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MANEJO INTENSIVO DE PASTAGENS Artur Chinelato de Camargo André Luiz Monteiro Novo Pesquisadores da EMBRAPA - Pecuária Sudeste, São Carl 2ª revisão - 2.004

Agro - Embrapa pecuária - Manejo intensivo de pastagens.doc

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MANEJO DE PASTAGENS

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MANEJO INTENSIVO

DE PASTAGENS

Artur Chinelato de Camargo

Andr Luiz Monteiro Novo

Pesquisadores da EMBRAPA - Pecuria Sudeste, So Carlos, SP

2 reviso - 2.004

NDICE

1. CONCEITOS BSICOS3

2. AMOSTRAGEM DE SOLO7

3. NUTRIENTES11

3.1. Conceitos Bsicos11

3.2. Matria Orgnica13

3.3. Clcio e Magnsio (calcrio)14

3.4. Fsforo16

3.5. Enxofre18

3.6. Micronutrientes19

3.7. Potssio21

3.8. Nitrognio22

4. INTERPRETAO DA ANLISE DO SOLO24

5. CUSTO DA ADUBAO35

6. FORMAO E RECUPERAO DE PASTAGENS40

6.1. Escolha da rea40

6.2. Preparo do Solo41

6.3. Escolha da Espcie41

6.4. Plantio43

7. MANEJO INTENSIVO DAS PASTAGENS45

7.1. Diviso da rea em Piquetes46

7.2. Pastejo de Ponta e Repasse48

7.3. Irrigao - conceitos49

8. MANEJO DO REBANHO51

8.1. Nutrio51

8.2. Sade51

8.3. Conforto52

9. GERENCIAMENTO PROFISSIONAL54

1. CONCEITOS BSICOS

No mundo todo os sistemas que utilizam pastagens so adotados sempre que existe conhecimento tecnolgico e condies para aplicao de conceitos de explorao intensiva de um recurso produtivo capaz de reduzir custos de produo.

Essa reduo de custo advm principalmente do fato das vacas executarem a colheita e o transporte do alimento volumoso, eliminando a distribuio deste tipo de alimento nos cochos.

Assim, os menores investimentos e gastos com a manuteno de mquinas, equipamentos e construes, a reduo no uso da mo de obra, e o baixo custo da matria seca produzida no pasto: R$ 40 a 60,00 por tonelada de matria seca (MS) (2.004), resulta em gastos reduzidos na alimentao.

A simulao da tabela 1 d uma idia das dificuldades de produzir quando o preo do leite cai e o custo da alimentao permanece elevado, e indica que com valores mais altos pagos para o leite qualquer sistema pode ser adotado.

Tabela 1 - Litros de leite necessrios por vaca por dia para pagar o custo de produo.

Preo

doCusto da alimentao (custo total)*

R$/vaca/dia

Leite0,5

(1,0)1,0

(2,0)2,0

(4,0)3,0

(6,0)4,0

(8,0)

(R$/l)Custo total em litros de leite / vaca / dia

0,402,55,010,015,020,0

0,352,85,711,417,122,8

0,303,36,613,319,226,6

0,254,08,016,024,032,0

0,205,010,020,030,040,0

0,155,013,226,439,653,6

* Valor entre parentesis representa o custo total, sendo considerada a alimentao como metade deste valor.

De todas as tecnologias disponveis, a produo de leite a pasto a mais complexa, havendo a necessidade de entendimento e manipulao corretos da complicada interao:

solo ( planta ( clima ( animal ( ao do Homem

O uso do pasto exigir a aplicao de um conceito global, resultante da somatria de vrios princpios tcnicos e no do simples clculo de atendimento de exigncias nutricionais e adequao de dietas para vacas mantidas em ambientes onde o controle dos fatores do meio so mais fceis de serem executados, como acontece nos confinamentos bem conduzidos.

Por esse motivo, tcnicos que trabalham adequadamente em confinamentos, como por exemplo os nutricionistas, e tambm alguns fazendeiros, sentem dificuldades e abandonam o uso do pasto, pois o sistema no depende de acertos e programaes executadas antecipadamente para obteno de resultados.

No pasto, o volumoso no pode ser mudado de ltima hora em qualidade ou quantidade. A disponibilidade para o animal fica na dependncia de estimativas sobre a produo de matria seca, da presso de pastejo adotada e de tcnicas de manejo dos piquetes. O consumo de forragem pode ser afetado por maturidade da planta, quantidade e densidade de forragem por unidade de rea, competio entre animais, suplementao alimentar, horrio e tempo de pastejo e poca do ano.

No pastejo pode haver seletividade no consumo de volumoso, dependendo de como o manejo conduzido. Esse fato pode modificar o valor nutritivo do alimento ingerido, dificultando o balanceamento da dieta.

A fertilidade do solo e sua manipulao afetam tanto a quantidade como a qualidade da forragem e, portanto, os hbitos de pastejo.

O Homem deve ser capacitado para manipular corretamente um nmero grande de fatores, para que haja condies favorveis s vacas leiteiras.

Nos pases de clima temperado, onde as plantas forrageiras apresentam valor nutritivo elevado, torna-se possvel manter vacas de bom potencial gentico consumindo somente pasto. Este fato acontece porque nas pastagens de azevm consorciadas com trevo branco, o consumo de matria seca e nutrientes suficiente para garantir picos de 25 a 30 litros dirios. Para esse nvel de produo a vaca mdia deve consumir por dia, cerca de 20 kg de matria seca, o que representa de 3,5% a 3,8% do peso vivo, contendo nutrientes suficientes para atendimento de todas as exigncias nutricionais. O leite produzido, alm de barato, rico em gordura e protena e os ndices reprodutivos do rebanho so compatveis com sistemas eficientes e rentveis.

Fazendas que utilizam somente o pasto para alimentao do rebanho apresentam vacas com condio corporal diferente da observada nos confinamentos, onde a disponibilidade de energia da dieta muito maior.

As vacas apesar de mais enxutas, so capazes de reproduzir adequadamente e produzir entre 5.000 e 6.000 kg de leite por lactao.

Nas regies tropicais a situao diferente e trabalhos experimentais tem indicado que as produes, usando somente pastagens de gramneas tropicais, ficaro entre 10 e 15 litros dirios por animal. Esse fato acontece porque o consumo de matria seca baixo, devido natureza da parede celular dos capins tropicais e dificuldade de consorciao com leguminosas em sistemas intensificados.

O ciclo metablico dos capins possibilita um rtmo de crescimento muito acelerado (plantas C4) e as leguminosas (plantas C3) no conseguem competir, nem permanecer no sistema. A tabela 2 mostra algumas diferenas fisiolgicas entre esses tipos de plantas.

Tabela 2 Caracteristicas diferenciais entre plantas com fotossntese C3 e C4*.

PARMETRO

PLANTAS C3PLANTAS C4

Fotossntese

versus

Intensidade da luzsatura em ( 1/3 da luz solar mximano atinge a saturao com o aumento da intensidade luminosa

Temperatura tima

para

Fotossntese

( 25C( 35C

Taxa de fotossntese lquida em condies

de saturao de luz15 a 35 mg CO2/dm2/h40 a 80 mg CO2/dm2/h

* em folhas completamente diferenciadas

Estima-se que a vaca mdia seja capaz de consumir de 10 a 12 kg de matria seca de pastagem tropical por dia, o que equivale de 2% a 2,3% do peso vivo. A menor quantidade de alimento ingerido apresenta tambm menor valor energtico e protico que o observado para a forragem de clima temperado. Assim sendo, se houver interesse de produes mais elevadas, existe necessidade de suplementao com alimentos concentrados.

A tabela 3 pode ser usada como guia terico para alimentao de vacas em pastagens de gramneas tropicais, usando a premissa de que o consumo de matria seca seja de 10 kg por dia, e o concentrado como suplementao em adio, procurando atender exigncias de matria seca e princpios nutritivos.

Deve-se considerar que o pasto de boa qualidade deve conter de 10 a 12% de protena e de 65 a 67% de NDT (nutrientes digestveis totais) e um concentrado padro de boa qualidade pode ser usado para qualquer nvel de produo da vaca, justificando a prtica universal de comercializao de somente um tipo de concentrado para suplementao de pastagem.

A aplicao desse conceito, na prtica, tem revelado que, muitas vezes, existe necessidade de se fornecer mais concentrado a partir de 18 a 20 litros de leite por dia. Devido a essa necessidade, chegou-se recomendao geral de usar o concentrado na proporo 1:3, ou seja, 1 kg de concentrado para cada 3 litros de leite a partir de produes acima de 10 litros de leite dirios por vaca.

Tabela 3 - Suplementao da pastagem pelo uso de alimento concentrado, de acordo com a produo de leite por vaca por dia.

Produo

de

leiteExigncias dirias

das vacas

(kg)Concentrado

a ser

fornecidoRelao

Conc:

LeiteComposio

do

concentrado%

volumoso

na MS

(kg/v/dia)MSPBNDT(kg/v/dia)% PB% NDTda dieta

10101,206,7100:0--100

15121,628,212,31:6,518,265,683

20142,049,724,51:4,418,667,071

25162,4611,226,81:3,718.566,162

30182,8812,739,01:3,318,666,655

35203,3014,2311,31;3,118,566,650

40223.7215,7413,61:2,918,566,445

Considerando vaca com peso vivo mdio de 550 kg.

MS = matria seca, PB = protena bruta, NDT = nutrientes digestveis totais

Pode-se notar nas informaes da tabela 3, que mesmo para produes mais elevadas de leite, a proporo do concentrado na matria seca da dieta fica entre 45% e 50%, o que est de acordo com as recomendaes tcnicas. O limite para o uso de concentrado de 55 % na MS da dieta.

Deve-se salientar que no pasto as vacas ingerem alimento volumoso integral, sem ser picado, e o efeito da fibra longa garante condies favorveis ao funcionamento do rmen.

Se o concentrado for fornecido em duas ou trs refeies, na forma seca, a salivao abundante para lubrificar o bolo alimentar tambm contribui para manter o bom funcionamento do processo digestivo.

Acidose, laminite e demais problemas relacionados com excesso de concentrado, no ocorrero se o consumo de volumoso for adequado nos manejos cuidadosos.

Medidas devem ser tomadas para evitar fontes de estresse que possam contribuir para uma reduo no consumo de matria seca da pastagem. Idade avanada da planta forrageira, movimentao excessiva, exposio radiao solar nas horas quentes, restrio de gua, problemas de casco, infestao por ecto e endoparasitos e, sobre tudo, horrio de pastejo, so fatores que afetam as vacas nas pastagens.

O manejo deve ser estabelecido em pastos pequenos, de solo frtil, apresentando alta produo de forragem por unidade de rea, contendo plantas no ponto ideal de uso e disponibilidade de gua e sombra prximas ao local de pastejo.

As vacas devem pastar somente no incio e fim do dia. Nas horas quentes, precisam permanecer repousando e ruminando na sombra, pois no existe nenhuma necessidade de pastejo nesses horrios. Garantindo distncias curtas de caminhamento, evitando radiao solar direta por perodos longos e tranquilidade durante o dia, as vacas podem produzir bastante leite.

2. AMOSTRAGEM DO SOLO

A amostragem do solo a etapa mais crtica na avaliao de sua fertilidade. Se no for bem feita, todas as atitudes posteriores podem ficar comprometidas.

