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UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAIBA
CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS
DEPARTAMENTO DE ECONOMIA
CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM GESTÃO PÚBLICA MUNICIPAL MODALIDADE A DISTÂNCIA
TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO
Agricultura Familiar: Setor Estratégico para o Desenvolvimento Local no
Município de Mogeiro - PB
Maria Leonilda da Silva
Pós-graduado lato sensu em Gestão Pública Municipal - UFPB
Nelson Rosas Ribeiro
Professor do Departamento de Economia - UFPB
RESUMO
O surgimento da agricultura provocou grandes mudanças na vida do homem, onde no
principio era uma agricultura de subsistência, somente após a inserção do capitalismo e
consequentemente a produção sendo vista como mercadoria vamos encontrar uma
subordinação da agricultura a indústria. Porém contrariando a lógica capitalista encontramos a
agricultura familiar que durante muitos anos ficou a margem das politicas públicas do
governo federal, o qual acreditava que a transferência de tecnologias eram suficientes para
desenvolver o setor. Hoje a mesma é vista como um setor estratégico para o desenvolvimento
local, tal investimento objetiva diminuir as disparidades regionais. O presente trabalho tem
como objetivo traçar o perfil deste agricultores tendo em vista que no caso do Município de
Mogeiro, temos na agricultura familiar o seu principal segmento. Como os demais
municípios da microrregião ao qual estar inserido possui uma grande quantidade de
minifúndios e pequenos produtores que sobrevivem da exploração agropecuária através do
plantio da cultura de subsistência e da criação de pequenos animais. O qual encontramos uma
baixíssima densidade de capital e de tecnologia, elevado índice de pobreza, níveis de IDH
muito baixo e uma renda per capita média muito baixa, sendo o apoio a agricultura familiar de
fundamental importância na melhoria da renda e da qualidade de vida. Tendo sido utilizada a
pesquisa qualitativa descritiva, complementada com a pesquisa quantitativa.
Palavras-chave: Agricultura familiar, agricultura, desenvolvimento, politicas públicas.
1 – INTRODUÇÃO
No Brasil, durante muito tempo, não se teve uma política pública voltada para
solucionar ou amenizar os problemas agrários existentes, tendo apenas havido políticas
públicas agrícolas. Percebemos que os agricultores familiares ainda não eram suficientemente
2
organizados para exigir os seus direitos, embora existissem movimentos sociais como as
Ligas Camponesas, o MST e diferentes formas de associações e sindicatos rurais. Estes atores
não conseguiam colocar na pauta dos governos as suas reivindicações.
Desde a colonização até os dias atuais a terra sempre ficou nas mãos de poucos, sendo
utilizada para o desenvolvimento de monoculturas, gerando desta forma um sério problema
social. Como nos mostra Pádua, em seu artigo: A formação da agricultura brasileira: uma
herança predatória (2004) “As famílias de trabalhadores rurais foram em grande parte
afastadas da vida rural contra a sua vontade...” e são estas pessoas que pela falta de trabalho
no campo, ou pela falta de terra para produzirem o seu sustento, que se transferem da zona
rural para os conglomerados pobres das grandes cidades.
Foi só a partir da observação das inúmeras mudanças culturais deste século que os
governantes tiveram um novo olhar sobre a agricultura familiar, percebendo então que o
caminho para a diminuição das desigualdades sociais, produção de alimentos e
desenvolvimento local sustentável passava por uma reorganização da estrutura agrária. Sendo
a agricultura familiar vista como um espaço rural de geração de emprego e preservação
ambiental. Nos últimos anos observamos a criação de inúmeras políticas públicas voltadas
para este setor, sejam elas a nível federal, estadual ou municipal.
De acordo com Olalde a agricultura familiar contribui para “permitir uma distribuição
populacional mais equilibrada no território, em relação à agricultura patronal, normalmente
associada à monocultura.” Para alguns estudiosos, este é o caminho para a construção do
desenvolvimento sustentável local.
No caso do Município de Mogeiro – PB, sendo sua economia basicamente sustentada
pelo setor agropecuário, observamos que a agricultura familiar é um de seus principais
segmentos, não só no que se refere à economia, como também em relação ao
desenvolvimento local. Diante disto percebemos que, no âmbito municipal, muitas foram as
políticas públicas voltadas para este setor. Porém será que estas políticas públicas têm
aumentado à produção da agricultura familiar no município? Os agricultores familiares
sentem que possuem o apoio do governo municipal? Estas são questões a serem respondida
no decorrer do nosso estudo.
Após a Constituição de 1988, no Brasil, implantou-se um processo de
descentralização, o que colocou os Governos municipais frente ao grande desafio de resolver
os problemas sociais e promover um desenvolvimento local sustentável, capaz de não só
3
promover o crescimento econômico, como também uma melhoria na qualidade de vida da
população.
Diante disto, a agricultura familiar surge como uma forma de solucionar um de nossos
mais antigos problemas sociais que é a ocupação desordenada e o mau aproveitamento das
terras, desde a sua colonização até os dias atuais, o que gerou uma grande desigualdade social.
Como nos mostra a Profª. Nazareth Wanderley “A agricultura familiar não é uma categoria
social recente, nem a ela corresponde uma categoria analítica nova na sociologia rural. No
entanto, sua utilização, com o significado e abrangência que lhe tem sido atribuído nos
últimos anos, no Brasil, assume ares de novidade e renovação” (WANDERLEY, 2001: 21).
Sendo esta apontada como caminho para a sustentabilidade no qual, segundo Pádua,
(2004, p. 213) “... as propriedades com menos de 100 hectares apresentam uma taxa de
crescimento anual médio do rendimento físico da produção da ordem de 5,80% contra 3,29%
da agricultura patronal.” E sendo o município estudado (Mogeiro-PB) constituído de uma
estrutura fundiária de cerca de 1.343 imóveis rurais, com uma área de 18.305 hectares.
Predominam 1.721 de área inferior a 5 hectares representando 77,50% do total de imóveis do
município, porém ocupando somente 9,41% da área municipal. Apenas 34 imóveis são
superiores a 100 hectares, o que caracteriza a grande quantidade de minifúndios e pequenos
produtores que sobrevivem da exploração agropecuária através do plantio da cultura de
subsistência e da criação de pequenos animais. (EMATER).
