estudo em trs momentos.No primeiro momento, procuro compreender as propostas curricularesenviadas pelos sujeitos das falas dos cursos em questo. O segundomomento ocorre na realizao da oficina com os mesmos sujeitos,oportunidade em que as discusses ficaram dirigidas para analisaras veracidades, verdades e validades das propostas curriculares,atravs dos discursos prticos dos sujeitos envolvidos e que, nesteestudo, ocorreram em quatro etapas. No terceiro momento, realizeiuma entrevista com cada um dos sujeitos das falas para validar osdiscursos tericos e prticos das propostas que foram analisadasnos dois momentos anteriores. As etapas de anlises foram realiza-das considerando os metaparadigmas habermasianos propostos comocondies humanas de expectativas de validade em situaes defalas, que so a compreenso, a veracidade, a verdade e a validade.

    No captulo cinco, analiso, interpreto e discuto AS SITUA-ES DE FALAS, OS CONTEXTOS E AS NECESSIDADESPARA O AGIR COMUNICATIVO NA ENFERMAGEM, em trsfases. Na primeira fase, fao o percurso analtico do processo deconstruo de cada proposta curricular estudada, momento em queanaliso os discursos tericos da enfermagem. Na segunda fase, bus-

    o agir Comunicativo e as propostas curriculares da enfermagem brasileira ... 13co ampliar meu entendimento das falas analisadas, ao realizar umaoficina com os coordenadores envolvidos no estudo, procurando cri-ar uma situao de fala coletiva, onde as expectativas de validadepudesse~ ser evidenciadas a partir dos discursos prticos expostos.Na terceira fase, apresento as entrevistas que foram realizadas comos integrantes de minha populao alvo do estudo, tendo em vista aspeculiaridades dos mesmos, procurando, de forma mais clara, con-tribuir para as anlises e snteses deste estudo.

    No captulo seis, quando apresento AS POSSIBILIDADESDO AGIR COMUNICATIVO NA ENFERMAGEM, procurodestacar os encontros e desencontros que foram identificados naminha busca de resoluo para as perturbaes que se estabelece-ram e da~ perspectivas, que, para o leitor, poder ser a de superarum des~f1o: o co~promisso de participar, com aqueles que lutam pormelho~Ias .do ensino da enfermagem, da construo de uma aocomunicativa capaz de contribuir para inovaes no processo polti-co.de superviso em sade, fazendo desta participao um compro-ffilSSO transparente e emancipador, fortalecido pelas alternativasencontradas em cada busca de soluo das perturbaes de con-senso que se apresentaram.

    Finalmente, apresento as REFERNCIAS BIBLIOGR-FICAS que integralizaram os documentos, livros, revistas consulta-dos para a elaborao deste estudo.

  • CAPTULO 1

    MINHAS CONTRIBUIES S FALAS

    1.1JUSTIFICANDO MINHA PARTICIPAO NAS FALAS

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    Neste captulo, apresento as minhas contribuies s falaspropostas para este estudo, seguidas dos momentos que fazem par-te da minha trajetria de educador e enfermeiro preocupados com

    . mudanas, transformaes no ensino da enfermagem. Apresentominha tese e os objetivos propostos para alcanar as reflexes econtribuies necessrias para sustent-la.

    As preocupaes com a prtica pedaggica dos docentes deEnfermagem, tanto nacionais quanto internacionais, so antigas efazem parte de um contexto histrico da profisso desde seu nasci-mento at nossos dias. Os fatores que influenciam estas prticastm sido destacados por vrios intelectuais comprometidos com asmudanas em etapas bem diferenciadas, tanto no contexto histri-co, como ideolgico(Germano, 1985; Alves, 1989; Almeida e Ro-cha, 1989; Carvalho, 1986, 1989; Rezende, 1986, 1989; Vieira, 1985;Saupe, 1992; Silva, 1986; Lunardi, 1987; Manfredi, 1993).

    Estes mesmos estudos, que analisam as tendncias pedag-gicas na enfermagem brasileira, demonstram que as mesmas tmacompanhado os modelos tecnolgicos de educao e da organiza-o social do trabalho, nas formas como so e esto sendo conduzidasas questes sociais e polticas dos educadores de ensino mdio esuperior.

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    As crises modernas tm sido acompanhadas por profundasreflexes dos modelos, tendncias e necessidades do que vem a sero processo de ensino-aprendizagem e de suas implicaes para oalcance das mudanas que se pretendam obter, sendo consenso, nocaso brasileiro, a predominncia de um processo considerado con-servador, tecnicista, tradicional, digamos (im)produtivo, segundoFrigotto (1989).

    Considerando estas observaes iniciais que pretendemosrefletir sobre questes to significativas para os docentes da enfer-magem da Macro-regio Centro-oeste, justificando assim, a delimi-tao territorial do estudo por fazer parte da rea de atuao profis-sional do autor desta tese.

    Nossos encontros e desencontros coincidem com os de in-meros educadores da Enfermagem, pelo acompanhamento que fi-zemos em um determinado contexto e perodo histrico, analisandoa produo destes profissionais e percebendo que ainda so fortesas reclamaes, as necessidades e os obstculos que eles vm en-frentando no cotidiano do processo de ensino-aprendizagem e den-tre os quais podemos destacar alguns, considerando as suas contri-buies para esta tese: Germano, (1985); Vieira, (1985); Almeida eRocha, (1989); Rezende, (1986); Carvalho, (1986, 1989); Silva,(1986); Lunardi, (1987); Alves, (1989); Wright, (1990); Saupe, (1992);Manfredi, (1993) e Mendes, (1996).

    Nossa opo pela docncia j vem das sries ginasiais, quan-do pensvamos em ensinar Histria, por considerarmos que os fatoshistricos so passveis de mltiplas interpretaes e que poderiamcontribuir para o desenvolvimento da conscincia crtica e tambmobter o reconhecimento ensinando sobre eles.

    J revelvamos sobre este interesse em nossas composi-es, que era como se chamavam as redaes ou dissertaes es-colares, nesta fase da nossa formao ginasial, na dcada de 60.

    Durante a convivncia com o ensino superior, enquanto aca-dmico de cursos como Matemtica e Enfermagem, vrios docen-tes foram escolhidos como modelo de educador, por suas aes

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    educativas, por suas formas de planejar, ensinar, avaliar e tambmpela amiza~e ~ue cultivamos: tudo isto nos encorajou ainda mais a pen-sar na docncia, nessa fase, J associando, Histria da Enfermagem.

    A militncia poltica durante a vida acadmica envolveu-nosno processo de participao do Diretrio Acadmico Ana Neri comoSecretrio Geral (Gesto 1978/1980) na Faculdade de Enfer~agemNossa Senhora Medianeira - FACEM em Santa Maria (RS) e naPresidncia da Turma de Enfermagem durante o perodo 1977 a1981, nessa mesma instituio.

    A continuidade destas buscas foram alm e, no incio da car-reira docente, em 1981, participamos da liderana do grupo que con-seguiu a filiao de 98% dos docentes da FAC EM no Sindicato dosProfessores do Rio Grande do Sul- SINPRO/RS. Os restantes 2%eram professoras religiosas e no lhes era permitida a filiao sindi-cal. Neste perodo participamos de inmeros encontros sindicais emnvel estadual para analisarmos as questes do ensino privado nombito do Rio Grande do Sul.

    Com relao s questes pedaggicas, nossas preocupaese buscas estavam centradas em apoiar os estudos, na mesma insti-tuio e poca, sobre tendncias pedaggicas, fundamentados emLibneo (1986) e complementados pelas reflexes de Gadotti (1983e 1987), como tentativas para as melhorias do ensino nesta faculdade.

    Assim ~creditvamos que poderamos mudar alguma coisa,uma vez que tivemos a oportunidade de desenvolver atividades emmonitorias, docncia no ensino mdio e culminando com um contra-to ~ara o ensino superior. E da, buscando estratgias, decidimos,apos longas buscas, pela criao da Associao de Professores daFaculdade de Enfermagem Nossa Senhora Medianeira -APROFACEM, em 1986, que recebeu uma adeso significativa deseus docentes., Esta trajetria contribuiu para que, em nossa formao, em

    nve] de mestrado em educao, junto Universidade Federal deSanta Maria (UFSM), dssemos seqncia aos estudos, focalizan-do especialmente: 1) a teoria crtica de sociedade, atravs de

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    18um seminrio intitulado "A Trajetria da Escola de Frankfurt"! e 2)as anlises do processo de ensino-aprendizagem, realizadas nosmomentos de reflexo, que resultaram na dissertao de mestrado,quando destacamos que "h necessidade ~eorepen~ar a for~aodo professor, substituindo o espao pedaggico da mformaao porum espao pedaggico de ao" (Alves, 1989, P: 41).

    As experincias, enquanto docente de ensino superior, po-dem ser divididas em trs momentos: 1) o de mantenedor de umprocesso, pelo convvio com um modelo tradicional, centralizador,tecnicista e castrador, durante o perodo de 1981 a 1987; 2) o dosilncio, de 1988 e 1989, quando nos afastamos das atividades do-centes, para freqentar o curso de mestra.do ~ para o(re)conhecimento de novos contedos e reflexes, vlvenclan~o, ~n- ,quanto mestrando, o modelo pedaggico enfatizado no primeiromomento e 30) o da construo e vivncia de um novo mode~opedaggico, quando do reencontro com os fundamentos da teonacrtica de sociedade, pelas contribuies e implicaes da mes~ano envolvimento dos componentes universidade, servio e comum-dade, em um novo processo de ensino-aprendizagem inovador e cr-tico, de 1990 at os dias atuais.

    Como fatores de desencontros e desestmulos para o autor,em relao academia, neste perodo, destacamos a falta d~ ur~apoltica de qualificao para o magistrio superior, de orgamzaaosindical docente, de reconhecimento pela produo do docente quan-do da busca de alternativas' para qualificao, do reconhecimentode titulao para progresso funcional por titulao; embora os re-sultados tenham sido reconhecidos pelas agncias de fomento pesquisa e ao ensino em nvel de ps-graduao.

    1 Seminrio sobre Escola de Frankfurt, realizado no Curso de Ps-Graduao emEducao da Universidade Federal de Santa Maria, outubro, 1987.2 Aprovao nos Exames de Livre Docncia, UNIRI0, (Alves, 1990). Neste estudo,propuseram-se alternativas pedaggicas para a Enfe~magem em uma ~roposta decurso de especializao cujo contedo eforma eram inovadores, conslderan~o asnecessidades do servio e da comunidade, sendo desafiadora e bastante corajosa,frente s exigncias de apoio a cursos deste nvel.

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    Sabamos que nossas preocupaes j faziam parte de outrasbuscas e que as conquistas no seriam a curto prazo, pois os conhe-cimentos que tnhamos no eram suficientes para uma anlise crti-ca de como eram/so as conquistas da enfermagem brasileira, comodestacamos ao evidenciarmos a presena de:

    ",.. algumas lutas por melhores condies no ensino, pesquisa eparticipao poltica da classe, mas o que tem caracterizado as con-quistas j alcanadas tem sido a lentido', deixando um enormeespao aberto a ser conquistado na sociedade brasileira" (Alves,1990, p. 33)0

    A formao profissional pode ses analisada sob vriasticas. Ao olhar os micro-espaos podemos questionar, analisar, cri-ticar e interpretar o processo de ensino e aprendizagem, as relaesentre professores e alunos, o planejamento do ensino, os contedosselecionados, as experincias de aprendizagem, os mtodos e tcni-cas que operacionalizam o processo, os procedimentos e critriosde avaliao, o currculo oculto, o grau de satisfao ou insatisfaodos envolvidos e tantos outros aspectos.