Divida o terreno em glebas de no mximo 20 ha, usando como fatores de diferenciao na diviso:

( cor do solo

( grau de uso - vegetao

( eroso

( fertilidade natural

( profundidade do solo

( relevo

( umidade solos de vrzea

( pastagens

( culturas anuais

( culturas perenes

O histrico da rea, como correes com calcrio, aplicao de fertilizantes e adubos orgnicos, tamanho das glebas, so informaes importantes a serem enviadas com a amostra do solo. O formulrio apresentado a seguir pode ser usado, facilitando o trabalho de recomendao das adubaes.

FORMULRIO PARA ENVIO DE AMOSTRA DE SOLO

nome da propriedade______________________________________

municpio__________________________________ estado _____

nome do proprietrio______________________________________

remetente_______________________________________________

endereo_______________________________________________

municpio__________________________________ estado _____

identificao da amostra_________________________________

cultura anterior___________________________________________

cultura a ser plantada______________________________________

cultura a ser cuidada______________________________________

rea____________________________________________________

ltima produo/lotao__________________________________

calcrio_______________________________________________

________________________________________________________

adubaes_______________________________________________

________________________________________________________

________________________________________________________

________________________________________________________

comentrios

________________________________________________________

________________________________________________________

________________________________________________________

________________________________________________________

observaes:

1. No mande amostras molhadas para o laboratrio. Seque-as sombra antes de envi-las.

2. Coloque a etiqueta do lado de fora do saco plstico, bem visvel, para facilitar sua identificao no laboratrio.

3. Use 1 formulrio para cada amostra.

Para a coleta do solo podero ser usados as seguintes ferramentas:

( p reta

( enxado

( trados tipo

sonda mais utilizado

holands

rosca

No caso do trado tipo sonda, alguns cuidados devem ser tomados:

( usar sempre martelo de borracha ou outro material qualquer, desde que encapado com borracha (pneu, por exemplo)

( nunca usar marreta ou martelo de ferro

( no usar em solo contendo cascalho

( no coletar amostras quando o solo estiver muito seco ou muito mido

( uma vez enterrado profundidade desejada, deve-se proceder toro do trado, a fim de quebrar a coluna de solo formada

( esta toro dever obedecer a direo dos ponteiros do relgio, ou seja, da direita para a esquerda, para evitar que a ponta de ao rosqueada se solte e se perca dentro do solo

( a ponta de maior dimetro indicada para solos arenosos

( a ponta de menor dimetro indicada para solos argilosos

( com a utilizao deste trado pode-se dispensar o uso do balde na coleta das amostras simples, podendo ser substitudo por um saco plstico resistente de 25 x 35

( v juntando no saco plstico as amostras recolhidas de cada um dos pontos amostrados

( misture bem a terra, quebrando os torres, sem colocar as mos diretamente no solo (para evitar contaminao da amostra), trabalhando as amostras com as mos por fora

( da terra misturada, passar 0,5 kg para um outro saco plstico menor (15 x 25) j etiquetado (amostra composta)

( se preferir usar as mos na mistura das amostras simples, use o prprio saco plstico da amostra composta, no lado avesso, como luva

( em seguida, use o mesmo saquinho, do lado certo, como embalagem da amostra composta

A etiqueta de identificao da amostra, a ser grudada pelo lado de fora do saco plstico, dever conter:

( data da amostragem

( nome da rea amostrada( profundidade amostrada( nome da propriedade( municpio e estado onde localiza-se a propriedade

( nome do proprietrioAmostre a rea a ser trabalhada naquele ano agrcola e dentre essas selecione a(s) prioritria(s), se houver dificuldade de recurso financeiro.

O nmero de amostras simples (ponto de coleta) por ha depender do tamanho da rea:

Se a rea a ser amostrada for pequena (menor que 5 ha) colete de 10 a 15 amostras simples/ha.

Se a rea a ser amostrada for de tamanho mdio (5 a 20 ha) colete de 8 a 10 pontos/ha.

Se a rea a ser amostrada for grande (maior que 20 ha), colete de 5 a 8 amostras/ha.

Lembre-se que quanto mais amostras forem coletadas, maior ser a possibilidade da amostra composta, expressar a verdade sobre a fertilidade do solo.

Para amostrar o solo, caminhe em zigue-zague pela gleba selecionada.

Colete o solo na profundidade de 0 a 20 cm.

Retire da superfcie do solo, folhas, gravetos, paus e toda sorte de material que possa comprometer a qualidade da amostragem.

No retire amostras perto de estradas, carreadores, cercas, terraos (conhecidos como curva de nvel), formigueiros, cupinzeiros, aguadas, malhadouros, sombras, construes, depsitos de adubos, calcrio ou lixo.

Caso a amostra composta esteja muito mida, espalhe-a em fina camada sobre um plstico e deixe-a secar sombra. No envie ao laboratrio amostras midas, para que no haja interferncia no resultado das anlises.

Envie a amostra composta a um laboratrio que participe de um programa de controle de qualidade oficial para que sejam efetuadas as anlises qumica e fsica (somente na primeira vez) do solo.

O Instituto Agronmico de Campinas (IAC) uma instituio pblica gabaritada, que controla a qualidade de vrios laboratrios de anlise de solo do Pas.

3. NUTRIENTES

3.1. CONCEITOS BSICOS

O rendimento de uma colheita limitado pela ausncia de qualquer um dos nutrientes essenciais ou qualquer um dos fatores de produo, mesmo que todos os demais estejam disponveis em quantidades adequadas.

LEI DO MNIMO A BASE DA PRODUTIVIDADE

LuzH2OCmoBCuMnMoZnCaMgPKNS

Na figura ilustrativa acima, nota-se que de nada adiantar adubar as pastagens com nitrognio, se o fator que est limitando a produo o clcio e o magnsio. A partir do momento que esses dois elementos tiverem sido adequados para permitir elevadas produes de forragens, o fsforo passar a ser limitante, devendo ser corrigido e assim sucessivamente.

A absoro de nutrientes do solo pelas razes ocorre de trs maneiras:

( intercepo radicular o sistema radicular, ao desenvolver-se, encontra com os nutrientes

( fluxo de massa a gua por estar sendo constantemente absorvida pelas razes, carrega os nutrientes

( difuso devido absoro de nutrientes, cria-se um gradiente de concentrao na soluo do solo prximo da superfcie das razes, com teores mais baixos prximo e mais altos distante dela, ocasionando o movimento lento por difuso dos nutrientes para a raiz.

A tabela 4 mostra como cada nutriente absorvido pelo sistema radicular.

Tabela 4 Meios de absoro dos nutrientes por parte das plantas.

NUTRIENTES% FORNECIDA POR

IntercepoFluxo de MassaDifuso

MACRO

N (nitrognio)1,298,80

P (fsforo)2,95,791,4

K (potssio)2,320,077,7

Ca (clcio)28,671,40

Mg (magnsio)13,087,00

S (enxofre)5,095,00

MICRO

Zn (zinco)33,333,333,3

B (boro)2,897,20

Cu (cobre)2,497,60

Mo (molibdnio)4,895,20

Fe (ferro)10,552,636,9

Mn (mangans)20,080,00

3.2. MATRIA ORGNICA

A matria orgnica do solo consiste em resduos de plantas e de animais em fases distintas de decomposio.

A matria orgnica benfica de vrias formas:

( melhora as condies fsicas (estrutura) do solo

( aumenta a capacidade de reteno de gua

( diminue as perdas por eroso

( favorece o controle biolgico de pragas, pela maior populao microbiana

( apresenta alta capacidade de troca catinica (CTC)

( fornece nutrientes s plantas, liberando lentamente fsforo, nitrognio e enxofre

( serve como reservatrio de gua

Quando a matria orgnica est sendo decomposta, os microrganismos do solo necessitaro de nitrognio para formar protenas em seus corpos.

Se o material que estiver sendo decomposto possuir uma alta relao carbono/nitrognio (C/N), o que significa pouco N, estes organismos usaro o nitrognio disponvel, proveniente do solo e dos fertilizantes.

O aumento de matria orgnica nas pastagens est diretamente ligado ao aumento na produo vegetal das mesmas.

A forragem perdida durante o pastejo, por possuir baixa relao C/N , entra imediatamente em decomposio, contribuindo expressivamente para o aumento da matria orgnica do solo.

A planta uma fbrica de matria orgnica.

A matria orgnica de um solo est diretamente relacionada com a capacidade deste em reter cargas positivas (CTC).

Isto significa que se o nvel de matria orgnica aumentar, consequentemente, a capacidade do solo em reter cargas positivas (Ca, Mg e K), tambm ser aumentada.

3.3. CLCIO e MAGNSIO (calcrio)

O clcio nas gramneas forrageiras essencial para o crescimento do sistema radicular. Sua deficincia provoca reduo no sistema radicular, com morte da extremidade das razes e como consequncia, clorose nas folhas novas.

O magnsio componente da clorofila, pigmento verde responsvel pela fotossntese, auxiliando tambm na absoro de fsforo. Sua deficincia afeta o crescimento da planta sendo caracterizada por listras esbranquiadas paralelas s nervuras nas folhas inferiores.

A fonte mais importante de clcio e magnsio para as plantas o calcrio, que pode ser classificado em trs tipos:

( calcrio dolomtico 25 a 30% de CaO e 13 a 20% de MgO

( calcrio magnesiano 30 a 40% de CaO e 6 a 12% de MgO

( calcrio calctico 40 a 45% de CaO e 1 a 5% de MgO

Recomenda-se que seja utilizado um calcrio de qualidade (PRNT acima de 90%) e ensacado.

Calcrio com PRNT menor que 70 % aumentar o nvel de CO3 livre, que reduzir a eficincia da adubao nitrogenada.

A vantagem do produto ensacado a possibilidade de se adubar piquete por piquete com a quantidade exata recomendada e a diminuio das perdas em relao do produto a granel. A desvantagem o preo mais elevado.

O calcrio pode ser aplicado a lano no caso de rea de pastagem a ser recuperada ou incorporado ao solo (calagem) quando deseja-se reformar a pastagem (novo plantio) ou implantar alguma cultura forrageira como milho e sorgo para ensilagem e cana de acar para corte.

A aplicao de calcrio na recuperao de uma pastagem em reas declivosas (morro) deve ser precedida pela formao de massa de forragem (macega). Esta macega pode ser formada a partir da vedao da rea a ser trabalhada. Aps a aplicao do calcrio, o material produzido ao longo do tempo de vedao, deve ser roado, reduzindo as perdas por lavagem em decorrncia de chuvas.

A poca indicada para a aplicao do calcrio em pastagens o final da estao de crescimento acelerado, ou seja, os meses de maro/abril. De acordo com a anlise de solo anual, faz-se o planejamento da adubao com clcio e magnsio at atingirmos o objetivo.

A aplicao de calcrio em pastagens j formadas durante o perodo seco do ano no trar nenhum benefcio para a forrageira, podendo ocorrer perdas devido a ao do vento.

O objetivo do uso de calcrio quanto fertilidade do solo atingir:

( saturao por bases (V%) 70 a 80 %

( clcio 55 a 60 % da CTC

( magnsio 15 a 20 % da CTC

A necessidade de calcrio (NC) expressa em t/ha, pode ser obtida pela frmula:

NC = (V2 V1) x CTC 10 x PRNT

onde:

V1 =saturao por bases atual, dada pela frmula V% = S x 100 , sendo S,

CTC

a soma de bases (Ca + Mg + K)

V2 =saturao por bases desejada - no caso de pastagens e culturas forrageiras de produo elevada, a V2 almejada dever ser de 80 %.

CTC = capacidade de troca de ctions - a soma de bases (S) + as concentraes de H e Al

PRNT = poder relativo de neutralizao total - um indicativo da qualidade do calcrio, que quanto mais prximo de 100 %, melhor

3.4. FSFORO

O fsforo essencial para o crescimento das plantas forrageiras, desempenhando importante funo no desenvolvimento radicular e no perfilhamento das gramneas.

