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XIV SEMINARIO NACIONAL DE GRANDES BARRAGENS
RECIFE
AGOSTO 1981
ESTABILIZA^AO DE OMBREIRAS DE BARRAGENS. CASOS BRASILEIROS
TEMA I
A.J. da Costa Nunes - Eng9 Prof.Escola de Engenharia UFRJ. Presidenteda Tecnosolo S.A.
C.E. de M. Fernandes - EngQ e GeologoProf. Instituto Geociencias UFRJ.Gerento de Geologia e Geofisica da TecnosoloS.A.
Armando Lima - Eng9 e Gerente Regionalda Tecnosolo S.A.
29
ESTABILIZACAO DE OMBREIRAS DE BARRAGENS . CASOS BRASILEIROS
*En g9 A.J. da Costa, Nunes**EngQ C. E. de M. Fernandes
***Eng9 Armando Lima
INTRODUcAO
Em todo o mundo o problema de ombreiras de barragens se apresen
to como de maior importancia, bastando mencionar o acidente da
barragem de Vajont (Muller, 1968, Serafim, 1964).
Menos espetaculares, mas tambem muito devastadores, foram os es
corregamentos havidos em 1967, na Serra das Araras, sobre as
Usinas Nilo Peganha e Fontes, da Light (Jones Fred, 1973, Costa
Nunes, 1969).
Devido aos condicionantes geol6gicos e climaticos brasileiros -
ja bem conhecidos (Serafim Laginha e Costa Nunes, 1966), obser
va-se no Brasil espessas camadas de terrenos de alteragao de ro
cha, tanto residuais como coluviais, apresentando, muitas vezes,
horizontes de terreno muito fragmentado no contato entre a ro
cha e o solo residual. Essa configuragao conduz a que sejam ra
ras em nosso pals as barragens altas implantadas em rocha sa e
sem taludes de solo acima da crista, como a comum em parses de
clima temperado ou frio.
Em decorrencia desses fatos, os problemas de ombreiras sao bas
tante frequentes, exigindo trabalhos de estabilizacao.
Nesta contribuig'ao, pretendemos classificar os metodos de esta
bilizagao mais adotados, detendo-nos em exemplos brasileiros de
cuja concepgao e execucao participamos.
Em alguns casos, mencionaremos exemplos de estabilizacao de en
costas que, embora no se situem em ombreiras de barragens, imi
tam a geometria dessas ombreiras e sugerem aplicag6es
tes a barragens.
semelhan
* EngQ Prof. Escola de Engenharia UFRJ. Presidente da Tecnosoto S.A.
** EngQ e Ge6logo Prof. Instituto Geocien.cias UFRJ.GerenteGeologia e Geofisica da Tecnosolo S.A.
de
*** Engenheiro e Gerente Regional da Tecnosolo S.A.
31'
i i
METODOS DE ESTABILIZACAO
Em trabalho anterior mais geral (Costa Nunes , 1977) apresenta
mos uma tentativa de classificagao dos problemas de estabiliza
gao de ombreiras e encostas em geral.
Uma classificagao mais completa, que inclui tambem metodos me
nos usados e ai nda em caster experimental , encontra - se no, tra
balho de Hutchinson o qual cita , no que se refere a solos de al
teragao de rocha, a experiencia brasileira . ( Hutchinson, J. N.
1977).
Em resumo, os meto dos mais usados em ombreiras de barragens e
casos semelhantes sao:
a) Escavagao com remogao total ou parcial e diminuigao do angu
lo de talude.
b) Drenagem.
c) Bermas superpostas.
d) Reforgo de resistencia ao cisalhamento no pi do talude.
e) Estruturas de arrimo.
f) Sustentagao de blocos soltos.
g) Ancoragens.
h) Galerias e pilares ou estacas de reforgo.
i) Injegoes.
j) Controle•da erosao.
Vejamos, com algumas minucias, aplicagoes oraticas desses meto
dos.