    Um olhar ampliado vai concentrar ateno no projeto peda-ggico do curso, como foi construdo, seu processo de implementaoe acompanhamento vai analisar os princpios filosficos que funda-mentaram o estabelecimento dos objetivos do curso, do perfilprofissiogrfico, das competncias esperadas do graduado, docurrculo pleno, das interrelaes entre as matrias e discipli-nas. Preocupar-se- tambm com a aderncia e o compromisso docurso com a realidade da sade e o perfil epidemiolgico das popu-laes que vivem na rea geo-poltica de sua abrangncia, o impac-to que o mesmo vem promovendo nas instituies e polticas desade, minimamente no municpio que sedia o curso, bem como asrepercusses que espelhem a necessidade de sua criao e manu-teno. Este estudo pretende contribuir olhando, de forma ampliada,

    3 Destacamos a palavra lentido por ser este um termo bastante presente emvrios estudos da enfermagem brasileira, que caracteriza a forma como esta pro-fisso efetua suas conquistas (Almeida, 1984, Carvalho, 1986; Rezende, 1989;Silva, 1986)0

  • Elioenai Dornelles Alves20a formao de enfermeiros na Macro regio Centro-Oeste do Bra-sil.

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    Nossa preocupao de analisar, com um aprofundamento maiscrtico, a proposta curricular da enfermagem brasileira, na busca derespostas s questes anteriormente levantadas, prende-se con-cordncia com o pensamento de intelectuais brasileiros da educa-o, que abordam este processo a partir de quem ensinalo pro-fessor (que tambm aprende) e de quem aprende/o aluno, (quetambm ensina), e destas implicaes, com as da prpria escola,entendida como um espao poltico importante na manuteno ouno dos privilgios das classes, segundo Gadotti (1983) e Saviani(1986). .

    A pesquisa das diferentes prticas e tendncias pedaggicasutilizadas nos cursos de enfermagem no sistema educacional brasi-leiro tem resultado em contribuies para melhor refletirmos sobreas seguintes questes: as formas de avaliao, os conhecimentosproduzidos, o apoio e incentivo, as formas e concepes de planejaros momentos de ensino-aprendizagem, a forma como os contedosso selecionados e as implicaes de todas estas questes para oprocesso educativo (Alves, 1989; Saupe, 1992; Sordi, 1995).

    O ensino da Enfermagem no Brasil, do 10 ao 30 graus, vemhistoricamente, sendo reforado pela diviso tcnica e social do tra-balho, acrescida das contradies da prtica da Enfermagem(Almeida, 1984), que em uma outra tica dominado por um ensinoprtico e hospitalocntrico", com "nfase curativa em detrimentodo enfoque social", (Souza & Manfredi, s. d., p. 86) e "enfatizandoo desenvolvimento de habilidades de ateno a clientes acamados"(Carvalho, 1986, p. 73).

    No podemos negar que as origens destas prticas educativasesto ligadas s razes histricas dos papis que eram atribudos s"ladies" e s "nurses", destacadas na afirmativa de que:

    4 Hospitalocntrico - como um ensino centrado na prtica hospitalar, (Belaciano,

    1994).

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    "a enfermagem nasce no capitalismo dividida em dois extratos soci-ais distintos: s 'ladies' cabia o pensar caracterizado nos postos decomando; s 'nurses' cabia ofazer sob direo das ladies" (Rezende,1989, p. 75).

    A postura crtica do educador e do educando, frente s ne-cessidades loco-regionais de aprendizagem est sempre sendo ques-tionada e investigada principalmente quando os objetos dos estudosesto voltados para: 1) a relao interpessoal professor aluno, ana-lisada do ponto de vista de um processo educativo; 2) o paradigma eos metaparadigmas que fundamentam o processo de ensino, no quese refere aos marcos estruturais e conceituais, levando-nos a nopoder separar teoria e prtica na produo de 'cincia, porque:

    "...so dependentes uma da outra, j que determinam o horizonte dedesenvolvimento e progresso do conhecimento. E que enquanto ateoria permanece em seu estado permanentemente terico, no sepassa dela praxes, e por conseguinte, esta de certa forma nega-da" (Vasquez, 1990, p. 15).

    O contexto scio-econmico e poltico tem influnciasmarcantes nos sistemas de sade e educao e consequentementeno processo de ensino-aprendizagem dos cursos na rea da sade.E como resultado, quando analisamos os confrontos com as diferen-tes realidades - comunidades, servios, universidades e organiza-es no governamentais - vemos a Enfermagem frente a um tra-balho sendo caracterizada pelo rtulo de difcil, discriminatrio,preconceituoso e rgido.

    As conseqncias advindas deste quadro denunciam as im-plicaes da prtica em diferentes enfoques: 1) na tica dos edu-cadores, porque julgam saber e formar profissionais; 2) dos servi-os, porque julgam deter o domnio tcnico, o fazer; 3) das comu-nidades, porque contribuem com impostos para ter acesso e direitoa um servio igualitrio e justo; e consequentemente, pelas correla-es com os aspectos polticos e culturais, atitudes e valores, legis-lao e tica, tornando as esperanas de mudanas quase imposs-veis (Alves, 1989, 1990).

    Alm destas questes, quando levamos em considerao ou-tras, como: 1) as realidades assistenciais aonde se desenvolvem

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    22os processos educativos para a formao de recursos humanos emsade; 2) as necessidades sentidas e percebidas pelo educador,pelo educando e pelos profissionais das comunidades para mudar oestabelecido e, 3) as buscas de respostas a vrios questionamentosainda existentes, deixando-nos ento, em uma encruzilhada, ?US-cando direes e cujas alternativas existentes no nos perrmtemoptar por um nico caminho, elas tambm fazem parte das preocu-paes dos enfermeiros e educadores brasileiros.

    Com o objetivo de conhecer as realidades loco-regionais br~-sileiras a Secretaria de Ensino Superior do Ministrio da Educaaoe Cultura - SESuIMEC, atravs da Comisso de Especialistas eintegrada pela Comisso de Educao da Associao Br~~ileira ~eEnfermagem - ABEn, coordenou, em nvel de macro regroes brasi-leiras, amplas discusses, entre 1986 e 1987, sobre os problemasque estavam sendo levantados pela comunidade acadmica de en-fermagem, dos quais destacamos:

    "Carga horria insuficiente para o currculo de graduao como.um todo e para alguns programas em particular, dificuldades nadefinio de critrios (tericos e prticos); necessidade de revisar eatualizar as disciplinas que compem o currculo de graduao (Re-soluo 04/72 - CFE); ausncia de definio de marco co~ceitual, d~perfil e da competncia profissional, de esquemas de aa~ compati-veis com o quadro sanitrio geral e as condies regionais; falta deobjetivos compatveis com as necessidades da populao; des~rticu-lao entre as partes do currculo pr-profissional e profissional eentre graduao e ps-graduao; desconti.nu.idade "". .desi~teg~a-o entre ensino, pesquisa e processo de asststir na prattca (incluin-do a extenso); inadequao de objetivos ou de condies que asse-gurem a integrao docente assistencial; descompromissos das ~ro-postas de ensino com as situaes prticas que abrangem os clien-tes, entre vrios outros" (Carvalho, 1987, p. 117).

    Aps vrios estudos, a Comisso de ~s?~cialistas e~ ~nfe!-magem do MEC concluiu que "a falta de definio e ou explicitaode marco conceitual nos currculos de graduao favorece aindefinio do perfil do enfermeiro", e de que "o compromisso so~i-al do enfermeiro exige reformulao do currculo mnimo" (Brasil,1987d, p. 139).

    o agir Comunicativo e as propostas curriculares da enfermagem brasileira... 23Estas constataes levaram a Enfermagem Brasileira a re-

    pensar sua organizao enquanto perfil e competncia dos profissi-onais que congrega, tendo sido conduzidos inmeros seminrios re-gionais, que analisaram as diferentes realidades, para elaborao deum novo currculo a partir de 1988.

    Os problemas identificados, desde a dcada de 80, pela refe-rida comisso de especialistas ainda deixam, nos dias atuais, inme-ros questionamentos, que acreditamos possam ser analisados emdois ngulos, [conforme desataquei anteriormente nas citaesde Carvalho, 1987, p.117]. O primeiro, reside no fato de no sa-bermos se os problemas esto na relao com' as procedncias, nasformas de manifestaes, ou nas realidades em que ocorrem; e,num segundo ngulo, se a elaborao de novos currculos contribui-r para as mudanas e transformaes que se esperam, por aindano termos vivido o processo e no termos como prever que novosproblemas adviro destes encaminhamentos.

    Estudos abordam estas questes ligadas prtica pedaggi-ca do docente, relacionando-as com os problemas da teoria e daprtica na formao do enfermeiro; umas, ligadas forma de trans-misso do conhecimento ao aluno (Andrade, 1966; Germano, 1985;Silva, 1986, 1987; Mendes, 1996), outras identificam o despreparodo docente em dois aspectos, o tcnico/cientfico e/ou didtico/pe-daggico (Alcntara, 1963; Almeida, 1989; Braga, 1978; Carvalho,1972; Lanthier, 1982 ) e outras apresentam contribuies para astransformaes possveis (Nakamae, 1987, Saupe, 1992, 1998; ABEn,1991,1994,1997 e 1998).

    Nossas buscas giram tambm em torno de transformaespossveis" para a enfermagem, que no fiquem somente em discur-sos, recomendaes ou intenes poltico-governamentais, caindoem um reducionismo positivista, que, no pensar de muitos intelectu-ais brasileiros da enfermagem, encaminham-se para a necessidadede no apenas mudarmos as palavras e os discursos, permanecendo

    5 Objeto de estudo da tese de doutorado conforme Saupe, (1992) que analisaquestes da educao na enfermagem brasileira na perspectiva das transforma-es possveis.

  • 24Elioenai Dornelles Alves

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    com os mesmos rituais de encaminhamentos polticosdescontextualizados (Cristfaro, 1995). Em uma outra viso destepensar, o que est ocorrendo atualmente leva-nos a afirmar que "hum crescente aumento da teoria (...) reforando a anlise do movi-mento de intelectualizao da enfermeira" (Almeida, 1984, p. 50),levando-nos a uma prtica desintegrada, fragmentada, improdutivae (des)educativa.

    As consideraes at aqui abordadas foram conduzidas pe-las inquietaes do autor e apoiadas na literatura que lhes d susten-tao. Pode parecer que elas retratam a enfermagem brasileira deforma muito crtica ou estagnada, andando em crculo. No foi estaa inteno e sim de registrar que, apesar do muito que j se estudoue produziu em termos de propostas, precisamos continuar no movi-mento de avano sistemtico e na busca do desenvolvimento pro-gressivo.

