9
315-1 + 315-2 ALBUM ART/LATINSTOCK LITERATURA 1

ALBUM ART/LATINSTOCKcursinhodapoli.net.br/web/arquivos/HERMES/HERMES_1/LIT1_HERMES... · te, autor de vários autos, como o Auto da barca do inferno. ... propomos a reflexão sobre

Embed Size (px)

Citation preview

315-

1 +

315

-2A

LBU

M A

RT/L

ATI

NST

OC

K

LITERATURA 1

POLISABER 9

aulas 1 e 2 LITERATURA

315-

1 +

315

-2

Texto para as questões 1 e 2.

Olhos nos olhos

Quando você me deixou, meu bem Me disse pra ser feliz e passar bem Quis morrer de ciúme, quase enlouqueci Mas depois, como era de costume, obedeci Quando você me quiser rever Já vai me encontrar refeita, pode crer Olhos nos olhos, quero ver o que você faz Ao sentir que sem você eu passo bem demais E que venho até remoçando Me pego cantando Sem mais nem porquê E tantas águas rolaram Quantos homens me amaram Bem mais e melhor que você Quando talvez precisar de mim ‘Cê sabe que a casa é sempre sua, venha sim Olhos nos olhos, quero ver o que você diz Quero ver como suporta me ver tão feliz.

BUARQUE, Chico. Meus caros amigos, 1976.

Universal Music.

1. Comparando o texto com as cantigas trovado-rescas estudadas, classifique-o como cantiga de amor ou de amigo e cite as características que justifiquem a resposta.

2. Há no comportamento do eu lírico do texto uma diferença fundamental em relação ao eu lírico das cantigas medievais com as quais se corres-ponde o texto. Explique que diferenças são essas.

Texto para a próxima questão.

Cantiga de Amor

Senhora minha, desde que vos vi,

lutei para ocultar esta paixão

que me tomou inteiro o coração;

mas não o posso mais e decidi

que saibam todos o meu grande amor,

a tristeza que tenho, a imensa dor

que sofro desde o dia em que vos vi.

Já que assim é, eu venho-vos rogar

que queirais pelo menos consentir

que passe a minha vida a vos servir [...]

FERNANDES, Afonso. Adaptado de: <www.caestamosnos.org/

efemerides/118>. (acesso em: 16 dez. 2014)

3. (IFSP) Uma característica desse fragmento, tam-

bém presente em outras cantigas de amor do

Trovadorismo, é

a) a certeza de concretização da relação amorosa.

b) a situação de sofrimento do eu lírico.

c) a coita de amor sentida pela senhora amada.

d) a situação de felicidade expressa pelo eu lírico.

e) o bem-sucedido intercâmbio amoroso entre pessoas

de camadas distintas da sociedade.

Texto para a próxima questão.

Chicó – Por que essa raiva dela?João Grilo – Ó homem sem vergonha! Você inda

pergunta? Está esquecido de que ela o deixou? Está es-quecido da exploração que eles fazem conosco naquela padaria do inferno? Pensam que são o cão só porque enriqueceram, mas um dia hão de pagar. E a raiva que eu tenho é porque quando estava doente, me acabando em cima de uma cama, via passar o prato de comida que ela mandava para o cachorro. Até carne passada na manteiga tinha.

Para mim nada, João Grilo que se danasse. Um dia eu me vingo.

EXERCÍCIOS

A falta de submissão do eu lírico, na canção, é diferente da postura do eu lírico feminino das cantigas de amigo, em que a mulher lamenta a ausência do amado, esperando que ele volte para seus braços.

O texto pode ser classificado como cantiga de amigo, pois apresenta eu lírico feminino, paralelismo sintático e linguagem coloquial.

LITERATURA aulas 1 e 2

10 POLISABER

315-

1 +

315

-2

Chicó – João, deixe de ser vingativo que você se

desgraça. Qualquer dia você inda se mete numa em-

brulhada séria.

SUASSUNA, Ariano. Auto da compadecida.

4. (Mackenzie) Considere as seguintes afirmações.

I. O texto de Ariano Suassuna recupera aspectos da tradição dramática medieval, afastando-se, portan-to, da estética clássica de origem greco-romana.

II. A palavra Auto, no título do texto, por si só suge-re que se trata de peça teatral de tradição popular,

aspecto confirmado pela caracterização das perso-

nagens.

III. O teor crítico da fala da personagem, entre outros

aspectos, remete ao teatro humanista de Gil Vicen-

te, autor de vários autos, como o Auto da barca do

inferno.