METODOS DE ESCAVACAO
Em muitos casos, a remogao total ou parcial do talude,principal
mente de composigadr.oluvial, e a solugao mais indicada. No ca
so de barragens , o material removido a substituido por solo com
pactado, no trecho do corpo da barragem . 0 mais frequente a que
a escavag "ao parcial objetive a diminuigao do angulo do talude.
A escavagao se faz, preferencialmente, conformando o talude em
bermas ou banquetas , visando facilitar o acesso a encosta e a
drenpgem.
No taso de taludes heterogeneos tem muita importancia a estabi
32
lidade de cada berma.
Uma a p I i cacao de vu Ito foi a es tab i 1 i zacao da ombreira di rei to
da barragem do Funi l em Itatiaia, cons truT da por Furnas Cen
trais Eletricas S.A.
Neste caso, a es tab iIizacao foi complementada por drenagem su
perficial e profunda, pintura do talude com mistura de betume
e cimento e plantagao.
Em alguns trechos, houve ancoragens localizadas (Camacho E.M. e
Resende, Samuel). Fig. 1.
Tambem na ombreira esquerda da Barragem Joao Peni do ( Jui z de Fo
ra) e na Barra gem de JacuT (Monlevade) o metodo foi utilizado
juntamente com drenagens e injegoes.
DRENAGEM
0 afastamento das aguas de superfTcie e de infi1traga'o consti
tui um dos fatores de maior importancia nos trabalhos de estabi
lizaca'o de taludes, por diferentes processos.
E bem conhecida a correlacao entre as chuvas e os desmoronamen
tos de taludes. Nunca a demais insistir na necessidade de fil
tros nos pontos em que a agua deixa o talude. Deve-se distin
guir a drenagem superficial da profunda. A drenagem superficial
e medida preliminar a dos outros metodos de estabilizagao e,por
si so, constitui um fator de melhoramento notavel. No entanto ,
a drenagem exige cuidados na orientaga`o das aguas que concen-
tra, inclusive com os meios necessarios a dissipagao de ener
gia, sob pena de provocar grandes erosoes e tornar-se mais dano
sa que benefica. A drenagem exige conformagao de taludes, cons
trugoes de valetas preferencialmente revestidas, eventual pavi
mentagaao ou pintura dos taludes (Souza Antonio, Wagner 1972)
Temos utilizado com muito bons resultados o solo cimento, para
revestimento de valetas e taludes.
Quanto a arenagem profunda, no caso de cortes, tanto em solo co
mo em rocha, a medida de colocar filtros nas surgencias tambem
se impoe, para evitar a erosao interna ou entubamento (piping).
0 use de drenos horizontais ou pouco inclinados para jusante ,
feitos com perfuratriz ou ainda galerias e tuneis a muito efi
caz. Seu use tem sido favoravel no caso de cortes em talus, que
como se sabe, tem a sua estabilidade muito con dicionada `a pre
33
senga de agua . No caso de estruturas de arrimo , a pratica de
deixar simplesmente orifTCios agulheiros ou barbacans na estru
tura a frequentemente inutil, e mesmo prejudicial. Existindo ,
camadas ou lentes aquTferas, os drenos ou pogos verticals pas
sam a ser uteis. E sempre conveniente que os drenos verticals
sejam selados juntos a superfTcie, para evitar a penetragio de
aguas superficiais. Em certos casos a posstvel usar drenos sifo
nados, que podem aspirar agua de profundidade, na pratica, ate
cerca de 5 a 6m (teoricamente cerca de 10,3m) sem consumo de
energia artificial. Em casos especiais em que as aguas freati