Estes dados nos revelam a importância da agricultura familiar no cenário econômico,
seja ele municipal ou nacional. Reconhecendo esta importância o Governo Federal criou o
Programa de Fortalecimento da Agricultura Familiar (PRONAF) e o município implementou
políticas públicas voltadas para o seu fortalecimento.
O presente trabalho tem como objetivo geral:
Analisar o papel das políticas públicas desenvolvidas pelo Estado, no nosso caso o
governo municipal, voltadas para a agricultura familiar.
E objetivos específicos:
Traçar um perfil destes atores, buscando mostrar a eficácia ou não do apoio
municipal para o desenvolvimento da agricultura familiar no município.
Identificar os impactos que a ação do governo municipal tem causado na
agricultura familiar
Caracterizar a agricultura familiar do município e seus principais problemas.
4
2 - FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
2.1. Surgimento da Agricultura
Há aproximadamente 12 mil anos a.C. a temperatura da terra voltou a aumentar após
ao que chamamos de era glacial. As placas glaciais que cobriam parte dos continentes se
derreteram, permanecendo apenas nas calotas polares. O clima a partir daí se tornou mais
ameno e o solo, mais fértil, tornando-se propicio ao desenvolvimento da agricultura, esta
atividade forneceu aos grupos nômades uma fonte estável de alimentos fazendo com que os
mesmos começassem a deixar de ser nômades e construir suas cabanas as margens de rios e
lagos, os quais permitiam a prática da pesca, caça e em cujas margens faziam a coleta de
cereais. Segundo alguns estudiosos, foi acidentalmente que o homem aprendeu a cultivar.
Com a prática de levar os grãos para o acampamento, onde eram moídos e cozidos, muitas
vezes eles caiam no solo e germinavam. A observação deste fato levou os homens a provocá-
lo intencionalmente dando origem ao cultivo.
Surgindo desta forma a agricultura, o seu domínio provocou uma grande mudança na
vida do homem daquela época, este período ficou conhecido como Revolução Agrícola. A
agricultura praticada por eles era de subsistência, já que a produtividade do trabalho era baixa,
a produção de excedente era ocasional e, como consequência, as trocas eram pouco
desenvolvidas. Com a multiplicação e dispersão dos grupos humanos as desigualdades sociais
vão surgindo o que leva a disputas por territórios e pela posse das melhores terras. As tribos
mais poderosas apropriavam-se destas terras e expulsavam para outros territórios grupos que
tinham de sobreviver com o cultivo de trechos áridos e com más colheitas.
2.2. Inserção do Sistema Capitalista na agricultura
O que percebemos é que a partir do surgimento do capitalismo na agricultura esta
passa de agricultura familiar, no qual os produtos têm valores úteis para vida e se transforma
em uma agricultura capitalista, que transforma os produtos em mercadoria, havendo desta
forma uma transformação nos papeis dos atores sociais (econômicos). Marx nos mostra em
seu livro O Capital, que há uma subordinação da agricultura a grande indústria, resultado da
entrada do capitalismo no campo, que transforma a forma de produção, propriedade da terra e
5
as relações de trabalho existentes. (CONCEIÇÃO apud CORAZZA & MARTINELLI
JUNIOR, 2002). Onde, segundo o mesmo, antes da entrada do capitalismo no campo, “Era
quase uma economia natural pura, em que a necessidade de dinheiro mal se fazia sentir. A
produção capitalista pôs fim, a isto, através da economia monetária e da grande indústria.”
(MARX e ENGELS, sd, p. 228)
2.3. Agricultura no Brasil
A economia brasileira desde o período da colonização sempre esteve voltada para
exportação de produtos para a metrópole. A princípio temos na exploração do pau-brasil
nosso primeiro produto. No início do século XVI, começa-se a trabalhar em grandes
latifúndios com o cultivo da cana-de-açúcar na região nordeste, são os famosos sistemas de
plantation. Com isto as melhores terras são destinadas ao plantio comercial, enquanto que as
mais fracas ficavam para o plantio de produtos para a subsistência.
Como podemos perceber a agricultura familiar não é algo novo, esta passou por
várias transformações e hoje está sendo cada vez mais estudada, onde a temos como uma
resposta para a diminuição das desigualdades sociais, como base do desenvolvimento local
sustentável, e como meio de conter o êxodo rural.
Denardi, em seu artigo “Agricultura familiar e políticas públicas: alguns dilemas e
desafios para o desenvolvimento rural sustentável” caracteriza agricultura familiar como
sendo:
Em linhas gerais, os empreendimentos familiares têm duas características principais:
eles são administrados pela própria família; e neles a família trabalha diretamente,
com ou sem o auxílio de terceiros. Vale dizer: a gestão é familiar e o trabalho é
predominantemente familiar. Podemos dizer, também, que um estabelecimento
familiar é, ao mesmo tempo, uma unidade de produção e de consumo; uma unidade
de produção e de reprodução social familiar corresponde “a uma unidade de
produção agrícola onde a propriedade e o trabalho estão intimamente ligados à
família”
Um estudo realizado pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e
Agricultura (FAO) e pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA)
define agricultura familiar a partir de três características centrais:
a) a gestão da unidade produtiva e os investimentos nela realizados são feitos por
indivíduos que mantém entre si laços de sangue ou casamento;
b) a maior parte do trabalho é igualmente fornecida pelos membros da família;
6
c) a propriedade dos meios de produção (embora nem sempre da terra) pertence à
família e é em seu interior que se realiza sua transmissão em caso de falecimento ou
aposentadoria dos responsáveis pela unidade produtiva” (INCRA/FAO, 1996: 4).
O Manual Operacional do Crédito Rural Pronaf (2002) define os agricultores
familiares como sendo os produtores rurais que atendem aos seguintes requisitos:
Sejam proprietários, posseiros, arrendatários, parceiros ou concessionários da Reforma
Agrária;
Residam na propriedade ou em local próximo;
Detenham, sob qualquer forma, no máximo 4 (quatro) módulos fiscais de terra,
quantificados conforme a legislação em vigor;
No mínimo 80% (oitenta por cento) da renda bruta familiar deve ser proveniente da
exploração agropecuária ou não agropecuária do estabelecimento;
A base da exploração do estabelecimento deve ser o trabalho familiar.