Assim sendo, recomenda-se aplic-lo junto s sementes/mudas na formao da pastagem ou no incio da estao de crescimento das plantas, no caso de recuperao de um pasto.

Sua deficincia caracterizada pela colorao prpura (arroxeada) de colmos e folhas.

O fsforo reage quimicamente com elementos como o ferro, o alumnio e o clcio para formar compostos que as razes no podem aproveitar de imediato.

Movimenta-se muito pouco na maioria dos solos. Geralmente permanece onde colocado (adubao). Assim, pouco fsforo perdido por lixiviao, apesar dele poder movimentar-se um pouco mais em solos arenosos do que em solos argilosos.

Quase todo o fsforo absorvido pela planta, via difuso, um processo lento e de pouca amplitude, que depende da umidade do solo.

Condies de seca reduzem drasticamente a difuso, justificando a aplicao do fsforo no perodo das chuvas ou sob condio de irrigao.

Apesar da aplicao superficial de fsforo ser geralmente o modo menos eficiente para adubar as culturas, o plantio direto e o sistema rotacionado de pastejo so excees. Com resduos na superfcie, os nveis de umidade estimulam o enraizamento pouco profundo. Isto faz com que as razes utilizem o fsforo da superfcie ou prximo a ela.

Os resultados de adubaes fosfatadas em pastagens degradadas, podero ser incipientes, caso no haja a presena de material morto cobrindo o solo, justificando o aparecimento de conceitos errneos de que esse nutriente deva ser incorporado pela gradagem.

A eroso superficial pode remover partculas de solo contendo fsforo. Juntamente com a remoo pela colheita (pastejo ou corte), so as nicas formas significativas de perdas de fsforo.

Para o incio de um trabalho de intensificao da produo de forragem, o nvel mnimo de 10 mg/dm3 (10 ppm) de fsforo resina, sendo o objetivo alcanar e posteriormente manter, este nvel em 30 mg/dm3 (30 ppm).

A quantidade de fsforo a ser adicionada, prevendo fixao mdia de 50%, ser de

10 kg de P2O5 para cada incremento de 1 mg/dm3 (1 ppm) no solo

Os adubos fosfatados solveis em gua so frequentemente utilizados na produo intensiva de forragens, devido a necessidade elevada deste nutriente no solo para absoro imediata pela planta.

Devem ser aplicados aps a calagem no caso de plantio da pastagem e aps a adubao com calcrio no caso de recuperao da pastagem.

A pH entre 4,0 e 4,5, a eficincia da adubao fosfatada de apenas 40 % devido a complexao do PO4 pelo clcio, alumnio e ferro.

A pH entre 6,0 e 6,5, esta eficincia atinge 100 % .

Os fosfatos naturais devem ser incorporados ao solo (plantio da pastagem) antes da calagem, para que haja reao com o solo cido (pH baixo). No caso de recuperao de uma pastagem, onde no ocorrer a incorporao ao solo, no recomenda-se a utilizao deste tipo de fertilizante.

Na tabela 5 so apresentados os principais adubos fosfatados utilizados no Brasil.

Tabela 5 Composio dos principais adubos fosfatados usados no Brasil.

ADUBO% P2O5%

guaHCiTotalCaOMgONS

SOLVEIS

Superfosfato Simples181820280012

Superfosfato Triplo38404515001

MAP (fosfato monoamnio)50505200110

DAP (fosfato diamnico) 40424500180

INSOLVEIS

Termofosfato magnesiano01619281600

FAPS (Parcialmente acidulado)8102635006

Arax053642000

Catalo03370000

Patos de Minas04230000

* HCi = cido ctrico a 2%

3.5. ENXOFRE

O enxofre essencial na formao de protena na planta, fazendo parte de alguns aminocidos. Os aminocidos so blocos formadores das protenas.

Auxilia ainda, na produo de enzimas e vitaminas.

As plantas deficientes em enxofre apresentam uma cor verde plida, geralmente comeando pelas folhas novas.

As deficincias e enxofre ocorrem mais comumente em solos arenosos, pobres em matria orgnica, em reas com precipitao pluviomtrica de moderada a elevada.

A matria orgnica uma fonte considervel de enxofre na maioria dos solos.

Por estar na soluo do solo, movimenta-se com a gua, sendo facilmente lixiviado.

Como fontes de enxofre podem ser citados:

( superfosfato simples 12% de S, 28% de CaO e 18% de P2O5 ( sulfato de amnio 24% de S e 21% de N

( sulfato de potssio e magnsio 22% de S, 11% de Mg e 22% de K2O

( gesso 15 a 17% de S e 22% de Ca

Para obteno de elevada produo, a necessidade da planta forrageira est entre 60 e 90 kg de enxofre/ha.

Isto significa que se for usado o superfosfato simples como fonte de fsforo, provavelmente no deverer ocorrer deficincia de enxofre.

Caso isto no ocorra, pode-se adubar o solo com gesso. A quantidade a ser jogada por hectare, equivale a:

Gesso/ha = 60 x % de argila no solo

O uso do gesso est diretamente relacionado distncia da fonte propriedade, devido ao valor do frete.

No ultrapasse os nveis de gesso recomendados, para que o on SO4, no comee a complexar o Ca, Mg, K e Zn.

Quando for usado, dever ser aplicado em conjunto com o calcrio.

A poca de aplicao do gesso a mesma do calcrio, ou seja, no final do perodo de crescimento (maro/maio).

3.6. MICRONUTRIENTES

Os micronutrientes so to importantes para a nutrio das plantas quanto os macronutrientes, em que pese a menor quantidade requerida desses elementos.

O uso de micronutrientes na adubao deve ser tratado como qualquer outro insumo para a produo.

O pH do solo afeta consideravelmente a disponibilidade dos micronutrientes.

Em geral, a disponibilidade diminui medida que o pH aumenta, com exceo do molibdnio. A tabela 6 mostra a faixa de pH do solo onde h a maior disponibilidade de cada nutriente.

Tabela 6 Faixa de pH que favorece a disponibilidade de cada micronutriente.

MicronutrienteFaixa de pH para

disponibilidade mxima

Boro (B)5,0 a 7,0

Cobre (Cu)5,0 a 7,0

Ferro (Fe)4,0 a 6,5

Mangans (Mn)5,0 a 6,5

Molibdnio (Mo)7,0 a 8,5

Zinco (Zn)5,0 a 7,0

medida que o valor do pH se eleva atravs da aplicao de calcrio, aumentam as chances de ocorrncia de deficincias de micronutrientes.

Assim sendo, como a produo intensiva de pastagens requer uso frequente de calcrio e como no existem parmetros para a recomendao de micronutrientes nesse tipo de pastagem, recomenda-se a aplicao anual de uma mistura que contenha esses nutrientes

Existem vrias fontes de micronutrientes, entretanto, a mais usada e mais completa, contendo os elementos necessrios so as fritas, tambm chamadas elementos traos fritados, traduo literal do ingls frited trace elements, originando a sigla FTE.

As fritas mais recomendadas para o uso em pastagens e suas caractersticas encontram-se na tabela 7.

Tabela 7 Principais fritas brasileiras e suas caractersticas, para uso em pastagens.

FTEGARANTIAS (%)

BCuFeMnMoZn

BR-121,80,83,02,00,19,0

BR-12 EXTRA2,51,03,03,00,115,0

BR-131,52,02,02,00,17,0

BR-152,80,8--0,18,0

De uma forma geral, a recomendao para reas de produo intensiva de pastagens, tem sido da ordem de 50 kg de FTE BR-12 ou BR-13 ou BR-15 por hectare, aplicados anualmente.

Como a quantidade recomendada pequena, utiliza-se o adubo fosfatado (geralmente, o superfosfato simples) como veculo dos micronutrientes.

Deste modo so aplicados no incio do perodo de crescimento das plantas forrageiras.

3.7. POTSSIO

O potssio essencial para o uso eficiente da gua, alm de ser o responsvel pelo aumento da resistncia da planta ao acamamento, s pragas e as doenas.

Sua deficincia caracterizada pelo amarelecimento e bronzeamento nas margens das folhas inferiores.

O potssio no se movimenta muito no solo, sendo a difuso sua principal forma de absoro pelas razes. As condies de seca diminuem este movimento.

As perdas de potssio por lixiviao ocorrem sob condies de solos muito arenosos, com baixo teor de matria orgnica e sujeitos a elevados ndices pluviomtricos.

O objetivo em relao da adubao potssica elevar o nvel deste nutriente no solo para 5 a 6% da CTC (capacidade de troca catinica).

Dados de pesquisa apontam um aproveitamento de 70% do potssio via adubao.

Para se efetuar a recomendao de adubao potssica, siga os seguintes passos:

1. Encontre a porcentagem de potssio em relao CTC, dividindo a quantidade expressa na anlise do solo, pelo valor da CTC, multiplicando o resultado por 100

2. Estipule uma meta para a % de potssio em relao CTC (objetivo 5 a 6% de K em relao CTC)

3. A diferena entre a meta e o nvel atual (ambos em %) a deficincia a ser coberta pela adubao

4. Multiplique a diferena em % pelo valor da CTC, obtendo a quantidade necessria de potssio a ser adicionada em mmolc/dm35. Multiplique o resultado por 100, j que para elevar o potssio em 1 mmolc/dm3 de solo so necessrios 100 kg de K2O/ha

6. Divida o resultado da operao anterior por 0,7 pois o nvel de aproveitamento do adubo potssico de 70%

7. O resultado final ser a quantidade de K2O/ha

Os principais fertilizantes contendo potssio so:

( cloreto de potssio (KCl) 60% de K2O

( sulfato de potssio e magnsio 22% de K2O, 22% de S e 11% de Mg

( formulaes comerciais vrias concentraes de K e N, principalmente

Sob pastejo, grande parte do potssio reciclado no sistema pela morte de partes da planta, perdas por pastejo e incorporao de fezes e urina.

A contribuio das fezes e urinas irregular e dependente do manejo.

semelhana do fsforo, as adubaes potssicas apresentam maior sucesso quando efetuadas no perodo das chuvas ou sob irrigao e em pastagens que disponham de matria morta na superfcie do solo.

3.8. NITROGNIO

O aumento da produo das plantas forrageiras tropicais modulado pela adubao nitrogenada, desde que haja equilbrio entre os outros nutrientes em nveis elevados.

O nitrognio est ligado diretamente ao teor de protena e ao crescimento da planta.

A adubao nitrogenada no incio da estao de crescimento (outubro a maro), tem por objetivo aumentar o perfilhamento basal e elevar o meristema apical a uma altura em que seja eliminado durante o primeiro pastejo, garantindo a brotao das gemas laterais e consequentemente, o desenvolvimento dos perfilhos areos.

O aumento do perfilhamento basal (vindos da base da planta) provoca o aumento da touceira, acirrando a competio por espao.

Aps a eliminao do meristema apical, a produo de matria seca determinada pela expanso de folhas, que dependente das condies climticas (temperatura, luz e umidade) e da disponibilidade de nitrognio.

Em funo deste fato, recomenda-se a aplicao imediata do adubo nitrogenado aps cada pastejo ou corte, durante a estao de crescimento, melhorando a eficincia de sua utilizao.

A deficincia de um dos trs fatores climticos acima citados, reduzir a resposta da planta em relao adubao nitrogenada.

Nada poder ser feito para minimizar o efeito negativo desses fatores sobre o crescimento das plantas, caso a temperatura esteja abaixo da ideal para as gramneas forrageiras tropicais (menos de 35C durante o dia e menos de 15C no perodo noturno) e/ou o comprimento do dia (fotoperodo), seja menor que 12 horas.