    Assim, esta tese se insere como mais uma iniciativa de pro-duzir conhecimentos, estudando alguns fragmentos da educao bra-sileira que prepara enfermeiros. Estes fragmentos se colocam comoa delimitao do estudo aos cursos de enfermagem da Macro Re-gio Centro-Oeste.

    A teoria do agir comunicativo habermasiano foi escolhida paraguiar o olhar de pesquisa que analisou o processo de construo daspropostas curriculares dos cursos estudados.

    1.2 APRESENTANDO A TESE

    Neste sentido, apresento minha "Tese", acreditando que "aspropostas curriculares dos cursos de enfermagem na MacroRegio Centro-Oeste informam as possibilidades para um agircomunicativo" .

    Logo, a tese que estudamos, apresenta-se em duas dimen-ses. Uma, que buscou conhecer e descrever a "realidade" queinforma as propostas curriculares dos Cursos de Enfermagem daMacro regio Centro-Oeste e outra que exigiu, certamente, um es-

    o agir Comunicativo e as propostas curriculares da enfermagem brasileira ... 25foro concentrado, no somente de anlise, mas tambm minuciosaapropriao e domnio do material coletado, com vistas sua inter-pretao para captar "possibilidades" de avano para um agir co-municativo.

    1.3 APRESENTANDO OS OBJETIVOS

    Nesta perspectiva e sempre na "tica" da teoria do agir co-municativo, este estudo foi norteado para a consecuo dos seguin-tes "Objetivos":

    - descrever o processo de construo das propostascurriculares;

    - analisar e interpretar este processo com base na Teo-ria da Ao Comunicativa de Habermas;

    - evidenciar as necessidades e possibilidades de avan-armos para um agir comunicativo na enfermagem.

    Neste sentido, para alcanar os objetivos que me propus, dandosustentao a tese formulada, fiz a opo pelo desenvolvimento deuma pesquisa qualitativa de perspectiva dialtica, apoiada em frag-mentos da teoria do agir comunicativo de Habermas (1987).

    No captulo a seguir, procuro construir a base terica ondefao uma reflexo sobre a participao da enfermagem nas discus-ses relacionadas ao ensino da enfermagem e as tendnciaseducativas atuais.

  • CAPTULO 2

    A QUESTO DOS CURRCULOS DE ENFERMAGEM

    2.1 REPENSANDO ASPECTOS HISTRICOS DA EDUCAO NA ENFERMAGEM

    Procuro neste captulo, aprofundar a questo dos currculos. de enfermagem no Brasil, a evoluo histricas das questes legais,normativas, discursivas e as implicaes das propostas curricularesfrente as normas e intenes institucionais que nortearam os docu-mentos analisados. Finalmente procuro resgatar as reflexes dosSeminrios Nacionais de Diretrizes da Educao em Enfermagemno Brasil, os trs SENADENs, pelas significativas contribuies enfermagem.

    Os estudos sobre currculos de graduao em enfermagem,quando se referem formao da enfermagem no DepartamentoNacional de Sade Pblica, posteriormente transformado na Escolade Enfermagem Ana Neri", relacionam os aspectos socioculturaiscomo marcos que viabilizaram este curso, sendo profundamenteanalisados por Alcntara (1963), Germano (1985), Barros (1985),Duarte (1988), Carvalho (1986), Almeida e Rocha (1989), Verderese(1980).

    A necessidade, neste incio de sculo, era de formar enfer-meiros de sade pblica para atenderem as exigncias do mercado

    6 Considerada Escola Oficial Padro na formao de enfermeiros, quando daregulamentao da profisso pelo Decreto 20.109131, Mendes (1996, p.32)

  • Elioenai Dornelles Alves28externo, prevenindo doenas infecto-contagiosas dos tripulantes ~~snavios mercantes e das populaes residentes nas cidades portuan-as considerando que as freqentes endemias e epidemias dificulta-v~m o comrcio exterior no Brasil (Alcntara, 1963; Paixo, 1979).

    As contribuies da enfermagem americana so marcantesno currculo brasileiro, no somente pelas influncias deste modelos mudanas ocorridas na enfermagem internacional, mas pelas pro-postas de ensinar e assistir a enfermagem deste modelo. No enten-dimento de Mendes (1996, p. 29) era:

    "denominado vocacional, estava voltado para a preparao deenfermeiros que realizassem o servio hospitalar e visitas domici-liares aos doentes pobres. Os hospitais, em expanso, passavampor renovaes, acompanhando as vertentes cls~icas ~a .ad~i-nistrao militar e religiosa, que impem hierarquia, a disciplina,a ordem e diviso de tarefas de cuidar e vigiar o ambiente, paracombater doenas e promover a cura. "

    /

    Nos estudos de Carvalho (1972) esto destacadas as contri-buies do "Standard Curriculum for Nursing School" publicado em1917, pelas fortes influncias que exerceram sobre a proposta daEscola de Enfermagem Ana Neri, em 19237 , quando de sua criaoque, em sua essncia, identificam-se, tanto no aspecto terico, comoprtico, com o modelo americano.

    Podemos destacar que a principal mudana influenciadora naenfermagem moderna, no perodo compreendido como sculo XIXe incio do sculo XX, est a busca por uma prtica mais eficiente eeficaz atravs da formao de enfermeiros e, no mais de leigos,exercendo uma prtica de cuidados mais qualificados. Contribuiupara isto a expanso das escolas formadoras de recursos humanosna rea. Neste perodo, podemos destacar que a assistncia comcompetncia estava centrada em procedimentos tcnicos, caracte-rizados pela induo, religiosidade e pelas intuies ( Alcntara, 1963;Almeida e Rocha, 1989; Paixo, 1979; Alves, 1990; Mendes, 1996).

    7 O Decreto16.300/23, de 31.12.73, aprova o regulamento do DepartamentoNacional de Sade Pblica, tendo sido publicado no Dirio Oficial em r defevereiro de1924.

    o agir Comunicativo e as propostas curriculares da enfermagem brasileira... 29

    Esta prtica de enfermagem tem sido estudada pelas influn-cias, fortemente marcadas, da subordinao ao conhecimento pelaprtica do profissional" e tambm em uma assistnciahospitalocntrica. Como conseqncia disso, delega-se enferma-gem o papel de administrador do assistir, contribuindo para a divisodo trabalho da equipe de enfermagem, deixando com a enfermeira agerncia da unidade e, com os demais integrantes da equipe, o pres-tar servios mdicos e cuidados de enfermagem (Paixo, 1979;Alves,1989; Almeida e Rocha, 1989).

    At meados do sculo XX, a caminhada tradicional, pouco ino-vadora, perdura e com poucos avanos". Nos 'anos 50 comeam as'preocupaes com um currculo mais articulado, integrado, associandoconhecimentos de bio-fisico-qumica aos de antomo-fisiologia'". Nadcada de 60, Virgnia Henderson elaborou os Princpios Bsicos sobreos Cuidados de Enfermagem, sistematizando o cuidado em quatorzecomponentes bsicos e, na dcada de 70, surgiram as outras teorias deenfermagem na tentativa de levar a profisso a uma prtica mais cien-tfica, buscando seu prprio corpo de conhecimentos, considerando suasespecificidades, a partir de outras cincias (Alcntara, 1963; Torres,1980; Walker e Avant, 1983; Meleis, 1987).

    Partindo destas reflexes iniciais, destacamos a seguir a legisla-o que influenciou as reformulaes nos currculos da enfermagem(QUADRO 1) apresentando-as na seqncia: nmero da lei, decretoou portaria pblica; 2) como so identificadas; 3) como influenciaramos currculos e 4) os aspectos histricos que marcaram o perodo.

    As reflexes sobre o contexto onde a prtica e a formaoeducativa do profissional da enfermagem ocorrem, tornam-se im-

    B Contribuindo para que os resultados desta prtica fortaleam o modelo biomdicode assistir, centrado na doena em detrimento da sade. Notas do autor.9 O currculo da Escola de Enfermagem Ana Nri refletia a dissociao entre otrabalho intelectual, para o enfermeiro e o manual, para os demais integrantes daequipe de enfermagem, Alcntara (1963).10 Em 1959 as enfermeiras americanas lanaram os Princpios Cientficos naEnfermagem, que eram um conjunto de leis, doutrinas e verdades essenciais paracapacitar a enfermeira a observar as relaes entre fatos, princpios e conceitos,aplicados a situaes especficas de cuidados de enfermagem, op. cito

  • Elioenai Dornelles Alves

    /

    30portantes, se levarmos em considerao dois aspectos: primeiro - orelacionado ao objetivo de constituir um conjunto para a compreen-so de onde estas (de)formaes e prticas ocorrem; segundo -onde esto os diferentes contextos sociais.

    No caso do ensino da graduao em enfermagem no Brasil,como so analisados por Mendes (1996); na viso panormica re-cente da sade nos pases latino-americanos, destacados pela OPS/OMS (1994); no do movimento da reforma sanitria brasileiro ede seus marcos rumo a uma democratizao da sade, amplamentediscutidos e sintetizados nas conferncias nacionais de sade, m~-recendo destaques as de 1986 e 1996, Brasil (1986; 1996~; e, m~Isrecentemente, nos dos currculos dos cursos de graduaao ~ pos-graduao em enfermagem, que vem sendo amplamente analisadosnos Seminrios Nacionais de Educao em Enfermagem -SENADENs - coordenados pela Associao Brasileira de Enfer-magem, cuja finalidade tem sido a de discutir e propor al~ernativaspara o desenvolvimento de um projeto polt~co-pedag?gIco para aenfermagem brasileira, j destacados no captulo antenor.

    Para Ferreira et al. (1989), o diagnstico da prtica da enfer-magem refora a percepo do despreparo da enfermagem ~ar~ asfunes e competncias requeridas, destacando queda nos indica-dores sociais da profisso, como baixos salrios, desemprego emelevao, uma atuao educati:ra, assistenci~l, curativa ~ ~~ cuida-do hospitalocntrico em detnmento da saude comun~ana e ~oacmulo de horas de trabalho para compensar as questoes econo-micas. Esta autora destaca que os modelos de ensino e ensinaradotados desde a dcada de 1970, nos programas de integraodocente-assistenciaPl, hoje se demonstram para superar o modelopreventivista imperante na assistncia sade da populao bras~-leira, por j serem ou estarem (in)eficientes, (in)eficazes se consi-derarmos os diferentes contextos.

    11 Apresentando-se como uma estratgia metodolgica, estimulada, apoiada: in-centiva e conhecida no Brasil como Educao Permanente, Educao em Servio eEducao em Sade; para inovar o ensino e superar as deficincias existentes.Nota do autor.

    o agir Comunicativo e as propostas curriculares da enfermagem brasileira... 31

    Nos estudos de Belaciano (1994), a prtica da enfermagem enfatizada como distante da assistncia ao paciente e ao doente, comunidade, famlia ou ao usurio dos servios de sade, porqueas estratgias, como se apresentam, so e esto desintegradas, de-sarticuladas, fragmentadas e principalmente no respeitando os prin-cpios bsicos da democracia, o da eqidade e o da justia social.