No Brasil durante muito tempo quando se falava em desenvolvimento rural se
baseavam na transferência de tecnologias e na ausência de participação dos atores
beneficiários, sejam na elaboração ou na execução dos projetos e políticas públicas durante as
décadas de 1960 e 1970. Segundo Marouelli,
Grande parte dos produtores familiares foi excluída por não serem contemplados
pelos benefícios governamentais. As monoculturas de grãos, altamente mecanizadas,
exigem uma escala de produção mínima que os menores não conseguiam atingir.
Além disso, muitos produtores não podiam arcar com os altos custos dos insumos
modernos necessários à produção competitiva do mercado e foram obrigados a
vender suas propriedades. Com isso a concentração da posse da terra foi ampliada,
bem como o tamanho das propriedades. Muitos produtores, após venderem suas
terras, migraram para as fronteiras agrícolas do centro-oeste ou para os centros
urbanos que propiciavam mais ofertas de emprego.
Isto ocorreu não só no Brasil, mas em todo mundo, em países em fase de
industrialização.
Desde 1940, o percentual da população rural no Brasil está em declínio, enquanto a
urbana encontra-se em ascensão. No censo de 1970, a população urbana ultrapassou a rural.
Segundo a pesquisa realizada pelo IBGE de 1990 a 1995, a população rural declinou em torno
de 30%.
Em se tratando do Brasil as políticas públicas adotadas para o desenvolvimento da
agricultura sempre estiveram voltadas para o atendimento aos interesses externos do grande
capital industrial. Dado este fato, vamos encontrar em uma mesma região a existência da
agricultura tradicional atrasada, e de outro lado grandes complexos agroindustriais. Aliado
também ao fato de que em alguns estados brasileiros os agricultores familiares ainda não se
7
encontram organizados e desta forma são incapazes de reivindicar seus direitos. Segundo
Guilhoto (2007)
Há que se considerar, também, o fato de as forças de mercado serem, sabidamente,
concentradoras e centralizadoras do capital, realizando-se as necessárias ações
públicas que assegurem ao segmento familiar um ambiente propício ao seu
desenvolvimento econômico. Esta é a necessidade mais premente, uma vez que esse
setor produtivo se mostra significativamente desorganizado para promover seus
próprios interesses de modo eficaz.
Segundo estudos do Ministério da Agricultura, a agricultura familiar é reconhecida
como um setor estratégico para o desenvolvimento e abastecimento do país em termos
econômicos, sociais e ambientais. Hoje os agricultores familiares são responsáveis por mais
de 50% da produção de grande parte dos produtos alimentares que compõem a nossa cesta
básica. Os investimentos feitos pelo Governo Federal nesta área tem sido um dos maiores de
toda a história da agricultura em nosso país. Este investimento se deve ao fato do Estado estar
intervindo neste setor para assegurar que a produção dos agricultores familiares seja absolvida
pelo mercado.
Conforme estudo feito pelo Projeto de Cooperação Técnica INCRA/FAO, “os
agricultores familiares demonstraram ser mais eficientes no uso do crédito rural que os
agricultores patronais, pois produzem mais com menos recursos do crédito rural.” O que
justifica os últimos investimentos. De acordo com o mesmo estudo: os agricultores familiares
representam, 85,2% do total de estabelecimentos, ocupam 30,5% da área total e são
responsáveis por 37,9% do Valor Bruto da Produção Agropecuária Nacional, recebendo
apenas 25,3% do financiamento destinado a agricultura.
Vale salientar que todo este investimento do Governo Federal visa diminuir as
disparidades regionais, garantir que os agricultores familiares tenham condições para, além de
tirar o seu sustento da terra, produzir produtos de boa qualidade, sendo assim competitivos no
mercado. A promoção de um tipo de agricultura sustentável procura contribuir para a
produção de produtos livres de agrotóxicos e químicos utilizados na agricultura patronal.
Para isso, dentro da política pública de desenvolvimento da agricultura familiar foi
sendo criado o PRONAF (Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar), o
qual se encontra agrupado em quatro áreas macro: Politica Nacional de Assistência Técnica e
Extensão Rural (Formação de Agentes de ATER, Agroecologia e Comunicação e relações
institucionais), Financiamento de Seguro da Produção( Crédito PRONAF, Seguro da
Agricultura Familiar, Garantia Safra, Seguros de Preços), Agregação de valor e geração de
renda (Bioenergia, Formento a diversificação econômica e Apoio a comercialização- PAA) e
8
Projetos especiais (Mais Alimentos, Territórios da Cidadania, Diversificação na Agricultura
Familiar Fumicultora).
De todas as áreas mencionadas acima iremos especificar apenas o crédito Pronaf.
O Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf) financia
projetos individuais ou coletivos, que gerem renda aos agricultores familiares e assentados da
reforma agrária, tendo as seguintes linhas de crédito1:
Custeio - Destina-se ao financiamento das atividades agropecuárias e de
beneficiamento ou industrialização e comercialização de produção própria ou de
terceiros agricultores familiares;
Investimento - Destinado ao financiamento da implantação, ampliação ou
modernização da infraestrutura de produção e serviços, agropecuários ou não
agropecuários, no estabelecimento rural ou em áreas comunitárias rurais próximas;
Pronaf Agroindústria - Linha para o financiamento de investimentos, inclusive em
infraestrutura, que visam o beneficiamento, o processamento e a comercialização da
produção agropecuária e não agropecuária, de produtos florestais e do extrativismo, ou
de produtos artesanais e a exploração de turismo rural;
Pronaf Agroecologia - Linha para o financiamento de investimentos dos sistemas de
produção agroecológicos ou orgânicos, incluindo-se os custos relativos à implantação
e manutenção do empreendimento;
Pronaf Eco - Linha para o financiamento de investimentos em técnicas que minimizam
o impacto da atividade rural ao meio ambiente, bem como permitam ao agricultor
melhor convívio com o bioma em que sua propriedade está inserida;
Pronaf Floresta - Financiamento de investimentos em projetos para sistemas
agroflorestais; exploração extrativista ecologicamente sustentável, plano de manejo
florestal, recomposição e manutenção de áreas de preservação permanente e reserva
legal e recuperação de áreas degradadas;
Pronaf Semi-Árido - Linha para o financiamento de investimentos em projetos de
convivência com o semi-árido, focados na sustentabilidade dos agroecossistemas,
priorizando infraestrutura hídrica e implantação, ampliação, recuperação ou
modernização das demais infraestruturas, inclusive aquelas relacionadas com projetos
de produção e serviços agropecuários e não agropecuários de acordo com a realidade
das famílias agricultoras da região Semiárida;
1 Fonte de Pesquisa: MDA
9
Pronaf Mulher - Linha para o financiamento de investimentos de propostas de crédito
da mulher agricultora;
Pronaf Jovem - Financiamento de investimentos de propostas de crédito de jovens
agricultores e agricultoras;
Pronaf Custeio e Comercialização de Agroindústrias Familiares - Destinada aos
agricultores e suas cooperativas ou associações para que financiem as necessidades de
custeio do beneficiamento e industrialização da produção própria e/ou de terceiros.