Quanto a deficincia de gua, a presena de material morto na superfcie do solo, pode garantir a umidade necessria para que ocorra a absoro do nitrognio.

Deve ser adotado como rotina a adubao com nitrognio somente no final da tarde/incio da noite, independentemente da ocorrncia de chuvas ou no.

Mesmo durante um veranico (perodo seco durante a estao de crescimento), interessante adubar com nitrognio desde que haja cobertura morta sobre a superfcie do solo.

A perda de nitrognio por volatilizao quando a fonte for uria, pode chegar a 50% da quantidade aplicada, caso no haja cobertura morta e/ou no esteja chovendo no momento da adubao.

Mesmo que no esteja chovendo, a ocorrncia de sereno ou orvalho durante a noite, garantir a solubilizao do adubo nitrogenado.

Como a quase totalidade do nitrognio absorvido por fluxo de massa (a gua por estar sendo constante absorvida pelas razes, carrega o nutriente), o deslocamento do nitrognio dissolvido pela umidade noturna, da superfcie para o interior da cobertura morta, permitir que as razes entremeadas esta, encontrem e absorvam o nutriente.

A absoro do nitrognio provoca de imediato, um aumento na quantidade de clulas.

A expanso (crescimento) das clulas, no entanto, s ocorrer quando houver disponibilidade de gua (chuva ou irrigao), resultando numa resposta compensatria por parte da planta.

Assim, se o nico fator que estiver limitando o crescimento da planta forrageira for a umidade do solo, a irrigao das pastagens dever ser considerada como um instrumento vital para o aumento de produo de forragem.

O nitrognio em nvel adequado produz uma cor verde escura nas folhas, devido a uma alta concentrao de clorofila.

Sua deficincia caracterizada pelo amarelecimento das folhas (clorose), iniciando-se nas folhas mais velhas.

Como principais fontes de nitrognio podem ser citados:

( uria 45% de N

( sulfato de amnio 21% de N e 24% de S

( nitrato de amnio 34% de N

( nitroclcio 27% de N, 5% de CaO e 3% de MgO

( formulaes comerciais vrias concentraes de N e K, principalmente

Respostas lineares adubao nitrogenada tem sido obtidas at o nvel de 800 kg de N/ha/ano, com eficincia variando entre 40 e 60 kg de matria seca por kg de nitrognio aplicado.

Na tabela 8 mostrada uma simulao muitas vezes obtidas no campo, entre o nvel de nitrognio aplicado e a capacidade de suporte das gramneas forrageiras tropicais ao longo do perodo das guas na regio central do Brasil (entre os meses de novembro e maro, inclusive). Caso a pastagem seja irrigada, ampliando o tempo de sua utilizao ao longo do ano, haver a necessidade de elevar a dosagem de nitrognio.

Tabela 8 Simulao entre o nvel de nitrognio aplicado e a capacidade de suporte de gramneas forrageiras tropicais.

UA*/ha

(perodo de vero)N/ha

(kg)URIA/ha

(kg)

1--

250110

3100220

4150330

5200440

6250560

7300670

8350780

9400890

104501.000

115001.100

125501.200

* 1UA (unidade animal) = animal com peso vivo de 450 kg

Para a obteno de lotao de 1,0 UA/ha no h necessidade de adubao nitrogenada. Assim, se a lotao desejada for de 10 UA/ha, subtrai-se 1 e multiplica-se 9 por 50 kg de N, o que equivaler a 450 kg de N, correspondente, por exemplo, a 1 t de uria/ ha.

No caso da cana de acar, a produo esperada est relacionada ao nvel de nitrognio aplicado. Assim, em mdia, para cada tonelada produzida necessria aplicao de 1 kg de N/ha.

4. INTERPRETAO DA ANLISE DO SOLO

A interpretao da anlise de um solo depender da cultura que a ser implantada ou cuidada.

No caso de pastagens, devido sua elevada produo de matria seca por unidade de rea, as recomendaes para correo e fertilizao do solo, so invariavelmente superiores s recomendaes para outras culturas.

As unidades utilizadas no Programa de Controle de Qualidade de Laboratrios pelo Sistema IAC, esto de acordo com a legislao brasileira e o Sistema Internacional, desde 1.996. Alguns laboratrios usam ainda unidades antigas podendo no entanto, ser convertida em unidades atuais conforme relao sumarizada na tabela 9.

Tabela 9 Unidades antigas e atuais utilizadas na anlise de solo e seus respectivos fatores de converso.

DeterminaoUnidade

AntigaUnidade

NovaFator de Conversoa

M.O.(matria orgnica)%g/dm310

Fsforo resina (P)mg/dm3, ppmmg/dm31

Clcio (Ca)meq/100cm3mmolc/dm310

Magnsio (Mg)meq/100cm3mmolc/dm310

Potssio (K)meq/100cm3mmolc/dm310

Hidrognio + Alumnio (H+Al)meq/100cm3mmolc/dm310

Alumnio (Al)meq/100cm3mmolc/dm310

Soma de bases (S)bmeq/100cm3mmolc/dm310

Capacidade de Troca Catinica (CTC)cmeq/100cm3mmolc/dm310

(a) Para obter o valor numrico das novas unidades, multiplicar o valor das antigas pelo fator de converso.

(b) Soma de bases = K + Ca + Mg

(c) CTC = K + Ca + Mg + H + Al

Alguns laboratrios utilizam metodologias e unidades como:

Fsforo obtido pelo mtodo Melich no h converso para a determinao de P obtido pelo mtodo de extrao pela resina.

Potssio determinao feita em ppm para converter em mmolc/dm3, dividir o valor por 39.

Na tabela 10 so apresentadas algumas anlises de solo referentes propriedades leiteiras na regio de So Carlos, SP.

Tabela 10 Exemplos de anlises de solo.

AMOSTRApHpHM.O.P (resina)KCaMgH+AlAlSCTCV%

H2OCaCl2g/dm3mg/dm3Mmolc/dm3

14,94,11410,62133103,636,69,8

% CTC1,65,52,7

24,74,128130,53190154,594,54,8

% CTC0,53,21,1

35,74,815101,29226112,238,231,9

% CTC3,123,65,2

46,35,417151,916522022,944,951,0

% CTC4,235,611,1

56,25,215171,411526017,443,440,1

% CTC3,225,311,5

67,06,521231,7311514047,761,777,3

% CTC2,850,224,3

76,25,521101,0302521056,077,072,7

% CTC1,339,032,5

85,75,121545,321628032,360,353,6

% CTC8,834,810,0

Considerando as anlises apresentadas e o calcrio (calctico ou dolomtico) com PRNT de 90%, so discutidas as recomendaes de adubao para cada solo analisado.

No final do captulo apresentado um formulrio que poder ser utilizado para o envio das recomendaes de adubao para o proprietrio ou responsvel, onde as metas para dado ano agrcola so definidas de comum acordo.

Amostra n 1

Caractersticas

Areia quartzoza com vegetao de cerrado que nunca recebeu qualquer tipo de corretivo, fertilizante ou matria orgnica.

O objetivo do produtor nessa rea, plantar cana de acar para alimentao do rebanho.

RecomendaesA calagem (rea de implantao do canavial) para este ano agrcola, ser de 2,0 t/ha e o calcrio ser o dolomtico.

A adubao fosfatada ser de 90 kg de P2O5/ha. No caso de usar o superfosfato simples devero ser aplicados 450 kg/ha.

Conjuntamente com a adubao fosfatada, dever ser utilizada uma mistura de micronutrientes (BR-12) na dosagem de 50 kg/ha.

A quantidade de potssio recomendada de 100 kg de K2O/ha. Se o adubo utilizado for o cloreto de potssio (KCl), sero necessrios 170 kg/ha.

A adubao nitrogenada dever ser de 100 a 150 kg de N/ha, o que equivale a uma quantidade de uria entre 200 e 350 kg/ha, por exemplo, esperando-se com isso uma produo entre 100 a 150 t/ha.

Pode ser usada tambm, uma formulao que contenha N e K2O, como por exemplo, 20-00-15 na dosagem de 650 kg/ha ou 20-00-20 na dosagem de 500 kg/ha.

ComentriosNum solo arenoso, com baixo teor de matria orgnica, baixa CTC (pequena capacidade de reteno de cargas Ca, Mg e K), no recomendado elevar-se a saturao por bases, de uma s vez, para 80%. A correo do solo para reduzir o efeito da elevada quantidade de alumnio presente, ter como meta a saturao por bases de 60%. O nvel baixo de magnsio no solo determinou a escolha pelo calcrio dolomtico.

Para elevar o nvel de fsforo de 1 para 10 ppm (nvel mnimo para se iniciar qualquer trabalho de intensificao de produo pecuria), ser necessrio acrescer o nvel de fsforo no solo em 9 ppm. Nas adubaes fosfatadas de todas as anlises, recomendou-se a utilizao do superfosfato simples, para que a planta seja suprida de enxofre.

Outra recomendao geral, para todas as anlises, diz respeito mistura de micronutrientes. Devido a elevao do pH, via uso intenso de calcrio, tornar menos disponvel alguns desses elementos, podendo provocar deficincias nas plantas e consequentemente, reduo na produo, recomenda-se o uso anual de dosagem bsica de 50 kg/ha de BR-12.

Como a CTC est baixa, a adubao potssica poder ter como meta para este ano agrcola, alcanar 3,5% de K na CTC, lembrando que o objetivo atingir 5 a 6% de K na CTC. Assim, a deficincia de 1,9% de K na CTC. Isto corresponde a 0,69 mmolc/dm3 de solo. A multiplicao por 100 para encontrar a quantidade de K2O/ha e a diviso por 0,7, que o fator de aproveitamento da adubao potssica resultam na recomendao acima.

De uma forma geral, no incio de um trabalho de intensificao na produo de forragem, o nvel de nitrognio acompanha o nvel da adubao potssica.

Amostra n 2

Caractersticas

Latossolo vermelho amarelo textura mdia, cultivado nos ltimos dois anos com milho para silagem, obtendo produes abaixo de 10 t de material/ha.

O objetivo do produtor nesta rea, plantar cana de acar para alimentao do rebanho.

RecomendaesA calagem (rea de implantao do canavial) para este ano agrcola, ser de 3,7 t/ha e o calcrio ser o dolomtico.

A adubao fosfatada ser de 70 kg de P2O5/ha, equivalendo a 350 kg de superfosfato simples/ha.

Conjuntamente com a adubao fosfatada, dever ser aplicada uma mistura de micronutrientes (BR-12) na dosagem de 50 kg/ha.

A quantidade de potssio a ser aplicada ser da ordem de 140 kg de K2O/ha. Se o adubo utilizado for o cloreto de potssio (KCl), sero aproximadamente 230 kg/ha.

A adubao nitrogenada dever ser de 100 a 150 kg de N/ha, o que equivale a uma quantidade de uria entre 200 e 350 kg/ha, por exemplo.

Como opo, pode ser usada uma formulao que contenha N e K2O, como por exemplo 20-00-20 na dosagem de 700 kg/ha.

ComentriosPor no ter realizado calagem ou adubao de cobertura em anos anteriores, os nveis de clcio, magnsio e potssio esto extremamente baixos, resultando numa saturao por bases praticamente zero. A elevada concentrao de hidrognio e alumnio, caracteriza a condio cida do solo.