cas se apresentam com artesi anismo, sio efi Gazes os pogos de -
alivio, constituTdos de drenos verticais de areia, os quais re
duzem as press6es de agua. Como providencias, em geral tempora
rias, para a reducao das press6es da "agua intersticial tem-se -
usado os metodos de rebaixamento do nTvel d'igua e a congelagio,
esta mais usada em tuneis e pogos que em taludes. 0 rebaixamen-
to do nivel d'agua nos solos de permeabilidade alta (superior a
10-4 cm s-1) pode ser feita, como a sabido, por meio de pocos
filtrantes. Para permeabilidades mais baixas, usam-se sucessiva
mente o rebaixamento com v"acuo adicional e a eletro-osmose. Es
to ultimo m"etodo aplica -se ate a solos de muito baixa permeabi-
lidade, como as argilas moles. Tratando-se de processos que consomem uma potencia elevada e, portanto, de manutencao onerosa ,
sua utilizagio so a vantajosa em casos especiais e para emprego
temporario, por exemplo para garantir os taludes de cavas de -
fundacao de barragens. Na barragem de Pampulha em Belo Horizon
te, MG (*DNOS) e na de Pedras em Jequii, Bahia (DNOS) foram uti
lizados com sucesso pocos filtrantes. A eletro-osmose associada
ao processo quimico de troca de bases,,pode ter atuaca'o duradou
ra como tratamento estabilizador. No caso de taludes rochosos
a erosao superficial s6 a apreci aavel em rochas brandas do tipo
de arenitos, silt.itos, quartzitos friiveis e principalmente fo
lhelhos. Em certas rochas intercaladas de arenitos e folhelhos,
a erosao superficial ataca os folhelhos e deixa em balanco blo
cos de arenito que vim a desabar (Fernandes e colaboradores -
1974). Por outro lado, a drenagem profunda por meio de perfura
c6es a muito util para eliminar press6es neutras que provocam a
queda de blocos e espaldas de rocha.
No caso de drenos quase horizontais, a comum.que as descargas -
do sistema sejam muito reduzidas , dando a impressio de que o me
34
todo nao foi eficiente . Na realidade, a fungao mail importante
da drenagem e a redugao da pressao rieutra e, mesmo descargas in
significantes atendem a esse objetivo . Algumas vezes a descarga
"e to reduzida que a evaporagao faz parecer que o dreno nao es
ti funcionando (Veja-se ainda Cambefort, 1965).
BERMAS SUPERPOSTAS
A colocagao de uma berma no p6 da encosta diminui obviamente o
angulo m6dio do talude, como se mencionou no metodo de escava
gao, apenas , neste caso , nao se trata sempre de escavagao,pois.
por vezes, as bermas sao de aterro de solo ou rocha.
Frequentemente, o metodo a associado a outros,em particular a.ancoragens , em que pode ser muito mais estavel um conjunto de
cortinas ancoradas do que uma unica mais alta.
Cada cortina ancorada, com seu terrapleno, constitui uma berma
eficaz para escorregamentos a diversas alturas da encosta.
Na Fig. 2 vemos como , para o mesmo "angulo m6dio do talude, a so
lugao com cortina unica corresponde a momentos de derrubamento
muito maiores do que no projeto das cortinas em escada e, em
muitos casos , essa ultima solugio 6 mais economica.
No caso dos taludes em rocha, os efeitos das explosoes para o
corte e a concentragao de tenses provocada pelos ingulos cria
dos,tor.nam a solugio de bermas, frequentemente mais prejudicial
que ben6fica.