    Podemos destacar que todos estes aspectos esto relaciona-dos na enfermagem com as questes polticas do poder institudo -quando lhe delegam competncias e no permitem o fazer - do po-der instituinte - quando lhe impem tomarem decises que ferem osprincpios bsicos da tica profissional, sem que estas questes se-jam solucionadas - contribuindo para a manuteno de processo detrabalho vazio, intil e anti-tico.

    A trajetria dos currculos de enfermagem, no ensino de gra-duao, tem buscado mudanas que envolvam a comunidade, aslideranas no-governamentais, a Igreja, os diferentes nveis de pres-tao de servios de sade. Todavia ainda predomina o modelo tra-dicional de ensinar, com o enfoque biomdico e hospitalocntrico.Nesta linha de pensamento ainda podemos destacar a poltica de(des)valorizao dos docentes, por parte das Instituies de Ensi-no Superior e dos Ministrios da Educao e da Sade, pois inves-tem e definem planos de qualificao docente e convivem com umsistema de sade, educao, cincia e tecnologia ineficientes e ine-ficazes; pois perpetuam um quadro reduzido de vagas, de poucasbolsas de incentivos pesquisa, de vrios anos sem aumento salari-aP2, da paralisao das atividades de pesquisa por falta de recursose de ausncia de parceiros pela falta de incorporao prtica dasprofisses. Tudo isso resultado da falta de apoio poltico, adminis-trativo e tcnico para uma formao poltica-pedaggica que contri-bua para uma prtica pedaggica emancipatria.

    "As revises curriculares tendem a enfatizar aformao profissio-nal isolada das demais profissionais da sade. Urge o acompanha-mento das novas polticas de sade, voltadas para a sade comuni-

    12 Motivo da greve nas universidades brasileiras que se estendeu por 92 dias em 1998( maro a agosto), e as questes bsicas esto voltadas aos salrios docentes e adefinio de uma poltica de cincia e tecnologia para as universidades brasileiras.

  • 32Elioenai Dornelles Alves

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    tria, e para as necessidades emergentes de sade e a incorporaode novas tecnologias educacionais." (Mendes, 1996, p. 26)

    Todas essas questes vm sendo criteriosamente analisadasem vrios estudos brasileiros comprometidos com as questes doensinar e aprender em enfermagem, o que tem contribudo de algu-ma forma para que as transformaes e as mudanas ocorram nos no discurso terico, mas prtico" dos educadores enfermeiros.

    Considerando a complexidade e a necessidade de umaprofundamento mais direcionado s questes educativas ecurriculares na enfermagem, optamos por orientar nossa aborda-gem na tica dos currculos, dos projetos poltico-pedaggicos doscursos de enfermagem e das estratgias que vm sendo utilizadaspela enfermagem brasileira para a construo comunicativa eemancipatria para a profisso.

    Nesta tica, entendemos que os cursos superiores de enferma-gem existentes no Brasil tm um papel importante a desempenharemprincipalmente na (re)adequao de seus currculos aos diferentes seg-mentos de ensino, como o da comunidade, o do servio e o da univer-sidade, motivos pelos quais optamos por revisar criticamente a legisla-o brasileira, apresentada em destaque no quadro a seguir.

    No QUADRO 1 apresentamos a evoluo das leis que ori-entam os cursos de enfermagem e as implicaes para a enferma-gem brasileira.

    Quadro 1 - Legislao sobre o Ensino Superior e osFatos Histricos Relevantes para o Ensino de Enfermagemno Brasil, de 1890-1999

    Legislaco Identificao CurrculosFatos Histricos Relevantes

    Dec. 791 de Criao da Escolao Iniciou a partir das neces- _Instalado em So Paulo, 1892, o Hos-

    27.09.1890 Profissional desidades da rea de enferma- pital Evanglico, hoje Hospital

    Enfermeiros e En- gem psiquitrica; Samaritano, ministrava o curso de enfer-

    fermeiras do Hos- . Levou em considerao as magem orientado pelo modelo ingls

    pital Nacional de preocupaes com a quali- nightingaleano, sendo que as aulas eram

    Alienados. dade da assistncia na rea ministradas em ingls, para estudantes

    13 Discurso terico - aquele no qual so problematizadas e revistas as afirmaesfeitas sobre os fatos e reassegurado verbalmente o saber sobre o mundo dosobjetos, redefinindo-se a verdade at ento vigente e aceita no grupo. Discursoprtico - aquele no qual so postas em cheque a validade e a adequao dasnormas sociais que regulamentam a vida social, segundo Habermas (1987, p. 44).

    o agir Comunicativo e as propostas curriculares da enfermagem brasileira ...

    eco 16.300 de Currculo do curso1.12.23 da Escola da

    D.N.S.P

    Criao da Escola deEnfermeiras doDeparta-mento Na-cional de Sade P-blica - D.N.S.P. (Art.3')

    Regulamentao daenfermagem no Bra-sil e fixa as com-dies para equipa-rao das escolas deenfermagem e instru-es relativas aoprocesso de examepara revalidao dediplomas.

    Dec. 15.779de 10.11.22

    Decreto20.109/31

    33

    de psiquiatria;Ensino ministrado pormdicos e o curso eraministrado em doisanos.

    recrutados de famlias estrangeiras resi-dentes no sul do Brasil;- Criao dos Cursos de Parteiras, Dec.1270, de 10.01.1891; denominando-sede Curso de Obstetricia, pelo Dec. 390211901;- De 1832 a 1901. 34 parteirasdiplomaram-se no Curso de Obstetrcia:- A Escola Profissional de Enfermeiros ~Enfermeiras do Hospital Nacional deAlienados foi reorganizada em 1942, tor-nando-se a atual Escola de EnfermagemAlfredo Pinto;- Ausncia do cuidado de enfermagempsiquitrica.

    - Considerou o alunomais funcionrio dohospital do que estu-dante;- Inovou com um ensi-no frente a situaesreais. As aulas tericaseram ministradas pelosinternos e pelas inspe-toras, trs vezes per se-mana;- Voltou-se para umenfoque preventivistade ensinar.

    - Exigia'ljue o aluno soubesse ler e escre-ver corretamente e conhecer aritmticaelementar;- Comeou a funcionar em 1923, coml4alunas;- Em 1926, passou a denominar-se Esco-la Ana Neri;- Atualmente Escola de Enfermagem daUniversidade Federal do Rio de Janeiro.

    - No seu art. 400, esta-belecia a durao docurso da Escola do De-partamento Nacionalde Sade Pblica emdois anos e quatro me-ses. Descontadas asduas quinzenas de f-rias correspondentesaos dois anos, resta-vam vinte e sete mesesletivos. (Alcntara,1963, 0.13)

    - O Art. 429 no estabelecia o nmero dehoras destinadas parte terica e ao es-tudo;

    - O Art. 418 estabelecia aobrigatoriedade do servio dirio de oitohoras no Hospital Geral de Assistncia.

    - Escola Ana Neri passou a ser conside-rada escola oficial na formao da enfer-magem (art.Z);- O Decreto 21.128 de 07.03.32 isenta,provisoriamente do Dec. 20.109/31 aenfermagem obsttrica.- Enfermeiras especializaram-se, basean-do-se no modelo americano;- O Decreto 20.931 de 11 de janeiro de

    .. Legitimou a forma-o do enfermeiro;- Curso de EnfermagemObstetricia.

  • 34Elioenai Dornelles Alves

    /

    Decreto21.141132

    Decreto20.865 de28.12.31

    Aprova os regu- - Criou o curso de enfer-lamentos da Fa- magem obsttrica dest-culdade de Medi- nado a habilitao decina, da Escola e n f e r m e i r a sPolitcnica e da especializadasEscola de Minas - Curso com durao de

    dois anos.

    Aprova o regu-lamento para or-ganizao doquadro de enfer-meiros do Exrci-to

    - Determinava a fiscali-zao da Escola de En-fennagemda Cruz Verme-lha Brasileira pela Di-retoria de Sade daGuerra, desvinculandoo exerccio profissionaldos enfermeiros por elaformados, das determi-naes do Dec. 20.109/31 ;- Art.33 - O diplomados enfermeiros milita-res, bem como os das en-fermeiras diplomadaspelas Escolas de Enfer-meiras da Cruz VermelhaBrasileira, por sua le-gislao subordinadaao Ministrio da Guer-ra, sero reconhecidosidneos em qualqueroutro departamento go-vernamental, no fican-do as respectivas esco-las sujeitas equipara-o e fiscalizao pre-vista no Dec. 20.109/31.

    "1932 regulamenta e fiscaliza o exercicioda medicina, da odontologia, da medici-na veterinria, e das profisses de fanna-cutico, parteira e enfermeira, no Brasil, eestabelece penas;

    _ O Decreto 21.874/32 de 27.09.32 criao quadro de enfermeiros do Distrito Fe-deral;Pelo Decreto 22.257/32 de 26.12.32 conferido s irms de 'caridade, com pr-tica de enfermeiras ou de farmcia, direi-tos iguais s enfermeiras de sade pu-blica ou prticos de farmcia, para o fimde exercerem essas funes em hospitais.

    _ Pelo Decreto 23502/33 de 27.11.33concede aos diplomados pelo Curso Pr-tico de Enfermeiros e Padioleiros da Bri-gada Militar do Estado do Rio Grande doSul as vantagens constantes do art. 33 doDec. 21.141/32;- No Decreto 23.774/34 de 22.01.34 tor-na extensiva aos enfermeiros prticos asregalias concedidas aos farmacuticos edentistas prticos quanto ao exerccio desuas respectivas funes;Lei 118/35 de 18 de novembro de 1935_ Organiza o Servio de Enfermagem daDiretoria Nacional de Sade e Assistn-cia Mdico-Social;- A Lei 452/37 de 05 de julho de 1937organiza a Universidade do Brasil,Art.7( ...) Pargrafo nico - Com carterde instituies complementares nos ter-mos deste artigo, ficam incorporadas naUniversidade do Brasil, ( ... ) e a EscolaAna Nri, destinada ao ensino d a enfer-magem e de servio social;_ O Decreto Lei no. 590/38 de 03 deagosto de 1938 altera a estrutura dacarreira de enfermeiro do Quadro I, doMinistrio da Educao e Sade;_Pelo Decreto 2.956/38, de 10 de agos-to de 1938 fica institudo o Dia do Enfer-meiro, devendo nesta data serem presta-das homenagens especiais memria deAna Nri, em todos os hospitais e esco-las de enfermagem do pas;_ O Decreto Lei 3.189/41 de 10 de abrilde 1941 dispe sobre as aulas da EscolaProfissional de Enfermeiros do ServioNacional de Doenas Mentais;- O Decreto Lei 4.113142 regula propa-gandade (...) enfermeiras, ( ...) - Art. 2' (pro-

    o agir Comunicativo e as propostas curriculares da enfermagem brasileira ... 35be);

    - O Decreto Lei 4.725/42 reorganiza aEscola Profissional de Enfermeiros cri-ada pelo Decreto 791/1890 passando a

    , denominar-se Escola de EnfermagemAlfredo Pinto;- Pelo Decreto 10.472/42 foi aprovadoo regulamento da Escola de EnfermeirosAlfredo Pinto;- Pelo Decreto Lei 6.097/43 fica criadoo Quadro de Enfermeiras da Reserva doExrcito;- Pelo Decreto Lei 6.275/44 foi criadana Prefeitura do Distrito Federal uma es-cola de enfermeiras e d outras providn-cia. A resoluo no. 08/44 de 21.6.1944da prefeitura do Distrito Federal d a essaescola o nome de Rachei Haddock Lobo;- O Decreto Lei 6.663/44 de 07 de julhode 1944 cria o Quadro de Enfermeiras daReserva da Aeronutica;'- O Decreto Lei 8345/45 de 10 de de-zembro de 1945 dispe sobre a habilita-o para o exerccio profissional, art. I'-S permitido o exerccio das profis-sest ...), prticos de enfermagem, partei-ras prticas e profisses similares ...) aquem estiver habilitado e inscrito noServio Nacional de Fiscalizao daMedicina ( ... );O Decreto 21.321/46, d e 18 de junhode 1946 aprova o estatuto da Unversi-dade do Brasil, Art. 6" - A Universidadedo Brasil ser imediatamente constitu-da dos seguintes estabelecimentos, (... )14 - Escola Ana Nri.