Como a CTC de solo est alta em funo do elevado teor de H+Al, se a meta neste primeiro ano for elevar a saturao por bases para valores acima de 40%, a quantidade de calcrio ser enorme. Lembre-se que o importante no atingir rapidamente os nveis ideais de fertilidade do solo, e sim estar preocupado em recuper-la, independentemente do tempo que isto levar. O nvel baixo de magnsio no solo determinou a escolha pelo calcrio dolomtico.

O teor de fsforo no est baixo, devido as adubaes contnuas no plantio do milho com a formulao 04-14-08. Neste ano agrcola, a meta em relao ao nvel de fsforo atingir 20 ppm.

A % de K em relao CTC est muito baixa (0,5%). Como a CTC est elevada, devido a alta concentrao de H+Al, a meta estipulada para este ano agrcola foi atingir 1,5%. Se a meta fosse 2,0 ou 2,5% de K na CTC, a quantidade de adubo potssico seria grande, podendo advir dois problemas: custo elevado de adubao e lixiviao do K.

De uma forma geral, no incio de um trabalho de intensificao na produo de forragem, o nvel de nitrognio acompanha o nvel da adubao potssica.

Amostra n 3

Caractersticas

Latossolo vermelho amarelo textura arenosa, cultivado com pastagem de capim braquiria decumbens em processo de degradao (aumento da presena de plantas invasoras).

O objetivo do produtor recuperar a pastagem, devido ao bom stand da braquiria decumbens.

RecomendaesA adubao com calcrio (rea de pastagem em recuperao) para este ano agrcola, ser de 2,0 t/ha e o calcrio ser o dolomtico.

A adubao fosfatada ser de 100 kg de P2O5/ha. No caso de usar o superfosfato simples devero ser aplicados 500 kg/ha.

Conjuntamente com a adubao fosfatada, dever ser utilizada uma mistura de micronutrientes (BR-12) na dosagem de 50 kg/ha.

A quantidade de potssio recomendada de 100 kg de K2O/ha. Se o adubo utilizado for o cloreto de potssio (KCl), sero necessrios 170 kg/ha.

A adubao nitrogenada dever ser de 250 kg de N/ha, o que equivale a uma quantidade de uria de 560 kg/ha, por exemplo.

Pode ser usada tambm, uma formulao que contenha N e K2O, como por exemplo, 25-00-10 na dosagem de 1.000 kg/ha.

ComentriosAs adubaes realizadas em anos anteriores premiaram a pastagem com todos os elementos, porm em dosagens abaixo do recomendado.

Os teores de clcio e magnsio esto muito baixos, refletindo na saturao por bases. Como a CTC est baixa, optou-se por elevar a saturao por bases para o nvel ideal. O nvel baixo de magnsio no solo determinou a escolha pelo calcrio dolomtico.

Com a adubao fosfatada a meta para este ano agrcola alcanar um teor de 20 ppm de fsforo no solo.

Devido baixa CTC do solo, o clculo da adubao potssica foi direcionado no sentido de obter um teor de K no solo ao redor de 5% em relao CTC. Apesar da boa quantidade de adubo que est sendo aplicada, provvel que a prxima anlise do solo da mesma rea, revele um incremento no valor absoluto e um decrscimo no valor relativo de K em funo da CTC. Este fato possivelmente ocorrer, devido ao provvel aumento da CTC, em decorrncia da adubao com calcrio.

A dosagem de nitrognio utilizada, permitir uma produo de massa capaz de suportar uma lotao mdia de 6 UA/ha, caso os outros fatores de produo (temperatura, fotoperodo e gua) no limitem o crescimento.

Amostra n 4

Caractersticas

Latossolo vermelho amarelo textura arenosa, cultivado com pastagem de capim braquiaro em recuperao.

O produtor deseja continuar o processo de recuperao da pastagem.

RecomendaesA adubao com calcrio (rea de pastagem em recuperao) para este ano agrcola, ser de 1,5 t/ha e o calcrio ser o dolomtico.

A adubao fosfatada ser de 100 kg de P2O5/ha. No caso de usar o superfosfato simples devero ser aplicados 500 kg/ha.

Conjuntamente com a adubao fosfatada, dever ser utilizada uma mistura de micronutrientes (BR-12) na dosagem de 50 kg/ha.

A quantidade de potssio recomendada de 120 kg de K2O/ha. Se o adubo utilizado for o cloreto de potssio (KCl), sero necessrios 200 kg/ha.

A adubao nitrogenada dever ser de 300 kg de N/ha, o que equivale a uma quantidade de uria de 670 kg/ha, por exemplo.

Pode ser usada tambm, uma formulao que contenha N e K2O, como por exemplo, 25-00-10 na dosagem de 1.200 kg/ha.

ComentriosMesma situao da amostra de solo anterior, porm, utilizando dosagens de adubos mais prximas do indicado.

O teor de clcio est baixo, mas o de magnsio aproxima-se do ideal (15 a 20% da CTC), e a saturao por bases por conseguinte, est num nvel mdio. O nvel de alumnio no solo foi zerado.

Como este solo apresenta uma saturao por bases mediana e a CTC est baixa, optou-se por elevar a V% de uma s vez, para o nvel ideal. O teor mdio de magnsio no solo determinou a escolha pelo calcrio dolomtico.

O nvel de fsforo est acima do nvel mnimo. O produtor poderia optar por uma dosagem maior, com o intuito de alcanar o ideal de 30 ppm no solo. Entretanto, optou-se por atingir a meta de 25 ppm, em funo da reduo no custo de adubao.

Em resposta s adubaes de cobertura realizadas no passado, o teor de potssio encontra-se prximo ao ideal. Assim optou-se por alcanar 6% de K em relao CTC. Provavelmente, com o passar do tempo, e o aumento do teor de matria orgnica do solo e o consequente aumento da CTC, haja queda no teor relativo de potssio, sendo necessria a reposio via adubao. Anlises anuais da fertilidade do solo, permitiro um monitoramento detalhado da fertilidade do solo.

A adubao nitrogenada uma moduladora da produo desde que os outros nutrientes e os fatores de produo no estejam limitando o crescimento. Desse modo, a recomendao de nitrognio foi feita no sentido de obter lotao mdia ao redor de 7 UA/ha.

Deve-se ressaltar que a quantidade de animais existentes no rebanho, o tamanho da rea a ser trabalhada e o recurso disponvel, so fatores fundamentais na determinao das dosagens dos adubos utilizados.

Amostra n 5

Caractersticas

Latossolo vermelho amarelo textura mdia, cultivado com pastagem de capim elefante em recuperao.

A anlise da amostra n 6 refere-se ao mesmo talho, porm no ano seguinte.

O produtor deseja continuar o processo de recuperao da pastagem.

Recomendaes

A adubao com calcrio (rea de pastagem em recuperao) para este ano agrcola, ser de 2,0 t/ha e o calcrio ser o dolomtico.

A adubao fosfatada ser de 80 kg de P2O5/ha. No caso de usar o superfosfato simples devero ser aplicados 400 kg/ha.

Conjuntamente com a adubao fosfatada, dever ser utilizada uma mistura de micronutrientes (BR-12) na dosagem de 50 kg/ha.

A quantidade de potssio recomendada de 50 kg de K2O/ha. Se o adubo utilizado for o cloreto de potssio (KCl), sero necessrios 90 kg/ha.

A adubao nitrogenada dever ser de 350 kg de N/ha, o que equivale a uma quantidade de uria de 780 kg/ha, por exemplo.

Comentrios

Como este solo apresenta uma V% mediana e a CTC est baixa, optou-se por elevar a V% de uma s vez para o nvel objetivo, a fim de ampliar a capacidade do solo em reter cargas. O nvel de magnsio no solo, ainda abaixo do ideal, determinou a escolha pelo calcrio dolomtico.

Via adubao fosfatada busca-se neste ano agrcola a meta de 25 ppm de fsforo. O produtor optou por no ir de uma vez para um nvel de fsforo de 30 ppm, devido ao custo da adubao. Alm disso, a fertilidade atual acrescida de fertilizao em dose mediana, permitir a resposta desejada no que diz respeito produo de forragem.

A adubao potssica foi realizada em quantidade reduzida por dois motivos: o nvel atual no ir limitar o crescimento da planta forrageira e haver diminuio de gasto com a adubao. Em resumo, o produtor queria gastar o mnimo necessrio, sem que a capacidade de suporte desejada fosse afetada. Assim a meta para o ano agrcola foi atingir 4% de K em relao CTC do solo.

O recurso existente foi direcionado para a adubao nitrogenada. O resultado da anlise deste solo, mostrou que era possvel utilizar a base da fertilidade existente (outros nutrientes) e utilizar uma elevada dosagem de nitrognio. Alm disso, o capim elefante possui um dos maiores potenciais para a produo de forragem. A meta quanto a capacidade de suporte foi atingir uma lotao mdia de 8 UA/ha.

Amostra n 6

Caractersticas

Latossolo vermelho amarelo textura mdia, cultivado com pastagem de capim elefante em recuperao.

a mesma gleba da amostra anterior, porm no ano seguinte.

O produtor deseja continuar o processo de recuperao da pastagem.

Recomendaes

A adubao com calcrio (rea de pastagem em recuperao) para este ano agrcola, ser de 200 kg/ha e o calcrio ser o calctico.

A adubao fosfatada ser de 70 kg de P2O5/ha. No caso de usar o superfosfato simples devero ser aplicados 350 kg/ha.

Conjuntamente com a adubao fosfatada, dever ser utilizada uma mistura de micronutrientes (BR-12) na dosagem de 50 kg/ha.

A quantidade de potssio recomendada de 150 kg de K2O/ha. Se o adubo utilizado for o cloreto de potssio (KCl), sero necessrios 250 kg/ha.

A adubao nitrogenada dever ser de 450 kg de N/ha, o que equivale a uma quantidade de uria de 1.000 kg/ha, por exemplo.

Comentrios

Como resultado da adubao com calcrio dolomtico recomendada no anterior, a saturao por bases e o nivel de clcio aproximaram-se do ideal (80% de V e 55 a 60% da CTC, respectivamente). J o nvel de magnsio ultrapassou o desejado (15 a 20% da CTC). Para atingir os nveis de clcio e V%, dever ser aplicado calcrio calctico, cujo teor de magnsio baixo.

A resposta do solo quanto a adubao com fsforo foi positiva. Uma nova fertilizao permitir atingir o nvel ideal de 30 ppm de fsforo no solo.

A quantidade absoluta de potssio foi incrementada, apesar da pequena dosagem aplicada no ano anterior, passando de 1,4 para 1,7 mmolc/dm3. No entanto, devido a elevao da saturao por bases (via adio de calcrio) e consequentemente da CTC, o teor de potssio em relao CTC caiu. Isto significa que houve um empobrecimento do solo, no que diz respeito ao potssio.

Este um fato comum, pois a primeira preocupao em relao aos objetivos quanto fertilidade de um solo a elevao da saturao por bases. Na sequncia, deve-se alcanar o ideal quanto ao nvel de fsforo e posteriormente, quanto ao de potssio.

A adubao potssica para o prximo ano agrcola buscar elevar a participao desse nutriente em relao CTC, para 4,5%.

A elevada adubao nitrogenada justifica-se pelo potencial da gramnea explorada e pela fertilidade equilibrada do solo, estando em condies de suportar uma produo intensiva de forragem que permita obter uma lotao mdia de 10 UA/ha.

Amostra n 7

Caractersticas

Latossolo vermelho escuro textura mdia, cultivado com pastagem de capim tanznia em recuperao.

A anlise da amostra n 8 refere-se mesma rea, 4 anos depois.

O produtor deseja continuar o processo de recuperao da pastagem.

Recomendaes

A aplicao de calcrio (rea de pastagem em recuperao), foi dispensada para este ano agrcola.

