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agrianual 2012

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AGRIANUAL 2012

ANURIO DA AGRICULTURA BRASILEIRA

AGRIANUAL 2012

Apresentao

As tecnologias de transportes, de comunicao e de informao reduziram as distncias, tornando o mundo pequeno. Agora somos todos vizinhos. E estamos de olho nos quintais dos outros. Sabemos, por exemplo, que a Rssia colheu muita beterraba, portanto o consumo de amendoim no Brasil dever crescer. Se os russos, os maiores compradores do acar brasileiro, aumentam a produo local, importam menos, o que provavelmente levar as usinas brasileiras a produzirem mais lcool. O combustvel mais barato tende a desafogar a demanda que est reprimida no Pas, resultando em mais carros nas ruas. Mais carros, mais congestionamento, e mais negcios para as pessoas que vendem amendoim torrado nos engarrafamentos de trnsito. Isso uma brincadeira, claro, para que no se tenha de abrir esta edio com amargas palavras sobre crise mundial. H crise, sim, resultado dos desdobramentos da anterior, de 2008, agravados pela baguna dos ttulos pblicos da Unio Europeia e pelo imobilismo da economia japonesa. E a crise afeta o campo, pois o desarranjo no ambiente econmico-financeiro mundial muito propcio exacerbao do sobe-e-desce das bolsas, inclusive as de commodities, aumentando a chamada volatilidade dos preos agrcolas. A volatilidade comeou h 5 anos, antes da crise, e no vai terminar to cedo. Esse o lado ruim da especulao. Mas no se pode acabar com ela, pois se perderia o lado bom, que o financiamento das safras. O essencial para o produtor manter-se informado, e para isso que serve o Agrianual. H tendncia de aumento dos preos mdios da maioria dos produtos do campo, mas acertar o momento de vender ser uma dificuldade cada vez maior. Quem puder comercializar antecipadamente a colheita, desde que o preo seja bom, deve faz-lo. Assim ficar livre da angstia de ver os preos a oscilar para cima e para baixo enquanto a lavoura amadurece no campo. Tambm se recomenda ao produtor operar com hedge, para se defender de eventuais quedas nas cotaes. As detalhadas anlises dos principais mercados de gros, fibras e energia apresentadas nesta edio conferem mais segurana tomada de deciso do produtor. Tambm ajudam a ampliar a compreenso do negcio agrcola por parte das agroindstrias, do governo e dos bancos, alm de serem imprescindveis na formao e especializao de engenheiros agrnomos e florestais, bem como no trabalho de pesquisadores e professores. Dentre os temas do Agrianual 2012, destacam-se: algodo, anlise do mercado de commodities agrcolas at o final da dcada, arroz, banana, batata, caf, cana-de-acar, eucalipto, feijo, irrigao, laranja, milho, oleaginosas para biodiesel, soja, tecnologias convergentes e trigo. A minuciosa avaliao do mercado de terras tambm no poderia faltar, da mesma forma que os dados estatsticos e de custo das mais diversas culturas. Boa leitura e bons negcios.

So Paulo, outubro de 2011

AGRIANUAL 2012

ExpEdiEntECEO Informa Economics FNP: Mauricio Mendes Diretor Tcnico : Jose Vicente Ferraz Dir. Administrativo Financeiro : Roberto Fernando A. de Souza Gerente AgroEnergia : Jacqueline D. Bierhals Coordenador Banco de Dados: Adelson Sant Anna

Apoio OperacionalEduardo Corradini; Adriano Porfrio; Eric Lima; Juarez Joo Coelho Jr. Edio e Consultoria Editorial: Reviso de textos : Celso Paraguau Pastrello ([email protected] ) Fone (11) 5511-5252 Projeto grfico e Editoria de arte: Andr Vendrami ([email protected]) - Fone (11) 8957-9702; Merielly Cury Capa : TOTH Propaganda-J. Jaime Canto Fone: (11) 6244-0947 Impresso : Prol Editora Grfica

Consultoria TcnicaAnalistas Informa Economics FNP: (11) 4505-1414 (www.informaecon-fnp.com)

Eng. Energia Marcio Luis Perin , Veterinria Nadia Alcantara Margarita Bolos do Amaral Mello, Nadjda Vieira Siqueira, Merielly Miranda Cury, Aedson Jos Pereira da Silva, Fernando Terao, Yuri Faciolli Silvrio, jornalistas Ana Paula Greghi Felipe Cordeiro de Souza,Renan Carrascosa

Departamento ComercialAtendimento a clientes - Margareth Gatuzo; Vendas Internacionais Agatha Mayer Compani, Eduardo Aiba Desiderio - Executivo de Contas Marcio R. Padoin de Lima, Vendas Nacionais; Renato Santos, Ana Flavia Martins, Tatiane Teixeira; Graziele Gonalves. Viviane de Cssia Rosa (Executiva de Negcios).

ColaboradoresAdriana Lopes (Ceagesp), Pesq. Adriana Novais Martins, Eduardo Suguino e Pesq.Marcos Jos Perdon (APTA Centro Oeste), Natalino Shimoyama (ABBA), Pesq. Bruno Galvas Laviola (EMBRAPA), Tiago Fischer Ferreira, Camila Mourad e Pedro Caleman (Stracta Consultoria), Robson Mafioletti, Gilson Martins e Flvio Turra (Ocepar), Prof. Dr. Erci Marcos Del Quiqui (UEM-Umuarama-PR), Eng. Agr. Edson Shigueaki Nomura (APTA Vale do Ribeira), Eng. Agr. Adriano Jos Timossi (Especialista em assuntos agrcolas), Sandra Hetzel (Unifeijo), Eng. Agr. Celso Luis Rodrigues Vegro (IEA), Eng. Agr. Jos Nei Telesca Barbosa, Andr Dias (Monsanto Br), Silvio Crestana (EMBRAPA).

Departamento de MarketingAndrea Silveira; Caroline Amaral; Nataly Arrais, Jessica Menezes.

Business Intelligence:Richard Brostowicz; Mnica Fernandes, Juliana Rocha; Natalia C. Vinieri; Thamires Silva; Artur Freitas, estagiria Graziela Cabrera.

AgradecimentosABECITRUS (Associao Brasileira dos Exportadores de Ctricos); ABIOVE; ANAPA (Associao Nacional dos Produtores de Alho), ASTN (Associao das Indstrias de Sucos Tropicais Norte Nordeste); APTA Regional Alta Paulista; APTA Regional do Mdio Paranapanema; BM&F (Bolsa de Mercadorias e Futuros); Casa da Agricultura de Junqueirpolis; Casa da Agricultura de Vista Alegre; CEAGESP (Companhia de Entrepostos e Armazns Gerais de So Paulo); CONAB (Companhia Nacional de Abastecimento); DERAL (Secretaria da Agricultura e Abastecimento do Paran); Embaixada dos Estados Unidos da Amrica; EMBRAPA (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuria); FAEG (Federao da Agricultura do Estado de Gois); FAESP (Federao da Agricultura do Estado de So Paulo); IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica); IEA (Instituto de Economia Agrcola da Secretaria de Agricultura e Abastecimento de So Paulo); IAC (Instituto Agronmico de Campinas); IAPAR (Instituto Agronmico do Paran); Epagri/Cepa - Centro de Estudos de Safras e Mercados - SC; UNESP-Botucatu - Depto. de Horticultura; OCEPAR (Organizao das Cooperativas do Estado do Paran), Consecana - Conselho dos Produtores de Cana-de-Acar, Acar e lcool do Estado de So Paulo, Cepea - Centro de Estudos Avanados em Economia Aplicada, Midic/Aliceweb, todos os patrocinadores e demais colaboradores; amigos e funcionrios da Informa Economics FNP, sem os quais no teria sido possvel a realizao desta obra

Informa Economics FNPRua Bela Cintra, 967 11. andar CEP 01415-000 So Paulo SP Brasil Telefone (11) 4505-1414 Fax (11) 4505-1411 Site: www.informaecon-fnp.com e-mail: [email protected]

CENTRAL DE ATENDIMENTO: ( 55 11 ) 4504-1414Os artigos assinados so de responsabilidade dos autores e sua reproduo total ou parcial s pode ser autorizada pelos mesmos. Proibida a reproduo total ou parcial desta obra por qualquer meio. Todos os direitos reservados por AGRA FNP Pesquisas Ltda.