REFORCO DA RESISTENCIA AO CISALHAMENTO NO PE DO TALUDE
A teoria ( Rendulic,1933 ) e a experiincia mostram que as tensoes
de cisalhamento de um talude sao particularmente elevadas na
fundagao , abaixo do talude . Tambem a determinagao de tensoes pe
lo metodo de elementos finitos tem confirmado este fato. Nessas
condigoes , o aumento de estabilidade desejado 6 muitas vezes ob
tido pela melhoria da resistencia ao cisalhamento da fundacao -
no p6 do talude. Esta melhoria pode ser obtida compactando o so
lo com estacas de madeira ou outro material estrutural, o que -
neste caso tem uma influincia adicional de transmissao de carga
a camadas mais profundas , ou ai'nda com uma barragem submersa de
material de alta resistencia ao corte . Projetamos um servigo -
desse tipo de grande vulto, para a estabilizagio do aterro do
35
Bichanco na Estrada de Ferro Central do Brasil e outro semelhan
to para o km 19, na BR. 324, antiga BR. 23, perto de Salvador -
(Lacerda Willy,-1963). No caso de taludes de rocha estratifica
da com horizontes mais fracos, esse reforgo no p6, pode ser mui
to importante e 6 conseguido, em geral, com um muro enterrado
ou parcialmente acima do solo, assunto tratado no item f, ou
ainda muros ancorados no p6. Tambem injegoes localizadas no pe
do talude sao eficazes.
Enrocamentos volumosos no pi da barragem podem atender, simulta
neamente, ao efeito de berma e de aumento de resistencia media
ao cisalhamento, como na Barragem de Barreiras do DNOCS.
ESTRUTURAS DE ARRIMO
No caso do talude ter uma inclinagao excessiva , um muro de arri
mo no p6 pode ser a solugao. E indispensavel que o muro seja a
dequadamente drenado e que a escavagao para suas fundagoes no
ameace a estabilidade do talude que se prop6e a melhorar. No ca
so de rochas expansivas 6 comum que tais muros, mesmo de peque-
na altura, sejam sujeitos a grandes esforgos que "e necess"ario -
considerar devidamente. No caso de blocos soltos de encostas ro
chosas pode ser mais economico prever muros de impacto, prote
gendo as obras e se us utilizadores, retendo os blocos que desli
zarem (Costa Nunes 1971, Costa Nunes, A.J. e Seixas Ferreira
Magdala 1971). Como se trata de barragens, as encostas das mes
mas sao muitas vezes concebidas tamb6m como muros de arrimo pa
ra a fase de operagao.
Na Barragem de Ibirite, da Refinaria Gabriel Passos em Betim MG
(Petrobras), na ombreira direita em que a rocha gnaissica se a
presentava muito fragmentada e alterada, usaram-se, a16m de anco
ragens, estruturas de arri.mo. Nesse caso o proprio descarrega -
dor ancorado funcionava tamb6m como estrutura de arrimo (Fig. 3
e 4).
0 mesmo aconteceu na ombreira direita da barragem do Piau MG.
(CEMIG). Fig. 5.
SUSTENTACAO DE BLOCOS SOLTOS
No caso de encostas de rocha fragmentada ou de solo residual -
com grandes blocos, temos tido muito bom resultado com o escora
mento dos blocos, uns contra os outros, por meio de alvenaria
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de pedra, usando fragmentos dos blocos menores demolidos . Tambem
o escoramento dos blocos mai.ores com contrafortes ou muretas, an
corados ou no , e apoiados no terreno ou em blocos subjacentestem provado ser muito eficiente (Costa Nunes , 1971).