    Lei 775 de Dispe sobre o - Exigiu o Curso Ginasial - A enfermagem no tinha urna lei do exer-

    06.08.1949 ensino da enfer- ou equivalente para o in- ccio profissional e o reduzido nmero

    Publicada no magem no Pas e gresso nos cursos de en- de profissionais inviabilizava O seu cum-

    DO. De d outras provi- ferrnagem; primento;

    13.8.49 dncias - No Art. 2', determinou - A disciplina e fiscalizao da prtica

    que os cursos fossem ofe- eram inexistentes, e o que seriam de com-

    recidos em duas modalida- petncia dos rgos de classe da profis-

    des e tempo de duraco: so, vieram a se efetivar somente 25 anos

    Curso de Enfermagem ( 36 depois;

    meses); Curso Auxiliar de - Preparo demorado e dispendioso do en-

    Enfermagem (18 meses); fermeiro;Unificou os cursos exis- - Ocorre a primeira reformulaotentes a partir desta lei. curricular nos cursos de enfermagem no

    pas. Acompanha as proposies de re-vises do Curriculum Guide de 1927 e1937 ( Carvalho, 1973)- Reconhecimento das escola pelo Mi-nistro da Educao e no mais equipa-rao Escola Ana Neri;

  • 36Elioenai Dornelles Alves

    /

    - Direo das escolas de enfermagempor Enfermeiros Diplomados (Dec.20.109/31);_ Obrigatoriedade dos estgios, semdeterminao do tempo para as ativi-dades hospitalares;A Lei 872/49 de 16 de outubro de1949 cria a carreira de Enfermeiro noQuadro Permanente do Ministrio daMarinha.

    Dec.27.426 Aprova o regula- - No Art. 5' , constitua-se_Obrigatoriedade de oferecer residn-

    de 14.11.49 mento bsico para os numa adaptao do previs-cia aos alunos de enfermagem, fato

    cursos de Enferma- to pelo Currlculum Guide, este que durou at o advento da Re-

    gem e de Auxiliares de 1937, acrescido de ou- forma Universitria, em 1968;

    de Enfermagem. tras exigncias; - Enfoque maior teoria em detrimen-_ Abordou no Art. 7, as to da prtica;questes do estgio e das O Decreto 31.417/52 declara de uti-

    prticas em rodzios em ser- lidade pbica a Associao Brasileira

    vios hospitalares; de Enfermeiras Diplomadas, com sede

    Baseou-se uo modelo ame- no Distrito FederaLricano de ensinar.

    Lei 2.604/55 Regulamentao da - Criou cinco categorias na_ De 1956 a 1958, a ABEn realizou

    Profisso de Enfer- equipe de enfermagem (en- um levautamento para determinar as

    magem fermeiros diplomados, au- condies da enfermagem no Pas, de-

    xiliares de enfermagem, en- nominado Levantamento de Recur-fermeiros prticos - que in- sos e Necessidades de Enfermagemcluram as prticas, as reli- no Brasil;giosas e as habilitadas em - At 1995, o exerccio profissional

    exames. da parteira estava contida na legisla-o da medicina;- A Lei 2.822/56 de 14 de julho de1956 dispe sobre o registro de di-ploma de enfermeiro, expedido at oano de 1950, por escolas estaduaisde enfermagem no equiparadas nostermos do Decreto 20.109, de 15.6.31e da Lei 775/49, e d outras provi-dncias;

    Decreto Regulamenta o exer- Incluiu as obstetrizes den-- Lei 2.995/56 restringe as exignci-

    50.387 de 28 cicio da enfermagem tro das funes at entoas para instruir matricula aos cursos

    de maro de em todo territrio no especificadasde enfermagem nos termos do par-

    1961 nacionaLgrafo nico do art. 5' da Lei 775/49,apresentada anteriormente, alterandoprazos;_Estabelecia que deveria ter um En-fermeiro por estabelecimento de cui-dado de sade, mas o nmero de pro-fissionais existentes no atendia aesta exigncia;- No definindo graus de complexi-dade para atuao, resultando numaindefinio para estabelecimento deatribuies na equipe de enferma-

    o agir Comunicativo e as propostas curriculares da enfermagem brasileira ... 37

    gem;- No deixa claro o que grau de complexida-de de aes por parte da enfermagem;- Beneficiou as portadoras de diploma expe-dido no Brasil por Escolas reconhecidaspelo governo federal nos termos da lei 775/49;- Beneficiou as obstetrizes ou enfermeirasobsttricas diplomadas por escolas estran-geiras;- Beueficiou as enfermeiras obsttricas por-tadoras de certificado de habilitao conferi-do de acordo com os artigos 211 a 214 doDec. 20865, de 28.12.31;O Decreto 48.202/60 institui a Semana deEnfermagem.

    Lei 4024/61 Lei de Diretrizes e -Introduzindo os - A Lei 3.160/57, de 01 de junho de 1957Bases da Educao - cuidados preventi- inclui no Servio de Sade do Exrcito, noLDB vos nos currculos, posto de 2' Tenente, as enfermeiras que inte-

    com estgios de graram a Fora Expedicionria Brasileira,sade pblica em durante as operaes de guerra na ltlia;zonas rurais e urba- - A Lei 3.632/59, de 10 de setembro de 1959nas. inclui no Servio de Sade da Aeronutica,- Preparo do Enfer- no posto de 2' Tenente, as enfermeiras quemeiro e Auxiliar de integraram a Fora Area Brasileira, duranteEnfermagem para o as operaes de guerra na Itlia;cuidado indi vidua- - Exigucia do curso ginasial completo paralizado, cursar o nvel mdio.

    Reforma dos currculos no ensino fuudamen-tal por fora de Lei de Diretrizes e Bases daEducao Nacional, 4024/61.

    Parecer 271 Fixa o currculo m- - Definiu a formao .- Caracterizando este perodo por: 1)- CFE - nimo do Curso de geral do enfermeiro intelectualizao na profisso; 2) ampliaoPublicada Enfermagem. e das especializa- da carga terica e reduo da prtica; 3) aban-no DO de es em sade p- dono dos cuidados preventivos e de cober-19.10.62 blica e obstetrcia, tura ampliados, para o assistir medicocntrico

    com durao de trs e hospitalocntrico; 4) Direcionamento sanos. especializaes na enfermagem;

    .- Ter fixado o curso em trs anos contrariavaas expectativas da maioria das educadorasbrasileiras de enfermagem;- A Portaria no. 64/62 de 27 de maro de 1962o Ministrio de Estado dos Negcios doTrabalho e Previdncia Social cria o Grupode Enfermeiros;-O Parecer 292/62, aprova em 14 de novem-bro de 1962 as matrias pedaggicas obriga-trias para a licenciatura;- O Parecer 279/62, CESu, aprovado em 16de novembro de 1962, reconhece o curso daEscola de Auxiliares de Enfermagem SoVicente de Passo Fnndo - RS;A Portaria Ministerial de 04 de dezembro de

  • Elioenai Dornelles Alves o agir Comunicativo e as propostas curriculares da enfermagem brasileira ... 39381962 homologa currculos mnimos(...) do Curso de Enfermagem. Ver Re-soluo 04172.

    1968, foi criado as Licenciaturas de Enfermagem;- Elaborada por comisso constitudatravs da Portaria Ministerial 159, d14.06.65, que fixava novos critrios ddurao dos cursos superiores e exiginda reviso de todos os currculo(Angerarni e Correia, 1996)

    _Possibilitava a complemeutao docurrculo para enfermeiras que dese-jassem o diploma de obstetriz;_ Por este Parecer as EnfermeirasObsttricas formadas pelo Dec.20.865/31 foram equiparadas s denvel superior;_ Pela Portaria no. 513/14, de 23 dejulho de 1964 fica estabelecido o cur-rculo mnimo do Curso de Obstetr-cia para Obstetriz ou Enfermeira Obs-ttrica.

    - Modificou o Parecer 272162, quando facilitou o esta-belecimento de um troncocomum de dois anos para osdois cursos;Curso de Obstetrcia(3anos).

    Parecer 303 Deterrrna o curr-63 do CFE. culo mnimo do

    Curso de Obstetr-cia.

    - II Plano Decenal de Sade para as Amricas (1972);- IV Reunio de Ministros da Sade daAmricas (1977);- 30' Assemblia da OMS (1977);- Conferncia de Alma Ata (1978);- VII Conferncia Nacional de Sad(1978);- A partit de 1973 as escolas de enfermagem podem comear o planejamento dsuas ati vidades em quatro anos acadmicos;- Criao dos Conselhos Regionais e Federa1 de Enfermagem, Lei 5905173;- Incio da formao do profissional de nvel superior com o currculo estruturadem dois eixos: o pr-profissional e o profissonal comum. Foram acrescentadas ahabilitaes em reas como: EnfermagenMdico-cirrgica, Sade Pblica e Obstetrcia;- Relatrio da Comisso de Documentao e Estudos da ABEn, 1974

    Parecer 163172- CFE14

    Currculo mnimode enfermagem - in-clui a Licenciaturaem Enfermagem.

    - Redefinio do Cur-rculo Mnimo de Gra-duao em Enferma-gem;- Habilitao em Enfer-magem Obsttrica ouObstetrcia (4anos);- Em vigncia at de-zembro de 1995.- Portaria MEC 13/69que perrrte ao Enfer-meiro o diploma deLicenciado em Enfer-magem se atender asespecificidades da re-ferida Portaria.

    Resoluo04/72 - CFE

    _As escolas tiveram que reduzir paravinte e sete meses quase toda a mat-ria anteriormente ministrada em trin-ta e seis meses, incluindo a de cunhoformativo cientfico, causando enor-me transtorno (Alcntara, 1963, p.14);_O Parecemo. 926/65. C.L.N., apro-vado em 09 de novembro de 1965 dis-pensa de matrias feitas em outroscursos;_ A Portaria no. 132/66 MEC de 05de maio de 1966 institui a Comissode Especialistas do Ensino da En-fermagem;_ A Resoluo no. 251/66 de 17 deagosto de 1966 estabelece o currcu-lo nnimo do Curso de Enfermagem;_A Portaria no. 73/67 de 15 de marode 1967 estabelece o currculo mni-mo do Curso de Obstetrcia para a for-mao de Obstetriz;- A Resoluo de 1967, decorrentedo Parecer 303/63 aprovado 6.10.63,define o currculo mnimo do Cursode Obstetrcia para formao deObstetriz ou Enfermeira Obsttrica.

    enfermagem em geral ficoudeterrrnada a carga horriade 2.430 horas para seremintegralizadas no nnirno emdois anos e meio e no mxi-mo em cinco anos, com a du-rao mdia de trs anos

    Fixa os novos cri-trios e a duraodos cursos superi-ores.