Assinale

a) se todas estiverem corretas.

b) se apenas I e II estiverem corretas.

c) se apenas II estiver correta.

d) se apenas II e III estiverem corretas.

e) se todas estiverem incorretas.

ESTUDO ORIENTADO

Caro(a) aluno(a),Este é o primeiro estudo orientado do curso. Esta parte é totalmente sua e tem o objetivo de complementar a aula e

lhe proporcionar a oportunidade de aumentar seu repertório e desenvolver sua autonomia como estudante.Antes de resolver os exercícios, leia com atenção os enunciados e os itens que estão sendo avaliados. Leia, também,

os textos que formam o corpo da questão. Fique atento aos termos essenciais e às “palavras de comando” das questões, como “explique”, “justifique”, “cite”, “transcreva”, além de palavras ou expressões como “exceto”, “não está correta”, “está incorreta”. De preferência, destaque tais termos, pois eles servem de orientação. Na dúvida, antes de olhar o gabarito, recorra a suas anotações ou ao texto de aula.

É sempre importante lembrar que o estudo da Literatura tem melhor resultado quando acompanhado do estudo da História e das Artes.

A secão Roda de leitura traz uma explicação sobre as novelas de cavalaria, e sua leitura é muito importante para com-preender conceitos como heroísmo, que se tornarão constantes em toda a história da literatura.

Em Ver e ouvir há uma dica de filme que o ajudará a visualizar conteúdos relacionados ao período estudado.Em Pesquisar e ler indicamos a leitura de uma obra que serviu de referência para a preparação destas aulas. Que

tal visitar uma biblioteca e conhecer a obra e, caso haja interesse, obtê-la para aprofundar seus conhecimentos sobre esse período tão importante de nossa civilização?

Na seção Navegar indicamos dois endereços virtuais para completar o conteúdo da aula: um é o endereço da Aca-demia Brasileira de Literatura de Cordel, pois esse tipo de literatura tem ligação com a tradição provençal do trovar; o outro é o endereço que trata da vida e da obra de Gil Vicente, uma excelente maneira de ampliar seus conhecimentos sobre esse importante artista.

Em Passear há outra proposta de experiência pessoal que ajuda a compreender a influência do período medieval em nossa cidade. Trata-se de uma sugestão de visita à Catedral da Sé, cuja arquitetura neogótica remete ao período estudado nestas aulas.

A Ágora é uma seção que propõe uma discussão, uma reflexão sobre algum tema ligado ao tema da aula. Nesse caso, propomos a reflexão sobre a Idade Média e a atualidade, que complementa as seções anteriores.

Na próxima aula, será estudado o período clássico, por isso, a Senha apresenta a obra Nascimento de Vênus, de Botticelli, exemplar do período. Observe-a bem, faça uma pesquisa, procure saber um pouco mais sobre a obra e as concepções de mundo, de cultura e de arte que estão por trás de sua criação – é uma ótima maneira de se preparar para as próximas aulas.

Aproveite bem este material, ele foi feito pensando em oferecer o melhor para você.

Bons estudos!

POLISABER 23

aulas 3 e 4 LITERATURA

315-

1 +

315

-2

1. (UFPE) A poesia lírica é o espaço ideal para a te-

mática do amor, desde a Antiguidade clássica até

a atualidade. Mudam-se os tempos, as ideologias,

e o amor continua um sentimento indecifrável e

paradoxal. Daí ser motivo dos dois poemas que

seguem. Leia-os e analise as proposições que a

eles se referem.

Sete anos de pastor Jacó servia

Sete anos de pastor Jacó servia

Labão, pai de Raquel, serrana bela;

Mas não servia ao pai, servia a ela,

E a ela só por prêmio pretendia.

Os dias, na esperança de um só dia,

Passava, contentando-se com vê-la;

Porém o pai, usando de cautela,

Em lugar de Raquel lhe dava Lia.

Vendo o triste pastor que com enganos

Lhe fora assim negada a sua pastora,

Como se não a tivera merecida,

Começa de servir outros sete anos,

Dizendo: – Mais servira se não fora

Para tão longo amor tão curta a vida!

Luís de Camões

Soneto de Fidelidade

De tudo, ao meu amor serei atentoAntes, e com tal zelo, e sempre, e tantoQue mesmo em face do maior encantoDele se encante mais meu pensamento.Quero vivê-lo em cada vão momentoE em seu louvor hei de espalhar meu cantoE rir meu riso e derramar meu prantoAo seu pesar ou seu contentamento.