AGRIANUAL 2012

ndiceArtigos EspeciaisOferta de alimentos no crescer apenas com tecnologia agrcola.. ....................................................................................................................10 Diplomacia agrcola brasileira ter muito trabalho em 2012 ................................................................................................................................13 O mundo precisar cada vez mais do campo.........................................................................................................................................................16 H muita terra para produzir alimentos e energia ................................................................................................................................................17 Produtos agrcolas ficaro mais caros nos prximos 10 anos ..............................................................................................................................20 Aumento de produtividade requer irrigao..... ....................................................................................................................................................22

BiocombustvelEmbrapa turbina pesquisas com oleaginosas........................................................................................................................................................25 Programa americano de biocombustvel avanado e oportunidades para o etanol de cana................................................................................30 Mamona: Preos na Bahia, Produo e rea brasileira.........................................................................................................................................33 Custo de produo de mamona .............................................................................................................................................................................34 Produo, rea, exportaes e importaes mundiais de mamona ......................................................................................................................35 Custo de produo de pinho-manso ....................................................................................................................................................................36 Custo de produo de leo de Palma (Dend) ......................................................................................................................................................37 leo de Palma (Dend) Preo Roterd/Produo Brasileira ...............................................................................................................................38 leo de Palma (Dend) Balano Mundial Oferta e demanda mundiais .........................................................................................................39 leo de Palmiste (Dend) Balano Mundial Oferta e demanda mundiais .....................................................................................................40

TerrasPreos das terras sobem e o mercado continua promissor ...................................................................................................................................41 Os 5564 municpios das 133 Regies Brasileiras ...................................................................................................................................................54 Preos de terras nas 133 Regies Brasileiras (2006 a Mai-Jun/2011).......... .........................................................................................................65 Preos das terras em So Paulo e Paran..............................................................................................................................................................90 Preos das terras na Argentina .............................................................................................................................................................................92 Preos das terras no Uruguai e Paraguai ..............................................................................................................................................................93 Preos das terras nos Estados Unidos....................................................................................................................................................................94 Terras de lavoura Preos nos EUA .......................................................................................................................................................................96

MecanizaoCusto Operacional das mquinas agrcolas ...........................................................................................................................................................97 Custo hora-mquina, tratores e implementos .....................................................................................................................................................105 Mquina agrcolas automotrizes - Anfavea.........................................................................................................................................................113 Tratores em estabelecimentos agropecurios Anfavea ...................................................................................................................................114 Vendas Internas Anfavea .................................................................................................................................................................................115 Exportaes por Pas destino - Anfavea ...............................................................................................................................................................116

Indicadores EconmicosDlar oficial mdias mensais .........................................................................................................................................................................117 Dlar oficial (mensal) e Inflao Americana .....................................................................................................................................................118 Salrio Mnimo So Paulo ...............................................................................................................................................................................119 ndice Geral de Preos (IGPFGV) ndice contnuo e taxa mensal (%) ...............................................................................................................120

Culturas Abacate

Volume e preos de abacate e custo de produo de abacate ............................................................................................................................121 Produo brasileira de abacate e produo, rea, exportaes e importaes mundiais de abacate ................................................................124

Abacaxi

Volume e preos de abacaxi ................................................................................................................................................................................126 Custo de produo de abacaxi e produo brasileira de abacaxi ........................................................................................................................128 Exportaes brasileiras de abacaxi e suco de abacaxi e balano mundial de abacaxi ........................................................................................133

Acerola

Custo de produo de acerola .............................................................................................................................................................................135

AGRIANUAL 2012Alface

Volume e preos de alface e custo de produo de alface...................................................................................................................................137

Algodo

Produtividade do algodo vai crescer..................................................................................................................................................................139 Preos de algodo em caroo em SP, PR, MT, MS e GO e oferta e demanda brasileiras .....................................................................................144 Preos internacionais e oferta e demanda mundiais de algodo ........................................................................................................................146 Custo de produo de algodo e produo brasileira de algodo em pluma e herbceo ...................................................................................147 Produo brasileira de algodo arbreo e exportaes e importaes brasileiras de algodo ..........................................................................150 Balano mundial de algodo (em pluma) ............................................................................................................................................................153

Alho

Volume Comercializado, Preo, Sazonalidade/Preo Ceasas ...............................................................................................................................154 Custo de Produo ............................................................................................................................................................................................... 155 Produo brasileira de alho e importaes brasileiras de alho ...........................................................................................................................156 Produo, rea, exportaes e importaes mundiais de alho ...........................................................................................................................157

Ameixa

Custo de produo, volume, preos e sazonalidade de ameixa ..........................................................................................................................158

Amendoim

Preos de amendoim em casca em So Paulo e Paran e oferta e demanda mundiais ......................................................................................161 Produo brasileira, custo de produo e balano mundial de amendoim .........................................................................................................162

Arroz

A cadeia do arroz pede inovao .........................................................................................................................................................................165 Preos de arroz em casca em Gois e Rio Grande do Sul, So Paulo e Mato Grosso...........................................................................................170 Custo de produo de arroz sequeiro e irrigado e produo brasileira de arroz (em casca) ..............................................................................171 Importaes brasileiras e oferta e demanda brasileira de arroz .........................................................................................................................174 Produo e rea colhida mundiais de arroz em casca, oferta e demanda mundiais de arroz .............................................................................175 Balano mundial de arroz (brunido) ....................................................................................................................................................................176

Banana

Bananicultura no Planalto Paulista .....................................................................................................................................................................177 Os nematoides da bananeira no so invencveis ...............................................................................................................................................179 Volume e preos e exportaes brasileiras de banana ........................................................................................................................................181 Produo brasileira de banana ............................................................................................................................................................................183 Custo de Produo ............................................................................................................................................................................................... 184 Balano mundial de banana ................................................................................................................................................................................188

Batata

A cadeia da batata brasileira est se dissolvendo ...............................................................................................................................................189 Volume comercializado, Preo e Sazonalidade ....................................................................................................................................................192 Preos Ceasas, Importaes ................................................................................................................................................................................193 Produo Brasileira e rea colhida ......................................................................................................................................................................194 Custo de Produo ............................................................................................................................................................................................... 195 Produo Mundial e rea colhida/Export. e Import. Mundiais ...........................................................................................................................196 Preos na Bahia, em Nova York e exportaes brasileiras de cacau ....................................................................................................................197 Produo brasileira do cacau em amndoa e exportaes brasileiras de manteiga de cacau ............................................................................198 Custo de produo e balano mundial do cacau em amndoa ...........................................................................................................................199

Cacau

Caf

Boas perspectivas para o caf nos prximos anos...............................................................................................................................................201 Caf vai bem com macadmia ............................................................................................................................................................................204 Preos de caf em So Paulo e Esprito Santo......................................................................................................................................................206 Preos (Nova York para caf brasileiro, mercado futuro e indicador de preo composto) ..................................................................................208 Oferta e demanda brasileiras de caf e safra brasileira de caf..........................................................................................................................209 Produo brasileira de caf beneficiado e custo de produo de caf tradicional e conillon ..............................................................................210 Exportaes brasileiras de caf e oferta e demandas mundiais de caf..............................................................................................................215 Produo e balano mundiais de caf .................................................................................................................................................................216

Caju

Volume, preos e sazonalidade de caju e preos de castanha de caju no Cear .................................................................................................217 Custo de produo de castanha de caju, produo brasileira e exportaes brasileiras de castanha de caju ....................................................218

AGRIANUAL 2012Cana-de-acarClima e falta de investimentos reduzem oferta e inflacionam mercado de acar e etanol ...............................................................................221 Preos de cana-de-acar em SP e cana-de-acar em SP (Consecana) .............................................................................................................230 Preos de acar demerara em Nova York e oferta e demanda mundiais de acar ..........................................................................................232 Preos de acar cristal e lcool anidro e hidratado em So Paulo, preo de lcool em Alagoas e Pernambuco ...............................................233 Produo brasileira de cana-de-acar, acar e lcool e custo de produo de cana-de-acar ......................................................................237 Exportaes brasileiras de acar e lcool etlico; Produo, rea colhida, exportao e importao mundial .................................................244 Balano mundial de acar (cana e beterraba) ...................................................................................................................................................246

CanolaCusto de produo de canola...............................................................................................................................................................................247

CebolaVolume e preos, produo brasileira e importaes brasileiras de cebola ........................................................................................................248 Custo de produo de cebola...............................................................................................................................................................................250 Produo, rea, exportaes e importaes mundiais de cebola ........................................................................................................................252

CenouraCusto de produo de cenoura e volume, preos de cenoura..............................................................................................................................253

Citros - LaranjaGreening e custos altos pressionam a laranja .....................................................................................................................................................255 Volume e preos de laranja e preos na indstria em SP.....................................................................................................................................257 Preo de suco de laranja (Nova York) e oferta e demanda brasileiras e nos EUA de suco de laranja ..................................................................261 Produo brasileira de laranja e rea colhida ....................................................................................................................................................262 Custo de produo ............................................................................................................................................................................................... 263 Exportaes e importaes brasileiras de laranja, produo e plantio em So Paulo.........................................................................................265 Exportaes brasileiras de suco de laranja e balanos mundiais de laranja e de suco concentrado de laranja..................................................266

Citros - LimoVolume, preos de limo e exportaes brasileiras de limes e limas .................................................................................................................269 Produo brasileira de limo, custo de produo de limo, e balano mundial de limo ..................................................................................271