ANCORAGENS
A introducao de tirantes para o interior do macigo, ancorando-o
fora do prisma de escorregamento, constitui um metodo recente -
dos mais eficazes na e.stabilizacao e arrimo de taludes, como nos
emboques de tuneis, onde j"a a utilizado ha Longo tempo. Em ro
chassis, fragmentadas em grandes blocos, a solucao pode ser ob
tida usando apenas ancoragens sem estruturas associadas. As pri
meiras solug6es desse tipo utilizadas no Brasil para taludes a
ceu aberto foram realizadas na Estrada Rio-Teresopolis para 0
DNER em 1958 e, pouco mais tarde, para a Estrada Grajau-Jacarepa
gua (Costa Nunes, 1960, 1966 e 1969). Tambem na ombreira direita
na zona de fundagao da barragem do Funil, em Itatiaia, a rocha
foi pregada segundo projeto de S. Laginha que tamb6m usou o pro
cesso em outras barragens, por exemplo, El Velon, perto de Ma
drid. Na mesma barragem do Funil, o processo foi usado intensa -
mente nas ombreiras (Fernandes, C.E. de M., 1972). No caso de ro
cha alterada ou muito fragmentada tem-se usado grelhas e contra
fortes chumbados, esposando a superfTcie irregular da rocha. A -
rocha sendo mais branda, torna-se necessario usar cortinas e fai
xas de concreto, como por exemplo na ombreira direita da barra
gem de Ibirite, na Refinaria Gabriel Passos. Exemplos notaveis -
sao ainda a ombreira esquerda da barragem de El Atazar, na Espa
nha, projetada por Laginha Serafim e a de Carrapatelo e Regua so
bre o Douro. Recentemente a ABNT editou a sua NB-565 sobre estru
turas ancoradas que esperamos que venha a ser de maior importan
cia no pals. 0 controle das cargas de ancoragens a de maior im
portancia e foi abordado em simp6sio da COPPE sobre Instrumenta
goes (1975).
GALERIAS E PILARES OU ESTACAS DE REFOR^O
Ocorrendo ombreiras instaveis em barragens altas, ameagando es
corregamentos de grande . s proporgoes, os esforgos a conter chegam
a ser tao elevados que estruturas de arrimo ou ancoragens podem
nao ser suficientes ou economicas,
Neste caso, tem-se executado galerias e pouos que , com revesti
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mento espesso, constituem verdadeiras ancoragens passivas de
grande carga.
Frequentemente, as galerias funcionam tambem como drenagem, e
sao associadas a injegoes , furos de drenagem e ancoragens execu
tadas de seu interior.
Um exemplo de grandes proporgoes e a estabilizagao da ombreira
direita da imponente barragem de Aldea d'Avila na Espanha e de
Kawamata no Japao (Const. Min. Jap. Gov. 1964). Em alguns ca
sos, recorre-se a estacas abertas com furos de rotativa em que
se injeta cimento a pressao elevada, obtendo estruturas de ci
mento em forma de razes (estacas-raizes, "pali-radice") resis
tentes tanto a compressao como a tragao. Um exemplo interessan-
te e o da barragem de Regua sobre o Douro (Frank 1970).
INJJECOES
Temos tido muito bons resultados com injegao de cimento ou mis
turas solo-cimento em taludes fissurados. Para terrenos no fis
surados, de granulometrias mais finas que os pedregulhos, as in
jegoes de impregnagao, que podem ter exito, sao as que se intro
duzem sob a forma de solugoes, que se precipitam posteriormente,
dando coesao e impermeabi.lidade ao solo. A tecnica de injegoes
e alias recomendada na literatura, especialmente para taludes
ferroviarios fissurados. Em alguns casos especiais de rocha fis
surada, a injegao aumenta consideravelmente a estabilidade. Sao
conhecidas ha muito tempo as injegoes de solucoes de silicato -
de sodio e outros produtos quTmicos. Temos realizado injegoes -
de resinas especiais para consolidagao de taludes de terrenos
de baixa permeabilidade em rocha e solos, inclusive de funda-
goes de barragens, com resultados satisfat6rios.
Um exemplo muito interessante foi a estabilizagdo do talude da
margem esquerda da barragem de JacuT em Monlevade, de proprieda
de da Cia. Siderurgica Belgo Mineira. A estabilizagao foi execu
tada pela empresa Christiani -Nielsen, com projeto e colaboragao
na construgao da Tecnosolo S.A.
A barragem , de concreto armado, com 25m de altura foi construT-
da na decada de 30 e e constituTda por contrafortes fechados a
montante por cascas cilindricas e a jusante por uma cortina in
clinada, funcionando como vertedor.
38
Na ombreira esquerda situa-se a linha ferrea da Cia. Vale do
Rio Doce (Fig. 6).
