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526-
6365
Gustave Klimt, O Beijo, 1908
Boas-vindas aos alunos e alunas da catalão!neste semestre o curso de Psicologia passou por um processo de unifi cação, tra-zendo a parte que funcionava no campus catalão 800 para a silva Lobo.agora somos um curso maior, ganhamos mais corpo, somando os estudantes das duas unidades. Ocuparemos mais espaço na silva Lobo e estaremos todos mais próximos da clínica, dos consultórios e dos laboratórios. Mas, sobretudo, amplia-mos nossa diversidade e nossa capacidade de produção de ideias, com mais cabe-ças pensantes a serviço da Psicologia. Vamos aproveitar a oportunidade para que o curso cresça também nas relações, nas trocas, nos debates, nas ações, nos servi-ços prestados. somos maiores! Que os alunos e alunas da catalão sejam recebidos com carinho e fraternidade. Fui professor de todos, conheço-os de perto e posso afi rmar que ganharemos em qualidade. Gosto muito deles, pessoalmente. Para quem chega, para a recepção de vocês, esta edição do ZeitGeist vem ilustrada na capa com “O Beijo” (1908), de Gustave Klimt. O artista austríaco que foi contem-porâneo de sigmund Freud em Viena no fi nal do século XiX e início do século XX. ambos compartilharam da mesma atmosfera cultural, do mesmo “espírito de épo-ca”, do Zeitgeist, que nos deu a Psicanálise e um dos movimentos mais importantes da arte moderna, a secessão austríaca. uma produção de ideias que infl uenciou toda a modernidade, na ciência e na arte. Para além deste editorial, esta edição do jornal traz ainda uma pequena biografi a de Jacques Lacan e algumas frases dos famosos seminários dele, o relato da experiência de uma aluna formanda do curso e as indicações culturais da professora Margaret couto. continuamos abertos às contribuições de vocês. sejam todos bem-vindos!
HOMerO nunes
eDItorIaLKlimt arvore da vida
eXpeDIenteZeiTGeisT | JOrNaL DO CUrsO De PsiCOLOGia Da NeWTON | issN 2526-6365
coordenação: andreia Barbosa de Faria
Jornalista responsável: Homero nunes
estagiária do curso de Jornalismo: Fernanda casanova
Produção: núcleo de Produção acadêmica da newton - nPa
editora de arte e Projeto Gráfi co| Helô costa - registro Profi ssional 127/MG
Dúvidas, críticas e sugestões: [email protected]
Meu ingresso na faculdade foi de grande expectativa e ansiedade, pois não sabia como seria o percurso nesses cinco anos.
O sonho de me tornar uma Psicóloga era ainda distante, mas seguia fi rme, guiada sempre pelo meu desejo e determinação. O maior incentivador desse sonho foi meu ir-mão anthony Lima, pois foi a partir da curiosidade de sua doença, esqui-zofrenia, que eu procurei entender sobre o ser humano.
no início do curso já me iden-tifi cava com as matérias e com os professores. alessandro santos me incentivou com sua história de vida e determinação, já Fabrício ribeiro me fez apaixonar pela prática na saúde mental. Lucas Loureiro me encantou com sua transmissão em psicanálise e Fernando dório foi um espelho na minha atuação clínica.
O curso trouxe uma pluralida-de de abordagens e conhecimentos, construindo assim, terreno sólido para minha atuação. desde os primei-ros períodos já me interessava pelos estágios extracurriculares e com eles pude colher bons frutos.
Pude conhecer o sus (sistema Único de saúde) em um estágio no PaM – campos sales, atuei como at
(acompanhante terapêutico) em uma
residência terapêutica, atuei na pró-
pria clínica da newton e pude conhe-
cer dentro da área jurídica o Pai-PJ
(Programa de atenção integral ao Pa-
ciente Judiciário) que marcou minha
trajetória na saúde mental.
com o tempo, teoria e prática
foram se entrelaçando e então, pude
entender a lógica da atuação do Psi-
cólogo e suas peculiaridades. captu-
rada pela Psicanálise e pela atuação
na saúde mental já tenho planos e
projetos futuros.
sinto-me honrada pela oportu-
nidade de ter estudado na newton e
agradeço imensamente a todos que
fi zeram parte dessa conquista. não
poderia deixar de parabenizar a fa-
culdade também pelos demais pro-
fessores não citados, pois foram eles
os responsáveis por transmitir toda
essa bagagem de conhecimento te-
órico-prática para nós alunos. Levo
um pouco de cada um comigo e espe-
ro poder manter os laços produzidos
nessa instituição.
deixo aqui meu muito obrigada
e um até logo!
QueM teM uM sOnHO nÃO cansa
com a paLaVra, a aLUnaLeda LiMaFormanda do curso de Psicologia da newton
comportamento
Lacan, da arte à
PsicanáLise
a tela “a Origem do Mundo” foi encontrada na casa de Jacques Lacan. após ficar desaparecida por décadas, a pintura erótica de Gustave courbet, de 1866, foi doada ao Museu d’Orsay de Paris pela família do psicanalista após a morte dele. É um retrato de uma vulva, o órgão genital feminino, com pelos, que hoje assombra visitantes no museu. reza a lenda que Lacan o dei-xava escondido atrás de outro quadro e o mostrava apenas a alguns escolhidos. a mais controversa pintura do realismo francês fazia coro com outras da arte moderna, na coleção decorrente da re-lação de Lacan com os meios artísticos e intelectuais franceses.
desde cedo, ainda estudante de medicina, o jovem Jacques circulava entre os dândis das vanguardas literá-rias e do surrealismo, movimento este que o levou a Freud e à Psicanálise. Mal sabia ele o impacto que Freud causaria em todo seu pensamento até o final da vida, em 1981.