Citros - TangerinaVolume e preos de tangerina .............................................................................................................................................................................275 Custo de produo de tangerina convencional e de mesa e produo brasileira de tangerina ...........................................................................278 Plantio e produo em SP, exportaes e importaes brasileiras de tangerina e balano mundial de tangerina .............................................283

Coco-da-baaVolume e preos de coco-verde e coco-seco ........................................................................................................................................................285 Produo brasileira de coco-da-baa e custo de produo de coco-ano ............................................................................................................286 Exportaes e importaes brasileiras de coco e oferta e demanda mundiais de coco e leo de coco ...............................................................289 Balano mundial de coco (copra) e leo de coco .................................................................................................................................................290

FeijoPlantio do feijo depende do preo mnimo ........................................................................................................................................................292 Custo de produo de feijo e preos e sazonalidade de feijo carioquinha e feijo preto .................................................................................293 Produo brasileira, oferta e demanda brasileiras e importaes brasileiras de feijo ......................................................................................295

FloresCusto de produo de Calla (Zantedeschia sp) e exportaes e importaes brasileiras de flores de corte e folhagens .....................................297

FlorestaProduo e exportaes de produtos florestais ..................................................................................................................................................299 Plantio de eucalipto em qualquer escala garante renda .....................................................................................................................................300 Custo de produo de eucalipto ..........................................................................................................................................................................302

CeluloseExportao de papel ............................................................................................................................................................................................ 303

AGRIANUAL 2012GirassolProduo brasileira de girassol, preos CIF Roterd e oferta e demanda mundiais de girassol ..........................................................................304 Custo de produo de girassol e balano mundial de girassol.............................................................................................................................305

GoiabaVolume e preos de goiaba, custo de produo e produo brasileira de goiaba ...............................................................................................307

Hortifrutcolas

Volume comercializado Ceasas, Olercolas/Frutas/Hortalias - Produo ...........................................................................................................311 Exportaes brasileiras de hortifrutcolas, volume e preos comercializados......................................................................................................312 Curva de sazonalidade de frutas e hortalias ......................................................................................................................................................320

Ma

Volume e preos, produo brasileira e exportaes e importaes brasileiras de ma e suco de ma ..........................................................323 Custo de produo de ma e balano mundial de ma ....................................................................................................................................326

Mamo

Volume e preos de mamo e exportaes brasileiras de mamo ......................................................................................................................329 Produo brasileira e custo de produo de mamo hava e formosa e balano mundial de mamo................................................................331

Mandioca

Preos de mandioca em SP, PR e BA e custo de produo de mandioca ..............................................................................................................337 Produo brasileira de mandioca e exportaes brasileiras de farinha e fcula de mandioca ............................................................................340

Manga

Volume e preos de manga e exportao brasileira de manga ...........................................................................................................................342 Custo de produo de manga em SP e Petrolina e produo brasileira de manga .............................................................................................344

Maracuj

Volume e preos de maracuj ..............................................................................................................................................................................349 Custo de produo de maracuj irrigado e de sequeiro e produo brasileira de maracuj ...............................................................................350

Melancia Melo

Volume, preos, exportao, custo de produo, produo brasileira e balano mundial de melancia ..............................................................355

Volume, preos e exportaes brasileiras de melo ............................................................................................................................................359 Custo de produo de melo e produo brasileira de melo .............................................................................................................................361

Milho

Produo de milho ter novo recorde ..................................................................................................................................................................363 Preos em SP/PR/GO/RS, preos de milho verde e milho-pipoca, volume e produo brasileira de milho..........................................................368 Preos do milho em Chicago e em Portos Argentinos e custo de produo de milho ..........................................................................................373 Oferta e demanda brasileiras e mundiais de milho, importaes e exportaes brasileiras e balano mundial de milho ..................................388

Morango

Custo de produo de morango e volume, preos, importao de morango, balano mundial de morango .....................................................391

Nectarina Palmito Pepino

Custo de produo da nectarina e volume, preos, sazonalidade da nectarina ..................................................................................................393

Custo de produo de palmito, produo brasileira e exportao ......................................................................................................................396

Volume e preos e custo de produo de pepino .................................................................................................................................................398

Pssego

Volume e preos, produo brasileira de pssego e importaes brasileiras de pssego fresco e em calda.......................................................401 Custo de produo de pssego e balano mundial de pssego enlatado ............................................................................................................403

Pimento

Volume e preos de pimento e custo de produo de pimento........................................................................................................................408

AGRIANUAL 2012Seringueira

Preo da borracha natural em SP e da borracha crua (Nova York) e oferta e demanda brasileiras ....................................................................411 Produo e importaes brasileiras de borracha.................................................................................................................................................412 Custo de produo da seringueira .......................................................................................................................................................................413

Soja

A soja promete mais uma safra de bons ganhos .................................................................................................................................................415 Preos de soja em SP, PR, RS, MT, MS e GO e farelo e leo de soja em SP ...........................................................................................................420 Custo de produo de soja ...................................................................................................................................................................................425 Preos de soja, farelo e leo de soja no Porto de Paranagu; Chicago, Argentinos, Roterd e Golfo do Mxico ................................................437 Produo brasileira de soja, oferta e demanda brasileiras e mundiais de soja, farelo de soja e leo de soja .....................................................441 Exportaes brasileiras de soja em gro, farelo de soja e leo de soja ...............................................................................................................445 Balano mundial de soja, farelo de soja e leo de soja........................................................................................................................................448

Sorgo

Preo FOB do sorgo em portos argentinos e Golfo do Mxico e oferta e demanda mundiais de sorgo ..............................................................452 Custo de produo de sorgo safrinha, produo brasileira de sorgo e balano mundial de sorgo......................................................................453

Tomate

Volume e preos de tomate, produo brasileira de tomate e custo de produo de tomate.............................................................................456 Exportaes brasileiras de tomate e suco de tomate e importaes brasileiras de tomate ................................................................................461 Balano mundial de tomate .................................................................................................................................................................................462

Trigo

Mercado desanima o produtor de trigo brasileiro ...............................................................................................................................................463 Preos de trigo no PR e RS, preos em Chicago, produo brasileira de trigo e oferta e demanda brasileiras de trigo ......................................465 Importaes brasileiras de trigo e farinha de trigo e oferta e demanda mundiais de trigo ................................................................................467 Custo de produo de trigo e balano mundial de trigo ......................................................................................................................................468

Uva

Volume e preos de uva e produo brasileira de uva .........................................................................................................................................472 Custo de produo de uva....................................................................................................................................................................................475 Exportaes importaes brasileiras de uva e suco de uva e balano mundial de uva de mesa .........................................................................480

AGRIANUAL 2012

ndice de AnunciantesAbrasem .................................................................................................................................................................443 Agrale ......................................................................................................................................... Lmina Mecanizao AgroRevenda ............................................................................................................................................ Lmina Caf Allplant ...................................................................................................................................................................203 Arysta .....................................................................................................................................................................423 Basf.........................................................................................................................................................................313 BTS... ........................................................................................................................................................... ...3. Capa Bunge... .......................................................................................................................................... ...2. Capa e 3Pag Canal Rural ..............................................................................................................................................LminaCitrus Dow Agrosciences ..................................................................................................................................................427 Gerdau .................................................................................................................................................. Lmina Terras IBC Brasil .................................................................................................................................Lmina Biocombustvel IBC Brasil ................................................................................................................................................................229 John Deere ...............................................................................................................................................................99 Jornal da Cana ........................................................................................................................................................235 Monsanto ......................................................................................................................................... Lmina de Milho New Holland.................................................................................................................................. Lmina de Algodo New Holland...........................................................................................................................................................223 New Holland...........................................................................................................................................................417 Pionner ...................................................................................................................................................................365 Price Waterhouse Coopers.....................................................................................................................................419 Revista A Granja .....................................................................................................................................................431 Revista Cana Mix ....................................................................................................................................................227 Revista Cultivar grandes Culturas ...........................................................................................................................231 Revista Cultivar HF ......................................................................................................................... Lmina Horti-Fruti Revista Cultivar Mquinas ......................................................................................................................................107 Revista DBO Agrotecnologia ..................................................................................................................................451 Revista Dinheiro Rural ................................................................................................................................. 378 e 379 Revista Panorama Rural .....................................................................................................................Lmina de Arroz Revista Rural...........................................................................................................................................................369 Syngenta.................................................................................................................................................. Lmina Cana Syngenta................................................................................................................................................... Lmina Soja Syngenta.................................................................................................................................................................421 Valmont ..................................................................................................................................................................225