Pronaf Cota-Parte - Financiamento de investimentos para a integralização de cotas-
partes dos agricultores familiares filiados a cooperativas de produção ou para
aplicação em capital de giro, custeio ou investimento;
Microcrédito Rural - Destinado aos agricultores de mais baixa renda, permite o
financiamento das atividades agropecuárias e não agropecuárias, podendo os créditos
cobrirem qualquer demanda que possa gerar renda para a família atendida. Créditos
para agricultores familiares enquadrados no Grupo B e agricultoras integrantes das
unidades familiares de produção enquadradas nos Grupos A ou A/C;
Pronaf Mais Alimentos - Financiamento de propostas ou projetos de investimento para
produção associados a açafrão, arroz, café, centeio, feijão, mandioca, milho, sorgo,
trigo, erva-mate, apicultura, aquicultura, avicultura, bovinocultura de corte,
bovinocultura de leite, caprinocultura, fruticultura, olericultura, ovinocultura, pesca e
suinocultura;
Como podemos perceber fica bem visível o investimento que o Governo Federal vem
fazendo na agricultura familiar, através de financiamento da produção, como na garantia de
venda dos seus produtos através do PNAE, PAA entre outros programas criados para o
fortalecimento da mesma.
2.4. Agricultura familiar e Desenvolvimento local sustentável
Ao longo dos últimos anos muito tem se falado de desenvolvimento local sustentável,
este termo surgiu do reconhecimento de que não bastava apenas um desenvolvimento
econômico, mas o desenvolvimento de um conjunto de áreas, ou seja, ações que fossem
capazes de promover o dinamismo econômico, como também uma melhoria da qualidade de
vida da população. É neste sentido que Malmegrin (2010, p. 25), mostra-nos que para o
10
desenvolvimento local seja efetivado faz-se necessário “... a mobilização das energias da
sociedade, com aproveitamento das capacidades e potencialidades, ou prováveis
potencialidades, existentes...”.
Carmo, (1998, p. 4) refere-se ao desenvolvimento sustentável como sendo
“ um desenvolvimento social e de progresso econômico, mantendo e conservando
os recursos naturais, origem do futuro comum de uma humanidade que pretende
tornar os impactos econômicos sobre o meio ambiente coisas do passado.”
Segundo Gomes (apud GLIESSMAN (2000:53/54) para que uma agricultura seja
considerada sustentável deve atender ao seguinte:
“ter efeitos negativos mínimos no ambiente e não liberaria substâncias
tóxicas ou nocivas na atmosfera, água superficial ou subterrânea;
preservaria e recomporia a fertilidade, preveniria a erosão e manteria a saúde
ecológica do solo;
usaria água de maneira que permitisse a recarga dos depósitos aqüíferos e
satisfizesse as necessidades hídricas do ambiente e das pessoas;
dependeria, principalmente, de recursos de dentro do agroecossistemas,
incluindo comunidades próximas, ao substituir insumos externos por
ciclagem de nutrientes, melhor conservação e uma base ampliada de
conhecimento ecológico;
trabalharia para valorizar e conservar a diversidade biológica, tanto em
paisagens silvestres quanto em paisagens domesticadas;
garantiria igualdade de acesso a práticas, conhecimento e tecnologias
agrícolas adequados e possibilitaria o controle local dos recursos agrícolas”
É nesse aspecto que a agricultura familiar surgiu como a maneira de desenvolver de
forma sustentável, uma determinada região que conforme Soares (2009)
“é importante ressaltar que a agricultura familiar aumenta a renda dos produtores e
sua produtividade a tal nível, que supre o mercado local, fortalecendo a economia
interna, aumentando, consequentemente, o seu poder de competitividade”.
O que neste moldes proporciona a obtenção de condições iguais ou superiores de vida,
para um grupo de pessoas e seus sucessores, em dado ecossistema. Produzindo alimentos e
protegendo os recursos naturais existentes na região. Segundo Guilhoto (2006)
... o mundo contemporâneo colocou o sistema familiar de produção dentro de um
contexto sócio-econômico próprio e delicado, haja vista, que sua importância ganha
força quando se questiona o futuro das pessoas que subsistem do campo, a
problemática do êxodo rural e, consequentemente, a tensão social decorrente da
desigualdade social no campo e nas cidades.
11
De acordo com Conceição (2009, p. 5)
No trabalho familiar cada membro desempenha um papel importante, possibilitando
uma divisão técnica do trabalho no interior da família. Vale ressaltar que quando a
família não consegue suprir sua necessidade de trabalho, este é complementado pela
relação de produção denominada de ajuda mútua (a exemplo do mutirão e a da
parceria), a qual fortalece a organização comunitária entre os agricultores. Além
disso, nas técnicas utilizadas pelo agricultor familiar há a preocupação de manter em
equilíbrio os recursos que sustentam a produção.
Conceição apud Buainain (2003) também relata que:
a agricultura familiar apresenta potencialidades que, em sua maioria, advém da
própria natureza da produção familiar, como por exemplo, a diversificação da
produção que constitui uma estratégia de redução de riscos e incertezas. Outro caso
de “trunfo” utilizado pela agricultura familiar diz respeito ao baixo nível de
capitalização e de uso de insumos industriais, possibilitando a redução da
dependência de insumos e serviços de difícil acesso aos agricultores nos mercados
locais.