    Porto 159 deMEC, de14.06.65

    Porto 1721 de15.12.94

    Acontecimentos referenciais da dcada:1. Prevsaiide de 1980;2. A ABEn, no perodo de 1980 a 1989promove amplas discusses, debates sobre o ensino superior de enfermagem e drperfil do profissional, buscando definidiretrizes, parmetros bsicas, princpioque viessem a servir de linha orientadorpara a formao dos enfermeiros.3. Encontro Brasileiro de Educao enEnfermagem, realizado em 1980, recomenda a formao generalista do profssionade enfermagem, proposto pelo COFEN;4. Plano CONASP, 1982;5. Aes Integradas de Sade - AIS, 19856. SUOS, proposto em 1987;7. Constituio Federal do Brasil, promul

    Currculo Mnimopara Curso de Enfer-rnagem

    .. Definiu o contedonnirno para cinco re-as temticas e suas res-pectivas matrias;- Redefiniu, aps revi-ses, a carga horriapara 3500 horas, a serdesenvolvidas entre 4e 5 anos, incluindoestgio supervisiona-do que deveria ser de-senvolvido em um se-mestre letivo;- Realizao dos Semi-nrios Nacionais deEducao em Enferma-gem - sendo o primeiro

    /

    _ Vestibular unificado a partir de1970;- Pelo Parecer no. 217/68 da CESu,aprovado em 04 de abril de 1968, ficaestabelecido as condies para ma-trcula de enfermeiras obsttricas for-madas antes de 1952, nas Escolas deEnfermagem;- Pelo Parecer no. 837/68, CESu,aprovado em 06 de dezembro de

    _ Refonnulaes nos cursossuperiores;_ Substituiu o captulo intei-ro referente ao Ensino Supe-rior daLDB.

    Lei 5540 de Fixa normas da or-28.11.68 ganizao e funci-

    onamento do ensi-no superior e suaarticulao com aescola mdia. Co-nhecida como a Leida Reforma Univer-sitria

    14 ~ Assoczao Brasileira de Enfermagem sempre teve um papel relevante nestepertodo oc '- d.' astao em que coor enou um amplo debate e elaborou um anteprojetoquefOI apreciado e aprovado pela categoria no XXII Congresso Brasileiro de Enfer~tnagem, em 1970.

  • 40 Elioenai Dornelles Alves

    /

    no Rio de Janeiro (1993); o gada em 1988;segundo, em Florianpolis 8. Lei do Exerccio Profissional da En-

    (1995) e o terceiro, no Rio fermagem, aprovada em 1986;

    de Janeiro (1998) promovi- 9. Decreto no. 94.406/87;

    do pela Associao Brasi- 10. Lei Orgnica da Sade, sanciona-

    leira de Enfermagem. da em 1990;11. Portaria 314/94;12. Portaria 181/96;13. Participao da Enfermagem na Co-misso Regional de Enfermagem noMercosul (Alves, 1995);14. Lei de Diretrizes e Bases da Educa-o Nacional, sancionada em 1996;15. I Seminrio Nac. de Educao emEnfermagem - RI (ABEn,1993);16. II Seminrio Nac. de Educao emEnfermagem - SC (ABEn,1995);17. III Seminrio Nac. de Educao emEnfermagem - RI (ABEn, 1998).

    CFE 314/94 Parecer do Conse- Currculo mnimo para o 1. 25% para Bases Biolgicas e Soei-lho Federal de Curso de Enfermagem ais da enfermagem;Educao 2.25% Fundamentos da Enfermagem;

    3. 35% Assistncia de Enfermagem soba forma de Estgio Supervisionado;4. 15% Administrao e Assistnciade enfermagem ( teoria e prtica);5. Em agosto de 1996, Relatrio de Ofi-cina de Trabalho sobre Critrios No-vos Cursos de Graduao em Enferma-gem,

    Decreto no. MEC - 15 de abril Regulamenta, para o Siste- 1. Classificao das universidades2.207/97 de 1997 ma Federal de Ensino, as quanto natureza;

    disposies contidas nos 2. Regulamenta sohre as universida-artigos 19, 20, 45, 46 e os des com e sem fins lucrativos;Pargrafos 1", 52, pargra- 3. Classificao quanto organizaofo nico, 54 e 88 da Lei administrativa;9.394, de 20 de dezembro de 4. Indissociabilidade das atividades1996, e d outras providn- do ensino, da pesquisa e da extenso,cias, entre outros;

    5. Lei 9.131 de 24.11.95 que alteradis-positivos da Lei 4024 de 20.12.61 ed outras providncias;6. Lei 9192 de 21.12.95 que altera dis-positivos da Lei 5540, de 28.11.68,que regulamenta o processo de esco-lha dos dirigentes universitrios.

    Decreto No. MEC - 17 de abril Regulamenta o Pargrafo 2' 1. Estabelece os objetivos da educa-2.208/97 de 1997 do art. 36 e os arts. 39 a 42 o profissional;

    da Lei 9.394, de 20 de de- 2. Define os niveis da educao profis-zembro de 1996, que esta- sional;belece as diretrizes e bases 3. Estabelece as estratgias pedaggi-da educao educacional. cas para o ensino profissional;

    o agir Comunicativo e as propostas curriculares da enfermagem brasileira ... 4114. LeI ~.5j, de ll.U.~I, que regulamenta opargrafo nico do art. 49 da Lei 9.394, de 20de dezembro de 1996, que trata da transfernciade alunos;5. Por'taria 946, de 15 de agosto de 1997, definetaxas para pessoas fsicas ou jurdicas quandosolicitarem credenciamento de instituies.

    Lei 9394 Lei de Diretrizes e Lei de Diretrizes e 1. I Seminrio Nac. de Educao em Enferma-De 20.12.96 Bases da Educao Bases da Educao gem - RI (ABEn,1993);

    Nacional - LDB Educacional. 2.lI Seminrio Nac. de Educao em Enferma-gem - SC (ABEn,1995);III Seminrio Nacional da Educao em Enfer-magem- RI (ABEn, 1998).

    Lei n." 9.475, Nova redao lei D nova redao ao 1. Art. 33. O ensino religioso, de matrculaDe 22.07.97 j existente. art. 33 da Lei n." facultativa, parte integrante da formao bsi-

    9.394, de 20 de de- ca do cidado e constitui disciplina dos hor-zembro de 1996, que rios normais das escolas pblicas de ensinoestabelece as dire- fundamental, assegurado o respeito diversi-trizes e bases da dade cultural religiosa do Brasil, vedadaseducao nacional. quaisquer formas de proselitismo.

    Portaria 612 MEC - 12 de abril Dispe sobre a au- 1. O art. 2' estabelece os critrios para a monta-de 12.04.99 de 1999 torizao e o reco- gem e apresentao do projeto ao MEC.

    nhecimento de cur- Resoluo no. 1, de 30 de setembro de 1999,sos seqenciais de dispe sobre os institutos superiores de edu-ensino superior. cao, considerados os Art. 62 e 63 da lei 9394/

    96 e o Art. 90. $ 2' alneas "c" e "h" da lei4024/61, com redao dada pela Lei 9131/95.Trata das Licenciaturas em Enfermagem.

    Portaria 877 MEC - 30 de julho Reconhecimento de 1. Estabelece os critrios e as formas de encarni-de 1999 cursos e habilita- nhamentos para o reconhecimento de cursos e

    es habilitaes junto ao MEC;2. Portaria 637, de 13 de maio de 1997, quedispe sobre o credenciamento de universida-des;3. Portaria 639, de 13 de maio de 1997, quedispe sobre o credenciamento de centros uni-versitrios, para o sistema federal de ensinosuperior;4. Portaria 752, de 02 de julho de 1997, dispesobre a autorizao para funcionamento de cur-sos fora de sede em universidades.

    Portaria MEC - 27 de no- Define os indicado- 1. Autorizao para a abertura de novos cursos2175/97 vembro de 1997 res de qualidade e de fora da sede da instituio autorizada, se tive-

    desempenho de cur- rem conceitos A ou B na maioria de seus indi-80S e instituies de cadores de avaliao (Art. 1');ensino superior, 2. As instituies que obtiverem conceitos Arss, ou B, por dois anos consecutivos, ficam autor-

    zadas a oferecerem os mesmos cursos em at trsmunicpios distintos de sua sede dentro damesma unidade da federao, sem prvia con-

  • 42 Elioenai Dornelles Alvessurta ao MbL \M . 4' );3. Os cursos de Medicina, Odontolo-gia, Direito e Psicologia no esto ex-cludos nas exigncias desta Portaria(Art. 5');4. O nmero de vagas, em IES, pode serreduzidos ou aumentados, sem prviaconsulta ao MEC (Art.");5. O cumprimento desta portaria porqualquer IES deve ser comunicado SESu do MEC para os devidos regis-tros e informaes ao CNE (Art.?"),

    Portaria 972 MEC-22de Define os objetivos, a cons-1. A enfermagem tem constitudo esta

    agosto de 1997 tituio, o nmero de compo- comisso a partir daindicao

    nentes, entre outros, dos mem- institucional de especialistas na rea.

    bros da Cantis so de Especi-alistas de Enfermagem.

    FONTE: Elabo.rado pelo autor a partir da consulta bibliogrfica refenciada, ( Dourado, 1948;Alcntara, 1963; Oliveira, 1967; Brasil, 19720., 1972b, 1974, 1980, 19860., 1987', 1987b, 1987c,1987d, 19940., 1994b, 19960., 1996b, 1999; Ministrio da Sade (1974, v. 1 e 11); Carvalho. 1972, 1976;Jorge, 1976; Germano, 1985; Silva, 1986; Nakamae, 1987; Moreira, 1990; Alves, 1990; Saupe, 1992;COFEN, 1996; Saupe e Alves, 1999).

    /

    Nas legislaes, demonstradas anteriormente, vemos uma sn-tese dos principais aspectos mudancistas nos currculos da enfer-magem e tambm como este evoluir contribuiu para o crescimentoda profisso. Um dos aspectos que nos chamou a ateno foi otempo de elaborao entre uma e outra lei, decreto ou portaria, ato perodo de 1994, pois, posteriormente, os trmites da burocracianormativa tem sido mais geis.

    Neste sentido, mesmo desobrigados legalmente, somos deopinio que os cursos de enfermagem no podem desconhecer acontribuio do ltimo currculo mnimo estabelecido para a forma-o do enfermeiro (Brasil, 1986bI5), resultado de anos de discus-ses, seminrios e debates, (Saupe e Alves, 1999). Ele representa oconsenso possvel obtido atravs da participao de todos os seg-mentos da categoria e pode ser o elo unificador dos vrios projetospoltico-pedaggicos da enfermagem brasileira.