AGRIANUAL 2012

Oferta de alimentos no crescer apenas com tecnologia agrcolaSolues isoladas vindas da qumica, da biologia, da gentica e da engenharia das mquinas e equipamentos no resolvero o problema. O Pas precisa comear a discutir as tecnologias convergentesO mundo vive um perodo de instabilidade na produo e oferta de alimentos, entre tantas outras incertezas. Preos altos e volteis atraem ateno, mas preos baixos e tambm volteis so igualmente problemticos. A rpida e acentuada variao das cotaes cria um ambiente de dvidas e riscos para produtores, comerciantes, consumidores e governos. E pode trazer grandes prejuzos ao setor agrcola, segurana alimentar e economia, tanto nos pases industrializados quanto nas economias em desenvolvimento. Tais afirmaes constam do relatrio publicado em junho de 2011 pela Organizao para Cooperao e Desenvolvimento econmico (OCDE) em conjunto com a Organizao das Naes Unidas para Agricultura e Alimentao (FAO). O documento traa um panorama com previses para o decnio 2011-2020. As projees do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) para 2020, divulgadas em fevereiro de 2011, no so muito diferentes. As cotaes das commodities subiram consideravelmente em agosto de 2010 em resposta queda da produo agrcola de regies-chave. Com estoques baixos, a oferta encolheu, mas a demanda continuou aquecida pela retomada do crescimento dos pases desenvolvidos e das economias emergentes. Assim, o perodo de alta volatilidade nos mercados de commodities agrcolas entrou no quinto ano consecutivo. Vrias previses econmicas apostam que os preos de todas as commodities, em termos nominais, sero maiores em 2020 que na dcada anterior. Em termos reais, h perspectiva de alta de 20% para o milho e 15% para o arroz, com o trigo permanecendo nos valores mdios atuais. A carne de frango deve subir mais de 30%; a suna, nos mercados do Pacfico, em torno de 20%; e a bovina at 18%. Os preos das carnes so ajustados de acordo com o aumento das matrias-primas. As cotaes de acar,10

arroz, oleaginosas e trigo devero subir menos, em comparao aos valores das trs dcadas passadas, do que algumas carnes, milho e produtos lcteos. Preocupao mundial O risco dos preos altos e volteis para a segurana alimentar um tema de grande importncia para os governos. As discusses do G20 em Seul (Coreia do Sul) em novembro de 2010 deixaram clara a preocupao. Isso tambm ficou evidente nas propostas de aes consideradas no encontro de ministros de agricultura em Paris (Frana),em junho de 2011. O que comanda a volatilidade dos preos so as incertezas quanto ao futuro, que impedem a elaborao de previses confiveis. Acadmicos, cientistas, agentes de mercado, lderes de fruns internacionais e dirigentes de pases de peso nas decises internacionais no conseguem chegar a um consenso. Na maioria das vezes, a avaliao de cenrios e o entendimento existente inibem a busca de solues com potencial concreto para sair das crises e, o que seria melhor, para evit-las. Obter consensos internacionais sempre foi essencial, no s para prever, como tambm para construir futuros. O mundo atual v-se prostrado pelo imobilismo ou por solues de curto prazo, que muitas vezes se mostram contraditrias e at desastrosas em perodos mais longos. Em vez de aliviar as crises, a interveno dos governos e dos agentes econmicos acaba por agrav-las, alimentando ineficcias. No af de aumentar a ordem, amplia-se o caos. A acentuada instabilidade dos preos dos produtos agrcolas tem origem em vrios fatores e incertezas. Destacam-se o tempo e as mudanas climticas, os nveis dos estoques, os preos da energia, a presso sobre os recursos naturais, humanos e financeiros, as taxas de cmbio, a crescente demanda mundial, liderada pelos pases emergentes, as restries comerciais e a grande especulao.Informa Economics FNP

Velhos e novos problemas Em mbito mundial, h trs grandes problemas ainda sem soluo. O mais antigo o da fome. Mais recentes so as questes da governana mundial e do ambiente. H um quarto problema, decorrente do crescimento populacional e da emergncia de novos consumidores, que adotam padres de consumo de pases industrializados. Trata-se da demanda crescente de energia, um problema que , ao mesmo tempo, novo e antigo. O modelo baseado em alimento e energia baratos est na pauta de discusso, tanto no Brasil quanto nos fruns internacionais. A soluo para a fome no depende apenas da produo de alimentos. Tem de envolver a disponibilidade e o acesso a estes. Os alimentos, com quantidade e qualidade satisfatrias, tem de estar acessvel a todos que dele necessitam, seja mediante preos ou polticas sociais. O equacionamento da governana mundial passa pelo entendimento entre povos e pases, e pela construo e reforma de organismos e arranjos internacionais capazes de representar a vontade democrtica desses povos e pases, e de operar solues prticas. Tais instituies tm de, por exemplo, diminuir e at eliminar a fome e a subnutrio, que atinge um stimo da humanidade, 1 bilho de pessoas, segundo a FAO. Ainda na questo da governana, o cenrio atual exige a incluso de uma srie de matrias nas plataformas das instituies. As mais prementes so a imprevisibilidade de eventos, os temas complexos, o diagnstico do crescente aumento de crises e a participao de mltiplos parceiros, alm da contnua busca por eficincia e conformidade. Dar cabo de tarefa desse porte exigir que cada pas assuma sua responsabilidade perante os demais. Mais do que governo, preciso governana para administrar no s a dimenso vertical da autoridade, mas tambm a horizontal, que se refere inteligncia e ao poder coletivos emanados da sociedade.+55 11 4504-1414 www.informaecon-fnp.com

AGRIANUAL 2012Furos no dique Outra face do desafio nacional e global consiste em encontrar solues ambientalmente sustentveis, que permitam conciliar desenvolvimento e conservao dos recursos naturais. A comunidade cientfica tem manifestado sucessivos alertas quanto aos limites crticos de explorao dos recursos do Planeta. Vrios indicadores ambientais j atingiram o ponto crtico. Isso significa que preciso reconhecer a capacidade limitada da Terra. O planeta um sistema socioambiental que tem restries para responder de maneira elstica s presses e estresses sobre os recursos naturais. As demandas humanas j estariam ultrapassando o potencial da Terra. Essa caracterstica do Planeta recebe os nomes de biocapacidade, resilincia ou pegada humana. Resilincia um termo emprestado da Fsica, que se refere capacidade de um sistema de absorver presses e retornar ao estado anterior depois de um determinado tempo. H indicadores que permitem medir ou estimar a resilincia de um sistema. No caso da Terra, os indicadores globais j teriam atingido os limites crticos. So estes: taxa de perda da biodiversidade, mudanas climticas e ciclos de fsforo e nitrognio. O sistema atingiu uma condio inelstica, que no permite retornar ao estado inicial por conta prpria. E j estaramos nos aproximando dos limites crticos de outros indicadores, como uso de gua potvel, alteraes do uso do solo, acidificao dos oceanos e poluio qumica. A presso para viabilizar atividades agropecurias, florestais e agroenergticas tem-se intensificado ao longo do tempo. O indicador terra agricultvel per capita uma evidncia disso. Diz a FAO que em 1950 havia 5.100 m2 de rea agricultvel para cada um dos 2,8 milhes de habitantes do Planeta. Em 2000, com uma populao de 6 bilhes de pessoas, o indicador era de 2.700 m2/ hab. Em 2050, quando haver 9 bilhes de seres humanos, apenas 2 mil m2/hab. estaro disponveis para a agricultura. No Brasil, dados recentes atestam que as atividades agropecurias, florestais e agroenergticas esto consumindo mais de 60% da gua utilizada. Ao mesmo tempo, esto gerando quase 60% dos resduos slidos produzidos no Pas, que j se tornou o maior utilizador de agroqumicos do mundo.Informa Economics FNP +55 11 4504-1414