Vale salientar que isto não significa que a agricultura familiar venha a substituir a
agricultura convencional ou patronal.
3 - PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
O presente trabalho utilizou-se de uma pesquisa qualitativa descritiva, sendo esta
complementada com a pesquisa quantitativa, pelo fato de que existiu a necessidade de medir e
quantificar os resultados. No nosso caso, foi feito um levantamento das propriedades
apontando se são de pequeno, médio ou grande porte, para termos uma visão geral da
agricultura familiar do município, como também uma análise de dados sobre renda e
produção agrícola.
A pesquisa teve como campo de atuação a agricultura familiar do município de
Mogeiro – PB.
Foi aplicado um questionário para 10 agricultores familiares e uma entrevista com o
gestor municipal, com o objetivo de buscar informações a respeito do que os agricultores
familiares veem no apoio do governo municipal para os mesmos, como também as ações do
governo para com este grupo.
Quanto aos objetivos da pesquisa esta se classifica como pesquisa descritiva e
explicativa. Os instrumentos adotados para a coleta de dados foram: pesquisa bibliográfica,
pesquisa por levantamento e estudo de campo.
12
Segundo Vergara (1999, p. 49), as pesquisas descritivas têm por finalidade primordial
realizar a descrição das características de determinada população ou fenômeno,
estabelecendo-se relações entre as variáveis.
Em virtude do tema ser bastante atual e pela polêmica que o envolve, foi realizado um
levantamento periódico de dissertações, monografias, artigos, livros e internet. Tudo foi
baseado em vários autores que resultou na compreensão do fundamento teórico, com leituras
e reflexões sobre o tema.
Foram analisados uma diversidade de documentos referentes ao município e a
agricultura familiar: tais como relatórios, diagnósticos, mapas, artigos. Sendo todo o material
obtido na Secretaria de Agricultura do município, no banco de dados do IBGE – Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística e no Escritório Local da Emater.
4 - ANÁLISE DE RESULTADOS
4.1. Caracterização do Município de Mogeiro – PB
O município de Mogeiro está localizado na zona fisiográfica da caatinga, na
Mesorregião do Agreste Paraibano e na microrregião de Itabaiana (conforme podemos
observar no mapa 01), o que significa que o mesmo encontra-se inserido no semi-árido
nordestino e na região chamada de polígono das secas. Possui uma área de 219, km²,
representando 0,42% do território do estado da Paraíba. Tendo como principais comunidades:
Areal; Gavião; Pintado; Chã de Areia; Cabral; Granjeiro; Benta Hora; Tamanduá; Cumatí;
Gaspar; Boa Vista; Estação, Mogeiro de Baixo; Juá; Camurim e o Distrito de Gameleira.
Seus primeiros habitantes foram os índios Cariris, tendo sua colonização iniciada no
século XVIII, o que se sabe é que em 11 de maio de 1758, foi encontrada uma requisição de
terras ao Governo da Província, para uma concessão de terras existentes em Taipu, entre o rio
Paraíba e um “certo riacho chamado de Mogeiro” (LIRA, 1975 apud TAVARES, 1909 p.
256). Fez parte do Município de Ingá até 1890, sendo a partir deste ano vinculado ao recém
criado município de Itabaiana. Sua emancipação política deu-se em 12 de dezembro de 1961.
13
Mapa 01 – Messoregião do Agreste Paraibaino
Fonte: PLHIS2
4.1.1. Limites
O município tem como limites:
Ao Norte: Juarez Távora e Gurinhém;
Sul: Salgado de São Félix;
Leste: Gurinhém, São José dos Ramos e Itabaiana;
Oeste: Ingá e Itatuba.
A cidade de Mogeiro de cima, que é sede do município, pode ser localizada pelas
coordenadas geográficas 07º 17’ 58” de latitude sul e 35º 28’ 46” de longitude(W.Gr), tendo
uma altitude de 117 metros.
2 Plano Local de Habitação de Interesse Social
14
Mapa 02 – Município de Mogeiro com seus limites
Fonte: Fórum DLIS3
4.1.2. Clima4
Segundo a classificação de Köppen, o município apresenta um clima tropical do tipo
quente e úmido, sua temperatura média anual varia de 23º C a 26° C, sendo registrada
temperatura mínima mensal de 19º C e máxima mensal de 32º. Os meses mais frios são julho
e agosto e os meses mais quentes os de dezembro e janeiro.
A precipitação pluviométrica média anual atual é de 431 mm., segundo o CPRM; e de
450mm., de acordo com o IDEME, com período médio de 06 meses secos, tendo umidade
relativa do ar em torno de 80%. Assim, o regime anual de seu clima é caracterizado
unicamente pelo regime sazonal de chuvas, que compreende o período dos meses de fevereiro
a agosto, com maior intensidade entre os meses de maio, junho e os mais secos de outubro e
novembro. Daí resulta um grande déficit de água nos solos de outubro a fevereiro, mais
acentuadamente entre novembro e janeiro.
3 Fórum de Desenvolvimento Local Integrado e Sustentável
4 Fonte: DLIS
15
4.1.3. Relevo e Hidrografia5
O município de Mogeiro situa-se na depressão sublitorânea, com superfície colinosa.
Seu relevo é suave ondulado e ondulado, drenado por riacho e alguns rios, de vales abertos e
pouco profundos.
Em sua porção centro-norte ocorre uma área cristalina elevada de maciços residuais
com formação de serra onde o relevo é forte ondulado e montanhoso.
Mogeiro está situado na Bacia Hidrográfica do Baixo Paraíba, sendo cortado pelo rio
Ingá ou Camurim, riachos de Mogeiro e Poço Verde e servindo como divisor dos municípios
limítrofes os rios Paraíba, Cantagalo e Gurinhém.
Embora haja boa oferta de recursos hídricos, formada por vários riachos e rios que
cortam o município, porém sendo estes intermitentes que tomam água apenas no período
chuvoso, ainda faltam obras no sentido de represamento da água e posteriormente a irrigação
para formação de inúmeras lavouras.