A adubao fosfatada ser de 100 kg de P2O5/ha. No caso de usar o superfosfato simples devero ser aplicados 500 kg/ha.

Conjuntamente com a adubao fosfatada, dever ser utilizada uma mistura de micronutrientes (BR-12) na dosagem de 50 kg/ha.

A quantidade de potssio recomendada de 190 kg de K2O/ha. Se o adubo utilizado for o cloreto de potssio (KCl), sero necessrios 320 kg/ha.

A adubao nitrogenada dever ser de 350 kg de N/ha, o que equivale a uma quantidade de uria de 780 kg/ha, por exemplo.

Pode ser usada tambm, uma formulao que contenha N e K2O, como por exemplo, 20-00-10 na dosagem de 1.800 kg/ha.

Comentrios

A saturao por bases est prxima do ideal, no entanto o nvel de clcio apenas mediano em relao CTC. Em contrapartida, o nvel de magnsio est acima de desejado, revelando que o aumento na V% foi obtido atravs da aplicao constante de calcrio dolomtico. O teor acima do desejado de magnsio no solo interfere na absoro de potssio. A recomendao de no premiar a pastagem com calcrio tem por objetivo, provocar o consumo de magnsio.

O nivel de fsforo no solo est no patamar mnimo. A adubao recomendada procurou atingir um teor de 20 ppm de P no solo.

O resultado da anlise revelou um teor de potssio muito baixo. As adubaes potssicas foram definidas com a meta de alcanar 3% no prximo ano agrcola e o objetivo de 6% de K na CTC, num prazo de trs anos.

Os nveis baixos de fsforo e potssio revelam que a recuperao da fertilidade do solo nesta propriedade, est sendo realizada de forma segmentada, ou seja, primeiro eleva-se a V%, posteriormente, o nvel de fsforo e finalmente o de potssio. A recuperao de um solo deve ser feita de forma harmoniosa, devendo haver sim a preocupao com a sequncia V%, P e K, mas no a recuperao estanque de cada elemento, como se um nada tivesse a ver com o outro na produo vegetal.

A elevada adubao nitrogenada justifica-se pelo potencial da gramnea explorada e pela fertilidade equilibrada do solo, estando em condies de suportar uma produo intensiva de forragem que permita obter uma lotao mdia de 8 UA/ha.

Amostra n 8

Caractersticas

Latossolo vermelho escuro textura mdia, cultivado com pastagem de capim tanznia em recuperao.

A anlise da amostra n 7 refere-se mesma rea, 4 anos antes.

O produtor continua com o processo de recuperao da pastagem.

Recomendaes

A adubao com calcrio (rea de pastagem em recuperao) para este ano agrcola, ser de 1,8 t/ha e o calcrio ser o dolomtico.

A adubao fosfatada no necessria para o prximo ano agrcola.

Para que no haja deficincia de enxofre, a recomendao se adube com 90 kg de S/ha, o que equivaleria a 600 kg de gesso, por exemplo. O sulfato de amnio pode ser outra opo para quem est distante da fonte de gesso.

No incio do perodo de crescimento dever ser aplicada a mistura de micronutrientes (50 kg de BR-12/ha), podendo ser usado como veculo, o superfosfato simples em pequena dosagem (150 a 200 kg/ha).

A adubao potssica no ser necessria para o prximo ano agrcola.

A adubao nitrogenada dever ser de 500 kg de N/ha, o que equivale a uma quantidade de uria entre 1.100 kg/ha, por exemplo.

Comentrios

Durante quatro anos, o calcrio calctico pode no ter sido aplicado ou o foi em dosagens pequenas com o intuito de haver o consumo de magnsio, reduzindo sua participao relativa na CTC. Consequentemente, ocorreu um acentuado decrscimo na saturao por bases e um pequeno declnio na % de Ca em relao CTC. Em sntese, deu-se um passo para trs para retomar o caminho correto do equilbrio entre os nutrientes no solo. Para o prximo ano agrcola ser necessria a aplicao de calcrio dolomtico com o objetivo de alcanar a V% e os nveis de Ca e Mg, ideais.

O monitoramento anual da fertilidade do solo, impedir que erros como o que foi cometido (excesso de Mg), aconteam novamente.

As adubaes fosfatada e potssica so desnecessrias este ano agrcola, pois os nveis de P e K esto acima do desejado.

Se no fosse a anlise de solo, provavelmente o produtor continuaria adubando a pastagem com esses elementos, prejudicando o equilbrio entre os nutrientes no solo e comprometendo o lucro da atividade.

A recomendao de adubao com enxofre via gesso ou sulfato de amnio, deve-se ao fato de no haver para pastagens, parmetro seguro na determinao de nveis desejados no solo. O mesmo raciocnio se aplica aos micronutrientes.

A elevada adubao nitrogenada justifica-se pelo potencial da gramnea explorada e pela fertilidade equilibrada do solo, estando em condies de suportar uma produo intensiva de forragem que permita obter uma lotao mdia de 11 UA/ha.

PRODUTOR - ___________________________________________________________________

PROPRIEDADE - ________________________________________________________________

MUNICPIO - ____________________________________________________________________

data da amostragem - ____________________

identificao da amostra - __________________________________________________________

CALCRIO

atual - ____________________

objetivo - ____________________

meta ano agrcola ________/________ - ____________________

Ca/CTC - ____________________

Mg/CTC - ____________________

PRNT do calcrio - ____________________

calcrio ____________________

necessidade de calcrio - __________________________________________________________

FSFORO

atual - ____________________

objetivo - ____________________

meta ano agrcola ________/________ - ____________________

deficincia - ____________________

necessidade de fsforo - ___________________________________________________________

POTSSIO

atual - ____________________

objetivo - ____________________

meta ano agrcola ________/________ - ____________________

deficincia - ____________________

necessidade de potssio - __________________________________________________________

NITROGNIO

meta ano agrcola ________/________

lotao desejada - ____________________

necessidade de nitrognio - ________________________________________________________

MICRONUTRIENTES

recomendao - _________________________________________________________________

COMENTRIOS

______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

5. CUSTO DA ADUBAO

Para calcular o custo de adubao, considerou-se um perodo de utilizao efetiva dos pastos de 150 dias (mdia dos ltimos 10 anos em So Carlos, SP); 1 vaca equivalendo a 1 UA e os seguintes preos dos adubos e do litro de leite:

( calcrios dolomtico ou calctico, ambos ensacados R$ 100,00/t

( superfosfato simples R$ 600,00/t

( micronutrientes (BR-12) R$ 1.000,00/t

( cloreto de potssio R$ 1.000,00/t

( uria R$ 1.200,00/t

( R$ 0,40/litro de leite

Amostra n 1

A adubao recomendada para cana de acar foi:

ADUBOQUANTIDADE

(kg)PREO UNITRIO

(R$/t)PREO TOTAL

(R$/ha)

Calcrio Dolomtico2.000100,00200,00

Superfosfato Simples450600,00270,00

BR-12501.000,0050,00

Cloreto de Potssio1701.000,00170,00

Uria3001.200,00360,00

TOTAL--1.050,00

Produo esperada de cana de acar = 120 t/ha

Custo da adubao = R$ 8,75/t

Amostra n 2

A adubao recomendada para cana de acar foi:

ADUBOQUANTIDADE

(kg)PREO UNITRIO

(R$/t)PREO TOTAL

(R$/ha)

Calcrio Dolomtico3.700100,00370,00

Superfosfato Simples350600,00210,00

BR-12501.000,0050,00

Cloreto de Potssio2301.000,00230,00

Uria3001.200,00360,00

TOTAL--1.220,00

Produo esperada de cana de acar = 120 t/ha

Custo da adubao = R$ 10,16/t

Amostra n 3

A adubao recomendada para a pastagem de braquiria decumbens foi:

ADUBOQUANTIDADE

(kg)PREO UNITRIO

(R$/t)PREO TOTAL

(R$/ha)

Calcrio Dolomtico2.000100,00200,00

Superfosfato Simples500600,00300,00

BR-12501.000,0050,00

Cloreto de Potssio1701.000,00170,00

Uria5601.200,00672

TOTAL--1.392,00

Utilizao da pastagem = 150 dias

Custo da adubao por hectare por dia = R$ 9,28/ha/dia

Preo do leite = R$ 0,40/l

Custo da adubao em litros de leite por hectare por dia = 23,2 l/ha/dia

Lotao esperada = 6 UA/ha

Custo da adubao em litros de leite por UA por dia = 3,9 l/UA/diaAmostra n 4

A adubao recomendada para a pastagem de braquiaro foi:

ADUBOQUANTIDADE

(kg)PREO UNITRIO

(R$/t)PREO TOTAL

(R$/ha)

Calcrio Dolomtico1.500100,00150,00

Superfosfato Simples500600,00300,00

BR-12501.000,0050,00

Cloreto de Potssio2001.000,00200,00

Uria6701.200,00804,00

TOTAL--1.504,00

Utilizao da pastagem = 150 dias

Custo da adubao por hectare por dia = R$ 10,02/ha/dia

Preo do leite = R$ 0,40/l

Custo da adubao em litros de leite por hectare por dia = 25,1 l/ha/dia

Lotao esperada = 7 UA/ha

Custo da adubao em litros de leite por UA por dia = 3,6 l/UA/diaAmostra n 5

A adubao recomendada para a pastagem de capim elefante foi:

ADUBOQUANTIDADE

(kg)PREO UNITRIO

(R$/t)PREO TOTAL

(R$/ha)

Calcrio Dolomtico2.000100,00200,00

Superfosfato Simples400600,00240,00

BR-12501.000,0050,00

Cloreto de Potssio901.000,0090,00

Uria7801.200,00936,00

TOTAL--1.516,00

Utilizao da pastagem = 150 dias

Custo da adubao por hectare por dia = R$ 10,11/ha/dia

Preo do leite = R$ 0,40/l

Custo da adubao em litros de leite por hectare por dia = 25,3 l/ha/dia

Lotao esperada = 8 UA/ha

Custo da adubao em litros de leite por UA por dia = 3,2 l/UA/diaAmostra n 6

A adubao recomendada para a pastagem de capim elefante foi:

ADUBOQUANTIDADE

(kg)PREO UNITRIO

(R$/t)PREO TOTAL

(R$/ha)

Calcrio Calctico200100,00200,00

Superfosfato Simples350600,00210,00

BR-12501.000,0050,00

Cloreto de Potssio2501.000,00250,00

Uria1.0001.200,001.200,00

TOTAL--1.910,00

Utilizao da pastagem = 150 dias

Custo da adubao por hectare por dia = R$ 12,73/ha/dia

Preo do leite = R$ 0,40/l

Custo da adubao em litros de leite por hectare por dia = 31,9 l/ha/dia

Lotao esperada = 10 UA/ha

Custo da adubao em litros de leite por UA por dia = 3,2 l/UA/diaAmostra n 7

A adubao recomendada para a pastagem de capim tanznia foi:

ADUBOQUANTIDADE

(kg)PREO UNITRIO

(R$/t)PREO TOTAL

(R$/ha)

Calcrio-100,00-

Superfosfato Simples500600,00300,00

BR-12501.000,0050,00

Cloreto de Potssio3201.000,00320,00

Uria7801.200,00936,00

TOTAL--1.606,00

Utilizao da pastagem = 150 dias

Custo da adubao por hectare por dia = R$ 10,71/ha/dia

Preo do leite = R$ 0,40/l

Custo da adubao em litros de leite por hectare por dia = 26,8 l/ha/dia

Lotao esperada = 8 UA/ha

Custo da adubao em litros de leite por UA por dia = 3,3 l/UA/diaAmostra n 8

A adubao recomendada para a pastagem de capim tanznia foi:

ADUBOQUANTIDADE

(kg)PREO UNITRIO

(R$/t)PREO TOTAL

(R$/ha)

Calcrio Dolomtico1.800100,00180,00

Superfosfato Simples200600,00120,00

BR-12501.000,0050,00

Cloreto de Potssio-1.000,00-

Uria1.1001.200,001.320,00

TOTAL--1.670,00

Utilizao da pastagem = 150 dias

Custo da adubao por hectare por dia = R$ 11,13/ha/dia

Preo do leite = R$ 0,40/l

Custo da adubao em litros de leite por hectare por dia = 27,8 l/ha/dia

Lotao esperada = 11 UA/ha

Custo da adubao em litros de leite por UA por dia = 2,5 l/UA/dia6. FORMAO E RECUPERAO DE PASTAGENS

Antes da deciso de qual espcie forrageira dever ser implantada o produtor e o tcnico devem analisar a existncia de reas de pastagens j implantadas que estejam aptas recuperao para uso em sistemas intensivos.