Sistemas complexos, tecnologias convergentes A revoluo verde, no sculo passado, impediu a concretizao das previses catastrficas de Thomas Malthus. Mas o progresso das tecnologias agrcolas dos ltimos 2 sculos se baseou no conhecimento de reas isoladas da Cincia. A Qumica, a Biologia, a Gentica e a Engenharia das mquinas e equipamentos foram aplicadas separadamente, sem integrao entre si. Combinada escassez cada vez maior de recursos naturais, a crescente demanda de alimentos e energia requer uma segunda revoluo verde. Mas desta vez ter de ser muito mais verde, no sentido da preservao ambiental, e socialmente muito mais inclusiva. Em outras palavras, ter de ser sustentvel segundo as ticas social, econmica e ambiental. O ingrediente bsico de uma possvel revoluo agrossocioambiental depender do trabalho inter e transdisciplinar, cerne das tecnologias convergentes. Novos modelos podero ser propostos nos prximos 15 anos, graas s sinergias inditas da interao dos quatro pilares fundamentais: tomos, bits, genes e neurnios, com as respectivas cincias e tecnologias convergentes da derivadas. O Brasil j dispe de inovaes resultantes de tecnologias convergentes, mas praticamente ainda no debateu o tema. Os Estados Unidos j o fizeram em 2002, a Unio Europeia em 2004 e a China em 2007. O Pas e o mundo no podem prescindir do que h de novo, explorando os potenciais e as sinergias propiciadas pela aplicao de nanotecnologia, cincias cognitivas, biotecnologia e tecnologia da informao. No racional acreditar em re-

solver os grandes problemas, novos e antigos, se a cincia e a inovao no forem usadas nos seus limites mximos. Com apoio de slidos programas de educao, permitiro explorar o melhor que tm a oferecer. H dvidas bsicas, carentes de investigao cientfica, que resultam em incertezas futuras e causam volatilidade dos preos. Exemplo de complexidade, com alto interesse prtico, a compreenso do aquecimento global, das mudanas climticas e de sua influncia na produo agrcola. Compreender mais para temer menos Recentes publicaes cientficas mostram um grande nmero de dias em que as manchas solares estiveram ausentes. As manchas so regies de menor temperatura na superfcie solar. Viu-se, nos ltimos tempos, o Sol mais calmo j observado em quase um sculo. Existe uma associao entre a falta de manchas solares e o clima terrestre. No perodo denominado mnimo de Maunder, entre os sculos 17 e 18, ocorreu uma pequena era do gelo. Descobertas cientficas recm-publicadas por astrofsicos a partir de medidas experimentais obtidas pelo Solar Dynamics Observatory tm potencial para mudar paradigmas cientficos relativos compreenso da influncia do Sol no clima do Planeta. Lanada pela NASA em fevereiro de 2010, a sonda-telescpio j permitiu fazer algumas descobertas sobre a radiao ultravioleta do astro. Tais radiaes podem causar mudanas na ionosfera terrestre, bem como na termosfera, em diferentes escalas de tempo. Portanto, para melhorar as previses sobre o futuro do

Figura 1. Os pilares das tecnologias convergentesTecnologia de Informao Bits Tecnologias Convergentes Neurnios Cincias Cognitivas tomos Nanotecnologia Genes Biotecnologia

Fonte: Adaptado de Nacional Science Foundation NSF/DOC Report, 2003

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AGRIANUAL 2012clima na Terra preciso continuar monitorando o Sol, e no apenas as emisses dos gases que causam efeito estufa. Madame Curie, no incio do sculo passado, afirmou que nada na vida deve ser temido, somente compreendido. Agora hora de se compreender mais, para se temer menos. Dentre as questes ainda no satisfatoriamente respondidas pela Cincia, est a de saber o que mais importante como causa das mudanas climticas: as atividades antrpicas ou as solares. Seria heresia perguntar se estaramos vivendo, na idade contempornea, uma verso do dilema medieval entre heliocentrismo e geocentrismo, na qual o ultimo foi trocado por antropocentrismo? Esse o contexto em que se apresentam os conceitos de sistemas complexos e tecnologias convergentes. A Figura 1 mostra sua aplicao, do ponto de vista dos cenrios da produo de alimentos e da sustentabilidade. Pesquisa e inovao podem mudar o mundo A cincia agrcola brasileira tem provado que se pode atingir um novo patamar de desenvolvimento sustentvel no campo. Um dos pilares do sucesso da agricultura nacional foi o emprego do conhecimento e a prtica da inovao tecnolgica e institucional. O conhecimento, como se fosse um chip de computador, pode ser embutido ou incorporado numa semente, conferindo a esta certos diferenciais, como ganhos de produtividade, que a tornam competitiva no mercado. Parmetros ambientais de sustentabilidade dos sistemas de produo podero tambm ser incorporados pela pesquisa e inovao, medida que se tornem relevantes. Ser possvel controlar o ciclo de vida do produto, o consumo de gua da lavoura (pegada hdrica), as emisses de gases de efeito estufa, o consumo de energia, a taxa de perda de biodiversidade e outros aspectos desejveis. Cincia e inovao, polticas pblicas apropriadas e gesto competente das propriedades rurais foram aplicadas e incorporadas aos ecossistemas tropicais. Foi assim que o Brasil conseguiu revolucionar silenciosamente a agricultura, produzindo uma segunda colheita, a safra tropical. A competitividade dos produtos agrcolas brasileiros expressa o resultado da aplicao de cincia e inovao. Comparando as safras 2003/04 e 2010/11, observa-se que a produo tem crescido praticamente na mesma rea, com pequenas oscilaes. Os ganhos de produtividade tm sido crescentes. Com o rendimento por hectare de poucas dcadas atrs, a produo hoje obtida exigiria o dobro da rea de plantio. Novas fronteiras teriam de ser abertas e ecossistemas mais frgeis teriam sido destrudos. Portanto, o ganho de produtividade resultou em ganho ambiental, no sentido de ter evitado tal avano. A engenharia de sistemas complexos Para efeito de projeo, imagine-se dois cenrios possveis e opostos para o campo, incorporando os efeitos da revoluo verde e da revoluo tropical. Um deles prev um novo ciclo de progresso da agricultura, com crescentes aumentos de produtividade acompanhados de ganhos sociais e ambientais. O outro supe um desequilbrio no trinmio economia, sociedade e ambiente, que levar degradao dos sistemas de produo. No primeiro cenrio, ser alcanado um novo equilbrio, com a maximizao da sustentabilidade dos sistemas de produo do campo. o que denominamos revoluo agrossocioambiental. O uso das tecnologias convergentes ser fundamental para sua efetivao. Isso exigir a criao da engenharia de sistemas complexos. Ao contrrio da engenharia de sistemas hoje existente, a de sistemas complexos lidar com sistemas de sistemas. Estes tero muitas variveis, formando complexas redes cientficas, sociais e de mercado. Em Cincia, isso significa lidar com no-linearidades, incertezas e sistemas caticos. Inter e transdiciplinaridade so necessrias, pois a nova engenharia buscar explorar a interao entre variveis, atenta s sinergias decorrentes, para otimizar os sistemas. Na lgebra linear, 2+2=4; as interaes no-lineares, porm, podem produzir resultados sinrgicos maiores ou menores que 4. Otimizar sistemas complexos significa maximizar resultados. No segundo cenrio, a sustentabilidade e o progresso da agricultura seriam inviveis. Em consequncia do ambiente catastrfico, o espectro de Malthus, triunfante, voltaria a assombrar a humanidade. Essa a razo da necessidade de se evitar, conscientemente e a todo custo, a efetivao de to devastador panorama. Na revoluo verde, a tecnologia fez a diferena. Poder faz-lo novamente, mas desta vez ter de lanar mo de outros ingredientes. So eles: as tecnologias convergentes, a engenharia e gesto de sistemas complexos e a construo da agrossociotecnologia, na qual a produo agrcola ter como alicerce a sinergia harmnica do homem com a natureza. Cincia, tecnologia e inovao so ferramentas que permitem mudar paradigmas. A opo por qual delas depende das circunstncias em que se pretende fazer a diferena e de quem ser o beneficirio. A escolha e a tomada de deciso so atributos do homem. Sero certas ou erradas em funo de seu julgamento. O importante que existem opes. E boa parte destas provm da tecnologia e do conhecimento.

Pesquisador e ex-presidente da Embrapa

Silvio Crestana

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Diplomacia agrcola brasileira ter muito trabalho em 2012Produo do campo e segurana alimentar esto na pauta de vrios eventos mundiais, ao lado da questo ambientalO ano de 2011 foi marcado por um cenrio internacional agitado. Muitos acontecimentos tm dimenso histrica e causaro impactos na agricultura brasileira. Este artigo enfoca os eventos que podero refletir no comrcio mundial, afetando o Brasil, e delineia algumas reflexes e expectativas para 2012, quando a diplomacia agrcola brasileira entrar em uma nova era. Causaram surpresa a muitos, as revolues no mundo rabe, que vm ocorrendo desde o incio de 2011. Regimes ditatoriais instalados h dcadas comearam a ruir um aps o outro, derrubados por movimentos populares que foram reunidos sob o nome de Primavera rabe. As contestaes foram motivadas por fatores socioeconmicos, com maior ou menor influncia externa, segundo as peculiaridades de cada caso. Mas todas expressaram a ansiedade por mudanas polticas diante de um quadro crescente de falta de oportunidades para seu povo e pela represso. A regio ainda vive em meio a intensa instabilidade, mas a populao tem o desejo de estabelecer sistemas democrticos de governo. Estes, uma vez constitudos, enfrentaro o desafio de promover a estabilidade social, poltica e econmica. O resultado das aes dos novos governos ter forte impacto na paz e na segurana, tanto em mbito regional quanto internacional. As perturbaes criaram um ambiente de incerteza no norte da frica e no Oriente Mdio, ameaando alguns investimentos brasileiros. Foi afetado o comrcio do Brasil com essas regies, que se expandia com vigor. Agora as exportaes brasileiras vm sendo destinadas a outros pases, nos quais h maior estabilidade poltica. Se as indefinies persistirem por muito tempo, pode haver uma deteriorao das relaes econmicas brasileiras com os pases em conflito no mundo rabe. Um fato significativo, resultado dos eventos, foi a postergao da terceira cpula Amrica do SulPases rabes (Aspa), que seria realizada em Lima (Peru), no incio deInforma Economics FNP +55 11 4504-1414