O rio Paraíba propicia grande potencial de irrigação para beneficiamento e
diversificação de culturas, favorece ainda, a prática de piscicultura, processo esse, já iniciado
pelos membros da Colônia de Pescadores que exploram de forma rudimentar a pesca.
Atualmente tem havido capacitação e implantação de tecnologias, tendo sido implantado uma
fábrica de gelo, para melhoramento de suas atividades, embora esta não esteja ainda
trabalhando em sua totalidade. A produção ainda é pequena, porém espera-se que ao longo
dos anos estes possam ter uma produção significante, que possa absorver mão-de-obra e,
conseqüente, melhorar as condições de vida da comunidade envolvida.
4.1.4. Solo6
Predominam no município uma associação de solos Litólicos Eutróficos, Planosolo
Solódico, Bruno não Cálcico e Afloramento de Rocha. Apresenta textura média e fase
pedregosa-rochosa com substrato gnaisse e granito.
Há também, nas áreas da porção leste, solos Podzólico Vermelho Amarelo
Equivalente Eutrófico de textura argilosa e floresta subcaducifólia.
As terras efetivamente irrigáveis equivalem a 350 hectares, representados por solos de
textura franco-arenosa com teores um pouco altos de matéria orgânica e argila em posição
5 Fonte: DLIS
6 Fonte: DLIS
16
favorável ao acesso da água e com relevo oferecendo condições para instalação de corpos
d’água.
Como recursos minerais o município dispõe de granito de baixo valor comercial,
utilizado na fabricação de paralelepípedos para calçamento. Existem áreas de tintura argilosa
de boa qualidade e oferta hídrica excelentes para implantação de cerâmica. De modo geral, os
solos apresentam boas reservas de nutrientes para o cultivo agrícola.
4.1.5. Vegetação7
No município de Mogeiro predomina como cobertura nativa à vegetação de floresta
caducifólia com porte arbóreo de 8 a 10 metros de altura, clara, pouco densa, com árvores
muito ramificadas e um estrato arbustivo. Na estação seca esta vegetação perde totalmente as
folhas com exceção de poucas espécies.
Em menor parte do território encontra-se a floresta subcaducifólia, com porte arbóreo
em torno de 20 metros de altura, densa e pouco clara, com caules geralmente retilíneos,
engalhamento alto e predominando as folhas miúdas. Na estação seca parte das árvores perde
suas folhagens. Ocorre também, em algumas áreas, a presença da caatinga hipoxerófita,
apresentando-se com porte arbórea, com menos frequência arbóreo-arbustivo e normalmente
densa, sendo a presença de cactáceas baixas e bromeliáceas restrita as áreas mais pedregosas.
Por falta de uma política efetiva de preservação ambiental, encontramos a vegetação
nativa muito devastada, percebendo-se que quase a totalidade da caatinga tenha sido
devastada, dando lugar à agricultura, principalmente de subsistência e à pastagens para a
pecuária além da produção de lenha e carvão que é utilizada para complementar a renda de
pequenos produtores rurais. A reserva florestal nativa restante não chega a 10% da área do
município, sendo que a agricultura permanente e temporária, somada à pecuária, constituem
mais de 50% da superfície do município.
As espécies nativas mais encontradas são: Braúna (Anacardiaceae), Aroeira
(Anacardiaceae), Angico (Leguminosae), Marmeleiro (Euphorbiaceae), Mulungu
(Leguminosae), Pau-d’arco amarelo (Bignonaceae), Timbaúba (Leguminosae) e Catolé
(Palmae).
7 Fonte: DLIS
17
4.2. Agricultura familiar no município de Mogeiro – PB
Nas últimas décadas o Município de Mogeiro vem sofrendo grandes transformações
socioeconômicas que modificaram a forma de vida da população. De posse dos dados obtidos
através de indicadores socioeconômicos, o governo municipal teve uma melhor visão das
condições de vida em que se encontrava a sua população. Segundo Jannuzzy (2003) “o
indicador permite uma apreciação mais contextualizada e comparativa (no tempo e no espaço)
da realidade social.”
Diante disto fizemos uma análise dos dados dos últimos censos demográficos. A
População de Mogeiro, atualmente é de 12.491 habitantes, dos quais 6.908 residem na zona
rural, sua densidade demográfica é de 56 hab/hm². Segundo o censo realizado entre 2000 a
2010, a população total do município apresenta um crescimento demográfico negativo, onde
houve uma redução considerável na zona rural, em consequência das migrações da população
do campo em busca de melhores condições de vida em outros centros ou na própria cidade,
tendo em vista que no município as principais fontes de renda são: agricultura familiar,
aposentadorias, bolsa familiar e serviço público. Ocasionando um crescimento na zona urbana
e uma diminuição da população rural o que vem comprometendo a infraestrutura da sede
municipal. Mesmo assim, o município ainda apresenta 56% da população residindo na zona
rural, sobrevivendo da exploração das atividades agrícolas. Conforme podemos observar no
gráfico abaixo, o contingente rural cresceu no período de 1980 a 1991; mas nos outros
períodos as quedas ou o crescimento negativo tornou-se constante em menos (-) 8,9%, e em
menos (-)19,4% de 2000 a 2007, com diminuição de 1.688 habitantes rurais.
0
2000
4000
6000
8000
10000
12000
1991 2000 2007 2008 2010
Pop. Rural
Pop. Urbana
Fonte: IBGE– Censos Demográficos
Gráfico 1 – Evolução da População
Apesar de a população urbana estar em crescimento o município de Mogeiro tem na
agricultura familiar seu principal segmento do setor econômico. Embora possua algumas
18
indústrias, boa parte da população residente na zona urbana depende diretamente do trabalho
e da produção do campo.
O município possui uma grande quantidade de minifúndios e pequenos produtores que
sobrevivem da exploração agropecuária através do plantio da cultura de subsistência e da
criação de pequenos animais. As principais atividades agrícolas praticadas são o cultivo de
feijão, milho, gergelim, mandioca, amendoim, fava. (EMATER)
Somente nos últimos anos, foi que houve algumas iniciativas por parte do governo
municipal para a agricultura familiar, e estas se intensificaram a partir de 2009 na busca de
melhorar a qualidade de vida dos moradores da zona rural, para que os mesmos não se
transferissem para zona urbana.