De acordo com o projeto, a barragem a prolongada nas ombreiras
por um septo de concreto armado que penetraria na rocha altera
da da ombreira esquerda, em degraus , como indicado no esquema -
da Fig. 7.
Periodicamente a barragem 6 esvaziada para permitir a remocao
do material de assoreamento.
Em operagao desse tipo, executada em 1972, houve um deslizamen-
to, por esvaziamento rapido numa extensao de cerca de 50m na
ombreira esquerda, a montante do eixo da barragem, ameagando a
linha ferrea.
Foi executada uma cortina de protegao dessa ombreira , a qual -
foi ancorada com protensao das ancoragens sob agua, por meio de
mergulhadores.
Possivelmente, trata-se da unica operagao desse tipo jfl realiza
da.
As investigagoes geot6cnicas mostraram que a ombreira era cons-
tituida de rocha alterada recoberta de solo residual.
0 septo no atingiu, em varias regi6es, a rocha, detendo-se em
solo residual (Fig. 7).
Por meio de injego-es de cimento, consolidou-se a rocha de funda
gao sob o septo mas, no solo residual, no foi possivel a pene
tragao da injegao de cimento.
Observou-se, entao, que havia percolagao intensa atrav6s do so
lo residual sob o septo, fazendo receiar a formagao de entuba
mento (piping).
Chegou-se entao a solugao recomendada pela consultoria (Tecnoso
to S.A.) de injetar resinas epoxi no solo residual entre o sep
to e a rocha.
De acordo com os ensaios de perda d'agua efetuados, a permeabi
lidade do solo residual, nesse local da ombreira, era da ordem
de 1Q-4 e mesmo 10-3 cm seg -l.
0 servigo de injegoes foi realizado e.xecutando-se furos verti
cai.s atravis do concreto do septo, injetando-se os furos com re
sina Araldite de fabricagao Ciba-Geigy, com viscosidades descen
I CI!,
do ate valores da ordem de 15 centipoeses.
As injecoes formavam cilindros interpenetrados, na parte resi
dual da fundacao.
Foram colocadas barras de ago 60 de diametro 1 1/4" nos furos -
injetados, ligando a cortina de injegao ao septo.
Os ensaios de perda d' agua mostraram o 6xito do trabalho de im
permeabilizacao , enquanto o desempenho global da obra foi muito
favoravel.•
Posteriormente (1979) foi necessario realizar novo esvaziamento
da barragem, observando-se, "in loco", o bom estado da impermea
bilizacao e no ocorrendo qualquer instabilidade da encosta -
(Fig. 8).
CONTROLE DA EROSAO
0 controle da erosao a uma providincia decisiva na estabiliza
cao de taludes e na prevencao de deslizamentos. A erosao a qua
se sempre produzida pela aqua e, somente em casos raros, o agen
to e" o vento.
Certas formagbes geologicas, tais como a Barreiras e folhelhos
expansivos associados a arenitos, sao particularmente susceti
veis a erosao.
Como salienta Hutchinson (1977) o controle pode ser feito pela
protegdo do p6 do talude, pelo controle da erosao de superficie
e da erosao por percolagdo.
A erosao do p6 do talude 6 combatida por meio de cortinas anco
radar, gabi'oes e enrocamentos, principalmente.
No aproveitamento do Funil, o canal de fuga da descarga de fun
do 6 protegido por cortinas ancoradas (Fig. 9).
A erosao de superfTcie a evitada por revestimentos de varias na
turezas tais como vegetacao, membranas de pintura, varios geo
texteis, enrocamentos e solo cimento (Fig. 10).
A experi6ncia brasileira 6 favoravel ao use de solo cimento(Cos
to Nunes e Velloso 1963, Hutchinson 1977).
0 controle da erosao pelas aguas de percolagao a dos mais impor
tantes e dificeis.