2011. O encontro seria a base para o aprofundamento maior das relaes econmicas e polticas entre os dois blocos, mas teve de ser adiado e continua sem data definida. A regio permanece ainda conturbada e outros processos ocorrendo atualmente devem ser acompanhados atentamente pelo Brasil, uma vez que colocam em risco seus interesses econmicos e polticos. Dentre estes, destacam-se: a) o desenrolar da solicitao de reconhecimento do estado palestino junto ONU; b) o agravamento das relaes da Turquia com Israel; c) a instabilidade na Sria; e d) as crescentes tenses entre o Ocidente e o Ir. Estudos estratgicos das empresas do agronegcio brasileiro precisam avaliar cuidadosamente os potenciais resultados dos fatos mencionados. A frica e a agenda desenvolvimentista da agricultura brasileira O continente africano vem despontando aos olhos da comunidade internacional como uma mina de ouro a ser explorada, sobretudo na agricultura. Mas ainda h muitos problemas que requerem soluo; urgente, em alguns casos. Ainda sob a sombra da crise alimentar de 2007/08, a fome assolou em 2011 a regio conhecida como Chifre da frica (Djibuti, Eritria, Etipia e Somlia) e seus arredores. H mais de 12 milhes de famintos na Etipia, Qunia e Somlia. Mais uma vez, constata-se a vulnerabilidade desses pases e a incapacidade da comunidade internacional para lidar com essa grave questo, que ser cada vez mais frequente. O novo diretor-geral da Organizao das Naes Unidas para Alimentao e Agricultura (FAO), o brasileiro Jos Graziano da Silva, ter muito trabalho quando assumir o posto, em 1 de janeiro de 2012. Trata-se do primeiro latino-americano a ocupar o cargo mais elevado da instituio. O fato representa uma conquista da diplomacia nacional, mas aumentar as responsabilidades do Pas. Um item prioritriowww.informaecon-fnp.com

de suas atividades de diplomacia agrcola ser o engajamento das experincias brasileiras nos programas de desenvolvimento global da agricultura e da segurana alimentar. A criao pacfica da Repblica do Sudo do Sul (capital Juba), em julho, foi outro acontecimento histrico. O mais novo estado do continente africano conta com extraordinrio potencial agrcola e reservas petrolferas, mas tambm tem problemas de vulto. Em primeiro lugar, ter de alcanar a estabilidade poltica e militar, que ser necessria nas relaes com a nao do norte, em Cartum, e internamente, com os grupos rebeldes. Depois ter de transformar em lavouras de alimentos seus frteis campos, hoje semeados de minas em decorrncia de 4 dcadas de guerra civil. O pas est sob acentuada insegurana alimentar, com 51% da populao vivendo abaixo da linha da pobreza. A maioria dos 8 milhes de habitantes do Sudo do Sul (83%) reside em reas rurais. A agricultura a opo mais vivel para reduzir a dependncia da exportao de petrleo. Atualmente, os recursos fsseis correspondem a 98% da riqueza do pas. O Brasil pode ter um papel chave, contribuindo para melhorar as relaes entre Juba e Cartum, e auxiliando no desenvolvimento da agricultura sul-sudanesa nos prximos anos. Investimentos, transferncia de tecnologias e a adaptao destas s condies locais reforariam o compromisso desenvolvimentista da agricultura brasileira, levado adiante pela crescente presena da Embrapa no continente africano. Exemplo disso a tecnologia de produo de etanol de cana-de-acar, que j mostra resultados positivos no vizinho do norte, a Repblica do Sudo. A agenda multilateral do clima e do desenvolvimento sustentvel A seca no Chifre da frica e as inundaes no Paquisto confirmam o cenrio previsto de crescentes instabilidades do clima. A despeito do forte impacto social e econmico das ca13

AGRIANUAL 2012tstrofes, h um marasmo generalizado nas negociaes multilaterais sobre mudanas climticas. Existe at risco de retrocesso na conferncia da ONU sobre o clima que ter lugar em Durban (frica do Sul), no final do ano. Parece estar cada vez mais distante o propsito da reunio de obter um acordo para substituir o agonizante Protocolo de Quioto, que expira em 2012. Est sendo preparada a Conferncia das Naes Unidas sobre Desenvolvimento sustentvel (Rio+20), que ocorrer em junho de 2012 no Rio de Janeiro. Os temas principais do evento so a economia verde e a reforma da arquitetura ambiental da ONU. O sucesso da Rio+20 depender muito da liderana do Brasil. A reunio servir como plataforma para projetar experincia brasileiras, como as da agricultura. Diversas tecnologias agrcolas desenvolvidas no Brasil poderiam ser compartilhadas com o mundo todo. Ajudariam pases mais vulnerveis a melhorar a capacidade de adaptao, reduzindo o risco de adversidades climticas no futuro. Mas os resultados obtidos e a imagem do Brasil como lder em desenvolvimento sustentvel esto estreitamente ligados a avanos mais expressivos e duradouros na reduo do desmatamento da Amaznia. Sem defender nem criticar setor algum, foroso reconhecer a importncia de tais avanos. So necessrios no s para preservar o futuro do Pas, mas tambm para legitimar os potenciais benefcios da agricultura sustentvel brasileira, firmando essa imagem junto comunidade internacional. Em 2012, a ONU celebra o Ano Internacional do Cooperativismo. Espera-se que o governo e as cooperativas brasileiras, especialmente as agrcolas, explorem a oportunidade para divulgar a importncia do associativismo e promovam o intercmbio de experincias do setor com o mundo. O fracasso de Doha e o risco de mudana de foco no comrcio internacional H um clima de apatia nas negociaes da rodada de Doha da OMC, que pode deixar o comrcio internacional desnorteado. Isso representa um alto risco, em vista do agravamento da crise econmica mundial, pois haveria impactos ainda maiores. Recentemente, o diretor-geral da OMC comentou que, se ocorrer desmantelamento da rodada, os estados-membros fariam acordos em reas14

especficas separadamente, em vez de um pacote nico envolvendo todos os temas. Os pases ricos tentam mudar o rumo das negociaes, exigindo a reciprocidade dos emergentes, como o Brasil, em termos de concesses tarifrias a produtos manufaturados, nos quais so muito competitivos. Houve pouco progresso no que diz respeito agricultura, objetivo original da rodada que teve incio em 2001. Para piorar, cresce a tendncia de que os pases desenvolvidos engrossem a pauta de discusses com outros assuntos, como clima, ambiente, recursos naturais e energia. No momento, isso no facilita a concluso das negociaes dos temas tradicionais. A entrada da Rssia para a organizao, que ser debatida na reunio ministerial em Genebra (Sua) em dezembro, seria uma conquista. Poderia beneficiar o Brasil, pois h expectativa de que os russos venham a se juntar ao grupo dos pases do sul, inclusive ao G20 agrcola. O encontro ministerial tambm pode abordar as restries exportao de produtos agrcolas, questo j levantada no mbito do G20. O plano de ao da primeira reunio de ministros de agricultura do bloco tratou da iseno de restries exportao de alimentos destinados a aes humanitrias do Programa Mundial de Alimentao. A crise dos poderosos e o futuro das polticas agrcolas dos EUA e da Unio Europeia Outro fato marcante de 2011 foi o aprofundamento da crise econmica e social dos Estados Unidos, com a maior taxa de pobreza desde 1983. O encolhimento da economia americana levaria o mundo a enfrentar um perodo de instabilidade ainda maior, independentemente da capacidade do pas de resistir a choques externos. O Japo entra na terceira dcada de baixo crescimento econmico, com um nmero recorde em sua histria recente: seis primeiros-ministros em apenas 5 anos. Alguns economistas dizem que a crise japonesa uma amostra do que poder ocorrer em todo o mundo. Para piorar, a Europa assiste com certa prostrao ameaa de derretimento da zona do euro, com os pases mergulhados em gigantescas dvidas externas. Est em risco o futuro do projeto histrico de integrao europeia. A instabilidade econmica no Velho Continente se traduz em graves problemasInforma Economics FNP