Como se percebe, Camões compôs uma verdadeira obra de arte poética, valorizando a beleza formal, ao mesmo tempo que consegue transmitir com emoção equilibrada, segundo os valores da época, seu sentimento sobre a história de seu país.

EXERCÍCIOS

E assim, quando mais tarde me procureQuem sabe a morte, angústia de quem viveQuem sabe a solidão, fim de quem ama

Eu possa me dizer do amor (que tive):Que não seja imortal, posto que é chamaMas que seja infinito enquanto dure.

Vinicius de Moraes

(F) Nos dois poemas, pertencentes, respectivamente, ao Classicismo e ao Romantismo, o tema do amor é trabalhado numa forma fixa. (V) São dois sonetos que mantêm relação de inter-textualidade, pois o segundo retoma o primeiro em sua forma e em seu conteúdo. (F) Nos dois poemas, a concepção de amor é diversa, pois o primeiro expressa a finitude desse sentimento, e o segundo, ao contrário, apresenta-o como eterno. (V) No último verso de seu poema, Camões usa uma antítese para dar conta da idealização do amor. Vini-cius de Moraes, nos dois últimos versos do segundo quarteto, recorre também a oposições, que expres-sam o desejo de viver o sentimento amoroso em todos os momentos. (V) Enquanto o segundo soneto apresenta uma con-cepção do amor mais fiel à vivência dos afetos no século XX, o primeiro traz uma visão platônica ideali-zada do sentimento amoroso, própria do Classicismo do século XVI.

Texto para as questões 2 e 3.

Tanto de meu estado me acho incerto,Que em vivo ardor tremendo estou de frio;Sem causa, juntamente choro e rio;O mundo todo abarco e nada aperto.

É tudo quanto sinto um desconcerto;Da alma um fogo me sai, da vista um rio;Agora espero, agora desconfio,Agora desvario, agora certo.

LITERATURA aulas 3 e 4

24 POLISABER

315-

1 +

315

-2

ESTUDO ORIENTADO

Caro estudante,

Os conceitos abordados nesta aula são fundamentais para compreender grande parte das manifestações artístico--literárias que serão estudadas de agora em diante, uma vez que, de alguma forma, a concepção de clássico está pre-sente nas discussões que vão se desenvolver em todos os movimentos, reafirmando-o e renovando-o ou negando-o.

A poesia de Camões é a grande referência de muitos poetas em todos os tempos, por isso é interessante que, além dos poemas expostos aqui, você procure ler outros e observar as características estudadas.

Bons estudos!

Estando em terra, chego ao Céu voando;Numa hora acho mil anos, e é de jeitoQue em mil anos não posso achar uma hora.

Se me pergunta alguém por que assim ando,Respondo que não sei; porém suspeitoQue só porque vos vi, minha Senhora.

Luís de Camões

2. (IFSP) A leitura do poema permite afirmar que o eu lírico se sente

a) confuso, provavelmente pelo amor que tem por uma senhora.

b) alegre, provavelmente porque seu amor é corres-pondido.

c) triste, provavelmente porque não consegue amar ninguém.

d) desconcertado, provavelmente porque a senhora o ama demais.

e) perdido, provavelmente porque foi rejeitado pela amada.

3. Sobre o soneto, responda:

a) A sensação de desconcerto causa percepções confli-tuosas expostas nas três primeiras estrofes. Cite um conflito que se apresente no plano sensorial (físico) e outro no plano emocional.

b) Na última estrofe, o eu lírico tenta explicar tamanho desarranjo. Explique-o a partir do poema.

No plano físico, pode-se mencionar o conflito entre a sensação de “ardor” e de “frio” (segundo verso) e, no plano emocional, podem-se mencionar o choro e o riso, que acon-tecem ao mesmo tempo (terceiro verso) e a esperança e a desconfiança (sétimo verso).

Espera-se que o estudante perceba que o soneto diz que a visão da mulher amada é a causa do desarranjo físico-emocional que toma conta do eu lírico.

LITERATURA aula 5

40 POLISABER

315-

1 +

315

-2

Eu vi o meu semblante numa fonte,Dos anos inda não está cortado:Os pastores, que habitam este monte,Respeitam o poder do meu cajadoCom tal destreza toco a sanfoninha,Que inveja até me tem o próprio Alceste:Ao som dela concerto a voz celeste;Nem canto letra, que não seja minha,Graças, Marília bela,Graças à minha Estrela!