Em geral, a recuperao de reas j estabelecidas tem um custo 50% menor se comparado formao (plantio) de uma nova rea. Uma rea s dever ser formada se no houver condio de recuperao da pastagem ou se esta no existir.

6.1. ESCOLHA DA REA

A rea a ser recuperada ou formada deve ser selecionada com base em critrios como: distncia do centro de ordenha e manejo, facilidade para distribuio do(s) bebedouro(s), relevo mais apropriado (quanto mais plano melhor), existncia de acesso e a relao com o trnsito interno da propriedade, disponibilidade de sombras e drenagem do solo.

Aps a escolha do local mais adequado, deve-se proceder a amostragem do solo para fertilidade e executar a correo conforme descrito nos captulos anteriores e em seguida, realizar alguns trabalhos complementares antes do preparo do solo como:

( medio da rea via uso de trena (mais grosseiro) ou levantamento topogrfico (mais preciso)

( fechamento de buracos e valas

( controle de formigas (savas) e cupins de montculo

( retirada de tocos (destoca), troncos, galhos e pedras

( limpeza completa da rea, retirando toda sorte de objetos como: arames, plsticos, entulho, vidros, ferro velho, etc.

( locao de curvas de nvel e levantamento de terraos

6.2. PREPARO DO SOLO

A maioria das gramneas forrageiras tropicais so disseminadas por semente, que por serem muito pequenas, exigiro um timo preparo de solo.

A ausncia de torres um fator fundamental para que haja uma perfeita cobertura de terra sobre a semente, garantindo boa germinao e formao homognea da pastagem.

O preparo deve ser iniciado com uma roada nos restos da cultura anterior, arao (evitar solo muito seco) ou gradagem pesada e gradagens leves para destorroamento (a ltima gradagem leve deve ser feita no dia do plantio).

Em geral, no necessrio o preparo profundo (abaixo de 30 cm) ou subsolagem.

6.3. ESCOLHA DA ESPCIEA escolha da espcie forrageira a ser implantada deve basear-se em informaes tcnicas.

Evite eventuais modismos e palpites de vendedores ou vizinhos.

Os seguintes aspectos podem ser utilizados como critrios:

( nvel de lotao e produtividade na atividade leiteira ou de corte desejados

( grau de envolvimento do proprietrio no projeto

( adaptao s condies locais de solo e clima

( vantagens e limitaes de cada espcie

As gramneas forrageiras tropicais possuem valor nutricional semelhante, quando manejadas adequadamente, variando o potencial de produo de matria seca e consequentemente, as exigncias de fertilidade e manejo.

Na tabela 11, apresentada a frequncia das anlises bromatolgicas utilizadas no sistema de produo de leite da EMBRAPA de So Carlos, SP.

Tabela 11 - Dados mais frequentes de anlises bromatolgicas do capim tobiat (ano agrcola 95/96) utilizado pelas vacas do grupo de maior produo (lote A) no sistema de produo de leite da EMBRAPA em So Carlos, SP.

ITEM

MAIOR INTERVALO

DE FREQUNCIA DE DADOS (%)

MS (%)15 a 20

PB (% na MS)8 a 12

FDN (% na MS)65 a 70

Ca (% na MS)0,40 a 0,50

P (% na MS)0,2 a 0,3

DIV (% na MS)62 a 68

Para alcanar altos nveis de produtividade e lotao, as espcies mais recomendadas so as variedades de capim elefante (napier, cameron, roxo, taiwan, mineiro, etc) e as variedades de Panicum (tanznia, mombaa, tobiat, colonio, etc).

Estas espcies possuem elevada capacidade de produo de massa (acima de 40 t de MS/ha), no tolerando portanto adubaes reduzidas e manejo incorreto.

Lotaes de 12 (tobiat) e at 15 (elefante) UA/ha, j foram registradas em So Carlos (SP) e Piracicaba (SP), respectivamente, EMBRAPA e ESALQ/USP.

Espcies como as variedades de estrela (estrela roxa, africana, coast-cross, tiftons, etc) possuem bom potencial de produo e so aptos a produzir ao redor de 30 t de matria seca/ha, suportando lotaes de 8 a 10 UA/ha.

A braquiria brizanta ou braquiaro difere um pouco das demais espcies deste gnero, possuindo um bom potencial de produo, podendo chegar a suportar at 10 UA/ha.

As braquirias decumbens, humidcola e ruziziensis bem como o andropogon, a setria, o jaragu (capim provisrio), o pangola, tambm podem ser utilizados em pastejo rotacionado intensivo. Deve-se lembrar no entanto, que apesar da grande adaptao destas forrageiras solos de menor fertilidade e da tolerncia ao mau manejo, a produo de MS consequentemente ser menor que as gramneas citadas anteriormente. A capacidade de lotao dessas forrageiras dificilmente ultrapassar 6 a 8 UA/ha.

6.4. PLANTIO

A quantidade de sementes a ser plantada por hectare funo da espcie forrageira e do valor cultural da semente.

A qualidade da semente ou da muda fundamental para a boa implantao de uma pastagem.

A escolha da semente deve ser feita selecionado-se fornecedores idneos e que garantam sementes com alto Valor Cultural (VC).O VC determinado pela pureza (limpeza) e capacidade de germinao da semente (VC = % pureza x % germinao).

A melhor semente ser aquela que apresentar menor custo por unidade de valor cultural conforme o exemplo:

( semente A com VC = 20 % e custo de R$ 4,00/kg

custo por kg de semente vivel = R$ 20,00( semente B com VC = 10 % e custo de R$ 2,50/kg

custo por kg de semente vivel = R$ 25,00No caso de variedades de capim colonio a quantidade recomendada de 3,0 a 4,0 kg de sementes viveis por hectare. No caso da escolha pela semente A, de menor custo por ponto de VC, seriam necessrios 20 a 25 kg/ha para uma boa formao (10 kg semente com 20% de VC tem 2,0 kg de sementes viveis, assim para 4,0 kg de sementes viveis/ha sero necessrios 20 kg).

Recomenda-se misturar o adubo fosfatado com a semente para obter uma distribuio mais homognea da mistura na rea.

Aps a semeadura, que pode ser feita lano ou com mquinas adequadas (tipo terence), deve-se promover uma suave compactao sobre o solo, com o objetivo de aumentar a superfcie de contato entre a semente, o solo, a gua e o adubo.

Essa compactao pode ser feita com rolo de pneus ou tambores ou ainda com o prprio rodado do trator, se a rea for pequena.

Esta operao FUNDAMENTAL para uma germinao uniforme e no deve ser substituda por gradagens leves ou troncos de rvore arrastados sobre o solo.

No caso de espcies propagadas por mudas, como por exemplo as variedades de capim elefante e as gramas (estrela, coast-cross, tifton), alguns cuidados especiais devem ser tomados, como verificar a qualidade das mudas, se esto sadias, sem doenas e se esto no ponto ideal de plantio (entre 90 a 120 dias de crescimento, no caso do capim elefante).

Mudas muito novas ou muito velhas tem a germinao das gemas prejudicada, afetando a formao do pasto.

Os sulcos para formao de pastos de capim elefante devem ter espaamento variando de 0,7 a 1,0 metro, profundidade ao redor de 6 a 8 cm e as mudas cobertas com 2 cm de terra.

A quantidade de mudas necessria para formao de 1 ha est ao redor de 10 toneladas, devido a variao no tamanho da muda e no nmero de gemas.

No ato do plantio, retire as pontas verdes e deixe as folhas secas protegendo as gemas.

No sulco distribua as mudas sobre o esterco e o adubo, no sentido p com ponta.

Aps a cobertura com terra, realizada com o p ou enxada, promova uma pequena compactao sobre as mudas.

As adubaes de cobertura com N e K devem ser feitas aps o primeiro pastejo, 60 a 70 dias aps o plantio, a no ser que sintomas de deficincia ocorram antes disso.

Os principais insucessos na formao de reas formadas por mudas so:

( Mudas provenientes de plantas velhas (com cerca de 1 ano de idade) e gemas j brotadas

( Cobertura excessiva de terra em sulcos profundos

( Uso de adubos potssicos combinados com falta de chuvas

( Ataque de pragas de solo e formigas cortadeiras

No caso de formao de reas das gramas estrela, utilizar espaamento menor entre os sulcos (ao redor de 40 a 50 cm), sulcos mais rasos (3 a 4 cm), procurando enterrar 2/3 da muda deixando parte para fora do sulco.

D preferncia a mudas que tenham razes ou estoles ou rizomas.

Para estas plantas fundamental o solo estar bastante mido no dia do corte das mudas e no momento do plantio.

7. MANEJO INTENSIVO DAS PASTAGENS

Para a explorao racional do grande potencial de produo de matria seca das forrageiras tropicais necessrio lanar mo de um sistema de manejo de pastagens que permita conciliar duas caractersticas conflitantes como a produtividade e a qualidade da forragem.

A figura esquemtica abaixo demonstra a necessidade de realizao dos pastejos em intervalos de tempo definidos conforme a espcie, aliando-se boa produtividade e desempenho animal satisfatrio.

O fato das gramneas perderem rapidamente valor nutricional conforme avana a maturidade demonstra a necessidade de uma organizao nos pastejos de forma que os animais tenham disposio forragem em quantidade e qualidade semelhante dia aps dia.

Para ilustrar, podemos afirmar que uma pastagem de capim braquiria decumbens bem manejada e com 25 dias de crescimento tem valor nutricional superior ao de um pasto de capim elefante com 90 dias de crescimento.

A melhor forma de organizar a colheita do pasto atravs do pastejo ou pastoreio rotacionado, em que os animais permanecem num dado piquete para que ocorra um consumo homogneo de toda a forragem disponvel.

Os resultados indicam que esta a melhor prtica para controle da disponibilidade de forragem, da persistncia da pastagem e das perdas durante o pastejo (sub e superpastejo).

A diviso das pastagens em piquetes para ocupao em perodos curtos de tempo (1 a 3 dias) somente faz sentido quando a produo da forragem elevada e isto somente ocorrer quando houver um somatrio dos fatores de produo como fertilidade, calor, luz, umidade e ao do Homem.

Em pastagens degradada com baixa capacidade de suporte, os ganhos com a rotao em piquetes so mnimos.

7.1. DIVISO DA REA EM PIQUETES

Conforme descrito anteriormente, cada espcie forrageira possui caractersticas genticas e morfolgicas prprias, sendo que o nmero de dias de descanso para atingir o ponto ideal de colheita ou pastejo tambm caracterstico de cada uma delas e dos fatores do meio onde est inserida.