4.2.1 – Perfil de Renda
É através do perfil de renda que podemos mostrar as condições de vida como também
a qualidade de vida de uma determinada população, sendo esta que determina o acesso aos
bens de consumo, as informações e aos serviços em uma sociedade.
A renda é um dos indicadores básicos, junto com as dimensões de Educação e da
Longevidade ou Esperança de Vida, fundamentais para se determinar o Índice de
Desenvolvimento Humano Municipal. De acordo com o Atlas do PNUD, Mogeiro possui um
IDHM de 0,545, tendo este índice crescido em 27% em relação a 1991 que era de 0,429. A
dimensão que mais cresceu foi a educação com 61,9%, seguida da longevidade com 21,5% e
pela renda com 16,6%. Tendo esta última apresnetado um crescimento pouco expressivo.
0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
0,7
Educação Renda Longevidade
Educação
Renda
Longevidade
Gráfico 2 – Crescimento do IDHM do ano de 2000
Fonte: Atlas do PNUD
0,635
0,470 0,530
19
O PIB per capita de Mogeiro em 2007 era de R$ 3.443,00. É um PIB baixo, porém
está na média dos PIBs dos municípios da Paraíba com o mesmo porte. Tomando-se por
referência o ano de 2007, observamos que no que tange ao PIB há uma participação marcante
do setor de serviços, o qual representa 81,6%; isto com a inclusão da Administração Pública,
que representa cerca de 71% do PIB dos serviços, seguido pelo setor agropecuário com seu
PIB setorial, representando 8,1%, o setor industrial participa com 8,0% e impostos com
2,4%. (PLHIS)8
Apesar de desde o ano de 2000, contarmos no município com a implantação da fábrica
de calçados Alpargatas, que possui cerca de 350 empregados (possuindo em seu quadro de
funcionários pessoas que residem em Itabaiana) e mais recentemente a instalação da Ivoplast
com cerca de 100 funcionários, mesmo assim ao fazermos um enfoque no rendimento
nominal mensal da população com 10 anos ou mais, percebe-se que 49,5% da PEA, não
possuem rendimento.
Gráfico 3 – Rendimento Nominal Mensal da PEA9
Fonte IBGE – Censo 2000
O rendimento médio mensal das pessoas com 10 anos ou mais, está situado em um
patamar de R$169,00 em 2003 e o salário médio mensal do pessoal ocupado no setor formal
da economia atinge 1,5 salários mínimos.
A microrregião em que o município estar inserido é dominada pela agropecuária, onde
encontramos uma baixíssima densidade de capital e de tecnologia, daí encontrarmos um alto
nível de desemprego, desocupação ou subemprego, elevado índice de pobreza, níveis de IDH
muito baixo e uma renda per capita média muito baixa.
8 Fonte: Plano Local de Habitação e Interesse Social
9 População em Economicamente Ativa
Com rendimentos
Sem rendimentos
50,5 % 49,5 %
20
4.3 . Estrutura Fundiária e Produção Municipal
Segundo a Emater Local o município é constituído de uma estrutura fundiária de cerca
de 1.347 imóveis rurais, com uma área de 18.305 hectares, no qual predominam 1.721
imóveis com área inferior a 5 hectares representando 77,50% do total de imóveis do
município, todavia ocupando somente 9,41% da área municipal. Apenas 34 imóveis são
superiores a 100 hectares.
Há uma grande quantidade de minifúndios e pequenos produtores que sobrevivem da
exploração agropecuária através do plantio da cultura de subsistência e da criação de
pequenos animais.
A tabela abaixo mostra a estrutura fundiária do município, por estratos imóveis e a
área.
Extratos (ha) Imóveis (nº) % Área (ha) %
0 a 1 231 17,15 120 0,66
1 a 2 423 31,40 508 2,78
2 a 5 390 28,95 1.093 5,97
5 a 10 123 9,13 815 4,45
10 a 20 66 4,90 922 5,04
20 a 50 61 4,53 1.888 10,31
50 a 100 19 1,41 1.313 7,17
100 a 500 26 1,93 5.839 31,90
500 a mais 08 0,58 5.807 31,72
Total 1.347 100,00 18.305 100,00 Tabela 1 – Estrutura Fundiária
Fonte: INCRA/EMATER – 1999
4.3.1. Pecuária
Encontramos uma pequena estrutura da pecuária tendo como rebanho mais
significativo o de bovinos. Como podemos observar na tabela abaixo houve um decréscimo
do rebanho em relação a 2003. Possui também um insignificante rebanho de caprino, sendo o
mesmo utilizado para complementação da renda familiar.
Os rebanhos de ovinos, suíno e aves são extremamente pequenos e, como se pode
perceber, em relação ao rebanho de ovinos, houve um decréscimo comparando-se com 2003.
21
2003
2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010
Bovino 8.900 6.000 6.000 5.200 8.600 7.100 8.200 8.875
Caprino 2.000 1.500 1.600 1.650 1.400 1.150 1.265 1.108
Equino 1.680 1.500 1.520 1.515 1.210 1.200 1.200 1.020
Ovino 3.000 2.500 2.300 2.250 1.800 1.600 1.712 1.746
Suíno 1.150 960 950 1.010 810 810 810 834
Aves10
22.800 99.500 122.205 22.300 104.900 106.121 106.803
Tabela 2 – Efetivo de Rebanho
Fonte: IBGE – Pesquisa Pecuária Municipal – 2007
Emater – 2011
4.3.2. Produção Agrícola
A produção agrícola é praticamente de subsistência, tendo como lavouras permanentes
a produção de castanha de caju, ocupando 5 ha plantados, em 2006, 2007 e 2008; coco-da-
baia, que é produzido em 5ha e Manga, que nos últimos três anos tem aumentado a sua
produtividade sendo a mesma cultivada em 15ha. De acordo com o IBGE a área ocupada com
culturas permanentes é de apenas 30ha no município.
No que se refere à produção municipal de produtos de cultivo temporário se destacam
o feijão e milho, onde o primeiro ocupou em 2008 uma área de 1.400 ha e o segundo uma área
de 2.000 ha. Já em 2010 houve um decréscimo nas áreas ocupadas por estes produtos sendo
respectivamente: 750 ha e 400 ha, segundo o IBGE, produção agrícola municipal 2010.