Mas tendo tantos dotes da ventura,Só apreço lhes dou, gentil Pastora,

Depois que teu afeto me segura,Que queres do que tenho ser senhora.É bom, minha Marília, é bom ser donoDe um rebanho, que cubra monte, e prado;Porém, gentil Pastora, o teu agradoVale mais q’um rebanho, e mais q’um trono.Graças, Marília bela,Graças à minha Estrela!

GONZAGA, Tomás Antônio. Marília de Dirceu.

Disponível em: <www.dominiopublico.gov.br>. (acesso em: 18 maio 2015)

EXERCÍCIOS

1. (Enem)

Texto I

Andaram na praia, quando saímos, oito ou dez deles; e daí a pouco começaram a vir mais. E parece-me que viriam, este dia, à praia, quatrocentos ou quatrocentos e cinquenta. Alguns deles traziam arcos e flechas, que todos trocaram por carapuças ou por qualquer coisa que lhes davam. […] Andavam todos tão bem-dispostos, tão bem feitos e galantes com suas tinturas que muito agradavam.

CASTRO, Silvio A carta de Pero Vaz de Caminha.

Porto Alegre: L&PM, 1996 (fragmento).

Texto II

PORTINARI, Candido. O descobrimento do Brasil. 1956.

Óleo sobre tela, 199 cm × 169 cm.Disponível em: <www.portinari.org.br>.

(acesso em: 12 jun. 2013)

Pertencentes ao patrimônio cultural brasileiro, a carta de Pero Vaz de Caminha e a obra de Porti-nari retratam a chegada dos portugueses ao Bra-sil. Da leitura dos textos, constata-se que

a) a carta de Pero Vaz de Caminha representa uma das primeiras manifestações artísticas dos portugueses em terras brasileiras e preocupa-se apenas com a estética literária.

b) a tela de Portinari retrata indígenas nus com corpos pintados, cuja grande significação é a afirmação da arte acadêmica brasileira e a contestação de uma linguagem moderna.

POLISABER 41

aula 5 LITERATURA

315-

1 +

315

-2

c) a carta, como testemunho histórico-político, mostra o olhar do colonizador sobre a gente da terra, e a pintura destaca, em primeiro plano, a inquietação dos nativos.

d) as duas produções, embora usem linguagens diferen-tes – verbal e não verbal –, cumprem a mesma função social e artística.

e) a pintura e a carta de Caminha são manifestações de grupos étnicos diferentes, produzidas em um mesmo momento histórico, retratando a colonização.

2. (UCS) As obras literárias marcam diferentes vi-sões de mundo, não apenas dos autores, mas também de épocas históricas distintas. Reflita sobre isso e leia os fragmentos dos poemas de Gregório de Matos e de Tomás Antônio Gonzaga.

Arrependido estou de coração,de coração vos busco, dai-me abraços,abraços, que me rendem vossa luz.

Luz, que claro me mostra a salvação,a salvação pretendo em tais abraços,misericórdia, amor, Jesus, Jesus!

MATOS, Gregório de. Pecador contrito aos pés do Cristo crucificado.

In: TUFANO, D. Estudos de literatura brasileira. 4. ed. rev. e ampl.

São Paulo: Moderna, 1988. p. 66.

Minha bela Marília, tudo passa;a sorte deste mundo é mal segura;se vem depois dos males a ventura,vem depois dos prazeres a desgraça.Estão os mesmos deusessujeitos ao poder do ímpio fado:Apolo já fugiu do céu brilhante,já foi pastor de gado.

GONZAGA, Tomás Antônio. Lira XIV. In: TUFANO, D. Estudos de literatura brasileira.

4. ed. rev. e ampl. São Paulo: Moderna, 1988. p. 77.

Em relação aos poemas, analise a veracidade (V) ou a falsidade (F) das proposições a seguir.( ) O poema de Gregório de Matos apresenta um sujeito lírico torturado pelo peso de seus pecados e desejoso de aproximar-se do Divino.