    Motivados por esta necessidade, resolvemos contribuir comos cursos que graduam ou ps-graduam enfermeiros e avanam na

    15 Trata do novo currculo mnimo de graduao em enfermagem no Brasil. (VerQuadro I neste captulo).

    o agir Comunicativo e as propostas curriculares da enfermagem brasileira... 43

    determinao original da lei, analisando os modelos de projeto quese propem ser poltico-pedaggicos dos cursos da Macro regioCentro-Oeste, que esto apresentados, originalmente, com o enfoqueem marcos 1 6, levando em considerao os seguintes aspectos: oconhecimento da realidade na qual os cursos esto inseridos, a for-ma como se inserem nesta realidade e como se aportam enquantopropostas curriculares, analisando-os em processo de implantao eimplementao, por encontrarem-se em diferentes momentosinstitucionais.

    Analisar, a legislao e as implicaes para os currculos doscursos de enfermagem propostos neste estudo, o fizemos na tenta-tiva de olhar, buscando encontrar o verdadeiro objetivo do proposto,pelo que manifestam na inteno do fazer, do realizar. Lanamo-nospara diante, com base no que temos, buscando o possvel e antevendoum futuro diferente do presente, que, nas palavras de Gadotti (1994,p.579):

    "Todo projeto supe "rupturas" com o presente e "promessas"para ofuturo. Projetar significa tentar quebrar um estado confor-tvel para arriscar-se, atravessar um perodo de instabilidade ebuscar uma nova estabilidade em funo da promessa que cadaprojeto contm de estado melhor do que o presente. Um projetoeducativo pode ser tomado como promessa frente a determinadasrupturas. As promessas tornam visveis os campos de ao poss-vel, comprometendo seus atores e autores" .

    Nessa perspectiva, os projetos curriculares, enquanto proje-tos poltico-pedaggicos, vo alm de um simples agrupamento deplanos de capacitao, atualizao, educao em servio, entre ou-tros. O projeto no algo que construdo e em seguida arquivadoou encaminhado s autoridades como prova do cumprimento de ta-refas burocrticas. Ele construdo e vivenciado, em todos os~o~entos, por todos os envolvidos com o processo educativo daInstituio (Veiga, 1996).160 marco uma fronteira, limite daquilo que se pretende desenvolver ou realizarno A bi d h'am tto o con ecimento e da ao. No que tange enfermagem, necessrioque, atravs do marco, se possa identificar os significados favorveis s buscas daProfisso e ao processo de formar enfermeiros (e demais trabalhadores de enfer-magem) para o presente e o futuro (Carvalho e Castro, /979).

  • 44 Elioenai Dornelles Alves

    /

    Historicamente, a enfermagem brasileira tem marcado suacaminhada de participao em momentos bastante diferenciados,sendo orientada a seguir diretrizes, resolues e normas oficiais, orade forma participante" (predominantemente) ora participativa (umatendncia das dcadas de 80 e 90).

    A opo pela maneira participativa de conduzir as discussessobre educao e currculo tem sido liderada pela AssociaoBrasileira de Enfermagem, que, desde sua criao, em 1923, temprocurado que os segmentos representativos da categoria de enfer-magem, ao se posicionarem, analisem, discutam, definam e assu-mam o compromisso com a categoria, para que as mudanas ve-nham a ocorrer em benefcio do profissional e da qualidade de assis-tncia a ser prestada.

    Os documentos produzidos pela categoria, nos ltimos dezanos, tem demonstrado a preocupao, ainda maior, sob esta formaparticipativa de construir, deliberar e conduzir os rumos desta pro-fisso. Um exemplo histrico disto so a forma e os documentosproduzidos relacionados ao currculo mnimo de enfermagem - Bra-sil (1986a, 1987a,b,c,d, 1999) e ABEn (1997,1998).

    Outro exemplo de participao da enfermagem brasileira oprocesso de encaminhamento at chegar a Portaria 1.721/94, quan-do a profisso se envolve nos rumos da educao e formao d.eprofissionais brasileiros, portaria esta que oficializa toda uma carm-nhada de reivindicaes, atravs dos encaminhamentos dos Con-gressos Brasileiros de Enfermagem de 1988 e 1989 ao ConselhoFederal de Educao em 1991, ABEn (1991).

    O acompanhamento dos trmites, andamentos burocrticos daslegislaes de enfermagem no Congresso Nacional uma outra fom:ade enfatizarmos o compromisso dos profissionais de enfermagem, POlSatravs de seus rgos de classe, acompanham as instncias decisrias,sendo um exemplo o projeto encaminhado em 1991.

    17 Analisadas criticamente em "Planejamento participativo: uma abordagemmetodolgica para o ensino da enfermagem", quando a realizao do SeminrioInternacional sobre Sade Mental ( Alves e Backes, 1988).

    o agir Comunicativo e as propostas curriculares da enfermagem braslleira.: 45Em 1994, no Rio de Janeiro, ocorreu o I Seminrio Nacional

    de Diretrizes para a Educao em Enfermagem no Brasil -SENADEn - ocasio em que foram retomadas as discusses sobreo Parecer 314/94 e a Portaria 1721/94, tendo sido um frum ideali-zado tambm com a finalidade de ampliar, democratizar e estimulara participao representativa deste profissionais no processo deconstruo de novas diretrizes educacionais.

    Dois pontos merecem destaques nesta portaria o primeiro, oda ampliao da carga horria do currculo, de 2500h para 3500h; eo segundo, o da diviso em quatro reas estruturais e de um percentualpara cada nova rea do currculo, quais sejam; 1) as bases biolgi-cas e sociais (25%); 2) os fundamentos (25%); 3) a assistncia(35%) e 4) a administrao (15%); tendo sido excludas as habilita-es ( Saupe e Alves, 1999).

    Segundo Cristfaro (1995), o MEC imps estes percentuais. sem discusso com a categoria de enfermagem demonstrando umcarter de inflexibilidade estruturao dos currculos plenos pelasescolas.

    Outro aspecto o da excluso da rea de educao, desobri-gando as escolas de sua incluso, fragilizando a formao em umaspecto que tem sido uma constante na ao dota) enfermeiro(a) eque freqentemente caracteriza-se como a essncia da sua prtica,analisado em inmeros estudos como, Saupe (1992), Alves (1989),Brasil (1987d), ABEn (1994,1996,1997 e 1998).

    A tendncia das escolas de enfermagem ao buscarem inovarseus currculos, nas trs ltimas dcadas, para o alcance de objeti-vos na formao de profissionais crticos, reflexivos e ticos, en-quanto cidados, pode ser destacada no QUADRO 2 a seguir.

    Os seminrios nacionais para discusses das diretrizes para aeducao em enfermagem, identificados como SENADEn, coor-denados e promovidos pela Associao Brasileira de Enfermagem,desde 1994, constituram-se no frum de representao da enfer-magem brasileira, para as discusses das questes relacionadas aoensino, sade, educao e formao do profissional de enfer-magem (ABEn, 1994; 1997; 1998).

  • 46 Elioenai Dornelles Alves

    QUADRO 2 - Inovaes curriculares no ensino da en-fermagem, do perodo de 1970 a 1990.

    DCADA DE 70 DCADA DE 80 DCADA DE 90

    - Ensino - Acompanham a conduo _ Participao em projetos que buscavam

    hospitalocntrico; do Processo de Reforma Sa- inovaes no ensino de cursos de gradua-

    - Preparo em Sade nitria no Brasil; o em sade, articulando a Universidade,

    Pblica e Obstetrcia; - Influncias das polticas o Servio e a Comunidade, conhecidos

    - Proposta de ensino integracionais em sade; como PROUNI;

    integrado e integrao - nfase sade pblica, _ Falta de preparo do corpo docente para

    Docente- Assistencial; matemo-infantil e adminis- acompanhar os avanos tcnico-cientficos

    -Abordagem trao dos servios de enfer- e as inovaes metodolgicas;

    interdi sciplinari -dade magem e da sade, entre ou- _Capacitao de docentes, utilizando a es-

    terico-prtica;' tros; tratgia de ensino distncia - PRODEN;- Processo de formao - Ampliao das reflexes _Aumento do nmero de ofertas e de proje-

    do enfermeiro; sobre os paradigmas da pro- tos interinstitucionais para ps-graduao

    - Fortes influncias da moo e preveno da sa- stricto senso, apoiados pelo governo bra-

    poltica da "Sade para de; sleiro;

    todos no ano 2000" - Avaliao do processo de - A avaliao do processo de ensino-apren-

    - Avaliao do ensino ensino-aprendizagem pre- dizagem com fim diagnostica, formativa e

    com fins diagnstico e dominantemente somati va. somativa.

    somativo. Influncias dos resultados dos SeminriosNacionais de Diretrizes para a Educaoem Enfermagem no Brasil. (analisados noitem 2.3.1, a seguir) .

    FONTE: Elaborado pelo autor a partir da reviso bibliogrfica (Saupe,1992; Alves, 1989; Brasil,1987d; Santos, 1993; Cristfaro, 1993, 1995 e 1996; ABEn, 1991, 1994, 1996, 1997 e 1998).

    /2.2 Os SEMINRIOS NACIONAIS SOBRE DIRETRIZES EDUCACIONAISPARA ENFERMAGEM

    o 10 SENADEn reuniu vrios segmentos representativos daeducao em enfermagem, debatendo a formao em todos osnveis e tendo como meta definir diretrizes e estratgias para a ori-entao da poltica educacional em enfermagem no Brasil.

    Encontramos, na introduo do relatrio final deste encontro(ABEn, 1994, p. 9) que:

    "...dentre outros caminhos j percorridos, a Associao Brasilei-ra de Enfermagem, enquanto entidade educativa, vem, em perse-guindo o alcance dos seus fins, o entendimento do seu prprioprocesso histrico, em busca de sua insero no contexto de umaeducao comprometida com a reconstruo social".

    o agir Comunicativo e as propostas curriculares da enfermagem brasileira... 47

    Neste sentido, a enfermagem tem acompanhado as questesda educao e da sade como prtica social, sistemas os quais tmsido marcadas no nosso pas por permanentes crises, obstculos,dificuldades, nos diferentes momentos que se manifestam; semprebuscando realizaes em projetos utpicos, tentativas sonhadas, oraidealizadas por quem detm o poder no mundo sistmico, ora porquem busca alvios para um viver sofrvel no mundo da vida. Abor-dando alguns exemplos, dentro destas questes iniciais, o referidorelatrio destaca que:

    "A estrutura e as relaes sociais caractersticas da sociedadebrasileira (...) que preservam a diviso social e tcnica do trabalhovm gerando inseres e prticas diferenciadas entre os trabalha-dores de enfermagem. A depender da sua origem social econsequentemente do grau de escolarizao ao qual teve acesso,este assumir as atribuies do plo intelectual ou manual do pro-cesso de trabalho" (p.ll).