para o agronegcio brasileiro, que aumenta a dependncia das exportaes para a China. As incertezas da economia tero impacto nas polticas agrcolas americana e europeia. Haver reformas na Farm Bill e na Poltica Agrcola Comum em 2012, que ser tambm ano de eleies nos EUA e na Frana. A crise alimentar mundial tem servido para camuflar o aumento da produo de alimentos da Unio Europeia, com pesados subsdios, que sero apenas parcialmente exportados para pases pobres. Isso no teve a ateno que merecia, e deveria ser questionado pelo Brasil. A China se consolida como o maior parceiro econmico do Brasil A China continua crescendo, criando oportunidades e acenando com problemas. At o momento, o agronegcio brasileiro tem-se beneficiado com a demanda do gigante asitico, mas h muito trabalho a fazer. O primeiro diz respeito to falada diversificao da pauta de exportaes. Em abril de 2011, na reunio do Bric (Brasil, Rssia, ndia, China e agora tambm frica do Sul), a presidente Dilma Rousseff conquistou a abertura parcial do mercado chins de carne suna. Foi uma grande conquista, que no se obteve na Unio Europeia, pois o lobby do setor tem grande influncia em Bruxelas e evita a entrada do Brasil. A China tem uma extraordinria demanda de alimentos, tanto efetiva quanto potencial, e o Brasil poder supri-la em boa parte. Mas concentrar as exportaes em um s pas no uma boa estratgia. Assim mostram nossos erros do passado, cuja repetio deveria ser evitada. Em setembro, durante a visita ao Brasil do ministro de Relaes Exteriores da Argentina, retomou-se o assunto de um acordo de livre comrcio MercosulChina. No causaria espanto se isso ocorresse antes mesmo do esperado acordo MercosulUnio Europeia, dificultado pela crise econmica e pelo cenrio poltico atual no Velho Continente. Um acordo com a China requer o estabelecimento, por parte do Paraguai, de relaes diplomticas com o gigante asitico. O governo paraguaio comea a discutir o tema ainda este ano, e provavelmente em breve dar as costas para Formosa (Taiwan), pois a China considera aquela ilha parte de seu territrio. A ideia de uma eventual reunio de cpula da Unio Sul-Americana de Naes (Unasul)+55 11 4504-1414 www.informaecon-fnp.com

AGRIANUAL 2012com a China poderia avanar. H outros temas a discutir, alm da rea econmica, que contribuiriam para cimentar as relaes com o pas asitico. O Brasil deveria tambm estar mais ativo nos programas de intercmbio com a China, para criar um estoque intelectual e acadmico conhecedor do pas. Uma nova lei poderia ser proposta, para garantir que uma parte dos estudantes e profissionais recm-formados brasileiros l efetuassem um perodo de seus estudos e pesquisas. O G20, nova rea de atuao da diplomacia agrcola brasileira O G20 procurou firmar-se por mais um ano como principal instncia de discusso dos problemas econmicos e financeiros globais, num ambiente de mudanas e com ameaa de nova crise. A presidncia francesa estabeleceu seis temas prioritrios em 2011: continuar a reforma do sistema monetrio internacional, promover a regulao financeira, combater a volatilidade de preos das commodities, apoiar a criao de empregos, reforar a dimenso social da globalizao, combater a corrupo e trabalhar em favor do desenvolvimento. Dois desses tpicos so de interesse da agricultura: a volatilidade dos preos das commodities e os investimentos em produo de alimentos e segurana alimentar, estes ligados ao pilar de desenvolvimento do grupo. A primeira reunio de ministros de agricultura do G20 ocorreu em Paris, em junho. Na ocasio, adotaram um plano de ao a ser endossado pelos lderes em novembro, no encontro de cpula do grupo. O plano aborda volatilidade de preos e aumento da transparncia dos mercados de produtos agrcolas e de alimentos, e inclui a criao de um Sistema de Informao do Mercado Agrcola (AMIS, sigla em ingls). J implementado, o AMIS tm sede na FAO e servir para monitorar o fornecimento e o estoque de alimentos no mundo. Contudo, alguns membros do grupo consideram o tema sensvel, por tratar-se de informaes estratgicas, o que poderia dificultar grandes avanos no tema. O plano de ao do G20 para agricultura tambm se estende a medidas para aumentar a produtividade de alimentos, tendo ainda iniciado a discusso sobre a regulao de mercados financeiros que afetam os preos agrcolas. Em setembro realizou-se a primeira reunio de centros de pesquisa agrcola, em Montpellier (Frana), com o objetivo de melhorar a coordenao de tais atividades visando segurana alimentar mundial. No mesmo ms, em Washington (EUA), teve lugar a primeira reunio de ministros de desenvolvimento e em outubro, outro encontro realizado em Paris. Os resultados do intenso trabalho da presidncia francesa do G20 sero apresentados na reunio de cpula de Cannes (Frana), em novembro. A prxima presidncia ser ocupada pelo Mxico, em 2012. A Rssia candidata ao posto para 2013. Acredita-se que ambos daro continuidade s discusses, iniciadas este ano, sobre agricultura e segurana alimentar, talvez com diferentes perspectivas, e gerando muito trabalho para a diplomacia agrcola brasileira.

Engenheiro agrnomo, especialista em assuntos agrcolas

Adriano Jos Timossi

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O mundo precisar cada vez mais do campoPara atender s necessidades da crescente populao mundial, a agricultura ter de produzir mais alimentos, fibras e energia, conservando os recursos naturaisA despeito de todas as crises e dificuldades econmicas dos ltimos anos, o mundo cresce com pressa, ainda que nem sempre de forma justa. J somos 7 bilhes de pessoas no planeta, segundo o Fundo de Populaes das Naes Unidas. E seremos em torno de 9 bilhes em 2050. Como era de se esperar, a maior parte do crescimento no ocorrer em regies industrializadas. Por diversas razes, as taxas de natalidade so mais altas nos pases em desenvolvimento. Ao mesmo tempo, a populao desses pases vem mudando sua dieta e consumindo mais protena animal, como resultado da maior afluncia econmica. O impacto da mudana claro: so necessrias vrias unidades de protena vegetal para produzir uma unidade de protena animal. O crescimento da populao, que aumenta o consumo de protena, permite prever a necessidade de dobrar a produo de gros do Planeta nos prximos 40 anos. Paradoxalmente, o nmero de pessoas famintas no mundo no est diminuindo, e sim aumentando. J chega a 1 bilho, segundo a Organizao das Naes Unidas para Agricultura e Alimentao (FAO). No parece um bom comeo. A agricultura tem fornecido tambm energia alternativa, como o etanol de cana-de-acar e de milho, e o biodiesel. E poder fornecer matrias-primas para muitos outros produtos que atualmente so feitos com derivados de petrleo, como os plsticos. Contudo, h limitaes no lado da oferta. Em vrias partes do Planeta a rea plantada diminui, seja em razo da urbanizao e industrializao ou da exausto dos solos e recursos hdricos. E a taxa de crescimento da produtividade de vrias culturas tem sido menor nos ltimos anos. Para completar, fenmenos climticos afetam a oferta de produtos de vrios pases, reduzindo os estoques disponveis para consumo. Junte-se a isso a necessidade concreta de preservao dos recursos naturais. No se pode hipotecar o futuro das prximas geraes para resolver as necessidades atuais. preciso fazer cada vez mais, com cada vez menos. Produzir mais e conservar mais se traduz em sustentabilidade. O papel do Brasil O mundo inteiro reconhece que o Pas tem uma posio de destaque nesse desafio. De importador de alimentos no incio da dcada de 1970, o Brasil passou a ser um dos maiores produtores mundiais e fornecedor essencial de vrios itens. Essa transformao indica a frmula para que o mundo consiga resolver a equao para alimentar 9 bilhes de pessoas. O desafio de produzir mais e ao mesmo tempo conservar mais s pode ser vencido com tecnologia. Para construir um futuro sustentvel, preciso ajudar os produtores rurais, independentemente do porte da propriedade, a colher mais na mesma rea, usando menos gua e menos energia. E o aumento da produtividade se d pela adoo de tecnologia. Assim tem sido e continuar a ser, de forma cada vez mais rpida. O Brasil tem caminhado a passos largos nessa direo. A estabilizao da economia e das instituies, o respeito propriedade intelectual e a legislao incentivam empresas a investir em pesquisa e desenvolvimento, capacitao e extenso. No campo, isso tem um efeito multiplicador e, mais uma vez, sustentvel. Infelizmente, h um debate conflituoso opondo lados que poderiam estar juntos para buscar a construo de um futuro melhor para o Pas e para o mundo. Conservacionistas, agricultores, empresas e organizaes no-governamentais poderiam constituir um espao muito positivo. Desperdiar essa oportunidade imperdovel. Vrias empresas tm contribudo para vencer o desafio. Aplicando tecnologia agricultura, a Monsanto se prope a produzir e conservar mais, melhorando vidas. A biotecnologia aplicada a algodo, milho e soja tem o objetivo de propiciar maiores colheitas, com reduo do uso de insumos como gua, leo diesel e inseticidas. Sua combinao com sementes de maior potencial permite aumentar a produtividade do campo. Essa a frmula que permitir alimentar, vestir, e transportar 9 bilhes de pessoas na metade do sculo.