Magro e elegante, cheio de conte-údo e gravatas borboleta, Lacan foi um sedutor, namorador com várias paixões e mulheres caídas por ele. teve 4 filhos, 3 do casamento e uma menina de uma relação extraconjugal. não era muito apegado à visão tradicional de família, ainda que tenha nascido de uma família extremamente tradicional e religiosa, com a qual rompeu em relações proble-máticas, sobretudo com a imagem do avô careta.
desencaixado e rebelde, Lacan
foi se encontrar no divã, na análise. Mas acabou por criticar seu analista e propor sua própria visão do que a Psicanálise podia alcançar. assumiu, assim, uma postura combativa à aca-demia francesa e às interpretações vi-gentes, mirando uma leitura mais radi-cal de Freud.
seu esforço intelectual o lançou também na filosofia, buscando o estofo teórico que o permitisse articular me-lhor seus argumentos, fazer suas con-testações com propriedade. nietzsche, Heidegger, Hegel e muitos outros pas-saram a povoar suas ideias. também a linguística de saussure e o estruturalis-mo de Levi-strauss teriam forte influ-ência em seu pensamento. enfim, criou a partir de diversas perspectivas – da filosofia, das ciências humanas, da lite-ratura e das artes – o repertório para um pensamento controverso e diverso, implacável.
seus seminários abertos duraram quase 30 anos (1951 – 1980). neles La-can falava sobre a Psicanálise, Freud, ética, desejo etc. e ensinava seu pensa-mento a quem pudesse interessar. eles constituem o grosso da produção inte-lectual de Lacan. cerca de 25 seminá-rios (28?), muitos publicados e traduzi-dos em português.
Para saber mais:rOUDiNesCO, elisabeth. Jacques Lacan – esboço de uma vida, história de um sistema de pensamento. são Paulo: Cia das Letras, 1994.
HOMerO nunesda redação | ZeitGeist
DOs semiNÁriOs De JaCQUes LaCaN:
"Fica a seu critério serem lacanianos, se quiserem. Quanto a mim, sou freudiano."seminário de Caracas, 1980
“Vocês compreendem. Vocês não tem razão.”seminário 3
“A cólera, eu lhes disse, é o que acontece nos sujeitos quando os pininhos não entram nos buraquinhos.”seminário 10
“Não há verdade que, ao passar pela atenção, não minta.”seminário 11
“O sujeito não é outra coisa senão o que desliza numa cadeia de signifi cantes.”seminário 20
FaLe-me maIS SoBre...
o InDIcaDor | PELA PROFESSORA MARGARET PIRES DO COUTO
LIVROSFeLiCiDaDe CLaNDesTiNaclarice Lispector, 1971um livro que eu amo, que fala sobre a busca incessante e o impossível encontro com a felicidade. de um modo sagaz e particular, clarice Lispector surpreende o leitor com suas frases enigmáticas e poéticas.
VaLe TUDOnelson Mota, 2006a biografi a de tim Maia, que revela a genialidade e singularidade de sebastião rodrigues Maia, um dos maiores músicos brasileiros. entre maluquices e o apurado rigor musical, demonstra que o humor e a música podem ser uma solução para as estranhezas humanas.
DISCOSbUeNa VisTa sOCiaL CLUb, 1996um antigo clube de música e dança em Havana que fi cou fechado por muito tempo. nos anos 90, o guitarrista americano ry cooder fez uma pesquisa sobre os antigos músicos, então esquecidos, resgatando um a um. O resultado foi uma coletânea do melhor da música cubana. O processo de pesquisa e gravação está registrado no documentário aqui indicado.
TUDO aZUL, 1999coletânea de samba produzida por Marisa Monte a partir de uma pesquisa sobre sambas e sambistas da Velha Guarda da Portela que fi caram perdidos na história. um disco que valoriza preciosidades da música brasileira. Quase uma década depois o disco repercutiu num documentário também indicado nesta coluna.
FILMESbUeNa VisTa sOCiaL CLUb, 1999documentário musical de Win Wenders sobre a música cubana e os antigos músicos que fi caram esquecidos após a revolução. um retrato romântico de uma cuba decadente, de musicalidade única. O fi lme mostra as apresentações dos músicos em amsterdam e no famoso carnegie Hall em nova York. também a gravação do disco homônimo aqui indicado.
O misTÉriO DO samba, 2008documentário musical sobre o samba. Fruto da pesquisa e do resgate musical proposto pela Marisa Monte, desde a gravação do disco “tudo azul”. destaque para a participação especial do Paulinho da Viola e do Zeca Pagodinho. também o show gravado no teatro Municipal do rio de Janeiro, com os velhos sambistas cariocas. uma espécie de “Buena Vista social club” sobre o samba.
O QUE MAIS RECOMENDA?
PeDaCiNHOs DO CÉUTradicional casa de chorinho no Caiçara. Um lugar para escutar e apreciar
uma boa música, frequentado por importantes artistas de diferentes gêneros. excelente comida de boteco. rua belmiro braga, 744 – alto Caiçara – bH.