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Alberto Caeiro Alberto Caeiro nasce em Lisboa, em 1889, vivendo a maior parte da sua vida no campo, numa quinta no Ribatejo, com uma tia-avó idosa, porque tinha ficado órfão de pais quando era muito jovem. É aqui que escreve “O Guardador de Rebanhos” e “O Pastor Amoroso”. Apresenta estatura média e um aspeto frágil, sendo, também, louro sem cor, de cara rapada e olhos azuis. Não tem profissão e apenas fez a instrução primária, subsistindo, assim, de pequenos rendimentos. Volta, no final da sua curta vida, para Lisboa, onde escreveu “Os Poemas Inconjuntos”, antes de morrer de tuberculose, em 1915, com vinte e seis anos de idade. É considerado o Mestre, inclusive do próprio Pessoa ortónimo. Segundo ele próprio, Caeiro era o único poeta da Natureza, recusando o pensamento metafísico e conhecendo as coisas da realidade, apenas pelas sensações (sensacionismo), sendo caracterizado pelo panteísmo e pela adoração pela Natureza. Ricardo Reis Ricardo Reis nasce em 1887, no Porto. É educado num colégio de jesuítas, tendo recebido, por isso, uma educação latinista. Por vontade própria, estuda a cultura helénica. Como consequência da sua educação, Ricardo Reis é um neopaganista, acreditando numa hierarquização, na qual os Homens estão na base, os Deus no meio e o Fatum no topo. Defendendo esta teoria, Ricardo Reis adota o epicurismo e o estoicismo como princípios de vida. Assim, limita-se a viver o momento, moderadamente e em ataraxia, evitando o sofrimento e aceitando o carácter efémero, transitório e irreversível da vida. É mais baixo, mais forte e mais seco do que Caeiro e, tal como ele, de cara rapada, tendo, no entanto, uma tez moreno-mate. Forma-se em Medicina e exila-se voluntariamente no Brasil, a partir de 1919, por ser monárquico. Álvaro de Campos Álvaro de Campos nasce em Tavira, a 15 de outubro de 1890, à 1:30 da tarde. Teve uma educação vulgar de liceu, sendo, depois, mandado para Glasgow, na Escócia, para estudar engenharia, primeiro mecânica, e depois naval. Tem conhecimentos de Latim, adquiridos com um tio beirão que era padre. Tem um percurso cosmopolita, passando por Londres, Escócia e Oriente (desta última, resultou o poema “Opiário”), frequentando os melhores hotéis e sabe conduzir automóveis. No momento em que Pessoa escreve a carta a Casais Monteiro, Álvaro de Campos encontra-se em Lisboa, em inatividade. Entre o branco e o moreno, de cara rapada e de cabelo liso com risca ao lado, usa monóculo e faz lembrar um judeu português. É alto (1,75 metros), magro e um pouco curvado. A sua trajectória poética passa por três fases: a primeira, a decadentista, é uma fase disfórica, da qual origina o poema “Opiário”; a segunda fase é a futurista e

Alberto Caeiro

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Page 1: Alberto Caeiro

Alberto CaeiroAlberto Caeiro nasce em Lisboa, em 1889, vivendo a maior parte da sua vida no campo, numa

quinta no Ribatejo, com uma tia-avó idosa, porque tinha ficado órfão de pais quando era muito jovem. É aqui que escreve “O Guardador de Rebanhos” e “O Pastor Amoroso”.

Apresenta estatura média e um aspeto frágil, sendo, também, louro sem cor, de cara rapada e olhos azuis. Não tem profissão e apenas fez a instrução primária, subsistindo, assim, de pequenos rendimentos.

Volta, no final da sua curta vida, para Lisboa, onde escreveu “Os Poemas Inconjuntos”, antes de morrer de tuberculose, em 1915, com vinte e seis anos de idade.

É considerado o Mestre, inclusive do próprio Pessoa ortónimo.Segundo ele próprio, Caeiro era o único poeta da Natureza, recusando o pensamento

metafísico e conhecendo as coisas da realidade, apenas pelas sensações (sensacionismo), sendo caracterizado pelo panteísmo e pela adoração pela Natureza.

Ricardo ReisRicardo Reis nasce em 1887, no Porto. É educado num colégio de jesuítas, tendo recebido,

por isso, uma educação latinista. Por vontade própria, estuda a cultura helénica. Como consequência da sua educação, Ricardo Reis é um neopaganista, acreditando numa

hierarquização, na qual os Homens estão na base, os Deus no meio e o Fatum no topo. Defendendo esta teoria, Ricardo Reis adota o epicurismo e o estoicismo como princípios de vida. Assim, limita-se a viver o momento, moderadamente e em ataraxia, evitando o sofrimento e aceitando o carácter efémero, transitório e irreversível da vida.

É mais baixo, mais forte e mais seco do que Caeiro e, tal como ele, de cara rapada, tendo, no entanto, uma tez moreno-mate. Forma-se em Medicina e exila-se voluntariamente no Brasil, a partir de 1919, por ser monárquico.

Álvaro de CamposÁlvaro de Campos nasce em Tavira, a 15 de outubro de 1890, à 1:30 da tarde. Teve uma

educação vulgar de liceu, sendo, depois, mandado para Glasgow, na Escócia, para estudar engenharia, primeiro mecânica, e depois naval. Tem conhecimentos de Latim, adquiridos com um tio beirão que era padre.

Tem um percurso cosmopolita, passando por Londres, Escócia e Oriente (desta última, resultou o poema “Opiário”), frequentando os melhores hotéis e sabe conduzir automóveis. No momento em que Pessoa escreve a carta a Casais Monteiro, Álvaro de Campos encontra-se em Lisboa, em inatividade.

Entre o branco e o moreno, de cara rapada e de cabelo liso com risca ao lado, usa monóculo e faz lembrar um judeu português. É alto (1,75 metros), magro e um pouco curvado.

A sua trajectória poética passa por três fases: a primeira, a decadentista, é uma fase disfórica, da qual origina o poema “Opiário”; a segunda fase é a futurista e decadentista, que ocorre quando conhece o seu Mestre, Alberto Caeiro, fazendo-o acreditar em novas sensações, nomeadamente nas manifestações do progresso da civilização, sendo, portanto, um cultivador da enrgia bruta e da velocidade, como se demonstra na “Ode Triunfal”; por fim, devido à morte de Sá Carneiro, em 1916, Álvaro de Campos entra na sua terceira fase, a intimista ou abúlica, em 1923, na qual já não pode vencer a disforia, resultando, assim, uma profunda angústia existencial.