Presidente da Monsanto do Brasil

Andr Dias

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H muita terra para produzir alimentos e energiaSem avanar um palmo sobre reservas legais e reas protegidas, o Brasil tem espao de sobra para fornecer boa parte dos alimentos, fibras e energia que o mundo consumir em 2050Um dos maiores desafios para a humanidade nas prximas dcadas ser o equilbrio entre a oferta de alimentos e o uso sustentvel dos recursos naturais. A Organizao das Naes Unidas para Agricultura e Alimentao (FAO) tem divulgado consistentes estudos sobre a demanda futura de alimentos e energia limpa e seus impactos sobre o nmero de famintos no mundo. Segundo a instituio, em 2050, o consumo global de alimentos exigir uma produo 70% maior que a de 2009. Em valores absolutos, a produo ter de subir de 2,9 bilhes de toneladas para 4,9 bilhes. Espera-se que boa parte da oferta adicional venha de ganhos de produtividade. A biotecnologia fornecer sementes e mudas de plantas mais produtivas. A irrigao tambm propiciar colheitas mais fartas, mas exigir investimentos prximos de 1 trilho de dlares (US$ 960 bilhes), segundo a FAO. No trabalho How to feed the world in 2050 (Como alimentar o mundo em 2050), a FAO estima uma expanso da ordem de 70 milhes de hectares nas reas cultivadas do mundo nos prximos 40 anos. Isso corresponde a um aumento de apenas 5% sobre a superfcie atualmente utilizada, mas as lavouras mudariam de lugar. Haveria ampliao de 120 milhes de ha nos pases em desenvolvimento e retrao de 50 milhes nos desenvolvidos, os quais usariam a terra para outros fins. Diversas instituies j se aventuraram na tentativa de estimar a rea ainda existente de terras com aptido para agricultura e pecuria no mundo. A comparao difcil, pois as metodologias so diferentes. Um fato, porm, fica evidente: h muitas reas aptas produo de alimentos e energia espalhadas pelo globo. O problema que a maior parte se localiza em pases dependentes de pesados investimentos. E caber a eles pagar a conta da sustentabilidade ambiental, impingida por aqueles que no cuidaram disso no passado. Portanto, muitas reas no podero ser utilizadas, em razo de mandatos conservacionistas e de balanos negativos de carbonoInforma Economics FNP +55 11 4504-1414

decorrentes de seu uso. O presente artigo no tem o propsito de esgotar a discusso sobre onde esto as terras adequadas ao crescimento da agropecuria nem quantos hectares totalizam. Pretende apenas lanar uma luz sobre o debate relativo ao acesso a estas, comparando as restries existentes am alguns pases. A polmica das restries A despeito da disponibilidade de terras no mundo, o acesso s reas produtivas tem sido dificultado por diversas razes. No Brasil, por exemplo, e futuramente tambm na Argentina, as restries tm relao com a preservao ambiental e com a soberania nacional limitando a posse por estrangeiros. J no continente africano, as barreiras so de ordem cultural, social e econmica. Portanto, no basta aos pases disporem de terras prprias para agricultura e pecuria; preciso que o setor primrio possa explor-las. No Brasil, a Advocacia Geral da Unio (AGU) emitiu parecer, em agosto de 2010, com nova interpretao da Lei n. 5.709/71. As restries compra de terras por pessoas fsicas de outra nacionalidade estenderam-se s empresas do exterior, incluindo as de capital misto majoritariamente estrangeiro. A limitao de 50 mdulos fiscais ou 25% da rea rural do municpio. Estrangeiros tambm no podem comprar reas a menos de 150 km das fronteiras terrestres do Pas sem autorizao do Congresso Nacional. Estudos da MB Associados e da Agroconsult patrocinados pela Associao Brasileira de Marketing Rural e Agronegcios (ABMR&A) concluram que sero necessrios investimentos de US$ 93,5 bilhes no agronegcio brasileiro nos prximos 10 anos. S assim o Pas poder continuar expandindo sua participao na produo competitiva de commodities agrcolas, sobretudo acar e lcool, algodo, milho, produtos florestais e soja. Desse montante, US$ 46 bilhes seriam destinados compra de terras e US$ 47,4 awww.informaecon-fnp.com

obras de infraestrutura. Tais recursos provm majoritariamente de investimentos estrangeiros. Para exemplificar, 54% do financiamento da soja mato-grossense da safra 2010/11 tiveram origem em operaes de swap de grandes tradings e multinacionais de agroqumicos e fertilizantes. Um grande volume de investimentos estrangeiros tem sido aplicado mais recentemente na aquisio de grandes glebas e na construo de armazns e usinas sucroalcooleiras no Pas. Mas o Brasil no o nico destinatrio dos recursos. H aportes de capital na Argentina, Paraguai e Uruguai, alm de pases africanos, que comeam a receber investimentos de vulto. O governo brasileiro tem demonstrado a inteno de resolver logo o imbrglio criado pelo parecer da AGU. A principal proposta desenvolver um mecanismo capaz de permitir ao investidor estrangeiro a execuo de terras dadas como garantia de financiamentos no agronegcio. Isso criaria um ambiente de maior segurana jurdica, pelo menos at a aprovao no Congresso de um novo texto. At esse aspecto, o Brasil no to diferente dos demais pases. Contudo, h restries maiores ao uso da terra, relacionadas a questes ambientais. A legislao ambiental brasileira a mais dura de todo o globo. O Cdigo Florestal de 1965, que ainda vigora, impede a explorao de 80% das reas ocupadas com o bioma Floresta na Amaznia Legal. Na mesma regio, a reserva legal de 35% caso se trate do bioma Cerrado. Nas demais regies, a legislao exige a preservao de 20% das reas nativas. Em adio, o Cdigo prev a conservao das chamadas reas de preservao permanente (APPs) em margens de rios, topos e encostas de morros, alm de outras reas consideradas ambientalmente sensveis. Restries limitadas Na maioria dos outros pases de vocao agrcola, as restries so mais brandas. Um estudo conduzido pelo Proforest (itens 2 e 4 de Saiba mais, no final deste artigo) envolvendo17

AGRIANUAL 2012onze pases Alemanha, China, Estados Unidos, Frana, Holanda, ndia, Indonsia, Japo, Polnia, Reino Unido e Sucia constatou haver, sim, uma limitao converso de florestas em agricultura, mas no proibio. Projetos que envolvam o corte de rvores, desde que sustentveis, podem ser aprovados. Em alguns casos, como na China, h exigncia do pagamento de uma taxa de restaurao florestal. Os governos desses pases tambm esto dispostos a conceder incentivos a produtores que preservam as florestas nativas de suas propriedades. Estes so beneficirios de subsdios e isenes fiscais, e de doaes feitas por entidades filantrpicas. Em outros pases da Amrica do Sul praticamente no h restries compra de terras por estrangeiros. No Uruguai, at o momento, o nico impedimento se refere faixa de fronteira, recentemente reduzida de 50 para 20 km de largura. Naquele pas existe um grande nmero de arrozeiros do Rio Grande do Sul, de sojicultores argentinos e de produtores de madeira americanos, canadenses e finlandeses. Todos adquiriram as terras sem maiores dificuldades. Mais recentemente, o governo uruguaio comeou a estudar uma forma de controlar as compras, sobretudo as efetuadas por governos ou fundos soberanos. O reflexo das aquisies do exterior no pas aparece no preo das terras. Nos ltimos 10 anos, o preo mdio das terras uruguaias sextuplicou, passando de US$ 448 para US$ 2.763/ha. Para fugir dos altos preos, produtores uruguaios tm adquirido terras no Paraguai. Esse pas no limita a aquisio por estrangeiros, exceto na faixa de fronteira de 50 km de largura. Em torno de 95% das terras paraguaias so cultivveis a rea do pas de 40,6 milhes de hectares , mas somente 4 milhes so atualmente explorados com agricultura, sendo 15% mediante arrendamento. No Paraguai, o preo do hectare de terra bruta de bom potencial US$ 400. Com mais US$ 450/ha pode-se convert-las em pastagens. Terras de gros custam em torno de US$ 4 mil/ha, mas garantem produtividades de at 4 mil kg/ha de soja. Em janeiro de 2011 o pas aprovou uma lei que probe o corte de 50% da vegetao nativa da regio do Chaco (rea de monte). Note-se que Brasil e Paraguai so os nicos pases do mundo que adotaram o estatuto da reserva legal. As terras bolivianas tm preos atraentes,18

mas sua aquisio sujeita a mais restries e burocracia. Dos 5,5 milhes de hectares produtivos, o governo do pas estima haver 1 milho nas mos de estrangeiros, na maioria vindos do Brasil. At 2009, estrangeiros regularizados podiam receber terras do governo, como os bolivianos natos. O benefcio foi revogado recentemente, mas ainda no h nenhum tipo de controle eficaz. No Chile, a restrio se limita faixa de 10 km de largura nas fronteiras e de 5 km, na costa. De quantos hectares se fala O dado mais difundido sobre a quantidade de