    Da as implicaes nas propostas curriculares dos cursos deenfermagem, que passam por reavaliaes neste perodo, estaremsendo direcionadas, conduzidas para um modelo de ensinar voltado patologia, enfermidade, doena em detrimento da sade ideal,total, integral e ainda sem a clareza do ser indivduo, famlia, comu-nidade, profissional saudvel que pretendemos assistir e cuidar ouser assistido e cuidado. Nestas discusses centraram as reflexesdeste primeiro seminrio por estar

    "havendo falta de clareza e indefinio das aes cabveis a cadanvel da diviso tcnica, alm de uma certa naturalizao destadiviso, o que resulta na ausncia de compreenso do real papelda Enfermagem na produo dos servios de sade, ou seja, o realpeso de sua produtividade" (p.ll).

    Sobre estas questes da prtica, que tem influenciado a for-mao na enfermagem, inclumos, no captulo primeiro deste estu-do, tambm as nossas preocupaes e trajetria, porque passampelas mesmas discusses relacionadas ao modelo pedaggico domi-

    . nante e ou influente, ao paradigma norteador, aos conceitos e con-cepes, ao despreparo tcnico - poltico e pedaggico; mantenedordo "status quo" indesejvel, reprodutor de uma massa docenteacrtica, no-pensante, sacerdotal e descomprometida.

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    Na dcada de 90, deparamo-nos com determinantes que ain-da exercem grandes influncias na manuteno do modelo pedag-gico (in)formador como: 1) as tentativas de distores do Sistemanico de Sade - SUS, pelo carter ideolgico que orienta o De-creto Lei 8080/90, que regulamente este sistema; 2) nesta mesmadcada, anos 90, a Lei Orgnica da Sade; 3) do que vem sendodiscutido e recomendado quando da participao da Enfermagemna Comisso Regional de Enfermagem no Mercosul (Alves, 1999);4) pelo momento de elaborao e assinatura de uma nova lei dediretrizes e bases para a educao nacional, em 1996 e da necessi-dade que a enfermagem vem sentindo de repensar,

    "um novo modelo de assistncia de enfermagem, nova forma deorganizao do processo de trabalho, novas formas pedaggicas,alm da participao ativa dos trabalhadores de enfermagem en-quanto atores sociais" (ABEn, 1994, p.12).

    Considerando que este primeiro seminrio buscava definir di-retrizespara o ensino da enfermagem em nvel nacional, destaca-mos os aspectos integrais do relatrio que esto contidos no docu-mento, (ABEn, 1994, p. 17-20), pelas importantes contribuies a'esta tese QUADRO 3.

    QUADRO 3 - A formao dos trabalhadores em nvelde graduao, Problemas, Pressupostos, Estratgias, Rela-trio r SENADEn, 1994./'Problema Pressupostos Estrategias

    1. o ensino e a prtica devemmanter estreita relao com osproblemas e as necessidadesde sade da populao, bemcomo com as condies dosprocessos de trabalho, nosdiversos contextos e peculi-aridades;2. O processo edncativodeve ser entendido enquan-to processo ativo, que asse-gure a participao do alunoe professor, dentro de umaviso crtica da realidade;3. O currculo pleno deve serflexvel e garantir a atualiza-o dos contedos e

    1. Dicotomia entre teoria e prti-ca;2. Distanciamento entre a forma-o acadmica e a realidade daprtica de enfermagem;3. Dicotomia entre assistnciapreventiva e curativa;4. Curriculo centrado no modelobiomdico;5. Currculo pleno descontextua-lizado das realidades regionais;6. Falta de flexibilidade naimplementao das disciplinasdo currculo;7. Dificuldades na formulao dediretrizes educacionais, decor-rentes da ausncia de fruns es-

    1. Avaliao e reestruturao dos cur-rculos plenos em base, principalmen-te no perfil epidemiol-gico;2. Desenvolvimento de projetos em ar-ticulao e parceria entre ensino e ser-vio;3. Discusso dos currculos com osprofissionais de enfermagem, entidadesde classe, comunidade escolar e repre-sentantes da sociedade civil;4. Reformulao das estratgias de en-sino, de forma a contemplar o desen-volvimento de aes integradas desade em nvel individual e coletivo;5. Adequao de horrios acadmicos,preferencialmente em turno nico, comvistas ao desenvolvimento de ativida-

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    ~ONTE:Documento Final, rSeminrio Nacional de Diretrizes para a Educao em Enfermagem no Brasil,o de Janeiro, ABEn, 1994, p. 17, 18 e19.

    pecficos para discutir os dile-mas do ensino da enfermagem;8. Relao autoritria professor-aluno e rigidez disciplinar mo-ralista das escolas de enferma-gem;9. Participao deficitria dosalunos tanto nas associaes es-tudantis e de classe, quanto noscursos de extenso, ocasionadapela prpria estrutura universi-tria e sobrecarga do currculo;la. Falta de capacitao pedag-gica dos enfermeiros docentes eassistenciais;11. Pouco entendimento quan-to diversidade do processo detrabalho em enfermagem e do seupapel na produo dos serviosde sade;12. No posicionamento do en-fermeiro enquanto trabalhador;13. Reflexos das condies so-ciais desfavorveis mulher nes-ta sociedade, repercutindo noexerccio da profisso de enfer-magem onde predomina o sexofeminino;14. Reduzida participao emsuas entidades de classe;15. Escassa produo cientfica;16. Desconhecimento das formasde obteno de recursos para fi-nanciamento de trabalhos cien-tficos;17. Problemas de ordem diversaentravam no s a produo, coma divulgao dos conhecimen-tos gerados pela enfermagem,conttibuindo para a baixa utili-zao e valorizao do saber pro-duzido;18. Inexistncia, em nvel dasEscolas e dos Servios, de ins-tncias promotoras de intercm-bio e fomento produo demateriais, equipamentos einsumos tecnolgicos para aprtica assistencial.

    especificidades de cada re-gio, priorizar a integraodas aes de sade nos n-veis individual e coletivo;4. A educao deve servir deinstrumento para a formaodo cidado e do trabalhadorde sade, na busca da garan-tia de uma assistncia dequalidade;5. A organizao polticadas escolas de enfermagemfacilitam a definio e enca-minhamento de diretrizeseducacionais para a profis-so;6. O ensino, a pesquisa e aextenso soindissociveis;7. A produo de servios,bens e equipamentos umcampo importante de desen-volvimento da enfermagem,de sua divulgao junto comunidade, de impacto so-bre a sade da clientela e demelhoria das condies detrabalho da categoria;8. A produo cientficagera conhecimento, contri-bui para a qualidade do en-sino e da assistncia, forta-lece a profisso;9. A participao do enfer-meiro em gruposassociativos fortalece o re-conhecimento social da ca-tegoria;la. As diferenas entre osgneros no devem servir desvalorizao do trabalhoem enfermagem, o qual exercido majoritariamentepor mulheres.

    des complementares de aprendizadopara alunos e professores;6. Avaliao e reorientao dos pro-gramas de orientao acadmica;7. Capacitao poltica e pedaggi-ca dos docentes, discentes eassistenciais;8. Realizao de programas de edu-cao continuada, incluindo cursose oficinas que orientem sobre o pro-cesso e produo dos servios desade;9. Formao de grupos, entre profis-sionais do servio e ensino, para arealizao de seminrios, simpsiose cursos sobre o processo de produ-o dos servios de sade;lO. Divulgao da produo da en-fermagem (docentes, discentes,assistenciais);11. Fortalecimento da produo ci-entfica atravs da participao dosalunos em ati vidades de pesquisa eextenso e da promoo sistemticade eventos para viabilizar a divul-gao e publicao dos trabalhosproduzidos;12. Criao de ncleos de estudo queincluam aspectos da tecnologia emenfermagem;13 . Divulgao mais intensa doseventos promovidos pelas associa-es de classe;14. Envolvimento de enfermeiros ealunos no planejamento e execuodas atividades cientficas e cultu-rais, das entidades e dos Fruns exis-tentes, junto s Escolas onde aindano foram criadas;15. Realizao de programas de edu-cao continuada para os profissio-nais dos servios;16. Criao de ncleos de ensino epesquisa de acordo com as necessi-dades regionais;17. Empreendimentos no sentido debuscar recursos junto aos rgos defomento pesquisa;18. Promoo de fruns de debate,nos cursos, servios e entidades declasse, para se discutir o papel da mu-lher na sociedade, de forma global.

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    Certamente que as propostas de diretrizes contidas neste re-Iatrio". poderiam ter trazidos categoria de enfermagem inme-ras contribuies, que se perdem por questes burocrticas, como afalta de uma ampla divulgao entre a enfermagem brasileira. Ou-tro aspecto, relacionam-se as diretrizes como linhas norteadores paramelhorias e desenvolvimento de novas propostas para o Ensino daEnfermagem, quando destacam, no QUADRO 4.

    QUADRO 4 - A formao dos trabalhadores em nvelde graduao, Diretrizes, Relatrio r SENADEn, 1994.

    ...j Conhecer o perfil epidemiolgico do pas e de cada regio, a fim de contextualizaro ensino;

    ...j Buscar unidade entre a formao acadmica e a prtica profissional;

    ...j Definir um conjunto de aes que possibilitem a implementao do modelo deensino voltado para as reais necessidades de sade da populao;

    ...j Considerar na formao do enfermeiro, a realidade de sade da populao,

    ...j Suas condies de vida e o mercado de trabalho;

    ...j Fundamentar uma nova proposta de formao do enfermeiro, enquanto constituin-te do processo de produo em sade;

    ...j Reelaborar o processo de ensino da graduao, considerando a sua especificidade naformao de enfermeiro;

    ...j Propiciar ao aluno o questionamento, a participao no processo educativo e acompreenso do processo produtivo em sade;

    ...j Promover a participao poltica dos alunos, enfermeiros e docentes nas institui-es de ensino e sade, bem como entidades de classe e outras organizaes civis dasociedade;

    ...j Fortalecer os Fruns de Escolas existentes e cri-los nos demais Estados da Unio;

    ...j Estabelecer parcerias entre os enfermeiros, docentes e assistenciais e, entre osalunos, na realizao de pesquisa e atividades de extenso;

    ...j Ampliar a capacitao do enfermeiro na compreenso do processo de produo debens e servios e de equipamentos;

    ...j Desmitificar a prtica da enfermagem como atividade feminina.

    FONTE: Documento Final, 10 Seminrio Nacional de Diretrizes para a Educao em Enfermagem no Brasil,Rio de Janeiro, ABEn, 1994, P.19.

    Paralelo a esta caminhada, a enfermagem brasileira acompa-nhou, nos ltimos cinco anos, as mudanas ocorridas na educaobrasileira, quando da extino do Conselho Federal de Educao -

    18 Ver destaque no Quadro lII, itens 3, 11, 13, 14 e 18), p. 31 e 32.

    ro agir Comunicativo e as propostas curriculares da enfermagem brasileira ... 51CFE, resultando na criao do Conselho Nacional de Educao -CNE, a partir de 1995. No Conselho Nacional de Educao est aSecretaria de Ensino Superior, a SESu,.que tem como atribuiespropor diretrizes, emitir pareceres, fiscalizar cursos existentes e no-vos; fazer cumprir a legislao do ensino superior em vigor ou quevierem a surgir. assessorada pela Comisso de Especialistas deEnsino", nas reas temticas especficas de conhecimento ( Brasil,1999).

    Atravs da Port. MEC/SESu No. 076/96, a enfermagem bra