Outro produto bastante plantando no município é a fava que no ano de 2008 ocupava
uma área de 750 ha. Merecendo destaque o amendoim que ocupou 700 há e a mandioca
cultivada em 850 ha nesse mesmo ano.
Tabela 3 – Principais produtos de cultivo temporário
Fonte: IBGE, Produção Agrícola Municipal 2010
10
Galos, frangos, frangas e pintos
Produtos de Cultivo Temporário Área/ ha Produção
Amendoim 300,0 90 toneladas
Batata doce 15,0 150 toneladas
Cana-de-açucar 200,0 9.000 toneladas
Fava 400,0 120 toneladas
Feijão 750,0 45 toneladas
Mandioca 850,0 1.150 toneladas
Milho 400,0 84 toneladas
Gergelim 20
Tomate 10 200
ANO
REBANHO
22
Tabela 4 – Principais produtos de cultivo permanente
Fonte: IBGE, Produção Agrícola Municipal 2010
4.4. Ações do Governo Municipal
A partir o ano de 2009 o governo municipal firmou um convênio com o Sebrae – PB,
para implantação de 10 unidades do Projeto Pais, que beneficiou 10 famílias. O Pais (Projeto
de Produção Agroecolólgica Integrada e Sustentável), com a utilização da agricultura
orgânica, ou seja, produção baseada no equilíbrio do solo – planta – água, permite, de forma
sustentável, a produção sem o uso de produtos químicos, buscando-se a qualidade de vida e
evitando danos à saúde do homem e a degradação do meio ambiente. Melhorando a renda
destas 10 famílias em cerca de 40%, hoje eles produzem beterraba, coentro, alface, tomate,
repolho, entre outras verduras, integrada a criação de galinhas. Estes produtos são vendidos na
própria comunidade como também para merenda escolar.
Outra iniciativa adotada pelo governo municipal é o incentivo nas áreas de serra a
prática do semeio. Procura-se convencer os agricultores familiares a utilizarem esta prática a
fim de conseguir a certificação (selo da agricultura familiar) por parte do Ministério da
Agricultura, como produto orgânico e ecologicamente correto.
Segundo o Secretário de Agricultura do Município este ano foram doadas 1.600 horas
máquinas para preparo do solo aos agricultores familiares, como também recuperação de
estradas vicinais para melhor escoamento da produção. O mesmo relata que a agricultura
familiar no município é um dos caminhos para o desenvolvimento local. Falou também que
houve a elaboração de um Projeto de piscicultura na comunidade de Areal, como também
houve reuniões com os agricultores para que se possa desenvolver a apicultura entre outras
práticas.
Apesar disso observamos que com o grande investimento dado pelo Governo Federal,
Estadual e Municipal, os agricultores ainda não tomaram consciência do grande potencial que
eles possuem para o desenvolvimento do município. Tendo como exemplo bem claro o caso
da Merenda Escolar a qual tanto as escolas estaduais como municipais, deverão adquirir no
mínimo 30% da agricultura familiar. Ao fazer entrevistas com os gestores das escolas,
constatamos que hoje os agricultores familiares do município fornecem apenas 10% deste
Produtos de Cultivo Permanente Area/ ha Produção
Manga 15,0 120 toneladas
Coco-da-baía 5,0 15 mil frutos
Banana 02 34 toneladas
Castanha de Caju 5,0 2 toneladas
23
mínimo de 30% para as escolas, ou seja, as mesmas estão tendo que comprar os produtos fora
da agricultura familiar, tendo em vista que mesmo havendo divulgação os agricultores do
município ainda não apresentam grande interesse. Sendo constado que os agricultores
familiares possuem potencial para fornecer não só 30% dos produtos para merenda escolar,
mas até mesmo mais do que isso
5 - CONCLUSÕES
Diante do exposto percebemos que o Município apesar de implementar as politicas
públicas do governo federal para a agricultura familiar, isto ainda é muito pouco, este precisa
com uma certa urgência de politicas públicas de apoio a produção, a geração de renda.
Principalmente quando olhamos para a agropecuária, tendo em vista que a produção agrícola
é muito limitada, quase não existindo culturas permanentes e as culturas temporárias
existentes são basicamente de subsistência, sem a utilização de tecnologias.
Com este estudo percebemos que este setor possui grandes potencialidades a seu favor
como: existência de rios cortando o município, o que propicia a exploração de diversas
culturas, solo fértil, uma razoável organização social, além de uma produção diversificada.
Observou-se que nos últimos anos tem havido um grande incentivo a piscicultura,
porém esta precisa ser melhor explorada nas áreas ribeirinhas, tendo em vista que após a
construção da barragem de Acauã, o Rio Paraíba nestas áreas deixou de ser intermitente
possuindo água o ano inteiro, tendo sido elaborado vários projetos para região, sendo
necessário agora capacitação para os mesmos .
É preciso investir social e financeiramente em algum arranjo produtivo local, sendo
necessário buscar as “janelas” de oportunidades, para a melhoria da qualidade de vida da
população. E neste contexto vemos na agricultura familiar o caminho. Utilizando as pequenas
propriedades para produção de alimentos saudáveis e também para a prática do turismo rural,
tendo em vista que possuímos grandes áreas com atrativos naturais e culturais, que podem ser
exploradas, tanto para o turismo rural (passeio em fazendas) como também para a prática de
turismo de aventura (prática de Rappel entre outros esportes), o que complementaria a renda
do agricultor familiar.
O município também precisa melhorar a sua politica rural local, fazendo-se necessário
uma melhor assistência técnica, para que estes possam orientar os agricultores familiares
com o propósito de fazer com que chegue aos mesmos às técnicas e tecnologias necessárias
para o aumento da sua produtividade de forma sustentável. O que consequentemente
24
ocasionara um aumento da renda e uma melhoria da qualidade de vida. Além disso é
necessário que os próprios agricultores familiares percebem a sua importância no processo de
desenvolvimento local sustentável, além de se organizarem melhor, articulando-se uns com os
outros.
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servidora pública municipal – Sec. de Agricultura, Meio Ambiente, pecuária e pesca – Prefeitura
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e-mail: [email protected]
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