( ) Tomás Antônio Gonzaga, embora pertença ao mesmo período literário de Gregório de Matos, re-vela nesse poema um sujeito lírico consciente da brevidade da vida.( ) Em relação às marcas de religiosidade, a visão antagônica que se coloca entre os dois poemas re-flete, no Barroco, a influência do cristianismo e, no Arcadismo, a da mitologia grega.Assinale a alternativa que preenche corretamen-te os parênteses, de cima para baixo.

a) V – V – V b) V – F – F c) V – F – V d) F – F – F e) F – V – F

3. (Uepa)

LXII

Torno a ver-vos, ó montes; o destinoAqui me torna a pôr nestes oiteiros;Onde um tempo os gabões deixei grosseirosPelo traje da Corte rico e fino.

Aqui estou entre Almendro, entre Corino,Os meus fiéis, meus doces companheiros,Vendo correr os míseros vaqueirosAtrás de seu cansado desatino.

Se o bem desta choupana pode tanto,Que chega a ter mais preço, e mais valia,Que da cidade o lisonjeiro encanto;

Aqui descanse a louca fantasia;E o que ‘té agora se tornava em pranto,Se converta em afetos de alegria.

O campo como locus amoenus, livre de mazelas sociais e morais, foi o grande tema literário à época neoclássica, quando a literatura também expressou uma resistência à Cidade, considerada então violento símbolo do poder monárquico e da corrupção moral. Interprete as opções abaixo e assinale aquela em que se sintetiza o modo de resistência expresso nos versos de Cláudio Manuel da Costa acima transcritos. a) apego à metrificação tradicional b) bucolismo e paralelismo c) d) e)

aurea mediocritas inutilia truncat fugere urbem

POLISABER 61

aulas 6 e 7 LITERATURA

315-

1 +

315

-2

1. (UFPE) O Arcadismo foi um movimento literário que teve lugar em Vila Rica, Minas Gerais, acom-panhando o ciclo do ouro, no século XVIII. Sobre as semelhanças e diferenças com o movimen-to que o seguiu historicamente, o Romantismo, analise as proposições a seguir.( F ) Ambos portam as marcas de submissão e servi-lismo aos padrões estéticos europeus.( F ) Predominou, nesses movimentos, o plágio, a imi-tação e a cópia, sem nenhum traço de originalidade.( V ) Ambos propõem um retorno à natureza: o Ar-cadismo, no sentido de uma natureza equilibrada e bucólica, harmoniosa e pacata; o Romantismo, no sentido de uma natureza exuberante, selvagem e tropical, identificada com os estados de espírito, a grandeza e as potencialidades físicas do país.( F ) O indianismo, em ambos os movimentos, já surge como símbolo do povo brasileiro: o índio é o herói que paira acima dos valores dos colonizadores, feito à imagem e semelhança dos cavaleiros medievais.( F ) A obra dos poetas arcádicos já ganha contornos românticos, expressando a subjetividade dos autores, quando descreve os amores arrebatados, em lingua-gem sentimental e emotiva.

2. (UFRRJ) Relacione aos fragmentos de texto abai-xo as seguintes características da poesia ultrar-romântica no Brasil.

(1) temática da morte(2) angústia existencial(3) tédio da vida(4) melancolia(5) busca de um princípio universal

( ) Oh! Vem depressa, minha vida foge...Sou como o lírio que já murcho cai! (Casimiro de Abreu)( ) Como varia o vento, o céu - o dia, Como estrelas e estrelas e nuvens e mulheres, Pela regra geral de todos os seres, Minha lira também seus tons varia, (Álvares de Azevedo)( ) Eis o que sou! - A dúvida encarnada, Que perenal vacila (Junqueira Freire)( ) Escrevi porque a alma tinha cheia Numa insônia que o spleen entristeciaDe vibrações convulsas de ironia! (Álvares de Azevedo)

EXERCÍCIOS

( ) Adeus meus sonhos, eu pranteio e morro!Não levo da existência uma saudade! (Álvares de Azevedo)

A correspondência correta entre os fragmentos e suas características ultrarromânticas resulta na seguinte sequência:

a) (4) (5) (2) (1) (3). b) (4) (5) (3) (2) (1). c) (5) (4) (1) (2) (3). d) (4) (5) (2) (3) (1). e) (1) (4) (5) (3) (2).

3. (ITA) Leia com atenção os textos abaixo.

Iracema – Capítulo II

Além, muito além daquela serra, que ainda azula no horizonte, nasceu Iracema.

Iracema, a virgem dos lábios de mel, que tinha os cabelos mais negros que a asa da graúna, e mais longos que seu talhe de palmeira.

O favo da jati não era doce como o seu sorriso; nem a baunilha recendia no bosque como o seu hálito per-fumado.