Essa modalidade de erosao conduz a um tipo especial de ravina -
40
conhecida pelo nome popular de "vogoroca",Fig. 11, provocada -
t b int ipor en amen p g).u o (p
Tem sido usados no Brasil para o controle de erosao por percol-a
cao os recursos de filtros invertidos sobre o terreno, geotex
teis e drenos subhorizontais.
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Gleitsicherheit Der Bauingenieur (16).
SERAFIM, J. Laginha (1964) - 0 desastre de Vajont . Engenharia
(249) Fev.
SERAFIM, J. Laginha & COSTA NUNES , A.J. da ( 1966) - Studies of
dam foundations under a residual cover . Congr . of the Int. Soc.
Rock Mechanics . 1st. Lisboa 2.
WITTKE, W. (1967) - Influence of the shear strenght of the
joints on the design of prestressed anchors to stabilize a rock
slope. Geotechnical Conference. Oslo. v.1.
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RESUMO
0 trabalho apresenta, na introdugao, de maneira sum"aria,uma jus
tificativa da importancia do tema abordado, tanto do ponto de
vista mundial como do brasileiro.
Nesta introdugao, sao postas em relevo as caracteristicas espe
ciais do problema no Brasil, face a condicionantes topograficos
e geol"ogicos e apresenta como escopo do trabalho a classifica
gao dos metodos de estabilizagao mais adotados e a discussao de
exemplos brasileiros correspondentes ligados a experiencia dos
autores.
A maioria dos exemplos citados referem-se a ombreiras em solos
de al teragao de rocha.
Os metodos de estabilizagao classificam-se no trabalho em: a)
Escavag'ao com remogao total ou parcial; b) Drenagem; c) Bermas;
d) Reforgo de resistencia ao cisalhamento no pe do talude; e)
Estruturas de arrimo; f) Sustentagao de blocos soltos; g) Anco
ragens; h) Galerias e pilares ou estacas de reforgo; i) Inje-
goes; j) Controle da erosao.
Finalmente, apresenta-se uma bibliografia com enfase especial -
na contribuigao brasileira.
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Fig. 1
Estabilizacao da ombreira direita da Barragem do Funil em Itatiaia
RJ. (Furnas Centrais E1etricas S.A.) com taludamento,drenagem por
drenos horizontais, pintura, revestimento vegetal e ancoragem no
Pe .
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Fi.g. 3Situacao da ombreira direita da Barragem de Ibirite na Refinaria Gabriel -Passos em Betim ( MG). Note-se a rocha de gnaisse extremamente fraturada elaminada e o muro de pe ancorado.
Fig. 4ombreira direita da Barragem de Write (Ver Fig . 3) apos a estabilizacao
e paisagismo. Note-se a grelha de ancoragem.
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i i
'fig. 5Estabilizacao do talude do descarregador da margem direita da barragem doPiau (MG). (CEMIG) com grelha ancorada.
Fig. 6Estabilizacao da ombreira esquerda da Barragem do Jacui, M4nlevade, MG.(Cia. Siderurgica Belgo Mineira) a jusante da linha ferrea. Note-se a cor-tina ancorada no pe, em fase de construgio.
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SEPTO DE CONCRETOOMBREIRA ESQUERDA
LINHA FERREA
FIG. 7
BARRAGEM DE JACUI - ESQUEMA DA CONFIGURA OGEOLOGICA DA MARGEM ESQUERDA E SEPTO
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Fig. 8Barragem Jacui - Estabilizacao da ombreira esquerda tornada visivel pelo esvaziamento da represa. Note-se a marca do nivel d'agua maximo e as ancoragens normalmente submersas.
Fig. gCortinas ancoradas protege .ndo o canal de fuga da descarga de fundo da Barragem do Funil em rtatiaia RJ. (Furnas Centrais Eletricas S.A.).
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Fig. 10Controle da eros`ao e contengao por meio de solo-cimento,rada e alvenaria de desmonte local argamassado.
cortina anco
Fig. 11
Erosao interna por entubamento em solos de granulometria fina e heterogenea.
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