Assim alguns valores pr definidos para descanso antes de nova desfolhao (pastejo) de acordo com a espcie e o nvel de manejo aplicado, so apresentados na tabela 12.

Tabela 12 Dias de descanso para algumas gramneas forrageiras tropicais aps o pastejo.

GRAMNEA FORRAGEIRA

DIAS DE DESCANSO

Capim elefante (napier, roxo, cameron, etc.)40 a 45

Capins colonio e tanznia30 a 35

Capins mombaa e tobiat28

Gramas estrela e coast-cross20 a 25

Grama tifton18 a 21

Braquiria humidcola20 a 25

Braquiria brizantha (braquiaro)30 a 35

Demais capins25 a 30

Outro dado importante no planejamento do pastejo intensivo a definio do perodo de ocupao de cada piquete, que deve variar de 1 a 3 dias se destinado produo de leite e de 3 a 5 dias se o objetivo a produo de carne.

Quanto menor o perodo de ocupao, melhor o controle do estoque de forragem disponvel, da lotao e do desempenho animal, especialmente em pastos de alto potencial de produo adubados intensivamente.

A qualidade da forragem tambm varia durante os dias de ocupao pois os animais pastejam estratos diferentes a cada dia, refletindo em grande variao na produo de leite.

Aps a definio do nmero de dias de descanso e do dias de ocupao de cada piquete a ser utilizado no sistema intensivo, pode-se calcular o nmero ideal de piquetes na rea.

Para tanto deve-se utilizar a seguinte frmula:

Perodo de descanso

NUMERO DE PIQUETES = + 1

Perodo de ocupao

Exemplo: Pastagem de capim tanznia, irrigado, destinado produo de leite, adubado com 650 kg de N/ha/ano, lotao esperada de 12 UA/ha.

( perodo de descanso do capim tanznia = 30 dias

( perodo de ocupao = 1 dia

( nmero de piquetes = 30 ( 1 + 1 = 31 piquetes.

Neste caso, se a rea formada for de 5,0 ha ento o tamanho mdio de piquete ser de aproximadamente 1.600 m (50.000 m ( 31piquetes).

Outra forma de clculo pode partir do nmero desejado de animais para ento definir-se a rea a ser manejada intensivamente.

Exemplo: Rebanho com 100 vacas em lactao com peso vivo mdio de 500 kg, nas condies do exemplo anterior. Qual a rea necessria ?

( 100 vacas de 500 kg = 1,1 unidade animal

( 100 x 1,1 = 110 UA

( 110 UA (necessidade) ( 12 UA /ha (lotao esperada) = 9,0 ha

( 9,0 ha ( 31 piquetes = piquetes de 2.900 m

Algumas sugestes para a diviso dos piquetes :

( piquetes retangulares possuem melhor relao rea/permetro

( no utilizar piquetes muito estreitos e compridos

( a largura do piquete no deve ser menor que 1/3 de seu comprimento

( pode-se admitir pequenas diferenas de rea entre os piquetes (5 a10%)

( A largura dos corredores deve ser compatvel com o nmero de animais na rea e com a drenagem do solo, mas em geral recomenda-se no mnimo 4,0 metros, para evitar formao de barro e facilitar o trnsito de mquinas.

( Considerar as sombras e as aguadas j existentes na rea, para disposio dos corredores e piquetes.

7.2. PASTEJO DE PONTA E DE REPASSE

Imagine a seguinte situao. Um rebanho com 30 vacas em lactao (poderiam ser 50, 100 ou 300) e mdia de curral por volta de 12 kg dirios (poderia ser 8, 15 ou 20). Supondo que este rebanho esteja estruturado, ou seja, suas paries esto bem distribudas ao longo do ano, teremos metade das vacas no incio e metade das vacas no final da lactao. Considere que o grupo de vacas que est na fase inicial da lactao est com produo mdia de 16 kg dirios e as que fazem parte da metade final da lactao apresentam produo mdia de 8 kg dirios. Ateno! Os nmeros pouco importam, sendo apenas exemplificaes para tornar o raciocnio a ser desenvolvido, mais fcil de ser compreendido.

O pasto est bem formado com uma gramnea tropical de elevado potencial de produo. O sistema de pastejo rotacionado com piquetes divididos por cerca eltrica e perodo de ocupao (ou pastejo) de 1 dia em cada piquete, foi adotado. A entrada dos animais no piquete novo ou do dia, ocorre no final da tarde/incio da noite. Ao final de 1 dia de pastejo, o piquete recebe adubao para reposio dos nutrientes retirados do solo e tambm para o aumento na produo de forragem.

A pergunta que fao a seguinte. justo que vacas com mdia de 16 kg dirios disputem o mesmo pasto com vacas de 8 kg? claro que no! O requerimento nutricional de uma vaca de 16 kg superior ao de uma de 8 kg. Consultando tabelas de exigncias nutricionais resultantes de trabalhos de pesquisa, somente na necessidade de protena e energia para a manuteno dos animais (peso vivo de 500 kg) que ocorrer alguma semelhana: exigncia de 400 g de protena bruta (PB) e 4,0 kg de nutrientes digestveis totais (NDT), diariamente. Para a produo de leite, considerando um teor de gordura no leite de 3,5%, so necessrios em torno de 85 g de PB e 0,3 kg de NDT, por quilograma de leite produzido. Assim uma vaca que est produzindo 16 kg dirios necessitar por volta de 1,8 kg de PB (0,4 kg + 16 kg(0,085 kg) e 8,8 kg de NDT (4,0 kg + 16 kg(0,3 kg), enquanto uma de 8 kg exigir algo em torno de 1,1 kg de PB (0,4 kg + 8 kg(0,085 kg) e 6,4 kg de NDT (4,0 kg + 8 kg(0,3 kg).

Dessa diferena entre exigncias, surge o conceito de pastejo de ponta e de repasse, que nada mais que premiar as vacas que esto apresentando maior produo de leite, com o melhor pasto (pastejo de ponta), liberando o piquete novo ou do dia no final da tarde/incio da noite, para que elas consumam o fil mignon da pastagem. Na manh seguinte, o lote de vacas com menor produo, ter acesso a este piquete, alimentando-se do restante (pastejo de repasse), a costelinha da pastagem, desde que no haja somente o osso. A inteno no dar fome ao grupo de repasse e sim organizar a colheita da forragem. A Cesar, o que de Cesar! Ao final do dia, o piquete consumido uniformemente, ser adubado.

7.3. IRRIGAO DE PASTAGENS - CONCEITOS

O crescimento da planta forrageira depende basicamente de 4 fatores: temperaturas elevadas (at 40C o crescimento praticamente linear), longos fotoperodos (dias com comprimento acima de 12 horas de luminosidade), fertilidade do solo (natural ou via adubaes com fertilizantes qumicos ou orgnicos) e gua. No passado os principais trabalhos cientficos que avaliavam o uso da irrigao em pastagens tinham por objetivo reduzir a estacionalidade de produo de forragem. Diversos trabalhos na dcada de 70, mostraram o insucesso de tal prtica. No entanto, a partir do ms de agosto na regio do Brasil central, as temperaturas mdias se elevam, o comprimento do dia fica cada vez maior e a disponibilidade de gua passa ento, a ser o principal fator de crescimento das plantas forrageiras, visto que os adubos podem ser adquiridos a qualquer instante.

A irrigao das pastagens destinadas s vacas leiteiras passou a fazer parte do elenco de tcnicas empregadas com o intuito de ampliar a produo das pastagens de gramneas forrageiras utilizadas em sistema rotacionado e adubadas intensivamente (nvel de nitrognio acima de 500 kg/ha/ano) e com isto, manter uma lotao elevada nos piquetes durante um maior tempo ao longo do ano.

Para atingir esse objetivo, trs so os benefcios trazidos pela irrigao, em ordem decrescente de importncia:

(a) eliminar o risco de veranicos (perodo de no mnimo 10 dias, sem a presena de chuva durante os meses de setembro a maro - Brasil central), transformando-o na verdade, em um aliado da produo de leite intensiva e rentvel, pois durante esses breves perodos secos a insolao e as temperaturas so maiores;

(b) antecipar o incio do pastejo - se a pastagem for irrigada a partir do ms de agosto, ampliar-se- sua utilizao, no mnimo, em mais 80 a 90 dias. A retirada dos animais, antecipadamente do cocho, trar como efeito a reduo no custo de produo. A diferena para alimentar uma vaca produzindo 15 litros de leite, no pasto ou no cocho com cana de acar e em ambos os casos utilizando alimento concentrado como complemento para atender as exigncias nutricionais do animal, situa-se por volta de R$ 1,00/vaca/dia, sem considerar a mo de obra empregada para a execuo do trabalho no segundo caso. Isto significa que se ampliarmos em 90 dias o uso da pastagem devido a irrigao num rebanho com 10 vacas, estaremos economizando R$ 900,00 nesse perodo.

(c) postergar o final da utilizao do pasto em no mximo 30 dias, adiando a alimentao dos animais no cocho.

Em reas irrigadas, pode-se utilizar os piquetes por at 9 meses com lotao elevada (acima de 10 UA/ha), ampliando de em 3 a 4 meses o tempo de utilizao das pastagens, quando comparado com sistema de pastejo rotacionado sem o uso da irrigao. Assim, sugere-se que a implantao de um sistema de irrigao seja efetuada em reas reduzidas (at 2 ha) inicialmente, para que o produtor e o tcnico possam aprender com os possveis problemas que adviro do uso dessa tcnica, alm do que torna a aquisio do equipamento menos dispendiosa.

A irrigao no deve ser encarada como a soluo para todos os males e sim como uma ferramenta de manejo das pastagens que ir colaborar para o aumento da produtividade e reduo nos custos de produo, desde que a fertilidade do solo esteja adequada e prxima dos nveis desejados, o manejo das forrageiras tenha sido compreendido e o produtor esteja ciente das dificuldades que tal prtica trar.

Alguns parmetros tem sido utilizados como norteadores dessa irrigao, ressaltando a forma emprica como foram estabelecidos e portanto, podendo e devendo ser revistos, assim que mais trabalhos de pesquisa definirem critrios tcnicos para a utilizao da irrigao em piquetes rotacionados adubados intensivamente e consumidos por vacas leiteiras.

o tempo de retorno da gua no piquete deve ser de no mximo 7 dias. O ideal que todos os piquetes sejam irrigados diariamente e a pior situao a irrigao de apenas um piquete por dia. No caso do tifton (dividido em 20 piquetes), para se ter um tempo de retorno de no mximo 7 dias, deveriam ser irrigados pelo menos 3 piquetes no dia, sendo melhor aproximar de um nmero que fosse divisor de 20, no caso, 4. Assim, o tempo de retorno seria de 5 dias. O ideal seria irrigar os 20 piquetes de tifton todos os dias e a pior situao seria irrigar apenas 1 piquete por dia. No caso do mombaa (dividido em 28 piquetes), deveriam ser irrigados, no mnimo, 4 piquetes diariamente e consequentemente, teramos um tempo de retorno de uma semana. O ideal seria irrigar os 28 piquetes de mombaa todos os dias e a pior situao seria irrigar apenas 1 piquete por dia.

a quantidade de gua necessria deve estar entre 8 e 10 mm por dia em piquetes irrigados diariamente, ou seja, uma precipitao de entre 240 e 300 mm por ms.

a irrigao dos piquetes deve ser feita em sentido perpendicular ao do pastejo, caso no seja possvel irrigar todos os piquetes no dia.

quando o tempo de retorno da gua ao piquete estiver entre 4 e 7 dias, a lmina d'gua deve ser de 20 mm quando a temperatura mxima estiver abaixo de 30