Mais rápida que a ema selvagem, a morena virgem corria o sertão e as matas do Ipu, onde campeava sua guerreira tribo, da grande nação tabajara. O pé grácil e nu, mal roçando, alisava apenas a verde pelúcia que vestia a terra com as primeiras águas.

José de Alencar

Macunaíma – Capítulo I

No fundo do mato-virgem nasceu Macunaíma, herói de nossa gente. Era preto e retinto e filho do medo da noite. Houve momento em que o silêncio foi tão gran-de escutando o murmurejo do Uiracoera, que a índia tapanhumas pariu uma criança feia. Essa criança é que chamaram de Macunaíma.

Já na meninice fez coisas de sarapantar. De primeiro passou mais de seis anos não falando. Se o incitavam a falar exclamava:

— Ai! que preguiça... Mário de Andrade

LITERATURA aulas 6 e 7

62 POLISABER

315-

1 +

315

-2

a) Romantismo e Modernismo são dois movimentos literários de fundo nacionalista. Com base nessa afirmação, indique pontos de contato entre as obras Iracema e Macunaíma, que podem ser comprovados pelos excertos apresentados.

b) Encontre nos textos ao menos uma diferença entre o estilo de Mário de Andrade e o de José de Alencar.

1. (UFPE) Sobre o surgimento e as características

do Romantismo, analise as seguintes afirmações.

( V ) O movimento coincide com a democratização

da arte, gerada pelas mudanças sociais, políticas e

econômicas do fim do século XVIII. Tornou-se a ex-

pressão artística de uma nova sociedade burguesa,

em oposição à arte neoclássica da aristocracia.

( V ) O Romantismo literário absorveu tendências

do liberalismo, que propiciou a liberdade nas artes

e, consequentemente, a expressão fora dos rígidos

modelos precedentes.

( V ) Foi inspirado pelas obras do francês Rousseau e

pelo movimento alemão Sturm und Drag, que valori-

zava o folclórico, o popular e o nacional, em oposição

ao universalismo clássico.

( V ) Consolidou-se junto ao público europeu, em fins

do século XVIII, com o romance Os sofrimentos do

jovem Werther, de Goethe. O sucesso do romance, que

culmina com o suicídio, por amor, do jovem persona-

gem, desencadeia uma onda de suicídios na Europa.

( V ) Apenas nos primeiros anos do século XIX é que

o Romantismo se sedimenta na Europa, quando sua

estética é introduzida no Brasil, coincidindo, portanto, com a nossa independência política.

ESTUDO ORIENTADO

Caro estudante,

A partir do Romantismo, a tendência é de que as dúvidas aumentem. Isso acontece por causa da proximidade entre o que será estudado e a atualidade, o que torna as definições mais complexas. As mudanças passam a ocorrer de ma-neira mais rápida e começam a se acumular mais de uma tendência. As obras desse período são fundamentais para compreender a prosa de ficção brasileira e de nossa cultura de um modo geral. Por isso, é muito importante que você leia atentamente o texto das aulas, estude e resolva os exercícios com afinco, prestando atenção principalmente na concepção dos heróis e no tratamento dado ao regionalismo, que reaparecerá também em outros períodos, como uma característica típica de nossos romances.

Aproveite o Estudo orientado, pois ele complementa a aula. Na seção Ágora, propomos uma reflexão sobre uma questão pertinente aos dias atuais, os preconceitos de classe e de etnia, originados do sistema de colonização do Brasil e dos longos trezentos anos de escravidão.

Aproveite todas as seções para complementar as aulas e os exercícios!

Bons estudos!

EXERCÍCIOS

Os parágrafos iniciais de Iracema e Macunaíma evidenciam, nos títulos das obras, a presença do indianismo, de vocábulos indígenas (graúna, “jati”, “Ipu”, “tabajara”, “Urari-coera”, “tapanhumas”); em Alencar, a idealização lírica e heroica; em Mário de Andrade, a atitude crítica, o indianismo “às avessas”, na direção da irreverência “antropofágica” de Oswald de Andrade.

O estilo romântico de José de Alencar explora os efeitos plásticos que visam compor uma imagem idealizada da heroína, associando-a às virtudes da terra: as cores, o porte altaneiro, a doçura do mel, o perfume das flores etc.O modernismo crítico e irreverente de Mário de Andrade revela-se não só na configu-ração de um herói desidealizado (“criança feia”), preguiçoso, como na linguagem que, intencionalmente, transgride a norma: “sarapantar”.